Dissertação Carolina Viana Machado
Dissertação Carolina Viana Machado
Dissertação Carolina Viana Machado
Rio de Janeiro
Julho/2016
O pós-abolição nas aulas de História: uma análise do papel
social atribuído aos negros na História ensinada
de História.
Rio de Janeiro
Julho/ 2016
2
FOLHA DE APROVAÇÃO
Aprovada por:
____________________________________________________________
Prof. Dr. Amílcar Araújo Pereira – UFRJ
____________________________________________________________
Profª. Dr.ª Juçara da Silva Barbosa de Mello- PUC/RJ
___________________________________________________________
Prof. Dr.ª Warley da Costa – UFRJ
3
CIP - Catalogação na Publicação
4
RESUMO
5
ABSTRACT
O pós-abolição nas aulas de História: uma análise do papel social atribuído aos
negros na História ensinada
This work corresponds to the final result of the research carried out throughout my
career in the course Professional Master in History Education UFRJ History Institute
in which I dedicated myself to examine how social and cultural political participation
of blacks in the history of Brazil in the post- abolition period , it has been treated in
history lessons both in relation to this content in the textbooks as the role of teachers
in the daily lessons, from interviews with teachers who work in Basic Education
Rio de Janeiro
2016
6
AGRADECIMENTOS :
Primeiramente aos meus pais Ary Antunes Machado e Isis Monteiro Viana
Machado e a meu irmão Ravi Gabriel Viana Machado por seu enorme carinho,
paciência, força e apoio não somente em relação a meus estudos, mas em todos os
momentos de minha vida.
A meu orientador o Professor Doutor Amílcar Araújo Pereira por toda a sua
ajuda, sabedoria e compreensão que foram fundamentais para a realização deste
trabalho, bem como pelo carinho e dedicação dispensado a todos os seus orientandos.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO......................................................................................................... p. 9
REFERÊNCIAS.......................................................................................................p. 86
ANEXOS....................................................................................................................p. 90
8
INTRODUÇÃO:
9
Pressões postas no tempo presente, sobretudo aquelas advindas do
combate ao racismo, forçam a uma reconfiguração das narrativas
históricas com repercussões nas formas de abordagem da história do
Brasil. Estamos diante certamente, de uma reescrita da história e dos
usos e leituras do passado possibilitadas pela produção dessa área, em
especial por meio do ensino de história, forçada pela agenda do
antirracismo (PEREIRA & ROZA, 2012, p. 92).
10
para a historiografia do pós-Abolição. [...] O GT objetiva
consolidar o pós-Abolição como campo de pesquisa
relativamente "dissociado dos estudos sobre escravidão,
abolicionismo e relações raciais" como afirmaram Flavio Gomes
e Petrônio Domingues, reconhecendo, contudo, a centralidade
dos processos sociais e políticos que resultaram na abolição e
que, portanto, estariam incluídos no referido campo.1
Cabe ressaltar que a pesquisa aqui desenvolvida não corresponde a uma análise
da História do Movimento Negro no Brasil. Trata-se de compreender a forma como
atuação dos afrodescendentes em nossa História tem sido abordada no espaço escolar,
seja nos materiais didáticos seja na fala dos professores, ou mesmo através de projetos e
atividades extraclasses.
1
GT Emancipações e Pós Abolição, texto provisório. XXVII Simpósio Nacional da Anpuh, 2013.
11
Neste sentido, uma das fontes utilizadas na pesquisa foram os livros didáticos.
Os livros e materiais didáticos são fontes de pesquisa muito comuns na área da
Educação, pois correspondem a uma das principais ferramentas do processo de ensino
aprendizagem.
12
O sistema escravista foi sem dúvida um dos fatores estruturantes da sociedade
brasileira e a escravidão no período colonial, tanto de africanos quanto de indígenas,
constitui uma parte importante de nossa História devendo ser largamente discutida por
professores e alunos. No entanto, os descendentes destes escravizados continuaram a ter
um papel importante em nossa sociedade e história após o fim da escravidão. Tal fato
deve ser tratado nas aulas com a mesma profundidade e importância, reconhecendo e
valorizando as experiências vivenciadas pelos negros no pós-abolição.
13
Tal fato se refletia, e ainda se reflete, na forma como a participação dos
afrodescendentes em nossa História bem como a importância do Movimento Negro e o
combate ao racismo são abordados nos materiais didáticos.
Diante desta realidade, foi escolhida para análise nesta pesquisa a coleção
didática: História - O mundo por um fio: do século XX ao século XXI. vol.3 (terceiro
ano do Ensino Médio) Autores: Jorge Ferreira; Georgina Santos; Ronaldo Vainfas;
Sheila de Castro Farias Editora: Saraiva / 2ª edição – 2013.
A escolha por esta coleção se deu pelo fato de a mesma ter sido adotada pelos
professores da escola estadual em que trabalho. Durante este processo, do qual
participei, a coleção recebeu muitos elogios e foi eleita pela equipe de história como a
que melhor atenderia as demandas dos alunos e dos professores. O principal motivo
alegado em favor da coleção citada se refere ao conteúdo. Segundo os professores esta
coleção possui um conteúdo considerado mais completo, abordando temas ausentes nos
outros livros analisados.
De fato a coleção escolhida pela equipe foi a única que abordou a participação
política e social dos negros na História do Brasil no Pós-Abolição, ainda que de forma
14
superficial . Tal fator foi determinante, no critério comparativo, para a escolha desta
coleção como fonte para esta pesquisa.
Conforme o texto do Guia do PNLD de 2015 (Guia PNLD 2015, p. 84), a coleção
segue uma cronologia linear. Sendo assim, a opção pelo volume referente ao terceiro
ano do Ensino Médio se deu pelo fato dos conteúdos sobre o pós-Abolição estarem
concentrados neste volume que se trata do século XX aos dias atuais.
É importante destacar que a escolha por analisar apenas uma coleção se deveu ao
fato desta coleção ser a mais completa apresentada em comparação com as outras em
que o pós-abolição não foi sequer mencionado. Além disto, acredito que analisar a
coleção utilizada em minha escola foi algo bastante proveitoso pois permitiu a
comparação das impressões e experiências dos professores entrevistados com a minha
própria enquanto profissional, fortalecendo o diálogo com a experiência prática.
15
Nesta pesquisa as entrevistas não são as únicas fontes utilizadas para análise, no
entanto possuem uma grande importância para a compreensão do objeto por fornecerem
um tipo diferenciado de informações.
Nas entrevistas foram abordados temas que vão desde a formação dos
professores, passando pelos conteúdos sobre o pós-abolição e a forma como a Lei
10.639 vem sendo aplicada nas respectivas escolas. A utilização do livro didático foi um
ponto importante, procurei observar não só a forma como livro era utilizado (ou não)
por estes professores nas aulas, mas também a opinião dos docentes sobre o mesmo.
Foi questionado se eles participaram do processo de escolha, as dificuldades, os pontos
positivos, os pontos negativos e o parecer sobre o conteúdo, em especial sobre o Pós-
Abolição.
