APRESENTAÇÃO DE UM PANORAMA GERAL DAS

INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS EM
SUSTENTABILIDADE: UMA ANÁLISE DE
PATENTES
JOÃO VITOR PROCÓPIO ANDRADE ROCHA – [email protected]
UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO - UFOP – JOÃO MONLEVADE

SERGIO EVANGELISTA SILVA – [email protected]

UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO - UFOP – JOÃO MONLEVADE

LUCIANA PAULA REIS - [email protected]

UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO - UFOP – JOÃO MONLEVADE

JUNE MARQUES FERNANDES- [email protected]

UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO - UFOP – JOÃO MONLEVADE

ANDRÉ LUIS SILVA - [email protected]

UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO - UFOP – JOÃO MONLEVADE

ÁREA: 9. ENGENHARIA DA SUSTENTABILIDADE

SUBÁREA: 9.3 – GESTÃO DE RECURSOS NATURAIS E ENERGÉTICOS

RESUMO: AS PATENTES POSSUEM ELEVADA IMPORTÂNCIA NO

CONTEXTO DA TRANSIÇÃO PARA UMA MATRIZ ENERGÉTICA SUSTENTÁVEL.
O ESTUDO INVESTIGA O PROBLEMA DA BAIXA REPRESENTATIVIDADE DE
PATENTES VOLTADAS PARA GERAÇÃO DE ENERGIA SUSTENTÁVEL E
EXPLORA AS POSSÍVEIS RAZÕES POR TRÁS DESSE CENÁRIO. UTILIZANDO
UMA ANÁLISE DE DADOS DE PATENTES REGISTRADAS NO PERÍODO DE 2001
A 2021 VINCULADAS AO INPI QUE FORAM CONSULTADAS NA DATA 03/05/2023.
O ESTUDO REVELA QUE A ENERGIA MECÂNICA É A PRINCIPAL FONTE
GERADORA, DEVIDO À MATURIDADE E DISPONIBILIDADE DAS TECNOLOGIAS
MECÂNICAS. A ENERGIA SOLAR, EMBORA SEJA LIMPA E ABUNDANTE, TEM
UMA PRESENÇA LIMITADA. DEVIDO AO ALTO CUSTO INICIAL E VARIAÇÕES
GEOGRÁFICAS NA DISPONIBILIDADE DE RADIAÇÃO SOLAR. DESTACA-SE A
REPRESENTATIVIDADE DA ENERGIA DE BIOMASSA NAS PATENTES,
EVIDENCIANDO SUA IMPORTANCIA NA MATRIZ ENERGÉTICA BRASILEIRA. O
GOVERNO BRASILEIRO TEM ADOTADO MEDIDAS PARA INCENTIVAR A
CRIAÇÃO DE PATENTES SUSTENTÁVEIS, ATRAVÉS DE PROGRAMAS E
POLÍTICAS PÚBLICAS.

PALAVRAS-CHAVES: PATENTES. ENERGIA SUSTENTÁVEL. BIOMASSA,

ENERGIASOLAR, ENERGIA MECÂNICA.
 PRESENTATION OF AN OVERVIEW OF
TECHNOLOGICAL INNOVATIONS IN
SUSTAINABILITY: A PATENT ANALYSIS
ABSTRACT: PATENTS ARE VERY IMPORTANT IN THE CONTEXT OF THE
TRANSITION TO A SUSTAINABLE ENERGY MATRIX. THE STUDY INVESTIGATES
THE PROBLEM OF THE LOW REPRESENTATION OF PATENTS FOCUSED ON
SUSTAINABLE ENERGY GENERATION AND EXPLORES THE POSSIBLE REASONS
BEHIND THIS SCENARIO. USING AN ANALYSIS OF DATA FROM PATENTS
REGISTERED IN THE PERIOD FROM 2001 TO 2021 LINKED TO INPI WHICH WERE
CONSULTED ON THE DATE 05/03/2023. THE STUDY REVEALS THAT MECHANICAL
ENERGY IS THE MAIN GENERATING SOURCE, DUE TO THE MATURITY AND
AVAILABILITY OF MECHANICAL TECHNOLOGIES. SOLAR ENERGY, ALTHOUGH
CLEAN AND ABUNDANT, HAS A LIMITED PRESENCE. DUE TO THE HIGH INITIAL
COST AND GEOGRAPHICAL VARIATIONS IN THE AVAILABILITY OF SOLAR
RADIATION. THE REPRESENTATION OF BIOMASS ENERGY IN THE PATENTS IS
STRESSED, EVIDENTING ITS IMPORTANCE IN THE BRAZILIAN ENERGY MATRIX.
THE BRAZILIAN GOVERNMENT HAS ADOPTED MEASURES TO ENCOURAGE THE
CREATION OF SUSTAINABLE PATENTS, THROUGH PROGRAMS AND PUBLIC
POLICIES.

