Dissertacao Arthurthiriet
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Dissertacao Arthurthiriet
Belo Horizonte
Junho 2018
Arthur Braga Thiriet
Estudo de metodologias de avaliação da força de resistência ao desloca-
mento de um veículo/ Arthur Braga Thiriet. – Belo Horizonte, Junho 2018-
84 p. : il. (algumas color.) ; 30 cm.
Agradeço à Fiat Chrysler Automobiles – FCA pelo apoio financeiro e por incentivar
o desenvolvimento tecnológico automotivo no Brasil por meio do PROGRAMA INOVAR FCA
– UNIVERSIDADES - RESIDÊNCIA TECNOLÓGICA PARA ENGENHEIROS.
Finalmente, agradeço a minha mãe Silvana pela paciência e apoio durante o período
do programa de mestrado.
Sumário
Sumário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
Lista de ilustrações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
Lista de tabelas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
1 INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
1.1 Objetivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
2.1 Forças Resistivas do Veículo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
2.1.1 Resistência aerodinâmica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
2.1.2 Resistência ao gradiente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
2.1.3 Perdas por atrito das partes móveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
2.1.4 Perdas de forças inerciais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
2.1.5 Resistência ao Rolamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
2.2 Ensaio de Desaceleração livre - ABNT 10312 . . . . . . . . . . . . . 34
3 METODOLOGIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
3.1 Parte Experimental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
3.1.1 Ensaio de desaceleração livre fracionado . . . . . . . . . . . . . . . . 40
3.1.1.1 Aparato experimental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
3.1.1.2 Preparação do veículo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
3.1.1.3 Execução do ensaio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
3.1.1.3.1 Eixo Anterior . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
3.1.1.3.2 Eixo Posterior . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
3.1.1.4 Medição da inércia do conjunto roda-freio . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
3.1.1.5 Tratamento dos dados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
3.1.2 Ensaio de resistência ao rolamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
3.1.3 Variação da geometria de suspensão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
3.1.4 Cálculo da energia demandada pelo veículo . . . . . . . . . . . . . . . 52
3.1.5 Resumo da parte experimental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
3.2 Parte Virtual . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
3.2.1 Ajuste do modelo de freio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
3.2.2 Ajuste do modelo de pneu . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
3.2.3 Análise de influência da geometria de suspensão . . . . . . . . . . . . 58
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
4.1 Variação da resistência ao rolamento com o amaciamento . . . . 60
4.2 Influência da geometria de suspensão . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
4.3 Fracionamento da força de resistência ao deslocamento . . . . . 64
4.4 Ensaio de desaceleração livre virtual . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
5 CONCLUSÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70
5.1 Trabalhos futuros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72
REFERÊNCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73
APÊNDICE A – CÁLCULO DE f0 E f2 . . . . . . . . . . . . . . . . . 76
Figura 1 – Limites das emissões para veículos pesados de ciclo Diesel impostos pelo
PROCONVE. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
Figura 2 – Evolução da frota estimada de veículos leves por fase do PROCONVE. . . . 16
Figura 3 – Fontes de energia consumidas pelo setor de transporte rodoviário no Brasil. 17
Figura 4 – Distribuição de pressão aerodinâmica em um veículo. . . . . . . . . . . . . 20
Figura 5 – Resistência ao gradiente de inclinação da pista. α: ângulo de inclinação da
pista; Fz : carga vertical do veículo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
Figura 6 – Deformação radial(a) e lateral(b) do pneu durante rolamento. . . . . . . . . 26
Figura 7 – Principais mecanismos de origem da resistência ao rolamento . . . . . . . . 26
Figura 8 – Interação entre pressão de inflação e coeficiente de resistência ao rolamento. 28
Figura 9 – Coeficientes fo e fs da Equação 2.11 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
Figura 10 – Variação do coeficiente de RR com a velocidade para diferentes tipos de pneu 29
Figura 11 – Ondas estacionárias aparentes em um pneu de caminhão . . . . . . . . . . . 30
Figura 12 – Cambagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
Figura 13 – Efeito da cambagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
Figura 14 – Convergência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
Figura 15 – Efeito da convergência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
Figura 16 – Variação da resistência ao rolamento em função do ângulo de convergência . 33
Figura 17 – Suporte do veículo sobre cavaletes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
Figura 18 – Instrumentação das rodas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
Figura 19 – Instrumentação das pastilhas de freio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
Figura 20 – Posicionamento da massa padrão para medição . . . . . . . . . . . . . . . . 44
Figura 21 – Curva típica de medição do momento de inércia do conjunto roda-disco de
freio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
