Um Esboço Das Cinco Perspectivas Cristãs em Psicologia

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Um esboço das cinco perspectivas cristãs em psicologia

Neemyas Dos Santos

Breve introdução

O presente esboço tem por objetivo apresentar, de maneira resumida, as cinco


principais perspectivas atuais da relação entre psicologia e fé cristã de maneira a
podermos pensá-las segundo critérios distintivos e adequados ao contexto brasileiro.
Ainda que reconhecendo a importância e o valor inestimável das contribuições de autores
estrangeiros, faz-se necessário reconhecermos a adaptabilidade dessas propostas
considerando os delineamentos, limites e fronteiras que foram estabelecidos naquilo que
se chama psicologia aqui no Brasil.

Como material de base, foram utilizadas as seguintes referências: o livro


“Foundations For Soul Care” de Eric L. Johnson (2007), “Psychology and Christianity:
Five Views”, editado e organizado pelo mesmo autor e, por fim, a resenha produzida por
Tim Keller (2003) sobre o livro “Psychology and Christianity: Four Views” (2000). As
perspectivas identificadas por estes autores são: 1- Níveis de Explicação/Explanação
(levels of explanation), 2- Integração (integration), 3- Psicologia Cristã (Christian
Psychology), 4- Psicologia Transformacional (Transformational Psychology), 5-
Aconselhamento Bíblico (Biblical counseling). Note que, em Psychology and
Christianity: Five Views fora incluída a perspectiva da Psicologia Transformacional, de
maneira que, tanto em “Foundations For Soul Care”, quanto na resenha de Keller, tal
abordagem não é contemplada.

Ainda que considerados os benefícios de termos, à nossa disposição, cinco


perspectivas distintas da relação psicologia-cristianismo e de, encontrarmos nelas
manifestações da multiforme graça de Deus, não podemos olvidar o dado de que a mera
existência delas prefigura distintas respostas para um mesmo problema: a crise do cuidado
cristão da alma (Johnson, 2007).

Se por um lado, não poderíamos presumir uma unicidade plena do cuidado cristão
da alma no período pré-moderno e da antiguidade, por outro, podemos facilmente
constatar que os modelos atuais são mais fragmentários que os de outrora. O que pode
nos dar essa percepção é, não apenas uma arqueologia das relações entre teologia e
psicologia, mas essencialmente o reconhecimento, ou não, do papel autoritativo das
Sagradas Escrituras no contexto do cuidado da alma.

É exatamente a partir desse último critério que podemos compreender as


abordagens da relação cristianismo-psicologia como um espectro. A apresentação desses
modelos não é, portanto, fortuita, ela segue o princípio do papel autoritativo das escrituras
ordenando-as das mais independentes da revelação até aquelas que tomam a Bíblia como
fundamento preponderante (e, alguns casos, exclusivo) da tarefa psicoterapêutica.

1. NÍVEIS DE EXPLICAÇÃO (levels of explanation view)


1.1. Representantes: David G. Myers, Malcom Jeeves
1.2. Premissa: Psicologia e teologia são disciplinas distintas, separadas e, totalmente
independentes uma da outra.
1.3. Argumentos: A realidade deve ser vista (explicada) a partir de diferentes níveis
organizados hierarquicamente do mais elementar ao mais integrativo. Estes
níveis correspondem às seguintes disciplinas: física, química, biologia,
psicologia, sociologia, filosofia e teologia. Cada uma dessas disciplinas deve ser
estudada por meio de metodologias próprias e o limite entre elas não pode ser
borrado. Por conseguinte, psicologia e teologia devem ter métodos de
investigação, objetos e perguntas diferentes.
1.4. Críticas: Considera valores, crenças e pressuposições como obstáculos ao
conhecimento científico; é elementarista, isto é, o conhecimento da realidade se
reduz a uma organização em partes, das mais elementares para as mais
complexas; tende, portanto, ao reducionismo e materialismo cientificista; não
discerne aspectos ontológicos e epistemológicos, tomando estes como aqueles;
compartilha do gap Kantiano segundo o qual o conhecimento separa-se entre
ciência (fenômeno) e metafísica (noumeno); mantém uma postura acrítica com
relação a pontos antitéticos ao cristianismo como, por exemplo, a questão
homossexual.
2. INTEGRAÇÃO (integration view)
2.1. Principais representantes: Stanton L. Jones, Bruce Narramore, Richard Butman
2.2. Premissa: Embora considerem-nas disciplinas distintas, os integracionistas
acreditam que é possível (e necessário) haver interdisciplinaridade entre teologia
e psicologia, por meio de uma combinação de seus diferentes aspectos.

