Unidade Ii - Parâmetros de Linhas de Transmissão
Unidade Ii - Parâmetros de Linhas de Transmissão
Unidade Ii - Parâmetros de Linhas de Transmissão
UNIDADE II
PARÂMETROS DE LINHAS
DE TRANSMISSÃO
Elaboração
Rafaela Filomena Alves Guimarães
Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração
SUMÁRIO
UNIDADE II
PARÂMETROS DE LINHAS DE TRANSMISSÃO..............................................................................5
CAPÍTULO 1
PARÂMETROS DE LINHAS DE TRANSMISSÃO....................................................................... 5
REFERÊNCIAS.........................................................................................................................59
PARÂMETROS
DE LINHAS UNIDADE II
DE TRANSMISSÃO
Capítulo 1
PARÂMETROS DE LINHAS DE TRANSMISSÃO
O valor da resistência é obtido dividindo-se o valor da tensão (V) pela corrente (I) que
circula em um filamento, ou seja:
R= . (Equação 78)
Essa lei também pode ser memorizada desenhando-se um triângulo, em que são
inseridas na parte superior a tensão e na parte inferior a resistência e a corrente.
Ao ocultarmos a grandeza que estamos procurando, a relação que permanece exposta
nos indica a equação que devemos fazer. Assim, ao ocultarmos a letra R, temos a relação
da tensão dividida pela corrente (V/I), ao ocultarmos a letra I, temos que a corrente é
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UNIDADE II | Parâmetros de linhas de transmissão
dada pela divisão da tensão pela resistência (V/R) e, por fim, ao ocultarmos a tensão,
temos que a mesma é dada pelo produto da corrente vezes a resistência (V = R x I).
Muitos autores representam a tensão pela letra U e não pela letra V.A tensão é dada
em Volts, a corrente em Ampères e a resistência é dada em Ohms.
Os resistores são encontrados nos chuveiros, onde aquecem a água para tomarmos
banho, na churrasqueira elétrica, no ferro de passar, na chapinha do cabelo, no
aquecedor elétrico, resumindo, em qualquer equipamento elétrico que produza calor
como objetivo principal a partir da energia elétrica.
Os resistores são os elementos mais básicos de um circuito elétrico. Eles dissipam a energia
elétrica na forma de calor e não modificam a forma de onda da tensão em relação à corrente.
A resistência elétrica é determinada pela facilidade que um material, neste caso chamado
de condutor, tem de conduzir a corrente elétrica (o material apresentará uma baixa
resistência a passagem da corrente) ou pela dificuldade que um material tem para
deixar passar a corrente elétrica. Dessa maneira, o material será chamado de isolante.
O ponto de rompimento dessa resistência à passagem da corrente elétrica é chamado
de rigidez dielétrica. Por exemplo, o ar tem uma alta rigidez dielétrica, mas até ele em
algum momento torna-se um condutor. A este fenômeno damos o nome de raio.
A resistência multiplicada pela corrente ao quadrado. Quanto maior a tensão, menor será
a corrente, e menores serão as perdas ôhmicas. Como P é constante, se aumentarmos
a tensão diminuímos a corrente.
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Parâmetros de linhas de transmissão | UNIDADE II
R= (Equação 80)
sendo que:
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UNIDADE II | Parâmetros de linhas de transmissão
= (Equação 81)
Milton (2018, p. 74) afirma que "a distribuição uniforme de corrente pela seção
transversal de um condutor ocorre somente com corrente contínua". Uma corrente
alternada (variável com o tempo) provoca densidade de corrente não uniforme e,
à medida que aumenta a frequência de uma corrente alternada, acentua-se a não
uniformidade da distribuição de corrente alternada. Esse fenômeno é chamado de
efeito pelicular. Em um condutor circular, a densidade de corrente usualmente cresce
do interior para a superfície.
O efeito pelicular é função da frequência, por isso o sistema elétrico de potência limita
a frequência do sistema em 50 ou 60 Hz. Mesmo para essas frequências consideradas
pequenas, o efeito pelicular deve ser observado devido ao fato que ele pode ser uma
das causas para que os cabos das linhas de transmissão sejam danificados.
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Parâmetros de linhas de transmissão | UNIDADE II
Para 20 ºC, e pela equação (80) com o aumento de 2% por causa do encordoamento
temos:
= = 1,0575
Como o alumínio tem uma condutividade menor do que a do cobre, será necessária uma
quantidade maior dos cabos para conduzir a mesma corrente. Esse fato é compensado
devido ao preço do alumínio ser mais baixo do que o de cobre. Mesmo o seu custo de
fixação, ou seja, o custo para instalação destes cabos nas torres de transmissão é menor
devido a sua propriedade mecânica.
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UNIDADE II | Parâmetros de linhas de transmissão
» CAA – condutor de alumínio com alma de aço, cuja denominação mais conhecida
é ACSR (Aluminium Cable Steel Reinforced);
Pinto (2018, p. 89) afirma que "os condutores de liga de alumínio (AAAC) possuem
maior resistência à tração do que os condutores de alumínio comum para fins elétricos.
O CAA é constituído por um núcleo central (alma) de fios de aço, envolvido por coroas
de fios de alumínio. O ACAR possui um núcleo central de fios de liga de alumínio de
maior resistência mecânica, envolvido por coroas de fios de alumínio para fins elétricos".
A figura 22 ilustra um modelo de cabo de média tensão.
Toda linha de transmissão possui uma faixa de segurança, uma distância mínima
que deve ser respeitada, para que as pessoas não sejam afetadas pelos efeitos
eletromagnéticos. Para uma linha de 500 kV, a faixa de servidão é de 65 m, já para a
linha de 138 kV, a faixa diminui para 30 m divididos igualmente ao redor da torre, ou
seja, 15 m para cada lado.
