Direito-Romano-resumo-da-matéria-Guardado-automaticamente (2 Files Merged)
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Critério Político – as fases do Direito Romano são tantas quantos períodos da história
política de Roma
Crítica: nem sempre e nem só as transformações políticas de Roma influem na evolução do Iús
Rumanum.
Critério Jurídico – atende à própria vida do Direito Romano e às manifestações dessa vida
1- Externo
D.R. nacional
D.R. universal
D.R. Oriental ou helénico
O critério jurídico interno é fundamental, sendo que só este nos pode dar uma visão propriamente
jurídica do Direito Romano. Temos então quatro épocas históricas do DR:
1- Época Arcaica
Inicia-se com a formação de Roma (por volta de 753 a.C.) e tem término com a lex Aebutia de
formulis (130 a.C.).
Marcos importantes:
2- Época Clássica
Época de verdadeiro apogeu e culminação do ordenamento jurídico romano. Vê o seu término a
230 com a substituição do processo das fórmulas pela cognitio extra ordinem. Subdivide-se em 3
etapas:
3- Época pós-clássica
O génio criador, intuitivo, subtil dos juristas anteriores já não existe. Há apenas uma
reelaboração dos textos anteriores, adaptando-se às novas realidades. Existem duas etapas:
4- Época Justinianeia
Surgiu a 530, quando Justiniano ordenou a elaboração do Digesto, e terminou a 565, com o
falecimento de Justiniano. Justiniano teve por base o direito Romano clássico (Classicismo) e a
Helenização, tendo como intenção estabelecer a unidade na diversidade. O Corpus Iuris Civillis
atualizou o DR e transmitiu o seu conhecimento às gerações seguintes.
Direito Privado Romano vs. Outros direitos
Iuris praecepta
O Iuris praecepta refere-se aos princípios fundamentais do direito que são:
Direito Civil (iús civile) é o direito específico dos cidadãos romanos e das civiras
romanas. Direito formalista e rígido.
Direito pretório (iús praetorium) é criado pelo pretor urbano, na função de
interpretar, integrar e corrigir o direito civil.
Direito Honorário (iús honorarium) é constituído por todo o iús não civile. É criado
por certos magistrados: o pretor, o edís curúis e os governantes das províncias.
Pretor urbano
Em 367 a.C. foi criada a magistratura do praetor urbanus, a que foram atribuídos os poderes:
Pretor peregrino
Em 242 a.C. foi criada uma magistratura complementar: praetor peregrinus. Este pretor peregrino
tinha a função de administrar a justiça entre cidadãos e peregrinos e entre peregrinos (entre si).
A distinção entre ius gentium e ius civile perdeu importância quando, em 212, Caracala estendeu a
cidadania romana a todos os habitantes do império romano.
Direito Novo
As constituições imperiais tornaram-se fonte predominante e única do direito romano,
com a absorção crescente das funções dos magistrados pelos Imperadores;
Com elas surgiram normas jurídicas que se designaram direito novo, em oposição ao
direito antigo;
No séc. IV, direito baseado nas constituições imperiais (leges) por contraposição ao direito
anterior (ius vetus);
Contudo, nem sempre estamos perante um ordenamento jurídico novo, oposto ao direito
civil e ao honorário, porque muitas constituições imperiais limitaram-se a interpretar o
direito civil.
Direito Objetivo
Conjunto de normas jurídicas que disciplinam a conduta humana na sua vivência em sociedade.
Ex: direito civil; direito honorário; direito das gentes;
Direito Subjetivo
Poder ou faculdade, reconhecida a uma pessoa pela ordem jurídica, de exigir a outra um
comportamento positivo (facere) ou negativo (non facere) – direito subjetivo próprio
(corresponde a uma obrigação de coloboração; ou de invadir a esfera jurídica alheia, impondo-lhe
irresistivelmente determinados efeitos jurídicos – direito potestativo (corresponde a uma sujeição.
O direito romano está intimamente ligado ao poder político de Roma: a sua vigência atingiu
grandeza quando o Império conheceu o auge; a sua decadência coincide com a profunda crise que
o abalou.
