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Foto: Sebastião José de Araújo ISSN 1678-961X

COMUNICADO BRS FC415: cultivar de feijoeiro-comum


TÉCNICO
carioca com alta produtividade, qualidade
comercial, escurecimento lento dos grãos e
265 resistência a patógenos de solo
Helton Santos Pereira, Thiago Lívio Pessoa Oliveira de Souza, Marcelo
Sfeir de Aguiar, Luís Cláudio de Faria, Joaquim Geraldo Cáprio da
Costa, Mariana Cruzick de Souza Magaldi, Nilda Pessoa de Souza,
Adriano Moreira Knupp, Cléber Morais Guimarães, Hélio Wilson Lemos
Santo Antônio de Goias, GO de Carvalho, Valter Martins de Almeida, Márcio Akira Ito, Júlio César
Agosto, 2022 Albrecht, Saulo Muniz Martins, Paula Pereira Torga, Sheila Cristina
Prucoli Posse, Patrícia Guimarães Santos Melo, Ângela de Fátima
Barbosa Abreu, Abner José de Carvalho, Maurício Martins, Israel
Alexandre Pereira Filho, Antônio Joaquim Braga Pereira Bráz, José
Luis Cabrera Díaz, Marcos Aurélio Marangon, Pedro Henrique Lopes
Sarmento, Luciene Fróes Camarano de Oliveira, Rosana Pereira
Vianello, Josias Correa de Faria, Leonardo Cunha Melo
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BRS FC415: cultivar de feijoeiro-comum


carioca com alta produtividade, qualidade
comercial, escurecimento lento dos grãos
e resistência a patógenos de solo1
1
Helton Santos Pereira, Engenheiro-agrônomo, doutor em Genética e Melhoramento de Plantas, pesquisador
da Embrapa Arroz e Feijão, Santo Antônio de Goiás, GO. Thiago Lívio Pessoa Oliveira de Souza,
Engenheiro-agrônomo, doutor em Genética e Melhoramento de Plantas, pesquisador da Embrapa Arroz
e Feijão, Santo Antônio de Goiás, GO. Marcelo Sfeir de Aguiar, Engenheiro-agrônomo, doutor em Genética
e Melhoramento de Plantas, pesquisador da Embrapa Arroz e Feijão, Ponta Grossa, PR. Luís Cláudio de
Faria, Engenheiro-agrônomo, doutor em Genética e Melhoramento de Plantas, pesquisador da Embrapa
Arroz e Feijão, Aracaju, SE. Joaquim Geraldo Cáprio da Costa, Engenheiro-agrônomo, doutor em Genética
e Melhoramento de Plantas, pesquisador da Embrapa Arroz e Feijão, Santo Antônio de Goiás, GO. Mariana
Cruzick de Souza Magaldi, Engenheira-agrônoma, especialista em Produção de Sementes, analista da
Embrapa Arroz e Feijão, Santo Antônio de Goiás, GO. Nilda Pessoa de Souza, Contadora, mestre em Ciência
da Computação, analista da Embrapa Arroz e Feijão, Santo Antônio de Goiás, GO. Adriano Moreira Knupp,
Biólogo, doutor em Ciências do Solo, Analista da Embrapa Arroz e Feijão, Santo Antônio de Goiás, GO.
Cléber Morais Guimarães, Engenheiro-agrônomo, doutor em Fisiologia Vegetal, pesquisador da Embrapa
Arroz e Feijão, Santo Antônio de Goiás, GO. Hélio Wilson Lemos de Carvalho, Engenheiro-agrônomo, mestre
em Genética e Melhoramento de Plantas, pesquisador da Embrapa Tabuleiros Costeiros, Aracaju, SE. Valter
Martins de Almeida, Engenheiro-agrônomo, mestre em Fitotecnia, pesquisador da Empresa Mato-grossense
de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural, Várzea Grande, MT. Márcio Akira Ito, Engenheiro-agrônomo,
doutor em Fitotecnia, pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste, Dourados, MS. Júlio César Albrecht,
Engenheiro-agrônomo, mestre em Fitomelhoramento, pesquisador da Embrapa Cerrados, Brasília, DF. Saulo
Muniz Martins, Engenheiro-agrônomo, doutor em Genética e Melhoramento de Plantas, bolsista da Embrapa
Arroz e Feijão, Santo Antônio de Goiás, GO. Paula Pereira Torga, Engenheira-agrônoma, doutora em Genética
e Melhoramento de Plantas, pesquisadora da Embrapa Arroz e Feijão, Santo Antônio de Goiás, GO. Sheila
Cristina Prucoli Posse, Engenheira-agrônoma, doutora em Produção Vegetal, pesquisadora do Instituto
Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural, Vitória, ES. Patrícia Guimarães Santos Melo,
Engenheira-agrônoma, doutora em Genética e Melhoramento de Plantas, professora da Universidade Federal
de Goiás, Goiânia, GO. Ângela de Fátima Barbosa Abreu, Engenheira-agrônoma, doutora em Genética e
Melhoramento de Plantas, pesquisadora da Embrapa Arroz e Feijão, Lavras, MG. Abner José de Carvalho,
Engenheiro-agrônomo, doutor em Genética e Melhoramento de Plantas, professor da Universidade Estadual
de Montes Claros, Janaúba, MG. Maurício Martins, Engenheiro-agrônomo, doutor em Fitotecnia, professor da
Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, MG. Israel Alexandre Pereira Filho, Engenheiro-agrônomo,
mestre em Fitotecnia, pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo, Sete Lagoas, MG. Antônio Joaquim Braga Pereira
Braz, Engenheiro-agrônomo, doutor em Agronomia, professor da Universidade de Rio Verde, Rio Verde, GO.
José Luis Cabrera Díaz, Engenheiro-agrônomo, especialista em Produção e Tecnologia de Sementes, analista
da Embrapa Arroz e Feijão, Ponta Grossa, PR. Marcos Aurélio Marangon, Engenheiro-agrônomo, analista da
Embrapa Arroz e Feijão, Ponta Grossa, PR. Pedro Henrique Lopes Sarmento, Engenheiro-agrônomo, mestre em
Economia Aplicada, analista da Embrapa Arroz e Feijão, Santo Antônio de Goiás, GO. Luciene Fróes Camarano
de Oliveira, Engenheira-agrônoma, mestre em Agronomia, analista da Embrapa Arroz e Feijão, Santo Antônio
de Goiás, GO. Rosana Pereira Vianello, Bióloga, doutora em Biologia Molecular Vegetal, pesquisadora da
Embrapa Arroz e Feijão, Santo Antônio de Goiás, GO. Josias Correa de Faria, Engenheiro-agrônomo, Ph.D. em
Fitopatologia/Biotecnologia, pesquisador da Embrapa Arroz e Feijão, Santo Antônio de Goiás, GO. Leonardo
Cunha Melo, Engenheiro-agrônomo, doutor em Genética e Melhoramento de Plantas, pesquisador da Embrapa
Arroz e Feijão, Santo Antônio de Goiás, GO.

O Brasil figura continuamente nos pri- mundial de feijão-comum (Phaseolus


meiros lugares na produção, com 2,7 mi- vulgaris). Entre os diversos grupos co-
lhões de toneladas anuais, e no consumo merciais da espécie, merece destaque
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o carioca, de grãos bege com estrias produtoras, com alta produtividade e


marrons, opção preferida da maioria dos excelente qualidade comercial dos grãos,
consumidores brasileiros, representando que possuem escurecimento lento.
aproximadamente 70% do mercado. Possui moderada resistência à murcha
de Fusarium e às podridões radiculares,
Nos últimos anos o mercado brasileiro
o que possibilita a utilização em áreas
se tornou cada vez mais exigente quanto
antigas de cultivo, além de moderada
às características de qualidade comercial
suscetibilidade à antracnose. A cultivar
dos grãos, como o rendimento de penei-
deverá contribuir para reduzir o uso de
ra, a massa de 100 grãos e a coloração
defensivos agrícolas e, consequente-
dos grãos. Durante o período entre a
mente, o impacto no meio ambiente e na
colheita e a comercialização dos grãos
saúde humana, favorecendo o aumento
tipo carioca ocorre o escurecimento da
tonalidade bege do tegumento, reduzindo da sustentabilidade na produção agrícola.
o valor de mercado, porque a coloração
mais escura tem menor remuneração, o Métodos de
que pressiona o agricultor para a comer-
cialização rápida, independentemente do melhoramento
preço de mercado.
utilizados
Assim, uma das demandas mais
importantes é a obtenção de novas cul- BRS FC415 originou-se do cruzamen-
tivares que apresentem escurecimento to entre a cultivar BRS Horizonte e a li-
lento dos grãos, pois essa característica nhagem LM202206076, de escurecimen-
permite ao agricultor maior flexibilidade to lento dos grãos, realizado na Embrapa
por ocasião da venda da produção. Há Arroz e Feijão, em Santo Antônio de
cultivares de grão carioca obtidas por Goiás, GO, em 2004. Todo o processo
diferentes instituições que apresentam de desenvolvimento foi realizado alter-
escurecimento lento, como BRSMG nando-se locais, Santo Antônio de Goiás,
Madrepérola, ANFc 9, TAA Dama e IAC GO, e Ponta Grossa, PR, e épocas de
2051. Entretanto, ainda insuficientes e semeadura, da seca, de inverno e das
agronomicamente inferiores às melhores águas, entre 2005 e 2009, até a obtenção
que têm escurecimento normal dos grãos, da linhagem denominada CNFC 15826. A
principalmente em relação à arquitetura partir dessa etapa, iniciou-se a avaliação
de plantas, tolerância ao acamamento em experimentos com repetições em
e resistência às doenças causadas por múltiplos ambientes sobre os caracteres
patógenos de solo. de importância agronômica, comercial e
nutricional.
A cultivar de feijão carioca BRS
FC415, desenvolvida pela Embrapa Em 2010, a linhagem CNFC 15826 foi
Arroz e Feijão, tem como destaque a avaliada no “experimento teste de progê-
grande adaptação às diferentes regiões nies do grupo carioca”, em dois ambientes,
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nos estados do Paraná e Goiás, junto com por meio de escala de notas variáveis
outras linhagens e testemunhas, quanto de 1 (fenótipo totalmente favorável) a
a vários caracteres de importância agro- 9 (fenótipo totalmente desfavorável),
nômica e comercial. Em 2011, a linhagem arquitetura de planta, tolerância ao
foi avaliada no “experimento preliminar do acamamento e reação às doenças,
grupo carioca”, em seis ambientes, em crestamento-bacteriano-comum
Goiás, no Paraná, em Sergipe e em Minas (X a n t h o m o n a s a x o n o p o d i s p v.
Gerais. Em 2013, foi avaliada no “experi- p h a s e o l i ) , murcha de Curtobacterium
mento intermediário do grupo carioca”, em (Curtobacterium flaccumfaciens pv.
onze ambientes, em Goiás, no Paraná, em flaccumfaciens), mancha-angular
