Teologia-Aconselhamento-E-Capelania-Crista Ceec 22.04.2019
Teologia-Aconselhamento-E-Capelania-Crista Ceec 22.04.2019
Teologia-Aconselhamento-E-Capelania-Crista Ceec 22.04.2019
TEOLOGIA, ACONSELHAMENTO
E CAPELANIA CRISTÃ
PLANO DE ENSINO
Curso: CAPELANIA
EMENTA
A disciplina visa apresentar informações práticas sobre os
métodos e o processo de aconselhamento na atuação do
Capelão. Destaca o aconselhamento cristão no mundo atual.
Tem o propósito de apresentar a aplicação da Palavra de Deus
como fonte de resposta a todo o dilema humano.
OBJETIVO
Levar o aluno a compreender o aconselhamento pastoral de
forma integral, que olha o ser humano como um todo: corpo,
alma, mente, etc. O eixo dessa matéria repousa não somente
em meras técnicas, mas no mundo do aconselhado e do
aconselhando, a luz da Bíblia Sagrada.
TEOLOGIA,
ACONSELHAMENTO E
CAPELANIA CRISTÃ
5
APRESENTAÇÃO
SUMÁRIO
UNIDADE I 08
UNIDADE II 15
FUNDAMENTOS E TEORIAS EM ACONSELHAMENTO CRISTÃO 17
UNIDADE III 22
TEOLOGIA E PRÁTICAS EM ACONSELHAMENTO CRISTÃO 22
PROPOSTAS, TÉCNICAS E COMPORTAMENTOS EM ACONSELHAMENTO 23
CRISTÃO
PROMOVENDO O DIÁLOGO EM ACONSELHAMENTO CRISTÃO 28
UNIDADE IV 35
PERFIL E ATITUDES DO CONSELHEIRO CRISTÃO 37
UNIDADE V 42
ACONSELHAMENTO EM CASOS DE PERDA PESSOAL 46
ACONSELHAMENTO EM CASO DE CRISE MATRIMONIAL 48
REFERÊNCIAS 55
8
UNIDADE I
Objetivos de Aprendizagem
• Ressaltar os fundamentos bíblico-teológicos do Ministério, Cuidado,
Poimênica, Aconselhamento e Capelania Cristã.
• Assinalar os aspectos fundamentais do Aconselhamento e da Capelania Cristã.
• Identificar os significados do termo “diaconia”, na Bíblia.
• Conscientizar que o fazer Aconselhamento e Capelania Cristã são atos
próprios do serviço cristão.
• Conhecer os fundamentos bíblico-teológicos da poimênica.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
INTRODUÇÃO
“A Palavra era a fonte da vida e essa vida trouxe a luz para todas
as pessoas”.
Evangelho de João 1: 4
A boa tradição cristã, de corte Protestante, ressalta a Bíblia como uma das fontes
necessárias para o desenvolvimento da Fé Cristã. Nesse sentido, a presente unidade
busca evidenciar os fundamentos para a prática do aconselhamento e da Capelania
cristã que assinalem, por um lado, uma genuína tradição cristã e, por outro, dialogue
com as necessidades de nosso tempo.
Por isso, nos voltamos para os fundamentos bíblicos e teológicos do próprio ministério
cristão em que se destacaram os seguintes temas: diaconia, ministério, poimênica e
cuidado. Nossa fundamentação teórica parte do latino Gattinoni (apud CASTRO,
1973) sobre “As bases do ministério pastoral no Novo Testamento” e do americano
Clinebell (2000) sobre “O aconselhamento pastoral modelo centrado em libertação e
crescimento no universo bíblico” dentre outros. Em ambos os autores citados, bem
como nos outros, temos o objetivo maior de fundamentar biblicamente o
aconselhamento e Capelania cristã, como expressão mesma da ação cristã, ou seja,
do próprio Cristo hoje.
Nesse sentido, nota-se uma demanda significativa para dois ministérios em especial
da igreja hoje: Aconselhamento e Capelania cristã. Eles apontam para as
necessidades individuais, grupais, comunitárias, familiares, conjugais, sociais dentre
outras. Essas necessidades cobram respostas da igreja. Contudo, essas repostas
precisam de fundamentação também Teológica, para que esses ministérios, ações e
vocações da igreja estejam em consonância com a Palavra de Deus e, assim, sejam
eficazes, do ponto de vista bíblico, teológico e prático.
10
Compreende Gattinoni (apud CASTRO, 1973) que o ministério pastoral não pode
deixar de evidenciar essa atitude serviçal. Tal atitude é imprescindível, conforme Mt.
20:25-28; 25:31-46; 10:24. Nesse perspectivo, tanto o aconselhamento quanto a
capelania devem estar inseridos nessa visão bíblica: servir.
Gattinoni (apud CASTRO, 1973) apresenta outro significado para a palavra diaconia,
a palavra grega “doulos”, no sentido “escravo”, que serve. A ideia fundamental desse
vocábulo é ressaltar o espírito serviçal como sendo inerente ao ministério e a todo e
qualquer cristão (intra e extracomunidade). O próprio Jesus Cristo recebeu esse título
como sendo “O servo por excelência” (Fil. 2:5-11; Atos 3:13,26; 4:27). Esse título é
também conferido aos autores dos livros bíblicos: João 1:1, Atos 16:17, 2Cor. 4:5;
9:19; em II Ti. 2:24, o ministro como sendo servo; todos os cristãos assim o são: servos
(Atos 2:18 e 4:29). Esse significado é designado universalmente e válido a todo o
corpo de Cristo (I Cor. 7:22 e I Pedro 2:16).
Portanto, os cristãos são chamados a servir a Cristo e ao seu Reino (Ro. 7:6; Col.
3:24; I Ts. 1:9; 1:1; 2:20;7;3); nesse sentido, o serviço aos homens é entendido como
servir ao Senhor Jesus Cristo (Ro. 14:18; Gá. 5:13; Ef. 9:9); a ideia de servir dos seres
humanos como parte do serviço a Cristo (I Cor 16:15; II Cor. 6, 8:4; 9:1, 12; Atos 20:28,
34, 35; II Ti. 1:18; Fim. 13) ou ainda, o servir às pessoas como sendo uma ação ao
próprio Cristo (Mat. 25:31-46). Diaconia, nesse sentido, por fim, evoca de forma
categórica que todo e qualquer ministério da Igreja, com destaque para o
aconselhamento e capelania cristã, é um ato de serviço ao próximo no mundo. Uma
ação missionária que nasce do ministério de Jesus Cristo como identidade da Igreja.
Por fim, outro sentido para “diaconia” é uma expressão, conforme Gattinoni (apud
CASTRO, 1973), “Diaconia como um ministério da Igreja, a serviço da obra de Deus,
no mundo”. Diaconia como ministério de toda a Igreja e de toda a comunidade cristã,
bem como de cada comunidade em particular – Ef. 4:12; Ap. 2:19; I Co.12 e Ro. 12:1-
8; ou seja, toda e qualquer comunidade que se diz cristã tem uma identidade em
comum: ser sinal de Deus por meio do serviço da igreja às pessoas. Essa expressão
coroa e assinala a riqueza dos sentidos para “diaconia” já observados acima.
11
A seguir, vejamos o trabalho realizado por Hoepfner (2008) sobre a análise do termo
“cuidar”, em que o referido autor faz um estudo sobre o termo em seu sentido
etimológico e bíblico; bem como o trabalho de Oliveira (2004).
Para Hoepfner (2008), o termo cuidar provém do latim cura, que assinala uma relação
de amor e amizade, uma atitude de cuidado, de desvelo, de preocupação e de
inquietação em relação a alguém ou a algo estimado. Portanto, o sentido aqui deve
ressaltar, conforme observa Hoepfner (2008), uma relação pessoal, existencial, e, por
consequência, estabelecer uma preocupação frente à vida de outra pessoa ou de
algo, como o cuidado com os enfermos ou com o meio ambiente.
Nota-se que o sentido ora ressaltado assinala vigorosamente uma atitude de cuidado
total, não com o que é particular ou pontual, mas sim com o ser humano em sua
integralidade, em suas mais diversas áreas e dimensões: física, afetivo-emocional,
12
Outra questão importantíssima ressaltada ainda por Hoepfner (2008) é a relação entre
os seres humanos que deve ser pautada não pelo domínio sobre, mas pela
convivência. Pode-se compreender nessa perspectiva que só recebemos cuidado se
cuidarmos também de outras pessoas; portanto, nessa dimensão ou relação, apenas
nos tornamos pessoa efetivamente quando estamos no encontro com outra, ou seja,
nos relacionamos respeitosamente como iguais.
Hoepfner (2008), faz ainda um estudo sobre expressões correlatas ao termo “cuidar”
no Antigo Testamento e Novo Testamento:
O principal correlato do termo cuidar no Antigo Testamento (AT) é o verbete
shãmar. Ao longo do testamento hebraico ele aparece 420 vezes. A ideia
básica da raiz deste termo, conforme o Dicionário Internacional do Antigo
Testamento, é a de “exercer grande poder sobre”, significado que permeia as
várias alterações semânticas sofridas pelo verbo.
Combinado com outros verbos, o sentido expresso é o de “fazer com
cuidado”, “fazer diligentemente”, por exemplo, como aparece em Nm 23.12:
“(...) Porventura, não terei cuidado de falar o que o Senhor pôs na minha
boca”. O verbo pode vir a exprimir também a atenção cuidadosa que se deve
ter com as obrigações contidas em leis e na própria aliança de Deus com o
seu povo, como expresso em Gn 18.19 ou Êx 20.6. Frequentemente, o verbo
ainda é utilizado para designar a necessidade de ser cuidadoso frente às
próprias ações; frente à própria vida (Sl 39.1; Pv 13.3), ou ainda, designar a
atitude de alguém de dar atenção ou reverenciar Deus, outras pessoas ou
ídolos (Os 4.10; Sl 31.6). O verbo shãmar abrange ainda os sentidos de
“preservar”, “armazenar” e “acumular” a ira (Am 1.11), o conhecimento (Ml
2.7), o alimento (Gn 41.35) ou qualquer coisa de valor (Êx 22.7). Um último
desdobramento da raiz exprime a ideia de “tomar conta de” ou “guardar”, ou
seja, envolve manter ou cuidar de um jardim (Gn 2.15), de um rebanho (Gn
30.31) ou de uma casa (2 Sm 15.16).
É nessa ótica que Davi admoesta Joabe a cuidar de Absalão: “Guardai-me o
jovem Absalão” (2 Sm 18.12), ou quando Davi, nos Salmos 34.20; 86.2;
121.3-4 e 7, utiliza o termo para falar do cuidado e da proteção divina.
No que tange ao Novo Testamento, o principal correlato de cuidar é o verbete
grego merimna. Assim como o termo alemão sorge e o inglês care, merimna
pode remeter a dois significados. Num sentido negativo, é traduzido por
“preocupação” ou “ansiedade” do ser humano. É nesse parâmetro que
merimna é empregado no Sermão do Monte (Mt 6.25-34). Jesus, nessa
13
Ainda nessa direção, Oliveira (2004) afirma, a partir das elaborações teológicas de
Leonardo Boff sobre o cuidado com o ser humano no contexto maior que é o cuidado
com a natureza, o seguinte: “cuidar da alma implica cuidados sentimentos dos sonhos,
dos desejos, das paixões contraditórias, do imaginário, das visões e utopias que
guardamos dentro do coração” (p.17). Tal elaboração aponta o cuidar como um ato
integral da existência humana.
Oliveira (2004), tomando afirmação de Brakemeier, destaca que o cuidado com o ser
humano está justamente na afirmação doutrinaria da Imago Dei, ou seja, que o ser
humano é imagem e semelhança de Deus. Portanto, há uma dignidade no ser humano
que lhe é atribuída, concedida sem merecimento que provém de Deus e que se
manifesta em si mesmo.
Considerações Finais
Caro aluno (a), esta nossa primeira unidade nos lançou no universo bíblico-teológico.
Nela visitamos e revisitamos textos clássicos e fundamentais da Fé Cristã que são
imprescindíveis não só para os nossos intentos, como para todo e qualquer objetivo
que queira fundamentar
o testemunho cristão.
ATIVIDADE DE AUTOESTUDO
1. Como vimos nesta unidade, o termo “diákonos” é muito rico e diverso em sua
significação. Aponte em que sentido Jesus é entendido como exemplo maior enquanto
“diákonos”.
UNIDADE II
Objetivos de Aprendizagem
• Conhecer as origens históricas do Aconselhamento e Capelania Cristã.
• Assinalar os aspectos fundamentais das teorias em Aconselhamento e em
Capelania Cristã.
• Apontar atitudes em Aconselhamento e Capelania Cristã.
• Identificar os objetivos principais do Aconselhamento e Capelania Cristã.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
INTRODUÇÃO
Diante disso, esta unidade desenvolve estudos nos campos da história e das teorias
puras, bem como das teorias sobre as práticas do Aconselhamento e da Capelania
Cristã. É importante ressaltar que focamos na área Hospitalar em Capelania e, ainda,
que os conceitos, a natureza, os objetivos, o intento, as dimensões, os procedimentos,
as atitudes, os instrumentos e os comportamentos em Aconselhamento e Capelania
Cristã foram observados e abordados à luz de diferentes autores, uns bem conhecidos
e outros menos pelo público especializado
Silva (2010), ao tratar sobre a conceituação de capelania, observa que o termo aponta
para o cargo, a dignidade e o ofício de capelão. Tal atividade é exercida por um
religioso, católico ou protestante, responsável em prestar assistência religiosa e/ou
realizar culto ou missa nas instituições que serve. É comum ter um local denominado
17
1. Aconselhamento popular
É o que ocorre nos relacionamentos diários das pessoas que trocam problemas e
conselhos entre si.
2. Aconselhamento comunitário
3. Aconselhamento pastoral
É uma prática exercida por um pastor junto a sua comunidade. Precisa de preparo
e muita competência para tratar os mais diversos temas, como: problemas
matrimoniais, relacionamentos entre pais e filhos, disputas entre irmãos na fé,
dificuldades econômicas, dificuldades sobre a fé, falta de sentido na vida,
homossexualidade, alcoolismo, vício de drogas, prostituição e problemas emocionais
mais profundos.
4. Aconselhamento profissional
Castro (1974) faz a seguinte pergunta: qual será a meta da atividade pastoral? Ele
mesmo responde assim “logicamente como todo conselheiro, procura ajudar a
recuperar a saúde plena da personalidade do aconselhando” (p.182). Nessa direção,
Castro (1974) destaca as seguintes questões do aconselhamento:
Por isso, para Schipani (2004) aconselhamento pastoral deve ser entendido
teologicamente como:
a) Adoção da sabedoria à luz de Deus como a metáfora fundamental que
reconstrói a estrutura teórica e os fundamentos teológicos do aconselhamento
pastoral em solo firme.
1. Crescimento na visão
2. Crescimento em virtude
3. Crescimento em vocação
UNIDADE III
Objetivos de Aprendizagem
• Listar procedimentos adequados ao conselheiro em Aconselhamento Cristão.
• Identificar a natureza do Aconselhamento Cristão.
• Conhecer técnicas de intervenção em Aconselhamento Cristão.
• Descrever as técnicas diretivas e não diretivas.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
INTRODUÇÃO
Caro aluno, esta unidade tem como objetivo abordar, os procedimentos adequados
do conselheiro, bem como refletir sobre a natureza do Aconselhamento Cristão de
forma introdutória.
Barrientos (1991) lista os seguintes aspectos que o conselheiro deve dar atenção
durante a entrevista de aconselhamento:
• Proporcionar clima de confiança.
• Fazer com que a pessoa se sinta ao nível do conselheiro. Para isto é melhor
usar duas cadeiras ou poltronas, ou uma de frente para a outra em uma mesa.
• Em mente e transmitir à pessoa que é possível enfrentar a situação e até
resolvê-la.
• Escutar com muita atenção. Há pessoas que se sentem aliviadas de sua carga
pelo simples fato de que alguém as escutas com interesse e amor.
• Ir captando, entre os detalhes do relato, os possíveis assuntos ventrais
relacionados.
• Não dar opiniões negativas como: “que mau...” “que horror...”
• Não interromper o relato, a não ser que seja para fazer alguma pergunta
esclarecedora ou que falte para completar o quadro.
• Discernir em silêncio aspectos que a pessoa poderia encobrir e que
correspondem a seu modo de ver o assunto.
• Ao final do relato, ajudar a pessoa a ver o problema como um todo, sem reparar
em detalhes, a menos que seja necessário.
• Levá-la a reconhecer os fatores centrais que entram em jogo.
• Ajudá-la a encontrar as causas. Aqui é necessário dar oportunidade para que
25
Por fim, Szentmartoni (1999) observa que o conselheiro tem de ter os devidos
cuidados em sua atividade. Deve evitar colocações ou expressões que não
contribuem para o objetivo principal do aconselhamento, que segundo Mannóia
(1985), “é o de facilitar o crescimento da personalidade ao máximo nível de
maturidade” (p.103). São observações que o conselheiro passa ao aconselhando
como sendo as suas conclusões, de forma moralista e sem observar as manifestações
do seu aconselhando. Segundo Szentmartoni (1999), isso denota falta de confiança
nos recursos do outro por parte do conselheiro e impede que o objetivo maior do
aconselhamento seja atingido.
aconselhando:
• Contatos visual.
• Postura relaxada, não tensa e interessada.
• Gestos naturais.
2. Ouvir – Isso significa muito mais do que uma recepção passiva da mensagem.
Ouvir envolve:
• Percepção suficiente.
• Evitar expressões verbais e não verbais dissimuladas de desprezo ou juízo
antecipadas.
• Aguardar pacientemente o funcionamento do aconselhando.
• Ouvir não somente o que o aconselhando diz, mas as suas reais necessidades.
• Estar atento à fala e ao comportamento.
• Analisar as reações do aconselhando diante das suas intervenções.
• Sentar-se imóvel.
• Limitar o número de execuções mentais às próprias fantasias.
• Não julgar antecipadamente por meio da manifestação de sentimentos em
relação ao aconselhando.
• Praticar a aceitação da pessoa do aconselhando.
aconselhando.
3. Adquirir uma compreensão aproximada do “marco de referência interna” da
pessoa do aconselhando a partir do seu mundo pessoal.
4. Fazer um primeiro diagnóstico sobre a natureza do problema do aconselhando,
ou seja, como suas relações estão fracassando para satisfazer as suas necessidades
e quais são os recursos e limitações para fazer frente a sua situação.
5. Tendo como base esse primeiro diagnóstico, sugerir uma aproximação para
dar ajuda.
6. Se houver a necessidade um aconselhamento continuado, proceder com a
estruturação dessa relação de ajuda.
1. Evitar muitas perguntas, mas fazer o mínimo requerido para obter apenas os
dados essenciais.
2. Fazer perguntas sobre seus sentimentos, por exemplo: como se sente quando
é ignorado?
3. Responder a sentimentos de conteúdos intelectuais.
4. Observar os caminhos que levam ao nível emocional da comunicação.
5. Estar particularmente alerta para descobrir sentimentos negativos.
6. Evitar tanto a interpretação prematura de como funciona a pessoa ou suas
formas determinadas de sentir, como dar conselhos prematuros.
28
1. Evolutiva – uma resposta que indica que o conselheiro tem capacidade de fazer
um juízo de relativa bondade, apropriação, efetividade e correção. Tem condição de
compreender em certa forma o que o aconselhando pode e deve fazer; se há
consequências grandes ou profundas.
2. Interpretativa – uma resposta que indica o intento do conselheiro por ensinar,
por apresentar ou mostrar um significado ao aconselhando. Tem compreendido de
certa forma o que o aconselhando pode ou deve pensar.
3. De apoio – uma resposta que indica que o conselheiro intenta assegurar,
reduzir a intensidade emotiva do aconselhando (acalmá-lo). Possibilita, de certa
forma, ao aconselhando sentir-se fora dessa situação de desequilíbrio.
4. Indagatória – uma resposta que indica que o conselheiro intenta obter mais
informações, insistir na conversação, sobre uma linha determinada. Isso o faz chegar
à conclusão de certa forma que o aconselhando deve ou pode se desenvolver,
beneficiando mais acerca de um ponto determinado.
5. Compreensão – uma resposta que indica que há a intenção do conselheiro em
perguntar ao aconselhando se tem compreendido corretamente o que “disse”, como
“sente” isto, como “impacta” nele, como o “vê”.
Diante disso, temos a firme convicção da importância que é saber ouvir e responder
no aconselhamento, pois fazê-los de forma adequada é uma virtude indelével não só
do conselheiro, mas também do capelão. Tamanha é a importância dessas duas
habilidades que existe muita literatura especializada em psicologia, aconselhamento
e capelania que versa sobre esses assuntos.
Rogers (apud FABER; SHOOT, 1976) é o não diretivo, segundo o qual compreende
que o ser humano tem condições e possibilidades para enfrentar e desenvolver sua
vida de forma equilibrada e saudável. Nesse particular, Faber e Shoot (1976)
comentam:
[...] um dos aspectos mais importantes desse método é que o terapeuta deve
ser não diretivo com respeito ao cliente. Somos de opinião de que devemos
estar prevenidos desde o princípio que Rogers usa esta frase como marco de
referencial da relação terapêutica. O que ele chama de não diretivo aponta
aquelas escolas terapêuticas nas quais o terapeuta diagnostica e comunica
interpretações de sintomas. Rogers rechaça uma relação na qual o
aconselhando se transforma em um paciente, e assim se torna um objeto.
Sobre essa base também rechaça uma relação na qual o psicoterapeuta
“moraliza” e “dogmatiza”. O aconselhando deve seguir sendo responsável
pela sua própria vida de maneira que não pode seguir nem um tipo de
perguntas que passam pressionar ou formar, se não é uma maneira de
direcionamento (p.199).
Outra ideia que Faber e Shoot (1976) desenvolvem é a da reflexão dos sentimentos
significativos. Para Rogers, cabe ao conselheiro proporcionar uma relação positiva.
Para isso, ele compreende que a reflexão é fundamental. Tal dinâmica é possível
numa relação não diretiva em que aconselhando, numa relação de aceitação,
desenvolve uma reflexão de significado de seus sentimentos, que tão somente nesse
contexto, ou melhor, justamente, nesse contexto de aceitação faz toda a diferença.
Nessa perspectiva assim entende Rogers:
Associada a essas duas ideias está outra: a empatia. Faber e Shoot (1976) observam
que “simpaticamente sintonizados nos sentimentos do nosso interlocutor. Com a ajuda
de uma simpatia saudável projetamos sobre ele, e estamos particularmente
preocupados com os seus sentimentos” (p.121).
Brister (1980), ao tratar sobre a natureza do aconselhamento pastoral em sua obra “El
cuidado pastoral en la Igreja”, observa que há basicamente dois métodos: um diretivo
30
1. Aconselhamento diretivo
Sra. P: Olá, pastor. Desde muito tempo as coisas não vão muito bem em minha casa...
(coloca- se muito sentida).
Pastor: Veja bem, estou seguro de que as circunstâncias não são tão mal como
parecem ser, e estou seguro de que podemos vê-las melhor para ajudá-la à luz da
Palavra de Deus.
Pastor: Penso que você veio se socorrer em seu pastor, não é isso? Falemos agora
sobre o seu problema abertamente e inicie desde o começo, e diga tudo. OK?
Sr. B: É como quando tive o acidente com o caminhão. Tudo de ruim me aconteceu,
mas agora eu me sinto limpo. Quando sofremos nos eximimos de tudo que temos
dentro de nós. Quando perguntaram se a minha perna estava quebrada, eu falei:
“quebrada, quebrada, quebrada”, e assim foi. Disse-lhes que o meu sofrimento tinha
me feito sentir mais perto do céu.
Sr. B: Na verdade, tenho uma vida muito dura. Eu não sei por que minha esposa age
assim desta forma; logo agora que tenho tanta necessidade... estou só... ninguém se
preocupa com a minha situação ... com algo que eu quero, mas só pensam em si
mesmos. Ela acha que eu sou louco.
Sr. B: Porque estive em um hospital psiquiátrico ... isso foi antes de casarmos...
conselheiro está ali para ajudar e não para resolver os seus próprios problemas, além
do enorme potencial que tal atitude teria para induzir insegurança naquele que precisa
ser ajudado, trazendo danos irreparáveis ao processo de aconselhamento.
Da mesma forma, é inegável que o excesso de envolvimento emocional pode fazer
com que o conselheiro perca a dose de objetividade necessária, reduzindo a eficiência
do aconselhamento, o que sugere que o conselheiro deve evitar aconselhar pessoas
com as quais já tenha, previamente, fortes laços afetivos pessoais estabelecidos ou
permitir, descuidadamente, que eles sejam desenvolvidos durante o processo de
aconselhamento, principalmente quando o aconselhando está muito perturba- do,
confuso ou enfrenta um problema semelhante àquele que o próprio conselheiro está
passando.
O conselheiro cristão, como o próprio nome sugere, deve ter muito bem internalizado
que o seu manual essencial de trabalho é a Bíblia. Cristo é a verdade, o caminho e a
vida, e é o Verbo, que é a Palavra e, portanto, o centro de todo o aconselhamento
cristão.
Assim, é que o conselheiro cristão pode até utilizar técnicas variadas de extração de
informações e de condução do processo de aconselhamento, mas os valores
referenciais para o aconselhando, que nortearão todas as possíveis orientações a
serem transmitidas, devem se fundamentar única e exclusivamente nos princípios
bíblicos que tratam do assunto, examinados à luz da sua aplicação à nossa realidade
contextual.
Não é o que o conselheiro cristão pensa ou acha, na sua razão natural, por mais
inteligente e estudioso que seja, que ajudará o aconselhando a resolver os seus
conflitos interpessoais e os seus sentimentos de culpa ou peso pelo pecado ou a
desenvolver um relacionamento saudável com Deus e com o os seus semelhantes,
mas, unicamente, o que a Bíblia revela, iluminada pelo entendimento dado pelo
Espírito Santo.
Ao discorrer sobre os princípios bíblicos aplicáveis à situação de aconselhamento, o
conselheiro cristão deve evitar ao máximo toda e qualquer discussão ou polêmica
doutrinária, com relação àqueles pontos nos quais as diversas denominações
evangélicas possuem discordâncias de interpretação, pois isso pode levar o
aconselhando a uma atitude defensiva e de resistência frente ao conselheiro, caso ele
tenha uma concepção diferente, inviabilizando por completo os resultados almejados
com o aconselhamento.
Cabe ressalvar, entretanto, que se o conselheiro cristão constatar que existe uma
“notória” deturpação de um conceito bíblico por parte do aconselhando, ele não deverá
se furtar a procurar esclarecê-lo, mas deverá proceder com toda a prudência,
sabedoria e gentileza possíveis, de forma a não transparecer nenhum pretenso
estigma de superioridade ou de vaidade pessoal, nefasta ao estabelecimento de uma
empatia com o aconselhando.
Outro fator da maior importância é que o conselheiro cristão tem de ser ético e
respeitar cada indivíduo que recorre à sua ajuda. Ele precisa reconhecer o valor do
aconselhando como pessoa criada à imagem e semelhança de Deus e preciosa aos
Seus olhos, não importando o quanto ele possa estar desfigurado pelo pecado.
A ética indica que o conselheiro cristão tem o dever de tentar ajudar o aconselhando
sem manipular nem se intrometer em sua vida e de guardar sigilo de todas as
informações reveladas em confiança, dentro ou fora do gabinete pastoral. Além disso,
manda a ética que um conselheiro cristão jamais se preste a fornecer qualquer
orientação que ultrapasse os limites da sua habilitação.
Em todas as decisões que envolvem a ética, o conselheiro cristão deve procurar, antes
34
UNIDADE IV
Objetivos de Aprendizagem
• Assinalar as atitudes inadequadas do conselheiro cristão.
• Conhecer o perfil e atributos do conselheiro e capelão cristão.
• Identificar o perfil do conselheiro e capelão cristão.
• Caracterizar o papel do conselheiro e do capelão cristão.
• Conscientizar o conselheiro e o capelão das competências necessárias para o
de- senvolvimento de suas atividades.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
• Perfil e atitudes do Conselheiro Cristão
• Perfil e papel do Capelão Hospitalar
36
INTRODUÇÃO
“São muitas as pessoas à procura de um ouvido que ouça. Elas não o encontram
entre os cristãos, porque eles falam quando deveriam ouvir. Quem não mais ouve a
seu irmão (ou irmã), em breve também não mais ouvirá a Deus [...] quem não
consegue ouvir demorada e pacientemente, estará apenas conversando à toa e nunca
estará realmente falando com os
outros, embora não esteja consciente disso”.
Quando lançamos nosso olhar para a realidade humana e suas carências, ficamos
cientes da enorme necessidade do papel do conselheiro cristão no contexto da Igreja
tanto no sentido intraeclesial quanto extraeclesial. Hoje, mais do que nunca, a figura
do conselheiro cristão é necessária e urgente. Contudo, nota-se que ainda há a
produção de literatura destinada ao grande público que continua a construir um perfil
e um papel de conselheiro cristão que não atende às reais necessidades do nosso
momento, como afirma Coelho Filho (2011):
Não poderíamos deixar de expor uma lista do perfil ou atitudes do conselheiro cristão
38
neste texto, contudo é salutar que registremos que há muitos perfis espalhados pelas
literaturas especializadas na atualidade. Não tivemos pretensão de construir ou
advogar determinadas atitudes, mas sim expormos de maneira
básica ou fundamental algumas necessárias para a construção de um perfil de
conselheiro que atenda as nossas necessidades hoje e que, do ponto vista didático,
possibilite abrir discursos e reflexões sobre o trabalho do conselheiro cristão.
Nesse sentido, passo a transcrever um artigo de autoria de Coelho Filho (2011), que
aborda o perfil e os atributos do conselheiro bíblico. Um trabalho expressivo, com um
toque todo especial de sabedoria e com um bom suporte de fundamentação,
informação e reflexão sobre o conselheiro cristão. Ainda é necessário registrar que tal
transcrição sofreu, em alguns momentos, supressão ou acréscimo, contudo que fique
também registrado que toda e qualquer interpretação do texto apresentado abaixo,
resguardado o seu sentido original, é de inteira responsabilidade nossa.
Coelho Filho (2011) inicia seu artigo abordando o perfil do conselheiro cristão, como
segue:
O primeiro deles é empatia. A palavra vem da mesma raiz de “simpatia” e de
“antipatia”. Simpatia é sentir na mesma direção, sentir com. Antipatia é sentir contra.
Sobre empatia, o prefixo grego em nos esclarece: é “sentir dentro”, “sentir como se
fosse a pessoa”. A simpatia pode ser entendida como uma ternura, mas a empatia é
uma profunda compaixão que nos faz colocar-nos no lugar daquela pessoa. O
fundador do cristianismo foi a maior manifestação de empatia que o mundo já viu: “O
Verbo se fez carne” (Jo 1.14). Deus foi empático conosco, na pessoa de Jesus.
Empatia tem a ver com compaixão. O Salvador era profundamente empático, porque
era profundamente compassivo: “Vendo ele as multidões, compadeceu-se delas,
porque andavam desgarradas e errantes, como ovelhas que não têm pastor” (Mt
9.36). E este é um conselho bíblico para todos os cristãos: “Alegrai-vos com os que
se alegram; chorai com os que choram” (Rm 12.15). Somos exortados a experimentar
e partilhar os sentimentos dos irmãos. O autor de Hebreus aconselhou a comunidade
cristã nos seguintes termos: “Lembrai-vos dos presos, como se estivésseis presos
com eles, e dos maltratados, como sendo-o vós mesmos também no corpo” (Hb 13.3).
O conselheiro cristão deve ter este sentimento bem aguçado. Ele não é juiz nem um
crítico, mas um ajudador. E um ajudador com compaixão.
Não somos profissionais que atendem a pessoa, ouvem-na sem experimentar emoção
alguma (algumas vezes bocejando de indiferença), e depois apenas perguntam: “Sim,
o que você pensa em fazer sobre isso?”. Somos pessoas que amam a Deus, que
amam o povo de Deus e que servem a Deus servindo a seu povo. E mostramos nosso
amor a Deus no amor ao seu povo. Empatia é mais uma postura que adotamos que
um sentimento que experimentamos. É sentir com a pessoa. A frieza ou a indiferença
é mortal no trabalho do conselheiro. Como bem frisou Collins: “É possível ajudar as
pes- soas mesmo sem compreendê-las inteiramente, mas o conselheiro que
consegue transmitir empatia (principalmente no início do processo terapêutico) tem
maiores chances de sucesso”. Ouvi um pastor psicólogo criticar um pastor que chorou
no sepultamento de uma de suas ovelhas, dizendo que ele era um amador e que não
sabia controlar as emoções. O pastor que chorou não se descontrolou, não surtou
nem se mostrou histérico. E merece elogios exatamente porque não foi um
profissional de religião, mas um amador. Benditos sejam os amadores assim!
39
O segundo é respeito. Por vezes a pessoa chega e abre o seu coração, contando-nos
um pecado que julgamos ser escabroso (e às vezes é mesmo). Então ficamos
chocados com a revelação e mostramos à pessoa que não esperávamos aquilo da
parte dela. Ou ela nos ataca ou ataca alguém da igreja. O conselheiro, muitas vezes,
é machucado pelo aconselhando. Qual deve ser a reação numa circunstância dessas?
Kaller, em uma obra sobre aconselhamento cristão, usa esta figura: uma pessoa não
crente se aconselha com o pastor, e lhe diz: “Os membros de sua igreja fazem pior do
que as pessoas que não são crentes”. Ele alista quatro possíveis respostas do
conselheiro, e entre elas duas bem curiosas. O conselheiro poderá dizer: “Você não
sabe nada; pior que você não há nenhum” ou “Os crentes têm suas falhas, mas as
falhas dos não crentes são piores”. Diz Kaller: “Esta reação não facilitará a
continuação da conversa, mas é o início de uma discussão”. Ele mostra duas
respostas que seriam mais viáveis: “Você acha que muitos crentes não vivem de
acordo com suas crenças?” ou “Você acha os não crentes melhores que os crentes?”.
Respeito significa valorizar a pessoa, não a vendo como uma coitadinha ou uma
leprosa moral ou espiritual. É vê-la como sendo uma pessoa, imagem e semelhança
de Deus, valiosa aos olhos do Senhor, que no momento passa por uma crise e veio
lhe pedir ajuda. Não esfregue sal e pimenta nas feridas dela. Respeite seu desabafo,
suas atitudes e sua postura. Isto é diferente de aceitar um comportamento errado. É
respeitar a pessoa que está querendo ajuda como pessoa. Não é um traste.
Lembremos que Paulo recomendou que apoiássemos aqueles que estão fracos.
O terceiro é sigilo. O que um conselheiro ouve deve morrer com ele. Ele não passa
para frente nem mesmo com pessoas interessadas no assunto. Muitas vezes alguém
me procura e depois uma pessoa da família ou do relacionamento com esta pessoa
vem me perguntar o que foi dito. Geralmente me nego, dizendo que o que a pessoa
me contou pertence ao sigilo. Se quiser saber, que meu indagador lhe pergunte.
Lembre-se que comentar o que lhe foi dito em confiança acabará não apenas com
sua atividade, mas com seu caráter. E você terá traído quem confiou em você. Poucas
coisas são tão ruins para um pastor ou para um conselheiro que ser conhecido como
fofoqueiro, como alguém que passa para frente coisas que ouviu em confidência. Há
pastores que contam de púlpito experiências de gabinete. Não citam o nome da
pessoa, mas deixam pistas claras de quem sejam. Isto é muito ruim.
Abrir o coração com alguém é tarefa difícil. Muitas vezes é um desnudar da alma, e é
doloroso para a pessoa. Já ouvi muitos casos tristes e dolorosos em gabinete, desde
violência sexual que uma criança sofreu por parte de pai até o uso de drogas por
líderes da igreja. Por vezes, o peso era esmagador e eu me sentia deprimido,
querendo um buraco para me enfiar. Mas sabia que não podia partilhar com ninguém.
Um conselheiro deve ser sigiloso. Por isso que deve ser uma pessoa que cuide de
sua vida espiritual e se fortaleça, sempre, com o Grande Conselheiro, Deus. É a vinha
dele que ele deve guardar.
é que pouco mencionamos esta virtude cristã. Há líderes que amam holofotes ou são
pouco discretos. Têm grande necessidade de atenção. Jesus exortou a discrição na
vida espiritual, quando deixou recomendações sobre a oração e o jejum. Sobriedade
tem a ver com discrição. Não se faz alarde de que estamos ajudando alguém. O
trabalho do conselheiro é um trabalho de bastidores, que se faz nos bastidores, e não
em público. Como o aconselhamento envolve questões emocionais, e por vezes
delicadas, o conselheiro deve lembrar que a imagem do aconselhando deve ser
poupada. Repreensão pública ou conselhos dados em voz alta prejudicam muito.
Ninguém precisa ouvir a conversa. Por isso, quando atender, fale baixo. Uma das
tarefas do conselheiro é ajudar a pessoa a ser madura e tomar decisões por si,
orientada pelo Espírito Santo. Outra tarefa é levantar a pessoa. Neste sentido, expô-
la em público, como alguém tutelado, é prejudicial. Somos conselheiros e não pais de
criancinhas travessas que devem ser chamadas à atenção.
Há conselheiros que gostam de publicidade para que os demais vejam como ele é
importante ou como está sendo usado por Deus. Remo Machado, psicólogo cristão,
faz esta afirmação, em uma de suas obras: “Caso Deus seja o centro de nossa vida,
ele tem um plano para nossa existência, e se ele nos delegou a posição de
psicoterapeutas, devemos usá-la para enaltecimento do nome de Deus, e não para o
nosso engrandecimento pessoal”. Sobriedade é esta característica assumida de que
somos apenas instrumentos, a glória é de Deus, fazemos o que temos que fazer e
saímos de cena, sem esperar aplausos ou reconhecimento. O conselheiro não faz
alarde do seu trabalho. A vaidade sempre é notada, sempre desgasta o vaidoso e
geralmente cobra um preço muito elevado. E as pessoas que aconselhamos não
devem ser vistas como troféus a exibir.
O quinto é desprendimento. Isso significa que o conselheiro não deve levar vantagem
na tarefa de aconselhar. Por vezes, o conselheiro é profissional, um psicólogo ou outro
tipo de terapeuta. Neste caso, ele cobrará consultas. O levar vantagem, neste
contexto, significa que o conselheiro não usa as informações que recebe, nem antes
nem depois do processo de aconselhamento. Suponhamos que o conselheiro seja o
pastor ou o líder de um trabalho. Um irmão a procura e lhe revela um problema e pede
ajuda. Não será justo o conselheiro divulgar publicamente uma possível incapacidade
da pessoa para o exercício de uma função para a qual ela vier a ser indicada.
Evidentemente que se for um caso grave, como uma pessoa que tenha tendências
pedófilas sendo indicada para cuidar de
crianças, o conselheiro precisará agir. Mas isso exige cautela. A questão principal é
de ordem pessoal: não levar vantagem. Não impugnar a pessoa para um cargo ou
função porque tem outro nome que é seu preferido ou porque o ambiciona etc. Deve
se lembrar também que Cristo pode transformar uma vida e que um pecado que uma
pessoa cometeu no passado não será, necessariamente, cometido outra vez pela
pessoa.
e o segundo teria o sentido de livros canônicos, isto é, os escritos sagrados. Ele está
detido na cadeia, e prestes a ser executado, mas ainda quer os livros. O obreiro cristão
em geral e o conselheiro em particular sempre devem querer crescer. Adquirir livros,
ouvir palestras, fazer cursos, tudo isso ajuda muito o conselheiro. Mas o preparo
espiritual nunca pode ser negligenciado. O Pr. Falcão dá como sendo um dos
aspectos mais importantes na vida do conselheiro ao ajudar alguém em crise: “Orar
por si mesmo e colocar-se nas mãos de Deus para prestar uma ajuda afetiva”.
Desempenhamos uma atividade espiritual e nunca podemos nos esquecer disso. A
autoridade espiritual que vem da comunhão com Deus e da submissão à sua Palavra
é sempre notada na vida de quem a tem. E quem a tem não precisa alardear.
Fonte: <http://www.isaltino.com.br/2011/11/o-perfi l-e-atributos-do-conselheiro-
biblico/>. Acesso em: 27 dez. 2011.
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UNIDADE V
Objetivos de Aprendizagem
• Conhecer os procedimentos e técnicas de aconselhamento de apoio, de perda
pessoal e de crise matrimonial.
• Identificar os procedimentos e metodologias necessários para o desempenho
em Aconselhamento e Capelania Cristã.
• Conscientizar-se dos comportamentos do aconselhando ou paciente em
situação de crise.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
• Aconselhamento de apoio
• Aconselhamento em casos de perda pessoal
• Aconselhamento em casos de crise matrimonial
43
INTRODUÇÃO
“É ele que nos conforta em toda nossa tribulação, para podermos consolar os
que estiverem em qualquer angustia”. 2 Coríntios 1:4
“Em pleno inverso, dei-me conta, finalmente, de que dentro de mim havia
um verão invencível”. Albert Camus, Actuelles
Hoje, temos um número considerável de literatura cristã que tem dado conta dessa
demanda, lembro aqui alguns clássicos, como “Aconselhamento Cristão” e “Ajudando
uns aos outros pelo Aconselhamento” de Collins; “Aconselhamento Pastoral: modelo
centrado em libertação e crescimento” de Clinebell e um dos textos mais recentes
nessa área, do conhecido argentino psicólogo e pastoralista Schipani, “O caminho de
sabedoria no Aconselhamento Pastoral”.
a) Aconselhamento de apoio.
b) Aconselhamento em casos de perda pessoal.
c) Aconselhamento em casos de crise matrimonial.
Esperamos que este texto não seja encarado como um receituário, mas como um guia
introdutório teórico-prático para o enfrentamento dos temas abordados aqui.
Ao final de cada tema estudado, tem-se uma sessão denominada “Atividade de
exercício prático de aconselhamento sobre o tema abordado”. O objetivo é bem
simples, caro aluno, possibilitar uma reflexão ou prática para implementar os
conhecimentos estudados. Essas atividades foram todas elaboradas a partir do livro
“Aconselhamento Pastoral” de Clinebell (2000).
ACONSELHAMENTO DE APOIO
Apoio. Essa é uma palavra muito comum no meio cristão. Afinal as pessoas procuram
as igrejas muitas vezes para enfrentar situações que as desestabilizam, pois se
encontram atribuladas quer no âmbito pessoal, conjugal ou grupal. Diante disso, é
fundamental que o conselheiro cristão desenvolva métodos e técnicas que
possibilitem:
a) Estabilidade.
b) Alicerce.
c) Alimento.
44
d) Orientação.
1. Orientação.
2. Informação.
3. Tranquilização.
4. Inspiração.
5. Planejamento.
6. Formulação de respostas e perguntas.
7. Encorajamento ou desencorajamento de certas formas de comportamento, as
quais devem ser observadas de forma cuidadosa e muito atenta.
podem imprimir objetividade para ver seu problema a partir de uma perspectiva um
tanto mais amplo e explorar alternativas viáveis. Podem tomar decisões mais sábias
a respeito do que podem e devem fazer.
Por fim, Clinebell (2000) alerta para os perigos do aconselhamento de apoio. Ele faz
uma comparação oportuna quando usa o exemplo do aparelho ortopédico. Ele tem a
funçãode dar um suporte temporário, contudo, existe o perigo desse aparelho se
tornar uma muleta (no sentido negativo), bloqueando o crescimento por meio de uma
dependência persistente. É o que acontece, por exemplo, quando o conselheiro faz
alguma coisa que cabe ao aconselhando fazer. Por isso é fundamental que o
conselheiro esteja atento à pessoa e ao contexto em que está inserida.
Orientações:
1. Você pode apenas refletir tentando visualizar toda essa situação proposta
como cenas que aconteceriam e como você procederia na qualidade de pastor, por
exemplo.
2. A proposta propriamente dita é você e mais duas pessoas ou com mais outras
pessoas, fazerem uma dramatização ou teatralização. Os personagens são apenas
dois. Você necessariamente tem que seguir as sugestões propostas para o exercício.
Lembre-se de estudar e revisar os conteúdos e procedimento do aconselhamento de
apoio.
3. Caso queira, faça uso de gravador para ouvir partes desta atividade de
exercício prático de aconselhamento de apoio.
Papel do aconselhando
Você é a Sra. V., uma viúva de 81 anos, acamada em consequências de uma queda
que resultou na fratura de um punho e da clavícula. Você mora com seu filho e a
esposa dele. Sua fé foi seriamente posta a prova por seu acidente. Você não pode
compreender por que Deus parece tão distante. Muitas de suas amigas já morreram
e você se sente extremamente solitária. Você sabe que pode não lhe restar muito
tempo de vida (deite-se para assumir esse papel).
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Papel do pastor
Você é o pastor da sra. V. e ela é o membro mais velho de sua congregação. Você
tem um sólido relacionamento pastoral com ela. Enquanto ela fala durante a visita,
você percebe a oportunidade de fazer aconselhamento de apoio como parte de seu
ministério poimênico para com ela. Enquanto você fala, fique atento aos sentimentos
dela e faça com que ela saiba que você está consciente, refletindo o que você acha
que ela está dizendo e sentido. Experimente os métodos de apoio descritos neste
capítulo na medida em que sejam pertinentes. Seja sensível à possível presença de
tensão entre os membros da família.
Papel do observador-monitor
Sua função é ajudar a sra. V. e o pastor, aumentar sua consciência do que está
ocorrendo entre eles e sua consciência do tom de sentimentos da relação de
aconselhamento. Sinta-se à vontade para interromper o aconselhamento
ocasionalmente a fim de dar sugestões de como ele poderia tornar-se mais proveitoso.
Seja franco. Como observador você perceberá coisas importantes que eles talvez não
vejam.
A perda pessoal é uma crise humana universal. O pesar está presente: em todas as
mudanças, perdas e transições importantes na vida, não só por ocasião da morte de
uma pessoa amada.
Diante das perdas que são as mais diversas, Clinebell (2000) propõe um esquema de
cinco tarefas nesse processo e o tipo de ajuda que facilita a realização de cada tarefa:
1. Você pode apenas refletir tentando visualizar toda essa situação proposta
como cenas que aconteceriam e como você procederia na qualidade de pastor, por
exemplo.
2. A proposta propriamente dita é você e mais duas pessoas, ou com mais outras
pessoas, fazerem uma dramatização ou teatralização. Os personagens são apenas
dois. Você necessariamente tem que seguir as sugestões propostas para o exercício.
Lembre-se de estudar e revisar os conteúdos e procedimento do aconselhamento de
apoio.
3. Caso queira, faça uso de gravador para ouvir partes desta atividade de
exercício prático de aconselhamento de apoio.
Papel do aconselhando
Se você teve uma perda dolorosa em sua vida dirija-se ao pastor, pedindo que o ajude.
Ou procure mergulhar nos sentimentos de alguém que você conhece bem e que está
em pleno processo de digerir uma perda grave. Desempenhe o papel daquela pessoa
buscando a ajuda do pastor.
Ou você é Jane Carone, uma mulher de uns 45 anos, cujo marido Ricardo faleceu
inesperadamente a 2 meses, de ataque cardíaco. Você sente profundamente a perda
e acha quase impossível enfrentar contatos sociais, principalmente na igreja, onde
vocês participavam ativamente como casal. Você se sente muito deprimida e gostaria
de se esconder das pessoas.
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Papel do pastor
Utilize o que você aprendeu nesta unidade sobre a facilitação do trabalho de pesar,
fazendo aconselhamento com um desses membros. Lembre-se da necessidade que
a pessoa tem de ajuda por meio de tarefas específicas de trabalhar o pesar.
Papel do observador-monitor
Collins (1995) observa que a origem dos problemas, do ponto de vista bíblico, é
justamente quando o casal se afasta dos princípios bíblicos, os quais são
transformados consequentemente em problemas conjugais. Vejamos alguns deles:
O trabalho com casais vai bem além da boa vontade ou de boa intenção. É necessário
ter uma metodologia que contribua para a identificação precisa do que de fato tem
gerado conflitos e problemas ao casal. A falta de comunicação é um dos primeiros
sintomas: deixa de haver ou apresenta muitos ruídos, como se diz na linguística
moderna. Vejamos, a seguir, duas propostas de intervenção em aconselhamento
conjugal, uma elaborada por Clinebell (2000) e outra por Collins (1995).
Primeiro passo:
Após ambos ouvirem um ao outro, devem anotar tudo o que ouviram em um caderno
denominado de crescimento.
51
Segundo passo:
Depois de um completar a lista, o outro deve repetir o que ouviu, para garantir que as
necessidades foram bem entendidas.
Terceiro passo:
Quarto passo:
Por fim, é importante ressaltar que esse método pode ser aplicado não somente com
casais, mas famílias, amigos, colegas e relacionamentos de equipe de trabalho, por
exemplo. O objetivo é aumentar a satisfação mútua de necessidades e assim reduzir
frustração e conflitos, como afirma Clinebell (2000).
Estágio I – Início
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Conselheiro:
• Atitudes cordiais e de aceitação.
• Mostrar confiança.
• Não fazer críticas.
• Ajudar a vencer os temores iniciais do aconselhando.
Aconselhando:
• Contar suas razões iniciais para a procura de ajuda.
• Vencer seus medos e dúvidas relacionados a esta iniciativa.
Conselheiro:
• Suscita questões ou faz comentários para estimular mais pensamentos.
• Esclarece tanto as questões como os sentimentos.
• Continua a dar apoio e encorajamento.
Aconselhando:
• Dar mais detalhes por meio da expressão de sentimentos e frustrações.
• Aprender a construir um relacionamento de segurança e confiança com o
conselheiro.
Conselheiro:
• Continua a dar apoio.
• Fica alerta quanto a novas informações.
• Encoraja e orienta na consideração de soluções e tentativas, tais como
mudanças de atitu- de, modificação de comportamento, confissão, perdão,
reavaliação das percepções etc.
• Guia e encoraja à medida que as soluções são tentadas, avaliadas e tentadas
novamente.
Aconselhando:
• Aprender a formular.
• Agir com relação a...
• Avaliar soluções.
• Expressar frustrações e temores.
• Experimentar algumas vitórias.
Estágio IV - Final.
Conselheiro:
• Encorajar a agir independente.
• Recapitular o progresso feito no passado.
• Expressar sua disponibilidade ao aconselhando caso necessário.
Aconselhando:
• Manifestar dúvidas e temores pelo término do aconselhamento.
• Reavaliar o progresso.
• Examinar seus recursos espirituais e pessoais.
53
Orientações:
1. Você pode apenas refletir tentando visualizar toda essa situação proposta,
como cenas que aconteceriam e como você procederia na qualidade de pastor, por
exemplo.
2. A proposta propriamente dita é você e mais duas pessoas, ou com mais outras
pessoas, fazerem uma dramatização ou teatralização. Os personagens são apenas
dois. Você necessariamente tem que seguir as sugestões propostas para o exercício.
Lembre-se de estudar e revisar os conteúdos e procedimento do aconselhamento de
apoio.
3. Caso queira, faça uso de gravador para ouvir partes desta atividade de
exercício prático de aconselhamento de apoio.
Papel dos aconselhandos
Requer duas pessoas. Como casal, vocês estão experimentando doloroso conflito e
frustração em seu relacionamento. Use um relacionamento com o qual um de vocês
dois está bem familiarizado para definir a dinâmica dos papéis. Procurem a ajuda de
seu pastor.
Papel do pastor
Utilize o que você aprendeu ao ler e refletir sobre esta unidade, Para fazer
aconselhamento com este casal. Experimente a adaptação do MRI descrito para
aconselhamento neste caso.
Papel do observador-monitor
Procure dar ao pastor feedback sobre o quanto ele se concentra na interação do casal
como diretriz primordial do aconselhamento.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esta unidade, caro aluno, foi desenvolvida com o objetivo de expor uma teoria da
prática em aconselhamento cristão que pudesse atender tanto o conselheiro quanto o
capelão.
Foram expostos procedimentos e técnicas de aconselhamento de apoio, de perda
pessoal e de crise matrimonial.
matrimonial, uma com Collins (1995) e a outra com Clinebell (2000). A primeira
ressaltou os seguintes estágios: início, manifestação de problemas básicos,
desenvolvimento e aplicação de soluções e tentativas e final. A segunda é um método
denominado relacionamento ou matrimônio intencional, o qual tem como objetivo
provocar o aumento da satisfação mútua de necessidades e assim reduzir frustrações
e conflitos por meio de quatro passos: 1) ouvir e receber esses atributos; 2) neste
passo destacam-se as necessidades/desejos correspondidos ou parcialmente
correspondidos em termos de comportamento do casal; 3) o objetivo neste passo é
aumentar intencionalmente a satisfação mútua do relacionamento e fomentar assim o
amor, pela escolha de uma das necessidades de cada um (ou uma necessidade
conjugal), e isso é feito com a elaboração de um plano concreto e viável, com uma
programação cronológica que corresponda a essas necessidades do casal e 4) após
a execução do plano de mudança, deve-se executar outros planos para atender outra
necessidades e assim sucessivamente.
REFERÊNCIAS
CASTRO, E. Pastores del Pueblo de Dios en America Latina. Buenos Aires: La aurora,
1974.
_________. Ajudando Uns aos Outros pelo Aconselhamento. São Paulo: Vida Nova,
1993.