Direito Das Sociedades
Direito Das Sociedades
Direito Das Sociedades
Aula 11/09
Introdução
1
Estatutos:
Para além da dimensão contratual e institucional, a SC também tem uma dupla dimensão dentro da
dimensão contratual: o pacto institutivo e os estatutos ou pacto social, que regula o funcionamento
da sociedade-entidade ao longo do tempo. Há estipulações negociais que não se esgotam no
momento da constituição, mas que cujos efeitos se prolongam ao longo do tempo (regras sobre
deliberação, por exemplo). Os estatutos, ao contrário do contrato fundador (pacta sunt servanda),
podem ser modificados ao longo do tempo, por maioria, de modo a adequar a empresa às mudanças.
A regra é a maioria.
Tipos de Sociedades:
Temos: sociedades civis; sociedades em nome coletivo; sociedades por quotas; sociedades
anónimas; e sociedades em comandita simples e por ações.
As duas primeiras e as em comandita não têm muita relevância sociológica. As sociedades por
quotas e anónimas sim.
Temos SA abertas e fechadas. O primeiro subtido são aquelas que têm as suas ações distribuídas
pelo públicas, podendo até estar cotadas em bolsa de valores. O segundo subtipo é aquele que não
tem as ações na disponibilidade do público. No primeiro subtipo, temos mais normas injuntivas,
para proteger o público; no segundo subtipo, não temos tantas normas injuntivas. As regras de
proteção do público estão no CSC e no CVM.
O paradigma das SA é serem abertas: a companhia das índias tinha as suas quotas abertas ao
público. O regime comum foi feito a pensar neste paradigma, pelo que é mais injuntivo do que
deveria para as SA fechadas.
Conceito de Ato de Comércio Objetivo: consta do art. 2.º do C. Comercial. Diz que atos
de comércio são os que estão regulados no C. Comercial – contrato de compra para
revenda, contrato de seguros, entre outros. No diploma preambular de 1886 que aprovou
o código, dizia o art. 4.º que se fosse revogado o regime daquele código, não deixavam de
ser atos de comércio aqueles que fossem regulados em legislação avulsa, mas constassem
originalmente daquele código.
2
A ideia de atos comerciais e de comerciante surgem com o desenvolvimento do
comércio, e com a distinção dessa atividade de outras. Assim, inicialmente, era ato
comercial tudo o que não fosse agricultura e pecuária. Com o século XIX e a revolução
industrial, começou a haver uma confusão prática entre o papel do comerciante e do
industrial, atualmente, do empresário. Assim, numa perspetiva moderna, o que faz
sentido é falar em empresários e em empresas, e abandonar a terminologia comércio e
comerciante, de forma a abarcar as modernas empresas agrícolas e pecuárias que, no
passado, se distinguiam dos comerciantes.
Art. 1.º, n.º 2, do CSC tem dois critérios cumulativos: critério da prática dos atos de
comércio; e critério formal de adoção de um formato de sociedade comercial num dos
seus diferentes tipos. Assim, e do ponto de vista teórico, se tivermos uma sociedade que
se dedica apenas à atividade agropecuária, não aplicamos o CSC. Na prática, ver o art.
1.º, n.º 3, do CSC.
Definição de Contrato de Sociedade:
Pertence à categoria de contratos de cooperação (Prof. Ferreira de Almeida).
Os contratos de cooperação são caracterizados pela existência de um fim comum. Nos contratos de
troca temos interesses contrapostos; aqui temos interesses comuns, ou melhor, temos um fim
comum. Haver esta ideia de fim comum fez com que existissem teorias de que, na realidade, não
existiam contratos de cooperação, mas atos coletivos. Essas teorias foram ultrapassadas, na medida
em que se adota o critério de saber se temos ou não pluralidade de partes (diferença entre negócio
jurídico unilateral e contrato).
O contrato de sociedade civil está no art. 980.º do CC. Não vale para todos os tipos de sociedades,
pelo que temos sempre de olhar para o CSC.
3
Aula 16/09