Texto Ana Fernandes - Reforma Urbana
Texto Ana Fernandes - Reforma Urbana
Texto Ana Fernandes - Reforma Urbana
BRASIL: inquietações e
explorações acerca de sua
construção enquanto campo
e enquanto política
Ana Fernandes
REFORMA URBANA NO BRASIL: Inquietações e explorações acerca de sua construção enquanto campo e enquanto política • 39
Introdução
Isso significa dizer que o caminho a ser aqui percorrido combina recitativo da
conjuntura e relato dramático, motivo pelo qual três serão os itens em que se es-
trutura o presente texto: a elaboração e difusão da ideia de reformas como política
e seus embates com a ideia de revolução; a conjuntura buliçosa dos anos 1950 e
1960 no Brasil; e a aliança formada entre diversos campos políticos, profissionais
e de conhecimento, insinuando o que poderíamos chamar de construção de um
campo da reforma urbana no contexto brasileiro.
Mas a possibilidade de uma transição mais pacífica para o socialismo era tam-
bém explorada, com a construção política de alternativas, sobretudo pelos so-
cialdemocratas. Uma série de artigos sobre problemas do socialismo, publicados
entre 1896 e 1898 por Eduard Bernstein, bem como seu livro Os pré-requisitos para
o socialismo e as tarefas da social democracia, de 1899, ao buscarem formular teorica-
mente essa alternativa, reacendem o debate em torno da questão. Tendo anterior-
mente estado muito próximo do marxismo, tratava-se agora para ele de explorar
e implementar as instituições democráticas – emergindo em vários países, em-
bora timidamente – que limitavam os privilégios burgueses, graças à vitalidade
dos movimentos trabalhistas. (BERNSTEIN, 1899/1993). Além disso, concordava
com a teoria da expropriação progressiva de Conrad Schmidt, segundo a qual
as transformações legais restringiriam cada vez mais os direitos dos capitalistas,
tornando-os meros administradores (LUXEMBURGO, 1900/1986). Opondo-se
portanto à ideia de se estar no limiar de um colapso iminente da sociedade bur-
guesa, Bernstein defendia que o processo de tomada do poder pelos trabalha-
dores poderia então ser pensado por meio de reformas sucessivas e ampliadas,
ancoradas nos sindicatos e na democratização política do Estado, evitando-se
as catástrofes políticas6 – ou as revoluções – consideradas no Manifesto de 1848
(BERNSTEIN, 1899/1993).
Ironicamente, considera que “a melhor das leis de proteção operária tem mais ou
menos tanto socialismo como as disposições municipais de limpeza das ruas e o
acendimento dos bicos de gás – que também revelam o ‘controle social’” (LUXEM-
BURGO, 1900/1986). Ou ainda, compara Bernstein a Fourier – este, para ela, teria
a intenção de transformar, pelos falanstérios, a água do mundo em limonada: “a
ideia de Bernstein de transformar, despejando progressivamente no mundo garra-
fas da limonada reformista, o mar da amargura capitalista em água doce socialista,
é talvez menos original mas não menos fantástica” (LUXEMBURGO, 1900/1986).
Dessa forma, permanece e deve permanecer a luta pela tomada do poder, uma
vez que “as reformas sociais são e continuarão a ser, em regime capitalista,
nozes ocas”, produzindo desilusão (LUXEMBURGO, 1900/1986). Embora se
entenda que esse revisionismo se diferencia dos economistas burgueses uma vez
REFORMA URBANA NO BRASIL: Inquietações e explorações acerca de sua construção enquanto campo e enquanto política • 43
Para a autora, é equivocado compreender que o quadro legal das reformas tenha
força motriz própria, sem relação com a revolução: elas se interalimentam.
No mesmo sentido, Lenin, em texto publicado em 1913, reconhece que a luta por
reformas é parte da ação dos marxistas8, buscando melhorias para os trabalha-
dores no quadro da sociedade burguesa. Mas, por entender que o reformismo
significa optar por uma política social burguesa, “ao mesmo tempo, os marxistas
travam a luta mais enérgica contra os reformistas, que direta ou indiretamente
limitam as aspirações e a atividade da classe operária às reformas” (LENIN,
1913/1986).
