Organizações Qualificantes Ou A Qualificação Do Exercício Do Trabalho

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Organizaes Qualificantes ou a Qualificao do Exerccio do Trabalho

Actividade 6 - Organizao Qualificante vs Qualificao no Trabalho Esta actividade teve por base a anlise de quatro textos. O primeiro texto intitulado Aprendizagem profissional no contexto de processos inovadores a nvel de empresas. Implicaes no domnio da formao profissional de Dybowski (1995), onde tnhamos de identificar em que medida e de que modo podemos diferenciar uma formao no trabalho deslocalizada do espao do exerccio do trabalho de uma formao no trabalho fortemente articulada com os espaos do seu exerccio. O segundo texto com o nome de A aprendizagem no local de trabalho no mbito da reforma organizativa na indstria transformadora de Onstenk (1995) que focava questes como a aprendizagem no local de trabalho e a formao no local de trabalho. O terceiro texto Organizao qualificante e modelos de competncia: que razes? Que aprendizagens? de Zarifian (1995), identificava o que e uma organizao qualificante e referia a aquisio de competncias sobre a organizao e no seio da mesma. Por fim, o ltimo texto Organizao qualificante, coordenao e incentivo de Mallet (1995), diz respeito s diferenas entre uma organizao qualificante e outros modelos de organizao, ou seja, qual a noo de competncia, que perspectiva de formao se admite associada ao trabalho, como equaciona a relao entre autonomia e produo de aprendizagens e como possvel conceber a qualificao do trabalho num sistema rgido de delimitao de saberes e profisses. Segundo Mallet (1995) a autonomia constitui um importante incentivo a nvel interno. Neste artigo so refutadas duas ideias, a ideia de que a autonomia no trabalho necessria ao desenvolvimento de uma coordenao eficaz no seio das organizaes, uma vez que as novas formas de prescrio substituem as anteriores. No entanto, tambm nega o facto de a autonomia ser importante e necessria para que uma organizao possua um carcter formador. A coordenao entre os indivduos constitui um tema primordial para a eficcia das organizaes. Uma organizao s qualificante se comportar possibilidades de

aprendizagem para todos, ou para a maioria dos indivduos. O carcter formador a que o autor se refere diz respeito a uma organizao da actividade produtiva que inclua elementos formadores, e no a uma actividade de formao no local de trabalho. Mas para que uma organizao possa oferecer condies de aprendizagem tm de ser evolutiva. Algumas das caractersticas das organizaes qualificantes que procuram responder s exigncias das novas formas de concorrncia. Neste sentido, podemos distinguir dois tipos de incentivo que a organizaes tm que ter em conta: os sistemas de incentivo exteriores actividade laboral, como remuneraes ou prmios que nada tm a ver com a actividade laboral, ou o incentivo interno que seria um investimento pessoal com vista a uma valorizao salarial, no seio da organizao/empresa que corresponde, segundo o autor ao prazer de aprender. A autonomia no necessria formao, nem a garante, ou seja esta no seria uma caracterstica obrigatria de uma organizao qualifcante. Podemos tambm dizer que o modo de coordenao deve ser escolhido tendo em conta o modelo de incentivo adoptado pela organizao em questo. Zarifian (1995), discute sobre as causas que levaram a organizao qualificante a ser discutida e, assim, importncia atribuda cooperao no trabalho, aos problemas suscitados pelas tendncias que levam excluso de uma parte da populao assalariada e dos jovens e, por ltimo, instabilidade das escolhas organizativas. Assim, comea por definir organizao qualificante como uma

Organizao que favorece, por construo, as aprendizagens de ndole profissional, isto , uma organizao que permite aprender. Esta definio , contudo, manifestamente insuficiente para definir aquilo que se encontra actualmente em jogo (Zarifian, P, 1995:5.

e favorece a aquisio de competncias no seio da organizao e sobre a organizao.

Relativamente aquisio de competncias sobre a organizao esta acaba por constituir uma verdadeira cultura organizativa, sendo que no seio desta, a aquisio de competncias deve permitir as aprendizagens a ela relativas, sendo um resultado indissocivel da actividade de produo, no podendo realizar-se fora desta. No caso de uma organizao que faa os seus trabalhadores repetirem ininterruptamente a mesma tarefa e se esta for demasiado simples, estes viro as suas hipteses de desenvolver competncias muito reduzidas. Assim, as organizaes que levam os seus trabalhadores a empenharem-se em actividades complexas, que os faam progredir, levam ao desenvolvimento de novas competncias. Algumas das caractersticas das organizaes qualificantes procuram responder s exigncias das novas formas de concorrncia, pelo que so levadas a considerar o sistema de incentivo. Apenas os trabalhadores que se sentem motivados que sero eficazes nas suas actividades. Gisela Dybowski (1995) d o seu contributo sobre a aprendizagem profissional no contexto de processos inovadores. Assim, a autora apresenta-nos as alteraes sobre as condies de enquadramento das estruturas do sistema de trabalho remunerado. Assistimos alterao da sociedade industrial para uma sociedade de servios, presencia-se a uma mudana ao nvel das qualificaes profissionais, na estratgia empresarial do aproveitamento da mo-de-obra, assente nas novas tcnicas de informao, comunicao e controlo. Passa-se de concepes racionalistas para formas de trabalho mais globalizantes e integradas onde se procura cada vez mais aproveitar as qualificaes dos trabalhadores. Existem tendncias mutacionais que foram reforadas, sendo elas: - a oferta crescente de mo-de-obra qualificada; - a apresentao de produtos de qualidade superior, diversidade dos produtos e fabrico de acordo com as necessidades individuais; - a satisfao das necessidades do cliente atravs do recrutamento de pessoal qualificado.

