Dissertação - Ciências Florestais - Sixpence - FAEF-2023

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FACULDADE DE AGRONOMIA E ENGENHARIA FLORESTAL

MESTRADO EM CIÊNCIAS FLORESTAIS COM ESPECIALIZAÇÃO EM ECONOMIA E


MANEIO FLORESTAL

Impactos da pandemia da COVID-19 na exploração da madeira em Moçambique

SIXPENCE MANUEL SIXPENCE

Maputo, Outubro de 2023


UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE

FACULDADE DE AGRONOMIA E ENGENHARIA FLORESTAL

Impactos da pandemia da COVID-19 na exploração da madeira em Moçambique

Dissertação apresentada ao curso de pós-graduação em Ciências Florestais com especialização


em Economia e Maneio de Florestas como requisito parcial à obtenção do grau de Mestrado em
Ciências Florestais com Especialização em Economia e Maneio de Florestas.

Supervisor:
Prof. Doutor Mário Paulo Falcão

Autor:
Sixpence Manuel Sixpence

Maputo, Outubro de 2023

i
DECLARAÇÃO DE HONRA

Declaro por minha honra que esta dissertação nunca foi apresentada para a obtenção de qualquer
grau académico ou em evento e que constitui o resultado do meu trabalho. A presente dissertação
é apresentada em cumprimento parcial dos requisitos para a obtenção do grau de mestre em
Ciências Florestais com Especialização em Economia e Maneio de Florestas na Faculdade de
Agronomia e Engenharia Florestal da UEM.

Autor

___________________________________________
(Sixpence Manuel Sixpence)

Supervisor

____________________________________________________

(Professor Doutor Mário Paulo Falcão)

ii
DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho especialmente ao meu filho Lemuel Sixpence, ao meu ente querido pai
Manuel Sixpence que sempre me incentivou a estudar e nunca desistir dos desafios que a vida iria
me colocar, à minha mãe Isabel Manuel João Macuesse, ao meu tio Ilídio Paulo Macuesse, aos
meus irmãos Jorge, Cristovão, Sadamo e Marta Sixpence, e a todos meus amigos e conterrâneos
pelo amor e carinho que tem por mim e pelo orgulho que têm da minha trajectória académica.

iii
AGRADECIMENTO

Sou grato a Deus por me ter concedido vida com força, saúde e sabedoria para ultrapassar
momentos de grandes desafios sem ter desistido desse objectivo na minha vida.

Agradedeço a minha esposa e minha mãe pelo apoio moral durante este percurso académico e
para o avanço desta dissertação.

À Universidade Eduardo Mondlane pela admissãoe atribuição da bolsa de estudo sob programa
ASDI 1.2.3 do governo da Suécia, que facilitou bastante a frequência nos estudos e a pesquisa
para a dissertação, no âmbito da recolha de dados nas províncias de Nampula, Zambézia, Sofala,
Manica e Tete.

Ao meu professor e orientador Mário Paulo Falcão (PhD), pela sua disponibilidade, dedicação e
paciência em me orientar (criticar, corrigir e sugerir) para melhoria do presente trabalho.

O meu agradecimento é extensivo aos professores do programa de Pós-graduação na Facudade


de Agronomia e Engenharia Florestal em particular aos do curso de mestrado em Ciências
Florestais que me dotaram de conhecimentos que contribuiram para a efectivação deste trabalho
e a toda equipe da secretaria de pós graduação pela orientação durante todo período do curso.

A UEM em parceria com a ASDI 1.2.3 do governo da Suécia pela bolsa concedida, que facilitou
bastante os meus estudos e a minha pesquisa, no âmbito da recolha de dados nas províncias de
Nampula, Zambézia, Sofala, Manica e Tete.

Aos meus excelentes colegas do curso do mestrado: Focas, Amélia, Augusto, Edna, Isolda e
Hunilcia pela partilha de conhecimentos e materiais de estudo ao longo da nossa formação.

iv
LISTA DE ABREVIATURA & SIGLAS

AAS - Amostragem Aleatória Simples


ANOVA - Análise de Variância
CAA- Corte Anual Admissível
COVID-19- Corona Vírus Dezembro de 2019
DINAF - Direcção Nacional de Florestas
DMS- Diferença Mínima Significativa
EIA - Agência de Investigação Ambiental
EUA- Estados Unidos da América
FAO – Organização para Alimentação e Agricultura
INE - Instituto Nacional de Estatística
IPEX- Instituto para Promoção de Exportações
SRMO (MERS) – Síndrome Respiratório do Médio Oriente
MTA – Ministério da Terra e Ambiente
MT – Metical
m3 - Métros Cúbicos
OIT- Organização Internacional de Trabalho
PIB - Produto Interno Bruto
PC19- Pandemia da Covid-19
SARS - Síndrome Respiratória Aguda Grave
SPA - Serviço Provincial de Ambiente
SPFFB - Serviço Provincial de Floresta e Fauna Bravia
UNDESA- Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais das Nações Unidas
UA- União Africana
UN- Nações Unidas
USD- Dolar dos Estados Unidos
US$- Câmbio dos Estados Unidos
VCD- Volume Comercial Disponível
VTEN- Volume Total das Espécies Nativas
VCTE- Volume Comercial de Todas as Espécies

v
RESUMO

A pandemia da COVID-19 levou ao encerramento de fronteiras como medidas para conter a


rápida propagação do virus entre os países, o que causou limitações no comércio da madeira,
comprometendo a contribuição do sector no PIB. A pesquisa teve como objectivo analisar os
impactos da COVID-19 na a exploração da madeira em Moçambique. A população da pesquisa
foram os operadores madeireiros concessionários por operarem em toda cadeia da madeira, desde
corte, processamento e venda, e, para garantir sua maior representação, foram escolhidas as
províncias com maior número de operadores e devido a existência de consideráveis áreas de
floresta produtiva, nomeadamente: Manica, Nampula, Sofala, Tete e Zambézia. A amostragem
aplicada foi estratificada, em que as províncias seleccionadas representaram os estratos onde em
cada uma, foi feita a amostragem aleatória simples para selecção dos indivíduos que fariam parte
do estudo. A análise de dados foi na base de estatísticas produzidas atráves da ANOVA e do teste
de comparação de médias com destaque para o teste de Tukey ao nível de significância de 5%,
tendo em conta os seus pressupostos e adequação deste teste, à natureza do estudo. Os resultados
da pesquisa mostram que a pandemia da COVID-19 teve efeitos multiplicadores sobre a
economia, visto que o encerramento das fronteiras, reduziu significativamente a demanda por
madeira, o que causou decréscimo dos volumes explorados em 6%, resultando na queda da
procura por licença e consequentemente na redução das receitas de licenciamento do governo em
17%. Por outro lado, os preços médios da madeira reduziram em 22%, o que comprometeu o
rendimento dos operadores que, por sua vez, reduziram os salários em 23% assim como a mão-
de-obra em 31%, aumentando o nível de desemprego e redução do poder de compra dos
trabalhadores. Adicionalmente, observaram-se crescentes casos de roubo da madeira e queimadas
descontroladas, influenciados pela redução da fiscalização e de campanhas de sensibilização
contra queimadas nas zonas próximas as áreas das concessões. Observou-se também paralização
das actividades de reflorestamento e atrasos no desembolso dos 20% referentes ao maneio
comunitário, pelos Serviços Provinciais do Ambiente. Com base nestes resultados, concluiu-se
que a pandemia da COVID-19 na exploração da madeira em Moçambique teve impactos
negativos em termos socioeconómicos e ambientais, com aumento de desemprego, redução dos
níveis de produção e das receitas para o governo, aumento de áreas desmatadas e perda das áreas
de reflorestamento devido a redução da capacidade de fiscalização e dos programas de maneio.

Palavra - chave: Exploração madeireira, covid-19, impactos socioeconómicos e ambientais.

vi
ABSTRACT

The COVID-19 pandemic led to the closure of borders as measures to contain the rapid spread of
the virus between countries, which caused limitations in the timber trade, compromising the sec-
tor's contribution to GDP. The research aimed to analyze the impacts of COVID-19 on timber
exploration in Mozambique. The research population were concessionary timber operators as they
operate throughout the entire timber chain, from cutting, processing and sales, and, to ensure
greater representation, the provinces with the largest number of operators were chosen and due to
the existence of considerable productive forest areas, namely: Manica, Nampula, Sofala, Tete and
Zambézia. The sampling applied was stratified, in which the selected provinces represented the
strata where in each one, simple random sampling was carried out to select the individuals who
would take part in the study. Data analysis was based on statistics produced through ANOVA and
the mean comparison test, with emphasis on the Tukey test at a significance level of 5%, taking
into account its assumptions and suitability of this test, to the nature of the study. The research
results show that the COVID-19 pandemic had multiplier effects on the economy, as the closure
of borders significantly reduced the demand for wood, which caused a decrease in the volumes
exploited by 6%, resulting in a drop in demand for license and consequently reducing government
licensing revenues by 17%. On the other hand, average wood prices fell by 22%, which compro-
mised the income of operators who, in turn, reduced wages by 23% as well as labor by 31%,
increasing the level of unemployment and reduction in workers’ purchasing power. Additionally,
there were increasing cases of wood theft and uncontrolled burning, influenced by the reduction
in inspection and awareness campaigns against burning in areas close to the concession areas.
There was also a halt in reforestation activities and delays in the disbursement of the 20% for
community management, by the Provincial Environmental Services. Based on these results, it
was concluded that the COVID-19 pandemic on timber exploration in Mozambique had negative
impacts in socioeconomic and environmental terms, with an increase in unemployment, a reduc-
tion in production levels and revenue for the government, an increase in deforested areas and loss
of reforestation areas due to reduced inspection capacity and management programs.

Keywords: Logging, covid-19, socioeconomic and environmental impacts.

vii
ÍNDICE

Conteúdo Página

DECLARAÇÃO DE HONRA ...................................................................................................... ii


DEDICATÓRIA ........................................................................................................................... iii
AGRADECIMENTO ................................................................................................................... iv
LISTA DE ABREVIATURA, SIGLAS E SÍMBOLOS ................................................................v
RESUMO ..................................................................................................................................... vi
ABSTRACT ................................................................................................................................ vii
I.INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................1
1.1.Contextualização ....................................................................................................................1
1.2.Problema e Justificativa do estudo .........................................................................................2
1.3.Objectivos ..............................................................................................................................3
1.3.1.Geral: ................................................................................................................................3
1.3.2.Específicos: .......................................................................................................................3
II.REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ...................................................................................................4
2.1.Impactos da Covid-19 na exploração da madeira . ................................................................4
2.1.1.Impactos económicos da covid-19 ...................................................................................4
2.1.2.Impactos sociais da covid-19 . ..........................................................................................6
2.1.3.Impactos ambientais da covid-19 . ...................................................................................7
2.1.4.Estudos Similares .............................................................................................................8
2.2.Característica da exploração madereira em Moçambique .....................................................9
2.2.1.Regimes de exploração .....................................................................................................9
i.Regime de licença simples ....................................................................................................9
ii.Regime de concessão florestal .............................................................................................9
2.2.2.Processamento da madeira ..............................................................................................11
2.2.3.Comércio madereiro em Moçambique ...........................................................................11
i.Comércio doméstico............................................................................................................12
ii.Comércio internacional ......................................................................................................12
2.2.4.Empregabilidade no sector madeireiro ...........................................................................13

viii
2.3.Testes de comparação de médias .......................................................................................14
III.METODOLOGIA ...................................................................................................................15
3.1.Localização da Área de Estudo ............................................................................................15
3.1.1.Província de Manica .......................................................................................................15
3.1.2.Província de Nampula.....................................................................................................15
3.1.3.Província de Sofala .........................................................................................................15
3.1.4.Província de Tete ............................................................................................................16
3.1.5.Província da Zambézia ...................................................................................................16
3.2.Trabalho de campo ...............................................................................................................16
3.2.1.Desenho de amostragem .................................................................................................16
3.2.2.Instrumentos e implementação da Amostragem .............................................................18
i.Técnicas de recolha de dados ..............................................................................................18
a) Inquérito ..........................................................................................................................18
b) Entrevista ........................................................................................................................18
c) Análise documental.........................................................................................................18
3.3.Processamento e análise de dados ........................................................................................18
3.3.1.Variáveis de estudo .........................................................................................................20
IV.RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................................21
4.1.Caracterização das empresas madereiras .............................................................................21
4.1.1.Perfil das empresas madeireiras......................................................................................21
4.2.Impactos económicos da covid-19 .......................................................................................23
4.2.1.Exploração de madeira ...................................................................................................23
i.Volume licenciado ..............................................................................................................23
ii.Volume de madeira explorada ...........................................................................................25
a) Teste de Tukey ..................................................................................................................26
4.2.2. Processamento de madeira .............................................................................................27
4.2.3.Tipo de madeira ..............................................................................................................29
4.2.4.Espécies exploradas por província..................................................................................29
4.2.5.Receitas do licenciamento madeireiro ............................................................................31
4.2.6.Comércio de madeira ......................................................................................................32
i.Mercado Doméstico ............................................................................................................33
i.Mercado Internacional ........................................................................................................33

ix
4.2.7.Preço de madeira por espécie .........................................................................................33
4.2.8.Acesso ao Financiamento ...............................................................................................37
4.3.Impactos sociais da covid-19 ...............................................................................................38
a)Teste de Tukey ...................................................................................................................40
i. Nível de empregabilidade por regime contratual .............................................................42
ii. Nível de empregabilidade por sector de actividade ........................................................43
iii. Nível de empregabilidade por género ............................................................................44
4.3.1.Contaminações por covid-19 nas empresas madeireiras ................................................45
4.3.2.Níveis de salários por província .....................................................................................46
4.3.3.Níveis de furtos de madeira nas concessões madeireiras ...............................................47
4.3.4..Maneio comunitário florestal .........................................................................................48
4.4.Impactos da Covid-19 sobre o meio ambiente .....................................................................49
4.4.1.Niveis de incéndios nas concessões madeireiras ............................................................49
4.4.2.Nível de reflorestamento.................................................................................................49
4.4.3.Frequência de fiscalização. .............................................................................................50
V.CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ...............................................................................51
5.1.Conclusão .............................................................................................................................51
5.2.Recomendações ....................................................................................................................52
5.3.Lições aprendidas. ................................................................................................................52
VI.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................................53

x
LISTA DE FIGURAS

Conteúdos Página

Figura 1: Evolução dos regimes de exploração por regime de exploração. ................................10


Figura 2: Distribuição de empregos do sector florestal por província. ........................................14
Figura 3: Maquinaria de ponta, Província de Tete......... ..............................................................23
Figura 4: Maquinaria obsoleta, Província de Nampula. ...............................................................23
Figura 5: Evolução dos níveis de licenciamento madeireiro por província. ................................24
Figura 6: Evolução do volume médio da madeira serrada e em toros por província ...................27
Figura 7: Processamento de tábuas, Tete .....................................................................................29
Figura 8: Área de armazenamento, unidade industrial, Tete. .......................................................29
Figura 9: Distribuição das receitas de licenciamento madeireiro por província ..........................32
Figura 10: Evolução dos preços por tipo de madeira, província de Manica ................................34
Figura 11: Evolução dos preços por tipo de madeira, provincia de Nampula. .............................35
Figura 12: Evolução dos preços por tipo de madeira, província de Sofala. .................................35
Figura 13: Evolução dos preços por tipo de madeira, província de Tete. ....................................36
Figura 14: Evolução de preços por tipo de madeira, província da Zambézia. .............................37
Figura 15: Acesso ao crédito para os operadores madeireiros concessionários por província ....38
Figura 16: Distribuição da mão-de-obra por província. ...............................................................39
Figura 17: Variação da mão-de-obra nas concessões madeireras. ...............................................42
Figura 18: Evolução da mão-de-obra por regime. ........................................................................42
Figura 19: Evolução do nível de empregabilidade nas empresas madeireiras. ............................43
Figura 20: Evolução de casos de contaminações nas empresas madeireiras. ..............................45
Figura 21: Níveis salariais nas empresas madeireiras por província.. ..........................................46
Figura 22: Evolução do nível de furto de madeira por província. ................................................47
Figura 23: Evolução da canalização dos 20% no âmbito do maneio comunitário. ......................49

xi
LISTA DE TABELAS

Conteúdos Página

Tabela 1: Número de operadores de concessões florestais activos por província ........................17


Tabela 2: Relação das variáveis de estudo ...................................................................................20
Tabela 3: Estrutura da disposição dos dados para comparações de médias. ................................23
Tabela 4: Variação de número de concessões florestais por província ........................................21
Tabela 5: Distribuição de operadores concessionários por tipo de tecnologia e investimento. ...22
Tabela 6: Variação do volume de madeira explorada por província (2018-2021).. .....................25
Tabela 7 : Análise de Variância das médias dos tratamentos.......................................................26
Tabela 8: Resultados do teste de Tukey para volumes de madeira explorada .............................27
Tabela 9: Estatística descritiva da receita pelo licenciamento. ....................................................31
Tabela 10: Análise de Variância das receitas do licenciamento madereiro. ................................31
Tabela 11: Estatística descritiva do nível de empregabilidade.....................................................39
Tabela 12: Tabela ANOVA dos níveis de empregabilidade entre as províncias.. .......................40
Tabela 13: Resultados do teste de Tukey para níveis de empregabilidade. .................................41
Tabela 14: Distribuição de trabalhadores por género.. .................................................................44
Tabela 15: Frequência de fiscalização das concessões. ...............................................................50

xii
LISTA DE ANEXOS

Conteúdos Página

Anexo 1: Guião de questões aos madeireiros ................................................................................ II


Anexo 2: Anexo 2: Guião de perguntas aos Serviços Provinciais do Ambiente (SPA). ........... VII
Anexo 3: Volume de madeira licenciada (m3). .......................................................................... VII
Anexo 4: Volumes de madeira explorada .................................................................................. VII
Anexo 5: Nível de receitas pelo licenciamento madeireiro (concessões). ................................ VIII
Anexo 6: Empregabilidade no sector madeireiro ...................................................................... VIII
Anexo 7: Tabela refrente ao desembolso dos 20% no âmbito do maneio comunitário
florestal. ..................................................................................................................................... VIII
Anexo 8: Tabela da estrutura da disposição dos dados para comparações de médias. ............... IX
Anexo 9: Tabela de espécies, seus nomes científicos e vernanculares ....................................... IX
Anexo 10: Destino da madeira produzida em Moçambique ....................................................... IX
Anexo 11: Distribuição da mão-de-obra por regime de contrato .................................................. X
Anexo 12: Distribuição da mão-de-obra por secção de trabalho .................................................. X

xiii
Impacto da COVID-19 na exploração da madeira em Moçambique

I. INTRODUÇÃO
1.1.Contextualização
Moçambique possui uma área florestal de cerca 34 milhões de hectares e é um dos poucos países
da África Austral que detém uma área considerável de florestas nativas, os principais tipos: o
Miombo, o Mecrusse e o Mopane (Magalhães, 2018).