8
Diferentemente dos anarquistas, como ele faz questão de sublinhar. (LENIN, 1986 [1913]) A Segun-
da Internacional tendeu a excluí-los, levantando um debate sobre socialismo libertário e socialismo
autoritário. (SECOND INTERNATIONAL, 2018)
9
O Museu Social, criado em 1894, em Paris, derivou da seção de economia social da Exposição Uni-
versal de 1889 e estava dividido em sete seções: saúde pública urbana e rural; agricultura; associações
(sindicatos e cooperativas); mutualismo; instituições paternais; lei; pesquisas e inquéritos, nacionais
e estrangeiros (ELWITT, 1980). Herdeiro intelectual de Le Play, árduo defensor da paz social, Emile
Cheysson, que foi um dos protagonistas do Museu, considerava que se “deveria estar de acordo com
o espírito democrático que domina nosso país, exibindo o que chamamos de ‘maquinaria social’ da
oficina, ou seja, medidas tomadas para melhorar as condições dos trabalhadores e para assegurar sua
cooperação com o patrão” (CHEYSSON, 1889 apud ELWITT, 1980, p. 5, tradução livre).
44 • Urbanismo e politica no Brasil dos anos 60
Portanto, para além dos debates entre reforma (de diferentes perfis) e revolução e
das estratégias para transformação social em direção ao socialismo ou ao capita-
lismo esclarecido, mas compondo a mesma conjuntura de redefinição de lógicas
sociais e políticas e de relações de forças e de direitos, as reformas entranharam
diversas iniciativas de governos distintos, em vários níveis, intensificadas na
virada para o século XX.
Assim, a cidade como objeto de reforma integra a pauta de ação política, legislativa
e administrativa, tendo por base uma ação forte do Estado, em vários níveis, mais
ou menos progressista. Importa ressaltar três elementos de base para essa ação.
Primeiro, várias das pautas que incidem diretamente sobre a questão urbana,
como a reforma social e a reforma fundiária, entre outras, estão sendo interna-
cionalmente discutidas – congregando majoritariamente os países europeus, é
bem verdade –, criando inspirações, sintonias ou disputas nos vários congressos
da Segunda Internacional que se sucedem na virada do século XIX para o XX12.
Trata-se de um lugar de internacionalização de ideias.
Emerge, portanto, em segundo lugar, a ênfase dada à questão dos limites a serem
impostos à ação da iniciativa privada, visando garantir, de forma ambígua, como
programa liberal e como programa socialista, a plenitude de funcionamento das
novas racionalidades exigidas pela economia e pela política. Função da submissão
11
Analisando as ideias socialistas em circulação na cidade do Rio de Janeiro de meados do XIX, entre
os anos 1820 e 1870, nas quais menciona aquelas dos reformadores sociais, FRIDMAN (2017) aponta
algumas de suas problematizações. “Levando em conta as demandas da população, os homens de
“boa vontade” - os socialistas, incluindo os reformadores sociais e os humanistas cristãos - recomen-
davam a “higiene para o povo”, o progresso, a racionalidade aliada à estética e à “utilidade”, a aboli-
ção da escravatura, a emancipação dos pobres, a monarquia constitucional (ou mesmo a república), a
colonização, a homeopatia, os direitos das mulheres, a demarcação das terras indígenas, o descanso
aos domingos e a transformação social.” (FRIDMAN, 2017, 15)
12
Paris (1889), Bruxelas (1891), Zurich (1893), Londres (1896), Paris (1900), Amsterdã (1904), Sttutgard
(1907), Copenhague (1910), Basileia (1912). Carone (1991), apesar de fazer referência a todos eles, se
debruça especificamente sobre os dois primeiros.
