Tina e o Mar

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TINA E O MAR, QUEM PODE NOS SALVAR?

Texto de Renato Casagrande

Personagens:
TINA, adolescente mimada. 3 ÁGUAS VIVAS, seres misteriosos.
PAI de Tina, senhor calmo e cauteloso. 3 PEIXINHOS
MÃE de Tina, perfeccionista e maníaca de limpeza. 3 AMIGAS
IRMÃ de Tina, criança espevitada e hiperativa. TUBARÃO, ser medroso e dengoso.
TARTARUGA, tranquila e sábia. MÃE D’AGUA, senhoras dos mares.

PRÓLOGO

Na Escola, final do ano letivo. Tina e suas 3 amigas fazem uma apresentação.
Musica GirlFirend – Avril Lavigne. Musica encerra.

AMIGA 1 – Ai, eu nem acredito que já acabou o ano letivo.


AMIGA 2 – Sim, e todas conseguimos passar de ano, Uhu!
AMIGA 1 – Eu vou viajar nestas férias, vamos para a serra, ver apresentações natalinas.
AMIGA 3 – Que legal, eu vou viajar também. Vou para a chácara dos meus avós. Vou tomar banho de cachoeira...
TINA – Eu também vou viajar...
AS TRÊS – E vai para onde?
TINA – Para a praia, não sei qual ainda.
AMIGA 2 – Que máximo, e eu vou ficar aqui na cidade mesmo.
TINA – Máximo? Que nada, viajar com meus pais e com minha irmã vai ser horrível!
AMIGA 1 – Não fala assim, seus pais são tão legais...
TINA – Legais? Minha mãe só me enche falando em limpeza e cuidar da natureza, eca!
AMIGA 2 – E a sua irmã...
TINA – Uma chata, só me torra!
AMIGA 3 – Mas fica calma amiga, tenho certeza que vai ser legal.
TINA – Aff.
AMIGA 1 – Vou sentir falta de vocês!
AMIGA 2 – As férias vão passar bem rápido, e logo nos vemos na escola outra vez.
TINA – Se eu não morrer de tédio!
AMIGA 3 – Tina!
TINA – É meninas, vou sentir falta de vocês...
AS TRÊS AMIGAS – (pegam tina no colo) Tina.. Tina.. (saem todas)

CENA 1
Entram os pais de Tina com malas e uma bóia
MÃE – Querido, pegou seu bermudão?
PAI – Sim querida. E você, pegou o guarda-sol?
MÃE – Já está no carro!
PAI – E onde estão as meninas? Assim vamos pegar trânsito... (sai)
MÃE – (chamando) Meninas!
IRMÃ – (entrando com malas) Pronto mamãe, peguei tudo! (olhando para a boneca) Será que eu tenho que passar
protetor solar na FIFI?
MÃE – Não meu bem (risos). E sua irmã?
IRMÃ – Não sei, se ela demorar vamos sem ela, né!
MÃE – Ora meu bem, não diga isso. E você separou as caixinhas de leite vazias?
IRMÃ – Sim, e lavei todinhas...
MÃE – Ótimo filha, assim fica mais fácil para a reciclagem.
Entra Tina
MÃE – Filha, você ainda não está pronta?
IRMÃ – Lá lá lá lá, quase que você fica sozinha aqui!
TINA – Eu não teria tanta sorte...
MÃE – Parem de brigar! (irmã sai)
TINA – Ah mãe, eu nem sei o que levar, eu levo: óculos de sol? Maiô? Chapéu? Canga?
MÃE – Leva tudo!
PAI – (entrando com duas cadeiras) E vamos logo! (Tina sai)
IRMÃ – (entrando com duas cadeiras) Papai, podemos parar no caminho para lanchar? A Fifi queria comer
hambúrguer...
MÃE – Nada disso, esses lanches causam muito lixo, sem falar que não fazem bem... Vamos comer uma saladinha
que eu mesma fiz...
TINA – (voltando) Vamos então.
PAI – Colocaram os cintos?
MÃE – Sim querido. Dirija com cuidado.
PAI – Sempre...
MÃE – Olha para a estrada meu bem. (pausa) Quero chegar logo, e tomar banho de sol.
PAI – De Biquíni?
MÃE – Olha para a estrada meu bem.
TINA e IRMÃ – Eca!
PAI – Cuidado com a curva!
TINA – Vão ser as piores férias da minha vida!
IRMÃ – A Fifi disse que vai ser muito legal!
PAI – Chegamos! (saem do carro. Os pais tiram as cadeiras)
IRMÃ – O que vamos fazer primeiro?
TINA – Você eu não sei, eu vou fazer um lanche... (abre a mochila e começa a jogar lixos no chão)