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Parâmetros de linhas de transmissão | UNIDADE II
Figura 23. Comparação dos custos das linhas de transmissão CA (Corrente Alternada) x CC
(Corrente Contínua).
A figura mostra uma comparação entre o custo de uma linha em corrente alternada
versus uma linha em corrente contínua. Uma linha em corrente contínua é formada
somente de dois condutores (um positivo e o outro negativo – geralmente em torres
separadas), sendo que ainda na falta de um lado, a terra pode ser usada como retorno). Já
as linhas em corrente alternada necessitam de no mínimo três cabos – um para cada fase.
O problema das linhas em corrente contínua são as unidades retificadoras que este sistema
exige, já que a geração é feita em corrente alternada. É preciso converter para o sistema
de corrente contínua na subestação geradora e fazer o processo inverso perto do centro
de consumo. Esta tecnologia é feita através de pontes de tiristores e é relativamente cara.
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UNIDADE II | Parâmetros de linhas de transmissão
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Parâmetros de linhas de transmissão | UNIDADE II
para a negociação de energia elétrica no nosso país. Esse vídeo está disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=lYzFltFiQ18. Acesso em: 16 nov. 2022.
Na figura 25, podemos ver como o indutor atrasa a corrente em relação à tensão e o
indutor produz o efeito inverso, o de atrasar a corrente em relação à tensão.
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XL = 2 fL (Equação 82)
XC = (Equação 83)
O capacitor é usado para armazenar energia nos equipamentos elétricos, ele ajuda
na partida de muitos equipamentos como nos reatores de lâmpadas fluorescentes.
É devido ao capacitor que não devemos tocar em placas eletrônicas ao abrirmos
aparelhos eletrônicos que acabaram de ser desligados.
As linhas de transmissão nada mais são que conjuntos de condutores (de cobre ou de
alumínio) que transportam energia elétrica dos geradores às cargas. A impedância da
linha é um dos parâmetros que devem ser considerados no cálculo de capacidade da
linha e consequentemente usado na definição da tensão de operação da linha, isto é
feito basicamente representando a impedância pela associação série de um resistor e
um indutor. E essa indutância depende do comprimento da linha: quanto mais longas
as linhas, maiores as indutâncias.
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Parâmetros de linhas de transmissão | UNIDADE II
envolve este circuito também varia. A fem (força eletromotriz induzida) é uma função
proporcional e possui relação direta com a taxa de variação da corrente em relação ao
tempo. A essa constante de proporcionalidade damos o nome de indutância do circuito.
A indutância é dada pela tensão variando no tempo que é igual a indutância multiplicada
pela derivada da corrente no tempo.
Todos os equipamentos que realizam trabalho a partir da energia elétrica e não possuem
como característica principal a produção de calor como os resistores, são constituídos por
indutores. Os motores, geradores, transformadores são todos constituídos por indutores.
A indutância pode ser definida por meio de duas equações. A primeira estabelece uma
relação proporcional entre a tensão induzida e a taxa de variação do fluxo concatenado
com o circuito. O fluxo concatenado é aquele que ocorre porque as espiras da bobina
enlaçam o fluxo em sua totalidade. A tensão induzida é dada por:
= (Equação 85)
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onde:
A equação (89) se aplica para valores instantâneos. Para uma corrente alternada senoidal,
teremos que utilizar a notação fasorial:
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V = j w L I (V)
(Equação 91)
V = j w y (V)
A equação (91) nos mostra que a indutância é uma função da frequência, já que w =
2 f. No Brasil nossa frequência é de 60 Hz. A indutância mútua entre dois circuitos
é definida como sendo o fluxo que surge em um circuito (no caso na linha), devido à
corrente no outro circuito (dada em Ampères). Se a corrente I1 produz no circuito 2 o
fluxo concatenado y21, a indutância mútua será:
Esse fluxo é devido a duas influências: uma externa e outra interna. Para uma primeira
análise, vamos desconsiderar a influência de outros condutores, considerando somente
as linhas de fluxo concêntricas ao condutor.
Monticelli e Garcia (2011, p. 52) afirmam que "a força magnetomotriz (fmm), em
Ampères-espiras, ao longo de qualquer contorno é dado pela equação de Maxwell que
calcula essa força em uma seção transversal deste condutor e nos diz que ela é igual à
corrente que atravessa esta área", portanto
em que
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UNIDADE II | Parâmetros de linhas de transmissão
Monticelli e Garcia (2011, p. 52) denomina por “Hx a intensidade de campo localizada
a uma distância de x m do centro deste condutor". Por esse condutor ser circular, os
pontos x estarão a uma mesma distância do centro do condutor fazendo com que
possamos integrar a equação (94) e obtendo:
2 x Hx = Ix (Equação 95)
Ix = I (Equação 96)
Zanetta (2005, p. 26) define que "os cálculos feitos se referem a uma unidade de
comprimento do condutor, ou seja, as indutâncias também serão expressas em valores
por unidades de comprimento. Para o cálculo do fluxo interno do condutor, imaginemos
uma seção circular infinitesimal de espessura dx, sendo seu fluxo df igual ao campo
magnético Bx (dado pela equação 98) vezes a área da seção transversal deste condutor".
O fluxo incremental em uma superfície retangular de lado dx e comprimento igual a
uma unidade de comprimento é dado por
Pois o fluxo df se concatena (enlaça) apenas com uma fração da corrente i dada por .
Integrando desde o centro até a periferia do condutor, para achar o yint, teremos o fluxo
total concatenado que será dado por:
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Parâmetros de linhas de transmissão | UNIDADE II
yint = dx
(Equação 101)
yint = Wbe/m
Esse valor é a indutância devida ao fluxo interno (para condutores cilíndricos), por
unidade de comprimento.