Carvalho et al. (2005), aponta que as florestas proporcionam melhorias nos indicadores
macroeconómicos de bem-estar social, na geração de renda, na arrecadação de impostos, na
geração de divisas e na melhoria das contas de um país. Para além da importância económica, as
florestas representam um factor importante da geração de empregos e subsistência das
comunidades das zonas rurais (Aquino et al., 2018).

Os produtos da exploração madeireira em Moçambique são comercializados nos mercados


interno e externo, sendo o seu processamento destinado para o consumo próprio assim como para
a comercialização. A madeira produzida destina-se para construção civíl e fábrico de imobiliários
(DINAF, 2019).

A cadeia de valor da madeira produz consideráveis lucros líquidos, com preços variando apenas
por produto e ponto de venda, estimado em US$ 32/m3 da madeira em toros, US$ 44-81/m3 para
madeira serrada no mercado interno, e US$ 61-115/m3 para madeira serrada no mercado externo,
o que desencoraja o processamento para o mercado local (UNIQUE, 2016).

À partir de 2007, Moçambique tem em média, 93% das exportações de madeira destinadas para
China, sendo que de 2013 em diante, tornou-se o maior fornecedor de madeira africana em toros
à China, de acordo com a Environmental Investigation Agency (EIA, 2014).

De acordo com a World Health Organization (WHO, 2019), a COVID-19 é uma doença causada
pelo mais recente coronavírus descoberto em Wuhan, na China, em Dezembro de 2019. O
coronavírus por sua vez é uma família de vírus que pode causar doenças em animais e humanos
provocando infecções respiratórias que podem ser desde um resfriado comum até uma doenças
mais severas como a Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS) e a Síndrome Respiratória
Aguda Grave (SARS).
A eclosão da COVID-19 em Moçambique aconteceu no ano de 2020 com isso, vários decretos
presidenciais foram aplicados para cada nível de contaminação com objectivo de conter a sua

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Impacto da COVID-19 na exploração da madeira em Moçambique

propagação. Muitas dessas medidas tomadas tiveram vários impactos negativos desde
económicos até sociais em vários sectores do país (Boletim da República, 2020). O presente
estudo focou-se na compreensão dos impactos da COVID-19 na exploração da madeira no país.

1.2.Problema e Justificativa do estudo


Segundo Hausmann (2020), o impacto económico da COVID-19 começa com um choque
negativo do lado da oferta onde barreiras comerciais foram impostas, reduzindo o fluxo das
actividades comerciais entre as economias. Furceri et al. (2020), destacam que as principais
epidemias deste século aumentaram a desigualdade de rendimento e prejudicaram as perspectivas
de emprego das pessoas. As estimativas iniciais da Organização Internacional do Trabalho (OIT,
2020) apontavam que a COVID-19 teria impacto no Produto Interno Bruto (PIB) global através
do aumento significativo no desemprego em 25milhões USD.

Dados do Instituto Nacional de Estatística (INE, 2020), mostram que a eclosão da COVID-19
levou a redução do rendimento nacional em 25,55% na indústria extractiva e 5,69% no comércio
nacional como internacional onde países como a China, maior importador da madeira de
Moçambique, restringiram as importações para conter a propagação do vírus sendo que, muitas
empresas tiveram que desempregar seus trabalhadores e algumas enceraram suas actividades
devido a pandemia, aumentando assim o nível de desemprego.

Mosca et al. (2020), acrescentam que as restrições das actividades económicas para contenção da
pandemia da COVID-19, para além de reduzirem os níveis de emprego, causaram a diminuíção
significativa das exportações em relação as importações criando um défice na balança comercial,
e reduziram as receitas de Moçambique aumentando o défice público.

Sengo et al. (2020) destacam que o impacto da pandemia da COVID-19 no tecido empresarial e
no crescimento económico em Moçambique seria grande e que, por conta da COVID-19, o sector
empresarial moçambicano poderia registar perdas entre US$ 234 milhões e US$ 375 milhões.

Sitoe et al. (2003), mostraram que ao longo de vários anos os rendimentos da exploração da
madeira foram baixos, levando a insustentabilidade económica e ecológica da exploração e a
maior perda foi devido a exportação da madeira comercial para China.

A exploração da madeira em Moçambique desempenha um papel importante na medida em que


tem contribuido para o crescimento do PIB onde à partir de 2012, a exportação de madeira para

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Impacto da COVID-19 na exploração da madeira em Moçambique

China aumentou em 22%, estando somente 40.000 m3/ha abaixo do corte anual admissível. Esta
tendência aumentou as importações chinesas e os sectores da silvicultura e a indústria nacional,
onde os dados da exploração da madeira estão distribuidos, contribuíram com 2,6% e 0,9% no
aumento do PIB, respectivamente, com maior destaque para a exploração e comercialização de
madeira (EIA, 2013; Falcão et al., 2015).

De acordo com Mackenzie & Ribeiro (2009), o problema da descrepância de dados entre os
orgãos que gerem o sector e a falta de informação precisa e concisa, tem sido continuo. A presente
pesquisa surgiu pela necessidade de compreender os impactos do surto da pandemia da COVID-
19 na exploração da madeira em Moçambique, com a finalidade de agregar conhecimento e por
via disso, tirar lições para a promoção da exploração sustentável da madeira, através da criação
de estratégias de fortalecimento do sector, para minimizar efeitos de eventos similares no futuro.

1.3.Objectivos
1.3.1. Geral

Analisar os impactos da COVID-19 na exploração da madeira na perspectiva sócio-económica e


ambiental, comparando a evolução do sector antes e durante a pandemia, de 2018 a 2021.

1.3.2. Específicos:
 Caracterizar o perfil das empresas exploradoras da madeira;
 Estimar os volumes da madeira explorada e as respectivas receitas para estado;
 Descrever os níveis de empregabilidade nas empresas abrangidas;
 Destacar a evolução dos incêndios e o nível reflorestamento nas áreas de exploração.
 Esboçar principais lições da pandemia da COVID-19 para a exploração da madeira.

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Impacto da COVID-19 na exploração da madeira em Moçambique

II. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA


2.1.Impactos da COVID-19 na exploração da madeira
2.1.1. Impactos económicos da COVID-19

As restrições impostas para conter a propagação da COVID-19, relativamente a circulação de


pessoas e bens, e o encerramento de fronteiras, afectaram a vida de pessoas dependentes de
produtos florestais; interrompeu o negócio das indústrias madeireiras; causando redução de
receitas públicas, privadas e comunitárias; e provocou perda de renda do sector florestal, tanto
formal como informal (United Nations Department of Economic and Social Afairs, 2020).

De acordo com a United Nations (UN, 2021), o impacto da COVID-19 na exploração madeireira
variou de região para região ou país(es). No caso do sudeste da Europa, países como Albânia,
Bósnia e Herzegovina, Montenegro, Macedônia do Norte e Sérvia, os governos locais apoiaram
com subsídios, às empresas de exploração da madeira enquanto aumentava da procura de produtos
madeireiros, e os impactos sócio-económicos foram relativamente leves. As pequenas perdas
foram devido a interrupções no comércio com países como a China, um dos principais destinos
da madeira na região e, em alguns casos, um encerramento de 2-3 semanas para algumas fábricas
devido as restrições impostas para reduzir o alto risco de contaminação pela COVID-19.

A redução da demanda dos produtos madeireiros influenciou as flutuações de preços no curto


prazo, devido a redução dos níveis de construção civíl e venda de mobiliário nos Estados Unidos
da América e na China. Os preços da madeira decresceram pela metade em Março de 2020,
quando comparados aos do Março do ano anterior, à medida que se tentava controlar a propagação
do virus com de restrição de circulação de pessoas e bens (Wunder et al., 2021). Nos meses
posteriores, com excassêz da madeira, o seu preço voltou a aumentar para níveis historicamente
altos nos dois países (Riddle, 2020; Tao et al., 2021).

Na China, a PC19 afectou negativamente a oferta com a redução em 28,75% das importações e a
demanda da madeira devido as restrições, afectando os níveis de preços. O preço unitário da
madeira em toro decresceu em 16.3%, e da madeira serrada diminuiu 9.9%, de Janeiro a Março
de 2020, sendo crescentes no período posterior. Uma das medidas tomadas foi a limitação dos
recursos madeireiros para suprir a demanda interna adiante e, no final de Março de 2020, apenas
10.9% das empresas madeireiras mantinham uma produção relativamente estável, enquanto
outras 89.1%, enfrentavam dificuldades operacionais ou mesmo falência (Tao et al., 2021).

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Impacto da COVID-19 na exploração da madeira em Moçambique

No caso da África, a PC19 teve um impacto drástico no comércio de madeira tropical quando
comparado com 2019 onde, as exportações da madeira em toro caíram em 28%; de madeira
serrada em 16%; de compensados tropicais em 8%. A intervenção dos governos sobre o sector
foi reduzida e limitada à formulação de políticas e aplicação da lei florestal (Attah, 2021).

Com o agravamento da pandemia em África, muitos países da África austral desviaram


investimentos destinados a actividade de fiscalização da exploração florestal com enfoque para
extração de madeira para investir no sector de saúde com objectivo de reduzir a propagação da
pandemia. Esta decisão deixou o sector frágil e, a exploração ilegal de madeira aumentou
causando um prejuízo de US$17 bilhões anuais (União Africana, 2020), devido à menor
capacidade de fiscalização dos operadores madeireiros (Cherkaoui et al. 2020).

Países como Malawi e Tanzania, exportam produtos florestais para mercados internacionais e
países da região. O encerramento das fronteiras para conter a rápida propagação do vírus levou à
redução da produção e comércio de madeira onde, na Tanzania a redução variava entre 10 e 20
contêiners de madeira por mês devido a redução da demanda e exportação de madeira em toros
em alguns portos como Tanga, de acordo com o Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento (PNUD, 2020).

Os investimentos em processamento da madeira de Abril a Maio de 2020 tiveram quedas


estimadas em 20% em relação ao mesmo período de 2019 na Tanzania. Para Ruanda, de Abril a
Julho de 2020, houve uma redução dos níveis de investimento no processamento em 4% quando
comparado ao mesmo período em 2019. Este fenómeno foi extensivo para África Ocidental, onde
por exemplo no Gana, os investimentos planeados para o processamento de madeira foram
suspensos como resultado da propagação da PC19 (Adams, 2020).

Contrariamente ao que aconteceu em outras regiões da África, na Serra Leoa as restrições devido
a pandemia levaram à pressão temporária e decréscimo na demanda internacional por madeira
extraída ilegalmente; a taxa de extração ilegal de madeira no Parque Nacional Outamba Kilimi
caiu para zero devido à queda na demanda da madeira em toros (União Africana, 2020).

Segundo a FAO (2020), a COVID-19 impactou a exportação de madeira através do declínio nas
exportações de madeira em toro, resultando no acúmulo de estoques de produtos de exportação e
perdas devido à natureza perecível de algumas espécies de madeira, como Ceiba (Ceiba

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Impacto da COVID-19 na exploração da madeira em Moçambique

pentandra) e Obeche/Wawa (Triplochiton Scleroxylon); demanda limitada nos mercados


tradicionais da África, Europa e EUA; baixa demanda por madeira nos mercados emergentes e,
em particular na China, o que resultou na diminuição das receitas de exportação para os países
africanos envolvidos na produção e exportação de madeira.

2.1.2. Impactos sociais da COVID-19


Os impactos da PC19 no sector florestal estenderam-se para níveis sociais relacionados com a
empregabilidade, sendo que este indicador variou de país para país. Nos países balcânicos, os
níveis de emprego continuaram estáveis com algumas empresas madeireiras a optarem por reduzir
os salários para manter o número de trabalhadores, entretanto, o nível emprego na silvicultura foi
comprometido, especialmente onde dependia de trabalhadores migrantes (OIT, 2020).

Na Finlândia, os operadores madeireiros passaram a trabalhar nas florestas como forma de


confinamento e maximização das suas actividades, esta forma de trabalho foi prejudicial para os
trabalhadores emigrantes fazendo com que trabalhassem menos tempo (Hardcastle & Zabel,
2021).

Nos EUA, o mercado madeireiro contou com estímulo do governo para a sua recuperação mas
também com a adaptação das empresas ao novo contexto saindo de cidades densas para os
subúrbios, acabou afectando as serrações pela escassêz da mão-de-obra (Mcclellan, 2020).

Com base nos dados da UNDESA (2020), a PC19 influenciou o aumento do desemprego no sector
florestal formal e informal na Tailândia, este fenómeno também influenciou a escassez de mão-
de-obra nas indústrias de madeira no Vietname (Tatar, 2020).

No Nepal, as restrições impostas face à propagação da COVID-19 levaram a diminuição dos


níveis de emprego sazonal dos operadores madeireiros em toda cadeia, desde o corte, transporte,
processamento e venda de madeira. Cerca de 1.1milhões de oportunidades de empregos previstas
para trabalhadores diários e os 54.720 homens-dia já existentes foram perdidos, comprometendo
a renda das pessoas de classe média e baixa, elevando à pobreza rural e urbana (Pariyar et.al,
2021).

O impacto da pandemia sobre o nível de emprego no sector florestal em África variou entre países
devido a natureza das actividades relacionadas com a silvicultura, por demandar mão-de-obra
intensiva que não pode operar-se remotamente. As restrições impostas pelos governos resultaram

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Impacto da COVID-19 na exploração da madeira em Moçambique

em altas perdas de empregos e encerramentos de empresas no sector em países como Ruanda


onde 38% dos trabalhadores nos sectores de agricultura, silvicultura e pesca, estiveram em risco
de perder seus empregos principalmente no sector informal. Este cenário, colocou em risco os
meios de subsistência dos trabalhadores, influenciando a maior demanda e pressão sobre recursos
forestais por trabalhadores da classe média baixa e rurais (UA, 2020b; OIT, 2020; Sacko, 2020).

Os impactos da pandemia foram significativos com altos níveis de perda de emprego e


consequentemente perda da renda dos trabalhadores das empresas madeireiras pois as empresas
tiveram que demitir funcionários para minimizar os custos por outro lado, devido a falta de
priorização das indústrias de base florestal por muitos governos africanos (UA, 2020).

Nos países da África Austral, as dificuldades em garantir licenças legítimas de extração de


madeira e as dificuldades de meios de sobrevivência das comunidades, aliadas à redução da
capacidade de fiscalização por parte dos governos devido ao impacto das restrições na circulação
de pessoas, forçaram alguns operadores assim como as comunidades a optarem pela extração
ilegal e furto de madeira, aumentando as tensões entre as comunidades locais e os gestores
florestais (UA, 2020).

2.1.3. Impactos ambientais da COVID-19

Os efeitos da PC19 sobre o meio ambiente consistiram no incremento do desemprego que, por
sua vez, levou ao aumento a pressão sobre recursos florestais:

“...A redução no número de trabalhadores resultou em perdas de empregos


e pessoas que perderam os seus empregos durante a pandemia regressaram
às suas aldeias e isto aumentou a pressão sobre os ecossistemas…” (Attah,
2022, p.17).

Por outro lado, as restrições da causas pela pandemia elevaram a procura de produtos florestais
por parte dos operadores assim como as comunidades, causando deflorestamento e maior procura
por animais de caça destinados ao comércio como meio de sobrevivência, este fenómeno
contribuiu para o aumento da destruição de algumas espécies, aumentando a exposição do homem
à patologias de origem animal:

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Impacto da COVID-19 na exploração da madeira em Moçambique

“…Está bem estabelecido que a desflorestação e o aumento do uso


intensivo da terra para a agricultura podem aumentar significativamente o
risco de zoonoses... Este declínio drástico na cobertura florestal está
directamente relacionado ao risco elevado de pandemias como a COVID-
19… A "repercussão zoonótica" é frequentemente associado a espécies
ameaçadas... alvo da caça e do comércio de vida selvagem... e pode causar
estragos como um novo corona vírus..." (Ansari et al. 2021, p.4).

2.1.4. Estudos Similares

De acordo com os resultados do estudo de Maraseni et al., (2021), sobre “o impacto das restrições
da COVID-19 no sector florestal na província de Gandaki, no Nepal”, o nível de receitas de
pequenos produtores florestais decresceu em 48% devido a redução de volume de madeira
extraida (0,58 milhão de pés cúbicos em 2019 e 0,30 milhão de pés cúbicos em 2020). Para além
da perda de receitas do governo no valor de 1,8 milhão de dólares, havendo uma paralisação
completa das indústrias de móveis assim como de serração, em toda província.

Dentre os sectores mais afectados, destacam-se o de processamento da madeira e de produção de


móveis onde houve variações do preço da madeira com tendência de incremento durante a
pandemia. Outro factor destacado por Maraseni, foi a crescente pressão sobre os recursos
florestais devido ao desemprego.

A UN (2021) num estudo sobre “Impactos da COVID-19 no sector florestal nos países dos Balcãs
Ocidentais”, descreveu como impactos da pandemia, a redução dos volumes de madeira
processada, comercializada e exportada, e o decréscimo dos preços de madeira serrada no curto
prazo. Nos meses seguintes, o sector manteve o seu nível de produção devido ao financiamento
do governo e a extensão de prazos de pagamentos de créditos dos madeireiros, o que levou a não
desemprego da mão-de-obra da região, portanto, os impactos foram insignificates.

Brancalion et al., (2020) num artigo sobre “Ameaças emergentes que ligam o desmatamento
tropical e a PC19” fazem conclusões e recomendações sobre políticas a serem adotadas pois com
a propagação da pandemia haveria aumento do nível de desemprego e por sua vez a pressão sobre
as floretas seria maior, o que iria aumentar os níveis de desmatamento e desflorestamento levando
a perda de ecossistemas.