No que se refere à relação entre memória e Ensino de História, faço uso das
noções e conceitos desenvolvidos pela professora Ana Maria Monteiro:
16
O Ensino de História é, potencialmente, um lugar onde memórias se
entrecruzam, dialogam, entram em conflito; lugar no qual, também, se
busca a afirmação e registro de - ou onde se desenvolvem embates entre
- determinadas versões e explicações sobre as sociedades, a política, o
mundo, prescritas pela instituição em que se localiza; “lugar de
fronteira”, que possibilita o diálogo entre memórias e “história
conhecimento escolar” (MONTEIRO, p.15).
Neste contexto, outro elemento que norteia a análise proposta neste trabalho é a
relação entre memória e construção de laços de identidade e pertencimento no ambiente
escolar. De acordo com Michael Pollak:
17
A memória, essa ação coletiva dos acontecimentos e das
interpretações do passado que se quer salvaguardar , se integra
em tentativas mais ou menos conscientes de definir e de reforçar
sentimentos de pertencimento e fronteiras sociais entre
coletividades de tamanhos diferentes: partidos, sindicatos,
igrejas, aldeias, regiões, clãs , famílias, nações etc. A referência
ao passado serve para manter a coesão dos grupos e das
instituições que compõe uma sociedade, para definir o seu lugar
respectivo, sua complementariedade , mas também as oposições
redutíveis ( POLLAK, 1989, p. 9 ).
18
Deste modo, ao abordar a identidade e as relações de pertencimento levo em
consideração que as identidades são múltiplas e dinâmicas, além de serem construções
históricas que estão constantemente submetidas às disputas no campo do poder.
19
Para melhor compreender como o saber escolar se manifesta na atuação prática
dos professores e como estes se articulam a partir das escolhas realizadas, faço uso das
noções do autor Jean Claude Forquin sobre cultura escolar, saber escolares e saberes
docentes (FORQUIN,1992, p.28-44), elementos fundamentais para compreender a
construção do conhecimento no espaço escolar.
20
CAPÍTULO I : O PÓS-ABOLIÇÃO NO ENSINO DE HISTÓRIA
21
Em 2013 foi criado o Grupo de Trabalho Emancipações e Pós-Abolição durante
o XXVII Simpósio Nacional da Anpuh. Conforme já foi abordado na introdução deste
trabalho, este grupo de pesquisadores, professores e estudantes tem uma visão mais
ampla do período, não seguindo os marcos cronológicos tradicionais.
Desta forma o pós-abolição não teria início no 13 de maio de 1888, data oficial
da abolição da escravidão no Brasil, e sim a partir da segunda metade do século XIX,
com a consolidação do movimento abolicionista, bem como a intensificação de medidas
de restrição à escravidão.
22
parte dos livros didáticos é o Quilombo dos Palmares e um ou outro nome do
Movimento Abolicionista como José do Patrocínio e Joaquim Nabuco.
São poucas as obras que trazem, por exemplo, atuação das diversos clubes e
associações abolicionistas liderados por negros ou mesmo a atuação, dentro do Direito,
de Luiz Gama e André Rebouças. O protagonismo nestes casos é dado à ação da
princesa Isabel ao assinar a Lei Aurea e a liberdade reduzida a um ato de benevolência
e não a uma conquista dos afrodescendentes.
23
todo o mundo. Dentro da lógica imperialista era de suma importância para as potências
europeias buscarem estratégias que legitimassem a sua dominação econômica política e
cultural, sobretudo no continente africano.
2
Ver referencia em : PEREIRA, Amilcar A. O mundo Negro: a constituição do movimento negro
contemporâneo no Brasil ( 1970-1995). Niterói: Universidade Federal Fluminense, 2010.
24
Já Spencer foi o principal defensor do chamado darwinismo social, uma
adaptação das hipóteses de Charles Darwin que explicam a evolução das espécies, para
as sociedades humanas, legitimando a superioridade da raça branca.
25
A nacionalidade brasileira foi formada ou “imaginada” como uma
comunidade de indivíduos dissimilares em termos étnicos e que
chegavam de todas as partes do mundo, mormente da Europa. No
Brasil, a nação foi formada por uma amálgama de crioulos cuja
origem étnica e racial foi esquecida pela nacionalidade brasileira. A
nação permitiu que uma penumbra cúmplice encobrisse
ancestralidades desconfortáveis (GUIMARÃES, 1997, p. 45).
Segundo ele o povo brasileiro seria formado pela união do negro, do indígena e
do branco. Neste contexto, elementos culturais de origem africana e indígena teriam
contribuído para o aperfeiçoamento do homem brasileiro cuja base seria
predominantemente branca/europeia. Estas três raças conviveriam em perfeita
harmonia, formando uma verdadeira democracia racial. Deste modo Renato Ortiz
afirma:
26
Neste sentido, a atuação dos profissionais ligados à educação em suas diversas
funções deve buscar estabelecer entre os alunos o respeito às diferenças e o fim do
preconceito. No que se refere aos professores da Educação Básica, o Ensino de História
nos apresenta diversas possibilidades de discutir tais questões. Uma destas
possibilidades se encontra nas diversas formas de se trabalhar a História afro-brasileira
no pós-Abolição durante as aulas de História.
Com o fim da escravidão, ainda sob a influência das teorias raciais do século
XIX, o governo brasileiro não se mostrou interessado em promover uma real integração
dos afrodescendentes, tanto os libertos quanto os que já nasceram livres, à sociedade.
Estas populações continuavam marginalizadas e foram se organizando a fim de tentar
reverter este quadro e conseguir melhores condições de vida, valorização de sua cultura
e participação política.
Na década de 1930, a Frente Negra Brasileira foi uma das mais importantes
organizações de afrodescendentes no Brasil. Com milhares de membros associados, a
entidade tinha uma ampla área de atuação não somente social como também cultural e
política. A FNB mantinha, entre outros serviços, escolas, grupos musicais e teatrais,
time de futebol, departamento jurídico, serviços médicos e odontológicos, cursos
formação em política, arte e diversos ofícios, além da publicação do jornal A voz da
Raça (DOMINGUES, 2007, p. 106) .
Na década de 1940, podemos destacar a União dos Homens de Cor, fundada por
João Cabral Alves em Porto Alegre, cuja finalidade elevar o nível socioeconômico e
intelectual das pessoas de cor em todo o território nacional. (DOMINGUES, 2007, p.
106), e o Teatro Experimental do Negro, fundado no Rio de Janeiro em 1944 que tinha
como líder Abdias Nascimento. O autor Petrônio Domingues define bem a proposta de
ação do grupo:
28
humanos, o TEN propugnava a criação de uma legislação
antidiscriminatória para o país (DOMINGUES, 2007, p. 108) .
Na década de 1970 foi Fundado o Movimento Negro Unificado. O MNU surgiu a partir
da aglutinação de outros movimentos sociais negros e se tornou a principal referência para a luta
antirracista em todo Brasil (SILVA & TRAPP p. 2).
A partir da década de 1990, o Movimento Negro ganhou cada vez mais destaque
na sociedade brasileira. As questões referentes à valorização da identidade e da cultura
negra a partir da educação se tornam cada vez mais presentes. Neste período cresceu
29
também a influência de políticas estatais legitimando as demandas e conquistas sociais e
políticas do movimento.
Após a conferência de Durban em 2001, houve uma redefinição das estratégias de ação
política para o antirracismo e os movimentos antirracistas nacionais (SILVA & TRAPP, p. 5).