2 Hx = I (Equação 103)
Agora vamos calcular o fluxo para uma parte infinitesimal deste elemento tubular:
Os fluxos concatenados dy e o fluxo total df são iguais, pois o fluxo externo ao condutor
concatena toda a corrente do condutor uma vez só. Se integrarmos o fluxo dy desde
x = D1 até x = D2, obteremos o fluxo total:
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UNIDADE II | Parâmetros de linhas de transmissão
O valor dessa indutância dependerá das distâncias D1 e D2. Para se evitar esse trabalho
matemático de sempre se conhecer essa distância, foi criado o conceito de raio reduzido
de um condutor, ou seja, um condutor que conduz a mesma corrente que o condutor
original de raio R e ao mesmo tempo produz o mesmo fluxo concatenado.
Depois disso, vamos imaginar duas linhas monofásicas formadas por dois condutores
sólidos cada uma e de raios r1 e r2, sendo que uma linha funciona como retorno para
a outra. Começaremos nosso estudo pela análise do condutor 1. Ao projetarmos uma
linha localizada a uma distância D + r2 e com centro no condutor 1, esta linha não
estará concatenando fluxo com o circuito 1 e, portanto, não estará induzindo tensão.
Chegaríamos ao mesmo raciocínio considerando que, por serem retorno, um cabo do
outro as correntes possuem sinais opostos.
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Parâmetros de linhas de transmissão | UNIDADE II
O raio corresponde a um condutor fictício, sem fluxo interno, porém com a mesma
indutância do condutor real, de raio r1. A constante é igual a 0,7788. A equação
(113) dá para a indutância o mesmo valor que a equação (109). Nestas equações, o fator
0,7788 só é aplicável a condutores sólidos de seção circular.
O mesmo raciocínio é válido para o circuito 2 que só está atrasado de 180º (por um
circuito ser retorno do outro), ou seja, nos baseando pela equação (114), a indutância
devido à corrente no condutor 2 será dada por:
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UNIDADE II | Parâmetros de linhas de transmissão
Vamos analisar o fluxo concatenado em linhas trifásicas lembrando que a soma das
correntes em uma linha trifásica é igual a zero. Considerando os condutores 1, 2, 3, e às
correntes fasoriais , . Suas distâncias afastadas de um ponto P qualquer adotado
como referência serão dadas por D1P, D2P, D3P. Vamos determinar y1P1, o fluxo concatenado
com o condutor 1, devido à corrente , incluindo o fluxo interno, excluindo, porém todo
o fluxo além do ponto P. Pelas equações (102) e (107):
y1P1 = 10-7
(Equação 118)
y1P1 = 2 x 10-7 I1 ln Wbe/m
Agora vamos fazer o mesmo para o fluxo concatenado y1P2, com o condutor 1, devido
a , (isto é, limitado pelas distâncias D2P e D12, do condutor 2), portanto:
O fluxo concatenado com o condutor 1, y1P, devido a todos os três condutores, excluindo
o fluxo além de P, é:
Deslocando o ponto P para bem longe, o conjunto dos termos com logaritmos de
quocientes de distâncias ao ponto P se tornam infinitesimais, pois estas distâncias
tendem à unidade, restando somente:
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Parâmetros de linhas de transmissão | UNIDADE II
Stevenson (1986, p. 55) também afirma que "normalmente são disponíveis tabelas de
valores de RMG dos condutores encordoados, em que também constam informações
para serem utilizadas no cálculo da reatância indutiva, da reatância capacitiva em
derivação e também da resistência". Algumas tabelas utilizam as unidades em pés,
polegadas e milhas, outras utilizam quilômetros e metros.
A reatância indutiva é muito mais utilizada que a indutância, pois temos que considerar
a influência da frequência, e sua fórmula é dada por:
XL = 2 fL=2 f 2 10-7 ln
(Equação 126)
=4 f 10 ln
-7
W/m
Ou
condutor, 1 pé de
Número de fios
CA, 60 Hz espaçamento 60 Hz
alumínio
CC,
Al/Aço
(cmil)
(pol)
20 ºC, Capacitiva
Indutiva
M/1.000 20 ºC, 50 ºC,
Xa, Ω/ M
pés Ω/mi Ω/mi
mi
Ω/mi
Waxwing 266.800 18/1 2 0,609 0,0646 0,3455 0,3831 0,0198 0,476 0,1090
Partridge 266.800 26/7 2 0,642 0,0640 0,3452 0,3792 0,0217 0,465 0,1074
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UNIDADE II | Parâmetros de linhas de transmissão
Diâmetro externo
Área de alumínio
Nome comercial
condutor, 1 pé de
Número de fios
alumínio
CC,
Al/Aço
(cmil)
(pol)
20 ºC, Capacitiva
Indutiva
M/1.000 20 ºC, 50 ºC,
Xa, Ω/ M
pés Ω/mi Ω/mi
mi
Ω/mi
Ostrich 300.000 26/7 2 0,680 0,0569 0,3070 0,3372 0,0229 0,458 0,1057
Merlin 336.400 18/1 2 0,684 0,0512 0,2767 0,3037 0,0222 0,462 0,1055
LInnet 336.400 26/7 2 0,721 0,0507 0,2737 0,3006 0,0243 0,451 0,1040
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Separação
Polegadas
Pés 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
0 ....... 0,3015 -0,2174 -0,1682 -0,1333 -0,1062 -0,0641 -0,0654 -0,0492 -0,0349 -0,0221 -0,0106
