Maria Cou Dry

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DOI: 10.20396/cel.v65i00.

8673480

NEUROLINGUÍSTICA E LINGUÍSTICA

NEUROLINGUISTICS AND LINGUISTICS

Maria Irma Hadler Coudry1


Rosana do Carmo Novaes Pinto2

In memoriam às boas lembranças com Marisa Cassim3

Resumo: Este artigo visa a contribuir para o volume especial da Cadernos de Estudos Linguísticos que
homenageia os seus 45 anos. O texto resulta do trabalho colaborativo de duas docentes do Departamento de
Linguística do IEL, na área de Neurolinguística, e se organiza em duas partes. Na primeira, busca-se apresentar
o início do processo de desenvolvimento da nova área no IEL, a partir do trabalho fundante de Coudry que
culminou na publicação de Diário de Narciso: discurso e afasia, estabelecendo e consolidando a
Neurolinguística Discursiva como campo teórico e como uma possível área de atuação para o linguista. Na
segunda parte, o texto relata alguns dos principais desdobramentos teórico-metodológicos da ND para os
campos da Linguística, da Fonoaudiologia e da Educação, revisitando trabalhos que se dedicam ao estudo
tanto de teorias que a ND agrega quanto de práticas com a linguagem propostas para lidar com as várias
patologias que, de algum modo, impactam o funcionamento da linguagem, como as Afasias, as Demências, o
Autismo, dentre outras. Em nossos estudos, buscamos compreender esse funcionamento nas patologias,
incorporando nas análises o sujeito em sua atividade discursiva. Também discutimos equívocos de avaliação
de linguagem e terapêuticos apartados da reflexão teórico-metodológica possibilitada pela Linguística.
Palavras-chave: neurolinguística; linguagem nas afasias; escrita na infância.

Abstract: This article aims to contribute to the special volume of Cadernos de Estudos Linguísticos, for
the celebration of its 45 years. The text results from the collaborative work of two professors of the
Department of Linguistics, Institute of Language Studies, in the field of Neurolinguistics and is organized
in two parts. In the first, the text seeks to present the beginning of the process of developing of our research
field, based on the founding work of Coudry, which culminated with publication of Diário de Narciso:
discourse and afasia, establishing and consolidating Discursive Neurolinguistics (DN) as a new theoretical
field and also as a possible area for activity for linguists. In the second part, the article reports some of the
main theoretical-methodological developments of Discursive Neurolinguistics for the areas of Linguistics,
Speech Therapy and Education, revisiting works dedicated either to the theories that DN aggregates and to
the practices with language, proposed to approach the various pathologies that, in different ways, impact
the functioning of language, such as Aphasia, Dementia, Autism, among others. In our studies, we seek to
understand such functioning, including the subject in his discursive activity. We also address the theme of
linguistic assessment and therapeutic follow-up, when separated from the theoretical-methodological
reflection made possible by Linguistics.
Keywords: neurolinguistics; language in aphasia; writing in childhood.

1
Professora Titular da Universidade Estadual de Campinas, Unicamp, Campinas, SP, Brasil.
[email protected]
Orcid: https://orcid.org/0000-0003-2724-1608
2
Professora Associada III da Universidade Estadual de Campinas, Unicamp, Campinas, SP, Brasil.
[email protected]
3
Relembrando a parceria de ideias entre Cida Coudry, Marisa Cassim e Maza Coudry (primeira autora
deste texto).

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PARTE I: EXPERIÊNCIA INCOMPLETA

1. INTRODUÇÃO

A experiência intensa e incompleta que o sujeito experimenta ao entrar na


linguagem e na cultura, logo ao nascer, inspira a reflexão sobre como seria retornar a elas
depois da afasia/de afásico. A situação discursiva onde ancora o sentido é a guia para a
criança ir entrando na fala do(s) outro(s) e de si própria, o que também acontece com o
afásico. A busca pelo sentido é uma condição humana logo no início da vida e se estende
por toda ela. E prossegue na afasia.
Foi essa possibilidade segmentada, aos pedaços, entrecortada, ao mesmo tempo
um arranjo perfeito para o exercício de viver na arena da fala entre falantes, que levei 4
para o estudo da afasia e seu acompanhamento longitudinal (COUDRY, 1986, 1988),
abrindo caminhos para o linguista estudar e atuar nas patologias em que a linguagem está
envolvida atendendo a convocação de Roman Jakobson (1981), já desde 1986. Um efeito
disso foi celebrar, em agosto de 2022, 40 anos de oferecimento da disciplina
Neurolinguística, no curso de Bacharelado em Linguística na Unicamp.

2. A LINGUAGEM NAS AFASIAS

Tudo o que acontece na linguagem na afasia é presumível em seu estado normal.


Até mesmo o jargão indiferenciado, que ocorre na afasia posterior, tem a língua materna
representada e materializada em suas formas. Mesmo na estereotipia de uma só sílaba, se
reconhece a língua na repetição irreprimida. A jargonafasia, que provoca uma certa saída
do afásico da língua, o mantém no discurso com uma fala que apresenta afixos familiares
da língua em suspenso e produz uma espécie de ‘língua afásica’. As palavras são
substituídas por um jargão cujas unidades parecem pertencer a uma língua, mais
especificamente à língua de seu domínio como falante.
Mesmo os impedimentos motores que afetam os gestos articulatórios, sua precisão
e inteligibilidade, são movimentos reduzidos ou exacerbados da língua que ela própria
contém e possibilita. A experiência incompleta de imersão no discurso vem para restaurar
a linguagem na afasia, possibilitando ao sujeito entrar de novo na língua e no discurso,
sem deixar de ser afásico. Essa abordagem se apresenta como uma contribuição da
Neurolinguística Discursiva (ND) desde seu primeiro estudo.
A experiência incompleta, onde o outro está, mobiliza o sujeito falante para entrar
na língua e na cultura, assim como mobiliza o afásico para retomar esse caminho
(COUDRY; BORDIN, 2012).
Mobiliza pela convivência, afeto e cuidado a força criadora da linguagem,
expressão cunhada por Franchi (1977), compatível com a força vital definida por
Canguilhem (1995), e possibilita a invenção de formas novas de responder ao presente.
A linguagem como produto e processo histórico, ancorada na experiência humana, como
atividade constitutiva do sujeito (e vice-versa) e como trabalho linguístico5 que o falante

4
Entendemos ser necessária e esclarecedora a escrita em primeira pessoa em algumas passagens do texto,
quando a primeira autora relata seu trabalho para estabelecer e consolidar a Neurolinguística Discursiva
como campo teórico de atuação para o linguista, assim como quando apresenta dados de afasia e de escrita
na infância em que a Profa. Maria Irma Coudry era a interlocutora.
5
Em trabalhos publicados na Cadernos de Estudos Linguísticos, Coudry e Morato (1988, 1990) estendem
o conceito de “processo linguístico” para “processo linguístico-cognitivo” na abordagem neurolinguística
de patologias em que a linguagem está envolvida.

