TCC Nayara Renata Duarte Perez - Finalizado PDF
TCC Nayara Renata Duarte Perez - Finalizado PDF
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Belo Horizonte
2022
NAYARA RENATA DUARTE PEREZ
Belo Horizonte
2022
P438e Perez, Nayara Renata Duarte
Efeitos dos exercícios terapêuticos em idosos com artrite reumatoide: revisão da
2022 literatura. [manuscrito] / Nayara Renata Duarte Perez – 2022.
23 f.: il.
CDU: 615.8-053.9
Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária Sheila Margareth Teixeira Adão, CRB 6: n° 2106, da
Biblioteca da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional da UFMG.
RESUMO
With demographic and epidemiological aging and increased life expectancy, the
elderly population with rheumatoid arthritis is enlarging. Rheumatoid Arthritis (RA) is a
chronic inflammatory autoimmune disease that affects the synovial membranes of
peripheral joints and is the most common inflammatory polyarthritis. RA is a chronic
destructive disease, causing functional and physical limitations, involving a range of
motion, muscle strength, balance, global pain, morning stiffness, and joint sensitivity,
causing not only physical disorders, such as irreversible joint deformities generated by
the disease, but also social ones, such as loss of work capacity, psychological ones,
loss of quality of life, and even financial ones. Among the non-invasive techniques used
in the approach to RA are physical exercises. Exercise as a form of treatment can
provide improvements in the physical and psychological functioning of patients with
different rheumatic diseases, reducing their systemic manifestations, improving
functional capacity, physical fitness, strength, and cardiovascular health, as well as
improving fatigue and reducing pain. The objective of this study was to verify, by means
of a literature review, which are the effects of therapeutic exercises in elderly people
with rheumatoid arthritis. A search in Scielo, PubMed, Cochrane, and PEDro
databases was carried out using the descriptors rheumatoid arthritis, pain,
functionality, exercise, elderly, elders, olders, physical therapy, rehabilitation, and their
similar ones in Portuguese. To support this review, 7 studies were included. The
analyzed articles showed several benefits of exercise for elderly people with
rheumatoid arthritis, such as improved functionality, aerobic capacity, physical fitness,
depression, fatigue, endothelial function, and arterial stiffness, decreased regulatory T
cells, increased muscle strength, and improved self-efficacy and global health
impression. Therefore, we conclude that the studies showed that the practice of
physical exercises is beneficial to health, and these data contribute as scientific
evidence to guide physical therapists in the clinical practice of prescribing exercises to
improve elderly patients with rheumatoid arthritis.
AR – Artrite Reumatoide
ACR – American College of Rheumatology
DMARDs – Drogas Antirreumáticas Modificadoras da Doença
DCV – Doenças Cardiovasculares
DeCS – Descritores em Ciências da Saúde
GI – Grupo Intervenção
SARAH – Stretching and Strengthening for Rheumatoid Arthritis of the Hand
DP – Desvio Padrão
AVD´S – Atividades da Vida Diária
PCR – Proteína C Reativa
DAS28 – Disease Activity Score 28
IL-10 – Interleucina 10
HAQ DI – Índice de incapacidade do Health Assessment Questionnaire
MFI-20 – Inventário de Fadiga Multidimensional
MHQ – Michigan Hand Outcome Questionnaire
Células T – Células Tregs
Células B – Células Bregs
STS – Sit to Stand
Fadiga VAS – Fadiga na Escala Visual Analógica
MFI-20 – Inventário de Fadiga Multidimensional
HADS – Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão
LTPAI – Leisure Time Physical Activity Inventory
RAPID 3 – Avaliação de rotina dos dados do índice do paciente 3
FMD – Dilatação mediada por fluxo
baPWV – Velocidade da onda de pulso do tornozelo braquial
SF-12 – Short Form Health Survey
PGIC – Escala de impressão global de mudança do paciente
EuroQol (EQ5D) – Questionário de Qualidade de Vida (EQ5D)
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................... 8
2 MÉTODOS ....................................................................................................................... 11
3 RESULTADOS ................................................................................................................. 12
4 DISCUSSÃO..................................................................................................................... 18
5 CONCLUSÃO ................................................................................................................... 23
REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 24
8
1 INTRODUÇÃO
A Artrite Reumatoide (AR) é uma doença autoimune inflamatória crônica, que atinge
as membranas sinoviais das articulações periféricas. Tem como característica o
acometimento simétrico das pequenas e grandes articulações, em sua maioria
afetando mãos e pés (MOTA et al., 2012), sendo a poliartrite inflamatória mais comum
(WILLIAMSON et al., 2017). Segundo a Sociedade Brasileira de Reumatologia, afeta
duas vezes mais mulheres que homens, tendo seu início entre 30 e 40 anos, sendo
que sua incidência vai aumentando com o avanço da idade (Sociedade Brasileira de
Reumatologia, 2021). No Brasil, a prevalência de AR variou entre 0,2% a 1% em
adultos, com estimativa de 1,3 milhões de pessoas acometidas no país. Já nos países
em desenvolvimento, a doença é mais frequente, e acomete, de 1% a 3% da
população mundial (COSTA et al., 2014).