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Impacto da COVID-19 na exploração da madeira em Moçambique

2.2.Característica da exploração madeireira em Moçambique


2.2.1. Regimes de exploração

Segundo o Decreto no 12/2002 de 6 de Junho, sobre lei de Florestas e Fauna Bravia, em


Moçambique existem três tipos de regímes de exploração dos recursos florestais legalizados: a
exploração para consumo próprio, as concessões florestais e as licenças Simples.

i. Regime de licença simples


De acordo com o Decreto no 12/2002 de 6 de Junho, o regime de licença simples discrimina
operadores estrangeiros, sendo aplicável apenas a pessoas singulares ou colectivas nacionais com
um volume anual limite de corte de 500m3, duração de 5 anos e uma área de exploração de até
10.000ha (DINAF, 2017), e que o regime apresenta seguintes características principais:
(i) Cada licença emitida corresponde a uma área específica identificada num mapa;
(ii) Requer a apresentação de um plano de maneio simplificado;
(iii) Obedece a um período de defeso anual de 1 de Janeiro a 31 de Março;
(iv) Os produtos florestais obtidos com base nesta modalidade não podem ser utilizados em
indústrias utilizadoras de energia de biomassa (padarias, etc);
(v) O licenciamento é autorizado pelo governador da província no período de 1 de Janeiro a
15 de Fevereiro de cada ano.
ii. Regime de concessão florestal
Sitóe et al. (2003), estabelece que uma concessão deve conter recursos florestais em quantidades
e qualidades conhecidas capaz de produzir madeira e outros produtos florestais necessários para
a indústria sendo obrigatório que o concessionário elabore um plano de maneio que garanta a
sustentabilidade dos recursos no longo prazo, durante o período da concessão, que tem uma
duração máxima de 50 anos renováveis.

Chitara (2003), Direcção Nacional de Florestas (DINAF, 2017) e Ministério de Terra e Ambiente
(MTA, 2019), concordam que este regime permite o melhoramento da indústria de processamento
da madeira através do abastecimento dos produtos florestais madeireiros à indústria contribuindo
positivamente para as receitas do país. Este regime é permitido a qualquer pessoa singular ou
colectiva, nacional ou estrangeira, que preencha os seguintes requisitos característicos:

(i) Ter disponível, um plano de maneio aprovado pelo governador da província (<
20.000ha) ou pela DINAF (> 20.000ha);

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Impacto da COVID-19 na exploração da madeira em Moçambique

(ii) Ter garantido o processamento de toros (possuir unidade de processamento), incluindo


os comprados a terceiros;
(iii) Declarar que somente exportará até o máximo de 40% de madeira em toros por ano;
(iv) Requerer a redução de taxas de exploração para toros processados localmente;
(v) O licenciamento é autorizado pelo conselho de ministros.

O número de operadores dos principais regimes de exploraçãoo tem variado ao longo dos anos,
devido a vários factores, tanto do lado do governo provocados pela implementação de políticas
ou leis no sector, como do lado dos operadores, através da paralização das actividades ou
desistência das actividades de exploração da madeira por parte dos operadores tanto do regime
simples, como de Concessão Florestal.

De 2015 para 2018 houve um aumento de número de operadores florestais a nível do país de 906
para 1003, com maior destaque para o regime de concessão que aumentou em 36% devido a
implementação de campanhas de redução de exportação de madeira em toros (operação tronco),
em contra partida, o regime simples aumentou em 5% (MITADER, 2018).

De 2018 para 2021, houve decréscimo em 61% com maior destaque para o regime simples que
decresceu de 778 operadores para 415, cerca de 53%. O número de concessionários reduziu em
10% (MTA, 2022), como mostra a figura 1 abaixo, referente a evolução de operadores florestais.

Figura 1: Evolução do número de operadores florestais por regime de exploração.

Evolução de operadores florestais


900
778
800 741

700
Número de operadores

600
500 415
400 Licença Simples
300 225 203 Concessão Florestal
165
200
100
0
2015 2018 2021
Anos

Fonte de dados: Magalhães (2018), MITADER (2019) & MTA (2022).

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2.2.2. Processamento da madeira


A exploração de madeira em Moçambique é realizada maioritariamente na floresta nativa. Esta
exploração é orientada à indústria madeireira como serrações, unidades de tratamento da madeira
e fábricas de folheados, por possuirem o maior potencial de agregação de valor dos produtos de
madeira quando comparada com a exploração florestal para o fornecimento de madeira para
construção e usos diversos (Egas & Falcão, 2018).

Moçambique possui cerca de 200 serrações com uma capacidade instalada suficiente para a
demanda por madeira para o consumo interno e para a exportação (Egas & Falcão, 2018). A maior
concentração destas serrações está na zona centro, explicado pelo facto da existência de maior
potencial madeireiros, enquanto a zona sul constitui a principal porta para o mercado internacional
(MTA, 2022).

As serrações são no geral, de pequena capacidade de produção e grande parte delas têm
dificuldades de aproveitar todo o potencial de produção, o que resulta em baixos níveis de
consumo de matéria-prima. A maquinaria usada é predomindada pelo uso de charriot de serra
principal de fita e de charriot de serra principal circular, em que a primeira leva a menor produção
de serradura maximizando o nível de produção, quando comparado com a segunda, em que
desperdiça-se madeira devido a ao uso de serras de pequena espessura (FAO, 2021).

Maior parte das unidades, são serrações que se dedicam ao processamento primário da madeira e
muito poucas fazem a transformação secundária da madeira (MITADER, 2019). Dos principais
produtos derivados do processamento da madeira no país, destacam-se: barrotes, ripas, pranchas,
tábuas, réguas de parquet e travessas (DINAF, 2017). A produção de tábuas e pranchas não-
alinhadas tem prevalecido devido a alta demanda por estes tipos de produto, na indústria de
processamento secundário (Egas & Falcão, 2018).

2.2.3. Comércio madereiro em Moçambique


O mercado madeireiro é caracterizado por fraco conhecimentos sobre o desenho de produtos
florestais padronizados que possam ser produzidos em série e colocados no mercado nacional. A
falta de priorização do mercado doméstico pela indústria local, para o fornecimento de produtos
madeireiros, leva a maior preferência por artigos madeireiros importados (Egas & Falcão, 2018).

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Impacto da COVID-19 na exploração da madeira em Moçambique

O mercado de produtos madeiros é pequeno, pouco competitivo, com fraca circulação de


informação e produtos acabados com relativo baixo nível de processamento. Maiores quantidades
da madeira de alto valor são destinados a exportação, tanto em toro como serrada, através dos
portos de Beira, Nacala, Pemba, Quelimane, Maputo e Mocímboa da Praia (Egas & Falcão, 2018).

O rendimento da madeira serrada é influenciado por factores como características da espécie,


produtos, maquinaria usada no processamento, mão-de-obra e, principalmente, pelo diâmetro das
toras (Murara et al., 2005) e, as transações comerciais têm contribuído com cerca de US$ 6
milhões em receitas para o Governo Moçambicano (Ribeiro & Nhabanga, 2009).

i. Comércio doméstico
A maioria das províncias satisfaz a procura interna de madeira, onde a movimentação de madeira
ocorre das florestas para as cidades e vilas, que constituem os principais centros de transformação
e consumo, excepto a província de Maputo devido ao seu baixo potencial florestal madeireiro,
tem importado a maior parte da madeira comercializada das províncias do centro e norte do país
(MTA, 2022).

Os produtos madeireiros mais comercializados no mercado nacional são destinados para a


construção civíl (produtos de cofragem, réguas de parquet e outros), e mobiliário diverso onde
através das carpintarias, são fabricados móveis para uso doméstico e de escritórios, em pequenas
escalas (Egas & Falcão, 2018; MTA, 2022).

A baixa qualidade de processamento tem influenciado a madeira de alto valor comercial a ter
aplicações menos nobres nos mercados locais levando a redução nos níveis de ganhos no
comércio. As espécies mais procuradas diversificam-se pelo seu uso, desde aplicação dentre as
quais destacam-se a umbila, jambire, chanfuta, mecrusse e umbaua (MTA, 2022).

ii. Comércio internacional

O comércio externo da madeira proveniente de Moçambique nos últimos cinco anos foi
caracterizado pela exportação da madeira em toros 423.000m3 e cerca de 160.000m3 de madeira
serrada (tábuas, pranchas, travessas, parquet, folheados, peças de mobiliários e ripas) sendo
maioritariamente não processada ou processada mas com pouco valor acrescentado (MTA, 2022).

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Impacto da COVID-19 na exploração da madeira em Moçambique

De acordo com o Artigo 1A e 1C da Lei 14/2016 de 30 de Dezembro – que altera e republica a


Lei 7/2010 de 13 de Agosto – Lei da taxa de sobrevalorização da madeira; e revoga o artigo 6 da
mesma Lei é interditada a exportação da madeira em toros e vigas de todas espécies nativas e
estabelece taxas para a exportação da madeira processada em função do seu nível de
processamento.

De acordo com o Ministério de Terra e Ambiente (MTA, 2022), os preferenciais destinos da


madeira exportada de Moçambique são a China, África do sul, Zimbábwe, Zâmbia, Alemanha,
Dubai, Itália, Inglaterra, Japão, Alemanha, Estados Unidos de América, Taiwan, Ilhas Reunião,
Maurícias, Ilhas Mayoto, Malawi e Vietname onde, para minimizar casos de contrabando da
madeira, Moçambique tem acordos com alguns países receptores de madeira nacional sobre o
combate ao comércio ilegal da madeira e cooperação na área de florestas.

Moçambique integra o grupo dos cinco (5) principais países africanos exportadores de madeira,
sendo que mais de 90% da madeira é exportada para o mercado asiático, principalmente para a
China e os volumes são maioritariamente em toros (Mahanzule, 2013; Falcão, 2015; DINAF,
2017).

2.2.4. Empregabilidade no sector madeireiro

Estudos de Ribeiro e Nhabanga (2009), destacatam que o sector de exploração de florestas nativas
em Moçambique contribui para redução do desemprego, com cerca de 200.000 trabalhadores
directos e indirectos empregados.

De acordo com o relatório do MTA (2019), o número de trabalhadores directos do regime de


concessões e licenças simples situa-se em pouco mais de 14 mil trabalhadores, destes, cerca de
546 são do sexo feminino, representando 4% de toda mão-de-obra. As concessões empregam
mais trabalhadores com cerca de 7.700 enquanto os operadores de licença simples pouco mais de
7.400.

O autor acima ainda descreve a distribuição e condições de trabalhos em que a maioria dos
trabalhadores concentra-se na floresta, o principal local de extracacção da madeira sendo que
grande parte destes é sazonal, informal e provém das comunidades locais, sem nenhum contrato
de trabalho, fardamento muito menos equipamento de protecção e higiene. A figura 2 descreve a
distribuição da mão-de-obra florestal por província.

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Figura 2: Distribuição de empregos do sector florestal por província.

Empregabilidade do sector Florestal

Gaza Cabo Delgado


1% 8%
Inhambane Niassa
9% 0%
Sofala Nampula
10% 6%

Manica
14% Zambézia
19%

Tete
33%

Fonte: MTA (2019).

2.3. Testes de comparação de médias

O teste de comparação de médias é antecedido da Análise de Variância (ANOVA), que por sua
vez procura verificar o nível de variabilidade dos dados e com base nos seus outputs, decide-se
rejeitar ou não a hipótese nula, a um nível de confiança estabelecido, (Rodrigues, 2015; Duncan,
1955).

A condição para o uso de teste de comparação de médias é a rejeição da hipótese nula na ANOVA.
Existem vários testes usados para comparação de médias, como é o caso de Tukey, Duncan e
outros, e que o seu uso, depende da natureza dos dados e os objectivos ao determinar as médias
que diferem entre os tratamentos (Rodrigues et al., 2015).

O teste de Tukey é considerado robusto, por não violar os pressupostos básicos de normalidade,
homocedasticidade, e independência de erros (Rodrigues, 2015; Machado et al., 2005), para além
de ser muito usado em estudos de ciências agrárias (De Sousa, 2012).

De acordo com Pereira (2017), o teste de Tukey é usado quando o interesse é comparar todos os
pares de médias dos tratamentos entre si, por ser um procedimento de comparação múltipla,
portanto mais abrangente. Este teste é mais usado quando o número de repetições dos tratamentos
é igual.

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III. METODOLOGIA
3.1.Localização da Área de Estudo
A presente pesquisa, teve lugar em 5 províncias seleccionadas, com maior número de operadores
assim como maior volume comercial disponível, nomeadamente: Manica, Nampula, Sofala, Tete
e Zambézia (Marzoli, 2007; Magalhães, 2018; MTA, 2019).

3.1.1. Província de Manica


A província de Manica situa-se na região centro do país e, de acordo com o CENSO (2017),
possui 1.911,237 habitantes/km2. Quanto ao potencial madeireiro, dispõe de um volume total das
espécies nativas (VTEN) de 112.000.000m3 e o volume comercial de todas as espécies (VCTE)
de 36.000.000m3 (Magalhães, 2018).

No total, possui 78 operadores madeireiros (16 concessionários e 62 de licenças simples), que


empregam 1722 trabalhadores dos quais, 640 das concessões (279 sazonais e 361 efectivos) e
1082 do regime simple (558 sazonais e 524 efectivos) (MTA, 2022). Possui potencial de produção
de madeira, e uma área de conservação no distrito de Sussundenga, sendo o corredor do centro
do país, sua importância na facilidade de transação de bens e serviços lhe permite ser um ponto
estratégico para exportação de produtos madeireiros para países do interland (Marzoli, 2007).

3.1.2. Província de Nampula


Esta província, encontra-se localizada na zona norte do país, com uma população de 6.102,867
habitantes/km2 (CENSO, 2017). O seu potencial madeireiro quanto ao VTEN é de 90.000.000m3
e o VCTE de 29.000.000m3 (Magalhães, 2018). Dispõe de 65 operadores madeireiros licenciados
onde 14 são concessionários e 51 do regime de licença simples e; o sector emprega 749
trabalhadores em que 211 são das concessões (124 sazonais e 87 efectivos) e 538 do regime
simple (304 sazonais e 234 efectivos) (MTA, 2022). Possui um porto localizado em Nacala,
considerado um dos mais importantes da costa oriental de África (Marzoli, 2007).

3.1.3. Província de Sofala


A província de Sofala possui uma população de 2.221,803 habitantes/km2 (CENSO, 2017),
localiza-se na zona centro do país. Possui um VTEN de 223.000.000m3 e VCTE estimado em
79.000.000m3 (Magalhães, 2018), para além de 55 operadores madeireiros dos quais, 22
concessões e 33 licenças simples; quanto a mão-de-obra, o sector absorve 1216 trabalhadores

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Impacto da COVID-19 na exploração da madeira em Moçambique

onde 813 são das concessões (228 sazonais e 585 efectivos) e 403 do regime simple em que, 245
são sazonais e 158 efectivos (MTA, 2022).

A província desempenha um papel estratégico no comércio da madeira tanto legal como ilegal,
por possuir o segundo maior porto do país e dois corredores de transporte, o que facilita o
comércio externo com o mundo. As duas áreas de conservação situadas nos distritos de
Gorongosa e Marromeu desempenham um papel importante na composição de florestas na
província (Marzoli, 2007).

3.1.4. Província de Tete


Tete situa-se na zona centro do país, com uma população estimada em 2.764,169 habitantes/km2
(CENSO, 2017). A província caracteriza-se por possuir um potencial para a produção de madeira,
com uma área de conservação em Mágoe (Marzoli, 2007). Detém 153 operadores madeireiros
dos quais 34 são concessionários e 119 de licenças simples; conta com 4121 trabalhadores em
que 1234 são das concessões (630 sazonais e 604 efectivos) e 2887 do regime simple (1536 são
sazonais e 1351 efectivos) (MTA, 2022). O VTEN é de 212.000.000m3 e o VCTE de
69.000.000m3 (Magalhães, 2018), possui o maior número de operadores florestais licenciados.

3.1.5. Província da Zambézia


A província da Zambézia em termos demográficos, possui 5.110,787 habitantes/km2 (CENSO,
2017), e localiza-se na zona centro do país com um enorme potencial para a produção de madeira
e o VTEN em torno de 633.000.000m3 e o VCTE de 260.000.000m3 (Magalhães, 2018).

De acordo com MTA (2022), o número de operadores madeireiros é de 109 e destes, 67 são
concessionários e 42 de licenças simples; o sector emprega 2422 trabalhadores em que 1656 são
das concessões (851 sazonais e 805 efectivos) e 766 do regime simple (541 sazonais e 225
efectivos). A província possui um porto e que uma das principais actividades é exportação e
importação de bens (Marzoli, 2007).

3.2. Trabalho de campo


3.2.1 Desenho da amostragem
O grupo alvo do estudo foi composto por operadores madeireiros do regime de concessão
florestal. Para a pesquisa, foi usada a Amostragem Estratificada não proporcional que consistiu
basicamente em distribuir as províncias estudadas em 5 estratos por terem diferentes número de

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operadores concessionários entre elas e que dentro de cada estrato fez-se a Amostragem Aleatória
Simples (AAS) sem reposição para evitar o enviesamento das amostras (Vieira, 2008).

A AAS foi feita por sorteio e sem reposição garantindo a mesma probabilidade de selecção de
todos operadores concessionários por província (Fontelles et al., 2010; Gil, 2008; Ribeiro, C. S.
et al., 2007; Ribeiro, A. et al 2008). Os estratos foram dividos por província e, no total foram 5
estratos, nomeadamente Manica, Nampula, Sofala, Tete e Zambézia.

Para cada estrato foi aplicada a fórmula geral de cálculo de tamanho de amostra, considerando o
intervalo de confiança de 95% pelo facto de quanto maior for o intervalo de confiança, maior é a
precisão, a margem de erro usada foi de 5%, a probabilidade de 0,5 tendo em conta o tamanho da
população por estrato, recorreu-se a seguinte fórmula matemática:

𝑧 2 ∗ 𝑝(1 − 𝑝)
𝒏 = 𝐸2 Equação (1)
2
1 + [𝑧 ∗ 𝑝(1 − 𝑝)]
𝐸2 ∗ 𝑁

Onde:

E : é o erro relativo aceite nesta pesquisa.


n : é o tamanho total da amostra (corrigído).
N : é o tamanho da população do estrato (província).
P : é a probabilidade estabelecida.
Z : é o valor do z tabelado.

Com base na equação acima, recorreu-se ao cálculo do tamanho da amostra por estrato (província)
tendo como base os dados fornecidos pelos Serviços Provinciais do Ambiente (SPA) no âmbito
da recolha de dados nas províncias em estudo como mostram os cálculos abaixo, na tabela 1.

Tabela 1: Número de operadores de concessões florestais activos por província.


Província Número de operadores Tamanho da Amostra
Manica 14 7
Nampula 12 6
Sofala 15 7
Tete 21 10
Zambézia 14 7
Total 76 37

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A pesquisa focalizou-se em 37 empresas madeireiras do regime de concessão, nas províncias


em destaque.