46 • Urbanismo e politica no Brasil dos anos 60
Confluindo várias dessas proposições e não por acaso, a primeira edição do clás-
sico livro de Howard, publicada em 1898, traz como título To-morrow: a peace-
ful path to urban reform (ou Amanhã: um caminho pacífico para a reforma urba-
na), explicitando a água doce socialista à qual se referia Rosa Luxemburgo. No
contexto inglês de ebulição de ideias reformistas e defendendo os princípios do
socialismo municipal, Howard, vinculado à Sociedade Fabiana15 reafirma, com
13
É interessante ver, por exemplo, em termos de tributação limitada, a iniciativa de Lloyd George, do
Partido Liberal Inglês e membro da Câmara dos Comuns – que viria posteriormente a ser primeiro-
-ministro –, propondo, em 1909, uma lei intitulada Orçamento do Povo. Aprovada em 1910, ela é por
ele justificada como um orçamento de guerra, em luta implacável contra a pobreza, a miséria e a de-
gradação humana. (GEORGE, 1909 apud PEOPLE’S BUDGET, 2018) Ele estava baseado no aumento
de tributação em vários setores, dentre os quais se destacavam alíquotas crescentes sobre o imposto
de renda e, sobretudo, um imposto de 20% sobre a valorização da terra quando de sua venda ou
transmissão. Já o estadunidense Henry George acreditava que a terra deveria ser socializada, sendo o
seu valor dividido igualmente na sociedade. A taxação fundiária seria um dos limites a serem coloca-
dos a esse tipo de propriedade. Para ele, “desta forma, o Estado pode tornar-se o senhorio universal
sem se considerar como tal e sem assumir nenhuma função nova. Na forma, a propriedade da terra
permaneceria como agora. Nenhum proprietário de terra precisa ser desapropriado, e nenhuma res-
trição precisa ser feita sobre a quantidade de terra que qualquer um poderia ter. Pois, sendo a renda
tomada pelo Estado em impostos, a terra, não importa em que nome se encontrava, ou em que parce-
las ela era ocupada, seria propriedade comum e todos os membros da comunidade participariam das
vantagens de sua propriedade.” (GEORGE, 1935)
14
Essa concepção é amplamente discutida nos quadros da Primeira Internacional ou Associação
Internacional de Trabalhadores, em seus congressos de 1868 e 1869, proposta, entre outros, pelo
filósofo, médico e militante belga Cesar de Paepe (1841-1890). Droin (2015) acredita que ele “seja o
primeiro a ter verdadeiramente teorizado o socialismo municipal, sem, no entanto, ter utilizado a
expressão” (DROIN, 2015, p. 169-170).
15
Sobre a relação entre o Movimento da Cidade Jardim, seus princípios, suas relações com a Socie-
dade Fabiana e o contexto social e político no qual se desenvolveu, ver o estimulante e referencial
trabalho de Gunn (2009).
REFORMA URBANA NO BRASIL: Inquietações e explorações acerca de sua construção enquanto campo e enquanto política • 47
Na medida em que grande parte das questões e problemas gerados pela cidade
capitalista permanece como pauta não resolvida – inclusive aprofundando-os
–, esse conjunto de ideias, reflexões, reivindicações, experiências, estruturas,
estratégias, agentes19, embates, polarizados pelos princípios do reformismo e
16
Após ser forçado a sair da Suíça, Bernstein vai para Londres, onde “sua relação com Engels rapi-
damente evolui para amizade. Ele também manteve contato com diversas organizações socialistas
inglesas, em particular a Sociedade Fabiana e a Federação Social Democrata de Henry Hyndman”
(EDUARD BERNSTEIN, 2016).
17
Henry George visitou a Inglaterra entre 1881 e 1882 e “suas atividades despertaram grande interes-
se público sobre a reforma fundiária” (GUNN, 2009).
18
Uma exposição dedicada à Cidade do Bem-Estar foi realizada em Stuttgart, em 1927 (COHEN,
2013).