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produz fundam a ND conduzindo a avaliação e o seguimento longitudinal pelos caminhos
da experiência imperfeita, inspirados por Lemos na condução do processo de Aquisição
da Linguagem; de como a criança entra na linguagem, capturada pelo outro, pela língua,
pelo discurso e pela cultura (LEMOS, 2002). É esse percurso que o afásico pode
reconhecer em caminhos que já trilhou.
O que Galindo (2023) – em sua recente obra Latim em pó – chama de milagre é o
que chamamos de experiência incompleta. Diz o autor: “[...] a partir de dados
desorganizados, fragmentados e muitas vezes contraditórios, Luzia vai aprender a falar ”6.
É isso o que também nos atrai na afasia. A convivência com o incompleto na fala, que
demanda acabamento (BAKHTIN, 1992; NOVAES-PINTO, 1999, 2017), na arena da
fala compartilhada, é uma questão familiar para os falantes, sejam afásicos ou não. Quem
já não se sentiu incompleto, seja no que diz, seja no que imagina que o outro entendeu do
que foi dito, sem ser afásico? A quem não faltam palavras, sobretudo nomes de pessoas,
de coisas, de lugares, de filmes, livros, autores e atores?
Enunciados produzidos por afásicos na relação com não afásicos, na experiência
incompleta – de onde deriva o conhecimento da afasia e a possibilidade de sua reparação
sempre inconclusa – dão visibilidade a essa experiência de falante e faltante que o sujeito
experimenta na afasia, e que busco salientar nos dados que se seguem7.

2.1 Dados de interlocuções com afásicos

(i) Sujeito HR 8, em abril de 2023

No CCA (Centro de Convivência de Afásicos), fazemos vários jogos com


palavras, com sentidos diretos e indiretos. No jogo em questão, há vários objetos/coisas
dispostos em uma bandeja e cada afásico deve escolher um deles com o olhar,
disfarçando, e, em seguida, dizer uma ação indireta que se faz com ele para que os outros
participantes adivinhem de que objeto se trata. HR disse, para se referir a um clipe da
canção “Cabelo”, o seguinte enunciado: cabelo, cabeleira, cabeluda, descabelada, de
Arnaldo Antunes e Jorge Ben Jor9. Imerso nas regras do jogo, HR, pela cadeia associativa
(SAUSSURE, 1969) que seleciona, revive a intertextualidade, o interdiscurso, a
polifonia, a dialogia, um discurso cravado em outro discurso que emerge da experiência
incompleta que ali vivemos e que, por sua vez, tem um acabamento na situação discursiva
em relação ao propósito do jogo.
Por onde a afasia transita na linguagem e como o afásico a enfrenta exercendo a
sua força criadora e vital? Transita pelas dimensões da língua e muito pela falta do nome
que, na experiência imperfeita, tem a chance de mobilizar uma cadeia associativa que o
traz de volta para a cena enunciativa. Para dizer a palavra mensagem, HG disse gravar10,
gravador, parafasias que margeiam o que é para ser dito e que emergem de uma fala
possível, garantida pelo sentido, derivando o nome do verbo, ou seja, de gravar para
gravador, para só então chegar ao nome pretendido mensagem. Ou seja, não é qualquer
coisa que é dita; há uma lógica na linguagem patológica e nas formas das palavras e suas
relações na afasia (COUDRY, 1997).
6
Luzia é a filha do autor do livro Latim em pó: um passeio pela formação do nosso português.
7
No texto, apresento relatos de dados de alguns afásicos e crianças que acompanhei ao longo dos anos e de
alguns que ainda acompanho.
8
HR: lesão Têmporo-Parieto-Occipital (TPO), à esquerda, que afetou a fluência de sua fala, tornando-o
mais hesitante, com intensa busca pela palavra (sobretudo de nomes).
9
A autoria da música é de Arnaldo Antunes, Jorge Ben Jor, Rosa Celeste e Arlequim. Produção da Warner
Music Brasil Ltda.
10
Por um processo ativo na língua, um deverbal.

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(ii) Sujeito ED11, em abril de 2023

Mesmo os rompantes de emoção e verborragia que afetam o afásico com lesão


frontal podem ser reconfigurados, descobrindo-se neles um talento (VYGOTSKY, 2021)
que se desvela no discurso e se transforma, por exemplo, em jingles e raps que,
contextualizados, são geniais; um defeito/dificuldade pode, assim, se revelar como uma
possibilidade de explorar algo para além dele. Esse tipo de afasia provoca um relaxamento
na censura. Ajustar esse talento à situação discursiva que regula a convivência fez com
que ED controlasse o impulso de brincar com pessoas desconhecidas com intimidade, de
dizer o que não se deve. Sem apagar a motivação de rimar palavras, discutimos no grupo
como isso pode ser mal interpretado e gerar mal entendidos, condição para o exercício do
controle pela experiência incompleta. Comentando sobre dizer coisas que não se deve,
ED conclui: Vai para a lixeira se falo besteira.

(iii) Sujeito N12, em junho de 1984

Querendo compreender as dificuldades de N, a investigadora lhe pergunta sobre


sua afasia:

Inv: - A maioria das coisas o senhor consegue falar?


N: - Consegue, consegue, consigo.

A sequência que N encadeia ao responder – consegue, consegue, consigo – mostra


tanto sua dificuldade, quanto sua forma de lidar com ela trabalhando com e sobre a língua
a partir da fala de seu interlocutor, precisando passar por ela e dela se diferenciar, no trajeto
epilinguístico pela linguagem (COUDRY, 1986). A experiência incompleta que o diálogo
aporta, na figura do outro e no conjunto de imagens recíprocas que habitam a cena
enunciativa, traz à tona, pela fala do outro13, a forma a ser alcançada.

(iv) Sujeito N, em fevereiro de 1984

Enquanto N mostrava fotos de sua família, apontei para uma moça e perguntei: “É
sua sobrinha?” Ele respondeu: “Sim, sua sobrinha”. “Minha sobrinha?”, provoquei.
“Não, minha”. Observamos no dado que N busca seu lugar no discurso e o outro o leva a
encontrá-lo pela experiência imperfeita do diálogo que traz a reversibilidade de papéis
discursivos acoplada às formas da língua.

