Pantera Negra O Jovem Príncipe Enfeitiçado Pantera Negra O Jovem Príncipe 2 1st Edition Ronald L Smith Full Chapter Download PDF

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 57

Pantera Negra O Jovem Príncipe

Enfeitiçado Pantera Negra O Jovem


Príncipe 2 1st Edition Ronald L Smith
Visit to download the full and correct content document:
https://ebookstep.com/product/pantera-negra-o-jovem-principe-enfeiticado-pantera-n
egra-o-jovem-principe-2-1st-edition-ronald-l-smith-2/
More products digital (pdf, epub, mobi) instant
download maybe you interests ...

Pantera Negra O Jovem Príncipe Enfeitiçado Pantera


Negra O Jovem Príncipe 2 1st Edition Ronald L Smith

https://ebookstep.com/product/pantera-negra-o-jovem-principe-
enfeiticado-pantera-negra-o-jovem-principe-2-1st-edition-ronald-
l-smith/

Sport PR 2 0 Fabian Kautz

https://ebookstep.com/product/sport-pr-2-0-fabian-kautz/

O mundo ainda é jovem Conversas sobre o futuro próximo


com Maria Serena Palieri Domenico De Masi

https://ebookstep.com/product/o-mundo-ainda-e-jovem-conversas-
sobre-o-futuro-proximo-com-maria-serena-palieri-domenico-de-masi/

Operación Pantera Victoria Lacaci

https://ebookstep.com/product/operacion-pantera-victoria-lacaci/
Operación Pantera Victoria Lacaci

https://ebookstep.com/product/operacion-pantera-victoria-
lacaci-2/

O Salvador Irmandade da Adaga Negra 17 1st Edition J R


Ward

https://ebookstep.com/product/o-salvador-irmandade-da-adaga-
negra-17-1st-edition-j-r-ward/

Pengantar Studi Kitab Suci Buku Ajar R.F. Bhanu


Viktorahadi Pr.

https://ebookstep.com/product/pengantar-studi-kitab-suci-buku-
ajar-r-f-bhanu-viktorahadi-pr/

La Bruja Negra 1st Edition Laurie Forest

https://ebookstep.com/product/la-bruja-negra-1st-edition-laurie-
forest/

La varita negra 1st Edition Laurie Forest

https://ebookstep.com/product/la-varita-negra-1st-edition-laurie-
forest/
MARVEL
Pantera Negra
O JOVEM PRÍNCIPE:
ENFEITIÇADO
MARVEL
Pantera Negra
O JOVEM PRÍNCIPE:
ENFEITIÇADO

RONALD L. SMITH
© 2022 MARVEL. All rights reserved.
Black Panther: The Young Prince

Todos os direitos de tradução reservados e protegidos pela Lei


9.610 de 19/02/1998. Nenhuma parte desta publicação, sem
autorização prévia por escrito da editora, poderá ser reproduzida ou
transmitida sejam quais forem os meios empregados: eletrônicos,
mecânicos, fotográficos, gravação ou quaisquer outros.
Primeira edição Marvel Press: setembro de 2021

excelsior – book one


tradução Leonardo Alvarez
preparação Bruno Müller
revisão Tássia Carvalho e Silvia Yumi fk
arte, adaptação de capa
e diagramação Francine C. Silva
tipografia Adobe Caslon Pro

marvel press
projeto gráfico original Marci Senders
arte da sobrecapa Josh Talbot
design original da sobrecapa Catalina Castro

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


Angélica Ilacqua CRB-8/7057
S648p Smith, Ronald L.
Pantera Negra: o jovem príncipe: enfeitiçado / Ronald L
Smith; tradução de Leonardo Alvarez. – São Paulo:
Excelsior, 2022.
208 p.
eISBN 978-65-87435-62-6
Título original: Black Panther: The Young Prince:
Spellbound
1. Literatura norte-americana 2. Pantera Negra –
Personagem fictício I. Título II. Alvarez, Leonardo
22-1146 CDD 813
Para Chadwick Boseman.
Fique em paz, meu rei.
PRÓLOGO

As palavras clube medo piscavam em neon vermelho-sangue


acima da porta de entrada.
Uma gárgula de pedra, ou alguma criatura de pesadelos,
empoleirava-se acima dela como se estivesse observando sua
presa.
O estranho, que usava um terno branco limpo, sapatos italianos
feitos à mão e um chapéu fedora com uma pena, bateu três vezes
com a bengala na porta. Ele esperou pacientemente enquanto o
som de um baixo pesado, que latejava na espinha, pulsava do lado
de dentro.
A pesada porta de ferro se abriu com um gemido.
Uma mulher de cabelo ruivo e batom preto estava diante dele.
– Olá – disse o estranho, com os olhos ocultos pela aba do
chapéu.
A mulher estalou o chiclete e deu uma olhada nele.
– Sim? – perguntou ela, não muito gentilmente.
O estranho sorriu, e foi um sorriso largo que parecia ocupar todo
seu rosto.
– Estou aqui para ver um amigo – disse ele. – O nome dele é
Pesadelo.
CAPÍTULO
UM

T’Challa encostou a cabeça no vidro frio da janela do avião. Estava


exausto.
O voo para o Alabama durou extenuantes dezesseis horas, e a
última parte da viagem estava chegando ao fim rapidamente.
O comissário de bordo, um homem muito alto com sotaque
sulista, entrou na cabine da primeira classe.
– Mais suco de laranja, senhor?
T’Challa sacudiu a cabeça para acordar.
– Não – disse ele, esfregando os olhos. – Hum, não, obrigado.
– Muito bem, senhor. Pousaremos em breve.
Finalmente, pensou T’Challa.
Mesmo sendo o Príncipe de Wakanda, uma nação
tecnologicamente avançada escondida de olhares indiscretos no
continente africano, ele teve que se contentar com um assento na
primeira classe de um voo comum, embora as toalhas quentes,
chinelos e castanhas de caju salgadas fossem um tratamento
inesperado. Claro, ele poderia ter implorado a seu pai,T’Chaka, o
Pantera Negra e Rei de Wakanda, que alugasse um jato particular
para a viagem. Mas aí, pensou T’Challa, onde teríamos pousado?
Eles não podiam simplesmente ir para um aeroporto comum. O jato
atrairia atenção demais. O controle de tráfego aéreo provavelmente
pensaria que era um OVNI e o derrubaria.
Infelizmente, seu companheiro de assento, um empresário de um
lugar chamado Dover, no estado de Delaware, tentou várias vezes
envolver T’Challa em uma conversa.
– De onde na África você disse que era?
– Já viu algum rinoceronte?
– Sua família atua em que tipo de negócio?
Norte-americanos com certeza fazem muitas perguntas pessoais,
pensou T’Challa.
A única resposta que ele deu, depois de muita insistência, foi que
o negócio da família era “mineração”.
Um guincho ensurdecedor o despertou totalmente. Ele espiou
pela janela. Uma equipe de voo com coletes laranja enxameava a
pista, agitando seus bastões. T’Challa suspirou satisfeito. Ele
importunara seu pai durante semanas para que lhe permitisse visitar
seus amigos Zeke e Sheila nos Estados Unidos. Sheila estava
passando o verão no Alabama com sua avó, e Zeke chegara alguns
dias antes da data marcada para a chegada de T’Challa. Eles
planejaram aquilo durante semanas por meio de videochamadas.
Finalmente, depois de muitas idas e vindas e da insistência de
seu pai para que T’Challa fosse cuidadoso, o rei de Wakanda
concedeu a ele três semanas de férias. T’Challa estava extasiado.
Mal podia esperar para ver seus amigos de novo.
E lá estava ele.
Ele se perguntou, não pela primeira vez, que surpresas a viagem
traria.

