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Fontes Chaveadas - Cap. 8 CONTROLE DE FONTES CHAVEADAS J. A. Pomilio

8. CONTROLE DE FONTES CHAVEADAS

A implementação de uma (ou mais) malhas de controle tem por objetivo garantir a
precisão no ajuste da variável de saída, bem como a rápida correção de eventuais desvios
provenientes de transitórios na alimentação ou mudanças na carga.
Embora o sistema a ser controlado seja obviamente não-linear, o fato de a freqüência
de chaveamento ser muito maior que a freqüência de corte dos filtros passa-baixas do
sistema, torna razoável fazer o modelo do sistema considerando os valores médios das
variáveis sujeitas ao chaveamento.
A ferramenta básica de projeto é, em geral, o diagrama de Bode (figura 8.1), usando-
se os critérios de margem de fase e margem de ganho para estabelecer o compensador
adequado.
0
Margem de fase: 66 graus

-180

-400
50

Margem de ganho: -10 dB


-50
100Hz 1.0kHz 10kHz 100kHz 1.0MHz 10MHz

Figura 8.1 Diagrama de Bode indicando as margens de ganho e de fase.

O uso de realimentação negativa já produz uma defasagem de 180°. Assim, o sistema


não deve acrescentar defasagem de mais 180° nas freqüências em que o ganho for maior que
1 (0 dB).
A maneira usual de desenvolver-se a análise é buscar uma expressão para a relação
entre a tensão de saída e a tensão de controle. Em termos do compensador a ser utilizado,
existe uma infinidade de alternativas, das quais apresentaremos algumas a título de
ilustração.
A tensão de controle é aquela que determina o ciclo de trabalho da fonte, sendo
fornecida pelo compensador, a partir do erro existente entre a referência e a tensão de saída.
O compensador deve ter como característica, além de assegurar a estabilidade do
sistema, um ganho que se reduza com o aumento da freqüência, de modo que o
chaveamento do circuito de potência não seja sentido na malha de controle. Outra
implementação interessante é de um ganho infinito para freqüência zero, o que garante um
erro de regime nulo, ou seja, a tensão de saída é igual à referência. Adicionalmente, o
aumento da banda passante é interessante uma vez que melhora a resposta dinâmica do
sistema, permitindo compensar com maior rapidêz os transitórios.

8.1 Conversor tipo "fly-back" no modo tensão (condução descontínua)

Procura-se a relação Vo/Vc para, conhecendo-a, determinar o compensador que


garanta a estabilidade do sistema. O circuito opera no modo descontínuo. A figura 8.2

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mostra a topologia com o sistema de controle. Na figura 8.3 tem-se a forma de onda da
corrente de entrada.

Vi
..
N1 : N2

C
Ii L
Ro
Rse +
Vs Vo
io

Compensador

Vc

+ Vref

Figura 8.2 Conversor “fly-back” controlado no modo tensão.

Ip

Ii
0
tT

τ
Figura 8.3 Forma de onda da corrente de entrada.
Vi ⋅ t T
Ip = (8.1)
L

Vi ⋅ t 2T
Ii = (8.2)
2⋅ L ⋅ τ

Vi 2 ⋅ t 2T
Pi = Vi ⋅ Ii = (8.3)
2⋅ L ⋅ τ

Considerando uma eficiência de 100%:

Po = Ro ⋅ i o2 = Pi (8.4)

O ciclo de trabalho é determinado pela relação entre a tensão de controle e a


amplitude da onda dente de serra.

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tT Vc
=δ= (8.5)
τ Vs

Seja D o valor médio (não perturbado) do ciclo de trabalho δ.

