Anais Tcompleto Simposio 2017 Volume 2
Anais Tcompleto Simposio 2017 Volume 2
Anais Tcompleto Simposio 2017 Volume 2
7
REALIZAÇÃO
COORDENAÇÃO DO SIMPÓSIO
Prof. Dr. Altem Nascimento Pontes
COMISSÃO ORGANIZADORA DOCENTE
Prof. Dr. Altem Nascimento Pontes (Coordenador) – Uepa
Prof. Dr. Alessandro Silva do Rosário – Uepa
Profa. Dra. Ana Lúcia Nunes Gutjahr – Uepa
Profa. Dra. Alessandro Silva do Rosário – Uepa
Prof. Dr. José Augusto Carvalho de Araújo – Uepa
Profa. Dra. Leila de Fátima Oliveira de Jesus Robert – Uepa
Prof. Dr. Manoel Tavares de Paula – Uepa
Profa. Dra. Priscila Sanjuan de Medeiros Sarmento – Uepa
Vanda Maria Sales de Andrade¹; Francisco de Assis Oliveira²; Juliana Cristina Machado Lima³ Beatriz Cordeiro
Costa4; Walmer Bruno Rocha Martins5; Iuri Mathias Amaral do Nascimento6
1
Pós-Doutorada, Universidade Federal Rural da Amazônia, UFRA. E-mail: [email protected] ²
Professor Titular, UFRA. E-mail [email protected]
³Graduanda de Agronomia. UFRA. Email: [email protected]
4
Graduanda de Engenharia Florestal, UFRA. Email: [email protected]
5
Doutorando. UFRA. Email: [email protected]
6
Graduando de Engenharia Florestal, UFRA. Email: [email protected]
RESUMO
Na Amazônia Oriental é forte a dominância de florestas sucessionais, o que contribui para produtos e
serviços florestais. Um desses serviços é a manutenção de reservas de nutrientes, garantida pela liteira, camada
orgânica superficial do solo, de grande relevância na integridade e desenvolvimento dos ecossistemas. Com isso,
impõe-se o problema: Qual a diferença na contribuição em matéria orgânica e elementos químicos da liteira nos
diferentes estágios serais em ecossistemas florestais, associados às condições climáticas, ambientais e
pedoquímicas? Dessa forma, se a liteira é tão importante no armazenamento da matéria orgânica e elementos
químicos, pode-se admitir que a eficiência dos processos cíclicos depende do estoque dos elementos na matriz, o
que pode ser explicado, pela sua natureza qualitativa e quantitativa, conhecido como liteira deposicional.
Explicando o diferencial da biogeoquímica da liteira, em termos de propriedades intensivas e extensivas nos
ecossistemas. Foram realizados 4 experimentos: um nos ecossistemas do alto rio Aurá e Benfica, em Benevides
(E1); no médio rio Apeú, em Castanhal, na estação de Piscicultura de Água Doce (2); no médio rio Maracanã, em
Igarapé-Açu (3) e no alto rio Guamá em Capitão Poço. A densidade da liteira (g cm-3) foi igual entre E1 e E3.
Assim como E2 e E4 obtiveram igualdade estrutural de densidade. Com isso, conclui-se que a propriedade
extensiva do armazenamento da matriz biogeoquímica total (liteira) foi ecossistema de floresta sucessional em
relação ao ecossistema de E1, E2, E3 e E4. O menor acúmulo de K em todos os ecossistemas pode ser explicado
pela sua maior expressão no ciclo bioquímico em relação a outros metais.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
1. INTRODUÇÃO
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
2. METODOLOGIA
Experimento 1: Ecossistemas do alto rio Aurá & Benfica (Figura 1). Os ecossistemas de florestas sucessionais
e de florestas plantadas representam 70% de uma área de 220 hectares que fazem parte do sistema de pesquisa
em de germoplasma de Theobroma da Amazônia oriental (1º, 10´S; 48º 20´W) no município de Benevides no
nordeste do Pará.
Experimento 2: Ecossistemas do médio rio Apeú (Figura 1). A área de estudo está situada na Estação de
Piscicultura de Água Doce, pertencente à Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), localizada à margem
da BR 316, km 63, região de Apeú, Castanhal, na microbacia do rio Praquiquara, baixo rio Guamá (1 o19’ S, 47
o
57’W) no nordeste do Pará (HOMCI, 2014).
Experimento 3: Ecossistemas do médio rio Maracanã (Igarapé-Açú). Os ecossistemas dominantes são os
agroecossistemas de diversas culturas alimentares, e os ecossistemas sucessionais florestais, em vários estágios
serais e acúmulo de fitomassa. O fluxo médio de fitomassa deposicional (liteira) nesses ecossistemas, com idade
aproximada de 10 a 15 anos é de 9 Mg ha-1 ano-1 (VIEIRA, 1996).
Experimento 4: Ecossistemas do alto rio Guamá (Capitão Poço) (Figura 1). No planalto do rio Guamá ocorre
os domínios dos ecossistemas sucessionais de floresta em vários estágios serais. O solo dominante foi classificado
como Latossolo Amarelo distrófico (LAd).
Figura 1 Estações de coleta 1) Ecossistemas do alto rio Aurá e baixo rio Benfica; 2) Ecossistemas do médio
Apeú; 3) Ecossistemas médio Maracanã; e 4) Ecossistemas do alto rio Guamá (OLIVEIRA et al., 2009)
A amostragem foi realizada pelo método da linha base, com 5 transectos de 50 m cada estabelecidos
aleatoriamente ao longo da perpendicular de 100 m de linha de base. Foram coletadas 20 amostras sorteadas nos
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
transecto (COVINGTON, 1976). Nos ecossistemas de floresta sucessional de E1 a E4 nos planaltos dos rios
Aurá, -Benfica, Apeú, Maracanã e Guamá (figura 1), foram coletadas 20 amostras da matriz biogeoquímica ou
liteira deposicional no solo (LDs), usando-se amostrado. O amostrador da LDs possui dimensões de 25 x 25 cm,
com 625 cm2 de área e 8 cm de altura (espessura), com um volume de coleta de 5000 cm3.
A determinação da fitomassa seca da liteira foi obtida por secagem em estufa durante 48 horas a 70 oC.
A partir da área do amostrador padronizado, que será determinado do armazenamento de fitomassa seca (g) na
liteira por metro quadrado nos ecossistemas. Essa variável será determinada com base na coleta de 20 amostras
válidas e expressa em massa seca (g) por metro quadrado pela equação 1 (HILLMAN & GOULDING, 1981).
n V
onde: AFD= armazenamento médio de fitomassa deposicional(g m-2); Ms= massa seca da matriz biogeoquímica
de fluxo (g ); S= área do coletor (m-2); e n= número de amostras da subpopulação.
A densidade global da liteira será determinada a partir de resultados analíticos de dados de massa úmida
(g) e o volume da amostra (cm3) pela equação 2.
onde: σ= densidade global (g cm-3); Msl= massa seca da matriz biogeoquímica (liteira) (g); e V= volume (cm-3)
do coletor.
A espessura da liteira será determinada utilizando-se a altura do amostrador com 4 leituras por amostra,
totalizando 80 leituras por ecossistema com 20 amostras, totalizndo 320 leituras para os 4 domínios de
ecosistemas, considerando as bacias dos rios Aurá-Benfica, médio Apeú, médio Maracana, médio rio Guamá
(Figura 1). Nestas determinações foram usadas as equações 3 e 4 (HILLMAN & GOULDING, 1981).
mu ms
ms (4)
Onde: ε= estimativa da espessura (mm) da liteira; Li= leitura da espessura em cada lado do amostrador (mm); e
n= número de leituras por subparcelas.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
Na análise estatística de forma analítica das subpopulações de dados das propriedades físicas e químicas
que foram analisados por métodos de comparação múltipla, e uso de ANOVA simples.
Os procedimentos de análise química no material vegetal foi implementados após a fase de reparação de
amostras, secagem sob temperatura de 60 oC durante 24 horas e determinação da massa seca (g) com precisão de
centésimos (0,01) e, finalmente, moagem em moinho tipo Wiley.
O N foi determinado por analisador CHN, e para obtenção dos elementos P, K, Ca, Mg, as amostras
foram digeridas em solução duplo-ácido nitroperclórica (HNO3-HClO4 solução (2:1), com determinação em
espectrofotométrica para o P e K, e espectrofotometria de absorção atômica (AAS) para Ca, Mg (SILVA, 1999).
A estimativa do estoque médio de elementos AEQ, (propriedades extensivas, (Kg.h-¹)) será obtida
através da multiplicação da concentração média (ppm) dos elementos pela estimativa da massa seca média da
matriz biogeoquímica da liteira (g), conforme a equação 5.
i 1
CiMi
AEQ
N (5)
onde: AEQ= estimativa do armazenamento dos elementos químicos em (g m2); µi= estimativa da concentração
(ppm) de amostras válidas; Mi= estimativa da massa seca das amostras válidas da matriz biogeoquímica da liteira
(g m2), e N= número de amostras válidas.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
ser atribuída, a variação estrutural estabelecida na sucessão (Figura 2). Mesmo em ecossistemas diferentes como
de trecho de floresta estacional semidecidual submontana no ES, Godinho et al. (2014), encontrou valor médio
no acumulo de liteira de 5,5 Mg ha-¹.
Figura 2 Valores médios das propriedades físicas da liteira nos ecossistemas E1(Benfica), E2 (Apeú), E3
(Igarapé-Açu) e E4 (Capitão Poço): espessura (cm), armazenamento de liteira-massa seca, AMS (Mg.ha-1),
densidade global, DG (g cm-3) e armazenagem de água, AA (mm).
14
12
10 E1
E2
8 E3
6 E4
4
2
(Variação)
0
Espessura[cm] AMS[Mg/ha] DG[g/cm3] AA[mm]
O Ca foi o que apresentou maior quantidade extensiva seguida do N, Mg. K e P, resultado semelhante
foi o de (GODINHO et al., 2014), encontrado um teor de Ca mais elevado, em que descreve que o fato do Ca, ser
um componente estrutural das células do tecido vegetal, tendendo assim a ser um dos últimos a ser liberado para
o solo via decomposição da serapilheira. (Figura 2). E entre os ecossistemas que maior apresentou Ca foi E4.
Figura 2. Propriedades extensivas, valores médios das (kg.ha-1) de N, P, K, Ca e Mg na liteira nos ecossistemas
E1(Benfica), E2 (Apeú), E3 (Igarapé-Açu) e E4 (Capitão Poço).
160
140
E1
E2
120 E3
E4
100
-1
kgha
80
60
40
20
0
N P K Ca Mg
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS)
O modelo de acúmulo dos elementos seguiu a ordem Ca>N>Mg>K>P, aliada a estequiometria ecológica
das espécies, e esta ordem indica além da magnitude, o controle biogênico associado a biodiversidade no nível
dos ecossistemas.
REFERÊNCIAS
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
BARLOW, A. J.; GARDNER, T. A.; FERREIRA, L. V.; PERES, C. A. Litter fall and decomposition in primary,
secondary and plantation forests in the Brazilian Amazon. Forest Ecology and Management, v. 247, p. 91–97,
2007.
BORMANN, F. H.; LIKENS, G. E. Pattern and Process in a Forested Ecosystem. New York. Springer Verlag.
233p. 1994.
BROWN, S.; LUGO, A. E. Tropical secondary forests. Journal of Tropical Ecology. Vol. 6, No. 1, pp. 1-32.
1990.
COSTA, C. C. A.; CAMACHO, R. G. V.; MACEDO, I. D.; SILVA, P. C. M. Análise comparativa da produção
de serapilheira em fragmentos arbóreos e arbustivos em área de caatinga na flona de Açu-RN. Revista
Árvore, v.34, n.2, p.259-265, 2010.
COVINGTON, W. W. Forest floor organic matter and nutrient content and leaf fall during secondary
sucession in northern hardwoods. 1976. 98 f. Tese de doutoramento - Yale University, New Haeven, 1976.
HOMCI, V. P. B. Matriz de vulnerabilidade da água: uma análise sistêmica dos recursos hídricos da microbacia
do rio Praquiquara, médio Apeú, nordeste do Pará, Amazônia Oriental. 2014. Tese de doutoramento -
Universidade Federal Rural da Amazônia, Belém, PA., 2014.
HILLMAN, G. R.; GOULDING, D. L. Forest floor characteristics of Marmot and Streeter experimental
watershed. Environment Canada, Canadian Forestry Service. Alberta. Edmonton. 1981. 22 p.
NEPSTAD, D.; MOUTINHO, P.; UHL, C.; VIEIRA, I. C.; SILVA, J. M. C. The Ecological Importance of Forest
Remnants in an Eastern Amazonian Frontier landscape. In: SCHELHAS, J. and GREENBERG, R. (Eds.). Forest
Patches in Tropical Landscapes Island Press. 1996. 7 ed, p. 133-150.
OLIVEIRA, T. H.; GALVÍNCIO, J. D.; ARAÚJO, M. S. B.; PIMENTEL, R. M. M.; SILVA. B. B. Avaliação do
fluxo de calor no solo, temperatura da superfície e albedo na bacia hidrográfica do Rio Moxotó-PE através de
imagens TM - Landsat-5. XIII Simpósio Brasileiro de Geografia Física Aplicada, Viçosa. Anais SBGFA, 2009.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
SILVA, F. C. O manual de análises químicas de solos, plantas e fertilizantes. Brasília. EMBRAPA. 188p,
1999.
SMITH, K. S.; GHOLZ, H. L.; OLIVEIRA, F. de A. Litterfall and nitrogen-use efficiency of plantations and
primary forest in the eastern Brazilian Amazon. Forest Ecology & Management Vol. 109: 209-220, 1998.
VIEIRA, I. C. G. Forest succession after shifting cultivation in eastern Amazonia. University of Stirling, Stirling.
210 p., 1996.
VITOUSEK, P. M. Nutrient cycling and nutrient use efficiency. The American Naturalist 119(4): 553-572,
1982.
VOGT, K. A.; GRIER, C. C.; Vogt, D. J. Production, turnover, and nutrient dynamics of above-and belowground
detritus in world forests. Adv. Ecol. Res. 15: 303-377, 1986.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
[email protected]
3 Engenheiro Agrônomo. Universidade Federal Rural da Amazônia. E-mail:
[email protected]
4 Graduando em Agronomia. Universidade Federal Rural da Amazônia. E-mail: [email protected]
5
Graduando em Agronomia. Universidade Federal Rural da Amazônia. E-mail: [email protected]
6 Professora/Orientadora da UFRA/Campus Belém, Universidade Federal Rural da Amazônia. E-mail:
RESUMO
O estudo teve como objetivo avaliar a capacidade de germinação de duas cultivares de feijão de metro,
utilizando como composto orgânico a casca de caranguejo O feijão de metro é uma hortaliça com origem na
África Central, sendo cultivada em várias partes do mundo, tendo um excelente valor nutricional em sua
composição. Síncrono a isto, existe um interesse cada vez maior no aproveitamento de resíduos gerados pelo
aumento populacional nos grandes centros urbanos, sendo desenvolvidos estudos para o reaproveitamento desses
resíduos em cultivos de hortaliças, tendo como um dos exemplos a casca de caranguejo. A casca do caranguejo
possui grandes propriedades nutricionais e notáveis valores de macronutrientes entre eles 16,34 g/Kg de N, 17,02
g/Kg de P, 4,89 g/Kg de K e 8,91 g/Kg de Na e outros sais. O estudo teve como objetivo avalizar a capacidade
de germinação de duas cultivares de feijão de metro, utilizando como composto orgânico a casca de caranguejo.
O estudo foi conduzido na horta da Universidade Federal Rural da Amazônia com esquema fatorial de 2x2 com
quatro repetições e cinco plantas por parcela. O teste contou com duas cultivares de feijão de metro, o cultivar
Guará (ou Guariba) e o cultivar Verde. A cascas de caranguejo foram coletadas em Bragança e posteriormente
triturados, sendo diluído no solo em proporção 3:1 em vasos de volume de 8 litros. A porcentagem de germinação
(G%) foi de 82,66 e 73,33 nos tratamentos com ausência de farinha de casca de caranguejo, T1 e T3,
respectivamente. Já nos tratamentos com a presença de farinha de caranguejo os resultados apresentados foram
inferiores, com 26,66% em ambos os casos. A adição de farinha de casca de caranguejo mostrou-se prejudicial
para as sementes de feijão de metro (Vigna unguiculata (L.) Walp ssp. sesquipedalis Verdc), nas proporções
avaliadas
Palavras- chave: Germinação. Salinidade. Vigna unguiculata
Área de Interesse: Agronomia
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
INTRODUÇÃO
O feijão de metro (Vigna unguiculata (L.) Walp ssp. sesquipedalis Verdc) é uma hortaliça não tradicional
cultivada em diversas partes de globo cujo centro de origem é a África Central (SARUTAYOPHA et al., 2007).
É excelente fonte de carboidratos, gorduras, cálcio, ferro, tiamina, riboflavina. nicotinamida e pró-vitamina A
(CARDOSO, 1997).
No Brasil, a procura por alimentos livres de produtos químicos está gradativamente aumentando.
Rodrigues et al. (2008), afirmam que quando fornecida de forma coerente, a matéria orgânica proveniente de
animal ou vegetal garante efeitos positivos sobre o rendimento das culturas.
Para que ocorra a germinação é necessário que existam condições favoráveis no ambiente em questão,
entre elas, podemos citar a luz, a temperatura e a disponibilidade de água (CARVALHO E NAKAGAWA, 2000).
Mas, nem sempre essas condições são adequadas.
O movimento de água do meio externo para o interior da semente pode ser prejudicado em função dos
teores de sais presentes no solo, dificultando os processos metabólicos e consequentemente a germinação
(KAPPES, 2010).
A consequência do excesso de sais solúveis sobre as plantas está em função à alta pressão osmótica e à
toxidez que alguns elementos, como o Na e o Cl, que chegam a causar distúrbios fisiológicos na planta, podendo
ocasionar a sua morte (MELLO et al., 1983).
O crescimento populacional em larga escala atrelado ao atual modelo de consumo da população vem
aumentando os níveis de lixo que são produzidos nos grandes centros urbanos do país. No Brasil, o interesse por
questões de gerenciamento dos resíduos sólidos vem gradativamente aumentando ao passo que os benefícios
advindos destas ações são equitativamente notáveis (IBGE, 2006).
O caranguejo-do-mangue (Ucides cordatus L.), encontrado em abundância nos manguezais da região
paraense, é um dos pratos típicos mais apreciados pela população da região. O elevado consumo desse crustáceo
tem gerado resíduo através da extração de carne principalmente, que na maioria das vezes é subaproveitada ou
descartada, desconsiderando o potencial econômico e o benefício social que poderiam advir da utilização desse
resíduo.
Vários pesquisadores vêm propondo soluções para o aproveitamento de diversos resíduos. Araújo et al.,
(2009) estudaram o efeito da aplicação de farinha de caranguejo em níveis de dosagens para a produção de Vigna
unguiculata (L.) WALP. Enquanto Ogawa et al. (1973) estudaram a composição química dos resíduos e
carapaça de caranguejo uçá (Ucides cordatus cordatus Linnaeus, 1963) para o aproveitamento na produção de
ração para animais. Contudo, estudos conduzidos com a cultura do feijão-de-metro e com a casca do caranguejo
são escassos, necessitando, portanto, de maiores investigações.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
A farinha da casca de caranguejo apresenta, segundo Moreira, (2016) notáveis valores de macronutrientes
entre eles 16,34 g/Kg de N, 17,02 g/Kg de P, 4,89 g/Kg de K e 8,91 g/Kg de Na e outros sais.
Portanto, o presente estudo objetivou avaliar a capacidade de germinação de duas cultivares de sementes
de feijão de metro em substrato composto com farinha de casca de caranguejo na forma de adubo orgânico.
MATERIAL E MÉTODOS
O teste foi realizado na área de horta da Universidade Federal Rural da Amazônia – UFRA (Latitude:
01º 27’ 15,6" S, Longitude: 48º 26' 42,4" W, Altitude 5m), em Belém cujo clima é considerado AF, segundo a
classificação de Koppen.
Utilizou-se o delineamento blocos ao acaso em esquema fatorial 2X2, com quatro repetições e cinco
plantas por parcela. O teste contou com duas cultivares de feijão de metro, o cultivar Guará (ou Guariba) e o
cultivar Verde, nos seguintes tratamentos: cultivar verde e somente solo (T1); cultivar verde e solo+ farinha de
casca de caranguejo (T2); cultivar roxa e somente solo (T3); cultivar roxa e solo+ farinha de casca de caranguejo
(T4), na proporção de 3:1; onde foram colocadas 3 sementes por vaso.
As cascas de caranguejo foram coletadas no município de Bragança, PA (Latitude 01° 03' 13" sul e
Longitude 46° 45' 56") e postas para secar por 15 dias a pleno sol e posteriormente na torradeira de farinha por
1h30min, aproximadamente.
O preparo da farinha da casca de caranguejo iniciou com a trituração. Para tal, utilizou-se trituradora/
picadora de forragem com peneira de nº 070.
A farinha da casca de caranguejo foi diluída em solo na proporção de 3:1 em vasos de volume de 8
litros. Desta forma, foram utilizados 6 litros de solo a cada 2 litros de farinha de casca de caranguejo por vaso.
As sementes foram avaliadas pelos seguintes testes:
Germinação – considerou-se como sementes germinadas aquelas que emitiram raiz primária. Os
resultados foram expressos em porcentagem média com base no número de plântulas normais em relação ao
número de sementes que foram utilizadas por tratamento (Brasil, 1992).
Índice de velocidade de germinação – foi determinado pelo somatório do número de sementes
germinadas a cada dia, dividido pelo número de dias decorridos entre a semeadura e a germinação, conforme
descreveu Maguire (1962).
IVG = (N1/T1) + (N2/T2) + (N3/T3) + ... + (Nn/Tn), em que: ni= número de plântulas observadas no tempo
“i” e ti= tempo após instalação do teste;
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
Tempo médio de germinação -foi calculado através de contagens diárias das sementes germinadas até o
décimo dia após a semeadura e calculado através da fórmula abaixo, proposta por Labouriau (1983), sendo os
resultados expressos em dias.
TMG = Σ (ni ti) / Σ ni, em que: ni = número de sementes germinadas no intervalo entre cada contagem;
ti = tempo decorrido entre o início da germinação e a i-ésima contagem.
As avaliações de germinação iniciaram-se no dia 01 de junho de 2017 e se estenderam até o dia 09 de
junho de 2017.
Foram realizadas análises de condutividade elétrica nos substratos analisados com auxílio de um
condutivímetro CG 1800 Gehaka.
Os dados estatísticos foram analisados no Software Assistat 7.0
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A porcentagem de germinação (G%) foi de 82,66 e 73,33 nos tratamentos com ausência de farinha de
casca de caranguejo, T1 e T3, respectivamente entretanto o tratamento T1 (cultivar verde + somente solo) foi o
tratamento que estatisticamente melhor respondeu a germinação.
Nos tratamentos que contavam com farinha de casca de caranguejo em sua composição, as taxas foram
menores, sendo 26,66 % em ambos os casos, conforme explícita a Tabela 01.
Tratamento % Germinação
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
Oliveira e Filho (2008) quando dizem que a germinação das sementes de sorgo reduziram-se a medida que a
adição de NaCl foi aumentado.
No trabalho de Ferreira et al, (2011), observou que para a cultura do meloeiro, a adição de resíduos de
caranguejo aumenta significativamente os de condutividade elétrica (CE), Na+ e K+ do solo até o nível onde o
comprometimento da cultura é notável em razão, principalmente, do aumento da salinidade do solo, diminuindo
sua geminação.
Conforme a tabela 2, verificou o grande aumento da condutividade elétrica no substrato com farinha de
caranguejo, principalmente quando comparado a Testemunha, acarretado pela grande liberação dos sais presente
na farinha de caranguejo, sendo prejudicial para as sementes.
Tabela 2 – Condutividade Elétrica dos Substratos analisados
Substrato C.E Temperatura (ºC)
(µS / cm)
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
Tabela 3 – Índice de Velocidade de Germinação e Tempo médio de germinação das sementes avaliadas
CONCLUSÃO
A adição de farinha de casca de caranguejo mostrou-se prejudicial para as sementes de feijão de metro
(Vigna unguiculata (L.) Walp ssp. sesquipedalis Verdc), nas proporções avaliadas.
O índice de velocidade de germinação, bem como o tempo médio de germinação são afetados pelos altos
valores de condutividade elétrica advindos da dissociação de sais do substrato.
O estresse salino afetou negativamente o desempenho das sementes de feijão de metro, reduzindo sua a
germinação.
REFERÊNCIAS
ARAUJO, F.J.F, AQUINO, M.D, AQUINO, B.F., BEZERRA, F.M.L, NETO, F.C. Aplicação do composto
orgânico produzido a partir de caranguejo uçá Ucides cordatus cordatus no cultivo de feijão caupi Vigna
unguiculata (L.) WALP, Engenharia Ambiental - Espírito Santo do Pinhal, v. 6, n. 3, 015-035 p. 2009
BRASIL. Ministério da Agricultura e Reforma Agrária. Secretaria Nacional de Defesa Agropecuária. Departamento
Nacional de Produção Vegetal. Coordenação de Laboratório Vegetal. Regras para Análise de Sementes. Brasília, DF, 19
365 p.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
CARDOSO, M.O. Hortaliças não convencionais da Amazônia. Manaus, AM: EMBRAPA-CPAA, 1997. 150p.
CARVALHO, N.M.; NAKAGAWA, J. Sementes: Ciência, Tecnologia e Produção. Jaboticabal, SP: FUNEP 588p. 2000
FERREIRA, F.J., AMORIM. A.V., ARAÚJO, F.J.F., LACERDA, C.F., AQUINO, M.D., Salinização do solo e
desenvolvimento de meloeiro com a aplicação de resíduo de caranguejo. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e
Ambiental, Campina Grande, PB, v.15, n.4, p.359–364. 2011.
LABOURIAU, L.G. A germinação das sementes. Washington: Secretaria Geral da Organização dos Estados Americano
1983. 174p.
MAGUIRE, J.D. Speed of germination aid in selection and evaluation for seedling emergence and vigor. Crop Science,
n.1, p.176-177. 1962.
MELLO, F.A.F.; SOBRINHO, M.O.C.B.; ARZOLLA, S. Fertilidade do solo. Piracicaba: Nobel, 400 p. 1983.
OGAWA, M.; ALVES, T. T.; CALANDNORONHA, M da C.; ARARIPE, C. A. E.; MAIA, E. L. Industrialização do
Caranguejo Uçá, Ucides cordatus (Linnaeus). I – Técnicas para o Processamento da Carne. Arquivos de Ciências do Ma
Publicação do Laboratório de Ciências do Mar: Universidade Federal do Ceará - UFC, v.13, n.1, p.31 – 37, 1973.
OLIVEIRA A.B.; FILHO, E.G. Germinação e vigor de sementes de sorgo forrageiro sob estresse hídrico e salino, Revis
Brasileira de Sementes, Londrina, v.31 n.3, p. 048-056. 2009.
RODRIGUES, P. N. F.; ROLIM, M. M.; BEZERRA NETO, E.; PEDROSA, E. M. R.; OLIVEIRA, V. S. Crescimento e
composição mineral do milho em função da compactação do solo e da aplicação de composto orgânico. Revista Brasilei
de Engenharia Agrícola e Ambiental, v.13, p.94-99, 2008.
SARUTAYOPHA, T.; NUALSRI, C.; SANTIPRACHA, Q.; SAEREEPRARAT, V. Characterization and genetic
relatedners among 37 yardlong bean an cowpea accessions based on morphological characters and RAPD analysis.
Sangklanakarin Journal of Science and Tecchnology, v.29, p.591-600, 2007.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
Uilson Ricardo Venâncio Aires1; Carlos Henriques da Silva Rezende²; José Leôncio de Almeida Silva³
1
Mestrando em Engenharia Agrícola. Universidade Federal de Viçosa. [email protected]
2
Doutorando em Solos e Nutrição de Plantas. Universidade Federal de Viçosa. [email protected]
³Doutorando em Engenharia Agrícola. Universidade Federal de Viçosa. [email protected]
RESUMO
A implementação de culturas agrícolas sem a adoção de práticas conservacionistas pode afetar consideravelmente
a fertilidade dos solos devido à processos de degradação do mesmo, como exemplo, a erosão hídrica. Dentre as
práticas conservacionistas visando a redução dos problemas com a erosão, destaca-se a construção de terraços.
No entanto, estas estruturas nem sempre atendem aos critérios de projeto e podem resultar em problemas de
ruptura, trazendo graves consequências ao meio ambiente. Neste contexto, o objetivo deste trabalho foi avaliar a
eficiência de um terraço em nível, utilizando o software AvaTer 1.0, bem como propor alterações estruturais para
aumentar a eficiência do terraço. Os dados de entrada utilizados no software foram obtidos a partir de um
levantamento altimétrico e medições de campo. As principais informações levantadas foram, as dimensões da
crista do terraço, profundidade do canal de drenagem e identificação dos pontos mais baixos do terraço, os quais
são mais susceptíveis ao extravasamento em casos de eventos extremos de precipitação. Posteriormente, os dados
medidos em campo foram utilizados no software AvaTer 1.0, para verificação da eficiência do terraço. Foi
verificado que as seções do terraço apresentaram irregularidade, principalmente quanto à cota de crista, das
extremidades e a capacidade de armazenamento. Com isso o terraço apresentou uma eficiência de 95,69%,
obtendo uma avaliação de Terraço Inadequado pelo software. A readequação do terraço baseou-se na
recomendação de que os pontos da crista estejam no mínimo 15 cm acima do bigode do terraço, observando o
estabelecimento de uma altura de extremidade que seja suficientemente grande para permitir o armazenamento
da água correspondente a respectiva área de contribuição, elevando a eficiência do terraço para 394,47%. A partir
das adequações propostas no redimensionamento do terraço, o mesmo passou a atender aos critérios necessários
para que desempenhe sua função de forma satisfatória.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
1. INTRODUÇÃO
Práticas incorretas no cultivo agrícola podem destruir, em poucos anos, a camada arável do solo que a
natureza levou milênios de anos para formar (BAHIA et al., 1992), isto se configura um grave problema para as
atividades agrícolas pois nas camadas mais superficiais do solo se concentram a maior quantidade de nutrientes
(SANTOS et al., 2013). Para se obter um panorama da situação atual, em um estudo realizado por Hernani et al.
(2002), foi observado que as perdas anuais de solo em áreas ocupadas por lavouras e pastagens no Brasil são da
ordem de 822,7 milhões de toneladas.
Neste contexto, o uso de práticas conservacionistas que aumentem a infiltração e o armazenamento da
água no perfil do solo, disciplinando o escoamento superficial, é fundamental para a obtenção de uma produção
agropecuária sustentável (DIONISIO, 2010), sendo o terraço agrícola uma prática mecânica amplamente utilizada
visando a redução de problemas relacionados com a erosão hídrica (PRUSKI, 2009).
Apesar de ser uma prática antiga, o terraceamento apresenta, ainda, dificuldades relativas ao seu uso sendo
sua eficiência dependente do adequado posicionamento espacial dos terraços, do dimensionamento correto da sua
seção transversal e da sua uniformidade no campo (GRIEBELER et al., 2005). Em virtude dos elevados custos
de construção e manutenção de sistemas conservacionistas é fundamental otimizar o dimensionamento de terraços
visando satisfazer o controle da erosão e a economia do projeto (GRIEBELER et al., 1998).
A eficiência do sistema de terraços está relacionada ao volume de água armazenado no canal do terraço,
o qual é determinado pela sua seção transversal, combinada com a menor altura encontrada ao longo da crista do
camalhão e pela obstrução simultânea de suas extremidades. Os aspectos construtivos também são influenciados
pelo tipo de solo, pela textura, pelo relevo, pela cobertura vegetal existente e pelo tipo de máquina utilizada. A
combinação desses fatores pode alterar a estrutura geométrica projetada para o terraço, além de proporcionar sua
ineficiência pela redução da capacidade de armazenamento do escoamento superficial e consequentemente, o
volume de água infiltrado (PRUSKI et al., 2009). Desta forma, o objetivo deste trabalho foi avaliar a eficiência
de um terraço em nível, utilizando o software AvaTer 1.0, bem como propor alterações estruturais para aumentar
a eficiência do terraço.
2. MATERIAL E MÉTODOS
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
típico Latossolo Vermelho Amarelo predominante em todo o município de Viçosa-MG. A Figura 1 apresenta a
área de estudo.
Para a avaliação da eficiência do terraço e seu redimensionamento utilizou-se o software AvaTer 1.0,
desenvolvido a partir da versão preliminar TERRALTIM 1.0, pelo Grupo de Pesquisa em Recursos Hídricos
(GPRH) do Departamento de Engenharia Agrícola da UFV, sendo disponibilizado de forma gratuita
(www.gprh.ufv.br/?area=software).
O software foi desenvolvido com o objetivo de auxiliar no acompanhamento de obras de terraços em nível,
visando garantir a eficiência no funcionamento dessas estruturas, reduzindo riscos de acidentes. A Figura 2
apresenta a interface inicial do software AvaTer 1.0.
Para utilização do software, fez-se necessário a obtenção de algumas informações de entrada, as quais são
descritas a seguir.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
Realizou-se um levantamento topográfico da área utilizando-se nível ótico, mira estadimétrica e trena.
Demarcou-se sobre e ao longo da crista do terraço estacas espaçadas em 5 m, para se obter dados referentes ao
perfil da crista e seção transversal do canal do terraço. Ademais, foi observado a altura das extremidades dos
canais (bigodes) e selecionou-se os pontos mais rebaixados na altura da crista para avaliação das cotas. A área de
influência à montante do terraço logo acima foi obtida com auxílio da trena, com cinco observações, para obtenção
de um valor médio representativo.
Para a obtenção dos dados de precipitação do local estudado, utilizou-se o software Pluvio 2.1, também
desenvolvido pelo GPRH, objetivando obter a chuva de projeto a partir da equação de chuvas intensas para o
município de Viçosa, MG, a qual depende dos parâmetros k, a, b e c. O período de retorno adotado para esta
avaliação e redimensionamento do terraço foi de 15 anos, valor normalmente recomendado para projetos de
terraceamento.
O perfil da seção transversal do canal avaliado é do tipo trapezoidal, caracterizado por duas cotas de fundo
e duas nas extremidades superiores. Em cada estaca cravada determinou-se as cotas perpendiculares, por meio de
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
quatro leituras que acompanharam a forma geométrica do canal, com início na crista do camalhão, duas cotas de
fundo e por fim o ponto de igual altura em direção ao terraço de montante.
Assim sendo, foram introduzidos no programa os valores da cota da crista do terraço (C), do fundo 1 (F1),
do fundo 2 (F2), do final do terraço (FT), da distancia da crista até o fundo 1 (C-F1), da distância da crista até o
fundo 2 (C-F2) e a distancia da crista até o final do terraço (C-FT).
A c Dm .L t (1)
em que D m é a média das distâncias medidas entre os terraços avaliados e o limite da área de contribuição a
montante (m); e L t comprimento total do terraço (m).
Para a determinação desta área de contribuição, foram coletadas medidas com a trena ao longo de 6 pontos
utilizados neste estudos e posteriormente estas informações foram e inseridos no software avater 1.0.
É importante ressaltar que o terraço não pode, de forma alguma, apresentar vazamentos sobre sua crista.
Para esta verificação, foram identificados os pontos mais baixos ao longo do perfil da crista do terraço, e foi feito
o levantamento altimétrico destes pontos com auxílio de um nível optico. Estes dados foram posteriormente
inseridos no software avaTer 1.0, para avaliação das condições da crista do terraço.
O dado de entrada referente ao tipo de solo necessita do valor da taxa de infiltração estável. O solo
predominante da área é um Latossolo Vermelho Amarelo com textura argiloso/muito argiloso. De maneira geral
são solos considerados profundos, com drenagem relativamente alta (taxa de infiltração estável (Tie) em torno de
30 mm.h-1) e baixa fertilidade natural (SANTOS et al., 2011).
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
O comprimento total identificado para o terraço avaliado foi de 28,55 m. Com a introdução desta
informação em conjunto com as dimensões do terraço, foi possível identificar a diferença da altura do ponto mais
baixo da crista em relação ao ponto mais baixo do bigode do terraço, sendo este o ponto preferencial de vazamento
do terraço em situações onde o volume de água exceder a capacidade de armazenamento.
As seções do terraço apresentam irregularidade, principalmente quanto à cota de crista e das extremidades
e a capacidade de armazenamento. De acordo com os dados apresentados na Figura 3, o Terraço apresentou uma
lâmina de escoamento superficial de 43,37 mm, com uma área de contribuição de 171,06 m². A capacidade de
armazenamento necessária foi de 7,42 m³, e a capacidade de armazenamento apresentada pelo terraço foi de 7,10
m³. Com isso o terraço apresentou uma eficiência de 95,69%, obtendo uma avaliação de “Terraço Inadequado”
pelo software.
Figura 3. Resultados da avaliação do terraço
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
Uma medida de segurança de projeto a ser adotada, para esse caso, seria a recomendação de que todos os
pontos da crista estejam no mínimo 15 cm acima do bigode do terraço, observando o estabelecimento de uma
altura de extremidade que seja suficiente grande para permitir o armazenamento da água correspondente a
respectiva área de contribuição.
Com a adoção desses valores, verificou-se que a área de contribuição do terraço (171,06 m²) e a capacidade
de armazenamento necessária (7,42 m³), mantiveram-se inalteradas (Figura 4). Assim este apresentará condições
construtivas adequadas.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
O redimensionamento visando à otimização do terraço se apresentou bastante oportuno, uma vez que
o manteve adequado, com capacidade de armazenar o volume de escoamento superficial para o qual foi
projetado, com eficiência de 394,47%.
4. CONCLUSÕES
A avaliação do terraço, com base no programa AvaTer 1.0, foi considerado adequado, considerando as
recomendações feitas para maximizar a eficiência do terraço e torna-lo mais condizente com as características
construtivas.
A partir das adequações propostas no redimensionamento do terraço, o mesmo passou a atender aos
critérios necessários para que desempenhe sua função de forma satisfatória.
REFERÊNCIAS
BAHIA, V. G.; CURI, N.; CARMO, D. N.; MARQUES, J. J. G. S. Fundamentos de erosão do solo: tipos, formas
mecanismos, fatores determinantes e controle. Informe Agropecuário, v.16, p.25-31, 1992.
DIONISIO, H, A, F. Erosão hídrica: Suscetibilidade do solo. Revista Eletrônica Thesis, n.13, p.15-25, 2010.
GRIEBELER, N. P.; PRUSKI, F. F.; BRAGA, A. P.; ABRAHÃO, W. A. P. Variabilidade espacial da seção
transversal de terraços posicionados em nível. Revista Engenharia na Agricultura, v.6, p.1-11, 1998.
GRIEBELER, N. P.; PRUSKI, F. F.; TEIXEIRA, A. F.; SILVA, D. D. Modelo para o dimensionamento e a
locação de sistemas de terraceamento em nível. Engenharia Agrícola, v.25, p.696-704, 2005.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
HERNANI, L. C.; FREITAS, P. L.; PRUSKI, F. F.; DE MARIA, I. C.; CASTRO FILHO, C.; LANDERS, J. N.
A erosão e seu impacto. In: MANZATO, C. V.; FREITAS JÚNIOR, E.; PERES, J. R. R. Uso agrícola dos
solos brasileiros. Rio de Janeiro: EMBRAPA, 2002. Cap. 5, p. 47-60.
PRUSKI, F. F. Conservação de solo e água: práticas mecânicas para o controle da erosão hídrica. Viçosa:
UFV, 2009. 279 p.
SANTOS, H. G.; JÚNIOR, W. C.; DART, R. C.; ÁGLIO, M. L. D.; SOUSA, J. S.; PARES, J. G.; FONTANA,
A.; MARTINS, A. L. S.; OLIVEIRA, A. P. Novo mapa de solos do Brasil. Rio de Janeiro: Embrapa, 130
p., 2011.
SANTOS, L. S.; MORAIS, E. S.; SILVEIRA, H.; ALVES, F. C. Estudo do escoamento superficial na bacia
hidrográfica do rio Ivaí, Paraná, Brasil. Rev. Bras. Geomorfologia, v. 14, p. 259 -267, 2013.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
Thaylana Pires do Nascimento¹; José Claudionor de Lima Luz Junior²; Eliane Barrozo Silva³.
1
Graduando de Tecnologia em Gestão Ambiental. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará.
[email protected]
2Graduando de Tecnologia em Gestão Ambiental. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará.
[email protected]
3Graduada em Biologia. Universidade Federal do Pará. [email protected]
RESUMO
Com o aumento da população a ocupação desordenada virou um grande problema, isso se dá devido à má
organização territorial nas cidades em todo o país. Percebe-se que a maior parte das ocupações se dão em áreas
de preservação ambiental, o que mostra a total falta de planejamento e fiscalização do poder público. Já na região
amazônica, por ter um outro padrão de colonização, algumas áreas urbanas estão localizadas em regiões com
bastante rios, nascentes, etc. O objetivo dessa pesquisa é debater sobre os problemas socioambientais em
decorrência das ocupações irregulares que acontece na Cidade de Bragança, ao longo do Rio Cereja, essa sendo
uma Área de Preservação Permanente (APP) e uma Zona Especial de Preservação Ambiental (ZEPA) pelo Plano
Diretor do Município de Bragança. Para coleta de dados utilizou-se de observações e análises que se deram
através de duas modalidades de pesquisa: bibliográfica e observações diretas. Bem como o embasamento de
análise a partir do Plano Diretor da Cidade de Bragança e Novo Código Florestal. Existem várias normas federais,
estaduais e municipais que dizem que as áreas urbanas devem manter parte de sua vegetação natural protegida,
tais como as matas ciliares, garantindo assim a manutenção do ecossistema, mas como se sabe, as estruturas
fiscalizadoras são bastante deficientes, e as áreas protegidas acabam sendo ocupadas por ocupações humanas
irregulares, sendo essa uma realidade de Bragança e de muitas outras cidades brasileiras. Nota-se que, como em
todas as esferas do País, existem leis para sanar ou minimizar os problemas, mas o que se vê é o meio ambiente
cada vez mais tendo menos importância para o homem, embora o planeta vivencie grandes avanços nas
legislações sobre o meio ambiente.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
1. INTRODUÇÃO
A gênese das cidades no Brasil, desde meados dos anos 50, constitui-se num cenário de contrastes
perceptível tipicamente nas grandes cidades de terceiro mundo, pois a maneira como ocorreu a criação da maioria
dos municípios acarretou no atropelamento dos modelos de organizações territoriais e a gestão urbana
tradicionalmente utilizada mostrou-se inadequada frente a esses modelos (FERREIRA, et al, 2004).
“O aumento populacional nas cidades acarretou também uma maior pressão da sociedade pelo espaço
urbano e conseguintemente sobre os recursos naturais ali existentes” (SANTOS, et al, 2014, pag. 3). Segundo
Gonçalves (2005), no Brasil, principalmente na Amazônia, é possível identificar modelos de organização das
cidades a partir de um padrão: o padrão de organização rio-várzea-floresta e a organização do espaço a partir da
estrada-terra firme-subsolo. Reforçando o que Gorayeb (2008) ressalta quando fala que as cidades amazônicas
encontram-se envolvidas por uma gama de rios, córregos, igarapés, cursos d’água, que ficam a margem da
dinâmica da cidade/urbano, passando por grandes passivos ambientais.
Percebe-se o que De Araújo (2002) ressalta quando fala que as cidades nascem e crescem em torno de
rios, pois além de funcionar como um canal de comunicação, os rios oferecem suportes a serviços ditos essenciais,
incluindo abastecimento de água potável. Os rios transformaram-se em principal paisagem dentro dos centros
urbanos, tornando-se um alvo de atividades lesivas com o cotidiano da população urbana, principalmente das
ocupações irregulares em suas margens, assim essas ocupações acabam acarretando maiores problemas de
degradação para os recursos naturais dentro das cidades (SANTOS, et al, 2014).
Ao longo desses cursos d´água, em tese, deveriam ser observadas todas as normas que regulam as
APP1. Na prática, todavia, essas e outras APP têm sido simplesmente ignoradas na maioria de
nossos núcleos urbanos, realidade que se associa a graves prejuízos ambientais, como o
assoreamento dos corpos d´água, e a eventos que acarretam sérios riscos para as populações
humanas, como as enchentes e os deslizamentos de encostas (DE ARAÚJO, 2002, pág. 3).
Nessa junção de informações, o artigo tem por objetivo trazer a discussão sobre os problemas
socioambientais em decorrência das ocupações irregulares que acontece na Cidade de Bragança, ao longo do Rio
Cereja, que além de ser considerado uma Área de Preservação Permanente (APP) pela Lei nº 12.651, de 25 de
maio de 2012, que dispõe sobre o Novo Código Florestal, também é considerado uma Zona Especial de
Preservação Ambiental (ZEPA) pelo Plano Diretor do Município de Bragança. Diante dessa realidade, trazendo
a análise do que a Lei e o Plano determinam em contraste com a realidade do município.
1
Área de Preservação Permanente
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
2. MATERIAL E MÉTODOS
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Nascendo em um terreno particular da diocese de Bragança, o Rio Cereja atravessa a cidade de Bragança
de oeste a leste, passando pelos bairros Vila Sinhá, Cereja, Taira, Alegre, Padre Luiz, Centro e Aldeia. É
considerado um dos recursos hídricos importantes que deságua e forma a bacia de drenagem do rio Caeté. O Rio
Cereja tem aproximadamente 1,40m de profundidade, 6m de largura e 5km de comprimento (SANTOS, et al,
2014). Dessa maneira é possível analisar a realidade com o que a Lei nº 12.651/2012 determina, pois ela estabelece
em seu Capitulo II quando fala das APP’s que as faixas marginais de qualquer curso d’água natural com largura
mínima de 10 metros deve-se manter a preservação da vegetação de 30m, totalmente contrário o que de fato
acontece as margens do Rio Cereja (Figura 1).
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
Figura 1 – Área de ocupação do Rio Cereja. A) Ocupações irregulares ao longo do Rio Cereja. B) Ocupação irregular as
margens do Rio Cereja.
Embora esse seja considerado pelo Código Florestal (Lei º 12.651/2012), como Área de Preservação
Permanente, a qual é um espeço territorial legalmente protegido, pois são ambientalmente frágeis e
vulneráveis a passivos ambientais, essas áreas podem ser privadas ou públicas, estando em faixa urbana ou rural,
tendo presença ou não de vegetação nativa. Essas áreas são consideradas como elemento de proteção dos recursos
hídricos, trazendo diversos benefícios para o ser humano e para o meio ecológico, trazendo assim, preservação e
equilíbrio ambiental, bem como da biodiversidade (MMA, 2017; SANTOS, et al, 2014).
O Plano Diretor do Município de Bragança, ainda ressalta em sua subseção IV sobre as Zonas Especiais
de Preservação Ambiental (ZEPA) que compreende as áreas de interesse ambiental necessárias à preservação das
condições e amenização do meio ambiente e que é destinada a atividades esportivas ou recreativas de uso público,
sendo nela observadas algumas diretrizes como controle da ocupação das margens dos rios, especialmente os que
cortam a área urbana da sede.
É notório no que tange a realidade do Rio Cereja, sendo considerado uma ZEPA, onde não existe controle
da ocupação em suas margens, nem mesmo preservação do meio ambiente, sendo esse um dos grandes problemas,
pois não existe relação harmoniosa com as necessidades do crescimento da cidade com a questão ambiental, sendo
que a mesma não tem controle de suas ocupações, nem mesmo fiscalizações adequadas para que as leis sejam
cumpridas e de fato estabelecidas nessas áreas (Figura 2).
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
Existem várias normas federais, estaduais e municipais que dizem que as áreas urbanas devem manter
parte de sua vegetação natural protegida, tais como as matas ciliares, garantindo assim a manutenção do
ecossistema, mas como se sabe, as estruturas fiscalizadoras são bastante deficientes, e as áreas protegidas acabam
sendo ocupadas por ocupações humanas irregulares, sendo essa uma realidade de Bragança e de muitas outras
cidades brasileiras (DE ARAÚJO, 2002).
A realidade do Rio Cereja é altamente preocupante, bem como a saúde das populações que ali habitam,
pois estão expostas a situações higiênicas-sanitárias precárias, estando sensíveis a vetores de doenças. Segundo
Silva Filho (2017), as margens sofreram mudanças em decorrência das ocupações, tornando-se uma área de risco
a população, pois a maioria dos resíduos sólidos, os quais são originados dos moradores, são depositados e
acumulados ao longo do rio (Figura 3).
Figura 3 – Deposição inadequada de Resíduos Sólidos. A) Deposição de resíduos sólidos na margem do Rio Cereja. B) Acumulo
de lixo no Rio Cereja.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
Os problemas decorrentes da degradação, tais como: desmatamento, poluição, deposito de lixo, esgotos
domésticos, entre outros, além de afetar gravemente a saúde ambiental desse lugar, torna-se de grande perigo para
as populações que residem na margem, pois as mesmas ficam mais expostas no que diz respeito a contração de
doenças pela degradação e poluições que ali ocorre, principalmente com o lugar propício para a atração de vetores,
tudo em virtude da ação discriminatória do homem, tornando-se assim um problema socioambiental.
4. CONCLUSÃO
Ao observarmos o curso do Rio Cereja é perceptível a transformação causada pelo homem, sem mesmo
precisar de registros fotográficos de anos, pois os problemas ligados ao crescimento não planejado da cidade de
Bragança e de várias do mundo, ressalta nesses tipos de ocupações irregulares, que travam interfaces para com as
legislações vigentes, tais como Código de Postura, Plano Diretor Municipal, Código Florestal, Estatuto da Cidade,
entre outras tantas, que tem o objetivo de assegurar a proteção ambiental garantindo qualidade de vida aos
cidadãos.
O Plano Diretor do Município de Bragança, no seu capitulo II, que diz respeito as diretrizes setoriais para
o meio ambiente, ressalta a elaboração de projeto de macrodrenagem do Rio Cereja, além de plano de recuperação
de rios e igarapés do Município. Nota-se que, como em todas as esferas do País, existem leis para sanar ou
minimizar os problemas, acima expostos, mas essas leis não saem do papel, seja por falta de: recursos,
profissionais capacitados, interesses políticos, etc. O que se vê é o meio ambiente cada vez mais com menos
importância para o homem, embora o planeta vivencie grandes avanços nas legislações sobre o meio ambiente.
REFERÊNCIAS
DE ARAÚJO, Suely Mara Vaz Guimarães. As áreas de preservação permanente e a questão urbana. Biblioteca Digital da Câmara
dos Deputados. Brasília: Câmara dos Deputados, 2002. Disponível em: http://bd.camara.gov.br/bd/handle/bdcamara/1083.
Acesso em: 8 de Jan de 2017.
FERREIRA, Daniela Figueiredo. SAMPAIO, Francisco Edison. SILVA, Reinaldo Vieira da Costa. MATTOS,
Sílvio Costa. Impactos Socioambientais Provocados pelas Ocupações Irregulares em Áreas de Interesse
Ambiental–Goiânia/GO. Pós-Graduação em Gestão Ambiental pela Universidade Católica de Goiás/SENAI–
CETRESG. Goiânia–GO, p. 2-24, 2004.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
https://ww2.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/censo2010/resultados_preliminares_amostra/notas_resultad
os_preliminares_amostra.pdf. Acesso em: 17 de Jan de 2017.
Ministério do Meio Ambiente – MMA. Áreas de Preservação Permanente Urbanas. Rio de Janeiro, 2017.
Disponível em: http://www.mma.gov.br/cidades-sustentaveis/areas-verdesurbanas/%C3%A1reas-de-
prote%C3%A7%C3%A3o-permanente. Acesso em: 8 de Jan de 2017.
OLIVEIRA, Valéria Rodrigues de. Desmitificando a pesquisa científica. Belém: EDUFPA, 2008.
SANTOS, Marcos Ronielly da Silva; MOREIRA, Aninha Melo; SANTOS, Milena de Nazaré
Silva. Análise socioambiental dos moradores da APP urbana do rio Cereja, Bragança-Pará. Seminário
Nacional sobre Tratamento de Áreas de Preservação Permanente em Meio Urbano e Restrições Ambientais ao
Parcelamento do Solo–APP URBANA, 2014.
SILVA FILHO, Cláudio Padilha; NUNES, Zélia Maria Pimentel. Índice de integridade ambiental do Rio
Cereja-Bragança-PA. In: Fórum Internacional de Resíduos Sólidos-Anais. 2017.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
E-mail [email protected]
3 Graduada emTecnologia de Alimentos. Universidade Federal do Pará.
RESUMO
O açaí (Euterpe oleracea Mart.) é um fruto típico e popular da região amazônica, nos últimos anos ganhou
importância devido aos benefícios à saúde, associados a sua composição fitoquímica e a capacidade antioxidante.
Deste modo, o objetivo desta pesquisa foi definir o perfil do consumidor de açaí na cidade de Belém/PA,
identificar se os consumidores conseguem relatar os benefícios do açaí, conhecer os derivados de açaí mais
consumidos e conhecer os desejos por novos produtos derivados deste fruto.A pesquisa foi conduzida aos
consumidores de açaí de ambos os sexos em dois grandes supermercados e nove estabelecimentos domiciliares
de açaí. Aplicou-se um questionário estruturado de vinte questões a trezentos consumidores que saíam dos locais
após as compras na cidade de Belém-PA. Do total dos entrevistados 65% são casados (a), 31% possuem entre 21-
30 anos de idade, 55% tem nível médio, 45% possuem renda mensal de até 1 salário mínimo, 43% consomem
todos os dias açaí, 70% tem o açaí como um alimento básico nas refeições, 34,2% afirmam que o açaí pode
substituir uma refeição,a farinha d’água destaca-se com 55% como complemento vegetal no açaí, 50% não tem
preferência por derivados de açaíe 75% afirmam não se preocupam com os resíduos do açaí. O vinho de açaí é
considerado um alimento básico ou indispensável nas mesas dos consumidores que apresentamo menor poder
aquisitivo. O consumidor desconhece os diversosbenefícios que o açaí pode proporcionarà saúde. O derivado
mais apreciado é o sorvete de açaí e a sugestão por novos produtos destacou-se a barra de cereal com sabor de
açaí.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
1. INTRODUÇÃO
O açaí (Euterpe oleracea Mart.) é uma palmeira que ocorre principalmente nas áreas de várzea e margens
dos rios da Região Amazônica e, ocasionalmente, em terra firme (CAVALCANTE, 1991, OLIVEIRA, 2007). O
açaí é um fruto típico e popular da região amazônica, que nos últimos anos ganhou importância devido aos
benefícios à saúde, associados a sua composição fitoquímica e a sua capacidade antioxidante. O Brasil destaca-
se como o principal produtor, consumidor e exportador do açaí. Esse fruto é comercializado e consumido pela
população local nas regiões produtoras do Pará, Maranhão, Amapá, Acre e Rondônia (MENEZES et al, 2008).
O açaí constitui o alimento básico de grande parcela da população paraense, principalmente dos povos
ribeirinhos que o consomem em todas as refeições do dia, e o exploram em sua quase totalidade na forma extrativa,
sendo assim de vital importância na sustentação econômica dos ribeirinhos, bem como na dieta alimentar da
população urbana (SANTANA, 2005). Com o crescimento do mercado, esse produto passou a ser consumido
também nas grandes capitais brasileiras. Atualmente, a polpa do açaí é exportada para Estados Unidos, Japão,
China e alguns países da Europa (MENEZES et al, 2008). Tradicionalmente, a polpa dos frutos maduros é usada
para a elaboração de suco, popularmente conhecido na região como “vinho de açaí” (FERREIRA, 2005).
A antocianina encontrada no açaí é um poderoso antioxidante, que combate os radicais livres associados
ao câncer e ao envelhecimento precoce, além de evitar o aumento do colesterol (SALM, 2016). A antocianina é
um grupo de pigmentos hidrossolúveis responsáveis pela coloração dos frutos do açaí. Quanto mais escuro o tom
vermelho da polpa do açaí, maior será a concentração de antocianinas. Segundo Pacheco-Palencia et al., (2008)
as antocianinas são os compostos fenólicos predominantes no açaí e que contribui com a maior capacidade
antioxidante. O açaí tem sido alvo da atenção internacional por causa de sua composição nutricional, capacidade
antioxidante e demais efeitos benéficos à saúde, que potencializam sua utilização como fonte de antocianinas e
ingrediente funcional em produtos alimentícios (PACHECO-PALENCIA et al, 2008).
Assim, a pesquisa tem o seguinte questionamento:
Deste modo, o objetivo desta pesquisa foi definir o perfil do consumidor de açaí na cidade de Belém/PA,
identificar se os consumidores conseguem relatar os benefícios do açaí, conhecer os derivados mais consumidos
e conhecer os desejos por novos produtos derivados deste fruto.
2. METODOLOGIA
A pesquisa foi conduzida junto a consumidores de açaí que saíam após as compras de dois grandes
supermercados e nove estabelecimentos domiciliares de açaí na cidade de Belém-PA. Aplicou-se um questionário
estruturado de vinte questões com informações relacionadas ao estado civil, idade, grau de escolaridade, renda
mensal, frequência de consumo, forma preferida de consumir o açaí, os possíveis benefícios do açaí, entre outras
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
questões, aplicado a trezentos (300) consumidores de ambos os sexos durante os meses de setembro e outubro de
2016. Os supermercados e os estabelecimentos que comercializam o açaí foram escolhidos devido a sua
localização geográfica que abrange diferentes classes sociais, os entrevistados selecionados foram de acordo com
a disponibilidade em responder ao questionário. Os dados coletados foram analisados utilizando estatística
descritiva e distribuição de frequência.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A partir dos resultados obtidos na Figura 1, observou-se que mais de 50% das pessoas entrevistadas eram
casados(as), enquanto 30% afirmaram ser solteiros(as). Com relação à idade dos consumidores verificou-se que
aproximadamente 35% dos entrevistados possuem entre 51 a 60 anos de idade.
Figura 1 – (A) Estado civil dos entrevistados e (B) faixa etária dos consumidores de açaí em Belém-PA.
A) B)
Quanto ao grau de escolaridade, Figura 2 (a), pode-se verificar que 55% dos entrevistados possuem o nível
médio completo, 20% nível fundamental e apenas 20% nível superior, estas informações podem revelar o
potencial crítico do consumidor quanto ao conhecimento vinculado à segurança alimentar, principalmente nos
estabelecimentos domiciliares que comercializam o vinho de açaí.
O maior percentual de renda mensal foi 1 salário corresponde a 45% dos entrevistados, enquanto que 10%
corresponde ao maior salário em torno de R$ 4,500,00,
Figura 2 – (A) Grau de escolaridade dos entrevistados e (B) Renda Mensal entre os consumidores de açaí em Belém-PA.
A) B)
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
A maioria dos entrevistados (43%) declarou que consomem o açaí todos os dias, e em torno de 30%
consomem de 2 a 3 vezes por semana e somente 2% consomem 1 vez por mês. Relacionando a frequência de
consumo com a renda mensal dos entrevistados, podemos observar que o consumo diário do açaí esta relacionado
aos consumidores com menor poder aquisitivo, ou seja, aqueles com 1 ou 2 salários mínimos. Isso pode explicar
o fato do açaí ser essencial nas refeições de 70% dos consumidores, onde declaram que o açaí é um alimento
básico nas principais refeições do dia, sendo que 30% dos consumidos consomem o açaí como sobremesa, ou
seja, nesse caso o açaí não se mostra essencial nas principais refeições, podendo ser apreciado em torno de uma
vez por semana ou uma vez por mês. O mesmo achado encontra-se na pesquisa realizado por Silva e Silva (2006)
realizado em Belém/PA, quando relacionaram as variáveis: frequência de consumo e renda, e verificaram que o
consumo diário do açaí ocorre entre as classes de renda mais baixas: 60,71%, para os que vivem com até um
salário mínimo, e 45,78% para os que têm renda entre dois e quatro salários, ou seja, renda média de R$ 780,00.
De acordo com Oliveira (2002), em se tratando do “vinho do açaí” (suco da polpa), o mesmo é consumido
com farinha de mandioca, associado ao peixe, camarão ou carne, constituindo-se no alimento básico para as
populações de origem ribeirinha, que consomem aproximadamente 20% a 30% de toda produção existente no
Estado, se tornando a base da alimentação dessa população.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
Figura 3 – (A) Frequência de consumo e (B) Forma de consumo de açaí entre os consumidores de açaí em Belém-PA.
A) B)
Como o açaí se constitui a base na alimentação de uma parcela considerável da população, principalmente
de baixa renda, também é consumido por todas as classes sociais, o que o torna um produto com elevado potencial
de mercado, pois permite agregar valor, reduzindo assim os riscos de mercado, tornando a atividade mais
competitiva, gerando mais emprego e renda no meio rural, o que pode implicar na redução do nível de pobreza
no campo (SILVA E SILVA, 2006).
Através dos dados expressos na Tabela 1, nos permite conhecer os principais complementos do vinho de
açaí, onde a metade dos entrevistados (55,6%) adiciona a farinha d’água no vinho, sendo que alguns adicionam
ao mesmo tempo o açúcar. Em torno de 50% dos consumidores não apresentam preferência por nenhum derivado
de açaí, entretanto, os consumidores que tem preferência por derivados de açaí, expõe sugestão por novos
produtos, com destaque para o suco em pó 15,6% e barra de cereal 21,9%, no entanto, a barra de cereal já esta
disponível no mercado, porém, talvez não esteja acessível a todos os consumidores. Correlacionando a variável
“preferência por derivados de açaí” à variável “consumo de açaí”, é possível observar que os consumidores que
ingerem o vinho de açaí como sobremesa (30%)seriam os mesmos a ter preferência por derivados de açaí como
também a escolher por novos produtos, ou seja, os consumidores que tem o açaí como básico nas refeições não
apresentam muita preferência pelos derivados de açaí.
A preocupação com o meio ambiente é algo latente, existe um forte apelo para que os produtos sejam
produzidos de forma ecológica e corretos, do mesmo modo, acontece com os resíduos, e no caso dos resíduos do
açaí não deve ser diferente, a preocupação deve existir não só vindo da parte dos estabelecimentos que fornecem
o produto, mas também de seus consumidores, a preocupação com o meio ambiente deve alcançar a todos,
independente de classe social. No entanto, nesta pesquisa 75% dos os entrevistados afirmaram não se preocupar
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
com os resíduos do açaí, desta forma, não estão preocupados com o meio ambiente. Mas os caroços do açaí
podem ser aproveitados como adubo orgânico ou no artesanato (MENEZES et al, 2008).
Na Figura 4 mostra o conhecimento dos consumidores quanto aos benefícios que o açaí pode proporcionar
a saúde. Desta forma, 22,4% dos entrevistados mencionou que o açaí é rico em ferro, 11,8% combate ao colesterol
ruim, enquanto 34,2% não conseguiram relatar o suposto beneficio que o açaí pode provocara saúde, entretanto,
esses consumidores sabem que o açaí é um alimento saudável, porém, não conseguiram descrever os nutrientes
que o mesmo contém. Essa falta de conhecimento pode estar relacionada ao nível de escolaridade, pois a
escolaridade mais elevada irá refletir no conhecimento inerente aos benefícios do açaí, por exemplo, a redução
do colesterol, que as antocianinas são excelentes fonte de antioxidantes, que é considerado um alimento funcional.
De acordo com Jansen et al., (2008) com a descoberta de antioxidantes na polpa de açaí, o mesmo passou
a ser considerado um alimento funcional. Quando comparada a outros alimentos, a polpa do açaí possui grande
capacidade antioxidante baseado em análises da ação de antioxidantes, particularmente contra o superóxido e
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
radicais peroxil. Segundo CRUZ (2008) o grau de maturidade do fruto é importante quanto à atividade biológica
dos seus pigmentos. A polpa verde apresenta menor número de pigmentos fenólicos, antocianinas e atividade
antioxidante em relação à polpa madura que tem a quantidade máxima desses pigmentos.
Os componentes antioxidantes têm a capacidade de inibir ou diminuir os processos de oxidação gerada
pelos radicais livres no organismo. Quando os sistemas biológicos apresentam capacidade insuficiente em
neutralizar a produção de radicais livres, ocorre oestresse oxidativo, e isso pode contribuir para o envelhecimento
e doenças cardiovasculares, obesidade, catarata, resistência insulínica, doença neurodegenerativa e declínio
cognitivo relacionado com a idade, assim como disfunção do sistema imune e câncer (JANSEN et al, 2008;
NEIDA; ELBA, 2007).
A polpa do açaí ainda apresenta um elevado teor energético por conter alta concentração de lipídios, como
os ácidos graxos essenciais, Omega 6 e Omega 9. Além disso, é rico em carboidratos, fibras, vitaminas E,
proteínas e minerais (Mn, Fe, Zn Cu, Cr) (TONON et al, 2009; SANTOS et al, 2008; RIBEIRO et al, 2010).
Também pode estar envolvida na redução do processo inflamatório e da nocicepção (conjunto das percepções da
dor) (FAVACHO et al, 2011). Essa fração lipídica é composta por aproximadamente 24% de ácidos graxos
saturados, 59% de ácidos graxos monoinsaturados e 17% de ácidos graxos poliinsaturados (NEIDA et al, 2007).
Destacando que os maiores componentes de ácidos graxos insaturados são o ácido oléico e o ácido palmítico
(SCHAUSS et al, 2006,MONTOVANI et al, 2003).
4. CONCLUSÕES
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
O açaí é considerado um alimento funcional pelo fato de possuir efeito antioxidante, ser energético, além
de apresentar outros benefícios na saúde do consumidor. O seu consumo se estende em todas as classes sociais,
sendo considerado um alimento básico ou indispensável nas refeições dos paraenses, principalmente na classe
social onde o poder aquisitivo é mais baixo. Apesar de o açaí ser tradicional nas mesas dos consumidores, os
entrevistados não conseguiram citar os diversos benefícios que o açaí pode proporcionar, esse fato demonstra a
imensa falta de conhecimento detalhado do mesmo, e isso poderia ser inserido, por exemplo, no contexto escolar,
pelo fato desse fruto ser culturalmente regional, o conteúdo abordado na escola seria contextualizado e
significativo para os alunos, enfatizando o seu valor nutricional e, assim, passar de geração a geração.O derivado
de açaí mais apreciado pelos consumidores é o sorvete e a sugestão por novos produtos destacou-se a barra de
cereal sabor açaí.
REFERÊNCIA
CAVALCANTE, P. B. Frutas comestíveis da Amazônia. Coleção Adolfo Ducke. 5ª ed. Belém: CNPq, p. 25-
28. 1991.
CRUZ, A. P. G. Avaliação do efeito da extração e da microfiltração do açaí sobre sua composição e atividade
antioxidante. 2008, 104f. Dissertação (Mestrado). Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2008.
FAVACHO, ASH., et al. Anti-inflammtory and antinociceptive activities of Euterpe oleracea oil. Brazilian
Jornal of Pharmacognosy, v.21, n.1, p.105-114, 2011.
FERREIRA, E. J. L. Diversidade e importância econômica das palmeiras da Amazônia Brasileira. Anais do 56°
Congresso Nacional de Botânica, Curitiba, Paraná, 2005.
JANSEN, GS., et al. In vitro and in vivo antioxidant and anti-inflammatory capacities of an antioxidant-rich fruit
and berry juice blend. Results of a pilot and randomized, double-blinded, placebo-controlled, crossover study. J.
Agric. Food Chem., v.56, p.8326-333, 2008.
MENEZES, EMS.; TORRES, AT.; SRUR, AUS. Valor nutricional da polpa de açaí (Euterpe oleracea Mart.)
liofilizada. Acta Amazônica, v.38, n.2, p.311-316, 2008.
MONTOVANI, ISR.; FERNANDES, SB.; FERNANDES, SBO.; MENEZES, FS. Constituintes apolares do fruto
do açaí (Euterpe oleracea M.). Ver. Bras. Farmacogn.,v.13, p.41-42, 2003.
NEIDA, S.; ELBA, S. Caracterización del açaí o manaca (Euterpe oleracea Mart.): um fruto del amazonas.
Archivos latioamericanos de nutricion, v.57 n.1, p.94-98, 2007.
OLIVEIRA, M.S.P. Biologia floral do açaizeiro. Belém: Embrapa Amazônia Oriental, p.26, 2002.
OLIVEIRA, M.S.P; NETO, J.T.F; PENA, R.S.P. Açaí: técnicas de cultivo e processamento, Belém instituto
Frutal, p.104, 2007.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
RIBEIRO, Jc. et al. Evaluation of the genotoxic and antigenotoxic effects after acute and subacute treatments
with açaí pulp (Euterpe oleracea Mart.) on mice using the erythrocytes micronucleus test and the comet assay.
Mutat. Res., v.695, n.1-2, p.22-28, 2010.
SALM, R. Sistemas agro-florestais: O açaí em alta. Disponível em: <www.ecodebate.com.br>. Acesso em:
23.06.2016.
SANTANA, A.C.; SILVA, I.M.; FILGUEIRAS, G.C. Mercado e comercialização do açaí. Workshop
Regional do Açaizeiro: pesquisa, produção ecomercialização. EMBRAPA, 2005.
SANTOS, G.M.et al. Correlação entre atividade antioxidante e compostos bioativos de polpas comerciais de açaí
(Euterpe oleracea Mart). Archivos Latinoamericanos de Nutricion, v.58, n.2, p.187-192, 2008.
SCHAUSS, A.G. Phythochemical and nutrient composition offreeze-dried Amazonian palm berry, Euterpe
olerace Mart. (açaí). Journal of Agricultural and Food Chemistry, v.54, p.8598-8603, 2006.
SILVA, I. M.; SILVA, F. M. Perfil do consumidor domiciliar de açaí na regiãometropolitana de Belém–PA. XLIV
Congresso Da Sober “Questões Agrárias, Educação no Campo e Desenvolvimento”Fortaleza, Jul. 2006.
TONON, RV.; BRABET, C.; HUBINGER, MD. Influência da temperatura do ar de secagem e da concentração
de agente carreador sobre as propriedades físico-químicas do suco de açaí em pó. Ciênc. Tecnol. Aliment., v.29,
n.2, p.444-450, 2009.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
Sinara Ramos Monteiro1; Felipe Barbosa e Souza2; Libia Pantoja Nunes3; Gisele da Costa Ramos4
Estado do Pará[email protected]
3Graduanda do Curso de Licenciatura Plena em Ciências – com Habilitação em Química. Universidade do
Estado do Pará[email protected]
4Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Química. Universidade Federal do Pará.
RESUMO
O ensino de ciências ainda se mostra como sendo um desafio em muitas escolas pois alguns conteúdos são de
difícil compreensão. Neste sentido, a aula prática tem proporcionado bons resultados, já que nesse momento é
possível criar elos com a teoria, o que torna mais fácil a compreensão dos conteúdos. O presente projeto-atividade
teve por objetivo demonstrar ao professor de ciências de duas escolas de ensino fundamental do município de
Salvaterra, que praticas experimentais podem ser um método eficaz no processo de ensino e aprendizagem,
podendo, desta forma, ser utilizado em sala de aula sem a exclusiva necessidade de um laboratório de ciências ou
equipamentos sofisticados. No ensino de ciências a pratica experimental poderá apresentar inúmeras vantagens
ao aluno, como a construção do conhecimento de forma divertida e prazerosa. O projeto-atividade foi
desenvolvido nas escolas E.M.E.F. “Marilda Nunes” e “7 de setembro”, no município de Salvaterra-PA, com
duas turmas do 9º ano e seu respectivo professor de ciências. A aplicação do projeto-atividade foi dividida em
quatro etapas: entrevista com o professore de ciências, apresentação do conteúdo, execução das atividades
experimentais e aplicação do questionário. Durante a análise dos resultados, 97,96% dos alunos afirmaram que
este tipo de pratica ajuda a compreender melhor os conteúdos explicados em sala. Contudo, revela-se de estrema
relevância a utilização deste tipo de prática pedagógica, pois propicia aos alunos uma maneira mais interativa e
contextualizada de aprender, além de ter papel fundamental no ensino, despertando, ainda, o senso crítico, a
curiosidade, a imaginação e o interesse pelo estudo.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
1. INTRODUÇÃO
O ensino de Ciências Naturais tem sido um desafio para a maioria dos educadores, pois para muitos deles
aproximar o ensino científico à realidade do aluno, utilizando apenas os livros didáticos como recurso pedagógico,
é algo de muita dificuldade. De acordo Delizoicov (1998) tal fato se dá porque os alunos são iniciantes nesse tipo
de conhecimento, logo desconhecem a linguagem científica complexa, geralmente, utilizada nestes livros.
As aulas práticas são ferramentas que apresentam um papel fundamental no ensino, pois, nesse tipo de
técnica é possível unificar a teoria e os fatos observáveis, despertando o senso crítico, a curiosidade, a imaginação
e o interesse pelo estudo. Quando a teoria e a prática estão associadas elas possibilitam a compreensão dos
fenômenos naturais, dando ao aluno uma visão mais ampla e contextualizada a respeito de determinado assunto,
bem como auxiliando o professor durante o processo de ensino e aprendizagem de conceitos e teorias mais
complexos (APFELGRÜN, 2014).
Giordan (2003) afirma que a utilização de atividades experimentais ou práticas pode propiciar aos alunos
um envolvimento maior no processo de ensino e aprendizagem, levando-o a construção de seu conhecimento de
maneira efetiva.
De acordo com Apfelgrün (2014), o ensino de Ciências requer uma interligação entre o teórico e a prática,
o senso comum e o conhecimento científico e quando estes são atrelados tornam-se de extrema relevância, já que
a disciplina deve ser conhecida e entendida como uma ciência experimental. Nesse sentido a experimentação vem
para comprovar o embasamento teórico e acabam sendo uma estratégia para ajudar no processo de ensino
aprendizagem.
Entre os indicativos para as dificuldades da realização das atividades experimentais estão a falta de
laboratórios, a carência de materiais, além do excesso de estudantes por turma. Para muitos professores tais fatores
acabam inviabilizandoo uso desse tipo de prática pedagógica (BINSFELD; AUTH, 2011).
A respeito disso, Delizoicov e Angotti (1994) ressaltam que é importante que o docente busque
possibilidades para execução de atividades que instiguem o cognitivo do aluno, no entanto, não é suficiente
somente fazer experimentos, pois esse tipo de prática pode só vim reforçar o ensino de caráter autoritário.
Machado e Mól (2008) consideram mais conveniente um trabalho experimental que dê margem, à
discussão e interpretação de resultados obtidos (quaisquer que tenham sido), com o professor atuando no sentido
de apresentar e desenvolver conceitos, leis e teorias envolvidos na experimentação, onde o docente assume o
papel de orientador crítico da aprendizagem, distanciando-se de uma postura autoritária, possibilitando aos alunos
a aquisição de uma visão mais adequada do trabalho em ciências.
Tendo em vista a importância do uso de atividades experimentais para uma melhor compreensão dos
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
fenômenos naturais, objetivou-se sugerir práticas simples que poderão ser utilizadas por professores mesmo em
escolas onde não há laboratório, além de avaliar a importância do uso da experimentação no processo de ensino
e aprendizagem nestes locais.
2. MATERIAL E MÉTODOS
Foram utilizados para a coleta de informações fontes de referências, como leitura corrente, publicações na
mídia digital e observações nos campos das escolas. O projeto-atividade foi desenvolvido em duas escolas
municipais de nível fundamental “MarildaNunes” e “7 de setembro”, localizadas no município de Salvaterra-PA.
Tendo como público alvo duas turmas do 9º ano em ambas as escolas, totalizando 53 alunos participantes da
pesquisa além do seu respectivo professor de ciências. O desenvolvimento do projeto atividade foi dividida em
quatro etapas: entrevista com o professore de ciências, apresentação do conteúdo, execução das atividades
experimentais e aplicação do questionário.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Durante a entrevista, foi perguntado ao professor qual a sua formação acadêmica e há quanto tempo ele
está formado, este respondeu que possui graduação no curso de licenciatura em ciências biológicas e está formado
a oito anos, entretanto atua como professor a apenas dois anos. Em seguida perguntou-se ao professor se ele atua
apenas na rede pública e em quantas escolas ele trabalha, este respondeu que sim atua somente na rede pública
de ensino e trabalha em quatro escolas.
Na segunda parte da entrevista se encontram perguntas acerca das concepções e importância da atividade
prática para o professor. Perguntou-se ao professor se nesta escola, ele trabalha com atividades práticas em suas
aulas de Ciências e ele respondeu que ainda não havia realizado aulas práticas ou experimentais com suas turmas,
o que se tornou evidente quando 67,35% dos alunos questionados responderam que o professor nunca havia
realizado experimentos para exemplificar o conteúdo, entretanto o professor argumenta que: aulas desse tipo
“Estão em meu planejamento”.
Na sétima pergunta feita ao professor se pediu que ele, assinalasse escrevendo de 1 a 6, por ordem de
importância (sendo 1 a mais importante e 6 a de menor importância), a respeito das atividades práticas, para ele
qual deve ser a principal preocupação, ele respondeu que prioriza a modificação das ideias prévias dos alunos,
deixando um pouco de lado outras preocupações que haviam sido listadas, como exemplo: a facilitação da
aprendizagem da Ciência, descrita como 3 seguindo a ordem de importância; o desenvolver, no aluno, a
capacidade de questionar, refletir, propor hipóteses, interpretar e, desta forma, estimular, no aluno, o raciocínio
científico, este em ordem de importância foi descrito como menos importante pelo professor.
Em uma oitava pergunta, o professor foi questionado a respeito das atividades práticas em suas aulas de
Ciências, devem ser realizadas antes, durante ou depois das aulas teóricas, segundo ele o momento (antes, durante
ou depois) depende do tema / da escola /da turma que o professor trabalha.
Durante os procedimentos experimentais, descritos no projeto-atividade, a maioria dos alunos
participaram ativamente observando, anotando, discutindo e explicando os fenômenos ocorridos nos
experimentos (Figura 1). De acordo com Carvalho et al. (1997) quando os alunos observam, anotam e discutem
entre si hipóteses para explicar fenômenos, eles acabam ampliando seus conhecimentos, desta forma este tipo de
prática ajuda a melhorar as habilidades de observação e de registro de informação. Após as atividades
experimentais os alunos desenvolveram ainda a criatividade dando aos experimentos títulos de acordo com as
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
suas observações e discussões feitas no decorrer da prática, onde todos os grupos apresentaramnomes de extrema
pertinência e criatividade.
Enquanto ao questionário, se perguntou aos alunos a respeito do uso de experimentos nesta aula de
ciências, 79,59% deles afirmaram gostar deste tipo de aula por facilitar a aprendizagem e 20% descreveram como
regular, visto que segundo eles conseguiram compreender apenas uma parte do conteúdo. Tem-se que a maioria
dos alunos nunca havia tido aulas experimentais o que pode ter sido a causa de tal resultado visto que de acordo
com Hodson (1994) nem sempre as atividades práticas são vistas de forma positiva por todos os alunos, para ele,
em geral, o entusiasmo por tais atividades reduz com o passar dos anos.
Perguntou-se aos alunos se experimentos feitos na aula de ciências, servem para compreender melhor os
conteúdos explicados em sala, 97,96% dos alunos afirmam concordar e apenas 2,04% discordam disso.
Quando questionados acerca da realização de práticas experimentais nas aulas de ciências serem possíveis
apenas com a presença de laboratório e equipamentos, 84,67% responderam que não dependem e 16,33%
responderam que sim dependem. Este resultado pode ser interpretado pelo fato de nas escolas não terem
laboratórios e com isso muitos dos alunos desconhecerem os materiais utilizados neste.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com base nos dados obtidos, pode-se inferir que apesar da falta de laboratório para realização das aulas
práticas o professor demonstra interesse a respeito de práticas como esta, fato de extrema relevância, o que
demonstra que a metodologia apresenta caráter efetivo na aprendizagem. Os professores devem estar sempre em
processo de aprendizagem para trazer inovações e motivação aos alunos, para que estes possam desenvolver
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
posteriormente suas próprias habilidades e competências, neste quesito o referido apresenta uma disponibilidade
para com a efetivação de tais práticas.
Partindo dos dados obtidos com relação a aceitabilidade dos alunos, se notou uma eficácia no que tange a
compreensão de dado conteúdo, fato que evidencia que os objetivos propostos foram alcançados, de modo a
demonstrar que o estímulo experimental é uma possibilidade no ensino de ciências que vem a contribuir não
somente para a fundamentação teórica do aluno, mas também em sua formação crítica para a cidadania.
REFERÊNCIAS
APFELGRÜN, Cristhiane. Avaliação do uso de atividades experimentais simples no ensino de ciências. 2014.
Disponível em:<ww.nutes.ufrj.br/abrapec/viiienpec/resumos/R1382-1.pdf> Acesso em: 12 Abr.2017.
BINSFELD, Silvia Cristina; AUTH, Milton Antônio. A experimentação no ensino de ciências da educação básica:
constatações e desafios. Encontro nacional de pesquisa em educação em ciências, v. 8, p. 1-10, 2011.
Disponível em:http://www.nutes.ufrj.br/abrapec/viiienpec/resumos/R1382-1.pdf Acesso em: 12 Abr. 2017.
CARVALHO, A. D., VANNUCCHI, A. I., BARROS, M. A., GONÇALVES, M. E. R., & Rey, R. D. Ciências
no ensino fundamental: o conhecimento físico. São Paulo. Cad. de Pes. N. 101, pag. 152-168, 1997. Disponível
em:http://publicacoes.fcc.org.br/ojs/index.php/cp/article/viewFile/757/769 Acesso em: 12 Abr. 2017.
DELIZOICOV, Demétrio; ANGOTTI, José A. Metodologia no ensino de ciências. 2ª edição. São Paulo: Cortez,
1994. Disponível em: <http://web.unifoa.edu.br/praxis/numeros/12/11-26.pdf> Acesso em: 12 Abr. 2017.
GIORDAN, M. Experimentação por simulação. Textos LAPEQ, USP, São Paulo, n. 8, junho 2003. Disponível
em: <http://www.lapeq.fe.usp.br/textos/ec/ecpdf/giordan-lapeq-n8-2003.pdf> Acesso em: 12 Abr. 2017.
HODSON, Derek. Hacia un enfoque más crítico del trabajo de laboratorio. Enseñanza de las Ciencias, v.12, n.3,
p.299-313, 1994. Disponível em: http://www.raco.cat/index.php/ensenanza/article/viewFile/21370/93326 Acesso
em: 12 Abr. 2017.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
RESUMO
A questão ambiental tem sido nos últimos 40 anos um dos temas mais importantes discutido em nível de cúpula
de dirigentes mundiais e esse interesse decorre do fato da constatação de o clima vir sofrendo grandes alterações
como resultado do aumento da poluição nos países mais industrializados, ou ainda, aqueles países que têm feito
suas trajetórias de “desenvolvimento” com a exploração intensiva de recursos naturais. A metodologia da matriz
insumo-produto (MIP) formulada por Wassily Leontief representa um instrumento para identificar as relações
intersetoriais e para estimar os efeitos diretos e indiretos dos encadeamentos produtivos. As relações de
interdependência dos setores econômicos constituem uma ferramenta de análise para a formulação de políticas
públicas. O objetivo do artigo é realizar uma revisão da teoria e das diversas aplicações ambientais da MIP e
evidenciar sua relação com a teoria econômica do meio ambiente, ou seja, com a Economia Ambiental e a
Economia Ecológica. São abordadas ainda aplicações para a Amazônia, região em que a questão ambiental é uma
das mais importantes. O artigo permitiu obter uma discussão entre economia e meio ambiente com o modelo de
insumo-produto sendo o elo entre as duas temáticas. A partir revisão teórica e bibliográfica do tema foi possível
constatar, dentre outros fatos, que o melhor desempenho econômico de atividades que possuem altos
requerimentos de energia aumenta a pressão sobre os recursos naturais e, portanto, aumenta o nível da poluição.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
1. INTRODUÇÃO
A questão ambiental tem sido nos últimos 40 anos um dos temas mais importantes discutido em nível de
cúpula de dirigentes mundiais e esse interesse decorre do fato da constatação de o clima vir sofrendo grandes
alterações como resultado do aumento da poluição nos países mais industrializados, ou ainda, aqueles países que
tem tido suas trajetórias de “desenvolvimento” com a exploração intensiva de recursos naturais. Tanto assim que,
no final de agosto de 2002, em Joanesburgo (África do Sul), diversos representantes de governos de mais de 100
países, empresas multinacionais, entidades e/ou instituições setoriais, organizações não-governamentais, além de
muitos indivíduos interessados, entre elas delegações e até os profissionais do jornalismo mundial, se reuniram-
se para discutirem e traçarem plano para a Cimeira Mundial do Desenvolvimento Sustentável.
Neste sentido, ao longo de quase 20 anos tem se intensificado a discussão de se ter sustentabilidade
“econômica-ambiental e social”, dado que aquela não está desassociada da questão maior que é a inclusão social,
por isso, muitos estudos tem se direcionado para averiguar e, se possível quantificar, o quanto se tem evoluído
nestes aspectos de observar as diretrizes para se explorar os recursos naturais de forma sustentável, com ênfase
as regiões periféricas, de fronteiras, como a Amazônia, na qual, em termos históricos, têm destruído
paulatinamente seus ecossistemas, como a floresta amazônica.
2. METODOLOGIA
A MIP descreve a relação entre setores assim como entre insumos e usos. A partir de algumas suposições
econômicas, ela é um instrumento analítico para medir o impacto de perturbações sobre a produção e a renda de
uma economia.
A Figura 1 mostra as relações fundamentais do modelo de insumo-produto. Setores vendedores fornecem
insumos para a produção dos setores compradores. Os vendedores também ofertam bens e serviços para a
demanda final, representada pelo consumo das famílias e do governo, investimento e exportações. Os setores
compradores para atuar no processo de produção de bens e serviços pagam impostos e adicionam valor através
de salários e lucros, além de realizarem importações.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
Para a Economia Ambiental, os problemas ambientais, como a poluição, são considerados falhas de
mercado, seja pela qualidade ambiental constituir um bem público, seja pelo prejuízo gerado pela produção de
um bem ser considerado uma externalidade. Ainda assim, uma terceira falha de mercado pode estar envolvida, a
informação imperfeita. Sendo assim, os economistas ambientais modelam soluções para os problemas ambientais
baseadas em pressupostos microeconômicos, como eficiência alocativa, por exemplo.
Os princípios microeconômicos são muito presentes nas soluções encontradas pela Economia Ambiental,
dessa forma as soluções são encontradas através de modelos matemáticos. Um princípio fundamental para esses
modelos é o fluxo circular da economia.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
2
Ver Cavalcanti (2010)
3
Para Cavalcanti (2010), o significado de throughput ou transumo é o mesmo do fluxo metabólico de um organismo vivo.
O organismo assimila recursos externos que provêm do meio ambiente e devolve a esse a sujeira que resulta do metabolismo,
depois que a parte útil dos recursos é utilizada.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
Nesse sentido, a partir de um certo ponto o crescimento pode não ser mais vantajoso pois o custo marginal do
crescimento será alto. O crescimento acima de um ponto ótimo é chamado pelos economistas ecológicos de
crescimento não econômico onde os custos do crescimento são mais altos que os benefícios.
4
Ver Bêrni et al. (2011)
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
econômicas. A partir de uma tabela de insumo-produto produzida em unidades físicas, são determinados os
coeficientes técnicos de produção aij, onde podem ser calculados impactos ambientais em termos de poluição a
partir de um dado nível de demanda final.
O modelo de Victor (2008), também utilizando uma matriz do tipo produto por setor, permite que a massa
de insumos ambientais (terra, ar e água) seja igualada à massa de produtos ambientais. A abordagem utilizada no
modelo produto por setor possibilitou a superação da dificuldade de valorar monetariamente os insumos e
produtos ecológicos.
Atualmente, Miller e Blair (2009) classificam os métodos ambientais de insumo-produto em três tipos.
Primeiramente estão os Modelos de Insumo-Produto Generalizados, os quais são formados multiplicando-se
linhas ou colunas adicionais à matriz de coeficientes técnicos com o objetivo de retratar atividades de geração
e/ou redução de poluição.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
produto com incorporação de um setor de energia. O modelo foi construído a partir de uma tabela híbrida de
insumo-produto, onde as informações de vendas do setor de energia aos demais setores foram registradas em
unidades físicas (tep) e não monetárias.
O resultado para a decomposição dos requerimentos de energia apontou que o setor com o maior poder de
pressão sobre o setor energético é o de Siderurgia, e que apesar de ter altos requerimentos de energia o setor de
Transporte apresenta pouca pressão sobre o setor energético.
Os dados da matriz inversa de Leontief dizem respeito ao consumo direto e indireto de um determinado
bem, onde é levando em consideração a energia incorporada na produção dos bens. Assim, a autora pôde
confirmar uma informação importante a respeito da indústria brasileira: apesar de no primeiro momento a mesma
se mostrar fortemente baseada em energias renováveis, quando considerado o consumo indireto de energia,
verifica-se que tem grande dependência em relação ao petróleo. A matriz de coeficientes de energia indireta
confirma essa constatação, pois revelou que alguns setores que se mostraram, inicialmente, com baixa intensidade
energética, demandam bens e serviços fortemente dependentes de energia.
O trabalho de Imori et al (2011) avaliou possíveis compensações em um esforço para reduzir as emissões
de Gás de Efeito Estufa (GEE) no Brasil, especialmente na região Amazônica. Para isso, foi adotada uma
abordagem de insumo-produto, onde foi possível identificar os sectores mais relevantes, tanto economicamente e
em termos de emissões.
Concluiu-se que na região amazônica, os setores mais relevantes em termos de multiplicadores das
emissões de GEEs são Gado, Soja, Outras atividades de Agricultura e Pecuária, Cana de Açúcar e Produtos
Alimentares. Os quatros primeiros estão fortemente ligados ao desmatamento, enquanto que para o último (Cana
de Açúcar e Produtos Alimentares) sua posição é devido a suas ligações com os setores da agricultura, uma vez
que fornecem insumos para a sua atividade.
No trabalho de Filgueiras et al (2016), procurou-se fazer uma análise da intensidade das emissões de
dióxido de carbono da queima de combustíveis fósseis e fermentação entérica do gado em 28 sectores de duas
regiões do Brasil, chamada Amazônia Legal e o restante do Brasil, utilizando a MIP 2009, obtida pelo Laboratório
do NEREUS (USP, SP). Foi analisada a estrutura econômica das duas regiões pelos indicadores básicos, tais
como índices intersetoriais de obrigações (Hirschman-Rasmussen) e análises de geradores de emprego, impostos,
salários e valor adicionado. Na sequência foi feita uma análise ambiental quando a emissão de Gg CO2eq no nível
de demanda final de variação (R$ 1 milhão) e serviço de exigências internas e externas para as duas regiões.
Quanto à questão dos gases analisados (CO2, CH4, gases fósseis) por 28 setores, a maior demanda é para
atender o mercado interno, tanto Amazônia como Resto do Brasil. Nesse contexto, concluiu-se que governanças
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
institucionais precisam trabalhar e fortalecer em conjunto para que o processo de comando e controle a nível da
legislação ambiental seja respeitada em relação à referida região
6- CONCLUSÕES
O artigo permitiu obter uma discussão entre economia e meio ambiente com o modelo de insumo-produto
sendo o elo entre as duas temáticas. A partir revisão teórica e bibliográfica do tema é possível perceber que o
melhor desempenho econômico de atividades que possuem altos requerimentos de energia aumenta a pressão
sobre os recursos naturais e eleva a poluição.
Constata-se que, metodologicamente, é possível associar, produção ao consumo de energia e com isso
estimar o nível de poluição de uma atividade econômica. Tal método concebe a Matriz de Insumo-produto de
uma forma híbrida, ou seja, misturando variáveis econômicas e físicas no mesmo modelo.
Mostrou-se também que depreciação do capital natural e Valor Adicionado são grandezas inversamente
proporcionais, a partir do estudo para a Amazônia. Ainda para a Amazônia mostrou-se que as principais atividades
econômicas estão fortemente ligadas ao desmatamento.
Em termos teóricos, fica destacada a relação entre a teoria econômica do meio ambiente e as relações de
insumo-produto, mesmo com as duas vertentes conflitantes da primeira. Os diversos modelos de insumo-produto
ambiental constituem ferramental para um número considerável de análises sobre o tema, ou seja, para mais
tentativas de contabilização do meio ambiente.
REFERÊNCIAS
BÊRNI, Duilio de Ávila; LAUTERT, Vladimir. Mesoeconomia: lições de contabilidade social: a mensuração do
esforço produtivo da sociedade. Porto Alegre: Bookman, 2011.
BRASILEIRO, A. C. B. Produto Interno Bruto ajustado ambientalmente para a Amazônia legal brasileira:
uma análise de matriz de insumo-produto e matriz de contabilidade social. Dissertação de mestrado. São Paulo,
2012.
CAVALCANTI, C. Concepções da economia ecológica: suas relações com a economia dominante e a economia
ambiental. Estud. av. [online]. 2010, vol.24, n.68, pp.53-67.
DALY, Herman; FARLEY, Joshua. Economia Ecológica: princípios e aplicações. Instituto Piaget: Lisboa, 2004.
530 p.
FIGUEIREDO, Nayana Ruth Mangueira de; ARAUJO JUNIOR, I. T. . Construção da Matriz de Insumo-Produto
Híbrida para o Estado de Pernambuco e Avaliação da Intensidade Energética e de Emissão de CO2 Setorial. In:
XIV Encontro Regional de Economia, 2009, Fortaleza. XIV Encontro Regional de Economia, 2009.
FILGUEIRAS, G. C.; GUILHOTO, J. J. M; Imori, D; AZZONI, C. R. Greenhouse gas emissions by agriculture
in the brazilian Amazon. Trabalho apresentado na 24 Internacional Input-Output Conference & 6ª Edição da
Escola Internacional de IO Analise. 04-08 julho de 2016, Seoul, Coreia.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
Iolanda Campos da Silva1; José Junior Rodrigues2; Laize Cristina Cunha de Carvalho3; Sebastião da Cunha
Lopes4
1Graduada
em Ciências Naturais, UEPA, [email protected]
2Graduado
em Ciências Naturais, UEPA, [email protected]
3Graduada em Tecnologia em Gestão Ambiental, Instituto Federal de Ciência e Tecnologia do Pará- IFPA,
[email protected]
4Professor Doutor da Universidade Estadual do Pará, [email protected]
RESUMO
Sabe-se que aulas contextualizadas contribuem de forma fundamental no processo de ensino aprendizagem dos discentes,
visto que estimulam a curiosidade e despertam o interesse dos alunos pelo conteúdo abordado, bem como a busca por novos
conhecimentos relacionados à temática discutida em sala. Com o objetivo verificar a contextualização da cultura do dendê
nas aulas de Ciências nas escolas de ensino fundamental no município de Acará/PA. A pesquisa teve caráter qualitativo
foram utilizadas quatro escolas de ensino fundamental da zona rural onde ocorre o plantio do dendê. Foram utilizados
questionários direcionados aos gestores das escolas, Coordenadores Pedagógicos, Professores e Alunos. O referido trabalho
apresenta resultados preocupantes relacionados às questões de ensino aprendizagem, ausência dos pais nas escolas, aumento
da evasão escolar e repetência. E os entrevistados relatam também que a cultura não tem sido contextualizada nas escolas
da zona rural pela ausência de projetos pedagógicos, falta de conhecimento sobre a cultura, falta de literatura específica e
ausência de atividades nas salas de aulas.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
1. INTRODUÇÃO
A contextualização no ensino de ciências vem sendo abordada por muitos estudiosos com base nos
Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) e por meio de novas metodologias as quais podem citar: aulas
experimentais, jogos educativos, utilização de vídeos, entre outros. Contextualizar e construir significados,
incorporando valores que deixe claramente expresso o cotidiano, com uma abordagem social, política, econômica
e cultural que permitam o processo da descoberta levando o indivíduo a entender a importância do conhecimento
e aplicá-lo na compreensão dos fatos que o cercam.
Na concepção de Mortimer (2003), para que uma aprendizagem ocorra, ela deve ser significativa, o que
exige compreensão de significado relacionando-se às experiências anteriores e vivencias pessoais dos alunos,
permitindo a formulação de problemas de algum modo desafiantes que incentivem o aprender mais, isso faz com
que o sujeito e objeto se relacionem permitindo ao educando mudar seu estado de agente expectador.
A tendência é que nas regiões onde ocorre a inserção de grandes projetos agropecuários, as escolas possam
contextualizar a cultura no currículo escolar, com objetivo de formar alunos mais conscientes em relação às
questões sociais, ambientais e econômicas locais. Um exemplo disso foi a contextualização da soja em escolas do
Estado do Mato Grosso do Sul onde o interesse de estudo foi a soja transgênica resistente a herbicida (Brasília,
2007).
Vale ressaltar, que a prática das entrevistas realizadas nas escolas, proporcionou condições de perceber a
real situação em que estão essas classes onde estudam esses alunos, pois, apesar do uso de diversas metodologias
nos dias atuais, ainda pode ser observado que muitos estudantes adquirem o conhecimento de forma isolada,
apresentando uma visão restrita do mundo, deste modo a contextualização de conteúdos é caracterizada como
uma ferramenta facilitadora no ensino, uma vez que pode minimizar a fragmentação dos conteúdos, além de
contribuir para a formação do aluno como cidadão crítico e pensante.
Sobre este entendimento, Maldanere Zanon (2010, p. 333) consideram:
A compreensão do que seja ciência e como ela é produzida influenciam em muito no ensino
escolar da ciência. Se, por exemplo, a compreensão é que ciência constitui um conjunto de
verdades estabelecidas e que seus enunciados coincidem com a realidade das coisas do mundo
natural e dos fatos, o professor tende a ensiná-la assim, e fará todo o esforço para que os seus
alunos saibam repetir, exatamente, esses enunciados. Dessa forma, produzem-se apenas
argumentos retóricos, isto é, argumentos que buscam convencer os estudantes dessas verdades e
que as outras compreensões “não científicas” devem ser negadas ou refutadas.
Sendo assim, as aulas tendem a dificultar o diálogo e a colaboração na construção e recontextualização
dos conhecimentos no âmbito da escola. Esse método de ministrar aula é o mais praticado nas escolas, o que
acaba por limitar o desenvolvimento e a compreensão do mundo natural e tecnocientífico por parte das novas
gerações. Nesse aspecto, essa pesquisa teve como intuito verificar como as escolas estão contextualizando a
cultura do dendê no ensino de Ciências no município do Acará.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
2. MATERIAL E MÉTODOS
2.1. LOCAL DA PESQUISA
As escolas pesquisadas estão situadas na zona rural do município de Acará – PA, localizado a 117 km da
capital paraense, nas comunidades de Colatina, Cravo, Guarumã e Vera Cruz. Foram visitadas quatro escolas de
ensino fundamental. A pesquisa escolhida e aplicada foi de caráter qualitativo para a coleta das informações,
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1. ANÁLISE DA PESQUISA COM OS GESTORES DAS ESCOLAS
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
Sobre a formação profissional dos gestores escolares, 100% responderam que já possuem formação de
nível superior, pois, esta é uma das exigências estabelecidas pela Secretaria Municipal de Educação para assumir
essa função, enquanto que 75% afirmam já terem pós-graduação em gestão escolar, e 25% cursam outra
licenciatura. De acordo com os resultados apresentados, as escolas estarem vivenciando um novo paradigma, a
maioria de seus gestores possuem conhecimentos acadêmicos que lhes possibilitem contextualizar a cultura em
sala de aula.
Com relação ao tempo de atuação na gestão escolar, 75% responderam estarem na função a mais de dois
anos, e apenas 25% responderam que já trabalham nesta função a mais de quatro anos, essas disparidades sobre
o tempo de atuação na gestão escolar desses profissionais, se deve ao fato do município ainda não ter adotado a
eleição direta nas escolas municipais para gestor escolar, o que acaba tornando a função de gestor escolar um
cargo comissionado, ou seja, fica a critério do prefeito municipal nomear os gestores dessas instituições de ensino
e a permanência desses gestores escolares depende na sua maioria do tempo em que o prefeito vai permanecer na
gestão municipal ou que tipo de apoio político à administração municipal estar recebendo dentro da comunidade
onde atuam esses diretores escolares.
Quando perguntados a respeito das parcerias que a escola tem feito com a empresa que desenvolve o
projeto do dendê nessas comunidades, 100% dos gestores pesquisados argumentaram que no momento não
existem projetos pedagógicos sendo desenvolvidos em parceria com a empresa que gerencia a atividade no
município, e sim propostas ainda não concretizadas.
Quando interrogados de que maneira a gestão escolar atua no esclarecimento dessa nova atividade junto
aos pais dos alunos, 50% dos pesquisados disseram que fazem esse trabalho através de reuniões periódicas que
acontecem geralmente a cada trinta ou quarenta e cinco dias, outros 25% responderam que utilizam informações
recebidas da secretaria de meio ambiente e que são compartilhadas com a comunidade durante os eventos que a
escola promove como: Comemoração do dia dos pais, dia das mães, feiras de ciências e reuniões de pais e mestres,
e enquanto que 25% disseram que se reúnem a cada dois meses com toda a comunidade com o propósito de
discutir questões que envolvem a cultura.
Na última questão feita ao gestor escolar, onde foi perguntando de que forma a implantação do dendê na
comunidade tem influenciado a gestão escolar, 100% dos pesquisados destacaram basicamente dois pontos
positivos em comum, o primeiro, é que muitas famílias passaram a ter uma renda fixa todo o mês, e o segundo
ponto é que muitos ramais dessas comunidades que outrora estavam intrafegáveis, hoje, devido estarem sendo
utilizados pelos veículos da empresa responsável pelo plantio do dendê estão em boas condições de tráfego, isso,
vem facilitando o deslocamento dos alunos para a escola e também a escoação de produtos agrícolas produzidos
nas comunidades.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
Acredita-se que os pontos negativos podem ter sido influenciados pelo aumento na renda familiar, onde
muitos jovens ao terem uma renda melhor ficam desestimulados a frequentarem a sala de aula, uma vez que foi
verificado que 100% dos pesquisados citaram três problemas comuns, o primeiro está relacionado à ausência dos
pais ou responsáveis dos alunos nas unidades escolares, isso vem acontecendo porque muitos trabalham
diariamente de segunda a sábado no campo de dendê o que acaba inviabilizando a sua ida até a escola, o segundo
ponto refere-se a evasão escolar, pois, muitos dos alunos dessas escolas também já trabalham nessas lavouras de
dendê, e isso faz com que os discentes optem por estudar no turno da noite em turmas de Ensino de Jovens e
Adultos ( EJA ), e devido ao exaustivo trabalho diário, chegam cansados em sala de aula, gerando um alto índice
de abandono escolar do ano letivo, e o terceiro ponto foi citado sendo a repetência escolar, resultado da
dificuldades cognitiva dos discentes e a falta de estimulo pela escola.
passaram a contribuir no orçamento familiar, fazer e concretizar planos pessoais mais ambiciosos como comprar
motos, vestimentas e calçados com valores de mercado, realidade que raramente acontecia antes da chegada dessa
atividade agrícola.
Em relação aos professores, esses têm se esforçado na busca de novas formas de inserir essa nova cultura
dentro de sala de aula, participando ativamente das formações continuadas, pesquisando, elaborando planos de
aula mais flexíveis, no entanto, vale ressaltar que os professores ainda encontram muitas dificuldades em como
contextualizar essa nova atividade econômica que chegou de forma rápida na comunidade e no município como
um todo.
Quando indagados aos coordenadores pedagógicos quais as metas e as ações que a escola tem planejado
diante desse novo contexto, 100% dos pesquisados responderam que as metas das escolas é elevar o Índice de
Desenvolvimento da Educação Básica da escola (IDEB) e oferecer uma educação de melhor qualidade aos seus
alunos. No que se referem às ações da escola em relação à atividade do dendê os mesmos, responderam ter como
foco principal o esclarecimento e a conscientização dos alunos, para que possa esclarecer a comunidade de forma
mais eficiente,
mas, apesar dessa dificuldade não deixam de debater problemas vinculados a atividade do dendê, como: o
desmatamento, o êxodo rural e o uso indiscriminado de defensivos agrícolas no campo.
Quando solicitados a responder, se o livro didático utilizado pela escola permitia fazer esse elo entre o
conteúdo proposto e essa nova realidade vivenciada pela escola do campo, 60% dos professores responderam que
tudo dependia das estratégias e metodologias que o professor desenvolve com seus alunos, pois, os livros
recebidos pelas escolas do município não são regionalizados. E, 40% dos professores responderam que há muita
dificuldade em estabelecer essa ligação, devido grande parte dos conteúdos serem direcionados a problemas que
são mais visíveis em outras regiões do País, isso, muitas vezes acaba confundindo o entendimento dos alunos.
Quando verificado as respostas dos professores com relação a pergunta: que sugestões dariam para as
soluções dos problemas que vem ocorrendo dentro de sala de aula e que estão relacionados a cultura do dendê,
40% dos pesquisados responderam que a empresa responsável pela atividade vinculadas ao dendê deveria
oferecer, cursos, palestras e projetos que esclarecesse sobre a cultura do dendê, enquanto que, 40% afirmaram
que o poder público através da prefeitura municipal de Acará, destinasse parte dos impostos que são pagos pela
empresa responsável pelo projeto do dendê para a capacitação dos profissionais de educação, principalmente
aqueles que estão diretamente envolvidos com a docência no espaço rural, outros 20% concluíram que a secretaria
municipal de educação precisa realizar parcerias com a empresa responsável pelo projeto de dendê no município
com o objetivo de obter melhorias para as escolas, para os alunos e consequentemente para as comunidades onde
estão instaladas essas plantações.
Porém, quando analisado as respostas sobre que materiais são utilizados durante as aulas dos alunos,
notou-se, que, 60% dos professores utilizam materiais ainda tradicionais como quadro negro, giz, o livro didático
disponibilizado pela escola e cartolinas. Enquanto que 40% dos professores pesquisados responderam que já
utilizam em suas aulas materiais mais inovadores que contribuem para a realização de aulas mais dinâmicas como:
quadros magnéticos, pincel para quadro magnético, cópia de textos, Notebook, caixa de som amplificada,
microfones, televisão, jogos lúdicos e Datashow. É valido ressaltar que os materiais utilizados por essa
porcentagem de professores pesquisados são de uso coletivo e disponibilizados pela escola. Tais materiais são
adquiridos através de alguns programas do governo federal, como, o Programa Dinheiro Direto na Escola
(PDDE), esses recursos são administrados pelo conselho escolar.
pesquisados afirmaram já terem discutido junto com o professor de Ciências esse tema, mesmo não estando no
livro didático.
Quando foram perguntados a respeito da metodologia aplicada nas aulas de Ciências com abordagem
sobre dendê, 50% dos alunos responderam que gostariam de ter livros específicos que falassem sobre essa cultura
“Dendê”, no entanto, 30% dos estudantes anseiam em participar de experiências mais concretas, como, o plantio,
a visita ao canteiro de mudas; ver como são feitas as podas das plantas e a colheita dos frutos, ao passo que, 20%
dos alunos pesquisados, gostariam de ter a participação de técnicos da Empresa de Assistência Técnica em
Extensão Rural (EMATER), da secretaria de meio ambiente ou da empresa responsável pelo projeto, em algumas
aulas de Ciências, a fim de prestarem esclarecimentos dessa nova cultura cada vez mais presente em suas vidas.
Sobre quais equipamentos tecnológicos são empregados pelo professor nas aulas de Ciências e como são
as aulas ministradas por eles, 60% dos alunos responderam o uso mínimo de equipamentos tecnológicos durante
as aulas, e que as mesmas acabam se tornando “chatas” e “cansativas”, pois, o método mais adotado é o ato de
“copiar muito conteúdo”. Enquanto, que 40% dos alunos pesquisados dizem ter contatos com bastante frequência
durante as aulas com tecnologias, não apenas na disciplina de Ciências, mas também, em outras disciplinas e isso
tem, de certo modo, facilitado tanto o trabalho do professor quanto o aprendizado dos alunos, como: Ler, escrever
e interpretar e compreender textos voltados à disciplina de Ciências.
Perguntados se os alunos percebem alguma mudança dentro de sala de aula depois que se iniciou a
atividade com o dendê na comunidade 100% dos pesquisados responderam ter percebido que muitos colegas de
classe tiveram de mudar de turno devido o trabalho iniciado nas plantações de dendê. Sendo que muitos estudantes
deixaram até de frequentar as aulas regularmente ou evadiram.
A situação de evasão escolar e troca de turno são situações que acabam interferindo no processo de ensino
e aprendizagem, por tanto, é preciso que no momento de construção do Projeto Político Pedagógico (PPP) das
escolas do campo sejam garantidas as diretrizes que fundamentam a construção do PPP dessas escolas, na
perspectiva de incorporá-lo à realidade educacional, onde, o projeto institucional e as propostas pedagógicas
sejam expressões do trabalho compartilhado, situados na temporalidade, na memória coletiva, nos saberes, na
cultura popular, constituindo-se num espaço de investigação que venha contemplar a diversidade do campo em
todos os seus aspectos.
.
4. CONDIDERAÇÕES FINAIS
Verificou-se que os gestores escolares percebem que a cultura trouxe melhorias na renda das famílias e
nos ramais, no entanto a cultura tem trazido problemas como o aumento da evasão escolar, ausência dos pais nas
escolas e repetição escolar, atrelado a isso os professores não tem elaborado projetos para desenvolver uma
metodologia que possa contextualizar a cultura no espaço escolar.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
Os orientadores pedagógicos apontam que a dificuldade de se ter material especifico é um fator que
dificulta a orientação aos professores em desenvolver projetos pedagógicos para aplicar em sala de aula. Enquanto
os professores não conhecem a cultura e apontam a ausência de material pedagógico especifico para trabalhar em
sala.
Os alunos percebem as mudanças trazidas com a implantação da cultura, principalmente pela mudança de
turno dos colegas e a ausência de contextualização nas aulas de Ciências.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: terceiro e quarto ciclos:
apresentação dos temas transversais/Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 2002.
______. Gestão Democrática Escolar na Educação do Campo. In:MEC, Ministério da Educação. Educação do
Campo - Especialização Lato Sensu: Gestão Educacional do Campo. Brasília: MEC, 2009.
MORTIMER, Eduardo Fleury; Santos, P. L. Widson. Uma análise de pressupostos teóricos da abordagem C-
T-S (Ciência – Tecnologia – Sociedade) no contexto da educação brasileira. ENSAIO - Pesquisa em Educação
em Ciências. Volume 02, Nº 2. Dezembro de 2003.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
Sayure Mariana Raad1; Emilene Balga Carrilho2; Raqueline Dias Campelo3; José Jean Borges Leão4; Francisco
Carlos de Oliveira5; Adélia Benedita Coelho dos Santos6.
1Discente
do curso de agronomia da Universidade Federal Rural da Amazônia(UFRA), Monitora Bolsista da
Disciplina de Fitopatologia. E-mail [email protected].
2Discente do curso de agronomia da Universidade Federal Rural da Amazônia(UFRA). E-mail:
[email protected].
3Discente do curso de Agronomia da Universidade Federal Rural da Amazônia(UFRA), Bolsista Embrapa
[email protected].
5
Graduado em Engenharia Agronômica, UFRA Campus -Belém/PA, Ms. em Biologia dos fungos, Universidade
Federal de Pernambuco Campus Recife – PE. E-mail: [email protected].
6Professora de Fitopatologia da Universidade Federal Rural da Amazônia, Ms. Em Agronomia, Universidade
RESUMO
O presente trabalho teve como objetivo avaliar a ação antifúngica do óleo essencial de Syzygium aromaticum
sobre diferentes concentrações na inibição do crescimento micelial de fusarium solani f. sp. piperis. O
experimento foi conduzido no laboratório de Fitopatologia da Universidade Federal Rural da Amazônia, Campus
Belém, PA. O óleo essencial foi extraído pelo método de arraste a vapor utilizando a parte floral do Syzygium
aromaticum. O delineamento experimental utilizado foi o DIC (Delineamento inteiramente casualizado), onde
foram testadas sete concentrações: 0%, 5%,10%,15%,20%,25% e 30%, denominados de T1, T2, T,3, T4, T5, T6
e T7, respectivamente. Estes foram diluídos em meio BDA em quatro repetições. No centro das placas de Petri
contendo o meio de cultura, foram semeados discos de 5mm da colônia do fungo. Como testemunha foram
utilizadas placas contendo apenas BDA. Para cada tratamento, utilizaram-se quatro placas. A atividade
antifúngica dos extratos foi mensurada mediante a medição diária do crescimento micelial da colônia em dois
eixos ortogonais. Os dados foram submetidos ao programa estatístico Assistat 7.7 para análise de variância e
comparação das médias pelo teste de Tukey (p<0,05). Os resultados obtidos demonstraram que todas as
concentrações foram positivas no controle do fungo Fusarium solani f. sp. piperis em relação a testemunha, e que
o tratamento T7 teve maior inibição ao crescimento micelial do patógeno.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
1. INTRODUÇÃO
A pimenta-do-reino (Piper nigrum L.) é uma espécie trepadeira perene, pertencente à família
Piperácea, originária de regiões tropicais da Índia. (ALBUQUERQUE, 1989; BRASIL, 2011). É cultivada no
Brasil desde o século XVII, a partir de material trazido da Índia pelos portugueses. A cultura é também conhecida
como pimenta-da-Índia. Ela foi uma das especiarias mais cobiçadas durante o período mercantilista, mantendo
sua importância na contemporaneidade (RODRIGUES; SILVA, 2010).
O Estado do Pará é o principal produtor de pimenta do reino (Piper nigrum L.) e sua produção é
comprometida pela fusariose, doença causada pelo fitopatógeno Fusarium solani f. sp. piperis (teleomorfo
Nectria hematococca Berck), restrito ao Brasil. A enfermidade causa a redução do período útil da exploração dos
pimentais para apenas quatro anos, e perda de 10% nas áreas cultivadas, correspondendo a um prejuízo de 5
milhões de dólares/ano (CARNAÚBA, 2006; MAPA, 2007). Considerando o potencial econômico da especiaria,
os produtores de pimenta praticaram monocultura intensiva e contínua do cultivo, resultando em um surto de
podridão radicular causada por Fusarium solani f. sp. piperis. A fusariose encontra-se amplamente disseminada,
não só no Pará, mas também no Amazonas, Mato Grosso, Paraíba, Espírito Santo e Bahia. Não existem relatos
da ocorrência da doença em outros países produtores de pimenta-do-reino (ANDO, 1996; BENCHIMOL, 2000;
DUARTE, 1999).
As medidas que vem sendo adotada para o controle da fusariose, como práticas culturais,
erradicação e queima de plantas doentes, uso de tutores desinfetados e aplicação de fungicidas a base de
carbendazim e thiabendazole têm-se mostrado pouco eficientes (SERRANO; LIMA; MARTINS, 2006) Além
disso, de acordo com Schwan-Estrada (2000), a utilização destes produtos tem efeito positivo a curto prazo,
mas a longo prazo os efeitos podem ser negativos, uma vez que pode haver o surgimento de isolados de
fitopatógenos resistentes às substâncias químicas aplicadas e também devido aos resíduos dos mesmos, que
podem causar danos ao meio ambiente e para a sociedade como um todo por meio de seu potencial poluidor.
Diante do exposto, este trabalho objetivou avaliar o efeito antifúngico de diferentes concentrações do óleo
essencial de Syzygium aromaticum na redução do crescimento micelial de Fusarium solani f. sp. piperis.
1.1 A FUSARIOSE
A fusariose da pimenta do reino é causada pelo fungo Fusarium solani f. sp. piperis. O fungo produz
esporos assexuais (macroconídeos e microconídeos) e clamidósporo (estrutura de resistência dos patógenos), que
sobrevivem no solo ou em restos culturais, podendo ser transmitidos por equipamentos e água (ZACCARDELLI,
2008).
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
O fungo do gênero Fusarium têm uma ampla distribuição geográfica, com espécies cosmopolitas e outras
com ocorrência restrita a determinados ambientes, ocorrendo, predominantemente, nas regiões tropicais e
subtropicais ou em condições de clima frio das regiões temperadas, embora algumas espécies tenham uma íntima
associação com os hospedeiros. (BURGESS, 1994). Os primeiros sintomas da doença foram observados a partir
de 1960, através do amarelecimento das folhas, queda gradativa das folhas e entrenós, e morte das plantas,
causados pela infecção de raízes. As condições de temperatura e umidade elevadas da região favorecem a
esporulação do patógeno nas hastes das plantas mortas, e a partir de 1970, devido a disseminação aérea dos
esporos passou a ocorrer a infecção dos ramos das plantas, agravando ainda mais a doença. (DUARTE;
ALBUQUERQUE, 1999).
A fusariose no Estado do Pará é um dos problemas mais sérios para a cultura tendo concorrido para
a redução da área cultivada e da produtividade. O aumento a variabilidade genética da pimenta-do-reino poderá
possibilitar o desenvolvimento de novos sistemas de produção (ALBUQUERQUE, 1997).
De acordo com algumas literaturas, o cravo-da-índia é a gema floral seca, sendo usado
principalmente como condimento na culinária, devido ao seu marcante aroma e sabor, conferido por um composto
fenólico volátil, o eugenol. Nas folhas, ele chega a representar aproximadamente 95% do óleo extraído (RAINA,
2001). Com o avanço das pesquisas, se tem demonstrado que o eugenol ou extratos de S. aromaticum apresentam
atividade nematicida (TSAO; YU, 2000), inseticida (EL-HAG, 1999), antiviral (YUKAWA, 1996), bactericida
(DORMAN; DEANS, 2000) e fungicida (DELESPAUL ,2000). Os estudos fitoquímicos do cravo revelam a
presença de até 90% de óleo essencial, no qual o eugenol é o componente majoritário, acompanhado por trans-
cariofileno, acetato de eugenila e a-humuleno (PAOLI, 2007).
Segundo Carneiro (2007), algumas pesquisas têm demonstrado a eficiência de óleos e extratos
vegetais no controle de doenças de plantas, aumentando as expectativas de inserção desses produtos no manejo
de doenças em sistemas agrícolas. Desta forma, algumas plantas medicinais tradicionais, vêm sendo usadas por
pesquisadores na avaliação de sua capacidade antifúngica, antiaflatoxicogênica e antioxidante (KUMAR, 2007).
2. MATERIAL E MÉTODOS
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
realizados no laboratório de Fitopatologia da Universidade Federal Rural da Amazônia, Campus Belém, PA, no
período entre 08/05/2017 à 15/05/2017.
A espécie fúngica Fusarium solani f. sp. piperis foi obtida da micoteca do Departamento de
Fitopatologia da Universidade Federal Rural da Amazônia. Para a extração do óleo essencial, as partes utilizadas
do cravo-da-índia foram os botões florais, sendo a extração realizada no laboratório de Fitopatologia da UFRA.
Foi empregado o aparelho de Clevenger, utilizando o método de hidrodestilação por arraste com vapor d’água
(CRAVEIRO, 1981). Utilizando 200g da parte floral de Syzygium aromaticum, onde foram colocadas em um
balão de vidro contento água destilada na quantidade de 1/3 do balão. O processo de extração durou em média 5
horas interruptas, e no final, fez-se a separação da água e do óleo. Após esse processo, o óleo foi armazenado em
frascos e depositados no freezer.
Para a condução do experimento foi utilizado o delineamento inteiramente casualizado (DIC), com
sete tratamentos e quatro repetições. Alíquotas do óleo essencial foram condicionadas ao meio de cultura BDA,
nas seguintes concentrações: 0%,5%,10%,15%,20%,25% e 30%, sendo denominados de T1, T2, T3, T4, T5, T6
e T7, respectivamente. Em seguida, o meio foi vertido em Placas de Petri. A testemunha, denominada tratamento
T1 consistia em um disco de fungo cultivado em meio BDA sem óleo. Para a avaliação das diferentes
concentrações do óleo essencial no crescimento micelial do fungo Fusarium solani f. sp. piperis foram
transferidos para o centro de cada placa de Petri um disco de micélio de 5mm contendo os tratamentos citados a
cima, e estas foram incubadas a 28 °C em luz contínua.
A avaliação do crescimento micelial consistiu na medição diária do diâmetro das colônias em dois
sentidos opostos durante 6 dias. A partir dos resultados obtidos, determinou-se a porcentagem de inibição do
crescimento micelial (PIC), utilizado- se a fórmula:
â â
PIC: x 100
â
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
Os resultados médios obtidos na porcentagem de inibição de crescimento micelial (PIC) das colônias de
Fusarium solani f. sp. piperis nas diferentes concentrações do óleo essencial de Syzygium aromaticum mostram
que este óleo tem a capacidade de inibir o crescimento micelial deste fungo. Em uma análise da tabela 1 e possível
observar que a concentração de 30% obteve o melhor resultado com uma redução de diâmetro de 23,16 % quando
comparadas a testemunha. No entanto, não houve diferença significativa nas concentrações de 10% e 15%, porém
as mesmas concentrações diferiram da concentração de 20%. Na figura 2 verificou-se que o aumento da inibição
do crescimento micelial é proporcional ao aumento das concentrações do óleo essencial.
Estes resultados mostram que o óleo essencial de Syzygium aromaticum possui efeito inibitório do
crescimento micelial de Fusarium solani f. sp. piperis em todas as concentrações quando em comparação a
testemunha, pois à medida que é incrementado a concentração no meio de cultura, o diâmetro micelial do fungo
é diminuído, sendo proporcionais. A inibição de fungos pelo óleo essencial de Syzygium aromaticum pode ser
justificada pela grande porcentagem de eugenol, composto fenólico antisséptico de ação já conhecida
(RANASINGHE,2002). Os óleos essenciais possuem baixo risco ao ambiente, produtores e consumidores, além
de não favorecerem o desenvolvimento de resistência do patógeno (DERBALAH, 2012).
Tabela 1- Inibição do crescimento micelial de Fusarium solani f. sp. piperis usando óleo essencial de Syzygium aromaticum.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
Figura 2- Gráfico do crescimento micelial de Fusarium solani f. sp. piperis quando submetido a diferentes concentrações
do óleo essencial de Syzygium aromaticum.
4. CONCLUSÃO
Diante dos resultados obtidos neste trabalho, pode-se concluir que o óleo essencial de Syzygium aromaticum
apresenta ação inibitória no crescimento micelial de Fusarium solani f. sp. piperis. Destacando o tratamento T7 que teve
maior potencial inibitório em relação a testemunha. No entanto, torna-se necessário a continuação de estudos
envolvendo o óleo essencial de Syzygium aromaticum para que produtos derivados do mesmo, possam ser
utilizados como alternativa de fungicida.
REFERÊNCIAS
ALBUQUERQUE FC, VELOSO CAC, DUARTE MLR, KATO OR. Pimenta-do-reino: recomendações
básicas para o cultivo. Belém: EMBRAPA-UEPAE de Belém; 1989.
ALBUQUERQUE, F.C.; DUARTE, M. L.R.; NUNES, A. M. L.; STEIN, R. L. B.; OLIVEIRA, R.P.:
Comportamento do germoplasma de Pimenta-Do-Reino em áreas de ocorrência de fusariose no estado do
Pará. Anais do Seminário Internacional sobre a pimenta-do-reino e cupuaçú, 1, 1996, Belém, Pará. Embrapa
Amazônia Oriental/Jica, 1997, 440 p., (Embrapa Amazônia Oriental.Documentos, 89).
BRASIL. Secretaria De Política Agrícola. Portaria nº 379, de 18 de outubro de 2011. Aprova o zoneamento
agrícola de risco climático para a cultura de pimenta do reino no Estado da Bahia. Diário Oficial da União,
Brasília, DF (2011 out.). p. 4. Seção I.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
CARNAÚBA, J.P. et al. Ocorrência de Fusarium Solani f. sp. piperis em Piper nigrum no estado de Alagoas.
Summa Phytophatologica, Botucatu, v. 33, n. 1, p. 96-97, jan./mar. 2007. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/sp/v33n1/17.pdf. Acesso em: 27 out. 2017.
CRAVEIRO, A. A.; FERNANDES, A. G.; ANDRADE, C. H. S.; MATOS, F. J. de A.; ALENCAR, J. W. de.
Óleos essenciais de plantas do nordeste. Fortaleza: UFC-Departamento de Química Orgânica e Inorgânica,
1981. 210 p.
DERBALAH, A.S. et al. Antifungal activity of some plant extracts against sugar beet damping-off caused by
Sclerotium rolfsii. Annals of Microbiology. v.62, p.1021-1029, 2012
DORMAN HJD, DEANS SG. Antimicrobial agents from plants: antibacterial activity
of plant volatile oils. Journal of Applied Microbiology. 2000; 88: 308-316.
EL-HAG EA, EL-NADI AH, ZAITOON AA. Toxic and growth retarding effects of three
plant extracts on Culex pipiens larvae (Diptera: Culicidae). Phytotherapy Research. 1999; 13:388-392
KUMAR, R.; MISHRA, A.K.; DUBEY, N.K.; TRIPATHI, Y.B. Evaluation of Chenopodium ambrosioides oil
as potential source of antifungal, antiaflatoxigenic and antioxidant activity. Int. J. Foof. Microbiol. v.115, n.2,
p.159-164. 2007.
MACHADO, R.M.A. et al. Avaliação de óleos essenciais sobre o crescimento in vitro do fungo colletotrichum
gloeosporioides. Perspectivas online. v.08, n.03, p.64-75, 2013.
PAOLI, S. et al. Effects of clove (Caryophyllus aromaticus L.) on the Labeling of blood constituents with
technetium and on the morphology of red blood cells. Brazilian Archives of Biology and Technology, v.50,
p.175-82, 2007
RANASINGHE, L. et al. Fungicidal activity of essential oil of Cinnamomum zeylanicum (L.) and Syzygium
aromaticum (L.) L.M.Perry against crown rot and anthracnose pathogens isolated from banana. Letters in
Applied Microbiology, v.35, p.208-11, 2002.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
RAINA, V.K., SRIVASTAVA, S.K., AGGARWAL, K.K., SYAMASUNDAR, K.V. & KUMAR, S. 2001.
Essential oil composition of Syzygium aromaticum leaf from Little Andaman, India. Flavour Fragrance
Journal 16:334-336.
RODRIGUES, R. S.; SILVA, R. R. A história sob o olhar da química: As especiarias e sua importância na
alimentação humana. Química Nova na Escola, São Paulo, 2010. v. 32, n.2, p. 85.
SCHWAN-ESTRADA, Kátia Regina Freitas; STANGARLIN, José Renato; CRUZ, Maria Eugênia da Silva,
Uso de extratos vegetais no controle de fungos fitopatogênicos. Floresta, Curitiba, v. 30, n. 1, p. 129-137,
2000.
SILVA, M.B.; NICOLI, A; COSTA, A.S.V.; BRASILEIRO, B.G.; JAMAL, C.M.; SILVA, C.A.; PAULA
JÚNIOR, T, J.; TEIXEIRA, H. Ação antimicrobiana de extratos de plantas medicinais sobre espécies
fitopatogênicas de fungos do gênero Colletotrichum. Revista Brasileira de Plantas Medicinais. Botucatu, v.10,
n.3, p. 57- 60, 2008.
VIZZOTO, Márcia; KROLOW, Cristina; WEBER, Gisele Eva Bruch. Metabólitos secundários encontrados
em plantas e sua importância. Embrapa Clima Temperado. ISSN 1516-8840. Documentos, 316. Pelotas,
RS, 2010. 16p.
ZACCARDELLI, M., VITALE, S., LUONGO, L., MERIGHI, M., CORAZZA, L. Caracterização
morfológica e molecular de Fusarium solani. Fitopatologia, n. 156, p. 534-541. 2008.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
Sávio Gabriel Guimarães Fonseca1*; Amilton dos Santos Barbosa Júnior2; Donizette Monteiro Machado3;
Williams Carlos Leal da Costa4; Caio Renan Góes Serrão5
1 Graduando em Licenciatura Plena em Ciências Naturais – com Habilitação em Química. Universidade do
Estado do Pará (UEPA). *[email protected]
2 Graduando em Licenciatura Plena em Ciências Naturais – com Habilitação em Química. Universidade do
RESUMO
O trabalho teve por objetivo facilitar o aprendizado de Ciências com enfoque no tema estados físicos da matéria,
por meio da aplicação de uma atividade utilizando um software educacional. A intervenção metodológica foi
desenvolvida com alunos pertencentes ao Ensino Fundamental de uma escola municipal da comunidade
quilombola de Boa Vista, município de Salvaterra- PA. A atividade foi dividida em duas etapas: a primeira etapa
consistiu no desenvolvimento de uma aula sobre o tema estados físicos da matéria, seguida da aplicação do
software educacional “Estados Físicos da matéria” como ferramenta de ensino e aprendizagem, a segunda etapa
foi a finalização do trabalho com a aplicação de um questionário, com enfoque voltado para a opinião do aluno
sobre o uso da metodologia desenvolvida ao longo do processo educativo, a fim de obter dados prévios à análise
de possíveis resultados. Os resultados mostraram que para 91,30% dos participantes, a temática aplicada em sala
de aula, a partir da utilização do software educacional foi satisfatória, a respeito da expectativa dos alunos ao
saber que iriam participar de uma atividade utilizando o computador como recurso pedagógico, 73,91% dos
participantes avaliaram como boa, quando questionados se em suas aulas, seu professor costuma realizar
atividades educativas com o auxílio de softwares para que os assuntos sejam melhor compreendidos, mais da
metade dos alunos responderam raramente (56,52%), 21,74% responderam nunca. Em relação ao
questionamento: “Passado a aplicação da atividade educativa, como você classifica o seu entendimento sobre este
assunto por meio do software?” 100% dos alunos responderam ter compreendido melhor o assunto abordado. De
acordo com os dados obtidos, a utilização do software como ferramenta facilitadora, fez com que cada discente
construísse e compreendesse melhor conceitos, proporcionando assim uma aprendizagem eficaz.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
1. INTRODUÇÃO
O computador está inserido na sociedade como um avanço tecnológico fundamental para o progresso de
inúmeras atividades do nosso cotidiano, favorecendo também o lazer e progressivamente sendo incluído na
educação. Esta inserção parte do princípio da necessidade do incentivo na escola de desenvolver as competências
e habilidades do cidadão, além de colaborar para a formação de pessoas com senso crítico esclarecido (SANTOS;
WARTHA; SILVA, 2010).
Frente ao cenário atual onde as novas tecnologias vêm se tornando cada vez mais presentes no cotidiano,
é evidente a necessidade de associar estas técnicas com o meio educacional, pois a informatização da sociedade
é necessária e a escola também deve acompanhar o mesmo ritmo (LUCENA, 1992).
Nesse contexto, os recursos computacionais se fazem presentes no ensino de Ciências. É sabido que o
ensino dessa disciplina é alvo de diversas críticas por parte de professores, alunos e pesquisadores. A maior parte
das críticas decorre da memorização de conceitos, fórmulas e reações, desconsiderando a relevância de apresentar
aos alunos a verdadeira importância desta disciplina e o que ela representa em suas vidas. Soma-se a este fator a
carência de correlacioná-la com o cotidiano dos alunos, tornando a Química, uma ciência excessivamente abstrata
(SOUZA; MERÇON, 2014).
A Química neste âmbito foi muito beneficiada com o uso dos computadores, pois o emprego de
tecnomídias na educação permite a simulação e demonstração de variáveis envolvidas nos fenômenos em que a
matéria é transformada. Para que estes programas sejam utilizados de forma positiva no processo de ensino é
necessário que sejam completos, de modo que, representem uma parte significativa de uma determinada disciplina
e que tenham conexão com a realidade do aluno (FERREIRA, 1998).
A maior vantagem do emprego destes softwares é que através da sua utilização o aluno pode ser capaz de
aprender significativamente, por estar inserido em um universo tecnológico que o propicia cada vez mais
curiosidade, descobertas e possibilidades (PEREIRA, 2014).
A partir disso, o presente trabalho objetiva facilitar o aprendizado de Ciências com enfoque no tema
estados físicos da matéria, por meio da aplicação de uma atividade utilizando um software educacional para alunos
pertencentes ao Ensino Fundamental de uma escola municipal da comunidade quilombola de Boa Vista,
município de Salvaterra- PA, abordando a temática de maneira que possibilite uma aprendizagem significativa,
relacionando o assunto com seu dia a dia. Ao fim da aula espera-se que os conhecimentos adquiridos pelos
educandos durante a condução metodológica tenham significância social para suas vidas.
2. MATERIAL E MÉTODOS
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
O trabalho foi desenvolvido com quinze alunos de ambos os sexos pertencentes ao Ensino Fundamental
de uma escola municipal da Vila de Boa Vista, município de Salvaterra- PA, durante a Feira Itinerante de Ciências.
A escolha dos alunos foi feita de forma aleatória. A execução do trabalho foi dividida em duas etapas:
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
Figura 1: Interface inicial do software (Estados básicos da matéria), utilizado para a atividade proposta com os alunos.
Fonte: PhET Interactive Simulations
Aliando o conhecimento teórico adquirido pelos alunos com a prática, os mesmos foram divididos em três
grupos para acompanhamento e execução de uma atividade utilizando o software (Figuras 2 e 3).
Figura 2: Alunos realizando a atividade utilizando o software educacional (Estados básicos da matéria).
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
Figura 3: alunos recebendo instruções a respeito da utilização do software (Estados básicos da matéria), para a
efetivação da atividade.
Fonte:
Fonseca et al.
(2017).
Ao
final da
atividade, os
discentes
puderam
visualizar os
fenômenos
que atuam
nos estados
físicos da
matéria por
meio de uma simples simulação.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
Figura 4: Alunos preenchendo os questionários, sobre o uso da metodologia desenvolvida ao longo do processo educativo,
a fim de obter dados para a análise de resultados.
De acordo com a aplicação do questionário foi indagado aos alunos a questão sobre o uso do software para
o melhor entendimento do conteúdo verificou-se que 91,30% concordaram que é satisfatória a sua utilização, já
8,70% não opinaram sobre a questão, devido terem deixado a questão em branco. Esse percentual de aceitação
exposto pelos alunos se deu devido a utilização possibilitar uma maior interativa deles com a ferramenta utilizada
(software educativo), outro fator que deve ser levado e que eles ficaram maravilhados quando observaram a
agitação das moléculas no simulador.
Figura 5: Você considera que a atividade utilizada por meio do software educacional pode trazer maior
entendimento acercas dos estados físicos da matéria?
Fonte: Fonseca et al. (2017)
Outro fator importante para que se obtivesse esse elevado índice de aceitação foi utilização do software,
que é uma ferramenta atrativa e empolgante para que eles se interessem e consigam desenvolver habilidades, no
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
contexto das Ciências, como, conceito de proporcionalidade, temperatura e pressão. Machado (2015) está em
concordância em seus estudos no que se refere a utilização de softwares no ensino de Ciências, as tecnomídias
têm potencial aplicação nas atividades de ensino, favorecendo assim o processo de ensino e aprendizagem,
promovendo ainda o desejo pela pesquisa e leitura de informações bibliográficas.
A respeito da expectativa dos alunos ao saber que iriam participar de uma atividade utilizando o
computador como recurso pedagógico: 73,91% avaliaram como boa, 17,39% como sendo nem boa nem ruim e
8,70% não respondeu, deixando em branco o questionamento (Figura 6). Esse percentual de aceitação exposto
pode ser atribuído ao fato da inserção do computador como recurso pedagógico nas aulas de Ciências ser uma
experiência diferente de aprendizagem, onde o aluno manipula o software e tira suas próprias conclusões,
promovendo a construção do conhecimento.
Totalizando as negativas, percebemos que 26,09% dos alunos não criam expectativas ao saberem que irão
participar de uma atividade utilizando o computador como recurso pedagógico, pois a utilização desse recurso
pedagógico é utilizado esporadicamente nas aulas, criando desinteresse por parte deles.
Figura 6: Qual a sua expectativa ao saber que irá participar de uma atividade utilizando o computador como recurso
pedagógico?
Santos; Wartha; Filho (2010), estão em concordância em seus estudos com os dados obtidos neste trabalho,
no que se refere a utilização de computadores como recurso pedagógico nas aulas de Ciências, é significativo o
estímulo da aprendizagem atribuído ao uso do computador, haja vista que uma parcela dos alunos dispõe de acesso
e são familiarizados com o uso dos computadores, sejam em casa, colégios ou mesmo em Lan House.
Quando questionados se em suas aulas, seu professor costuma realizar atividades educativas com o auxílio
de softwares para que os assuntos sejam melhor compreendidos, mais da metade dos alunos responderam
raramente (56,52%), 21,74% responderam nunca, e 8,70% não responderam, deixando o questionamento em
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
branco (Figura 7). De acordo com Lemes (2006), um dos motivos de não se fazer uso de metodologias
auxiliadoras no ensino é devido ao período de tempo curto entre as aulas, limitando o docente, já que os assuntos
precisam ser repassados e a utilização desses recursos demanda um pouco mais de tempo das aulas.
Em detrimento ao exposto, apenas 13,04% do alunado afirmou que o professor de Ciências realiza
atividades educativas com o auxílio de softwares.
Figura 7: Em suas aulas, seu professor de Ciências costuma realizar atividades educativas com o auxílio de
softwares para que os assuntos estudados sejam melhor compreendidos?
Fonte:
Fonseca et al.
(2017)
questionamento se refere ao seguinte questionamento: “Passado a aplicação da atividade educativa, como você
classifica o seu entendimento sobre este assunto por meio do software?” 100% dos alunos responderam ter
compreendido melhor o assunto abordado. Dados esses obtidos a partir da aplicação do questionário.
Santiago et. al (2010), está em concordância em seus estudos com o resultado obtido por este trabalho no
que se refere a utilização de softwares como recurso facilitador no ensino e aprendizagem de Ciências, a atividade
prática utilizando softwares é promotora de interação entre professor/aluno, permitindo maior assimilação dos
conteúdos trabalhados e facilitando assim a aprendizagem.
4. CONCLUSÃO
De acordo com os dados obtidos e a interação entre aluno-professor, a utilização do software como
ferramenta facilitadora, fez com que cada discente construísse seu próprio aprendizado, a construção se deu no
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
manuseio do simulador utilizado, sendo uma maneira nova de se aprender e todos tiveram a oportunidade de
socializar e mostrar diversos conceitos em torno do assunto.
Além disso, obteve-se uma evolução no que diz respeito ao aprendizado dos alunos durante e após a
intervenção, o método utilizado fez com que os alunos ficassem instigados acerca do que se abordou, causando
impacto positivo e trazendo resultados de suma importância para o trabalho no que se diz respeito a ato de
aprender utilizando recursos pedagógicos digitais.
REFERÊNCIAS
FERREIRA, V. F. As tecnologias Interativas no Ensino. Química Nova, [S.l], v. 21, n. 6, p. 780-786, 1998.
LEMES, P. R.; ALEXANDRE, S. Os fatores que interferem no processo de ensino e aprendizagem. 2006. p.
01-72. Monografia (Graduação em Pedagogia) - Faculdade de ciências de educação – FACE, Brasília-DF, 2006.
RUBEM, C.M.; LOPES, A.P. a relação professor-aluno no processo ensino-aprendizagem de Química em uma
escola da rede pública de ensino médio em Benjamin Constant – AM. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE
EDUCAÇÃO QUÍMICA, 12, 2014, Fortaleza- PE. Anais eletrônicos... Fortaleza- PE, 2014. Disponível em: <
http://www.abq.org.br/simpequi/2014/trabalhos/90/4214-17292.html>. Acesso em: 21 nov. 2017.
SANTIAGO, A.S; SANTOS, G.L.L.; MELO, J.B.; COSTA, N.M.; SILVA, L.C. Utilização do software crocodile
chemistry como ferramenta de ensino em aulas de química experimental. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE
EDUCAÇÃO QUÍMICA, 8. Rio Grande do Norte/RN, 2010. Anais... Rio Grande do Norte-RN, 2010.
SANTOS, D. O.; WARTHA, E. J.; SILVA, J. C. F. Softwares educativos livres para o Ensino de Química: Análise
e Categorização. In: ENCONTRO NACIONAL DE ENSINO DE QUÍMICA, 15. Brasília/DF, 2010. Anais...
Brasília-DF, 2010.
SOUZA, M. P.; MERÇON, F. A utilização de recursos computacionais em Química no ensino da tabela periódica.
In: SIMPÓSIO EDUCAÇÃO E SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA: DESAFIOS E PROPOSTAS A ESCOLAS
E SEUS SENTIDOS, 9. Rio de Janeiro/RJ, 2014. Anais... Rio de Janeiro-RJ, 2014.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
Ruth Linda Benchimol1, Cássia Cristina Chaves Pinheiro2, Ana Karoliny Alves Santos3, Carina Melo da Silva4,
Noemi Vianna Martins Leão5, Iêda Alana Leite de Sousa6
RESUMO
Entre as essências florestais nativas da região norte, com potencial para o reflorestamento de áreas degradadas,
destaca-se o Paricá (Schizolobium parahyba var. amazonicum (Huber ex Ducke) Barneby). Dentre os agentes
etiológicos que podem acometer essa cultura encontra-se o fungo Thielaviopsis sp., considerado um patógeno
agressivo e de difícil controle, que pode reduzir o potencial madeireiro da espécie. O objetivo deste trabalho foi
avaliar o crescimento micelial “in vitro” de Thielaviopsis sp. em diferentes meios de cultura e regimes de
luminosidade. Discos de cultura do patógeno (ø =5 mm) retirados da borda de colônias foram transferidos para o
centro de placas de Petri contendo os meios de cultura de BDA, Malte e V8 e incubados sob três regimes de
luminosidade (escuro contínuo, regime de luz alternado e luz contínua), durante sete dias, sob a temperatura de
25 °C ± 2 oC. O ensaio foi conduzido em delineamento inteiramente casualizado, em esquema fatorial (3x3), com
cinco repetições. A análise estatística foi feita pelo teste F (p ≤ 0.05) e as médias de crescimento foram comparadas
pelo teste de Scott-Knott (p ≤ 0.05), utilizando o programa SISVAR (versão 5.6). Foram observadas variações
significativas no crescimento micelial de Thielaviopsis sp. nos diferentes meios de cultura e regimes de
luminosidade testados, o fungo apresentou maior crescimento micelial quando foi cultivado em regime de luz
alternada e o meio V8 induziu maior crescimento micelial do patógeno.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
1. INTRODUÇÃO
O cultivo de espécies florestais nativas é uma alternativa econômica viável, de menor impacto ambiental
frente às culturas exóticas e reduz a pressão sobre áreas de mata nativa, sobretudo nas regiões Norte e Nordeste
do Brasil. Uma espécie que tem apresentado potencial na Região Amazônica é a Schizolobium parahyba var.
amazonicum (Huber ex Ducke) Barneby da família botânica Fabaceae, conhecida popularmente como Paricá
(MAFIA et al., 2003).
O Paricá é uma espécie recomendada pelo setor produtivo para o reflorestamento por apresentar como
características o rápido crescimento, fuste reto e fácil obtenção de sementes (TREMACOLDI et al., 2009). E,
ainda, possui rápido crescimento, em altura e diâmetro, o que possibilita a sua utilização comercial em poucos
anos (ALMEIDA et al., 2013). Além do uso para reflorestamento, o Paricá também produz madeira utilizada
para geração de energia (VIDAURRE, 2012) e para produção de pasta celulósica, produzindo um papel
branqueado de excelente resistência (IWAKIRI et al., 2010).
A produção de Paricá apresenta como principais entraves os aspectos biotecnológicos e fitossanitários,
que ainda carecem de pesquisas aplicadas, visto que o aumento das áreas cultivadas com Paricá, não foram
acompanhadas por ações fitossanitárias, como o monitoramento sistemático de insetos, e das interações entre o
paricá e organismos degradadores de madeira, como fitopatógenos (TREMACOLDI et al., 2009) e insetos (LUNZ
et al., 2010).
O fungo Chalara (Thielaviopsis paradoxa (De Seynes Hoehn)), cuja forma teleomórfica corresponde a
Ceratocystis paradoxa (Dade) C. Moreau (MICHEREFF, 1997) é considerado um patógeno agressivo e de difícil
controle, o qual ameaça o potencial de produção de madeira da cultura do Paricá (GELDENHUIS, 2005).
A dificuldade da obtenção de isolados esporulantes, ou mesmo de se padronizar condições ideais para a
esporulação de fungos fitopatogênicos, é um dos principais problemas enfrentados por grupos de pesquisa que
visam à identificação de cultivares de plantas resistentes a patógenos (CRUZ et al., 2009). A composição do meio
de cultura pode determinar o crescimento micelial de fitopatógenos (ORLANDELLI et al., 2012), assim como a
luminosidade que pode regular o desenvolvimento e os processos de metabolismo em condições “in vitro”,
simulando condições ideais para o progresso da doença no campo (SOUZA et al., 2015).
O objetivo deste trabalho foi avaliar o crescimento micelial de Thielaviopsis sp., isolado de plantas de
Paricá, em diferentes meios de cultura e regimes de luminosidade.
2. MATERIAL E MÉTODOS
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
O experimento foi realizado no laboratório de Fitopatologia da Embrapa Amazônia Oriental, Belém, PA.
O fungo Thielaviopsis sp. foi isolado de amostras de caule de plantas de Paricá com três anos de idade cultivadas
no município de Igarapé–Miri, PA. Os sintomas observados no caule consistiam de manchas de coloração escura
e alongada tanto na parte externa quanto interna. O isolamento foi realizado com a desinfestação das amostras
com álcool a 70 % (30 segundos), seguido de Hipoclorito de Sódio a 1 % (3 minutos), e posteriormente,
plaqueadas em Ágar-Água (Ágar 20 g; H2O destilada estéril 1000 mL). As placas foram incubadas sob
temperatura de 24 ± 2 oC, com fotoperíodo de 12h claro / 12h escuro durante 48 h, então as colônias fúngicas
foram repicadas para meio BDA (200 g de Batata; 20 g de Dextrose; 20 g de Ágar e 1000 mL de H2O destilada)
e armazenadas durante sete dias. Foram realizadas lâminas microscópicas objetivando a identificação da espécie.
Para a avaliação do crescimento micelial do Thielaviopsis sp., foram repicados discos de micélio da
colônia do patógeno (ø = 5 mm) para placas de Petri (ø = 90 mm) contendo diferentes meios de cultura e
submetidas à diferentes regimes de luminosidade. Os meios testados foram: BDA, Malte-Ágar (20 g de Extrato
de Malte em pó; 20 g Ágar e 1000 mL H2O destilada estéril) e V8 (200 mL de Suco de V8 (Campbel Soup
Company); 100 mL de CaCO3; 20 g de Ágar e 900 mL de H2O destilada estéril). As placas foram incubadas à
temperatura constante (25 ± 2 ºC) e submetidas aos regimes de luminosidade: escuro constante (ausência de luz),
claro constante (presença de luz) e alternado (12 h claro e 12 h escuro). O delineamento experimental foi
inteiramente ao caso, com cinco repetições, em arranjo fatorial 3 x 3.
A avaliação do crescimento micelial consistiu da medição diária do diâmetro da colônia do patógeno em
dois sentidos diametralmente opostos, com auxílio de um paquímetro digital até a colônia ocupar todo o raio da
placa. Os dados obtidos foram empregados no cálculo do Índice de Velocidade de Crescimento Micelial (IVCM)
conforme a fórmula descrita por Oliveira (1991): IVCM =Σ (D – Da)/N, onde IVCM= Índice de Velocidade de
Crescimento Micelial; D= diâmetro médio atual da colônia; Da= diâmetro médio da colônia do dia anterior; N=
número de dias após a inoculação. Para a análise estatística, os dados foram submetidos ao teste F (p ≤ 0,05) e as
médias foram comparadas pelo teste de Scott-Knott (p ≤ 0,05). O programa utilizado para as análises foi o
SISVAR, versão 5.6 (FERREIRA, 2000).
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
O crescimento micelial de Thielaviopsis sp. ocorreu em todos os tratamentos. No entanto, houve diferença
significativa para os meios de cultura e regimes de luminosidade avaliados (Tabela 1).
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
Tabela 1-Índice de Velocidade de Crescimento micelial do isolado de Thielaviopsis sp. em diferentes meios de cultura sob
três regimes de luminosidade.
Meio de cultura
Regime de Claro Escuro Alternado
luminosidade
BDA 28,60 cC 44,63 bB 52,52 bA
Malte 39,35 bB 48,43 bB 52,60 bA
V8 58,77 aA 60,61 aA 65,93 aA
CV% 7,71
*
Médias seguidas das mesmas letras minúsculas (coluna) e maiúsculas (linhas) não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Scott-
Knott (P<0,05).
O IVCM do fungo Thielaviopsis sp. cultivado no meio V8 foi superior estatisticamente aos demais meios
de cultura testados, independente ao regime de luz submetido. O meio de cultura utilizado universalmente para o
cultivo de fungos é o BDA, e neste trabalho o regime de luz que favoreceu o aumento do IVCM do Thielaviopsis
sp. foi o alternado (12 h claro e 12 h escuro).
A variação do crescimento micelial da colônia fúngica observada neste estudo pode ser explicada pela
composição nutricional dos diferentes meios utilizados. De acordo com Andrade et al. (2015) isolados fúngicos
podem apresentar diferenças significativas na velocidade de crescimento micelial em meios de cultura, isto se
deve a composição do meio cultura que pode ou não estimular o crescimento micelial. Resultados semelhantes à
este trabalho foram encontrados por Dias Neto et al. (2010) que relataram produção satisfatória de conídios de
Magnaporthe grisea utilizando o meio V8.
Nos meios de Malte e BDA houve crescimento micelial, porém com índices menores quando comparados
ao meio V8, provavelmente por este meio ser mais rico em nutrientes, proporcionou maior desenvolvimento ao
fungo. Pereira et al. (2006), concluíram que alguns fungos podem utilizar a energia do meio de cultura
exclusivamente para o crescimento, enquanto outros utilizam sua energia para esporulação.
