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Quimiossíntese
A quimiossíntese é um processo em que a energia Podemos representar a equação química desse pro-
utilizada na formação de compostos orgânicos provém cesso do seguinte modo:
da oxidação de substâncias inorgânicas, e não da ener-
gia luminosa. CO2 + 4 H2S + O2 CH2O + 4 S + 3 H2O
A quimiossíntese é realizada por algumas bactérias
que, por isso, são chamadas bactérias quimiossinteti-
Ralph White/Corbis/Latinstock
zantes ou quimiolitoautótrofas.
Os principais exemplos de bactérias quimiossinte-
tizantes são:
ɜ ferrobactérias — utilizam a energia química prove-
niente da oxidação de compostos de ferro para a
síntese de matéria orgânica (Fig. 11.24);
ɜ nitrobactérias — utilizam a energia química
proveniente da oxidação de íons amônio ou de
íons nitrito para a síntese de matéria orgânica. As
nitrobactérias ou bactérias nitrificantes (gêneros
Nitrosomonas e Nitrobacter) existem livres no solo
e são de grande importância no ciclo do nitrogênio,
como já discutimos na unidade anterior;
— utilizam energia proveniente Figura 11.24. Fotografia de parte de um navio naufragado.
ɜ sulfobactérias
da oxidação de H S, como fazem as bactérias qui-
A crosta esbranquiçada que cobre as superfícies ferrosas é
2 formada por bactérias que obtêm sua energia a partir da
miossintetizantes das fontes termais submarinas. oxidação do ferro.
5. Respiração
Quando se fala de mecanismos intracelulares, a Estudaremos as reações que ocorrem na respiração
palavra respiração é empregada em todo processo de aeróbia considerando a glicose como matéria orgânica
síntese de ATP que envolve a cadeia respiratória. a ser degradada.
São dois os tipos de respiração: A equação geral da respiração aeróbia é:
a anaeróbia, em que o aceptor (substância que
ɜ recebe) final de hidrogênios na cadeia respiratória Respiração aeróbia
não é o oxigênio, mas outra substância, como o C6H12O6 + 6 O2 6 CO2 + 6 H2O
sulfato e o nitrato;
a aeróbia, em que o aceptor final de hidrogênios na
ɜ cadeia Pode-se considerar a respiração como um proces-
respiratória é o oxigênio.
so realizado em quatro etapas integradas: glicólise,
Realizam respiração anaeróbia bactérias desnitrifi- formação de acetil-CoA, ciclo de Krebs e cadeia res-
cantes do solo, como a Pseudomonas denitrificans. Elas piratória.
participam do ciclo do nitrogênio, devolvendo à atmos-
A glicólise não depende do gás oxigênio para ocor-
fera o N2. Como as bactérias só realizam esse processo na
ausência de O2, a desnitrificação ocorre em regiões onde rer, mas as outras etapas dependem, direta ou indire-
a taxa de O2 é reduzida ou nula, como nos pântanos. tamente, desse gás.
Nos procariontes, as três primeiras etapas ocor-
Respiração anaeróbia em bactéria desnitrificante rem no citoplasma, e a cadeia respiratória ocorre as-
C6H12O6 + 4 NO3 6 CO2 + 6 H2O + 2 N2 + energia sociada à face da membrana plasmática voltada para
(glicose) (nitrato) o citoplasma. Já nos eucariontes, somente a glicólise
ocorre no citosol, e as demais acontecem no interior
A respiração aeróbia é realizada por muitos proca- das mitocôndrias, organelas ausentes nos procarion-
riontes, protistas e fungos e por plantas e animais. Será tes. Vamos nos deter na respiração em eucariontes
nela que deteremos nossa atenção. (Fig. 11.25).
Glicólise 2 Ciclo de
Glicose A 2 piruvatos Krebs Cadeia respiratória
Acetil-
Estroma (cristas mitocondriais)
-CoA
2 CO2 4 CO2
6 H2O
2 ATP 2 ATP 34 ATP
Figura 11.25.Visão geral das etapas da respiração aeróbia. Esquema da mitocôndria vista em corte para
mostrar a localização das etapas da respiração que ocorrem em seu interior. (Cores fantasia.)
5.1. Glicólise
Na glicólise (Fig. 11.26), cada molécula de glicose é desdobrada em dois piruvatos (formados por três car-
bonos – 3 C), com liberação de hidrogênio e energia, por meio de várias reações químicas.
O hidrogênio combina-se com moléculas transportadoras de hidrogênio (NAD +), formando NADH + H +.
A energia liberada é usada para a síntese de ATP, resultando, no final do processo, um saldo de 2 ATP.
O piruvato formado na glicólise é um composto-chave no metabolismo celular, pois pode ser utilizado tanto
nos processos aeróbios como nos anaeróbios. O principal fator determinante de qual via o piruvato vai seguir é
o oxigênio. Na presença desse gás, o piruvato é degradado em CO2 e H2O na respiração. Na ausência, é parcial-
mente degradado nos processos de fermentação.
Studio Caparroz
Glicose (6 C)
C6H12O6
Formam-se
Gliceraldeído Gliceraldeído 2 duas moléculas
3-fosfato 3-fosfato de três carbonos
(3 C) (3 C) ligadas a
PGAL PGAL um radical
fosfato.
NADH + H+ NADH + H+
2 ATP 2 ATP
Formam-se duas
3 moléculas de piruvato,
Piruvato Piruvato 2 NADH + H+ e 4 ATP. Figura 11.26. Esquema
3C 3C simplificado da glicólise.
O saldo em ATP é de 2
moléculas.
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Glicólise Piruvato
Glicose
3C
CO2
NADH + H+
Liberação de CO2 e de NADH + H+, formando um composto de
Acetil 2 C.