Vi 2 ⋅ t 2T Vi Vc
io = ⇒ io = ⋅
2
(8.6)
2 ⋅ L ⋅ Ro ⋅ τ 2 ⋅ L ⋅ Ro ⋅ f Vs

Seja:

Vi
A= (8.7)
2 ⋅ L ⋅ Ro ⋅ f

Desprezando Rse, o circuito de saída pode ser representado como na figura 8.4:

+
io C Ro Vo

Figura 8.4 Circuito equivalente da saída, desprezando Rse.

dv o vo
io = C⋅ + (8.8)
dt Ro

dv o vo A Vc
+ = ⋅ (8.9)
dt C ⋅ Ro C Vs

Aplicando a transformada de Laplace:

Vo(s) A
S ⋅ Vo(s) + = ⋅ Vc(s) (8.10)
Ro ⋅ C C ⋅ Vs

A função de transferência é:

Vo(s) Vi 1 1
G(s) = = ⋅ ⋅ (8.11)
Vc(s) 2 ⋅ L Vs (1 + s⋅ Ro ⋅ C)
Ro ⋅ τ

Da função de transferência tem-se que:


- é um sistema de primeira ordem;
- ganho estático (ou seja, quando s tende a zero) depende da carga.
Considerando Rse, introduz-se um zero em G(s).

Vi 1 (1 + s⋅ Rse ⋅ C)
G(s) = ⋅ ⋅ (8.12)
2 ⋅ L Vs (1 + s⋅ Ro ⋅ C)
Ro ⋅ τ

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Nota-se claramente que a presença da resistência série do capacitor impede que o


ganho se reduza com o aumento da freqüência, o que implica na presença, no sinal
realimentado, de uma componente de tensão na freqüência do chaveamento.
Os diagramas mostrados na figura 8.5 indicam a resposta do circuito. Sem a
presença da resistência série do capacitor a amplitude é sempre decrescente com o aumento
da freqüência, enquanto a fase se mantém em -90 graus. Considerando-se a presença de Rse
e, portanto, de um zero na função de transferência o ganho deixa de decrescer com a
aumento da freqüência e a defasagem vai a -90 graus mas retorna para zero.
Dada a dependência da carga, os diagramas devem ser analisados para as condições
extremas de Ro, fazendo-se o projeto em função do pior caso.

20

0
Ganho (dB)
Fase (graus) Rse=0

-100

20

0
Ganho (dB)

Fase (graus) Rse>0

-100
100mHz 1.0Hz 10Hz 100Hz 1.0KHz 10KHz 100KHz 1.0MHz

Figura 8.5 Diagramas de Bode do conversor “fly-back”, no modo descontínuo, para Rse=0 e
Rse>0.

8.1.1 O compensador
Considerando os diagramas de Bode apresentados anteriormente, pode-se afirmar
que deve haver preocupação quanto à margem de fase, uma vez que, com realimentação
negativa e com o uso de algum elemento integrador, a máxima defasagem poderá atingir
360°, podendo levar o sistema à instabilidade. Quanto ao ganho, deve-se buscar elevar o
ganho CC a fim de reduzir o erro estático, além disso, para freqüências elevadas, deve-se
garantir um ganho decrescente.
A freqüência de cross-over (ganho 0dB), em malha fechada, deve ser ajustada para
cerca de 1/5 da freqüência de chaveamento.
Um possível compensador é mostrado na figura 8.6, o qual tem uma característica de
filtro passa-baixas, tendo o ganho CC ajustado pelas resistências. Sua freqüência de corte é
dada por: ωpa=1/RfCi.
Para evitar que a margem de fase se estreite muito, a freqüência de corte do
compensador deve ser colocada próxima à freqüência determinada pelo zero da função de
transferência.
Mostram-se a seguir os diagramas relativos a 2 compensadores diferentes. Na figura
8.7 tem-se a freqüência de corte do filtro alocada em um valor bem abaixo da freqüência
determinada por Rse e pela capacitância. Note-se a estreita margem de fase (menor que
12°). No segundo caso (figura 8.8) a freqüência do filtro foi alocada para a freqüência
relativa ao zero da função de transferência. Observa-se claramente a melhoria na margem de
fase (70°), a expansão da faixa de passagem para 266Hz (contra 16Hz do caso anterior),
mantendo-se o ganho CC (50dB) e a atenuação para freqüências crescentes.

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O deslocamento da freqüência de corte do filtro para valores mais elevados faz com
que a mudança na fase ocorra numa região em que o zero também esteja atuando, o que
provoca a melhoria na margem de fase.

