Nutrição Mineral

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Nutrição mineral

Apresentação
A nutrição mineral é o estudo do modo como as plantas obtêm e utilizam os nutrientes minerais.
Esses nutrientes são obtidos principalmente na forma de íons inorgânicos do solo. Apesar de esses
nutrientes continuamente circularem por todos os organismos, eles entram na biosfera pelos
sistemas radiculares das plantas.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai estudar sobre esse assunto e entender quão
fundamental é essa área, tanto para a agricultura quanto para a proteção ambiental.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Reconhecer os métodos de avaliação do estado nutricional da planta.


• Identificar os elementos essenciais, úteis e tóxicos.
• Descrever o processo de absorção e transporte dos nutrientes pela planta.
Desafio
A avaliação nutricional das plantas é de extrema importância para a tomada de decisão sobre a
necessidade ou não de adubação de uma cultura. Sobre os mecanismos envolvidos na absorção e
transporte de nutrientes, sabe-se que algumas espécies vegetais têm o papel de fixar o nitrogênio
atmosférico no solo, e essa compreensão pode ser o diferencial na tomada de decisão pelo
profissional no campo.

Imagine agora que você foi contratado por um produtor de cana-de-açúcar, uma cultura que exige
mais adubação, já que a planta não consegue fixar o nitrogênio no solo por meio de suas raízes.
Esse produtor gostaria da sua recomendação para otimizar o uso de fertilizantes.

Qual seria a sua recomendação para que o produtor tenha o menor gasto possível com fertilizantes
e o menor impacto ao ambiente?
Infográfico
As plantas absorvem os elementos minerais essenciais ao seu desenvolvimento. Quando elas
apresentam redução no crescimento, produtividade e qualidade, faz-se necessário avaliar o seu
estado nutricional, a fim de identificar os nutrientes limitantes e possível desbalanceamento entre
eles. Nesse caso, os sintomas visuais, o uso da análise química do solo e da planta tornam-se
ferramentas fundamentais.

Acompanhe neste Infográfico o método de análise dos sintomas visuais.


Aponte a câmera para o
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Conteúdo do livro
As plantas, embora organismos autótrofos, necessitam de elementos minerais para manter o seu
metabolismo, crescimento, desenvolvimento e reprodução. Os elementos minerais são absorvidos
pelas raízes e passam a fazer parte da estrutura celular dos vegetais.
O estudo desses elementos, conhecido como nutrição mineral, envolve todas as formas de
absorção, distribuição e utilização de minerais pelos vegetais. O maior interesse em realizar esses
estudos está diretamente ligado à agricultura e à produtividade das culturas. Alta produção agrícola
depende fortemente da fertilização com elementos minerais.

No capítulo Nutrição mineral, da obra Fisiologia vegetal, você irá entender mais como ocorre o
processo de nutrição mineral nos vegetais.

Boa leitura.
FISIOLOGIA
VEGETAL

Talita Antonia da Silveira


Nutrição mineral
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Reconhecer os métodos de avalição do estado nutricional da planta.


 Identificar os elementos essenciais, úteis e tóxicos.
 Entender o processo de absorção e transporte dos nutrientes pela
planta.

Introdução
Devido à crescente demanda por alimentos no mundo, houve também
um aumento considerável no consumo dos principais elementos minerais
fertilizantes (nitrogênio, fosforo e potássio). A produtividade agrícola em
alta escala depende da fertilização com minerais e aumenta linearmente
com a quantidade de fertilizantes absorvidos pela cultura.
Plantas cultivadas tradicionalmente utilizam menos da metade dos
fertilizantes aplicados. O restante é lixiviado para os lençóis subterrâneos
de água, torna-se fixado ao solo ou contribui para a poluição do ar. Assim,
torna-se de grande importância aumentar a eficiência de absorção e de
utilização de nutrientes, reduzindo os custos de produção e contribuindo
para evitar prejuízos ao meio ambiente.
Neste capítulo, você vai estudar sobre a nutrição mineral nas plantas
e entender como é o processo de absorção dos íons inorgânicos em
baixas concentrações da solução do solo, que torna a absorção mineral
das plantas um processo muito eficaz. Esses elementos são absorvidos
pela raiz e transportados para várias partes da planta, sendo utilizados
em diversas funções biológicas.