Roma primitiva
Era constituída pelo Rei, pelo Senado e pelos comícios das Cúrias:
Rei – Monarca vitalício, designado pelo seu antecessor ou pelo interrex (chefe de gens).
Dirige a civitas e cumpre funções religiosas, militares e judiciais.
Senado – Órgão cuja composição e atribuições são incertas. Além de ser um órgão de
consulta do rei, confirmava os acordos celebrados e nomeava o interrex.
Comício das cúrias – assembleias do populus romanus nas quais as trinta cúrias se
reúnem. Cada cidadão só votava na sua cúria e a maioria dos votos, recolhidos pelo chefe,
constituía o sentido de voto dessa cúria.
República
Foi instituída a 510 a.C. pelos patrícios e pelos plebeus (centúrias).
Os patrícios foram a classe mais elevada dos cidadãos romanos. Detinham magistraturas, cargos
sacerdotais e auxiliavam o rei no governo da cidade. Reuniam-se em comícios, onde votavam as
leis rogadas.
Os plebeus constituíam uma classe menos elevada. Dedicava-se aos trabalhos agrícolas, ao
pequeno comércio e ao artesanato. Estavam, portanto, afastados das funções governativas e
reuniam-se em concílios, onde votavam os plebiscitos. Reagiram contra a desigualdade a que
eram sujeitos, e mais tarde foram equiparados aos patrícios.
Em situações de crise grave, estas magistraturas eram suspensas e nomeava-se um Ditador (que
exerce, com total independência e irresponsabilidade, todos os poderes durante 6 meses).
Temporalidade (1 ano)
Colegialidade (outros magistrados podem vetar as decisões deste)
Pluralidade (poder repartido por várias magistraturas)
Provocatio ad populum (direito do cidadão de apelar sobre uma pena ou castigo)
Responsabilidade
Hierarquia
b) Assembleias populares:
c) Senado – assembleia dos homens considerados mais representativos por virtude da sua
riqueza e autoridade. Desempenhavam funções políticas de elevada importância.
Principado
É a nova forma de organização política (instaurada por Octávio a 27 a.C.). Emerge a figura do
príncipe, que vai assimilando e substituindo as funções das magistraturas republicanas. Assinala-
se, no principado, o embrião da futura monarquia.
Dominado
Organização política que lançou as bases de uma nova constituição marcada pela absoluta
concentração do poder. O imperador é considerado dominus et deus e o seu poder, que assenta
numa investidura divina, exerce-se sobre um Estado patrimonial. A nova constituição foi
consolidada por Constantino.
Fontes do Ius Civile
a. Exsistendi - são os órgãos que produzem as normas jurídica. Assim, o populus, os
comitia, os concilia plebis, o senado, alguns magistrados, o imperador e os
jurisconsultos;
b. Manifestandi - são os modos de formação das normas jurídicas. Assim, o costume
(mores maiorum, consuetudo), a lei rogada (lex rogata), o plebiscito (plebiscitum),
o senatusconsulto (senatusconsultum), o edicto (edictum), a constituição imperial
(constitutivo) e as respostas dos jurisconsultos (responsa);
c. Cognoscendi - são os textos que contêm as normas jurídicas. Assim, o Corpus Iuris
Civilis, as Institutiones de GAIUS, as Sententiae de PAULUS, etc.
1) Costume
Durante os primeiros três séculos, o Direito Romano (sobretudo privado) é constituído
por costumes. No quadro das fontes da época clássica, e referido que na falta de
leges, os mores constituíam a principal fonte do direito.
Usus – hábito de agir sem qualquer obrigação (não é, por isso, um verdadeiro
costume)
2) Lei
A lei (lex) é uma declaração solene com valor normativo, feita pelo populus romanus
que, reunido nos comícios, aprova a proposta que o magistrado apresenta e o Senado
confirma. A lex pode ser:
1- Praespriptio – prefácio
2- Rogatio – texto da lex (parte dispositiva)
3- Sanctio – parte final, onde são fixados os termos que asseguram a sua eficácia
(sansões)
Natureza de sanctio:
A partir de 438, Teodósio II acabaria por sancionar com a nulidade todos os atos que
contrariassem a lei.