Rf

Ganho CC = Rf/Ri

Ci
Ri
Ve - Vc
Tensão de erro Ve=Vr-Vo
+

Figura 8.6 Compensador para “fly-back” no modo descontínuo.


50

Fase (graus) Ganho (dB)

-100

-180
100mHz 1.0Hz 10Hz 100Hz 1.0KHz 10KHz 100KHz 1.0MHz

Figura 8.7 Resposta de “fly-back” realimentado com freqüência de corte do compensador


muito baixa.
50

Ganho (dB)
Fase (graus)

-100

-180
100mHz 1.0Hz 10Hz 100Hz 1.0KHz 10KHz 100KHz 1.0MHz

Figura 8.8 Resposta de “fly-back”realimentado com freqüência de corte do compensador


igual à freqüência do zero (Rse.C).

8.2 “ Fly-back” no modo contínuo

A operação de um conversor tipo abaixador-elevador, operando no modo de


condução contínuo, apresenta uma importante dificuldade do ponto de vista do controle em

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malha fechada, em virtude da existência de um zero da função de transferência no semi-


plano direito (RHP). Os diagramas de Bode da função de transferência (8.13) são mostrados
na figura 8.9.
A função de transferência para pequenas perturbações em torno do ponto de
operação é:

 D s⋅ L 
(1 − D)2 ⋅ 1 − ⋅ ⋅ 
Vo(s) Vi  (1 − D)2 Ro 
= ⋅ (8.13)
s⋅ L  1 
2 2
Vc(s) Vs  1 
1+ ⋅  + s ⋅ L ⋅ C⋅ 
2

Ro  1 − D   1− D

-0

Valores utilizados:
ganho (db)
Vi=100V
Vo=100V
Vs=10V
-100
Fly-back operando no modo contínuo, sem isolação Ro=100 ohms
L=10mH
C=100uF

fase (graus)
-200

10Hz 100Hz 1.0KHz 10KHz 100KHz

Figura 8.9 Diagramas de Bode da função de transferência do conversor “fly-back” no modo


contínuo.

Um zero no RHP provoca, sobre o ganho, uma variação de +20dB/dec (como um


polo no semi-plano esquerdo). No entando, produz um defasagem de -90°, como se vê na
figura 8.10.
0

Ganho Fase

50

100
freq freq
Figura 8.10 Resposta em frequência de um zero no semi-plano direito.

Isto o torna muito difícil de compensar, uma vez que se tentamos compensar o
ganho crescente (pelo uso de um filtro passa baixas, por exemplo), a defasagem tende a
360°, reduzindo drasticamente a margem de fase. Se se tenta compensar a fase, o ganho se
torna crescente à medida que se eleva a freqüência, impedindo a atenuação do sinal
determinado pelo chaveamento do conversor. A única alternativa simples é reduzir o ganho,
o que traz a freqüência de cruzamento (cross-over, 0dB) para valores muito baixos,
tornando extremamente pobre a resposta do sistema às perturbações.
Além das dificuldades de compensação já comentadas, outro problema é que a
freqüência do zero no RHP varia com o ponto de operação (Ro ou Vo), tornando ainda

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mais difícil a determinação de um compensador. Esta freqüência é dada pela expressão a


seguir:

Ro ⋅ (1 − D)
2

ω z ( RHP) = (8.14)
L ⋅D

A manifestação desta característica do conversor fly-back no modo contínuo pode


ser visualizada considerando o comportamento do sistema (supondo malha fechada), como
mostrado na figura 8.11.

iL

Io
T D

T D

Figura 8.11 Efeito de variação de carga sobre o ciclo de trabalho em malha fechada.

Na ocorrência de um aumento em degrau na carga (o que provoca uma redução na


tensão de saída, devido às perdas do circuito e à regulação do transformador), o
amplificador de erro produz um aumento no ciclo de trabalho do conversor, buscando elevar
a tensão de saída. No entanto, um maior ciclo de trabalho implica num menor intervalo de
tempo no qual ocorre a condução do diodo de saída, intervalo este no qual ocorre a
transferência de energia para a saída. Ora, se o crescimento da corrente média pelo indutor
demora alguns ciclos para se estabilizar, a redução do intervalo de condução do diodo é
instantânea a partir da a mudança no ciclo de trabalho. Assim, o primeiro efeito que se
observa sobre a carga é, na verdade, o de uma redução ainda maior na tensão, causada pela
diminuição na corrente de saída. Isto continua até que a corrente pelo indutor cresça para o
novo e adequado valor.

