IED - 1º Teste
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RESUMOS 1º TESTE
ÍNDICE:
• O CONCEITO DE DIREITO
• AS FINALIDADES DO DIREITO
• PRINCÍPIOS E NORMAS
• O DIREITO E OS FACTOS
• DIREITO E CIÊNCIA
• CIÊNCIAS DO DIREITO
• OS SEUS PRINCÍPIOS
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Introdução ao Estudo do Direito
De uma forma simples, esses mesmos livros, dizem respeito a propostas de soluções
para a resolução de con itos. São, assim, o objeto de estudo do direito, já que o seu foco
é a resolução de problemas da sociedade e não a sociedade em sim mesma. Como
sabemos, o Homem é dotado de vontade própria e nem sempre se conforma com o
esperado e ditado por outras vontades, ou simplesmente pela lei. Assim, o estudo do
direito, é um estudo de casos, os chamados casos práticos, que na sua origem latina se
relaciona com aquilo que hoje chamaríamos de acidente. Também com o uso da palavra
“caso” como objeto do estudo do direito, encontramos a associação à palavra causa,
uma vez que cada con ito é uma causa, no sentido de razão que justi ca um ato.
“Ubi homo, ibi societas. Ubi societas, ibi ius” - onde está o homem, há sociedade. Onde
há sociedade, há direito. O ser humano é um ser social que necessita de viver em
sociedade, que constrói o seu próprio ser e a sua cultura. No entanto, temos uma enorme
falta de instintos e essa falta que é auxiliada pelas normas sociais, normas essas onde
está inserido o direito.
Quando estudamos o conceito de direito, pela sua origem etimológica, percebemos que
deriva da palavra latina derectum (reto), por oposição ao torto. Os latinos utilizavam esta
palavra para descrever aquilo que, hoje em dia, é o nosso signi cado de direito. No
entanto, a palavra que efetivamente representava o termo era ius. Apesar de não se usar
o termo ius em representação da palavra direito, há reminiscências dela em diversas
palavras como: jurista, jurídico, jurisprudência e justiça, que tem um especial destaque.
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Introdução ao Estudo do Direito
A justiça foi entendida ao longo da história e ainda hoje de diversas formas. Sendo uma
das mais antigas, a tradução para virtude. Assim a justiça era a virtude de saber dar a
cada um aquilo que é seu. No entanto já Platão dizia na sua obra República:
“o bom juiz não deve ser novo, mas idoso, tendo aprendido tarde o que é a injustiça, tendo
se apercebido dela sem a ter alojado na sua própria alma, mas tendo-a observado como
coisa alheia nos outros, durante muito tempo, para que, servindo-se do saber, e não da
experiência própria, compreenda o mal que ela é.”
Mais claramente a rmando que a Justiça é a virtude suprema, que reúne em si todas as
outras virtudes: sabedoria, coragem e temperança. Mais tarde, a Justiça foi entendida
também como prudência. Assim a jurisprudência seria a ciência do justo e do injusto que
veio exigir um tipo de ensino especializado.
- Direito Objetivo: Conjunto de normas suscetíveis de serem aplicadas pela força que
regulam a vida da sociedade. Estas normas provêm de uma autoridade com
competência para as criar. É um direito corporizado em norma jurídica e regula a
ação individual. (Ex: Estudou direito em Coimbra)
- Direito Subjetivo: É o direito individual de cada um. Uma pessoa é titular do direito e
tem o poder de exigir ou pretender de outrem um certo comportamento positivo
(ação) ou negativo (omissão). No direito subjetivo existe sempre um direito e um
dever. O direito é o poder de exigir e pretender, e o dever é o comportamento
positivo ou negativo. (Ex: O direito do inquilino foi lesado)
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Introdução ao Estudo do Direito
- Ciência do Direito: Consideração do Direito enquanto ciência (há quem diga que
direito não é uma ciência mas sim uma arte). É o estudo do Direito enquanto área do
saber nas suas múltiplas concretizações. (Ex: estudo do direito)
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Introdução ao Estudo do Direito
JUSNATURALISMO
Não se deve confundir Direito Natural com jusnaturalismo. O primeiro é concebido pelos
jusnaturalistas como uma realidade jurídica, por outro lado, o jusnaturalismo é a
interpretação ou a doutrina sobre o direito. O jusnaturalismo foi a primeira corrente a
surgir, aparecendo no século V a.C. Foi nesta loso a que o direito grego e romano se
sustentou, cada um com a sua maneira de interpretação. Independentemente da loso a
jusnaturalista a que nos referimos, é sempre notória a presença de um direito ambivalente
(DN vs DP) em que o direito positivo se positiva sempre no direito natural. Deste modo,
sabemos que para todos os jusnaturalistas o direito tem uma componente da vontade
humana, mas também uma componente de direito natural. Assim sendo, o direito natural
é de caráter suprapositivo, servindo de fundamento e de crítica ao direito positivo. O
direito natural não tem origem voluntarista, mas impõem-se à vontade humana, tendo
validade intrínseca e não dependendo do efeito cumprimento.
REALISMO CLÁSSICO
Antiguidade clássica até ao séc.17
Corresponde a um modo de compreensão do direito em que não existe uma
verdadeira separação entre direito natural e direito positivo. Concebe-se o direito
natural como direito objetivo, com uma dimensão real. Procura o direito nas coisas
e nas relações axiologicamente corretas. O direito natural era visto como
fundamento e medida de uma ordem unitária que comporta essa dupla face.
Ao aplicar direito, aplica-se de igual forma as duas conceções de direito, sendo
que os tribunais decidem aplicando o conjunto - sempre com o direito positivo
subjugado ao natural. Na corrente realista clássica, destacam-se Aristóteles, a
experiência jurídica e S. Tomás de Aquino.
