PLASTICA

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A língua, em sua forma falada e escrita, é o veículo de comunicação

fundamental para que os indivíduos consigam transmitir seus pensamentos.


Desde crianças aprendemos a língua materna com nossos familiares e,
posteriormente na escola, aprendermos a ler e a escrever.

É provável, caro(a) estudante, que você já tenha escutado alguém falar:


“Mas eu não sei escrever”. Nesse caso, essa frase não é interpretada em
seu sentido literal; a pessoa provavelmente é alfabetizada e sabe escrever.
O que ela quer dizer é que tem dificuldades para se expressar na
comunicação escrita. E por que isso acontece?

Mesmo com a apresentação de todas as ferramentas e o estudo dos


elementos que compõem uma frase, não podemos ficar apenas na teoria.
Ler e escrever demanda muito treino. Quanto mais lermos, melhor será a
nossa interpretação de texto e mais facilidade encontramos ao escrever.

No entanto, não é apenas por meio do texto e da fala que nós, seres
humanos, nos comunicamos. No campo da Plástica, vamos estudar como as
representações gráficas, os desenhos, também são utilizadas para expressar
ideias e sentimentos. Segundo Dondis (2003), assim como na linguagem
escrita utilizamos caracteres para representações, as letras, na linguagem
visual empregaremos signos para a comunicação.

Entre todos os sentidos do ser humano, a visão é o mais amplo. A tarefa de


enxergar é natural ao nosso organismo; assim que abrimos os olhos já
estamos apreendendo o mundo à nossa volta. Dondis (2003) aponta que
enxergar pode ser dividido basicamente em dois tipos de fenômenos: um
evento físico e um evento cognitivo.

O processo físico envolvido no ato de enxergar se dá pela incidência da luz


sobre um objeto de tal forma que a luz é refletida e captada pelo nosso olho,
o órgão receptor desse sentido. Já o processo cognitivo ocorre quando
percebemos, reconhecemos e avaliamos a relação do objeto com o todo.
Esse conjunto de ações é realizado de modo inconsciente; assim que
captada a imagem, toda essa análise é elaborada de modo automático.

Retornando à nossa comparação entre comunicação visual e comunicação


escrita, se na linguagem estudamos a sintaxe por meio da palavra escrita,
analisando sujeito, verbo e predicado, na sintaxe visual investigamos os
fundamentos de composição visual e as relações estabelecidas entre eles.
Assim como o processo de escrita demanda prática, para conseguir bons
resultados com a composição visual também precisamos treinar
constantemente.

A nossa intenção não é atribuir juízo de valor a partir de nossas


preferências, dizendo se uma composição é bonita ou feia, até porque tais
conceitos são muito abstratos. Para a produção de imagens trabalharemos o
peso visual dos elementos empregados e como isso influencia o observador.
Reflita
A estética é um conceito que vem se desenvolvendo ao longo dos séculos.
Se pararmos para analisar o padrão de beleza vigente durante a Idade
Média, notamos que ele é totalmente discrepante do padrão da sociedade
atual. Isso se aplica não apenas às artes visuais, mas também à arquitetura,
literatura, música e a todos os demais campos. Até mesmo a forma de se
vestir é influenciada por tais padrões. Diante dessa condição, como a
criação de projetos é influenciada? O projetista deve apenas seguir a
tendência corrente ou há espaços para novas criações e experimentações?

Se na escrita os elementos compositivos são os caracteres, letras que são


agrupadas criando palavras e, em seguida, frases, na comunicação visual os
elementos compositivos serão as substâncias básicas do que vemos, como o
ponto, a linha, a forma e o volume, assim como seus atributos.

O ponto, a linha e a forma na Geometria são os entes primitivos que


proporcionam a representação de todas as outras figuras. De modo
resumido, podemos afirmar que o ponto é a menor unidade na comunicação
visual, enquanto a linha é uma sequência de pontos tão próximos uns dos
outros que não conseguimos identificá-los de modo individual. Já a forma é
um elemento composto a partir de linhas. Os atributos da forma e o modo
como eles se relacionam com a parte e com o todo determinam a
comunicação visual. Desse modo, vamos analisar os conceitos básicos de
forma, cor e textura.

