Doutrina 8 - Coisa Jlgada Nas Ações Coletivas

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COISA JULGADA NAS AÇÕES COLETIVAS.

SECUNDUM EVENTUM LITIS OU SECUNDUM


EVENTUM PROBATIONES?

Vinicius Fernandes Ormelesi1

Resumo: Esse trabalho tem por escopo a análise do instituto da


coisa julgada no processo coletivo. Partir-se-á do estudo dos
direitos coletivos e suas espécies. A pesquisa se restringirá ao
enfoque dos limites subjetivos da aplicação do instituto em tela
com o exame de quais são os condicionantes da autoridade da
coisa julgada coletiva e de seus efeitos. A chamada coisa
julgada secundum eventum litis e secundum eventum
probationes também será abordada como mote central.

Palavras-chave: coisa julgada; ações coletivas; processo civil.

RES JUDICATA ON COLLECTIVE ACTIONS.


SECUNDUM EVENTUM LITIS OR SECUNDUM EVENTUM
PROBATIONES?

Abstract: This work has for scope the institute of res judicata
analysis in the collective process. The study begins from
collective rights and their species. The research focus will be
restricted by the subjective boundaries of res judicata’s
application with testing what are the limitations of the authority
of res judicata and its effects. The so-called res judicata
secundum eventum litis and secundum eventum probationes
will also be addressed as a central theme.

1
Mestrando e graduado em Direito pela UNESP. Professor da Faculdade de
Educação São Luis de Jaboticabal. Membro do Núcleo de Pesquisas Avançadas em
Direito Processual Civil Brasileiro e Comparado – NUPAD. Membro do Grupo
Mentalidades e Trabalho: do local ao global. Advogado.

Ano 1 (2012), nº 9, 5387-5416 / http://www.idb-fdul.com/


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Keywords: res judicata; collective actions; civil procedure.


INTRODUÇÃO

Os direitos coletivos se inserem na segunda onda de


renovação do direito processual, que é a transformação do
processo civil individual em processo coletivo, em razão da
urgência de se tutelar através do Judiciário, direitos materiais
novos que aparecem no contexto da segunda revolução
industrial. Os chamados direitos coletivos integram o direito à
educação, à saúde, à moradia e os direitos trabalhistas.
Tudo isso aliado às demandas sociais fez que com os
legisladores elaborassem leis que instrumentalizassem a tutela
jurisdicional de tais direitos. No Brasil, pode-se citar a lei de
ação popular, a lei de ação civil pública e o Código de Defesa
do Consumidor. Sem mencionar que a nova carta
constitucional brasileira, chamada de cidadã, trouxe também
em seu seio os direitos e garantias fundamentais e os direitos
sociais, dando-lhes status de norma de aplicação imediata,
razão pela qual o processo coletivo tomou grande impulso
também.
O objeto do presente artigo é analisar, dentro desse
contexto, o instituto da coisa julgada. São interrogações que se
colocam a nós e a que procuraremos responder ao término do
ensaio: em que consiste o instituto processual da coisa julgada?
Quais suas principais características no processo civil
individual? Existe relação entre elas e a forma como a mesma é
tratada no processo coletivo? Quais os limites da coisa julgada
em sede de ação coletiva? E em que consiste o chamado efeito
secundum eventum litis?
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1. INTERESSES E DIREITOS COLETIVOS

A temática dos direitos difusos e coletivos tem suscitado


grandes divagações entre os doutrinadores do Direito. Seja pela
relativa novidade ou pela abrangência de questionamentos, o
tema desperta profícua discussão teórica, bem como instiga os
operadores do Direito na prática cotidiana, sobejamente os
processualistas. Não é segredo que a processualística caminha
no sentido da instrumentalização do processo2, rechaçando o
formalismo barato e trazendo novas proposições como a
efetividade do Direito, o acesso à Justiça e o processo coletivo.
O moderno Direito Processual, conquanto seja ramo do Direito,
vestido da dogmática jurídica, tem abraçado a zetética como
imperativo teleológico. Foi, sobretudo, a coletivização dos
direitos a responsável por impelir o processo a buscar novas
formas de solução de litígios por meios de novos instrumentos
processuais – ações – visando tutelar os direitos
transindividuais.
A nova Carta Magna brasileira de 1988, já com a alcunha
de Constituição Cidadã, logrou positivar em seu corpo tanto os
direitos metaindividuais quanto propiciar abrigo a institutos
processuais de garantia dos direitos nela previstos. Os direitos
coletivos, na denominação que lhes é dada pela Lei Maior,
estão distribuídos nos artigos 5º, 6º e 7º, mas encontram-se
direitos desta natureza também no título da Ordem Social,

2
“É a instrumentalidade o núcleo síntese dos movimentos pelo aprimoramento do
sistema processual, sendo consciente ou inconscientemente tomada como pessimista
pelos que defendem o alargamento da via de acesso ao Judiciário e eliminação das
diferenças de oportunidade em função da situação econômica dos sujeitos, nos
estudos e propostas pela inafastabilidade do controle jurisdicional e efetividade do
processo, nas preocupações pela garantia da ampla defesa no processo criminal ou
pela igualdade em qualquer processo, no aumento da participação do juiz na
instrução da causa e da sua liberdade na apreciação do resultado da instrução.”
DINAMARCO, Candido Rangel. A instrumentalidade do processo. 6. ed. rev. e
atual. São Paulo: Malheiros, 1998. p. 24-25.
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como o direito ao meio ambiente3. Outros direitos da mesma


forma coletivizados são os dos consumidores. O Código de
Defesa do Consumidor em seu artigo 81 traça alguns
parâmetros de tutela dos direitos transindividuais. A
Constituição é solene ao garantir a defesa do patrimônio
público, da moralidade administrativa, do meio ambiente e do
patrimônio histórico-cultural a qualquer cidadão por meio da
Ação Popular (art. 5º, LXXIII).
No cerne do ordenamento jurídico nacional encontram-se
vários diplomas que viabilizam a tutela coletiva, como: a Lei n.
4.717/65 da Ação Popular, a Lei n. 7.347/85 da Ação Civil
Pública e a Lei n. 8.078/90 do Código de Defesa do
Consumidor. Também outras regras que orbitam em torno dos
direitos supraindividuais, como: a Lei n. 7.913/89 (proteção
dos investidores do mercado de valores mobiliários), a Lei n.
7.953/89 (defesas dos interesses da pessoa portadora de
deficiência), a Lei n. 8.069/90 (Estatuto da Criança e do
Adolescente), a Lei n. 8.884/94 (lei do abuso do poder
econômico), a Lei n. 6.766/79 (parcelamento do solo urbano) e
a Lei n. 8.429/92 (lei da improbidade administrativa).
Pode-se dizer que os direitos chamados de coletivos em
sentido amplo são relativamente novos, não em sua essência,
mas no fato de terem sido e ainda estarem sendo positivados
recentemente no corpo dos ordenamentos e nas cartas
constitucionais das nações. Assim, é imprescindível uma
explanação acerca dos mesmos. Eles se dividem em coletivos,
difusos e individuais homogêneos, segundo a doutrina moderna
e mais acurada4. Atente-se para o fato de a classificação
empregar aqui o termo “coletivos” em sentido estrito, pois
coletivo lato sensu designaria toda a categoria abrangida pelos
direitos que transcendem a individualidade da pessoa humana.
3
SILVA, José Afonso da. Direito Constitucional Positivo. 23. ed. São Paulo:
Malheiros Editores, 2003. p. 194.
4
LENZA, Pedro. Teoria Geral da Ação Civil Pública. São Paulo: Editora Revista
dos Tribunais, 2003. p. 60.
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A coletivização dos direitos se insere no mais legítimo ideal de


