Dissertação - Ciências Florestais - Sixpence - FAEF-2023
Dissertação - Ciências Florestais - Sixpence - FAEF-2023
Dissertação - Ciências Florestais - Sixpence - FAEF-2023
Supervisor:
Prof. Doutor Mário Paulo Falcão
Autor:
Sixpence Manuel Sixpence
i
DECLARAÇÃO DE HONRA
Declaro por minha honra que esta dissertação nunca foi apresentada para a obtenção de qualquer
grau académico ou em evento e que constitui o resultado do meu trabalho. A presente dissertação
é apresentada em cumprimento parcial dos requisitos para a obtenção do grau de mestre em
Ciências Florestais com Especialização em Economia e Maneio de Florestas na Faculdade de
Agronomia e Engenharia Florestal da UEM.
Autor
___________________________________________
(Sixpence Manuel Sixpence)
Supervisor
____________________________________________________
ii
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho especialmente ao meu filho Lemuel Sixpence, ao meu ente querido pai
Manuel Sixpence que sempre me incentivou a estudar e nunca desistir dos desafios que a vida iria
me colocar, à minha mãe Isabel Manuel João Macuesse, ao meu tio Ilídio Paulo Macuesse, aos
meus irmãos Jorge, Cristovão, Sadamo e Marta Sixpence, e a todos meus amigos e conterrâneos
pelo amor e carinho que tem por mim e pelo orgulho que têm da minha trajectória académica.
iii
AGRADECIMENTO
Sou grato a Deus por me ter concedido vida com força, saúde e sabedoria para ultrapassar
momentos de grandes desafios sem ter desistido desse objectivo na minha vida.
Agradedeço a minha esposa e minha mãe pelo apoio moral durante este percurso académico e
para o avanço desta dissertação.
À Universidade Eduardo Mondlane pela admissãoe atribuição da bolsa de estudo sob programa
ASDI 1.2.3 do governo da Suécia, que facilitou bastante a frequência nos estudos e a pesquisa
para a dissertação, no âmbito da recolha de dados nas províncias de Nampula, Zambézia, Sofala,
Manica e Tete.
Ao meu professor e orientador Mário Paulo Falcão (PhD), pela sua disponibilidade, dedicação e
paciência em me orientar (criticar, corrigir e sugerir) para melhoria do presente trabalho.
A UEM em parceria com a ASDI 1.2.3 do governo da Suécia pela bolsa concedida, que facilitou
bastante os meus estudos e a minha pesquisa, no âmbito da recolha de dados nas províncias de
Nampula, Zambézia, Sofala, Manica e Tete.
Aos meus excelentes colegas do curso do mestrado: Focas, Amélia, Augusto, Edna, Isolda e
Hunilcia pela partilha de conhecimentos e materiais de estudo ao longo da nossa formação.
iv
LISTA DE ABREVIATURA & SIGLAS
v
RESUMO
vi
ABSTRACT
The COVID-19 pandemic led to the closure of borders as measures to contain the rapid spread of
the virus between countries, which caused limitations in the timber trade, compromising the sec-
tor's contribution to GDP. The research aimed to analyze the impacts of COVID-19 on timber
exploration in Mozambique. The research population were concessionary timber operators as they
operate throughout the entire timber chain, from cutting, processing and sales, and, to ensure
greater representation, the provinces with the largest number of operators were chosen and due to
the existence of considerable productive forest areas, namely: Manica, Nampula, Sofala, Tete and
Zambézia. The sampling applied was stratified, in which the selected provinces represented the
strata where in each one, simple random sampling was carried out to select the individuals who
would take part in the study. Data analysis was based on statistics produced through ANOVA and
the mean comparison test, with emphasis on the Tukey test at a significance level of 5%, taking
into account its assumptions and suitability of this test, to the nature of the study. The research
results show that the COVID-19 pandemic had multiplier effects on the economy, as the closure
of borders significantly reduced the demand for wood, which caused a decrease in the volumes
exploited by 6%, resulting in a drop in demand for license and consequently reducing government
licensing revenues by 17%. On the other hand, average wood prices fell by 22%, which compro-
mised the income of operators who, in turn, reduced wages by 23% as well as labor by 31%,
increasing the level of unemployment and reduction in workers’ purchasing power. Additionally,
there were increasing cases of wood theft and uncontrolled burning, influenced by the reduction
in inspection and awareness campaigns against burning in areas close to the concession areas.
There was also a halt in reforestation activities and delays in the disbursement of the 20% for
community management, by the Provincial Environmental Services. Based on these results, it
was concluded that the COVID-19 pandemic on timber exploration in Mozambique had negative
impacts in socioeconomic and environmental terms, with an increase in unemployment, a reduc-
tion in production levels and revenue for the government, an increase in deforested areas and loss
of reforestation areas due to reduced inspection capacity and management programs.
vii
ÍNDICE
Conteúdo Página
viii
2.3.Testes de comparação de médias .......................................................................................14
III.METODOLOGIA ...................................................................................................................15
3.1.Localização da Área de Estudo ............................................................................................15
3.1.1.Província de Manica .......................................................................................................15
3.1.2.Província de Nampula.....................................................................................................15
3.1.3.Província de Sofala .........................................................................................................15
3.1.4.Província de Tete ............................................................................................................16
3.1.5.Província da Zambézia ...................................................................................................16
3.2.Trabalho de campo ...............................................................................................................16
3.2.1.Desenho de amostragem .................................................................................................16
3.2.2.Instrumentos e implementação da Amostragem .............................................................18
i.Técnicas de recolha de dados ..............................................................................................18
a) Inquérito ..........................................................................................................................18
b) Entrevista ........................................................................................................................18
c) Análise documental.........................................................................................................18
3.3.Processamento e análise de dados ........................................................................................18
3.3.1.Variáveis de estudo .........................................................................................................20
IV.RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................................21
4.1.Caracterização das empresas madereiras .............................................................................21
4.1.1.Perfil das empresas madeireiras......................................................................................21
4.2.Impactos económicos da covid-19 .......................................................................................23
4.2.1.Exploração de madeira ...................................................................................................23
i.Volume licenciado ..............................................................................................................23
ii.Volume de madeira explorada ...........................................................................................25
a) Teste de Tukey ..................................................................................................................26
4.2.2. Processamento de madeira .............................................................................................27
4.2.3.Tipo de madeira ..............................................................................................................29
4.2.4.Espécies exploradas por província..................................................................................29
4.2.5.Receitas do licenciamento madeireiro ............................................................................31
4.2.6.Comércio de madeira ......................................................................................................32
i.Mercado Doméstico ............................................................................................................33
i.Mercado Internacional ........................................................................................................33
ix
4.2.7.Preço de madeira por espécie .........................................................................................33
4.2.8.Acesso ao Financiamento ...............................................................................................37
4.3.Impactos sociais da covid-19 ...............................................................................................38
a)Teste de Tukey ...................................................................................................................40
i. Nível de empregabilidade por regime contratual .............................................................42
ii. Nível de empregabilidade por sector de actividade ........................................................43
iii. Nível de empregabilidade por género ............................................................................44
4.3.1.Contaminações por covid-19 nas empresas madeireiras ................................................45
4.3.2.Níveis de salários por província .....................................................................................46
4.3.3.Níveis de furtos de madeira nas concessões madeireiras ...............................................47
4.3.4..Maneio comunitário florestal .........................................................................................48
4.4.Impactos da Covid-19 sobre o meio ambiente .....................................................................49
4.4.1.Niveis de incéndios nas concessões madeireiras ............................................................49
4.4.2.Nível de reflorestamento.................................................................................................49
4.4.3.Frequência de fiscalização. .............................................................................................50
V.CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ...............................................................................51
5.1.Conclusão .............................................................................................................................51
5.2.Recomendações ....................................................................................................................52
5.3.Lições aprendidas. ................................................................................................................52
VI.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................................53
x
LISTA DE FIGURAS
Conteúdos Página
xi
LISTA DE TABELAS
Conteúdos Página
xii
LISTA DE ANEXOS
Conteúdos Página
xiii
Impacto da COVID-19 na exploração da madeira em Moçambique
I. INTRODUÇÃO
1.1.Contextualização
Moçambique possui uma área florestal de cerca 34 milhões de hectares e é um dos poucos países
da África Austral que detém uma área considerável de florestas nativas, os principais tipos: o
Miombo, o Mecrusse e o Mopane (Magalhães, 2018).
Carvalho et al. (2005), aponta que as florestas proporcionam melhorias nos indicadores
macroeconómicos de bem-estar social, na geração de renda, na arrecadação de impostos, na
geração de divisas e na melhoria das contas de um país. Para além da importância económica, as
florestas representam um factor importante da geração de empregos e subsistência das
comunidades das zonas rurais (Aquino et al., 2018).
A cadeia de valor da madeira produz consideráveis lucros líquidos, com preços variando apenas
por produto e ponto de venda, estimado em US$ 32/m3 da madeira em toros, US$ 44-81/m3 para
madeira serrada no mercado interno, e US$ 61-115/m3 para madeira serrada no mercado externo,
o que desencoraja o processamento para o mercado local (UNIQUE, 2016).
À partir de 2007, Moçambique tem em média, 93% das exportações de madeira destinadas para
China, sendo que de 2013 em diante, tornou-se o maior fornecedor de madeira africana em toros
à China, de acordo com a Environmental Investigation Agency (EIA, 2014).
De acordo com a World Health Organization (WHO, 2019), a COVID-19 é uma doença causada
pelo mais recente coronavírus descoberto em Wuhan, na China, em Dezembro de 2019. O
coronavírus por sua vez é uma família de vírus que pode causar doenças em animais e humanos
provocando infecções respiratórias que podem ser desde um resfriado comum até uma doenças
mais severas como a Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS) e a Síndrome Respiratória
Aguda Grave (SARS).
A eclosão da COVID-19 em Moçambique aconteceu no ano de 2020 com isso, vários decretos
presidenciais foram aplicados para cada nível de contaminação com objectivo de conter a sua
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Impacto da COVID-19 na exploração da madeira em Moçambique
propagação. Muitas dessas medidas tomadas tiveram vários impactos negativos desde
económicos até sociais em vários sectores do país (Boletim da República, 2020). O presente
estudo focou-se na compreensão dos impactos da COVID-19 na exploração da madeira no país.
Dados do Instituto Nacional de Estatística (INE, 2020), mostram que a eclosão da COVID-19
levou a redução do rendimento nacional em 25,55% na indústria extractiva e 5,69% no comércio
nacional como internacional onde países como a China, maior importador da madeira de
Moçambique, restringiram as importações para conter a propagação do vírus sendo que, muitas
empresas tiveram que desempregar seus trabalhadores e algumas enceraram suas actividades
devido a pandemia, aumentando assim o nível de desemprego.
