Casos de Cessação de Vigência Da Lei

Fazer download em docx, pdf ou txt
Fazer download em docx, pdf ou txt
Você está na página 1de 6

Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa

INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO I

Casos Práticos – vigência e cessação da lei

Caso Prático 1

A 1 de Janeiro de 2009, a Assembleia da República aprova os seguintes diplomas:

a) Lei a/2009, publicada a 2 de Janeiro, a qual continha o seguinte artigo: «artigo


12.º –
Esta lei entra em vigor 10 dias após a sua publicação»;
b) Lei b/2009, a qual não continha qualquer norma sobre o seu início de vigência e
foi publicada a 10 de Janeiro;
c) Lei c/2009, a qual continha o seguinte artigo: «artigo 6.º – esta lei entra em vigor
dia
1 de Fevereiro de 2009»;
d) Um novo Regimento da Assembleia da República, o qual não continha qualquer
norma sobre o seu início de vigência e foi publicada a 3 de Janeiro.

Indique a data de entrada em vigor dos referidos diplomas, atendendo aos artigos 1º , 2º
e 3º da Lei 74/98 de 11 de Novembro, alterada e republicada pela Lei nº 42/2007, de 24
de Agosto.

Caso Prático 2

Depois de um mau resultado do partido do Governo nas eleições autárquicas, e


na eminência de eleições legislativas, o Governo reunido em Conselho de Ministros,
aprova o Decreto – Lei n.º 1/2010, de 2 de Janeiro, nos termos do qual: “(artigo 1.º)
Os transportes públicos são de utilização gratuita, em qualquer dia da semana, para os
idosos com mais de 65 anos. (artigo 2.º) Os encarregados de educação dos jovens em
idade escolar, ou aqueles quando maiores, poderão requerer, junto do Presidente do
Conselho Diretivo do Instituto da Mobilidade e dos Transportes Terrestres (IMTT,
I.P), uma isenção total de tarifa nos transportes que utilizem para se deslocar para a
escola. (artigo 3.º) É expressamente proibida a mendicância em transportes públicos.
(artigo 4.º) Este Diploma entra em vigor no dia da sua publicação”.

1
Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO I

Entretanto, é detetado que o Decreto-Lei n.º 1/2010, havia sido publicado com
uma gralha, pelo que, a 1 de Março de 2010, é publicada a Declaração de Retificação
n.º 1/2010, aprovada pela Assembleia da República onde pode ler-se que: “Para os
devidos efeitos se declara que o Decreto-Lei n.º 1/2010 saiu com a seguinte
inexatidão, que se retifica: no artigo 2.º onde se lê «os jovens em idade escolar» deve
ler-se «os jovens em idade escolar que nunca tenham reprovado um ano».
Nunca se poderia imaginar que a aprovação destes Diplomas viesse causar tanto
alarido. DÂMASO funcionário da Imprensa Nacional Casa da Moeda que, por acaso foi
quem colocou online no respetivo site, a Declaração de Retificação n.º 1/2010, requer,
dia 5 de Fevereiro 2010, a isenção total de tarifas do filho AFONSO no Metropolitano,
transporte que utiliza para se deslocar para a escola. Tal veio a ser a deferido a 1 de
Março, apesar do jovem em questão ter ficado retido pelo menos duas vezes em cada
ano. A 1 de Abril, porém, consultando a cópia do processo de aluno de AFONSO que
tinha sido junto ao requerimento para instrução, o Presidente do Conselho Diretivo do
IMMT, IP revoga o despacho em que autorizou a isenção de tarifas, o que DÂMASO
contesta.

Apesar do que resulta DL 1/2010 diariamente, são inúmeros os invisuais que


mendigam nas carruagens do Metropolitano de Lisboa, o que é visto com naturalidade
por todos os passageiros e mesmo por alguns polícias que por vezes fazem ronda nas
carruagens. No entanto, certo dia, CRAFT, agente da PSP zeloso da lei e da ordem, que
viajava na linha amarela, surpreende EGA mendigando durante a viagem, interpelando-
o. Na mesma viagem, interpela GOUVARINHO, cigana que lia a sina a uma
passageira, prática proibida em transportes públicos por uma Lei de 1960, de cuja
ocorrência já há mais de 30 anos não havia notícia, mas que ultimamente se vinha
verificando no metropolitano.

Tendo em conta apenas os dados fornecidos, pronuncie-se sobre:

a) A entrada em vigor dos atos normativos referidos;


b) A pretensão de Dâmaso e a posição e do Presidente do Conselho Diretivo do
IMTT;

2
Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO I

c) A licitude das condutas de Ega e Gouvarinho.