acesso à Justiça.
O acesso à justiça pode, portanto, ser
encarado como o requisito fundamental – o mais
básico dos direitos humanos – de um sistema
jurídico moderno e igualitário que pretenda garantir
e não apenas proclamar os direitos de todos. [...] A
visão individualista do devido processo judicial
está cedendo lugar rapidamente, ou melhor, está se
fundindo com uma concepção social coletiva. 5

1.1 FUNDAMENTAÇÃO HISTÓRICA DOS DIREITOS


COLETIVOS

A origem dos direitos coletivos é menos importante do


que a origem da tutela de direitos coletivos. De uma forma
geral, sempre existiram direitos coletivos, contudo, as
primeiras mostras de amparo jurídico a eles se deram na Idade
Média através de seus processos corporativistas. Mas foi
principalmente com a organização dos trabalhadores em busca
de melhores condições de trabalho que se começou a pensar em
direitos coletivos.
Os movimentos sociais reivindicatórios dos
direitos coletivos, tendo tomado impulso nos
Estados Unidos da América da primeira metade do
século XX com relação aos direitos trabalhistas e
depois na segunda metade da mesma centúria com
relação aos direitos das minorias e demais pessoas
segregadas, mais tarde os consumidores na
emergência da pós-modernidade, sublinharam a
importância do desenvolvimento teórico dos
antigos modelos medievais de ações coletivas, até

5
CAPPELETTI, Mauro; GARTH, Bryant. Acesso à Justiça. Trad. Ellen Gracie
Northfleet. Porto Alegre: Sérgio Antonio Fabris, 1988. p. 12 e 50.
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porem em cheque aqueles valores de uma ciência


do processo de filiação filosófica positivista, cunho
individualista e instrumental do direito privado. 6
No Brasil, o processo coletivo tem sua inspiração e sua
origem longínqua nas class actions norte-americanas. Pode-se
inferir que, embora seja instituto importado do direito
alienígena, aqui não se adotaram os critérios do Fedeal Rules
of Civil Procedure7, fato que torna ainda mais clara a
necessidade que a doutrina tem tido de se debruçar sobre a
matéria referente aos princípios que regem ou regerão o direito
coletivo brasileiro.

1.2 DISTINÇÃO NECESSÁRIA DOS DIREITOS


METAINDIVIDUAIS

Indubitavelmente, o cerne da distinção dos direitos


coletivos perpassa o declínio da dicotomia público-privado.
Antes de nos debruçarmos sobre os direitos coletivos, convém
mencionar a diferença entre interesse público e privado. Como
já aludido, não é segredo que tal distinção repousa na ancestral
dicotomia público-privado, concluindo-se que os interesses
públicos são aqueles regidos pelos princípios e regras de direito
público (legalidade, publicidade, etc) e os privados os regidos
pelos princípios e regras de direito privado (autonomia da
vontade, liberdade contratual, etc). 8
Contudo, tal separação não é satisfatória, pois é possível

6
ADAMOVICH, Eduardo Henrique Raymundo von. A justiça geométrica e o
Anteprojeto de Código de Processos Coletivos: elementos para uma justificativa
histórico-filosófica, ou por uma visão atual do alcance e da função criadora da
jurisdição coletiva. In: GRINOVER, Ada Pellegrini (coord.) et al. Direito
Processual Coletivo e o Anteprojeto Brasileiro de Processos Coletivos. São Paulo:
RT, 2007. p. 55.
7
MOREIRA, José Carlos Barbosa. Temas de direito processual. São Paulo: Saraiva,
2004. p. 46.
8
SUNDFELD, Carlos Ari. Fundamentos de Direito Público. 4. ed. São Paulo:
Malheiros, 2006. p. 142.
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que os interesses coletivos tenham relação com os privados


como nos individuais homogêneos. Assim, podemos dizer que
existem duas espécies de interesses: os puramente individuais
(o interesse do locador de receber o aluguel, por exemplo) e os
metaindividuais (o interesse da sociedade em ver preservado o
meio-ambiente, por exemplo). A questão que se levanta é se os
interesses coletivos devem ser públicos, para que possam ser
tutelados por princípios e regras de direito público, uma vez
que é da matriz teleológica do Estado Democrático de Direito a
consecução do bem comum9, o qual só se viabiliza quando os
direitos comuns do povo recebem tutela adequada. O interesse
coletivo é diferente do interesse público, entendido este como o
destinado aos objetivos dos entes públicos.
Convém esclarecer que existe uma distinção entre o
interesse comum, mera pretensão psicológica, e o direito
subjetivo, que seria o interesse a que o Direito oferece amparo
jurídico10. Entretanto, modernamente os termos interesse e
direito subjetivo têm se confundido, sobretudo com a doutrina
dos interesses legítimos de Mancuso11 que são direitos em
potência, pois já desfrutam de certa proteção jurídica. Em certa
medida, estes interesses se aproximam dos transindividuais.
Antes de esmiuçar a questão da distinção entre os tipos
de interesses coletivos, que será objeto dos próximos tópicos,
rememorando o conceito de vontade geral apresentado por
Rousseau12, como sendo a convergência das vontades

9
LEÃO XIII, Rerum Novarum. apud MALUF, Said. Teoria Geral do Estado. 22. ed.
São Paulo: Saraiva, 1993. p. 311.
10
RODRIGUES, Marcelo Abelha. Ação Civil Pública. In: DIDIER JUNIOR, Fredie
(Coord.). Ações constitucionais. Salvador: Juspodium, 2006. p. 283.
11
“Os interesses legítimos se apresentam a meio caminho: embora não se
constituam em prerrogativas ou títulos jurídicos oponíveis erga omnes, beneficiam
de uma proteção limitada, ao menos no sentido de não poderem ser ignorados ou
preteridos” (grifo do autor). MANCUSO, Rodolfo de Camargo. Interesses difusos:
conceito e legitimação para agir. 5. ed. São Paulo: RT, 2000. p. 69.
12
Cf. ROUSSEAU, Jean-Jacques. O Contrato Social. Trad. Vicente Sabino Júnior.
São Paulo: José Bushatsky, 1978.
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individuais, Luciano Velasque Rocha infere que “[...] o


interesse coletivo pode ser encarado com a síntese dos
interesses individuais”. 13
Para uma melhor compreensão dos interesses coletivos
lato sensu, faz-se necessária a explicação da
transindividualidade com divisora de águas. Um direito só
pode ser considerado coletivo quando nele puder ser
identificada uma extensão no que tange aos sujeitos. Essa
extensão é a transindividualidade. É ela que permite verificar a
abrangência de um direito. Barbosa Moreira alarga esse
conceito ao dizer que a transindividualidade pode ser essencial
ou acidental14. Essencial é quando o direito não pode ser
desmantelado, tendo em sua natureza um objeto indivisível
(difusos e coletivos stricto sensu). A acidental decorre da
situação concreta ou de um permissivo legal (individuais
homogêneos). Passemos agora a analisar cada espécie de
direitos coletivos em sentido amplo individualmente.