Sergipe, na Bahia, em Minas Gerais e no (Pseudocercospora griseola), antrac-
Distrito Federal. A análise conjunta dos da- nose (Colletotrichum lindemuthianum),
dos dos experimentos teste de progênies, ferrugem (Uromyces appendiculatus),
preliminares e intermediários, permitiu que murcha de Fusarium (Fusarium oxysporum
a linhagem CNFC 15826 fosse seleciona- f. sp. phaseoli), podridões radiculares
da para o ensaio de valor de cultivo e uso (Fusarium solani e Rhizoctonia solani),
(VCU) carioca, com base na avaliação do vírus do mosaico comum do feijoeiro
desempenho em 20 ambientes. Durante o (VMCF) e vírus do mosaico dourado
ano de 2015 foi realizada a multiplicação do feijoeiro (VMDF).
para a obtenção de sementes suficientes A produtividade de grãos foi estimada
para o preparo dos ensaios de VCU. em kg ha-1 e corrigida para 13% de umi-
Nos anos de 2016 e 2017 a linhagem dade dos grãos. O rendimento de peneira
foi avaliada em 86 experimentos de VCU foi medido como porcentagem de uma
carioca, compostos de 20 tratamentos, dos amostra de 300 g, retida em peneira de
quais, 15 novas linhagens com ciclo normal furos oblongos de 4,5 mm de espessura,
e cinco testemunhas, BRS FC402, BRS e as sementes retidas utilizadas para
estimar a massa de 100 sementes. A
Estilo, Pérola, IPR BEM-TE-VI e ANFc 9.
coloração dos grãos recém-colhidos
O delineamento utilizado foi o de blocos
foi avaliada com uma escala de notas
ao acaso, com três repetições e parcelas
variando de 1 (grãos muito claros) a 5
de quatro fileiras de 4 m, utilizando as tec-
(grãos muito escuros). Posteriormente,
nologias recomendadas para os diferentes
os grãos foram armazenados em tem-
ambientes e sistemas de cultivo.
peratura e umidade ambiente por 90
Nos experimentos foram avaliados dias para avaliar a coloração dos grãos
os seguintes aspectos sobre os grãos: após o armazenamento (escurecimento),
produtividade, rendimento de peneira utilizando a mesma escala de notas. Para
(12 - de 4,5 mm), massa de 100 grãos, determinar o tempo de cocção utilizou-se
coloração, escurecimento, tempo de o cozedor de Mattson. As análises de
cocção e concentrações de ferro, zinco concentração de proteínas foram feitas
e proteína. Foram avaliadas também, a partir do método de quantificação de
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nitrogênio de Kjeldahl, com micro tubos, Gerais, Bahia e Distrito Federal), nas
e as concentrações de ferro e de zinco épocas das águas, da seca e de inverno,
realizadas por digestão ácida da matéria e III (Sergipe, Alagoas e Pernambuco),
orgânica, conforme a técnica de espec- na época das águas. Na média geral,
trofotometria de absorção atômica por desses experimentos, a linhagem CNFC
chama. 15826, posteriormente registrada como
BRS FC415, teve produtividade média
Produtividade de grãos de 2.310 kg ha-1, superior à das testemu-
nhas BRS Estilo (2.212 kg ha-1) e ANFc
e potencial produtivo 9 (2.256 kg ha-1) que também possui
escurecimento lento dos grãos (Tabela 1),
Dos 86 experimentos instalados, 62 mostrando superioridade de 4,4% e 2,4%,
foram colhidos e atingiram os padrões respectivamente. Na região I (Centro-Sul),
de qualidade experimental necessários a cultivar BRS FC415 também deteve
considerados no processo de registro de produtividade superior (2.682 kg ha-1) às
cultivares quanto aos dados de produtivi- testemunhas BRS Estilo e ANFc 9, com
dade. Os 62 experimentos de VCU foram 4,9% e 6,3% de superioridade, respec-
conduzidos nas regiões de indicação tivamente. Nas regiões II (Central) e III
de cultivares I (Santa Catarina, Paraná, (Nordeste), BRS FC415 atingiu produtivi-
São Paulo e Mato Grosso do Sul), nas dades de 2.169 kg ha-1 e 1.882 kg ha-1,
épocas das águas e da seca, II (Goiás, semelhantes às da cultivar ANFc 9 e
Mato Grosso, Espírito Santo, Minas superiores às da BRS Estilo.