Figura 22 – Esquema do sistema roda-massa para cálculo de momento de inércia . . . . 45
Figura 23 – Exemplo de influência da temperatura na desaceleração da transmissão . . . 47
Figura 24 – Coeficientes de resistência da transmissão em função da temperatura . . . . 48
Figura 25 – Dinamômetro de resistência ao rolamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
Figura 26 – Metodologia de desaceleração em degraus da norma SAE J 2452 . . . . . . 51
Figura 27 – Combinações de ângulos de suspensão estudadas . . . . . . . . . . . . . . . 51
Figura 28 – Modificação no amortecedor do Modelo A . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
Figura 29 – Ciclo de condução padrão FTP-75 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
Figura 30 – Ciclo de condução padrão HWFET . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
Figura 31 – Algorítmo para cálculo da Energia Demandada pelo Veículo . . . . . . . . . 54
Figura 32 – Exemplo de gráfico de torque no disco de freio em função da força no pedal 57
Figura 33 – Comparação entre modelos matemáticos MF-Tyre 5.2 e MF-Tyre 6.2 na si-
mulação da desaceleração livre de um pneu . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
Figura 34 – Coeficientes de resistência ao rolamento pré e pós amaciamento . . . . . . . 61
Figura 35 – Variação do coeficiente de resistência ao rolamento após amaciamento . . . 61
Figura 36 – Comparação pista VS fracionamento - Modelo A . . . . . . . . . . . . . . 64
Figura 37 – Comparação pista VS fracionamento - Modelo B . . . . . . . . . . . . . . . 65
Figura 38 – Comparação pista VS fracionamento - Modelo C . . . . . . . . . . . . . . . 65
Figura 39 – Comparação: pista VS virtual - Modelo A . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68
Figura 40 – Comparação: pista VS virtual - Modelo B . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68
Figura 41 – Comparação: pista VS virtual - Modelo D . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68
Figura 42 – Comparação entre modelos de pneu experimental e semi-empírico . . . . . 69
Lista de tabelas
Abreviações e Siglas
BEN Balanço Energético Nacional
DE Dianteiro esquerdo
NP Normal de produção
RR Resistência ao Rolamento
TD Traseiro direito
WLTP Procedimento de Teste para Veículos Leves Mundial, (Worldwide Light-duty
vehicle Test) Procedure
Símbolos
α Aceleração angular
η Eficiência de um sistema
a Aceleração linear
ν Graus de liberdade
ρ Massa específica do ar
Cf Coeficiente de arrasto
Fx Força longitudinal
m Massa
T0 Coeficiente de ordem 0 da FT R
T1 Coeficiente de ordem 1 da FT R
V Velocidade do veículo
Vx Velocidade longitudinal
1 Introdução
Nos últimos anos há uma crescente preocupação com a poluição ambiental cau-
sada pelo desenvolvimento da sociedade, especialmente pelo crescimento industrial, e a grande
frota automotiva mundial aparece como uma das principais vilãs do processo. Só no Brasl,
por exemplo, um estudo apurou que entre 2001 e 2012 a frota de veículos aumentou 138,6%
enquanto os sensus de 2000 e 2010 indicavam aumento de 11,8% da população [1]. Por isso,
governos e orgãos reguladores restringem cada dia mais os níveis de emissão de poluentes e
exigem dos fabricantes e montadoras veículos mais eficientes. Exemplo disso é o programa
regulador europeu de controle de emissões veiculares, que foi primeiramente introduzido em
1992 e estabelece uma restrição progressiva dos níveis de emissões dos veículos divididas em
seis estágios. O último estágio, o Euro 6, entrou em vigor em 2015 para veículos leves e possui
foco na redução das emissões de óxidos de nitrogênio (NOx ), da qual o setor de transportes é
responsáevel por mais de 60% do total emitido em centros urbanos [2]. Ainda, um novo ciclo de
condução padrão para testes de emissões veiculares em dinamômetro de chassis, o WLTP1 , foi
introduzido com vigor a partir de 1 de setembro de 2017, visando estabelecer um procedimento
de testes que melhor representasse o uso médio real de um veículo [3].
Os limites para veículos pesados à diesel ao longo das fases do programa, apresen-
tados na tabela da Figura 1, exemplificam como as reduções impostas pelo PROCONVE são
rígidas. Contudo, o último Plano Nacional de Eficiência Energética (PNEf), de 2009, indica que
1
Procedimento de Teste para Veículos Leves Mundial, em tradução livre do nome em inglês Worldwide Light-duty
vehicle Test Procedure
2
As iniciais P e L das fases do PROCONVE remetem à veículos pesados e veículos leves, respectivamente
Capítulo 1. Introdução 16
à época mais de 50% da frota de veículos de ciclo Diesel ainda operavam com motores da fase
P1 [6]. Já para os veículos leves, o último Inventário de Emissões por Veículos Rodoviários, de
2013, indica que apenas 39% da frota atende à fase L5 [7], conforme apresentado na Figura 2.
Isso dificulta o cumprimento de certas metas de redução de emissões de poluentes.
Figura 1 – Limites das emissões para veículos pesados de ciclo Diesel impostos pelo PRO-
CONVE.
ção das normativas ABNT NBR 7024 e 6601, que regulam os procedimentos para avaliação
e homologação do consumo de combustível e níveis de emissão de poluentes de um veículo.
Eles são introduzidos no programa de controle do dinamômetro de chassis para que esse possa
simular as resistências ao movimento do veículo em uma via enquanto os testes são realizados.
1.1 Objetivos
O presente trabalho objetiva testar a viabilidade e validar duas metodologias de
avaliação da Força de Resistência ao Deslocamento, uma experimental e outra virtual, em subs-
tituição à metodologia tradicional descrita na normativa ABNT 10312.
2 Revisão Bibliográfica
• Resistência ao gradiente;
Fonte: Gillespie[14](Adaptado)
Porém, a Equação 2.3 é válida para correntes livres e os testes em túneis de vento
mostraram a necessidade de inclusão de um fator de forma,Cf , também conhecido como coefi-
ciente de arrasto ou coeficiente adimensional de resistência do ar.
