1.curso Sobre Os Dogmas Marianos

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Dogmas Marianos

“Salve, ó Senhora santa, Rainha


santíssima, Mãe de Deus, ó
Maria, que sois virgem feita
igreja, eleita pelo Santíssimo Pai
celestial, que vos consagrou por
seu Santíssimo e dileto Filho e o
Espírito Santo Paráclito! Em vós
residiu e reside toda a plenitude
da graça e todo o bem!” – São
Francisco de Assis.
O que é um dogma ?
Posto nos termos mais simples, Dogma é uma verdade de Fé, revelada
por Deus (na Sagrada Escritura ou contida na Sagrada Tradição), e que
também é proposta pela Igreja como realmente revelada por Deus.

“Os dogmas são luzes no caminho da nossa fé, que o ilumina e o torna
seguro.” (cf. CIC 89).

Existem algumas verdades doutrinárias na Igreja Católica que são


estabelecidas como “dogmas da fé”, ou seja, nenhum católico pode
negar ou duvidar delas. São crenças obrigatórias de todos os fiéis
católicos.
Nesse sentido, o dogma é uma definição verdadeira feita acerca de algum ponto
essencial, e, portanto, importante para a fé. Trata-se não de uma verdade
inventada ou imaginada pela Igreja, mas revelada por Deus. É importante
salientar que o dogma é uma afirmação eclesial (da Igreja) e, enquanto tal, é
“symbolum”, quer dizer, sinal de reconhecimento da reta fé.

O Catecismo da Igreja Católica afirma: “O Magistério da Igreja faz pleno uso da


autoridade que recebeu de Cristo quando define dogmas, isto é, quando propõe,
dum modo que obriga o povo cristão a uma adesão irrevogável de fé, verdades
contidas na Revelação divina ou quando propõe, de modo definitivo, verdades
que tenham com elas um nexo necessário” (cf. CIC 88).

Uma vez proclamado, o dogma não pode ser negado ou revogado, nem mesmo
pelo Sumo Pontífice ou por algum Concílio.
43 são os principais dogmas proclamados pela Igreja, que se dividem em 8
categorias:

Dogmas sobre Deus;


Dogmas sobre Jesus Cristo;
Dogmas sobre a criação do mundo;
Dogmas sobre o ser humano;
Dogmas sobre Maria;
Dogmas sobre o Papa e a Igreja;
Dogmas sobre os sacramentos;
Dogmas sobre as últimas coisas.
A Maternidade Divina
A Maternidade Divina

Desde os tempos mais remotos, a Bem-Aventurada Virgem é


honrada com o título de Mãe de Deus.

De acordo com o Concílio Vaticano II :


“Desde os tempos mais remotos, a Bem-Aventurada Virgem
é honrada com o título de Mãe de Deus, a cujo amparo os
fiéis acodem com suas súplicas em todos os seus perigos e
necessidades”. (Constituição Dogmática Lumen Gentium,
66)
A Mãe de Deus na Bíblia
A Sagrada Escritura nos oferece diversas passagens que
ressaltam o papel único de Maria como Mãe de Deus.

No Evangelho de Lucas (Lc 1,43), durante a Visitação, Isabel,


cheia do Espírito Santo, saúda Maria, reconhecendo-a como
“a mãe do meu Senhor”. Essa saudação destaca não apenas
a maternidade de Maria sobre Jesus, mas sua condição como
Mãe do próprio Senhor.
A Mãe de Deus na Bíblia
Em outra passagem presente no Evangelho de Mateus, a
citação da profecia de Isaías (Is 7,14) destaca que o
nascimento de Jesus, por meio de Maria, é o cumprimento
divino da promessa de Deus de estar conosco, encarnado na
pessoa de Jesus:

Tudo isso aconteceu para que se cumprisse o que foi dito


pelo profeta: Eis que a Virgem conceberá e dará à luz um
filho e o chamarão com o nome de Emanuel, o que traduzido
significa “Deus conosco”. (Mt 1, 22-23).
A esse respeito o Catecismo da Igreja Católica, no n.495, nos
diz que:

Chamada nos evangelhos “a Mãe de Jesus”, Maria é


aclamada, sob o impulso do Espírito Santo e desde antes do
nascimento do seu Filho, como “a Mãe do meu Senhor”.
Com efeito, Aquele que Ela concebeu como homem por obra
do Espírito Santo, e que Se tornou verdadeiramente seu
Filho segundo a carne, não é outro senão o Filho eterno do
Pai, a segunda pessoa da Santíssima Trindade. A Igreja
confessa que Maria é, verdadeiramente, Mãe de
Deus (Theotókos).
Maria, Theotókos
Este título apareceu dentro do pensamento teológico grego:
mãe de Deus = Theotókos.

Acredita-se que foi usado pela primeira vez por volta do


século 3 d.C., por Orígenes, em Alexandria. Isto nos leva a
crer que já existia uma tradição oral que usava esta palavra
para qualificar Maria.

Mais tarde, em 431, este título vai ser solenemente


proclamado no Concílio de Éfeso.
Contexto histórico
Nesta época, a Igreja enfrentava a heresia nestoriana, que afirmava
que em Jesus existia a pessoa divina com a sua natureza divina e a
pessoa humana com sua natureza humana.
Nestório ensinava que Maria era só mãe do Cristo-homem
(Christotokos), porque lhe parecia absurdo uma criatura ser mãe do
criador.
Cirilo de Alexandria contestava com veemência, afirmando que não
podia haver dois Cristos, um homem e outro Deus. E havendo um
Cristo só, embora com duas naturezas inseparáveis, Maria era mãe
do Cristo-homem e mãe do Cristo-Deus, portanto sua maternidade
era tão divina quanto humana, ela era verdadeiramente Theotókos,
Mãe de Deus.
Por trás, estava o antagonismo político-eclesiástico das duas
escolas catequéticas: a de Alexandria e Antioquia.

A escola Alexandrina estava mais inclinada à interpretação alegórica


das Sagradas Escrituras. Sua inspiração filosófica era platônica.
Entre os grandes professores estavam Atanásio e os três padres
Capadócios; a partir da primeira década do século V, Cirilo de
Alexandria (patriarca do ano 412).

Na outra escola, prevalece a exegese gramatical e histórica das


Sagradas Escrituras. Expoentes proeminentes: Luciano de Antioquia,
Diodoro de Tarso; em seus escritos já podemos ver uma tendência
a avaliar tanto a humanidade de Cristo, sob o risco de afrouxar a
união ontológica entre a divindade e a humanidade de Cristo, e de
admitir apenas uma unidade moral.
Esta tendência é mais acentuada em Teodoro de Mopsuéstia
e, depois, em seu discípulo Nestório, patriarca de
Constantinopla a partir do ano 428.

Quando Nestório ensina que o Logos habita no Cristo-


homem como num templo, ele tira a consequência disto
quando aplica aos sermões sobre Nossa Senhora:
argumenta contra a qualificação da Mãe de Jesus Cristo
como Theotókos e admite apenas o título de Christotokos,
porque ela deu à luz o homem Jesus, em quem Deus
habitou como num templo.
Cirilo faz sua a indignação do povo cristão, condena a posição
nestoriana numa epístola circular e dirige-se ao Papa Celestino I
(422-432), que segue as indicações de Cirilo, e, num sínodo romano
de 430, condenou Nestório.

Cirilo convida Nestório a retratar-se com 12 anatematismos, dos


quais o primeiro: “Se alguém não confessar que o Emanuel é Deus
no verdadeiro sentido da palavra, e que portanto a Virgem Santa é a
mãe de Deus porque ela gerou segundo a carne, o Verbo feito carne
(Jo1,14), seja anátema”. No terceiro: “Se alguém divide no único
Cristo, depois da união das duas substâncias, unindo-as com uma
simples relação de dignidade, isto é, de autoridade, ou de poder, e
não, antes, com uma união natural, seja anátema”.
Nestório, porém, não se retratou, mas escreveu outros 12
anátemas para os quais poderia contar com o apoio do
imperador bizantino Teodósio II (408-450).

