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nos estados do Paraná e Goiás, junto com por meio de escala de notas variáveis
outras linhagens e testemunhas, quanto de 1 (fenótipo totalmente favorável) a
a vários caracteres de importância agro- 9 (fenótipo totalmente desfavorável),
nômica e comercial. Em 2011, a linhagem arquitetura de planta, tolerância ao
foi avaliada no “experimento preliminar do acamamento e reação às doenças,
grupo carioca”, em seis ambientes, em crestamento-bacteriano-comum
Goiás, no Paraná, em Sergipe e em Minas (X a n t h o m o n a s a x o n o p o d i s p v.
Gerais. Em 2013, foi avaliada no “experi- p h a s e o l i ) , murcha de Curtobacterium
mento intermediário do grupo carioca”, em (Curtobacterium flaccumfaciens pv.
onze ambientes, em Goiás, no Paraná, em flaccumfaciens), mancha-angular
Sergipe, na Bahia, em Minas Gerais e no (Pseudocercospora griseola), antrac-
Distrito Federal. A análise conjunta dos da- nose (Colletotrichum lindemuthianum),
dos dos experimentos teste de progênies, ferrugem (Uromyces appendiculatus),
preliminares e intermediários, permitiu que murcha de Fusarium (Fusarium oxysporum
a linhagem CNFC 15826 fosse seleciona- f. sp. phaseoli), podridões radiculares
da para o ensaio de valor de cultivo e uso (Fusarium solani e Rhizoctonia solani),
(VCU) carioca, com base na avaliação do vírus do mosaico comum do feijoeiro
desempenho em 20 ambientes. Durante o (VMCF) e vírus do mosaico dourado
ano de 2015 foi realizada a multiplicação do feijoeiro (VMDF).
para a obtenção de sementes suficientes A produtividade de grãos foi estimada
para o preparo dos ensaios de VCU. em kg ha-1 e corrigida para 13% de umi-
Nos anos de 2016 e 2017 a linhagem dade dos grãos. O rendimento de peneira
foi avaliada em 86 experimentos de VCU foi medido como porcentagem de uma
carioca, compostos de 20 tratamentos, dos amostra de 300 g, retida em peneira de
quais, 15 novas linhagens com ciclo normal furos oblongos de 4,5 mm de espessura,
e cinco testemunhas, BRS FC402, BRS e as sementes retidas utilizadas para
estimar a massa de 100 sementes. A
Estilo, Pérola, IPR BEM-TE-VI e ANFc 9.
coloração dos grãos recém-colhidos
O delineamento utilizado foi o de blocos
foi avaliada com uma escala de notas
ao acaso, com três repetições e parcelas
variando de 1 (grãos muito claros) a 5
de quatro fileiras de 4 m, utilizando as tec-
(grãos muito escuros). Posteriormente,
nologias recomendadas para os diferentes
os grãos foram armazenados em tem-
ambientes e sistemas de cultivo.
peratura e umidade ambiente por 90
Nos experimentos foram avaliados dias para avaliar a coloração dos grãos
os seguintes aspectos sobre os grãos: após o armazenamento (escurecimento),
produtividade, rendimento de peneira utilizando a mesma escala de notas. Para
(12 - de 4,5 mm), massa de 100 grãos, determinar o tempo de cocção utilizou-se
coloração, escurecimento, tempo de o cozedor de Mattson. As análises de
cocção e concentrações de ferro, zinco concentração de proteínas foram feitas
e proteína. Foram avaliadas também, a partir do método de quantificação de
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nitrogênio de Kjeldahl, com micro tubos, Gerais, Bahia e Distrito Federal), nas
e as concentrações de ferro e de zinco épocas das águas, da seca e de inverno,
realizadas por digestão ácida da matéria e III (Sergipe, Alagoas e Pernambuco),
orgânica, conforme a técnica de espec- na época das águas. Na média geral,
trofotometria de absorção atômica por desses experimentos, a linhagem CNFC
chama. 15826, posteriormente registrada como
BRS FC415, teve produtividade média
Produtividade de grãos de 2.310 kg ha-1, superior à das testemu-
nhas BRS Estilo (2.212 kg ha-1) e ANFc
e potencial produtivo 9 (2.256 kg ha-1) que também possui
escurecimento lento dos grãos (Tabela 1),
Dos 86 experimentos instalados, 62 mostrando superioridade de 4,4% e 2,4%,
foram colhidos e atingiram os padrões respectivamente. Na região I (Centro-Sul),
de qualidade experimental necessários a cultivar BRS FC415 também deteve
considerados no processo de registro de produtividade superior (2.682 kg ha-1) às
cultivares quanto aos dados de produtivi- testemunhas BRS Estilo e ANFc 9, com
dade. Os 62 experimentos de VCU foram 4,9% e 6,3% de superioridade, respec-
conduzidos nas regiões de indicação tivamente. Nas regiões II (Central) e III
de cultivares I (Santa Catarina, Paraná, (Nordeste), BRS FC415 atingiu produtivi-
São Paulo e Mato Grosso do Sul), nas dades de 2.169 kg ha-1 e 1.882 kg ha-1,
épocas das águas e da seca, II (Goiás, semelhantes às da cultivar ANFc 9 e
Mato Grosso, Espírito Santo, Minas superiores às da BRS Estilo.
Tabela 1. Produtividade (kg ha-1) da cultivar BRS FC415 comparada com as testemunhas, BRS
Estilo e ANFc 9, nos experimentos de VCU, conforme as regiões de recomendação de cultivares
e épocas de semeadura, nos anos de 2016 e 2017.
Número de
Região Época BRS FC415 BRS Estilo ANFc 9
ambientes
Águas 3.016 a 2.855 b 2.834 b 16
I Seca 1.615 a 1.615 a 1.531 b 5
Média geral 2.682 a 2.560 b 2.524 b 21
Águas 2.443 c 2.518 b 2.618 a 10
Seca 1.720 a 1.452 b 1.780 a 6
II
Inverno 2.166 a 2.071 b 2.081 b 18
Média geral 2.169 a 2.093 b 2.186 a 32
III Águas 1.882 a 1.745 b 1.790 a 7
Média - 2.310 a 2.212 c 2.256 b 62
Região I: SC, PR, MS e SP; região II: MG, ES, RJ, GO, MT, BA e DF; região III: SE, AL e PE. Médias seguidas pela mes-
ma letra, nas linhas, não diferem estatisticamente entre si de acordo com o teste de Scott-Knott, a 5% de probabilidade.
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Tabela 2. Comparação das características dos grãos da cultivar BRS FC415 com as testemu-
nhas ANFc 9, BRS Estilo e BRS FC402.
Cultivar Ciclo ARQ AN ACA CBC FE MA VMCF VMDF FOP CUR POD
BRS FC415 N Semiereta MS MS S MR S R S MR S MR
ANFc 9 N Semiereta MS MS S MR S S S S S MS
BRS Estilo N Ereta MS MR S MR S R S S S S
BRS FC402 N Semiprostrada MR MS MS MR S R S MR S MR
ARQ: Arquitetura da planta; ACA: Acamamento; AN: Antracnose; CBC: Crestamento-bacteriano-comum; FE: Ferrugem;
MA: Mancha-angular; VMCF: Vírus do mosaico comum do feijoeiro; VMDF: Vírus do mosaico dourado do feijoeiro; FOP:
Murcha de Fusarium; CUR: Murcha de Curtobacterium; POD: Podridões radiculares; N: Ciclo normal; R: Resistente; MR:
Moderadamente resistente; MS: Moderadamente suscetível; S: Suscetível.
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