Neste contexto, a partir dos anos 2000 teve início por parte do governo brasileiro uma
série de medidas que visavam além da promoção da igualdade racial a valorização da
história e cultura afro-brasileira.
30
Em março de 2004 foram aprovadas e publicadas as Diretrizes Curriculares
Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e
Cultura Afro-Brasileira e Africana. Este documento traz uma proposta de educação para
as relações étnico-raciais e o combate ao racismo na sociedade brasileira a partir do
espaço escolar. Ele também demonstra a forma como as temáticas impostas pela
legislação que o acompanha seriam tratadas nas escolas apresentando sugestões de
conteúdos e propostas de atividades e abordagens das mesmas.
31
Neste contexto, é possível observar que o documento prevê uma valorização da
cultura afro-brasileira a partir de suas diferenças e especificidades, buscando fugir das
representações tradicionais que tratam a herança cultural africana como algo exótico,
pitoresco e muitas vezes inferiorizado. Nota-se uma tentativa de dissociar os elementos
culturais de origem africana da noção das três raças formadoras, na qual a matriz
africana seria uma pequena contribuição para aprimorar uma cultura na qual a matriz
branca/ europeia.
Neste contexto as autoras Hebe Mattos e Marta Abreu chamam a atenção para a
importância de se compreender historicamente o processo de construção desta
identidade negra (ABREU, MATTOS, 2008 p. 12). Tal fator está associado
principalmente à luta desempenhada pelos membros do Movimento Negro durante
décadas em nossa sociedade. No entanto não se deve esquecer a importância da
educação, e mais especificamente da escola, como um dos espaços de construção desta
identidade negra. Movimentos como a Frente Negra Brasileira, o Teatro Experimental
do Negro e o Movimento Negro Unificado, tinham como característica reconhecer esta
importância, tendo a questão do ensino e da educação, de um modo geral, presentes em
seus discursos e práticas.
32
incentiva a valorização da história da África e de nossa herança cultural africana de
forma autônoma, o documento contribui de forma direta para o processo de
ressignificação do papel social dos afrodescendentes em nossa história.
O texto dos PCNs também traz uma crítica à noção de uniformidade cultural
imposta pelo mito da democracia racial no Brasil. No entanto conforme observa Hebe
Mattos, o mesmo documento reforça esta visão ao encobrir, com o silêncio, uma
realidade de discriminação racial reproduzida desde cedo no ambiente escolar
(MATTOS, 2003, p. 128). Tal fator se faz presente, sobretudo, na forma como os
conteúdos referentes à história africana e à participação dos negros na História do Brasil
são apresentados ao longo do documento. O período pós-abolição, por exemplo é
praticamente ignorado no documento.
33
Os PCNs organizam os conteúdos das disciplinas a partir de grandes eixos
temáticos. Cada eixo temático corresponde a um dos ciclos de duas séries/anos no qual
foi dividido o Ensino Fundamental. Nesta organização é possível perceber a forma
como os conteúdos referentes à História e Cultura Afro-brasileira estão dispostos de
forma bastante tradicional.
Cabe ressaltar que apesar dos PCNs constituírem uma matriz referencial, e não
possuírem um caráter obrigatório como o Currículo Mínimo, por exemplo, têm um
34
grande peso tanto para atuação dos professores em sala quanto para a produção e
aprovação de coleções de livros didáticos.
Deste modo, concordo com professora Ana Maria Monteiro quando a mesma
afirma que os referidos documentos curriculares, ao acrescentar os conteúdos propostos
pela Lei 10.639, simplesmente trouxeram uma adequação a uma tradição. Não houve
um rompimento com a estrutura tradicional de disposição dos conteúdos e compreensão
da história da humanidade.
35
Além disso, estimular os alunos a pesquisarem sobre a atuação do Movimento
Negro também é uma estratégia interessantíssima. É algo simples, mas que possui uma
grande importância não só para promover o conhecimento sobre a temática, como
também para despertar a curiosidade e o interesse dos alunos.
36
CAPITULO 2: O LIVRO DIDÁTICO COMO OBJETO E FONTE DE
PESQUISA.
37
2.1 O LIVRO DIDÁTICO EM SUA MÚLTIPLICIDADE : CARACTERÍSTICAS
GERAIS:
38
indicações de filmes etc. que auxiliam na transmissão do conhecimento também devem
ser objeto de análise, juntamente com os conteúdos.
Todas as funções abordadas acima estão relacionadas aos diversos usos que se
pode fazer dos livros e materiais didáticos dentro e fora da escola. Cada professor irá
privilegiar uma ou mais destas funções de acordo com a metodologia de trabalho
escolhida ou pelas características da coleção didática disponível. Por exemplo, a coleção
aqui analisada possuí como principal característica a parte textual extensa e com uma
abordagem mais completa de determinados conteúdos, o que favorece atividades como
estudos dirigidos, análise de fontes textuais e exercícios de fixação. A abordagem de
determinadas temáticas pouco conhecidas, como a atuação no Movimento Negro no
Pós-abolição, abre espaço para a discussão destes temas a partir de atividades nas quais
o professor pode aprofundar o conhecimento dos alunos complementando as
informações do livro didático.
Mesmo os professores que não utilizam o livro didático diretamente nas aulas
acabam sendo influenciados pelo seu conteúdo seja como consulta na preparação de
aulas expositivas, exercícios e atividades ou como guia curricular, sobretudo nas escolas
particulares. Nestas instituições os currículos oficiais instituídos pelo MEC não são
39
obrigatoriamente seguidos. Nestes casos o material didático (livro ou apostila da própria
instituição) é o principal referencial para o professor.
De acordo com o autor Kazumi Munakata, cada uma destas funções pode ser
tomada como objeto de pesquisa dentro da temática dos materiais didáticos.
(MUNAKATA, 2012, p.186). As possibilidades de análise dos livros e materiais
didáticos são as mais diversas com enfoques que vão desde características como
formato, diagramação, edição, formatação de textos e imagens entre outros, até
reflexões mais complexas acerca dos conteúdos presentes em cada capítulo.
Tais mecanismos envolvem diversas disputas de poder que vão desde sua
produção, até sua venda e distribuição. Além da legitimação de um conjunto de
determinadas ideias e valores a serem assimilados pelos alunos de acordo com as
demandas políticas e sociais do período. Deste modo:
Em 1985 foi criado o Programa Nacional dos Livros Didáticos (PNLD) com o
objetivo de incentivar políticas públicas referentes à produção e ao consumo dos livros
didáticos em todo o país. Em 1996 foi iniciado o processo de avaliação pedagógica dos
livros inscritos para o PNLD, sendo publicado o primeiro “Guia de Livros Didáticos”.
Os livros foram avaliados pelo MEC conforme critérios previamente discutidos. Esse
procedimento foi aperfeiçoado, sendo aplicado até os dias os dias de hoje.
41
editoriais. A instituição de uma cultura avaliativa, num contexto
político democrático, acabou por desencadear poderosos mecanismos
de reajustamento e adaptação no mercado editorial. [...] Neste,
contexto, o livro didático assume claramente sua dimensão de
mercadoria, sujeita a múltiplas interferências em seu processo de
produção e vendagem. (MIRANDA, 2004, p.128).
Tal fator apontado acima põe em evidência outra característica dos livros e
materiais didáticos que deve ser levada em consideração por aqueles que pretendem se
dedicar a pesquisa sobre esta temática: o seu caráter mercadológico.
Esta visão estritamente comercial dos livros didáticos também acaba por
interferir no processo de escolha destes livros pelos professores que, em alguns casos,
não tem suas opções respeitadas pela direção das escolas.
42
Na escola estadual em que trabalho no Município de Belford Roxo, na Baixada
Fluminense, o processo de escolha dos livros didáticos para o Ensino Médio, a serem
utilizados pelos próximos três anos, ocorreu no ano passado (2015) da seguinte maneira:
As editoras enviaram amostras de suas coleções para que os professores analisassem.
Foram recebias diversas coleções das principais editoras do país. Na instituição em que
trabalho a direção estipulou um período para que as equipes de cada disciplina se
reunissem para debater sobre a escolha das coleções.
Tal fator não é muito comum, em boa parte das escolas a escolha é feita por um
ou dois professores ou de forma aleatória pela direção sem que os professores sejam
consultados. O fato de teremos tido tempo e espaço para refletir sobre a escolha deste
material foi fundamental para uma escolha de uma coleção que se adequasse o máximo
possível a nossa realidade e métodos de trabalho, mesmo para os professores que optam
por não utilizarem o livro em suas aulas.
43
Durante o processo de escolha do livro didático analisado, os autores foram um
ponto importante. Há uma tendência a escolher os livros de acordo com o tipo de
abordagem dos autores, nesse caso a trajetória acadêmica dos autores da coleção bem
como o estilo conteúdista, privilegiando as atividades de leitura e produção escrita
foram apontados pela maioria dos professores como algo positivo.
Este foi um aspecto de discordância entre nós durante o processo. A meu ver, o
livro é bem denso, com textos longos, com uma linguagem complexa e exercícios que
não estimulam diferentes formas de aprendizado e produção de conhecimento. É o que
chamamos de um livro pesado, o que dificulta a sua plena utilização em sala de aula,
sobretudo com alunos que tem pouco ou nenhum hábito de leitura e dificuldades de
escrita, como na maioria das escolas públicas de nosso país. Tal fator pode variar de
acordo com as características da escola e do público ao qual o livro se destina, no
entanto no que se refere aos alunos da minha escola o livro é utilizado de formas
alternativas, para consulta, estudos dirigidos ou exercícios selecionados.
Deste modo, uma análise sobre os conteúdos dos livros didáticos deve levar em
consideração, não apenas as especificidades do texto, linguagem e transposição didática
feita pelos autores, como também o fato de que o conhecimento produzido por estes
não é totalmente neutro.
44
No âmbito do Ensino de História, a importância destes materiais é ainda maior.
Os livros didáticos contribuem significativamente para a construção de memórias sobre
determinados elementos da História e da sociedade brasileira. A forma como
determinados fatos são tratados pelos livros didáticos constituem verdades absolutas
para a maioria dos alunos que não estão habituados a refletir sobre o conteúdo
trabalhado em sala, tanto nos livros didáticos quanto nas aulas expositivas.
Durante muitos anos as análises sobre livros didáticos tinham como ponto
central assinalar os pontos negativos das coleções. Muitos professores, até hoje optam
por não usar esses materiais ainda que os tenham à sua disposição, e utilizam materiais
(resumos, textos e apostilas) de sua autoria. Ao mesmo tempo também é forte
atualmente um movimento de renovação dos usos e leituras dos livros didáticos por
alunos e professores.
Nesse contexto, cabe destacar que não existe um livro didático ideal, todos
possuem uma série de especificidades e aspectos positivos e negativos, devendo ser
pensados a partir de sua complexidade, levando em consideração cada uma de suas
características. Conforme assinala Circe Bittencourt :
Nesta pesquisa minha proposta não é apenas apontar possíveis erros de forma
normativa e superficial e sim compreender a forma como determinadas temáticas são
abordadas por estes livros e como este tipo de abordagem influencia a prática dos
professores e o processo de ensino-aprendizagem.
45
2.2 ANÁLISE DA COLEÇÃO :
Esta coleção foi selecionada para análise por dois fatores. Primeiramente pelo
fato de ter sido a coleção escolhida pela equipe de professores da escola em que
trabalho durante o processo de escolha de livros didáticos para o Ensino Médio
realizado no ano passado. E em segundo lugar por esta ter sido a única das coleções
recebidas em nossa escola que apresentava alguma referência a Pós-abolição e a
participação dos afrodescendentes em nossa História durante o século XX. O volume
escolhido corresponde ao terceiro ano do Ensino Médio, pois seguindo uma cronologia
linear é este o volume em que as referidas informações sobre o pós-abolição se
encontram.
No que diz respeito aos aspectos técnicos gerais, a coleção apresenta uma
estrutura tradicional com um texto base e a presença de diversos boxes e textos
complementares. Cada capítulo apresenta uma estrutura fixa: texto de introdução
apontando alguma curiosidade ou problemática sobre o tema a ser desenvolvido; uma
linha do tempo dedicada às datas ou aos anos marcantes, que aparecem em todas as
páginas do livro destacadas do texto, além do texto base do capítulo.
46
No que se refere ao projeto editorial gráfico, o Guia do PNLD ressalta como
sendo um dos pontos de maior qualidade da coleção. O documento destaca as formas de
emprego das imagens, quase todas passíveis de serem usadas em sala de aula, como
fontes históricas e bastante eficazes na indicação do início de uma nova unidade (MEC,
2014, p. 88). Os mapas, tabelas e gráficos apresentam as informações necessárias à sua
compreensão. E as imagens por sua vez são devidamente legendadas e com referência.
O manual do professor está presente no final de cada livro da coleção como uma
espécie de anexo e segue uma linha diferente da tradicional. De acordo com o Guia do
PNLD no manual do professor o leitor encontra os pressupostos teóricos e didáticos que
fundamentam a proposta, favorecendo a compreensão da organização curricular e das
estratégias adotadas no livro do aluno.
Logo na página de apresentação no início do livro o texto inicial deixa clara esta
perspectiva ao propor ao leitor uma breve reflexão sobre o que é a história e para que
ela serve . O livro do professor, o qual analisei, foi feito pensando nos docentes, tanto
no que refere as questões teóricas quanto a prática do trabalho em sala de aula.
O manual do professor, neste livro, é de fato bem mais extenso do que nos livros
tradicionais trazendo reflexões que não são comuns nesse espaço. Ao longo de todos
os capítulos a presença constante de sugestões e formas de trabalho do conteúdo
também são marcas desta tentativa dos autores de estabelecer um diálogo com o
47
professor, embora na prática a extensão e densidade dos conteúdos possa representar
uma dificuldade na sua utilização.
48
Geral, são muito mais extensos e centrais. A História da América e da África ainda
estão subordinadas a História europeia.
Ao final de cada unidade há uma seção chamada Roteiro de Estudos na qual são
disponibilizados vários tipos de atividades. Primeiro há um questionário discursivo com
cinco a dez questões de simples fixação do conteúdo. Há também algumas questões
complementares do ENEM e dos principais vestibulares. Cada unidade também vem
acompanhada de duas propostas de estudos dirigidos denominados Conexões e
Reflexões, que também seguem a mesma linha de produção de textos ou realização de
pesquisas escritas. Há também ao final de cada unidade sugestões de sites, vídeos e
filmes relacionados à temática trabalhada.
49
utilizar formas diferenciadas e mais dinâmicas de aprendizagem, o livro pouco
contribui.
50
de um lado, mas também os libelos “vitimizadores” que, ao construir a
História da África como a presa fácil de uma cobiça ocidental
infantiliza os povos africanos, ignorando a complexidade e a
diversidade daquelas sociedades e o protagonismo assumido por
diversos povos africanos no processo global, incluindo a escravidão o
tráfico negreiro e o colonialismo ( anexos imagem 5).
Deste modo, será abordado a seguir o modo como a questão racial, bem como a
participação dos afrodescendentes na História do Brasil é tratada no livro analisado.
51
Como foi colocado anteriormente, há próximo ao texto base em vermelho, uma
orientação dirigida aos professores com uma sugestão de atividade utilizando a edição
da Revista da Biblioteca Nacional que traz um dossiê sobre a Revolta da Chibata e a
transcrição da entrevista dada por João Cândido em 1968.
52
O texto corresponde a um fragmento do livro A formação das tradições ( 1889-
1945 , as esquerdas no Brasil escrito por Elio Chaves Flores. Neste trecho é abordado
de forma breve o contexto de criação da FNB, sua trajetória e importância no cenário
político da época. Também são citados outros grupos e instituições que marcaram o
Movimento Negro no período como a União Negra Brasileira, o Clube Recreativo
Palmares, além do Movimento Brasileiro Contra o Preconceito Racial e a Associação
dos Homens de Cor. No fim do texto há uma questão proposta, tanto para um exercício
escrito quanto para um debate, referente aos objetivos centrais dos líderes da Frente
Negra em 1930.
53
Por fim, a última referência feita à participação dos
afrodescendentes em nossa história no pós-abolição se encontra no capítulo
10, referente aos processos de independência das colônias africanas e
asiáticas. Ao lado do texto base sobre o Apartheid na África do Sul na
página 164, encontra-se um box com um texto complementar sobre a Dia
da Consciência Negra no Brasil. Logo em seguida há uma proposta de
atividade na qual os alunos devem se dividir em grupos para participar e
registrar atividades e eventos referentes ao Dia da Consciência Negra
realizados em sua cidade (bairro, escola etc.) .
54
e materiais didáticos nos anos 1980 e 90, e que enfatiza a luta de classes como principal
motor das dinâmicas sociais, contribuíram de forma significativa para este quadro.
No que diz respeito ao papel social dos negros na História do Brasil, a ênfase
dada ao fator escravista como exclusivo exemplo de sua participação em nossa história,
feita por alguns livros didáticos, contribui para o reforço de estereótipos e construção de
uma identidade negativa por parte dos alunos.
55
conhecimento construído nas aulas, a partir não somente do conteúdo ensinado pelo
professor, como também do que está presente nos materiais didáticos e suportes
pedagógicos utilizados.
O discurso presente nos livros seja através dos textos, das imagens ou
simplesmente na organização das temáticas, priorizando determinados fatos e
personagens em detrimento de outros, contribuí para estabelecer o que deve ou não ser
lembrado e de que forma. Sobre este aspecto, a autora Circe Bittencourt ressalta que:
Deste modo é possível concluir que a forma como grande parte dos livros trata
as questões referentes à participação dos negros na História do Brasil, reflete o
predomínio de uma historiografia tradicional, linear e eurocêntrica, que tem o
escravismo colonial como principal eixo.
Mais uma vez ressalto que os saberes produzidos em sala de aula bem como os
conteúdos presentes nos livros e materiais didáticos não são os únicos elementos
formadores de uma memória. Entretanto, eles representam uma importante contribuição
para imagem que crianças e adolescentes terão sobre determinado assunto, bem como a
forma com este assunto será compreendido, assimilado e lembrado até a vida adulta.
56
CAPITULO III: O LUGAR DO NEGRO NA HISTÓRIA ENSINADA
57
estava preparada para ensinar os conteúdos previstos na lei por que não tiveram uma
formação que abordasse a História da África, e a História Afro-brasileira fora do eixo
do sistema escravista. Muito se avançou neste sentido. Atualmente estes temas já fazem
parte da grade obrigatória da maioria das universidades e os centros de estudos e
núcleos de pesquisa tanto sobre História da África quanto sobre História Afro-brasileira
vem crescendo em todo o país. Tal fator representa um ganho bastante significativo para
o meio acadêmico e para os futuros professores.
Neste sentido a fala da professora Cristina Lima, que atua na rede estadual e na
rede FAETC é bastante pertinente :
58
Os próprios PCNS não te davam caminhos. Você tinha buscar a
experiência e os caminhos sozinha.3
59
unificado. Além de compartilhamento de textos e materiais didáticos
entre os professores de História.4
Durante minha licenciatura fiz meu estágio de prática de ensino nesta escola, e
pude acompanhar esta realidade. Sendo assim é um ganho significativo para os alunos
que os professores de História se dediquem a trabalhar estas questões, em um ambiente
onde o ensino desta disciplina é tão desvalorizado.
60
étnicos raciais. Então foi uma semana inteira falando sobre essas
questões. Mais no turno da noite. Lá o turno da noite tem se saído
melhor que o turno da manhã. E ano passado foi feita uma amostra
com filmes documentários e debates sobre isso. Então a gente passou
aquele filme o Amistad, passamos o documentário do projeto
Memórias do Cativeiro do pessoal da UFF, e fazendo os debates. É
uma coisa que a gente encontra resistência dos próprios professores
que questionam: Pra que falar sobre isso? É uma época que estão
chegando as provas no final de novembro então muitos professores
resistem um pouco. Até por que tem outras forças envolvidas. Isso vai
demandar tempo do professor, demanda um certo investimento, a
gente passa um pouquinho do horário, enfim, bagunça a rotina da
escola um pouco. Acho que a resistência de alguns professores está
exatamente aí, e não por não acharem que é importante. Mas acho que
até os professores coordenação e direção viram que foi dando certo o
primeiro ano foi muito legal, o segundo ano mais ainda e acho que até
a própria direção foi se empenhando em fazer a escola toda se
empenhar nesse projeto. Acho que é um exemplo que dá+ pra fazer
alguma coisa.6
6
Entrevista concedida por Jorge Oliveira professor de História da rede estadual nos municípios de Nova
Iguaçu e Paracambi na Baixada Fluminense. Entrevista realizada em 25/06 de 2015.
61
também foi um movimento político de reivindicação, até chegar nos
dias de agora. Eu enfatizei muito o discurso do Kabengele Munanga.
Eu passei um vídeo dele falando sobre a violência dos jovens negros e
sobre a questão das cotas. E aí nos fizemos um grande mural pegando
até as leis mais recentes, alguns alunos pesquisaram sobre o Estatuto
da Igualdade Racial, eles fizeram vários gráficos sobre as
desigualdades entre brancos e negros e nós fizemos uma exposição a
céu aberto7.