Do lado de fora do portão de desembarque internacional, T’Challa


foi recebido por uma onda sufocante de calor; não o calor seco e
agradável de Wakanda, mas um calor sufocante e úmido que fazia a
gola de sua camisa grudar na nuca.
Passos soaram atrás dele.
Ele girou rapidamente, seu treinamento de defesa entrando em
ação.
Uma garota com pequenas sardas e cabelos cacheados estava
diante dele. Ela sorriu, revelando dentes retos e brancos.
– Bem-vindo a Beaumont, Alabama – disse ela.
T’Challa deu um suspiro de alívio.
– Sheila! – disse ele, dando-lhe um abraço estranho. O cabelo
dela cheirava a xampu de morango.
– Não acredito que você está aqui – acrescentou seu amigo Zeke,
empurrando os óculos para cima. – Quero dizer, que veio lá de
Wakanda!
Zeke ergueu a mão para um “toca aqui”, e T’Challa correspondeu.
Zeke era magro, com o cabelo cortado rente, óculos grossos e um
raciocínio rápido que T’Challa vira em diversas ocasiões.
– Essa é a única mala que você trouxe? – perguntou Sheila,
olhando para a bolsa de ombro de couro preto brilhante que ele
carregava.
– Hã, sim – respondeu T’Challa. – Não trouxe muita coisa e não
queria passar pelo desembarque.
Sheila se abanou com a mão e assumiu um sotaque sulista
exagerado:
– Bem, está tão calor aqui que tudo o que você precisa é de uma
bermuda e uma camiseta, de qualquer forma.
Zeke acenou na direção dela.
– Ela tem falado assim desde que eu cheguei aqui.
T’Challa riu. Os únicos sotaques sulistas que ele já ouvira eram
de antigos programas de TV norte-americanos que assistia em
Wakanda.
– Então, quando você chegou aqui? – ele perguntou a Sheila.
– Há cerca de uma semana – respondeu ela. – Faz anos que não
venho aqui! A última vez foi com meus pais, e eu tinha cinco ou seis
anos.
– E você, Zeke? – perguntou T’Challa.
– Há três dias.Tenho pesquisado vários tipos de alimentos. – Ele
lambeu os lábios.
Sheila apontou com o polegar para o lado, na direção de Zeke.
– Tudo o que ele tem feito é comer.
– Sou um garoto em fase de crescimento – disse Zeke, dando um
tapinha em sua barriga reta. – Além disso, tem muita comida que
preciso experimentar!
T’Challa riu novamente. Ele ouvira falar sobre como a culinária
sulista era boa, e mal podia esperar para provar.
Zeke olhou para a bolsa de T’Challa, curioso.
– E então… o que você trouxe? Algumas paradas secretas de alta
tecnologia? O traje? Por favor, diga que você trouxe o traje.
T’Challa suprimiu um gemido.
No ano anterior, em sua primeira viagem aos Estados Unidos,
Zeke e Sheila descobriram quem ele era na verdade. Seu pai o
mandara a Chicago devido a uma ameaça iminente em Wakanda.
Uma vez na Cidade dos Ventos com seu amigo M’Baku, eles foram
matriculados na Escola de Ensino Fundamental South Side com
nomes falsos. Seu pai não queria que nenhum de seus inimigos
soubesse que o filho estava nos Estados Unidos.
Ele logo se tornou amigo de Zeke e Sheila e, juntos, eles
detiveram uma força do mal que colocara a escola inteira e o próprio
mundo em perigo. Não demorou muito para que seus amigos
descobrissem que ele era mais do que um estudante de intercâmbio
comum do Quênia, seu disfarce. Quando a ameaça se tornou séria
a ponto de T’Challa precisar usar o traje de pantera que seu pai lhe
dera para proteção, Zeke endoidou e não parou mais de falar sobre
aquilo. Parecia que ainda estava obcecado.
– Sim, Zeke, eu trouxe o traje – confessou T’Challa. – Meu pai
insistiu. Mas disse para eu ter cuidado. Ele não quer que eu me
envolva em algum tipo de aventura perigosa como da última vez.
Zeke ergueu uma sobrancelha zombeteira.
– Nunca se sabe, não é?
T’Challa lançou a Zeke um sorriso cauteloso.
– Falando nisso – disse Sheila. – Como exatamente você
convenceu seu pai a deixá-lo vir para cá novamente?
– Demorou um pouco – respondeu T’Challa. – Mas eu venci pelo
cansaço.
T’Challa lembrou do momento. No início, seu pai fora
completamente contra a ideia, mas quando ele o lembrou de como
lidara com uma ameaça inesperada em sua última viagem, e o fato
de que estava um ano mais velho e mais sábio, o rei de Wakanda
balançou a cabeça de forma pensativa e cruzou as mãos diante
dele. O fato de a rainha Ramonda estar ao lado do jovem também
ajudou. “T’Challa precisa ver mais do mundo exterior”, dissera ela.
“A melhor hora para fazer isso é agora, enquanto é jovem.”
Depois daquilo, seu pai finalmente cedeu.
“Lembre-se de quem você é”, exigiu ele de T’Challa. “Você é um
representante de sua nação. Use a sabedoria e o discernimento que
lhe foram ensinados. Não me desaponte.”
O pai de T’Challa falara baixinho, mas a força por trás das
palavras era clara. Não havia outra maneira de interpretar.
Não se meta em problemas.
– Vamos – disse Sheila, puxando T’Challa para longe. – O sr.
Perkins está esperando.
– Sr. Perkins? – perguntou T’Challa.
– Ele é tipo um faz-tudo – respondeu Sheila. – Faz muitos
serviços para minha avó, como aparar grama e consertar coisas.
Está esperando a gente no estacionamento.
O sr. Perkins, um homem negro mais velho e com cabelos
grisalhos, não falava muito, mas tocava músicas gospel no rádio do
carro. T’Challa nunca ouvira nada parecido antes, mas algumas das
melodias o lembravam das canções folclóricas wakandanas. Ele
fechou os olhos e deixou que a música o envolvesse, o que quase o
fez adormecer diversas vezes.
Depois de uma curta viagem de carro, o sr. Perkins os deixou em
frente a uma pitoresca casa amarela com um belo gramado verde e
magnólias gigantes de cada lado.
– Muito obrigada, sr. Perkins – disse Sheila. – Estamos muito
gratos.
– Diga a senhora Rose que voltarei na semana que vem para me
livrar daquele toco de árvore nos fundos, certo?
– Claro – respondeu Sheila. – Obrigada novamente.
T’Challa deu ao sr. Perkins um sorriso e um aceno de cabeça,
depois saiu do carro.
Sheila avisou T’Challa:
– Prepare-se para um beijo molhado de vó.
Quando ele e seus amigos entraram, foram imediatamente
recebidos por um aroma que o deixou com água na boca. Ele não
tinha certeza do que era, mas mal podia esperar para descobrir. A
sala de estar era grande e de aparência confortável, com um grande
sofá, várias poltronas e uma grande área de jantar com um enorme
armário de porcelana. Retratos emoldurados de membros da família
estavam pendurados nas paredes, e havia flores frescas sobre uma
lareira chique. Uma estante de livros ocupava uma parede. T’Challa
sorriu. Sheila era uma leitora ávida e, a julgar pelos inúmeros livros
à mostra, sua avó também. Deve ser de família, pensou ele.
– Alguma coisa está cheirando bem – disse Zeke, farejando o ar.
No mesmo instante, uma mulher apareceu nos fundos da casa.
Tinha tranças curtas e bem entrelaçadas e usava um vestido
estampado com padrões geométricos arrojados em verde e
amarelo, que lembrava T’Challa das roupas coloridas que as
pessoas usavam em sua casa.
– Você deve ser T’Challa – disse ela, se aproximando.
T’Challa engoliu em seco com a menção de seu nome, mas então
percebeu que não precisava mantê-lo em segredo. Ela não sabia de
onde ele realmente era, é claro, apenas que era amigo de Zeke e
Sheila. Alguém que eles tinham conhecido em Chicago como um
“aluno de intercâmbio”.
Antes que ele percebesse, a avó de Sheila o abraçou e deu um
beijo em sua bochecha.
– Prazer em conhecê-lo, T’Challa – disse ela, interrompendo o
abraço. – Pode me chamar de dona Rose.
– Prazer em conhecê-la também, dona Rose.
Houve um momento de silêncio. T’Challa enfiou as mãos nos
bolsos, sem saber o que mais fazer com elas.
– Bem – disse dona Rose, por fim, recuando com as mãos nos
quadris. – Quem está com fome?

T’Challa comparecera a muitos banquetes em Wakanda, mas a


mesa de dona Rose era um espetáculo a ser visto. Zeke apontou
tudo:
– Temos bagre, muffins, costeletas, macarrão com queijo assado,
quiabo frito, amendoim cozido, bolinhos de milho, couve,
succotash1, feijão vermelho com arroz e chá gelado.
– E alguns hambúrgueres Wow – acrescentou Sheila. – São feitos
de plantas. – Ela era vegetariana, mas estava pensando em se
tornar pescetariana depois de provar salmão assado.
– Eca – reclamou Zeke. – Quem vai querer carne falsa?
– É mais saudável – retrucou Sheila.
Zeke balançou a cabeça e pegou outro pedaço de peixe.
T’Challa os observou interagindo daquele jeito por alguns
minutos, e sorriu. Os dois sempre foram assim, lembrou-se ele.
Discutiam, brincavam e provocavam um ao outro por horas, mas, no
fundo, eram melhores amigos e fariam qualquer coisa um pelo outro
se houvesse necessidade. Ambos provaram aquilo na última viagem
de T’Challa aos Estados Unidos.
– Isso tudo parece delicioso – disse T’Challa, pegando um pedaço
quente de peixe frito. A carne escamosa e suculenta derreteu em
sua boca. Ele sorriu e saboreou. A comida em Wakanda era muito
boa, mas também um pouco saudável demais para o gosto de
T’Challa: muitos grãos, folhas verdes e carnes magras. Qualquer
chance que ele pudesse ter de experimentar novos sabores não
seria jogada fora. Quando ele e seu amigo M’Baku foram para
Chicago pela primeira vez no ano anterior, comeram tudo o que
havia no frigobar do hotel, e M’Baku passou mal de tanto chocolate.
Zeke devorava a comida como se não se alimentasse há
semanas.
Dona Rose olhou para ele por um bom tempo.
– Menino – disse ela, recostando-se na cadeira e cruzando os
braços. – Não sei onde você coloca tudo isso. – Ela balançou a
cabeça. – Magro como um varapau.
– Vai tudo para o meu cérebro – respondeu Zeke, com a boca
cheia.
– Bom, então é melhor você comer mais – respondeu Sheila. –
Porque há um monte de espaço vazio aí.
Até T’Challa teve que rir daquilo, e riu sem hesitar. Zeke
resmungou uma resposta, mas Sheila vencera a rodada.
T’Challa suspirou e se recostou na cadeira. Estava feliz por estar
lá. O tempo que passava em Wakanda era sempre cheio de
reponsabilidades, como se reunir com os conselheiros de seu pai e
comparecer a reuniões semanais sobre as preocupações mais
recentes do país. Ele também tinha que supervisionar um grupo de
alunos talentosos na Academia de Jovens Líderes de Wakanda,
meninos e meninas que um dia governariam. De vez em quando,
ele acabava ficando um pouco sobrecarregado. Afinal, tinha
acabado de fazer treze anos e ainda gostava das florestas
exuberantes e dos rios cristalinos de sua terra. Adorava cuidar dos
animais velhos e deficientes no santuário, alimentando girafas e
rinocerontes que respondiam às suas palavras suaves e toque
gentil. Mas seu pai nunca se esquecia de lembrá-lo de seu lugar e
de seu dever na poderosa nação.
Você vai liderar um dia, dizia ele, com a voz profunda e cheia de
força. Esse é o nosso destino.
– Então, o que vocês planejaram para o verão? – perguntou dona
Rose, trazendo T’Challa de volta para o presente. – Vocês sabem
que as férias não duram para sempre.
Os ouvidos de T’Challa se animaram com o sotaque sulista da
senhora. Era o mesmo que Sheila tentara imitar, mas aquele era
para valer.
Sheila enfiou a mão no bolso da calça e puxou o telefone.
– Bem, tenho tudo certo aqui.
– Ela é uma planejadora – disse Zeke.
Sheila conferiu seu aparelho.
– Amanhã é a Feira Estadual do Alabama. Então estava
pensando em um passeio de canoa no rio Tuscaloosa, depois no
jardim botânico…
– Isso é para um dia só – interrompeu Zeke. – Ou para o verão
inteiro?
– Vamos começar com a feira estadual amanhã – respondeu
Sheila, ignorando a atitude sarcástica de Zeke. – E depois seguimos
daí.
– Parece um bom plano – disse dona Rose. Ela se virou para
T’Challa. – E você, rapaz? O que está querendo fazer?
T’Challa pensou naquilo por um momento. Esperava poder fazer o
máximo possível na viagem, mas a única coisa que eles realmente
planejaram de antemão era chegar ao Alabama na mesma época.
– Bem – disse ele, em busca de uma boa resposta. – É divertido
ver lugares diferentes. – Ele encolheu os ombros. – Não sei. Acho
que estou pronto para qualquer coisa!
Dona Rose inclinou a cabeça.
– Sheila disse que você é do Quênia. Como é lá? Adoraria ver a
terra natal um dia.
Zeke e Sheila olharam para T’Challa, imaginando o que ele diria.
Ele não queria mentir para aquela senhora simpática, mas achava
que deveria manter para si qualquer menção a Wakanda. A maioria
dos americanos tinha a impressão de que Wakanda era um país
pobre que precisava de ajuda global, mas aquilo tudo era uma
fachada, como Zeke e Sheila bem sabiam. T’Challa acreditava que
seria mais fácil simplesmente dizer que era do Quênia, em vez de
inventar histórias sobre como Wakanda era pobre. Parecia mais
uma mentira do que dizer que era de outro país, em sua opinião. Ele
se mexeu na cadeira e coçou a cabeça.
– Bem – disse ele. – Lá sempre faz muito calor, como aqui.
Dona Rose deu uma risadinha.
– Diga-me algo que eu não sei.
T’Challa engoliu em seco.
– Existem animais de todos os tipos. Muitas, hã, coisas para fazer.
Zeke bufou.
– A família de T’Challa é muito rica – disse Sheila, o que fez
T’Challa ficar rígido. – O pai dele é muito importante no governo.
T’Challa lançou um olhar para Sheila, e Zeke sufocou uma risada.
Pensando bem, porém, percebeu ele, ela não está mentindo.
– Ah, sério? – perguntou dona Rose, aparentemente
impressionada. – Bem, isso é muito emocionante. Acho que alguns
de nós nascemos com sorte, hein?
– Hã, sim – disse T’Challa calmamente. – Creio que sim.
– Você deveria ver ele lutando – disse Zeke. – No ano passado,
T’Challa derrotou o sr. Blevins, nosso antigo professor de educação
física, em cerca de trinta segundos! Foi rápido no nível de… reflexos
felinos.
T’Challa engoliu em seco.
– Não posso dizer que sou fã de luta livre – acrescentou dona
Rose. – Por que os meninos sempre querem lutar?
– Essa é a eterna questão – disse Sheila.
T’Challa ficou sentado durante todo o episódio, tentando manter
um sorriso. Seus amigos estavam realmente o provocando. Ele
percebeu que era ótimo vê-los novamente. Realmente sentia falta
daqueles dois, mesmo que o estivessem deixando acuado.
– Ufa – disse Zeke, afastando o prato e se ajeitando. – Estou
cheio.
T’Challa respirou com mais facilidade, aliviado pela brincadeira
finalmente ter acabado.
Os olhos de Zeke percorreram o restante da comida na mesa.
– Hum, o que temos para a sobremesa?