(v) Sujeito P14, em fevereiro de 1986

P, agramático, comenta sobre o desfile das escolas de samba naquele carnaval,


percorrendo uma cadeia associativa que expõe sua dificuldade morfológica que torna
instáveis nomes e flexões verbais, transitando na especificação do nome para o verbo e
vice-versa. P diz, na busca pela palavra “sambando”: sambanha, sambanhas, sambanhas
11
ED: lesão Fronto-Temporal (FT) esquerda que gerou, principalmente, impulsos para falar, sem censura.
12
N: lesão Fronto-Parietal (FP) esquerda, com intensa busca pela palavra (sobretudo nomes).
13
Este dado foi um achado fundamental para relacionar ‘afasia’ e ‘aquisição da linguagem’ em Coudry
(1986), aproximando esses dois estados da vida humana; influência direta do Projeto de Aquisição da
Linguagem, introduzido no Departamento de Linguística por Cláudia Lemos e suas então orientandas: Ester
Scarpa, Maria Fausta Pereira de Castro, Cecília Perroni e Rosa Attié Figueira.
14
P: lesão Têmporo-Parieto-Occipital (TPO) esquerda, que acarretou um agramatismo ‘clássico’, com fala
predominantemente telegráfica e dificuldades com a morfologia funcional e derivacional.

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e só então acede a sambando, pelo prompting alongado samband fornecido pela
interlocutora.

(vi) Sujeito WW15, em setembro de 2008

Toda sexta feira, acabada a sessão do CCA, WW almoçava, na cantina do IFCH,


o mesmo prato feito: bife a cavalo. Pedi que contasse isso ao grupo e ele não conseguia
dizer o nome do prato – que contém uma bela metáfora, difícil de reproduzir com uma
afasia que afeta o eixo da similaridade (JAKOBSON, 1970). Instado a dizer de outra
maneira, ele imediatamente disse: Bife com ovo, remontando uma mão sobre a outra, num
gesto que representa o ovo em cima do cavalo, realizado por todos do grupo. A
metonímia, caminho indireto para ‘driblar’ a metáfora, emerge dessa possibilidade de
traduzir a língua na própria língua, como considera Jakobson (1975)16, o que acontece na
experiência incompleta (COUDRY, 2008). Em outras palavras, WW trabalhando a língua
e o discurso, desdobra a metáfora em uma metonímia, como recurso de significação.

(vii) Sujeito AF17, em outubro de 1987

Tentando explicar o provérbio “Feliz foi Adão que não teve sogra e nem
caminhão” AF se apegou ao sentido que sua sogra tem em sua vida – que o protege e que
é boa para ele; não admitindo que a sogra possa fazer mal ao casamento. É quando toma
a linguagem como literal, unívoca que se revela sua afasia. AF não manipula sentidos
estabelecidos, indiretos, inferências e pressuposições para interpretar piadas, provérbios
e textos dirigidos ao outro. Ao contrário, ele interpreta o provérbio com base apenas em
sua experiência pessoal e não a partir do discurso, o que pouco contribui para desvelar o
sentido veiculado nesse gênero de texto. Sogra, para ele, tem um sentido fixo, à parte do
que significa culturalmente o provérbio. Camadas de sentido historicamente construídas
são apagadas; ficam aquelas que na infância são encaminhadas pela emoção, pelo afeto,
as mais antigas, as fortalecidas pelo uso, das quais não se consegue desvencilhar e que
emergem com a afasia. Freud (1973), em seu estudo sobre as afasias, considera que
lembranças antigas resistem mais a esquecimentos e a efeitos de lesões. Mas AF foi
aprendendo a se distanciar de si e do discurso e a lidar com a heterogeneidade e não
univocidade das estruturas da língua. Fez também parte de nossa experiência incompleta
a recontagem de piadas a AF por Sírio Possenti (POSSENTI; COUDRY, 1991;
COUDRY; POSSENTI, 1993) que ajudam a compreender suas dificuldades linguísticas
que não dizem respeito ao conhecimento enciclopédico, ao significado das palavras e das
coisas, mas ao acesso, pela via da linguagem, a este equipamento socialmente construído
em que operam matrizes semânticas que orientam as relações de sentido no discurso. Ao
contar ao investigador que estava tentando voltar a trabalhar, este perguntou a AF: “O
que você está fazendo agora?”, ao que AF respondeu: “Agora? Agora, eu estou falando
com o senhor”, indicando o trabalho do eu no discurso do outro, e diferenciando os dois
empregos correntes de “agora”. Rindo, AF restabeleceu uma espécie de “prazer do
cômico” (POSSENTI, 2009).

15
WW: lesão na região da Artéria Cerebral Média (ACM) do hemisfério esquerdo, apresentando
dificuldades de seleção de palavras e sua concomitante combinação para a produção de enunciados.
16
A ND insere a reflexão desse autor em seu corpo teórico e toma a possibilidade de o afásico traduzir na
própria língua o que a afasia perturba, buscando outras formas de dizer, que sempre há, alçando vias vicinais
por processos alternativos de significação.
17
AF: lesão Fronto-Parietal (FP) esquerda, que acarreta, dentre outras, dificuldades de interpretação de
sentidos figurados, sobretudo as metáforas, provérbios e piadas.

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(viii) Sujeito SB18, em junho de 1997

Pergunto a SB como ela enfrenta as alterações provocadas pela afasia: “Quando


você fala certo você percebe?”. Ela responde: “Ouvi eu ouvo, eu se escuto”. E completa
com uma entonação infantilizada: “Até parece que a gente estece, né?” Depois de afásica,
acontecem lembranças do que fora esquecido (COUDRY; BORDIN, 2012) pela
imposição da variedade padrão. Tenho notado que a “fala falada na infância”, que emerge
da experiência incompleta, resiste mais à afasia do que aquela aprendida por força da
língua padrão. Nesse sentido, pode-se dizer que “a afasia liberta”.

(ix) Sujeito AB, em 201019

Logo após o episódio neurológico, AB se estranhou20 muito, a ponto de se referir


a si própria pela não-pessoa/3a pessoa (BENVENISTE, 1995), tendo a subjetividade sido
afetada pela afasia. Seu corpo e sua fala mostram isso. Diante de sua foto com o marido,
disse: “Ela e seu marido”. Perguntei: “Ele quem, meu marido?” e ela respondeu: “Ela e
seu marido dela” (rimos). Reelaborou seu enunciado em seguida: “Eu e meu marido dela”
(Rimos novamente). E, finalmente, produziu: Eu e meu marido. Ufa!”. AB mostrava uma
outra dificuldade ao não reconhecer as partes de seu corpo, nomeá-las, apontá-las. Ela
restaurou sua relação com o corpo não pelo nome de suas partes, mas pelos adereços que
o cobriam, como orientei. “Onde estão seus brincos, AB?” E ela mostrava e depois dizia
seu nome; e suas pulseiras? Ela as mostrava e dizia o lugar em que ficavam – braços.
Assim, AB foi ‘restaurando’ o nome das partes de seu corpo pelos adereços que a
enfeitavam, o que se revelou um caminho possível para chegar à palavra, já que ela era
muito vaidosa e gostava de assim se apresentar. Entrando de novo na experiência
incompleta, AB ajusta a expressão da subjetividade e retoma a percepção de seu corpo.
A maioria das afasias afeta a relação que estabelecemos na língua com os nomes,
próprios e comuns. Dificuldade de acesso a nomes, esquecimento, no sentido de Freud
(1969), por afásicos, nos leva a refletir com o autor que o sujeito trilha um caminho
associativo que revela algo na/da experiência incompleta, como no dado que segue.