2.3. Argumentos: Toda verdade, é verdade de Deus. A bíblia é a revelação direta de


Deus e a natureza e a ciência seriam formas de revelação em geral. A integração
busca fazer coincidir esses dois tipos de revelação: a Escritura e a Psicologia
Moderna. Há pelo menos dois tipos de integração: 1 – Conceitual e 2 – Ético.
O Modelo Conceitual consiste em um projeto intelectual, conceitual e
lógico de integração. Nele ainda se encontram duas subdivisões de
integração: A “interdisciplinar” (busca unir, combinar, comparar e
contrastar psicologia e teologia de maneira híbrida) e a “cosmovisionária”
(busca incorporar a psicologia não a partir da teologia, mas segundo uma
cosmovisão cristã).
Já o Modelo Ético compreende que a integração não deve ser meramente
conceitual, lógica ou intelectual, mas integral, inclusive levando-se em
consideração os valores, as crenças e, principalmente a relação com Deus,
isto é, a espiritualidade do terapeuta. Eventualmente essa segunda subdivisão
do integracionismo veio a se tornar, ela mesma, no que hoje conhecemos por
perspectiva “transformacional”, como se verá adiante.
2.4. Críticas: Integracionistas podem ser mais ingênuos quanto se trata dos conflitos
intelectuais ao passo em que podem tomar inadvertidamente o conhecimento
produzido pela ciência sob a égide de que toda verdade é verdade de Deus. É
preciso lembrar que, toda verdade é verdade de Deus, mas nem tudo que é
produzido por meio da graça comum coincide com a verdade revelada de Deus.
A principal crítica à integração é quanto a não observância de uma psicologia que
contém produções que, de fato, são antitéticas com relação ao evangelho de Jesus.
Outra crítica é de que, apesar de se chamar integração, a proposta é, na realidade,
dualista.
3. PSICOLOGIA CRISTÃ (christian psychology view)
3.1. Principais representantes: Robert C. Roberts, Eric L. Johnson, P. J. Watson, C.
Stephen Evans
3.2. Premissa: Apesar de compreenderem teologia e psicologia como disciplinas
distintas, os defensores desse modelo, chamam atenção para a existência de uma
dicotomia entre elas no contexto da modernidade. Por perceberem que essa
dicotomia ocorre apenas nas fronteiras da epistemologia moderna, mas não na
realidade, os autores dessa abordagem enxergam a necessidade de recuperar (da
tradição cristã) e construir (sobre a autoridade fundacional e ulterior da Sagrada
Escritura) uma psicologia distintivamente cristã e, isto, em função do cuidado da
alma.
3.3. Argumentos: Partindo do pressuposto de que não há “uma”, mas diversas
psicologias, os defensores dessa perspectiva argumentam que “a” psicologia não
é apenas uma ciência recente, mas um domínio do conhecimento que remonta à
antiguidade clássica e oriental.
Portanto far-se-ia necessário reconhecer a existência de uma vasta produção
intelectual acerca do conhecimento e do cuidado da alma que vai do coração da
Sagrada Escritura à milenar tradição cristã. Todo este saber teria sido deixado de
fora a partir da delimitação do conceito positivista de psicologia.
Para estes autores, toda forma de psicologia busca algum tipo de edificação da
humanidade, motivo pelo qual, inevitavelmente, será guiada por um princípio
antropológico, teleológico e, moldada por compromissos axiológicos, morais e
religiosos. Estes, porém, são parâmetros metafísicos, dos quais, nenhuma forma
terapêutica é totalmente independente.
Por essa razão, os proponentes de uma psicologia cristã postulam pelo menos
cinco pontos distintivos desse modo, são eles, os princípios:

a) Doxológico - o cuidado da alma é teo e cristocêntrico, buscando interpretar e


conduzir todas as coisas no intuito de que o ser humano possa se apropriar
(no sentido de se conformar) e manifestar a glória de Deus.
b) Semiodiscursivo - Seres humanos são seres de linguagem e o significado da
humanidade não parece apontar para si mesmo. De certa forma, pessoas são
signos, isto é, sua existência aponta para algo, (Alguém) além delas mesmas,
isto é, o Deus Criador de todas as coisas. A imago dei, em outros termos, é a
inegável menção semiótica que cada ser humano faz a Deus pelo simples fato
de existir. Portanto, o cuidado da alma que, é discursivo, por natureza, deve
empregar uma hermenêutica por meio da qual o ser humano compreenda a si
mesmo segundo a Palavra de Deus.
c) Dialógico/Trialógico – Mas compreender a si mesmo por meio da Escritura
nunca foi algo planejado por Deus para ser feito independente. Dentre outras
coisas, a comunhão é um dos principais objetivos da comunicação. E não
apenas um objetivo, mas uma condição. Desde o princípio, Deus disse ser
bom que o homem esteja só, portanto, o ser humano não é um ser que foi feito
para se relacionar e se compreender por meio desses relacionamentos.
Portanto, o cuidado da alma pressupõe a necessidade do diálogo entre
terapeuta e paciente, sem ignorar a participação do Deus que se comunica
(triálogo).
d) Canônico – Por reconhecer o papel autoritativo da Sagrada Escritura, o
cuidado da alma deve ser também bíblico. Isso significa que o texto bíblico
deve ter primazia não apenas entre os textos da psicologia e de outras
ciências, mas também na forma pelo qual o terapeuta compreende a si mesmo,
seu paciente e o mundo como todo. O principal texto da psicologia cristã é,
portanto, oriundo da revelação.
e) Psicológico – O psicólogo que estuda a Bíblia não deve fazê-lo como uma
tarefa em si mesma, mas buscando, por meio dela e à luz dela, tanto
compreender a natureza humana quanto obter princípios para o cuidado da
alma. Portanto, uma proposta de psicologia cristã deve ser rigorosamente:
empírica, experimental, filosófica e bíblica, assumindo como próprios tópicos
tais como a relação mente-cérebro, genética, crenças, memória,
racionalidade, memória, percepção relações humanas, motivação, virtudes,
processos de desenvolvimento, volição e agência humana, personalidade,
pecado, redenção etc.
3.4. Críticas: Não haveria a necessidade1 de uma psicologia cristã, mas de cristãos
na psicologia. Além disso, alguns têm reservas quanto a ela por parecer mais

1
Essa crítica em especial foi feita por David Myers, principal representante da “Níveis de Explicação”. A
menção que ele faz é em referência a C.S. Lewis: ‘We do not need more christians books; we need nore
books by christians about everything with christian values built in”. A citação na realidade é, ligeiramente
diferente e não apenas em termos de tradução, mas de literalidade. Ela encontra-se num artigo de Lewis
chamado “Apologética Cristã”, presente em seu livro: “Deus no banco dos réus”. Originalmente ela foi
histórica, valorizando a tradição cristã e filosófica do que, de fato, oferecendo
formas atuais de compreender e cuidar do ser humano. Há também a crítica
quanto ao termo “psicologia cristã” o qual não garante ter o mesmo significado
para seus diversos praticantes. Isso quer dizer que a ideia da psicologia cristã não
seria necessariamente única e uniforme. Na crítica ao modernismo, psicólogos
cristãos podem apelar para o pós-modernismo ao invés de pensar uma nova
concepção de ciência nos moldes da fé cristã.