JUSRACIONALISMO
Séc. 17 - 17
Ocorre na época do Iluminismo, onde predominava uma atitude antropocêntrica -
acreditavam que era possível o homem encontrar a racionalidade perfeita. O
conceito de direito natural deixa de ser associado aquilo que era defendido no
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Introdução ao Estudo do Direito
realismo clássico e passa a ser visto como direito perfeito ideal. Seríamos capazes
de o imaginar, mas não era aplicado nos tribunais. O jusracionalismo é um passo
na direção de pensar de outra forma, caminhando para o juspositivismo.
JUSPOSITIVISMO
O jusracionalismo do séc. 18 foi a porta de abertura à rejeição do direito natural, e
consequentemente, à aceitação do positivismo jurídico. Apesar de já existir uma atitude
jurídica, apenas no séc. 20 a expressão positivismo jurídico veio a ser vulgarizada. A
origem da expressão positivismo é bipartida:
- Aparece associada à identi cação do estudo de direito estadual
- Aparece relacionada com o positivismo losó co
Segundo o professor Castanheira Neves, uma característica comum a todas as
subcorrentes do juspositivismo é a sua atitude normativista perante o direito. Uma outra
característica dominante desta corrente é a rejeição do direito natural e da metafísica. As
suas principais linhas de força são: o positivismo francês, o positivismo britânico e o
positivismo alemão.
A. POSITIVISMO FRANCÊS
Foi tributário das ideias jusracionalistas, de defesa de um direito natural de caráter ideal.
Nasce associado à revolução francesa de 1789 e à necessidade de legitimação do poder
revolucionário. Para legitimar o seu poder, os revolucionários recorreram a Rousseau, um
autor francês do Iluminismo, que defendeu que o fundamento do direito é a
vontade geral.
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Introdução ao Estudo do Direito
Uma vez que as leis criadas eram consideradas perfeitas, acreditava-se que estas iriam
vigorar para sempre, olhando-se com desagrado para a possível interpretação de uma
lei. Estas eram tão perfeitas que eram quase autoaplicáveis - “o juiz era a mera boca que
pronuncia as palavras da lei”. Com a revolução francesa aparece o primeiro código, o
código de Napoleão. O direito positivo dos códigos era direito natural positivado e única
fonte de direito.
B. POSITIVISMO BRITÂNICO
É uma subcorrente com um pensamento diferente dos outros, que é representada,
principalmente, por Bentham e Austin. Reduziram os princípios morais a uma ética
utilitarista e estabeleceram uma rigorosa separação entre moral (direito natural) e direito.
Este não era a vontade do povo, mas sim a do soberano. Não exerciam as relações
jurídicas como fruto de um dever moral, exerciam-nas por medo da sanção.
C. POSITIVISMO ALEMÃO
Para estes positivistas, o direito natural era visto pela ótica do jusracionalismo. Savigny foi
um autor com maior destaque nesta corrente, tendo procurado olhar para o direito como
algo que surge nas comunidades e nos costumes da sociedade. O nascimento do direito
é explicado pela cultura de cada povo, em cada época histórica. O direito positivo está
ligado à cultura, às vivências e experiências, sendo a expressão do espírito de cada
povo. É uma manifestação cultural da história de cada povo, e por isso, é limitado no
tempo e no espaço.
Como se pode observar, algo comum a todas as subcorrentes é o facto de o direito ser
igual à vontade:
Mas se dizemos que o direito é a expressão da vontade de cada uma destas entidades,
estamos a “abrir a porta” das ciências jurídicas para outras áreas.
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Introdução ao Estudo do Direito
A “Teoria Pura” do Direito só é possível graças a dois conceitos base do seu pensamento:
A ciência jurídica é uma ciência do dever ser na exata medida, em que descreve que
prevêem consequências, tendo por isso natureza puramente normativa. Assim , a norma
jurídica não traduz um comando ou imperativo, mas é antes logicamente indicativa, no
sentido de que liga a concorrência de um facto condicionante a uma consequência ou
ação. De forma distinta, a lei natural expressa uma relação de causa e efeito, que se
impõem inelutavelmente, enquanto a norma jurídica traduz um “dever ser”, que é uma
indicação de consequência. Lei natural é do domínio da causalidade, já a norma jurídica
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Introdução ao Estudo do Direito
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Introdução ao Estudo do Direito
A importância das normas será apenas ajudar a prever o que os juizes farão. O realismo
escandinavo caracteriza-se pelo seu empirismo extremo: entre facto e norma existe uma
continuidade. Só se reconhecem normas suscetíveis de veri cação empírica. A sua
validade não é intrínseca, mas antes resulta daquele mesmo juízo de probabilidade de
aplicação pelos juízes, que sociedade realiza. Assim, a ciência do Direito deve limitar-se
a estudar o Direito que existe, deixando de lado o problema do dever ser.
Críticas: Ciência das profecias; Sociologia do Direito; necessidade de reconhecimento
de normas gerais.
Estas 3 grandes teses foram aceites pela maioria dos positivistas e acomodaram-nos na
sua visão de um direito fáctico.
As teorias positivistas criaram um modo alternativo (ao Jusnaturalismo e à moral) de
legitimação do Direito: a regra de reconhecimento. Esta regra trata-se de um expediente
de legitimação meramente formal, que assenta na ideia de que em cada sociedade
existe uma regra, que a própria sociedade autoinstitui, quanto às normas que devem
considerar-se jurídicas e, enquanto tais, vigentes. A questão da legitimação do Direito, da
sua criação, deixa de ser um assunto que diga respeito ao seu conteúdo, para passar a
residir exclusivamente em aspetos formais extrínsecos, como por exemplo, a
proveniência da norma de certos órgãos ou a observância de certo procedimento de
criação. Rejeita-se a ideia jusnaturalista de que o Direito se legitima pela correspondência
do seu conteúdo a certos princípios morais em vigor em cada sociedade.