Forma
No campo da Plástica, a linha articula a complexidade da forma. Cada forma
tem características e significados específicos. Ou seja, a variedade de
formas não implica apenas formato, aspecto físico, mas também percepções
psicológicas e fisiológicas (DONDIS, 2003).

Existem três formas básicas a partir das quais geramos todas as demais: o
quadrado, o triângulo equilátero e o círculo. Para Dondis (2003), o quadrado
remete à honestidade e à retidão; o triângulo é uma forma que indica ação e
conflito; já o círculo lembra proteção e infinitude.
Essas três formas básicas são figuras planas que podem ser combinadas em
diversas técnicas, como repetição, subtração, adição, entre outras, gerando
todas as formas físicas existentes ou imaginadas pelo ser humano.

Como mencionamos, cada uma das formas proporciona percepções únicas.


Quadrado, triângulo equilátero e círculo expressam diferentes direções
visuais. Para o quadrado, atribui-se a direção visual vertical e horizontal. no
triângulo equilátero, essa direção se expressa na diagonal; no círculo, a
direção visual é curva.

Mas o que significam tais direções? Cada uma delas está relacionada a um
tipo de referência que desperta estímulos no observador. A direção visual
horizontal e vertical relaciona-se à estabilidade e ao equilíbrio; a direção
diagonal remete à instabilidade, à provocação; já a direção curva representa
repetição e abrangência.

Essas formas e significados, quando empregados de modo correto, são


capazes de transmitir informações e de gerar respostas do usuário. No
entanto, é importante lembrarmos que a leitura visual pode ser influenciada
por fatores externos. As pessoas podem apresentar percepções distintas de
acordo com os fatores externos aos quais foram expostas, como, por
exemplo, questões sociais, econômicas, culturais e estados psicológicos.

Cor
Segundo Mancuso (2012), a cor não tem existência material, ou seja, ela
não é tangível como a forma dos objetos, que podemos tocar e manipular. A
cor é uma sensação provocada pela ação da luz e codificada pelo sistema de
visão. Nas composições plásticas podemos optar tanto por utilizar uma
única cor quanto por mesclar várias delas.

Dessa forma, a cor é um dos atributos com os quais estaremos


constantemente operando para alcançar a composição ideal. Ela possui três
dimensões que podem ser definidas e mensuradas: matiz, saturação e
brilho.

O matiz, também chamado de croma, é a cor propriamente dita em seu


estado puro. A saturação é a pureza da cor do matiz ao cinza: quanto mais
próximo do matiz, mais saturada; quanto mais perto do cinza, menos
saturada. As cores mais “vivas” e intensas são aquelas mais saturadas que
as cores pálidas. O brilho é uma dimensão acromática, ou seja, está
relacionado à cor, mas sim ao claro e ao escuro.

Existem diversas teorias cromáticas e técnicas de composição. Por meio


delas podemos empregar as cores para transmitir sensações e despertar
estímulos variados no observador.
Textura
Você sabe o que é textura? Quando pensamos nessa qualidade de um
objeto, logo a associamos ao sentido do tato, e não ao da visão. A textura de
uma lixa, por exemplo, é totalmente diferente da textura de um algodão,
fato que pode ser facilmente percebido pelo simples tocar nos objetos.

Embora pareça um pouco contraditório, nem sempre as texturas serão


associadas a essa variação de relevo. Imagine, por exemplo, um papel de
parede com textura de madeira. Ao observar esse material percebemos,
pela visão, que a imagem sugere uma textura; no entanto, ao tocá-la, logo
notamos que não há variação de alturas: trata-se de uma superfície lisa.

Da mesma forma, no campo de estudo da Plástica vamos focar na variação


de tom e cor para conceber a textura. No entanto, é importante destacar
que composições que conciliam qualidades táteis e visuais oferecem ao
espectador uma experiência mais rica e estimulante.