Considerando a média dos resultados nos regimes de luminosidade, observou-se maior crescimento
micelial quando Thielaviopsis sp. foi cultivado em regime de luz alternada, em todos os meios de cultura testados.
De acordo com Queiroz et al. (1993) a luminosidade pode exercer efeito inibidor ou indutor na formação de
estruturas reprodutivas e crescimento dos fungos.
4. CONCLUSÃO
O meio de cultura V8 independente dos regimes de luminosidade, luz, claro ou alternado, favoreceu o
índice de velocidade de crescimento micelial de Thielaviopsis sp., isolado de plantas de Paricá.
REFERÊNCIAS
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
ALMEIDA, D. H.; SCALIANTE, R. de M.; MACEDO, L. B.; MACÊDO, A. N.; DIAS, A. A.; CHRISTOFORO,
A. L.; e CALIL JUNIOR, C. Caracterização completa da madeira da espécie amazônica paricá (Schizolobium
amazonicum HERB) em peças de dimensões estruturais. Revista Árvore, v.37, n.6, p.1175-1181, 2013.
CRUZ, M. F. A.; PRESTES, A. M.; MACIEL, J. L. N. Esporulação de Pyricularia grisea em diferentes meios de
cultura e regimes de luz. Ciência Rural, v.39, p 1562-1564, 2009.
DIAS NETO, J. J.; SANTOS, G. R.; CASTRO NETO, M. D; ANJOS, L. M.; CUNHA, A. C. F.; IGNÁCIO, M.
Influência do meio de cultura na esporulação de Magnaporthe grisea e da concentração de conídios na severidade
da brusone do arroz. Bioscience Journal, v. 26, p. 173-179. 2010.
FERREIRA, D. F. Análises estatísticas por meio do SISVAR (Sistema para análise de variância) para Windows
versão 4.0. In: REUNIÃO ANUAL DA REGIÃO BRASILEIRA DA SOCIEDADE INTERNACIONAL DE
BIOMETRIA. Programas e Resumos... São Carlos: UFSCar, p. 255-258, 2000.
LUNZ, A. M.; BATISTA, T. F. C.; ROSÁRIO, V. S. V.; MONTEIRO, O. M.; MAHON, A. C. Ocorrência de
Pantophthalmus kerteszianus e P. chuni (Diptera: Pantophthalmidae) em paricá, no Estado do Pará. Pesquisa
Florestal Brasileira, v. 30, p. 71-74, 2010.
MAFIA, R. G.; ALFENAS, A. C.; ANDRADE, G. C. G.; ZAUZA, E. A. V.; PFENNING, L. H.; ROSA, J.
Tombamento de mudas causado por Fusarium solani: uma nova doença do paricá no Brasil. Fitopatologia
Brasileira, v. 28, p. 450, 2003.
MICHEREFF, S. J. Fungos como agentes de doenças de plantas. Fitopatologia. 1997. Ministério da Agricultura,
Pecuária e Desenvolvimento. Disponível em: www.agricultura.gov.com.br . Acesso em: outubro, 2016.
ORLANDELLI, R. C.; SPECIAN, V.; FELBER, A. C.; PAMPHILE, J. A. Enzimas de interesse industrial:
produção por fungos e aplicações. Sabios: Rev. Saúde e Biol., v. 7, n. 3, p. 97-109, 2012.
PEREIRA, A. L.; SILVA, G. S.; RIBEIRO, V.Q. Caracterização fisiológica, cultural e patogênica de diferentes
isolados de Lasiodiplodia theobromae. Fitopatologia Brasileira, v.31, p.572-578, 2006.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
QUEIROZ, F.M.; MENEZES, M. Efeito de meios de cultura e do regime de luz na esporulação de Cercospora
nicotianae. Fitopatologia Brasileira, Brasília, v.18, n.4, p.545-547, 1993.
SOUZA, W. C. O.; NASCIMENTO L. C.; SANTOS, T. S.; VIDAL, J. M.; SILVA, H. F. Comportamento in vitro
de Chalara paradoxa, agente causal da podridão-negra do abacaxizeiro, em diferentes condições de cultivo.
Revista Brasileira de Fruticultura, v. 37, n. 4, p.845-851, 2015.
TREMACOLDI, C. R.; LUNZ, A. M.; COSTA, F. R. S.; Cancro em Paricá no Estado do Pará Schizolobium
parahyba var. amazonicum Pesquisa Florestal Brasileira, Nota científica. Colombo, n.59, p.67-73, jul./dez.
2009.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
Rubney da Silva Vaz¹; Aline Lemos Gomes²; Celly Jenniffer das Silva Cunha³; Vanessa Bandeira da Costa4;
Samara Cristina Campelo Pinheiro5; Eliane Brabo de Sousa6
RESUMO
O Fitoplâncton como organismo produtor das cadeias tróficas aquáticas, é um excelente bioindicador, pois possui
sua estrutura e dinâmica influenciadas pelas condições ambientais. O estudo da variação espacial do fitoplâncton
é uma importante ferramenta para o monitoramento ambiental. O Rio Uriboca encontra-se na Região
Metropolitana de Belém no município de Marituba. O presente estudo objetivou avaliar a variação espacial do
fitoplâncton do Rio Uriboca em função das variações físico-químicas da água e hidrodinâmica local. Foram
utilizadas 8 amostras, coletadas em 4 pontos, durante a maré de enchente e vazante no mês de Abril/2016, para o
fitoplâncton qualitativo e quantitativo, incluindo cianobactérias e clorofila-a. Coletou-se água e medições in situ
para a determinação dos fatores físico-químicos. A composição total do fitoplâncton foi de 76 espécies, divididas
em oito classes. Coscinodiscophyceae e Bacillariophyceae foram as mais representativas, destacando a espécie
Polymyxus coronalis com 100% frequência de ocorrência. A densidade oscilou de 16,8 x 10³ ind/ml-¹ (PT04Vaz)
a 82,7 x 10³ ind/ml-¹ (PT03Enc), Coscinodiscophyceae obteve maior densidade, seguido por Cyanophyceae. O
ponto (PT03Enc) obteve baixa diversidade e (PT04Vaz) média diversidade, a equitabilidade oscilou de 0,5
(PT02Vaz) a 0,8 (PT03Vaz). A clorofila-a variou de 6 µg. L-¹ (PT01 Vaz) a 23,7 µg. L-¹ (PT04Enc), não
apresentando diferença significativa entre os pontos amostrados e marés. A temperatura da água manteve-se
elevada, a turbidez foi maior durante a maré enchente, a Demanda Orgânica do Carbono variou entre os pontos
21,2 mg/L-¹ (PT02) e 10mg/L-¹ (PT01), estas variáveis apresentaram variações significativas ao Longo do Rio.
A distribuição espacial da matéria orgânica propiciou uma boa representatividade da qualidade das suas águas; a
influência do Rio Guamá e a sua hidrodinâmica refletem na distribuição e riqueza das espécies. Planktolyngbya
liminetica e Planktotrix isotrix apresentaram tropismo por nutrientes nitrogenados, necessitando estudos
posteriores para avaliar este indicativo, presando a saúde pública.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
1. INTRODUÇÃO
O Fitoplâncton como organismo produtor das cadeias tróficas aquáticas, configura-se como excelente
bioindicador da qualidade das águas por possuir a sua estrutura e dinâmica influenciadas pelas condições
ambientais da localidade em que se encontram (REYNOLDS, 2006). A análise dos fatores físico-químicos
também está diretamente ligada à qualidade desses ambientes, onde a partir de informações sobre a clorofila-a,
transparência e/ou fósforo total pode-se calcular o Índice de Estado Trófico (IET), importante recurso para avaliar
a possibilidade de utilização da água para o abastecimento público (CETESB, 2009).
O estudo da variação espacial do fitoplâncton no Rio Uriboca, auxilia no monitoramento ambiental uma
vez que são sensíveis a alterações do meio aquático, relacionando a multiplicidade dos fatores envolvidos e a
organização das interações resultantes dos diferentes fatores (Margalef, 1986). Este estudo objetiva avaliar a
variação espacial do fitoplâncton do Rio Uriboca em função das variações físico-químicas da água e da
hidrodinâmica local.
2. MATERIAL E MÉTODOS
O Rio Uriboca encontra-se na Região Metropolitana de Belém (RMB) no município de Marituba, que
corta a REVIS do Estado do Pará “Refúgio de Vida Silvestre Metrópole da Amazônia” conhecida popularmente
como “mata da Pirelli”, onde as amostras foram coletadas em (04) pontos (Figura 1), durante os períodos de marés
enchente e vazante no mês de abril/2016, compreendendo o mês mais chuvoso. No Rio Uriboca foram coletadas
amostras para análise do fitoplâncton qualitativo e quantitativo, incluindo cianobactérias e clorofila-a. Além disso,
foram realizadas coletas de água e medições in situ para a determinação dos fatores físico-químicos. As amostras
qualitativas foram obtidas através da filtragem de água com redes de plâncton (20 e 45μm), durante 3 minutos e
fixadas com solução de formol a 4%. As análises foram feitas através da montagem de lâminas temporárias
observadas sob um microscópio biocular Axiostarplus com oculares de medição, acoplado a câmera fotográfica
e através da análise de lâminas permanentes para evidenciar frústulas de diatomáceas.
Figura 1. Mapa de localização da área de estudo, com os pontos de coleta, ilustrados no Rio Uriboca, Belém – pa.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
nível de significância de 0,05. A análise de redundância canônica (RDA) foi aplicada para analisar a relação entre
a densidade fitoplanctônicas (espécies com a abundância superior à 5% em cada ponto) e os fatores físico-
químicos.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A composição total do fitoplâncton foi de 76 espécies, divididas em oito classes, sendo as classes
Coscinodiscophyceae, com as espécies: Polymyxus coronalis, Aulacoseira granulata, Coscinodiscus centralis,
Coscinodiscus rothii e Triceratium favus; e Bacillariophyceae com as espécies: Surirella sp., Surirella fastuosa,
Frustulia saxônica, Odontella sinensis e Pinnularia stauroptera, a possuírem maior representatividade (Figura
2), com 34 e 19 espécies respectivamente. Destaca-se Polymyxus coronalis, com 100% de frequência, espécie
que caracteriza o fitoplâncton guajarino. A predominância de diatomáceas devesse à forte influência das águas
do rio Guamá, como nos trabalhos realizados por PAIVA et al., 2006 na baía do Guajará, onde se observou que
os grupos de fitoplâncton mais abundantes foram o das diatomáceas com 56,2%, apresentando resultados
semelhantes ao de MONTEIRO et al., 2009 no Rio Guamá, onde Bacillariophyta aparece com 75% da
composição fitoplanctônica.
Figura 2. Gráfico do percentual da composição total das classes encontradas no Rio Uriboca (Belém-PA), durante o mês
de Abril/2016.
Synurophyceae
Trebouxiophyceae
3%
1%
Coscinodiscophyceae Zygnematophyceae
45% 5%
Bacillariophyceae
25%
Chlorophyceae
Criptophyceae 3%
1% Cyanophyceae
17%
A densidade do fitoplâncton oscilou entre o 16,8 x 10³ ind/ml-¹ (PT04 Vaz) a 82,7 x 10³ ind/ml-¹ (PT03 Enc), não
houve diferença significativa entre os pontos amostrados e marés. A classe Coscinodiscophyceae foi a que
apresentou maior densidade com 239,3 x 10³ ind/ml-¹, seguido por Cyanophyceae com 75,5 x 10³ ind/ml-¹ (Figura
3).
A classe Cyanophyceae possui uma preocupação em particular, devido a capacidade de floração
(crescimento excessivo de células de cianobactérias), podendo ou não liberar cianotoxinas, as quais modificariam
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
a estrutura das comunidades aquáticas, além de serem uma preocupação constante para a saúde pública e para os
pesquisadores e estudiosos mundiais (AZEVEDO, 1998; LELKÒVA et al., 2008).
Figura 3. Gráfico de densidade (ind.ml-¹) das classes fitoplanctônicas encontradas no Rio Uriboca (Belém-PA),durante o
mês de Abril/2016.
Bacillariophyceae Chlorophyceae Coscinodiscophyceae
Criptophyceae Cyanophyceae Euglenophyceae
Synurophyceae Trebouxiophyceae
90
80
70
Densidade (ind/ml-¹)
60
50
40
30
20
10
0
Enc Vaz Enc Vaz Enc Vaz Enc Vaz
PT01 PT02 PT03 PT04
Maré - Ponto
A diversidade oscilou entre 1,7 bits.ind-1 (PT03 Enc), a 2,5 bits.ind-1 (PT04 Vaz), enquanto que a
equitabilidade variou de 0,5 (PT02 Vaz) a 0,8 (PT03 Vaz) (Figura 4). Não houve diferença significativa para estes
índices ecológicos entre os pontos amostrados e marés.
Figura 4. Gráfico da diversidade (H’) e equitabilidade (J’) Rio Uriboca (Belém-PA), durante o mês de Abril/2016.
H'(log2) J'
3.5 1
0.9
DIVERSIDADE H'
EQUITABILIDADE J'
3
0.8
2.5 0.7
0.6
2
0.5
1.5 0.4
1 0.3
0.2
0.5 0.1
0 0
Enc Vaz Enc Vaz Enc Vaz Enc Vaz
PT01 PT02 PT03 PT04
Maré - Ponto
Fonte: Vaz et al. (2017).
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
A clorofila-a oscilou de 6 µg. L-¹ (PT01 Vaz) a 23,7 µg. L-¹ (PT04 Enc), não apresentando diferença
significativa entre os pontos amostrados e marés (Figura 5). No entanto, observa-se uma crescente concentração
desta variável principalmente durante a maré enchente.
Apesar dos altos valores encontrados para a clorofila-a, os parâmetros mantiveram-se abaixo do limite
máximo de 30 µg. L-¹ estabelecido pelo CONAMA (2005), para águas doces de classe II.
Figura 5. Gráfico da variação espacial da Clorofila-a no Rio Uriboca (Belém-Pa) durante o mês de Abril/2016.
25
CLOROFILA-a µg. L-¹
20
15
10
0
Enc Vaz Enc Vaz Enc Vaz Enc Vaz
PT01 PT02 PT03 PT04
Maré - Ponto
Fonte: Vaz et al. (2017).
As variáveis: temperatura (F=1,61; p<0,05), turbidez (F= 43,3; p<0,05) e DOC (F=7,93; p<0,05)
apresentaram variação espacial. A temperatura (28,35±1,16) variou significativamente entre as marés, com
valores mais elevados durante a enchente, padrão semelhante encontrado por outros autores na região Amazônica
(PAIVA et al., 2006, RIBEIRO et al.,2008 e ALVES et al., 2012). A turbidez (29,15±11,39) também variou
significativamente entre as marés, apresentando maiores valores durante a enchente, o aumento desta variável
pode estar relacionado a dinâmica do rio, ocasionando um aumento na quantidade de sólidos suspensos, e
consequentemente diminuindo a penetração da luz (SECTAM, 2000). Enquanto a DOC apresentou variação
significativa (14,94±3,42) entre os pontos sendo o PT02 (21,2 mg/L-¹) mais concentrado que o PT01 (10 mg/L-
¹) o que pode ser atribuído ao simples processo de decomposição da material orgânica das áreas de várzeas.
Com relação às demais variáveis físico-químicas, os valores médios registrados foram: transparência
(41,25±11,26), o pH foi levemente ácido (5,8± ±0,54), CE e STS (16,13±3,80; 20,02±11,39) estão
correlacionados, devido à condutividade sofrer influência de moléculas ionizadas presentes na água. A DBO e
DQO registraram valores de 15,18±11,78 e 40,13±8,48, respectivamente. Foram registrados baixos valores de
nutrientes: NO3- (0,34±0,20) NH4+ (0,38±0,12), N-NH4 (0,31±0,10) e PO4-3 (0,02±0,01).
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
O IET geral classificou o Rio Uriboca como Ultraoligotrófico (IET≤47), segundo Lamparelli 2004 (Figura
6), podendo ser considerado não alterado pelos principais fatores que causam a eutrofização, tais como o
nitrogênio e fósforo.
Figura 6. Gráfico do Índice do Estado Trófico (IET) da transparência (S), Clorofila-a (CLa) e Fósforo total (PT), no Rio
Uriboca (Belém-PA), durante o mês de Abril/2016.
30
20
10
0
Enc Vaz Enc Vaz Enc Vaz Enc Vaz
PT5 PT6 PT7 PT8
Maré - Ponto
Fonte: Vaz et al. (2017).
O EIXO 1 (25%) do gráfico RDA, separou as amostras de acordo com o tipo de maré: quadrante positivo
(Enchente), quadrante negativo (Vazante). No quadrante positivo as espécies dulcícolas benctônicas,
principalmente as cianobactérias Aphanotece sp; Pseudanabaena sp.; Pseudanabaena sp.1; Planktotrix isotrix;
Planktolyngbya liminetica; Epigleosphaera sp, estiveram correlacionadas com Amônio e N-Amoniacal sendo
sensíveis à águas mais turvas e quentes provenientes das marés enchentes, o contrário das espécies
Pseudanabaena sp.2 e Cyclotella stylorum, observadas no quadrante negativo.
O EIXO 2 (20%) não obteve um padrão de ordenação definida, sendo a maioria dos pontos de coleta
encontrados no quadrante negativo, onde as espécies Aulacoseira granulata e Polymyxus coronalis estão
relacionados com STS e inversamente relacionados com a Temperatura.
Figura 7. Triplot RDA para Fitoplâncton e fatores ambientais do Rio Uriboca (Belém-Pa) durante o mês de
Abril/2016. Legendas: Enchente ( ); Vazante ( ); Apsp: Aphanocapsa sp.; Apela: Aphanocapsa elachista; Aphsp:
Aphanotece sp.; Aug: Aulacoseira granulata; Bacsp: Bacullaria sp.; Cosro: Coscinodiscus rothii; Cysty: Cyclotella
stylorum; Cybel: Cymatosira belgica; Cypla: Cymatodiscus planetophorus; Cymsp: Cymatosira sp.; Dctsp:
Dictyosphaerium sp.; Eusp: Eunotia sp.; Epsp: Epigleosphaera sp.; Frgsp: Fragillaria sp.; Geisp: Geitlerinema sp.;
Masp: Malomonas sp.; Pslim: Pseudanabaena liminetica; Pssp: Pseudanabaena sp.; Pssp1: Pseudanabaena sp.1;
Pssp2: Pseudanabaena sp.2; Pssp3: Pseudanabaena sp.3; Pcor: Polymyxus coronalis; Pscat: Pseudanabaena
catenata; Pllim: Planktolyngbya liminetica; Piso: Planktotrix isotrix. Temp: Temperatura; TDS: Sólidos totais
dissolvidos; Cond: Condutividade elétrica; Nit: nitrato; PH: pH; Turb: Turbidez; STS: Sólidos totais em suspensão;
Fosf: Fosfato; NH4+: Amônio; N-NH4: Nitrogênio amoniacal; Transp: Transparência; DBO: Demanda bioquímica
de oxigênio; DQO: Demanda química de oxigênio e DOC: Demanda orgânica do carbono.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
4. CONCLUSÃO
No presente estudo, o Rio Uriboca apesar de evidenciar uma alta detecção de matéria orgânica, de maneira
abrangente a sua distribuição espacial propiciou uma boa representatividade da qualidade das suas águas. As
variações da temperatura da água e turbidez caracterizaram-se com padrões semelhantes aos demais rios
estudados na Região Amazônica.
A forte influência do Rio Guamá sobre o Rio Uriboca e a sua hidrodinâmica refletem na riqueza e extensão
espacial das espécies, onde as diatomáceas, representada principalmente pela espécie Polymyxus coronalis, foram
as mais representativas.
A afinidade que algumas espécies de cianobactérias, como Planktolyngbya liminetica e Planktotrix isotrix
apresentaram por nutrientes nitrogenados na extensão do Rio Uriboca, é preocupante, de tal modo que, faz-se
necessário a realização de estudos posteriores a cerca deste indicativo, tendo em vista os riscos para a saúde
pública.
REFERÊNCIAS
APHA (AMERICAN PUBLIC HEALTH ASSOCIATION). Standard Methods for the Examination of Water
and Wasterwater.19th. Washington: APHA. 2005.
AZEVEDO, S.M.F.O. Toxinas de cianobactérias: causas e conseqüências para a saúde pública. Medicina
on-line 1(3). Disponível em: <http://www.medonline. com.br/med_ed/med3/microcis.htm>. 1998.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
Ruana Regina Negrão De Souza1; Mário Marcos Moreira Da Conceição2; Ana Claudia De Sousa Da Silva3;
Estefani Danielle de Araújo Barros4; Hélio Alves Vieira Júnior 5; Lena Patrícia Souza Rodrigues6.
1Graduandaem Engenharia Ambiental. Universidade do Estado do Pará.
[email protected]
2Graduando em Engenharia Ambiental. Universidade do Estado do Pará.
[email protected]
3Graduanda em Engenharia Ambiental. Universidade do Estado do Pará. [email protected]
4Graduanda em Engenharia Ambiental. Universidade do Estado do Pará.
[email protected]
5Graduando em Engenharia Ambiental. Universidade do Estado do Pará.
[email protected]
6
Mestre em Ciência da Computação. Universidade Federal do Pará. Professora Titular da Universidade Federal
Rural da Amazônia. [email protected]
RESUMO
A preservação da qualidade das águas é um fator importante para o equilíbrio aquático e para o abastecimento da
população que utiliza o corpo hídrico. Essa qualidade é analisada através de alguns parâmetros de características
físicas, químicas e biológicas, como a Temperatura da água, Potencial Hidrogeniônico – pH, Turbidez, cor,
Condutividade, Oxigênio Dissolvido, Demanda Bioquímica De Oxigênio - DBO e outros. Esta pesquisa justifica-
se pela influência do regime pluviométrico sobre os corpos hídricos com alterações dos parâmetros físico-
químicos destes, que interferem diretamente na qualidade da água dos rios e podem ser ocasionadas por diferentes
fatores, como o aumento ou diminuição do índice de chuvas de uma região. Nesse sentido o objetivo deste trabalho
é fazer um estudo da influência do índice pluviométrico do município de Paragominas-PA nos parâmetros pH,
Turbidez, Cor e DBO das águas do rio Uraim utilizando para isso, o software MATrix LABoratory - MATLAB.
Quanto ao método, ele foi hipotético-dedutivo, com isso a pesquisa torna-se observativa, sistemática, direta, com
caráter exploratório. Quanto a abordagem, foi qualitativa que buscam explicar o porquê dos fatos e sua origem,
relações e mudanças, e tenta intuir as consequências, de forma a adquirir uma compreensão detalhada dos
significados e características situacionais. O software MATLAB proporcionou a visualização em gráficos 3D dos
parâmetros pH, Turbidez, Cor e DBO. Esta visualização permitiu observar que o índice pluviométrico altera estes
parâmetros assim como as atividade antrópicas. Desta forma, as ações preventivas e cuidados com este corpo
hídrico representam uma atitude consciente com o meio ambiente em que vivemos bem como um ato fundamental
para o desenvolvimento socioambiental do município de Paragominas.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
1. INTRODUÇÃO
Um dos recursos naturais mais abundantes da natureza é a água. Para disponibilidade desta, diversos
fatores como o ciclo hidrológico devem estar de forma harmônica com seus componentes como a precipitação.
Esta pode tanto ser influenciada por ações antrópicas como o desmatamento como por fatores naturais como o
fenômeno El Niño. Uma das características importante das águas que pode ser alterado é a turbidez que indica a
presença de partículas suspensas neste meio. Dependendo do grau de turbidez da água, que geralmente é
perceptível pela dispersão e absorção da luz, ela pode ser considerada perigosa ao consumo por conter diversos
materiais que vão desde esgotos domésticos a industriais, aumentando consideravelmente os microrganismos
presente. Pode-se com isso elevar o potencial de mudanças ecológicas do meio para um quadro grave e irreversível
(SILVEIRA; ARAUJO NETO, 2014).
Em relação a matéria orgânica presente na água a demanda bioquímica de oxigênio presente diminui pelo
fato de haver a degradação desta matéria. A Demanda Bioquímica De Oxigênio – DBO frequentemente usada
como indicador da qualidade da água, determina a quantidade de oxigênio necessária aos microrganismos
(geralmente bactérias) para decompor a matéria orgânica, em um hábitat aquático específico, durante um
determinado período de tempo. Quanto maior a matéria orgânica presente, maior a DBO. Logo, o oxigênio
dissolvido torna-se uma das formas mais importantes para avaliar a qualidade das águas. Este fato pode ser
decorrente do despejo de efluentes industriais e domésticos em corpos hídricos, o que tem causado diversos
problemas ambientais (MALAQUIAS; CÂNDIDO, 2013).
A preservação da qualidade das águas é importante para o equilíbrio aquático e para o abastecimento da
população que utiliza o corpo hídrico. Essa qualidade é analisada através de alguns parâmetros de características
físicas, químicas e biológicas, como a Temperatura da água, pH, Turbidez, cor, Condutividade, Oxigênio
Dissolvido, DBO e outros. Essas variáveis além de diferenciar a qualidade dos rios, são consideravelmente
influenciadas pelas estações durante o ano (JERÔNIMO; SOUZA, 2013).
Neste contexto, software como o MATrix LABoratory - MATLAB, torna possível a geração de um banco
de dados que relacionam determinadas variáveis, como também gera gráficos em 3D que facilita a análise desses
parâmetros. Neste sentido, a ação conjuntos dessa ferramenta é imprescindível para maior relevância da interação
entre as variáveis relacionadas aos recursos hídricos. Este software possui suporte em diversos sistemas
computacionais tornando-o bastante flexível com mais de 1.000 funções (MALAMAN; AMORIM, 2017; SILVA
et. al, 2008).
Com isso, esta pesquisa justifica-se pela influência do índice pluviométrico sobre os corpos hídricos com
alterações dos parâmetros físico-químicos destes, que interferem diretamente na qualidade da água dos rios e
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
podem ser ocasionadas por diferentes fatores, como o aumento ou diminuição da taxa de precipitação de uma
região. Nesse sentido, o objetivo deste trabalho é fazer um estudo da influência da taxa pluviométrico do
município de Paragominas-PA nos parâmetros pH, Turbidez, Cor e DBO das águas do rio Uraim utilizando para
isso, o software MATLAB.
2. METODOLOGIA
2.1 MUNICÍPIO E ÁREA DE ESTUDO
O estudo foi efetuado no município de Paragominas (Figura 1), situado no nordeste do Pará, o qual possui
como principal via de comunicação e transporte a Rodovia Belém – Brasília (BR-010). Distante a 320 km da
região metropolitana de Belém, apresenta as coordenadas: latitude 02° 59´ 4” S, longitude 47° 21´ 10” W, e
altitude de 90 metros com área aproximada de 19.342,254 km², e com densidade demográfica de 5,06 habitantes
por km². A população estimada em 108.547 habitantes (IBGE, 2016).
O rio Uraim encontra-se na bacia hidrográfica do Capim e é o principal curso d’água presente no município
de Paragominas, além de ser responsável pelo abastecimento de 80% de água no município. Com área de 4.9 Km²
sua bacia hidrográfica ocupa 21,75% da área total do município e possui vinte e sete rios que deságuam em seu
leito contribuindo para a formação da vazão média anual de 268.423,35 m³/h. A precipitação pluviométrica,
elemento meteorológico de maior variabilidade climática, tem valores pluviométricos anuais que variam de 857,8
mm a 2.787,7 mm, com média anual de 1.800 mm (BRASIL, 2009).
Figura 1 – Mapa de localização da área de estudo, Paragominas – PA.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
Quanto ao método, ele foi hipotético-dedutivo, com isso a pesquisa torna-se observativa, sistemática,
direta, com caráter exploratório, pois, quando determina-se um objeto de estudo, selecionam-se as variáveis que
seriam capazes de influenciá-lo, definem-se as formas de controle e de observação dos efeitos que a variável
produz no objeto (GIL, 2008). Empregou-se ainda a abordagem qualitativa que buscam explicar o porquê dos
fatos e sua origem, relações e mudanças, e tenta intuir as consequências, de forma a adquirir uma compreensão
detalhada dos significados e características situacionais (OLIVEIRA, 2011).
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
O software MATLAB proporcionou a visualização em gráficos 3D dos parâmetros pH, Turbidez, Cor e
DBO, onde os mesmos foram relacionados com a utilização da lógica Fuzzy que é uma modelagem matemática
responsável pela interação entre as variáveis selecionadas.
Os dados obtidos a partir da utilização da lógica fuzzy que relaciona as variáveis Turbidez e pH indicaram
que quando o pH está tendendo a básico e a turbidez está elevada, nota-se um período de chuvas intensas o que
justifica o excesso de sólidos suspensos principalmente no mês de dezembro a junho, período de alta taxa
pluviométrica no município, este fato pode ser observado pelo comando: (pH muito alto e Turbidez muito alta e
Cor alta) (Figura 2).
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
Na relação entre o pH e a Cor, a análise dos dados indicou que a cor apresenta - se de forma bastante
elevada, enquanto que o pH mostra - se próximo à neutralidade, o que também índica período entre dezembro e
junho com fortes chuvas como verificado no comando: (Cor muito alta e DBO muito alto e pH médio) (Figura
3).
No que se refere as variáveis DBO e pH, os dados obtidos indicaram que ambas podem ou não está
associada ao índice pluviométrico do município de Paragominas, como mostra a (Figura 4). O rio pode estar com
o pH ácido e uma demanda bioquímica de oxigênio elevada e está em período de estiagem. Pode também haver
uma alta DBO e média condição de acidez e ainda ser período chuvoso como verificado no comando: (Turbidez
alta e DBO alta e pH alta).
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
Já a turbidez da água é devida à matéria em suspensão, como argila, silte, substâncias orgânicas,
organismos microscópicos e partículas similares, alterando a penetração da luz através da difusão e absorção,
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
dando à água uma aparência turva, esteticamente indesejável e potencialmente perigosa. Estes fatores podem ser
observados no comando: (Cor alta, Turbidez alta e pH baixo).
Referente à (Figura 6), destacando a relação entre DBO e turbidez, a variável Turbidez, além de
discriminar a qualidade dos rios, é uma das variáveis que são mais influenciadas pelas estações do ano. Observa-
se com os dados obtidos que, em períodos de médio índice de precipitação, que ocorre entre os meses entre abril
e outubro, os valores de turbidez mantêm-se na média, como no exemplo: (Turbidez médio e pH médio e DBO
médio).
Porém no ponto onde o índice de precipitação é baixa, os valores da turbidez também tendem a diminuir,
assim como os valores da DBO, pois estas duas variáveis estão diretamente relacionadas, no estudo, por
consequência de pouca chuva. Assim como em períodos com altos índices pluviométricos, os valores de DBO e
Turbidez tendem a diminuir. Com isso a concentração de partículas suspensas aumentam, necessitando assim, do
aumento da quantidade de oxigênio necessária aos microrganismos para decompor a matéria orgânica. Esta
relação pode ser observada pelo comando: (Turbidez baixa e pH baixo e DBO baixo).
Pode-se observar ainda, que o análise dos dados na relação do pH e cor indicou que o potencial
hidrogeniônico está entre 4 e 6 indicando um médio índice para a qualidade da água do rio Uraim. A cor indica
que há presença de matéria orgânica e no seu processo de decomposição eliminam substâncias que liberam
coloração e são diluídas pela água proporcionando cor ao meio (Figura 7).
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
Os valores da cor aumentam em relação ao pH que é ácido. Isso ocorre devido a decomposição do material
orgânico e a alta produtividade de algas presentes na água e que acaba influenciando no aumento de
microrganismos fotossintetizantes no recurso hídrico elevando as taxas de gás carbônico (CO2). Os valores entre
6 e 8 se mantem constante em relação a qualidade da água. A partir de 8, o pH e a cor sofre um decrescimento
em que este se torna básico e a partir disto, se mantem constante em relação da qualidade da água do rio Uraim
com valor 5 em que o índice pluviométrico fica baixo.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com uma base de dados consistente no que tange os índices pluviométricos do município de Paragominas
e alguns parâmetros relacionados com a qualidade da agua do rio Uraim, observou-se a importância do uso de
ferramentas computacionais para avaliação e verificação dos parâmetros da qualidade da agua. Com auxílio deste
software, constatou-se que o índice pluviométrico está intrinsicamente relacionado aos corpos hídricos no que
tange os parâmetros físico-químicos.
O rio Uraim é de suma importância para o desenvolvimento dos serviços de saneamento realizados no
município de Paragominas-PA, uma vez que viabiliza a captação da água para o fornecimento público, assim
como o lançamento dos efluentes domésticos tratados nas estações. Desta forma, as ações preventivas e cuidados
com este corpo hídrico representam além de uma atitude consciente com o meio ambiente em que vivemos um
ato fundamental para o desenvolvimento da sociedade de Paragominas, com qualidade de vida e bem-estar.
REFERÊNCIAS
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
GIL. A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. Ed. São Paulo: Atlas, 2008.
MALAMAN, Carolina Scherrer; AMORIM, Amilton. Método Para Determinação De Valores Na Avaliação
Imobiliária: Comparação Entre O Modelo De Regressão Linear E Lógica Fuzzy. Bcg - Boletim de Ciências
Geodésicas, Curitiba, v. 23, n. 1, p.87-100, mar. 2017.
SILVA, A. E. P. et al. Influência da precipitação na qualidade da água do Rio Purus. Acta Amazonica, Manaus,
v. 38, n. 4, p.733-742, out. 2008.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
Ronivaldo dos Santos Castelo1; Sandra Suely Oliveira Góes2; Vanda Maria Sales de Andrade³; BeatrizCosta
Cordeiro 4
RESUMO
De acordo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos, Lei 12.305∕2010, que determina obrigações e metas em
todo país com relação à gestão de resíduo, dentre elas a extinção dos lixões a céu aberto e a substituição dos
mesmos por aterros sanitários. O trabalho foi desenvolvido com informações das coletas de resíduos sólidos
urbano de Belém (RSUBel), para os anos de 2015 (julho a dezembro), todo ano de 2016 e janeiro a julho de 2017.
No atual aterro sanitário da CPTR Guamá (Central de Processamento e Tratamento de Resíduos Urbanos)
localizado no município de Marituba no Estado do Pará. Com objetivo de caracterizar o volume mensal dos
resíduos sólidos de Belém, e mensurar uma amostragem da partição do RSUBel através da gravimetria de uma
pequena amostra, referente à alguns bairros da região metropolitana. Os resultados evidenciam um número
expressivo do RSU (347, 207.73ton. /Ano), para o ano de 2016, e com uma pequena amostra observou-se através
da gravimetria a maior porcentagem para o material orgânico um total de 54% em todos os bairros da cidade em
estudo. E desta forma observa-se a falta de conscientização da população quanto ao desperdício de alimentos,
além da falta da segregação dos resíduos recicláveis na fonte geradora aumentando sem dúvida a quantidade de
resíduos enviados ao aterro sanitário de Marituba.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
1. INTRODUÇÃO
De acordo com a norma brasileira de classificação de Resíduos Sólidos, número 10.004, que foi instituída
para classificação de resíduos pela ABNT em 1987, tendo como significado vindo da etimologia da palavra do
latim residuu, que significa “o que sobra” de determinadas substâncias.
De uma forma detalhada a norma 10.004 da ABNT, os resíduos sólidos nos estados sólido e/ou
semissólido resultam de atividades de origem industrial, doméstica, hospitalar, agrícola, de serviços e de varrição.
Estão incluídos os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, esgotos, ou aqueles gerados em
equipamentos e instalações de controle de poluição, (MOURÃO et al., 2017).
De acordo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos, Lei 12.305∕2010, que determina obrigações e
metas em todo país com relação à gestão de resíduo, dentre elas a extinção dos lixões a céu aberto e a substituição
dos mesmos por aterros sanitários, só poderão ser depositados os resíduos sem qualquer possibilidade de
reciclagem e reaproveitamento, desta forma forçando também a compostagem dos resíduos orgânicos.
Dados revelados através do relatório da ABRELPE (Associação Brasileira de Empresas de Limpeza
Pública e Resíduos Especiais) 2016, em que destaca que a população brasileira apresentou um crescimento de
0,8% entre 2015 e 2016, de forma muito interessante a geração per capita de RSU registrou queda quase de 3%
no mesmo período. Ficando a geração total de resíduos apresentando com uma queda de 2% e chegando a 214.405
t/dia de RSU gerados no país.
Belém deu um passo fundamental no sentido do cumprimento da lei, pois a partir de julho de 2015, passou
a direcionar seus resíduos sólidos urbanos para o aterro sanitário de Marituba, porém o centro de triagem que
separa o material reciclado e orgânico não foi concluído, sendo todos os resíduos coletados despejados
diretamente no aterro. Em Belém, tem-se na prática a divisão da gestão dos resíduos em 3 etapas: (i) coleta; (ii)
transporte e (iii) destinação final. Destes, todos são terceirizados e fiscalizados pelo DRES-SESAN que atua na
fiscalização e controle dos contratos. Hoje é coletado e tratado cerca de 29 mil toneladas geradas em Belém,
material que é 100% entregue no aterro sanitário. Ainda não se tem implantado um sistema efetivo de coleta de
materiais recicláveis, o que impacta diretamente no envio excessivo de material ao único aterro sanitário da região.
O destino final dos resíduos das grandes cidades é um dos maiores problemas das gestões municipais,
onde a realidade das regiões e municípios brasileiros é bastante diferente em relação à capacidade de investimento
na gestão de resíduos sólidos (MANNARINO et al., 2016) uma problemática não apenas por questões financeiras,
mas também pela escolha de área para melhor adaptação e uso do aterro sanitário.
Em tempos de crise econômica também se tem o agravante da redução de recursos financeiros das
prefeituras, tendo em vista que os serviços de limpeza urbana custam em média de 7% a 15% do orçamento
municipal (CNM,2017), onde suas ações incluem, além da coleta dos resíduos gerados e o seu transporte para as
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
áreas de tratamento ou destinação final, atividades como triagem para fins de reuso ou reciclagem, remoção de
resíduos volumosos e de entulhos lançados em vias e logradouros públicos, varrição, capina, poda de árvores,
dentre outros.
Desta foram tendo o referido trabalho o objetivo de caracterizar os resíduos sólidos de Belém, uma visão
amostral da magnitude dos valores mensais, e total anual, além de caracterizar e mensurar uma amostragem da
partição do RSUBel através da gravimetria, referente à alguns bairros da região metropolitana.
2. METODOLOGIA
Área de estudo
O Aterro Sanitário da CPTR Guamá (Central de Processamento e Tratamento de Resíduos Urbanos)
localizado no município de Marituba no Estado do Pará, na localização de (1° 23’ 49.01” S; 48° 20’ 27” W),
distante aproximadamente 18.63 km da capital Belém do Pará, tem uma área de 1.110.00m2 sendo 320.00m2 de
área de preservação ambiental. Figura 1.
Figura 1. Caracterização gráfica do município de Marituba, do Aterro Sanitário
O Clima se enquadra no tipo quente e úmido com classificação Afi segundo Köppen e Geiger, com duas
estações bem definidas, uma chuvosa que vai de dezembro a maio e outra menos chuvosa de junho a novembro,
conforme (ANDRADE et al., 2017). A precipitação total anual, conforme descrito pela Normal Climatológica do
Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), de 1961-1990, é de 2.834 mm e os maiores índices pluviométricos
são concentrados entre os meses de janeiro a abril.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
Para a obtenção dos dados como uma forma de abordagem quantitativa dos RSUBel (Resíduos sólidos
urbanos de Belém), os volumes totais mensais foram registrados através da pesagem dos caminhões em balança
modelo Toledo, na entrada e na saída do aterro, e assim, quantificando os RSUBel referentes aos anos de 2015 de
julho a dezembro, o ano completo de 2016 e de janeiro a julho de 2017, destinado ao aterro sanitário de Marituba,
pela empresa Guamá.
Os dados foram digitalizados no programa Excel, seguido das análises e cálculos básico de estatística,
como desvio padrão e o coeficiente de variação CV%, para posterior análise da variabilidade das informações.
Na confecção dos gráficos foi utilizado o programa SigmaPlot (Scientific Data Analysis and Graphing Software).
Para a análise da gravimetria, uma forma qualitativa de abordagem, foi utilizada a metodologia do Manual de
Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos Urbanos do Compromisso Empresarial para Reciclagem -
CEMPRE/IPT, no período de seis dias com a finalidade de obter dados qualitativos dos RSUBel, por um número
amostral de três bairros de Belém. O procedimento se inicia com a pesagem das amostras de 3 bairros (Bangui,
Campina e Nazaré) para se obter o valor bruto da carga de cada local. Em seguida é feita a triagem dos resíduos,
por bairros, sendo classificados conforme as normas da ABNT 10.004.
Foram consideradas 12 classes de materiais, onde para a escolha destas, foram identificados os itens de
maior teor mercadológico como: papel∕papelão, plástico mole e duro, pet, longa vida, metais ferrosos, alumínios,
tecidos∕trapos, vidros, além do material orgânico, entulhos e outros, sendo que o material que não se enquadrou
em nenhuma classe trabalhada foi classificado como rejeito, totalizando 13 classes. Após segregação os resíduos
foram novamente pesados de acordo com a classificação e seus valores deposto no Excel conforme valores
percentuais observados.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
De forma quantitativa, é observado o volume de resíduo urbano RU, depositado no aterro sanitário de
Marituba (Figura 1), um breve demonstrativo apenas com o acumulado mensal dos períodos de julho a dezembro
de 2015, onde o mês de outubro apresentou a quantidade expressiva em torno de 30.771,00 mil toneladas de
resíduos, em relação aos outros meses do ano. Ressaltando que a quantidade de lixo descartado pelas áreas urbanas
vem crescendo, concomitantemente com o crescimento da população. Como afirma (SANTOS,2013) onde
descreve que realmente um grande aumento populacional é visto em todas as partes do planeta, e com isso,
outros problemas além da fome vieram a surgir, desde então, um deles é o do excessivo consumo de recursos
naturais e consequentemente geração de resíduos.
Podemos destacar o volume de resíduo de Belém do Pará, no ano de 2016, onde a quantidade variou
27.283,45 mil toneladas no mês de maio, a um volume de 32.429,83 mil toneladas, registrado em dezembro.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
Observa-se ainda que houve um crescimento linear a partir de setembro, podendo atribuir tal condição a
momentos festivos na região passando em seguida para as festas de fim de ano, ocasionando com isso um aumento
na quantidade de resíduo produzido pela população. Em 2017 o padrão se manteve no mês de janeiro com alto
valor de resíduo de 31.026, 97, sendo reflexo do mês de dezembro também devido as condições festivas.
Destacando ainda que estes valores registrados se detêm apenas na coleta relativa à Belém-PA, levada ao aterro
sanitário de Marituba. Volume somente contado e registrado no aterro, sem contar com o lixo descartado em vias
públicas e locais inadequados.
Figura 1. Valores quantitativos dos resíduos depositados no aterro sanitário de Marituba, referente aos anos de
2015, 2016 e 2017
A produção de lixo pelas grandes cidades vem crescendo, e a destinação, nem sempre é de forma correta,
sabemos que há muitos descartes ilegais de lixo, nas áreas urbanas. Na atualidade, com a maioria das pessoas
vivendo nas cidades e com o avanço na tecnologia mundial das industrias em provocando, ao longo dos anos,
mudanças nos hábitos de consumo da população, e com isso a geração de um lixo diferente em quantidade e
diversidade. Dentro de uma visão de 10 anos atrás, relata (FADINI et al., 2001) em que um passado não muito
distante a produção de resíduos era de algumas dezenas de quilos por habitante/ano; hoje, países altamente
industrializados como os Estados Unidos produzem mais de 624 Mil toneladas/dia de resíduos urbano. No Brasil,
o valor total de todas as regiões, segundo (ABRELP, 2015) é da ordem de 198, 750toneladas/dia.
Belém, com sua população atual de 1 452.275 habitantes, segundo estimativa do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE) em 2017, sendo o município mais populoso do Pará e a 12ª cidade mais populosa
do Brasil além de ser a segunda maior da região Norte, vem vivenciando ao longo dos anos a problemática do
RSU, com destinação inadequada, falta de controle e desconhecimento do total de lixo. Hoje com a chegada do
aterro sanitário de Marituba, busca viabilizar a coleta de forma adequada de acordo com a lei 12.305∕10, ao qual
podemos mensurar a produção de resíduo por anos como é observado na (Tabela 1), do valor recolhido, por
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
exemplo, nos anos de 2016, somente com os dados de Belém, obtendo um valor de 347,207.73 (ton./ano), com
um valor médio de 28,933.98ton., o equivalente à 951.25ton./Dia, apresentando um desvio padrão em tono da
média de 1,429.43, e um coeficiente de variação de 4%, apresentando uma pequena variabilidade das informações.
Tabela 1. Avaliação das quantidades recebidas pelo aterro de Marituba-PA, considerando o valor total anual referente aos
anos de 2015(de julho a dezembro) todo o ano de 2016 e parte de 2017 (Janeiro-Julho), valor médio dos períodos, desvio
padrão (DP) e o coeficiente de variação (CV%), registrados pela empresa Guamá,
Dentro da análise gravimétrica que nada mais é que o método analítico quantitativo, cujo processo
envolve a separação e pesagem de um elemento. Observa-se que a classe de maior predominância foi a do resíduo
orgânico (restos alimentares) com 54%, obtida de forma particionada por bairros, onde foi possível identificar
que dos três bairros avaliados, o bairro de Campina foi o que apresentou maior percentual com material orgânico
equivalente a 73%, seguindo do bairro de Nazaré com 51% e o bairro do Bangui com 37%, havendo uma
conformidade com outros trabalhos, onde os maiores percentagens também foi a do material orgânico com 41 %
encontrado por (BERTICELLI et al., 2017),o trabalho de(MELO et al., 2017), com 66%, não diferentemente
mais, com 51% (DAL PONT et al., 2013).Porém o que nos chama atenção é o percentual de 23% de materiais
recicláveis (papel∕papelão, plástico mole e duro, pet, longa vida, metais ferrosos, alumínios, tecidos∕trapos e
vidros) com potencial de comercialização, destacando que a análise refere-se somente a uma contagem de seis
dias de amostras.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante do exposto, a Política Nacional de Resíduos Sólidos surge com o intuito de promover a gestão e
o gerenciamento dos resíduos sólidos os quais devem observar as possibilidades de não geração, redução,
reutilização, reciclagem, tratamento dos resíduos e disposição adequada dos rejeitos.
O cenário atual vivenciado no aterro sanitário de Marituba ainda está longe de atingir os objetivos da lei,
pois o que se pode observar é apenas o destino final sendo direcionado a um aterro sanitário e não mais a um
lixão, sendo de extrema importância à aplicação de um sistema de gestão efetivo, desde a redução dos resíduos
na fonte geradora, o acondicionamento e transporte adequado de acordo com o tipo de resíduo o tratamento dos
resíduos no aterro até a destinação final dos rejeitos. Medidas estas longe de serem aplicadas devido à crise política
econômica que o país se encontra, levando os municípios a sérios problemas na gestão de resíduos.
O diagnóstico realizado, através do estudo gravimétrico pontua claramente através dos percentuais de
matéria orgânica a falta de conscientização da população quanto ao desperdício de alimento além da falta da
segregação dos resíduos recicláveis na fonte geradora aumentando sem dúvida a quantidade de resíduos enviados
ao aterro sanitário de Marituba, onde todo o material recebido está sendo entregue ao aterro sanitário sem
tratamento nenhum dos resíduos recicláveis, através da triagem podendo gerar receitas e empregos e o tratamento
do material orgânico através da compostagem diminuindo sem dúvida a vida útil do aterro sanitário.
REFERÊNCIAS
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
ABRELPE, Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais –Panorama nos
resíduos sólidos no Brasil. 2016. Disponível em: <http://www.abrelpe.org.br>. Acesso em: 01 novembros. 2017.
ANDRADE, V.M S de, CORDEIRO, I. M.C.C; SCHWARTZ, G.; VASCONCELOS, L.G.T.R; OLIVEIRA,
F de A. CONSIDERAÇÕES SOBRE CLIMA E ASPECTOS EDAFOCLIMÁTICOS DA MESORREGIÃO
NORDESTE PARAENSE.Livro: Nordeste Paraense: panorama geral e uso sustentável das florestas secundárias. Belém: EDUFRA.
323p.: il. ISBN: 978-85-7295-118-0. 2017.
CNM, Confederação nacional dos municípios - Coleta do Lixo e Serviços de Limpeza e Serviços de Limpeza
Urbana Municipal CAPÍTULO II. Disponível em:
<http://www.CNM,http://novo.cnm.org.br/v4/v11/institucional/documento.asp?iId=33582.org.br>. Acesso em:
29 novembro, 2017.
BERTICELLI, R.; MADEIRA, E.; GOMES, A.P.Proposição de melhoria no gerenciamento de RSU: implantação
de aterro sanitário municipal. 8° Fórum Internacional de resíduos sólidos e recursos hídricos. As grandes
consequências de cada atividade. De 12 a 14 de junho, Curitiba-Paraná. 2017.
DAL PONT, C. B.; VALVASSORI, M. L.; GUADAGNIN, M. R. Estudo de Composição Gravimétrica dos
Resíduos Sólidos Urbanos de Seis Municípios de Pequeno Porte do Sul de Santa Catarina. 4° Fórum
Internacional de resíduos sólidos e recursos hídricos. De 22 a 24 de julho Porto Alegre, RS, 2013.
FADINI, P.S; FADINI, A. A.B. Lixo. Desafios e compromissos. Cadernos Temáticos de Química Nova na
Escola. Edição especial – Maio, 2001
MELO, M.C.; CARIBÉ, R.M.; FARIAS, R. M. S.; MONTEIRO, V.E.Deformação Vertical dos Resíduos Sólidos
Urbanos em uma Célula Experimental em Função da Composição Gravimétrica e Volumétrica dos Materiais.
Revista Matéria, v.21, n.2, pp. 450 – 460, 2016.
MOURÃO, N.M.; GUIMARÃES, L.H; CASTRO, R. Resíduos sólidos urbanos: abordagem sobre o meio
ambiente em estudos de design. 8° Fórum Internacional de resíduos sólidos e recursos hídricos. As grandes
consequências de cada atividade. De 12 a 14 de junho,Curitiba-Paraná, 2017.
SANTOS, J. G. A logística reversa como ferramenta para a sustentabilidade: um Estudo sobre a importância das
cooperativas de reciclagem na Gestão dos resíduos sólidos urbanos. REUNA, Belo Horizonte --- MG, Brasil,
v.17, n.2, p. 81-96, abr. - jun. ISSN 2179-8834, 2012.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
[email protected]
3Graduando do Curso de Licenciatura Plena em Ciências Naturais-Habilitação em Química, Salvaterra-Pa.
RESUMO
Pesquisas relacionadas ao ensino têm demostrado eficácia envolvendo atividades demonstrativas como
metodologia para o ensino de ciências, pois muitos professores se restringem a utilizar diversificados métodos de
ensino, dando como resposta a falta de tempo ou falta de recursos tanto financeiros quanto escolares, ou seja, a
falta de infraestrutura da escola. Por haver essas dificuldades, desenvolveu-se o Trabalho “Nuvem Artificial
Didática: Uma demonstração para o ensino de Ciências” que pretende demonstrar a importância da utilização de
novas metodologias em sala de aula, tendo como foco uma escola pública de ensino médio, localizada na Ilha do
Marajó, cidade de Salvaterra-PA. Diante do exposto, a proposta desta pesquisa é contribuir com processo ensino
e aprendizagem de Física através de demonstrações didáticas, utilizando uma nuvem artificial para explicar
fenômenos da natureza, como as descargas elétricas ocorrentes entre as nuvens, por exemplo. A nuvem foi
apresentada aos alunos de forma didática, em seguida foram aplicados questionários referente a esse tipo de
metodologia. Com os dados adquiridos, foram feitas análises críticas embasadas em teóricos que falam a respeito
de metodologia demonstrativa. A partir desse pressuposto, obteve-se informações resultantes da aplicação efetiva
dessa proposta em sala de aula, seguidas de algumas reflexões a eles relacionadas.
Palavras-chave: Metodologias, Aprendizagem significativa, Ensino-aprendizagem.
1. INTRODUÇÃO
Com intuito de facilitar a construção do conhecimento, estes foram divididos em várias partes
chamadas de disciplinas: Português, Matemática, História, Física, Química, Geografia, Arte, Filosofia, Biologia
etc. Essas formas de classificação do conhecimento são restritas, pois, um problema geralmente nunca se encaixa
unicamente dentro de uma só disciplina, daí a necessidade de se abordar um tema de forma integrada que envolva
várias disciplinas (CHAVES, 2004).
Nos últimos 30 anos, principalmente, são muitas as pesquisas que abordam a importância das atividades
experimentais no Ensino de Ciências. As Diretrizes Curriculares de Física para a Educação Básica do Estado do
Paraná (SEED, 2008), consideram fundamental que o professor compreenda o papel dos experimentos na Ciência,
no processo de construção do conhecimento científico. Essa compreensão determina a necessidade (ou não) das
atividades experimentais nas aulas de Física.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
A aula que apenas repassa conhecimento, ou a escola que somente se define como socializadora de
conhecimento, não sai do ponto de partida. Na prática, atrapalha o aluno porque o deixa como objeto de ensino e
instrução, vira treinamento. É equivoco fantástico imaginar que o “contato pedagógico” se estabeleça em um
ambiente de repasse e cópia, ou na relação aviltada de um sujeito copiada (professor, no fundo também objeto, se
apenas ensina a copiar) diante de um objeto apenas receptível (aluno), condenado a escutar aulas, tomar notas,
decorar e fazer provas. A aula copiada não constrói nada de distintivo e por isso, não educa mais do que a fofoca,
a conversa fiada dos vizinhos, o bate papo numa festa animada (DEMO, 2000 p.15).
Dos vários fenômenos da natureza, as tempestades com os raios, relâmpagos e trovões, são os que
despertam maior interesse das pessoas, seja pelo fato de oferecer um belo espetáculo ou por simplesmente causar
grades destruições.
Um mito utilizado nas antigas civilizações, era que a ira e as manifestações negativas dos deuses, eram
demonstradas através dos raios, relâmpagos e trovões, em noites de grandes tempestades. Desde os tempos mais
remotos, as pessoas tentavam explicar esses fenômenos naturais, através de histórias que eram passadas de
geração para geração.
Foi só a partir do século XVIII, com o experimento realizado pelo cientista norte americano Benjamin
Franklin (1706-1790), que esses fenômenos passaram a ser explicados através de uma visão científica, pois até
então, pouco ou quase nada se sabia a respeito.
Há indícios de que Franklin tenha sido influenciado por outros pesquisadores, além de Haller. A primeira
comunicação pública de Franklin sobre sua nova doutrina foi em 1747, quando ele refere-se a artigos europeus
sobre eletricidade. Há uma grande similaridade entre suas ideias e as de William Watson (1715-1787) e Benjamin
Wilson (1721-1788), publicadas em 1746, sugerindo que Franklin poderia ter se baseado nas ideias destes
ingleses. No entanto, em suas cartas, Franklin não afirma ter tido contato com estas ideias ao desenvolver o
conceito de um único fluido elétrico (Heilbron 1999, p. 329).
Os raios representam descargas elétricas entre nuvens e o solo. Essa forte descarga de energia produz
calor, luz (relâmpago) e som (trovão). Quando no interior das nuvens de tempestades, também conhecidas como
cúmulo nimbos, há excesso de cargas elétricas, tem-se a necessidade dessas cargas serem liberadas, essa liberação
se dá através das conhecidas descargas elétricas (KINDERMANN, 1997, 134p.)
Os conceitos físicos acima podem ser ilustrados de forma simples, por meio de demonstrações. As aulas
podem tornar-se dinâmicas e interessantes com a inserção de recursos didáticos alternativos, sendo assim, uma
possibilidade para um ensino aprendizagem mais significativo e menos tradicional. Através das tradicionais
estratégias de ensino em sala de aula, o professor frequentemente só tem conhecimento dos erros conceituais dos
alunos após a etapa de aplicação de testes (avaliação formal). Porém, mesmo que o professor retome o assunto
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
para discutir as dúvidas ou incoerências conceituais apresentadas pelos alunos, o ideal é que tais erros sejam
corrigidos no momento que surgiram ou o quanto antes. Para atingir esse objetivo, durante as aulas experimentais
o professor pode constantemente solicitar aos alunos explicações (prévias ou posteriores ao experimento) e, com
isso, detectar erros conceituais e concepções alternativas (CARVALHO et al., 2005).
O ensino tradicional é quando o docente só repassa quantidade enormes de conteúdos e o aprendiz apenas
memoriza para não possuir uma nota abaixo da média exigida por sua instituição de ensino. Desse modo, o aluno
não está preocupado com seu aprendizado, mas sim com sua aprovação ou reprovação. Portanto, uma aula com
muito conteúdo, e sem uma demonstração torna-se cansativa para o aluno, e ele não consegue obter uma
aprendizagem significativa e consequentemente o educador não atinge resultados satisfatórios. (VIDIGAL;
ZABOM; NASCIMENTO, 2013).
Desse modo esta pesquisa justifica-se pelo fato de alguns conteúdos de Física serem bastantes complexos
e a maioria dos educadores se restringirem somente em aulas teóricas, não dando um ponto de partida para
demonstrações e/ou experimentações para o melhor ensino aprendizagem do aluno.
Segundo Moraes (2011) há diversos instrumentos avaliativos capazes de coletar informações
fundamentais a realização da avaliação da aprendizagem, ficando em maior destaque a prova, utilizada por
inúmeros professores. Essa metodologia de “avaliar” o aluno pode possuir tantos aspectos positivos quantos
negativos, que esses mesmos aspectos irão ser definidos a partir do que o professor faz com esses resultados.
Segundo Fracalanza (1986), a expressão ‘atividade de demonstração’, no ambiente escolar, pode referir-
se a qualquer apresentação realizada em sala de aula, não vinculada ao uso do quadro-negro, como, por exemplo,
a exibição de um filme ou de um slide, cuja atividade pode ser considerada pedagogicamente válida.
Nesta perspectiva, criou-se o projeto “Nuvem Artificial Didática” com o propósito de explicar os
fenômenos da natureza, por meio de demonstração didáticas, ilustrando as descargas elétricas que ocorre entre as
nuvens. Tendo como foco conteúdo de Física relacionado aos raios, relâmpagos e trovões, pretende-se ilustrar de
forma representativa como esses fenômenos acontece. O trabalho foi aplicado na instituição E.E.E. M Profº.
Ademar Nunes de Vasconcelos localizada na Av. Victor Engelhard, SN, Centro da cidade de Salvaterra-PA, onde
foram repassados questionários na turma M3TR01 no turno vespertino.
2. MATERIAIS E MÉTODOS
Esta pesquisa foi realizada na rede pública de ensino da Ilha do Marajó na cidade de Salvaterra-PA. O
universo de amostragem da pesquisa consistiu em uma turma de Ensino Médio, composta de 35 alunos da escola
Prof. Ademar Nunes de Vasconcelos, com o intuito de observar o confronto da teoria com a demonstração e
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
compreender as dificuldades enfrentadas pelos alunos para apreensão dos assuntos abordados em sala de aula
quando relacionados a Física.
O principal objetivo da metodologia é desenvolver aulas práticas e dinâmicas em sala de aula completando
de forma relevante a sistemática de ensino e aprendizagem. Utilizando demonstrações no ensino de Ciências e
mais especificamente para o ensino de Física. Atualmente o uso da demonstração metodológica ou experimental
entre outras metodologias de ensino, estão obtendo resultados significativos dentro de sala de aula.
Primeiramente a aula partiu do tema, “descargas elétricas” para instigar os alunos e fazer uma sondagem
sobre o conhecimento prévio dos mesmos. Após isso, foi ministrado com aula teórica, neste caso, as descargas
elétricas ocorrentes entre nuvens e com o término da aula deu-se início a demonstração da “Nuvem Artificial
Didática” para melhor entendimento e compreensão do assunto.
Com o término da demonstração da “Nuvem Artificial Didática” foi repassado um questionário com 04
questões objetivas com perguntas relacionadas ao tipo de metodologia que foi aplicada. A partir destes
questionários foram feitas análises baseados em teóricos que falam a respeito de aulas práticas, onde, obteve-se
dados significativos em relação a metodologia aplicada como mostra as figuras 5, 6 e 7.
Para construção da “Nuvem Artificial Didática” foram divididos em passos. Os materiais utilizados foram:
1 metro de tela para galinheiro
1 tesoura
1 travesseiro de algodão
1 agulha
1 tubo de linha
1 jogo de luz azul (pisca-pisca)
1 extensão
1 alicate
2 metros de Fio de plástico.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
2º Passo: Dobrou-se a tela em formato cilíndrico após isso, dobrar as pontas com alicate para que não solte e
volte a sua forma original (Figura 02).
Figura 02 dobrando a tela de galinheiro
3º Passo: Reverter o cilindro com as luzes deixando curvaspara dar um efeito de raios
(Figura 03)
Figura 03 revestindo a tela com as luzes
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
Segundo Vygotsky (2001) pode-se inferir, portanto, que a utilização da demonstração experimental de um
conceito em sala de aula acrescenta ao pensamento do aluno elementos de realidade e de experiência pessoal que
podem preencher uma lacuna cognitiva característica dos conceitos científicos e dar a esses conceitos a força que
essa vivência dá aos conceitos espontâneos. Em outras palavras, a atividade experimental de demonstração
compartilhada por toda classe sob a orientação do professor, em um processo interativo que de certa forma simula
a experiência vivencial do aluno fora da sala de aula, enriquece e fortalece conceitos espontâneos associados a
essa atividade. Talvez até os faça surgir e pode oferecer os mesmos elementos de força e riqueza característicos
desses conceitos para a aquisição dos conceitos científicos que motivaram a apresentação da atividade.
A figura 5, explana que 92% dos alunos aprovam a metodologia demonstrativa relacionada a “Nuvem
Artificial Didática” enquanto que 3% não aprovam e o restante talvez aprovariam, com isso é perceptível que os
alunos classificam o método eficaz para melhor síntese do conteúdo.
Figura 5. Porcentagem de aprovação da metodologia
20%
3%
77%
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
Segundo os alunos 97% afirmaram que a metodologia demonstrativa facilita o ensino aprendizado e 3%
tem dúvidas sobre o mesmo como mostra a figura 6.
Figura 6. Facilidade de aprendizagem demonstrativa segundo os alunos
Segundo o levantamento da análise dos dados 97% dos alunos gostariam de ter aulas demonstrativa em
sua instituição e 3% responderam que talvez gostariam (Figura 7). Isso demostra o interesse dos alunos em terem
aulas demonstrativas pois eles nunca tiveram aulas práticas , uma vez que 100% dos alunos responderam que
nunca houve frequência desse método em sala de aula.
4. CONCLUSÃO
Este trabalho, além de mostrar a validade de aulas demonstrativa para a compreensão do processo de
ensino e aprendizagem em sala de aula, permitiu-nos formular alguns conceitos sobre aulas demonstrativas,
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
podendo oferecer para a prática das atividades de demonstração em sala de aula e todas elas têm o professor como
agente primordial do processo.
A avaliação da aprendizagem decorrente das demonstrações experimentais apresentadas também mereceu
nossa atenção. Muitos alunos, após a demonstração, apresentaram melhoria no seu vocabulário científico, no seu
interesse pela Física e até mesmo em suas respostas ao questionário que lhes fornecemos, mas é importante
destacar que a demonstração experimental em sala de aula não é um recurso pedagógico autossuficiente - como
reiteradamente afirmamos ao longo deste trabalho, ela depende da ação do professor, de sua capacidade de fazê-
la funcionar adequadamente e de torná-la um elemento desencadeador de interações sociais profícuas.
Portanto, de acordo com os dados obtidos e analisados na pesquisa, a metodologia quando aplicada após
o término de uma aula teórica é significativa. É perceptível o desenvolvimento do aluno quando a metodologia
de demonstração é aplicada. É importante ressaltar que os diversificados tipos de aulas práticas não são a solução
para a melhoria do ensino e sim um elo para a facilitação do processo de ensino aprendizagem.
REFERÊNCIAS
CARVALHO, A. M. P. et al. Ciências no Ensino Fundamental: o conhecimento físico. São Paulo: Scipione,
2005. 199p.
CHAVES, E. O. C. O que é um projeto interdisciplinar? Disponível em
<http://www.educacaopublica.rj.gov.br/biblioteca/educacao/0026.html>. Acessado em 25/09/2017.
FRACALANZA, H. et al. O Ensino de Ciências no 1º grau. São Paulo: Atual. 1986. p.124.
HEILBRON, John L. Nollet, Jean-Antoine. Vol. P, pp. 145-148, in: GILLISPIE, Charles Coulston (ed.).
Dictionary of scientific biography. New York: Charles Scribner’s Sons, 1981. Vol. 9.
KINDERMANN, G.: Descargas Atmosféricas. 2. Ed. Porto Alegre, 1997. 134p.
PIRES, M. F. de C. Multidisciplinaridade, Interdisciplinaridade, Transdisciplinaridade no ensino. São
Paulo. UNESP,1998.p 173 á 177.
SILVA, Í. B. Uma pedagogia multidisciplinar, interdisciplinar, transdisciplinar para o
ensino/aprendizagem de Física, 2004. Disponível em <http//www.ufmg.br/congrext/Educa/Educa173.Pdf>
Acessado em 26/05/2017.
SEED. Diretrizes Curriculares de Física para a Educação Básica. Curitiba – PR, 2008.
VIDIGAL, L.; ZABOM, A; NASCIMENTO, M. C. M. Concepções avaliativas: reflexo na pratica docente.,
2013. p.109 a 123.
VYGOTSKY, L.S. Pensamento e Linguagem. São Paulo. Editora Martins Fontes, 1999.
VYGOTSKY, L.S. . A construção do pensamento e da linguagem. São Paulo. Editora Martins Fontes, 2001.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
Robledo Hideki Ebata Guimarães1; Jean Michel Jorge Texeira2; Maâmar El-Robrini3
1Mestreem Geologia; Universidade Federal do Pará; [email protected]
2Mestre em Gestão em Recursos Naturais e Desenvolvimento; Secretaria de Meio Ambiente do município de
Marapanim-Pa; [email protected]
3Doutor em Geologia Marinha; Universidade Federal do Pará; [email protected]
RESUMO
Na costa do nordeste paraense é frequente o aparecimento de afloramentos de águas pretas, água dulcícolas, próximos
de águas costeiras, sob influência marinha. Na praia de Colares existe um lago de águas pretas que está em contato com
as águas da baía do Marajó e que é cercado por alguns bares e residências. Sendo utilizado para fins recreativos pelos
moradores locais, por visitantes da região e turistas. O objetivo deste trabalho é caracterizar e avaliar a qualidade das
águas pretas costeira da praia de Colares. Foram feitas coletas sazonais, período chuvoso (04/03/2013) e menos chuvoso
(09/09/2013), uma na preamar e outra na baixa-mar. As medições dos parâmetros físicos e químicos foram: temperatura
(T°), salinidade (sal), potencial hidrogeniônico (pH), sólidos totais dissolvidos (STD) e condutividade elétrica (CE),
material particulado em suspensão (MPS), e dos nutrientes dissolvidos (NO3-, NO2-, NH3-NH4+, PO43-, SO42-, SiO2). Os
resultados foram comparados aos padrões de qualidade da OMS (1963), Portaria de potabilidade do Ministério da Saúde
nº 518/2004 e Resolução CONAMA nº 357/2005. A maioria dos parâmetros físicos (T°, MPS) e químicos (sal, pH, CE
e STD) e dos nutrientes dissolvidos (NO3-, NO2-, NH3-NH4+, PO43-, SO42-, SiO2) estiveram dentro do padrão de
qualidade, contudo, o pH foi encontrado em desacordo em ambos os períodos sazonais, estando abaixo do padrão (pH:
6 a 9), com valor máximo de 5,79 no período menos chuvoso. Contudo, essa característica é comum em águas pretas,
devido a presença de matéria orgânica dissolvida (MOD), matéria orgânica particulada (MOP) e ácidos húmicos. Os
resultados do N-amoniacal apesar de estar dentro do padrão CONAMA, obtendo 3 mg/L no período chuvoso, está
próximo do limite de 3,7 mg/L; sugerindo contaminação antropogênica.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
1. INTRODUÇÃO
Na costa do Nordeste paraense é frequente o aparecimento de afloramentos de águas pretas, água dulcícolas,
próximos de águas salgadas, marinhas. Como ocorre em Salinópolis - Pa (Lago da Coca-Cola), e na ilha de Algodoal –
Pa (Lago da Princesa).
Na praia de Colares existe um lago de águas pretas possivelmente originárias de um afloramento de um aquífero
livre somado ao acumulo de águas de precipitação de chuvas durante o período chuvoso.
As águas pretas são parecidas com café, com coloração marrom-escura ou avermelhada, carregam poucos
sedimentos e tem alta concentração de matéria orgânica particulada (MOP) e matéria orgânica dissolvida (MOD)
(SIOLI, 1984).
O lago de águas pretas de Colares é cercado por alguns bares e residências. Sendo utilizado para fins recreativos
pelos moradores locais, por visitantes da região e turistas. Portanto, suas águas podem sofrer com influência
antropogênica. Podendo ocasionar eutrofização da água, proliferação de algas tóxicas (ex. cianobactérias) e mortandade
de outros organismos que habitam o ecossistema aquático.
Devido a ser um ecossistema lêntico (baixa hidrodinâmica, baixo potencial de dispersão e diluição de poluentes),
raso e de pouca extensão (ex. lago da Princesa em Algodoal), o risco de eutrofização é maior, precisando de um
gerenciamento contínuo.
Além disso, esses corpos aquáticos recebem pouca atenção em relação aos corpos de águas maiores. Mas, são
constantemente explorados recreativa e turística por um número significativo de pessoas.
Os objetivos deste trabalho são: 1) Caracterizar as águas pretas costeira da praia de Colares – Pa, 2) comparar
com as características geoquímicas das águas pretas costeiras em relação as águas pretas interiores descrita por Sioli
(1983) e 3) avaliar até que ponto as águas pretas costeiras de Colares estão sob influência natural e antropogênica.
2. MATERIAL E MÉTODOS
2.1 AMOSTRAGEM E PROCEDIMENTOS DE LABORATÓRIO
Foram feitas coletas sazonais, período chuvoso em 04/03/2013 e menos chuvoso em 09/09/2013, uma na
preamar e outra na baixa-mar. As coletas foram feitas na praia de Colares/baía do Marajó (0°55’53.14” S/48°17’27.25”
O).
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
Figura 1: Mapa de localização das águas pretas costeira de Colares-Pa (Fonte: Os autores)
As medições dos parâmetros físicos e químicos in situ foram: temperatura (T°), salinidade (sal), potencial
hidrogeniônico (pH), sólidos totais dissolvidos (STD) e condutividade elétrica (CE), mediante o uso um multi-
analisador HANNA, modelo 9828. O material particulado em suspensão (MPS) foi determinado através do método
gravimétrico de volatizarão de Strickland e Parsons (1972) descrito por Baumgarten et al. (1996). As análises dos
nutrientes dissolvidos (nitrato, nitrito, N-amoniacal, fosfato, sulfato e silicato) foram realizadas mediante os
procedimentos de Baumgarten et al. (1996).
Os valores medidos na preamar e baixa-mar foram comparados com os padrões estabelecidos pela Organização
Mundial da Saúde (1963), através da Portaria do Ministério da Saúde nº 518 (BRASIL, 2004) e Resolução CONAMA
n° 357 (BRASIL, 2005) para água doce, Classe 1.
A água Classe 1 de acordo com a Resolução CONAMA n° 357 (BRASIL, 2005) determina para seu uso: o
abastecimento para consumo humano, após tratamento simplificado; proteção das comunidades aquáticas; recreação de
contrato primário (natação, esqui aquático e mergulho), conforme Resolução CONAMA nº 274 (BRASIL, 2000);
irrigação de hortaliças que são consumidas cruas e de frutas que se desenvolvam rentes ao solo e que sejam ingeridas
sem remoção de película; proteção das comunidades aquáticas em terras indígena.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
Todos os parâmetros físicos e químicos estão de acordo com os padrões estabelecidos pela Organização Mundial
de Saúde (1963), Portaria do Ministério da Saúde nº 518 (BRASIL, 2004) e Resolução CONAMA n° 357 (BRASIL,
2005) para água doce, Classe 1. Tanto no período chuvoso e quanto no menos chuvoso (Tabela 1 e Tabela 2).
Exceto os valores de pH que ficaram abaixo de 6 em ambos os períodos, com máxima de 5,79 durante o período
menos chuvoso (Tabela 2), estando em desacordo com a Resolução CONAMA.
Contudo, de acordo com Sioli (1984) as águas pretas interiores apresentam naturalmente pH ácido (pH: 4), esse
fenômeno ocorre em função da presença de substâncias húmicas, associadas a solos podzolicos, que são lixiviados por
causa das fortes e constantes chuvas na região, assim, disponibilizando altas concentrações de MOP e MOD.
O pH encontrado nas águas pretas costeira situado na praia de Colares-Pa, apesar de ser ácido, está com valores
superiores em relação aos valores descritos por Sioli (1984) com pH mínimo de 5,26; período menos chuvoso (Tabela
2). Possivelmente, isso ocorre devido a influência da baía do Marajó que apresenta pH levemente ácidos ou neutros.
O pH se for muito baixo, ácido, pode transformar elementos e compostos tóxicos, em formas mais reduzidas,
estando assim potencialmente biodisponíveis para os organismos aquáticos (ex. íons metálicos) (NEWMAN, 2015).
O material particulado em suspensão (MPS) encontrados no ponto, em concentrações baixas, com máxima de
90 mg/L e mínimo de 7 mg/L, logo com característica de alta transparência do corpo aquático semelhantes as águas
pretas interiores descrita por Sioli (1984).
O aumento do MPS eleva a turbidez causando prejuízos nas atividades fotossintéticas realizadas pelas algas
(NEWMAN, 2015).
Os parâmetros físico-químicos CE, MPS e STD, teve maiores valores no período menos chuvoso, o que marca
que neste período a baía do Marajó tem uma leve influência aumentada sobre as águas pretas costeiras de Colares, já
que os valores destes parâmetros na baía do Marajó são superiores em relação as das águas pretas interiores.
Esses parâmetros também tiveram relação diretamente proporcional com o sulfato e silicato dissolvido durante
o período menos chuvoso, concordando com essa influência da baía sobre as águas pretas de Colares.
Todos as concentrações dos nutrientes dissolvidos estão dentro dos padrões estabelecidos pela Organização
Mundial de Saúde (1963), Portaria do Ministério da Saúde nº 518 (BRASIL, 2004) e Resolução CONAMA n° 357
(BRASIL, 2005) para água doce, Classe 1. Tanto no período chuvoso como no menos chuvoso (Tabela 1 e Tabela 2).
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
Segundo Esteves (1998), o silicato dissolvido é o nutriente limitante na produção primária, pois é fundamental
para a formação das carapaças de alguns grupos de algas, principalmente o grupo das diatomáceas.
O ciclo do silicato inicia-se quando o silício é mobilizado pelo intemperismo dos silicatos, e transportado nas
águas fluviais e na forma de ácido sílico não dissociado H4SiO4. Uma vez introduzido no meio aquático, organismos
produtores podem assimilar a sílica reativa, após a morte dessas algas que pode ser novamente assimilado por outros
organismos produtores ou ser transportado pelas águas (AMINOT e CHAUSSEPIED 1983).
bela 1 – Interpretação dos parâmetros abióticos comparados com os padrões estabelecidos pela Organização Mundial de Saúde (1963), Portaria do Ministé
Saúde nº 518 (BRASIL, 2004) e Resolução CONAMA n° 357 (BRASIL, 2005) para água doce, Classe 1, durante o período chuvoso.
bela 2 – Interpretação dos parâmetros abióticos comparados com os padrões estabelecidos pela Organização Mundial de Saúde (1963), Portaria do Ministé
Saúde nº 518 (BRASIL, 2004) e Resolução CONAMA n° 357 (BRASIL, 2005) para água doce, Classe 1, durante o período menos chuvoso.
Classe 1.
4Limite de detecção (LD): NO - (0,02 mg/L), NO (0,0002 mg/L), NH -NH + (0,05 mg/L), PO 3- (0,02mg/L),
3 2 3 4 4
SO42- (10,3 mg/L), SiO2 (0,005 mg/L).
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
CONCLUSÃO
Os resultados demostraram que todos os parâmetros físicos-químicos e de nutrientes dissolvidos estão de acordo
com o padrão de qualidade descrito pela CONAMA e OMS. Exceto o pH, cuja a acidez é atribuída à influência natural,
uma vez que as águas pretas se caracterizam pela presença de MOD, MOP e ácidos húmicos.
O N-amoniacal apesar de estar dentro do padrão estabelecido pela CONAMA, durante o período chuvoso
apresentou concentrações próximas do limite, o que pode ter relação com contaminação antropogênica.
Devido os resultados encontrados no nutriente N-amoniacal durante o período chuvoso, as águas pretas costeiras
de Colares, já mostram um possível risco no futuro.
Os resultados de pH, CE, MPS, STD, SiO2 e SO4-2 mostram que a baía do Marajó exerce leve influência nas
águas pretas costeira de Colares durante o período menos chuvoso.
As características das águas pretas costeiras de Colares, como pH, e baixas concentrações de MPS e SiO2 se
assemelham muito com as águas pretas interiores.
REFERÊNCIAS
AMINOT, A. e CHAUSSEPIED, M. Manuel des analyses chimiques em milieu marin. Cnexo, Brest, France. 34,44,84p.
1983.
BAUMGARTEN, M. G. Z.; ROCHA, J. M. B.; NIENCHESKI, L. F. H. Manual de análises em oceanografia química.
Rio Grande do Sul. Editora da FURG. 33:66:142:150, 1996.
BRASIL. Resolução CONAMA n.º 274, de 29 de novembro de 2000. Define os critérios de balneabilidade em águas
brasileiras. Revoga os artigos 26 e 34 da Resolução nº 20/86 (revogada pela Resolução nº 357/05). Diário Oficial da
República Federativa do Brasil, Brasília, Seção 1, p. 70-71, 25 jan. 2001.
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 518 de 25 de março de 2004. Dispõe sobre os procedimentos e
responsabilidades relativos ao controle e vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de
potabilidade. Diário Oficial (da) República Federativa do Brasil, Brasília, 2004.
BRASIL. Resolução CONAMA n.º 357, de 17 de março de 2005. Dispõe sobre a classificação dos corpos de água e
diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de
efluentes, e dá outras providências. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, Seção 1, p. 58-63. 2005.
COSTA, J. S.; BRAGA, F. S.; ALMEIDA, S. S. M. S.; RAMOS, R. S.; BRITO, D. C.; CUNHA, A. C.; SANTOS, C. B.
R. Physicochemical characterization of water quality Lagoa dos Índios in Macapá, Brazil. American Chemical Science
Journal. 5(2): 122-134. 2015.
ESTEVES, F. A. Fundamentos da Limnologia. Editora Interciência/FINEP, Rio de Janeiro, 2° ed. 255-156p. 1998.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
Ricardo Miranda Vital 1; Vanildo da Silva Vital, 2; Enilson Gomes Evangelista 3; João Marcos Batista de
Assunção,4; Caio Renan Goes Serrão 5; Denivaldo Seabra Ribeiro 6.
1 Graduando em Licenciatura Plena em Ciências Naturais - Química, Universidade do Estado do Pará (UEPA),
Salvaterra, Pará, [email protected]
2 Graduando em Licenciatura Plena em Ciências Naturais - Química, Universidade do Estado do Pará (UEPA),
Salvaterra, Pará, [email protected]
3 Graduando em Licenciatura Plena em Ciências Naturais - Química, Universidade do Estado do Pará (UEPA),
RESUMO
O presente estudo teve por objetivo abordar de forma interdisciplinar e contextualizada o tema alimentação tendo
como principal temática o consumo de subprodutos da mandioca (Manihot esculenta Crantz). O trabalho foi
desenvolvido com estudantes de uma escola Quilombola, localizada no município de Salvaterra (PA).
Inicialmente foi aplicada uma aula expositiva, onde foram apresentadas as principais características dos
subprodutos da mandioca, destacando as propriedades nutricionais e os riscos do consumo sem os devidos
cuidados durante o preparo. Posteriormente foram aplicadas práticas experimentais que visavam demonstrar o
índice de acidez encontrado no extrato de mandioca e com isso tratar o tema acidez dos alimentos de forma
contextualizada. Os resultados obtidos demonstraram que a atividade apresentou bons resultados, visto que foi
perceptível a assimilação dos conceitos científicos por parte dos discentes, além disso, os alunos demonstraram
grande entusiasmo ao trabalharem um tema presente em seu cotidiano.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
1.INTRODUÇÃO
Segundo Bokanga (1994), Manihot esculenta Crantz, conhecida popularmente como mandioca, também
chamada de macaxeira ou aipim, é um dos alimentos mais conhecidos e consumidos no Brasil e no mundo. Nativa
da América do Sul é base da alimentação de diversos povos indígenas, principalmente da Região norte do País.
Da Manihot esculenta Crantz podem ser produzidos derivados como farinha, goma, tucupi, farinha de
tapioca, maniçoba, entre outros. Porém deve-se ressaltar que nesta espécie, a concentração de ácido cianídrico
(HCN) é significante, principalmente nas folhas, portanto se não for bem cozida, pode provocar intoxicação
alimentar (CANELLA,1968).
Na região norte do Brasil, mais especificamente na ilha de Marajó, é comum o consumo da raiz da
mandioca na alimentação da população, principalmente por ser muito rica em carboidratos, ferro, e vitaminas do
complexo B e C, além de cálcio e manganês, substâncias essenciais à manutenção da saúde e a digestão dos
alimentos (EMBRAPA, 2016).
Partindo deste contexto buscou-se utilizar da temática alimentação como estratégia para melhorar a
compreensão de conceitos químicos, integrando o contexto local à aprendizagem escolar. Fazenda (2002) afirma
que o pensar interdisciplinar parte da premissa de que nenhuma forma de conhecimento é em si mesmo racional.
Tenta, pois, o diálogo com outras formas de conhecimento, deixando-se interpenetrar por elas. Bonatto (2012)
afirma que a interdisciplinaridade pode integrar-se com as outras áreas de conhecimento, com o propósito de
promover uma interação entre o aluno, professor e cotidiano.
É nesse sentido que se busca instruir uma nova prática curricular, produzindo uma nova ambiência social
na qual os mais diversos conhecimentos venham a fazer parte de novas formas de interlocução, interpretação e
ação, valorizando relações com o dia-a-dia fora da escola (GALIAZZI; AUTH; MORAES; MANCUSO, 2008).
Desta forma agimos por meio da contextualização para valorizar e agregar informações. Ramos apud Machado
(2003) trata a contextualização como sendo o meio pelo qual se enriquecem os canais de comunicação entre a
bagagem cultural, quase sempre essencialmente tácita, e as formas explícitas ou explicitáveis de manifestação do
conhecimento.
Em síntese, contextualizar o ensino é aproximar o conteúdo formal (científico) do conhecimento trazido
pelo aluno (não-formal) e dessa forma fazer com que o conteúdo seja interessante para ele, à medida que este se
encontra dentro de sua realidade de vida (cotidiano), ou seja nosso direcionamento até então era neste pré-
requisito que se aborda tanto a valorização do conhecimento existente quanto o alicerçamento de novos saberes.
Logo, este trabalho objetivou abordar de forma experimental, interdisciplinar e contextualizada o tema
alimentação, tendo como principal temática o consumo de subprodutos da mandioca (Manihot esculenta Crantz)
de forma a apresentar as principais características destes alimentos, destacando as propriedades nutricionais e os
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
riscos do consumo sem os devidos cuidados durante o preparo, além de promover o ensino de conceitos químicos
levando em consideração a realidade local.
2. MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho consta, inicialmente, da apresentação de uma aula que foi ministrada a alunos do 9º ano de uma
Escola Municipal de Ensino Fundamental localizada no município de Salvaterra-PA. A escola foi escolhida, pois
atende uma grande parcela das comunidades, e por estar localizada em uma região produtora de farinha de
mandioca. Notou-se a necessidade de esclarecimentos à população residente no sentido de informa-los sobre os
riscos do processamento inadequado de alimentos derivados da mandioca, principalmente as folhas, devido à
presença de toxinas, como o ácido cianídrico (HCN). A intervenção foi dividida em 2 partes.
Na primeira etapa, ministrou-se uma apresentação teórica onde foram apresentadas as características
nutricionais e riscos da utilização da mandioca na alimentação, levando em consideração os subprodutos que
fazem parte da alimentação regional e estão presentes no cotidiano dos educandos, relacionando suas principais
propriedades com o conteúdo exposto. A vivência local dos alunos foi considerada um suporte teórico crucial
para as ações metodológicas subsequentes.
Em um segundo momento, a apresentação em si abordou os derivados advindos da raiz da mandioca com
enfoque nas propriedades benéficas e nos riscos dos produtos, com enfoque no ácido cianídrico, substância que
em grande quantidade pode ocasionar intoxicação alimentar.
Para demonstrar a existência de tal substância em produtos mal processados, foi executado um
experimento em sala de aula utilizando derivados da raiz da mandioca como o tucupi fervido e cru, farinha e
tapioca e também o suco da folha da mandioca. Os alunos foram instruídos quanto aos nutrientes presentes nesses
produtos. Foi utilizado o suco do repolho roxo e da beterraba como indicadores de pH, para demonstrar aos alunos
a existência do Ácido Cianídrico (HCN) no tucupi e suco da folha da mandioca. Para a prática, foram utilizados
materiais presentes no cotidiano dos alunos, como recipientes transparentes e seringas de 10mL, compostos de
hidróxido de alumínio (antiácido estomacal) e leite de magnésia para diferenciar o pH dos produtos em sua
coloração.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A partir da análise dos relatos extraídos em sala de aula, pudemos considerar que a aplicação da temática
foi muito proveitosa para os alunos, pois foi observado que a metodologia que emprega a interdisciplinaridade e
contextualização foi muito eficaz no ensino e aprendizagem, conforme notado nos relatos dos alunos que afirmam
desejar ter mais aulas que envolvam o seu cotidiano. O Aluno A afirmou que “a aula havia sido boa, pois os
professores tinham mostrado experiências o que me chamou muita atenção”.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
Com isso, foi notado que a metodologia foi eficiente, pois despertou nos alunos o interesse para com o
mundo cientifico e de certa forma somou tal conhecimento ao seu saber empírico. O Aluno B afirmou que: “a
aula trouxe informações que até então não conhecia e que foram muito proveitosos”.
Em seus relatos, eles destacaram que a abordagem utilizada foi muito importante, pois se tornou possível
compreender como os conhecimentos teóricos podem ser propagados a partir da contextualização. Sendo assim,
os experimentos propiciaram aos estudantes um conhecimento mais científico das transformações que ocorrem
nas substâncias químicas.
Para Pazinato (2012, p.104) “A contextualização de química através da temática alimentos pode ser uma
alternativa bem-sucedida para o ensino dos conteúdos científicos”. A contextualização neste sentido serviu para
uma melhoria na aprendizagem do aluno, a curiosidade das informações, as indagações propostas no momento
das aulas, as dúvidas sobre os benefícios dos alimentos, assim como riscos, mitos dos mesmos, fez com que o
conhecimento se desse por meio do entendimento de sua realidade, e com isso uma melhora significativa em sua
aprendizagem científica.
A utilização de temáticas que envolvem a regionalidade deve ser considerada no momento da aplicação
de atividades. As aulas tornam-se muito mais prazerosas quando o aluno consegue visualizar os conceitos
químicos aplicados em situações do cotidiano, assim passa a ser sujeito ativo, participando e contribuindo com a
formação do próprio conhecimento científico.
4. CONCLUSÃO
Após a exposição do trabalho, é imprescindível destacar a grande importância que deve ser dada para a
contextualização de conteúdos em qualquer área do conhecimento, pois os alunos puderam não somente aprender
de forma simples como a aula tornou-se mais dinâmica e com uma maior participação por parte dos mesmos.
Analisando os relatos obtidos em sala de aula pode-se observar que o objetivo de ensinar de forma
contextualizada e interdisciplinar estava de fato sendo cumprido. E que a dinâmica do processo de ensino em que
o aluno passa de mero espectador para real construtor do seu conhecimento aconteceu principalmente pelo fato
de se contextualizar assuntos das mais diversas áreas visando se utilizar de seu conhecimento prévio, e desta
forma valorizando seu saber empírico.
REFERÊNCIAS
BONATTO, A.; RAMOS, C.; AGNOLETTO, R.; LOPES, T.; DALLAGNOL, M. Interdisciplinaridade no
ambiente escolar. Rio Grande do Sul, 2012.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
BOKANGA, M. Processing of cassava leaves of human consumption. Acta Horticulturae, n. 375, p. 203-207,
November 1994.
CANELLA, C. F. C.; DOBEREINER, J.; TOKARNIA, C. H. I. Intoxicação experimental pela maniçoba
(Manihot glaziovi Muell. Arg.) em bovinos. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Rio de Janeiro, v. 3, p.347-50,
1968. Disponível em:<https://portais.ufg.br/up/67/o/semi2011_Juliana_Job_2c.pdf> acesso em 17 de agosto de
2016.
EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisa). Disponível em: <https://https://www.embrapa.br/mandioca-e-
fruticultura/cultivos/mandioca> Acesso em 15 de agosto de 2016.
FAZENDA, Ivani. A Interdisciplinaridade: um projeto em parceria. São Paulo: Loyola, 1993.
GALIAZZI, Mariado; AUTH, Milton; MORAES, Roque & MANCUSO, Ronaldo. Aprender em rede na
Educação em Ciências. Ijuí: Editora Unijuí, 2008.
PAZINATO, Maurícius Selvero. Alimentos: uma temática geradora do conhecimento químico. Dissertação de
mestrado, UFSM, RS, 2012.
RAMOS, M. Texto sobre contextualização discutido nas reuniões da SMTEC/MEC. 2003.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
Ricardo Christin Lobato Machado1; Gleiciane Rodrigues dos Santos2; Ana Paula Magno do Amaral3; Amarildo
Lima da Silva Junior4; Marcela Cristiane Ferreira Rêgo5; Gisele Barata da Silva6.
1 Graduando em engenharia florestal. Universidade Federal Rural da Amazônia. [email protected].
2 Mestranda em Biotecnologia Aplicada à Agropecuária. Universidade Federal Rural da Amazônia.
[email protected].
3 Doutoranda em Agronomia. Universidade Federal Rural da Amazônia. [email protected]
4 Engenheiro Agrônomo. [email protected]
5 Doutora em Agronomia. [email protected]
6 Orientadora. Universidade Federal Rural da Amazônia. [email protected]
RESUMO
As doenças fúngicas são responsáveis por consideráveis perdas de produtividade em culturas agrícolas, entre as
doenças podemos citar a mancha foliar causada pelo fungo Pestalotiopsis spp. O gênero Trichoderma e conhecido
por exercer atividade antagônica sobre diversos fungos causadores de doenças em plantas sendo usando no
controle biológico de fitopatógenos. Objetivou-se analisar a atividade antagônica de isolados de Trichoderma
spp. sobre o fungo Pestalotiopsis sp, in vitro. A metodologia empregada para o teste de antagonismo foi o método
de cultura pareada em disco de ágar, onde foram inoculados na mesma placa o patógeno e o Trichoderma para
confronto direto. Os isolados de Trichoderma foram obtidos de solos rizosféricos de açaizeiro, tatapiririca, palma
e teca. O patógeno foi extraído de mudas de açaizeiros com presença de manchas foliares. O delineamento
experimental foi o inteiramente casualizado com cinco tratamentos e seis repetições. Todos os isolados testados
exerceram atividade antagônica sobre o patógeno com inibição do crescimento micelial em 57,4% para o isolado
de açaizeiro, 50,9% para o isolado de tatapiririca, 49,6% para o isolado de palma e 42,8% para o isolado de teca.
Conclui-se que nas condições em que o experimento foi realizado que os isolados utilizados apresentam atividade
antagônica sobre Pestalotiopsis spp. e são necessários mais estudos para a comprovação da eficiência desses
microrganismos em condições de campo e em casa de vegetação.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
1. INTRODUÇÃO
As maiores perdas de produtividade em culturas agrícolas estão relacionadas a problemas fitossanitários
como o aparecimento de doenças principalmente as ocasionadas por fungo.
O gênero Pestalotiopsis tem ampla distribuição geográfica e apresenta uma grande diversidade de
hospedeiros (Kruschewsky, 2010). Podem viver como patógenos de plantas, endofíticos ou ainda como saprófitos.
Entre os hospedeiros podemos citar o açaizeiro, cujos principais sintomas são manchas foliares.
Uma das opções para a mitigação de doenças fúngicas é o biocontrole tendo em vista a eficiência do
mesmo e a necessidade da redução do uso de fungicidas industriais que acarretam problemas ambiental (Bettiol
e Morandi, 2009). Está técnica permite controlar doenças por meio da utilização de microrganismos capazes de
parasitar os patógenos (Broetto et al., 2014).
Os fungos do gênero Trichoderma estão entre os fungos mais utilizados no mundo como agente de controle
de doenças em vegetais (Isaias et al., 2014). O Trichoderma é capaz de parasitar outros fungos e pode ser
encontrado vivendo livremente no solo de forma saprofítica (Broetto et al., 2014).
O biocontrole com Trichoderma pode ocorrer indiretamente pela competição por nutrientes e espaço ou
pela excreção de antibióticos na fase de crescimento e esporulação, ou então, diretamente pelo micoparasitismo
ocasionando a morte do hospedeiro (Isaias et a l., 2014).
Além da atividade antagônica o gênero Trichoderma também se destaca como promotor de crescimento e
de florescimento de plantas auxiliando ainda a solubilização de micronutrientes no solo (Junges et al., 2016).
A atividade antagônica exercida pelo Trichoderma sp. pode variar entre as diferentes espécies e mesmo
entre diferentes isolados, logo bons isolados podem estar distribuídos por qualquer região do país (Broetto et al.,
2014). Para a seleção de isolados com potencial para o biocontrole de fitopatógenos são necessários a realização
de testes que podem ser in vitro ou in vivo, ambos os métodos complementares (Figueiredo, 2006).
Diante do exposto, neste trabalho, objetivou-se analisar a atividade antagônica de isolados de Trichoderma
sp. sobre o fungo Pestalotiopsis spp., in vitro.
2.MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido no Laboratório de Proteção de Plantas da Universidade Federal Rural da
Amazônia (LPP-UFRA), campus Belém – PA.
O fungo Pestalotiopsis spp. foi isolado a partir de tecidos com presença de manchas foliares presentes em
mudas de açaizeiro. Pedaços da folha com manchas foliares foram colocados em câmara úmida, após 24h foram
coletados pedaços da região entre o tecido saudável e o tecido com sintoma os quais foram imersos em álcool
70% por 10 segundos e posteriormente imersos em hipoclorito de sódio a 1% por 3 minutos para esterilização da
superfície da folha, em seguida os pedaços da folha foram imerso duas vezes em água destilada por 1 minuto e
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
incubadas em placas de Petri contendo meio de cultura Batata-Dextrose-Ágar (BDA) para o crescimento do
patógeno. Após o isolamento, o fungo obtido foi identificado a nível de gênero por taxonomia convencional e
adicionado à coleção de microrganismo do LPP-UFRA.
Todos os isolados Trichoderma sp. utilizados no presente trabalho foram obtidos de solos rizosféricos de
espécies agrícolas e florestais e codificados como T01, T02, T03 e T04. Os isolados T01 e T02 foram obtidos de
rizosfera de açaizeiro (Euterpe oleracea Mart.) e de tatapiririca (Tapirira guianensis Aubl.), respectivamente,
presentes em área de várzea na Universidade Federal Rural da Amazônia, em Belém-PA. O isolado T03 foi obtido
de rizosfera em plantio de palma (Elaeis guineensis Jacq.) localizado em Tailândia-PA e o isolado T04 de
rizosfera em plantio de teca (Tectona grandis L.) localizado em Capitão Poço-PA.
Para a obtenção dos isolados de Trichoderma foram utilizados 10g de solo rizosférico adicionados a 90
ml de água estéril com Tween 80 (0,01%) e colocados em mesa orbital por 20 min a 200 rpm, em seguida, foi
realizada diluição seriada até a concentração de 1,0 x 10-3 no qual uma alíquota de 100 µl foi colocada em placa
de Petri contendo meio de cultura BDA e espalhada com auxílio de alça de Drigalski e incubada em BOD por
sete dias. Após o crescimento das colônias os isolados foram repicados e confirmados como pertencentes ao
gênero Trichoderma e adicionados à coleção de microrganismo do LPP-UFRA.
Para o teste de antagonismo in vitro foi utilizado o método de cultura pareada em disco de ágar. Placas de
Petri de 90 mm contendo meio de cultura BDA receberam dois discos de ágar contendo as estruturas dos fungos
em lados opostos e distantes da borda cerca de um centímetro, sendo um disco do patógeno e o outro disco do
isolado de Trichoderma sp. Como testemunha usou-se apenas um disco do patógeno. Após a inoculação com os
discos as placas foram mantidas em sala climatizada por sete dias para o crescimento dos fungos. A avaliação
consistiu em medir o diâmetro da colônia do patógeno por meio de paquímetro digital graduado em milímetros.
Para o cálculo da porcentagem de inibição do crescimento micelial, segundo Menten et al. (1976), foi
aplicada a fórmula: % inibição = [(cresctest – cresctrat) /cresctest] x 100, Onde: cresctest = crescimento em
diâmetro da testemunha; cresctrat = crescimento em diâmetro do tratamento.
O delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado, com cinco tratamentos e seis
repetições. Os dados foram submetidos à análise de variância e as médias agrupadas pelo teste de Tukey a 5%,
utilizando o software R.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Todos os isolados de Trichoderma sp. apresentaram atividade antagônica sobre o crescimento micelial do
fungo Pestalotiopsis spp. agente causal de manchas foliares em mudas de açaizeiro. Houve diferença na atividade
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
antagônica entre os isolados, o melhor resultado foi obtido utilizando-se Trichoderma extraído da rizosfera de
açaizeiro encontrado em área de várzea, conforme a tabela 1:
Tabela 1. Crescimento e percentagem de inibição do crescimento micelial de Pestalotiopsis spp. em cultivo pareado com
isolados de Trichoderma sp., in vitro.
Código Patógeno Crescimento micelial (mm) % inibição
T01 Trichoderma (açaizeiro) x Pestalotiopsis 31,58 a 57,4
T02 Trichoderma (tatapiririca) x Pestalotiopsis 36,44 b 50,9
T03 Trichoderma (palma) x Pestalotiopsis 37,42 b 49,6
T04 Trichoderma (teca) x Pestalotiopsis 42,45 c 42,8
--- Pestalotiopsis (Controle) 74,21 d 00,0
Médias seguidas pela mesma letra na coluna, não diferem estatisticamente, pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade.
(CV% = 9,10)
A maior taxa de inibição sobre Pestalotiopsis pode estar relacionado à origem do isolado de Trichoderma
utilizado, já que o mesmo foi obtido a partir de solo rizosférico da própria cultura da qual foi isolado o patógeno.
Isaias et al. (2014) em testes de antagonismo com Trichoderma obteve inibição máxima utilizando
isolados da mesma cultura do patógeno. Pode-se supor que os isolados de Trichoderma associados aos açaizeiros
sejam mais eficientes em combater patógenos de açaizeiros do que os presentes em outras espécies.
Os isolados conseguiram colonizar todo o espaço disponível dentro da placa de Petri colonizando e
esporulando inclusive sobre o patógeno evitando que o mesmo se desenvolvesse plenamente indicando
micoparasitismo, conforme a figura 1:
Figura 1 - Placas de Petri contendo isolados de Trichoderma sp. à direita e patógeno à esquerda em confronto direto: (a)
Controle; (b) T01; (c) T02; (d) T03; (e) T04.
Fonte: Autores
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
A menor taxa de inibição foi observada utilizando-se o isolado T04, fungo extraído de plantio clonal de
tecas com sete anos de idade. Além disso, o Pestalotiopsis spp. neste tratamento teve maior esporulação indicando
menor eficiência do Trichoderma em combater o crescimento do patógeno.
O Trichoderma isolado de tatapiririca em área de várzea e o isolado de palma em plantio comercial foram
estatisticamente iguais com taxas de inibição bem próximas: 50,9% para tatapiririca e 49,6% para palma.
Louzada et al. (2009) em trabalho sobre atividade antagônica de diferentes isolados de Trichoderma não
encontrou resultados que apontasse correlação entre a origem do isolado e a atividade antagônica. Os isolados
T03 e T04 provenientes de áreas cultivadas (plantio de palma e plantio de teca) estão mais propícios a terem
contato com patógenos. O nível de controle dos isolados varia de acordo com a especialização do antagonista em
parasitar os fitopatógenos (Louzada et al., 2009).
Silva et al. (2008) obtiveram resultados semelhantes trabalhando com diferentes isolados de Trichoderma
pareados com isolados de Phytophthora citrophthora com inibição de 52,21% do crescimento micelial do
patógeno.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em laboratório sob condições controladas os isolados utilizados apresentam atividade antagônica sobre
Pestalotiopsis spp., fungo causador de manchas foliares em mudas de açaizeiro, diminuindo o crescimento
micelial e a esporulação.
São necessários mais estudos para a comprovação da eficiência desses microrganismos em condições de
campo e em casa de vegetação.
REFERÊNCIAS
ISAIAS, C.O. et al. Ação antagônica e de metabólitos bioativos de Trichoderma spp. contra os patógenos
Sclerotium rolfsii e Verticillium dahliae. Summa Phytopathologica, v. 40, n. 1, p.34-41, 2014.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
JUNGES, E. et al. Trichoderma spp. na produção de mudas de espécies florestais. Floresta e Ambiente. v. 23,
p. 237-244, 2016.
KRUSCHEWSKY, M. C. Taxonomia e ecologia do gênero Pestalotiopsis no Brasil, com ênfase para a Mata
Atlântica do sul da Bahia. Dissertação (mestrado em Produção Vegetal). Universidade Estadual de Santa Cruz.
Ilhéus. p. 59, 2010.
LOUZADA, G.A.S. et al. Potencial antagônico de Trichoderma spp. originários de diferentes agroecossistemas
contra Sclerotinia sclerotiorum e Fusarium solani. Biota Neotropica. v. 9, p. 145-149, 2009.
SILVA, K. S. et al. Atividade antagônica in vitro de isolados de Trichoderma spp. ao fungo Phytophthora
citrophthora. Semina: Ciências Agrárias, Londrina, v. 29, n. 4, p. 749-754, 2008.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
RESUMO
O extrativismo vegetal é caracterizado como o processo de exploração dos recursos vegetais nativos de produtos
madeireiros e não-madeireiros, de forma racional. O presente estudo objetivou descrever o processo extrativista
dos principais produtos utilizados pelas famílias residentes na Comunidade Quilombola Menino Jesus – PA,
localizada ao longo dos km 17 e 20, da Alça Viária, compreendendo uma área total de cerca de 288.9449 ha,
segundo dados do Instituto de Terras do Pará (INTERPA), bem como elaborar uma cartilha para expor a
transformação simplificada da matéria-prima obtida da extração em bens de consumo que valorizem os aspectos
artesanais e ou visem nichos específicos de mercado. O levantamento das informações a cerca da comunidade se
deu por meio de entrevista com a Secretária da Associação, Shirley Santiago Teles, na qual foi possível expôs o
histórico da comunidade, as problemáticas enfrentadas em relação à atividade econômica da comunidade e a
descrição da organização do trabalho realizado pelas famílias. Verificou-se que as atividades exercidas variam
entre o extrativismo do açaí, castanha-do-pará, produção de hortaliças, frutos e mandioca. Os produtos oriundos
do extrativismo das famílias são limitados a comercialização in natura para atravessadores, muito embora, a
Comunidade tenha recebido fomento para desenvolvimento de benfeitorias que trabalhem com os produtos
extraídos, elas ainda não estão em funcionamento.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
1. INTRODUÇÃO
Durante muito tempo após a assinatura da Lei Imperial n.º 3.353, conhecida popularmente como a Lei
Áurea, os quilombos ainda foram reconhecidos apenas como o local onde uma grande quantidade de negros, que
haviam criado conflitos com o regime colonial, se reuniam. Somente a partir do nascimento da Constituição
Brasileira de 1988 foi introduzido ao termo “quilombo” a denominação de toda e qualquer espaço ocupado por
comunidades remanescentes das áreas em que os negros se alocaram no período seguinte a Lei Áurea (SOUZA,
2012).
O processo da legalização das áreas de remanescentes quilombolas também teve origem na Constituição
Brasileira de 1988, no art. 216, que aborda sobre o que constitui o patrimônio cultural brasileiro, seja de bens de
natureza material ou imaterial, relacionado à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira,
onde no § 5º inclui os antigos quilombos, havendo o tombamento de todos os documentos e sítios detentores de
reminiscências históricas (BRASIL, 1988).
Muitas comunidades remanescentes de quilombos fazem parte do vasto mosaico étnico, social, ecológico
e cultural da estrutura agrária brasileira, que é responsável por mais de 70% da produção de alimentos do país e
que constitui a base econômica de cerca de 90% dos municípios (CRUZ & VALENTE, 2004).
Homma (2014) destaca o extrativismo vegetal como fator determinante na segurança alimentar e geração
de renda em diversas famílias que se fazem presente fora dos grandes centros urbanos, dessa forma, diz-se que o
extrativismo assume um papel tanto social, quanto econômico para essas populações.
Conceituando-se, o extrativismo vegetal é processo de exploração dos recursos vegetais nativos, que
compreende a coleta ou apanha de produtos madeireiros e não-madeireiros, de forma racional, permitindo a
obtenção de produções sustentadas ao longo do tempo, ou de modo primitivo e itinerante, possibilitando,
geralmente, apenas uma única produção (IBGE, 2015).
Ainda segundo dados do IBGE (2015), dois dos produtos derivados da extração vegetal que mais se
destacaram pelo valor de produção foram o açaí (R$ 480,6 milhões) e a castanha-do-pará (R$ 107,4 milhões).
Através de um viés mais específico, pode-se observar que comunidades tradicionais da Amazônia utilizam de
produtos extrativistas alimentícios como grandes geradoras de renda.
Nesse contexto, o presente estudo objetivou realizar um estudo de caso: descrever o processo extrativista
dos principais produtos utilizados pelas famílias residentes na Comunidade Quilombola Menino Jesus – PA, bem
como elaborar uma cartilha para expor a transformação simplificada da matéria-prima obtida da extração em bens
de consumo que valorizem os aspectos artesanais e ou visem nichos específicos de mercado.
2. METODOLOGIA
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
A área de estudo foi a Comunidade Quilombola Menino Jesus, que está localizada ao longo dos km 17 e
20, da Alça Viária, compreendendo uma área total de cerca de 288.9449 ha, segundo dados do Instituto de Terras
do Pará (INTERPA).
Foi realizada uma entrevista com a Secretária da Associação, Shirley Santiago Teles, na qual expôs o
histórico da comunidade, as problemáticas enfrentadas em relação a atividade econômica da comunidade e a
descrição da organização do trabalho realizado pelas famílias. Para os instrumentos de registro de observações e
informações, foi utilizado caderno de campo, roteiro de orientação de entrevistas, gravador e câmera fotográfica.
Foi solicitada a Secretária da Associação Shirley Teles a permissão para a aplicação dos instrumentos.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Em visita a Sede da Associação dos Moradores e Agricultores Remanescentes da Comunidade Quilombola
Menino Jesus foi realizada uma entrevista com a Secretária da Associação, Shirley Santiago Teles, na qual ela
relatou que a comunidade se tornou quilombola após um conflito relacionado com a posse da terra. O bisavô da
Secretária Shirley possuía os documentos legais de posse da terra, as mesmas utilizadas pela comunidade, mas
por desentendimentos familiares parte da terra havia sido vendida a um fazendeiro.
No âmbito jurídico, a comunidade Menino Jesus obteve o direito de permanecer na terra, no entanto, não
há ainda o título definitivo da terra. O processo de certificação como comunidade quilombola se iniciou há onze
anos, por meio da Fundação Cultural Palmares, responsável por formalizar a existência de comunidades
descendentes de africanos escravizados que mantêm tradições culturais, de subsistência e religiosas ao longo dos
séculos.
A comunidade se organiza por meio da Associação dos Moradores e Agricultores Remanescentes do
Quilombo Menino Jesus, que emergiu em meio ao conflito citado anteriormente. As famílias exercem atividades
que variam entre o extrativismo do açaí, castanha-do-pará, produção de hortaliças, frutos e mandioca. Os produtos
oriundos do extrativismo são limitados à venda para atravessadores, de forma in natura, todavia, os demais
produtos são comercializados através de uma feira mensal, promovida pelo programa estadual Pará Rural, que
ocorre na primeira sexta-feira de cada mês.
A comunidade recebeu financiamento para construção de uma agroindústria de beneficiamento de frutos
e uma unidade de beneficiamento da mandioca. O subsídio se deu pelo Governo do Estado do Pará, em parceria
com o Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimentos (BIRD). Ambos os empreendimentos ainda
não puderam ser colocados em funcionamento. A comunidade alega-se que o projeto foi mal elaborado,
negligenciando fatores como a época adequada para plantio e até mesmo sobre espécies pouco adequadas à
realidade da comunidade.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
Há também a falta de conhecimento técnico para manipulação dos equipamentos necessários para o
funcionamento dos empreendimentos implementados, além da falta de matéria-prima, tendo em vista que o
plantio realizado pelo projeto não obteve sucesso.
A extração vegetal realizada pela comunidade não é contabilizada, sendo cada família responsável pela
própria retirada e venda dos produtos, de modo que dados precisos sobre a quantidade de produtos extraídos e
seus respectivos valores de venda não podem ser aferidos.
As atividades de sustento das famílias se diferenciam de acordo com o período do ano. De janeiro até o
início de abril, se faz a extração da castanha-do-pará. Após isso, em geral, produção das hortaliças e frutos geram
renda para as famílias até que chegue a safra do açaí, que inicia em julho. Existem açaizais que produzem no
verão e no inverno, no entanto, a produção maior é sempre no verão. Nesse mesmo período, é feita o cultivo de
mandioca. Fecha-se, assim, um ciclo que vem sendo utilizado na comunidade. Os produtos advindos da extração
vegetal, realizada pela comunidade, encontram um vasto mercado a ser atendido.
O mercado da castanha-do-pará aceita o produto com ou sem beneficiamento, ou seja, sua comercialização
ocorre na forma desidratada, semi desidratada, a granel, sem casca ou utilizando a castanha como base de produtos
alimentícios. Homma (2014) relata a falta de informações acerca do beneficiamento em praticamente todos os
trabalhos relacionados a amêndoa, sendo a causa dessa carência de dados o desinteresse do restrito grupo de
indústrias que controlam o mercado de castanha para reduzir a concorrência. Homma também destaca que os
extratores são submetidos a um oligopsônio, sendo esse fato constatado na Comunidade Quilombola Menino
Jesus, onde foi relatado que as castanhas são somente vendidas aos “atravessadores”, sendo estes os que delimitam
o valor da venda. O oligopsônio muitas vezes é ligado ao oligopólio na venda do produto beneficiado, logo, o
mercado desse produto na Amazônia vem sendo dominado por várias décadas.
Diferente do beneficiamento, a extração e venda das amêndoas é amplamente citado na literatura.
Trabalhar com comunidades tradicionais é um desafio, pois, muitas vezes, é preciso criar um certo vínculo no
decorrer do tempo para que de fato as informações fluam entre as partes. Como a extração é realizada pela
comunidade não foi diretamente informado pela entrevistada, entretanto é um processo simples, como descrito
por Almeida (1963) e Soares (1976) apud Homma (2014), consiste na coleta dos ouriços com uma vara de três
pontas ou com a ponta do terçado e transportando-os nas costas em um cesto adaptado para transporte, sendo que
algumas comunidades chamam esse cesto de jamaxim.
Durante a visita aos castanhais da área da comunidade foi possível observado um morador utilizando essa
prática de transporte da castanha com jamaxim, entretanto, o grupo não o abordou para não interferir na sua
atividade. Geralmente os cestos são amontoados em alguma parte da floresta para depois as amêndoas serem
removidas para transportar de volta a comunidade.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
Homma (2014) também contribuiu alguns dados relacionados a parte econômica em seus estudos. O
rendimento médio de 1 ha em castanhais situa-se entre 0,25 hL e 0,41 hL, ou de 25 kg a 35 kg de castanha-do-
pará com casca. Almeida (1963) e Soares (1976) apud Homma (2014) consideram 1 hL correspondendo a 50 kg
a 56 kg da castanha com casca, já se houver a retirada da casca, há uma redução de 36% do peso. Um castanheiro
tem capacidade para coleta de 700 a 800 ouriços, correspondendo a 2hL de castanha com casca.
Como já foi mencionado, a comunidade não tem controle total da sua produção, bem como da sua área
total de castanhais, dificultando a contextualização da produção. Foi relatado que o ano de 2017 teve a pior
produção de castanha dos últimos anos, sendo a chuva o fator que interferiu as castanheiras a essa baixa
produtividade, segundo os próprios moradores.
Segundo dados do IBGE, a produção do último ano computada para o município onde a comunidade
pertence, foi de 860 toneladas de castanha, sendo que o Acará é um dos maiores produtores do Pará. O valor da
produção no ano de 2015, considerando a venda de 1hL em torno de R$80,00, gerou um ganho de R$1.445.000,00
para os coletores. Sendo que o beneficiamento da castanha agregaria até 4 vezes mais o valor da castanha com
casca. Após o beneficiamento é possível obter-se uma caixa com 20 kg vendida a R$310,00.
Os movimentos ambientais, organismos internacionais, os Ministérios do Meio Ambiente e do
Desenvolvimento Agrário; e instituições de pesquisa, tanto nacionais quanto externas, têm apoiado o extrativismo
da castanha-do-pará, que, no contexto abordado até este ponto, seria um instrumento para promover o
desenvolvimento sustentável, mediante o fortalecimento da cadeia produtiva do produto e consolidação de um
extrativismo que corrobora com a estrutura social de comunidades tradicionais e suas respectivas famílias.
O açaí, até meados dos anos 90, era destinado ao consumo local, em especial as comunidades tradicionais
e as camadas populacionais de baixa renda, tanto do meio rural quanto do urbano, contudo, a divulgação das
qualidades energéticas e nutritivas do açaí o lançou para um nicho de mercado mais amplo (SANTANA; COSTA,
2008).
O Pará é o Estado que está na liderança quanto a produção de açaí, em 2010, uma área colhida de 77.627
ha alcançou uma produção cultivada de 706.488 t, represetando 86,9% da produção total. Em relação a produção
extrativa, está atingiu 106.562 t, o que representa apenas 13,1% da produção total (SAGRI, 2010). O cultivo de
açaí é responsável pela ocupação de mais de 25 mil pessoas, e representa cerca de 70% da formação da renda dos
extrativistas ribeirinhos (Lopes & Santana, 2005). O fruto também tem alcançado outras regiões do país,
principalmente os estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais, de onde açaí é exportado para mercados
consumidores internacionais do NAFTA, União Europeia, Tigres Asiáticos e MERCOSUL (Guimarães, 1999;
Homma, 2001; Alexandre et al., 2004; Falesi et al., 2010; Souza et al., 2011).
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
Este novo cenário trouxe mudanças na dinâmica do mercado do açaí à nível local, nacional e internacional,
com a demanda crescente e superior à oferta, provocou o aumento dos preços sobretudo com o aumento das
exportações, que passaram de US$ 1,04 milhão, em 2002, para US$ 24,0 milhões, em 2009 (Homma & Santana,
2009).
Por meio do Decreto nº 1.522 de 1º de abril de 2016, o Governo do Estado garante a concessão de
incentivos às empresas que verticalizem e agreguem valor ao açaí, em território paraense. Com os estímulos, as
empresas poderão investir na industrialização e ampliação da linha de produtos a partir da polpa do fruto. O
tratamento tributário disposto no decreto só será aplicado às indústrias após avaliação de projeto, com base nas
condicionantes, indicadores e critérios estabelecidos na legislação, além do compromisso de produzir três novas
linhas de produtos. O objetivo da iniciativa é criar uma indústria consolidada, contribuindo para geração de
emprego e renda no estado do Pará. Esse cenário exibe a importância de agregar valor ao açaí, que pode ter em
sua origem o extrativismo. A Comunidade Menino Jesus, que já possui a estrutura física de uma agroindústria de
beneficiamento de frutos, poderá se beneficiar deste incentivo assim que o empreendimento estiver em
funcionamento.
4. CONCLUSÃO
O trabalho verificou que o extrativismo da Comunidade Menino Jesus é baseado na retirada de castanha-
do-pará e açaí. Observou-se que os produtos da extração possuem amplo espaço dentro do mercado, no entanto,
as famílias são limitadas a comercialização dos produtos in natura para atravessadores.
Muito embora a Comunidade tenha recebido incentivos para fomento e desenvolvimento, utilizados para
construção de uma agroindústria, não houve um planejamento adequado das benfeitorias, de modo que os
produtos advindos da extração ainda não podem passar pelo processo de agregação de valor.
REFERÊNCIAS
ALEXANDRE D, CUNHA RL & HUBINGER MD (2004) Conservação do açaí pela tecnologia de obstáculos.
Ciência e Tecnologia de Alimentos, 24:114-119.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília. Disponível em:
<https://quilombos.files.wordpress.com/2007/12/artigos-68-215-e-216.pdf> Acesso em: 07 de Abril de 2017.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
GUIMARÃES LAC (1999) O açaí já “parou” o carioca? Estudo qualitativo do consumo da polpa de açaí
na cidade do rio de janeiro. Novos Cadernos NAEA, 2:95-112.
GUIMARÃES LAC (1999) O açaí já “parou” o carioca? Estudo qualitativo do consumo da polpa de açaí
na cidade do rio de janeiro. Novos Cadernos NAEA, 2:95-112.
HOMMA AKO (2001) O desenvolvimento da agroindústria no Estado do Pará. Ciências Exatas e Tecnologia,
3:47-76.
HOMMA AKO & SANTANA AC DE (2009) A agroindústria na Região Norte, p. 19-43. In: Zibetti DW &
Barroso LA (Eds.) Agroindústria: uma análise no contexto socioeconômico e jurídico brasileiro. v.1. São
Paulo, LEUD. p.19-43.
HOMMA, A. K. O. Comercialização da castanha-do-pará (Bertholettia excelsa) nas feiras livres e nas ruas
de Belém-PA. SOBER - Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural, 2014.
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE. Produção da extração vegetal e da silvicultura. Rio de
Janeiro; 2015. v. 30, p. 8.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (2013). Produção da Extração Vegetal e Silvicultura.
Disponível em:
<ftp://ftp.ibge.gov.br/Producao_Agricola/Producao_da_Extracao_Vegetal_e_da_Silvicultura_[anual]/2013/pevs
2013.pdf>. Acesso em: 12 abril de 2017.
LOPES MLB & SANTANA AC DE (2005) O mercado do fruto do Açaizeiro (Euterpe oleracea Mart.) no
estado do Pará. In: Carvalho DF (Org.). Economia da Amazônia nos anos 90. v. 2., Universidade da Amazônia
(UNAMA). p.65-84.
NOGUEIRA, Ana Karlla Magalhães; SANTANA, AC de; GARCIA, Wilnália Souza. A dinâmica do mercado de
açaí fruto no Estado do Pará: de 1994 a 2009. Revista Ceres, v. 60, n. 3, p. 324-331, 2013.
PARÁ, Decreto nº 1.522, de 1º de abril de 2016. Dispõe sobre a concessão de incentivos para a indústria do Açaí
e dá outras providências. Lex: Diário Oficial do Estado, Be1ém - Pará. 1 trim. 2016.
SANTANA, A.C.; COSTA, F.A. Mudanças recentes na oferta e demanda do açaí no Estado do Pará. In: (Eds.)
Análise sistêmica da fruticultura paraense: organização, mercado e competitividade empresarial. Belém, Banco
da Amazônia. p.205-226. 2008.
SCHMITT, A. A atualização do conceito de Quilombo: Identidade e Território das Definições Teóricas. Ambiente
& Sociedade, ano V, n. 10, 2002.
SOUZA MP, SILVA TN DA, PEDROZO EÁ & SOUZA FILHO TA DE (2011) O Produto Florestal Não
Madeirável (PFNM) Amazônico açaí nativo: proposição de uma organização social baseada na lógica de
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
cadeia e rede para potencializar a exploração local. Revista de Administração e Negócios da Amazônia, 3:44-
57.
TONINI, H. Castanheira-do-brasil: uma espécie chave na promoção do desenvolvimento com conservação. Boa
Vista: EMBRAPA Roraima, 2007. 3 p.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
(1) Acadêmicos: Universidade Federal Rural da Amazônia/UFRA; Belém,PA; (2) Docente: Universidade Federal
Rural da Amazônia/UFRA; Belém,PA;
RESUMO
A Floresta Nacional do Jamanxim é uma unidade de conservação no âmbito federal, localizada em Novo
Progresso, no Estado do Pará. A Medida Provisória nº 756 /2016 tinha como proposito a redução drástica da área
pela metade, sendo esta vetada pelo Presidente da República em 19 de junho de 2017. Esta FLONA, é um
importante meio para o sustento de muitas comunidades tradicionais e para manter a biodiversidade local
conservada. O trabalho objetivou analisar o uso e a ocupação do solo na Floresta Nacional do Jamanxim em dois
períodos: ano de 2006, quando foi criada; e o ano de 2016, em que foi editada a medida provisória que a reduziria.
A metodologia foi aplicada por meio do Sensoriamento Remoto ao analisar a cobertura da área através de imagens
de satélites. Ferramentas de geoprocessamento foram utilizadas para a criação de layers, recorte, mosaico e a
classificação das mesmas, gerando resultados que foram avaliados de acordo com as classes adotadas de água,
solo exposto, regeneração e floresta. Os resultados obtidos foram mudanças significativas destas classes.
Considerando as perdas de áreas por hectares, a classe que se manteve predominante nos dois anos foi a de
floresta, com mais de 90% em ambos os períodos, confirmando que as áreas protegidas são eficazes no combate
ao desmatamento na Amazônia. Concluiu-se que a aprovação da medida provisória acarretaria não só em
mudanças no tamanho da área mais também nas perdas gradativas das classes de uso e ocupação do solo,
ressaltando a classe solo exposto que teve aumento considerável, o que evidencia precursores de possíveis
grilagens de terras e desmatamentos ilegais. A gestão ambiental e as políticas públicas adequadas, associadas aos
objetivos do Sistema Nacional de Unidades de Conservação, são medidas consideradas plausíveis para que nesta
área, haja a preservação e conservação da biodiversidade associando ao desenvolvimento social e econômico da
região em longo prazo.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
1. INTRODUÇÃO
Atualmente os impactos ambientais têm sido uma preocupação mundial, dessa forma, a diversidade da
Amazônia está relacionada às suas várias formas de ambientes e solos. A forma de uso e ocupação por seus
habitantes tem sido objeto de vários estudos, onde pauta-se a sustentabilidade como parte principal deste processo.
Diante disso, os inúmeros impactos ambientais causados pelo homem contraem a importância do
desenvolvimento de estudos tecnológicos que têm sido fundamentais para o monitoramento e análise ambiental.
Para a proposição de medidas que garantam a preservação e manutenção do meio ambiente, é necessário o
conhecimento do uso e cobertura do solo a fim de que as medidas e a gestão do espaço sejam adequadas a
realidade. (SCHLINDWEIN et al., 2007, p.1103).
O geoprocessamento tem como uma das principais bases de estudo os Sistema de Informações Geográficas
(SIG), estes facilitam a administração, o prognóstico e a análise de dados espaciais do meio ambiente, assim como
a identificação dos problemas ambientais.
Sader et al. (1990), analisam neste caso uma melhora no que envolve os estudos ambientais combinado com
os sistemas de sensoriamento remoto e de informação geográfica. De acordo com Batistella (2005) o papel
fundamental destas técnicas é para que haja um melhor entendimento das modificações vigentes e futuras no
cenário amazônico.
Nesse contexto, as Florestas Nacionais (FLONA) integram as unidades de uso sustentável tendo como
objetivo básico “o uso múltiplo sustentável dos recursos florestais e a pesquisa cientifica, com ênfase em métodos
para exploração sustentável de florestas nativas”. O Sistema Nacional de Unidades de Conservação, define ainda
que a FLONA seja de posse e domínio público, sendo que as áreas particulares incluídas em seus limites devem
ser desapropriadas de acordo com o que dispõe a lei. Prevê ainda que a FLONA deva dispor de um Conselho
Consultivo, presidido pelo órgão responsável por sua administração e constituído por representantes dos órgãos
públicos, de organizações da sociedade civil e, quando for o caso, das populações tradicionais residentes no local
(ICMBIO, 2010).
Localizada no município de Novo Progresso, Estado do Pará, a Floresta Nacional do Jamanxim (FNJ) objeto
de estudo deste trabalho, foi criada pelo Decreto S/N em 13 de fevereiro de 2006, possuía uma área de 1,3 milhão
de hectares. Os seus objetivos básicos foram associados à acessão do manejo de uso múltiplo dos recursos da
floresta, a conservação e proteção dos recursos hídricos e da biodiversidade. Da mesma maneira para contribuir
com o desenvolvimento das técnicas de exploração sustentáveis dos recursos naturais.
Segundo Pinheiro (2010), no ano de 2010 a configuração territorial da FLONA foi alvo de discussões entre
o Instituto Chico Mendes para Conservação da Biodiversidade (ICMBIO), e os atores sociais do município de
Novo Progresso. Essas discussões pautavam-se na possível redefinição dos limites definidos no decreto de criação
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
da unidade, apresentando-se propostas que foram avaliadas e discutidas para que houvesse a otimização de uma
ocupação sustentável desse espaço territorial, no entanto ambos os atores concordavam que tais limites
precisavam ser revistos.
Em 2016 o governo federal editou a Medida Provisória (MP) de número 756, assinada pelo Presidente da
República, a qual alterou o limite da FNJ. Conforme o artigo 62 da constituição (BRASIL, 2001), a MP é um ato
do governo federal que deve ser usado em casos de relevância e urgência.
Após tramitação no Congresso Federal a MP foi vetada em sua íntegra. Caso tivesse sido aprovada a FNJ
seria reduzida de 1,3 milhão de hectares para aproximadamente 557 mil hectares.
O Instituto Sócio Ambiental-ISA (2016) cientifica que a MP criaria uma Área de Preservação Ambiental
(APA) e o Parque Nacional do Rio Novo (PARNA), em uma área que pertencia à FNJ. Sendo assim, este
estudo buscou analisar o processo de uso e a ocupação do solo na Floresta Nacional do Jamanxim – Estado do
Pará, e suas implicações caso a Medida Provisória nº 756/2016 fosse aprovada.
2. METODOLOGIA
a) Área de Estudo
A Floresta Nacional do Jamanxim está localizada (figura 1) no município de Novo Progresso, no Estado
do Pará, região Norte. Foi criada pelo Decreto S/N, de 13 de fevereiro de 2006, com área da unidade territorial
1.301.120 ha e perímetro da unidade de conservação de 855,25 km. (ICMBIO, 2010).
Figura 1 - Localização da FLONA do Jamanxim – Estado do Pará.
A vegetação da FLONA caracteriza-se por apresentar diversos tipos que vão desde floresta aberta, esparsa,
com árvores raquíticas à vegetação graminóide e espécies típicas deste ambiente, onde há uma predominância da
Floresta Ombrófila Aberta, com a presença de relevo ondulado; e o menos representativo é a presença de Refúgios
Vegetacionais.
b) Processamento de Dados
Os recursos utilizados neste estudo foram: a) Imagens do satélite Landsat 5, sensor TM para o ano de
2006; b) Imagens de satélite Landsat 8, sensor OLI/TIRS, para o ano de 2016; c) Mosaico de Imagens e 4) Bases
Temáticas e Cartográficas (escala 1:250.000), englobando os layers de vegetação, unidades de conservação,
hidrografia, localidades, limites municipais, rodovias, entre outras.
Foram adquiridas imagens dos satélites Landsat 5, sensor Thematic Mapper (TM) e Landsat 8, sensor
Operacional Terra Imager (OLI). Para a composição de bandas, optou-se pela seguinte ordem: Landsat 5 -
R5G4B3 e Landsat 8 - R6G5B4. As datas utilizadas para aquisição das imagens foram dos períodos de 01 de
julho de 2006 e 2016, até 31 de novembro de 2006 e 2016 respectivamente.
Para o pré-processamento e processamento das imagens, bem como suas classificações e processos de
interpretação e geração de mapas temáticos, utilizou-se o software ArcGis 10.2. A realização deste trabalho adotou
uma ordem metodológica que envolveu as etapas primordiais, exposta a seguir:
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
A obtenção dos dados foi baseada em análises de mapas, gráficos e tabelas. As classes adotadas para a
cobertura vegetal e uso da terra na Floresta Nacional do Jamanxim, foram mapeadas e analisadas para os anos de
2006 e 2016, um ciclo de 10 anos. Os resultados para os anos avaliados levaram em consideração a área de
1.301.120 hectares que consta no decreto de criação da FNJ.
Em 2006, ano de criação da FLONA do Jamanxim, no mapa de classificação gerado e posteriormente
editado (figura 3), foi constatada a presença de 5088,428 ha de água, 58136,867 ha de solo exposto, 36132,665
de regeneração e para a área de floresta 1.201.712 ha.
Figura 3 - Mapa de uso da terra e cobertura vegetal da FLONA do Jamanxim, ano 2006.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
Para o ano de 2016 foi utilizado a proposta da medida provisória (figura 4) que resultaria em uma redução
drástica, a área total da FNJ passaria a ser de 556.803.220 ha. Os resultados obtidos para a classe de água foi
689,909 ha, 27101,053 ha de solo exposto, 7197,167 ha de classe de regeneração e 521.815,091 ha de floresta.
Figura 4 – Mapa de uso da terra e cobertura vegetal da FLONA do Jamanxim- Proposta MP 756/ 2016.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
como pode ser observar na tabela 1 acima, que explicita uma comparação entre os referidos anos estudados, as
perdas e as porcentagens de cada classe.
Os resultados indicaram que, se aprovada a MP, a área atual da FNJ seria reduzida em 43% do total, mas
ainda seria preservada muita área com vegetação densa o que facilitaria a manutenção da biodiversidade local.
As classes de água e regeneração no contexto do uso e ocupação do solo teriam perdas significativas modificando
o contexto do ano de 2006.
Na classificação de solo exposto nota-se um aumento gradativo (4,9%) em relação ao ano de criação da UC,
fato que implica no processo de ocupação desordenada e irregular que vem ocorrendo ao longo dos anos bem
como a exploração dos recursos naturais de forma descontrolada, apesar desta Unidade de Conservação ser de
Uso Sustentável, a exploração de seus recursos naturais deve ser autorizada pelo órgão gestor da mesma e devem
estar contidas no seu Plano de manejo.
A classe de floresta permaneceu com alta porcentagem (93,7%), afirmando o seu propósito de conservação
em forma de FLONA.
Desta forma, avalia-se que ocorreria a redução de uma área de proteção legal abrindo precedentes para a
permanência de posseiros, o que passaria uma mensagem de que é possível ocupar terras públicas dentro de UC’s.
A conservação da biodiversidade é um dos fatores de maior relevância, pois está integralmente ligada ao
objetivo das Florestas Nacionais. Com isso, expõe-se a necessidade de adequar o desenvolvimento
socioeconômico com a preservação da qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico, para que se possa
obter a sustentabilidade dos recursos naturais.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
Como observado, a medida provisória reduziria a FNJ e criaria a APA do Jamanxim, impulsionando
precursores de que estas áreas possam ser utilizadas de modo irresponsável, possibilitando mais ocupações
irregulares, focos de queimadas, exploração ilegal de madeira e consequentemente mais desmatamentos.
O veto presidencial de 19 de junho de 2017 acarretou descontentamento de fazendeiros, posseiros e atores
locais diretamente interessados na redução e mudança para categoria mais permissíveis, mas também foi
comemorando por ONG’s e ambientalistas como uma forma de preservação da floresta Amazônica.
5. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
OLIVEIRA, G. de C. et al. Classificação supervisionada como ferramenta para avaliação da dinâmica do uso e
cobertura do solo. Enciclopédia Biosfera, Centro Científico Conhecer. Goiânia, v. 10, n.18, p.928. 2014.
PINHEIRO, P. F. V. A cartografia e o geoprocessamento como instrumentos de análise das propostas de
redefinição dos limites territoriais da floresta nacional do jamanxim – Estado do Pará. Dissertação
(Mestrado). UFPA, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Programa de Pós-graduação em Geografia,
Belém, 2010.
SADER, S. A.; Stone, T. A.; Joyce, A .T. Remote Sensing of Tropical Forests : An Overwiew of Research and
Applications Using Non-Photographic Sensors. Photogrammmetric Engineering and Remote Sensing. Oct.
1990. p. 1343-1351.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
SCHLINDWEIN, J. R. et al. Mapeamento do uso e cobertura do solo do município de Caxias do Sul (RS)
através de imagens do satélite CBERS. In:Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto. Florianópolis. Anais
do XIII Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto. 2007. p. 1103-1107.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
Raynon Joel Monteiro Alves¹; Diego da Silva Pinheiro²; Janaina Pinheiro Gonçalves³; Carmem Helena Ferreira
Alves4; Altem Nascimento Pontes5.
E-mail: [email protected]
5Doutor em Ciências Físicas. Universidade do Estado do Pará.
E-mail: [email protected]
RESUMO
A pesca artesanal é de suma importância Socioeconômica para muitas comunidades, todavia dela decorrem
problemas que afetam o modo de vida humano e a natureza. Para tanto, as Reservas Extrativistas Marinhas
(Resex-Mar) foram criadas para proteger os ecossistemas marinhos e garantir a sobrevivência dos povos
pesqueiros. Este estudo objetivou caracterizar e analisar a pesca artesanal e os problemas socioambientais
relacionados à atividade na Comunidade de Mutucal, na Resex-Mar Mãe Grande, município de Curuçá-PA. Para
tanto, entrevistaram-se 20 pescadores deste povoado por meio de questionários estruturados, cuja análise de dados
foi por meio da estatística descritiva. Os resultados indicaram que o curral e a malhadeira foram os principais
instrumentos pesqueiros e as embarcações motorizadas, as mais usadas pelos pescadores. Em geral, a pesca
artesanal é a atividade geradora de alimentos e de renda, em virtude da biodiversidade local. A pesca de curral foi
a mais frequente e os principais conflitos para tal foram: a falta de recursos vegetais para a confecção desse
aparato e de apoio governamental para o bom desenvolvimento da atividade. Para reverter esse quadro, sugerem-
se a promoção de atividades de Educação Ambiental, um plano de manejo adequado ao conhecimento e à cultura
locais, e o imprescindível apoio do Governo, visando a sustentabilidade socioambiental da relação homem-
natureza, na comunidade de Mutucal.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
1. INTRODUÇÃO
A miscigenação referente à origem da população do Brasil entre europeus, negros e índios, apesar das
diferenças étnicas, estabeleceu significativos vínculos que geraram práticas que hodiernamente fazem parte do
variado processo cultural e construtivo do país (BEZERRA, 2014), tais como danças folclóricas regionais, pratos
típicos da culinária, vestimentas, vocabulários, além de costumes considerados fonte de subsistência, como a
agricultura e, uma das práticas mais antigas da humanidade, a pesca.
Conforme Pinheiro e Frédou (2014), esta atividade é distinguida de duas maneiras: pesca industrial e a
artesanal, sendo que a primeira é discernida pelo uso de grandes embarcações, algumas com certos aparatos
tecnológicos e sofisticados que auxiliam no processo de estocagem, conservação e exportação da grande
quantidade do pescado de cunho industrial e na maior permanência de ação navegante.
Em relação à pesca artesanal, a qual é a temática central desta pesquisa, essa é efetivada trivialmente por
pescadores em propriedades públicas com o auxílio de barcos com pequenos portes ou até mesmo sem esse
aparato (PINHEIRO, 2014). Esses trabalhadores utilizam comumente materiais confeccionados por eles próprios
e fazem da prática uma obtenção à produção alimentícia de sobrevivência de mão de obra familiar, comercial
voltada ao mercado interno ou até mesmo autonomamente (Ibidem). Apesar de apresentarem a majoritária
situação precária socioeconômica e referente à escolaridade, esses trabalhadores possuem vastos conhecimentos
empíricos proporcionados pela hereditariedade (ALMEIDA; THÉ, 2010).
No sentido de garantir a sustentabilidade ambiental das comunidades pesqueiras e de seus respectivos
saberes e culturas, foram criadas as reservas extrativistas da categoria de uso sustentável pelo Sistema Nacional
de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC). Por sua vez, em 2002, surgiram oficialmente as Reservas
Extrativistas Marinhas, mais especificamente no Estado do Pará, delimitando territórios de uso exclusivo dos
grupos de pescadores artesanais locais (SOUZA, 2010).
Um dos substanciais exemplos no que se diz respeito às Unidades de Conservação é a conhecida Reserva
Extrativista Marinha (Resex-Mar) Mãe Grande, a qual acomoda diversas espécies da fauna e da flora amazônica
empregadas para diversos fins pelas populações humanas que ali habitam, com evidência ao uso alimentício
(SOUSA, 2008). Nesta reserva extrativista encontram-se várias ilhas margeadas por manguezais, sendo a maior
delas a denominada ilha de Mutucal.
A ilha de Mutucal é uma extensa comunidade pesqueira, e, diante disso, ações rotineiras e predatórias,
como a de pesca de curral, – consiste basicamente na construção de um cercado de madeira, servindo de armadilha
para confinar espécies aquáticas – produzem problemas ambientais que afetam também o modo vida das
populações que dependem da atividade, uma vez que a exploração da biodiversidade compromete a produtividade
natural dos ecossistemas. De acordo com Rodrigues et al. (2016), a pesca predatória é uma das principais causas
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
do desequilíbrio ecológico, além de outros fatores que afetam o meio ambiente, e, por conseguinte, as condições
de trabalho por conta da baixa produção. Sendo assim, as ações antrópicas são as maiores responsáveis,
conscientemente ou não, pelas mudanças na paisagem e nos serviços ecossistêmicos.
Diante deste cenário, a presente pesquisa tornou-se importante para demonstrar a importância
socioeconômica da pesca artesanal, em particular, de curral, para muitas famílias pesqueiras da comunidade de
Mutucal e as principais dificuldades inerentes à atividade in loco, fornecendo assim informações que contribuirão
para o desenvolvimento pesqueiro sustentável e para a perspectiva da minimização de conflitos em torno da
prática, além da busca cultural e tradicional que a ilha representa no cenário amazônico. Para tanto, este estudo
objetivou caracterizar e analisar a pesca artesanal e os problemas socioambientais relacionados à atividade na
Comunidade de Mutucal, município de Curuçá-PA.
2. MATERIAL E MÉTODOS
O município de Curuçá pertence à Mesorregião do Nordeste Paraense, na Microrregião do Salgado, com
limites ao norte com o Oceano Atlântico, ao sul com Castanhal, a leste com Marapanim e a oeste com São Caetano
de Odivelas (IBGE, 2017). O local se destaca por seu tradicional e importante centro comercial de peixes e
mariscos do Nordeste paraense, cujo núcleo urbano tem sua orla voltada para o rio homônimo, criando um espaço
geográfico típico das localidades ribeirinhas da Amazônia, enriquecido por porções litorâneas ocupadas por
manguezais (SOUZA, 2010).
Neste município está situada, desde 2002, a Resex Marinha Mãe Grande, localizada no Nordeste
Paraense, com uma área de aproximadamente 37.064,23 ha, tendo por volta de 52 comunidades de pescadores e
agricultores (SOUSA, 2008). A Resex foi criada com o objetivo de garantir a sustentabilidade do uso de recursos
naturais e a manutenção dos povos extrativistas locais (BRASIL, 2002). As comunidades pesqueiras contribuem
com o fluxo econômico, abastecimento de alimentos e com a caracterização cultural do município, como as de
Ipomonga, Pacamurema e Mutucal, sendo esta última caracterizada pela predominância da já mencionada pesca
artesanal de curral (PINHEIRO, 2014).
A comunidade de Mutucal, alvo deste estudo, é uma ilha originada a partir da migração populacional
dos municípios de Vigia e Curuçá, os quais se fixaram no local por causa da tranquilidade e condições para a
pesca, uma vez que essa atividade consiste num dos principais fatores econômicos, principalmente, em razão da
proximidade com a Vila do Abade e a famosa Praia da Romana, que atrai muitos turistas (SANTOS, 2006). O
acesso à comunidade ocorre por meio de embarcações; a vegetação é secundária em terra firme e no litoral é
formada por espécies de mangue; a pesca de curral é bastante expressiva em toda porção litorânea da ilha
contabiliza-se cerca de 100 currais, durante o ano todo (Ibidem).
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
Para este estudo, optou-se por critério de seleção para coletas de dados amostrais os pescadores
curralistas sócios da Colônia dos Pescadores de Curuçá, que se tinha acesso facilitado em campo. A amostra foi
composta por 20 pescadores, sendo que no período da coleta de dados, em fevereiro de 2015, o total de associados
na instituição era de 22 trabalhadores. Foram aplicados questionários estruturados sobre as características da pesca
praticada pelos pescadores artesanais (as metodologias de pesca e suas respectivas intensidades de uso; tipos de
embarcações; atividades extrapescas; destino da produção) e os problemas socioambientais que influenciam
negativamente a atividade pesqueira na comunidade.
Para a análise dos dados obtidos, utilizou-se a estatística descritiva para a determinação de frequências
relativas, e a composição de tabelas por meio do Software Excel 2010, enquanto as informações qualitativas foram
utilizadas como complemento das quantitativas, sendo discutidos no corpo do manuscrito.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Entre os pescadores entrevistados, os diferentes procedimentos de pesca consistiram, principalmente, em
curral (90,0%) e rede malhadeira (85,0%), destacando-se em seguida o anzol (55,0%), a linha (45,0%) e o espinhel
(35,0%), os quais podem ser utilizados por um mesmo pescador em distintas pescarias, dependendo de sua
necessidade de captura, escolha e sazonalidade de espécies-alvo. Neste contexto, verificou-se que o curral foi o
único instrumento altamente utilizado por 95,0% da amostra; o anzol, o espinhel e a linha não são utilizados pela
maioria dos pescadores, todavia apresentaram baixa intensidade de uso de acordo com uma parcela significativa
de entrevistados, assim como a rede malhadeira – segundo aparato mais usado, conforme a Tabela 1.
Tabela 1. Intensidade de uso de aparatos pesqueiros utilizados pelos pescadores entrevistados em Mutucal.
Aparato pesqueiro
Intensidade de Uso (%) Anzol Espinhel Curral Rede Linha
Nula 60,0 55,0 0 40,0 80,0
Baixa 35,0 45,0 5,0 45,0 15,0
Alta 5,0 0 95,0 15,0 5,0
Total 100 100 100 100 100
Fonte: Dados da pesquisa.
Esses apetrechos de pesca utilizados por pescadores artesanais podem ser adquiridos em lojas
especializadas ou confeccionados por eles próprios, e, embora aparentemente simples, possuem características
bem específicas de acordo com suas finalidades e com as espécies de interesse (SANTOS et al., 2014). Além
disso, infere-se que a metodologia pesqueira desses trabalhadores é mesclada por aparatos clássicos, como os
currais, e por tecnologias mais atuais, como as malhadeiras, que são as redes extensas que permitem maior captura
de pescado (ALVES et al., 2015).
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
Em relação aos meios de transporte, os pescadores utilizam diferentes embarcações, como: o barco a
motor (60,0%), a rabeta (35,0%), a montaria (20,0%) e a canoa a remo (10,0%), em diferentes pescarias. Com
base nisso, entende-se que ocorrem as parcerias de pesca, isto é, por meio do trabalho conjunto entre os pescadores
e compartilhamento de bens pesqueiros, além de que as embarcações mais usadas são as motorizadas, pois
permitem deslocamentos mais rápidos de um ponto a outro da maré, poupando energia humana e tempo.
A pesca pode ser classificada de duas formas: a marítima e a fluvial (FURTADO, 2002), como é o caso
da Comunidade de Mutucal, que está localizada em áreas estuarinas e no entorno de manguezais. Estas
particularidades permitem ambos os tipos de pesca: a marítima (em alto-mar) com uso de embarcações
motorizadas e redes malhadeiras, e a fluvial (nas margens da porção litorânea) utilizando técnicas rudimentares,
em casco ou montaria – canoa (SANTOS, 2006).
Para os pescadores entrevistados, a pesca artesanal é a única atividade econômica (60,0%) e para os
demais (40,0%) existem também outras formas de obtenção de renda, como o trabalho de comerciante de gêneros
domésticos e de madeira, agricultor, padeiro, encanador, pedreiro, barqueiro, que é aquele que transporta as
pessoas da ilha de Mutucal ao Abade e vice-versa. Entende-se que muitos pescadores precisam desenvolver
atividades “extrapesca” para complementar o rendimento familiar, visto que a pesca não está mais oferecendo
retorno econômico, devido principalmente à diminuição da quantidade de pescado, a fim de garantir a reprodução
social da família (CAPELLESSO; CAZELLA, 2011).
Tratando-se da pesca de curral, o período de janeiro a junho é o mais produtivo, o que corresponde à
estação mais chuvosa, enquanto que no segundo semestre do ano ocorre menor produção da ictiofauna (período
menos chuvoso). Esse aparato dura aproximadamente seis meses, depois as estruturas são danificadas pelas
maresias, e somente serão (re)construídos nos últimos meses, em pontos estratégicos da maré, a fim de otimizar
a captura de pescado. Os currais podem ser de três tipos: coração, enfia e cachimbo, construídos em diferentes
tamanhos e na entressafra dos peixes, preparando-os para o período de safra da ictiofauna.
Sobre a produção das pescarias que procede dos currais, o principal destino do pescado pode ser o
atravessador para revenda em outros pontos comerciais (70,0%), o comércio direto ao consumidor que pode
ocorrer no mercado na Vila do Abade, em Curuçá, ou diretamente aos comunitários (15,0%), enquanto que para
os demais (15,0%) é para o consumo familiar. Tratando-se dos atravessadores, em particular, estes são
considerados pelos pescadores os chamados agentes exploradores, impondo-os um preço baixo para a compra da
produção (ALVES et al., 2015). Trata-se de um mal necessário, pois os pescadores, diante do cansaço físico
decorrente da atividade e da venda imediata da produção, cedem aos argumentos dos intermediários (Ibidem).
Excedendo a pesca propriamente dita, que é a de peixes, 65,0% dos pescadores também desenvolvem o
extrativismo de crustáceos e moluscos, enquanto a minoria (35,0%) apenas direciona o seu trabalho à captura da
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
ictiofauna local. Dentre os organismos extraídos dos manguezais, destacaram-se: o camarão (76,9%), o
caranguejo-uçá (61,5%) e o turu (38,4%). Este fato evidencia a importância da biodiversidade de ambientes
costeiros para as famílias extrativistas como fonte de recursos alimentares e econômicos. Conforme Borcem et
al. (2011), cada produto explorado pelas comunidades humanas assume papel muito importante para a
subsistência da população local e geração de renda para os trabalhadores do mar.
Dentre os principais problemas ambientais e/ou sociais que podem afetar o desenvolvimento da
atividade, os que mais se destacaram, de acordo com os entrevistados, foram a falta de recursos vegetais (42,9%)
e a ausência de apoio do Governo (31,0%), conforme a Tabela 2. As demais dificuldades foram menos
representativas, embora também sejam importantes, como: a baixa produção dos peixes, que são os principais
produtos extraídos do mar, mas atualmente esta quantidade destes está reduzida, inclusive em períodos de safra;
e a ausência de aparatos pesqueiros, afinal, geralmente o dinheiro obtido com a comercialização do pescado não
é suficiente para a aquisição dos instrumentos de trabalho.
Tabela 2. Problemas que afetam o desenvolvimento da pesca, de acordo com os pescadores entrevistados.
Problemas no âmbito da % de
Descrição
pesca entrevistados
Falta de recursos Ausência de espécies vegetais utilizadas para a confecção de
42,9
vegetais currais.
Falta de apoio do Ausência de ajuda financeira do Governo municipal para a
31,0
governo manutenção da atividade.
Baixa produção de Ocorre no período de entressafra, de julho a dezembro, mas
9,5
peixes atualmente esta quantidade de peixes está reduzida.
Falta de instrumentos Ausência de linhas de crédito e de financiamento para a compra
7,1
pesqueiros de aparatos pesqueiros.
Conflito por ponto de
Disputa pelos melhores locais para se instalar os currais. 4,8
curral
Piratas Criminosos que saqueiam as embarcações. 2,4
Fonte: Dados da pesquisa.
Plantas, como: inajá (Attalea maripa (Aubl.) Mart.), bambu (Bambusa vulgaris Schrad. Ex J.C. Wendl),
caripé (Hirtella racemosa Lam.), goiabinha (Calyptranthes Sw.) e farinha seca (Lindackeria paraensis Kuhlm.),
dentre outras, são utilizadas na manufatura de currais. No entanto, conforme os entrevistados, o acesso a estes
vegetais está gradativamente mais difícil, sendo necessário buscá-los em áreas externas à comunidade ou comprá-
los em outros povoados. Lucena et al. (2013) ressaltaram que a maior dificuldade nessa modalidade tradicional
de pesca ocorre no âmbito ambiental, pois esta atividade exige um grande aporte de madeira, que é retirada da
natureza, na maioria das vezes, de manguezais circunvizinhos à essas comunidades.
