Dogmas e Doutrinas Marianas Da Igreja Católica
Dogmas e Doutrinas Marianas Da Igreja Católica
Dogmas e Doutrinas Marianas Da Igreja Católica
Católica
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Índice
Outras doutrinas
A Igreja Católica detém muitos outros ensinamentos sobre a Virgem Maria, dos
quais muitos são tão relevantes como os ensinamentos acima definidos. Outros
são antigos ensinamentos, cultos e celebrações, que sob a orientação infalível
do Espírito Santo, são uma parte integrante do depósito de fé transmitida pela
Igreja.
A devoção à Virgem Maria continua sendo ressaltada nos ensinamentos da
Igreja Católica, por exemplo, na sua encíclica Rosarium Virginis Mariae, o Papa
João Paulo II afirmou que foi inspirado pelos escritos de São Luís Maria
Grignion de Montfort sobre a Total Consagração à Santíssima Virgem Maria.[12]
Dormição de Maria
Ver artigo principal: Dormição de Maria
Não há registros históricos do momento da morte de Maria. Diz uma
tradição cristã, atestada por Hipólito de Tebas,[13] que ela teria morrido
(Dormição da Virgem Maria) no ano 41 d.C. e seu corpo depositado
no Getsêmani.
Desde os primeiros séculos, usou-se a expressão dormitação, do lat. dormitáre,
em vez de "morte". Alguns teólogos e santos da Igreja Católica, sustentam que
Maria não teria morrido, mas teria "dormitado" e assim levada aos Céus; outra
corrente, diversamente, sustenta que não teria tido este privilégio uma vez que
o próprio Jesus passou pela morte.
Anunciação
Nascimento de Jesus
Adoração dos Magos
Ressurreição de Jesus
Ascensão de Jesus
Pentecostes (a descida do Espírito Santo sobre os apóstolos e
Maria)
Coroação da Virgem
Referências
1. ↑ Mariology Society of America
2. ↑ «Centers of Marian Study». Consultado em 26 de junho de
2009. Arquivado do original em 1 de março de 2008
3. ↑ Publisher’s Notice in the Second Italian Edition (1986),
reprinted in English Edition, Gabriel Roschini, O.S.M.
(1989). The Virgin Mary in the Writings of Maria
Valtorta (English Edition). Kolbe's Publication Inc. ISBN 2-
920285-08-4
4. ↑ E. Campagna, Maria nel culto cattolico, Torino, 1944
5. ↑ Cl. Dillenschneider, Le Mystere de Notre Dame et notre
devotion mariale Paris, 1962
6. ↑ Ir para:a b c d Catecismo da Igreja Católica
7. ↑ Catecismo da Igreja Católica (em inglês)
8. ↑ Catechism of the Catholic Church §499
9. ↑ Epístola 1, aos monges do Egito, Patrologia Graeca; 77:13
B
10. ↑ "Dogma da Imaculada Conceição" Bula "Ineffabilis
Deus"online, 02/12/2007 às 23:03h.
11. ↑ "In occasione del 150° anniversario della manifestazione
della Beata Vergine Maria nella Grotta di Massabielle, vicino
a Lourdes, è quotidianamente concessa l’Indulgenza plenaria
ai fedeli, che, dal giorno 8 Dicembre 2007 fino al giorno 8
Dicembre 2008, piamente e alle condizioni stabilite,
visiteranno la Grotta di Massabielle, e, dal 2 all’11 Febbraio
2008, visiteranno, in qualsiasi tempio, oratorio, grotta, o luogo
decoroso, l’immagine benedetta della Beata Vergine Maria di
Lourdes solennemente esposta alla pubblica
venerazione" «Decreto de Indulgência Plenária» (em italiano)
12. ↑ Rosarium Virginis Mariae
13. ↑ Rainer Riesner. Paul's early period: chronology, mission
strategy, theology. [S.l.: s.n.] Consultado em 20 de agosto de
2011
14. ↑ A dormição da Mãe de Deus. Audiência geral de 25 de
junhode 1997 de João Paulo II.
15. ↑ Catechism of the Catholic Church Part 1, Section 963
16. ↑ «Mediatorship of Mary». Consultado em 8 de outubro de
2008. post mediatorem mediatrix totius mundi
17. ↑ O que significa a doutrina de Corredentora[ligação inativa]
18. ↑ Ott 256
19. ↑ http://www.zenit.org/article-21743?l[ligação inativa] News Report on
the Mediatrix Petition to the Pope]
20. ↑ Ott Dogmatics 256
21. ↑ S. Gregorius Naz., Poemata dogmatica, XVIII, v. 58; PG
XXXVII, 485.
