Aula 97 - Prisão em Flagrante IV

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DIREITO PROCESSUAL PENAL

Prisão em Flagrante IV
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PRISÃO EM FLAGRANTE IV

Prisão em Flagrante IV
Neste bloco, vamos trabalhar, avançar e finalizar a classificação das espécies de fla-
grante. Está faltando trabalharmos o flagrante esperado.
Ocorre que o examinador “ama” tentar confundir o flagrante esperado com o flagrante
provocado. Desse modo, vejamos o seguinte:

7.4.7. Flagrante Esperado

O flagrante esperado, como o próprio nome diz, envolve uma espera. Imagine que você
tenha a notícia, que pode ter sido obtida por informantes, investigações ou interceptação tele-
fônicas, de que, na quarta-feira, vai chegar um carregamento com 200 kg de cocaína, o qual
será entregue no Armazém X às 22 horas.
Neste cenário, sabendo disso, você prepara uma grande equipe de agentes de polícia,
de modo a cercar toda a área do local da entrega e ficar aguardando. Quando a entrega for
efetuada às 22 horas, você chega com toda a equipe e mostra que não há a menor possibili-
dade de o crime ter êxito. Com isso, você prende a droga e prende todo mundo em flagrante.
Esse é o flagrante esperado.

Quais as Diferenças entre os Flagrantes (i) Esperado e (ii) Preparado?

No flagrante preparado, há a indução + os preparativos para o crime não ser exitoso. No


flagrante esperado, não há indução, mas a sua marca essencial é a esperada. Ocorre que a
espera, por si só, não inviabiliza o flagrante. É por isso que, ao contrário do flagrante prepa-
rado, que é ilícito, o flagrante esperado é lícito.
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Aqui, o flagrante é ilegal? Cuidado com a doutrina!

Na doutrina, você encontrará críticas (Rogério Greco e Pacelli). Na verdade, Pacelli afirma
que o flagrante preparado, em que há instigação, deveria ser considerado lícito, pois não há
crime impossível. Já, no exemplo de Rogério Greco, se há uma abordagem envolvendo três
pessoas e duzentos agentes, é óbvio que o crime será impossível e não haverá êxito na prá-
tica delitiva. No entanto, ressalta-se que essa não é a corrente que prevalece.
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Obs.: atenção à Súmula 567 do STJ: “Sistema de vigilância realizado por monitoramento
eletrônico ou por existência de segurança no interior de estabelecimento comercial,
por si só, não torna impossível a configuração do crime de furto”.

Imagine que João das Couves está dentro de um supermercado, que é todo cheio de
vídeo e seguranças fortes em cada corredor. Contudo, João é mais esperto e sai colocando
tudo na sua bolsa. Ademais, ele dá um jeito de burlar a fila e vai embora.
Esse crime é impossível? Se fosse impossível, como João teria êxito em fugir? Se ele
conseguiu, não é impossível.
Então, se sabemos que, mesmo com câmeras e seguranças, as pessoas conseguem
subtrair os bens, dependendo do caso concreto, o simples fato de termos, no ambiente,
monitoramento eletrônico e/ou segurança, isso não significa, por si só, que o crime será
impossível.
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7.4.8. Flagrante Prorrogado, Retardado ou Diferido (Ação Controlada).

Muita gente coloca a ação controlada como se fosse sinônimo, mas isso está errado.
Em 2012, houve uma alteração na Lei n. 9.613/1998 (Lei de Lavagem de Capitais).

Conceito

Se você é agente de segurança pública, se depara com um crime sendo praticado e


pode agir, o seu flagrante é obrigatório, salvo nas hipóteses de flagrante prorrogado. Apesar
da situação de flagrante que ensejaria o flagrante obrigatório, se você se deparar com uma
situação em que a postergação da prisão permita uma juntada, uma produção, uma colheita,
uma reunião e um arcabouço probatório mais robusto e muito mais interessante do ponto de
vista da persecução, você vai deixar de fazê-lo, obedecendo a parâmetros legais. Isso é o
flagrante prorrogado.
O flagrante prorrogado, retardado ou diferido é o principal exemplo de ação controlada,
mas não é sinônimo de ação controlada.
A Lei de Lavagem de Capitais vai trazer uma modalidade de ação controlada que vai dizer
que o agente judicial pode deixar de decretar medidas assecuratórias (cautelares reais).
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Ação controlada é considerada sinônimo de flagrante prorrogado? Não, pois o flagrante


prorrogado é o principal exemplo ou espécie de Vale destacar que a ação controlada é maior
do que o flagrante prorrogado.

Ação Controlada na Lei de Drogas e na Lei de Organização Criminosa

Na Lei de Drogas, para que haja ação controlada, é preciso que haja ordem judicial, além
de saber o destino da droga.
Na Lei de Organização Criminosa, não há necessidade de prévia autorização, apenas de
prévia comunicação.
Além disso, na Lei de Drogas, a ação controlada é perpetrada apenas por agente policial.
Já na Lei de Organização Criminosa, tanto a intervenção é policial quanto administrativa.

Ação Controlada “Descontrolada”?