Em relação à ausência de apoio governamental, estes pescadores não recebem o Pagamento do Seguro
Defeso, caracterizado por Anjos et al. (2004), como uma importante contribuição na renda familiar dos pescadores
artesanais, pois se trata de uma receita decorrente do período do defeso de espécies pesqueiras paga aos pescadores
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
durante quatro meses, sendo equivalente a um salário mínimo mensal. Tampouco não se tem linhas de crédito e
financiamento para a compra de materiais para a atividade. Caldas et al. (2007) frisaram que o recebimento do
seguro defeso é de grande importância, principalmente em regiões onde a renda é baixa e os benefícios sociais
eventualmente recebidos são um aporte financeiro considerável para as famílias, como a aposentadoria.
Quanto à baixa produção de pescado, assim como ocorre com os pescadores de Pelotas-RS, que por
serem vítimas da ignorância, do isolamento e do baixo nível de escolaridade, a cada ano assistem ao esgotamento
paulatino dos cardumes, favorecido, sobretudo, pela inoperância de organizações que não coíbem a pesca
predatória industrial (ANJOS et al., 2004). O pescador artesanal também é responsável pelos impactos de suas
atividades, além do aumento de consumo a partir do crescimento populacional, a atividade pesqueira constitui-se
na principal fonte de renda da maioria dos moradores locais e sua exploração baseada em técnicas predatórias
pode comprometer os estoques naturais, culminando com a degradação de bancos de reprodução de moluscos e a
destruição de áreas de manguezais (MONTELES et al., 2010).
Muitos problemas que acometem esta Resex se dão pela ausência do instrumento de gestão, o plano de
manejo da Resex-Mar Mãe Grande, que não foi formulado até o momento, visto que o mesmo é assegurado por
Lei para orientar as ações de uso e manejo do território e dos recursos. De acordo com Pinheiro (2014), a limitação
para a elaboração deste documento é ocasionada pela falta de recursos disponíveis para a sua contratação, embora
exista o termo de referência aprovado para tal ação e este plano já está sendo arquitetado juntamente à outras
parcerias.
Nessa perspectiva, para o desenvolvimento local das comunidades pesqueiras, deve-se atribuir ao pescador
artesanal o papel privilegiado na proteção dos ecossistemas e recursos naturais, além dos valores culturais
fundamentais que caracterizam a própria identidade; pode-se também considerar os direitos sociais dos
pescadores, pressupondo o necessário reconhecimento, por parte do Poder Público, não apenas de sua condição
de cidadãos, mas como objeto de políticas governamentais e de fornecimento de bens e serviços públicos
(DELGADO, 2001).
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Desde os primórdios, a pesca artesanal consiste em uma das principais bases produtivas e econômicas do
povoado de Mutucal, devido ao grande número de pescadores e de sua manutenção enquanto comunidade
pesqueira. A pesca in loco é tida como uma atividade que gera emprego, renda e, sobretudo, contribui para o
abastecimento alimentar local e extra local, o que caracteriza a cadeia produtiva pesqueira. Para tanto, as
condições geográficas e ambientais, enquanto ilha banhada por águas estuarinas e de biodiversidade extrativista,
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, M. A. F.; THÉ, A. P. G. A importância da atividade pesqueira artesanal na contribuição para
preservação ambiental e cultural no município de São Francisco-MG. In: XVI Encontro Nacional dos Geógrafos.
Crise, práxis e autonomia: espaços de resistência e de esperanças. Espaços de Diálogos e Práticas. Anais, Porto
Alegre-RS, p. 1-10, 2010.
ANJOS, F. S.; NIEDERLE; P. A.; CALDAS, N. V. Pluriatividade e pesca artesanal: o caso da Colônia Z-3 em
Pelotas, RS. Revista Sociedade em Debate, Pelotas, v. 10, n. 3, p. 9-42, 2004.
BEZERRA, P. R. Formação do povo brasileiro: diversidade cultural e suas implicações pedagógicas. Monografia
(Curso de Especialização em Fundamentos da Educação: Práticas pedagógicas interdisciplinares), Universidade
Federal da Paraíba. Monteiro-PB, 2014. 26f.
BORCEM, E. R.; FURTADO JÚNIOR, I.; ALMEIDA, I. C.; PALHETA, M. K. S.; PINTO, I. A. A atividade
pesqueira no município de Marapanim-Pará, Brasil. Revista de Ciências Agrárias, v. 54, n. 3, p. 189-201, 2011.
BRASIL. Decreto nº 4.340. Cria a Reserva Extrativista Mãe Grande de Curuçá, no Município de Curuçá, no
Estado do Pará, e dá outras providências. Diário Oficial da União., DF, 16 de dez. 2002.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
CAPELLESSO, A. J.; CAZELLA, A. A. Pesca artesanal entre crise econômica e problemas socioambientais:
estudo de caso nos municípios de Garopaba e Imbituba (SC). Ambiente & Sociedade, Campinas, v. 14, n. 2, p.
15 -33, 2011.
LUCENA, F. P.; CABRAL, E.; SANTOS, M. C. F.; OLIVEIRA,V. S.; BEZERRA,T. R. Q. A Pesca de Currais
para Peixes no Litoral de Pernambuco. Boletim Técnico Científico. CEPENE, Tamandaré – PE. v. 19, n. 1, p.
93-102, 2013.
MONTELES, J. S.; FUNO, I. C. A.; CASTRO, A. C. L. Caracterização da pesca artesanal nos municípios de
Humberto de Campos e Primeira Cruz – Maranhão. Boletim do laboratório de hidrobiologia, v. 23, n. 1, p. 65-
74, 2010.
PINHEIRO, L. A.; FRÉDOU, F. L. Caracterização geral da pesca industrial desembarcada no Estado do Pará.
Revista científica da UFPA. Belém, v. 4, 2004.
PINHEIRO, E. S. Sustentabilidade, manguezais e reserva extrativista: instituições e atores sociais nos municípios
de Curuçá e São Caetano de Odivelas. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento Socioambiental),
Universidade Federal do Pará, 2014.
RODRIGUES, E. H. C.; COSTA-NETO, J. P.; BARBIERI, R.; VICENTIN, A. M.; CARLI, B. P. As mudanças
e os impactos na pesca artesanal na visão do pescador do lago São Francisco, Santa Helena, Apa da baixada
maranhense. In: XV Simpósio do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Engenharia Ambiental e X
Simpósio do curso de Especialização em Educação Ambiental e Recursos Hídricos. Anais. São Carlos-SP, 2016.
SANTOS, P. R. C. A pesca artesanal frente à escassez de pescado na comunidade de Mutucal, Curuçá, Pará.
Trabalho de Conclusão de Curso (Curso de Licenciatura em Geografia). Universidade Federal do Pará, Belém,
2006.
SOUSA, M. A. M. Reserva Extrativista Marinha Mãe Grande: permanência e mudança no trabalho do pescador
artesanal, em Curuçá/PA. Dissertação (Mestrado). Pós-graduação em Serviço Social, Universidade Federal do
Pará. Belém, 2008, 99p.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
SOUZA, C. B. G. A gestão dos recursos naturais na Amazônia: a Reserva Extrativista Mãe Grande de Curuçá-
PA. Revista Geografar, Curitiba, v.5, n.1, p.83-104, 2010.
CONTRIBUIÇÃO DE HÍBRIDOS INTERESPECÍFICOS ENTRE Elaeis oleifera e Elaeis guineensis PARA A
SUSTENTABILIDADE DA CULTURA
Raqueline Dias Campelo1; Priscyla Neves Cardoso2; Raíssa Rafaella Silva dos Santos3; Ricardo Lopes4;
Raimundo Nonato Vieira da Cunha4; Rui Alberto Gomes Junior4
1 Discente do curso de agronomia da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), Bolsista Embrapa
Amazônia Oriental, Melhoramento Vegetal. E-mail: [email protected]
2 Discente do curso de agronomia. Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA). E-mail:
[email protected]
3 Discente de Mestrado de Fitotecnia. Universidade Federal de Viçosa. E-mail: [email protected]
4 Pesquisador de Genética e Melhoramento de Plantas. Embrapa Amazônia Ocidental. E-mail:
RESUMO
A palma de óleo (dendê) é uma cultura que possui elevada produção de óleo vegetal, com capacidade de fixação
de carbono e excelente exploração sustentável na Amazônia. O principal problema fitossanitário da cultura no
Brasil é o amarelecimento fatal (AF), cuja única tecnologia de controle, é o plantio de híbridos interespecíficos
entre caiaué e dendê (HIE OxG), que são geneticamente resistentes. Este estudo teve objetivo de avaliar a
produção de cachos de uma população de HIE OxG em área de ocorrência do AF, no nordeste paraense. Os
experimentos foram implantados em fevereiro de 2007, com 42 progênies de HIE OxG, totalizando 2496 plantas,
que ocuparam a área de 17,5 hectares. Foram avaliadas as características produção de cachos, número de cachos
e peso médio dos cachos, do terceiro ao nono ano de cultivo. A análise dos dados foi feita segundo os valores
médios do experimento completo. No quarto ano de cultivo (N4) foram colhidos 22,2 cachos.planta-1.ano-1 com
queda até o N8, onde foram colhidas 12,0 cachos.planta-1.ano-1. No N9 houve um acréscimo de 1,5 resultando em
13,6 cachos.planta-1.ano-1. O peso médio do cacho teve aumento constante, partindo de 4,8 kg.cacho-1 no N3 para
12 kg.cacho-1 no N6, observando-se uma queda sutil no N7 e posterior incremento no N8 e N9, quando atingiu
13 e 13,4 kg respectivamente. A produção de cachos passou de 7.306 kg.ha-1 ano-1 no N3 para 26.041 kg.ha-1 ano-
1 no N9, sendo que o ano mais produtivo foi o N7, com 26.792 kg.ha-1 ano-1. A população de HIE OxG avaliada
em área de ocorrência do AF apresentou elevada produtividade, quando comparada com relatados na literatura
para as cultivares de palma de óleo africana.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
1. INTRODUÇÃO
A palma de óleo africana, ou dendezeiro (Elaeis guineensis Jacq.), espécie de origem africana, é a principal
fonte mundial de óleo vegetal (LOPES et al., 2012). Os principais produtos são os óleos de palma e de palmiste,
extraídos da polpa do fruto e da amêndoa, respectivamente. As características especiais desse produto conferem-
lhe grande versatilidade, o que possibilita sua aceitação por indústrias mundiais diversas (TRINDADE et al.,
2005). Segundo Gomes Junior (2010), a agroindústria da palma de óleo produz outros subprodutos. A torta de
palmiste é um subproduto com pequena comercialização, podendo ser utilizada em rações para grupos restritos
de animais, por possuir teor protéico baixo (cerca de 14%). A fibra e casca (endocarpo) podem ser utilizadas para
produção de energia (vapor ou elétrica) pela queima na caldeira. O engaço ou cacho vazio e o efluente são
utilizados como adubo orgânicos, assim como os excedentes de fibra, casca e torta de palmiste.
De acordo com Machado et al.(2012), os maiores produtores de Elaeis sp. são Indonésia e Malásia, com
mais de 85% da produção mundial, enquanto que o Brasil encontra-se apenas na 15a posição nesse ranking,
embora possua a maior área cultivável global. A área plantada no Brasil é de 194 mil hectares, sendo 170 mil
hectares no Estado do Pará, ou seja, este Estado possui 93% da área nacional (BRANDÃO & SCHONEVELD,
2015). Segundo Muller et.al. (2006), a produção de cachos do dendê inicia-se no terceiro ano após o plantio,
sendo que a sua vida útil de produção estende-se por 25 anos e com grande ocupação de mão de obra e geração
de empregos. A produção do dendezeiro é relacionada com sua idade, aumentando até os 8 primeiros anos, quando
se estabiliza e inicia-se o decrescimento gradual (FEROLDI et al., 2014).
É a cultura mais produtiva entre as oleaginosas, com potencial produtivo de 12 a 14 t ha–1 ano–1 de óleo,
sendo atingida em plantios comerciais em nível internacional com produtividade média de 5 a 6 t ha–1 ano–1 de
óleo (CORLEY & TINKER, 2003). A elevada produtividade da palma de óleo permite uma menor exploração de
área agrícola para a obtenção de um volume de óleo, sendo esta espécie fundamental para o atendimento
sustentável de óleo vegetal demandado no mundo. Além disso, a palma de óleo, assim como o caiaué (Elaeis
oleifera), de origem americana, são espécies que apresentam níveis expressivos de sequestro de carbono
(MACHADO et al., 2012).
A produtividade e sustentabilidade das espécies cultivadas e dos sistemas agrícolas encontram grandes e
crescentes apelos em um mercado de produtos e serviços, competitivo e profissional. A palma de óleo enquadra-
se neste foco (DURÕES et al.,2011). No Brasil, a cultura da palma de óleo foi promovida a política de Estado por
meio de ações governamentais como o Zoneamento Agroecológico da Cultura da Palma de Óleo e o Programa
de Produção Sustentável de Óleo de Palma no Brasil (FERREIRA et al., 2016). Conforme Ferreira et al. (2016),
no estado do Pará, existem parcerias estabelecidas por contratos entre agricultores familiares e empresas
produtoras, que foram estabelecidas com a perspectiva de consolidar nova dinâmica de produção sustentável, com
o apoio de políticas direcionadas à agricultura familiar.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
Segundo Boari et al. (2008), um dos principais entraves para a expansão da dendeicultura no estado do
Pará, é o amarelecimento fatal (AF), doença de ocorrência relativamente recente e que dizimou milhares de
plantas, levando a grandes perdas econômicas. O AF ainda tem sua etiologia desconhecida, o que impossibilita a
elaboração de medidas de controle. No entanto, a implantação de híbrido interespecífico, resultante do cruzamento
entre caiaué e palma de óleo (HIE OxG), está contornando o AF (GOMES JUNIOR, 2010). O replantio com HIE
OxG permitiu a continuidade do cultivo em áreas dizimadas pelo AF, possibilitando o aproveitamento de estrutura
estabelecida em empresas produtoras tradicionais. Dessa forma, o desenvolvimento do HIE OxG permite maior
sustentabilidade para a cadeia produtiva, tanto pela disponibilidade de materiais genéticos resistentes ao principal
problema fitossanitário, quanto pela ampliação da base genética nos cultivos, que faz reduzir a vulnerabilidade
genética a agentes fitossanitários bióticos e abióticos. Contudo, no Brasil, ainda são carentes as informações sobre
o desempenho agronômico do HIE OxG.
Este estudo teve como objetivo de avaliar a produção de cachos de uma população de HIE OxG em área
de ocorrência do AF, do terceiro ao nono ano de cultivo.
O Amarelecimento fatal se caracteriza, inicialmente, pelo ligeiro amarelecimento dos folíolos basais das
folhas intermediárias (3, 4, 5 e 6) e, mais tarde, pelo aparecimento de necroses nas extremidades dos folíolos que
evoluem para a seca total dessas folhas (BOARI et al., 2008). De acordo com Gomes Junior (2010), o AF vai
evoluindo ao longo do tempo apresentando sintomas como o amarelecimento dos folíolos das folhas mais jovens,
amarelecimento das folhas mais jovens, secamento da Flecha, secamento e morte das folhas mais novas,
secamento generalizado das folhas, palmeira aparentemente morta, remissão e evolução, remissão (palmeira
aparentemente normal). Não há apodrecimento do meristema e não há emissão de raízes novas.
O AF passou a constituir um problema de grande importância no Estado do Pará, a partir de 1984,
ocasionando severas perdas em plantações industriais, o que levou a centenas de demissões no Pará (BOARI et
al., 2008). Estratégias de manejo, utilizadas pelas agroindústrias como eliminação de palmas de óleo com
sintomas de AF e de plantas de cobertura, não impediram o avanço do AF (BOARI et al., 2012). Em virtude do
total desconhecimento do agente causal do amarelecimento fatal do dendê e apesar dos estudos realizados nas
últimas décadas, ainda não se encontrou ainda medidas de controle específico para esta doença em cultivares de
palma de óleo africana (BARCELOS et al., 2002).
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
O híbrido interespecífico resultante do cruzamento entre caiaué e palma de óleo, tem algumas
características agronômicas superiores à palma de óleo, que incluem principalmente resistência ao AF (MOURA
et al., 2013).
A primeira cultivar nacional de HIE OxG, denominada BRS Manicoré, foi lançado pela Embrapa em
2010. Este material apresenta um potencial produtivo semelhante ao das atuais cultivares tenera de palma de óleo
africana, 20 a 30 t de cachos de frutos frescos (CFF) ha–1 ano-1 ou 4 a 6 t de óleo ha–1 ano–1. O BRS Manicoré
pode apresentar outras características de interesse, além da resistência ao AF, como lento crescimento vertical do
estipe, resistência ou tolerância a insetos praga e óleo mais insaturado que são transmitidas do caiaué. Existem
também indicações, segundo Barcelos et al. (2001), de que as características apresentadas pelo caiaué, como a
maior tolerância ao déficit hídrico, solos encharcados e manejo deficiente, podem ser transferidas aos HIE OxG.
No entanto, os HIE OxG apresentam problemas de fertilidade e os plantios requerem a polinização assistida,
prática que aumenta o custo de produção (CUNHA & LOPES, 2010). Contudo, ainda são escassas as informações
sobre características produtivas de populações de HIE OxG, principalmente no Brasil (LOPES et al., 2012;
GOMES JUNIOR et al., 2014).
2. MATERIAL E MÉTODOS
de avaliação. Os cachos maduros foram colhidos e pesados utilizando dinamômetro de 50 Kgf e registrados
número de cachos (NC) e produção total de cachos por planta (PTC). O peso médio dos cachos (PMC) foi obtido
pela relação PTC/NC.
Para a análise de dados foi considerada a produção média dos experimentos em cada colheita realizada.
Foi feita análise de correlação de Pearson, utilizando o software Excel, onde como variável independente (causa)
foi considerada a idade do plantio e como variáveis dependentes (efeito) foram consideradas as três variáveis
produtivas: NC, PMC e PTC.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
O NC no N3 foi de 10,1 cachos planta-1ano-1, mas deve se considerar que neste ano foram feitas colheitas
apenas no segundo semestre (Tabela 1). No N4 foram colhidos 22,2 cachos planta1 ano-1 com queda até o N8,
onde foram colhidas 12,0 cachos planta-1 ano-1, no N9 houve um acréscimo de 1,5 resultando em 13,6 cachos
planta-1 ano-1. Pode se perceber que houve redução no número de cachos ao longo do avanço na idade, conforme
observado em outros estudos com palma de óleo africana (CORLEY & TINKER, 2003).
O PMC teve aumento constante, partindo de 4,8 kg cacho-1 no N3 para 12 kg cacho-1 no N6, observando-
se uma queda sutil no N7 e posterior incremento no N8 e N9, quando atingiu 13 e 13,4 kg respectivamente (Tabela
1). Segundo Sterling et al. (1997), palmeiras mais jovens normalmente apresentam valores de PMC mais baixos,
e com o aumento da idade esses valores aumentam e tendem a se estabilizar a partir de nove anos.
A PTC passou de 7.306 Kg CFF ha-1 ano-1 no N3 para 26.041 Kg CFF ha-1 ano-1 no N9, sendo que o ano
mais produtivo foi o N7, com 26.792 Kg CFF ha-1 ano-1 (Tabela 1). Segundo Barcelos et al. (1995), a produção
de cachos com cultivares de palma de óleo africana, corretamente conduzidos, tem produção de 6.000 a 8.000 Kg
CFF ha-1ano-1, no N3, aumentando gradativamente até o N8, quando atinge o pico de produção de 20 a 30 t CFF
ha-1 ano-1 e permanece neste patamar ate o décimo sexto ano. Segundo Viegas & Müller (2000), a PTC do
dendezeiro é de 4.000, 10.000, 15.000 Kg CFF ha-1 ano-1 no N4, N5, N6, respectivamente elevando-se a 20.000
Kg CFF ha-1 ano-1 no N7, N8 e N9. A PTC é produto das variáveis PMC e NC.
Tabela 1 – Características produtivas de HIE OxG, do terceiro ao nono ano de cultivo, em área de AF.
2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016
VARIÁVEIS
(N3) (N4) (N5) (N6) (N7) (N8) (N9)
NC (cachos planta-1 ano-1) 10,1 22,2 18,8 13,2 15,7 12,1 13,6
PMC (Kg cacho-1) 4,8 6,8 9,4 12,0 11,9 13,0 13,4
PTC (t CFF ha-1 ano-1) 7,3 21,1 24,8 22,6 26,7 22,6 26,0
NC: número de cachos por planta; PMC: peso médio do cacho; PTC: produção total de cachos por planta; N3:
terceiro ano de cultivo; N4: quarto ano de cultivo; N5: quinto ano de cultivo; N6: sexto ano de cultivo; N7: sétimo
ano de cultivo; N8: oitavo ano de cultivo; N9: nono ano de cultivo.
Fonte: Autores (2017)
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
A característica PMC teve correlação positiva alta com a idade do plantio (Figura 1; r2 = 0,7455). Por
outro lado, considerando os resultados mensais, foi observada correlação negativa de média magnitude entre NC
e idade do plantio (Figura 2; r² = 0,4061). De maneira comparativa, durante o período produtivo do dendezeiro,
ocorre aumento do PMC e redução do NC à medida que o plantio avança na idade (GOMES JUNIOR, 2010;
CORLEY & TINKER, 2003). Tipicamente, o NC é mais variável do que o PMC (CORLEY & TINKER, 2003).
Figura 1- Associação entre peso médio do cacho e a idade do plantio, de HIE OxG do terceiro ao nono ano de cultivo,
em área de AF.
Figura 2- Associação entre número de cachos produzidos por planta e a idade do plantio, de HIE OxG do terceiro ao nono
ano de cultivo, em área de AF.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
Foi observada correlação fraca (Figura 3; r2 = 0,0321) entre a PTC e a idade do plantio, indicando grande
dispersão nos dados mensais. Na produção de dendê ocorre naturalmente flutuação na produção de cachos ao
longo do ano, sendo afetada por diversos fatores, marcadamente o déficit hídrico (CORLEY & TINKER, 2003).
Figura 3- Associação entre produção mensal de cachos e a idade do plantio, de HIE OxG do terceiro ao nono ano
de cultivo, em área de AF.
4. CONCLUSÃO
A população de HIE OxG avaliada em área de ocorrência do AF apresenta elevada produção de cachos,
quando comparados a dados de literatura da palma de óleo. A disponibilidade e desenvolvimento de novos
materiais genéticos de HIE OxG contribuem para a sustentabilidade da cadeia produtiva, pela ampliação da base
genética, e possibilidade de cultivo em condições inóspitas para a palma de óleo africana.
A análise de correlação indica tendência de elevação do peso médio do cacho e redução do número de
cachos, com o aumento da idade dos plantios.
REFERÊNCIAS
BARCELOS, E.; AMBLARD. P.; BERTHAUD, J.; SEGUIN, M.Genetic diversity and relationship in American
and African oil palm as revealed by RFLP and AFLP molecular markers. Pesquisa Agropecuária Brasileira,
v.37, p.1105‑1114, 2002.
BORGES, A. de J.; COLLICCHIO, E.; CAMPOS, G. A. A cultura da palma de óleo (Elaeis guineenses Jacq.) no
Brasil e no mundo: aspectos agronômicos e tecnológicos - uma revisão. Revista Liberato, Novo Hamburgo, v.
17, n. 27, p. 01-118, jan./jun. 2016.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
BOARI, A. J. Estudos realizados sobre o amarelecimento fatal do dendezeiro (Elais guineensis Jack) no
Brasil. Embrapa Amazônia Oriental, Belém. 2008. (Documento, 348).
BOARI, A.J.; TEIXEIRA, W.G.; VENTURIERI, A.; MARTORANO, L.; TREMACOLDI, C.R.; CARVALHO,
K.B. Avanços nos estudos sobre o amarelecimento fatal da palma de óleo (Elaeis guinnensis Jacq). 45º
Congresso Brasileiro de Fitopatologia, Manaus, AM. 2012.
BRANDÃO, F.; SCHONEVELD, G. The state of oil palm development in the Brazilian Amazon: trends,
value chain dynamics, and business models. Bogor: CIFOR, 2015. 54 p. (Working paper, 198).
CORLEY, R.H.V.; TINKER, P.B. The Oil Palm. Editora Blackwell Science: Oxford, 562 p. 2003.
CUNHA, R. N. V. da; LOPES, R. BRS Manicoré: híbrido interespecífico entre o caiaué e o dendezeiro
africano recomendado para áreas de incidência de amarelecimento-fatal. Manaus: Embrapa Amazônia
Ocidental, 2010. 4p. (Embrapa Amazônia Ocidental. Comunicado técnico, 85).
CURVELO F.M; ALMEIDA D.T; NUNES I.L; FEITOSA S. Qualidade do óleo de palma bruto (Elaeis
guineensis): matéria-prima para fritura de acarajés. Rev Inst Adolfo Lutz. São Paulo, 2011; 70(4):641-6.
FEROLDI. M.; CREMONEZ. P. A.; ESTEVAM, A. E. Dendê: do cultivo da palma à produção de biodiesel.
REMOA v.13, n.5, p.3800-3808, dez. 2014
FERREIRA.V. A.; SANTANA, A. C.; RAVENA, N.; OLIVEIRA, C. M. Os fatores de repercussão da cadeia
produtiva do dendê no desenvolvimento local do Baixo Tocantins. Desenvolv. Meio Ambiente, v. 39, p. 173-
188, dezembro 2016.
GOMES JUNIOR, R. A. Bases técnicas para a cultura da palma de óleo integrada na unidade produtiva da
agricultura familiar. Editora Embrapa Amazônia Oriental: Belém, 192p. 2010.
GOMES JUNIOR, R.A.; GURGEL, F.L.; PEIXOTO, L.A.; BHERING, L.P.; CUNHA, R.N.V.; LOPES, R.;
PINA, A.J.A.P.; VEIGA, A.S. Evaluation of interspecific hybrids of palm oil reveals great genetic variability
and potential selection gain. Industrial Crops and Products 52: 512-518. 2014.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
OBIDZINSKI, K. et al. Environmental and social impacts of oil palm plantations and their implications for
biofuel production in Indonesia. Ecology and Society, v. 17, n. 1, p. 1-19, 2012.
PINA, A.J.A. Produção sustentável para a cultura de palma de óleo na Amazônia: experiência da
Marborges Agroindústria S.A. em Moju (Estado do Pará). Zoneamento agroecológico, produção e manejo
para a cultura da dendezeiro na Amazônia. Editora Embrapa Solos: Rio de Janeiro, p.57‑68, 2010.
RAMALHO FILHO A, MOTTA PEF, FREITAS PL AND TEIXEIRA. WGT (2010) Zoneamento
agroecológico, produção e manejo para a cultura do dendezeiro na Amazônia. Editora Embrapa Solos: Rio
de Janeiro, p.57‑68.
STERLING, F.; MONTOYA, C; ALVORADO, A. Efeito del clima y La edad del cultivo sobre La varianzade
algunos componentes de racimo de la palma aceitera, em Coto, Costa Rica. ASD Oil Palm Papers, n. 16, p.
19-30, 1997.
TRINDADE, D. R.; POLTRONIERI, L. S.; FURLAN JÚNIOR, J. Abordagem sobre o estado atual das
pesquisas para a identificação do agente causal do amarelecimento fatal do dendezeiro. Pragas e doenças de
cultivos amazônicos. Belém, PA: Embrapa Amazônia Oriental, 2005. Ed. p. 439-450.
TURNER, E. C. et al. The impact of oil palm expansion on environmental change: putting conservation
researching context. In: BERNARDES, M. A. S. Environmental impact of biofuels tech. Rijeka: InTech, 2011.
Ed. p. 19-40.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
Raqueline Dias Campelo1; Jose Jean Borges Leão2; João da Cruz de Natividade Júnior2; Emilene Balga
Carrilho2; Sayure Mariana Raad 2; Francisco Carlos de Oliveira3
1 Discente do curso de agronomia da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), Bolsista Embrapa
Amazônia Oriental, Melhoramento Vegetal. E-mail: [email protected]
2 Discente do curso de agronomia. Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA). E-mail:
RESUMO
As abóboras pertencem à família das cucurbitáceas, cujo cultivo ocorre normalmente em pequenas
propriedades rurais. O plantio da abóbora é predominantemente de sequeiro e com utilização de sementes
selecionadas pelos próprios agricultores. Um dos problemas encontrados é a ocorrência de agentes etiológicos
causadores de doença, principalmente os fungos, o que pode prejudicar a qualidade das sementes, reduzindo o
poder germinativo e podem ser facilmente disseminados, estabelecendo assim focos primários de infecção em
novas áreas de cultivo. O objetivo do trabalho foi avaliar a eficiência do extrato aquoso de melão-são-caetano,
em diferentes concentrações, no controle de fitopatógenos em sementes de abóbora. O estudo foi realizado no
Laboratório de Fitopatologia Pesquisa da Universidade Federal Rural da Amazônia. Utilizou-se 500 sementes
extraídas das abóboras cultivadas no Núcleo de Capacitação e Pesquisa em Horticultura da UFRA. Foram pesados
100g do material vegetal seco de melão-são-caetano, e triturados em um liquidificador misturados com um litro
de água, obtendo- se o extrato bruto aquoso na concentração de 100%, posteriormente, foram retiradas as
concentrações de 0%, 10%, 20%, 40% e 60%. As sementes foram pré-tratadas com as soluções de extrato de
melão-são-caetano durante um minuto e colocadas em gerbox para o teste de sanidade com papel de filtro. O
delineamento foi inteiramente casualizado em cinco tratamentos e cinco repetições, contendo 100 sementes de
abóboras da variedade Cucurbita moschata em cada tratamento. Conforme a avaliação morfológica, verificou-se
a presença de Aspergillus sp., Colletotrichum sp., Cladosporium sp., Curvularia sp., Lasiodiplodia sp.,
Nigrospora sp. nas sementes. Na avaliação sobre a eficiência do controle alternativo a concentração de 60% do
extrato não diferenciou estatisticamente das concentrações de 10% e 20%. Portanto, a concentração de 40% do
extrato de melão-são-caetano apresentou maior eficiência na inibição de fungos em sementes de abóbora na
variedade Cucurbita moschata.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
1. INTRODUÇÃO
As abóboras são provenientes da América do Sul e pertencem à família das cucurbitáceas, sendo
classificadas em variedades de Cucurbita máxima, Cucurbita pepo, Cucurbita moschata e Cucurbita mixta.
Diferem-se no formato, tamanho, cor da casca e da polpa, firmeza, teor de amido, teor de matéria seca e sabor
(VERONEZI & JORGE., 2012). Essas são espécies de importância econômica. No Brasil, ocorrem cerca de 30
gêneros e 200 espécies. São ricas em carotenoides, responsáveis pela sua coloração, que varia do amarelo ao
vermelho (CAETANO et al., 2015). Constata-se que a abóbora possui pedúnculo duro, pentaquinado, com a
inserção do fruto formando uma base achatada e larga com caule e folhas com ausência de pelos (RAMOS et al.,
2010).
O plantio da abóbora é predominantemente de sequeiro e com utilização de sementes selecionadas pelos
próprios agricultores (RAMOS et al., 2010). Ocorre normalmente em pequenas propriedades rurais devido à
produtividade das plantas e à durabilidade dos frutos (RESENDE et al., 2013). A abóbora é cultivada devido a
sua larga utilização para a nutrição humana, tanto pela sua polpa quanto por suas sementes, através do seu
consumo direto ou para a elaboração de outras preparações, como xaropes, geleias, compotas e purês (PROVESI
et al., 2011). Tais subprodutos contribuem também para o desenvolvimento de novos produtos alimentícios e para
a minimização do desperdício de alimentos (BISSACOTTI & LONDERO, 2016). Além do valor econômico e
alimentar da abóbora, há também uma grande importância social na geração de empregos diretos e indiretos, pois
demanda grande quantidade de mão-de-obra, desde o cultivo até a comercialização (RESENDE et al., 2013). O
cultivo da abóbora e, consequentemente, trás benefícios aos produtores rurais e a indústria de alimentos
(BISSACOTTI & LONDERO, 2016).
Com relação às sementes, um dos problemas encontrados é a ocorrência de agentes etiológicos causadores
de doença, principalmente os fungos, o que pode prejudicar a qualidade das sementes, reduzindo o poder
germinativo e podem ser facilmente disseminados, estabelecendo assim focos primários de infecção em novas
áreas de cultivo, posteriormente as plântulas ou as plantas em desenvolvimento, comprometendo assim a
instalação e o estabelecimento da cultura (SOARES et al., 2016). Os patógenos podem causar vários associados
a sementes, dentre eles a morte em pré-emergência, podridão radicular, tombamento de mudas, manchas
necróticas em folhas e caules, deformações, como hipertrofias e subdesenvolvimento, descoloração de tecidos e
infecções latente (KOBAYASTI & PIRES, 2011). Para que houvesse redução de ocorrência de fungos em
sementes, é realizada a aplicação de fungicidas químicos, porém há também resistência de patógenos a esses
produtos (SILVA et al., 2009).
A utilização do extrato de melão-de-são-caetano ocorre devido a busca por métodos alternativos ao
controle de doenças, onde produtos naturais como extratos vegetais de espécies medicinais com atividade
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
fungicida, biodegradáveis, seletivos e não poluentes, vêm sendo estudados, para substituir o uso de fungicidas
químicos (SILVA et al., 2011). O melão-de-são-caetano (Momordica charantia) pertence a família Cucurbitaceae
é conhecida por melãozinho, erva-de-são-caetano, erva-de-lavadeira, fruto-de-cobra, fruto-de-negro e erva-de-
são-vicente, é uma planta daninha trepadeira, anual, herbácea, muito ramificada, com caules verdes e pubescentes,
medindo 2-3 m de comprimento (LORENZI, 2000). Os extratos desse vegetal apresentaram atividade antifúngica
significativa das inibições do crescimento micelial ocorreram significativamente mais na fase líquida do que na
sólida (VIDAL, 2013).
De acordo com Celoto et al. (2011), os resultados referentes ao efeito dos extratos de M.charantia na
inibição da germinação de conídios e no crescimento micelial de C. musae, proporcionaram 100%, de inibição da
germinação dos conídios. SILVA et al. (2011), menciona que extratos de melão-são-caetano em concentrações
acima de 10% poderão ser usados como alternativa ao controle de fungos como Fusarium, Sclerotium, C.
gloeosporioides e Penicillium. O extrato melão-de-são-caetano tem sido utilizado em trabalhos realizados por
Martins, et al. (2009), onde apresentou efeito positivo ao fungo Chaetomium globosum, embora necessitando
testar outras concentrações
Este trabalho teve por objetivo, avaliar a eficiência do extrato aquoso de Melão-são-caetano, em diferentes
concentrações, no controle de fungos em sementes de abóbora.
2. MATERIAL E MÉTODOS
O estudo foi realizado no Laboratório de Fitopatologia Pesquisa da Universidade Federal Rural da
Amazônia (UFRA), Belém-PA, (1°27’17’’S; 48°26’18’’W) com início em 26 de Março a 05 de Abril de 2017.
Foram utilizadas 500 sementes extraídas das abóboras da variedade Cucurbita moschata cultivadas no Núcleo de
Capacitação e Pesquisa em Horticultura da UFRA e tratadas com extratos de melão-são-caetano com tratamentos
em “blotter test”.
O melão-são-caetano foi lavado em água corrente e seco em temperatura ambiente por quatro horas, sobre
papel absorvente em cima da bancada do laboratório de fitopatologia da UFRA. Em seguida, foi conduzido à
secagem em estufa a 60°C por 48 horas e, posteriormente pesados 100g do material vegetal seco, em um
liquidificador foi triturado com um litro de água, com isso obteve o extrato aquoso na concentração de 100%, o
qual permaneceu em infusão em Erlenmeyer a temperatura ambiente, em local livre de qualquer luminosidade
por 72 horas, conforme Lins et al. (2011). Após este procedimento, alíquotas de cada extrato foram adicionadas
outros frascos de Erlenmeyer complementando com água destilada esterilizada, obtendo-se as concentrações de
0%, 10%, 20%, 40% e 60%, as quais foram denominadas como T1, T2, T3, T4 e T5 respectivamente. O
delineamento foi inteiramente casualizado em cinco tratamentos e cinco repetições, contendo 100 sementes de
abóboras da variedade Cucurbita moschata em cada tratamento.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
Tabela 1 – Avaliação das porcentagens fungos nas diferentes concentrações de extrato aquoso de Melão-são-caetano.
Concentrações de extrato aquoso de Melão-são-caetano
Fungos 0% 10% 20% 40% 60%
Aspergillus sp.(%) 26 32 18 5 12
Cladosporium sp.(%) 4 5 0 0 0
Colletotrichum sp.(%) 16 25 22 14 7
Curvulária sp.(%) 28 8 15 6 8
Lasiodiplodia sp. (%) 5 10 10 4 9
Nigrospora sp. (%) 17 0 0 0 0
Sadia (%) 22 34 56 84 72
Fonte: Autores (2017)
Ao avaliar a qualidade fitossanitária da semente de abóbora, Soares et al. (2016), observou que houve
maior incidência de Nigrosposra sp. Outros fungos que ocorreram em menor porcentagem nas sementes foram
Alternaria sp., Aspergillus sp. e Penicillium sp. Pereira et al. (2010), relata que o fungo Aspergillus sp. pode
reduzir a germinação bem como causar a morte do embrião, ou seja, que estão relacionadas à deterioração das
sementes. Segundo Mufatto el at (2016), o teor de umidade está relacionado com o aumento de população de
fungos. A prevenção da contaminação por fungos durante o armazenamento ocorre quando a umidade relativa do
ar é baixa e, consequentemente, o teor de água das sementes é menor (PEREIRA et al., 2010).
O tratamento que apresentou maior controle de sanidade das sementes, através do teste de Tukey 5% de
Silva & Azevedo.(2016), foi o extrato de Melão-são-caetano na concentração de 40% (Tabela 2). Este tratamento
apresentou menor incidência de fungos. Segundo Silva et al (2011), extratos de folhas ou galhos de melão-são-
caetano em concentrações mais elevadas poderão vir a ser usados como alternativa ao controle de fungos de solo
e no tratamento de doenças de pós-colheita, integrando outras técnicas de controle, com a vantagem de minimizar
o uso os fungicidas convencionais, de preservar o meio ambiente e proteção à saúde do consumidor.
Tabela 2 – Avaliação das porcentagens fungos nas diferentes concentrações de extrato aquoso de Melão-são-caetano.
Tratamento Sanidade das sementes de abóbora
Melão-são-caetano (0%) 8,00 b
Melão-são-caetano (10%) 11,00 ab
Melão-são-caetano (20%) 11,55 ab
Melão-são-caetano (40%) 16,30 a
Melão-são-caetano (60%) 12,55 ab
CV (%) 28,54
Médias seguidas das mesmas letras são iguais entre si pelo teste de Tukey a 5%. (Silva & Azevedo, 2016).
Fonte: Autores (2017).
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
significativamente a taxa de crescimento fúngico. No entanto, a concentração de 60% do extrato não diferenciou
estatisticamente das concentrações de 10% e 20%.
4. CONCLUSÃO
A concentração de 40% do extrato de melão-são-caetano apresentou maior eficiência na inibição de fungos
em sementes de abóbora na variedade Cucurbita moschata.
REFERÊNCIAS
BERNARDO, R.; SCHWAN-ESTRADA, K. R. F.; POVH, F. P.; SALVATORI, R. K.; STANGARLIN, J. R.
Atividade antibacteriana de plantas medicinais. Summa Phytopathologica, Botucatu, v. 28, n. 1, p. 110, abr./jun.
2002.
BISSACOTTI, A. P.; LONDERO, P. M. G. Sementes de abóbora: prospecção para o consumo humano e utilização
tecnológica. Disciplinarum Scientia. Série: Ciências da Saúde, Santa Maria, v. 17, n. 1, p. 111-124, 2016.
CAETANO. K.S.; MORAIS. C.P.; FLÔRES, S.H.; OLIVERA. F.C. Avaliação das características da casca de
abóbora cabotiá minimamente processada. 5º Simpósio de Segurança Alimentar. Bento Gonçalves, RS. 2015.
CELOTO, M.I.B.; PAPA, M.F.S.; SACRAMENTO, L.V.S. e CELOTO, F.J. Atividade antifúngica de extratos
de Momordica charantia L. sobre Colletotrichum musae. Rev. bras. plantas med. vol.13, n.3, pp.337-341, 2011.
DHINGRA, O.D.; SINCLAIR, J.B. Basic Plant Pathology Methods, Second Edition. Boca Raton, EUA: Lewis
Publishers.1995. p. 434.
FRANCO, D. A. S.; GABRIEL, D. Aspectos fitossanitários na cultura do pinhão-manso (Jatropha curcas L.) para
produção de biodiesel. Biológico, São Paulo, v. 70, n. 1, p. 63-64, 2008.
KOBAYASTI, L.; PIRES, A. P. Levantamento de fungos em sementes de trigo. Pesq. Agropec. Trop., Goiânia,
v. 41, n. 4, p. 572-578, out./dez. 2011.
LINS, S.R.O.; OLIVEIRA, S.M.A.; ALEXANDRE, E.R.; SANTOS, A.M.G.; OLIVEIRA, T.A.S. Controle
alternativo da podridão peduncular em manga. Summa Phytopathologica, v.37, n.3, p.121-126, 2011.
KOBAYASTI, L.; ADORIAM, A. I.; NETO, V. B. P.; ALVES, C. Z.; ZUFFO, M. C. R. Incidência de fungos
em sementes de pinhão-manso. Pesq. Agropec. Trop., Goiânia, v. 41, n. 3, p. 385-390, jul./set. 2011.
LORENZI, H.. Plantas daninhas do Brasil: terrestres, aquáticas, parasitas e tóxicas. Instituto Plantarum,
Nova Odessa, São Paulo, 2000.MARTINS, M. T. C. S.; NASCIMENTO, L. C.; ARAÚJO, E. R.; RÊGO, E. R.;
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
MUFATTOI, L. M.; NERESII M. A.; NATH, C. D.; STANGARLIN, J. R.; SCHEIDT, K. C.; CASAROTTO,
L.; SARTO, J. R. W.; SUNAHARA, S. M. M. Caracterização e quantificação da população de fungos em área de
produção de feno de capim Tifton 85, adubado com biofertilizante suíno. Ciência Rural, Santa Maria, 3:486-
941, 2016.
NASCIMENTO, J.M.; SERRA, A.P.; BACCHI, L.M.; GAVASSONI, W.L.; VIEIRA, M.C. Inibição do
crescimento micelial de Cercospora calendulae Sacc. por extratos de plantas medicinais. Rev. Bras. Pl. Med.
Campinas, v.15, n.4, p.751-756, 2013.
PROVESI, J. G.; DIAS, C. O.; AMANTE E. R. Changes in carotenoids during processing and storage of pumpkin
puree. Food Chemistry. v. 128, p. 195-202. 2011.
RAMOS, S.R. R.; LIMA, N. R. S; ANJOS, J. L. DOS; CARVALHO, H. W. L. DE; OLIVEIRA, I. R. DE;
SOBRAL, L. F.; CURADO, F. F. Aspectos técnicos do cultivo da abóbora na região Nordeste do Brasil.
Embrapa Tabuleiros Costeiros. Aracaju, SE. p36. 2010.
RESENDE GM; BORGES RME; GONÇALVES NPS. Produtividade da cultura da abóbora em diferentes
densidades de plantio no Vale do São Francisco. Horticultura Brasileira 31: 504-508. 2013.
SILVA, J. G; MELO, R. P.; ARAÚJO, J. D. M.; PESSOA, M. N. G.; ALBIERO, D.; MONTEIRO, L. de A.
Avaliação de extrato de melão-são-caetano (Momordica charantia L.) como medida alternativa de controle
a fungos fitopatogênicos. Cadernos de Agroecologia – ISSN 2236-7934 – Vol 6, No. 2, Dez 2011.
SOARES, V. N.; RODRIGUES, D. B.; ROSA, T. D’A.; GULARTE, J. A.; RODRIGUES G. F. Desempenho
fisiológico e qualidade sanitária de sementes de abóbora sem tratamento. ENCICLOPÉDIA BIOSFERA,
Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.13 n.23; p. 2016.
VERONEZI, C. M.; JORGE, N. Aproveitamento de sementes de Abóbora(Cucurbita sp) como fonte alimentar.
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais. Campina Grande, v.14, n.1, p.113-124, 2012.VIDAL, J. de M.
Controle alternativo da antracnose em frutos de mamoeiro e qualidade pós-colheita. Departamento de fitotecnia
e ciências ambientais. Areia – Pb. Abril. 2013.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
Email:[email protected]
2Doutora em Engenharia Elétrica. Universidade do Estado do Pará.
RESUMO
Por muitos anos os recursos naturais, destacando-se os solos e as águas, têm proporcionado ao homem auxílio a
sua subsistência e crescimento. Tais recursos, desde simbólico a econômico, vêm sofrendo diversas alterações de
acordo com as necessidades humanas, sendo contaminado ou utilizado sem um pensar sustentável e ambiental.
Dessa forma, este trabalho foi construído por meio de levantamento bibliográfico de artigos publicados em
revistas e eventos, assim como dissertações em repositórios que desenvolveram pesquisas sobre a utilização de
aterros e lixões para descartes de resíduos sólidos urbanos (RSUs) e seus principais impactos em relação ao meio
ambiente durante os últimos 7 anos, equivalente aos períodos de 2010 a 2017. A presente pesquisa buscou
identificar e discutir os resultados obtidos pelos pesquisadores sobre os problemas ambientais e suas consequentes
causas associadas aos aterros e lixões em relação ao solo e à água, ressaltando, principalmente, o lixão do Aurá e
o aterro de Marituba, localizados no Estado do Pará. Dessa maneira, os métodos aplicados promovem uma análise
qualitativa e quantitativa voltada para delinear o “Estado da Arte” dos estudos sobre impactos ambientais gerados
pelos RSUs descartados em locais em lixões ou aterros. Os resultados obtidos nesse trabalho apontam a
preocupação dos pesquisadores acerca do uso de aterros para o descarte de RSUs, que não contaminam apenas o
solo e a água, como também o ar das regiões próximas; outros pesquisadores discordaram dos locais escolhidos
para a alocação dos aterros enquanto que outros buscaram soluções sustentáveis para os resíduos gerados pelos
aterros. Portanto, por meio deste trabalho, foi possível identificar as principais tendências das pesquisas sobre a
temática proposta que contribuem para o desenvolvimento científico em busca da sustentabilidade.
Palavras-Chave: Impacto Ambiental. Contaminação. Recursos hídricos
Área de Interesse: Química Ambiental
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
1. INTRODUÇÃO
O solo e a água são agentes importantes para o desenvolvimento e manutenção da vida humana e animal.
O solo era usado pelos primeiros antepassados indígenas de forma indireta para a coleta de frutas que caiam das
grandes árvores. Segundo Perez, Brefin e Polidoro (2016), o homem tornou-se mais dependente do solo quando
iniciou as primeiras plantações e relacionou-o com a sua vida religiosa. Throup (2011) destaca o termo “primazia
simbólica” quando se refere à água, onde cita o deus das águas (Poseidon) como acima do fogo roubado por
Prometeu. Enquanto que Ponte (2015) ressalta a água como uma poderosa aliada no crescimento da cidade de
Belém (capital do Estado do Pará, localizado no Brasil) no período colonial, precisamente nos séculos XVIII e
XIX, ocorrendo e aprofundando a relação dos recursos hídricos com os processos de desenvolvimento econômico.
No processo de crescimento mundial, deve-se atentar para a mudança no manejo da água e do solo que
vêm sendo atualmente usufruídos economicamente. Dictorio e Hanai (2016) avaliam que, na sociedade
contemporânea, a água é vista como um recurso não apenas de sobrevivência, mas também como fonte energética
e utilitarista. No entanto, Costa (2012) consideram que o contexto atual é marcado por um pensar sustentável que
vem buscando estabelecer padrões de qualidade e uso correto dos recursos naturais a fim de que as gerações
futuras não venham ser afetadas com sua escassez.
Dessa maneira, no Brasil, pode-se destacar a Lei 9.433/97, ou Lei das Águas, que institui a Política
Nacional de Recursos Hídricos (PNRH) e promove o uso da água de forma racional e a gestão integrada,
descentralizada e participativa, pois reconhece este recurso natural como limitado, público e dotado de valor
econômico, conforme o artigo 1º (BRASIL, 1997). Em se tratando de gestão integrada, ao estudar sobre resíduos
sólidos e suas implicações ao meio ambiente, é importante contemplar as disposições contidas na Lei nº.
12.305/2010, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos, especialmente, no que diz respeito à disposição
final ambientalmente adequada, a qual deve ocorrer “de modo a evitar danos ou riscos à saúde pública e à
segurança e a minimizar os impactos ambientais adversos” (BRASIL, 2010).
Por este contexto, através de levantamento bibliográfico acerca das ocorrências de contaminação do solo
e da água gerada pela implantação de aterros e lixões a fim de apresentar as principais influências ao meio
ambiente decorrentes do descarte de resíduos sólidos, este trabalho buscou identificar e analisar os resultados das
pesquisas mais recentes que abordam as alterações ocorridas nesses recursos naturais decorrentes do descarte
inadequado de resíduos sólidos, especialmente, aquelas que evidenciem o Lixão do Aurá, localizado no Estado
do Pará.
1.1.Aterros sanitários e as modificações no ambiente
Com o aumento da população houve um crescimento da urbanização e consequentemente a produção de
diversos resíduos, dentre eles, destacam-se os resíduos sólidos urbanos (RSU). Para Nascimento et.al (2015), os
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
RSUs podem ser classificados conforme a sua composição, natureza e origem, dessa maneira, pode-se afirmar
que um dos principais problemas referentes a esses resíduos está relacionado com o seu destino final. Para Fugii,
Vasconcelos e Silva (2013), trata-se de uma questão financeira e administrativa em que é necessário priorizar o
tratamento adequado dos resíduos, fazendo uso de equipamentos ou a construção de aterros sanitários. Há autores
que apresentam a mesma preocupação com os resíduos e seu descarte correto afirmando que o local destinado
para disposição deve ser previamente estudado para que haja um nível menor de contaminação, os pesquisadores
ainda ressaltam que, para a construção de aterros, é importante considerar a sua estrutura e capacidade para que
não ocorra poluição (MARIANO; JUCÁ, 2010; OLIVEIRA; OLIVEIRA, 2014).
Os considerados aterros controlados e lixões representam as maiores preocupações em relação à
degradação que pode ser gerada no solo, na água e, ainda, à afetação da saúde dos moradores ao redor desses
locais. Vale ressaltar que há uma diferença conceitual e estrutural em relação aos lixões, aterros controlados e
aterros sanitários, A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) afirma que os lixões são depósitos de resíduos
irregulares e que não detenham de nenhuma espécie de tratamento para impedir a contaminação dos recursos
naturais, para os aterros controlados a PNRS aponta que são locais recobertos por uma massa de resíduos e rejeitos
com terra, havendo ainda um nível de contaminação considerável. Dessa forma, o ambiente mais adequado para
o descarte de materiais seria o aterro sanitário, pois este contém uma engenharia ambiental adaptada para as
mudanças climáticas obedecendo as normas que delimitam as áreas específicas para o uso a fim de que não ocorra
contaminação dos recursos presentes (CONAMA, 2008).
Os materiais depositados nesses lugares possuem diversos componentes, Fragomeni e Roisenberg (2010)
e Machado (2011) destacam há existência de metais pesados como Níquel (Ni), Chumbo (Pb), Cobre (Cu),
Mercúrio (Hg) e entre outros contidos em latas, tintas e demais produtos tóxicos, além disso ressaltam a forma
como os sedimentos desses lugares podem alcançar altas proporções devido às ações da chuva e do vento.
Além da contaminação e poluição no solo gerado pelos aterros controlados e lixões, há registros de
pesquisas que relatam prováveis situações que acarretaram problemas nas águas superficiais e subterrâneas. Silva
et. al (2012) e Melo et.al (2010) descrevem que esses lugares não possuem o controle e monitoramento de
líquidos, gases e outros resíduos, sendo associados a alteração nos recursos ambientais pelo processo de
lixiviação, Cavallet, Carvalho e Neto (2013) conceituam como método no qual os componentes presentes nos
sólidos são decompostos, migrando para o solo e, posteriormente, para as águas subterrâneas e superficiais,
resultando, assim, na poluição por toxinas em decomposição como os metais apresentados outrora mencionados.
Os recursos hídricos afetados pelo lixiviado apresentam mudanças físico-químicas, como na turbidez.
Nakamura et.al (2014) apresenta dados sobre a contaminação de uma nascente por lixiviado próxima a um aterro
sanitário afirmando que houve uma concentração menor de OD (Oxigênio Dissolvido) e uma maior de DBO
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
(Demanda Bioquímica de Oxigênio), significando dizer que havia uma elevada concentração de matéria orgânica.
Para o monitoramento desses impactos, Mannarino et.al (2013) sugere o uso de bioindicadores como fatores que
avaliam as alterações ambientais geradas por depósitos de lixo.
1.2. As consequências do Lixão do Aurá em Ananindeua no estado do Pará.
O município de Ananindeua, localizado no Estado do Pará, possui cerca de 2.477,55 mil habitantes/km2 por
densidade demográfica (IBGE, 2010). Os RSUs eram descartados em um Lixão localizado em Ananindeua,
popularmente conhecido como “Lixão do Aurá, tornando-se um forte contaminante ambiental. De acordo com
Andrade et.al (2015) e Marques et.al. (2015), em suas análises sobre a disposição adequada dos resíduos sólidos
após a instituição da Lei 12.305/2010 que determina a eliminação e restauração dos lixões buscando o fim de
depósitos de materiais sólidos abertos no país, apresentam dados preocupantes, pois constatavam que o chorume
era despejado em rios e lagos próximo, causando a contaminação nas águas pluviais e subterrâneas.
O lixão do Aurá por muitos anos recebia grande parte dos resíduos gerados em diversos locais de Ananindeua
e de outros municípios. Por ser caracterizado como lixão, é provável que tenha ocorrido contaminação nas regiões
ao redor daquele ambiente. Gutierrez et.al (2016) e Siqueira e Aprile (2017) desenvolveram uma análise na
qualidade da água de mananciais próxima a um lixão cujos resultados apresentaram alterações consideráveis nos
parâmetros de cor verdadeira, de matéria orgânica, de nitrogênio amoniacal e entre outros. Com a substituição do
“Lixão do Aurá” pelo aterro sanitário em Marituba, localizado no Estado do Pará, prejudicou as pessoas que
dependiam da coleta para a sua subsistência, os autores Gomes (2011) e Santos (2014) apontava que cerca 140
famílias utilizavam os materiais descartados direta e indiretamente, os catadores de acordo com os pesquisadores
ficavam contentes em relação a renda que ganhavam com o lixão, com isso os autores propuseram o
desenvolvimento de programas que auxiliam na inclusão social dessas pessoas a fim de gerar renda familiar.
Porém, mesmo com os problemas descritos anteriormente, a maioria dos órgãos responsáveis pelo descarte de
resíduos sólidos descreve os aterros sanitários como a solução adequada dos mesmos, porém, vale ressaltar que a
urbanização está em constante crescimento logo será necessário a construção de outros aterros para depósitos de
lixo, no entanto, há poucos lugares que estão adequados para a inserção dos RSUs, portanto, Conde, Stachiw e
Ferreira (2014) afirmam que cabe ao homem estabelecer procedimentos adequados que venham minimizar os
impactos gerados pelo RSUs. No que se refere ao uso sustentável dos resíduos causados pelos aterros, Barcelar
(2010) e Sá, Jucá e Motta Sobrinho (2012) apontam o tratamento de lixiviados como alternativa à disposição final
dos resíduos, alegando que a evaporação forçada e o uso de destilador solar são os métodos de intervenção mais
adequados em relação aos resíduos de lixões e aterros. No entanto, Santos (2012) destaca o mecanismo de
desenvolvimento limpo como possibilidade capaz de diminuir a emissão de carbono gerada pelo lixão por meio
da técnica de reflorestamento.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
2. METODOLOGIA
Este trabalho foi realizado por meio de uma pesquisa bibliográfica do tipo “Estado da Arte”, a qual é
descrita por Romanowski e Ens (2006) como o levantamento de obras que contribuem para a formação de ideias
acerca da relação de teoria e prática, abordando os principais aspectos que circundam uma determinada área
científica, mapeamento de diversas obras tornando-se possível apresentar diferentes contextos vivenciados pela
mesma situação.
Nesse viés, este trabalho levantou e apresentou pesquisas acerca do uso de aterros e lixões para descarte
de RSUs realizadas ao longo de 7 anos. Sendo assim, no primeiro momento, realizou-se algumas pesquisas sobre
o histórico do uso do solo e da água até a sua utilidade para o contexto atual nas plataformas da SCIELO (The
Scientific Electronic Library Online), DOAJ (Directoryof Open AcessJournals) e no portal de periódicos CAPES.
Além disso, também se verificou em repositórios algumas teses e dissertações sobre a situação dos aterros do
Aurá e de Marituba localizados no Pará, assim como analisou-se artigos científicos apresentados em eventos
nacionais.
Foram selecionados 33 trabalhos voltados às temáticas interligadas com o histórico do uso do solo e da
água, a função dos aterros, assim como as principais alterações ambientais presentes em regiões ao redor desses
locais, e a importância de seu controle. Primeiramente, verificaram-se os dados relacionados à contaminação do
solo e da água, em seguida, por meio das informações apresentadas, apontaram-se as possíveis soluções para os
problemas gerados nos aterros.
3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Com o aumento do desenvolvimento urbano houve também um crescimento na quantidade dos resíduos sólidos
a serem dispersos. Os pesquisadores ambientais, preocupados com o descarte desses materiais, fizeram análises
e pesquisas questionando as ações que estão sendo tomadas em relação aos locais que recebem esses resíduos,
considerando, principalmente, os impactos gerados no meio ambiente.
As consequências geradas por esses ambientes a saúde foram descritas em diversas obras, Matos et.al
(2011) analisou o Lixão do Aurá e identificou que a disposição de resíduos sólidos liberava gases tóxicos, os
quais poderiam afetar na saúde dos moradores no entorno do local. Essa hipótese foi confirmada por Corrêa et.al
(2011) na pesquisa sobre doenças respiratórias causadas em crianças que moravam ao redor de um aterro. O
estudo constatou que elas tinham 30% de chance de adquirir tosse ou chiadeira em relação às crianças habitantes
em locais mais distantes do aterro.
Observou-se ainda que o Enxofre Reduzido Total (ERT), agente capaz de atuar diretamente no aparelho
respiratório, está presente na maioria dos aterros sanitários (CORRÊA et.al, 2011). Continuando na correlação da
saúde com os problemas causados pelos locais de descartes dos RSUs, tem-se a pesquisa de Gouveia e Prado
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
(2010) que sugeriram uma possível associação de malformações congênitas, adversos de uma gravidez, como um
dos problemas causados por aterros.
Além disso, vale ressaltar uma divergência entre alguns autores acerca do descarte correto de resíduos,
Neta (2011), aponta o destino correto de resíduos sólidos são os aterros sanitários, pois detêm técnicas apropriadas
para que os componentes presentes nesses materiais não venham a degradar o ambiente ao redor. Em
contraposição, Portella e Ribeiro (2014) consideram que a melhor opção para os RSUs seria a educação ambiental,
a qual facilitaria na formação de um pensar ambiental voltado à reciclagem e à compostagem dos mesmos e ainda
apontam os aterros sanitários como recursos limitados quando relacionados ao aumento das cidades e,
consequentemente, o crescimento da quantidade de lixo a ser descartado.
Durante a pesquisa observou-se que houve certo equilíbrio de publicações entre os anos de 2010 e 2011, sendo,
em conjunto, 12 obras. Porém, em 2012 e 2013, houve um decrescimento considerável nas publicações, acredita-
se que isso ocorreu devido à instituição da Lei nº. 12.305/2010, que determina o fechamento e tratamento dos
locais em que eram depositados os RSUs.
O nível quantitativo de trabalhos relacionados a esta temática voltou a crescer nos anos posteriores,
apresentando as alterações ambientais geradas pelos lixões desativados. Araújo, Sousa e Lobato (2010) ressaltaram
possíveis ocorrência de alterações ambientais como a degradação do solo e problemas de saúde nos moradores
próximos ao lixão. Posteriormente, cerca de três anos depois, os autores Siqueira e Aprile (2013) apresentaram
uma pesquisa sobre a presença de metais e compostos orgânicos em decomposição na bacia do rio Aurá. Os
resultados dos cientistas apontam o chorume proveniente do lixão como um componente que auxilia na produção
de íons metálicos em certos pontos do rio. Assim, Marques (2014) admitiu que o lixão do Aurá como local
inapropriado para o descarte de lixo.
Além disso, vale ressaltar que a maioria das obras enfatizaram a importância dos recursos naturais, o solo e
água, para o desenvolvimento da sociedade, sendo possível concluir que o homem não é capaz de viver sem esses
recursos. Cabendo salientar que o pensar acerca de ações sustentáveis é o melhor caminho para a formação social
e ambiental.
4. CONCLUSÃO
O objetivo deste estudo foi identificar e destacar as pesquisas mais recentes que trabalhavam as alterações
ambientais decorrentes da disposição dos RSUs em locais inadequados como Lixões ou em aterros controlados e
sanitários. Através do levantamento bibliográfico realizado neste trabalho, alguns pontos devem ser destacados
como a contaminação da Bacia do rio Aurá e seus efluentes podem contribuir para um problema futuro nos rios
Bolonha e Água Preta, que são fontes de distribuição de água para as regiões de Belém.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
Além disso, alguns autores discutiram métodos sustentáveis para os resíduos gerados pelos aterros e lixões a
fim de diminuir a emissão de poluentes e contaminantes no meio ambiente. Vale ressaltar que foram poucos os
pesquisadores que discordaram do descarte de RSUs para aterros sanitários como a melhor opção. A minoria
apresentou a educação ambiental como recurso que minimizaria o uso de materiais e sua disposição final.
Acredita-se o uso de lixões é o método inviável para a colocação de RSUs, pois acarretam a poluição e a
contaminação dos recursos naturais. No entanto, a idéia de disposição em aterros sanitários ainda precisa receber
melhorias, porque são necessários locais apropriados para recebê-los e um processo que envolva as engenharias
e outras ciências ambientais e sociais como também o ensino da educação ambiental para, assim, diminuir os
problemas ambientais ocasionados e a propiciar um pensamento ambiental e sustentável.
5. REFERÊNCIAS
ANDRADE, Aline Azevedo et.al. A disposição final dos resíduos sólidos da região metropolitana de Belém-PA
após a instituição da Lei nº12.305/10. In: 15º CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA DE ENGENHARIA
E AMBIENTAL. 2015.Rio Grande do Sul. Anais Eletrônicos. Rio Grande do Sul – Bento Gonçalves.2015.
Disponível em < http://cbge2015.hospedagemdesites.ws/trabalhos/trabalhos/264.pdf >. Acesso em 22/11/2017.
ARAÚJO, M. L de; SOUSA, S. N. de; LOBATO, V. C. Análise da disposição do lixo na cidade de Belém-PA:
O caso do lixão do Aurá. Revista: Para Onde?. Bento Gonçalves. v.04.n.01.p.1-16.2010.
BARCELAR, Harley Alves da Mata. Tratamento de lixiviados produzidos em aterro de resíduos sólidos
urbanos por meio de evaporação forçada. 2010. 94f. Dissertação de Mestrado- Universidade Federal do Rio
de Janeiro- UFRJ. Rio de Janeiro.2010.
BRASIL, CONAMA nº 404, de 11 de novembro de 2008. Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos.
Brasília: DOU, 2008. Disponível em: < http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=592>.
Acesso em: 12 de outubro de 2017.
BRASIL. Lei nº. 9.422, de 8 de janeiro de 1997. Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, cria o Sistema
Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, regulamenta o inciso XIX doart. 21 da Constituição Federal,
e altera o art. 1º da Lei nº. 8.001, de 13 de março de 1990, que modificou a Lei nº. 7.990, de 28 de dezembro de
1989. Brasília: DOU, 1997. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9433.htm>. Acesso em:
01 set. 2017.
BRASIL. Lei nº. 12.305, de 2 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos; altera a Lei
nº. 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências. Brasília: DOU, 2010. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm>. Acesso em: 1 set. 2017.
CAVALLET, L.E.; CARVALHO, S. G. de.; NETO, P. F. Metais pesados no rejeito e na água em área de descarte
de resíduos sólidos urbanos. Revista Ambiental Água. Taubaté. v. 08. n.03.p.230-238.set/dez.2013.
CONDE, T.T.; STACHIW, R.; FERREIRA, E. Aterro Sanitário como alternativa para a preservação ambiental.
Revista Brasileira de Ciências da Amazônia. Rondônia. v.03.n.01.p.69-89.2014.
CORRÊA, Carlos Roberto Silveira et.al. O Aterro Sanitário como Fator de Risco para Doenças Respiratórios em
Crianças. Jornal de Pediatria. Porto Alegre. v.87.n. 4. p. 319-324. jul/aug.2011.
COSTA, A.F.S. et.al. Recursos Hídricos. Cadernos de Graduação – Ciências Exatas e Tecnológicas. Sergipe.
v.01. n.15. p.67-73. out.2012.
GOMES, J. N. Condições Ambientais e Analise Social dos Moradores do Entorno do Lixão no Município
Benevides, Estado do Pará. Revista: Caminhos de Geografia. Uberlândia. v.12. n.07. p. 305 – 309. mar.2011.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
GUTIERREZ, C. B.B.et.al. Análise da qualidade da água no ponto de captação dos mananciais de uma capital
amazônica durante o período ativo de um lixão situado no entorno. Revista: Caribeña de Ciencias Sociales. p.1-
27.nov.2016. Disponivel em < http://www.eumed.net/rev/caribe/2016/11/ >. Acesso em 22/11/2017.
DICTORIO, V.P.; HANAI, F.Y. Análise da Relação Homem-água: A Percepção Ambiental dos Moradores
Locais de Cachoeira de EMAS – SP, Bacia Hidrográfica do Rio-Guaçu. Revista Ra’e Ga– O espaço Geográfico
em Análise. Curitiba. v.36.p.92-120.abr.2016.
FRAGOMENI, L.P.M.; ROISENBERG, A. Poluição por mercúrio em aterros urbanos do período colonial no
extremo sul do Brasil. Revista: Química Nova.v.33.n.8.p. 1631-1635.jul.2010. Disponível em <
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0100-40422010000800002&script=sci_abstract&tlng=.>. Acesso em
22/11/2017.
FUGII, G.M.; VASCONCELOS, M. C.; SILVA, C.L. Comparação da gestão de Resíduos Urbanos entre Dez
Capitais Brasileiras. In: CONGRESSO INTERNACIONAL DE ADMINISTRAÇÃO. 2013. Paraná. Anais
Eletrônicos. Paraná – Ponte Grossa. 2013. Disponível em < http://petpp.utfpr.edu.br/?page_id=41 >. Acesso em
22/11/2017.
GOUVEIA, N.; PRADO, R.R. Riscos à Saúde em Áreas Próximas a Aterros de Resíduos Sólidos
Urbanos.Revista Saúde Pública. São Paulo. v.44.n.5.p.859-866.out.2010
CENSO DEMOGRÁFICO, 2010. Resultados de amostra: Características da População. Ananindeua: IBGE,
2010. Disponível em < https://cidades.ibge.gov.br/xtras/perfil.php?codmun=150080 > Acesso em 10 de outubro
de 2017.
MACHADO, M.E. et.al. Análise e Avaliação da distribuição de metais pesados em um antigo aterro de resíduos
sólidos urbanos “Aterro Invernadinha”. Revista: Evidência. Joaçaba.v.11. n.02. p. 69-82. julho/dezembro.2011.
MANNARINO, C. F. et.al. Avaliação dos Impactos do efluente do tratamento combinado de lixiviado de aterro
de resíduos sólidos urbanos e esgoto doméstico sobre a biota aquática. Revista: Ciência & Saúde Coletiva. Rio
de Janeiro.v.18. n.11.p.3235-3243.nov.2013.
MARIANO, M.O.H.; JUCA, J.F.T. Ensaios de Campo para Determinação de Emissões de Biogás em Camadas
de Cobertura de Aterros de Resíduos Sólidos. Revista: Engenharia Sanitária Ambiental. v.15.n.13.p.223-
228.jul-set.2010. Disponível em < http://www.scielo.br/pdf/esa/v15n3/v15n3a04> . Acesso em 22/11/2017.
MARQUES, L.C.A. Avaliação da contaminação das águas dos mananciais do Utinga e dos rios Guamá e
Aurá por metais pelo depósito de resíduos sólidos do Aurá. 2014.68f. Dissertação de Mestrado- Universidade
do Estado do Pará – UEPA. Belém.2014.
MARQUES, L.C.A. et.al. Avaliação do espaço de destinação final de recursos sólidos urbanos da cidade de
Belém, PA. Enciclopédia Biosfera. Goiânia. v. 11.n.21.p.2874-2883.jun.2015.
MATOS, F.O. et.al. Impactos Ambientais Decorrentes do Aterro Sanitário da Região Metropolitana de Belém-
PA: Aplicação de Ferramentas de Melhoria Ambiental. Revista: Caminhos da Geografia. Uberlândia.
v.12.n.39.p.297-305. set.2011.
MELO, E.F.R.Q. et.al. Monitoramento da atenuação natural do solo de cobertura em um aterro de resíduos sólidos
urbanos em Passo Fundo, RS. Revista de Ciências Ambientais. Canoas. v. 04.n.02.p. 05-16.fev/ago.2010.
NAKAMURA, C.Y. et.al. Avaliação da Qualidade da água subterrânea no entorno de um aterro sanitário.
Revista: Águas Subterrâneas. v.28. n.02. p.28-40.jun.2014. Disponível em <
https://aguassubterraneas.abas.org/asubterraneas/article/view/27399/18110> . Acesso em 22/11/2017.
NASCIMENTO, V. F. et.al. Evolução e Desafios no Gerenciamento de Resíduos Sólidos Urbanos no Brasil.
Revista Ambiente Água. Taubaté. v.10. n.04.out-dez.2015.
NETA, M.A.V. Manejo de Resíduos Sólidos. Atlas de Saneamento.2011. Disponível em <
https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv53096_cap9.pdf>. Acesso em 22/11/2017.
OLIVEIRA, T.C.; OLIVEIRA, S. R. Aterro Sanitário e os Resíduos Sólidos Urbanos: Uma análise da legislação
municipal da cidade de Nova Esperança – PR. In: IX CICLO DE ESTUDOS EM ADMINISTRAÇÃO & VII
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
RESUMO
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
1. INTRODUÇÃO
A Amazônia e o estado do Pará figuram como fornecedores de recursos naturais para regiões e países
industrializados centrais há mais de 300 anos, mas ainda figuram como áreas das mais dependentes e pobres do
mundo. Isso ocorre, em parte, pelo fato de serem regiões extrativistas periféricas que ao estabelecerem relações
de troca desiguais têm dificuldades em
alavancar seus indicadores de desenvolvimento. Bunker (1984) e Drummond (2002).
Ao realizarem a simples coleta de recursos naturais brutos as regiões extrativistas geram uma perda de
valor nas regiões de origem e um acréscimo de valor nas regiões de consumo e transformação. Bunker (1984).
O fato da região possuir a maior bacia hidrográfica do mundo tem levado a transformação de seus rios
em verdadeiras jazidas de megawatts. A utilização dos rios e da água tem se revestido em fonte de energia
elétrica para o setor industrial.
Dentre os exemplos de atividade extrativista desenvolvida na Amazônia, mais precisamente no estado
do Pará, que apresenta as características mencionadas acima e que será destacada no presente estudo se encontra
a captação de água para fins energéticos por meio de grandes hidrelétricas.
Os princípios que levam a região Amazônica, em especial o estado do Pará, a pautarem o seu
“desenvolvimento regional”, por meio da implantação de projetos de exploração intensiva de recursos naturais,
demonstram a pouca contribuição para o desenvolvimento regional. (IDESP, 2011a).
No decorrer do século XIX até 1870, com a estagnação da economia amazônica, os conflitos à época
da Independência e o movimento nativista da Cabanagem acirraram o contexto adverso pelo qual passava o
Norte brasileiro, que conheceu um refluxo da força de trabalho e a depauperação de sua frágil atividade
econômica. Esse quadro se alterou a partir do final do século XIX, quando a região amazônica passou a extrair a
borracha da seringueira (Hévea brasiliensis) e exportar para os mercados da Europa e Estados Unidos. Tal
atividade estimulou a moldagem de um novo padrão de mercado, no qual a exploração extrativista constituiu a
mola mestra. Configurou-se, a partir de então, uma nova base econômica regional fundada na exploração
extrativista da borracha sob a égide de um sistema de financiamento chamado aviamento (IDESP, 2011a).
Entre o final do século XIX e primeira metade do século XX, desenvolveram-se sucessivas fases de
exploração extrativa (caucho, castanha, borracha) Correa, 1992.
No estado do Pará, esse sistema espacial condicionou o processo de produção e circulação da borracha
(1890-1910), da castanha-do-pará (1926-1964).
As ações que transformaram a organização espacial da Amazônia acabam por adjetivá-la enquanto
“fronteira”. O termo “fronteira” encontra-se relacionado aos movimentos de povoamento e colonização a partir
de fundamentos geográficos que associam a noção de “fronteira” a de “espaços vazios” ou “espaços abertos” ao
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
povoamento, isto é, espaços com baixa densidade populacional. Nesse sentido a definição de fronteira tornou-se
uma espécie de modelo devido estabelecer relações entre os fatores de desenvolvimento nacional. Entre os
temas incluídos na referida tese da fronteira, se encontrava o da modernização, associada ao nacionalismo.
Outro aspecto, da tese da fronteira, diz respeito ao papel das “terras livres” ou dos “espaços vazios” nas
formações nacionais, principalmente nas que apresentam base territorial de grandes dimensões. Neste sentido, a
fronteira atuaria enquanto “válvula de escape” para populações pauperizadas Turner, 1893; 1920 (apud
MACHADO, 1992).
O uso do território amazônico como “válvula de escape” para a população pauperizada de outras
regiões do País fora sintetizado na seguinte frase: “terras sem homens para homens sem-terra” (MACHADO,
1992).
O modelo de “fronteira” aplicado para a Amazônia parte do princípio da centralização das decisões
políticas, ou seja, a integração das “terras livres” e a modernização econômica deveriam ser administradas pelo
Estado central. Silva, 1955; 1967 (apud MACHADO, 1992).
Na região de fronteira as relações entre nacionalismo, modernização e expansão
“interna” do território cumprem a expectativa de transformar o país na grande potência que a dimensão
territorial e as riquezas naturais parecem prometer. Turner, 1893; 1920 (apud MACHADO, 1992).
Nesse contexto o debate acerca do desenvolvimento humano é fundamental para a compreensão de
como ele reflete questões maiores sobre a Amazônia, o uso do IDH na formulação de projetos e a maneira como
as decisões costumam ser tomadas.
As tomadas de decisões relacionadas à Amazônia mostram aspectos conflitivos no que diz respeito ao
modelo de desenvolvimento utilizado no Brasil. Nas últimas quatro décadas, tem se reforçado a ideia de que o
planejamento deva ser orientado pela obstinação ao crescimento econômico acelerado a qualquer custo, sem que
sejam contempladas todas as dimensões do desenvolvimento. (ACEVEDO, 1996).
A compreensão do planejamento do desenvolvimento passa pela assimilação do processo de formação
do Estado e da relação deste com a sociedade.
Início do século XVIII surgimento da doutrina liberal o Estado tem sua atuação restrita a assegurar os
direitos naturais ligados à vida, à liberdade e á propriedade. Ao Estado caberia intervir: na justiça, defesa,
serviços públicos, ciência e colonização (FERREIRA, 2005).
Primeira metade do século XX, planejamento estatal e formulação de políticas públicas. Keynes, 1936
(apud FERREIRA, 2005).
Década de 50, a diferença entre os níveis de bem-estar das sociedades desenvolvidas, atribui ao Estado
o papel principal no processo de promoção do desenvolvimento. Myrdal, 1957 (apud FERREIRA, 2005).
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
para a Amazônia em especial para o espaço urbano de Altamira e Vitória do Xingu ante a implantação da
hidrelétrica de Belo Monte?
Diante do exposto, pelo estudo, enquanto objetivo geral propõe-se analisar, através do histórico processo
de formulação e implementação de políticas públicas para a região norte, a influência do IDH na implantação da
hidrelétrica de Belo Monte principalmente sobre o desenvolvimento urbano das cidades de Altamira e Vitória
do Xingu.
Tendo como objetivos específicos investigados:
a) O estudo da evolução das políticas públicas na Amazônia e no estado do Pará;
b) A análise do desenvolvimento humano dos municípios de Altamira e Vitória do Xingu
1991 a 2010;
c) A investigação do AHE Belo Monte e os possíveis efeitos na configuração urbana de
Altamira e Vitória do Xingu;
d) A análise do crescimento urbano dos municípios de Altamira e Vitória do Xingu no período de 1990 a 2010.
2. METODOLOGIA.
O estudo identifica enquanto área a ser investigada os municípios de Altamira e Vitória do Xingu,
durante o lapso temporal compreendido entre os anos de 1991 à 2010, situados no sudoeste do estado do Pará,
realidades heterogêneas inseridas na área de influência direta do aproveitamento hidrelétrico de Belo Monte, em
termos do tamanho da população, taxa de urbanização e indicadores socioeconômicos.
Enquanto instrumento para coleta de dados buscou-se fazer uso da pesquisa documental por meio da
abordagem de teorias e debates acerca do desenvolvimento humano, Amazônia e UHE Belo Monte presentes no
meio técnico e científico, já publicados, constituídos principalmente de livros, artigos de periódicos e por
material disponibilizado na Internet. Pesquisa de natureza básica a nível de estudo de caso, objetivando gerar
conhecimentos novos úteis para o avanço da ciência.
Sendo o estudo ao mesmo tempo, exploratório, pois visa proporcionar maior familiaridade com o
problema em vista de torná-lo explícito; descritivo, por apresentar características de determinada população ou
fenômeno, estabelecer relações entre variáveis e
explicativo, por identificar os fatores que determinam ou contribuem para a ocorrência dos fenômenos.
Abordagem qualitativa com acréscimo de elementos quantitativos usados conjuntamente com o intuito de
quantificar as informações. Método de raciocínio dialético-crítico, pois busca o antagonismo presente no
problema, através do confronto de opiniões, ideias, pessoas, classes e etc.
3. RESULTADOS E DISCUSSÕES.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
ferro do mundo e as reservas de bauxita no Baixo Amazonas. Na mesorregião do Sudoeste Paraense, os polos
Altamira e Tapajós têm na agropecuária a atividade econômica principal. As possibilidades de exploração
desses recursos condicionam à dotação de créditos e incentivos fiscais, infraestruturas de transportes e energia e
investimentos peculiares à vocação de cada polo, nesses novos recortes territoriais definidos externamente à
região.
O segundo choque do petróleo de 1979 condiciona o redirecionamento dos investimentos. A escassez
de recursos financeiros face à crise do Estado brasileiro centraliza os recursos em poucos pontos do território: a
partir do Polo Carajás, tendo o projeto Ferro - Carajás da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), cria-se o
Programa Grande Carajás (PGC).
O Leste do Estado do Pará, reconfigura-se como espaço de investimentos prioritários na Amazônia
pelo Governo Federal. O PGC define-se, sobretudo, pela diversificação do território e pela sua concepção de
programa: um conjunto integrado de projetos de mineração, de exploração madeireira e do carvão vegetal e
projetos industriais de siderúrgicas como o da
Companhia Siderúrgica do Pará - COSIPAR, com produção de ferro-gusa; Camargo Corrêa Metais (CCM), de
silício metálico e Albrás Alunorte, de alumínio (IDESP, 2011a).
3.2. O Desenvolvimento Humano dos Municípios de Altamira e Vitória do Xingu no Período de 1991 a 2010.
O uso do IDH-M como indicador que permite visualizar o desenvolvimento urbano. Mostrou-se
adequado em virtude dos municípios de Altamira e Vitória do Xingu ainda apresentarem deficitária
infraestrutura urbana o que reflete uma tênue atuação do estado no que concerne à viabilização de políticas
públicas.
Quadro 1– IDH-M longevidade Altamira e Vitória do Xingu (1991/2000/2010).
Municípios 1991 2000 2010
Altamira 0,636 0,752 0,811
Vitória do Xingu 0,618 0,712 0,792
Fonte: Adaptado de Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil, 2013.
O aumento da esperança de vida tanto em Altamira como em Vitória do Xingu reflete na evolução do
IDH-M longevidade como descrito no quadro acima onde os dois municípios nas últimas três décadas são
classificados como de médio desenvolvimento humano.
Quadro 2 - IDH-M Educação para Altamira e Vitória do Xingu (1991/2000/2010).
Municípios 1991 2000 2010
Altamira 0,159 0,322 0,548
Vitória do Xingu 0,456 0,189 0,451
Fonte: Adaptado de Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil, 2013.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
Mesmo admitindo que nas últimas três décadas os dois municípios evoluíram no quesito educação,
conforme pode ser percebido pelo quadro acima, os índices alcançados por ambos ainda figuram como sendo de
baixo a médio desenvolvimento humano.
Quadro 3 – IDH-M renda de Altamira e Vitória do Xingu (1991/2000/2010).
Municípios 1991 2000 2010
Altamira 0,569 0,629 0,662
Vitória do Xingu 0,456 0,560 0,594
Fonte: Adaptado de Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil, 2013.
O aumento da renda per capita média dos municípios em questão tem impulsionado como visto no
quadro acima a evolução dos seus indicadores de desenvolvimento humano (renda) sendo os mesmos
classificados na faixa dos que apresentam um médio desenvolvimento humano.
3.3. O AHE Belo Monte e os Possíveis Efeitos na Configuração Urbana de Altamira e Vitória do Xingu.
O Plano Nacional de Energia Elétrica 1987/2010 propõe a construção de usinas hidrelétricas na
Amazônia Legal, destaque pela sua dimensão, ao aproveitamento hidrelétrico do Rio Xingu maior projeto
nacional no final deste século e começo do próximo. Fim da década de 90 surge o projeto CHBM – Complexo
Hidrelétrico de Belo Monte, usina na Volta Grande do Rio Xingu. O Governo brasileiro entende que a
hidrelétrica será um bem para a região, a salvação do sudoeste do Pará. O Plano Plurianual de 2000-2003 -
instrumento de planejamento de médio prazo das ações do Governo Brasileiro (Avança Brasil) considera Belo
Monte como uma obra estratégica, um projeto estruturante de Desenvolvimento.
O Estudo de Impacto Ambiental – EIA (2009) denomina o empreendimento de Aproveitamento
Hidrelétrico (AHE) Belo Monte. Considerando-se o conjunto barragem, reservatório, tomada d’água e casa de
força, o empreendimento ocupará terras dos municípios de Vitória do Xingu, Altamira e Brasil Novo. O caráter
estratégico do AHE Belo Monte encontra-se consubstanciado na Resolução N° 2, de 17 de setembro de 2001,
do CNPE que destaca em seu artigo 2°, sua relação com o desenvolvimento econômico e social na região.
Ações compensatórias previstas para a área de influência da UHE Belo Monte (Altamira e Vitória do
Xingu). Estas ações compõem inicialmente o Estudo de Impacto Ambiental - EIA (2009) e o Projeto Básico
Ambiental – PBA (2011) que visam à apresentação de analises de Viabilidade Técnica, Econômica e
Socioambiental do empreendimento em questão. Sob a forma de Planos, Programas e Projetos (políticas
públicas) inter-relacionados e desenvolvidos nas esferas federal, estadual, municipal e iniciativa privada, no
caso, o empreendedor responsável pela implantação da usina.
Colaborar para uma potencial alavancagem das oportunidades de desenvolvimento regional do
território que poderão ser advindas dessa sinergia de medidas. Pautando-se no objetivo maior de proporcionar
condições melhores de oportunidades de vida à sociedade, buscando-se o equilíbrio necessário entre os
princípios e diretrizes de sustentabilidade e de desenvolvimento. As ações propostas nos Planos de atuação
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
contemplam programas e projetos que buscam atuar, na requalificação urbana dos núcleos urbanos reforçando
sua infraestrutura urbana além de assegurem o bem-estar da população.
Os investimentos em infraestrutura e planejamento se justificam conforme NORTE ENERGIA (2011)
em função das carências identificadas. A vinda de novos habitantes, a relocação de moradores e a implantação
da vila residencial promoverão alterações na dinâmica de funcionamento da área urbana, na infraestrutura de
saneamento (drenagem, rede de abastecimento de água, esgotamento sanitário e resíduos sólidos) na oferta de
serviços públicos (educação e saúde), nos fluxos internos e estrutura de mobilidade.
3.4. Crescimento Urbano dos Municípios de Altamira e Vitória do Xingu no Período de 1990 a 2010.
O AHE Belo Monte, conforme EIA (BRASIL. MME, 2009a) altera o cenário urbano, sócio econômico
e a dinâmica da população local. No pico da obra em 2013, a população atraída para Altamira alcançara 26.200
pessoas.
Quadro 4 - População urbana e rural de Altamira.
Município População Urbana Rural
Altamira 99.075 84.092 (84,88%) 14.983 (15,12%)
Fonte: Adaptado de IBGE. Censo Demográfico, 2010.
O impacto populacional em Altamira e Vitória do Xingu ocorre devido a primeira ser pólo regional e
a segunda sede do município que abrigará maior parte do empreendimento.
Quanto ao saneamento básico, de 14.326 domicílios urbanos, apenas 24% eram atendidos pela rede
geral. IBGE, 2000. Conforme PBA (NORTE ENERGIA, 2011) A maioria
da população (85,73%) abastece-se em poços individuais. Altamira não dispõe de rede de coleta e tratamento de
esgotos. No que diz respeito aos resíduos sólidos, não existe manejo e destinação adequados. A drenagem é
improvisada atendendo somente a área central da cidade.
Quanto ao município de Vitória do Xingu o mesmo não dispõe de sistema de captação e distribuição
de água. A água potável é coletada em poços semi artesianos e bombeada. Segundo PBA (NORTE ENERGIA,
2011) o déficit é de 80% no abastecimento. Não existe coleta ou tratamento de efluentes, indo o esgoto para
fossas negras, valas nas ruas ou para o rio Tucuruí.
Quadro 5 - População de Vitória do Xingu.
Município População Urbana Rural
Vitória do Xingu 13.431 5.362 (39,92%) 8.069 (60,08%)
Fonte: Adaptado de IBGE Censo Demográfico, 2010.
O lixo é recolhido e depositado em um valão, sem cuidado ou tratamento. A área urbana não dispõe
de drenagem de águas pluviais.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
A análise do IDHM dos municípios em questão apesar de variar de baixo a médio, o que de certa
forma expressa melhorias nos investimentos em saúde pública, qualidade ambiental, educação, geração de
emprego e renda. Não reflete desenvolvimento proveniente da implantação do AHE Belo Monte. Até por que se
compararmos o IDHM atual de Tucuruí (0,666) município com especificidades semelhantes em termos de
implantação de empreendimento hidrelétrico na região, com o de Altamira (0,665) percebe-se que praticamente
não há diferença entre ambos, reforçando assim a tese de que o planejamento de projetos de desenvolvimento
regional não valoriza a questão ambiental, a justiça social e a utilização do IDHM enquanto ferramenta
subsidiária na formulação, implementação e acompanhamento de políticas públicas.
Cabe aqui ressaltar que as semelhanças entre Tucuruí e Altamira se limitam a implantação dos
empreendimentos hidrelétricos, pois os dois municípios vivenciam esse fato em contextos históricos
diferenciados. Tucuruí em pleno regime militar onde as questões ambientais, sociais e o próprio IDH, idealizado
na década de 90, se quer eram consideradas. Altamira em um momento democrático onde a participação de
Organizações não governamentais - ONGs, movimentos sociais e ambientalistas, vigência da Constituição de
1988, tratados e protocolos internacionais impelem o planejamento de projetos de desenvolvimento regional a
considerar a questão ambiental, a justiça social e a utilização do IDH enquanto ferramenta subsidiária na
formulação, implementação e acompanhamento de políticas públicas.
Conclui-se, portanto que a abordagem do desenvolvimento humano, como reflexo da infraestrutura
urbana dos municípios de Altamira e Vitória do Xingu ambos impactados diretamente pelo AHE Belo Monte,
sob a ótica do IDHM objetivou compreender a correção das desigualdades entre os municípios citados e a
utilização do IDHM enquanto instrumento numérico que auxilia sobre maneira na proposição, acompanhamento
e avaliação de políticas públicas que venham a proporcionar qualidade da vida aos munícipes das cidades em
questão.
5. REFERÊNCIAS.
ACEVEDO, R. Amazônia: o custo ecológico das hidrelétricas. In: SANTOS, Sônia Maria Simões Barbosa
Magalhães; BRITTO, R.; CASTRO, E. (org.). Energia na Amazônia. Belém: UFPA; NUMA; MPEG;
Unamaz; UFPA; NAEA, 1996. p. 945. 2 v.
ATLAS DO DESENVOLVIMENTO HUMANO NO BRASIL. Disponível em:
http://www.atlasbrasil.org.br/2013/perfil/altamira_pa. Acesso em: 04 Ago. de 2013.
______ . Disponível em: http://www.atlasbrasil.org.br/2013/perfil/tucurui_pa. Acesso em: 04 Ago. de 2013.
______ . Disponível em: http://www.atlasbrasil.org.br/2013/perfil/vitoria-do-xingu_pa.
Acesso em: 04 Ago. de 2013.
BATELLA, W. B.; DINIZ, A. M. A. Desenvolvimento humano e hierarquia urbana: uma análise do IDH-M
entre as cidades mineiras. Revista de Biologia e Ciências da Terra, v.6, n. 2, jul. /dez. 2006.
BRASIL. Ministério de Minas e Energia. Estudo de impacto ambiental: aproveitamento hidrelétrico Belo
Monte. Brasília, DF: MME, ELETROBRÁS, 2009a.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
BUNKER, S. Modes of Extraction, Unequal Exchange, and the Progressive Underdevelopment of an Extreme
Periphery - The Brazilian Amazon, 1600 - 1980, American Journal of Sociology, 89 (5): 1017-1064, 1984.
CAMARGO, I. O Urbanismo Rural. Brasília: INCRA, 1973.
CORREA, R. L. A Organização Urbana. In: GEOGRAFIA do Brasil: Região Norte. Rio de janeiro: IBGE,
1992
DRUMMOND, J. A. Natureza rica, povos pobres? Questões conceituais e analíticas sobre o papel dos recursos
naturais na prosperidade contemporânea. Ambiente & Sociedade - Ano V - N.º 10 - 1º Semestre de 2002.
ELETRONORTE. Cenários Socioenergéticos da Amazônia (2000- 2020). [S.l: s.n.], 2000.
INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO, SOCIAL E AMBIENTAL DO PARÁ – IDESP.
Estado do Pará: (di) visões territoriais, perspectivas sociais, econômicas, financeiras e ambientais ocupação e
uso do território, federalização territorial e recursos naturais. Coordenação de Lúcia Cristina Andrade. Belém:
IDESP, 2011a. 67 p.
FERREIRA, R. T. Introdução à teoria do planejamento. Belém: EDUFPA, 2005. (Curso de Especialização
em Planejamento e Gestão do Desenvolvimento Regional, v.1).
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE. População.
2010.Disponívelem:<http://www.censo2010.ibge.gov.br/primeiros_dados_divulgados/>
Acesso em: 10 dez. 2010.
MACHADO, L. O. A fronteira agrícola na Amazônia brasileira. Revista Brasileira de Geografia, Rio de
Janeiro, v.54, abr./jun., 1992.
NORTE ENERGIA. Usina Hidrelétrica de Belo Monte. Plano Básico Ambiental – PBA. set. 2011.
PARÁ. Secretaria de Estado de Integração Regional. Atlas de Integração Regional do Estado do Pará.
Belém: SEIR, 2010.
PARÁ. Secretaria Estadual de Integração e Desenvolvimento Urbano. Plano Diretor do Município de
Altamira 2003. Altamira, 2003. p. 01-118.
VINAGRE, M.V.A.; VINAGRE, M.S.L. Hierarquia urbana e desenvolvimento humano em municípios
paraenses no período de 1990 a 2010. In: TOBIAS, Maísa S. G.; LIMA, Alberto C. de M. (org.). Urbanização
e meio ambiente. Belém: UNAMA, 2012.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
RESUMO
Herbários são coleções científicas e/ou didáticas com objetivo de preservar materiais botânicos e/ou fúngicos
desidratados ou em meio líquido para a sua utilização em diversas atividades de pesquisa e ensino. O Herbário
Professora Normélia Vasconcelos (HF) foi criado nos anos 70 na UFPA e atualmente pertence ao Instituto de
Ciências Biológicas, onde um projeto de revitalização e ampliação está em desenvolvimento. Malvales Juss. é
uma ordem monofilética caracterizada por aspectos morfológicos e moleculares, representada por 10 famílias. O
objetivo desse trabalho foi realizar a organização, registro e identificação das amostras da Ordem Malvales
depositadas no Herbário HF, bem como inferir acerca dos locais e data de coleta, preservação do material e
importância econômica e ecológica das espécies. As 111 amostras (totalizando 84 números de registro) estão
distribuídas em 3 famílias: BixaceaeKunt. (15), CistaceaeJuss. (1) e MalvaceaeJuss. (68), sendo registrados para
cada uma, respectivamente, 2 gêneros e 2 espécies, 1 gênero e 1 espécie, e 15 gêneros e 35 espécies. Entre as
amostras com importância econômica, destacam-se Bixaorellana L., o urucum, das Bixaceae, e os gêneros
Theobroma L., Hibiscus L. e Gossypium L., ambos de Malvaceae; Melochia L. e Waltheria L. possuem espécies
ruderais, condições também de Pavoniamalacophylla (Link & Otto) Garcke, e UrenalobataL.. Não são
incorporadas novas amostras de Malvales no Herbário desde 2013, e a diversidade de espécies representadas não
reflete a diversidade das famílias, principalmente Malvaceae. São necessárias novas coletas para contribuir para
o conhecimento das Malvales e, por conseguinte, da flora da região.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
1. INTRODUÇÃO
Herbários são coleções científicas e/ou didáticas, que tem como objetivo a conservação de amostras de
plantas ou fungos ou suas estruturas conservadas secas ou então preservados em álcool, e tem suma importância
para atividades educativas (auxílio em aulas práticas de cursos de ciências biológicas e afins), científicas (estudos
de sistemática, taxonomia, biogeografia, anatomia etc.) e por apresentarem informações sobre a flora ou micota
de determinadas regiões (PEIXOTO e MAIA, 2013).
O Herbário Normélia Vasconcelos foi implementado na Universidade Federal do Pará (UFPA), na década
de 70, sob a coordenação da Professora Normélia Cláudia de Vasconcelos (Sigla HF) e sendo de responsabilidade
do Departamento de Farmácia; posteriormente foi transferido para o Instituto de Ciências Biológicas (ICB), e
atualmente está localizado no prédio anexo do ICB. Conta com 3558 amostras registradas, distribuídas em 51
ordens e 151 famílias, além de uma carpoteca com 271 amostras, pertencentes a 52 famílias e 164 espécies. A
atualização das amostras do Herbário está sendo realizada com auxílio de alunos de estágio rotatório, voluntários
e bolsistas. Recentemente, a aprovação do Projeto “Ampliando a contribuição de atividades práticas com plantas
no ensino de botânica e ecologia vegetal”, ainda em desenvolvimento, está permitindo o apoio e ampliação do
Herbário HF.
Malvales Juss.é uma ordem monofilética, caracterizada principalmente pela presença de um floema
estratificado com camadas tenras e fibras, canais de mucilagem, tricomas estrelados, sépalas conadas e margens
foliares do tipo malvoide (JUDD et al., 2009). Essa ordem é constantemente circunscrita, entretanto, de acordo
com APG IV (2016) possui 10 famílias: Bixaceae Kunth, Cistaceae Juss., Cytinaceae A. Rich., Dipterocarpaceae
Blume, Malvaceae Juss., Muntingiaceae C. Bayer, M.W. Chase & M.F. Fay, Neuradaceae Kostel.,
Sarcolaenaceae Caruel, Sphaerosepalaceae Tiegh. ex Bullock e Thymelaeaceae Juss.. Seis famílias dessa ordem
ocorrem no continente Americano (ANGIOSPERM PHYLOGENY WEBSITE, 2017).
No Herbário Professora Normélia Vasconcelos foram identificadas amostras pertencentes a Bixaceae,
Cistaceae e Malvaceae, além de famílias que devido a estudos de filogenia, foram extintas e suas espécies foram
incorporadas em outras famílias da ordem, como Cochlospermaceae (atualmente inserida em Bixaceae) e
Bombacaceae, Sterculiaceae e Tiliaceae (atualmente inseridas em Malvaceae).
Uma combinação de estudos morfológicos, anatômicos, palinológicos, químicos e moleculares (JUDD e
MANCHESTER, 1997; BAYER et al., 1999; ALVERSON et al., 1999; DUCKE & DOEBLEY, 1995;
NYFFELER et al., 2005; APG III, 2009) demonstraram que Malvaceae sensu latu compreende as tradicionais
famílias da Ordem Malvales: Bombacaceae Kunth, Malvaceae Juss., Sterculiaceae Vent. e Tiliaceae Juss.
Atualmente, Malvaceae é considerada monofilética e apresenta como sinapomorfia morfológica a presença de um
nectário constituído de tricomas glandulares, localizado internamente na base do cálice (BAYER et al., 1999).
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
O objetivo principal do trabalho foi organizar e registrar as amostras da Ordem Malvales Juss. do Herbário
Normélia Vasconcellos. Nesse contexto, destacam-se também os objetivos específicos: obter dados de locais de
coleta e fornecer informações acerca de conservação das amostras.
2. MATERIAL E MÉTODOS
As amostras de Malvales foram re-organizadas e registradas, seguindo a determinação que inclui
Cochlospermaceae em Bixaceae e Bombacaceae, Sterculiaceae e Tiliaceae em Malvaceae. As amostras foram
conferidas no livro de registro e, quando necessário, foram indicados novos números. Foi realizada a limpeza de
todas as amostras com auxílio de bandeja com grade e pinceis. As regras nomenclaturais das espécies e abreviação
dos nomes dos autores seguiram o site “Tropicos.org. Missouri Botanical Garden” e “Lista de espécies da flora
do Brasil”. Para as amostras de Bixaceae e Cistaceae foram realizadas apenas os procedimentos de limpeza e
registro, enquanto que as amostras de Malvaceae foram re-determinadas a partir de descrições e chaves
taxonômicas fornecidas por Fryxell (1988).
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
O Herbário Normélia Vasconcellos (HF) possui 111 exsicatas da Ordem Malvales, totalizando 84 números
de registro. Essas amostras estão distribuídas em 3 famílias: Bixaceae, com 15 registros, Cistaceae., com 1 registro
e Malvaceae, com 68 registros. A quantidade de gêneros e espécies que está estão representadas no herbário
(Tabela 1).
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
sem local de coleta. As 67 amostras coletadas no Brasil vieram de 7 estados: Amapá (4), Amazonas (2), Bahia
(1), Maranhão (1), Mato Grosso (5) e Pará (54).
Tabela 2–Listagem do material de Malvales Juss. proveniente do Herbário HF.
Registro N° de amostras Família Espécie Data de
coleta
42 1 Malvaceae Sida pinifolia Cav.
45 1 Malvaceae QuararibeaguianensisAubl.
48 1 Malvaceae QuararibeaguianensisAubl. 29/07/1957
49 1 Malvaceae Ceiba pentandraGaertn. 31/07/1957
163 1 Malvaceae Helicterespentandra L. 29/04/1960
258 1 Cistaceae Cistus X HybridusPourr. 07/05/1963
259 1 Malvaceae Pachyrainsignis (Sw.) Sav. 17/04/1967
313 1 Malvaceae Bixaorellana L. ago/63
347 1 Malvaceae Sterculiaspeciosa K. Schum 11/07/1959
479 1 Malvaceae TheobromaspeciosumWilld. ex Spreng 03/12/1966
534 1 Malvaceae ApeibatibourbouAubl. 16/05/1966
549 1 Malvaceae Hibiscusbiffurcatus Cav. 15/02/1967
573 1 Malvaceae Molliaspeciosa Mart. 22/04/1967
872 1 Malvaceae Hibiscusmilitaris Cav. 10/09/1970
997 3 Malvaceae Waltheria indica L. 09/04/1974
1008 1 Malvaceae TheobromaobovatumKlotzchex Bernoulli 13/09/1974
1064 1 Bixaceae Bixaorellana L. 24/11/1975
1108 1 Malvaceae Hibiscusbiffurcatus Cav. 10/06/1976
1272 1 Malvaceae Bixaarborea Huber 28/05/1977
1275 1 Malvaceae Waltheriaviscosissima A.St.-Hil. 25/06/1977
1277 1 Malvaceae Luehea sp. 27/06/1977
1289 2 Malvaceae Sterculiaspeciosa K. Schum 13/07/1977
1349 1 Malvaceae ApeibatibourbouAubl. 04/07/1978
1509 1 Malvaceae PavoniamalacophyllaBritton 01/12/1978
1571 1 Malvaceae VasivaeaalchorneoidesBaill. 28/09/1978
1593 1 Malvaceae ApeibaechinataGaertn. 11/01/1979
1679 1 Malvaceae Matisiaparaensis Huber.
1777 1 Malvaceae SterculiaalataRoxb
1788 2 Malvaceae Gossypiumarboreum L.
1800 1 Malvaceae QuararibeaguianensisAubl. 28/09/1979
1806 1 Bixaceae Cochlospermumorinocense (Kunth) Steud 28/09/1979
1879 1 Malvaceae Guazuma tomentosaKunth 28/09/1979
1880 2 Malvaceae Helicterespentandra L. 28/09/1979
1907 1 Bixaceae Cochlospermumorinocense (Kunth) Steud
1932 1 Malvaceae Luehea sp. 26/10/1979
1996 1 Malvaceae Bytttneriascabra L. 18/11/1979
2004 1 Malvaceae PavoniamalacophyllaBritton 29/01/1980
2132 1 Malvaceae SterculiaspeciosaK. Schum
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
4. CONCLUSÃO
Malvales apresenta pouca diversidade quanto às famílias, totalizando apenas três das seis que compõem a
ordem e que já foram registradas para o Continente Americano. Malvaceae, apesar de bastante representada
quanto aos gêneros, possui pouca diversidade em espécies no Herbário HF, sendo que foram coletadas,
predominantemente, no Estado do Pará. Fazem-se necessárias novas coletas que compreendam o Estado do Pará,
e mesmo a outros estados amazônicos, a fim de contribuir para que os docentes adquiram um melhor
conhecimento abrangente sobre as espécies de Malvales ocorrentes na região.
REFERÊNCIAS
ALVERSON, W. S.; WHITLOCK, B.A.; NYFFELER, R.; BAYER, C.; BAUM, D.A. Phylogeny of the core
Malvales: evidence from ndhF sequence data. American Journal of Botany, v. 86, p. 1474-1486, out. 1999.
CUSTÓDIO, C. C.; MACHADO-NETO, N.B.; CASEIRO, R.F.; IKEDA, M.; BOMFIM, D.C. Germinação de
sementes de Urucum (Bixa orellana L.). Revista Brasileira de Sementes, vol. 24, nº 1, p.197-202. 2002.
DUKE, J.C.; DOEBLEY, J, A Chloroplast DNA base ad phylogeny of the Malvaceae. Systematic Botany, 20(3):
259-271. 1995.
FRYXELL, P. A. Malvaceae of Mexico. Systematic Botany Monographs, v. 25, p. 1-522.1988.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
JUDD, W. S.; CAMPBELL, C.S.; KELLOGG, E.A.; STEVENS, P.F.; DONOGHUE, M.J. Sistemática Vegetal:
um enfoque filogenético. Porto Alegre: Artmed, 2009.
JUDD, W. S.; MANCHESTER, S.R. Circumscription of Malvaceae (Malvales) as determined by a preliminary
cladistic analysis of morphological, anatomical, palynological, and chemical characters. Brittonia, New York:
New York Botanical Garden, v. 49, n. 3, p. 384-405, 1997.
NYFFELER, R.; BAYER, C.; ALVERSON, W.S.; YEN, A.; WHITLOCK, B.A.; CHASE, M.W.; BAUM, D.A.
Phylogenetic analysis of the Malvadendrina clade (Malvaceae s.l.) basedonplastid DNA sequences. Organisms,
Diversity & Evolution, 5: 109–123. 2005.
PEIXOTO, A. L.; MAIA, L. C. Manual de procedimentos para herbários. Recife: EditoraUniversitária UFPE,
2013.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
Quésia Sá Pavão 1; Bruna Stefanny das Neves de Souza 2; Laiane Pinto da Silva 3; Luana Lima de Souza 4;
Joana Caroline Xisto Barbosa 5; André Luis Sousa Da Costa 6.
RESUMO
O primeiro Código Florestal do Brasil foi lançado em 1934 pelo Decreto 23.793, partindo do pressuposto que a
conservação das florestas e outros ecossistemas naturais são de interesse de toda a sociedade, pois são eles que
nos garantem serviços ambientais, como: produção de água, regulação do ciclo das chuvas e dos recursos hídricos
e a proteção da biodiversidade. Em 1965 foi atualizado com a Lei n° 4.771, sendo que a partir de 1966 este código
passou por modificações através de várias Medidas Provisórias, e uma última reformulação em outubro de 2012.
O Código Florestal fora instituído como forma de proteção ambiental e uma maneira de se atribuir um único
diploma legal à matéria ambiental. Diante do que se entende pela regularização fundiária, fica claro que esta
perpassa por diversas questões como políticas, administrativas, socioeconômicas, culturais, históricas e locais.
Não deixando de lado que a mesma está diretamente relacionada ao processo que envolve a proteção, preservação
e responsabilização ambiental. Desta forma, objetivo desse artigo é destacar a situação atual de implementação,
analisar as dificuldades, bem como as perspectivas futuras do Novo Código Florestal quanto à regularização
fundiária. Para isso uma revisão de literatura foi realizada, no qual foram consultados trabalhos e artigos
científicos a respeito avaliação do novo Código Florestal e os aspectos fundamentais para a regularização
fundiária. Devido ao território brasileiro ser extenso, a regularização fundiária, sob a responsabilidade de
determinado órgão, é praticamente inviável. Cada região tem características próprias. Ao passo que o novo código
estipulou prazo para os agricultores realizarem o Cadastro Ambiental Rural (CAR), tem-se uma forma indireta
de regularização fundiária. Com isso, se repassa ao proprietário do imóvel a responsabilidade de cadastrar-se e
informar o tamanho da sua propriedade. Assim como declarar o perímetro de suas reservas legais (RL) e das Áreas
de Preservação Permanente. (APP).
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
1. INTRODUÇÃO
Em diversos campos das sociedades modernas a questão ambiental, nas últimas quatro décadas do século
XX, ganha cada vez mais espaço, sendo que esse tema tem uma discussão estendida nas diferentes esferas: na
política, na economia, na cultura, na educação, nas artes e nas mídias em geral (FONSECA; BURSZTYN, 2007).
Um dos componentes do ambiente são as florestas que se entende como qualquer vegetação que tem
predominância de indivíduos lenhosos, onde as árvores que a compõem possuem copas que se tocam formando
um dossel. As florestas do Brasil desemprenham papéis importantes na sociedade, economia e meio ambiente,
pois estas oferecem uma variedade de bens e serviços (MMA, 2016).
O primeiro Código Florestal do Brasil foi lançado em 1934 pelo Decreto 23.793, e em 1965 foi atualizado
com a Lei n° 4.771, sendo que a partir de 1966 este código passou por diversas modificações através de várias
Medidas Provisórias, e por fim uma última reformulação em outubro de 2012 (Portal Brasil, 2012).
Desde quando o primeiro código surgiu, partia-se do pressuposto que a conservação das florestas e outros
ecossistemas naturais são de interesse de toda a sociedade, pois são eles que nos garantem os serviços ambientais
básicos, como: produção de água, regulação do ciclo das chuvas e dos recursos hídricos, proteção da
biodiversidade, polinização, controle de pragas, controle do assoreamento dos rios e o equilíbrio do clima (WWF,
2011).
O Novo Código Florestal (Lei 12.651) está em vigor desde 25 de maio de 2012, tendo passado por
alterações pela Lei 12.727, de 17 de outubro de 2012. No código ficam estabelecidos limites gerais de uso das
áreas dos imóveis rurais para que se mantenha a exploração agropecuária equilibrada entre as dimensões
ambiental e econômica. A lei refere-se à proteção e preservação de florestas, matas ciliares, Áreas de Preservação
Permanente e Reserva Legal (Sistema FAEP, 2012).
Partindo do princípio contido no Estatuto da Terra a Lei Nº 4.504, de 30 de novembro de 1964 (BRASIL,
1964) no seu art 2°, caput que diz: É assegurada a todos a oportunidade de acesso à propriedade da terra,
condicionada pela sua função social, na forma prevista nesta Lei [...] a regularização fundiária que segundo a lei
Nº 11.952, de 25 de junho de 2009 (BRASIL, 2009) dispõe ocupações incidentes em terras situadas em áreas da
União, no âmbito da Amazônia Legal tem interação direta com o Código Florestal, tendo em vista as condições
de concessão real ou título de domínio, como exemplo o art 15°, § 2o :
“O desmatamento que vier a ser considerado irregular em áreas de preservação permanente ou
de reserva legal durante a vigência das cláusulas resolutivas, após processo administrativo, em
que tiver sido assegurada a ampla defesa e o contraditório, implica rescisão do título de domínio
ou termo de concessão com a consequente reversão da área em favor da União”.
Diante do que se entende pela regularização fundiária, fica claro que esta perpassa por diversas questões
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
como políticas, administrativas, socioeconômicas, culturais, históricas e locais (MELO; MEDEIROS, 2014). Não
deixando de lado que a mesma está diretamente relacionada ao processo que envolve a proteção, preservação e
responsabilização ambiental. (DJE, 2014).
Nesse sentido o objetivo desse artigo é destacar a situação atual de implementação, analisar as
dificuldades, bem como as perspectivas futuras do Novo Código Florestal quanto à regularização fundiária.
2. METODOLOGIA
Para realização deste trabalho uma revisão de literatura foi realizada, no qual foram consultados trabalhos,
artigos científicos e legislações a respeito avaliação do novo Código Florestal e os aspectos fundamentais para a
regularização fundiária. Os critérios utilizados para a inclusão dos estudos encontrados foram à abordagem do
tema em questão no Brasil. Sendo assim, foi realizada dentro da literatura especializada, uma discussão do tema
bem como uma análise sobre a legislação vigente.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Para explanar uma discussão acerca do Novo Código Florestal, é importante fazer uma retrospectiva sobre
as leis que abrangem o Código Florestal Brasileiro, que teve seu início na década de 30. A primeira lei sancionada
(Decreto n° 23.793, de 23-01-1934), segundo o autor Piva, (2000) o Código Florestal de 1934 informou que as
“florestas..., consideradas em conjunto” constituíam “bem de interesse comum a todos os habitantes do país”.
Segundo Ahrens (2003), considerar as florestas em seu conjunto significava reconhecer que interessava à
sociedade que florestas fossem apreciadas como parte integrante da paisagem natural, estendendo-se
continuamente pelo terreno e, portanto, por todas as propriedades, públicas ou privadas.
A importância do primeiro código se deu pelas atividades que ocorriam na época, como a exploração da
terra e florestas para a cafeicultura, gado e silvicultura, sendo nesse cenário que o Poder Público decidiu
interceder, estabelecendo limites ao que parecia ser um saque ou pilhagem dos recursos florestais (muito embora,
até então, tais práticas fossem lícitas).
Em decorrência das imensas dificuldades verificadas para a efetiva implementação do Código Florestal
de 1934, elaborou-se proposta para um novo diploma legal que pudesse normatizar adequadamente a proteção
jurídica do patrimônio florestal brasileiro, efetivando assim o Código Florestal de 1965, lei n° 4.771. Segundo
Medeiros (2005), outros fatores contribuíram para a edição do código florestal de 1934, dentre eles: movimentos
relacionados à proteção ao meio ambiente que começavam a pressionar a atuação do poder público, bem como as
propostas políticas, do governo Getúlio Vargas, com o intuito de promover a modernidade do país.
Segundo Ahrens (2003) é importante observar que neste novo código, as florestas não são mais
consideradas em seu conjunto (como previa o Código Florestal de 1934), mas deveriam ser consideradas em sua
individualidade, em nível de cada propriedade imóvel rural. O conteúdo do Art. 1° do “novo” Código Florestal
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
revela, ainda, que existe um regime jurídico muito peculiar às florestas (nativas) e demais formas de vegetação
(natural) que é a sua instituição como “bens de interesse comum a todos os habitantes do País”. Nas palavras de
Silva (1997, p.117), “bens de interesse público, sujeitos a regime jurídico especial”.
Ademais, conforme dispõe Antunes (1999, p.245), interesse comum não se confunde com domínio
comum: o domínio sobre as florestas pode ser público ou privado. Para aquele autor, o “interesse” deve ser
entendido como a faculdade legal e constitucionalmente assegurada a qualquer indivíduo de exigir, administrativa
ou judicialmente, do titular do domínio florestal ou de outras formas (naturais) de vegetação, que ele preserve a
boa condição ambiental para que a cobertura vegetal possa desempenhar o seu papel protetor.
O atual Código Florestal é composto pelas Leis 12.651/2012 e 12.727/2012, confirmando e inovando nos
conceitos relacionados à proteção da flora nativa, sendo a lei brasileira que dispõe sobre a proteção da vegetação
nativa, tendo revogado o Código Florestal de 1965. Segundo Praes, (2012) a reformulação do código de 1965
ocorreu principalmente pelas discussões sobre as questões ambientais, que teve seu início na década de 1990,
período que ocorreu a Conferência Rio-92, importante evento organizado pela Organização das Nações Unidas
(ONU), que segundo Praes, 2012 promoveu uma maior conscientização no Brasil, quanto aos desmatamentos de
suas florestas, tanto pela percepção da sociedade dos problemas ambientais, quanto pela pressão dos movimentos
ambientalistas.
Em contrapartida segundo Saur & França (2012) defendem que as principais imposições para um Novo
Código foram à edição da Resolução n° 3.545, de 2008, do Banco Central, que passou a exigir documentação
para comprovar a regularidade ambiental para fins de financiamento agropecuário no bioma Amazônia. A
segunda foi à edição do Decreto n° 6.514, de 2008, que passou a exigir a regulamentação da Reserva Legal e
definiu multas para o caso de não efetivação da averbação.
Todas essas exigências e pressões acabaram contribuindo para a reformulação do código florestal,
tornando-se um marco na legislação brasileira. As principais alterações que ocorreram com o novo código foram
a regularização das APP´S (Áreas de Preservação Permanente); Reserva Legal; Conversão de Multas; Cadastro
Ambiental Rural; Incentivos Econômicos. Sparovek et al (2011) afirma que as supostas restrições impostas pela
legislação ambiental ao desenvolvimento do setor agropecuário são utilizadas com frequência como justificativa
para a criação do Novo Código Florestal e dos critérios para a criação de unidades de conservação ou terras
indígenas e reservas quilombolas. Outra forma de analisar a questão, porém, é verificar a possibilidade de as áreas
já desmatadas e utilizadas para uso agropecuário poderem ser utilizadas eficientemente em sua totalidade, atender
ao desenvolvimento do setor.
Com essas mudanças houve várias implicações junto aos proprietários de terras e produtores rurais.
Segundo Sparovek et al (2011) o Novo Código Florestal aplica-se as propriedades privadas. Nele é definido que
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
todas as glebas agrícolas precisam manter áreas de preservação permanente (APP) e reservas legais (RL). As
APP´s são de interesse prioritário para preservação dos recursos hídricos e suas áreas de recarga. Elas incluem
uma faixa de terras ao longo das margens dos rios, nascentes, lagos e reservatórios de águas, as áreas muito
íngremes, topos de morro e altitudes elevadas. Trata-se de áreas de preservação exclusiva, não podendo ser
utilizadas para atividades agropecuárias, extração florestal ou uso recreativo. Sua definição é independente do
tamanho da propriedade e igual em todo Brasil.
As reservas legais não fazem parte das áreas de preservação permanente; devem ser mantidas com
vegetação natural nas fazendas com o propósito geral de preservação da flora (diversidade e valor ecológico na
paisagem). O tamanho das reservas legais e variável e definido como uma porcentagem das glebas rurais, variando
de no máximo 80% nas florestas situadas na Amazônia Legal até 20% nas áreas fora da Amazônia Legal. Elas
permitem algum uso de baixo impacto, mas sem remoção completa da cobertura vegetal natural. As restrições de
uso impedem que estas áreas sejam utilizadas para atividades agrícolas mecanizadas como o cultivo de soja,
milho, cana e a pecuária com base em pastagens plantadas.
O autor Bacha (2003) defende que a reserva legal é um mecanismo de política de rendas, no qual se
procura estabelecer um zoneamento do uso da terra dentro da propriedade rural. A política de rendas constitui-se
em uma série de regulamentações que restringem a produção e a comercialização de produtos, bem com o uso
dos fatores de produção; e/ou determina valores mínimos ou máximos para o pagamento pelo uso desses fatores
ou por produtos elaborados em uma economia.
Bracha (2003) ainda afirma em seu artigo que pela legislação em vigência a partir de 2001, todos os
imóveis rurais do Brasil, inclusive no Nordeste, devem ter reserva legal. O que exige um prazo de 30 anos para a
reposição da reserva legal. No entanto, nenhuma avaliação sobre essas possíveis mudanças foi feita até o
momento. Essa avaliação pode ser feita em três dimensões: 1) estudos de casos de produtores de certa região; 2)
em nível de micro bacia hidrográfica; e, 3) em nível de bacia hidrográfica.
Dentre os novos instrumentos de exigência está na criação do Cadastro Ambiental Rural (CAR) baseado
em dado eletrônico que auxilia na gestão ambiental de propriedades e posses rurais, bem como no monitoramento
e combate ao desmatamento. Ele integra informações ambientais das propriedades e posses, compondo uma base
de dados essencial para um efetivo planejamento ambiental e econômico em áreas rurais.
A inscrição no CAR é condição obrigatória para o exercício de diversos direitos, tais como: obtenção de
autorização para supressão de vegetação nativa; manutenção de atividades em áreas rurais consolidadas;
regularização de APP e Reserva Legal seguindo parâmetros mais flexíveis; e obtenção de crédito rural por
instituições financeiras (INPUT). Segundo Ahrens (2003) o novo Código Florestal criou um regime jurídico
especial, com regras mais flexíveis, para a regularização ambiental de imóveis rurais com passivos ambientais
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
anteriores a 22 de julho de 2008. Os proprietários e possuidores que se enquadrem na situação descrita acima
devem aderir ao Programa de Regularização Ambiental (PRA) para usufruir de todos os benefícios concedidos
pelo novo Código Florestal e regularizar seus imóveis.
Ainda sobre as discussões que permeiam a propriedade rural e o novo código florestal, está à função
socioambiental da terra, a importância não somente da função social, mas também da função ambiental. Segundo
Araújo, (2009), no contexto dos embates sobre o Código Florestal, os argumentos em defesa de uma desobrigação
de proteger e preservar o meio ambiente, no entanto, não se restringem apenas à reafirmação do direito (individual
e absoluto) da propriedade da terra (e a consequente indenização de qualquer processo de conservação que
transcenda os interesses privados).
Segundo Saur & França, (2012) essa perspectiva, como meio de produção e mercadoria, autoriza a
senadora Kátia Abreu a afirmar que Reserva Legal e APP são ônus porque retiram “[...] competitividade dos
agricultores em comparação a outros países do mundo”. Sendo assim, é fundamental a concepção de que a terra
deve cumprir não só uma função social, mas também uma função ambiental. Consequentemente, os termos
constitucionais do artigo 186 transcendem as interpretações correntes, estabelecendo vários requisitos
socioambientais, além do uso econômico-produtivo da terra, amplamente utilizado como sinônimo de “uso
racional e adequado”, como veremos a seguir. Claramente, o inciso II estabelece que a função social seja composta
também pela “[...] utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente”
(Araujo, 2003).
O novo Código Florestal foi implementado em âmbito estadual, cabendo aos estados a edição de normas
e procedimentos específicos. Os estados têm uma grande oportunidade de estabelecer regras mais claras e
eficazes, além de procedimentos mais simples, sem abrir mão de uma efetiva proteção ao meio ambiente. Porém,
o processo legislativo estadual gera um risco de atraso na implementação do código. O monitoramento e a
fiscalização eficientes dos imóveis rurais serão essenciais para o sucesso da nova lei. Concluindo, argumenta-se
que a questão básica e elementar que deve ser colocada no centro das discussões é a seguinte: “quanto” meio
ambiente a sociedade deseja para si, hoje, e para as futuras gerações? E com quais características? A resposta a
essa questão indicará quanta e qual floresta a sociedade necessita, ou seja: “qual área com cobertura florestal,
aonde e com que atributos”.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O código florestal passou por mudanças muito importantes no que diz respeito à preservação do meio
ambiente. Estimulando a sustentabilidade e o uso dos serviços ambientais de forma adequada e consciente. Além
da previsão de proteção da fauna e flora o novo Código Florestal foi instituído como uma forma de Regularização
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
das Propriedades Rurais, ante a enorme crise fundiária brasileira, ao passo que de forma compulsória o agricultor
deverá adequar-se à legislação ambiental e cadastrar sua área nos órgãos ambientais.
As ferramentas CAR, RL e APP do Novo Código Florestal são de grande importância para efetiva
regularização de imóveis, pois foi estipulado prazo para que os agricultores realizem o Cadastro Ambiental Rural
(CAR) que é uma forma de se obter os dados das diversas áreas do país, obtendo-se uma forma indireta de
regularização fundiária. Com isso, se repassa ao proprietário do imóvel a responsabilidade de cadastrar-se e
informar o tamanho da sua propriedade. Assim como declarar o perímetro de suas reservas legais (RL) e das Áreas
de Preservação Permanente (APP), viabilizando aos agricultores familiares a permanência na terra, por meio da
segurança jurídica da posse do imóvel, além de permiti o conhecimento da situação fundiária brasileira, tornando-
se um instrumento para o planejamento e a proposição de políticas públicas locais, como o crédito rural e a
assistência técnica.
Uma das maiores dificuldades do cumprimento da lei está associada à produção, visto que proprietários
de áreas extensas se recusam a deixar de usufruir de parte dela para fins conservacionistas.
REFERÊNCIAS
AHRENS, S. O “novo” código florestal brasileiro, conceitos jurídicos fundamentais. In: VIII Congresso
Florestal Brasileiro, 25 a 28-08-2003, São Paulo, SP. São Paulo: Sociedade Brasileira de Silvicultura; Brasília:
Sociedade Brasileira de Engenheiros Florestais, 2003.
ARAÚJO, Suely M. V. Guimarães de. PL 5.367/2009 (Código Ambiental Brasileiro): análise crítica. Brasília:
Câmara dos Deputados, 2009.
BRACHA, C.J.C. Eficácia da política de reserva legal no Brasil. Tese de Livre-Docência, ESALQ/USP,
setembro de 2003.
FONSECA, Igor Ferraz; BURSZTYN, Marcel. Mercadores de moralidade: A retórica ambiental e a prática
do desenvolvimento sustentável. Ambiente & Sociedade. Campinas v. X, n. 2; p. 171-188. Jul.-Dez. 2007.
MEDEIROS, R. Evolução das tipologias e categorias de áreas protegidas no Brasil. 2005. Ambiente &
Sociedade, v. 9, n. 1, 2006.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
PORTAL BRASIL. Entenda as principais regras do Código Florestal. Novembro de 2012. Disponível em:<
http://www.brasil.gov.br/meio-ambiente/2012/11/entenda-as-principais-regras-do-codigo-florestal>.
Acesso em: 04 de setembro de 2016.
PRAES, O.E. Código florestal brasileiro: evolução histórica e discussões atuais sobre o novo código
florestal. In: VI Simpósio Colóquio Internacional, São Cristovão-SE, Brasil 20 a 22 de Setembro de 2012.
SAUER, S. FRANÇA, F.C. Código florestal, função socioambiental da terra e soberania alimentar.
CADERNO CRH, Salvador, v. 25, n. 65, p. 299-321, Maio/Ago. 2012.
SILVA, J.A. da. Direito ambiental constitucional. 2. Ed. São Paulo: Malheiros, 1995. 243p.
SPAROVEC, G. BARRETTO,A. KLUG, I. PAPP, L. LINO, J. A revisão do código florestal brasileiro. Novos
Estudos 89, Março 2011.
WWF-Brasil, Cartilha. Código Florestal - Entenda o que está em jogo com a reforma da nossa legislação
ambiental. SOS Floresta. 2011.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
Pollyanna Coêlho de Sousa1; Vanda Maria Sales de Andrade²; Iracema Maria Castro Coimbra Cordeiro³;
Francisco de Assis Oliveira4; Livia Gabrig Turbay Rangel Vasconcelos5
1 Mestre
em Ciências Florestais. Universidade Federal Rural da Amazônia. [email protected].
2 Pós-doutorandas PNPD/CAPES, Universidade Federal Rural da Amazônia, [email protected].
³Pós-doutorandas PNPD/CAPES, Universidade Federal Rural da Amazônia, [email protected].
4Professor do curso de pós-graduação em Ciências Florestais, Universidade Federal Rural da Amazônia,
[email protected].
5
Professora do curso de ciências Florestais, Universidade Federal Rural da Amazônia, [email protected].
RESUMO
Para avaliar a dinâmica dos meios de produção e comercialização dos frutos de açaí, foi realizado um diagnóstico
do sistema de produção em comunidades. A coleta de dados ocorreu em oito comunidades de diferentes zonas
produtivas de Almeirim-PA, e o método baseou-se em ferramentas de Diagnostico Rural Participativo,
classificando a pesquisa como de caráter descritivo. A análise de variância foi utilizada para comparação dos
valores de produção de frutos de açaí entre as comunidades, nos diferentes sistemas de manejo encontrados,
quando ajustados aos dados de precipitação mensal, verificou-se também diferenças significativas na produção.
Na estação mais seca (junho a dezembro), a produção obteve um crescimento, passando de 170,37 toneladas no
período mais chuvoso (janeiro a maio) para 347,76 toneladas no período mais seco, observando-se uma queda na
produção do fruto para o mês de outubro (24,64 toneladas), destacando que foi o mês com a menor quantidade de
chuva ocorrida, com valor total pluviométrico ficando abaixo das normais climatologias (INMET), reduzindo a
disponibilidade de água para a planta, fato que ocorreu no decorrer de todo o ano. O pico da produção ocorreu
em julho (79,18 toneladas). O manejo dos açaizais nativos é recomendável ao produtor, por aumentar a
disponibilidade de materia prima durante todo o ano, no entanto, deve-se avaliar a intensidade na aplicação das
técnicas, para não prejudicar a biodiversidade local.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
1.INTRODUÇÃO
A espécie Euterpe oleracea Mart (açaí) é uma palmeira do trópico brasileiro, típica na paisagem
florestal da Amazônia. Seu desenvolvimento ocorre tanto em terras firmes como em várzeas sujeitas a inundações
periódicas. O Açaí é um componente florestal nativo, popularmente conhecido como açaizal, importante para
alimentação de populações locais em áreas inundáveis na Amazônia.
A fruta do açaí vem sendo bem divulgada, onde observa-se que nos últimos dez anos, houve uma mudança
significativa no movimento exploratório e comercial do açaí onde passou a ser comercializado além das fronteiras
locais, chegando até mesmo ao âmbito internacional com grande repercussão (Nogueira et al 2013).
O Estado do Pará, com uma área de 1.253.164,5 km², aproximadamente 15% do território brasileiro,
destaca-se no cenário nacional como maior produtor de açaí (Euterpe oleracea Mart.). Em 2013, a participação
desse estado na produção brasileira de açaí fruto foi de 85,6%, seguida pela do Maranhão, com 8,8%, sendo os
únicos estados a registrarem aumentos da produção desta fruta no país (IBGE, 2013).
O Estado do Pará, principal produtor, participou com 55,4% da produção nacional de açaí extrativo, que,
em 2014, foi de 198 149 toneladas, representando um decréscimo de 2,0% em relação à de 2013, ressaltando-se
que esses dados não contabilizam a produção cultivada. Em 2014, Limoeiro do Ajuru (PA) foi o principal produtor
(26.500 toneladas), ultrapassando Codajás no Amazonas, maior produtor em 2013 (25.000 toneladas) (IBGE,
2014).
A exploração do açaí sempre foi essencial para a economia dos Estados do Pará, Maranhão, Amapá, Acre
e Rondônia, sendo que para os paraenses e amapaenses, soma-se ainda a importância por sustentar a economia
das populações ribeirinhas (Nogueira et al 2013; Homma et al 2006).
Especificamente no município de Almeirim, o resultado do Diagnóstico Econômico-Ambiental constatou
que os produtos florestais não madeireiros exercem forte interferência na economia local, cuja análise das cadeias
produtivas locais destacou a importância do açaí, não somente para a economia, como também para a subsistência
das famílias (Amorim et al., 2010).
Assim como nos demais municípios do estado do Pará, em Almeirim, essencialmente, a produção era
oriunda do extrativismo. No entanto a partir da década de 90, com a descoberta dos benefícios proporcionados
pela composição nutricional e energética do açaí e na grande demanda por suco de açaí e na busca de alimentação
saudável com apelo ecológico, elevou um aumento no consumo (PENA et al., 2011 Steward 2013) alterando
substancialmente o modo tradicional provocando mudanças no sistema de manejo de açaizais nativos para
favorecer a produção e comércio do fruto. Essa mudança motivada pela demanda nacional e internacional
contribuiu para a aplicação de técnicas de manejo de açaizais nativos, assim como para elaboração dos primeiros
planos de uso comunitários e a formação de plantios homogêneos com a espécie.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
Contudo, apesar da importância da produção de açaí para o município de Almeirim, em comunidades mais
distantes, alguns desafios ainda precisam ser enfrentados, como a escassez de opções de transporte, a falta de
comprador no local (comunidade) e a falta de organização na extração, ocasionando perdas na produção (Amorim
et al., 2010).
Portanto, o objetivo neste trabalho foi identificar os potenciais da produção de açaí por algumas
comunidades tradicionais de Almeirim-PA, através da quantificação da produção de frutos nos diferentes tipos
de sistemas de manejo adotados.
2. MATERIAL E MÉTODOS
A região de estudo abrangeu oito comunidades agroextrativistas que utilizam tradicionalmente frutos de
açaí para subsistência e comércio, no município de Almeirim. O município está localizado no estado do Pará (01º
31‟ 15”S; 52º 34‟ 45”W), distando 478 km da capital Belém, na mesorregião do Baixo Amazonas, região norte
do Brasil.
As comunidades estudadas estão localizadas em quatro regiões do município e foram selecionadas de
acordo com o potencial produtivo para o açaí, diagnosticado por Amorim et al. (2010). As propriedades dessas
comunidades apresentam estruturas e tamanhos diferentes. O clima da região segundo a classificação de Köppen-
Geiger é do tipo “Ami”, (ALVARES et al 2013).
Dentro dos procedimentos de campo a metodologia é caracterizada como descritiva e exploratória usando
técnicas padronizadas de coletas de dados. Utilizou-se técnicas de DRP – Diagnostico Rural Participativo
(VERDEJO, 2006), com três ferramentas: entrevista; questionário semi-estruturado e oficina participativa com
visitas de campo e aplicação de questionários, realizado no ano de 2013.
Para a determinação do volume da produção de frutos, utilizou-se, além das entrevistas, os cadernos de
produção dos produtores, relativos ao ano de 2013. Para estimativa da produção dos frutos, foram elaboradas duas
equações, especificamente para a pesquisa, obtendo-se a estimativa de produção dos frutos na safra (Sf) e
entressafra (EntSf), (Equação 1 e 2).
Onde:
EVPF prod. (sf): Estimativa de Volume da Produção de Frutos;
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
O cálculo da estimativa do volume de produção de frutos na safra e entressafra de cada comunidade, foi
realizado através da somatória de EVPsf e EVPEntSf.
Para análise dos dados, a unidade “lata” foi convertida em kg e toneladas. Para correlacionar os dados de
produção de frutos nos diferentes tipos de manejo adotados pelas oito comunidades estudadas.
Para fins de análises quantitativa em relação a produção do fruto ao longo do ano, avaliando a
sazonalidades da precipitação pluviométrica em relação a produção utilizou-se um delineamento estatístico que
foi o inteiramente casualizado, com arranjo fatorial, dividindo-as em: açaizais manejados (nativos e plantados) e
açaizais não manejados.
Com as estimativas das produções mensais de frutos de açaí, procedeu-se às análises estatísticas por
ANOVA (Analise de Variância). Na ocorrência de diferenças significativas entre pelos menos uma fonte de
variação, foi aplicado o teste SNK (Student-Newman-Keuls), ao nível de significância de 95% de probabilidade.
Os dados foram processados através do software Sistema para Análises Estatísticas e Genéticas – SAEG (UFV,
2000).
Os dados de produção de frutos por comunidade foram correlacionados com dados referentes a
precipitação mensal e das normais climatológicas (de 1961 – 1990) equivalente a trinta anos de dados de Almeirim
para o ano de 2013, a partir de informações do Instituto Nacional de Meteorologia – INMET.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A produção total das comunidades em 2013 foi de 518,13 toneladas, sendo que na safra foi registrado
347,76 e na entressafra, 170,37 toneladas. De acordo com o IBGE (2014), a produção de açaí em Almeirim no
mesmo período foi de 103 toneladas, valor que rebaixa o potencial real da produção de frutos de açaí do município,
se comparado com localidades vizinhas, como Manzação/AP, que produziu 426 toneladas. Entre as comunidades
estudadas, Nova Vida foi a que se destacou com 109 toneladas de frutos durante o ano de 2013. A produção
menos expressiva foi a de Recreio (tabela 1).
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
Tabela. 1. Produção de frutos de açaí nas comunidades estudadas extratoras de Euterpe oleracea, em Almeirim-
Pará.
Comunidades Produção de frutos/ton. Produção/kg/ha/ano
Sistema
Safra Entressafra Anual Safra
adotado
Barreiras 3,98 32,54 36,51 445
Braço 23,52 49,06 72,58 144
Com
Km 25 62,27 40,54 102,81 347
manejo
N. Arumanduba 28,95 22,68 51,63 62
Nova vida 53,09 56,17 109,26 3.035
Lago Branco 15,58 13,44 29,02 518
Sem
Praia Verde 40,15 54,54 94,61 1.478
manejo
Recreio 6,05 15,57 21,61 600
Fonte: autores
Os valores de produção de frutos por hectare nos açaizais estudados variaram bastante entre as
comunidades. Observando através do sistema adotado o (com manejo), Nova Vida obteve o melhor desempenho
(3.035 kg/há/ano), enquanto que Nova Arumanduba apresentou o menor volume (62 kg/hac/ano). No sistema
(sem manejo), Praia Verde difere-se significativamente das demais por apresentar um volume de 1.478
kg/há/ano).
O teste estatístico realizado mostrou que Nova Vida, Km25 e Barreiras apresentaram diferença
significativa com relação as demais (FIGURA 1). As duas primeiras com produção mais elevada e a última com
menor volume. Diferença significativa no mês de janeiro, que apresentou a menor produção (13,94 toneladas).
Agosto, setembro e dezembro apresentam produções iguais estatisticamente e são também os meses com maior
volume coletado (FIGURA 1), com destaque para Julho e agosto (45,58 49,73 e toneladas, respectivamente).
Nas comunidades que não praticam o manejo dos açaizais, os valores foram inferiores, sendo que Praia
Verde diferiu significativamente das demais, pois obteve uma produção elevada para sua categoria (94,61
ton/ano.), Lago Branco e Recreio foram os menores valores registrados, com 29,02 e 21,61 toneladas,
respectivamente, não se diferenciando entre si (FIGURA 1).
O mês de julho foi o que diferiu significativamente dos demais, com produção superior (33,60 toneladas).
Nos meses de outubro, dezembro, janeiro, fevereiro e março, a produção foi estatisticamente igual.
Nos dois tipos de sistemas, verifica-se que nos últimos e primeiros meses do ano, a produção é reduzida,
provavelmente em decorrência deste ser o período com maior precipitação na região e, correspondendo ao período
em que, normalmente, as plantas de E. oleracea estão em floração, como observado por (Jardim & Kageyama,
1994).
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
Diante do exposto, verificou-se que o manejo de açaizal é um sistema silvicultural que proporciona
aumento na produtividade dos açaizais (Nogueira & Homma, 1998). Esse aumento da capacidade de suporte é
uma consequência da eliminação das espécies vegetais concorrentes (homogeneização dos estoques de açaizais)
(Nogueira & Homma, 1998).
O período mais seco no município de Almeirim em 2013 ocorreu entre os meses de junho a dezembro e o
período chuvoso, de janeiro a maio. A partir dessa informação e tendo em vista as características da espécie em
estudo – floração no inverno e frutificação no verão (Jardim & Kageyama, 1994) – foi possível fazer cálculos
para a dinâmica da produção de frutos das comunidades envolvidas na pesquisa.
Figura 1 – Produção mensal de frutos de açaí submetidos a diferentes sistemas de manejo. (A): produção em açaizal
manejado; (B): produção mensal em açaizal manejado; (C): produção em açaizal não manejado; produção mensal em açaizal
não manejado). *Médias seguidas de mesma letra não diferem estatisticamente entre si, pelo teste de SNK a 5% de
probabilidade
Fonte: autores
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
Na estação mais seca (junho a dezembro), a produção obteve um crescimento, passando de 170,37
toneladas no inverno (janeiro a maio) para 347,76 toneladas, observando-se uma queda na produção do fruto para
o mês de outubro (24,64 toneladas), destacando que foi o mês com a menor quantidade de chuva ocorrida, com
valor total pluviométrico ficando abaixo das normais climatologias (INMET), reduzindo a disponibilidade de
água para a planta, fato que ocorreu no decorrer de todo o ano. O pico da produção ocorreu em julho (79,18
toneladas).
Para o tipo climático de Almeirim (Ami), pequenas estações de seca, é recomendado o uso de irrigação
em cultivos de açaizeiro (Oliveira et al., 2002), o que ocorre nas comunidades Braço, Nova Vida e Km25, o que
pode ter evitado as perdas na produção nos meses mais secos (setembro e outubro). Destaca-se, que nas duas
últimas, nos meses com maior precipitação (entre janeiro a maio), não há queda na produção, sendo relativamente
maior que nas demais comunidades (FIGURA 2).
Figura 2 – Variabilidade da produção do fruto e a distribuição pluviométrica da região em áreas plantadas manejadas, (A)
Braço; (B) Nova Vida e (C) Km25 em Almeirim, PA.
Fonte: autores
Entre as comunidades que não manejam os açaizais (FIGURA 3), observou-se períodos de produção mais
curtos, geralmente entre junho a agosto, destacando-se Praia Verde que apresentou alta produção em julho (15,06
toneladas) e Recreio que não apresentou produção em janeiro.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
A comunidade Barreiras, apresentou produção apenas no período seco, com dois picos (entre os meses de
julho a setembro e novembro a dezembro). Segundo Queiroz & Mochiutti (2012) é a radiação solar que garante
uma alta produção de frutos, que é proporcionada pelo manejo dos açaizais.
Figura 3 – Influência da precipitação na produção mensal de frutos de açaí, em áreas nativas não manejadas, em
Almeirim, PA (A: Lago Branco; B: Praia Verde; C: Recreio).
Fonte: autores.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
As comunidades estudadas apresentaram significativo potencial na produção de frutos de açaí, que
movimenta o mercado local e regional. O manejo dos açaizais nativos é recomendável ao produtor, por aumentar
a disponibilidade de materia prima durante todo o ano, no entanto, deve-se avaliar a intensidade na aplicação das
técnicas, para não prejudicar a biodiversidade local. Em comunidades que não praticam nenhuma técnica, a
elevada produção é justificada pela alta demanda por frutos, mas esse fato ocorreu na safra (verão), quando a
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
especie está em periodo de frutificação. Para as localidades que utilizam açaizal cultivado, recomenda-se a
irrigação nos meses mais secos do ano no municipio.
5. REFERÊNCIAS
ALVARES, C A.; STAPE, L. J.; SENTELHAS, P. C.; GONÇALVES, J. L M., SPAROVEK, G. Koppen’s
climate classification map for Brazil. Meteorologische Zeitschrift, Vol. 22, No. 6, 711–728, DOI 10.1127/0941-
2948/2013/0507., Gebruder Borntraeger 2013.
AZEVEDO, J. R.; KATO, O. R. Sistema de manejo de açaizais nativos praticado por ribeirinhos das Ilhas de
Paquetá e Ilha Grande, Belém, Pará, Fortaleza, CE, 2007. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE SISTEMAS DE
PRODUÇÃO, 7., 2007, Fortaleza, CE. Anais... Fortaleza: EMBRAPA, 2007. v. 1.
IBGE. Produção da extração vegetal e silvicultura. 2014. Acessado em 6 jan. 2015. Disponível em:
http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/periodicos/74/pevs_2014_v29.pdf.
JARDIM, M.A.G.; KAGEYAMA, P.Y. Fenologia de floração e frutificação em população natural de açaizeiro
(Euterpe oleracea Mart.) no Estuário Amazônico. Belém: Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi, 1994. p.77-
82.
NOGUEIRA, O. L. et al. Possibilidades de produção de frutos de açaizeiros em área de terra firme no Estado do
Pará, Belém, PA, 2002. In: Congresso Brasileiro de Fruticultura, 17., 2002, Belém, PA. Anais... Belém, SBF,
2002.
NOGUEIRA, O., L.; HOMMA, A., K., O. Análise econômica de sistemas de manejo de açaizais nativos no
Estuário Amazônico. Belém: EMBRAPA-CPATU, 1998. 38p.
NOGUEIRA, O. L. Regeneração, manejo e exploração de açaizais nativos de várzea do estuário amazônico. 1997.
149f. Tese (Doutorado em Ciências) – Curso de Pós-graduação em Ciências Biológicas, Universidade Federal do
Pará.
VERDEJO, M.E. Diagnóstico Rural Participativo: Um guia prático. Rio Grande do Sul: Ministério do
Desenvolvimento Agrário, 2006. 62p.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
Paulo Henrique Batista Dias1; Bianca Cavalcante da Silva2; Danilo da Luz Melo3; Valéria Cristina de Paula
Ferreira4; Renata Ferreira Lima5, Ismael de Jesus Matos Viégas6
[email protected].
5
Graduando em Agronomia. Universidade Federal Rural da Amazônia . E-mail: [email protected].
6 Doutor em Agronomia. Professor Docente da Universidade Federal Rural da Amazônia. E-mail:
RESUMO
O cupuaçuzeiro (Theobroma grandiflorum) é uma das fruteiras amazônicas mais importantes, sendo o Estado do
Pará o principal produtor. Dentre as espécies amazônicas o cupuaçuzeiro é umas das fruteiras que apresenta um
importante papel para o desenvolvimento da fruticultura regional, possuindo excelente aceitabilidade no mercado
regional. Este trabalho teve por objetivo avaliar o desenvolvimento de mudas de cupuaçuzeiro submetidas a doses
de calagem em Latossolo Amarelo de textura média. O trabalho foi realizado no ano de 2017, conduzido através
de casa de vegetação, localizada na Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA) no município de Belém-
PA. O substrato utilizado foi Latossolo Amarelo de textura média. As doses de calcário foram determinadas
visando elevar a saturação de bases para 50%. As doses (Tratamentos) foram de 0% (0 g), 20% (0,53 g/kg de
solo), 40% (1,4 g/kg de solo), 60% (2,28 g/kg de solo) e 80% (3,15 g/kg de solo).O experimento foi realizado em
delineamento inteiramente casualizado com 5 tratamentos e 5 repetições. A coleta dos dados foi feita através de
avaliações biométricas mensais. As variáveis avaliadas foram altura da planta, diâmetro do caule e número de
folhas. A análise indicou que os valores referentes à altura da planta mostraram-se favoráveis ao tratamento 2
(20%), assim como o diâmetro do caule. Já para a variável número de folhas os tratamentos 1 e 2 apresentaram
as melhores médias. O tratamento 2, correspondente a 20% da dosagem recomendada, apresentou resultados
satisfatórios quanto ao desenvolvimento vegetativo do cupuaçuzeiro.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
1. INTRODUÇÃO
O cupuaçu (Theobroma grandiflorum (Willd. ex Spreng.) Schum), pertencente à família Malvaceae,
possui atributos de uma das mais importantes e populares frutas da Amazônia. O cupuaçu desponta como um
importante produto agrícola de exportação com amplas perspectivas de mercado, dadas à aceitação que desfruta
entre os consumidores regionais e de outros estados. Além das características intrínsecas do fruto, o consumo de
produtos provenientes da região Amazônica é um outro fator que vem propiciando o interesse de outros países
pelo cupuaçu (BUENO, 1997; CALZAVARA, 1987; QUEIROZ, 1999; VENTURIERI, 1993). O cultivo do
cupuaçuzeiro teve início na década de 70. Até essa época a produção de frutos provinha, basicamente, das
populações nativas existentes nas regiões tidas como o centro de origem e diversidade do cupuaçuzeiro.
Atualmente, cerca de 30.000 ha encontram-se implantados na região amazônica, sendo que, cerca de 12.000 ha
no Estado do Pará (SAGRI, 2010).
1.2 OBJETIVO
Com base nesse contexto, o trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento de mudas do
cupuaçuzeiro submetidas a doses de calagem em Latossolo Amarelo de textura média.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
2. MATERIAL E MÉTODOS
2.1 ÁREA DE ESTUDO
O trabalho foi realizado no ano de 2017, conduzido sob condições de casa de vegetação, situada na
Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA) no município de Belém-PA, tendo como coordenadas
geográficas 01º 27' 21" S e 48º 30' 16" W. O substrato utilizado foi Latossolo Amarelo de textura média
(EMBRAPA, 1999) coletado no município de Belém, em uma profundidade de 0 a 20 cm, possuindo médio nível
de fertilidade natural, profundo e bem drenado.
2.2 AMOSTRAGEM
O Latossolo amarelo de textura média apresentou as seguintes características químicas: pH em água 4,6;
matéria orgânica 13,84 g dm³, P 6 mg dm³; K 22 mg dm³; Na 14 mg dm³; Ca 0,3 cmolc/dm³; Al 1,4 cmolc/dm³
como demostrado na tabela 1. Granulometria g kg -1 : areia grossa 345, areia fina 410, silte 126, argila total 120.
Em que, o pH em água foi determinado, por meio da utilização do eletrodo de vidro em suspensão na proporção
do solo: líquido 1:2,5 Ca e Mg, e extraídos por meio da solução de KCl a 1N que determina a absorção atômica;
o P foi extraído pela solução de H2SO4 + HCl 0,025N e determinado pelo espectrofotômetro (comprimento de
onda 660nm). O K foi determinado pelo fotômetro de chamas; e o Al por titulação, através do uso da solução de
NaOH 0,025N.
Tabela 1 - Resultados de análise de solo (Latossolo Amarelo de textura média).
Amostra Prof. N pH P K Na Ca Ca+Mg Al
Identificação (cm) % água ..........mg/dm3.......... ..........cmol/dm3..........
Amostra 0-20 0,05 4,6 6 22 14 0,3 0,5 1,4
Fonte: Embrapa Amazônia Oriental (2017).
O solo foi irrigado com água destilada, obedecendo-se ao controle da irrigação pelo método da pesagem
dos sacos (recipiente que agrega o substrato), para manter a umidade em torno de 80 % da umidade de saturação
do solo.
O material utilizado no experimento foi híbrido tri-composto (progênies de irmãos completos) oriundos
de cruzamentos entre parentais do programa de melhoramento de cupuaçuzeiro da Embrapa Amazônia Oriental,
utilizando-se a progênie 32 desse processo.
O semeio provisório, em viveiro, foi realizado no dia 19 de Abril do ano de 2017. E a repicagem para o
local definitivo foi feita 36 dias após o semeio. E foram utilizados sacos com a capacidade de 10 kg para a alocação
do substrato e o desenvolvimento das mudas.
As doses de calcário foram determinadas com base na análise de solo e considerando-se as recomendações
para a cultura, visando elevar a saturação de bases para 50%. Determinou-se, então, a quantidade de calcário
recomendada e, a partir desta dose, definiram-se a quantidade de calcário para cada tratamento 0% (0 g), 20%
(0,53 g/kg de solo), 40% (1,4 g/kg de solo), 60% (2,28 g/kg de solo) e 80% (3,15 g/kg de solo).
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A análise de variância individual realizada demonstrada na Tabela 2, indicou que os valores referentes à
altura da planta mostraram-se favoráveis ao tratamento 2, apresentando um valor de 29,1 cm. Entretanto esse
material não se diferenciou estaticamente dos demais tratamentos.
Para a variável diâmetro do caule não foi diferente, identificou-se que o tratamento 2 apresentou a maior
média, com um valor de 5,57 mm. Contudo, também não diferenciando-se estatisticamente dos demais sistemas.
Já para a variável número de folhas os tratamentos 1 e 2 apresentaram as melhores médias, com os valores
de 4,6 e 4,7 respectivamente. Sendo que esses tratamentos diferenciaram-se estatisticamente dos demais, como
demostrado na tabela 2.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
Tabela 2 – Resultados de altura da planta (m), diâmetro do caule (mm) e número de folhas no cupuaçuzeiro.
Calcário/kg de
Doses ALT (cm)* Diam (mm)* Nº de Folhas*
solo (g)
0% 0 26,7 a 4,398 a 4,6 a
20% 0,53 29,1 a 4,576 a 4,7 a
40% 1,4 28,3 a 4,522 a 3,8 b
60% 2,28 26,45 a 4,198 a 3,6 b
80% 3,15 28 a 4,552 a 3,9 b
Média
* Médias seguidas de mesma letra27,71 4,4492
minúscula na vertical não diferem entre4,12
si, ao nível de
C.V (%) significância de 5%,
8,99 pelo teste de Scott-Knott.