Teodósio, de acordo com o imperador ocidental


Valentiniano II (425-455), convocou um concílio ecumênico.
O Concílio de Éfeso – 431d.C
Contexto histórico
O Concílio de Éfeso, terceiro na lista dos Concílios Ecumênicos, foi
convocado pelo imperador Teodósio II para o Pentecostes do ano
431.

O local da celebração foi a grande igreja dedicada a Nossa Senhora


existente em Éfeso. Os participantes foram aprox. 200 bispos (Santo
Agostinho também foi convidado, mas morreu em agosto de 430 em
sua cidade sitiada pelos Vândalos. Os protagonistas foram Cirilo,
patriarca de Alexandria, Nestório, patriarca de Constantinopla, João,
patriarca de Antioquia e (ausente durante o Concílio) o Papa
Celestino I.
O objetivo do Concílio de Éfeso era afirmar a unidade da pessoa de
Cristo. Maria é Mãe de Jesus Cristo, o Filho de Deus que se
encarnou. Maria não é, porém, a mãe apenas da carne humana, mas
de toda a realidade de seu Filho, que tinha uma só Pessoa. Daí
dizer que Maria é Mãe de Deus, não enquanto Deus sem mais, mas
enquanto Deus feito homem.

Portanto, “Theotókos” significa, teologicamente, não genitora da


divindade, mas geradora do Verbo encarnado.

Desqualificando o nestorianismo, o Concílio de Éfeso definiu


explicitamente que Maria é “Mãe de Deus” (Theotókos). Classificou o
nestorianismo como heresia e depôs Nestório de sua sede
patriarcal, condenando-o ao exílio.
O Concílio faz sua a segunda e terceira cartas de Cirilo a Nestório e
aprova os 12 anatematismos:

1. Se alguém não confessar que o Emanuel é Deus no verdadeiro


sentido da palavra, e que portanto a Santíssima Virgem é a mãe de
Deus porque ela gerou segundo a carne, o Verbo feito carne, seja
anátema.
2. Se alguém não confessar que o Verbo do Pai assumiu na unidade
de substância a carne humana, que ele é um só Cristo com sua
própria carne, isto é, o mesmo que é Deus e homem juntos, seja
anátema.
3. Se alguém divide num único Cristo, depois da união das duas
substâncias, juntando-as com uma simples relação de dignidade, isto
é, de autoridade, ou de poder, e não, antes com uma união natural,
seja anátema.
Sentença contra Nestório:

“…já que o ilustre Nestório também não quis ouvir o nosso convite para
acolher os santíssimos e piedosos bispos por nós enviados, tivemos,
necessariamente, que proceder ao exame das suas expressões ímpias.
Tendo constatado a partir do exame de suas cartas, dos escritos que foram
lidos, das suas recentes declarações feitas nesta metrópole e confirmadas por
testemunhas, que ele pensa e prega impiamente, movido pelos cânones da
carta de nosso santíssimo padre e colega no ministério, Celestino, bispo da
igreja de Roma, tivemos que chegar, muitas vezes com lágrimas nos olhos, a
esta dolorosa condenação contra ele.
O próprio Jesus Cristo, nosso Senhor, blasfemado por ele, definiu pela boca
deste santíssimo concílio que o mesmo Nestório está excluído da dignidade
episcopal e de qualquer colégio sacerdotal”.
A partir do Concílio de Éfeso, a maternidade divina de Maria é
doutrina constante e unânime na Igreja.
Diversos santos e Padres da Igreja afirmavam a maternidade
divina de Maria.