Avaliação do estado nutricional da planta


O estado nutricional da planta pode ser observado a partir de sintomas visuais
de deficiência, da análise do solo e da análise direta dos tecidos vegetais.
2 Nutrição mineral

Sintomas visuais — é o método mais simples e direto de se avaliar o estado


nutricional da planta (Figura 1), mas pode apresentar limitações, pois os sinais
visuais nem sempre são claros. Algumas vezes a deficiência não é somente
de um nutriente; além disso, os sintomas são comuns nas folhas, o que pode
ser confundido com doenças, ataque de pragas, falta de água ou variação de
temperatura (muito baixa ou muito alta). O aparecimento de sintomas visuais
se dá com a produtividade já afetada.

Folha saudável

Deficiência em fósforo

Deficiência em potássio

Deficiência em nitrogênio

Deficiência em magnésio

Sinais de seca

Doença: ferrugem

Sinais de utilização de químicos

Figura 1. Sintomas de deficiência nutricional em folhas de milho.


Fonte: Adaptada de Agricultura e Mar Actual (2019).

Análise química do solo — analisar os atributos químicos do solo é a principal


ferramenta para se elaborar um plano de adubação e calagem do solo de uma
área. Com o resultado da análise química do solo, podemos identificar os
teores de nutrientes que estão inadequados e fazer as correções necessárias.

Análise de tecido vegetal — é importante para conhecer o estado nutricional


dos cultivos agrícolas e complementar a análise de solo, verificando sua
fertilidade. Auxilia na investigação diagnóstica quando a planta apresenta baixo
teor de determinado elemento e a análise de solo apresenta alta disponibilidade
Nutrição mineral 3

desse nutriente no solo. As causas desse desajuste no processo podem ser


a temperatura inadequada, o estresse hídrico, o desequilíbrio em relação a
outro nutriente, etc.
Para fazer a amostragem, são selecionadas normalmente as folhas e uma
parte da planta que apresenta maior estabilidade possível em relação aos
fatores que influenciam sua composição. Além disso, essas partes devem
apresentar alta sensibilidade quanto a variações de composição decorrentes
de tratamentos experimentais ou de práticas de manejo da cultura.
Para realizar a coleta de amostragem do tecido vegetal, alguns cuidados
devem ser tomados, como:

 fazer a seleção da parte da planta a ser coletada conforme recomendações


de cada cultivo;
 selecionar folhas sem doença ou danos por insetos ou outro agente;
 fazer a limpeza das folhas após a coleta, para descartar resíduos de
pulverização e/ou poeira;
 evitar contato das folhas coletadas com inseticidas, fungicidas e
fertilizantes;
 colocar a amostra em sacos novos de papel ou em embalagens fornecidas
pelo laboratório;
 identificar a amostra e o formulário, indicando os elementos a serem
determinados;
 identificar o local de coleta, para localização da área da amostragem;
 enviar as amostras o mais breve possível ao laboratório — se o tempo
de envio for superior a dois dias, recomenda-se secar o material ao sol,
mantendo a embalagem aberta.

No link a seguir, você tem acesso a uma tabela que mostra detalhadamente a forma
de fazer a coleta de tecido vegetal em várias culturas.

https://goo.gl/s8kHVZ
4 Nutrição mineral

Elementos essenciais, úteis e tóxicos


Para ser considerado um elemento essencial de uma planta, ele deve atender
a três critérios:

1. O elemento deve estar envolvido no metabolismo da planta (constituir


a molécula, participar de uma reação, etc.).
2. A planta não é capaz de completar o seu ciclo de vida na ausência do
elemento.
3. O elemento tem função específica, sendo que nenhum outro elemento
poderá substituí-lo naquela função.