6,01 17,22
Fonte: Embrapa Amazônia Oriental (2017)
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
BUENO, N. Alguns aspectos recentes da nutrição do cupuaçuzeiro. In: Seminário Internacional Sobre Pimenta-
do-Reino e Cupuaçu. 1997, Belém. Anais... Belém: Embrapa Amazônia Oriental, 1997. 440p.
CALZAVARA, B.B.G.; MULLER, C.H.; KAHWAGE, O.N.C. Fruticultura tropical: o cupuaçuzeiro - cultivo,
beneficiamento e utilização do fruto. Belém, PA. EMBRAPA, CPATU. (Documentos, 32), 1984. 101p.
CAVALCANTE, P. B. Frutas comestíveis da Amazônia III. Belém: Museu Paraense Emílio Goeude,
(Publicações Avulsas, 25), 1976.
CRUZ, C.D. GENES - a software package for analysis in experimental statistics and quantitative genetics. Acta
Scientiarum, v.35, n.3, p.271-276, 2013.
EMBRAPA. Programa de melhoramento genético e de adaptação de espécies vegetais para a Amazônia Oriental.
Belém, 137 p. (Enbrapa Amazônia Oriental. Documentos, 16), 1999.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
LOPES, J. R.M; LUZ, E. D. M. N; BEZERRA, J. L. Situação atual do cupuaçuzeiro no Sul da Bahia. Agrotrópica,
Ilhéus, v. 11, n.3,p.183-188, set,1999.
SAGRI PARÁ. Estatística. Anuário Estatístico. Belém, Pará. 2011. Disponível em <http://
www.sagri.pa.gov.br/documentos/>. Acesso em: 15/08/2011.
SOUZA, H. A. de; PIO, R.; CHAGAS, E. A.; REIS, J. M. R.; RODRIGUES, H. C. de A.; RAMOS, J. D.;
MENDONÇA, V. Doses de nitrogênio e fósforo na formação de mudas de Tamarindo. Bioscience Journal,
Uberlândia, v. 23, n. 1, p. 59-64, 2007.
VENTURIERI, G. A. Cupuaçu: a espécie, sua cultura, usos, e processamento. Belém: Clube do Cupu, 1993. 108
p.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
Paula Izadora do Egyto Tavares1; Laís Victória Ferreira de Sousa2; Áurea Silva Almeida³; Ruth Helena Cristo
Almeida4.
RESUMO
Este trabalho visa avaliar aspectos do Capital Social na consolidação de uma associação, o estudo de caso foi
realizado na Associação Pará Orgânico, cuja criação se deu em 2011 com a finalidade de realizar feiras para
comercialização de produtos orgânicos oriundos da produção familiar. Para isso foram analisados aspectos como
confiança, cooperação, participação e redes, propostos pela teoria de Robert Putnam. A avaliação desses aspectos
permite perceber como a interação entre entes de um grupo os auxilia no sucesso de seus objetivos e que, talvez,
sem elas o grupo seria levado ao fracasso. A avaliação entre os membros da associação aconteceu por meio de
aplicação do Questionário Integrado para Medir Capital Social (QI-MCS) contando com algumas alterações para
melhor se adequar a realidade do local. Os resultados foram positivos para existência dos aspectos do capital
social, uma vez que foi constatada a existência de laços de confiança, cooperação e participação, mesmo que esta
última conte com aspectos ainda individualistas de alguns membros que não se enxergam como parte importante
para o sucesso da associação, e estes os ajudaram para o sucesso da associação. Assim, pode-se dizer que mesmo
conscientes ou não da importância de suas interações, os membros da associação são ativos, participativos e
solícitos uns com os outros.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
1. INTRODUÇÃO
O capital social faz referência aos laços de confiança e cooperação resultantes da interação entre
indivíduos de um mesmo grupo. Em geral, são tipos de uniões que ajudam os participantes na busca por um bem
comum por meio da organização e a forma mais comum de se reunir é através da criação de associações ou
cooperativas, que visam buscar ajuda à comunidade a partir das ações conjuntas e tomada de decisões que possam
melhorar as condições locais, seja no setor econômico, social, saúde, educação entre outros, haja vista que a
maioria das organizações nascem a partir desta necessidade de pessoas que buscam transformar uma determinada
realidade local.
Para que estes grupos obtenham sucesso em seus objetivos é necessário, antes de tudo, coordenação, pois
os atores devem ter em mente o que querem e o que buscam com o movimento que estão criando, em seguida
comprometimento. Ao criarem um grupo, os atores devem dispor de relações interpessoais que irão estabelecer
os laços que servirão de estímulo para o bom desempenho de suas atividades.
Quando as interações entre membros de um grupo não acontecem ele é levado ao fracasso. A falta de
confiança faz com que os membros não participem ou contribuam com os interesses do grupo por achar que
poderá ser usado e talvez sem “recompensa” pelo esforço que está prestando, e, consequentemente, sem
participação e colaboração não há como o grupo funcionar. Estes atos devem ser em conjunto, uma vez que
objetivos dos grupos é justamente reunir força e ação conjunta, mas com a participação somente de um ou outro
não se produz resultados.
A hipótese levantada aqui é que com a existência de aspectos do Capital Social, entidades possam se
fortalecer, uma vez que a firmação de vínculos possibilita seus atores se tornarem mais próximos e solícitos na
busca de objetivos comuns. Pereira, Carniello e Santos (2013) afirma que as relações interpessoais podem ser
importantes na obtenção de benefícios aos grupos, a criação de estruturas organizacionais e o estabelecimento
do capital social ocasiona o bom desenvolvimento das comunidades. Portanto, esse estudo visa avaliar a
existência dos aspectos do Capital Social e a importância desses para o a consolidação da Associação Pará
Orgânico na cidade de Belém/Pará, a fim de firmar as teorias quanto à presença desses aspectos e o sucesso da
organização.
2. METODOLOGIA
Para realização deste trabalho foram aplicados “in loco” 10 questionários, o que representa uma amostra
de 45,45% dos 22 membros pertencentes à Associação Pará Orgânico no ano da entrevista (Novembro de 2014).
A coleta de dados ocorreu durante o horário de prática das feiras e contou com perguntas de múltipla escolha
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
divididas em grupo sobre as seguintes temáticas: (1) confiança, (2) redes e (3) cooperação e participação. Além
do mais foram selecionadas matérias disponíveis em meio eletrônico acerca do histórico da Associação.
O modelo de questionário utilizado foi o “Questionário Integrado para Medir Capital Social (QI-MCS)”
um método que tem por objetivo “prover um conjunto de questões essenciais do tipo survey para todos aqueles
interessados em gerar dados quantitativos sobre várias dimensões do Capital Social” (GROOTAERT et al., 2003,
p.3).
O método de pesquisa é do tipo survey quantitativo utilizado quando “uma pesquisa deve ser planejada
pelo pesquisador e a aplicação deve estar ligada aos objetivos da pesquisa. A aplicação é desejada quando o
pesquisador pretende investigar o que, porque, como ou quanto se dá determinada situação” (ROSANA; SILVA,
2013). Exatamente o que se procura no presente trabalho, onde se busca obter dados quantitativos capazes de
identificar e expressar a existência dos indicadores do Capital Social na Associação Pará Orgânico, sendo
realizada a pesquisa de forma presencial diretamente com as pessoas interessadas da situação, conforme afirma
Mello (2013) o método survey “é um método de coleta de informações diretamente de pessoas a respeito de suas
ideias, sentimentos, saúde, planos, crenças e de fundo social, educacional e financeiro”
Como o próprio modelo sugere, este método survey foi desenvolvida para(a) explorar os tipos de grupos
e redes com os quais as pessoas em situação de pobreza podem contar e a natureza e extensão de suas
contribuições para com outros membros desses grupos e redes; (b) explorar as percepções subjetivas dos
entrevistados a cerca da confiabilidade das outras pessoas e das instituições cruciais que modelam suas vidas,
assim como as normas de cooperação e reciprocidade que envolvem as tentativas de se trabalhar juntos para
resolver problemas (GROOTAERT et. al, 2003).
O primeiro tipo de análise foi a tabulação dos dados. A análise de frequências é uma maneira pragmática
de organizar os dados e extrair mensagens básicas que eles contêm. Os dados foram analisados com a aplicação
de estatística básica gerando gráficos e tabelas através do programa computacional Excel do Pacote Office.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A Associação dos Produtores Orgânicos do Estado do Pará - Pará Orgânico foi criada em 2011, com 18
produtores associados (MAPA, 2011), sendo que atualmente é constituída por 28 agricultores familiares (MAPA,
2016), destes 14 são mulheres e 14 homens, todos oriundos de diferentes associações e grupos distribuídos em
14 localidades do Estado do Pará: Santa Barbara do Pará, Santa Luzia do Pará, Santo Antônio do Tauá, Irituia,
Acará, Belém, Colares, Benevides, Marituba, Ananindeua, Barcarena, São João de Pirabas, Marudá e São
Francisco do Pará (MAPA, 2016). A associação foi criada com a união desses diversos produtores em parceria
com a Secretaria Municipal de Economia (SECON), MAPA, Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma),
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
responsável pela autorização de atividades nas praças da cidade e da Secretaria Municipal de Saneamento
(Sesan), que contribui, juntamente com os feirantes, com a limpeza dos logradouros (ORM NEWS, 2015).
A Pará Orgânico se enquadra no tipo de Organização de Controle Social (OCS) que deve cumprir uma
série de requisitos para seu funcionamento e admissão de novos membros, os associados devem comprovar que
são oriundos da Agricultura Familiar, realizando cadastro junto à Superintendência Federal de Agricultura
Familiar e documentar como será realizada a produção e comercialização dos seus produtos. Os produtores
devem permitir que seus consumidores visitem sua propriedade, para que possam verificar o que é produzido e
de que forma e também permitir a entrada dos órgãos de fiscalização, sempre que preciso (MAPA).
A principal fonte de financiamento da Associação são os próprios membros que relataram contribuir com
uma quantia de R$ 20,00 (vinte reais) mensais para mantê-la, em seguida vem outras fontes de dentro do grupo
(20%) e de fora do grupo (30%) que são os programas de ajuda ao produtor rural como o Programa Nacional de
Fortalecimento da Agricultura Familiar-PRONAF.
Diante do histórico e característica da associação foi possível perceber que a criação permitiu que seus
membros ampliassem seus conhecimentos e rede de vínculos para além do familiar e local. A criação do grupo
permitiu que ocorresse interação entre vários outros grupos, o que melhora a troca de informações, experiência
e laços dentro de uma organização. A partir disso é possível que surjam laços e interações importantes para o
fortalecimento de uma associação presentes no Capital Social.
A confiança é principal elo de interação entre membros de um grupo, de acordo com Romaniello et al.
(2012), a confiança alimenta o futuro das relações sociais e, por sua vez, gera a cooperação entre as pessoas. A
percepção do grau de confiança entre os associados melhorou com anos de existência da associação. Quando
perguntado sobre a criação da Associação, e se o grau de confiança entre as pessoas, melhorou, piorou ou
permaneceu mais ou menos o mesmo, 70% dos entrevistados afirmaram perceber que a confiança entre eles
melhorou, 20% acreditam que não houve alteração, e somente 10% acreditam ter piorado. Este dado negativo
quanto à redução do nível de confiança se dá, pois, os associados acreditam que com a visibilidade que a
Associação vem ganhando “uns podem querer se dar melhor que outros” (Fato relatado por um dos entrevistados).
Frente a esses dados é possível confirmar os relatos de Junqueira e Trez (2005), de que os laços de confiança
crescem em função da rede social que se forma, variando em qualidade e densidade, o que melhora o crescimento
do grupo. O grupo afirma o pressuposto de Tobosa et al., (2004) no qual, diz-se que a confiança é a essência do
Capital Social.
Pode ser constatado que as pessoas do grupo, de uma forma geral, produziram um grau de confiança entre
si, porém, isso não ocorre com relações externas. Para Putnam (2006) a confiança não se estabelece de forma
aleatória e as relações entre os membros não acontece de forma a gerar confiança ou fidelidade plena. Para
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
confirmar isso, foi perguntado aos associados como se estabelecia o nível de confiança externa à associação, se
confiavam na maioria das pessoas ou se eram mais precavidos. Sendo que 80% dos entrevistados afirmaram que
“nunca é demais ter cuidado com as pessoas” e somente 20% acreditam “poder confiar nas pessoas”
A seguir, a fim de complementar a pergunta anterior foi questionado quanto ao nível de confiança em
grupos específicos de pessoas como: Membros do governo local/municipal, Membros do governo Estadual e
membros do governo Federal e dirigentes de associações, conforme visualizado na Tabela 1.
Fonte:
Elaborado pelas Autoras, 2017.
Foi possível constatar que o maior nível de confiança é depositado nos grupos como “membros do
governo Federal” e “Dirigentes da Associação”, com 50% e 40% de afirmações do tipo “confio muito”. De
acordo com as entrevistas, o primeiro grupo possui grande nível de confiança devido aos programas de ajuda e
assistência aos pequenos agricultores, já o segundo é devido a boa gestão dentro da associação. Os membros do
governo local e Estadual inspiram um grau menor de confiança, ambos com 30%. Os associados reconhecem
que estes (governo local e Estadual), tiveram grande participação na consolidação dos locais de venda, porém,
isso não foi motivo para relações de confiança.
É possível perceber o forte sentimento de confiança dentro da associação que cresceu conforme ela foi se
firmando. A importância desta se estabelecer está no fato de que a partir dela é possível surgir demais aspectos
que tangem ao Capital Social. Quando os atores sociais confiam uns nos outros tendem a serem mais participativos
e colaboradores em ações coletivas, atitudes que fortalecem o grupo como um todo. Marteleto; Silva, (2004)
afirmam que a confiança entre os indivíduos de uma rede está relacionada ao Capital Social cognitivo, que de
acordo com Costa (2005), consiste em avaliar como ocorre a confinça e adarência às normas pré-
estabelecidas pelo grupo, e influencia a ação coletiva. Uma vez estabelecida, os membros do grupo sentem-se
seguros para participar, o que diminui as ações de oportunismo.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
Putnam (2006) afirma que para que haja cooperação é preciso não apenas confiar nos outros, mas ter a
confiança deles também. Robert Putnam é um dos principais defensores do desenvolvimento econômico e político
via Capital Social. Ele argumenta que isso ocorre porque dentre outros aspectos, o progresso econômico e a
prosperidade exigem cooperação. Para Alves (2013), a cooperação tem uma grande importância econômica,
competitiva, política e social, esse é um dos aspectos que se busca quando se incentiva as experiências
associativas. A causa principal da falta de cooperação estaria na falta de confiança no agir comum e na incerteza
de que um gesto de cooperação seria retribuído.
A Tabela 2 mostra como o sentimento de solidariedade está presente entres os membros da associação.
Quando perguntados se: 1) A maioria das pessoas na associação está disposta a ajudar caso você precise? 2) Na
associação, é preciso estar atento ou alguém pode tirar vantagem de você?, e 3) Pode-se confiar no líder desses
grupos, 70% dos entrevistados responderam “sim, concordo totalmente” que a maioria das pessoas estão dispostas
a ajudar quando for preciso. E o mesmo percentual afirma poder confiar no líder do grupo. Estas afirmações só
reforçam a presença dos indicadores de Capital Social, seja ele estrutural ou cognitivo retratando os laços entre
as pessoas ao redor.
Fonte: Elaborado
pelas Autoras, 2017.
Como propõe Lorentziadis (2002), a convivência continuada proporcionou aos membros da associação o
estabelecimento de cooperação, pois ela também é resultante dos laços criados com a consolidação do grupo.
Schommer (2000) sugeriu alguns aspectos que fortificam a ação da cooperação, e é possível identificá-los na
Associação Pará Orgânico, a exemplo do desejo de cooperar. É evidente que os associados ajudam por vontade
própria, pois não são repreendidos caso não ajudem, e sempre que possível ou necessário ajudam uns aos outros.
Esses indicadores são importantes para o fortalecimento da Associação, a cooperação entre poderes, entre
empresas e Estado e entre empresas e sociedade, é, frequentemente, solicitada, porque a mesma atua como
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
motivação do dinamismo econômico e realimenta a confiança. Como afirma Godard et al. (1987), a capacidade
de cooperação e ajuda advinda da confiança e participação, são uma das chaves para o desenvolvimento local
e são princípios que formam o Capital Social. A cooperação não se “dá” entre as pessoas, ela é resultado de
interações e de uma extrema vontade de superar as divergências para que o objetivo comum seja alcançado
(BAIARDI, 1997). Na Associação Pará Orgânico, a cooperação é resultado da confiança estabelecida e da vontade
de mantê-la ativa para realização das feiras.
Os associados percebem a importância da Associação na melhoria do seu desenvolvimento social e bem-
estar do seu domicílio. Porém, outra parte ressalta que o fator de maior relevância é exclusivamente a obtenção
de renda. Para os mesmos, participar da associação não seria tão significativo se não comercializassem seus
produtos, eles não se envolveriam se não houvesse lucro individual. Revela-se um sentimento de indiferença
quanto à busca por meios que estabeleçam o fortalecimento da associação, Putnam (2006) denomina essa atitude
de efeito carona, no qual o associado só realiza atividades para benefício próprio e não pensando em um bem
comum.
A questão da renda se faz importante porque a união entre os membros é fato comprovado neste estudo.
Enquanto alguns alegam união para o bem da associação, vendo-se como parte importante e atuante,
reconhecendo a associação como grupo, que vai além da obtenção de renda, outra parcela dos associados não a
percebem assim, achando que ocorre o inverso. Eles não se enxergam como parte importante e atuante para que
o crescimento da associação ocorra, e sim pelo fato desta ajudá-los a manter uma renda, este é o motivo que os
leva a permanecerem membros.
Como afirma Rovere (apud MIGUELETTO, 2001), o primeiro passo para consolidação de uma associação
é o reconhecimento e conhecimentos dos atores uns com os outros. Este processo garante o estabelecimento de
aceitação e estimula o interesse em participar. Esses aspectos são visíveis na Associação Pará Orgânico, os
membros se conhecem e se reconhecem como semelhantes. Estabeleceram vínculos que geram ações
colaborativas e cooperação, sendo possível afirmar que há ajuda mútua e reciprocidade, além de confiança.
Porém, apesar de todos esses aspectos positivos, o sentimento individualista é presente entre os associados. Fato
comprovado quando se analisa a intenção da participação nas ações do grupo. O objetivo de cooperar e participar
das ações conjuntas é promover ascensão do grupo como um todo, mas na Associação Pará Orgânico o objetivo
de fazer parte vai além da satisfação em grupo. A obtenção de melhorias pessoais é a principal motivação para se
manter parte do grupo.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conclui-se que a presença dos aspectos do Capital Social analisados neste estudo, foi importante para a
consolidação da Associação Pará Orgânicos. Percebe-se que a participação dos associados é efetiva, os laços
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
existem e se consolidam como o tempo. Como afirmam autores, o Capital Social se fortalece como uso, e assim
foi presenciado neste estudo.
A criação de uma rede estabelece relações e formas de interação entre os atores sociais. O resultado dessas
interações depende de como os membros de um grupo se relacionam, no caso da Pará Orgânico a relação
estabelecida é de confiança, solidariedade, ajuda e reciprocidade. Os laços criados são fonte melhoria para
ampliação de informações e vínculos para além do familiar, o que é benéfico para os associados. A Cooperação
é outro aspecto intenso entre os associados. Sua criação é resultado da confiança entre os atores e busca por
melhorias. O ato de cooperar estabelece ações conjuntas, onde os membros mostrarem-se solícitos em ajudar
quando necessário tanto para o bem do grupo como para ajuda pessoal. A participação dos membros na
Associação é característica forte entre os membros, porém, de caráter duvidoso. Os membros estabeleceram
vínculos positivos para benefício da Associação como um todo, mas quando indagados sobre do objetivo de
participar da Associação esta característica é caráter individualista, pois é clara que a maior motivação dos
associados está nos benefícios que ela traz para seus domicílios.
REFERÊNCIAS
ALVES, R. Resenha: Comunidade e Democracia - A experiência da Itália moderna (Putnam, 1996). [S.l.]: [s.n.],
2013.
BAIARDI,. Fazendo a democracia funcionar ou a tradicao civica nas regioes italianas: comentarios sobre a obra
de robert putnam. Cadernos do CRH, bahia, v. 11, n. 27/28, p. 375-404, 1997.
COSTA, R. Por um novo conceito de comunidade: redes sociais, comunidades pessoais, inteligência coletiva, v.
9, n. 17, p. 235-48, mar-ago 2005.
FREY, K. Capital Social, comunidade e democracia: Robert D. Putnam. Revista Política e Sociedade,
Florianópolis , v. 2, n. 2, p. 175 - 187, Abril 2003.
GROOTAERT, C. et al. Questionario integrado para medir capital socail. [S.l.]: BANCO MUNDIAL, 2003.
Disponivel em:
<http://empreende.org.br/pdf/Capital%20Social%20e%20Cidadania/Question%C3%A1rio%20Integrado%20pa
ra%20Medir%20Capital%20Social.pdf>. Acesso em: dez 2014.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
MELLO, Carlos (Org.). Métodos quantitativos: pesquisa, levantamento ou survey. Aula 09 da disciplina de
metodologia de pesquisa na UNIFEI. Disponível em:
<http://www.carlosmello.unifei.edu.br/Disciplinas/Mestrado/PCM-10/Slides-
Mestrado/Metodologia_Pesquisa_2012-Slide_Aula_9_Mestrado.pdf>. Acesso em: dezembro de 2015.
PUTNAM, R. D. Comunidade e democracia: a experiência da Itália moderna. Rio de Janeiro: FGV, 2006. ISBN
978-85-225-1012-2.
ROMANIELLO, ; AMÂNCIO, R.; CAMPOS,. Análise da composição do Capital Social em uma estrutura
organizacional cooperativa do sul de minas gerais. Organizações Rurais & Agroindustriais, Lavras, v. 14, n.
1, p. 15-27, 2012. ISSN ISSN: 2238-6890.
SCHOMMER, P. C. Empresas e sociedade: cooperação organizacional num espaço público comum. Encontro
de Estudos Organizacionais da ANPAD, Curitiba, 2000.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
Paola Vitória Brito Pires1; Aline Lemos Gomes2; Celly Jenniffer da Silva Cunha3; Samara Cristina Campelo
Pinheiro4; Vanessa Bandeira da Costa5; Eliane Brabo de Sousa6.
RESUMO
O fitoplâncton pode ser utilizado como indicador de poluição em reservatórios de abastecimento, pois a alta
densidade de algumas espécies pode comprometer a qualidade das águas. As diatomáceas são organismos
unicelulares, providos de estrutura silicosa (frústula), sendo utilizadas como bioindicadores da qualidade das
águas continentais. O objetivo deste trabalho foi avaliar a dinâmica espaço-temporal das diatomáceas no
reservatório de abastecimento de Belém (Lago Bolonha). Foram coletadas amostras mensais de água durante
fevereiro/2016 a janeiro/2017 em três pontos: 1- em frente a ETA Bolonha; 2- canal de ligação entre os lagos
Bolonha e Água Preta; e 3- ETA São Braz. Para análise qualitativa a coleta foi realizada através de rede de
plâncton (20 e 45μm) e as amostras fixadas com formol a 4%. As amostras quantitativas e de clorofila- a foram
coletadas na camada subsuperficial da água e fixadas com lugol acético e refrigeradas, respectivamente. Foram
coletados e analisados os fatores físico-químicos da água. As variáveis temperatura e OD foram mais elevadas
em abril/2016, os STD foram altos em outubro/2016 e STS elevados no ponto 02. Já os fatores DBO e DQO
tiveram maiores concentrações no período chuvoso. Foram encontradas 70 espécies distribuídas entre as três
classes de diatomáceas, sendo Bacillariophyceae a mais representativa. As espécies Aulacoseira granulata,
Eunotia sp. 1 e Urosolenia sp. foram as mais freqüentes. A densidade foi maior no período chuvoso. Foram
identificadas duas espécies significativamente indicadoras, Frustulia sp.2 e Urosolenia sp. O ambiente foi
caracterizado de Mesotrófico a Eutrófico. Com o presente estudo foi possível concluir que as diatomáceas do
Lago Bolonha possuem uma ampla distribuição e diversidade tendo a ocorrência das espécies de forma
padronizada aos fatores de sazonalidade.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
1. INTRODUÇÃO
O fitoplâncton é um conjunto de organismos aquáticos microscópicos que possuem capacidade
fotossintética e que vivem distribuídos em várias porções da coluna d’água, possuem diversas características
adaptativas e grupos de organismos. É um importante produtor primário e sua produtividade é controlada pela
disponibilidade de luz e nutrientes na água (WETZEL, 1990). O fitoplâncton pode ser utilizado como indicador
de poluição em reservatórios de abastecimento, já que a alta densidade de algumas espécies pode comprometer a
qualidade das águas.
As diatomáceas são organismos unicelulares, providos de estrutura periférica silicosa, a frústula. Sua
mucilagem é capaz de aderir a substratos e também possuem capacidade de se enterrarem periodicamente nos
sedimentos, por isso possuem ampla distribuição e estão aptas a colonizar todos os meios aquáticos, sendo um
dos organismos de maior distribuição neste meio. São utilizadas como bioindicadores da qualidade das águas
continentais entre vários usos (FRANCESCHINI et al., 2010).
Por seu curto ciclo de vida respondem rapidamente as alterações no ambiente, o monitoramento destas
comunidades funciona como importante ferramenta na sinalização das alterações das condições ecológicas no
ambiente aquático, podendo indicar a qualidade das águas de rios e reservatórios. Como objetivo este trabalho
visa avaliar a dinâmica espaço-temporal das diatomáceas no reservatório de abastecimento de Belém (Lago
Bolonha).
2. MATERIAL E MÉTODOS
A área de estudo compreende o reservatório de abastecimento da Região Metropolitana de Belém (Pará)-
R.M.B: Lago Bolonha. Este lago está localizado no Parque Estadual do Utinga- PEUT, e juntamente com o Lago
Água Preta é responsável pelo abastecimento de mais de 1 milhão de pessoas, correspondendo a 75% da
população da R.M.B, principalmente dos municípios de Belém e Ananindeua. Foram realizadas coletas mensais
de água durante um ano (fevereiro/2016 a janeiro/2017) para análises qualitativas e quantitativas de diatomáceas,
clorofila- a e fatores físico-químicos da água. As amostragens ocorreram em três pontos do lago: ponto 1- Lago
Bolonha, na entrada da Estação de Tratamento de Água; ponto 2- Lago Bolonha e Água Preta, no canal de ligação
entre os lagos e ponto 3- Lago Bolonha, na entrada da Estação de Tratamento de São Braz.
A transparência da água foi estimada com o uso de um disco de Secchi. As variáveis: temperatura (TC),
pH, sólidos totais dissolvidos (STD), oxigênio dissolvido (OD) e salinidade através da Sonda multiparamétrica
HI 9828 HANNA®. Para a determinação das variáveis: turbidez, sólidos totais em suspensão (STS), demanda
química de oxigênio (DQO), demanda bioquímica de oxigênio (DBO), N-nitrito (N-NO2-), N-nitrato (N-NO3-),
nitrogênio amoniacal (N-NH4) e fosfato (PO4-3), foi coletada a água para serem determinadas em laboratório. Em
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
laboratório, a turbidez, STS, DBO e DQO foram determinados pela espectrometria de UV-VIS. Os nutrientes
foram determinados pelo sistema de cromatografia de íons. Os métodos analíticos empregados obedeceram aos
procedimentos e as recomendações do Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater
(APHA/AWWA/WEF, 2005).
As amostras qualitativas foram obtidas através da filtragem de água com redes de plâncton (20 e 45μm),
durante três minutos e fixadas com formol a 4%. As análises foram realizadas através de cubetas de sedimentação
observadas sob um invertoscópio Axiostarplus com oculares de medição, acoplado a câmera fotográfica.
As amostras quantitativas e de clorofila- a foram coletadas na camada de água anterior ao desaparecimento
do disco de Secchi. As amostras quantitativas foram fixadas com lugol acético. O método de sedimentação de
Utermöhl (1958) foi empregado para a quantificação das diatomáceas. A identificação, a nomenclatura e o
enquadramento taxonômico foram realizados de acordo com a literatura especializada. As amostras de clorofila-
a foram filtradas e as concentrações determinadas por espectrofotometria (Espectrofotômetro Hanna modelo
D2000) segundo Parsons e Strickland (1963).
A diversidade e equitabilidade das espécies foram baseadas nos índices de Shannon (1948) e Pielou
(1977). Os testes ANOVA e Kruskal-Wallis foram realizados para comparar os parâmetros biológicos e físico-
químicos entre meses, pontos de coleta e sazonalidade, sendo o nível de significância escolhido de 0,05.
A análise de espécies indicadoras (IndVal) foi utilizada e a significância estatística foi testada pela técnica
de Monte Carlo (9.999 permutações) (VALENTIN, 2012). Já a análise de redundância canônica (RDA) foi
aplicada para verificar a relação entre a densidade de diatomáceas e os fatores físico-químicos.
O índice de estado trófico foi calculado segundo Lamparelli (2004) para reservatórios de regiões tropicais
a partir da análise da transparência e clorofila- a.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram encontrados 70 táxons distribuídos entre três classes de diatomáceas, fazendo parte de 22 famílias
e 22 gêneros. A classe mais representativa foi Bacillariophyceae (49 spp.), seguida de Coscinodiscophyceae (15
spp.) e Fragilariophyceae (6 spp.) As maiores representatividades de espécies foram das famílias Eunotiaceae (13
spp.), Gomphonemataceae (9 spp.), Pinnulariaceae (6 spp.), Fragilariaceae (6 spp.) e Amphipleuraceae (5spp.).
Em relação à riqueza de espécies foi possível observar que os maiores valores ocorreram nos meses de
Junho e Julho de 2016 (15 spp.) e a menor riqueza nos meses de Outubro de 2016 e Janeiro de 2017 (3 spp.)
(Figura 1).
As diatomáceas apresentam grande diversidade de habitats, sendo estes aquáticos (de água doce ou
salgada) até terrestres. Podendo ser planctônicas ou perifíticas (aderidas a substratos, rochas ou plantas), são
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
talvez o grupo de organismos eucarióticos que mais contribui para a produtividade primária dos ecossistemas
aquáticos (RAVEN et al., 1996).
Os valores de densidade variaram entre 8,96 ind/L (no ponto 3 nos meses de Set e Nov/2016) e 1146,8
ind/L (Abr/2016, ponto 2). A classe com maior densidade foi Coscinodiscophyceae, sendo que as espécies que
mais contribuíram para os valores de densidade foram Aulacoseira granulata, Frustulia sp.3 e Urosolenia sp.
(Figura 2).
A densidade variou significativamente entre todos os fatores testados, pontos de coleta (F= 3,54; p < 0,05),
meses (F= 3,62; p < 0,05) e períodos sazonais (F= 5,37; p < 0,05). O ponto 2 apresentou maiores valores em
relação ao ponto 3, enquanto que o mês de Abril apresentou maiores valores em relação a Setembro e Novembro
e o período chuvoso foi mais denso em relação ao período menos chuvoso.
O ponto 2 esta localizado no canal de ligação entre os lagos, sendo que o Lago Água Preta também sofre
influência do Rio Guamá, e consequentemente há maior entrada de água e nutrientes para o Lago Bolonha. Para
o período chuvoso pode haver a maior entrada de matéria orgânica com a presença das chuvas que escoam o
lixiviado para dentro do lago, aumentando os nutrientes e proporcionando um ambiente rico e propício para o
desenvolvimento destes organismos (ARAÚJO et al. 2013; BRASIL 2003).
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
Figura 1. Densidade e riqueza das diatomáceas por classe registrada para o Lago Bolonha do Parque Estadual do Utinga
(PEUT), Belém, Pará, Brasil.
16
14
12
Riqueza de Espécies
10
8
6
4
2
0
1 2 3 1 2 3 1 2 3 1 2 3 1 2 3 1 2 3 1 2 3 1 2 3 1 2 3 1 2 3 1 2 3 1 2 3
FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ JAN
800
Coscinodiscophyceae
700
600 Bacillariophyceae
500
400
300
200
100
0
1 2 3 1 2 3 1 2 3 1 2 3 1 2 3 1 2 3 1 2 3 1 2 3 1 2 3 1 2 3 1 2 3 1 2 3
FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ JAN
Meses/ Pontos de Coleta
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
Figura 3. Clorofila- a (µg.L-1) registrada para o Lago Bolonha do Parque Estadual do Utinga (PEUT), Belém, Pará, Brasil.
A grande concentração de clorofila- a, não compete totalmente ao fitoplâncton em geral, mas a todos os
fatores que envolvem a dinâmica do lago, de maneira que a contribuição para este parâmetro pode decorrer
também das macrófitas aquáticas, as quais se encontram na superfície do lago, deixando resíduos e partículas na
água (TASSI, 2008).
A diversidade (H’) variou de 0,29 bits.log2 (Jan/2017) a 1,92 bits.log2 (Nov/2016) não havendo diferença
significativa entre os fatores testados. A equitabilidade (J’) variou de 0,29 (Jan/2017) a 1,00 (Fev, Nov e
Dez/2016), também sem variação significativa. (Figura 4).
Figura 4. Diversidade (H’) e Equitabilidade (J’) de diatomáceas registradas para o Lago Bolonha do Parque do Utinga
(PEUT), Belém, Pará, Brasil.
Foram
identificadas duas
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
espécies indicadoras, sendo estas Frustulia sp.2 (IndVal= 75%, p < 0,05) para o mês de Fevereiro de 2016, e
Urosolenia sp. (IndVal= 46,6%, p < 0,05) para o período chuvoso. A análise de espécies indicadoras leva em
consideração a exclusividade e a fidelidade das espécies nas amostras (ambientes/habitat), possibilitando assim
inferir se uma ou mais espécies são boas indicadoras ambientais (CARVALHO, 2015).
O ambiente variou de Mesotrófico (Fevereiro com 55,6) a Hipereutrófico em Junho com 74,2, para o IET
clorofila-a. Já para a transparência oscilou de Mesotrófico (52,3 em maio) a Hipereutrófico em Dezembro (com
77,4). Quando realizado o cálculo total do estado trófico é possível observar que há variação do ambiente de
Mesotrófico a Eutrófico (Figura 5).
Ambientes Mesotróficos são caracterizados por corpos d’água com produtividade intermediária, havendo
possíveis implicações sobre a qualidade da água, mas em níveis aceitáveis. Já os ambientes Eutróficos são aqueles
que caracterizam os corpos d’água com alta produtividade em relação às condições naturais, com redução da
transparência, geralmente afetados por atividades antrópicas, nos quais ocorrem alterações indesejáveis na
qualidade da água decorrentes do aumento da concentração de nutrientes e interferências nos seus múltiplos usos
(LAMPARELLI, 2004; CETESB, 2009).
Figura 5. Índice de Estado Trófico do ambiente aquático registrado para o Lago Bolonha do Parque Estadual do Utinga
(PEUT), Belém, Pará, Brasil.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
O eixo 1 determina a distribuição sazonal, onde as variáveis DBO (H= 7,2; p < 0,05) e DQO (H= 11,09;
p < 0,05) se correlacionam com o período mais chuvoso, com a maior entrada de matéria orgânica. No quadrante
negativo deste eixo têm-se as espécies mais estuarinas se relacionando com o período seco e fatores como
salinidade (Figura 6). O eixo 2 não apresenta correlações entres os fatores ambientais com maior clareza.
A temperatura (H= 331; p < 0,05), OD (H= 26,7; p < 0,05) e STD (H= 34,4; p < 0,05) variaram somente
entre os meses. O parâmetro STS (H= 7,8; p < 0,05) variou entre os pontos de coleta. A variável STS foi maior
no ponto 02 (11,5 ± 6,41) do que ponto 03 (5,7 ± 3,26). Visto que o ponto 02 é o canal de ligação entre os lagos
com maior fluxo de vazão de água, o que influencia fortemente a este fator. As demais variáveis não apresentaram
diferenças significativas.
Foi possível notar que o aumento de DQO, DBO e STS ocorre com o aumento da precipitação do local,
indicando que neste período há maior entrada de substâncias alóctones, que incluem a contribuição difusa por
escoamento superficial e atividades antrópicas, por meio de despejos diretos de efluentes, do entorno do lago.
O período chuvoso apresenta maior entrada de matéria orgânica e o ambiente influenciado pela dinâmica
dos ventos e a movimentação da coluna d’água confere maior vantagem às diatomáceas visto que estes
organismos possuem capacidade de se aderir a substratos, podendo se fixar e ter maiores benefícios em relação
aos outros organismos fitoplanctônicos (BIGGS, 1996).
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
Figura 6. Triplot RDA para Diatomáceas e valores ambientais do Lago Bolonha do Parque Estadual do Utinga (Brasil).
Legendas: símbolo quadrado- Período Chuvoso; redondo Período Seco; Aug: Aulacoseira granulata; Cys: Cyclotella
striata; Cym: C. meneguiniana; Ens: Encyonema silesiacum; Eu1: Eunotia sp.1; Eu3: Eunotia sp.3; Fra: Fragilaria sp.2;
Frs: Frustulia saxonica; Fr2: Frustulia sp.2; Fr3: Frustulia sp.3; Goa: Gomphonema affine; Gog: G. gracile; Gop: G.
parvulum; Go2: Gomphonema sp.2; Go3: Gomphonema sp.3; Go4: Gomphonema sp.4; Pig: Pinnularia graciliodes; Pi1:
Pinnularia sp.1; Urs: Urosolenia sp.; T: Temperatura; Clo: Clorofila-a; STD: Solidos Totais Dissolvidos; STS: Sólidos
Totais em Suspensão; DQO: Demanda Química de Oxigênio; DBO: Demanda Bioquímica de Oxigênio; OD: Oxigênio
Dissolvido; Sal: Salinidade; DrT: Dureza Total; Tub: Turbidez; N-NH4: Nitrogênio Amoniacal; NO3: Nitrato; NO2: Nitrito;
PO4: Fosfato.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
REFERÊNCIAS:
APHA (AMERICAN PUBLIC HEALTH ASSOCIATION). Standard Methods for the Examination of Water
and Wasterwater.19th. Washington: APHA, 2005.
ARAÚJO, A. C. P.; QUINTÃO, M. A.; VON RUCKERT, G. A Eutrofização Causada Pela Enxurrada
Superficial da Água da Chuva. 15ª Semana de Iniciação Cientifica e 6ª Semana de Extensão: Ciência para o
Desenvolvimento Regional. Unileste. Minas Gerais. 2013.
BIGGS, B.J.F. Patterns in benthic algal of streams. In: STEVENSON, R.J.; BOTHWELL;
M.L; LOWE, R.L. (Ed.). Algal ecology; freshwater benthic ecosystems. San Diego: Academic Press, 1996. 31-
56 p.
BRASIL, Ministério da Saúde. Cianobactérias Tóxicas na Água para Consumo Humano na Saúde Pública
e Processos de Remoção em Água para Consumo Humano. 2003. 54 p.
CARVALHO, M.A. Aplicação do índice de espécies indicadoras (IndVal) em palinomorfos do Membro
Angico (Formação Riachuelo), Cretáceo, Bacia de Sergipe: Inferências Paleoambientais e Paleoclimáticas.
v. 1. In: 14. Simpósio Geologia do Sudeste/ 8. Simpósio do Cretáceo do Brasil, 2015, Anais do 14. Simpósio
Geologia do Sudeste/ 8. Simpósio do Cretáceo do Brasil, Campos do Jordão-SP, 2015. 1-1 p.
CETESB (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental). Relatório de qualidade das águas interiores do
Estado de São Paulo 2002/CETESB. Significado ambiental e sanitário das variáveis de qualidade das águas
e dos sedimentos e metodologias analíticas e de amostragem. São Paulo: CETESB, 2009. p. 4.
CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) 357/2005 e Portaria M.S (Ministério da Saúde) 2.914/2011.
FRANCESCHINI, I. M.; BURLIGA, A. L.; REVIERS, B.; PRADO, J. F.; HAMLAOUI, S. Algas: Uma
Abordagem Filogenética, Taxonômica e Ecológica. Porto Alegre: Artmed, 2010.
LAMPARELLI , M. C. Grau de trofia em corpos d’água do estado de São Paulo: avaliação dos métodos de
monitoramento. 235p. Tese (Doutorado em Ecologia)- Departamento de Ecologia, Universidade de São Paulo,
São Paulo, 2004.
PARSONS, T. R.; STRICKLAND, J. D. H. Discussion of Spectophotometric Determination of Marine Plankton
Pigments with Revised Equations of Ascertaining Chlorophyll α and Carotenoids. v. 21, n. 3. Journal of Marine
Research, 1963. p. 155-163.
PIELOU, E.C. Mathematical ecology. New York: Wiley, 1977. 385p.
RAVEN, H.P.; EVERT, R.F.; EICHHORN, S.E. Biologia Vegetal. 5 ed. Rio de Janeiro, Ed. Guanabara Koogan,
1996.
SHANNON, C. E. A mathematical theory of communication. Bulletin of System Tecnology Journal, v. 27, p.
379-423. 1948.
TASSI, R. Gerenciamento Hidroambiental de Terras Úmidas. Tese (Doutorado em Recursos Hidricos e
Saneamento Ambiental). Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 240 f. 2008.
UTERMÖHL H. Zur vervolkommung der quantitativen phytoplankton-Methodik. Mitteilungen Internationale
Vereiningung fuer Theoretische und Angewandte Limnologie, v. 9, p. 1-38. 1958.
VALENTIN, J.L. Ecologia Numérica: uma introdução à análise multivariada de dados ecológicos. Rio de
Janeiro, Interciência, 2012.
WETZEL, R.G. Land-water interfaces: metabolic and limnological regulators. Verhandlungen International
Ver. Limnology, v.24, p. 6-24. 1990.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
Núbia Ribeiro Maria¹; Maria Francinete Sousa Ferreira²; Denise Siqueira Perreira³.
¹Acadêmica do curso de Eng. Florestal. Universidade Federal Rural da Amazônia - UFRA. E-mail:
[email protected].
²Acadêmica do curso de Eng. Florestal. Universidade Federal Rural da Amazônia - UFRA. E-mail:
[email protected].
³Academica do curso de Eng. Agronômica. Universidade Federal Rural da Amazônia - UFRA. E-mail:
[email protected].
RESUMO
O presente trabalho tem como objetivo avaliar as características físicas da madeira de Vouacapoua americana
Aublet. O material foi coletado na serraria da Universidade Federal Rural da Amazônia, em Belém-PA, e a partir
daí foram preparadas para iniciar o experimento. O experimento foi desenvolvido no Laboratório de Tecnologia
de Produtos Florestais (LTPF) da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA) que pertence ao Instituto de
Ciências Agrárias (ICA). Foram utilizados 30 corpos de prova, retirados do meio de uma estaca da espécie de
Acapú, tendo dimensões retangulares de 2cm por 3cm a secção transversal e 5cm de comprimento para se obter
o teor de umidade e a densidade básica da madeira. Foram determinados o teor de umidade, densidade básica e a
anisotropia da madeira. A quantidade de água livre percentual da espécie variou de 8,96% a 16,55%, a média de
densidade básica foi de 0,84 g/cm³ ± 0,01, com valor máximo de densidade básica de 0,86 g/cm³ e mínimo de
0,83 g/cm³, o coeficiente de variação (CV%) foi de 10,76%, o que indica uma boa precisão experimental. A
anisotropia de contração obteve valor médio de 1,46 ± 0,30 e a CV% da anisotropia foram considerados altos. A
CV% de contração para a dimensão radial foi alta acima de 20%. A anisotropia de contração do Acapú foi superior
a 1, o que indica que o seu comportamento, tem uma grande probabilidade de ocorrer defeitos.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
1. INTRODUÇÃO
A espécie V. americana Aubl. é popularmente conhecida como Acapú, pertence à família Fabaceae a qual
compreende 650 gêneros e 18.000 espécies, onde ocorre em abundancia na América do Sul, África Tropical e
Sudeste Asiático (POLHILL & RAVEN, 1981). No Brasil é ocorrente no norte e nordeste, desde os estados do
Amapá, Pará, Amazonas e Maranhão (MARTINELLI & MORAES, 2013).
A espécie possui madeira de primeira qualidade, seu lenho é de cor parda escura podendo chegar até a
coloração preta, dura, apropriada para assoalhos, portas, vigamento, escadas, esquadrias, caibros, vagões,
dormentes, estacas, tanoaria, construção civil, naval e obras hidráulicas, resiste muito tempo, sendo imputrescível,
é uma das mais resistentes madeiras da Amazônia (GONZAGA, 2006). Segundo Matos (1986) trata-se de uma
espécie fixadora de nitrogênio, além disso, a sua madeira possui grande durabilidade, tornando-a muito utilizada
como estaca no cultivo da pimenta-do-reino.
A densidade básica é uma das características da madeira que melhor expressa sua qualidade para uso na
propriedade agrícola ou transformação industrial. Em função de sua importância e facilidade de determinação,
frente aos outros parâmetros de qualidade, a densidade básica tomou-se a característica mais estudada e difundida
(RIBEIRO & FILHO, 1993), e está correlacionada com diversas outras propriedades da madeira, uma vez que
seu valor é influenciado pelo comprimento das células, espessura da parede celular, diâmetro do lume e
quantidade de elementos de vasos (PANSHIN; DE ZEEUW, 1964).
A determinação do teor de umidade e de sua variação no tronco das árvores ou das peças de madeira é de
extrema importância no seu desempenho e utilização. Os elevados gradientes de umidade da madeira constituem-
se em uma das causas de defeitos de secagem, notadamente os caracterizados por empenamentos e fendilhamentos
(MORESCHI,2014). As informações relativas à distribuição da umidade no interior da madeira são de grande
importância na segregação das peças em teores de umidade mais uniformes, de modo a facilitar a secagem tanto
no que diz respeito à minimização de defeitos quanto à obtenção de menor variabilidade em torno do teor de
umidade médio pretendido (OLIVEIRA et al., 2005). O presente trabalho tem como objetivo avaliar as
características físicas da madeira de V. americana Aublet.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
2. MATERIAL E MÉTODOS
2.1 LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE COLETA E EXPERIMENTO
O material foi coletado na serraria da Universidade Federal Rural da Amazônia, em Belém- PA, localizado
na própria instituição. E a partir daí foram preparadas para iniciar processo em estudo. O experimento foi
desenvolvido no Laboratório de Tecnologia de Produtos Florestais (LTPF) da Universidade Federal Rural da
Amazônia (UFRA) que pertence ao Instituto de Ciências Agrárias (ICA), localizado na Avenida Presidente
Tancredo Neves, Nº 2501, bairro: Montese, Belém/PA.
2.2 PREPARAÇÃO DO CORPO DE PROVA
Foram confeccionados 30 corpos-de-prova, retirados do meio de uma estaca da espécie V. americana
Aubl., tendo dimensões retangulares de 2cm por 3cm para a secção transversal e 5cm de comprimento para se
obter o teor de umidade e a densidade básica da madeira. Dos quais 15 corpos-de-prova, foram selecionados para
fazer o processo de contração. Para a confirmação da espécie, foi feita a identificação junto a especialista na área
de anatomia da madeira.
2.3 DETERMINAÇÃO DA DENSIDADE BÁSICA
O ensaio foi realizado segundo as recomendações descritas pela NBR 7190 (ABNT, 1997). Os corpos-de-
prova foram devidamente pesados em balança eletrônica com 0,01g de precisão para se obter o peso úmido
(Figura 1) e submersos em água para saturação por um período 30 dias, até que o peso da mesma se encontrassem
constantes.
Figura 1 – Pesagem do corpo-de-prova de Acapú na balança eletrônica com 0,01g de precisão.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
Figura 3 – Estufa secando o material a 103º ± 2°C. Figura 4 – Material esfriando no dessecador.
A Densidade Básica foi determinada através da seguinte fórmula descrita pela NBR 7190/1997 da ABNT:
Db = Ms
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
Vs
Em que:
Db = Densidade básica, em g/cm³;
Ms= Massa seca do corpo de prova, em g;
Vs= Volume saturado do corpo de prova, em cm³.
Onde:
U (%) = Teor de umidade da madeira (%)
Mu = Massa úmida da madeira, em gramas;
Ms = Massa seca da madeira, em gramas;
2.5 CONTRAÇÃO
Contração é o processo inverso do inchamento, na qual ocorre a retirada da água dos espaços
submicroscópicos. Ocorrendo a aproximação das micelas. E as equações, seguiram os métodos da NBR
7190/1997 da ABNT.
Linear máximo:
Contração linear é a alteração da dimensão “I” em um único sentido anatômico (radial, tangencial ou
longitudinal) definido, durante a diminuição do teor de umidade. Para isso, foram feitas três medidas em cada
lado de cada corpo-de-prova, utilizando o paquímetro com precisão de 0,01 mm (Figura 5), dando um total de 45
medidas quando saturadas, e esse mesmo procedimento se fez quando secas.
Figura 5 – Paquímetro digital, medindo o corpo-de-prova.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
L( PSF ) L( s )
L ( máx.) x 100
L( PSF )
Volumétrico máximo:
A madeira incha e contrai desigualmente segundo os sentidos anatômicos tangencial, radial e longitudinal.
Denomina-se esse fenômeno de anisotropia dimensional, em que a anisotropia dimensional de contração (Ac) é
descrita pela NBR 7190/1997 da ABNT na seguinte fórmula:
tan
Ac x 100
rad
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
O fator de anisotropia dimensional, de contração (Ac) ou de inchamento (Ai), é expresso pela relação entre
os movimentos lineares radial e tangencial.
AC, Al Bt / Br
Os dados coletados, foram organizados no Microsoft Excel 2013, assim, gerarem os resultados para
facilitar a leitura e analise.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
De acordo com a estatística descritiva apresentados na tabela 1, a média da densidade básica foi de 0,84
g/cm³ ± 0,01, com valor máximo de densidade básica de 0,86 g/cm³ e mínimo de 0,83 g/cm³, o coeficiente de
variação (CV%) foi de 10,76%, o que indica uma boa precisão experimental. De acordo com Carvalho (2015) e
Silveira et al. (2013), a madeira é considerada pesada a partir de 0,80 a 0,95, e de acordo com essa classificação
o Acapú é classificado como madeira pesada.
A alta densidade da madeira influência na maior resistência mecânica (mais lignina e parede celular
espessa), maior resistência a xilófagos, grande poder calorífico, elasticidade, dureza, difícil trabalhabilidade,
instabilidade volumétrica (MORESCHI, 2014).
O ambiente é um dos fatores que influenciam a variabilidade da madeira. Porém, há casos em que as
diferenças entre ambientes não alteram expressivamente os valores de densidade básica das amostras (FOELKEL
E BARRICHIELO, 1985).
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
O teor de umidade médio encontrados para as amostras foi de 13,87 %. Considerando que o ponto de
saturação de fibras médio é 30% (GLASS E ZELINKA, 2010), a quantidade de água livre percentual da espécie
variou de 8,96% a 16,55% (Tabela 1). As espécies mais pesadas apresentam menor quantidade de água livre e
esta água pode ser retirada mais facilmente durante o processo de secagem.
Panshin e De Zeeuw (1980) e Moreira (1999) afirmaram que a maior alteração dimensional da madeira se
manifesta no sentido tangencial aos anéis de crescimento, seguida pela dimensão radial e, praticamente,
desprezível no sentido longitudinal como foi observado para a espécie em estudo (tabela 2).
A anisotropia de contração obteve valor médio de 1,46 ± 0,30 e o CV% de anisotropia foram considerados
altos (Tabela 2). O CV% de contração para a dimensão radial foi alta acima de 20%.
O fator ideal de anisotropia seria igual a 1, quanto maior for os desvios entre as variações, maior será o
fator de anisotropia, quanto maior o fator de anisotropia, pior será o seu comportamento de secagem, a grande
diferença nas grandezas de contração se deve às estruturas macro, micro e submicroscópicas do próprio material.
A anisotropia de contração do Acapú foi superior a 1, o que indica que o seu comportamento, tem uma
grande probabilidade de ocorrer defeitos. Mas como observado, as amostras não apresentaram defeitos de
secagem. Então, maiores cuidados serão necessários para conduzir a secagem quando a anisotropia de contração
for acima de 1.
Tabela 2 – Deformações de contração.
β Longitudinal β Tangencial β radial β Volumétrico Anisotropia de
Amostra
máx (%) máx (%) máx (%) máx (%) contração
Média 0,17 7,46 5,34 12,98 1,46
Desv.p. 0,66 1,07 1,33 1,74 0,30
CV % 390,91 14,38 24,98 13,39 20,58
Desvio padrão (Desv. P.), Coeficiente de variação (CV%).
Fonte: Autora, 2017.
4.CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com os dados obtidos no ensaio, a V. americana apresentou alta densidade, sendo classificada como
madeira pesada, com um teor de umidade de 13,87%. A anisotropia foi superior a 1, o que indica grande
probabilidade de ocorrência de deformação na amostra durante o processo de secagem. Mas para as amostras não
ocorreu defeitos de secagem. Sendo recomendada sua utilização para fins estruturais.
REFERÊNCIAS
Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT. NBR 7190: projeto de estruturas de madeira. Anexo B –
Determinação das propriedades das madeiras para projeto de estruturas. Rio de Janeiro: ABNT; 1997. 107 p.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
CARVALHO D. E.; SANTINI, E. J.; VIVIAN, M, A.; FREITAS, D. L. de; AZAMBUJA, R. da R. Variação
dimensional da madeira tratada de Eucalyptus grandis e Eucalyptus cloeziana. Scientia Agraria Paranaensis v.
14, n. 3, p. 178-182, 2015.
FOELKEL, C. E. B.; BARRICHELO, L. E. G. Tecnologia de celulose e papel. Piracicaba: CALQ, 1985. 207 p.
GLASS, S.V.; ZELINKA, A.L. 2010. Moisture relations and physical properties of wood. General Technical
Report FPL- GTR. 190: 20 pp.
GONZAGA, A. L. Madeira: uso e conservação. Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Natural, Brasília.
p. 246, 2006.
LEÃO, N.V.M.; OHASHI, S. T.; FREITAS, A. D. D. de; NASCIMENTO, M. R. S. M.; SHIMIZU, E. S. C.;
REIS, A. R. S.; GALVÃO FILHO, A.F.; SOUZA, D. Colheita de Sementes e Produção de Mudas de Espécies
Florestais Nativas. Documento (Embrapa Amazonia Oriental. Impresso), v. 374, p. 15172201-47, 2011.
MARTINELLI, G.; MORAES, M.D. Livro Vermelho da Flora do Brasil. Rio de Janeiro: 1 v, 545p. 2013.
MATOS, A. de O. Ocorrência de nodulação espontânea em leguminosas florestais nativas de Capitão Poço - PA.
In: SIMPÓSIO DO TRÓPICO ÚMIDO. v. 1, p. 287-294. Belém, 1984.
MOREIRA, W.S., Relações entre propriedades físico-mecânicas e características anatômicas e químicas da
madeira. Imprensa Universitária Ufv, Viçosa - MG, p.1-106, 1999.
MORESCHI, C. J. Propriedades da madeira, 4 ed. atualizada, Paraná: Curitiba, 2014.
OLIVEIRA, J. T. da S.; HELLMEISTER J. C.; FILHO, M. T. Variação do teor de umidade e da densidade básica
na madeira de sete espécies de eucalipto. R. Árvore, v.29, n.1, p.115-127, Viçosa, 2005.
PANSHIN, A. J.; DE ZEEUW, C. Textbook of wood technology. 4. ed. New York: McGraw Hill, 1980. 722 p.
PANSHIN, A. S.; DE ZEEUW, C. Textbook of wood technology. New York: Mc Graw Hill Book Company,
1964. 643 p.
POLHILL, R. M.; RAVEN, P. H. Advances in legume systematics. Part 1. Kew: Royal Botanics Gardens. v. 2,
1981.
RIBEIRO, F. de A.; FILHO, J. Z. Variação da densidade básica da madeira em espécies/procedências de
Eucalyptus spp. IPEF n.46, p.76-85, Araraquara,1993.
SILVEIRA, L. H. C.; REZENDE, A. V.; VALE, A. Te. do. Teor de umidade e densidade básica da madeira de
nove espécies comerciais amazônicas. Acta amazônica, vol. 43(2) p. 179 – 184, 2013.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
0 ISSN 2316-7637
RESUMO
A Lei 12.305/2010 institui a Política Nacional dos Resíduos Sólidos - PNRS, estabelece a Logística Reversa - LR
e dá responsabilidade aos partícipes do ciclo de vida de produtos. Este trabalho objetivou verificar como se dá a
LR de cartuchos e tonners em Belém - PA, apresentando a destinação final destes produtos. Foi realizada uma
entrevista, com vendedores de cartuchos e tonners utilizado questionário, com 5 perguntas objetivas e subjetivas.
Foram realizadas até três tentativas de ligação, no mês de setembro de 2017, para 40 lojas na cidade de Belém. A
maioria, quando souberam o tema (LR), recusaram a participar da pesquisa. Foram entrevistadas 11 lojas, das
quais 6 possuem até 7 (sete) anos no mercado, ou seja, foram criadas a partir da implantação da Lei 12.305/2010,
e 5 possuem mais de 8 anos de funcionamento. Quanto ao porte: 2 de grande, 7 de médio e 2 de pequeno porte.
Duas lojas afirmam não saber do que se trata a LR, 5 realizam LR e 4 não realizam. Das 6 lojas que não realizam
e não saberem o que é LR, nenhuma manifestou interesse em implementar. Quando questionados sobre “Como é
realizado o processo de LR? ” Das 5 Lojas que realizam a LR, 2 não souberam explicar o procedimento; 3 Lojas
disseram que recebem na própria Loja e destas 1 também manda buscar na casa do consumidor. Os cartuchos e
tonners coletados em boas condições são reutilizados para revenda; os que não estão em boas condições são
descartados no lixo comum por duas lojas e enviados para incineração por uma entrevistada. Foi possível observar
que no município de Belém, o nível de conhecimento dos responsáveis pelo ciclo de vida dos produtos cartuchos
e tonners, em sua maioria desconhecem a legislação vigente e não executam o que rege a Lei.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
1.INTRODUÇÃO
Tendo em vista as projeções do crescimento populacional feito pela Organização das Nações Unidas -
ONU, a população mundial deve atingir, até 2050 a casa dos 9 bilhões de habitantes. Este fato traz consigo
diversos fatores sociais, principalmente a intensificação dos problemas ambientais, como por exemplo, a geração
desenfreada de resíduos sólidos seguido pela deficiência da gestão e gerenciamento dos mesmos.
De acordo com a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais
(ABRELPE, 2015), estima-se que o Brasil gera cerca de 79,9 milhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos
por ano, vulgarmente conhecido como “lixo urbano”, no qual a sua composição varia de população para
população, dependendo da condição socioeconômica da mesma, sendo composta por matéria orgânica, papel e
papelão, vidros, metais, plástico e outros.
Dentre essa composição, a geração exacerbada de resíduos eletrônicos, atualmente começou a ganhar
espaço para discussões, por conta das dificuldades de destinação final ambientalmente adequada, já que são
materiais que possuem a vida útil programada para serem cada vez mais curtas, além de que em suas composições
são encontradas substâncias tóxicas, como o mercúrio, cádmio e chumbo que podem contaminar o meio ambiente,
se tornando, assim, um desafio mundial a ser resolvido.
Em 2016 foi liberado um relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA),
onde cita que a indústria eletrônica gera a cada ano cerca de 41 milhões de toneladas de lixo eletrônico no mundo,
e segundo previsões, este número pode chegar até 50 milhões de toneladas em 2017, onde cerca de 90% desse
tipo de resíduo é descartada de modo inadequado, sendo que no Brasil foi produzido cerca de 1.4 milhões de
toneladas desse tipo de resíduo (PNUMA, 2014 citado por ONU).
Para minimizar os problemas relacionados ao despejo inadequado de resíduos, o Brasil criou, em 2010, a
Lei 12.305 que institui a Política Nacional dos Resíduos Sólidos (PNRS), que estabelece a logística reversa e dá
responsabilidade aos atores partícipes do ciclo de vida de produtos, dentre eles, os resíduos eletrônicos e seus
componentes. A implantação desta Lei representa um avanço na política ambiental nacional.
Porém, apesar do Brasil ser um dos poucos países que possui uma legislação vigente em relação a
destinação de resíduos eletrônicos, a cidade de Belém, está na contramão tanto da PNRS (BRASIL, 2010) quanto
da Política Estadual do Meio Ambiente (PARÁ, 1995), visto que o município, não possui uma política definida
no que concerne ao destino a ser dado para os resíduos eletroeletrônicos produzidos, e os fabricantes e
fornecedores, não dispõem de um local adequado para os consumidores que precisam descartá-los.
Tendo em vista a relevância da logística reversa para a diminuição da disposição inadequada dos resíduos
eletroeletrônicos e seus componentes, este trabalho tem como objetivo verificar como se dá o processo de logística
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
reversa para os itens cartuchos e tonners na cidade de Belém, apresentando a destinação final destes produtos
após passarem pelo processo de logística reversa.
2.MATERIAIS E MÉTODOS
Desta forma, foi realizada uma entrevista, com os donos de lojas de equipamento eletrônicos de Belém,
mais precisamente com revendedores de cartuchos e tonners sobre a implementação da logística reserva no
município.
Foi utilizado questionário padronizado, com 5 perguntas, objetivas e subjetivas, sobre a logística reversa.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
lojas situadas na cidade de Belém, sendo descartadas as que se situam nos demais municípios da região
metropolitana.
A partir da listagem, foram realizadas até três tentativas de ligação, no mês de setembro de 2017, para que
as lojas respondessem ao questionário, sempre deixando o atendente a vontade para responder ou não as
perguntas.
Foram entrevistadas 11 lojas, em sua maioria, o próprio dono do empreendimento respondeu ao
questionário.
3.RESULTADOS E DISCUSSÕES
Foram listadas e abordadas 40 lojas de venda de cartuchos e tonners na cidade de Belém, das quais, a
maioria, quando souberam que a pesquisa era sobre Logística Reversa, recusaram a participar da pesquisa.11
Lojas responderam ao seguinte questionário:
1 - A quanto tempo vocês estão no mercado?
2 - Qual o porte da sua loja?
3- Você realiza logística reversa?
4- Se não, você pretende implementar esse processo?
5- Se sim, como é realizado o processo na loja de vocês?
A primeira pergunta foi feita com o intuito de verificar o tempo, em anos, em que as lojas estão no mercado
e comparar com o ano de implantação da Política Nacional de Resíduos Sólidos, que data de 2010, sendo que,
atualmente a Lei possui 7 anos. Das 11 Lojas entrevistadas, 6 possuem de Zero a 7 (sete) anos no mercado, ou
seja, foram criadas a partir da implantação da Lei e 5 possuem mais de 8 anos de funcionamento.
A segunda pergunta objetivou retratar o porte das lojas, sendo que 7 lojas são de médio porte, 2 de grande
e 2 de pequeno porte. Vale ressaltar que, atualmente, um dos critérios para uma empresa crescer é a preocupação
com o meio ambiente. Uma empresa que demonstra responsabilidade ambiental é mais requisitada no mercado
que as demais.
Quando questionados sobre a realização da logística reversa, 2 lojas disseram não saber do que se trata.
De acordo com a PNRS, a logística Reversa é um instrumento de desenvolvimento econômico e social
caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos
resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou
outra destinação final ambientalmente adequada, e os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes,
devem implementar, independente do sistema público (BRASIL, 2010).
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Ainda referente a terceira pergunta, 5 responderam que realizam e 4 não realizam a logística reversa.
As lojas que afirmaram não realizar a Logística Reversa e as que não sabem do que se trata, somando 6
Lojas, foram questionadas se implementariam a Logística reversa. Nenhuma respondeu sim à pergunta, 5
disseram que não implementariam e 1 disse que talvez implementaria. De posse destes dados, pode-se inferir, que
os Lojistas não têm o conhecimento sobre a legislação e/ou não se preocupam com a destinação de seus produtos,
mesmo sendo um dos assuntos mais abordados atualmente, por conta das problemáticas que a disposição incorreta
acarreta, sendo que a Organização Internacional de Polícia Criminal (INTERPOL, 2015), estima que o valor do
lixo eletrônico não registrado e informalmente manuseado, incluindo os que são comercializados ilegalmente e
despejados, encontra-se entre 12,5 a 18,8 bilhões de dólares por ano, ou seja, todos esses resíduos eletrônicos
descartados poderiam gerar renda ao país, além de empregos (ONUBR, 2015).
Segundo a Associação dos Profissionais de Logística na Amazônia - ASPLAM (2014) do estado do Pará,
existem três fatores que estimulam o retorno de produtos:
1. Consciência cada vez maior da população para a necessidade de reciclar e de se preocupar com o meio
ambiente;
2. Melhores tecnologias capazes de reaproveitar componentes e aumentar a reciclagem;
3. Questões legais, quando a legislação obriga que as empresas recolham e dêem destino apropriado aos
produtos após o uso.
Quando questionados sobre “Como é realizado o processo de Logística Reversa?” Das 5 Lojas que afirmaram
que realizam a Logística Reversa, 2 não souberam explicar o procedimento e 3 Lojas disseram que realizam e os
cartuchos e tonners coletados em boas condições são reutilizados para revenda, e os que não estão em boas
condições são descartados no lixo comum por duas lojas e enviados para incineração por uma entrevistada.
Esta pergunta evidencia novamente a falta de conhecimento sobre o que de fato caracteriza a Logística
Reversa e a obrigatoriedade dos Lojistas em implementarem o processo na cidade de Belém.
4. CONCLUSÕES
Diante dos dados coletados, foi possível observar que no município de Belém, o nível de conhecimento
dos responsáveis pelo ciclo de vida dos produtos cartuchos e tonners, em sua maioria desconhecem a legislação
vigente e não executam o que rege a Lei.
Mesmo algumas Lojas afirmando que realizam a logística reversa, das 11 Lojas entrevistadas, apenas 1
executa o processo de logística reversa adequadamente e afirma fazer a destinação adequada dos resíduos que
não estão passíveis de reutilização, que é a premissa da Logística reversa.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Diante dos dados fica clara a necessidade de ações conjunta do Poder Público e dos responsáveis pelo
ciclo de vida dos produtos cartuchos e tonners em realizar atividades de Educação Ambiental e disseminação da
Lei 12.305/2010 entre os lojistas que vendem produtos como cartuchos e tonners que são passíveis da logística
reversa, pois a efetivação desta prática, além do cumprimento da legislação é uma forma eficaz de diminuir os
resíduos que vão para os aterros sanitários e colaboram na geração de emprego e renda.
REFERÊNCIAS
ARAÚJO, A. A. et al. As formas de descarte do lixo eletrônico: estudo com universitários da Universidade
Estadual da Paraíba, Campus VII, Patos-PB. In: CONGRESSO INTERNACIONAL DE
ADMINISTRAÇÃO. 2016. Natal - RN. Anais... Natal – RN, 2016.
BETINE, D. G.; ICHIHARA, J. A. A logística reversa aplicada ao setor oleiro na região norte. In XXVII
ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO. 2007. Foz do Iguaçu - PR. Anais... Foz do
Iguaçu – PR, 2007.
GUTIERREZ, C. B. B. et al. O descaso com o lixo eletroeletrônico de uma metrópole amazônica: o caso da
cidade de Belém, In: Revista ESPACIOS. Vol. 38.Nº 02. Pág. 12. Belém, PA. 2017.
GIL, A. C. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 6 ed. São Paulo: Atlas S.A, 2008.
SILVA, E. L.; MENEZES, E. M. Metodologia da pesquisa e elaboração de dissertação. – 4.ed. rev. atual. –
Florianópolis: UFSC, 2005 p.21.
SITES VISITADOS
ARAUJO, A. C. de et al. Logística reversa no comércio eletrônico: um estudo de caso. Gest. Prod. [online].
2013, vol.20, n.2, pp.303-320. ISSN 0104-530X. Disponível em:< http://dx.doi.org/10.1590/S0104-
530X2013000200005>. Acesso em: 24 de outubro de 2017.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
BRASIL. Lei Federal nº 12.305/2010. Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos; altera a Lei no 9.605,
de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências. Publicado no Diário Oficial da União - DOU de
03/08/2010. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm>.
Acesso em: 24 de outubro de 2017.
INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA - IPEA. Diagnóstico dos resíduos sólidos urbanos.
Disponível
em:<http://www.ipea.gov.br/agencia/images/stories/PDFs/relatoriopesquisa/121009_relatorio_residuos_solidos
_urbanos.pdf>. Acesso em: 24 de outubro de 2017.
INTERPOL, 2015 citado por NAÇÕES UNIDAS NO BRASIL - ONUBR. ONU prevê que mundo terá 50
milhões de toneladas de lixo eletrônico em 2017. Disponível em:< https://nacoesunidas.org/onu-preve-que-
mundo-tera-50-milhoes-de-toneladas-de-lixo-eletronico-em-2017/>. Acesso em: 24 de outubro de 2017.
LACERDA, L. Logística reversa: uma visão sobre os conceitos básicos e as práticas operacionais. Disponível
em: <http://www.sargas.com.br/site/index.php?option=com_content&task=view&id=78&Ite
PARÁ (Estado). Lei Estadual Nº 5.887/1995. Dispõe sobre a Política Estadual do Meio Ambiente e dá outras
providências. Disponível em:< https://www.semas.pa.gov.br/1995/05/09/9741/>. Acesso em: 24 de outubro de
2017.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
PROGRAMA DA ONU PARA O MEIO AMBIENTE – PNUMA citado por NAÇÕES UNIDAS NO BRASIL -
ONUBR. ONU prevê que mundo terá 50 milhões de toneladas de lixo eletrônico em 2017. Disponível em:<
https://nacoesunidas.org/onu-preve-que-mundo-tera-50-milhoes-de-toneladas-de-lixo-eletronico-em-2017/>.
Acesso em: 24 de outubro de 2017.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Matheus Coelho Prazeres1; Tibison da Silva Rocha1; Maycon da Silva Teixeira1; Marcelo Kleiton Alves
Rodrigues1; Manoel Tavares de Paula2
1Graduando em Engenharia Florestal. Universidade do Estado do Pará. E-mail:
[email protected]; [email protected]; [email protected];
[email protected].
2Professor Doutor do curso de Engenharia Florestal. Universidade do Estado do Pará. E-mail:
RESUMO
O sistema agroflorestal é uma forma de uso da terra com premissas na sustentabilidade e, principalmente, em
mudar o cenário comum de corte e queima realizado pelas populações tradicionais. Apesar da importância deste
sistema, no tange ao melhoramento das condições ambientais, constata-se um reduzido número de pesquisas
voltadas para a avaliação econômica. Pois, de maneira geral, os estudos concentram-se mais nos aspectos
florísticos e biológicos. Portanto, o presente estudo tem como objetivo realizar a avaliação econômica de um
modelo de sistema agroflorestal composto por teca-cacau-café, visando a sua implantação no município de Santa
Bárbara, PA. Para a avaliação econômica do projeto foram utilizados os seguintes parâmetros econômicos: Valor
Presente Líquido (VPL), Taxa Interna de Retorno (TIR) e a Relação Beneficio Custo (RB/C), bem como, a Taxa
Mínima de Atratividade (TMA). O sistema agroflorestal analisado mostrou-se economicamente viável, em função
de todos os parâmetros econômicos avaliados, ou seja, VPL>1, TIR>TMA e RB/C>1.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
1. INTRODUÇÃO
O Sistema Agroflorestal (SAF) é uma forma de uso da terra com premissas na sustentabilidade e,
principalmente, em mudar o cenário comum de corte e queima realizado pelas populações tradicionais. Além
disso, inúmeros são os benefícios obtidos com a sua implantação, como por exemplo, a recuperação de áreas
degradadas e o retorno financeiro, além de promover serviços ambientais (MENEZES et al., 2008).
Um SAF é configurado através da associação do componente arbóreo com a agricultura, podendo ou não
coexistir animais domesticáveis (MENEZES et al., 2008). Sendo agregados no mesmo espaço, alternando ou não
as culturas (FLORENTINO; ARAÚJO; ALBUQUERQUE, 2007).
Segundo alguns autores, entre eles Fávero, Lovo e Mendonça (2008) e Magalhães et al. (2014),
predominam-se os estudos sobre a recuperação de áreas degradadas. Contudo, outras vertentes também são
levadas em consideração, como exemplo a análise da serapilheira produzida (ANDRADE; COSTA; FARIAS,
2000), sequestro de carbono (AGUIAR et al., 2014) e a quantificação da biomassa (RANGEL-VASCONCELOS
et al., 2016).
Portanto, o presente estudo tem como objetivo realizar a avaliação econômica de um modelo de sistema
agroflorestal composto por teca-cacau-café, visando a sua implantação no município de Santa Bárbara, PA.
2. METODOLOGIA
O estudo foi realizado no município de Santa Bárbara (PA) km 18 da Rodovia Augusto Meira Filho (PA-
391) sentido Belém-Mosqueiro, nordeste paraense, entre as coordenadas aproximadas de 01º13´00.86´´ S e
48º17´41.18´´ W. O clima da área local é do tipo tropical úmido Afi, segundo a classificação climática de Köppen,
com índice pluviométrico anual de 2.500 e 3.000 mm. A temperatura média anual é de 26,0 oC. Os solos do local
são do tipo latossolo amarelo (IBGE, 2000).
O modelo de SAF será constituído pelo consórcio das espécies teca (6m x 6m), cacau (3m x 2m) e o café
(3m x 1m) totalizando 278, 1.667 e 3.334 plantas/ha, respectivamente. Há que se considerar um acréscimo de
287
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
10% ao total de mudas que serão plantadas, para assegurar-se contra eventuais adversidades. Utilizou-se a Taxa
Mínima de Atratividade (TMA) de 2.5% a.a, imposta pelo Banco da Amazônia.
Para análise do fluxo de caixa e da avaliação econômica, foram utilizados os parâmetros de viabilidade
econômica da planilha eletrônica proposta por Arco-Verde e Amaro (2014):
Índice que verifica a efetividade do empreendimento. Determinado pela diferença entre os fluxos líquidos
de caixa e o investimento inicial. Sendo expresso:
Onde:
Rj= receitas no período j
Cj= custos no período j
i = taxa de desconto (juros)
j = período de ocorrência de Rj e Cj
n = duração do projeto, em anos, ou em número de períodos de tempo.
I = investimento inicial.
Onde:
Rj= receitas no período j
Cj= custos no período j
i = taxa de desconto (juros)
j = período de ocorrência de Rj e Cj
n = duração do projeto, em anos, ou em número de períodos de tempo.
I = investimento inicial.
Onde:
Rj= receitas no período j
288
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Fluxo de caixa
Através da análise das Figuras 1 e 2, observa-se um fluxo de caixa negativo até o 5º ano (custos > receitas),
a partir deste ponto, o fluxo de caixa apresenta-se positivo (receitas > despesas), em função do início da
comercialização da produção do cacau e do café.
Figura 1 - Receitas totais, custos totais e fluxo de caixa durante 30 anos de implantação do sistema.
Fonte:Autores, 2017
289
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Figura 2 – Gráfico de custos e receita do SAF teca-cacau-café no município de Santa Bárbara, PA.
Contudo, como esperado, o VPL decresce à medida que esta taxa aumenta, além disso, verifica-se que o
VPL será positivo até uma taxa de desconto de 31,05%, gerando credibilidade e dando segurança ao capital
aplicado no empreendimento (TSUKAMOTO-FILHO et al., 2003). As taxas de desconto maiores que tornam a
iniciativa inviável, logo, a viabilidade se apresenta na busca de investir em alternativas mais rentáveis.
Este índice relaciona-se com a taxa de juros onde o valor presente dos benefícios corresponde ao valor
presente dos custos, portanto, equipara o VPL ao índice zero, podendo ser explicada como a taxa percentual do
retorno do capital investido.
O valor referente à TIR do SAF em questão estabeleceu-se em 31,05%, maior que a taxa mínima de
atratividade de 2.5% de financiamento.
4. CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
ANDRADE, A.G.; COSTA, G.S.; FARIAS, S.M. Deposição e decomposição da serapilheira em povoamentos
de Mimosa caesalpiniifolia, Acaciamangium e Acaciaholosericea com quatro anos de idade em planossolo.
Revista Brasileira de Ciência do Solo, v. 24, p. 777-785, 2000.
ARCO-VERDE, M.; AMARO, G.C. Análise financeira de sistemas produtivos integrados. EMBRAPA Floresta,
2014.
CORDEIRO, I.M.C.C.; BARROS, P.L.C.; LAMEIRA, O.A.; GAZEL FILHO, A.B. Assessment of paricá
(Schizolobium parahyba var. amazonicum (Huber ex Ducke) Barneby) plantations at different ages and
cultivation systems in aurora do Pará (Pará state-brazil). Ciência Florestal, Santa Maria, v. 25, p. 679-687, 2015.
FÁVERO, C.; LOVO, I.C.; MENDONÇA, E. de S. Recuperação de área degradada com sistema agroflorestal no
Vale do Rio Doce, Minas Gerais. Revista Árvore, v. 32, n. 5, p. 861-868,2008.
291
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
MAGALHÃES, J.G.S. et al. Análise econômica de sistemas agroflorestais via uso de equações diferenciais.
Revista Árvore, Viçosa-MG, v. 38, n. 1, p. 73-79, 2014.
MENEZES, J.M.T. et al. Comparação entre solos sob uso agroflorestal e em florestas remanescentes adjacentes,
no norte de Rondônia. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v. 32, p. 893-898, 2008.
TSUKAMOTO-FILHO, A.A. et al. Análise econômica de um plantio de teca submetido. Revista Árvore. Viçosa
– MG, v. 27, n. 4, p. 487-494, 2003.
292
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Mateus da Silva Rebelo 1 ; Ailson Henrique Silva Souza 2 ; Lidia Lee Abreu dos Santos 3 ; Gabriel Andrade
Catete 4 ; Adrianne Cristina dos Santos Oliveira 5 ; Dênis José Cardoso Gomes 6
RESUMO
A malária é uma doença infecciosa potencialmente grave causada por um protozoário específico do gênero
Plasmodium, que é transmitida de uma pessoa a outra pela picada da fêmea do mosquito do gênero Anopheles.
Este mosquito depende muito de grandes porções de água e do clima. Por tanto, o objetivo desde trabalho é
analisar as relações das variáveis meteorológicas com a malária no estado do Pará de 2010 a 2015. Realizou-se
um levantamento bibliográfico do número acumulado mensal dos anos em estudo de pessoas com malária
relacionado as variáveis climáticas (precipitação, temperatura do ar e umidade relativa do ar). Os dados foram
obtidos do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) e do Departamento de Informática do Sistema Único de
Saúde (DATASUS). Os resultados foram analisados e observados por meio de gráficos e tabelas gerados no
software Excel. Considerando os meses de fevereiro, março e abril como os maiores em volumes de chuva, há
pouca influência desta variável meteorológica com a dispersão da doença devido a temperatura ter mais efeito
sobre a malária que os demais fatores ambientais em questão. Corroborando tal argumento, a análise do gráfico
da temperatura onde os casos tendem aumentar quando cresce a temperatura é outro respaldo do resultado do
teste de correlação de Spermann, que foi maior nesta última variável meteorológica citada com relação de 0,115.
Por tanto, a malária é uma enfermidade complexa que exige estudo mais aprofundado de outros fatores, como
saneamento ambiental.
293
Belém (PA), 29 de novembro a 1º de dezembro 2017
ISSN 2316-7637.
INTRODUÇÃO
Objetivo
O seguinte trabalho tem como finalidade analisar a relação dos elementos meteorológicos temperatura do ar,
precipitação pluviométrica e umidade relativa do ar, com a malária, no que tange o Estado do Pará.
Área de estudo
A malária, segundo Manual de Diagnóstico laboratorial da doença, afeta em maior número a região Amazônica,
pois as condições ambientais favorecem a sua transmissão haja vista que, a floresta é o habitat natural do vetor
da doença. Dessa forma, a doença se estabelece principalmente em climas tropicais e subtropicais, como a região
em estudo, o estado do Pará.
Doença
É uma enfermidade infecciosa causada por protozoários do gênero Plasmodium e é transmitida ao homem por
fêmeas de mosquitos do gênero Anopheles, causando febre, além de outros sintomas. Quatro espécies de
plasmódio podem causar a doença: P. falciparum, P. vivax, P. malariae e P. ovale. O ciclo biológico da malária
ocorre no homem (assexuado) e no mosquito (sexuado). Na reprodução assexuada, o ciclo do plasmodium
(esquizogônico) inicia-se com a picada do mosquito no homem, durando de 12 a 30 dias o quadro clínico geral.
Na reprodução sexuada (esporogônica) do parasita da malária ocorre no estômago do mosquito. O tempo
requerido para que se complete o ciclo esporogônico nos insetos varia com a espécie de Plasmodium e com a
temperatura, situando-se geralmente em torno de 10 a 12 dias.
Justificativa
Tal doença torna-se endêmica do ponto de vista epidemiológico, devido em certas regiões os fatores
biometeorológicos viabilizarem sua maior propagação e incidência.
Além disso, a interação entre precipitação, evaporação e temperatura modula a umidade do
ambiente, alterando a sobrevida e atividade dos mosquitos do gênero Anopheles, fazendo com que a distribuição
deste agravo seja em toda a Amazônia brasileira (GASPARETTO 2013 apud MARTIN, 1997).
O Estado do Pará, por exemplo reflete está realidade amazônica e nos últimos anos tem registrado
altos valores de positividade da doença. Associado a este fator, tem-se um elevado índice de
antropização, motivados por processos econômicos (interesses madeireiros, grandes projetos de
hidrelétricas, extrativismo vegetal e mineral, reativação de garimpos de ouro) e políticos ou de
grandes núcleos urbanos sobre áreas fragilizadas ambientalmente (GASPARETTO, 2013 apud
PARENTE, 2008).
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1º de dezembro 2017
ISSN 2316-7637.
METODOLOGIA
Primeiramente estabeleceu-se a malária a enfermidade para ser pesquisada. Foram selecionadas três
variáveis meteorológicas: Precipitação, temperatura média do ar e umidade relativa do ar, para analisar o grau de
correlação com a doença num intervalo de tempo de 2010 até 2015. A área de estudo foi escolhida o estado do
Pará, localizado na porção setentrional do Brasil. Numa segunda etapa foi feita uma pesquisa bibliográfica, sobre
a patologia em estudo e um levantamento cartográfico da área para melhor compreensão dos procedimentos
realizados. Em seguida, colheu-se os dados de casos confirmados totais da malária de cada mês do ano de 2010
até 2015, no sistema do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS). Os dados
meteorológicos foram obtidos através do Banco de Dados Históricos das estações climatológicas do Estado do
Pará registrada Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), são elas: Altamira, Araguaia, Belém, Belterra,
Breves, Cametá, Itaituba, Marabá, Monte Alegre, Óbidos, Porto de Moz, São Félix do Xingú, Soure, Tracuateua
e Tucuruí.
Foi calculada a precipitação pluviométrica acumulada mensal dos 6 anos em estudo, e relacionando esses totais
de cada mês acumulado com os respectivos meses dos casos confirmados de malária, e foi gerado um gráfico
combinado da ‘precipitação x caso de malária’, para análises e observações do comportamento das variáveis
biometeorológicas em questão. No caso da temperatura, como obteve-se a máxima e mínima da mesma, calculou-
se primeiramente a média destas duas, de janeiro a dezembro, de cada estação de 2010 a 2015, com o objetivo de
determinar uma segunda média que seria a média mensal de todas as estações, representando um resultado mais
próximo possível da temperatura média do Pará, devido o estado não ter estações climatológicas do INMET
cobrindo sua região como um todo. Relacionando a temperatura com os casos de malária, pode-se produzir um
segundo gráfico combinado. A umidade relativa do ar calculou-se a média por mês de cada estação no intervalo
de tempo em estudo, computando-se uma média mensal de todas as estações obtendo-se o valor aproximado de
umidade do estado, utilizou-se o mesmo procedimento na plataforma do Excel (2016) das duas variáveis
anteriores para se gerar o gráfico combinado com os casos de malária, para melhor compreensão do
comportamento desses três elementos meteorológicos em relação a enfermidade estudada (MAGALHÃES,
2010).
Foi realizado em um segundo software IBM SPSS statistics o teste de correlação de Spearmam, para
corroborar a relação das variáveis meteorológicas com a ocorrência da malária em questão (MAGALHÃES,
2010).
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1º de dezembro 2017
ISSN 2316-7637.
A correlação de Spearmam é uma medida de correlação não-paramétrica, ou seja, ele avalia a função monótona
arbitrária que pode ser a descrição da relação entre duas variáveis, medindo a intensidade e direção da relação
linear ou não-linear entre duas variáveis (LIRA, 2004).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Observou-se que a precipitação pluviométrica manteve seu comportamento padrão do estado do Pará, com
altos índices pluviométricos no primeiro semestre dos anos em análise com destaque para os meses de fevereiro,
março e abril apresentando os maiores volumes de chuvas de 31551,4 mm, 31503,3 mm, 31098,2 mm
respectivamente. No segundo semestre dos seis anos em estudo não saíram da normalidade esperada com uma
acumulada de precipitação baixa, sendo os meses de agosto, setembro e outubro nos mostrando no gráfico como
os menores volumes precipitado com valores na sequência mensal apresentada pouco antes de 5607,4 mm, 3946,6
mm, 6957,7 mm. Os casos de malária registrados com totais mensais de 2010 a 2015, observa-se que em janeiro,
o mês de maiores números da doença, foram confirmados 10 casos, e constatou-se que março, junho e novembro
não houveram casos registrados. Considerando as informações do Ministério da Saúde sobre a enfermidade em
estudo, corrobora-se que de fato há influência da precipitação na transmissão da doença, porém de maneira
instável e principalmente devido as condições favoráveis no ciclo evolutivo do vetor necessitarem de água. Com
isso, geralmente os picos endêmicos são no período pós chuvosos. No gráfico da temperatura média mostra-se
coerente perante as condições climáticas da região norte, com as menores temperaturas apresentando-se no
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1º de dezembro 2017
ISSN 2316-7637.
primeiro semestre anual em fevereiro, apontando a mínima de 27°C e crescendo gradualmente com uma pequena
decaída de junho para julho e, voltando a aumentar até setembro com máxima de 28,7°C. Os casos registrados da
patologia em análise demonstram-se que há uma relação significativa, mesmo a literatura da enfermidade
relatando a importância influência da temperatura no desenvolvimento do vetor portador da malária. Por fim, o
gráfico da umidade relativa do ar representa uma queda na primeira metade do ano como o esperado, influenciado
fortemente pelas concentrações de chuvas no período, registrando uma alta umidade de 86,5% em abril e uma
baixa umidade 74,1%.
No teste de correlação de Spermann para cada variável meteorológica, verificou-se que a relação da precipitação
com a malária foi de 0,053, a temperatura foi de 0,115 e umidade relativa do ar foi de 0,005.
Figura 02: Gráfico precipitação x casos de malária no Pará (2010-2015).
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1º de dezembro 2017
ISSN 2316-7637.
CONCLUSÃO
Analisando os efeitos causados pelos elementos meteorológicos na dispersão da malária, ratifica-se que
nesse período de 2010 até 2015 há uma correlação significativa, apesar do valor do teste de Spermamm aparentar
baixo, acredita-se que tal motivo se justifica pelo fato do intervalo temporal de estudo ser de 6 anos e a área de
estudo ser grande em relação ao número de casos registrados. Por tanto, as alterações no decorrer do ano da
precipitação pluviométrica, temperatura do ar e umidade relativa do ar tiveram uma influência sobre a proliferação
e ocorrência da malária no estado do Pará.
No entanto, existe muito mais fatores a serem considerados como a questão do saneamento ambiental
precário das cidades de todo o estado do Pará, a profilaxia contra o vetor nas áreas de maior risco e o quesito
biológico da enfermidade.
REFERÊNCIAS
ANTÔNIO, G., SILVA, C. M. Influência das alterações climáticas nos casos de dengue nos anos de 2007 a 2011 na cidade de
Cascavel-PR. Revista de saúde e biologia, v.10, n.1, p.5 2015.
DORO, M. R. Uma visão geral da malária: ocorrência, manifestação, prevenção e principais tratamentos.
Trabalho PIBID, IQ-UNICAMP,
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1º de dezembro 2017
ISSN 2316-7637.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1º de dezembro 2017
ISSN 2316-7637.
Marlon Marques Moreira Santos¹; Erick Leonardo Reis Dias²; Juliana Cristina Machado Lima³; Nelson Luiz da
Silva Almeida4; Helder Gomes5; Diego Lemos Alves6
1Graduando de Agronomia. UFRA. [email protected]
2Graduando de Agronomia. UFRA. [email protected]
3 Graduanda de Agronomia. UFRA. [email protected]
4Graduando de Agronomia. UFRA. [email protected]
5Graduando de Agronomia. UFRA. [email protected]
6Graduando de Agronomia. UFRA. [email protected]
RESUMO
A carne suína ocupa o segundo lugar no ranking das carnes mais produzidas no mundo. Em relação às
exportações, o Brasil respondeu, no ano de 2016, por quase 9% do total mundial. A maior parte dos custos para
um ciclo completo de produção de suínos, é a alimentação. Esse tipo de empreendimento necessita de organização
para administrar os riscos e reduzir os custos de transação envolvidos em novos investimentos. O objetivo deste
trabalho foi avaliar a viabilidade econômico-financeira de uma suinícola localizada no município de Abaetetuba-
PA utilizando como indicadores o Valor Presente Líquido (VPL), a Taxa Interna de Retorno (TIR), a Relação
Benefício/Custo (Rb/c) e Ponto de Equilíbrio (PE). A coleta de dados ocorreu na forma de entrevista com a
proprietária. A suinícola avaliada em 225.000,00 R$, apresentava 6 baias de engorda, 5 baias para reprodutores,
1 baia para fêmeas em tempo de serviço e 24 baias de maternidade. Os cálculos e gráficos dos custos e das receitas
foram feitos em planilhas, no programa EXCEL 2010. O custo total (fixos e variáveis) do ano zero é superior ao
custo total dos anos decorrentes, isso ocorreu devido o investimento do produtor no ano zero em instalação,
misturador de ração, bomba hidráulica e caixa de água. O projeto é viável economicamente até uma taxa de juros
de 49,0975835% sobre os custos de produção. A Rb/c de 3,20 é superior a 1, ou seja, a soma das receitas
atualizadas (1.297.719,43 R$) são maiores do que a soma dos custos atualizados (406.005,94 R$) à uma taxa de
12%. Através das análises da TIR e VPL possibilitou-se identificar que a suinocultura obteve um elevado retorno
do capital investido e possui forte estabilidade, mesmo sobre altas taxas de juros sobre os custos totais do sistema
produtivo.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
1. INTRODUÇÃO
Apesar de não ser consumida por uma parte significativa da população mundial por motivos religiosos
(principalmente muçulmanos, hindus, judeus e adventistas), a carne suína ocupa o segundo lugar no ranking das
carnes mais produzidas no mundo (GUIMARÃES et al., 2017).
Nos últimos dez anos, a produção mundial de carne suína cresceu, em média, 1,6% a.a., percentual
superior ao verificado, no mesmo período, em carne bovina (0,4% a.a.), mas inferior ao ocorrido em pescados
(2,3% a.a.) e em carne de frango (3,5% a.a.) (GUIMARÃES et al., 2017).
Em 2015, o Brasil foi o quarto maior produtor e exportador mundial de carne suína (GUIMARÃES et al.,
2017). Produziu pouco mais de 3,5 milhões de toneladas, representando cerca de 3% do total mundial (USDA,
2016).
Em relação às exportações, o Brasil respondeu, no ano de 2016, por quase 9% do total mundial em volume.
A produção de carne suína se encontra em terceiro lugar no Brasil, na frente dos pescados (GUIMARÃES et al.,
2017).
A produção brasileira de carne suína cresceu no período de 2005 a 2015 em 3,2% a.a. A concentração
regional da produção de carne suína está no Sul, responsável, em 2015 por 67% dos abates (USDA, 2016).
A região Sudeste respondeu, em 2016, por 18%, e o Centro-Oeste, por 14% da produção. As regiões Norte
e Nordeste responderam pelo restante 1%. Entre os Estados, destacaram-se os de Santa Catarina, com 27% do
total, Rio Grande do Sul e Paraná, com 20% cada (IBGE, 2016).
Nesses Estados em 2016, o fator alimentação contribuiu com a maior parte dos custos para um ciclo
completo de produção de suínos. No Estado de Santa Catarina esse custo representou 78,76 % do custo total. Já
para os Estados do Rio Grande do sul e Paraná os custos corresponderam a 78,85% e 76,13%, respectivamente
(EMBRAPA, 2016).
Segundo Maier et al., (2006), esse tipo de empreendimento necessita de organização para administrar os
riscos e reduzir os custos de transação envolvidos em novos investimentos. Essas escolhas precisam ser analisadas
de acordo com as previsões do mercado, e sob a visão das vantagens e desvantagens inerentes à economia dos
custos de produção.
Portanto, o objetivo deste trabalho foi avaliar a viabilidade econômico-financeira de uma suinícola
localizada no município de Abaetetuba, interior do Pará, utilizando como indicadores o Valor Presente Líquido
(VPL), a Taxa Interna de Retorno (TIR), a Relação Benefício/Custo (Rb/c) e Ponto de Equilíbrio (PE).
2. METODOLOGIA
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
A análise econômica foi realizada no município de Abaetetuba no Estado do Pará, na propriedade Santa
Maria. A coleta de dados de produção ocorreu na forma de entrevista com a proprietária do sistema produtivo em
março de 2014. A suinícola de 1.500m2, avaliada em 225.000,00 R$, apresentava 6 baias de engorda, 5 baias para
reprodutores, 1 baia para fêmeas em tempo de serviço e 24 baias de maternidade. O plantel oferecia 235 animais
da raça Landrace distribuídos da seguinte forma: 50 fêmeas, 5 reprodutores e 180 animais de ambos os sexos na
fase de engorda. O sistema reprodutivo utilizado era o de monta natural, sendo 1 reprodutor para 10 fêmeas;
leitões com idade ao desmame de 20 dias, fêmea com tempo de serviço de 1 semana, intervalo entre partos de 4,5
meses.
A limpeza na instalação era realizada diariamente com água, e semanalmente com água e creolina. Quanto
a energia elétrica do local, a proprietária realizava o pagamento de uma taxa fixa ao mês, correspondente à 48
reais (R$). Os animais recebiam para o controle de patologias: paratífo, vermífugo e ferrodex. A ração era
disponibilizada duas vezes ao dia, a qual é preparada em um misturador de 6 betoneiras. A formulação da ração
é composta por 46 Kg de farelo de cevada, 46 Kg de farelo de cupuaçu, 20 Kg de farelo de milho e 3 Kg de sal,
diariamente.
São comercializados mensalmente 50 suínos adultos, sendo cada animal pesando 60 Kg vendido por R$
6,00 Kg; e 60 filhotes, sendo cada animal pesando 20 Kg vendido por R$ 10,00 Kg. A comercialização pode ser
melhor visualizada na Figura 1.
Os cálculos e gráficos dos custos e das receitas foram feitos em planilhas, no programa EXCEL 2010,
sendo que do ano zero (2008) ao ano cinco (2013) as planilhas foram anuais. Calculou-se o valor presente líquido
(VPL), a taxa interna de retorno (TIR), a relação benefício/custo (Rb/c) e o ponto de equilíbrio (PE), com objetivo
de verificar a viabilidade econômica do processo produtivo, a taxa de desconto (custo de oportunidade) utilizada
foi de 12% ao ano, e a depreciação foi calculada levando em consideração 10 anos de vida útil para a instalação,
misturador de ração e bomba hidráulica mais caixa d’água.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Com base nos dados coletados, no ano zero de produção (2008) o custo fixo de R$ 228.776,00 foi aplicado
em: instalação, misturador, bomba hidráulica mais caixa d’água e energia elétrica. Nos anos decorrentes 1,2,3,4
e 5 (2009, 2010, 2011, 2012, 2013) o custo fixo de R$ 576,00, foi aplicado apenas em energia elétrica. No ano
zero e nos anos decorrentes o custo variável de R$ 112.054,00 foi aplicado em: mão de obra, creolina, cal,
componentes da ração, vermífugo, ferrodex e vacina contra o paratifo. Percebe-se que o custo total (fixos e
variáveis) do ano zero é superior ao custo total dos anos decorrentes, isso ocorreu devido o investimento do
produtor no ano zero em instalação, misturador de ração, bomba hidráulica e caixa de água, como mostra as
Tabelas 1 e 2.
Tabela 1. Custos fixos e variáveis do ano zero (2008) de produção suinícola da propriedade Santa Maria, Barcarena-PA.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Tabela 2. Custos fixos e variáveis dos anos 1, 2, 3, 4 e 5 de produção suinícola da propriedade Santa Maria, Barcarena-PA.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
VPL R$ 550883,49
TIR 49,0975835%
Rb/c 3,20
O sistema suinícola mostrou-se viável economicamente até a taxa de juros de 49,0975835%, pois acima
desta taxa, ao final da vida útil do sistema produtivo o produtor não conseguirá cobrir todas as despesas e ainda
restará um saldo negativo, tornando a produção inviável economicamente, como mostra a Figura 2.
Figura 2 - Comportamento do VPL em função de diferentes taxas de juros, inclusive a TIR, do sistema suinícola da
propriedade Santa Maria, Barcarena-PA.
R$300.000,00
TIR = 49,0975835 %
R$200.000,00
R$100.000,00
R$-
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80%
R$(100.000,00)
R$(200.000,00)
Taxa de juros (%)
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Sabe-se que o lucro da empresa é a diferença entre a receita total e os custos totais, logo, o sistema em
questão obteve lucro rapidamente, pois a suinícola conseguiu atingir seu ponto de equilíbrio e cobrir seus custos
antes de completar um ano de produção, e nos anos decorrentes a receita foi significativamente superior aos custos
totais do sistema produtivo, como mostra a Figura 3.
R$ 400.000,00
R$ 350.000,00
R$ 300.000,00
R$ 250.000,00
R$ 200.000,00
R$ 150.000,00
R$ 100.000,00
R$ 50.000,00
R$ 0,00
0 1 2 3 4 5
Anos
Na análise de sensibilidade, mesmo havendo um aumento nos custos de produção de 10%, 30% e 49% o
sistema produtivo é viável economicamente apresentando TIR de 39,46%, 23,99% e 12,38%, respectivamente,
ou seja, mesmo com alterações nos custos de produção com taxas de juros de 10%, 30% e 49% as taxas internas
de retorno continuariam acima de 12%, acima do fator de atualização, indicando que o sistema produtivo possui
forte estabilidade.
4. CONCLUSÃO
O sistema de produção da propriedade Santa Maria no município de Abaetetuba foi considerado viável
economicamente. Através das análises da TIR e VPL possibilitou-se identificar que a suinícola obteve um elevado
retorno do capital investido e possui forte estabilidade, mesmo sobre altas taxas de juros sobre os custos totais do
sistema produtivo.
REFERÊNCIAS
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
EMBRAPA. Central de inteligência de Aves e Suínos – Custo de Produção de Suíno Ciclo Completo. 2016.
Disponível em: <https://www.embrapa.br/suinos-e-aves/cias/custos/suino-uf>. Acesso em: 01 out. 2017.
GUIMARÃES, D. D., AMARAL, G. F., MAIA, G. B. D. S., LEMOS, M. L. F., ITO, M., & CUSTODIO, S.
(2017). Suinocultura: estrutura da cadeia produtiva, panorama do setor no Brasil e no mundo e o apoio do
BNDES. BNDES Setorial, Rio de Janeiro, (45).
MAIER, A. C. M.; SOUSA, L. O.; BRITO, M. R.; LOPES, T. H. S. Custos de Transação. Trabalho apresentado
como parte das exigências da disciplina ADM 301 – Administração Financeira I. Universidade Federal de Viçosa,
2006.
USDA – UNITED STATES DEPARTMENT OF AGRICULTURE. Livestock and Poultry: World Markets
and Trade. Foreign Agricultural Service, 12 out. 2016. Disponível em: <
http://www.fas.usda.gov/data/livestock-andpoultry-world-markets-and-trade >. Acesso em: 4 out. 2017.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Marliene de Lima Oliveira1; Taiara Picanço Leite2; Antonio Sérgio Silva de Carvalho3
[email protected].
3 Doutor em Ciência e Tecnologia de Alimentos. Departamento de Ciências Naturais – UEPA. [email protected]
RESUMO
Este trabalho buscou investigar o potencial antimicrobiano de extratos etanólicos de Borreria verticillata (L.) G.
Mey. e Phyllanthus niruri L. frente a quatro estirpes de bactérias padrão. Foi realizada uma avaliação da atividade
antimicrobiana do extrato vegetal destas duas plantas, submetidos à determinação da Concentração Inibitória
Mínima (CIM) por meio do método de microdiluição em placa de 96 poços, em quatro espécies de bactérias
padrão (ATCC): Escherichia coli, Staphylococcus aureus, Alcaligenes faecalis e Salmonella enteritidis. O extrato
vegetal de Borreria verticillata demonstrou atividade antimicrobiana em concentração de 16,3 (mg/mL) frente a
Escherichia coli e Alcaligenes faecalis. Frente a Staphylococcus aureus o extrato foi capaz de inibir o crescimento
microbiológico em concentrações menores (4,09 mg/mL). O teste com extrato de Phyllanthus niruri L, apresentou
atividade baixa atividade antimicrobiana frente as estirpes testadas, com CIMs superiores ou igual a 16,3 mg/mL.
A atividade antimicrobiana do extrato de Borreria verticillata contra estirpes de S. aureus sugere que as
propriedades fitoquímicas desse vegetal podem subsidiar novas pesquisas em busca de compostos potencialmente
eficazes no combate a este patógeno.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
1. INTRODUÇÃO
Os produtos naturais são uma fonte rica de substâncias estruturalmente diferentes e com ampla atividade
biológica, entretanto a utilização de seus compostos ativos ainda permanece largamente desconhecida (JEON et
al., 2011). A seleção de materiais de vegetais, bem como de suas substâncias isoladas, apresentam grande
relevância para o desenvolvimento de novos medicamentos com maior eficácia (SILVA et al., 2005;
SUFFREDINI et al., 2006). Elas são possuidoras de várias vias metabólicas secundárias que dão origem a diversas
substâncias, incluindo alcalóides, flavonóides, isoflavonóides, taninos, cumarinas, quinonas, terpenos,
polipeptídeos, polifenois, além de óleos essenciais que, por sua vez, são específicos de determinadas famílias,
gêneros ou espécies (CASTRO et al., 2004)
A utilização de extratos vegetais vem demonstrando grande popularidade desde a década de 1990 e tem
sido um bom caminho para pesquisas de novas alternativas contra microrganismos indesejáveis. Essa busca é de
grande importância, pois possibilita uma nova opção para a farmacologia atual, onde os compostos vegetais
muitas vezes possuem atividade antimicrobiana melhor que muitos fármacos utilizados comumente na terapêutica
(BASTOS, 2007).
A espécie Borreria Verticillata (L.) G. Mey é popularmente conhecida como vassorinha-de-botão e
pertence à família Rubiaceae (LORENZI, 2000). As plantas dessa família são caracterizadas pela produção de
metabólitos com grande potencial farmacológico, tais como: antiinflamatório, antiviral, propriedades
antioxidantes, efeitos em doenças vasculares e do sistema nervoso central, além de atividade antibacteriana
(HEITZMAN, 2005), analgésica e antipirética (TAKAYAMA, 2004).
Conhecida como quebra-pedra, a espécie Phyllanthus niruri L. tem sido amplamente utilizada na medicina
popular principalmente sob a forma de chá, que pode ser obtido utilizando-se as partes aéreas ou toda a planta,
incluindo as raízes (LIONÇO et al, 2001). Estudos indicam que a utilização da planta promove um relaxamento
dos ureteres que, aliado a uma ação analgésica (SANTOS et al., 1995), facilita a descida dos cálculos, geralmente
sem dor nem sangramento, aumentando a filtração glomerular e a excreção de ácido úrico (LORENZI; MATOS,
2002).
O presente trabalho procurou avaliar o potencial antimicrobiano dos extratos vegetais de Borreria
Verticillata (L.) e Phyllanthus niruri (L.) frente às estirpes de bactérias padrão Escherichia coli, Staphylococcus
aureus, Alcaligenes faecalis e Salmonella enteritidis.
2. MATERIAL E MÉTODOS
309
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os testes de susceptibilidade antimicrobiana das estirpes de micro-organismos testados, frente aos extratos
de Borreria verticillata e Phyllanthus niruri, estão representados por meio dos valores de Concentração Inibitória
Mínima (CIM),em tabela1.
311
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Tabela 1: Concentração inibitória mínima dos extratos de Borreria verticillata L. G. Mey. (Vassourinha de botão)
e Phyllanthus niruri L. (Quebra pedra).
MICROORGANISMO CIM DOS EXTRATOS (mg/mL)
ATCC B.verticillata P. niruri
Salmonella enterica sor. Enteretidis ˃ 16,3 ˃ 16,3
Escherichia coli 16,3 ˃ 16,3
Staphilococcus aureus 4,09 ˃ 16,3
Alcaligenes faecalis sub. Faecalis 16,3 16,3
O extrato da Borreria verticillata apresentou baixo potencial de inibição de crescimento em estirpes Gram-
negativas de S. Enteretidis, E. coli e A. faecalis em concentração maior ou iguais a 16,3 mg/mL. Entretanto, o
estrato demonstrou boa capacidade inibitória de crescimento para estirpes de S. aureus, em concentração inibitória
mínima com valor de 4,09 mg/mL.
As CIMs do extrato etanólico de Phyllanthus niruri foram superiores ou igual a 16,3 mg/mL, o que indicou
que a capacidade antimicrobiana do mesmo não foi satisfatória diante das estirpes testadas.
De maneira geral, as bactérias Gram-negativas exibem características estruturais particulares que
dificultam a penetração e ação de compostos antimicrobianos (YOKOTA e FUJII, 2007). A capacidade reduzida
da ação antimicrobiana de extratos e óleos vegetais contra bactérias Gram-negativas tem sido evidenciada por
diversos trabalhos (PESSINI et al., 2003; CARVALHO et al., 2004; DURAIPANDIYAN et al., 2006; PINHO et
al., 2012). Novais et al. (2003) em pesquisa realizada com 137 extratos hidroalcoólicos extraídos de plantas
nativas ou endêmicas do semiárido brasileiro, não encontraram atividade antimicrobiana significativa contra
Escherichia coli em nenhum dos extratos testados, demonstrando a elevada capacidade de resistência das
bactérias Gram-negativas quando submetidas a testes de susceptibilidade com extratos vegetais.
Carvalho (2015) descreveu em seu trabalho que, embora o extrato etanólico de Borreria verticillata não
tenha demonstrado atividade antimicrobiana contra Salmonella spp., reduções nas CIMs de ácido nalidíxico em
sinergismo com o extrato desse vegetal indicaram um potencial inibitório favorável contra a resistência promovida
por meio da atividade de sistema de efluxo desses micro-organismos.
A atividade antimicrobiana de Borreria verticillata tem sido descrita principalmente por ação de alcaloides
contra bactérias Gram-positivas (SÁ-PEIXOTO NETO et al., 2002; MOODIE-HENRY, 2007; MOREIRA, 2009;
MOREIRA et al., 2010; BALDE et al., 2015; WONG et al., 2015). A inibição do crescimento microbiano de S.
aureus por extrato etanólico de Borreria verticillata sugere a utilização desta planta para o tratamento de infecções
acometidas por esses micro-organismos na medicina popular. Testes futuros com extratos obtidos a partir de
diferentes solventes e alíquotas fracionadas dessas substâncias podem apresentar respostas ainda mais
312
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
promissoras em pesquisas para desenvolvimento de novos fármacos com princípios ativos isolados a partir dessa
espécie vegetal.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O extrato de Borreria verticillata foi capaz de inibir o crescimento de S. aureus em concentração inibitória
mínima de 4,09 mg/mL, apresentando o melhor resultado no teste de inibição bacteriana de estirpes de bactérias
padrão.
Phyllanthus niruri demonstrou baixa atividade antimicrobiana diante das estirpes testadas, com CIMs
maior ou igual 16,3 mg/mL.
As propriedades fitoquímicas do extrato de Borreria verticillata podem subsidiar novas pesquisas em
busca de compostos potencialmente eficazes no combate as atividades microbianas.
REFERÊNCIAS
BALDE, A. M.; PIETERS, L. A.; TRAORE, M. S.; CAMARA, A.; BALDE, M. A.; OULARE, K.; BARRY, M.
S.; DIALLO, M. S. T.; BALDE, E. S.; DIANE, S.; VLIETINCK, A. J. Chemotherapeutical evaluation of Borreria
verticillata extracts. Journal of Plant Sciences, 3(1-2): 28-31, 2015.
BASTOS, G.M. Uso de preparações caseiras de plantas medicinais utilizadas no tratamento de doenças
infecciosas. Dissertação (Mestrado em Ciências Farmacêuticas) - Departamento de Farmácia, universidade
federal do ceara, fortaleza 2007.
CARVALHO JR, P. M.; RODRIGUES, R. F., SAWAYA, A. C., MARQUES, M. O.; SHIMIZU, M. T. Chemical
composition and antimicrobial activity of the essential oil of Cordia verbenacea D.C. Journal of
Ethnopharmacology, v. 95, p. 297-301, 2004.
CASTRO H. G.; FERREIRA F. A. Contribuição ao Estudo das Plantas Medicinais: Carqueja (Baccharis
genistelloides). Viçosa: UFV, 2000, 102p.
313
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
JEON, J.G. et al. Natural products in caries research: current (limited) knowledge, challenges and future
perspective. Caries Research, v. 45, p. 243-263, 2011.
LIONÇO, M.I.; DE SOUZA, T.P.; PETROVICK, P.R. Avaliação cromatográfica de polifenóis presentes nas
partes morfológicas de Phyllanthus niruri. Caderno de Farmácia, v. 17, n. 2, p. 117 - 120, 2001.
LORENZI, H.; MATOS, E. J. A.; GOMES, O. Plantas Medicinais no Brasil – Nativas e Exóticas. Nova Odessa:
Instituto Platarum, SP. 2002
LORENZI, H. Plantas Daninhas do Brasil. Terrestres, aquáticas, parasitas tóxicas. 3. ed. Nova Odessa:
Instituto Plantarum de Estudos da Flora LTDA, 2000.
MOREIRA, V. F.; OLIVEIRA, R. R.; MATHIAS, L.; BRAZ-FILHO, R.; VIEIRA, I. J. New chemical
constituents from Borreria verticillata (Rubiaceae). Helvetica Chimica Acta, v. 93, p. 1751–7, 2010.
PESSINI, G.L.; HOLETZ, F. B.; SANCHES, N. R.; CORTEZ, D. A. G.; DIAS FILHO, B. P.; NAKAMURA, C.
V. Avaliação da atividade antibacteriana e antifúngica de extratos de plantas utilizados na medicina popular.
Revista Brasileira de Farmacognosia, v. 13, p. 21-24, 2003.
PINHO, L.; SOUZA, P. N. S.; SOBRINHOE. M.; ALMEIDA, A. C.; MARTINS, E. R. Atividade antimicrobiana
de extratos hidroalcoolicos das folhas de alecrim- pimenta, aroeira, barbatimão, erva baleeira e do farelo da casca
de pequi. Ciência Rural, Santa Maria, v. 42, p. 326-331, 2012.
SÁ-PEIXOTO NETO, P. A.; SILVA, V. M.; CAMPOS, N. V. C.; PORFÍRIO, Z.; CAETANO, L. C. Antibacterial
activity of Borreria verticillata roots. Fitoterapia. v. 73, p. 529-531, 2002.
SILVA, A. F. Levantamento do Uso de Plantas Medicinais na População do Centro Urbano e Zona Rural
Denominada Lagoa dos Martins no Município de Piumhi – MG. (Monografia de pós-graduação Lato Sensu
em Gestão e Manejo Ambiental de Sistemas Agroflorestais). Lavras, UFLA, 2003, 60p.
TAKAYAMA, H. Chemistry and Pharmacology of Analgesic Indole Alkaloids from the Rubiaceous Plant,
Mitragyna speciosa. Chemical and Pharmaceutical Bulletin. V. 52, n. 8, p. 916—928, 2004.
314
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
YOKOTA, S., FUJII, N. Contributions of the lipopolysaccharide outer core oligosaccharide region on the cell
surface properties of Pseudomonas aeruginosa. Comparative Immunology. Microbiology and Infectious
Diseases, v. 30, p. 97-109, 2007.
315
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Marina Pires Duarte1; Victória Cristina Oliveira de Souza2; Rose Gabrielle Dias Cunha3; Vanilza Marques
Miranda4; Isis Naryelle Goes Souza5; Paulo César Silva Vasconcelos6
[email protected]
3
Graduanda de Engenharia Florestal na Universidade Federal Rural da Amazônia. E-mail:
[email protected]
4Graduanda de Engenharia Florestal na Universidade Federal Rural da Amazônia. E-mail:
[email protected]
5Graduanda de Engenharia Florestal na Universidade Federal Rural da Amazônia. E-mail:
[email protected]
6Professor do Departamento do Instituto de Ciências Agrárias na Universidade Federal Rural da Amazônia. E-
mail: [email protected]
RESUMO
Um levantamento florístico é extremamente importante para o manejo de áreas verdes, auxiliando na tomada de
decisões e dando base para a conservação e o manejo sustentável da floresta. O objetivo do trabalho foi observar
as características dendrológicas das espécies encontradas em área de floresta secundária da UFRA, campus
Belém, identificá-las e demonstrar a composição florística. Efetuou-se o levantamento de todos os indivíduos
com circunferência à altura do peito maior ou igual a 10 cm (CAP ≥ a 10 cm), que foram identificados a partir
de características dendrológicas. Foram encontradas 14 espécies nas parcelas delimitadas. Os resultados obtidos
nos testes de Shannon e Margalef indicam que a área estudada apresenta baixos índices de diversidade e riqueza
em relação a outros estudos realizados na Amazônia e pode-se afirmar ainda, que de acordo com o valor de
equibilidade, não há a dominância de uma espécie ou de um pequeno grupo de espécies na comunidade. A
utilização de características dendrológicas se mostrou bastante eficiente para a identificação das espécies
estudadas. No estudo foi possível observar baixos índices de diversidade e riqueza nas subparcelas, entretanto, se
considerado o número de subparcelas analisadas o resultado poderá divergir da diversidade da área. A alta
ocorrência de indivíduos da família Arecaceae pode ter sido resultado de atividade antrópica.
316
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
1. INTRODUÇÃO
A identificação das espécies de uma comunidade e a análise de sua estrutura é fundamental para o manejo
adequado de uma formação (LEITÃO-FILHO, 1982). Um levantamento florístico é extremamente importante
para o manejo de áreas verdes, considerando que os responsáveis pelo seu delineamento e manutenção, em geral,
não dispõe de informações seguras para traçá-lo (TAKAHASHI, 1994).
Os inventários florestais podem ser de grande importância para se conhecer a flora da Amazônia, pois tem
como objetivo obter dados qualitativos e quantitativos das variáveis florestais, sucessão ecológica e dinâmicas de
crescimento, auxiliando na tomada de decisões e dando base para a conservação e o manejo sustentável da floresta
(QUEIROZ, 1998). Para a avaliação do potencial de uma floresta, conhecer a composição e estrutura das florestas
é uma das maiores ferramentas que um engenheiro florestal pode ter (FRANCEZ, 2007).
O objetivo do trabalho foi observar as características dendrológicas das espécies encontradas em faixa de
floresta secundária da UFRA, campus Belém, identificá-las e demonstrar a composição florística.
2. MATERIAL E MÉTODOS
O estudo foi realizado em uma área de floresta secundária de terra firme pertencente à Universidade
Federal Rural da Amazônia – Campus Belém (UFRA), latitude 1°27'22.01"S e longitude 48°26'17.31"O (Figura
1). A área foi demarcada com ajuda de barbante e trena, formando 1 parcela com 5 m de largura e 50 m de
comprimento, que posteriormente foi subdividida em 10 subparcelas de 25m2.
Figura 2 - Imagem de satélite da área estudada.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
EXCEL.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Nas parcelas delimitadas foram encontrados 38 indivíduos distribuídos em 15 espécies. Dos indivíduos
encontrados, 50% estão concentrados em 10 espécies. A espécie que apresentou maior número de indivíduos foi
Euterpe oleracea Mart. (açaí), pertencente à família Arecaceae, com 32% de ocorrência, seguida da Nectandra
cuspidata Nees. (Louro-preto), da família Lauraceae com 8% de ocorrência (Tabela 1 e Gráfico 1).
A E. oleracea é facilmente reconhecida, pois apresenta folhas grandes, compridas e recortadas em tiras,
de cor verde-escura, atingindo até 2 metros de comprimento. O número de estipes variou entre 1 e 7. As
características dendrológicas que facilitam a identificação da N. cuspidata são a presença de ritidoma lenticelado,
folhas membranosas, alternas e de cor verde-escuro. Essa diferenciação é importante pois o Ocotea amazonica
(Meisn.) Mez possui um nome vulgar parecido e são diferenciados por suas características dendrológicas.
Do total de espécies, 13% pertencem à família Lauraceae, outros 13% à família Fabaceae e 8% à família
Myristicaceae (Tabela 1). No estudo realizado por Andrade et al. (2015), em uma Unidade de Conservação
Federal na Floresta Nacional do Tapajós, no Oeste do Estado do Pará com predominância de floresta ombrófila
densa, as famílias com maior riqueza de espécies foram a Fabaceae, a Sapotaceae e em terceiro, a Lauraceae.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Tabela 3 - Referente às espécies encontradas, o número de indivíduos e sua ocorrência na área de estudo.
Espécie Nome vulgar Família Indivíduos Ocorrência
Nectandra cuspidata Nees. Louro-Preto Lauracea 3 8%
Euterpe oleracea Mart. Açaí Arecaceae 12 32%
Schefflera morototoni (Aubl.) Morototó Araliaceae 2 5%
Maguire,Steyerm. & Frodin
Gustavia augusta L. Geniparana Lecythidaceae 2 5%
Hevea brasiliensis M. Arg. Seringueira Euphorbiaceae 2 5%
Ocotea amazonica (Meisn.) Mez Louro Branco Lauracea 2 5%
Tapirira guianensis Aubl. Tatapiririca Anacardiaceae 2 5%
Inga alba (Sw.) Willd. Ingá vermelho Fabaceae 2 5%
Inga edulis Martius. Ingá cipó Fabaceae 2 5%
Sapindus saponária L. Sabonete Sapindaceae 2 5%
Eugenia sp. Murta Myrtaceae 2 5%
Osteophloeum Ucuúba folha grande Myristicaceae 2 5%
platyspermum (A.DC.) Warb.
Virola surinamensis (Rol.) Werb. Ucuúba da várzea Myristicaceae 1 3%
Simarouba amara Aubl. Marupá Simaroubaceae 1 3%
Inga sp. Ingá xixica Fabaceae 1 3%
Fonte: Duarte et al. (2017).
A Arecaceae foi a família em que o número de indivíduos foi maior na área estudada, seguidas de Fabaceae
e Lauarceae (Gráfico 1). Em um estudo realizado por Pereira et al. (2017), em uma floresta secundária no
município de Belém, as famílias que apresentaram maior número de indivíduos foram Fabaceae, Arecaceae e
Lauraceae. A alta frequência da espécie E. oleracea, segundo informações obtidas no local estudado deve-se ao
fato de mudas terem sido plantadas na área.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Simaroubaceae
Myristicaceae
Myrtaceae
Famílias encontradas
Sapindaceae
Fabaceae
Anacardiaceae
Euphorbiaceae
Lecythidaceae
Araliaceae
Arecaceae
Lauraceae
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
Número de indivíduos
A família Arecaceae apresenta potencial para aumentar a rentabilidade dos sistemas agrícolas tradicionais
da Amazônia, no caso do E. oleracea, se retira a polpa, que é bastante comum na alimentação e palmito de açaí,
que é um produto não-madeireiro bastante comercializado (REBOUÇAS, 2010; MAUES et. al., 2011).
Os inventários botânicos têm revelado que a família Lauraceae, da qual pertence o N. cuspidata e O.
amazônica, está, em termos florísticos e econômicos, entre os mais importantes da família de angiospermas, mas
infelizmente a identificação de suas espécies é tarefa difícil (BAITELLO, 2001).
Os resultados obtidos nos testes de Shannon e Margalef (Tabela 2) estão abaixo dos encontrados em outros
trabalhos realizados na Amazônia (OLIVEIRA et al., 2008; MATOS et al., 2013; ANDRADE et al., 2015). Vale
et. al. (2014), em sua pesquisa em uma floresta secundária no estado do Pará, obteve o índice Shannon entre 3,07
e 3,85. O resultado encontrado pode ter sido subestimado, devido ao tamanho da área de estudo. A equabilidade
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
foi superior a 0,8, valor também encontrado por Francez et al. (2007), que afirma que esse valor “significa que
não há a dominância de uma espécie ou de um pequeno grupo de espécies na comunidade, indicando que a
comunidade florística da área em estudo está prestes a atingir a diversidade máxima”. Os estudos florísticos
realizados na Amazônia, mostraram que as florestas de terra firme apresentam alta diversidade, com poucos
indivíduos de cada espécie e alta heterogeneidade florística entre parcelas próximas (SILVA, 2008).
4. CONCLUSÃO
AGRADECIMENTOS
Ao Seu Dico, que com sua experiência e conhecimento nos auxiliou muito em campo e ao amigo João
Teixeira por disponibilizar seu tempo e disposição.
REFERÊNCIAS
BAITELLO, J.B. 2001. Novas espécies de Lauraceae para a flora brasileira. Acta Botanica Brasilica. v.14,
p.445-450.
LEITÃO FILHO, H. F. Aspectos taxonômicos das florestas do Estado de São Paulo. In: CONGRESSO
NACIONAL DE ESSENCIAS NATIVAS, 1., Anais Silvicultura em São Paulo, V. 16 A, p. 197-206, 1982.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
OLIVEIRA, A. N. de; AMARAL, I. L. do; RAMOS, M. B. P.; NOBRE, A. D.; COUTO, L. B.; SAHDO, R. M.
Composição e diversidade florístico-estrutural de um hectare de floresta densa de terra firme na Amazônia
Central, Amazonas, Brasil. Acta Amazonica, Manaus, v. 38, n. 4, Dec. 2008. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0044-59672008000400005>. Data de acesso: 20 mai
2017.
QUEIROZ, W.T. 1998. Técnicas de Amostragem em Inventário Florestal nos Trópicos. Belém: FCAP.
Serviço de Documentação e Informação. 147 p.
VALE, I. do; COSTA, L. G. S.; MIRANDA, I. S. Espécies indicadas para a recomposição da floresta ciliar da
sub-bacia do rio Peixe-boi, Pará. Ciência Florestal, Santa Maria, v. 24, n. 3, p. 573-582, jul.-set., 2014.
Disponível em: <http://www.redalyc.org/html/534/53432098006/>. Acesso em: 22 nov. 2017.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Marina Aline Brito Osório1; Jonathan Rodrigues Nunes2; Paulo Moreira Pinto3.
[email protected].
3
Doutor em Ciências Socioambientais (PPGDSTU/NAEA/UFPA), Brasil. [email protected].
RESUMO
O território da atual Cidade Universitária José da Silveira Netto, ao longo de seus sessenta anos, constitui um
cenário paisagístico de relevante valor biosocioeconômico por sua extensa área de flora e fauna, localizada as
margens do rio Guamá. A Faculdade de Turismo (FACTUR), observando o potencial turístico e pedagógico que
o campus universitário tem a oferecer aos discentes e à comunidade externa, elaborou o programa de extensão
intitulado “Visita Campus: turismo e educação na Região Metropolitana de Belém (RMB)”, voltado aos
estudantes do ensino médio de escolas da rede pública e particular da RMB. O objetivo deste artigo é analisar a
dimensão da educação ambiental no programa, bem como demonstrar os principais resultados através do número
de visitantes atendidos. Tais informações são apoiadas por pesquisas bibliográficas e documentais, coletadas
através de questionários repassados durante as visitas. Estes demonstram efeitos positivos no alcance dos
objetivos propostos e, portanto, a importância do programa em sua área de atuação.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
1 INTRODUÇÃO
O Projeto de Extensão “Visita Campus: uma proposta turístico-ambiental para os estudantes do ensino
médio da cidade de Belém-PA” foi concebido, no ano de 2007, pelos Professores Mestres José Lúcio Bentes do
Nascimento e Marilsa Daguer Ewerton, da FACTUR/UFPA. Utilizado como ferramenta para auxiliar os
estudantes do ensino médio de escolas públicas e particulares a tirar dúvidas sobre o curso para o qual pretendem
prestar vestibular, são realizadas visitas monitoradas de modo a apresentar a Universidade Federal do Pará
(UFPA), de maneira ampla, abordando os cursos, laboratórios e a estrutura da Cidade Universitária José da
Silveira Netto no que tange às suas dependências e áreas naturais, além de proporcionar a experiência de os alunos
observarem de perto a vida acadêmica.
Após a grande demanda de escolas e alunos atendidos ao longo dos anos, com seu ápice em 2015 (1.658
visitantes), houve a efetivação da ampliação do projeto para programa, o qual ocorreu em 2016 e foi realizado
pelo atual coordenador, o Professor Doutor Paulo Moreira Pinto. A partir desta mudança, o agora Programa de
Extensão “Visita Campus: turismo e educação na Região Metropolitana de Belém (RMB)” atende escolas não só
da capital, Belém, mas também dos seguintes municípios: Ananindeua, Marituba, Benevides e Santa Bárbara do
Pará.
Neste sentido, a Educação Ambiental (EA) é um dos principais focos do Programa de Extensão, uma vez
que a UFPA possui, além da paisagem estrutural (Núcleos, Institutos, Faculdades, Laboratórios, Cursos e outros),
uma extensa paisagem natural típica da região amazônica, constituída pela vegetação, animais e os rios - é
banhada pelo rio Guamá e cortada pelos rios Tucunduba e Jutuba.
Assim, o presente trabalho tem como objetivo demonstrar a importância da EA como discussão necessária
e construtiva para uma sociedade mais madura e consciente quanto às implicações que a preservação e degradação
do meio ambiente acarretam, bem como o número de visitantes atendidos, já que tais conhecimentos são
repassados durante as visitas monitoradas. Deste modo, pretende-se abordar o meio ambiente não apenas como
natureza, mas incluindo o ambiente urbano e estrutural do qual a Universidade é constituída.
A situação atual do mundo vem demonstrando o quanto a sociedade tem destruído os recursos naturais
existentes em prol do consumo industrial adotado pelo modo de produção capitalista. Assim, Coan et al. (2003,
p. 20) enfatizam que “[...] os problemas ambientais (que implicam as dimensões biofísicas e socioculturais) são
perturbações qualitativas e quantitativas que afetam diretamente o meio ambiente (incluindo as dimensões natural
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
e sociocultural) ”. Nesse caso, em escala menor, as pequenas atitudes como jogar lixo no chão, vandalismos em
locais públicos etc., demonstram o desrespeito e a desvalorização dos seres humanos com o ambiente natural rural
e urbano no qual estão inseridos.
Diante da conjuntura histórica de relação do ser humano com os recursos naturais, a EA se faz necessária,
já que esta “[...] se dá pelo processo de conscientização, que leva a sensibilização do indivíduo com a sociedade
em prol do meio ambiente” (LOPES, BISPO e CARVALHO, 2009, p. 2). Por este motivo, esta sensibilização faz
parte das atividades do Programa Visita Campus, até mesmo pelo fato da UFPA encontrar-se na região amazônica
onde a riqueza hídrica, de fauna e flora ainda é desvalorizada pela população brasileira e amazônida.
Porém, não se pode tomar como meio ambiente apenas a natureza, como o faz a pré-noção do senso
comum, desvinculando o meio urbano do ambiente. Ambos fazem parte do meio ambiente geral no qual a
sociedade está inserida, assim como discussões econômicas, políticas, culturais e sociais fazem parte do tema
“meio ambiente”, já que todos estes fatores influenciam na proteção ou degradação do mesmo.
Esta visão de conservação apenas do meio natural adotada por algumas perspectivas de EA, não abrangem
a totalidade da questão, como afirmam Silva, Costa e Almeida (2012, p. 119):
A EA conservadora constitui-se como uma prática pedagógica que, por sua natureza, procura mudar os
indivíduos, mas sem mudar o ambiente e o meio onde se inserem os indivíduos, camuflando a realidade e
desviando os verdadeiros focos dos problemas que aborda.
Por esse motivo, o Projeto Político Pedagógico (PPC) da FACTUR/UFPA envolve os âmbitos mais diversos da
discussão a cerca da preservação/conservação do meio ambiente e da sustentabilidade do ponto de vista teórico e
prático.
Além do Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) 2011-2015 da Universidade Federal do Pará
(UFPA), o qual prediz no item 5.3 sobre a Responsabilidade Social da Instituição que haja uma “[...]
reorganização administrativa em torno de uma gestão socialmente responsável, em um movimento de
aproximação da Academia com a sociedade” (PDI, 2011, p.76). Tal fato se reflete no Programa de Extensão Visita
Campus, o qual trata a EA em sua totalidade, sensibilizando não apenas ao cuidado com o meio natural, mas
também com o meio físico da UFPA. É também proposto, neste contexto, o elo de encontro entre a comunidade
estudantil e a vida universitária elucidado pelo PDI, o qual é demonstrado por via dos relatórios anuais e da
participação de docentes e discentes – bolsistas e voluntários – do Programa de Extensão do qual é originado, o
compromisso na promoção da integração da UFPA com a sociedade.
Além deste aspecto, o envolvimento da sociedade urbana e rural que compõem os espaços físicos da cidade
de Belém é qualidade sine qua non para o êxito de experiências com EA. Tal fato está em consonância com as
afirmações de Silva, Costa e Almeida (2012, p. 119-120), quando ressaltam que:
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Pelo seu teor e vigor, a EA pode vir a ser um instrumento que reforce e incentive a viabilidade da inserção
das discussões ambientais no âmbito da educação formal e popular. É com essa perspectiva, que ascende
no campo da educação, a EA crítica como um processo permanente, cotidiano e coletivo pelo qual o sujeito
reflete e age, almejando a transformação da realidade socioambiental, com vistas à construção de sociedades
sustentáveis.
Assim, a EA produz discussões que levam os indivíduos a entenderem o porquê de a preservação do meio
ambiente ser importante e o porquê de ser, na maioria das vezes, deixada de lado.
Toda esta problemática acaba por formar um sujeito ecológico, como cita Carvalho (2001, p.57) “[...] a
EA enquanto uma prática interpretativa que desvela e produz sentidos, estaria contribuindo para a constituição do
horizonte compreensivo das relações sociedade-natureza e para a invenção de um sujeito ecológico”. Tal
discussão deveria ser feita nas escolas desde o primário em diante e também em casa, já que o futuro das nações
são os jovens e por isso eles deveriam ser sensibilizados desde o início de sua formação pessoal, escolar e
acadêmica.
Porém, devido às dificuldades e carência deste tipo de iniciativa, tão recorrentes em nossa sociedade, desde
2007 o Programa “Visita Campus: turismo e educação na Região Metropolitana de Belém (RMB)” abraça esta
causa e torna a educação ambiental um dos principais focos dentro de suas atividades.
Ao ressaltarem a importância da EA Lopes, Bispo e Carvalho (2009, p. 2) afirmam que: “[...] a educação
ambiental como prevista na Constituição Federal deve ser inserida em todos os níveis de ensino, para que
futuramente possam se ter pessoas conscientes da importância de um meio ambiente ecologicamente equilibrado”.
Por causa desse contexto, é de grande importância a preocupação do Programa para que os visitantes tenham
conhecimento da estrutura existente no campus, afim de que atitudes ligadas à valorização e cuidado com o
ambiente em que vivem e estudam sejam adotados.
Assim, o Programa Visita Campus caracteriza-se por ser inovador, em seu campo de atuação, em se
tratando de Amazônia, uma vez que práticas similares são realizadas nas Universidades Federais do Rio de Janeiro
(UFRJ) e de São Paulo (USP), fato que demonstra que se tornou imprescindível publicizar os resultados das ações
realizadas no âmbito do Programa executado na UFPA.
A cidade universitária José da Silveira Netto, localizada na parte periférica do município de Belém do Pará, foi
inaugurada em 1957 e teve como sua principal missão o desenvolvimento do ensino na Amazônia. Já em 1970 a
instituição passou a ter o enfoque na pesquisa e na extensão, bem como a criação de novos prédios com o objetivo
de abrigar novos institutos, salas de aula e a demanda por novos cursos (BARBOSA, 2015).
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
A cidade está localizada dentro da Área de Proteção Ambiental (APA) de Belém. De acordo com a
secretaria de estado do meio ambiente (SEMA). A APA foi criada através da lei 1.552, de 3 de maio de 1993, e
possui uma conservação de interesses ecológicos e berço de diversas espécies da fauna e da flora, fato que
contribui ainda mais para a beleza e a diversidade paisagística (Figura 1).
Atualmente a cidade universitária está dividida em três setores: básico, profissional e da saúde. No setor
básico localizam-se: a Reitoria, bem como toda a parte administrativa da instituição; biblioteca central que conta
com diversos acervos nacionais e mundiais; Mirante do Rio que é o novo prédio de aulas, inaugurado no início
do ano de 2017; o complexo Vadião, constituído por uma área de recreação e serviços; o Centro de Eventos
Benedito Nunes etc. O setor profissional abriga os institutos de tecnologia (ITEC), ciências da educação (ICED),
ciências jurídicas (ICJ) e ciências sociais aplicadas (ICSA), bem como os núcleos de altos estudos amazônicos
(NAEA) e o de meio ambiente (NUMA). O campus da saúde, é um setor em pleno desenvolvimento com os
cursos voltados à esta área, sendo integrado pelo hospital escola Bettina Ferro de Souza. Por último tem-se o
Parque de Ciências e Tecnologia do Guamá (PCT), o qual está sendo um grande lugar para o fomento das
pesquisas na Amazônia.
A universidade através de seu Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI, 2011) afirma que o foco da
universidade tem se voltado para a qualidade de vida e o desenvolvimento sustentável, bem como a biodiversidade
da região amazônica. Neste contexto diversos locais do campus Belém são explorados, a exemplo da visitação.
2 METODOLOGIA
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
O Programa Visita Campus atua a 10 anos como atividade pioneira no Estado. Sua significância é
justificada com a ampliação realizada do projeto para programa, e o alcance de seus atendimentos por meio da
extensão universitária.
Os serviços prestados pelo programa desde sua ampliação em 2016, já atenderam 2.073 (dois mil e setenta
e três) pessoas. Dentre os municípios atingidos, além da capital, estão: Ananindeua, Benevides, Novo
Repartimento (Figura 2) e Marudá. As escolas destas localidades viajaram até Belém para conhecerem a
Universidade por intermédio do Visita Campus, acreditando no efeito estimulante que a experiência pode causar
nos jovens alunos.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Um dos obstáculos latentes enfrentados pelo programa desde quando este era projeto, é o fato de a maioria
das escolas visitantes serem provenientes da rede particular, haja vista os responsáveis pelas escolas públicas
alegarem problemas em adquirir o veículo para fazer o traslado até o campus, já que este ítem é de
responsabilidade da instituição visitante.
Entretanto, a partir de 2017, houve uma mudança significativa neste quadro (Figura 3). Foram 05 escolas
particulares e 07 públicas, enquanto que em 2016 foram 09 particulares e 04 públicas. Essa melhoria aponta um
interesse crescente das escolas públicas em esforçarem-se a propiciar a vivência da visita, de modo a permitir o
vislumbre dos alunos da rede como futuros calouros, em detrimento da atual situação do ensino público regular.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Neste contexto, a valorização da Universidade como um bem social, detentora de conhecimento e com
importante acervo natural e estrutural para o ensino, com suas bibliotecas, laboratórios, núcleos, faculdades,
hospitais etc, é largamente explorado, enfatizado e demonstrado durante as visitas. Pois como princípios da
educação ambiental, esta faz-se necessária para que os indivíduos sejam conscientizados e sensibilizados quanto
ao ambiente no qual estão inseridos, podendo ser um instrumento de transformações sociais. No caso em questão,
a importância da educação para melhorias sociais é de grande relevância.
Ademais, o Visita Campus também auxilia em outros eventos da academia, como na semana do calouro,
além de possuir parceria com outros projetos, a exemplo do programa de extensão da Faculdade de Serviço Social
intitulado Universidade da Terceira Idade (UNITERCI), no qual é realizado um campus tour com os idosos
participantes, e também com o projeto de psicologia escolar, que leva alunos de escolas públicas para conhecerem
a Universidade também por intermédio do programa.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante dos dados e relatos analisados, conclui-se que o Programa “Visita Campus: turismo e educação na
Região Metropolitana de Belém (RMB)” é de grande eficácia ao seu público alvo. Prática similar ocorre em outras
instituições federais de ensino como a Universidade Federal do Rio de Janeiro e a Universidade de São Paulo,
entretanto é iniciativa pioneira se tratando de Amazônia. Isto, pois, através dele os alunos são contemplados com
uma visão do Campus Universitário do Guamá, observando sua logística integrada ao meio ambiente, no qual o
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
contato com professores, alunos e atividades realizadas na instituição fazem um grande diferencial. Além disso,
o programa é um instrumento de auxílio na futura escolha acadêmica destes alunos, demandando, assim, ao longo
dos anos uma procura pelo projeto, atualmente programa, cada vez mais acentuada por parte das escolas, de outras
faculdades e de eventos acadêmicos dentro da Universidade, sendo que tal fato acarretou na transformação do
Projeto em Programa de Extensão.
Portanto, observa-se que o Programa Visita Campus é de suma importância também aos graduandos que
participam como voluntários ou bolsistas, uma vez que oportuniza a eles a vivência de experiências voltadas às
práticas turísticas realizadas desde o planejamento, a roteirização, a prática do “bem receber” e o desenvolvimento
de atividades com o público, as quais são trabalhadas em sala de aula e então colocadas em prática durante a
implementação do programa.
REFERÊNCIAS
BARBOSA, Jacilino Estumano; DE MIRANDA ROCHA, Gilberto. O uso do solo na Cidade Universitária José
da Silveira Netto: contribuições para o ordenamento de espaços institucionais em Belém (PA). Revista
GeoAmazônia, v. 3, n. 05, p. 174-191, 2015.
CARVALHO, Isabel Cristina de Moura. A invenção do sujeito ecológico: sentidos e trajetórias em educação
ambiental. Porto Alegre: UFRGS, 2001.
COAN, Cherlei Marcia; NOAL, Fernando; CARVALHO, Isabel Cristina de Moura; LISOVSKI, Lisandra
Almeida; SATO, Michèle; ZAKRZEVSKI, Sônia Balvedi; BARCELOS, Valdo. A educação ambiental na escola:
abordagens conceituais. Erechim/RS: Edifapes, 2003.
PLANO DE DESENVOLVIMENTO INSTITUCIONAL – PDI 2011-2015. Belém: UFPA, 2011. SILVA, L.O.;
COSTA, A.P.L.; ALMEIDA, E.A. Educação ambiental: o despertar de uma proposta crítica para a formação do
sujeito ecológico. Rio Grande do Norte: IFRN, Holos, Ano 28, v.1, 2012. Disponível em:
<http://www2.ifrn.edu.br/ojs/index.php/HOLOS/article/download/659/520>. Acesso em: 26 out. 2017.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Maria Jose Tavares de Oliveira1;Andrew Wallace Palheta Varela2;Thaciane Christine Coelho da Silva3; Bruna
Mykaelle Pereira da Silva4.
RESUMO
O crescimento acelerado das cidades, junto com o aumento no número de indústrias nas áreas urbanas provocou
uma elevada deterioração ambiental e, consequentemente, a destruição das áreas verdes urbanas. As áreas verdes
têm a função de manter o equilíbrio entre o meio ambiente e o espaço modificado pelo processo de urbanização,
e são consideradas como um indicador na avaliação da qualidade ambiental urbana, pois a ausência desses espaços
favorece possíveis alterações no microclima e, em razão disto, desconforto térmico e interfere na qualidade de
vida da população. Dessa forma, este estudo objetivou avaliar a percepção das crianças da quarta série (quinto
ano) da escola Santo Agostinho (Belém-PA) sobre a importância das áreas verdes na qualidade do meio ambiente
urbano e na qualidade de vida da população, bem como proporcionar uma visão mais sustentável com a montagem
de terrários para uma melhor exemplificação dos benefícios dessas áreas. A metodologia consistiu na aplicação
de questionários, totalizando 25 questionários aplicados, às crianças de idade entre 9 a 12 anos no primeiro dia,
contendo 11 perguntas com alternativas de múltipla escolha e um retorno no dia seguinte para a realização de
uma mini palestra sobre áreas verdes. Logo após a palestra, houve a etapa de montagem de dois terrários e uma
gincana de perguntas e respostas. Todos os alunos demonstraram saber o conceito de áreas verdes. Cerca de 92%
dos alunos se mostraram interessados de alguma forma pelos assuntos relacionados às florestas e às questões
ambientais. E, mesmo que parte dos alunos tenha mostrado pouco interesse, ainda assim, apresentaram certo grau
de conhecimento sobre os assuntos em questão. Percebeu-se que os alunos obtiveram um bom desempenho com
relação aos assuntos abordados na palestra, mostrando que eles apresentavam conhecimento prévio acerca do
tema e mostraram progresso, significativo, com as atividades.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
1. INTRODUÇÃO
O crescimento acelerado das cidades, junto com o aumento no número de indústrias nas áreas urbanas
provocou uma elevada deterioração ambiental e, consequentemente, a destruição das áreas verdes urbanas (Avelar
& Neto, 2008).
A transformação da natureza é ocasionada, principalmente, em virtude do desenvolvimento das cidades,
no qual o ambiente físico é alterado e os elementos mais visíveis e sensíveis a essas atividades antrópicas são as
vegetações, cortes em encostas, poluindo as águas e o ar. Essas transformações geram intensas pressões
ambientais sobre o meio ambiente urbano, devido à eliminação total da vegetação. Assim, a inserção de áreas
verdes no espaço urbano, bem como a arborização de vias e calçadas surge na tentativa de reduzir a problemática
atual e, portanto, melhorar a qualidade ambiental urbana (Chaves & Souza, 2016).
As áreas verdes têm a função de manter o equilíbrio entre o meio ambiente e o espaço modificado pelo
processo de urbanização, por isso essas áreas são fundamentais para a qualidade ambiental das cidades. Assim,
são consideradas como um indicador na avaliação da qualidade ambiental urbana, pois a falta de arborização, por
exemplo, é capaz de favorecer possíveis alterações no microclima e, em razão disto, desconforto térmico. Além
do mais, a ausência desses espaços interfere na qualidade de vida da população por, também, servir como área de
lazer e recreação para determinada comunidade (Lima & Amorim, 2006).
De acordo com Resende (2009), os benefícios da vegetação são visíveis e bem atuantes no meio urbano,
principalmente por meio de indicadores de purificação do ar, fixação de poeira e materiais residuais, pela
reciclagem de gases através de mecanismos fotossintéticos, bem como, segundo Balbinotet al. (2008), maior
interceptação da água da chuva pelas plantas e maior evapotranspiração, reduzindo o escoamento superficial.
A fauna urbana que compõe os mamíferos, aves, répteis e anfíbios utilizam a vegetação como principal
fonte de alimento, pois é a partir dela que os animais adquirem os frutos, as flores, o néctar e os insetos (Almeida
et al., 2008). Ou seja, essas árvores são essenciais para manter o equilíbrio e harmonia do ecossistema urbano.
Logo, é de fundamental importância a conservação da relação entre área verde e população, visto que as
áreas verdes minimizam os impactos causados pelo constante desmatamento, pela construção de rodovias e a
consequente impermeabilização, além de regular o microclima e amenizar as altas temperaturas causadas pelas
ilhas de calor que são estimuladas, basicamente, pela concentração de áreas edificadas e pavimentadas (Filho et
al., 2013).
Por conseguinte, levar conscientização ambiental aos cidadãos em formação, as crianças, é imprescindível
para a construção de uma nova mentalidade sobre a forma como o ser humano se relaciona com o meio ambiente
333
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
e os impactos causados em razão desta relação. Educar a nova geração na vertente ambiental é uma das maneiras
de se conseguir um futuro mais saudável a nós e a todos os ecossistemas que nos cercam.
Tendo isto em vista, de acordo com Lima (2004) a escola é um espaço privilegiado para estabelecer
conexões e informações, como uma das possibilidades para criar condições e alternativas que estimulem os alunos
a terem concepções e posturas cidadãs, cientes de suas responsabilidades e, principalmente, perceberem-se como
integrantes do meio ambiente. A educação formal continua sendo um espaço importante para o desenvolvimento
de valores e atitudes comprometidas com a sustentabilidade ecológica e social.
No desenvolvimento da criança, todos os seus aspectos precisam ser valorizados principalmente o
momento privilegiado de sua vida, que é a infância. Nessa fase tem início a formação dos primeiros valores. Daí
a necessidade de levar em consideração os conhecimentos de mundo desses seres humanos e proporcionar-lhes
condições para que construam e reconstruam os seus conhecimentos. Só assim terão a capacidade de reconhecer
o seu papel na sociedade (Albarado & Medeiros, 2015).
Dessa forma, este estudo objetivou avaliar a percepção das crianças da quarta série (quinto ano) da escola
Santo Agostinho (Belém-PA) sobre a importância das áreas verdes na qualidade do meio ambiente urbano e na
qualidade de vida da população, bem como proporcionar uma visão mais sustentável com a montagem de terrários
para uma melhor exemplificação dos benefícios dessas áreas.
2. MATERIAL E MÉTODOS
A escola escolhida foi a Escola Santo Agostinho, localizada na Passagem Nossa Senhora das Graças, entre
a Travessa Barão do Triunfo e Angustura, Belém- PA. A metodologia consistiu na aplicação de questionários,
totalizando 25 questionários aplicados, às crianças de idade entre 9 a 12 anos no primeiro dia, contendo 11
perguntas com alternativas de múltipla escolha e um retorno no dia seguinte para a realização de uma mini palestra
sobre áreas verdes. Logo após a palestra, houve a etapa de montagem de dois terrários, onde foram utilizados a
priori seixos, em seguida carvão vegetal para absorção do excesso de umidade, areia de construção que não
permite que haja acúmulo de água no substrato, terra adubada como substrato e mudas de samambaias. Como
parte das atividades de estímulo também foi feita uma gincana composta de 10 perguntas sobre a mini palestra
ministrada aos alunos.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
No primeiro dia de atividades, foram aplicados vinte e quatro questionários para a turma, na perspectiva
de se obter dados referentes ao conhecimento que cada criança tem sobre as áreas verdes, florestas, a periodicidade
334
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
com que eles vão a parques, bosques e praças, acontecimentos sobre educação ambiental que cada um já passou
como o descarte de resíduos em lugares corretos nestes ambientes, a importância de se preservar as referentes
áreas verdes. Foi obtido êxito com relação ao conhecimento e visão de meio ambiente das crianças, pois alguns
além de se interessar em responder certo cada pergunta (Figura 1), ainda relataram alguns fatos de contato com
as florestas em viagens com a família e falaram sobre como eles acham importante cuidar da floresta. E isso foi
de suma importância para a pesquisa, haja vista, são crianças que não tem muito contato com áreas verdes, mas
entendem que é importante manter a conservação das mesmas, para se viver bem e em harmonia com o meio.
Você acha que áreas verdes tem Qualifique o seu interesse pelos
influência no bem estar do assuntos relacionados ao meio
planeta? ambiente?
Muito
4% interessado
21% 4% Razoavelmente
Sim 21% interessado
Não Pouco
79% 71%
interessado
Nenhum
interesse
335
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
4%
17%
Porque eu gosto de subir
nelas
Fonte: Autor.
Todos os alunos demonstraram saber o conceito de áreas verdes. Cerca de 92% dos alunos se mostraram
interessados de alguma forma pelos assuntos relacionados às florestas e às questões ambientais. E, mesmo que
parte dos alunos tenha mostrado pouco interesse, ainda assim, apresentaram certo grau de conhecimento sobre os
assuntos em questão.
Já no segundo dia, já tendo observado o nível de intimidade que os alunos tinham com o assunto, foi
realizada uma pequena aula para que fossem repassados alguns conhecimentos sobre a importância das florestas
e áreas verdes na cidade e ambientes como um todo. Nesta mini palestra educacional foram abordados temas
como: efeito estufa, aquecimento global e ciclo da água destacando a participação da vegetação nestes fenômenos,
as árvores como fator de diminuição da poluição sonora, como habitat para espécimes, como fator de diminuição
de alagamentos, entre outros. Em resposta aos estímulos dados a eles, a maioria se mostrou muito participativa,
inclusive respondendo corretamente às perguntas feitas a eles durante a aula, revelando, dessa forma, já haver um
conhecimento prévio muito bom dos alunos em torno do assunto.
Logo após a palestra ministrada foram realizadas duas atividades, a primeira foi a construção de terrários
abertos (Figura 2) e a segunda foi uma gincana com perguntas sobre o que foi aprendido por meio da palestra e
essas atividades tiveram como objetivos fazer com que as crianças tivessem um contato direto com as plantas e
com a terra pela construção dos terrários e pelo cuidado com o mesmo pois como ele foi deixado na escola as
crianças irão ter a responsabilidade de mantê-lo vivo, e, por meio da gincana, objetivou-se fixar os conhecimentos
adquiridos.
336
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Fonte: Autor.
Com a construção dos terrários foi notório o interesse e curiosidade dos alunos para entender como
processo iria ser feito e como iriam plantar a muda em um recipiente. Ficaram empolgados com o contato direto
com a natureza e divertiram-se pegando nos elementos que compõem o terrário como terra adubada, areia e as
plantas.