O reconhecimento de fontes sociais para o Direito é a solução para a pergunta sobre a
origem, sentido e conteúdo exato das normas jurídicas vigentes em cada momento.
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Introdução ao Estudo do Direito
Identi ca-se o Direito com a própria pratica social que determinará quais as fontes
válidas de produção do Direito. Esta compreensão do Direito como conjuntos de normas
haveria de conduzir à inevitável admissão da sua incapacidade para prever e regular
todas as situações jurídicas. Esta incompletude natural do sistema jurídico resolve-se,
nas teorias positivistas, pela adesão à tese da discricionariedade judicial. Cabe ao juiz
decidir, discricionariamente, o que fazer nos casos para os quais não encontre norma
aplicável.
• Hoje o Direito tem de ser percebido como facto ou fenómeno social, como conjunto
de hipóteses com consequências determinadas
• O Homem não deixa de sentir o Direito com a sua identi cação à norma, isto é, a um
conjunto sistemático de regras obrigatórios
• O Homem possui ainda, em relação a estas normas, a expectativa da realização
através delas de certos padrões axiológicos
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Introdução ao Estudo do Direito
Facto Valor
Norma
Não é apenas o Direito que nos oferece uma experiência normativa. Veri camos que
também com o Direito convivem outras formas de normatividades, tais como:
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Introdução ao Estudo do Direito
Nas sociedades ocidentais não existe uma combinação entre Direito e religião. No
entanto, é importante admitir que a mera presença social destas restantes formas de
vinculação dos cidadãos a um “dever ser”, não deixa de representar um precioso auxílio
para a e cácia do Direito, na medida em que este faz uma indicação de conduta
coincidente com a daquelas.
Num caso como o da criminalização do homicídio, este preceito jurídico resulta forçado
na sua e cácia social, pela adesão espontânea dos membros de uma sociedade que
aceita simultaneamente como norma moral, e até religiosa, a proibição de matar. O
Direito necessita da moral para obter uma mais perfeita adesão dos cidadãos às suas
diretrizes, isto é, necessita de ser suportado pela consciência ética da comunidade.
Também o inverso é verdadeiro, ou seja, que a admissibilidade jurídica de certa prática
social pode ter um efeito sobre a sua aceitabilidade moral, jogando com uma perceção
social frequente, que pressupõe a existência de coincidência entre Direito e moral. Nem
tudo o que é lícito é honesto, mas isso não obsta à persistência de uma certa
identi cação social entre Direito e ética, em geral. Certos setores sociais têm sido
historicamente tentados a recorrer às normas jurídicas para impor certos valores morais
que não registavam su ciente acolhimento espontâneo das populações.
Existe uma distinção clássica entre práticas sociais ditas normativas e não normativas.
Esta distinção assenta no facto de nem todos os usos sociais serem percebidos como
vinculativos pelos membros da sociedade. Todas as sociedades assumem, com caráter
de regularidade, certos usos sociais, que fazendo parte da sua cultura, não são
reconhecidos como tendo caráter obrigatório, como, por exemplo, a forma de vestir,
existência de hábitos sociais relativos às rotinas diárias, entre outros.
Por outro lado, existem práticas sociais que têm um elevado destaque por assumirem um
caráter de obrigatoriedade social - de “dever ser”-, existindo uma pressão social com
vista ao seu cumprimento e, em consequência, um juízo de reprovação em caso de
violação: os usos sociais vinculativos (regras de trato social; normas morais propriamente
ditas).
O segundo grupo de normas sociais apresenta uma inegável semelhança com as normas
jurídicas, quer pela sua natureza impositiva, quer pela existência de uma certa forma de
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Introdução ao Estudo do Direito
coação, em que vem consistir o juízo de reprovação social. Os traços que permitem
distinguir as práticas sociais normativas e normas jurídicas são:
Mesmo no seio das normas morais, houve ainda quem identi casse 3 tipos de regras
éticas de acordo com a sua fonte:
• Moral individual: cada um forma para si próprio, a partir da ideia de bem aceite, numa
con guração pessoal
• Moral religiosa ou losó ca: assenta sobre uma crença partilhada por um dado grupo
social em certa religião, ou loso a, e cujo código ético se aceita voluntariamente
• Moral social ou positiva: corresponde às exigências éticas de certa sociedade, num
dado momento, traduzíveis pelos usos ou praticas sociais aí aceites, com caráter
vinculativo
Práticas sociais
não normativas
Normatividades
sociais não Ordem Jurídica
jurídicas
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Introdução ao Estudo do Direito
Aquando da distinção entre direito e moral, a análise levada a cabo pela Escola de Direito
Natural, sendo ela a primeira referência doutrinal, visualiza a norma na ideia de contrato e
na vontade individual, servindo de base a teorias como as de Thomasius e Kant.
THOMASIUS
A primeira doutrina sobre os critérios distintivos das normas jurídicas e morais foi
elaborada por Thomasius.
Este autor estabeleceu a distinção sobre o critério da exterioridade vs interioridade e
também da coercibilidade vs incoercibilidade.
Coercibilidade Incoercibilidade
Sendo a esfera do Direito, o plano da Sendo a esfera da Moral, o plano da
exteriorização dos nossos comportamentos é interiorização, esta a gura-se incoercível, já
possível notar que as autoridades sociais que atua na consciência, que é insondável. Se
competentes possam atuar para exigir a o cumprimento da norma moral for extorquido
conformidade das nossas ações aos ditames pela força, deixa de poder ser visto como um
das normas jurídicas. ato moral.