Em nosso dia a dia a cor se faz presente nas mais distintas situações, seja
para escolher uma roupa, um móvel, a decoração de um espaço ou até
mesmo para identificar informações. Uma placa em vermelho, por exemplo,
significa alguma situação de alerta.

Apesar da condição de estarmos constantemente lidando com as cores,


ainda é comum sentirmos dificuldade para operar por meio da sua
manipulação no momento de trabalhar composições visuais. Antes de
conhecermos as técnicas compositivas que vão tornar esse processo mais
fácil, vamos analisar as características das cores.

Cor
A cor é repleta de informação e de significados. Ela se configura uma valiosa
fonte para as composições visuais. Alternando as três dimensões das cores –
matiz, saturação e brilho – podemos criar uma infinidade de cores. O matiz é
representado, em sua forma mais simples, pelo círculo cromático. Nele é
possível avaliar a estrutura da cor e as eventuais composições.

Com relação à variação de saturação, Dondis (2003) aponta que, quanto


mais saturada a cor, mais próxima ela está do seu estado de origem, mais
primitiva é. As cores saturadas são preferências entre artistas populares e
crianças. Já as cores menos saturadas levam à neutralidade, sutileza e
repouso. A variação de brilho, por sua vez, nos leva à análise do tom da cor.

Conforme Dondis (2003), o modo como percebemos a cor é influenciado


pelo ambiente. Por exemplo, ao colocarmos um quadrado azul sobre um
fundo cinza, percebemos o cinza como uma cor quente. Já ao posicionarmos
um quadrado vermelho sobre a mesma superfície, esta será percebida como
um cinza frio e azulado. Isso acontece porque o nosso olho percebe o matiz
oposto ao da cor apresentada. Esse fenômeno é denominado de “contraste
simultâneo”.

As cores podem se dividir basicamente em quentes e frias. As cores quentes


são aquelas que têm matiz vermelha ou amarela como predominante – o
seu uso está associado a sentimentos de atividade, alegria e dinamismo. Já
as cores frias contam com matiz predominante verde ou azul, sendo
associadas à tranquilidade e serenidade. O conceito de temperatura das
cores ainda apresenta a classificação das cores como neutras – por
exemplo, o cinza.

Tom
Tom e cor são conceitos distintos. O tom é formado pela intensidade de
obscuridade e claridade de um objeto representado. Na natureza não existe
apenas luz e ausência de luz: entre esses dois extremos há uma transição
gradual (DONDIS, 2003). Se notarmos ao nosso redor os objetos iluminados
pela luz do sol, ou por alguma fonte artificial, eles não apresentam uma cor
uniforme, mas uma variação de tons.

Segundo Dondis (2003), na natureza não é possível mensurar a quantidade


de gradações existentes. Já nas artes gráficas e visuais a escala tonal mais
empregada entre o branco e o preto apresenta 13 gradações, ou seja, 13
tons. Existem escalas tonais com maior número de gradações, no entanto, a
variação é tão sutil que torna a sua aplicação muitas vezes inviável.

Significados das Cores


A cor é capaz de refletir o humor do observador. A psicologia das cores é o
campo de estudo que avalia os efeitos da cor sobre o usuário, observando
os estímulos causados. Diversas áreas se beneficiam de tais estudos, como
Arquitetura, Design, Publicidade e até mesmo a Medicina.

Com a seleção de cores, podemos, por exemplo, criar um ambiente mais


tranquilo, chamar a atenção do observador para um ponto de interesse ou
garantir que um cliente fique mais tempo em determinado local da loja.
Existe uma grande variedade de formas de aplicação de tais conceitos.

Segundo Mancuso (2012), é possível destacar algumas propriedades das


cores:

Vermelho
Vermelho

Esta cor está relacionada à confiança, à alegria e ao poder de atração visual, sendo a cor que mais se destaca
visualmente. Em uma composição, ela é a primeira cor identificada e distinguida entre as demais. Também é
considerada uma cor estimulante e agressiva; seu uso deve ser feito com cautela para não gerar estresse no
observador.

Amarelo

Amarelo

Trata-se da cor mais estimulante entre as cores quentes. Ela está relacionada à luminosidade e à claridade, sendo
bastante eficaz para estimular a criatividade no observador.