Portanto, a força de resistência aerodinâmica é definida pela relação [11, 14, 15, 16]
1
FA = · ρ · Cf · Af · V 2 (2.4)
2
Onde:
Canale[17], Jazar[21] e outros autores afirmam que é usual considerar essas perdas
como a eficiência do sistema, η. Gillespie[14] cita valores típicos de eficiência entre 80% e
90%, enquanto Popp e Schiehlen[15] citam η = 98% para transmissões manuais e η = 85%
para transmissões automáticas com conversores de torque.
resistência do sistema de freios. Porém isso acarretaria em maior curso de pedal e maior quan-
tidade de fluido de freio, sendo então uma solução limitada e não desejada pelas montadoras
de automóveis [23]. Além desses fatores, também são fontes de resistência o desalinhamento
na montagem de pinças, cubos de roda, rodas e discos, torques de aperto diferentes dos nomi-
nais, compressibilidade do fluido na linha de óleo do sistema, material da pinça e inclinação
dos pistões em relação ao disco. Devido á grande quantidade de variáveis e a dificuldade de
se medí-las geralmente a força de resistência do sistema de freios é desprezada nos cálculos de
resistência ao deslocamento total.
Almeida, Soares e Reis[24] propõem uma metodologia para avaliar a potência re-
sistiva do sistema de transmssão e sistema de freios através de testes de desaceleração livre com
o veículo suspenso do chão. Nele, as rodas do veículo são aceleradas até uma certa velocidade
e então liberadas para desacelerar livremente até o repouso, da mesma forma que o ensaio de
de coast down com o veículo completo mencionado na introducão. Para se obter as respectivas
resistências, o procedimento é realizado duas vezes, uma com pinças de freio montadas e outra
com as mesmas removidas. A resistência do sistema de transmissão é estimada, então, pela
relação da Equação 2.6, obtida com os dados experimentais do ensaio sem pinças de freio.
FT R = T0 + T1 · V (2.6)
Onde:
• FT R : resistência da transmissão [N ];
• T0 : coeficiente de ordem 0 [N ];
N
• T1 : coeficiente de ordem 1 [ km/h ];
Já a resistência do sistema de freios é dada pela subtração dos testes com e sem
pinças de freio, ou seja:
FB = FT RComP incas − FT RSemP incas (2.7)
Capítulo 2. Revisão Bibliográfica 25
Onde:
Contudo, a maioria dos materiais que compõem um pneu tem natureza viscoelástica, portanto,
devido a parte viscosa do seu comportamento, parte da energia é convertida em forma de calor.
Na escala da microtextura da pista de rodagem, há igualmente a histerese na deformação da
borracha no contato com as imperfeições da via, tal como indicado na Figura 7.
Fonte: Jazar[21]
A adesão entre o pneu e a pista também gera perda de energia significativa. Ela
é oriunda da interação molecular entre a borracha e o material agregado da pista de rolagem
que gera tensões de cisalhamento, sendo elas responsáveis pelo desgaste da banda de rodagem.
Segundo Gillespie[14], ela é a maior fonte de força de fricção do pneu com o pavimento em
vias secas.
De acordo com o fabricante Michelin[13], além das perdas por histerese da defor-
mação do pneu, há mais duas fontes de RR: o arrasto aerodinâmico ao redor do pneu, que
Capítulo 2. Revisão Bibliográfica 27
No que se refere aos materiais, sabe-se que a adição de sílica e uso de borracha natu-
ral contribuem para diminuição da RR, porém suas composições no total e outros componentes
são segredos industriais e não há muitos dados na literatura do quanto realmente influenciam na
resistência ao rolamento.
Das condições de operação, a carga vertical sobre o pneu é a que mais possui in-
fluência sobre a RR. Estudos indicaram relação quase linear entre o aumento da carga vertical
e aumento da resistência, portanto frequentemente ela é estimada pela relação da Equação 2.9
[13, 14, 27, 25].
CRR = FRR /FZ (2.9)
Onde:
mento de até 30% no CRR com uma redução de 1 bar na pressão referência de 2.1 bar – pressão
referência da norma ISO 87673 que foi utilizada no estudo.
Por esse motivo alguns autores apresentam uma forma alternativa de estimar a RR,
incluindo a variação da pressão interna do pneu, como a Equação 2.10 apresentada pela Miche-
lin[13] e a Equação 2.11 apresentada por Gillespie[14] (apud Cole, 1972).
α β
P FZ
FRR = FRRISO · · (2.10)
PISO FZISO
Onde P é a pressão de inflação do pneu, FZ é a carga vertical, α ≈ −0.4 e β ≈ 0.85 para pneus
de veículos de passeio4 e os índices "ISO" representam os valores de referência das normas ISO
utilizadas para avaliar a RR.
2.5
V
CRR = fo + 3.24fs (2.11)
100
Onde V é a velocidade em mph, f0 é um coeficiente básico, e fs é um coeficiente dependente
da velocidade. Os valores dos coeficientes são dados pelo gráfico da Figura 9
Fonte: Michelin[13]
Figura 12 – Cambagem
Figura 14 – Convergência
Onde:
• α: ângulo de convergência, [◦ ]
MF-Tyre 5.2
( 4 )
Fx Vx Vx
My = −R0 FZ λMy qsy1 + qsy2 + qsy3 + qsy4 (2.13)
Fz0 Vref Vref
Capítulo 2. Revisão Bibliográfica 34
MF-Tyre 6.2
My = − R0 FZ λMy × · · ·
( 4 )
Fx Vx Vx FZ 2
qsy1 + qsy2 + qsy3 + qsy4 + qsy5 γ 2 + qsy6 γ × · · · (2.14)
Fz0 Vref Vref Fz0
q q
FZ sy7 p sy8
Fz0 p0
Onde:
• My : momento de RR;
• γ: ângulo de cambagem;
• Massa do veículo em ordem de marcha [35] : massa do veículo completo para embarque,
abastecido com pelo menos 90% da capacidade do tanque de combustível, adicionada
a massa de todos fluidos necessários (arrefecimento, lubrificação, etc), massa de rodas
sobressalentes, extintor, caixa de ferramentas padráo e calços.
