Unidade Ii - Parâmetros de Linhas de Transmissão

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SISTEMAS DE POTÊNCIA

UNIDADE II
PARÂMETROS DE LINHAS
DE TRANSMISSÃO
Elaboração
Rafaela Filomena Alves Guimarães

Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração
SUMÁRIO

UNIDADE II
PARÂMETROS DE LINHAS DE TRANSMISSÃO..............................................................................5

CAPÍTULO 1
PARÂMETROS DE LINHAS DE TRANSMISSÃO....................................................................... 5
REFERÊNCIAS.........................................................................................................................59
PARÂMETROS
DE LINHAS UNIDADE II
DE TRANSMISSÃO

Capítulo 1
PARÂMETROS DE LINHAS DE TRANSMISSÃO

1.1. Cálculo dos parâmetros de uma linha


de transmissão
Os parâmetros de um sistema de transmissão são dados pelos parâmetros das linhas de
transmissão, portanto são dados pelo valor da resistência, da indutância e da capacitância
do cabo ou dos cabos que formam a linha de transmissão. Vamos começar nosso estudo
pelo parâmetro resistência e pela indutância.

1.1.1. Parâmetros de linhas de transmissão:


resistência e indutância

O valor da resistência é obtido dividindo-se o valor da tensão (V) pela corrente (I) que
circula em um filamento, ou seja:

R= . (Equação 78)

A resistência é dada em Ohms e simbolizada por W - letra grega ômega maiúscula.

A constante de proporcionalidade é o valor do resistor. No colegial, essa fórmula é


memorizada pela palavra "RUI". Essa lei é conhecida como Lei de Ohm, pois é chamada
assim em homenagem ao físico alemão Georg Simon Ohm (1789 – 1854).

Essa lei também pode ser memorizada desenhando-se um triângulo, em que são
inseridas na parte superior a tensão e na parte inferior a resistência e a corrente.
Ao ocultarmos a grandeza que estamos procurando, a relação que permanece exposta
nos indica a equação que devemos fazer. Assim, ao ocultarmos a letra R, temos a relação
da tensão dividida pela corrente (V/I), ao ocultarmos a letra I, temos que a corrente é

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UNIDADE II | Parâmetros de linhas de transmissão

dada pela divisão da tensão pela resistência (V/R) e, por fim, ao ocultarmos a tensão,
temos que a mesma é dada pelo produto da corrente vezes a resistência (V = R x I).
Muitos autores representam a tensão pela letra U e não pela letra V.A tensão é dada
em Volts, a corrente em Ampères e a resistência é dada em Ohms.

Figura 20. Representação da Lei de Ohm.

Fonte: MikeRun, Commons Wikimedia. Disponível em: https://commons.wikimedia.org/wiki/


File:Ohm%27s-law-triangle.svg. Acesso em: 15 nov. 2022.

Os resistores são encontrados nos chuveiros, onde aquecem a água para tomarmos
banho, na churrasqueira elétrica, no ferro de passar, na chapinha do cabelo, no
aquecedor elétrico, resumindo, em qualquer equipamento elétrico que produza calor
como objetivo principal a partir da energia elétrica.

Os resistores são os elementos mais básicos de um circuito elétrico. Eles dissipam a energia
elétrica na forma de calor e não modificam a forma de onda da tensão em relação à corrente.

A resistência elétrica é determinada pela facilidade que um material, neste caso chamado
de condutor, tem de conduzir a corrente elétrica (o material apresentará uma baixa
resistência a passagem da corrente) ou pela dificuldade que um material tem para
deixar passar a corrente elétrica. Dessa maneira, o material será chamado de isolante.
O ponto de rompimento dessa resistência à passagem da corrente elétrica é chamado
de rigidez dielétrica. Por exemplo, o ar tem uma alta rigidez dielétrica, mas até ele em
algum momento torna-se um condutor. A este fenômeno damos o nome de raio.

A potência é transportada em altas tensões para podermos diminuir as perdas ôhmicas.


A potência é dada pelo produto da tensão vezes a corrente, P = V x I. As perdas ôhmicas
são dadas por

Pperdas = R. I2 (Equação 79)

A resistência multiplicada pela corrente ao quadrado. Quanto maior a tensão, menor será
a corrente, e menores serão as perdas ôhmicas. Como P é constante, se aumentarmos
a tensão diminuímos a corrente.

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Parâmetros de linhas de transmissão | UNIDADE II

Essa resistência muitas vezes é também chamada de resistência em corrente contínua,


pois se considera que a distribuição de corrente no condutor seja uniforme. Podemos
obter a resistência em corrente contínua também pela fórmula:

R= (Equação 80)

sendo que:

» – Comprimento do condutor ou da linha (metros, km);

» S – Área da seção transversal do condutor (mm2);

» r - Resistividade do material utilizado.

A resistividade ou a condutividade (representada pela letra grega sigma s = 1/r)


padronizada para um condutor é a do cobre recozido. Dessa forma, para outros processos
metalúrgicos, podemos estabelecer uma correspondência entre suas resistividades com
a padronizada, conforme os exemplos a seguir para o cobre e o alumínio:

» O cobre à tempera dura tem 97% da condutividade do spadrão, apresentando a


resistividade r = 1,77 x 10-8 Wm (20 ºC);

» O alumínio à tempera dura tem 61% da condutividade do spadrão, com resistividade


r = 2,83 x 10-8 Wm (20 ºC);

No processo de encordoamento, os fios descrevem uma trajetória helicoidal em torno do


centro do condutor. Levando-se em conta ainda que os cabos sofrem uma deformação
provocada pelo seu peso, o comprimento real é um pouco maior que a extensão da linha
. A resistência em CC de condutores encordoados é maior do que o valor computado
pela equação (80) porque o encordoamento helicoidal das camadas torna os condutores
mais longos do que o próprio cabo. Para cada quilômetro de cabo, a corrente em todas
as camadas, exceto a central, percorre mais de um quilômetro de condutor. Estima-se
em 1% o aumento da resistência devido ao encordoamento em cabos de três fios, e
em 2% para cabos com fios concêntricos. A figura 21 representa uma flecha de uma
linha de transmissão.

Figura 21. Flecha de uma linha de transmissão.

Fonte: Pinto (2018, p. 77).

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A resistência tem uma variação linear com a temperatura, quando o condutor é


percorrido por uma corrente contínua. Na faixa normal de operação, a variação da
resistência de um condutor metálico com a temperatura é praticamente linear. Um
prolongamento da porção retilínea do gráfico fornece um método conveniente para
correção da resistência para variações de temperatura. O ponto de interseção do
prolongamento da reta com o eixo da temperatura para resistência zero é uma constante
do material. Graficamente, temos:

= (Equação 81)

R2 são as resistências do condutor às temperaturas t1 e t2, respectivamente, em ºC e T


é a constante determinada pelo gráfico.

Os valores da constante T são padronizados e dados por:

» T = 234,5 ºC para cobre recozido com 100% de condutividade;

» T = 241,0 ºC para cobre têmpera dura com 97,3% de condutividade;

» T = 228,0 ºC para alumínio têmpera dura com 61% de condutividade.

Milton (2018, p. 74) afirma que "a distribuição uniforme de corrente pela seção
transversal de um condutor ocorre somente com corrente contínua". Uma corrente
alternada (variável com o tempo) provoca densidade de corrente não uniforme e,
à medida que aumenta a frequência de uma corrente alternada, acentua-se a não
uniformidade da distribuição de corrente alternada. Esse fenômeno é chamado de
efeito pelicular. Em um condutor circular, a densidade de corrente usualmente cresce
do interior para a superfície.

O efeito pelicular é função da frequência, por isso o sistema elétrico de potência limita
a frequência do sistema em 50 ou 60 Hz. Mesmo para essas frequências consideradas
pequenas, o efeito pelicular deve ser observado devido ao fato que ele pode ser uma
das causas para que os cabos das linhas de transmissão sejam danificados.

A equação (80) pode ser utilizada para calcular a resistência CC e as variações de


temperatura podem ser corrigidas pela equação (81). Os fabricantes dos cabos utilizados
em linhas de transmissão fornecem uma folha de dados (datasheet) com todas estas
informações em seus sites. Vamos calcular o valor de uma resistência de um cabo
instalado ao ar livre a uma temperatura de 50 ºC.

Exemplo no 4: pelas tabelas de características elétricas de condutores encordoados


de alumínio puro, o condutor Marigold de 1.113.000 CM e de 61 fios tem resistência
CC a 20 ºC de 0,01558 W por 1.000 pés e resistência CA a 50 ºC de 0,0956 W por

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milha. Encontre a resistência CC e determine a relação entre as resistências CA e


CC. O datasheet deste cabo está disponível em https://www.nexans.com.br/.rest/
catalog/v1/product/pdf/64689 Acesso em 15 nov. 2022.

Para 20 ºC, e pela equação (80) com o aumento de 2% por causa do encordoamento
temos:

R0 = x 1,02 = 0,0153 W por 1000 pés

Para 50 ºC, da equação (81)

R0 = 0,0153 = 0,0171 W por 1.000 pés

= = 1,0575

O efeito pelicular causa um aumento de 5,74% na resistência do cabo.

Uma preocupação básica na seleção de um condutor, definido o material a ser utilizado,


cobre ou alumínio, é com a área da seção transversal, que está associada ao volume do
material a ser utilizado e, portanto, ao custo da transmissão. Os aspectos do custo são
chamados de seleção do condutor econômico. Ao alterarmos o diâmetro do condutor,
modificamos a densidade de corrente I / S, e consequentemente as perdas. Os aspectos
positivos em aumentar o diâmetro são reduzir as perdas e o gradiente elétrico na
superfície do condutor, atenuando o efeito corona (definido como a ionização do ar,
ou seja, o ar passa a conduzir eletricidade). Em contrapartida, isso aumenta o custo da
transmissão.

Como o alumínio tem uma condutividade menor do que a do cobre, será necessária uma
quantidade maior dos cabos para conduzir a mesma corrente. Esse fato é compensado
devido ao preço do alumínio ser mais baixo do que o de cobre. Mesmo o seu custo de
fixação, ou seja, o custo para instalação destes cabos nas torres de transmissão é menor
devido a sua propriedade mecânica.

A dificuldade prática em se fabricar condutores com diâmetros elevados implica o uso de


cabos formados por diversos fios, denominados cabos encordoados. Quando um só cabo
encordoado não é suficiente para transmitir a corrente total, adicionamos mais cabos
em paralelo, separados por espaçadores, formando cabos múltiplos. Existem diferentes
tipos de condutores, e os mais usados em linhas de transmissão são normalmente, por
razões econômicas, os condutores de alumínio divididos em:

» CA – condutor de alumínio puro;

» AAAC – condutor de liga de alumínio (All Aluminium Alloy Conductor);

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» CAA – condutor de alumínio com alma de aço, cuja denominação mais conhecida
é ACSR (Aluminium Cable Steel Reinforced);

» ACAR – condutor de alumínio com alma de liga de alumínio (Aluminium Conductor


Alloy Reinforced).

Pinto (2018, p. 89) afirma que "os condutores de liga de alumínio (AAAC) possuem
maior resistência à tração do que os condutores de alumínio comum para fins elétricos.
O CAA é constituído por um núcleo central (alma) de fios de aço, envolvido por coroas
de fios de alumínio. O ACAR possui um núcleo central de fios de liga de alumínio de
maior resistência mecânica, envolvido por coroas de fios de alumínio para fins elétricos".
A figura 22 ilustra um modelo de cabo de média tensão.

Figura 22. Cabo de média tensão.

Fonte: Joachimklug, Pixabay. Disponível em: https://pixabay.com/pt/photos/de-m%c3%a9dia-


tens%c3%a3o-do-cabo-eletricidade-5088486/. Acesso em 15 nov. 2022.

O custo de uma linha em alumínio é aproximadamente um quarto (1/4) do que seria


se a mesma linha fosse construída em cobre.

Toda linha de transmissão possui uma faixa de segurança, uma distância mínima
que deve ser respeitada, para que as pessoas não sejam afetadas pelos efeitos
eletromagnéticos. Para uma linha de 500 kV, a faixa de servidão é de 65 m, já para a
linha de 138 kV, a faixa diminui para 30 m divididos igualmente ao redor da torre, ou
seja, 15 m para cada lado.

A partir de certa distância (aproximadamente de 600 a 800 km), a transmissão em


corrente contínua é mais barata do que se ela fosse feita em corrente alternada conforme
é mostrado no gráfico da figura 23.

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Figura 23. Comparação dos custos das linhas de transmissão CA (Corrente Alternada) x CC
(Corrente Contínua).

Fonte: Pinto (2018, p. 70).

A figura mostra uma comparação entre o custo de uma linha em corrente alternada
versus uma linha em corrente contínua. Uma linha em corrente contínua é formada
somente de dois condutores (um positivo e o outro negativo – geralmente em torres
separadas), sendo que ainda na falta de um lado, a terra pode ser usada como retorno). Já
as linhas em corrente alternada necessitam de no mínimo três cabos – um para cada fase.