Mosca et al. (2020), acrescentam que as restrições das actividades económicas para contenção da
pandemia da COVID-19, para além de reduzirem os níveis de emprego, causaram a diminuíção
significativa das exportações em relação as importações criando um défice na balança comercial,
e reduziram as receitas de Moçambique aumentando o défice público.
Sengo et al. (2020) destacam que o impacto da pandemia da COVID-19 no tecido empresarial e
no crescimento económico em Moçambique seria grande e que, por conta da COVID-19, o sector
empresarial moçambicano poderia registar perdas entre US$ 234 milhões e US$ 375 milhões.
Sitoe et al. (2003), mostraram que ao longo de vários anos os rendimentos da exploração da
madeira foram baixos, levando a insustentabilidade económica e ecológica da exploração e a
maior perda foi devido a exportação da madeira comercial para China.
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Impacto da COVID-19 na exploração da madeira em Moçambique
China aumentou em 22%, estando somente 40.000 m3/ha abaixo do corte anual admissível. Esta
tendência aumentou as importações chinesas e os sectores da silvicultura e a indústria nacional,
onde os dados da exploração da madeira estão distribuidos, contribuíram com 2,6% e 0,9% no
aumento do PIB, respectivamente, com maior destaque para a exploração e comercialização de
madeira (EIA, 2013; Falcão et al., 2015).
De acordo com Mackenzie & Ribeiro (2009), o problema da descrepância de dados entre os
orgãos que gerem o sector e a falta de informação precisa e concisa, tem sido continuo. A presente
pesquisa surgiu pela necessidade de compreender os impactos do surto da pandemia da COVID-
19 na exploração da madeira em Moçambique, com a finalidade de agregar conhecimento e por
via disso, tirar lições para a promoção da exploração sustentável da madeira, através da criação
de estratégias de fortalecimento do sector, para minimizar efeitos de eventos similares no futuro.
1.3.Objectivos
1.3.1. Geral
1.3.2. Específicos:
Caracterizar o perfil das empresas exploradoras da madeira;
Estimar os volumes da madeira explorada e as respectivas receitas para estado;
Descrever os níveis de empregabilidade nas empresas abrangidas;
Destacar a evolução dos incêndios e o nível reflorestamento nas áreas de exploração.
Esboçar principais lições da pandemia da COVID-19 para a exploração da madeira.
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Impacto da COVID-19 na exploração da madeira em Moçambique
De acordo com a United Nations (UN, 2021), o impacto da COVID-19 na exploração madeireira
variou de região para região ou país(es). No caso do sudeste da Europa, países como Albânia,
Bósnia e Herzegovina, Montenegro, Macedônia do Norte e Sérvia, os governos locais apoiaram
com subsídios, às empresas de exploração da madeira enquanto aumentava da procura de produtos
madeireiros, e os impactos sócio-económicos foram relativamente leves. As pequenas perdas
foram devido a interrupções no comércio com países como a China, um dos principais destinos
da madeira na região e, em alguns casos, um encerramento de 2-3 semanas para algumas fábricas
devido as restrições impostas para reduzir o alto risco de contaminação pela COVID-19.
Na China, a PC19 afectou negativamente a oferta com a redução em 28,75% das importações e a
demanda da madeira devido as restrições, afectando os níveis de preços. O preço unitário da
madeira em toro decresceu em 16.3%, e da madeira serrada diminuiu 9.9%, de Janeiro a Março
de 2020, sendo crescentes no período posterior. Uma das medidas tomadas foi a limitação dos
recursos madeireiros para suprir a demanda interna adiante e, no final de Março de 2020, apenas
10.9% das empresas madeireiras mantinham uma produção relativamente estável, enquanto
outras 89.1%, enfrentavam dificuldades operacionais ou mesmo falência (Tao et al., 2021).
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Impacto da COVID-19 na exploração da madeira em Moçambique
No caso da África, a PC19 teve um impacto drástico no comércio de madeira tropical quando
comparado com 2019 onde, as exportações da madeira em toro caíram em 28%; de madeira
serrada em 16%; de compensados tropicais em 8%. A intervenção dos governos sobre o sector
foi reduzida e limitada à formulação de políticas e aplicação da lei florestal (Attah, 2021).
Países como Malawi e Tanzania, exportam produtos florestais para mercados internacionais e
países da região. O encerramento das fronteiras para conter a rápida propagação do vírus levou à
redução da produção e comércio de madeira onde, na Tanzania a redução variava entre 10 e 20
contêiners de madeira por mês devido a redução da demanda e exportação de madeira em toros
em alguns portos como Tanga, de acordo com o Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento (PNUD, 2020).
Contrariamente ao que aconteceu em outras regiões da África, na Serra Leoa as restrições devido
a pandemia levaram à pressão temporária e decréscimo na demanda internacional por madeira
extraída ilegalmente; a taxa de extração ilegal de madeira no Parque Nacional Outamba Kilimi
caiu para zero devido à queda na demanda da madeira em toros (União Africana, 2020).
Segundo a FAO (2020), a COVID-19 impactou a exportação de madeira através do declínio nas
exportações de madeira em toro, resultando no acúmulo de estoques de produtos de exportação e
perdas devido à natureza perecível de algumas espécies de madeira, como Ceiba (Ceiba
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Impacto da COVID-19 na exploração da madeira em Moçambique
Nos EUA, o mercado madeireiro contou com estímulo do governo para a sua recuperação mas
também com a adaptação das empresas ao novo contexto saindo de cidades densas para os
subúrbios, acabou afectando as serrações pela escassêz da mão-de-obra (Mcclellan, 2020).
Com base nos dados da UNDESA (2020), a PC19 influenciou o aumento do desemprego no sector
florestal formal e informal na Tailândia, este fenómeno também influenciou a escassez de mão-
de-obra nas indústrias de madeira no Vietname (Tatar, 2020).
O impacto da pandemia sobre o nível de emprego no sector florestal em África variou entre países
devido a natureza das actividades relacionadas com a silvicultura, por demandar mão-de-obra
intensiva que não pode operar-se remotamente. As restrições impostas pelos governos resultaram
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Impacto da COVID-19 na exploração da madeira em Moçambique
Os efeitos da PC19 sobre o meio ambiente consistiram no incremento do desemprego que, por
sua vez, levou ao aumento a pressão sobre recursos florestais:
Por outro lado, as restrições da causas pela pandemia elevaram a procura de produtos florestais
por parte dos operadores assim como as comunidades, causando deflorestamento e maior procura
por animais de caça destinados ao comércio como meio de sobrevivência, este fenómeno
contribuiu para o aumento da destruição de algumas espécies, aumentando a exposição do homem
à patologias de origem animal:
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Impacto da COVID-19 na exploração da madeira em Moçambique
De acordo com os resultados do estudo de Maraseni et al., (2021), sobre “o impacto das restrições
da COVID-19 no sector florestal na província de Gandaki, no Nepal”, o nível de receitas de
pequenos produtores florestais decresceu em 48% devido a redução de volume de madeira
extraida (0,58 milhão de pés cúbicos em 2019 e 0,30 milhão de pés cúbicos em 2020). Para além
da perda de receitas do governo no valor de 1,8 milhão de dólares, havendo uma paralisação
completa das indústrias de móveis assim como de serração, em toda província.
A UN (2021) num estudo sobre “Impactos da COVID-19 no sector florestal nos países dos Balcãs
Ocidentais”, descreveu como impactos da pandemia, a redução dos volumes de madeira
processada, comercializada e exportada, e o decréscimo dos preços de madeira serrada no curto
prazo. Nos meses seguintes, o sector manteve o seu nível de produção devido ao financiamento
do governo e a extensão de prazos de pagamentos de créditos dos madeireiros, o que levou a não
desemprego da mão-de-obra da região, portanto, os impactos foram insignificates.
Brancalion et al., (2020) num artigo sobre “Ameaças emergentes que ligam o desmatamento
tropical e a PC19” fazem conclusões e recomendações sobre políticas a serem adotadas pois com
a propagação da pandemia haveria aumento do nível de desemprego e por sua vez a pressão sobre
as floretas seria maior, o que iria aumentar os níveis de desmatamento e desflorestamento levando
a perda de ecossistemas.
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Impacto da COVID-19 na exploração da madeira em Moçambique
Chitara (2003), Direcção Nacional de Florestas (DINAF, 2017) e Ministério de Terra e Ambiente
(MTA, 2019), concordam que este regime permite o melhoramento da indústria de processamento
da madeira através do abastecimento dos produtos florestais madeireiros à indústria contribuindo
positivamente para as receitas do país. Este regime é permitido a qualquer pessoa singular ou
colectiva, nacional ou estrangeira, que preencha os seguintes requisitos característicos:
(i) Ter disponível, um plano de maneio aprovado pelo governador da província (<
20.000ha) ou pela DINAF (> 20.000ha);
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Impacto da COVID-19 na exploração da madeira em Moçambique
O número de operadores dos principais regimes de exploraçãoo tem variado ao longo dos anos,
devido a vários factores, tanto do lado do governo provocados pela implementação de políticas
ou leis no sector, como do lado dos operadores, através da paralização das actividades ou
desistência das actividades de exploração da madeira por parte dos operadores tanto do regime
simples, como de Concessão Florestal.
De 2015 para 2018 houve um aumento de número de operadores florestais a nível do país de 906
para 1003, com maior destaque para o regime de concessão que aumentou em 36% devido a
implementação de campanhas de redução de exportação de madeira em toros (operação tronco),
em contra partida, o regime simples aumentou em 5% (MITADER, 2018).
De 2018 para 2021, houve decréscimo em 61% com maior destaque para o regime simples que
decresceu de 778 operadores para 415, cerca de 53%. O número de concessionários reduziu em
10% (MTA, 2022), como mostra a figura 1 abaixo, referente a evolução de operadores florestais.
700
Número de operadores
600
500 415
400 Licença Simples
300 225 203 Concessão Florestal
165
200
100
0
2015 2018 2021
Anos
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Impacto da COVID-19 na exploração da madeira em Moçambique
Moçambique possui cerca de 200 serrações com uma capacidade instalada suficiente para a
demanda por madeira para o consumo interno e para a exportação (Egas & Falcão, 2018). A maior
concentração destas serrações está na zona centro, explicado pelo facto da existência de maior
potencial madeireiros, enquanto a zona sul constitui a principal porta para o mercado internacional
(MTA, 2022).