Ao utilizar esses critérios, os especialistas da área de nutrição mineral


podem classificar os elementos como essenciais para as plantas. Os elementos
minerais essenciais são classificados como macro ou micronutrientes,
de acordo com a sua concentração relativa no tecido ou de acordo com a
concentração requerida para o crescimento adequado da planta. Geralmente,
as concentrações dos macronutrientes (N, P, K, Si, Ca, Mg e S) são maiores
do que as dos micronutrientes (Fe, Cu, Zn, Mn, Mo, B, Cl, Ni e Na). Para
o crescimento adequado da planta, é necessário seguir a classificação para
macro e micronutrientes para cada planta. O Quadro 1 apresenta informações
sobre esses elementos.
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Quadro 1. Elementos essenciais para as plantas superiores e suas concentrações


consideradas adequadas para o crescimento normal da planta

Elemento Símbolo Forma Concentração na


químico disponível matéria seca
(mmol/kg)

Macronutrientes

Hidrogênio H H2O 60.000

Carbono C CO2 40.000

Oxigênio O O2, CO2 30.000

Nitrogênio N NO3–, NH4+ 1.000

Potássio K K+
250

Cálcio Ca Ca2+ 125

Magnésio Mg Mg 2+
80

Fósforo P H2PO4–, HPO42– 60

Enxofre S SO42– 30

Silício Si SiO2 30

Micronutrientes

Cloro Cl Cl– 3,0

Boro B BO33– 2,0

Ferro Fe Fe , Fe
2+ 3+
2,0

Manganês Mn Mn2+ 1,0

Sódio Na Na+ 0,4

Zinco Zn Zn2+ 0,3

Cobre Cu Cu+, Cu2+ 0,1

Níquel Ni Ni 2+
0,05

Molibdênio Mo MoO42– 0,001

Fonte: Adaptado de Hopkins (2000).


6 Nutrição mineral

Os macro e micronutrientes se diferenciam quanto às quantidades utilizadas


pela planta. Os macronutrientes são necessários na ordem de gramas por
quilograma (g/kg) de matéria seca da planta. Já os micronutrientes são
necessários na ordem de miligramas por quilograma (mg/kg) de matéria
seca da planta. Nos macronutrientes, podemos observar que apenas o carbono,
o hidrogênio e o oxigênio não são minerais, sendo os demais nutrientes de
natureza mineral. O carbono é obtido a partir do dióxido de carbono (CO2),
o hidrogênio, a partir da água (H2O), e o oxigênio, a partir do CO2 e da água.
Ressalta-se que esses três nutrientes constituem de 90 a 95% da massa seca
da planta, dependendo da espécie.

Macronutrientes
Os aspectos principais de cada um dos macronutrientes e suas funções para
as plantas são listados a seguir.

Carbono — é assimilado no processo de fotossíntese e retirado do CO2.


Esse nutriente constitui de 40 a 45% da matéria seca da planta, sendo o mais
abundante e obrigatório nos tecidos vegetais.

Hidrogênio — entra na planta pela água, sendo assimilado no processo


da fotossíntese. Estima-se que aproximadamente 5% do tecido vegetal seja
constituído de hidrogênio.

Oxigênio — esse nutriente entra na planta de forma indireta, por meio do


dióxido de carbono (CO2) e da água (H2O). Sendo assim, conclui-se que ele é
obtido do ar atmosférico e do solo.

Nitrogênio — é o nutriente requerido em maiores quantidades pela maioria


das plantas, dentre aqueles absorvidos do solo, constituindo de 2 a 4% da
matéria seca vegetal. Esse elemento é constituinte de proteínas, aminoácidos,
pigmentos, hormônios, DNA, RNA e vitaminas. A deficiência de N inibe o
crescimento da planta. Se persistir a deficiência, as plantas podem apresentar
clorose, em especial nas folhas velhas, e sua intensidade pode levar à queda
da folha.