Estes são exemplos de que é possível realizar ações que mobilizem os alunos e
levando-os a reflexão, a desconstrução de estereótipos e preconceitos e à ampliação de
sua visão de mundo. Tal fator também demonstra que os estudantes, quando
estimulados, se envolvem nas discussões e participam das atividades propostas, sendo
um importante elo na construção do conhecimento histórico dentro do espaço escolar.
7
Cristina Lima 16/09/2015
62
para a sociedade de um modo geral, ainda há uma certa resistência em relação a estas
temáticas. Não há dúvidas de que a lei trouxe o reconhecimento da importância destes
conteúdos, mas não de forma prioritária.
A professora Cristina Lima afirma não ter o mesmo resultado obtido no projeto
nas aulas, onde encontra dificuldade em tratar estes conteúdos:
Não! Nas aulas da disciplina não, só nos projetos. Só no sexto ano que
consegui trabalhar com os reinos africanos e desconstruir um pouco a
história do Egito, enfatizando que o Egito faz parte da África, que
existiam faraós negros etc.. No terceiro ano é difícil por que o
conteúdo é enorme e com dois tempos de História por semana e tantos
feriados fica difícil. O que eu toquei com eles quando fui trabalhar
Vargas foi a Frente Negra. Inclusive eu pedi pra que eles mesmos
pesquisarem sobre. Eles na verdade já conheciam por causa do
63
projeto, então foi mais fácil. No oitavo ano eu vou trabalhar
escravidão agora e quero fazer isso apontando as resistências. Tô
pensando em partir do cais do Valongo, das Irmandades... 8
Essas questões tem aparecido sim. De forma mais intensa nos últimos
dois ou três anos. Além da pressão legal a gente resolveu se mobilizar
e estudar mais pra isso então esses temas tem estado bastante
presentes sim tanto nas minhas aulas quanto nas aulas dos meus
colegas. No caso do pós-abolição e da Primeira República a questão
da identidade nacional e racial, o cientificismo, as teorias raciais e
como o pensamento brasileiro se posicionava em relação à raça
sobretudo, nas primeiras décadas do século XX. Eu tenho feito isso
muito nas minhas aulas e todo ano eu tenho trabalhado isso. Eu por
exemplo trabalhei essa temática usando um livro da Lilia Schwarcz.
Nem preto nem branco muito pelo contrário. Eu trabalhei com os
alunos os quatro últimos capítulos do livro e o resultado foi bem legal
eles responderam muito bem. Mas olha só o aluno daqui, ele tem uma
diferenciação em relação aos alunos de outras redes. Eu não estou
dizendo que seja uma diferenciação social, mas são alunos muito
aplicados, eles tem um ethos de estudo e de aplicação, e eles leram o
material e isso faz uma diferença enorme.9
Porém no caso das escolas técnicas em geral, como já foi abordado neste capítulo,
estas privilegiam uma formação mais tecnicista voltada para as disciplinas exatas e a
formação profissional. Neste caso a importância dada ao Ensino de História é
praticamente nenhuma, o que torna o trabalho dos professores da área, que buscam
8
Cristina Lima 16/09/2015
9
Alberto Silva 11/11/2015
64
estimular o pensamento crítico e a ampliação da visão de mundo destes jovens, ainda
mais importante.
No entanto, a maioria dos professores que atuam na Educação Básica encontram uma
realidade bem diferente da relatada a cima. A professora Ana Morais, que atua nas redes
estadual e municipal dos municípios de Araruama e Saquarema, ao ser questionada
sobre a forma como trata da História Africana e Afro-brasileira em suas aulas afirma:
Neste sentido, a fala do professor Jorge Oliveira também traz diversas questões a
serem consideradas :
10
Entrevista concedida por Ana Morais professora de História da rede estadual no município de
Saquarema e na rede estadual no município de Araruama. Entrevista realizada em 06/07/2015
11
Jorge Oliveira 25/06/2015
65
... Então é difícil até pela própria obrigatoriedade do currículo mínimo
onde quando acaba a escravidão o negro desaparece um pouco. Eu
consigo falar um pouco desse Pós-abolição, quando acaba a
escravidão esse negro que é liberto o que ele faz, então tento mostrar
um pouco isso, que vai no máximo até Primeira República e acaba por
ai. Depois já vem Vargas, Ditadura, João Goulart e o negro vai se
diluindo nisso aí. E aí entra muita coisa também, tempo etc.. Eu
sempre falo pros meus alunos, isso eu deixo bem claro que a gente
faz escolhas. Não da pra falar de tudo essa semana eu tive dois
tempos pra falar de Vargas. O que eu escolho pra falar de Vargas? Aí
a gente acaba indo só no básico.12
A fala dos dois professores acima traz algumas das principais questões
enfrentadas pela maioria de nós professores em nosso cotidiano ao lidar com o ensino
de História da África e da Cultura Afro-brasileira. Além das deficiências em nossa
formação, os currículos oficiais também são falhos, pois não apresentam estas questões
ou quando apresentam é de forma superficial com a História da África sempre
submetida a História europeia e a participação dos negros na História do Brasil sempre
ligada a escravidão.
12
Jorge Oliveira 25/06/2015
66
negligenciados dentro deste contexto, pois estamos habituados a privilegiar uma
História Política, eurocêntrica e protagonizada pelos brancos. Reconhece-se a
importância do negro mais não se valoriza o seu protagonismo.
Um dos principais instrumentos utilizados para isto é o livro didático. Foi pedido
para que cada um dos professores entrevistados desse a sua opinião sobre o livro
analisado tendo em vista os seguintes aspectos: Se houve processo de escolha e se o
professor participou; pontos positivos e negativos do livro; a forma como utiliza o livro
em sala de aula em geral e em relação aos conteúdos do pós-abolição.
67
Então em sala de aula, se tratando do contexto da escola pública ele é
absolutamente inviável. Mas no sentido oposto, ele é inviável por que
é muito bom vamos dizer assim. Ele não tem uma linguagem muito
fácil, muito simples. Tem muito texto, o que pra gente é ótimo mas
para os alunos não chega até eles. Eu não estava na escolha do livro,
se não teria optado por livros com uma linguagem mais simples e mais
direta. Esse livro ele talvez tenta mudar as coisas por cima, eu acho
que primeiro a gente tem que começar a tentar mudar o aluno para
depois ele conseguir receber um livro desse.13
13
Jorge Oliveira 25/06/2015
14
Ana Morais 06/07/2015
68
mesmo se tratando de referências simples e superficiais em boxes, estas podem ser
utilizadas como ponto de partida para uma discussão mais ampla ou para introdução
desse conteúdo. A fala da professora Ana Morais exemplifica isto. Quando o conteúdo
está presente no livro, ainda que de forma simples e resumida, e o professor faz uso
deste conteúdo, isto contribui para que os alunos o considerem legítimo pois a discussão
está inserida na sua rotina de atividades.
Ainda no que se refere à fala da professora Cristina Lima, ela foi a única das
entrevistadas a reconhecer a importância dos autores no processo de escolha dos livros.
O fato de conhecer o trabalho dos autores e suas linhas de pesquisa fez com que ela
tivesse um olhar diferenciado sobre a forma como os conteúdos foram abordados e
15
Cristina Lima 16/09/2015
70
distribuídos. Tal fator merece destaque. Os livros didáticos, não são produções neutras
e a formação e perspectiva dos autores influencia diretamente em seu conteúdo.