São João Damasceno († 749) explicava tal dogma do seguinte


modo:

“Nós dizemos que Deus nasceu de Maria, não no sentido de que a


divindade do Verbo dependia de Maria, mas no sentido de que o
Verbo, o qual, fora antes do tempo, nasceu do Pai, é eterno como
o Pai e o Espírito Santo; na plenitude dos tempos viveu em seu
seio, para nossa salvação e sem mudança, tornou carne e nasceu
dela. A Virgem não gerou simplesmente um homem, mas um
verdadeiro Deus, Deus não sem carne, mas feito carne”.
São João Paulo II:

“No momento da Anunciação, respondendo com o seu


«fiat», Maria concebeu um homem que era Filho de Deus,
consubstancial ao Pai. Portanto, é verdadeiramente a Mãe
de Deus, uma vez que a maternidade diz respeito à pessoa
inteira, e não apenas ao corpo, nem tampouco apenas à
‘natureza’ humana. Deste modo o nome ‘Theotókos’ — Mãe
de Deus — tornou-se o nome próprio da união com Deus,
concedido à Virgem Maria.”
No Catecismo da Igreja Católica (n.466) encontramos o seguinte
significado para o dogma da Mãe de Deus:

A humanidade de Cristo não tem outro sujeito senão a pessoa


divina do Filho de Deus, que a assumiu e a fez sua desde que foi
concebida. Por isso, o Concílio de Éfeso proclamou, em 431, que
Maria se tornou, com toda a verdade, Mãe de Deus, por ter
concebido humanamente o Filho de Deus em seu seio: “Mãe de
Deus, não porque o Verbo de Deus dela tenha recebido a natureza
divina, mas porque dela recebeu o corpo sagrado, dotado duma
alma racional, unido ao qual, na sua pessoa, se diz que o Verbo
nasceu segundo a carne”.
Desse modo, sendo Mãe de Jesus, que é verdadeiro Deus
e verdadeiro Homem, Maria é também Mãe de Deus. Isto é
o que afirma o dogma da Maternidade Divina.
A Maternidade Divina na economia da
salvação
Após o seu “fiat”, na anunciação do anjo Gabriel, Maria recebe de Deus Pai,
pela força do Espírito Santo, Aquele que é o princípio meio e fim de toda a
humanidade. No que se refere à economia da salvação, a Virgem Maria,
contribui para nos tornarmos filhos de Deus, conforme a Carta encíclica
Redemptoris Mater :

A MÃE DO REDENTOR tem um lugar bem preciso no plano da salvação,


porque, “ao chegar a plenitude dos tempos, Deus enviou o seu Filho, nascido
duma mulher, nascido sob a Lei, a fim de resgatar os que estavam sujeitos à
Lei e para que nós recebêssemos a adoção de filhos. E porque vós sois filhos,
Deus enviou aos nossos corações o Espírito do seu Filho, que clama: ‘Abbá!
Pai!’”.
A Virgindade Perpétua
A Virgindade Perpétua

Desde os primórdios a Igreja confessou que Jesus foi


concebido exclusivamente pelo poder do Espírito Santo no
seio da Virgem Maria; Jesus foi concebido “do Espírito
Santo, sem sêmen”.

A Igreja nos ensina, com Santo Agostinho, que Maria


sempre foi Virgem: “antes do parto, no parto e depois do
parto”.
A Virgindade Perpétua na Bíblia
“Eis como nasceu Jesus Cristo: Maria, sua mãe, estava desposada com
José. Antes de coabitarem, aconteceu que ela concebeu por virtude do
Espírito Santo.”.
“Enquanto assim pensava, eis que um anjo do Senhor lhe apareceu
em sonhos e lhe disse: José, filho de Davi, não temas receber Maria
por esposa, pois o que nela foi concebido vem do Espírito Santo.”
(Mt 1,18-20).