As serrações são no geral, de pequena capacidade de produção e grande parte delas têm
dificuldades de aproveitar todo o potencial de produção, o que resulta em baixos níveis de
consumo de matéria-prima. A maquinaria usada é predomindada pelo uso de charriot de serra
principal de fita e de charriot de serra principal circular, em que a primeira leva a menor produção
de serradura maximizando o nível de produção, quando comparado com a segunda, em que
desperdiça-se madeira devido a ao uso de serras de pequena espessura (FAO, 2021).
Maior parte das unidades, são serrações que se dedicam ao processamento primário da madeira e
muito poucas fazem a transformação secundária da madeira (MITADER, 2019). Dos principais
produtos derivados do processamento da madeira no país, destacam-se: barrotes, ripas, pranchas,
tábuas, réguas de parquet e travessas (DINAF, 2017). A produção de tábuas e pranchas não-
alinhadas tem prevalecido devido a alta demanda por estes tipos de produto, na indústria de
processamento secundário (Egas & Falcão, 2018).
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Impacto da COVID-19 na exploração da madeira em Moçambique
i. Comércio doméstico
A maioria das províncias satisfaz a procura interna de madeira, onde a movimentação de madeira
ocorre das florestas para as cidades e vilas, que constituem os principais centros de transformação
e consumo, excepto a província de Maputo devido ao seu baixo potencial florestal madeireiro,
tem importado a maior parte da madeira comercializada das províncias do centro e norte do país
(MTA, 2022).
A baixa qualidade de processamento tem influenciado a madeira de alto valor comercial a ter
aplicações menos nobres nos mercados locais levando a redução nos níveis de ganhos no
comércio. As espécies mais procuradas diversificam-se pelo seu uso, desde aplicação dentre as
quais destacam-se a umbila, jambire, chanfuta, mecrusse e umbaua (MTA, 2022).
O comércio externo da madeira proveniente de Moçambique nos últimos cinco anos foi
caracterizado pela exportação da madeira em toros 423.000m3 e cerca de 160.000m3 de madeira
serrada (tábuas, pranchas, travessas, parquet, folheados, peças de mobiliários e ripas) sendo
maioritariamente não processada ou processada mas com pouco valor acrescentado (MTA, 2022).
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Impacto da COVID-19 na exploração da madeira em Moçambique
Moçambique integra o grupo dos cinco (5) principais países africanos exportadores de madeira,
sendo que mais de 90% da madeira é exportada para o mercado asiático, principalmente para a
China e os volumes são maioritariamente em toros (Mahanzule, 2013; Falcão, 2015; DINAF,
2017).
Estudos de Ribeiro e Nhabanga (2009), destacatam que o sector de exploração de florestas nativas
em Moçambique contribui para redução do desemprego, com cerca de 200.000 trabalhadores
directos e indirectos empregados.
O autor acima ainda descreve a distribuição e condições de trabalhos em que a maioria dos
trabalhadores concentra-se na floresta, o principal local de extracacção da madeira sendo que
grande parte destes é sazonal, informal e provém das comunidades locais, sem nenhum contrato
de trabalho, fardamento muito menos equipamento de protecção e higiene. A figura 2 descreve a
distribuição da mão-de-obra florestal por província.
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Impacto da COVID-19 na exploração da madeira em Moçambique
Manica
14% Zambézia
19%
Tete
33%
O teste de comparação de médias é antecedido da Análise de Variância (ANOVA), que por sua
vez procura verificar o nível de variabilidade dos dados e com base nos seus outputs, decide-se
rejeitar ou não a hipótese nula, a um nível de confiança estabelecido, (Rodrigues, 2015; Duncan,
1955).
A condição para o uso de teste de comparação de médias é a rejeição da hipótese nula na ANOVA.
Existem vários testes usados para comparação de médias, como é o caso de Tukey, Duncan e
outros, e que o seu uso, depende da natureza dos dados e os objectivos ao determinar as médias
que diferem entre os tratamentos (Rodrigues et al., 2015).
O teste de Tukey é considerado robusto, por não violar os pressupostos básicos de normalidade,
homocedasticidade, e independência de erros (Rodrigues, 2015; Machado et al., 2005), para além
de ser muito usado em estudos de ciências agrárias (De Sousa, 2012).
De acordo com Pereira (2017), o teste de Tukey é usado quando o interesse é comparar todos os
pares de médias dos tratamentos entre si, por ser um procedimento de comparação múltipla,
portanto mais abrangente. Este teste é mais usado quando o número de repetições dos tratamentos
é igual.
UEM-FAEF Página 14
Impacto da COVID-19 na exploração da madeira em Moçambique
III. METODOLOGIA
3.1.Localização da Área de Estudo
A presente pesquisa, teve lugar em 5 províncias seleccionadas, com maior número de operadores
assim como maior volume comercial disponível, nomeadamente: Manica, Nampula, Sofala, Tete
e Zambézia (Marzoli, 2007; Magalhães, 2018; MTA, 2019).
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Impacto da COVID-19 na exploração da madeira em Moçambique
onde 813 são das concessões (228 sazonais e 585 efectivos) e 403 do regime simple em que, 245
são sazonais e 158 efectivos (MTA, 2022).
A província desempenha um papel estratégico no comércio da madeira tanto legal como ilegal,
por possuir o segundo maior porto do país e dois corredores de transporte, o que facilita o
comércio externo com o mundo. As duas áreas de conservação situadas nos distritos de
Gorongosa e Marromeu desempenham um papel importante na composição de florestas na
província (Marzoli, 2007).
De acordo com MTA (2022), o número de operadores madeireiros é de 109 e destes, 67 são
concessionários e 42 de licenças simples; o sector emprega 2422 trabalhadores em que 1656 são
das concessões (851 sazonais e 805 efectivos) e 766 do regime simple (541 sazonais e 225
efectivos). A província possui um porto e que uma das principais actividades é exportação e
importação de bens (Marzoli, 2007).
UEM-FAEF Página 16
Impacto da COVID-19 na exploração da madeira em Moçambique
operadores concessionários entre elas e que dentro de cada estrato fez-se a Amostragem Aleatória
Simples (AAS) sem reposição para evitar o enviesamento das amostras (Vieira, 2008).
A AAS foi feita por sorteio e sem reposição garantindo a mesma probabilidade de selecção de
todos operadores concessionários por província (Fontelles et al., 2010; Gil, 2008; Ribeiro, C. S.
et al., 2007; Ribeiro, A. et al 2008). Os estratos foram dividos por província e, no total foram 5
estratos, nomeadamente Manica, Nampula, Sofala, Tete e Zambézia.
Para cada estrato foi aplicada a fórmula geral de cálculo de tamanho de amostra, considerando o
intervalo de confiança de 95% pelo facto de quanto maior for o intervalo de confiança, maior é a
precisão, a margem de erro usada foi de 5%, a probabilidade de 0,5 tendo em conta o tamanho da
população por estrato, recorreu-se a seguinte fórmula matemática:
𝑧 2 ∗ 𝑝(1 − 𝑝)
𝒏 = 𝐸2 Equação (1)
2
1 + [𝑧 ∗ 𝑝(1 − 𝑝)]
𝐸2 ∗ 𝑁
Onde:
Com base na equação acima, recorreu-se ao cálculo do tamanho da amostra por estrato (província)
tendo como base os dados fornecidos pelos Serviços Provinciais do Ambiente (SPA) no âmbito
da recolha de dados nas províncias em estudo como mostram os cálculos abaixo, na tabela 1.
UEM-FAEF Página 17
Impacto da COVID-19 na exploração da madeira em Moçambique
b) Entrevista
Um guião (vide anexo II) de perguntas foi usado para entrevista focalizada nos objectivos do tema
de estudo à direcção dos SPA’s e aos operadores concessionários, para efeitos de recolha de
dados que não tenham sido respondidos no inquérito (Gil, 2008b).
c) Análise documental
A análise documental foi feita sobre os relatórios anuais existentes a nível dos SPA’s das
províncias de estudo (Gil, 2008). Os dados recolhidos são referentes ao número de licenças, as
respectivas receitas pelo licenciamento dos operadores do regime de concessão, assim como
dados relativos a programas de reflorestamento.
As análises feitas foram baseadas em ANOVA, e, com base nas regras deste teste de significância
global da variabilidade dos dados, no caso de rejeição de H0, recorreu-se ao teste de comparação
de médias de Tukey, por ser robusto, por não violar os pressupostos básicos de normalidade,
homocedasticidade, e independência de erros (Rodrigues, 2015; Machado et al., 2005), para além
de ser muito usado em estudos de ciências agrárias (De Sousa, 2012).
UEM-FAEF Página 18
Impacto da COVID-19 na exploração da madeira em Moçambique
O teste de Tukey foi usado para comparar as diferenças mínimas significativas (equação 2), das
médias dos tratamentos (províncias), tomadas dois a dois, e a diferença dos módulos (equação 3),
das respectivas médias dos tratamentos escolhidos (Pereira, 2017).
𝑄𝑀𝐸
∆= 𝑞𝛼(𝐼,𝐺𝐿𝐸) √ Equação (2)
𝐽
Onde:
∆ : Diferença Mínima Significativa (DMS);
𝜶 : Nível de Significância do Teste (Erro do tipo I);
I : Número de tratamentos;
GLE : Grau de Liberdade do Erro;
𝑸𝑴𝑬 : Quadrado Médio do Erro (Erro padrão da média de um tratamento);
𝑱 : Número de Repetições;
𝒒𝜶(𝑰,𝑮𝑳𝑬) : Amplitude Total Studentizada (Valor Tabelado).
𝒚 = 𝒎 𝟏 − 𝒎𝟐 Equação (3)
Onde:
UEM-FAEF Página 19
Impacto da COVID-19 na exploração da madeira em Moçambique
A diferença significativa, mostra que entre as médias dos tratamentos, o 𝑚𝑖 foi maior e que ao
nível de 5% de significância pelo teste de Tukey, a variavel que representa 𝒎𝒊 é mais expressiva.
Com base nos outputs dos softwares, produziu-se este relatório contendo resultados e as
respectivas discussões com base no referencial teórico, sendo por fim, impresso em formato A4
e submetido para os devidos efeitos.
Para o presente estudo, foram definidas as variáveis de estudo para efeitos de delimitação dos
aspectos que foram estudados, de acordo com os objectivos do tema como pode ser visto na tabela
2 abaixo referente a relação das variáveis, o tipo de informação colectada, sua fonte, técnicas
usadas e respectivos instrumentos usados para a sua materialização.