KEYWORDS: PATENTS. SUSTAINABLE ENERGY. BIOMASS, SOLAR

ENERGY, MECHANICAL ENERGY.
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1. INTRODUÇÃO

O desenvolvimento sustentável é um tema amplamente discutido na atualidade, pois

busca conciliar o crescimento econômico, a preservação ambiental e a responsabilidade
social. Nesse contexto, a Engenharia da Sustentabilidade desempenha um papel trivial ao
propor e buscar soluções tecnológicas inovadoras que promovam a sustentabilidade em
diferentes setores. Um dos principais enfoques dessa área é a ênfase nas energias renováveis
como forma de minimizar a dependência de fontes de energia que não sejam renováveis e
mitigar os impactos ambientais.

Conforme Hinrichs, Kleinbach & Reis (2014) a transição para energias renováveis
tem sido considerada uma alternativa promissora para promover o desenvolvimento
sustentável. Energias renováveis, como a solar, eólica, hidrelétrica, biomassa e geotérmica,
têm sido objeto de inovações tecnológicas constantes, visando melhorar a eficiência e a
viabilidade econômica dessas fontes de energia.

No campo da Engenharia da Sustentabilidade, muitos estudos têm buscado

desenvolver tecnologias mais eficientes para a geração, armazenamento e distribuição de
energia renovável. Por exemplo, o avanço em painéis solares fotovoltaicos de última
geração, com maior eficiência na conversão de energia solar em eletricidade, tem
contribuído para a expansão do uso da energia solar (SANTOS, 2013). Além disso, as
turbinas eólicas têm se beneficiado de melhorias em sua capacidade de captar e converter a
energia do vento de forma mais eficiente (REIS, FADIGAS & CARVALHO 2012).

Contudo, é importante mencionar que a adoção em larga escala das energias

renováveis também apresenta desafios a serem enfrentados. A integração dessas fontes
intermitentes com as redes elétricas existentes, por exemplo, demanda investimentos em
infraestrutura e sistemas de armazenamento de energia (JR & REIS, 2016). Além disso, a
viabilidade econômica das energias renováveis ainda é um fator limitante em alguns
contextos, exigindo a implementação de políticas públicas e incentivos para torná-las mais
acessíveis (HINRICHS & KLEINBACH, 2014).

Diante desse contexto, este estudo investiga o problema da baixa representatividade

de patentes voltadas para geração de energia sustentável e explora as possíveis razões por
trás desse cenário. Ao final deste estudo, espera-se contribuir para a compreensão das
contribuições da Engenharia da Sustentabilidade para a promoção de um futuro mais

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sustentável, por meio do uso eficiente e disseminação das energias renováveis como parte
integrante de uma matriz energética mais limpa e responsável.

O artigo em questão apresenta uma estrutura abrangente e organizada, com o

objetivo de analisar o panorama das patentes relacionadas à geração de energia sustentável
no Brasil. A estrutura segue uma sequência lógica, iniciando com uma introdução que
contextualiza a importância da energia sustentável. Em seguida, são abordados aspectos
teóricos e conceituais sobre energia sustentável, importância global e benefícios ambientais
e econômicos. O desenvolvimento do artigo se baseia em dados estatísticos e análises,
destacando o número de patentes registradas, as tendências observadas e os desafios
enfrentados pelos inventores no setor de energia sustentável. Ao longo do texto, são citados
autores e estudos relevantes que embasam as discussões e fortalecem os argumentos
apresentados. Por fim, as considerações finais resumem as principais conclusões e oferecem
insights para futuras ações e pesquisas nessa área.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

A gestão de recursos naturais e energéticos é um campo de estudo multidisciplinar

que aborda estratégias e práticas para a utilização responsável e sustentável dos recursos
disponíveis. Brundtland (1991) introduziu o conceito de desenvolvimento sustentável,
enfatizando a importância de atender às necessidades presentes sem comprometer a
capacidade das futuras gerações de atenderem às suas próprias necessidades. Sua ideia
central é a necessidade de equilibrar o crescimento econômico, a justiça social e a proteção
ambiental.