1.3 OS DIREITOS DIFUSOS

Já vimos que nos direitos difusos a transindividualidade é


essencial. A primeira definição nítida dos direitos
supraindividuais foi feita pelo Código de Defesa do
Consumidor que em seu artigo 81 dispõe:
Art. 81. A defesa dos interesses e direitos dos
consumidores e das vítimas poderá ser exercida em
juízo individualmente, ou a título coletivo.
Parágrafo único. A defesa coletiva será
exercida quando se tratar de:
I - interesses ou direitos difusos, assim
entendidos, para efeitos deste código, os
13
ROCHA, Luciano Velasque. Ações Coletivas – o problema da legitimidade para
agir. Rio de Janeiro: Forense, 2007. p. 51.
14
MOREIRA, José Carlos Barbosa. Temas de Direito Processual Civil. São Paulo:
Saraiva, 1984. p. 195-197.
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transindividuais, de natureza indivisível, de que


sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas
por circunstâncias de fato;
II - interesses ou direitos coletivos, assim
entendidos, para efeitos deste código, os
transindividuais, de natureza indivisível de que seja
titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas
entre si ou com a parte contrária por uma relação
jurídica base;
III - interesses ou direitos individuais
homogêneos, assim entendidos os decorrentes de
origem comum.
Extraem-se três características fundamentais dos direitos
difusos. São indivisíveis, ou seja, não é possível entregar a
cada indivíduo afetado a sua parcela de direito. Os sujeitos são
pessoas indeterminadas, melhor seria dizer indetermináveis, já
que não se podem identificar com precisão todos os indivíduos
abrangidos pelo interesse. E, por fim, os titulares se apresentam
como ligados apenas por circunstâncias de fato, o que vale
dizer que não subjaz relação jurídica alguma entre eles.
Além das características já apontadas, Mancuso ainda
assinala para a inerente conflituosidade existente nos interesses
difusos em virtude de sua desagregação e fluidez, o que faz
aparecer entre os sujeitos atingidos certo antagonismo. Vale
lembrar a contenda entre o desenvolvimento econômico e os
ambientalistas dentro de um direito difuso (o ao meio
ambiente), que resplandece na necessidade de produzir e na
necessidade de preservar. Poderíamos ainda citar outros
exemplos anotados por Ada Pellegrini Grinover:
O interesse à contenção dos custos de
produção e dos preços contrapõe-se ao interesse à
criação de novos postos de trabalho, à duração dos
bens colocados no comércio; o interesse à
preservação das belezas naturais contrapõe-se ao
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interesse da indústria edilícia; o interesse ao


transporte automobilístico não poluente e barato
contrapõe-se ao interesse por um determinado tipo
de combustível etc. 15
Na concepção de Péricles Prade, em dissertação sobre o
tema, existem cinco traços marcantes que distinguem os
interesses difusos dos demais. São eles, a ausência de vínculo
associativo entre os titulares, o alcance a uma cadeia abstrata
de pessoas, a potencial e abrangente conflituosidade que lhes é
inerente, a ocorrência de lesões disseminadas em massa e a
presença apenas de vínculos fáticos entre os titulares dos
interesses. 16
Destarte, feita a devida menção aos traços distintivos dos
direitos difusos, convém amarrar a exposição com o conceito
claro e objetivo de Mazzilli:
Os interesses difusos compreendem grupos
menos determinados (melhor do que pessoas
indeterminadas, são antes pessoas indetermináveis),
entre as quais inexiste vínculo jurídico ou fático
preciso. São como um feixe ou conjunto de
interesses individuais, de objeto indivisível,
compartilhados por pessoas indetermináveis, que se
encontram unidas por circunstâncias de fato
conexas. 17

1.4 OS DIREITOS COLETIVOS EM SENTIDO ESTRITO

O estudo desses direitos comporta uma primeira


ponderação, embora já mencionada, a da escolha da

15
GRINOVER, Ada Pellegrini. A tutela jurisdicional dos interesses difusos. Revista
de Processo, São Paulo, 14-5:28-44, 1979.
16
PRADE, Péricles. Conceito de Interesses Difusos. 2. ed. São Paulo: RT, 1987. p.
45-58.
17
MAZZILLI, Hugo Nigro. A defesa dos interesses difusos em juízo. 20. ed. São
Paulo: Saraiva, 2007. p. 50.
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nomenclatura em direitos coletivos stricto sensu. Ela se faz


necessária justamente para diferenciar estes direitos do gênero
direitos coletivos, que abarca estes, os difusos e os individuais
homogêneos. Remetendo-se o conceito ao contido no inciso II
do parágrafo único do já mencionado artigo 81 do Código de
Defesa do Consumidor, pode-se perceber que o traço
diferencial dessa categoria de interesses com a dos difusos
consiste na possibilidade de determinação dos titulares e na
existência de uma relação jurídica de fundo.
Para exemplificar, poderíamos fazer alusão a uma
categoria de trabalhadores ou aos associados de um clube de
desportos, mas também ao grupo de moradores de um
determinado bairro ou a certa parcela de contribuintes obrigada
ao pagamento de um determinado imposto. Demanda melhor
julgamento a questão atinente à relação jurídica base. É preciso
que o liame jurídico se dê antes da ocorrência do dano ao
grupo. Caso a motivação da lide coletiva venha a ocorrer em
momento ulterior, entende-se tratar de hipótese de interesse
difuso, uma vez que os litigantes estariam unidos por mera
circunstância de fato.
Em síntese, os interesses ou direitos coletivos em sentido
estrito são aqueles de natureza indivisível, cujos sujeitos
titulares são conhecidos, determinados ou determináveis, e que
possuem entre si uma relação jurídica basilar. 18