KANT
O contributo de Kant for ter acrescentado uma outra característica que permite realizar a
distinção entre Autonomia da Moral vs Heteronímia do Direito.
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Introdução ao Estudo do Direito
Heteronímia do Direito
Autonomia da Moral
O Direito é heterónimo, na media em que a
Pertence à moral no sentido em que exige a
adequação ao sentido da norma assenta,
conformação do indivíduo com a regra moral,
pura e formalmente, sobre a conduta do
por imperativo categórico, autonomamente
indivíduo independentemente de esta ser
reconhecido e imposto.
motivada por interesse.
“Há bilateralidade atributiva quando duas ou mais pessoas se relacionam segundo uma
proporção objetiva que as autoriza a pretender ou a fazer garantidamente algo”
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Introdução ao Estudo do Direito
Foram referidas as diferenças entre as normas jurídicas e morais. No entanto, não deixam
de existir semelhanças que são, para alguns, irrelevantes. Porém, para os restantes, são
necessárias na medida em que o Direito seria o mínimo da moralidade necessário tornar
obrigatório de modo a assegurar a sobrevivência do homem em sociedade.
De acordo com a teoria do mínimo ético, defendida por José Dias Ferreira no século XX, o
Direito é o mínimo de moralidade que é necessário tornar obrigatório para assegurar a
sobrevivência do Homem em sociedade. Assim, tudo aquilo que é jurídico é moral, mas
nem tudo o que é moral é jurídico: o Direito vinha, por esta via, a coincidir com um núcleo
duro da moral e um mínimo de exigência ética. Esta teoria não colhe, na exata medida em
que encontramos no Direito normas que são neutras do ponto de vista ético e até normas
contrárias às exigências éticas, em obediência a outras nalidades que o Direito também
visa.
De acordo com a teoria do mínimo ético, defendida por José Dias Ferreira:
Moral
Direito
Direito Moral
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Introdução ao Estudo do Direito
Um Princípio é um padrão que deverá ser observado, não porque favoreça ou assegure
uma situação económica, política ou social que se considere desejável, mas porque é
uma exigência da justiça, da equidade ou de alguma outra dimensão da moralidade. Os
princípios não são a justiça ou equidade, mas algo que decorre destas entidades, da
esfera ética. Os princípios representam mandatos de otimização, enquanto as normas
representam mandatos de determinação. As normas distinguem-se dos princípios
porque contém uma instrução, preceito ou imposição imediatamente vinculantes,
enquanto os princípios não são imediatamente aplicáveis, sem a mediação do legislador
ou juiz. Os princípios precedem e determinam as normas e é dos valores que derivam os
princípios.
Existe uma clara relação entre as diferentes conceções losó cas sobre o Direito e o
reconhecimento, ou não, da sua vinculação a certas nalidades. O jusnaturalismo
mostrou-se, desde o início, mais recetivo a esta vinculação, pelo espaço que concedeu
ao conceito de valor no contexto jurídico, tendo por isso adotado uma abordagem
nalista ao Direito, com especial destaque para a ideia da realização da Justiça. Por outro
lado, o juspositivismo parece, nas atuais reformulações, mais apto para criar as
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Introdução ao Estudo do Direito
Castanheira Neves adota uma conceção do Direito alinhada com a ideia de que o Direito
é uma ordem com sentido e que esse sentido do Direito lhe é dado pelas “intenções
axiológicas” a cumprir. Ou seja, uma ideia de que o Direito resulta de uma escolha
humana realizada tendo em vista que se cumpram certas e determinadas expectativas.
O conjunto de características sobre as normas jurídicas, ainda que explique a sua forma
de atuação, não é um veiculo adequado para proceder à sua fundamentação, só
acontecendo com uma conceção nalista do direito. Um dos problemas mais levantados
acerca das conceções nalistas tem a ver com o caráter objetivo ou subjetivo das
nalidades atribuídas ao Direito: os céticos dirão que estas são sempre variáveis e de
acordo com as personalidades dos diferentes sujeitos do direito. A nalidade do Direito
pressupõe a ideia de que o Direito existe sempre em contexto social, logo é a expectativa
do tudo social sobre o Direito aquela que importa e não a que corresponde ao interesse
de cada um.
Os ns associados ao Direito:
- Justiça
- Ordem e paz social
- Segurança jurídica
- Bem comum
- A liberdade e a igualdade
JUSTIÇA
É a mais tradicional das nalidades associadas ao Direito, presente já na loso a grega,
signi cando, segundo Ulpianus, a perpétua e constante vontade de atribuir a cada um o
que é seu. Um dos problemas gerais que pode suscitar-se tem a ver com a coexistência
destes valores, por exemplo, a segurança jurídica pode parecer obrigar ao cumprimento
da lei injusta. Prefere-se uma noção de justiça em que esta pode entender-se como
síntese das exigências de igualdade, liberdade, segurança e legitimidade. Exige-se a
necessidade de que se pense a justiça em termos substanciais, em permanente esforço
de aperfeiçoamento, mas como objetivo constante e intrínseco à própria ideia de Direito.
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Introdução ao Estudo do Direito
SEGURANÇA JURÍDICA
Por segurança entende-se o desenvolvimento de uma vida normal individual e coletiva. A
segurança jurídica opera em dois planos:
BEM COMUM
As contínuas reformulações das exigências sociais impuseram a sua substituição pelas
expressões “interesse público”, interesse geral ou de “consenso”. Mesmo aceitando que
o justo é a realização do bem comum, várias posições defendem coisas distintas. Reale
a rma que estas posições podem ser:
• Individualistas - identi ca a ordem social justa com aquela que satisfaz o interesse de
cada indivíduo, tendendo estes a harmonizar-se espontaneamente na sociedade
• Transpersonalistas - consideram o bem do todo uma condição imprescindível para a
felicidade individual, propugnando por isso a preponderância dos valores coletivos
• Personalista - argumentando que existe uma permanente tensão entre individual e
social, de modo que um permanente esforço de harmonização seja constantemente
necessário.