• Massa real do veículo para ensaio (M): é a massa do veículo em ordem de marcha acres-
cida de 136kg.
• Massa equivalente à inércia de rotação (me): soma das inércias de rotação dos compo-
nentes de rodagem e discos (tambores) de freio dividida pelo quadrado do raio dinâmico
do pneu ou 3% da massa real do veículo para ensaio;
• Massa efetiva do veículo (Me): soma das massas real para ensaio e equivalente à inércia
de rotação. M e = M + me.
• Vento: a componente longitudinal não pode ser superior à 3,0 m/s em média e os picos
devem ser inferiores à 5,0 m/s. Já a média da componente lateral não ultrapassar 2,0 m/s.
• Temperatura ambiente: o ensaio poderá ser realizado apenas quando a temperatura ambi-
ente à sombra estiver compreendida entre 5◦ C e 35◦ C ;
Capítulo 2. Revisão Bibliográfica 36
• Pneus: amaciados com sulcos com profundidade entre 90% e 50% da original;
• Condições-padrão:
Temperatura ambiente: 293,15 K;
Pressão atmosférica: 101,325 kPa.
Na fase de preparação do ensaio, o veículo deve ser aquecido durante pelo menos
30 minutos e o volante deve ser esterçado de batente à batente pelo menos uma vez, para correto
afastamento das pastilhas de freio. A partir de então o freio não deve ser acionado.
FRD = f0 + f2 · V 2 (2.15)
Cada coeficiente é então corrigido para as condições ambientais padrão através das
relações 2.16 e 2.17
0
f0,k = f0,k [1 + KT (Tn − T0 )] (2.16)
P0 Tn 0 0
f2,k = f2,k − KP × f0,k + KP × f0,k (2.17)
Pn T0
Capítulo 2. Revisão Bibliográfica 37
Onde:
0
• fi,k : coeficiente da Equação 2.15 não corrigido para as condições padrão;
3 Metodologia
• Transmissão;
• Freios;
• Pneus.
Esses subsistemas foram escolhidos por serem as fontes das maiores parcelas da
FRD do veículo. Fazendo referência às resistências mencionadas na revisão bibliográfica, nota-
se a ausência da resistência ao gradiente. Porém, como o teste da norma ABNT 10312 é re-
alizado em pista plana, não há a contribuição dessa parcela na FRD . As perdas por atrito das
partes móveis são contabilizadas principalmente pelo sistema de transmissão.
veículo foram testados 2 tipos de pneu diferentes, referidos como Pneu A e Pneu B para cada
modelo.
Um estudo extra foi realizado apenas com o Modelo A. Nele foi avaliada a influên-
cia da geometria de suspensão na força de resistência ao deslocamento total do veículo, mais
especificamente os ângulos de cambagem e de convergência.
• 02 Termopares Tipo-K;
• 02 Rodas fônicas:
Fabricante: Petra Strumentazioni
Modelo: RF73Y45
Resolução: (1000 ± 0, 12)impulsos/giro (95,46% de abrangência)
Fonte: Autor
Quanto à instrumentação, as rodas foram equipadas com rodas fônicas para aquisi-
ção dos dados de velocidade com boa resolução (20 Hz), assim como demonstrado na Figura
18. Além disso a caixa de marchas e as pastilhas de freio externas de cada roda foram instru-
mentadas com termopares tipo K, tal como indicado na Figura 19. O sensor nas pastilhas é
opcional, porém foi escolhido instrumentá-las pois uma alta temperatura indica um atrito ex-
cessivo do freio. Um termopar para medição da temperatura ambiente nos arredores do veículo
também foi instalado.
Capítulo 3. Metodologia 42
Fonte: Autor
Fonte: Autor
Com todos dados registrados, o veículo é desligado e deixado em repouso para que
retorne à temperatura ambiente. Simultaneamente, as rodas são retiradas e as pinças de freio são
removidas. Então, uma vez de volta à temperatura ambiente, todo o processo de desacelação é
repetido e dados colhidos.
No caso de veículos 4x4 a avaliação das rodas do eixo posterior é obrigatória e pode
ser feita concomitante ao eixo anterior, seguindo o procedimento descrito na seção 3.1.1.3.1.
Contudo, apesar de exercerem nenhuma influência na resistência do sistema de transmissâo
para veículos com tração 4x2, recomenda-se que as rodas traseiras do veículos com esse tipo
de tranmissão também sejam avaliadas pois podem apresentar altos torques residuais de freio –
principalmente no caso de sistema à disco.
Desta forma, para acelerar as rodas traseiras é necessário uma propulsão externa.
No caso deste trabalho foi usada uma balanceadora local. Esta acelera as rodas até 110 km/h e
então é afastada para que a roda desacelere livremente até o repouso. Este processo é repetido
10 vezes em cada roda, pois não há necessidade de se aquecimento do sistema.