22. ↑ S. Ephraem, Hymni de B. Maria, ed. Th. J. Lamy, t. II,
Mechliniae, 1886, hymn. XIX, p. 624.
23. ↑ in:enyclical Ad caeli reginam
24. ↑ Ad Caeli reginam 1
25. ↑ Ad Caeli reginam 39
26. ↑ Ann Ball, 2003 Encyclopedia of Catholic Devotions and
Practices ISBN 087973910X
27. ↑ Catholic Encyclopedia
28. ↑ Joseph P. Christopher et al., 2003 The Raccolta St
Athanasius Press ISBN 978-0970652669
29. ↑ Rosarium Virginis Mariae Carta Apostólica de João Paulo II
30. ↑ Catholic encyclopedia
31. ↑ «Zenit News 2008 Cardinal Urges Devotion to Rosary and
Scapular». Consultado em 23 de junho de 2012. Arquivado
do original em 14 de novembro de 2012
32. ↑ Handbook of Prayers by James Socías 2006 ISBN 0-
87973-579-1 page 483
33. ↑ The encyclopedia of Christianity, Volume 4 by Erwin
Fahlbusch, Geoffrey William Bromiley 2005 ISBN 0-8028-
2416-1page 575
34. ↑ Pope Leo XIII. «Encyclical of Pope Leo XIII on the
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outubro de 2010
35. ↑ Erro de citação: Etiqueta <ref> inválida; não foi
fornecido texto para as refs de nome ency
36. ↑ G Schiller, Iconography of Christian Art, Vol. I,1971 (English
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Bibliografia
Ludwig Ott, Fundamentals of Catholic Dogma, Mercier Press
Ltd., Cork, Ireland, 1955.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Dogmas_e_doutrinas_marianas_da_Igreja_Cat%C3%B3lica
Por que amamos Nossa Senhora?
A fé em que o próprio Deus se fez homem é a alegre convicção da
Igreja desde os seus inícios. Para vir ao mundo, Deus quis servir-
se da livre cooperação de uma criatura, Maria, para ser mãe do
seu Filho, pela ação do Espírito Santo. Como Deus escolheu
Maria? Como se deu a concepção do Filho de Deus? Por que
chamamos Maria Virgem e Mãe?
PERGUNTAS SOBRE A FÉ08/05/2021
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Ó Mãe, Mãe! Com essa tua palavra - "fiat" - nos tornaste irmãos de Deus e
herdeiros da sua glória. - Bendita sejas!
Caminho, 512
"A natureza humana que ele assumiu nunca o afastou do Pai...; por
natureza, Filho de seu Pai segundo a divindade; por natureza, Filho de sua
Mãe, segundo a humanidade; mas propriamente Filho de Deus em suas
duas naturezas" (Concílio de Friul, ano 796: DS, 619).
Pensa em Santa Maria, a cheia de graça, Filha de Deus Pai, Mãe de Deus
Filho, Esposa de Deus Espírito Santo: no seu Coração cabe a humanidade
inteira sem diferenças nem discriminações. Cada um é seu filho, ou sua
filha.
Significa que foi concebida sem pecado original. Ao longo dos séculos, a
Igreja tomou consciência de que Maria, «cumulada de graça» por Deus
(Lc 1, 28), foi redimida desde a concepção. E é isso que confessa o dogma
da Imaculada Conceição, proclamado em 1854 pelo papa Pio IX: "A
beatíssima Virgem Maria, no primeiro instante de sua Conceição, por
singular graça e privilégio de Deus onipotente, em vista dos méritos de
Jesus Cristo, Salvador do gênero humano foi preservada imune de toda
mancha do pecado original" (Pio IX, Bula Ineffabilis Deus: DS, 2803).
Não existe coração mais humano que o de uma criatura que transborda de
sentido sobrenatural. Pensa em Santa Maria, a cheia de graça, Filha de
Deus Pai, Mãe de Deus Filho, Esposa de Deus Espírito Santo: no seu
Coração, cabe a humanidade inteira sem diferenças nem discriminações. -
Cada um é seu filho, sua filha.