4. PSICOLOGIA TRANSFORMACIONAL (transformational psychology view)


4.1. Principais representantes: John H. Coe, Todd W. Hall, Larry Crabb, Siang-
Yang Tan
4.2. Premissa: Antes de pensar na relação entre teologia e psicologia, os proponentes
deste modelo acreditam que a transformação do psicólogo é o elemento
determinante e fundacional para o processo e o produto de fazer psicologia. Essa
transformação culminaria, não apenas em mudanças na relação entre psicologia
e fé cristã, mas em um processo de redefinição da própria concepção de ciência.
4.3. Argumentos: Tendo emergido do modelo ético de integração, a psicologia
transformacional argumenta que o processo de fazer e produzir psicologia deve
começar a partir da espiritualidade do psicólogo transformado. Os cinco
principais fundamentos dessa perspectiva são:
a) Quem faz psicologia, faz a partir de uma tradição. Isto é, todo psicólogo
pertence a um determinado contexto histórico e a uma determinada tradição
que, por sua vez, condicionará sua forma de fazer psicologia.
b) É necessário manter uma visão central do fazer psicologia no Espírito. É
importante que o psicólogo esteja vinculado a uma tradição, mas é mais
importante que ele ou ela tenha e mantenha o exercício de suspender seus
pressupostos a fim de compreender cada situação a partir da visão da fé e do
Espírito.
c) Deve-se fazer psicologia alicerçada na realidade, inclusive a realidade
conhecida por meio da fé. Não é a metodologia ou a epistemologia que
determinam a ontologia, mas o inverso. É a realidade das coisas, inclusive
aquelas conhecidas por meio da fé (como o pecado original, ser habitação do

escrita da seguinte maneira: “O que queremos não é mais pequenos livros sobre cristianismo, mas
pequenos livros escritos por cristãos sobre outros assuntos – com o cristianismo latente”.
espírito santo, possessão demoníaca), que determinam nossa forma de
investigar, conhecer e fazer psicologia. O primado, portanto, é o da
experiência da realidade e não o da tradição.
d) Fazer psicologia com uma visão única e unificada da realidade. Para os
defensores da psicologia transformativa, existe uma dicotomia entre
psicologia e teologia. A solução seria unificar esses dois campos em um só.
e) Fazer psicologia como uma ciência tanto descritiva quanto prescritiva.
Por recusar a ideia de que a psicologia é uma ciência meramente descritiva,
mas também prescritiva, os autores desta perspectiva acreditam que tanto
uma coisa quanto a outra devem tomar a Bíblia como protótipo.

4.4. Críticas: A visão da realidade não é uniforme e não poderia ser determinada por
um grupo de pessoas apenas. Como partir da realidade para fundamentar
metodologicamente uma psicologia transformada? Mesmo entre cristãos essa
visão não é plenamente coesa. Portanto, quem teria o privilégio de determinar o
que é a realidade? Outra crítica importante é proveniente dos integracionistas que
veem pouca ou nenhuma diferença entre eles e os defensores da psicologia
transformacional, exceto pela exigência de uma nova concepção de ciência
moderna. Por enfatizar o processo de transformação individual, essa perspectiva
também é acusada de individualista.

5. ACONSELHAMENTO BÍBLICO (Biblical counseling view)


5.1. Principais representantes: Jay Adams, David Powlison, Edward Welch, Jhon
MacArthur
5.2. Premissa: Pouco ou nenhuma relação entre teologia e psicologia são necessários
uma vez que a Sagrada Escritura é suficiente para fins de aconselhamento ou
psicoterapia.
5.3. Argumentos: Em geral, existem três vertentes do aconselhamento bíblico. 1-
Aconselhamento Bíblico Tradicional (ABT) - que se erigiu desde a década de
70 na pessoa de Jay Adams e que foi nomeado de aconselhamento noutético
(nouthetéo) devido à sua ênfase na confrontação do pecado (comportamental, isto
é, na prática pecaminosa) e na admoestação por meio da Palavra. 2 –
Aconselhamento Bíblico Progressivo (ABP) – embora tenha surgido a partir do
ABT, o Aconselhamento Bíblico Progressivo tem diferenças significativas com
o formato do modelo anterior. Uma das suas distinções mais marcantes está em
compreender que mudanças comportamentais podem ser muito superficiais e
que, na verdade, é necessário tratar das questões do coração (como uma fábrica
de ídolos). 3 – Psychoheresy Network – para o qual, a psicologia é, não apenas
dispensável para o cuidado da alma como também é, essencial e intrinsecamente
antitética com relação ao cristianismo.
Críticas: Conselheiros bíblicos podem confundir a afirmação de que a bíblia é a
verdade em tudo o que ela ensina, com a afirmação de que a bíblia ensina a
verdade sobre todas as coisas e em cada coisa. Em geral, o aconselhamento
bíblico tende a manter uma visão da ciência moderna como algo à parte dos
valores cristãos, ou até mesmo, como algo intrinsecamente oposto à fé. Por fim,
ainda que buscando primar pelo lugar suficiente das escrituras, o aconselhamento
tende tomar o pecado como centro, deixando a bíblia em segundo lugar e a pessoa
em terceiro. Algumas posturas mais radicais chegam a negar a existência de
transtornos psicológicos, vinculando tudo ao primado exclusivo do pecado.