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Introdução ao Estudo do Direito
LIBERDADE E IGUALDADE
A liberdade e igualdade estão ligadas à própria ideia de justiça. A liberdade justi ca a
existência de um conjunto de direitos individuais básicos, já a igualdade trata o seu
reconhecimento nos seus amplos termos. Existem dois planos de igualdade:
Hoje há pelo menos, re etido nos diferentes Direitos ocidentais, um tríplice entendimento
da liberdade:
• Liberdade como autonomia na esfera jurídica para atuar sem interferência alheia
• Liberdade como participação na vida política
• Liberdade como prestação a exigir do Estado
1. A IDEIA DE SISTEMA
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Introdução ao Estudo do Direito
Santiago Nino procurou condensar os traços distintivos do sistema jurídico. Seriam eles: a
normatividade, a coatividade e a institucionalização.
NORMATIVIDADE
Não é uma característica exclusiva do sistema jurídico, uma vez que coexistem com este
outros sistemas normativos, como a moral e a ética. O sistema compõem-se de um
conjunto de enunciados (normas) de onde podemos deduzir a existência de certas
consequências normativas (permissão ou proibição de certos comportamentos)
associada à veri cação de determinadas ocorrências ou factos. As normas são os
átomos do sistema jurídico, mas nem só de normas se compõem os sistemas jurídicos, os
quais também compreendem enunciados com outro género de conteúdo, por exemplo,
de nições de conceitos.
COATIVIDADE
Nos sistemas jurídicos encontramos a possibilidade de estabelecer uma garantia coativa
de cumprimento de normas jurídicas, que assenta sobre um conjunto de regras cujos
propósito não é senão o de disciplinar o uso da força de autoridade pública. A coação foi
uma das notas distintivas da norma jurídica face a outras normatividades socais,
designadamente a moral.
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INSTITUCIONALIZAÇÃO
Há quem entenda que ainda assim as características anteriores não são su cientes para
estabelecer uma linha clara de fronteira entre sistemas jurídicos e sistemas de natureza
religiosa ou moral. Esta linha só caria nítida pela existência, no sistema, de um conjunto
de normas que permitam não só reconhecer quais as regras válidas que pertencem ao
sistema, mas também as entidades a quem se reconhece socialmente autoridade para
criar, modi car e extinguir as regras do sistema, e bem assim proceder à sua aplicação.
A existência destas normas dentro do sistema jurídico é o que o torna um sistema
institucionalizado.
UNIDADE
Muito embora os ordenamentos jurídicos sejam compostos por uma multiplicidade de
elementos, é necessário que esse conjunto se apresente como uma unidade. Isto
depende obviamente das relações entre as normas jurídicas, devendo estas ser
estruturadas segundo critérios que permitam a sua plena articulação. O ordenamento
jurídico identi car-se-á como um complexo de normas uno, situado em certo momento
histórico e com referência a determinado território.
COERÊNCIA
A coerência é entendida como ausência de contradições entre normas possuidoras do
mesmo âmbito de validade. A probabilidade de encontrarmos dentro do ordenamento
jurídico normas cujo sentido seja contraditório é uma realidade incontornável. As
oportunidades para o surgimento de contradições são demasiado frequentes, uma vez
que são criadas por diferentes órgãos e vários indivíduos - quando 2 normas se anulam
uma à outra, entramos numa anomia.
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Introdução ao Estudo do Direito
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Art.7º
(Cessação da vigência da lei)
1. Quando se não destine a ter vigência temporária, a lei só deixa de vigorar se for
revogada por outra lei.
2. A revogação pode resultar de declaração expressa, da incompatibilidade entre as novas
disposições e as regras precedentes ou da circunstância de a nova lei regular toda a
matéria da lei anterior.
3. A lei geral não revoga a lei especial, exceto se outra for a intenção inequívoca do
legislador.
4. A revogação da lei revogatória não importa o renascimento da lei que esta revogara.
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Introdução ao Estudo do Direito
PLENITUDE
A plenitude relaciona-se com a certeza e segurança jurídica que o Direito deve garantir.
A rmar que o ordenamento jurídico pleno implica que nele se contenham normas que se
apliquem a qualquer caso concreto que necessite de uma solução jurídica, excluindo
qualquer hipótese de vazio ou lacuna. Porém, é impossível o legislador criar normas
aplicáveis a todo e qualquer caso que justamente solicitasse o Direito. A plenitude do
ordenamento jurídico não haverá de ser fruto da inexistência de lacunas, mas antes
assenta sobre a existência de soluções que permitam encontrar uma resposta normativa
para aquelas, dentro e fora dos limites do ordenamento jurídico. Essa solução vem sendo
encontrada por diversas vias
1. Os casos que a lei não preveja são regulados segundo a norma aplicável aos casos análogos.
2. Há analogia sempre que no caso omisso procedam as razões justificativas da regulamentação do
caso previsto na lei.
3. Na falta de caso análogo, a situação é resolvida segundo a norma que o próprio intérprete
criaria, se houvesse de legislar dentro do espírito do sistema.
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Introdução ao Estudo do Direito
INDEPENDÊNCIA
A independência traduz a ideia de que o ordenamento jurídico não poderá estar
submetido a outros ordenamentos de nível superior, estando por isso intrinsecamente
ligado à noção de soberania. Cada ordenamento jurídico vê-se confrontado com a
necessidade de regular situações que possuem conexões relevantes com distintos
ordenamentos além de si próprio. Vê-se também confrontado com a necessidade de
encontrar soluções para problemas cuja natureza e dimensão imponham uma disciplina
regulada por acordo entre os diversos ordenamentos jurídicos (ex: Direito Internacional
Público e o Direito Internacional Privado).