A inércia do conjunto formado pela roda e disco (ou tambor) de freio deve ser
levada em consideração pois a massa desses componentes em rotação tem grande influência
na desaceleração do conjunto de transmissão. Portanto é necessário medí-la com as pinças de
freio e semi-eixos desmontados. Desta forma, garante-se que apenas o momento de inércia do
conjunto da roda e disco de freio seja medido.
Fonte: Autor
Fonte: Autor
Deve-se, então, filtrar os dados para separar os dados de interesse. No escopo deste
trabalho, um programa na linguagem Matlab R foi feito para essa tarefa.
tempo e tomando o sistema em questão como o representado no esquema da Figura 22, tem-se
que:
Fonte: Autor
P −T =m·a (3.1)
Com,
a = α/R, (3.2)
P = m · 9.81 (3.3)
Onde:
T ·R=I ·α (3.4)
T ·R
⇒I= (3.5)
α
Capítulo 3. Metodologia 46
Substituindo T e α,
(m · 9.81 − m · a) · R
I= (3.6)
a/R
2
m·R
⇒I= · (9.81 − a) (3.7)
a
Finalmente, para cada desaceleração, um valor de momento de inércia é calculado e o valor
médio é tomado como representativo. Para uma análise mais criteriosa, recomenda-se que o
processo seja repetido para cada roda. Contudo, um estudo prévio aos ensaios foi realizado
e notou-se pouca ou nenhuma diferença entre as rodas nos veículos utilizados neste trabalho.
Assim, apenas o valor de inércia da roda dianteira esquerda foi utilizado ao longo dos cálculos
de resistência da transmissão e dos freios.
Fazendo
t0 = k0 · T b0 (3.13)
t1 = k1 · T b1 (3.14)
Essa análise é feita apenas para as rodas motrizes, uma vez que não há influência da
temperatura do óleo da transmissão nas rodas livres em um sistema de transmissão 4x2.
astdown Methodology. Nela, um pneu é pressionado contra um tambor de, no mínimo, 1,219
m (ou 48 pol) de diâmetro com uma certa carga, assim como na Figura 25. Variando a pressão
de inflação do pneu e a carga de acordo com as Tabelas 3 e 4, a força que o pneu exerce sobre o
tambor é medida em pelo menos 6 velocidades diferentes no intervalo de 115 a 15 km/h. Dessa
forma, a curva de desaceleração do pneu pode ser construida, tal como apresentada na Figura
26.
RR = P α · N β · (a + b · V + c · V 2 ) (3.15)
Onde:
• V: velocidade [km/h];
• α, β, a, b, c: coeficientes de modelo
Para os testes deste trabalho, foi utilizado o equipamento do fabricante MTS, mo-
delo 860, com rolo de 2m de diâmetro. Os dados relevantes dos sensores e células de carga do
equipamento, bem como a análise de incerteza do ensaio, são apresentados no Apêndice B. Por
questões de tempo total de ensaio, para cada passo do ensaio foram aquisitados a quantidade
mínima de pontos de velocidade exigidos pela norma, i.e., 6 pontos, sendo eles: 115.0, 84.9,
59.9, 40.0, 25.4 e 15.8 km/h.
3
O método escolhido nesse trabalho foi o método de Levenberg-Marquardt
Capítulo 3. Metodologia 50
Fonte: Autor
pode ser observado na Figura 27, não foi realizado um experimento planejado fatorial completo.
Os pontos foram escolhidos por se acreditar serem as combinações mais críticas. No gráfico,
os níveis zero são aqueles do ensaio de referência e representam o valor normal de produção
(NP) e o valor zero para os ângulos de cambagem e convergência, respectivamente. Os níveis -2
representam os valores exagerados. A análise de todas combinações foi feita no modelo virtual.
Fonte: Autor
Fonte: Autor
Para tal comparação, é necessário uma base comum de referência. A norma brasi-
leira que regulamenta os ensaios de consumo de combustível e emissões, a ABNT 6601[37],
utiliza dos perfis de velocidades urbano e de estrada dos ciclos de condução padrão estaduni-
dense, FTP-754 e HWFET5 , por isso esses também foram adotados nesse trabalho. Esses ciclos
padrão descrevem um perfil de velocidades o qual o veículo deve seguir durante o ensaio em
dinamômetro de chassis e também possuem tempo de duração e distância determinados. Para
manter a velocidade do ciclo, o veículo deve exercer uma força no rolo do dinamômetro. As-
sim, conhecendo a força exercida pelo veículo, velocidade, tempo e distância é possível calcular
energia demandada pelo veículo (EDV) no ciclo.
provida pelo motopropulsor nestes instantes, portanto teoricamente não há gasto de combustí-
vel.
x = v̄(t) · ∆t (3.17)
Tem-se Z t1
E= F (v) · v̄(t) · dt (3.18)
t0
Capítulo 3. Metodologia 54
Cuidado deve ser tomado com as unidades para que elas sejam compatíveis, princi-
palmente quanto à velocidade, pois o coeficiente f2 normalmente é dado em [N/(km/h)2 ]) e a
velocidade em [m/s]. A unidade usual de apresentação da EDV é [M J/km].
Finalmente, os valore de EDV para os dois ciclos são combinados da mesma forma
que a normativa ABNT 6601:
Um pequeno algorítmo foi criado para filtrar os momentos em que há gasto de ener-
gia, calcular sua magnitude e a distância percorrida nesse trecho, seguindo a lógica apresentada
na Figura 31.