Para a sobremesa, eles puderam escolher entre torta de pêssego ou


torta de nozes, coberta com sorvete de baunilha, uma das
guloseimas mais saborosas do Sul. T’Challa escolheu a torta de
pêssego e comeu cada pedaço até sentir que seu estômago estava
prestes a explodir.
Depois, Sheila levou T’Challa e Zeke para o quarto deles.
Era um espaço pequeno com beliches e um tapete laranja felpudo
que parecia ter cem anos. Zeke já havia reivindicado a cama de
cima. O quarto estava vazio desde que os dois tios de Sheila, os
filhos de dona Rose, tinham se mudado há muito tempo. Cartazes
desbotados de antigas bandas de soul estavam nas paredes, junto
com um pufe, uma lâmpada de lava e alguns brinquedos
amontoados em um baú aberto.
– Bem – disse Zeke, esticando os braços atrás da cabeça
enquanto se deitava na cama de cima. – O que está achando do
Alabama até agora?
Mas a única resposta do Príncipe de Wakanda foi um ronco alto
vindo da cama de baixo.
Succotash é um prato típico da culinária de alguns povos nativos
norte-americanos, e bastante popular na culinária sulista, que
consiste em um guisado à base de milho e feijão, cozidos com
diversos vegetais e condimentos. O termo provavelmente é derivado
da palavra “msickquatash” da língua naragansett, que significa
“maçaroca cozida”. (N.T.)
CAPÍTULO
DOIS

T’Challa dormiu tranquilo naquela primeira noite. Ele apagou


completamente assim que sua cabeça encostou no travesseiro,
embora tenha acordado com dor no pescoço por dormir numa
posição esquisita.
O trio partiu depois de uma refeição de biscoitos amanteigados
quentes, ovos mexidos, batatas fritas, bacon e um prato chamado
grits2, que T’Challa nunca tinha provado, mas que gostou de comer
com sal e um pouco de manteiga.
A casa de dona Rose não ficava muito longe do limite do
condado, e eles pegaram um ônibus para o recinto da feira estadual.
T’Challa espiava pela janela enquanto eles rodavam pelas ruas
esburacadas. Passaram por hectares de terras agrícolas, onde
vacas e cavalos pastavam em campos verdes. Tratores e
equipamentos agrícolas pareciam estar diante de cada quintal.
Celeiros vermelhos surgiam à distância. Era uma paisagem
agradável e o lembrava um pouco da comunidade agrícola de
Wakanda. A única diferença era que, em seu país natal, as
plantações eram semeadas e irrigadas por pequenos drones
flutuantes alimentados por vibranium, o recurso mais valioso da
nação, um metal diferente de qualquer outro, poderoso o bastante
para sustentar uma cidade e manter sua economia forte. Vibranium
também era o principal elemento no traje do Pantera Negra, que
fornecia proteção a ataques, absorvendo a energia e a
redirecionando para um oponente. T’Challa aprendera o quão
poderoso o vibranium era em sua última viagem aos Estados
Unidos, quando derrotou uma criatura maligna chamada Obayifo,
uma lembrança que queria apagar para sempre.
T’Challa refletia sobre a história de seu país enquanto continuava
a olhar pela janela. As lendas diziam que, há muito tempo, milhares
de anos antes de nossa época, um meteoro caiu em Wakanda.
Bashenga, um guerreiro xamã de grande renome, investigou os
destroços e encontrou um metal absorvente diferente de tudo o que
ele já vira. Para o desgosto dele, o meteoro também liberou uma
carga radioativa, transformando alguns dos membros da tribo em
espíritos demoníacos enfurecidos. Bashenga caiu de joelhos e
ergueu os braços para o céu.
Bast, me proteja.
E a deusa pantera ouviu seu chamado.
Em uma visão, ela o levou para a floresta, onde ele descobriu
uma planta mística infundida com a poderosa essência do estranho
metal. Eles a chamavam de erva-coração. Logo depois, ele destruiu
os demônios e se tornou o primeiro Pantera Negra, estabelecendo a
base para as gerações vindouras.
Muitos wakandanos pensavam nas histórias de Bashenga apenas
como mito, mas o pai de T’Challa e toda a Tribo da Pantera eram
verdadeiros devotos, e seus rituais e cerimônias eram prova dessa
devoção. T’Challa pensava naquela história com frequência,
principalmente em Bast. Era tudo verdade, ou apenas parte da
mitologia de Wakanda?
Aquela mesma mitologia era uma parte constante da vida
cotidiana de T’Challa em sua terra natal. Ele cresceu ouvindo contos
de magia e feitiçaria, lendas wakandanas que explicavam sua
história e lugar no mundo. O Plano Ancestral, onde as pessoas se
comunicavam com seus entes queridos mortos, era uma realidade,
junto com as outras pessoas, lugares e coisas aparentemente
sobrenaturais. Será que Zeke e Sheila acreditariam em algumas das
histórias que eu poderia contar?, ele se perguntava.
O ônibus entrou em um enorme estacionamento cheio de carros.
T’Challa viu centenas de pessoas indo em direção a uma entrada
decorada com faixas e bandeiras coloridas, balançando na brisa do
verão.
– Aqui estamos – disse Zeke, enquanto todos desciam do ônibus.
T’Challa observou a cena. Uma roda gigante girava lentamente,
em um grande círculo contra o céu acima deles.
– São… pessoas, lá em cima?
– Sim – respondeu Sheila. – A roda gigante é meu passeio
favorito.
T’Challa piscou. Ele poderia ser o futuro Pantera Negra, mas sua
cabeça ainda girava com a ideia de estar tão alto no ar.
– O que vocês querem fazer primeiro? – perguntou Sheila aos
dois garotos.
– Cachorro-quente empanado! – gritou Zeke, um pouco alto
demais. Sheila fechou os olhos e tornou a abri-los, como se
estivesse exausta.
– O que é um… cachorro-quente empanado? – perguntou
T’Challa.
– Uma abominação – respondeu Sheila.
Zeke sorriu, afetado.
– Vamos, Tê. Não dê ouvidos a ela. Um cachorro-quente
empanado é o que há de melhor na culinária sulista.
– Há! – Sheila jogou a cabeça para trás e riu. – Tenho certeza de
que alguns chefs sulistas altamente respeitados discordariam.
Poucos minutos depois, T’Challa se viu parado em uma longa fila
em frente ao vendedor de cachorro-quente. Quando finalmente
chegou sua vez, o homem atrás do balcão entregou-lhe algo
espetado em uma vara de madeira fina. T’Challa olhou para ele com
curiosidade.
– O quê... é isso, exatamente?
– Uma linguiça de carne bovina coberta de massa e frita – disse
Zeke, com um brilho predatório no olhar.
– Um ataque cardíaco num espeto – acrescentou Sheila.
T’Challa deu uma mordida. Ele mastigou, pensativo, então
assentiu lentamente.
– Vamos lá! – disse Zeke. – Não é a melhor coisa que você já
provou?
T’Challa engoliu em seco.
– Muito bom. Tem gosto de frango.
Zeke se virou para Sheila, sorrindo, como se tivesse provado que
estava certo de alguma forma. Sheila apenas balançou a cabeça,
desgostosa.
O sol estava forte enquanto eles observavam a paisagem.T’Challa
ficou surpreso com a quantidade de movimento em cada esquina.
Crianças em carrinhos colidiam umas com as outras em uma
espécie de arena circular. Outras eram giradas em um cilindro
enquanto estavam presas à parede. Crianças de braços e pernas
para o ar gritavam dentro de uma máquina giratória. Os vendedores
tinham de tudo, desde uma guloseima chamada algodão-doce até
biscoitos fritos. T’Challa sentia como se tivesse acabado de pousar
em algum tipo de planeta alienígena.
– Dê um passo à frente! – gritou um homem de macacão azul
quando T’Challa passou por ele. – Teste sua força no Martelo de
Força! Você aí, fortinho? Quer tentar? Não é um covarde, é?
Por um momento, T’Challa não soube com quem o homem estava
falando:
– Eu? – perguntou ele, apontando para si mesmo.
– Sim, você mesmo, gênio – retrucou o homem.
– Vai lá, Tê – disse Zeke, lançando a ele um olhar penetrante. –
Mostre a ele como se faz.
O homem estava parado diante de uma torre de metal com cerca
de seis metros de altura. Na parte inferior, um pequeno disco preto
repousava sobre uma almofada com um quadrado de metal com
mola ao lado. A ideia era erguer a marreta e descê-la com força no
quadrado, que faria o disco subir até o topo, onde tocaria uma
campainha.
– Apenas cinquenta centavos a tentativa – desafiou o homem.
T’Challa não gostava dele. Seus olhos eram estreitos e negros,
como os de um tubarão.
O príncipe deu um tapinha nos bolsos e gemeu por dentro. Ele se
esquecera de trocar dinheiro no aeroporto. Dinheiro era algo em que
ele não pensava com frequência, porque nunca o carregava. Alguns
wakandanos usavam dinheiro, mas a maioria das transações eram
feitas através de computadores e dispositivos de dados pessoais,
como seus cartões Kimoyo. Às vezes, porém, quando estava fora de
casa, um de seus guarda-costas carregava dinheiro de verdade. Ele
sabia o quão privilegiado era, e às vezes detestava.
– Hã, não tenho nenhum trocado – disse ele, um pouco
envergonhado.
– Há! – Zeke riu. – Uma das pessoas mais ricas de Wak…
Sheila o cutucou com o cotovelo.
– Aaai! – resmungou Zeke, mas então seus olhos se arregalaram.
– Ops – sussurrou ele.
– Aqui está – disse Sheila, entregando a T’Challa um punhado de
moedas.
T’Challa deu algumas delas ao homem e pegou a marreta. Ele
testou o peso, ensaiando alguns golpes.
– Vamos logo, bonitão – disse o homem. – Não temos o dia todo.
Tenho outros clientes pagantes.
T’Challa olhou para um lado, depois para o outro. Não havia
outros clientes. Ele engoliu uma resposta. O homem certamente era
grosso.
– Mostre a ele como se faz, T’Challa – encorajou Zeke.
– T’Challa? – zombou o homem. – Que tipo de nome é esse?
O wakandano o ignorou e ergueu a marreta por cima do ombro.
– Um – contou ele. – Dois… três!
Ele desceu a marreta no quadrado com todas as suas forças.
O disco voou. T’Challa esperou pelo toque do sino, mas ele não
aconteceu. Em vez disso, o disco atingiu um pequeno quadrado
verde que dizia fracote, depois caiu de volta para pousar na
almofada com um ruído abafado.
O homem começou a rir.
– Que triste, hein? Aposto que sua namorada consegue fazer
melhor do que isso!
Sheila lançou ao homem um olhar que derreteria gelo. T’Challa
ficou um pouco envergonhado, mas não ia deixar um idiota como
aquele levar a melhor. Apoiou a marreta no ombro e se preparou
para outra tentativa.
– Deixe-me tentar – disse Sheila, pouco antes de ele balançar a
marreta.
– Com prazer – respondeu T’Challa, entregando a marreta para
Sheila. Estava cansado daquela exibição boba de força bruta, de
qualquer forma.
– Vamos, Sheila – encorajou Zeke. – Mostre a esse cara quem é
que manda.
Sheila sorriu e ficou perto da área com os pés bem afastados,
como um jogador de golfe preparando sua tacada. Ela olhou a torre
de cima a baixo. Murmurou para si mesma como se estivesse
calculando algo em sua cabeça, depois deu alguns golpes de treino
no meio do caminho. Por fim, desceu a marreta com força, bem no
meio do quadrado de metal.
O disco voou pela torre.
Todos eles olharam para cima, esperando…
ding!
– Você conseguiu! – gritaram os meninos ao mesmo tempo. Zeke
levantou a mão para um “toca aqui” e Sheila retribuiu.
A garota fez uma reverência exagerada. O homem sorriu
novamente e disse:
– Sorte de principiante.
Ele estudou Sheila por um momento, depois acenou com a mão
em direção ao balcão atrás dele, cheio de ursinhos de pelúcia,
coelhinhos fofinhos e unicórnios cor-de-rosa.
– O que você quer como prêmio?
Sheila olhou para a espalhafatosa coleção de brinquedos baratos.
– Nada – respondeu ela.
– Nada? – retrucou ele. – Achei que todas as meninas gostassem
de bichos de pelúcia.
– Desculpe, senhor – disse ela, devolvendo-lhe a marreta. – Não
ligo pra essas ideias ultrapassadas.
O homem franziu o rosto, tentando descobrir se fora insultado ou
não.
– Tsss – disse Zeke, baixinho.
– Vamos, rapazes – disse Sheila. – Vamos pegar algumas maçãs
carameladas… tirar esse gosto azedo da boca.
– Sim – disse Zeke. – Vamos deixar esse… safardana pra lá.
– Safardana? – perguntou o homem. – O que é um safardana?
– Leia um livro – disse Zeke, enquanto o trio se afastava.
– Aquilo foi legal – disse T’Challa. – E aí, como foi que você
conseguiu? Eu bati com a marreta o mais forte que pude!
– Exatamente – disse Sheila, com um sorriso irônico. – Que é o
que a maioria dos homens faria. Não se trata de força bruta,
T’Challa. É uma questão de técnica. A trajetória do martelo junto
com a força gravitacional do golpe é a chave.
– Ah – disse T’Challa, ainda um pouco confuso. Ele olhou para
Zeke e encolheu os ombros. Lembrou-se de que Sheila era uma
especialista em ciência e tecnologia. No ano anterior, quando
tiveram o incidente na escola em Chicago, Sheila invadiu um site
com senha criptografada no banco de dados wakandano. E aquela
era apenas uma das habilidades da garota.
Depois de errarem ao tentar adivinhar o peso de um porco
premiado, verem seus reflexos distorcidos em uma casa de
espelhos no parque de diversões e comprarem maçãs do amor, que
T’Challa não gostou por achar muito grudentas, eles decidiram que
já estavam cansados da feira.
– Esperem – disse Zeke, apontando. – Olhem ali.
T’Challa seguiu o dedo de Zeke. Sob uma enorme tenda listrada
de vermelho e branco, um homem caminhava por uma corda
bamba.
– Vamos dar uma olhada – encorajou Sheila. – Adoro acrobatas!
T’Challa se sentia morto. Percebeu que deveria estar se
adaptando ao fuso horário, mas não queria estragar a diversão de
seus amigos, então foi junto com eles.
Eles caminharam, mas não sem antes parar em uma barraca
onde Zeke comprou algo chamado de massa frita. T’Challa estava
começando a achar que tudo no Sul era frito. Ele experimentou um
pedaço e logo percebeu que estava coberto de pó branco, o que
Zeke achou extremamente engraçado.
Eles abriram caminho no meio da multidão. Uma faixa pendurada
no palco dizia:

BOB, O ACROBATA! EXTRAORDINÁRIO


EQUILIBRISTA DA CORDA BAMBA!

O acrobata caminhava suavemente ao longo da corda, com os


longos braços estendidos para os lados, para se equilibrar, testando
cada passo com seu peso.
– Incrível – sussurrou Sheila.
O homem ficou imóvel como uma estátua por um momento.
Soltou um suspiro, depois se lançou de cabeça em uma cambalhota
para pousar novamente. A multidão foi à loucura.
T’Challa deu uma olhada no homem mais de perto. Ele era negro,
muito alto e magro, com uma pequena mecha de cabelo correndo
por sua cabeça. Usava uma calça justa vermelha e dourada, e uma
camisa sem mangas, que revelava braços magros e finos. Um
pingente preto em forma de círculo estava pendurado firmemente
em seu pescoço.
– Agora – disse o homem, ainda equilibrado sobre a corda. – Vou
realizar uma manobra que desafia a morte, uma que apenas o mais
corajoso acrobata ousaria tentar.
As orelhas de T’Challa estremeceram. O homem tinha sotaque.
Oeste africano, supôs ele.
Um assistente entregou um lenço preto ao homem, que se
abaixou, o pegou e amarrou em volta da cabeça, cobrindo os olhos.
A multidão murmurava de expectativa. O acrobata ficou com os
braços ao lado do corpo. Ele colocou o pé direito à sua frente,
depois se curvou para trás em um ângulo impossível.
– Deve ter articulações super flexíveis – sussurrou Zeke.
O acrobata respirou fundo e deu um salto mortal para trás.
Houve um suspiro coletivo.
O tempo pareceu desacelerar naquele instante, e T’Challa
observou com a respiração entalada na garganta. Os segundos
pareciam durar minutos até que o acrobata pousou de pé
novamente, com a agilidade de um gato. Ele tirou a venda e
estendeu os braços em um grande gesto. O público aplaudiu
descontroladamente mais uma vez. O acrobata espiou por cima da
multidão que o adorava, como se procurasse alguém em particular.
Por fim, os olhos dele encontraram os de T’Challa. Ele fixou o olhar
no garoto por um longo momento, e então a coisa mais estranha
aconteceu. Ele deu a T’Challa um sorriso largo, quase malévolo.
Sheila bateu palmas freneticamente.
– Isso foi muito legal!
– Nada mal – disse Zeke.
Mas T’Challa se sentia diferente.
Porque alguma coisa naquele homem lhe dava calafrios.
Um prato típico norte-americano à base de milho, similar à
polenta. (N.T.)
CAPÍTULO
TRÊS