Associado a esta evoluo, depara-se com novos requisitos exigidos aos trabalhadores. No sector da produo, assiste-se a um novo tipo de trabalho, ligado ao planeamento, a orientao e controlo em que se pretende garantir a operacionalidade e funcionamento dos sistemas automticos. Para este tipo de trabalho so precisos conhecimentos tericos, bons conhecimentos do produto e dos processos utilizados e boa destreza para resolver os problemas que possam acontecer. Espera-se que estes trabalhadores sejam flexveis, criativos, cooperantes e que tenham vontade de aprender. No sector administrativo, estabelece-se como objectivo a aquisio de maior transparncia sobre os processos operacionais e capacidade de poder reagir de forma rpida e flexvel atravs da inter-relao de informaes. Esta nova organizao do trabalho, carcaterizada por: - tarefas laborais de contedo mais complexo e de espectro mais alargado; - um trabalho mais denso e uma maior concentrao em reas especficas complicadas; - estruturas temporais mais limitadas na tomada de decises relevantes.

Como consequncias das grandes mudanas, na organizao e concepo da formao profissional podemos verificar que, agora, os perfis exigem um pensamento interligado, uma maior comunicao e cooperao bem como uma fora inovadora, imaginao criadora e capacidade de concepo. Um outro ponto, est relacionado com o facto de se saber se a formao profissional consegue acompanhar estas transformaes e se os requisitos esto relacionados com a experincia laboral. Os requisitos so condicionados a um maior cruzamento entre trabalho e aprendizagem contnua, uma maior articulao entre aprendizagem intencional e processos de aprendizagem na vida laboral, integrao entre aprendizagem terica e prtica, aprendizagem auto-organizada e cooperativa em grupos bem como uma interveno activa dos participantes na concepo de projectos. Assim, o desenvolvimento da prtica de formao profissional tem vindo a concentrar-se em trs aspectos:

- a modernizao e alargamento dos contedos tcnicos visam a integrao das tecnologias da aco de formao inicial e contnua. Cada vez mais se usam mais as tecnologias e estas tm vindo a evoluir o que implica uma constante formao; - a aprendizagem no posto de trabalho, so criadas as estaes/ilhas de aprendizagem onde feita a integrao entre trabalho guiado pela experincia a uma aprendizagem sistemtica em termos pedaggicos, passando-se a dar mais prioridade ao planeamento, execuo e avaliao sistemtica de tarefas profissionais sob o aspecto da aprendizagem. A forma tpica de aprendizagem aprender e trabalhar em grupo e este prioritrio, pretende-se uma aprendizagem auto-organizada e fomentao do desenvolvimento de competncias sociais; - o aperfeioamento dos mtodos utilizados a nvel da docncia e aprendizagem. Exige-se a diversidade nos mtodos a adoptar. Nos tempos de hoje, competncia significa saber actuar numa determinada situao de forma a conseguir resolv-la e superar as respectivas exigncias de modo autnomo. Responsabilidade e criatividade o que se pretende. Nos ltimos anos, surgiram diversos mtodos inovadores na prtica da formao profissional, sendo eles: - mtodo de textos de apoio; - mtodo de projecto; - aprendizagem situacional e baseada em auto-descoberto; - aprendizagem em grupos. Face a isto, aparecem novas exigncias ao pessoal responsvel pelas aces de formao profissional inicial e contnua. Tudo o que foi referido atrs requer outra definio e percepo do papel a ser assumido pelo pessoal de qualificao. As suas funes residiam na chefia de seminrios e tarefas docentes a agora, pretende-se que os formadores surjam enquanto orientadores do processo apoiaro a qualificao e organizao, diagnosticando as necessidades especficas de actuao. A formao profissional impe exigncias inovadoras e complexas organizao da qualificao

tcnica. No entanto, e por isso necessrio orientar os processos de aprendizagem para a criao de competncias que visam a utilizao da tecnologia, participao e concepo, ou seja, a qualificao multidisciplinar. Os conhecimentos passam a ser procurados em vez de depositados. H uma diferente orientao em relao prtica e esse procedimento constituir situaes de aprendizagem. Assim, em suma, o grupo pretende reforar algumas ideias inerentes s organizaes qualificantes, sendo que estas se baseiam na ideia de que a aprendizagem central para o xito empresarial. As empresas necessitam de ter uma viso global para escaparem ao pensamento linear e compreenderem as inter-relaes subtis que possam surgir. Esta uma organizao que tem uma viso do amanh, vendo as pessoas que compem a organizao, no simplesmente como pessoas a serem formadas e a desenvolverem-se para irem de encontro aos objectivos da empresa de uma forma limitativa e prescritiva, mas para um papel mais amplo. A organizao qualificante portanto uma estrutura conceptual para a empresa que se quer adaptar ao futuro. Este processo de adequao conduz tambm a um novo processo de interaco entre aquisio de capacidades e respectiva transformao em competncias, conduzindo verdadeira organizao qualificante e aprendizagem ao longo da vida por parte dos indivduos.

Referncias Bibliogrficas:

DYBOWSKI, G. (1995) Aprendizagem profissional no contexto de processos inovadores a nvel de empresas. Implicaes no domnio da formao profissional, Revista Europeia de Formao Profissional, CEDEFOP, pp. 43-48 MALLET, L. (1995) Organizao qualificante, coordenao e incentivo, Revista Europeia de Formao Profissional, CEDEFOP, pp. 11-17

ONSTENK, J. (1995) A aprendizagem no local de trabalho no mbito da reforma organizativa na indstria transformadora, Revista Europeia de Formao Profissional, CEDEFOP, pp. 34-42 ZARIFIAN, P. (1995) Organizao qualificante e modelos de competncia: que razes? Que aprendizagens?, Revista Europeia de Formao Profissional, CEDEFOP, pp. 5

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