1 - Ações para A Implementação Da Lei 10.639 - 2003
1 - Ações para A Implementação Da Lei 10.639 - 2003
1 - Ações para A Implementação Da Lei 10.639 - 2003
1 INTRODUÇÃO:
Essa lei surgiu como resposta a movimentos sociais e intelectuais que, desde a década
de 1980, lutam por uma educação mais inclusiva e representativa. Na formação docente, essas
leis ressaltam a necessidade de formação específica para que os professores possam abordar e
sses temas com competência e sensibilidade. Isso inclui o desenvolvimento de práticas pedagó
gicas que respeitem e valorizem a diversidade cultural dos alunos, criando um ambiente de ap
rendizado mais inclusivo e equitativo. Em sala de aula, a importância dessas leis se reflete
O presente trabalho busca contribuir para a implementação da lei 10.639/03, por meio
da utilização de literaturas infantis com personagens negros/as numa escola de Nazaré da Mat
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a- Pernambuco. Os livros de literatura abordam temáticas que contribuem para a construção d
e processos identitários e de valorização das população negras, tão excluídas da educação bras
ileira ao longo dos tempos. Uma vez que, a escola é um ambiente de pluralismo cultural que p
ossui um papel indispensável na formação e no desenvolvimento de habilidades como a consc
iência para conviver em sociedade e cidadania global.
Nesse sentido, nos inspiramos no Letramento Literário proposto por Rildo Cosson(200
6) por meio da sequência literária básica no processo de leitura. A sequência literária proposta
por Cosson é uma metodologia estruturada para o ensino da leitura literária que visa promover
um letramento literário efetivo entre os alunos. Essa sequência é dividida em quatro etapas pri
ncipais, cada uma com objetivos específicos que, ao serem seguidas, facilitam a compreensão
profunda e a apreciação dos textos literários.
Na primeira etapa, a motivação, o objetivo é despertar o interesse dos alunos pelo texto
que será lido. Nessa fase, o professor pode utilizar diferentes estratégias para engajar os estudan
tes, como a apresentação do contexto histórico e cultural da obra, informações sobre o autor, di
scussões sobre temas relacionados ao texto e atividades pré-leitura que ativem os conhecimento
s prévios dos alunos. A intenção é criar uma expectativa positiva e uma disposição favorável pa
ra a leitura.
A segunda etapa, a introdução, envolve o contato inicial dos alunos com o texto. Aqui,
o professor pode realizar uma leitura em voz alta, discutir a estrutura do texto, apresentar os per
sonagens principais, o cenário e os conflitos iniciais. Essa fase é crucial para que os alunos com
preendam os elementos básicos da narrativa e se familiarizem com o estilo e o vocabulário do a
utor. O objetivo é fornecer uma base sólida para a leitura independente.
Na terceira etapa, a leitura, os alunos realizam a leitura integral do texto, podendo ser d
e forma individual, em duplas ou em grupos. Durante essa fase, é importante que o professor ac
ompanhe o processo, esclarecendo dúvidas, discutindo passagens importantes e incentivando a
troca de impressões entre os alunos. A leitura pode ser segmentada, com paradas estratégicas pa
ra reflexão e discussão, ou contínua, dependendo da complexidade do texto e do nível dos alun
os.
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xto. Atividades como debates, produções textuais, dramatizações e ilustrações podem ser utiliza
das para enriquecer a interpretação e promover uma compreensão mais ampla e crítica da obra.
Os livros vivenciados foram, Chico Juba, O cabelo de Cora, O menino Nito, e Mizu e a estrela,
numa turma da Educação Infantil numa escola de Nazaré da Mata. A sequencia proposta por
Cosson pode contribuir significativamente para a inserção e prática das leis 10.639/03, que torn
am obrigatório o ensino da história e cultura afro-brasileira e africana nas escolas. Por meio da l
eitura de obras que abordam essas temáticas, os alunos podem desenvolver uma maior compree
nsão e respeito pela diversidade cultural e racial, desde cedo. Além disso, a prática da leitura, q
uando estimulada desde a infância, pode trazer inúmeros benefícios, como o desenvolvimento d
o pensamento crítico, a ampliação do vocabulário e a formação de leitores mais proficientes e e
ngajados.