Caso Prático 3

No seguimento das restrições pandémicas do COVID-19, o Governo aprova o


Decreto-Lei n.º 54/2020, de 9 de setembro, que regula o "funcionamento geral dos
estabelecimentos abertos ao público", nele se prevendo que "podem estar abertos
durante 5 horas por dia". Esse Decreto-Lei entrou em vigor no dia 1 de outubro de 2020.
Posteriormente, a Lei n.º 22/2020, de 10 de outubro regula o "funcionamento dos
estabelecimentos de restauração", nela se prevendo que "podem estar abertos durante 10
horas por dia". A Lei n.º 22/2020 entrou em vigor no dia 1 de novembro de 2020.
A Lei n.º 23/2020, de 9 de novembro de 2020, veio regular novamente o
"funcionamento geral de estabelecimentos abertos ao público", nela se prevendo que
"podem estar abertos 8 horas por dia". No dia 20 de novembro de 2020, o restaurante X
esteve aberto ao público durante 9 horas.
Quid iuris?
Estamos perante diversas revogações a vários decretos de lei devido às restrições
pandémicas do COVID-19, tendo em conta os requisitos existentes para a revogação
todos estes se encontram preenchidos. O requisito temporal em que o novo decreto
de lei revogou o decreto de lei antiga, o material em que se verifica a que este
decreto de lei novo é incompatível com o antigo e podemos considerar que este
decreto novo é superior ao decreto antigo.
A revogação detém ainda diversas modalidades, podemos caracterizar que a Lei n.º
23/2020 revogou de forma substitutiva, tácita, global e parcial. É substitutiva devido
ao facto que está a substituir uma lei que anteriormente já existia, é tácita pois esta
lei dispõe sobre a mesma lei anterior, sendo revogada por incompatibilidade nos
termos do artigo 7º Nº2. É global pois aplica-se a todo o território nacional e é parcial
visto que substituem apenas alguns preceitos da lei anterior, no caso em concreto o
número de horas que podem estar abertas durante o dia, para o professor Castro
Mendes estamos perante uma derrogação.
Com os dados que nos são dados e que estão presentes no caso não temos
conhecimento de quando a lei Nº 23/2020 entrou em vigor. Se esta não tem fixação
do dia em que entra em vigor esta entra em vigência no quinto dia após a sua

3
Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO I

publicação nos termos do artigo 2º Nº2 da LF, sendo assim o restaurante X agiu de
forma ilícita e poderá ser alvo de sanções visto que violou esta lei

Caso Prático 4

A Lei x/2002, de 12 de fevereiro estabelece o regime jurídico da caça desportiva. O seu


artigo 2.º estabelece que «apenas é permitida a atividade de caça desportiva durante a
época de caça, a determinar pelo Ministro do Ambiente». O Ministro do Ambiente fixou
seguidamente, por regulamento, fixou o início da época de caça a 1 de agosto e o
respetivo término a 1 de outubro.
A 4 de abril de 2009 é publicado o Decreto-Lei n.º x/2009 que determina que a
caça à perdiz passa a ser lícita durante todo o ano.
Pronuncie-se sobre a vigência dos atos normativos referidos.

Caso Prático 5

A Lei n.º 1/2001 de 1 de janeiro estabelece que os contratos administrativos


podem ser livremente alterados pela entidade pública adjudicante a todo o tempo. A Lei
n.º 2/2002 de 2 de fevereiro aprovou o Código dos Contratos Administrativos. Neste
diploma nada é dito sobre esse poder de alteração unilateral.
Continuam as entidades públicas adjudicantes a poder alterar unilateralmente os
contratos administrativos, após a entrada em vigor do Código dos Contratos
Administrativos?

Caso Prático 6

4
Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO I

A Lei 1 regulava a venda ambulante de produtos, permitindo o seu funcionamento


mediante o cumprimento de um conjunto de regras burocráticas. Por sua vez, a Lei 2
regulava a venda de castanhas, permitindo mediante exigências mais leves. No
seguimento do agravamento da crise pandémica, a Lei 3 veio proibir completamente a
venda ambulante após a circulação da notícia de contágio local de propagação do Covid-
19 por castanhas infetadas.
Quid iuris?

Caso Prático 7

A Lei n.º x/1978 proibia a caça do Íbex-português. A 1990 morreu o último


exemplar conhecido desta espécie. Em 2013, um grupo de cientistas consegue, a partir
de células embrionárias que haviam permanecido em perfeita conservação durante os
últimos 25 anos, clonar um exemplar de Íbex-português, que batizam de Felpudo.
Após Felpudo deixar de servir os fins científicos para os quais havia sido gerado, a
equipa de cientistas que o acompanhava decide deixá-lo viver os seus últimos tempos
em liberdade.
Ao tomar conhecimento disto, Márcio, que se orgulha de ter os mais raros troféus
de caça expostos nas paredes da sua sala de estar, assume como novo objetivo de vida
caçar o famoso Felpudo. Mas, como cidadão respeitador da lei, consulta-o previamente
sobre se a Lei n.º x/1978 ainda constitui algum obstáculo ao seu objetivo.

Caso Prático 8

O Decreto-Lei m/2001 de 16 de abril estatui o seguinte «todos os estudantes do


ensino superior com média superior a 16 valores têm direito a uma bolsa de mérito anual
no valor de € 1.500».
A 24 de Agosto de 2004, devido à necessidade de conter o défice das contas
públicas, o Decreto-Lei n.º n/2004 veio revogar o Decreto-Lei m/2001 de 16 de abril.
A 11 de outubro de 2008, reposto o equilíbrio das contas públicas, a Assembleia
da República aprovou a Lei n.º o/2008, a qual estabelecia um conjunto de medidas
destinadas a incentivar o bom aproveitamento dos estudantes do ensino superior. Deste

5
Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO I

diploma constava, entre outros, o seguinte artigo «é revogado o Decreto-Lei n.º n/2004,
de 24 de agosto».
Hortêncio acaba o primeiro ano do curso de Direito na FDL com média de 17 e
deseja fazer uma viagem ao México nas férias. Pode contar com o dinheiro da bolsa para
pagar a viagem?

Você também pode gostar