A AR é uma doença crônica destrutiva, que causa limitações funcionais e físicas, que
envolvem a amplitude de movimento, a força muscular, equilíbrio, dor global, rigidez
matinal e a sensibilidade articular (SILVA et al., 2010), causando não só transtornos
físicos, como as deformidades irreversíveis das articulações geradas pela doença,
mas também as sociais, como a perda de capacidade laboral, psicológica, como a
perda da qualidade de vida, e até mesmo financeira. Os custos para o tratamento da
AR podem ser altíssimos, isso se deve tanto por fatores diretos, devido aos diversos
gastos com medicamentos, com profissionais de saúde e hospitalares; tanto por
fatores indiretos, como a perda da produtividade pessoal, absenteísmo, e pagamento
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de aposentadoria por invalidez, por conta da perda da atividade laboral (MOTA et al.,
2012).
Com o passar dos anos, além das mudanças fisiológicas que acontecem no corpo,
como a imunossenescência (SERHAL et al., 2020), os impactos da Artrite Reumatoide
no processo de envelhecimento são profundos, visto que a doença é acometida por
uma desregulação no sistema imunológico, aumentando os riscos do idoso que possui
AR, ter outras doenças autoimunes, infecções e desenvolvimento de câncer (LANGE
et al., 2019).
Os exercícios físicos trazem diversos benefícios para a saúde do idoso. Dentre eles,
auxilia na liberação de miocinas anti-inflamatórias no músculo esquelético, diminuindo
a gordura visceral, que por sua vez libera adipocinas pró-inflamatórias. Além disso,
revitaliza seu sistema imunológico, promovendo uma função imunológica mais
saudável (ANDERSSON et al., 2020).
Dessa forma, o presente estudo tem como objetivo verificar, por meio de uma revisão
de literatura, quais os efeitos dos exercícios terapêuticos em idosos com artrite
reumatoide.
11
2 MÉTODOS
Trata-se de uma revisão da literatura realizada por meio de ensaios clínicos com e
sem randomização, pesquisados nos seguintes bancos de dados: Scielo, PubMed,
Cochrane e PEDro, entre os meses de abril a junho de 2022.
Os critérios de inclusão dos estudos inseridos foram artigos publicados nos últimos
dez anos, nos idiomas português e inglês, realizados em seres humanos, sem
distinção de gênero e com média de idade superior a 60 anos. Os estudos que não
preencheram esses critérios foram automaticamente excluídos.
12
3 RESULTADOS
Foram encontrados no total, 137 artigos: SciELO: (n=18), Cochrane: (n=42), PubMed:
(n=67) e PEDro: (n=10). Destes, foram excluídos 123 artigos por leitura de título e
resumos, por abordarem outros temas, diferentes do estudo proposto, outros por
serem revisões sistemáticas ou intervenções farmacológicas.
No total, 14 artigos foram selecionados para leitura completa. Dos 14 artigos
escolhidos, 3 foram excluídos por não estarem de acordo com o tema, outros 3 foram
excluídos por conta da idade dos participantes não serem compatíveis e, 1 artigo não
foi encontrado completo. Para a realização deste estudo, foram selecionados 7
artigos, conforme apresentado na Figura 1.
Excluídos: (n=7)
Lange et al. (2019), utilizou o Health Assessment Questionnaire (HAQ DI) como
desfecho primário para avaliar o índice de incapacidade dos participantes. Como
desfechos secundários, os autores fizeram testes de capacidade aeróbica, teste de
resistência da bicicleta, o STS, o Timed Up and Go (TUG), e a medição da força de
flexão de cotovelo.