Azul

Azul

Essa cor aumenta a criatividade, a confiança e a sensação de segurança. Porém, em excesso ela cria uma atmosfera
hostil, sendo associada à tristeza.

Verde

Verde

Cor calma, equilibrada, utilizada para tranquilizar e confortar. Representa esperança, força e longevidade. Também é
associada aos elementos da natureza.

Laranja

Laranja

Cor dinâmica, alegre, ativa e sociável. Bastante vibrante, ela representa mutação, instabilidade e inconstância.

Violeta

Violeta

Esta cor está relacionada à intuição e à espiritualidade. Simboliza nobreza e riqueza; sua sobriedade transmite
tranquilidade.

Preto

Preto

Esta cor é a ausência ou privação da luz. Em excesso, pode causar alterações no humor, tornando o observador mais
depressivo. Quando aplicada de forma equilibrada, ajuda a transmitir elegância, poder e formalidade. Para algumas
culturas, a cor preta é associada à morte e ao desconhecido.

Branco

Branco

Esta cor é a mistura de todos os matizes do espectro solar. Ela representa pureza e limpeza. Em algumas culturas ela
é associada à paz e à espiritualidade. Ajuda a criar simplicidade e organização nas composições; no entanto, quando
em excesso, causa sensação de frieza, vazio e impessoalidade.

Para Silva (2014), as cores podem também influenciar diretamente as condições físicas do organismo humano.
Diante da crescente preocupação em humanizar os espaços assistenciais à saúde, diversas pesquisas foram
realizadas na área, buscando melhorar as condições para pacientes, visitantes e profissionais. Silva (2014) aponta os
principais usos:

Azul
Azul

Ajuda a induzir o sono e a reduzir o estresse e a tensão. Porém, como mencionamos, em excesso essa cor pode ser
prejudicial.

Verde

Verde

Ajuda a acalmar e tranquilizar, reduzindo a irritabilidade. Atua sobre o Sistema Nervoso Simpático, o que ajuda a
reduzir a pressão.

Violeta

Violeta

Auda a produzir o equilíbrio entre o sistema simpático e o parassimpático. Estimula baço, cérebro e ossos.

Laranja

Laranja

Ajuda a aumentar o apetite e a diminuir a frequência do fluxo sanguíneo.

É importante destacar que, apesar de as cores serem capazes de despertar estímulos e causar efeitos psicológicos e
físicos no ser humano, esse processo não é mágico. Por exemplo, ao pintarmos uma parede de azul, não vamos
automaticamente eliminar o estresse das pessoas que ocupam o local. O uso das cores é uma das ferramentas que
utilizamos para que nossas composições alcancem seu objetivo e transmitam as sensações desejadas.

Círculo Cromático

Caro(a) estudante, provavelmente você já deve ter se deparado com um círculo cromático, que nada mais é do que
uma representação simplificada das cores percebidas pelo nosso olho. Por meio dele vamos analisar e compreender
as técnicas compositivas para combinar as cores. Você sabe como é formado esse círculo?

Segundo Williams (2013), o círculo se inicia com as três cores primárias: amarelo, vermelho e azul. Elas são
denominadas primárias por serem as únicas que não podemos criar; é por meio delas que geramos todas as demais
cores. No círculo elas estão separadas de forma equidistante, ou seja, a 120° uma da outra.

As cores secundárias são aquelas criadas a partir da combinação de duas cores primárias. Dessa forma, amarelo e
azul dão origem à cor verde; azul e vermelho criam o roxo; vermelho e amarelo fazem o laranja. As cores secundárias
ocupam no círculo cromático a posição entre as duas cores que deram origem a elas.

O círculo cromático com o qual trabalhamos no estudo visual é composto por 12 cores – faltam ainda seis cores para
que possamos completá-lo: são as cores terciárias, criadas a partir da combinação de uma cor primária com uma cor
secundária. A sua posição no círculo cromático será entre as duas cores que deram origem a elas, preenchendo os
espaços vazios e completando o círculo cromático. Observe a figura a seguir.
Figura 1.1 – Círculo cromático

Fonte: Peter Hermes Furian / 123RF.

