1º Módulo - Primeiros Socorros - Definição e Finalidade

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1º MÓDULO – PRIMEIROS SOCORROS – DEFINIÇÃO E FINALIDADE

Primeiros-socorros são os procedimentos adotados, antes da chegada do


médico, de profissional qualificado da área de saúde ou da ambulância, quando uma
pessoa é vítima de qualquer acidente ou mal súbito.

Foto: reprodução

Anualmente, milhares de pessoas se acidentam nas ruas, rodovias ou em casa.


Geralmente, são quedas, queimaduras, envenenamentos, cortes, choques, exigindo,
na maioria das vezes, socorro imediato.

É importante lembrar que, como adulto, você é responsável pela sua segurança
e, muitas vezes, também pela segurança de terceiros, principalmente de crianças e
idosos. Eles precisam e devem ser protegidos.

O socorro à vítima consiste sempre em:

- Reconhecer que se trata de urgência;

- Chamar o serviço médico;

- Atuar conforme o seu conhecimento;

- Assistir a vítima até que chegue o socorro médico.

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É comum que as pessoas sintam-se incomodadas e até não gostem de socorrer
uma pessoa estranha. Não se esqueça de que você, parentes ou amigos também
podem ser vítimas de acidentes ou de um mal súbito.

As finalidades dos primeiros socorros


- Preservar a vida;

- Restringir os efeitos da lesão;

- Promover a recuperação da vítima.

A pessoa que presta os primeiros socorros é chamada de socorrista. Ela deve


agir imediatamente, transmitindo sempre segurança e confiança.

Como proceder
- Mantenha o controle de si mesmo e também da situação;

- Aja com calma e lógica;

- Use as mãos delicadamente;

- Fale com a vítima de modo gentil;

- Seja objetivo.

Como deve ser o perfil do socorrista


- Deve ser bem treinado;

- Periodicamente reavaliado;

- Atualizado quanto ao conhecimento e às técnicas.

Como ganhar a confiança da vítima


- Nunca abandone alguém em estado grave;

- Não deixe a vítima sentir-se abandonada;

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- Converse com a vítima durante todo o exame e tratamento;

- Explique o que vai fazer;

- Tente responder às perguntas com franqueza;

- Procure mostrar que você está ali para ajudar e servir;

- Descubra os parentes da vítima e se proponha a cumprir um compromisso


que ela possa ter assumido.

- Se a vítima for criança, ganhe sua confiança. Fale da maneira mais simples
possível, olhando-a sempre de frente. Jamais a separe da mãe ou do pai.

Socorrer alguém pode ser perigoso. Não descuide de sua segurança pessoal.
Não corra riscos em resgates heroicos.

Foto: reprodução

Geralmente, existe a preocupação por parte do socorrista em contrair doenças


infecciosas durante o socorro às vítimas. Para a tranquilidade de todos, não existem
casos registrados de transmissão do vírus da AIDS (HIV) ou da hepatite B por meio de
respiração boca a boca, apesar de existir, teoricamente, um pequeno risco.

Se você estiver preocupado, procure o médico. Os profissionais que prestam


primeiros socorros devem procurar orientação sobre imunização contra a hepatite B.

Prestar primeiros socorros envolve situações desagradáveis, como: lidar com


sujeira, vômito, mau cheiro e outros. Nada disso é maior que a satisfação e o orgulho
dos resultados de seus esforços.

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Você é socorrista. Mesmo assim, não demore para pedir socorro.

É importante lembrar que você pode obter ajuda ligando para serviços de
emergência, serviços médicos e de utilidade pública (gás, eletricidade, água).

Localize um telefone. É agora que você tem de saber a quem chamar. Seu
telefonema deve ser breve, mas preciso.

Fonte: Manual de Primeiros Socorros do Dr. Paulo Frange.

FUNÇÕES E SINAIS VITAIS

A proteção do acidentado deve ser feita com o mesmo rigor da avaliação da


ocorrência e do afastamento de pessoas curiosas ou que visivelmente tenham perdido
o autocontrole e possam prejudicar a prestação dos primeiros socorros.

É importante observar rapidamente se existem perigos para o acidentado e


para quem estiver prestando o socorro nas proximidades da ocorrência. Por exemplo:
fios elétricos soltos e desencapados; tráfego de veículos; andaimes; vazamento de gás;
máquinas funcionando.

Devem-se identificar pessoas que possam ajudar. Deve-se desligar a corrente


elétrica; evitar chamas, faíscas e fagulhas; afastar pessoas desprotegidas da presença
de gás; retirar vítima de afogamento da água, desde que o faça com segurança para
quem está socorrendo; evacuar área em risco iminente de explosão ou
desmoronamento.

Avaliar o acidentado na posição em que ele se encontra, só mobilizá-lo com


segurança (sem aumentar o trauma e os riscos), sempre que possível deve-se manter o
acidentado deitado de costas até que seja examinada, e até que se saiba quais os
danos sofridos. Não se deve alterar a posição em que se acha o acidentado, sem antes
refletir cuidadosamente sobre o que aconteceu e qual a conduta mais adequada a ser
tomada.