19
A notar ainda que esse contexto propicia o surgimento de novas profissões, dentre as quais a de
urbanista. O próprio urbanismo – ou planejamento de cidades –, seu ensino profissional e medidas
reguladoras específicas sobre o campo emergem concomitantemente enquanto nomeação de uma
prática que se expande na virada da primeira década do século XX. Compõe esse processo a constitui-
48 • Urbanismo e politica no Brasil dos anos 60
A experiência cubana da reforma urbana pode ser considerada como a mais re-
veladora e a mais próxima da realidade latino-americana e brasileira. Primei-
ro, porque ela integra o que Fidel Castro chama de passagem do período de re-
formas para o período propriamente revolucionário, reafirmando princípios e
estratégias delineados desde a virada do século XX. Segundo porque, ao nomear
essa reforma como urbana, inaugura-se uma nova modalidade de designação do
processo reformista. Por fim, ela se torna lugar de referência para os processos
em curso em diversas cidades latino-americanas. Essa tripla transição pode ser
encontrada num processo que se desenvolve ao longo de ao menos uma década.
Partindo do princípio, em seu artigo 1º, de que “toda família tem direito a uma
moradia digna” e outorgando à lei, em seu dispositivo final, “força e hierarquia
constitucional”, a Ley de Reforma Urbana (CUBA, 1960) propõe, em seus 45 arti-
gos, várias medidas para buscar equacionar o problema, enfrentando a especulação
e exploração imobiliária e fundiária, transformando locatários em proprietários21,
bem como estabelecendo caminhos para a produção de habitações. Figuram, entre
eles, expropriação dos imóveis utilizados para locação e renda (com e sem indeni-
zação, a depender da situação22); proibição de locação e arrendamento23; temporali-
dades para a conquista do direito à moradia (etapas atual, futura imediata e futura
mediata, nas quais o Estado age, respectivamente, para gerir o estoque existente
e para produzir massivamente unidades, seja com os recursos gerados pela pró-
pria Lei, seja com recursos próprios, segundo o artigo 1º); proibição de venda, ces-
são, permuta da unidade domiciliar obtida sem autorização expressa do conselho
(artigo 29); emissão de bônus da reforma urbana para garantir hipotecas (artigo
35 e 36); indenização escalonada aos afetados por mínimo de ingressos através de
renda mensal vitalícia (artigo 37); utilização de imóveis desocupados (artigo 23);
solução definitiva aos chamados bairros de indigentes, a ser dada pelo Estado,
no mais breve espaço de tempo (artigo 27). Para a gestão de todo o processo são
instituídos Conselhos de Reforma Urbana, de caráter estatal, com funcionários
designados pelo presidente da república, sendo um nacional de caráter perma-
nente (Conselho Superior) e sete provinciais de caráter temporário, um para cada
uma das províncias, à exceção de Havana, que contará com dois (artigo 7).
cando los impuestos sobre las casas alquiladas, demoliendo las infernales cuarterías para levantar en
su lugar edificios modernos de muchas plantas y financiando la construcción de viviendas en toda la
isla en escala nunca vista bajo el criterio de que si lo ideal en el campo es que cada familia posea su
propia parcela, lo ideal en la ciudad es que cada familia viva en su propia casa o apartamento. Hay
piedra suficiente y brazos de sobra para hacerle a cada familia cubana una vivienda decorosa. Pero
si seguimos esperando por los milagros del becerro de oro, pasaran mil años y el problema estará
igual.” (CASTRO, 1953 apud TREFFTZ, 2011).
21
Sobre esse encaminhamento, se pergunta Trefftz (2011): “Em que medida esta categórica reco-
mendação da pequena propriedade, que se encontrava em total harmonia com a tradição do herói
nacional cubano José Martí, era um desvio consciente dos dogmas marxistas?” Fidel se manifestou
posteriormente a respeito, reforçando a concepção reformista do processo: “não é uma obra por si
marxista. É a expressão de um pensamento em desenvolvimento, de uma série de ideias que forma-
ram parte do que fazer revolucionário”. (CASTRO apud TREFFTZ, 2011).