3.2.Instrumentos e implementação da amostragem


i. Técnicas de recolha de dados
a) Inquérito
O inquérito foi feito aos operadores das concessões florestais nas províncias abrangidas pelo
estudo com recurso a questionários semi-abertos (vide o anexo I) que foram respondidos por
escrito (Gil, 2008b). Para esta técnica, dentre as informações obtidas, destacam-se os volumes de
madeira explorada, evolução dos níveis de empregabilidade, preços da madeira em m3, o destino
da produção assim como níveis de furtos da madeira.

b) Entrevista
Um guião (vide anexo II) de perguntas foi usado para entrevista focalizada nos objectivos do tema
de estudo à direcção dos SPA’s e aos operadores concessionários, para efeitos de recolha de
dados que não tenham sido respondidos no inquérito (Gil, 2008b).

c) Análise documental
A análise documental foi feita sobre os relatórios anuais existentes a nível dos SPA’s das
províncias de estudo (Gil, 2008). Os dados recolhidos são referentes ao número de licenças, as
respectivas receitas pelo licenciamento dos operadores do regime de concessão, assim como
dados relativos a programas de reflorestamento.

3.3.Processamento e análise de dados


O tratamento de dados consistiu na codificação das respostas ao inquérito, tabulação e cálculos
estatísticos com recurso ao Microsoft Office Excel 2010 e Jamovi 2.3.21.0. Após esses
procedimentos, fez-se a interpretação dos dados estabelecendo uma ligação entre os resultados
obtidos com outros já conhecidos de estudos realizados anteriormente (Gil, 2008).

As análises feitas foram baseadas em ANOVA, e, com base nas regras deste teste de significância
global da variabilidade dos dados, no caso de rejeição de H0, recorreu-se ao teste de comparação
de médias de Tukey, por ser robusto, por não violar os pressupostos básicos de normalidade,
homocedasticidade, e independência de erros (Rodrigues, 2015; Machado et al., 2005), para além
de ser muito usado em estudos de ciências agrárias (De Sousa, 2012).

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O teste de Tukey foi usado para comparar as diferenças mínimas significativas (equação 2), das
médias dos tratamentos (províncias), tomadas dois a dois, e a diferença dos módulos (equação 3),
das respectivas médias dos tratamentos escolhidos (Pereira, 2017).
𝑄𝑀𝐸
∆= 𝑞𝛼(𝐼,𝐺𝐿𝐸) √ Equação (2)
𝐽

Onde:
∆ : Diferença Mínima Significativa (DMS);
𝜶 : Nível de Significância do Teste (Erro do tipo I);
I : Número de tratamentos;
GLE : Grau de Liberdade do Erro;
𝑸𝑴𝑬 : Quadrado Médio do Erro (Erro padrão da média de um tratamento);
𝑱 : Número de Repetições;
𝒒𝜶(𝑰,𝑮𝑳𝑬) : Amplitude Total Studentizada (Valor Tabelado).

𝒚 = 𝒎 𝟏 − 𝒎𝟐 Equação (3)

Onde:

𝒚 : é o módulo da diferença entre as médias;


𝒎𝟏 : é a primeira e maior média dos tratamentos;
𝒎𝟐 : é a segunda e menor média dos tratamentos.

A comparação foi feita sob condições abaixo.

 |mi-mn| > 𝑫𝑴𝑺 : Há diferença significativa: Ao nível de significância de 5% pelo teste


de Tukey, há diferença significativa entre as médias mi e mn, o tratamento com média mi
foi maior que o tratamento com a média mn, houve maior impacto da covid-19 sobre a
província com média mi em relação a província com média mn,
 |mi-mn| < 𝑫𝑴𝑺 : Não há diferença significativa: Ao nível de significância de 5% pelo
teste de Tukey, não existe diferença significativa entre os tratamentos das médias mi e mn
tiveram mesma variabilidade, a pandemia da covid-19 teve o mesmo efeito sobre estas
províncias.

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A diferença significativa, mostra que entre as médias dos tratamentos, o 𝑚𝑖 foi maior e que ao
nível de 5% de significância pelo teste de Tukey, a variavel que representa 𝒎𝒊 é mais expressiva.

Com base nos outputs dos softwares, produziu-se este relatório contendo resultados e as
respectivas discussões com base no referencial teórico, sendo por fim, impresso em formato A4
e submetido para os devidos efeitos.

3.3.1. Variáveis de estudo

Para o presente estudo, foram definidas as variáveis de estudo para efeitos de delimitação dos
aspectos que foram estudados, de acordo com os objectivos do tema como pode ser visto na tabela
2 abaixo referente a relação das variáveis, o tipo de informação colectada, sua fonte, técnicas
usadas e respectivos instrumentos usados para a sua materialização.

Tabela 2: Relação das variáveis de estudo

Variável Tipo de informação Fonte de Técnica de Instrumento


informação recolha de de recolha de
dados dados

Produção -Volume de madeira -SPA; -Inquérito; -Questionário;


produzida (m3); -Concessionários. -Entrevistas; -Guião de
-Espécies exploradas; -Análise Perguntas.
-Tipo de madeira documental.
(processada, toro, etc).
Receita -Nr. de operadores; -SPA; -Inquérito; -Questionário;
-licenciamento; -Concessionários. -Entrevistas; -Guião de
-Preço de madeira; -Análise perguntas.
-Mercado madeireiro. documental.
Emprego -Nr. de trabalhadores -SPA; -Inquérito; -Questionários;
(por género e sector); -Concessionários. -Entrevistas; -Guião de
-Distribuição dos -Análise perguntas.
trabalhadores por documental.
contratos laborais.

Maneio -20 % sobre as -SPA; -Inquérito; -Questionários;


comunitá comunidades; -Concessionários. -Entrevistas; -Guião de
rio e meio -Combate ao incêndio; -Análise perguntas.
ambiente -Fiscalização; documental.
-Reflorestamento.

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IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO


4.1.Caracterização das empresas madeireiras

Na presente pesquisa foram seleccionadas 37 concessões madeireiras das quais a província de


Tete teve maior número de operdores abrangidos com 27% seguida de Manica, Sofala e Zambézia
com 19% cada e Nampula com 16% explicado pelo número disponível de operadores
concessionários por província.

Os resultados do campo mostram que a província de Tete maior número de operadores florestais
do regime de concessão (vide tabela 1), o que vai em harmonia com os dados do MITADER
(2019) e MTA (2022), ao referirem que à partir de 2017, a província de Tete teve o maior número
de operadores concessionários licenciados. Este facto contrasta com os resultados do trabalho de
Sitoe et al., (2012), que destacam Sofala, Zambézia e Cabo Delgado como províncias com
maiores número de operadores.

De acordo com os dados dos SPA’s das províncias abrangidas, houve variação de número de
operadores durante o período 2018 a 2021, como mostra a tabela 4 referente a estatística descritiva
do número de operadores concessionários.

Tabela 4: Variação de número de concessões florestais por província


Variáveis Manica Nampula Sofala Tete Zambézia
Média 14 19 15 26 38
Desvio Padrão 7,274384 3,593976 6,164414 3,316625 9,742518
Variância 52,91667 12,91667 38 11 94,91667

De acordo com a tabela acima, a província da Zambézia teve a maior variabilidade no número de
empresas concessionárias de exploração madeireira seguida da província de Manica e Sofala, e
que a variação mínima foi registada nas províncias de Nampula e Tete, este fenómeno foi
influenciado grandemente pela eclosão da covid-19 o que levou ao encerramento de algumas
concessões na província da Zambézia (3) e Manica (2) e Sofala (2) devido a medidas restritivas
adoptadas pelo governo. Semelhante cenário foi encontrado no estudo de Maraseni (2021) ao
concluir que no Nepal, as medidas restritivas para conter a PC19, levaram a redução e paralisação
de algumas empresas madeireiras.

4.1.1. Perfil das empresas madeireiras

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De acordo com os resultados da pesquisa, a província da Zambézia ocupa a maior área de


exploração o que é explicado no trabalho de Magalhães (2018), ao concluir que a província possui
o maior volume comercial de todas as espécies madeireiras, seguida da província de Tete ambas
com 216.771 e 207.500ha, respectivamente e, as menores áreas são das províncias de Manica
com 75.000ha e Sofala com 86.050ha.

As empresas abrangidas se diferem quanto a exploração da cadeia de valor da madeira pois para
além de colheita, transporte, processamento, venda e exportação; as províncias de Tete e
Zambézia, possuem operadores que compram madeiras de outros operadores madeireiros do
regime simples reduzindo entre outros, o custos de corte.

Os resultados da pesquisa mostram que o nível de uso de tecnologia também se difere entre as
províncias (tabela 5). Tete detém o maior número de serrações com tecnologia de ponta e um
sistema de armazenamento sofisticado sobre tudo nas empresas de investimentos estrangeiros
seguido da província de Sofala, onde alguns operadores possuem serrações e um sistema de
conservação modernizado e, nas restantes províncias, a maioria dos operadores madeireiros
utilizam maquinaria antiga e ou obsoleta, com um sistema de conservação não sofisticado.

Tabela 5: Distribuição de operadores concessionários por tipo de tecnologia e investimento.


Província Operadores Investimento Investimento Tecnologia Tecnologia
abrangidos estrangeiro nacional de Ponta obsoleta

Manica 7 4 3 2 5
Nampula 6 2 4 3 3
Sofala 7 5 2 5 2
Tete 10 6 4 7 3
Zambézia 7 3 4 3 4

Estes resultados se assemelham aos do MITADER (2019) e Eurika (s.d) ao afirmarem que maior
parte das empresas utiliza maquinaria obsoleta com um sistema de armazenamento deficitário.
Em geral, as serrações localizam-se nas zonas urbanas ou periferias enquanto que as áreas de
corte, nas zonas rurais.

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Figura 3: Figura 4:
Maquinaria de ponta, Província de Tete Maquinaria obsoleta, Província de Nampula
A mão-de-obra usada nas empresas estudadas varia desde a qualificada à não qualificada sendo
que a primeira representa o menor número e que os respectivos trabalhadores ocupam cargos de
gerentes e técnicos.

A mão-de-obra não qualificada é composta maioritariamente por jovens com baixo nível de
literacia, e que geralmente provém das zonas próximas das áreas das concessões e, a maioria dos
trabalhadores são homens tanto no regime permanente como sazonal (anexo 10 & 11), os mesmos
dados são descritos pelo MTA (2019) onde o sector emprega apenas 4% das mulheres e que os
trabalhadores provém das comunidades locais.

Quanto ao acesso ao crédito bancário, a pesquisa mostra haver uma diferença enorme nos números
de operadores que beneficiam de financiamento bancário pois, das 37 empresas operacionais
abrangidas, apenas 4 beneficiam de crédito bancário onde 3 são da província de Tete e 1 da
Zambézia, nas restantes províncias as empresas abrangidas não beneficiam do crédito, resultados
semelhantes foram obtidos por Tao et al. (2021), onde concluiu que a tendência dos
financiamentos no sector madeireiro na China é cada vez menor.

4.2.Impactos económicos da covid-19


4.2.1. Exploração de madeira

Durante o período de 2018 a 2021, o nível de exploração madeireira diferiu-se entre as províncias
tendo em conta o volume licenciado e o volume explorado.
i. Volume licenciado

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De acordo com a informação fornecida pelos SPAs, o volume de madeira licenciada variou de
província para província sendo determinado pelos volumes estabelecidos pelas autoridades
florestais em cada província, como pode se observar na figura 5 abaixo.

Figura 5: Evolução dos níveis de licenciamento madeireiro por província.

Licenciamento madeireiro
80000
Manica
Volume (m3)

60000
Nampula
40000 Sofala
Tete
20000 Zambézia

0
2018 2019 2020 2021
Anos

De acordo com o gráfico acima, antes da PC19 a tendência dos volumes de madeira licenciados
foi decrescente nas províncias de Tete (89%), Manica (32%) e Sofala (30%), explicado pela
implementação de medidas restritivas de exploração e exportação de certas espécies madeireiras,
incluindo a promoção de campanhas para maior observância da legalidade no sector madeireiro
(operação tronco), o que desincentivou a muitos operadores. Por outro lado, as províncias de
Nampula e Zambézia tiveram aumento de volume de madeira licenciada em 63% e 46%,
respectivamente, devido a existência de maior número de operadores que requisitaram licenças.

Desde a eclosão da PC19 em Moçambique, houve variações nos volumes de madeira licenciada
onde em 2020 reduziram nas províncias da Zambézia (2%) e Manica (1%), devido ao receio de
investimento influenciado pelas restrições impostas sobre o comércio de madeira e, por outro
lado, houve aumento de volumes de madeira licenciada nas províncias de Nampula (118%), Tete
(61%) e Sofala (8%). Este fenómeno foi influenciado pela capacidade de isolamento em campos
de corte, disponibilidade de armazéns e serrações que facilitavam o trabalho nas condições
estabelecidas pelos decretos para conter a pandemia.

O estudo da UN (2021) nas regiões dos balcães, mostrou que operadores madeireiros isolaram-se
nas florestas permitindo exploração de volumes maiores de madeira, minimizando os impactos
da PC19 sobre o sector madeireiro contrariamente ao encontrado no trabalho de Adams (2020)

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Impacto da COVID-19 na exploração da madeira em Moçambique

em que no Ruanda, devido a incertezas devido os efeitos da pandemia, a tendência de


investimento no sector decreceu.

À partir de 2021, os volumes de madeira licenciada aumentaram em todas províncias onde


Nampula registou o maior aumentou em 20%, seguido de Manica com 18%, Zambézia com 15%,
Tete com 9%, e o menor aumento foi registado na província de Sofala, em 7%. Dos factores que
influenciaram o aumento do licenciamento destacam-se; o relaxamento de algumas medidas
restritivas, abertura das fronteiras para exportações causando oscilações nos níveis de preços no
mercado internacional (Ridlle, 2020; Tao et al., 2021).

ii. Volume de madeira explorada


O volume de madeira explorada por província variou ao longo do período de análise, como mostra
a tabela 6.
A estatística descritiva acima tabelada, mostra que a província de Nampula teve a maior média
anual de volumes de madeira explorada por operadores de concessões florestais durante todo
período com 22584.75m3, seguida da província de Tete com 9984.898m3, Zambézia com
2389,75m3, Manica com 2271,75m3 e o menor volume médio anual de madeira explorada
verificou-se em sofala com 1560m3.

Tabela 6: Variação do volume de madeira explorada por província (2018-2021).


Descrição Manica Nampula Sofala Tete Zambézia
Observações 4 4 4 4 4
Média 2271,75 22584,75 1560 9984,898 2389,75
Variância da amostra 1146392 22092826 17982 6297907 394940,9

Quanto a variabilidade dos volumes de madeira, a maior variação foi da província de Tete seguida
de Nampula, Manica, Zambézia e a menor variabilidade foi da província de Sofala. Estes factos,
são explicados pelos efeitos da PC19, que provocou a redução da demanda por madeira tanto no
mercado interno como externo e o défice do custo-benefício por parte das empresas (Ridlle, 2020;
Tao et al., 2021).

Com base na ANOVA (tabela 7), o 𝐹𝐶𝑎𝑙𝑐𝑢𝑙𝑎𝑑𝑜 44. 72962 > 3.47805 𝐹𝐶𝑟𝑖𝑡𝑖𝑐𝑜 ou P-value
0.000024 < 0.05 : Rejeitou-se a hipotese nula de que as médias dos volumes de madeira
explorada dos tratamentos (províncias) são iguais, pois existe pelo menos uma província cuja
média se difere das restantes, com isso, prosseguiu-se com a análise post-hoc baseada em Tukey.

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Tabela 7: Análise de Variância das médias dos tratamentos.


ANOVA
Fonte da variação SQ gl MQ F valor-P F crítico
Amostra 1350289,741 1 1350290 0,187499 0,674197 4,964603
Colunas 1288495356 4 3,22E+08 44,72962 2,38E-06 3,47805
Interações 16484070,45 4 4121018 0,572238 0,689091 3,47805
Dentro 72015783,73 10 7201578
Total 1378345500 19

a) Teste de Tukey

O teste de tukey foi feito seguindo os padrões pré-estabelecidos e, para posterior comparação com
os contrastes das médias, foi achado o produto da DMS:

Dados
7201578,373
I=5 𝑫𝑴𝑺 = 4.65 ∗ √ 10

GLE= 10 𝑫𝑴𝑺 = 3946.088


QME = 7201578.373
𝑱 = 10
𝒒𝜶(𝑰,𝑮𝑳𝑬)= 4.65

A DMS usada para análise comparativa do teste de Tukey foi de 3946.088.

De acordo com os resultados acima, ao nível de significância de 5% pelo teste de Tukey não
existiu diferença significativa entre as médias dos grupos das províncias de Manica e Sofala,
Manica e Zambézia e entre Zambézia e Sofala o que explicava a mesma variabilidade dos volumes
de madeira. Neste período, a província de Manica teve a maior média de volume de madeira
explorada e a menor foi da província de Sofala, antes da PC19 (Vide tabela 8).

Durante a pandemia, ao nível de significância de 5% pelo teste de Tukey, não existiu diferença
significativa entre as médias dos volumes de madeira dos grupos das províncias de Zambézia e
Manica, Zambézia e Sofala, e, Sofala e Manica, em que a província da Zambézia teve a maior
média e a menor foi de Manica. A PC19 teve maiores efeitos sobre as províncias da Manica,
Sofala e Zambézia quando comparado à Nampula e Tete que tiveram diferenças significativas
entre si e com o restante das províncias.

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Tabela 8: Resultados do teste de Tukey para volumes de madeira explorada.


Antes da pandemia da Covid-19 Durante a pandemia da covid-19
Tratamentos Y=m1-m2 DMS Resultado Tratamentos Y=m1-m2 DMS Resultado
NPL-SFL 19919,6 3946,09 a*** NPL -MNC 22306,5 3946,09 a***
NPL - ZMB 18924 3946,09 a*** NPL-SFL 22129,5 3946,09 a***
NPL -MNC 18319,5 3946,09 a*** NPL - ZMB 21466 3946,09 a***
NPL-TT 9893,67 3946,09 a*** NPL-TT 15306,03 3946,09 a***
TT- SFL 10025,9 3946,09 *b** TT - MNC 7000,47 3946,09 *b**
TT-ZMB 9030,33 3946,09 *b** TT- SFL 6823,47 3946,09 *b**
TT - MNC 8425,83 3946,09 *b** TT-ZMB 6159,97 3946,09 *b**
MNC- SFL 1600,1 3946,09 **** ZMB- MNC 840,5 3946,09 ****
MNC- ZMB 604,5 3946,09 **** ZMB-SFL 663,5 3946,09 ****
ZMB-SFL 995,6 3946,09 **** SFL-MNC 177 3946,09 ****
Manica(MNC); Nampula (NPL), Tete (TT); Sofala (SFL); Zambézia(ZMB)

Os impactos da covid-19 sobre a redução dos volumes de madeira foram leves nas províncias de
Tete e Nampula devido a entrada de novos operados com capacidade tecnológica. O isolamento
dos trabalhadores nas concessões localizadas fora das zonas urbanas facilitou a continuação de
exploração e armazenamento da madeira, o mesmo foi encontrado nos estudos da OIT (2020);
HardCastle & Zabel (2021) onde os operadores madeireiros para garantir a sustentabilidade
durante a pandemia opataram por operar isolados nas florestas.