T’Challa esticou as longas pernas diante de si e recostou-se na


cadeira de jardim. Colocou as mãos atrás da cabeça. O quintal de
dona Rose era um oásis agradável. O sol luzia em raios dourados,
aquecendo seu rosto. Os pássaros dançavam e cantavam nas
magnólias. Ele aguardara o verão o ano todo, e agora os deveres e
responsabilidades em Wakanda pareciam estar a um milhão de
quilômetros de distância. Finalmente, pensou ele. Não preciso fazer
nada além de me divertir.
Era bom estar de volta aos Estados Unidos, percebeu ele, longe
das exigências de seu pai. O rei de Wakanda era um homem rígido
que governava com força e, às vezes, intimidação, e não era do tipo
que demonstrava suas emoções.
Serei assim também, T’Challa se perguntou, quando chegar a
minha hora de governar?
Ele sabia que aquele dia chegaria em poucos anos. Seu pai
conquistara o trono muito jovem. Talvez esperasse que o filho
fizesse o mesmo. Estarei pronto? Serei capaz de ocupar o lugar de
meu pai?
Os pensamentos sobre o pai deram lugar a sua madrasta,
Ramonda. Ela era a rainha de Wakanda, e enquanto os outros
tremiam com sua força, T’Challa a achava uma presença
tranquilizadora e podia falar sobre qualquer coisa com ela, muitas
vezes buscando seus conselhos antes de conversar com o pai.
T’Challa sentia que ela conseguia ver as coisas com mais clareza
do que o rei, e as palavras dela sempre eram levadas a sério. Ela
falava suavemente, mas às vezes T’Challa achava que aquela era
uma manobra para ganhar a confiança de alguém. Ele uma vez
ouviu dizer que a rainha Ramonda poderia enfiar uma faca entre as
costelas de alguém que a pessoa não saberia até ser tarde demais.
A mãe biológica de T’Challa, N’Yami, morreu de uma doença rara
logo após seu nascimento. Ele não tinha nenhuma memória dela,
apenas hologramas e histórias de seu pai. Gostaria de tê-la
conhecido, e frequentemente a procurava em seus sonhos e preces
à Bast.
Mesmo assim, amava Ramonda ternamente, já que ela era a
única mãe que conhecera.
T’Challa despertou de sua reflexão quando Zeke saiu de casa
com dois copos de limonada fresca. Ele pegou o copo frio e suado
na mão e o levou aos lábios. Não sabia o que era melhor, chá
gelado ou limonada, e concluiu que deveria experimentar mais
vários copos de cada antes de fazer seu julgamento final.
– Então, quais os planos para hoje? – perguntou T’Challa.
Sheila, sentada ao lado dele, ergueu os olhos do livro que estava
lendo.
– Bem – disse ela –, antes de você chegar aqui, Zeke só falava
em encontrar o verdadeiro churrasco sulista.
– Eu fiz algumas pesquisas antes de vir – disse Zeke. – Tem um
lugar chamado “Churrasco do Hatcher” que parece muito bom.
T’Challa deu um tapinha na barriga.
– Bem – disse ele. – Estou de férias.
Zeke sorriu.
– Onde fica? – perguntou T’Challa.
– Fica lá em Selma – respondeu Sheila. – O ônibus demoraria
uma eternidade. Vovó disse que nos levaria.
– Para mim está ótimo – disse Zeke.
T’Challa se lembrou de que Selma era uma pequena cidade
histórica que vira sua parcela de protestos e mudanças durante a
era dos direitos civis. Ramonda contara a ele que Selma foi
fundamental para dar aos negros americanos o direito de votar, e
atualmente era considerada uma prova do que poderia acontecer
quando as pessoas realmente trabalhassem juntas pelo bem do
país. Ele pensou novamente nas diferenças entre Wakanda e os
Estados Unidos. Era algo que ele não conseguia descartar.
Pouco depois, eles estavam a caminho no sedã Audi A4 prateado
de dona Rose.
– Massa! – exclamou Zeke, acomodando-se no banco de trás.
– Posso ser uma avó – gabou-se dona Rose, colocando o carro
na última marcha. – Mas isso não quer dizer que eu preciso dirigir
como uma senhorinha.
T’Challa ficou surpreso, para dizer o mínimo. Dona Rose dirigia
como uma profissional, e lidava com facilidade com os buracos e
rachaduras na estrada. Quando Sheila dissera a eles que ficariam
com a avó, ele ficara um pouco apreensivo. T’Challa esperava que
ela fosse muito mais velha, como as avós que vira em programas de
TV e filmes americanos. Na verdade, ela estava bem longe daquele
estereótipo. Claro, em Wakanda, respeitar os mais velhos estava
enraizado na cultura. Ninguém jamais pensaria em desrespeitar um
ancião ou demiti-lo por causa de sua idade. Eram os transmissores
de conhecimento, contadores de histórias e guardiões dos contos e
lendas, e T’Challa escutava todas as lições que compartilhavam e
sempre ouvia seus conselhos.
Poucos minutos depois, o carro parou em um estacionamento de
cascalho cheio de outros carros. Uma placa vermelha e branca
acima da porta anunciava: o melhor churrasco do alabama.
As narinas de T’Challa se dilataram no momento em que pôs os
pés lá dentro. Nunca tinha sentido um cheiro tão delicioso em sua
vida.
Ele não conseguia identificar exatamente do que o cheiro o
lembrava, mas por fim decidiu que remetia a conforto.
Um cardápio escrito à mão estava afixado no alto da parede atrás
do balcão, e estava repleto de pratos atraentes: carne grelhada,
sanduíches de porco desfiado, pratos de bagre, macarrão com
queijo, vagem e todos os tipos de combinações. T’Challa achou que
os olhos de Zeke saltariam para fora da cara.
Depois que todos fizeram seus pedidos, encontraram uma mesa e
começaram a comer. T’Challa comeu um sanduíche de carne de
porco desfiada que tinha tanto recheio que estava caindo do pão.
Zeke foi contra seu primeiro desejo e pediu costeletas de porco no
bafo, em vez de churrasco, assim como dona Rose. Sheila, sendo
vegetariana, olhou o cardápio e escolheu macarrão com queijo
assado, couve do sul e biscoitos amanteigados quentes.
– Bem – disse dona Rose, olhando para o banquete servido
diante deles. – Isso é o que eu chamo de uma verdadeira
churrascaria sulista.
T’Challa deu outra mordida em seu sanduíche. O gosto era doce,
picante e quente ao mesmo tempo. Ele concordava com dona Rose,
mas estava com a boca muito cheia para falar. Zeke e Sheila
grunhiam satisfeitos enquanto devoravam suas refeições. Eles
terminaram com bolo de chocolate, que T’Challa decidiu ali mesmo
ser a coisa mais indulgente que já provara.
Pouco tempo depois, todos eles se recostaram e suspiraram com
vontade.
– Valeu a viagem? – Sheila perguntou a Zeke.
Zeke fechou os olhos e balançou a cabeça em um gesto de
apreciação.
– Melhor. Lugar. Do. Mundo.
T’Challa concordou. Ele olhou para o prato vazio e pensou em
Themba, seu preparador físico em Wakanda, que dissera a ele que
precisava manter seu treino diário se quisesse se tornar o próximo
Pantera Negra.
Sempre teremos tempo para isso, pensou T’Challa, pegando a
última fatia de bolo.
CAPÍTULO
QUATRO

A cabeça de T’Challa sacudia para cima e para baixo enquanto ele


dormia no carro, no caminho de volta para casa. Ele estava exausto,
cheio de comida e com sono por causa do fuso horário. Só acordou
quando Zeke saiu do carro e bateu a porta. T’Challa deitou-se na
parte de baixo do beliche e dormiu de novo imediatamente.
Durante a noite, em algum momento, ele teve um sonho estranho.
Ouvia uma voz atrás de um véu escuro que não podia ser perfurado.
Não conseguia entender as palavras sussurradas, mas sentia como
se fossem dirigidas a ele, e somente a ele. A voz era calma e baixa,
mas forte ao mesmo tempo.
T’Challa acordou e continuou imóvel na cama, tentando organizar
seus pensamentos e relembrar mais do sonho. Imagens vagas
flutuavam em sua mente, mas nenhuma nítida ou definida o
bastante. Ele afastou o sonho ao se levantar e se preparar para
mais um dia quente no Alabama.
Ele e seus amigos passaram a maior parte da manhã relaxando
no quintal e tomando banho de sol. T’Challa ainda se sentia cheio
do banquete da noite anterior, no churrasco. Espreguiçando-se,
inalou a fragrância agradável de plantas e flores vindas dos cestos
pendurados de dona Rose.
Sheila as apontara:
– Begônias, flor-da-lua, rosas-trepadeiras e jasmim-carolina.
T’Challa adorava jardins e caminhadas ao ar livre, na natureza,
respirando ar fresco. Em casa, um de seus lugares favoritos para
relaxar era um brejo salgado cercado por juncos selvagens. Era um
dos poucos lugares onde poderia estar realmente sozinho, sem um
guarda-costas acompanhando cada movimento seu.
Uma conta em sua pulseira pulsou, vermelha.
Another random document with
no related content on Scribd:
Op het kantoor, waar zijn zwager, een ijverig en bekwaam koopman,
aan het hoofd der zaken stond, liet men hem juist zoo veel en zoo
weinig doen, als hij goed vond, en maakte niemand er aanmerking
op, als hij elken middag een paar uren uitging. Er was gezorgd, dat
hij een „werkman” naast zich had, die deed, wat hij liet liggen.

Het kon hem overigens niet schelen. Als hij meerderjarig was, en dat
duurde nog hoogstens een jaar, ging hij toch weg om nimmer weer
terug te komen. Tot zoolang, stelde hij zich voor, zou hij de
geweldige verveling van het Indische leven wel kunnen bekampen;
tot zoolang zou hij het wel uithouden.

Van Brakel amuseerde zich de eerste dagen uitstekend met zijn


commensaal; zóó zelfs dat hij ’s avonds thuis bleef om met hem te
„boomen” en een glas grog te drinken. Maar de aardigheid was er
gauw af, en hij ging weer als vanouds ’s avonds na het diner naar de
soos.

„Ik heb ook wel pleizier eens er heen te gaan,” zei Geerling, toen
Van Brakel de eerste maal ging.

„Nu, rijd dan mee. Speel je?”

„Neen; ten minste niet bij voorkeur.”

„Dus je kunt het toch?”

„Och ja, zoo’n beetje.” [34]

Maar terwijl Van Brakel, met een glans van vergenoegen op het
gezicht, zich heen en weer bewoog op zijn stoel aan de speeltafel,
als iemand, die blij is dat hij zich weer „thuis” gevoelt, leek het
Geerling erg vervelend. Hij was er bij gaan zitten schrijlings op een
stoel, hij zag hoe er beurtelings werd gepast, gevraagd, in de
„katoentjes”; in de „beste”; hoe er gewonnen werd en verloren,
remise en codille; hoe er groot en klein casco en s a n s
p r e n d r e ’ s werden gespeeld en hoe de f i c h e s van den eenen
kant naar den anderen werden geschoven over het groene laken,—
het interesseerde hem niets hoegenaamd; zijn oogleden werden
zwaar.

„Zeg Geerling, ik zou nog een brandy nemen, als ik jou was,” zei Van
Brakel lachend. „Daar blijf je wakker van.”

De anderen lachten ook.

„Hij is als mijn vrouw,” ging de ingenieur voort; „die kan ook ’s
avonds om dezen tijd haar oogen niet openhouden.”

„Dat is de jeugd,” zei een in het spel vergrijsde; „hoe ouder men
wordt, des te minder behoefte krijgt men aan slaap.”

Men ging nog een oogenblik door op het thema, maar zat dadelijk
weer verdiept in het spel.

Geerling dacht over de woorden na, met een glimlach om den mond.
„Net als zijn vrouw!” Het was ongetwijfeld gezegd zonder
boosaardige bedoeling, want hij wist te goed, welk een door en door
goed karakter Van Brakel had, om hem in dat opzicht te verdenken.
Toch vond hij de uitdrukking opmerkelijk, en zelfs ongepast. Niet om
hemzelven, maar om de vrouw.

Den volgenden avond ging hij niet meer mee naar de sociëteit. [35]

„Ik amuseer me er toch niet.”

„Neen, dat schijnt. Je valt er bij in slaap.”

„Het is saai andere menschen te zien spelen.”


„Meedoen vind ik natuurlijk veel pleizieriger, maar een interessante
partij mag ik toch wel zien.”

„Jij bent ook zoo’n geacharneerde dobbelaar,” zei Lucie op een toon,
die meer bewondering dan verwijt verried.

„Och, dàt niet; ik maak alleen heel graag een partijtje.”