1.5 OS DIREITOS INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS

Neste ponto, remetemos o exame à já explicitada


distinção entre os direitos essencialmente coletivos e os
acidentalmente coletivos, cunhada magistralmente pelo
professor José Carlos Barbosa Moreira19. Os direitos
18
LEONEL, Ricardo de Barros. Manual do Processo Coletivo. São Paulo: RT, 2002.
p. 107.
19
MOREIRA, José Carlos Barbosa. Temas de Direito Processual Civil. São Paulo:
Saraiva, 1984. p. 10.
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individuais homogêneos se inserem justamente na categoria


dos acidentalmente coletivos. São interesses aos quais o direito,
por meio de uma ficção jurídica, empresta a condição de
coletivos, permitindo que sejam tutelados pelos mesmos
princípios e regras que regem os direitos ou interesses difusos e
coletivos.
Tal tutela tem suas raízes nas class actions norte-
americanas. O permissivo legal se faz preciso pela dificuldade,
para não se dizer impossibilidade, de se tutelar efetivamente
tais interesses, por causa da dimensão da quantia de sujeitos
por eles abrangidos.
A ficção jurídica atende a um imperativo do
direito, realizar com efetividade a Justiça frente aos
reclames da vida contemporânea. Assim, tal
categoria de direitos representa uma ficção criada
pelo direito positivo brasileiro com a finalidade
única e exclusiva de possibilitar a proteção coletiva
(molecular) de direitos individuais com dimensão
coletiva (em massa). Sem essa expressa previsão
legal, a possibilidade de defesa coletiva de direitos
individuais estaria vedada. 20
Portanto, dada a impossibilidade do litisconsórcio é que
se possibilitou a tutela coletiva de tais direitos. Nos dizeres da
maior parte da doutrina, os interesses individuais homogêneos
são em essência individuais, divisíveis e têm sujeitos
indubitavelmente determinados21. Entretanto, devido a
possuírem como pano de fundo uma origem ou fato comum,
dão ensejo a um matiz supraindividual. O exemplo mais
clássico de tal situação se refere a um grupo de consumidores
lesados por uma cobrança abusiva. A única marca que confere
homogeneidade aos direitos que emergem dessa lesão é o fato
20
DIDIER JUNIOR, Fredie; ZANETI JUNIOR, Hermes. Curso de Direito
Processual Civil – processo coletivo. 4. ed. Salvador: Juspodium, 2009. p. 76.
21
LEONEL, Ricardo de Barros. Manual do Processo Coletivo. São Paulo: RT, 2002.
p. 108.
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de todos terem contratado com certa instituição financeira,


ilustrativamente. Cada um deles pode promover uma ação
individual, ou podem promovê-la única, respaldados pelo
condão coletivo que a lei lhes confere.
Só resta uma ponderação a ser feita, que diz respeito à
sobredita origem comum. Esta resulta de sua procedência, ou
seja, do ato ou fato que a ocasionou. Sendo este o mesmo,
verifica-se a homogeneidade dos interesses, ainda que possa
haver descompasso temporal. Voltando ao exemplo anterior,
não tem relevância se os consumidores contrataram todos ao
mesmo tempo ou se cada qual numa data específica, mas sim
se a cobrança abusiva dirigida a eles decorre da mesma
instituição com substrato num mesmo modelo de contrato,
submetendo-se às mesmas cláusulas.

2. COISA JULGADA NO SISTEMA PROCESSUAL


INDIVIDUAL

O estudo e a aplicação do instituto da coisa julgada no


direito processual perpassam, sem dúvida, pelo capítulo da
sentença. Os três atos processuais mais importantes dentro da
dialeticidade do processo, assegurada pelo princípio
constitucional do contraditório, são a postulação do pedido do
autor, a resposta do réu e a decisão final do juiz. Sabe-se que,
seja por defeito ou temeridade, nem todos os processos atingem
o desfecho com resolução do mérito.
O procedimento em primeira instância se encerra com a
sentença do juiz. Ela é definida no Código de Processo Civil
brasileiro como sendo “o ato do juiz que implica alguma das
situações previstas nos arts. 267 e 269 dessa lei”. O artigo 267
trata das hipóteses legais de extinção do processo sem o
julgamento do mérito, ao passo que o artigo 269 cuida das
hipóteses em que há resolução do mérito. No primeiro caso, a
doutrina classifica a sentença como sendo terminativa e no
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segundo como sendo definitiva.


Mas o que seria o mérito da causa? Nas palavras sinceras
de Vicente Greco Filho “o mérito corresponde à pretensão ou,
na terminologia do Código, à lide” 22. Pois bem, o mérito é a
questão levada à apreciação do juízo, compreendendo fatos e
fundamentos jurídicos, havendo ou não litigiosidade entre os
interessados. Passemos ao conceito da coisa julgada.

2.1 CONCEITO E ALCANCE

É a coisa julgada tema central e de grande prestígio entre


os cientistas do processo. A coisa julgada (res iudicata) encerra
o objetivo da jurisdição (iuris dictio). O conhecido adágio diz
que a autoridade da coisa julgada tem até mesmo o condão de
tornar o preto branco (res iudicata nigrum albium facit). Por
lógico, isso não mais se mantém em pleno século XXI,
inclusive tendo sido as demandas coletivas as principais
responsáveis por forçar a adaptação do processo civil
individual clássico, sobretudo em matérias como a legitimação
ativa e os efeitos da coisa julgada.
A coisa julgada sempre foi vista como instrumento de
pacificação social e estabilização de relações jurídicas. É a
projeção do princípio da segurança jurídica no plano
processual. Tanto é certo isto, que aparece na Constituição da
República Federativa do Brasil entre as garantias fundamentais
no art. 5º, XXXVI, ao lado do ato jurídico perfeito e do direito
adquirido.
No ordenamento jurídico brasileiro ela se insere no art.
6º, § 3º, da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro
(antiga Lei de Introdução ao Código Civil), com a seguinte
definição: "Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão
judicial de que já não caiba recurso". Do mesmo modo, o art.

22
GRECO FILHO, Vicente. Direito Processual Civil Brasileiro. 17. ed. São Paulo:
Saraiva, 2006. V. 2. p. 180.
RIDB, Ano 1 (2012), nº 9 | 5401

467 do Código de Processo Civil assim reza: "Denomina-se


coisa julgada material a eficácia, que torna imutável e
indiscutível a sentença, não mais sujeita a recurso ordinário ou
extraordinário".
Vejamos o entendimento doutrinário acerca da temática.
José Frederico Marques entende que “a coisa julgada é
qualidade dos efeitos do julgamento final de um litígio; isto é, a
imutabilidade que adquire a prestação jurisdicional do Estado,
quando entregue definitivamente” 23. Para Moacyr Amaral
Santos, “proferida a sentença e preclusos os prazos para
recursos, a sentença se torna imutável (primeiro degrau – coisa
julgada formal); e, em conseqüência, tornam-se imutáveis os
seus efeitos (segundo degrau – coisa julgada material)” 24. Mas
foi, sem sombra de dúvida, Enrico Tullio Liebman quem
melhor soube entender o papel da coisa julgada no sistema
processual, valendo a menção à sua obra pela influência
marcante que sobre nós exerceu. Em suas palavras, a coisa
julgada seria
[...] a imutabilidade do comando emergente
de uma sentença. Não se identifica ela
simplesmente com a definitividade e
intangibilidade do ato que pronuncia o comando; é,
pelo contrário, uma qualidade, mais intensa e mais
profunda, que reveste o ato também em seu
conteúdo e torna assim imutáveis, além do ato em
sua existência formal, os efeitos, quaisquer que
sejam, do próprio ato. 25
Entende ainda a teoria processual que a coisa julgada se
reparte em formal, qual seja aquela situação de imutabilidade a