Sulco, 801
Mãe nossa, tu, que trouxeste à terra Jesus, por quem nos é revelado o
amor do nosso Pai-Deus, ajuda-nos a reconhecê-lo no meio das ocupações
de cada dia; remove a nossa inteligência e a nossa vontade, para que
saibamos escutar a voz de Deus, o impulso da graça.
Estou certo de que cada um de nós, ao ver nestes dias como tantos
cristãos exprimem de mil formas diferentes o seu carinho pela Virgem
Santa Maria, se sentirá também mais dentro da Igreja, mais irmão de
todos os seus irmãos. É como uma reunião de família, em que os filhos já
adultos, que a vida separou, voltam a encontrar-se junto de sua mãe por
ocasião de uma festa. E se uma vez ou outra discutiram entre si e se
trataram mal, naquele dia é diferente; naquele dia sentem-se unidos,
reconhecem-se todos no afeto comum.
Mãe! - Chama-a bem alto, bem alto. - Ela, tua Mãe Santa Maria, te escuta,
te vê em perigo talvez, e te oferece, com a graça do seu Filho, o consolo do
seu regaço, a ternura das suas carícias. E te encontrarás reconfortado para
a nova luta.
Caminho, 516
9. Que significa a Assunção de Nossa Senhora aos céus?
A Santíssima Virgem Maria, Imaculada, depois de terminar o curso de sua
vida terrestre, foi elevada em corpo e alma à glória celestial; e, tornada
semelhante a seu Filho, que ressuscitou dentre os mortos, participou
antecipadamente da sorte de todos os justos. Cremos que a Santíssima
Mãe de Deus, nova Eva, Mãe da Igreja, continua no céu a desempenhar
seu ofício materno, em relação aos membros de Cristo
Como se comporta um filho ou uma filha normal com sua mãe? De mil
maneiras, mas sempre com carinho e confiança. Com um carinho que em
cada caso fluirá por condutos nascidos da própria vida, e que nunca são
uma coisa fria, mas costumes íntimos de lar, pequenos detalhes diários
que o filho precisa ter com sua mãe e de que a mãe sente falta se alguma
vez o filho os esquece: um beijo ou uma carícia ao sair de casa ou ao
voltar, uma pequena delicadeza, umas palavras expressivas...
Forja, 433
https://opusdei.org/pt-br/article/por-que-amamos-nossa-senhora/
A Virgem Maria no Catecismo da Igreja
A fé de Maria é firme e permanente. “Durante toda a sua vida e até sua última provação, quando
Jesus, seu filho, morreu na cruz, sua fé não vacilou. Maria não deixou de crer no cumprimento da
Palavra de Deus. Por isso a Igreja venera em Maria a realização mais pura da fé” (no. 149).
A fé de Maria é adesão confiante em Deus. “Somente a fé pode aderir aos caminhos misteriosos da
onipotência de Deus. Esta fé gloria-se de suas fraquezas a fim de atrair sobre si o poder de Cristo.
Desta fé, a Virgem Maria é modelo supremo, ela que acreditou que ‘nada é impossível a Deus’ ( Lc
1,37) e que pôde engrandecer o Senhor. ‘O Todo-poderoso fez grandes coisas em meu favor, seu
nome é Santo’ (Lc 1,49)” (no. 273).
A VIDA DE MARIA
Toda a vida de Maria é relacionada com a vida de Jesus Cristo, o Salvador do gênero humano. Ela é
a “obra-prima da missão do Filho e do Espírito na plenitude do tempo. Pela primeira vez no plano de
salvação e porque o seu Espírito a preparou, o Pai encontra a morada em que seu Filho e seu Espírito
podem morar entre os homens” (no. 721).
O Espírito Santo prepara Maria e realiza o projeto amoroso de Deus, fazendo com que ela
conceba em seu ventre o Salvador. “Em Maria, o Espírito realiza o desígnio benevolente do Pai. É
pelo Espírito Santo que a Virgem concebe e dá à luz o Filho de Deus. Sua virgindade transforma-se
em fecundidade única pelo poder do Espírito e da fé” (no. 723).
Maria é a pessoa de fé que vive em silêncio o mistério de Deus que acontece em sua existência.