Espera-se que essa pesquisa contribua com reflexões acerca da inserção e prática das lei
s 10.639/03 na sala de aula, e os benefícios positivos que a leitura, quando estimulada desde a i
nfância, pode causar. Espera-se também que essa pesquisa forneça uma base para estudos futur
os sobre a temática e aumente sua visibilidade. Portanto, é salutar que o professor note a necess
idade da inserção de práticas pedagógicas que reforcem a representatividade negra para o desen
volvimento da identidade da criança de forma positiva.
2 DESCRIÇÃO DA EXPERIÊNCIA:
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Segundo Bento (2012), as primeiras experiências de vida têm um impacto profundo e
duradouro na formação das atitudes de autoconfiança, cooperação, solidariedade e responsabil
idade. Sem referências que valorizem suas características físicas e culturais, a criança pode ter
dificuldade em aceitar e assumir suas raízes. Nesse contexto, a literatura infantil é crucial para
a valorização da identidade negra e a construção de uma sociedade mais inclusiva e justa. Apr
esentando histórias que celebram a diversidade étnico-racial e destacam personagens negros e
m papéis centrais e positivos, a literatura infantil ajuda crianças negras a desenvolverem uma
autoestima positiva e a se identificarem com figuras semelhantes a elas. Ao valorizar essas nar
rativas, a literatura infantil contribui para que as crianças reconheçam e apreciem a riqueza de
suas próprias culturas e características, promovendo uma autoimagem saudável e um senso de
pertencimento.
Resumo da Experiência com a Obra Literária:“O cabelo de Cora; Ana Zarco Câmara, Pallas,2
015”
O livro "O Cabelo de Cora", escrito por Ana Zarco Câmara, narra a história de uma m
enina chamada Cora, que possui cabelos crespos, assim como sua tia Vilma e sua avó africana.
Cora fica triste após ouvir um comentário negativo sobre seu cabelo feito por uma colega de
classe. No
entanto, sua tia Vilma a consola, explicando que seu cabelo é lindo e representa sua identidad
e, e que a beleza não se limita apenas ao cabelo liso. A obra é recomendada para ser trabalhad
a em sala de aula com o objetivo de promover o respeito e desconstruir preconceitos e padrões
estéticos impostos pela sociedade, que são muitas vezes transmitidos de geração em geração.
A história aborda como uma opinião inocente pode causar traumas e a importância de se aceit
ar e respeitar as diferenças.
A leitura do livro foi de maneira dinâmica para facilitar a compreensão do tema abordado.
Após a leitura, discutiu-se a importância de valorizar e respeitar as diferenças, destacando que
nossas características físicas são herdadas de nossa família. Após essa explicação, todos aluno
s passaram a achar o cabelo de Cora bonito. Para consolidar o aprendizado, foram feitas pergu
ntas para verificar a compreensão dos alunos, como sobre o título do livro, a personagem prin
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cipal e com quem o cabelo de Cora se assemelhava. Duas bonecas negras foram usadas durant
e a leitura para representar Cora, e ambas foram bem aceitas pelos alunos. Como atividade fin
al, cada aluno completou um desenho de Cora em uma cartolina com tinta guache, utilizando
as mãos. A turma também foi incentivada a perceber que, assim como as flores são diferentes
entre si, cada pessoa é única e essa diversidade é valiosa. Essa atividade foi eficaz para promo
ver o respeito e a valorização das diferenças entre as crianças, utilizando a literatura como ferr
amenta educativa.
Resumo da Experiência com a Obra Literária: "Chico Juba; Gustavo Gaivota; 2011.":
"Chico Juba" é uma obra literária de 2011 que narra a história de Chico, um personage
m que deseja desesperadamente mudar seus cabelos e se torna um inventor de shampoos. Seu
objetivo inicial era ocultar suas raízes étnicas, mas após diversas tentativas mirabolantes, Chic
o finalmente aceita sua identidade capilar. O livro é destinado ao público da educação infantil,
com o propósito de abordar questões étnico-raciais, auto aceitação e identidade, valorizando a
diversidade capilar. Durante a apresentação do livro, foram feitas perguntas aos alunos para pr
omover a reflexão sobre a aceitação de suas próprias características. Após a leitura, os alunos
foram convidados a experimentar uma peruca como forma de celebrar a diversidade capilar.