4.2.2. Processamento de madeira


O processamento da madeira tem sido um dos principais objectivos dos operadores madeireiros
abrangidos, devido a sua lucratividade no mercado internacional porém, este processo carece de
altos investimentos. Durante todo período, os operadores abrangidos processavam a madeira em
volumes consideráveis porém, com PC19, houve variações de madeira serrada e em toro (fig. 6).

Figura 6: Evolução do volume médio da madeira serrada e em toros por província.

Produção de madeira

20000
15000
Volume (m3)

Madeira Serrada
10000 Madeira em toro
5000
0
2020

2021
2018
2019

2021
2018
2019
2020
2021
2018
2019
2020
2021
2018
2019
2020
2021
2018
2019
2020

Manica Nampula Sofala Tete Zambézia


Anos / Província

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Os volumes de madeira serrada oscilaram ao longo do período de análise, onde antes da pandemia
houve uma tendência de redução dos volumes, nas províncias da Zambézia em 14% e Sofala 3%,
devido aos efeitos da aplicação da lei do banimento de exportação da madeira em toros. Enquanto
nas províncias de Tete, Nampula e Manica aumentaram os volumes processados em 23%, 15%,
e 4%, respectivamente explicado pelo aumento de número de operadores.

Devido as restrições ao comércio externo durante a PC19, em 2020, houve redução de volumes
de madeira serrada, onde Zambézia teve a maior redução atingindo 63%, Tete em 52%, Sofala
em 35%, Nampula em 21% e a menor redução foi da província de Manica, em 14% e o comércio
da madeira era feito no mercado interno. Até final de 2021, houve aumento dos volumes de
madeira serrada sendo o maior na província da Zambézia com 81%, seguida de Nampula com
55%, Sofala com 32% devido abertura para exportações da madeira, contrariamente, Tete e
Manica registaram reduções em 42% e 34%.

O volume de madeira em toros variou por província, sendo que nas províncias de Tete, Sofala e
Manica, houve aumento do período de 2019 a 2020, devido ao aumento de número de operadores
e a fragilidade na capacidade de fiscalização, por parte do governo. Nas províncias de Nampula
e Zambézia os volumes de madeira em toro reduziram como impacto da operação tronco.

Durante o início da PC19, a tendência de exploração da madeira em toro aumentou em todas


províncias com a província de Sofala incrementando os metros cúbicos em 54%, 37% na
Zambézia, 33% em Tete, 41% em Manica e 15% em Nampula. Das principais razões deste
aumento, destacam-se a deficiente fiscalização dos SPA devido a redução do pessoal para contêr
o nível de contaminações, redução de mão-de-obra nas serrações o que deixou os operadores sem
pessoal para processamento devido a necessidade de contenção dos custos operacionais.

Outro aspecto que influenciou este aumento, é o facto das áreas de corte serem remotas, o que
isolou os operadores das cidades, com maior nível de propagação da PC19, e permitiu a
continuação das actividades de corte.

Em 2021, os volumes de madeira em toro explorados aumentaram na Zambézia em 92%,


Nampula 57% e Sofala em 10%, justificado pela redução de casos de contaminação o que levou
a aplicação das medidas de relaxamento e abertura da economia, permitindo abertura para o
comércio da madeira à nível nacional e internacional. Para as restantes províncias, o volume

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reduziu em 35% e 28% para as províncias de Tete e Manica, respectivamente, devido a incertezas
por parte dos operadores e pelo facto e pelo aumento da capacidade de fiscalização.

Durante a PC19, os volumes de madeira serrada variaram negativamente em todas províncias e,


em contra partida, aumentou o volume de madeira em toros explorados nas mesmas províncias,
este fenómeno também foi notado por Adams (2020), em seu estudo sobre os impactos da PC19
no sector florestal onde concluiu que, a PC19 afectou os níveis de investimento sobre o
processamento da madeira em Tânzania levando redução do processamento e aumento dos
volumes de madeira em toro, o que contraria o estudo de Attah (2021), onde, em Gana os efeitos
da pandemia levaram a maior redução da exploração da madeira em toro em relação a serrada.

4.2.3. Tipo de madeira


Os resultados da pesquisa mostram que o tipo de madeira produzida variou de acordo com as
necessidades do mercado e da capacidade de produção dos operadores concessionários onde,
dentre os tipos de madeira produzidas, se destacam barrotes, parquets, travessas, postes e tábuas,
que são produzidas em todas províncias abrangidas sendo que folheados, pranchas, ripas e
travessas são as mais produzidas na província de Nampula o que se alinha a DINAF (2017).
Com base pesquisa, a PC19 condicionou a demanda por tipo de madeira com destaque para
travessas e barrotes que interromperam a produção. Para tábuas, folheados e parquets, houve
aumento de níveis de produção em Tete, Sofala e Zambézia, devido ao aumento de número de
operadores, e a existência de grandes unidades de processamento (MTA, 2019; Sitoe et al., 2012).

Figura 7: Processamento de tábuas, Tete. Figura 8: Área de Armazenamento, numa unidade


. industrial em Tete.

4.2.4. Espécies exploradas por província

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Durante o período em análise, as espécies madeireiras procuradas e exploradas variaram entre


províncias, sendo as mais procuradas; a Chanfuta e Umbila, exploradas em todas províncias,
devido a sua disponibilidade e demanda no mercado nacional e internacional, principalmente.
Dentre as principais espécies por província, Sofala apresentou maior diversidade na preferência
de espécies exploradas com destaque para Chanfuta, Mbáua, Messassa, Moaca, Mutondo, Panga-
Panga e Umbila, e, ao longo desse período, houve variações durante a pandemia onde reduziu a
procura de todas espécies devido aos efeitos da covid-19, excluindo Moaca que aumentou os
volumes explorados para o fornecimento no mercado interno (vide anexo 9).

Durante a PC19, na província de Manica, as espécies que antes eram processadas para posterior
venda, foram todas vendidas em toros, como foi o caso da chanfuta, Sandalo e Umbila, devido a
redução da procura por esseas espécies. Mediante esse cenário, os operadores também optaram
por espécies de maior facilidade de exploração como Mucarati e Mutondo.

Na província de Nampula, espécies como Chanfuta, Jambire, Mucarara, Umbila foram destinadas
para o processamento enquanto que o Pau-preto, Metil madeira em toro, com a eclosão da PC19
aumentaram os volumes de exploração das espécies em toro, onde, a Chanfuta, o Jambire e a
Umbila passaram a ser exploradas e comercializadas em toros devido a redução dos níveis de
processamento influenciados pelas medidas restritivas da pandemia.

As principais espécies exploradas na província de Tete foram: Chacate-Preto, Chanato, Chanfuta,


Messassa, Monzo, Umbila e Pau-Rosa e, a covid-19 influenciou a preferência pelas espécies.
Devido ao maior estoque da madeira ao longo de 2020, em 2021, Messassa e Monzo perderam
interesse dos compradores e por via disso os operadores reduziram a sua exploração.

As espécies madeireiras mais preferidas na província da Zambézia foram; Chanfuta, Pau-preto,


Umbila e Jambire, que observaram pelos altos preços e níveis de exportação antes da pandemia.
Com a eclosão da covid-19, reduziu a demanda e consequentemente os volumes processados
dessas espécies e, por outro lado, aumentou a procura dessas espécies como madeira em toros por
parte devido a redução da procura de madeira processada, necessidade de sustentabilidade das
receitas dos madeireiros e pela necessidade de evitar roptura de estoque pós pandemia.

Para além destas espécies, durante a pandemia, intensificou-se a procura de espécies como Metil,
Metonha e Pau-Tuli destinados ao processamento, e de Messassa, Messanda, Pau-preto, Mbáua e

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Mutondo em toros, para o mercado interno. Estes resultados conscidem com o postulado por MTA
(2022), ao fazer mensão das espécies comerciais procuradas e comercializadas em Moçambique.

4.2.5. Receitas do licenciamento madeireiro


A receita obtida pelo licenciamento madeireiro diferiu entre as províncias durante todo o período
observado, com os parâmentros usados a mostrarem oscilações entre as províncias como ilustra a
tabela 9 da estatística descritiva a seguir.

Tabela 9: Estatística descritiva da receita pelo licenciamento.


Descrição Manica Nampula Sofala Tete Zambézia

Observações 4 4 4 4 4
Média 5312145 1401978 36981473 31927702 24218408

A província de Sofala detém a maior média de receita anual estimado em 36.981.473,00Mt, Tete
com 31.927.702,00Mt, Zambézia com 24.218.408,00Mt, Manica com 5.312.145,00Mt e
Nampula com a menor média de 1.401.978,00Mt. Porém, houve maior variação das receitas em
Tete, seguido de Sofala, Zambézia e Manica; a menor foi de Nampula.

A covid-19 influenciou a variabilidade das receitas de licenciamento pela paralização de algumas


concessões, redução dos volumes licenciados pelos operadores. Para analisar a variância das
médias dos tratamentos, procedeu-se a ANOVA na tabela 10.

Com base na análise global de variância das médias do licenciamento dos tratamentos, o P-Value
foi maior que 5% em todos os níveis, e logo, aceita-se a hipótese nula da igualdade das médias
das receitas pelo licenciamento madeireiro, ou seja, não houve diferença significativa entre as
receitas das províncias e que os impactos da covid-19 sobre as receitas tiveram a mesma
tendência, as médias das receitas pelo licenciamento são iguais.

Tabela 10: Análise de Variância das receitas do licenciamento madereiro


ANOVA
Fonte da variação SQ gl MQ F valor-P F crítico
Amostra 2,23E+17 1 2,23E+17 0,97013 0,347879 4,964603
Colunas 9,61E+17 4 2,4E+17 1,043502 0,432174 3,47805
Interações 8,89E+17 4 2,22E+17 0,96519 0,467683 3,47805
Dentro 2,3E+18 10 2,3E+17
Total 4,37E+18 19

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De acordo com a figura 9, durante o período que antecedeu a PC19, a tendência das receitas do
governo pelo licenciamento dos operadores madeireiros concessionários foi decrescente em todas
províncias excepto na Zambézia que teve significativo aumento mas, a eclosão da covid-19 trouxe
mudanças simétricas com reduções nas taxas de crescimento das receitas em Tete 9% e Zambézia
8% até o final de 2020.

No ano seguinte, o nível de receitas continuou decrescente em 29% para Nampula devido aos
impactos da PC19 e, contrariamente, até o final de 2021, Tete aumentou suas receitas em 6%,
Sofala 6%, Manica 5% e igual percentagem para Zambézia, como resultado do relaxamento das
medidas de contenção e abertura para o mercado externo.

Figura 9 : Distribuição das receitas de licenciamento madeireiro por província.


Receitas de Licenciamento
Milhões de Meticais

60000000
50000000
40000000
Receitas
30000000
20000000
10000000
0
2018
2019
2020
2021
2018
2019
2020
2021
2018
2019
2020
2021
2018
2019
2020
2021
2018
2019
2020
2021
Manica Nampula Sofala Tete Zambézia
Anos/Provincia

A PC19 levou a redução da demanda por madeira, causando a pouca procura de licenças por parte
dos madeireiros e consequentemente redução das receitas do governo nas províncias em estudo o
que representa perdas por parte do governo pois influenciaram negativamente para contribuição
do sector no PIB, atrasando o nível de crescimento e desenvolvimento económico do país. Estes
resultados se alinham com os da UNDESA (2020) e Maraseni et al (2021), onde nas diferentes
pesquisas concluiram que devido as restrições de comércio, houve redução da demanda por
madeira e por conseguinte, redução tanto das receitas do sector público como do privado.

4.2.6. Comércio de madeira


Antes da PC19, o comércio de madeira era feito para dois destinos, o mercado doméstico e o
internacional, este último era detentor de maiores volumes de madeira nas empresas abrangidas
com destaque para os países asiáticos (vide anexo 10).

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i. Mercado Doméstico
De acordo com os resultados, o mercado interno antes da pandemia, foi o menor detentor dos
volumes de madeira extraida, consumindo maior volume de madeira de menor qualidade,
destinado para as pequenas serrações. Os principais destinos da madeira diferem entre as
províncias, sendo a cidade de Maputo o maior consumidor da madeira nacional (MTA, 2019).

A eclosão da covid-19 levou ao aumento da oferta da melhor madeira ao mercado interno


principalmente para a cidade de Maputo, onde de acordo com 75% dos entrevistados vendiam
para revendedores de Maputo, maior destino da madeira fornecida no mercado interno, chegando
ao ponto de saturação pela proliferação da madeira, este factor também influenciou a redução dos
níveis de preços da madeira de todas as espécies (Tao, 2021).

ii. Mercado Internacional


De acordo com os resultados da pesquisa, o mercado internacional foi desde muito, dominado
pela China, Portugal, República da África do Sul e Malawi, com preços competitivos e demandas
de maiores volumes de madeira onde maior parte dos operadores madeireiros direcciona a sua
produção a esses mercados (MTA, 2022; Falcão, 2015).

As restrições para contenção da covid-19 influenciaram grandemente na redução das exportações;


levaram à necessidade crescente de armazenamento da madeira nas concessões e nos portos das
províncias de Sofala, Zambézia e Nampula; redução de preços para actrair compradores externos
presentes no mercado nacional que por sua vez, forçaram para redução de preços, afectando
grandemente as receitas e a sustentabilidade dos operadores madeireiros concessionários.

O relaxamento das medidas restritivas causou maior demanda por licença de exportação e
consequentemente exportação massiva de madeira no final de 2020 a 2021 com destino a China,
Africa do Sul, Portugal, Vietnã e Malawi, e os volumes mais exportados foram da madeira em
toro, que por lei é proibido em Moçambique, contrariando Attah (2021), quando se refere ao
aumento da exportação da madeira serrada em detrimento da madeira em toro em Gana. Por outro
lado, a FAO (2020) e UNDESA (2020) previam uma redução geral dos volumes exportados
porém, em Moçambique este fenómeno foi de curto prazo.

4.2.7. Preço de madeira por espécie

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O preço de madeira variou por classe e posteriormente pelas condições de mercado, onde antes
da covid-19 os preços eram estipulados de acordo com as classes e pelos compradores, criando
mais vulnerabilidade por parte dos operadores nos níveis de rendimentos.
A covid-19 influenciou para maior pressão sobre os operadores em reduzir seus preços para
garantir receitas, o que também influenciou os níveis de rendimentos e posteriormente a
operacionalização das empresas, que foram posteriormente obrigadas a reduzir a mão-de-obra
para garantir a sua sustentabilidade. Abaixo apresentam-se as figuras que mostram a evolução de
preços por tipo de madeira, em cada província.

Província de Manica

Nesta província, a eclosão da covid-19 influenciou a redução de preço da madeira no mercado de


todas espécies tanto da madeira serrada como em toro, mudanças na preferência das espécies por
processar onde, o Mucarati passou a ser procurado pelo fácil acesso e comercialização no mercado
e houve desistência da exploração de Panga-Panga devido a falta de compradores chineses.

Por outro lado, para a madeira serrada, o preço mais alto foi da Chanfuta, que variou
negativamente em 10% durante a pandemia e o preço mínimo foi de sandalo que decresceu em
14%, e para madeira em toro o preço máximo foi da Chanfuta que variou com a PC19 em 26%
negativos e o preço mínimo foi de sandalo que não variou.

Figura 10: Evolução dos preços por tipo de madeira, província de Manica

Madeira Serrada Madeira em Toros


45000 25000
40000
20000 Chacate Preto
Mil Meticais/m3

35000
Mil Meticais/m3

30000 Chanfuta Chanato


25000 15000
Mucarati Chanfuta
20000
Sandalo 10000 Jambire
15000
10000 Umbila Mondzo
5000
5000 Mutondo
0 0 Panga-Panga
2018 2019 2020 2021 2018 2019 2020 2021
Sandalo
Anos Anos

Província de Nampula

Na província de Nampula, a pandemia influenciou na redução dos preços de todas as espécies e


a respectiva preferência onde, Jambire em toro cujo preço aumentou em 7%, devido a sua maior
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procura no primeiro ano da pandemia. No ano seguinte, reduziu a preferência por jambire e,
Mucala foi mais procurada devido a fácil aquisição, pelo que, o seu preço também foi crescente.

Figura 11: Evolução dos preços por tipo de madeira, província de Nampula.

Madeira Serrada Madeira em Toros


45000 30000
40000
25000

Mil Meticais/m3
Mil Meticais/m3

35000
30000 20000 Chanfuta
Chanfuta
25000 Jambire
Jambire 15000
20000
Mucala Metil
15000 10000
10000 Umbila Pau-preto
5000 Umbila
5000
0 0
2018 2019 2020 2021 2018 2019 2020 2021
Anos
Anos

A Chanfuta foi a espécie com madeira serrada de maior preço porém, com a covid-19 o seu preço
decresceu em 12% e o menor preço foi de Mucala. Para madeira em toro, o Jambire atingiu o
maior preço durante o inicio da pandemia devido a sua maior procura e logo depois decresceu em
60% e o menor preço foi da Umbila, que com a pandemia decresceu em 8%.

Província de Sofala

Durante o período em análise, as empresas abrangidas na província de Sofala dedicavam-se


apenas a extracção, processamento e venda da madeira. Os preços de madeira nesta província
tiveram uma variação mínima, sendo que este factor deveu-se a existência de tecnologia de
processamento. Durante a PC19, os preços da madeira não alteraram significativamente.

Figura 12 : Evolução dos preços por tipo de madeira, província de Sofala.