16
Ana Morais 06/07
71
É neste contexto que o Ensino de História tem um importante papel. A escola deve
ser um espaço de aprendizagem, mas também de problematização, de desconstrução de
estereótipos, de construção e ressignificação de memórias, bem como de combate ao
preconceito, à violência e à intolerância.
72
CAPITULO 4 : O PÓS-ABOLIÇÃO NAS AULAS DE HISTÓRIA: SUGESTÕES
DE COMO TRABALHAR ESTE CONTEÚDO.
Esta proposta é interessante pois desperta nos alunos o interesse pela pesquisa,
bem como pela forma como a História e a memória são construídas através do contato e
da análise de fontes históricas, neste caso as informações biográficas. O uso das
biografias também se destaca pela fácil aplicabilidade no cotidiano das aulas, na
73
medida em que não requer grandes recursos materiais, que muitas vezes não estão
disponíveis nas escolas. Trata-se de uma atividade simples, porém riquíssima e que
possibilita inúmeros temas para discussão e reflexão.
Deste modo, foi a partir desta proposta que elaborei esta sugestão de atividade,
adaptando-a para a realidade da escola estadual em que atuo e neste caso ao conteúdo da
série escolhida. Segue abaixo o plano de aula com as informações especificas:
74
- Promover a troca de - Material produzido e - Apresentação das -Uso do material 30 min
informações sobre as exposto pelos alunos durante informações pelos grupos pesquisado
para turma seguido de pelos alunos e a
fontes bem como a a realização da atividade.
debate mediado pelo ficha fornecida
importância de
professor pelo professor.
conceitos como o Pós
Abolição no Brasil e
a construção da
memória.
20 min
- Refletir acerca não - Material escrito elaborado - Produção de um texto - Texto escrito
só da importância do pelos alunos ( texto). escrito pelos grupos no produzido
movimento no Brasil qual são colocadas as pelos alunos.
no século XX do que impressões sobre a
foi exposto e atividade realizada e
debatido na aula . sobre os temas
abordados ao longo da
aula.
I- Identificação :
1- Tipo da fonte :
2- Data :
3- Local :
4- De onde a fonte foi retirada ? Cite os livros ou sites utilizados na pesquisa :
75
II- Caracterização :
A turma foi divida em quatro grupos, cada grupo focou responsável por trazer
informações sobre uma personalidade que se destacou no Movimento Negro durante o
século XX seguindo a seguinte divisão : grupo 1 : Abdias Nascimento; grupo 2 : Ruth
de Souza; grupo 3 : José Correia Leite e grupo 4 : Lélia Gonzalez. A escolha destas
personalidades foi feita levando em consideração não somente sua importância
histórica e atuação política, social e artística, como também a quantidade de
informações disponíveis a respeito de suas trajetórias. Desta forma foi possível que os
alunos realizassem a pesquisa proposta sem grandes dificuldades.
A grande maioria dos alunos nunca tinha ouvido falar das personalidades
pesquisadas, nem dos grupos e instituições das quais elas fizeram parte. Neste contexto,
tanto o preenchimento da ficha quanto o debate, no qual eles puderam trocar as
informações pesquisadas, permitiram que os alunos ampliassem a sua perspectiva
acerca do que é o Movimento Negro e de como este movimento continuou se mantendo
ativo após a abolição. Os alunos demonstraram surpresa e bastante curiosidade em
conhecer esta História que não é contada pelos livros didáticos e pela grande maioria
dos professores.
76
alunos não tem nenhum conhecimento sobre estas personalidades históricas, tão pouco
o fato de que os negros continuaram a ter um papel importantíssimo em nossa sociedade
ao longo do período republicano. Grande parte dos alunos traz consigo a visão do senso
comum de que o papel dos negros na História do Brasil termina com a escravidão. Neste
sentido, esta atividade serve para, em um primeiro momento, desconstruir esta visão.
Como já foi destacado, esta atividade pode ser realizada a partir de textos do
próprio livro didático. Neste caso a coleção que foi analisada no segundo capítulo desta
dissertação apresenta inúmeras possibilidades. Os textos sobre o Movimento Negro
presentes no livro podem ser trabalhados mais detalhadamente neste formato de estudo
dirigido, servindo como um exercício cotidiano ou como uma forma de avalição
pontuada. Os estudos dirigidos podem também ser seguidos de um debate mediado pelo
77
professor. Esta é uma atividade base que poder ser utilizada das mais diferentes formas
dependo da abordagem do professor.
Outro exemplo de atividade realizada por mim no ano passado com as turmas do
terceiro ano do Ensino Médio se refere a um seminário sobre o Movimento Negro. A
ideia de realizar esta atividade se deu a partir das aulas expositivas em que mencionei o
tema e percebi que os alunos se interessaram em saber mais a respeito. A pesquisa para
esta dissertação também contribuiu para realização deste trabalho. As pesquisas e a
apresentação dos trabalhos possibilitaram o enriquecimento da minha análise a partir,
também, de minha experiência com os meus alunos.
Esta foi uma atividade realizada em duas aulas, além do tempo que os alunos se
dedicaram as pesquisas e a elaboração das apresentações. Este não é um trabalho tão
simples quanto as outras opções apresentadas, na medida em que exige mais tempo e
dedicação tanto do professor quanto dos alunos. Porém é algo que pode ser feito em
qualquer escola, basta que haja interesse em desenvolver estas questões.
78
um resumo escrito, para as três disciplinas envolvidas ( História, Geografia e
Sociologia).
Aula 1 : A primeira aula foi uma aula expositiva sobre o Pós-Abolição a partir dos
trechos presentes no livro didático sobre este tema.
Aulas 2 : Apresentação dos trabalhos de cada grupo, seguido por uma debate mediado
pelos professores de História Geografia e Sociologia
79
80
As imagens se referem aos grupos que apresentaram pesquisas mais completas e
que foram melhor avaliados pelos professores. A atividade em si foi bastante proveitosa.
Embora, neste caso os alunos já tinham um conhecimento prévio sobre a temática
introduzido em aulas anteriores, em cada etapa ( pesquisa, apresentação e debate ) era
possível observar um interesse crescente por parte destes alunos. O Movimento Negro
no Pós-abolição não é um conteúdo comum dentro da História do Brasil que é ensinada
no cotidiano. Deste modo, quando é dado aos estudantes a oportunidade de descobrir
estas Histórias, refletindo e descontruindo estereótipos, há geralmente uma reação bem
positiva. Eles se encantaram com este conteúdo até então desconhecido, e manifestaram
interesse e curiosidade em saber mais não somente sobre a História do Movimento
Negro como também as relações pelas quais eles não haviam aprendido sobre isso nos
anos anteriores.
Ao realizar este trabalho, a grande maioria dos alunos, sobretudo os alunos
negros, puderam criar relações de identitárias com outras figuras históricas que não
estão ligadas diretamente a memória da escravidão. Tal fator tem uma grande
importância para estes estudantes no processo de construção e ressignificação de
memórias, no qual o Ensino de História é fundamental.
81
CONSIDERAÇÕES FINAIS :
82
Na minha experiência enquanto professora da rede estadual, este tipo de
abordagem tradicional não é de todo ruim. Tanto o conteúdo quanto os exercícios e
atividades podem ser adaptados pelo professor para realidade de seus alunos em
diferentes escolas. O livro é um instrumento relativamente fixo, mas que pode ser
utilizado de diferentes formas de acordo com o interesse do professor e da turma.