Se o acidentado estiver inconsciente, por sua cabeça em posição lateral antes


de proceder à avaliação do seu estado geral.

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É preciso tranquilizar o acidentado e transmitir-lhe segurança e conforto. a
calma do acidentado desempenha um papel muito importante na prestação dos
primeiros socorros. o estado geral do acidentado pode se agravar se ela estiver com
medo, ansiosa e sem confiança em quem está cuidando.

Avaliação e exame do estado geral do acidentado


A avaliação e exame do estado geral de um acidentado de emergência clínica
ou traumática é a segunda etapa básica na prestação dos primeiros socorros. Ela deve
ser realizada simultaneamente ou imediatamente à "avaliação do acidente e proteção
do acidentado".

O exame deve ser rápido e sistemático, observando as seguintes prioridades:

• Estado de consciência: avaliação de respostas lógicas (nome, idade, etc.).

• Respiração: movimentos torácicos e abdominais com entrada e saída de ar


normalmente pelas narinas ou boca.

• Hemorragia: avaliar a quantidade, o volume e a qualidade do sangue que se


perde, se é arterial ou venoso.

• Pupilas: verificar o estado de dilatação e simetria (igualdade entre as pupilas).

• Temperatura do corpo: observação e sensação de tato na face e


extremidades.

Deve-se ter sempre uma ideia bem clara do que se vai fazer, para não expor
desnecessariamente o acidentado, verificando se há ferimento com o cuidado de não
movimentá-lo excessivamente.

Em seguida proceder a um exame rápido das diversas partes do corpo.

Se o acidentado está consciente, perguntar por áreas dolorosas no corpo e


incapacidade funcionais de mobilização. Pedir para apontar onde é a dor, pedir para
movimentar as mãos, braços, etc.

Cabeça e pescoço
Sempre verificando o estado de consciência e a respiração do acidentado,
apalpar, com cuidado, o crânio, à procura de fratura, hemorragia ou depressão óssea.

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Proceder da mesma forma para o pescoço, procurando verificar o pulso na
artéria carótida, observando frequência, ritmo e amplitude. Correr os dedos pela
coluna cervical, desde a base do crânio até os ombros, procurando alguma
irregularidade. Solicitar que o acidentado movimente lentamente o pescoço, verificar
se há dor nessa região. Movimentar lenta e suavemente o pescoço, movendo-o de um
lado para o outro. Em caso de dor pare qualquer mobilização desnecessária.

Perguntar a natureza do acidente, sobre a sensibilidade e a capacidade de


movimentação dos membros visando confirmar suspeita de fratura na coluna cervical.

Coluna dorsal
Perguntar ao acidentado se sente dor na coluna dorsal. Correr a mão pela
espinha do acidentado desde a nuca até o sacro. A presença de dor pode indicar lesão
da coluna dorsal.

Tórax e membros
Verificar se há lesão no tórax, se há dor quando respira ou se há dor quando o
tórax é levemente comprimido.

Solicitar ao acidentado que movimente de leve os braços e verificar a existência


de dor ou incapacidade funcional. Localizar o local da dor e procurar deformação,
edema e marcas de injeções. Verificar se há dor no abdome e procurar todo tipo de
ferimento, mesmo pequeno. Muitas vezes um ferimento de bala é pequeno, não
sangra e é profundo, com consequências graves.

Apertar cuidadosamente ambos os lados da bacia para verificar se há lesões.


solicitar à vítima que tente mover as pernas e verificar se há dor ou incapacidade
funcional.

Não permitir que o acidentado de choque elétrico ou traumatismo violento


tente levantar-se prontamente, achando que nada sofreu. Ele deve ser mantido
imóvel, pelo menos para um rápido exame nas áreas que sofreram alguma lesão. O
acidentado deve ficar deitado de costas ou na posição que mais conforto lhe ofereça.

Exame do acidentado inconsciente

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O acidentado inconsciente é uma preocupação, pois além de se ter poucas
informações sobre o seu estado, podem surgir complicações devido à inconsciência.

O primeiro cuidado é manter as vias respiratórias superiores desimpedidas


fazendo a extensão da cabeça, ou mantê-la em posição lateral para evitar aspiração de
vômito. Limpar a cavidade bucal.

O exame do acidentado inconsciente deve ser igual ao do acidentado


consciente, só que com cuidados redobrados, pois os parâmetros de força e
capacidade funcional não poderão ser verificados. O mesmo ocorrendo com respostas
a estímulos dolorosos.

A observação das seguintes alterações deve ter prioridade acima de qualquer


outra iniciativa, ela pode salvar uma vida:

• falta de respiração;

• falta de circulação (pulso ausente);

• hemorragia abundante;

• perda dos sentidos (ausência de consciência);

• envenenamento.

Observações:
1. Para que haja vida é necessário um fluxo contínuo de oxigênio para os
pulmões. O oxigênio é distribuído para todas as células do corpo através do sangue
impulsionado pelo coração. Alguns órgãos sobrevivem algum tempo sem oxigênio,
outros são severamente afetados. As células nervosas do cérebro podem morrer após
3 minutos sem oxigênio.