Todavia, o Espírito Santo se encarrega de revelar ao mundo que aquele menino, filho de Maria, é
o Filho do Pai Eterno, o Salvador prometido por Deus e esperado pelo povo de Deus. “Em Maria, o
Espírito Santo manifesta o Filho do Pai tornado Filho da Virgem. Ela é a Sarça ardente da
Teofania definitiva: repleta do Espírito Santo, ela mostra o Verbo na humildade de sua carne, e é
aos pobres e às primícias das nações que ela o dá a conhecer” (no. 724).
Maria é o caminho que leva os homens a Jesus Cristo, de maneira que o recebam como Salvador.
Por ela o “Espírito Santo começa a pôr em comunhão com Cristo os homens, objetos do amor
benevolente de Deus, e os humildes são sempre os primeiros a recebê-lo: os pastores, os magos,
Simeão e Ana, os esposos de Caná e os primeiros discípulos” (no. 149).
MÃE DE CRISTO
Maria aceita o projeto amoroso de Deus, tornando-se Mãe de Jesus Cristo. “Ao anúncio de que, sem
conhecer homem algum, ela conceberia o Filho do Altíssimo pela virtude do Espírito Santo, Maria
respondeu com a obediência da fé, certa de que ‘nada é impossível a Deus’: ‘Eu sou a serva do
Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra’ (Lc 1,37-38). Assim, dando à Palavra de Deus o seu
consentimento, Maria se tornou Mãe de Jesus e, abraçando de todo o coração, sem que nenhum
pecado a retivesse, a vontade divina de salvação, entregou-se ela mesma totalmente à pessoa e à obra
de seu Filho, para servir, na dependência dele e com Ele, pela graça de Deus, ao Mistério da
Redenção” (no. 494).
Maria é Mãe de Deus, porque mãe de Jesus Cristo, que é Deus. “Denominada nos Evangelhos ‘a
Mãe de Jesus’ (Jo 2,1;19,25), Maria é aclamada, sob o impulso do Espírito Santo, desde antes do
nascimento de seu Filho, como ‘a Mãe de seu Senhor’ (Lc 1,43). Com efeito, Aquele que ela
concebeu do Espírito Santo como homem e que se tornou verdadeiramente seu Filho segundo a
carne não é outro que o Filho eterno do Pai, a segunda Pessoa da Santíssima Trindade. A Igreja
confessa que Maria é verdadeiramente Mãe de Deus (Theotókos)” (no. 495).
:: Mãe de Deus
Já nos primeiros séculos da história do cristianismo surgiram heresias, que negavam ora a divindade
ora a humanidade de Jesus. Mas a Igreja, iluminada pelo Espírito Santo, sempre afirmou que Jesus
Cristo é verdadeiro Deus e verdadeiro homem. Ele se fez homem em Maria sem deixar de ser Deus.
Ele se encarnou, assumindo a natureza humana em Maria, sem perder a natureza divina (cf. nos.
461-469).
MÃE DA IGREJA
Maria também ocupa o seu lugar no mistério da Igreja. Sendo Mãe de Jesus, ela também é Mãe dos
membros de Cristo. Pois pelo batismo os cristãos são membros do Corpo de Cristo, que é a Igreja.
Nesse sentido, Maria é Mãe de toda a Igreja. Ao gerar Jesus, ela se fez Mãe do Cristo todo, ou
seja, de Jesus e de sua Igreja (cf. no. 963).
Maria é a Mãe da Igreja na ordem da graça. Ela aderiu totalmente à vontade do Pai, à obra
redentora de Jesus e à inspiração do Espírito Santo. Por isso ela é, para todo o povo de Deus, o
modelo da fé e da caridade. É o exemplo da realização da Igreja. Entre todas as criaturas humanas, a
Mãe de Jesus se destaca de maneira singular. Pela sua fé, obediência, esperança e ardente caridade,
ela foi a maior cooperadora do Salvador e, portanto, a Mãe que ajudou na salvação de todos os seres
humanos. Por isso ela se tornou Mãe da Igreja (cf. nos. 967-968).
No céu, Maria continua sendo Mãe da Igreja e sua intercessora junto de seu Filho. Sua missão
materna não diminui a obra salvadora de Jesus, mas dela depende (nos. 969-970).