(x) Sujeito CF21, em setembro de 2008

18
SB: lesão Têmporo-Parieto-Occipital (TPO) esquerda que afetou a subjetividade e acarretou
estranhamento de seu estado afásico com repercussão na linguagem.
19
AB: lesão Têmporo-Parieto-Occipital (TPO) esquerda que mostrou sinais de hemiplegia, anosognosia,
expressão da subjetividade, apraxia para gestos simbólicos, percepção e representação do corpo e anomia.
20
No afásico, pode ocorrer um estranhamento de si, do sujeito que passou a ser depois da afasia, o que nos
faz retomar sempre a hipótese inicial de Coudry, de que há dois sujeitos depois da afasia (além das múltiplas
faces que incorporamos), que convivem linguística e psiquicamente: o que antes dela exercia seus múltiplos
papéis com eficácia (S1) e aquele que acontece com a afasia (S2), mais incompleto ainda. Em lesões centro-
hemisféricas e posteriores do cérebro, e também em lesões bilaterais, essa convivência passa por um
estranhamento que se explicita verbal e não verbalmente, considerando o papel que as áreas posteriores do
cérebro desempenham na percepção, imagem/representação do corpo e gestualidade – mediadas pela
linguagem.
21
CF sofreu uma rotura de aneurisma com 29 anos de idade, o que provocou uma hemorragia extensa no
hemisfério esquerdo cerebral. Apresenta também apraxia buco-facial. Produz automatismos e frases
cristalizadas, precisando de prompting para a sua produção verbal.

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Quando trouxe minha labradora Buana22 para a sessão do CCA, CF queria dizer
seu nome. Ao invés de “Buana”, só lhe ocorria dizer “Bruna” e “Bruninha”, nome de uma
sobrinha que mora com ela. A semelhança fonética leva CF a dizer nomes que se impõem.
A vizinhança sonora em si não é explicativa do ato falho e/ou da parafasia, mas se
constitui como um contexto favorável à emergência de palavras que nos fogem ao
controle. Conforme Freud (1969), o ato falho é favorecido por circunstâncias de valor
fonético e por associações psicológicas próximas. Assim, compreendemos melhor porque
no lugar de “Buana” vieram outros nomes, mas não quaisquer nomes. Nomes que são
velhos conhecidos de CF, com os quais tem uma relação de afeto, que povoam seu campo
psíquico e têm registros marcados pela repetição e uso. A análise desse dado permite
trazer a reflexão posta por Freud (1973) acerca da proximidade entre os mecanismos que
regem o ato falho e a parafasia – o que pode ser estendido para o esquecimento temporário
de nomes e a anomia (falta do nome por acesso lexical dificultado em certos estados de
afasia); ou seja, reencontra-se a familiaridade entre processos psíquicos que ocorrem tanto
em estados normais como em estados patológicos do cérebro (COUDRY, 2009). O dado
mostra ainda a relação de CF com a afasia e a linguagem, seu empenho em enfrentá-la na
experiência incompleta23 vivida na prática social exercida em grupo no CCA – que tantas
possibilidades de dizer/mostrar traz a todos – marcas de sua vida cotidiana na lida com a
afasia.
Outra reflexão de Freud (1973) acerca da relação que o sujeito estabeleceu até
então com a língua e/ou com o modo como se dá seu funcionamento discursivo, na afasia:
o conhecido se apresenta modificado como se fosse novo; se imerso no uso da linguagem,
na experiência incompleta, vários caminhos levam esse novo a se repetir em outras
situações, e muitas outras vezes. Isso se vê na predileção de CF por “Bruna” e “Bruninha”.

2.2 Sobre a patologização da escrita na infância

Desde os anos 80 do século XX, tem havido um excesso de patologias atribuídas


a crianças em idade escolar. A criança que se apoia na fala para escrever, no início do
processo, tem sido penalizada com um diagnóstico de uma patologia que não tem. Para a
Neurolinguística de tradição discursiva, patologização significa tomar como patológicas
ocorrências típicas de um processo normal, intercedido pela fala, no caso da escrita. A
representação das sílabas complexas, da nasalidade, da sonoridade, do rotacismo, a
inserção, substituição, omissão e mudança da ordem das letras na sílaba são alguns dos
aspectos diante dos quais as crianças hesitam em escrever, custam mais tempo para
representar e sobre os quais formulam hipóteses, nem sempre coincidentes com a forma
ortográfica. E nesse processo em curso tais aspectos são considerados sintomas de
patologias atribuídas facilmente às crianças na contemporaneidade, como logo se
menciona abaixo. Nós linguistas temos observado e analisado essa situação no processo
de aquisição e uso da escrita e cresce nossa responsabilidade de intervir para mudar.
A ND tem produzido um conjunto de textos que se contrapõe radicalmente a
equívocos de avaliação e diagnóstico por falta de conhecimento técnico proveniente da
Linguística, em várias de suas subáreas. Somado a esses equívocos ocorrem também

22
Homenageando Rita Lee, retomo esse dado.
23
As possibilidades de reparação da afasia e de entrada do falante na língua e no discurso, na infância,
acontecem na experiência incompleta, onde mora a função criadora/criativa da linguagem, condição para
renovar o velho da língua (automatizado, irrefletido) e instaurar o novo (reflexivo, pensado). A afasia
transforma o conhecido, o velho da língua, em novo; na criança, ao longo da ontogênese, o novo vai se
transformando em velho, o que vai criando sua intimidade com a linguagem, por sua vez afetada na afasia
(COUDRY, 2010).