O problema das linhas em corrente contínua são as unidades retificadoras que este sistema
exige, já que a geração é feita em corrente alternada. É preciso converter para o sistema
de corrente contínua na subestação geradora e fazer o processo inverso perto do centro
de consumo. Esta tecnologia é feita através de pontes de tiristores e é relativamente cara.

No Brasil, este sistema é utilizado no elo de corrente contínua da usina de Itaipu.


Pelo tratado para permitir a construção da usina, a parte do Paraguai geraria energia
a uma frequência de 50 Hz (frequência utilizada pelo Paraguai). Como compramos
quase 90% da energia gerada pelo país vizinho e utilizamos a energia em 60 Hz
precisamos transformar os 50 Hz em 60 Hz. A maneira encontrada na época e até hoje
foi transformar a geração em corrente alternada a 50 Hz em corrente contínua e em
Tijuco Preto converter novamente para corrente alternada já em 60 Hz.

De acordo com o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) temos as seguintes


tensões de transmissão: 138 kV, 230 KV, 345 kV, 440 kV (subestações de Jandira e Salto),
500 kV (Tucuruí e Vila do Conde), 750 kV (as linhas da parte brasileira de Itaipu) ligando
as subestações de Foz do Iguaçu a Tijuco Preto, 600 kV (em corrente contínua), e 800
kV (em corrente contínua) entre as subestações de Xingu e Estreito. Na figura 24, você
pode visualizar o mapa do sistema de transmissão brasileiro considerando o horizonte
de 2024.

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Figura 24. Mapa do Sistema de Transmissão com o horizonte em 2024.

Fonte: Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). Disponível em: https://www.ons.org.br/_layouts/


download.aspx?SourceUrl=https://www.ons.org.br/Mapas/Mapa%20Sistema%20de%20Transmissao%20
-%20Horizonte%202024.pdf Acesso em 16 nov. 2022.

No endereço do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), você pode verificar


o mapa do sistema de transmissão e muitos outros materiais interessantes como
um diagrama esquemático das usinas hidrelétricas que operam no Sistema
Nacional Interligado (SIN). Esses mapas estão disponíveis por meio do link: http://
www.ons.org.br/paginas/sobre-o-sin/mapas. Acesso em 16 nov. 2022. Também
recomendamos que você assista a um episódio sobre o sistema de transmissão
brasileiro feito pelo canal Azul Filmes na sua 2ª temporada, episódio 3, intitulado
"A transmissão de energia elétrica" desvenda os meandros do sistema de transmissão
brasileiro. Nesta reportagem o repórter Alexandre Reis sobe em uma das maiores
torres de transmissão do mundo de mais de 300 m de altura que interliga a usina
de Tucuruí a Região Norte do país, interligando aquela região ao SIN. Este vídeo
permite que entendamos o porquê da transmissão ser um dos maiores gargalos

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Parâmetros de linhas de transmissão | UNIDADE II

para a negociação de energia elétrica no nosso país. Esse vídeo está disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=lYzFltFiQ18. Acesso em: 16 nov. 2022.

Fonte: Canal Azul Filmes, 2017.

Podemos resumir de maneira bem simples os principais parâmetros de uma linha


de transmissão, que são: resistor, indutor e capacitor. O resistor é o responsável por
fornecer calor a partir de uma fonte elétrica. O indutor produz energia a partir do
campo magnético enquanto o capacitor armazena energia a partir do campo elétrico, o
primeiro seria um ótimo funcionário, e o segundo seria uma empresa que incentiva um
ótimo funcionário a ter ideias inovadoras e a produzir mais como o capacitor utilizado
na partida de motores elétricos de pequeno porte.

A unidade do indutor é o Henry (representado pela letra H) e a do capacitor é o Faraday


(representado pela letra F). Esses dois componentes alteram a relação entre a corrente
e a tensão. O indutor atrasa a corrente 90º em relação à tensão enquanto o capacitor
adianta a corrente em 90º em relação à tensão.

Na figura 25, podemos ver como o indutor atrasa a corrente em relação à tensão e o
indutor produz o efeito inverso, o de atrasar a corrente em relação à tensão.

Figura 25. Forma de onda da tensão x corrente em um indutor.

Fonte: Andel, Commons Wikimedia. Disponível em: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:VI_phase.


svg Acesso em 20 nov. 2022.

Para representarmos os indutores e os capacitores nos circuitos elétricos utilizamos os


números complexos. Um número complexo, ou um número imaginário, é definido pela
(raiz quadrada de -1) multiplicado pelos números reais (este número não existe na
natureza). A maneira que representamos essa raiz na Engenharia Elétrica é pelo termo j
(pode-se também representar os números complexos por i, mas na Engenharia Elétrica

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utilizamos i para representar a corrente elétrica, então convencionamos chamar de j =


).

Os indutores são sempre representados por + j XL (reatância indutiva) e os capacitores


por – j XC (reatância capacitiva). A reatância indutiva é dada por

XL = 2 fL (Equação 82)

sendo f – frequência do sistema (Hz) e L – valor do indutor (dado em Henry - H).


A reatância será sempre dada em Ohms (W). A fórmula para a obtenção da reatância
capacitiva é

XC = (Equação 83)

sendo C – valor do capacitor em Faradays (F).

Os sistemas elétricos apresentam os três componentes em um mesmo circuito na grande


maioria das vezes.

O capacitor é usado para armazenar energia nos equipamentos elétricos, ele ajuda
na partida de muitos equipamentos como nos reatores de lâmpadas fluorescentes.
É devido ao capacitor que não devemos tocar em placas eletrônicas ao abrirmos
aparelhos eletrônicos que acabaram de ser desligados.

Agora os principais componentes de uma linha de transmissão. Eles são fundamentais


para modelarmos as linhas de transmissão e geralmente são dados em unidades de
comprimento da linha. Assim, poderemos estudar a transmissão de potência elétrica
em situações estacionárias, analisando a potência gerada e consumida na rede. Esse
estudo será fundamental para podermos modelar a rede elétrica e obter a matriz de
impedância ou admitância da rede.

As linhas de transmissão nada mais são que conjuntos de condutores (de cobre ou de
alumínio) que transportam energia elétrica dos geradores às cargas. A impedância da
linha é um dos parâmetros que devem ser considerados no cálculo de capacidade da
linha e consequentemente usado na definição da tensão de operação da linha, isto é
feito basicamente representando a impedância pela associação série de um resistor e
um indutor. E essa indutância depende do comprimento da linha: quanto mais longas
as linhas, maiores as indutâncias.

O indutor é o responsável pelo armazenamento da energia em um campo magnético.


Quando a corrente em um circuito sofre uma variação, o fluxo magnético que

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Parâmetros de linhas de transmissão | UNIDADE II

envolve este circuito também varia. A fem (força eletromotriz induzida) é uma função
proporcional e possui relação direta com a taxa de variação da corrente em relação ao
tempo. A essa constante de proporcionalidade damos o nome de indutância do circuito.

A indutância é dada pela tensão variando no tempo que é igual a indutância multiplicada
pela derivada da corrente no tempo.

v (t) = L (Equação 84)

e é dada em Henry (o símbolo é a letra H). No indutor, a forma de onda da tensão e


corrente se tornam diferentes. O indutor atrasa a corrente em 90º.

Todos os equipamentos que realizam trabalho a partir da energia elétrica e não possuem
como característica principal a produção de calor como os resistores, são constituídos por
indutores. Os motores, geradores, transformadores são todos constituídos por indutores.

A indutância pode ser definida por meio de duas equações. A primeira estabelece uma
relação proporcional entre a tensão induzida e a taxa de variação do fluxo concatenado
com o circuito. O fluxo concatenado é aquele que ocorre porque as espiras da bobina
enlaçam o fluxo em sua totalidade. A tensão induzida é dada por:

= (Equação 85)

em que é a tensão induzida, em Volts, e t é o fluxo concatenado com o circuito,


em Webers-espiras (Wb-e). O número de Wb-e é dado pelo produto do fluxo (Wb)
multiplicado pelo número de espiras (só as que são enlaçadas pelo fluxo), como pode
ser visto na figura 26. Se estivéssemos considerando uma bobina, a maior parte do fluxo
produzido enlaçaria mais de uma espira.

Figura 26. Campo magnético envolvendo 2 bobinas.

Fonte: MikeRun, Commons Wikimedia. Disponível em: https://commons.wikimedia.org/wiki/


File:Magnetic-field-transformer-no-core.svg Acesso em 16 nov. 2022.

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UNIDADE II | Parâmetros de linhas de transmissão

Segundo Stevenson em Elementos de análise de sistemas de potência (1986,


p. 45):

Quando a corrente estiver variando em um circuito, o campo magnético


a ela associado (representado pelas linhas de fluxo) sofre uma variação
proporcional. Considerando-se que o meio onde se estabelece o campo
magnético tenha permeabilidade constante (por exemplo o ar), o valor
do fluxo concatenado crescerá proporcionalmente com a corrente,
e consequentemente, a tensão induzida será proporcional à taxa de
variação da corrente.

Então tem-se que:

=L (V) (Equação 86)

onde:

» L – Constante de proporcionalidade chamada de indutância do circuito, dada em


Henrys (H);

» – Tensão induzida, dada em Volts (V);

» – Taxa de variação da corrente, dada em A/s.


Para podermos usarmos a equação (86) quando a permeabilidade não for constante
teremos uma indutância variável. Das equações (84) e (85) temos:

L= (H) (Equação 87)

O circuito possuirá permeabilidade constante quando seu fluxo concatenado variar em


uma proporção linear com a corrente.

L= (H) (Equação 88)

De onde sai a definição de indutância própria (muitas vezes chamada de autoindutância)


de um circuito elétrico como sendo o valor do fluxo concatenado por Ampère. Em termos
da indutância, o fluxo concatenado é:

t = L i (Wbt) (Equação 89)

A equação (89) se aplica para valores instantâneos. Para uma corrente alternada senoidal,
teremos que utilizar a notação fasorial:

= (Wbt) (Equação 90)

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Parâmetros de linhas de transmissão | UNIDADE II

em que y é o fasor fluxo concatenado. L só será real se o valor do fluxo e da corrente


possuírem o mesmo ângulo, o que está de acordo com as equações (88) e (89). O fasor
queda de tensão devido ao fluxo concatenado será:

V = j w L I (V)
(Equação 91)
V = j w y (V)

A equação (91) nos mostra que a indutância é uma função da frequência, já que w =
2 f. No Brasil nossa frequência é de 60 Hz. A indutância mútua entre dois circuitos
é definida como sendo o fluxo que surge em um circuito (no caso na linha), devido à
corrente no outro circuito (dada em Ampères). Se a corrente I1 produz no circuito 2 o
fluxo concatenado y21, a indutância mútua será:

M12 = (H) (Equação 92)

O fasor queda de tensão no circuito 1 devido ao fluxo concatenado do circuito 2 será:

V1 = j w M12 I12 = j w y12 (V) (Equação 93)

Diferenciamos a representação entre indutâncias próprias e mútuas. As primeiras são


representadas pela letra L e a segunda pela letra M, ou em uma matriz onde elas sejam
representadas pela letra Z de impedância, as indutâncias próprias são representadas pelos
números ii e as mútuas ij, sendo que ij significa a indutância mútua entre as linhas i e j.

Esse fluxo é devido a duas influências: uma externa e outra interna. Para uma primeira
análise, vamos desconsiderar a influência de outros condutores, considerando somente
as linhas de fluxo concêntricas ao condutor.

Monticelli e Garcia (2011, p. 52) afirmam que "a força magnetomotriz (fmm), em
Ampères-espiras, ao longo de qualquer contorno é dado pela equação de Maxwell que
calcula essa força em uma seção transversal deste condutor e nos diz que ela é igual à
corrente que atravessa esta área", portanto

fmm = = I (Ae) (Equação 94)

em que

» H – Intensidade do campo magnético, em Ae/m, e ela é a componente tangencial


a esta superfície circular.

» s – Comprimento da superfície circular, em m.

» I – Corrente (tanto pode ser corrente CC ou CA), em A.

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UNIDADE II | Parâmetros de linhas de transmissão

Monticelli e Garcia (2011, p. 52) denomina por “Hx a intensidade de campo localizada
a uma distância de x m do centro deste condutor". Por esse condutor ser circular, os
pontos x estarão a uma mesma distância do centro do condutor fazendo com que
possamos integrar a equação (94) e obtendo:

2 x Hx = Ix (Equação 95)

em que: Ix é a corrente devida ao enlace do fluxo. Pela mesma razão, a densidade da


corrente é uniforme, então teremos:

Ix = I (Equação 96)

em que: I é a corrente total do condutor. Substituindo a equação (96) na equação (95)


e separando Hx, obtemos:

Hx = I Ae/m (Equação 97)

Em termos do fluxo magnético, teremos o mesmo raciocínio, ou seja, a x metros do


centro do condutor a densidade de fluxo magnético será dada por:

Bx = m Hx = Wb/m2 (Equação 98)

em que: m é a permeabilidade do condutor. No Sistema Internacional (SI), a


permeabilidade do vácuo é m0 = 4 x 10-7 H/m e a permeabilidade relativa é mr = m/m0.