Mãe e pai voltam, cena de brincadeira com bola e boia, tina continua comendo...
TINA – Nossa como minha família é cafona! Pai, vou entrar no mar...
PAI – Mas filha você acabou de comer, não faz bem.
TINA – Corta essa! (entram tecidos, pai e irmã saem)
MÃE – E deixou o chão cheio de lixo... (sai)
CENA 2
Tina se afoga e dorme no fundo do mar, saem tecidos. Entram águas vivas
TINA – (acordando) Onde eu estou? (vendo os animais) Que coisa mais linda (indo tocar)
TARTARUGA – Não faça isso criatura!
TINA – Quem disse isso?
TARTARUGA – Fui eu, elas podem queimar todo o seu corpo.
TINA – Mas são tão lindas...
TARTARUGA - Nem tudo que é belo, é confiável...
TINA – Onde eu estou?
TARTARUGA – No oceano. Engraçado, pensei que vocês humanos não respirassem embaixo da água...
TINA – Nem eu...
(entram peixinhos desesperados)
PEIXES – Socorro, alguém nos ajude! Socorro...
TARTARUGA – Acalmem-se. O que está acontecendo?
P1 – Uma coisa horrível!
P2 – Uma tragédia!
P3 – O fim dos mares!
TARTARUGA – (para Tina) Para o cardume, tudo é o fim dos mares...
P1 – Estávamos nadando aqui perto...
P2 – E uma coisa grudenta pegou nossos pais, e avós, e primos...
P3 – Uma mancha escura, uma meleca!
TINA – Eca!
P2 – E não foi cocô de tubarão!
P1 – E nem cuspe de baleia.
TARTARUGA – Calma, pode ter sido a tinta nanquim de um polvo assustado...
P3 – Ei, eu não sou uma alga sem cérebro! Eu sei bem diferenciar a tinta de meleca!
TARTARUGA – Desculpe pequeno...
P1 – Veja, a minha barbatana foi atingida.
TINA – Isso é petróleo!
TARTARUGA – Isto mesmo criatura, e ele é capaz de destruir muitas vidas marinhas, afetando também a sua
espécie... (para os peixes) Meus pequenos, digam para os peixes que não foram atingidos mergulharem mais fundo,
o petróleo não afunda... (peixes saem)
TINA – E por quê largariam petróleo no oceano?
TARTARUGA – Eu é que te pergunto, sua espécie que faz isso...
TINA – Mas muitos animais irão morrer...
TARTARUGA – E algas, e outros organismos vivos...
CENA 3
Toca música de tubarão, interrompendo as duas. Entra o Tubarão
TUBARÃO – Ahhhhhhhh!
TINA – Corra! Um tubarão.
TARTARUGA – (abraça a Tina e deita no chão)
TUBARÃO – Ahhhh! Que dia horrível! (vendo as duas) Ei, eu não vou devorá-las...
TINA – E quem me garante?
TUBARÃO – Eu sou vegetariano...
TARTARUGA – Se for assim, está bem. (levantando)
TINA – Espere, esse animal é traiçoeiro...
TUBARÂO – Não me ofenda, eu nem te conheço. (chora)
TARTARUGA – O que aconteceu?
TUBARÃO – Um cheiro horrível! E não é cocô de tubarão como o cardume adora falar...
TARTARUGA – Será que a Dona Baleia esqueceu de escovar os dentes hoje?
TUBARÃO – Nada disso! Foi algo que veio da superfície, perto do litoral.
TINA – Isso tem cheiro de esgoto, eca!
TARTARUGA – Exatamente criatura.
TUBARÃO – E todos estão passando mal, nem pude comer algas, elas estão todas sujas!
TARTARUGA – Compreendo...
TUBARÃO – Que dia horrível!
TINA – Como podemos ajudar?
TARTARUGA – (para tubarão) Diga para todos ficarem longe da Orla, vão para longe, e acredito que você encontrará