23
MARQUES, José Frederico. Manual de direito processual civil. 9. ed. São Paulo:
Saraiva, 1987. V. 3. p. 235.
24
SANTOS, Moacyr Amaral. Primeiras linhas de direito processual civil. 6. ed. São
Paulo: Saraiva, 1983 V. 3. p. 43.
25
LIEBMAN, Enrico Tullio. Eficácia e autoridade da sentença. Trad. Alfredo
Buzaid e Benvindo Aires. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1984.
5402 | RIDB, Ano 1 (2012), nº 9

que todos os efeitos processuais de qualquer sentença estão


sujeitos após esgotamento das vias recursais e a coisa julgada
material que finaliza o mérito da contenda, sendo a
imutabilidade dos efeitos materiais da decisão. Apenas
sentenças de mérito – definitivas – fazem coisa julgada formal.
Configura-se a coisa julgada formal como o efeito da
sentença que impede que ela seja, naquele processo, re-
examinada. É a imutabilidade da sentença como ato processual,
representando a preclusão máxima, a extinção do direito ao
processo em tela. Ela é pressuposto da coisa julgada material, a
qual torna também imutáveis os efeitos determinados pela
sentença e projetados para fora do processo. “Em virtude dela,
nem o juiz pode voltar a julgar, nem as partes a litigar, nem o
legislador a regular diferentemente a relação jurídica”. 26
Na lição de Dinamarco
A distinção entre coisa julgada material e
formal consiste, portanto, em que: a) a primeira é a
imunidade dos efeitos da sentença, que os
acompanha na vida das pessoas ainda depois de
extinto o processo, impedindo qualquer ato estatal,
processual ou não, que venha a negá-los; enquanto
que b) a coisa julgada formal é fenômeno interno
ao processo e refere-se à sentença como ato
processual, imunizada contra qualquer substituição
por outra. 27
A lei ainda estabelece situações nas quais não há
possibilidade de trânsito em julgado material em razão da
natureza da demanda. Seriam, por exemplo, as sentenças
modificáveis proferidas em sede de jurisdição voluntária (art.

26
CINTRA, Antonio Carlos de Araújo; GRINOVER, Ada Pellegrini;
DINAMARCO, Candido Rangel. Teoria Geral do Processo. 23. ed. São Paulo:
Malheiros Editores, 2007. p. 326-327.
27
DINAMARCO, Cândido Rangel. Relativizar a coisa julgada material. São Paulo:
Revista da Procuradoria Geral do Estado de São Paulo. n. 55-56, p. 1-421, jan./dez.
2001.
RIDB, Ano 1 (2012), nº 9 | 5403

1.111) e as sentenças proferidas em caso de relações


continuativas, nas quais sobrevenha alteração no estado de fato
ou de direito, permitindo revisão, segundo art. 471, I do CPC
(alimentos, por exemplo). Entenda-se que esses casos já
pressupõem certa relativização da coisa julgada.
Igualmente, formada da coisa julgada material, a
sentença não pode ser mais discutida juridicamente e tornam-se
não mais alegáveis outros argumentos que as partes poderiam
ter trazido para o processo. Tal fenômeno, descrito no art. 474
do CPC, é chamado de eficácia preclusiva da coisa julgada. 28

2.2 LIMITES OBJETIVOS

A questão acerca dos limites objetivos da coisa julgada


relaciona-se aos elementos da sentença. Entre eles, é solene a
lei processual29 e o entendimento doutrinário e jurisprudencial
quando declara que não fazem coisa julgada os motivos, a
verdade dos fatos e as questões prejudiciais de mérito, o que
nos leva a inferir que apenas o dispositivo da sentença é que
transita em julgado, sendo atingido pelos efeitos da
imutabilidade.
Lembra Ovídio Baptista da Silva que está o juiz
impedido de julgar a lide fora dos limites do pedido, bem como
se pronunciar a respeito de matéria relativa a outras lides 30.
Assim os limites objetivos da sentença, dados pela
circunscrição ao pedido, somam-se aos limites objetivos da
coisa julgada, dados pela restrição ao conteúdo do dispositivo.
28
“Art. 474. Passada em julgado a sentença de mérito, reputar-se-ão deduzidas e
repelidas todas as alegações e defesas, que a parte poderia opor assim ao
acolhimento como à rejeição do pedido.”
29
“Art. 469. Não fazem coisa julgada: I - os motivos, ainda que importantes para
determinar o alcance da parte dispositiva da sentença; II - a verdade dos fatos,
estabelecida como fundamento da sentença; III - a apreciação da questão prejudicial,
decidida incidentemente no processo.”
30
SILVA, Ovídio A. Baptista da; GOMES, Fábio. Teoria Geral do Processo Civil. 3.
ed. rev. e atual. São Paulo: RT, 2002.
5404 | RIDB, Ano 1 (2012), nº 9

Compreende ainda a legislação uma exceção concernente


à chamada declaração incidental. Diz o CPC no art. 470 que
“faz, todavia, coisa julgada a resolução da questão prejudicial,
se a parte o requerer (arts. 5o e 325), o juiz for competente em
razão da matéria e constituir pressuposto necessário para o
julgamento da lide”. Entende-se que questões prejudiciais são
aquelas seriam passíveis de discussão num processo autônomo,
entretanto surgem num outro processo como antecedentes da
questão principal do mérito, demandando, por isso, solução
anterior 31. Cite-se o exemplo consagrado da relação de
parentesco como prejudicial ao pedido de alimentos.

2.3 LIMITES SUBJETIVOS

Quanto aos limites subjetivos da coisa julgada, cumpre-


nos analisar quem são os efetivamente submetidos aos efeitos
da imutabilidade que impossibilitam nova discussão da mesma
causa. No seio do direito processual civil individual ela se
restringe aos sujeitos processuais envolvidos 32, as partes e o
juiz, portanto. Deve-se essa ressalva ao fato de que não apenas
as partes estão impedidas de litigar em juízo pelo mesmo
motivo, mas o juiz também está impossibilitado de prestar
novamente a jurisdição. Qualquer juiz é alcançado por essa
proibição legal. Cumpre ainda dizer que a matéria tem tanta
relevância que aparece elencada no art. 301, VI como
preliminar de mérito a ser argüida em sede de contestação pelo
réu.
Essa limitação dos efeitos da coisa julgada é conhecida