22
A Lei estabelece uma forma de cálculo para as indenizações, considerando a idade dos imóveis e
a o preço do aluguel (arts. 15-17). Para as “cuarterías, ciudadelas, casas de vecindad y solares” não
haverá indenização aos proprietários, salvo casos particulares (arts. 25 e 26).
23
Exceções são estabelecidas para situações de casas de veraneio e balneários (art. 4).
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Por outro lado, ao nomear a reforma como urbana, inaugura-se uma nova moda-
lidade de designação do processo reformista, onde a cidade tem papel protago-
nista, sem abandonar, no entanto, seus vínculos com o campo. Assim, a reforma
urbana passa a congregar diversas das problemáticas anteriores – nomeadas, por
exemplo, como reforma social, reforma fundiária, reforma da habitação, mesmo
que fortemente tensionada por esta última –, além de reafirmar e renovar mui-
24
Importa observar que esta Declaração, aprovada em praça pública, com milhares de pessoas pre-
sentes, foi feita como resposta à Declaración de San José de Costa Rica, aprovada durante a VII Con-
ferência de Chanceleres da OEA, realizada entre 22 e 29 de agosto de 1960 e que, alinhada com a
política estadunidense, atentava contra a soberania de Cuba, entendendo-a como um perigo para os
outros países latino-americanos. (SUÁREZ PÉREZ, 2010) Por outro lado, os direitos por ela explici-
tamente defendidos diziam respeito à autodeterminação, soberania e dignidade de sujeitos sociais
diversos (camponeses, operários, crianças, jovens, estudantes, anciãos, negros, índios, mulheres, inte-
lectuais, artistas, cientistas) e a diversas formas de sua organização (estados, países, nações e povos).
(ECURED, 2010) A questão urbana não aparece ali especificada, talvez seu caráter geral.
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tas de suas pautas. Também Jamir Almansur Haddad (apud FRIDMAN, 2014) a
entende como uma inovação própria da revolução cubana25.
Por fim, a expansão de seu uso para outras cidades latino-americanas se fará com
intensidades e temporalidades distintas, sendo que o Brasil parece estar entre os
primeiros, se não o primeiro, a adotar o nome na sequência de Cuba26.
No Brasil, a chegada aos anos 1960 se faz acompanhar, de um lado, pela ebulição de
uma sociedade recém-redemocratizada – a ditadura de Getúlio chegara ao fim em
1945 – e, de outro, por um processo de crescimento que carregava transformações
estruturais27 nas relações políticas, sociais, econômicas, culturais, demográficas.
A conjuntura, por sua vez, entre tantos outros elementos, era marcada pelos con-
flitos da questão agrária, velha de ao menos um século, e pelo agravamento da
questão urbana, num país que se urbanizava a taxas surpreendentes28. A questão
das reformas estava colocada.
25
Mesmo que sendo necessária uma pesquisa mais atenta, isso indicaria que o uso do termo reforma
urbana para descrever processos que antecedem a revolução cubana poderia ser entendido como
anacronismo.
26
Também aqui pesquisas mais aprofundadas se fazem necessárias. Hardoy e Moreno (1972) se re-
ferem a processos de reforma urbana em curso na Bolívia e na Colômbia, mas eles problematizam
muito mais o conteúdo de algumas legislações (o que é mais que pertinente) que propriamente a
denominação do processo, o que aqui nos interessa especificamente. Assim, na Bolívia (não encontra-
mos ainda algo similar para a Colômbia, a não ser bem depois), o Decreto n. 3819 de1954, inclusive
por sua anterioridade, não menciona o termo reforma urbana, embora explicite, em seu escopo, uma
das principais bandeiras do movimento reformista, qual seja, a expropriação de terras urbanas nas
capitais de departamento com tamanho superior a 10.000 m2, visando o combate à especulação com
lotes vazios e à apropriação da mais-valia urbana daí decorrente (BOLIVIA, 1954).