Para realizar a gincana, a turma foi dividida em 3 equipes de 7 crianças em que cada equipe deveria
responder 10 perguntas sobre o que eles aprenderam sobre a aula de conscientização de conservação de florestas
e áreas verdes ministrada no começo das atividades. Para incentivá-los, foi estipulado um prêmio: uma caixa de
bombom de chocolates à equipe vencedora. Bem motivados, os alunos responderam as questões com muita
rapidez e, apesar de terem surgido algumas dúvidas foram bem ágeis como um todo. As perguntas foram
elaboradas e pensadas em consonância com a faixa etária das crianças (8 a 12 anos) para que fossem bem
compreendidas.
Das 10 perguntas, 4 delas foram respondidas corretamente pelas três equipes, que foram: “O que a fumaça
dos cigarros, dos carros e indústrias causam? ” Tendo como resposta certa “poluição do ar”; “Como evitar o
aquecimento global? ” Tendo como resposta certa “plantar árvores e deixa-las viver”; “Nas cidades, quais os
principais problemas causados pela retirada das árvores? ” Tendo como resposta correta “Alagamentos, poluição
do ar, poluição sonora e aquecimento” e “Como podemos preservar o solo?” Tendo como resposta certa
“Reflorestando”.
As 6 perguntas restantes englobaram temas como efeito estufa, fotossíntese e oferta de oxigênio pela
vegetação e 5 delas foram acertadas por 2 das 3 equipes. Apenas uma pergunta foi respondida corretamente por
apenas 1 equipe e esta foi sobre como se chama o fenômeno que causa o aquecimento do nosso planeta.
337
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Sendo computados os pontos, tendo em vista que duas equipes empataram, todos foram premiados, pois
o interesse da turma como um todo foi homogêneo.
4. CONCLUSÃO
Percebeu-se que os alunos obtiveram um bom desempenho com relação aos assuntos abordados na
palestra, mostrando que eles apresentavam conhecimento prévio acerca do tema e mostraram progresso,
significativo, com as atividades.
Portanto, desenvolver temas ambientais na escola desde cedo, a criança aprenderá o quão necessário é ter
comportamentos que os mantenham em uma boa relação com o meio ambiente, dessa forma, saberá como cuidar
do planeta para sua geração e para as futuras gerações.
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, A. R.; ZEM, L.M.; BIONDI, D. Relação observada pelos moradores da cidade de curitiba-pr entre a
fauna e árvores frutíferas. Revista da Sociedade Brasileira de Arborização Urbana, Piracicaba-SP, v.4, n.1, p.3-
20, 2009.
AVELAR, G. H. O; NETO, J. C. S. Estudo de impacto ambiental de áreas verdes: uma proposta de planejamento
e monitoramento. In: 4º CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO, Niterói. Anais do ...
Niterói, 2008.
BALBINOT, R.; KAMINSKI, N. de O.; VANZETTO, S.C.; PEDROSO, K.; VALÉRIO, A.F. O papel da floresta
no ciclo hidrológico em bacias hidrográficas. Ambiência (UNICENTRO), v. 4, p. 131-149, 2008.
CHAVES, A. M. S.; SOUZA, R. M. Indicadores de Qualidade Ambiental das Áreas Verdes Públicas da Cidade
de Garanhuns-PE. Revista Equador, v. 5, p. 130-151, 2016.
FILHO, P. C. O.; ANDRADE, A. R.; HABERLAND, N. T.; PÖTTKER, G. S.; SILVA, F. C. B. A Importância
das Áreas Verdes em uma Cidade de Pequeno Porte: estudo de caso na cidade de IratiI-PR. Revista da Sociedade
Brasileira de Arborização Urbana, v. 8, p. 89-99, 2013.
LIMA, V.; AMORIM, M. C. C. T. A importância das áreas verdes para a qualidade ambiental das cidades.
Formação (Presidente Prudente), v. 13, p. 139-165, 2006.
RESENDE, W. X. Índice de áreas verdes públicas: uma avaliação fitogeográfica da qualidade ambiental em
Aracaju. Trabalho apresentado no 8 Simpósio Brasileiro de Geografia Aplicada. Viçosa, 2009.
338
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Marcos Daniel das Neves Sousa¹; Dailene Tanyele Cordeiro Ares²; Ingryd Rodrigues Martins³; Ana Jessica
6
Mendes Honorato4 ; Thais Gomes Pires5 ; Adriane Pereira Miranda
RESUMO
339
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
1 INTRODUÇÃO
A indústria da alimentação no Brasil e no mundo vem demonstrando claros esforços para tornar-se mais
sustentável. Desde a Conferência Rio-92, o setor tem se engajado nos debates internacionais sobre
desenvolvimento sustentável e se esforçado para desenhar e adotar as melhores práticas (CNI, 2012).
O aumento da pressão pela conservação dos ecossistemas, a maior rigidez da legislação ambiental e a
preocupação cada vez maior dos consumidores com a qualidade ambiental dos produtos têm conduzido as
empresas a reverem suas estratégias de produção industrial (BRANDLI et al., 2009).
Atualmente sustentabilidade é a palavra chave no quesito de marketing verde para o crescimento e
desenvolvimento da boa imagem de grandes empresas e indústrias. O que resulta em agregação de valores aos
seus produtos e serviços, com repasse para o consumidor a qualidade do produto, e a visão de preocupação com
o meio ambiente (BLOEDORN et al., 2009).
No setor alimentício brasileiro, o processamento da mandioca tem sido um grande potencial para geração
de produtos alimentícios como a fabricação de fécula e farinha. No entanto, durante a produção da farinha são
gerados vários resíduos, dentre deles a crueira. Como a crueira é um resíduo das farinheiras na produção de
farinhas, esta geralmente é descartada na peneiragem (ROCHA et al., 2016; NEVES, 2004). Sendo constituída
de raízes e entrecasca da mandioca (NEVES et al., 2008), sendo basicamente o conjunto de pedaços mais
grosseiros da massa triturada de mandioca que foi retida durante a peneiração (SEBRAE, 2006).
Portanto, a gestão de resíduos, principalmente os sólidos, gerados pelas indústrias alimentícias brasileiras,
tem sido um grande desafio no que diz respeito à minimização e prevenção dos impactos socioambientais. Sendo
assim, a busca de novos meios para o reaproveitamento dos resíduos, torna-se uma alternativa favorável para a
preservação do meio ambiente, além do aumento da margem de lucros das empresas.
O pão de queijo é um produto originalmente brasileiro. Apesar de não apresentar uma tecnologia padrão
é geralmente elaborado a partir da mistura de polvilho (doce ou azedo), leite, ovos, sal, gordura ou óleo e queijo
(APLEVICZ e DEMIATE, 2007). Em função do desenvolvimento tecnológico na indústria alimentícia o pão de
queijo pode apresentar outras formulações contendo purê de batata, farinha de milho, recheios artificiais, entre
outros (PEREIRA et al.,2001). É um produto com ampla aceitação por pessoas de todas as classes sociais e de
todas as idades (OLIVEIRA e MORAES, 2009).
340
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Diferentemente dos outros produtos de panificação, o pão de queijo se apresenta como um produto isento
de glúten, logo possui baixos níveis de fibras. Para o melhoramento de sua qualidade faz-se uso da inclusão de
nutrientes que a maioria da população consuma ou não (LALOR et al., 2001). Nesse contexto a farinha de crueira
que apresenta um alto percentual de amido e fibras, pode ser caracterizada como um ótimo componente no
desenvolvimento de novos produtos de confeitaria (MACHADO, 2014).
Assim, o objetivo desta pesquisa foi elaborar um pão de queijo a partir da crueira (resíduo sólido da
mandioca), avaliando sua aceitação sensorial e visando seu reaproveitamento com o intuito de minimizar seu
descarte e consequentemente o impacto ambiental.
2 MATERIAL E MÉTODOS
2.2 MÉTODOS
A metodologia aplicada foi baseada no estudo de Fernandes et al. (2015) com algumas modificações.
Onde, primeiramente, foi desenvolvida a farinha de crueira, que posteriormente, esta, foi adicionada, em pequenas
proporções, no pão de queijo, sendo apresentado duas formulações com a implementação do resíduo da farinha
de mandioca e uma padrão.
Para o desenvolvimento da farinha de crueira, inicialmente foi pesada e adicionada em uma bandeja de
material inox, posteriormente, foi enviada para uma estufa, com temperatura de 60 ºC por 48 horas,
aproximadamente, com o intuito de reduzir a umidade, não podendo ultrapassar 15%, caso contrário, ocorreria
alterações indesejáveis na textura do produto final. Logo após, terminado o processo de secagem, seguiu-se para
trituração em um liquidificador doméstico, e posteriormente peneirado, diminuindo, assim, sua granulometria.
Foram produzidas três formulações, sendo uma padrão e outras duas com adição de diferentes
concentrações (16% e 21%) da farinha de crueira (FC). As formulações estão demonstradas na Tabela 1, a seguir:
Farinha de crueira - 16 21
Polvilho azedo 32 16 11
Queijo mussarela 35 35 35
Leite 21 21 21
Óleo de girassol 5 5 5
Ovos 7 7 7
Sal 1 1 1
Para a produção de pão de queijo, inicialmente, todos os ingredientes foram pesados em uma balança
analítica, em seguida, em um recipiente de polietileno, foi adicionado o polvilho azedo e a FC. Enquanto isto, o
óleo, o leite e o sal foram submetidos ao processo de aquecimento até alcançarem a temperatura de ebulição (100
°C), onde estes, após esta etapa foram acrescentados nos componentes secos, já devidamente homogeneizados.
Paralelamente, foi incluso os ovos e o queijo em pedaços, manualmente, a massa foi misturada até obter
consistência adequada e moldada em forma circular com tamanhos simétricos. Em uma forma inox, untada, as
unidades foram levadas ao forno elétrico doméstico, por cerca de 12 minutos, com temperatura de 180 ºC. Depois
de assados, os pães de queijo foram armazenados em temperatura ambiente até o momento de serem analisados
sensorialmente.
342
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
quanto à impressão global, utilizando a escala hedônica de nove pontes, com os extremos: 9 – gostei
extremamente e 1- desgostei extremamente. Já em relação à intenção de compra, esta foi julgada com escala
contendo estrutura de cinco pontos, com os termos apresentando os extremos “certamente compraria” e
“certamente não compraria”.
Os resultados encontrados foram avaliados em triplicata e subjugados pela análise de variância (ANOVA),
enquanto que as médias relacionadas pelo teste Tukey com nível de 5% de significância.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Em relação às características gerais obtidas, os resultados encontrados mostraram que os pães de queijo
substituídos parcialmente com farinha de crueira foram bem aceitos entre os julgadores. Quanto aos dados
gerados pela avaliação estatística revelou haver diferença significativa entre as amostras tratadas pelo teste de
Tukey ao nível de 5% de significância. Onde a amostra 1, contendo 16% de farinha de crueira, foi mais aceita
pelos julgadores do que a amostra 2, com 21% e a amostra padrão.
A amostra 1 apresentou média de aceitação igual a 7,54, situando-se entre os termos hedônicos “gostei
moderadamente” e ”gostei regularmente”. Já a amostra 2 apresentou média de 6,92, situando-se entre os termos
”gostei regularmente” e “gostei ligeiramente”.
Em relação à intenção de compra (Figura 2), verificou-se que, para a amostra 1, 40% dos julgadores
“certamente comprariam”. Já para a amostra 2 (Figura 3), 26% dos julgadores “certamente comprariam”.
Ao final da elaboração, os produtos apresentaram uma aparência completa. Em relação à coloração, foi
identificado que quanto maior a concentração da FC, mais amarelo as amostras permaneciam. O mesmo foi
observado por Fernandes et al. (2015), que ao aumentar o teor de farinha de banana em pães de queijo verificou-
se um aumento da coloração amarela. Com base nos comentários obtidos através dos testes realizados, a textura
foi descrita como rígida e firme, podendo ser justificada pela substituição parcial do polvilho azedo pela farinha
de crueira. Já para Zavareze et al. (2009), foi percebido que quanto maior a concentração do amido de batata doce
na elaboração de pão de queijo ocorreu um melhoramento na textura relacionada a maciez, enquanto que aqueles
elaborados a partir de amido de mandioca apresentou maior firmeza e rigidez.
No que diz respeito ao sabor, foi notado pelos julgadores um caráter azedo, tal fator pode ser explicado
pela presença do polvilho azedo, porém, ainda assim houve grande aceitabilidade por parte dos julgadores.
Entretanto o mesmo não foi observado por Tesser et al. (2010), a qual elaborou pão de queijo a partir do soro de
queijo em pó, onde os julgadores afirmaram preferencia pelo pão de queijo caseiro.
343
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Referente ao aroma os pães elaborados apresentaram um odor semelhante a queijo. Para Santos (2006),
o aroma é um atributo que determina a aceitabilidade dos consumidores ao pão de queijo, pois os mesmos prezam
por um aroma acentuado de queijo.
25,0%
20,0%
15,0%
10,0%
5,0%
0,0%
Certamente não Possivelmente Talvez Possivelmente Certamente
compraria compraria comprasse/Talvez compraria compraria
não
4 CONCLUSÃO
344
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Apesar de a crueira ser um resíduo proveniente de uma raiz bastante conhecido na região norte, sua
utilização para gerar novos produtos alimentícios ainda é pouco estudada, sendo seu reaproveitamento voltado
em sua maioria para a produção de álcool. Em detrimento disso, existem poucos estudos relacionados a utilização
da crueira como um resíduo alimentício que possa agregar valor à produtos já conhecidos, a exemplo o pão de
queijo, macarrão, etc. Logo, difundir a ideia da reutilização deste resíduo não apenas para a indústria química,
mas também para outros segmentos industriais.
A análise da avaliação sensorial demonstrou boa aceitação por parte dos julgadores, no qual a amostra
mais bem aceita foi a que continha 16% de farinha de crueira, sendo este o objetivo esperado e alcançado no
estudo, uma vez que a amostra mais bem aceita foi aquela contendo crueira em sua formulação ao invés da
formulação padrão.
Assim, a elaboração dos pães de queijo a partir da utilização da crueira é, portanto, viável para o
reaproveitamento deste resíduo, agregando valor ao produto e minimizando os impactos socioambientais.
REFERÊNCIAS
APLEVICZ, Krischina Singer; DEMIATE, Ivo Mottin. Caracterização de amidos de mandioca nativos e
modificados e utilização em produtos panificados. Florianópolis. Rev. Ciência e Tecnologia de Alimentos, v.
27, 2007. Disponível em:< http://www.scielo.br/pdf/cta/v27n3/a09v27n3.pdf>. Acesso em: 26 out. 2017.
B., Maico et al. Destinação adequada para resíduos na indústria de embutidos . [S.l.: s.n.], 2009. 13 p.
Disponível em: <http://cac-
php.unioeste.br/eventos/senama/anais/PDF/ARTIGOS/315_1269990971_ARTIGO.pdf>. Acesso em: 26 out.
2017.
FERNANDES, Daiana de Souza et al. Elaboração de pão de queijo adicionado com farinha de banana verde:
características físicas e sensoriais. In: RAT, 56, 2015, Botucatu. Anais... . São Paulo: Revista Raízes e Amidos
Tropicais, 2015. v. 11, p. 56 - 65.
G. G. C., ROCHA et al. Crueira: resíduo agroindustrial sólido rico em amido. [S.l.]: Scientia Plena, 2016. 5 p.
v. 12. Disponível em: <https://www.scientiaplena.org.br/sp/article/viewFile/3014/1414>. Acesso em: 26 out.
2017.
345
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
J. M. N., VITOR. Uso do resíduo da produção de farinha de mandioca (crueira) na produção de álcool fino.
2004. 64 f. Dissertação (mestrado em economia) - Área de Concentração em Energia na Agricultura. Faculdade
de ciências agronômicas, Botucatu-SP. Disponível em:
<https://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/90593/neves_vjm_me_botfca.pdf?sequence=1&isAllowed
=y>. Acesso em: 26 out. 2017.
LALOR, F. et al. Health claims on foodstuffs: a focus group study of consumer attitudes. Journal of
Functional Foods, Netherlands, v. 3, n. 1, p. 56-59, jan. 2011. Disponível em:<
http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1756464611000065>. Acesso em: 26 out. 2017.
MACHADO, Ana Rita Gaia. Elaboração de um produto de panificação à base de crueira e cogumelo
comestível. 2014. 66 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Ciências Farmacêuticas, Universidade Federal do
Amazonas, Manaus, 2014. Disponível em: <http://tede.ufam.edu.br/bitstream/tede/4074/2/Dissertação-Ana R G
Machado.pdf>. Acesso em: 25 out. 2017.
MACHADO, Ana Rita Gaia. Elaboração de um produto de panificação à base de crueira e cogumelo
comestível. 2014. 66 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Ciências Farmacêuticas, Universidade Federal do
Amazonas, Manaus, 2014. Disponível em: <http://tede.ufam.edu.br/bitstream/tede/4074/2/Dissertação-Ana R G
Machado.pdf>. Acesso em: 25 out. 2017.
N. B., Elisangela et al. A identificação dos resíduos em uma indústria de alimentos e sua política ambiental.
[S.l.]: Revista Brasileira de Ciências Ambientais, 2009. 7 p. Disponível em: <http://abes-
dn.org.br/publicacoes/rbciamb/PDFs/13-07_RBCIAMB-N13-Ago-2009-Materia05_artigos213.pdf>. Acesso
em: 26 out. 2017.
NEVES, Vitor José Miranda das; BROETTO, Fernando; MARCHESE, José Abramo. Aproveitamento do
resíduo da produção de farinha de mandioca na produção de álcool fino. Revista Raízes e Amidos Tropicais,
2008. v.4, p. 14-21, Botucatu. Disponível em:< http://oaji.net/articles/2015/2090-1435081165.pdf>. Acesso em:
24 out. 2017.
OLIVEIRA, Maria Bethânia Basilli de; MORAES, Patrícia Carla Barbosa Trevizam. Elaboração e
aceitabilidade de pão de queijo enriquecido com ômega-3. In: B.CEPPA,2, 2009, Curitiba. v. 27, p. 231-240.
Disponível em:< http://revistas.ufpr.br/alimentos/article/view/22033>. Acesso em: 24 out. 2017.
PEREIRA, Joelma et al. Função dos ingredientes na consistência da massa e nas características do pão de
queijo. 4. ed. Campinas: Ciênc. Tecnol. Aliment., 2001. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-20612004000400003>. Acesso em: 25 out.
2017.
PEREIRA, Joelma et al. Função dos ingredientes na consistência da massa e nas características do pão de
queijo. 4. ed. Campinas: Ciênc. Tecnol. Aliment., 2001. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-20612004000400003>. Acesso em: 25 out.
2017.
SANTOS, José Ricardo Uclés. Desenvolvimento de pão de queijo funcional pela incorporação de isolado
proteico de soja e polidextrose. 2006. 319 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Engenharia de Alimentos,
346
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
SANTOS, José Ricardo Uclés. Desenvolvimento de pão de queijo funcional pela incorporação de isolado
proteico de soja e polidextrose. 2006. 319 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Engenharia de Alimentos,
Tecnologia de Alimentos, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2006. Disponível em:
<http://repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/256339/1/UclesSantos_JoseRicardo_M.pdf>. Acesso em: 26
out. 2017
SEBRAE. Manual de referência para casas de farinha: Boas práticas de fabricação diagnóstica ambiental
saúde e segurança no trabalho ergonomia projeto arquitetônico. Relatório técnico de referência para casas de
farinha, 2006. Disponível em:< http://industriasantacruz.com/wp-
content/uploads/2013/09/ManualdeReferenciaSEBRAE_AL.pdf>. Acesso em: 25 out. 2017.
TESSE, Ionara Casali et al. Elaboração de Pão de Queijo Adicionado de Soro de Queijo em Pó. Paraná:
Rev. Inst. Latic. “Cândido Tostes”, v. 372, 2010. Disponível em:
<https://www.revistadoilct.com.br/rilct/article/view/109>. Acesso em: 26 out. 2017.
ZAVAREZE, Elessandra da Rosa; STORCK, Cátia Regina; PEREIRA, Juliane Mascarenhas. Elaboração de
pão de queijo com substituição do amido de mandioca por amido de batata-doce (Ipomoea batatas)
submetido a diferentes processos de secagem. Braz. J. Food Technol, Pelotas, v. 1, n. 12, p.68-76, 12 mar.
2009. Disponível em: <http://bj.ital.sp.gov.br/artigos/html/busca/PDF/v12n1354a.pdf>. Acesso em: 25 out. 2017.
ZAVAREZE, Elessandra da Rosa; STORCK, Cátia Regina; PEREIRA, Juliane Mascarenhas. Elaboração de
pão de queijo com substituição do amido de mandioca por amido de batata-doce (Ipomoea batatas)
submetido a diferentes processos de secagem. Braz. J. Food Technol, Pelotas, v. 1, n. 12, p.68-76, 12 mar.
2009. Disponível em: <http://bj.ital.sp.gov.br/artigos/html/busca/PDF/v12n1354a.pdf>. Acesso em: 25 out. 2017.
347
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Maira Simone Gabriel Lira1; Rayssa Rodrigues da Silva2; Madson Alan Rocha de Sousa³; Paulo Cezar Gomes
Pereira4; Marco Antonio Siviero5, Maycon da Silva Teixeira6
1 Graduada em Engenharia Florestal. Universidade do Estado do Pará. [email protected]
2 Graduada em Engenharia Florestal. Universidade do Estado do Pará. [email protected]
³ Prof. Mestre em Biodiversidade Tropical. Universidade do Estado do Pará. [email protected]
4Prof. Mestre em Ciências Florestais. Universidade do Estado do Pará. [email protected]
5Engenheiro Mecânico. Diretor-Presidente do Grupo Arboris. [email protected]
6Graduando de Engenharia Florestal. Universidade do Estado do Pará. [email protected]
RESUMO
A espécie Davilla rugosa Poir é uma trepadeira lenhosa escandente, pertencente à família Dilleniaceae formada
de aproximadamente 12 gêneros e 300 espécies, exclusivamente tropicais, sendo na sua maioria compreendida
de cipós e arbustos. D. rugosa é conhecida popularmente como cipó-de-fogo e é muito comum em bordas de
florestas, com distribuição geográfica bem ampla no Brasil. Várias espécies do gênero Davilla são conhecidas na
medicina popular e amplamente utilizada pela população brasileira no tratamento de diferentes distúrbios, tais
como, elefantíase, inchaço dos membros, diurético, afrodisíaco, úlcera, dentre outros. Pelo exposto, o presente
trabalho tem como objetivo fornecer informações taxonômicas e anatômicas macroscópica da espécie a fim de
colaborar com futuros estudos a serem realizados e contribuir com ferramentas para trabalhos que necessitem a
identificação prática e rápida da espécie Davilla rugosa Poir. O trabalho foi realizado em uma floresta antropizada
pela extração madeireira na Amazônia oriental, localizada no município de Dom Eliseu-PA. Para a coleta de
material botânico foi elaborada uma ficha de campo de acordo com as características do hábito escalar da espécie.
Para a análise macroscópica foram confeccionados corpos de prova medindo 2,5 cm de aresta, e submetidos a
polimento gradativo com lixas de gramatura de 60, 80, 120, 220 e 400, respectivamente, os quais, posteriormente,
foram descritos com uma lupa de aumento de 10 vezes. A espécie Davilla rugosa Poir. não apresentou variação
cambial. A espécie apresentou corpo lenhoso simples, cilíndrico; casca avermelhada sem odor caraterístico,
xilema contínuo sem diferença da madeira fresca, poros distintos; raios distintos e anéis de crescimento
indistintos. Com a combinação de características morfológicas e anatômicas macroscópicas foi possível
identificar características especificas da espécie Davilla rugosa, como a presença de raios largos típicos da família
Dilliniaceae.
348
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
1. INTRODUÇÃO
A espécie de liana Davilla rugosa Poir pertence à família Dilleniaceae que é formada por
aproximadamente 12 gêneros e 300 espécies, exclusivamente tropicais, sendo na sua maioria compreendida de
cipós e arbustos, sendo que no Brasil essa família está representada por cinco gêneros e aproximadamente
cinquenta espécies (JOLY, 1998; SOUZA; LORENZI, 2005). No Brasil, ocorrem espécies dos gêneros Davilla,
Doliocarpus, Tetracera e Curatella (SCHULTZ, 1984).
Davilla rugosa Poir é uma trepadeira lenhosa escandente conhecida como cipó-de-fogo, cipó-carijó, cipó-
caboclo, lixeirinha, cipó-vermelho, cipó-capa-homem, capa-homem, cambaibinha, folha-de-lixa, muiraqueteca,
muirateteca, muiraquetica, sambaíba, sambaibinha, cajueiro-bravo, cipó-d’agua, dávila-brasileira e cipó-camarão,
sendo comum em bordas de florestas, com distribuição geográfica bem ampla no Brasil (HYAKUTAKE, 1969;
SOUZA; LORENZI, 2005). Essa espécie possui ramos esfoliantes ferrugíneos, pubescentes a glabros; folhas
simples, ásperas nas duas faces, alternas, lâmina 7-13x2-5 cm, ovada a oblonga, papirácea; face adaxial estrigosa;
face abaxial pubescente; ápice atenuado; margem serreada; base rotundada; inflorescências em panículas axilares,
2-5 cm compr.; cálice verde a vináceo, sépalas 5, persistentes; pétalas amarelas, 4-6; estames 40-60; cápsulas
globosas, 3-6 mm diâm., cálice persistente (KUBITZKI ; REITZ, 1971).
Várias espécies do gênero Davilla são conhecidas na medicina popular e amplamente utilizada pela
população brasileira no tratamento de diferentes distúrbios, tais como, elefantíase, inchaço dos membros,
diurético, afrodisíaco, úlcera (COIMBRA, 1942; CORRÊA, 1984) e com diversas indicações terapêuticas, dentre
elas destaca-se a utilização como anti-inflamatória e antiúlcera gástrica (CORREA, 1931; SILVA, 1989;
RODRIGUES; CARVALHO, 2001).
Tanto a sua folha como o seu lenho são utilizados na medicina, porém existem poucos estudos anatômicos
a respeito da espécie, em razão disso buscou-se fazer a inserção de contribuição sistemática sobre a anatomia da
espécie, pois é de suma importância para conhecer suas características e compreender seu comportamento no que
diz respeito a sua utilização e contribuir com ferramentas para trabalhos que necessitem a identificação prática e
rápida da espécie Davilla rugosa Poir.
2. MATERIAL E MÉTODOS
ÁREA DE ESTUDO
O trabalho foi realizado em uma floresta manejada, visando a colheita de madeira, em uma propriedade
pertencente ao Grupo Arboris, localizada no município de Dom Eliseu-PA (Figura 1). O município pertence à
Realização: 349
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
mesorregião Sudeste Paraense e à Microrregião Paragominas. Sua população estimada em 2016 é de 57.251
habitantes, com uma área territorial de 5.268,815 km² (IBGE, 2015).
Figura 1- Mapa de localização e acesso à área de coleta da espécie Davilla rugosa Poir.
O clima do município é mesotérmico úmido. A temperatura média anual está em torno de 25ºC e as médias
das mínimas diárias, em cerca de 20ºC. Seu regime pluviométrico fica, geralmente, entre 2.250 mm e 2.500 mm.
As chuvas, apesar de regulares, não se distribuem igualmente durante o ano, sendo de janeiro a junho sua maior
concentração (cerca de 80%), implicando grandes excedentes hídricos e, consequentemente, grandes escoamentos
superficiais e cheias dos rios. A umidade relativa do ar é em torno de 85% (FAPESPA, 2016).
O município apresenta uma grande variação em seus níveis altimétricos, cuja cota mínima está próxima
de 76 metros, situada na porção noroeste do município, e a máxima em torno de 330 metros, localizada ao sul,
proporcionando as médias altimétricas mais elevadas da Microrregião de Paragominas. A vegetação do município
corresponde ao subtipo Floresta Densa da sub-região dos altos platôs do Pará-Maranhão, Floresta densa de
planície aluvial e densa dos terraços. Entretanto, os constantes desmatamentos, aliados a sua condição de frente
pioneira, vêm degradando a vegetação original, propiciando o aparecimento de grandes áreas de capoeira
(FAPESPA, 2016).
COLETA DA AMOSTRA
Realização: 350
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Para a realização da coleta de material botânico foi elaborado uma ficha de campo de acordo com as
características de escalar da espécie. Para acondicionamento das amostras foram utilizadas sacolas plásticas e as
folhas foram borrifadas com álcool para sua conservação e acondicionadas em folhas de jornais.
As amostras foram coletadas tanto na borda da floresta como no interior. Folhas, flores e frutos quando
disponíveis também foram coletados, sendo amostrados três indivíduos da espécie. Cada amostra de lenho do
caule mediu em torno de 20 cm de comprimento, coletadas a 1,30 cm acima do solo.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Nome vulgar: Cipó-de-fogo
Família: Dilleniaceae
Nome científico: Davilla rugosa Poir.
Realização: 351
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Casca em vista externa avermelhada com desprendimento em laminas papirácea como pode ser observado na
figura 2; sem odor característico; secreções ausentes; brilho médio; textura pesada; cavidades ou ductos
secretores ausentes; medula circular; estrutura de escandencia no caule presente, caule volúvel; característica
do xilema seco sem diferença da madeira fresca. Variações cambiais ausentes, camadas de crescimento
indistintas/ausente conforme figura 2A, vasos maiores distintos a olho nu, diâmetro tangencial de 0,28 mm
(grandes), frequência de 4 vasos por mm² (esparsos), vasos sem conteúdo evidente (desobstruídos), porosidade
difusa, arranjo indefinido, predominantemente solitários (90% ou mais) como pode ser observado na figura B;
vasos menores presente, diâmetro tangencial de 0,15 mm (médios), com frequência de 0,40 vasos por mm²
(extremamente esparsos); parênquima axial indistinto a olho nu e sob lente de 10x de aumento; raios distintos
a olho nu no plano transversal, distintos sob lente de 10 de aumento no plano tangencial e radial; raios largos e
altos, poucos frequentes com média de 2 por mm linear; não estratificado; dilatação do raio no floema ausente.
Figura 2: Aspecto do caule da liana Davilla rugosa Poir. (A) vista do caule fresco em corte transversal sem a presença de
variação cambial; (B) Corte transversal do caule; (C) Corte tangencial do caule; (D)Corte radial do caule; (E) Vista
externa da casca.
Realização: 352
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
A espécie analisada apresenta algumas características anatômicas do lenho atribuídas às lianas, como a
presença de vasos maiores e vasos menores conhecidos como dimorfismo de vasos (CARLQUIST, 1991;
BAMBER; TER WELLE, 1994).
A espécie Davilla rugosa Poir. apresentou corpo lenhoso simples, cilíndrico; casca avermelhada sem odor
caraterístico, xilema contínuo sem diferença da madeira fresca, poros distintos; raios distintos e anéis de
crescimento indistintos.
A espécie não apresentou variação cambial, uma característica também descrita por Udulutsch (2004).
Sua casca avermelhada com desprendimento em laminas papirácea juntamente com o caule retorcido, torna a
espécie facilmente reconhecida (RIBEIRO et al., 1999).
Outra característica da espécie é a presença de vasos solitários com diâmetro distinto, porosidade difusa e
raios bastante largos e altos distintos a olho nu no plano transversal (METCALF; CHALK, 1950).
Foram mensurados os vasos maiores e também os de menores diâmetros. Com relação aos diâmetros dos
vasos menores a espécie apresentou em torno de 0.15 mm e os vasos maiores com diâmetro tangencial de 0,28
mm com valor muito próximo citado por Figueiredo (2011), sendo que a ocorrência de vasos com grande diâmetro
é frequente em lianas (CARLQUIST, 1985).
Essa espécie típica de sub-bosque difere das demais espécies de lianas por sua casca papirácea e vermelha.
Os raios bastante largos e altos também são característicos da família Dilleniaceae (RECORD; HESS, 1943;
MAINIERI et al., 1983; MAINIERI; CHIMELO, 1989).
4. CONCLUSÃO
A estrutura anatômica macroscópica do lenho da planta Davilla rugosa Poir. mostraram características
peculiares à Família Dilleniaceae.
As características organolépticas, tais como cor, odor, tato, secreção que podem estar presentes ou não,
também foram de fundamental importância para o reconhecimento da espécie em campo, sendo reconhecida pela
sua coloração avermelhada, descamação pronunciada de sua casca e seu caule retorcido.
REFERÊNCIAS
BAMBER, R.K. ; TER WELLE, B.J.H. 1994. Tendências adaptativas na anatomia da madeira das lianas. Em:
M. Iqbal (ed.). 1994. Padrões de crescimento em plantas vasculares. Portland, Oregon, Dioscorides Press.
CARLQUIST, S. 1985. Observações sobre histologia de madeira funcional de videiras e lianas: dimorfismo
vascular, traqueidas, vasos estreitos e parênquima. Aliso 11: 139-157.
Realização: 353
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
CARLQUIST, S. Anatomy of vine and liana stems: a review and synthesis. In: Putz, F. E., MOONEY, H. A.
The Biology of vines. Cambridge: Cambridge University Press, 1991. p.53-72.
COIMBRA, R. 1942. Notas de Fitoterapia. 1ª. Ed. Rio de Janeiro: Ed. Carlos da Silva Araújo S. A., p. 87.
CORRÊA, M. P. 1984. Dicionário das Plantas Úteis do Brasil. Vol. II. Ministério da Agricultura - Instituto
Brasileiro de Desenvolvimento Florestal, p. 266.
CORREA, M. P. 1931. Dicionário das plantas úteis do Brasil e das exóticas cultivadas. Rio de Janeiro:
Imprensa Nacional, v. II.
HYAKUTAKE, S. 1969. Contribuição para o estudo botânico da espécie Davilla rugosa Poiret var. rugosa,
Dilleniaceae. Rev Fac Farm Bioquím 7: 285-293.
JOLY, A. B. 1998. Botânica: introdução a taxonomia vegetal. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 12a
ed.
KUBITZKI, K. ; REITZ, P. R. 1971. Dileniáceas. In: Reitz, P. R. Flora Ilustrada Catarinense. Herbário Barbosa
Rodrigues, Itajaí- SC.
Realização: 354
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
MAINIERI, C. & CHIMELO, J. P. 1989. Ficas de características das madeiras brasileiras. São Paulo:
Instituto de Pesquisas Tecnológicas. 418 p.
METCALF, C. R. & CHALK, L. 1950. Anatomy of the dicotyledons: leaves, stem and wood in relation to
taxonomy with notes one economic uses. Oxford, claredon v.1, 724 p.
RECORD, S. J. & HESS, R. W. 1943. Timbers of the new world. New Haven. Yale University Press. London.
Geofrey Cumberlege. Oxford. University Press.
RIBEIRO, et al. 1999. Dilleniaceae. In: Flora da Reserva Ducke; guia de identificação das plantas
vasculares de uma floresta de terra firme na Amazônia Central. Manaus. INPA. p. 228– 232.
SCHULTZ, A. 1984. Introdução a Botânica Sistemática. 4ª. Ed. Porto Alegre: Editora Universidade Federal
do Rio Grande do Sul, vol. 2, p. 121.
SILVA, R. A. D. 1989. Plantas medicinais brasileiras. Estudo botânico e farmacognóstico. Rev Bras Farm 70:
36-38.
SOUZA, V. C, LORENZI, H. 2005. Botânica sistemática: guia ilustrado para identificação das famílias de
Angiospermas da flora brasileira, baseado em APG II. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum.
Realização: 355
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Marco Antônio da Silva Ribeiro Junior1; Thayná Karina da Silva Conceição2; Luiza de Araújo Romeiro3;
Jucélio Lima Lopes Junior4; Julyanna Gabryela da Silva Batista5; Eunice Gonçalves Macedo6
1,2,3,4,5 Graduandode Engenharia Florestal. Universidade do Estado do Pará. [email protected];
[email protected]; [email protected]; [email protected];
[email protected]
6
MSc. em Agronomia. Universidade do Estado do Pará. [email protected]
RESUMO
O objetivo do presente trabalho foi avaliar as estruturas e diversidades morfológicas das espécies ornamentais da
Praça Batista Campos, além da função socioambiental que a mesma proporciona para a população. A falta de
arborização pode trazer desconforto térmico e possíveis alterações no microclima, e como essas áreas também
assumem papel de lazer e recreação a falta desses espaços interferem na qualidade de vida da população. Essa
população de regiões urbanas depende de um ambiente com qualidade, e a vegetação quando presente interfere
positivamente na qualidade de vida dos habitantes da cidade. O local de estudo escolhido foi o bairro Batista
Campos localizado em Belém, especificamente na praça de mesmo nome. Foi realizada a coleta de espécies
vegetais utilizando um manual de instruções para a devida identificação e também registro fotográfico das
espécies. Também foi aplicado um questionário socioambiental à população presente na praça. O total das
espécies estudadas foram 10, sendo a maioria de hábito arbustivo, com limbo foliar simples e com presença de
órgão vegetativo reprodutivo. A maior proporção de faixa etária dos utilizadores da praça foi a partir de 31 anos,
sendo 52,78% para as mulheres e 64,86% para os homens, sendo entrevistadas 73 pessoas. A frequência de
utilização da praça pelos entrevistados foram predominantemente “Semanalmente” e a utilização do espaço sem
a presença das plantas ornamentais teve resposta negativa em 68,49% dos casos. Quanto ao tipo de utilização os
entrevistados tiveram 69,86% de preferência referente à “Lazer/Contemplação”. Também apresentou 45,20%
que responderam não perceber nenhuma diferença na arborização do espaço. Conclui-se que é notável a
variabilidade de espécies ornamentais e suas características morfológicas. A maioria dos entrevistados não
manteria o uso com a ausência dessas plantas ornamentais e a preferência de utilização da praça foi em maioria
para atividades voltadas ao lazer e bem-estar.
Realização: 356
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
1. INTRODUÇÃO
A arborização possui extrema importância nos centros urbanos, sendo responsável por inúmeros
benefícios ambientais e sociais que auxiliam na qualidade de vida nas cidades e também na saúde física e mental
da população.
“As árvores, os arbustos e outras plantas menores e no seu conjunto constituem elementos da
estrutura urbana. Caracterizam os espaços da cidade por suas formas, cores e modo de
agrupamento; são elementos de composição e de desenho urbano ao contribuir para organizar,
definir e até delimitar esses espaços” (MASCARÓ, 2005 apud CABRAL, 2013).
As áreas verdes são importantes para a qualidade ambiental das cidades, já que assumem um papel de
equilíbrio entre o espaço modificado para o assentamento urbano e o meio ambiente. São consideradas como um
indicador na avaliação da qualidade ambiental urbana, pois esses espaços livres públicos obrigatórios por lei,
quando não são efetivados, interferem na qualidade do ambiente. Tais locais compõem uma das variáveis
integrantes da estrutura urbana e a preservação dessas áreas está relacionada com seu uso e sua integração na
dinâmica da cidade, que são reflexos das ações humanas e estão vinculadas ao processo histórico, traduzindo na
atenção do poder público no que diz à implantação e manutenção desses espaços na malha urbana (LIMA, 2006).
A falta de arborização, por exemplo, pode trazer desconforto térmico e possíveis alterações no microclima,
e como essas áreas também assumem papel de lazer e recreação da população, a falta desses espaços interfere na
qualidade de vida desta. A discussão sobre a importância das áreas verdes e a análise da caracterização dessas
áreas apresentadas neste artigo têm como objetivo avaliar a qualidade ambiental da cidade, a fim de contribuir
para o planejamento ambiental urbano, e para a melhoria da qualidade de vida da população (BESSA, 2013).
Entende-se que a população urbana depende para o seu bem-estar, não só de educação, cultura,
equipamentos públicos, mas também de um ambiente com qualidade, e a vegetação quando presente interfere
positivamente na qualidade de vida dos habitantes da cidade. A população no local de estudo, o Bairro Batista
Campos, segundo IBGE (2010) é de 19.136 habitantes, onde há a predominância da arborização pela espécie a
mangueira (Mangifera indica) como base da arborização no bairro, uma vez que esta espécie fornece uma grande
área de sombra e saborosos frutos, além de ter se adaptado muito bem as condições ambientais locais e fazer parte
da ornamentação. Com isso, o objetivo do presente trabalho foi identificar e descrever as estruturas vegetais e a
diversidade morfológica das espécies ornamentais presentes na Praça Batista campos e arredores, além da função
ambiental que as áreas verdes proporcionam para a população.
2. MATERIAL E MÉTODOS
Área de estudo
357
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
O local de estudo foi o Bairro Batista Campos, que está localizado no zona centro-sul da cidade de Belém
(Figura 1) cujas coordenadas são 01º27’21” S; 48º30’16” W (COORDENADAS DO BRASIL, 2010), mais
especificamente na Praça Batista Campos, de coordenadas 01º27’35” S; 48º29’23” W (WIKIMAPIAS, 2017).
Apesar de ser uma área urbana, é possível observar diversidade de espécies vegetais, se diferenciando por ser um
bairro com maior quantidade em fragmento vegetal.
Figura 1 –Visão geral do bairro Batista Campos.
Fonte: Google
Maps.
Foi realizada uma visita prévia ao bairro para verificar as espécies ornamentais de interesse para o estudo,
sendo selecionadas de acordo com o número de indivíduos, ou seja, as espécies com maior frequência de pequeno
a médio porte e potencialmente férteis, pois foram realizadas descrições das estruturas vegetativas (raiz, caule e
folhas) e reprodutivas (flor e fruto) de suas especificidades morfológicas.
Coletas de dados
Para a coleta das espécies vegetais utilizou-se ficha de campo para registrar os caracteres que
posteriormente iriam ser perdidos, foi utilizado o que é proposto no Manual de instruções para coleta,
identificação e herborização de material botânico (WIGGERS; STAND, 2008). Também foram feitos registros
fotográficos do habitat natural das plantas. Algumas características, tais como, largura e comprimento das
estruturas vegetais também foram levadas em consideração para as conclusões e considerações a serem feitas.
Com o propósito de compreender o comportamento da população usuária do Bairro Batista Campos foi
aplicado um questionário socioambiental à população presente no bairro em diferentes períodos do dia com
horários definidos entre as 11h até ás 13h e 18h até ás 20h em dias aleatórios. Este horário foi escolhido como
358
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
tentativa de mostrar de uma forma mais abrangente as características dos utilizadores do espaço, no total de 73
pessoas, o mesmo questiona acerca da importância subjetiva das áreas verdes para cada indivíduo, o conforto
térmico e o conhecimento das espécies presentes no local.
Análises dos dados
Para a descrição morfológica dos vegetais utilizou-se o Livro de Identificação Botânica- Morfológica e
Taxinômica (Viana, R. C. et al., 2014); Ferri (1983); Vidal, Vidal (1986); Lorenzi e Gonçalves (2001) e sites da
área de botânica. As amostras botânicas coletadas foram levadas ao laboratório multidisciplinar da Universidade
do Estado do Pará (UEPA), onde foram realizadas medições e fotografias do material de estudo. As medições
foram executadas com o auxílio de régua, sendo medido de cada órgão o comprimento e a largura. Com o uso de
uma escala ou papel milimétrico. Após o levantamento, as informações descritas no questionário foram
adicionadas ao Excel sendo processadas e vinculadas a pesos de resposta para identificar a preferência na
utilização pelos visitantes. Logo após foram feitos gráficos para a visualização do perfil tendência das respostas.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Entre as espécies coletadas foi possível observar a semelhança quanto ao porte (Tabela 1), onde a maioria
era arbustiva, houve semelhança também quanto à utilização em que se constatou grande interesse para fins
ornamentais devido a suas características morfológicas as quais fornecem cores vibrantes as flores e as
inflorescências. Estas espécies possuem uma afinidade por elevadas temperaturas e umidade, provocando intensa
floração característica da região amazônica.
Tabela 1 – Aspectos gerais encontrados nas espécies.
Espécie Família Hábito Folha Flor Fruto
Espécie 01 Mussaenda L. Rubiaceae Arbusto Simples Simples -
Espécie 02 Heliconia sp Heliconiaceae Erva Simples Inflorescência -
Espécie 03 Bougainvillea Nyctaginaceae Arbusto Simples Simples -
spectabilis
Espécie 04 Petrea Verbenaceae Arbusto Simples Simples -
volubilis
Espécie 05 Delonix regia Fabaceae Arbusto Recom Inflorescência Seco
posta
Espécie 06 Hibiscus L. Malvaceae Arbusto Simples Simples -
Espécie 07 Hibiscus L. Malvaceae Arbusto Simples Simples -
Espécie 08 Bougainvillea Nyctaginaceae Arbusto Simples Inflorescência -
sp
Espécie 09 Allamanda Apocynaceae Erva Simples Simples -
cathartica
359
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Deste modo, as espécies apresentaram-se morfologicamente frequentes com folhas e flores simples apenas
uma folha recomposta e três inflorescências. Isso mostra uma tendência das espécies arbustivas serem mais
simples. A grande maioria não apresentou fruto, apenas a Espécie E (Flamboyant) com o fruto seco.
Todas as espécies presentes na praça possuem mais de 1 indivíduo no local, o que torna o ambiente mais
agradável e visualmente mais atraente. Na Figura 2 a Espécie A apresenta folhas simples, pecioladas e de
consistência cartácea, pétalas polistêmones, ovário com inserção dos estiletes na parte superior e estames na
inferior, limbo foliar lanceolado com ápice cuspidado e base acuneado, estames com a soldadura dialistemone, e
tamanho relativo homodínamo, muito dominante na praça com flor amarela e pétalas rosas. A Espécie B possui
uma inflorescência simples de cor laranja muito característico, do tipo espádice/dicássia, limbo foliar simples e
lanceolado, ápice acuminado e base assimétrica. As Espécie C e Espécie H apresentam flor pentâmera quanto ao
número de verticilos florais, pétalas dipostlêmone, com sépalas rosadas e flor esverdeada, limbo foliar simples e
filotaxia alterna dística, de ápice atenuado e base obliqua, bem frequentes em ornamentação por terem flores com
chamativas. A Espécie D planta com hábito arbustivo, flor com coloração lilás, limbo foliar do tipo simples de
forma repanda, ápice atenuado, base acunheada, inserção terminal do estilete no ovário.
360
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Figura 1 - Espécies encontradas no bairro. A: Musaenda; B: Helicónea sp; C: Bougainvillea; D: Petrea volubilis; E:
Delonix regia; F: Hibiscus L.; G: Hibiscus L.; H: Bougainvillea sp; I:Allamanda schartia; J:Allamanda sp.
Fonte: Autores
A Espécie E planta com hábito arbustivo, flor com número de pétalas diplostêmone e pentâmera em uma
inflorescência simples de cor avermelhada, limbo foliar recomposto, com base obtusa e ápice obtuso também e
com a presença de um fruto seco. As Espécie F e Espécie G apresentam flor pentâmeras quanto ao número de
verticilos florais e de cor avermelhada, ovário com a inserção terminal do estilete, limbo foliar simples, com ápice
acuminado e base acunheada na espécie F e de base arredondada na espécie G, tradicionalmente
361
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Encontradas em jardins. As Espécie I e Espécie J possuem flores amarela e roxa, respectivamente, muito usada
em paisagismos, flores pentâmeras quanto ao número de verticilos florais, estames e pétalas oligostêmones, limbo
foliar, ápice acuminado e base acunheada.
Analise socioambiental da praça batista campos
As informações sobre os usuários da praça foram extraídas do questionário proposto no estudo, a partir
de informações pessoais de cada indivíduo. Baseado na análise, 36 entrevistados (49%) são do sexo feminino e
37 correspondendo a (51%) são do sexo masculino. A maior proporção de faixa etária dos utilizadores da praça,
é a partir de 31 anos, sendo 52,78% para as mulheres e 64,86% para os homens. As médias para os dois sexos
foram de 34 anos para o sexo feminino e 40 anos para o sexo masculino. Justificada pelas infraestruturas
fundamentais que os espaços verdes urbanos têm, por tanto, promovendo um envelhecimento ativo e saudável
(ALMEIDA, 2009), amostrado na (Tabela 2).
Tabela 2- Divisão de Sexo e Faixa Etária dos Entrevistados
Fontes: Autores
O Gráfico 2 mostra a frequência de utilização da praça pelos entrevistados, concluindo que os usuários a
utilizam com predominância “Semanalmente” com 29 respostas (39,72%). Gonçalves (2012) aborda que as visitas
ao local estão influenciadas pelo tempo disponível das pessoas e no sentido climático, havendo maior afluência
de população em dias e estações mais agradáveis. Outro critério discutido no questionário foi sobre a utilização
do espaço sem a presença das plantas ornamentais, sendo que, 50 respostas (68,49%) “Não” teve superioridade
em proporção diante das 23 respostas (31,51%) “Sim” o que justifica a escolha pela utilização da praça vinculada
a presença das plantas ornamentais.
362
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Gráfico 2- Distribuição da utilizando da praça sem as plantas ornamentais pela frequência de utilização dos entrevistados
Continuaria utilizando a praça sem as plantas
ornamentais/Frequência de utilização
20
16
12
8
4
0
Não Sim Não Sim Não Sim Não Sim
Mais de uma vez Mensalmente Raramente Semanalmente
por semana
Fonte: Autores
A questão da principal utilização da praça pelos frequentadores, foi abordado com a intenção de conhecer
quais as atrações que o local proporciona, mais agrada a população. Os entrevistados tiveram 51 respostas
correspondendo (69,86%) do total de preferência referente a “Lazer/Contemplação”. Seguida por “Caminhada”
com 14 respostas das pessoas entrevistadas (19,17%), sendo demostrados na Gráfico 3.
Mensalmente
Raramente
Semanalmente
Mensalmente
Raramente
Semanalmente
Semanalmente
Raramente
Semanalmente
Semanalmente
por semana
por semana
por semana
por semana
O tópico que relaciona o contato das pessoas com a vegetação presente na praça teve como maior número
quantitativo de 35 pessoas entrevistadas (47,94%), respondendo perceber alguma diferença na fisionomia da
vegetação. Sendo 14 delas (19,17%) alegaram uma diminuição correspondendo a períodos anteriores. As pessoas
363
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
que perceberam alguma alteração na vegetação basearam suas conclusões, no tempo de vivencia, correspondendo
a média de 20 anos de moradia nos seus respectivos bairros e visitações pela praça. Em contrapartida, 33 pessoas
entrevistadas (45,20%) responderam não perceberam nenhuma diferença na arborização do espaço, mostrando
opiniões bem distintas sobre o assunto Gráfico 4.
Gráfico 4- Distribuição sobre a percepção de mudança da arborização da praça por meio dos entrevistados
TOTAL
Sim,
diminuiu
19% Não,
permanece a
mesma
Sim,
45%
aumentou
12%
Sim N-
17% identificado
7%
Fonte: Autores
4. CONCLUSÃO
É notável a variabilidade de espécies ornamentais que integram o ambiente, bem como a diversidade
de características morfológicas; fundamentais para o conforto térmico e bem-estar para a comunidade que utiliza
o ambiente da praça.
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, M. Promoção da saúde depois dos 65 anos. Elementos para uma política integrada de
envelhecimento, Universidade Nova de Lisboa, Lisboa. 2009.
FERRI, M. G. Botânica: Morfologia externa das plantas, Organografia. 15º Edição. São Paulo. Editora
Nobel, 1983.
364
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
GONÇALVES, A. “A utilização dos espaços verdes. Estudo de caso em três cidades espanholas”. VII Colóquio
de Geografia de Coimbra – Territórios contemporâneos em contexto de mudança, Cadernos de Geografia nº
30/31. Coimbra, pp. 193-202. 2012.
LIMA, V.; AMORIM, M. C. de C. T. A importância das áreas verdes para a qualidade ambiental das
cidades. Revista Formação, nº13, p. 139 – 165, São Paulo, 2006.
VIDAL, W. N.; VIDAL, M. R. R. Botânica: Organografia. 3° Edição. Viçosa, Minas Gerais: UFV, 1986.
WIGGERS & STAND. Manual de instruções para coleta, identificação e herborização de material botânico.
Programa de desenvolvimento educacional- SEED-PR. Laranjeiras do Sul-PR, 2008.
365
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
RESUMO
Os Arbovírus são vírus essencialmente transmitidos por artrópodes hematófagos e que podem apresentar caráter
patogênico, causando doenças em humanos e outros animais. Possuindo uma ampla distribuição geográfica,
podem ser encontrados em quase todos os continentes, predominando em regiões de climas tropicais, como no
Brasil. A Amazônia brasileira, devido sua grande biodiversidade, apresenta condições ambientais ótimas para a
manutenção destes vírus. Metodologia: Revisão bibliográfica qualitativa por meio de pesquisa filtrada do tipo
exploratória em informações contidas na bibliografia existente na base de dados eletrônica do Google Acadêmico,
Scientific Eletronic Library Online (SCIELO), e de livros do acervo da Biblioteca do Instituto Evandro Chagas –
IEC sobre o tema em questão. Trabalhos integrais com escopo investigativo sobre as arboviroses no Brasil dos
últimos 17 anos foram priorizados. Adicionalmente, trabalhos realizados em outras épocas, com assuntos
correlacionados foram utilizados. Discussão: Os arbovírus e seus vetores se adaptam rapidamente as alterações
ambientais e isto faz com que os agravos à saúde possam ser propagados com mais velocidade. As rápidas
mudanças climáticas, migração populacional e precariedade das condições sanitárias favorecem a amplificação e
a transmissão desses vírus. O desequilíbrio do ecossistema amazônico pode levar ao surgimento de um maior
número de doenças que estão relacionadas com o inadequado manejo dos ecossistemas naturais, contribuindo
para o aparecimento de diversos arbovírus. Conclusão: Uma vez que os fatores climáticos interferem na biologia
dos insetos e na transmissão dos agentes patogênicos a eles associados, em situação de aquecimento global pode
haver aumento da incidência de arboviroses, como a dengue. Adicionalmente, as pressões ambientais levam à
seleção de linhagens de vírus que causam viremias mais intensas e, consequentemente, maior patogenicidade de
doenças.
366
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
1. INTRODUÇÃO
Os vírus são microrganismos extremamente simples que não possuem organização celular, metabolismo
próprio e só conseguem se reproduzir no interior de células hospedeiras vivas, causando doenças no ser humano
e em outros seres vivos. Eles são parasitas intracelulares obrigatórios. Quando fora das células, são inertes,
capazes de cristalizar-se (SANTOS; ROMANOS; WIGG, 2008). Constituem um grupo numeroso e heterogêneo,
classificados em categorias hierárquicas baseadas em várias características. A classificação é dinâmica, já que
novos vírus estão sendo continuamente descobertos e novas informações se acumulam sobre os vírus já
conhecidos (CARTER; WISE; FLORES, 2017).
Os arbovírus, termo que advém da expressão inglesa Arthropod Borne vírus, são vírus essencialmente
transmitidos por artrópodes hematófagos, como os mosquitos e carrapatos (WHO, 1985). Entretanto, essa
designação não é somente pelo seu tipo de veiculação, mas principalmente, pelo fato de parte de seu ciclo
replicativo ocorrer nesses insetos. Muitos destes vírus têm como hospedeiros iniciais espécies de animais
silvestres (aves, macacos, roedores, entre outros). Alguns arbovírus possuem perfil de circulação urbano, para os
quais, o ser humano passa a ser também o reservatório destes vírus (AZEVEDO et al., 2007; VASCONCELOS
et al., 2009). Dessa forma, os arbovírus possuem hospedeiros variados, seja em vertebrados ou em invertebrados,
ocasionando doenças em humanos e outros animais (MURRAY; ROSENTHAL; PFALLER, 2006).
Apesar de serem encontrados em quase todos os continentes, tanto em regiões temperadas como em
tropicais, apresentam predominância nestas últimas, certamente por oferecerem condições ecológicas mais
favoráveis, haja vista que, nos trópicos, os vetores coexistem com os hospedeiros vertebrados em todas as estações
do ano, ao passo que, nos países de clima temperado, o ciclo de transmissão é interrompido durante o inverno,
reiniciando-se na primavera ou verão (TRAVASSOS et al., 1997).
O Brasil, país de dimensões continentais, está situado em uma área de clima predominantemente tropical,
sendo um local adequado para a existência de vetores e, portanto, para a ocorrência de arboviroses
(FIGUEIREDO, 2000). Em particular, na Amazônia brasileira coabitam em número bastante elevado várias
espécies de dípteros hematófagos e vertebrados silvestres. Até o ano de 2010, cerca de 200 diferentes arbovírus
foram isolados nessa região (VASCONCELOS et al., 2013).
No atual contexto epidemiológico brasileiro, os arbovírus de maior circulação são o Vírus da Dengue
(DENV), Chikungunya (CHIKV) e o Zika (ZIKV), além do Vírus da Febre Amarela (YFV) e de outros arbovírus
com potencial de disseminação no País (LOPES; NOZAWA; LINHARES, 2014). Vírus como o Mayaro
(MAYV), do gênero Alphavirus, e o vírus Oropouche (OROV), do gênero Orthobunyavirus e da família
367
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Bunyaviridae, também têm sido frequentemente identificados na região Amazônica em pacientes com quadros
febris inespecíficos ou com comprometimento neurológico (MOURÃO et al., 2012, 2015). Esses vírus provocam
doenças conhecidas como arboviroses, que podem ocorrer de forma endêmica ou epidêmica e alguns representam
sérios problemas de saúde pública (VASCONCELOS et al., 1992).
Esse grupo de vírus é mantido em natureza por serem transferidos de hospedeiros vertebrados infectados
a artrópodes hematófagos, através da picada desses vetores, ou de hospedeiros artrópodes a hospedeiros
artrópodes, através da via transovariana e, possivelmente da via venérea (WHO, 1985). Os hospedeiros
vertebrados que participam dos ciclos de transmissão dos arbovírus são representados, principalmente, pelos
animais silvestres como aves, roedores, marsupiais, primatas, edentados, morcegos, répteis e, possivelmente
outros, ao passo que os hospedeiros invertebrados podem ser culicíneos, anofelíneos, flebotomíneos, culicóides
(maruins) e carrapatos (HERVÉ et al., 1986).
A manutenção dos arbovírus em natureza ocorre através de ciclos complexos dos quais participam
inúmeras espécies de vertebrados silvestres e artrópodes hematófagos. Esses ciclos enzoóticos usualmente
ocorrem em ambiente silvestre e costumam passar despercebidos. Dessa forma, a participação do homem nesses
ciclos ocorre quando o mesmo adentra áreas enzoóticas ou quando ocorre uma ampliação das áreas de atividade
viral, afetando locais habitados pelo homem (TRAVASSOS DA ROSA et al., 2000; VASCONCELOS et al.,
2009).
2. METODOLOGIA
Este trabalho baseou-se em uma revisão bibliográfica qualitativa através de uma pesquisa filtrada do tipo
exploratória de informações contidas na bibliografia existente na base de dados eletrônica do Google Acadêmico,
da Scientific Eletronic Library Online (SCIELO), e de livros do acervo da Biblioteca do Instituto Evandro Chagas
– IEC sobre o tema em questão, utilizando as palavras-chave: Arboviroses emergentes e reemergentes, Alterações
ambientais e Mudanças climáticas em associações. O critério prioritário de inclusão foram os trabalhos científicos
publicados na íntegra com escopo investigativo sobre as arboviroses no Brasil, de janeiro de 2000 a julho de 2017.
Adicionalmente, trabalhos realizados em outras épocas, com assuntos correlacionados também foram utilizados.
Para interpretar as informações de interesse, cada achado selecionado foi analisado conforme a qualidade
e deles coletadas as informações relevantes que descrevem o escopo e/ou objeto da pesquisa.
3. DISCUSSÃO
As arboviroses têm se tornado importantes e constantes ameaças em regiões tropicais, onde o ciclo de
transmissão ocorre ao longo de todas as estações climáticas pelo fato de vetores e hospedeiros conviverem no
mesmo ambiente (TRAVASSOS et al., 1997). Contudo, dentre as alterações introduzidas pelo homem que têm
sido associadas à emergência ou reemergência de arbovírus, destacam-se o excessivo desmatamento, a exploração
do subsolo, a construção de hidrelétricas e a abertura de rodovias, a colonização humana, a urbanização não
planejada, a expansão agrícola, o ecoturismo e os desastres ambientais (VASCONCELOS et al., 2001; BATISTA
et al., 2012). Adicionalmente, as rápidas mudanças climáticas, migração populacional e precariedade das
condições sanitárias também favorecem a amplificação e a transmissão viral (RUST, 2012).
O desequilíbrio do ecossistema amazônico pode levar ao surgimento de um maior número de doenças que
estão relacionadas com o inadequado manejo dos ecossistemas naturais, contribuindo para o aparecimento de
diversos arbovírus, alguns deles responsáveis por importantes problemas de saúde pública regional e nacional
(VASCONCELOS et al., 2001). No caso das doenças infecciosas, os mecanismos de produção de agravos e óbitos
são ainda mais indiretos e mediados por inúmeros fatores ambientais e sociais. Diversas doenças, principalmente
as transmitidas por vetores, são limitadas por variáveis ambientais como, temperatura, umidade, padrões de uso
do solo e de vegetação (BRASIL, 2008).
A construção de hidrelétricas é um dos pontos-chave na Amazônia brasileira na atualidade, já que esta
região concentra a maioria dos rios que podem ainda ser aproveitados para a geração de energia elétrica para o
país. No passado, em estudos realizados na hidrelétrica de Tucuruí, no Estado do Pará, durante as décadas de 70
e 80, após o alagamento da área da usina, mais de um milhão de mosquitos e flebotomíneos foram capturados,
sendo isolado um grande número de arbovírus a partir desses artrópodes, sendo alguns desses, inclusive, novos
para a ciência (VASCONCELOS et al., 2001; DÉGALLIER; TRAVASSOS DA ROSA; VASCONCELOS,
1994).
Observou-se recentemente no Brasil a reemergência da Febre amarela (FA) em humanos e a morte de
Primatas Não Humanos (PNH) em diversas regiões e em vários estados, como no Estado do Pará. A FA é uma doença
infecciosa viral aguda grave endêmica em regiões da África e da América do Sul (TRANQUILIN et al., 2013).
Trata-se de uma arbovirose categorizada epidemiologicamente de forma urbana e silvestre, que diferem entre si
pelo local de ocorrência e a natureza dos transmissores e dos hospedeiros (VASCONCELOS, 2003). Na doença
urbana o homem não imune passa a ser um hospedeiro com importância epidemiológica ao penetrar em área
enzoótica. Na forma silvestre, os PNHs são os principais hospedeiros. É notória a grande importância da FA no
país e de outras arboviroses. No final do mês de fevereiro de 2017, foi registrada primeira morte de PNH, após
início da epizootia nacional, em Belém, Pará, em um parque estadual de visitação pública, sendo confirmada infecção no
369
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
PNH pelo VFA. A ocupação urbana desordenada na cidade advinda do incremento populacional dos últimos anos teve
como fator agravante a fragilidade ambiental de extensas áreas ocupadas, com repercussões nos aspectos de
saneamento, saúde e qualidade de vida de modo geral (CARDOSO, 2007).
370
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
ambiente, no sentido mais amplo, podem favorecer organismos portadores de doenças, como o Aedes, e os vírus
que eles trazem consigo (CAMPOS; BANDEIRA; SARDI, 2015).
371
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Alguns autores salientam que os impactos antrópicos em ecossistemas locais têm se mostrado muito mais
significativos para a malária, a dengue e a febre amarela, onde raramente o clima foi o principal determinante
para sua prevalência ou seu alcance geográfico (ROGERS; RANDOLPH, 2000; REITER, 2001;).
Por outro lado, trabalhos recentes mencionam a observação do estabelecimento definitivo do mosquito
Aedes nas Américas, associado a mudanças climáticas, desmatamentos, urbanização desorganizada, inchaço das
cidades, ausência de água e saneamento básico, deslocamentos populacionais. Esses fatores definem os caminhos
das doenças, influenciados pela pressão da mutação viral e de adaptações genéticas dos vírus a hospedeiros,
vetores e novos ambientes (DONALISIO; FREITAS; ZUBEN, 2017).
A maior parte do país tem um clima tropical, sendo um local adequado para a existência de vetores e,
portanto, para a ocorrência de arboviroses (FIGUEIREDO, 2000). Dessa forma, a variação sazonal do Vírus da
Encefalite Equina do Leste (EEE), por exemplo, bem como de outras arboviroses, está associada a uma
determinada faixa de temperatura, a quantidade de chuvas, e outros fatores ambientais que determinam a presença
de vetores no Brasil e no mundo (SILVA et al., 2011).
Vasconcelos (2010), em um estudo sobre a FA no Brasil, levantou a hipótese de que alterações climáticas
poderiam estar relacionadas com a emergência da doença em áreas anteriormente consideradas sem risco de
transmissão. Ressalta que embora seja difícil medir e avaliar o impacto das condições climáticas sobre o início e
a magnitude de um surto ou epidemia zoonótica, um estudo realizado no estado de Goiás durante uma epidemia
no ano de 2000 mostrou que as condições climáticas desempenharam um papel crucial na determinação de sua
magnitude. No mesmo estudo, o autor ressalta que uma pesquisa de 10 anos de dados oficiais pelo Instituto
Nacional de Meteorologia (INMET) mostrou que as temperaturas e o índice de precipitação aumentaram. Isso
sugere que o aumento da precipitação favoreceu a proliferação de mosquitos e altas temperaturas promoveram
propagação e transmissão viral.
Mudanças climáticas importantes, ocorridas em estados brasileiros, resultaram em condições intensas e
prolongadas, alternando a precipitação e a seca. Estudos detalhados da umidade, temperatura e padrões de chuva
são necessários para explorar condições incomuns durante surtos ou epidemias de arboviroses. No entanto, é
provável que as alterações climáticas possam ter contribuído significativamente para o ressurgimento da febre
amarela no Rio Grande do Sul em 2008 (VASCONCELOS, 2010). Para o autor, parece provável que os fatores
climáticos tenham desempenhado um papel importante na transmissão.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
372
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
As arboviroses são um crescente problema de saúde pública no mundo principalmente pelo potencial de
dispersão, pela capacidade de adaptação a novos ambientes e hospedeiros (vertebrados e invertebrados), pela
possibilidade de causar epidemias extensas, pela susceptibilidade universal e pela ocorrência de grande número
de casos graves, com acometimento neurológico, articular e hemorrágico. O fenômeno ambiental do aquecimento
global altera as temperaturas encontradas nas diferentes épocas do ano, fato que deve alterar também a
sazonalidade dos mosquitos vetores. Mesmo diante de dificuldades na atuação sobre fatores socioeconômicos e
ambientais, a área da saúde tem responsabilidades, como investimentos na prevenção, no diagnóstico e no
tratamento de infecções virais. A introdução de qualquer arbovírus em área indene ou com a presença do vetor
nunca deve ser negligenciada e fatores, sejam climáticos ou no ambiente, devem ser avaliados.
REFERÊNCIAS
AZEVEDO, R. S. S. et al. Arboviroses. In: Infectologia Pediátrica, 3. ed. São Paulo: Atheneu, p. 534-551, 2007.
BATISTA, P. M. et al. Soroepidemiological monitoring in sentinela animals and vectors as part of arbovirus
surveillance in the State of Mato Grosso do Sul, Brazil. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical,
v. 45, n. 2, p.168-173, 2012.
BHATT, S. et al. The Global Distribution and Burden of Dengue, in Nature, v. 496, n. 7.446, p. 504-7, 2013.
BRASIL. Ministério da Saúde. Mudanças climáticas e ambientais e seus efeitos na saúde: cenários e incertezas
para o Brasil/BRASIL. Ministério da Saúde; Organização Pan-Americana da Saúde. – Brasília: Organização
Pan- Americana da Saúde, 40p: il, 2008.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Boletim epidemiológico. v. 48, n 29, 2017.
Disponível em: <http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/o-ministerio/principal/secretarias/svs/boletim-
epidemiologico>. Acesso: 20 de out. 2017.
CAMPOS, G. S; BANDEIRA, A. C.; SARDI, S. I. Zika virus outbreak, Bahia, Brazil. Emerg Infect Dis, v. 21,
n. 10, 5pp, 2015.
CARDOSO, A. C. D. O espaço alternativo: vida e forma urbana nas baixadas de Belém, 265f. Belém:
EDUFPA, 265 pp. 2007.
373
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
DONALISIO, M. R.; FREITAS, A. R. R.; ZUBEN, A. P. B. V. Arboviruses emerging in Brazil: challenges for
clinic and implications for public health. Revista de saúde pública. v. 51, 2017.
FIGUEIREDO, L. T. M. The Brazilian Flaviviruses. Microbes and infection, v. 2, n. 13, p. 1643-1649, 2000.
GALATI, E. A. B. et al. Mudanças climáticas e saúde urbana. Revista USP, Brasil, n. 107, p. 79-90, dez. 2015.
HERVÉ, J. P. et al. Arboviroses: Aspectos ecológicos. In: Instituto Evandro Chagas - 50 anos de Contribuição
as Ciências Biológicas e à Medicina Tropical. Belém: Fundação Serviços de Saúde Pública, v.1, p. 409-437,
1986.
IPCC Climate Change 2001. The Scientific Basis. Contribution of Working Group I to the Third Assessment
Report of the Intergovernmental Panel on Climate Change. Cambridge University Press, Cambridge, United
Kingdom and New York, NY, USA, 881p, 2001.
McMICHAEL, A. J. Global climate change and health: an old story writ large. In: McMichael AJ, Campbell -
Lendrum DH, Corvalan CF, Ebi KL, Githenko A, Scheraga JD, et al, editors. Climate change and human health.
Risks and responses. Geneva: WHO; p. 1-17, 2003.
McMICHAEL, A. J.; WOODRUFF, R. E.; HALES, S. Climate change and human health: present and future
risks. Lancet, v. 367, p. 859-869, 2006.
MORENO, A. R. Climate change and human health in Latin America: drives, effects and policies.
Environmental Change, p. 157-164, 2006.
MOURÃO, M. P. G. et al. Mayaro fever in the city of Manaus, Brazil, 2007-2008. Vector Borne Zoonotic
Disease, v. 12, n. 1, p. 42-6, 2012. Disponível em: <https://doi.org/10.1089/vbz.2011.0669>. Acesso em: 29 out.
2017.
MOURÃO, M. P. G. et al. Arboviral diseases in the Western Brazilian Amazon: a perspective and analysis from
a tertiary health & research center in Manaus, State of Amazonas. Revista da Sociedade Brasileira Medicina
Tropical. n. 48, Suppl 1, p. 20-6, 2015. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/0037-8682-0133-2013>. Acesso
em: 26 de out. 2017.
MURRAY, P. R.; ROSENTHAL, K. S.; PFALLER, M. A. Togavírus e Flavivírus. Microbiologia médica. Rio
de Janeiro. Guanabara Koogan, p. 623-34, 2006.
REITER, P. Climate change and mosquito-borne disease. Environmental Health Perspectives, v. 109, p. 141-
161, 2001.
ROGERS, D. J.; RANDOLPH, S. E. The global spread of malaria in a future. Warmer World Science, v. 289,
n. 5485, p. 1763-1766, 2000.
374
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
RUEDA, L. M. et al. Temperature-dependent development and survival rates of Culex quinquefasciatus and
Aedes aegypti (Diptera: Culicidae). Journal of Medical Entomology, n. 27, p. 892-898, 1990.
RUST, R. S. Human arboviral encephalitis. Semin Pediatr Neurol, v. 19, n. 3, p.130-51, set. 2012.
SANTOS, N. S. O.; ROMANOS, M. T. V.; WIGG, M. D. Introdução à Virologia Humana. 2. ed. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan , 2008.
SILVA, M. L. C. R. et al. Outbreaks of Eastern equine encephalitis in Northeastern Brazil. Jou Vet Diagn Invest.
v. 23, n. 3, p. 570-5, maio 2011.
TAUIL, P. L. Controle de doenças transmitidas por vetores no sistema único de saúde. Informe Epidemiológico
SUS, v. 11, n. 2, p. 59-60, 2002.
TRANQUILIN, M. V. et al. First report of yellow fever virus in non-human primates in the State of Paraná,
Brazil. Ver Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, v. 46, n. 4, p.522-24, 2013.
TRAVASSOS DA ROSA, A. P. A. et al. Arboviroses. In: Leão RNQ. Doenças infecciosas e parasitárias –
enfoque amazônico. Belém: CEJUP; UEPA; Instituto Evandro Chagas; p.207-25. 1997.
VASCONCELOS, P. F. C. et al. Inadequate management of natural ecosystem in the Brazilian Amazon region
results in the emergence and reemergence of arboviruses. Cadernos de Saúde Pública, supl. 17, p. 155-164,
2001.
VASCONCELOS, P. F. C. et al. Arboviroses. In: Tratado de Infectologia. 4. ed. São Paulo: Editora Atheneu,
p. 339-351, 2009.
VASCONCELOS, P. F. C. Yellow fever in Brazil: thoughts and hypotheses on the emergence in previously free
areas. Revista Saúde Pública. v. 44, n. 6, p.1144-9, dez. 2010.
VASCONCELOS, P. F. C. et al. Arboviroses. In: LEÃO RNQ, BICHARA CNC, FRAIHA NETO H,
VASCONCELOS PFC, editores. Medicina tropical e infectologia na Amazônia. Vol. 1. Belém: Samauma, p.
481-503, 2013.
WHO. World Health Organization. Scientific Group. Arthropod-Borne and Rodent-Borne Viral Diseases.
Technical Report Series, n. 719, Geneva, 116 p. 1985.
375
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Maciel Martins da Silva1; Fernando Andrade de Oliveira2; Jonathan José Oliveira da Silva3; Pablo Dimitry
Dahas Watanabe4; Danilo Amaral Strauss Vieira5
1Bacharel em Geologia. Universidade Federal do Pará. [email protected]
2Bacharel em Geologia. Universidade Federal do Pará. [email protected]
3Bacharel em Geologia. Universidade Federal do Pará. [email protected]
4Bacharel em Geologia. Universidade Federal do Pará. [email protected]
5
Bacharel em Geologia. Universidade Federal do Pará. [email protected]
RESUMO
A drenagem ácida de mina (DAM) é uma solução que apresenta pH baixo e concentrações elevadas de íons
metálicos e sulfato. É comumente formada quando rejeitos de mineração de sulfetos passam por oxidação devido
o contato com a água e ar. Esse efluente pode ser muito prejudicial ao meio ambiente, quando entra em contato
com reservatórios de águas, rios e lagos. Neste trabalho objetivou-se testar a eficiência da rocha basalto, para
neutralizar uma DAM produzida sinteticamente e baseada em rejeitos de mineração de cobre. As variáveis
avaliadas foram: pH, condutividade elétrica (C. E.), granulação do reagente e tempo (h). No total o experimento
ocorreu em 290 horas. O basalto não demonstrou ser eficiente em diminuir a acidez da solução no tempo ocorrido
no experimento. Os melhores resultados foram obtidos no experimento com granulação argila/silte, onde das três
razões DAM/Rocha, a que apresentou melhores resultados foi a razão DAM/R=15 ml/g. Porém, foi observado
que houve enriquecimento de íons de ferro na solução, algo muito prejudicial ao tratamento, pois deveria diminuir.
Estima-se que grande parte dos metais livres de Ni e Al foram neutralizados, assim também como os íons de
sulfato (SO42+), devido a abrupta diminuição da condutividade elétrica (89,1 - 27,9 mS/cm). Mostra-se necessário
então, prolongar ainda mais o tempo de contato da DAM com o basalto, afim de diminuir mais a acidez do meio,
e posteriormente, realizar um novo tratamento com o intuito apenas de neutralizar o excesso de íons de ferro.
Palavras-chave: DAM. Basalto. Neutralização
Área de interesse do simpósio: Química Ambiental
376
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
1. INTRODUÇÃO
A drenagem ácida de minas (DAM) é uma solução aquosa com pH geralmente abaixo de 4,5 e com
diversidade de metais dissolvidos. Sua principal proveniência é de atividades de mineração, onde não há uma
política de controle a danos ao meio ambiente (BORMA; SOARES, 2002).
O contato da DAM com os recursos hídricos causam inúmeros efeitos toxicológicos aos ecossistemas
aquáticos e se ingerida pela população local, pode causar doenças como cirrose, diabete, câncer respiratório,
doenças intestinais, neurológicas, retardamento de crescimento entre outras, todas essas causadas pela
bioacumulação de metais pesados no organismo humano (FIGUEIREDO, 2000; RUBIO; TESSELE, 2002;).
O presente trabalho tem como proposta avaliar a rocha basalto como reagente neutralizador de uma DAM
sintética que possui propriedades de DAM geradas naturalmente em minerações de cobre, uma vez que, o Estado
do Pará, apresenta varias localidades onde ocorre mineração de cobre, como nos depósitos Salobo, Gameleira,
Sossego, Cristalino, entre outros (BRITO; SILVA; KUYUMJIAN, 2010).
2. METODOLOGIA
Para o entendimento do tratamento, as seguintes variáveis foram analisadas: tipo de agente neutralizador
(basalto), granulometria do agente neutralizador, tempo de contato (em horas), pH, condutividade elétrica e a
razão DAM/Rocha (DAM/R). A temperatura foi mantida entre 26 e 27 graus.
Ao todo, foram avaliadas 9 amostras, utilizando técnicas em batelada, nas três razões DAM/Rocha
(DAM/R), 15 ml/g, 30 ml/g e 45 ml/g, para cada fração granulométrica (argila/silte, areia fina, areia grossa).
Optou-se por produzir a drenagem ácida de mina artificialmente. A solução de DAM foi preparada baseada
no trabalho de Bernier (2005), quando algumas proporções foram adaptadas:
24,6531 g de sulfato de ferro hidratado (FeSO4.7H2O)
0,1479 g de sulfato de níquel hidratado (NiSO4.6H2O)
0,2451 g de sulfato de alumínio hidratado (Al2(SO4)3.16H2O)
22,7 ml de ácido sulfúrico (H2SO4 a 95-98%)
2 litros de água deionizada;
A amostra de basalto teve seu conteúdo mineralógico identificado pelo método de Difração de Raios-X.
As percentagens de cada mineral presente no basalto foram quantificadas pelo método de análise modal com
contagem de 1000 pontos por lâmina.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Acrescentar a discussão dos itens da Tabela 3 neste espaço para melhor visualização e compreensão dos
resultados obtidos.
3.1.2. Amostra de basalto
A composição mineralógica do basalto está disposto na Tabela 3.2.
Basalto
Anortita CaAl2Si2O8
Augita (Ca,Mg,Al)2(Si,Al)2O6
Clorita ((Mg,Al,Fe)12(Si,Al)8O20)
Hornblenda Ca2Na(Mg,Fe)4
(Al,Fe,Ti)AlSi8AlO22 (OH,O)2
Fonte: Dos autores.
A análise quantitativa em percentagem de cada mineral presente no basalto está na tabela 3.3.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Anortita 40
Augita 45
Clorita 6
Hornblenda 4
Hotsonita 4
Opacos 1
Total 100
Figura 3.5 - Diagrama mostrando a variação do pH e da Condutividade elétrica com o tempo utilizando 3 variações da razão DAM/Rocha
(15, 30, 45). A) diagrama pH versus Tempo. B) diagrama condutividade elétrica (C.E) versus Tempo. Legenda: DAM/R = razão
DAM/Rocha; C.E. =Condutividade elétrica.
A
2,5
1,5 DAM/R=15
pH
DAM/R=30
1
DAM/R=45
0,5
0
0 3 7 27 50 120 290
Tempo (h)
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
B
100
90
80
C.E. (mS/cm)
70
60 DAM/R=15
50 DAM/R=30
40
DAM/R=45
30
20
10
0
0 3 7 27 50 120 290
Tempo (h)
Fonte: Dos autores.
Os resultados para o comportamento da condutividade elétrica (C.E.) foram mais satisfatórios. Pois, nas
três razões DAM/R, os valores sempre estiveram diminuindo ao longo do experimento. Isso sugere que os metais
livres em solução e os íons sulfato estavam sendo precipitados da solução de DAM sintética. O melhor resultado
foi alcançado na razão DAM/R=15 ao final do experimento, onde aferiu o valor de 27,9 mS/cm (Figura 3.1 – B).
Comparação com a literatura????
Figura 3.2 - Diagrama mostrando a variação do pH e da Condutividade elétrica com o tempo utilizando 3 variações da razão DAM/Rocha
(15, 30, 45). A) diagrama pH versus Tempo. B) diagrama condutividade elétrica (C.E) versus Tempo. Legenda: DAM/R = razão
DAM/Rocha; C.E. =Condutividade elétrica.
1,8 A
1,6
1,4
1,2
1
pH
DAM/R=15
0,8 DAM/R=30
0,6 DAM/R=45
0,4
0,2
0
0 3 7 27 50 120 290
Tempo (h)
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
B
100
90
80
C.E. (mS/cm)
70
60 DAM/R=15
50 DAM/R=30
40
DAM/R=45
30
20
10
0
0 3 7 27 50 120 290
Tempo (h)
Fonte: Dos autores.
A condutividade elétrica teve seus valores cada vez menores ao longo do experimento para as três razões
DAM/R (figura 3.2 – B).As razões DAM/R igual a 30 e 45 tiveram seus comportamentos bem similares. O melhor
resultado foi alcançado no final de 290 horas pela razão DAM/R=15, onde o valor foi de 30,8 mS/cm.
3.2.3. Granulação areia grossa
O comportamento do pH ao longo do experimento obteve mais valores abaixo do inicial para as três razões
DAM/R (figura 3.3 – A). Isso sugere que dissociações liberando íons H+ prevaleceram até 50 horas de
experimento, a partir desse ponto, o pH começou a aumentar. Porém o valor do pH só ficou acima do valor inicial
a partir de 120 horas apenas na razão DAM/R=15.
Figura 3.3 - Diagrama mostrando a variação do pH e da Condutividade elétrica com o tempo utilizando 3 variações da razão DAM/Rocha
(15, 30, 45). A) diagrama pH versus Tempo. B) diagrama condutividade elétrica (C.E) versus Tempo. Legenda: DAM/R = razão
DAM/Rocha; C.E. =Condutividade elétrica.
A
1,8
1,6
1,4
1,2
1 DAM/R=15
pH
0,8 DAM/R=30
0,6 DAM/R=45
0,4
0,2
0
0 3 7 27 50 120 290
Tempo (h)
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
B
100
90
80
C.E. (mS/cm)
70
60 DAM/R=15
50 DAM/R=30
40
DAM/R=45
30
20
10
0
0 3 7 27 50 120 290
Tempo (h)
Fonte: Dos autores.
A condutividade elétrica passou a aumentar nas 3 primeiras horas para as três razões DAM/R (figura 3.3
- B). Isso provavelmente ocorreu devido o aumento dos íons H+ em solução. A partir das 3 horas a C.E. começou
a diminuir e se manteve em queda até as 290 horas paras as três razões DAM/R. Como se era esperado, o melhor
resultado para essa granulação foi na razão DAM/R=15.
3.3. AVALIAÇÃO DO FERRO TOTAL
3.3.1. Granulação argila/silte
A quantidade de ferro total nas três razões DAM/R aumentaram para mais de 3 vezes em relação ao valor
inicial (figura 3.4). Esse aumento é algo prejudicial ao tratamento, pois a quantidade deveria diminuir, devido a
quantidade inicial do ferro ser muito elevada na DAM. A explicação para esse aumento é devido o basalto ser
uma rocha que possui alto teor de ferro, sendo assim, foram incorporados na solução íons de ferro presentes nas
constituições de alguns dos minerais do basalto. Os prováveis minerais fornecedores de ferro são a clorita e a
honblenda, pois ambas são solúveis em meio ácido (LEINZ; CAMPOS, 1976).
Figura 3.4 - Gráfico comparativo dos valores inicial e final do ferro total nas razões DAM/R=15, 30 e 45 ao final de 290 horas.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
14000
12000
Fe (ppm) 10000
8000 Inicial
6000 Final
4000
2000
0
DAM/R=15 DAM/R=30 DAM/R=45
Figura 3.5 - Gráfico comparativo dos valores inicial e final do ferro total nas razões DAM/R=15, 30 e 45 ao final de 290 horas.
10000
9000
8000
Fe (ppm)
7000
6000 Inicial
5000
4000 Final
3000
2000
1000
0
DAM/R=15 DAM/R=30 DAM/R=45
Fonte: Do autor.
3.3.3. Granulação areia grossa
Constatou-se que também nessa granulação houve o aumento do valor do ferro para as três razões DAM/R
em relação ao valor inicial (Figura 3.6). Porém os valores de enriquecimento de ferro são menores em relação as
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
granulações areia fina e argila/silte. Isso ocorreu devido a menor velocidade na reatividade ocasionada pela
diminuição na granulação do reagente. (E a comparação com dados da literatura disponível?)
Figura 3.6 - Gráfico comparativo dos valores inicial e final do ferro total nas razões DAM/R=15, 30 e 45 ao final de 290 horas.
8000
7000
6000
Fe (ppm)
5000
Inicial
4000
Final
3000
2000
1000
0
DAM/R=15 DAM/R=30 DAM/R=45
4. CONCLUSÕES
O tratamento para drenagem ácida de mina (DAM) sintética com basalto, mostrou-se mais eficiente para
a neutralização de metais livres de Ni e Al, e neutralização dos íons sulfato (SO42-) no experimento de granulação
argila/silte e na razão DAM/R=15 ml/g. Porém, nessa mesma razão é observado um grande enriquecimento de
íons de ferro, o que é o oposto, pois deveria diminuir a quantidade de íons de ferro, para o tratamento ser mais
eficaz.
Em relação ao pH, também foi observado que o tratamento foi mais eficaz na granulação argila/silte e na
razão DAM/R=15 ml/g. Porém o máximo valor alcançado foi de 2,22, o que é ruim, pois segundo a resolução nº
357/CONAMA os valores de pH para descarte de águas doce estão entre 6 e 9.
Para que o tratamento seja provavelmente mais eficaz, sugere-se que as amostras de DAM fiquem por
mais tempo em contato com o reagente, devido a lenta cinética de reação do basalto. Posteriormente, realizar um
segundo tratamento nas amostras com o intuito de imobilizar os íons de ferro com a ajuda de um outro reagente.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
BRITO, R. S. C.; SILVA, M. G.; KUYUMJIAN, R. M. Modelos de depósitos de cobre do Brasil e sua resposta
ao intemperismo. Brasília, DF: CPRM, 2010.
FIGUEIREDO, B. R. Minérios e ambiente. Campinas, SP: Editora Unicamp, 2000.
LEINZ, V.; CAMPOS, J. E. S. Guia para determinações de minerais. Geologia geral. 6 ed. São Paulo-SP: Cia
Editora Nacional, 1976.
RUBIO, J.; TESSELE, F. Processos para o tratamento de efluentes na mineração. In: LUZ, AB.; SAMPAIO, JA.;
MONTE, MB. ; ALMEIDA, S.L. Tratamento de minérios. Rio de Janeiro: CETEM-CNPq-MCT, , 2002. p.
637-697.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Karla de Souza Santos1; Elanny Glicia Oliveira da Costa2; Brenda Caroline Sampaio da Silva3; Gessica de
Souza Santos4; Rildo Luis Jardim Santos Junior5.
RESUMO
A relevância do minério brasileiro remonta desde o período colonial. Entretanto no final da década de 70 houve
um desencadeamento na corrida do ouro na região da Amazônia. Nosso estudo teve como finalidade demonstrar
alguns dos problemas atrelados a extração mineral de ouro no estado do Pará. A área estudada foi o estado do
Pará situado ao Norte do Brasil. À pesquisa é do tipo bibliográfico descritivo, realizada através do levantamento
de livros, artigos e sites. Os dados coletados foram obtidos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, a
base de dados referente à extração de ouro pelo Sistema de Informações Geográficas da Mineração do
Departamento Nacional de Produção Mineral e análise e interpretação dos dados e elaboração dos mapas de
extração de ouro foram realizadas no Software Quantum Gis - QGIS versão 2.14 LTR Essen. Naturalmente no
estado do Pará, existem conflitos territoriais intensificados, pela descoberta de novas jazidas. A exploração
mineral contribuiu para o processo migratório e a reconfiguração territorial. O município de Altamira possui hoje
111.435 pessoas, segundo o IBGE, e 1.101 processos de exploração/uso de minérios desde 1971 até 2017 segundo
o DNPM , sendo destes, 98% localizado em áreas indígenas e mais 518 processos classificados como atividade
de mineração de ouro representando 96% do território indígena. O município abriga intensa atividade mineradora,
entretanto, implica em diversos conflitos associados a alguns grupos, pois parte da extração de ouro se encontra
em terras indígenas, resultando problemas socioeconômicos e ambientais. A extração de ouro adentra áreas
especiais de interesse ambiental, destinadas à preservação e proteção do patrimônio ambiental, apesar de relevante
para a economia contribui para conflitos decorrentes da atividade, seja pela exploração de terras ou pelo dano que
esta causa ao meio ambiente. Neste contexto, é imprescindível a atuação de políticas públicas, como instrumento
na gestão do planejamento urbano, já que a ausência potencializa a ocupação e o crescimento urbano em direção
à periferia. Portanto, nota-se uma enorme falta do poder público em defesa do interesse de povos.
1. INTRODUÇÃO
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
A relevância do minério nas indústrias brasileiras remonta desde o período colonial, as incursões dos
bandeirantes a procura de metais preciosos estabeleceram novas rotas para a ocupação do interior do Brasil e
resultaram na exploração de ouro, tendo início em Minas Gerais (BRASIL, 2016).
No final da década de 70 e 80 houve um desencadeamento de uma nova corrida do ouro na região da
Amazônia, entretanto foi apontado como acontecimento multi-condicionado, pela influência de fatores regionais,
nacionais e internacionais (MACMILLAN, 1993).
Na tentativa de controlar a ilegalidade da mineração artesanal do ouro foi criada a lei n° 7.805 de 18/07/89
que permitiu a Lavra Garimpeira criando as "reservas garimpeiras", fato impeditivo da simples retomada das
jazidas encontradas pelos garimpeiros, tal como ocorria no Brasil colonial. Todavia, a reserva garimpeira não
abstrai o garimpeiro da obediência às outras leis vigentes, como as que se referem à proteção ambiental
(RODRIGUES, et al., 1994)
Em 2007 o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) demonstrou em seu Anuário Mineral
Brasileiro (AMB) que entorno de 90% da produção de ouro é gerada por apenas cinco estados sendo estes: Minas
Gerais, Goiás, Mato Grosso, Bahia e Pará. No Pará a extração de ouro iniciou de forma histórica no final da
década de 1970, decorrente da descoberta de ouro na região sudeste paraense (ANGOTTI et al., 2016).
Apesar da importância econômica do ouro, a atividade mineradora e o garimpo promovem impactos
diretos na natureza, levando a deterioração do ambiente. Tanto o garimpo quanto a mineração extraem recursos
que se encontram no solo ou no subsolo, de onde são retirados diversos tipos de minérios, acarretando vários
problemas nesse processo, tantos ambientais como sociais (FREITAS, 2017). Dessa maneira, a pesquisa teve
como finalidade demonstrar alguns dos problemas atrelados a extração mineral de ouro no estado do Pará.
2. METODOLOGIA
A área de estudo foi o estado do Pará que se situa no Norte do Brasil, com limites: Suriname e Amapá ao
norte, Oceano Atlântico ao nordeste, Maranhão ao leste, Tocantins ao sudeste, Mato Grosso ao sul, Amazonas ao
oeste e Roraima e Guiana ao noroeste (Figura 1). Sendo um dos maiores estados do país com uma área de
aproximadamente 1.247.955,238 km², possuindo uma população estimada para 2017 de 8.366.628 habitantes
(IBGE, 2017).
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
A análise e interpretação dos dados e elaboração dos mapas de extração de ouro foram realizadas no Software
Quantum Gis - QGIS versão 2.14 LTR Essen.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
No Estado do Pará naturalmente existe conflitos territoriais, porém estes foram intensificados, com a
descoberta de novas jazidas, ao quais novas formas de conflito se instalam, criando em escala local conflitos entre
a exploração do subsolo e a reprodução de territórios tradicionais, conflitos entre a exploração do subsolo e as
dinâmicas territoriais anteriores e, por fim, conflitos entre a exploração do subsolo e o ecossistema. Também
apresentamos sucintamente como os conflitos se expressam em uma escala regional, impactando para além dos
locais onde se localizam as jazidas (ARRUDA, 1999). Assim, os impactos causados pela mineração, associados
à competição pelo uso e ocupação do solo, geram conflitos socioambientais pela falta de metodologias de
intervenção, que reconheçam a pluralidade dos interesses envolvidos. Os conflitos gerados pela mineração,
inclusive em várias regiões metropolitanas no Brasil, devido à expansão desordenada e sem controle dos
loteamentos nas áreas limítrofes, exigem uma constante evolução na condução dessa atividade para evitar
situações de impasse (CHAVES, 2013).
A exploração de minérios de uma região, contribui para migração da população em direção ao município
que detém as jazidas a serem exploradas, ocasionando uma reconfiguração territorial, o aumento da população se
dá, pela atração de empregos gerados pela atividade mineradora. Exemplo disso são os municípios de Marabá,
Parauapebas, São Felix do Xingu e Canaã dos Carajás, mostrando assim que o crescimento populacional está
atrelado a atividades mineradoras. Seus núcleos urbanos crescem mais que as de outras cidades e a maioria dos
municípios do estado do Pará. Emergindo um crescimento desordenado com infraestrutura inadequada,
empobrecimento, e o processo de ocupação que se dá com problemas e conflitos sociais. Dessa forma o
crescimento econômico é seguido de uma ampliação da desigualdade socioespacial e intensificação de conflitos
(PALHETA et al., 2017).
Essas populações sofrem, principalmente, com os problemas provenientes do modo com os quais os
empreendimentos do setor mineral são implantados, ainda aquém do papel inclusivo que poderiam melhor
assumir. Daí emerge o crescimento desordenado, o inchaço populacional, a infraestrutura inadequada,
empobrecimento, etc. (VERDE et al., 2014).
Os conflitos mais comuns nos municípios de atividades mineradoras são pelo uso da terra, ocasionando
desentendimento com extrativistas, quilombolas, pequenos agricultores, ribeirinhos, pescadores artesanais e
povos indígenas. Estes acabam perdendo parte de seu território, sua economia ocasionada pela atividade
mineradora, perdendo assim sua identidade e dinâmica territorial, sem nenhum tipo de compensação (COSTA
FILHO, 2014).
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Conforme Palheta et al. (2017), em municípios como Almeirim, Cachoeira do Arari, Barcarena, Porto de
Moz, Itaituba, Moju Altamira e Ulianópolis, quilombolas, extrativistas, ribeirinhos e pescadores artesanais têm
sofrido impacto direto das atividades mineradoras em seus territórios, seja pela instalação de jazidas, minerodutos,
linhões de transmissão de energia, hidrovias, hidroelétricas ou portos. Em municípios como São Félix do Xingu,
Altamira, Ourilândia do Norte, Marabá e Itaituba temos a intensificação dos conflitos pela posse da terra,
violência no campo e a dificuldade de se garantir a titulação aos pequenos proprietários que se veem ameaçada
pelo avanço da mineração na região. Em municípios como Itaituba, Altamira, Tucuruí, Bom Jesus do Tocantins,
Parauapebas e Ourilândia do Norte os povos indígenas resistem à instalação de atividades mineradoras em seus
territórios pelas grandes empresas ou pelo avanço da ação ilegal dos garimpeiros, além de lutar em outros casos
pela devida compensação econômicos dos impactos gerados por elas. Neste último caso, está claramente
demarcada que a disputa existente é entre o processo de apropriação do subsolo e o uso tradicional do território,
estando na pauta o respeito de elementos materiais, como a casa, o rio a floresta, por exemplo, e elementos
imateriais, como a memória, a história e as representações sociais, entre outros. Os conflitos gerados por
desflorestamento acúmulo de dejeitos, poluição hídrica, solo e ar, desrespeito aos limites estabelecidos para as
áreas de Proteção Ambiental (APA), para as Reservas Extrativistas (RESEX) e para as Terras Indígenas (TI) e a
deterioração do conforto ambiental, tem cada vez ganhando mais espaço e adeptos a favor, a mídia está sempre
presente. Os conflitos fundiários, como remoção forçada de povos tradicionais e cidadãos em geral de seu
território, a crescente violência pelo controle das áreas de jazida extração garimpeira entre outros. Nos espaços
em que a atividade não avança sob o signo da força e violência, ela avança como um saque legitimado por uma
estrutura política e jurídica que, em geral, deixa muito pouco para as comunidades locais, além das crateras e
impactos ambientais, é claro (OLIVEIRA et al., 2005).
Claramente a extração mineral é uma atividade necessária para o desenvolvimento social e econômico,
precisamos dos minérios extraídos, porém os impactos causados por ela geram conflitos socioambientais,
geralmente originados pela ausência de políticas públicas.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
na atividade de extração de ouro, pois apesar de ser extremamente necessárias para alguns processos, com o uso para
a mineração de ouro atribui-se novas características diferenciadas que originam vários problemas (BRASIL, 2006).
Há vários outros problemas gerados pela extração de ouro como os que ocorrem na paisagem. A poluição
visual é facilmente visualizada nos garimpos, pois se evidencia em curto prazo, e são geradas por diversas
atividades como desmatamentos resultantes da construção de pistas de pouso, dos acampamentos, das currutelas
e do desmonte de barrancos (CHAVES NETO, 2013). Modificação das alterações física dos leitos dos cursos
d’água pela atividade direta e diária do garimpeiro mergulhador que influencia direto na luminosidade interferindo
na comunidade fitoplanctônica que compõe a base produtiva da teia alimentar (CAHETÉ, 2011). Para Bastos e
Lemes (2011) os danos causados pela atividade de extração de ouro são diversos atingindo tanto o meio biótico
como o abiótico, de maneira direta e indireta.
Conforme Caheté (2011) outros efeitos da extração mineral são sentidos na atividade de desmontes que
ocasionam o assoreamento e/ou alteração nos cursos naturais das águas, levando à inundação de áreas até então
emersas e a formação de poças d’água isoladas, estes novos ambientes isolados, pela ausência de predadores,
tornam-se propícios para a proliferação de larvas de insetos, dentre as quais as do gênero transmissor da malária.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Figura 2 – Localização espacial da extração de ouro no município de Altamira – PA, desde 1971 a 2017.
Fonte: Autores,
2017.
socioeconômicos e ambientais para esses grupos. De acordo com estudos realizados por Curi (2005), os impactos
referentes a esse tipo de atividade nessas regiões estão diretamente associados à degradação do meio biótico e
abiótico, culminando na introdução de elementos estranhos à cultura indígena, que de acordo com a Constituição
Brasileira detém proteções regulamentadoras.
Logo, apesar de a mineração alcançar significativo crescimento econômico, tal crescimento deveria ser
acompanhado da manutenção do ecossistema natural e dos direitos dos índios, mas o negócio traz consigo uma
série de impactos a curto e longo prazo, sucedendo péssimas condições de vida para a população local, destituindo
esses grupos de suas terras, direitos e cultura, devido à hierarquia econômica advinda das grandes mineradoras
(VILLA VERDE et al., 2008).
Neste contexto, é imprescindível a atuação das políticas públicas, como instrumento na gestão do
planejamento urbano, pois na ausência destas, potencializa-se a ocupação humana e o crescimento urbano em
direção ás áreas periférico, originando um quadro crescente de conflitos (PONTES et al., 2013).
Figura 3 - Localização das áreas especiais e terras indígenas no município de Altamira.
Considerando os sérios impactos ambientais advindos da extração do minério de ouro, estão à degradação
da paisagem, ruídos e vibração, tráfego de veículos, poeira e gases, contaminação das águas, rejeito e estéril, e
impacto na área urbana (SILVA, 2007).
Ainda, um dos poluentes mais tóxicos é proveniente dos garimpos, o mercúrio é utilizado na separação de
partículas finas de ouro através da amalgamação e posterior separação gravimétrica; esse almagama é queimado,
gerando gases tóxicos para a atmosfera enquanto outras porções da substancia são perdidas, contaminando rios e
lagos. O mercúrio é ainda um bioacumulador, ou seja, ao estar presente na água, pode acumular-se em animais
do primeiro nível trófico, podendo chegar aos seres humanos e ocasionar sérios problemas de saúde (LACERDA,
1997).
Logo, o contato de uma atividade extremamente poluidora com áreas em que há necessidade de
preservação devido as suas diversas funções ecossistêmica, podem acarretar problemas a níveis globais e até
irreversíveis, tendo em vista que há a existência de espécies com caráter exclusivo de determinado bioma.
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A extração de ouro foi e é de extrema relevância para a economia brasileira, entretanto o que se nota ainda
é vários conflitos decorrentes dessa atividade, seja ele pela exploração de terras ou pelo dano que esta causa ao
meio ambiente. Portanto, o estudo analisou apenas um dos 144 municípios do estado do Pará que demonstrou ser
altamente explorado para a atividade em questão, deixando de lado os direitos alheios como é o caso dos povos
indígenas residentes dessas áreas. Povos que além de sofrerem com a exploração de suas terras e possíveis maus
tratos, também ficam expostos a doenças derivadas da mineração de ouro. Dessa forma, nota-se uma enorme falta
do poder público, pois os dados de mineração são de uma plataforma do governo, entende-se então, que estes
estão cientes do que vem ocorrendo na área. Salienta-se ainda, que esses dados são das empresas que solicitaram
permissão para a extração, levando em consideração que há ainda a ação de garimpos ilegais, a situação do
município e das áreas especiais e indígenas podem se encontrar bem mais explorada do que mostra o presenta
trabalho.
REFERÊNCIAS
ANGOTTI, M.; LOURENÇO, R. L; SÁ, C. M.; FERREIRA, A. C. S. Garimpo de Ouro, seus impactos
socioambientais e políticas públicas: Caso de ensino baseado no filme "Serra Pelada". Disponível em:<
https://www.researchgate.net/publication/316186383_Garimpo_de_Ouro_seus_impactos_socioambientais_e_po
liticas_publicas_Caso_de_ensino_baseado_no_filme_Serra_Pelada>. Acesso em: 05 de out. 2017.
BRASIL. A gestão dos recursos hídricos e a mineração. / Agência Nacional de Águas, Coordenação-Geral das
Assessorias; Instituto Brasileiro de Mineração. Brasília: ANA, 2006.
BRASIL. Departamento Nacional de Produção Mineral. Anuário Mineral Brasileiro: Principais Substâncias
Metálicas. Brasília: DNPM, 2016. Disponível em:< http://www.dnpm.gov.br/dnpm/publicacoes/serie-
estatisticas-e-economia-mineral/anuario-mineral/anuario-mineral-brasileiro/anuario-mineral-brasileiro-2016-
metalicos>. Acesso em: 26 out. 2017.
BRASIL. Departamento Nacional de Produção Mineral, Anuário Mineral Brasileiro. Brasília, 2007. Disponível
em: <http://www.dnpm.gov.br/dnpm/publicacoes/serie-estatisticas-e-economia-mineral/anuario-
mineral/anuario-mineral-brasileiro/anuario-mineral-brasileiro-2007>. Acesso em: 26 out. 2017.
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente - MMA. Os riscos do mercúrio: Convenção internacional definirá
critérios para uso do metal. Objetivo é proteger a saúde e o meio ambiente, 2017. Disponível em:<
http://www.mma.gov.br/informma/item/8985-os-riscos-do-merc%C3%BArio>. Acessado em 06 de
novembro de 2017.
CAHETÉ, F. L. S. A extração do ouro na Amazônia e suas implicações para o meio ambiente. 2011.
Disponível em:< http://repositorio.ufpa.br/jspui/bitstream/2011/3087/1/Artigo_ExtracaoOuroAmazonia.pdf>.
Acesso em: 31out. 2017.
COSTA FILHO, Aderval. Quilombos e Povos Tradicionais.pdf>. Acesso em: 06 nov. 2017.
CURI, M. V. Mineração em Terras Indígenas: Caso Terra Indígena Roosevelt. 2005. 206 p. Tese (Mestrado)
– Instituto de Geociências, Universidade Estadual de Campinas, São Paulo.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
LACERDA, L. D. Contaminação por mercúrio no Brasil: Fontes industriais vs Garimpo de ouro. Química
Nova, Niterói (RJ), vol. 20, nº 2, 1997. Disponível em:
<https://www.researchgate.net/profile/Luiz_Lacerda3/publication/262471719_Mercury_contamination_in_Braz
il_Industrial_sources_vs_gold_mining/links/0c96053987ac31a0c4000000.pdf>. Acesso em: 03 nov. 2017.
MAcMILLAN, G. J. Gold Mining and Land-Use Changes in the Brazilian Amazon. Universidade de Edinburgh;
Grã-Bretanha. Tese de Doutorado, 264 p., 1993.
OLIVEIRA, A. U.; OLIVEIRA, B. C.; FEARNSIDE, P. M.; ARAGÃO, J.; ORRICO, R.; ROCHA, J.;
FIGUEIREDO, W.; CARNEIRO FILHO, A.; ARBEX JÚNIOR, J.; TORRES, M. Amazônia revelada: os
descaminhos ao longo da BR-163. Brasília: CNPq, 2005. Disponível em:<
http://philip.inpa.gov.br/publ_livres/Livros%20inteiros/Amaz%C3%B4nia%20Revelada.pdf>. Acesso em: 06
nov. 2017.
PALHETA, J. M.; SILVA, C. N.; OLIVEIRA NETO, A.; NASCIMENTO, F. R. Conflitos pelo uso do território
na Amazônia mineral. Mercator, Fortaleza, v. 16, e16023, 2017. DOI: https://doi.org/10.4215/rm2017.e16023
ISSN: 1984-2201.
PONTES, J.C.; FARIAS, M.S.S.; LIMA, V.L.A. Mineração e seus reflexos socioambientais: Estudo de
impactos de vizinhança (EIV) causados pelo desmonte de rochas com uso de explosivos. Polêmica, vol. 12,
nº 1, 2013. Disponível em: < http://www.e-
publicacoes_teste.uerj.br/index.php/polemica/article/view/5277/3873>. Acesso em: 03 nov. 2017.
RODRIGUES, R.M.; MASCARENHAS, A.F.S.; ICHIHARA, A.H.; SOUZA, T.M.C.; BIDONE, E.D.; BELLIA,
V.; HACON, S.; SILVA, A.R.B; BRAGA, J.B.P.; STILIANIDI FILHO, B. Estudo dos impactos ambientais
decorrentes do extrativismo mineral e poluição mercurial no Tapajós - pré-diagnósticol - Rio de Janeiro:
CETEM/CNPq, 1994.
SILVA, J.P.S. Impactos ambientais causados por mineração. Rev. Espaço da Sophia, nº 8, Novembro, 2007.
TRIVIÑOS, A.N.S. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa em educação. São Paulo:
Atlas, 1987.
VERDE, R.B.R.V.; ALAMINO, R.C.J.; FERNANDES, F.R.C. Os desafios da extração mineral na Região
Norte em prol do desenvolvimento socioeconômico, 2014. Disponível em:<
http://verbetes.cetem.gov.br/verbetes/Texto.aspx?p=7&s=4>. Acesso em: 06 nov. 2017.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
VILLA VERDE, R.B.R.; YALLOUZ, A.V.; CASTILHOS, Z.C.; FERNANDES, F.R.C. Mineração e
garimpagem em Terras Indígenas: análise com ênfase na Ecorregião Xingu-Tapajós. In: XVI Jornada de
Iniciação Científica do Centro de Tecnologia Mineral, 2008, Rio de Janeiro. Anais da XVI Jornada de Iniciação
Científica, Rio de Janeiro, CETEM/MCT, 2008, 167-173.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Kátia Maria Silva da Silva 1; Beatriz Garcia Moura Pinheiro 2; Patrick Heleno Passos ³; Suezilde da Conceição
Amaral Ribeiro 4 ; Paola Haisse Negrão Dias 5
pesca. [email protected].
4 Doutorado em Engenharia de Alimentos. Universidade Estadual de Campinas. [email protected].
5 Mestranda em Ciências Ambientais. Universidade Federal do Pará. [email protected]
RESUMO
As Boas Práticas de Fabricação são procedimentos que objetivam garantir a segurança durante a manipulação dos
alimentos e proteger o consumidor contra possíveis problemas de saúde. A presente pesquisa foi realizada em
dois restaurantes, identificados como 1 e 2, na Vila da Algodoal localizada na Ilha de Algodoal/Maiandeua. Para
a realização da pesquisa, foi utilizado um Checklist, do qual foram verificadas as conformidades e não
conformidades que são estabelecidas na resolução nº 275/2002 da ANVISA (Agência Nacional de Vigilância
Sanitária). Desta forma foi comprovado que nenhum dos restaurantes estão em conformidade com a legislação
vigente. Através do Checklist foi possível identificar problemas higiênico-sanitários e físicos, nos equipamentos
e utensílios e nas práticas de manipulação, nos dois restaurantes estudados.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
1. INTRODUÇÃO
Para garantir a qualidade dos alimentos durante a comercialização, é necessário que haja um manuseio
eficiente. A manipulação inadequada dos alimentos oferece riscos físicos, químicos e microbiológicos, por isso
os serviços de comercialização devem implementar as Boas Práticas de Fabricação (BPF), que tem por objetivo
garantir a integridade e a qualidade dos alimentos, e compõem um conjunto de quesitos que devem ser cumpridos
para o melhor manuseio dos alimentos, que envolve desde as matérias-primas até o produto final (FANGLER e
TEIXEIRA, 2004).
A resolução nº 275/2002 da ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), estabelece quais os
cuidados higiênicos que se deve ter com os alimentos, com o espaço de comercialização, e com os utensílios
(BRASIL, 2002). No Brasil, a ANVISA é o órgão cuja a responsabilidade é considerar a necessidade de
aperfeiçoamento dos requisitos de controle sanitário na área de alimentação, para garantir a saúde da população,
levando em consideração a necessidade de inspeção sanitária e higiênico-sanitárias (KOYAKE et al., 2011).
Apesar da importância da implementação do BPF, muitos serviços de alimentação não o executam. Isso
contribui para que haja uma deficiência na qualidade da higienização dos equipamentos e das instalações do
estabelecimento, na manipulação dos alimentos, e na comercialização do produtos (STANGARLIN et al., 2009).
O descumprimento das normas estabelecidas pela legislação, reflete nos problemas relacionados ás
práticas de higiene em estabelecimentos comerciais. É fundamental que os responsáveis pelos serviços de
alimentação realizam o aperfeiçoamento em Boas Práticas de Fabricação com os manipuladores (VELHO e
GALVAN, 2013).
Desta forma, o programa BPF, objetiva garantir os aspectos de segurança e higiene de alimentos, tais
como: Assegurar a qualidade da matéria–prima e dos ingredientes, eliminar microrganismos patogênicos e
deterioradores por meio do processamento eficiente, eliminar a pós-contaminação e reduzir o crescimento de
microrganismos indesejáveis durante a estocagem e comercialização do produto (SILVA, 2008).
Em relação ao cumprimento de todos os itens discriminados, a classificação dos locais de comercialização
referem-se a valores entre 100% a 76%;75% a 51% e 50% a 0%, que define respectivamente dos em grupo 1,
grupo 2 e grupo 3, de acordo com a RDC nº 275/20027, da ANVISA, que estabelece que todos os itens da lista
de verificação devem ser cumpridos pelos estabelecimentos de comercialização.
O objetivo do presente estudo foi verificar as condições higiênicos sanitárias em dois restaurantes da Ilha
de Algodoal.
2. MATERIAL E MÉTODOS
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
A verificação das condições higiênico sanitárias foi realizada em dois restaurantes da Vila da Algodoal
localizada na Ilha de Algodoal/Maiandeua, no município de Maracanã/PA. A Ilha encontra-se no litoral nordeste
do Estado do Pará, e o percurso de acesso é realizado primeiramente por terra. O trajeto foi feito partindo de
Belém, a capital do estado, através da rodovia BR-316 até o município de Castanhal, em seguida é realizado um
percurso através das rodovias PA-136 e PA-Marudá (IDEFLOR-BIO, 2015). Para chegar até a Ilha, o acesso foi
feito por via fluvial, em uma duração de 40 minutos, até o porto da Vila.
Os dois restaurantes foram especificados como 1 e 2, e por meio de observações, foram avaliados as
condições dos manipuladores de alimentos; equipamentos, móveis e utensílios; produção e transporte de
alimentos, e documentação, segundo os requisitos do Checklist da Resolução nº 275, de 21 de outubro de 2002.
As situações encontradas foram avaliadas de acordo com os parâmetros: conforme, não conforme e não
se aplica. De acordo com a RDC nº 275/2002 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), os serviços
de alimentação, foram classificados em valores que referem-se a 100% a 76% ,75% a 51%,50% a 0%, que define
respectivamente em grupo 1, grupo 2 e grupo 3.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
O gráfico abaixo refere-se ao quesito Edificações e Instalações, e através das observações feitas nos dois
restaurantes, foi possível constatar que ambos não apresentavam teto, piso e paredes de coloração clara para
facilitar a higienização.
Gráfico 1- Análise dos quesitos de Edificações e Instalações. Sim (apresenta conformidade). Não (não apresenta
conformidade) e NA (não se aplica).
Edificações e Instalações
80,00%
63,64%
60,00% 48,05%
38,97%
40,00%
24,57%
20,00% 11,69% 12,98%
0,00%
Sim Não NA
Restaurante 1 Restaurante 2
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Os azulejos do piso e das paredes dos restaurantes do presente estudo possuíam muitas rachaduras e
deteriorações, isso dificulta a higienização do local. Para prevenir e reduzir risco de contaminação dos alimentos,
é necessário que os serviços de alimentação possam garantir a higienização completa das instalações, sendo
necessário desenvolver rotinas para realizar a limpeza de todas as áreas em que ocorre a manipulação (COSTA,
2014).
As portas e janelas dos dois restaurantes estavam em péssimo estado de conservação, já que as mesmas
eram de madeira, fato que facilita o acumulo de sujidades, dificultando a higienização.
No restaurante 1 também foi observada a presença de animais circulando no ambiente de manipulação dos
alimentos e de comercialização, entretanto, no restaurante 2 era inexistente a presença de animais. É necessário
que localização da unidade deve ser um lugar térreo, com um espaço físico adequado para as necessidades de
produção. A área deve ser livre de focos de insalubridade, de lixo, animais e objetos em desuso (OLIVEIRA,
2004).
Em relação a iluminação, foi verificado nos dois restaurantes que não existiam proteções contra quebras
nas lâmpadas, e as mesmas não eram limpadas rotineiramente. Ambos possuíam boa circulação de ar, entretanto
os ambientes não eram climatizados.
Gráfico 2- Análise dos quesitos de Equipamentos, móveis e utensílios. Sim (apresenta conformidade). Não (não apresenta
conformidade) e NA (não se aplica).
Equipamentos,móveis e utensílios
100,00%
76,20% 76,20%
80,00%
60,00%
40,00% 23,80% 23,80%
20,00%
0,00%
Restaurante 1 Restaurante 2
Sim Não
O gráfico acima mostra os resultados do quesito Equipamentos, móveis e utensílios avaliados nos dois
restaurantes. Nos locais verificados foi possível constatar que os utensílios tais como: talheres, pratos e copos
usados no preparo dos alimentos e que são disponíveis aos consumidores, estão em bom estado de conservação,
visto que não encontram-se enferrujados. Também foi observado que nos dois restaurantes não existe superfície
de corte de coloração clara e plana, facilitando a higienização. Em um estudo com os Equipamentos e utensílios,
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Gomes et al., (2012), afirma que utensílios como canecas, pratos e talheres de polipropileno não devem ser
utilizados, assim com objetivos de madeira, pois não podem ser limpos desinfetados com eficiência.
Na linha de produção, os equipamentos devem estar em número adequado e bem dispostos, a fim de
permitir uma fácil limpeza. Para a higienização dos equipamentos, é necessário que haja a eliminação dos resíduos
de alimentos, retirada da gordura com a utilização de produtos químicos, tais como detergentes e sabão. Após
isso, deve ser realizada a remoção do produto, seguida da sanitização com o sanificante apropriado
(TRIGO,1999).
É necessário que haja a higienização dos equipamentos que são utilizados para a manipulação dos
alimentos, com o objetivo de reduzir a quantidade de microrganismos patogênicos que podem vir a contaminar
os alimentos (VELHO e GALVAN, 2013).
Os mesmos devem apresentar superfícies lisas, íntegras, impermeáveis e de fácil higienização. Para a
conservação dos alimentos, os congeladores, refrigeradores, câmaras frigorificas devem apresentar medidores de
temperatura dispostos em local apropriado (BRASIL, 2002). Nos restaurantes 1 e 2, era inexistente a presença de
superfícies lisas, tais como bancadas e mesas, no qual eram realizadas a elaboração dos alimentos.
Gráfico 3- Análise do quesito de Produção e Transporte. Sim (apresenta conformidade). Não (não apresenta conformidade)
e NA (não se aplica).
Produção e Transporte
50,00% 42,42% 42,42%
40,00% 36,36%
30,30%
27,28%
30,00%
21,22%
20,00%
10,00%
0,00%
Sim Não NA
Restaurante 1 Restaurante 2
O gráfico acima mostra os resultados do quesito Produção e Transporte de alimentos. Foi constatado no
restaurante 1, que a matéria-prima destinada ao processamento, não são acondicionadas adequadamente, a
exemplo de alimentos de origem animal (carnes e pescados) que são armazenados sem que haja um controle na
temperatura nos locais de estocagem.
Em relação aos ingredientes e embalagens, foi observado nos dois restaurantes, que existe uma
armazenagem cuidadosa desses materiais, já que possuem um local separado e longe dos produtos de limpeza.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Foi observado também irregularidades no que diz respeito ao transporte da matéria-prima, pois a mesma
é transportada em carroças, entretanto os manipuladores tem a preocupação de separar os alimentos para que não
haja contaminação cruzada.
O recebimento da matéria-prima é um procedimento muito importante para que o estabelecimento
estabeleça normas internas com os parâmetros para a inspeção de recebimento, prevenindo o acesso a produtos
indesejados. Para garantir a qualidade dos produtos, é necessário que a unidade produtora de alimentos apresente
fornecedores qualificados (COSTA, 2014).
Gráfico 4- Análise dos quesitos de Manipuladores. Sim (apresenta conformidade). Não (não apresenta conformidade) e NA
(não se aplica).
Manipuladores
100,00%
78,57% 78,57%
80,00%
60,00%
40,00%
21,43% 21,43%
20,00%
0,00%
Restaurante 1 Restaurante 2
Sim Não
O gráfico acima faz referência ao quesito Manipuladores. Na pesquisa foi verificados que os
manipuladores dos dois restaurantes não fazem uso de uniforme de cor branca durante a elaboração das refeições.
Também foi observado que a mulheres que trabalham nos restaurantes apresentavam unhas grandes e com
esmaltes, não utilizavam toucas de proteção capilar e usavam anéis, pulseiras, colares e brincos.
Os manipuladores dos dois restaurantes aplicam os hábitos de higiene, tais como: lavagem das mãos
antes da manipulação dos alimentos, não espirram não cospem, não fumam durante a manipulação. A presença e
o uso adequado de lavatórios na área de manipulação dos alimentos são fundamentais, visto que a higienização
frequente e correta das mãos juntamente com a higiene pessoal de que manipula os alimentos, tem um papel
importante para garantir a qualidade do produto alimentício (XAVIER et al., 2016).
Todos os manipuladores devem estar cientes, dos perigos que o consumidor pode vir a sofrer por conta
da falta de higiene durante a manipulação dos alimentos. Para isso, é necessário que os mesmos realizem a sua
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
própria assepsia, e garantir o uso de uniformes de cor clara é indispensável, uma vez que é possível identificar as
manchas e resíduos alimentares (MUNHOZ et al., 2008).
Gráfico 5 - Análise do quesito de Documentação. Sim (apresenta conformidade). Não (não apresenta conformidade) e NA
(não se aplica).
Documentação
60,00% 55,56%
50,00%
50,00% 44,44%
38,88%
40,00%
30,00%
20,00%
10,00% 5,56% 5,56%
0,00%
Sim Não NA
Restaurante 1 Restaurante 2
O histograma acima refere-se ao quesito documentação. Foi constatado que não existe controle de manejo
de resíduo, manutenção periódica dos equipamentos, seleção das matérias-primas para garantir a segurança
durante o consumo dos alimentos. O Manual de Boas Práticas de Fabricação, não é executado por nenhum dos
restaurantes.
É necessário que os serviços de alimentação, executem o Manual de Boas Práticas de Fabricação, e os
Procedimentos Operacionais Padronizados (POP), devem estar estabelecidos, sendo de fundamental importância
que os estabelecimentos cumpram os processos de higienização de instalações, equipamentos e utensílios (SÃO
JOSÉ et al., 2011).
Gráfico 6 - Análise da classificação dos restaurantes da Ilha de Algodoal. Sim (apresenta conformidade), Não (não apresenta
conformidade) e NA (não se aplica).
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Análise de Classificação
80,00%
60,12%
60,00% 50,92%
40,00% 29,45%
21,48% 18,40% 19,63%
20,00%
0,00%
Sim Não NA
Restaurante 1 Restaurante 2
A partir do gráfico acima, podemos observar que os dois restaurantes da Ilha de Algodoal, não cumprem
as regras de Boas Práticas de Fabricação (BPF), visto que estão inseridos no grupo 3 de acordo com a RDC nº
275/2002, da ANVISA.O Restaurante 1 apresentou 60,12% de itens que não se aplicam a legislação vigente,
enquanto o restaurante 2, apresentou 50,92%.
4. CONCLUSÃO
Por meio das observações e dos resultados obtidos, foi possível inferir que os dois restaurantes não
executam as Boas Práticas de Fabricação (BPF), isso mostra que as regras estabelecidas pela RDC nº 275/2002
da ANVISA, não estão sendo cumpridas por ambos.
Através da pesquisa, foi possível concluir que o treinamento para os manipuladores de alimentos, é
indispensável para que as Boas Práticas de Fabricação sejam executadas da melhor forma, evitando qualquer tipo
de contaminação que possa vir a prejudicar o local de preparo e comercialização dos alimentos. Aplicar o
checklist, é de fundamental importância para avaliar o estado em que os restaurantes se encontram, entretanto, os
proprietários dos serviços de alimentação da presente pesquisa, não aplicam a legislação vigente, fato, que
contribui para que a qualidade dos alimentos comercializados, seja comprometida.
REFERÊNCIAS
ANVISA, Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Brasil. Resolução RDC nº 275, de 21 de outubro de 2002.
Disponível em: <http://www.rio.rj.gov.br/dlstatic/10112/5125403/4132350/ResoluuoRDC27521.10.2002.pdf>.
Acesso em 24 de outubro de 2016.
BRASIL, 2002. Resolução RDC nº 275, de 21 de outubro de 2002. Dispõe sobre o Regulamento Técnico de
Procedimentos Operacionais Padronizados e aplicados aos Estabelecimentos Produtores/Industrializadores de
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
FANGLER, M.; TEIXEIRA, E.B. A implementação das Boas Práticas de Fabricação num restaurante de
Ijuí/RS: Uma estratégia para a geração do conhecimento. XXIV Nac.de Eng. De Produção-Florianópoli.
Florianópoles-SC, 2004.1 p.
MUNHOZ, P. M; PINTO, J. P. A. N; BIONDI, G. F. Conhecimento sobre boas práticas por parte dos
manipuladores de alimentos na rede municipal de ensino – Botucatu, SP. Revista Higiene Alimentar, v.22, n.
166/167, p.29-31, 2008.
OLIVEIRA, A. M. de. Boas práticas de fabricação em uma unidade de alimentação do Distrito Federal.
Monografia (Especialização)-Universidade de Brasília, São Paulo, 2004.p 27.
SÃO JOSÉ, J. F. B. de; COELHO, A. Í. M. ; FERREIRA, K. R. Avaliação das boas práticas em unidade de
alimentação e nutrição no município de contagem-mg. v. 22, n. 3, 2011.
SILVA, D.L.D; CELIDONIO, F.A; OLIVEIRA, K.M.P. Verificação da temperatura de refrigeradores domésticos
para minimizar a deterioração e possíveis doenças veiculadas por alimentos. Revista Higiene Alimentar, v.22 n.
164, p.42-45, 2008.
STANGARLIN, L.; DELEVATI, M.T.S.; SACCOL, A.L.F. Avaliação da implementação do Manual de Boas
práticas e Procedimentos Operacionais Padronizados em serviços de alimentação. Revista Higiene Alimentar,
v.23, n.168/169, p.24-27, 2009.
TRIGO, V. C. Manual prático de higiene e sanidade nas unidades de alimentação e nutrição. São Paulo:
Varela, 1999.
VELHOR, R.A; GALVAN,C.T.G. Estudo de Caso sobre as Boas Práticas de Fabricação em restaurante no
município de Francisco Beltrão-PR. II Congresso Nacional de Pesquisa em Ciências Sociais Aplicadas –II
CONAPE. Francisco Beltrão-PR, 2013.9 p.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Karoline Morais de Menezes; Rosildo Santos Paiva; Paola Vitoria Brito Pires.
RESUMO
Estuários são caracterizados como zonas de transição localizadas entre o ecossistema limnético e marinho, onde
persistem condições de instabilidade, com períodos de maior influência terrestre e outros de maior influência
oceânica. Estudos sobre o fitoplâncton e suas respostas às variáveis ambientais representam importantes
ferramentas para a compreensão e diagnóstico dos impactos nos ecossistemas aquáticos. O estudo visa determinar
a variação físico-química, composição e biomassa fitoplanctônica das comunidades pertencentes ao Rio
Tracuateua-Pará no município de Tracuateua. O rio está localizado na mesorregião nordeste Paraense e
microrregião Bragantina. Foram coletadas amostras nos meses de Setembro/2016 e Julho/17 que corresponde ao
período seco e Dezembro/16 e Abril/17 referente ao período chuvoso, com seis pontos de amostragem. Para
analise qualitativa foi feito arrastos na superfície d’agua com rede de plâncton (64µm) e as amostras fixadas com
formol a 4%, para a analise quantitativa e de clorofila(a) as amostras foram coletadas diretamente da superfície
da água acondicionadas em formol a 4% e refrigeradas, respectivamente. Os dados físico-químicos foram medidos
in situ através de uma sonda multiparâmetrica. As espécies mais frequentes entre os meses foram Bellerochea
malleus, Coscinodiscus sp., Coscinodiscus perforatus, Trieres mobiliensis e Trieres regia e coscinodiscus oculus-
iridis. A maior densidade foi observada no mês de Dezembro/16 referente ao período chuvoso. Foi possível
concluir que o estuário do rio Tracuateua está intrinsicamente relacionado aos processos meteorológicos da região
amazônica e aos mecanismos hidrodinâmicos, condicionando variações espaciais nos seus parâmetros físicos e
químicos, consequentemente afetando sua biomassa e a composição da comunidade fitoplanctônica.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
1. INTRODUÇÃO
De acordo com Pritchard, estuário constitui um corpo d’água costeiro semifechado, que apresenta uma
conexão livre com o mar aberto, e no qual a água do mar é imensuravelmente diluída pela água doce derivada da
drenagem continental. Nesses ecossistemas persistem condições de instabilidade, havendo ocorrência de
constantes alterações determinadas pelos parâmetros físicos e químicos, com períodos de maior influência
terrestre e outros de maior influência oceânica. Essas alterações promovem respostas fisiológicas e estruturais
causando profundas modificações no desenvolvimento, sobrevivência e dispersão dos organismos
fitoplanctônicos (Eskinazi-Leça et al. 2004).
2. MATERIAL E MÉTODOS
Sua população estimada em 2004 era de 25.857 habitantes, com uma distancia da capital Belém de 250 km.
Apresenta clima equatorial quente e sub-seco. A vegetação predominante no Município são os campos naturais.
Os rios, Caeté, Lava Tudo, Das Pedras e Tracuateua são os principais recursos hídricos do município, além de
inúmeros igarapés e furos (Anuário, 2012). As amostras de plâncton foram coletadas em seis pontos, localizados
ao longo do rio Tracuateua nos meses setembro/2016, dezembro/2016, abril/2017 e julho/2017.
As amostras destinadas a composição de espécies foram obtidas a partir de arrastos de três minutos na
superfície d’agua com rede de plâncton de 64 µm, acondicionadas em frascos de polietileno e fixadas com formol
a 4%. A composição do fitoplâncton foi determinada através da montagem de lamina-lamínula para analise em
microscópio óptico binocular.
Para à determinação da densidade e biomassa (clorofila-a), foram coletadas amostras retiradas
diretamente da água da superfície e para a densidade foram acondicionadas em frascos com formol a 4% e sua
análise quantitativa foi realizada segundo o método de sedimentação descrito por Uthermöhl (1958). Para
biomassa as amostras foram filtradas em laboratório e sua leitura foi realizada em espectrofotômetro da marca
Bioespectro SP-22. Para o cálculo da concentração de clorofila-a foi utilizado a equação de Parsons e Strickland
(1963).
Os Físico-químicos foram medidos in situ através da Sonda Multiparamétrica HI 9828 HANNA ®. A
frequência de ocorrência foi determinada por meio de uma adaptação do cálculo utilizado por Mateucci & Colma
(1982).
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
409
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Os valores de densidade variaram entre 385 ind/L (Abril/17, Ponto 01) a 6000 ind/L (Dezembro/16,
Ponto 02). As espécies que mais contribuíram para estes valores foram Bellerochea malleus, Coscinodiscus sp,
Thalassionema nitzschioides, Thalassiosira sp., Triceratium favus, Trieres mobiliensis , Trieres regia e Melosiera
moniliformis.
Esses valores estão correlacionados com a pluviosidade amazônica, no qual as chuvas acarretam maior
disponibilidade de matéria orgânica no ambiente através da lixiviação do solo e ressuspensão de nutrientes do
fundo do rio, isso aumenta disponibilidade de nutrientes na coluna d’água, porém reduz a camada fótica inibindo
o aumento da biomassa fitoplanctônica que, só irá aumentar durante o período menos chuvoso até o início do
chuvoso
Figura 1. Densidade fitoplanctônica (Ind/l) referente aos meses de setembro/2016, dezembro/2016, abril/2017 e
Julho/2017.
7000
6000
DENSIDADE IND/L
5000
4000
3000
2000
1000
0
SETEMBRO JULHO DEZEMBRO ABRIL
no mês abril /17 referente ao período chuvoso, com amplitude de 30°C no mês de setembro/16 referente ao
período seco. Essas temperaturas da agua são características de ambiente amazônico, onde as menores
temperaturas ocorrem no período chuvoso em função da cobertura de nuvens, praticamente o dia todo e que não
permite a incidência de raios solares sobre a superfície da agua, e temperaturas mais elevadas no período menos
chuvoso, pois ocorre mais horas a exposição da água as incidências solares (Alves et al. 2012)
Para o pH, não foi observada significativa variação sazonal e espacial entre o período de estudo, variando
de neutro (7,0) a ligeiramente alcalino (7,8), não alcançando valores que prejudicassem a biota. Os valores dos
meses para o pH se mantiveram dentro dos limites para vida marinha de acordo com Resolução CONAMA nº
357/05.
Um dos parâmetros fundamentais para o desenvolvimento de uma comunidade em estuários é a salinidade,
tornando-se fator condicionante para o estabelecimento das espécies, visto que pode oscilar em função da maré e
da vazão dos rios, e os organismos que habitam estas áreas precisam estar adaptados às periódicas mudanças
salinas (Feitosa et al.1999).
No estudo a salinidade apresentou valores significantes para o mês de Setembro/16 representante do
período seco, com mínima de 14,07(psu) média de 14,61(psu) e máxima de 14,72 (psu), em relação aos meses de
julho/17, dezembro/16 e abril/17 que mostraram uma regressão da salinidade com médias de: 0,72; 0,72 e
0,68(psu ) respectivamente.
Com relação aos parâmetros de sólidos totais dissolvidos (STD) e condutividade elétrica (CE) é possível
observar uma relação linear entre os resultados. O STD não apresentou variações significativas ao longo dos
meses de setembro/16, dezembro/16 e julho/17 com médias de 717,00 mg/L, 722,50 mg/L e 728,33 mg/L,
respectivamente, exceto para o mês de abril/17 no qual obteve a menor concentração com média 681,33 mg/L.
Todos os pontos de coletas ao longo do Rio Tracuateua, dentre o período seco e chuvoso mostraram níveis
muito elevados de CE, fato que pressupõe que a área de estudo tenha recebido um maior aporte de nutrientes do
solo ocasionando um aumento dos valores de CE. A chuva por ter maior condutividade devido a dissolução de
partículas, quando em grandes quantidades, tende a diluir o número de portadores de carga na água, reduzindo a
condutividade. A entrada dessa água doce no estuário consequentemente diminui as concentrações de salinidade
e de partículas sólidas totais (SCANNELL et al.2001).
As resoluções do CONAMA 357/05, não estabelecem valores para CE, então se utiliza o valor
estabelecido pela Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (CETESB,2005), que é 100 µS/cm, sendo
que ambientes com CE acima desse valor são considerados impactados.
411
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
A Biomassa (clorofila-a) variou de 0,10 μg.L-1 (Abril/17 Ponto 01) à 3,71 μg.L-1 (Julho/17, Ponto 05).
A partir das médias obtidas dos pontos e dos meses de Setembro/16 (0,97 μg.L-1), Dezembro/16 (0,94 μg.L-1),
Abril/17 (0,28 μg.L-1) e Julho/17 (0,96 μg.L-1) foi possível observar que o mês de abril, correspondendo ao período
chuvoso, obteve menor média. Nenhum ponto de coleta entre os meses ultrapassaram a concentração de clorofila-
a permitida pelas normas da Resolução CONAMA 375/05.
O Maior valor de clorofila-a no período de estiagem foi em função da baixa quantidade de chuvas e uma
maior transparência da água, facilitando a realização de fotossíntese e produção de biomassa pelos organismos.
Figura 3. Biomassa Fitoplactônica referente aos meses de Setembro/16, Dezembro/16, Abril/17 e Julho/17
412
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
4,00
Clorofila a mg/m³
3,00
2,00
1,00
0,00
PT1 PT3 PT5 PT1 PT3 PT5 PT1 PT3 PT5 PT1 PT3 PT5
ABR DEZ SET JULHO
4. CONCLUSÃO
Através da realização deste estudo, foi possível concluir que o estuário do rio Tracuateua está
intrinsicamente relacionado aos processos meteorológicos da região amazônica e aos mecanismos
hidrodinâmicos, condicionando variações espaciais nos seus parâmetros físicos e químicos, consequentemente
afetando a biomassa e composição da comunidade fitoplanctônica.
No período de chuvoso, a drenagem continental tem influência na qualidade das águas estuarinas e no seu
transporte de nutrientes e material particulado. Dessa forma pode-se esperar que no período chuvoso as
concentrações de nutrientes sejam maiores que, apesar de favorecerem a produção de biomassa fitoplanctônica,
reduz a camada fótica e que, no período seco as águas costeiras em contato com as águas estuarinas, tenham
influência nos parâmetros de baixa turbidez, alto teor de oxigênio e pH levemente alcalino, fatores que certamente
contribuem para o aumento da biomassa.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALVES I. C. C.; EL-ROBRINI, M. L. S; MONTEIRO, S. M; BARBOSA, L. P.; GUIMARÃES, J. T. F.
Qualidade das Águas Superficiais e Avaliação do Estado trófico do Rio Arari ( Ilha do Marajó, Norte do
Brasil). Acta Amazonica. 2012. 42(1), p. 115-124.
BRAGA, E.S.; BONETTI, C.V.D.H.; BURONE, L. & BONETTI, F. J. Eutrophication and Bacterial Pollution
Caused by Industrial and Domestic Wastes at the Baixada Santista
Brasil. Ministério do Meio Ambiente. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução CONAMA, nº 357, de
17 de março de 2005. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/conama/. Acesso em: 21 Out. 2017.>
CETESB. Companhia Ambiental do Estado de São Paulo. Disponível em:
<http://www.cetesb.sp.gov.br/userfiles/file/agua/águas-superficiais/variaveis.pdf. Acesso em: 21 Out. 2017.>
ESKINAZI-LEÇA, E.; KOENING, M.L.; SILVA-CUNHA, M.G.G. Estrutura e Dinâmica da Comunidade
Fitoplanctônica. 2004, p. 353-373.
413
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
FEITOSA, F.A.N.; SILVA-CUNHA, M.G.G.; PASSAVANTE, J.Z.O.; NEUMANN-LEITÃO, S.; LINS, I.C.
Estrutura Do Microfitoplâncton No Sistema Estuarino Do Rio Goiana, Pernambuco, Brasil. 27. Trabalhos
Oceanográficos Da Universidade Federal De Pernambuco 1999, p. 15-25.
HONORATO-DA-SILVA, M.; PASSAVANTE, J.Z.O.; SILVA-CUNHA, M.G.G.; NASCIMENTO-VIEIRA,
D.A.; GREGO, C.K.S.; MUNIZ, K. Distribuição Espacial E Sazonal Da Biomassa Fitoplanctônica E Dos
Parâmetros Hidrológicos Do Estuário Do Rio Formoso (Rio Formoso, Pernambuco, Brasil). 32. Tropical
Oceanography, 2004, p. 89-106.
MATEUCCI, S. D.; COLMA, A. La Metodología Para El Estuco De Lavegetación.Collecion De Monografías
Científicas. Serie Biologia. V. 22, n. 1. 1982, p. 1-168.
ODUM, E P. Ecologia. Rio de janeiro: Guanabara, P.1988.434.
PARSONS, T, R; STRICKLAD, J. D. H. Discussion of spectrophotometric determination of marine plankton
pigments, with revised equations of as certaining clorhophyll a and carotenoids. Journal of marine research.
New haven: v. 21, n. 3 1963. p. 155-163. PERSICH, G.R.; ODEBRECHT, C.; BERGESCH, M.; ABREU, P.C.
Eutrofização e Fitoplâncton: Comparação Entre Duas Enseadas Rasas No Estuário Da Lagoa Dos Patos.
18. Atlântica, 1996, p. 27-41.
ROUND, F.E. Biologia Das Algas. 2 Ed. Rio De Janeiro, Guanabara, 1973, p. 212-228.
SCANNELL, P. W.; JACOBS, L. L. Technical Report: Effects of Total Dissolved Solids on Aquatic
Organisms. In: Alaska Department of Fish and Game: Division of Habitat and Restoration, junho, No. 01-06.
2001. Disponível em: <http://www.adfg.alaska.gov/static/home/library/pdfs/habitat/01_06.pdf Acesso em: 15
out. 2017.>
UTERMÖHL, H. Zurvervoll kommnung der quantitative phytoplankton methodik. N. 9 Mitteil. Internat.
Verein. Limnol, 1958, p. 837-855.
414
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Klauton Vieira Rodrigues1; Brendo Luiz Araújo Alves2; Maycon Viana Balbino3; Vitor Glins da Silva
Nascimento4Antônio Pereira Júnior5
1 Graduando em Engenharia Ambiental. Universidade do Estado do Pará Campus VI – Paragominas.
[email protected]
2 Graduando em Engenharia Ambiental. Universidade do Estado do Pará Campus VI – Paragominas.
[email protected]
3 Graduando em Engenharia Ambiental. Universidade do Estado do Pará Campus VI – Paragominas.
[email protected]
4 Graduando em Engenharia Ambiental. Universidade do Estado do Pará Campus VI – Paragominas.
[email protected]
5 Mestre em Ciências Ambientais. Universidade do Estado do Pará Campus VI – Paragominas.
RESUMO
Com o advento da urbanização, diversos impactos ambientais negativos emergiram em meio a sociedade, dentre
os quais destaca-se o uso e ocupação do solo de forma indevida, sobretudo, em Áreas de Proteção Permanente –
APP. A partir de tal problemática, surge a Avaliação de Impacto Ambiental – AIA, como um instrumento de
gestão e proteção dos recursos ambientais. O presente trabalho objetivou diagnosticar os impactos ambientais em
uma APP, atualmente degradada, localizada na Avenida Tamandaré – Bairro Centro, às margens da PA 125, no
município de Paragominas-PA. Além de propor medidas mitigadoras que possibilitem a recuperação da mesma,
considerando que as APP’s inseridas em meio urbano são alvo de inúmeras irregularidades que comprometem
significativamente a conservação da biodiversidade e da qualidade de vida da população, por isso destaca-se a
relevância do estudo, haja vista que a área enfatizada é fonte de poucas pesquisas. O método utilizado foi o
dedutivo, e a pesquisa foi classificada, quanto a natureza, como aplicada, em função da abordagem ela é
qualitativa com procedimento exploratório. Com base nos dados obtidos, pode-se diagnosticar diversos impactos
ambientais negativos nos meios físico, biológico e antrópico, os quais podem ser destacados: erosão do solo e
assoreamento do corpo hídrico, inserção de efluentes urbanos e construções arquitetônicas. Dessa forma,
percebeu-se um cenário totalmente degradado na área em que se realizou o estudo, sendo notório a influência
direta do meio antrópico no ambiente em questão.
415
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
1. INTRODUÇÃO
As Áreas de Preservação Permanente – APP’s, estabelecem um importante papel nos espaços urbanos,
uma vez que estas contribuem de forma significativa para a qualidade dos recursos hídricos e para a estabilidade
geológica, aumentando assim a biodiversidade da natureza (AMARAL; PEREIRA; BORGES, 2013).
Nesse contexto, as APP’s por cumprimento da legislação vigente, no Estado brasileiro, abrangem espaços
territoriais e bens de interesse nacionais, especialmente áreas protegidas, cobertos ou não por vegetação, com a
função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo
gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar da população (RIBEIRO, 2011).
Ademais, legalmente, o conceito de APP, emergiu no cenário ambiental brasileiro no ano de 1965 pela
Lei n. 4.771, que promulgou o Novo Código Florestal da época (década de 60). Tal regulamentação, apresenta
um caráter técnico na óptica da preservação das funções primordiais dos ecossistemas naturais e, uma visão
assídua sobre a importância de todos os tipos vegetação nativa (MELLO et al., 2014).
Em relação a APP, no atual cenário nacional, há uma definição que é fortemente difundida pelo Novo
Código Florestal Brasileiro, Lei n. 12.651:2012, Capítulo I, Artigo 3º, Inciso II. Tal definição, é herança da Lei
n. 4.771:1965 (2º Código Florestal Brasileiro), a qual foi a primeira legislação a conceituar Área de Proteção
Permanente (SIQUEIRA et al., 2016).
Em função disso, a Avaliação de Impactos Ambientais – AIA, é um importante instrumento de gestão e
proteção dos recursos ambientais, principalmente no que diz respeito à indicação de ações que previnem futuros
impactos, principalmente em áreas de APP e, visa sempre a sustentabilidade ambiental (MARTIM; SANTOS,
2013).
Para Salles et al. (2008) a elaboração da AIA tem como objetivo a prevenção dos impactos ambientais,
antes da execução de atividade ou ações antrópicas que possam acarretar significativa degradação da qualidade
do meio ambiente, fornecendo subsídios para o processo de tomada de decisão, considerando os fatores saúde,
bem-estar humano e meio ambiente, elementos dinâmicos no estudo para avaliação.
Assim, o presente trabalho objetivou diagnosticar os impactos ambientais em uma APP, atualmente
degradada, localizada na Avenida Tamandaré – Bairro Centro, às margens da PA 125, no município de
Paragominas-PA. Além de propor medidas mitigadoras que possibilitem a recuperação da mesma, considerando
que as APP’s inseridas em meio urbano são alvo de inúmeras irregularidades que comprometem
significativamente a conservação da biodiversidade e da qualidade de vida da população.
2. METODOLOGIA
2.1 ÁREA DE ESTUDO
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
O estudo foi realizado no município de Paragominas (Figura 1), a cidade está localizada às margens da rodovia
Belém-Brasília (BR-010), apresentando conexões com as rodovias estaduais PA-125 e PA-256. Pertence à
Mesorregião Sudeste Paraense. A sede municipal está limitada pelas coordenadas geográficas: 03º 00’00' S e 47º
21’30”W Gr. (SILVA et al, 2011).
Distante da Região Metropolitana de Belém 314 km, em uma superfície de, aproximadamente, 19.234 km2,
cuja vegetação é classificada como floresta equatorial densa. A hidrografia é constituída por duas bacias
principais: a do Capim e a do rio Gurupi, o relevo situa-se no domínio morfoestrutural dos planaltos em sequência
sedimentares não dobradas e a topografia possui áreas que variam entre 50 e 200 metros de altura (BRASIL,
2009).
A área estudada (Figura 2) está situada na Avenida Tamandaré, Bairro Centro, às margens da PA 125,
compreendendo parte do corpo hídrico denominado Igarapé Paragominas. Abrange 1km de extensão, com as
coordenadas 03º0’4.47’’S 47º20’41,92’’W no ponto inicial (Pi) e 02º59’38,80’’S 47º20’59.03’’W no ponto final
(Pf), ambas com uma elevação de 79 m.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
2.3 MÉTODO
O método utilizado foi o dedutivo, pois, Gerhardt e Silveira (2009), afirmam que se parte de duas
premissas verdadeiras, ou seja, as APPs estão em degradação antrópica e o crescimento urbano desordenado eleva
o grau dessa degradação. Como os resultados não foram relatados numericamente, Gil (2008) afirma que esse
tipo de a pesquisa é classificada como qualitativa. Complementou-se a esse método, o levantamento de dados
documentais cujo recorte temporal situou-se entre os anos de 2005 e 2017, com o propósito de identificar impactos
ambientais na área estudada. Realizou-se uma análise prévia do local, efetuando-se visitas in loco, seguida de
registros fotográficos, estes, foram efetuados em 5 pontos de distintos da área. Tal atividade teve ocorrência nos
dias 29 e 30 de abril de 2017, ou seja, foram realizadas duas visitas de campo. Também se utilizou de imagens
do Google Earth® Professional (2017) versão 7.1.8; além de consultas de legislação ambiental, de forma mais
específica, o Novo Código Florestal Brasileiro, Lei n. 12651:2012.
Além disso, para uma melhor análise dos impactos ambientais a serem identificados, utilizou-se o método
de matriz de interação de impacto ambiental (CREMONEZ et al., 2014), adaptado a realidade na qual o estudo
se insere. Para a matriz, adotou-se categorias de parâmetros e intensidades dos decorrentes impactos, tais como,
natureza: Negativo (N) ou Positivo (P); forma: Direto (D) ou indireto (I); abrangência: Local (L) ou regional (R);
reversibilidade: Reversível (REV) ou irreversível (IRR); magnitude: Pequeno (PEQ), Médio (MED) ou Grande
(G); significância: Pouco Significante (PS), Significante (S) ou Muito Significante (MS) (AMARAL; PEREIRA;
BORGES, 2013).
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Figura 3 – a) Vista lateral de uma erosão e diminuição da carga hídrica ; b) – Vista frontal do assoreamento do Igarapé
Paragominas. Paragominas - PA
a b
Fonte: Autores (2017).
Também se observou a presença de resíduos sólidos dispostos de forma inadequada no entorno da área,
bem como a inserção de efluentes de esgotos domésticos in natura, fatos que comprometem significativamente a
resiliência e o a depuração do meio. Sem mencionar que tais efeitos, causam prejuízos esteticamente desagradável
para área afetada.
4.2 IMPACTOS NO MEIO BIOLÓGICO
No que se refere ao meio biótico, percebeu-se o impacto de despejo de material particulado no corpo
hídrico, em quantidade pode influenciar negativamente no ecossistema aquático (Figura 4), é evidente que as
alterações dos parâmetros físicos e, consequentemente, dos aspectos biológicos do corpo hídrico. Além de ficar
evidente a alteração do ambiente natural.
a b
5. CONCLUSÃO
A partir da AIA efetuada em uma área de APP localizada na Avenida Tamandaré, pertencente ao
município paraense de Paragominas, constatou-se um cenário altamente degradado e diversos impactos
ambientais negativos, que interferem diretamente na existência e manutenção dos ecossistemas existentes, tais
como a vegetação, solo e o corpo hídrico. Muitos desses impactos são ocasionados exclusivamente por ações
antrópicas.
Portanto, faz-se necessária a aplicação de medidas mitigatórias na área de APP que resultem na
amenização dos impactos diagnosticados. Dentre tais medidas, destacam-se: reflorestamento das margens do
corpo hídrico com espécies preferencialmente nativas; controlar o aumento de espécies vegetais e animais
invasoras; ampliar o sistema de esgotamento sanitário municipal, afim de evitar o despejo inapropriado de
efluentes domésticos; inibir construções arquitetônicas no derredor da área de APP e, por fim, fazer aplicabilidade
da educação ambiental para a população do município, com o intuito de sensibilizá-la a colaborar com a
recuperação e conservação da área.
REFERÊNCIAS
AMARAL, E. A.; PEREIRA, S. G.; BORGES, D. C. S. Avaliação de impactos ambientais em área de proteção
permanente no bairro Céu Azul, em Patos de Minas-MG. Revista do Centro Universitário de Patos de
Minas. Patos de Minas, v. 1, n. 4, p.16-26, nov. 2013.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
MELLO, K. de et al. Cenários ambientais para o ordenamento territorial de áreas de preservação permanente no
município de Sorocaba, SP. Revista Árvore. Viçosa, v. 38, n. 2, p.309-317, jul. 2014.
MORAES, I. C. et al. Expansão urbana e degradação de áreas de proteção permanente em zonas urbanas: o caso
do córrego /conduta - Rio Claro/SP. 2009. Universidade Estadual Paulista – UNESP/CEAPL.
SALLES, M. H. D. et al. Avaliação simplificada de impactos ambientais na bacia do Alto Sorocaba (SP). Revista
de estudos ambientais. Sorocaba, v. 10, n. 1, p. 6-20, jun. 2008.
SÁNCHEZ, L.E. Avaliação de Impacto Ambiental: conceitos e métodos. São Paulo: Oficina de textos, 2008.