Zanetta (2005, p. 26) define que "os cálculos feitos se referem a uma unidade de
comprimento do condutor, ou seja, as indutâncias também serão expressas em valores
por unidades de comprimento. Para o cálculo do fluxo interno do condutor, imaginemos
uma seção circular infinitesimal de espessura dx, sendo seu fluxo df igual ao campo
magnético Bx (dado pela equação 98) vezes a área da seção transversal deste condutor".
O fluxo incremental em uma superfície retangular de lado dx e comprimento igual a
uma unidade de comprimento é dado por

df = dx Wb/m (Equação 99)

Pois o fluxo df se concatena (enlaça) apenas com uma fração da corrente i dada por .

O fluxo total será dado por:

dy = df = Wbe/m (Equação 100)

Integrando desde o centro até a periferia do condutor, para achar o yint, teremos o fluxo
total concatenado que será dado por:

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Parâmetros de linhas de transmissão | UNIDADE II

yint = dx
(Equação 101)
yint = Wbe/m

Para uma permeabilidade relativa unitária, m = 4 x 10-7 H/m e:

yint = x 10-7 Wb/m


(Equação 102)
Lint = = x 10-7 H/m

Esse valor é a indutância devida ao fluxo interno (para condutores cilíndricos), por
unidade de comprimento.

Imaginemos agora dois pontos P1 e P2, distantes D1 e D2 metros do centro de um


condutor isolado percorrido por uma corrente de I Ampères. Como condição,
adotaremos que todo o fluxo entre P1 e P2 se encontra entre as superfícies concêntricas
que passam por esses pontos, ou seja, os campos não sofrem qualquer distorção.
Devido ao fato de esse condutor ser percorrido por uma corrente, surgirá um campo
magnético de intensidade Hx a uma distância de x metros do centro deste condutor
dada por:

2 Hx = I (Equação 103)

Vamos isolar Hx e multiplicar por m para obter a densidade de fluxo Bx no elemento x:

Bx = Wb/m2 (Equação 104)

Agora vamos calcular o fluxo para uma parte infinitesimal deste elemento tubular:

df = dx Wb/m (Equação 105)

Os fluxos concatenados dy e o fluxo total df são iguais, pois o fluxo externo ao condutor
concatena toda a corrente do condutor uma vez só. Se integrarmos o fluxo dy desde
x = D1 até x = D2, obteremos o fluxo total:

y12 = dx = ln Wbe/m (Equação 106)

ou, para permeabilidade relativa unitária:

y12 = 2 x 10-7 I ln Wbe/m (Equação 107)

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UNIDADE II | Parâmetros de linhas de transmissão

A indutância devida apenas ao fluxo entre P1 e P2 é:

L12 = 2 x 10-7 ln H/m (Equação 108)

O valor dessa indutância dependerá das distâncias D1 e D2. Para se evitar esse trabalho
matemático de sempre se conhecer essa distância, foi criado o conceito de raio reduzido
de um condutor, ou seja, um condutor que conduz a mesma corrente que o condutor
original de raio R e ao mesmo tempo produz o mesmo fluxo concatenado.

Depois disso, vamos imaginar duas linhas monofásicas formadas por dois condutores
sólidos cada uma e de raios r1 e r2, sendo que uma linha funciona como retorno para
a outra. Começaremos nosso estudo pela análise do condutor 1. Ao projetarmos uma
linha localizada a uma distância D + r2 e com centro no condutor 1, esta linha não
estará concatenando fluxo com o circuito 1 e, portanto, não estará induzindo tensão.
Chegaríamos ao mesmo raciocínio considerando que, por serem retorno, um cabo do
outro as correntes possuem sinais opostos.

Também de acordo com Stevenson (1986, p. 51):

Uma linha de fluxo externa ao condutor 1 e com raio menor ou igual


a D – r2 (isto é, as que cortam o condutor 2) envolvem uma fração de
corrente que varia entre 1 e zero. O problema pode ser simplificado
admitindo D tão grande em relação a r1 e r2 que a densidade de
fluxo possa ser considerada uniforme neste intervalo, o que equivale
a considerar que o fluxo produzido pela corrente do condutor 1,
compreendido até o centro do condutor 2, enlace toda a corrente I, e
que a parcela de fluxo que ultrapasse esta distância não enlace nenhuma
corrente. pode-se demonstrar que esta aproximação é válida mesmo
quando D é pequeno.

A indutância do circuito devida à corrente no condutor 1 é determinada pela equação


(108), substituindo-se D2 pela distância D e D1 pelo raio r1, do condutor 1. Analisando
o fluxo externo temos:

L1,ext = 2 x 10-7 ln H/m (Equação 109)

Como o fluxo interno é fixo temos:

L1,int= 2 x 10-7 H/m (Equação 110)

A indutância total do circuito será a soma das equações (109) e (110):

L1 = x 10-7 H/m (Equação 111)

20
Parâmetros de linhas de transmissão | UNIDADE II

Podemos simplificar esta expressão, pondo-se em evidência o fator 2 x 10-7 e resolvendo


o = ¼, para ficarmos com:

L1 = 2 x 10-7 (Equação 112)

Resolvendo essa equação, obtemos:

L1 = 2 x 10-7 ln (Equação 113)

Para simplificarmos, chamaremos de ,

L1 = 2 x 10-7 ln H/m (Equação 114)

O raio corresponde a um condutor fictício, sem fluxo interno, porém com a mesma
indutância do condutor real, de raio r1. A constante é igual a 0,7788. A equação
(113) dá para a indutância o mesmo valor que a equação (109). Nestas equações, o fator
0,7788 só é aplicável a condutores sólidos de seção circular.

O mesmo raciocínio é válido para o circuito 2 que só está atrasado de 180º (por um
circuito ser retorno do outro), ou seja, nos baseando pela equação (114), a indutância
devido à corrente no condutor 2 será dada por:

L2 = 2 x 10-7 ln H/m (Equação 115)

Se somarmos L1 e L2, obteremos a indutância L deste circuito:

L = L1 + L2 = 4 x 10-7 ln H/m (Equação 116)

Adotando = = r’, teremos:

L = 4 x 10-7 ln H/m (Equação 117)

A equação (117) calcula a indutância de uma linha de dois condutores, adotando-se um


cabo como retorno do outro. Denominamos essa indutância de indutância por metro
de linha ou indutância por milha de linha, para diferenciar da indutância de um circuito
somente. Zanetta (2005, p. 34) afirma que esta última, que é dada pela equação (114),
"vale a metade da indutância total de uma linha monofásica e é chamada indutância
por condutor”. Desse modo, foi resolvida a indefinição matemática das distâncias D1 e
D2, e o raio é chamado de raio reduzido de um condutor.

21
UNIDADE II | Parâmetros de linhas de transmissão

Vamos analisar o fluxo concatenado em linhas trifásicas lembrando que a soma das
correntes em uma linha trifásica é igual a zero. Considerando os condutores 1, 2, 3, e às
correntes fasoriais , . Suas distâncias afastadas de um ponto P qualquer adotado
como referência serão dadas por D1P, D2P, D3P. Vamos determinar y1P1, o fluxo concatenado
com o condutor 1, devido à corrente , incluindo o fluxo interno, excluindo, porém todo
o fluxo além do ponto P. Pelas equações (102) e (107):

y1P1 = 10-7
(Equação 118)
y1P1 = 2 x 10-7 I1 ln Wbe/m

Agora vamos fazer o mesmo para o fluxo concatenado y1P2, com o condutor 1, devido
a , (isto é, limitado pelas distâncias D2P e D12, do condutor 2), portanto:

y1P2 = 2 x 10-7 I2 ln Wbe/m (Equação 119)

O fluxo concatenado com o condutor 1, y1P, devido a todos os três condutores, excluindo
o fluxo além de P, é:

y1P = 2 x 10-7 (Equação 120)

Podemos reescrever a equação (120) por:

y1P = 2 x 10-7 (Equação 121)

Como a soma das correntes fasorias é nula:


+ + =0 (Equação 122)

Podemos escrever que a corrente de neutro será dada por:


=- (Equação 123)

Substituindo a equação (123) no valor de da equação (121) e realinhando os


logaritmos, teremos:

y1P = 2 x 10-7 (Equação 124)

Deslocando o ponto P para bem longe, o conjunto dos termos com logaritmos de
quocientes de distâncias ao ponto P se tornam infinitesimais, pois estas distâncias
tendem à unidade, restando somente:

y1 = 2 x 10-7 Wbe/m (Equação 125)

22
Parâmetros de linhas de transmissão | UNIDADE II

Ainda segundo Stevenson (1986, p. 55):

O afastamento do ponto P a uma distância infinitamente grande do


conjunto de condutores é equivalente à inclusão de todo o fluxo
concatenado com o condutor 1. A equação (125) representa, todo o
fluxo concatenado com o condutor 1, em um grupo de condutores
trifásicos nos quais a soma das correntes seja nula. Se estas correntes
forrem alternadas, o fluxo concatenado instantâneo será obtido através
dos valores instantâneos das correntes e o fluxo concatenado na forma
de fasores com os raios representados pelos valores eficazes e os
respectivos ângulos destas correntes.

Stevenson (1986, p. 55) também afirma que "normalmente são disponíveis tabelas de
valores de RMG dos condutores encordoados, em que também constam informações
para serem utilizadas no cálculo da reatância indutiva, da reatância capacitiva em
derivação e também da resistência". Algumas tabelas utilizam as unidades em pés,
polegadas e milhas, outras utilizam quilômetros e metros.

A reatância indutiva é muito mais utilizada que a indutância, pois temos que considerar
a influência da frequência, e sua fórmula é dada por:

XL = 2 fL=2 f 2 10-7 ln
(Equação 126)
=4 f 10 ln
-7
W/m

Ou

XL = 2,022 10-3 f ln W/mi (Equação 127)

em que Dm é a distância entre condutores. As unidades de Dm e Ds devem ser as mesmas,


normalmente metros ou pés. Os valores de RMG dados nas tabelas são valores de Ds
equivalentes considerando o efeito pelicular que afeta significativamente o valor da indutância.
O efeito pelicular é maior nas frequências mais altas para qualquer diâmetro de condutor.

Os valores de Ds dados na tabela 1 são calculados para frequência de 60 Hz.

Tabela 1. Características elétricas de condutores de alumínio nu com alma de aço (ASCR).

Resistência Reatância por


Diâmetro externo
Área de alumínio
Nome comercial

condutor, 1 pé de
Número de fios

RMG Ds, pés


Camadas de

CA, 60 Hz espaçamento 60 Hz
alumínio

CC,
Al/Aço
(cmil)

(pol)

20 ºC, Capacitiva
Indutiva
M/1.000 20 ºC, 50 ºC,
Xa, Ω/ M
pés Ω/mi Ω/mi
mi
Ω/mi
Waxwing 266.800 18/1 2 0,609 0,0646 0,3455 0,3831 0,0198 0,476 0,1090
Partridge 266.800 26/7 2 0,642 0,0640 0,3452 0,3792 0,0217 0,465 0,1074

23
UNIDADE II | Parâmetros de linhas de transmissão

Resistência Reatância por

Diâmetro externo
Área de alumínio
Nome comercial

condutor, 1 pé de

Número de fios

RMG Ds, pés


Camadas de
CA, 60 Hz espaçamento 60 Hz

alumínio
CC,

Al/Aço
(cmil)

(pol)
20 ºC, Capacitiva
Indutiva
M/1.000 20 ºC, 50 ºC,
Xa, Ω/ M
pés Ω/mi Ω/mi
mi
Ω/mi
Ostrich 300.000 26/7 2 0,680 0,0569 0,3070 0,3372 0,0229 0,458 0,1057
Merlin 336.400 18/1 2 0,684 0,0512 0,2767 0,3037 0,0222 0,462 0,1055
LInnet 336.400 26/7 2 0,721 0,0507 0,2737 0,3006 0,0243 0,451 0,1040

Fonte: Stevenson (1986, p. 447).

Os valores para o primeiro cabo estão disponíveis no site https://www.nexans.


com.br/eservice/Brazil-pt_BR/pdf-product_540012744/Waxwing.pdf ou https://
www.nexans.com.br/.rest/catalog/v1/product/pdf/68426. Sugerimos que sempre
se consulte um site de um fabricante de cabos para que estes valores sejam os
mais atualizados possíveis. Algumas tabelas, além dos valores do RMG, fornecem
valores da reatância indutiva.