8.3 Conversor tipo seguidor de tensão (forward)

Estes conversores são aqueles que possuem um filtro de segunda ordem na saída,
como o abaixador de tensão ou o push-pull. A figura 8.12 mostra uma topologia típica com
controle de tensão.
O filtro LC produz a mais baixa freqüência de corte do sistema e significa um polo
duplo (-40dB/dec e defasagem de -180°). O capacitor e sua resistência série representam um
zero (+20dB/dec e defasagem de +90°).

1 1
f LC = ωo = (8.15)
2⋅ π ⋅ L ⋅C L ⋅C

1
fz = (8.16)
2 ⋅ π ⋅ C ⋅ Rse

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Vi
.. V2
L C +Vo

N3 . N1 N2
Rse Ro

Vs
-
+
Compensador

Vc -
Vr
+

Figura 8.12. Conversor “forward” com controle de tensão.

A tensão no secundário é dada por:

N2 Vi ⋅ N 2 ⋅ Vc
V2 = Vi ⋅ ⋅δ = (8.17)
N1 N 1 ⋅ Vs

V2 Vi ⋅ N 2
= (8.18)
Vc Vs ⋅ N 1

A relação entre a tensão no secundário e a tensão de saída é dada pela resposta do


filtro de segunda ordem da saída. Desconsiderando o efeito da resistência da carga e de Rse
tem-se um fator de qualidade infinito.

Vo 1
= (8.19)
V2 1 + s ⋅ L ⋅ C
2

A função de transferência é:

Vo(s) Vi ⋅ N 2
G(s) = = (8.20)
Vc(s) Vs ⋅ N 1 ⋅ (1 + s2 / ω o2 )

Quando se considera Rse, adiciona-se um zero à função:

Vo(s) Vi ⋅ N 2 ⋅ (1 + s / ω z )
G(s) = = (8.21)
Vc(s) Vs ⋅ N1 ⋅ (1 + s2 / ω 2o )

1
ωz = (8.22)
Rse ⋅ C

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Os diagramas mostrados na figura 8.13 ilustram a resposta do filtro de segunda


ordem para diferentes resistências de carga. À medida que aumenta a resistência, o ganho na
freqüência de ressonância se eleva e a mudança de fase se torna mais abrupta.
Nos diagramas da figura 8.14 tem-se o efeito da presença de Rse associado ao
capacitor, introduzindo o zero na função, o que faz com que a atenuação passe a ser de
20dB/dec, e a defasagem se reduz para 90 graus em altas freqüências.
Note-se em ambos os casos que a defasagem produzida apenas pelo filtro de saída já
é de 180°. Adicionando-se a defasagem proveniente da realimentação negativa, chega-se aos
360°, o que significa que se deve ter muito cuidado na escolha do compensador, o qual deve
garantir uma melhora na margem de fase.
50

Ganho (dB)

-200

0d

Fase (graus)

-200d
1.0Hz 10Hz 100Hz 1.0KHz 10KHz 100KHz 1.0MHz

Figura 8.13 Resposta de filtro de segunda ordem, para diferentes resistências de carga.
50

Ganho (dB)

-200

0d

Fase (graus)

-200d
1.0Hz 10Hz 100Hz 1.0KHz 10KHz 100KHz 1.0MHz

Figura 8.14 Resposta de filtro de segunda ordem, considerando Rse, para diferentes
resistências de carga.

8.3.1 O compensador
O compensador mostrado na figura 8.15 tem como principal característica oferecer
uma defasagem positiva, o que vem a permitir uma melhoria na margem de fase.
Sua função de transferência é dada por:

Vc(s) (1 + Riz ⋅ Ci ⋅ s) ⋅ (1 + Cf ⋅ Rfz ⋅ s)


= (8.23)
Ve(s)  R ⋅R 
s⋅ Cf ⋅ ( Rip + Riz ) ⋅  1 + s⋅ Ci ⋅ ip iz 
 Riz + Rip 

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Ci
Rfz Cf
Ve
- Vc
Rip Riz
+

Figura 8.15 Compensador com 2 polos e 2 zeros.