SILVA, D. A. da; PASQUALETTO, A.; CAMPOS, A. C. Avaliação dos impactos ambientais da área de
preservação permanente do Córrego dos Macacos, município de Teresópolis, Goiás. In: CONGRESSO
BRASILEIRO DE GESTÃO AMBIENTAL, 6., 2015, Rio Grande do Sul. Congresso. Porto Alegre: Ibeas, 2015.
p. 1 - 12.
SIQUEIRA, M. N. et al. Ecological Aspects Related to Ligneous Vegetation in the Permanent Preservation Areas
of Mineiros, Goiás, in Light of the New Native VEGETATION Protection Policy - Law 12.651/2012. Revista
Árvore. Viçosa, v. 40, n. 4, p.575-584, jan. 2016.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Kleve Freddy Ferreira Canteral ; Manuella Almeida Raiol da Silva ; Jôsi Mylena de Brito Santos ; Alessandra
1 2 2
1
Estudante de Engenharia Ambiental e Energias Renováveis. Universidade Federal Rural da Amazônia.
[email protected]
2
Estudante de Engenharia Ambiental e Energias Renováveis. Universidade Federal Rural da Amazônia.
[email protected]; [email protected]; [email protected];
[email protected]
RESUMO
A extração mineral possui grande relevância no cenário econômico, no entanto, os impactos advindos desta
atividade atingem diversos âmbitos. Os processos erosivos são os problemas mais recorrentes em função da
atividade supramencionada, aliado a ausência de cobertura vegetal, resultando na compactação dos solos. O
estudo foi desenvolvido no mês de setembro em uma área de extração de piçarra, situada no município de Igarapé-
Açu (PA), no qual se objetivou realizar um diagnóstico ambiental acerca dos principais problemas vinculados à
extração mineral, além de propor medidas alternativas para recuperação/regeneração da área com base no tipo de
vegetação presente no entorno da mesma. Ademais, foi realizada uma estimativa do percentual de perda de solo
utilizando o software QGis 2.14.16. e com o auxílio de uma trena para medições in loco das dimensões da área
avaliada. A partir de observações feitas na área de estudo, constatou-se que a tipologia do solo dessa localidade é
denominada Plintossolo Pétrico e o volume total estimado de solo retirado na exploração foi de 62.310 m3. Além
disso, identificou-se a presença de voçorocas e erosão em diversos pontos da região e em suas proximidades. A
vegetação presente é caracterizada como floresta secundária do tipo capoeira e os solos observados na região,
apesar da evidente degradação, observou-se regeneração natural por meio de vegetação secundária, auxiliando no
processo de resgate das propriedades naturais do local.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
1. INTRODUÇÃO
O processo de extração mineral vem se tornando um grande responsável pelo crescimento econômico
brasileiro, fato este que explicita ainda mais a geração de diversos impactos para o local de extração de piçarra, a
exemplo da retirada da vegetação, escavações, descaracterização do relevo, modificação da paisagem local,
alteração de processos de erosão e voçorocas, maximizando a compactação do solo (FERREIRA et al., 2010).
A compactação está intimamente relacionada à retirada de piçarra, uma vez que o uso de máquinas pesadas
acarretam danos iminentes a algumas propriedades físicas e mecânicas do solo, principalmente àquelas que
apresentam maior relação massa/volume, já que a compactação é um aumento da massa ou redução do espaço
poroso do solo, para determinado volume do mesmo, então caso não seja possível comprovar a compactação do
solo por meio de análises visuais, pode-se realizar análises quantitativas, podendo ser adotadas as análises das
propriedades físicas mais comumente apresentadas na literatura, com valor indicativo de ocorrência de problemas,
sendo estas: porosidade, densidade, infiltração de água e resistência à penetração (OLIVEIRA, 2001).
A vegetação é a proteção natural do solo contra a erosão hídrica, assim, a perda da cobertura vegetal agrava
processos erosivos, e também é um dos principais fatores do empobrecimento do solo. A erosão é um processo
natural lento e gradual onde ocorre o desprendimento, arraste e deposição das partículas do solo, causado pela
água e pelo vento (NUNES et al., 2011). Entretanto, pode ser intensificado em virtude das ações antrópicas, tais
como desmatamentos, atividades agropecuárias e manejo inadequado do solo, como ocorreu no município
visitado.
Além dos fatores antrópicos que atingem a região de retirada de piçarra, e que podem dificultar o
surgimento da vegetação, também existem fatores naturais relacionados ao tipo de solo. Segundo Moreira &
Oliveira (2008), os Plintossolos pétricos são “usualmente pobres quanto à fertilidade natural e, devido ao
impedimento, à mecanização e à penetração de raízes, representada pelas concreções”. Assim, devido essa
carência de nutrientes é comum que naturalmente a vegetação não apresente um bom desenvolvimento em
Plintossolos pétricos.
Neste contexto, objetivou-se verificar de maneira qualitativa os principais impactos, vinculados à extração
da piçarra, apontando algumas alternativas para a recuperação/regeneração da área, tendo em vista o tipo de
vegetação presente na área de estudo.
2. METODOLOGIA
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
O estudo foi realizado no município de Igarapé-Açu (PA), no qual se identificou a ocorrência de extração
de Piçarra (1°8’32.705”S, 47°37’42.571”W). O clima local, segundo a classificação de Köppen, é do tipo Am,
categorizando um clima quente e úmido, com precipitação pluviométrica média anual de 2000 mm, temperatura
média de 28°C e umidade relativa do ar de 85% (ALBUQUERQUE, 2010).
A topografia do local apresenta-se fortemente ondulada e o solo é classificado como Latossolo amarelo
textura média e solos concrecionários lateríticos nas terras firmes, além da existência de Solos Hidromórficos
indiferenciado e solos aluviais nas várzeas.
A identificação da área foi realizada em setembro de 2017. Com o auxílio do software QGis 2.14.16. foi
feito um levantamento prévio da área estudada e, para efetuar a medição da área, foi utilizada uma trena de 100
metros e assim foi possível fazer uma estimativa do percentual de solo perdido.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A partir de observações feitas na área de estudo, constatou-se que a tipologia do solo dessa localidade é
denominada Plintossolo pétrico, como ilustrado na figura 1 (a). O volume total estimado de solo retirado na
exploração foi de 62.310 m3 e pôde ser quantificado a partir de medições realizadas in loco, como disposto na
Figura 1 (b).
(a) (b)
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
ou horizonte litoplíntico, esse tipo de solo também sofre influência da disposição da variação sazonal do lençol
freático que é responsável, de forma geral, pelo limiar de concreções ferruginosas nos solos (EMBRAPA, 1999;
OLIVEIRA, 2001).
A gênese do Plintossolo está associada à segregação, mobilização, transporte e concentração de íons e
compostos de ferro (Fe), este que pode ser tanto oriundo do material de origem, como translocado de outros
horizontes ou proveniente de áreas adjacentes mais elevadas (DRIESSEN & DUDAL, 1989). Além disso, pode-
se estabelecer a Plintita como uma formação composta de mistura de material de argila com partículas de quartzo
e outros minerais, pobre em carbono e rica em Fe, ou Fe e Al, consolidada irreversivelmente a partir de inúmeros
ciclos de umedecimento e secagem.
Alguns pontos de voçoroca e erosão foram identificados na região e em suas proximidades
(1°8’12.476”S, 47°37’38.712”W) como mostram, respectivamente, as figuras abaixo.
Figura 2 - (a) Voçoroca identificada na área. (b)
Identificação de pontos de erosão.
(a) (b)
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Analisando a tabela 1, observa-se que foram identificadas 8 diferentes espécies arbóreas com o auxílio do
identificador botânico da UFRA. Foram observados quatro tipos de plantas com potencial medicinal, duas
palmeiras, uma planta ornamental e uma espécie pioneira em áreas degradadas.
As plantas medicinais de ocorrência na área foram, Arrabedeia (Arrabidaea Chica), Lacre (Vismia sp),
Sororoca (Ravenala guianensis Peterson) e Vassourinha de botão [Borreria verticillata (L.) G. Mey]. Entre as
plantas fitoterápicas, muitas propriedades curadoras existem e podem estar presentes na folha, no caule e até na
raiz, e os efeitos são variados, como anti-inflamatórios, cicatrizante, tratamento contra o reumatismo, protegem
contra infecções em dermatites e contra diabetes (COSTA & LIMA, 1989).
Também foi encontrada uma variedade de palmeiras, Buriti (Mauritia Flexuosa) e Inajazeiro (Maximiliana
regia). O buriti é uma planta que possui grande importância, pois seu aproveitamento é quase total, sendo as
formas de utilização diversificadas, tais como a extração de óleo, utilização da madeira do caule, uso da polpa
para produção de doces, e principalmente o uso no artesanato local, entre outras utilidades dadas à palmácea. O
Inajazeiro é típico de lugares secos, e seu uso é, sobretudo, para produção de biodiesel a partir da polpa e amêndoa
do inajá (KELLER, 2014; MOTA & DE FRANÇA, 2007).
Ademais, foram encontradas samambaias (Cecropia pachystachya), que são plantas ornamentais e
Embaúba (Cecropia pachystachya). A Embaúba é considerada uma espécie pioneira de ocorrência na mata
Atlântica, principalmente em borda da mata ou em matas secundárias, característica de solos úmidos e beiras de
rios (GODOI & TAKAKI, 2005).
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Entretanto, as características supracitadas não são a realidade encontrada na região de extração de piçarra,
porém a presença dessa planta pode ser explicada pela elevada temperatura do ambiente. Segundo Godoi &
Takaki (2005), as sementes da embaúba possuem maior eficiência na germinação quando ficam expostas a
temperaturas médias de 30 °C, tendo variações entre 25 e 35°C. Sendo assim, considerou-se a espécie como
pioneira na recuperação da região.
Figura 3 - Vegetação da área de retirada de Piçarra. As figuras a, b, c, d, e, f representam as diferentes espécies
encontradas.
(a) (b)
(c) (d)
Diante de todas as alterações das características ambientais da região devido a exploração mineral, ocorre
o surgimento de grandes áreas degradadas ao final da exploração, que se tornam “vazios”, pois conforme assegura
Kopezinski (2000) o “bem mineral extraído não retorna mais ao local, fica em circulação, servindo ao homem e
às suas necessidades”. Entretanto, políticas públicas surgiram com intuito de obrigar as empresas mineradoras a
recuperar a zona degradada ou dar uma outra finalidade para a mesma, como é mostrado no Art. 225, parágrafo
2 da Constituição Federal, dedicado ao meio ambiente e quanto à obrigação daquele que explorar os recursos
minerais de recuperar o meio ambiente degradado.
O Art. 225 institui que,
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e
essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de
defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
§ 2º Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio ambiente degradado,
de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma da lei.
Sendo assim, uma alternativa de recuperação para o espaço e para evitar a perda por erosão hídrica é
utilizar a metodologia de recuperação de áreas da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA),
onde há introdução de espécies vegetais como as leguminosas arbóreas e arbustivas capazes de crescer sob
condições adversas, fazendo uma associação planta-rizóbio-fungo micorrízico, que proporciona um crescimento
rápido das plantas, independentemente do nitrogênio disponível no solo. Também é necessário realizar o aumento
no conteúdo de matéria orgânica e da atividade biológica, por meio do aporte de material vegetal, via serapilheira.
Uma alternativa à aplicação da serapilheira é adição de uma camada de solo superficial sobre a região que será
plantada.
Segundo Magalhães (2002), o discurso da sustentabilidade e do desenvolvimento, se orienta no
sentido da obrigatoriedade de tratá-lo de maneira multidimensional que articula os aspectos econômicos, políticos,
éticos, sociais, culturais e ecológicos, evitando o reducionismo do passado. Outra prática sustentável para
reabilitação é o turismo local, sendo que diversas cidades já adotaram esta medida de recuperação, a exemplo de
Curitiba que implantou um parque, onde no passado configurava uma área de exploração mineral. Assim, a
reutilização das extensões degradadas pela exploração de piçarra para fins turísticos pode dar-se com a
transformação das áreas em parques temáticos, museus, espaços para educação ambiental, ou, até mesmo,
utilizando as cavas como atrativo turístico.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O município de Igarapé-Açu vem se desenvolvendo positivamente ao longo dos últimos anos, e hoje tem
ganhado destaque econômico, contudo demonstraram níveis de degradação preocupantes, percebendo-se a
presença de áreas em piçarras, desmatadas e poluídas ambiental e visualmente pela presença de resíduos diversos.
O monitoramento por meio do uso de geotecnologias permite melhor visualização das consequências geradas
pelo uso e ocupação das áreas e facilita o mapeamento de pontos críticos e pontos de riscos para o ambiente e
comunidade ao entorno.
A vegetação identificada na área é caracterizada como floresta secundária do tipo capoeira, consequente
de distúrbios antrópicos que a vegetação primária sofreu, isso se dá através de um processo de regeneração natural.
A biodiversidade existente na área de estudo deste relatório, é eficiente para trazer boas indicações do grau de
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
antropização da região, e podem ser utilizadas através de estudos mais aprofundados para apontar impactos
relevantes no equilíbrio ecossistêmico.
Para os solos observados na região, os quais possuem a ação de forte intemperismo, apesar da evidente
degradação observou-se regeneração natural por meio de vegetação secundária, auxiliando no processo de resgate
das propriedades naturais do local. Porém, é necessário que haja ações interventivas para acelerar esse processo
de recuperação, como a adoção de PRADAS – Projetos de Recuperação de áreas degradadas, por meio dos órgãos
governamentais presentes na região.
REFERÊNCIAS
EMBRAPA. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Centro Nacional de Pesquisas de Solos. Sistema
Brasileiro De Classificação De Solos. Brasília, Embrapa. Produção de Informações; Rio de Janeiro, Embrapa
Solos 1999. 412p.
COSTA, P. R. C.; LIMA, E. A. Simpósio Brasileiro de Química e Farmacologia de produtos naturais. Rio de
Janeiro, 1989.
DRIESSEN, P.M. & DUDAL, R. Lecture notes on the geography, formation, properties and use of the major soils
of the world. Wageningen, Agricultural University, p. 296, 1989.
FERREIRA, W.C; BOTELHO, S.A; DAVIDE, A.C; FARIA, J.M; FERREIRA, D.F. Regeneração natural
como indicador da recuperação de área degradada a jusante da usina hidrelétrica de Camargos, MG. Revista
Árvore, n. 34,p. 651-660, 2010
KOPEZINSKI, Isaac. Mineração X Meio Ambiente: considerações legais, principais impactos ambientais e seus
processos modificadores. Porto Alegre: UFRGS, 2000.
MAGALHÃES, C. F. Diretrizes para o turismo sustentável em municípios. São Paulo: Roca, 2002.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
MOTA, R.V ; DE FRANÇA, L. F. Estudo das características da ucuuba (virola surinamensis) e do inajá
(maximiliana regia) com vistas à produção de biodiesel. Revista cientifica da UFPA, n. 01, v. 06, 2007.
NUNES, A. N.; ALMEIDA, A. C.; COELHO, C. O. A. Impacts of land use and cover type on runoff
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Láira de Cássia Almeida Alves1; Rafael Aleixo Coelho de Oliveira 2; Marcos Vinícius Lima Chaves3; William
Cardoso de Sousa4
RESUMO
O Programa Brasileiro de Acessibilidade Urbana tem o objetivo de incluir uma nova visão no processo de
construção das cidades, que considere o acesso universal ao espaço público por todas as pessoas e suas diferentes
necessidades. No entanto, observando as cidades brasileiras, percebe-se que nem sempre seus espaços são
acessíveis a todas as pessoas, ou seja, vivemos em um meio projetado para pessoas jovens e que não apresentam
dificuldade alguma de locomoção, sendo comum encontrar barreiras para que cidadãos com mobilidade reduzida
possam utilizar de forma plena o ambiente onde vivem. Esse trabalho objetiva analisar a acessibilidade do bairro
Reduto de Belém, através de revisões bibliográficas e pesquisas in loco. Registrou-se a situação das calçadas, a
existência e situação de rampas de acesso, ciclovias, faixas de pedestres e sinalização tátil, bem como
cronometrou-se o tempo de sinal aberto de dez vias do bairro, escolhidas dentre as treze vias principais. Conclui-
se que o bairro ao longo de sua história não foi comtemplado com um planejamento urbano, apresentando
dificuldades por ter sido construído em uma época onde o fluxo de veículos era mínimo. Desse modo, suas ruas
demasiadamente estreitas são um obstáculo para os circulantes, principalmente para os mais para as pessoas com
dificuldade de locomoção, como portadores de deficiências, além de pedestres e ciclistas.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
1. INTRODUÇÃO
O Programa Brasileiro de Acessibilidade Urbana - Brasil Acessível -, lançado no dia 2 de junho de 2004,
tem o objetivo de incluir uma nova visão no processo de construção das cidades que considere o acesso universal
ao espaço público por todas as pessoas e suas diferentes necessidades. Um dos desafios colocados para todos os
municípios brasileiros é a inclusão de parcelas especiais da população no cotidiano das cidades, ou seja, tornar a
cidade acessível a todos. A acessibilidade é um elemento das políticas de mobilidade urbana que promove a
inclusão social, a equiparação de oportunidades e o exercício da cidadania das pessoas com deficiência e idosos,
com o respeito aos seus direitos fundamentais (MINISTÉRIO DAS CIDADES, 2006).
Observando as cidades brasileiras, percebe-se que nem sempre seus espaços são acessíveis a todas as
pessoas. A sociedade vive em um meio projetado para pessoas jovens e que não apresentam nenhuma dificuldade
de locomoção ou mobilidade reduzida. É comum encontrar em diversas cidades calçadas irregulares ou mesmo
com buracos, praças com barreiras físicas e técnicas, sem falar da dificuldade de acesso a bancos, farmácias,
supermercados, hospitais e áreas de lazer. Todas essas barreiras podem prejudicar ou mesmo impedir que um
cidadão utilize de forma plena o ambiente onde vive. Dentre os sujeitos em desvantagens, os idosos se apresentam
como um público representativo e muitas vezes se veem confinados em suas casas, privando-se de sua
participação no convívio social (FREIRE JÚNIOR, 2013).
Por estes motivos, torna-se relevante realizar estudos sobre acessibilidade no intuito de se identificar
problemas de acessibilidade urbana, e com base nesses resultados, criar propostas de soluções que promovam a
inclusão de todo cidadão, principalmente os que apresentam alguma deficiência ou mobilidade reduzida
(FRANÇA, 2011). Com o objetivo discutir a acessibilidade no bairro Reduto de Belém realizou-se esta pesquisa,
que se justifica pela escassez de estudos que abordem esta temática.
2. METODOLOGIA
-Área de Estudo
O Reduto possui uma área de 76,1 hectares e 45 quarteirões constituídos por três avenidas, sete ruas,
quatro travessas e algumas vilas e pequenas alamedas. Seu relevo é bastante irregular, dividindo o bairro em duas
porções. A porção leste é a parte mais elevada do bairro, sendo conhecida como Alto Reduto. A parte oeste,
próxima a Baía do Guajará é mais baixa (anteriormente era uma região alagadiça), conhecida como Baixo Reduto,
onde abriga a maior parte da estrutura do Porto de Belém. O bairro está integrado ao Distrito Administrativo do
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Centro, localizado na Zona Centro-Sul da cidade. Na Figura 01 é possível observar parte dos bairros belenenses
adjacentes à Baía do Guajará, onde o Reduto encontra-se ampliado.
-Coleta de dados
Para a coleta dos dados foram percorridas dez vias do bairro: (1) Avenida Visconde de Souza Franco; (2)
Avenida Assis de Vasconcelos; (3) Avenida Marechal Hermes; (4) Travessa Quintino Bocaiúva; (5) Travessa Rui
Rua Tiradentes; (6) Rua Gaspar Viana; (7) Rua da Municipalidade; (8) Rua 28 de Setembro; (9) Rua Aristides
Lobo; (10) Rua Ó de Almeida
Figura 1 – Mapa com os bairros Belenenses adjacentes à Baía do Guajará, com o Reduto ampliado.
As visitas in loco ocorreram durante dois finais de semana de maio de 2017, nos quais se percorreram as
vias tomando-se os devidos registros de:
1) Situação de Calçadas;
2) Existência e situação das rampas de acesso;
3) Existência e situação das ciclovias;
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
- Análise de dados
Os dados obtidos foram reunidos e organizados em uma planilha Microsoft Excel 2010. Houve dois tipos
de resultados para cada item, do 1 ao 5. Para melhor visualização destes em relação ao total de resultados foi
gerado um gráfico de pizza. O item seis foi disposto em ordem crescente de valores na planilha, de onde se extraiu
o valor máximo e mínimo e se calculou a média.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
1) Calçadas
Na maioria das vias do Reduto foram encontradas calçadas que encontrava-se completamente obstruídas,
ou seja, não era humanamente possível transitar em pelo menos uma parte delas, nem mesmo para pessoas sem
dificuldade de locomoção. Na maioria dos casos, a obstrução se deu em função da presença de postes de
iluminação pública, mas em um ponto, se deu em função de uma fábrica de produtos de higiene que simplesmente
se apropriou totalmente de um trecho grande de calçada. Nestas situações, aos pedestres só resta a opção de
caminhar diretamente na via, pondo em risco a sua segurança, já que fica muito rente aos veículos que ali passam.
A Figura 2 mostra em termos percentuais o número de vias onde se tem calçadas completamente obstruídas.
De acordo com o Portal Mobilize Brasil (2012), calçadas de boa qualidade são equipamento fundamental
para a mobilidade urbana sustentável. Além da importância para o transporte, as calçadas funcionam também
como um sensor da qualidade de urbanização de uma cidade. Alguns pensadores afirmam que se pode medir o
nível de civilização de um povo pela qualidade das calçadas de suas cidades.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Calçadas
Com
40% Obstução
60% Sem
Obstrução
2) Rampas de Acesso
Perceberam-se, no Reduto, além da falta de rampas nas calçadas, irregularidades nestas, as quais, não
cumpriam efetivamente a sua função de promover a acessibilidade a pessoas com mobilidade reduzida. No total,
foram contabilizadas 26 rampas de acesso, das sete eram defeituosas. A Figura 4 mostra em termos percentuais o
número de rampas consideradas efetivas na promoção de acessibilidade.
Segundo BITTERCOURT (2008), a vida de pessoas com mobilidade reduzida muitas vezes se torna mais
difícil do que ela deveria ser pela resistência de outras pessoas em cumprir com regulamentações básicas de
mobilidade. Além disso, em alguns casos mesmo onde se identifica a existência de rampas, constata-se o não
atendimento destas às normas vigentes. Além da inclinação elevada, algumas rampas avançam sobre o
alinhamento da rua, atuando como barreira física.
Rampas de Acesso
3) Sinalização Tátil
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
No Reduto, os índices de piso tátil nas calçadas foram baixíssimos, estando limitados ao entorno de um
Shopping Center situado no bairro e a dois outros empreendimentos. Ainda assim, somente o do Shopping Center
estava em boas condições.
De acordo com FARIA (2014), para quem tem o sentido da visão normal, a sinalização tátil pode passar
despercebido. Porém, para as pessoas com deficiência visual ou baixa visão, ela é indispensável, pois, estas
pessoas ganham mais autonomia e segurança na locomoção. O piso tátil tem a função de guiar o fluxo e orientar
os direcionamentos nos percursos de circulação por parte da pessoa com deficiência.
4) Ciclovias
No bairro analisado, apenas uma das vias, Visconde de Sousa Franco possui ciclovia. A Figura 4 ilustra
em termos percentuais o número de vias que apresentam ciclovias.
Para BOARETO (2007), a adoção de meios de transportes individuais de locomoção urbano é de suma
importância, não só para o sistema geral de transporte, como para a natureza, o meio ambiente, mas para os
usuários em geral. A utilização de meios de transportes ativos, como é o caso da bicicleta representa um enorme
ganho para a sociedade como um todo. A Organização das Nações Unidas - ONU elegeu a bicicleta como meio
de transporte ecologicamente mais sustentável para o planeta. Embora tenha recebido esta honraria, grande parte
dos países não dão a atenção necessária aos seus usuários.
Ciclovias
10%
Possuem
Não possuem
90%
5) Faixa de Pedestres
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Do total de 18 faixas encontradas nas vias percorridas, 04 delas precisavam com urgência serem reparadas,
em virtude da sua baixa visibilidade. A Figura 5 abaixo mostra em termos percentuais o número de faixas que
estão regulares e irregulares.
De acordo com o Manual de Sinalização do DENATRAN (2000), a faixa de pedestres é uma marcação
transversal ao eixo da via que indica aos pedestres o local desta que poderão utilizar para atravessá-la de maneira
segura, já que também adverte os motoristas da existência deste movimento de travessia. Por esse motivo, é
imprescindível para se evitar acidentes que a faixa esteja em boas condições de visibilidade.
22% Má Visibilidade
Boa Visibilidade
78%
No Reduto, o tempo médio dos semáforos foi de um minuto, o tempo mínimo de quarenta e cinco segundos
e máximo de um minuto e quinze segundos, tendo em vista que a largura das vias do bairro eram pequenas, os
tempos foram considerados bons, mesmo para quem possui dificuldade de caminhar.
Segundo FREIRE JÚNIOR (2008), a velocidade de deslocamento das pessoas é uma informação
importante e que deve ser levada em consideração nos projetos urbanísticos. Na maioria das cidades brasileiras,
utiliza-se uma velocidade de deslocamento de 1,2m/s como parâmetro para o cálculo do tempo de abertura de um
semáforo. No entanto, a velocidade média de marcha de um idoso é 0,4 m/s, ficando claro que esse grupo, assim
como pessoas como dificuldade para caminhar por inúmeros outros motivos, terá grandes dificuldades para
realizar a travessia.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O centro urbano estudado pertence a uma cidade antiga e não foi contemplado ao longo de sua história
com um planejamento de crescimento urbano. Por ter sido construído quando o fluxo de veículos na cidade era
mínimo, o Bairro Reduto possui vias demasiadamente estreitas. O presente estudo demonstrou que a
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
acessibilidade urbana, até mesmo em bairros tidos como nobres de Belém, é precária, especialmente para quem
precisa locomover-se por meio de bicicletas ou a pé.
REFERÊNCIAS
BITTENCOURT, L.S. BRANDÃO, L.F.M. PEIXOTO, G.V. Acessibilidade em Espaços Públicos: o Caso da
Requalificação Urbana do Centro e da Orla de Maceió. Disponível em:<
https://www.usp.br/nutau/CD/113.pdf>. Acesso em: 10 de maio de 2017.
BOARETO, Renato. et al. Caderno de referência para elaboração de Plano de Mobilidade por Bicicleta nas
Cidades. Brasília: Secretaria Nacional de Transporte e da Mobilidade Urbana, 2007.
FRANÇA, C.F.S. Acessibilidade e direito à cidade: estudo sobre a mobilidade espacial urbana dos
moradores do bairro Bom Jardim, Fortaleza - Ceará. Fortaleza, 2011.
FREIRE JÚNIOR, R.C. Estudo da acessibilidade de idosos ao centro da cidade de Caratinga, MG. Belo
Horizonte, 2008.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Laís Marina Queiroz Cardoso1; Luiz Fernando de Morais Ferreira2; Anna Elizabethe Castanha Bezerra3; Erom
Sérgio Modesto Santos4; Rafael Ribeiro Meireles5.
RESUMO
O presente trabalho tem como objeto de estudo a análise da qualidade do ar na Avenida Visconde de Souza
Franco, no bairro do Reduto, Belém-PA, sendo interessante frente ao avanço do processo de urbanização, e o
aumento na emissão de gases poluentes, capazes de causar danos a população e ao meio ambiente. O objetivo é
descobrir se os parâmetros químicos, monóxido de carbono (CO) e dióxido de carbono (CO2), indicadores de
qualidade do ar, estão em conformidade com os padrões estabelecidos pela Resolução CONAMA n° 003/1990 e
com Schell and Int-Hout. Também foram mensurados elementos meteorológicos (velocidade do vento, umidade
e temperatura), influenciadores na dispersão desses poluentes. A coleta dos dados ocorreu durante uma semana
do mês de abril de 2017, em três pontos (P1, P2 e P3), localizados ao longo da avenida no turno da manhã (7h) e
a tarde (15h). Para mensurar os parâmetros químicos (CO e CO2), utilizou-se um medidor específico para cada
composto, durante 1-2 minutos. A velocidade do vento foi coletada através do anemômetro, durante 1-2 minutos,
posto a 1,5m de altura do solo. A temperatura e a umidade foram medidas por meio do psicrômetro, posicionado
a 1,2m do solo, durante 5 minutos. Os resultados obtidos revelam que para o CO e CO2 a concentração média nos
pontos analisados durante os turnos, estiveram abaixo dos padrões primários de qualidade do ar, indicando
baixíssima capacidade de gerar efeitos adversos à população e ao meio ambiente. Os valores médios da umidade
mantiveram-se acima dos 80%, indicando ótimo cenário para dispersão dos poluentes. A temperatura média pela
manhã foi de 26,2°C e pela tarde de 28,3°C. A velocidade média do vento manteve valores abaixo de 2m/s. Com
isso, concluísse que a qualidade do ar na Avenida Visconde de Souza Franco não é comprometedora à saúde
pública e ao meio ambiente.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
1. INTRODUÇÃO
A poluição atmosférica da cidade de Belém proporciona, assim como a urbanização, um ar cada vez mais
impuro influenciando diretamente na saúde humana, principalmente de crianças e idosos podendo causar
problemas respiratórios e também afetar os ecossistemas e os materiais, de modo que a cada dia aumenta-se a
necessidade de dar maior atenção ao monitoramento da qualidade do ar.
Segundo o Portal do Meio Ambiente (1996), o nível de poluição ou da qualidade do ar é medida pela
quantificação das substâncias poluentes presentes no mesmo. Considera-se poluente do ar qualquer substância
que pela sua concentração possa torná-lo impróprio ou ofensivo à saúde, inconveniente ao bem público, danoso
aos materiais, fauna e à flora ou prejudicial à segurança, ao uso e gozo da propriedade e às atividades normais da
comunidade,
No Brasil os padrões de qualidade do ar foram estabelecidos pela Resolução CONAMA nº 3/1990,
divididos em padrões primários e secundários. São padrões primários de qualidade do ar as concentrações de
poluentes que, ultrapassadas, poderão afetar a saúde da população. São padrões secundários de qualidade do ar
as concentrações de poluentes atmosféricos abaixo das quais se prevê o mínimo efeito adverso sobre o bem estar
da população, assim como o mínimo dano à fauna e a flora, aos materiais e ao meio ambiente em geral.
Sabe-se também que o tempo e o clima influenciam diretamente sobre os processos de dispersão, remoção
e deposição dos poluentes do ar. A precipitação limpa a atmosfera. A temperatura se for baixa concentra o
poluente próximo da superfície da cidade impedindo que ele se disperse para as outras camadas de ar acima, se
for alta tende a facilitar a dispersão destes poluentes, porém potencializam as reações químicas próximas a
superfície urbana, favorecendo as fontes de poluentes de segunda ordem, como o ozônio. Todavia, as correntes
de ar, especificamente a velocidade do vento é o agente potencializador de todo o processo de poluição do ar
sobre a cidade.
Com isso, o trabalho consiste em analisar a qualidade do ar na Avenida Visconde de Souza Franco em
relação ao limites estabelecidos, avaliando as concentrações dos gases poluentes bem como os parâmetros de
temperatura, velocidade do vento e umidade no período chuvoso do ano de 2017.
2. METODOLOGIA
Área de estudo
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
A cidade de Belém (Pará) se caracteriza por sua localização na faixa de latitude tropical, em um dos
maiores estuários na foz do Rio Amazonas. Os elementos mais significativos, segundo o Instituto de
Desenvolvimento Social do Estado do Pará (IDESP, 2009) são o clima quente e úmido. A capital paraense fica
localizada a quatro metros acima do nível do mar, às margens da Baía do Guajará e do Rio Guamá, distante 120
quilômetros do mar no estuário do Rio Pará.
As medições dos níveis de poluição foram feitas em três pontos ao longo da Avenida Visconde de Souza
Franco, no bairro Reduto. Foram medidos os poluentes atmosféricos, as condições climáticas dos locais no
momento das medições, tais como a temperatura, umidade relativa do ar e velocidade do vento. Os horários
escolhidos para as medições foram realizadas no período da manhã às 7 horas e outra no período da tarde às 15
horas devido a serem observados nesses horários diferentes fluxos de circulação de pessoas, automóveis e
condições climáticas nos pontos de coleta.
O primeiro ponto analisado (P1) foi no início da Avenida Visconde de Souza Franco próximo a Rua João
Balbi, conforme as coordenadas 1°26'58.1"S 48°29'11.6"W onde há um moderado fluxo de automóveis, além
disso nesse mesmo ponto analisado há poucas áreas com cobertura vegetal.
Figura 1 – Localização do Ponto 1 (P1)
O segundo ponto analisado (P2) foi no meio da Avenida Visconde de Souza Franco no encontro com as
ruas Diogo Móia e Ó de Almeida, conforme as coordenadas 1°26'43.2"S 48°29'19.3"W onde há um grande fluxo
de automóveis e circulação de pessoas e pouca cobertura vegetal. Trata-se de uma área aberta, com centros
comerciais, tais como Shopping Center, farmácia, além de uma parada de ônibus no entorno.
Figura 2 – Localização do Ponto 2 (P2)
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Para a medição do Dióxido de Carbono (CO2) foi utilizado o medidor INSTRUTEMP (Instrutor de
Medições LTDA), modelo AZ 77535 Temp. RH. CO2. O segundo equipamento utilizado foi o medidor de
monóxido de carbono (CO), marca ICEL, modelo DG-5080.
Figura 5– (a) INSTRUTEMP (Instrutor de Medições LTDA), modelo AZ 77535. (b) Medidor de monóxido de carbono(CO), marca
ICEL, modelo DG-5080
(a) (b)
Para a medição da temperatura e umidade relativa do local, utilizando um Psicrômetro, marca Icoterm e
uma tabela de conversão de dados. Já para a medição da velocidade do vento nos pontos, foi feita através do
Anemômetro, marca INSTRUTEMP, modelo AD-250.
Com a coleta dos dados pode-se observar os valores das medições dos poluentes atmosféricos nos pontos
de monitoramentos fazendo comparação entre os padrões de qualidade do ar, os quais definem legalmente o limite
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
máximo para a concentração de um poluente na atmosfera, que garanta a proteção da saúde e do meio ambiente,
então presentes nas Resoluções do CONAMA 03/1990 e 05/1989.
Figura 6 – (a) psicrômetro. (b) Anemômetro.
(a) (b)
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os valores obtidos para a concentração de monóxido de carbono (CO), observados no gráfico 01, estão em
média, abaixo dos padrões primários e secundários de qualidade do ar de acordo com a Resolução CONAMA n°3
de 28/06/90 que estabelece uma concentração média de monóxido de carbono de 9ppm, na qual os primários
representam a concentração máxima do poluente na atmosfera, cujo valores superiores acarretam em efeitos
adversos à saúde pública e danos ao meio ambiente, enquanto que os secundários representam a concentração
mínima dos poluentes, sendo valores abaixo do estipulado considerados ideais, pois serão inferiores aos valores
que causam efeitos adversos mínimos à saúde como ao meio ambiente.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
4 3,4
3
1 0,4
0,1
0
P1 P2 P3
O monóxido de carbono é um gás incolor, insípido e inodoro, emitido por fontes naturais e antrópicas.
Nos centros urbanos sua principal fonte emissora são os automóveis, a partir do processo incompleto de
combustão, causado pela insuficiência de oxigênio para a ocorrência completa do processo. Seus efeitos à saúde
dependem de fatores como tempo de exposição e a concentração, uma vez que as moléculas de monóxido de
carbono associam-se a hemoglobina presente no sangue mais facilmente do que o oxigênio, formando a
carboxihemoglobina, que dificultam a oxigenação sanguínea.
Episódios de longa exposição a baixas concentrações costumam provocar efeitos de tontura, náuseas,
vômitos, insônias dentre outros problemas ao ser humano.
Episódios de longa exposição a altas concentrações são mais graves, com o coração e sistema nervoso
central sendo fortemente afetados, podendo até mesmo levar à morte do indivíduo.
Os dados relativos à concentração de dióxido de carbono (CO2) nos pontos de análise mostraram-se
aceitáveis de acordo com Schell and Int-Hout (2001 apud Benjamin McLellan, 2017, p.122), que estabelece que
a concentração aceitável do dióxido de carbono deve ser menor que 600ppm, como podem ser vistos na tabela
abaixo. Sendo assim, as concentrações coletadas estão abaixo dos valores máximos de CO2, com capacidade baixa
de gerar efeitos adversos à população e ao meio ambiente.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
560
550
537,9
540 534,9
531,1
530
520
510
500
P1 P2 P3
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
momentos de alta insolação, os elementos químicos presentes no ar reagem com os raios solares, produzindo o
ozônio, um gás altamente tóxico.
Umidade
90 88,4 89
87,7
88
86 85
84
Umidade (%)
84
82 80
80
78
76
74
P1 P2 P3
Temperatura
30
29,1
29
Temperatura (°C)
27,8 28
28
27 26,4
26,1 26,1
26
25
24
P1 P2 P3
A velocidade do vento mostrou-se baixa em todos os pontos, em função da presença de grandes edificações
ao redor dos pontos de análise.
Gráfico 05 – Valor médio da velocidade média do vento nos pontos e períodos analisados
1 0,9 0,9
0,8
0,8
0,6
0,4
0,2
0
P1 P2 P3
4. CONCLUSÃO
Apesar de a Avenida em estudo ser movimentada, o ar da mesma não apresenta riscos a saúde humana e
ao meio ambiente segundo os padrões primários e secundários da Resolução n°3, 28/06/90, pois os valores
encontrados de CO e CO2 são considerados baixos, além disso o vento apresentou-se com valores baixos devido
a presença de obstáculos. A umidade e a temperatura também estão de acordo com o clima da região, o que
facilitam a dispersão do poluente. Diante disso, foi possível concluir que os três pontos apresentaram boa
qualidade do ar, o que não prejudica a saúde das pessoas que fazem caminhadas ao redor do canal e nem das
pessoas que estão no trânsito.
REFERÊNCIAS
Correia, R.T; Oliveira, S.L.A. Avaliação da qualidade do ar nas principais vias de transito no município de
Belém pa. Uepa-Universidade do estado do Pará. Belém-pa, 2009.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA). Resolução nº 3, 28 de junho de 1990. Dispõe sobre padrões
de qualidade do ar, previstos no PRONAR.
Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA) Resolução nº 5, 15 de junho de 1989. Dispõe sobre o
Programa Nacional de Controle da Poluição do Ar - PRONAR.
McLellan, B. Sustainable Future for Human Security: Society, Cities and Governance. Quioto, Japão, 2017.
p.122.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Lucimar Costa Pereira1; Nayara do Socorro Nascimento Farias2; Lorena Saraiva Viana3; Maycon Viana
Balbino4; Maria Renata da Rocha Xavier5; Francianne Vieira Mourão6
1 Graduanda em Engenharia Ambiental. Universidade do Estado do Pará. [email protected]
2 Graduanda em Engenharia Ambiental. Universidade do Estado do Pará. [email protected]
3 Graduanda em Engenharia Ambiental. Universidade do Estado do Pará. [email protected]
4
Graduando em Engenharia Ambiental. Universidade do Estado do Pará. [email protected]
5 Graduanda em Engenharia Ambiental. Universidade do Estado do Pará. [email protected]
6Mestre em Agricultura e Recursos Aquáticos tropicais. Universidade do Estado do Pará.
RESUMO
As águas superficiais salinas mesmo sendo inadequadas ao consumo humano, devem estar em condições de
qualidade satisfatórias, pois servem como atividades de lazer, de turismo e meio econômico. A falta de qualidade
da água das praias para atividades recreativas pode tornar-se uma complexidade para banhistas e órgãos
ambientais, se não for monitorada adequadamente. A análise de parâmetros físico-químicos das águas superficiais
usadas para recreação é de significativa importância para o monitoramento desses corpos hídricos, por isso o
presente trabalho teve como objetivo analisar os parâmetros físico-químicos (oxigênio dissolvido - OD, pH e
temperatura) da água da praia do Atalaia – Salinópolis - Pará, como base para determinação da qualidade da água
da mesma de acordo com a Resolução do Conselho Nacional de Meio Ambiente - CONAMA n. 257:2005 e
Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB, 2008). Foi realizada análise de temperatura in loco e
coletadas duas amostras em quatro pontos para análise de OD e pH, ambas realizadas no laboratório de Qualidade
Ambiental da Universidade do Estado Pará-Campus VI. Os índices de temperatura concentraram-se entre 28 e 30
°C. Os índices de pH ficaram entre 6,63 a 6,78 e os valores de OD concentraram-se em uma faixa de 5,39 a 6,07
mg/L. Os índices de Temperatura estão em conformidade com o estabelecido pela CETESB, 2008. Os níveis de
oxigênio Dissolvido encontram-se fora do ideal estabelecido pela Resolução do CONAMA n. 357:2005 em três
dos quatro pontos amostrados, enquanto os valores de pH estão em consonância com a referida resolução. Os
indicadores de análise físico-química (pH e Oxigênio Dissolvido), abordados no trabalho evidenciaram que de
acordo com a Resolução do CONAMA n. 357:2005, a água da praia do Atalaia em Salinópolis não está em
perfeitas condições de qualidade.
Palavras-Chave: Parâmetros. Análise. Águas superficiais.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
As águas superficiais salinas mesmo sendo inadequadas ao consumo humano, devem estar em condições
de qualidade satisfatórias, pois servem como atividades de lazer, de turismo e meio econômico. A qualidade
ambiental das praias tem adquirido uma importância crescente, pois turistas tem adotado critérios sobre razões
ambientais e de saúde pública (OLIVEIRA; MARTINS, 2012). A falta de qualidade da água das praias para
atividades recreativas pode tornar-se uma complexidade para banhistas e órgãos ambientais, se não for monitorada
adequadamente.
A análise de parâmetros físico-químicos das águas superficiais usadas para recreação é de significativa
importância para o monitoramento desses corpos hídricos e verificação de enquadramento em normas específicas
a atividades de recreação e balneabilidade.
Existe uma série de instrumentos, critérios e normas com objetivos específicos voltados para análise da
qualidade da água das praias, entre estes os parâmetros físico-químicos. Estas ferramentas há décadas vêm sendo
utilizadas por pesquisadores e órgãos ambientais de várias partes do mundo, com o objetivo de fornecer um
melhor diagnostico ambiental das praias (SOUZA; SILVA, 2015).
Os parâmetros físico-químicos além dos microbiológicos são condicionantes de demonstração de
qualidade de um corpo hídrico. Os resultados de análises desses parâmetros podem servir como base importante
para monitoramento da qualidade de corpos d’água, com fins diversos, seja para abastecimento público, aptidão
para atividades de recreação, uso na agricultura e outros.
A análise dos parâmetros para balneabilidade é feita por uma avaliação em categorias (própria e impropria)
e adota como base indicadores a serem monitorados e confrontados com padrões pré-estabelecidos, identificando
a sua categoria de qualidade e diagnosticando os possíveis impactos que o corpo hídrico recebe (MENDES;
MARIN; SINHORELLI, 2014).
Nesse contexto, o presente trabalho teve como objetivo analisar os parâmetros físico-químicos (oxigênio
dissolvido, pH e temperatura) da água da praia do Atalaia – Salinópolis - Pará, como base para determinação da
qualidade da mesma de acordo com a Resolução do Conselho Nacional de Meio Ambiente - CONAMA n.
257:2005 e Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB, 2008).
2. MATERIAL E MÉTODOS
2.1 LOCAL DE AMOSTRAGEM
A amostragem foi realizada na Praia do Atalaia, no município de Salinópolis – Pará (figura 1). Esta é uma
das cidades mais antigas da região do Salgado paraense e está localizada na Mesorregião do Salgado na região
Nordeste do estado do Pará (SOUZA, 2014). Possui uma área de 237,738 km², e uma população de 37.421
habitantes com densidade demográfica de 157,40 hab/Km², ficando distante 200 km da capital do estado (IBGE,
2010).
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
2.2 MÉTODO
Foram coletadas quatro amostras de águas superficiais na Praia do Atalaia- Salinópolis-PA, em quatro
pontos diferentes para análise de parâmetros físico-químicos (Temperatura, Oxigênio Dissolvido e pH). Na
escolha dos pontos de amostragem foram considerados locais que sofrem diretamente influência antrópica. As
amostras coletadas foram transportadas para o Laboratório de Qualidade Ambiental da Universidade do Estado
do Pará – Campus VI, para realização de análise de Oxigênio Dissolvido e Potencial Hidrogeniônico - pH. A
análise de temperatura foi realizada in loco. A técnica de amostragem utilizada foi baseada nas recomendações
da Norma Regulamentadora Brasileira-NBR n. 9.898:1987 (ABNT, 1987).
A temperatura, em °C foi verificada com um termômetro digital minipa. O Potencial Hidrogeniônico foi
medido com o uso de um phmetro de bancada ion PHS-3E e os dados de oxigênio dissolvido foram obtidos
através do uso do método de Winkler, descrito por Strickland e Parsons (1972).
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A análise dos dados de pH e Oxigênio Dissolvido foi realizada com base na Resolução do Conselho
Nacional do Meio Ambiente - CONAMA, n. 357:2005 (BRASIL, 2005). Esta estabelece os padrões para
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
classificação dos corpos de água e enquadra-os em classes. O resultado de temperatura foi analisado de acordo
com valores sugeridos pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB, 2008).
3.1 POTENCIAL HIDROGENIÔNICO
Os níveis de pH foram distintos nos quatro pontos, com valores de 6,73 para P1, 6,77 para P2, 6,82 para
P3 e 6,88 para P4 (Figura 2).
Figura 2 – dados das análises de pH
Nas análises de temperatura nos quatro pontos, verificou-se que a mesma não sofreu alterações nos dois
primeiros pontos de coleta, mantendo-se estável com índice de 28°C. Já nos pontos 3 e 4, os índices de
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
temperaturas sofreram alterações em relação aos dois primeiros índices, passando para 28,5°C e 29,9°C (Figura
3). Os índices de Oxigênio Dissolvido foram distintos nos quatro pontos de coleta, com valores de 5,73 mg.L-1
para P1, 5,39 mg.L-1 para P2, 5,95 mg.L-1 para P3 e 6,07 mg.L-1 para P4, (Figura 3).
Figura 3 - Índices de OD e temperatura nos quatro pontos de coleta
4. CONCLUSÃO
A análise de parâmetros físico-químicos da praia do Atalaia permitiu inferir que a mesma não se encontra
em perfeitas condições qualitativas, considerando a Resolução do CONAMA 357:2005. Esta inadequação
evidencia que pode haver interferência por ação antrópica no local, principalmente com despejo de matéria
orgânica. A partir de tal inferência, é evidente a necessidade de monitoramento da qualidade da água da praia de
forma constante para verificação de adequação a atividades recreativas e outros fins, além de identificação de
pontos de lançamento de matéria orgânica e controle destes.
REFERÊNCIAS
ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR n. 9.898 de junho de 1987. Preservação e técnicas de
amostragem de efluentes líquidos e corpos receptores. Rio de Janeiro: ABNT,1987.
ANA. Agência Nacional das Águas. Monitoramento da qualidade da água em rios e reservatórios.
Disponível em:<
https://capacitacao.ead.unesp.br/images/stories/MOOCS/MonitoramentoQualidadeAgua/materiais/Monitorame
ntoDaQualidade_unidade3.pdf>. Acesso em: 06 out. 2017.
BRASIL. Resolução n. 357, de 17 de março de 2005. Dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes
para seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes e dá outras
providências. Ministério do Meio Ambiente: Conselho Nacional do Meio Ambiente. Brasília, 2005.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
CONCEIÇÃO, J.M. Biomonitoramento espacial e temporal da qualidade da água de uma bacia hidrográfica
do corredor central da mata atlântica. 2011. 67 f. Dissertação (Mestrado). Ecologia de Ecossistemas,
Universidade Vila Velha, Vila Velha, 2011.
MENDES, A. N.; MARIN, E.; SINHORELLI, J. S. M. Caracterização fisico-quimica e microbiológica das águas
das praias de Piúma, Iriri e Itaóca, Espírito Santo. Sabios, v.9, n.1, p.43-52, jan./abr. 2014.
OLIVEIRA, M. A.; MARTINS, L. Análise microbiológica da água das praias de Arembepe e Guarajuba,
Camaçari - BA. Candombá, Salvador, v. 8, n. 1, p. 19-25, jan./dez 2012.
RANIERI, L.A. Morfodinâmica Costeira e o uso da orla oceânica de Salinópolis Nordeste do Pará. 2014.
216 f. Tese (Doutorado). Ciências, área de Geologia, Universidade Federal do Pará, Belém, 2014.
REISNER, A.; OLIVEIRA, D. V. Análise das propriedades físico-químicas de amostras de água no Município
de Gaspar-SC. RGSN - Revista Gestão, Sustentabilidade e Negócios, Porto Alegre, v.3, n.1, p. 4-14, jun. 2015.
SILVA, M. F. et al. Análise microbiológica e físico-química da água da praia de Ponta Negra - Natal/RN. In:
REUNIÃO ANUAL DA SBPC, 62., 2010, Natal. Anais... Natal: SBPC, 2010. p. 1 - 10.
SOUZA, J. L.; SILVA, I. R. Avaliação da qualidade ambiental das praias da ilha de Itaparica, baía de todos
os santos, Bahia. Sociedade e Natura, Uberlândia, v. 27, n.3, p.469-484, set. /dez. 2015.
STRICKLAND, J.; PARSONS, T. R. A Practical Handbook of Sea Water Analysis. Bulletim Fisheries research
board of Canada, 2 ed. Ottawa. 1972.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
ZUIN, V. G.; IORIATTI, M. C. S.; MATHEUS, C. E. Emprego de parâmetros físicos e químicos para a avaliação
da qualidade de águas naturais: uma proposta para a educação química e ambiental na perspectiva CTSA.
Química Nova na Escola, v. 31 n. 1, p.3-8, fev. 2009.
ES
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Lucas Jully Miranda Modesto1; Jéssica Saraiva da Costa²; Leandro Silva de Souza³; Alana Assunção da Silva4;
Ayla Ayumi Baba Pastana5; Nathalia Cardoso Pereira6.
1Graduando do curso de engenharia florestal - Universidade Federal Rural da Amazônia.
[email protected]
2Mestranda em Ciências Florestais - Universidade Federal Rural da Amazônia.
[email protected]
3
Graduando do Curso de Engenharia Florestal - Universidade Federal Rural da Amazônia.
[email protected]
4Graduanda do Curso de Engenharia Florestal - Universidade Federal Rural da Amazônia.
[email protected]
5Graduanda do Curso de Engenharia Florestal - Universidade Federal Rural da Amazônia.
[email protected]
6Graduanda do Curso de Engenharia Florestal - Universidade Federal Rural da Amazônia.
RESUMO
O estudo das propriedades da madeira é de extrema importância para o manejo adequado deste material, pois este
é utilizado para várias formas como em projetos de construção civil, combustível e móveis. As madeiras
apresentam valores variáveis para suas propriedades devido possuírem elementos específicos para cada espécie,
a qual provoca esta diferença entre elas. Diante disso, o presente trabalho busca ampliar o conhecimento a respeito
das principais propriedades da madeira como a densidade básica e o teor de umidade a fim de determinar os seus
respectivos valores. A espécie florestal utilizada para o presente trabalho foi a Humiriaceae Sacoglottis (Mart.).
Este trabalho foi realizado no laboratório de tecnologia de produtos florestais (LTPF) da Universidade Federal
Rural da Amazônia (UFRA) – Belém. Foram retirados da madeira vinte corpos de provas, serrados e cortados nas
dimensões de 2x3x5 cm. Utilizou-se a norma MB 7190/92 da ABNT. Os valores de densidade da amostra variam
de 0,733 a 0,744 g.cm3 e o valor médio das amostras foi de 0,748 g.cm3. Já para o valor do teor de umidade
inicial (TUi) ,a qual estava contido na madeira quando estava na serraria, apresentou oscilação de 12,30 a 21,68%
e o valor médio obtido após os procedimentos foram de 17,55%. A madeira do experimento foi classificada de
acordo com os seus resultados como madeira pesada, sendo indicada principalmente para a confecção de peças
primárias e secundárias para a construção civil devido às propriedades acima.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
1 INTRODUÇÃO
A Amazônia é uma das principais regiões produtoras de madeira tropical no mundo, atrás apenas da
Malásia e Indonésia (OIMT, 2006). A exploração e o processo industrial de madeira estão entre suas principais
atividades econômicas, como também a mineração e agropecuária (VERISSIMO et al., 2006). No Pará, esse setor
é um dos principais responsáveis por gerar novos empregos e aumentar o fluxo de capital entre os estados
(SALOMÃO et al., 2009).
A madeira é oriunda de um sistema complexo. Suas propriedades físicas, químicas, estruturais e mecânicas
variam de maneira significante de espécie para espécie, de locais de origem entre outros. A variabilidade,
geralmente encontrada dentro de uma árvore individual, deve-se, provavelmente, às mudanças sofridas pelo
câmbio durante o envelhecimento e modificações impostas pelas condições ambientais (OLIVEIRA, 2003).
Durante o processo de obtenção da madeira pode vir ocorrer erros na identificação do material coletado,
logo é fundamental que ocorra a correta identificação botânica para classificar as espécies, pois elas possuem
características singulares, as quais diferem nas propriedades, incluindo grã, durabilidade, densidade e coloração
do cerne (DICKSON, 2000).
As características da madeira são diretamente influenciadas por fatores, como a temperatura, a composição
e porcentagem de umidade do solo (CALIL JUNIOR & DIAS, 1997). Devido à insuficiência de pesquisas, a
madeira é utilizada sem prévio conhecimento, levando ao manejo inadequado do material (STOLF, 2000). Logo,
as pessoas que trabalham diretamente com este recurso devem recorrer ao estudo das propriedades físicas e
mecânicas da madeira com propósito de garantir dados suficientes para especificar qual a finalidade e fornecer
autenticidade ao produto evitando futuros problemas (RECORD, 1949).
A família Humiriaceae é composta por oito gêneros (Duckesia, Endopleura, Humiria, Humiriastrum,
Hylocarpa, Sacoglottis, Schistostemon e Vantanea), distribuídos em Neotrópicos, da Nicarágua ao sul Brasil, com
uma espécie na costa oeste de África. No passado, a família era posicionada na ordem Geraniales, subordem
Geraniineaede Engler, mas também possuía afinidades com os membros lenhosos de Linaceae e Erythroxylaceae
(CUATRECASAS, 1961).
No Brasil, as Humiriaceae estão distribuídas em toda a região Norte, Centro-Oeste e Sudeste e em partes
da região Nordeste e Sul. No país ocorrem 35 espécies divididas em oito gêneros, em Roraima estão registradas
apenas três espécies, inseridas nos gêneros Humiria A.St.-Hil. e Sacoglottis Mart, e cinco variedades, sendo
quatro destas pertencentes a espécie Humiria balsamifera Aubl.e somente uma pertencente à Sacoglottis
guianensis Benth. (AMORIM & MEDEIROS, 2013).
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
H. sacoglottis é uma espécie florestal nativa brasileira, de predominância natural da região do Cerrado
(IPT, 2015). Essa espécie também possui ocorrência na Amazônia, e é conhecida vulgarmente como Achuá. Já
na Paraíba, observa-se a ocorrência da espécie Sacoglottis mattogrossensis Malme, sendo encontrada em
remanescentes de mata atlântica e em mata de restinga (NETO, 2008).
A madeira da H. sacoglottis apresenta características e propriedades que garantem boa trabalhabilidade,
resultando em excelente acabamento (IBAMA, 2015). Essa madeira é classificada como média densidade, sendo
utilizada principalmente na construção civil, móveis e artigos domésticos decorativos. Graças à alta qualidade
desta madeira, ela permite que lâminas de madeira sejam retiradas de seu fuste para serem utilizadas como
produtos decorativos. (RAABE, 2017). Diante do exposto, objetivou-se neste trabalho realizar um estudo acerca
das características físicas e mecânicas da madeira de H. sacoglottis, classificando-a e indicando o seu uso
adequado.
2 MATERIAL E MÉTODOS
As madeiras utilizadas no ensaio experimental foram provenientes de árvores de H. sacoglottis com idades
desconhecidas e foram adquiridas em uma estância de Belém e procedência indeterminada. Os ensaios foram
realizados no laboratório de tecnologia de produtos florestais da Universidade Federal Rural da Amazônia
(UFRA), de acordo com a norma NBR 7190/82, anexo B, que determina os procedimentos e dimensões dos
corpos de prova a serem utilizados nos testes Foram escolhidos 20 corpos de prova para a espécie H.
sacoglottis com dimensões de 2x3x5 cm (Figura 1).
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Inicialmente em estado verde (Figura 2), as amostras foram pesadas em balança eletrônica digital com
precisão de 0,01g (Figura 3).
A saturação dos corpos de prova foi procedida a partir da submersão da madeira em um recipiente com
água. A completa saturação foi alcançada no momento em que o peso do corpo de prova não sofreu mais variação.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Para determinar a densidade foi utilizada a Norma MB 7190/92 da Associação Nacional de Normas
Técnicas - ABNT, através da equação 1:
Considerando que:
p = densidade básica (g.cm-3).
Po = peso do corpo de prova absolutamente seco (g).
V(sat) = volume do corpo de prova saturado (cm³).
O volume do corpo saturado foi determinado através do método de pesagem baseado no princípio de
Arquimedes (Figura 4), recomendado pela Comissão Panamericana de Normas Técnicas-COPANT 461. Em
seguida foi realizada a pesagem dos corpos de prova em estado seco (Figura 5).
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Após a determinação do volume saturado do corpo de prova, este foi submetido à secagem em uma estufa
com 103 ± 2 ºC até atingir a estabilização do peso, condição em que caracteriza a ausência completa de água na
parede celular, correspondente ao peso do corpo de prova absolutamente seco (0% de umidade).
O teor de umidade foi determinado pelo método de pesagem, baseada na equação abaixo:
TU (%) = [(Mu – Ms) /Ms]x100
Considerando que:
TU (%)- Teor de umidade, em (%);
Mu - massa inicial da madeira, em grama (g);
Ms - massa da madeira seca, em grama (g);
Para se chegar à saturação completa dos espaços celulares dos corpos de prova, os mesmos permaneceram
submersos em água durante 30 dias. Foram necessárias sete pesagens com intervalo de três dias para obter a
saturação. Depois de obtido a saturação, as amostras foram colocadas na estufa por cinco dias, ou seja, quando
elas apresentaram ausência completa das águas livre e de impregnação na parede celular.
3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Na tabela 1 estão apresentados os valores médios da densidade básica (DB):
Tabela 1 – Valores de densidade básica por amostra e valor da média geral H. Sacoglottis.
Espécie Estatística descritiva DB
Mínimo 0,733
Máximo 0,774
H. Sacoglottis Média Aritmética 0.748
Desvio Padrão 0,012
Erro Padrão 0,003
Coeficiente de Variação (%) 0,02%
Fonte: autores, 2017.
Os valores de densidade básica da H. Sacoglottis variaram de 0,733 a 0,774 g.cm3, sendo a média entre as
amostras de 0,748 g.cm3, como mostra a tabela 1. Pesquisas para determinar o valor de densidade básica da
madeira da família Humiriaceae apresentam valores como 0.65, 0.66, 0,67, 0,69 e 0,7 g.cm3 (LITTLE JR., 1948;
CUATRECASAS, 1961; JORGENSEN & LEÓN-YÁNEZ, 1999; FERREIRA & BARBOSA, 2004). Esses
valores estão próximos ao encontrado no presente trabalho.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Segundo Marques (1997) classificaram a madeira, conforme sua densidade básica, sendo: leve –
apresentando densidade básica menor que 0,50 g/cm³; média – quando a densidade básica está entre 0,50 g.cm3 e
0,72 g.cm3, e pesadas – quando a densidade básica se encontra acima de 0,72 g.cm3.
De acordo com esta classificação, a H. Sacoglottis deste estudo classifica-se como madeira pesada,
portanto, pode ser indicada para elementos da construção civil pesada interna englobando as peças de madeira
serrada na forma de vigas, caibros, pranchas e tábuas utilizadas em estruturas de cobertura (IPT, 2015).
O teor de umidade é uma propriedade de extrema importância para determinar a finalidade da madeira.
Na tabela 2 estão apresentados os valores médios do teor de umidade inicial (TUi):
Tabela 2 – Valores de teor de umidade inicial por amostra e valor da média geral H. Sacoglottis.
Espécie Estatística descritiva TUi
Mínimo 14.33%
Máximo 21.68%
H. Sacoglottis Média Aritmética 18.36%
Desvio Padrão 2.028
Erro Padrão 0.454
Coeficiente de Variação (CV %) 11.05%
Fonte: Autores, 2017.
Os valores de TU apresentaram valores entre 21,7 e 12,3% apresentando uma variação considerável. O
processo de secagem da madeira é fundamental, pois promove benefícios as das características de
trabalhabilidade, redução da movimentação dimensional, do ataque patógenos e insetos. Normalmente, as
propriedades físicas e mecânicas apresentam dependência principalmente do teor de umidade da madeira
(LOGSDON, 2002; GLASS e ZELINKA, 2010).
A partir dos resultados foi possível verificar a relação entre os com estudos anteriores que o teor de
umidade é inversamente proporcional à densidade da madeira, ou seja, quanto maior a quantidade de água, menor
a quantidade dos outros elementos químicos da madeira – celulose, hemicelulose e lignina (FOELKEL et al.
1971)
A média de TUi encontrado na H. Sacoglotis foi de 18,36%. Essa faixa de teor de umidade está
abaixo dos 20%, os quais são necessários para evitar o ataque de organismos que vão prejudicar a qualidade da
madeira. (MORESCHI, 2010). O autor anterior apresenta que valores abaixo de 20% são indicados para que evite
futuras deformações e defeitos.
4 CONCLUSÃO
É necessário haver estudos mais precisos a respeito das madeiras a serem utilizadas para melhores
resultados. Portanto, conclui-se que H. Sacoglottis é classificada como madeira pesada, sendo indicada,
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
principalmente, para peças secundárias para construção civil. As suas propriedades de densidade e teor de
umidade são fundamentais importância, pois podem influenciar outras como a retratilidade.
REFERÊNCIAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7190/82 – Cálculo e execução de estruturas da
madeira. Rio de Janeiro, ABNT, 1982.
CALIL JÚNIOR, C.; DIAS, A. A. Utilização da madeira em construções rurais. Revista Brasileira de Engenharia
Agrícola e Ambiental, Campina Grande, v. 1, p. 71-77, 1997.
GLASS, S. V.; ZELINKA, S. L. Moisture relations and physical properties of wood. 2010.
Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis – IBAMA. Serviço Florestal Brasileiro – SFB.
Laboratório de Produtos Florestais – LPF. Banco de Dados de Madeiras Brasileiras .Brasília, 2015. .Disponível
em:< http://sistemas.florestal.gov.br/madeirasdobrasil/caracteristicas.php?ID=163&caracteristica=112>. Acesso em 23 set
2017.
Instituto de Pesquisa Tecnológica – IPT. Informações sobre madeiras [online]. São Paulo: IPT; 2015. Disponível em:
http://www.ipt.br/informacoes_madeiras/32.htm. Acesso em 23 set 2017.
JORGENSEN, P. M. Asteraceae. Págs. 260-314 en: Jorgensen, PM & S. León-Yanez (eds.) Catalogue of the vascular plants
of Ecuador. Monographs in Systematic Botany from the Missouri Botanical Garden, v. 75, 1999.
LOGSDON, N. B. Estabilidade dimensional: propostas para revisão da NBR 7190/97. Encontro Brasileiro Em Madeiras
e em Estruturas De Madeira. FECIV-UFU, Uberlândia Google Scholar, 2002.
NETO, Antonio de Holanda Sá; DE LIMA, Rita Baltazar. FLORA PARAIBANA: FAMÍLIA HUMIRIACEAE
JUSS. Revista Nordestina de Biologia, v. 17, n. 1, p. 3-10, 2008.
OLIVEIRA, José Tarcísio da Silva; SILVA, José de Castro. Variação radial da retratibilidade e densidade básica da madeira
de Eucalyptus saligna Sm. Rev. Árvore, Viçosa , v. 27, n. 3, p. 381-385, June 2003.
RAABE, J.; DEL MENEZZI, C.; GONÇALEZ, J. Surface Evaluation of Micropholis venulosa Decorativeveneers. Floresta
e Ambiente, n. AHEAD, p. 0-0, 2016.
RECORD, S. J. et al. Some new names for tropical American trees of the family Leguminosae. Tropical Woods, n. 63, p.
1-6, 1940.
SALOMÃO, R.; GOMES, G.; BALIEIRO, C. Diagnóstico Socioeconômico e Florestal do município de Paragominas.
Belém: IMAZON, 2009. 65 p. 2009
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
VERÍSSIMO, Adalberto et al. Áreas para produção florestal manejada: detalhamento do macrozoneamento ecológico
econômico do Estado do Pará. Relatório para o Governo do Estado do Pará. Imazon, Belém, p. 82, 2006.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Larissa Bandeira de Andrade¹; Cássia Evellyn Nazaré Loureiro2; Carina Ranielly Silva e Sousa 3; Laíse Irma
Brito Daniel 4; Francelí Mendonça de Vasconcelos5; Nayanne Michelly Brito de Brito6.
[email protected]
3Graduada em Tecnologia de Alimentos, Universidade do Estado do Pará, 68.745-000, Castanhal-Pará, Brasil.
[email protected].
4 Graduada em Tecnologia de Alimentos, Universidade do Estado do Pará, 68.745-000,
Castanhal-Pará, [email protected].
5 Graduada em Tecnologia de Alimentos, Universidade do Estado do Pará, 68.745-000, Castanhal-Pará, Brasil.
[email protected].
6 Graduada em Tecnologia de Alimentos, Universidade do Estado do Pará, 68.745-000, Castanhal-Pará, Brasil.
RESUMO
A salsicha é o produto cárneo industrializado, obtido da emulsão de carne de uma ou mais espécies de animais de
açougue, adicionado de ingredientes, embutido em envoltório natural, ou artificial por processo de extrusão e
submetido a um processo térmico adequado, sendo um produto que apresenta seu padrão microbiológico descrito
pela resolução-rdc nº 12, de 02 de janeiro de 2001. Afim de analisar a qualidade microbiológica do produto, o
exposto trabalho teve como objetivo avaliar a presença de coliformes totais e termotolerantes em salsichas tipo
hot dog, comercializadas a granel em açougue (S1), supermercado de grande porte (S2) e supermercado popular
(S3) do mercado consumidor da cidade de Castanhal-PA. Dentre os resultados encontrados, as amostras S1 e S3
apresentaram valores superiores a 1,1x104 NMP/g para coliformes totais e a amostra S1 apresentou valores
superiores a 1,1x104 NMP/g para coliformes termotolerantes. Conclui-se, portanto, que os estabelecimentos
fornecedores de tais amostras apresentam défice no controle de qualidade, uma vez que a presença destes
microrganismos são indicadores de falhas nas boas práticas de fabricação.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
1. INTRODUÇÃO
Segundo Guerreiro (2006), a salsicha existe há um pouco mais de 500 anos, uma vez que tal derivado
cárneo foi criado em Frankfurt, cidade da Alemanha no século 15. Porém, a criação desta é reivindicada por outras
localidades como Viena na Áustria. Apesar do produto ser amplamente conhecido pelo mundo, apresentando
diversas formulações de acordo com o local de fabricação, foi apenas nos Estados Unidos que a salsicha alcançou
a popularização ao ser consumida acompanhada de pão, formando o famoso hot dog.
Ademais, Otto Von Bismarck5 (1815-1898), com sua famosa frase "Leis são como salsichas; é melhor não
saber como são feitas" gerou grande receio aos consumidores do produto ao insinuar que a composição desta seria
de material duvidoso e seu meio de processamento nada higiênico. A este respeito, mesmo com o passar dos anos
tal frase de certa forma continuou influenciando o mercado consumidor mesmo sendo sabido que atualmente a
produção de salsichas ocorre em processo industrial e segue as normas de higiene do Serviço de Inspeção Federal
(SIF).
Relacionado a este fato, vale ressaltar que a salsicha é o produto cárneo industrializado, obtido da emulsão
de carne de uma ou mais espécies de animais de açougue, adicionado de ingredientes, embutido em envoltório
natural, ou artificial por processo de extrusão e submetido a um processo térmico adequado. As salsichas tem
como processo alternativo o tingimento, depilação, defumação e a utilização de recheios e molhos (BRASIL,
2000).
Associado a isto, no Brasil, a variedade de salsicha mais consumida é a tradicional ou hot dog que pode
ser chamada de salsicha de carne bovina. Está apesar de destacar a carne bovina em sua denominação possui uma
lista de ingredientes controversa que inclui juntamente da carne bovina também a carne suína e carne
mecanicamente separada de aves. Essa alternativa industrial de derivado cárneo permite o aproveitamento de
partes dos animais de difícil aceitação comercial como cartilagem, gordura e miúdos consideradas como
subprodutos comestíveis do abate (TERRA, 2003).
Ademais, utilização desses subprodutos comestíveis do abate carrega uma boa quantidade de micro-
organismos por conta do próprio processo de abate, sendo necessário a aplicação de tratamentos térmicos como
o pré-cozimento, caracterizado como uma das etapas de processamento desse derivado cárneo que é de vital
importância para a sanidade deste (FAO, 2015).
Contribuindo para isto, a instrução normativa nº4 de 31 de março de 2000, estipula medidas que
normatizem a industrialização de produtos cárneos entre eles a salsicha, definindo para essas um perfil de
5
Descrito como uma personalidade internacional de destaque do século XIX, mais conhecido como o “chanceler de ferro”, foi caracterizado como
nobre, diplomata e político prussiano.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
qualidade e identidade que deve ser seguido afim de garantir igualdade na produção, além de instituir seções
referentes a higiene de toda a produção, processamento e comercialização.
Aliado a esses, a Anvisa por meio da RDC nº 12, de 02 de janeiro de 2001 define também os limites da
presença de coliformes a 30º e 45 º C/g, sendo a detecção destes uma das análises mais comuns na microbiologia.
Visto que, esses micro-organismos atuam como indicadores de uma possível deterioração, presença de patógenos
e sob falhas na manipulação do produto antes e pós-processamento.
O exposto trabalho teve como objetivo avaliar a presença de coliformes totais e termotolerantes no
derivado de cárneo caracterizado como salsicha tipo “hot dog”, comercializada a granel em açougue,
supermercado de grande porte e supermercado popular do mercado consumidor da cidade de castanhal, PA.
2. MATERIAL E MÉTODOS
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Sob condições assépticas, pesaram-se 25 g de cada amostra de salsicha e homogeneizaram se cada uma
em 225 mL de água peptonada esterelizada . As diluições foram realizadas conforme descrito pela metodologia
oficial empregada pelo Ministério da Agricultura e Abastecimento (BRASIL, 2003).
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A Tabela 1 a seguir mostra os resultados obtidos para as análises de coliformes totais e termo tolerantes
de acordo com o valor máximo estipulado por Brasil (2003).
Tabela 1. Valores obtidos pela contagem de coliformes a 30º e 45ºC em amostras de salsichas tipo hot dog
expressos em UFC/g.
Amostras NMP/g NMP/g Padrões/
Coliformes 30ºC Coliformes 45ºC Legislações vigentes
S1 >1,1x104 >1,1x104
103
S2 23 <0,3
S3 >1,1x104 2,4x102
*Seguindo a Resolução da RDC n. º 12, de 2 de janeiro de 2001, subitem 5 – carnes e produtos cárneos.
Os dados da Tabela 1 revelam que dois dos três estabelecimentos avaliados se encontram fora do padrão
quanto a qualidade microbiológica de suas amostras de salsicha. A amostra S1 foi a que apresentou o maior grau
de contaminação entre as amostras, seguida pela amostra S3. É oportuno registrar que as salsichas comercializadas
em supermercado de grande porte, representantes da amostra S2, foram as que obtiveram melhor resultado,
revelando a qualidade na realização das boas práticas de fabricação e armazenamento dos produtos em guichês
que este tipo de estabelecimento fornecer aos seus clientes.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Martins et al (2008), ao analisarem o perfil bacteriológico de salsichas tipo hot dog comercializadas em
embalagens a vácuo e a granel em supermercados dos municípios Rio de Janeiro e Niterói, RJ/Brasil, constataram
em sua análise de coliformes a 45ºC que das 100 amostras de salsicha avaliadas 17 apresentaram aa coliformes
termotolerantes, onde 10 destas amostras foram de salsicha a granel e obtiveram valores de coliformes a 45ºC
variando de coliformes a 45ºC variando entre 103 e 106, o que se enquadra como fora dos parâmetros exigidos
assim como a amostra S1 analisa no presente estudo que obteve valores maiores a 1,1x104 NMP/g Coliformes a
45ºC.
Alcântara, Gatto e Kozusny-Andreani (2012) foram outros autores que ao avaliarem o perfil
microbiológico de salsichas tipo “hot dog” comercializadas em embalagens a vácuo e a granel também
verificaram que das 40 amostras de salsicha a granel analisadas 38 apresentaram um valor de 3,3 x 106 NMP/g
para coliformes 30ºC e 37 obtiveram uma contaminação de 2,3x105 NMP/g para coliformes aa 45 ºC, revelando
que apenas uma minoria das amostras de salsicha vendidas a granel estavam de acordo com o perfil
microbiológico para coliformes totais e termo tolerantes. Das amostras em estudo as amostras S1 e S3
apresentaram valores superiores a 1,1x104 NMP/g para coliformes aa 30 ºC.
Baú, Dias e Alfaro (2012) e de Bolzan e Silva (2012) através de seus estudos demonstraram resultados
diferentes, uma vez que as análises microbiológicas nas salsichas tipo Viena e nas salsichas acondicionadas em
diferentes tipos de embalagem todas atenderam aos parâmetros exigidos pela legislação vigente que indica o
máximo de 103 UFC/g de coliformes, diferente do encontrado no exposto estudo.
Segundo Forsythe (2002), as análises de coliformes são um indicativo das condições higiênico-sanitárias
dos alimentos durante o processamento, produção ou armazenamento destes. A salsicha como produto cárneo
passa por uma série de tratamentos térmicos durante sua fabricação para a eliminação dessas bactérias, que são
os coliformes, que segundo Silva (1997) por serem gram-negativas são de fácil remoção através do uso do calor.
Desta forma, sua contagem se mostra útil em testes de contaminações pós-processamento.
De acordo com os resultados encontrados é possível observar que a comercialização de salsichas a granel
exige dos responsáveis por sua venda grande cuidado em relação a aplicação e execução das boas práticas de
fabricação (BPF’s) do produto, uma vez que a manipulação e o armazenamento deficiente ocasionam a presença
de coliformes totais e termotolerantes e revela a ineficiência de BPF’s na qualidade dessas etapas citadas.
Revelando, portanto, que apesar da existência de uma legislação vigente que determina o perfil microbiológico
sanitário para produtos cárneos e derivados, é provável que esta não é seguida com frequência.
4. CONCLUSÃO
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Apenas a amostra S2 não apontou valores inapropriados de contaminação por coliformes. Ao contrário
das amostras S1 e S3 que apresentaram valores superiores a 1,1x104 NMP/g para coliformes 30ºC (totais) e a
amostra S1 obteve valores superiores a 1,1x104 NMP/g para coliformes 45ºC (termotolerantes). Revelando dessa
forma, falha no controle de qualidade microbiológica das salsichas nos estabelecimentos fornecedores das
respectivas amostras contaminadas.
REFERÊNCIAS
BAÚ, T. R.; DIAS, C.A.; ALFARO, A.T. Avaliação da qualidade química e microbiológica de salsichas tipo
Viena. Rev Inst Adolfo Lutz. São Paulo, p. 207-210, jan. 2012.
BRASIL. Instrução normativa n.4. de 31 de março de 2000. A secretaria de defesa agropecuária, do ministério da
agricultura e do abastecimento, aprova os regulamentos técnicos de identidade e qualidade de carne
mecanicamente separada, de mortadela, de linguiça e de salsicha. Diário oficial da união, Brasília, nº 66, 5
de abril de 2000ª. Seção 1, p.6-10.
BRASIL. Instrução normativa SDA n.62. de 26 de março de 2003. A secretaria de defesa agropecuária, do
ministério da agricultura e do abastecimento, oficializar os Métodos Analíticos Oficiais para Análises
Microbiológicas para Controle de Produtos de Origem Animal e Água.
BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC Nº 12, de 02 de janeiro
de 2001. Regulamento Técnico sobre padrões microbiológicos de alimentos. Diário Oficial da União, Brasília,
2001.
HEINZ, G. HAUTZINGER, P. Meat processing technology for small to medium scale producers. FAO,
Bangkok (Thailand). Regional Office for Asia and the Pacific, 2009.
FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION (FAO). Precooked-cooked meat products. Disponível em:
<www.fao.org/docrep/010/ai407e/ai407e13.htm>. Acesso em: 21 mar. 2015.
FORSYTHE, S. J. Microbiologia da segurança alimentar. Trad. Maria carolina Minardi Guimarães e Cristina
Leonhardt – Porto Alegre: Artmed, 2002, p 216, 211.
GUERREIRO, L. Dossiê técnico: produção de salsicha. REDETEC (Rede de Tecnologia do Rio de Janeiro). 1
de outubro de 2006.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
MARTINS, L. L.et al. Avaliação do perfil bacteriológico de salsichas tipo “hot dog” comercializadas em
embalagens a vácuo e a granel em supermercados dos municípios Rio de Janeiro e Niterói. Rev Inst Adolfo
Lutz. 2008.
PARDI, M. C. et al. Ciência, Higiene e Tecnologia da Carne. Goiânia, GO: Eduff, 1993.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Lucas Henrique Fernandes Resueno 1; Mario Marcos Moreira da Conceição 2; Celiane Lima dos Santos 3;
Maiconsuel da Costa Frois4; Relrison da Costa Favacho5; Antonio Pereira Junior6.
[email protected]
3 Graduanda em Engenharia Ambiental. Universidade do Estado do Pará. [email protected]
4Graduando em Engenharia Ambiental. Universidade do Estado do Pará. [email protected]
5Graduando em Engenharia Ambiental. Universidade do Estado do Pará.
[email protected]
6Mestre em Ciências Ambientais. Universidade do Estado do Pará.
RESUMO
O eucalipto (Eucalyptus ssp) é uma das espécies exóticas mais utilizadas no Brasil, para fins comerciais de
produção de papel, carvão e móveis. Em função do crescimento dos cultivos de eucalipto, há o aumento dos
impactos ambientais negativos sobre o solo, água e a biodiversidade nativa. Com isso, a pesquisa objetivou
realizar uma Avaliação de Impactos Ambientais – AIA, dos impactos gerados pelo cultivo do Eucalipto, do gênero
Eucalyptus. O método utilizado foi o dedutivo, com pesquisa de natureza analítica qualitativa e abrangência
explicativa, para propor, como técnica à produção dessa espécie, a elaboração do Cadastro Ambiental Rural –
CAR, com a finalidade de mitigar os impactos ambientais negativos gerados por esse cultivo. Os dados obtidos e
analisados indicaram que o cultivo do eucalipto impacta de forma direta o solo, provoca delapidação de
micronutrientes como, por exemplo, Cálcio (Ca), Magnésio (Mg) e Potássio (K), além do lençol freático, em
função de uma necessidade hídrica elevada. Com isso, determina uma diminuição na oferta de água para outras
espécies vegetais com a qual está consorciada. Em relação ao aspecto econômico, esta cultura contribui
diretamente para o crescimento do país, uma vez que possui um ciclo de corte relativamente curto, em média,
quatro anos. Dessa forma, a utilização do AIA é fundamental para a elaboração do CAR a fim de normatizar o
cultivo desta espécie para mitigar os impactos ambientais sobre o solo e os lençóis freáticos.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
1. INTRODUÇÃO
A prática de avaliar implica na obtenção, na apreciação e na junção dos dados que compõem o foco da
avaliação, somado a uma percepção de valor ou de qualidade, no qual se realiza a partir da analogia da estrutura
do objeto avaliado conforme o parâmetro de qualidade definido para objeto em questão. Tal valoração, ou, a
qualidade atribuída ao mesmo direciona uma posição favorável ou contrária. Este posicionamento a favor ou
contra o foco avaliativo, acarreta uma determinação nova, ou seja, sustentar o objeto da forma que está (SANTOS;
VARELA, 2008).
Caracteriza-se como impacto ambiental a soma das forças motrizes que propiciam alterações químicas,
físicas, e biológicas geradas ao meio ambiente por ação antrópica às matérias expostas ao meio ocasionando
impactos de natureza direta ou indireta segundo a resolução CONAMA n. 001:1986 (BRASIL, 1986).
Dentro deste conceito, estipula-se a necessidade dos Estudos de Impactos Ambientais – EIA, e a Avaliação
de Impactos Ambientais – AIA, afim de mensurar a gravidade bem como a extensão de impactos, causados por
empreendimentos, e a proposição de medidas mitigadoras e compensatórias para amenizar os efeitos negativos
decorrentes da implantação e funcionamento destes empreendimentos (CREMONEZ, 2014). Neste contexto, a
Avaliação de Impactos Ambientais - AIA, que surgiu nos Estados Unidos, após o país estabelecer uma política
de avaliação de impactos ambientais através do National Environmental Policy Act - NEPA, o qual foi
promulgada em dezembro de 1969, pelo congresso americano, mas só entrou em vigor em 1 de janeiro de 1970,
tornou-se um instrumento essencial na legislação ambiental de vários países. Após os Estados Unidos, outros
países, entre eles Brasil, Alemanha e França adotaram essa metodologia (SANDOVAL; CERRI, 2009).
Tal ferramenta é abordada como um processo de avaliação dos efeitos ambientais (ecológicos),
econômicos e sociais, que poderão ocorrer durante e após a implantação de atividades antrópicas como projetos,
planos e programas, sejam eles urbanos ou rurais. No Brasil, o AIA é um instrumento da Política Nacional do
Meio Ambiente – PNMA, Lei 6.938:1981, que se situa dentro da mesma de forma mais específica, em seu artigo
9º, inciso III (PELLIN et al., 2011). O escopo da AIA consiste na construção e consequente aplicação de medidas
preventivas para os eventuais impactos que venham a ser ocasionados ao meio, decorrentes das práticas acima
citadas. Ou seja, é um instrumento que também objetiva promover e fomentar a prática do desenvolvimento
sustentável, além de servir de base para os tomadores de decisões, tendo em vista que a avaliação feita
disponibilizará informações sobre as possíveis consequências ambientais (SILVA, 2010).
Ademais à AIA, há ferramentas complementares, a exemplo do estudo de impacto ambiental- EIA, e o
relatório de impacto ambiental - RIMA. Esses são mecanismos fundamentais para a AIA no âmbito das políticas
públicas, fornecendo medidas para a prevenção de danos aos ecossistemas. O EIA destina-se a avaliar os impactos
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
ambientais de um empreendimento de pequeno, médio ou grande porte propiciando após as análises, medidas
mitigadoras para esse desequilíbrio. Esta ferramenta é caracterizada como um documento complexo. Já o RIMA
fornece resultados simplificados de fácil compreensão para o público em geral e aos responsáveis pela tomada de
ações. O EIA/RIMA são instrumentos importantes que garantem a melhor adaptação do estabelecimento às
condições socioambientais locais (FERRAZ; FELIPE, 2012).
Em relação ao Cadastro Ambiental Rural, o Decreto n. 7.830:2012 art. 2°, inciso II, estabelece que todas
as propriedades rurais devem ter o Cadastro Ambiental Rural - CAR, e serem registradas no Sistema de Cadastro
Ambiental Rural - SICAR, que irá gerir todas as informações ambientais do imóvel e do proprietário à fim de
manter o controle e monitoramento do desmatamento. No art. 9°, da referida Lei, institui-se o CAR como
instrumento do Programa de Regularização Ambiental - PRA (BRASIL, 2012).
A biodiversidade é reconhecida como fonte essencial para a sobrevivência e qualidade de vida, porém,
atualmente a taxa de hábitats destruídos e espécies em extinção ocasionou um grande alerta no mundo inteiro,
pois a perda da mesma se tornou uma grande crise mundial. Deste modo, os países promoveram conferências
mundiais para tratar assuntos sobre os impactos ambientais, dentre eles a perda da diversidade ecológica (PERES;
VERCILLO; DIAS, 2011).
Neste contexto, outro fator para a perda da biodiversidade é a introdução de espécies exóticas, pois
modificam as relações ecológicas do meio onde são inseridas, além de proporcionar perdas econômicas e alteração
da paisagem nativa da região. Espécies exóticas é a introdução de espécies de outro ecossistema, no qual se
adaptam as condições em que são submetidas, como o solo e o clima, no qual alteram o funcionamento do
ecossistema atual para a sobrevivência e reprodução, para atender as necessidades por nutrientes, luz, água, espaço
(BLUM; BORGO; SAMPAIO, 2008).
Ademais, a introdução de espécies exóticas na América Latina ocorreu no ano de 1942, a partir do início
das grandes navegações, onde foram introduzidas espécies florísticas e faunísticas nativas da Europa, desde então,
o transporte de espécies ocorre em escala mundial, em que são destinadas para fins comerciais. Deste modo, a
inserção de espécies exóticas ocorre a partir de duas formas, através de ações antrópicas e também de maneira
natural, no contexto atual, o aumento no transporte de espécies de outros ecossistemas se deu pela globalização,
ou seja, pela ação antrópica (SAMPAIO; SCHMIDT, 2013).
Não existe uma data específica da inserção de eucalipto no Brasil, porém, há relatos de que os primeiros
exemplares foram plantados nas áreas do Jardim Botânico e Museu Nacional do Rio de Janeiro, entre os anos de
1825 e 1868, no Município de Amparo em São Paulo, entre 1861 e 1863, além do Rio Grande do Sul, em 1868.
Em razão de o eucalipto ser uma espécie exótica no Brasil e também ao crescimento dos cultivos de eucalipto,
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
fomentou a realização de muitas pesquisas científicas que apontam os impactos causados pelo cultivo que
despertam curiosidades na sociedade em geral. Neste sentido, embora a plantação de eucalipto contribua para a
fertilidade de áreas degradadas, afeta diretamente o solo, água e biodiversidade nativa (SANTAROSA;
PENTEADO JÚNIOR; GOULART, 2014).
Neste contexto, tal pesquisa justifica-se pela problemática ambiental sociopolítica e econômica causada
pelas florestas de eucalipto, que embora possua impactos positivos é necessária muita atenção de seus efeitos no
meio ambiente. Com isso, o presente estudo objetivou realizar uma análise qualitativa dos impactos ambientais
causados pelo cultivo da espécie Eucalyptus ssp, além disso, expor a importância da metodologia de Avaliação
de Impactos Ambientais – AIA e propor como técnica para realização da mesma, a elaboração do Cadastro
Ambiental Rural – CAR com finalidade de reduzir os impactos gerados pelos cultivos de eucalipto.
2. METODOLOGIA
Quando ao procedimento metodológico a pesquisa teve caráter exploratório para proporcionar maior
familiaridade com o problema (explicitá-lo), a partir de levantamento bibliográfico (GERHARDT; SILVEIRA,
2009). Quanto a abrangência, empregou-se a qualitativa, que busca explicar o porquê das coisas e sua origem,
relações e mudanças, e tenta intuir as consequências, de forma a adquirir uma compreensão detalhada dos
significados e características situacionais apresentadas. A pesquisa também foi explicativa de forma a identificar
os fatores que determinam ou que contribuem para a ocorrência dos fenômenos (OLIVEIRA, 2011).
O método aplicado foi o dedutivo, pois, de acordo com Gil (2008), parte-se de princípios reconhecidos
como verdadeiros e indiscutíveis, e possibilita chegar a conclusões de maneira puramente formal, em virtude de
sua lógica, como os impactos ambientais gerados pelo cultivo de eucalipto (Eucalyptus spp). Posteriormente,
realizou-se a análise da utilização do Cadastro Ambiental Rural – CAR, como ferramenta para a Avaliação de
Impactos Ambientais do cultivo desta espécie, onde este se deu a partir de levantamento de dados documentais
com recorte temporal compreendido entre 2008 a 2017.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
O cultivo do Eucalipto gera inúmeros impactos ambientais nas áreas de implantação. A remoção da
vegetação nativa para plantio da nova espécie provoca mudanças diretas no sistema natural afetando o fluxo
hídrico de recargas dos aquíferos além de demandar de uma grande quantidade de água para abastecimento
diminuindo assim o nível hídrico na bacia local.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Em estudo efetuado por Nobre e Leite (2012), no norte de Minas Gerais e Josh e Palanisami (2011), os
autores concluíram que a quantidade de água absorvida por uma árvore do gênero Eucalyptos, por dia, varia de
50L/dia/planta à 90L/dia/planta. Grandes plantios podem fazer inclusive com que os lençóis freáticos usados para
abastecimento de populações de cidades sejam afetados, tornando o problema de maior gravidade. Todavia, todos
esses impactos ambientais são também oriundos das condições prévias de plantio, onde se destacam a
pluviosidade na região, o tipo de solo, a distância das bacias, e técnicas empregadas no plantio. Logo, as
consequências negativas referentes ao cultivo desta árvore podem ser mitigadas se observado os requisitos para
seu manejo.
Pesquisa realizada por Freitas Junior, Marson e Solera (2012), no vale do Paraíba paulista indicou que são
observados que áreas com plantio de eucalipto sofrem com as alterações químicas no solo, como a perda de
nutrientes, entre eles o Cálcio (Ca), Magnésio (Mg) e Potássio (K) e aumento nos teores de Alumínio (Al), e
Fósforo (P). Dessa forma, Leite et al. (2010) afirma que se faz necessária a reposição destes para que não ocorra
a degradação da área.
A degradação no solo proveniente das alterações químicas pela perda de nutrientes e desagregação devido
à exposição pós-colheita são consequências do manejo do Eucalipto. Em contrapartida, a Lei n. 7.830:2012 que
estabelece o CAR promove com vista no cumprimento da Lei n. 12.651:2012 a implantação de Projeto de
Recuperação de Áreas Degradadas e Alteradas, fortalecendo assim a preservação do meio ambiente.
Em relação ao estabelecimento da Lei n. 12.651:2012, a conservação da vegetação também se torna um
dos benefícios relacionados ao CAR em relação à ideia de cuidado com o meio ambiente e avaliação de impactos
ambientais, pois este demonstra as Áreas de Preservação Permanente – APP, e Reserva Legal - RL, proibindo
que ocorra a supressão vegetal de áreas indevidas.
Diante das demandas ambientais ocasionadas pelos impactos provocados pela cultura do Eucalipto e da
necessidade de obtenção da melhoria na qualidade da AIA, as informações presentes no CAR podem ser de
relevância para a mitigação de consequências negativas, visto que a mesma pode inclusive ser usada nas diferentes
formas citadas, ou ainda de maneira comparativa para se analisar o grau de mudanças significativas ocorridas
desde o processo de implantação da cultura.
De acordo com dados obtidos em 2017 pela Indústria Brasileira de Árvores, a introdução do eucalipto
cultura brasileira propiciou bases rígidas para o seu desenvolvimento, motivada pelo potencial de uso da madeira
de certas espécies, como fonte de biomassa para combustível, além do seu sucesso como matéria-prima para a
fabricação de celulose e papel. Os plantios de eucalipto ocupam 5,7 milhões de hectares da área de árvores
plantadas do País e estão localizados, principalmente, em Minas Gerais (24%), em São Paulo (17%) e no Mato
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Grosso do Sul (15%). Nos últimos cinco anos, o crescimento da área de eucalipto foi de 2,4% a.a. O Mato Grosso
do Sul tem liderado esta expansão, registrando aumento de 400 mil hectares neste período, com uma taxa média
de crescimento de 13% a.a, o que totalizou, em 2016, 133.996 ha (IBÁ, 2017).
Integrantes do setor brasileiro de florestas plantadas elaboraram um documento (Informativo Cepea - Setor
Florestal - Análise econômica mensal sobre madeiras e celulose/papel da Escola Superior de Agricultura Luiz de
Queiroz - ESALQ/Universidade de São Paulo - USP), que indica que, embora haja importância do setor para o
desenvolvimento socioeconômico e ambiental do Brasil, a sua grandeza é modesta se comparado a outros países
com potencial muito inferior.
Estudo efetuado em São Paulo - SP, por Moledo et al. (2016), os autores concluíram que esta forma de
plantio, também gera efeitos ambientais adversos, onde os mais característicos são: a retirada de água do solo,
tornando o balanço hídrico insuficiente, com a redução do lençol freático, o empobrecimento de nutrientes no
solo, a desertificação de áreas de plantio pelos efeitos alelopáticos sobre outras formas de vegetação, a extinção
da fauna e oferta de empregos somente na implantação do plantio, ainda que para a mão de obra desqualificada,
com baixos salários, e o incentivo ao êxodo rural e o consequente inchaço populacional das metrópoles.
Para amenizar a probabilidade de ocorrer absorção de água demasiadamente dos lençóis freáticos, o
conhecimento do solo para cultivo é de grande importância. É necessário saber a profundidade em que se
encontram os aquíferos, pois, as raízes do gênero Eucalyptus podem alcançar até 2,80 metros. Devido a esta
característica, a cultura deve ser realizada de preferência em lugares de alta altitude à fim de impedir que a
captação de água ocorra de lugar impróprio.
5. CONCLUSÕES
Os impactos ambientais causados pelo cultivo de eucalipto afetam o fluxo hídrico de recargas dos
aquíferos além de demandar grande quantidade de água para abastecimento o que diminui o nível hídrico na bacia
local e altera negativamente a fertilidade do solo além de proporcionar a desertificação de áreas de plantio pelos
efeitos alelopáticos sobre outras formas de vegetação.
Neste contexto, a importância da Avaliação de Impactos Ambientais – AIA é imprescindível para a
elaboração do Cadastro Ambiental Rural – CAR com finalidade de reduzir os impactos gerados pelos cultivos
desta espécie. Tal ferramenta é abordada como um processo de avaliação dos efeitos ambientais (ecológicos),
econômicos e sociais, que poderão ocorrer durante e após a implantação do cultivo de eucalipto.
Dessa forma, o CAR, torna-se uma ferramenta de grande auxílio, para obtenção de dados para estudo e
tomada de decisões, pois apresenta características referentes ao georreferenciamento da área, permitindo assim a
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
escolha do local mais adequado para o cultivo, além de possuir informações de caracterização da área de atividade
rural e ser usado como ferramenta para realização mais precisa da AIA.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Constituição (1986). Resolução do Conama nº 001, de 23 de janeiro de 1986. Resolução Conama Nº
001, de 23 de Janeiro de 1986. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res86/res0186.html>.
Acesso em: 25 abr. 2017.
BRASIL. Decreto nº 7.830, de 17 de outubro de 2012. Dispõe sobre o Sistema de Cadastro Ambiental Rural, o
Cadastro Ambiental Rural, estabelece normas de caráter geral aos Programas de Regularização Ambiental. Diário
Oficial [da] República Federativa do Brasil. Poder Executivo, Brasília, DF, 17 out. 2012.
BRASIL. Decreto-lei nº 7.830, nº 12.651, de 25 de maio de 2012. Dispõe sobre a proteção da vegetação nativa.
Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil. Poder Executivo, Brasília, DF, 25 out. 2012.
FERRAZ, F. B; FELIPE, T. J. S. Análise Comparativa Entre Avaliação e Estudo De Impacto Ambiental. Revista
do Programa de Pós-Graduação em Direito da UFC, Fortaleza, v. 32, n. 2, p.139-156, dez. 2012.
FREITAS JUNIOR, G.; MARSON, A. A.; SOLERA, D. A. G. Eucaliptos no vale do Paraíba paulista: aspectos
geográficos e históricos. REVISTA GEONORTE. São Paulo, v.1, n.4, p.221 – 237, ed. esp, 2012.
GERHARDT, T. E.; SILVEIRA, D. T. Métodos de pesquisa. Porto Alegre: UFRGS, 2009. 114 p.
GIL. A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. Ed. São Paulo: Atlas, 2008.
JOSH, M.; PALANISAMI, K. Impact of eucalyptus plantations on ground water availability in south karnataka.
International Congress on Irrigation and Drainage, Tehran, p.255-262, Out.2011.
LEITE, F. P. et al. Alterations of Soil Chemical Properties by Eucalyptus Cultivation in Five Regions in The Rio
Doce Valley. R. Bras. Ciênc. Solo. Viçosa, v. 34, n.1 p.821-831, maio/junho 2010.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
MOLEDO, J. C. et al. Impactos Ambientais Relativos à Silvicultura de Eucalipto: uma análise comparativa do
desenvolvimento e aplicação no plano de manejo florestal. Geociências, São Paulo, v. 35, n. 4, p.523-526, ago.
2016.
NOBRE, B. A.; LEITE, M. E.; Monocultura do Eucalipto, Impacto Ambiental na Bacia do Canabrava, no Norte
de Minas Gerais. Vitas, Rio de Janeiro, v.4, p.1-8, out. 2012.
PELLIN, A. et al. Avaliação Ambiental Estratégica no Brasil: considerações a respeito do papel das agências
multilaterais de desenvolvimento. Eng Sanit Ambient, São Paulo, v. 16, n. 1, p.27-36, jan/mar. 2011.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Lucas Gomes Costa1; Helder Epifane Rodrigues2; Fernanda Evangelista dos Santos3; Marcos Antônio Souza
dos Santos4
1,2,3 Graduando
de Agrônomia da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA).
E-mail: [email protected];[email protected], [email protected]
4 Docente da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), Belém, Pará, Brasil.
E-mail: [email protected]
RESUMO
O cupuaçu (Theobroma grandiflorum, Willd. ex. Spreng,Schum) é uma fruteira típica da região Amazônica que
tem apresentado grande destaque no mercado consumidor, além de suas diversas possibilidades de utilização na
fabricação dos mais variados produtos direcionados a inúmeros fins, suas característica única ligadas ao aroma e
sabor exótico tem despertado interesse de industrias que visam a formação de novos produtos que se firmem no
mercado. É uma fruta nativa muito comercializada na região e ganha mercado nacional e internacional, sua venda
na forma de polpa é uma importante opção, tendo em vista o armazenamento no período de entressafra que
mantem a frequência da oferta do produto e a alta perecibilidade do fruto comercializado in natura, onde o
mercado encontra-se fragilizado. Para analisar a sazonalidade do cupuaçu, o trabalho foi elaborado com base em
dados secundários, a estimativa dos índices sazonais de preços foi realizada a partir do método da média móvel
centrada em doze meses. O dados são relativos ao Estado do Pará no período de 2000 a 2013, o mesmo destaca-
se como maior produtor da fruta em todo Brasil. O objetivo do trabalho foi de estimar os índices sazonais do
cupuaçu durante o ano no Estado do Pará. Os resultados indicaram a existência de sazonalidade nos preços da
polpa ao longo do ano. Os preços mais baixos se apresentaram entre os meses de maio e setembro e os níveis
mais altos entre outubro e janeiro, com amplitude de variação de 7,55%.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
1. INTRODUÇÃO
Na Amazônia, a fruticultura tem despertado o interesse das indústrias e do mercado consumidor, motivado
por seus frutos exóticos com diversas possibilidades de uso e consumo que atraem a atenção e curiosidade,
considerando também as diversas possibilidades do uso nos vários setores da indústria. Nesse contexto encontra-
se o cupuaçu Theobroma grandiflorum, Willd. ex. Spreng., Schum, com grande potencial de aproveitamento no
setor agroindustrial, principalmente pelas características de sabor, aroma, possibilidades de utilização doméstica
e agro-industrial da sua polpa e alto potencial econômico (SUFRAMA, 2003). O cupuaçu apresenta algumas
desvantagens na comercialização, conforme afirma o Ministério da Educação (2007), o fruto possui alta
perecibilidade e dificuldades no armazenamento, acarretando em perdas.
Com a domesticação, o mercado do cupuaçu se expandiu e se qualificou. Atualmente o cupuaçu é
empregado na fabricação de produtos variados, A polpa é utilizada no preparo de sorvetes, sucos, geléias, doces,
mousses, bombons, balas, biscoitos e iogurtes, as sementes na fabricação de chocolate branco de ótima qualidade
(MINISTERIO DA SAÚDE, 2002, p.23), e a casca é utilizada como adubo orgânico ou no uso de ração para
animais (NOGUEIRA; SANTANA, 2009). O Estado do Pará é o maior produtor brasileiro do fruto, com produção
de 74.524 toneladas em 2012, e área colhida de 12.996 ha (SAGRI, 2012).
Os preços desse produto sofrem variações durante o ano, portanto a compreensão do padrão sazonal dos
preços é fundamental na tomada de decisão dos produtores e consumidores, indicando o melhor período para
compra e venda. O objetivo do trabalho foi estimar os índices sazonais de preço da polpa do cupuaçu durante o
ano no Estado do Pará.
2. METODOLOGIA
Para o estudo sazonal dos preços da polpa de cupuaçu, o Estado do Pará foi o local escolhido por ser o
maior produtor do fruto. Foram utilizados dados secundários abrangendo o período 2000 a 2013, disponibilizados
pela Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca do estado do Pará (SEDAP), esses valores foram
corrigidos para março de 2016, por meio do Índice Geral de Preços Disponibilidade Interna (IGP-DI) da Fundação
Getúlio Vargas (FGV, 2016). A estimativa dos índices de sazonalidade de preços foi realizada por meio do método
da média móvel centralizada em doze meses (MENDES e PADILHA JUNIOR, 2007). Os limites inferiores e
superiores foram calculados a partir da soma e subtração dos índices sazonais de cada mês por seu respectivo
desvio padrão. A amplitude de variação foi obtida pela diferença entre os índices sazonais máximo e mínimo.
3. RESULTADO E DISCUSSÃO
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
A produção agropecuária depende dos fatores climáticos de cada região, apresentando períodos de falta
(entressafra) e de abundância (safra) (ARAUJO, 2007). Conforme Nogueira e Santana (2009) no Estado do Pará,
a safra do cupuaçu ocorre no primeiro semestre do ano, de dezembro a junho e a entressafra no segundo semestre,
de julho a novembro, sendo um produto com sazonalidade marcante, influenciando diretamente nos preços de
mercado.
Gráfico 1: Índices Sazonais de preço da polpa do cupuaçu no Estado do Pará no período de janeiro a dezembro (Média
2000-2013).
120,00
Índice Sazonal (%)
110,00
L.SUPERIOR
100,00 MÉDIA
I.SAZ
90,00
L.INFERIOR
80,00
Fev
Jan
Abr
Set
Out
Dez
Mai
Jul
Ago
Nov
Jun
Mar
De acordo com o gráfico 1, entre os meses de outubro a janeiro os preços encontram-se acima da média
anual, correspondendo à época de escassez do produto devido à redução da oferta. Entre maio e setembro observa-
se a queda nos índices sazonais de preços, impulsionada pelo aumento da oferta do produto, configurando o
período de safra. Estes resultados se assemelham aos obtidos por Nogueira e Santana (2012) para o caso do fruto
de cupuaçu.
De acordo com Nogueira e Santana (2012) em relação ao fruto, a amplitude de variação (H) foi de 49%, em
comparação aos dados obtidos da polpa, observou-se uma amplitude de 7,55%. Essa menor amplitude deve-se a
possibilidade de armazenamento da polpa de cupuaçu. O beneficiamento e armazenamento do produto confere
maior agregação de valor frente ao fruto “in natura” que exibe alta perecibilidade. Considera-se o período de
safra como a melhor época para os consumidores adquirirem a polpa, pois ocorre uma queda dos preços
ocasionada pelo aumento da oferta, neste momento é interessante para os produtores armazenar o produto, visando
ofertá-lo no período de entressafra, o que proporcionaria a obtenção de maior lucratividade.
4. CONCLUSÕES
A análise sobre o cupuaçu no ramo da fruticultura se deu em razão de suas peculiaridades positivas e
negativas, tais como: potencial econômico e alta perecibilidade onde o Estado do Pará se destaca como maior
produtor do fruto que é usado nos mais variados produtos.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
De acordo com a análise dos dados de preço da polpa, observa-se que a amplitude média de sazonalidade
da polpa foi de 7,55%, caracterizando uma baixa variação de preço se comparado ao fruto (49 %), no período
sazonal com pequena oferta do mesmo no mercado, neste contexto, a baixa amplitude se dá pelo ao fato da
possibilidade de armazenamento da polpa. Dentro dos limites de amplitude observados os meses de maio a
setembro são destaques na comercialização no Estado do Pará, correspondendo ao período de queda nos preços
pelo aumento da ofertado produto, período de safra.
REFERENCIAS
ARAUJO, M. J. Fundamentos de agronegócios. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2007.
MENDES, J. T. G.; PADILHA JUNIOR, J. B. Agronegócio: uma abordagem econômica. São Paulo: Pearson
Prentice Hall, 2007. 369p.
MINISTERIO DA SAUDE. Alimentos regionais brasileiros 1. ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2002.
NOGUEIRA, A.K.M; SANTANA, A.C. Análise de sazonalidade de preços de vareja de açaí, cupuaçu e
bacaba no estado do Pará. Revista de Estudos Sociais (UFMT), v. 11, p. 6-21, 2009.
Secretaria de Estado de Agricultura. A fruticultura no Estado do Pará. Pará, 2012. Disponível em:
http://sedap.pa.gov.br/files/pdfs/SEB_Cartilha_Frutal_18x21cm_OUT11_FINAL.pdf. Acesso em: 14 ago. 2016.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
RESUMO
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
1. INTRODUÇÃO
O Brasil possui a segunda maior cobertura florestal do mundo, sendo que a maior extensão contínua de
floresta tropical do mundo está na Região Amazônica. Vale ressaltar que 45% desta área florestal (235 milhões
de ha) representa propriedade particular e os outros 55% (290 milhões de ha) são de domínio público (FAO,
2010). A sua diversidade de espécies florestais é inigualável e estima-se que é maior do que em qualquer
ecossistema florestal.
A fitossociologia pode ser compreendida como a parte da ecologia quantitativa de comunidades vegetais,
envolvendo as inter-relações de espécies vegetais no espaço e, em alguns casos, no tempo, conforme Martins
(1991). Seus objetivos referem-se ao estudo quantitativo da composição florística, da estrutura, do funcionamento,
da dinâmica, da distribuição e das relações ambientais da comunidade vegetal.
Densidade ou Abundância de indivíduos, de acordo com Pillar (1996a), pode ser definida como o “número
de indivíduos da população por unidade de área”, sendo que o número de unidades de amostra (UA) é diretamente
proporcional a precisão da estimativa de densidade. A Riqueza mostra a variedade de espécies encontradas em
dada área.
A análise fitossociológica da população é uma das principais ferramentas utilizadas para a diminuição da
exploração e conservação dos ecossistemas florestais. Com isso fornece informações pertinentes a respeito das
características da floresta, sendo indispensáveis para a elaboração do PMFS e utilização racional das florestas.
Dessa forma, objetivo do trabalho foi avaliar a abundância e riqueza de espécies dos ecossistemas de
capoeira e terra firme no município de Barcarena no estado do Pará.
Diante do exposto, no presente trabalho será abordada a seguinte questão: é possível encontrar as mesmas
espécies, ou ao menos uma grande parcela das mesmas?
2. MATERIAL E MÉTODOS
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
No campo todos os indivíduos arbóreos tiveram as suas circunferências à altura do peito (CAP) medidas
a 1,30 m do solo, sendo estas posteriormente transformadas para diâmetro a altura do peito (DAP). Além do
CAP, coletou-se a altura dos indivíduos, feita através de estimação visual, a qualidade do fuste, nome das espécies
e famílias, mediante a realização de um levantamento florístico da área, distribuindo-se em 2 unidades de amostra
na população. As árvores foram todas enumeradas com placas de alumínio e identificadas com uma listra de tinta
vermelha.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
de terra firme ou floresta tropical úmida. De acordo com a classificação adotada pelo IBGE (VELOSO & FILHO,
1982), esta vegetação é classificada como floresta ombrófila densa. Estas classificações referem-se à vegetação
primária.
Segundo Amaral et al. (2002), a vegetação representada na ilha é composta por: a) florestas secundárias
de terra firme (capoeira), b) mata primária de terra firme; c) mata de várzea primária, d) Igapó e e) campinas
arenosas.
Na caracterização e classificação taxonômica dos solos foram empregadas características diferenciais para
distinção de classes de solos e de unidades de mapeamento, segundo os critérios adotados pelo Sistema Brasileiro
de Classificação de Solos (EMBRAPA, 1988 e 1988b; EMBRAPA, 1999; ESTADOS UNIDOS, 1994). O relevo
é plano a suave ondulado, sendo que poucas áreas podem ser classificadas como de relevo ondulado, na qual as
declividades são identificadas como suave, e suave ondulado chegando a próximo de 5% (EMBRAPA, 1988 e
1988b; EMBRAPA, 1999).
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram encontrados no ecossistema de floresta explorada e capoeira, cerca de 199 indivíduos distribuídos
em 104 espécies. Em estudo realizado na Estação Experimental de Curuá-Una – PA em uma área de 100 ha,
Barros (1986) encontrou um número semelhante de espécies ao encontrado no presente trabalho, com 104.
Almeida et al. (2012), por sua vez, encontraram em floresta manejada em Santarém – PA 175 espécies
distribuídas em 38 famílias, e, assim como no presente estudo, a família que apresentou o maior número de
espécies foi a Fabaceae.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Figura 3- Relação riqueza por número de indivíduos da área de Capoeira que apresentaram maior abundancia no
inventário.
Na abundância total do estrato capoeira foi de 35,35 ha-1 indivíduo, sendo os indivíduos com mais
expressividade nas identificações o Inga paraensis Ducke e Tapirira guianensis Aubl.,12 e 11 unidades,
respectivamente. No total, a riqueza apresentou 43 espécies e abundancia de 99 indivíduos.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Figura 4. Relação riqueza por número de indivíduos da área de Terra Firme que apresentaram maior abundância
no inventario.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
A abundância total do estrato Floresta explorada foi de indivíduo 37.31 ha-1, sendo os indivíduos com
mais expressividade nas identificações o Tapirira guianensis Aubl. com 10 unidades e Byrsonima laxiflora
Griseb, Lecythisidatimon Aubl. e Inga paraensis Ducke ,4 unidades cada uma espécie. No total, a riqueza
apresentou 61 espécies e abundancia de 100 indivíduos.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A espécie mais influente no ecossistema de capoeira o ingá paraensis ducke, que pertencente à família
Fabaceae. A família Fabaceae é a mais influente do povoamento, apresentando maior abundância.
As observações mostraram riquezas que coincidiram em poucas espécies entre os ecossistemas, sendo a
área de floresta explorada apresentando maior riqueza de espécies.
Com a riqueza e abundancia calculados foi possível avaliar alguns aspectos fitossociologicos da área, afim
de compreender a dinâmica das espécies nos ecossistemas.
REFERÊNCIAS
AMARAL NETO, P., A. N. Manual Florestal Comunitário na Amazônia Brasileira: Situação Atual, Desafios e
Perspectivas. Brasília: Instituto Internacional de Educação do Brasil – IIEB, 2002.
BARROS, P. L. C. de. Estudo fitossociológico de uma floresta tropical úmida no planalto de Curuá-Una,
Amazônia brasileira. Curitiba, 146p. Tese (Doutorado) – Universidade Federal do Paraná. 1986
MARTINS FR. Estrutura de uma floresta mesófila. Campinas: Ed. UNICAMP; 1991.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
RESUMO
O presente artigo apresenta a aplicação e resultados do Projeto na Trilha das Ciências, elaborado a partir do ensino
dos conteúdos da disciplina de Ciências, de modo interdisciplinar. Executou-se a aula com o intuito de abordar
os temas relacionados com o som de maneira dinâmica para uma melhor aprendizagem dos alunos. O estudo teve
como objetivo explorar a propagação do som na atmosfera, suas qualidades fisiológicas e os caminhos que
percorrem até chegar ao ouvido humano, trabalhando com materiais recicláveis, no qual é de grande importância
para difundir o conhecimento sobre a ciência através da interdisciplinaridade. A divulgação do ensino de ciências
contribui para o entendimento do quanto é essencial instigar a curiosidade dos participantes de maneira lúdica,
pois a mesma é de grande relevância para o ensino e aprendizado humano. Devido observar a necessidade de
ensinar as ciências biológicas, físicas e químicas de maneira interdisciplinar, este trabalho foi elaborado. O estudo
foi aplicado no Instituto São Vicente de Paulo, em Belém, com 30 alunos do 5º ano e faixa etária entre 9 a 11
anos. A metodologia utilizada comtemplou três momentos, no primeiro momento foi realizada uma avaliação
diagnóstica, logo, houve, a explanação dos conteúdos e a aplicação do jogo de tabuleiro junto com a paródia de
uma música pra retomar o que foi exposto. Os resultados mostraram que os objetivos de conhecer o aparelho
auditivo evidenciandopara os alunos a importância da reciclagem no dia a dia foi alcançado, pois os alunos
demonstraram entendimento nos conteúdos. Conclui-se que este trabalho visa a qualidade educacional, a qual é
importante no sentido de auxiliar o aluno na reflexão sobre a sua vida após estudos referentes à acústica, aparelho
auditivo e reciclagem, mostrando que esses conteúdos estão próximos da vivência desses alunos.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
1. INTRODUÇÃO
Este artigo baseia-se no projeto interdisciplinar “Na trilha das ciências”, criado a partir da proposta do
curso de Licenciatura Plena em Pedagogia da Universidade do Estado do Pará. O artigo enfatiza a utilização de
jogos didáticos, ferramentas fundamentais para os processos de ensino e aprendizagem, tratando da discussão da
propagação do som nos meios materiais e como esse se expande nos meios sólido, líquido e gasoso e também a
relação da chegada do som no aparelho auditivo humano. Foi aplicado no Instituto São Vicente de Paulo, para a
turma do 5º ano com alunos de faixa etária entre 9 aos 11 anos de idade.
A temática da reciclagem também foi enfatizada no projeto que originou este artigo, foram utilizados
materiais recicláveis para criação de um violão e uma paródia a fim desenvolver o tema central acústica, e o jogo
de tabuleiro para realização da avaliação de todos os assuntos ministrados em sala de aula a partir do projeto.
2. METODOLOGIA
As atividades foram realizadas na escola Instituto São Vicente de Paulo, com alunos do 5º ano do ensino
fundamental a partir do estudo realizado sobre o lúdico. De acordo com Vygotsky o processo de ensino
aprendizagem é educativo quando desperta na criança a curiosidade. Precisa-se aproveitar o lúdico em sala de
aula como facilitador da aprendizagem. Primeiramente, produzimos os recursos didáticos, o violão e o jogo de
tabuleiro, através de materiais reciclados, também o uso de cartazes contendo imagens ampliadas do aparelho
auditivo humano.
No primeiro momento com a turma, fez-se uma avaliação diagnóstica acerca dos conhecimentos prévios
dos alunos sobre “som”, “aparelho auditivo” e “reciclagem”. Perguntou-se o seguinte: “o que vocês entendem
sobre a palavra som?”; “vocês sabem como o som chega até o aparelho auditivo?” e “o que vocês entendem sobre
a palavra reciclagem?” A partir das respostas dos alunos, explicou-se o conceito de som, ondas sonoras e suas
características, meios de propagação do som, como percebemos e diferenciamos o som quando ele percorre o
aparelho auditivo humano. À medida que o grupo explicava o assunto, pedia-se para que a turma observasse as
ilustrações que estavam sendo expostas e pedindo para que dissessem o que conseguiam observar e entender a
partir da imagem do aparelho auditivo, por exemplo.
Em seguida, foi dado início à realização do jogo de tabuleiro entre os alunos: O jogo consistia em um
tabuleiro de perguntas e respostas, estas estavam de acordo com o conteúdo repassado em sala de aula, onde o
aluno jogava o dado e escolhia uma carta, o número que saísse no dado era a quantidade de casas que o participante
deveria andar, o participante só avançava de casa se acertasse a pergunta. Cada carta possuía uma premiação e
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
uma punição, se o jogador errasse teria que ser punido voltando casas. O jogo terminou quando o primeiro aluno
chegou ao fim do tabuleiro. O campeão foi beneficiado com um prêmio.
Finalizando a atividade foi utilizada uma paródia da música Show das poderosas (Anitta) contendo os
assuntos expostos anteriormente para melhor fixá-los.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Relacionaram-se as ciências química, física e biologia com base nos objetivos propostos pelo projeto que
originou o artigo. Os conteúdos que foi repassado em sala de aula como, propagação do som, ondas sonoras,
aparelho auditivo e reciclagem. Abaixo contém um quadro exemplificando as principais perguntas feitas pelas
expositoras e as respostas que obtivemos dos alunos antes e após as explicações:
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Concluímos que os objetivos de conhecer o aparelho auditivo e mostrar para os alunos a importância da
reciclagem no dia a dia, como se pode ver na figura 1, desenvolvendo atividades demonstrativas com os mesmos
foram alcançados, pois se percebe que ao término da explicação e com a utilização do jogo de tabuleiro e a paródia
feita pelo grupo, os alunos demonstraram entendimento nos conteúdos, pois já utilizavam algumas palavras
técnicas.
Figura 1: Na sua casa acontece a reciclagem?
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Acreditamos que as expectativas e os investimentos dos educadores devem ser os mesmos em relação a
todos os educandos. O propósito principal deste trabalho foi de apresentar o estudo que foi realizado sobre o
conteúdo de Ciências, envolvendo as disciplinas física, química e biologia de maneira interdisciplinar, com o
intuito de expandir o conhecimento dos alunos acerca do tema proposto.
Este trabalho visa à qualidade educacional, que é importante no sentido de que pode auxiliar o aluno na
reflexão sobre a sua vida após estudos referentes à acústica, aparelho auditivo e reciclagem para assim, mostrar
que esses conteúdos participam e estão próximos da vivência desses alunos, inseridos no cotidiano dos mesmos,
construção de conhecimento e aprendizado, pois, trabalhar os conteúdos de Ciências é dar oportunidade aos
alunos de entender o mundo e interpretar as ações e os fenômenos que observam e vivenciam no dia a dia.
Portanto, cabe a nós, enquanto educadores, buscarmos e nos empenharmos em fazer com que o processo
de aprendizagem seja transmitido ao aluno da melhor forma possível.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
REFERÊNCIAS
DECRETO-LEI nº 9795: Dispõe sobre a Educação Ambiental e institui a Política Nacional de Educação
Ambiental. Brasília: Diário Oficial da República Federativa do Brasil, 1999.
DONOSO, José Pedro. Som e acústica: ondas sonoras. Universidade de São Paulo, Instituto de Física de São
Carlos- IFSC. 2006
JOURDAIN, R. Música, cérebro e êxtase: como a música captura nossa imaginação. Rio de Janeiro: Objetiva,
1998.
LANDULFO, Eduardo. Meio Ambiente e Física. São Paulo: Ed. SENAC, 2005.
RUI, Laura Rita. A física na audição humana. – Porto Alegre: UFRGS, Instituto de Física, Programa de Pós-
Graduação em Ensino de Física. 2007.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Larissa Sousa Villas Boas Amorim1, Maria de Nazaré Martins Maciel2, Vanda Maria Sales de Andrade3, Beatriz
Cordeiro Costa4, Larissa da Silva Miranda5
RESUMO
O presente trabalho tem como finalidade avaliar a incidência de focos de calor na mesorregião do sudeste
paraense, devido a esta ser uma mesorregião bastante significativa na Amazônia. Para isto, foram utilizados dados
de focos de calor disponíveis pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e através das geotecnologias
foi possível analisar a ocorrência destes dados entre os anos de 2004 a 2015 na área de estudo. As informações
sobre focos de calor foram associadas aos dados climatológicos fornecidos pelo Instituto Nacional de
Meteorologia (INMET). Os focos de calor oscilaram bastante durante o período de estudo. O ano de 2010 foi o
mais representativo, apresentando 78,26% maior número de focos do que o ano de 2011 que foi o ano que
apresentou o menor quantitativo de focos. Os dados dos elementos do clima sustentam a ideia de que os focos de
calor são bastante influenciados pelas condições do tempo e do clima na região, uma vez que a temperatura do ar
registrou 2,5 °C acima da normalidade, apresentou baixa umidade relativa do ar e altas temperaturas, ocorreu
ainda uma grande redução no volume de precipitação, tornando o clima quente e seco. Através das avaliações é
possível inferir que a grande oscilação de focos de calor estar associada a condições naturais como a temperatura
e a pluviometria.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
1. INTRODUÇÃO
O uso do fogo por parte de produtores rurais é muito comum na Amazônia, este é utilizado para limpeza
de área, estabelecimento de plantio, de pastagem, etc. Esta atividade, quando utilizada deve ser realizada de
maneira controlada a fim de mitigar os impactos negativos tanto para as áreas de florestas, como para o meio
ambiente de forma geral. Quando não há o controle da atividade de queima ela se torna perigosa, podendo
acarretar ao produtor desvantagens econômicas e para a floresta um dano em sua estrutura que comumente atinge
alta magnitude (VASCONCELOS, 2005). Logo, é comum que práticas de queimas que não são devidamente
planejadas acarretem em incêndios florestais.
O uso do fogo como alternativa de manejo no setor agropecuário aliado ao negligenciamento de técnicas
de prevenção, devido a falta de conhecimento e técnicas para controle do fogo, torna mais eminente a causa dos
incêndios florestais na Amazônia. A grande preocupação em relação aos incêndios florestais é a ameaça que este
fenômeno causa à biodiversidade das florestas e a interrupção dos processos ecológicos da mesma. Incêndios em
pequenas áreas de ecossistemas sensíveis ao fogo torna a vida de espécies raras de vegetais e animais
comprometidas (MEDEIROS, 2004).
Para monitorar índices de queimadas e de incêndios florestais, o INPE, Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais realiza o levantamento de ocorrência de focos de queima detectados por vários satélites que recobrem
o bioma Amazônia. Os satélites responsáveis pela coleta destas informações rastreiam a superfície terrestre
diariamente ou mais vezes no dia. (INPE, 2017). Os sensores detectam o calor emitido por determinada área por
meio da energia infravermelha que é emitida, com isso, o sensor gera um pixel georreferenciado para áreas que
atinjam temperatura igual ou superior a 47ºC com um conjunto de informações da área que supostamente está
sendo alvo de queimada ou incêndio. As queimadas emitem forte energia termal e focos de calor de até 30 m por
0,5 m são detectados (INPE, 2017).
Neste contexto, aproveitou-se os dados disponibilizados pelo INPE para realizar uma análise detalhada
sobre focos de calor. A área de estudo escolhida foi a mesorregião do sudeste paraense que está inserida dentro
do "arco do desmatamento", que de acordo Fearnside (2005), é assim chamado pois nesta área ocorreu significante
perda da floresta durante os últimos anos, tornando o desmatamento severo.
O objetivo do presente trabalho é realizar uma análise temporal do quantitativo de focos de calor
ocorrentes na mesorregião do sudeste paraense entre os anos de 2004 a 2015 associando-os a informações
climatológicas.
2. MATERIAL E MÉTODOS
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
2.1. MATERIAL
A área de estudo deste trabalho é a mesorregião do Sudeste Paraense (Figura 1) que é composta por sete
microrregiões, 39 municípios e apresenta população estimada de 1.819.301 habitantes (IBGE, 2014). Segundo
Matos (2014), o sudeste paraense é notado como uma das áreas mais importantes da fronteira agrícola da
Amazônia.
Fonte: Mapa elaborado pelos autores utilizando base cartográfica digital do MMA.
A base cartográfica digital foi adquirida no site do Ministério do Meio Ambiente - MMA, onde foi
realizado o download da base cartográfica utilizada neste estudo, referente a: mesorregiões e limite municipal
para todo o Brasil. Ambas em formato shapefile.
Para este trabalho foram utilizados dados de focos de calor provenientes do satélite AQUA M-T (Sensor
Moderate Resolution Imaging Spec-troradiometer, sensor MODIS), que percorre a mesma rota no período da
manhã e da tarde. Este é capaz de gerar um ponto georreferenciado no centro de áreas que estão emitindo uma
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
temperatura superior a 47 ºC no momento da passagem do satélite (INPE, 2017). Os dados foram adquiridos em
formato shapefile para os anos de 2004 a 2015.
Sobre as informações dos elementos referentes ao clima, os dados foram solicitados ao INMET (Instituto
Nacional de Meteorologia) e o mesmo disponibilizou as informações para a área de estudo por meio de correio
eletrônico.
2.2. MÉTODOS
Através dos softwares ArcGis 10.1 e Excel 2007 foi possível elaborar mapas, gráficos e tabelas para expor
os resultados obtidos nas análises espaciais realizadas neste trabalho (figura 2). Através do geoprocessamento foi
possível quantificar o número total de focos de calor entre os anos de 2004 a 2015 para a área de estudo.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A ocorrência de focos de calor que compreende toda a área de estudo oscila bastante, apresentando
significativos picos e quedas.
Em 2010 ocorreu o maior número de focos de calor do período de estudo, apresentando 25.751 focos;
seguido pelo ano de 2007 com ocorrência de 24.793; no ano de 2005 ocorreu 23.236 e em 2004, 21.647 focos.
Entre os demais anos os focos de calor variaram entre 5.598 a 14.860. (Figura 3).
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
30.000
25.751
24.793
23.236
21.647
25.000
Nº de Focos de calor
20.000
14.860
13.133
11.114
15.000
10.870
9.348
7.963
10.000
5.676
5.598
5.000
-
2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015
O período com o menor número de focos de calor foi o ano de 2011 com 5.598 focos. Este apresentou
78,26 % menos focos de calor quando comparado com o ano de 2010 que apresentou o maior número de focos.
A oscilação da ocorrência de focos de calor durante o período de estudo também pode ser notada através
do mapa de espacialização dos focos de calor na área de estudo, a mesorregião do Sudeste Paraense (Figura 4).
Neste mapa é nítido a maior ocorrência de focos nos anos de 2004, 2005, 2006, 2007 e 2010 e menor
ocorrência entre os anos de 2011 e 2013. Os demais anos apresentam ocorrência intermediária de focos de calor.
A incidência de focos de calor pode ser influenciada por diversos fatores, entre eles, fenômenos climáticos,
anomalias de temperatura da superfície do mar (TSM), variação de regime hídrico, etc (SEMAS, 2016).
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Figura 4 - Espacialização dos focos de calor entre os anos de 2004 a 2015 no Sudeste Paraense.
Fonte: Mapa elaborado pelos autores utilizando base cartográfica digital do INPE e MMA.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Durante o período avaliado de focos de calor, em que se destacou o ano de 2010 com maior número de
focos, buscou-se avaliar as condições do ambiente que estão diretamente ligados à incidência dos focos, que são
os elementos do clima como a temperatura do ar, a umidade relativa do ar e a precipitação. Observamos que para
o ano de 2010 a região sudeste do estado do Pará presenciou um ano com grandes variações em todos os elementos
do clima, caracterizando um ano bem atípico, fora dos padrões esperados (Tabela 1).
Foi encontrado valor significativo em relação a temperatura do ar, que apresentou variação de
aproximadamente 2,5 °C, valor acima da normalidade. A umidade relativa do ar ficou abaixo da normalidade,
assim como os valores de precipitação que foram menores do que o esperado, atingindo diferença de 418,7 mm
abaixo do normal. O conjunto destes fatores deixaram o tempo quente e mais seco. Associando os dados dos
elementos do clima com o número de focos de calor, percebe-se que estes possuem relação, uma vez que o ano
de 2010 apresentou valores fora da normalidade para elementos do clima, tornando o tempo quente e seco,
acarretando em maior número de focos de calor na região.
Tabela 1. Dados dos principais elementos do clima as médias da temperatura do ar (Temp.ar), Umidade relativa do ar
(UR), precipitação total pluviométrica (PRP), e das normais climatológicas (NC.) de 1961-1990 do (INMET) de pontos de
referência localizados na região sudeste do Estado do Pará.
Em estudo realizado por Santos (2011), que teve como área de estudo a mesorregião do Extremo Oeste da
Bahia (localizada no bioma Cerrado) entre os anos de 2007 a 2009, relacionou dados de focos de calor com taxas
pluviométricas e constatou que o ano que apresentou o maior número de focos de calor também foi o período em
que a área de estudo apresentou clima mais quente e seco, com baixa taxa pluviométrica.
Gonçalves (2016), semelhantemente a Santos (2011), realizou um estudo que relaciona focos de calor com
índices pluviométricos em 9 municípios localizados na mesma área de estudo deste trabalho, o Sudeste Paraense.
Neste trabalho, Gonçalves verificou que as reduções de índices pluviométricos resultaram em uma alta ocorrência
de focos de calor e vice e versa, caracterizando estas duas variáveis como inversamente proporcionais.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
No ano de 2010 ocorreu o fenômeno do El Ninõ, que representa um período quente com baixa taxa
pluviométrica. Este foi o mesmo ano em que os números de focos de calor atingiram seus valores mais altos no
estudo de Gonçalves (2016), semelhantemente também ao presente estudo (Figura 4).
Considerando a influência do regime pluviométrico no número dos focos de calor, podemos inferir que
estas variáveis são inversamente proporcionais e que as variações das taxas pluviométricas entre os anos também
podem ter influenciado o número de focos de calor no presente trabalho, o que explica a oscilação destes números
entre o período de estudo.
Com isto podemos inferir que não somente a intensidade da ação antrópica influencia o número de focos
de calor, mas também as condições naturais influenciam diretamente. Ou seja, a influencia de diferentes condições
climáticas resultarão na oscilação do número de focos de calor em relação aos períodos secos e quentes ou
chuvosos e úmidos.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Através da análise temporal realizada no sudeste paraense para focos de calor foi possível perceber que a
ocorrência deste oscilou bastante. Pode-se atribuir esta grande oscilação apresentada ao fato da ocorrência de
focos de calor estar diretamente associada a condições naturais provenientes dos elementos do clima como a
temperatura do ar, a umidade relativa do ar e a pluviometria.
Os dados de algumas estações meteorológicas de superfície demonstraram condições elevadas para a
incidência de maior número de focos de calor no ano de 2010.
O uso do geoprocessamento se mostrou eficiente para a realização deste trabalho e por meio da análise
espacial foi possível manipular os dados de diversas formas para que assim o objetivo deste trabalho pudesse ser
alcançado.
REFERÊNCIAS
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Estimativas da população residente no Brasil e unidades
da federação com data de referência em 1º de julho de 2014. Disponível em:
<ftp://ftp.ibge.gov.br/Estimativas_de_Populacao/Estimativas_2014/ estimativa_dou_2014 .pdf>. Acesso em: 30
out. 2016.
INPE - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. Programa queimadas monitoramento por satélites. São
Paulo, 2017. Disponível em: < https://queimadas.dgi.inpe.br/queimadas/destaque/area-queimada>. Acesso em:
26 fev. 2017.
MATOS, A. S. J.; GARCIA, C. C.; PENA, H. W. A. Estruturas economicas da região sudeste do estado do Pará,
Amazônia-Brasil. Uma abordagem produtiva do município de Canaã dos Carajás. Observatorio de la Economía
Latinoamericana, n. 201, 2014. Disponível em: < http://www.eumed.net/cursecon/ecolat/br/14/canaa.html >.
Acesso em: 30 out. 2016.
MEDEIROS, M. B.; FIEDLER, N. C. Incêndios florestais no parque nacional da Serra da Canastra: desafios para
a conservação da biodiversidade. Ciência Florestal, v. 14, n. 2, p. 157-168, 2004. Disponível em: <
https://periodicos.ufsm.br/cienciaflorestal/ article/view/1815/1079>. Acesso em: 11 set. 2016.
SANTOS, C. A. P.; SOUZA, U. B.; SILVA, W. L. Quantificação dos focos de calor na Meso-região do Extremo
Oeste Baiano. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE SENSORIAMENTO REMOTO, 15., 2011, Curitiba. Anais do
XV SBSR. Curitiba: SBSR, 2011, p. 7926-7933. Disponível em: <
http://www.dsr.inpe.br/sbsr2011/files/p1541.pdf>. Acesso em: 15 março 2017.
SANTOS, D., B.; ACEVEDO MARIN, R. E. Economia madeireira no Pará: análise da regulação a partir dos
autor de infrações de flora. Estudos Sociedade e Agricultura, v. 24, n. 1, p. 263-286, 2016. Disponível em: <
http://r1.ufrrj.br/esa/V2/ojs/index.php/esa/article/view/664>. Acesso em: 12 dez. 2016.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
VASCONCELOS, S. S. et al. Evolução de focos de calor nos anos de 2003 e 2004 na região de Madre de
Dios/Peru – Acre/Brasil – Pando/Bolívia (MAP): uma aplicação regional do banco de dados INPE/IBAMA. In:
SIMPÓSIO BRASILEIRO DE SENSORIAMENTO REMOTO, 12., 2005, Goiânia. Anais do XII SBSR.
Goiânia: SBSR, 2005. p. 3411 - 3417. Disponível em: <
http://queimadas.cptec.inpe.br/~rqueimadas/material3os/2005_Vasconcelos_etal_Evolucao_focos_XIISBSR.pd
f>. Acesso em: 16 dez. 2016.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Luana Cristina Pedreira Lessa1; Thiago Rodrigues de Matos2, Cleyton Eduardo Costa Ferreira3, Neyson Martins
Mendonça4; Hélio da Silva Almeida5.
E-mail: [email protected]
3 Graduando de Engenharia Sanitária e Ambiental. Universidade Federal do Pará. E-mail:
[email protected]
4 Doutor em Hidráulica e Saneamento. Universidade Federal do Pará. E-mail: [email protected]
5 Doutor em Engenharia de Recursos Naturais. Universidade Federal do Pará. E-mail: [email protected]
RESUMO
Este trabalho teve como objetivo avaliar a emissão de carga de nitrato presente em efluente tratado por uma
estação de tratamento de esgoto cujo fluxograma de tratamento consiste em sistema de lodos ativados de fluxo
intermitente de esgoto (ADI-SBR), tendo como legislação pertinente a CONAMA 357/2005, que estabelece
limites para concentrações de nitrato a partir enquadramento dos corpos d’água. As etapas experimentais
consistiram em: 1) Levantamento de hidrograma de vazão de efluente tratado na ETE; 2) Determinação da
concentração de nitrato; 3) Determinação da emissão da carga de nitrato. O tempo médio de descarte de efluente
tratado obtido foi de 119 min e a vazão média de descarte foi de 3,845±0,30 L/s. As concentrações médias de
nitrato no efluente tratado foram de: máxima de 4,6 mgN-NO3-/L; mínima de 1,2 mgN-NO3-/L; média de
3,5±0,53 mgN-NO3-/L. Os valores médios obtidos neste estudo para a carga de nitrato a ser emitida por descarte
foram de: máxima de 0,115 KgN-NO3-/L; mínima de 0,063 KgN-NO3-/L; média de 0,092±0,01 KgN-NO3-/L.
Nenhuma das amostras registrou concentração de nitrato superior ao limite de 10 mgN-NO3-/L (CONAMA,
2005), estando de acordo com o que é estabelecido para a classificação de corpos d’água segundo padrão de
qualidade para águas doce.
Palavras-chave: Nitrato em águas residuárias. Padrão de enquadramento de corpos d’água. Medição de vazão
de efluente tratado.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
1. INTRODUÇÃO
O nitrogênio é um dos principais nutrientes a ser removido em processos de tratamento de águas residuárias,
uma vez que é potencial para desequilíbrio do corpo receptor o qual será lançado (DE ARAÚJO et al., 2010;
ZOPPAS et al., 2016). O principal elemento nitrogenado associado à contaminação da água é o nitrato, indicando
poluição contínua ou antiga, podendo ocasionar implicação a saúde pública e biota local (COSTA et al., 2017;
HOU et al., 2015).
A legislação que estabelece limites para concentrações de nitrato é a que dispõe do enquadramento dos
corpos d’água (CONAMA, 2005), cujo as concentrações variam para cada classe em enquadramento. Logo, ainda
que não hajam limites de concentração para nitrato sobre condições e padrões de lançamento de efluente em
corpos d’água (CONAMA, 2011), essa regulação é feita através do enquadramento em classe do corpo receptor.
Diversos estudos visam desenvolver tecnologias para a remoção destes elementos, otimizando o processo
em estações de tratamento de esgoto (FLECK et al., 2017; RAMOS et al., 2017; SOUZA et al., 2017) e
aperfeiçoando unidades de tratamento de água para sua remoção (CAPODAGLIO et al., 2015; TUGAOEN et
al., 2017). Logo, a presença deste elemento pode ocasionar implicações a qualidade da água de mananciais,
aumentando os custos na tratabilidade afim de torná-la potável (BRASIL, 2011; WHO, 2003).
Por esse motivo, o objetivo deste trabalho foi avaliar a emissão da carga de nitrato por uma ETE com
sistema de lodos ativados de fluxo intermitente de esgoto a cada descarte acionado, a fim de avaliar a
regulamentação do lançamento ao enquadramento da classe d’água do corpo receptor, o qual é despejado o
efluente tratado.
2. MATERIAL E MÉTODOS
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Registrou-se tempos distintos para o lançamento do efluente tratado na ETE em corpo receptor. O tempo
de descarte para o primeiro, segundo e terceiro dia de medição de vazão foram de, respectivamente, 132 min, 114
min e 112 min. Calculou-se que o tempo médio de descarte de efluente na ETE é de 119 min, aproximadamente
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Tabela 1 – Estatística descritiva dos dois dias de medição de vazão no lançamento de efluente tratado da ETE do IEC.
Variável QSAÍ-01 QSAÍ-02 QSAÍ-03 QMÉD-ENT Unidade
N° 56 56 56 168 -
Média±DP 3,765±0,24 3,929±0,38 3,842±0,67 3,845±0,30 L/s
Mediana 3,793 3,894 4,050 3,897 L/s
Mínimo 2,949 2,085 0,993 2,661 L/s
Máximo 4,539 4,317 4,317 4,176 L/s
CV 0,06 0,10 0,17 0,08 -
A vazão média obtida para o descarte do efluente pela ETE IEC foi de 3,845 ±0,30 L/s, com CV referente
aos valores médios das três campanhas de 0,08. A mediana foi de 3,897 L/s, apresentando dispersão de
aproximadamente 1% da média. O comportamento da vazão do efluente está ilustrado pela Figura 2.
4,00
3,50
3,00
2,50
2,00
1,50
1,00
0,50
0,00
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120
N° de medição
Tabela 2 – Estatística descritiva da concentração de nitrato nas três campanhas de amostragem no efluente tratado na ETE
do IEC.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Na Tabela 3 tem-se a estatística descritiva referente o cálculo das cargas de nitrato emitidas no efluente
tratado para as três campanhas de amostragem.
Tabela 3 – Estatística descritiva quanto a carga de nitrato a ser lançada pela ETE IEC por descarte.
Variável 1acampanha 2acampanha 3acampanha C Média Unidade
N° 30 30 30 90 -
Média±DP 0,104±0,01 0,092±0,02 0,092±0,01 0,096±0,01 Kg N-NO3-/descarte
Mediana 0,107 0,096 0,089 0,097 Kg N-NO3-/descarte
Mínimo 0,088 0,033 0,063 0,069 Kg N-NO3-/descarte
Máximo 0,126 0,115 0,115 0,109 Kg N-NO3-/descarte
CV 0,10 0,19 0,11 0,09 -
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Figura 3 – Gráficos de Box Spot (Statdisk 13.0.1) para comparação da carga de nitrato a ser lançada pela ETE IEC por
descarte.
Col 1) Referente aos dados obtidos na 1a campanha; Col 2) Referente aos dados obtidos na 2a campanha; Col 3) Referente aos dados
obtidos na 3a campanha; Col 4) Resultado referente aos valores médios obtidos entre a primeira, segunda e terceira campanha.
Fonte: Autores (2017).
Avaliando-se o gráfico Box Spot, é possível observar que não houve detecção de Outliers apenas nos
dados de carga de nitrato da primeira campanha. Nas demais campanhas e carga média, todos dados de Outliers
foram inferiores apenas ao primeiro quartil (Q1).
4. CONCLUSÃO
Com base nos resultados deste presente trabalho foram obtidas as seguintes conclusões principais:
A ETE opera atualmente com vazão média de saída do efluente tratado de 3,845±0,30 L/s. O CV referente
aos dados médios de vazão na entrada da ETE foi de 0,08. Logo, tem-se na saída da ETE baixa dispersão
dos dados de vazão em torno da vazão média obtida para as campanhas de medição de vazão deste estudo;
As concentrações médias de nitrato no efluente tratado obtidas neste estudo foram: máxima de 4,6 mgN-
NO3-/L; mínima de 1,2 mgN-NO3-/L; média de 3,5±0,53 mgN-NO3-/L. O CV referente às concentrações
médias de nitrato emitidas no efluente tratado na ETE IEC foi de 0,15. Logo, pode-se considerar que foi
baixa a dispersão das concentrações médias de nitrato obtidas para as campanhas de amostragem deste
estudo;
Os valores médios obtidos neste estudo para a carga de nitrato a ser emitida por descarte foram de: máxima
de 0,109 KgN-NO3-/L; mínima de 0,069 KgN-NO3-/L; média de 0,096±0,01 KgN-NO3-/L. O CV referente
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
às concentrações médias de nitrato emitidas no efluente tratado na ETE IEC foi de 0,09. Logo, pode-se
considerar que foi baixa a dispersão dos valores médios de carga de nitrato para as campanhas de
amostragem deste estudo;
Considerou-se o limite para enquadramento para corpo d’água do tipo água doce, pois é como presume-
se o enquadramento para os rios da região Amazônica. Em nenhuma das amostras registrou-se
concentração de nitrato superior ao limite de 10 mgN-NO3-/L estabelecido pelo Conselho Nacional de
Meio Ambiente (CONAMA, 2005) para a classificação de corpos d’água segundo padrão de qualidade
para águas doce.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria MS no 2.914, de 12 de dezembro de 2011. Dispõe sobre os procedimentos
de controle e de vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade. Diário
Oficial da União, 2011.
CAPODAGLIO, Andrea G.; HLAVÍNEK, Petr; RABONI, Massimo. Physico-chemical technologies for nitrogen
removal from wastewaters: a review. Revista Ambiente & Agua, v. 10, n. 3, p. 481-498, 2015.
CONAMA, Resolução. 430, de 13 de maio de 2011. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Ministério do
Meio Ambiente. Brasil, 2011.
DE ARAÚJO, J. C.; CAMPOS, A.P; CORREA, M.M.S; SILVA, E.C; VON SPERLING, M; CHERNICHARO,
C.A.L. Enriquecimento de bactérias anaeróbias oxidadoras de amônia–Anammox. Eng Sanit Ambient, v. 15, n.
2, p. 205-212, 2010.
FLECK, Leandro; TAVARES, Maria Hermínia Ferreira; EYNG, Eduardo. Remoção biológica de nitrogênio em
efluentes líquidos: uma revisão. REVISTA EIXO, v. 4, n. 2, 2017.
HOU, Mingtao; TANG, Yang; XU, Jie; PU, Yuan; LIN, Aijun; Zhang, Lili; XIONG, Jinping; YANG, Xiao Jin;
WAN, Pingyu. Nitrate reduction in water by aluminum–iron alloy particles catalyzed by copper. Journal of
Environmental Chemical Engineering. v.3, p. 2401-2407, 2015.
NBR, ABNT. 13403: Medição de vazão em efluentes líquidos e corpos receptores – Escoamento livre. Rio de
Janeiro: ABNT-Associação Brasileira de Normas Técnicas, 1995.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
RAMOS, N.F.S; BORGES, A. C; GONÇALVES, G.C; MATOS, A.T. Tratamento de águas residuárias de
suinocultura em sistemas alagados construídos, com Chrysopogon zizanioides e Polygonum punctatum cultivadas
em leito de argila expandida. 2017.
SOUZA, Thuanye Peixoto Silva. Avaliação da perspectiva do uso de efluentes sanitários para fins de
abastecimento. Meio Ambiente e Sustentabilidade, v. 9, n. 5, 2017.
TRIOLA, Mário F. Introdução à Estatística. 10a. Ed. Rio de Janeiro: LTC, 2008.
ZOPPAS, Fernanda Miranda; BERNARDES, Andrea Moura; MENEGUZZI, Álvaro. Parâmetros operacionais
na remoção biológica de nitrogênio de águas por nitrificação e desnitrificação simultânea. Bio: revista de
engenharia sanitária. Rio de Janeiro. Vol. 21, n. 1 (jan./mar. 2016), p. 29-42, 2016.
WHO. World Health Organization. Nitrate and nitrite in drinking-water. Geneva. 2003.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Larisse Medeiros Gonçalves1; Pedro Henrique da Silva Monteiro2; Louise Ferreira Rosal3
1 Engenheira
Agrônoma. Universidade do Norte do Paraná. [email protected].
2 Engenheiro
Agrônomo. Instituto de Pós-graduação e Cursos. [email protected].
3Engenheira Agrônoma Doutora em Fitotecnia. Instituto Federal do Pará. [email protected].
RESUMO
Os modos convencionais de análises das problemáticas do campo são decorrentes de um modelo de compreensão
fragmentado e desconectado, fornecendo uma visão rasa sobre um determinado sistema. Portando, conhecer os
agroecossistemas a partir de uma visão holística possui relevância para qualquer decisão no sistema produtivo,
entendendo os seus processos complexos. Objetivou-se compreender o funcionamento do agroecossistema de
produção em um estabelecimento agrícola na comunidade de Macapazinho, Castanhal-Pa. O levantamento das
informações foi realizado em uma Unidade de Produção Familiar (UPF), através do estágio supervisionado
obrigatório II, descrito na grade curricular do curso de Agronomia do Instituto Federal do Pará. Para coleta de
informações foram empregadas algumas ferramentas de Diagnóstico Rural Participativo (RDP), como calendário
sazonal e mapa falado. O monitoramento das atividades da UPF permitiu compreender as dinâmicas presentes no
sistema de produção, levando em consideração todos os atores envolvidos. A família do agricultor foi composta
por 4 pessoas, as atividades de campos são direcionadas a ele e a sua esposa com atividades da casa, junto a sua
filha e mãe. A família estava na segunda geração e pretendem continuar com sua base econômica pautada na
agricultura. As principais atividades de produção desempenhadas foram o cultivo do açaí (euterpe oleraceae), e
da mandioca (manihot esculenta). O cultivo de açaí em várzea possui pequeno nível de exigência em tratos
culturais e uma vantagem é a possibilidade de consorciação com outras culturas. Esse estudo pode constatar a
grande importância da agricultura familiar e a relevância em compreender as dinâmicas de fluxos e de manejos
dos agroecossistemas e as funções dos familiares ligados a estes processos em busca do desenvolvimento
sustentável. Foi possível perceber que para minimizar dificuldades na comunidade deve-se fomentar a extensão
rural local.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
1. INTRODUÇÃO
Os agroecossistemas podem ser ecossistemas naturais ou não, manuseados pelo homem para o
desenvolvimento e produções de cultivo, sejam eles em características convencionais ou de agricultura
sustentável (LOWRANCE et al., 1984). Portanto, estes podem ser compreendidos como a interação do
ecossistema com as atividades aplicadas pelo homem. Para Altieri (2001) existe um anseio que os
agroecossistemas sejam autossustentáveis, com pouca utilização de insumos extrínsecos, que sejam
diversificados, tenham eficiência energética e seus manejos praticados sejam ecológicos para garantir a resiliência
do meio ambiente e o sustento socioeconômico.
Devem-se compreender os diversos agroecossistemas, visto que, são marcados pelas peculiaridades
sociais e esferas locais de produção, uma vez que, existem distintos desenhos agrícolas nas mais diferentes regiões
do globo terrestre (PORTO, 2003). Os agroecossistemas amazônicos são baseados, na maioria, por unidades de
produção manejadas pela mão-de-obra familiar e representa uma importante forma de organização social, pois
associa família, produção e trabalho (AGUIAR et al., 2009). A partir dessa premissa, entende-se a importância
de estudar estes ambientes produtivos conhecendo as suas complexidades, seus entraves e a suas dinâmicas.
Para isso é necessária uma visão holística e sistêmica, pois, a mesma permite esclarecer que as interações
internas não dependem apenas de seus elementos constitutivos, mas, especialmente, de suas inter-relações. Esse
preceito impõe considerar que a agricultura, afirma que a mesma é um sistema organizado em torno de interações
entre seus múltiplos componentes. Esta compreensão das condições de existência e as particularidades da
evolução na produção em suas respectivas formas de agricultura podem contribuir para um desenvolvimento
ambientalmente sustentável (MIGUEL; MAZOYER, 2014). Com isso, o uso das ferramentas contidas no
Diagnostico Rural Participativo (DRP) podem auxiliar os produtores a conhecer junto aos pesquisadores o
funcionamento do seu agroecossistema e começarem a gerenciar seu estabelecimento rural em busca de um
desenvolvimento equilibrado e sustentável (VERDEJO, 2006).
O ambiente de estudo se localiza na agrovila de Macapazinho, situa-se na zona rural da cidade de
Castanhal-PA, é constituída por agricultores familiares e destaca-se como grande responsável pelo cultivo de
mandioca (manihot esculenta) e o açaí (euterpe oleraceae). O objetivo desse trabalho foi de compreender as
relações de um agroecossistema em uma unidade produção familiar na comunidade de Macapazinho, Castanhal-
Pa, visando o desenvolvimento sustentável.