Segundo Daly (1996) a economia deve estar ancorada em princípios ecológicos,

considerando os limites do ambiente e promovendo a equidade social por isso, critica o
paradigma do crescimento econômico ilimitado e propõe a ideia de uma economia estável e
sustentável. Dessa forma existe a necessidade de uma transição para uma economia de
estado estacionário, em que o desenvolvimento é medido em termos de qualidade de vida,
em vez de crescimento quantitativo.

Existe uma perspectiva a ser observada onde a sustentabilidade na aplicação de

energias renováveis devem envolver uma abordagem abrangente que considere diferentes
aspectos e benefícios. JR & Reis (2016) enfatizam a importância da combinação de fontes

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de energia renovável, tecnologias eficientes e práticas de gestão adequadas para alcançar um

desenvolvimento sustentável, sua tese central é que a gestão de recursos naturais e
energéticos deve ser baseada em estratégias integradas que considerem a disponibilidade, a
eficiência e a viabilidade técnica e econômica das fontes de energia renovável.

Para Goldemberg (2009) é de suma importância a diversificação da matriz energética

e redução das emissões de gases de efeito estufa por meio da adoção de fontes renováveis
para isso, a gestão de recursos naturais e energéticos deve priorizar a transição para fontes
de energia limpa e sustentável como uma medida fundamental para combater as mudanças
climáticas.

As inovações tecnológicas desempenham um papel fundamental na promoção de um

futuro energético mais sustentável, impulsionado pela necessidade de reduzir as emissões
de gases de efeito estufa e promover o uso de fontes de energia renováveis. Segundo Martin
Green, Ho-Baillie & Snaith (2014), a tecnologia de painéis solares fotovoltaicos tem sido
uma das inovações mais impactantes na geração de energia renovável. Essa tecnologia
converte a luz solar diretamente em eletricidade por meio de células solares. Avanços
recentes, como células solares de terceira geração e a utilização de novos materiais, têm
aumentado a eficiência e a competitividade dos sistemas fotovoltaicos.

Pinto (2012) destaca que a energia eólica tem se beneficiado de inovações

tecnológicas, como turbinas de maior capacidade eólica, aerogeradores offshore e sistemas
de controle inteligente. Essas inovações têm permitido a expansão da geração eólica,
aumentando sua eficiência e reduzindo os custos de produção. Conforme JR & Reis (2016),
a utilização de biomassa como fonte de energia renovável tem sido aprimorada por meio de
inovações tecnológicas, como processos de conversão mais eficientes, como a gaseificação e
a pirólise. Além disso, o desenvolvimento de técnicas avançadas de cultivo e colheita de
biomassa tem contribuído para a sustentabilidade dessa fonte de energia.

Tsatsaronis & Cziesla (2002) propoem o conceito de "recuperação de calor" como

uma forma de reutilizar a energia térmica desperdiçada em processos industriais para a
geração de eletricidade. Em seu trabalho, este autor destaca a importância de identificar
oportunidades de recuperação de calor em diferentes setores industriais e desenvolver
tecnologias eficientes para aproveitar essa energia desperdiçada. Ele ressalta que a
recuperação de calor não apenas reduz o desperdício de energia, mas também pode melhorar
a eficiência global do sistema e reduzir as emissões de gases de efeito estufa.

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Em uma outra vertente, Geidl (2005) aborda a reutilização de energia desperdiçada

em sistemas de distribuição de energia elétrica, propondo a utilização de dispositivos de
armazenamento de energia, como baterias, para capturar e reutilizar a energia excedente
gerada em momentos de baixa demanda. Essa abordagem permite maximizar a eficiência do
sistema de distribuição, reduzir perdas de energia e contribuir para a estabilidade da rede
elétrica.