1 0 0,0097 0,0187 0,0271 0,0349 0,0423 0,0492 0,0558 0,0620 0,0679 0,0735 0,0789
2 0,0841 0,0891 0,0938 0,0984 0,1028 0,1071 0,1112 0,1152 0,1190 0,1227 0,1264 0,1299
3 0,03333 0,1366 0,1399 0,1430 0,1461 0,1491 0,1530 0,1549 0,1577 0,1604 0,1631 0,1657
4 0,1682 0,1707 0,1732 0,1756 0,1779 0,1802 0,1825 0,1847 0,1809 0,1891 0,1912 0,1637
5 0,1953 0,1973 0,1993 0,2012 0,2031 0,2050 0,2069 0,2087 0,2105 0,2123 0,2140 0,1933
6 0,2174 0,2191 0,2207 0,2240 0,2240 0,2256 0,2271 0,2287 0,2302 0,2317 0,2332 0,2347
7 0,2361 0,2376 0,2390 0,2418 0,2418 0,2431 0,2445 0,2458 0,2472 0,2485 0,2498 0,2511
8 0,2523
9 0,2668
10 A 60 Hz, em W/mi por condutor Xd = 0,2794 log d, onde d = separação (unidade: pé). Para linhas
trifásicas d= Deq
1 pé = 12 polegadas
49
As equações obtidas até agora podem ser utilizadas para linhas trifásicas simétricas e
equilibradas (sem o condutor neutro) onde + + = 0. O fluxo concatenado com
linha de transmissão representada pela fase a é determinado por meio da equação
(125), substituindo os circuitos 1, 2 e 3 por a, b e c:
A equação (131) é análoga à equação (114), referente a uma linha monofásica, com
a mudança de r' por Ds. Como os cabos utilizados na instalação de uma linha de
transmissão são feitos no mesmo lote, as linhas de transmissão possuem simetria
quanto as suas fases, ou seja, a impedância da fase a, b e c são iguais, deste modo
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UNIDADE II | Parâmetros de linhas de transmissão
podemos calcular a indutância própria da linha A e este valor será igual para as fases
b e c.
O cálculo da indutância se torna mais difícil quando a linha trifásica for instalada com
os condutores utilizando espaçamento assimétrico ou quando o material do cabo
não estiver sido feito do mesmo lote. Neste caso, o fluxo concatenado e a indutância
correspondentes a cada fase não são os mesmos. O circuito se torna desequilibrado
porque cada fase apresenta um valor de indutância diferente. Nesse caso, é feita a
transposição da linha a cada 200 m ou 600 m (caso de linhas muito longas) para que a
simetria seja restabelecida. A esse processo damos o nome de transposição de linhas.
conforme está mostrado na figura 27. Com esse arranjo físico, o valor da indutância
média de cada condutor é mantido igual nas três fases.
Portanto teremos:
a1
= 2 x 10-7 Wbe/m (Equação 132)
a2
= 2 x 10-7 Wbe/m (Equação 133)
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Parâmetros de linhas de transmissão | UNIDADE II
a3
= 2 x 10-7 Wbe/m (Equação 134)
a
= = Wbe/m (Equação 135)
Considerando que a soma das 3 correntes Ia + Ib + Ic é igual a zero, temos que Ia = - (Ib + Ic):
a
= = 2 x 10-7 a
ln Wbe/m (Equação 136)
Onde
Deq = (Equação 138)
O efeito corona ocorre com o rompimento da rigidez dielétrica do ar perto das linhas
de transmissão, onde por causa do alto campo magnético o ar torna-se condutor de
energia elétrica, aparece como descargas ao longo das torres). Esse efeito torna-se
excessivo nas tensões acima de 230 kV, isto é, para extra-altas-tensões (EAT), esse efeito
aumenta as perdas de potência e a interferência nas comunicações.
Os condutores dos cabos triplos são geralmente colocados nos vértices de um triângulo
equilátero, enquanto os cabos quádruplos os têm nos vértices de um quadrado. Existem
várias disposições, todas baseadas em figuras geométricas de lados iguais. As torres de
transmissão possuem vários formatos que dependem da carga que devem suportar e
do solo no qual estão instaladas.
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UNIDADE II | Parâmetros de linhas de transmissão
= = xd (Equação 139)
= = (Equação 140)
L = 4 x 10-7 ln .
= 7,4203
A capacitância é função da tensão entre os condutores, o que faz surgir uma diferença
de potencial que funciona como se fosse um capacitor. Esse parâmetro varia com a
distância entre as linhas e o tamanho das linhas, o que faz com que seja de fundamental
importância para linhas longas. Já para linhas curtas, que são aqueles com uma extensão
menor que 80 km este efeito pode ser desprezado. Já para linhas médias, algumas vezes
ele é considerado e em outras não.
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Parâmetros de linhas de transmissão | UNIDADE II
capacitância sobre a potência reativa (responsável por manter o campo girante das
máquinas, ou acumular energia para que o equipamento possa vencer a situação de
inércia, ou repouso).
O campo elétrico tem origem no polo ou carga positiva e vai em direção ao polo ou
carga negativa. Esse campo cria uma densidade de fluxo elétrico que é medido em
Coulombs por metro quadrado (C/m2).
A Lei de Gauss para campos elétricos estabelece que o fluxo total por meio de uma
superfície fechada s é igual ao total de carga elétrica existente no interior da superfície.