O respeito e a piedade da Igreja para com a Mãe de Jesus fazem parte do culto cristão. Desde os
primeiros tempos da Igreja, ela é honrada de maneira especial, por ser a Mãe de Deus. Esta piedade
encontra sua expressão nas festas litúrgicas dedicadas a ela e na oração mariana, tal como Rosário
(no. 971).
https://www.a12.com/academia/artigos/a-virgem-maria-no-catecismo-da-igreja-1
Assunção de Maria: os
“trânsitos” e as “dormições”
“Trânsitos e Dormitio constituem um rico patrimônio apócrifo sobre o êxito final
da Mãe de Deus. Com o tempo, eles influenciaram os Padres da Igreja, escritores
medievais, pintores e poetas. Esses textos trazem consigo tradições antiquíssimas e
levam o leitor ao momento em que a Virgem Maria adormeceu e o seu corpo foi
levado ao céu, assunto entre a glória dos anjos.”
A reflexão é do teólogo italiano Mario Colavita, padre da diocese de Termoli-
Larino e presidente diocesano do Istituto Sostentamento del Clero e professor
do Instituto Teológico Abruzzese-Molisano de Chieti.
O artigo foi publicado por Settimana News, 14-08-2017. A tradução é de Moisés
Sbardelotto.
Eis o texto.
Nos textos canônicos, a última recordação que temos de Maria é a relacionada com
os Atos dos Apóstolos, em que se diz que, depois da ascensão de Jesus, “todos eles
tinham os mesmos sentimentos e eram assíduos na oração, junto com algumas mulheres,
entre as quais Maria, mãe de Jesus, e com os irmãos de Jesus” (At 1, 14). Depois disso,
não sabemos mais nada da Virgem Maria a partir dos textos sagrados considerados
inspirados. Eles são bastante secos em delinear detalhes e indícios sobre os últimos
instantes da vida da Mãe de Deus.
Um patrimônio apócrifo
No entanto, desde os primeiros séculos do cristianismo, por obra da comunidade
judaico-cristã, transmitiram-se histórias orais sobre o último curso da vida da Virgem.
No fim do século II, essas tradições foram postas por escrito formando, assim, textos
apócrifos em que se delineiam detalhes sobre a Dormição ou o Trânsito da Virgem.
Trânsitos e Dormitio constituem um rico patrimônio apócrifo sobre o êxito final
da Mãe de Deus. Com o tempo, eles influenciaram os Padres da Igreja, escritores
medievais, pintores e poetas.
Esses textos trazem consigo tradições antiquíssimas, mesmo que, às vezes, pareçam
abundar em detalhes pitorescos, e levam o leitor ao momento em que a Virgem
Maria adormeceu e o seu corpo foi levado ao céu, assunto entre a glória dos anjos.
Giotto, Sepultura de Maria (Fonte: Settimana News)
Os trânsitos (conhecemos cerca de 20 deles em várias línguas: grego, copta, siríaco,
latim) nascem pela veneração à Mãe de Deus, pela piedade e pelo culto que, na
comunidade, estavam nascendo e crescendo. Não só isso, os primeiros cristãos
buscavam saber o que tinha acontecido com o corpo da Virgem e os últimos instantes da
vida da Mãe de Jesus.
Em um livro de 1748, com o título emblemático “O perfeito legendário: da vida e dos
fatos de N. S. Jesus Cristo e de todos os santos”, diz-se, atribuindo a narrativa
a Epifânio de Salamina, que a Virgem adormeceu 24 anos depois da ascensão do
Filho. Outros, de acordo com o que Eusébio de Cesareia escreve, que a Virgem morreu
sob o imperador Cláudio, no ano 48 d.C., aos 73 anos de idade.
A igreja do Kathisma
De acordo com a tradição de Jerusalém, Maria adormeceu no Sião, o monte do alto da
cidade santa, repleto de memórias. Sobre essa colina, os cristãos veneravam o Santo
Cenáculo.
No século IV, sobre o Sião, surgiu uma imponente igreja chamada de Santa Sião, que
incorpora tanto o lugar da santa ceia quanto o lugar da dormição da Virgem.
A partir dos apócrifos, sabemos que, depois da dormitio da Virgem, os apóstolos
pegaram o corpo e o levaram a um sepulcro novo, no Vale do Cedron, perto da gruta
da traição, no terreno do Getsêmani.