Essa era uma expressão muito utilizada pelo professor Alberto Silva Franco, quando da
vigência da Lei n. 9.034/1995 (revogada). Essa era a antiga Lei de Organização Criminosa.
Uma das coisas que ela previa era a ação controlada. Para a ação controlada, não era neces-
sário nenhum tipo de comunicação ou autorização judicial. É por isso que o professor Alberto
Silva Franco afirmava que se tratava de uma ação controlada descontrolada.
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7.4.9. Flagrante Forjado, Fabricado, Maquinado ou Urdido

Para o professor, o melhor nome desse flagrante é o flagrante desleal ou criminoso. Tra-
ta-se de um flagrante inexistente. Por isso, obviamente, não se trata de um flagrante lícito.
A título de exemplo, em uma determinada série, o professor descreve uma cena em que
uma agente de investigação policial planta droga na bolsa de uma personagem e comunica
isso para a polícia.

7.5. Cabimento da Prisão em Flagrantes em Situações Específicas

(a) Crime Culposo?

Na teoria, cabe. Na prática, está errado! É o flagrante caviar (“nunca vi nem comi, só
ouço falar”).
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(b) Crimes Permanentes?

Art. 303. Nas infrações permanentes, entende-se o agente em flagrante delito enquanto
não cessar a permanência.
A marca do crime permanente é aquela cuja consumação se prorroga e se prolonga no
tempo, tendo o agente criminoso total poder e controle do momento de cessar a conduta cri-
minosa (ex.: sequestro e manutenção em cárcere privado).
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(c) Crimes Habituais?

O crime habitual vai nos desafiar uma divergência doutrinária:

• Posição de Toninho Filho, Paulo Rangel e Fernando Capez;


• Posição de Mirabete e Renato Brasileiro.

O crime habitual é aquela ideia de que uma conduta isolada, extraída da coletividade com-
portamental, é um nada criminoso, isto é, é uma conduta que carece de ilicitude. Somente
terá repercussão criminal quando considerada na coletividade (reiteração comportamental).
Melhor exemplo: exercício ilegal da medicina, odontologia e da coisa farmacêutica. Você
é o falso médico e tem conhecimentos da sua cabeça e pode ter efetividade. Você sabe que
uma pessoa está precisando dos cuidados médicos, coloca um jaleco, afirma ser o doutor
Petrúcio e faz o tratamento da pessoa.
Você tem habilitação para prestar exercícios da medicina? Não. Você exerceu irregular-
mente? Sim. Você cometeu crime? Uma vez, não.
Agora, mudando o exemplo: você afirma que foi ungido com habilidade divina, transforma
a sua casa em um consultório e coloca uma secretária para agendar. Nesse caso, você está
reiterando. Neste caso, trata-se de crime habitual.
Ocorre que, no caso de um só ato, não há ilicitude. Mas, no caso de comportamento rei-
terado, há crime habitual.

Crime Habitual X Habitualidade Criminosa

Habitualidade criminosa é o “malandrão”, o “gostosão”. É aquele que faz do crime a sua


atividade rotineira.
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Divergência Doutrinária e como se posicionar em concurso público?

Cabe flagrante em crime habitual? No caso do flagrante em crime habitual, a polícia


chega em um ato. O ato é ilícito? Se o flagrante é de um ato, e esse ato não é ilícito, não há
como decretar o flagrante. Essa é a posição majoritária (sustentada, entre outros, por Toni-
nho Filho, Paulo Rangel e Fernando Capez). É essa a posição que pautará a sua resposta
em prova objetiva. Mas, em provas discursivas, você pode se valer da corrente minoritária.
Ela admite, excepcionalmente, o flagrante em crime habitual.
Ex.: o médico fajuto monta o escritório, possui secretária e agenda cheia. A polícia chega
e vê que ele está atendendo, que há uma série de pacientes que serão atendidos ainda,
que outros tantos já foram atendidos e que a agenda dele está cheia. Isso indica a habituali-
dade e justifica, excepcionalmente na visão de Mirabete e Renato Brasileiro, a efetivação do
flagrante.

(d) Cabe prisão em flagrante nos crimes de ação penal pública condicionada à
representação ou privada?
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Sim, desde que tenha havido a representação no prazo para a lavratura do APF. Lembre-
-se das etapas do flagrante: captura, condução coercitiva, apresentação à autoridade policial
e lavratura do APF. Diante de um crime de ação penal pública condicionada à representação
ou de ação penal privada, para que a persecução penal seja legitimamente instaurada, há
necessidade da condição de procedibilidade, qual seja, a representação da vítima.
Você sabe que o auto de prisão e flagrante é uma das peças inaugurais do inquérito
policial. Neste caso, conclui-se que só é possível lavrar o APF caso haja o atendimento da
condição de procedibilidade.
Ocorre que sou policial e, se eu estiver diante de um crime de ação penal pública condi-
cionada à representação ou ação penal privada, eu posso abordar o agente? Sim. Inclusive,
você pode capturar e conduzir coercitivamente o “cara”. Você pode apresentá-lo à autoridade
policial, a qual o deixará por um tempo máximo de 24 horas, até que a vítima apareça e faça a
representação. Se não o fizer, necessariamente, ele não poderá lavrar o APF e terá que libe-
rar o agente. Mas, cuidado: não é que não seja possível! É! Porém, tem que ter essa atenção.

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
ANOTAÇÕES

preparada e ministrada pelo professor Pedro Coelho.


�A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
siva deste material.

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