Um dos métodos usados é


a expansão do termo logarítmico da equação (127) da seguinte forma:

XL = 2,022 10-3 f ln + 2,022 10-3 f ln Dm W/mi (Equação 128)

Utilizando o que Stevenson nos diz (1986, p. 60):

Se Ds e Dm forem dados em pés, o primeiro termo da equação (128)


será a reatância indutiva de um condutor de uma linha constituída
por dois condutores afastados em 1 pé, como pode ser verificado
comparando-se as equações (127) e (48). O primeiro termo da
equação (128) é, portanto, chamado reatância indutiva para 1 pé
de espaçamento ou Xa, sendo função do RMG e da frequência. O
segundo termo da equação (128) é chamado fator de espaçamento da
reatância indutiva ou Xd. Este segundo termo é independente do tipo
de cabo, dependendo apenas da frequência e do espaçamento. Este
fator será nulo quando o espaçamento for de 1 pé. Se Dm for menor
do que 1 pé, ele será negativo. Para calcular a reatância indutiva de
uma linha, calculamos a reatância de espaçamento correspondente
ao espaçamento usado, ambos calculados para a frequência desejada.
A tabela 2 fornecem os valores da reatância indutiva para um pé
de espaçamento e o fator de espaçamento da reatância indutiva,
respectivamente.

24
Parâmetros de linhas de transmissão | UNIDADE II

Tabela 2. Fator de espaçamento da reatância Xd em 60 Hz (W/milha por condutor).

Separação
Polegadas
Pés 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
0 ....... 0,3015 -0,2174 -0,1682 -0,1333 -0,1062 -0,0641 -0,0654 -0,0492 -0,0349 -0,0221 -0,0106
1 0 0,0097 0,0187 0,0271 0,0349 0,0423 0,0492 0,0558 0,0620 0,0679 0,0735 0,0789
2 0,0841 0,0891 0,0938 0,0984 0,1028 0,1071 0,1112 0,1152 0,1190 0,1227 0,1264 0,1299
3 0,03333 0,1366 0,1399 0,1430 0,1461 0,1491 0,1530 0,1549 0,1577 0,1604 0,1631 0,1657
4 0,1682 0,1707 0,1732 0,1756 0,1779 0,1802 0,1825 0,1847 0,1809 0,1891 0,1912 0,1637
5 0,1953 0,1973 0,1993 0,2012 0,2031 0,2050 0,2069 0,2087 0,2105 0,2123 0,2140 0,1933
6 0,2174 0,2191 0,2207 0,2240 0,2240 0,2256 0,2271 0,2287 0,2302 0,2317 0,2332 0,2347
7 0,2361 0,2376 0,2390 0,2418 0,2418 0,2431 0,2445 0,2458 0,2472 0,2485 0,2498 0,2511

8 0,2523

9 0,2668

10 A 60 Hz, em W/mi por condutor Xd = 0,2794 log d, onde d = separação (unidade: pé). Para linhas
trifásicas d= Deq
1 pé = 12 polegadas

49

Fonte: Stevenson (1986, p. 446).

As equações obtidas até agora podem ser utilizadas para linhas trifásicas simétricas e
equilibradas (sem o condutor neutro) onde + + = 0. O fluxo concatenado com
linha de transmissão representada pela fase a é determinado por meio da equação
(125), substituindo os circuitos 1, 2 e 3 por a, b e c:

ya = 2 x 10-7 Wbe/m (Equação 129)

sendo =-( + ), temos que (129) pode ser escrita como:

ya = 2 x 10-7 = 2 x 10-7 ln Wbe/m (Equação 130)

La = 2 x 10-7 ln H/m (Equação 131)

A equação (131) é análoga à equação (114), referente a uma linha monofásica, com
a mudança de r' por Ds. Como os cabos utilizados na instalação de uma linha de
transmissão são feitos no mesmo lote, as linhas de transmissão possuem simetria
quanto as suas fases, ou seja, a impedância da fase a, b e c são iguais, deste modo

25
UNIDADE II | Parâmetros de linhas de transmissão

podemos calcular a indutância própria da linha A e este valor será igual para as fases
b e c.

O cálculo da indutância se torna mais difícil quando a linha trifásica for instalada com
os condutores utilizando espaçamento assimétrico ou quando o material do cabo
não estiver sido feito do mesmo lote. Neste caso, o fluxo concatenado e a indutância
correspondentes a cada fase não são os mesmos. O circuito se torna desequilibrado
porque cada fase apresenta um valor de indutância diferente. Nesse caso, é feita a
transposição da linha a cada 200 m ou 600 m (caso de linhas muito longas) para que a
simetria seja restabelecida. A esse processo damos o nome de transposição de linhas.
conforme está mostrado na figura 27. Com esse arranjo físico, o valor da indutância
média de cada condutor é mantido igual nas três fases.

Figura 27. Ciclo de transposição.

Fonte: Mohan (2016, p. 54).

De acordo com Stevenson (1986, pág. 62),

Para determinar a indutância de um condutor de uma linha transposta,


calculamos o fluxo concatenado com o condutor em cada uma
das posições ocupadas na transposição, e determinamos o fluxo
concatenado médio. Aplicando a equação (125) ao condutor a da figura
3 obtemos o fasor do fluxo concatenado com a na posição 1, b na
posição 2 e c na posição 3.

Portanto teremos:

a1
= 2 x 10-7 Wbe/m (Equação 132)

Com a na posição 2, b na posição 3 e c na posição 1,

a2
= 2 x 10-7 Wbe/m (Equação 133)

Agora, se adotarmos a fase a na posição 3, a fase b na posição 1 e a fase c na posição


2 teremos:

26
Parâmetros de linhas de transmissão | UNIDADE II

a3
= 2 x 10-7 Wbe/m (Equação 134)

O valor médio da soma dos três fluxos concatenados com a é:

a
= = Wbe/m (Equação 135)

Considerando que a soma das 3 correntes Ia + Ib + Ic é igual a zero, temos que Ia = - (Ib + Ic):

a
= = 2 x 10-7 a
ln Wbe/m (Equação 136)

o que resulta na indutância média das três fases representadas por:

La=Lb= Lc= 2 x 10-7 ln H/m (Equação 137)

Onde
Deq = (Equação 138)

em que Ds é o RMG do condutor. Comparando as equações (137) e (131), verifica-se


que Deq, conforme afirmam Monticelli e Garcia (2011, p. 89) "é a média geométrica das
três distâncias da linha assimétrica, ou seja, é o espaçamento formado pelo triângulo de
lados iguais equivalente (os lados devem ser iguais porque a linha é transposta)". Pode-se
notar um termo recorrente entre todas essas equações. Esse termo é 2 x 10-7 quando a
indutância é dada em H/m. O termo Ds é denominado RMG do condutor, ou seja, o raio
médio geométrico. O termo Deq é o DMG, ou distância média geométrica. Monticelli e
Garcia (2011, p. 90) também nos dizem que “esses valores são retirados de uma linha
imaginária de mesma característica simétrica e equilibrada que faria a mesma função que
esta linha assimétrica e desequilibrada, para que tenhamos uma facilidade matemática".

O efeito corona ocorre com o rompimento da rigidez dielétrica do ar perto das linhas
de transmissão, onde por causa do alto campo magnético o ar torna-se condutor de
energia elétrica, aparece como descargas ao longo das torres). Esse efeito torna-se
excessivo nas tensões acima de 230 kV, isto é, para extra-altas-tensões (EAT), esse efeito
aumenta as perdas de potência e a interferência nas comunicações.

Os condutores dos cabos triplos são geralmente colocados nos vértices de um triângulo
equilátero, enquanto os cabos quádruplos os têm nos vértices de um quadrado. Existem
várias disposições, todas baseadas em figuras geométricas de lados iguais. As torres de
transmissão possuem vários formatos que dependem da carga que devem suportar e
do solo no qual estão instaladas.

27
UNIDADE II | Parâmetros de linhas de transmissão

Para cabos formados por dois condutores:

= = xd (Equação 139)

Para cabos formados por três condutores:

= = (Equação 140)

Para cabos formados por quatro condutores:

= = 1,09 (Equação 141)

Ao utilizarmos a equação (137) para o cálculo da indutância, devemos substituir Ds de


um condutor simples pelo do cabo múltiplo.

Exemplo no 5: se o valor de raio de um condutor for igual a 1,52 cm e a distância


entre as linhas A - B for de 6,4 m, a distância entre as linhas B - C for igual a 7,6 m
e a distância entre as linhas C - A for igual a 8,4 m, qual será o valor da indutância
em mH/m?

O valor do indutor pode ser calculado por:

L = 4 x 10-7 ln .

E precisamos transformar 1,52 cm em m o que é igual a 0,0152 m.

O valor de D é dado por:

= 7,4203

L = 4 x 10-7 ln . = 0,0025 mH/m

1.1.2. Parâmetros de linhas de transmissão: capacitância

A capacitância é função da tensão entre os condutores, o que faz surgir uma diferença
de potencial que funciona como se fosse um capacitor. Esse parâmetro varia com a
distância entre as linhas e o tamanho das linhas, o que faz com que seja de fundamental
importância para linhas longas. Já para linhas curtas, que são aqueles com uma extensão
menor que 80 km este efeito pode ser desprezado. Já para linhas médias, algumas vezes
ele é considerado e em outras não.

O campo elétrico é um fenômeno que influencia o cálculo da capacitância como aquele


que ocorre com o campo magnético e o cálculo da indutância. A indutância influi na
capacidade de transmissão da potência ativa (responsável por realizar trabalho) e a

28
Parâmetros de linhas de transmissão | UNIDADE II

capacitância sobre a potência reativa (responsável por manter o campo girante das
máquinas, ou acumular energia para que o equipamento possa vencer a situação de
inércia, ou repouso).

O campo elétrico tem origem no polo ou carga positiva e vai em direção ao polo ou
carga negativa. Esse campo cria uma densidade de fluxo elétrico que é medido em
Coulombs por metro quadrado (C/m2).

A Lei de Gauss para campos elétricos estabelece que o fluxo total por meio de uma
superfície fechada s é igual ao total de carga elétrica existente no interior da superfície.
Ao inserirmos um cabo elétrico em um meio como o ar, e o conectarmos a uma fonte,
ele terá uma carga uniforme em seu comprimento com o fluxo em forma de círculos
concêntricos, ou seja, todos os pontos à mesma distância deste condutor estarão em um
mesmo potencial de tensão (a este fenômeno damos o nome de pontos equipotenciais)
tendo a mesma densidade de fluxo elétrico. Imaginemos agora que este círculo esteja
a uma distância de x metros do centro do condutor. A densidade do fluxo elétrico
sobre essa superfície equipotencial é igual ao fluxo que sai do condutor por metro de
comprimento, dividido pela área da superfície contida em um comprimento cilíndrico
com raio de um metro. A densidade de fluxo elétrico pode ser calculada por:

D= C/m2 (Equação 142)

em que q é a carga no condutor em C/m de comprimento e x é a distância em metros


do centro do condutor até o ponto onde deve ser calculada a densidade de fluxo
elétrico. A intensidade de campo elétrico é igual à densidade de fluxo elétrico dividida
pela permissividade do meio.

Logo a intensidade do campo elétrico, é dada por:


d= V/m (Equação 143)

Imaginemos dois pontos P1 e P2 afastados em D1 e D2 metros do centro do fio reto e


longo conduzindo uma carga positiva de q (C/m). Agora, suponha que essa carga precise
ser movida de um ponto para o outro: se as cargas forem opostas elas se atrairão e se
forem iguais elas se repelem. Este deslocamento entre os pontos P1 e P2 é feito mediante
a realização de trabalho dado em N/m. O caminho percorrido para se chegar de P1 até P2
não é importante. Se foi realizado um trabalho é porque uma parcela de energia elétrica
foi transformada e isso resulta em uma queda de tensão que pode ser calculada por:

12
= dx = dx = ln (V) (Equação 144)

29
UNIDADE II | Parâmetros de linhas de transmissão

em que: q é a carga instantânea no condutor em C/m de comprimento. É claro que essa


rede pode receber trabalho (quando temos a presença de reativos, ou seja, quando o
deslocamento ocorrer do ponto P2 para o ponto P1). Como já vimos, o capacitor adianta
a corrente em 90º em relação a tensão conforme é mostrado na figura 28.

Figura 28. Forma de onda da tensão x corrente em um capacitor.

Fonte: Andel, Commons Wikimedia. Disponível em: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:VI_phase.


svg Acesso em: 20 nov. 2022.

A capacitância dessa linha é obtida pela divisão da carga em C/m pela queda de tensão
entre esses dois fios, sendo representada por

C = (F/m) (Equação 145)

em que: q é a carga sobre a linha, em C/m, e é a diferença de potencial entre os


condutores em V. Essa capacitância por unidade de comprimento será chamada a partir
de agora apenas por capacitância.

Recorrendo novamente a Stevenson (1986, p. 74):

Podemos obter a capacitância entre dois condutores substituindo na


equação (145) o valor de em função do valor de q dado pela equação
(144). A tensão ab entre os dois condutores da linha a dois fios pode ser
obtida determinando a diferença de potencial entre os dois condutores
da linha, calculando primeiro a queda de tensão devida à carga qa do
condutor a depois a queda de tensão devido à carga qb do condutor b.
Pelo princípio da superposição, a queda de tensão entre o condutor a e
o condutor b, devida à carga dos dois condutores, é a soma das quedas
de tensão devidas a cada um deles.