No que se refere à História e Cultura Afro-brasileira, a participação dos
afrodescendentes em nossa História presente na maioria dos livros didáticos é marcada
por dois elementos: o primeiro diz respeito ao estereótipo do escravo e o segundo as
ausências do pós-abolição.
Neste contexto, partindo do princípio de que os livros didáticos são o principal
instrumento de ensino-aprendizagem de professores e alunos, a forma como os
afrodescendentes são tratados nestes livros influencia a memória a ser construída sobre
a participação destas populações na História do Brasil.
O desconhecimento da multiplicidade e da importância da atuação do
Movimento Negro, bem como das diversas experiências bem sucedidas de
personalidades negras em nossa História, legitima não apenas a memória da violência,
da exclusão e da passividade, como também dificulta a construção de uma identidade
positiva por parte dos alunos.
Tal fator pode inclusive contribuir para a presença do racismo nas escolas. Em
geral, crianças e adolescentes acabam por reproduzir uma atitude preconceituosa, ou
uma visão negativa acerca dos afrodescendentes simplesmente por não compreender a
importância do seu papel enquanto agentes construtores de nossa História.
No entanto, esta coleção apresenta uma realidade um pouco diferente. Foi a
única das coleções entregues para análise em minha escola que apresentou referências a
atuação do Movimento Negro no século XX. De fato se tratam de referências simples,
em boxes, separadas do texto base e como uma informação complementar. Não há a
profundidade e o destaque dado a outros conteúdos considerados mais relevantes e
legítimos, tão pouco constam do conteúdo principal referente à História do Brasil.
Porém, não se pode deixar de lado a importância destes conteúdos se fazerem
presentes ainda que de forma superficial. Isto pode significar o inicio de um processo
ressignificação da História afro-brasileira e da forma com o esta é abordada no âmbito
escolar. Com o passar do tempo esses conteúdos irão ganhar cada vez mais espaço tanto
nos livros e materiais didáticos quanto na fala dos professores durante as aulas.
83
As entrevistas para realizadas para esta pesquisa trouxeram diferentes
profissionais utilizando-se de diferentes métodos e ferramentas de ensino para trabalhar
a História Africana e Afro-brasileira em suas escolas, seja nas aulas, com o uso do livro
didático ou de materiais próprios, seja nos projetos fora da rotina escolar. Tal fator
também é um importante sinal de que estes conteúdos estão conquistando cada vez mais
espaço e legitimidade dentro do Ensino de História.
A maioria dos professores entrevistados apontou a necessidade de se fazer
escolhas em relação ao conteúdo devido ao tempo reduzido das aulas de História,
sobretudo no Ensino Médio. Estas escolhas sempre acabam por privilegiar determinados
conteúdos que são considerados mais relevantes e em sua maioria correspondem a uma
História Política de matriz europeia e protagonizada por brancos.
Tal fato está relacionado às diversas disputas de poder que envolvem a
construção e a legitimação da memória coletiva. A História que se deve lembrar e
consequentemente aprender está ligada a memória de certos grupos sociais e instituições
de poder, excluindo na maioria das vezes o que Michael Pollack denomina de memórias
silenciadas ou subterrâneas. ( POLLACK, 1992 p. 200-2012).
Durante muito tempo a História da África e a História Afro-brasileira foram
relegadas ao esquecimento, presas a estereótipos ligados a pobreza, violência e
submissão. Essas memórias de africanos e afrodescendentes não eram consideradas
legitimas e sua História não era relevante no ensino da disciplina.
No entanto, desde a publicação da lei 10.639 é possível observar um processo
de transformação desta realidade. Gradativamente estas memórias estão se
reconfigurando como positivas e os estereótipos desconstruídos. Contudo, em relação
ao papel dos afrodescendentes na História do Brasil, há bem poucos avanços.
O principal aspecto abordado ainda é a escravidão. O Movimento Negro no Pós-
Abolição ainda é muito pouco destacado nas aulas. O papel dos afrodescendentes em
nossa História enquanto protagonistas de suas lutas e conquistas ainda é desconhecido
por muitos professores não sendo considerado como um conteúdo legítimo da História
do Brasil.
Neste sentido, as noções de dever de memória e reparação (HEYMANN, 2006)
são fundamentais para o processo de ressignificação da memória relacionada à
participação dos afrodescendentes na História do Brasil. Os estudos sobre o pós-
abolição e sobre o Movimento Negro estão inseridos nesse contexto pois representam
84
memórias que ainda são desconhecidas de grande parte da população e que devem ser
resgatadas.
85
REFERÊNCIAS :
Fontes :
Lista de entrevistados :
Alberto Silva
Ana Morais
Cristina Lima
Jorge Oliveira
Referências Bibliográficas:
86
BRASIL,. Parâmetros curriculares Nacionais : história 3º e 4º Ciclos do Ensino
Fundamental. Brasília : Ministério da Educação, Secretaria de Educação Fundamental,
1998.
_____________. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações
Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana,
Brasília: Ministério da Educação, Conselho Nacional de Educação, 2004.
_____________. Guia de Livros didáticos : PNLD 2015: história: Ensino Médio : Anos
Finais. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria da Educação Básica, 2
CAIMI, Flávia. Cultura, Memoria e Identidade: O Ensino de História e a construção de
discursos identitários. In: BERETA, Cristiane; ZAMBONI, Ernesta (Orgs.) Ensino de
História, Memórias e Culturas. Curitiba: CRV, 2013.
CHOPPIN, Alain. História dos livros e das edições didáticas: sobre o estado da arte. In :
Educação e pesquisa, São Paulo, v.30, n.3 p. 549-566, set/dez. 2004
87
JULIÁ, Dominique. A cultura escolar como objeto histórico. Revista Brasileira de
História da Educação, Campinas – SP, nº 1 jan./ jun., 2001 p.9-43.
NORA, Pierre. Entre Memória e História a problemática dos lugares. In: Revista do
Programa de Pós-Graduados em História e do Departamento de História da PUC- SP,
São Paulo: Brasil, 1981 p. 7-29.
MEIHY, José Carlos Sebe Bom. HOLNDA, Fabíola. História Oral: como fazer , como
pensar. São Paulo : contexto, 2015.
88
PEREIRA, Júnia Sales e Roza Luciano Magela. O ensino de história, entre o dever de
memória e o direito a história. In: História Hoje, v.1nº1, p.89-100, 2012.
89
ANEXOS
90
Roteiro das entrevistas a serem realizadas com os professores para a
dissertação:
- Nome do professor :
- De que forma a Lei 10.639 é tratada na sua escola , existe algum projeto que
envolva todas as disciplinas ou cada professor trabalha a história e cultura
afro-brasileira de forma individual.
- Possíveis observações/sugestões :
91
Imagem 1- Capa/Folha de Rosto do Livro Didático
92
Imagem 2 – Sumário
93
Imagem 3- Apresentação Manual do Professor p.289
94
Imagem 4 - Apresentação Manual do Professor p.290
95
Imagem 5 – Manual do Professor p. 306
96
Exercícios e atividades propostas
Imagem 6
p. 107
97
98
99
100