ESTABILIDADE
A estabilidade resulta da prossecução da segurança e certeza jurídicas que se espera
do Direito e, portanto, do assegurar de uma justiça efetiva. Tem-se veri cado uma
tendência crescente para uma multiplicação imparável de leis e regulamentos, cujo efeito
tem sido avassalador. A lei de outrora era uma tentativa de de nição em abstrato de uma
ordem de justiça e estabilidade, onde possibilitava ao cidadão conformar a sua ação com
liberdade e responsabilidade, suportando o compromisso de conhecimento de Direito
(entre nós estabelecido no art.6º do CC), apesar de tudo assumido como exigência
razoável. A lei hoje é sobretudo lei-medida. É uma tentativa de solução e reação face a
problemas concretos, que por isso se multiplica e muda a cada instante. O ónus de
conhecimento da lei acaba convertendo-se numa imposição cínica para o cidadão, em
lugar de serem sinónimo de rede de proteção. Impõem-se que se rea rme a estabilidade
como característica imprescindível dos ordenamentos jurídicos. Esta estabilidade terá de
ser assegurada através de uma estrutura sólida de princípios gerais de Direito, com
assento constitucional.
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Artigo 6º
(Ignorância ou má interpretação da lei)
A ignorância ou má interpretação da lei não justifica a falta do seu cumprimento nem isenta as
pessoas das sanções nela estabelecidas.
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Introdução ao Estudo do Direito
Existem outras entidades no Direito para além das normas, como, os princípios. Vários
autores se têm referido à existência de princípios de Direito, ainda que com algumas
variações.
Castanheira Neves distingue 3 categorias de princípios:
• Princípios positivos: expressão historicamente determinada de intenções políticas,
sociais, éticas, dominantes na sociedade em certo momento.
• Princípios transpositivos: consistem nos princípios normativos-jurídicos
fundamentais que sobreviveriam às mudanças históricas, convertendo-se em
adquiridos irrenunciáveis da própria ideia de Direito (ex: principio da legalidade,
principio do controlo jurisdicional, principio contraditório)
• Princípios suprapositivos: próprios de instituições jurídicas, que correspondem a
vetores aglutinadores das ideias centrais que presidem ao desenho dos distintos
intuitos jurídicos.
A norma tem uma dimensão linguística, dado que toda a norma é uma preposição
normativa. De um modo geral, a norma transmite uma ordem para adotarmos, ou nos
abstermos de certa conduta. A norma realiza a função de enunciar condutas devidas e
enunciar interesses que devam prevalecer.
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PREVISÃO
NORMA
JURÍDICA:
ESTRUTURA
LÓGICA
ESTATUIÇÃO SANÇÃO
• Estatuição: Conduta estabelecida a ser observada a seguir à previsão, que pode ser
de facere ou de non facere
O autor Bobbio sugeriu uma noção de sanção mais ampla que englobaria as
consequências agradáveis ou desagradáveis que o sistema jurídica atribui à observância
ou inobservância das suas normas.
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• Sanções retributivas: consistem numa penalidade para quem viola uma norma
jurídica (exemplo: execução especí ca).
• Sanções reparadoras: abarcam todas as que visam compensar, atenuar ou anular
os efeitos da violação (exemplo: indemnização)
Não é pací ca a inclusão da sanção como elemento estrutural das normas jurídicas. Por
esta razão, a coação é um elemento essencial ao Direito.
imperatividade
violabilidade
NORMAS JURÍDICAS:
coercibilidade
CARACTERÍSTICAS
generalidade
abstração
IMPERATIVIDADE
A norma é um comando de conduta, ou seja, é impositiva - impõe um certo
comportamento. Uma vez que se aplique a norma, a estatuição impõe-se
incondicionalmente, categoricamente.
VIOLABILIDADE
A norma jurídica não enuncia uma regra com o mesmo caráter necessário das leis da
física. Num pressuposto de liberdade, podemos sempre violar a norma, cando sujeitos à
sanção aí estipulada, sem que daí advenha a sua perda de validade.
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COERCIBILIDADE
Enquanto possibilidade da norma se impor pela coação.
GENERALIDADE
Não tem um especí co destinatário, mas uma pluralidade de destinatários. As normas
jurídicas dirigem-se, indiscriminadamente, a todos os sujeitos que possam encontrar-se
na situação hipotética descrita.
ABSTRAÇÃO
Não visa uma situação concreta, mas um número indeterminável de situações. A norma
jurídica não se refere a uma determinada e especí ca ação ou comportamento, mas a
uma categoria ou tipo de ação e comportamento.
Podemos a rmar que o comando jurídico contido na sentença judicial é individual e
concreto, enquanto o da norma é geral e abstrato.
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NORMAS INTERPRETATIVAS
São normas que visam explicitar o sentido de outras normas ou de expressões usadas
nos negócios jurídicos - exemplo de normas interpretativas da lei: art. 1º/2; 349º; 363º;
874º; 1022º do CC. Exemplo de normas interpretativas de negócio jurídico: art 2262º e
2263º do CC. Estas normas, têm destinatários particulares, os interpretes do direito, e
desempenham uma função instrumental no ordenamento jurídico - dão-nos ferramentas
para melhor interpretamos outras normas. Há quem defenda que estas normas não são
na realidade normas jurídicas pois não são acompanhadas de uma sanção.
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CODIFICAÇÃO
Um código constitui sempre um conjunto de textos de Direito apresentados num conjunto
coerente e sistemático. Os códigos são mais do que uma simples compilação de
disposições legais: são obras unas, motivadas pelo desejo de renovar o tratamento de
certa matéria, reunindo de forma sistemática e coerente um conjunto de disposições
normativas com certa aspiração de perenidade. São um fator de unidade política e
integração social e favorece a coerência, a clareza e segurança na aplicação do Direito.