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outros que tangem as condutas terapêuticas apartadas do funcionamento discursivo da
linguagem (COUDRY, 2006; 2010; 2014; 2020; BORDIN, 2010; ANTONIO, 2011;
MÜLLER, 2013; MOUTINHO, 2014; BERGAMASCHI, 2020). Do ponto de vista do
falante, a companhia da fala no novo aprendizado significa trazer a experiência
incompleta que aconteceu em sua entrada na fala pela língua compartilhada.
Nesse contexto, e contra a patologização da infância, apresento dois dados que
mostram o efeito da experiência incompleta na entrada normal das crianças no mundo da
leitura e da escrita no Centro de Convivência de Linguagens (CCazinho)24 formado em
2004 sob os mesmos princípios que guiam o CCA. O CCazinho se configura como um
espaço de avaliação e seguimento individual e coletivo dedicado a crianças que apresentam
dificuldades de escrita, muitas das quais estão associadas a um diagnóstico a que nos
contrapomos.
Equivocadamente, tais dificuldades têm sido tomadas – tanto na clínica quanto no
ambiente escolar – como sintomas de patologias, notadamente a Dislexia, o Transtorno
do Déficit de Atenção com ou sem Hiperatividade (TDAH), a Dificuldade/Transtorno de
Aprendizagem e o Déficit do Processamento Auditivo, dentre outros (MÜLLER, 2013;
MOUTINHO, 2014). Analisadas à luz da ND, os dois dados que se seguem mostram
sujeitos atuando com dificuldade nos processos de leitura e escrita, mas também indicam
diagnósticos que não se confirmam mostrando como a criança é capturada pela
experiência incompleta em sua entrada na leitura e escrita.

(xi) KS, em 2010

O hábito de ler com as crianças o que está escrito em nosso entorno e ajudá-las a
descobrir as diversas funções sociais da escrita despertou nelas a curiosidade de ler avisos,
placas, etc. Durante o primeiro semestre de 2010, as salas de aula do IEL estiveram em
reforma. No corredor de acesso a elas, bem perto de onde se situa o CCazinho, havia uma
placa (Figura 1) que KS25 leu. Ela entrou contente na sala onde eu estava, dizendo: “Eu li
a praca”.

24
O Centro de Convivência de Linguagens - CCazinho - foi criado por Coudry, em 2004, na área de
Neurolinguística do Departamento de Linguística da Unicamp, para acolher crianças com dificuldades
escolares e que apresentam avaliação/diagnóstico de alguma patologia. A experiência de falar, ler, escrever
no CCazinho tem mostrado que as crianças vão muito além do que se espera delas, não confirmando o
diagnóstico de patologia/distúrbio/alteração que afetaria sua escrita e leitura. Mostra também que aprendem
o que se ensina para elas, em um ritmo próprio, como cada um de nós (COUDRY, 2023).
25
KS: Diagnóstico de Dificuldade de Aprendizagem e Problemas na Fala. Apresenta dificuldades,
sobretudo, nos processos de leitura e escrita.

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Figura 1: Placa indicando a presença de obras no IEL

Fonte: Banco de dados em Neurolinguística (BDN) - CNPq n° 307227/2009-0: CCazinho, abril de 2010

Segue-se a transcrição do diálogo com KS, para que se possa analisar o processo
da produção da leitura, que se faz pela fala.

Quadro 1: Transcrição do diálogo com KS


Sigla do Observações sobre o Observações sobre o
Nº Transcrição
Locutor enunciado verbal enunciado não verbal
Entrando contente na sala
1 KS Imc, eu li a praca.
onde Imc estava.
2 Imc E o que está escrito?
Parou em pé diante de
3 KS PRO-I-BI-DO Silabando
mim com ar pensativo.
4 Imc E o que mais?
Olhando sem graça para
5 KS Esqueci.
mim.
Olhou firme para Imc e
6 Imc Então volta lá e lê.
correu até a placa.
Faz um som nasal e aperta
Voltou correndo para ler
7 KS Passage... os lábios para produzir o
de novo a placa.
som da letra eme
o eme está sozinho do outro
8 KS
lado.
9 Imc Por quê?
10 KS Acabou a praca.
Sinaliza com a cabeça e a
11 Imc Então... Tom de continuidade
mão.
Com as duas mãos na
12 KS Proibido passagem ... esqueci. Pausa; tom de alegria
cabeça.
13 Imc Volta lá e lê o resto. Tom de alegria
14 KS Pre-de, predeste, o que é? Caprichando na pronúncia
15 Imc Quem anda a pé.
Proibido passagem de Imc retoma devagar o que
16 Imc
pedestres. E o que mais? KS já leu
17 KS Obra.
18 Imc Tá. Obra o quê?
Voltou até a placa três
19 KS Exe, exe ... execução. vezes para acabar de ler a
palavra execução.
20 Imc E o que diz a placa?
21 KS Que não pode passar ali. Tom de contentamento KS e Imc batendo palmas.
Fonte: BDN - CNPq n° 307227/2009-0: CCazinho, abril de 2010

KS lê as palavras do aviso com a fala que caracteriza sua variação linguística:


praca onde está escrito placa. Ela entende o que lê porque essa palavra está na sua fala,

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lugar do sentido para Freud (1973). Para entender o que está escrito, KS tem que
superassociar placa (escrita) e praca (fala), guiada pelo sentido que conhece, por meio de
sua variedade de fala (praca) – que não é patológica, mas, ao contrário, é a que reconhece
por meio da língua dos outros, com quem aprendeu a falar: “A diversidade linguística é
tratada não como um problema, mas como uma qualidade do fenômeno linguístico”
(ALKMIM, 2006, p. 37). Para KS – e para todos os falantes do português do Brasil que
dominam essa variedade social e regional, e mesmo para os que dominam uma variedade
mais próxima do padrão – a sequência das consoantes ‘PR’ é uma possibilidade que a
língua dispõe, tanto quanto ‘PL’, ou seja, trata-se de grupos consonantais possíveis na
língua (como em presente; plano; problema; pleno; prato etc), e isso não é um problema
de fala, nem uma fala com problema.
Para Freud, o sujeito que faz uso de um dialeto realiza uma superassociação. Em
nossos termos, superassociar requer um trabalho linguístico-cognitivo complexo que
envolve as funções psíquicas superiores (linguagem, atenção, percepção, memória,
práxis/corpo, raciocínio intelectual) (LURIA, 1977, 1996; VYGOTSKY, 2021), em pleno
processo, na idade em que KS está; requer uma espécie de tradução (JAKOBSON, 1975;
COUDRY, 2008), que mostra que a representação sonora e motora de praca se aproxima
da de placa. O que mostra a relação íntima da leitura com a fala é que KS, lendo, introduz
marcas de sua variedade de fala, marcas de subjetividade (BENVENISTE, 1995), dando
indícios de que a leitura vem inicialmente colada à fala, lugar de sentido para o aprendiz,
como propõe Freud (1973). É o que se nota quando KS lê as palavras pedestre e execução,
novas para ela, desta vez um movimento que se inicia na leitura/escrita e entra na fala.
Freud destaca que a relação entre o sonoro e o motor se automatiza quando podemos ler
mentalmente sem precisar do apoio da voz ou da escrita, o que KS ainda não faz. Quando
lemos um texto difícil com palavras que não conhecemos, como é o caso de KS, nos
comportamos como ela, ou seja, precisamos do retorno sonoro, motor e até visual,
separadamente, porque não há condição de concomitância entre eles: as palavras lidas,
para completarem o sentido, voltam a precisar do apoio da fala e/ou da escrita.