Lendo os apócrifos, ficamos sabendo o lugar da sepultura da Virgem: “Os apóstolos
transportaram o leito e depuseram o seu corpo santo e precioso em um túmulo novo
do Getsêmani; e um perfume delicioso se espalhou a partir do sagrado túmulo da Nossa
Senhora Teotóco. Por três dias, ouviram-se vozes de anjos invisíveis que
glorificavam Cristo, Deus nosso, nascido dela. Depois do terceiro dia, as vozes não
foram mais ouvidas: todos, então, compreenderam que o puro e precioso corpo dela
havia sido transportado para o paraíso”.
Em uma versão do Trânsito da Virgem do século V, em siríaco, lemos: “Nesta manhã,
peguem a Senhora Maria e vão para fora de Jerusalém, na via que leva ao vale
principal do outro lado do Monte das Oliveiras. Eis que lá há três grutas: uma ampla
externa, depois outra interna e uma pequena câmara interna com um banco elevado de
argila na parte leste. Vão e ponham a Bem-aventurada sobre aquele banco e coloquem-
na lá e sirvam-na até que eu diga”.
Segundo a tradição, a Virgem Maria foi sepultada nos arredores da torrente Cedron,
não muito longe do campo do Getsêmani. Aqui surgiu, desde o primeiro século, uma
veneração especial por um túmulo novo, entalhado na rocha, onde os apóstolos tinham
deposto o corpo da Mãe de Deus. Posteriormente, o lugar foi transformado em uma
igreja rupestre (século IV). Ela foi consagrada à Mãe de Deus pelo bispo Juvenal de
Jerusalém, depois do Concílio de Calcedônia, em 451.
Em 490 d.C., o imperador Maurício quis edificar uma nova igreja de planta redonda
(como a da anastasis para o túmulo de Cristo) sobre a primeira igreja, que se tornou,
assim, a cripta que conservava o santo túmulo (vazio) da Virgem.
A recordação do lugar foi conservada pela devoção dos fiéis que celebravam ali, com
ritos solenes, a memória do trânsito e da assunção de Maria ao céu. Devemos a data de
15 de agosto, provavelmente, ao dia da dedicação da igreja do Kathisma (= pausa,
parada), no caminho para Belém. Depois do Concílio de Calcedônia, talvez, também
por problemas entre as duas Igrejas (uma fiel ao Concílio de Calcedônia, a outra, não),
no Kathisma, a festa era antecipada para o dia 13 e, no Getsêmani, para o dia 15 de
agosto.
A igreja edificada pelo imperador Maurício foi destruída antes da chegada dos
cruzados.
O sepulcro de Maria
Os beneditinos, em 1112-1130, abriram um novo acesso à cripta e ali edificaram uma
terceira igreja com um monastério adjacente. Ela foi destruída por Saladino depois de
1187, mas poupou a cripta e o túmulo para a veneração que a religião islâmica tem em
relação a Maria, venerada como a mãe do profeta Jesus.
O abade russo Daniel, peregrino à Terra Santa em 1106, recorda: “O sepulcro da
santa Mãe de Deus (...) é uma pequena gruta escavada na pedra, que tem portinhas tão
pequenas que um homem deve se curvar para entrar. Dentro da gruta, de frente para as
portinhas, não há como que um banco esculpido na pedra da gruta, e, naquele banco, foi
posto o corpo venerável”.
Para venerar o sepulcro da Virgem, desce-se uma longa escadaria que leva à cripta.
Depois da inundação de 1972, o padre franciscano Bagatti estudou o local, chegando a
afirmar que o túmulo da Virgem faz parte de um lugar sepulcral em uso no século I d.C.
O túmulo venerado corresponde às indicações contidas nos apócrifos. Ela se eleva de
1,60 a 1,80 metros e apresenta duas aberturas, uma a norte e outra a oeste. São as portas
atuais pelas quais passam os devotos para entrar. O túmulo de Maria tem todas as
características de um túmulo do primeiro século, embora os cruzados tenham
embelezado o banco rochoso, que apresenta quatro restos de decorações que se
sucederam umas às outras entre os séculos IV e XII.
A “dormição” de Maria
Sobre a dormição, os apócrifos são fortemente marcados pelo período histórico, pelas
diferenças das várias comunidades (Jerusalém – Belém), pelas heresias, pelo culto,
pela devoção, pelo ambiente judaico, elementos que constituíram os seus relatos. Na
maioria dos casos, os escritos respeitam uma espécie de pista comum: Maria morreu de
morte natural (descartando, assim, tanto o martírio quanto a imortalidade, seguida ou
não pela ressurreição); os apóstolos chegam, todos, milagrosamente ao leito da Virgem
em Jerusalém, à qual um mensageiro celeste havia anunciado a proximidade da morte;
o temor de Maria ao se aproximar da morte; a intervenção hostil dos judeus à sua
sepultura; a assunção gloriosa do corpo da Virgem ao céu.