No início não tinha carácter vinculativo. Posteriormente (449 a.c.), passou a ter força
vinculativa entre plebeus. No ano de 287 a.c., a força vinculativa estendeu-se aos
patrícios (ficando equiparado às leis rogadas).
4) Senatusconsulo
Disposição normativa do Senado que se tornou vinculativa no Principado (27 a.C.)
5) Constituição Imperial
A constituição Imperial (constitutivo) é uma lei em que se manifesta a vontade do
Imperador. Teve início no Principado e o seu termo no Dominado (onde era a única
fonte de direito).
Agere- aconselhamento dos particulares em matéria processual (ex: que palavras a usar,
quais os prazos a apresentar provas).
Atingiu o seu esplendor na época clássica dominada por duas escolas famosas
(Proculeiana e Sabiniana). A partir do séc. IV entrou em decadência.
7) Compilações
A partir do séc. III, tornou-se necessária a elaboração de coletâneas de textos jurídicos
para afastar a incerteza a que, em grande parte, conduziu o esgotamento da
jurisprudência. Foram elaboradas compilações de:
a) direitos (iura)
Sentenças de Paulo
Epítome de Gaio
Livro de regras de Ulpiano
b) leis (leges)
Código Gregoriano
Código Hermogeniano
Código Teodosiano
Código (Codex): é uma compilação de leis desde Adriano até Justiniano. É composto por 12 livros
que se dividem em títulos e estes em leis cronologicamente ordenadas.
Novelas (Novellae): são as constituições imperiais promulgadas depois do Código. Não dispomos
de uma compilação oficial, mas de três coletâneas privadas:
Relação Jurídica
Personalidade jurídica – possibilidade de ser sujeito de direitos e obrigações.
Capacidade jurídica (gozo de direitos) - aptidão para ser titular de um círculo, com mais ou menos
restrições, de relações jurídicas. Conceito quantitativo.
Acção (actio)
Instrumento jurídico que permite a uma pessoa obter a tutela de um direito subjetivo
previamente reconhecido pelo ordenamento jurídico ou de uma situação de facto que o
magistrado prometeu proteger no seu edictum.
Ações civies
Ações honorárias
Ação real
Protege os direitos sobre coisas, faculdades que derivam de relações familiares e direitos
acessórios. Afirmação categórica e absoluta de um direito, podendo ser intendada contra
qualquer pessoa que o lese.
Ex: Ação de reivindicação: permite ao proprietário recuperar a posse da coisa que lhe
pertence;
Ex: Ação negatória: permite ao proprietário contestar
Ex: Ação confessória: permite reconhecer
Ex: Ação de petição de herança: permite ao herdeiro reclamar os bens hereditários
Ação pessoal
Afirma-se uma obrigação assumida pelo demando e, por isso, permite apenas obrigar, por
contrato ou delito, a dar (dare); a fazer (facere), a não fazer (no facere) ou a prestar
(praestare).
Ações mistas
São reais porque podem ser intentadas contra pessoas inicialmente indeterminadas; e
pessoais, enquanto deduzem uma obrigação ao demando.
Ex: Ação de partilha de herança
Ex: Divisão de coisa comum
Ação reipersecutória
Ação mista
Perseguem o valor da coisa e estabelecem uma indemnização do dano sofrido que excede
aquele valor;
Ação de boa fé
Protege contratos de direito estrito, ou seja, contratos que geram obrigações com um
conteúdo bem determinado, cujo cumprimento importa observar rigorosamente. O juiz
deve observar o que foi acordado sem considerar alguma circunstância que possa ter
influenciado o conteúdo da obrigação (ex: mútuo)
Ação direta
Ação contrária
É também uma acção pessoal, outorgada contra uma das partes por obrigações que não
surgem inicialmente, mas podem eventualmente surgir mais tarde.
Processo civil
É dividido por dois períodos: Ordo iudiciorum privatorum e Cognitio extra ordinem.