Pela função de transferência do circuito indicado, observa-se a presença de 2 pólos e


2 zeros, nas seguintes freqüências:

ω p1 = 0
R ip + R iz
ω p2 =
Ci ⋅ R ip ⋅ R iz
1 (8.24)
ω z1 =
Ci ⋅ R iz
1
ω z2 =
Cf ⋅ R fz

Usualmente ωz1=ωz2=ωo e ωp2=5ωo<ωz.


O ganho CC é, teoricamente, infinito, levando a um erro de regime nulo. O desvio
positivo na fase provoca uma melhoria na margem de fase. Para freqüências elevadas o
compensador apresenta um ganho determinado, mas, a redução é garantida, em malha
fechada, pelo filtro de saída.
O diagrama de Bode deste compensador é mostrado na figura 8.16. Note que o
ganho não se reduz com o aumento da freqüência, sendo dado pela relação das resistência.
Mas o efeito mais importante é o de ter-se uma defasagem positiva, o que permitirá a
melhoria da margem de fase do sistema.
100

Ganho (dB)
50

-50

Fase (graus)

-100
100mHz 1.0Hz 10Hz 100Hz 1.0KHz 10KHz 100KHz 1.0MHz

Figura 8.16 Resposta em freqüência do compensador.

Isto pode ser observado nos diagramas da figura 8.17, quando se obtém uma
margem de fase de 31 graus, numa freqüência de cross-over de 97Hz. O ganho decrescente
para altas freqüências é atingido pelo efeito do próprio filtro de saída.

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100

Ganho (dB)

Fase (graus)
-100

-200
100mHz 1.0Hz 10Hz 100Hz 1.0KHz 10KHz 100KHz 1.0MHz

Figura 8.17 Resposta em freqüência do circuito completo.

8.4 Conversor Boost

Embora com função de transferência distinta, o conversor Bosst apresenta


comportamento semelhante ao do conversor “fly-back”, ou seja, no modo contínuo possui
um zero no semi-plano direito. A figura 8.18 mostra os diagramas de Bode.
A função de transferência entre a tensão de saída e a tensão de controle, no modo
contínuo, é dada por:

2
s⋅ L  1 
⋅  1−
Vo(s) Vi Ro  1 − D 
G(s) = = ⋅ (8.25)
s⋅ L  1 
2
Vc(s) Vs 2
s ⋅L ⋅C+ + 
R  1− D

No modo descontínuo não existe o zero no RHP e a função de transferência é:

Vi 2 ⋅ Ro ⋅ τ  Vi  1
G(s) = ⋅ ⋅ 1 − ⋅ (8.26)
Vs L  Vo   Vi   Vi 
2 −  + 1−  ⋅ s⋅ C ⋅ Ro
 Vo   Vo 

Os diagramas de Bode, para o modo descontínuo, estão mostrados na figura 8.19.


100

Ganho (dB)
Valores utilizados
-0 Vi=100V
Vo=200V
Ro=100 ohms
L=100mH
-100
C=100uF
Vs=10V

Fase (graus)
-200

-300
10Hz 100Hz 1.0KHz 10KHz 100KHz

Figura 8.18 Resposta em freqüência de conversor Boost no modo contínuo.

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40 0
Ganho (dB) Fase (graus)
20

0 50

20

40 4 100 4
10 100 1000 1 10 10 100 1000 1 10
f(Hz) f(Hz)

Figura 8.19 Resposta em freqüência de conversor Boost no modo descontínuo.