Tabela 1. Produtividade (kg ha-1) da cultivar BRS FC415 comparada com as testemunhas, BRS
Estilo e ANFc 9, nos experimentos de VCU, conforme as regiões de recomendação de cultivares
e épocas de semeadura, nos anos de 2016 e 2017.

Número de
Região Época BRS FC415 BRS Estilo ANFc 9
ambientes
Águas 3.016 a 2.855 b 2.834 b 16
I Seca 1.615 a 1.615 a 1.531 b 5
Média geral 2.682 a 2.560 b 2.524 b 21
Águas 2.443 c 2.518 b 2.618 a 10
Seca 1.720 a 1.452 b 1.780 a 6
II
Inverno 2.166 a 2.071 b 2.081 b 18
Média geral 2.169 a 2.093 b 2.186 a 32
III Águas 1.882 a 1.745 b 1.790 a 7
Média - 2.310 a 2.212 c 2.256 b 62
Região I: SC, PR, MS e SP; região II: MG, ES, RJ, GO, MT, BA e DF; região III: SE, AL e PE. Médias seguidas pela mes-
ma letra, nas linhas, não diferem estatisticamente entre si de acordo com o teste de Scott-Knott, a 5% de probabilidade.
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O potencial produtivo da cultivar visual dos grãos, BRS FC415 revela-se