(xii) AB26, em 2016

O dado da Figura 2, que se segue, representa o processo de entrada na escrita, por


parte de AB, e como ela se sente à vontade para contar a história de um livro que leu em
casa: “Pedro vira porco-espinho”, de Janaína Tokitaka (2020). AB conta que o
protagonista da história, Pedro, vira porco-espinho quando algo dá errado para ele,
quando se frustra. Conta também como aprendeu a lidar com essa emoção. AB escreveu
“Fira pro co”, seguimento que eu retomei para o processo de reescrita e ela então
produziu: “Pedro vira porco, um abraço da vovó sempre os vira uma psoa” (primeira
escrita), seguida da segunda escrita: “desvira uma pessoa”.

26
AB: Diagnóstico de Dificuldade de Aprendizagem, sobretudo nos processos de leitura e escrita.

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Figura 2: AB escreve as palavras do livro Pedro vira porco-espinho

Fonte: BDN - CNPq: 311504/2016-7

Finalizamos, assim, a parte I de nosso texto retomando a resolução da história27


de Pedro porco-espinho, que focaliza a emoção na infância, e sempre, tendo a
possibilidade de desvirar tempos difíceis em outros e tomar outra direção, pela força que
brota do abraço da vovó, indo ao encontro da esperança para enfrentar as dificuldades
pelas quais passam os afásicos, as crianças, e também todos nós.

PARTE II: A ND E SEUS “COMPANHEIROS DE VIAGEM”28:


DESDOBRAMENTOS TEÓRICOS E METODOLÓGICOS

Esta segunda parte do nosso texto apresenta os principais desdobramentos da


Neurolinguística Discursiva para áreas de interface, dentre as quais destacamos a
Neuropsicologia, a Fonoaudiologia e a Educação. Para dar visibilidade ao alcance da ND
ao longo de seus quarenta anos, revisitamos também algumas das contribuições feitas ao
volume 60, número 1, da revista Cadernos de Estudos Linguísticos que celebrou, em
2018, os trinta anos da publicação do Diário de Narciso: discurso e afasia, organizado
por Novaes-Pinto e Freire (2018). Os artigos do dossiê29 destacam como os princípios
teórico-metodológicos e éticos que orientaram a escrita da primeira parte deste artigo, que
guiam pesquisas e a atuação profissional de linguistas, fonoaudiólogos e professores.
Perottino (2018) reivindica o reconhecimento do trabalho de Coudry (2018) como
uma obra ‘instauradora de discursos’, de ‘autoria’ – fundamentando-se em conceitos
propostos por Foucault (2001, 2009)30 – bem como a relevância de sua ‘transmissão’ para
um grande grupo de pesquisadores e profissionais das áreas de Educação e da
Fonoaudiologia. Nas palavras da autora, “a atribuição de autoria a Coudry vem do fato
de seu trabalho possibilitar a ruptura com a noção generalizada de não haver mais sujeito
na afasia”. Perottino (2018, p. 358) recorre à expressão ‘cegueira’ generalizada” para se
referir à “[...] ocorrência dos processos alternativos de significação por parte dos sujeitos

27
Conversamos com as crianças sobre como as histórias nos ajudam a lidar com a vida, as emoções, as
alegrias, os medos, os sofrimentos etc., sugerindo-lhes assistir a série Chapeuzinho de todas as cores,
baseadas no livro Chapeuzinho Amarelo, de Chico Buarque e Ziraldo, especialmente destinada a isso.
28
A expressão “companheiros de viagem” foi recorrentemente empregada por Wanderley Geraldi para se
referir aos autores aos quais recorremos para ancorar o desenvolvimento de uma teoria. Ampliamos o uso
dessa figura de linguagem em nossas pesquisas para nos remetermos também aos nossos companheiros na
pesquisa, no ensino e na extensão: colegas da área, alunos, orientandos.
29
O dossiê Trinta anos após o Diário de Narciso foi organizado por Novaes-Pinto e Freire.
30
Perottino cita a obra O que é um autor?, de Foucault (1969) para recorrer à noção de ‘função-autor’.

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afásicos nas situações concretas de interlocução”. Além de centralizar o papel do sujeito
nas práticas de linguagem, Perottino (2018) destaca o tipo de acompanhamento realizado
nos grupos de convivência e nos atendimentos longitudinais individuais no IEL. Outra
questão pontuada pela autora é a forte crítica feita aos testes padronizados que orientam
(ainda hoje) as avaliações de linguagem na clínica tradicional. A autora atribui os rumos
dados por Coudry à Neurolinguística de orientação discursiva ao seu compromisso com
os sujeitos afásicos.
Tal ruptura com as abordagens tradicionais contribuiu para mudanças – inclusive
éticas – na postura terapêutica de fonoaudiólogos que cursaram a Pós-Graduação em
Linguística no IEL, em um ambiente propício para a ‘circulação dessa nova
discursividade’ desde a década de 80. O discurso instaurado na área a partir de então é
uma forma de resistência ao discurso hegemônico da Medicina em relação aos fenômenos
da linguagem nas patologias.
Bordin e Freire (2018) também apontam para diferenças fundantes entre uma
Fonoaudiologia de caráter biomédico e uma Fonoaudiologia que se beneficia de
princípios teórico-metodológicos da ND. Trata-se de uma concepção que dá voz aos
fonoaudiólogos “[...] que não se identificam com práticas corretoras ainda hegemônicas
na área, e de construir um novo espaço coletivo para reinterpretar o seu papel”
(BORDIN; FREIRE, 2018, p. 396); uma abordagem quase sempre marcada “[...] por um
viés corretivo (objetivando um padrão de normalidade) e reabilitador (visando a
eliminação de sintomas), em que fala e linguagem são tomadas, muitas vezes, como
sinônimos” (BORDIN; FREIRE, 2018, p. 386), o que acaba por gerar um excesso de
diagnósticos. O discurso é ignorado como possibilidade de intervenção clínica enquanto
deveria orientar tanto a avaliação quanto os acompanhamentos terapêuticos tendo como
foco os processos. Nas palavras das autoras, o trabalho fonoaudiológico em linguagem

[...] revisto sob a luz dos conceitos da ND, pressupõe a interação com sujeitos que apresentam
diferentes relações com a linguagem – a fala, a língua e o discurso, decorrentes de suas histórias
de vida, o que impacta os quadros clínicos que apresentam (e vice-versa). (BORDIN; FREIRE,
2018, p. 393)