Vigente na época arcaica e clássica. A administração da justiça não é totalmente assumida pelo
Estado (este limitava-se a afastar a vingança privada). Os cidadãos submetem os seus litígios ao
conhecimento do magistrado (in iure). Este limita-se a declarar se o demandante tem direito a
ordenar um juiz privado. Se o tiver, o juiz privado está incumbido de emitir uma opinião sobre o
litígio e profere a sentença (apud iudicem). Esta sentença pode decorrer das ações da lei (legis
actiones) – até 130 a.C.) e do processo das fórmulas (agere per formulas).
Stipulatio Praetoria
Contrato solene, oral, formal e abstrato (stipulatio) imposto pelo pretor com base na sua
cognitio;
Produz uma obrigação para o devedor e uma actio ex stipulatu para o credor;
Visa proteger um interesse digno de tutela ou reparar um possível prejuízo futuro.
Restitutio in Integrum
Expediente utilizado pelo magistrado titular do poder de imperium que declara não
reconhecer os efeitos a um facto ou acto jurídico válido e eficaz segundo o direito civil, por
motivos de equidade;
Requisitos:
o Existência de um dano
o Existência de uma causa justificativa
o Inexistência de meios jurídicos que permitam reparar o prejuízo jurídico
O edictum do preto apresenta as seguintes causa:
o Idade (ob aetatem): menores de 25 anos em relação a atos lesivos;
o Ausência (ob absentiam): é concedida a quem sofreu um prejuízo por se
encontrar ausente por motivos justificados;
o Erro (ob errorem): concedida contra quem tenha cometido um erro essencial em
matéria negocial ou processual;
o Coação (ob metum): beneficia quem tenha praticado um ato jurídico por ter sido
gravemente ameaçado;
o Dolo (ob dolum): é concedida a quem realizou um ato jurídico em consequência
deum engano que viciou a sua vontade;
o Fraude a credores (ob fraudem creditotum): beneficia os credores prejudicados
por atos que o devedor praticou com a intenção de fraudulentamente criar ou
aumentar a sua insolvência.
Missio in possessionem
Expediente em que um magistrado investido de imperium (normalmente o pretor)
autoriza uma pessoa a apoderar-se dos bens de outra.
Em regra, funciona como meio coativo provisório concedido em casos muito diferentes;
Pode conter a faculdade de vender os bens a que se refere ou limitar-se a conceder ao
interessado a custódia, a simples administração ou posse dos bens.
Interdictum
Ordem sumária de carácter administrativo que um magistrado investido de imperium
dirige a uma pessoa para fazer ou não determinada coisa.
Se for cumprido, o litígio fica resolvido. Se não, quem o solicitou ver-se-á na necessidade
de intentar um processo ordinário onde deve provar a desobediência e procurar que seja
cumprido.
o Proibitórios: proíbem determinado comportamento;
o Restitutórios; ordenam que uma coisa seja restituída a determinada pessoa;
o Exibitórios: ordenam que uma pessoa ou coisa seja exibida ou apresentada a uma
pessoa.
Objeto da obrigação:
Contratos
Diferencia-se dos pactos (pactum), pois o pactum é entendido como um acordo não formal do
qual não nascem obrigações nem ações.
Os contratos são um acordo de duas ou mais pessoas dirigido à produção de efeitos jurídicos. É
uma convenção da qual nascem obrigações e os correspondentes direitos de crédito. Estes
contratos são constituídos pelos seguintes elementos:
a) Causa: é o fim que o direito civil reconhece como social e economicamente digno de
proteção;
b) Conventio (ou consensus): é o acordo das partes, cujas vontades convergem para o fim
que constitui a causa fixada pelo direito civil ao contrato utilizado.
Contratos de boa fé – São contratos protegidos por ações de boa fé (actiones bonae fidei).
Portanto, o juiz deve apreciar todas as circunstâncias que tenham ocorrido e considerar tudo o
que é exigível entre pessoas justas e leais. (compra e venda, locação, sociedade, depósito, etc.)
Contratos de direito estrito – contratos tutelados por ações de direito estrito (actiones stricti iuris)
e, portanto, o juiz deve observar rigorosamente o que foi acordado sem atender a qualquer
circunstância que tenha influenciado o conteúdo da obrigação. (ex: stipulatio e mútuo)
Contratos onerosos – criam, para ambas as partes, obrigações que se equivalem ou equilibram: à
perda patrimonial que uma sofre na realização da sua prestação, corresponde a perda patrimonial
da outra. (ex: compra e venda ou locação)
Contratos gratuitos – só criam para uma das partes uma perda patrimonial em benefício da outra.