PARTES GERAIS
É frequente utilizarem-se partes gerais na elaboração sistemática do Código. Dizem
respeito às questões que se colocam transversalmente ao longo de todo o código. Trata-
se de uma técnica que visa evitar desnecessárias repetições, xando desde logo os
princípios gerais aplicáveis. Ou seja, reúnem-se aí disposições que são comuns aos
diferentes objetos de regulação.
DEFINIÇÕES
Outra das técnicas frequentemente utilizadas é a de inserir de nições (ex: art 202º CC).
Trata-se de normas não autónomas que realizam um propósito do legislador.
• Alguns autores, como Bulygin, recusam-se a reconhecer às de nições legais caráter
de enunciado normativo. Nesta perspetiva as de nições legais não seriam realmente
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normas, embora em conexão com outras normas do sistema jurídico pudessem ter
relevância normativa.
• Outros autores, como Alex, partilham da opinião contrária, a rmando que as
de nições legais possuem um verdadeiro caráter normativo, sem a necessidade de
as articular com as outras.
PRESUNÇÕES LEGAIS
As presunções legais traduzem uma operação lógica que permite, com base na lei,
retirar de um facto conhecido um facto desconhecido (ex: art. 349º do CC). As
presunções legais podem ser de dois tipos:
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- Absolutas (iuris et de iure): são incontestáveis por não admitirem prova em contrário
(ex: art 1260º/3 do CC)
CONCEITOS INDETERMINADOS
O ordenamento jurídico compreende um conjunto de conceitos determinados, cujo
conteúdo está xado solidamente e é a base da ciência do Direito e da segurança
jurídica que este oferece. O Direito procura conter, também, as propriedades necessárias
para permitir a sua exibilização e ajustamento às contingências sociais de tempo, lugar
e modo. Em homenagem a esse objetivo de exibilização, o legislador utiliza também
conceitos indeterminados, que necessitam de um preenchimento valorativo, em sede de
aplicação do Direito (ex: conceitos de boa-fé, justa causa, ordem pública). Alguns desses
conceitos são mesmo gradativos, já que o aplicador do Direito tem, na sua
concretização, de proceder a um escalonamento (ex: culpa grave).
• Individualizar as soluções
• A adaptação de certas normas às particularidades dos casos
• À mudança do tempo
• Ao ajustamento do Direito aos princípios éticos determinantes
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CLÁUSULAS GERAIS
Podem de nir-se como normas de campo de aplicação inde nido. Estão diretamente
ligadas à utilização dos conceitos inde nidos, uma vez que tornam possível atuar de
modo a adequar a norma à situação. Em vez de regularem tipos casuísticos de situações
determinadas, deixam a hipótese de nida em termos tão amplos que permite ao seu
aplicador uma maior exibilização na operação silogística. O legislador opta por
estabelecer cláusulas gerais para se opor à inadequação da regulamentação casuística -
esta realidade implica sempre o risco de gerar lacunas de regulamentação (prever de
menos) ou execuções (prever de mais).
O Direito pode e deve ser estudado como fenómeno e como facto. Neste contexto,
surgem os contributos de diferentes ciências sobre o Direito, tais como a sociologia
jurídica. Esta visa o estudo das condições empíricas da e cácia do Direito, procura levar
a cabo o estudo da in uência recíproca entre Direito e sociedade e preocupa-se com o
problema da atualização social dos valores e respetivo re exo nas mudanças dos
ordenamentos jurídicos.
O Direito atua sobre a realidade apreendendo-a e tipi cando-a num conjunto de factos
que a norma descreve na sua previsão e cuja veri cação determina a aplicação da sua
indicação prescritiva. Eis, pois, o motivo pelo qual é imprescindível a consideração, em
cada processo judicial, da factualidade à qual deverá aplicar-se a norma. Identi camos
dois momentos processualmente distintos, mas que se implicam mutuamente:
• Questão de facto
• Questão de Direito
Em cada processo judicial, o juiz deverá começar por apreciar a existência ou não de
certos factos (os alegados na ação como determinantes de aplicação do Direito) e a sua
exata con guração, para logo depois determinar qual a norma aplicável. Este momento
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inicial tem uma grande importância para o desfecho da ação, pois determina em grande
medida o destino das pretensões que estão em causa.
A produção de prova no processo incide sobre os factos e é regulada por regras próprias
que o Direito estabeleceu, em grande medida como veículo de concretização do valor de
verdade, mas também em certos casos determinados por outros valores, tais como a
proteção da relação cliente/advogado.
O próprio Direito pode ser objeto de prova. É o que acontece no nosso ordenamento
jurídico com o costume e com o Direito estrangeiro. Aqueles que pretendam acolher-se a
uma norma consuetudinária ou a uma norma jurídica de um ordenamento jurídico que
não seja o português veem recair sobre si o ónus da prova.
A verdade a que se chega no contexto do processo judicial não tem o mesmo caráter da
verdade cientí ca nem da verdade sagrada das religiões. É o resultado da construção
possível a partir do que se a gura mais verosímil, dentro dos poderes de cognição
delimitador pelas regras processuais do Direito. Está verdade, por vezes, não coincide
com a realidade dos acontecimentos aos quais se pretende adequar.
A quem cabe fazer a prova dos factos? A regra geral é a de que recai sobre os litigantes
a prova dos factos cuja alegação e veri cação depende da viabilidade da pretensão que
querem fazer vingar na ação - Ónus da Prova.
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• Mas o mesmo não acontece se, invocado o prejuízo, aquele mesmo litigante não
mencionou as regras de Direito face às quais lhe assistiria um Direito à indemnização.
