Aula 6 Causalidade
Aula 6 Causalidade
Aula 6 Causalidade
Dina Czeresnia
E CAUSALIDADE?
Era Sanitária
Paradigma: Teoria do Miasma de Sydenham
Emanações repugnantes do solo, água ou ar causam
todas as doenças.
A pobreza está no cerne de todas as doenças.
MODELOS EXPLICATIVOS DA
CAUSA DAS DOENÇAS
Era da Ecoepidemiologia
Paradigma: Caixas Chinesas de Segredo
Teoria de Mervyn Susser:
• Interdependência das pessoas e suas conexões com os
contextos biológico, físico, social e histórico;
• Ênfase na dimensão temporal – o processo saúde-doença
dever se assim concebido e estudado;
• as causas ocorrem em todos os níveis de organização.
CADEIA CAUSAL
CADEIA CAUSAL
MODELO DE ROTHMAN -CAUSA
NECESSÁRIA E SUFICIENTE
Necessária e suficiente:
• Raiva, HIV na AIDS
U T
A B X B
Causal
Não-causal
Confundimento
Espúria
Acaso
RS Bhopal
INFERÊNCIA CAUSAL
Postulados de Henle-Koch
Para determinar se um organismo vivo específico
causa uma doença em particular:
• O organismo deve estar presente em todos os casos da
doença;
• O organismo deve ser capaz de ser isolado e crescer em
cultura pura;
• O organismo deve, quando inoculado em um animal suscetível,
causar a doença específica;
• O organismo deve, então, ser recuperado do animal e
identificado.
INFERÊNCIA CAUSAL
Postulados de Henle-Koch
Limitações:
• O desenvolvimento da doença pode requerer co-fatores
• Vírus não pode ser cultivados como as bactérias porque
necessitam de células vivas para crescerem
• Vírus patogênicos podem estar presentes sem doenças
clínicas (infecção subclínica, estado portador)
INFERÊNCIA CAUSAL
Princípios de Hills
Princípios de Causalidade Propostos por Sir
Bradford Hill (1965)
Força da Associação Gradiente Biológico
Consistência Plausibilidade
Especificidade Coerência
Temporalidade Experimentação
Analogia
INFERÊNCIA CAUSAL
Princípios de Hills
Força da Associação
Quanto mais forte a relação entre a variável
independente (a exposição) e a variável dependente (a
doença), menos provável é que a relação seja devido ao
acaso ou outra variável (confundimento).
• A incidência de câncer de pulmão em fumantes é
10 vezes a incidência de câncer de pulmão em
não-fumantes (RR=10)
INFERÊNCIA CAUSAL
Princípios de Hills
Consistência
A associação é observada repetidamente em diferentes
pessoas, locais de residência, períodos de tempo e
circunstâncias.
• Replicação da associação em diferentes amostras, com
diferentes desenhos de estudo e diferentes investigadores
fornece evidência de causalidade.
• Tabagismo tem sido associado com câncer de pulmão em
29 estudos caso-controle e 7 estudos de coorte.
INFERÊNCIA CAUSAL
INFERÊNCIA CAUSAL
Princípios de Hills
Especificidade
Em uma situação ideal, o efeito tem apenas uma causa. Em
outras palavras, mostrar que um desfecho é melhor predito
por um fator primário fornece credibilidade a associação
causal.
• Este conceito de causalidade é oriundo da observação das
doenças infecciosas. Há muitas exceções disto.
• Tabagismo é associado com câncer de pulmão e com outras
doenças. Também, o câncer de pulmão resulta do tabagismo e de
outras exposições.
INFERÊNCIA CAUSAL
Princípios de Hills
Temporalidade
A exposição deve preceder a doença por um
período razoável de tempo, isto é, a causa deve
preceder no tempo um efeito.
• Os estudos de coorte tem mostrado que uma pessoa
deve fumar por anos (décadas) antes que as
transformações celulares levem ao câncer de pulmão.
INFERÊNCIA CAUSAL
Princípios de Hills
Gradiente Biológico
Existe relação dose-resposta entre a exposição e a doença.
Indivíduos que níveis de exposição progressivamente mais
elevados tem risco progressivamente mais alto de
desenvolver a doença.
• Os dados mostram uma relação positiva e linear entre
o número de cigarros fumados e a incidência de
câncer de pulmão.
INFERÊNCIA CAUSAL
INFERÊNCIA CAUSAL
Princípios de Hills
Plausibilidade
Existe modelo social ou biológico para explicar a associação.
É mais fácil aceitar uma associação como causal se há uma
base teórica sustentada por conhecimento biológico ou
outros fatos.
• Teoria biológica que explica como a fumaça do cigarro causa
dano ao tecido pulmonar, o qual no decorrer do tempo resulta
em câncer.
• Estudos epidemiológicos tem identificado relação de causa-efeito
antes do mecanismo biológico ser identificado
INFERÊNCIA CAUSAL
Princípios de Hills
Coerência
A associação causal é mais clara quando não entra em
conflito com o que é conhecido sobre as variáveis sob
estudo e quando não há teoria plausíveis competindo ou
hipóteses rivais. A associação deve ser coerente com outros
conhecimentos .
• A conclusão que o tabagismo causa câncer de pulmão é baseada
em dados epidemiológicos, experimentação animal,
farmacocinéticos, clínicos e outros dados biológicos. Os dados
disponíveis formam juntos um todo coerente.
INFERÊNCIA CAUSAL
Princípios de Hills
Experimentação
Ao iniciar intervenção que modifica a exposição por meio da
prevenção, tratamento ou eliminação deve resultar em
menos casos da doença . Qualquer pesquisa experimental
torna a inferência causal mais plausível.
• Programas de combate ao tabagismo resulta em redução das
taxas de incidência e mortalidade por câncer de pulmão.
• Pintar as orelhas de coelhos com alcatrão produz câncer neste
tecido com o decorrer do tempo.
INFERÊNCIA CAUSAL
Princípios de Hills
Analogia
Um fenômeno comumente aceito em uma área
pode ser aplicado a outra área.
• Tabagismo induzido em ratos de laboratório mostrou
relação causal com desenvolvimento de tumor.
INFERÊNCIA CAUSAL
Princípios de Hills
Ordem Crescente de Importância
• Forte: temporalidade, experimentação
• Médio: gradiente biológico, força da associação,
plausibilidade, consistência
• Fraco: coerência, analogia, especificidade