Além disso, Lund et al. (2021) destaca a importância da utilização de tecnologias de

cogeração (combined heat and power - CHP) para a reutilização de energia desperdiçada.
Essas tecnologias permitem a geração simultânea de energia elétrica e térmica a partir de
uma única fonte de energia, aumentando a eficiência global do processo. Lund et al. (2021)
ressalta que a cogeração é particularmente vantajosa em setores com alta demanda por
energia térmica, como a indústria e o setor de aquecimento e refrigeração.

A gestão de recursos naturais e energéticos envolve uma abordagem multidisciplinar

eintegrada, considerando as ideias dos autores citados. É necessário equilibrar o crescimento
econômico com a proteção ambiental e a justiça social, adotando uma economia estável e
sustentável. As inovações tecnológicas desempenham um papel crucial na transição para
energias renováveis, impulsionando a eficiência e reduzindo os impactos ambientais. A
diversificação da matriz energética e a adoção de fontes limpas são fundamentais para
garantirum futuro mais sustentável.

3. METODOLOGIA

O presente estudo consiste em uma pesquisa qualitativa e exploratória, e que foi

desenvolvida por meio de consulta de patentes nacionais na área de geração de energia
elétrica renovável. Deste modo, a pesquisa utiliza a análise documental.

O levantamento dos trabalhos foi realizado na base de dados do Instituto Nacional da

Propriedade Industrial (INPI), por meio das seguintes strings: geração de energia elétrica
renovável e energia sustentável. A amostra estudada compreendeu o período de 2001 a
2023, devido à baixa publicação de patentes brasileiras sobre o tema. A busca foi feita
exclusivamente no idioma português e sem limitações geográficas quanto a origem dos
trabalhos em 03/05/2023.

Após a realização da primeira busca, que resultou em 151 documentos relevantes, foi
conduzida uma análise prévia (screening) por meio da leitura dos títulos e resumos. Nessa

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etapa, foram excluídas 135 patentes da amostra, uma vez que não estavam diretamente
relacionadas ao tema de energias renováveis, apesar de possuírem um enfoque em
sustentabilidade de forma geral.

A exclusão das patentes foi baseada na avaliação das informações disponíveis nos
títulos e resumos, com foco específico na identificação de menções e conexões com o
campo das energias renováveis. Essa abordagem garantiu que apenas as patentes mais
pertinentes e alinhadas com o escopo da pesquisa fossem consideradas para análises
posteriores. Como resultado desse processo de seleção, restaram 16 patentes que se
destacaram por apresentarem uma relação mais direta com as energias renováveis para uma
análise mais aprofundada.

As patentes foram avaliadas quanto a sua data de deposito e publicação a fim de

verificar a evolução das publicações ao longo do tempo e com o auxílio do software
MAXQDA, as patentes foram analisadas e verificado suas correlações e similaridade e real
potencial de aplicação. Para analise e codificação dos dados, foram criados códigos
relacionando a fonte primaria de energia e sua conversão além disso, a utilização das
ferramentas: nuvem de palavras, análise de tendências, relações casuais e análise
comparativa auxiliaram para a composição deste estudo.

4. RESULTADO DAS ANÁLISES

4.1. Resultado e análise geral de patentes emitidas no Brasil

Conforme dados pesquisados nas estatísticas do Instituto Nacional da Propriedade

Industrial, entre os anos de 2012 e 2021 foram solicitados 265.426 depósitos de patentes no
Brasil. Embora o número pareça ser expressivo, desse montante, apenas 151 patentes entram
na busca do objeto desejado deste estudo, que são consideradas como patentes verde. O
Gráfico 1, representa as patentes registradas no Brasil, analisando os dados observa-se
uma variação nos registros de patentes no Brasil ao longo do período de 2012 a 2021. Para
compreender melhor a evolução desses registros, podemos calcular o percentual de variação
em relação ao ano base, que será 2012.

A partir da comparação com o ano base, podemos observar que houve uma variação
positiva no ano de 2013, com um aumento de aproximadamente 0,8% em relação a 2012.
Entretanto, a partir de 2014, os números começaram a diminuir progressivamente,
apresentando uma taxa negativa de variação. Entre 2014 e 2021, o número de patentes

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registradas sofreu uma diminuição significativa, apresentando uma queda de

aproximadamente 20,8% em relação ao ano de 2012. Isso indica que houve uma
involuçãonos registros de patentes no Brasil durante esse período.