Uma atividade de auto-retrato foi realizada para que os alunos refletissem sobre sua própria id
entidade. A importância de respeitar as diferenças e reconhecer a singularidade de cada indiví
duo foi enfatizada ao final da atividade.
O livro "O Menino Nito", de Sonia Rosa, narra a história de Nito, um garoto que chorava p
or qualquer motivo até ser repreendido pelo pai, que lhe disse que "homem não chora". A part
ir desse momento, Nito começou a reprimir suas emoções, o que acabou afetando sua saúde, l
evando-o ao médico, onde aprendeu que não se deve chorar por qualquer coisa. Este livro é ú
til em qual quer fase da vida, quando utilizado especialmente na educação infantil e básica ab
orda um tema sensível relacionado às emoções, incentivando as crianças a expressarem como
se sentem e a entenderem a importância de não serem julgadas por isso. A história foi introdu
zida com uma análise prévia das opiniões sobre se meninos e meninas choram. Após a leitura,
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os alunos discutiram o personagem principal, o problema de Nito, e a cor da pele dele e de seu
s pais. Em seguida, houve uma explicação sobre a importância de expressar emoções, enfatiza
ndo que todos choram, independentemente do gênero ou idade, mas não sem razão. Para dina
mizar a aula, cada criança coloriu emojis representando felicidade, tristeza, surpresa e raiva, e
compartilhou situações que evocam essas emoções.
Na aldeia do Zimbábue, o garoto Mizu aprendeu sobre a força da amizade e o amor profundo,
que nos torna grandiosos como o céu e transforma nossas vidas em histórias extraordinárias.
Para iniciar a atividade, perguntei aos alunos quem gostava de viajar, e alguns relatos surgi
ram. Apresentei o livro, mostrando a capa, título e autor, e perguntei sobre a cor do personage
m na capa, recebendo a resposta "moreninho". Convidei-os a explorar o conteúdo do livro e u
sar a imaginação, ressaltando que cada livro estudado é um novo aprendizado. Mostramos a c
apa e o mapa da África na primeira página, explicando que a história se passa em um continen
te diferente, mas que nossa cultura herdou alguns de seus costumes. Durante a leitura, um alu
no perguntou o significado de "boaba" e outras palavras desconhecidas, e todas as dúvidas for
am esclarecidas ao final. A professora titular compartilhou uma experiência pessoal sobre seu
esposo, que viajou para a África a trabalho. Ela destacou a importância de valorizar a escola,
ouvir e respeitar os professores, explicando que as condições de estudo na África são precária
s, com crianças levando cadeiras de casa e sofrendo de desnutrição. Ela reforçou a importânci
a de não desperdiçar alimentos, relatando que seu esposo frequentemente doava sua própria c
omida para as crianças necessitadas. A atividade teve como objetivo conhecer mais sobre a cu
ltura africana. Os alunos pintaram o mapa da África, recortaram e colaram elementos culturais
como zebras, girafas e turbantes, e coloriram máscaras africanas, usadas em rituais religiosos,
de acordo com suas preferências.
3 RESULTADOS:
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tudantes conhecessem mais sobre a cultura dos povos africanos e afro-brasileiros, reconhecen
do-os como protagonistas da história.
4 REFERÊNCIAS:
BENTO, Maria Aparecida Silva. Educação infantil, igualdade racial e diversidade: aspecto
s políticos, jurídicos e conceituais. São Paulo: Centro de Estudos das Relações de Trabalho e
Desigualdades – CEERT, 2012, p.98-117.
CAVALEIRO, Eliane. Racismo e Educação. 1. ed. São Paulo: Selo Negro, 2001.
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COSSON, Rildo. Letramento literário: teoria e prática. São Paulo: Contexto, 2006b.
SILVA, Mirelly Nayara de O. A. da; SOUZA, Ana Paula Abrahamian de. A Importância da E
ducação Afro -Brasileira e Africana na Educação Infantil. 7º Encontro de Pesquisa Educacion
al em Pernambuco – diálogos entre saberes. 2018.
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