UEM-FAEF Página 20
Impacto da COVID-19 na exploração da madeira em Moçambique
Os resultados do campo mostram que a província de Tete maior número de operadores florestais
do regime de concessão (vide tabela 1), o que vai em harmonia com os dados do MITADER
(2019) e MTA (2022), ao referirem que à partir de 2017, a província de Tete teve o maior número
de operadores concessionários licenciados. Este facto contrasta com os resultados do trabalho de
Sitoe et al., (2012), que destacam Sofala, Zambézia e Cabo Delgado como províncias com
maiores número de operadores.
De acordo com os dados dos SPA’s das províncias abrangidas, houve variação de número de
operadores durante o período 2018 a 2021, como mostra a tabela 4 referente a estatística descritiva
do número de operadores concessionários.
De acordo com a tabela acima, a província da Zambézia teve a maior variabilidade no número de
empresas concessionárias de exploração madeireira seguida da província de Manica e Sofala, e
que a variação mínima foi registada nas províncias de Nampula e Tete, este fenómeno foi
influenciado grandemente pela eclosão da covid-19 o que levou ao encerramento de algumas
concessões na província da Zambézia (3) e Manica (2) e Sofala (2) devido a medidas restritivas
adoptadas pelo governo. Semelhante cenário foi encontrado no estudo de Maraseni (2021) ao
concluir que no Nepal, as medidas restritivas para conter a PC19, levaram a redução e paralisação
de algumas empresas madeireiras.
UEM-FAEF Página 21
Impacto da COVID-19 na exploração da madeira em Moçambique
As empresas abrangidas se diferem quanto a exploração da cadeia de valor da madeira pois para
além de colheita, transporte, processamento, venda e exportação; as províncias de Tete e
Zambézia, possuem operadores que compram madeiras de outros operadores madeireiros do
regime simples reduzindo entre outros, o custos de corte.
Os resultados da pesquisa mostram que o nível de uso de tecnologia também se difere entre as
províncias (tabela 5). Tete detém o maior número de serrações com tecnologia de ponta e um
sistema de armazenamento sofisticado sobre tudo nas empresas de investimentos estrangeiros
seguido da província de Sofala, onde alguns operadores possuem serrações e um sistema de
conservação modernizado e, nas restantes províncias, a maioria dos operadores madeireiros
utilizam maquinaria antiga e ou obsoleta, com um sistema de conservação não sofisticado.
Manica 7 4 3 2 5
Nampula 6 2 4 3 3
Sofala 7 5 2 5 2
Tete 10 6 4 7 3
Zambézia 7 3 4 3 4
Estes resultados se assemelham aos do MITADER (2019) e Eurika (s.d) ao afirmarem que maior
parte das empresas utiliza maquinaria obsoleta com um sistema de armazenamento deficitário.
Em geral, as serrações localizam-se nas zonas urbanas ou periferias enquanto que as áreas de
corte, nas zonas rurais.
UEM-FAEF Página 22
Impacto da COVID-19 na exploração da madeira em Moçambique
Figura 3: Figura 4:
Maquinaria de ponta, Província de Tete Maquinaria obsoleta, Província de Nampula
A mão-de-obra usada nas empresas estudadas varia desde a qualificada à não qualificada sendo
que a primeira representa o menor número e que os respectivos trabalhadores ocupam cargos de
gerentes e técnicos.
A mão-de-obra não qualificada é composta maioritariamente por jovens com baixo nível de
literacia, e que geralmente provém das zonas próximas das áreas das concessões e, a maioria dos
trabalhadores são homens tanto no regime permanente como sazonal (anexo 10 & 11), os mesmos
dados são descritos pelo MTA (2019) onde o sector emprega apenas 4% das mulheres e que os
trabalhadores provém das comunidades locais.
Quanto ao acesso ao crédito bancário, a pesquisa mostra haver uma diferença enorme nos números
de operadores que beneficiam de financiamento bancário pois, das 37 empresas operacionais
abrangidas, apenas 4 beneficiam de crédito bancário onde 3 são da província de Tete e 1 da
Zambézia, nas restantes províncias as empresas abrangidas não beneficiam do crédito, resultados
semelhantes foram obtidos por Tao et al. (2021), onde concluiu que a tendência dos
financiamentos no sector madeireiro na China é cada vez menor.
Durante o período de 2018 a 2021, o nível de exploração madeireira diferiu-se entre as províncias
tendo em conta o volume licenciado e o volume explorado.
i. Volume licenciado
UEM-FAEF Página 23
Impacto da COVID-19 na exploração da madeira em Moçambique
De acordo com a informação fornecida pelos SPAs, o volume de madeira licenciada variou de
província para província sendo determinado pelos volumes estabelecidos pelas autoridades
florestais em cada província, como pode se observar na figura 5 abaixo.
Licenciamento madeireiro
80000
Manica
Volume (m3)
60000
Nampula
40000 Sofala
Tete
20000 Zambézia
0
2018 2019 2020 2021
Anos
De acordo com o gráfico acima, antes da PC19 a tendência dos volumes de madeira licenciados
foi decrescente nas províncias de Tete (89%), Manica (32%) e Sofala (30%), explicado pela
implementação de medidas restritivas de exploração e exportação de certas espécies madeireiras,
incluindo a promoção de campanhas para maior observância da legalidade no sector madeireiro
(operação tronco), o que desincentivou a muitos operadores. Por outro lado, as províncias de
Nampula e Zambézia tiveram aumento de volume de madeira licenciada em 63% e 46%,
respectivamente, devido a existência de maior número de operadores que requisitaram licenças.
Desde a eclosão da PC19 em Moçambique, houve variações nos volumes de madeira licenciada
onde em 2020 reduziram nas províncias da Zambézia (2%) e Manica (1%), devido ao receio de
investimento influenciado pelas restrições impostas sobre o comércio de madeira e, por outro
lado, houve aumento de volumes de madeira licenciada nas províncias de Nampula (118%), Tete
(61%) e Sofala (8%). Este fenómeno foi influenciado pela capacidade de isolamento em campos
de corte, disponibilidade de armazéns e serrações que facilitavam o trabalho nas condições
estabelecidas pelos decretos para conter a pandemia.
O estudo da UN (2021) nas regiões dos balcães, mostrou que operadores madeireiros isolaram-se
nas florestas permitindo exploração de volumes maiores de madeira, minimizando os impactos
da PC19 sobre o sector madeireiro contrariamente ao encontrado no trabalho de Adams (2020)
UEM-FAEF Página 24
Impacto da COVID-19 na exploração da madeira em Moçambique
Quanto a variabilidade dos volumes de madeira, a maior variação foi da província de Tete seguida
de Nampula, Manica, Zambézia e a menor variabilidade foi da província de Sofala. Estes factos,
são explicados pelos efeitos da PC19, que provocou a redução da demanda por madeira tanto no
mercado interno como externo e o défice do custo-benefício por parte das empresas (Ridlle, 2020;
Tao et al., 2021).
Com base na ANOVA (tabela 7), o 𝐹𝐶𝑎𝑙𝑐𝑢𝑙𝑎𝑑𝑜 44. 72962 > 3.47805 𝐹𝐶𝑟𝑖𝑡𝑖𝑐𝑜 ou P-value
0.000024 < 0.05 : Rejeitou-se a hipotese nula de que as médias dos volumes de madeira
explorada dos tratamentos (províncias) são iguais, pois existe pelo menos uma província cuja
média se difere das restantes, com isso, prosseguiu-se com a análise post-hoc baseada em Tukey.
UEM-FAEF Página 25
Impacto da COVID-19 na exploração da madeira em Moçambique
a) Teste de Tukey
O teste de tukey foi feito seguindo os padrões pré-estabelecidos e, para posterior comparação com
os contrastes das médias, foi achado o produto da DMS:
Dados
7201578,373
I=5 𝑫𝑴𝑺 = 4.65 ∗ √ 10
De acordo com os resultados acima, ao nível de significância de 5% pelo teste de Tukey não
existiu diferença significativa entre as médias dos grupos das províncias de Manica e Sofala,
Manica e Zambézia e entre Zambézia e Sofala o que explicava a mesma variabilidade dos volumes
de madeira. Neste período, a província de Manica teve a maior média de volume de madeira
explorada e a menor foi da província de Sofala, antes da PC19 (Vide tabela 8).
Durante a pandemia, ao nível de significância de 5% pelo teste de Tukey, não existiu diferença
significativa entre as médias dos volumes de madeira dos grupos das províncias de Zambézia e
Manica, Zambézia e Sofala, e, Sofala e Manica, em que a província da Zambézia teve a maior
média e a menor foi de Manica. A PC19 teve maiores efeitos sobre as províncias da Manica,
Sofala e Zambézia quando comparado à Nampula e Tete que tiveram diferenças significativas
entre si e com o restante das províncias.
UEM-FAEF Página 26
Impacto da COVID-19 na exploração da madeira em Moçambique
Os impactos da covid-19 sobre a redução dos volumes de madeira foram leves nas províncias de
Tete e Nampula devido a entrada de novos operados com capacidade tecnológica. O isolamento
dos trabalhadores nas concessões localizadas fora das zonas urbanas facilitou a continuação de
exploração e armazenamento da madeira, o mesmo foi encontrado nos estudos da OIT (2020);
HardCastle & Zabel (2021) onde os operadores madeireiros para garantir a sustentabilidade
durante a pandemia opataram por operar isolados nas florestas.
Produção de madeira
20000
15000
Volume (m3)
Madeira Serrada
10000 Madeira em toro
5000
0
2020
2021
2018
2019
2021
2018
2019
2020
2021
2018
2019
2020
2021
2018
2019
2020
2021
2018
2019
2020
UEM-FAEF Página 27
Impacto da COVID-19 na exploração da madeira em Moçambique
Os volumes de madeira serrada oscilaram ao longo do período de análise, onde antes da pandemia
houve uma tendência de redução dos volumes, nas províncias da Zambézia em 14% e Sofala 3%,
devido aos efeitos da aplicação da lei do banimento de exportação da madeira em toros. Enquanto
nas províncias de Tete, Nampula e Manica aumentaram os volumes processados em 23%, 15%,
e 4%, respectivamente explicado pelo aumento de número de operadores.
Devido as restrições ao comércio externo durante a PC19, em 2020, houve redução de volumes
de madeira serrada, onde Zambézia teve a maior redução atingindo 63%, Tete em 52%, Sofala
em 35%, Nampula em 21% e a menor redução foi da província de Manica, em 14% e o comércio
da madeira era feito no mercado interno. Até final de 2021, houve aumento dos volumes de
madeira serrada sendo o maior na província da Zambézia com 81%, seguida de Nampula com
55%, Sofala com 32% devido abertura para exportações da madeira, contrariamente, Tete e
Manica registaram reduções em 42% e 34%.