Essa redução pode indicar um desafio para a inovação e o desenvolvimento

científico e tecnológico no país, destacando a importância de políticas e incentivos para
estimular o registro de patentes e promover a proteção intelectual, principalmente na área de
sustentabilidade. É importante ressaltar que a proporção de patentes verdes levando em
consideração os registros de patentes no Brasil é de aproximadamente 0.0057%. Isso
significa que apenas uma pequena fração das patentes registradas está relacionada à
sustentabilidade e geração de energia renovável.

GRÁFICO 1 – Quantidade de patentes registradas no Brasil no período de 2012 a

2021 segundo base de dados do INPI.

Fonte: Autor (2023)

4.2.Resultado de análise qualitativa das patentes

A Tabela 1 consolida o baixo número de patentes voltadas para geração de energia

sustentável, esse fato pode ser atribuído a diversos fatores. Um deles é o custo elevado
associado à pesquisa, desenvolvimento e implementação de tecnologias renováveis.
Segundo Melo e Czarnobay (2013), o alto custo de desenvolvimento e a falta de
investimentos são desafios significativos para os inventores no setor de energia sustentável.

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Além disso, existe a necessidade de superar barreiras tecnológicas, como a eficiência

energética e a confiabilidade das tecnologias renováveis. Novas invenções nesse campo
requerem pesquisa intensiva, testes de viabilidade e, muitas vezes, demandam tempo para
alcançar um estágio comercialmente viável.

A predominância da energia mecânica como principal fonte geradora de energia

pode ser atribuída à sua maturidade tecnológica e disponibilidade em comparação com
outras fontes renováveis. Conforme destacado por Smil et al. (2017), as tecnologias
mecânicas, como a hidrelétrica e eólica, têm um histórico de desenvolvimento mais longo, o
que resultou em sua ampla implementação e eficiência comprovada. No entanto, é
importante destacar a necessidade de diversificar as fontes de energia para promover um
mix energético mais sustentável. A dependência excessiva de fontes não renováveis pode
levar a problemas ambientais, como a emissão de gases de efeito estufa e o esgotamento dos
recursos naturais.

Embora a energia solar seja uma fonte de energia limpa e abundante, é possível que a
sua menor presença no contexto das patentes se deva a alguns fatores. Segundo o estudo
realizado por Green, Ho-Baillie & Snaith (2014), um dos principais desafios da energia solar
é o custo inicial mais elevado de instalação de sistemas fotovoltaicos em comparação com
outras tecnologias renováveis. Apesar da redução nos custos dos painéis solares nos últimos
anos, o investimento inicial ainda pode representar um obstáculo para muitos inventores e
empresas interessados em desenvolver patentes nessa área.

É importante ressaltar conforme o histórico apresentado na Tabela 1, que no

intervalo entre 2001 e 2021 que foram as datas de depósitos de patentes, a energia solar, foi
a que teve menor quantidade de registros solicitados. É importante ainda pontuar que o
processo de geração dessa patente, utiliza a luz solar para gerar um processo de
termodinâmica, ainda não aproveitando opotencial completo da fonte solar.

TABELA 1 – Patentes extraídas da base de dados do INPI com tema de geração de

energiarenovável.

DATA DE DATA FONTE DE

PATENTE
DEPÓSITO PUBLICAÇÃO ENERGIA
SISTEMA DE GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA EM MOTO-
10/08/2001 02/09/2003 MECÂNICA
CONTÍNUO AUTO-SUSTENTÁVEL. (PI0106782-6A2)
PROCESSO SUNSTENTÁVEL DE GERAÇAO E DISTRIBUIÇAO DE
09/04/2008 24/11/2009 QUÍMICA
ENERGIA LIMPA. (PI0801284-9A2)

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SISTEMA DE GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA AUTO-

