Apostila de Geo-História
Apostila de Geo-História
Apostila de Geo-História
A CONSTRUÇÃO DE GOIÂNIA
A construção de Goiânia A mudança da capital de Goiás já havia sido pensada em
governos anteriores, mas foi viabilizada somente a partir da revolução de 30 e seus ideais de
“progresso” e “desenvolvimento”. A região de Campinas foi escolhida para ser o local onde se
edificaria a nova capital por apresentar melhores condições hidrográficas, topográficas,
climáticas, e pela proximidade da estrada de ferro.
No dia 24 de outubro de 1933 foi lançada a pedra fundamental. Dois anos depois, em 07
de novembro de 1935 foi iniciada a mudança provisória da nova capital. O nome “Goiânia”,
sugerido pelo professor Alfredo de Castro, foi escolhido em um concurso promovido pelo
semanário “O Social”. A transferência definitiva da nova capital, da Cidade de Goiás para
Goiânia, se deu no dia 23 de março de 1937, por meio do decreto 1.816. Em 05 de julho de
1942, quando foi realizado o “batismo cultural”, Goiânia já contava com mais de 15 mil
habitantes.
A partir de 1940, Goiás passa a crescer em ritmo acelerado também em virtude do
desbravamento do Mato Grosso Goiano, da campanha nacional de “Marcha para o Oeste” e da
construção de Brasília. A população do Estado se multiplicou, estimulada pela forte imigração,
oriunda principalmente dos Estados do Maranhão, Bahia e Minas Gerais. A urbanização foi
provocada essencialmente pelo êxodo rural. Contudo, a urbanização neste período não foi
acompanhada de industrialização. A economia continuava predominantemente baseada no
setor primário (agricultura e pecuária) e continuava vigente o sistema latifundiário .
GRUPOS INDÍGENAS
A ocupação do território de Goiás teve início há milhares de anos com registros arqueológicos
mais antigos datados de 11 mil anos atrás. A região de Serranópolis, Caiapônia e Bacia do
Paranã reúne a maior parte dos sítios arqueológicos distribuídos no Estado, abrigados em
rochosos de arenito e quatzito e em grutas de maciços calcários. Também há indícios da
ocupação pré-histórica nos municípios de Uruaçu, em um abrigo de micaxisto, e Niquelândia,
cujo grande sítio superficial descoberto por pesquisadores da Universidade Federal de Goiás
(UFG) guarda abundante material lítico do homem Paranaíba. O homem Paranaíba, por sinal, é
o primeiro representante humano conhecido na área, cujo grupo caçador-coletor possuía
presença constante de artefatos plano-convexos, denominados “lesmas”, com poucas
quantidades de pontas de projéteis líticas. Outro grupo caçador-coletor é o da Fase
Serranópolis que influenciado por mudanças climáticas passou a se alimentar de moluscos
terrestres e dulcícolas e uma quantidade maior de frutos, além da caça e da pesca.
Quando os bandeirantes chegaram a Goiás, este território, que atualmente forma os
Estados de Goiás e Tocantins, já era habitado por diversos grupos indígenas. Naquela época,
ao verem suas terras invadidas, muitos foram os que entraram em conflito com os bandeirantes
e colonos, em lutas que resultaram no massacre de milhares de indígenas, aldeamentos oficiais
ou migração para outras regiões. A maioria dos grupos que viviam em Goiás pertencia ao tronco
linguístico Macro-Jê, família Jê (grupos Akuen, Kayapó, Timbira e Karajá). Outros três grupos
pertenciam ao tronco linguístico Tupi, família Tupi-Guarani (Avá-Canoeiro, Tapirapé e
Guajajara). A ausência de documentação confiável, no entanto, dificulta precisar com exatidão a
classificação linguística dos povos Goyá, Araé, krixá e Araxá.
A CULTURA POPULAR
O desenrolar da história de Goiás propiciou o aparecimento de diversas atividades
culturais no Estado, das quais originaram legítimas manifestações do folclore goiano. Apesar de
boa parte delas estar relacionada ao legado religioso introduzido pelos portugueses, o
movimento cultural que floresceu no Estado agregou tradições indígenas, africanas e europeias
de maneira a abrigar um sincretismo não apenas religioso, mas de tradições, ritmos e
manifestações que tornaram a cultura goiana um mix de sensações que vão da batida do
tambor da Congada e dos mantras entoados nas orações ao Divino, até a cadência da viola
sertaneja ou o samba e o rock que por aqui também fizeram morada.