O volume de madeira em toros variou por província, sendo que nas províncias de Tete, Sofala e
Manica, houve aumento do período de 2019 a 2020, devido ao aumento de número de operadores
e a fragilidade na capacidade de fiscalização, por parte do governo. Nas províncias de Nampula
e Zambézia os volumes de madeira em toro reduziram como impacto da operação tronco.
Outro aspecto que influenciou este aumento, é o facto das áreas de corte serem remotas, o que
isolou os operadores das cidades, com maior nível de propagação da PC19, e permitiu a
continuação das actividades de corte.
UEM-FAEF Página 28
Impacto da COVID-19 na exploração da madeira em Moçambique
reduziu em 35% e 28% para as províncias de Tete e Manica, respectivamente, devido a incertezas
por parte dos operadores e pelo facto e pelo aumento da capacidade de fiscalização.
UEM-FAEF Página 29
Impacto da COVID-19 na exploração da madeira em Moçambique
Durante a PC19, na província de Manica, as espécies que antes eram processadas para posterior
venda, foram todas vendidas em toros, como foi o caso da chanfuta, Sandalo e Umbila, devido a
redução da procura por esseas espécies. Mediante esse cenário, os operadores também optaram
por espécies de maior facilidade de exploração como Mucarati e Mutondo.
Na província de Nampula, espécies como Chanfuta, Jambire, Mucarara, Umbila foram destinadas
para o processamento enquanto que o Pau-preto, Metil madeira em toro, com a eclosão da PC19
aumentaram os volumes de exploração das espécies em toro, onde, a Chanfuta, o Jambire e a
Umbila passaram a ser exploradas e comercializadas em toros devido a redução dos níveis de
processamento influenciados pelas medidas restritivas da pandemia.
Para além destas espécies, durante a pandemia, intensificou-se a procura de espécies como Metil,
Metonha e Pau-Tuli destinados ao processamento, e de Messassa, Messanda, Pau-preto, Mbáua e
UEM-FAEF Página 30
Impacto da COVID-19 na exploração da madeira em Moçambique
Mutondo em toros, para o mercado interno. Estes resultados conscidem com o postulado por MTA
(2022), ao fazer mensão das espécies comerciais procuradas e comercializadas em Moçambique.
Observações 4 4 4 4 4
Média 5312145 1401978 36981473 31927702 24218408
A província de Sofala detém a maior média de receita anual estimado em 36.981.473,00Mt, Tete
com 31.927.702,00Mt, Zambézia com 24.218.408,00Mt, Manica com 5.312.145,00Mt e
Nampula com a menor média de 1.401.978,00Mt. Porém, houve maior variação das receitas em
Tete, seguido de Sofala, Zambézia e Manica; a menor foi de Nampula.
Com base na análise global de variância das médias do licenciamento dos tratamentos, o P-Value
foi maior que 5% em todos os níveis, e logo, aceita-se a hipótese nula da igualdade das médias
das receitas pelo licenciamento madeireiro, ou seja, não houve diferença significativa entre as
receitas das províncias e que os impactos da covid-19 sobre as receitas tiveram a mesma
tendência, as médias das receitas pelo licenciamento são iguais.
UEM-FAEF Página 31
Impacto da COVID-19 na exploração da madeira em Moçambique
De acordo com a figura 9, durante o período que antecedeu a PC19, a tendência das receitas do
governo pelo licenciamento dos operadores madeireiros concessionários foi decrescente em todas
províncias excepto na Zambézia que teve significativo aumento mas, a eclosão da covid-19 trouxe
mudanças simétricas com reduções nas taxas de crescimento das receitas em Tete 9% e Zambézia
8% até o final de 2020.
No ano seguinte, o nível de receitas continuou decrescente em 29% para Nampula devido aos
impactos da PC19 e, contrariamente, até o final de 2021, Tete aumentou suas receitas em 6%,
Sofala 6%, Manica 5% e igual percentagem para Zambézia, como resultado do relaxamento das
medidas de contenção e abertura para o mercado externo.
60000000
50000000
40000000
Receitas
30000000
20000000
10000000
0
2018
2019
2020
2021
2018
2019
2020
2021
2018
2019
2020
2021
2018
2019
2020
2021
2018
2019
2020
2021
Manica Nampula Sofala Tete Zambézia
Anos/Provincia
A PC19 levou a redução da demanda por madeira, causando a pouca procura de licenças por parte
dos madeireiros e consequentemente redução das receitas do governo nas províncias em estudo o
que representa perdas por parte do governo pois influenciaram negativamente para contribuição
do sector no PIB, atrasando o nível de crescimento e desenvolvimento económico do país. Estes
resultados se alinham com os da UNDESA (2020) e Maraseni et al (2021), onde nas diferentes
pesquisas concluiram que devido as restrições de comércio, houve redução da demanda por
madeira e por conseguinte, redução tanto das receitas do sector público como do privado.
UEM-FAEF Página 32
Impacto da COVID-19 na exploração da madeira em Moçambique
i. Mercado Doméstico
De acordo com os resultados, o mercado interno antes da pandemia, foi o menor detentor dos
volumes de madeira extraida, consumindo maior volume de madeira de menor qualidade,
destinado para as pequenas serrações. Os principais destinos da madeira diferem entre as
províncias, sendo a cidade de Maputo o maior consumidor da madeira nacional (MTA, 2019).
O relaxamento das medidas restritivas causou maior demanda por licença de exportação e
consequentemente exportação massiva de madeira no final de 2020 a 2021 com destino a China,
Africa do Sul, Portugal, Vietnã e Malawi, e os volumes mais exportados foram da madeira em
toro, que por lei é proibido em Moçambique, contrariando Attah (2021), quando se refere ao
aumento da exportação da madeira serrada em detrimento da madeira em toro em Gana. Por outro
lado, a FAO (2020) e UNDESA (2020) previam uma redução geral dos volumes exportados
porém, em Moçambique este fenómeno foi de curto prazo.
UEM-FAEF Página 33
Impacto da COVID-19 na exploração da madeira em Moçambique
O preço de madeira variou por classe e posteriormente pelas condições de mercado, onde antes
da covid-19 os preços eram estipulados de acordo com as classes e pelos compradores, criando
mais vulnerabilidade por parte dos operadores nos níveis de rendimentos.
A covid-19 influenciou para maior pressão sobre os operadores em reduzir seus preços para
garantir receitas, o que também influenciou os níveis de rendimentos e posteriormente a
operacionalização das empresas, que foram posteriormente obrigadas a reduzir a mão-de-obra
para garantir a sua sustentabilidade. Abaixo apresentam-se as figuras que mostram a evolução de
preços por tipo de madeira, em cada província.
Província de Manica
Por outro lado, para a madeira serrada, o preço mais alto foi da Chanfuta, que variou
negativamente em 10% durante a pandemia e o preço mínimo foi de sandalo que decresceu em
14%, e para madeira em toro o preço máximo foi da Chanfuta que variou com a PC19 em 26%
negativos e o preço mínimo foi de sandalo que não variou.
Figura 10: Evolução dos preços por tipo de madeira, província de Manica
35000
Mil Meticais/m3
Província de Nampula
procura no primeiro ano da pandemia. No ano seguinte, reduziu a preferência por jambire e,
Mucala foi mais procurada devido a fácil aquisição, pelo que, o seu preço também foi crescente.
Figura 11: Evolução dos preços por tipo de madeira, província de Nampula.
Mil Meticais/m3
Mil Meticais/m3
35000
30000 20000 Chanfuta
Chanfuta
25000 Jambire
Jambire 15000
20000
Mucala Metil
15000 10000
10000 Umbila Pau-preto
5000 Umbila
5000
0 0
2018 2019 2020 2021 2018 2019 2020 2021
Anos
Anos
A Chanfuta foi a espécie com madeira serrada de maior preço porém, com a covid-19 o seu preço
decresceu em 12% e o menor preço foi de Mucala. Para madeira em toro, o Jambire atingiu o
maior preço durante o inicio da pandemia devido a sua maior procura e logo depois decresceu em
60% e o menor preço foi da Umbila, que com a pandemia decresceu em 8%.
Província de Sofala
Madeira Serrada
50000
Chanfuta
Mil Meticais/m3
40000
Mbaua
30000 Messasa
20000 Moaca
Mutondo
10000
Panga-Panga
0 Umbila
2018 2019 2020 2021
Anos
UEM-FAEF Página 35
Impacto da COVID-19 na exploração da madeira em Moçambique
A Chanfuta teve os preços mais altos mas, com a eclosão da pandemia, seu preço decresceu em
12% tendo neste período havido mudanças na preferência por espécies, com maior demanda para
Moaca e Mbaua cujos preços foram maiores durante a pandemia e, o mínimo foi o preço da
Messassa que foi constante em todo período.
Província de Tete
Na província de Tete, durante a PC19, os preços da madeira em toro tiveram a maior variabilidade
em todas espécies quando comparados aos da madeira processada. Esta variação marcada pela
redução de preços foi devido a existência de vários operadores para pouca demanda, o que levou
a concorrência desleal entre as empresas com preços diferenciados entre os operadores.
O preço mais alto da madeira serrada foi da Chanfuta que, com a pandemia, variou negativamente
em 8% e o mínimo foi de Mondzo que decresceu em 3%; para a madeira em toro o preço mais
alto foi do Pau-rosa que durante a pandemia, decresceu em 2% e o mínimo no mesmo período foi
de Messassa em 1%.
Mil Meticais/m3
30000 Chacate-Preto
14000
25000 Chacate- Preto 12000 Chanato
20000 Chanato 10000 Chanfuta
15000 Chanfuta 8000 Messassa
Messassa 6000 Monzo
10000
Monzo 4000 Pau-Rosa
5000 2000
Umbila Umbila
0 0
2018 2019 2020 2021 2018 2019 2020 2021
Anos Anos
Província da Zambézia
Esta província teve a maior a variabilidade dos preços de madeira processada em relação a
madeira em toro, devido a maior procura por esta madeira durante a pandemia, como mostra a
fugura 14 abaixo.
Os preços não só variaram devido a maior ou menor procura por determinadas espécies, mas
devido a inflação importada, de curto prazo, tanto pela redução da demanda da madeira no
mercado interno para exportação, como pela redução da importação de produtos madeireiros.
