Aula 97 - Prisão em Flagrante IV
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Prisão em Flagrante IV
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PRISÃO EM FLAGRANTE IV
Prisão em Flagrante IV
Neste bloco, vamos trabalhar, avançar e finalizar a classificação das espécies de fla-
grante. Está faltando trabalharmos o flagrante esperado.
Ocorre que o examinador “ama” tentar confundir o flagrante esperado com o flagrante
provocado. Desse modo, vejamos o seguinte:
O flagrante esperado, como o próprio nome diz, envolve uma espera. Imagine que você
tenha a notícia, que pode ter sido obtida por informantes, investigações ou interceptação tele-
fônicas, de que, na quarta-feira, vai chegar um carregamento com 200 kg de cocaína, o qual
será entregue no Armazém X às 22 horas.
Neste cenário, sabendo disso, você prepara uma grande equipe de agentes de polícia,
de modo a cercar toda a área do local da entrega e ficar aguardando. Quando a entrega for
efetuada às 22 horas, você chega com toda a equipe e mostra que não há a menor possibili-
dade de o crime ter êxito. Com isso, você prende a droga e prende todo mundo em flagrante.
Esse é o flagrante esperado.
Na doutrina, você encontrará críticas (Rogério Greco e Pacelli). Na verdade, Pacelli afirma
que o flagrante preparado, em que há instigação, deveria ser considerado lícito, pois não há
crime impossível. Já, no exemplo de Rogério Greco, se há uma abordagem envolvendo três
pessoas e duzentos agentes, é óbvio que o crime será impossível e não haverá êxito na prá-
tica delitiva. No entanto, ressalta-se que essa não é a corrente que prevalece.
ANOTAÇÕES
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Obs.: atenção à Súmula 567 do STJ: “Sistema de vigilância realizado por monitoramento
eletrônico ou por existência de segurança no interior de estabelecimento comercial,
por si só, não torna impossível a configuração do crime de furto”.
Imagine que João das Couves está dentro de um supermercado, que é todo cheio de
vídeo e seguranças fortes em cada corredor. Contudo, João é mais esperto e sai colocando
tudo na sua bolsa. Ademais, ele dá um jeito de burlar a fila e vai embora.
Esse crime é impossível? Se fosse impossível, como João teria êxito em fugir? Se ele
conseguiu, não é impossível.
Então, se sabemos que, mesmo com câmeras e seguranças, as pessoas conseguem
subtrair os bens, dependendo do caso concreto, o simples fato de termos, no ambiente,
monitoramento eletrônico e/ou segurança, isso não significa, por si só, que o crime será
impossível.
10m
Muita gente coloca a ação controlada como se fosse sinônimo, mas isso está errado.
Em 2012, houve uma alteração na Lei n. 9.613/1998 (Lei de Lavagem de Capitais).
Conceito
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Na Lei de Drogas, para que haja ação controlada, é preciso que haja ordem judicial, além
de saber o destino da droga.
Na Lei de Organização Criminosa, não há necessidade de prévia autorização, apenas de
prévia comunicação.
Além disso, na Lei de Drogas, a ação controlada é perpetrada apenas por agente policial.
Já na Lei de Organização Criminosa, tanto a intervenção é policial quanto administrativa.
Essa era uma expressão muito utilizada pelo professor Alberto Silva Franco, quando da
vigência da Lei n. 9.034/1995 (revogada). Essa era a antiga Lei de Organização Criminosa.
Uma das coisas que ela previa era a ação controlada. Para a ação controlada, não era neces-
sário nenhum tipo de comunicação ou autorização judicial. É por isso que o professor Alberto
Silva Franco afirmava que se tratava de uma ação controlada descontrolada.
20m
Para o professor, o melhor nome desse flagrante é o flagrante desleal ou criminoso. Tra-
ta-se de um flagrante inexistente. Por isso, obviamente, não se trata de um flagrante lícito.
A título de exemplo, em uma determinada série, o professor descreve uma cena em que
uma agente de investigação policial planta droga na bolsa de uma personagem e comunica
isso para a polícia.
Na teoria, cabe. Na prática, está errado! É o flagrante caviar (“nunca vi nem comi, só
ouço falar”).
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Art. 303. Nas infrações permanentes, entende-se o agente em flagrante delito enquanto
não cessar a permanência.
A marca do crime permanente é aquela cuja consumação se prorroga e se prolonga no
tempo, tendo o agente criminoso total poder e controle do momento de cessar a conduta cri-
minosa (ex.: sequestro e manutenção em cárcere privado).
25m
O crime habitual é aquela ideia de que uma conduta isolada, extraída da coletividade com-
portamental, é um nada criminoso, isto é, é uma conduta que carece de ilicitude. Somente
terá repercussão criminal quando considerada na coletividade (reiteração comportamental).
Melhor exemplo: exercício ilegal da medicina, odontologia e da coisa farmacêutica. Você
é o falso médico e tem conhecimentos da sua cabeça e pode ter efetividade. Você sabe que
uma pessoa está precisando dos cuidados médicos, coloca um jaleco, afirma ser o doutor
Petrúcio e faz o tratamento da pessoa.
Você tem habilitação para prestar exercícios da medicina? Não. Você exerceu irregular-
mente? Sim. Você cometeu crime? Uma vez, não.
Agora, mudando o exemplo: você afirma que foi ungido com habilidade divina, transforma
a sua casa em um consultório e coloca uma secretária para agendar. Nesse caso, você está
reiterando. Neste caso, trata-se de crime habitual.
Ocorre que, no caso de um só ato, não há ilicitude. Mas, no caso de comportamento rei-
terado, há crime habitual.
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(d) Cabe prisão em flagrante nos crimes de ação penal pública condicionada à
representação ou privada?
35m
Sim, desde que tenha havido a representação no prazo para a lavratura do APF. Lembre-
-se das etapas do flagrante: captura, condução coercitiva, apresentação à autoridade policial
e lavratura do APF. Diante de um crime de ação penal pública condicionada à representação
ou de ação penal privada, para que a persecução penal seja legitimamente instaurada, há
necessidade da condição de procedibilidade, qual seja, a representação da vítima.
Você sabe que o auto de prisão e flagrante é uma das peças inaugurais do inquérito
policial. Neste caso, conclui-se que só é possível lavrar o APF caso haja o atendimento da
condição de procedibilidade.
Ocorre que sou policial e, se eu estiver diante de um crime de ação penal pública condi-
cionada à representação ou ação penal privada, eu posso abordar o agente? Sim. Inclusive,
você pode capturar e conduzir coercitivamente o “cara”. Você pode apresentá-lo à autoridade
policial, a qual o deixará por um tempo máximo de 24 horas, até que a vítima apareça e faça a
representação. Se não o fizer, necessariamente, ele não poderá lavrar o APF e terá que libe-
rar o agente. Mas, cuidado: não é que não seja possível! É! Porém, tem que ter essa atenção.
�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
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