Fonte: Autor
Capítulo 3. Metodologia 55
Assim como mencionado na Seção 3.1.3, foi realizado um estudo completo da in-
fluência dos ângulos de geometria da suspensão na resistência ao deslocamento do veículo.
Para isso, primeiramente tomou-se a média dos torques residuais medidos no ensaio
de desaceleração livre fracionado para cada eixo. Em seguida, no programa Adams/Car R tal
torque foi introduzido de forma como se o piloto do veículo estivesse pressionando o pedal de
freio constantemente durante o ensaio. Por se tratar de uma força muito pequena, todos valores
de ganhos e força mínima para acionamento do sistema foram zerados, assim a resposta do
sistema se torna linear e capaz de reproduzir os valores necessários. Então o gráfico da resposta
de torque do freio em função da força exercida no pedal, similar ao exemplo da Figura 32, foi
analisado em cada para se verificar a força a ser realizada pelo motorista virtual.
Fonte: Autor
os modelos matemáticos dos pneus utilizados nos veículos A, B e D, uma vez que 4 dos 6 tipos
de pneu utilizados no trabalho são deste fabricante.
abaixo de 5%, valor aceitável para simulações virtuais. Simulando um ensaio de desaceleração
livre de 100 a 30 km/h, a diferença entre os modelos se torna mais nítida ainda, como pode ser
vizualisado na Figura 33, na qual são apresentadas as curvas de RR das quatro rodas somadas
considerando a carga vertical e pressão de inflação do veículo Modelo A. O modelo MF-Tyre
5.2 apresenta valores superiores aos demais e o erro do modelo MF-Tyre 6.2 mostra se supe-
rior em representar a RR. Tal superioridade do modelo compensa o aumento de 30 minutos no
tempo de simulação devido ao aumento de complexidade, por isso foi a formulação escolhida
para este trabalho.
Figura 33 – Comparação entre modelos matemáticos MF-Tyre 5.2 e MF-Tyre 6.2 na simulação
da desaceleração livre de um pneu
Fonte: Autor
Combinação Nível
γf αf γr αr
1 -1 -1 -1 -1
2 -1 -1 -1 1
3 -1 -1 1 -1
4 -1 -1 1 1
5 -1 1 -1 -1
6 -1 1 -1 1
7 -1 1 1 -1
8 -1 1 1 1
9 1 -1 -1 -1
10 1 -1 -1 1
11 1 -1 1 -1
12 1 -1 1 1
13 1 1 -1 -1
14 1 1 -1 1
15 1 1 1 -1
16 1 1 1 1
Fonte: Autor
60
4 Resultados e Discussões
A partir das informações encontradas na literatura, era esperaddo uma melhora sig-
nificativa no coeficiente de RR, CRR , pois, além do amaciamento e conformação da carcaça
dos pneus, o desgaste da banda de rodagem exigido pela ABNT 10312 teria uma grande con-
tribuição para sua redução. Como pode ser vizualizado na Figura 34 de fato parece haver uma
tendência de diminuição no CRR . Contudo, a magnitude da melhora é inferior ao esperado para
a maioria das amostras, sendo em alguns casos quase imperceptível, como por exemplo foi o
caso para os modelos TD 175/65 R14 Pneu A e DE 185/65 R15 Pneu B, que apresentaram
melhora de 0,36% e 0,38%, respectivamente. Apenas as amostras do Pneu B de medida 175/65
R14 demonstraram o comportamento dentro do esperado, sendo a amostra DE a que apresentou
o maior ganho dentre todos analisados, 10,37%. Também é possível ver que três pneus tiveram
aumento do CRR , sendo que para dois deles foi superior a 1%. Porém, considerando que a
incerteza do método de avaliação da RR foi superior a 2% para todos pneus, essa diferença de
1% não é significante.
A análise mais detalhada da Figura 35 indica que, apesar da maioria dos pneus
apresentar melhora do coeficiente, não há padrão no comportamento e na amplitude da varia-
ção. Poderia-se argumentar que os diferentes resultados podem ser função da posição do pneu
no veículo durante o processo de amaciamento, uma vez que a massa do mesmo não é uni-
formemente distribuida e poderia gerar uma carga vertical diferente em cada pneu, afetando a
conformação da carcaça. Porém, no processo de amaciamento foi tomado o cuidado de alternar
as posições dos pneus diagonalmente aos 1500km rodados, que representava a metade da dis-
tância mínima de rodagem de 3000 km exigidas pela ABNT 10312, justamente com a finalidade
Capítulo 4. Resultados e Discussões 61
Fonte: Autor
Fonte: Autor
Partindo para o teste experimental, não foi possível realizá-los com o Modelo B por
facilidade de adequação da geometria, portanto a modificação do amortecedor e consequente
estudo foi feita no Modelo A. Ainda sim, não foi possível alterar o ângulo de convergência das
rodas traseiras devido à concepção do sistema de suspensão traseiro. A priori de cada ensaio, o
veículo foi alinhado para a geometria desejada, iniciando pela configuração nos limites mínimos
da tolerância de produção, em seguida nos limites máximos e por último a geometria exagerada.
Fonte: Autor
Fonte: Autor
ficativa entre as curvas obtidas em pista daquelas obtidas pelo ensaio de fracionamento, ultra-
passando inclusive a faixa de incerteza de medição. Analisando as características das curvas,
nota-se que o afastamento entre elas aumenta à medida que a velocidade do veículo aumenta.
Tal fato normalmente acontece devido à componente aerodinâmica, pois as demais componen-
tes possuem inflência apenas nos termos de ordem 0 ou 1 de velocidade, sendo então responsá-
veis apenas por translação da curva e não por modificar sua inclinação. Analisando as provas de
referência para o Modelo C, notou-se a presença de vento diagonal favorável ao sentido de rola-
gem do veículo. Isso explica a disparidade a velocidades maiores e aproximação dos resultados
à velocidades inferiores.
Fonte: Autor
carando o resultado de referência como um falso-positivo. Caso essa hipótese esteja correta, ela
indica uma limitação do método de fracionamento da FRD .
As curvas resultantes das simulações são apresentadas nas Figuras 39, 40 e 41. Para
o Modelo A nota-se que a curva virtual segue aproximadamente a mesma forma da curva expe-
rimental, contudo, transladada para baixo, indicando menor resistência ao deslocamento. Essa
translação se dá pela diferença de 14% no termo de ordem 0. Já para o hatchback Modelo B,
as curvas se aproximam a medida que a velocidade aumenta, indicando uma possível diver-
gência do modelo virtual em retratar a componente aerodinâmica. Ainda, a diferença entre o
coeficiente de ordem 0 chega a aproximadamente 9,3%, valor muito superior ao esperado para
a finalidade de estimação da FRD ainda na fase de projeto. Finalmente, para o Modelo D, as
curvas se mostram muito próximas, mas diferem um pouco na forma, chegando a se cruzar em
aproximadamente 70 km/h. Geralmente isso ocorre devido a alterações no termo de ordem 1,
contudo esse não é utilizado pela norma brasileira e geralmente seu efeito se distribui entre os
termos de ordem 0 ou 2. Assim como para o Modelo B, o valor do termo de ordem 0 excede o
limite usual de 5% entre experimentos e simulações, indicando 5,22%.
Capítulo 4. Resultados e Discussões 68
Fonte: Autor
Fonte: Autor
Fonte: Autor
Porém, comparar apenas os coeficientes não é muito útil. Desta forma, partiu-
se para a comparação em termos de energia novamente e os resultados estão apresentados na
Tabela 13. Considerando a combinação dos ciclos de condução urbano e estrada, a disparidade
entre os resultados do modelo virtual e dos medidos na pista diminui, como se pode perceber
pela diferença máxima de 5,71% para o Modelo A. O Modelo D apresentou o melhor resultado,
indicando uma variação negligível.
Capítulo 4. Resultados e Discussões 69
Em uma análise mais crítica, nota-se que a diferença entre os valores mensurados e
simulados aumenta ao mesmo tempo que o produto entre o coeficiente de arrasto aerodinâmico
e a área frontal do veiculo aumenta, i.e., o sedã Modelo D, que possui a menor área frontal
e o menor coeficiente de arrasto, demonstrou a menor variação de EDV. Já o SUV Modelo
A que possui maior produto Cx · Af apresentou a maior variação e o hatchback Modelo B
valores intermediários. Quanto maior o produto da área frontal com o coeficiente de arrasto,
teoricamente mais suscetível as rajadas de vento é o veículo, em um efeito similar a uma vela
de um barco. Por isso, mesmo que pequenas, as rajadas presentes durante o ensaio causam um
arrasto que não é possível de ser simulado no programa. Mais ainda, para apoiar a hipótese
que a componente aerodinâmica é responsável pelas variações, tem-se o fato de que o programa
utilizado se trata de um sistema para cálculo de dinâmica multicorpos e não um programa para
cálculo de fluidodinâmica, logo não é possível introduzir qualquer tipo de velocidade de vento
nem simular uma velocidade relativa entre o veículo e o ar.
Fonte: Autor
70
5 Conclusão
Para o efeito do amaciamento do pneu na RR, era esperada uma redução do coefi-
ciente CRR para todos pneus, porém três modelos indicaram aumento do mesmo. Os resultados
também indicaram uma aleatoriedade no comportamento do pneu após o amaciamento, com
resultados variando de 0,36% de melhora até 10,37%. Dessa forma não é possível prever como
irá se alterar a RR e cada pneu deve ser avaliado individualmente após amaciamento para que
se otenha um valor mais próximo do real para uso na metodologia de fracionamento da FRD .
Esses resultados também indicam uma possível fonte de variações em estimações de consumo
de combustível de um veículo, pois os valores declarados de CRR pelos fabricantes são sempre
com o pneu em estado novo, como determinam as normas ISO e SAE.
Os modelos matemáticos de pneu MF-Tyre 5.2 e MF-Tyre 6.2 são modelos semi-
empíricos já comprovados tanto na indústria quanto na academia pela eficiência e qualidade dos
resultados. Porém, no que tange a resistência ao rolamento, o modelo 5.2 se mostrou limitado
e não adequado para representar a RR. O principal motivo para isso é o fato de não haver um
termo dependente da pressão de inflação do pneu, que possui grande influência na RR e gera
resultados em média 18% superiores aos do modelo MF-Tyre 6.2. Mesmo assim, a qualidade
desse último modelo pode ser melhorada ainda mais com a introdução de dados experimentais
de resistência ao rolamento com variação de ângulo de cambagem para se eliminar a suposição
de perfeito alinhamento no desenvolvimento do modelo.
possui incerteza superior a 10%, logo a diferença encontrada foi atribuida às condições de vento
do teste e não a influência da geometria.
Referências
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ANAGNOSTOPOULOS, K. From NEDC to WLTP: effect on the type - approval CO2
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Business Media, 2010.