UEM-FAEF Página 36
Impacto da COVID-19 na exploração da madeira em Moçambique
Mil Meticais/m3
35000 20000 Jambire
30000 Jambire Mbaua
25000 Metil 15000
Messanda
20000 Metonha 10000 Messassa
15000
10000 Pau Tuli 5000 Metacha
5000 Umbila Mutondo
0 0 Pau-Preto
2018 2019 2020 2021 2018 2019 2020 2021 Umbila
Anos Anos
Durante o período em análise, para madeira serrada, a Chanfuta teve o preço mais alto antes da
PC19 sendo que durante a covid-19 reduziu em 8% e o preço mínimo foi sempre da Metonha que
não variou e, para a madeira em toro o Pau-preto teve o preço mais alto antes da pandemia,
decresceu em 6% na PC19 e a Messassa teve o preço mínimo que aumentou com a pandemia em
9 %.
A província de Tete deteve o maior número de operadores que beneficiaram de crédito bancário
em todo período de estudo com 3 seguida da Zambézia com 1, e nas restantes províncias, os
operadores não beneficiaram de crédito bancário.
UEM-FAEF Página 37
Impacto da COVID-19 na exploração da madeira em Moçambique
Figura 15: Acesso ao crédito para os operadores madeireiros concessionários por província
Manica
25% Nampula
Sofala
75% Tete
Zambézia
Por outro lado, resultados contrários foram verificados no estudo da UN (2021), sobre impactos
da covid-19 no sector florestal em países como Albania, Bósnia e outros em que o governo
financiou o sector e que os impactos da Covid-19 foram leves. Das 37 concessões abrangidas, 7
corriam risco de falência por falta de receitas e incetivos, sendo 4 operadores em Tete e 3 em
Manica (Tao, 2021).
A análise do impacto social baseou-se nos níveis de empregabilidade por regime contratual, por
sector e por género, para além da descrição do nível de salários, durante todo período.
Durante a PC19, as empresas inqueridas tiveram um total de 2039 trabalhadores dos quais, a
província de Tete apresentou o maior nível de trabalhadores com 34% do total, explicado pela
presença de maior número de operadores e que operam em zonas remotas e o menor nível foi
registado na província de Manica com 8%, devido a pouco número de operadores como descreve
a figura 16.
UEM-FAEF Página 38
Impacto da COVID-19 na exploração da madeira em Moçambique
Mão-de-obra
8%
19%
24%
34%
15%
A tabela 11, da estatística descritiva, mostra uma redução nas médias dos trabalhadores em todas
províncias, do período antes da PC19 para o período da sua eclosão em Moçambique.
Durante a PC19, a província de Sofala teve a maior variabilidade dos números de trabalhadores,
seguida de Nampula, Zambézia, Tete e por último Manica que teve a menor variação. As
oscilações nas médias dos trabalhadores por província foram explicadas pelos efeitos
multiplicadores da eclosão da pandemia da covid-19 que levaram a insustentabilidade das
empresas e estas por sua vez reduziram o número de mão-de-obra.
Estes resultados vão de acordo com a OIT (2020), que previu o aumento dos níveis de desemprego
devido aos efeitos da pandemia da covid-19 e dos outros estudos realizados UN (2021), nos países
balcães mostrou que os efeitos da pandemia da covid-19 afectaram apenas trabalhadores
UEM-FAEF Página 39
Impacto da COVID-19 na exploração da madeira em Moçambique
estrangeiros devido a restrições impostas para contêr a propagação da covid-19 mas que no geral,
houve estabilidade dos níveis de empregabilidade.
A ANOVA acima mostra que o p-value é menor que 0,05 o que condiciona rejeição da hipotese
de nulidade de que não há diferenças significativas entre as médias de número de trabalhadores
entre os tratamentos, com isso seguiu-se ao procedimento de análise post-hoc abaixo.
Tabela 12: Tabela ANOVA dos níveis de empregabilidade entre as províncias.
ANOVA
Fonte da variação SQ gl MQ F valor-P F crítico
Amostra 43152,05 1 43152,05 22,68354929 0,000765396 4,964603
Colunas 234655,3 4 58663,83 30,83755618 1,334E-05 3,47805
Interações 8625,7 4 2156,425 1,133558493 0,394687288 3,47805
Dentro 19023,5 10 1902,35
Total 305456,6 19
a) Teste de Tukey
Dados:
1902,35
I=5 𝑫𝑴𝑺 = 4,65 ∗ √ 10
QME = 1902,35
𝑱 = 10
𝒒𝜶(𝑰,𝑮𝑳𝑬)= 4,65
A DMS para que o contraste das médias fosse considerado significativo foi de 64,13545.
As médias das províncias não seguidas pela mesma letra, diferem ao nível de 5% de significância
pelo teste de Tukey. De acordo com a tabela acima, a pandemia levou ao aumento das diferenças
entre as médias dos trabalhadores das províncias sendo destacadas as províncias de Tete e
Nampula, Nampula e Zambézia e por último as províncias de Manica e Sofala, que diferiram
entre si, como descrito na tabela 13.
Os resultados mostram que os níveis de empregabilidade não foram regulares, por um lado devido
a capacidade de sustentabilidades das empresas e por outro lado, devido aos efeitos da PC19 que
limitou a capacidade de intervenção do governo para reanimar o sector.
UEM-FAEF Página 40
Impacto da COVID-19 na exploração da madeira em Moçambique
No geral, houve uma tendência decrescente dos níveis de empregabilidade no sector antes da
pandemia, com variações negativas nas províncias de Sofala (24%), Nampula (23%), Manica
(15%), e Tete (1%) devido a redução de número de operadores e, contrariamente, na província da
Zambézia, os níveis de empregabilidade foram constantes antes da pandemia.
Durante o primeiro ano da PC19, houve redução de mão-de-obra nas empresas madeireiras onde
a maior redução foi em 40% para Manica, Tete com 32%, Zambézia 21%, e Nampula reduziu em
1% porém, a província de Sofala registou aumento em 2%, sendo que as variações foram
explicadas pelo nível rendimentos das empresas por província.
Com abertura dos mercados internacionais, a aplicação das medidas de relaxamento, os níveis de
despedimentos reduziu, pois maior parte dos operadores reempregavam os seus trabalhadores.
Maior parte dos que foram abrangidos pelos despedimentos foram trabalhadores locais que,
maioritariamente trabalhavam nnas serrações. A tendência da evolução dos níveis de
empregabilidade antes e durante a pandemia, é descrita na figura 17.
UEM-FAEF Página 41
Impacto da COVID-19 na exploração da madeira em Moçambique
Variação da empregabilidade
Nr. de trabalhadores 600
500 Manica
400 Nampula
300 Sofala
Tete
200
Zambézia
100
0
2018 2019 2020 2021
Anos
No geral, em Moçambique, a redução da mão-de-obra nas empresas madeireiras foi devido aos
efeitos da pandemia como foi previstos nos trabalhos de Tientcheu (2020) e UA (2020) em que
previam que a pandemia da covid-19 influenciaria a variação do nível de emprego sobre o sector.
300 2018
200 2019
100 2020
0 2021
Sazonais
Sazonais
Sazonais
Sazonais
Sazonais
Integrais
Integrais
Integrais
Integrais
Integrais
Província
Antes da PC19, a tendência da mão-de-obra foi decrescente em todos regimes contratuais com
maior enfoque para o sazonal que teve o maior nível de reduções em todas as províncias com
excepção da Zambézia. A pandemia levou a variações irregulares da mão-de-obra por província
onde o regime sazonal teve acentuada redução nas províncias de Manica (44%), Tete (39%) e
Zambézia (30%) enquanto em Nampula foi estável e, contrariamente, na província de Sofala o
UEM-FAEF Página 42
Impacto da COVID-19 na exploração da madeira em Moçambique
Os resultados da pesquisa mostram que a maioria das concessões localiza-se em zonas diferentes
dos locais de processamento e, a eclosão da PC19 afectou a mão-de-obra tanto das serrações como
do corte, como ilustra a figura 19, que descreve a evolução da empregabilidade por sector.
Figura 19: Evolução do nível de empregabilidade por sector nas empresas madeireiras.
Empregabilidade por sector
400
Nr. de Trabalhadores
300 2018
2019
200 2020
100 2021
0
Corte Serração Corte Serração Corte Serração Corte Serração Corte Serração
Manica Nampula Sofala Tete Zambézia
Província
A tendência do número de trabalhadores nas concessões abrangidas pelo estudo foi decrescente
com pequenas variações positivas nos sectores de corte e serração por província. Antes da
pandemia houve redução da mão-de-obra tanto no sector de corte como nas serrações com
excepção da província da Zambézia onde não houve variações.
UEM-FAEF Página 43
Impacto da COVID-19 na exploração da madeira em Moçambique
A eclosão da PC19 teve maior impacto sobre as serrações em relação ao sector de corte. A
província de Manica sofreu maior variação de empregos nas serrações com 59% seguida de Tete
37%, Zambézia 17% e Sofala com a menor variação de 1%, a província de Nampula registou
aumento do número de trabalhadores nas serrações em 4%, este cenário foi influenciado pela
maior demanda de madeira. No sector de corte, a maior redução de trabalhadores foi de Manica
com 32%, seguida da Zambézia com 23%, Tete 22% e Nampula 2%, Sofala aumentou o número
de trabalhadores no sector de corte em 5%, com maior parte da exploração nas concessões.
A evolução do nível de empregabilidade variou por género, com maior redução da mão-de-obra
feminina nas empresas de exploração madeireira como descrito na tabela 14.
Tabela 14: Distribuição de trabalhadores por género.
Anos Manica Nampula Sofala Tete Zambézia
H M H M H M H M H M
2018 133 7 375 7 259 11 501 6 263 11
2019 112 7 283 12 203 2 496 6 263 11
2020 66 5 281 12 204 6 337 3 208 9
2021 65 5 240 12 55 1 332 2 191 9
H (homens); M (mulheres)
De acordo com a tabela 13, antes da pandemia, a tendência foi de maior decréscimo da mão-de-
obra masculina em relação a feminina nas províncias de Manica, Nampula, Sofala e Tete, excepto
para Zambézia, onde o número permaneceu constante.
Durante o primeiro ano da pandemia, houve maior redução do nível de emprego de homens em
relação as mulheres nas províncias de Manica em 12%, Zambézia em 3% e Nampula em 1%
devido a necessidade de sustentabilidade das empresas e imposições legais da inclusão da mulher
UEM-FAEF Página 44
Impacto da COVID-19 na exploração da madeira em Moçambique
no sector restringindo-se nas serrações, enquanto que para a província de Tete houve maior
número de mulheres desempregadas em relação aos homens em 18%. Este fenómeno foi
explicado pela necessidade de forte mão-de-obra para actividades de corte, contenção de custos
operacionais das empresas e da relação custo-benefício enquanto na província de Sofala houve
aumento em 200% de número mulheres empregadas. Em 2021, houve aumento generalizado de
homens desempregados em relação as mulheres em todas províncias o que complementa os dados
do MTA (2019) em que os homens compoem 96% da força de trabalho nas empresas madeireiras.