Ainda de acordo Stevenson (1986, p. 74):

30
Parâmetros de linhas de transmissão | UNIDADE II

Consideremos a carga qa do condutor a e admitamos que o condutor b


esteja descarregado e seja simplesmente uma superfície equipotencial
no campo elétrico criado pela carga do condutor a. A distorção das
superfícies equipotenciais nas proximidades do condutor b é causada
pelo fato de o condutor b ser também parte de uma superfície
equipotencial. Na dedução da equação (144), todas as superfícies
equipotenciais devidas a uma carga uniformemente distribuída sobre
um condutor cilíndrico foram consideradas cilíndricas e concêntricas
ao condutor. Esta consideração é válida no caso em discussão, exceto
nas vizinhanças do condutor b. O potencial do condutor b é igual ao da
superfície equipotencial que o intercepta. Portanto, para a determinação
de ab, pode ser seguido um caminho do condutor a, indo através de
uma região de superfícies equipotenciais sem distorção até a superfície
equipotencial que intercepta o condutor b. A partir daí, movendo-se ao
longo da superfície equipotencial até o condutor b, não são produzidas
mudanças no valor da tensão. É claro que a diferença de potencial é a
mesma seja qual for o caminho através do qual é feita a integração da
intensidade de campo. Seguindo o caminho pela região sem distorção,
vemos que as distâncias correspondentes a D2 e D1 da equação (144) são,
respectivamente D e ra, na determinação de ab, devido a qa. Da mesma
forma, na determinação ab devido a qb, as distâncias correspondentes
a D2 e D1 da equação (144) são rb e D. respectivamente.

Convertendo à notação fasorial (qa e qb passam a ser números complexos), obtemos:

ab
= ln + ln (V) (Equação 146)

sendo que uma linha é retorno da outra, temos qb = - qa:

ab
= (V) (Equação 147)

Efetuando o rearranjo dos termos temos:

ab
= (V) (Equação 148)

A capacitância entre condutores é:

Cab= = (F/m) (Equação 149)

considerando ra = rb = r:

Cab= = (F/m) (Equação 150)

31
UNIDADE II | Parâmetros de linhas de transmissão

A equação (150) dá a capacitância entre condutores de uma linha a dois fios. Às vezes, é
desejável conhecer a capacitância entre um dos condutores e um ponto neutro entre eles.

A capacitância ao neutro para a linha a dos fios é o dobro da capacitância linha-linha


(capacitância entre condutores).

Cn= Can= Cbn= (F/m) ao neutro (Equação 151)

A equação (151) corresponde à equação (114) para a indutância, lembrando que o raio
aqui é o raio real do condutor (para capacitância não temos o efeito das mútuas).

As equações (146) e (150) foram deduzidas a partir da equação (144), que se baseia na
suposição de distribuição uniforme de carga sobre a superfície do condutor. Quando
estiverem presentes outras cargas, a distribuição de carga sobre a superfície do condutor
não será uniforme, e as equações deduzidas a partir da equação (144) não serão
precisamente corretas. Mas esse erro pode ser desprezado porque é igual a 0,01%.

Agora precisamos corrigir o valor obtido para a capacitância de cabos singelos (equação
151) para cabos encordoados (porque eles evitam o efeito corona), já que os cabos
utilizados em linhas de transmissão são todos encordoados (um cabo é composto de
vários cabos trançados). Felizmente o erro devido à utilização do raio do condutor
encordoado é muito pequeno e pode ser desprezado, ou seja, essa equação também
é válida para cabos encordoados.

Tendo sido obtida a capacitância ao neutro, a reatância capacitiva entre um condutor e


o neutro, para uma permissividade relativa kr = 1 é calculada usando a mesma fórmula
para o cálculo da capacitância dada na equação (151).

XC= = x 109 (W.m) ao neutro (Equação 152)

sendo o valor C na equação (152) dado em Faradays por metro (F/m), a unidade
apropriada para XC será ohms-metro (W.m).

Se dividirmos a equação (152) por 1,609 obtemos a reatância capacitiva em ohms-milhas.

XC= x 106 (W.mi) para o neutro (Equação 153)

A tabela 3 apresenta os diâmetros externos mais usados em condutores CAA. Se D e r na


equação (146) forem dados em pés, a reatância capacitiva para um pé de espaçamento
será o primeiro termo, e o fator de espaçamento de reatância capacitiva será o
segundo termo na equação seguinte:

32
Parâmetros de linhas de transmissão | UNIDADE II

XC= x 106 + x 106 ln D (W.mi) para o neutro (Equação 154)

A tabela 1 inclui os valores de para as bitolas mais comuns de cabos CAA, e existem
à disposição tabelas para os outros tipos de condutores, em suas diferentes bitolas. Na
tabela 2, é apresentada uma lista de valores de .

Tabela 3. Fator de espaçamento da reatância capacitiva em paralelo . a 60 Hz (W/milha


por condutor).
Separação

Polegadas

Pés 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
0 ....... -0,0737 -0,0532 -0,0411 -0,0326 -0,0260 -0,0206 -0,0160 -0,0120 -0,0085 -0,0054 -0,0026

1 0 0,0024 0,0046 0,0066 0,0085 0,0103 0,0120 0,0136 0,0152 0,0166 0,0180 0,0193

2 0,0841 0,0218 0,0241 0,0241 0,0251 0,0262 0,0272 0,0282 0,0291 0,0300 0,0309 0,0318

3 0,03333 0,0334 0,0350 0,0350 0,0357 0,0365 0,0372 0,0379 0,0385 0,0392 0,0399 0,0405

4 0,1682 0,0417 0,0429 0,0429 0,0435 0,0441 0,0446 0,0452 0,0457 0,0462 0,0467 0,0473

5 0,1953 0,482 0,0492 0,0492 0,0497 0,0501 0,0506 0,0510 0,0515 0,0519 0,0523 0,0527

6 0,2174 0,0536 0,0544 0,0544 0,548 0,552 0,055 0,0559 0,563 0,0567 0,570 0,0574

7 0,2361 0,0581 0,0588 0,0588 0,0591 0,0594 0,0598 0,0601 0,064 0,0608 0,011 0,0614

8 0,2523

9 0,2668

10
A 60 Hz, em W/mi por condutor . = 0,06831 log d
D = separação, pé para linhas trifásicas d= Deq
1 pé = 12 polegadas
49

Fonte: Stevenson (1986, p. 448).

Imaginemos uma linha de transmissão formada por três condutores dispostos em forma
de um triângulo com lados iguais. A equação (146) representa a tensão entre esses dois
condutores por causa da carga em cada um deles, logo ab será igual a:

Vab= V (Equação 155)

Incluindo o efeito de qc graças a equação (144) temos que a tensão Vab somente devido
a carga na fase c será de:

Vab= V (Equação 156)

33
UNIDADE II | Parâmetros de linhas de transmissão

que é igual a zero, pois qc está localizado a mesma distância de a e de b, o que faz com
que ln 1 = 0. Para ter uma precisão matemática rigorosa consideraremos o efeito das
três fases no cálculo, assim mesmo:

Vab= V (Equação 157)

Equivalentemente:

Vac= V (Equação 158)

Adicionando à equação (157) a equação (158), o resultado será:

Vab + Vac= V (Equação 159)

No nosso cálculo, não estamos considerando o efeito da terra, por imaginá-la distante
das linhas trifásicas. Adotando a notação fasorial e substituindo qa + qb por – qa na
equação (159), obtemos:

Vab + Vac = V (Equação 160)

Considerando as relações entre as tensões de linha e de fase, podemos escrever que:

Vab = Van (0,866 + j 0,5) (Equação 161)

Vac = - Vca = Van (0,866 - j 0,5) (Equação 162)

Adicionando à equação (161) a equação (162), temos:

Vab + Vac = 3 Van (Equação 163)

Realizando a substituição da equação (163) na equação (159), temos:

Van = V (Equação 164)

Pela definição de capacitância ao neutro ser o quociente de uma carga em um condutor


dividida pela queda de tensão entre aquele condutor e o neutro, temos:

Cn = = F/m para o neutro (Equação 165)

A corrente de carregamento é o produto da tensão de linha pela capacitância da linha,


dado notação fasorial:
= j w Cab Vab (Equação 166)

34
Parâmetros de linhas de transmissão | UNIDADE II

A corrente de carregamento, na forma de fasor, para a fase a é:

= j w Cn Van A/mi (Equação 167)

Por ser uma senoide o valor instantâneo de an varia e utilizamos o valor eficaz. Os valores
da capacitância para linhas assimétricas variam devido à variação da distância entre as
linhas a, b, e c. Quando as linhas são transpostas, essa assimetria é diminuída; mesmo
se a linha não for transposta, o erro de cálculo é pequeno e pode-se desprezar essa
assimetria.

Agora vamos obter as três equações de Vab para as três posições diferentes no ciclo de
transposição. Com a fase a na posição 1, b na posição 2 e c na posição 3,

Vab = V (Equação 168)

Com a na posição 2, b na posição 3 e c na posição 1:

Vab = V (Equação 169)

Agora se considerarmos a fase a na posição 3 e a fase b na posição 1, consequentemente


teremos a fase c na posição 2 e podemos escrever:

Vab = V (Equação 170)

Baseando-nos em Stevenson (1986, p. 82), temos que:

As equações (168) a (170) são semelhantes às equações (132) a (134)


para enlaces de fluxo de um condutor de uma linha transposta.
Entretanto, nas equações para os enlaces de fluxo, notamos que a
corrente em qualquer das fases era a mesma em qualquer parte do ciclo
de transposição. Nas equações (168) a (170), se desconsiderarmos a
queda de tensão ao longo da linha, a tensão ao neutro de uma fase
em uma parte do ciclo de transposição será igual à tensão ao neutro
da mesma fase em qualquer outra parte do mesmo ciclo. Portanto, a
queda de tensão entre dois condutores quaisquer será a mesma em
todas as partes do ciclo de transposição. Segue-se que a carga sobre um
condutor deve ser diferente quando a posição do condutor varia com
respeito aos outros condutores. Daí, não ser rigoroso um tratamento das
equações (168) a (170) conforme ao que é dado às equações (132) a (134).

Finalmente, de acordo com Stevenson (1986, pp. 83 e 84), podemos observar que:

A solução rigorosa para a capacitância é excessivamente trabalhosa,


exceto talvez para espaçamento horizontal com iguais distâncias

35
UNIDADE II | Parâmetros de linhas de transmissão

entre condutores. Para os espaçamentos e para os condutores usuais,


obtém-se precisão suficiente supondo que a carga por unidade de
comprimento da linha seja a mesma em qualquer seção do ciclo de
transposição. Quando se faz esta consideração a respeito da carga,
a tensão entre um par de condutores será diferente em cada seção
do ciclo de transposição. Podemos então obter um valor médio da
tensão entre condutores e calcular a capacitância a partir deste valor.
Obtemos o valor médio das tensões, somando e dividindo por três
as equações (168), (169) e (170). A tensão média entre os condutores
a e b, baseada na suposição de mesma carga sobre um condutor,
independentemente de sua posição no ciclo de transposição.

Logo:

Vab = = V

(Equação 171)

Onde:
Deq = (Equação 172)

Da mesma forma, a queda de tensão entre o condutor a e o condutor c é:

Vac = V (Equação 173)

Aplicando a equação (163) para obter a tensão em relação ao neutro, temos:

3 Van = Vab + Vac = V (Equação 174)

Como qa + qb + qc = 0 em um circuito equilibrado,

3 Van = V (Equação 175)

Cn = = F/m para o neutro (Equação 176)

A equação (176) para a capacitância ao neutro de uma linha trifásica transposta


corresponde à equação (137) para a indutância por fase de uma linha semelhante. Para
se obter a reatância capacitiva ao neutro correspondente a Cn, ela pode ser desenvolvida
em componentes de reatância capacitiva a 1 pé de espaçamento e de fator de
espaçamento da reatância capacitiva , como foi definido pela equação (157).

36
Parâmetros de linhas de transmissão | UNIDADE II

Para uma linha de cabos múltiplos, é possível, conforme proposto por Stevenson (1986,
p. 88):

escrever uma equação para a tensão entre os cabos a e b como


fizemos ao deduzirmos a equação (168), exceto que neste caso
devemos considerar as cargas em todos os seis condutores individuais.
Os condutores de cada cabo estão em paralelo, e podemos admitir que
a carga por cabo se divide igualmente entre os condutores deste cabo,
pois o afastamento entre condutores de mesma fase é usualmente mais
do que 15 vezes menor do que o espaçamento entre cabos. Também,
como D12 é muito maior do que d, podemos usar D12 no lunar de D12
- d e de D12 + d e de forma semelhante substituir as expressões mais
exatas obtidas no cálculo de Vab pelas distâncias entre os centros dos
cabos múltiplos. Mesmo quando os cálculos são realizados com 5 ou 6
algarismos significativos, não se pode detectar as diferenças que surgem
nos resultados finais, devidas a estas simplificações.