Madeira Serrada
50000
Chanfuta
Mil Meticais/m3

40000
Mbaua
30000 Messasa
20000 Moaca
Mutondo
10000
Panga-Panga
0 Umbila
2018 2019 2020 2021
Anos

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A Chanfuta teve os preços mais altos mas, com a eclosão da pandemia, seu preço decresceu em
12% tendo neste período havido mudanças na preferência por espécies, com maior demanda para
Moaca e Mbaua cujos preços foram maiores durante a pandemia e, o mínimo foi o preço da
Messassa que foi constante em todo período.

Província de Tete

Na província de Tete, durante a PC19, os preços da madeira em toro tiveram a maior variabilidade
em todas espécies quando comparados aos da madeira processada. Esta variação marcada pela
redução de preços foi devido a existência de vários operadores para pouca demanda, o que levou
a concorrência desleal entre as empresas com preços diferenciados entre os operadores.

O preço mais alto da madeira serrada foi da Chanfuta que, com a pandemia, variou negativamente
em 8% e o mínimo foi de Mondzo que decresceu em 3%; para a madeira em toro o preço mais
alto foi do Pau-rosa que durante a pandemia, decresceu em 2% e o mínimo no mesmo período foi
de Messassa em 1%.

Figura 13 : Evolução dos preços por tipo de madeira, província de Tete

Madeira Serrada Madeira em Toros


40000 20000
35000 18000
16000
Mil Meticais/m3

Mil Meticais/m3

30000 Chacate-Preto
14000
25000 Chacate- Preto 12000 Chanato
20000 Chanato 10000 Chanfuta
15000 Chanfuta 8000 Messassa
Messassa 6000 Monzo
10000
Monzo 4000 Pau-Rosa
5000 2000
Umbila Umbila
0 0
2018 2019 2020 2021 2018 2019 2020 2021
Anos Anos

Província da Zambézia

Esta província teve a maior a variabilidade dos preços de madeira processada em relação a
madeira em toro, devido a maior procura por esta madeira durante a pandemia, como mostra a
fugura 14 abaixo.
Os preços não só variaram devido a maior ou menor procura por determinadas espécies, mas
devido a inflação importada, de curto prazo, tanto pela redução da demanda da madeira no
mercado interno para exportação, como pela redução da importação de produtos madeireiros.

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Figura 14 : Evolução de preços por tipo de madeira, província da Zambézia.

Madeira Serrada Madeira em Toros

45000 25000 Chanfuta


40000 Chanfuta
Mil Meticais/m3

Mil Meticais/m3
35000 20000 Jambire
30000 Jambire Mbaua
25000 Metil 15000
Messanda
20000 Metonha 10000 Messassa
15000
10000 Pau Tuli 5000 Metacha
5000 Umbila Mutondo
0 0 Pau-Preto
2018 2019 2020 2021 2018 2019 2020 2021 Umbila
Anos Anos

Durante o período em análise, para madeira serrada, a Chanfuta teve o preço mais alto antes da
PC19 sendo que durante a covid-19 reduziu em 8% e o preço mínimo foi sempre da Metonha que
não variou e, para a madeira em toro o Pau-preto teve o preço mais alto antes da pandemia,
decresceu em 6% na PC19 e a Messassa teve o preço mínimo que aumentou com a pandemia em
9 %.

Durante a pandemia, os preços da madeira variaram negativamente pela necessidade de garantir


receitas, pela redução da demanda e imposição de preços pelos compradores o que complementa
os dados do Murara et al. (2005), ao descreverem as características da espécie, maquinaria usada
para o processamento e o diámetro das toras como factores determinantes para o rendimento da
madeira.

4.2.8. Acesso ao Financiamento

Os resultados da pesquisa mostram que o acesso ao crédito para as empresas madeireiras do


regime de concessão apresenta uma distribuição irregular com algumas províncias registando o
maior nível de acesso ao financiamento em detrimento de outras. A pesquisa mostrou que o acesso
ao crédito foi possível em apenas duas províncias, como mostra a figura 15 referente a distribuição
do acesso ao crédito bancário pelos operadores florestais concessionários. Este factor é explicado
pela inadiplência por parte dos operadores, maioritariamente de investimento nacional.

A província de Tete deteve o maior número de operadores que beneficiaram de crédito bancário
em todo período de estudo com 3 seguida da Zambézia com 1, e nas restantes províncias, os
operadores não beneficiaram de crédito bancário.

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Figura 15: Acesso ao crédito para os operadores madeireiros concessionários por província

Acesso ao crédito por província


0% 0%

Manica
25% Nampula
Sofala
75% Tete
Zambézia

As restrições da PC19 reduziram o fluxo no comércio de madeira, principalmente para exportação


e, consequentemente redução da capacidade de gerar receitas o que aumentou o nível de
inadiplência das concessões na província de Tete com mais de 2 concessionárias sendo
penhoradas todos os equipamentos das serrações.

Durante o período da eclosão da covid-19, nenhuma concessão beneficiou de apoio financeiro do


governo para reanimar o sector, reduzindo a capacidade de fiscalização, fazendo com que muitos
operadores funcionassem pela metade da sua capacidade, levando a redução da mão-de-obra o
que vai de acordo com Cherkaoui et al., (2020), que defende que em África houve desvio de
investimentos do sector florestal para a saúde, deixando o sector vulnerável.

Por outro lado, resultados contrários foram verificados no estudo da UN (2021), sobre impactos
da covid-19 no sector florestal em países como Albania, Bósnia e outros em que o governo
financiou o sector e que os impactos da Covid-19 foram leves. Das 37 concessões abrangidas, 7
corriam risco de falência por falta de receitas e incetivos, sendo 4 operadores em Tete e 3 em
Manica (Tao, 2021).

4.3. Impactos sociais da covid-19

A análise do impacto social baseou-se nos níveis de empregabilidade por regime contratual, por
sector e por género, para além da descrição do nível de salários, durante todo período.

Durante a PC19, as empresas inqueridas tiveram um total de 2039 trabalhadores dos quais, a
província de Tete apresentou o maior nível de trabalhadores com 34% do total, explicado pela
presença de maior número de operadores e que operam em zonas remotas e o menor nível foi
registado na província de Manica com 8%, devido a pouco número de operadores como descreve
a figura 16.

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Figura 16: Distribuição da mão-de-obra por província.

Mão-de-obra

8%
19%
24%

34%
15%

Manica Nampula Sofala Tete Zambézia

Os níveis de empregabilidade variaram com a eclosão da covid-19 em Moçambique, onde dados


das províncias estudadas mostraram uma variação geral nos níveis de empregabilidade.

A tabela 11, da estatística descritiva, mostra uma redução nas médias dos trabalhadores em todas
províncias, do período antes da PC19 para o período da sua eclosão em Moçambique.

Tabela 11: Estatística descritiva do nível de empregabilidade.


Descrição Manica Nampula Sofala Tete Zambézia
Antes da Pandemia
Contagem 2 2 2 2 2
Soma 259 677 475 1009 548
Média 129,5 338,5 237,5 504,5 274
Variância 220,5 3784,5 2112,5 12,5 0
Durante a Pandemia
Contagem 2 2 2 2 2
Soma 141 545 266 670 417
Média 70,5 272,5 133 335 208,5
Variância 0,5 840,5 11858 50 144,5

Durante a PC19, a província de Sofala teve a maior variabilidade dos números de trabalhadores,
seguida de Nampula, Zambézia, Tete e por último Manica que teve a menor variação. As
oscilações nas médias dos trabalhadores por província foram explicadas pelos efeitos
multiplicadores da eclosão da pandemia da covid-19 que levaram a insustentabilidade das
empresas e estas por sua vez reduziram o número de mão-de-obra.

Estes resultados vão de acordo com a OIT (2020), que previu o aumento dos níveis de desemprego
devido aos efeitos da pandemia da covid-19 e dos outros estudos realizados UN (2021), nos países
balcães mostrou que os efeitos da pandemia da covid-19 afectaram apenas trabalhadores

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estrangeiros devido a restrições impostas para contêr a propagação da covid-19 mas que no geral,
houve estabilidade dos níveis de empregabilidade.

A ANOVA acima mostra que o p-value é menor que 0,05 o que condiciona rejeição da hipotese
de nulidade de que não há diferenças significativas entre as médias de número de trabalhadores
entre os tratamentos, com isso seguiu-se ao procedimento de análise post-hoc abaixo.
Tabela 12: Tabela ANOVA dos níveis de empregabilidade entre as províncias.
ANOVA
Fonte da variação SQ gl MQ F valor-P F crítico
Amostra 43152,05 1 43152,05 22,68354929 0,000765396 4,964603
Colunas 234655,3 4 58663,83 30,83755618 1,334E-05 3,47805
Interações 8625,7 4 2156,425 1,133558493 0,394687288 3,47805
Dentro 19023,5 10 1902,35
Total 305456,6 19

a) Teste de Tukey

Dados:
1902,35
I=5 𝑫𝑴𝑺 = 4,65 ∗ √ 10

GLE =10 𝑫𝑴𝑺 = 64,13545

QME = 1902,35
𝑱 = 10
𝒒𝜶(𝑰,𝑮𝑳𝑬)= 4,65

A DMS para que o contraste das médias fosse considerado significativo foi de 64,13545.

As médias das províncias não seguidas pela mesma letra, diferem ao nível de 5% de significância
pelo teste de Tukey. De acordo com a tabela acima, a pandemia levou ao aumento das diferenças
entre as médias dos trabalhadores das províncias sendo destacadas as províncias de Tete e
Nampula, Nampula e Zambézia e por último as províncias de Manica e Sofala, que diferiram
entre si, como descrito na tabela 13.

Os resultados mostram que os níveis de empregabilidade não foram regulares, por um lado devido
a capacidade de sustentabilidades das empresas e por outro lado, devido aos efeitos da PC19 que
limitou a capacidade de intervenção do governo para reanimar o sector.

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Tabela 13: Resultados do teste de Tukey para níveis de empregabilidade.

Antes da pandemia da covid-19 Durante a Pandemia da Covid-19


Tratamentos Y=m1-m2 DMS Resultado Tratamentos Y=m1-m2 DMS Resultado
TT - MNC 375 64,13545 a*** TT - MNC 264,5 64,13545 a***
TT - SFL 267 64,13545 a*** TT - SFL 202 64,13545 a***
TT - ZMB 230,5 64,13545 a*** TT - ZMB 126,5 64,13545 a***
TT - NPL 166 64,13545 a*** TT - NPL 62,5 64,13545 ****
NPL - MNC 209 64,13545 *b** NPL - MNC 202 64,13545 *b**
NPL - SFL 101 64,13545 *b** NPL - SFL 139,5 64,13545 *b**
NPL - ZMB 64,5 64,13545 *b** NPL - ZMB 64 64,13545 ****
ZMB - MNC 144,5 64,13545 **c* ZMB - MNC 138 64,13545 **c*
ZMB - SFL 36,5 64,13545 **** ZMB - SFL 75,5 64,13545 **c*
SFL - MNC 108 64,13545 ***d SFL - MNC 62,5 64,13545 ****
Manica(MNC); Nampula (NPL), Tete (TT); Sofala (SFL); Zambézia(ZMB)

No geral, houve uma tendência decrescente dos níveis de empregabilidade no sector antes da
pandemia, com variações negativas nas províncias de Sofala (24%), Nampula (23%), Manica
(15%), e Tete (1%) devido a redução de número de operadores e, contrariamente, na província da
Zambézia, os níveis de empregabilidade foram constantes antes da pandemia.

Durante o primeiro ano da PC19, houve redução de mão-de-obra nas empresas madeireiras onde
a maior redução foi em 40% para Manica, Tete com 32%, Zambézia 21%, e Nampula reduziu em
1% porém, a província de Sofala registou aumento em 2%, sendo que as variações foram
explicadas pelo nível rendimentos das empresas por província.

Em 2021, todas as províncias reduziram o número de mão-de-obra e, a maior variação foi da


província de Sofala com 73%, Nampula com 14%, Zambézia com 8%, Tete 3% e Manica foi a
menos afectada com 1% de desempregados no sector madeireiro. Este cenário foi resultado da
redução nos rendimentos das empresas, aliado a incertezas da abertura do mercado internacional,
que é o principal destino da madeira explorada em Moçambique.

Com abertura dos mercados internacionais, a aplicação das medidas de relaxamento, os níveis de
despedimentos reduziu, pois maior parte dos operadores reempregavam os seus trabalhadores.
Maior parte dos que foram abrangidos pelos despedimentos foram trabalhadores locais que,
maioritariamente trabalhavam nnas serrações. A tendência da evolução dos níveis de
empregabilidade antes e durante a pandemia, é descrita na figura 17.

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Impacto da COVID-19 na exploração da madeira em Moçambique

Figura 17: Referente a variação da mão-de-obra nas concessões florestais.

Variação da empregabilidade
Nr. de trabalhadores 600
500 Manica
400 Nampula
300 Sofala
Tete
200
Zambézia
100
0
2018 2019 2020 2021
Anos

No geral, em Moçambique, a redução da mão-de-obra nas empresas madeireiras foi devido aos
efeitos da pandemia como foi previstos nos trabalhos de Tientcheu (2020) e UA (2020) em que
previam que a pandemia da covid-19 influenciaria a variação do nível de emprego sobre o sector.

I. Nível de empregabilidade por regime contratual

Os resultados da pesquisa mostram que o regime contratual é permanente e sazonal em todas


empresas abrangidas pelo estudo sendo que ao longo do período de estudo, houve variações dos
números de trabalhadores por regime nas empresas madeireiras. A PC19 influenciou a redução
de número de trabalhadores entre os diferentes regimes como pode observar-se na figura 18.
Figura 18: Evolução da mão-de-obra por regime.

Empregabilidade por regime de contrato


400
Nr de trabalhadores

300 2018
200 2019
100 2020
0 2021
Sazonais

Sazonais

Sazonais

Sazonais

Sazonais
Integrais

Integrais

Integrais

Integrais

Integrais

Manica Nampula Sofala Tete Zambézia

Província
Antes da PC19, a tendência da mão-de-obra foi decrescente em todos regimes contratuais com
maior enfoque para o sazonal que teve o maior nível de reduções em todas as províncias com
excepção da Zambézia. A pandemia levou a variações irregulares da mão-de-obra por província
onde o regime sazonal teve acentuada redução nas províncias de Manica (44%), Tete (39%) e
Zambézia (30%) enquanto em Nampula foi estável e, contrariamente, na província de Sofala o

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Impacto da COVID-19 na exploração da madeira em Moçambique

número trabalhadores sazonais aumentou em 8%. No regime permanente, as províncias mais


afectadas foram Manica e Tete com redução em 29% da mão-de-obra cada, Sofala com 14%,
Nampula e Zambézia com 2% cada.
Em 2021, o número de trabalhadores permanentes reduziu em todas províncias com a maior
variação de Sofala 53%, Manica 25%, Tete 4%, Zambézia 2% e em Nampula não houve redução.
Por outro lado, houve redução de trabalhadores sazonais apenas nas províncias de Sofala 79%,
Nampula e Zambézia 21% cada enquanto, Manica e Tete aumentaram o número de trabalhadores
em 10% e 4%, respectivamente.
Durante a pandemia, houve maior nível de desemprego sobre os trabalhadores sazonais em
relação aos permanentes, devido a redução dos níveis corte de madeira e consequente necessidade
de redução de custos. Resultados semelhantes foram obtidos por Pariyar et al (2021), UA (2020b)
e OIT (2020) no Nepal e Ruanda onde maior taxa de desemprego recaiu nos trabalhadores
sazonais em toda cadeia de exploração da madeira.

II. Nível de empregabilidade por sector de actividade

Os resultados da pesquisa mostram que a maioria das concessões localiza-se em zonas diferentes
dos locais de processamento e, a eclosão da PC19 afectou a mão-de-obra tanto das serrações como
do corte, como ilustra a figura 19, que descreve a evolução da empregabilidade por sector.
Figura 19: Evolução do nível de empregabilidade por sector nas empresas madeireiras.
Empregabilidade por sector
400
Nr. de Trabalhadores

300 2018
2019
200 2020
100 2021
0
Corte Serração Corte Serração Corte Serração Corte Serração Corte Serração
Manica Nampula Sofala Tete Zambézia

Província

A tendência do número de trabalhadores nas concessões abrangidas pelo estudo foi decrescente
com pequenas variações positivas nos sectores de corte e serração por província. Antes da
pandemia houve redução da mão-de-obra tanto no sector de corte como nas serrações com
excepção da província da Zambézia onde não houve variações.

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Impacto da COVID-19 na exploração da madeira em Moçambique

A eclosão da PC19 teve maior impacto sobre as serrações em relação ao sector de corte. A
província de Manica sofreu maior variação de empregos nas serrações com 59% seguida de Tete
37%, Zambézia 17% e Sofala com a menor variação de 1%, a província de Nampula registou
aumento do número de trabalhadores nas serrações em 4%, este cenário foi influenciado pela
maior demanda de madeira. No sector de corte, a maior redução de trabalhadores foi de Manica
com 32%, seguida da Zambézia com 23%, Tete 22% e Nampula 2%, Sofala aumentou o número
de trabalhadores no sector de corte em 5%, com maior parte da exploração nas concessões.

Em 2021, houve aumento nos níveis de despedimentos na província de Sofala no sector de


serração em 77% da mão-de-obra, seguida de Manica com 20%, Zambézia com 9% e Tete com
o menor percentagem em 5%, a província de Nampula registou aumento do número de
trabalhadores nas serrações em 10%. Quanto ao sector de corte, Sofala teve a maior taxa de
despedimento em 71% seguida de Nampula com 23% e Zambézia com 7%, as províncias de Tete
e Manica tiveram aumento do número de trabalhadores no sector de corte em 7% e 4%,
respectivamente. Mesmos resultados foram encontrados por Mcclellan (2020) em que nos EUA,
o sector de serração foi o mais afectado com maior número de despedimentos devido a PC19.