A eclosão da covid-19 levou a tomada de muitas medidas por parte das empresas madeireiras para
evitar os níveis de contaminações, a presente pesquisa mostra que as contaminações por covid-
19 no sector de exploração madeireira afectaram quase todas as províncias como descrito na
figura 20, com excepção de Sofala.
Figura 20: Evolução de casos de contaminações nas empresas madeireiras.
30 25
Manica
20 Nampula
10
10 6 Sofala
4 5
0 0 0 0 Tete
0 Zambézia
2020 2021
Ano
Durante o ano do surto da covid-19 em Moçambique, a província de Tete teve o maior número
de trabalhadores contaminados com 28, seguida de Manica com 25, Zambézia com 10 e Nampula
com 4, para os operadores de Sofala não houveram casos de contaminações pois durante esse
período, grande parte das actividades eram feitas no campo, locais afastados das zonas urbanas,
com menor circulação de pessoas, o que influenciou a não contaminação dos trabalhadores.
À partir do final de 2020 até 2021, os níveis de contaminações reduziram em todas as províncias
com Tete a reduzir em 80% e Manica em 75%. Esta redução deveu-se ao reforço da capacidade
de observância do protocolo sanitário por parte dos operadores com constante uso de material de
desinfecção e higiene com utilização de alcool em gel, água, sabão e cinza assim como o uso da
máscara. No final de 2021, as províncias de Nampula, Sofala e Zambézia onde os trabalhadores
trabalhavam isolados em áreas remotas das concessões, não houve contaminações.
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Impacto da COVID-19 na exploração da madeira em Moçambique
Contrariamente aos outros estudos como o de Tatar (2021) e UN (2021), a maioria das empresas
madeireiras não teve casos de contaminações por covid-19 pela forma restritiva que as actividades
decorriam, em áreas florestais remotas.
Os salários variaram de acordo com a província, o nível de cumprimento da lei do trabalho assim
como o rendimento das empresas, sendo diferente para cada ano como se pode ver no gráfico
abaixo.
Figura 21: Referente aos níveis salariais por província.
A descrição acima é referente a evolução dos salários mínimos e máximos ao longo do período
onde, em geral, de 2018 ao princípio de 2020, os salários tiveram uma tendência crescente
associado ao aumento dos níveis de produção das empresas e pela necessidade de cumprimento
da lei de trabalho, estabelecendo-se um salário mínimo próximo ao estabelecido na função
pública. Antes da pandemia em média, o salário mínimo foi 5.017,00Mt e o máximo de
19.529,00Mt.
A PC19 teve impactos diferenciados para cada província em que houve aumento dos salários
mínimos em Nampula (12%), Zambézia (3%), Manica (2%) e Tete (1%), diferentemente de
Sofala onde os salários mínimos mantiveram-se estáveis. Em 2021 houve aumento de salários
mínimos na província de Manica em 7% e Zambézia com 4% e as restantes províncias os salários
foram constantes. A variação positiva deveu-se a necessidade de cumprimento da lei do trabalho
e, o salário mínimo durante a pandemia foi em média de 5.286,00Mt.
Durante a pandemia, os salários mensais mais altos foram de Sofala com uma média de
64.667,00Mt; Nampula com 43.167,00Mt; Manica com 40.750,00Mt; Tete 23.150,00Mt e
Zambézia com 19.529,00Mt, como resultado do aumento percentual em 45% para Tete; 14% para
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Impacto da COVID-19 na exploração da madeira em Moçambique
Os furtos de madeira nas concessões têm sido frequentes pois, de acordo com os operadores
abrangidos em todas províncias, anualmente muita madeira é furtada o que reduz a produtividade
das concessões. A figura 22 faz referência a evolução de furto de madeira nas concessões.
Figura 22: Evolução do nível de furto de madeira por província.
Madeira Furtada
250
Volume de madeira (m3)
200
Manica
150
Nampula
100
Sofala
50 Tete
0 Zambézia
2018 2019 2020 2021
Anos
A figura 22 descreve os volumes de madeira furtada durante o período de estudo onde, em 2018
os volumes anuais furtados foram em média de 10m3 na província da Zambézia, para outras
províncias os roubos foram imensuráveis. Em 2019, o nível de furto foi crescente com aumento
de volumes de madeira furtada onde nas província de Manica e Tete foram furtados 40m3 cada, e
Zambézia 25m3, explicado pelo aumento de furtivos, que na sua maior parte, são aliados a
governantes, o que dificultou a fiscalização e denúncia destes casos.
Durante o primeiro ano da pandemia, houve aumento significativo dos volumes de madeira
furtada em que Zambézia aumentou em 540%, Tete com 400% e Manica em 150%, quando
comparado ao período antes da pandemia (2019). Este crescente nível de roubo foi explicado pela
redução nos níveis de fiscalização; entrada de novos operadores estrangeiros que usavam licenças
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Impacto da COVID-19 na exploração da madeira em Moçambique
De acordo com o previsto no Decreto n° 93/2005 de 4 de Maio sobre o pagamento de uma taxa
destinada a projectos comunitários onde as concessões madeireiras se encontram a operar, este
montante provém das receitas do licenciamento dos SPA’s e posteriormente, canalizado a
representantes das respectivas comunidades.
A evolução do pagamento no âmbito do maneio comunitário tem sido irregular em todo período
de análise com uma tendência decrescente antes da pandemia e oscilações durante a pandemia, a
figura 23 abaixo mostra a evolução da distribuição dos 20% por província.
6000000 Manica
Nampula
4000000 Sofala
Tete
2000000 Zambézia
0
2018 2019 2020 2021
Anos
Outro factor que contribuiu para o aumento dos níveis de incéndios nas concessões, foi a redução
da capacidade de fiscalização por parte dos concessionários, principalmente nas províncias de
Tete, Zambézia e Nampula onde, semelhantemente não houve sensibilizações contra incéndios
por parte dos SPA’s nas comunidades vizinhas das áreas florestais, por inexistência de orçamento
durante a pandemia pois, o maior foco do investimento do governo foi para o sector de saúde,
para contêr o virus da covid-19 (CHERKAOUI et al., 2020).
UEM-FAEF Página 49
Impacto da COVID-19 na exploração da madeira em Moçambique
Para além das restrições impostas durante aclosão da PC19, houve também dificuldades logísticas
por parte dos fiscais dos SPA’s para se fazerem ao campo onde nas províncias de Manica, Sofala
e Tete, fiscais pediam aos operadores madeireiros, meios logísticos para se deslocarem às
concessões, dificultando o nível de fiscalização nas concessões, o que aumentou a possibilidade
de circulação de madeira ilegal nas províncias, com destaque para as províncias de Tete, Sofala,
Manica e Zambézia (CHERKAOUI et al., 2020; UA, 2020).
UEM-FAEF Página 50
Impacto da COVID-19 na exploração da madeira em Moçambique
V. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
5.1.Conclusão
Os resultados da pesquisa levam a concluir que as concessões florestais em Moçambique
localizam-se em zonas estratégicas que facilitam o emprego da mão-de-obra local, corte,
transporte, processamento e venda de produtos madeireiros. A maioria das empresas opera com
capital próprio, de nacionais e estrangeiros, por outro lado, o acesso ao financiamento é limitado
existindo poucos operadores de Manica e Tete, que beneficiam de crédito bancário, o
investimento em tecnologias varia de província para província onde Nampula e Zambézia
apresentam baixos níveis de investimento em tecnologias de processamento e meios de transporte
em estado obsoleto.
A eclosão da PC19 causou a redução dos volumes de madeira explorada em 6%, explicado pela
redução de volume de produção devido as restrições impostas no mercado externo, o maior
destino da madeira explorada. Por sua vez, as restrições impostas no comércio de madeira levaram
a redução da demanda por licenças e por conseguinte, a redução das receitas do governo de
230.682.568,4Mt no período antes, para 190.906.755,8Mt durante a PC19, uma variação negativa
de 17%, para além da redução e atraso na alocação dos 20% do maneio comunitário.
O nível de empregabilidade decresceu durante todo o período onde dos 2968 trabalhadores que
estiveram empregados, apenas 2039 restaram durante a PC19, durante a realização da pesquisa,
representando um decréscimo de 31% dos quais, 48% são trabalhadores permanentes e 52%
sazonais o que mostra um maior impacto da PC19 sobre os trabalhadores sazonais compostos
somente por homens e que trabalham no sector de corte.
Na perspectiva ambiental, conclui-se que a PC19 teve um efeito negativo pois com o aumento
desemprego, a fraca capacidade de fiscalização e paralização dos programas de reflorestamento
e campanhas de sensibilização contra incêndios liderados pelos SPA’s em parceria com os
madeireiros; aumentou a demanda e pressão sobre os recursos florestais para a sobrevivência das
comunidades outrora empregadas, aumentaram áreas de queimadas descontroladas, destruição de
ecossistemas, e destruição de viveiros nas áreas de reflorestamento por falta de assistência.
Rejeita-se a hipotese nula de que o surto da covid-19 não teve impacto negativo na exploração
madeireira em Moçambique, pois influenciou o aumento do desemprego, redução das receitas do
governo, aumento de áreas desmatadas, paralisação do reflorestamento, e fiscalização.
UEM-FAEF Página 51
Impacto da COVID-19 na exploração da madeira em Moçambique
5.2.Recomendações
O investimento no sector florestal com especial atenção para exploração da madeira deve ser
prioridade, primeiro pela importância ecológica e social das florestas, segundo pela contribuição
deste sector para economia nacional (PIB), daí que recomenda-se a criação de seguro para
reanimação do sector de floresta tanto na extracção da madeira como na campanha de
reflorestamento a nível das províncias.
Devido a grandes perdas pela redução das receitas do comércio externo da madeira, recomenda-
se o trabalho conjunto entre os SPA’s e as Alfândegas para maior e mais rígida fiscalização para
evitar possível proliferação da madeira ilegal por parte de operadores que almejam compensar as
perdas que tiveram durante o período de encerramento das fronteiras.
Os dados sobre o contributo do sector florestal com especificação na exploração da madeira sobre
PIB de Moçambique são superficiais, recomenda-se a realização frequente de estudos económicos
e respectivas publicações dos resultados para criação e fortalecimento da base de dados
estatísticos da economia florestal em Moçambique.