Existem dois principais modelos de cores que precisamos diferenciar para que não ocorram erros durante nosso
processo de composição visual. Quando trabalhamos com meios digitais, nos deparamos com duas opções: o
modelo CMYK e o modelo RGB. Qual a diferença entre eles e em que vamos aplicá-los?

CMYK é uma sigla que significa ciano (azul), magenta (rosa), yellow (amarelo) e key (cor-chave, normalmente o
preto). A partir dessas quatro cores é possível gerar todas as demais. Ao misturar todas as cores teremos o preto,
enquanto o branco é a ausência de pigmento (WILLIAMS, 2013).

A sigla RGB significa red (vermelho), green (verde) e blue (azul). O modelo RGB é composto por raios de luzes. É por
meio deles que percebemos as cores em monitores e telas de celular. As luzes coloridas não refletem sobre um
objeto, mas saem do monitor e são captadas pelo nosso olho. Ao contrário do modelo CMYK, no RGB, ao
misturarmos todas as cores, temos o branco; quando retiramos todas as cores, o resultado é a cor preta (WILLIAMS,
2013).

Podemos concluir que, enquanto o modelo CMYK é indicado para projetos impressos, o modelo RGB deve ser
utilizado em composições criadas para exibição em tela. Williams (2013) alerta que, ao criar um projeto em RGB e,
em seguida, convertê-lo em CMYK para a impressão é comum perder um pouco do brilho e da variedade de cores.
Tal fator deve ser levado em consideração para evitar eventuais decepções.

atividade

Atividade

As cores são compostas por três dimensões: o matiz, a saturação e o brilho. O matiz diz respeito à cor em seu estado
natural, a cor “pura”. Uma das formas de categorizar a cor é com relação ao seu matiz, sendo possível classificá-la
como cor quente ou fria. Com base no apresentado, assinale a alternativa que relacione corretamente esses dois
conceitos.

a) Enquanto as cores quentes estão inseridas no círculo cromático, as cores frias não são representadas nele.

b) Enquanto as cores quentes têm laranja ou vermelho como matiz principal, as cores frias apresentam azul ou verde
como predominantes.

c) Enquanto as cores quentes podem variar saturação e brilho, as cores frias mantêm essas características
constantes.

d) Enquanto as cores quentes remetem à calma e à serenidade, as cores frias são mais estimulantes.

e) Cores quentes, como o azul, apresentam maior destaque visual do que cores frias, como o vermelho.

Cor: Estudos Monocromáticos


Segundo Dondis (2003), as representações monocromáticas são substitutas tonais da cor: em vez de empregarmos
várias cores, trabalhamos com uma única cor variando a sua tonalidade. Embora esse tipo de representação não
conte com a grande variedade de possibilidades encontrada nas composições policromáticas, é possível criar efeitos
interessantes empregando apenas uma cor.

Uma combinação monocromática é composta por uma cor em várias opções de luz e sombra. Duas cores de mesma
matiz variando apenas a tonalidade já constituem uma combinação monocromática. Quando observamos uma
fotografia em preto e branco, por exemplo, estamos olhando para uma composição monocromática.

Como você pode perceber, caro(a) estudante, uma das vantagens desse tipo de representação refere-se justamente
à simplicidade e à facilidade da aplicação. Porém, para que o resultado não seja monótono, precisamos
compreender como e em que utilizar tais composições.

No círculo cromático temos a representação de cores primárias, secundárias e terciárias. Ao adicionar branco sobre
as cores do círculo, obtemos luzes; quando adicionamos preto sobre as cores iniciais do círculo, o resultado serão as
sombras. Observe na figura a seguir.

Figura 1.2 – Círculo cromático: sombras e luzes

Fonte: Tuulijumala / 123RF.

As composições monocromáticas podem ser empregadas como uma forma de simplificar o design. Muitas vezes,
quando forma ou textura agregam muita informação ao projeto, o ideal é não sobrecarregar os estímulos. Por esse
motivo, as combinações monocromáticas ajudam a aliviar a carga visual, mantendo a imagem harmoniosa.