Ao inserirmos um cabo elétrico em um meio como o ar, e o conectarmos a uma fonte,
ele terá uma carga uniforme em seu comprimento com o fluxo em forma de círculos
concêntricos, ou seja, todos os pontos à mesma distância deste condutor estarão em um
mesmo potencial de tensão (a este fenômeno damos o nome de pontos equipotenciais)
tendo a mesma densidade de fluxo elétrico. Imaginemos agora que este círculo esteja
a uma distância de x metros do centro do condutor. A densidade do fluxo elétrico
sobre essa superfície equipotencial é igual ao fluxo que sai do condutor por metro de
comprimento, dividido pela área da superfície contida em um comprimento cilíndrico
com raio de um metro. A densidade de fluxo elétrico pode ser calculada por:
12
= dx = dx = ln (V) (Equação 144)
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UNIDADE II | Parâmetros de linhas de transmissão
A capacitância dessa linha é obtida pela divisão da carga em C/m pela queda de tensão
entre esses dois fios, sendo representada por
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Parâmetros de linhas de transmissão | UNIDADE II
ab
= ln + ln (V) (Equação 146)
ab
= (V) (Equação 147)
ab
= (V) (Equação 148)
considerando ra = rb = r:
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UNIDADE II | Parâmetros de linhas de transmissão
A equação (150) dá a capacitância entre condutores de uma linha a dois fios. Às vezes, é
desejável conhecer a capacitância entre um dos condutores e um ponto neutro entre eles.
A equação (151) corresponde à equação (114) para a indutância, lembrando que o raio
aqui é o raio real do condutor (para capacitância não temos o efeito das mútuas).
As equações (146) e (150) foram deduzidas a partir da equação (144), que se baseia na
suposição de distribuição uniforme de carga sobre a superfície do condutor. Quando
estiverem presentes outras cargas, a distribuição de carga sobre a superfície do condutor
não será uniforme, e as equações deduzidas a partir da equação (144) não serão
precisamente corretas. Mas esse erro pode ser desprezado porque é igual a 0,01%.
Agora precisamos corrigir o valor obtido para a capacitância de cabos singelos (equação
151) para cabos encordoados (porque eles evitam o efeito corona), já que os cabos
utilizados em linhas de transmissão são todos encordoados (um cabo é composto de
vários cabos trançados). Felizmente o erro devido à utilização do raio do condutor
encordoado é muito pequeno e pode ser desprezado, ou seja, essa equação também
é válida para cabos encordoados.
sendo o valor C na equação (152) dado em Faradays por metro (F/m), a unidade
apropriada para XC será ohms-metro (W.m).
32
Parâmetros de linhas de transmissão | UNIDADE II
A tabela 1 inclui os valores de para as bitolas mais comuns de cabos CAA, e existem
à disposição tabelas para os outros tipos de condutores, em suas diferentes bitolas. Na
tabela 2, é apresentada uma lista de valores de .
Polegadas
Pés 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
0 ....... -0,0737 -0,0532 -0,0411 -0,0326 -0,0260 -0,0206 -0,0160 -0,0120 -0,0085 -0,0054 -0,0026
1 0 0,0024 0,0046 0,0066 0,0085 0,0103 0,0120 0,0136 0,0152 0,0166 0,0180 0,0193
2 0,0841 0,0218 0,0241 0,0241 0,0251 0,0262 0,0272 0,0282 0,0291 0,0300 0,0309 0,0318
3 0,03333 0,0334 0,0350 0,0350 0,0357 0,0365 0,0372 0,0379 0,0385 0,0392 0,0399 0,0405
4 0,1682 0,0417 0,0429 0,0429 0,0435 0,0441 0,0446 0,0452 0,0457 0,0462 0,0467 0,0473
5 0,1953 0,482 0,0492 0,0492 0,0497 0,0501 0,0506 0,0510 0,0515 0,0519 0,0523 0,0527
6 0,2174 0,0536 0,0544 0,0544 0,548 0,552 0,055 0,0559 0,563 0,0567 0,570 0,0574
7 0,2361 0,0581 0,0588 0,0588 0,0591 0,0594 0,0598 0,0601 0,064 0,0608 0,011 0,0614
8 0,2523
9 0,2668
10
A 60 Hz, em W/mi por condutor . = 0,06831 log d
D = separação, pé para linhas trifásicas d= Deq
1 pé = 12 polegadas
49
Imaginemos uma linha de transmissão formada por três condutores dispostos em forma
de um triângulo com lados iguais. A equação (146) representa a tensão entre esses dois
condutores por causa da carga em cada um deles, logo ab será igual a:
Incluindo o efeito de qc graças a equação (144) temos que a tensão Vab somente devido
a carga na fase c será de:
33
UNIDADE II | Parâmetros de linhas de transmissão
que é igual a zero, pois qc está localizado a mesma distância de a e de b, o que faz com
que ln 1 = 0. Para ter uma precisão matemática rigorosa consideraremos o efeito das
três fases no cálculo, assim mesmo:
Equivalentemente:
No nosso cálculo, não estamos considerando o efeito da terra, por imaginá-la distante
das linhas trifásicas. Adotando a notação fasorial e substituindo qa + qb por – qa na
equação (159), obtemos:
34
Parâmetros de linhas de transmissão | UNIDADE II
Por ser uma senoide o valor instantâneo de an varia e utilizamos o valor eficaz. Os valores
da capacitância para linhas assimétricas variam devido à variação da distância entre as
linhas a, b, e c. Quando as linhas são transpostas, essa assimetria é diminuída; mesmo
se a linha não for transposta, o erro de cálculo é pequeno e pode-se desprezar essa
assimetria.