16/02/2006 06/11/2007 MECÂNICA
SUSTENTÁVEL. (PI0601505-0A)
PROCESSO DA BIOMASSA DO REAPROVEITAMENTO DOS
RESÍDUOS SÓLIDOS DOMICILIARES PARA GERAÇÃO DE 07/05/2012 01/04/2014 BIOMASSA
ENERGIA LIMPA E SUSTENTÁVEL. (BR102012010726-0A2)
PROCESSO E GERADOR MULTIMODAL PARA GERAÇÃO DE
ENERGIA ELÉTRICA NÃO POLUENTE ATRAVÉS DE EFEITO 21/11/2012 27/10/2015 QUÍMICA
CHAMINÉ E COMBUSTÍVEL NÃO POLUENTE.
(BR102012029539-3A2)
SISTEMA DE REAPROVEITAMENTO DE ENERGIA MECÂNICA E
27/09/2013 11 /08/2015 MECÂNICA
EÓLICA PARA GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA.
(BR102013024876-2A2)
SISTEMA E APARELHO CONSTITUIDO DE CÂMERA ROTATIVA
PARA FORMAÇÃO DO VÁCUO NA GERAÇÃO DE ENERGIA 30/04/2015 04/07/2017 VÁCUO
AUTO-SUSTENTÁVEL. (BR102015009803-0A2)
SISTEMA DE MOTO CONTÍNUO PARA GERAÇÃO DE ENERGIA
12/12/2016 17/07/2018 HIDRÁULICA
AUTO-SUSTENTÁVEL. (BR102016029133-0A2)
PROCESSO DE GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA RENOVÁVEL
ATRAVÉS DO APROVEITAMENTO DA ENERGIA MECÂNICA
16/01/2018 30/07/2019 MECÂNICA
DISPERSADA POR TEARES DE SERRARIAS DE PEDRAS
ORNAMENTAIS. (BR102018000908-7A2)
PROCESSO DE GERAÇÃO DE COMBUSTÍVEL, GASES
INDUSTRIAIS E ENERGIAS TÉRMICA E ELÉTRICA EXTRAÍDA DE 15/02/2019 15/09/2020 BIOMASSA
RESÍDUOS. (BR102019003104-2A2)
SISTEMA DE PRESSURIZAÇÃO PARA GERAÇÃO DE ENERGIA
19/02/2019 29/09/2020 PRESSÃO
AUTO-SUSTENTÁVEL. (BR102019003395-9A2)
GERADOR DE ENERGIA ELÉTRICA RENOVÁVEL E
23/09/2019 06/04/2021 GRAVITACIONAL
AUTOSSUSTENTADO. (BR102019019799-4A2)
SISTEMA DE GERADOR DE ENERGIA ELÉTRICO AUTÔNOMO. 02/12/2019 24/11/2020 MECÂNICA
TURBINA DE EIXO VERTICAL PARA IMPULSO MECANICO E
20/12/2019 06/07/2021 EÓLICA
GERAÇÃO DE ENERGIA. (BR102019027524-3A2)
CÂMARA DE RESSONÂNCIA PARA GERAÇÃO DE ENERGIA
24/09/2021 11/04/2023 RESSONÂNCIA
ELÉTRICA. (BR102021019141-4A2)
GERADOR, USINA TERMODINÂMICA E PROCESSOS PARA
FOTON - LUZ
GERAÇÃO, CAPTAÇÃO, ALIMENTAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO DE 25/10/2021 09/05/2023
SOLAR
ENERGIA ELETROMAGNÉTICA. (BR102021021403-1A2)
Fonte: Adaptado de INPE (2023)

Além disso, é importante considerar o contexto geográfico e climático de cada

região. Conforme apontado por Vian (2021), a disponibilidade de radiação solar varia de
acordo com a localização geográfica, o que influencia a viabilidade e a atratividade das
tecnologias solares em determinadas regiões. Apesar desses desafios, a energia solar
continua a se destacar como uma alternativa promissora e de baixo impacto ambiental.
Como mencionado por Reis, Fadigas & Carvalho (2012), a energia solar fotovoltaica
converte diretamente a luz solar em eletricidade por meio de painéis solares, oferecendo
uma fonte limpa e sustentável de energia. Com avanços tecnológicos contínuos e políticas
de apoio adequadas, espera-se que a energia solar desempenhe um papel cada vez mais
significativo na matriz energética global.