Quadro-Resumo
6. Pontos distintivos
Na apresentação do “Psychology and Christianity: Five Views”, Johnson observa que
essas perspectivas diferem entre si a partir de cinco aspectos fundamentais, são eles: 1-
Fontes de Conhecimento (Sources), 2- Criticidade quanto à psicologia moderna (more
critical, or more trusting), 3- Objetivo dos cristãos na psicologia (Goals), 4- Aliança e
fidelidade a uma determinada comunidade (Allegiance), 5- Tarefa principal (Task), se a
produção de conhecimento ou se a renovação da alma. Conforme tabela a baixo:

Níveis de Aconselhamento Integração Psicologia Psicologia


explicação Bíblico Transformaciona Cristã
l
Literatura Bíblia Bíblia+ 1-Bíblia 1-Bíblia
Científica Literatura 2-Tradição 2-Tradição
Científica 3-Concepção de Cristã
Fontes ciência 3-Literatura
reformulada pela Científica
fé e pelo Espírito.

Criticidade Baixa Alta Moderada Moderada Alta


Produzir Produzir Viabilizar o Construir uma Construir uma
conhecimento arrependimento diálogo entre psicologia a partir forma
e contribuir de coração e a psicologia e da transformação distintamente
Objetivo com a mudança de a teologia do coração do cristã de
comunidade atitude por meio psicólogo psicologia
científica da admoestação
da Palavra.
Comunidade Igreja Comunidade Igreja 1- Igreja
Aliança Científica Científica e 2- Comunidade
Igreja Científica
Tarefa Aquisição de Salvação Aquisição de Cuidado da Alma Cuidado da
conhecimento Conhecimento Alma
Considerações Finais
Em “Foundations for Soul Care”, Jonhson (2007) afirma que a psicologia cristã
deve ser vista como um movimento e como projeto, isto é, não como algo pronto e
acabado, mas como algo em construção e, na realidade, mesmo no contexto norte
americano, ainda é algo muito incipiente.

No Brasil, sequer podemos conceber a existência de programas de pós-graduação


que integrem fé cristã e psicologia e, ao mesmo tempo, serem reconhecidos e certificados
pelos órgãos competentes como ocorre nos EUA (Wheaton College, George Fox College,
Seattle Pacific University, Azusa Pacific University, Regent University, Fuller
Theological Seminary, Rosemead (Biola University).

No contexto norte-americano, o modelo da integração já ocorre de uma maneira


estabelecida nas universidades mencionadas acima. Vale, no entanto, ressaltar que,
recentemente, Eric L. Johnson criou o primeiro programa de pós-graduação em psicologia
cristã pela Houston Christian University, o que consiste em um grande marco. Além
disso, convém observar que nos EUA2 e na Europa3, já existem organizações e
associações com representatividade de uma psicologia na perspectiva cristã.

Levando isto em consideração, não podemos negligenciar a visão dos nossos


próprios problemas, inerentes à realidade cultural ao qual pertencemos. Também não
podemos ignorar as condições sócio-históricas nas quais nos encontramos em nosso país
se quisermos ter um diálogo mais pluralista em psicologia. É necessário compreender a
relação psicologia-cristianismo à luz do Reino de Deus e, a partir do nosso cenário
nacional, isto é, a partir dos nossos próprios problemas.

Referências
Keller, T. (2003). Summary and commentary on E. Johnson, S. Jones, eds.
Psychology and Christianity: Four Views. Redeemer Counseling Services Manual.
Johnson, E. L. (2007). Foundations for soul care: A Christian psychology
proposal. InterVarsity Press.
Johson, E. L. (2010). Psychology & Christianity: Five views. Downers Grove, IL:
InterVarsity Press.

2
Por exemplo, o Christian Psychology Institute, bem como, Christian Association for Psychological
Studies e, ainda, a Society for Christian Psychology – como divisão da AACC - The American Association
of Christian Counselors.
3
Sobretudo entre os pesquisadores da EMCAPP (The European Movement for Christian Anthropology,
Psychology and Psychotherapy).

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