2. Por isso mesmo é muito importante que algumas alterações ou alguns


quadros clínicos, que podem levar a essas alterações, devem ter prioridade quando se
aborda um acidentado de vítima de mal súbito. São elas:

- obstrução das vias aéreas superiores;

- parada cárdio-respiratória;

- hemorragia de grandes volumes;

- estado de choque (pressão arterial, etc);

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- comas (perda da consciência);

- convulsões (agitações psicomotoras);

- envenenamento (intoxicações exógenas);

- diabetes mellitus (comas hiper e hipoglicêmicos);

- infarto do miocárdio; e

- queimaduras em grandes áreas do corpo.

3. Toda lesão ou emergência clínica ocorrida dentro do âmbito de uma


instituição deve ser comunicada ao núcleo de saúde do trabalhador, através de uma
ficha de registro específica e anotada no "livro de registro de acidentes".

4. É importante ter sempre disponível os números dos telefones e os endereços


de hospitais e de centros de atendimento de emergência; socorro especializado para
emergências cardíacas; plantão da comissão nacional de energia nuclear; locais de
aplicação de soros antiveneno de cobra e de outros animais peçonhentos e centro de
informações tóxico-farmacológicas.

Foto: reprodução

Para o bom atendimento é imprescindível:

1. Manter a calma. Evitar pânico e assumir a situação.

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2. Antes de qualquer procedimento, avaliar a cena do acidente e observar se
ela pode oferecer riscos, para o acidentado e para você. Em hipótese nenhuma ponha
sua própria vida em risco.

3. Os circunstantes devem ser afastados do acidentado, com calma e educação.


O acidentado deve ser mantido afastado dos olhares de curiosos, preservando a sua
integridade física e moral.

4. Saiba que qualquer ferimento ou doença súbita dará origem a uma grande
mudança no ritmo da vida do acidentado, pois o coloca repentinamente em uma
situação para a qual não está preparado e que foge a seu controle. Suas reações e
comportamentos são diferentes do normal, não permitindo que ele possa avaliar as
próprias condições de saúde e as consequências do acidente. Necessita de alguém que
o ajude. Atue de maneira tranquila e hábil, o acidentado sentirá que está sendo bem
cuidado e não entrará em pânico. Isto é muito importante, pois a intranquilidade pode
piorar muito o seu estado.

5. Em caso de óbito serão necessárias testemunhas do ocorrido. Obter a


colaboração de outras pessoas dando ordens claras e concisas. Identificar pessoas que
se encarreguem de desviar o trânsito ou construir uma proteção provisória. Uma ótima
dica é dar tarefas como, por exemplo: contatar o atendimento de emergência, buscar
material para auxiliar no atendimento, como talas e gaze, avisar a polícia se necessário,
etc.

6. Jamais se exponha a riscos. Utilizar luvas descartáveis e evitar o contato


direto com sangue, secreções, excreções ou outros líquidos. Existem várias doenças
que são transmitidas através deste contato

7. Tranquilizar o acidentado. Em todo atendimento ao acidentado consciente,


comunicar o que será feito antes de executar para transmitir-lhe confiança, evitando o
medo e a ansiedade.

8. Quando a causa de lesão for um choque violento, deve-se pressupor a


existência de lesão interna. As vítimas de trauma requerem técnicas específicas de
manipulação, pois qualquer movimento errado pode piorar o seu estado.
Recomendamos que as vítimas de traumas não sejam manuseadas até a chegada do
atendimento emergencial. acidentados presos em ferragens só devem ser retirados
pela equipe de atendimento emergencial.

9. No caso do acidentado ter sede, não ofereça líquidos para beber, apenas
molhe sua boca com gaze ou algodão umedecido.

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10. Cobrir o acidentado para conservar o corpo quente e protegê-lo do frio,
chuva, etc.

11. Em locais onde não haja ambulância, o acidentado só poderá ser


transportado após ser avaliado, estabilizado e imobilizado adequadamente. Evite
movimentos desnecessários.

12. Só retire o acidentado do local do acidente se esse local causar risco de vida
para ele ou para o socorrista. Ex: risco de explosão, estrada perigosa onde não haja
como sinalizar, etc.

A pessoa que está prestando os primeiros socorros deve seguir um plano de


ação baseando-se no p.a.g., que são as três letras iniciais a partir das quais se
desenvolvem todas as medidas técnicas e práticas de primeiros socorros.

- Prevenir - afastar o perigo do acidentado ou o acidentado do perigo

- Alertar - contatar o atendimento emergencial informando o tipo de acidente,


o local, o número de vítimas e o seu estado.

- Socorrer - após as avaliações funções, sinais vitais e de apoio.

Fonte: BRASIL. MiniStério da Saúde. Fundação OSwaldo Cruz. FIOCRUZ. Vice Presidência de Serviços de
Referência e Ambiente. Núcleo de Biossegurança. 2003.

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