Fósforo — é um componente importante na planta na forma de fosfato (HPO42–),


pois é componente de açucares — fosfato, fosfolipídios de membranas, nu-
cleotídeos usados como fonte de energia (ATP) e nos ácidos nucléicos. Uma
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característica de deficiência de P é a coloração verde-escura de folhas mais


velhas, associada ao aparecimento da cor púrpura.

Potássio — executa papel importante na regulação do potencial osmótico de


células de plantas e na ativação de enzimas da respiração e da fotossíntese.
Um dos sintomas que aparece primeiro na deficiência desse elemento é a
clorose marginal, a qual desenvolve necrose a partir do ápice, inicialmente
nas folhas velhas.

Cálcio — os íons de Ca2+ fazem parte da estrutura da planta, como da parede


celular das células. O cálcio também atua como ativador enzimático em reações
da fotossíntese. Outra função é a atuação nas estruturas reprodutivas e nas
raízes da planta. Os sintomas característicos de deficiência incluem necrose de
regiões meristemáticas (como ápices de raízes e da parte aérea), onde ocorre
a divisão celular e a formação de parede.

Magnésio — nas células de plantas, o Mg2+ tem papéis específicos na ativação


de enzimas da respiração, da fotossíntese e da síntese de ácidos nucléicos.
O Mg2+ é também parte da estrutura da molécula de clorofila (pigmento
associado à fotossíntese). Um sintoma característico de deficiência é a clorose
internervural, que ocorre primeiro nas folhas velhas. Essa clorose internervural
resulta do fato de que a clorofila próxima aos feixes vasculares (nervuras)
permanece não afetada por maior período do que a clorofila entre os feixes.

Enxofre — é absorvido pela planta na forma de íon sulfato (SO4 –2), e sua
disponibilidade no solo está diretamente relacionada com o teor de matéria
orgânica, umidade, pH, relação C/S (carbono/enxofre) e a aeração do solo. Alguns
sintomas são clorose, redução no crescimento e acúmulo de antocianina. A clorose,
no entanto, aparece primeiro nas folhas mais jovens, o que é consequência da
baixa mobilidade do S na planta. Todavia, em algumas plantas, a clorose ocorre
ao mesmo tempo em todas as folhas, ou pode até iniciar nas folhas mais velhas.

Enzimas são um grupo de substâncias orgânicas que têm função catalisadora, ou seja,
de promover reações químicas.
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Micronutrientes
Os aspectos principais dos micronutrientes e suas funções para as plantas
são listados a seguir.

Ferro — é o micronutriente absorvido em maior quantidade pela maioria das


plantas. No solo, ele pode ocorrer na forma oxidada (Fe+2) e/ou reduzida (Fe+3),
sendo a primeira forma predominante em solos secos, enquanto a segunda
predomina em solos encharcados. A deficiência de Fe se apresenta como uma
clorose internervural. Esta, no entanto, ocorre primeiro nas folhas mais novas,
devido à baixa mobilidade do Fe (precipita como óxidos ou fosfatos de ferro
insolúveis ou como complexos com fitoferritina). A folha se torna clorótica
porque o ferro é requerido para a síntese de alguns complexos proteína-clorofila
nos cloroplastos.

Manganês — de maneira geral, o manganês (Mn) é o segundo micronutriente


utilizado em maiores quantidades pelas plantas. Ele é absorvido em maiores
quantidades na forma oxidada (Mn+2), predominante em solos ácidos. Sendo
assim, em situações de calagem excessiva, pode ocorrer deficiência de Mn
decorrente do pH elevado. O principal sintoma de deficiência de Mn 2+ é uma
clorose internervural associada com pequenas manchas necróticas. Essa clorose
pode ocorrer em folhas jovens ou velhas, dependendo da espécie vegetal e da
taxa de crescimento.