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Buscar investimentos em fontes de energias renováveis traz diversas vantagens tanto

para o meio ambiente quanto para a economia. A transição para fontes de energia renovável
contribui para a redução das emissões de gases de efeito estufa, mitigando os impactos das
mudanças climáticas. Além disso, essas fontes são consideradas mais sustentáveis, pois
utilizam recursos naturais abundantes e não se esgotam. Do ponto de vista econômico, o
investimento em energias renováveis pode estimular o crescimento econômico e a criação de
empregos. Segundo o relatório Renewable Energy and Jobs (2022) da Agência Internacional
de Energia Renovável (IRENA), o setor de energias renováveis empregou cerca de 11,5
milhões de pessoas globalmente em 2019, oferecendo oportunidades de trabalho e
impulsionando o desenvolvimento socioeconômico.

O governo brasileiro tem adotado medidas significativas para incentivar a criação de

patentes voltadas para a sustentabilidade e o desenvolvimento de tecnologias energéticas
renováveis. Segundo estudos de Turchi & Moraes (2017), o país tem buscado promover a
inovação nesse setor por meio de programas e políticas públicas específicas.
Destacam-se, entre eles, a Política Nacional de Biocombustíveis (RenovaBio) e o
Programa de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico em Energia Sustentável (P&D).

O RenovaBio, como mencionado por Roitman (2019), é uma iniciativa que visa
impulsionar o setor de biocombustíveis no Brasil, estimulando a produção e o uso de fontes
renováveis de energia, como o etanol e o biodiesel. Essa política tem como objetivo reduzir
as emissões de gases de efeito estufa e fortalecer a sustentabilidade no setor de transportes.
Ao incentivar a inovação e a pesquisa nessa área, o governo brasileiro busca impulsionar a
criação de patentes relacionadas à geração de energia limpa.

Por sua vez, o Programa de P&D, como ressaltado por Jannuzzi (2003), tem como
finalidade promover a pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias sustentáveis no país.
Através desse programa, o governo brasileiro destina recursos financeiros e apoio técnico
para projetos de pesquisa que visam o avanço de fontes de energia renovável e a criação de
soluções inovadoras. Dessa forma, busca-se estimular a criação de patentes no campo da
sustentabilidade energética.

Cabe destacar também o papel do Instituto Nacional de Propriedade

Industrial (INPI)
na proteção e registro de patentes. Conforme afirmado por Pinto (2018), o INPI
desempenha um papel fundamental ao oferecer suporte aos inventores e pesquisadores no
processo de proteção intelectual de suas criações. Através de um sistema eficiente de

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registro de patentes, o INPI contribui para incentivar a inovação e a criação de patentes

voltadas para a sustentabilidade no Brasil.

De acordo com estudos realizados por especialistas no campo de energias

renováveis, o Brasil é reconhecido como um país com imenso potencial para o
aproveitamento dessas fontes limpas e sustentáveis. Segundo Santos & Santos (2018), o
Brasil se destaca devido à sua vasta extensão territorial, que proporciona uma grande
diversidade de recursos naturais disponíveis para a geração de energia renovável. Além
disso, as condições climáticas favoráveis, como a intensidade da radiação solar e a presença
de ventos constantes em determinadas regiões, contribuem para a viabilidade dessas fontes.

A liderança do Brasil na produção de energia hidrelétrica e bioenergia também é

mencionada por Ridelensky (2021), que destacam o papel significativo dessas fontes na
matriz energética do país. A energia hidrelétrica, em particular, é uma fonte amplamente
explorada devido ao potencial dos rios brasileiros, resultando em um reconhecimento
internacional pela matriz energética limpa do Brasil.

No entanto, apesar desses avanços, ainda existem desafios a serem enfrentados,

como mencionado por Santos & Santos (2018). É fundamental diversificar ainda mais a
matriz energética, aumentando a participação de fontes como solar, eólica e de biomassa.
Para alcançar essa diversificação, é necessário um ambiente propício para investimentos em
pesquisa e desenvolvimento, conforme apontado por Santos & Santos (2018). Além disso, a
infraestrutura adequada, regulamentação eficiente e incentivos para o setor privado são
fatores essenciais para impulsionar a adoção dessas tecnologias e o desenvolvimento de
patentes voltadas para asustentabilidade.

A representatividade da energia advinda da biomassa na tabela que foi elaborada é

notável, com uma porcentagem significativa de 35%. Essa representação reflete a
importânciadessa fonte de energia renovável no contexto das patentes.