III. Nível de empregabilidade por género

A evolução do nível de empregabilidade variou por género, com maior redução da mão-de-obra
feminina nas empresas de exploração madeireira como descrito na tabela 14.
Tabela 14: Distribuição de trabalhadores por género.
Anos Manica Nampula Sofala Tete Zambézia
H M H M H M H M H M
2018 133 7 375 7 259 11 501 6 263 11
2019 112 7 283 12 203 2 496 6 263 11
2020 66 5 281 12 204 6 337 3 208 9
2021 65 5 240 12 55 1 332 2 191 9
H (homens); M (mulheres)
De acordo com a tabela 13, antes da pandemia, a tendência foi de maior decréscimo da mão-de-
obra masculina em relação a feminina nas províncias de Manica, Nampula, Sofala e Tete, excepto
para Zambézia, onde o número permaneceu constante.
Durante o primeiro ano da pandemia, houve maior redução do nível de emprego de homens em
relação as mulheres nas províncias de Manica em 12%, Zambézia em 3% e Nampula em 1%
devido a necessidade de sustentabilidade das empresas e imposições legais da inclusão da mulher

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Impacto da COVID-19 na exploração da madeira em Moçambique

no sector restringindo-se nas serrações, enquanto que para a província de Tete houve maior
número de mulheres desempregadas em relação aos homens em 18%. Este fenómeno foi
explicado pela necessidade de forte mão-de-obra para actividades de corte, contenção de custos
operacionais das empresas e da relação custo-benefício enquanto na província de Sofala houve
aumento em 200% de número mulheres empregadas. Em 2021, houve aumento generalizado de
homens desempregados em relação as mulheres em todas províncias o que complementa os dados
do MTA (2019) em que os homens compoem 96% da força de trabalho nas empresas madeireiras.

4.3.1. Contaminações por covid-19 nas empresas madeireiras

A eclosão da covid-19 levou a tomada de muitas medidas por parte das empresas madeireiras para
evitar os níveis de contaminações, a presente pesquisa mostra que as contaminações por covid-
19 no sector de exploração madeireira afectaram quase todas as províncias como descrito na
figura 20, com excepção de Sofala.
Figura 20: Evolução de casos de contaminações nas empresas madeireiras.

Contaminações por covid-19


28
Nr. de Infectados

30 25
Manica
20 Nampula
10
10 6 Sofala
4 5
0 0 0 0 Tete
0 Zambézia
2020 2021
Ano

Durante o ano do surto da covid-19 em Moçambique, a província de Tete teve o maior número
de trabalhadores contaminados com 28, seguida de Manica com 25, Zambézia com 10 e Nampula
com 4, para os operadores de Sofala não houveram casos de contaminações pois durante esse
período, grande parte das actividades eram feitas no campo, locais afastados das zonas urbanas,
com menor circulação de pessoas, o que influenciou a não contaminação dos trabalhadores.
À partir do final de 2020 até 2021, os níveis de contaminações reduziram em todas as províncias
com Tete a reduzir em 80% e Manica em 75%. Esta redução deveu-se ao reforço da capacidade
de observância do protocolo sanitário por parte dos operadores com constante uso de material de
desinfecção e higiene com utilização de alcool em gel, água, sabão e cinza assim como o uso da
máscara. No final de 2021, as províncias de Nampula, Sofala e Zambézia onde os trabalhadores
trabalhavam isolados em áreas remotas das concessões, não houve contaminações.

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Impacto da COVID-19 na exploração da madeira em Moçambique

Contrariamente aos outros estudos como o de Tatar (2021) e UN (2021), a maioria das empresas
madeireiras não teve casos de contaminações por covid-19 pela forma restritiva que as actividades
decorriam, em áreas florestais remotas.

4.3.2. Níveis de salários por província

Os salários variaram de acordo com a província, o nível de cumprimento da lei do trabalho assim
como o rendimento das empresas, sendo diferente para cada ano como se pode ver no gráfico
abaixo.
Figura 21: Referente aos níveis salariais por província.

Salários por província


Manica Mínimo
70000 Manica Máximo
60000
Mil Meticais

50000 Nampula Mínimo


40000 Nampula Máximo
30000 Sofala Mínimo
20000 Sofala Máximo
10000 Tete Mínimo
0 Tete Máximo
2018 2019 2020 2021 Zambézia Mínimo
Ano Zambézia Máximo

A descrição acima é referente a evolução dos salários mínimos e máximos ao longo do período
onde, em geral, de 2018 ao princípio de 2020, os salários tiveram uma tendência crescente
associado ao aumento dos níveis de produção das empresas e pela necessidade de cumprimento
da lei de trabalho, estabelecendo-se um salário mínimo próximo ao estabelecido na função
pública. Antes da pandemia em média, o salário mínimo foi 5.017,00Mt e o máximo de
19.529,00Mt.
A PC19 teve impactos diferenciados para cada província em que houve aumento dos salários
mínimos em Nampula (12%), Zambézia (3%), Manica (2%) e Tete (1%), diferentemente de
Sofala onde os salários mínimos mantiveram-se estáveis. Em 2021 houve aumento de salários
mínimos na província de Manica em 7% e Zambézia com 4% e as restantes províncias os salários
foram constantes. A variação positiva deveu-se a necessidade de cumprimento da lei do trabalho
e, o salário mínimo durante a pandemia foi em média de 5.286,00Mt.
Durante a pandemia, os salários mensais mais altos foram de Sofala com uma média de
64.667,00Mt; Nampula com 43.167,00Mt; Manica com 40.750,00Mt; Tete 23.150,00Mt e
Zambézia com 19.529,00Mt, como resultado do aumento percentual em 45% para Tete; 14% para

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Zambézia; 11% para Nampula e, em contrapartida, as províncias de Manica e Sofala reduziram


em 28% e 17%, respectivamente.
Os salários no geral variaram, sendo os mínimos de forma positiva em todas províncias durante a
PC19 enquanto para os mais altos, houve reduções em apenas 2 províncias sendo crescente nas
restantes, o que mostra uma tendência de aumento salarial em todos os níveis. Estes resultados
são contrários aos da OIT (2020) & UA (2020) que concluiram que houve redução de salários
para conter o número de trabalhadores devido aos efeitos da PC19.

4.3.3. Níveis de furtos de madeira nas concessões madeireiras

Os furtos de madeira nas concessões têm sido frequentes pois, de acordo com os operadores
abrangidos em todas províncias, anualmente muita madeira é furtada o que reduz a produtividade
das concessões. A figura 22 faz referência a evolução de furto de madeira nas concessões.
Figura 22: Evolução do nível de furto de madeira por província.

Madeira Furtada
250
Volume de madeira (m3)

200
Manica
150
Nampula
100
Sofala
50 Tete
0 Zambézia
2018 2019 2020 2021
Anos

A figura 22 descreve os volumes de madeira furtada durante o período de estudo onde, em 2018
os volumes anuais furtados foram em média de 10m3 na província da Zambézia, para outras
províncias os roubos foram imensuráveis. Em 2019, o nível de furto foi crescente com aumento
de volumes de madeira furtada onde nas província de Manica e Tete foram furtados 40m3 cada, e
Zambézia 25m3, explicado pelo aumento de furtivos, que na sua maior parte, são aliados a
governantes, o que dificultou a fiscalização e denúncia destes casos.
Durante o primeiro ano da pandemia, houve aumento significativo dos volumes de madeira
furtada em que Zambézia aumentou em 540%, Tete com 400% e Manica em 150%, quando
comparado ao período antes da pandemia (2019). Este crescente nível de roubo foi explicado pela
redução nos níveis de fiscalização; entrada de novos operadores estrangeiros que usavam licenças

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Impacto da COVID-19 na exploração da madeira em Moçambique

dos antigos operadores e aproveitavam explorar em concessões vizinhas; e, as ameaças à mão


armada de furtivos principalmente em Tete.
Em 2021, Manica registou aumento em 55% de volumes furtados, sendo o maior volume devido
a escasséz de fiscais causado pelas dificuldades de logística dos SPA’s enquanto as províncias de
Tete e Zambézia registaram decréscimo em 60% e 79,1% respectivamente devido a intensificação
do controle de circulação da madeira nos postos de controle pelos fiscais dos SPA’s.
Estudos de Attah (2020) e OIT (2020), apontaram para maiores níveis de pressão sobre os
recursos florestais, aumento de níveis de exploração ilegal e roubo da madeira, contrariamente
aos resultados UA (2020b), que concluiu que haveria redução de furtos de madeira para
exportação devido ao desistímulo da demanda no mercado internacional da madeira como efeito
da eclosão da PC19.

4.3.4. Maneio comunitário florestal

De acordo com o previsto no Decreto n° 93/2005 de 4 de Maio sobre o pagamento de uma taxa
destinada a projectos comunitários onde as concessões madeireiras se encontram a operar, este
montante provém das receitas do licenciamento dos SPA’s e posteriormente, canalizado a
representantes das respectivas comunidades.

A evolução do pagamento no âmbito do maneio comunitário tem sido irregular em todo período
de análise com uma tendência decrescente antes da pandemia e oscilações durante a pandemia, a
figura 23 abaixo mostra a evolução da distribuição dos 20% por província.

A província da Zambézia teve o maior volume de pagamento enquanto o menor nível de


pagamento foi da província de Nampula; em Tete não houve canalização dos 20% das receitas
florestais às comunidades, sendo que este fenómeno explicado pela inexistência de projectos de
iniciativas comunitárias, condição para o desembolso.
A eclosão da covid-19 infuenciou o atraso do desembolso dos 20% referentes às receitas de
licenciamento florestal do último trimestre de 2019, que foram canalisados em conjunto com os
de 2020, em todas províncias excepto Nampula que reduziu o valor a ser pago em 2% devido a
redução das receitas de licenciamento.
Em 2021, a PC19 influenciou à redução de volumes de madeira licenciada e à desistência de
alguns operadores o que resultou na redução das receitas pelo licenciamento e consequentemente
no decréscimo em 46% e 2% do pagamento dos 20% nas províncias de Manica e Sofala,
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Impacto da COVID-19 na exploração da madeira em Moçambique

respectivamente, enquanto que Zambézia e Nampula tiveram um incremento em 5% e 4%


respectivamente, explicado pelo aumento da demanda por licenças devido ao relaxamento de
algumas medidas de contenção da covid-19.
Figura 23: Evolução da canalização dos 20% no âmbito do maneio comunitário.

Pagamento dos 20%


8000000
Milhões de Meticais

6000000 Manica
Nampula
4000000 Sofala
Tete
2000000 Zambézia

0
2018 2019 2020 2021
Anos

A pandemia afectou negativamente o fluxo dos rendimentos no âmbito do maneio comunitário


com atrasos nos desembolsos dos fundos. Resultados similares foram obtidos por Pariyar et al.,
(2021), que concluiu que a pandemia afectou os fluxos da renda nas comunidades.

4.4.Impactos da Covid-19 sobre o meio ambiente


4.4.1. Níveis de incéndios nas concessões madeireiras

Os incéndios nas concessões ou áreas adjacentes acontecem anualmente em todas províncias. A


PC19 levou ao aumento da procura por fontes alternativas para sobrevivência como caça e
agricultura nas áreas concessionárias, com enfoque para os trabalhadores desempregados e que
viviam nas zonas próximas das concessões, o que influenciou a invasão e queimadas nessas áreas.

Outro factor que contribuiu para o aumento dos níveis de incéndios nas concessões, foi a redução
da capacidade de fiscalização por parte dos concessionários, principalmente nas províncias de
Tete, Zambézia e Nampula onde, semelhantemente não houve sensibilizações contra incéndios
por parte dos SPA’s nas comunidades vizinhas das áreas florestais, por inexistência de orçamento
durante a pandemia pois, o maior foco do investimento do governo foi para o sector de saúde,
para contêr o virus da covid-19 (CHERKAOUI et al., 2020).

4.4.2. Nível de reflorestamento

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Impacto da COVID-19 na exploração da madeira em Moçambique

De acordo com os resultados, os programas de reflorestamento acontecem desde o período antes


da pandemia, são coordenados pelos SPA’s e realizados pelos operadores madeireiros juntamente
com as comunidades e organizações privadas. De acordo com operadores das províncias de
Manica, Tete e Zambézia, antes da pandemia enfrentavam dificuldades de rega das mudas que
recebiam dos SPA’s e, com a eclosão da PC19 a maioria dos operadores teve crescentes limitações
no maneio das áreas de reflorestamento levando a seca de muitas mudas no campo.

A indisponibilidade de orçamentos e a redução de recursos humanos nos diferentes sectores dos


SPA’s para conter a propagação da covid-19 dificultaram os processos de monitoria e avaliação
do programa de reflorestamento a nível dos SPA’s. À semelhança do postulado por UA (2020),
que descreve a falta de financiamento no sector florestal como factor principal do seu
enfraquecimento durante a pandemia, reduzindo a sua capacidade de funcionamento.

4.4.3. Frequência de fiscalização.


No que tange a frequência de fiscalização, houve diferenças entre as províncias. A tabela 15
descreve a frequência da fiscalização nas concessões florestais das empresas abrangidas pelo
estudo. Antes da pandemia, a fiscalização dos SPA’s era feita trimestralmente mas, com a eclosão
da pandemia, a frequência da fiscalização reduziu sendo que na província de Manica, Nampula
não houve fiscalização. Nas restantes províncias, na Zambézia apenas 14% dos operadores
abrangidos tiveram fiscalização uma vez durante o ano e, este fenómeno aconteceu nas províncias
de Tete com 20% dos inquiridos e Sofala com 75%.

Tabela 15: Frequência de fiscalização das concessões.


Período Manica Nampula Sofala Tete Zambézia
Antes da Pandemia Trimestral Trimestral Trimestral Trimestral Trimestral
Durante a Pandemia - - Anual Anual Anual

Para além das restrições impostas durante aclosão da PC19, houve também dificuldades logísticas
por parte dos fiscais dos SPA’s para se fazerem ao campo onde nas províncias de Manica, Sofala
e Tete, fiscais pediam aos operadores madeireiros, meios logísticos para se deslocarem às
concessões, dificultando o nível de fiscalização nas concessões, o que aumentou a possibilidade
de circulação de madeira ilegal nas províncias, com destaque para as províncias de Tete, Sofala,
Manica e Zambézia (CHERKAOUI et al., 2020; UA, 2020).

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Impacto da COVID-19 na exploração da madeira em Moçambique

V. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
5.1.Conclusão
Os resultados da pesquisa levam a concluir que as concessões florestais em Moçambique
localizam-se em zonas estratégicas que facilitam o emprego da mão-de-obra local, corte,
transporte, processamento e venda de produtos madeireiros. A maioria das empresas opera com
capital próprio, de nacionais e estrangeiros, por outro lado, o acesso ao financiamento é limitado
existindo poucos operadores de Manica e Tete, que beneficiam de crédito bancário, o
investimento em tecnologias varia de província para província onde Nampula e Zambézia
apresentam baixos níveis de investimento em tecnologias de processamento e meios de transporte
em estado obsoleto.

A eclosão da PC19 causou a redução dos volumes de madeira explorada em 6%, explicado pela
redução de volume de produção devido as restrições impostas no mercado externo, o maior
destino da madeira explorada. Por sua vez, as restrições impostas no comércio de madeira levaram
a redução da demanda por licenças e por conseguinte, a redução das receitas do governo de
230.682.568,4Mt no período antes, para 190.906.755,8Mt durante a PC19, uma variação negativa
de 17%, para além da redução e atraso na alocação dos 20% do maneio comunitário.

O nível de empregabilidade decresceu durante todo o período onde dos 2968 trabalhadores que
estiveram empregados, apenas 2039 restaram durante a PC19, durante a realização da pesquisa,
representando um decréscimo de 31% dos quais, 48% são trabalhadores permanentes e 52%
sazonais o que mostra um maior impacto da PC19 sobre os trabalhadores sazonais compostos
somente por homens e que trabalham no sector de corte.

Na perspectiva ambiental, conclui-se que a PC19 teve um efeito negativo pois com o aumento
desemprego, a fraca capacidade de fiscalização e paralização dos programas de reflorestamento
e campanhas de sensibilização contra incêndios liderados pelos SPA’s em parceria com os
madeireiros; aumentou a demanda e pressão sobre os recursos florestais para a sobrevivência das
comunidades outrora empregadas, aumentaram áreas de queimadas descontroladas, destruição de
ecossistemas, e destruição de viveiros nas áreas de reflorestamento por falta de assistência.

Rejeita-se a hipotese nula de que o surto da covid-19 não teve impacto negativo na exploração
madeireira em Moçambique, pois influenciou o aumento do desemprego, redução das receitas do
governo, aumento de áreas desmatadas, paralisação do reflorestamento, e fiscalização.

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Impacto da COVID-19 na exploração da madeira em Moçambique

5.2.Recomendações

O investimento no sector florestal com especial atenção para exploração da madeira deve ser
prioridade, primeiro pela importância ecológica e social das florestas, segundo pela contribuição
deste sector para economia nacional (PIB), daí que recomenda-se a criação de seguro para
reanimação do sector de floresta tanto na extracção da madeira como na campanha de
reflorestamento a nível das províncias.

Com vista a impulsionar competitividade no mercado internacional, recomenda-se a criação de


uma instituição de certificação de qualidade de produtos florestais madeireiros e respectiva
plataforma de venda para que os concessionários possam oferecer a madeira ao preço de venda
do mercado internacional e dessa forma impulsionar os níveis de rendimentos das empresas e,
consequentemente, aumentar a receita do estado pelo aumento das taxas de impostos.

Devido a grandes perdas pela redução das receitas do comércio externo da madeira, recomenda-
se o trabalho conjunto entre os SPA’s e as Alfândegas para maior e mais rígida fiscalização para
evitar possível proliferação da madeira ilegal por parte de operadores que almejam compensar as
perdas que tiveram durante o período de encerramento das fronteiras.

Os dados sobre o contributo do sector florestal com especificação na exploração da madeira sobre
PIB de Moçambique são superficiais, recomenda-se a realização frequente de estudos económicos
e respectivas publicações dos resultados para criação e fortalecimento da base de dados
estatísticos da economia florestal em Moçambique.

5.3.Lições aprendidas

A assimetria de informação no mercado madeireiro em Moçambique, deixa os operadores


concessionários vulneráveis à manipulação do preços por parte dos compradores, principalmente
em eventos de pandemia, numa situação em que não existe muito contacto fisico, visto que o uso
de plataformas de partilha de informações em tempo real é quase inexistente no sector.

A falta de análise do mercado, aliada a fraca exploração da cadeia de valor da madeira, gera
limitações para fornecimento de produtos madeireiros de qualidade no mercado interno. Este
cenário, leva ao aumento dos níveis de importação de produtos madeireiros, deixando os
operadores concessionários dependentes do mercado externo, e tornando difícil o comércio.

