Martini Seco - Fernando Sabino
Martini Seco - Fernando Sabino
Martini Seco - Fernando Sabino
Fernando Sabino
O texto é dividido em quatro partes, que delimitam as etapas da história e as
transformações ocorridas. Vamos, a seguir, acompanhar cada uma dessas partes.
Primeira parte
Esta parte se inicia com o relato do caso ocorrido em 17 de novembro de 1 957. Um
homem e uma mulher entraram em um bar, sentaram-se e pediram dois martinis. Ela foi ao
telefone e ele foi ao banheiro. Quando retomaram, a mulher (Carmem) tomou a bebida e
caiu morta. Estabelecida a confusão, ninguém sabe como a polícia chegou. Chegou e,
inicialmente, supôs tratar-se de suicídio. Entretanto logo surgiram as suspeitas de que se
tratava de assassinato. O marido, Amadeu Miraglia, foi considerado como o principal
suspeito. Preso, acabou confessando; mais tarde, em juízo, alegou que fora torturado para
confessar e acabou absolvido da acusação.
Cinco anos depois, Maria, 2º mulher de Amadeu Miraglia, vai à delegacia apresentar
queixa, porque desconfia que ele quer inatá-la e que usará veneno para que o caso termine
como anterior. Amadeu é interrogado e nega tudo. Levanta a hipòtese de que ela. Maria,
pretende matar-se e jogar a culpa nele. Acrescenta que já está acostumado com este tipo de
injustiça, pois quando criança também foi acusado pelo pai, injustamente, pela morte de um
passarinho.
Segunda parte
Curiosamente, esta parte se inicia da mesma forma que a primeira, inclusive com a
repetição das mesmas palavras. Para o leitor, fica parecendo que Miraglia e a mulher estão
envolvidos num novo assassinato, mas na realidade o que se passa é a reconstituição do
crime. A partir deste momento, o leitor toma contato com novas informações, que ele terá
de juntar às anteriores para compor um quadro de hipóteses coerentes quanto à atitude dos
personagens. Miraglia conta que ia se casar com Carmem e que ela estava grávida. Miraglia
diz que o filho não poderia ser seu, pois ele era estéril. Miraglia explica que Carmem se
suicidou porque não queria admitir lhe fora infiel. Miraglia diz que Maria também queria se
matar, porque também estava grávida e sabia que o filho era ilegítimo Em meio a tantas
informações, o caso toma vários caminhos, que o comissário Serpa tenta questionar,
concluindo que todas as suspeitas apontam para Miraglia. A història se repete: Maria vai
com Miraglia ao bar, toma um martini e cai fulminada
Terceira parte
Como se pôde ver, esta história acontece como num jogo, o de damas por exemplo, em que
novas possibilidades de jogadas vão acontecendo. O detetive Serpa levanta a hipòtese de
que Miraglia pretendia matar-se e Carmem, tomando o martini no cálice errado, terminou
morrendo. Neste momento, Maria lhe telefona para saber se deve tomar o cálice de martini
que Miraglia lhe oferece. Serpa diz que ela deve beber o outro cálice, o que pode configurar
um erro, pois se Miraglia pretendia se matar, ela, Maria, morreria fatalmente.
Quarta parte
Novamente o leitor é levado a crer num real assassinato, que acaba por não ocorrer. Maria
não havia morrido e resolve retirar a queixa contra Miraglia, porque se arrependeu e acabou
dando o caso como encerrado. Serpa, finalmente, tem uma pista concreta em suas mãos: a
morte de uma mulher desconhecida, por envenenamento, no mesmo bar onde ocorreu a
primeira morte. O fato leva Serpa a concluir que uma desconhecida havia tomado o martini
de Miraglia e morrera, o que confirma que ele pretendia mesmo se matar.
O final é inconcluso, não deixando qualquer certeza sobre a culpabilidade ou não de
Miraglia.