(Ex: doação, depósito, mútuo)
Contratos reais
Mútuo (mutuum)
Contrato unilateral, contrato de direito estrito, em que uma pessoa (mutuário) recebe de
outra (mutuante) a propriedade de determinada pecunia ou de outras coisas fungíveis. O
mutuante obriga-se a restituir igual quantidade do mesmo género e qualidade.
Contrato gratuito, por isso, não produz juros; o mutuário não deve restituir mais do que
recebeu. (a eventual obrigação de pagar juros não resulta do mútuo, mas de outra relação
inicialmente criada por um contrato formal (stipulatio usurarum)
Até à época justinianeia, o limite máximo de taxas de juro era de 12% ano. A partir daí é
6%.
Datio rei (transferência da propriedade) e conventio (acordo das partes)
Actio certae creditae pecuniae – se o mútuo consistisse em dinheiro
Condictio certae rei – se o objeto do mutum fosse outra coisa fungível
Depósito
Contrato bilateral imperfeito e de boa fé
Uma pessoa (depositante) entrega (traditio – neste caso transferência da mera detenção)
uma coisa móvel para que a guarde e restitua num determinado prazo ou quando o
depositante pedir
Contrato gratuito
Datio rei e conventio
O depositário tem a simples detenção da coisa, não a pode usar sob pena de cometer um
furto de uso (furtum usus)
Deve restituí-la nas mesmas condições em que a recebeu
Se se apropriar da coisa incorre num furtum nec manifestum, punível com uma ação na
qual será condenado no dobro do seu valor
Depositante está protegido pela actio depositi, Depositário está protegido pela actio
depositi contrária (permite-lhe ser indemnizado dos gastos feitos e dos danos que lhe
causou)
Depositário está protegido pelo direito de retenção (ius retentionis) que permite-lhe não
restituir a res enquanto não for reembolsado
Comodato
Contrato bilateral imperfeito e de boa fé
Uma pessoa (comodante) entrega (traditio – neste caso transferência da mera detenção)
uma coisa móvel ou imóvel para que a use nos termos acordados no contrato e a restitua
num determinado prazo ou quando o depositante pedir.
Contrato gratuito
Deve restituí-la nas mesmas condições em que a recebeu
Depositante está protegido pela actio comodati, Depositário está protegido pela actio
comodati contrária (permite-lhe ser indemnizado dos gastos feitos e dos danos que lhe
causou)
Depositário está protegido pelo direito de retenção (ius retentionis) que permite-lhe não
restituir a res enquanto não for reembolsado
Penhor
Contratos consensuais
Compra e venda (emptio-venditio)
Contrato em que uma pessoa (vendedor) se obriga a transferir a outra pessoa (comprador) a posse
livre e pacífica de uma determinada res, obrigando-se o comprador a transferir a propriedade de
uma determinada pecúnia (pretium).
É um contrato consensual (sendo que a sua perfeição está unicamente dependente do acordo das
partes), bilateral perfeito (sendo que surgem obrigações para ambas as partes aquando da
celebração do contrato), de boa fé (sendo que as partes devem adotar uma postura de uma
pessoa justa leal) e oneroso (sendo que existe perda de património para ambas as partes).
As componente que compõe o contrato são: conventio (acordo em que o vendedor se obriga a
transferir a posse livre e pacífica da res e o comprador a pagar o pretium estipulado), res e
pretium (preço paga pelo comprador pela res – deve ser em pecunia e deve ser certo).
O vendedor obriga-se a:
Já o comprador obriga-se a:
O comprador estava protegido pela actio empti e o vendedor pela acrtio venditi.
Locação (locatio-conductio)
Contrato em que uma pessoa (locador) proporciona a outra pessoa (locatário) o gozo temporário
de uma coisa (locação de coisa/locatio-conductio rerum), a prestar um serviço (locação de
trabalho/locatio-conductio operarum) ou a realizar uma obra (locação de obra/locatio-conductio
operarum), mediante o pagamento de uma merces.