O anjo disse a São José que “o que foi gerado nela vem do Espírito
Santo” (Mt 1,20). É o cumprimento da promessa divina dada pelo
profeta Isaías: “Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho.”
(Is 7,14).
Maria permaneceu Virgem também durante e após o parto
de Jesus; foi um parto milagroso que não se pode entender
pela biologia.

Diz o nosso Catecismo: “O aprofundamento de sua fé na


maternidade virginal levou a Igreja a confessar a virgindade
real e perpétua de Maria, mesmo no parto do Filho de Deus
feito homem. Com efeito, o nascimento de Cristo “não lhe
diminuiu, mas sagrou a integridade virginal” de sua mãe.
Aeiparthenos “sempre virgem.” (cf. CIC 499).
São Tomás de Aquino apresenta magistralmente as razões da
virgindade de Maria:

“Convinha que aquele que é Filho único de Deus (…), fosse virginalmente
concebido ao se fazer carne; para que a natureza humana do Salvador fosse
isenta do pecado original, ficava bem que não fosse formado como de ordinário
pela via seminal, mas pela concepção virginal; nascendo segundo a carne de uma
virgem, Cristo mostrava que seus membros deviam nascer segundo o espírito
dessa Virgem, sua esposa espiritual, que é a Igreja. O nascimento virginal é de
todo conveniente, pois o Verbo que é eternamente concebido e procede do Pai
sem nenhuma corrupção deve, se ele se faz carne, nascer de uma mãe virgem,
conservando-lhe sua virgindade; Aquele que vem para retirar toda a corrupção
não deve, ao nascer, destruir a virgindade daquela que lhe deu à luz.”.
A Virgindade Perpétua na Patrística
Para os Padres da Igreja a conceição virginal era o “sinal” de que foi
verdadeiramente o Filho de Deus que assumiu a nossa humanidade.
Os Santos Padres não se cansavam de exaltar a virgindade de Maria:

“Virgem que gerou a Luz, sem ficar com nenhum sinal, como outrora
a sarça (de Moisés) que ardia em fogo sem se consumir.” (Santo
Efrém).
“Virgem ainda mais pura depois do parto.” (Santo Epifânio).
“Virgem que permaneceu Virgem, mesmo sendo verdadeiramente
mãe.” (São João Crisóstomo).
Santo Agostinho afirma que:
“Cristo nasceu com efeito da Mãe que embora sem contato com
varão concebeu intacta, e sempre intacta permaneceu, concebeu
virgem, dando à luz virgem, virgem morrendo, embora fosse
desposada com o carpinteiro, extinguiu todo orgulho da nobreza
carnal”.

E ainda:
“Uma virgem concebe, virgem leva o fruto, uma virgem dá à luz e
permanece perpetuamente virgem.”.
São Cirilo de Alexandria
dizia que assim como a
luz atravessa de um lado
para outro a vidraça sem
quebrar-lhe, da mesma
forma o Verbo pôde
entrar e sair do ventre de
sua Mãe sem lhe rasgar as
paredes.
A Virgindade Perpétua no Magistério
No II Concílio de Constantinopla, em 553 d.C., Maria recebeu
oficialmente o título de “sempre Virgem”. Um século depois, o Papa
Martinho I esclareceu que, com isso, a Igreja quer dizer que Maria foi
virgem antes, durante e depois do nascimento de Cristo (ante
partum, in partu, et post partum).