Agora vamos obter as três equações de Vab para as três posições diferentes no ciclo de
transposição. Com a fase a na posição 1, b na posição 2 e c na posição 3,
Finalmente, de acordo com Stevenson (1986, pp. 83 e 84), podemos observar que:
35
UNIDADE II | Parâmetros de linhas de transmissão
Logo:
Vab = = V
(Equação 171)
Onde:
Deq = (Equação 172)
36
Parâmetros de linhas de transmissão | UNIDADE II
Para uma linha de cabos múltiplos, é possível, conforme proposto por Stevenson (1986,
p. 88):
Se a carga na fase a for qa, cada um dos condutores a e a' terá uma carga qa/2; para as
fases b e c serão admitidas divisões semelhantes de carga. Então:
As letras sob cada termo logarítmico indicam o condutor cuja carga é considerada
naquele termo. Combinando os termos, obtemos:
37
UNIDADE II | Parâmetros de linhas de transmissão
= = (Equação 182)
Logo:
Deq = = 7,1138
Então:
= (Equação 184)
38
Parâmetros de linhas de transmissão | UNIDADE II
Sendo que Lii = LP= L11, L22 e L33 são chamadas de indutâncias próprias e Lij = LM= L12 =
L21, L13 = L31 e L23 = L32 são chamadas de indutâncias mútuas.
(Equação 185)
=
Sendo que Cii = CP= C11, C22 e C33 são chamadas de indutâncias próprias e Cij = CM= C12
= C21, C13 = C31 e C23 = C32 são chamadas de indutâncias mútuas.
39
UNIDADE II | Parâmetros de linhas de transmissão
As linhas de transmissão curtas podem ser representadas por seu modelo simplificado,
conforme mostrado na figura 29, composto de uma resistência e uma reatância indutiva
+ j XL. Podemos representar esta linha por um resistor em série com um indutor ou um
retângulo para indicar uma carga desconhecida. A reatância indutiva XL é dada por 2 f L.
s
= Icarga (R + j XL) + Icarga Zcarga
(Equação 186)
s
= Icarga (R + j XL + Zcarga)
40
Parâmetros de linhas de transmissão | UNIDADE II
dessas linhas tiveram que ser instaladas em rios ou regiões onde a realização da
fundação também foi considerada um desafio.
O circuito de uma linha curta é o mesmo circuito representado pela figura 29.
Se a indutância L é igual a 9,59 x 10-6 H/km, então L será igual a L = 9,59 x 10-6 x
45 = 0,0004 H.
Ibase = = = 454,5455 A
Zbase = = = 0,4840 Ω
Como o fator de potência da carga é igual a cos j = 0,8, o ângulo será obtido por:
41
UNIDADE II | Parâmetros de linhas de transmissão
Vgerador = vcarga + ZL x i
Voltando para Volts temos que a tensão no gerador será dada por:
As linhas médias são representadas pelo modelo (pi) nominal mostrado na figura
30. Ao modelo de linhas curtas é acrescido um capacitor shunt (em paralelo) dividido
em duas partes iguais a Yc / 2 (a letra Y refere-se admitância capacitiva, a admitância é
o inverso da impedância capacitiva que é dada por Xc = 1/(2 f C) e ligado nas duas
extremidades do modelo de linha curta o que faz com que este modelo se pareça com
a letra grega pi motivo do nome deste modelo de representação da linha.
s
= + R
(Equação 187)
s
= R
+ R
42
Parâmetros de linhas de transmissão | UNIDADE II
s
= s
+ R
+ R
(Equação 188)
s
= R
+ R
Agora o valor de s
dado pela equação (188), pode ser substituído, e o resultado será:
s
= R
Y + + R
(Equação 189)
s
=A R
+B R
(Equação 190)
s
=C R
+D R
sendo que:
A=D= +1
B= (Equação 191)
C=Y=
O circuito de uma linha curta é o mesmo circuito representado pela figura 30.
Se a linha tem uma resistência igual a R = 0,0032 Ω/km e um comprimento igual a 130
km, então R = 0,0032 x 130 = 0,4160 Ω.
43
UNIDADE II | Parâmetros de linhas de transmissão
Se a indutância L é igual a 9,59 x 10-6 H/km, então L será igual a L = 9,59 x 10-6 x 130 =
0,0012 H.
O valor do capacitor dessa linha é igual a 5,72 x 10-8 x 130 = 7,436 x 10-6 F.
YC = e XC = = = 356,7217 Ω
YC = = = = 0,0028 S (Siemens)
= = 0,0014 S
B = Z = (0,4160 + j 0,4700) Ω
Como o fator de potência da carga é igual a cos j = 0,8, o ângulo será obtido por:
I= = = 454,5455 ∠ 0º A
Vgerador = A Vcarga + B x I
44
Parâmetros de linhas de transmissão | UNIDADE II
Os parâmetros concentrados podem ser usados sem maiores problemas para linhas
curtas e médias, o que não ocorre para linhas longas, cujo modelo está representado
na figura 31. Neste caso, faz-se necessário utilizarmos os parâmetros distribuídos. Assim
como o equacionamento que se torna um pouco mais complicado com a introdução
dos senos e tangentes hiperbólicos.
B= c
senh g (Equação 192)
C=Y=
como pode ser visto as funções agora são cosh – cosseno hiperbólico e senh – seno
hiperbólico e a variável g é a constante de propagação da onda e é dada pela raiz
quadrada da multiplicação da impedância pela admitância, representadas por:
g= (Equação 193)
O problema das linhas longas é que, de acordo com Araújo e Neves (2005, p. 144),
“todo o equacionamento tem que ser feito com derivadas parciais devido ao fato
de que as ondas senoidais viajam no tempo e na frequência". Por esse motivo, as
correntes e tensões senoidais passam a serem chamadas de ondas viajantes, porque
agora dependendo do momento em que a análise é feita tem-se uma forma de onda.