Como você pode notar na imagem do círculo cromático com sombras e luzes, quando analisamos uma “fatia”
correspondente a uma cor, temos a ideia de progressão. As composições monocromáticas também podem ser
empregadas com essa finalidade. Por meio da disposição das cores seguindo uma sequência da mais clara para a
mais escura, ou vice-versa, é possível sugerir a ideia de evolução, de continuidade. Observe na figura a seguir.

Figura 1.4 – Composição monocromática


Fonte: Elaborada pela autora (2019).

A aplicação da composição monocromática pode ser feita empregando também uma cor de outro matiz como ponto
de destaque. Dessa forma, fica evidente qual é a região do projeto para a qual queremos atrair o olhar do
observador. Seja para informar algum dado relevante ou apenas para adicionar interesse visual, esse recurso pode
ser largamente explorado. Observe na figura a seguir.

Figura 1.5 – Composição monocromática com um ponto de destaque

Fonte: Elaborada pela autora (2019).

As variações tonais também podem ser empregadas de forma conciliada com as técnicas policromáticas. Por
exemplo, o vermelho e o verde são cores que podem ser utilizadas de modo harmônico; no entanto, ao pensar
nessas duas cores, o que vem à sua mente? Logo associamos o vermelho e o verde ao Natal, a árvores, a decorações
natalinas e ao Papai Noel. Muitas vezes não é essa a nossa intenção projetual. Para fugir dessa referência, que
decorre de fatores culturais, podemos aplicar variações tonais de verde e vermelho. Observe na figura a seguir os
dois exemplos.

Figura 1.6 – Composição vermelho e verde

Fonte:Elaborada pela autora (2019).

Perceba que, enquanto na figura à esquerda o verde e o vermelho criam uma composição que nos remete à
decoração natalina, isso não acontece na figura à direita, que emprega o mesmo matiz de vermelho e verde, porém,
com mais luzes.

Atividade

As composições monocromáticas podem ser empregadas para simplificar o design, sobretudo em situações nas
quais existe uma grande quantidade de estímulos visuais. Considerando tais composições, assinale a alternativa que
apresente a sua forma de operação.

a) Selecionando três cores equidistantes.


b) Selecionando cores análogas.

c) Selecionando cores opostas.

d) Selecionando variações de luz e sombra de uma mesma cor.

e) Selecionando quatro cores equidistantes.

Cor: Estudos Policromáticos

As composições policromáticas, como o próprio nome indica, são aquelas que empregam mais de uma cor. Lembre-
se de que não estamos tratando da variação de tons, pois, quando isso ocorre, criamos composições
monocromáticas. Nesse momento vamos focar nossa análise em situações nas quais cores de matizes distintas são
combinadas de forma harmônica.

Em tarefas simples do nosso cotidiano, como, por exemplo, escolher a roupa que vamos vestir, precisamos analisar e
avaliar se as cores combinam ou não. Muitas vezes fazemos isso de forma intuitiva, empregando composições que
achamos que são coerentes ou reproduzindo soluções já adotadas anteriormente. É comum usarmos a mesma blusa
sempre com calças de uma mesma cor, por exemplo, pois já sabemos que o resultado será satisfatório.

Porém, quando trabalhamos com composições plásticas, devemos ir além do lugar comum. Contamos com uma
grande variedade de cores, e utilizar uma única composição cromática é um desperdício de recurso. É importante
destacar que as harmonias cromáticas que serão apresentadas não são regras rígidas, mas guias de como empregar
as cores. Teste, explore e crie suas próprias composições cromáticas utilizando os conceitos teóricos que vamos
discutir.

A primeira das teorias cromáticas é a das cores complementares. Nela, são selecionadas duas cores posicionadas
diametralmente opostas uma à outra. Desse modo estaremos sempre selecionando uma cor quente e uma cor fria.
Por serem cores opostas, o ideal é empregar uma como cor principal e outra como detalhe, mantendo um equilíbrio
na composição. Observe na figura a seguir.