Boro — é um micronutriente cuja principal função está relacionada com


o crescimento radicular. Além disso, sua presença é fundamental na fase
reprodutiva da planta. As plantas deficientes em boro exibem uma variedade
de sintomas, dependendo da espécie e da idade da planta. Um sintoma
característico é a necrose de folhas jovens e gemas terminais, o que reflete a
sua baixa mobilidade na planta. A dominância apical pode também ser perdida,
e a planta pode ficar altamente ramificada. Além disso, estruturas como frutos
e tubérculos podem exibir necroses ou anormalidades relacionadas com a
degradação de tecidos internos.

Zinco — é absorvido na forma Zn+2, sendo o terceiro micronutriente mais


utilizado pela maioria das plantas. Na planta, o Zn atua como um ativador de
enzimas que estão envolvidas com diversos processos fisiológicos da planta,
como a fotossíntese e a produção de amido e de fito-hormônios. A deficiência
de zinco é caracterizada pela redução no crescimento internodal. Esse sintoma
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pode ser resultado da perda da capacidade da planta para produzir auxina


(fito-hormônio) suficiente. Algumas evidências disponíveis indicam que o
zinco pode ser requerido para a biossíntese do triptofano, o qual é um dos
precursores da auxina natural, o ácido indol-3-acético (AIA).

Cobre — é absorvido pela planta na forma Cu+2. Na planta, tem como


principal função a ativação de enzimas que estão envolvidas em diversos
processos fisiológicos, como na fotossíntese e na respiração. O sintoma inicial
de deficiência de cobre é a produção de folhas verde-escuras, que podem
conter manchas necróticas. Sob deficiência severa, as folhas podem cair
prematuramente.

Molibdênio — é absorvido pela planta na forma de molibdato (MoO42–) e é o


nutriente absorvido em menores quantidades pelas plantas. Sua disponibilidade
no solo aumenta com a elevação do pH. Sendo assim, deficiências de Mo poderão
ser observadas em solos ácidos. A deficiência de molibdênio pode aparecer
como deficiência de nitrogênio, se a fonte de N for o nitrato ou se a planta
depende da fixação biológica de N2 (simbiose). Embora o requerimento das
plantas por Mo seja pequeno, a deficiência tem sido verificada no campo. Assim,
pequenas adições de Mo, em tais condições, podem aumentar sensivelmente
a produtividade, com custos relativamente baixos.

Cloro — é encontrado nas plantas como cloreto (Cl–). Ele é requerido na etapa
da fotossíntese na qual o O2 é produzido (foto-oxidação da H2O). Em face de
sua alta solubilidade e distribuição nos solos, a deficiência de Cl– em plantas
crescendo no campo não tem sido verificada. Já em ambientes salinos, as
plantas podem acumular cloreto nas folhas em níveis tóxicos, produzindo a
necrose de tecidos foliares.

Níquel — é absorvido pela planta na forma Ni+2. Sua principal função


está relacionada com a ativação de diversas enzimas importantes para o
funcionamento da planta. Então, plantas deficientes em Ni acumulam ureia
nas folhas, o que pode causar necrose no ápice. Em face das minúsculas
concentrações de Ni requeridas pelas plantas, a deficiência raramente é
observada em condições de campo. Por outro lado, alguns microrganismos
fixadores de N2 requerem Ni para a enzima hidrogenase, a qual reprocessa
o H2 gerado durante a fixação simbiótica. Os microrganismos que possuem
essa enzima dependente de níquel (como os rizóbios que nodulam a soja) são
energeticamente mais eficientes.
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Elementos úteis
São elementos não essenciais, pois a planta pode viver sem eles; entretanto, a
presença deles é capaz de contribuir de alguma forma com o crescimento e a
produção. Os elementos a seguir são exemplos de elementos úteis.

Cobalto (Co) — tem atuação direta na fixação biológica de nitrogênio, sendo


essencial aos organismos fixadores de N atmosférico.