31
CINTRA, Antonio Carlos de Araújo; GRINOVER, Ada Pellegrini;
DINAMARCO, Candido Rangel. Teoria Geral do Processo. 23. ed. São Paulo:
Malheiros Editores, 2007. p. 329.
32
“Art. 472. A sentença faz coisa julgada às partes entre as quais é dada, não
beneficiando, nem prejudicando terceiros. Nas causas relativas ao estado de pessoa,
se houverem sido citados no processo, em litisconsórcio necessário, todos os
interessados, a sentença produz coisa julgada em relação a terceiros.”
RIDB, Ano 1 (2012), nº 9 | 5405

na teoria como efeito inter partes. Esse alcance circunscrito às


partes da coisa julgada se deve a uma preocupação do processo
em resguardar interesses de eventuais terceiros. A doutrina
distingue os interesses de terceiros em interesses de fato, como
o do credor de dívida ainda não vencida de devedor que vai à
falência, e interesses de direito, como o do proprietário vítima
de ação reivindicatória em que não foi parte e perdeu o prazo
de oposição 33. No primeiro caso, nada poderá o terceiro fazer,
no segundo, tem ação própria contra quem de direito.
Existe também a oposição dos efeitos de forma erga
omnes (contra todos) nas causas relativas ao estado de pessoas,
pela própria natureza da demanda. Seria inconcebível um casal
se divorciar e permanecer casado perante terceiros. Nessas
situações, a lei, na segunda parte do aludido art. 472, é
imperativa no sentido de evitar o desconhecimento do estado
civil, da qualidade de cidadão, etc.
Vale ressalvar os casos de re-exame necessário, o
chamado recurso de ofício, em que há relativização da coisa
julgada na primeira instância em nome dos interesses maiores
do erário público. Consoante ao diploma legal, nas causas
contra a Fazenda Pública ou nos embargos a execução
tributária em que o valor extrapole sessenta salários mínimos,
deve o juiz encaminha os autos de ofício para re-exame na
segunda instância. Caso não o faça, deve o presidente do
tribunal avocá-los, salvo quando houver súmula ou
jurisprudência consolidada de tribunal superior. 34

33
GRECO FILHO, Vicente. Direito Processual Civil Brasileiro. 17. ed. São Paulo:
Saraiva, 2006. V. 2 p. 280-282.
34
“Art. 475. Está sujeita ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão
depois de confirmada pelo tribunal, a sentença: I - proferida contra a União, o
Estado, o Distrito Federal, o Município, e as respectivas autarquias e fundações de
direito público; II - que julgar procedentes, no todo ou em parte, os embargos à
execução de dívida ativa da Fazenda Pública (art. 585, VI). § 1o Nos casos previstos
neste artigo, o juiz ordenará a remessa dos autos ao tribunal, haja ou não apelação;
não o fazendo, deverá o presidente do tribunal avocá-los. § 2o Não se aplica o
disposto neste artigo sempre que a condenação, ou o direito controvertido, for de
5406 | RIDB, Ano 1 (2012), nº 9

3. COISA JULGADA NO SISTEMA PROCESSUAL


COLETIVO

No processo civil individual, a coisa julgada situa seus


limites objetivos no conteúdo do dispositivo da sentença e
subjetivos naqueles que foram partes do processo no qual foi
proferida a decisão, embora haja hipóteses excepcionais como
visto. Ao passo em que, na jurisdição coletiva, em razão se
suas peculiaridades, foi necessário adaptar o instituto da coisa
julgada. Ademais, a doutrina já vinha se debatendo no tema da
relativização da coisa julgada como regra excepcional. 35
Dessa forma, por intermédio dos instrumentos

valor certo não excedente a 60 (sessenta) salários mínimos, bem como no caso de
procedência dos embargos do devedor na execução de dívida ativa do mesmo valor.
§ 3o Também não se aplica o disposto neste artigo quando a sentença estiver fundada
em jurisprudência do plenário do Supremo Tribunal Federal ou em súmula deste
Tribunal ou do tribunal superior competente.” (com as modificações da Lei nº
10.352, de 26.12.2001)
35
Dinamarco elenca os seguintes parâmetros para a relativização da coisa julgada
material: “I - o princípio da razoabilidade e da proporcionalidade como
condicionantes da imunização dos julgados pela autoridade da coisa julgada
material; II - a moralidade administrativa como valor constitucionalmente
proclamado e cuja efetivação é óbice a essa autoridade em relação a julgados
absurdamente lesivos ao Estado; III - o imperativo constitucional do justo valor das
indenizações em desapropriação imobiliária, o qual tanto é transgredido quando o
ente público é chamado a pagar mais, como quando ele é autorizado a pagar menos
que o correto; IV - o zelo pela cidadania e direitos do homem, também residente na
Constituição Federal, como impedimento à perenização de decisões inaceitáveis em
detrimento dos particulares; V - a fraude e o erro grosseiro como fatores que,
contaminando o resultado do processo, autorizam a revisão da coisa julgada; VI- a
garantia constitucional do meio ambiente ecologicamente equilibrado, que não deve
ficar desconsiderada mesmo na presença de sentença passada em julgado; VII - a
garantia constitucional do acesso à ordem jurídica justa, que repele a perenização de
julgados aberrantemente discrepantes dos ditames da justiça e da eqüidade; VIII - o
caráter excepcional da disposição a flexibilizar a autoridade da coisa julgada, sem o
qual o sistema processual perderia utilidade e confiabilidade, mercê da insegurança
que isso geraria.” DINAMARCO, Cândido Rangel. Relativizar a coisa julgada
material. São Paulo: Revista da Procuradoria Geral do Estado de São Paulo. n. 55-
56, p. 1-421, jan./dez. 2001.
RIDB, Ano 1 (2012), nº 9 | 5407

processuais que compõem a tutela coletiva, são protegidos


interesses de toda sociedade. A sistemática da ação popular e
da ação civil pública amplifica efeitos da coisa julgada,
passando a ser erga omnes ou ultra partes, de forma a alcançar
outros membros da sociedade que formalmente não
participaram da relação jurídica processual.
Ademais, a coisa julgada se opera secundum eventum
litis. A ação popular foi o instrumento inovador no direito
brasileiro destinado a tutela de interesses de grupo. Na ação
popular, a coisa julgada tem eficácia erga omnes, exceto caso a
ação seja julgada improcedente por falta ou deficiência de
provas, situação na qual os efeitos da sentença alçarão apenas o
status de coisa julgada formal. Nessa hipótese, poderá o autor
popular ou qualquer outro cidadão, renovar a ação com base no
mesmo fundamento fático ou jurídico, desde novas provas
possam ser produzidas (art. 18 da Lei n. 4.717/1965).
Na ação civil pública o legislador se utilizou de
sistemática parecida e, dessa forma, os efeitos da coisa julgada
se dão secundum eventum litis. Atualmente, no direito
nacional, o tratamento da matéria é disciplinado também nos
arts. 103 e 10436 do Código de Defesa do Consumidor,
36
“Art. 103. Nas ações coletivas de que trata este código, a sentença fará coisa
julgada: I - erga omnes, exceto se o pedido for julgado improcedente por
insuficiência de provas, hipótese em que qualquer legitimado poderá intentar outra
ação, com idêntico fundamento valendo-se de nova prova, na hipótese do inciso I do
parágrafo único do art. 81; II - ultra partes, mas limitadamente ao grupo, categoria
ou classe, salvo improcedência por insuficiência de provas, nos termos do inciso
anterior, quando se tratar da hipótese prevista no inciso II do parágrafo único do art.
81; III - erga omnes, apenas no caso de procedência do pedido, para beneficiar todas
as vítimas e seus sucessores, na hipótese do inciso III do parágrafo único do art. 81.
§ 1° Os efeitos da coisa julgada previstos nos incisos I e II não prejudicarão
interesses e direitos individuais dos integrantes da coletividade, do grupo, categoria
ou classe. § 2° Na hipótese prevista no inciso III, em caso de improcedência do
pedido, os interessados que não tiverem intervindo no processo como litisconsortes
poderão propor ação de indenização a título individual. § 3° Os efeitos da coisa
julgada de que cuida o art. 16, combinado com o art. 13 da Lei n° 7.347, de 24 de
julho de 1985, não prejudicarão as ações de indenização por danos pessoalmente
sofridos, propostas individualmente ou na forma prevista neste código, mas, se
5408 | RIDB, Ano 1 (2012), nº 9

dispositivo mais recente e abrangente do que o art. 16 da Lei


7.347/85 e que, por força da “simbiose” existente entre as duas
normas, aplica-se a qualquer ação civil pública (art. 21. da Lei
n. 7.347/85).