É um contrato consensual (a sua perfeição depende unicamente do acordo entre as partes),
bilateral imperfeito (inicialmente, só são geradas obrigação para o locatário, mas poderão ser
geradas posteriormente obrigações para o locador), oneroso e de boa fé.
As componentes essenciais são:
Consensus – acordo entre as partes
Objeto – objeto, trabalho ou obra em causa. Pode ser uma locação de coisa
(locatio-conductio rerum), locação de trabalho (locatio-conductio operarum) e
uma locação de obra (locatio-conductio operis)
Merces – Pecúnia que o locatário terá de pagar
Tempo – prazo de duração da locação
O locador está protegido pela actio locati, enquanto o locatário pela actio conducti.
Locação de coisa
Sociedade (societas)
Contrato em que duas ou mais pessoas se obrigam reciprocamente a pôr em comum uma coisa
e/ou trabalho com o objetivo de obtenção de uma determinada finalidade patrimonial comum. É
um contrato consensual (a sua perfeição depende unicamente do acordo entre as partes), bilateral
perfeito (sendo que gera obrigações para todas as partes envolvidas), de boa fé (as partes devem
adoptar uma postura de pessoas justas e leais).
É constituído:
Consensus – acordo entre as partes em por algo em comum;
Objeto – Objeto que as partes acordaram em pôr em comum; aqui, podem
diferenciar-se a societa rerum, societa operarum e societa mixtae.
Finalidade – É um fim que os socii pretendem alcançar com a sociedade. Deve ser
uma finalidade lícita e susceptível de gerar vantagens patrimoniais a todos os
sócios (referência ao pacto leonino).
Os sócios, por si só (individualmente), obrigam-se: a avançar com a res e/ou operarum a que se
comprometeram (a pô-la em comum); a responder pelos vícios ocultos da res; a responder por
evicção;
Já a sociedade obriga-se a: reembolsar o socio por gastos em função da sociedade; indemnizar o
socio por possíveis danos causados; a responder pelo risco.
Se o socio, isoladamente, fizer um acordo com o terceiro, esse mesmo sócio responder
isoladamente por tal acordo; se for feito pela sociedade, a sociedade responde pelo acordo.
Cada sócio está protegido pela actio pro socio.
Mandato (mandatum)
Contrato em que uma pessoa (mandante) encarrega outra pessoa (mandatário) de realizar uma
determinada atividade gratuitamente, obrigando-se o mandatário a realizá-la nos modos
acordados (e, se não, de acordo com a natureza da atividade).
É um contrato consensual, bilateral imperfeito, gratuito e de boa-fé (as partes devem adotar a
postura de uma pessoa justa e leal).
O mandatário obriga-se a:
Por ser um acordo bilateral imperfeito, poderão surgir obrigações para o mandante. O
mandante obriga-se a:
O mandante está protegido pela actio mandati e o mandatário pela actio mandanti contrária.
Caso 4
a)
O contrato mutuum é um contrato em que uma pessoa (mutuante, neste caso Ambrosius)
transfere para outra pessoa (mutuário, neste caso Isauricus) a propriedade de uma pecúnia. O
mutuário obriga-se a restituir a pecúnia em igual quantidade, do mesmo género e qualidade
no prazo estabelecido. É um contrato real (por depender da entrega de uma pecúnia),
unilateral (por só gerar obrigações para uma das partes), de direito estrito e gratuito.
Se, a 5 de janeiro de 26 a.C., Isauricus ainda não tivesse pago qualquer quantia a Ambrosius,
Ambrosius poderia recorrer ao pretor para que o mesmo lhe concedesse uma actio certae
creditae pecuniae contra Isauricus. Podia também recorrer ao pretor para que este lhe
concedesse uma actio autónoma que garantisse o pagamento dos juros.
Caso 5
a)
Sendo que Albinus entregou o seu escravo Britanicus ao seu vizinho Duronius para que este o
guardasse durante a sua ausência, podemos concluir que estamos perante um depósito.