As Cavalhadas talvez sejam uma das manifestações populares mais dinâmicas e
expressivas do Estado de Goiás. A encenação épica da luta entre mouros e cristãos na
Península Ibérica é apresentada tradicionalmente por diversas cidades goianas, tendo seu
ápice no município de Pirenópolis, quinze dias após a realização da Festa do Divino. Toda a
cidade se prepara para a apresentação, travestida no esforço popular em carregar o estandarte
que representa sua milícia. O azul cristão trava a batalha contra o rubro mouro, ornados ambos
de luxuosos mantos, plumas, pedras incrustadas e elmos metálicos, desenhando, por
conseguinte, símbolos da cristandade como o peixe ou a pomba branca – símbolo do Divino – e
do lado muçulmano o dragão e a lua crescente. Paralelamente, os mascarados quebram a
solenidade junto ao público, introduzindo o sarcástico e profano, em meio a um dos maiores
A escravidão africana foi adotada desde o início da colonização, foi uma boa opção
devido a um mercado extremamente lucrativo que era o comércio de africanos, pois
a demanda de braços era tão grande quanto à demanda por açúcar. Movimentava
um mercado (o mercado atlântico de escravos), que era grande como a demanda
europeia pelo sabor doce. Por que não escravizar o índio? Lembre-se de que a
Igreja Católica se posicionou, por meio de Bulas Papais e na expansão e
colonização da América, contra a escravidão do gentio (nativo, indígena). E também
pelo motivo de que não movimentava um mercado tão lucrativo e estruturado quanto
o comércio de africanos. Quanto ao negro, a escravidão era denunciada por alguns
religiosos, mas, como um todo, era tolerada e aceita, e em todo o período colonial e
no império brasileiro era o sustentáculo da economia e elemento fundamental na
organização da sociedade, pois todo o trabalho braçal, inclusive o de vestir seus
senhores, era realizado por um cativo. A demanda por braços para o trabalho era
muito grande, ao ponto de Portugal não conseguir atender a demanda. Isso gerou o
comércio atlântico que fugia ao controle de Portugal: O tráfico negreiro. Os africanos
escravizados eram transportados nos navios negreiros, cuja mortalidade era tão alta
que foram apelidados de navios tumbeiros. Eram descarregados no litoral nos
mercados de escravos, onde eram vendidos, e dali seguiam para as fazendas. Para
evitar a comunicação e rebeliões, separavam as famílias e as tribos. Durante todo o
tempo em que ocorreu a escravidão (1530-1888), ocorreu também a
resistência africana por meio de suicídios, abortos, levante contra seus senhores,
fugas e com formação de Quilombos. Durante as invasões holandesas e durante a
resistência dos colonos na primeira invasão na Bahia, o surgimento de quilombos foi
muito estimulado. Goiás, por ser uma região planáltica, com rios com cachoeiras, era
um local onde normalmente surgiam quilombos, e havia vários no estado. No
contexto do século XVII e XVIII, Goiás era do ponto de vista colonizador,
o sertão mais distante, (sertão no sentido de interior profundo do país) e chegou a
ser visitado pelo pintor naturalista Sant Hilary, que fez importantes registros da
época. O território de Goiás foi visitado por vários pintores naturalistas no século XIX
para registrar a região.
A escravidão permaneceu em Goiás até a sua abolição, no dia 13 de maio de
1888, o Governo Imperial assinou a Lei Áurea, acabando oficialmente com a
escravidão no Brasil. O processo de abolição da escravidão foi lento e gradual, teve
início em 1850 com a Lei Eusébio de Queiroz; depois em 1871, com a Lei do Ventre
Livre; 1888 a Lei dos Sexagenários e, finalmente, a lei Áurea. Perceba
que o processo de abolição da escravidão foi lento e gradual, guiado pelos
interesses das elites cafeeiras do Sudeste que passaram a trazer imigrantes
europeus, e o apoio dos políticos nordestinos, onde a escravidão enfraqueceu e foi
abolida primeiro. Ocorreu redução progressiva do número de escravos, num
processo que atendeu aos interesses dos proprietários, que queriam ser indenizados
pela abolição, mas não foram. Quando a escravidão foi abolida, existia em Goiás
uma grande quantidade de mestiços e negros forros (que conseguiram a alforria).
Em Goiás, o fim da escravidão negra gerou novos regimes de trabalho no campo,
mas que mantiveram a violência e a desproporcionalidade de direitos entre
o empregado e o patrão.
Já em 1881, com apenas 25 anos, Leopoldo Bulhões tornou-se o principal redator da Tribuna
Livre de Goiás e foi eleito deputado geral para a legislatura 1882-1884, transferindo-se com
isso para o Rio de Janeiro, então capital do Império. Com uma atuação ligada à defesa do
federalismo e do fim do cativeiro, em 1883 apresentou um projeto de abolição imediata da
escravidão, que seria seguida de um curto período de serviço gratuito prestado pelos
libertos. Reeleito deputado geral em 1885 e 1886, fundou nesse último ano, ao lado do
irmão Félix Bulhões, o jornal Goiás, através do qual divulgava as ideias de liberdade de culto,
de secularização dos cemitérios, de registro e casamento civil, acabando por entrar em
conflito com os bispos ultramontanos locais. Nesse sentido, pode-se dizer que o predomínio
político de sua família esteve ligado a uma ação modernizadora em franca oposição à Igreja
católica.
Os Padres da Cia. De Jesus eram também conhecidos como soldados de batina. O apelido é
porque a ordem jesuítica possuía uma organização e preparo militar, e também porque seu fundador
Inácio de Loyola foi oficial militar. Fundavam no Brasil (e em todo o mundo colonial português) as
Missões jesuíticas, incumbidas de catequizar os nativos e protegê-los nas Missões, reduções,
aldeamentos ou colégios jesuíticos (sinônimos). Não foram raras as situações em que expedições de
bandeirantismo atacavam as missões querendo escravizar seus indígenas, que já eram cristianizados
e ensinados ao trabalho. As missões jesuíticas ocuparam além do litoral, o sul do Brasil na fronteira
com Argentina, e principalmente na região amazônica. As missões jesuíticas tiveram um importante
papel na ocupação do nosso território, muitas vezes servindo a Portugal como ponto de demarcação
de fronteiras. Ao longo do rio Amazonas, por meio dele, foi penetrando no interior. Essas missões
amazônicas treinavam e usavam os indígenas como mão de obra (não escrava), para coletarem as
drogas do sertão. Drogas do sertão eram ervas medicinais, coletadas na floresta e vendidas para a
Europa. Eram valiosas como as especiarias asiáticas. Os aldeamentos eram um importante
instrumento de colonização.