3.1 TUTELA DE DIREITOS COLETIVOS E TUTELA


COLETIVA DE DIREITOS

É paradigmática a lição de Bobbio no sentido de que


“[...] O problema fundamental em relação aos direitos do
homem, hoje não é tanto de justificá-los mas o de protegê-los.
Trata-se de um problema não filosófico, mas político” (grifo do
autor)37. Ora, a coletivização dos direitos, ao ser encarada do
ponto de vista processual, deve ser feita sobejamente em se
pensando o Direito como meio de transformação social.
Ressalte-se que “a tutela dos interesses difusos e coletivos
representa um importante passo na superação da visão
individualista do processo, mais ligadas com as peculiaridades
da sociedade de massa”. 38
No cenário nacional, pode-se dizer que a ação popular e a
ação civil pública abriram caminho para a consolidação da
defesa dos direitos coletivos através do Código de Defesa do
Consumidor, Lei n. 8.078/90.
Regulou, assim, o Código de Defesa do
Consumidor, os aspectos mais importantes da tutela

procedente o pedido, beneficiarão as vítimas e seus sucessores, que poderão


proceder à liquidação e à execução, nos termos dos arts. 96 a 99. § 4º Aplica-se o
disposto no parágrafo anterior à sentença penal condenatória. Art. 104. As ações
coletivas, previstas nos incisos I e II e do parágrafo único do art. 81, não induzem
litispendência para as ações individuais, mas os efeitos da coisa julgada erga omnes
ou ultra partes a que aludem os incisos II e III do artigo anterior não beneficiarão os
autores das ações individuais, se não for requerida sua suspensão no prazo de trinta
dias, a contar da ciência nos autos do ajuizamento da ação coletiva.”
37
BOBBIO, Norberto. A era dos direitos. Trad. Carlos Nelson Coutinho. 10. ed. Rio
de Janeiro: Campus, 1992. p. 72.
38
SCHÄFER, Gilberto. Ação Civil Pública e Controle de Constitucionalidade. 2.
ed. Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris, 2002. p. 22.
RIDB, Ano 1 (2012), nº 9 | 5409

jurisdicional coletiva, desde a problemática da


competência e da legitimação até a da execução,
passando pela coisa julgada e os seus efeitos, além
da questão da litispendência e das definições
conceituais pertinentes aos interesses difusos,
coletivos e individuais homogêneos. 39
É preciso fazer uma parada neste ponto em prol de uma
distinção entre tutela de direitos coletivos e tutela coletiva de
direitos 40. São duas as considerações necessárias, uma quanto
à natureza dos direitos em litígio e a outra quanto à
legitimidade para demandá-los. A primeira parece-nos
evidente, na medida em que foi discorrida exaustivamente a
dualidade existente na essência dos direitos coletivos lato
sensu. Quando tratamos de direitos essencialmente coletivos,
ou seja, os difusos e coletivos stricto sensu, estamos diante de
real tutela de direitos coletivos. Do mesmo modo, ao tratarmos
de direitos cuja natureza coletiva se faz apenas acidentalmente,
ou seja, os individuais homogêneos, estamos lidando com a
hipótese de tutela coletiva de direitos, o que vale dizer, com a
utilização de meios de tutela jurisdicional destinados a proteger
e amparar direitos essencialmente coletivos para tutelar
também direitos acidentalmente coletivos.
Assim, dependendo da modalidade de tutela que
estejamos abordando, os institutos processuais, entre eles a
coisa julgada, assumirão contornos específicos. Dessa forma,
pode-se proceder a uma classificação coesa e bem estruturada
da dimensão dos efeitos da coisa julgada nas demandas
envolvendo interesses coletivos.

39
MENDES, Aluísio Gonçalves de Castro. Ações Coletivas nos países Ibero-
Americanos: situação atual, Código Modelo e perspectivas. In: PRADO, Geraldo
Luiz Mascarenhas (coord.). Acesso à Justiça e efetividade do processo. Rio de
Janeiro: Lúmen Júris, 2005. p. 09.
40
Cf. ZAVASCKI, Teori Albino. Processo Coletivo: tutela de direitos coletivos e
tutela coletiva de direitos. São Paulo: RT, 2006.
5410 | RIDB, Ano 1 (2012), nº 9

3.2 COISA JULGADA SECUNDUM EVENTUM LITIS

É em virtude do problema da legitimação nas demandas


coletivas que surge a questão da abrangência dos efeitos da
coisa julgada. Sobre o tema da legitimidade ativa, convém
apontar apenas alguns pontos cruciais. Muito pertinente é a
constatação inicial de que “os entes legitimados à propositura
das ações coletivas não são os verdadeiros titulares do direito
tutelado” 41, evidenciando um primeiro impasse. Antonio Gidi
esmiúça o tema:
O titular primeiro da lide coletiva é a própria
comunidade ou coletividade titular do direito
material. É por esse motivo que os grupos
organizados são o principal ente legitimado à
propositura da ação coletiva. A legitimidade dos
órgãos do Poder Público é meramente subsidiária e,
se por um lado é essencial até que a sociedade
brasileira se organize plenamente, por outro lado, é
uma técnica destinada a retroceder o seu
crescimento a partir do momento em que a
sociedade organizada assuma a plenitude da sua
tarefa de autoproteção e autoconservação. 42
Para que se atenda ao máximo benefício social numa
demanda coletiva, os efeitos da coisa julgada precisam ser
redimensionados. Parece notório que à eficácia seja dado o
potencial erga omnes. Todavia, em caso de derrota da
coletividade no contencioso, a coisa julgada não pode assumir
efeito erga omnes, mas tão somente o efeito secundum eventum
probationis. Assim, somente em havendo procedência da ação
coletiva ativa, ou improcedência da passiva, é admissível que
se estendam os efeitos da coisa julgada a todos. Em situação de
41
SPALDING, Alessandra Mendes. Legitimidade ativa nas ações coletivas.
Curitiba: Juruá, 2006. p. 41.
42
GIDI, Antonio. Coisa julgada e litispendência em ações coletivas. São Paulo:
Saraiva, 1995. p. 36.
RIDB, Ano 1 (2012), nº 9 | 5411