Voltando a Perottino (2018), a autora ressalta que o esforço de teorização em torno


dos fenômenos das afasias no início dos estudos em Neurolinguística de orientação
discursiva foi se estendendo para outros campos, dentre os quais o da Educação, com foco
na questão da subjetivação da criança na escrita. Esse movimento, por sua vez, demandou
uma postura crítica dos especialistas – e também da escola – a respeito da patologização
do ‘aprendiz da escrita’ e sobre a proliferação de rótulos31.
Em resenha do Diário de Narciso feita por Possenti (2018), o autor diz que, em
sua opinião, a mais contundente intervenção da obra de Coudry teria sido, no final da
década de 1980, relativa ao “caráter metalinguístico dos testes”. A comparação entre a
avaliação de linguagem nas afasias e as práticas escolares ajuda a compreender o alcance
dessa discussão. Possenti refere-se, por exemplo, aos exercícios escolares de “preencher
lacunas” entendidos como uma metodologia para ensinar regras gramaticais e para avaliar
seu aprendizado, assim como são recorrentes nos manuais para avaliar a linguagem nas
afasias e orientar procedimentos terapêuticos, ineficazes em ambos os contextos.
A relação entre as práticas escolares e a patologização de fenômenos de leitura e
escrita tem sido discutida por inúmeros trabalhos orientados por Coudry após 2004,
quando o CCazinho foi institucionalizado no Laboratório de Neurolinguística (LABONE)

31
Ver, a respeito do tema da dislexia, o artigo de Aquino (2018), Onde está o deficit? Polêmica em torno
da dislexia.

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no IEL. Seria impossível listar neste artigo todos esses trabalhos, mas destacamos em
seguida alguns deles, para dar visibilidade a essas relações.
Caron (2018, p. 554), ao abordar os desafios da educação e os papéis de seus
agentes, afirma que as “escolas são locais onde se dão ações educativas”, com o objetivo
de possibilitar aos cidadãos, independentemente das suas diferenças e necessidades, “o
desenvolvimento das competências e habilidades que lhes auxiliem a explorar plenamente
os seus potenciais, integrando-se ativamente à sociedade e contribuindo para a vida
econômica, social e cultural do país”. Seguindo os princípios da Neurolinguística de
orientação discursiva, a autora destaca o papel da família como agente responsável pela
inclusão da criança na sociedade, já que esta é o primeiro campo de socialização para a
criança, onde são desenvolvidos o crescimento físico, pessoal e emocional. “Trata-se de
um sistema complexo e mutável de organização social, imerso em um contexto espaço-
temporal em que coexistem diferentes padrões, estruturas e funções” (CARON, 2018, p.
554). De acordo com essas interações, nela afirma-se a relação com a saúde e as doenças.
Para a autora, “a relação família-escola também será variavelmente afetada pela
satisfação ou insatisfação de professoras e de mães/pais, e pelo sucesso ou fracasso do/a
estudante” (CARON, 2018, p. 555). A experiência de trabalho no CCazinho dá
visibilidade a essas relações e indica um caminho promissor para o processo de ensino-
aprendizagem, entendendo a prática pedagógica como uma construção partilhada de
sentidos. Em suas palavras:

Ao proporcionar às famílias a oportunidade de debate, de procedimentos e de entender as suas


necessidades terapêuticas, bem como suas limitações, como nos propomos no CCazinho, coloca-se
a família em uma posição em que ela compreende que pode participar de maneira ativa na situação,
através da abertura à comunicação e ao questionamento, possibilitando até mesmo sua colaboração
nas estratégias terapêuticas. A pessoa só atua em sua realidade. (CARON, 2018, p. 557)

Padilha (2018) reitera a necessidade do reconhecimento público da obra de


Coudry, uma vez que a considera uma ‘revolução conceitual-metodológica’ para os
estudos da Educação Especial, área em que atua. A autora defende a ‘transferência’ dos
princípios teórico-metodológicos da ND para a Pedagogia, lembrando o que afirmou
Franchi (1988) no prefácio de Diário de Narciso: “[...] há inúmeras passagens em que a
transferência para situações em sala de aula é quase uma projeção geométrica”
(FRANCHI, 1988, p. xvi; PADILHA, 2018, p. 369). A autora chama a atenção para o
fato de que alunos com problemas de aprendizado, de qualquer natureza, vão na “[...]
direção dos diagnósticos médicos e das avaliações psicológicas baseadas em testes”
(PADILHA, 2018, p. 369). Padilha aliou os pressupostos de Vygotsky e de Bakhtin aos
princípios teórico-metodológicos da ND para compreender os processos subjacentes ao
funcionamento linguístico-cognitivo nos acompanhamentos longitudinais de crianças que
apresentam dificuldades verbais na fala e na escrita. Os princípios que orientam a
avaliação de sujeitos afásicos também orientam a revisão de “[...] princípios médicos,
psicológicos e pedagógicos que se limitam a classificar as faltas, os déficits” (PADILHA,
2018, p. 373).
Os trabalhos de Perottino (2018) e de Padilha (2018), assim, reconhecem, por um
lado, a inovação de cunho autoral de Coudry (1988) na abordagem das afasias ancorada
nos estudos linguísticos e, por outro, a ‘transferência’ dessa abordagem para
pesquisadores e profissionais de outras áreas, isto é, dos desdobramentos que se seguiram
ao longo dos mais de quarenta anos da área de Neurolinguística no IEL; uma abordagem
que discute o próprio conceito de língua(gem) e que considera a indeterminação da língua
e as marcas de subjetividade no ‘trabalho’ realizado pelos sujeitos afásicos nos processos
de significação (NOVAES-PINTO; FREIRE, 2018), na experiência incompleta.