Figura 1.7 – Composição complementar

Fonte: Tuulijumala / 123RF.

Em um primeiro momento, podemos achar que as duas cores selecionadas não combinam. Se tentarmos aplicá-las
em grandes extensões, provavelmente o resultado não será satisfatório; no entanto, se reproduzirmos tais cores,
uma como destaque e outra como detalhe, o produto final será harmônico. Observe na figura a seguir.
igura 1.8 – Composição complementar

Fonte: Elaborada pela autora (2019).

As composições em tríades empregam três cores equidistantes no círculo cromático. Segundo Williams (2013), a
tríade formada pelas cores vermelho, azul e amarelo é denominada tríade primária, sendo largamente empregada
em produtos voltados ao público infantil. Uma variação da tríade é a composição em tríade com elemento dividido.
Essa técnica é uma mescla de cores complementares. Nela, em vez de selecionarmos a cor complementar à
principal, escolhemos as duas cores vizinhas a ela. Observe na figura a seguir

Figura 1.9 – Composições tríade e tríade com complemento dividido

Fonte: Tuulijumala / 123RF.

No círculo cromático à esquerda temos um exemplo de seleção de cores a partir da tríade, enquanto no círculo à
direita é representada uma seleção seguindo a tríade com complemento dividido. Embora em um primeiro
momento pareça que quase não há diferenças na seleção de cor, as composições de tríade com complemento
dividido têm resultados mais sofisticados. Observe na figura a seguir: à esquerda, temos uma composição cromática
em tríade e, à direita, tríade com complemento dividido.

Figura 1.10 – Composições tríade e tríade com complemento dividido


Fonte: Elaborada pela autora (2019).
Outra técnica que vamos encontrar para a seleção de cores é a composição
análoga, que consiste em escolher duas ou três cores localizadas de forma
próxima no círculo. Nesse caso, as cores escolhidas terão um subtom da
mesma cor, o que faz com que essa composição seja harmônica e sem
muitos estímulos visuais. Observe na figura a seguir.

Figura 1.11 – Composição análoga

Fonte: Tuulijumala / 123RF.

Perceba que, quando aplicado à imagem, esse tipo de composição é bastante harmônico; no entanto, apenas as
cores não são suficientes para informar o ponto de destaque. Observe na figura a seguir.

Figura 1.12 – Composição análoga

Fonte: Elaborada pela autora.

É importante lembrar que a cor não é o único atributo trabalhado na comunicação visual; ela estará sempre atuando
com a forma e a textura. Isso significa que, por exemplo, ao alterar a proporção das formas, automaticamente
modificamos a extensão da área apreendida pela cor. Tais alterações vão refletir diretamente na imagem final e no
tipo de estímulos por ela provocados.

Conclusão
Para que oprocesso de comunicação seja efetivo, o emissor e o receptor devem
estarcapacitados para codificar e decodificar as mensagens. Isso acontece com
alinguagem oral, com a linguagem escrita e também se aplica à comunicaçãovisual.
Assim como um texto só pode ser produzido por uma pessoa que domine aescrita e
apreendido por outra que saiba ler tais informações, nas composiçõesplásticas ocorre
o mesmo processo. Para além da qualidade visual, é necessário treinar como os
elementos compositivos estão relacionados, provocando os estímulos desejados no
observador. Ao analisar as propriedades da cor, comomanipulá-la e como harmonizar
mais de uma cor, ampliamos nosso vocabuláriodentro da sintaxe visual.


LIVRO

A psicologia das cores: como as cores afetam a emoção e


a razão
Eva Heller
Editora: Gustavo Gili
ISBN: 978-8565985079
Comentário: nesta unidade, caro(a) estudante, discutimos sobre as
propriedades das cores e sobre como elas influenciam na composição. Além
dos diversos modos de harmonizar as cores, precisamos compreender
também o que cada cor significa, e como cada uma atua sobre o
observador. Na leitura sugerida, a autora nos apresenta a relação entre as
cores e os nossos sentimentos, demonstrando que o efeito causado pelo uso
das cores não é acaso ou mera coincidência.

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