2. METODOLOGIA
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
O ambiente de estudo está localizado na Agrovila de Macapazinho, situado no setor rural da cidade de
Castanhal-PA. A propriedade estudada encontra-se a 7 km do centro de Castanhal, próximo ao município de
Inhangapi, situada nas coordenadas geográficas: latitude (1° 17' 50'' Sul) e Longitude (47° 55' 20'' Oeste) (Figura
1). Para localização, utilizou-se um Global Positioning System (GPS) modelo Gamin 62 St para elaboração do
mapa. Segundo a EMBRAPA (2001) classificação do clima do município de castanhal é do tipo Af de acordo
com Köppen e Geiger, que é caracterizado por altas temperaturas e precipitações anuais, tem uma temperatura
média de 26,5 °C e pluviosidade média anual de 2432 mm, e classificação do solo do tipo argissolo vermelho-
amarelo distrófico.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Para compreensão dos principais resultados, ressalta-se um breve histórico da família estudada o
agricultor. O camponês possui 41 anos, mora na comunidade desde a infância, é casado e tem uma filha, que
possui o primeiro grau incompleto. O camponês participa do sindicato rural dos agricultores de castanhal e outras
associações e faz parte das lideranças do local. Na casa domiciliam-se cerca de 4 pessoas e destas somente ele
trabalha na agricultura de maneira direta, sua esposa trabalha com costura, o que auxilia com os gastos da família,
a mãe do produtor possui auxílio do governo de aposentadoria. Sua residência é própria, a mesma foi repassada
ao patriarca por meio de herança, do pai falecido, este havia comprado o lote junto a sua esposa, que nos dias
atuais mora com o filho. No local, ele constituiu família e continuou no desenvolvimento das atividades
produtivas. Nesse contexto, pode-se lembrar conceitualmente que Abramovay (1998), define a agricultura
familiar a partir de três atributos: gestão, propriedade e trabalho familiar, sendo que o trabalho é proveniente de
pessoas que possuem entre si laços de sangue ou de casamento.
Na unidade produtiva em observação constataram-se os meios de circulação, a localidade possui uma
estrada de chão batido e é a única via de locomoção das famílias, além de exercer um papel fundamental no
escoamento da produção da comunidade. A residência da família é de madeira/ alvenaria, e possui fossa séptica,
a água é encanada para os banheiros e as pias. A residência possui um retiro onde organiza-se os equipamentos
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
usados na produção da farinha e goma de mandioca. Para melhor entender a distribuição espacial dos elementos
existentes dentro do local de estudo, o produtor descreve a área de produção por meio de desenho (Figura2)
(VERDEJO, 2006).
Figura 2: Mapa falado, desenhado pelo produtor familiar na comunidade de Macapazinho, Castanhal-Pa
Os sistemas de produções existentes na UPF servem para autoconsumo e também como fonte de renda.
Agricultura familiar se caracteriza pela produção de alimentos para consumo próprio e a comercialização do
excedente gerado (HAGEMANN, 2015). A área do agroecossistema pesquisado apresenta um tamanho
aproximado de 58 ha. O agricultor pratica a extração de frutíferas (Tabela 1) apenas para consumo da família e o
açaí de várzea é a exceção destras frutíferas, pois, ele consome e comercializa.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Tabela 1: Espécies praticadas no extrativismo citadas por agricultor familiar na comunidade de Macapazinho,
Castanhal-Pa
Nome Popular Nome Científico
Açaí Euterpe Oleraceae
Banana Musa ssp.
Castanha do Brasil Bertholletia excelsa
Cacau Theobroma cacao L.
Cupuaçu Theobroma grandiflorum Schum
Goiaba Psidium guajava
Ingá Inga edulis
Limão Citrus sp.
Laranja Citrus sinensis
Macaxeira e Mandioca Manihot esculenta
Manga Magifera indica L.
Mangostão Manicaria saccifera
Mamão Carica papaya
Mogno Africano K. Senegalensis
Taperebá Spondias mombin
Pupunha Bactris gasipaes
Fonte: Autores, 2017.
Castelo (2000) afirma que o extrativismo é um assunto que deve se debater na sociedade com enfoque na
resiliência dos recursos, pois, deve ser vista como oportunidades de alternativa econômica e consciência ecológica
para a Região Amazônica. Existem muitas propostas sobre o extrativismo vegetal apoiados pelos movimentos
agroecológicos, pelas entidades de agricultores familiares e pelo governo, todavia, apresentam grandes limitações
de assistência técnica para estimular manejo com resiliência (HOMMA, 2009).
No lote da família há uma área de aproximadamente 11 ha que é destinada ao cultivo nativo dessas várias
espécies frutíferas dispostas em um arranjo de sistema agroflorestal (SAF) característico das áreas de várzea,
respeitando a influência das enchentes provocadas pelas marés, mantendo a vegetação natural que evita a erosão
e degradação dos solos. Alves (2009) afirma que a matéria orgânica do solo advinda dos sistemas agroflorestais
é de fundamental importância para a recuperação e manutenção de áreas degradadas propiciando boas condições
físicas ao solo, incluindo a capacidade de retenção de água, suprimento de nutrientes, protegendo-os contra a
lixiviação.
Para diagnosticar fatos ocorridos, os ciclos, as diferenças sazonais que marcam determinados aspectos da
realidade, como chuvas, disponibilidade de recursos financeiros ou naturais, assim, compreendendo como
acontece o planejamento anual do agricultor utilizou-se a ferramenta de DRP, o Calendário Sazonal (Tabela 2)
que discorre os (VERDEJO, 2006).
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Tabela 2- Calendário sazonal montado a partir das informações de agricultor familiar na comunidade de Macapazinho,
Castanhal-Pa
ATIVIDADES JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
Açaí - - - - - - - x x x x x
Mandioca x x x X x x x x x x x x
Chuvas X X X X - - - - - - - X
Legenda: x: Produz muito; 0: não tem produção; -: produz pouco
Obs: para as chuvas é considerado tempos de mais presença (X) e estiagem (-)
O primeiro agroecossistema citado pelo agricultor são dos açaizais nativos, no qual, não é exercido
nenhum tipo de preparo mecanizado e a adubação é feita por causa dos processos das marés. O único manejo e
trato cultural existente neste sistema de manejo é o raleamento, processo de controle de touceiras com facão e
foice manual. Pinheiro; Ferreira (2010) discorrem que existem populações naturais de açaí que são encontradas
em solos de igapó e é o principal centro de dispersão natural dessa espécie. Farias (2012) afirma que o cultivo de
açaí em várzea apresenta grande rusticidade e pequeno nível de exigência em tratos culturais e uma vantagem é
possibilidade de consorciação com outras culturas.
A colheita de frutos do açaí na unidade de produção familiar é dada durante o ano inteiro, a família aplica
práticas de manejo para conseguir produzir no período da entressafra. A coleta é efetivada a partir de técnicas
tradicionalmente ribeirinhas por meio da subida no estipe apoiadas por um instrumento denominado peconha, que
se trata de um acessório confeccionado com sacos ou com a própria folha do açaizeiro, para auxiliar na subida no
estipe do açaizeiro. Os cachos de açaí são cortados e a debulha dos frutos é realizado dentro de uma rasa, que são
cestos confeccionados com fibras vegetais com capacidade para comportar 14 ou 28 kg de frutos de açaí. O
transporte dos frutos é realizado no carro do Agricultor e comercializado no centro comercial do município de
Castanhal.
A produção de mandioca possui uma área de aproximadamente 5 há. O produtor afirma que produziu no
ano de 2016 cerca de 333 sacos de farinha, sendo que cada saco comporta 50 kg. O manejo é tradicional da
família, com adubação feita sem indicações precisas. Todos os tratos culturais são feitos durante o ano inteiro.
Não possui consorciação com outras culturas e não apresenta pragas e doenças nos períodos de produção. Com
isso, o produtor evita o uso de agroquímicos nesse ambiente. O camponês não considera a principal cultura que
fornece renda, visto que, exigem muito trabalho e o retorno é relativamente baixo. A EMBRAPA (2003) afirma
que a determinação de custo de produção se revela como um importante instrumento na tomada de decisão no
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
setor rural e que os tratos culturais e fitossanitários, sobretudo as capinas, participam com o maior percentual dos
custos de produção.
As épocas em que o produtor faz a colheita da mandioca são aquelas em que as plantas se encontram em
período de repouso, ou seja, quando pelas condições de clima (temperaturas mais baixas e pouca chuva), elas já
diminuíram o número e o tamanho das folhas, condição em que atinge o máximo de produção de raízes com
elevado teor de amido. Mesmo o produtor afirmando que são tratos são conhecimentos passados por familiares,
esta forma de colheita está de acordo com as indicações feitas pela EMBRAPA (2003), demonstrando que os
conhecimentos empíricos são de grande relevância e precisam ser estudados.
O agricultor afirma que existem dificuldades a serem dribladas, como a efetivação da irrigação, que possui
um custo elevado e que mesmo se planejando, o recurso é pouco e existe a carência de assistência técnica para o
nortear. Existem igarapés banhados pela bacia do rio Apeú na propriedade, porém, os níveis só têm abaixado, um
processo que acontece há 20 anos, que nos meses naturais de vazão o córrego chega a ficar com uma profundidade
muito baixa. Souza et al. (2011) afirmam que esse processo de diminuição da bacia reflete de maneira geral a
ocupação da Amazônia oriental no nordeste do Pará, onde a tomada do espaço territorial se faz de forma
desorganizada e acelerada.
O camponês afirma que tenta contribuir com o meio ambiente não aplicando venenos e não desmatando,
para que esses níveis não caiam ainda mais. Entretanto, ele afirma que não são todos os moradores que possuem
a consciência que seu ambiente é uma importante fonte de recursos naturais e que deve ser manejado sem
exploração exacerbada. Guimarães; Alvin (2016) em seus estudos, afirma que é de extrema importância a
conscientização ambiental em comunidades agrícolas, para evitar essas limitações de recursos e conseguir manter
o ecossistema em equilíbrio. Ele ainda ressalta que a assistência técnica tem esta função, para assim, conduzir a
agricultura familiar para patamares sustentáveis.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
O ambiente rural estudado possui um manejo que embasa uma autossuficiência produtiva e ambiental,
visto que, este não utiliza insumos externos, como inseticidas e adubos químicos. Necessita-se, também, fortalecer
a assistência técnica, para sanar dúvidas e demandas da comunidade e fortalecer a agricultura familiar com
produção sustentável na localidade.
REFERÊNCIAS
ABRAMOVAY, Ricardo. Agricultura familiar e serviço público: novos desafios a extensão rural. Brasília.
Cadernos de Ciência & Tecnologia, Brasília, v. 15, n.1, p.132-152, jan/abr. 1998.
AGUIAR, Janaina et al. Reprodução socioeconômica e cultural através do manejo de sistemas agroflorestais por
caboclos-ribeirinhos em comunidades do Amazonas. Revista Brasileira de Agroecologia, v. 4, n. 2, 2009.
ALVES, Luciana Medeiros. Sistemas Agroflorestais (SAFs) na restauração de ambientes degradados. Programa
de Pós-graduação em Ecologia Aplicada ao Manejo e Conservação de Recursos Naturais, UFJF, Juiz de Fora,
2009.
CASTELO, Carlos Estêvão Ferreira et al. Avaliação econômica da produção familiar na Reserva Extrativista
Chico Mendes no Estado do Acre. 2000.
EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. Solos e avaliação da aptidão agrícola das terras
do município de Castanhal, Estado do Pará. Belém, PA: Embrapa Amazônia Oriental, 2001. 27 p.
FARIAS, Juliana Eveline dos Santos. Manejo de açaizais, riqueza florística e uso tradicional de espécies de
várzeas do Estuário Amazônico. 2012. Tese de Doutorado. Dissertação (Mestrado), Biological Sciences Institute,
Universidade Federal do Amapá. Macapá, Brasil.
GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2010. 184p.
HOMMA, Alfredo Kingo Oyama Amazônia: meio ambiente, tecnologia agrícola e segurança alimentar. Anais da
61ª Reunião Anual da SBPC -Manaus, AM -Julho/2009.
LOWRANCE, Richard et al. Agricultural ecossistems: unifying concepts. New York: Jonh Wiley, 1984.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
PINHEIRO, Pedro Wander dos Santos; FERREIRA, D da Silva. A cultura do Açaí na Várzea Amazônica:
Circuito Espacial Produtivo e Comercial do Açaí nas Ilhas de Abaetetuba/Pa. julho de 2010. Porto Alegre - RS,
2010.
PORTO, Victor Hugo da Fonseca. Sistemas agrários: uma revisão conceitual e de métodos de identificação como
estratégias para o delineamento de políticas públicas. Cadernos de Ciência & Tecnologia, Brasília, v. 20, n. 1, p.
97-121, jan./abr. 2003.
SOUZA, R. de S. et al. Dinâmica da paisagem na bacia hidrográfica do Rio Apeú, nordeste do Pará, Brasil.
Revista Acadêmica: Ciência Animal, v. 9, n. 2, 2017.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Luan Felipe Feitosa da Silva1; Antonio Renan Sales de Castro2; Camila Cristina Soares Lobato3 João Rodrigo
Coimbra Nobre4; Marcela Gomes da Silva5
1Graduandoem Engenharia Florestal. Universidade Federal Rural da Amazônia, UFRA.
E-mail: [email protected]
2Graduando em Engenharia Florestal. Universidade Federal Rural da Amazônia, UFRA.
E-mail: [email protected]
3Graduanda em Engenharia Florestal. Universidade Federal Rural da Amazônia, UFRA.
E-mail: [email protected]
4
Doutor em Ciência e Tecnologia da Madeira. Universidade do Estado do Pará, UEPA.
E-mail: [email protected]
5Doutora em Ciência e Tecnologia da Madeira. Universidade Federal Rural da Amazônia, UFRA. E-mail:
RESUMO
O carvão vegetal continua sendo imprescindível para a sociedade, visto que é apontado como uma alternativa aos
combustíveis fósseis. Como a maioria dos países em desenvolvimento, no Brasil, o carvão vegetal é um dos
combustíveis utilizados para satisfazer algumas necessidades domésticas como a cocção de alimentos, entretanto,
não há muitos mecanismos que descrevam os aspectos de qualidade deste produto. Este trabalho teve como
objetivo analisar a qualidade do carvão vegetal para consumo doméstico, comercializado na cidade de Belém,
Pará. Foram coletadas 3 marcas de carvão na região metropolitana da cidade. Foram descritas as características
gerais das embalagens e determinadas as propriedades químicas e energética de cada uma das marcas. As
propriedades analisadas foram: teor de materiais voláteis, teor de cinzas, teor de Carbono de acordo com as
recomendações da norma americana D1762-84 (ASTM, 2001) e o poder calorífico superior segundo a norma
D5865-13 (ASTM 2013). Os carvões vegetais dos fornecedores analisados apresentaram uma qualidade
satisfatória para uso doméstico, entretanto, apenas o fornecedor B apresentou o teor de cinzas superior ao limite
exigidos do Selo São Paulo – Carvão Premium. Todavia, do ponto de vista energético, o fornecedor C mostrou-
se mais adequado para consumo residencial, especialmente devido ao baixo teor de materiais voláteis, alta
quantidade de Carbono fixo, bem como de poder calorífico superior.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
1. INTRODUÇÃO
O carvão vegetal continua sendo imprescindível para a sociedade, visto que é apontado como uma
alternativa aos combustíveis fósseis. Neste sentido, o Brasil se destaca como o maior produtor de carvão vegetal
do mundo, empregando-o mais no setor industrial como as siderúrgicas, metalúrgicas e aciarias, sem poder
desprezar também o consumo residencial (DIAS JÚNIOR; BRITO; ANDRADE, 2015).
Devido à grande biodiversidade existente e a potencialidade de oferta de madeira, a região norte destaca-se pela
exploração e manejo florestal, contribuindo para o abastecimento de madeira no país. No entanto, grandes quantidades de
resíduos são geradas, que por sua vez, são aproveitados na atividade de carvoejamento.
Porém, essa atividade ocorre em sua maioria em sistemas bastantes obsoletos de produção, utilizando fornos do tipo
fossa ou alvenaria, sem controle de aspectos que determinam características de um produto final de boa qualidade. Sendo
essas, alta densidade, baixa umidade, baixa friablidade, baixo teor de cinzas, alto teor de Carbono fixo e poder calorifico.
Um mecanismo que estabelece diretrizes de qualidade de carvão vegetal para cocção de alimentos é o da Secretaria
de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo. Trata-se do Selo São Paulo – Carvão Premium, nele encontram-
se diretrizes para a fabricação e comercialização de carvão vegetal, que vão desde a exigência de origem da madeira de
florestas plantadas, carbonização em fornos específicos, utilização de embalagens de material reciclado que contenham
informações de numero de lote, data da fabricação, registros em órgãos ambientais. Também devem apresentar
características físicas e químicas aceitáveis, como teor de umidade e geração de fino abaixo de 5%, teor de cinzas inferior
a 1,5% e Carbono fixo maior que 73%.
Atualmente, grande parte das pesquisas realizadas no Brasil estão concentradas na investigação das propriedades
da madeira e do carvão vegetal para uso siderúrgico. Nesse sentido, o objetivo desse trabalho foi avaliar as propriedades
químicas e energéticas do carvão vegetal de uso doméstico comercializado em Belém, Pará.
2. MATERIAL E MÉTODOS
O estudo foi realizado na cidade de Belém no Estado do Pará, onde foram adquiridas três marcas de
carvões que são comercializadas na região. Para efeito de conhecimento geral dos produtos adquiridos foram
anotadas informações apresentadas nas embalagens como local de fabricação, registro em órgãos ambientais,
preço do produto, peso ou volume da embalagem, podendo ser verificado na Tabela 1.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Tabela 1 – Informações de origem e das embalagens das marcas de carvão vegetal comercializadas na cidade de Belém,
Pará.
Origem do Peso Preço Registro em
Marca
Carvão Embalagem (kg) Unidade Órgão Ambiental
A Mojú – PA 3 6,20 Ibama e Sema
B Goianésia – PA 2 3,40 SR
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados obtidos para teor de materiais voláteis (TMV) não diferiram estatisticamente entre os
carvões das marcas A e B, sendo que elas se destacaram com os maiores médias, respectivamente, seguido da
marca C (Tabela 2).
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Tabela 2 – Valores médios do teor de materiais voláteis (TMV) do carvão vegetal comercializado em Belém, Pará.
Estatística TMV
Marca
Descritiva (%)
Média 21,67 a
A
CV 2,18
Média 20,50 a
B
CV 5,75
Média 11,50 b
C
CV 2,05
Fonte: Luan Silva, 2017; Em que: CV - coeficiente de variação; Médias seguidas da mesma letra, na coluna, não diferem
estatisticamente (Tukey, p<0,05).
O teor de materiais voláteis corresponde aos gases oriundos da decomposição térmica do carvão vegetal,
que ao se misturarem com o oxigênio do ar promovem uma combustão homogênea, e, quando em valores
elevados, influencia na eficiência do carvão vegetal durante sua utilização, seja como termorredutor na indústria
siderúrgica ou no uso doméstico (BRAND, 2010; NOGUEIRA; LORA, 2003).
Vale ressaltar que quanto menor o percentual de material volátil melhores serão as características do
carvão para uso doméstico, pois maior será o teor de carbono fixo e, consequentemente, maior o valor calórico
(PROTÁSIO et al. 2011; TRUGILHO; SILVA, 2001). O Selo São Paulo – Carvão Premium exige que o carvão
vegetal apresente no máximo 23,5% para o TMV. Portanto, as três marcas de carvões analisadas estão dentro do
limite indicados na literatura.
Pereira et al. (2012), avaliando diferentes clones de Eucalyptus spp. encontraram valores para o teor de
materiais voláteis variando entre 24,23 a 26,72%; Rosa et al. (2012), de 15 a 23% e Trugilho, Silva (2001),
23,80%, todos próximos aos valores observados neste trabalho. Entretanto, Brand et al. (2015) e Brand et al.
(2013), obtiveram 32,85% e 30,47%, respectivamente, sendo estes valores superiores aos ressaltados neste estudo.
Os resultados encontrados para teor de cinzas não diferiram estatisticamente entre os fornecedores A e C,
entretanto apenas o fornecedor B apresentou porcentagem superior ao valor máximo de 1,5% estabelecido pelo
Selo São Paulo – Carvão Premium (São Paulo, 2015). A maior média observada foi para o carvão B, seguido de
C e A. (Tabela 3).
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Tabela 3 – Valores médios do teor de cinzas (TCZ) do carvão vegetal comercializado em Belém, Pará.
Estatística TCZ
Marca
Descritiva (%)
Média 0,95 b
A
CV 8,84
Média 3,05 a
B
CV 17,39
Média 1,32 b
C
CV 18,26
Fonte: Luan Silva, 2017; Em que: CV - coeficiente de variação; Médias seguidas da mesma letra, na coluna, não diferem
estatisticamente (Tukey, p<0,05).
Vale ressaltar que grandes quantidades de cinzas são indesejáveis em biomassas que são utilizadas em
geração de energia, haja vista que a maior concentração de cinzas afeta a quantidade carbono fixo e,
consequentemente, em suas propriedades energéticas (BRAND, 2010).
Brand et al. (2015), também constaram grande diferença nos valores obtidos ao avaliar o carvão vegetal
de uso doméstico na região de Santa Catarina, com teor de cinzas de 0,68 a 3,89%, estando acima do limite
indicado e não recomendado para cocção de alimentos. Protásio et al. (2015), encontraram valores para cinzas
entre 0,38 a 1,05%, ao avaliarem clones jovens de Eucalyptus spp.
Já em relação a quantidade de Carbono fixo verificou-se que os fornecedores A e B não apresentaram
diferença significativa entre si. As três marcas de carvões A, B e C apresentaram as médias de 76,45, 77,56 e
87,18%, respectivamente (Tabela 4). O Selo São Paulo – Carvão Premium, exige que o carvão vegetal apresente
CF acima de 75%. A diferença encontrada entre os diferentes carvões pode estar associado a composição química
do material precursor à carbonização. De acordo com Demirbas (2003) a quantidade de carbono fixo possui
relação direta com a lignina, uma vez que essa macromolécula apresenta maior quantidade de carbono em sua
estrutura e maior resistência a decomposição térmica. Este carbono fixo representa a quantidade de carbono sólido
após a liberação dos compostos voláteis, exceto umidade e cinzas, ao final do processo de carbonização (CAI et
al., 2017).
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Tabela 4 – Valores médios do Carbono fixo (CF) do carvão vegetal comercializado em Belém, Pará.
Estatística CF
Marca
Descritiva (%)
Média 77,56 b
A
CV 1,04
Média 76,45 b
B
CV 0,85
Média 87,18 a
C
CV 0,01
Fonte: Luan Silva, 2017; Em que: CV - coeficiente de variação; Médias seguidas da mesma letra, na coluna, não diferem
estatisticamente (Tukey, p<0,05).
As menores médias para Carbono fixo foram encontradas para o carvão vegetal proveniente do fornecedor
A e B, isso pode ser atribuído as maiores médias de materiais voláteis, 21,67% e 20,50%, respectivamente e
também à possível variabilidade de espécies utilizadas na produção destes carvões. Mostrando que, essas duas
propriedades químicas apresentam uma relação inversamente proporcional. Nota-se, ainda, que a menor média
encontrada no carvão B, apresentou 3,05% de cinzas, indicando que esta característica também exerce influência
sobre a quantidade de CF presente no carvão vegetal.
Brand et al. (2003), ao estudar o carvão vegetal produzido a partir de Miconia cinnamomifolia (De
Candolle) Naudin (Jacatirão-açu), encontraram teor de carbono fixo de 68,18%, bem abaixo do observado neste
estudo. Entretanto, Dias Júnior, Brito, Andrade (2015), observaram que o carvão vegetal produzido com a madeira
de Eucalyptus spp, no Estado de São Paulo, apresentaram valores satisfatórios para o consumo doméstico (82%).
No uso energético do carvão vegetal a quantidade de energia calorífica liberada por unidade de massa é
fundamental para ajustar a quantidade a ser inserida no processo com intuito de atender uma determinada
produtividade energética. Os resultados referentes ao poder calorífico superior (PCS) encontram-se disponíveis
na Tabela 5.
Verificou-se que o carvão vegetal proveniente do fornecedor C foi o único que diferiu estatisticamente
dos demais, apresentando maior média (7,564 kcal.kg-1), seguido do fornecedor A (7,026 kcal.kg-1) e fornecedor
B (7,017 kcal.kg-1).
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Tabela 5 – Valores médios do poder calorifico superior (PCS) do carvão vegetal comercializado em Belém, Pará.
Estatística PCS
Marca
Descritiva (Kcal/kg-1)
Média 7,026 b
A
CV 0,32
Média 7,017 b
B
CV 0,15
Média 7,564 a
C
CV 0,39
Fonte: Luan Silva, 2017; Em que: CV - coeficiente de variação; Médias seguidas da mesma letra, na coluna, não diferem
estatisticamente (Tukey, p<0,05).
Segundo Trugilho e Silva (2001), o teor em Carbono fixo é, juntamente, com o de materiais voláteis, a
principal característica que determina o poder calorífico superior do carvão vegetal. Devido apresentar baixos
indicies de voláteis e altos valores de Carbono fixo o carvão queimara mais lentamente, levando a um maior
tempo dentro dos aparelhos de queima, gerando assim mais energia térmica liberada.
As menores médias de PCS foram observadas para os fornecedores A e B (7,026 e 7,017 kcal.kg-1) e poder
estar relacionadas ao elevado teor de voláteis presente nos mesmos, sendo este último um parâmetro que
influencia negativamente na propriedade energética do carvão (PROTÁSIO et al., 2015).
O fornecedor C também apresentou valores estatisticamente diferentes em relação as carvões de A e B,
em que, o menor valor calórico observado pode ser atribuído também ao elevado teor de cinzas, pois a mesma
por ser um material inorgânico, não participa do processo de queima e liberação de energia. Esta característica
quando em quantidade elevadas, contribuem para a redução da qualidade energética do carvão vegetal (BRAND,
2010; PROTÁSIO et al., 2011).
O Selo São Paulo – Carvão Premium, não versa sobre parâmetros energéticos, ou seja, não indica qual o
valor calórico ideal que o carvão deve fornecer ao sistema, entretanto, os valores médios encontrados para o PCS
do carvão vegetal utilizado no setor industrial nacional é de aproximadamente 7,000 kcal.kg-1. Sabe-se que
elevados valores em poder calorífico refletem em menor consumo de carvão vegetal para uma mesma
produtividade (PEREIRA et al., 2012).
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Os carvões vegetais dos fornecedores analisados apresentaram qualidade satisfatória para uso doméstico,
entretanto, apenas o fornecedor B apresentou o teor de cinzas superior ao limite exigidos do Selo São Paulo –
Carvão premium.
Todavia, do ponto de vista energético, o fornecedor C mostrou-se mais adequado para consumo
residencial, especialmente devido ao baixo teor de materiais voláteis, alta quantidade de carbono fixo, bem como
elevado poder calorífico superior.
As três marcas de carvões analisadas não apresentaram informações especifica de qual espécie florestal
foi utilizada para a fabricação de carvão. Isto mostra que o processo de fabricação possivelmente não adota
critérios de seleção de espécies, acarretando em um material bastante heterogêneo.
Sendo assim, recomenda-se mais estudos sejam realizados afim de verificar a qualidade do carvão vegetal
produzido no Estado do Pará, gerando assim um banco de dados para que futuramente possam ser elaboradas
normas técnicas que que auxiliem a comercialização do carvão vegetal para uso doméstico.
REFERÊNCIAS
ASTM. D1762-84: Standard Test Method for Chemical Analysis of Wood Charcoal. United States, 2001.
ASTM. D5865-13: Standard Test Method for Gross Calorific Value of Coal and Coke. United States, 2013.
BRAND, M. A.; CUNHA, A. B.; CARVALHO, A. F.; BREHMER, D. R.; KUSTER, L. C.; Análise da
qualidade da madeira e do carvão vegetal produzido a partir da espécie Miconia cinnamomifolia (De
Candolle) Naudin (Jacatirão-açu) na agricultura familiar, em Biguaçu, Santa Catarina. Scientia
Forestalis/Forest Sciences, v. 41, n. 99, p. 401–410, 2013.
BRAND, M. A.; RODRIGUES, A. A.; OLIVEIRA, A.; MACHADO, M. S.; ZENS, L. R.; Qualidade do carvão
vegetal para o consumo doméstico comercializado na região serrana sul de santa catarina. Revista Árvore,
v. 39, n. 6, p. 1165–1173, dez. 2015.
CAI, J.; HE, Y.; YU, X.; BANKS, S. W.; YANG, Y.; ZHANG, X., YU, Y.; LIU, R.; BRIDGWATER, A. V.;
Review of physicochemical properties and analytical characterization of lignocellulosic biomass. Renewable
and Sustainable Energy Reviews, v. 76, n. October 2016, p. 309–322, set. 2017.
DEMIRBAS, A. Relationships between lignin contents and fixed carbon contents of biomass samples.
Energy Conversion and Management, v. 44, n. 9, p. 1481–1486, jun. 2003.
DIAS JÚNIOR, A. F.; BRITO, J. O.; ANDRADE, C. R. Granulometric influence on the combustion of
charcoal for barbecue. Revista Árvore, v. 39, n. 6, p. 1127–1133, dez. 2015.
Interciência, 2003.
PEREIRA, B. L. C.; OLIVEIRA, A. C.; CARVALHO, A. M. M. L.; CARNEIRO, A. C. O.; SANTOS, L. C.;
VITAL, B. R.; Quality of Wood and Charcoal from Eucalyptus Clones for Ironmaster Use. International
Journal of Forestry Research, v. 2012, p. 1–8, 2012.
PROTÁSIO, T. D. P.; BUFALINO, L.; TONOLI, G. H. D.; COUTO, A. M.; TRUGILHO, P. F.; GUIMARÃES
JUNIOR, M.; Relação entre o poder calorífico superior e os componentes elementares e minerais da
biomassa vegetal. Pesquisa Florestal Brasileira, v. 31, n. 66, p. 113–122, 30 jun. 2011.
PROTÁSIO, T. D. P.; COUTO, A. M.; TRUGILHO, P. F.; GUIMARÃES JUNIOR, J. B.; LIMA JUNIOR, P.
H.; SILVA, M. M. O.; Avaliação tecnológica do carvão vegetal da madeira de clones jovens de Eucalyptus
grandis e Eucalyptus urophylla. Scientia Forestalis, v. 43, n. 108, p. 801–816, 1 dez. 2015.
PROTÁSIO, T. D. P.; SANTANA, J. D. P.; MACIEL, R.; GUIMARÃES JÚNIOR, J. B.; TRUGILHO, P. F.;
RIBEIRO, I. B.; Avaliação da qualidade do carvão vegetal de Qualea parviflora. Pesquisa Florestal Brasileira,
v. 31, n. 68, p. 295–307, 26 dez. 2011.
ROSA, R.A.; ARANTES, M. D. C.; PAES, J. B.; ANDRADE, W. S. P.; MOULIN, J. C.; Qualidade do carvão
vegetal para o consumo doméstico. Journal of Biotechnology and Biodiversity, Gurupi, v. 3, n. 2, p. 41-48,
2012.
SILVA, F. de A. S. e.; AZEVEDO, C. A. V. de. The Assistat Software Version 7.7 and its use in the analysis
of experimental data. Afr. J. Agric. Res, v.11, n.39, p.3733-3740, 2016. DOI: 10.5897/AJAR2016.11522.
TRUGILHO, P. F.; SILVA, D. A.; Influência da temperatura final de carbonização nas características físicas
e químicas do carvão vegetal de jatobá (himenea courbaril l.). Scientia Agraria, v. 2, n. 1, p. 45, 31 dez. 2001.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Letícia Coelho Vaz Silva1; Manuella Almeida Raiol da Silva2; Kleve Freddy Ferreira Canteral3; Jôsi Mylena de
Brito Santos4.
RESUMO
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
1. INTRODUÇÃO
No relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre a Educação para o século XXI, ressalta-se
que as Universidades agem como “espaço da ciência, fonte de conhecimentos, ao instaurar as condições para a
pesquisa teórica ou aplicada” (DELORS, 2010). Nesse contexto, os laboratórios de Química do Solo, Física do
Solo e Microbiologia do Solo, na Universidade Federal Rural da Amazônia - UFRA fornecem acesso ao
aprendizado de metodologias experimentais, assim como desenvolvimento de pesquisa e prestação de serviços
na área de Solos. Entretanto, fatores como insuficiente instrução e supervisão, uso inadequado de instrumentos e
ausência de equipamentos de proteção podem gerar riscos de acidentes pertinentes à atividade laboratorial
(GIMENEZ et al., 2009).
Atualmente, a atenção à salubridade, higiene e segurança no ambiente de trabalho é substancial para a
produtividade e saúde dos recursos humanos, demonstrando-se indispensável ao êxito de qualquer atividade,
assim sendo, a prevenção de acidentes e doenças ocupacionais é um importante instrumento para a manutenção
da qualidade de vida e dos processos relacionados a qualquer atividade (RODRIGUES e SANTANA, 2010).
Nessa conjuntura, o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) brasileiro, por meio de suas Normas
Regulamentadoras, determina as condições necessárias e obrigatórias a serem aplicadas na segurança e medicina
do trabalho, em consonância à Consolidação das Leis do Trabalho – CLT (BRASIL, 1983).
A previsão, avaliação e controle da ocorrência de riscos ambientais no ambiente de trabalho tem finalidade
de preservar os recursos naturais e a saúde do trabalhador, de modo que o Programa de Prevenção de Riscos
Ambientais (PPRA) faz-se obrigatório em todas as instituições que admitam trabalhadores com empregados,
estando previsto na NR 9 do Ministério do Trabalho e Emprego, devendo ser articulado às demais NRs. Essa
mesma Norma Regulamentadora define os riscos ambientais ocupacionais como “os agentes físicos, químicos e
biológicos existentes nos ambientes de trabalho que, em função de sua natureza, concentração ou intensidade e
tempo de exposição, são capazes de causar danos à saúde do trabalhador” (BRASIL, 1994).
Ademais, a Norma Reguladora 5 do MTE institui a criação de Comissão Interna de Previsão de Acidentes
(CIPA), que dentre as demais atribuições, tem como função a avaliação ocupacional dos locais de trabalho e
identificação de fatores de risco à saúde do trabalhador, com a finalidade de elaborar mapas de riscos desses
ambientes (BRASIL, 1999).
Nesse sentido, a partir das informações obtidas, o mapeamento é realizado através da representação gráfica
espacial dos riscos ocupacionais nos setores de trabalho, atendendo às normas de cores por categoria de risco e à
representação dos graus de intensidade referentes a cada risco, além da obrigatoriedade de afixação dos mapas
em local visível aos trabalhadores, conforme disposto na NR 5 (MAIA et al., 2015).
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Dentre os agentes habituais de risco em laboratórios de análise de solo, destacam-se o esforço físico para
coleta e transporte de materiais, ruídos advindos dos equipamentos, movimentos repetitivos, vapores provenientes
dos produtos químicos e poeira oriunda das amostras de solo, sendo esses aspectos influenciados pelas
circunstâncias gerais de segurança do laboratório, que incluem a utilização de EPIs e orientação adequada aos
usuários (SEBASTIÃO e SAVI, 2013). Com a finalidade de assegurar um ambiente laboratorial seguro, são
indispensáveis ações de prevenção e controle de risco, especialmente no que diz respeito ao uso de equipamentos
de proteção individual (EPIs) e de proteção coletiva (EPCs), principalmente para manipulação de produtos
químicos, amostras de solo e equipamentos de laboratório em geral (GIMENEZ et al., 2009).
Dessa forma, o presente trabalho teve como objetivo avaliar as condições gerais de segurança de três
laboratórios do Departamento de Solos da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA) – Laboratórios de
Física do Solo, Microbiologia do Solo e Química do Solo -, através da identificação dos riscos ocupacionais e
elaboração de mapas de riscos ambientais dos referidos ambientes laboratoriais. Além disso, objetiva-se elencar
as medidas de segurança cabíveis para melhoria das condições de utilização dos laboratórios, utilizando como
referência as supracitadas normas regulamentadoras do Ministério do Trabalho e Emprego.
2. MATERIAL E MÉTODOS
Este estudo foi realizado nos laboratórios de Microbiologia do Solo, Química do Solo e Física do Solo,
localizados no Departamento de Ciência do Solo da Universidade Federal Rural da Amazônia – UFRA Campus
Belém. Os laboratórios em questão são utilizados em aulas práticas relacionadas à ciência do solo em diversos
cursos da Universidade, além de desenvolverem análises para prestação de serviços à comunidade externa.
O Laboratório de Química do Solo é gerido por técnicos do laboratório da Universidade, e têm como
principal finalidade a realização de análises de fertilidade do solo, que incluem as análises de: pH (em H2O e em
KCl), cálcio, magnésio, alumínio, acidez potencial, fósforo, potássio, carbono orgânico e micronutrientes. Nesse
ambiente, observa-se o frequente manuseio de reagentes e produtos tóxicos, que necessitam de acomodação
adequada. No primeiro semestre de 2017, o referido laboratório passou por uma reforma, a fim de proporcionar
melhorias em sua infraestrutura.
Por outro lado, os laboratórios de Microbiologia do Solo e Física do Solo encontram-se sob a coordenação
de professores da Universidade, sendo estes responsáveis pelo uso e manutenção dos locais. Neste primeiro, são
realizadas análises de quantificação da microbiota do solo, como a respiração basal, biomassa microbiana e
atividade enzimática do solo, com menor utilização de reagentes quando em comparação ao laboratório de
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Química. Por sua vez, o laboratório de Física do Solo apresenta como principal finalidade a caracterização da
granulometria do solo, dentre demais análises, sendo, no escopo da presente avaliação, o que apresenta a menor
utilização de produtos químicos e tóxicos.
A análise de riscos nos locais de estudo baseou-se em avaliação observacional, através do registro e
anotação das atividades realizadas nos laboratórios, sendo posteriormente gerada uma planilha dos principais
riscos detectados.
Para melhor avaliação espacial, elaboração das plantas baixas e, consequentemente, dos mapas de risco,
foi utilizado o software AutoCAD 2014, disponibilizado de forma gratuita pela empresa Autodesk. Os três
laboratórios foram medidos com auxílio de uma trena e, para a composição dos mapas, foi realizado um
levantamento de todos os equipamentos instalados, gerando-se um layout da disposição destes e observando-se a
adequação aos padrões de segurança.
A apresentação gráfica dos mapas foi norteada pela NR 9, anexo IV – Mapa de Risco. Com o intuito de
melhor ilustrar e facilitar o entendimento de funcionários e usuários, recomenda-se a representação dos riscos
através de cores e forma geométricas. As cores verde, vermelho, marrom, amarelo e azul, representam,
respectivamente, os riscos físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e de acidentes. Ademais, esferas de
diferentes tamanhos são utilizadas para representar o grau do risco, podendo ser leve, médio ou elevado (BRASIL,
1993).
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os riscos analisados nas etapas observacional e de entrevista foram categorizados em função de tipo
(físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e de acidente) e grau (pequeno, médio e elevado), sendo
posteriormente dispostos nos mapas de risco conforme a legenda representada na Figura 1 abaixo:
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
O Laboratório de Microbiologia do Solo apresenta uma área total de 77,7 m2 (Figura 2), sendo a
distribuição percentual de quantidade de pontos de riscos físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e de
acidentes nesse laboratório, respectivamente: 21%, 34,2%, 5,3%, 15,8% e 23,7%. Dentre os riscos identificados,
verificou-se que na Sala 2 existe predominância de risco químico, sendo este também o risco de maior intensidade
em todo o laboratório. Isso deve-se à frequente utilização de reagentes concentrados, entre eles, ácidos, podendo
ocasionar risco de queimaduras, irritação na pele e mucosas, inalação, entre outros (GIMENEZ et al., 2009).
Figura 2 – Mapa de Riscos do Laboratório de Microbiologia do Solo da UFRA Belém.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Na Sala 1, pertencente à porção central, há maior quantidade de riscos de acidentes, resultantes da presença
de fiações, extensões e tomadas irregulares, o que representa possibilidade de acidentes para trabalhadores e
colaboradores. Souza (2014) e David et al. (2012) afirmam que os possíveis acidentes em laboratórios, tais quais
curtos-circuitos, perigo de incêndios e ferramentas inapropriadas, são decorrentes dos arranjos fisicos do local,
além da utilização inadequada e/ou ineficiente dos EPI's e EPC's. No entanto, apesar da alta frequência de riscos
da categoria de acidentes, esses são classificados como de intensidades médias a baixas para esse ambiente. Em
contrapartida, na Sala 3 foram identificados poucos riscos de média intensidade, com uma única ocorrência de
risco biológico, referente ao acondicionamento de materiais contendo microrganismos edáficos, tais quais os
fungos ocorrentes no solo.
A área total do Laboratório de Química do Solo é de 68,13m2, sendo a distribuição percentual observada
para os riscos físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e de acidentes equivalente, respectivamente, a: 7,9%,
23,7%, 0%, 26,3% e 42,1%.
Nesse ambiente, é recorrente a manipulação de reagentes ácidos e básicos para o preparo de soluções,
ocasionando os riscos químicos e de acidentes na proximidade das bancadas (Figura 3), onde são acondicionados
ou descartados esses produtos químicos, tais como o ácido sulfúrico, ácido clorídrico, hidróxido de sódio e
dicromato de potássio. Parte considerável dessas substâncias requer a utilização de equipamentos de proteção
individual (EPIs) específicos para seu manuseio, como luvas de látex descartável, jaleco de tecido grosso e óculos
de proteção contra impactos e respingos, além de equipamentos de proteção coletiva (EPCs), tal qual a capela
para exaustão de gases, extintores e chuveiro lava-olhos (BRASIL, 1994; GIMENEZ et al., 2009).
No momento do presente estudo, apenas a capela exaustora se fazia presente na infraestrutura do
laboratório, representando a carência de prevenção em equipamentos de proteção coletiva; além disso, observou-
se a utilização de jalecos e luvas de látex, entretanto não foi constatada a utilização de óculos de proteção durante
o período.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Ademais, os riscos do tipo acidente e ergonômico são frequentes e expressivos nesse local. Os riscos
ergonômicos observados são decorrentes de fatores como assentos inadequados, repetitividade de movimentos,
ritmo excessivo ou monotonia, além de desnível dos equipamentos utilizados. Atividades como a pipetagem e
titulação, aliados à má postura e outros fatores, podem vir a prejudicar a condição psicofisiológica do trabalhador,
interferindo em seu conforto ou saúde e podendo acarretar lesões por esforço repetitivo (LER), doenças
osteomusculares relacionadas ao trabalho (DORT), lombalgias, entre outros (SANGIONI et al., 2010).
Neste laboratório, com o total de 44,6 m2 (Figura 4), foram observados apenas riscos consideráveis dos
tipos físico e de acidente, com distribuição percentual de 60 e 40%, respectivamente. No local, a principal
atividade é a determinação da granulometria do solo e, dentre todos os setores estudados, o Laboratório de Física
do Solo foi o que apresentou menos riscos consideráveis, além de serem classificados como baixo grau de
intensidade.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Os riscos físicos observados dizem respeito a iluminação inadequada, ruído de equipamentos, temperatura
instável e pouca circulação de ar. Por outro lado, os riscos de acidentes correspondem principalmente ao arranjo
físico inadequado, disposição de vidrarias e iluminação insuficiente.
Nesse contexto, constata-se que as principais fontes geradoras de risco nesse ambiente podem ser
solucionadas através da manutenção preventiva dos equipamentos, melhoria na iluminação artificial, nos sistemas
de ventilação e ar-condicionado, além da utilização de protetores auriculares contra os ruídos.
4. CONCLUSÃO
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Após as observações realizadas nos referidos laboratórios, sugere-se como medidas preventivas dos riscos:
a utilização de EPI; adequado uso dos utensílios laboratoriais; acondicionamento correto de reagentes; limpeza
regular do local de trabalho, assim como oportunizar treinamentos para usuários.
Estudos com objetivos similares a estes contribuem para o melhor entendimento dos riscos aos quais os
trabalhadores estão expostos, possibilitando garantir o bem-estar físico e mental dos indivíduos e,
consequentemente, melhorar a eficiência das atividades por eles exercidas.
REFERÊNCIAS
______. ______. Norma Regulamentadora 9 – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais. Portaria n° 25, de
29 de dezembro de 1994. Brasília; 1994.
DAVID, C. L. et al. Biossegurança para laboratórios de ensino e pesquisa. 2012. Manual de Biossegurança -
IMS/CAT - UFBA, Programa Permanecer. 1° Edição. Disponível em:
<http://www.ims.ufba.br/wpontent/uploads/downloads/2012/09/Livro-biosseguranca-IMS1.pdf>. Acesso em: 22
nov. 2017.
DELORS, J. et al. Um Tesouro A Descobrir: Relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre
Educação para o Século XXI. Brasília: Unesco, 2010. Disponível em:
<http://unesdoc.unesco.org/images/0010/001095/109590por.pdf>. Acesso em: 11 setembro 2017.
GIMENEZ, K. P. et al. Análise de riscos físicos, químicos e ergonômicos nos laboratórios de solos e análises
químicas da UTFPR. In: SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE CIÊNCIA, TECNOLOGIA E AMBIENTE,
2009, Cascavel. Anais.... Cascavel: Unioeste, 2009.
MAIA, L. C. et al. Sistema de gestão de segurança e saúde no trabalho. In: CONGRESSO DE ENSINO,
PESQUISA E EXTENSÃO, 12, 2015, Goiânia. Anais... . Goiânia: Universidade Federal de Goiás, 2015. p. 2943
- 2947. Disponível em:
<http://eventos.ufg.br/SIEC/portalproec/sites/site9861/site/artigos/16_probec/16_probec.pdf>. Acesso em: 23
nov. 2017.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
SEBASTIÃO, N. V. M.; SAVI, C. N. Mapa de riscos dos laboratórios da Engenharia Civil do IDT/ IPARQUE/
UNESC. 2013. 18 f. Artigo submetido ao Curso de Engenharia Civil da UNESC, como requisito parcial para
obtenção do Título de Engenheiro Civil. Universidade do Extremo Sul Catarinense, Criciúma, 2013. Disponível
em: < http://repositorio.unesc.net/handle/1/2477>. Acesso em: 22 nov. 2017.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Luan dos Santos Costa1; Arlanna Twane Pantoja do Amaral²; Fernanda Silva Diniz³;
1
Mestrando em Genética e Biologia Molecular. UFPA. E-mail: [email protected]
2 Pós Graduanda em Docência do Ensino Superior. UNAMA. E-mail: [email protected]
RESUMO
Uma árvore filogenética é a representação geralmente utilizada para uma filogenia, isto é, para representar a
história evolucionária inferida para um grupo de organismos. Dada tal informação houve o interesse em construir
uma filogenia a partir de 20 genes, estes classificados como oncogenes e supressores ligados ao câncer humano,
para serem analisados em diferentes escalas evolutivas de várias espécies. Essa atribuição foi a partir de uma
análise na similaridade verificada no banco de dados disponível no NCBI e Ensembl. A partir dessas informações
foi possível construir uma árvore filogenética para os genes ortólogos ligados ao câncer em diferentes espécies
que possuem um ancestral comum, tornando assim possível perceber como se comporta em outros organismos.
Foram utilizadas várias ferramentas computacionais para auxiliar no desenvolvimento deste trabalho como os
softwares MEGA 7.0.25, TaxOnTree, HyperTriplets e FigTree. Outros recursos computacionais utilizados no
desenvolvimento do trabalho foram à linguagem de programação R. Para a realização de alinhamento de
sequências e construção das árvores filogenéticas de genes de câncer foi escolhido o software de integração
MEGA 7, pois fornece uma coleção de ferramentas que permitem a análise e visualização de fatores evolutivos
dentre os quais: analisar as mutações que as árvores filogenéticas sofreram, verificar estimativas para as taxas de
evolução molecular, inferir sequências ancestrais e testar hipóteses evolutivas. O resultado disponibilizou uma
comparação das relações entre as espécies e seu ancestral comum apresentado na árvore filogenética de consenso,
na qual foi possível perceber a partir de gráficos e resultados computacionais que os genes não sofrem
modificações ao longo do tempo nas variadas espécies.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
1. INTRODUÇÃO
Um gene é uma sequência ordenada de nucleotídeos localizada em uma posição do cromossomo que
codifica um produto funcional específico (isto é, uma proteína ou molécula de RNA). É a unidade física e
funcional fundamental da hereditariedade (FOGLE, 1990). Na célula, possui informações de como ocorre seu
crescimento e como se comporta. O câncer se desenvolve a partir de alterações nessas informações, onde as
células passam a crescer descontroladamente, resultando em uma transformação das células normais para células
malignas, denominadas carcinogênese (HANAHAN & WEINBERG, 2000).
Classes de genes foram identificadas de acordo com as suas funções em relação à carcinogênese:
oncogenes, supressores e os que participam do reparo do DNA. Os oncogenes foram primeiramente descritos em
genoma retroviral que induziam tumores em animais. Estes genes foram chamados de oncogenes virais (viral
oncogenes, v-oncs). Posteriormente, foi descoberto que os oncogenes apresentavam sequências muito
semelhantes ao DNA das células normais, chegando-se a conclusão que os vírus provocam mudanças na
sequência de DNA da célula normal que foram infectadas.
Já os genes supressores de tumor (anti-oncogenes) são conceituados a partir da codificação de proteínas
que inibem a divisão celular; por desempenharem esta função e terem sido descobertos em estudo de tumores
receberam esta denominação (MARTINEZ, 2006). Essas alterações genéticas que promovem o desenvolvimento
de câncer ocorrem em duas classes de genes reguladores do crescimento que estão presentes em células normais.
Alterações epigenéticas que regulam a atividade proteica, mutações que se acumulam ao longo do tempo,
vírus e infecções bacterianas também são capazes de modificar o código genético, originando alterações
irreversíveis e tumorigências (ARAUJO, 2013). Outro fator de alteração são os polimorfismos, que por sua vez,
são variações de sequência do DNA (alelos) presentes numa população e também podem caracterizar uma
predisposição à carcinogênese ou alteração de proteínas críticas.
Portanto, à medida que os genes se apresentam em determinado organismo e estão predispostos a sofrer
alterações, desenvolveu-se o interesse em verificar a similaridade e caracterizar grupos de genes ortólogos ligados
ao câncer em humano. Dessa forma, utilizando ferramentas computacionais para a análise da problemática
investigada, é possível comparar sequências com certo grau de similaridade e, a partir disso, inferir através de
árvores filogenéticas as relações evolutivas entre os organismos.
2. MATERIAL E MÉTODOS
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Dentre os softwares computacionais utilizados para identificar a existência de possíveis variações nos
genes de câncer foi utilizado o TaxOnTree, cujas ferramentas proporcionaram rápido manuseio e manipulação
programada das árvores de genes, organizando os grupos taxonômicos. O HyperTriplets gerou a super árvore de
espécies com suporte de arquitetura e distância de ramos.
1.1.GENES DE CÂNCER
Como definição padrão foram escolhidos 20 genes ligados ao câncer humano para serem analisados em
diferentes escalas evolutivas dentre várias espécies. Essa atribuição ocorreu a partir de uma análise na similaridade
verificada no banco de dados Ensembl, partindo desse ponto para a classificação e organização dos genes, como
mostra a tabela abaixo:
Tabela 01: Classificação dos genes de câncer utilizados na pesquisa.
Grau de
Classificação Nº Genes de Câncer Similaridade Código de ID
Oncogenes 1 BRAF 90% ENSG00000157764
Oncogenes 2 CCND1 75% ENSG00000110092
Oncogenes 3 ERBB2(MER2) 55% ENSG00000141736
Oncogenes 4 KRAS 88% ENSG00000133703
Oncogenes 5 NRAS 91% ENSG00000213281
Oncogenes 6 MAP2K4 86% ENSG00000065559
Oncogenes 7 MET 50% ENSG00000105976
Oncogenes 8 CMYC 54% ENSG00000174485
Oncogenes 9 PDGFRA 76% ENSG00000134853
Oncogenes 10 PIK3CA 92% ENSG00000121879
Oncogenes 11 RET 59% ENSG00000165731
Supressores 12 ERCC2 83% ENSG00000104884
Supressores 13 TP53 51% ENSG00000141510
Supressores 14 WT1 91% ENSG00000184937
Supressores 15 STK11(LKB1) 81% ENSG00000118046
Supressores 16 RB1 67% ENSG00000139687
Supressores 17 NF1 96% ENSG00000196712
Supressores 18 MEN1 66% ENSG00000133895
Supressores 19 ATM 55% ENSG00000149311
Supressores 20 PMS2 63% ENSG00000122512
Em seguida foi realizado o download dos arquivos FASTA de cada gene selecionado para o estudo. Para
a obtenção das sequências utilizamos a base de dados Ensembl versão 88. O acesso aos dados foi realizado tanto
manualmente, diretamente no portal web, quanto via programaticamente. As consultas foram realizadas através
da interface BioMart que permite formular queries com diferentes critérios para recuperação eficiente de dados
genômicos. Os dados podem ser acessados também pelo R através do pacote BioMart, disponível no
Bioconductor.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Para análise foram obtidas as sequências codificantes (CDS) de cada gene ortólogo. As sequências foram
então editadas para retirar todos os stop códon que estavam presentes. E assim convertendo todos os genes em
formato multi-fasta para análise posterior com o MEGA. Com isso, primeiramente as sequencias de DNA foram
convertidas para aminoácidos e em seguida alinhadas com o software MUSCLE. O resultado do alinhamento foi
então transposto para as sequências de DNA, representando dessa forma um alinhamento por códons. Por fim, foi
criada uma árvore filogenética pelo método Neighbor-Joining (NJ) de cada gene e seus ortológos com teste de
confiança por Bootstrap de 100 repetições.
As árvores foram então salvas no formato Newick e submetidas ao software TaxOnTree, onde após
escolher o tipo de entrada que você quer fornecer ao programa e colocar na caixa de texto ou carregar um arquivo
que contém é possível submeter a tarefa clicando no botão “Submit”. Os resultados da sua tarefa podem ser
acessados utilizando a última aba da direita “Get your result”. Nesta aba, você deve digitar o identificador da sua
tarefa e selecionar o tipo de arquivo que deseje baixar. No trabalho foi escolhida na entrada a opção de utilizar,
logo em seguida a árvore calcula classificação taxonômica do gene humano como referência.
Ao abrir um arquivo Nexus gerado pela TaxOnTree no programa FigTree, podemos visualizar a árvore
com os ramos coloridos. Além das cores dos ramos, a distância taxonômica pode ser acessada pelo valor que se
encontra entre parênteses e antecedido pela letra “n” nos nomes das folhas da árvore. Esse valor representa o nível
do LCA, que indica o número de nós taxonômicos presentes entre o nó raiz da linhagem ao nó do LCA na
linhagem taxonômica do organismo ao quais os genes ortólogos pertencem.
Quanto maior o valor do nível do LCA, mais recente é o ancestral comum entre os dois organismos em
comparação. A legenda é gerada automaticamente pelo programa TaxOnTree e ela indica respectivamente o nível
do LCA.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Foram construídas as árvores filogenéticas dos 20 (vinte) genes seguindo a metodologia descrita acima.
As árvores criadas dos genes relacionados ao câncer, foram analisadas com o programa FigTree a partir dos
resultados do TaxOnTree. Assim foi possível notar quais eram as espécies que estavam mantendo relação
longínqua com o homem como, por exemplo: os peixes (Coelacanth e Lamprey) em relação aos genes PMS2 e o
BRAF; os fungos (Saccharomyces cerevisiae) em relação aos genes de câncer ERBB2, NRAS, RB1 e STK11; os
insetos (Fruitfly) nos genes KRAS, RET, CMYC; os anfíbios (Xenopus) no gene MAP2K4 e por fim os
nematódeos (Caenorhabditis elegans) nos genes PDGFRA e WT1; Enquanto o chimpanzé, orangotango, babuíno
e gorila seriam os organismos mais próximos do homem, pois compartilham clados próximos da árvore.
Figura 01: Árvore de consenso enraizada das espécies que possuem genes ortólogos ligadas ao câncer.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Em 69 (sessenta e nove) espécies disponíveis no banco de dados Ensembl foram analisados os genes
ortólogos em comparação ao Homo sapiens, evidenciando os grupos taxonômicos. Foi possível verificar que a
topologia gerada pelo programa HyperTriplets agrupa todos os que possuem um ancestral comum presente na
árvore em seus respectivos grupos taxonômicos.
O homem (Homo sapiens) encontra-se posicionado no grupo monofilético que contém maior similaridade
entre as espécies como o chimpanzé, já o orangotango, gibão e o babíuno se posicionam nos nós próximos de
acordo com a escala evolutiva. As espécies que estão muito distantes dos primatas são os peixes (Lamprey), os
fungos (Saccharomyces cerevisiae), os insetos (Fruitfly) e por fim os nematódeos (Caenorhabditis elegans).
Buscou-se estimar uma medida de variabilidade que pudesse indicar o quanto são conservados (ou não)
os genes ligados ao câncer, como anteriormente enumerados. Contudo, foi possível escolher fazer as comparações
somente entre mamíferos, de forma que análises separadas por um espaço temporal (evolutivo) muito distante
pudessem ser eliminadas.
Para cada um dos genes analisados foi estimado o número total de aminoácidos modificados e
comparamos com o total de aminoácidos presentes em cada gene. Os resultados estão apresentados no gráfico
abaixo.
Figura 02: Gráfico das variantes pelo total dos aminoácidos.
3500
3000
2500
2000
1500
1000 TOTAL
500 VARIANTES
0
RB1
PMS2
ERBB2(MER2)
STK11(LKB1)
RET
MET
KRAS
ATM
BRAF
APC
CMYC
NRAS
TP53
WT1
WT1
MAP2K4
ERCC2
CCND1
MEN1
NF1
PDGFRA
PIK3CA
Os genes os analisados na Figura 02, mostram que o gene de câncer ATM mudou e teve maior variação
de aminoácidos quando comparado na relação do ser humano aos outros mamíferos expressos. Esse gene também
apresentou 5 (cinco códons positivos) considerados conservados: 833, 885, 1725, 1936 e o 2827. Fernandes
(2015) ressalta que a Ataxia-Telangiectasia ocorre em indivíduos portadores de mutação no gene ATM têm uma
extrema sensibilidade à radiação ionizante, e um consequente aumento no risco de desenvolvimento de múltiplos
tumores, principalmente leucemias e linfomas (80% dos casos). Outros tumores descritos em associação com a
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
síndrome incluem câncer de mama, melanoma, meduloblastoma, glioma, meningioma, carcinoma basocelular,
hepatocarcinoma, disgerminoma de ovário e leiomioma uterino.
Apesar de ser uma síndrome autossômica recessiva, mulheres heterozigotas apresentam risco
significativamente aumentado para câncer de mama em relação às homozigotas para o aleno normal. O gene ATM
está localizado no braço longo do cromossomo 11, possui 63 exons e está envolvido principalmente na resposta
celular a danos ao DNA (FERNANDES, 2015)
Em outra análise descrita por Thorstenson et al., (2001) mais de 80 polimorfismos foram identificados no
gene ATM, o que o torna um dos genes mais variáveis em todo o genoma humano. Uma das variantes polimórficas
(SNPs) que ocorre com maior frequência dá-se ao nível do nucleotídeo caracterizando como uma transição de
uma guanina para uma adenina, o que resulta numa mudança do aminoácido (Maillet et al., 1999). Este
polimorfismo foi já descrito como influencia no desenvolvimento de determinadas neoplasias como o câncer de
mama (Heikkinen et al., 2005).
Em conclusão os genes ortólogos ligados ao câncer se organizam como no genoma de cada organismo já
analisado, portanto, é notável perceber no alinhamento que não há alterações ou mutações grandes apresentadas
neste trabalho. Em todas as árvores criadas e amostradas os genes das espécies se mantiveram o seu mesmo padrão
em eucariotos e procariotos conservados.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
A partir dos resultados observados na tabela acima foi possível perceber que existem vários genes que
sofreram mutações por substituição de bases no DNA e consequente alteração na sequência de aminoácidos da
proteína formada, que resulta numa proteína com maior atividade ou resistente à degradação.
Podem ocorrer também inversões ou translocações que levam à alteração do local que o proto-oncogene
ocupa no genoma. Se o proto-oncogene for deslocado para junto de um gene ativamente transcrito ou para junto
de um DNA viral, a sua taxa de transcrição também aumenta.
4. CONCLUSÃO
A construção da árvore filogenética para espécies de genes ortólogos tornou-se fundamental para
perceber as relações e a similaridade entre os grupos taxonômicos, onde os dados obtidos nos resultados do
presente estudo evidenciaram as variações dos genes de câncer nas árvores criadas pelos softwares, mostrando
que não há taxa elevadas de variações e calculando a média de cada aminoácido. Também foi verificada as
variações nos códons sinônimos e não-sinônimos, analisando quais eram os conservados e os que apresentavam
mudanças.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
REFERÊNCIAS
ARAÚJO, Jaíse Paiva Bragante. Análise De Polimorfismo Do Gene Gstp1 Em Câncer Gástrico. Biologia
molecular, Universidade federal da Paraíba, 2013.
FERNANDES, Gabriela Carvalho. Identificação de mulheres em risco para câncer de mama hereditário por
mutação nos genes BRCA1 e BRCA2: contribuição dos dados patológicos, história familiar e modificadores
genéticos do risco de câncer. Barretos, SP 2015.
FOGLE, T. Are genes units of inheritance? Biology and Philosophy, 5, p. 349-71, 1990.
HANAHAN, D., WEINBERG, R. A., The Hallmarks of Cancer. Cell, v.100, p.57-70, 2000.
Heikkinen K, Rapakko k, Karppinen SM, Erkko H, Nieminen P, Winqvist R. association of commom atm
polymorphism with bilateral breast câncer. Int J Cancer. 2005; 116:69-72.
MARTINEZ, Marcos Antonio Rodrigues et al. 2006 Genética molecular aplicada ao câncer cutâneo não
melanoma. EDUCAÇÃO MÉDICA CONTINUADA, Departamento de Dermatologia da Faculdade de Medicina
da Universidade de São Paulo (USP) - São Paulo (SP), Brasil.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
THORSTENSON YR, SHEN P, TUSHER VG, WAYNE L, DAVIS R, CHU G, et al. Global analysis of ATM
polymorphism reveals significant functional constraint. Am J hum genet. 2001; 69:396-412.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
EFEITO DOS METAIS COBRE (Cu), ALUMÍNIO (Al), FERRO (Fe) E ZINCO (Zn) SOBRE A
COMUNIDADE DE MACROINVERTEBRADOS BENTÔNICOS EM AMBIENTES COM
ATIVIDADE PORTUÁRIA NA BAÍA DE GUAJARÁ
Letícia Furtado dos Santos1; Gustavo Francesco de Moraes Dias 2; Alderuth da Silva Carvalho3; Liuzeli Abreu
Caripuna4; Kelson do Carmo Freitas Faial5
1 Mestranda em Ciência Ambientais. Universidade Federal do Pará. [email protected]
2 Mestrando em Ciências Ambientais. Universidade Federal do Pará. [email protected]
3 Mestranda em Ciência Ambientais. Universidade Federal do Pará. [email protected]
4
Mestranda em Ciência Ambientais. Universidade Federal do Pará. [email protected]
5
Doutor em Química Analítica. Instituto Evandro Chagas. [email protected]
RESUMO
Devidos as consequências negativas geradas pelas atividades antrópicas, os ecossistemas aquáticos têm sofrido
grandes alterações nos últimos tempos. Diversos problemas relacionados com a qualidade da água estão sendo
identificados e como forma de identificação, ressalta-se o uso de macroinvertebrados bentônicos, que são
organismos aquáticos sensíveis às variações físicas e químicas do ambiente, atribuindo a eles uma boa capacidade
de bioindicação. Este estudo analisou as condições ambientais da qualidade das águas no entorno da Zona
Portuária de Belém-PA, avaliando o teor dos metais cobre (Cu), alumínio (Al), ferro (Fe) e zinco (Zn), em Bentos,
verificando seu poder de bioacumulação e analisando também os descritores ecológicos como abundância,
riqueza, diversidade e equitabilidade, no intuito de utilizar esses organismos como bioindicador ambiental. O
estudo foi realizado na Baia do Guajará, nos pontos: PT01 (S01°28’41.8’’ W048°29’19.1’’), PT02 (S01°26’58.0’’
W048°30’05.6’’), PT03 (S01°24’49.1’’ W048°29’41.0’’) e PT04 (S01°16’16.3’’ W048°28’59.9’’). As amostras
foram coletadas com dragas, lavadas em malhas de 0,3 mm. No laboratório foram tratadas e os organismos
identificados. Posteriormente as amostras foram digeridas em meio ácido e os metais quantificados por
Espectrometria de Emissão Ótica (ICP OES). Foram encontrados em maior número a classe Polychaeta e a
subclasse Olygochaeta, que registraram valores ecológicos de riqueza (28 e 11), abundância (47,57 e 28,67),
equitatividade (3,83 e 0,98) e diversidade (6,89 e 2,34) respectivamente. Já os teores de metais, o PT03 foi o que
mais se destacou para o Cu: 28,48 e 28,7 µg.g-1; Al: 109,13 e 60,51 µg.g-1; Fe: 203,18 e 68,98 µg.g-1 e o Zn: 26,59
e 22,89 µg.g-1. Observou-se que os Polychaetas apresentaram concentrações mais elevadas em todos os pontos.
Os macroinvertebrados bentônicos encontrados no estudo, são considerados como bons bioindicadores, devido
ao seu habito alimentar e modo de vida, sendo propícios a uma maior exposição à contaminantes.
da população mundial vive nos centros urbanos com áreas próximas ás linhas costeiras estuarinas e na região
amazônica não é diferente, sua população se concentra nos centros urbanos próximos a áreas costeiras, somado a
este contexto temos as comunidades ribeirinhas que são classificadas como tradicionais, no qual a construção do
modo de vida dessas comunidades é de estreita relação com a natureza, seus recursos e o conhecimento
aprofundado de seus ciclos (LIMA et al., 2012).
No estado do Pará, especificamente o sistema hidrográfico de Belém é composto por dois grandes corpos
hídricos: a baía de Guajará e o rio Guamá. O Rio Guamá margeia a cidade de Belém pelo sul e constitui,
juntamente com o Rio Acará, as principais fontes de águas fluviais da Baía do Guajará.Na margem esquerda da
Baía do Guajará é constituída por ilhas e canais, como a Ilhas das Onças, Jararaquinha, Jararaca, Mirim e Jutuba,
já em sua margem direita situa-se a orla de Belém. A baía de Guajará exerce importante influencia tanto para o
ecossistema aquático, quanto para a população, principalmente a ribeirinha, que em sua maior parte utiliza esse
recurso hídrico para sua subsistência (SANTOS et al., 2012).
À vista disso, é de suma importância monitoramente desse rio, a fim de garantir a qualidade ambiental do
mesmo. Dentre os variados métodos de avaliação da qualidade da água, ressalta-se o uso de indicadores
biológicos, em especial os macroinvertebrados bentônicos. Estes organismos aquáticos são muito sensíveis às
variações físicas e químicas que ocorrem nos corpos hídricos. Suas características morfofisiológicas, abundância
e riqueza, natureza sedentária, ciclo de vida longo e fácil visualização e identificação, atribuem a estes organismos
uma grande capacidade de bioindicação de qualidade ambiental (HEPP & RESTELLO, 2007).
Desta forma este trabalho busca analisar as condições ambientais da qualidade das águas no entorno da
Zona Portuária da cidade de Belém no Estado do Pará, utilizando macroinvertebrados bentônicos como
bioindicadores de qualidade ambiental, visando o aprimoramento de informações que contribuam para futuras
pesquisas e projetos relacionados ao assunto.
2. MATERIAL E MÉTODOS
O estudo foi realizado na Baia do Guajará em portos localizados na orla de Belém (Figura 1) nos
seguintes pontos: PT01 (S01°28’41.8’’ W048°29’19.1’’) Porto Bom Jesus, PT02 (S01°26’58.0’’
W048°30’05.6’’) Armazém 03, PT03 (S01°24’49.1’’ W048°29’41.0’’) Canal São Joaquim e PT04
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
(S01°16’16.3’’ W048°28’59.9’’) Porto de Outeiro. O tratamento das amostras, no ponto que foi realizado no
porto de Outeiro, não aconteceu em virtude de não haver sedimento de fundo na área da amostragem, o material
coletado foi predominantemente arenoso.
Figura 1. PT 01, Porto Bom Jesus; PT 02, Armazém três Companhia Docas do Pará; PT 03, Canal São Joaquim; PT 04,
Porto de Outeiro.
2.2 AMOSTRAGEM
As coletas ocorreram, sempre durante marés de sizígias (marés que ocorrem nas luas novas e cheias,
quando os efeitos lunares e solares reforçam uns aos outros, produzindo as maiores marés altas e as menores
marés baixas (MIGUENS, 1996)), nos meses de setembro, novembro de 2013, fevereiro e abril de 2014, o
sedimento de fundo foi coletado com o auxilio de dragas do tipo Van veen de acordo com o procedimento de
coletas proposto por ELEFTHERIOU & McINTYRE (2005). Após coletadas as amostras foram acondicionadas
em sacos plásticos, mantidas sob refrigeração e levadas aos laboratórios de Biologia Ambiental e de Toxicologia
da Seção de Meio Ambiente no Instituto Evandro Chagas (SAMAM/IEC/SVS).
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
No laboratório as amostras passaram por malhas de 0,3 mm de abertura e lavadas com água corrente para
triagem das amostras biológicas e retirada do excesso de sedimento. O material retido na malha é colocado em
recipientes com álcool etílico a 70% (v.v-1) e corados com rosa bengala. Após isso as amostras são triadas, e os
organismos identificados sob microscópio estereoscópico e microscópio óptico ao menor nível taxonômico
possível, e por fim, contados. Após esta etapa, o material foi conservado em álcool etílico a 70% (v.v-1) e levados
ao Laboratório de Toxicologia para a quantificação dos metais.
Para o procedimento de digestão, as amostras foram congeladas em ultrafreezer –70ºC e depois liofilizadas
no equipamento L 101- Líotop. Em seguida, elas foram pesadas e digeridas através do processo de digestão por
radiação de micro-ondas, durante esse procedimento foram adicionados 3 mL de ácido nítrico (HNO3, 65% v.v-
1, Biotec) com alto grau de pureza e 1 mL Peróxido de Hidrogênio (H2O2, 30% v.v-1, Sigma-Aldrich). Após essas
etapas foram digeridas através da radiação por microondas (MarsXpress - CEM). Utilizando-se para esta etapa a
metodologia de VINAS et al. (2000) adaptada, programa com rampa de potência e temperatura detalhadas na
tabela 1, em seguida as amostras foram retiradas do forno, transferidas para tubos de polipropileno do tipo falcon®
e aferidas com água deionizada para um volume final de 25 mL.
Fonte: Autores
Para determinação dos metais, utilizou-se a técnica de Espectrometria de Emissão Ótica com Plasma
Acoplado Induzido (ICP OES), modelo Vista- MPX CCD simultâneo (Varian, Mulgrave, Austrália). Utilizando,
como controle de qualidade da análise, a amostra padrão certificada 1646a Estuarine Sediment.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Através das coletas realizadas, foram identificados um total de 463 organismos, classificados em nove
diferentes unidades taxonômicas, pertencentes aos filos Mollusca, Annelida e Arthropoda (Insecta). O filo com
maior número de táxons foi Annelida, sendo o mais abundante, representando 90% do total dos organismos
identificados, Arthropoda foi o segundo de organismos (7%), e Mollusca (3%) (Figura 2). Dessa forma, utilizamos
para o nosso estudo o filo Annelida, pois foi o de maior densidade detectada, com as espécies da classe Polychaeta
e subclasse Olygochaeta nos três pontos de amostragem.
Figura 2. Participação relativa em % dos táxons registrados no porto de Bom Jesus, Armazém 03 e Canal São Joaquim, no
período amostrado.
Fonte: Autores
Quando avaliados os descritores ecológicos, como riqueza (S), abundância (N), diversidade (H’) e
equitabilidade (J’) por áreas portuárias, percebeu-se que o PT03 é o mais abundante em indivíduos e ricos em
relação ao número de táxons registrados. Entretanto, em relação à diversidade e equitabilidade, ambos os portos
registraram valores similares nesses aspectos (Figura 3).
Figura 03 Variação dos descritores ecológicos riqueza (S), abundancia (N), diversidade (H’) e equitabilidade (J’), por área
do Porto Bom Jesus (PT01), Armazém 03 (PT02) Canal São Joaquim (PT03).
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Descritores Ecológicos
10
9
8
7
6 PT01
5
PT02
4
3 PT03
2
1
0
S N J' H'
Fonte: Autores
Os anelídeos são descritos como dominantes em estuários de fundos moles como o da região Guajarina
(ROSA FILHO& BEMVENUTI, 1998). As peculiaridades deste grupo fizeram com que fossem reconhecidos
como um excelente indicador para estudos de bioacumulação e biomonitoramento ambiental (CALLISTO et al.,
2012).
Dentre os mais abundantes que foram encontrados podemos citar o Namalycastis abiuma (Polychaeta)
encontrados em estuários tropicais e subtropicais, conferindo-lhe hábito alimentar de comedor de depósitos de
superfície (SANTOS & LANA, 2001), o que pode bioacumular certos metais (OLIVEIRA et al., 2013). Outro
grupo deste filo foram os Olygochaeta, conhecidos como tolerantes e oportunistas, com alta abundância registrada
em locais com restrições de habitat, como água eutrofizadas (ROSENBERG & RESH, 1993). Os outros
organismos representantes da comunidade do macrozoobentos registrados, Arthropoda – Insecta e Mollusca
foram identificados, porém, devido a pequena quantidade de indivíduos encontrados não foi possível a
quantificação dos metais.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Fonte: Autores
Com esses resultados observa-se que a classe Polychaeta apresentou concentrações mais elevadas dos
metais, isso se deve pelo fato de ter sido detectado dentro dessa classe a espécie Nephthys fluviatilis, que é
considerada como carnívora, e se alimenta de outras espécies pertencentes aos macroinvertebrados bentônicos
(PAIVA, 2006).
Barros (2006) e Andrea (2008) mencionam em seus respectivos estudos a importância no uso de
organismos aquático como bioacumuladores, devido a sua capacidade de acumular metais e contaminantes
orgânicos em seus tecidos, podendo até fazer com que a concentração dos compostos tóxicos seja muito maior do
que na própria água que foram identificados. Porém, é necessário um estudo mais aprofundado sobre o assunto,
como por exemplo, a utilização do Fator de Bioacumulação, este fator usa as concentrações dos metais no
sedimento de fundo e correlacionam com o teor encontrado nos organismos e a partir do resultado encontrado
tem se a conclusão da ocorrência ou não da bioacumulação do metal. Sendo assim, os macroinvertebrados
bentônicos podem ser bons indicadores para avaliar um perigo potencial de contaminação das cadeias tróficas.
Analisando os teores dos metais nos pontos de amostragem observou-se o seguinte comportamento PT3
> PT01 > PT02. Isso se justifica quando avaliamos os locais no qual foram realizadas as coletas de campo, o
PT03 apresenta a maior concentração desses metais, conforme apresentado na tabela 2, e o ponto de amostragem
está situado próximo à foz do Canal São Joaquim, uma sub-bacia que faz parte da macrobacia do Una, a maior
de Belém, que abrange 20 bairros, e recebe uma grande carga de contaminantes provenientes da cidade de Belém.
O ponto PT01 está localizado a jusante do canal da Quintino Bocaiuva, este canal passa por alguns bairros da
periferia de Belém e tais teores encontrados podem ter sido ocasionados por efluentes de águas residuais
domésticas que são descarregadas nessa região sem nenhum pré-tratamento (LEAL, et al., 1997). Já no ponto
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
PT02, localizado próximo ao Armazém 03 da Companhia das Docas do Pará, não existe uma grande descarga de
efluentes, e como consequência os menores teores dos metais em Bentos foram encontrados neste ponto.
Fonte: Autores
Podemos observar a formação de dois grupos separados pela similaridade. O grupo 1 é formado pela classe
Polychaeta coletadas nos pontos PT01 e PT03 e tiveram um comportamento similar, apresentaram os maiores
níveis de metais, ambos os locais sofrem impactado ambiental gerado pelo descarte de esgoto doméstico sem
tratamento. O grupo 2, formado pela Subclasse Olygochaeta nos pontos PT 01, 02 e 03 e pela classe Polychaeta
do ponto PT02, observa-se que este grupo possui alta similaridade entre as suas variáveis, isto se deve as menores
concentrações de metais encontradas. A similaridade dos Polychaetas do PT02 neste grupo deve-se ao fato de
neste ponto de amostragem não existir a descarga de resíduos, doméstico ou industrial, que pudessem contribuir
para um aumento na concentração dos metais.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
4. CONCLUSÃO
Nos últimos anos, os efeitos tóxicos dos metais no meio ambiente estão sendo bastante difundidos através
de pesquisas cientificas e a discussão ficou mais ampla após graves acidentes que provocaram danos enormes ao
meio ambiente. Metais que são lançados no corpo hídrico sem nenhum tratamento apresentam um grande perigo
à saúde da população, neste sentido a cidade de Belém, que é cortada por vários canais e igarapés, tem um precário
sistema de tratamento do esgoto urbano e este problema vem causando uma série de problemas a saúde humana
além de afetar diretamente a comunidade dos ecossistemas lóticos. Nesse sentido os macroinvertebrados
bentônicos têm sido também os primeiros a serem impactados pelos metais e por outros contaminantes tóxicos.
No estudo apresentado, em virtude das condições físico-químicas encontradas na água, os teores dos metais Al,
Cu, Fe e Zn na comunidade Bentônica não estão sendo biodisponibilizados para o meio, entretanto deve-se
ressaltar que os maiores valores foram encontrados na espécie Polychaeta e por estas terem o habito carnívoro,
bioacumulam uma quantidade maior de metais, isto nos leva a crer na ocorrência do processo de bioacumulação.
REFERÊNCIAS
BARROS, S. R.R.C. Estudo da partição de metais traço em uma linha d’água de um tanque de cultivo de camarão
marinho do município de Santa Rita-PB. Dissertação (Mestrado em Química Analítica) –Universidade Federal
da Paraíba, João Pessoa, p.94, 2006.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
CALLISTO, M.; TUPINAMBÁS, T.; CASTRO, D.; MARONEZE, D. Minimum flow effects on benthic
macroinvertebrates as bioindicators downstream of hydroelectric dams. 9th International Symposium on
Ecohydraulics Vienna, Austria. 2(1): 2012.
ELEFTHERIOU, A & MCINTYRE, A. Methods for the study of marine benthos. Ed. Blackwell Science Ltda.
Blackwell Publishing Company, p.442, 2005;
HEPP, L.U.; RESTELLO, R.M. Macroinvertebrados bentônicos como bioindicadores da qualidade das águas do
Alto Uruguai Gaúcho. In. ZAKRZEVISKI, S.B. Conservação e uso sustentável da água: múltiplos olhares.
Erechim: Edifapes. p. 75-8, 2007.
LEAL, M.C.F. et al. Biomonitoring with Benthic Macroalgae and Direct Assay of Heavy Metals in Seawater of
the Oporto Coast (Northwest Portugal). Marine Pollution Bulletin, vol. 34, n. 12, p. 1006-1015, 1997.
MIGUENS A.P. Navegação a ciência e a arte. In. VOL II navegação astronômica, 1996, p 47.
OLIVEIRA, S. P.; MOURA, C. A. V., ROSA FILHO, J. S. Avaliação de Oligochaeta (Tubificinae) e Polychaeta
(Namalycastis abiuma) como bioindicadores da composição isotópica de Chumbo: exemplo do estuário guajarino,
Belém (PA), Brasil. Pesquisa em Geociências, 40(2):141-146, 2013
PAIVA, P.C. Capítulo 7. Filo Annelida. Classe Polychaeta. In: LAVRADO, H.P. & IGNACIO, B.L. (Eds.).
Biodiversidade bentônica da região central da Zona Econômica Exclusiva brasileira. Rio de Janeiro: Museu
Nacional. p. 261-298 (Série Livros n. 18), 2006.
SANTOS, S. N.; LAFON, J. M.; Corrêa, J. A. M. BABINSKI, M.; DIAS, F. F.; TADDEI, M. H+. T. Distribuição
e assinatura isotópica de Pb em sedimentos de fundo da foz do rio Guamá e da Baía do Guajará (Belém - Pará).
Quim. Nova, Vol. 35, No. 2, 249-256, 2012.
VINAS, P., Pardo-Martinez, M., e HERNANDEZ-CORDOBA, M..Determination of Copper, Cobalt, Nickel, and
Manganese in Baby Food Slurries Using Electrothermal Atomic Absorption Spectrometry. Journal of
Agricultural and Food Chemistry, 2000.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Lorena Saraiva Viana1; Lucimar Costa Pereira2; Maria Josinete Albuquerque de Lima3; Maiconsuel Costa
Fróis4; Nayara do Socorro Nascimento Farias5; Antônio Pereira Júnior 6
1
Graduanda em Engenharia Ambiental. Universidade do Estado do Pará. [email protected]
2 Graduanda em Engenharia Ambiental. Universidade do Estado do Pará. [email protected]
3 Graduanda em Engenharia Ambiental. Universidade do Estado do Pará. [email protected]
4 Graduanda em Engenharia Ambiental. Universidade do Estado do Pará. [email protected]
5 Graduando em Engenharia Ambiental. Universidade do Estado do Pará. [email protected]
6 Mestre em Ciências Ambientais. Universidade do Estado do Pará.
RESUMO
A construção de hidrelétricas em território nacional provoca uma série de impactos ambientais. O represamento
das águas, por exemplo resulta na inundação de grandes áreas e consequentemente na perda do ambiente natural
(afetando fauna e flora) de valor imensurável. Estes impactos são passíveis de um processo de avaliação. O
presente estudo teve como objetivo, realizar uma revisão integrativa e explicativa acerca dos principais impactos
ambientais provocados na instalação de Usinas Hidrelétricas no Brasil, citados em trabalhos científicos, além de
analisar qualitativamente esses impactos. Esta pesquisa consistiu em uma revisão bibliográfica, de forma
explicativa acerca dos principais impactos ambientais descritos em trabalhos científicos. Foi realizada uma busca
em sites de cunho cientifico como Google Scholar e Scielo. A partir da quantificação dos artigos científicos foi
aplicada uma Estatística Descritiva a partir da frequência relativa (fr) e frequência absoluta (fi). Foram
quantificados 50 artigos no levantamento. Destes, 14 (28%) destacaram alteração do regime hidrológico como
principal impacto ambiental provocado pela instalação de hidrelétricas, seguido por abordaram ao desequilíbrio
da biodiversidade e perda de espécies (flora, fauna e ictiofauna) 13 (26%); inundação de área 8 (16%); alterações
climáticas 6 (12%); alteração das características físicas, químicas e microbiológicas do perfil do solo 5 (10%);
emissão de gases de efeito estufa 4 (8%). Os principais impactos identificados no processo de instalação de usinas
hidrelétricas, são significativamente negativos para o meio ambiente e para as comunidades localizadas nas áreas
diretamente afetadas pela construção de barragens e reservatórios. É necessário um estudo de Impacto Ambiental
eficiente, que leve em consideração de forma significativa os serviços ecossistêmicos perdidos ou seriamente
comprometidos.
1. INTRODUÇÃO
Diante do enorme potencial hídrico brasileiro, que possui 13,7% das reservas mundiais de água e da
crescente demanda energética, é natural que tecnologias realizem o proveito da força das águas para geração de
energia. Com isso, o Brasil tornou-se um dos maiores produtores de energia do ramo no mundo, possuindo
algumas das maiores usinas hidrelétricas no cenário global e apresenta atualmente cerca de 80% da energia gerada
a partir de recursos hídricos (DACHERY; SERGNINI; BARBISAN, 2010: TOLMASQUIM, 2012).
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Contudo, a implantação e o funcionamento de uma usina podem trazer significativas mudanças no meio
ambiente, mesmo que estas alterações sejam minimizadas com planejamento adequado. O represamento das águas
resulta na inundação de grandes áreas e consequentemente na perda do ambiente natural (afetando fauna e flora)
de valor imensurável (QUEIROZ; VEIGA, 2012).
Os impactos ambientais provocados pela instalação de Usinas Hidrelétricas podem ser classificados como
de primeira ordem, decorrentes da implantação de barragens, tais como alteração do regime hidrológico, da
qualidade da água e no suprimento de sedimento. Como reação a estas alterações ocorrem impactos de segunda
ordem, tais como alteração da morfologia da várzea e/ do canal do rio, mudança no regime hidráulico deste, assim
como o transporte de sedimentos. Podem ocorrer ainda impactos de terceira e quarta ordem, atingindo
respectivamente a biota local e resposta biológica (LIMA, 2014).
Com o alagamento das extensas áreas e a decomposição da matéria orgânica da vegetação restante do
desflorestamento, a emissão de gases de efeito estufa em especial o metano (CH4) se torna mais uma das
consequências da implantação de Usinas Hidrelétricas de Energia (UHE). Ocorre ainda profunda mudança no
ambiente aquático e alterações no fluxo de água, modificando dessa forma as vazões em diferentes lugares
(BERKUN, 2010).
Em função dos inúmeros impactos ambientais, torna-se necessário a mensuração e controle das
consequências da implantação de uma usina. Como instrumento para resolução para esta questão, tem-se a
Avaliação de Impacto Ambiental (AIA), onde a mesma institui processos para diagnósticos dos impactos
(CARVALHO; LIMA, 2010).
A AIA foi instituída pela Resolução CONAMA 001:1986, e compõe o Estudo de Impacto Ambiental
(EIA) e o Relatório de Impacto Ambiental (RIMA). Estes trouxeram maior força às ações de controle ambiental.
Logo, são documentos de cunho técnico que caracterizam todo o empreendimento e atividade a ser realizada, bem
como identifica os impactos e presta outras informações de relevância para implantação de um projeto
(CANDIANI et al, 2013).
É evidente a necessidade de uma avaliação de impactos ambientais rigorosa na construção de UHE’s. Para
tal, é imprescindível a identificação e análise dos principais impactos ambientais. Nessa vertente, o presente
estudo teve como objetivo, realizar uma revisão integrativa e explicativa acerca dos principais impactos
ambientais provocados na instalação de Usinas Hidrelétricas no Brasil, citados em trabalhos científicos, além de
analisar qualitativamente esses impactos.
2. METODOLOGIA
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Esta pesquisa consiste em uma revisão bibliográfica, realizada de forma sistemática, indireta e explicativa
acerca dos principais impactos ambientais ocasionados pelo processo de instalação de Usinas Hidrelétricas no
Brasil. Foi realizada uma busca em diversos sites de periódicos, como o Google Scholar e Scientific Electronic
Library Online-Scielo, para obtenção de um número significativo de artigos científicos. Na realização das
pesquisas, foi considerado um recorte temporal compreendido de 2008 a 2016.
Após a obtenção de uma quantidade significativa de artigos científicos (50), foi aplicada a Estatística
descritiva a partir da frequência relativa (fr) e frequência absoluta (fi) para verificar quais os impactos ambientais
provocados pela instalação de UHEs são mais citados nos trabalhos analisados. A estatística foi realizada no
software Excel 2016, da fabricante Microsoft.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram quantificados 50 artigos científicos na realização da pesquisa. A partir da análise destes, verificou-
se os principais impactos ambientais provocados no processo de instalação de usinas hidrelétricas (figura 1).
30 15
25
20 10
15
fr
fi
10 5
5
0 0
1 2 3 4 5 6
Impactos
fr fi
A partir da análise dos dados, é possível verificar que 14 (28%) dos trabalhos relataram acerca da alteração do regime
hidrológico como o maior impacto provocados pela instalação de Hidrelétricas no Brasil; 13 (26%) abordaram ao desequilíbrio da
biodiversidade e perda de espécies (flora, fauna e ictiofauna); 8 (16%) mostraram inundação de área; 6 (12%) alterações climáticas; 5
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
(10%) relataram alteração das características físicas, químicas e microbiológicas do perfil do solo; 4 (8%) abordaram
emissão de gases de efeito estufa.
A evidência de que o barramento de rios provoca impactos ambientais irreversíveis já não é novidade em
cenário nacional e mundial. Com isso, a construção tradicional de hidrelétricas reflete no descaso com os recursos
naturais para se produzir energia em larga escala, sendo este um fator técnico. Além disso, a forma atual de
construção de usinas hidrelétricas prioriza os interesses econômicos (privados) em comparação aos bens coletivos
(meio ambiente), consubstanciando-se em uma visão antropocêntrica de mundo e gerador de fortes impactos
socioambientais (COSTA, et al., 2012).
São muitos os impactos ambientais que a construção de usinas hidrelétricas pode provocar nos meios
físico, biótico e antrópico. Tais impactos refletem diretamente na perda ou alteração de serviços ecossistêmicos.
Em um país como o Brasil, rico em biodiversidade, estes serviços, principalmente os de provisão (água doce,
recursos genéticos) e regulação (qualidade da água, clima, ciclo hidrológico) são afetados de maneira direta e
indireta nos processos de instalação de UHE’s.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
A degradação dos solos afeta tanto as terras agrícolas como as áreas com vegetação natural e pode ser
considerado, dessa forma, um dos mais relevantes problemas ambientais relacionados a implantação de UHE
(PIGOSSO et al., 2009). Deste modo, o solo sofre inúmeras alterações oriundas de diversas atividades dentro da
implantação de Usinas Hidrelétricas, o que justifica a necessidade da AIA, para ter um controle sobre tais
impactos.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
A alteração ou perda de serviços ecossistêmicos em áreas de instalação de hidrelétricas, pode ser indicada
como uma das maiores preocupações deste tipo de empreendimento. Isto, em razão da necessidade que diversos
indivíduos, principalmente o ser humano possui de utilização dos recursos ambientais.
REFERÊNCIAS
AGOSTINI, A. M.; BERGOLD, R. C. Vidas Secas: Energia Hidrelétrica e a Violação dos Direitos Humanos no
Estado do Paraná/Dry Lives: Dam energy and the violation of Human Rights in the State of Paraná. Veredas do
Direito: Direito Ambiental e Desenvolvimento Sustentável, v. 10, n. 19, p. 167, 2013.
ALBUQUERQUE FILHO, J. L.; SAAD, A. R.; ALVARENGA, M. C. Considerações acerca dos impactos
ambientais decorrentes da implantação de reservatórios hidrelétricos com ênfase nos efeitos ocorrentes em
aquíferos livres e suas consequências. Geociências, São Paulo, v. 29, n. 3, p.355-367, 2010.
ALVES, M. C.; NASCIMENTO, V.; SOUZA, Z M. Recuperação em área de empréstimo usada para construção
de usina hidrelétrica. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, Campina Grande, v. 16, n. 8,
p..887-893, mai. 2012.
BATISTA, B. M. F. et al. Revisão dos impactos ambientais gerados na fase de instalação das hidrelétricas: uma
análise da Sub-Bacia do Alto Juruena- MT. Biodiversidade, [s. I.], v. 11, n. 1, p.69-85, 2012.
BECHERT, D. et al. Eletricidade e Meio Ambiente: Uma Nova Forma de Pensar. Revint, [s.i], v. 3, n. 1, p.245-
257, 2015.
BERMANN, C. Impasses and controversies of hydroelectricity. Estudos Avançados, v.21, no.59, p.139-153,
jan./abr. 2008.
CANALES, F. A.; BELUCO, A.; MENDES, C. A. B. Usinas hidrelétricas reversíveis no Brasil e no mundo:
aplicação e perspectivas. Electronic Journal of Management, Education and Environmental Technology
(REGET), v. 19, n. 2, p. 1230-1249, 2015.
CANDIANI, G., et, al. Estudo de caso: aspectos socioambientais da pequena central hidrelétrica (PCH)-Queluz-
SP, na bacia do rio Paraíba do Sul. Revista do Departamento de Geografia – USP, V. 25, 2013, p. 98-119.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
COSTA, B. B. S., et al. Licenciamento ambiental no Brasil sobre usinas hidrelétricas: um estudo de caso da
usina de Belo Monte, no Rio Xingu (PA). Sergipe: Caderno de Graduação-Ciências Exatas e Tecnológicas-
UNIT, v. 1, n. 1, p. 19-33, out. 2012.
CRUZ, A. R. et al. Impacto Causado pela Implantação de Usina Hidrelétricas e PCH’S na Amazônia
Meridional. Revista Geoaraguaia, v.6, n 1, 2016.
CUNHA, D. A.; FERREIRA, L. V. Impacts of the Belo Monte hydroelectric dam construction on pioneer
vegetation formations along the Xingu River, Pará State, Brazil. Brazilian Journal of Botany, v. 35, n. 2, p.
159-167, abr. 2012.
DACHERY, J. M.; SEVERGNINI, K.; BARBISAN, A. O. Energia Hidrelétrica: Principal Fonte Energética do
País e a UHE Foz do Chapecó. Unoesc & Ciência – ACET, Joaçaba, v. 1, n. 1, p. 31-38, jan./jun. 2010.
KLIEMANN, B. C. K.; DELARIVA, R.L. Pequenas Centrais Hidrelétricas: Cenários e Perspectivas no Estado
do Paraná. Ciência e Natura, v.37, n. 3, p. 274-283, set/dez. 2015.
LANNA, A. E. A economia dos recursos hídricos: os desafios da alocação eficiente de um recurso (cada vez
mais) escasso. Estudos avançados, v. 22, n. 63, p. 113-130, 2008.
LIMA, C. H. P. Avaliação das alterações hidrológicas a jusante de barragens por meio de análise de
sensibilidade à variação de variáveis de projeto. 2014. 231 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Meio
Ambiente, Águas e Saneamento, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2014.
LIN, Q. Influence of Dams on River Ecosystem and Its Countermeasures. Journal Of Water Resource And
Protection, [s.l.], v. 03, n. 01, p.60-66, jan. 2011.
PIGOSSO, M. et al. Diagnóstico Ambiental da Bacia Hidrográfica do Rio Jirau Alto – Dois Vizinhos -
Paraná. Geoambiente On-line, Jataí, v. 13, n. 13, p.174-193, out. 2009.
PINTO, P. H. P.; OLIVEIRA, L. P.. A construção da Usina Hidrelétrica de Estreito no estado do Tocantins,
Brasil: Um exemplo de injustiça ambiental. Revista Eletrônica do Mestrado em Educação Ambiental, V.
30, n. 1, p.237 – 251, jan./ jun. 2013.
QUEIROZ, A. R. S. VEIGA, M. M. de. Análise dos impactos sociais e à saúde de grandes empreendimentos
hidrelétricos: lições para uma gestão energética sustentável. Rio de Janeiro: Ciência & Saúde Coletiva, v. 17,
n. 6, Jun. 2012.
QUEIROZ, R. et al. Geração de energia elétrica através da energia hidráulica e seus impactos
ambientais. Revista Eletrônica em Gestão, Educação e Tecnologia Ambiental, Santa Maria, v. 13, n. 13,
p.2774-2784, mai/jun. 2013.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
SOUZA, C. F. Vazões ambientais em hidrelétricas: Belo Monte e Manso. 2009. 163 p. Tese (doutorado).
Programa de Pós-Graduação em Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul, Porto Alegre, 2009.
SPECTER, M. The Climate Fixers.. In: ANNALS OF SCIENCE, 2012, New York. Anais... New York: The New
Yorker, 2012. p.1-13
TIEZZI, R. O. Impactos da variação pluviométricas associadas as mudanças climáticas sobre a geração de
energia hidrelétrica na Bacia do Alto Paranapanema. 2009. 160 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de
Engenharia Mecânica, Universidade Estadual de Campinas, São Paulo, 2009.
WANG, Q.G., et al. Environmental impact post-assessment of dam and reservoir projects: a review. Beijing:
Procedia Environmental Sciences, v. 13, n. 8 p. 1439-1443, 2012.
ZANONI, M. M. V. et al. Emissão de metano por decomposição de resíduo florestal inundado. Revista
Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, Campina Grande, v. 19, n. 2, p.173-179, mar. 2015.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
RESUMO
A água é um recurso hídrico fundamental para a manutenção da vida e sujeita a inúmeros riscos de perda de
qualidade. O presente estudo objetivou verificar a ottocodificação realizada pela Agência Nacional de Águas
(ANA) e comparar com a ottocodificação delimitada para a bacia hidrográfica do rio Angu, pertencente a sub-
bacia do rio Paraíba do Sul. Este estudo justifica-se diante da importância da adequada demarcação da
ottocodificação no planejamento e gestão dos recursos hídricos. A partir da obtenção e condicionamento do
modelo digital de elevação (MDE) de imagens disponibilizadas pela Alaska Satellite Facility e delimitação da
hidrografia, foi possível realizar a ottocodificação de acordo com a metodologia proposta por Otto Pfafstetter para
as sub-bacias e cursos d’águas. Posteriormente, comparou-se os resultados obtidos e a codificação realizada pela
ANA, em escala 1:1.000.000. Verificou-se haver diferenças significativas na codificação para os níveis 5 e 6,
sendo que a delimitada apresentou maior nível de detalhamento. Além disso, pôde-se aplicar a ottocodificação
até o nível 7 para uma das sub-bacias e realizar a ottocodificação do rio Angu. Conclui-se que a codificação pelo
sistema otto de bacias e rios é um método eficiente e prático e que a delimitação pode ser importante para o
planejamento e gestão dos recursos hídricos.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
1. INTRODUÇÃO
A água é um recurso natural fundamental para a manutenção da vida no planeta. No entanto, apenas 3%
do total da água do mundo é considerada doce, sendo que cerca de 12% desta encontra-se no Brasil (AUGUSTO
et al., 2012). Desta forma, a conservação dos recursos hídricos para gerações futuras depende diretamente do uso
e manejo empregados ao solo, visto que este é considerado um meio poroso que proporciona o seu acúmulo de
forma superficial e subterrânea.
Com o avanço da degradação dos solos por uma agricultura pouco planejada e extensiva, tem surgido no
país regiões de conflito pelo uso da água e problemas de escassez hídrica em determinados períodos do ano
hidrológico (NASCIMENTO, 2011; PAZ, TEODORO e MENDONCA, 2000). Logo, a gestão, planejamento e
manejo do solo e da água são peças fundamentais de uma economia que busca crescer com uso dos recursos
hídricos.
No âmbito da gestão das águas, em oito de janeiro de 1997 foi regulamentada a Lei Federal n° 9.433 que
instituiu a Política Nacional de Recursos Hídricos - PNRH, onde foi definido a bacia hidrográfica como unidade
territorial para a operacionalização dessa política e atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos
Hídricos - SINGERH (BRASIL, 1997). Com a criação desta lei surgiu a necessidade de sistemas para identificar
e referenciar as bacias hidrográficas no Brasil, que permitisse procedimentos padronizados de subdivisão e
agrupamentos das bacias e regiões hidrográficas e sistematização e compartilhamento de informações, de forma
simples. Assim sendo, o Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH) decidiu adotar a metodologia de
codificação de bacias hidrográficas proposta pelo engenheiro brasileiro Otto Pfafstetter (ELESBON et al., 2011).
A Otto-codificação é considerada um processamento simples e claro, onde o código gerado carrega a
informação que permite ao usuário apenas com o código saber a posição da bacia e se um rio está a montante ou
à jusante de outro, ou se pertencem à mesma bacia (PFAFSTETTER, 1989).
A ottocodificação tem como objetivo as bacias hidrográficas, mas também podem ser adaptadas para a
classificação dos rios de uma bacia. Para isso, basta que o rio receba o número da bacia principal ao qual é
associado (ANA, 2006).
Tendo em vista a importância das ottobacias no planejamento e gestão dos recursos hídricos, este trabalho
tem como objetivo verificar a ottocodificação realizada pela Agência Nacional de Águas (ANA) e comparar com
a ottocodificação delimitada a partir de um Modelo Hidrograficamente Condicionado para a bacia hidrográfica
do rio Angu, sub-bacia do rio Paraíba do Sul.
2. MATERIAL E MÉTODOS
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
A bacia hidrográfica do rio Angu está localizada na bacia do rio Paraíba do Sul, pertencente à região
hidrográfica do Atlântico Sudeste, conforme resolução n° 32 do CNRH de 2003.
O rio Angu tem sua nascente mais remota no município de Guarará, em uma região montanhosa com
predomínio de Latossolos Vemelho Amarelo, solos altamente intemperizados e porosos. O rio percorre cerca de
66,41 km até sua foz na calha do rio Paraíba do Sul, cortando os municípios de Guarará, Senador Cortes, Além
Paraíba e por fim Volta Grande. Inúmeros afluentes contribuem para o aumento de vazão no leito do rio nestas
cidades, sempre com predomínio de Latossolo Vermelho Amarelo, sendo utilizado predominantemente para
pastagens. Contudo, há uma pequena associação de Latossolo Amarelo no município de Além Paraíba, também
utilizado para pastagens. O uso e manejo do solo nestas localidades tem importância fundamental para a
conservação do solo e da água, promovendo a infiltração da água no solo, aumentando o tempo de permanência
desta na bacia hidrográfica.
O clima da região é do tipo Aw segundo a classificação de Koppen, caracterizando clima tropical com
estação seca de inverno. A pluviosidade média da região é de 1.300 mm anuais.
A estação fluviométrica do rio Angu encontra-se em um afluente próximo à sua foz, sendo nomeada como
“Volta Grande”, código 58658000, coordenadas geográficas -21°46’ S e 42°32’ O, altitude 209 m e área de
drenagem 348 km2.
A fim de se obter uma análise mais apurada da ottocodificação, este trabalho iniciou a codificação a partir
do nível 5, adotando-se o código:77276. Para facilitar a localização da bacia hidrográfica, apresentamos também
os níveis 3, 4 e 5 realizados pela ANA (Figura 1).
As estações fluviométricas e pluviométricas foram obtidas por meio do sistema HIDROWEB, no site da
ANA. Os dados de hidrografia foram obtidos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Utilizou-
se o software ArcGIS 10.1 para a configuração dos mapas e delimitações das sub-bacias quando da codificação.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Figura 1 – Bacia hidrográfica do Rio Angu (nível 5) localizada nas ottocodificações nos níveis 3 e 4 e sua estação
fluviométrica e pluviométrica.
O modelo digital de elevação (MDE) foi obtido por meio de imagens com resolução espacial do pixel de
12,5 por 12,5 m, disponibilizados no site: Alaska Satellite Facility. As imagens obtidas no site foram importadas
para o software de Sistema de Informação Geográfica (SIG) ArcGIS 10.1®. Foi determinado o sistema de
coordenadas geográficas a ser utilizado no trabalho, “SIRGAS 2000_UTM_Zone_23S” e para interligar as
imagens utilizou-se o comando “mosaic”.
Na sequência foi utilizado o comando “Fill” do ArcGIS 10.1® para o preenchimento e eliminação das
depressões espúrias. Após esse procedimento, foi gerada a direção de escoamento na área da bacia por meio do
comando “Flow Direction”, consistindo de 8 direções de escoamento (1, 2, 8, 16, 32, 64 e 128), e a partir deste,
o fluxo acumulado do escoamento com o comando “Flow accumulation” obtendo a área de contribuição de cada
célula. Com a ferramenta “Raster Calculator”, obteve-se a hidrografia numérica inserindo-se uma função
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
condicionando a formação da hidrografia pelo fluxo acumulado maior que 7000 pixels. Uma vez testados
acumulações a partir de 2000, 3000, 5000 e 7000, esta última obteve hidrografia mais próxima a do IBGE.
Para a delimitação da área de drenagem foi inserido um ponto na foz da área. Com o comando
“Watershed”, extraiu-se a área de drenagem.
Nesta codificação de bacias hidrográficas o rio principal de uma bacia é sempre o que tem a maior área de
contribuição a montante e é o primeiro a ser identificado. Em seguida, classificam-se suas bacias afluentes por
área de drenagem. Busca-se as quatro maiores bacias, numerando-as com números pares, iniciando da foz em
direção à montante. As regiões entre as bacias recebem números ímpares, sendo a da foz a número 1, a interbacia
entre as bacias 2 e 4 a 3, e assim por diante até a bacia de montante, que recebe o número 9. Cada uma das bacias
determinadas pode ser novamente classificada, sendo então atribuído um algarismo adicional. O processo pode
ser repetido enquanto houver bacias para serem classificadas (ELESBON et al., 2011)
Como se observou que a ottocodificação realizada pela ANA apresentava alguns erros no nível 6,
retrocedeu-se ao nível 5 de codificação e a partir deste ponto foi feito a ottocodificação por meio do modelo digital
de elevação hidrograficamente condicionado (MDEHC) até o nível 7. A codificação foi feita atribuindo-se
números pares para as quatro maiores bacias identificadas e números ímpares para as interbacias, sendo o número
1 para a foz e o 9 para a cabeceira. Vale salientar que esta codificação foi baseada nas áreas de drenagem e não
na hidrografia.
A ottocodificação deve ser considerada máxima quando não é mais possível se dividir a área em quatro
bacias hidrográficas. Neste momento, pode-se adaptar a metodologia para a codificação dos rios da bacia
hidrográfica, conseguindo-se identificar se o curso d’água se encontra mais próximo da foz do rio principal
(menor valor de código) ou mais próximo da cabeceira (maior valor de código). Para isso, o código do curso
d’água deriva do próprio código da bacia, excluídos os últimos algarismos ímpares, que identificam as interbacias,
até o próximo número par. Isso é válido porque todas as interbacias têm como rio principal o próprio rio principal
da bacia de nível da ottocodificação anterior, necessitando-se eliminar os algarismos impares até chegar a um
número par, partindo-se do final do número.
2.5 OTTOCODIFICAÇÃO ANA X OTTOCODIFICAÇÃO DELIMITADA
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Com o intuito de comparar a ottocodificação realizada pela ANA a nível 5 e 6, com escala 1:1.000.000,
com aquela determinada por este trabalho, também a nível 5 e 6, gerada a partir do MDEHC e da hidrografia
obtida no IBGE na escala 1:250.000, tida como padrão, realizou-se a sobreposição das imagens para a bacia do
rio Angu.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Considerando a ottocodificação a nível 6, selecionou-se uma área dentro da bacia para ser apresentada
a codificação no nível 7. Processou-se a ottocodificação para a sub-bacia 772764, gerando então a subdivisão
apresentada na Figura 5.
Percebe-se na Figura 5 que não há como processar mais um nível de codificação, sendo os rios
individualizados em pequenas sub-bacias, indicando que para essa base de dados (escala) o nível 7 é o máximo
alcançado.
Neste trabalho verificou-se que o nível de precisão alcançado foi superior ao da base de dados
disponibilizada pela Agência Nacional de Águas, chegando-se a acrescentar um dígito em uma sub-bacia.
Na figura 6 está apresentada a ottocodificação dos rios de uma pequena parte da área em estudo.
Observa-se que o rio principal recebe o mesmo código da foz à nascente (772764). Pode-se observar que os rios
adquirem o código da própria sub-bacia em que ele está contido quando o último dígito é par. Quando o ultimo
dígito é ímpar, o código perde o último dígito. Com esse procedimento, pode-se identificar a localização
geográfica de cada curso d’água e da região de entorno.
Figura 6 – Ottocodificação da hidrografia da sub-bacia 772764.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
4. CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
ANA. Agência Nacional de Águas. Topologia hídrica: método de construção e modelagem da base
hidrográfica para suporte à gestão de recursos hídricos: versão 1.11. Agência Nacional de Águas,
Superintendência de Gestão da Informação. Brasília: ANA, SGI, 2006.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
AUGUSTO, L. G. D. S.; GURGEL, I. G. D.; CÂMARA NETO, H. F.; DE MELO, C. H.; COSTA, A. M. The
global and national context regarding the challenges involved in ensuring adequate access to water for human
consumption. Ciência & saúde coletiva, v. 17, n. 6, p. 1511–22, 2012.
BRASIL. Lei Nº 9.433 de 08 de janeiro de 1997. Política Nacional de Recursos Hídricos. Diário Oficial da
República federativa do Brasil. Brasília, 09 de janeiro de 1997.
ELESBON, a. a. a.; GUEDES, h. a. s.; AMARAL, r. v.; RIBEIRO c. a. a. s.; SILVA, D. D. 2011. Otto-codificação
da bacia do rio São Mateus a partir de dados da SRTM. In: XV Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto.
In: XV Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto - SBSR, Curitiba, PR, Brasil. Maio, 2011. p.5084.
NASCIMENTO, F. R. do. Categorização de usos múltiplos dos recursos hídricos e problemas ambientais. Revista
da ANPEGE, v. 7, n. 1, p. 81-97, 2011.
PAZ, V.P. da S.; TEODORO, R. E. F.; MENDONCA, F. C. Recursos hídricos, agricultura irrigada e meio
ambiente. Revista brasileira de agrícola e ambiental, Campina Grande, v. 4, n. 3, p. 465-473, 2000.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Gerlainny Brito Viana1; Jean Santos Silva1; Aldejane Vidal Prado1; Mailson Furtado Teixeira1; Lucinéa Barbosa
Brabo2
1Graduando do Curso de Tecnologia de Alimentos, Universidade Estadual do Pará. [email protected]
1Graduanda
do Curso de Tecnologia de Alimentos, Universidade Estadual do Pará.
[email protected]
1Graduanda do Curso de Tecnologia de Alimentos, Universidade Estadual do Pará. [email protected]
1Graduando do Curso de Tecnologia de Alimentos, Universidade Estadual do Pará.
[email protected]
2Mestra em Biologia Ambiental. Universidade do Estado do Pará.
RESUMO
O Aproveitamento Integral dos Alimentos (AIA) vegetais é uma opção para prover as necessidades nutricionais
do corpo humano, além de ser uma prática que funciona como um forte aliado do meio ambiente, no qual contribui
para redução da produção de lixo orgânico. No entanto, apesar dos benefícios, muitas pessoas desconhecem o
potencial das partes consideradas menos nobres dos alimentos como as cascas, talos, sementes, folhas entre
outros. A carência de informação sobre o aproveitamento integral dos alimentos tem favorecido o aumento dos
índices de desperdício alimentar. Sendo assim, o objetivo deste trabalho foi propiciar a sensibilização e construção
de novos hábitos alimentares no cotidiano das pessoas que participaram da oficina. Como prevê a metodologia,
foi realizada uma oficina com aula teórica e prática com a finalidade de ensinar e sensibilizar o grupo sobre o
tema abordado. Após a realização da oficina foram distribuídos questionários com o intuito de avaliar a oficina
ministrada e sobre os conhecimentos adquiridos em relação ao tema abordado. Dentre os resultados obtidos, tem-
se que em relação a satisfação quanto à aplicação da oficina e as justificativas em relação aos benefícios que a
prática de AIA, 65% dos educando disseram que serviria como “aprendizado”, 20% relacionaram que a partir
daquele momento iriam “aproveitar todo o alimento” na formulação da suas receitas, 10% relataram que passaria
a ter uma “alimentação saudável” e 5% relataram que o AIA servirá para “não acumular lixo”, assim impedindo
o descarte desnecessário agredindo o meio ambiente. Esses resultados são positivos sob vários aspectos, onde foi
possível se obter uma alimentação saudável e nutritiva, além de combater o desperdício e diminuir a sobrecarga
de exploração do meio ambiente, e disseminar uma inovação educativa para um consumo sustentável.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
1. INTRODUÇÃO
A grande quantidade de pessoas que habitam atualmente o mundo, o que pode-se chamar de explosão
populacional, traz consigo o problema de aumento da produção de alimentos e a necessidade de se evitar o
desperdício dos mesmos através da sensibilização da população para essas questões (MARQUES, 2013).
No Brasil, o descarte do resíduo urbano chega a cerca de 43,8 milhões de toneladas anualmente, sendo
que 65% desse lixo descartado correspondem a restos alimentares, onde cada brasileiro gera em torno de um quilo
deste lixo por dia. Esse fato aponta um dos maiores problemas da sociedade, com grandes desperdícios de
alimentos contribuindo para o aumento da fome e para o impacto ambiental (INSTITUTO AKATU, 2007).
Gondim et al. (2005) relatam que o aproveitamento integral dos alimentos consiste em utilizar todas as
partes ou resíduos de determinado alimento como cascas, talos e folhas, no qual são frequentemente desprezados,
assim visando reduzir os custos das preparações, diminuir o desperdício alimentar, aumentar o valor nutricional
e contribuir para a elaboração de novas preparações.
O Instituto Akatu (2007) relata que, para alcançar a diminuição dos descartes e as moléstias que são
causadas pela desnutrição, o consumo consciente é um instrumento capaz de contribuir para a redução desse mal,
por meio da educação alimentar. Nesse sentido, cascas, talos, sementes e outras partes não consumidas, podem
ser incorporadas na dieta alimentar. Estudos revelam que cascas de muitas frutas possuem mais nutrientes que
determinadas polpas, a parte tradicionalmente consumida.
Diante disso, objetivo deste trabalho foi propiciar a sensibilização e construção de novos hábitos
alimentares no cotidiano das pessoas que participaram da oficina.
2. MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi desenvolvido em dois dias no junho de 2017 com alunos do Curso Técnico em
Agroindústria na Escola de Educação Tecnológica do Estado do Pará – EETEPA, na cidade de Salvaterra-PA.
O método escolhido enfatiza a prática junto aos alunos. A execução do trabalho contou com duas etapas
distintas, porém complementares. Na primeira etapa foi ministrada uma palestra com o título “Aproveitamento
Integral dos Alimentos” para propiciar o conhecimento inicial dos alunos sobre os conteúdos que seriam
abordados durante a oficina. Na segunda etapa foi realizada a oficina prática sendo orientada por dinâmicas de
dois grupos, onde foram realizadas elaborações integrais dos alimentos, com intuito de apresentar os benefícios
da utilização total dos alimentos nos contextos nutricionais e ambientais, houveram explicações sobre o tema
supracitado para discussão de problemas (esclarecimentos de dúvidas e trocas de experiências). Ao final da oficina
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
foram distribuídos questionários para verificar o conhecimento dos alunos em relação a oficina dada e enquanto
a eficiência da oficina para aumento dos conhecimentos sobre o tema abordado. A oficina foi organizada durante
quarenta dias para a sua aplicação objetivando carga horária de 8h (duas tardes).
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
O trabalho contou com a participação de vinte alunos com gêneros diferentes e faixas etárias acima de 17
anos, residentes no município de Salvaterra – Marajó/Pará, ou de localidades próximas, e que são estudantes do
curso Técnico de Agroindústria ofertado pela Escola tecnológica do Estado Pará, EETEPA.
O questionário aplicado no fim da oficina contou com as seguintes perguntas listadas na Tabela 1.
Tabela 6. Tabela com as perguntas feitas no questionário para avaliação da oficina.
QUESTÕES ALTERNATIVAS
DATA
LOCAL
NOME
GÊNERO ()M ()F
IDADE
PROFISSÃO
Sempre fez o aproveitamento
( ) Sim ( ) Não
integral dos alimentos?
Em caso afirmativo, há quanto
tempo?
O que entende por
aproveitamento integral dos
alimentos?
Como conheceu os a prática do
( ) Veículos de () ( ) Outros.
aproveitamento integral dos ( ) Amigos ( ) Familiares ( ) Palestras ( ) Estudos
mídia Propaganda Qual?
alimentos?
()é ( ) mais
Por que optou pelos alimentos ( ) mais ( ) outro.
( ) está na moda ecologicamente saudável e
com partes não convencionais? saudável Qual?
correto nutritivo
Está satisfeito quanto a
( ) Sim ( ) Não
aplicação da oficina? Por quê?
Quais são os benefícios que a
oficina propiciará a você?
Você está satisfeito quanto aos
( ) Sim ( ) Não
aplicadores da oficina?
As respostas do questionário foram avaliadas de acordo com os gráficos gerados. Em relação à pergunta
sobre se praticavam o aproveitamento integral de alimentos, 90% dos participantes disseram que não e apenas
10%, sim(Gráfico 1), sendo este dado semelhante ao de Oliveira et al. (2009), cujo trabalho mostrou que, entre o
grupo de mulheres pesquisadas por eles em Recife-PE, 89% não conheciam o aproveitamento integral de
alimentos e 11% apenas, conheciam.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Apesar do percentual exibido no Gráfico 1 mostrar que a cultura de utilizar partes consideradas não
convencionais não está difundida entre o público avaliado, eles parecem ter compreendido a importância que tal
prática traz, uma vez que o Gráfico 2 mostra que entre o entendimento dos alunos em relação ao aproveitamento
integral dos alimentos, 90% disseram que aproveitamento integral dos alimentos é “utilizar todas as partes dos
alimentos” e 10% compreenderam que a prática “ajuda ao não desperdício”. Resultado semelhante foi encontrado
no trabalho de Nunes e Botelho (2009), que em Vitória-ES, dentre os degustadores avaliadores de suas
formulações feitas com partes não convencionais, 57,1% associaram tal prática à questão de “evitar o desperdício”
e 34,5% relacionaram com a questão “nutricional”.
Gráfico 3. Percentual dos alunos referentes ao entendimento da prática do aproveitamento integral dos alimentos.
100% 90%
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
10%
0%
Utilizar todas as partes dos alimentos. Ajuda ao não desperdício.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Em relação ao contato com o tema, 70% afirmaram terem adquirido esse conhecimento com a palestra,
20% através dos estudos e 10% por outros meios (Gráfico 3), mostrando que a educação alimentar não é muito
empregada em outros meios de ensino e comunicação nos municípios.
Gráfico 4. Percentual referente ao modo como os alunos adquiriram o conhecimento do tema abordado.
80%
70%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
20%
10%
10%
0% 0% 0% 0%
0%
Em se tratando dos benefícios que a oficina propiciara aos educandos, o Gráfico 4 expõe a satisfação e as
suas justificativas em relação aos seus benefícios, onde 65% dos educando disseram que servirá como
“aprendizado”, 20% relacionaram que a partir daquele momento iriam “aproveitar todo o alimento” na formulação
da suas receitas, 10% relataram que passaria a ter uma “alimentação saudável” e 5% relataram que o
aproveitamento integral dos alimentos servirá para “não acumular lixo” assim impedindo o descarte desnecessário
agredindo o meio ambiente.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Gráfico 5. Percentual referente aos benefícios que a oficina propiciara aos alunos.
70% 65%
60%
50%
40%
30%
20%
20%
10%
10% 5%
0%
Aprendizado Aproveitar todo o Alimentação saudável Não acomular lixo
alimento
4. CONCLUSÃO
Apesar de o aproveitamento integral dos alimentos ser benéfico, já que ajuda a suprir a carência nutricional
do corpo, nota-se que aproveitar todas as partes dos alimentos é pouco abordada em relação aos diversos
benefícios que podem oferecer a saúde e para o meio ambiente. Diante do exposto, pode-se averiguar a
importância de projetos e ações que estimulem e sensibilizem as pessoas sobre a importância de utilizar de forma
integral os alimentos, pois se observa que há um baixo conhecimento sobre o aproveitamento integral, o que
acarreta na grande perda de diversos nutrientes e recursos naturais que são essenciais para uma alimentação
saudável, visando que aproveitar seria a alternativa viável para minimizar o desperdício contribuindo para uma
melhoria de vida e um ambiente agradável. Os resultados são positivos sob vários aspectos, onde foi possível se
obter uma alimentação saudável e nutritiva, além de combater o desperdício e diminuir a sobrecarga de exploração
do meio ambiente, e disseminar uma inovação educativa para um consumo sustentável.
REFERÊNCIAS
GONDIM, Jussara A. Melo et al. Composição Centesimal e de Minerais em Casca de Frutas. Revista de Ciência
e tecnologia de Alimentos. São Paulo, v. 25, n. 4, p. 825 – 827, out/dez. 2005. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/cta/v25n4/27658.pdf>. Acesso em: 03 jul.2017
INSTITUTO AKATU. Caderno Temático: a nutrição e o consumo consciente. São Paulo, 2007. Disponível em:
<https://www.akatu.org.br/wp-content/uploads/2017/04/nutricao2.pdf>. Acesso em: 10 abr. 2017.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
em:<http://repositorio.ufla.br/bitstream/1/669/1/DISSERTA%C3%87%C3%83O_Aproveitamento%20tecnol%
C3%B3gico%20de%20res%C3%ADduos%20de%20acerola%20%20farinhas%20e%20barras%20de%20cereai
s.pdf>. Acesso em: 02 ago. 2017.
NUNES, Juliana Tavares; BOTELHO, Raquel Braz Assunção. Aproveitamento Integral dos Alimentos:
Qualidade Nutricional e Aceitabilidade das Preparações. 64f. 2009. Monografia (Especialização em qualidade de
alimentos). Brasília-DF, 2009. Disponível
em:<http://bdm.unb.br/bitstream/10483/1037/1/2009_JulianaTavaresNunes>. Acesso em: 02 ago. 2017.
OLIVEIRA, Conceição Cristina Arruda de et al. Aproveitamento Integral dos Alimentos: Contribuições para
Melhoria da Qualidade de Vida de um Grupo de Mulheres da Cidade do Recife-PE. XX Congresso brasileiro de
Econômica Domestica2009. Disponível em: <https://scholar.google.com.br/scholar?client=ms-android-
lge&um=1&ie=UTF-8&lr&q=related:C--x06JY-r_j2M:scholar.google.com/>. Acesso em: 02 nov. 2017
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Jeisiane Brenda Soares de Souza 1; Fabiano de Almeida Coelho2; Ana Caroline de Jesus de Castro3; Andréia
Monteiro do Nascimento4; Márcio Hoffman Mota Soares5; Ademir Roberto Ruschel6
1 Discente de Engenharia Florestal. Universidade do Estado do Pará.
jeisiane.brenda71@gmailcom
2 Discentes de Engenharia Florestal. Universidade do Estado do Pará. E-mail: [email protected]
3 Discentes de Engenharia Florestal. Universidade do Estado do Pará. E-mail: [email protected]
4Discentes de Engenharia Ambiental e Sanitária. Universidade Mauricio de Nassau. E-mail:
[email protected]
5
Analista Ambiental. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - EMBRAPA. E-mail:
[email protected]
6Pesquisador - A. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - EMBRAPA. E-mail:
RESUMO
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
1. INTRODUÇÃO
Área de estudo
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
O estudo está localizado na Área de Manejo Florestal do Projeto de Desenvolvimento Sustentável Virola-
Jatobá no Município de Anapú-PA, que possui coordenadas entre 02°56’47,81” de latitude Sul e 51°17’04,98”
de longitude a Oeste, situado na Transamazônica no km 120.
Amostra
A amostra refere-se a Unidade de Produção Anual (UPA) 6B, composta por Cinco Unidades de Trabalho
(UT’s) que representa cinco parcelas quadráticas com dimensões de 100 m x 100 m, totalizando 1 hectare (ha)
cada. Dentro de cada parcela, foram inseridos tubos de PVC (de aproximadamente 1,2 m comprimento). Foram
dimensionadas 100 subparcelas com tamanhos de 10 m x 10 m (100 m2). Dentro dessa área foram instaladas 20
subunidades com dimensões de 5 m x 5 m (25 m2).
Coleta de dados
Os dados são do Inventário florestal amostral realizado no ano de 2015 em cinco hectares de amostragem.
Nesse inventário, foram considerados três tipos de classe de tamanho, sendo: Árvores, indivíduos com valores de
diâmetro de aproximadamente um 1,30 m do solo (DAP) maior ou igual a 10 cm (DAP ≥ 10); Arvoretas,
indivíduos com valores de diâmetro maior que 5 cm e menor que 10 cm (5 cm ≤ DAP < 10 cm); e Varas, todos
os indivíduos com valores de DAP maior ou igual que 2,5 cm e menor que 5 cm (2,5 ≤ diâmetro < 5cm).
A seleção das subparcelas no inventário considerou que os indivíduos classificados na classe de árvore
(DAP ≥ 10 cm) fossem mensurados em 100 subparcelas de cada parcela permanente (PP’s). À classe de arvoretas
(5 cm ≤ DAP < 10 cm) deu-se a partir da seleção de 20 subunidades de forma sistemática dentre as 100
subparcelas. A partir das 20 subunidades foram sorteadas um dos lados para medição da categoria de vara (2,5
cm ≤ DAP < 5 cm) descrito na Figura 1.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Figura 1: Croqui das parcelas instalas na UPA 6B da área de estudo em Anapú, PA.
A frequência absoluta (FAi%) mostra o percentual de parcelas em que ocorre determinada espécie em
relação ao total de parcelas. A frequência relativa (FRi%) é a (FAi%) em relação à frequência total (SOARES,
2011; RODAL, 2013).
,
)* % = ∗ 100 Eq. 1
-
234
)1 % = ∑5 ∗ 100 Eq. 2
467 234
Onde:
FAi%= freqüência absoluta da i-ésima espécie;
ui=número de unidades de amostra em que se encontrou a i-ésima espécie;
ut= número total de unidades de amostras medidas;
FRi%= freqüência relativa da i-ésima espécie, em porcentagem.
Dominância absoluta e relativa
A dominância fornece informações à respeito do grau de utilização dos recursos ambientais por uma
população, pode utilizar três parâmetros como: volume, área da copa ou área basal. A dominância absoluta (DoAi)
estima a área basal por hectare (ha) e a dominância relativa representa a porcentagem de (DoAi) (SOARES, 2011;
RODAL, 2013).
*:9
8*9 = ;<. >
*
*:
81 = ∗ 100 ;<. @
∑ '? *:
Onde:
DoAi= dominância absoluta da i-ésima espécie, em m2/ha;
ABi = área basal (somatório das áreas seccionais) da i-ésima espécie em m2, na área amostrada;
A = área amostrada, em ha;
DoRi = dominância relativa da i-ésima espécie, em porcentagem.
Densidade absoluta e relativa
A densidade absoluta (DAi) é determinada pelo número de indivíduos pela área, é um parâmetro de
nível estrutural e a densidade relativa (DRi%) é definida elo número de indivíduos de uma determinada espécie
pelo total de indivíduos amostrados (SOARES, 2011; RODAL, 2013)
4
* = Eq. 5
3
34
1 % = ∑5 ∗ 100 Eq. 6
467 3
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Onde:
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Florística
Nas três classes de tamanho foram encontrados um total de 104 famílias, 264 gêneros e 279 espécies e um
total de 3.013 indivíduos conforme a Tabela 1. Em todas as classes de tamanho, a família Fabaceae acumulou
um percentual de 91,43%, sendo a classe de árvore responsável por acumular um total de aproximadamente 40%
de todas as famílias, seguida de Sapotaceae 41,90%, Lecythidaceae 21,90%, Anonnaceae 18,10%, Lauraceae
17,14% descritas na Figura 2.
Tabela 1: Valores Absolutos em cada Classe de tamanho. Sendo N: Número total de indivíduos.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Figura 2: Relação das 10 (dez) famílias com maior número de espécies de acordo com a classe de tamanho em
cinco hectares de terra firme no município de Anapú-PA.
60
50
nº de indivíduos
30
20
10
Família
O valor obtido para o índice de Shannon-Weaver para a categoria de árvore (H’ = 4,23 nats-1) está dentro
do esperado para as florestas tropicais em que valores abaixo de 3,5 nats-1 em relação à um hectare é inferior ao
se comparar outras regiões (KNIGHT, 1975). Segundo estudos realizados por Condé & Tonini (2013), a relação
do número de espécies e de indivíduos afeta diretamente o índice de Shannon em um determinado local, já que
quanto maior este valor, maior será a sua heterogeneidade. A área em estudo apresentou valores significativos de
diversidade na classe de árvore com 4,23 nats-1, arvoretas 1,72 nats-1 e varas com 1,66 nats-1, ou seja, em cinco
hectares de amostragem. A categoria de árvore apresentou uma maior diversidade de espécies com isso
influenciando diretamente o parâmetro de diversidade naquela área.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Parâmetros fitossociológicos
A classe de árvores acumulou uma densidade de 472,2 ind./ha-1 e área basal de 30,7 m²/ha-1. Para a classe
de arvoreta, foram encontrados um total de 566 ind./ha-1, área basal 2,16 m²/ha-1. E para as classes de vara 50,4
ind./ha-1 e uma área basal de 20,8 m²/ha-1.
O Índice de Valor de Importância das espécies indica a importância ecológica na comunidade através da
dominância, frequência e densidade, as espécies que apresentaram maior importância ecológica na categoria de
árvore na amostragem foram Licania spp. (22,5 %), Eschweilera sp. (13,4 %) e Vouacapoua americana (11,4 %).
Na categoria de arvoreta predominaram em importância as espécies Eschweilera sp. (15,19 %), Sagotia racemosa
(14,4 %) e Licania spp. (12,7 %). Já na categoria de vara, as espécies mais importantes fitossociologicamente
foram Rinorea flavescens (15,3 %), Zygia racemosa (12,0 %) e Sagotia racemosa (11,0 %) como ilustrado na
Figura 3.
Figura 3: Índice de Valor de Importância (IVI) em uma amostragem de cinco hectares das espécies mais
dominantes nas três classes de tamanho em Anapú, PA.
25,00
15,00
10,00
IVI (%)
5,00
0,00
Espécies
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
de muda e menor importância na classe de arvoretas mostra que até atingir um IVI mais próximo da classe de
árvore serão necessárias tratos silviculturais capazes de auxiliar no estabelecimento da população e equilíbrio.
A variação dos parâmetros dendrométricos e fitossociológicos, de acordo com a classe de tamanho, houve
uma variação perceptiva nos diferentes estratos arbóreos, sendo assim as espécies mais dominantes e importantes
na categoria de árvores diferiram das outras classes mostrando que a comunidade em estudo apresenta um grau
de alta diversidade e riqueza. Estudos realizados por Souza et al. (2006) demonstraram algo semelhante no
comportamento das florestas tropicais, onde a ocorrência das espécies variou nas classes, assim como o aumento
ou diminuição dos índices de diversidade.
4. CONCLUSÃO
Com base na análise e discussão dos resultados, pode-se concluir que a composição florística da
regeneração e do estrato arbóreo caracterizam uma área com elevada taxa de diversidade e heterogeneidade, assim
como riqueza, dominância de espécies e ocorrência em estratos diferentes.
REFERÊNCIAS
ALVES, J. C. Z. O.; MIRANDA, I. de S. Análise da estrutura de comunidades arbóreas de uma floresta amazônica
de Terra Firme aplicada ao manejo florestal. Acta amazônica, v. 38, n. 4, p. 657-666, 2008.
CONDÉ, T. M.; TONINI, H. Fitossociologia de uma floresta ombrófila densa na Amazônia setentrional, Roraima,
Brasil. Embrapa Agrossilvipastoril-Artigo em periódico indexado (ALICE). v. 43, n. 3, p. 247 – 260, 2013.
COSTA, D. H. M.; SILVA, J. N. M.; CARVALHO, J. O. P. de. Crescimento de árvores em uma área de terra
firme na floresta nacional do tapajós após a colheita de madeira. Revista de Ciências Agrárias/Amazonian
Journal of Agricultural and Environmental Sciences, v. 50, n. 1, p. 63-76, 2011.
GOMES, J. M.; de CARVALHO, J. O. P.; RUSCHEL, A. R.. Dinâmica da população de Vouacapoua americana
Aubl. (Leguminosae) em floresta manejada na Amazônia Oriental. In: Embrapa Amazônia Oriental-Resumo em
anais de congresso (ALICE). In: CONGRESSO NACIONAL DE BOTÂNICA, 67., 2016, Vitória, ES.
Conectando diversidades, revelando o desconhecido: resumos. Brasília, DF: Sociedade Botânica do Brasil, 2016.
JARDIM, F. C. da SILVA; QUADROS, L. C. L. Estrutura de uma floresta tropical dez anos após exploração de
madeira em Moju, Pará. Revista Ceres, v. 63, n. 4, p. 427-425, 2016.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
KNIGHT, D. H. A phytosociological analysis of species-rich tropical forest on Barro Colorado Island, Panamá.
Ecological Monographs, vol. 45, p. 259-284. 1975.
SOARES, C. P. B.; NETO, F. de P.; SOUZA, A. L. Dendrometria e inventário florestal. 2.ed. Viçosa, MG:
UFV (Universidade Federal de Viçosa), 2011. 272p
SOUZA, D. R de; SOUZA, A. L. de; LEITE, H. G.; YARED, J. A. G. Análise estrutural em floresta ombrófila
densa de terra firme não explorada, Amazônia Oriental. Revista Árvore, v. 30, n. 1, 2006.
SOUZA, M. A. S. de; AZEVEDO, C. P. de; SOUZA, C. R. DE, FRANÇA, M.; VASCONCELOS NETO, E. L.
Dinâmica e produção de uma floresta sob regime de manejo sustentável na amazônia central. Floresta, v. 47, n.
1, p. 55-64, 2017.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Jhonatas Rodrigues Barbosa1; Iris Caroline dos Santos Rodrigues2; Marcos Ene Chaves Oliveira3.
1 Graduando em química.
Universidade do estado do Pará (UEPA).
[email protected]
2
Licenciada em química.
Universidade federal do Pará (UFPA).
[email protected]
3 Doutor em engenharia mecânica (UFMG).
RESUMO
O cultivo de cogumelos comestíveis vem se tornando um mercado cada vez mais competitivo e lucrativo, graças
aos diversos benefícios já comprovados, como os potenciais anticancerígenos, antitumorais, antioxidantes e
antidiabéticos, o que torna tais alimentos potencialmente nutracêuticos. Neste trabalho foi conduzido o cultivo de
shimeji (Pleurotus ostreatus) em resíduos agroindustriais do processamento de palma de óleo e do açaí com o
objetivo de avaliar a produtividade e a eficiência biológica. Os substratos a base de coprodutos da palma de óleo
foram formulados com 90% de fibra de prensagem e 10% de torta de palmiste e submetidos à compostagem por
uma semana, em seguida foram inoculados e cultivados. Em substrato a base de caroços de açaí não esterilizados,
utilizando-se uréia como fonte de nitrogênio e cal para o controle de contaminação, efetuou-se delineamento
experimental do tipo 2² com ponto central para estas variáveis com os seguintes níveis avaliados em triplicata,
efetuou-se também um tratamento controle TR6 no qual não houve adição de cal e uréia, em seguida foram
inoculados e cultivados. Obteve-se uma produtividade média de 9,4% na colheita para o cultivo em coprodutos
da palma de óleo. Os resultados obtidos com o substrato a base de açaí apresentaram elevada variabilidade, porém
indicando estatisticamente que o melhor resultado está em torno dos tratamentos TR1 e TR2. Os dados mostram
que o Pleurotus ostreatus tem potencial de desenvolvimento em substrato de caroços de açaí, mesmo sem a
esterilização, e o aproveitamento de vapor do processo mostram que há potencial de produção, com viabilidade
econômica em resíduos agroindustriais da palma de óleo.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
1. INTRODUÇÃO
Os cogumelos são organismos fundamentais aos processos de biodegradação da matéria orgânica, sendo
que sua existência contribui para a manutenção de muitos ciclos de transformação de energia na natureza. Os
cogumelos comestíveis vêm ganhando espaço considerável nos setores industriais, devido a seu valor nutricional
e suas capacidades de reciclar resíduos agroindustriais (ROMÁN et al., 2015). Como alimento, o shimeji
(pleurotus ostreatus), apresenta uma composição rica e balanceada em fibras, proteínas, carboidratos, vitaminas
e minerais, além de baixo valor calórico, gorduras e sódio (GHORAI et al., 2009).
O açaí (Euterpe oleracea Mart.) está distribuído em toda a extensão da região Amazônica, concentrando-
se com maior freqüência nos estados do Pará, Amapá e Maranhão (CAVALCANTE, 2010). A produção de frutos
está centrada no estado do Pará que é o principal responsável pelo atendimento das demandas do mercado
paraense, brasileiro e internacional. No Pará, o açaí é o principal alimento de muitas famílias ribeirinhas, além de
ter uma forte demanda na região metropolitana de Belém, um importante mercado do produto (FREITAS et al.,
2015). O fruto maduro do açaí apresenta 15% de polpa e 85% de caroços. No processamento, estes caroços
apresentam-se como um resíduo de elevado volume que atualmente não tem uma utilização de valor agregado
importante, sendo, na maioria das vezes, jogado no lixo e, assim, torna-se um problema ambiental (BRASIL,
2013).
A palma de óleo (Elaeis guineensis, Jacq), também conhecida no Brasil como dendê, é uma palmeira de
muita versatilidade e principal fonte de óleo vegetal do mercado mundial (ALVES et al, 2011). Do fruto podem
ser extraídos o óleo de palma, proveniente da polpa, e o óleo de palmiste obtido a partir da prensagem da amêndoa.
Estes óleos são utilizados principalmente na indústria de alimentos e outros setores da indústria química tais como
produção de lubrificantes e cosméticos, entre outros (ABDUL KHALIL et al., 2008; BRASIL, 2013).
No Brasil, a cultura da palma se desenvolve principalmente nos estados da Bahia e do Pará, sendo este
último responsável por mais de 90% da produção brasileira de óleo de palma do país (REBELLO; COSTA, 2012).
A agroindústria de produção de óleos de palma caracteriza-se por gerar uma quantidade significativa de resíduos
lignocelulóticos que são parcialmente utilizados como fonte de energia para o processo de extração do óleo ou
como fonte de nutrientes nos plantios. No estado do Pará, cuja produção de óleo de palma está em torno de 500
mil toneladas anuais, a geração de resíduos lignocelulósicos (fibra de prensagem, cachos vazio, endocarpo e torta
de palmiste) fica em torno de 1,5 milhões de toneladas. Agregar valor a este material é um desafio para a indústria
da palma na sua busca por sustentabilidade, dado o volume produzido. Em vista disto, a produção de cogumelos
apresenta-se como uma alternativa importante que leva a um produto de alto valor agregado (ALVES et al, 2011).
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
É nesse cenário que o cultivo de shimeji um cogumelo de elevado valor econômico e nutricional,
apresenta-se como uma possibilidade interessante de agregar valor ao caroço de açaí e aos coprodutos da palma
de óleo com o objetivo de avaliar a produtividade e a eficiência biológica nestes resíduos amazônicos.
2. MATERIAL E MÉTODOS
2.1. MICRORGANISMO E MANUTENÇÃO
A cultura de shimeji, na forma de “spaws”, foi adquirida de uma empresa de São Paulo especializada em
produção de sementes de cogumelos, a manutenção das cepas foi feita a cada seis meses em placas de BDA
(Potato dextrose Agar).
Os caroços de açaí foram obtidos em pontos comerciais de venda de açaí em Belém. Estes caroços foram
secos em estufa por três dias a uma temperatura média de 70ºC e depois foram triturados em moinho mecânico
levando a uma massa de fibras com granulometria inferior a 1 mm.
Para a elaboração dos substratos foram feitas bateladas de 6kg, suficientes para produzir três sacolas de 2
kg de substrato, constituídas de 3,6 kg de fibras do caroço de açaí e 2,400kg de água, além de cal e uréia em
quantidades de acordo com os tratamentos descritos a seguir em triplicatas. A partir de um planejamento fatorial
do tipo 22 foram feitas as seguintes formulações, TR1 (2% cal, 120g, 1% uréia. 60g), TR2 (1% cal. 60g, 1% uréia),
TR3(1,5% cal. 120g, 0,5% uréia), TR4(1% cal. 120g, 0% uréia. 60g), TR5 (2% cal. 60g, 0% uréia. 60g), TR6,
controle (0% cal, 0% uréia).
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Com os tratamentos a base de fibra de caroços de açaí preparados, o material não foi esterilizado, para
avaliar o efeito da cal hidratada como agente bactericida. Foram inoculados com 2% de inoculo de Pleurotus
ostreatus, e incubados a 25 C° em câmara escura por 20 dias. Após este período, foi efetuada análise do
desenvolvimento micelial, de contaminação e eventual frutificação e eficiência biológica, com a análise estatística
baseada nas duas últimas variáveis (BONATTI et al, 2004).
Com o tratamento a base de coprodutos da palma de óleo, após uma semana de compostagem o material
foi colocado em sacos de algodão de 20 kg e autoclavados a 143°C por 1 hora, utilizando vapor do processo de
extração de óleo. O substrato compostado foram colocados em sacos de polietileno de 1,5 kg e inoculados em
câmara de fluxo laminar com 2% de inoculante. A colonização foi efetuada em sala escura a uma temperatura de
25°C. Após 30 dias de colonização, as sacolas foram transferidas para a sala de frutificação a uma temperatura
de 22°C e com umidade controlada com lâmina de água no piso da sala. A frutificação iniciou-se 5 dias após a
transferência para a sala de frutificação, quando iniciou-se a colheita (BONATTI et al, 2004).
3. RESULTADO E DISCUSSÃO
3.3. PRODUTIVIDADE E EFICIÊNCIA BIOLÓGICA DOS TRATAMENTOS A BASE DE FIBRAS DE
CAROÇOS DE AÇAÍ
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
TR4 0 0 0 0
TR5 0 0 0 0
TR6 0 0 0 0
Fonte: autores
Durante o período de colonização foram observadas contaminações em 10% das sacolas que, em
conseqüência, foram retiradas do processo. As 90 sacolas restantes, após 30 dias, foram para a etapa de
frutificação e posterior colheita. A produtividade média obtida em duas semanas de colheita foi de 142g por
sacola, conforme apresentado na tabela 2, equivalente a 9,4% em relação à massa do substrato.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
O rendimento obtido em termos de produtividade e eficiência biológica no presente trabalho pode ser
considerado pequenos em comparação com os resultados observado por Sales-Campos, et al. (2010) em um
estudo no qual cultivaram Pleurotus ostreatus em quatro substratos diferentes: serragem de marupá, serragem de
pau-de-balsa, estipe da pupunheira triturado e bagaço de cana-de-açúcar (todos nas proporções de 80% com a
adição de 18% de farelo de cereais e 2 a 3% de CaCO3 ); a EB média obtida neste estudo foi de 94%, 64,6%,
125,6% e 99,8%, respectivamente. Os rendimentos e a eficiência biológica, assim como o formato, o número e
principalmente o tamanho dos cogumelos apresentam grande variação e isso ocorre por vários fatores inerentes à
espécie, pois não é possível controlar os locais em que aparecem os primórdios de frutificação no substrato,
característica observada também em outros estudos (SALES-CAMPOS et al., 2002).
4. CONCLUSÃO
Os dados mostram que o Pleurotus ostreatus tem potencial de desenvolvimento em substrato de caroços
de açaí, mesmo sem a esterilização, ao se utilizar cal como agente bactericida e uréia como fonte de nitrogênio.
Contudo, o potencial de uso desse substrato ainda requer mais estudos para avaliar melhor os percentuais
de cal e uréia para cultivo de Pleurotos ostreatus com produtividade aceitável e sem levar a alterações
morfológicas que comprometam a qualidade do produto.
Efetuou-se o cultivo de shimeji em substrato compostado de resíduos agroindustriais de palma de óleo,
obtendo-se uma produtividade média de 9,4%. Este resultado e o aproveitamento de vapor do processo mostram
que há potencial de produção, com viabilidade econômica, de shimeji com resíduos agroindustriais da palma de
óleo.
REFERÊNCIAS
ABDUL KHALIL, H. P. S. et al. The effect of storage time and humidity on mechanical and physical properties
of medium density fiberboard (MDF) from oil palm empty fruit bunch and rubberwood. Polymer-Plastics
Technology and Engineering, v. 47, n. 10, p. 1046-1053, 2008.
ALVES, S. A. O. et al In vitro embryo rescue of interespecifics hybrids of oil palm (Elaeis quineensis x Elaeis
oleifera). Journal of Biotechonology and Biodiversity, v. 2. p. 1-7, 2011.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
BONATTI, M. et al. Evaluation of Pleurotus ostreatus and Pleurotus sajor-caju nutritional characteristics when
cultivated in diferent lignocellulosic wastes. Food Chemistry, v. 88, p. 425-428, 2004.
CHORAI, S. F. et al. Fungal biotechnology in food and feed processing. Food Research international, v. 42, p.
577-587, 2009.
CAVALVANTE, Paulo B. Frutas comestíveis na Amazônica. Museu Paraense Emílio Goeldi, Belém. 7ª edição
revisada e atualizada. 2010.
REBELLO, F. K.; COSTA, D. H. M. A experiência do Banco da Amazônia com projetos integrados de dendê na
agricultura familiar. Contexto Amazônico, v. 5, n. 22, p. 1-8, 2012.
ROMÁN, P.; MARTÍNEZ, M. M.; PANTOJA, A. Farmer`s compost handbook. Experiences in latin
America. Santiago: Food and Agriculture of the united nations. Regional office for latin America and the
caribbeam Santiago, p. 112 . 2015.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
RESUMO
O presente trabalho apresenta os parâmetros morfométricos da bacia hidrográfica do rio Apeú que localiza-se na
região do nordeste paraense, mais precisamente na mesorregião metropolitana de Belém-PA, abrange os
municípios de Castanhal, Santa Izabel do Pará e Inhangapí. O estudo foi efetivado por meio do compilamento de
dados bibliográfico-cartográficos e levantamento de campo. Para a manipulação dos dados foram empregados os
softwares ENVI 4.7 e ArcGIS 10.1, sendo analisada uma série de parâmetros morfométricos como: fator de forma,
índice de circularidade, coeficiente de compacidade, densidade de drenagem, elementos hipsométricos,
declividade, entre outros. A bacia hidrográfica do rio Apeú apresenta uma área de 320 km², um perímetro de
131,85 km, comprimento total dos cursos d’água de 206,31 km. Os resultados dos parâmetros morfométricos
mostraram que a bacia do rio Apeú, de modo geral, não favorece a concentração do fluxo fluvial, seu formato é
comprido e tem baixíssima tendência a ocorrência de enchentes, ou seja, sua forma leva a uma conservação. No
entanto, os diversos usos da terra têm provocado a diminuição da cobertura vegetal natural, principalmente nas
áreas de preservação permanente, sendo um fator de risco ao processo erosivo e consequente assoreamento dos
canais. O estudo contribui para o enriquecimento a geomorfologia regional e permite evoluir nos estudos ligados
a dinâmica sociedade/natureza, sendo que com essas informações é possível que haja uma tomada de decisões
conscientes, quando se aborda como temática o ordenamento e planejamento territorial e estudos ambientais.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
1. INTRODUÇÃO
A bacia hidrográfica é a área da superfície terrestre de captação natural da água das chuvas quedrenam
para um rio principal e seus tributários que confluem até resultar em um leito único no seu exutório, sendo limitada
pelos divisores topográficos (BOTELHO, 1999). As águas superficiais escoam para as partes mais baixas do
terreno, formando riachos e rios, sendo que as cabeceiras são formadas por riachos que brotam em terrenos
íngremes e à medida que as águas descem, juntam-se a outros rios até desembocarem no oceano ou em outros
rios (NARDINI et al., 2015).
Com a Política Nacional de Recursos Hídricos, Lei Federal Nº 9.433/97, as bacias hidrográficas foram
instituídas como unidades territoriais e são consideradas boas unidades de gestão, pois, permitem tratar dos
componentes e da dinâmica das inter-relações imprescindíveis para o planejamento e gestão ambiental. Essa
política estipula atuação descentralizada e participativa no processo de gestão, com a criação de comitês e
agências de bacias, em conjunto com a participação de organizações civis no planejamento e na elaboração de
planos diretores às bacias (BRASIL, 1997).
O planejamento ambiental visa garantir, da melhor forma, o desenvolvimento efetivo da produção social,
através do uso racional e da proteção dos recursos do meio ambiente, constituindo-se como um dos principais
instrumentos da política ambiental e uma ferramenta efetiva para a promoção do desenvolvimento sustentável,
pois a efetivação plena e eficaz deste instrumento torna-se possível compatibilizar a máxima produtividade
econômica com o maior benefício e equidade social com um meio ambiente equilibrado.
Para o gerenciamento de bacias hidrográficas é fundamental conhecer suas características físicas, como a
rede de drenagem, forma da bacia, características do relevo, da cobertura vegetal, do uso e ocupação do solo.
Esses elementos auxiliam na interpretação dos resultados dos estudos hidrológicos e permitem
estabelecerrelações e comparações com outras bacias conhecidas. Esses aspectos têm influência direta no
comportamento hidrológico da bacia em estudo e, consequentemente, no regime fluvial e sedimentológico do
curso d’água (SILVA; MELO, 2006).
O estudo das características fisiográficas de uma bacia hidrográfica demanda cuidado para que sejam
extraídos, corretamente, os dados desejados. Os produtos atrelados às geotecnologias, como os Sistemas de
Informações Geográficas (SIGs), Sensoriamento Remoto e Geoprocessamento, têm sido bastante utilizado, visto
que, os mesmos possibilitam uma avaliação integrada dos sistemas naturais e permitem combinações e sínteses
sobre os dados ambientais.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
De acordo com Pareta e Pareta (2011) as técnicas de geoprocessamento são muito utilizadas atualmente
para avaliação de diversos parâmetros morfométricos de bacias, pois proporcionam um ambiente flexível e
constituem uma ferramenta poderosa para a manipulação e análise da informação espacial. Segundo Câmara et
al., (1996) o SIG permite a entrada, o armazenamento, o tratamento, o processamento, a integração, a análise e a
exibição de informações geográficas associados a um banco de dados alfanumérico.
Com o desenvolvimento de técnicas e do conhecimento científico o homem aumentou sua capacidade de
intervir e alterar vários processos naturais. Dessa maneira, os processos antrópicos passaram a mudar as
características do ambiente, com isso, vários aspectos do ambiente são alterados como: o relevo, o uso do solo, a
vegetação, a fauna, a hidrologia e o clima. As ações antrópicas têm acelerado e potencializado alterações nas
características fisiográficas da bacia hidrográfica por meio da canalização e retilinização de cursos fluviais,
terraplanagem e impermeabilização do solo (OLIVEIRA et al., 2011).
Diante da importância das bacias hidrográficas, este trabalho tem por objetivo caracterizar
fisiograficamenteà bacia hidrográfica do rio Apeú. Neste estudo, são gerados mapas, dados e informações que
poderão subsidiar o manejo bem como o planejamento e a gestão ambiental da bacia.
2. MATERIAL E MÉTODOS
2.1. ÁREA DE ESTUDO
A bacia hidrográfica do rio Apeú está localizada na região do nordeste paraense, mais precisamente, na
mesorregião metropolitana de Belém. Estende-se entre as coordenadas 01°13'10" e 01°29'37" de latitude Sul e
48°04'42" e 47°53'30" de longitude Oeste, ocupa uma área de aproximadamente 320 km², sendo 77% de sua área
pertencendo ao município de Castanhal, 16% a Santa Izabel do Pará e 7% ao município de Inhangapí (Figura 1).