„Nu, maak dan maar dat je weg komt.”

Hij kuste haar, en ging vroolijk heen. Daar Geerling nog bleef zitten,
hield Lucie hem maar gezelschap, schoon ze veel liever naar bed
zou zijn gegaan. Doch zij bestreed haar slaperigheid.

„Houdt u niet van ’n partijtje?”

„Zoo.… Bij gelegenheid en voor de grap. Ik kan me niet goed


voorstellen, hoe men zich er mee kan amuseeren.”

„De heeren in Indië zijn er over het algemeen dol op.”

„Ze spelen nogal hoog.”

„Ja, maar dat haalt niet bij vroeger. Ik heb ze als kind zien homberen
om een pikol koffie het fiche.”

„Het genoegen ontsnapt me ten eenenmale. Als ik speel, doe ik het


alleen voor tijdverdrijf, maar niet om eens anders geld te winnen. Ik
verlies nog liever.”

„Nu, ja!.….… Neen, maar dien vind ik goed!” riep Lucie, luid lachend.
Dat was voor haar, op Java gewonnen en geboren, volkomen
onbegrijpelijk.

„Wezenlijk,” verzekerde hij. „Als ik bij het spel heb gewonnen, wat
trouwens zelden gebeurt, en ik zie iemand de beurs openen, er geld
uit nemen en dat naar me toe schuiven, [36]dan heb ik een
gewaarwording, alsof ik me van iets meester maak, dat me niet
toekomt.”

„Nu, dat is toch al heel dwaas,” meende Lucie. „Wat je eerlijk hebt
gewonnen, komt je ook eerlijk toe. Als je verloor, zou je evengoed
moeten betalen.”

Hij glimlachte om de eigenaardige argumentatie.

„Juist. Als ik roof neem ik geld, en als ik beroofd word raak ik het
kwijt.”

Zij vond hem erg gek.

„Op die manier,” zei ze, „kan men alles overdrijven. Dan is oorlog
voeren, jagen, visschen.…”

„Zeker, mevrouw, het is alles rooven. Ik voer ook geen oorlog.…”

„A j a k k e s ,” riep Lucie lachend, „hoe flauw!”

Daarmede was hij het eens; ze lachten samen en het was reeds tien
uren toen zij elkaar een goeden nacht wenschten en hij naar zijn
paviljoen retireerde. Zij vond hem met zijn malle theorieën een
verbazenden q u i b u s , maar ze had zich toch wel om hem
geamuseerd, en schoon ze „verging” van den slaap, speet het haar
niet, dat ze zoo „laat” was opgebleven. Op die manier was het nog
wel eens aardig een uurtje op te blijven. Met Herman was ze
uitgepraat en hij ook met haar; ze konden elkaar niets nieuws
vertellen; als hij thuis was, zat hij maar te lezen in de courant, en dan
viel ze vanzelf in slaap.

Geerling trok een langen rotanstoel naar buiten op het galerijtje voor
zijn kamers, stak een versche sigaar op, en keek droomerig in de
duisternis. Hij vond haar een aardige vrouw; veel aangenamer dan
Van Brakel als man. Zij was wel geen ingenieur, maar in sommige
opzichten vond hij haar [37]ingenieuzer. En ze was een verduiveld
knappe vrouw bovendien. Als hij dááraan dacht, mocht hij Van
Brakel hoe langer hoe minder lijden.

Het was fataal, maar ’t was niet anders: de invloed van de honderd
en vijftig gulden ’s maands, die ze nu meer ontvingen dan vroeger,
had in geenen deele aan de verwachtingen der Van Brakels
beantwoord. Integendeel, het was of ze hoe langer hoe harder
achteruitgingen. Tegen het einde der maand was het voor Lucie een
wanhopig tobben, en wat Herman aanging, hij sukkelde aan de
meest hardnekkige d é v e i n e , die een speler tot wanhoop kan
brengen. De door hem gedane toezeggingen van betaling waren
achtergebleven. Hoe het kwam, wist hij niet, en Lucie wist het ook
niet, maar e n f i n , het w a s zoo; zij hadden eenvoudig ’t geld niet,
en wat zij hadden willen voorkomen, gebeurde: er werd op een deel
van zijn bezoldiging beslag gelegd.

’t Hinderde hem geweldig. De hoofdingenieur Willert had hem er


ernstig over onderhouden, en hem in allen ernst aangeraden anders
te gaan leven.

„Het is mij,” had hij in een soort van wanhoop geantwoord,


„o n m o g e l i j k met mijn gezin van mijn traktement te leven.”

„Daar zijn er toch zooveel, die het moeten doen,” had de


hoofdingenieur gezegd, „en die toonen, dat ze het wel kunnen.”

„Dan hebben ze er meer slag van dan mijn vrouw en ik.”

„Misschien zou ’t juister wezen te zeggen, dat uw vrouw en u er niet


den slag van hebben.”
„Ook mogelijk.” [38]

„De ingenieurs, die toekomen met hun traktement, zijn zoo zeldzaam
niet.”

„Hm!” zei Van Brakel schamper: „u hebt goed praten! ’n Groot


traktement en een klein gezin!”

„’t Is waar, we hebben geen kinderen. Maar ik heb met mijn kleine
gezin ook geleefd van de helft van uw inkomen, zonder dat ik te kort
kwam.”

„Ik geloof het wel. Het is al veel naar dat men gewoon is te leven.”

„Men moet niet leven naar men gewoon is of zich heeft aangewend,
maar naar zijn middelen.”

„Enfin, dat kunstje schijn ik dan niet te verstaan.”

„Dat verstaat iedereen als de goede wil er slechts is.”

„De goede wil is er zeker.”

„Dat moet ik betwijfelen.”

„Ei?”

„Zeker. Wanneer ik iemand des avonds grof zie spelen, dan geloof ik
niet aan zijn goeden wil om geregeld economisch te leven.”

„O, is het dàt? Ja, ziet u, daar spreek ik liever niet van, om niet in
onaangename quaesties te komen.”

„U kunt daarover met mij geen quaesties krijgen.”


„Daar ben ik nog zoo zeker niet van. Enfin, ik heb nu eenmaal een
afkeer van al wat naar bespieden lijkt.…”

„Het was beter dat u een afkeer hadt van uw eigen leefwijze; daar
zoudt u veel verder mee komen, want die zal u ten verderve voeren;
dat is zeer zeker.”

Van Brakel was zoo bleek als een doek.

„Wilt u mijn leefwijze soms een handje helpen?” [39]

„Och neen! Dat is onnoodig. Onthoud alleen goed wat ik u heb


gezegd, niet om u persoonlijk, want al doet u goed uw zaken, zoo
heb ik overigens weinig reden tot tevredenheid over uw houding en
uw gedrag. Maar ik vind het voor ’t corps hoogst onaangenaam, dat
daarin heeren dienen, die een leefwijze volgen, als de uwe.”

Van Brakel was woedend thuis gekomen en had alle duivels uit de
hel gevloekt over de bejegening, welke hij van „dien ploert” had
moeten ondervinden. Maar het kon hem nu ook niets meer schelen.
Betalen? Geen cent meer! Ze moesten maar allemaal korting
vragen, dan konden ze achter elkaar q u e u maken en ieder op zijn
nummer aan de beurt komen.—Zoo’n vent!—dat was de heer Willert
—wat beeldde hij zich wel in, de parvenu? Dat wou zich neerleggen
bij een welopgevoed man van fatsoenlijke familie! Zoo’n kerel, die in
Holland achter de schaafbank vandaan was gekomen, waar hij
roggebrood at uit een zakje, en die hier in Indië.… Ja, dat
mankeerde er nog maar aan, dat zoo’n individu, dat geen andere
behoefte kende dan z’n body vol graan of rijst te proppen, zich hier
in Indië de luxe van „beren” had gepermitteerd!

Lucie schold als altijd mee. Wat hadden die nare, onverdraaglijke
menschen er toch aan dien armen Herman zoo te plagen en te
contrariëeren? Hij kon het toch waarlijk niet helpen, dat het
Gouvernement zoo slecht betaalde. Aan hem lag het waarlijk niet,
want hij deed zóó zijn best.…

Geerling, die nogal dikwijls thuis bleef en aanvankelijk zonder


andere bedoeling dan tot tijdverdrijf, nauwlettend gadesloeg wat er
alzoo bij de familie Van Brakel omging, [40]had heel spoedig gezien,
waar de huishoudelijke schoen wrong.

Het deed hem leed,—niet om Van Brakel, maar om Lucie. Hij mocht
haar gaarne, en hij behoorde niet tot de jongelui, die men doorgaans
met den naam van „fatsoenlijke” bestempelt, schoon hij in menig
opzicht zeer fatsoenlijk was. Mevrouw Van Brakel was in zijn oogen
een wonderlijk schepsel. Eerst had hij van haar wijze van doen niets
begrepen; maar toen hij er een beetje in huis was, zag hij duidelijk
in, dat ze zich soms vreemdsoortige vrijheden veroorloofde in haar
zeggen en doen, die alleen waren toe te schrijven aan een algeheele
afwezigheid van sexueele immoraliteit. Zij hield van Van Brakel, dien
ze evenals haar kinderen verwende en bedierf, en nooit scheen bij
haar de gedachte aan iets, wat op andere mannen betrekking had,
te kunnen opkomen.

En hij, Geerling, vond dat Van Brakel zoo’n lot niet verdiende. Goed
was hij en bekwaam ook,—maar in het leven buiten de slaapkamer
nam hij van zijn vrouw weinig notitie, ja, verwaarloosde haar, en dat
ergerde den commensaal, die zag hoe Lucie altijd tobde met
geldgebrek, zoodat ze soms het noodige niet had om haar
keukenmeid van passargeld te voorzien.

Toen hij weer zoo iets merkte, hield hij het niet langer uit.

„Wilt u mijn kostgeld vast ontvangen voor de volgende maand?”


vroeg hij zonder erg. „Dan heb ik ’t niet langer te bewaren.”
Haar gelaat helderde op, als het ware, en zij deed geen moeite om
het te verbergen. [41]

„Met heel veel pleizier.”

Hij nam ’t geld uit zijn portefeuille en telde het haar voor.

„Om je de waarheid te zeggen,” zei ze eenigszins verlegen


glimlachend, „kan ik het op het oogenblik heel goed gebruiken.”

Het deed hem pleizier, dat ze het zei.

„Zoo? Nu, als u bij gelegenheid disponeeren wilt, hebt u maar ’n


enkel woord te zeggen.”

Het viel dien dag al heel ongelukkig. Van Brakel, nog steeds onder
den invloed van het gesprek met zijn chef, begon aan tafel te
schelden op particulieren in het algemeen en tokohouders in het
bijzonder, en daar Geerling dat niet kon velen, stond deze op en zei:
„Ik zal wel wachten met eten, tot je hebt uitgeraasd. Wil me dan
asjeblieft laten waarschuwen,” en hij ging, na zich met een enkel
woord bij Lucie verontschuldigd te hebben, naar zijn kamer.