improcedência da ação coletiva ativa ou procedência da


passiva, a coisa julgada deve ficar subordinada à possibilidade
de nova análise em aparecendo novas provas. 43
A expressão secundum eventum litis diz respeito ao
resultado do processo. Assim, diante de uma legitimação
processual que se faz mediante substituição, no caso de tutela
de direitos coletivos, a autoridade da coisa julgada ao tornar os
efeitos de uma sentença de improcedência por carência de
provas imutáveis, traria dano muito grande à coletividade, algo
que estaria fora do propósito do processo coletivo. A locução
secundum eventum probationes designa uma espécie de
infortúnio processual que é a deficiência de provas, ou a não
constituição dos pressupostos fáticos que autorizem o
magistrado a reputar a procedência, em termos de onus
probandi.
O ordenamento nacional, tanto na ação popular44 quanto
na ação civil pública45, acata apenas a hipótese de relativização
dos efeitos da coisa julgada no caso de deficiência de provas. A
improcedência por qualquer outro motivo não dá direito à re-
propositura da ação. Entretanto, no caso da ação civil pública, a
Lei n. 9.494/97 veio a modificar o art. 16 de forma a restringir
os efeitos da sentença aos limites territoriais da competência do
órgão prolator da mesma 46. Algo muito criticado na doutrina e

43
GRINOVER, Ada Pellegrini. Direito Processual Coletivo: aspectos gerais. In:
GRINOVER, Ada Pellegrini (coord.) et al. Direito Processual Coletivo e o
Anteprojeto Brasileiro de Processos Coletivos. São Paulo: RT, 2007. p. 14.
44
“Art. 18. A sentença terá eficácia de coisa julgada oponível "erga omnes", exceto
no caso de haver sido a ação julgada improcedente por deficiência de prova; neste
caso, qualquer cidadão poderá intentar outra ação com idêntico fundamento,
valendo-se de nova prova.”
45
“Art. 16. A sentença civil fará coisa julgada erga omnes, exceto se a ação for
julgada improcedente por deficiência de provas, hipótese em que qualquer
legitimado poderá intentar outra ação com idêntico fundamento, valendo-se de nova
prova.” (redação original)
46
“Art. 16. A sentença civil fará coisa julgada erga omnes, nos limites da
competência territorial do órgão prolator, exceto se o pedido for julgado
improcedente por insuficiência de provas, hipótese em que qualquer legitimado
5412 | RIDB, Ano 1 (2012), nº 9

jurisprudência e que possui aplicação quase inócua diante da


sistemática de interpretação conjunta da lei de ação civil
pública com o Código de Defesa do Consumidor.

3.3 COISA JULGADA SEGUNDO O INTERESSE


TUTELADO

Compete também mencionar que a abrangência dos


efeitos da coisa julgada para ser ampliada nos moldes do
permissivo legal demanda certa correspondência entre a
oponibilidade contra terceiros, a possibilidade de beneficiar
terceiros e o tipo de interesse tutelado e atingido pela decisão.
Tais disposições se encontram no Código de Defesa do
Consumidor, nos já mencionados artigos 103 e 104.
Em contencioso processual que repute a direitos difusos,
o código comanda que a eficácia da coisa julgada será erga
omnes quando o resultado do processo for favorável à
coletividade ou, sendo desfavorável, não seja em virtude de
deficiência de provas. Nessa situação a eficácia será inter
partes apenas.
No caso de direitos coletivos stricto sensu, a procedência
ou improcedência por motivo que não falta de provas fazem
coisa julgada ultra partes. Essa expressão é utilizada pelo
próprio CDC no sentido de ser “para além das partes
litigantes”, com o objetivo de limitar a abrangência da coisa
julgada apenas ao grupo ou categoria afetado, dada a natureza
indivisível dos direitos, porém identificável dos sujeitos.47
Sendo caso de interesses individuais homogêneos, apenas
a procedência tem efeito erga omnes com fulcro de beneficiar
os interessados, sendo inter partes a sentença de

poderá intentar outra ação com idêntico fundamento, valendo-se de nova prova.”
(Redação dada pela Lei nº 9.494, de 10.9.1997)
47
MAZZILI, Hugo Nigro. A defesa dos interesses difusos em juízo: meio ambiente,
consumidor, patrimônio cultural, patrimônio público e outros interesses. 20. ed. São
Paulo: Saraiva, 2007. p. 536.
RIDB, Ano 1 (2012), nº 9 | 5413

improcedência. Assim, se opera a coisa julgada segunda a


natureza do interesse em tela.
Com relação aos interesses individuais homogêneos, vale
comentar que a ação coletiva não induz litispendência às ações
individuais. A menos que o titular do processo individual
requeira em até 30 dias da ciência da demanda coletiva a
suspensão do seu processo individual para aguardar o deslinde
da ação coletiva, podendo dela se beneficiar. Também se não
requerer a suspensão, não poderá se beneficiar dos efeitos da
ação coletiva. 48
Esse caso da opção dada a quem é parte numa demanda
individual de escolher o destino de sua ação, é muito
semelhante ao right to opt in or out do direito norte-americano
existente nas chamadas class actions.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Do que foi abordado neste breve artigo, convém salientar


que a consolidação da nova sistemática da coisa julgada no
processo coletivo só foi possível em razão de uma militância
por parte da doutrina e da jurisprudência, sem falar na atuação
dos órgãos públicos envolvidos diretamente, como o Ministério
Público e a Defensoria Pública. Desde a lei de ação popular
inaugurava-se um novo tipo de demanda que viria a
revolucionar o processo civil clássico, e que hoje integra um
verdadeiro micro-sistema autônomo e operante chamado
direito processual coletivo civil e constitucional.
O instituto da coisa julgada sempre foi algo muito
debatdo na teoria processual, desde sua autonomia
enciclopédica alcançada no século XIX. Relativizar a coisa
julgada é permitir que ela se molde à sorte da ação (secundum
48
GULLO, Marcelly Fusaro; FIORATTI, Jete Jane. Limites subjetivos da coisa
julgada na ação civil pública. In: COSTA, Yvete Flávio da (org.). Tutela dos Direitos
Coletivos: fundamentos e pressupostos. São Paulo: Editora UNESP – Cultura
Acadêmica, 2011. p. 157.
5414 | RIDB, Ano 1 (2012), nº 9

eventum litis) e aos interesses objeto da demanda, notadamente


os interesses difusos e coletivos, dada a repercussão que têm na
sociedade contemporânea.


REFERÊNCIAS

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Coletivos: elementos para uma justificativa histórico-
filosófica, ou por uma visão atual do alcance e da função
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Trad. Ellen Gracie Northfleet. Porto Alegre: Sérgio
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Geral do Processo. 23. ed. São Paulo: Malheiros
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DIDIER JUNIOR, Fredie; ZANETI JUNIOR, Hermes. Curso
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n. 55-56, p. 1-421, jan./dez. 2001.


GIDI, Antonio. Coisa julgada e litispendência em ações
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