Depósito é um contrato em que uma pessoa (depositante) entrega (traditio, neste caso a mera
detenção) a outra pessoa (depositário) uma coisa móvel para que o depositário a guarde até
ao prazo estabelecido ou até o depositante a pedir de volta. O depositário obriga-se a guardar
e restituir a res nas condições iguais ao ato da sua entrega.
Se no seu regresso, Albinus constatasse que Duronius tinha, num ataque de fúria, morto
Britanicus, poderia solicitar ao pretor uma actio depositi contra Duronius.
b)
Caso 6
a)
Sendo que Rufus entregou uma moradia a Poetelius para que este a habitasse até ao final do
inverno, conclui-se que estamos perante um comodato.
Comodato é um contrato em que uma pessoa (comodante) entrega (traditio, neste caso mera
detenção) a outra pessoa (comodário) uma coisa móvel ou imóvel para que este a use, nos
termos acordados em contrato, por um prazo definido ou até o comodante a pedir de volta. O
comodário obriga-se a restituir a res nas mesmas condições em que lhe foi entregue e a usá-la
nas condições acordadas.
Ora, Poetelius, ao usar a casa como uma forja, não cumpre com a sua obrigação de usar a res
nos termos acordados em contrato. Incorre, pois, num furto de uso (furtum usus). Poetelius
não cumpre também a obrigação de não degradação da res (como é notado em enunciado).
Rufus podia, pois, recorrer ao pretor para que este lhe concedesse uma actio comodati contra
Poetelius.
b)
Se, aquando da entrega da res, a mesma se encontrasse num estado de grande degradação ,
e daqui resultasse uma queda de uma trave que havia deixado Pallas, escravo de Poetelius,
hemiplégico, Poetelius tinha o direito de ser indemnizado. Por ser um contrato bilateral
imperfeito, como referido anteriormente, poderão ser geradas obrigações, posteriormente,
também para o comodante. E uma delas é exatamente a indemnização por possíveis gastos
com a res ou dano. Se Rufus não indemnizasse, de livre vontade, Poetelius pelo dano causado,
este poderia recorrer ao pretor para que lhe fosse concedida uma actio comodati contrária
contra Rufus. Enquanto não fosse indemnizado, Poetelius poderia ainda usar do seu direito de
retenção da res (ius retentionis).
Caso 7
Caso 8
Pode, pelo enunciado, concluir-se que o contrato em causa é uma compra e venda (emptio-
venditi). Uma emptio-venditi é um contrato em que o vendedor (Cornelius) se obriga a
transferir para o comprador (Decius) a posse livre e pacifica de determinada res (caválo árabe),
enquanto o comprador se obriga a transferir a propriedade de determinada pecúnia (2200
sestércios) ao vendedor, que são o pretium.
É um contrato consensual (sendo que a sua perfeição depende unicamente do acordo das
partes), bilateral perfeito (sendo que gera obrigações para ambas as partes aquando do inicio
do contrato), de boa fé e oneroso (gera a perda de património para ambas as partes).
Na época clássica (130 a.C. – 230) era de facto possível haver a venda de determinada res que
não era propriedade do vendedor. O contrato emptio-venditi tinha, pois, efeitos unicamente
obrigacionais, sendo que a transferência da propriedade da res teria de ser feita por
celebração de negócios formais. Neste caso, sendo uma res mancipi, poderia sê-lo feito
através de um mancipatio ou através de uma in iure cessio (sendo que Decius não se havia
tornado proprietário da res por usucapião (usucapio) (só se tinham passados 6 meses dos 12
exigidos).
Sendo que Cornelius não cumpriu com a sua obrigação de transferir a posse pacífica da res,
sendo que a propriedade da res foi reconhecida a um terceiro, este terá de responder por
evicção.
Decius pode, portanto, recorrer ao pretor para que este lhe conceda uma actio auctoritatis
contra Cornelius (que, ao responder por evicção, e não recusando defender Decius, terá de
pagar o dobro do pretium da res). Decius pode ainda recorrer ao pretor para que este lhe
conceda uma actio empti contra Cornelius.
Caso 9
Pode-se concluir-se pelo enunciado que está em causa uma compra e venda (emptio-venditio).