45
UNIDADE II | Parâmetros de linhas de transmissão
pois essa ferramenta é muito útil para o caso de equações diferenciais ordinárias que
é a maneira de se escrever as formas de onda da tensão e corrente, em equações
diferenciais de primeira e segunda ordem, pois temos que considerar os domínios do
tempo e da frequência. Logo, a tensão pode ser escrita por:
dt = dt
(Equação 194)
dt = s V(x, s) – v(x,0)
em que utilizamos letras maiúsculas para indicar as transformadas de Laplace (as funções
que variam no tempo foram escritas com letras minúsculas).
Podemos substituir as derivadas parciais por totais e com o mesmo raciocínio obter a
corrente.
em que Zc(s) = .
46
Parâmetros de linhas de transmissão | UNIDADE II
Em alguns casos particulares de linhas, Zc(s) transforma-se em uma constante real pura –
casos de linhas sem distorção e sem perdas.
e Zc = , e podemos escrever:
(Equação 201)
V(x, s) = A(s) + B(s)
(Equação 202)
I(x, s) = -
em que = 1/ .
em que:
Uma linha sem distorção é definida como sendo aquela em que s = 0. Assim. g(s) = e
Zc(s) = (independentemente de s). Desse ponto em diante, para simplificar, a notação
Zc, sem o (s), será usada para representar indistintamente a impedância característica de
uma linha com, ou sem distorção ou perdas. Quando o contexto deixar alguma dúvida,
explicitar-se-á a dependência com a frequência.
47
UNIDADE II | Parâmetros de linhas de transmissão
Teoricamente, uma linha semi-infinita é definida como uma linha que tem uma das
extremidades acessível – normalmente chamada de início da linha – e a outra inacessível,
por encontrar-se no infinito. Dito de outra forma, uma linha semi-infinita é aquela em
que, de uma das suas extremidades, aquela localizada no infinito, não chega nenhum
sinal
» Condição inicial: o degrau unitário (u(t) = 1, para t > 0, e u(t) = 0, para t ≤ 0) tem
uma descontinuidade que ocorre em t = 0. Como a transformada inversa de Laplace
do degrau unitário é 1/s, pode-se escrever V(0, s) = 1/s. assim, colocando-se x =
0 na equação (207) e igualando-se o resultado a 1/s, tem-se:
(Equação 208)
V(0, s) = A(s) + B(s) (=0) = ⇒ A(s) =
48
Parâmetros de linhas de transmissão | UNIDADE II
O significado físico dessa equação fica claro quando a análise é feita no domínio do
tempo, utilizando-se o teorema da translação da transformada de Laplace (se f(t) . u(t)
tem uma transformada de Laplace F(s), então, a transformada de Laplace de f (t – T) . u
(t – T) é igual a e-sT. F(s).
(Equação 210)
v(x, t) = L-1 [V(x, s)] = L-1 = u(t – x/ )
isto é,
v(x, t) = u (t – x/ ) (Equação 211)
Com base na definição da função degrau u(t), sabe-se que v(x, t) = u(t – x/ ) = 1, se
(t – x/ ) > 0 e u (t -x/ ) = 0 para os outros pontos. Quando se fotografa a tensão em
todos os pontos da linha em um determinado instante de tempo t = T, o resultado
está mostrado na figura 33. Fotografias tiradas subsequentemente, com o passar do
tempo, ou seja, com o aumento contínuo de T vão mostrar um valor unitário constante
de tensão propagando-se ao longo da linha.
Considerem-se duas fotografias tiradas em dois instantes T1 < T2. Podem-se ver, nelas, dois
pontos X1 = T1 e X2 = T2 sendo energizadas pela tensão. A velocidade de propagação
da tensão pode ser calculada como = . Portanto o parâmetro = 1/ é, na
verdade, a velocidade com que o distúrbio de tensão se propaga ao longo da linha.
» (X, t) = 0, se t ≤ X/ .
49
UNIDADE II | Parâmetros de linhas de transmissão
A onda de tensão v(x, t) é acompanhada, em sua propagação, por uma onda de corrente
i(x,t), que pode ser obtida pela equação (202), considerando-se B(s) = 0 e transformando-se
I(x,s), para o domínio do tempo:
(Equação 212)
i(x, t) = u(t – x/ ) =
Para linhas monofásicas sem perdas com as duas extremidades acessíveis – linhas finitas,
vale a solução geral, em qualquer ponto da linha:
(Equação 213)
V(x, s) = A(s) + B(s) = Vp (x, s) + Vr (x, s)
(Equação 214)
I(x, s) = - = Ip (x, s) + Ir (x, s)
O sinal negativo da equação da corrente pode ser assim interpretado: a corrente tem
a direção associada com a magnitude. Outra característica importante das ondas
de tensão e corrente nas linhas é que elas respeitam o princípio da superposição.
Assim, duas ondas viajando em sentido contrário somam-se no ponto de encontro e
depois continuam suas propagações independentes.
Considere-se a figura 34, que mostra uma onda progressiva de tensão Vp(x, s), também
chamada de tensão incidente à descontinuidade, acompanhada por uma onda
50
Parâmetros de linhas de transmissão | UNIDADE II
Essa condição não pode ser satisfeita nem por um par (tensão/corrente) de ondas
progressivas, cuja relação é Zc, nem por um par de ondas regressivas, cuja relação é – Zc.
Ambos os pares de ondas devem existir, obrigatoriamente, na descontinuidade, a
despeito de, inicialmente, só existir o par de ondas progressivas. É comum dizer-se que
a descontinuidade gera o outro par regressivo (na verdade, o que gera o par de ondas
regressivo é a condição de contorno do problema na descontinuidade, que deve ser
obedecida pela equação da linha).