2C
Coenzima A
O ciclo de Krebs foi elucidado por Hans Adolf Krebs, que, em função disso, recebeu o Prêmio Nobel de Fisiolo-
gia em 1953.
O ciclo de Krebs é também chamado ciclo do ácido cítrico ou ciclo dos ácidos tricarboxílicos e está esquemati-
zado de forma simplificada na figura 11.28. Analise-o.
Nesse ciclo são liberados CO2, ATP, NADH + H+ e FADH2.
Todo o gás carbônico liberado na respiração provém da formação de acetil e do ciclo de Krebs.
Studio Caparroz
Acetil-CoA O acetil-CoA combina-se com
3 Ao final, forma-se o
2C
1 um composto de 4 C
composto de 4 C, que
CoA e libera a coenzima A.
novamente se unirá ao
Forma-se, assim, o citrato.
acetil-CoA, reiniciando o ciclo.
Ao longo do ciclo, o
Composto de Citrato 2 citrato perde carbonos
4C 6C na forma de CO2 e
hidrogênios que são
NADH + H+ captados por NAD ou FAD.
Ciclo
de CO2
FADH2
Krebs NADH + H+
ATP
4C 5C
CO2
+
NADH + H
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Proteínas Carboidratos
Síntese Síntese
BIS
Gorduras
Desaminação
NH2
Piruvato
Três possibilidades
Processos
de caminhos,
irreversíveis
dependendo do Acetil-CoA
aminoácido
Ciclo de
Krebs:
encruzilhada
metabólica
da célula
Cadeia respiratória
Figura 11.29. Esquema de processo de respiração celular tendo proteínas, carboidratos e gorduras como combustível.
A digestão dos carboidratos no sistema digestório produz monossacarídeos, entre eles a glicose.
Depois que ocorre a absorção, as células recebem esses monossacarídeos.
ɜ os ácidos graxos não podem ser transformados em nenhum dos outros nutrientes;
ɜ os carboidratos não podem ser transformados em proteínas; apesar de o piruvato poder dar origem a
alguns aminoácidos, na ausência de apenas um dos aminoácidos componentes de uma proteína, sua
síntese é inviável.
Esses dados reforçam a importância das proteínas na alimentação. As células não conseguem
armazenar proteínas como substância de reserva, embora consigam armazenar carboidratos ou lipí-
dios, utilizando-os quando necessário. Além disso, as proteínas precisam ser ingeridas como fonte de
aminoácidos para a síntese proteica. Professor(a), optamos por não abordar a síntese do ATP, tanto na fotossíntese
como aqui, por considerarmos que esse tema é complexo demais para esse nível
de escolaridade e para os objetivos do novo Ensino Médio.
Cadeia respiratória e
ɜ 2 FADH 2
3 ATP
fosforilação oxidativa
32 ou 34 ɜ 2 ATP
Saldo: 25 ATP
Total 36 ou 38
Assim sendo, o total de moléculas de ATP produzi-
Figura 11.30. Quadro com saldo em ATP nas etapas do das por molécula de glicose degradada poderá ser de
processo respiratório. 30 ou 32.
6. Fermentação
A fermentação é um processo anaeróbio (não utili- lática) e o álcool etílico (fermentação alcoólica). Nesses
za gás oxigênio) de síntese de ATP e não envolve cadeia processos, há um saldo de apenas 2 moléculas de ATP
respiratória. Na fermentação, o aceptor final de hidro- por molécula de glicose degradada. Portanto, o ganho
gênios é um composto orgânico. energético é maior na respiração aeróbia do que na fer-
Algumas bactérias realizam só a fermentação, en- mentação.
quanto outras realizam só a respiração anaeróbia. Para A fermentação ocorre no citosol. Inicialmente acon-
algumas bactérias anaeróbias, o gás oxigênio é letal, tece a glicólise, quando a molécula de glicose é degra-
e elas só ocorrem em ambientes muito particulares, dada em dois piruvatos, cada um com três carbonos,
como solos profundos e regiões onde o teor de O2 é com saldo de 2 ATP. Essa etapa é comum tanto para a
praticamente zero. Esses organismos são chamados fermentação como para a respiração.
anaeróbios estritos. Um exemplo é o bacilo causador
do tétano (Clostridium tetani).
Há, no entanto, seres anaeróbios facultativos, que
6.1. Fermentação lática
realizam a fermentação na ausência de O2 e a respira- Na fermentação lática, o piruvato é transforma-
ção aeróbia na presença desse gás. É o caso de certos do em ácido lático pela utilização de íons hidrogênio
fungos, como Saccharomyces cerevisiae (levedura), e de transportados pelos NADH formados na glicólise. Não
muitas bactérias. há liberação de CO2.
Na fermentação, a glicose é degradada parcial- A fermentação lática é realizada por algumas bac-
mente, na ausência de oxigênio, em substâncias orgâ- térias, alguns protozoários e fungos e por células do
nicas mais simples, como o ácido lático (fermentação tecido muscular humano.
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Fermentação lática
2 ATP
2 moléculas
2 moléculas de ácido
Glicose
de piruvato lático (lactato)
6C
3C 3C
NADH + H+
Glicólise 2 NAD+
Figura 11.31. Esquema de fermentação lática. Professor(a), veja nas Orientações didáticas a sugestão de atividade extra in-
titulada “Fermentação de carboidrato por Saccharomyces cerevisiae – libera-
ção de CO2”, que pode ser realizada neste momento.
Fermentação alcoólica
2 ATP 2 CO2
2 moléculas
Glicose 2 moléculas de álcool
6C de piruvato etílico (etanol)
3C 2C
2 NADH
Glicólise
2 NADH+