Se a carga na fase a for qa, cada um dos condutores a e a' terá uma carga qa/2; para as
fases b e c serão admitidas divisões semelhantes de carga. Então:

Vab = (Equação 177)

As letras sob cada termo logarítmico indicam o condutor cuja carga é considerada
naquele termo. Combinando os termos, obtemos:

Vab = (Equação 178)

A equação (97) é semelhante à equação (87) com exceção da substituição de r por .


Segue-se que, se a linha fosse considerada transposta, teríamos obtido:

Cn = F/m para o neutro (Equação 179)

O termo é equivalente a para um cabo múltiplo de dois condutores, exceto pela


substituição de Dg por r... O termo DMG é chamado de distância média geográfica, e o
RMG é o raio médio geométrico.

É lógico concluir que o método DMG modificado se aplica a outras configurações de


cabos múltiplos. Se usarmos a notação para o RMG modificado para ser usado em
cálculos de capacitância para distingui-lo da usada no cálculo da indutância, temos:

Cn = F/m para o neutro (Equação 180)

37
UNIDADE II | Parâmetros de linhas de transmissão

Então, temos que, para um cabo com dois condutores:


= = (Equação 181)

Para um cabo múltiplo de três condutores:

= = (Equação 182)

e se o cabo possuir quatro condutores:

= = 1,09 (Equação 183)

Exemplo no 6: se o valor de raio médio geométrico igual a r = 0,01295 m e a


distância entre as linhas A - B for de 6,0 m, a distância entre as linhas B - C for igual
a 6,0 m e a distância entre as linhas C - A for igual a 10,0 m, qual será o valor da
capacitância em relação ao neutro da linha, se k = 8,85 x 10-12?

O valor do capacitor em relação ao neutro pode ser calculado por:

Cn = F/m para o neutro

Logo:

Deq = = 7,1138

Então:

Cn = = 0,0186 pF/m para o neutro

As componentes simétricas são uma das maneiras encontradas para simplificar o


cálculo matemático de circuitos desequilibrados. Para encontrarmos as componentes
simétricas da matriz de indutância trifásica, primeiramente precisamos escrever a matriz
de indutância trifásica (esta matriz terá três linhas e três colunas, sendo que a diagonal é
sempre representada pelas indutâncias próprias e as outras posições pelas indutâncias
mútuas).

Imaginemos uma linha trifásica de comprimento infinito. As três distâncias entre os


condutores das três fases não são necessariamente iguais. Agora inserimos um ponto
P, fora do plano e dos condutores. As relações entre os fluxos concatenados com as
correntes 1, 2
e 3
podem ser colocadas na forma geral (matricial) dada por:

= (Equação 184)

38
Parâmetros de linhas de transmissão | UNIDADE II

Sendo que Lii = LP= L11, L22 e L33 são chamadas de indutâncias próprias e Lij = LM= L12 =
L21, L13 = L31 e L23 = L32 são chamadas de indutâncias mútuas.

No caso particular em que os espaçamentos entre os condutores formam um triângulo


equilátero (e são desprezadas outras perturbações), a matriz de coeficientes que aparece
na equação (184) se torna uma matriz diagonal com elementos da diagonal principal
iguais entre si, ou seja, as indutâncias mútuas são iguais a zero.

Imaginemos uma linha trifásica de comprimento infinito. As três distâncias entre os


condutores das três fases não são necessariamente iguais. Agora inserimos um ponto
P, fora do plano e dos condutores. As relações entre as densidades de carga nos três
condutores e potenciais dos três condutores 1
, 2
e 3
podem ser colocadas na forma
geral (matricial) dada por:

(Equação 185)
=

Sendo que Cii = CP= C11, C22 e C33 são chamadas de indutâncias próprias e Cij = CM= C12
= C21, C13 = C31 e C23 = C32 são chamadas de indutâncias mútuas.

No caso particular em que os espaçamentos entre os condutores formam um triângulo


equilátero (e são desprezadas outras perturbações), a matriz de coeficientes que aparece
na equação (185) se torna uma matriz diagonal com elementos da diagonal principal
iguais entre si, ou seja, as indutâncias mútuas são iguais a zero.

1.1.3. Cálculo de linhas de transmissão: representação de


linhas de transmissão – linhas curtas

Agora vamos desenvolver os modelos por fase de linhas de transmissão trifásicas


em corrente alternada. Estes modelos são utilizados no cálculo de fluxo de potência.
Geralmente conhecemos a tensão no final da linha (na carga) e precisamos calcular
a tensão na geração para que depois da queda de tensão devido a uma linha de
transmissão possamos ainda ter tensão suficiente para alimentar a carga com a tensão
necessária. Para que as constantes mudanças de tensão ao longo do processo possam
ser desconsideradas no nosso modelo, utilizamos os valores por unidade. A principal
vantagem da utilização dos valores pu é que os resultados podem ser comparados
com facilidade. Desse modo, se a tensão necessária na carga for de 1∠ 0º a tensão na
geração deve ser maior, por exemplo 1,09 ∠ 0º (valores escolhidos como exemplo),
assim sabe-se que a queda de tensão na linha é de 0,9 V.

39
UNIDADE II | Parâmetros de linhas de transmissão

As linhas de transmissão em corrente alternada podem ter comprimentos que


variam entre alguns metros até em torno de 2.500 quilômetros, no caso do Brasil.
O equacionamento matemático varia de acordo com o tamanho da linha e para facilitar
estes cálculos dividimos as linhas de transmissão de acordo com Pinto (2018, p. 64) em:

» “Curtas – comprimento inferior a 80 km.

» Médias - comprimento superior a 80 km e inferior a 249 km.

» Longas – comprimento superior a 249 km”.

As linhas de transmissão curtas podem ser representadas por seu modelo simplificado,
conforme mostrado na figura 29, composto de uma resistência e uma reatância indutiva
+ j XL. Podemos representar esta linha por um resistor em série com um indutor ou um
retângulo para indicar uma carga desconhecida. A reatância indutiva XL é dada por 2 f L.

Figura 29. Circuito equivalente de uma linha de transmissão curta.

Fonte: Pinto (2018, p. 73)

Neste caso, o valor da resistência e da indutância é dado em W / km e o tamanho da


linha, sua distância deve ser multiplicada aos valores tabelados para que se tenha o
valor real destes parâmetros.

Aplicando-se a Lei de Kirchhoff para as tensões, temos:

s
= Icarga (R + j XL) + Icarga Zcarga
(Equação 186)
s
= Icarga (R + j XL + Zcarga)

ou seja, a tensão no gerador (do inglês source) s


terá que suprir a queda de tensão na
linha e alimentar a carga.

Assista ao vídeo da construção da linha de transmissão de 800 kV CC que liga a


subestação de Xingu, localizada no estado do Pará, a de Estreito, localizada no
Estado do Maranhão. Essa linha é uma das maiores do mundo e a linha em tensão
mais elevada do Brasil. Ela teve que ser construída passando por cima das linhas
existentes da usina de Tucuruí, que têm tensões iguais a 500 kV. Além disso, algumas

40
Parâmetros de linhas de transmissão | UNIDADE II

dessas linhas tiveram que ser instaladas em rios ou regiões onde a realização da
fundação também foi considerada um desafio.

Para saber mais, acesse o link a seguir : https://www.youtube.com/


watch?v=HK24AGe232c Acesso em: 21 nov. 2022.

Exemplo no 7: vamos calcular a tensão no gerador necessária para manter a


tensão na carga igual a 220 V. Essa carga absorve 100 kVA de potência com fator
de potência igual a 0,8. A linha de transmissão que interliga esse sistema tem os
seguintes parâmetros: R = 0,0032 Ω/km e L = 9,59 x 10-6 H/km. Essa linha percorre
uma distância de 45 km.

O circuito de uma linha curta é o mesmo circuito representado pela figura 29.

Para calcularmos a tensão no gerador precisamos primeiro determinar a impedância


da linha.

Se a linha tem uma resistência igual a R = 0,0032 Ω/km e um comprimento igual


a 45 km, então R = 0,0032 x 45 = 0,1440 Ω.

Se a indutância L é igual a 9,59 x 10-6 H/km, então L será igual a L = 9,59 x 10-6 x
45 = 0,0004 H.

A reatância indutiva da linha dada por XL é calculado por XL = 2 60 x 0,0004 =


0,1627 Ω.

Portanto, o valor da impedância da linha será igual a ZL = 0,1440 + j 0,1627 Ω.

Agora vamos utilizar os valores em pu.

Sbase – 100 kVA e Vbase = 220 V

Logo, podemos calcular a corrente, que será igual a:

Ibase = = = 454,5455 A

E a impedância de base será igual a:

Zbase = = = 0,4840 Ω

Como o fator de potência da carga é igual a cos j = 0,8, o ângulo será obtido por:

j = arc cos (0,8) = 36,8699167º

Então a tensão na carga será igual a:

Vcarga = v ∠ j = 1 ∠ 36,8699º pu.

41
UNIDADE II | Parâmetros de linhas de transmissão

A tensão no gerador será obtida por:

Vgerador = vcarga + ZL x i

O valor de ZL pode ser calculado por:

ZL = Zbase = = (0,4489 ∠ 48,4891º) pu

Agora podemos calcular a tensão no gerador que será obtida por:

Vgerador = 1 ∠ 36,8699º + [(0,4489 ∠ 48,4891º) x (1 ∠ 0º)] = 1,4425 ∠ 40,4633º pu.

Voltando para Volts temos que a tensão no gerador será dada por:

Vgerador = (1,4425 ∠ 40,4633º) x 220 = 317,3603 ∠ 40,4633º V

1.1.4. Cálculo de linhas de transmissão: representação de


linhas de transmissão – linhas médias

As linhas médias são representadas pelo modelo (pi) nominal mostrado na figura
30. Ao modelo de linhas curtas é acrescido um capacitor shunt (em paralelo) dividido
em duas partes iguais a Yc / 2 (a letra Y refere-se admitância capacitiva, a admitância é
o inverso da impedância capacitiva que é dada por Xc = 1/(2 f C) e ligado nas duas
extremidades do modelo de linha curta o que faz com que este modelo se pareça com
a letra grega pi motivo do nome deste modelo de representação da linha.

Figura 30. Circuito equivalente de uma linha de transmissão média.

Fonte: Pinto (2018, p. 74).

Aplicando-se a Lei de Kirchhoff para as tensões temos

s
= + R
(Equação 187)

s
= R
+ R

42
Parâmetros de linhas de transmissão | UNIDADE II

Como queremos isolar Is e temos que o valor da corrente na capacitância em derivação


é S Y/2 podemos adicionar esta corrente do ramo ao circuito em série com o seguinte
resultado:

s
= s
+ R
+ R
(Equação 188)
s
= R
+ R

Agora o valor de s
dado pela equação (188), pode ser substituído, e o resultado será:

s
= R
Y + + R
(Equação 189)

Podemos representar as equações (188) e (189) por meio de letras A, B, C e D


denominadas constantes generalizadas do circuito da linha de transmissão que são
números complexos, sendo A e D números adimensionais (se a linha possuir as mesmas
características esses números são os mesmos) e B e C são dados em W e 1/W = Siemens,
respectivamente. A representação dessas equações é dada por:

s
=A R
+B R
(Equação 190)
s
=C R
+D R

sendo que:

A=D= +1

B= (Equação 191)

C=Y=

Exemplo no 8: vamos calcular a tensão no gerador necessária para manter a tensão na


carga igual a 220 V. Essa carga absorve 100 kVA de potência com fator de potência igual
a 0,8. A linha de transmissão que interliga esse sistema tem os seguintes parâmetros:
R = 0,0032 Ω/km e L = 9,59 x 10-6 H/km e C = 5,72x 10-8 F/km. Essa linha percorre uma
distância de 130 km.

O circuito de uma linha curta é o mesmo circuito representado pela figura 30.

Para calcularmos a tensão no gerador, precisamos primeiro determinar a impedância


da linha.

Se a linha tem uma resistência igual a R = 0,0032 Ω/km e um comprimento igual a 130
km, então R = 0,0032 x 130 = 0,4160 Ω.

43
UNIDADE II | Parâmetros de linhas de transmissão

Se a indutância L é igual a 9,59 x 10-6 H/km, então L será igual a L = 9,59 x 10-6 x 130 =
0,0012 H.

A reatância indutiva da linha dada por XL é calculado por XL = 2 60 x 0,0012 = 0,4700 Ω.

O valor do capacitor dessa linha é igual a 5,72 x 10-8 x 130 = 7,436 x 10-6 F.