’t Malle figuur, dat Van Brakel maakte,—en hij voelde het—was niet
geschikt zijn humeur beter te doen worden. Kwaadaardig zag hij
Geerling na, en mompelde iets van: „Ook al zoo’n ploert! Misselijke
kwajongen!”

Doch dat kon Lucie niet verdragen.

„Je moest je schamen!” riep ze, voor haar gemoedelijken doen zeer
heftig. „Je gedraagt je onbeschoft!”

„Wat is dat?” riep hij nu in lichterlaaie uitbarstend. „Begin jij nu ook


al! Dan is het uit!” En met geraas zijn vork en mes neerleggend,
schoof hij met een ruk zijn stoel achteruit, liep naar zijn kamer, nam
dienstpet en stok, en ging, van zijn hond vergezeld, de deur uit.

Met een vol gemoed bleef ze alleen zitten aan tafel, en [42]keek met
weemoedigen blik naar de lekkere bloemkool en naar de saucijsjes,
die nog onaangeroerd op tafel stonden. Het was zonde van het eten!
Och, trek had ze er nu eigenlijk ook niet meer in, maar het was toch
„zonde”, en daar deze laatste huishoudelijke overweging bleef
zegevieren, liet zij Geerling verzoeken te komen.

„U moet het Van Brakel niet kwalijk nemen,” zei ze. „Hij heeft
vandaag zoo’n erg onaangenamen dag gehad.”

Geerling had wel willen en kunnen antwoorden, dat dit z i j n zaak


niet was, maar hij bedwong zich en vroeg belangstellend:

„Er is toch niets ernstigs met hem gebeurd?”

„Och, ’t is voor het minst heel onaangenaam.”

Hij drong niet verder aan. Blijkbaar wilde zij het niet zeggen. Wat het
was, vermoedde hij wel half en half, maar het stond toch niet
behoorlijk zich nieuwsgierig te toonen naar aangelegenheden van
anderen.

Hij zweeg dus, en Lucie ook, die in elk geval de voldoening smaakte,
dat de commensaal de bloemkool eer aandeed, terwijl zijzelve
daarin ook niet te kort schoot.

Van Brakel was naar de sociëteit gegaan, en zóó goed was zijn
boosheid, toen hij daar kwam, reeds verdwenen, dat hij iets
gevoelde als spijt. Daaraan paarde zich het inwendig besef niet
genoeg te hebben gegeten, en aangezien het toch veel te vroeg was
voor het gewone bezoek, bestelde hij een klein dinertje en dronk er
een lekkere flesch bij, ten einde de hem overweldigende
levenszorgen weg te spoelen.

Het scheen dien avond, dat zijn hardnekkige d é v e i n e voor een


oogenblik week. Althans hij won, en dit verdreef [43]de laatste
rimpels, die nu en dan zijn voorhoofd nog plooiden. Opgewekter dan
in langen tijd, ging hij naar huis. Lucie sliep reeds, maar hij moest en
hij zou haar wakker roepen, want hij wilde haar, zoo redeneerde hij,
zijn excuses maken, iets wat hij best tot den volgenden ochtend had
kunnen uitstellen, indien andere minder lofwaardige plannen hem
niet hadden aangezet haar nachtrust voor zijn „excuses” te storen.

Den volgenden morgen verontschuldigde hij zich ook bij Geerling,


en, minder verlegen met het geval dan zijn vrouw, vertelde hij
meteen wat de reden was geweest van zijn booze luim.

„Het is een beroerde zaak,” meende Geerling ook, maar verder liet
hij er zich niet over uit. Ware het een vriend geweest, dan zou hij
getracht hebben hem te helpen, doch daaraan dacht hij thans geen
oogenblik.

Eenige maanden gingen voorbij zonder andere bijzonderheden, dan


dat Lucie meer en meer bij Geerling in voorschot raakte, en Van
Brakel meer en meer wegzonk in de schulden. Daarbij was zijn
d é v e i n e weer krachtig teruggekeerd; nog steeds bezocht hij trouw
de sociëteit, maar het kostte hem soms moeite, om, wat hij noemde
een „behoorlijk partijtje” te vinden, dat wilde zeggen een, waarin
hoog werd gespeeld.

Men zag er tegen op met hem te spelen. Zijn d é v e i n e was


hinderlijk, omdat hij ’t spel voortdurend wilde forceeren, altijd vroeg
en overvroeg of er reden voor bestond of niet, en zoodoende zelf
verloor terwijl en omdat hij een ander het winnen niet gunde.
Hoezeer hij den naam had van een onverbeterlijk speler en er
nauwkeurig op hem werd gelet, was hij nog nooit [44]op iets betrapt,
wat hem ook maar verdacht kon maken als ambtenaar. Zeer streng
werd hij in stilte gesurveilleerd, maar dàt wist de hoofdingenieur
Willert zeker: wie ook knoeiden met uitbestedingen of leverantiën of
arbeidsloon; wie zich ook lieten „smeren” door Chineesche
aannemers voor de levering van balken, grind of ander materiaal,—
Van Brakel was daarvan vrij; in dat opzicht was hij zuiver als glas, en
welke zijdelingsche aanbiedingen hem ook waren gedaan, hij had ze
immer met verontwaardiging van de hand gewezen.

Willert respecteerde dat ondanks zijn weinige sympathie voor Van


Brakel, en dit ging zóóver, dat hij van dezen opmerkingen en
aanmerkingen kon aanhooren, die een ander inferieur ambtenaar
zich niet had moeten veroorloven.

Zooals hij dat steeds gewoon was, ging Van Brakel op een ochtend
vroeg de deur uit. Even buiten de stad werd de weg in orde
gemaakt; hij moest eens zien hoe dat toeging, en hij wandelde er
kalmpjes heen. Het was een zware avond geweest. Na afloop van
zijn partijtje, was men tot de ontdekking gekomen, dat er een jarig
was, en dit had geleid tot felicitatiën en daarmede in onvermijdelijk
verband staand drinkgelag. Het was laat geworden. De klok sloeg
slechts enkele slagen toen hij thuis kwam, een weinig onvast ter
been, en met een gevoel alsof zijn hoofd het draaibord was,
waaraan hij des nachts weer een honderd gulden had verloren. Het
was sterk, vond hij, en het trof nu net zoo beroerd, dat het zijn
laatste geld was, en de maand telde nog geen vijftien dagen. Dien
middag zou Lucie hem om geld vragen voor het huisgezin; ze had
het ’s morgens reeds gedaan, maar hij had haar met een praatje
afgescheept tot den middag. [45]
Hoe heerlijk de frissche ochtend ook was, en hoe weldadig de koelte
de dampen verdreef van al de brandy en den wijn, die hem nog
eenigszins in den weg zaten,—toch luchtte het hem niet op.

Toen hij op het werk kwam, vond hij zijn opzichter in dispuut met een
Indische dame in sarong en kabaja, die haar recht verdedigde om
een brugje, dat zij had laten leggen van haar erf naar den weg, te
behouden zooals het was, terwijl de opzichter beweerde, dat het zóó
onmogelijk kon blijven en op staanden voet afgebroken en
veranderd moest worden.

Hij kende haar wel, althans van reputatie. Zij was een vrouw van een
veertig jaren, groot en knap gebouwd. Ze moest haar man reeds
zeer jong hebben verloren, want weinig menschen onder de tijdelijk
verblijf houdende Europeanen, herinnerden zich haar anders te
hebben gekend dan als de w e d u w e Du Roy L’Exant, een mooie
Fransche naam, die in vergulde letters prijkte op of liever in een
marmeren plaat aan den ingang van haar erf. Er werd nog altijd veel
over haar gesproken; iedereen wist iets te vertellen, en nooit iets
goeds.

Van Brakel had een hekel aan dat soort vrouwen; nog nooit had hij
een groet of woord met de beruchte weduwe gewisseld, en ook
ditmaal had hij geen plan daartoe. Doch hij was wel genoodzaakt
zich in het geschil te mengen.

Hij hoorde de klachten der weduwe aan en de bezwaren van zijn


ondergeschikte, en bekeek het brugje eens.

„Het zal ’n beetje veranderd moeten worden,” zei hij, „voor den
afloop van het water. Maar maak u dáárover geen zorgen. We zullen
dat wel in orde maken.” [46]

„Heb ik er dan niet weer onkosten aan?”


„Neen, mevrouw,” zei hij op zijn gewonen goedigen toon: „’t zal
zonder dat wel gereed komen.”

„Nu, dan heb ik er niets tegen.—’n Kopje koffie, ingenieur?”

Hij keek eenigszins vreemd op bij het aanbod, en draaide een


oogenblik verlegen aan zijn knevels, terwijl hij schuin naar den
opzichter keek. ’t Was nog vroeg, en onder zijn omstandigheden ook
niet te verwonderen, dat hij een razenden trek kreeg in een lekkeren
kop koffie.

„Heel graag,” zei hij en volgde haar over het nette, goed
onderhouden erf. Zooals ze daar voor hem uitging, kon hij zich best
begrijpen, dat ze veel last van de leelijke sekse had gehad in haar
weduwlijken staat. Haar blanke huid, die door haar zwarte haren en
oogen nog blanker scheen, kon gerust met die der blondste blondine
wedijveren, en menig jong meisje mocht haar het nette postuur en
de zekere c r a n e r i e in gang en houding benijden. En netjes was
ze! Onwillekeurig kwam hem zijn vrouw voor den geest. Wat kon die
des ochtends smerigjes door ’t huis loopen! ’t Was pas zes uren en
hoe keurig zag die weduwe Du Roy er uit in haar kabaja met
geborduurde strooken, waarover een donkerrood fluweelen met
zwart afgezet; in haar kostbare Solosche sarong, met haar goud-
geborduurde slofjes met vergulde hakken.

Het was een „kranig wijf” m a l g r é t o u t , vond hij.

Zij gaf hem een stoel in de binnengalerij, waar het er ook alles even
net en zindelijk uitzag. De bladen der marmeren tafels glommen als
waren ze pas gepolijst, de Palembangsche wipstoelen en de fraai
gebeeldhouwde kasten blonken als spiegels. Eenigszins verwonderd
zag hij rond. Hij was dat [47]zoo niet meer gewoon. Het deed hem
denken aan den tijd toen hij nog ongetrouwd was en te Batavia bij
moeder Sleeks in het commensalenhuis woonde, waar ook altijd
zoo’n Hollandsche zindelijkheid heerschte.

En hoe lekker was de koffie, hoe sterk en geurig! Hij had ze in lang
zoo niet gedronken.