27
Segundo o IPEA (2010, p. 9-10), “o Plano de Metas, implementado durante o governo de Jusce-
lino Kubitschek (1956-1961), procurou realizar de um golpe a instalação de um conjunto amplo e
diversificado de setores industriais, modificando radicalmente a estrutura produtiva do país. Isso foi
realizado por meio da expansão dos investimentos das empresas estatais (energia elétrica, petróleo,
rodovias, portos etc.), das companhias de capital privado nacional (autopeças, têxteis, alimentícias
etc.) e das corporações multinacionais (setor automobilístico, farmacêutico, metal-mecânico)”.
28
Segundo Brito; Horta; Amaral (2001), cerca de 4% ao ano era a taxa de crescimento da população
urbana brasileira na década de 1940 e por volta de 5% ao ano na década de 1950.
52 • Urbanismo e politica no Brasil dos anos 60
de soluções a curto prazo, visto que países como os Estados Unidos e a União
Soviética ainda vivem sérios problemas nesse campo, trata-se então de planejar e
coordenar atividades para uso de recursos, elaboração de programas integrados,
disciplinamento e incremento da ação da iniciativa privada, racionalização da
produção industrial, além da elaboração de estudos e pesquisas. Nesse sentido,
o Conselho Federal de Habitação, criado em 1962, ainda no período parlamen-
tarista, deverá desempenhar um papel fundamental, tendo em vista que grande
parte das medidas indicadas já constam de suas atribuições31. Busca-se também
construir normas básicas para a elaboração de planos regionais e urbanos que
pudessem “corrigir muitas das distorções no crescimento das comunidades”
(GOULART, 1963, p. 136). Aliás, o lugar do plano é central naquela conjuntu-
ra, devendo constituir-se em sistema nacional, permanentemente atualizado,
revisto e ampliado e em estreita articulação com a dimensão política: “o plane-
jamento constitui-se, ele próprio, em uma reforma de base, não obstante ser ele
instrumental. Os objetivos políticos e sociais da Nação é que ditam o conteúdo do
planejamento” (GOULART, 1963, p. 16).
Embora grande parte das indicações e medidas carregassem ainda caráter bas-
tante genérico, estava dada a senha para se ampliar a mobilização em torno da
reforma urbana no país. O trabalho, as reflexões e as experiências acumuladas por
mais de duas décadas nas cidades brasileiras pareciam, enfim, poder ser enfeixa-
das em uma perspectiva mais democrática e transformadora de política urbana.
ção burguesa incompleta (FERNANDES, 1981). Com essa base e com o privilégio
da técnica como instrumento de racionalização, estava colocada na ordem do dia
a construção de uma nação moderna, ancorada em novas formas de organização
social e econômica, novas formas políticas e nova ordem jurídica33.
Entre as incontáveis empirias que vão dando realidade a esse processo, pode-
mos destacar institucionalidades, ações e quadro legal que serão basilares para
a construção de uma política nacional para as cidades, ainda que de forma frag-
mentada. São assim construídas formas de atuação no período que contemplam
um programa variado e complexo que vai desde a esfera da habitação – uma das
mais agudas e prementes no período –, à criação de novas cidades, ao desenvol-
vimento de planos diretores e à estruturação de um sistema técnico de adminis-
tração, entre outros.
36
Os temas trabalhados durante o congresso foram: história e divulgação; legislação, administração e
organização; aplicação e execução; urbanismo e habitação; saneamento e higiene; tráfego e comunica-
ções; exposição de urbanismo; turismo e coordenação (CENTRO CARIOCA, 1948).
37
Uma boa análise política e de construção institucional do período pode ser encontrada em Fridman
(2014).
56 • Urbanismo e politica no Brasil dos anos 60
38
Existe ainda uma outra iniciativa implementada no Rio, a chamada “reforma urbana” de Carlos
Lacerda, trabalhada por Vera Rezende neste livro.
39
Em junho de 1962, o IAB-SP havia organizado a Primeira Jornada Nacional de Habitação
(FRIDMAN, 2014)
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de relações por eles entretidas. Apesar de inicial, essa é uma abordagem que
possibilitaria descortinar um horizonte de construção mais abrangente para essa
conjuntura crítica43 que então se delineou no Brasil.