8.5 Controle feed-forward

Como se pode apreender das expressões das funções de transferência apresentadas,


se ocorre uma mudança na tensão de entrada, produz-se um erro na saída, o qual,
eventualmente, é corrigido pela realimentação. Isto significa uma performance dinâmica
lenta, especialmente por causa da elevada constante de tempo dos filtros de saída.
Se o ciclo de trabalho puder ser ajustado diretamente para acomodar a alteração na
tensão de entrada, então a saída poderá nem sentir que ocorreu alguma mudança.
Isto pode ser obtido fornecendo um sinal da tensão de entrada para o circuito que
produz o sinal MLP, mas especificamente, ao gerador de rampa, o qual deve ter sua
amplitude variável em função da tensão de entrada, como mostrado na figura 8.20.
Nota-se que a um aumento da tensão de entrada, eleva-se o valor de pico da onda
dente de serra, provocando, para uma mesma referência, uma redução no ciclo de trabalho,
o que levará a uma estabilização da tensão de saída, desde que o ganho que realiza o
aumento da amplitude da rampa esteja corretamente dimensionado.

Vi maior Vs2

Vs1
Vc

δ1

δ2

Figura 8.20 Variação na amplitude da onda dente de serra e no ciclo de trabalho com
controle feed-forward.

O uso desta técnica em fontes tipo abaixador de tensão e fly-back (modo


descontínuo), tem excelente resultado. Já sua aplicação em conversores tipo push-pull, meia-
ponte e ponte completa, necessita de atenção para evitar a saturação do transformador, o
que poderia ocorrer caso a forma de onda deixasse de ser simétrica.

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8.6 Controle no modo corrente

O controle MLP convencional está mostrado na figura 8.21. Aqui, a tensão de


controle, obtida a partir do erro de tensão e do compensador, determina a largura do pulso
pela comparação com uma onda dente de serra de freqüência fixa.
Este controle da chave de potência ajusta a tensão sobre o indutor e, assim, sua
corrente.
Vi

.. L +
Ro Vo

Vr
Compensador

+ Comparador
. C

Vc
+
- Acionador
-

Figura 8.21 Esquema básico de controle no modo tensão.

No controle no modo corrente, uma malha adicional de corrente é usada como


mostra a figura 8.22. Neste caso, a tensão de controle determina diretamente a corrente do
indutor e, assim, a tensão de saída.
Idealmente, a tensão de controle atuaria no sentido de ajustar a corrente média pelo
indutor de modo a se ter uma rápida resposta, o que, dependendo de como o controle seja
implementado, nem sempre ocorre.
Existem 3 tipos básico de controle no modo corrente:
a) histerese
b) tempo desligado constante
c) freqüência constante com acionamento sincronizado.

Vi
.. L +
Ro Vo

.
Compensador C
Vr Clock
+
Ir
-
- Latch Acionador
io +
Comparador

Figura 8.22 Esquema de controle no modo corrente.

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Em todas estas alternativas, ou a corrente do indutor, ou a corrente pela chave de


potência (a qual é proporcional à corrente do indutor) é medida e comparada com a tensão
de controle. A figura 8.23 mostra as diferentes técnicas.
No controle por histerese (também chamado de Modulação por Limites de Corrente
- MLC), a tensão de controle determina o valor médio da corrente do indutor. A variação da
corrente ∆I é um parâmetro de projeto. A freqüência de chaveamento varia com diversos
parâmetros do circuito, como o próprio ∆I, as tensões de entrada e de saída, a indutância, a
carga. Note-se que enquanto a corrente for menor do que o limite superior a chave
permanece fechada. Atingido tal limite, a chave se abre e assim permanece até que seja
atingido o limite inferior.
Este controle da corrente média é bastante interessante, mas funciona bem apenas no
modo contínuo. No modo descontínuo, como a corrente atinge zero, os limites estabelecidos
para ∆I exigiriam uma corrente negativa. Se o compensador não puder atender a tal
exigência, a chave não voltará a se fechar, uma vez que não se atinge o limite inferior,
fazendo com que a corrente decaia para zero.
No controle com tempo desligado constante, a tensão de controle determina o valor
máximo da corrente. Uma vez atingido este valor, a chave de potência é desligada por um
intervalo fixo. Também aqui a freqüência de chaveamento é variável com os parâmetros do
circuito.
No controle com freqüência constante com acionamento sincronizado (o mais usado
dos métodos), a chave é fechada no início de cada período. A tensão de controle determina a
corrente máxima e o instante de desligamento. A chave permanece desligada até o início do
próximo ciclo. O uso de uma freqüência fixa facilita o dimensionamento do filtro de saída.