4 DISCUSSÃO
O programa de exercícios para mão SARAH, demonstrou que a médio e longo prazo,
apresentou benefícios na melhora da função da mão. Com relação a força de
preensão manual e à dor, não houve melhoras significativas comparadas ao grupo de
cuidados habituais. Efeitos positivos foram encontrados também no seguimento
atividade da doença, medida pelo número de articulações inchadas e sensíveis. Além
disso, o estudo de Lamb et al. (2015) verificou que o exercício dobrou o efeito na
realização de atividades de vida diária, trabalho, satisfação (medido pela subescala
do MHQ), e confiança para gerenciar os sintomas da doença, tendo um bom custo-
benefício quando comparado aos tratamentos feitos por medicamentos. Esse
importante estudo, deve ser considerado para a prática clínica, pois o número de
participantes foi significativo (n=490), apresentou um programa de exercícios
específicos para Artrite Reumatoide (SARAH), e que idosos com AR apresentaram
melhoras significativas funcionais e motoras em relação ao grupo controle.
19
baixa atividade da doença, algo que pode ter influenciado nos resultados do Índice de
Incapacidade.
O estudo de Lange et al. (2020), sobre mudança na atividade física e aptidão física,
demonstrou que após 4 anos da randomização, a maioria dos participantes (21,3%),
disse manter a atividade física nos últimos 6 meses, antes do estudo. Mas, não houve
mudanças entre grupos da quantidade total de atividade física autoavaliada após 4
anos. Já em relação ao nível basal, houve aumento da quantidade total de atividade
física no grupo intervenção, mas não no controle. Sobre a aptidão física, não houve
mudanças nos testes entre os grupos. O Timed Up and Go (TUG) e STS, não
apresentaram mudanças após os 4 anos. Mesmo tendo aumento na quantidade de
atividade física, a resistência não se manteve, segundo os autores, esse declínio físico
pode estar relacionado à idade e, precisa-se de uma atividade estruturada para
manter os níveis de aptidão.
No grupo controle houve aumento do relato de dor (p=0,035), fadiga (p= 0,023),
aumento do número de articulações sensíveis (p= 0,028) maior atividade da doença
(p= 0,007) e piora da saúde global (p=0,004) quando comparado ao basal, enquanto
o grupo exercício permaneceu no mesmo nível do basal (LANGE et al., 2020). Os
autores interpretaram este resultado salientando a necessidade da atividade física
para este grupo, e como o exercício pode apresentar uma resposta protetora para
estes fatores. Tanto no estudo pós intervenção como neste após 4 anos, os
pesquisadores não encontraram mudanças nos marcadores inflamatórios, que se
21
Andersson et al. (2020), utilizou os dados do estudo de Lange et al. (2019), para a
continuação da pesquisa com foco nas células reguladoras do sistema imunológico
em idosos com AR, sendo o grupo intervenção (n=24) e, grupo controle (n=25). Os
exercícios de moderada a alta intensidade melhoraram a capacidade aeróbica e a
força muscular no grupo de intervenção. Os resultados deste estudo mostram que no
grupo de intervenção, o exercício de intensidade moderada a alta reduziu os níveis
séricos de IL-10, bem como a frequência de Tregs e Bregs, ou seja, populações de
células imunes adaptativas regulatórias na circulação. Os efeitos nas Tregs foram
mais pronunciados nas participantes do sexo feminino. Entretanto essa redução não
foi acompanhada por uma mudança no escore de atividade da doença, mas por uma
melhora na percepção de saúde do próprio paciente.
Nesse estudo, a força muscular da perna, avaliada pelo teste de sentar e levantar, Sit
To Stand (STS), e a capacidade aeróbica, melhoraram significativamente. O grupo
intervenção também melhorou a pressão arterial sistólica e IMC. Não houve
alterações significativas na Proteína C Reativa (PCR), no Disease Activity Score 28
(DAS 28), no Índice de Atividade Clínica da Doença (CDAI), Questionário de Avaliação
de Saúde – Índice de Incapacidade (HAQ-DI), o que foi inesperado para os autores,
pois outros estudos já haviam relatado melhoras, principalmente, do escore de
atividade da doença (DAS 28). Esses resultados, reforçam o que já foi preconizado
em estudos anteriores sobre a atuação dos exercícios no sistema imunológico de
idosos (CAMPOS et al., 2021; EL-KADER; AL-SHREEF, 2018).