Através dessas narrativas, a nascente comunidade cristã quis reafirmar a sua fé
em Jesus Cristo nascido de Maria Virgem.
O que lemos no “Transitus Romanus”
A dormição da Virgem é assim descrita: “Enquanto Pedro falava e confortava as
multidões, chegou a aurora, e despontou o sol. Maria se levantou, saiu, recitou a oração
que o anjo lhe havia dado e, depois da oração, estendeu-se no leito e levou a termo a sua
economia (...). O Senhor a abraçou, levou a sua alma santa, pô-la entre as mãos
de Miguel” (Transito R, 32.34) [1].
Depois desses fatos prodigiosos, o texto do trânsito descreve a procissão fúnebre do
corpo da Virgem, do Sião ao Getsêmani. Os apóstolos saem cantando “Israel saiu
do Egito, aleluia”, enquanto uma grande luz envolve toda a cidade de Jerusalém. Os
sumos sacerdotes do templo, ouvindo o barulho, saem cheios de ódio e querem queimar
o corpo da Virgem, “o corpo que trouxe aquele sedutor”. Mas os anjos cegam a todos,
exceto o sumo sacerdote Jefonias.
Aqui, o trânsito quer demonstrar a superioridade da comunidade cristã sobre a judaica,
fazendo a fé em Jesus Cristo ser confessada pelo sumo sacerdote: “Jefonias se
aproximou dos apóstolos e, quando os viu carregando o leito coroado, cantando hinos,
ficou cheio de raiva e disse: ‘Eis quanta glória recebe hoje a morada daquele que
despojou a nossa estirpe!’. E, cheio de raiva, dirigiu-se ao leito, com a intenção de
derrubá-lo. Tocou-o no ponto onde se encontrava a palma: logo as suas mãos se colaram
ao leito, foram truncadas nos cotovelos e ficaram suspensas no leito” (Transitus R, 39).
Jefonias, então, pediu a graça da cura aos apóstolos, que o convidaram a fazer a
profissão de fé. Pedro – continua o relato – fez parar o leito com o corpo de Maria, e o
sumo sacerdote fez a profissão de fé: “No nome do Senhor Jesus Cristo, filho de Deus
e de Maria, pomba imaculada daquele que está escondido na sua bondade, que as
minhas mãos se unam sem defeito! E, logo, tornaram-se como eram antes” (Transitus R,
43).
Seria, depois, Jefonias que anunciaria à multidão aos prantos em Jerusalém o prodígio
da Virgem: “[Jefonias] tomou a folha [a palma], falou-lhes da fé, e aqueles que creram
recuperaram a visão”.
A narrativa do Trânsito encerra-se com a assunção da Virgem Maria. Os apóstolos,
depois de terem deposto o corpo no sepulcro novo, viram chegar o Senhor Jesus: “Eis,
descido dos céus, o Senhor Jesus Cristo com Miguel e Gabriel (...). O Senhor disse a
Miguel para elevar o corpo de Maria sobre uma nuvem e transferi-lo para o paraíso (...).
Tendo chegado ao paraíso, depuseram o corpo de Maria sob a árvore da vida. Miguel
levou a sua alma santa, que depuseram no seu corpo” (Transitus R, 47-48).
O símbolo da palma
Para alguns autores, os trânsitos podem ser divididos em duas grandes famílias: aqueles
em que se menciona a palma (sinal da glória de Deus) que Maria recebeu de Deus, e
aqueles do anúncio da Dormitio em Belém com um aspecto mais litúrgico.
É interessante notar como o símbolo da palma acompanha Maria até a sua glorificação.
A palmeira, com as suas folhas verdes, é símbolo da vida, que nada pode destruir. Pela
sua altura, profundidade e flexibilidade, é também símbolo de beleza, elegância, graça,
estabilidade. O justo que, radicado na Palavra se eleva ao alto, para Deus (Sl 93, 13), é
como uma palmeira verdejante. No Evangelho de João, a palma indica a vitória
de Jesus sobre a morte e a sua ressurreição. No Apocalipse, recorda o triunfo
dos mártires (Ap 7, 9).