A admitância capacitiva será dada por:

YC = e XC = = = 356,7217 Ω

O valor de YC então será dado por:

YC = = = = 0,0028 S (Siemens)

Agora podemos calcular o valor de YC/2 que será dado por:

= = 0,0014 S

O valor de A será obtido por meio de:

A= +1= + 1 = 0,993 ∠ 0,0334º

O valor de B será obtido através de:

B = Z = (0,4160 + j 0,4700) Ω

Como o fator de potência da carga é igual a cos j = 0,8, o ângulo será obtido por:

j = arc cos (0,8) = 36,8699167º

Então a tensão na carga será igual a:

Vcarga = 220 ∠ j = 220 ∠ 36,8699º V

A corrente será calculada por:

I= = = 454,5455 ∠ 0º A

A tensão no gerador será obtida por:

Vgerador = A Vcarga + B x I

Vgerador = [(0,9993 ∠ 0,0334º) x (220 ∠ 36,8699º)] + [(0,4160 ∠ 0,4700) x (454,5455 ∠


0)] = 502,6192 ∠ 43,4484º V

44
Parâmetros de linhas de transmissão | UNIDADE II

1.1.5. Cálculo de linhas de transmissão: representação de


linhas de transmissão – linhas longas

Os parâmetros concentrados podem ser usados sem maiores problemas para linhas
curtas e médias, o que não ocorre para linhas longas, cujo modelo está representado
na figura 31. Neste caso, faz-se necessário utilizarmos os parâmetros distribuídos. Assim
como o equacionamento que se torna um pouco mais complicado com a introdução
dos senos e tangentes hiperbólicos.

Figura 31. Circuito equivalente de uma linha de transmissão longa.

Fonte: Pinto (2018, p. 74).

Para linhas longas, o equacionamento matemático é o mesmo para o modelo nominal.


Desse modo, temos que:
A = D = cosh g

B= c
senh g (Equação 192)

C=Y=

como pode ser visto as funções agora são cosh – cosseno hiperbólico e senh – seno
hiperbólico e a variável g é a constante de propagação da onda e é dada pela raiz
quadrada da multiplicação da impedância pela admitância, representadas por:

g= (Equação 193)

O problema das linhas longas é que, de acordo com Araújo e Neves (2005, p. 144),
“todo o equacionamento tem que ser feito com derivadas parciais devido ao fato
de que as ondas senoidais viajam no tempo e na frequência". Por esse motivo, as
correntes e tensões senoidais passam a serem chamadas de ondas viajantes, porque
agora dependendo do momento em que a análise é feita tem-se uma forma de onda.

Como a resolução de linhas de transmissão considerando as ondas viajantes é um pouco


complicada matematicamente, optou-se pela utilização da Transformada de Laplace,

45
UNIDADE II | Parâmetros de linhas de transmissão

pois essa ferramenta é muito útil para o caso de equações diferenciais ordinárias que
é a maneira de se escrever as formas de onda da tensão e corrente, em equações
diferenciais de primeira e segunda ordem, pois temos que considerar os domínios do
tempo e da frequência. Logo, a tensão pode ser escrita por:

dt = dt
(Equação 194)
dt = s V(x, s) – v(x,0)

em que utilizamos letras maiúsculas para indicar as transformadas de Laplace (as funções
que variam no tempo foram escritas com letras minúsculas).

Podemos substituir as derivadas parciais por totais e com o mesmo raciocínio obter a
corrente.

Considerando as condições iniciais iguais a zero, ou seja, I = 0 e V = 0, pode-se escrever:


(Equação 195)
- = (r + s l) I (x, s)

- = (g + s c) V (x, s) (Equação 196)

Agora vamos derivar a equação (195) em relação a x e substituir a derivada da corrente


em relação a x pela equação (196), o que resulta em:

= (r + s l) (g + s c) . V (x, s) (Equação 197)

= (r + s l) (g + s c) . I (x, s) (Equação 198)

Essas equações são facilmente resolvidas, pois conhecemos os parâmetros r, l c e


g que são a resistência, indutância, capacitância e condutância. Como g = , ou
explodindo os termos da impedância e admitância, temos que g = .
Podemos resolver a equação da tensão igualando a derivada parcial de segunda ordem
a d2y/dx2 = g2y cujo sistema apresenta as seguintes soluções egx e e-gx. Assim as equações
(197) e (198) resultam na equação:

V(x, s) = A(s) e-gx + B(s) egx (Equação 199)

Podemos utilizar essa equação para encontrarmos a corrente, que será:

I(x, s) = e-gx - egx (Equação 200)

em que Zc(s) = .

As constantes A(s) e B(s), na verdade, constantes em relação a x, são determinadas a


partir das condições de contorno no início e no final da linha. As funções g(s) e Zc(s) são

46
Parâmetros de linhas de transmissão | UNIDADE II

chamadas, respectivamente, de constante de propagação e de impedância característica


da linha. Note-se que ambas são funções da variável s, que é complexa.

Em alguns casos particulares de linhas, Zc(s) transforma-se em uma constante real pura –
casos de linhas sem distorção e sem perdas.

No caso de uma linha sem perdas (sem resistência e condutância) r = g = 0 temos g = s

e Zc = , e podemos escrever:

(Equação 201)
V(x, s) = A(s) + B(s)

(Equação 202)
I(x, s) = -

em que = 1/ .

Para a definição de uma linha sem distorção, é necessário fazer primeiro:

g(s) = = = (Equação 203)

Zc(s) = = (Equação 204)

em que:

» O termo d = é o fator de atenuação;

» O termo s = é o fator de distorção.

Uma linha sem distorção é definida como sendo aquela em que s = 0. Assim. g(s) = e
Zc(s) = (independentemente de s). Desse ponto em diante, para simplificar, a notação
Zc, sem o (s), será usada para representar indistintamente a impedância característica de
uma linha com, ou sem distorção ou perdas. Quando o contexto deixar alguma dúvida,
explicitar-se-á a dependência com a frequência.

As equações (199) e (200) se transformarão em:


(Equação 205)
V(x, s) = A(s) + B(s)
(Equação 206)
I(x, s) = -

Comparando-se essa solução com as equações (201) e (202), pode-se compreender a


razão pela qual d é chamado fator de atenuação.

47
UNIDADE II | Parâmetros de linhas de transmissão

Teoricamente, uma linha semi-infinita é definida como uma linha que tem uma das
extremidades acessível – normalmente chamada de início da linha – e a outra inacessível,
por encontrar-se no infinito. Dito de outra forma, uma linha semi-infinita é aquela em
que, de uma das suas extremidades, aquela localizada no infinito, não chega nenhum
sinal

Considere-se, então, uma linha semi-infinita sem perdas, inicialmente desenergizada,


em que se aplica um degrau de tensão no tempo zero, como mostrado na figura 32.
A solução das equações (201) e (202) – para a tensão e corrente em qualquer ponto da
linha e em qualquer instante de tempo – é obtida, levando-se em conta as condições de
contorno e iniciais do problema. Isto é, essas condições são usadas para a determinação
das constantes de integração.

Figura 32. Energização de uma linha semi-infinita.

Fonte: Araújo e Neves (2005, p. 144).

Considerando a equação da tensão:


(Equação 207)
V(x, s) = A(s) + B(s)

As constantes A(s) e B(s) – constantes apenas em relação à variável espacial – são


determinadas a partir das seguintes considerações:

» Condições de contorno: pela definição de linha semi-infinita, nada volta da


extremidade à direita da linha. Como inicialmente a linha estava desenergizada,
com corrente e tensão nulas em todos os pontos dela, então, B(s) = 0. Na outra
extremidade (x = 0), v(0, t) = u(t).

» Condição inicial: o degrau unitário (u(t) = 1, para t > 0, e u(t) = 0, para t ≤ 0) tem
uma descontinuidade que ocorre em t = 0. Como a transformada inversa de Laplace
do degrau unitário é 1/s, pode-se escrever V(0, s) = 1/s. assim, colocando-se x =
0 na equação (207) e igualando-se o resultado a 1/s, tem-se:
(Equação 208)
V(0, s) = A(s) + B(s) (=0) = ⇒ A(s) =

48
Parâmetros de linhas de transmissão | UNIDADE II

Portanto a solução geral para a linha semi-infinita sem perdas é:


(Equação 209)
V(x, s) =

O significado físico dessa equação fica claro quando a análise é feita no domínio do
tempo, utilizando-se o teorema da translação da transformada de Laplace (se f(t) . u(t)
tem uma transformada de Laplace F(s), então, a transformada de Laplace de f (t – T) . u
(t – T) é igual a e-sT. F(s).

(Equação 210)
v(x, t) = L-1 [V(x, s)] = L-1 = u(t – x/ )

isto é,
v(x, t) = u (t – x/ ) (Equação 211)

Com base na definição da função degrau u(t), sabe-se que v(x, t) = u(t – x/ ) = 1, se
(t – x/ ) > 0 e u (t -x/ ) = 0 para os outros pontos. Quando se fotografa a tensão em
todos os pontos da linha em um determinado instante de tempo t = T, o resultado
está mostrado na figura 33. Fotografias tiradas subsequentemente, com o passar do
tempo, ou seja, com o aumento contínuo de T vão mostrar um valor unitário constante
de tensão propagando-se ao longo da linha.

Figura 33. Propagação de onda de tensão em uma linha semi-infinita.

Fonte: Araújo e Neves (2005, p. 145).

Considerem-se duas fotografias tiradas em dois instantes T1 < T2. Podem-se ver, nelas, dois
pontos X1 = T1 e X2 = T2 sendo energizadas pela tensão. A velocidade de propagação
da tensão pode ser calculada como = . Portanto o parâmetro = 1/ é, na
verdade, a velocidade com que o distúrbio de tensão se propaga ao longo da linha.

Se um voltímetro for instalado em um determinado ponto da linha (X) e o tempo for


cronometrado a partir do instante em que a chave da figura 32 for fechada, tem-se que
fazer as seguintes observações:

» (X, t) = u(t – X/ ) = 1, se t > X/ ;

» (X, t) = 0, se t ≤ X/ .

49
UNIDADE II | Parâmetros de linhas de transmissão

Dito de outra forma, só há medição, no voltímetro instalado em x = X, para tempos


maiores que X/ , quando, então, esse voltímetro marcará o valor unitário constante.

A onda de tensão v(x, t) é acompanhada, em sua propagação, por uma onda de corrente
i(x,t), que pode ser obtida pela equação (202), considerando-se B(s) = 0 e transformando-se
I(x,s), para o domínio do tempo:
(Equação 212)
i(x, t) = u(t – x/ ) =

Essa equação mostra claramente a razão de Zc ser denominada impedância característica


da linha – relação entre tensão e corrente (o nome impedância é indevido, pois, para
as linhas sem perdas, ela é um número. Uma impedância real é uma resistência, o que
não procede para o caso da impedância característica).

As ondas viajantes em linhas de transmissão podem ser medidas e um dos aparelhos


para medição deste fenômeno está demonstrado em https://www.youtube.com/
watch?v=f00gUOdalf0

Para linhas monofásicas sem perdas com as duas extremidades acessíveis – linhas finitas,
vale a solução geral, em qualquer ponto da linha:
(Equação 213)
V(x, s) = A(s) + B(s) = Vp (x, s) + Vr (x, s)

(Equação 214)
I(x, s) = - = Ip (x, s) + Ir (x, s)

Soluções do tipo de Vp(x, s) e Ip(x, s) são ondas propagando-se na direção do crescimento


de x – ondas progressivas. Pode-se mostrar, da mesma forma, que Vr(x, s) e Ir(x, s) são
ondas que se propagam na direção negativa de x, ondas regressivas.

O sinal negativo da equação da corrente pode ser assim interpretado: a corrente tem
a direção associada com a magnitude. Outra característica importante das ondas
de tensão e corrente nas linhas é que elas respeitam o princípio da superposição.
Assim, duas ondas viajando em sentido contrário somam-se no ponto de encontro e
depois continuam suas propagações independentes.

As descontinuidades em linhas são definidas como mudanças súbitas da relação


entre tensão e corrente em algum ponto. Terminais abertos, curto-circuito, junções de
linhas diferentes são exemplos das tais descontinuidades. As ondas viajantes têm um
comportamento singular quando encontram descontinuidades em seus caminhos.

Considere-se a figura 34, que mostra uma onda progressiva de tensão Vp(x, s), também
chamada de tensão incidente à descontinuidade, acompanhada por uma onda

50
Parâmetros de linhas de transmissão | UNIDADE II

progressiva Ip(x, s), incidindo em uma descontinuidade localizada em x = 0 e representada


por uma impedância concentrada Z(s).

Figura 34. Descontinuidade: impedância concentrada Z(s).

Fonte: Araújo e Neves (2005, p. 147).

Em x = 0, a razão entre a tensão e a corrente é:


(Equação 215)
= Z(s)

Essa condição não pode ser satisfeita nem por um par (tensão/corrente) de ondas
progressivas, cuja relação é Zc, nem por um par de ondas regressivas, cuja relação é – Zc.
Ambos os pares de ondas devem existir, obrigatoriamente, na descontinuidade, a
despeito de, inicialmente, só existir o par de ondas progressivas. É comum dizer-se que
a descontinuidade gera o outro par regressivo (na verdade, o que gera o par de ondas
regressivo é a condição de contorno do problema na descontinuidade, que deve ser
obedecida pela equação da linha).