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Impacto da COVID-19 na exploração da madeira em Moçambique

VI. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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UEM-FAEF Página 58
ANEXOS

I
Anexo 1: Guião de questões aos madeireiros

FACULDADE DE AGRONOMIA E ENGENHARIA FLORESTAL

Curso de Mestrado em Ciências Florestais

Trabalho de dissertação sob o tema “Impacto da COVID-19 na exploração da madeira em


Moçambique”

Guião de perguntas aplicado aos operadores madeireiros


Dia: Hora: Província:
Entrevistado:
Entrevistador: Sixpence Manuel Sixpence
Objectivo: Compreender a dinâmica da exploração da madeira nas empresas de regime de concessão
(evolução do nível de empregabilidade, produção e das receitas e) no período antes e depois da
pandemia da covid-19.
Por preencher e assinalar com X na resposta correspondente as caixinhas

I. INFORMAÇÃO GERAL SOBRE A EMPRESA


1. Nome da empresa?___________________________________________________________
2. Área de exploração (hectares) __________________________________________________
3. Localização da empresa (distrito) _______________________________________________
4. Quando é que a empresa iniciou as actividades de exploração madeireira?_______________
5. Função (do entrevistado) exercida na empresa? ____________________________________
6. Quanto tempo exerce essas funções?_____________________________________________
7. Quais são as princiais actividades que a empresa efectua no ramo madeireiro?
II. EMPREGABILIDADE ANTES E DURANTE A PANDEMIA DA COVID-19
8. Na tabela a seguir pede-se para preencher o número de trabalhadores antes e durante a vigência da
pandemia da covid-19 na vossa firma (2018, 2019, 2020, 2021).
Número de trabalhadores
Anos Homens Mulheres
Exploração Indústria Exploração Indústria Total
2018
2019
2020
2021
9. Sobre a mão-de-obra existente, por favor preencha a tabela abaixo:

II
Anos
Trabalhadores 2018 2019 2020 2021
Exploração Indústria Exploração Indústria Exploração Indústria Exploração Indústria
Homens efectivos
Mulheres efectivos
Homens sazonais
Mulheres sazonais
10. Caso não tenham despedido os trabalhadores, houve alguma mudança no pagamento de salários?
a) Caso tenham reduzido, tendo em conta a tabela acima, a mão-de-obra reduzida foi apenas por
covid-19 ou tiveram outros factores? Se sim, descreva-os _____________________
11. Com base nos níveis de salários da empresa, preencha a tabela a seguir que faz referência a evolução
dos salários máximos e mínimos da empresa antes e durante a pandemia da covid.
Anos
Salários dos trabalhadores (MT) 2018 2019 2020 2021

Salário mínimo
Salário máximo
12. A empresa teve casos de trabalhadores contaminados pela covid-19 ou que entraram em quarentena
por contactos com pessoas infectadas? Sim☐ Não☐.
a) Se sim, preencha a tabela a seguir referente ao número de trabalhadores infectados e ou que
estiveram em quarentena obrigatória devido a covid-19 nos respectivos anos.
Anos
Trabalhadores 2019 2020 2021 Total
Homens Mulheres Homens Mulheres Homens Mulheres
Sazonais
Efectivos
Sub-total
13. Quais foram os tratamentos destes trabalhadores infectados ou que estiveram em quarentena obri-
gatória na empresa? __________________________________________________
Seus salários foram alterados ☐? foram despedidos ☐? tiveram outros tratamentos ☐? Caso tenham tido
outros tratamentos, descreva-os:_________________________________________
14. A ausência desses trabalhadores, afectou a produção da empresa? Sim☐ Não☐. Se sim, como é que
a empresa lidou com as ausências?____________________________________
a) Caso as ausências não tenham afectado a vossa empresa, quais foram as estratégias usadas para
suprir esse defice pela mão-de-obra?________________________________
15. No que tange as condições sanitárias exigidas para o exercício normal das actividades, quais foram os
custos da empresa para aquisição de material de protecção para os trabalhadores contra covid-19?
Preencha na tabela abaixo:
Nome do material de protecção contra a covid-19 Quantidades por mês Preço unitário Custo total

III. NÍVEL DE PRODUÇÃO (Volumes de madeira produzida)


16. A vossa empresa encerrou as suas actividades durante a eclosão da covid-19? Sim☐ Não☐.
a) Se sim, quais foram os factores que influenciaram para o encerramento?______________

III
b) Se não encerrou, quanto a produção, esta variou no período da covid-19? Sim☐ Não☐.
c) Caso tena variado o nível de produção, quais são os principais custos de produção que a empresa
incorreu para continuar com as suas actividades?_______________________________________
17. A eclosão da covid-19 alterou os volumes anuais de madeira (m3/contentores) que conseguiam extrair
e processar antes? Sim☐ Não☐.
a) Se sim, como impactou?__________________________________________________________
18. Quais foram os volumes anuais de madeira extraida, processada e não processada (madeira em
toro) pela vossa empresa de 2018 a 2021?
Anos
Actividade 2018 2019 2020 2021 Total
3
Volumes (m ) por ano
Corte
Processamento
Toros
Sub-totais
a) Houve variação nos volumes de madeira explorada? Sim☐ Não☐. Se sim, descreva as causas
ou factores que levaram a essas variações (aumento ou redução) nas quantidades de madeira
produzida. (Preencha a tabela abaixo).
Causas da variação do volume explorado
Actividade 2018 2019 2020 2021
Corte
Processamento
Toros
19. Quantas espécies a empresa tem explorado?_____________________________________________
a) Quais são as espécies que a empresa exploram? (Preencha a tabela a seguir).
Ordem de preferência Nome da espécie Volumes anuais (m3)
1
2
3
4
5
6
7
20. Distribuição anual das espécies exploradas (preencha o nome da espécie e de seguida assinale com X
na respectiva coluna do mercado e dos anos na tabela a seguir).
Anos
Mercado 2018 2019 2020 2021
Espécie Interno Externo Interno Externo Interno Externo Interno Externo

21. Possuem unidade de processamento? Sim☐ Não☐. Se não, poderia dizer porque não possuem a uni-
dade de processamento?______________________________________________
22. Caso tenha uma unidade de processamento, quais tipos de madeira tem processado ?________

IV
23. A pandemia da covid-19 teve alguma influencia no estado de conservação da tecnologia de processa-
mento? Sim☐ Não☐. Se sim, descreva os efeitos da eclosão da covid-19 na vossa tecnologia maqui-
naria. _______________________________________________________
24. Possuem algum armazém para armazenamento da madeira?
a) Se sim, o período da eclosão da pandemia influenciou o processo de gestão de armazenamento
de stock da madeira que tinham? Sim☐ Não☐. Caso tena influenciado, explique
como?_____________________________________________________________
25. Quanto aos investimentos, a empresa teve alguma variação destes antes e durante a vigência da pan-
demia da covid-19? Preencha a tabela abaixo:
Investimento Anos
Descrição 2018 2019 2020 2021
Equipamento
Infra-estrutura
Transporte
Tecnologia
26. No processo de produção madeireira durante a pandemia, tiveram a necessidade de troca de peças da
vossa maquinaria? Sim☐ Não☐. Se sim, como e que a pandemia influenciou a aquisição de novas
peças das máquinas?________________________________________________________________

IV. COMÉRCIO E NÍVEIS DE RECEITAS


27. Quanto as quantidades ou volumes de madeira vendidas nos mercados por ano (preencha a tabela).
Anos
Tipos de madeira 2018 2019 2020 2021
Interno Externo Interno Externo Interno Externo Interno Externo
Madeira em toros
Madeira processada
Volumes totais
28. Se o volume da madeira comercializada tiver variado, quais foram as causas da variação das quanti-
dades de madeira disponibilizada no mercado?________________________________
29. Quais são as pincipais origens (de onde vem) dos compradores da vossa madeira? (Preencha na tabela
abaixo, da origem dos compradores por mercados durante os anos de análise).
Mercado interno (principais províncias) Mercado externo (países)
2018 2019 2020 2021 2018 2019 2020 2021

30. A pandemia da covid-19, trouxe algum impacto no comércio da vossa madeira? Sim☐ Não☐. Se sim,
descreva quais foram os impactos da covid-19 no comércio da madeira na vossa em-
presa?_________________________________________________________________________
31. Quais foram as medidas tomadas pela vossa empresa para enfrentar os impactos da covid-19 nos níveis
de comércio de madeira?______________________________________________
32. Quanto ao preço de venda de madeira (m3), preencha a tabela de evolução de preços da madeira antes
e durante a vigência da covid-19.
Anos
Tipo do madeira 2018 2019 2020 2021

V
Interno Externo Interno Externo Interno Externo Interno Externo
Toros (MT/m3)
Serrada (MT/m3)
33. De acordo com os dados da tabela acima, a covid-19 influenciou a variação do preço de madeira? Sim
☐ Não☐. Se sim, como acha que a covid-19 influenciou a variação do preço da ma-
deira?__________________________________________________________________
34. Tendo em conta os níveis de restrições impostas na circulação de pessoas e bens devido a propagação
do virus, os volumes das receitas pelas vendas da madeira continuou o mesmo? Sim☐ Não☐.
35. Se não continuou o mesmo, abaixo apresenta-se uma tabela aonde poderá descrever, preencendo os
níveis de receitas anuais da exploração da madeira da vossa empresa antes (2018 e 2019) e depois
(2020 e 2021) da eclosão da covid-19 em Moçambique.
Anos
Níveis de receitas (MT) 2018 2019 2020 2021 Total
Mercano externo
Mercado doméstico
Sub-totais
36. Como descreve os impactos da covid-19 no que tange as receitas da empresa em relação a custos
benefícios da empresa madeireiras?________________________________________
37. Qual era a frequência da fiscalização na vossa empresa? Semanal☐; Mensal☐;Trimestral☐;Anual☐
38. Desde a eclosão da covid-19 vocês tem recebido equipes de fiscalização dos serviços provinciais de
floresta e fauna bravia? Sim☐ Não☐. Se sim, qual tem sido a frequência?_________
39. Já sofreram algum roubo de madeira? Sim☐ Não☐. Se sim, preencha a tabela abaixo
Anos
Madeira roubada 2018 2019 2020 2021
Volumes ou contentores
40. Será que a covid-19 influenciou? Sim☐ Não☐. Explique como______________________
41. A empresa tem desencadeado acções de responsabilidades soial? Sim☐ Não☐. Caso desenvolva
essas acções, a covid-19 influenciou o nível de intervenção da empresa? Sim☐Não☐. Explique.
42. Durante o período da pandemia, beneficiaram de um incentivo / ajuda do governo? Sim☐ Não☐.
Se sim, em que consistiu o incentivo?_____________________________________
a) Se não, quais acões acha que deveriam ser colocadas em prática por parte do governo para auxi-
liar ou incentivar os operadores madeireiros a recuperarem no período pós covid-
19?________________________________________________________________
43. No local de extracção da madeira já tiveram situações de queimadas descontrolodas? Sim☐ Não☐.
Caso existam, preencha com X no espaço correspondente na tabela abaixo:
Anos
Frequência 2018 2019 2020 2021
Semanal
Mensal
Trimestral
Anual
44. A vossa empresa beneficia de algum crédito bancário? Se sim, qual foi o impacto da covid-19 no
processo de pagamento da dívida quanto a taxa de juro ou frequência de paga-
mento?____________________________________________________________________

VI
a) Quais foram as condições impostas pelo banco para o paga-
mento?________________________________________________________________
45. Quais são as recomendações que a empresa propõem ao governo para a recuperação das actividades
de exploração da madeira?______________________________________________

Anexo 2: Guião de perguntas aos Serviços Provinciais do Ambiente (SPA).


1. Quantas e quais empresas madeireiras operam activamente na província, no regime de concessão?
2. Como tem sido a relação entre estas empresas e o SPA? Tem havido actividades em comum?
3. No que concerne ao licenciamento, qual foi o número de licenças e os respectivos volumes de madeira
licenciada de 2018 até 2021? Explique detalhadamente.
4. Qual foi em termos de receita, os ganhos do governo pelo licenciamento dos operadores florestais
concessionários?
5. Quanto ao desembolso dos 20% no âmbito do maneio florestal comunitário, poderia descrever os va-
lores canalizados as comunidades, por ano, durante o período de análise (2018-2021).
6. Em termos gerais, qual foi o impacto da covid-19 sobre as empresas madereiras e sobre os níveis de
volume e receitas pelo licenciamento do governo, os níveis de fiscalização assim como o desembolso
dos 20% e programas de reflorestamento.

Anexo 3: Volume de madeira licenciada (m3).


Anos Manica Nampula Sofala Tete Zambézia
2018 4074,66 320 21350 71831 10481,77
2019 2790,65 520 14969 7877,3 15304,30
2020 2751,5 1135 16216 12699,4 15015,72
2021 3250,32 1361,63 17282 13810 17249,83

Anexo 4: Volumes de madeira explorada.


Anova: factor duplo com repetição
RESUMO Manica Nampula Sofala Tete Zambézia Total
Antes da PC-19
Contagem 2 2 2 2 2 10
Soma 6220 42859 3019 23071,65 5011 80180,65
Média 3110 21429,5 1509,5 11535,83 2505,5 8018,065
Variância 500000 6255185 1404,5 1827203 159612,5 65211515
Durante a PC-19
Contagem 2 2 2 2 2 10
Soma 2867 47480 3221 16867,94 4548 74983,94
Média 1433,5 23740 1610,5 8433,97 2274 7498,394
Variância 128524,5 54684882 42340,5 7445014 971618 87787952
Total
Contagem 4 4 4 4 4
Soma 9087 90339 6240 39939,59 9559
Média 2271,75 22584,75 1560 9984,898 2389,75
Variância 1146392,25 22092826 17982 6297907 394940,9

VII
Anexo 5: Nível de receitas pelo licenciamento madeireiro (concessões).
Anova: factor duplo com repetição
RESUMO Manica Nampula Sofala Tete Zambézia Total
Antes da PC-19
Contagem 2 2 2 2 2 10
Soma 11066390 24824637 65761446 76664265 43030500 2,21E+08
Média 5533195 12412319 32880723 38332133 21515250 22134724
Variância 2,46E+12 2,58E+14 7,62E+13 2,54E+13 3,24E+13 2,1E+14
Depois da PC-19
Contagem 2 2 2 2 2 10
Soma 10182190 3005775 82164447 2,19E+09 53843132 2,33E+09
Média 5091095 1502888 41082224 1,09E+09 26921566 2,33E+08
Variância 6,36E+11 3,38E+11 1,36E+14 2,3E+18 6,95E+12 4,61E+17
Total
Contagem 4 4 4 4 4
Soma 21248579 27830412 1,48E+08 2,26E+09 96873632
Média 5312145 6957603 36981473 5,66E+08 24218408
Variância 1,1E+12 1,26E+14 9,31E+13 1,14E+18 2,29E+13

Anexo 6: Empregabilidade no sector madeireiro.

Anova: factor duplo com repetição


RESUMO Manica Nampula Sofala Tete Zambézia Total
Antes da PC-19
Contagem 2 2 2 2 2 10
Soma 259 677 475 1009 548 2968
Média 129,5 338,5 237,5 504,5 274 296,8
Variância 220,5 3784,5 2112,5 12,5 0 17770,84
Durante a PC-19
Contagem 2 2 2 2 2 10
Soma 141 545 266 670 417 2039
Média 70,5 272,5 133 335 208,5 203,9
Variância 0,5 840,5 11858 50 144,5 11374,1
Total
Contagem 4 4 4 4 4
Soma 400 1222 741 1679 965
Média 100 305,5 185,25 419,75 241,25
Variância 1234 2993,667 8296,917 9597,583 1478,25

Anexo 7: Tabela refrente ao desembolso dos 20% no âmbito do maneio comunitário florestal.

Anos Manica Nampula Sofala Tete Zambézia


2018 4474091 921271,5 2775877 0 6248078
2019 262500 691316,5 2018412 0 5850422
2020 2656628 680128,1 2276074 0 6296243
2021 1355056 707333,3 2229044 0 6638514

VIII
Anexo 8: Tabela da estrutura da disposição dos dados para comparações de médias.

Tratatamentos Médias DMS Resultados


Ai ai ai a**
... .... .... abc
Kn kn ai *bc

Anexo 9: Tabela de espécies, seus nomes científicos e vernanculares.

Nome vernancular Nome científico


Chacate-Preto Guibourtia conjugata (Bolle) J.Léonard
Chanato Colophospermum mopane (Benth.) J.Léonard
Chanfuta Afzelia quanzensis Welw
Jambire Millettia stuhlmmannii Taub
Mbáua/umbaua Khaya nyasica/anthotheca (Welw.) C.DC
Mecrusse Androstachys johnsonii
Messanda Erythrophleum suaveolens (Guill. E Perr.) Brenan
Messassa Brachystegia spiciformis
Messassa Brachystegia spiciformis Benth
Metacha Phyllanthus sp;
Metil Sterculia appendiculata
Metonha Sterculia. Quinqueloba
Moaca Pericopsis.angolensis
Mondzo Combretum imberbe Wawra
Muaca Pericopsis angolensis (Baker) Meeuwen
Mucarala Erythrophleum.africanum
Mucarala Burkea africana
Mutondo Cordyla africana Lour.
Nkarara Burkea africana Hook
Panga-Panga Millettia stuhlmmannii Taub
Pau-preto Dalbergia melanoxylon Guill. & Perr. ;
Pau-Rosa Berchemia zeyheri (Sond.) Grubov
Pau-Tuli Milicia excelsa (Welw.) C.C.Berg
Sandalo Spirostachys africana Sond
Umbila Pterocarpus angolensis DC

Anexo 10: Destino da madeira produzida em Moçambique


Províncias Mercado Interno Mercado Externo
Manica Manica, Maputo China, Africa do Sul, Zimbabwe
Nampula Nampula, Maputo, Gaza China, Portugal, Taiwan
Sofala Maputo, Gaza, Sofala China, Portugal, Inglaterra
Tete Tete, Maputo, Sofala, Inhambane China, Vietname, Malawi, África do Sul, Zâmbia
Zambézia Zambezia, Nampula, Maputo China, Portugal, Madagascar, Seycheles

IX
Anexo 11: Distribuição da mão-de-obra por regime de contrato

Manica Nampula Sofala Tete Zambézia


Ano Integ Sazo Integ Sazo Integ Sazo Integ Sazo Integ Sazo
2018 39 101 107 275 69 201 343 164 89 185
2019 34 85 98 197 57 148 360 142 89 185
2020 24 47 96 197 49 161 254 86 87 130
2021 18 52 96 156 23 33 244 90 85 115
Integ (integral/ permanente); Sazo (sazonal/ parcial)

Anexo 12: Distribuição da mão-de-obra por secção de trabalho

Manica Nampula Sofala Tete Zambézia

Ano Corte Serração Corte Serração Corte Serração Corte Serração Corte Serração

2018 101 39 293 89 93 177 173 334 178 96

2019 82 37 221 74 123 82 152 350 178 96

2020 56 15 216 77 129 81 118 222 137 80

2021 58 12 167 85 37 19 126 210 127 73

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