Referências 74
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1997. v. 43.
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(ACAM 2007). [S.l.], 2007. v. 1, p. 620–625.
23 TAMASHO, T.; DOI, K.; HAMABE, T.; KOSHIMIZU, N.; SUZUKI, S. Technique for
reducing brake drag torque in the non-braking mode. JSAE review, Elsevier, v. 21, n. 1, p.
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26 SAE J2452. Stepwise Coastdown Methodology for Measuring Tire Rolling Resistance.
[S.l.], 1999. 36 p.
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Traffic Safety Administration (Ed.). The Pneumatic Tire. [S.l.]: United States Department of
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28 SCHURING, D. The rolling loss of pneumatic tires. Rubber Chemistry and Technology,
v. 53, n. 3, p. 600–727, 1980.
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ZÖLLER, M. Road surface influence on tyre/road rolling resistance. [S.l.], 2011.
30 ISO 28580. Passenger car, truck and bus tyres - Methods of measuring rolling resistance -
Single point test and correlation of measurement results. [S.l.], 2009. 26 p.
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38 AGENCY, E. P. www.epa.gov/vehicle-and-fuel-emissions-testing/dynamometer-drive-
schedules. 2017. Acesso 25/01/2018.
42 FULLER, W. A. Measurement error models. [S.l.]: John Wiley & Sons, 1987.
76
APÊNDICE A – Cálculo de f0 e f2
A norma ABNT 10312 determina que para cada k-ésima desaceleração, são calcu-
lados os coeficientes f0 e f2 , de acordo com as relações das Equação A.1 e A.2, com os termos
A, C, D e E determinados pela Tabela 14.
0 D×A−C ×E
f0,k = × Me (A.1)
(n − 1) × D − C 2
0 (n − 1) × E − C × A
f2,k = × Me (A.2)
(n − 1) × D − C 2
Todas as incertezas apresentadas foram obtidas por dados coletados da ficha técnica
dos equipamentos ou de calibrações prévias realizadas pelos laboratórios onde se fora realizados
os ensaios, portanto, de acordo com o Guia de Espressão de Incertezas em Medições (GUM)
[40, 41], são todas incertezas do Tipo B.
Finalmente, a RR deve ser corrigida para representar o valor em uma superfície plana. Isso é
feito pela Equação B.3.
RRT
RRf s = p (B.3)
1 + Rrw
Combinando as Equações B.1, B.2 e B.3 tem-se uma relação direta entre as variáveis medidas
e o valor final de RR, dado pela Equação B.4
h i
RL
Fx 1 + R w
· [1 + k(TA − TR )]
RR = (B.4)
1 + Rrw
p
O termo r é uma medida teórica e portanto exata, sem incerteza de medição as-
sociada. O termo k não possui incerteza divulgada, porém considerando a ordem da própria
grandeza, assumiu-se que a incerteza associada a ela é insignificante e pode ser desconsiderada.
Assim, para a estimativa da RR, deve-se contabilizar a incerteza de quatro parâmetros: Fx , RL ,
Rw e TA .
cada um desses fatores também possui uma incerteza associada que deve ser considerada
RR = P α · N β · (a + b · V + c · V 2 ) (B.10)
Tabela 16 – Incerteza da medição da pressão do pneu, carga vertical sobre o pneu e velocidade
do tambor
Considerações para as incertezas dos equipamentos
Distribuição normal
Nível de abrangência 95%
Graus de liberdade ∞
Coeficiente t-Student 1,96
Incertezas de medição
Descrição/ Incerteza Incerteza
Símbolo Unidade padrão expandida
fonte de incerteza
u U
Medição da pressão de inflação
uP kP a 0,4 0,7
do pneu
Medição da carga vertical sobre
uN N 5,1 10
o pneu
uV Medição da velocidade do
km/h 0,051 0,100
tambor
Fonte: Ficha técnica do fabricante MTS
Finalmente, a incerteza padrão média dos 48 pontos medidos para cada pneu foi
tomada como a incerteza padrão global do respectivo pneu. O fator de abrangência escolhido foi
de 95%, portanto o coeficiente t-Student de 1,96. A Tabela 17 apresenta as incertezas relativas
para cada pneu utilizado no trabalho.
Fonte: Autor
Ainda, como mencionado nas seções anteriores, de acordo com a literatura, a incer-
teza dos coeficientes resultantes de uma regressão é dada pela matriz de covariância da última
iteração do método. Para todos resultados de regressões realizados nesse trabalho a matriz de
covariância indicou variância desprezível dos coeficientes. Fato esse suportado pelo coeficiente
de correlação R2 sempre superior a 0,99.
2. De acordo com o manual de calibração das rodas fônicas utilizadas no teste, a incerteza
da medição é de 0,12 impulsos por giro. Considerando que a resolução da roda fônica é
de 1000 impulsos/giro e a velocidade ângular da roda durante o teste, a incerteza final da
velocidade linear (valor de interesse) é da ordem de 10−5 , o que é desprezível;
4. Por não haver uma função matemática que calcula as resistências desejadas e apresenta
mutuamente os termos de massa e temperatura, a incerteza padrão combinada será calcu-
lada pela soma das incertezas padrão relativas dos fatores, ou seja:
5. Para a temperatura, foi considerada a incerteza relativa do pior caso por conservadorismo.
Portanto, foi considerada a incerteza relativa à temperatura ambiente por ser o menor
valor absoluto logo a maior incerteza relativa.
Fonte: Autor