BRS FC415, obtido a partir da média de semelhante à ANFc 9, com grãos de
produtividade nos cinco ambientes nos coloração creme muito clara e rajas
quais atingiu as maiores produtivida- marrom-claras, e escurecimento lento
des, foi de 3.915 kg ha-1, demonstrando dos grãos. O tempo médio de cocção
potencial genético elevado e, sob am- da cultivar BRS FC415 é de 31 minutos,
biente favorável e boas condições de semelhante ao da ANFc 9, e cinco mi-
cultivo, produtividades altas podem ser nutos a mais que o da BRS Estilo. Com
atingidas. relação à porcentagem de proteína dos
grãos (22,9%), BRS FC415 foi seme-
Qualidade dos grãos lhante à BRS Estilo e inferior à ANFc 9.
BRS FC415 revelou também concentra-
Nos atributos tecnológico e industrial ções de ferro nos grãos de 61,3 mg kg-1,
de grãos, BRS FC415 tem bom rendi- semelhante ao das cultivares ANFc 9 e
mento de peneira (84%), fazendo-se BRS Estilo, e de zinco de 36,3 mg kg-1,
superior ao da cultivar BRS Estilo, refe- semelhante ao da BRS Estilo e inferior
rência no mercado para esse carácter, ao da ANFc 9.
e ligeiramente inferior ao da ANFc 9
(Tabela 2). BRS FC415 possui massa Outras características
média de 100 grãos de 25,3 g, seme-
lhante à da cultivar ANFc 9 e superior BRS FC415 é uma cultivar de ciclo
à da BRS Estilo, que também é uma normal, 85 a 94 dias, da emergência à
das referências no mercado para o ca- maturação fisiológica, semelhantemen-
rácter. Os grãos são do tipo carioca, na te às testemunhas, e as plantas são
cor creme com rajas marrons, de forma arbustivas de hábito de crescimento
elíptica e sem brilho. Quanto ao aspecto indeterminado tipo II. A arquitetura de

Tabela 2. Comparação das características dos grãos da cultivar BRS FC415 com as testemu-
nhas ANFc 9, BRS Estilo e BRS FC402.

TC CP CFe CZn RP M100


Cultivar COR ESC
(min) (%) (mg kg-1) (mg kg-1) (%) (g)
BRS FC415 31 b 23 b 61 b 36 b 84 b 25,3 a Bege muito claro Lento
ANFc 9 31 b 27 a 59 b 38 a 87 a 25,3 a Bege muito claro Lento
BRS Estilo 26 a 22 b 55 b 34 b 82 c 24,9 b Bege muito claro Normal
BRS FC402 32 b 25 a 66 a 37 a 72 d 22,2 c Bege-claro Normal
TC: Tempo de cocção (min); CP: Concentração de proteína; CFe: Concentração de ferro; CZn: Concentração de zinco;
RP: Rendimento de peneira 12 (< 4,5 mm); M100: Massa de 100 grãos; COR: Cor predominante; ESC: Escurecimen-
to. Médias seguidas pela mesma letra, nas colunas, não diferem estatisticamente entre si de acordo com o teste de
Scott-Knott, a 5% de probabilidade.
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plantas é semiereta, com boa tolerância grãos, dada a resistência à antracnose


ao acamamento, adaptada à colheita e à ferrugem, semelhante à ANFc 9,
mecânica, inclusive a direta. As flores tendo também bom nível de resistência
são brancas e, na maturação fisiológica aos patógenos de solo causadores da
e de colheita, as vagens são amareladas. murcha de Fusarium e das podridões ra-
A cultivar BRS FC415, sob inocu- diculares, mais do que a cultivar ANFc 9
lação artificial, é resistente ao vírus e semelhante à BRS FC402, padrão de
do mosaico-comum do feijoeiro e nos resistência a essas doenças, mas com
experimentos de campo mostrou-se escurecimento normal dos grãos.
moderadamente resistente à murcha de
Fusarium e a podridões radiculares, além Produção de
de moderadamente suscetível à antrac-
nose. Entretanto, revelou-se suscetível sementes
ao vírus do mosaico dourado do feijoei-
ro, ao crestamento-bacteriano-comum, Com base no desempenho, BRS
à murcha de Curtobacterium e à FC415 foi registrada, em 2020, sob o nú-
mancha-angular (Tabela 3), indicando-se mero 45284, no Ministério da Agricultura,
especial atenção às medidas de manejo Pecuária e Abastecimento (Mapa), para
das doenças, quando relevantes. De as épocas das águas e da seca para a
modo geral, até então, as cultivares do região de recomendação I (Mato Grosso
grupo carioca com escurecimento lento do Sul, Paraná, Santa Catarina, São
dos grãos disponíveis no mercado não Paulo e Rio Grande do Sul); das águas,
apresentam nível geral de resistência às da seca e de inverno para a região II, es-
doenças muito alto e são bastante sus- tados de Goiás, Mato Grosso, Tocantins,
cetíveis aos patógenos de solo. Assim, Rio de Janeiro, Espírito Santo e o Distrito
BRS FC415 se destaca das demais Federal; das águas e de inverno para a
cultivares de escurecimento lento de Bahia e o Maranhão; e das águas para a