Das 194 pessoas listadas como participantes do seminário, a maioria absoluta era
composta por arquitetos, categoria seguida de longe pelos engenheiros ali pre-
sentes e mais dezesseis categorias profissionais46. Apenas 0,5% dos participantes
eram mulheres. A maioria absoluta dos presentes provinha de São Paulo, seguida
da Guanabara, sendo que mais doze estados se tinham feito representar47.
Ora, a questão das reformas era uma das principais questões discutidas no âmbito
do Partido Comunista: ao menos desde 1954, ele já trazia em seu programa no
Brasil a necessidade de reformas: do sistema tributário, do sistema monetário e,
com grande centralidade, da estrutura agrária. Num processo que vinha alteran-
do substantivamente sua orientação a partir do vigésimo Congresso do Partido
Comunista da União Soviética, em 1956, o seu quinto Congresso, realizado em
setembro de 1960, passa a definir o caráter anti-imperialista e antifeudal da revo-
lução brasileira naquele momento, o que colocava as tarefas a serem desenvolvidas
dentro dos limites democrático-burgueses49. Ou seja:
49
É essa posição – que leva o Partido a alterar seu nome para Partido Comunista Brasileiro –, entre
outras mudanças, que levará uma ala dissidente do partido ao rompimento, em 1961, ala que organi-
za o Partido Comunista do Brasil no ano seguinte.
REFORMA URBANA NO BRASIL: Inquietações e explorações acerca de sua construção enquanto campo e enquanto política • 61
Já Íris Soares de Azevedo era uma das poucas mulheres presentes ao evento.
Tinha cursado a Faculdade de Filosofia da USP, com especialização em Sociolo-
gia, profissão pela qual ela é identificada na lista de participantes do Seminário.
No entanto, sua vinculação societária e profissional se redefiniria em momento
subsequente, quando ela se torna ativa no movimento psicodramático paulistano
(CEPEDA; MARTIN, 2010).
Antonio Maria de Rezende Corrêa, por sua vez, era médico e tinha sido presi-
dente da Associação Piauiense de Medicina e membro da Associação Piauiense
de Imprensa. Eleito deputado federal constituinte pela UDN, em 1945, durante
seu mandato fez propostas sobre isenção de imposto de propriedade nas aqui-
sições de imóveis urbanos ou rurais pelos oficiais e praças da FEB; buscou abrir
linha de crédito para socorrer as vítimas das inundações do rio Parnaíba; e,
quando da denúncia de deputados comunistas sobre a depredação da sede do
Partido pela polícia política, ele foi um dos que se dispuseram a ir apurar os
fatos (BRAGA, 1998).
50
Somada à alteração do seu nome – de Partido Comunista do Brasil para Partido Comunista Brasilei-
ro – e à retirada de referências ao marxismo-leninismo em seu programa, essa ênfase no reformismo
levará, em 1961, a uma cisão, quando os signatários do Manifesto dos Cem foram expulsos do partido,
dando origem ao que hoje conhecemos como PC do B.
51
Essa é uma história ainda por fazer. Mas impossível deixar de ressaltar, entre outras presenças
relevantes no Seminário, a de Fernando Santana, comunista histórico e então deputado federal da
Bahia eleito pelo PSD, integrante da Aliança Democrática Trabalhista Cristã, cassado em 1964 pelo
AI-1 (FERNANDO SANTANA, 2009).