deliciosas algas...
TUBARÃO – Obrigado. (sai)
TINA – Que horror, como os animais sobrevivem dessa forma?
TARTARUGA – Que bela pergunta criatura, eles têm que fugir o mais longe possível, muitos acabam não
sobrevivendo a tanta poluição...
TINA – Eu precisava voltar até a superfície e avisar todos o que está acontecendo aqui!
TARTARUGA – Ajudaria muito...
TINA – E como faço para voltar?
TARTARUGA – Pedindo para quem te trouxe...
TINA – Mas não sei como vim parar aqui!
TARTARUGA – Existe apenas um ser que sabe de tudo o que aqui acontece, (tira um colar de concha) pegue esta
concha e assopre.
TINA – (assoprando concha)
CENA 4
Surge uma sereia, a mãe d’água.
SEREIA – Quem me chamou?
TINA – As sereias existem?
TARTARUGA – Sim, se escondem da maldade dos homens...
SEREIA – Mas eu não sou qualquer sereia, sou a Mãe d’água! Chefe dos oceanos.
TINA – Mas não era o tritão?
SEREIA – Nem Tritão, nem Poseidon. Isso é tudo invenção das sardinhas fofoqueiras. Por que me chamaram?
TINA – Eu queria voltar lá para cima!
SEREIA – Ah sim, você é a menina que eu tentei salvar...
TINA – Tentou salvar?
SEREIA – Sim.
TINA – Mas pensei que as sereias enfeitiçavam com sua voz para trazer homens aqui para baixo.
SEREIA – Outra mentira. Estava cantando sim, mas para você voltar para a areia. Se não fosse pelo barulho enorme
que um navio fez, eu teria conseguido.
TARTARUGA – Mais poluição...
TINA – Como assim?
TARTARUGA – O som alto que vem da superfície prejudica os sentidos dos animais aqui embaixo, causando muitos
danos.
SEREIA – Sim, desafinei toda a minha música.
TARTARUGA – O som dos animais aqui embaixo é muito importante para a vida marinha.
SEREIA – Mas agora que ele passou, posso cantar para você voltar. (faz exercícios vocais)
TINA – Espere. (para tartaruga) Vi que a senhora está muito triste, posso ajudar em algo?
TARTARUGA – Eu não queria incomodar, mas estou com algumas coisas presas no meu casco, poderia tirar?
TINA – É claro! (percebendo) Nossa, são os lixos que joguei na praia...
TARTARUGA – Espero ter te ajudado criatura...
TINA – Mais do que pensa, adeus.
TARTARUGA e SEREIA – Adeus.

Sereia canta, entram tecidos girando ao redor de Tina. Quando saem, ela está caída no chão com o lixo ao redor.

CENA 5
Na areia. Entra família de Tina.

PAI – Minha filha, você está bem?


TINA – (acordando) Pai! Mãe! (Abraça eles. Olha para a irmã) Vem cá! (abraça ela)
MÃE – Filha, que susto você nos deu. Sua irmã não parava de chorar porque estava com medo de te perder.
IRMÃ – (constrangida) Eu não, era a Fifi...
TINA – Sei que era ela. (beija a boneca. Vê o lixo no chão) Vamos juntar tudo isso! (junta o lixo)
PAI – A Tina juntando lixo?
MÃE – Filha você está bem? Bateu a cabeça?
TINA – Estou bem sim, percebi que cada um de nós pode contribuir para um oceano mais limpo, para um planeta
mais limpo. Vamos espalhar a conscientização sobre a poluição. Não podemos desistir de nosso planeta.

FIM

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