Tabela 3. Características agronômicas e reação às principais doenças da BRS FC415, compa-


radas às cultivares de grão carioca, BRS Estilo, BRS FC402 e ANFc 9.

Cultivar Ciclo ARQ AN ACA CBC FE MA VMCF VMDF FOP CUR POD
BRS FC415 N Semiereta MS MS S MR S R S MR S MR
ANFc 9 N Semiereta MS MS S MR S S S S S MS
BRS Estilo N Ereta MS MR S MR S R S S S S
BRS FC402 N Semiprostrada MR MS MS MR S R S MR S MR
ARQ: Arquitetura da planta; ACA: Acamamento; AN: Antracnose; CBC: Crestamento-bacteriano-comum; FE: Ferrugem;
MA: Mancha-angular; VMCF: Vírus do mosaico comum do feijoeiro; VMDF: Vírus do mosaico dourado do feijoeiro; FOP:
Murcha de Fusarium; CUR: Murcha de Curtobacterium; POD: Podridões radiculares; N: Ciclo normal; R: Resistente; MR:
Moderadamente resistente; MS: Moderadamente suscetível; S: Suscetível.
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região III, estados de Sergipe, Alagoas, na avaliação da cultivar: Secretaria de


Pernambuco, Rio Grande do Norte, Inovação e Negócios (SIN), Embrapa
Piauí, Ceará e Paraíba. A cultivar está Tabuleiros Costeiros, Embrapa
protegida junto ao Mapa, desde 2021, Agropecuária Oeste, Embrapa Milho
sob o número 20210143. e Sorgo, Empresa Mato-grossense
de Pesquisa, Assistência e Extensão
A produção de sementes genéticas é
Rural (Empaer), Instituto Capixaba
de responsabilidade da Embrapa, e para
de Pesquisa, Assistência Técnica e
o atendimento aos produtores será de
Extensão Rural (Incaper), Instituto
empresas parceiras, selecionadas via
de Inovação para o Desenvolvimento
editais públicos de cooperação técnica.
Rural Sustentável de Alagoas (Emater),
Informações adicionais podem ser obti-
Agência Goiana de Assistência Técnica,
das na página da Embrapa na Internet,
Extensão Rural e Pesquisa Agropecuária
através do link https://www.embrapa.br/
(Emater-GO), Universidade de Rio
busca-de-solucoes-tecnologicas ou pelo
Verde (UniRV), Universidade Federal
telefone (62) 3533 2110.
de Goiás (UFG), Universidade Federal
de Lavras (UFLA), Universidade Federal
Agradecimentos de Uberlândia (UFU) e Universidade
Estadual de Montes Claros (Unimontes).
Às instituições parceiras e demais
Unidades da Embrapa, colaboradores

Embrapa Arroz e Feijão Comitê de Publicações


Rod. GO 462 Km 12 Zona Rural, da Embrapa Arroz e Feijão
Caixa Postal 179
CEP 75375-000, Presidente
Santo Antônio de Goiás, GO Roselene de Queiroz Chaves
Fone: (62) 3533 2105 Secretário-Executivo
Fax: (62) 3533 2100 Luiz Roberto Rocha da Silva
www.embrapa.br
www.embrapa.br/fale-conosco/sac Membros
Ana Lúcia Delalibera de Faria, Luís Fernando
1ª edição Stone, Newton Cavalcanti de Noronha Júnior,
Publicação digital - PDF (2022) Tereza Cristina de Oliveira Borba
Supervisão editorial
Luiz Roberto R. da Silva
Revisão de texto
Luiz Roberto R. da Silva
Normalização bibliográfica
Ana Lúcia D. de Faria (CRB 1/324)
Editoração eletrônica
Fabiano Severino
Foto da capa
Sebastião José de Araújo
CGPE 017611

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