A distinção entre matéria de facto e matéria de Direito nem sempre é demasiado nítida.
Os factos que interessam ao processo são apenas aqueles que são juridicamente
relevantes. Logo, a consideração jurídica dos factos não pode deixar de estar implicada
na sua própria certi cação probatória, porque a veri cação de alguns factos jurídicos
depende de estarem reunidos um conjunto de requisitos fácticos que os litigantes têm de
procurar estabelecer e o julgador con rmar, e que as normas jurídicas pré-estabelecem.
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Percebe-se que se aceite uma conceção que alia a vigência à validade e e cácia, sendo
estas todas mutuamente dependentes. A vigência implica a referência aos valores que
estiveram na origem da norma e depende também das condições fácticas capazes de
assegurar a vigência social. Esta perspetiva (em que a validade adquire uma conotação
material) não é, no entanto, coincidente com as respostas que o positivismo legalista e o
realismo escandinavo dirão ao problema da validade.
• Positivismo: A validade de uma norma depende da sua relação com as outras normas
do sistema jurídico em que se integra, em particular com as de valor superior.
• Realismo escandinavo: O termo validade converte-se até certo modo num sinónimo
de e cácia.
Kelsen entendia a e cácia com o signi cado de cumprimento pelos homens das
indicações contidas nas normas jurídicas, pelo que a e cácia predica a conduta humana,
mas não o Direito. Enquanto a questão da validade é eminentemente jurídica e pertence
ao objeto da ciência jurídica, já a e cácia é algo que pertenceria ao universo da
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sociologia. A e cácia funcionará, todavia, como condição da validade, uma vez que uma
norma só pode ser considerada válida quando pertence a um sistema normativo que
seja, no seu conjunto e caz.
3. A INEFICÁCIA DO DIREITO
Uma das queixas constantes acerca do Direito diz respeito à sua falta de cumprimento,
ou seja, a que não é e caz. Dir-se-á que o Direito é ine caz por sua culpa exclusiva,
pelos seus defeitos de conceção, pelos seus excessos regulativos, pelas suas múltiplas
contradições e pela sua obscuridade. São igualmente causas de que o Direito não se
cumpra:
A grande questão está em saber o que fazer quando uma norma se nos revela (ou ao
juiz) absolutamente injusta. É evidente que devemos obediência à lei, e o nosso Código
Civil é particularmente explícito ao considerar que o juiz não pode afastar a sua aplicação
sob pretexto de ser a lei injusta. No século XIX, em França, H. D Thoreau negou-se a
pagar impostos argumentando que com esse dinheiro o Estado compraria armamento. A
justi cação do seu ato, a que se designou de “desobediência civil” fez doutrina. O direito
de resistência é, entre nós, um direito legal, mas sobre ele se pode argumentar que tem
uma existência suprapositiva, como direito natural. Poder-se-á dizer que, nestes casos
extremos, a obediência à norma é que constituiria uma desobediência ao Direito.
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Será a ciência do Direito uma verdadeira ciência? A crítica mais célebre à cienti cidade
do Direito veio de Kirchmann: “A jurisprudência não é ciência” (1847). No seu núcleo
estava a questão, incontestável, de que o objeto de estudo da jurisprudência é o Direito
positivo, logo, um objeto variável e inconstante. As ciências naturais reúnem as notas de
universalidade, estabilidade e até imutabilidade, a que o Direito não pode aspirar. Porém,
no século XX procedeu-se a uma revisão profunda do conceito de ciência, tendo sido
abandonados muitos destes dogmas. Na perspetiva de Karl Popper, a ciência evolui por
uma série de tentativas e erros sucessivos, desligando-se, assim, da imagem sacraliza
que detinha.
Cada etapa vencida, cada teste ultrapassado vitoriosamente, é-o apenas de modo
provisório, até futura prova contrária.
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• Filoso a do Direito
• História do Direito
• Sociologia do Direito
• Direito Comparado
• Metodologia Jurídica
• Direito Comparado
• Psicologia do Direito
Critério do interesse
Critério da qualidade dos sujeitos
Critério da posição dos sujeitos
As teses que se têm utilizado para proceder à distinção são muitas e variadas, sendo que
apena se irão abordar as mais signi cativas.
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CRITÉRIO DO INTERESSE
Segundo o critério do interesse:
• Encontramos normas de Direito Público que cuidam da proteção dos interesses dos
particulares (escritura pública no Direito Civil)
• Encontramos normas de Direito Privado que visam a tutela de interesses de
natureza pública (audição do interessado no Direito Administrativo)
Novamente aqui, encontramos relações jurídicas que não correspondem a estes modelos
típicos. Que dizer das relações entre Estados ou das relações que se estabelecem no
âmbito do Direito do Trabalho?
Uma aplicação combinada com a atuação à qualidade dos sujeitos permite considerar
como relações de Direito Público todas aquelas em que participassem entes de Direito
Público no uso do seu ius imperii (relação de supra-infra-ordenação).
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Introdução ao Estudo do Direito
Paralelamente, seriam relações de Direito Privado todas aquelas em que o ente de Direito
Público actuasse despido do seu poder de autoridade, ou seja, numa situação de
paridade com a contraparte privada.
Persistem mesmo assim muitas situações em que uma classi cação inequívoca é difícil.
Acresce que o contínuo movimento de desenvolvimento e expansão do Direito tem
originado o aparecimento de ramos de Direito híbrido. Há, todavia, alguns ramos de
Direito que são tradicionalmente compreendidos no Direito Público e no Direito Privado.
Importa, contudo, referir que o Direito é uma unidade e esta divisão é arti cial, embora
possa ter alguma relevância e alcance prático e teórico.
• Princípio da Legalidade
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• Princípio da responsabilidade
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