Imax

∆I Imédio=K.Vc
Imin

a) Histerese
Imax=K.Vc

toff=cte
b) Tempo desligado constante

Imax=K.Vc

τ = cte
c) Freqüência constante com acionamento sincronizado

Figira 8.23 Técnicas de controle no modo corrente.

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Fontes Chaveadas - Cap. 8 CONTROLE DE FONTES CHAVEADAS J. A. Pomilio

O controle no modo corrente apresenta diversas vantagens sobre o controle pela


tensão de saída:

a) Limite do pico de corrente pela chave de potência. Como se faz uma medida da corrente,
seja no indutor, seja na própria chave, é possível estabelecer um valor máximo para a tensão
de controle de modo a proteger a chave semicondutora contra sobre-corrente.

b) Redução da ordem do sistema. O fato de se controlar a corrente pelo elemento indutivo


(o que o torna uma "fonte de corrente") altera significativamente o comportamento dinâmico
dos sistemas.
Nos circuitos tipo "forward", com um filtro de segunda ordem na saída, o uso de
controle no modo corrente reduz a ordem do sistema, uma vez que se passa a ter um
capacitor alimentado por uma fonte de corrente, ou seja, um comportamento dinâmico como
o do conversor fly-back. A figura 8.24 mostra um diagrama de blocos para o controle de
corrente.

∆I
Vr + Ir Io Ro Vo
Gr Kc
+ 1+sCRo

Hv

Figura 8.24 Diagrama de blocos de conversor abaixador de tensão com controle de corrente.

A função de transferência é:

Vo(s) Kc ⋅ Ro
= (8.27)
Ir (s) 1 + s⋅ C ⋅ Ro

c) Modularidade. Saídas de mais de uma fonte podem ser facilmente paraleladas, mantendo
uma distribuição equilibrada de corrente, quando se usa uma mesma tensão de controle para
todos os módulos.

d) Simetria de fluxo. Em conversores push-pull ou em ponte, o controle de corrente elimina


o problema de desequilíbrio de fluxo, dado que se monitora os picos de corrente. Caso o
circuito tenda para a saturação, ocorre um aumento no valor instantâneo da corrente,
levando a uma redução da largura de pulso e, assim, da tensão aplicada, saindo-se da
saturação.

e) Comportamento antecipativo (feed-forward) em relação à tensão de entrada. Como a


derivada da corrente depende do valor da tensão de entrada, caso ocorra uma alteração em
tal tensão, a nova inclinação da corrente produz uma variação na largura de pulso que
automaticamente compensa a perturbação, de modo que ela não seja observada na saída,
conforme se vê na figura 8.25.

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Imédia
∆ I

δ1

δ2

Figura 8.25 Efeito da variação da tensão sobre a taxa de crescimento da corrente.

É claro que existem problemas com esta estratégia de controle, dentre as quais os
principais são:

a) Tendência para oscilações sub-harmônicas. Nos modos de controle de corrente nos


quais se realiza a comutação a partir do valor de pico da corrente, é possível que as
correções para um desvio na tensão de saída ocorram de modo a levar a tensão além do
valor desejado, implicando numa variação da tensão numa freqüência abaixo da freqüência
de chaveamento.

b) Perda de resposta dinâmica. O uso de controle pelo valor de pico da corrente apresenta
um desempenho dinâmico inferior ao obtido com controle por histerese (controlando a
corrente média, efetivamente).

c) Sensibilidade a ruído. Especialmente para correntes baixas, os ruídos presentes na


corrente, provenientes principalmente de ressonâncias entre capacitâncias parasitas
associadas ao indutor e indutâncias parasitas do circuito, podem levar, erroneamente, à
mudança de estado da chave. A redução destes ruídos pode ser obtida pelo uso de filtros
passa-baixas, os quais, no entanto, também afetarão a corrente real, levando a uma
deterioração da resposta dinâmica do sistema.

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