No cenário brasileiro, a geração de energia a partir da biomassa também é bastante

relevante. O Brasil é reconhecido internacionalmente como um dos principais produtores e
consumidores de bioenergia. De acordo com estudos realizados por Losekann e Hallack
(2018), a geração de energia a partir da biomassa no país é amplamente utilizada,
principalmente na forma de bagaço de cana-de-açúcar e resíduos agrícolas. Essa fonte
renovável desempenha um papel fundamental na matriz energética brasileira,
contribuindo para a diversificação da matriz e reduzindo a dependência de fontes não

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renováveis.

A representatividade da geração de energia de biomassa no Brasil está diretamente

ligada às características do país, como a abundância de recursos agrícolas e florestais. Essa
abundância de matéria-prima disponível, aliada aos avanços tecnológicos na produção de
bioenergia, possibilita o desenvolvimento de soluções inovadoras e o surgimento de patentes
relacionadas a essa área.

Autores como Ridelensky (2021) ressaltam que a geração de energia a partir da

biomassa desempenha um papel fundamental na transição para um modelo energético mais
sustentável. Além de ser uma fonte renovável, a biomassa também contribui para a redução
deresíduos agrícolas e florestais, proporcionando benefícios socioeconômicos e ambientais.

As 16 patentes apresentadas abordam diferentes aspectos da geração de energia

limpa e sustentável, explorando uma ampla gama de tecnologias e abordagens inovadoras.
Essas patentes representam contribuições significativas para enfrentar os desafios
ambientais e energéticos que enfrentamos atualmente. Dentre as patentes, destacam-se
aquelas relacionadas à geração de energia a partir de fontes renováveis amplamente
disponíveis. Embora com baixa representatividade o uso de energia solar fotovoltaica
demonstra o potencial de integrar de forma cada vez mais ampla a matriz energética do
Brasil.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A presente pesquisa analisou de forma abrangente o panorama das patentes

relacionadas à geração de energia sustentável no Brasil, buscando compreender a evolução,
as tendências e os desafios enfrentados nesse campo. Os resultados obtidos revelam insights
importantes e fornecem uma visão geral do cenário atual, destacando tanto os pontos
positivosquanto os pontos a serem melhorados.

Ao analisar os dados estatísticos, observou-se um baixo número de patentes voltadas

para energia sustentável em comparação com outras áreas tecnológicas, o que ressalta a
necessidade de maior investimento e incentivo nesse setor. No entanto, é importante
reconhecer que as patentes existentes abrangem uma ampla gama de tecnologias e
abordagens inovadoras, refletindo o potencial e a criatividade dos inventores brasileiros
nessa área.

Os resultados também destacaram a predominância da energia hidrelétrica e da

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bioenergia na matriz energética do país, bem como a crescente importância da energia solar,
sendo esta última ainda pouco explorada no país no que tange aos pedidos de patentes.
Embora essas fontes renováveis tenham sido exploradas de maneira significativa, é
essencial

promover uma diversificação ainda maior da matriz energética, integrando

tecnologias como energia eólica, biomassa e solar de forma mais ampla.

Foi verificado que o alto custo de pesquisa, desenvolvimento e implementação de

tecnologias renováveis, juntamente com as barreiras tecnológicas e a falta de investimentos,
são desafios significativos para os inventores no setor de energia sustentável. Portanto, é
fundamental fortalecer políticas públicas, programas de incentivo e infraestrutura adequada
que impulsionem a inovação e a criação de patentes nessa área.

Embora o presente estudo tenha fornecido insights valiosos, é importante ressaltar

que ele apresenta algumas limitações. Uma delas é o escopo restrito às patentes registradas
no Brasil, o que pode não refletir completamente o panorama global da inovação em energia
sustentável. Portanto, estudos futuros podem abranger uma análise mais ampla, envolvendo
uma perspectiva internacional e considerando também outras formas de produção científica,
como artigos científicos e relatórios técnicos.

Em suma, esta pesquisa contribui para o entendimento do panorama das patentes de

energia sustentável no Brasil, identificando desafios, tendências e oportunidades para
impulsionar a inovação nesse setor. Espera-se que os resultados obtidos inspirem ações
concretas e estratégicas por parte dos agentes envolvidos, promovendo um ambiente
propício para a criação e o desenvolvimento de tecnologias limpas e sustentáveis, visando
um futuro energético mais resiliente e ambientalmente consciente.

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