Ora, os três elementos constituintes de uma emptio-venditio estão presentes: res (escravo
Germanicus), pretium (1500 sestércios) e a conventio (acordo entre as partes)
Uma das obrigações do vendedor é responder pelos vícios ocultos da coisa vendida. Se os
defeitos da res se manifestam depois da compra e venda, o comprador (Florianus) deveria
recorrer ao edi curul (e não ao pretor, como fez) sendo que a res se trata de um animal. O edil
curul conceder-lhe-ia uma das duas actiones aedicilae seguintes: uma actio redhibitoria
(permite a resolução do contrato), que obriga o vendedor ao pagamento do dobro do preço
(pretium) da res (neste caso, seria de 3000 sestércios) ou à restituição do pretium com juros. O
prazo para intentar esta ação era de 2 meses a partir do momento em que os vícios se
manifestaram, sendo que não houve uma declaração por parte do vendedor dando conta dos
mesmos vícios; ou uma actio aestimatoria, que permite ao comprador obter a diminuição do
preço proporcionalmente ao menor valor da res possuidora do vicio oculto. O prazo para
intentar a ação era 6 meses a partir do momento em que os defeitos se manifestaram (tendo
também em conta que não houve, por parte do vendedor, uma declaração dando conta dos
vícios da res).
Caso 10
Pode, pelo enunciado, concluir-se que o contrato em causa é um contrato de compra e venda
(emptio-venditi). A emptio-venditi é um contrato em que o vendedor (Ingenvinus) se obriga a
transferir para o comprador (Natalinus) a posse livre e pacífica de determinada res (taça),
enquanto o comprador se obriga a transferir para o vendedor uma a propriedade de uma
determinada pecúnia (200 sestércios). Temos, pois, os três elementos essenciais da emptio-
venditi: res (neste caso a taça de vidro), o pretium (neste caso, 200 sestércios) e a conventio
(acordo entre as partes).
Posto isto, conclui-se que Ingenvinus tem razão ao exigir o pagamento do pretium. Assim, o
pretor concedia ao vendedor a actio venditi.
Caso 11
a)
Pode, pelo enunciado, concluir-se que estamos na presença de uma locação (locatio
conductio)
Uma locatio-conductio é um contrato em que uma pessoa (locador) se obriga perante outra
pessoa (locatário) a proporcionar-lhe o uso temporário de uma coisa (locação de coisa (locatio-
conductio rei)), a prestar-lhe um serviço (locação de trabalho (locatio-conductio operarum)) ou
a realizar uma obra (locação de obra (locatio-conductio operis)), mediante o pagamento de
uma merces.
É um contrato consensual (sendo que a sua perfeição está unicamente depende do acordo
entre as partes), de boa fé, oneroso e bilateral perfeito.
Se, fortuitamente ou por força maior (chuvas), o apartamento sofresse fortes infiltrações pelo
teto, o locador era obrigado a cobrir os gastos que o locatário havia tido com as reparações. Se
tal não acontecesse, o locatário poderia recorrer ao pretor para este lhe conceder uma actio
conducti contra o locador, de forma a que este lhe pagasse os 1000 sestércios utilizados na
reparação do apartamento.
b)
Se, como o enunciado dá conta, Teophilus utiliza-se o imóvel para realizar festas, festas essas
que causavam a degradação do apartamento, este mesmo não cumpria a sua obrigação de
utilização do objeto nos modos acordados e teria de proceder à reparação dos danos
causados. O locador poderia recorrer ao pretor para que este lhe concedesse uma actio locati
contra Theophilus.
Caso 12
Podemos, através do enunciado, concluir que estamos perante uma sociedade (societa)
Societa é um contrato em que duas ou mais pessoas (socii) se obrigam reciprocamente a pôr
coisas e/ou trabalho e comum de forma a atingirem uma finalidade patrimonial comum.
Os lucros e as perdas devem ser igualmente distribuídos por toda a socii, a não ser que seja
acordado no contrato uma distribuição diferente. E é esse exatamente o caso neste problema.
Então, conclui-se que Petronius nada tem a fazer que não a responder por metade das perdas
geradas.