62 • Urbanismo e politica no Brasil dos anos 60
Mas, não tendo sido o projeto “sequer apreciado pela primeira Comissão Técnica
a que foi submetido”, o deputado Floriceno Paixão volta a apresentá-lo à Câmara,
com modificações e atualizações, em 23 de março de 1963, uma semana após o
discurso das reformas feito por João Goulart e quatro meses antes do Seminário
de Habitação e Reforma Urbana. A proposta, que passa a ser designada de Pro-
jeto de Lei n. 87, de 3 de abril de 1963, cria o Conselho Nacional de Habitação
e institui o Fundo Nacional de Habitação54. No texto, são atualizados os dados
relativos ao déficit habitacional brasileiro – cujo cálculo estabelecia a necessidade
de construção de 1.246.000 unidades ao ano – e, entre outras alterações e detalha-
mentos, passam a fazer parte da assistência técnica e financeira aos municípios
a elaboração de planos diretores para cidades com população superior a 10 mil
habitantes (artigo 3º0, inciso XI). Vale ressaltar, em sua proposta, a passagem da
Superintendência Nacional de Habitação para o Conselho Nacional de Habitação,
responsável por formular a política nacional de habitação, bem como executar
e coordenar os planos dela decorrentes. O órgão seria composto de forma mais
abrangente, incluindo um representante de cada uma das seguintes instituições:
Confederação de Empregados, Confederação de Empregadores, Superintendên-
cia da Reforma Agrária, Caixas Econômicas Federais e Instituições de Previdência
Social (artigo 8º)55. Floriceno Paixão seria cassado pelo AI-5 em 1968.
Por fim, parece importante dar destaque ao único participante identificado como
representante de governo estadual. Gildo Mário Pôrto Guerra, arquiteto, com
atuação próxima do Partido Comunista (SOUZA, 2008), participou do seminário
em nome do estado de Pernambuco, onde presidia a Liga Social contra o Mocam-
bo. Na oportunidade, buscava-se renomear a instituição, que deveria passar a se
chamar Serviço Social do Mocambo, positivando seu caráter (GUERRA, 1963)
e de construção de alternativas para a produção de habitação popular. Nesse
sentido, a experiência referencial de Cajueiro Seco, então em curso no Estado,
era trazida como matéria de discussão (BORSOI, 1963) e inspiração para a pauta
discutida no seminário. A política então apresentada visava
57
Embora haja referências de que ele teria cassado pelo AI-1 seu nome não consta da lista do Ato
n. 1, de 10 de abril de 1964 (ATO, 1964).
66 • Urbanismo e politica no Brasil dos anos 60
À guisa de conclusão
Para o Brasil, como visto até aqui, pode-se sugerir que alguns desses elementos se
incorporam precocemente a uma agenda estatal, desde os anos 1920, com grande
intensificação nos anos 1930 e, sob outras condições de possibilidades, já com re-
gistro importante da ação da sociedade civil, nos anos 1960. Ainda nesse sentido,
a experiência da revolução cubana, que explicita a dimensão urbana dos processos
reformistas, através da formulação do conceito de reforma urbana, e a ação interna-
cionalizada dos partidos comunista e socialista, em diversos registros, parecem as-
segurar a permanência, atualização e reconfiguração dessa pauta, particularmente
nos países da América Latina e no Brasil, em especial, mas não apenas nestes.
Tomando o s.HRu como uma das empirias do processo, é possível (ainda que
preliminarmente) delinear uma trama da reforma urbana, constituída por uma
problematização coletiva e confluente da cidade como espaço de vida a ser equa-
cionado na perspectiva da “democracia e da justiça social” (ARQUITETURA,
1963a, p. 19), por meio da atuação de lideranças, profissionais e instituições de
diferentes tipos, históricos e horizontes. Ao lado dos arquitetos, propositores do
seminário, comparecem, entre outros, lideranças sindicais, políticos de diferen-
tes partidos, assistentes sociais, urbanistas, sociólogos, economistas, indicando a
polarização que a questão urbana assumiria a partir de então seja na perspectiva
técnica, seja na perspectiva política. Assim, tendo a cidade como epicentro, esta-
va em curso todo um movimento imantado por possibilidades de transformação
social e política que buscassem superar as profundas injustiças e desigualdades a
que estava submetida grande parte da população.
REFORMA URBANA NO BRASIL: Inquietações e explorações acerca de sua construção enquanto campo e enquanto política • 67
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