Na estrada que vai de Jerusalém a Belém, na terceira milha, estão os restos de uma
antiga igreja octogonal chamada “do Kathima” (o repouso da Virgem), os mosaicos
encontrados estão todos ao redor e dentro da Igreja. Entre eles, um é de particular
importância e beleza: a palmeira com as tâmaras.
No Evangelho apócrifo do Pseudo-Mateus, narra-se a sagrada família voltando
do Egito. Em um certo momento, Maria pede para repousar um pouco à sombra de
uma alta palmeira, desejando comer as frutas. José, respondendo, diz: “Admiro-me que
tu digas isso e que, vendo o quão alta é esta palmeira, penses em comer os frutos da
palmeira. Eu, ao contrário, penso na falta de água: ele já veio a faltar nos odres, e não
temos onde nos refocilar, nós e os jumentos. Então, o menino Jesus, que, com o rosto
sereno, repousava no colo de sua mãe, disse à palmeira: ‘Árvore, dobre os teus ramos e
restaura, com o teu fruto, a minha mãe’. Ao ouvir essas palavras, a palmeira logo
curvou a sua copa até os pés da bem-aventurada Maria, e recolheram dela os frutos com
os quais todos se refocilaram. (...) Jesus disse: ‘Palmeira, levanta-te, toma força e sê
companheira das minhas árvores que estão no paraíso do meu Pai. Abre com as teus
raízes a veia de água que está escondida na terra, para que dela fluam águas para a nossa
saciedade’. Logo ela se ergueu e, da sua raiz, começou a brotar uma fonte de águas
limpidíssimas e extremamente frias e claras” (Evangelho do Pseudo-Mateus 20, 1-2).
No Alcorão, a palmeira é citada na sura 19 a propósito do nascimento de Jesus: “Não
fiques triste. O teu senhor fez jorrar uma fonte aos teus pés. Sacode perto de ti o tronco
da palmeira, que fará cair sobre ti tâmaras frescas e maduras. Come, bebe e alegra-te”
(Sura 19, 25-26).
De acordo com P. Manns, o símbolo da palmeira que abre o apócrifo do trânsito da
Virgem, junto com outros símbolos, como as nuvens, a lâmpada e o perfume, remete à
festa de Sucot, a festa judaica das cabanas.
Todos esses símbolos podem ser associados à festa judaica de Sucot.
Para o profeta Zacarias (14, 16), será no Monte das Oliveiras que os sobreviventes das
nações, que fizeram a guerra contra Jerusalém, se reunirão para celebrar a festa das
cabanas.
Relendo os apócrifos, os apóstolos, quando levam o corpo de Maria ao Vale do
Cedron, cantam o Halel, o salmo que é cantado para as grandes festas judaicas.
A festa das cabanas é apresentada como festa de ressurreição, e Filão de
Alexandria afirma que a festa é esperança da imortalidade. Se o simbolismo for aceito,
o sentido do apócrifo, de acordo com Manns, seria: “Maria celebra a sua última festa
das cabanas sobre o Monte das Oliveiras. O simbolismo judaico de tal festa ilustrava
bem o sentido da sua morte e a sua fé na ressurreição. Em outras palavras, significa que
a fé na assunção de Maria remonta aos judeu-cristãos de Jerusalém. Os judeu-cristãos
estavam bem preparados para aceitar a assunção de Maria, porque, do judaísmo, tinham
herdado a fé de que Miriam, irmã de Moisés, não tinha conhecido a corrupção do
túmulo” [2].
Notas:
1. Transito R está para romanus. Cf. L. Moraldi (org.). Apocrifi del Nuovo Testamento.
Turim: I, Utet, 1971, p. 807-925.
2. F. Manns. Scoperte archeologiche e tradizioni antiche sulla Dormizione e
Assunzione di Maria. In: G. C. Moralejo; S. Cecchin (org). L’assunzione di Maria
Madre di Dio: significato storico-salvifico a 50 anni dalla definizione dogmática. Atas
do 1º Forum Internazionale di Mariologia, Roma, 30-31 out. 2000, Cidade do Vaticano,
2001, p. 181.
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http://www.ihu.unisinos.br/78-noticias/570788-assuncao-de-maria-os-transitos-e-as-
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