Silício (Si) — tem papel de destaque na prevenção da incidência de pragas


e doenças nas plantas, gerando menor suscetibilidade ao acamamento e
manutenção das folhas eretas.

Sódio (Na) — auxilia algumas espécies de vegetais a aumentarem a eficiência


da fotossíntese em condições de baixa concentração de CO2. Também, em
algumas espécies, o Na pode substituir o K, com benefícios para a planta.

Elementos tóxicos
São elementos prejudiciais às plantas em qualquer quantidade e não se
enquadram como elementos essenciais ou úteis. O principal exemplo de elemento
tóxico é o alumínio (Al). O principal efeito do Al+3 se manifesta nas raízes,
apresentando alteração na anatomia (menor crescimento e engrossamento das
raízes), o que vai interferir na absorção e no transporte de água e nutrientes.
O Al+3 também interfere negativamente em processos fisiológicos das plantas,
como a fotossíntese e a respiração. Além disso, o Al+3 interfere no metabolismo
de nutrientes essenciais, reduzindo os teores de quase todos e interferindo na
absorção, no transporte e no uso de nutrientes como Ca, P, Mg, Cu, Zn, Mn e
Fe. Outros exemplos de elementos tóxicos são cromo (Cr), flúor (F), chumbo
(Pb) e bromo (Br), conforme apontam Pes e Arenhardt (2015).
Nutrição mineral 11

Nutrição de plantas — processo fundamental para o crescimento e o desenvolvimento


saudável de uma planta.
Avaliação nutricional — métodos essenciais para avaliar o desenvolvimento de uma
cultura.
Elementos essenciais — são nutrientes minerais, sem os quais a planta não vive.
Elementos úteis — não são essenciais, pois a planta pode viver sem eles.
Elementos tóxicos — são prejudiciais às plantas em qualquer quantidade.

Absorção e transporte dos nutrientes pela


planta
As plantas absorvem os nutrientes através das raízes — a maioria dos elementos
essenciais ocorre na forma iônica, a partir da solução do solo. Os nutrientes
também podem ser absorvidos pelas folhas, mas a participação delas é pequena
se comparadas às raízes. As folhas serão a principal porta de entrada do
carbono (C), por meio do CO2. A absorção da raiz pode ocorrer por meio de:

 Interceptação radicular — consequência do crescimento da raiz,


atingindo os nutrientes presentes no solo.
 Fluxo de massa — movimento dos nutrientes presentes na solução do
solo de um local mais úmido para um local mais seco.
 Difusão — movimento dos nutrientes de uma região de maior
concentração para uma de menor concentração.

A absorção pode ser conceituada por dois mecanismos de absorção:

1. Passivo — é um processo rápido, reversível, não seletivo e sem gasto


de energia. O movimento ocorre de um local de maior concentração
(solução do solo) para outro de menor concentração (interior da planta).
2. Ativo — é um processo lento, irreversível, seletivo e com gasto de
energia.
12 Nutrição mineral

Alguns fatores influenciam na absorção de nutrientes, como fatores externos


(ambientais) e fatores internos da planta. Confira quais são eles no Quadro
2 a seguir.

Quadro 2. Fatores internos e externos que influenciam na absorção de nutrientes

Aeração do solo

Temperatura do ar

Umidade do solo

Fatores externos (ambientais) Disponibilidade de nutrientes no solo

Teor de matéria orgânica do solo

pH do solo

Micorrizas

Potencial genético da planta

Taxa de crescimento da planta

Atividade metabólica
Fatores internos (planta) (fotossíntese e respiração)

Concentração interna de nutrientes

Taxa de transpiração

Transporte interno de nutrientes

Fonte: Adaptado de Pes e Arenhardt (2015).

Redistribuição de nutrientes
Após absorvido, o nutriente pode ser deslocado do órgão onde foi assimilado
para outro, como da folha para o fruto. Esse deslocamento ocorre principalmente
no floema e sua intensidade depende do elemento, conforme o Quadro 3 a
seguir.
Nutrição mineral 13

Quadro 3. Elementos minerais classificados de acordo com sua mobilidade dentro da


planta

Elementos móveis Elementos imóveis

Nitrogênio Cálcio

Potássio Enxofre

Magnésio Ferro

Fósforo Boro

Cloro Cobre

Zinco

Molibdênio

Sódio

Fonte: Adaptado de Taiz e Zeiger (2017).

Como consequência, sintomas visuais de deficiência de nutrientes móveis ou


pouco móveis aparecem nas folhas velhas, enquanto os sintomas de deficiência
de nutrientes imóveis aparecem nas folhas novas. Segundo Taiz e Zeiger
(2017), o processo de redistribuição dos nutrientes ocorre especialmente nos
seguintes estádios de desenvolvimento dos vegetais: germinação das sementes,
fase vegetativa, fase reprodutiva e senescência.

No link a seguir, assista a um vídeo muito interessante sobre a nutrição de plantas de


maneira prática.

https://goo.gl/k5hLPJ
14 Nutrição mineral

AGRICULTURA E MAR ACTUAL. Deficiência de nutrientes nas plantas: sabe quais são
os principais sintomas? 24 ago. 2018. Disponível em: http://agriculturaemar.com/
deficiencia-de-nutrientes-nas-plantas-sabe-quais-sao-os-principais-sintomas/. Acesso
em: 18 fev. 2019.
HOPKINS, W. G. Introduction to plant physiology. 2nd ed. New York: John Wiley & Sons,
2000.
PES, L. Z; ARENHARDT, M. H. Fisiologia vegetal. Santa Maria: Colégio Politécnico da
UFSM, 2015. Disponível em: http://estudio01.proj.ufsm.br/cadernos_fruticultura/
terceira_etapa/arte_fisiologia_vegetal.pdf. Acesso em: 18 fev. 2019.
TAIZ, L.; ZEIGER, E. Fisiologia vegetal. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017.

Leituras recomendadas
LACERDA, C. F.; ENÉAS FILHO, J.; PINHEIRO, C. B. Fisiologia vegetal. Fortaleza: UFC, 2007.
Disponível em: http://www.fisiologiavegetal.ufc.br/apostila.htm. Acesso em: 18 fev. 2019.
SILVA, E.B. et al. Sintomas visuais de deficiências nutricionais em pinhão-manso. Pesquisa
Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 44, n. 4, abr. 2009. Disponível em: http://www.scielo.br/
scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-204X2009000400009. Acesso em: 18 fev. 2019.
VITTI, G. C., MENDES, F. L.; LOPES, C. M. Qualidade analítica e rastreabilidade dos resultados
de tecido vegetal. In: MET - ENCONTRO NACIONAL SOBRE METODOLOGIAS E GESTÃO
DE LABORATÓRIOS DA EMBRAPA, 17., 2012, Pirassununga. Anais [...]. Pirassununga: 5D
Editora, 2012. p. 50-64. Cap. IV. Disponível em: http://www.cnpsa.embrapa.br/met/
images/arquivos/17MET/Palestras/cap4.pdf. Acesso em: 18 fev. 2019.
Dica do professor
A absorção de água pelas raízes depende de um contato direto entre a superfície radicular e o solo.
Esse contato proporciona a área de superfície necessária para a absorção de água e é maximizado
pelo crescimento das raízes e dos pelos radiculares no solo.

Nesta Dica do Professor, você verá como esse processo de absorção ocorre no interior da célula
vegetal.

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Exercícios

1) Alguns elementos minerais são essenciais para o desenvolvimento das plantas. Esses
nutrientes são divididos em duas categorias: macronutrientes ou micronutrientes. Avaliando
as alternativas a seguir, qual é o único micronutriente?

A) Nitrogênio.

B) Fósforo.

C) Ferro.

D) Potássio.

E) Cálcio.

2) Fixar o nitrogênio no solo biologicamente é função da simbiose de um grupo de bactérias


com raízes de plantas leguminosas. Esse mecanismo é o mais eficiente para se obter o
nitrogênio para as plantas. Quais sãos as condições favoráveis para que esse processo
ocorra com eficiência?

A) Baixos teores de N no solo; pH próximo da neutralidade; alta taxa fotossintética da planta.

B) Altos teores de N no solo; pH na faixa ácida; baixa taxa de fotossíntese na planta.

C) Baixos teores de N no solo; pH na faixa alcalina; alta taxa de fotossíntese na planta.

D) Altos teores N no solo; pH próximo da neutralidade; baixa taxa de fotossíntese na planta.

E) Baixos teores de N no solo; pH na faixa ácida; baixa taxa de fotossíntese na planta.

3) As plantas cultivadas necessitam de uma nutrição adequada, ou seja, os nutrientes em


quantidades suficientes e balanceados no solo. Para que ocorra a absorção de nutrientes
pelas plantas, alguns fatores ligados ao solo devem ser favoráveis, como:

A) grau de umidade: importante para permitir a mineralização da matéria orgânica e liberação de


alguns nutrientes para a solução do solo.

B) pH: quanto mais alto for o pH, maior a disponibilidade dos micronutrientes catiônicos.
C) temperatura: na faixa de 0oC a 11oC, a absorção dos nutrientes aumenta, e a partir daí a
absorção diminui linearmente até cessar ao redor de 30oC.

D) presença de outros íons: quanto maior o número de íons antagônicos na solução do solo,
maior a absorção do nutriente.

E) densidade: quanto mais compactado o solo, maior a absorção de nutrientes, principalmente


em solo com baixo grau de umidade.

4) Elementos úteis não são essenciais para a planta, mas sua presença é capaz de contribuir
para o crescimento, produção ou tolerância/ resistência às condições desfavoráveis. Qual
alternativa abaixo representa um elemento útil?

A) Fósforo.

B) Manganês.

C) Zinco.

D) Cloro.

E) Sódio.

5) A absorção pode ser conceituada como a entrada do elemento, que pode ser nutriente
essencial, elemento útil ou elemento tóxico, do solo ou ar, para o interior da planta. Para que
esse processo ocorra, existem dois mecanismos responsáveis. Um deles é:

A) Respiração.

B) Transpiração.

C) Absorção passiva.

D) Fotossintese.

E) Adubação.
Na prática
O cultivo hidropônico é uma ótima técnica que consiste no cultivo de plantas em meio a uma
solução nutritiva. Tal condição é extremamente difícil de ser obtida em meios complexos como o
solo.

A planta recebe seus nutrientes em quantidades adequadas, sem que haja desperdício. Essa técnica
vem sendo empregada por muitos produtores, principalmente os de hortaliças, sendo a alface a
mais cultivada por meio da hidroponia, porém como não há restrições nesse sistema, podem ser
cultivadas verduras e até forragem animal.

Interessado na técnica de hidroponia, um produtor de alface e rúcula, querendo modificar sua


produção, consultou um engenheiro agrônomo, para orientá-lo em como começar o cultivo
hidropônico.

Veja Na Prática a seguir as recomendações dadas.

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!


Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:

Elementos essenciais para as plantas


Nitrogênio, carbono e potássio são alguns dos nutrientes essenciais para o desenvolvimento de
plantas. Assista a este vídeo básico que ilustra os principais elementos minerais.

Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.

Nutrição via raízes: absorção radicular


A absorção radicular sofre interferência de alguns elementos, como, por exemplo, a concentração
de certos nutrientes no solo. No texto a seguir, você terá mais informações sobre a absorção
radicular.

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Fisiologia e desenvolvimento vegetal


Antes com título de Fisiologia vegetal, este livro é literatura básica para compreender os processos
de nutrição mineral, tema tratado no Capítulo 5 da Unidade I.

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