Kucharski et al. (2019), fez uma análise secundária com os mesmos dados, mas sobre
os aspectos psicológicos como fadiga, ansiedade e depressão. Os resultados
mostraram que na fadiga e depressão o programa de exercícios obteve efeitos
significativos, mas não nos sintomas de ansiedade. A fadiga é algo que é muito
relatado pelos pacientes de AR, e é denominada como um sintoma dominante e
perturbador da doença (KUCHARSKI et al., 2019). O estudo de Kucharski et al. (2019),
derivado da pesquisa de Lange et al. (2019), verificou que nas subescalas de fadiga
física do MFI-20 (Inventário de Fadiga Multidimensional) (p=0,002) e fadiga mental
22
Shin et al. (2015), abordou sobre os efeitos do exercício de Tai Chi no risco de
doenças cardiovasculares, incluindo rigidez arterial e função endotelial, com foco em
mulheres idosas com AR. As participantes (n=56), foram divididas no grupo exercício
de Tai Chi (n=29) e grupo controle (n=27), que receberam informações sobre
modificação do estilo de vida, como cessação do tabagismo e redução de peso, além
de orientações sobre exercícios regulares. Os resultados do estudo apontam que o
o exercício de Tai Chi melhorou o perfil lipídico dos participantes, diminuindo o
colesterol total significativamente do grupo de exercícios (-7,8), em relação ao grupo
controle (2,9). Essa mudança no perfil lipídico, pode desencadear uma melhora na
disfunção endotelial e da rigidez arterial.
Outro resultado apresentado no estudo foi que a Dilatação Mediada por Fluxo (FMD)
da artéria braquial, e a Velocidade da Onda de Pulso Braquial-Tornozelo (baPWV),
apresentaram alterações. A FMD teve um incremento significativo no grupo Tai Chi e
não teve no grupo controle. A baPWV teve uma redução significativa no grupo
exercício em relação ao grupo controle. A pressão arterial, frequência cardíaca,
atividade da doença (DAS 28) e a incapacidade funcional, não apresentaram
diferenças significativas entre os grupos avaliados. Os autores acreditam que a prática
do Tai Chi pode ser uma ferramenta complementar para prevenir doenças
cardiovasculares, e uma alternativa para exercícios físicos.
23
5 CONCLUSÃO
Os estudos analisados nesta revisão, mostraram vários benefícios dos exercícios para
os idosos que apresentam artrite reumatoide, tais como a melhora da funcionalidade,
da capacidade aeróbica, da aptidão física, da depressão, fadiga, função endotelial e
rigidez arterial, diminuição das células T reguladoras, aumento de força muscular e
melhora da autoeficácia e da impressão global de saúde. Nos estudos que tinham
como desfecho a dor, houve alguns que obtiveram resultados de diminuição da dor,
outros, não apresentaram diferenças significativas quando comparados a linha de
base.
REFERÊNCIAS
ANDERSSON, Sofia E.M. et al. Moderate- to high intensity aerobic and resistance
exercise reduces peripheral blood regulatory cell populations in older adults with
rheumatoid arthritis. Immun Ageing, v.16, n.17, p.12, 2020. Disponível em:
https://search.pedro.org.au/search-results/record-detail/61124. Acesso em: 30
abril 2022.
LAMB, Sarah E. et al. Exercises to improve function of the rheumatoid hand (SARAH):
a randomised controlled trial. The lancet. v. 385, n. 9966, p.421-429, 2015. Disponível
em: https://www.thelancet.com/journals/lancet/article/PIIS0140-6736(14)60998-
3/fulltext. Acesso em: 30 abril 2022.
METSIOS, George S., KITAS, George D. Physical activity, exercise and rheumatoid
arthritis: Effectiveness, mechanisms and implementation. Best Practice & Research
Clinical Rheumatology, v.32, n.5, p.669-682, 2018.
SILVA, Kelson N.G. et al. Balance training (proprioceptive training) for patients with
rheumatoid arthritis. Cochrane Database of Systematic Reviews 2010, Edição 5.
Disponível em:
https://www.cochranelibrary.com/cdsr/doi/10.1002/14651858.CD007648.pub2/full.
Acesso em: 30 abril 2022.
SHIN, Jeong-Hun et al. The beneficial effects of Tai Chi exercise on endothelial
function and arterial stiffness in elderly women with rheumatoid arthritis. Arthritis Res
Ther v.17, n.380, 2015. Disponível em:
https://link.springer.com/article/10.1186/s13075-015-0893-x. Acesso em: 02 maio
2022.