„Ik maak u mijn compliment, mevrouw!”

„Is de koffie goed?”

„Ook over de koffie; die is heerlijk!”

„Komaan, dat doet me pleizier. En waarover nog meer?”

Wel, men mocht toch wel een aardigheid zeggen tegen een dame,
vond hij, en daarom zei hij:

„in de eerste plaats over uw persoon; u ziet er charmant uit.”

Heel goed ging het hem niet af; hij was in het complimentjes-maken
nooit een held geweest, maar in de laatste jaren was hij het geheel
ontwend.

Zij lachte zachtjes.

„Dat is een compliment in den vroegen morgen. Is er soms nog


iets?”

Haar oogen lachten hem toe, en hij was woedend op zichzelven toen
hij voelde, dat hij onder dien half aanmoedigenden, half spottenden
blik een kleur kreeg. Maar bij vermande zijn kinderachtige
verlegenheid.

„Zeker is er nog iets. U is hier allerliefst ingericht; nog nooit zag ik


een zoo keurig onderhouden inboedel.”
„Och ja! Ik heb niet anders te doen. Als het er bij mij niet netjes
uitzag, waar zou het dat dan doen?”

„Ja,” antwoordde hij zuchtend, „in een huishouden met [48]kleine


kinderen is het eenvoudig onmogelijk den boel altijd proper te
houden.”

„Vooral niet bij u.”

„Waarom vooral niet bij mij?” vroeg hij, denkend aan een hatelijkheid
op Lucie.

„Wel.… als men de kleintjes krijgt bij meer dan één te gelijk.…”

Zij keken elkaar aan en lachten. Zulke zinspelingen deden hem altijd
goed en streelden zijn ijdelheid.

„Helaas, ja,” zei hij met een komieke uitdrukking van wanhoop, „’t Is
wel wat bar.”

„Nou, dat vind ik ook. Ik zou er voor bedanken.”

Van Brakel haalde de schouders op, bewerende dat er niets aan te


doen was; maar daartegen protesteerde zij; ’t was domheid, vond
ze.

„Met dat alles,” ging hij voort, „is zoo’n snel toenemend huisgezin
een ware ruïne.”

„Ja, ik begrijp nog niet hoe het menigeen mogelijk is rond te komen.”

„Het is er dan ook naar.”

„Dat moet wel. Mijn hemel, ik ben maar alleen, en ’t huishouden kost
me toch veel. Nu kan ik het gelukkig betalen.…”
Er vloog hem een idee door ’t hoofd. Zij had fortuin, dat was bekend.
Hij was reeds opgestaan, maar ging nu weer zitten.

„Ik wou dat ik het ook kon zeggen, maar daar zit juist de knoop.
Indien men geen achterstand had.…”

Zij glimlachte. Nu, dàt kon zooveel niet wezen, meende zij. Maar hij
hield vol, schetste haar een beeld van zijn ellendigen [49]toestand, en
daar ze met aandacht en belangstelling luisterde, zonder op haar
gelaat eenig spoor te toonen van de vrees, die gefortuneerden
overvalt, als niet-gefortuneerden hun nood klagen, omdat het einde
meest een aanval op de beurs is, ging hij verder, en rekende haar
precies uit, hoe hij a l l e moeielijkheden zou te boven zijn, indien hij
maar een zekere som kon krijgen, die hij dan geleidelijk zou kunnen
terugbetalen.

Geduldig liet ze hem aan het woord, en daar al pratend zijn gezicht
verhelderde en hij er al minder en minder „katterig” begon uit te zien,
kwam ze meer en meer tot de slotsom, dat hij wel degelijk een flinke
knappe kerel was, wat ze trouwens altijd had gevonden. Ze kon hem
wel helpen aan dat geld, als ze wilde, maar om dat zoo ineens te
doen,—daarin had ze weinig zin.

„Het is,” zei hij, „tegenwoordig moeilijk geld te krijgen, als men het
noodig heeft.”

„Och, dat is het altijd, meneer Van Brakel; het is altijd moeilijk te
krijgen, wat men wil hebben. Maar o n m o g e l i j k is ’t daarom niet.”

Hij zuchtte diep.

„Ziet u er de mogelijkheid van in?”

„Misschien wel.”
Wat drommel, meende de ingenieur, zij was slechts een vrouw, en
ze waren alleen; waarom zou hij niet recht op het doel afgaan!

„Zoudt u me kunnen helpen?” vroeg hij snel. Toen het er uit was,
voelde hij zich aanmerkelijk opgelucht.

Zij trok een eenigszins bedenkelijk gezicht; ze moest haar lachen


inhouden. Wat een rare ochtendvisite! Een man, dien [50]ze voor het
eerst in haar leven sprak—gezien had ze hem dikwijls—dronk bij
haar koffie, vertelde e n p a s s a n t zijn moeilijke omstandigheden,
en vroeg haar geld te leen.

„Zoo heel veel kan ik niet missen te gelijk,” zei ze aarzelend. „Ook
begrijpt u dat ik mijn geld niet renteloos kan uitleenen.”

Renteloos! Wie sprak van renteloos! Neen, maar dat was zoo klaar
als de dag! Hij had het niet eens renteloos willen hebben.
Integendeel, ze moest een goede rente hebben, dat begreep hij
opperbest, en in het aangenaam vooruitzicht uit den momenteelen
nood te worden geholpen, weidde hij uit over de risico’s, die zij liep,
wanneer ze hem geld leende, dat het scheen alsof hij zichzelven
beschouwde als de incarnatie van insoliditeit.

„Ik zal je behandelen als mijn broer,” zei ze glimlachend en met een
coquette zijbeweging van het hoofd. „Maar ik kan je op ’t oogenblik
niet meer geven dan duizend.”

Alle moeilijkheden, die zich nog konden voordoen, waren voor het
oogenblik verdwenen. Hij volgde haar in een kamer, waar een kleine
schrijftafel stond, schreef er een schuldbekentenis, ingericht naar
een renteberekening van anderhalf percent ’s maands, en kreeg de
belofte, dat hij binnen drie maanden het bedrag te leen zou krijgen,
dat hij noodig had om van alle schulden vrij te komen.
Toen hij het huis verliet, drukte hij haar met groote innigheid de
hand. Als hij gedurfd had, zou hij haar gekust hebben, en al zag ze
er niet uit, alsof ze daar iets tegen had, hij durfde niet; maar in zijn
dankbetuigingen was hij zeer overvloedig, en in den toon zijner stem
trachtte hij instinctmatig [51]die teederheid en dat gevoel te leggen,
welke hij berekend achtte op dit van nature toch reeds gevoelig
weduwen-hart indruk te maken.

Het geld zat in zijn borstzak; hij voelde er nog eens naar, toen hij het
nette erf afliep, in zooveel aangenamer stemming als hij ’t was
binnengegaan. Bij den uitgang keerde hij zich nog eens om en
groette. Zij stond in de voorgalerij en knikte hem vriendelijk toe; hij
was, dacht ze, bepaald een flink en knap man; een beetje gezetheid
stond hem goed, en dan vond ze zijn opgeruimd, vroolijk gezicht en
zijn blonden krullebol zeer aardig.

Hij dacht niet langer aan de weduwe Du Roy toen hij eenmaal op
den weg was. Alleen nam hij zich voor er niets van te zeggen tegen
Lucie. Wie weet of ze niet jaloersch zou zijn; de vrouwen zijn zoo
raar! De opzichter kreeg p r e n t a h zich hoegenaamd niet in te laten
met het brugje van „die dame.” Van Brakel zei de laatste woorden
met opzet op een toon, als sprak hij van een zeer voornaam
mensch; dat de opzichter aan zijn knevels trok om zijn lachen te
verbergen, ontging den ingenieur; hij had het veel te druk met eigen
zaken om op ondergeschikten veel acht te slaan.

’t Was waarlijk een buitenkansje; hij spoedde zich naar den


tokohouder, die beslag had gelegd, en betaalde een groot gedeelte,
waarop deze per telegram zijn aanvraag introk; des middags kreeg
Lucie haar huishoudgeld, en ’s avonds kwam hij welgemoed en met
geld in den zak in de sociëteit een partijtje maken.

Toen Van Brakel dien ochtend de weduwe Du Roy zoo vroeg netjes
gekleed zag, kon hij niet bevroeden dat ze al [52]uren aan het werk
was geweest, en dat, door een poortje achter haar huis, reeds tal
van kleine zaken, die te zamen een groote maakten, waren
afgedaan. Te vier uren, als nog iedereen sliep en er van eenig
daglicht nog geen quaestie was, zat mevrouw Du Roy bij een lampje
in haar achtergalerij, en kreeg daar bezoek van dozijnen inlandsche
vrouwen, die met leege manden onder den arm, bevreesd en
onderdanig door het poortje binnenslopen. Ze kwamen allen geld
leenen en wel voor één enkelen dag; ze kwamen het kleine bedrijf-
kapitaal halen, dat dienen moest om rijst, suiker, stroop, tabak enz.
in te koopen, waarvan ze dan koekjes, limonade en strootjes
maakten en die met winst verkochten op den pasar aan koelies en
wie daar verder spijzen en dranken koopen. Des avonds, tegen het
vallen der duisternis, kwamen allen terug, en wie des morgens een
gulden had geleend, betaalde één gulden vijf en twintig cents. Op
deze wijze bracht die gulden er in het jaar een en negentig op, en
mochten er al eens enkelen niet aan de verplichte restitutie voldoen,
—welnu, dàt kon er wel af. Zij behoefde het reeds lang niet meer te
doen, want zij was rijk genoeg, maar ’t was een soort van gewoonte
geworden, en het bracht zoo „lekkertjes” op. En dan,—ze had soms
groote onkosten, door haar voortdurende ondeugende relaties. Het
speet haar geweldig, dat ze zulke neigingen had, maar het was niet
anders; ze k o n het niet laten; het was, meende zij, meer een soort
van kwaal, dan wel een fataliteit. Zoo gaarne had ze daaraan
ontsnapt en haar eenmaal goede reputatie behouden; doch ’t ging
niet, en ’t was of het met de jaren toe-, in plaats van afnam. Nu weer
die Van Brakel! Duizend gulden! Wel beschouwde ze [53]het geld als
totaal verloren, als weg; weggesmeten in de grondelooze beurs van
een aartsdobbelaar, en toch,—zij, die voor een halven gulden, die
haar door een arme inlandsche vrouw te weinig werd teruggebracht,
in toomelooze woede kon losbarsten, glimlachte bij de gedachte aan
die af te schrijven duizend gulden, en, wat nog erger was, aan het
andere geld, dat deze aardigheid haar zou kosten. Wel, dacht ze, ze
zou er pleizier van hebben, en h a b i s p e r k a r a !

Você também pode gostar