Este é um ponto crucial — o parto virginal é essencialmente


incontestável entre os cristãos. É na questão de saber se
Maria permaneceu virgem que muitos protestantes discordam da
Igreja Católica.
A Virgindade Perpétua no Magistério

A virgindade perpétua de Maria também foi solenemente foi


proclamada, em 649, no Concílio Regional de Latrão, que disse:

“Se alguém, segundo os Santos Padres, não confessa que própria e


verdadeiramente é Mãe de Deus a santa e sempre Virgem e
Imaculada Maria, já que concebeu nos últimos tempos sem sêmen, do
Espírito Santo, o próprio Deus-Verbo (…), e que deu à luz sem
corrupção, permanecendo a sua virgindade indissolúvel mesmo
depois do parto, seja anátema.” (DS 255,649)
A Virgindade Perpétua no Magistério

O Papa Paulo IV, em 07/08/1555, apresentou a perpétua


virgindade de Maria entre os temas fundamentais da fé.
Assim se expressou:

“A Bem-aventurada Virgem Maria foi verdadeira Mãe de


Deus, e guardou sempre íntegra a virgindade, antes do
parto, no parto e constantemente depois do parto.”
Mesmo os reformadores protestantes, como Lutero e João Calvino,
professaram a virgindade de Maria. Em 1537, em seus “Artigos da
Doutrina Cristã”, é o próprio Lutero quem diz:
“O Filho de Deus fez-se homem, de modo a ser concebido do
Espírito Santo sem o concurso de varão e a nascer de Maria pura,
santa e sempre virgem.”

Em 1542, João Calvino publicou o “Catecismo da Igreja de


Genebra”, onde se lê:

“O Filho de Deus foi formado no seio da Virgem Maria (…). Isto


aconteceu por ação milagrosa do Espírito Santo sem consórcio de
varão.”
Sobre os “irmãos de Jesus”, a Igreja sempre entendeu que essas passagens não
designam outros filhos da Virgem Maria: com efeito, Tiago e José, “irmãos de
Jesus” (Mt 13,55), são os filhos de uma Maria discípula de Cristo que
significativamente é designada como “a outra Maria” (Mt 28,1). Tratam-se de
parentes próximos de Jesus, conforme uma expressão conhecida do Antigo
Testamento.

A Virgem Maria não teve outros filhos; em nenhum lugar dos Evangelhos se pode
encontrar alguém chamado de “filho de Maria”, a não ser Jesus.

Jesus é o Filho Único de Maria. Mas a maternidade espiritual de Maria, ensina a


Igreja, estende-se a todos os homens que Ele veio salvar: Ela gerou seu Filho, do
qual Deus fez “o primogênito entre uma multidão de irmãos” (Rm 8,29).
Embora incompreensível para nossa inteligência, o parto
virginal de Maria é uma verdade de fé que devemos
acolher em virtude da “obediência da fé” (Rm 1,5).

Só quem está disposto a crer que “para Deus nada é


impossível” (Lc 1,37), pode acolher com devoção e
gratidão as verdades místicas do Filho eterno de Deus e da
sua concepção e nascimento virginal.
A Virgindade Perpétua de Maria e a
nossa vida espiritual
A Virgindade Perpétua de Maria é uma verdade de fé que oferece uma
profunda reflexão sobre nossa vida espiritual e nossa aspiração pela comunhão
eterna com Deus no céu. Assim como Maria se entregou totalmente à vontade
de Deus, dizendo “Faça-se em mim segundo a tua palavra”, nós também temos
o chamado a uma entrega total e confiante ao plano divino em nossas vidas.

Essa entrega não se limita apenas às circunstâncias externas, mas permeia


nossa alma, moldando nossos desejos, intenções e ações. Ao imitarmos Maria
em sua virgindade espiritual, renunciamos às tentações e nos consagramos
totalmente ao serviço de Deus. Ao imitar o exemplo de Maria, abrimos espaço
para que Deus aja em nós e através de nós, permitindo que Sua vontade se
manifeste nas nossas vidas.
A Virgindade Perpétua de Maria e a
nossa vida espiritual

Esse dogma é uma prefiguração do céu, pois ressalta a


importância da pureza e da obediência à vontade divina
como fundamentais para alcançarmos a eternidade ao lado
do Senhor.

Maria é virgem, porque a virgindade é nela o sinal da sua fé,


«sem a mais leve sombra de dúvida» e da sua entrega sem
reservas à vontade de Deus. (cf. CIC 506).

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