No início, temos que:

(Equação 216)
Vp(x, s) = A1 (s) e Ip(x, s) =

Na descontinuidade, o par de ondas regressivas gerado é descrito por:

(Equação 217)
Vr(x, s) = A2 (s) e Ir(x, s) = -

O valor dessas grandezas, no ponto de descontinuidade (x = 0), é:

Vp(0, s) = A1 (s) Vr(0, s) = A2 (s) (Equação 218)


Ip(0, s) = Ir(0, s) = -

Usando-se a propriedade da superposição, a tensão V0(s) e a corrente I0(s) na


descontinuidade são:
V0(s) = Vp(0, s) + Vr(0, s) = A1(s) + A2(s) (Equação 219)

51
UNIDADE II | Parâmetros de linhas de transmissão

E
(Equação 220)
I0(s) = Ip(0, s) + Ir(0, s) = [A1(s) - A2(s)]

Além disso, V0(s) = Z(s) . I0(s). Daí, deduz-se que

(Equação 221)
A2(s) = A1(s) = G(s) . A1(s)

(Equação 222)
A1(s) + A2(s) = 2 A1(s) = H(s) . A1(s)

ou seja,
V0(s) = H(s) . A1(s)

I0 (s) = . = K(s) . (Equação 223)

Vr(x, s) = A2 (s) = G(s) . A1(s)

(Equação 224)
Ir(x, s) = - = - G (s). A1(s)

Os coeficientes G(s) e H(s) são chamados, respectivamente, de coeficientes de reflexão


e de refração da tensão. Analogamente, os coeficientes – G(s) e K(s) são chamados,
respectivamente, de coeficientes de reflexão e da refração da corrente. Na tabela 1,
indicamos mais claramente esses coeficientes:

Tabela 1. Coeficiente de reflexão e refração para a tensão e corrente.

Coeficiente de reflexão Coeficiente de refração

Tensão

Corrente
-

Fonte: Araújo e Neves (2005, p. 148).

A análise da terminação resistiva de uma linha de transmissão mostra um fenômeno


que só ocorre em circuitos de parâmetros distribuídos e tem um papel importante
no entendimento dos transitórios eletromagnéticos em geral. A tabela 1 pode
ser modificada para o caso em pauta, ou seja, Z(s) = R e neste caso será igual à
tabela 2.

52
Parâmetros de linhas de transmissão | UNIDADE II

Tabela 2. Coeficiente de reflexão e refração para a tensão e corrente quando a terminação


for resistiva.

Coeficiente de reflexão Coeficiente de refração

Tensão

Corrente -

Fonte: Araújo e Neves (2005, p. 148).

Note-se que, para o caso de linhas sem perdas, Zc é um número real, o que implica
fatores de reflexão e refração reais. Não há, portanto, deformação da onda incidente
quando ela se reflete e se refrata nessa terminação.

Dois casos extremos são os da terminação aberta (R → ∞) e do curto-circuito (R = 0).


No caso do circuito aberto, por manipulações algébricas simples, chega-se à Tabela 3:

Tabela 3. Coeficiente de reflexão e refração para a tensão e corrente quando a terminação


estiver aberta e em curto-circuito.

Coeficiente de reflexão Coeficiente de refração


Tensão 1 2

Corrente -1 0

Fonte: Araújo e Neves (2005, p. 148).

O fator de reflexão da tensão é 1, o que significa Vr(0, s) = Vp(0, s). Coerentemente, o fator
de refração é 2, pois V0(s) = Vp(0, s) + Vr(0,s) = 2 Vp(0,s), ou seja, a tensão na terminação
em aberto é o dobro da tensão incidente na descontinuidade.

Para o caso de uma linha terminada em curto-circuito, vale a tabela 4:

Tabela 4. Coeficiente de reflexão e refração para a tensão e corrente para uma linha
terminada em curto-circuito.

Coeficiente de reflexão Coeficiente de refração


Tensão -1 0

Corrente 1 2

Fonte: Araújo e Neves (2005, p. 152).

Uma análise análoga àquela apresentada para o circuito aberto pode ser feita.

Nesses dois casos extremos, ou a tensão ou a corrente refratada dobra após a incidência.
Esse fenômeno não ocorre em circuitos com parâmetros concentrados. É possível entendê-lo
a partir de considerações sobre a energia eletromagnética que se propaga na linha.

53
UNIDADE II | Parâmetros de linhas de transmissão

Já foi dito que as tensões e corrente na linha estão ligadas a campos eletromagnéticos
em torno de seus condutores. A energia divide-se, igualmente, entre energia magnética
( l i2) e elétrica ( c e2), quando de sua propagação.

Quando a onda alcança uma descontinuidade, parte dessa energia é absorvida e parte é
refletida, conservando-se a energia total. No caso de um curto-circuito, a energia elétrica
que desapareceria no momento da incidência [V0(s) = 0], na verdade, transforma-se
totalmente em energia magnética. Para facilitar a análise, considere-se que I1 é a
corrente incidente no curto, I2 é a corrente refletida e I3 é a corrente refratada. A energia
eletromagnética total que viaja em direção ao curto é

= welet + wmag = 2 wmag = l (Equação 225)

A energia total, após a incidência, só será magnética e pode ser dada por
(Equação 226)
= l + l

Essas duas energias têm que ser iguais,

= ⇒ I1 = I2 (Equação 227)

Como, por definição, a corrente refratada é a soma da corrente incidente com a refletida
(I3 = I1 + I2), então I3 = 2 I1.

Para o caso do circuito aberto, chega-se à conclusão de que V3 = 2 V1.

A figura 35 mostra os efeitos que sofre a onda de tensão após trafegar em uma linha de
transmissão em direção a diversas terminações – como circuito aberto, resistor com a
mesma impedância de surto da linha, curto-circuito, circuito aberto e centelhador ideal.

Figura 35. Descontinuidade: impedância concentrada Z(s).

Fonte: Araújo e Neves (2005, p. 150)

54
Parâmetros de linhas de transmissão | UNIDADE II

A figura 35, item a), mostra a linha com terminal em aberto (R → ∞), em que o coeficiente
de reflexão da tensão é igual a 1. A tensão no terminal aberto é o dobro da tensão
incidente.

A figura 35, item b), mostra a linha conectada a uma resistência igual à sua impedância
de surto (R = Z); o coeficiente de reflexão da tensão e corrente são nulos, não havendo
reflexão. A tensão na carga é a própria onda incidente no terminal.

A figura 35, item c), mostra a terminação em curto-circuito (R = 0), em que a onda de
tensão refletida é igual e tem sinal contrário ao da onda incidente.

A figura 35, item d), mostra a terminação em um centelhador, que se comporta como
um circuito aberto até atingir a tensão de ruptura. Em seguida, comporta-se como um
curto-circuito.

A terminação indutiva, assim como a capacitiva, introduz deformações nas ondas


refletidas e refratadas, pois, agora, os fatores de reflexão e de refração são dependentes
da frequência, como está escrito na tabela 5.

Tabela 5. Coeficiente de reflexão e refração para a tensão e corrente quando a terminação


for indutiva.

Coeficiente de reflexão Coeficiente de refração

Tensão

Corrente -

Fonte: Araújo e Neves (2005, p. 150).

A tensão refletida pode ser colocada na forma:

Vr(x, s) = (Equação 228)

A mesma tensão, no domínio do tempo fica:

(Equação 229)
vr(x, t) = 2 .u –u

O comportamento de ondas incidentes em um capacitor pode ser analisado de forma


análoga ao do indutor. Nesse caso, os coeficientes são dados na tabela 6:

55
UNIDADE II | Parâmetros de linhas de transmissão

Tabela 6. Coeficiente de reflexão e refração para a tensão e corrente quando tivermos um


capacitor.

Coeficiente de reflexão Coeficiente de refração

Tensão

Corrente
-

Fonte: Araújo e Neves (2005, p. 152).

Porque a tensão incidente é um degrau unitário, a tensão refletida é expressa como:

(Equação 230)
Vr(x, s) = =

ou no domínio do tempo,

(Equação 231)
vr(x, t) = u –2 u

O fenômeno conhecido por efeito Ferranti faz com que a tensão sustentada na
extremidade aberta de uma linha de transmissão seja superior à tensão no lado da
geração. Isso ocorre devido ao fluxo de corrente capacitiva por intermédio da indutância
série da linha.

Para melhor visualização desse fenômeno, considera-se a linha de transmissão como


um circuito de dois terminais. A equação geral para a linha é dada, então, por:

V1 = V2 cosh (g l) + Zc I2 senh (g l) (Equação 232)

em que:

» V1 – é a tensão no lado da geração;

» V2 – é a tensão no lado da carga;

» l – é o comprimento da linha;

» Zc – é a impedância característica da linha;

» E g é a constante de propagação.

Admitindo-se a linha aberta na extremidade receptora, como no caso de energizações


ou rejeições de carga, tem-se I2 = 0. Assim,

V1 = V2 cosh (g l) (Equação 233)

56
Parâmetros de linhas de transmissão | UNIDADE II

Dessa forma, para uma linha não compensada, se as perdas forem desprezadas, o efeito
Ferranti é calculado, aproximadamente, pela fórmula:

(Equação 234)
=

sendo b = w , a constante de fase, 7,2º/100 km em 60 Hz. A forma de onda da


sobretensão resultante desse fenômeno é, em geral, senoidal à frequência industrial,
chegando a 1,3 pu de sobretensão no final de uma linha de 600 km de comprimento,
sem compensação.

Exemplo no 9: vamos os parâmetros A, B, C e D e o valor da constante de propagação


da linha, sendo que a tensão na carga igual a 220 V. Essa carga absorve 100 kVA de
potência com fator de potência igual a 0,8. A linha de transmissão que interliga esse
sistema tem os seguintes parâmetros: R = 0,0032 Ω/km e L = 9,59 x 10-6 H/km e C =
5,72x 10-8 F/km. Essa linha percorre uma distância de 440 km.

O circuito de uma linha curta é o mesmo circuito representado pela figura 31.

Os valores dos parâmetros A, B, C e D serão calculadas por:

A = D = cosh g l

O valor de g =

O valor de Z pode ser calculado por meio da resistência, indutância e capacitância.


Vamos começar pelo valor da resistência que é igual a:

R = 0,0032 Ω/km. Como a linha tem 440 km, temos que R = 0,0032 x 440 = 1,4080 Ω

Já a indutância é dada por:

L 9,59 x 10-6 x 440 = 0,0042 H

A reatância indutiva da linha dada por XL é calculado por XL = 2 60 x 0,00422 = 1,5908 Ω

O valor do capacitor dessa linha é igual a 5,72 x 10-8 x 440 = 2,5168 x 10-8 F

A admitância capacitiva será dada por:

YC = e XC = = = 105,3950 Ω

O valor de YC então será dado por:

YC = = = = 0,0095 S (Siemens)

57
UNIDADE II | Parâmetros de linhas de transmissão

O valor de A será obtido por meio de:

A = D = cosh g l = cosh [(0,1421 ∠ 69,2422º) x 440] = 2,0865 x 109 ∠ 108,9886º

O valor de B será obtido por meio de:

B = ZC senh g l = (14,9540 ∠ -20,7550º) senh [(0,1421 ∠ 69,2422º) x 440] = 31,3802 x


109 ∠ 89,1087º Ω

O valor de C é dado por:

Y= = = 0,1403 x 1024 ∠ 103,6187º S

Como o fator de potência da carga é igual a cos j = 0,8, o ângulo será obtido por:

j = arc cos (0,8) = 36,8699167º

Então a tensão na carga será igual a:

Vcarga = 220 ∠ j = 220 ∠ 36,8699º V

A corrente será calculada por:

I= = = 454,5455 ∠ 0º A

A tensão no gerador será obtida por:

Vgerador = A Vcarga + B x I

Vgerador = [(0,9993 ∠ 0,0334º) x (220 ∠ 36,8699º)] + [(0,4160 ∠ 0,4700) x (454,5455 ∠


0)] = 502,6192 ∠ 43,4484º V

O filme “A Guerra das Correntes" retrata o surgimento do sistema de energia elétrica


do modo como o conhecemos e mostra a guerra travada entre Thomas Edison – o
inventor da lâmpada elétrica, que acreditava que a energia devia ser transmitida
e distribuída em CC (corrente contínua) – e George Westinghouse e Nikola Tesla,
que defendiam o sistema alternado (CA). Esse episódio ficou conhecido como a
batalha ou a guerra das correntes.

Para conhecer mais sobre o filme, acesse o trailer disponível em: https://www.
youtube.com/watch?v=tuqp1D8N7Hg. Acesso em: 21 nov. 2022.

58
REFERÊNCIAS

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engenhariacotidiana.com/emulador-hp50g-download/. Acesso em: 30 out. 2022.

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engineers.tools/software-tools/electrical-engineering/symmetrical-components/. Acesso em 30 out.
2022.

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Legenda: referências inseridas conforme comentários

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