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Outros trabalhos do volume já referido nos ajudam a dimensionar a ‘transferência’
dos princípios teórico-metodológicos da ND para os estudos da linguagem nas mais
diversas patologias. Citamos, por exemplo, a reflexão de Nascimento e Chacon (2018, p.
468), na qual os autores discutem as associações entre aspectos motores e discursivos na
Doença de Parkinson, que se “[...] mostram submetidos a fatos discursivos que apontam
mais para funcionamentos integrados do que para funcionamentos específicos nas
relações entre cérebro e linguagem”.
Silva (2014, 2018) problematiza o discurso médico determinístico da Síndrome
do X-frágil. Por meio de um estudo de caso, busca compreender o que é da ordem do
patológico, considerando fatores de ordem social e da história de vida do sujeito,
defendendo que ele não pode ser reduzido à sua doença e que, por isso, foram
alfabetizados – embora não seja isso que se espera deles em uma abordagem tradicional,
que dispensa a Linguística. No mesmo sentido, Navarro (2018) aborda a atuação do
fonoaudiólogo no contexto da terapia com crianças autistas e propõe uma reinterpretação
da prática fonoaudiológica com a linguagem no contexto da equoterapia, ressignificando
a relação entre corpo, sistema sensorial, fala e linguagem.
Dentre os temas de pesquisa já desenvolvidos na Graduação e na Pós-Graduação
em Linguística no IEL, destacamos os seguintes, relativos às patologias que impactam o
funcionamento linguístico, além das diversas formas de afasias (fluentes e não-fluentes):
Transtornos do Espectro Autista (TEA), Dislexia, Demência de Alzheimer, Doença de
Parkinson, Síndrome Frontal, Síndrome de Down, Síndrome do X-Frágil, Epilepsia,
Surdez e processos de envelhecimento – patologias que envolvem o funcionamento da
linguagem e, em geral, o funcionamento de outras funções psíquicas superiores.
Quanto à semiologia das afasias, destacamos o estudo dos seguintes fenômenos
em dissertações e teses: agramatismo e fala telegráfica (COUDRY, 1986, 1988;
NOVAES-PINTO, 1992, 1999; LIMA, 2017; LIMA; NOVAES-PINTO, 2017; LIMA,
2023), parafasias (RAPP, 2003; NOVAES-PINTO; SOUZA-CRUZ, 2012; SOUZA-
CRUZ, 2013; SOUZA-CRUZ; BOCCATO, 2017), paragrafias e paralexias (BOCCATO,
2018), jargonafasia (MORATO; NOVAES-PINTO, 1998; NOVAES-PINTO, 1999),
produção de TOTs - palavras na ponta-da-língua (OLIVEIRA, 2015)32, dentre outros.
Foram essenciais para o desenvolvimento da área os estudos para aprofundar a
compreensão de processos linguístico-cognitivos como os de categorização (SOUZA-
CRUZ, 2017), compreensão (FUGIWARA, 2013; FUGIWARA; NOVAES-PINTO,
2013), interpretação de metáforas e provérbios, o papel dos promptings fonológico e
semântico, o papel das tecnologias digitais no trabalho com sujeitos adultos
(PIERUCCINI, 2015; GARCIA, 2018; DIAS, 2020). Muitos estudos também
tematizaram questões teórico-metodológicas que fundamentam o trabalho realizado no
Centro de Convivência de Afásicos, o trabalho com os familiares e acompanhantes
(CARON, 2018), a relevância dos estudos longitudinais de perspectiva
discursiva/qualitativa, de natureza dialógica e, sobretudo, a crítica aos testes padronizados
(COUDRY, 1986, 1988; NOVAES-PINTO, 1992, 1999, 2011, 2017).
Vale ainda mencionar que outras áreas da Linguística se debruçam sobre os dados
que emergem nas interações com os sujeitos afásicos visando avaliar diferentes
abordagens sobre o funcionamento linguístico-cognitivo. O agramatismo e a produção da
chamada “fala telegráfica”, por exemplo, considerados fenômenos dentre os mais
estudados na Neurolinguística, abordados inicialmente por Coudry (1986, 1988) já foram
retomados por Gregolin-Guindaste (1996) na teoria gerativista, por Lima (2023) na
perspectiva da Gramática Discursivo-Funcional e Novaes-Pinto (1992, 1999, 2017)
32
Sobre o tema das semiologias na perspectiva da linguística, referimo-nos ao trabalho de Morato (2010):
A semiologia das afasias: perspectivas linguísticas.

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incorporando conceitos bakhtinianos como categorias de análise. Teorias semânticas e
pragmáticas têm sido mobilizadas para analisar dados de sujeitos com esquizofrenia
(GATI, 2017), nas afasias posteriores e demências (OLIVEIRA, 2015; SOUZA-CRUZ,
2017), dentre outras patologias. As dissertações e teses da área, ao focarem nas análises
de um ou outro nível linguístico, contribuem para a compreensão de seu funcionamento
integrado (COUDRY, 1993), relacionando-os ainda ao funcionamento do cérebro como
um sistema funcional complexo (LURIA, 1977) buscando compreender as relações entre
as funções psíquicas superiores.

3. FINALIZANDO, MAS NÃO SEM ANTES DIZER QUE...

O “outro discurso”, sem a Linguística – restrito a uma certa Linguística da língua


e de natureza normativa –, a que nos opomos desde sempre, é o que se baseia em testes –
essencialmente metalinguísticos (“pegue o triângulo, pegue o urso”; “o que é ...”; “diga o
nome...”; “repita nem aqui, nem ali, nem lá”, etc), em avaliações e terapias também sobre
a linguagem, mas não de linguagem, imersas na língua e em seu funcionamento
discursivo, em situações enunciativas, mergulhadas na experiência incompleta. Esse
outro discurso, no qual identificamos uma relação de interincompreensão
(MAINGUENEAU, 1989; AQUINO, 2018), é compatível com uma concepção de língua
como um código de trânsito, cujo sentido é determinado de antemão, oposto ao sentido
de língua tomado pela ND (COUDRY, 1986), como um sistema vivo, sujeito a
modificações por seus falantes, historicamente construído no discurso, com sentidos
duplos, ambíguos, opacos, mais ou menos estáveis, determinados na situação de
enunciação por seus parceiros, experiência partilhada com tantos outros com quem
convive, direta ou indiretamente33.
Os dados relatados neste texto para marcar o efeito da experiência incompleta na
lida com a afasia e também nos processos de entrada de crianças na leitura e na escrita
mostram processos criativos/alternativos de significação 34 derivados de possibilidades
que a própria língua comporta, imersa na experiência humana de falar a outros que falam,
realidade na constituição do falante, como já aponta Benveniste (1995). Diferentemente,
outras áreas avaliam a linguagem, sem o conhecimento produzido pela Linguística,
mediante testes que tomam a linguagem pela metalinguagem, prescrevendo a variedade
culta como a única aceitável, tendo todos os sujeitos que emitir uma resposta única,
desconsiderando que a experiência com a linguagem não é igual para todos e o produto
dessa diferença, portanto, não é patológico.

4. AGRADECIMENTOS

Agradecemos às agências de fomento – CAPES, CNPq e FAPESP – por todos os


auxílios concedidos a nós, docentes, e aos nossos alunos, ao longo de todos esses anos de
trabalho na área de Neurolinguística.

________________

33
Um afásico – JB –, ao responder ao Teste de Nomeação da “Bateria de Boston: the assessment of aphasia
and related disorders” (GOOGLASS; KAPLAN, 1972), diante da insólita figura de um iglu, responde:
“forno de pizza”, o mesmo que fez uma das crianças avaliadas. Para a ND, a resposta foi completamente
acertada, mas segundo os critérios para pontuação do referido teste, EF teria errado.
34
Que articulam linguagem verbal, gestos e outros recursos linguístico-discursivos que o afásico traz para
a cena enunciativa.

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Recebido: 16/5/2023
Aceito: 18/8/2023
Publicado: 26/9/2023

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