(Equação 216)
Vp(x, s) = A1 (s) e Ip(x, s) =
(Equação 217)
Vr(x, s) = A2 (s) e Ir(x, s) = -
51
UNIDADE II | Parâmetros de linhas de transmissão
E
(Equação 220)
I0(s) = Ip(0, s) + Ir(0, s) = [A1(s) - A2(s)]
(Equação 221)
A2(s) = A1(s) = G(s) . A1(s)
(Equação 222)
A1(s) + A2(s) = 2 A1(s) = H(s) . A1(s)
ou seja,
V0(s) = H(s) . A1(s)
(Equação 224)
Ir(x, s) = - = - G (s). A1(s)
Tensão
Corrente
-
52
Parâmetros de linhas de transmissão | UNIDADE II
Tensão
Corrente -
Note-se que, para o caso de linhas sem perdas, Zc é um número real, o que implica
fatores de reflexão e refração reais. Não há, portanto, deformação da onda incidente
quando ela se reflete e se refrata nessa terminação.
Corrente -1 0
O fator de reflexão da tensão é 1, o que significa Vr(0, s) = Vp(0, s). Coerentemente, o fator
de refração é 2, pois V0(s) = Vp(0, s) + Vr(0,s) = 2 Vp(0,s), ou seja, a tensão na terminação
em aberto é o dobro da tensão incidente na descontinuidade.
Tabela 4. Coeficiente de reflexão e refração para a tensão e corrente para uma linha
terminada em curto-circuito.
Corrente 1 2
Uma análise análoga àquela apresentada para o circuito aberto pode ser feita.
Nesses dois casos extremos, ou a tensão ou a corrente refratada dobra após a incidência.
Esse fenômeno não ocorre em circuitos com parâmetros concentrados. É possível entendê-lo
a partir de considerações sobre a energia eletromagnética que se propaga na linha.
53
UNIDADE II | Parâmetros de linhas de transmissão
Já foi dito que as tensões e corrente na linha estão ligadas a campos eletromagnéticos
em torno de seus condutores. A energia divide-se, igualmente, entre energia magnética
( l i2) e elétrica ( c e2), quando de sua propagação.
Quando a onda alcança uma descontinuidade, parte dessa energia é absorvida e parte é
refletida, conservando-se a energia total. No caso de um curto-circuito, a energia elétrica
que desapareceria no momento da incidência [V0(s) = 0], na verdade, transforma-se
totalmente em energia magnética. Para facilitar a análise, considere-se que I1 é a
corrente incidente no curto, I2 é a corrente refletida e I3 é a corrente refratada. A energia
eletromagnética total que viaja em direção ao curto é
A energia total, após a incidência, só será magnética e pode ser dada por
(Equação 226)
= l + l
= ⇒ I1 = I2 (Equação 227)
Como, por definição, a corrente refratada é a soma da corrente incidente com a refletida
(I3 = I1 + I2), então I3 = 2 I1.
A figura 35 mostra os efeitos que sofre a onda de tensão após trafegar em uma linha de
transmissão em direção a diversas terminações – como circuito aberto, resistor com a
mesma impedância de surto da linha, curto-circuito, circuito aberto e centelhador ideal.
54
Parâmetros de linhas de transmissão | UNIDADE II
A figura 35, item a), mostra a linha com terminal em aberto (R → ∞), em que o coeficiente
de reflexão da tensão é igual a 1. A tensão no terminal aberto é o dobro da tensão
incidente.
A figura 35, item b), mostra a linha conectada a uma resistência igual à sua impedância
de surto (R = Z); o coeficiente de reflexão da tensão e corrente são nulos, não havendo
reflexão. A tensão na carga é a própria onda incidente no terminal.
A figura 35, item c), mostra a terminação em curto-circuito (R = 0), em que a onda de
tensão refletida é igual e tem sinal contrário ao da onda incidente.
A figura 35, item d), mostra a terminação em um centelhador, que se comporta como
um circuito aberto até atingir a tensão de ruptura. Em seguida, comporta-se como um
curto-circuito.
Tensão
Corrente -
(Equação 229)
vr(x, t) = 2 .u –u
55
UNIDADE II | Parâmetros de linhas de transmissão
Tensão
Corrente
-
(Equação 230)
Vr(x, s) = =
ou no domínio do tempo,
(Equação 231)
vr(x, t) = u –2 u
O fenômeno conhecido por efeito Ferranti faz com que a tensão sustentada na
extremidade aberta de uma linha de transmissão seja superior à tensão no lado da
geração. Isso ocorre devido ao fluxo de corrente capacitiva por intermédio da indutância
série da linha.
em que:
» l – é o comprimento da linha;
» E g é a constante de propagação.
56
Parâmetros de linhas de transmissão | UNIDADE II
Dessa forma, para uma linha não compensada, se as perdas forem desprezadas, o efeito
Ferranti é calculado, aproximadamente, pela fórmula:
(Equação 234)
=
O circuito de uma linha curta é o mesmo circuito representado pela figura 31.
A = D = cosh g l
O valor de g =
R = 0,0032 Ω/km. Como a linha tem 440 km, temos que R = 0,0032 x 440 = 1,4080 Ω
O valor do capacitor dessa linha é igual a 5,72 x 10-8 x 440 = 2,5168 x 10-8 F
YC = e XC = = = 105,3950 Ω
YC = = = = 0,0095 S (Siemens)
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UNIDADE II | Parâmetros de linhas de transmissão
Como o fator de potência da carga é igual a cos j = 0,8, o ângulo será obtido por:
I= = = 454,5455 ∠ 0º A
Vgerador = A Vcarga + B x I
Para conhecer mais sobre o filme, acesse o trailer disponível em: https://www.
youtube.com/watch?v=tuqp1D8N7Hg. Acesso em: 21 nov. 2022.
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