5.3.Lições aprendidas
A falta de análise do mercado, aliada a fraca exploração da cadeia de valor da madeira, gera
limitações para fornecimento de produtos madeireiros de qualidade no mercado interno. Este
cenário, leva ao aumento dos níveis de importação de produtos madeireiros, deixando os
operadores concessionários dependentes do mercado externo, e tornando difícil o comércio.
UEM-FAEF Página 52
Impacto da COVID-19 na exploração da madeira em Moçambique
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UEM-FAEF Página 58
ANEXOS
I
Anexo 1: Guião de questões aos madeireiros
II
Anos
Trabalhadores 2018 2019 2020 2021
Exploração Indústria Exploração Indústria Exploração Indústria Exploração Indústria
Homens efectivos
Mulheres efectivos
Homens sazonais
Mulheres sazonais
10. Caso não tenham despedido os trabalhadores, houve alguma mudança no pagamento de salários?
a) Caso tenham reduzido, tendo em conta a tabela acima, a mão-de-obra reduzida foi apenas por
covid-19 ou tiveram outros factores? Se sim, descreva-os _____________________
11. Com base nos níveis de salários da empresa, preencha a tabela a seguir que faz referência a evolução
dos salários máximos e mínimos da empresa antes e durante a pandemia da covid.
Anos
Salários dos trabalhadores (MT) 2018 2019 2020 2021
Salário mínimo
Salário máximo
12. A empresa teve casos de trabalhadores contaminados pela covid-19 ou que entraram em quarentena
por contactos com pessoas infectadas? Sim☐ Não☐.
a) Se sim, preencha a tabela a seguir referente ao número de trabalhadores infectados e ou que
estiveram em quarentena obrigatória devido a covid-19 nos respectivos anos.
Anos
Trabalhadores 2019 2020 2021 Total
Homens Mulheres Homens Mulheres Homens Mulheres
Sazonais
Efectivos
Sub-total
13. Quais foram os tratamentos destes trabalhadores infectados ou que estiveram em quarentena obri-
gatória na empresa? __________________________________________________
Seus salários foram alterados ☐? foram despedidos ☐? tiveram outros tratamentos ☐? Caso tenham tido
outros tratamentos, descreva-os:_________________________________________
14. A ausência desses trabalhadores, afectou a produção da empresa? Sim☐ Não☐. Se sim, como é que
a empresa lidou com as ausências?____________________________________
a) Caso as ausências não tenham afectado a vossa empresa, quais foram as estratégias usadas para
suprir esse defice pela mão-de-obra?________________________________
15. No que tange as condições sanitárias exigidas para o exercício normal das actividades, quais foram os
custos da empresa para aquisição de material de protecção para os trabalhadores contra covid-19?
Preencha na tabela abaixo:
Nome do material de protecção contra a covid-19 Quantidades por mês Preço unitário Custo total
III
b) Se não encerrou, quanto a produção, esta variou no período da covid-19? Sim☐ Não☐.
c) Caso tena variado o nível de produção, quais são os principais custos de produção que a empresa
incorreu para continuar com as suas actividades?_______________________________________
17. A eclosão da covid-19 alterou os volumes anuais de madeira (m3/contentores) que conseguiam extrair
e processar antes? Sim☐ Não☐.
a) Se sim, como impactou?__________________________________________________________
18. Quais foram os volumes anuais de madeira extraida, processada e não processada (madeira em
toro) pela vossa empresa de 2018 a 2021?
Anos
Actividade 2018 2019 2020 2021 Total
3
Volumes (m ) por ano
Corte
Processamento
Toros
Sub-totais
a) Houve variação nos volumes de madeira explorada? Sim☐ Não☐. Se sim, descreva as causas
ou factores que levaram a essas variações (aumento ou redução) nas quantidades de madeira
produzida. (Preencha a tabela abaixo).
Causas da variação do volume explorado
Actividade 2018 2019 2020 2021
Corte
Processamento
Toros
19. Quantas espécies a empresa tem explorado?_____________________________________________
a) Quais são as espécies que a empresa exploram? (Preencha a tabela a seguir).
Ordem de preferência Nome da espécie Volumes anuais (m3)
1
2
3
4
5
6
7
20. Distribuição anual das espécies exploradas (preencha o nome da espécie e de seguida assinale com X
na respectiva coluna do mercado e dos anos na tabela a seguir).
Anos
Mercado 2018 2019 2020 2021
Espécie Interno Externo Interno Externo Interno Externo Interno Externo
21. Possuem unidade de processamento? Sim☐ Não☐. Se não, poderia dizer porque não possuem a uni-
dade de processamento?______________________________________________
22. Caso tenha uma unidade de processamento, quais tipos de madeira tem processado ?________
IV
23. A pandemia da covid-19 teve alguma influencia no estado de conservação da tecnologia de processa-
mento? Sim☐ Não☐. Se sim, descreva os efeitos da eclosão da covid-19 na vossa tecnologia maqui-
naria. _______________________________________________________
24. Possuem algum armazém para armazenamento da madeira?
a) Se sim, o período da eclosão da pandemia influenciou o processo de gestão de armazenamento
de stock da madeira que tinham? Sim☐ Não☐. Caso tena influenciado, explique
como?_____________________________________________________________
25. Quanto aos investimentos, a empresa teve alguma variação destes antes e durante a vigência da pan-
demia da covid-19? Preencha a tabela abaixo:
Investimento Anos
Descrição 2018 2019 2020 2021
Equipamento
Infra-estrutura
Transporte
Tecnologia
26. No processo de produção madeireira durante a pandemia, tiveram a necessidade de troca de peças da
vossa maquinaria? Sim☐ Não☐. Se sim, como e que a pandemia influenciou a aquisição de novas
peças das máquinas?________________________________________________________________
30. A pandemia da covid-19, trouxe algum impacto no comércio da vossa madeira? Sim☐ Não☐. Se sim,
descreva quais foram os impactos da covid-19 no comércio da madeira na vossa em-
presa?_________________________________________________________________________
31. Quais foram as medidas tomadas pela vossa empresa para enfrentar os impactos da covid-19 nos níveis
de comércio de madeira?______________________________________________
32. Quanto ao preço de venda de madeira (m3), preencha a tabela de evolução de preços da madeira antes
e durante a vigência da covid-19.
Anos
Tipo do madeira 2018 2019 2020 2021
V
Interno Externo Interno Externo Interno Externo Interno Externo
Toros (MT/m3)
Serrada (MT/m3)
33. De acordo com os dados da tabela acima, a covid-19 influenciou a variação do preço de madeira? Sim
☐ Não☐. Se sim, como acha que a covid-19 influenciou a variação do preço da ma-
deira?__________________________________________________________________
34. Tendo em conta os níveis de restrições impostas na circulação de pessoas e bens devido a propagação
do virus, os volumes das receitas pelas vendas da madeira continuou o mesmo? Sim☐ Não☐.
35. Se não continuou o mesmo, abaixo apresenta-se uma tabela aonde poderá descrever, preencendo os
níveis de receitas anuais da exploração da madeira da vossa empresa antes (2018 e 2019) e depois
(2020 e 2021) da eclosão da covid-19 em Moçambique.
Anos
Níveis de receitas (MT) 2018 2019 2020 2021 Total
Mercano externo
Mercado doméstico
Sub-totais
36. Como descreve os impactos da covid-19 no que tange as receitas da empresa em relação a custos
benefícios da empresa madeireiras?________________________________________
37. Qual era a frequência da fiscalização na vossa empresa? Semanal☐; Mensal☐;Trimestral☐;Anual☐
38. Desde a eclosão da covid-19 vocês tem recebido equipes de fiscalização dos serviços provinciais de
floresta e fauna bravia? Sim☐ Não☐. Se sim, qual tem sido a frequência?_________
39. Já sofreram algum roubo de madeira? Sim☐ Não☐. Se sim, preencha a tabela abaixo
Anos
Madeira roubada 2018 2019 2020 2021
Volumes ou contentores
40. Será que a covid-19 influenciou? Sim☐ Não☐. Explique como______________________
41. A empresa tem desencadeado acções de responsabilidades soial? Sim☐ Não☐. Caso desenvolva
essas acções, a covid-19 influenciou o nível de intervenção da empresa? Sim☐Não☐. Explique.
42. Durante o período da pandemia, beneficiaram de um incentivo / ajuda do governo? Sim☐ Não☐.
Se sim, em que consistiu o incentivo?_____________________________________
a) Se não, quais acões acha que deveriam ser colocadas em prática por parte do governo para auxi-
liar ou incentivar os operadores madeireiros a recuperarem no período pós covid-
19?________________________________________________________________
43. No local de extracção da madeira já tiveram situações de queimadas descontrolodas? Sim☐ Não☐.
Caso existam, preencha com X no espaço correspondente na tabela abaixo:
Anos
Frequência 2018 2019 2020 2021
Semanal
Mensal
Trimestral
Anual
44. A vossa empresa beneficia de algum crédito bancário? Se sim, qual foi o impacto da covid-19 no
processo de pagamento da dívida quanto a taxa de juro ou frequência de paga-
mento?____________________________________________________________________
VI
a) Quais foram as condições impostas pelo banco para o paga-
mento?________________________________________________________________
45. Quais são as recomendações que a empresa propõem ao governo para a recuperação das actividades
de exploração da madeira?______________________________________________
VII
Anexo 5: Nível de receitas pelo licenciamento madeireiro (concessões).
Anova: factor duplo com repetição
RESUMO Manica Nampula Sofala Tete Zambézia Total
Antes da PC-19
Contagem 2 2 2 2 2 10
Soma 11066390 24824637 65761446 76664265 43030500 2,21E+08
Média 5533195 12412319 32880723 38332133 21515250 22134724
Variância 2,46E+12 2,58E+14 7,62E+13 2,54E+13 3,24E+13 2,1E+14
Depois da PC-19
Contagem 2 2 2 2 2 10
Soma 10182190 3005775 82164447 2,19E+09 53843132 2,33E+09
Média 5091095 1502888 41082224 1,09E+09 26921566 2,33E+08
Variância 6,36E+11 3,38E+11 1,36E+14 2,3E+18 6,95E+12 4,61E+17
Total
Contagem 4 4 4 4 4
Soma 21248579 27830412 1,48E+08 2,26E+09 96873632
Média 5312145 6957603 36981473 5,66E+08 24218408
Variância 1,1E+12 1,26E+14 9,31E+13 1,14E+18 2,29E+13
Anexo 7: Tabela refrente ao desembolso dos 20% no âmbito do maneio comunitário florestal.
VIII
Anexo 8: Tabela da estrutura da disposição dos dados para comparações de médias.
IX
Anexo 11: Distribuição da mão-de-obra por regime de contrato
Ano Corte Serração Corte Serração Corte Serração Corte Serração Corte Serração