A nascente do rio Apeú fica na fazenda Buriti, município de Castanhal, e a foz no rio Inhangapí, município de
Inhangapí.
O processo de ocupação da bacia se desenvolveu com maior intensidade a partir do fim do século XIX
com a consolidação da Estrada de Ferro Belém-Bragança (WATRIN; GERHARD; MACIEL, 2009). A bacia tem
características de atividades rurais e urbanas, nas últimas três décadas vêm passando por intensas transformações
causadas pela intensificação de atividades econômicas como agricultura, pecuária e extração mineral (SANTOS,
2006). Atualmente, a pressão da urbanização com expansão dos loteamentos residenciais tem se tornado um dos
grandes fatores de modificação da paisagem.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
A unidade de relevo da bacia está esculpida em litologia pleistocênica do grupo Barreiras, em geral
laterizadas e em coberturas detríticas aluvio-coluviaisneoplestocênicas parcial ou totalmente pedogeneizadas,
apresenta-se conservado e modelado em extensos tabuleiros e terraços, correspondendo à região de Terra firme
(VALE, 2017). Na área da bacia são encontradas as seguintes classes de solos: Argissolo Amarelo, Argissolo
Vermelho-Amarelo, GleissoloHáplico, Latossolo Amarelo e NeossoloFlúvico (VALE, 2017).
Conforme a classificação climática estabelecida por Thornthwaite e Mather (1955), o clima da área em
que se encontra a bacia é do tipo B3 r A‟ a‟, que corresponde a clima quente úmido. A localidade apresenta seu
período chuvoso durante os meses de novembro a abril, com pequena deficiência hídrica no período menos
chuvoso, que corresponde de maio a outubro. A temperatura média da região é de aproximadamente 27°C, com
variação de máxima e mínima entre 32°C e 22°C.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
A base cartográfica vetorial em formato shapefile do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Imagem de radar SRTM (Shuttle Radar TopographyMission), com resolução espacial de 90m (Folha SA-22-X-
A). Softwares: ENVI 4.7 e ArcGIS 10.1.
A área da bacia hidrográfica (A) é toda área drenada pelo sistema pluvial inclusa entre seus divisores
topográficos, projetada em plano horizontal, sendo elemento básico para o cálculo de diversos índices
morfométricos podendo ser expressos em km² ou ha (TONELLO, 2005). O perímetro (P) consiste no
comprimento da linha imaginária ao longo do divisor de águas expresso em km (TONELLO, 2005).
O comprimento total dos cursos fluviais (Lt) refere-se à soma de todos os comprimentos em km dos rios
que fazem parte da bacia hidrográfica. A densidade de drenagem (Dd) é expressa pelo comprimento total (Lt) de
todos os cursos d’ água da bacia e a área contribuinte (A). Este índice é indicativo da maiorou menor velocidade
com que a água deixa a bacia, mostra o grau de desenvolvimento do sistema de drenagem, ou seja, a eficiência
da drenagem da bacia (GUARIZ, 2008). A densidade de drenagem é dada pela seguinte equação (km/km²):
Lt
Dd =
A
> 3,0 Muito alta Alta tendência ao escoamento superficial, enxurradas e erosão
Fonte: Jones Vale, 2017.
O fator de forma (Kf) indica a relação da forma da bacia com a de um retângulo, correspondendo à razão
entre área (A) e o comprimento axial da bacia (L). É um índice que exprime a maior ou menor tendência para
enchentes. Uma bacia com um fator de forma baixo tem menos tendência para enchentes que uma bacia do mesmo
tamanho, mas com um fator de forma superior (VILLELA; MATTOS, 1975). O fator de forma é dado pela
seguinte equação:
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
A
Kf =
L²
O índice de circularidade (Ic) corresponde simultaneamente ao coeficiente de compacidade, o índice de
circularidade tende para unidade e à medida que o valor da bacia se diminui da unidade a forma torna-se alongada,
segundo a equação (CARDOSO et al., 2006). O índice de circularidade é dado pela seguinte equação:
12,57 x A
Ic =
P²
O coeficiente de compacidade (Kc) constitui a relação entre o perímetro da bacia (P) e a circunferência de
um círculo de área igual ao da bacia (CARVALHO et al., 2009). Um coeficiente mínimo igual a uma unidade
corresponderia a uma bacia circular e, para uma bacia alongada, seu valor é significativamente superior a um
(VILLELA; MATTOS, 1975). O coeficiente de compacidade é dado pela seguinte equação:
P
Kc = 0,28 x
√A
Para os parâmetros de forma, circularidade e compacidade os resultados encontrados podem ser
interpretados de acordo com a Tabela 2.
Tabela 2 – Valores e a interpretação dos resultados quanto aos índices: fator de forma (Kf), índice de circularidade (Ic) e,
coeficiente de compacidade (Kc)
KF Ic Kc Formato Interpretação ambiental da bacia
1,0 - 0,75 1,0 - 0,80 1,0 - 1,25 Redonda Alta tendência a enchentes
0,75 - 0,50 0,8 - 0,6 1,25 - 1,50 Mediana Média tendência a enchentes
0,50 - 0,30 0,6 - 0,40 1,50 - 1,70 Oblonga Baixa tendência a enchentes
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
para a ocorrência de processos dinâmicos de alteração do relevo, relacionada ao nível de base de erosão (CALIL,
2009).
A declividade representa a variável do desnível, isto é, a diferença de altitude entre o ponto mais alto e o
mais baixo de uma área de análise (LIBAULT, 1975). A declividade da bacia tem relação com alguns processos
hidrológicos, tais como, o escoamento superficial, a infiltração, e a umidade do solo. Quanto maior o ângulo da
declividade, mais rapidamente a energia potencial das águas pluviais se transforma em energia cinética,
aumentando a velocidade das massas de água e sua capacidade de transporte.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A bacia do rio Apeú apresenta uma área de 320 km², um perímetro de 131,85 km, comprimento total dos
cursos d’água de 206,31 km, sendo o curso d’água principal com comprimento de 31,02 km. A densidade de
drenagem da bacia é de 0,64 km/km², ou seja, tem baixo escoamento superficial e maior infiltração conforme a
classificação de França (1968), todavia no período chuvoso verifica-se um grande escoamento superficial na
bacia.
O fator de forma de 0,33, o índice de circularidade é de 0,23 e coeficiente de compacidade de 2,06. Os
resultados mostraram que a bacia do rio Apeú, de modo geral, não favorece a concentração do fluxo fluvial, seu
formato é comprido e tem baixíssima tendência a ocorrência de enchentes, ou seja, sua forma leva a uma
conservação.
Com base nos padrões de drenagem estabelecidos por Christofoletti (1980), pode-se considerar que a bacia
do rio Apeú apresenta um padrão de drenagem dendrítica. De acordo com o método de Strahler (1952), considera-
se que a hierarquia fluvial da bacia do rio Apeú é de 5ª ordem. Ao todo a bacia apresenta 66 cursos d’água de 1ª
ordem, 18 de 2ª ordem, 8 de 3ª ordem, 2 de 4ª ordem e 1 de 5ª ordem.
Segundo Florenzano (2008), a declividade pode ser expressa em graus ou em porcentagem. Na Figura 2
as classes de declividade foram baseadas nos intervalos sugeridos pela Embrapa (1979). Assim, verifica-se que a
bacia apresenta-se como grande tabuleiro com variação de ondulações mais presentes próximas aos cursos
d’águas. A Figura 3 retrata a hipsometria da bacia, compreende-se que o relevo predominante da área não é
acidentado, sendo menor o escoamento superficial da água das chuvas, o que reflete numa maior relação
infiltração deflúvio.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
enchentes. As bacias com menor densidade de drenagem possuem um relevo mais suave, rochas resistentes, solos
mais permeáveis e cobertura vegetal mais densa.
A bacia vem sendo ocupada pela agricultura com os cultivos de dendê (Elaeis guineensis) e pimenta-do-
reino (Piper nigrum L.), mas a atividade predominante é a pecuária, o que preocupa é a diminuição da cobertura
vegetal natural ao longo do tempo. O gado está presente até em áreas de preservação permanente, o trânsito livre
do gado até as margens dos cursos d’água contribui para a compactação solo por meio do pisoteamento,
dificultando na regeneração natural. Esta compactação diminui sensivelmente o poder de infiltração da água em
regiões mais profundas e o aumento do escoamento superficial, o que pode desencadear em processos erosivos.
Portanto, por mais que as condições naturais da bacia, como menor velocidade de escoamento das águas
pluviais, oferecem menores riscos de erosão, ressalta-se que as práticas conservacionistas não devem ser
descartadas, principalmente com preservação e recuperação da cobertura vegetal ao redor de nascentes e ao longo
da rede de drenagem, uma vez que a vegetação ciliar é de fundamental importância na manutenção dos recursos
hídricos.
REFERÊNCIAS
BOTELHO, R. G. M. Planejamento ambiental em microbacias hidrográficas. In: GUERRA, A. J. T.; SILVA, A.
A.; BOTELHO, R. G. M. (Org.) Erosão e Conservação dos Solos. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1999.
BRASIL. Lei Federal Nº 9.433, de 08 de Janeiro de 1997. Política Nacional de Recursos Hídricos. Disponível
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9433.htm>. Acessado em 25 /01/2017.
CALIL, P. M. Potencial de uso por atributos morfométricos dos solos da bacia hidrográfica do Alto Rio
Meia Ponte, Goiás. Dissertação (Mestrado em Agronomia) - Goiânia: UFG, 2009.
CÂMARA, G. et al.SPRING: integrating remote sensing and GIS with object-oriented data modelling.
Computers and Graphics, v. 20, n. 3, p. 395-403, 1996.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
EMBRAPA. Súmula da X reunião Técnica de Levantamento de Solos. Rio de Janeiro: Serviço Nacional de
Levantamento e Conservação de Solos, 1979.
FLORENZANO, T. G. Geomorfologia: conceitos e tecnologias atuais. São Paulo: Oficina de Textos, 2008.
NARDINI, R. C. et al. Análise da caracterização morfométrica da microbacia do Ribeirão dos Patos, Bofete (SP).
Geografia, Londrina, v. 24. n. 2, p. 25-39, 2015.
OLIVEIRA, E. D. et al. Caracterização fisiográfica da bacia de drenagem do Córrego Jandaia, Jandaia do Sul/PR.
ACTA Geográfica, Boa Vista, v. 5, n.10, p.169-183, 2011.
PARETA, K.; PARETA, U. Quantitative Morphometric Analysis of a Watershed of Yamuna Basin, India using
ASTER (DEM) Data and GIS.International Journal of Geomatics and Geosciences, v. 2, n.1, p. 248-269,
2011.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
TONELLO, K. C. Análise hidroambiental da bacia hidrográfica da cachoeira das Pombas, Guanhães, MG.
Tese (Doutorado em Ciências Florestais) –Viçosa: UFV, 2005.
VALE, J. R. B. Análise geoambiental da bacia hidrográfica do rio Apeú, nordeste paraense: subsídios ao
planejamento ambiental. Dissertação (Mestrado em Geografia) - Belém: UFPA, 2017.
VILLELA, S. M.; MATTOS, A. Hidrologia Aplicada. São Paulo: Mc Graw Hill, 1975.
WATRIN, O. S.; GERHARD, P.; MACIEL, M. N. M. Dinâmica de uso da terra e configuração da paisagem em
antigas áreas de colonização de base econômica familiar, no nordeste do Estado do Pará. Geografia, Rio Claro,
v. 34, n. 3, p. 455-472, 2009.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
José Diogo Evangelista Reis1; Sidney Roberto da Luz dos Santos2; Williams Carlos Leal da Costa3; Amilton
dos Santos Barbosa Júnior4; Hugo José de Moraes Rodrigues5; Ronilson Freitas de Souza6
1 Graduando do Curso de Licenciatura Plena em Ciências – com Habilitação em Química. Universidade o
Estado do Pará[email protected]
2 Graduando do Curso de Licenciatura Plena em Ciências – com Habilitação em Química. Universidade o
do Pará. [email protected]
6
Doutor em Química Orgânica. Universidade o Estado do Pará. [email protected]
RESUMO
Atualmente, o ingresso de estudantes na maioria das instituições de Ensino Superior (ES) no Brasil ocorre por
meio do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). Entretanto, são muitos os aspectos negativos que marcam a
trajetória educacional do aluno provocando baixa autoestima e a crença de incapacidade para pleitear uma vaga
no Ensino Superior.Os cursos pré-vestibulares populares, também chamados comunitários, aparecem como
organizações que almejam a ampliação de oportunidades de acesso as universidades (públicas e
privadas).Contudo, o município de Salvaterra-PA não dispunha de cursinhos populares até o ano 2010, quando
graduandos dos cursos de licenciatura (Pedagogia e Ciências Naturais) do Campus XIX/UEPA observando tal
realidade, fundaram em 2011 o projeto de extensão “Cursinho pré-vestibular: abrindo portas para a Universidade".
Todavia, a aprovação em um processo seletivo depende muito da auto-organização do aluno e do desenvolvimento
de estratégias reguladoras do ensino e aprendizagem por parte de um determinado cursinho pré-vestibular popular,
para poder superar as defasagens existentes na formação anterior de seus educandos. Partindo dessas informações,
este trabalho objetivou avaliar a percepção dos alunos a respeito do trabalho docente ofertado pelo Cursinho
Popular, visando o aperfeiçoamento do processo de ensino e aprendizagem durante sua preparação ao ENEM
2017. O estudo exploratório foi realizado com 28 alunos, por meio de um questionário contendo 4 perguntas que
avaliavam as atividades docentes nas áreas de conhecimento propostas pelo ENEM. Observando os resultados
obtidos durante os dois períodos, pode-se constatar que boa parte do quadro de professores foi avaliada de forma
positiva, evidenciando que além de fornecer serviços formativos à comunidade, o projeto possibilita o
desenvolvimento de habilidades e competências prático-pedagógicas necessárias a rotina dos futuros docentes.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
2. MATERIAL E MÉTODOS
O estudo foi realizado com 28 alunos do Cursinho Popular da Universidade do Estado do Pará/ Campus
XIX, localizada na Rodovia PA 154 – Bairro Caju – Salvaterra/PA, com horário de funcionamento de segunda à
sexta (das 18h50 às 22h00) a sábado (das 13h30 às 18h40). Utilizou-se o espaço de aulas de 50 minutos para a
apresentação e aplicação do estudo exploratório em dois períodos (correspondente a dois meses consecutivos): 1º
período (março/abril) e 2º período (maio/junho).
Segundo Creswell (2010), a pesquisa exploratóriatem como objetivo principal a descrição das
características de determinada população ou fenômeno, ou então, o estabelecimento de relações entre estas
variáveis. Para isso, foi utilizado um questionário contendo quatro perguntas — com os seguintes códigos: (1)
Sim, (2) Parcialmente e (3) Não — que avaliavam o trabalho docente nas seguintes áreas de conhecimento:
Linguagens e Códigos/Redação, Ciências Humanas (História e Geografia), Ciências Naturais (Biologia, Química
e Física) e Matemática.
As perguntas foram as seguintes:
1ª Os professores demonstram domínio do conteúdo da área de conhecimento?
2ª Os professores são claros e objetivos em suas explicações?
3ª Os professores criam um ambiente de discussão, participação durante as aulas?
4ª Os professores utilizam bem o tempo em sala de aula?
Ao final do questionário, foi colocado um campo específico para o “registro de observações, críticas,
comentários e sugestões de melhoria”.
Por questões éticas e para manter em anonimato a identificação dos sujeitos da pesquisa, optou-se por
nomeá-los da seguinte forma: alunos 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7 etc. E para fazer referênciaaos professores pertencentes ao
“Cursinho Popular” utilizou-se o seguinte sistema de identificação: professores A, B, C, D, E etc., conforme
descrito no Quadro 1.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Geografia 1 H
Biologia 4 I, J, K, L
Ciências Naturais Química 4 M, N, O, P 10
Física 2 Q, R
Matemática 2 S, T 2
Fonte: Autores (2017).
Após a aplicação de cada questionário, foram feitas reuniões com o quadro docente do “Cursinho Popular”
para tratar dos resultados obtidos junto aos alunos e discutir a respeito das estratégias que pudessem trazer
melhorias futuras.Vale ressaltar, que durante os 7 anos de funcionamento do cursinho pré-vestibular no Campus
XIX, é a primeira vez que tal estratégia reguladora do ensino e aprendizagem é utilizada para fins que objetivam
uma melhor qualidade nos serviços prestados a comunidade salvaterrense e região.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1. AVALIAÇÃO DO TRABALHO DOCENTE NA ÁREA DE LINGUAGENS E CÓDIGOS/REDAÇÃO
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
O quadro de professores ligados à área de Ciências Humanas (Geografia e História) constitui-se de três
discentes pertencentes aos cursos de licenciatura em Ciências Naturais (com habilitação em Química) e
Pedagogia. É necessário informar que as disciplinas citadas anteriormenteforam adicionadas — pela primeira vez
— à lista de disciplinas ofertadas pelo Cursinho Popular 2017, visto que aumentariam as chances de aprovação
dos candidatos no Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM).
Entretanto, notou-se uma grande disparidade entre os resultados obtidos nos dois períodos (Figura 2). A
1ª e 2ª pergunta (1º período), por exemplo, foram avaliadasna sua maioria de forma negativa. Isso se deve
juntamente a área de formação dos professores e pouca experiência na regência de aulas, como pode ser observado
nas falas a seguir:
Aluno 2 (referindo-se ao professor F): “Não sabe responder as perguntas feitas pelos alunos. É ótimo o
assunto, porém precisa esclarecer as dúvidas.”
Aluno 3 (referindo-se ao professor F): “Melhorar mais com os materiais didáticos.”
Aluno 4 (referindo-se ao professor H): “É uma ótima professora pra trabalhar em sala de aula, mas
precisa mostrar domínio do assunto.”
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Aluno 5 (referindo-se ao professor G): “O único problema é que ele fica igual um robô.”
Figura 2 – Avaliação do quadro docente na área de Ciências Humanas: a) 1º período (março/abril); b) 2º período
(maio/junho).
Tais avaliações foram discutidas com os professores responsáveis pela área de conhecimento e com o
restante do quadro de professores, a fim de estabelecer ações que melhorassem o processo de ensino e
aprendizagem, como: a adoção de monitores que auxiliassem no trabalho docentee a utilização de recursos
didáticos (vídeos, filmes, documentários etc.). Segundo Libâneo (1994), “[...] os métodos de ensino são ações,
passos e procedimentos associado ao método de reflexão, compreensão etransformação da realidade, [...]
possibilitando o encontro formativo entre o aluno e as matérias de ensino”.
Isso mostra que além de atender as necessidades educacionais da comunidade local, o projeto “Cursinho
Popular” proporciona aos acadêmicos das licenciaturas do Campus XIX um espaço para ampliação da prática
docente independente da área de conhecimento, buscando uma formação profissional, com excelência e
comprometida com as questões sociais.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
O quadro de professores ligados à área de Ciências Naturais (Biologia, Química e Física) constitui-se de
dez discentes pertencentes aos cursos de licenciatura em Ciências Naturais (com habilitação em Química/
Biologia).
Considerando os gráficos a seguir, observa-se que boa parte do público-alvo avaliou de forma positiva o
serviço prestado nos dois períodos (Figura 3), resultado evidenciado nas seguintes falas:
Aluno 6 (referindo-se aos professores I, J, M, N, O, Q e R): “Ótima aula!”
Aluno 7 (referindo-se ao professor M):“Professor excelente e faz com que todos compreendam o assunto.”
Pode-se afirmar que o projeto “Cursinho Popular” possibilita uma experiência extremamente proveitosa à
formação profissional dos futuros licenciados em Ciências Naturais, ampliando suas visões de forma crítica a
respeito dos desafios a serem enfrentados na docência, tal conclusão foi obtida junto aos professores durante as
reuniões ao final de cada período.
Figura 3 – Avaliação da área de Ciências Naturais(Biologia, Química e Física): a) 1º período (março/abril); b) 2º período
(maio/junho).
O quadro de professores ligados à área de Matemática constitui-se de dois discentes pertencentes ao curso
de licenciatura em Ciências Naturais com habilitação em Química, sendo que professor Spossui formação inicial
na área de Matemática.
Observando os gráficos referentes aos dois períodos (Figura 4), pode-se observar avaliações positivas pela
maioria do público-alvo, logo em uma área de conhecimento tão “detestada” pelos educandos. Andrade (2013)
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
relata que o ensino de matemática, na maior parte das escolas, acontece de forma tradicional e descontextualizada,
gerandoresultados insatisfatórios e índice de reprovaçãoainda é alto.Entretanto, a disciplina ganhou destaque ao
longo das aulas e acabou obtendo resultados significativos, comprovados nos seguintes comentários:
Aluno 8 (referindo-se ao professor S): “É uma boa aula, ele traz várias atividades para nós em sala,
formando um ambiente mais extrovertido.”
Aluno 9 (referindo-se ao professor T): “É um ótimo professor, mostra que entende bastante do conteúdo
e consegue passar para nós.”
4. CONCLUSÃO
Diante dos resultados obtidos, pode-se concluir que é de fundamental importância a busca continuada por
novas estratégias que tornem oprocesso de ensino e aprendizagem cada vez mais significativo, buscando sempre
oaprimoramento constantedo processo educativo, com vistas na superação do desinteresse do aluno pelos
conteúdos abordados ao longo de sua preparação para o vestibular.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Dessa forma, é preciso que tal acompanhamento periódico das atividades praticadas pelos envolvidos
(professores) seja continuado pelos realizadores deste plano — a Coordenação do Cursinho Popular —, com
intuito de compreender a variação de desempenho dos docentes e propor estratégias reguladoras de ensino e
aprendizagem que visem melhorar o desempenho do professor em sala de aula, para que este alcance a excelência
no serviço oferecido à sociedade, bem como o desenvolvimento de habilidades e competências prático-
pedagógicas.
REFERÊNCIAS
CRESWELL, J. W. Projeto de pesquisa métodos qualitativo, quantitativo e misto. Porto Alegre: Artmed,
2010. 296 p.
LIMA, J. O. G.; BARBOSA, L. K. A. O ensino de química na concepção dos alunos do ensino fundamental:
algumas reflexões. Exatas Online, v. 6, nº 1, p.33-48, 2015.
MAZZETTO, S. E.; BRAVO, C. C.; CARNEIRO, S. Licenciatura em Química da UFC: perfil socioeconômico,
evasão e desempenho dos alunos. Química Nova, v. 25, nº 6b, p. 1204-1210, abr. 2002.
MENDES, M. T.Cursinhos populares pré-universitários e educação popular: uma relação possível? 2011.
Disponível em: <http://redeemancipa.org.br/wp-content/uploads/2011/05/Cursinhos-populares-pre-
universitarios-e-educacao-popular.pdf>. Acesso em: 20 out. 2017.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
José Victor Bezerra Teixeira1; Mariana Araujo Moraes2; José Fernando Pereira Leal3.
1
Graduado em Ciências Naturais com Habilitação em Física. Universidade do Estado do Pará.
[email protected]
2Graduado em Ciências Naturais com Habilitação em Física. Universidade do Estado do Pará.
[email protected]
3Doutor em Física da Matéria Condensada. Universidade do Estado do Pará. [email protected]
RESUMO
Com o avanço tecnológico e aumento populacional global, a sociedade busca por tecnologias capazes de suprir
as novas demandas energéticas e estejam inseridas nas novas políticas de preservação do meio ambiente. Neste
sentido, o objetivo do trabalho é contribuir com os estudos de eficiência energéticas viabilidade de implantação
de um protótipo fotovoltaico com placa comercial e de um anemômetro, instalados nas dependências externas da
Universidade do Estado do Pará / Campus XX, bem como, de outro protótipo fotovoltaico com placa de diodos
emissores de luz,instalado em espaço residencial. Assim, a metodologia se seguiu com os sensoriamentos
fotovoltaicos das duas placas cujas coletas de dados registraram as intensidades de corrente, tensão e potência
elétricas. E, paralelamente, registraram-se o mapeamento eólico das velocidades do vento através do anemômetro.
Esses dados foram organizados em gráficos de corrente, tensão e potência elétricas, e velocidades do vento, com
todos dependendo do tempo de coleta, e comparados, posteriormente, com resultados presentes na literatura
científica. Seus resultados mostram que o protótipo com placa fotovoltaica comercial apresentou maiores
amplitudes de corrente, tensão e potência elétricas, e maior estabilidade se comparada ao outro protótipo. Com
isso, a placa comercial só poderia colocar em funcionamento equipamentos elétricos de até 10 Watts. E, a placa
de diodo emissores de luz poderiam atingir a mesma potência, entretanto, estariam condicionadas a ampliação do
número e/ou da potência elétrica individual dos diodos. Por outro lado, os resultados do anemômetro são estáveis
com curvas características de sistemas eólicos, porém com baixo rendimento para uso eficaz em aparelhos
elétricos. Portanto, a pesquisa gerou resultados similares aos da literatura científica, mesmo que em escala menor,
porém com perspectivas múltiplas de investimentos e benefícios tanto para a instituição sede da infra-estrutura
quanto para seus acadêmicos.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
1. INTRODUÇÃO
Ao longo da história houve mudanças nas fontes dominantes, sendo o carvão mineral o mais explorado
para geração de energia durante a revolução industrial, e em seguida este material passa a ser substituído por
derivados do petróleo no século XIX que então perdura como dominante impulsionado pela indústria
automobilística (COSTA; PRATES, 2005).
Não obstante, a exploração deste recurso requer a diversificação de fontes de energia, em consequência
da limitação do petróleo e mudanças climáticas, por conta da grande queima de combustíveis fósseis contribuindo
com a emissão de CO2, metano e dióxido de enxofre. Pois, desde 1970, a emissão destes gases no setor industrial
aumentou em 65% em todo o mundo, contra 120% no de transportes - e 80% desta energia está agregada no setor
da mobilidade (BARCZAK; DUARTE, 2012).
Assim, as fontes alternativas de energia renováveis, tornam-se muito viáveis na obtenção de energia
elétrica, de modo que possibilita uma redução na agressão ao meio ambiente(PACHECO, 2006). Partindo destes
pressupostos, o objetivo da pesquisa é contribuir com os estudos de eficiência energética por meio do
comportamento das curvas de corrente, tensão e potência elétricas do sistema fotovoltaico convencional e estudo
da velocidade do vento através de um anemômetro de campo, instalados nas dependências da Universidade do
Estado do Pará (UEPA) / Campus XX, localizada no município de Castanhal-PA, comitantemente a pesquisa
realizada com protótipo fotovoltaico de Diodo Emissor de Luz agregado a uma residência próxima a instituição.
Na secção adiante, a pesquisa será detalhada em seu aspecto instrumental (materiais utilizados) e
metodológico (emprego de tais tecnologias), partindo de abordagens qualitativas(LUDKE; ANDRÉ, 1986) e
quantitativas de modo complementar favorecendo resultados com exatidão dos dados coletados (POPPER, 1972),
sendo compostos com parte de trabalhos·anteriores realizados na UEPA / Campus XX.
2. METODOLOGIA
Ressaltando a área pesquisada, a Figura 1abaixo trata das dependências da UEPA / Campus XX, onde
foram destacadas três formas geométricas, estas cobrindo áreas relevantes para discussão da instalação do
sistema de mapeamento.
Figura 1 – Visão superior das dependências da UEPA / CAMPUS XX. As linhas preenchidas delimitam os potenciais
espaços para instalação dos protótipos eólicos e fotovoltaico.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
As áreas delimitadas em verde e vermelho foram descartadas, pois em algumas ocasiões estes locais
demonstram solo instável para que se possam fazer as leituras do anemômetro e consequentemente acarretar na
possível desestabilização do poste, levando também em consideração a distância relevante para fazer o
dimensionamento de cabos elétricos para um futuro sistema funcional, dificultando o desenvolvimento da
pesquisa. Portanto, a área em azul mostrou-se promissora, e versátil para fixação e manutenção do sistema
instalado, com o requisito de fluxo de ar necessário para bons resultados, pois esta encontra-se ao lado da via
possibilitando uma área aberta.
Para melhor compreensão da abordagem da pesquisa, o trabalho subdivide-se em: (i) Sensoriamento de
Placa Fotovoltaica Convencional (FV) e Placa de Diodo Emissor de Luz (LED), (ii) Mapeamento Eólico através
de Anemômetro de Campo.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
O sistema fotovoltaico de LED teve seu sensoriamento realizado através de multímetro, com a mesma
abordagem de sensoriamento da placa anterior, tendo como local de pesquisa uma residência que se encontra nas
mesmas condições geográficas da instituição para que os resultados não venham a ser afetados, como é possível
observar acima na Figura 2(b).
O mapeamento eólico da área da UEPA / Campus XX, sucedeu-se a partir do emprego de anemômetro
de campo exposto abaixo na Figura3, inserido em um poste para que se alcançasse uma altitude favorável,
podendo ser contabilizado 6,5m. Sendo a coleta de dados estabelecida em intervalos de 8 horas no decorrer de 5
dias, com duas coletas diárias subdivididas em turno 1 e turno 2, dessa forma possibilitando a plotagem de gráficos
para análise.
Desse modo, partindo do objetivo do trabalho, e dos materiais e métodos discutidos acima, a seção
seguinte irá propor as análises dos dados aferidos através de gráficos.
3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
De posse das informações obtidas, se proporá neste momento as discussões a que estes resultados estão
apontando, tendo em vista que se possa esclarecer qual a característica do potencial eólico e fotovoltaico da área
pesquisada, visando futuramente a instalação de um sistema híbrido (Eólio e Fotovoltaico) funcional para estudos
físicos do conjunto. Dessa forma, primeiramente será tratado das questões dos dados aferidos no sensoriamentos das
placas Fotovoltaica, e em sequência as questões referentes ao mapeamento eólico.
Seguindo a concepção metodológica descrita na seção anterior, adentra-se então ao estudo das placas
fotovoltaicas partindo dos resultados aferidos através de multímetro e plataforma de prototipagem Arduino
agregado nas placas fotovoltaicas, favorecendo análises das informações de corrente e tensão, pois, a carga da
Placa Convencional não é suficiente para alimentar fontes que funcionam com carga mais elevada (Televisores,
Geladeiras e entre outros), como se pode observar abaixo no Gráfico 1 (a), colocando então a necessidade de
associação com outros módulos fotovoltaicos ou formar sistema híbrido com outro tipo de fonte de energia limpa
renovável, remetendo-se então ao sistema eólico.
A respeito da Placa de LED de foto geração, viu-se que há certo potencial, podendo ser observado acima
no Gráfico 1 (b), possuindo tensão elevada, sendo que não se trata de um material apropriado para tal fim, em
contrapartida, sua corrente não alcança valores eficazes para esta aplicação, e para isso, deveria possuir área muito
maior por conta de sua corrente ser consideravelmente baixa em relação a da placa comercial.
No entanto, em contrapartida a estas limitações das placas fotovoltaicas, destaca-se a independência de
manutenção e versatilidade deste material.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
A energia solar abastece de forma contínua e segura, com a vantagem de ter origem em uma fonte
renovável, o sol. Os painéis fotovoltaicos (PV’s) não possuem peças móveis, passíveis de desgaste
mecânico, não produz poluição, barulho ou odores. É de fácil transporte e instalação, e sua
manutenção é mínima. Adapta-se a múltiplos usos, podendo ser expandido conforme a
necessidade.(DEMANBORO et al., 2009, p. 4).
Conseguinte ao estudo das placas fotovoltaicas, adentra-se então nos resultados do mapeamento eólico a
partir do Gráfico 2 (a) e 2 (b) abaixo que aqui será abordado, onde foram gerados em Excel, colocando os dias
transversalmente a duas barras, indicando a velocidade máxima e média em m/s daquele dia, de forma que foi
separado em duas partes, um sendo equivalente ao turno 1(a) e outro para o turno 2(b) respectivamente,
proporcionando uma melhor visualização do potencial eólico na área.
Partindo da análise do Gráfico 2, os valores de velocidade máxima chamam atenção, pois precisam ser
melhor explorados, de forma que seja monitorado constantemente proporcionando uma análise intrínseca, para
que possa vir à revelar informações cruciais, como por exemplo, quanto tempo a velocidade do vento se mantém
acima de 9 m/s, e ainda buscar meios para alcançar melhor fluxo de ar. De acordo com o site do (CENTRO DE
ENERGIA EÓLICA – CE-Eólica, 2016), da PUCRS, para uso de pequenos equipamentos, é necessário
velocidade mínima do vento oscilando entre 3,5 m/s e 4,5 m/s, sendo que para geradores alcançarem a potência
nominal de fábrica, estes necessitam de uma determinada velocidade, o que pode ser estipulado em 9,5 m/s e 15,5
m/s.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O cenário energético brasileiro registra forte dependência de matrizes renováveis não limpas e não
renováveis, como as termoelétricas, e se sabe que tal fato proporciona impactos ambientais severos e custo pela
manutenção de serviços cada dia mais onerosos.Neste sentido, o Brasil vem criando e aperfeiçoando políticas de
incentivo à produção e comercialização de energia elétrica a partir de matrizes renováveis. Isto é motivado pela
grande incidência solar e o deslocamento de massas de ar nos litorais do Brasil, tornando a implantação de turbinas
eólicas e sistemas fotovoltaicos, uma opção viável mesmo que seu custo ainda não seja acessível a boa parte da
população, porém reduziria drasticamente os impactos ambientais.
Nesta perspectiva de busca por melhorias no aspecto energético, teve-se o desenvolvimento de pesquisas
de campo na Universidade do Estado do Pará / Campus XX, implicando na análise de um mapeamento eólico e
sensoriamento fotovoltaico. De acordo com os gráficos do mapeamento eólico, fica clara a possibilidade da
implantação de um gerador eólico funcional de pequeno porte, pois alcançou-se valores satisfatórios que estão
entre os padrões estabelecidos para um quantidade de geração de energia mínima, e com relação ao potencial de
incidência solar, temos a versatilidade que o Diodo Emissor de Luz possui em relação ao propósito Fotovoltaico,
pois estes componentes se mostram efetivos, podendo ser observado que os gráficos possuem picos em comum e
diferem apenas em relação a posição do sol, de forma que a placa de LED gerou resultados com muitas oscilações,
enquanto que a Placa Convencional comporta-se com constância em seus resultados.
Com tais resultados e questionamentos, percebe-se que há muitas possibilidades a serem exploradas, pois
os dados favorecem a continuidade do trabalho, de modo que se possa intensificar a análise e coleta de dados dos
sistemas, tal como, buscar a implantação de um sistema híbrido funcional (eólico e fotovoltaico) na UEPA /
Campus XX, contribuindo para novos estudos juntamente com a redução de custos da mesma.
REFERÊNCIAS
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
BARCZAK, Rafael; DUARTE, Fábio. Impactos ambientais da mobilidade urbana: cinco categorias de medidas
mitigadoras. urbe, Rev. Bras. Gest. Urbana, Jun 2012, vol.4, no.1, p.13-32. ISSN 2175-3369.
http://dx.doi.org/10.1590/S2175-33692012000100002
CENTRO DE ENERGIA EÓLICA (CE - Eólica). Perguntas frequentes sobre energia eólica. Disponível em:
<http://www.pucrs.br/ce-eolica/faq.php?q=12#12>. Acesso em: 15 dez. 2016.
COSTA, Ricardo Cunha da; PRATES, Cláudia Pimentel Trindade. O papel das fontes renováveis de energia
no desenvolvimento do setor energético e barreiras à sua penetração no mercado. BNDES Setorial, Rio de
Janeiro, n. 21, p. 5-30, mar. 2005.
DEMANBORO, Antonio Carlos, MARIOTONI, Carlos Alberto, NATURESA, Jim Silva et al. A
sustentabilidade através de empreendimentos energéticos descentralizados. ENCONTRO DE ENERGIA NO
MEIO RURAL, 6., 2006, Campinas.Proceedings online... Disponível em:
<http://www.proceedings.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=MSC0000000022006000100003&lng=en
&nrm=abn>. Acesso em: 23out. 2016.
LÜDKE, M.; ANDRÉ, M. E. D. A. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo: EPU, 1986.
PACHECO, Fabiana. Energias Renováveis: Breves Conceitos. Salvador: Conjuntura Econômica n. 149, 2006.
POPPER, Karl. A lógica da pesquisa científica. 2. ed. São Paulo: Cultrix, 1972.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Joyce dos santos Saraiva1; Beatriz Lopes Pereira2; Carina Chagas Madeira de Souza3; Jessica Rayssa Reis da
Costa4; Priscilla Figueiredo e Silva5
1 Discentes do curso de Agronomia da UFRA. E-mail: [email protected]
2 Discentes do curso de Agronomia da UFRA. E-mail: [email protected]
3 Discentes do curso de Agronomia da UFRA. E-mail: [email protected]
4 Discentes do curso de Agronomia da UFRA. E-mail: [email protected]
5 Discentes do curso de Agronomia da UFRA. E-mail: [email protected]
RESUMO
O presente trabalho relata a determinação do teor de alumínio trocável presente em amostras de latossolo amarelo
de uma área de plantio na Universidade Federal Rural da Amazônia, campus Belém (PA). Para tanto, foram
realizadas análises em laboratório, por meio de titulação, foram medidos 10 g de terra fina seca ao ar (TFSA) e
colocados em erlenmeyer de 250 ml. Adicionou-se 100 ml de solução de cloreto de potássio a fim de realizar-se
a extração do Al3+. Os resultados obtidos revelaram o teor de toxidade em cada ponto de amostra e indicaram
cultivares com maior e menor resistência ao elemento em questão, além de apontarem para um manejo adequado
do solo visando um melhor desenvolvimento das plantas locais.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
1. INTRODUÇÃO
O alumínio é um dos elementos mais abundantes da crosta terrestre. Constitui 8,07% da litosfera,
considerada até uma profundidade de 16.000 m, sendo ultrapassado apenas pelo oxigênio e pelo silício (CLARKE,
1924; GOLDSCHMIDT, 1954, apud BRAUNER, 1966).
O alumínio pode estar presente no solo em várias e complexas formas. É encontrado em rochas ígneas,
sendo constituinte das camadas octaédricas dos filossilicatos como feldspatos, micas, caulinitas, esmectitas e
outros minerais filossilicatados, e também compõe minerais não silicatos como gibbsita (Al(OH)3) (BERTSCH
& BLOOM, 1996, apud WENDLING, 2012).
As diferentes formas do alumínio estão relacionadas com o pH e com a composição mineral do sistema
(SPOSITO, 1995; apud WENDLING, 2012). Os solos ácidos podem apresentar alumínio trocável, isto é,
adsorvido aos colóides orgânicos e minerais. A existência do alumínio trocável, no solo, foi estabelecida por
VEITCH em 1904. Os trabalhos de diversos autores indicaram o alumínio, como o agente causador do que se
denomina “acidez de troca”, conforme os conceitos de Daikuara e Kappen (HUTCHINSON, 1943; MARSHALL,
1964; MEHLICH, 1964, apud BRAUNER, 1966)
Em regiões de clima tropical um dos maiores desafios para a agricultura é a elevada acidez do solo,
associada a altas quantidades de alumínio. Em solos com pH igual ou menor a quatro, a forma predominante de
alumínio é o alumínio trocável (Al3+) (ABREU, MURAOKA, LAVORANTE, 2003). Por este motivo, em
algumas regiões do Brasil, o teor de Al trocável no solo é utilizado como parâmetro para o cálculo da necessidade
de calagem dos solos.
O alumínio trocável é tóxico para as plantas podendo causar plasmólise, isto é, a desidratação e o
encolhimento do plasma nas células radiculares (PRIMAVESI, 2002), ou seja, as raízes atrofiam, dificultando a
absorção de água pelas plantas, provocando a redução do potencial produtivo da cultura. Além disso, ao associar-
se com elementos como fósforo e enxofre, o Al3+ forma compostos que a planta não é capaz de absorver,
diminuindo assim, a disponibilidade destes nutrientes no solo (Spectrum Analytic Inc, 2014).
Este trabalho tem como finalidade determinar a quantidade de alumínio trocável presente em amostras de
solo e relacionar os valores encontrados com as diferentes culturas presentes em uma área de cultivo localizada
em Belém (PA).
2. MATERIAL E MÉTODOS
O estudo foi realizado em 29 de março de 2014, na região de Belém (PA), onde foram coletadas amostras
de solo em nove pontos. A figura 1 demonstra a localização das áreas de coleta na Universidade Federal Rural da
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Amazônia, próximo à estrada Transcoqueirinho. As coordenadas geográficas dos referidos pontos, encontram-se
na tabela 1.
Figura 8 – Área de coleta (Google Earth).
O clima da região, segundo a classificação de Köppen, é denominado Af, sendo tropical úmido ou
superúmido, sem estação seca. A temperatura média do mês mais quente é superior a 18º e o total de chuvas no
mês mais seco é superior a 60mm, com precipitações maiores de março a agosto, ultrapassando o total de
1.500mm anuais. Nos meses mais quentes (janeiro e fevereiro) a temperatura é de 24 a 25ºc. (EMBRAPA, 2014)
A vegetação da área em estudo agrega quatro tipos de culturas diferentes: cana-de-açúcar e mandioca nos
pontos 9, 6 e 3 e café e caju nos pontos 7, 4 e 1. Os pontos 8, 5 e 2 constituem uma área de pousio.
As amostras foram retiradas em pontos separados, caminhando-se ao acaso em zigue-zague na área, para
obter-se uma amostra composta. A distância entre pontos vizinhos foi de aproximadamente 2,70 metros. Com o
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
auxílio de um trado holandês, o solo foi perfurado a 20 cm da superfície para a retirada das amostras de terra.
Após devidamente armazenadas e misturadas em um balde plástico, as amostras foram depositadas em uma caixa
de papel e, durante uma semana, esperou-se que secassem, para estarem preparadas para o momento da análise.
Após o período de secagem, os torrões de terra foram desmanchados com um martelo (destorramento) e,
em seguida, as amostras foram peneiradas, com uma peneira de 0,2 mm, para que o resultado final apresentasse
uma Terra Fina Seca ao Ar (TFSA).
No laboratório, foram medidos 10 g de terra fina seca ao ar (TFSA) e colocados em erlenmeyer de 250
ml. Adicionou-se 100 ml de solução de cloreto de potássio a fim de realizar-se a extração do Al3+. Agitou-se a
mistura por 30 minutos em agitador horizontal circular e deixou-se em repouso por uma noite para que ocorresse
a sedimentação das partículas de terra.
Para a determinação do alumínio trocável (dia 05 de maio de 2014), pipetou-se 25 ml do líquido
sobrenadante da amostra de TFSA e transferiu-se para erlenmeyer de 250 ml. Em seguida adicionou-se, no
erlenmeyer, 3 gotas do indicador fenolftaleína a 1% e titulou-se com solução de NaOH 0,025 N padronizada, até
a mudança de incolor para levemente róseo. Este processo foi repetido por mais uma vez.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Após realizados os devidos cálculos com os valores obtidos nas replicatas, obteve-se os resultados médios
e os desvios padrões de alumínio trocável, em cada amostra, expressos em cmolc por 100g de TFSA, conforme
mostra a tabela 2.
Tabela 8 – Determinação de alumínio trocável.
Determinação da média e desvio padrão de alumínio trocável em cmolc /100g de TFSA.
Amostra Média Desvio padrão
1 0,220 0,008
2 0,162 0,033
3 0,845 0,063
4 0,205 0,007
5 0,144 0,023
6 0,013 0,002
7 0,266 0,126
8 0,110 0
9 0,027 0,025
Nas figuras 2 e 3 é possível perceber as variações das médias de alumínio trocável ao longo da área de
estudo.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Figura 10 – Variação das médias de alumínio trocável ao longo da área de estudo, destacando as curvas de nível.
Segundo Muzilli (1978, apud SILVA, 2003), existe um teor de toxidade para o alumínio trocável presente
no solo. Este teor varia de acordo com a quantidade de Al3+ em meq/ 100 ml TFSA, conforme a tabela 2.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Comparando-se os valores médios de alumínio trocável, com os referidos teores de toxidade (Figuras 3 e
4), constatou-se que todas as amostras se enquadram nos limites estabelecidos para baixo teor de toxidade (não
tóxico), com exceção da amostra três, que apresentou valores que caracterizam sua toxidade como média (tóxica).
Relacionando-se os resultados obtidos com as culturas presentes na área de coleta, concluiu-se que os
cultivos de mandioca e café não foram afetados negativamente pelas concentrações de alumínio trocável. Pois,
os pontos de amostra 1, 4, 6, 7 e 9, onde encontram-se tais culturas, possuem baixos teores de Al3+ (sem toxidade)
e, segundo Primavesi (2002), estas plantas suportam grandes concentrações de alumínio trocável no solo. Apesar
da presença de mandioca e café no ponto de amostra número 3, cuja toxidade é média (tóxica), de acordo com a
EMBRAPA (2014), em condições de altas concentrações de Al3+, a mandioca apresenta um crescimento
relativamente superior ao de outras culturas. Além disso, ainda segundo Primavesi (2002), o cafeeiro, em altos
níveis de Al3+, chega a acumular até 10mg de Al3+ em suas folhas, sem que isto traga malefícios para a planta.
A cana-de-açúcar está localizada nos pontos 1,4 e 7, onde o teor de alumínio trocável é baixo (não tóxico),
logo, não há prejuízo às culturas, pois a produtividade desta planta só é afetada na presença de Al3+ em níveis
tóxicos (ROSSETTO et al, 2004).
Com relação ao cultivo de caju, este também não foi negativamente afetado pelas concentrações de
alumínio nos pontos 1 e 4, uma vez que, o Instituto Caju Nordeste (2011), afirma que os solos mais adequados
para o cultivo do caju, são os que não apresentam toxidez por alumínio, característica dos referidos pontos. No
entanto, o ponto de amostra 3, possui teores de alumino trocável classificados como médios (tóxico) e, por tanto,
este local é considerado inapto ou de uso restrito para o cajueiro (INSTITUTO CAJU NORDESTE, 2011), pois
a planta poderá apresentar baixo desenvolvimento em sua parte aérea (PAVAN et al, 1982; RITCHEY et al, 1982
apud GRAZIELE, 2012).
4. CONCLUSÃO
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Os resultados obtidos permitem concluir que os valores de alumínio trocável, na área de estudo, em sua
maioria não apresentam toxidade para as plantas. Apenas um ponto apresentou valores tóxicos, possivelmente
devido a menores teores de pH neste local. Logo, para que esta região possa ser utilizada para plantio, há duas
alternativas: ou cultivar uma espécie resistente ao alumínio trocável, ou realizar a correção da acidez do solo para
o cultivo de espécies menos resistentes. Pois, a presença do alumínio trocável no solo possui relação direta com
baixos teores de pH.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Clima. Disponível em < http://www.cnpf.embrapa.br/pesquisa/efb/clima.htm> Acesso em: 12 jun. 2014.
PRIMAVESI, A. Manejo ecológico do solo: a agricultura em regiões tropicais. 3. ed. São Paulo: Nobel, 2002.
549 p.
ROSSETTO, R. et al. Calagem para a cana-de-açúcar e sua interação com a adubação potássica. Bragantia,
Campinas, v.63, n.1, Fev. 2004. < http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0006-
87052004000100011&script=sci_arttext>. Acesso em 13 Jun. 2017.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
WENDLING, G. Formas de alumínio em solo submetido a diferentes manejos e rotações de culturas. 2012.
84 f. Tese (Mestrado em Ciência do Solo) – Centro de Ciências Rurais. Universidade Federal de Santa Maria, Rio
Grande do Sul. 2012.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Joziane de Sousa Andrade1; Suzy dos Santos Magno2; Edimara Corrêa Ferreira3; João da Silva Carneiro4.
1 Graduanda do Curso Licenciatura Plena em Ciências Naturais com Habilitação Biologia. Universidade do
Estado do Pará. E-mail: [email protected]
2 Graduanda do Curso Licenciatura Plena em Ciências Naturais com Habilitação Biologia. Universidade do
RESUMO
As condições estruturais das escolas públicas no Brasil são precárias para oferecer um ensino de qualidade
levando o professor muitas vezes a adotar didáticas de ensino simplificadas para que o aluno se perceba dentro
do cenário a qual está inserido, o sistema propõe modelos modernos, porém não oferece suporte para que estes
sejam instalados. Buscou-se por meio de aula expositiva dialogada aliada confecção de exsicatas, durante o
estágio supervisionado I, relacionar o ensino de botânica com a realidade dos alunos da Educação de Jovens e
Adultos, a fim de complementar o seu conhecimento popular com o conhecimento científico. Os alunos
confeccionaram exsicatas da flora do município de Barcarena-PA, utilizando materiais alternativos, com amostras
coletadas por eles mesmos. Posteriormente foram discutidas as observações feitas sobre a morfologia foliar a
partir dos dados descritos na ficha de identificação das plantas. A pesquisa contou com aplicação de um
questionário antes das atividades para levantamento de conhecimentos prévios dos alunos e outro pós-atividades
como forma de avaliar a metodologia utilizada. O ensino de botânica exige atividades pedagógicas capazes de
estimular a interação do lecionando com as plantas, nessa acepção a metodologia utilizada mostrou-se eficiente,
foi avaliada por todos os alunos como sendo uma boa metodologia de ensino, evidenciando que tiveram pouca
dificuldade em aprender botânica no conteúdo ministrado. A formação dos professores de ciências deve conceber
um profissional crítico, que incorpore as vivências e conhecimentos com a realidade escolar, visto que a
contextualização de conteúdos conduz o educando a uma aprendizagem significativa.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
1. INTRODUÇÃO
O ensino de ciências, especificamente biologia, em boa parte das escolas brasileiras ainda é baseado na
mera transmissão de informações, tendo como recurso exclusivo o livro didático e uso contínuo da lousa. Essa
prática se deve não somente a didática adotada pelo professor, mas, sobretudo pelas condições estruturais das
escolas públicas, que são precárias, para oferecer um ensino de qualidade. Uma reflexão deste processo é
identificada principalmente na Educação de Jovens e Adultos (EJA), isto é, de pessoas que não cursaram em
tempo hábil escolar os níveis fundamental e médio.
A EJA implantada no Brasil visa oferecer aprendizagem e qualificação permanentes a esse público, porém
esse processo exige modelos educacionais modernos (BRASIL, 2002) contendo aulas experimentais, visitas a
museus e outros ambientes, sem a quantidade de termos estranhos (CALDEIRA, 2009), para que o aprendizado
seja significativo envolvendo a realidade do aluno (FERREIRA, 2014).
Ao mesmo tempo em que o sistema propõe modelos modernos não oferece suporte para que estes sejam
instalados, restando ao professor o planejamento e aplicação de didáticas simplificadas para que o aluno se
perceba dentro do cenário a qual está inserido e fomente a aprendizagem significativa.
A inserção de ideias inovadoras na educação mostra que o processo de construção do conhecimento no
ensino de ciências é formado pelo diálogo entre alunos e educador (FERREIRA, 2014). Nesse sentido buscou-
se por meio de aulas expositivas dialogadas aliada confecção de exsicatas relacionar o ensino de botânica com a
realidade dos alunos da EJA para complementar o conhecimento popular com o conhecimento científico.
O artigo é constituído respectivamente por um referencial teórico, metodologia, resultados e discussão, e
as considerações finais. As exsicatas são uma forma alternativa para lecionar botânica no ensino de ciências,
enfatizando a morfologia vegetal, de maneira didática buscando amenizar as dificuldades no ensino-
aprendizagem.
2. METODOLOGIA
O presente artigo, desenvolvido durante o estágio supervisionado I, foi realizado numa turma com
dezenove alunos, da terceira etapa (6° e 7° ano) da educação de jovens e adultos, do período vespertino, da Escola
Estadual de Ensino Fundamental Cônego Batista Campos, no município de Barcarena no estado do Pará.
Para a realização das atividades foi solicitado aos alunos que fizessem a coleta de ramos das plantas para
a montagem das exsicatas-herbário, tendo em mãos o guia de orientação para a coleta. Realizou a aplicação de
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
dois questionários buscando fazer um levantamento dos conhecimentos prévios dos alunos a respeito do que seria
abordado e avaliar a metodologia empregada e também a compreensão dos alunos a cerca do que foi ensinado.
Ademais foi desenvolvida uma oficina de montagem do herbário, confeccionado com exsicatas da flora
do município de Barcarena, utilizando metodologia adaptada de Wiggers e Stange (2008). Neste processo foram
utilizados papeis A4 e do tipo 40 KG, cola branca e tesoura. Em adição a oficina foi realizada uma aula expositiva
dialogada sobre as plantas, reportando a morfologia foliar e a importância delas no cotidiano dos alunos.
Após a confecção das exsicatas foram discutidas com os alunos as observações feitas sobre o ensino de
botânica a partir dos dados descritos na ficha de identificação de cada planta, bem como da aula expositiva.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A turma a qual foi ministrada a aula continha dezenove alunos, destes apenas oito aceitaram participar
das atividades que foram desenvolvidas. Dessa forma fica evidenciado o desinteresse dos educandos pelo
conteúdo abordado, e essa situação corrobora com que diz Melo (2012), que os alunos têm pouca aptidão pelo
estudo da botânica.
Na aferição dos resultados em que se perguntava sobre o que os alunos entendiam por morfologia vegetal
houve uma disparidade entre as respostas (Figura 1). Para 75% dos alunos a morfologia vegetal está ligada a
respiração das plantas, enquanto que 12,5% a entende por fotossíntese e os outros 12,5% a compreendem como
sendo partes das plantas. Então, observou-se que a maioria dos alunos não tinham entendimento que neste ramo
da botânica é abordado estudos sobre as partes das plantas.
Figura 2 – Conhecimento dos alunos sobre a definição de exsicata antes e após a realização da oficina.
Sabem
87,5%
Não
sabem
87,5%
Fonte: Protocolo de pesquisa, 2017.
Sobre a definição de uma exsicata (Figura 2), 87,5% dos alunos não sabiam dizer o que seria, enquanto
que apenas 12,5% afirmou saber o que é uma exsicata. Já no questionário dois esse resultado se inverteu (Figura
2), 87,5% afirmaram que aprenderam o que é uma exsicata e 12,5% não souberam definir. O número de respostas
positivas dos questionários aplicados sobre o que é uma exsicata foi maior após as realizações das aulas práticas,
assim, este resultado indica que houve entendimento por parte dos alunos em relação ao conceito de exsicata.
Essa aquisição de conhecimento atrelada ao cotidiano pode ser identificada quando se indagou os alunos sobre a
importância das plantas no dia a dia, pois a partir das respostas descritas por cada um deles há uma.
Manuntenção
da vida
75%
Quando questionados sobre a importância das plantas 75% afirmaram que elas são responsáveis por
manter a vida e 25% colocaram ser usada apenas para ornamentação (Figura 3). Logo, notou-se que após a oficina
e aula expositiva dialogada os alunos observaram relação de dependência do homem com as plantas , pois quando
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
foi relacionado com o cotidiano de cada um deles, permitiu que vissem a natureza não apenas como ornamentação
ou para alimentação, mas essencial para a vida de qualquer organismo.
Conhecem o
significado de Não souberam
aula prática definir
62,5% corretamente
12,5%
Os alunos também foram interrogados no questionário um, sobre a importância de aulas práticas e todos
assinalaram que estas são muito importantes (Figura 4). Porém, nas suas justificativas, 25% não souberam explicar
a sua importância e 12,5% respondeu que o motivo é que “dá pra fazer remédio e cuidar da saúde”. Visto isso,
supõe-se que estes alunos não sabiam o real significado de uma aula prática. Os outros 62,5% dos alunos tiveram
respostas relacionadas com a melhor compreensão dos conteúdos abordados, pois segundo eles, em aulas práticas
os assuntos são trabalhados de forma “mais legal”.
Segundo Pinto (2009), as aulas práticas tem a capacidade de melhor relacionar o contexto do dia a dia
dos alunos com o que está sendo trabalhado em sala e desta forma deixa a aula mais atrativa, estimulando o aluno
a pesquisar e questionar os assuntos abordados.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Antes do inicio das atividades indagou-se os alunos sobre o interesse pelo estudo da botânica e obtivemos
os seguintes dados (Figura 5): 50% gostam pouco, 37,5% gostam de estudar e 12,5% não gostam de estudar
botânica. Mas, no decorrer do desenvolvimento das atividades propostas na oficina e palestra, os alunos
conseguiram perceber o ensino de botânica de uma maneira menos complexa, pois foi relacionado com os seus
conhecimentos prévios, fazendo com que tivessem maior interesse em estudá-la. Isto está representado nos dados
do questionário dois que nos mostram uma alteração na afinidade (Figura 6), com 62,5% dos alunos gostam muito
de estudar botânica, enquanto que 37,5% afirmaram que apenas gostam de estudar.
A socialização do que foi aprendido durante a oficina e a palestra se deu em forma de uma roda de
conversa, o que possibilitou com que os alunos pudessem se expressar abertamente sobre os conteúdos abordados,
estes se demonstraram desenvoltos durante o referido momento, participando ativamente do diálogo, dando vários
exemplos da utilização das plantas no seu cotidiano. Além de reconhecerem vários conceitos como: herbário,
exsicata, limbo, pecíolo, bainha e principalmente fotossíntese, os quais segundo os próprios alunos não tinham
ideia do que se tratava.
Gosta de estudar
37,5%
Gosta muito
62,5%
Quanto à metodologia utilizada, a mesma mostrou-se eficiente, pois, foi avaliada por todos os alunos como
sendo uma boa metodologia de ensino. Isso evidencia que os alunos tiveram pouca dificuldade em aprender
botânica com o método de ensino proposto, pois como afirma Ferreira et al (2014), para que haja maior
compreensão dos conteúdos de biologia, é necessário usar novas modalidades didáticas e metodologias de ensino
que promovam aprendizagem significativa.
A aprendizagem de botânica exige requisitos, bem como atividades pedagógicas capazes de estimular a
interação dos homens com as plantas, aulas vivenciadas, métodos diferenciados dentre outros (MELO,2012).
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Nesse sentido os resultados obtidos após a aplicação da oficina e da palestra foram satisfatórios se analisada as
respostas dos alunos antes e após a aula de botânica.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A formação dos professores de ciências e biologia pretende formar um profissional crítico, que incorpore
as vivências e conhecimentos com a realidade escolar, como também que tenha a capacidade de diagnosticar os
desafios de uma sociedade cada vez mais exigente, informada e globalizada.
Os professores precisam buscar práticas alternativas para lecionar sua aula, em meio a falta de recursos
disponíveis nas escolas, que proporcione mais interação com a turma e estes possam compreender o assunto com
mais facilidade relacionando com conhecimentos de seu cotidiano.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. Proposta Curricular para a educação
de jovens e adultos: segmento de ensino fundamental: 5° a 8° série: Introdução / Secretaria de educação
Fundamental, 2002. 63p.: il.: v.3.
BESSA, Mariana Gallego. Montagem de Coleção Botânica para o auxílio do ensino de biologia no Ensino
Médio. 2011.
BITENCOURT, Iane Melo et al. As plantas na percepção de estudantes do ensino fundamental no município de
Jequié–Ba. UFRJ: VIII ENPEC, v. 2, 2011.
CERQUEIRA, Teresa Cristina Siqueira. O professor em sala de aula: reflexão sobre os estilos de aprendizagem
e a escuta sensível. Psic: revista da Vetor Editora, v. 7, n. 1, p. 29-38, 2006.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
EJA Moderna. Educação de Jovens e Adultos. Ed. Moderna: obra coletiva concebida, desenvolvida e produzida
pela Editora Moderna: Editora responsável: Virginia Aoki. 1. Ed. São Paulo: Moderna, 2013.
FAGUNDES, Laidines S.; PAZ, Dirce Maria Teixeira. Importância do Estágio Supervisionado em Ciências e
Biologia para complementar a formação do licenciado. Seminário Interinstitucional de Ensino, Pesquisa e
Extensão, v. 17.
FAGUNDES, José Anevan; GONZALEZ, Carlos Eduardo Fortes. Herbário escolar: suas contribuições ao
estudo da Botânica no Ensino Médio. Programa de Desenvolvimento Educacional da Secretaria de Estado da
Educação. Mestrado em Tecnologia–Universidade Tecnologica Federal do Paraná, p. 1675-8, 2006.
FERREIRA, André Luís; BATISTA, Caio Augusto; PASA, Maria Corette. Botânica experimental no ensino de
jovens e adultos (EJA): uma abordagem etnobotânica. FLOVET-Boletim do Grupo de Pesquisa da Flora,
Vegetação e Etnobotânica, v. 1, n. 6, p.? 2014.
MELO, E. A. et al. A aprendizagem de botânica no ensino fundamental: dificuldades e desafios. Revista Scientia
Plena. v. 8, n. 10, p.1-8, 2012.
PEIXOTO, Ariane Luna; MORIM, Marli Pires. Coleções botânicas: documentação da biodiversidade
brasileira. Ciência e Cultura, v. 55, n. 3, p. 21-24, 2003.
PINTO, Talita Vieira; MARTINS, Ivan Machado; JOAQUIM, Walderez Moreira. A construção do conhecimento
em botânica através do ensino experimental. XIII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e IX
Encontro Latino Americano de Pós-Graduação, 2009.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
ROCHA, Winne Katharine Souza; CARMO, Edinaldo Medeiros; SANTOS, MC da P. A contribuição do estágio
supervisionado para a formação profissional do professor de ciências e biologia. Revista da CBEnBio, n. 7, v?
p? 2014.
SANTOS, Fernando Santiago. Estudos de História e Filosofia das Ciências: subsídios para aplicação no Ensino.
1 ed. São Paulo: Editora Livraria da Física, 2006, v. 1, p. 223-243. Disponível em
<<http://www.fernandosantiago.com.br/paideia3.pdf >> Acesso em: 05 de abril 2017.
SILVA, Ana Paula Miranda et al. Aulas práticas como estratégia para o conhecimento em botânica no ensino
fundamental. HOLOS, v. 8, p. 68-79, 2016.
SILVA, P.G. P. O ensino da botânica no nível fundamental: um enfoque nos procedimentos metodológicos.
2008. 146 f. Tese (Doutorado em Educação para a Ciência) – Faculdade de Ciências, Universidade Estadual
Paulista, Bauru, 2008.
SOUZA, Cássia Luã Pires; KINDEL, Eunice AitaIsaia. Compartilhando ações e práticas significativas para o
ensino de botânica na educação básica.
WIGGERS, Ivonei; STANGE, Carlos Eduardo Bittencourt. Manual de instruções para coleta, identificação e
herborização de material botânico. Programa de Desenvolvimento Educacional–SEED–PR–UNICENTRO.
Laranjeiras do Sul, PR, 2008.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Juciene Trindade Amador1; Caio Pantoja dos Anjos2; Gerson Carlos Pinto Glória3; Steel Silva Vasconcelos4
RESUMO
O HIE de palma de óleo é obtido pelo cruzamento do Elaeis guineensis Jacq (dendezeiro) e o Elaeis oleífera
(Kunth) Cortés (americano), possuindo um sistema radicular bastante desenvolvido. Vem ganhando a atenção de
pesquisadores, devido seu baixo grau de suscetibilidade a doenças e anomalias. Contudo, pouco se conhece acerca
do sistema radicular. Este trabalho objetivou estimar o comprimento do sistema radicular de um plantio de palma
de óleo de oito anos de idade. A coleta foi realizada no Município de Moju-PA,utilizando-se o método dos
monólitos. Quatro plantas foram selecionadas, e delas coletadas raízes em diferentes distâncias e profundidades.
Os valores de comprimento obtidos pelo SAFIRA® V1.1 foram corrigidos usando fatores de correção. Com os
valores de comprimento da subamostra; peso da subamostra e peso total, foi possível obter, através de regra de
três, o valor do comprimento total da amostra. Notou-se que as raízes primárias e secundárias apresentaram,
constantemente, valores baixos de comprimento, em diferentes distâncias. Percebeu-se que a planta investe em
raízes absorventes, para um melhor aproveitamento dos nutrientes que são depositados no solo. As raízes das
classes terciária e quaternária apresentaram maior comprimento, quando comparado às classes primárias e
secundárias. Estes dados podem ser de grande importância na tomada de decisão sobre a nutrição e os métodos
de adubação realizados no solo.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
1. INTRODUÇÃO
A cultivar BRS-Manicoré é um híbrido interespecífico (HIE) de palma de óleo obtida por meio do
cruzamento entre o dendezeiro (Elaeis oleífera) e a palma de óleo americana (Elaeis oleífera), conhecida como
caiaué (EMBRAPA, 2010). Vem ganhando grande investimento no nordeste do estado do Pará, por apresentar
baixa suscetibilidade às doenças e anomalias que esta cultura está sujeita em nossa região (CUNHA & LOPES,
2010). Contudo, estudos desenvolvidos sobre a cultura, são insipientes em relação a aspectos a cerca do seu
sistema radicular, sendo este, de grande importância para a sustentação e nutrição da planta (JOURDAN et al.,
2013).
Acrescentando, para que o conhecimento sobre o sistema radicular da palma de óleo possa ganhar mais
visibilidade, a fim de auxiliar na tomada de decisão sobre os diversos tipos e formas de manejo, é importante que
haja um método que seja possível representar quantitativamente a distribuição radicular da planta no perfil do
solo. Neste sentido, o estudo sobre comprimento de raízes pode ser muito útil, já que nos possibilita avaliar a
abrangência do sistema radicular e uma forma mais eficiente de utilização de nutrientes, exigindo métodos mais
precisos de manejo (ROSSIELLO et al., 1995). Portanto, avaliar o comprimento de raízes, visando obter o
quantitativo da distribuição do sistema radicular de híbrido interespecífico em um plantio comercial de palma de
óleo.
2. MATERIAL E MÉTODOS
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
a subamostra, foi levada à estufa a uma temperatura de 65°C, por um período de 72 horas. Após esse período, as
raízes foram pesadas em uma balança analítica de precisão de quatro casas decimais. Os valores de comprimento
obtidos pelo SAFIRA® V1.1 foram corrigidos usando fatores de correção (AMADOR et al., 2016).
Com os valores de comprimento da subamostra; peso da subamostra e peso total da amostra foi possível
obter, através de regra de três, o valor do comprimento total da amostra. Para a análise estatística, foi utilizado o
programa SigmaPlot 12.0. Os dados foram submetidos à ANOVA on Ranks, aplicando-se o teste de Kruskal-
Wallis, para análise não paramétrica. Os dados foram inseridos relacionando classes com seu determinado
comprimento, em cada distância e profundidade, separadamente. Considerando a variável comprimento com
sendo a variável dependente.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na profundidade de 0-15 cm (Figura 1), as raízes terciárias apresentam maiores valores de comprimento
e, à medida que, se distancia da planta, esta diferença diminui. Vale ressaltar que, não há desconformidade de
raízes quaternárias a partir dos 50 cm de distância em relação à planta.
Na profundidade de 15-30 cm (Figura 2), nos 100 cm de distância da base da planta, as raízes secundárias
apresentam maiores valores, diminuindo a partir daí. Há um aumento no comprimento de raízes quaternárias nas
próximas distâncias, registrando-se uma elevação nos valores de comprimento na distância de 250 cm. As demais
classes de raízes pouco diferem entre si.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Figura 1 – Comprimento de raiz em função da distância da planta, na profundidade de 0-15 cm. As letras, em minúsculo,
representam um comparativo entre as classes de raízes, em cada distância. Aplicou-se o método de Student-Newman-
Keuls (P<0,05; n=4).
Figura 2 – Comprimento de raiz em função da distância da planta, na profundidade de 15-30 cm. As letras, em minúsculo,
representam um comparativo entre as classes de raízes, em cada distância. Aplicou-se o método de Student-Newman-
keuls (P<0,05; n=4).
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Figura 3 – Comprimento de raiz em função da distância da planta, na profundidade de 30-60 cm. As letras, em minúsculo,
representam um comparativo entre as classes de raízes, em cada distância. Aplicou-se o Student-Newman-keuls (P<0,05;
n=4).
Nota-se que as raízes de classe: primária e secundária apresentam, constantemente, valores baixos de
comprimento, em diferentes distâncias. Nestas classes, os índices de comprimento mais altos estão, basicamente,
na distância até 100 cm, pois, quanto mais próximo ao bulbo da planta, maior será a concentração de densidade
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
de massa de raízes dessas classes, devido à função de sustentação. Além de que elas se distribuem em camadas
mais superficiais do solo (GLORIA et al., 2016).
Mesmo apresentando valores de densidade de massa muito menor do que as duas primeiras classes, as
raízes terciárias e quaternárias estão em maior quantidade e bem mais distribuídas ao longo do perfil, resultando
em valores mais altos de comprimento. Sendo assim, percebeu-se que a planta investe em raízes absorventes, ou
seja, terciárias e quaternárias, para um melhor aproveitamento dos nutrientes que são depositados no solo.
Percebeu-se que, na distância de 00-50 cm da planta, nas três profundidades, não há diferença estatística, isso
pode ser devido à grande concentração de biomassa de raízes, das quatro classes, bem distribuídas até a
profundidade de 60 cm.
Notou-se que em todas as profundidades a classe de raízes primárias apresentou, na maioria dos intervalos
de distância da base da planta, diferença estatística. Pois, ao passo que nos distanciamos da base da planta, tanto
no sentido vertical como horizontal, suas ramificações, ou seja, secundárias, terciárias e quaternárias prevalecem
dotadas de maior comprimento.
4. CONCLUSÃO
Ressalta-se que as raízes terciárias e quaternárias, de palma de óleo, compreendem as classes que possuem
valores de comprimento maiores do que as raízes primárias e secundárias, principalmente nas profundidades
superficiais (0-15 cm). Assim, pode-se usar estes resultados para elaborações de estratégias de manejo da
adubação, visto que estas raízes são as principais responsáveis pela absorção de água e nutrientes do solo.
REFERÊNCIAS
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
servicos/-/produto-servico/941/palma-de-oleo-hibrido-interespecifico-elaeis-oleifera-x-e-guineensis---brs-
manicore>. Acesso em: agosto de 2017.
CORLEY, R. H. V.; TINKER, P. B. (Ed.). The oil palm. Oxford: Blackwell Science, 2003. 608 p.
CUNHA, R. N. V.; LOPES, R.; ROCHA, R. N. C.; LIMA, W. A. A.; TEIXEIRA, P. C.; BARCELOS, E.;
RODRIGUES, M. R. Domesticação e melhoramento do caiaué. In: BORÉM, A.; LOPES, M. T. G.;
CLEMENT, C. R. (Ed.). Domesticação e melhoramento: espécies amazônicas. Viçosa: Universidade Federal
de Viçosa, 2009. p. 275-296.
JOURDAN, C; AHOLOUKPÉ, H; PUJIANTO; CALIMAN, J.P. Does Oil-Palm Root System Uniformly
Distribute in Standard Plantation? Consequences for Nutrient Uptake. Proceedings of a wok shop held in
Medan, Indonesia. 2013. P.46.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Júlio da Silva Breláz1; Andreza Souza Ranieri2; Tais Carolina de Oliveira Alcântara3; Italo Vale Viana4; Bianca
Abraham de Assis Sousa5.
1 Engenheiro Ambiental e de Energias Renováveis. Universidade Federal Rural da Amazônia.
[email protected]
2 Engenheira Ambiental e de Energias Renováveis. Universidade Federal Rural da Amazônia.
[email protected]
3 Graduanda de Engenharia Ambiental e Energias Renováveis. Universidade Federal Rural da Amazônia.
[email protected]
4 Engenheiro Ambiental e de Energias Renováveis. Universidade Federal Rural da Amazônia.
[email protected]
5 Graduanda de Engenharia Ambiental e Energias Renováveis. Universidade Federal Rural da Amazônia.
RESUMO
Definir a quantidade de água que ficará retida no solo, que escoa ou que fica disponível para as plantas é
importante considerando alguns aspectos, tais como a disponibilidade hídrica. A disponibilidade hídrica
influencia diretamente na produtividade agrícola, pois um solo incapaz de suprir o consumo de água de uma
cultura nele plantado torna-se improdutivo. Objetivando a solução deste problema, neste trabalho foi realizado o
balanço hídrico climatológico proposto por Thornthwaite e Mather (1955) e a classificação climática segundo
Thornthwaite, para o munícipio de Óbidos – PA. Para a realização deste estudo foram utilizados dados históricos
de precipitação média mensal e temperatura média mensal em um período de 30 anos. Além disso, adotou-se uma
quantidade de água disponível no solo de 100 mm. Para a classificação climática foram determinados o índice
hídrico (Ih), o índice de aridez (Ia), o índice de umidade (Iu) e o fator térmico. Os resultados mostraram que existe
excedente hídrico nos 5 primeiros meses do ano, e deficiência hídrica nos 6 meses seguintes, indicando a
necessidade de irrigação nestes meses de seca. O mês de dezembro não apresentou excedente nem deficiência
hídrica. O clima do munícipio foi classificado como megatérmico úmido com moderada deficiência de água no
inverno.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
1. INTRODUÇÃO
Atualmente, a deficiência hídrica é uma das principais responsáveis pela queda da produção agrícola.
Portanto, estudos que avaliem em qual época ocorrerá deficiência hídrica e qual será sua influência na produção
agrícola são muito importantes (DE PAULA CARVALHO et al., 2011).
Além disso, considera-se a disponibilidade hídrica como fator relevante sendo necessário avaliar quais
fatores estarão vinculados a essa disponibilidade como as condições da superfície terrestre e as condições de
variabilidade do clima, que afetará diretamente a vida animal e vegetal, bem como na escassez de água. Além
disso, devido à demanda elevada de utilização dos recursos hídricos, é fundamental conhecer o ciclo hidrológico
da bacia hidrográfica em questão, principalmente das variáveis de precipitação e evapotranspiração
(HORIKOSHI; FISCH, 2007) que estão diretamente ligadas ao balanço hídrico climatolpogico.
A demanda crescente de água, em conjunto com a limitação dos recursos hídricos, conflitos entre
alguns usos e os prejuízos causados pelo excesso e pela escassez, exigem cada vez mais,
planejamento racional e otimizado para aumento da eficiência do uso da água (SOUZA et al.,
2013. p.34).
Diante disso, o balanço hídrico climatológico (BHC) desenvolvido por Thornthwaite e Mather (1955),
emprega dois principais parâmetros meteorológicos: temperatura média do ar e a precipitação e têm por finalidade
monitorar o armazenamento de água do solo informando o volume de água que entra e sai, sem necessidade de
medidas diretas das condições do solo. Tal monitoramento tem sido bastante utilizado devido aos baixos custos
de equipamentos e por apresentar uma boa precisão de resultados.
Através do balanço hídrico é possível contabilizar a quantidade de água presente no solo, através da
aplicação do Princípio de Conservação de Massa em um volume de solo vegetado.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
O objetivo de uma classificação climática é definir através da temperatura, umidade e suas distribuições
estacionais os limites dos diferentes tipos climáticos que ocorrem na superfície do globo (OMETTO, 1981). A
classificação climática de Thornthwaite (1955) foi estabelecida introduzindo a temperatura, precipitação e a
evapotranspiração potencial como principais elementos de classificação climática, desta forma não seria possível
dizer se um clima é seco ou úmido com base somente na pluviometria, mas sim relacionando as necessidades
hídricas que seriam representadas pela evapotranspiração potencial.
A determinação de todos os parâmetros envolvidos no cálculo do balanço hídrico é importante para
realização do planejamento agrícola do município, contribuindo, assim, para a economia local, pois será possível
prever quais os melhores cultivos a serem feitos de acordo com a deficiência e os excedentes hídricos da região.
De acordo com Pereira et al. (2002) a aplicação dessa metodologia será importante na caracterização do período
de seca do município e dos seus efeitos na agricultura, prevendo se será necessário reduzir a produção com intuito
de evitar prejuízos futuros, além de determinar quais serão as melhores épocas de semeadura, indicando quais
serão menos sujeitas a restrições hídricas para as culturas em questão.
Assim sendo, objetiva-se através desse artigo a classificação climatológica do município de Óbidos/PA
definindo o tipo de clima e quais serão as épocas em que o solo da região estará com disponibilidade ou deficiência
hídrica.
2. MATERIAL E MÉTODOS
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
A classificação climática foi realizada a partir do método proposto por Thornthwaite (1955), no qual
determinou-se inicialmente o índice hídrico (Im), que é a relação entre o índice de umidade e índice de aridez,
como segue:
Im = (Iu – 0,6*Ia)
Porém, para que o índice hídrico seja determinado, é necessário encontrar o índice de umidade que
expressa à porcentagem de excedente de água que existe em relação ao total de evapotranspiração, como segue:
Iu = "ΣEXC" /"ΣETP" x100
E por fim, determinou-se o índice de aridez (Ia), que expressa à deficiência hídrica em percentagem da
evapotranspiração potencial, a partir da expressão abaixo:
Ia = "ΣDEF" /"ΣETP" x100
Uma vez calculados os índices e com o auxílio da tabela de balanço hídrico, é possível obter a fórmula
climática e, consequentemente, a caracterização do clima do município de Óbidos, pelo método de Thornthwaite.
Inicialmente, a partir do índice de umidade identifica-se o tipo climático e na sequência os diversos subtipos
climáticos, com base no índice de aridez e/ou hídrico, no índice térmico (ETP) e do percentual da ETP durante o
verão.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados do balanço hídrico climatológico podem ser visualizados na Tabela 1 e nas Figuras 1 e 2,
onde se verifica que a média mensal de precipitação atinge valores de 1940 mm, com um período de maior
precipitação entre os meses de janeiro a maio, concentrando cerca de 70% da chuva anual nestes meses. Verifica-
se um déficit hídrico anual de 411 mm, distribuído nos meses de junho a novembro, período que abrange a estação
seca na região. O mês de dezembro não apresenta excedente nem deficiência hídrica.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Tabela 1 – Balanço hídrico climatológico mensal do município de Óbidos-PA, segundo Thornthwaite e Mather (CAD =
100 mm)
Meses Temp TAB CORR ETP P P- NEG ARM ALT ETR DEF EXC
Média (mm) (mm) (mm) ETP AC (mm) (mm) (mm) (mm) (mm)
(°C) (mm) (0)
JAN 27,4 4,8 31,5 151 258 107 0 100 99 151 0 8
FEV 27 4,6 28,2 130 275 145 0 100 0 130 0 145
MAR 27 4,6 31,2 143 331 188 0 100 0 143 0 188
ABR 27,1 4,6 30 138 286 148 0 100 0 138 0 148
MAI 28,2 4,9 30,9 151 227 76 0 100 0 151 0 76
JUN 27,5 4,8 30 144 106 -38 38 68 -32 138 6 0
JUL 27,6 4,8 31,2 150 78 -72 110 32 -36 114 36 0
AGO 28,2 4,9 31,2 153 35 -118 228 0 -32 67 86 0
SET 28,7 5,1 30,3 154 34 -120 348 0 0 34 120 0
OUT 29,1 5,2 31,2 162 58 -104 452 0 0 58 104 0
NOV 28,8 5,1 30,6 156 97 -59 511 0 0 97 59 0
DEZ 28,3 4,9 31,5 154 155 1 415 1 1 154 0 0
TOTAL 27,9 - - 1786 1940 154 - - 0 1375 411 565
Fonte: Autores.
A evapotranspiração potencial anual foi de 1786 mm, representando média mensal de 148.8 mm. Os meses
que apresentaram maiores e menores índices de evapotranspiração potencial foram outubro e fevereiro com
valores de 162 mm e 130 mm, respectivamente. A retenção hídrica do solo foi determinada pela capacidade de
armazenamento de água no solo, o valor admitido foi de 100 mm. A evapotranspiração real registrou um total
anual de 1375 mm e apresentou uma média mensal de 114.5 mm. Dos 12 meses do ano o município apresentou
6 meses que precisam de irrigação, ou seja, apresentam uma deficiência hídrica. A maior taxa de precipitação
teve ocorrência nos 5 primeiros meses do ano apresentando uma média anual de 1940 mm. A deficiência hídrica
ocorreu no período de junho a novembro, o que pode ser explicado devido ao baixo índice de precipitação e a
altas temperaturas que aumentam as taxas evapotranspirativas, com isso aumentando também o consumo de água
pelas plantas. O déficit hídrico anual foi de 411 mm.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Figura 1- Variação dos dados mensais meteorológicos de precipitação (P), evapotranspiração potencial (ETP) e
evapotranspiração real (ETR).
Fonte: Autores
200
150
100
EXC (mm)
50
DEF (mm)
0
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
-50
-100
-150
Fonte: Autores.
O balanço hídrico apresentou excedente hídrico nos meses de janeiro, fevereiro, março, abril e maio com
os valores de 8, 145, 188, 148 e 76 respectivamente. Um balanço hídrico é de grande importância para que o
impacto na agricultura seja minimizado e para que o município possa ter um planejamento de manejo de irrigação
adequado, ou seja, saber quando e quanto irrigar uma determinada região.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
A classificação climática segundo Thornthwaite (1955) é apresentada na Tabela 2. Com base no índice
Hídrico (Im) definiu-se o tipo climático, que para este caso é úmido (B1), e através dos índices de aridez (Ia) e
hídrico (Im), determinou-se o subtipo “w”, com moderada deficiência no inverno.
De acordo com a classificação climática de Thornthwaite o município de Óbidos no Pará, está classificado
em Megatérmico (A’) possuindo uma evapotranspiração média anual de 1786 mm, estando incluído no subtipo
climático úmido (a’), com relação de 24,3% entre as ETP’s (Verão e Anual) e com moderada deficiência de água
no Inverno (W), formando a equação de Thornthwaite: B1WA’a’.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considerando os aspectos analisados foi possível observar que o município de Óbidos apresenta
deficiência hídrica durante metade do ano e nos meses de janeiro a maio, cuja precipitação é maior, há excedente
hídrico. No mês de dezembro observou-se que a precipitação e o consumo de água pelo solo foram
aproximadamente os mesmos, não demonstrando deficiência ou excedente hídrico. O local apresenta dois
períodos bastante distintos, um com alto índice pluviométrico, entre os meses de janeiro a maio, e outro menos
chuvoso, porém com altas temperaturas nos meses de junho a dezembro. Através da análise do balanço hídrico e
classificação climática de Thornthwaite, infere-se, com base nas fórmulas climáticas, que o município de Óbidos
está classificado em Megatérmico (A’), apresentando necessidade de irrigação nos períodos de deficiência hídrica.
REFERÊNCIAS
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e estatística. IBGE Cidades, 2017. Disponível em:
<https://cidades.ibge.gov.br/brasil/pa/obidos/panorama>. Acesso em: 15 outubro 2017.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
DE PAULA CARVALHO, H. et al. Balanço hídrico climatológico, armazenamento efetivo da água no solo
e transpiração na cultura de café. Bioscience Journal, v. 27, n. 2. p. 221-229, 2011.
HORIKOSHI, A. S.; FISCH, G. Balanço hídrico atual e simulações para cenários climáticos futuros no
município de Taubaté, SP, Brasil. Revista Ambiente & Água, Taubaté, v. 2, n. 2, p. 32-46, jul./dez. 2007.
PEREIRA, A.R. et al. Agrometeorologia: fundamentos e aplicações práticas. Guaíba: Agropecuária, 2002.
478 p.
SOUZA, A. P. et al. Classificação climática e balanço hídrico climatológico no estado de Mato Grosso.
Nativa, v. 1, n. 1, p. 34-43, 2013.
THORNTHWAITE, C. W.; MATHER, J. R. The water balance. Centerton, NJ: Drexel Institute of
Technology - Laboratory of Climatology, 1955. 104p. (Publications in Climatology, vol. VIII, n.1).
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Julyanna Gabryela da Silva Batista1; Denilson do Nascimento Reis Júnior2; Louise Regateiro Furtado2 Wilson
Fernandes Ramos3; Milena Carvalho de Moraes4; Maria de Lourdes Pinheiro Ruivo5
1 Discente de Engenharia Florestal. Universidade Federal Rural da Amazônia. [email protected]
2 Discentes de Engenharia Florestal. Universidade Federal Rural da Amazônia.
[email protected]; [email protected]
3 Doutorando em Ciências Ambientais. Universidade Federal do Pará. [email protected].
4Pesquisadora PCI Doutora. Museu Paraense Emílio Goeldi. [email protected].
5Pesquisadora Pós-Doutora. Museu Paraense Emílio Goeldi. [email protected]
RESUMO
A madeira é um material polivalente extraordinário devido suas características funcionais, ambientais e estéticas.
Por ser renovável, possui inúmeras aplicações no âmbito da reutilização e reciclagem, além disso, é biodegradável
e usada em inúmeras formas na produção de muitos produtos, ainda podendo ser fonte de energia. O objetivo
desse trabalho foi caracterizar e quantificar as principais espécies florestais utilizadas nas indústrias madeireiras
da Região Metropolitana de Belém (RMB) abordando o potencial de uso, manejo e identificação das quatro
espécies mais utilizadas. O estudo foi conduzido na RMB e nos municípios formadores, como Ananindeua,
Benevides, Castanhal, Marituba, Santa Bárbara e Santa Izabel do Pará. O número de empresas foi obtido junto a
Secretária Estadual do Meio Ambiente e Sustentabilidade (SEMAS) e a Associação das Indústrias Exportadoras
de Madeira do Estado do Pará (AIMEX) no período de setembro de 2014 a janeiro de 2015, com 31 empresas
visitadas. Foram encontradas 27 espécies, pertencentes a 13 famílias. Pode-se concluir que as quatro espécies
mais utilizadas pelas indústrias madeireiras da RMB foram: Jatobá, Maçaranduba, Muiracatiara e Angelim-pedra,
respectivamente com 24, 22, 20 e 18 números de empresas que as utilizam. O emprego ocorre devido as espécies
possuírem características desejáveis de físicas e mecânicas. O estudo também revelou a presença de duas espécies
protegidas, sendo usadas nas atividades empresariais, fato em desacordo com a legislação, colocando em pauta e
necessidade do estabelecimento de um plano de manejo sustentável para as empresas do ramo madeireiro, a fim
de uma adequação à real situação das florestas, visando colaborar para a diminuição do desmatamento de florestas
nativas e exploração de maneira sustentável.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
1. INTRODUÇÃO
2. MATERIAL E MÉTODOS
2.1. ÁREA DE ESTUDO
O estudo foi conduzido na Região Metropolitana de Belém (RMB), localizada no estado do Pará (PA),
onde é formada pelos municípios de Ananindeua, Belém, Benevides, Castanhal, Marituba, Santa Bárbara e Santa
Izabel do Pará. O clima da área do estudo é classificado segundo Koppen, como Af, sendo clima quente e úmido
(PEEL et al. 2007). E conta com uma população de 2.129.515 habitantes (IBGE, 2014) distribuídos numa área
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
de 3.566 km², onde estão presentes inúmeras empresas de diversos ramos e entre elas estão às indústrias
madeireiras.
2.2. AMOSTRAGEM
O número de empresas foi levantado junto a Secretária Estadual do Meio Ambiente e Sustentabilidade
(SEMAS) e na Associação das Indústrias Exportadoras de Madeira do Estado do Pará (AIMEX) no período de
setembro de 2014 a janeiro de 2015.
Para chegar-se à amostra foi utilizado a técnica de amostragem não-probabilística por conveniência, onde
foram selecionados os membros da população mais acessíveis, sendo tal tipo de amostragem bastante utilizado
em pesquisa exploratória (CHURCHILL, 1998). Assim, chegou-se a amostra de 31 empresas visitadas para o
estudo.
Foram utilizados neste estudo dados pré-existentes do projeto de dissertação de mestrado, cujo objetivo
foi realizar um diagnóstico socioambiental da geração e aproveitamento dos resíduos da indústria de base florestal
na Região Metropolitana de Belém (RMB)6, a qual foram coletados através de entrevistas semi-estruturadas
contendo perguntas abertas e fechadas.
Dessa forma, os dados pré-existentes foram sistematizados e analisados através da estatística descritiva,
“a qual compreende o manejo dos dados para resumi-los ou descrevê-los, sem ir além, isto é, sem procurar inferir
qualquer coisa que ultrapasse os próprios dados” (FREUND; SIMON, 2000), utilizando como ferramenta o Excel
do software Microsoft Office 2007.
As informações dos nomes das espécies foram fornecidas pelas empresas do estudo, além disso utilizou-
se o Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (2016), o Guia de Madeiras AMATA (2013) e
o site Flora do Brasil como suporte bibliográfico para caracterização das espécies.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
6
Parte da Dissertação de Mestrado junto ao programa de Pós Graduação em Ciências Ambientais da Universidade Federal do Pará.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Observa-se que as quatro espécies mais utilizadas pelas indústrias madeireiras da RMB foram: Jatobá,
Massaranduba, Muiracatiara e Angelim-pedra. A frequência de empresas que utilizam cada espécie, pode ser
observadas na Tabela 1.
Tabela 1 – Nome comercial, científico e a frequência das espécies utilizadas no setor madeireiro da RMB.
Número
Nome comercial Nome científico Família de
empresas
Acapú Vouacapoua americana Aubl. Fabaceae 3
Andiroba Carapa guianensis Aubl. Meliaceae 13
Angelim-amargoso Vatairea paraensis Ducke Fabaceae 15
Angelim-pedra Hymenolobium petraeum Ducke Fabaceae 18
Angelim-vermelho Dinizia excelsa Ducke Fabaceae 16
Osteophloeum platyspermum (Spruce ex A.DC.)
Arurá-branco Myristicaceae 1
Warb.
Cumaru Dipteryx odorata (Aubl.) Willd. Fabaceae 17
Cupiúba Goupia glabra Aubl. Goupiaceae 5
Faveiro Parkia sp. Fabaceae 5
Chrysophyllum venezuelanense (Pierre)
Guajará Sapotaceae 2
T.D.Penn.
Ipê-amarelo Handroanthus serratifolius (Vahl) S.Grose Bignoniaceae 17
Jatobá Hymenaea courbaril L. Fabaceae 24
Louro-vermelho Sextonia rubra (Mez) van der Werff Lauraceae 11
Maçaranduba Manilkara huberi (Ducke) A.Chev. Sapotaceae 22
Marupá Simarouba amara Aubl. Simarubaceae 7
Muiracatiara Astronium lecointei Ducke Anacardiaceae 20
Mururé Brosimum acutifolium Huber Moraceae 1
Parapará Jacaranda copaia (Aubl.) D.Don Bignoniaceae 1
Pau-amarelo Euxylophora paraensis Huber Rutaceae 4
Piquiá Cariocar villosum (Aubl.) Pers. Caryocaraceae 11
Rouxinho Peltogyne lecointei Ducke Fabaceae 8
Sucupira-pele de
Bowdichia nitida Spruce ex Benth. Fabaceae 12
sapo
Sucupira-preta Diplotropis purpurea (Rich.) Amshoff Fabaceae 9
Tatajuba Bagassa guianensis Aubl. Moraceae 12
Tauari Couratari sp. Lecythidaceae 8
Timborana Piptadenia suaveolens Miq. Fabaceae 3
Virola Virola sp. Myristicaceae 3
Total 13 268
Fonte: Adaptado de Ramos (2016).
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
A primeira espécie mais utilizada – Jatobá, é encontrado em quase todas as matas nativas do País, sendo
a espécie Hymenaea courbaril L. mais comum na Amazônia. Suas espécies de madeira são semelhantes quanto
à densidade de massa e caracteres anatômicos, no comércio possuem basicamente o mesmo valor. A cor de sua
madeira é castanho avermelhado e possui altura comercial de 11,60m. Sendo utilizada em construção civil tanto
pesada quanto leve e recomendada para a produção de móveis, portas, tábua, prancha, decking, assoalhos,
torneados, rodapés e painéis. É moderadamente fácil de trabalhar e ser aplainada, colada, parafusada e pregada,
apresentando resistência para tornear e faquear, apresenta bom acabamento e aceita pintura, verniz e lustre (IPT,
2016; AMATA, 2013).
Já a segunda mais usada - Maçaranduba, sendo a espécie Manilkara huberi (Ducke) A.Chev.), possuem a
característica produtiva de madeiras pesadas, duras e de coloração castanho-avermelhada. Suas espécies são
semelhantes nas suas características e possuem o mesmo valor no comércio. É utilizada em construção civil, para
pontes, estacas, vigas, caibros e recomendado para a produção de assoalhos e partes decorativas de móveis
(puxadores e entalhes). É moderadamente difícil de cortar e aplainar, porém fácil de tornear e colar, também tende
a rachar se pregada ou parafusada sem furação prévia, além de receber bem o acabamento, pintura e verniz. (IPT,
2016; AMATA, 2013).
E a terceira mais utilizada – Muiracatiara, sendo a espécie Astronium lecointei Ducke, pertencente à
família Anacardiaceae, possui coloração avermelhada de sua madeira tendo altura comercial de 15,40m. É
utilizada para construção civil leve e recomendada para fabricação de vigas, caibros, ripas, molduras, cordões,
rodapés, caixilhos, marcos de porta, janelas, paredes divisórias, venezianas, forros, assoalho, tacos, painéis,
lâminas faqueadas decorativas, móveis, objetos de adorno, puxadores, formas para calçados, barris, tonéis,
implementos agrícolas, tábua, prancha, pranchão, decking, assoalho e rodapé. É fácil de ser trabalhada e permite
excelente acabamento, além de receber bem pintura e verniz (IPT, 2016; AMATA, 2013).
E por último, o Angelim-pedra, sendo a espécie Hymenolobium petraeum Ducke, têm sua madeira
utilizada na construção civil leve e pesada, sendo recomendada para a produção de dormentes, tábuas, prancha,
pranchão, forros, molduras, decking e suporte de decking; e na marcenaria e carpintaria. É fácil de ser trabalhada,
tendo seu acabamento de regular a bom na plaina, torno e broca, sendo moderadamente fácil de serrar e aplainar,
de pregar, parafusar e permite acabamento satisfatório (IPT, 2016; AMATA, 2013).
Assim, diante das características peculiares, as espécies mais utilizadas pelas industrias madeireiras da
RMB, evidentemente corroboram com as aspectos referentes a qualidade da matéria prima a qual está intimamente
ligada com as espécies utilizadas, pois, é necessário ter controle e seleção de fornecedores para substituir espécies
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
que possam ter incidência de defeitos e utilizar as espécies de acordo com suas peculiaridades e características
apropriadas de acordo com o que será produzido pelas indústrias. Assim, as espécies utilizadas pelas indústrias
madeireiras possuem características apropriadas, condizentes com os objetivos empresariais, pois conhecer as
características de cada espécie a ser utilizada no mercado é imprescindível para o sucesso da empresa nos diversos
ramos que ela se destina.
Quanto aos possíveis aspectos negativos, que impedem o uso mais intenso desse material no Brasil estão
relacionadas à ausência de conhecimentos técnicos sobre a madeira, a qual podem acumular desempenho baixo e
também à exploração ilegal e predatória das florestas nacionais (ZENID, 2009). Além disso, há uma necessidade
em categorizar as espécies florestais e definir um preço para cada madeira de acordo com o estoque madeireiro
do inventario do plano de manejo, sendo assim se tornaria uma alternativa mais apropriada pois a madeira sofreria
reajuste todo ano de acordo com o mercado (SANTANA; SANTOS; OLIVEIRA, 2010)
Ressalta-se ainda, que foram constatadas duas espécies florestais, Vouacapoua americana Aubl. (Acapu)
e o Euxylophora paraensis Huber (Pau Amarelo), ambas protegidas, segundo a Portaria MMA nº 443, de 17 de
dezembro de 2014. Sendo a primeira espécie classificada como Em Perigo (EN) e a segunda, Criticamente em
Perigo (CR). Dessa forma, o art. 2º da portaria MMA nº 443 de 17 de dezembro de 2014, protegem integralmente
essas espécies e restringe seu corte, transporte, armazenamento, manejo, beneficiamento e comercialização.
Assim, podemos inferir que como as espécies estão sendo comercializadas, é necessária uma fiscalização mais
rigorosa acerca das espécies utilizadas nas industrias madeireiras, além da disseminação de informações técnicas
e de manejo sustentável adequadas para as empresas não utilizarem espécies que se encontrem em perigo de
extinção.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
As espécies mais utilizadas nas empresas foram: Jatobá, Maçaranduba, Muiracatiara e Angelim-pedra,
devido as mesmas possuírem fatores desejáveis que trazem benefícios em relação à qualidade, como
características físicas e mecânicas, sendo de fácil manuseio além de uma alta valoração por serem as mais
consumidas.
Entretanto, o estudo também apresentou duas espécies, as quais são protegidas e estavam presentes na
lista de uso das empresas, sendo a qual as mesmas não podem ser utilizadas nem comercializadas, sendo assim,
colocado em pauta a necessidade de as empresas utilizarem apenas madeiras certificadas, oriundas de Planos de
Manejo Florestal Sustentável próprio ou adquirirem de terceiros que também sejam certificados. Assim,
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
REFERÊNCIAS
CASTRO, E. M. R. de; SILVA, R. N. M. da. Setor madeireiro, dinâmica de atores e política florestal. In:
VENTURIERI, A. (Ed.). Zoneamento Ecológico-Econômico da área de influência da rodovia BR 163 (Cuiabá-
Santarém) diagnóstico do meio socioeconômico, jurídico e arqueologia, Belém: Embrapa Amazônia Oriental,
cap. 8, p.169-200, v. 1, 2007.
CHURCHILL, G. Marketing research: methodological foundations. 2a ed. [S.l.]: The Dryden Press, 1998.
FLORA DO BRASIL 2020 EM CONSTRUÇÃO. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em:
<http://floradobrasil.jbrj.gov.br/ >. Acesso em: 22 out. 2017
FREUND, J. E.; SIMON, G. A. Estatística aplicada. 9. ed. Porto Alegre: Bookman, 2000.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
MMA (Ministério do Meio Ambiente). 2014. Pp. 75-83. In: Lista oficial de espécies da Flora brasileira ameaçada
de extinção. Diário Oficial da União de 24 de setembro de 2008, nº 185. Seção 1.
BRASIL. PORTARIA MMA Nº 443, de 17 de dezembro de 2014. Reconhece como espécies da flora brasileira
ameaçadas de extinção aquelas constantes da "Lista Nacional Oficial de Espécies da Flora Ameaçadas de
Extinção". Disponível em: <http://www.icmbio.gov.br/cepsul/images/sto
ries/legislacao/Portaria/2014/p_mma_443_2014_lista_esp%C3%A9cies_amea%C3%A7adas_extin%C3%A7%
C3%A3o.pdf>. Acesso em 01 out. 2017.
NUNES, P. A. et al. A participação do setor madeireiro na economia das microrregiões geográficas do Paraná –
2009. Revista Brasileira de Agropecuária Sustentável (RBAS), v.2, n.1, p.8-20, Julho, 2012.
PEEL, M. C.; FINLAYSON, B. L.; McMAHON. T. A. Updated world map of the Köppen – Geiger climate
classification. Hydrology Earth System. Science., 11, 1633–1644, 2007.
RAMOS, W. F. Gestão, Geração e Aproveitamento dos Resíduos das Indústrias de Base Florestal na Região
Metropolitana de Belém, Pará. Belém: Universidade Federal do Pará, 2016. 99p. Dissertação (Mestrado).
RETAIL FORUM FOR SUSTAINABILITY. Madeira e Gestão da Madeira. 2010. Disponível em:
<http://ec.europa.eu/environment/industry/retail/pdf/issue_paper_4/ENV-2012-00378-00-00-PT-TRA-00.pdf>.
Acesso em: 01 out. 2017.
SANTANA, A. C.; SANTOS, M. A. S.; OLIVEIRA,C. M. Preço da madeira em pé, valor econômico e
mercado de madeira nos contratos de transição do Estado do Pará. Belém: IDEFLOR/UFRA, 2010.
VERÍSSIMO, A. et al. Áreas para produção florestal manejada: Detalhamento do Macrozoneamento Ecológico
Econômico do Estado do Pará. Relatório para o Governo do Estado do Pará, 2006.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
ZENID, G, J. Espécies nativas com potencial madeireiro e moveleiro. Instituto de Pesquisas Tecnológicas do
Estado de São Paulo S.A. – IPT. São Paulo, p. 17, 2009.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Ana Beatriz Neves da Silva1; Milena Marília Nogueira de Andrade2; Paulo Eduardo Silva Bezerra3; Wilton
Carvalho Vilhena Junior4.
1 Graduação em andamento em Engenharia Ambiental e Energias Renováveis. Universidade Federal Rural da
Amazônia. [email protected].
2 Doutorado em Desenvolvimento Sustentável do Trópico Úmido pela Universidade Federal do Pará.
[email protected].
4 Graduando em Engenharia Ambiental e Energias Renováveis. Universidade Federal Rural da Amazônia.
RESUMO
Durante o processo de urbanização diversas cidades crescem em áreas consideradas Áreas de Proteção
Permanente (APP). Neste artigo será feita uma análise do uso do solo na margem do município de Cametá, que
de acordo com o novo Código Florestal nº 12.727/2012 é uma APP. Este trabalho tem como objetivo analisar e
classificar o uso do solo na margem do rio abrangida pela área urbana desta cidade, utilizando-se técnicas de
geoprocessamento. Inicialmente foi realizado o georreferenciamento da imagem mais atual do Google Earth,
tendo feito isso, a área de estudo foi delimitada e classificada, a partir de uma análise visual. O resultado apontou
três classes: área construída, solo exposto e área vegetada. A classe encontrada em maior quantidade foi a área
vegetada, seguida por área construída e solo exposto. Identificou-se que as áreas de vegetação encontram-se mal
distribuídas ao longo da margem, sendo encontradas em abundância nas áreas ao norte e ao sul, contudo na parte
central da área analisada há pouca vegetação e uma grande concentração de vias e edificações, também encontrada
em maior quantidade nos primeiros 100 metros da margem do rio. O geoprocessamento se mostrou uma
ferramenta eficiente na análise da área estudada permitindo uma boa aproximação da realidade do uso do solo da
área em análise.
Palavras-chave:
Geoprocessamento. Urbanização. Áreas de Proteção Permanente.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
1. INTRODUÇÃO
De acordo com o novo Código Florestal: Lei 12.727/2012, as Áreas de Preservação Permanente (APP),
são áreas cobertas ou não por vegetação nativa, que exercem a função de preservação dos recursos hídricos, a
paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, além de proteger o solo e garantir o bem-estar da
comunidade. A alteração na cobertura vegetal presente nas APPs de rios pode causar impactos, como a erosão e
a deposição nas margens (KLEINA, 2014). A retirada da vegetação e práticas antrópicas podem afetar na
produção e oferta de água no contexto do ciclo hidrológico, pois esta desempenha algumas funções como o
armazenamento da água precipitada em suas folhas, reduz o impacto das gostas de chuva no solo, o sistema
radicular melhora a infiltração, entre outros. Dessa forma, processos naturais como intemperismo, erosão e
sedimentação podem ocorrer de forma mais rápida, comprometendo a estabilidade de encostas e vertentes
(COUTINHO, 2015; LIMA, 2008).
O novo Código Florestal: Lei 12.727/2012 classifica uma das Áreas de Preservação Permanente, em
ambientes rurais e urbanos como as “faixas marginais de qualquer curso d’água natural perene e intermitente,
excluídos os efêmeros, desde a borda da calha do leito regular, em largura mínima de” 30, 50, 100, 200 e 500
metros, variando de acordo com a largura do curso d’água.
Sepe (2014) aponta que diversas cidades sejam elas de grande ou pequeno porte não reconhecem a
existência de APP, mesmo elas terem um papel importante para a sustentabilidade e bem estar humano. Este autor
ainda observa a dificuldade em criar APPs no ambiente urbano, visto as distintas realidades entre cada cidade,
tendo em muitas delas a existência de edificações tanto em margens de corpos d’água quanto em encostas, estas
áreas muitas vezes ainda estão degradadas e necessitam de um projeto de recuperação ambiental para voltar a ter
sua funcionalidade.
Cametá foi a primeira cidade fundada às margens no baixo Rio Tocantins e o processo de urbanização foi
intensificado às margens do rio no período em que a coroa portuguesa procurava se estabelecer e não perder o
território em função do tratado de Tordesilhas (IBGE, 2016). De acordo com o novo Código Florestal: Lei
12.727/2012 as margens do rio Tocantins deveriam possuir uma APP com largura de 500m, contudo não é o que
ocorre, visto que a cidade está instalada neste local.
As elaborações de mapas de uso do solo, segundo Santos (2011), indicam a partir da interpretação de
imagens de satélite as diferentes utilizações dadas às terras, a visualização das alterações da paisagem e as que
foram provocadas pelo homem. Diversas cidades na Amazônia iniciaram o processo de urbanização às margens
de rios, em planícies de inundação (AMARAL, 2001). Shutzer (2012) aponta que a água por ser um elemento
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
vital a existência humana, torna-se um ponto de partida no processo de colonização. Dessa forma, este trabalho
tem como objetivo classificar a margem da área urbana de Cametá, que deveria ser reservada como APP, quanto
aos usos do solo para as classes de área construída, vegetada e de solo exposto, com a utilização de técnicas de
geoprocessamento aplicadas à imagem do ano de 2017.
2. METODOLOGIA
2.1 ÁREA DE ESTUDO
O município de Cametá está localizado na Mesorregião do Nordeste Paraense, limita-se com os municípios
Limoeiro do Ajuru, Mocajuba, Oeiras do Pará e Igarapé-Miri. A população no município foi estimada em 134.100
para o ano de 2017 (IBGE, 2010).
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
A área selecionada para ser o objeto de estudo corresponde a faixa de 500m de largura a partir da margem
do rio no perímetro da área urbana, de acordo com a classificação dos dados censitários do IBGE (2010) (Figura
1). Essa delimitação está de acordo com a largura de APP exigido pelo art. 4 do novo Código Florestal: Lei
12.652/2012.
A imagem utilizada para a classificação do uso do solo foi adquira pelo software Google Earth,
correspondente ao mês de outubro de 2017. Essa imagem foi georreferenciada usando como base pontos com
coordenadas conhecidas, com o uso da ferramenta Georreferencing. O geoprocessamento de dados foi realizado
no software ArcMap 10.1.
Posteriormente foi delimitada a área de estudo, gerando um buffer de 500 metros a partir da margem do
rio da área urbana de Cametá e dentro desta área foi feita uma vetorização manual do uso do solo. Este tipo de
classificação permite que o operador do software de geoprocessamento delimite as classes definidas com precisão
(SANTOS, 2011). Foram definidas três classes: área vegetada (correspondente a áreas identificadas como
florestas, árvores isoladas e vegetação secundária), área de solo exposto (identificando áreas sem vegetação, ou
com gramados) e área construída (consideradas as edificações e ruas). Para cada classe foi calculada a área, por
meio da ferramenta calculate geometry e a porcentagem com a utilização da planilha do Excel.
Posteriormente, foi realizada uma análise do uso do solo a cada 100 metros, a partir da margem da área de
estudo. Para esta segmentação, foram utilizadas as ferramentas Buffer e Clip. A cartografia temática final
apresenta o uso do solo na área urbana da APP do rio Tocantins.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
O mapeamento do uso do solo apontou que 51,86% da área estudada é composta pela classe área vegetada,
39,18% de área construída e 8,96% de área de solo exposto, distribuídos em uma área de 3.222.103,08 m²,
conforme ilustra o Quadro 1. Contudo, mesmo que o percentual de área vegetada tenha apresentado o maior valor,
é possível observar na Figura 2 que a sua distribuição ao longo da área estudada está concentrada nos extremos
ao norte e ao sul, que são áreas ainda pouco urbanizadas. Já a parte central da área de estudo apresenta uma maior
concentração de edificações e ruas, caracterizando-a como uma área mais urbanizada. O solo exposto apresenta-
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
se distribuído ao longo de toda a área de estudo, de maneira irregular, tanto na parte central, quanto nos extremos.
Nota-se que áreas onde há a predominância da área vegetada apresentam manchas de solo exposto.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Quadro 2 – Distribuição do uso do solo a cada 100 m a partir da margem da área urbana de Cametá - PA
Classe Área Vegetada Área de solo exposto Área Construída
Área (m²) % Área (m²) % Área (m²) %
100m 281.924,15 45,44 46.371,18 7,47 292.118,1 47,09
200m 330.956,15 51,79 46.106,86 7,21 261.981,96 41
300m 359.561,06 55,74 53.861,21 8,35 231.653,71 35,91
400m 338.649,28 51,82 78.588,77 12,03 236.243,86 36,15
500m 359.817,16 54,18 63.818,04 9,61 240.451,59 36,21
Fonte: Autores, 2017.
A margem da área urbana de Cametá apresenta uma significativa concentração de vegetação, mas como
pode ser visto na Figura 2 a área construída predomina o centro da margem e já está se desenvolvendo em áreas
que predominam a vegetação, como a parte ao norte, evidenciando que processo de expansão urbana está
ocorrendo. Bilac (2014) observou que devido ao crescimento urbano ocorrer muitas vezes de maneira
desordenada e acelerada a expansão da cidade se desenvolve em áreas inapropriadas, como Áreas de Preservação
Permanente, o que pode acarretar em alterações na dinâmica do rio e na paisagem.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir das classificações analisadas, observou-se que a margem da área urbana de Cametá apresenta
mais da metade de sua superfície composta por vegetação, concentrada na parte mais ao norte e ao sul. O processo
de urbanização ocorre ao centro com predominância de áreas de edificações e ruas, sendo que estas últimas
também apresentam-se mais concentradas nos primeiros 100 metros da margem.
Tendo em vista a extensão da área onde a apropriação urbana que se encontra em estado consolidado,
torna-se uma tarefa inviável a implantação da APP na margem do rio como estabelece o novo Código Florestal:
Lei 12.727/2012. Contudo, sabe-se a importância que esta exerce na estabilidade geológica, na preservação dos
recursos hídricos, entre outros. Dessa forma deve-se tomar medidas a fim de identificar áreas que estão em risco
e que possam afetar o bem-estar da comunidade, assim como verificar qual está sendo o uso do solo e como está
ocorrendo a expansão urbana.
O uso do geoprocessamento fornece recursos para que se possa monitorar à distância e de maneira eficiente
as áreas de interesse, e a partir dos resultados dessas análises possam ser tomadas decisões para mitigar futuros
problemas.
REFERÊNCIAS
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS. Plano Estratégico de Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica dos
Rios Tocantins e Araguaia. Brasília, 28 de maio de 2009.
BILAC, R. P. R., ALVES, A. M. Crescimento urbano nas Áreas de Preservação Permanente (APPs): Um estudo
de caso no leito do Rio Apodi/Mossoró na Zona Urbana de Pau dos Ferros-RN. Revista Geotemas. Rio Grande
do Norte, v. 4, n. 2, p. 79-95, 2014. Disponível em < file:///C:/Users/hp/Downloads/1261-3333-1-PB.pdf>.
Acesso em: 09 de nov. 2017.
BRASIL. Lei nº 12.727, de 17 de outubro de 2012. Dispõe sobre a proteção da vegetação nativa.
COUTINHO, L. M. Mapeamento de uso do solo e Áreas de Preservação Permanente (APP) na bacia do Córrego
Itabira, Cachoeiro de Itapemirim – ES. Anais VII Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto – SBSR.
João Pessoa – PB, INPE, 2015.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
KLEINA, M., ALMEIDA, A. M., PAULA, E. V. Análise do uso do solo nas APP’s do Rio Sagrado (Morretes/PR)
e de sua influência sobre os processos de formação de feições fluviais de depósito. Revista Geonorte. Edição
Especial 4, v. 10, n 1, p. 112-117, 2014.
LIMA, W. P. Hidrologia florestal aplicada ao manejo de bacias hidrográficas. Piracicaba: ESALQ, 2008.
SHUTZER, J. G. Cidade e Meio Ambiente: A Apropriação do Relevo no Desenho Ambiental Urbano. São
Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2012.
SEPE, P. M.; PEREIRA, H. M. S. B.; BELLENZANI, M. L.; O novo código florestal e sua aplicação em áreas
urbanas: uma tentativa de superação de conflito? In 3º Seminário nacional sobre o tratamento de Áreas de
Preservação Permanente em meio urbano e restrições ambientais ao parcelamento do solo, 2014. Anais. Belém:
UFPA, 2014. Disponível em: <http://anpur.org.br/app-urbana-2014/anais/ARQUIVOS/GT2-243-120-
20140710190757.pdf>. Acesso em: 29 de out. 2017.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Ana Laura Pureza Pantoja1; Isabela Cristina Ribeiro Portugal Contente2; Karen Sachie Okemoto Kawaguchi3;
Mauro Marcio Tavares Silva4.
1 Graduanda de Licenciatura em Ciências Biológicas. Universidade da Amazônia (UNAMA).
[email protected]
2 Graduanda de Licenciatura em Ciências Biológicas. Universidade da Amazônia (UNAMA).
[email protected]
3 Graduanda de Licenciatura em Ciências Biológicas. Universidade da Amazônia (UNAMA).
[email protected]
4Doutor em Ciência Animal. Universidade Federal do Pará (UFPA).
RESUMO
O açaizeiro (Euterpe oleracea Mart.) tem importante valor socioeconômico para os ribeirinhos do Município de
Igarapé Miri-PA, onde seu cultivo se dá em maior proporção nos ambientes de várzea. Os ribeirinhos, de uma
forma geral, possuem uma íntima relação com a natureza, com um amplo conhecimento empírico dos recursos
locais e dos ecossistemas que estão inseridos. Portanto, difundir esse conhecimento se torna uma importante
ferramenta de sensibilização socioambiental para a população urbana local e valorização da cultura tradicional.
Nesse sentido, esse trabalho busca trazer informações sobre o manejo, cultivo e utilidades do açaizeiro. O estudo
foi realizado na comunidade ribeirinha Panacauera e na Sede do Município de Igarapé-Miri. Os resultados
revelaram elementos característicos da atividade local como: o melhor período da colheita, identificado entre
julho a dezembro; os instrumentos e técnicas utilizadas, como a “peconha”; a retirada da “boneca” para que o
fruto dê na entressafra; todo o processo de cultivo e colheita ocorre de forma manual, utilização de adubo
orgânico; a reutilização das outras partes da árvore para produção de adubo, palmito entre outros; essas técnicas
e conhecimentos são passados de geração em geração. Dessa forma, percebe-se que o açaí em Igarapé-Miri
constitui um importante elemento no âmbito socioeconômico, cultural, e de subsistência da população, e que a
produção ocorre, em sua maior parte, de forma sustentável
Palavras-chave: Ribeirinhos. Conhecimento Tradicional. Açaí.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
1. INTRODUÇÃO
O açaizeiro (Euterpe oleracea Mart.) é nativo da Amazônia Brasileira e seu cultivo acontece, em maior
proporção, nos solos de várzea, caracterizados por regimes de inundações periódicos e elevada fertilidade devido
aos sedimentos trazidos através das águas dos rios. Possui seu centro de dispersão no Estado do Pará, tendo
destaque também no Município de Igarapé-Miri, que segundo Tavares e Homma (2015), concentrou metade da
produção estadual no ano de 2013, com 304.300 toneladas de açaí produzido. As populações ribeirinhas dessa
região estão localizadas na mesorregião do nordeste do Pará, microrregião do Baixo Tocantins (IBGE, 2015) e
sua grande maioria, sobrevivem através do extrativismo de árvores frutíferas, como o açaí, foco da pesquisa, e
também da pesca devido a presença de grande variedade de peixes existentes na região Amazônica, dessa maneira
sendo de grande importância econômica.
Os ribeirinhos constituem comunidades tradicionais, que habitam as margens dos rios amazônicos
utilizando os recursos dos rios, da floresta e das terras molhadas da várzea para sua sobrevivência, que, segundo
Lira e Chaves (2016), possuem amplo conhecimento empírico dos ciclos naturais do ecossistema em que estão
inseridos, o que oportuniza uma relação íntima com a natureza. Portanto, difundir o conhecimento tradicional
desses povos em relação ao açaí se constitui numa ferramenta importante na conscientização da população urbana
local acerca das (re) utilidades desta palmeira. Dessa maneira, o presente estudo traz informações a respeito do
manejo local do recurso açaí, do seu reaproveitamento em outros setores.
2. MATERIAL E MÉTODOS
O município de Igarapé-Miri possui ilhas fluviais que, segundo Cunha (2006), são banhadas pelas águas
do estuário do rio Tocantins e a comunidade amazônica ribeirinha do estudo reside no Panacauera, localizada na
zona rural fluvial a 78 quilômetros da capital do Estado, com área da unidade territorial equivalente a 1.996,790
quilômetros e o único acesso é por meio de transporte fluvial. A pesquisa de campo ocorreu em Novembro de
2016, cuja coleta dos dados foi feita a partir de entrevista oral aos ribeirinhos da comunidade. A pesquisa de campo
contou com perguntas abertas e pré-estruturadas e observação da realidade local, além de pesquisas bibliográficas.
A análise dos dados consiste numa abordagem qualitativa que para Alves e Silva (1992), consiste num
processo indutivo que tem como foco a fidelidade ao universo de vida cotidiano dos sujeitos. A entrevista foi
composta por perguntas no seguinte sentido: (1) Quais os tipos de açaí que você conhece? Qual o preferido pela
população? (2) Quais os locais em que é feito o plantio? Qual o melhor local? (3) Como é plantado e colhido?
(4) Quais os instrumentos utilizados no manejo? (5) Qual o período em que há maior produção? (6) Você conhece
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
outras formas de utilizar o açaizeiro além da produção da polpa? Quais? (7) O descarte é reaproveitado de
alguma forma? Como? (8) Você acha que esses conhecimentos são passados de gerações?
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Este estudo revelou que, quanto ao conhecimento dos tipos de açaí existentes na região, todos os ribeirinhos
mencionaram dois tipos: o branco e o preto, os quais são definidos por Jardim (2000) como etnovariedades do
açaizeiro, e que o último é o preferido pela população. Quanto aos locais em que é feito o plantio e qual o melhor
local para ser feito, o território descrito foi “lugar onde a água entra, alaga a área e depois sai.” Ou ainda “A
plantação ocorre perto de um igarapé e agua entra e sai”, “Em igarapés, perto do rio e lugares que inundam.”
Dessa forma, caracterizando o ambiente da Várzea. A maioria dos ribeirinhos relatou que é feita a colheita de
árvores nativas “Eu não planto. Elas vão se gerando”.
Quanto ao manejo, a colheita é feita de forma manual, com o instrumento chamado peconha feita a partir
de uma saca, onde o trabalhador envolve os pés em torno dela e sobe no açaizeiro mostrados na Figura 1. O
processo de escalada é rápido onde se prende os pés com uma argola de fibra onde se contrapõe os pés ao estipe
e o contorna com as mãos. A subida é realizada por movimentos de flexão e contração das costas e pernas até
chegar ao cacho cortando-o e trazendo-o ao solo sem que haja contato com o chão para diminuir a contaminação
e a perda dos frutos que se desprendem dos cachos (CANTO, 2001).
O período de safra relatado por eles ocorre no período de julho a dezembro aproximadamente. No período
da entressafra alguns agricultores cortam a “boneca”, mostrada na Figura 02, que é uma parte da árvore
semelhante a uma folha que se localiza abaixo do cacho que cai quando está acabando o período de maturação do
fruto. “A gente tira a “boneca”, corta e joga fora, ai de Janeiro em diante as árvorse estão todas dando... Na
entressafra não é 100% das árvores que dá, mas uns 80%”. Na Comunidade do Panacauera, além de o fruto ser
um importante elemento socioeconômico e na constituição alimentar da comunidade local, outras partes do
açaizeiro também são utilizadas e reutilizadas nas atividades da comunidade, a maioria dos entrevistados
evidenciaram que reutilizam parte do açaizeiro para produzir o palmito e paralelo a isso óleos, polpa, adubo e
perfumes. Devido ao grande interesse econômico, o palmito é o segundo produto mais importante extraído do
açaizeiro. Conhecido botanicamente como “gema apical” consiste na parte cilíndrica que está envolvida pela
bainha das folhas localizada na base da copa da palmeira (CANTO, 2001).
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
No que diz respeito aos conhecimentos passados entre gerações, grande parte dos ribeirinhos mencionam
que a geração anterior, dos seus pais e avôs, viveu no cenário onde a cana de açúcar era o principal meio de
sobrevivência. O aprendizado foi sendo passado englobando todo o processo, desde a colheita até o consumo.
“Meu pai trabalhava com cana e começaram a plantar açaí e tiraram o espaço da cana para plantar o açaí.”.
Entretanto, atualmente a maioria dos filhos dos entrevistados está seguindo por um rumo diferente, os relatos
mostram que grande parte está mais envolvida com os estudos longe da comunidade, mencionam: “Tenho uma
filha e ela só estuda”, “Filhos não ajudam no trabalho, estudam na cidade”, “Meu filho ajuda no trabalho, mas
a gente não quer. Quer que ele estude para ter uma vida melhor”.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Os relatos dos moradores da região mostram que a maior parte do processo é feita de maneira sustentável,
a colheita é feita manualmente, não necessitam de agrotóxicos, desfrutam do adubo orgânico reutilizado do
próprio açaizeiro e todo procedimento é de forma artesanal. Porém em uma parte do manejo os entrevistados
relatam que queimam uma área: “levamos para outra área, roça a famosa “capoeira” que a gente chama... Roça,
queima e aí mete o açaí, aí fica limpando.”
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS)
REFERÊNCIAS
ALVES, Z. M. M. B.; SILVA, M. H. G. F. D. DA. Análise qualitativa de dados de entrevista: uma proposta.
Paidéia (Ribeirão Preto). Universidade de São Paulo, Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Ribeirão
Preto, n. 2, p. 61-69, 1992. Disponível em: <http://hdl.handle.net/11449/29512>.
CANTO, S. A. E. Processo Extrativista do Açaí: Contribuição da Ergonomia com Base na Análise Postural
Durante a Coleta dos Frutos. 2001. 144 f. Dissertação (Doutorado em Engenharia de Produção) - Universidade
Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2001.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
JARDIM, M. A. G. Morfologia e ecologia do açaizeiro (Euterpe oleracea Mart.) e das etnovariedades espada
e branco em ambientes de várzea do estuário amazônico. 200. 119p. Tese (Doutorado) – Universidade Federal
do Pará, Belém, 2000.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Arlanna Twane Pantoja do Amaral¹; Luan dos Santos Costa²; Fernanda Silva Diniz³;
¹ Pós Graduanda em Docência do Ensino Superior. UNAMA. E-mail: [email protected]
² Mestrando em Genética e Biologia Molecular. UFPA. E-mail: [email protected]
³ Graduanda em Ciências Naturais com habilitação em Biologia. UEPA. E-mail:
[email protected]
RESUMO
A biodiversidade brasileira é ameaçada por inúmeras atividades antrópicas, dentre elas a criação de animais
silvestres em cativeiro, considerada uma das ações que contribuem para a diminuição da fauna silvestre. O
presente estudo objetivou identificar as aves silvestres criadas como animais de estimação em residências na Vila
Maiauatá (Igarapé Miri, PA). A metodologia utilizada neste trabalho foi baseado na realização 86 visitas à
residências da Vila Maiauatá, durante os meses de abril a julho de 2016 e 2017. Nas visitas foi possível identificar
e quantificar as espécies de aves silvestres, assim como a motivação que conduz essa atividade pela população
ribeirinha. Os resultados demonstram um total de 301 aves silvestres sendo criadas por estimação nessas
residências, onde no ano de 2016 foram encontradas 130 aves e em 2017, 171 aves, dentre essas: Curió
(Sporophila angolensis), Sabiá (Turdus leucomelas), Papagaio (Amazona amazonica), Arara (Ara macao),
Patativa (Sporophila plumbea), dentre outras. Deste modo, conclui-se que no período de um ano o número de
aves aumentou significamente tanto em número como em espécies, sendo essa atividade influenciada
principalmente pela transmissão cultural de geração a geração.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
1. INTRODUÇÃO
A criação de Aves Silvestres (AS) no Brasil é um costume advindo das populações indígenas, que
incorporam elementos avifaunísticos em suas lendas, mitos, superstições, canções, rituais e desenhos rupestres.
Além disso, eles também utilizavam AS para a “diversão doméstica”, mantendo-as como xerimbabos, palavra de
origem indígena, Tupi-Guarani, que significa "minha coisa querida" (ANDRADE, 1993). Nas aldeias brasileiras
era possível encontrar uma diversidade de espécies sendo usadas como “xerimbabos”, tais como periquitos,
papagaios, araras, bem-te-vis e muitos outros (NOGUEIRA-NETO, 1973).
Em estudos realizados, Musiti (1999) ressalta que os índios utilizavam as espécies silvestres no seu
cotidiano, mas com critérios específicos que vinham garantir a sobrevivência das mesmas: não abater fêmeas
grávidas, filhotes ou animais em fase de reprodução. No entanto, ao entrarem em contato com os colonizadores e
exploradores, os índios brasileiros tornaram-se os próprios depredadores de seu ecossistema, explorando os
recursos com mais intensidade e de maneira menos seletiva. Essa exploração foi incentivada pela “troca” de
espécies nativas pelos índios por ferramentas e outros apetrechos trazidos pelas mãos portuguesas.
Em algumas pequenas comunidades rurais, a criação de espécies silvestres como animais de estimação
apresenta caráter cultural, sendo considerada normal pela população e uma atividade repassada através de
gerações. Conforme os estudos de Polido & Oliveira (1997), a população do estado do Pará traz consigo a herança
de criar AS como animais de estimação, atividade que estimula a comercialização ilegal de espécies de aves
nativas. Também a respeito, Ferreira (2001) relata que as aves pertencentes às ordens Psittaciforme e Passeriforme
são as encontradas com maior frequência em apreensões feitas por autoridades ambientais. Não obstante,
raramente essas aves são provenientes de criadouros legalizados (GAMA; SASSI, 2008).
A prática que sustenta assiduamente o comércio ilegal de AS é a caça predatória, cujo objetivo principal
é a retirada de espécies destinadas ao mercado de estimação. Barbosa et al. (2010) relata que a avifauna silvestre
é uma das maiores vítimas da caça predatória, devido principalmente a apreciação do canto e beleza de seus
representantes, assim como sua ampla distribuição geográfica. O comércio de aves ocorre também em feiras
livres, onde se encontram também à venda alimentos, vestuário e muitos outros produtos.
Na Amazônia, muitos são os locais em que animais silvestres são comercializados de forma ilegal, um
deles destaca-se por apresentar maior quantidade de pessoas envolvidas na atividade: o mercado Ver-o-Peso, na
cidade de Belém (Pará). Essa constatação não surpreende, pois esse mercado é considerado o maior de toda região
amazônica (ESTRELLA, 1995), sendo conhecido pela comercialização de plantas e animais (ALVES et al.,
2007).
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
2. MATERIAL E MÉTODOS
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Durante a pesquisa nos meses de abril a julho de 2016, foram entrevistados 86 proprietários de AS
mantidas como animais de estimação na comunidade ribeirinha de Vila Maiauatá. Ao analisar os dados coletados
com os questionários foi possível identificar 130 aves de 14 espécies, pertencentes a 5 famílias. As famílias de
maior riqueza específica são Thraupidae (n= 56) e Psittacidae (n= 55), observadas na tabela abaixo:
Tabela 1 – Aves encontradas nas residências de Vila Maiauatá, por ordem alfabética do nome popular (abril a julho de
2016).
NOME POPULAR NOME CIENTÍFICO FAMÍLIA INDIVÍDUOS
Arara vermelha Ara macao Psittacidae 1
Bigode Sporophila lineola Thraupidae 6
Caboclinho lindo Sporophila minuta Thraupidae 3
Curió Sporophila angolensis Thraupidae 33
Papagaio Amazona amazonica Psittacidae 25
Patativa Sporophila plumbea Thraupidae 11
Periquito Brotogeris chrysoptera Psittacidae 5
Periquitinho Brotogeris chiriri Psittacidae 9
Periquito australiano Melopsittacus undulatus Psittacidae 15
Pretinho do igapó Knipolegus poecilocercus Tyrannidae 3
Sabiá Turdus leucomelas Turdidae 15
Tiziu Volatinia jacarina Thraupidae 1
Trinca ferro Saltator similis Thraupidae 2
Tucano Ramphastos toco Ramphastidae 1
As famílias Thraupidae e Psittacidae foram encontradas com maior frequência, devido provavelmente a
preferência de criadores por aves canoras de canto apreciável (FRISCH, 1981; SILVEIRA; MENDÉZ, 1999) e
aves de companhia (ALLGAYER; CZIULIK, 2007; SAIKI et al., 2009), respectivamente; dentre os
representantes da família Psittacidae destacou-se pela beleza de suas penas e sua frequente ocorrência em
apreensões pelo IBAMA a arara vermelha. Além do canto, as espécies dessas famílias são muito procuradas por
serem consideradas de fácil manutenção em cativeiro (GAMA; SASSI, 2008). A preferência pela família
Thraupidae coloca seus representantes na classe das aves canoras mais procuradas no comércio ilegal de AS
segundo a CBRO (2014).
Com o objetivo de identificar se os 86 proprietários adquiriram novas aves durante o intervalo de tempo
de um ano, as pesquisas foram novamente realizadas nos meses de abril a julho de 2017. Evidenciou-se que o
número de aves havia aumentado consideravelmente, sendo as famílias Thraupidae (n= 80) e Psittacidae (n= 64)
novamente encontradas com maior frequência devido à ocorrência de populações dessas aves na área de estudo;
identificou-se também 6 novas espécies de aves, dentre elas um gavião-carijó Rupornis magnirostris (GMELIN,
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
1788), ave de rapina que desenvolve um papel indispensável no equilíbrio da fauna como regulador da seleção, e
3 novas famílias (Tabela 2):
Tabela 2. Aves encontradas nas residências de Vila Maiauatá, por ordem alfabética do nome popular (abril a julho de 2017).
NOME POPULAR NOME CIENTÍFICO FAMÍLIA INDIVÍDUOS
Arara vermelha Ara macao Psittacidae 1
Ararajuba Guaruba guarouba Psittacidae 1
Bigode Sporophila lineola Thraupidae 9
Caboclinho lindo Sporophila minuta Thraupidae 8
Canário do campo Emberizoides herbicola Thraupidae 5
Corruíra Troglodytes musculus Troglodytidae 2
Curió Sporophila angolensis Thraupidae 39
Gavião carijó Rupornis magnirostris Accipitridae 1
Maria bonita Taeniotriccus andrei Rhynchocyclidae 3
Papagaio Amazona amazonica Psittacidae 31
Patativa Sporophila plumbea Thraupidae 11
Periquito Brotogeris chrysoptera Psittacidae 7
Periquitinho Brotogeris chiriri Psittacidae 9
Periquito australiano Melopsittacus undulatus Psittacidae 15
Pretinho do igapó Knipolegus poecilocercus Tyrannidae 3
Sabiá Turdus leucomelas Turdidae 17
Sanhaçu da Amazônia Tangara episcopus Thraupidae 5
Tiziu Volatinia jacarina Thraupidae 1
Trinca ferro Saltator similis Thraupidae 2
Tucano Ramphastos toco Ramphastidae 1
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Destacar-se-a, que dentre as aves encontradas, as espécies arara-vermelha Ara macao (LINNAEUS,
1758), ararajuba Guaruba guarouba (GMELIN, 1788), curió Sporophila angolensis (LINNAEUS, 1766),
papagaio-do-mangue Amazona amazônica (LINNAEUs, 1766), sabiá Turdus leucomelas (VIEILLOT, 1818),
sanhaçu-da-amazônia Tangara episcopus (LINNAEUS, 1766) e tucano Ramphastos toco (STATIUS MULLER,
1776) são as exemplares mais cobiçadas no tráfico ilegal de animais silvestres.
Referente à alimentação de papagaios, as aves comem frutas, verduras e alguns produtos industrializados
como bolacha e a farinha misturada ao açaí, além da ração baseada em semente de girassol, estando a água
disponibilizada para os animais o tempo todo. Quanto aos hábitos alimentares de psitacídeos em cativeiro,
Perencin et al (2011) comenta que a maioria das aves são induzidas a uma dieta baseada em misturas de sementes,
predominando o girassol e rações nutricionalmente balanceadas para animais domésticos.
Ressaltar-se-á que os produtos alimentícios oferecidos às AS mantidas como animais de estimação são
muito pouco similares aos disponíveis para a alimentação do animal na natureza. Isso prejudica a saúde e a
longevidade das aves, pois possuem excesso de gordura, quantidade e relação de cálcio e de fósforo inadequadas,
além de níveis de aminoácidos e de vitaminas insuficientes, como observado na alimentação do sabiá.
De acordo com as respostas obtidas nos questionários em relação aos motivos da criação de AS como
animais de estimação, a motivação cultural, caracterizada pela transmissão de hábitos e costumes através das
gerações e o prazer pessoal são os principais fatores que levam a essa atividade, como observado na criação do
trinca ferro (Saltador similis).
O fator econômico apesar de não fazer parte das opções do questionário foi citado por 9 entrevistados; tal
fator está ligado ao poder aquisitivo que alguns proprietários de aves possuem e que possibilita uma melhor
criação das aves, uma vez que a disponibilidade de recursos financeiros permite a compra de melhor alimento,
remédio, gaiola, etc.
A beleza do animal que está relacionada às cores das penas, tamanhos variados e distração, também
aparece como justificativa para esta prática. A apreciação do canto e da beleza da ave também é um dos maiores
motivos pelos quais pessoas as criam (Barbosa et al., 2010; Farias & Alves, 2007; Salgado et al., 2008). Em
relação à motivação por hobby, enquanto alguns entrevistados relataram que desde crianças adquirem as aves e
as consideram um animal de estimação outros, porém, as descrevem como uma atividade de entretenimento.
Durante o estudo ficou evidente que a diversidade das aves criadas como animais de estimação na
comunidade de Vila Maiauatá é bastante significativa e cada espécie apresenta características únicas que as
diferem de todas as outras. Apresenta uma forte herança cultural repassada através das gerações; este último fato
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
influencia alguns moradores a manter animais da fauna silvestre como animais de estimação, atividade
incentivada pela falta de fiscalização de órgãos responsáveis pela manutenção e preservação do meio ambiente.
4. CONCLUSÃO
Na área do presente estudo constatou-se que a maioria das aves silvestres ali encontradas eram utilizadas
apenas como animais de estimação e que sua origem possivelmente era o comércio ilegal, isto é, eram compradas
de forma não legalizada e sem qualquer autorização de órgãos responsáveis. Constatou-se também que essa
atividade está ligada aos valores culturais que são repassados de pais para filhos, se proliferando diariamente e
consequentemente levando muitas espécies da avifauna a um alto grau de vulnerabilidade.
Alguns criadores informaram que começaram a criar aves desde sua infância e trouxeram para vida adulta
esse hábito. Esse fato indica a força da transmissão de saberes de uma geração para outra, haja vista que, para as
pessoas continuarem criando aves se faz necessário que estas saibam como fazê-lo. A maioria das espécies de
aves citadas como animais de estimação na comunidade eram canoras, evidenciando que a vocalização é o
principal fator para a obtenção das aves. O prejuízo decorrente desta prática consiste principalmente na privação
da liberdade do animal, assim como maus tratos, gerados por aqueles que as veem apenas como “mercadoria”.
Entretanto, é possível identificar grande apreço e afeto que algumas pessoas têm por aves, o que as leva a criar as
mesmas com bastante zelo, e até dispensar diversos cuidados e gastos para promover o bem estar das mesmas.
REFERÊNCIAS
ALBUQUERQUE, U. P.; LUCENA, R. F. P. Métodos e técnicas para coleta de dados. Recife, Núcleo de
Pesquisa em Etnobotânica e Ecologia Aplicada, 550p, 2004.
ALMEIDA, M. A. Influências dos sistemas artificial e natural de incubação e criação de Emas (Rhea americana)
nos índices produtivos de criadouros do estado de São Paulo. São Paulo, Dissertação de Mestrado (Mestrado em
Reprodução Animal) - Universidade de São Paulo, Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, 75p, 2003.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
ALVES, R. R. N.; ROSA, I. L.; SILVA, C. C. Comércio informal de animais para fins medicinais em áreas
urbanas: implicações para sustentabilidade e saúde pública. IV Encontro Nacional e II Encontro Latino
Americano sobre Edificações e Comunidades Sustentáveis. Campina Grande, Universidade Estadual da Paraíba,
2007.
ANDRADE, M.A. A Vida das aves. Belo Horizonte, Editora Líttera Maciel, 1993.
BARBOSA, J. A. A.; Veruska, A. N.; Alves, R. R. N. Aspectos da caça e comércio ilegal da avifauna silvestre
por populações tradicionais do semiárido paraibano. Revista de Biologia e Ciências da Terra, 10, 2, 2º Sem, 2010.
BIRDLIFE INTERNATIONAL. Threatened birds of the world. Cambridge, UK: BirdLife International, CD,
2004.
COMITÊ BRASILEIRO DE REGISTROS ORNITOLÓGICOS (CBRO). Lista das Aves Brasileiras. 11ª Edição.
Versão 01/01/2014. Disponível em: <http://www.cbro.org.br/CBRO/listabr.htm>. Acesso em: [20/03/2017].
FARIAS G. B.; ALVES, A. G. C. Aspectos históricos e conceituais da etnoornitologia. Biotemas, 20, 1, 91-100,
mar, 2007.
FERREIRA, C. M. Diagnóstico da avifauna capturada ilegalmente no Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. Porto
Alegre, Dissertação de Mestrado (Mestrado em Biociências) – Faculdade de Biociências PUCRS, 70p, 2001.
FRISCH, J. D. Aves Brasileiras. São Paulo, Dalgas - Ecoltec Ecologia Técnica, 1, 1981.
GAMA, T. P.; SASSI, R. Aspectos do comércio ilegal de pássaros silvestres na cidade de João Pessoa, Paraíba,
Brasil. Gaia Scientia, 2, 2, 1-20, 2008.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
MUSITI, B. W. The Silence Forest. Word Conservation, julho-dezembro. Disponível em: http://www.iucn.org.
Acesso em: [11/09/ 2016].
NOGUEIRA NETO, P. A. A Criação de animais indígenas vertebrados. São Paulo, Tecnapis, 1973.
PERENCIN, F. et al. Manual informativo sobre posse responsável de psitacídeos. Botucatu, Universidade
Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, 2011.
POLIDO, A. P.; OLIVEIRA, A. M. M. O comércio ilegal de animais silvestres no Brasil. São Paulo, Trabalho
de Conclusão do Curso de Ciências Biológicas das Faculdades Integradas São Camilo, 1997.
RIDGELY, R. S. Curió, Avinhado, Oryzoborusangolensis. In: GWYNNE, J. A.; Tudor, G. et al. Aves do Brasil,
vol. 1. Pantanal & Cerrado. São Paulo, Editora Horizonte. 2010.
SALGADO, A. C.; RODRIGUES, E. A.; ANTUNES, A. Z. Comércio ilegal de avifauna na região metropolitana
de São Paulo. IF Sér. Reg., São Paulo, 36, 41-47, jul, 2008.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
SILVEIRA, L. F.; MÉNDEZ, A. C. Caracterização das Formas Brasileiras do Gênero Sicalis (Passeriformes,
Emberizidae). Ivaiporã, Atualidades Ornitológicas, 90, 6-8, 1999.
YIN, R.K. Estudo de caso: planejamento e métodos. Porto Alegre, Bookman. 2001.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Caroline Mascarenhas Ribeiro1; Rayane de Nazaré Martins Sales2; Juliane Ribeiro das Chaves3; Carlos Eduardo
Aguiar de Souza Costa4; Laila Rover Santana5; Ana Carolina Assmar de Lima Rabelo6
1 Graduanda de Engenharia Sanitária e Ambiental. Universidade Federal do Pará.
[email protected]
2 Graduanda de Engenharia Sanitária e Ambiental. Universidade Federal do Pará.
[email protected]
3 Engenheira Sanitarista e Ambiental. Universidade Federal do Pará. [email protected]
4 Mestre em Engenharia Civil. Universidade Federal do Pará. [email protected]
5 Engenheira Ambiental. Universidade Federal do Pará. [email protected]
6 Mestra em Engenharia Ambiental. Universidade Federal do Rio de Janeiro. [email protected]
RESUMO
A perfuração de poços na região de Belém vem sendo utilizada como uma opção para o abastecimento público,
onde cerca de 46% da água consumida provém de mananciais subterrâneos. A existência de uma enorme
quantidade de água percolada nos sedimentos Barreiras e na Formação Pirabas contribui para esta alternativa.
Dessa forma, o trabalho objetivou propor uma ampliação do sistema de abastecimento do bairro Benguí,
localizado em Belém (PA), através da construção de um poço tubular profundo. O método para a realização da
referida proposta baseou-se na análise qualitativa e quantitativa, sendo que para a coleta dos dados e das
informações usou-se pesquisa documental. Conclui-se que a captação de água subterrânea deveria ser utilizada
para complementar os serviços de abastecimento já existentes, os quais, infelizmente, não atendem a todos em
virtude das altas taxas de crescimento populacional.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
1. INTRODUÇÃO
Segundo a resolução do CONAMA n.º 396 de 2008, as águas subterrâneas são definidas como águas que
ocorrem natural ou artificialmente no subsolo. Essas águas estão armazenadas nos espaços vazios de formações
geológicas passíveis de serem exploradas, denominadas de aquíferos, que no latim significa “carregar água”.
Os aquíferos são unidades geológicas com capacidade de armazenar e produzir quantidades expressivas
de água subterrânea para abastecimento humano (LEITE et al.,2011). Assim, a crescente demanda populacional,
a extração e o uso ao longo dos anos proporcionaram uma forte pressão antrópica nas cidades (ALMEIDA, 2010)
Neste contexto, o bairro do Benguí, localizado na Região Metropolitana de Belém, é atendido com água
proveniente de poços artesianos que são compostos pelos aquíferos livres Barreiras e Pirabas. O aquífero Barreiras
está situado a 70 m de profundidade, caracterizado com elevado teor de ferro, enquanto o Pirabas está em torno
de 80 a 280 m de profundidade, caracterizado com baixos teores de ferro e elevado teores de dureza, sendo este,
o aquífero mais explorado, segundo o Plano Diretor da Região Metropolitana de Belém.
A perfuração de poços na região de Belém vem sendo utilizada como uma opção para o abastecimento
público. A água consumida proveniente de mananciais subterrâneos já corresponde a cerca de 46%, e a existência
de uma enorme quantidade de água percolada nos sedimentos Barreiras e na Formação Pirabas contribui para esta
alternativa. Este trabalho tem como objetivo identificar a necessidade de ampliação do sistema de abastecimento
de água do bairro Benguí, localizado em Belém (PA), através de uma proposta de construção de poço tubular
profundo.
2. MATERIAL E MÉTODOS
O Bairro do Bengui possui uma área de 0,19 ha, com uma população estimada em 30.161,30 habitantes.
A localização e a delimitação do bairro estão representadas na Figura 1.
O bairro está inserido no Distrito Administrativo do Benguí – DABEN, onde grande parte dos bairros é
de classe baixa, com grandes extensões de aglomerados subnormais (IBGE, 2010). Porém, o Benguí representa
grande área de expansão da cidade, através de construção de edifícios de médio - alto padrão, condomínios
fechados, supermercados, farmácias, escolas particulares e de idiomas, faculdades, entre outros. Nessa área são
evidentes as desigualdades sócias espaciais, as quais são verificadas através do contraste das moradias precárias
convivendo com edifícios e condomínios de alto padrão. É uma área “recém-descoberta” pelos agentes
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
imobiliários, que vive em constante crescimento demográfico devido à saturação e encarecimento de terrenos no
centro de Belém (GUSMÃO, 2013).
Além das desigualdades sócio espaciais, os índices de sustentabilidade do uso da água no bairro, que tem
por objetivo monitorar o sistema de abastecimento de água e variam de 0 a 1 de acordo com o grau de importância,
mostram a heterogeneidade no desempenho do distrito. O saneamento apresenta um índice de 0,32, devido
praticamente a inexistência de rede de coleta de esgoto. Somado a isso, o índice de atendimento de água é de 0,64,
abaixo da média pois o distrito tem o segundo menor número de ligações. Dessa forma, suas condições mais
desfavoráveis são sócios espaciais, socioeconômicas e, especialmente, relacionadas ao saneamento (FENZL;
MENDES; FERNANDES, 2010).
O método para a realização da referida proposta baseou-se na análise qualitativa e quantitativa, sendo
que para a coleta dos dados e das informações usou-se pesquisa documental. O levantamento foi realizado em
Ficha Técnica Completa de Poço, disponibilizada no banco de dados do Sistema de Informações de Águas
Subterrâneas (SIAGAS) desenvolvido pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM), que é composto por uma base
de dados de poços permanentemente atualizados e de módulos capazes de realizar consulta, pesquisa, extração e
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
geração de relatórios. Foi realizado levantamento junto a Companhia de Saneamento do Pará (COSANPA), bem
como pesquisa de campo.
Os dados e as informações levantadas foram relacionados com outros relatórios de poços da área no
SIAGAS. Essa análise permitiu avaliar algumas características disponibilizadas do poço tomado como referência.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A partir dos dados censitários, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), buscou-se a
população no bairro do Benguí, localizado em Belém/PA (Tabela 1). Para obter uma maior amplitude do
atendimento de água para a população, o projeto foi dimensionado para 20 anos, ou seja, a população foi calculada
no intervalo dos anos de 2016 e 2036.
A população estimada no ano de 2036 foi obtida através do Modelo de Crescimento Geométrico (Equação
1).
Onde:
Kg: Coeficiente de população
Pt: População final (hab.)
P0: População inicial (hab.)
A vazão que abastece o bairro do Benguí, através de três poços, corresponde somente a 400 m3/h. Essa
vazão é inferior ao consumo que a população necessita. A captação da água será realizada para o fornecimento
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
de consumo doméstico, portanto, foi considerado o consumo per capita de água do município de Belém, que
segundo o Sistema Nacional de Informações Sobre Saneamento - SNIS é de 158 l/hab.dia (BRASIL, 2014).
É importante ressaltar que de acordo com a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade
(SEMAS), o bombeamento de água subterrânea é consentido somente durante 16 horas diárias, razão para nessa
proposta ser adotado esse valor. Desse modo, considerando a população de 32.923 habitantes, o consumo per
capita de água de 158 l/hab.dia, os coeficientes K1 e K2 iguais a 1,2 e 1,5 respectivamente, o bombeamento de 16
horas diárias e mais o acréscimo de 5% na vazão final para limpeza do reservatório e eventualidades, a vazão
necessária para o projeto resultará em 614,52 m³/h (Calculada pela Equação 2).
i×k×Tl ×Tm
Q= + 5% (2)
n b.eWW
Q = 170,70 l/s = 614,52 m³/h
Onde:
Q: Vazão (m³/h)
P: População à ser atendida (hab.)
q: Consumo per capita de água (l/hab.dia)
K1: Coeficiente do dia de maior consumo
K2: Coeficiente da hora de maior consumo
n: número de horas de bombeamento
Dessa maneira, a vazão total necessária precisa ser de 614,52 m³/h. Como os poços do setor já possuem
vazão de 400 m3/h, a vazão para o novo poço será de aproximadamente 215 m3/h.
Diante das informações obtidas no SIAGAS, o poço utilizado como referência hidrogeológica para essa
proposta foi identificado sob o número 1500001946, por retirar água tanto do Aquífero Barreiras quanto do
Pirabas. Este poço possui uma profundidade inicial de 81 m, o qual corresponde a geologia do Barreiras e
profundidade final de 280 m, onde é encontrada a Formação Pirabas. O Sistema de Aquíferos é do tipo confinado,
isto é, a pressão da água no topo é maior do que a pressão atmosférica. O topo do aquífero está a 260 m de
profundidade e sua base a 266 m. A penetração é total e sua captação é única. As características litológicas mais
predominantes são: argila, areia grossa e areia conglomeratica.
Distante 245 m do poço de referência, o poço proposto localiza-se na região posterior do Setor da
COSANPA Benguí, em uma área aberta onde não há residências. A localização do poço 1500001946 e do
proposto nesse estudo é apresentada na Figura 2.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Com base nos dados do poço de referência número 1500001946 foi possível verificar as características do
aquífero e do poço proposto (Tabela 2).
O aproveitamento da água subterrânea tem se mostrado como uma importante solução no abastecimento
público de água na Amazônia, pois, a região apresenta grande potencial de reservação de água da chuva em seu
solo. Desta maneira, frente à carência dessa infraestrutura e as altas taxas de crescimento da população, que
identifica o Bairro do Bengui como área de expansão de Belém, a captação deste recurso seria a alternativa mais
viável para este contexto, com a proposta de perfuração de poços, no qual garantirá água para um tempo de retorno
de 20 anos.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
Vale ressaltar que os métodos utilizados nos certificam a eficiência e a qualidade desse recurso hídrico,
não necessitando de tratamentos muito complexos antes de chegar às residências, diferentemente das águas
superficiais.
A intenção deste trabalho é mostrar que a captação de água subterrânea deveria ser utilizada para
complementar os serviços de abastecimento já existentes, os quais, infelizmente, não atendem a todos em virtude
das altas taxas de crescimento populacional.
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, O. A. Qualidade da Água de Irrigação.Embrapa Mandioca e Fruticultura, Cruz das Almas, ed.1,
2010.
BRASIL. Ministério das Cidades. Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento: Diagnóstico dos serviços
de água e esgotos - 2013. Brasília, 2014. Disponível em:
<http://www.snis.gov.br/PaginaCarrega.php?EWRErterterTERTer=105> Acesso em: 1 mai. de 2016.
FEITOSA, FERNADO A.C; FILHO, J.M. Hidrologia: conceitos e aplicações. CPRM/UPFE, Fortaleza. 2. ed.
185 - 202p.
IBGE (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRÁFIA E ESTATÍSTICA). Dados referentes aos censos de 2000,
e estimativa de 2010 do município de Paragominas. Disponível em: http://www.sidra.ibge.gov.br/bda/popul/.
Acesso em: 20 de fev.de 2016.
Realização:
Belém (PA), 29 de novembro a 1 de dezembro 2017
ISSN 2316-7637
SÃO PAULO. Departamento de Águas e Energia Elétrica. Manual de operação e manutenção de poços. 3. ed.
1982.
Realização: