Aft Apostila
Aft Apostila
Aft Apostila
7908433248330
AFT
MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO
• Dúvidas sobre matérias podem ser enviadas através do site: www.apostilasopção.com.br/contatos.php, com retorno do professor
no prazo de até 05 dias úteis.,
• É proibida a reprodução total ou parcial desta apostila, de acordo com o Artigo 184 do Código Penal.
Ética e Integridade
1. Princípios e valores éticos do serviço público, seus direitos e deveres à luz do artigo 37 da Constituição Federal de 1988, e do
Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal (Decreto nº 1.171/1994) . . . . . . . . . . . . . . . 57
2. Governança pública e sistemas de governança (Decreto nº 9.203, de 22 de novembro de 2017). Gestão de riscos e medidas
mitigatórias na Administração Pública . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
3. Integridade pública (Decreto nº 11.529/2023) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70
4. Transparência e qualidade na gestão pública, cidadania e equidade social . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73
5. Governo eletrônico e seu impacto na sociedade e na Administração Pública. Lei nº 14.129/2021 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78
6. Acesso à informação. Lei nº 12.527/2011 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86
7. Transparência e imparcialidade nos usos da inteligência artificial no âmbito do serviço público . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93
Políticas Públicas
1. Introdução às políticas públicas: conceitos e tipologias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97
2. Ciclos de políticas públicas: agenda e formulação; processos de decisão; implementação, seus planos, projetos e programas; 106
monitoramento e avaliação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
3. Institucionalização das políticas em Direitos Humanos como políticas de Estado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 107
4. Federalismo e descentralização de políticas públicas no Brasil: organização e funcionamento dos sistemas de programas 108
nacionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Conteúdo Digital
Administração Pública Federal
1. Princípios constitucionais e normas que regem a administração pública (artigos de 37 a 41 da Constituição Federal de
1988)........................................................................................................................................................................................... 3
2. Estrutura organizacional da Administração Pública Federal (Decreto Lei nº 200/1967)............................................................ 9
3. Agentes públicos: Regime Jurídico Único (Lei nº 8.112/1990 e suas alterações)....................................................................... 41
Finanças Públicas
1. Atribuições econômicas do Estado............................................................................................................................................. 85
2. Fundamentos das finanças públicas, tributação e orçamento.................................................................................................... 85
3. Financiamento das Políticas Públicas: estrutura de receitas e despesas do Estado brasileiro................................................... 86
4. Noções de orçamento público: Plano Plurianual (PPA), Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e Lei Orçamentária Anual
(LOA)........................................................................................................................................................................................... 87
5. Federalismo fiscal no Brasil; Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar nº 101/2000)................................................. 133
Conteúdo Digital
• Para estudar o Conteúdo Digital acesse sua “Área do Cliente” em nosso site, ou siga os passos indicados na
página 2 para acessar seu bônus.
https://www.apostilasopcao.com.br/customer/account/login/
DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA
9
DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA
10
DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA
11
DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA
Em meados dos anos oitenta, já começava a ficar claro que o c) Diretriz 3: Integração e ampliação dos sistemas de informa-
desenvolvimento econômico e social e a transição para democra- ções em Direitos Humanos e construção de mecanismos de avalia-
cia, ainda que necessários, não eram suficientes para conter o au- ção e monitoramento de sua efetivação;
mento da criminalidade e da violência no Brasil. Ficava patente que II - Eixo Orientador II: Desenvolvimento e Direitos Humanos:
esse fenômeno constituía um grande obstáculo e uma ameaça aos a) Diretriz 4: Efetivação de modelo de desenvolvimento sus-
processos de desenvolvimento e de consolidação da democracia. tentável, com inclusão social e econômica, ambientalmente equi-
A questão era saber se esta tendência de banalização da crimina- librado e tecnologicamente responsável, cultural e regionalmente
lidade, da violência e da morte poderia ser controlada e revertida diverso, participativo e não discriminatório;
ou se ela acabaria por consumir os recursos humanos da sociedade b) Diretriz 5: Valorização da pessoa humana como sujeito cen-
brasileira a ponto de inviabilizar os processos de desenvolvimento e tral do processo de desenvolvimento; e
de consolidação da democracia no país. [...] c) Diretriz 6: Promover e proteger os direitos ambientais como
Com o objetivo de limitar, controlar e reverter as graves vio- Direitos Humanos, incluindo as gerações futuras como sujeitos de
lações de direitos humanos e implementando uma recomendação direitos;
da Conferência Mundial de Direitos Humanos realizada em Viena III - Eixo Orientador III: Universalizar direitos em um contexto
em 1993 - na qual o Brasil teve papel muito atuante, pois foi o em- de desigualdades:
baixador Gilberto Sabóia quem coordenou o comitê de redação da a) Diretriz 7: Garantia dos Direitos Humanos de forma univer-
Declaração e Programa de Viena ¾ o governo Fernando Henrique sal, indivisível e interdependente, assegurando a cidadania plena;
Cardoso decidiu integrar como política de governo a promoção e b) Diretriz 8: Promoção dos direitos de crianças e adolescentes
realização dos direitos humanos propondo um plano de ação para para o seu desenvolvimento integral, de forma não discriminatória,
direitos humanos. Em 7 de setembro de 1995, o Presidente anun- assegurando seu direito de opinião e participação;
ciava: ‘Chegou a hora de mostrarmos, na prática, num plano nacio- c) Diretriz 9: Combate às desigualdades estruturais; e
nal, como vamos lutar para acabar com a impunidade, como vamos d) Diretriz 10: Garantia da igualdade na diversidade;
lutar para realmente fazer com que os direitos humanos sejam res- IV - Eixo Orientador IV: Segurança Pública, Acesso à Justiça e
peitados’. Combate à Violência:
Ao assumir esse compromisso, o governo brasileiro reconhece a) Diretriz 11: Democratização e modernização do sistema de
a obrigação do estado de proteger e promover os direitos humanos segurança pública;
e os princípios da universalidade e da indivisibilidade dos direitos b) Diretriz 12: Transparência e participação popular no sistema
humanos. [...]”.1 de segurança pública e justiça criminal;
O principal mecanismo utilizado para exteriorizar e planejar a c) Diretriz 13: Prevenção da violência e da criminalidade e pro-
Política Nacional de Direitos humanos é o Programa Nacional de fissionalização da investigação de atos criminosos;
Direitos Humanos. d) Diretriz 14: Combate à violência institucional, com ênfase na
erradicação da tortura e na redução da letalidade policial e carce-
rária;
DECRETO Nº 7.037, DE 21 DE DEZEMBRO DE 2009. e) Diretriz 15: Garantia dos direitos das vítimas de crimes e de
proteção das pessoas ameaçadas;
Aprova o Programa Nacional de Direitos Humanos - PNDH-3 e f) Diretriz 16: Modernização da política de execução penal,
dá outras providências. priorizando a aplicação de penas e medidas alternativas à privação
de liberdade e melhoria do sistema penitenciário; e
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe g) Diretriz 17: Promoção de sistema de justiça mais acessível,
confere o art. 84, inciso VI, alínea “a”, da Constituição, ágil e efetivo, para o conhecimento, a garantia e a defesa de direi-
DECRETA: tos;
V - Eixo Orientador V: Educação e Cultura em Direitos Huma-
Art. 1º Fica aprovado o Programa Nacional de Direitos Huma- nos:
nos - PNDH-3, em consonância com as diretrizes, objetivos estra- a) Diretriz 18: Efetivação das diretrizes e dos princípios da po-
tégicos e ações programáticas estabelecidos, na forma do Anexo lítica nacional de educação em Direitos Humanos para fortalecer
deste Decreto. uma cultura de direitos;
Art. 2º O PNDH-3 será implementado de acordo com os seguin- b) Diretriz 19: Fortalecimento dos princípios da democracia e
tes eixos orientadores e suas respectivas diretrizes: dos Direitos Humanos nos sistemas de educação básica, nas insti-
I - Eixo Orientador I: Interação democrática entre Estado e so- tuições de ensino superior e nas instituições formadoras;
ciedade civil: c) Diretriz 20: Reconhecimento da educação não formal como
a) Diretriz 1: Interação democrática entre Estado e sociedade espaço de defesa e promoção dos Direitos Humanos;
civil como instrumento de fortalecimento da democracia participa- d) Diretriz 21: Promoção da Educação em Direitos Humanos no
tiva; serviço público; e
b) Diretriz 2: Fortalecimento dos Direitos Humanos como ins- e) Diretriz 22: Garantia do direito à comunicação democrática
trumento transversal das políticas públicas e de interação demo- e ao acesso à informação para consolidação de uma cultura em Di-
crática; e reitos Humanos; e
VI - Eixo Orientador VI: Direito à Memória e à Verdade:
a) Diretriz 23: Reconhecimento da memória e da verdade como
1 PINHEIRO, Paúlo Sérgio; MESQUITA NETO, Paulo de. Direitos humanos no Direito Humano da cidadania e dever do Estado;
Brasil: perspectivas no final do século. Disponível em: <http://www.dhnet.org.
br/direitos/militantes/pspinheiro/pspinheirodhbrasil.html>.
12
DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA
b) Diretriz 24: Preservação da memória histórica e construção ticipação. Fortes protestos e a luta pela democracia marcaram esse
pública da verdade; e período. Paralelamente, surgiram iniciativas populares nos bairros
c) Diretriz 25: Modernização da legislação relacionada com pro- reivindicando direitos básicos como saúde, transporte, moradia e
moção do direito à memória e à verdade, fortalecendo a democra- controle do custo de vida. Em um primeiro momento, eram inicia-
cia. tivas atomizadas, buscando conquistas parciais, mas que ao longo
Parágrafo único. A implementação do PNDH-3, além dos res- dos anos foram se caracterizando como movimentos sociais orga-
ponsáveis nele indicados, envolve parcerias com outros órgãos fe- nizados.
derais relacionados com os temas tratados nos eixos orientadores Com o avanço da democratização do País, os movimentos so-
e suas diretrizes. ciais multiplicaram-se. Alguns deles institucionalizaram-se e passa-
Art. 3º As metas, prazos e recursos necessários para a imple- ram a ter expressão política. Os movimentos populares e sindicatos
mentação do PNDH-3 serão definidos e aprovados em Planos de foram, no caso brasileiro, os principais promotores da mudança e
Ação de Direitos Humanos bianuais. da ruptura política em diversas épocas e contextos históricos. Com
Art. 4º (Revogado pelo Decreto nº 10.087, de 2019) (Vigência) efeito, durante a etapa de elaboração da Constituição Cidadã de
II - (Revogado pelo Decreto nº 10.087, de 2019) (Vigência) 1988, esses segmentos atuaram de forma especialmente articula-
III - (Revogado pelo Decreto nº 10.087, de 2019) (Vigência) da, afirmando-se como um dos pilares da democracia e influencian-
IV - (Revogado pelo Decreto nº 10.087, de 2019) (Vigência) do diretamente os rumos do País.
V - (Revogado pelo Decreto nº 10.087, de 2019) (Vigência) Nos anos que se seguiram, os movimentos passaram a se con-
§ 1º (Revogado pelo Decreto nº 10.087, de 2019) (Vigência) solidar por meio de redes com abrangência regional ou nacional,
I - (Revogado pelo Decreto nº 10.087, de 2019) (Vigência) firmando-se como sujeitos na formulação e monitoramento das
II - (Revogado pelo Decreto nº 10.087, de 2019) (Vigência) políticas públicas. Nos anos 1990, desempenharam papel funda-
III - (Revogado pelo Decreto nº 10.087, de 2019) (Vigência) mental na resistência a todas as orientações do neoliberalismo de
IV - (Revogado pelo Decreto nº 10.087, de 2019) (Vigência) flexibilização dos direitos sociais, privatizações, dogmatismo do
V - (Revogado pelo Decreto nº 10.087, de 2019) (Vigência) mercado e enfraquecimento do Estado. Nesse mesmo período,
VI - (Revogado pelo Decreto nº 10.087, de 2019) (Vigência) multiplicaram-se pelo País experiências de gestão estadual e muni-
VII - (Revogado pelo Decreto nº 10.087, de 2019) (Vigência) cipal em que lideranças desses movimentos, em larga escala, passa-
VIII - (Revogado pelo Decreto nº 10.087, de 2019) (Vigência) ram a desempenhar funções de gestores públicos.
IX - (Revogado pelo Decreto nº 10.087, de 2019) (Vigência) Com as eleições de 2002, alguns dos setores mais organizados
X - (Revogado pelo Decreto nº 10.087, de 2019) (Vigência) da sociedade trouxeram reivindicações históricas acumuladas, pas-
XI - (Revogado pelo Decreto nº 10.087, de 2019) (Vigência) sando a influenciar diretamente a atuação do governo e vivendo de
XII - (Revogado pelo Decreto nº 10.087, de 2019) (Vigência) perto suas contradições internas.
XIII - (Revogado pelo Decreto nº 10.087, de 2019) (Vigência) Nesse novo cenário, o diálogo entre Estado e sociedade civil as-
XIV - (Revogado pelo Decreto nº 10.087, de 2019) (Vigência) sumiu especial relevo, com a compreensão e a preservação do distinto
XV - (Revogado pelo Decreto nº 10.087, de 2019) (Vigência) papel de cada um dos segmentos no processo de gestão. A interação
XVI - (Revogado pelo Decreto nº 10.087, de 2019) (Vigência) é desenhada por acordos e dissensos, debates de idéias e pela delibe-
XVII - (Revogado pelo Decreto nº 10.087, de 2019) (Vigência) ração em torno de propostas. Esses requisitos são imprescindíveis ao
XVIII - (Revogado pelo Decreto nº 10.087, de 2019) (Vigência) pleno exercício da democracia, cabendo à sociedade civil exigir, pres-
XIX - (Revogado pelo Decreto nº 10.087, de 2019) (Vigência) sionar, cobrar, criticar, propor e fiscalizar as ações do Estado.
XX - (Revogado pelo Decreto nº 10.087, de 2019) (Vigência) Essa concepção de interação democrática construída entre os
XXI - (Revogado pelo Decreto nº 10.087, de 2019) (Vigência) diversos órgãos do Estado e a sociedade civil trouxe consigo resul-
§ 2º (Revogado pelo Decreto nº 10.087, de 2019) (Vigência) tados práticos em termos de políticas públicas e avanços na inter-
§ 3º (Revogado pelo Decreto nº 10.087, de 2019) (Vigência) locução de setores do poder público com toda a diversidade social,
§ 4º (Revogado pelo Decreto nº 10.087, de 2019) (Vigência) cultural, étnica e regional que caracteriza os movimentos sociais em
Art. 5º Os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e os órgãos nosso País. Avançou-se fundamentalmente na compreensão de que
do Poder Legislativo, do Poder Judiciário e do Ministério Público,
os Direitos Humanos constituem condição para a prevalência da
serão convidados a aderir ao PNDH-3.
dignidade humana, e que devem ser promovidos e protegidos por
Art. 6º Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.
meio do esforço conjunto do Estado e da sociedade civil.
Art. 7º Fica revogado o Decreto nº 4.229, de 13 de maio de
Uma das finalidades do PNDH-3 é dar continuidade à integra-
2002.
ção e ao aprimoramento dos mecanismos de participação existen-
tes, bem como criar novos meios de construção e monitoramento
Brasília, 21 de dezembro de 2009; 188º da Independência e
das políticas públicas sobre Direitos Humanos no Brasil.
121º da República.
No âmbito institucional o PNDH-3, amplia as conquistas na área
dos direitos e garantias fundamentais, pois internaliza a diretriz se-
ANEXO gundo a qual a primazia dos Direitos Humanos constitui princípio
transversal a ser considerado em todas as políticas públicas.
Eixo Orientador I: As diretrizes deste capítulo discorrem sobre a importância de
fortalecer a garantia e os instrumentos de participação social, o ca-
• Interação democrática entre Estado e sociedade civil ráter transversal dos Direitos Humanos e a construção de mecanis-
A partir da metade dos anos 1970, começam a ressurgir no Bra- mos de avaliação e monitoramento de sua efetivação. Isso inclui a
sil iniciativas de rearticulação dos movimentos sociais, a despeito construção de sistema de indicadores de Direitos Humanos e a arti-
da repressão política e da ausência de canais democráticos de par- culação das políticas e instrumentos de monitoramento existentes.
13
DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA
O Poder Executivo tem papel protagonista na coordenação e Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
implementação do PNDH-3, mas faz-se necessária a definição de Presidência da República, Secretaria-Geral da Presidência da Repú-
responsabilidades compartilhadas entre a União, Estados, Municí- blica
pios e do Distrito Federal na execução de políticas públicas, tanto
quanto a criação de espaços de participação e controle social nos d)Criar base de dados dos conselhos nacionais, estaduais, dis-
Poderes Judiciário e Legislativo, no Ministério Público e nas Defen- trital e municipais, garantindo seu acesso ao público em geral.
sorias, em ambiente de respeito, proteção e efetivação dos Direitos Responsáveis: Secretaria-Geral da Presidência da República;
Humanos. O conjunto dos órgãos do Estado – não apenas no âm- Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da Repú-
bito do Executivo Federal – deve estar comprometido com a imple- blica
mentação e monitoramento do PNDH-3.
Aperfeiçoar a interlocução entre Estado e sociedade civil de- e)Apoiar fóruns, redes e ações da sociedade civil que fazem
pende da implementação de medidas que garantam à sociedade acompanhamento, controle social e monitoramento das políticas
maior participação no acompanhamento e monitoramento das po- públicas de Direitos Humanos.
líticas públicas em Direitos Humanos, num diálogo plural e trans- Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
versal entre os vários atores sociais e deles com o Estado. Ampliar o Presidência da República; Secretaria-Geral da Presidência da Repú-
controle externo dos órgãos públicos por meio de ouvidorias, moni- blica
torar os compromissos internacionais assumidos pelo Estado brasi-
leiro, realizar conferências periódicas sobre a temática, fortalecer e f)Estimular o debate sobre a regulamentação e efetividade dos
apoiar a criação de conselhos nacional, distrital, estaduais e muni- instrumentos de participação social e consulta popular, tais como
cipais de Direitos Humanos, garantindo-lhes eficiência, autonomia lei de iniciativa popular, referendo, veto popular e plebiscito.
e independência são algumas das formas de assegurar o aperfeiço- Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
amento das políticas públicas por meio de diálogo, de mecanismos Presidência da República; Secretaria-Geral da Presidência da Repú-
de controle e das ações contínuas da sociedade civil. Fortalecer as blica
informações em Direitos Humanos com produção e seleção de in-
dicadores para mensurar demandas, monitorar, avaliar, reformular g)Assegurar a realização periódica de conferências de Direitos
e propor ações efetivas, garante e consolida o controle social e a Humanos, fortalecendo a interação entre a sociedade civil e o po-
transparência das ações governamentais. der público.
A adoção de tais medidas fortalecerá a democracia participati- Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre-
va, na qual o Estado atua como instância republicana da promoção sidência da República
e defesa dos Direitos Humanos e a sociedade civil como agente ati-
vo – propositivo e reativo – de sua implementação. Objetivo estratégico II:
Diretriz 1: Interação democrática entre Estado e sociedade civil Ampliação do controle externo dos órgãos públicos.
como instrumento de fortalecimento da democracia participativa. Ações programáticas:
Objetivo estratégico I:
a)Ampliar a divulgação dos serviços públicos voltados para a
Garantia da participação e do controle social das políticas pú-
efetivação dos Direitos Humanos, em especial nos canais de trans-
blicas em Direitos Humanos, em diálogo plural e transversal entre
parência.
os vários atores sociais.
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre-
sidência da República
Ações programáticas:
a)Apoiar, junto ao Poder Legislativo, a instituição do Conselho
Nacional dos Direitos Humanos, dotado de recursos humanos, ma- b)Propor a instituição da Ouvidoria Nacional dos Direitos Hu-
teriais e orçamentários para o seu pleno funcionamento, e efetuar manos, em substituição à Ouvidoria-Geral da Cidadania, com in-
seu credenciamento junto ao Escritório do Alto Comissariado das dependência e autonomia política, com mandato e indicação pelo
Nações Unidas para os Direitos Humanos como “Instituição Nacio- Conselho Nacional dos Direitos Humanos, assegurando recursos
nal Brasileira”, como primeiro passo rumo à adoção plena dos “Prin- humanos, materiais e financeiros para seu pleno funcionamento.
cípios de Paris”. Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre-
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da sidência da República
Presidência da República; Ministério das Relações Exteriores
c)Fortalecer a estrutura da Ouvidoria Agrária Nacional.
b)Fomentar a criação e o fortalecimento dos conselhos de Responsável: Ministério do Desenvolvimento Agrário
Direitos Humanos em todos os Estados e Municípios e no Distrito
Federal, bem como a criação de programas estaduais de Direitos Diretriz 2: Fortalecimento dos Direitos Humanos como instru-
Humanos. mento transversal das políticas públicas e de interação democrá-
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre- tica.
sidência da República
Objetivo estratégico I:
c)Criar mecanismos que permitam ação coordenada entre os Promoção dos Direitos Humanos como princípios orientadores
diversos conselhos de direitos, nas três esferas da Federação, visan- das políticas públicas e das relações internacionais.
do a criação de agenda comum para a implementação de políticas
públicas de Direitos Humanos.
14
DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA
15
DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA
• Recomendações advindas de relatores especiais do Conselho São essenciais para o desenvolvimento as liberdades e os direi-
de Direitos Humanos da ONU; tos básicos como alimentação, saúde e educação. As privações das
• Recomendações advindas dos comitês de tratados do Meca- liberdades não são apenas resultantes da escassez de recursos, mas
nismo de Revisão Periódica; sim das desigualdades inerentes aos mecanismos de distribuição,
da ausência de serviços públicos e de assistência do Estado para a
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da expansão das escolhas individuais. Este conceito de desenvolvimen-
Presidência da República; Ministério das Relações Exteriores to reconhece seu caráter pluralista e a tese de que a expansão das
liberdades não representa somente um fim, mas também o meio
d)Definir e institucionalizar fluxo de informações, com respon- para seu alcance. Em consequência, a sociedade deve pactuar as
sáveis em cada órgão do governo federal e unidades da Federação, políticas sociais e os direitos coletivos de acesso e uso dos recursos.
referentes aos relatórios internacionais de Direitos Humanos e às A partir daí, a medição de um índice de desenvolvimento humano
recomendações dos relatores especiais do Conselho de Direitos Hu- veio substituir a medição de aumento do PIB, uma vez que o Índice
manos da ONU e dos comitês de tratados. de Desenvolvimento Humano (IDH) combina a riqueza per capita
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da indicada pelo PIB aos aspectos de educação e expectativa de vida,
Presidência da República; Ministério das Relações Exteriores permitindo, pela primeira vez, uma avaliação de aspectos sociais
não mensurados pelos padrões econométricos.
e)Definir e institucionalizar fluxo de informações, com respon- No caso do Brasil, por muitos anos o crescimento econômico
sáveis em cada órgão do governo federal, referentes aos relatórios não levou à distribuição justa de renda e riqueza, mantendo-se ele-
da Comissão Interamericana de Direitos Humanos e às decisões da vados índices de desigualdade. As ações de Estado voltadas para a
Corte Interamericana de Direitos Humanos. conquista da igualdade socioeconômica requerem ainda políticas
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da permanentes, de longa duração, para que se verifique a plena pro-
Presidência da República; Ministério das Relações Exteriores teção e promoção dos Direitos Humanos. É necessário que o mode-
lo de desenvolvimento econômico tenha a preocupação de aperfei-
f)Criar banco de dados público sobre todas as recomendações çoar os mecanismos de distribuição de renda e de oportunidades
dos sistemas ONU e OEA feitas ao Brasil, contendo as medidas ado- para todos os brasileiros, bem como incorpore os valores de pre-
tadas pelos diversos órgãos públicos para seu cumprimento. servação ambiental. Os debates sobre as mudanças climáticas e o
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da aquecimento global, gerados pela preocupação com a maneira com
Presidência da República; Ministério das Relações Exteriores que os países vêm explorando os recursos naturais e direcionan-
do o progresso civilizatório, está na agenda do dia. Esta discussão
Eixo Orientador II: coloca em questão os investimentos em infraestrutura e modelos
de desenvolvimento econômico na área rural, baseados, em grande
Desenvolvimento e Direitos Humanos parte, no agronegócio, sem a preocupação com a potencial violação
O tema “desenvolvimento” tem sido amplamente debatido por dos direitos de pequenos e médios agricultores e das populações
ser um conceito complexo e multidisciplinar. Não existe modelo tradicionais.
único e preestabelecido de desenvolvimento, porém, pressupõe- O desenvolvimento pode ser garantido se as pessoas forem
-se que ele deva garantir a livre determinação dos povos, o reco- protagonistas do processo, pressupondo a garantia de acesso de
nhecimento de soberania sobre seus recursos e riquezas naturais, todos os indivíduos aos direitos econômicos, sociais, culturais e am-
respeito pleno à sua identidade cultural e a busca de equidade na bientais, e incorporando a preocupação com a preservação e a sus-
distribuição das riquezas. tentabilidade como eixos estruturantes de proposta renovada de
Durante muitos anos, o crescimento econômico, medido pela progresso. Esses direitos têm como foco a distribuição da riqueza,
variação anual do Produto Interno Bruto (PIB), foi usado como indi- dos bens e serviços.
cador relevante para medir o avanço de um país. Acreditava-se que, Todo esse debate traz desafios para a conceituação sobre os
uma vez garantido o aumento de bens e serviços, sua distribuição Direitos Humanos no sentido de incorporar o desenvolvimento
ocorreria de forma a satisfazer as necessidades de todas as pesso- como exigência fundamental. A perspectiva dos Direitos Humanos
as. Constatou-se, porém, que, embora importante, o crescimento contribui para redimensionar o desenvolvimento. Motiva a passar
do PIB não é suficiente para causar, automaticamente, melhoria do da consideração de problemas individuais a questões de interesse
bem estar para todas as camadas sociais. Por isso, o conceito de comum, de bem-estar coletivo, o que alude novamente o Estado e
desenvolvimento foi adotado por ser mais abrangente e refletir, de o chama à corresponsabilidade social e à solidariedade.
fato, melhorias nas condições de vida dos indivíduos. Ressaltamos que a noção de desenvolvimento está sendo ama-
A teoria predominante de desenvolvimento econômico o defi- durecida como parte de um debate em curso na sociedade e no go-
ne como um processo que faz aumentar as possibilidades de acesso verno, incorporando a relação entre os direitos econômicos, sociais,
das pessoas a bens e serviços, propiciadas pela expansão da capa- culturais e ambientais, buscando a garantia do acesso ao trabalho,
cidade e do âmbito das atividades econômicas. O desenvolvimento à saúde, à educação, à alimentação, à vida cultural, à moradia ade-
seria a medida qualitativa do progresso da economia de um país, quada, à previdência, à assistência social e a um meio ambiente sus-
refletindo transições de estágios mais baixos para estágios mais al- tentável. A inclusão do tema Desenvolvimento e Direitos Humanos
tos, por meio da adoção de novas tecnologias que permitem e fa- na 11a Conferência Nacional reforçou as estratégias governamen-
vorecem essa transição. Cresce nos últimos anos a assimilação das tais em sua proposta de desenvolvimento.
idéias desenvolvidas por Amartya Sem, que abordam o desenvol- Assim, este capítulo do PNDH-3 propõe instrumentos de avan-
vimento como liberdade e seus resultados centrados no bem estar ço e reforça propostas para políticas públicas de redução das desi-
social e, por conseguinte, nos direitos do ser humano. gualdades sociais concretizadas por meio de ações de transferência
16
DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA
de renda, incentivo à economia solidária e ao cooperativismo, à ex- d)Avançar na implantação da reforma agrária, como forma de
pansão da reforma agrária, ao fomento da aquicultura, da pesca e inclusão social e acesso aos direitos básicos, de forma articulada
do extrativismo e da promoção do turismo sustentável. com as políticas de saúde, educação, meio ambiente e fomento à
O PNDH-3 inova ao incorporar o meio ambiente saudável e as produção alimentar.
cidades sustentáveis como Direitos Humanos, propõe a inclusão do Responsável: Ministério do Desenvolvimento Agrário
item “direitos ambientais” nos relatórios de monitoramento sobre
Direitos Humanos e do item “Direitos Humanos” nos relatórios am- e)Incentivar as políticas públicas de economia solidária, de co-
bientais, assim como fomenta pesquisas de tecnologias socialmen- operativismo e associativismo e de fomento a pequenas e micro
te inclusivas. empresas.
Nos projetos e empreendimentos com grande impacto socio- Responsáveis: Ministério do Trabalho e Emprego; Ministério
ambiental, o PNDH-3 garante a participação efetiva das populações do Desenvolvimento Agrário; Ministério das Cidades; Ministério do
atingidas, assim como prevê ações mitigatórias e compensatórias. Desenvolvimento Social e Combate à Fome
Considera fundamental fiscalizar o respeito aos Direitos Humanos
nos projetos implementados pelas empresas transnacionais, bem f)Fortalecer políticas públicas de apoio ao extrativismo e ao
como seus impactos na manipulação das políticas de desenvolvi- manejo florestal comunitário ambientalmente sustentáveis.
mento. Nesse sentido, avalia como importante mensurar o impacto Responsáveis: Ministério do Meio Ambiente; Ministério do De-
da biotecnologia aplicada aos alimentos, da nanotecnologia, dos senvolvimento Agrário; Ministério do Desenvolvimento, Indústria e
poluentes orgânicos persistentes, metais pesados e outros poluen- Comércio Exterior
tes inorgânicos em relação aos Direitos Humanos.
Alcançar o desenvolvimento com Direitos Humanos é capa- g)Fomentar o debate sobre a expansão de plantios de mono-
citar as pessoas e as comunidades a exercerem a cidadania, com culturas que geram impacto no meio ambiente e na cultura dos po-
direitos e responsabilidades. É incorporar, nos projetos, a própria vos e comunidades tradicionais, tais como eucalipto, cana-de-açú-
população brasileira, por meio de participação ativa nas decisões car, soja, e sobre o manejo florestal, a grande pecuária, mineração,
que afetam diretamente suas vidas. É assegurar a transparência dos turismo e pesca.
grandes projetos de desenvolvimento econômico e mecanismos de Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre-
compensação para a garantia dos Direitos Humanos das populações sidência da República
diretamente atingidas.
Por fim, este PNDH-3 reforça o papel da equidade no Plano Plu- h)Erradicar o trabalho infantil, bem como todas as formas de
rianual, como instrumento de garantia de priorização orçamentária violência e exploração sexual de crianças e adolescentes nas ca-
de programas sociais. deias produtivas, com base em códigos de conduta e no Estatuto da
Criança e do Adolescente.
Diretriz 4: Efetivação de modelo de desenvolvimento susten- Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
tável, com inclusão social e econômica, ambientalmente equili- Presidência da República; Ministério do Turismo
brado e tecnologicamente responsável, cultural e regionalmente
diverso, participativo e não discriminatório. i)Garantir que os grandes empreendimentos e projetos de in-
fraestrutura resguardem os direitos dos povos indígenas e de comu-
Objetivo estratégico I: nidades quilombolas e tradicionais, conforme previsto na Constitui-
Implementação de políticas públicas de desenvolvimento com ção e nos tratados e convenções internacionais.
inclusão social. Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério dos Trans-
portes; Ministério da Integração Nacional; Ministério de Minas e
Ações programáticas: Energia; Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade
a)Ampliar e fortalecer as políticas de desenvolvimento social e Racial da Presidência da República; Ministério do Meio Ambiente;
de combate à fome, visando a inclusão e a promoção da cidadania, Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome; Ministé-
garantindo a segurança alimentar e nutricional, renda mínima e as- rio da Pesca e Aquicultura; Secretaria Especial de Portos da Presi-
sistência integral às famílias. dência da República
Responsável: Ministério do Desenvolvimento Social e Combate
à Fome j)Integrar políticas de geração de emprego e renda e políticas
sociais para o combate à pobreza rural dos agricultores familiares,
b)Expandir políticas públicas de geração e transferência de ren- assentados da reforma agrária, quilombolas, indígenas, famílias de
da para erradicação da extrema pobreza e redução da pobreza. pescadores e comunidades tradicionais.
Responsável: Ministério do Desenvolvimento Social e Combate Responsáveis: Ministério do Desenvolvimento Social e Comba-
à Fome te à Fome; Ministério da Integração Nacional; Ministério do Desen-
volvimento Agrário; Ministério do Trabalho e Emprego; Ministério
c)Apoiar projetos de desenvolvimento sustentável local para da Justiça; Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualda-
redução das desigualdades inter e intrarregionais e o aumento da de Racial da Presidência da República; Ministério da Cultura; Minis-
autonomia e sustentabilidade de espaços sub-regionais. tério da Pesca e Aquicultura
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Presidência da República; Ministério do Desenvolvimento Agrário k)Integrar políticas sociais e de geração de emprego e renda
para o combate à pobreza urbana, em especial de catadores de ma-
teriais recicláveis e população em situação de rua.
17
DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA
m)Promover o turismo sustentável com geração de trabalho e b)Garantir a aplicação do princípio da precaução na proteção
renda, respeito à cultura local, participação e inclusão dos povos da agrobiodiversidade e da saúde, realizando pesquisas que ava-
e das comunidades nos benefícios advindos da atividade turística. liem os impactos dos transgênicos no meio ambiente e na saúde.
Responsáveis: Ministério do Turismo; Ministério do Desenvol- Responsáveis: Ministério da Saúde; Ministério do Meio Am-
vimento, Indústria e Comércio Exterior biente; Ministério de Ciência e Tecnologia
18
DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA
Responsáveis: Ministério das Cidades; Secretaria Especial dos Diretriz 5: Valorização da pessoa humana como sujeito central
Direitos Humanos da Presidência da República; Ministério do De- do processo de desenvolvimento.
senvolvimento, Indústria e Comércio Exterior
Objetivo estratégico I:
b)Fortalecer espaços institucionais democráticos, participati- Garantia da participação e do controle social nas políticas pú-
vos e de apoio aos Municípios para a implementação de planos di- blicas de desenvolvimento com grande impacto socioambiental.
retores que atendam aos preceitos da política urbana estabelecidos
no Estatuto da Cidade. Ações programáticas:
Responsável: Ministério das Cidades a)Fortalecer ações que valorizem a pessoa humana como su-
jeito central do desenvolvimento, enfrentando o quadro atual de
c)Fomentar políticas públicas de apoio aos Estados, Distrito Fe- injustiça ambiental que atinge principalmente as populações mais
deral e Municípios em ações sustentáveis de urbanização e regula- pobres.
rização fundiária dos assentamentos de população de baixa renda, Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
comunidades pesqueiras e de provisão habitacional de interesse Presidência da República; Ministério do Meio Ambiente
social, materializando a função social da propriedade.
Responsáveis: Ministério das Cidades; Ministério do Meio Am- b)Assegurar participação efetiva da população na elaboração
biente; Ministério da Pesca e Aquicultura dos instrumentos de gestão territorial e na análise e controle dos
processos de licenciamento urbanístico e ambiental de empreendi-
d)Fortalecer a articulação entre os órgãos de governo e os con- mentos de impacto, especialmente na definição das ações mitiga-
sórcios municipais para atuar na política de saneamento ambiental, doras e compensatórias por impactos sociais e ambientais.
com participação da sociedade civil. Responsáveis: Ministério do Meio Ambiente; Ministério das
Responsáveis: Ministério das Cidades; Ministério do Meio Am- Cidades
biente; Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da Re-
pública c)Fomentar a elaboração do Zoneamento Ecológico Econômico
(ZEE), incorporando o sócio e etnozoneamento.
e)Fortalecer a política de coleta, reaproveitamento, triagem, Responsáveis: Ministério das Cidades; Ministério do Meio Am-
reciclagem e a destinação seletiva de resíduos sólidos e líquidos, biente
com a organização de cooperativas de reciclagem, que beneficiem
as famílias dos catadores. d)Assegurar a transparência dos projetos realizados, em todas
Responsáveis: Ministério das Cidades; Ministério do Trabalho e as suas etapas, e dos recursos utilizados nos grandes projetos eco-
Emprego; Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome; nômicos, para viabilizar o controle social.
Ministério do Meio Ambiente Responsáveis: Ministério dos Transportes; Ministério da Inte-
gração Nacional; Ministério de Minas e Energia; Secretaria Especial
f)Fomentar políticas e ações públicas voltadas à mobilidade ur- dos Direitos Humanos da Presidência da República
bana sustentável.
Responsável: Ministério das Cidades e)Garantir a exigência de capacitação qualificada e participati-
va das comunidades afetadas nos projetos básicos de obras e em-
g)Considerar na elaboração de políticas públicas de desenvolvi- preendimentos com impactos sociais e ambientais.
mento urbano os impactos na saúde pública. Responsáveis: Ministério da Integração Nacional; Ministério de
Responsáveis: Ministério da Saúde; Ministério das Cidades Minas e Energia; Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre-
sidência da República
h)Fomentar políticas públicas de apoio às organizações de ca-
tadores de materiais recicláveis, visando à disponibilização de áreas f)Definir mecanismos para a garantia dos Direitos Humanos das
e prédios desocupados pertencentes à União, a fim de serem trans- populações diretamente atingidas e vizinhas aos empreendimentos
formados em infraestrutura produtiva para essas organizações. de impactos sociais e ambientais.
Responsáveis: Ministério do Planejamento, Orçamento e Ges- Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre-
tão; Ministério das Cidades; Ministério do Trabalho e Emprego; Mi- sidência da República
nistério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome
g)Apoiar a incorporação dos sindicatos de trabalhadores e cen-
i)Estimular a produção de alimentos de forma comunitária, trais sindicais nos processos de licenciamento ambiental de empre-
com uso de tecnologias de bases agroecológicas, em espaços ur- sas, de forma a garantir o direito à saúde do trabalhador.
banos e periurbanos ociosos e fomentar a mobilização comunitária Responsáveis: Ministério do Meio Ambiente; Ministério do
para a implementação de hortas, viveiros, pomares, canteiros de Trabalho e Emprego; Ministério da Saúde
ervas medicinais, criação de pequenos animais, unidades de pro-
cessamento e beneficiamento agroalimentar, feiras e mercados pú- h)Promover e fortalecer ações de proteção às populações mais
blicos populares. pobres da convivência com áreas contaminadas, resguardando-as
Responsáveis: Ministério do Desenvolvimento Social e Comba- contra essa ameaça e assegurando-lhes seus direitos fundamentais.
te à Fome; Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento Responsáveis: Ministério do Meio Ambiente; Ministério das
Cidades; Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome;
Ministério da Saúde
19
DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA
e)Ampliar a adesão de empresas ao compromisso de responsa- e)Fortalecer ações que estabilizem a concentração de gases de
bilidade social e Direitos Humanos. efeito estufa em nível que permita a adaptação natural dos ecossis-
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da temas à mudança do clima, controlando a interferência das ativida-
Presidência da República; Ministério do Desenvolvimento, Indústria des humanas (antrópicas) no sistema climático.
e Comércio Exterior Responsável: Ministério do Meio Ambiente
20
DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA
No Brasil, ao longo das últimas décadas, os Direitos Humanos cas, sempre sob o foco dos Direitos Humanos, com a preocupação
passaram a ocupar uma posição de destaque no ordenamento ju- de assegurar o respeito às diferenças e o combate às desigualdades,
rídico. O País avançou decisivamente na proteção e promoção do para o efetivo acesso aos direitos.
direito às diferenças. Porém, o peso negativo do passado continua Por fim, em respeito à primazia constitucional de proteção e
a projetar no presente uma situação de profunda iniquidade social. promoção da infância, do adolescente e da juventude, o capítulo
O acesso aos direitos fundamentais continua enfrentando bar- aponta suas diretrizes para o respeito e a garantia das gerações fu-
reiras estruturais, resquícios de um processo histórico, até secular, turas. Como sujeitos de direitos, as crianças, os adolescentes e os
marcado pelo genocídio indígena, pela escravidão e por períodos jovens são frequentemente subestimadas em sua participação polí-
ditatoriais, práticas que continuam a ecoar em comportamentos, tica e em sua capacidade decisória. Preconiza-se o dever de assegu-
leis e na realidade social. rar-lhes, desde cedo, o direito de opinião e participação.
O PNDH-3 assimila os grandes avanços conquistados ao longo Marcadas pelas diferenças e por sua fragilidade temporal, as
destes últimos anos, tanto nas políticas de erradicação da miséria e crianças, os adolescentes e os jovens estão sujeitos a discrimina-
da fome, quanto na preocupação com a moradia e saúde, e aponta ções e violências. As ações programáticas promovem a garantia de
para a continuidade e ampliação do acesso a tais políticas, funda- espaços e investimentos que assegurem proteção contra qualquer
mentais para garantir o respeito à dignidade humana. forma de violência e discriminação, bem como a promoção da ar-
Os objetivos estratégicos direcionados à promoção da cidada- ticulação entre família, sociedade e Estado para fortalecer a rede
nia plena preconizam a universalidade, indivisibilidade e interde- social de proteção que garante a efetividade de seus direitos.
pendência dos Direitos Humanos, condições para sua efetivação
integral e igualitária. O acesso aos direitos de registro civil, alimen- Diretriz 7: Garantia dos Direitos Humanos de forma universal,
tação adequada, terra e moradia, trabalho decente, educação, par- indivisível e interdependente, assegurando a cidadania plena.
ticipação política, cultura, lazer, esporte e saúde, deve considerar a
pessoa humana em suas múltiplas dimensões de ator social e sujei- Objetivo estratégico I:
to de cidadania. Universalização do registro civil de nascimento e ampliação
À luz da história dos movimentos sociais e de programas de do acesso à documentação básica.
governo, o PNDH-3 orienta-se pela transversalidade, para que a im-
plementação dos direitos civis e políticos transitem pelas diversas Ações programáticas:
dimensões dos direitos econômicos, sociais, culturais e ambientais. a)Ampliar e reestruturar a rede de atendimento para a emissão
Caso contrário, grupos sociais afetados pela pobreza, pelo racismo do registro civil de nascimento visando a sua universalização.
estrutural e pela discriminação dificilmente terão acesso a tais di- • Interligar maternidades e unidades de saúde aos cartórios,
reitos. por meio de sistema manual ou informatizado, para emissão de re-
As ações programáticas formuladas visam enfrentar o desafio gistro civil de nascimento logo após o parto, garantindo ao recém
de eliminar as desigualdades, levando em conta as dimensões de nascido a certidão de nascimento antes da alta médica.
gênero e raça nas políticas públicas, desde o planejamento até a sua • Fortalecer a Declaração de Nascido Vivo (DNV), emitida pelo
concretização e avaliação. Há, neste sentido, propostas de criação Sistema Único de Saúde , como mecanismo de acesso ao registro
de indicadores que possam mensurar a efetivação progressiva dos civil de nascimento, contemplando a diversidade na emissão pelos
direitos. estabelecimentos de saúde e pelas parteiras.
Às desigualdades soma-se a persistência da discriminação, que • Realizar orientação sobre a importância do registro civil de
muitas vezes se manifesta sob a forma de violência contra sujeitos nascimento para a cidadania por meio da rede de atendimento
que são histórica e estruturalmente vulnerabilizados. (saúde, educação e assistência social) e pelo sistema de Justiça e de
O combate à discriminação mostra-se necessário, mas insufi- segurança pública.
ciente enquanto medida isolada. Os pactos e convenções que in- • Aperfeiçoar as normas e o serviço público notarial e de re-
gistro, em articulação com o Conselho Nacional de Justiça, para ga-
tegram o sistema regional e internacional de proteção dos Direitos
rantia da gratuidade e da cobertura do serviço de registro civil em
Humanos apontam para a necessidade de combinar estas medidas
âmbito nacional.
com políticas compensatórias que acelerem a construção da igual-
dade, como forma capaz de estimular a inclusão de grupos social-
Responsáveis: Ministério da Saúde; Ministério do Desenvolvi-
mente vulneráveis. Além disso, as ações afirmativas constituem
mento Social e Combate à Fome; Ministério da Previdência Social;
medidas especiais e temporárias que buscam remediar um passado
Ministério da Justiça; Ministério do Planejamento, Orçamento e
discriminatório. No rol de movimentos e grupos sociais que deman-
Gestão; Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da
dam políticas de inclusão social encontram-se crianças, adolescen-
República
tes, mulheres, pessoas idosas, lésbicas, gays, bissexuais, travestis,
transexuais, pessoas com deficiência, pessoas moradoras de rua, b)Promover a mobilização nacional com intuito de reduzir o nú-
povos indígenas, populações negras e quilombolas, ciganos, ribei- mero de pessoas sem registro civil de nascimento e documentação
rinhos, varzanteiros e pescadores, entre outros. básica.
Definem-se, neste capítulo, medidas e políticas que devem ser • Instituir comitês gestores estaduais, distrital e municipais
efetivadas para reconhecer e proteger os indivíduos como iguais com o objetivo de articular as instituições públicas e as entidades da
na diferença, ou seja, para valorizar a diversidade presente na po- sociedade civil para a implantação de ações que visem à ampliação
pulação brasileira para estabelecer acesso igualitário aos direitos do acesso à documentação básica.
fundamentais. Trata-se de reforçar os programas de governo e as
resoluções pactuadas nas diversas conferências nacionais temáti-
21
DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA
• Realizar campanhas para orientação e conscientização da po- b)Vincular programas de transferência de renda à garantia da
pulação e dos agentes responsáveis pela articulação e pela garantia segurança alimentar da criança, por meio do acompanhamento da
do acesso aos serviços de emissão de registro civil de nascimento e saúde e nutrição e do estímulo de hábitos alimentares saudáveis,
de documentação básica. com o objetivo de erradicar a desnutrição infantil.
• Realizar mutirões para emissão de registro civil de nascimen- Responsáveis: Ministério do Desenvolvimento Social e Comba-
to e documentação básica, com foco nas regiões de difícil acesso e te à Fome; Ministério da Educação; Ministério da Saúde
no atendimento às populações específicas como os povos indíge-
nas, quilombolas, ciganos, pessoas em situação de rua, institucio- c)Fortalecer a agricultura familiar e camponesa no desenvolvi-
nalizadas e às trabalhadoras rurais. mento de ações específicas que promovam a geração de renda no
campo e o aumento da produção de alimentos agroecológicos para
Responsáveis: Ministério da Saúde; Ministério do Desenvolvi- o autoconsumo e para o mercado local.
mento Social e Combate à Fome; Ministério da Defesa; Ministério Responsáveis: Ministério do Desenvolvimento Agrário; Minis-
da Fazenda; Ministério do Trabalho e Emprego; Ministério da Jus- tério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome
tiça; Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da
República d)Ampliar o abastecimento alimentar, com maior autonomia
e fortalecimento da economia local, associado a programas de in-
c)Criar bases normativas e gerenciais para garantia da universa- formação, de educação alimentar, de capacitação, de geração de
lização do acesso ao registro civil de nascimento e à documentação ocupações produtivas, de agricultura familiar camponesa e de agri-
básica. cultura urbana.
• Implantar sistema nacional de registro civil para interligação Responsáveis: Ministério do Desenvolvimento Social e Com-
das informações de estimativas de nascimentos, de nascidos vivos bate à Fome; Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento;
e do registro civil, a fim de viabilizar a busca ativa dos nascidos não Ministério do Desenvolvimento Agrário
registrados e aperfeiçoar os indicadores para subsidiar políticas pú-
blicas. e)Promover a implantação de equipamentos públicos de segu-
• Desenvolver estudo e revisão da legislação para garantir o rança alimentar e nutricional, com vistas a ampliar o acesso à ali-
acesso do cidadão ao registro civil de nascimento em todo o terri- mentação saudável de baixo custo, valorizar as culturas alimentares
tório nacional. regionais, estimular o aproveitamento integral dos alimentos, evitar
• Realizar estudo de sustentabilidade do serviço notarial e de o desperdício e contribuir para a recuperação social e de saúde da
registro no País. sociedade.
• Desenvolver a padronização do registro civil (certidão de nas- Responsável: Ministério do Desenvolvimento Social e Combate
cimento, de casamento e de óbito) em território nacional. à Fome
• Garantir a emissão gratuita de Registro Geral e Cadastro de
Pessoa Física aos reconhecidamente pobres. f)Garantir que os hábitos e contextos regionais sejam incorpo-
• Desenvolver estudo sobre a política nacional de documenta- rados nos modelos de segurança alimentar como fatores da produ-
ção civil básica. ção sustentável de alimentos.
Responsável: Ministério do Desenvolvimento Social e Combate
Responsáveis: Ministério da Saúde; Ministério do Desenvol- à Fome
vimento Social e Combate à Fome; Ministério do Planejamento,
Orçamento e Gestão; Ministério da Fazenda; Ministério da Justiça; g)Realizar pesquisas científicas que promovam ganhos de pro-
Ministério do Trabalho e Emprego; Ministério da Previdência Social; dutividade na agricultura familiar e assegurar estoques reguladores.
Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da Repú- Responsáveis: Ministério do Desenvolvimento Social e Comba-
blica te à Fome; Ministério do Desenvolvimento Agrário; Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento
d)Incluir no questionário do censo demográfico perguntas para
identificar a ausência de documentos civis na população. Objetivo estratégico III:
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre- Garantia do acesso à terra e à moradia para a população de
sidência da República baixa renda e grupos sociais vulnerabilizados.
Ações programáticas:
Objetivo estratégico II: a)Fortalecer a reforma agrária com prioridade à implementação
Acesso à alimentação adequada por meio de políticas estru- e recuperação de assentamentos, à regularização do crédito fundi-
turantes. ário e à assistência técnica aos assentados, atualização dos índices
Grau de Utilização da Terra (GUT) e Grau de Eficiência na Exploração
Ações programáticas: (GEE), conforme padrões atuais e regulamentação da desapropria-
a)Ampliar o acesso aos alimentos por meio de programas e ção de áreas pelo descumprimento da função social plena.
ações de geração e transferência de renda, com ênfase na partici- Responsável: Ministério do Desenvolvimento Agrário; Ministé-
pação das mulheres como potenciais beneficiárias. rio da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
Responsáveis: Ministério do Desenvolvimento Social e Com-
bate à Fome; Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres da
Presidência da República
22
DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA
b)Integrar as ações de mapeamento das terras públicas da k)Garantir as condições para a realização de acampamentos ci-
União. ganos em todo o território nacional, visando a preservação de suas
Responsável: Ministério do Planejamento, Orçamento e Ges- tradições, práticas e patrimônio cultural.
tão Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Presidência da República; Ministério das Cidades
c)Estimular o saneamento dos serviços notariais de registros
imobiliários, possibilitando o bloqueio ou o cancelamento adminis- Objetivo estratégico IV:
trativo dos títulos das terras e registros irregulares. Ampliação do acesso universal a sistema de saúde de qualida-
Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério do Desenvolvi- de.
mento Agrário
Ações programáticas:
d)Garantir demarcação, homologação, regularização e desin- a)Expandir e consolidar programas de serviços básicos de saú-
trusão das terras indígenas, em harmonia com os projetos de futu- de e de atendimento domiciliar para a população de baixa renda,
ro de cada povo indígena, assegurando seu etnodesenvolvimento e com enfoque na prevenção e diagnóstico prévio de doenças e defi-
sua autonomia produtiva. ciências, com apoio diferenciado às pessoas idosas, indígenas, ne-
Responsável: Ministério da Justiça gros e comunidades quilombolas, pessoas com deficiência, pessoas
em situação de rua, lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais,
e)Assegurar às comunidades quilombolas a posse dos seus ter- crianças e adolescentes, mulheres, pescadores artesanais e popula-
ritórios, acelerando a identificação, o reconhecimento, a demarca- ção de baixa renda.
ção e a titulação desses territórios, respeitando e preservando os Responsáveis: Ministério da Saúde; Secretaria Especial de Polí-
sítios de valor simbólico e histórico. ticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República;
Responsáveis: Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres da Presidência da
Igualdade Racial da Presidência da República; Ministério da Cultura; República; Ministério da Pesca e Aquicultura
Ministério do Desenvolvimento Agrário
b)Criar programas de pesquisa e divulgação sobre tratamentos
f)Garantir o acesso a terra às populações ribeirinhas, varzan- alternativos à medicina tradicional no sistema de saúde.
teiras e pescadoras, assegurando acesso aos recursos naturais que Responsável: Ministério da Saúde
tradicionalmente utilizam para sua reprodução física, cultural e eco-
nômica. c)Reformular o marco regulatório dos planos de saúde, de
Responsáveis: Ministério do Desenvolvimento Agrário; Minis- modo a diminuir os custos para a pessoa idosa e fortalecer o pacto
tério do Meio Ambiente intergeracional, estimulando a adoção de medidas de capitalização
para gastos futuros pelos planos de saúde.
g)Garantir que nos programas habitacionais do governo sejam Responsável: Ministério da Saúde
priorizadas as populações de baixa renda, a população em situação
de rua e grupos sociais em situação de vulnerabilidade no espaço d)Reconhecer as parteiras como agentes comunitárias de saú-
urbano e rural, considerando os princípios da moradia digna, do de- de.
senho universal e os critérios de acessibilidade nos projetos. Responsáveis: Ministério da Saúde; Secretaria Especial de Polí-
Responsáveis: Ministério das Cidades; Ministério do Desenvol- ticas para as Mulheres da Presidência da República
vimento Social e Combate à Fome
e)Aperfeiçoar o programa de saúde para adolescentes, especi-
h)Promover a destinação das glebas e edifícios vazios ou subu- ficamente quanto à saúde de gênero, à educação sexual e reprodu-
tilizados pertencentes à União, para a população de baixa renda, tiva e à saúde mental.
reduzindo o déficit habitacional. Responsáveis: Ministério da Saúde; Secretaria Especial de Po-
Responsáveis: Ministério das Cidades; Ministério do Planeja- líticas para as Mulheres da Presidência da República; Secretaria Es-
mento, Orçamento e Gestão pecial dos Direitos Humanos da Presidência da República
i)Estabelecer que a garantia da qualidade de abrigos e alber- f)Criar campanhas e material técnico, instrucional e educativo
gues, bem como seu caráter inclusivo e de resgate da cidadania à sobre planejamento reprodutivo que respeite os direitos sexuais e
população em situação de rua, estejam entre os critérios de con- reprodutivos, contemplando a elaboração de materiais específicos
cessão de recursos para novas construções e manutenção dos exis- para a população jovem e adolescente e para pessoas com defici-
tentes. ência.
Responsáveis: Ministério das Cidades; Ministério do Desenvol- Responsáveis: Ministério da Saúde; Secretaria Especial de Po-
vimento Social e Combate à Fome líticas para as Mulheres da Presidência da República; Secretaria Es-
pecial dos Direitos Humanos da Presidência da República
j)Apoiar o monitoramento de políticas de habitação de inte-
resse social pelos conselhos municipais de habitação, garantindo g)Estimular programas de atenção integral à saúde das mulhe-
às cooperativas e associações habitacionais acesso às informações. res, considerando suas especificidades étnico-raciais, geracionais,
Responsável: Ministério das Cidades regionais, de orientação sexual, de pessoa com deficiência, priori-
zando as moradoras do campo, da floresta e em situação de rua.
23
DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA
Responsáveis: Ministério da Saúde; Secretaria Especial de Po- r)Apoiar a implementação de espaços essenciais para higiene
líticas para as Mulheres da Presidência da República; Secretaria Es- pessoal e centros de referência para a população em situação de
pecial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência rua.
da República; Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Fome Presidência da República; Ministério do Desenvolvimento Social e
Combate à Fome
h)Ampliar e disseminar políticas de saúde pré e neonatal, com
inclusão de campanhas educacionais de esclarecimento, visando à s)Investir na política de reforma psiquiátrica fomentando pro-
prevenção do surgimento ou do agravamento de deficiências. gramas de tratamentos substitutivos à internação, que garantam às
Responsáveis: Ministério da Saúde; Secretaria Especial de Po- pessoas com transtorno mental a possibilidade de escolha autôno-
líticas para as Mulheres da Presidência da República; Secretaria Es- ma de tratamento, com convivência familiar e acesso aos recursos
pecial dos Direitos Humanos da Presidência da República psiquiátricos e farmacológicos.
Responsáveis: Ministério da Saúde; Secretaria Especial dos Di-
i)Expandir a assistência pré-natal e pós-natal por meio de pro- reitos Humanos da Presidência da República; Ministério da Cultura
gramas de visitas domiciliares para acompanhamento das crianças
na primeira infância. t)Implementar medidas destinadas a desburocratizar os ser-
Responsável: Ministério da Saúde viços do Instituto Nacional de Seguro Social para a concessão de
aposentadorias e benefícios.
j)Apoiar e financiar a realização de pesquisas e intervenções Responsável: Ministério da Previdência Social
sobre a mortalidade materna, contemplando o recorte étnico-racial
e regional. u)Estimular a incorporação do trabalhador urbano e rural ao
Responsáveis: Ministério da Saúde; Secretaria Especial de Polí- regime geral da previdência social.
ticas para as Mulheres da Presidência da República Responsável: Ministério da Previdência Social
k)Assegurar o acesso a laqueaduras e vasectomias ou reversão v)Assegurar a inserção social das pessoas atingidas pela hanse-
desses procedimentos no sistema público de saúde, com garantia níase isoladas e internadas em hospitais-colônias.
de acesso a informações sobre as escolhas individuais. Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Responsáveis: Ministério da Saúde; Secretaria Especial de Polí- Presidência da República; Ministério da Saúde
ticas para as Mulheres da Presidência da República
w)Reconhecer, pelo Estado brasileiro, as violações de direitos
l)Ampliar a oferta de medicamentos de uso contínuo, especiais às pessoas atingidas pela hanseníase no período da internação e
e excepcionais, para a pessoa idosa. do isolamento compulsórios, apoiando iniciativas para agilizar as
Responsável: Ministério da Saúde reparações com a concessão de pensão especial prevista na Lei no
11.520/2007.
m)Realizar campanhas de diagnóstico precoce e tratamento Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre-
adequado às pessoas que vivem com HIV/AIDS para evitar o estágio sidência da República
grave da doença e prevenir sua expansão e disseminação.
Responsável: Ministério da Saúde x)Proporcionar as condições necessárias para conclusão do
trabalho da Comissão Interministerial de Avaliação para análise
n)Proporcionar às pessoas que vivem com HIV/AIDS programas dos requerimentos de pensão especial das pessoas atingidas pela
de atenção no âmbito da saúde sexual e reprodutiva. hanseníase, que foram internadas e isoladas compulsoriamente em
Responsáveis: Ministério da Saúde; Secretaria Especial de Polí- hospitais-colônia até 31 de dezembro de 1986.
ticas para as Mulheres da Presidência da República Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre-
sidência da República
o)Capacitar os agentes comunitários de saúde que realizam a
triagem e a captação nas hemorredes para praticarem abordagens Objetivo estratégico V:
sem preconceito e sem discriminação. Acesso à educação de qualidade e garantia de permanência na
Responsáveis: Ministério da Saúde; Secretaria Especial dos Di- escola.
reitos Humanos da Presidência da República Ações programáticas:
a)Ampliar o acesso a educação básica, a permanência na escola
p)Garantir o acompanhamento multiprofissional a pessoas e a universalização do ensino no atendimento à educação infantil.
transexuais que fazem parte do processo transexualizador no Siste- Responsável: Ministério da Educação
ma Único de Saúde e de suas famílias.
Responsáveis: Ministério da Saúde; Secretaria Especial dos Di- b)Assegurar a qualidade do ensino formal público com seu mo-
reitos Humanos da Presidência da República nitoramento contínuo e atualização curricular.
Responsáveis: Ministério da Educação; Secretaria Especial dos
q)Apoiar o acesso a programas de saúde preventiva e de prote- Direitos Humanos da Presidência da República
ção à saúde para profissionais do sexo.
Responsáveis: Ministério da Saúde; Secretaria Especial de Polí-
ticas para as Mulheres da Presidência da República
24
DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA
25
DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA
j)Elaborar diagnósticos com base em ações judiciais que envol- f)Propor marco legal e ações repressivas para erradicar a inter-
vam atos de assédio moral, sexual e psicológico, com apuração de mediação ilegal de mão de obra.
denúncias de desrespeito aos direitos das trabalhadoras e trabalha- Responsáveis: Ministério do Trabalho e Emprego; Secretaria
dores, visando orientar ações de combate à discriminação e abuso Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República; Secre-
nas relações de trabalho. taria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial
Responsáveis: Ministério do Trabalho e Emprego; Secretaria
Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidên- g)Promover a destinação de recursos do Fundo de Amparo ao
cia da República; Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres Trabalhador (FAT) para capacitação técnica e profissionalizante de
da Presidência da República; Secretaria Especial dos Direitos Huma- trabalhadores rurais e de povos e comunidades tradicionais, como
nos da Presidência da República medida preventiva ao trabalho escravo, assim como para imple-
mentação de política de reinserção social dos libertados da condi-
k)Garantir a igualdade de direitos das trabalhadoras e trabalha- ção de trabalho escravo.
dores domésticos com os dos demais trabalhadores. Responsáveis: Ministério do Trabalho e Emprego; Secretaria
Responsáveis: Ministério do Trabalho e Emprego; Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República
Especial de Políticas para as Mulheres da Presidência da República;
Ministério da Previdência Social h)Atualizar e divulgar semestralmente o cadastro de emprega-
dores que utilizaram mão-de-obra escrava.
l)Promover incentivos a empresas para que empreguem os Responsáveis: Ministério do Trabalho e Emprego; Secretaria
egressos do sistema penitenciário. Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República
Responsáveis: Ministério da Fazenda; Ministério do Trabalho e
Emprego; Ministério da Justiça Objetivo estratégico VIII:
Promoção do direito à cultura, lazer e esporte como elementos
m)Criar cadastro nacional e relatório periódico de empregabili- formadores de cidadania.
dade de egressos do sistema penitenciário. Ações programáticas:
Responsável: Ministério da Justiça a)Ampliar programas de cultura que tenham por finalidade pla-
nejar e implementar políticas públicas para a proteção e promoção
n)Garantir os direitos trabalhistas e previdenciários de profis- da diversidade cultural brasileira, em formatos acessíveis.
sionais do sexo por meio da regulamentação de sua profissão. Responsáveis: Ministério da Cultura; Ministério do Esporte
Responsáveis: Ministério do Trabalho e Emprego; Secretaria
Especial de Políticas para as Mulheres da Presidência da República. b)Elaborar programas e ações de cultura que considerem os
formatos acessíveis, as demandas e as características específicas
° Objetivo estratégico VII: das diferentes faixas etárias e dos grupos sociais.
° Combate e prevenção ao trabalho escravo. Responsável: Ministério da Cultura
e)Identificar periodicamente as atividades produtivas em que h)Assegurar o direito das pessoas com deficiência e em sofri-
há ocorrência de trabalho escravo adulto e infantil. mento mental de participarem da vida cultural em igualdade de
Responsáveis: Ministério do Trabalho e Emprego; Secretaria oportunidade com as demais, e de desenvolver e utilizar o seu po-
Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República tencial criativo, artístico e intelectual.
26
DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA
Responsáveis: Ministério do Esporte; Ministério da Cultura; Se- Diretriz 8: Promoção dos direitos de crianças e adolescentes
cretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República para o seu desenvolvimento integral, de forma não discriminató-
ria, assegurando seu direito de opinião e participação.
i)Fortalecer e ampliar programas que contemplem participação
dos idosos nas atividades de esporte e lazer. Objetivo estratégico I:
Responsáveis: Ministério do Esporte; Secretaria Especial dos Proteger e garantir os direitos de crianças e adolescentes por
Direitos Humanos da Presidência da República meio da consolidação das diretrizes nacionais do ECA, da Política
Nacional de Promoção, Proteção e Defesa dos Direitos da Criança
j)Potencializar ações de incentivo ao turismo para pessoas ido- e do Adolescente e da Convenção sobre os Direitos da Criança da
sas. ONU.
Responsáveis: Ministério do Turismo; Secretaria Especial dos
Direitos Humanos da Presidência da República Ações programáticas:
a)Formular plano de médio prazo e decenal para a política na-
Objetivo estratégico IX: cional de promoção, proteção e defesa dos direitos da criança e do
Garantia da participação igualitária e acessível na vida política. adolescente.
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre-
Ações programáticas: sidência da República
a)Apoiar campanhas para promover a ampla divulgação do
direito ao voto e participação política de homens e mulheres, por b)Desenvolver e implementar metodologias de acompanha-
meio de campanhas informativas que garantam a escolha livre e mento e avaliação das políticas e planos nacionais referentes aos
consciente. direitos de crianças e adolescentes.
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial de Po- Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre-
líticas para as Mulheres da Presidência da República sidência da República
b)Apoiar o combate ao crime de captação ilícita de sufrágio, c)Elaborar e implantar sistema de coordenação da política dos
inclusive com campanhas de esclarecimento e conscientização dos direitos da criança e do adolescente em todos os níveis de governo,
eleitores. para atender às recomendações do Comitê sobre Direitos da Crian-
Responsável: Ministério da Justiça ça, dos relatores especiais e do Comitê sobre Direitos Econômicos,
Sociais e Culturais da ONU.
c)Apoiar os projetos legislativos para o financiamento público Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
de campanhas eleitorais. Presidência da República; Ministério das Relações Exteriores
Responsável: Ministério da Justiça
d)Criar sistema nacional de coleta de dados e monitoramen-
d)Garantir acesso irrestrito às zonas eleitorais por meio de to junto aos Municípios, Estados e Distrito Federal acerca do cum-
transporte público e acessível e apoiar a criação de zonas eleitorais primento das obrigações da Convenção dos Direitos da Criança da
em áreas de difícil acesso. ONU.
Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério das Cidades Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre-
sidência da República
e)Promover junto aos povos indígenas ações de educação e ca-
pacitação sobre o sistema político brasileiro. e)Assegurar a opinião das crianças e dos adolescentes que es-
Responsável: Ministério da Justiça tiverem capacitados a formular seus próprios juízos, conforme o
disposto no artigo 12 da Convenção sobre os Direitos da Criança, na
f)Apoiar ações de formação política das mulheres em sua diver- formulação das políticas públicas voltadas para estes segmentos,
sidade étnico-racial, estimulando candidaturas e votos de mulheres garantindo sua participação nas conferências dos direitos das crian-
em todos os níveis. ças e dos adolescentes.
Responsável: Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre-
da Presidência da República sidência da República
g)Garantir e estimular a plena participação das pessoas com Objetivo estratégico II:
deficiência no ato do sufrágio, seja como eleitor ou candidato, as- Consolidar o Sistema de Garantia de Direitos de Crianças e
segurando os mecanismos de acessibilidade necessários, inclusive Adolescentes, com o fortalecimento do papel dos Conselhos Tu-
a modalidade do voto assistido. telares e de Direitos.
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre-
sidência da República Ações programáticas:
a)Apoiar a universalização dos Conselhos Tutelares e de Direi-
tos em todos os Municípios e no Distrito Federal, e instituir parâme-
tros nacionais que orientem o seu funcionamento.
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre-
sidência da República
27
DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA
b)Implantar escolas de conselhos nos Estados e no Distrito Fe- d)Implantar sistema nacional de registro de ocorrência de vio-
deral, com vistas a apoiar a estruturação e qualificação da ação dos lência escolar, incluindo as práticas de violência gratuita e reiterada
Conselhos Tutelares e de Direitos. entre estudantes (bullying), adotando formulário unificado de re-
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre- gistro a ser utilizado por todas as escolas.
sidência da República Responsável: Ministério da Educação
c)Apoiar a capacitação dos operadores do sistema de garantia e)Apoiar iniciativas comunitárias de mobilização de crianças
dos direitos para a proteção dos direitos e promoção do modo de e adolescentes em estratégias preventivas, com vistas a minimizar
vida das crianças e adolescentes indígenas, afrodescendentes e co- sua vulnerabilidade em contextos de violência.
munidades tradicionais, contemplando ainda as especificidades da Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
população infanto-juvenil com deficiência. Presidência da República; Ministério da Justiça; Ministério do Es-
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da porte; Ministério do Turismo
Presidência da República; Ministério da Justiça
f)Extinguir os grandes abrigos e eliminar a longa permanência
d)Fomentar a criação de instâncias especializadas e regionali- de crianças e adolescentes em abrigamento, adequando os serviços
zadas do sistema de justiça, de segurança e defensorias públicas, de acolhimento aos parâmetros aprovados pelo CONANDA e CNAS.
para atendimento de crianças e adolescentes vítimas e autores de Responsável: Ministério do Desenvolvimento Social e Combate
violência. à Fome
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Presidência da República; Ministério da Justiça g)Fortalecer as políticas de apoio às famílias para a redução dos
índices de abandono e institucionalização, com prioridade aos gru-
e)Desenvolver mecanismos que viabilizem a participação de pos familiares de crianças com deficiências.
crianças e adolescentes no processo das conferências dos direitos, Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
nos conselhos de direitos, bem como nas escolas, nos tribunais e Presidência da República; Ministério do Desenvolvimento Social e
nos procedimentos judiciais e administrativos que os afetem. Combate à Fome
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre-
sidência da República h)Ampliar a oferta de programas de famílias acolhedoras para
crianças e adolescentes em situação de violência, com o objetivo
f)Estimular a informação às crianças e aos adolescentes sobre de garantir que esta seja a única opção para crianças retiradas do
seus direitos, por meio de esforços conjuntos na escola, na mídia convívio com sua família de origem na primeira infância.
impressa, na televisão, no rádio e na Internet. Responsável: Ministério do Desenvolvimento Social e Combate
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da à Fome
Presidência da República; Ministério da Educação
i)Estruturar programas de moradia coletivas para adolescentes
e jovens egressos de abrigos institucionais.
Objetivo estratégico III:
Responsável: Ministério do Desenvolvimento Social e Combate
Proteger e defender os direitos de crianças e adolescentes com
à Fome
maior vulnerabilidade.
j)Fomentar a adoção legal, por meio de campanhas educativas,
Ações programáticas:
em consonância com o ECA e com acordos internacionais.
a)Promover ações educativas para erradicação da violência na
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
família, na escola, nas instituições e na comunidade em geral, im-
Presidência da República; Ministério das Relações Exteriores
plementando as recomendações expressas no Relatório Mundial de
Violência contra a Criança da ONU. k)Criar serviços e aprimorar metodologias para identificação e
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre- localização de crianças e adolescentes desaparecidos.
sidência da República Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre-
sidência da República
b)Desenvolver programas nas redes de assistência social, de
educação e de saúde para o fortalecimento do papel das famílias l)Exigir em todos os projetos financiados pelo Governo Federal
em relação ao desenvolvimento infantil e à disciplina não violenta. a adoção de estratégias de não discriminação de crianças e adoles-
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da centes em razão de classe, raça, etnia, crença, gênero, orientação
Presidência da República; Ministério da Educação; Ministério do sexual, identidade de gênero, deficiência, prática de ato infracional
Desenvolvimento Social e Combate à Fome; Ministério da Saúde e origem.
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre-
c)Propor marco legal para a abolição das práticas de castigos sidência da República
físicos e corporais contra crianças e adolescentes.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da m)Reforçar e centralizar os mecanismos de coleta e análise sis-
Presidência da República; Ministério da Justiça temática de dados desagregados da infância e adolescência, espe-
cialmente sobre os grupos em situação de vulnerabilidade, histori-
camente vulnerabilizados, vítimas de discriminação, de abuso e de
negligência.
28
DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA
29
DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA
c)Implantar centros de formação continuada para os operado- k)Estabelecer parâmetros nacionais para a apuração adminis-
res do sistema socioeducativo em todos os Estados e no Distrito trativa de possíveis violações dos direitos e casos de tortura em
Federal. adolescentes privados de liberdade, por meio de sistema indepen-
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da dente e de tramitação ágil.
Presidência da República; Ministério da Educação; Ministério do Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre-
Desenvolvimento Social e Combate à Fome sidência da República
d)Desenvolver estratégias conjuntas com o sistema de justiça, Diretriz 9: Combate às desigualdades estruturais.
com vistas ao estabelecimento de regras específicas para a aplica-
ção da medida de privação de liberdade em caráter excepcional e Objetivo estratégico I:
de pouca duração. Igualdade e proteção dos direitos das populações negras, his-
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre- toricamente afetadas pela discriminação e outras formas de into-
sidência da República lerância.
30
DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA
Responsáveis: Secretaria Especial de Políticas de Promoção da h)Promover projetos e pesquisas para resgatar a história dos
Igualdade Racial da Presidência da República; Ministério da Cultura povos indígenas.
Responsável: Ministério da Justiça
g)Fortalecer os mecanismos existentes de reconhecimento das
comunidades quilombolas como garantia dos seus direitos especí- i)Promover ações culturais para o fortalecimento da educação
ficos . escolar dos povos indígenas, estimulando a valorização de suas pró-
Responsáveis: Ministério do Desenvolvimento Agrário; Minis- prias formas de produção do conhecimento.
tério da Cultura; Secretaria Especial de Política de Promoção da Responsáveis: Ministério da Cultura; Ministério da Justiça
Igualdade Racial da Presidência da República
j)Garantir o acesso à educação formal pelos povos indígenas,
h)Fomentar programas de valorização do patrimônio cultural bilíngues e com adequação curricular formulada com a participação
das populações negras. de representantes das etnias indigenistas e especialistas em edu-
Responsável: Ministério da Cultura; Secretaria Especial de Pro- cação.
moção da Igualdade Racial da Presidência da República Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério da Educação
i)Assegurar o resgate da memória das populações negras, me-
dia k)Assegurar o acesso e permanência da população indígena no
nte a publicação da história de resistência e resgate de tradi- ensino superior, por meio de ações afirmativas e respeito à diversi-
ções das populações das diásporas. dade étnica e cultural.
Responsável: Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério da Educação
Igualdade Racial da Presidência da República
l)Adotar medidas de proteção dos direitos das crianças indíge-
Objetivo estratégico II: nas nas redes de ensino, saúde e assistência social, em consonância
Garantia aos povos indígenas da manutenção e resgate das com a promoção dos seus modos de vida.
condições de reprodução, assegurando seus modos de vida. Responsáveis: Ministério da Educação; Ministério da Saúde;
Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome; Secreta-
Ações programáticas: ria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República
a)Assegurar a integridade das terras indígenas para proteger e
promover o modo de vida dos povos indígenas. Objetivo estratégico III:
Responsável: Ministério da Justiça Garantia dos direitos das mulheres para o estabelecimento das
condições necessárias para sua plena cidadania.
b)Proteger os povos indígenas isolados e de recente contato
para garantir sua reprodução cultural e etnoambiental. Ações programáticas:
Responsável: Ministério da Justiça a)Desenvolver ações afirmativas que permitam incluir plena-
mente as mulheres no processo de desenvolvimento do País, por
c)Aplicar os saberes dos povos indígenas e das comunidades meio da promoção da sua autonomia econômica e de iniciativas
tradicionais na elaboração de políticas públicas, respeitando a Con- produtivas que garantam sua independência.
venção no 169 da OIT. Responsável: Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres
Responsável: Ministério da Justiça da Presidência da República
d)Apoiar projetos de lei com objetivo de revisar o Estatuto do b)Incentivar políticas públicas e ações afirmativas para a parti-
Índio com base no texto constitucional de 1988 e na Convenção no cipação igualitária, plural e multirracial das mulheres nos espaços
169 da OIT. de poder e decisão.
Responsável: Ministério da Justiça Responsável: Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres
da Presidência da República
e)Elaborar relatório periódico de acompanhamento das políti-
cas indigenistas que contemple dados sobre os processos de de- c)Elaborar relatório periódico de acompanhamento das políti-
marcações das terras indígenas, dados sobre intrusões e conflitos cas para mulheres com recorte étnico-racial, que contenha dados
territoriais, inclusão no sistema de ensino (básico e superior), assis- sobre renda, jornada e ambiente de trabalho, ocorrências de assé-
tência integrada à saúde, número de violações registradas e apura- dio moral, sexual e psicológico, ocorrências de violências contra a
das, recorrências de violações e dados populacionais. mulher, assistência à saúde integral, dados reprodutivos, mortalida-
Responsável: Ministério da Justiça de materna e escolarização.
Responsável: Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres
f)Proteger e promover os conhecimentos tradicionais e medici- da Presidência da República
nais dos povos indígenas.
Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério da Saúde d)Divulgar os instrumentos legais de proteção às mulheres,
nacionais e internacionais, incluindo sua publicação em formatos
g)Implementar políticas de proteção do patrimônio dos povos acessíveis, como braile, CD de áudio e demais tecnologias assistivas.
indígenas, por meio dos registros material e imaterial, mapeando os Responsável: Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres
sítios históricos e arqueológicos, a cultura, as línguas e a arte. da Presidência da República
Responsáveis: Ministério da Cultura; Ministério da Justiça
31
DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA
e)Ampliar o financiamento de abrigos para mulheres em situa- Responsável: Ministério do Desenvolvimento Social e Combate
ção de vulnerabilidade, garantindo plena acessibilidade. à Fome
Responsáveis: Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres
da Presidência da República; Ministério do Desenvolvimento Social e)Apoiar e valorizar a associação das mulheres quebradeiras
e Combate à Fome de coco, protegendo e promovendo a continuidade de seu trabalho
extrativista.
f)Propor tratamento preferencial de atendimento às mulheres Responsável: Ministério do Desenvolvimento Social e Combate
em situação de violência doméstica e familiar nos Conselhos Gesto- à Fome
res do Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social e junto ao
Fundo de Desenvolvimento Social. f)Elaborar relatórios periódicos de acompanhamento das polí-
Responsáveis: Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres ticas direcionadas às populações e comunidades tradicionais, que
da Presidência da República; Ministério das Cidades; Ministério do contenham, entre outras, informações sobre população estimada,
Desenvolvimento Social e Combate à Fome assistência integrada à saúde, número de violações registradas e
apuradas, recorrência de violações, lideranças ameaçadas, dados
g) Considerar o aborto como tema de saúde pública, com a ga- sobre acesso à moradia, terra e território e conflitos existentes.
rantia do acesso aos serviços de saúde. (Redação dada pelo Decreto Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério da Saúde; Se-
nº 7.177, de 2010) cretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da
Responsáveis: Ministério da Saúde; Secretaria Especial de Po- Presidência da República; Secretaria Especial dos Direitos Humanos
líticas para as Mulheres da Presidência da República; Ministério da da Presidência da República
Justiça
Objetivo estratégico II:
h)Realizar campanhas e ações educativas para desconstruir os Proteção e promoção da diversidade das expressões culturais
estereótipos relativos às profissionais do sexo. como Direito Humano.
Responsável: Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres Ações programáticas:
da Presidência da República a)Promover ações de afirmação do direito à diversidade das ex-
pressões culturais, garantindo igual dignidade e respeito para todas
Diretriz 10: Garantia da igualdade na diversidade. as culturas.
Responsável: Ministério da Cultura
Objetivo estratégico I:
Afirmação da diversidade para construção de uma sociedade b)Incluir nos instrumentos e relatórios de políticas culturais a
igualitária. temática dos Direitos Humanos.
Responsável: Ministério da Cultura
Ações programáticas:
a)Realizar campanhas e ações educativas para desconstrução Objetivo estratégico III:
de estereótipos relacionados com diferenças étnico-raciais, etárias, Valorização da pessoa idosa e promoção de sua participação
de identidade e orientação sexual, de pessoas com deficiência, ou na sociedade.
segmentos profissionais socialmente discriminados.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Ações programáticas:
Presidência da República; Secretaria Especial de Políticas de Pro- a)Promover a inserção, a qualidade de vida e a prevenção de
moção da Igualdade Racial da Presidência da República; Secretaria agravos aos idosos, por meio de programas que fortaleçam o conví-
Especial de Políticas para as Mulheres da Presidência da República; vio familiar e comunitário, garantindo o acesso a serviços, ao lazer,
Ministério da Cultura à cultura e à atividade física, de acordo com sua capacidade fun-
cional.
b)Incentivar e promover a realização de atividades de valori- Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
zação da cultura das comunidades tradicionais, entre elas ribeiri- Presidência da República; Ministério da Cultura; Ministério do Es-
nhos, extrativistas, quebradeiras de coco, pescadores artesanais, porte
seringueiros, geraizeiros, varzanteiros, pantaneiros, comunidades
de fundo de pasto, caiçaras e faxinalenses. b)Apoiar a criação de centros de convivência e desenvolver
Responsáveis: Ministério da Cultura; Ministério do Desenvolvi- ações de valorização e socialização da pessoa idosa nas zonas ur-
mento Social e Combate à Fome; Ministério do Esporte banas e rurais.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
c)Fomentar a formação e capacitação em Direitos Humanos, Presidência da República; Ministério da Cultura
como meio de resgatar a autoestima e a dignidade das comunida-
des tradicionais, rurais e urbanas. c)Fomentar programas de voluntariado de pessoas idosas, vi-
Responsáveis: Secretaria Especial de Políticas de Promoção da sando valorizar e reconhecer sua contribuição para o desenvolvi-
Igualdade Racial da Presidência da República; Ministério da Justiça; mento e bem-estar da comunidade.
Ministério da Cultura Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre-
sidência da República
d)Apoiar políticas de acesso a direitos para a população cigana,
valorizando seus conhecimentos e cultura.
32
DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA
d)Desenvolver ações que contribuam para o protagonismo da Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
pessoa idosa na escola, possibilitando sua participação ativa na Presidência da República; Ministério do Trabalho e Emprego; Mi-
construção de uma nova percepção intergeracional. nistério das Cidades
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre-
sidência da República d)Garantir recursos didáticos e pedagógicos para atender às
necessidades educativas especiais.
e)Potencializar ações com ênfase no diálogo intergeracional, Responsável: Ministério da Educação
valorizando o conhecimento acumulado das pessoas idosas.
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre- e)Disseminar a utilização dos sistemas braile, tadoma, escrita
sidência da República de sinais e libras tátil para inclusão das pessoas com deficiência em
todo o sistema de ensino.
f)Desenvolver ações intersetoriais para capacitação continuada Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
de cuidadores de pessoas idosas. Presidência da República; Ministério da Educação
Responsáveis: Ministério da Saúde; Ministério da Cultura
f)Instituir e implementar o ensino da Língua Brasileira de Sinais
g)Desenvolver política de humanização do atendimento ao ido- como disciplina curricular facultativa.
so, principalmente em instituições de longa permanência. Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República; Ministério da Educação
Presidência da República; Ministério da Cultura
g)Propor a regulamentação das profissões relativas à imple-
h)Elaborar programas de capacitação para os operadores dos mentação da acessibilidade, tais como: instrutor de Libras, guia-in-
direitos da pessoa idosa. térprete, tradutor-intérprete, transcritor, revisor e ledor da escrita
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre- braile e treinadores de cães-guia.
sidência da República.
Responsável: Ministério do Trabalho e Emprego
i)Elaborar relatório periódico de acompanhamento das políti- h)Elaborar relatórios sobre os Municípios que possuam frota
cas para pessoas idosas que contenha informações sobre os Cen- adaptada para subsidiar o processo de monitoramento do cumpri-
tros Integrados de Atenção a Prevenção à Violência, tais como: mento e implementação da legislação de acessibilidade.
quantidade existente; sua participação no financiamento público; Responsáveis: Ministério das Cidades; Secretaria Especial dos
sua inclusão nos sistemas de atendimento; número de profissionais Direitos Humanos da Presidência da República
capacitados; pessoas idosas atendidas; proporção dos casos com
resoluções; taxa de reincidência; pessoas idosas seguradas e apo- Objetivo estratégico V:
sentadas; famílias providas por pessoas idosas; pessoas idosas em Garantia do respeito à livre orientação sexual e identidade de
abrigos; pessoas idosas em situação de rua; principal fonte de ren- gênero.
da dos idosos; pessoas idosas atendidas, internadas e mortas por
violência ou maus-tratos. Ações programáticas:
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da a)Desenvolver políticas afirmativas e de promoção de cultura
Presidência da República; Ministério da Saúde; Ministério da Previ- de respeito à livre orientação sexual e identidade de gênero, favo-
dência Social; Ministério da Justiça; Ministério do Desenvolvimento recendo a visibilidade e o reconhecimento social.
Social e Combate à Fome Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre-
sidência da República
Objetivo estratégico IV:
Promoção e proteção dos direitos das pessoas com deficiên-
b)Apoiar projeto de lei que disponha sobre a união civil entre
cia e garantia da acessibilidade igualitária.
pessoas do mesmo sexo.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Ações programáticas:
Presidência da República; Ministério da Justiça
a)Garantir às pessoas com deficiência igual e efetiva proteção
legal contra a discriminação.
c)Promover ações voltadas à garantia do direito de adoção por
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
casais homoafetivos.
Presidência da República; Ministério da Justiça
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Di-
b)Garantir salvaguardas apropriadas e efetivas para prevenir reitos Humanos da Presidência da República; Secretaria Especial de
abusos a pessoas com deficiência e pessoas idosas. Políticas para as Mulheres da Presidência da República
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre-
sidência da República d)Reconhecer e incluir nos sistemas de informação do serviço
público todas as configurações familiares constituídas por lésbicas,
c)Assegurar o cumprimento do Decreto de Acessibilidade (De- gays, bissexuais, travestis e transexuais, com base na desconstrução
creto no 5.296/2004), que garante a acessibilidade pela adequação da heteronormatividade.
das vias e passeios públicos, semáforos, mobiliários, habitações, es- Responsável: Ministério do Planejamento, Orçamento e Ges-
paços de lazer, transportes, prédios públicos, inclusive instituições tão
de ensino, e outros itens de uso individual e coletivo.
33
DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA
e)Desenvolver meios para garantir o uso do nome social de tra- entre as religiões, proporção de pessoas que já trocaram de religião,
vestis e transexuais. número de pessoas religiosas não praticantes e número de pessoas
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre- sem religião.
sidência da República Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre-
sidência da República
f)Acrescentar campo para informações sobre a identidade de
gênero dos pacientes nos prontuários do sistema de saúde. Eixo Orientador IV:
Responsável: Ministério da Saúde Segurança Pública, Acesso à Justiça e Combate à Violência
Por muito tempo, alguns segmentos da militância em Direitos
g)Fomentar a criação de redes de proteção dos Direitos Huma- Humanos mantiveram-se distantes do debate sobre as políticas
nos de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (LGBT), públicas de segurança no Brasil. No processo de consolidação da
principalmente a partir do apoio à implementação de Centros de democracia, por diferentes razões, movimentos sociais e entidades
Referência em Direitos Humanos de Prevenção e Combate à Homo- manifestaram dificuldade no tratamento do tema. Na base dessa
fobia e de núcleos de pesquisa e promoção da cidadania daquele dificuldade, estavam a memória dos enfrentamentos com o aparato
segmento em universidades públicas. repressivo ao longo de duas décadas de regime ditatorial, a postu-
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre- ra violenta vigente, muitas vezes, em órgãos de segurança pública,
sidência da República a percepção do crime e da violência como meros subprodutos de
uma ordem social injusta a ser transformada em seus próprios fun-
h)Realizar relatório periódico de acompanhamento das polí- damentos.
ticas contra discriminação à população LGBT, que contenha, entre Distanciamento análogo ocorreu nas universidades, que, com
outras, informações sobre inclusão no mercado de trabalho, as- poucas exceções, não se debruçaram sobre o modelo de polícia
sistência à saúde integral, número de violações registradas e apu- legado ou sobre os desafios da segurança pública. As polícias bra-
radas, recorrências de violações, dados populacionais, de renda e sileiras, nos termos de sua tradição institucional, pouco aproveita-
conjugais. ram da reflexão teórica e dos aportes oferecidos pela criminologia
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre- moderna e demais ciências sociais, já disponíveis há algumas dé-
sidência da República cadas às polícias e aos gestores de países desenvolvidos. A cultura
arraigada de rejeitar as evidências acumuladas pela pesquisa e pela
experiência de reforma das polícias no mundo era a mesma que
Objetivo estratégico VI:
expressava nostalgia de um passado de ausência de garantias indi-
Respeito às diferentes crenças, liberdade de culto e garantia
viduais, e que identificava na idéia dos Direitos Humanos não a mais
da laicidade do Estado.
generosa entre as promessas construídas pela modernidade, mas
uma verdadeira ameaça.
Ações programáticas: Estavam postas as condições históricas, políticas e culturais
a)Instituir mecanismos que assegurem o livre exercício das di- para que houvesse um fosso aparentemente intransponível entre
versas práticas religiosas, assegurando a proteção do seu espaço os temas da segurança pública e os Direitos Humanos.
físico e coibindo manifestações de intolerância religiosa. Nos últimos anos, contudo, esse processo de estranhamento
Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério da Cultura; Se- mútuo passou a ser questionado. De um lado, articulações na so-
cretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República ciedade civil assumiram o desafio de repensar a segurança pública
a partir de diálogos com especialistas na área, policiais e gestores.
b)Promover campanhas de divulgação sobre a diversidade re- De outro, começaram a ser implantadas as primeiras políticas públi-
ligiosa para disseminar cultura da paz e de respeito às diferentes cas buscando caminhos alternativos de redução do crime e da vio-
crenças. lência, a partir de projetos centrados na prevenção e influenciados
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da pela cultura de paz.
Presidência da República; Ministério da Cultura; Secretaria Especial A proposição do Sistema Único de Segurança Pública, a moder-
de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da Re- nização de parte das nossas estruturas policiais e a aprovação de
pública novos regimentos e leis orgânicas das polícias, a consciência cres-
cente de que políticas de segurança pública são realidades mais
c) (Revogado pelo Decreto nº 7.177, de 2010) amplas e complexas do que as iniciativas possíveis às chamadas
Responsável: (Revogado pelo Decreto nº 7.177, de 2010) “forças da segurança”, o surgimento de nova geração de policiais,
disposta a repensar práticas e dogmas e, sobretudo, a cobrança da
d)Estabelecer o ensino da diversidade e história das religiões, opinião pública e a maior fiscalização sobre o Estado, resultante do
inclusive as derivadas de matriz africana, na rede pública de ensino, processo de democratização, têm tornado possível a construção de
com ênfase no reconhecimento das diferenças culturais, promoção agenda de reformas na área.
da tolerância e na afirmação da laicidade do Estado. O Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania
Responsáveis: Ministério da Educação; Secretaria Especial dos (Pronasci) e os investimentos já realizados pelo Governo Federal na
montagem de rede nacional de altos estudos em segurança pública,
Direitos Humanos da Presidência da República
que têm beneficiado milhares de policiais em cada Estado, simboli-
zam, ao lado do processo de debates da 1ª Conferência Nacional de
e)Realizar relatório sobre pesquisas populacionais relativas a
Segurança Pública, acúmulos históricos significativos, que apontam
práticas religiosas, que contenha, entre outras, informações sobre
para novas e mais importantes mudanças.
número de religiões praticadas, proporção de pessoas distribuídas
34
DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA
As propostas elencadas neste eixo orientador do PNDH-3 ar- e sustentando que a democracia, os processos de participação e
ticulam-se com tal processo histórico de transformação e exigem transparência, aliados ao uso de ferramentas científicas e à profis-
muito mais do que já foi alcançado. Para tanto, parte-se do pressu- sionalização das instituições e trabalhadores da segurança, assina-
posto de que a realidade brasileira segue sendo gravemente mar- lam os roteiros mais promissores para que o Brasil possa avançar no
cada pela violência e por severos impasses estruturais na área da caminho da paz pública.
segurança pública.
Problemas antigos, como a ausência de diagnósticos, de pla- Diretriz 11: Democratização e modernização do sistema de
nejamento e de definição formal de metas, a desvalorização pro- segurança pública
fissional dos policiais e dos agentes penitenciários, o desperdício
de recursos e a consagração de privilégios dentro das instituições, Objetivo estratégico I:
as práticas de abuso de autoridade e de violência policial contra Modernização do marco normativo do sistema de segurança
grupos vulneráveis e a corrupção dos agentes de segurança pública, pública.
demandam reformas tão urgentes quanto profundas.
As propostas sistematizadas no PNDH-3 agregam, nesse con- Ações programáticas:
texto, as contribuições oferecidas pelo processo da 11ª Conferência a)Propor alteração do texto constitucional, de modo a conside-
Nacional dos Direitos Humanos e avançam também sobre temas rar as polícias militares não mais como forças auxiliares do Exército,
que não foram objeto de debate, trazendo para o PNDH-3 parte do mantendo-as apenas como força reserva.
acúmulo crítico que tem sido proposto ao País pelos especialistas e Responsável: Ministério da Justiça
pesquisadores da área.
Em linhas gerais, o PNDH-3 aponta para a necessidade de am- b)Propor a revisão da estrutura, treinamento, controle, empre-
pla reforma no modelo de polícia e propõe o aprofundamento do go e regimentos disciplinares dos órgãos de segurança pública, de
debate sobre a implantação do ciclo completo de policiamento às forma a potencializar as suas funções de combate ao crime e prote-
corporações estaduais. Prioriza transparência e participação popu- ção dos direitos de cidadania, bem como garantir que seus órgãos
lar, instando ao aperfeiçoamento das estatísticas e à publicação de corregedores disponham de carreira própria, sem subordinação à
dados, assim como à reformulação do Conselho Nacional de Segu- direção das instituições policiais.
rança Pública. Contempla a prevenção da violência e da criminalida- Responsável: Ministério da Justiça
de como diretriz, ampliando o controle sobre armas de fogo e indi-
cando a necessidade de profissionalização da investigação criminal. c)Propor a criação obrigatória de ouvidorias de polícias inde-
Com ênfase na erradicação da tortura e na redução da letalida- pendentes nos Estados e no Distrito Federal, com ouvidores pro-
de policial e carcerária, confere atenção especial ao estabelecimen- tegidos por mandato e escolhidos com participação da sociedade.
to de procedimentos operacionais padronizados, que previnam as Responsável: Ministério da Justiça
ocorrências de abuso de autoridade e de violência institucional, e
confiram maior segurança a policiais e agentes penitenciários. Re- d)Assegurar a autonomia funcional dos peritos e a moderni-
afirma a necessidade de criação de ouvidorias independentes em zação dos órgãos periciais oficiais, como forma de incrementar sua
âmbito federal e, inspirado em tendências mais modernas de po- estruturação, assegurando a produção isenta e qualificada da prova
liciamento, estimula as iniciativas orientadas por resultados, o de- material, bem como o princípio da ampla defesa e do contraditório
senvolvimento do policiamento comunitário e voltado para a solu- e o respeito aos Direitos Humanos.
ção de problemas, elencando medidas que promovam a valorização Responsável: Ministério da Justiça
dos trabalhadores em segurança pública. Contempla, ainda, a cria-
e)Promover o aprofundamento do debate sobre a instituição
ção de sistema federal que integre os atuais sistemas de proteção a
do ciclo completo da atividade policial, com competências reparti-
vítimas e testemunhas, defensores de Direitos Humanos e crianças
das pelas polícias, a partir da natureza e da gravidade dos delitos.
e adolescentes ameaçados de morte.
Responsável: Ministério da Justiça
Também como diretriz, o PNDH-3 propõe profunda reforma da
Lei de Execução Penal que introduza garantias fundamentais e no-
f)Apoiar a aprovação do Projeto de Lei no 1.937/2007, que dis-
vos regramentos para superar as práticas abusivas, hoje comuns. E
põe sobre o Sistema Único de Segurança Pública.
trata as penas privativas de liberdade como última alternativa, pro- Responsável: Ministério da Justiça
pondo a redução da demanda por encarceramento e estimulando
novas formas de tratamento dos conflitos, como as sugeridas pelo Objetivo estratégico II:
mecanismo da Justiça Restaurativa. Modernização da gestão do sistema de segurança pública.
Reafirma-se a centralidade do direito universal de acesso à Jus-
tiça, com a possibilidade de acesso aos tribunais por toda a popula- Ações programáticas:
ção, com o fortalecimento das defensorias públicas e a moderniza- a)Condicionar o repasse de verbas federais à elaboração e revi-
ção da gestão judicial, de modo a garantir respostas judiciais mais são periódica de planos estaduais, distrital e municipais de seguran-
céleres e eficazes. Destacam-se, ainda, o direito de acesso à Justiça ça pública que se pautem pela integração e pela responsabilização
em matéria de conflitos agrários e urbanos e o necessário estímulo territorial da gestão dos programas e ações.
aos meios de soluções pacíficas de controvérsias. Responsável: Ministério da Justiça
O PNDH-3 apresenta neste eixo, fundamentalmente, propos-
tas para que o Poder Público se aperfeiçoe no desenvolvimento de b)Criar base de dados unificada que permita o fluxo de infor-
políticas públicas de prevenção ao crime e à violência, reforçando mações entre os diversos componentes do sistema de segurança
a noção de acesso universal à Justiça como direito fundamental, pública e a Justiça criminal.
35
DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Di- • Quantidade e tipos de laudos produzidos pelos órgãos fede-
reitos Humanos da Presidência da República rais de perícia oficial.
Responsável: Ministério da Justiça
c)Redefinir as competências e o funcionamento da Inspetoria-
-Geral das Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares. Objetivo estratégico II:
Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério da Defesa Consolidação de mecanismos de participação popular na ela-
boração das políticas públicas de segurança.
Objetivo estratégico III:
Promoção dos Direitos Humanos dos profissionais do sistema Ações programáticas:
de segurança pública, assegurando sua formação continuada e a)Reformular o Conselho Nacional de Segurança Pública, asse-
compatível com as atividades que exercem. gurando a participação da sociedade civil organizada em sua com-
posição e garantindo sua articulação com o Conselho Nacional de
Ações programáticas: Política Criminal e Penitenciária.
a)Proporcionar equipamentos para proteção individual efetiva Responsável: Ministério da Justiça
para os profissionais do sistema federal de segurança pública.
Responsável: Ministério da Justiça b)Fomentar mecanismos de gestão participativa das políticas
públicas de segurança, como conselhos e conferências, ampliando
b)Condicionar o repasse de verbas federais aos Estados, ao Dis- a Conferência Nacional de Segurança Pública.
trito Federal e aos Municípios, à garantia da efetiva disponibilização Responsável: Ministério da Justiça
de equipamentos de proteção individual aos profissionais do siste-
ma nacional de segurança pública. Diretriz 13: Prevenção da violência e da criminalidade e pro-
Responsável: Ministério da Justiça fissionalização da investigação de atos criminosos.
36
DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA
c)Promover a capacitação técnica em investigação criminal Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Di-
para os profissionais dos sistemas estaduais de segurança pública. reitos Humanos da Presidência da República
Responsável: Ministério da Justiça
d)Desenvolver normas de conduta e fiscalização dos serviços
d)Realizar pesquisas para qualificação dos estudos sobre técni- de segurança privados que atuam na área rural.
cas de investigação criminal. Responsável: Ministério da Justiça
Responsável: Ministério da Justiça
e)Elaborar diretrizes para atividades de policiamento comuni-
Objetivo estratégico III: tário e policiamento orientado para a solução de problemas, bem
Produção de prova pericial com celeridade e procedimento pa- como catalogar e divulgar boas práticas dessas atividades.
dronizado. Responsável: Ministério da Justiça
b)Realizar anualmente pesquisas nacionais de vitimização. d)Promover campanhas educativas e pesquisas voltadas à pre-
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Di- venção da violência contra pessoas com deficiência, idosos, mulhe-
reitos Humanos da Presidência da República res, indígenas, negros, crianças, adolescentes, lésbicas, gays, bisse-
xuais, transexuais, travestis e pessoas em situação de rua.
c)Fortalecer mecanismos que possibilitem a efetiva fiscalização Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
de empresas de segurança privada e a investigação e responsabili- Presidência da República; Ministério do Desenvolvimento Social e
zação de policiais que delas participem de forma direta ou indireta. Combate à Fome; Secretaria Especial de Políticas de Promoção da
37
DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA
Igualdade Racial da Presidência da República; Secretaria Especial de Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre-
Políticas para as Mulheres da Presidência da República; Ministério sidência da República
da Justiça; Ministério do Turismo; Ministério do Esporte
n)Capacitar profissionais de educação e saúde para identificar
e)Fortalecer unidade especializada em conflitos indígenas na e notificar crimes e casos de violência contra a pessoa idosa e con-
Polícia Federal e garantir sua atuação conjunta com a FUNAI, em tra a pessoa com deficiência.
especial nos processos conflituosos de demarcação. Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Responsável: Ministério da Justiça Presidência da República; Ministério da Saúde; Ministério da Edu-
cação
f)Fomentar cursos de qualificação e capacitação sobre aspec-
tos da cultura tradicional dos povos indígenas e sobre legislação o)Implementar ações de promoção da cidadania e Direitos Hu-
indigenista para todas as corporações policiais, principalmente para manos das lésbicas, gays, bissexuais, transexuais e travestis, com
as polícias militares e civis especialmente nos Estados e Municípios foco na prevenção à violência, garantindo redes integradas de aten-
em que as aldeias indígenas estejam localizadas nas proximidades ção.
dos centros urbanos. Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Di-
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Di- reitos Humanos da Presidência da República
reitos Humanos da Presidência da República
Objetivo estratégico VI:
g)Fortalecer mecanismos para combater a violência contra a Enfrentamento ao tráfico de pessoas.
população indígena, em especial para as mulheres indígenas víti-
mas de casos de violência psicológica, sexual e de assédio moral. Ações programáticas:
Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério da Saúde; Se- a)Desenvolver metodologia de monitoramento, disseminação
cretaria Especial de Políticas para as Mulheres da Presidência da e avaliação das metas do Plano Nacional de Enfrentamento ao Tráfi-
República co de Pessoas, bem como construir e implementar o II Plano Nacio-
nal de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas.
h)Apoiar a implementação do pacto nacional de enfrentamen- Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério do Turismo; Se-
to à violência contra as mulheres de forma articulada com os planos cretaria Especial de Políticas para as Mulheres da Presidência da
estaduais de segurança pública e em conformidade com a Lei Maria República; Ministério do Trabalho e Emprego; Secretaria Especial
da Penha (Lei no 11.340/2006). dos Direitos Humanos da Presidência da República
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial de Po-
líticas para as Mulheres da Presidência da República; Ministério da b)Estruturar, a partir de serviços existentes, sistema nacional
Saúde; Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da de atendimento às vítimas do tráfico de pessoas, de reintegração e
República diminuição da vulnerabilidade, especialmente de crianças, adoles-
centes, mulheres, transexuais e travestis.
i)Avaliar o cumprimento da Lei Maria da Penha com base nos Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
dados sobre tipos de violência, agressor e vítima. Presidência da República; Secretaria Especial de Políticas para as
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial de Po- Mulheres da Presidência da República; Ministério da Justiça
líticas para as Mulheres da Presidência da República
c)Implementar as ações referentes a crianças e adolescentes
j)Fortalecer ações estratégicas de prevenção à violência contra previstas na Política e no Plano Nacional de Enfrentamento ao Trá-
jovens negros. fico de Pessoas.
Responsáveis: Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Di-
Igualdade Racial da Presidência da República; Ministério da Justiça reitos Humanos da Presidência da República
k)Estabelecer política de prevenção de violência contra a popu- d)Consolidar fluxos de encaminhamento e monitoramento de
lação em situação de rua, incluindo ações de capacitação de poli- denúncias de casos de tráfico de crianças e adolescentes.
ciais em Direitos Humanos. Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Di-
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Di- reitos Humanos da Presidência da República; Secretaria Especial de
reitos Humanos da Presidência da República Políticas para as Mulheres da Presidência da República
l)Promover a articulação institucional, em conjunto com a so- e)Revisar e disseminar metodologia para atendimento de
ciedade civil, para implementar o Plano de Ação para o Enfrenta- crianças e adolescentes vítimas de tráfico.
mento da Violência contra a Pessoa Idosa. Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre-
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da sidência da República
Presidência da República; Ministério da Justiça; Ministério do De-
senvolvimento Social e Combate à Fome; Ministério da Saúde f)Fomentar a capacitação de técnicos da gestão pública, orga-
nizações não governamentais e representantes das cadeias produ-
m)Fomentar a implantação do serviço de recebimento e enca- tivas para o enfrentamento ao tráfico de pessoas.
minhamento de denúncias de violência contra a pessoa idosa em Responsável: Ministério do Turismo
todas as unidades da Federação.
38
DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA
h)Realizar estudos e pesquisas sobre o tráfico de pessoas, in- h)Publicar trimestralmente informações sobre pessoas mortas
clusive sobre exploração sexual de crianças e adolescentes. e feridas em ações da Polícia Federal, da Polícia Rodoviária Federal
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da e da Força Nacional de Segurança Pública.
Presidência da República; Ministério do Turismo; Ministério da Jus- Responsável: Ministério da Justiça
tiça; Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres da Presidên-
cia da República i)Criar sistema de rastreamento de armas e de veículos usados
pela Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal e Força Nacional de
Diretriz 14: Combate à violência institucional, com ênfase na Segurança Pública, e fomentar a criação de sistema semelhante nos
erradicação da tortura e na redução da letalidade policial e carce- Estados e no Distrito Federal.
rária. Responsável: Ministério da Justiça
39
DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA
liberdade, nos termos do protocolo facultativo à convenção da ONU j)Estabelecer procedimento para a produção de relatórios anu-
contra a tortura e outros tratamentos ou penas cruéis, desumanos ais, contendo informações sobre o número de casos de torturas e
ou degradantes. de tratamentos desumanos ou degradantes levados às autoridades,
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos número de perpetradores e de sentenças judiciais.
Direitos Humanos da Presidência da República; Ministério das Re- Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre-
lações Exteriores; sidência da República
• Objetivo estratégico IV:
b)Instituir grupo de trabalho para discutir e propor atualização • Combate às execuções extrajudiciais realizadas por agentes
e aperfeiçoamento da Lei no 9.455/1997, que define os crimes de do Estado.
tortura, de forma a atualizar os tipos penais, instituir sistema na-
cional de combate à tortura, estipular marco legal para a definição Ações programáticas:
de regras unificadas de exame médico-legal, bem como estipular a)Fortalecer ações de combate às execuções extrajudiciais re-
ações preventivas obrigatórias como formação específica das forças alizadas por agentes do Estado, assegurando a investigação dessas
policiais e capacitação de agentes para a identificação da tortura. violações.
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre- Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Di-
sidência da República reitos Humanos da Presidência da República
c)Promover o fortalecimento, a criação e a reativação dos co- b)Desenvolver e apoiar ações específicas para investigação e
mitês estaduais de combate à tortura. combate à atuação de milícias e grupos de extermínio.
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre- Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Di-
sidência da República reitos Humanos da Presidência da República
d)Propor projeto de lei para tornar obrigatória a filmagem dos Diretriz 15: Garantia dos direitos das vítimas de crimes e de
interrogatórios ou audiogravações realizadas durante as investiga- proteção das pessoas ameaçadas.
ções policiais.
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Di- Objetivo estratégico I:
reitos Humanos da Presidência da República Instituição de sistema federal que integre os programas de
proteção.
e)Estabelecer protocolo para a padronização de procedimen-
tos a serem realizados nas perícias destinadas a averiguar alegações Ações programáticas:
de tortura. a)Propor projeto de lei para integração, de forma sistêmica, dos
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Di- programas de proteção a vítimas e testemunhas ameaçadas, defen-
reitos Humanos da Presidência da República sores de Direitos Humanos e crianças e adolescentes ameaçados
de morte.
f)Elaborar matriz curricular e capacitar os operadores do siste- Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre-
ma de segurança pública e justiça criminal para o combate à tortura. sidência da República
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Di-
reitos Humanos da Presidência da República b)Desenvolver sistema nacional que integre as informações das
ações de proteção às pessoas ameaçadas.
g)Capacitar e apoiar a qualificação dos agentes da perícia ofi- Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre-
cial, bem como de agentes públicos de saúde, para a identificação sidência da República
de tortura.
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Di- c)Ampliar os programas de proteção a vítimas e testemunhas
reitos Humanos da Presidência da República ameaçadas, defensores dos Direitos Humanos e crianças e adoles-
centes ameaçados de morte para os Estados em que o índice de
h)Incluir na formação de agentes penitenciários federais curso violência aponte a criação de programas locais.
com conteúdos relativos ao combate à tortura e sobre a importân- Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre-
cia dos Direitos Humanos. sidência da República
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Di-
reitos Humanos da Presidência da República d)Garantir a formação de agentes da Polícia Federal para a pro-
teção das pessoas incluídas nos programas de proteção de pessoas
i)Realizar campanhas de prevenção e combate à tortura nos ameaçadas, observadas suas diretrizes.
meios de comunicação para a população em geral, além de cam- Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Di-
panhas específicas voltadas às forças de segurança pública, bem reitos Humanos da Presidência da República
como divulgar os parâmetros internacionais de combate às práticas
de tortura. e)Propor ampliação os recursos orçamentários para a realiza-
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre- ção das ações dos programas de proteção a vítimas e testemunhas
sidência da República ameaçadas, defensores dos Direitos Humanos e crianças e adoles-
centes ameaçados de morte.
40
DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre- c)Desenvolver e aperfeiçoar os indicadores de morte violenta
sidência da República de crianças e adolescentes, assegurando publicação anual dos da-
dos.
Objetivo estratégico II: Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Consolidação da política de assistência a vítimas e a testemu- Presidência da República; Ministério da Saúde
nhas ameaçadas.
d)Desenvolver programas de enfrentamento da violência letal
Ações programáticas: contra crianças e adolescentes e divulgar as experiências bem su-
a)Propor projeto de lei para aperfeiçoar o marco legal do Pro- cedidas.
grama Federal de Assistência a Vítimas e Testemunhas Ameaçadas, Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
ampliando a proteção de escolta policial para as equipes técnicas Presidência da República; Ministério da Justiça
do programa, e criar sistema de apoio à reinserção social dos usuá-
rios do programa. Objetivo estratégico IV:
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Di- Garantia de proteção dos defensores dos Direitos Humanos e
reitos Humanos da Presidência da República de suas atividades.
41
DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA
• Aplicar a Lei de Execução Penal também a presas e presos i)Avançar na implementação do Sistema de Informações Peni-
provisórios e aos sentenciados pela Justiça Especial; tenciárias (InfoPen), financiando a inclusão dos estabelecimentos
• Vedar a divulgação pública de informações sobre perfil psi- prisionais dos Estados e do Distrito Federal e condicionando os re-
cológico do preso e eventuais diagnósticos psiquiátricos feitos nos passes de recursos federais à sua efetiva integração ao sistema.
estabelecimentos prisionais; Responsável: Ministério da Justiça
• Instituir a obrigatoriedade da oferta de ensino pelos estabe-
lecimentos penais e a remição de pena por estudo; j)Ampliar campanhas de sensibilização para inclusão social de
• Estabelecer que a perda de direitos ou a redução de acesso egressos do sistema prisional.
a qualquer direito ocorrerá apenas como consequência de faltas de Responsável: Ministério da Justiça
natureza grave;
• Estabelecer critérios objetivos para isolamento de presos e k)Estabelecer diretrizes na política penitenciária nacional que
presas no regime disciplinar diferenciado; fortaleçam o processo de reintegração social dos presos, internados
• Configurar nulidade absoluta dos procedimentos disciplina- e egressos, com sua efetiva inclusão nas políticas públicas sociais.
res quando não houver intimação do defensor do preso; Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério do Desenvolvi-
• Estabelecer o regime de condenação como limite para casos mento Social e Combate à Fome; Ministério da Saúde; Ministério da
de regressão de regime; Educação; Ministério do Esporte
• Assegurar e regulamentar as visitas íntimas para a população
carcerária LGBT. l)Debater, por meio de grupo de trabalho interministerial,
ações e estratégias que visem assegurar o encaminhamento para o
Responsável: Ministério da Justiça presídio feminino de mulheres transexuais e travestis que estejam
em regime de reclusão.
b)Elaborar decretos extraordinários de indulto a condenados Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Di-
por crimes sem violência real, que reduzam substancialmente a po- reitos Humanos da Presidência da República; Secretaria Especial de
pulação carcerária brasileira. Políticas para as Mulheres da Presidência da República
Responsável: Ministério da Justiça
Objetivo estratégico II:
c)Fomentar a realização de revisões periódicas processuais dos Limitação do uso dos institutos de prisão cautelar.
processos de execução penal da população carcerária.
Responsável: Ministério da Justiça Ações programáticas:
a)Propor projeto de lei para alterar o Código de Processo Penal,
d)Vincular o repasse de recursos federais para construção de es- com o objetivo de:
tabelecimentos prisionais nos Estados e no Distrito Federal ao atendi- • Estabelecer requisitos objetivos para decretação de prisões
mento das diretrizes arquitetônicas que contemplem a existência de preventivas que consagrem sua excepcionalidade;
alas específicas para presas grávidas e requisitos de acessibilidade. • Vedar a decretação de prisão preventiva em casos que envol-
Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial de Po- vam crimes com pena máxima inferior a quatro anos, excetuando
líticas para as Mulheres da Presidência da República crimes graves como formação de quadrilha e peculato;
• Estabelecer o prazo máximo de oitenta e um dias para prisão
e)Aplicar a Política Nacional de Saúde Mental e a Política para provisória.
a Atenção Integral a Usuários de Álcool e outras Drogas no sistema
penitenciário. Responsável: Ministério da Justiça
Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério da Saúde
b)Alterar a legislação sobre abuso de autoridade, tipificando de
f)Aplicar a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mu- modo específico as condutas puníveis.
lher no contexto prisional, regulamentando a assistência pré-natal, Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Di-
a existência de celas específicas e período de permanência com reitos Humanos da Presidência da República
seus filhos para aleitamento.
Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério da Saúde; Se- Objetivo estratégico III:
cretaria Especial de Políticas para as Mulheres da Presidência da Tratamento adequado de pessoas com transtornos mentais.
República
Ações programáticas:
g)Implantar e implementar as ações de atenção integral aos pre- a)Estabelecer diretrizes que garantam tratamento adequado às
sos previstas no Plano Nacional de Saúde no Sistema Penitenciário. pessoas com transtornos mentais, em consonância com o princípio
Responsável: Ministério da Justiça; Ministério da Saúde de desinstitucionalização.
Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério da Saúde
h)Promover estudo sobre a viabilidade de criação, em âmbi-
to federal, da carreira de oficial de condicional, trabalho externo e b)Propor projeto de lei para alterar o Código Penal, prevendo
penas alternativas, para acompanhar os condenados em liberdade que o período de cumprimento de medidas de segurança não deve
condicional, os presos em trabalho externo, em qualquer regime de ultrapassar o da pena prevista para o crime praticado, e estabele-
execução, e os condenados a penas alternativas à prisão. cendo a continuidade do tratamento fora do sistema penitenciário
Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério do Planejamen- quando necessário.
to, Orçamento e Gestão Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério da Saúde
42
DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA
c)Estabelecer mecanismos para a reintegração social dos inter- Objetivo estratégico II:
nados em medida de segurança quando da extinção desta, median- Garantia do aperfeiçoamento e monitoramento das normas ju-
te aplicação dos benefícios sociais correspondentes. rídicas para proteção dos Direitos Humanos.
Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério da Saúde; Mi-
nistério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome Ações programáticas:
a)Implementar o Observatório da Justiça Brasileira, em parce-
Objetivo estratégico IV: ria com a sociedade civil.
Ampliação da aplicação de penas e medidas alternativas. Responsável: Ministério da Justiça
43
DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA
d)Incentivar projetos pilotos de Justiça Restaurativa, como for- Objetivo estratégico VI:
ma de analisar seu impacto e sua aplicabilidade no sistema jurídico Acesso à Justiça no campo e na cidade.
brasileiro.
Responsável: Ministério da Justiça Ações programáticas:
a)Assegurar a criação de marco legal para a prevenção e media-
e)Estimular e ampliar experiências voltadas para a solução de ção de conflitos fundiários urbanos, garantindo o devido processo
conflitos por meio da mediação comunitária e dos Centros de Re- legal e a função social da propriedade.
ferência em Direitos Humanos, especialmente em áreas de baixo Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério das Cidades
Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e com dificuldades de
acesso a serviços públicos. b)Propor projeto de lei voltado a regulamentar o cumprimento
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da de mandados de reintegração de posse ou correlatos, garantindo a
Presidência da República; Ministério da Justiça observância do respeito aos Direitos Humanos.
Responsáveis: Ministério da Justiça; Ministério das Cidades;
Objetivo estratégico IV: Ministério do Desenvolvimento Agrário
Garantia de acesso universal ao sistema judiciário.
c)Promover o diálogo com o Poder Judiciário para a elaboração
Ações programáticas: de procedimento para o enfrentamento de casos de conflitos fundi-
a)Propor a ampliação da atuação da Defensoria Pública da ários coletivos urbanos e rurais.
União. Responsáveis: Ministério das Cidades; Ministério da Justiça;
Responsável: Ministério da Justiça Ministério do Desenvolvimento Agrário
44
DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA
45
DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA
d)Atribuir premiação anual de educação em Direitos Humanos, Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
como forma de incentivar a prática de ações e projetos de educação Presidência da República; Ministério da Educação
e cultura em Direitos Humanos.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da c)Incluir, nos programas educativos, o direito ao meio ambien-
Presidência da República; Ministério da Educação te como Direito Humano.
Responsáveis: Ministério do Meio Ambiente; Secretaria Espe-
e)Garantir a continuidade da “Mostra Cinema e Direitos Huma- cial dos Direitos Humanos da Presidência da República; Ministério
nos na América do Sul” e o “Festival dos Direitos Humanos” como da Educação
atividades culturais para difusão dos Direitos Humanos.
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre- d)Incluir conteúdos, recursos, metodologias e formas de avalia-
sidência da República ção da educação em Direitos Humanos nos sistemas de ensino da
educação básica.
f)Consolidar a revista “Direitos Humanos” como instrumento Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
de educação e cultura em Direitos Humanos, garantindo o caráter Presidência da República; Ministério da Educação
representativo e plural em seu conselho editorial.
Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre- e)Desenvolver ações nacionais de elaboração de estratégias de
sidência da República mediação de conflitos e de Justiça Restaurativa nas escolas, e outras
instituições formadoras e instituições de ensino superior, inclusive
g)Produzir recursos pedagógicos e didáticos especializados promovendo a capacitação de docentes para a identificação de vio-
e adquirir materiais e equipamentos em formato acessível para a lência e abusos contra crianças e adolescentes, seu encaminhamen-
educação em Direitos Humanos, para todos os níveis de ensino. to adequado e a reconstrução das relações no âmbito escolar.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Presidência da República; Ministério da Educação Presidência da República; Ministério da Educação; Ministério da
Justiça
h)Publicar materiais pedagógicos e didáticos para a educação
em Direitos Humanos em formato acessível para as pessoas com f)Publicar relatório periódico de acompanhamento da inclusão
deficiência, bem como promover o uso da Língua Brasileira de Si- da temática dos Direitos Humanos na educação formal que conte-
nais (Libras) em eventos ou divulgação em mídia. nha, pelo menos, as seguintes informações:
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da • Número de Estados e Municípios que possuem planos de
Presidência da República; Ministério da Educação. educação em Direitos Humanos;
• Existência de normas que incorporam a temática de Direitos
i)Fomentar o acesso de estudantes, professores e demais pro- Humanos nos currículos escolares;
fissionais da educação às tecnologias da informação e comunicação. • Documentos que atestem a existência de comitês de educa-
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da ção em Direitos Humanos;
Presidência da República; Ministério da Educação • Documentos que atestem a existência de órgãos governa-
mentais especializados em educação em Direitos Humanos.
Diretriz 19: Fortalecimento dos princípios da democracia e
dos Direitos Humanos nos sistemas de educação básica, nas insti- Responsável: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Pre-
tuições de ensino superior e outras instituições formadoras. sidência da República
46
DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da b)Fomentar núcleos de pesquisa de educação em Direitos Hu-
Presidência da República; Ministério da Educação manos em instituições de ensino superior e escolas públicas e priva-
das, estruturando-as com equipamentos e materiais didáticos.
b)Incentivar a elaboração de metodologias pedagógicas de ca- Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
ráter transdisciplinar e interdisciplinar para a educação em Direitos Presidência da República; Ministério da Educação; Ministério da Ci-
Humanos nas Instituições de Ensino Superior. ência e Tecnologia
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Presidência da República; Ministério da Educação c)Fomentar e apoiar, no Conselho Nacional de Desenvolvimen-
to Científico e Tecnológico (CNPq) e na Coordenação de Aperfei-
c)Elaborar relatórios sobre a inclusão da temática dos Direitos çoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), a criação da área
Humanos no ensino superior, contendo informações sobre a exis- “Direitos Humanos” como campo de conhecimento transdisciplinar
tência de ouvidorias e sobre o número de: e recomendar às agências de fomento que abram linhas de finan-
• cursos de pós-graduação com áreas de concentração em Di- ciamento para atividades de ensino, pesquisa e extensão em Direi-
reitos Humanos; tos Humanos.
• grupos de pesquisa em Direitos Humanos; Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
• cursos com a transversalização dos Direitos Humanos nos Presidência da República; Ministério da Educação; Ministério da
projetos políticos pedagógicos; Fazenda
• disciplinas em Direitos Humanos;
• teses e dissertações defendidas; d)Implementar programas e ações de fomento à extensão uni-
• associações e instituições dedicadas ao tema e com as quais versitária em direitos humanos, para promoção e defesa dos Direi-
os docentes e pesquisadores tenham vínculo; tos Humanos e o desenvolvimento da cultura e educação em Direi-
• núcleos e comissões que atuam em Direitos Humanos; tos Humanos.
• educadores com ações no tema Direitos Humanos; Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
• projetos de extensão em Direitos Humanos; Presidência da República; Ministério da Educação
Responsáveis: Ministério da Educação; Secretaria Especial dos Diretriz 20: Reconhecimento da educação não formal como
Direitos Humanos da Presidência da República espaço de defesa e promoção dos Direitos Humanos.
47
DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da b)Incentivar a inserção da temática dos Direitos Humanos nos
Presidência da República; Ministério das Comunicações; Ministério programas das escolas de formação de servidores vinculados aos
da Cultura órgãos públicos federais.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
e)Desenvolver iniciativas que levem a incorporar a temática da Presidência da República; Secretaria Especial de Políticas para as
educação em Direitos Humanos nos programas de inclusão digital e Mulheres da Presidência da República; Secretaria Especial de Polí-
de educação à distância. ticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Presidência da República; Ministério da Educação; Ministério das c)Publicar materiais didático-pedagógicos sobre Direitos Hu-
Comunicações; Ministério de Ciência e Tecnologia manos e função pública, desdobrando temas e aspectos adequados
ao diálogo com as várias áreas de atuação dos servidores públicos.
f)Apoiar a incorporação da temática da educação em Direi- Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
tos Humanos nos programas e projetos de esporte, lazer e cultura Presidência da República; Ministério do Planejamento, Orçamento
como instrumentos de inclusão social. e Gestão
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Presidência da República; Ministério da Educação; Ministério da Objetivo Estratégico II:
Cultura; Ministério do Esporte Formação adequada e qualificada dos profissionais do siste-
ma de segurança pública.
g)Fortalecer experiências alternativas de educação para os
adolescentes, bem como para monitores e profissionais do sistema Ações programáticas:
de execução de medidas socioeducativas. a)Oferecer, continuamente e permanentemente, cursos em Di-
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da reitos Humanos para os profissionais do sistema de segurança pú-
Presidência da República; Ministério da Educação; Ministério da blica e justiça criminal.
Justiça Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos Di-
reitos Humanos da Presidência da República; Secretaria Especial de
Objetivo estratégico II: Políticas para as Mulheres da Presidência da República; Secretaria
Resgate da memória por meio da reconstrução da história dos Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidên-
movimentos sociais. cia da República
48
DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA
49
DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA
atuação no presente. O acesso a todos os arquivos e documentos Horizonte, o Ministro de Estado da Justiça realizou audiência pú-
produzidos durante o regime militar é fundamental no âmbito das blica de apresentação do projeto Memorial da Anistia Política do
políticas de proteção dos Direitos Humanos. Brasil, envolvendo a remodelação e construção de novo edifício
Desde os anos 1990, a persistência de familiares de mortos e junto ao antigo “Coleginho” da Universidade Federal de Minas Ge-
desaparecidos vem obtendo vitórias significativas nessa luta, com rais (UFMG), onde estará disponível para pesquisas todo o acervo
abertura de importantes arquivos estaduais sobre a repressão po- da Comissão de Anistia.
lítica do regime ditatorial. Em dezembro de 1995, coroando difícil No âmbito da sociedade civil, foram levadas ao Poder Judiciário
e delicado processo de discussão entre esses familiares, o Minis- importantes ações que provocaram debate sobre a interpretação
tério da Justiça e o Poder Legislativo Federal, foi aprovada a Lei no das leis e a apuração de responsabilidades. Em 1982, um grupo de
9.140/95, que reconheceu a responsabilidade do Estado brasileiro familiares entrou com ação na Justiça Federal para a abertura de
pela morte de opositores ao regime de 1964. arquivos e localização dos restos mortais dos mortos e desapareci-
Essa Lei instituiu Comissão Especial com poderes para deferir dos políticos no episódio conhecido como “Guerrilha do Araguaia”.
pedidos de indenização das famílias de uma lista inicial de 136 pes- Em 2003, foi proferida sentença condenando a União, que recorreu
soas e julgar outros casos apresentados para seu exame. No art. 4o, e, posteriormente, criou Comissão Interministerial pelo Decreto no
inciso II, a Lei conferiu à Comissão Especial também a incumbência 4.850, de 2 de outubro de 2003, com a finalidade de obter informa-
de envidar esforços para a localização dos corpos de pessoas desa- ções que levassem à localização dos restos mortais de participantes
parecidas no caso de existência de indícios quanto ao local em que da “Guerrilha do Araguaia”. Os trabalhos da Comissão Interminis-
possam estar depositados. terial encerraram-se em março de 2007, com a divulgação de seu
Em 24 de agosto de 2001, foi criada, pela Medida Provisória no relatório final.
2151-3, a Comissão de Anistia do Ministério da Justiça. Esse marco Em agosto de 1995, o Centro de Estudos para a Justiça e o Direi-
legal foi reeditado pela Medida Provisória no 65, de 28 de agosto de to Internacional (CEJIL) e a Human Rights Watch/América (HRWA),
2002, e finalmente convertido na Lei no 10.559, de 13 de novembro em nome de um grupo de familiares, apresentaram petição à Co-
de 2002. Essa norma regulamentou o art. 8o do Ato das Disposições missão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), denunciando
Constitucionais Transitórias (ADCT) da Constituição de 1988, que o desaparecimento de integrantes da “Guerrilha do Araguaia”. Em
previa a concessão de anistia aos que foram perseguidos em decor- 31 de outubro de 2008, a CIDH expediu o Relatório de Mérito no
rência de sua oposição política. Em dezembro de 2005, o Governo 91/08, onde fez recomendações ao Estado brasileiro. Em 26 de
Federal determinou que os três arquivos da Agência Brasileira de março de 2009, a CIDH submeteu o caso à Corte Interamericana
Inteligência (ABIN) fossem entregues ao Arquivo Nacional, subordi- de Direitos Humanos, requerendo declaração de responsabilidade
nado à Casa Civil, onde passaram a ser organizados e digitalizados. do Estado brasileiro sobre violações de direitos humanos ocorridas
Em agosto de 2007, em ato oficial coordenado pelo Presidente durante as operações de repressão àquele movimento.
Em 2005 e 2008, duas famílias iniciaram, na Justiça Civil, ações
da República, foi lançado, pela Secretaria Especial dos Direitos Hu-
declaratórias para o reconhecimento das torturas sofridas por seus
manos da Presidência da República e pela Comissão Especial sobre
membros, indicando o responsável pelas sevícias. Ainda em 2008,
Mortos e Desaparecidos Políticos, o livro-relatório “Direito à Me-
o Ministério Público Federal em São Paulo propôs Ação Civil Pública
mória e à Verdade”, registrando os onze anos de trabalho daquela
contra dois oficiais do exército acusados de determinarem prisão
Comissão e resumindo a história das vítimas da ditadura no Brasil.
ilegal, tortura, homicídio e desaparecimento forçado de dezenas de
A trajetória de estudantes, profissionais liberais, trabalhadores
cidadãos.
e camponeses que se engajaram no combate ao regime militar apa-
Tramita também, no âmbito do Supremo Tribunal Federal,
rece como documento oficial do Estado brasileiro. O Ministério da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental, proposta
Educação e a Secretaria Especial dos Direitos Humanos formularam pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, que so-
parceria para criar portal que incluirá o livro-relatório, ampliado licita a mais alta corte brasileira posicionamento formal para saber
com abordagem que apresenta o ambiente político, econômico, se, em 1979, houve ou não anistia dos agentes públicos responsá-
social e principalmente os aspectos culturais do período. Serão dis- veis pela prática de tortura, homicídio, desaparecimento forçado,
tribuídas milhares de cópias desse material em mídia digital para abuso de autoridade, lesões corporais e estupro contra opositores
estudantes de todo o País. políticos, considerando, sobretudo, os compromissos internacio-
Em julho de 2008, o Ministério da Justiça e a Comissão de Anis- nais assumidos pelo Brasil e a insuscetibilidade de graça ou anistia
tia promoveram audiência pública sobre “Limites e Possibilidades do crime de tortura.
para a Responsabilização Jurídica dos Agentes Violadores de Direi- Em abril de 2009, o Ministério da Defesa, no contexto da deci-
tos Humanos durante o Estado de Exceção no Brasil”, que discutiu são transitada em julgado da referida ação judicial de 1982, criou
a interpretação da Lei de Anistia de 1979 no que se refere à contro- Grupo de Trabalho para realizar buscas de restos mortais na região
vérsia jurídica e política, envolvendo a prescrição ou imprescritibili- do Araguaia, sendo que, por ordem expressa do Presidente da Re-
dade dos crimes de tortura. pública, foi instituído Comitê Interinstitucional de Supervisão, com
A Comissão de Anistia já realizou setecentas sessões de julga- representação dos familiares de mortos e desaparecidos políticos,
mento e promoveu, desde 2008, trinta caravanas, possibilitando para o acompanhamento e orientação dos trabalhos. Após três me-
a participação da sociedade nas discussões, e contribuindo para a ses de buscas intensas, sem que tenham sido encontrados restos
divulgação do tema no País. Até 1o de novembro de 2009, já ha- mortais, os trabalhos foram temporariamente suspensos devido às
viam sido apreciados por essa Comissão mais de cinquenta e dois chuvas na região, prevendo-se sua retomada ao final do primeiro
mil pedidos de concessão de anistia, dos quais quase trinta e cinco trimestre de 2010.
mil foram deferidos e cerca de dezessete mil, indeferidos. Outros Em maio de 2009, o Presidente da República coordenou o ato
doze mil pedidos aguardavam julgamento, sendo possível, ainda, de lançamento do projeto Memórias Reveladas, sob responsabili-
a apresentação de novas solicitações. Em julho de 2009, em Belo dade da Casa Civil, que interliga digitalmente o acervo recolhido ao
50
DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA
Arquivo Nacional após dezembro de 2005, com vários outros arqui- são Nacional da Verdade, composta de forma plural e suprapartidá-
vos federais sobre a repressão política e com arquivos estaduais de ria, com mandato e prazo definidos, para examinar as violações de
quinze unidades da federação, superando cinco milhões de páginas Direitos Humanos praticadas no contexto da repressão política no
de documentos (www.memoriasreveladas.arquivonacional.gov.br). período mencionado, observado o seguinte:
Cabe, agora, completar esse processo mediante recolhimento • O grupo de trabalho será formado por representantes da
ao Arquivo Nacional de todo e qualquer documento indevidamente Casa Civil da Presidência da República, que o presidirá, do Minis-
retido ou ocultado, nos termos da Portaria Interministerial assinada tério da Justiça, do Ministério da Defesa, da Secretaria Especial dos
na mesma data daquele lançamento. Cabe também sensibilizar o Direitos Humanos da Presidência da República, do presidente da
Legislativo pela aprovação do Projeto de Lei no 5.228/2009, assina- Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, criada
do pelo Presidente da República, que introduz avanços democrati- pela Lei no 9.140/95 e de representante da sociedade civil, indicado
zantes nas normas reguladoras do direito de acesso à informação. por esta Comissão Especial;
Iimportância superior nesse resgate da história nacional está • Com o objetivo de promover o maior intercâmbio de informa-
no imperativo de localizar os restos mortais de pelo menos cento ções e a proteção mais eficiente dos Direitos Humanos, a Comissão
e quarenta brasileiros e brasileiras que foram mortos pelo apare- Nacional da Verdade estabelecerá coordenação com as atividades
lho de repressão do regime ditatorial. A partir de junho de 2009, desenvolvidas pelos seguintes órgãos:
a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República • Arquivo Nacional, vinculado à Casa Civil da Presidência da
planejou, concebeu e veiculou abrangente campanha publicitária República;
de televisão, internet, rádio, jornais e revistas de todo o Brasil bus- • Comissão de Anistia, vinculada ao Ministério da Justiça;
cando sensibilizar os cidadãos sobre essa questão. As mensagens • Comissão Especial criada pela Lei no 9.140/95, vinculada à
solicitavam que informações sobre a localização de restos mortais Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da Repú-
ou sobre qualquer documento e arquivos envolvendo assuntos da blica;
repressão política entre 1964 e 1985 sejam encaminhados ao Me- • Comitê Interinstitucional de Supervisão instituído pelo Decre-
mórias Reveladas. Seu propósito é assegurar às famílias o exercício to Presidencial de 17 de julho de 2009;
do direito sagrado de prantear seus entes queridos e promover os • Grupo de Trabalho instituído pela Portaria no 567/MD, de 29
ritos funerais, sem os quais desaparece a certeza da morte e se per- de abril de 2009, do Ministro de Estado da Defesa;
petua angústia que equivale a nova forma de tortura. • No exercício de suas atribuições, a Comissão Nacional da Ver-
As violações sistemáticas dos Direitos Humanos pelo Estado dade poderá realizar as seguintes atividades:
durante o regime ditatorial são desconhecidas pela maioria da po- • requisitar documentos públicos, com a colaboração das res-
pulação, em especial pelos jovens. A radiografia dos atingidos pela pectivas autoridades, bem como requerer ao Judiciário o acesso a
repressão política ainda está longe de ser concluída, mas calcula-se documentos privados;
que pelo menos cinquenta mil pessoas foram presas somente nos • colaborar com todas as instâncias do Poder Público para a
primeiros meses de 1964; cerca de vinte mil brasileiros foram sub- apuração de violações de Direitos Humanos, observadas as disposi-
metidos a torturas e cerca de quatrocentos cidadãos foram mortos ções da Lei no 6.683, de 28 de agosto de 1979;
ou estão desaparecidos. Ocorreram milhares de prisões políticas • promover, com base em seus informes, a reconstrução da
não registradas, cento e trinta banimentos, quatro mil, oitocentos e história dos casos de violação de Direitos Humanos, bem como a
sessenta e duas cassações de mandatos políticos, uma cifra incalcu- assistência às vítimas de tais violações;
lável de exílios e refugiados políticos. • promover, com base no acesso às informações, os meios e
As ações programáticas deste eixo orientador têm como fina- recursos necessários para a localização e identificação de corpos e
lidade assegurar o processamento democrático e republicano de restos mortais de desaparecidos políticos;
todo esse período da história brasileira, para que se viabilize o dese- • identificar e tornar públicas as estruturas utilizadas para a
jável sentimento de reconciliação nacional. E para se construir con- prática de violações de Direitos Humanos, suas ramificações nos
senso amplo no sentido de que as violações sistemáticas de Direitos diversos aparelhos do Estado e em outras instâncias da sociedade;
Humanos registradas entre 1964 e 1985, bem como no período do • registrar e divulgar seus procedimentos oficiais, a fim de ga-
Estado Novo, não voltem a ocorrer em nosso País, nunca mais. rantir o esclarecimento circunstanciado de torturas, mortes e de-
saparecimentos, devendo-se discriminá-los e encaminhá-los aos
Diretriz 23: Reconhecimento da memória e da verdade como órgãos competentes;
Direito Humano da cidadania e dever do Estado. • apresentar recomendações para promover a efetiva reconci-
liação nacional e prevenir no sentido da não repetição de violações
Objetivo Estratégico I: de Direitos Humanos.
Promover a apuração e o esclarecimento público das viola- • A Comissão Nacional da Verdade deverá apresentar, anual-
ções de Direitos Humanos praticadas no contexto da repressão mente, relatório circunstanciado que exponha as atividades realiza-
política ocorrida no Brasil no período fixado pelo art. 8o do ADCT das e as respectivas conclusões, com base em informações colhidas
da Constituição, a fim de efetivar o direito à memória e à verdade ou recebidas em decorrência do exercício de suas atribuições.
histórica e promover a reconciliação nacional.
Diretriz 24: Preservação da memória histórica e construção
Ação Programática: pública da verdade.
a)Designar grupo de trabalho composto por representantes da
Casa Civil, do Ministério da Justiça, do Ministério da Defesa e da Se- Objetivo Estratégico I:
cretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República, Incentivar iniciativas de preservação da memória histórica e
para elaborar, até abril de 2010, projeto de lei que institua Comis- de construção pública da verdade sobre períodos autoritários.
51
DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA
c) Identificar e tornar públicos as estruturas, os locais, as insti- Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
tuições e as circunstâncias relacionados à prática de violações de di- Presidência da República; Ministério da Justiça; Secretaria de Rela-
reitos humanos, suas eventuais ramificações nos diversos aparelhos ções Institucionais da Presidência da República
estatais e na sociedade, bem como promover, com base no acesso
às informações, os meios e recursos necessários para a localização e b)Propor e articular o reconhecimento do status constitucional
identificação de corpos e restos mortais de desaparecidos políticos. de instrumentos internacionais de Direitos Humanos novos ou já
(Redação dada pelo Decreto nº 7.177, de 2010) existentes ainda não ratificados.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Presidência da República; Casa Civil da Presidência da República; Presidência da República; Ministério da Justiça; Secretaria de Re-
Ministério da Justiça; Secretaria de Relações Institucionais da Presi- lações Institucionais da Presidência da República; Ministério das
dência da República Relações Exteriores
d)Criar e manter museus, memoriais e centros de documenta- c) Fomentar debates e divulgar informações no sentido de que
ção sobre a resistência à ditadura. logradouros, atos e próprios nacionais ou prédios públicos não re-
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da cebam nomes de pessoas identificadas reconhecidamente como
Presidência da República; Ministério da Justiça; Ministério da Cultu- torturadores. (Redação dada pelo Decreto nº 7.177, de 2010)
ra; Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República Responsáveis: Ministério da Justiça; Secretaria Especial dos
Direitos Humanos da Presidência da República; Casa Civil da Presi-
e)Apoiar técnica e financeiramente a criação de observatórios dência da República; Secretaria de Relações Institucionais da Presi-
do Direito à Memória e à Verdade nas universidades e em organiza- dência da República
ções da sociedade civil.
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da d) Acompanhar e monitorar a tramitação judicial dos processos
Presidência da República; Ministério da Educação de responsabilização civil sobre casos que envolvam graves viola-
ções de direitos humanos praticadas no período fixado no art. 8º do
f) Desenvolver programas e ações educativas, inclusive a pro- Ato das Disposições Constitucionais Transitórias da Constituição de
dução de material didático-pedagógico para ser utilizado pelos 1988. (Redação dada pelo Decreto nº 7.177, de 2010)
sistemas de educação básica e superior sobre graves violações de Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
direitos humanos ocorridas no período fixado no art. 8º do Ato das Presidência da República; Ministério da Justiça
Disposições Constitucionais Transitórias da Constituição de 1988.
(Redação dada pelo Decreto nº 7.177, de 2010)
Responsáveis: Secretaria Especial dos Direitos Humanos da
Presidência da República; Ministério da Educação; Ministério da
Justiça; Ministério da Cultura; Ministério de Ciência e Tecnologia
52
DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA
53
DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA
Desenvolvimento Sustentável
QUESTÕES
O desenvolvimento sustentável aborda a interconexão entre
três pilares fundamentais: econômico, social e ambiental. No con-
texto econômico, significa adotar práticas que promovam a prospe- 1. Qual foi um dos principais impactos da Constituição Federal
ridade sem esgotar recursos finitos. Socialmente, envolve garantir de 1988 no sistema político brasileiro?
que todos tenham acesso a oportunidades, serviços e qualidade de (A) Aumento da centralização do poder no governo federal.
vida adequados. E ambientalmente, implica a preservação e a res- (B) Estabelecimento de um sistema de governo democrático e
tauração dos ecossistemas naturais que sustentam a vida na Terra. reforço das instituições democráticas.
Isso requer uma transição para uma economia mais verde, (C) Redução da participação cidadã na política.
onde a eficiência no uso de recursos, a produção de energia limpa e (D) Limitação das funções do Poder Judiciário.
a redução das emissões de carbono sejam prioridades. Além disso,
o desenvolvimento sustentável exige a promoção da justiça social, 2. Como a Constituição Federal de 1988 abordou a questão da
garantindo que os benefícios sejam distribuídos de forma equitati- participação cidadã na democracia brasileira?
va, incluindo a erradicação da pobreza e a redução das desigualda- (A) Restringindo o direito ao voto apenas a determinadas clas-
des. ses sociais.
(B) Enfatizando apenas a participação em eleições periódicas.
Meio Ambiente (C) Promovendo a participação direta em plebiscitos e referen-
O meio ambiente é o nosso lar comum, e sua saúde é crucial dos e o engajamento em audiências públicas.
para a sobrevivência de todas as formas de vida. A degradação am- (D) Proibindo a formação de organizações civis e grupos de interesse.
biental, a perda de biodiversidade, a poluição e o esgotamento de
recursos naturais representam ameaças significativas. Para preser- 3. Qual é o objetivo principal da divisão de poderes em um Es-
var o meio ambiente, é necessário adotar práticas sustentáveis em tado democrático, conforme proposto por Montesquieu e adotado
todos os setores, desde a agricultura até a indústria, e promover na Constituição Federal do Brasil?
a conservação de ecossistemas críticos, como florestas, oceanos e (A) Centralizar o poder legislativo para eficiência na criação de leis.
rios. (B) Prevenir a concentração de poder nas mãos de uma única
Além disso, a gestão responsável dos resíduos e a redução do entidade ou grupo, evitando a tirania.
uso de plásticos descartáveis são medidas importantes para com- (C) Facilitar a administração governamental delegando funções
bater a poluição e proteger os ecossistemas aquáticos e terrestres. específicas.
(D) Estabelecer o predomínio do Poder Judiciário sobre os de-
Mudança Climática mais poderes.
A mudança climática é um dos maiores desafios enfrentados
pela humanidade. A emissão excessiva de gases de efeito estufa, 4. No contexto do sistema de freios e contrapesos na divisão
principalmente provenientes da queima de combustíveis fósseis, de poderes, qual das seguintes afirmações descreve corretamente
tem causado o aumento da temperatura global, resultando em uma das funções do Poder Judiciário no Brasil?
eventos climáticos extremos, derretimento de geleiras e elevação (A) O Poder Judiciário pode vetar leis aprovadas pelo Poder Le-
do nível do mar. Para enfrentar a mudança climática, é imperativo gislativo.
reduzir as emissões de carbono e adaptar-se aos impactos já em (B) O Poder Judiciário tem a capacidade de declarar a inconsti-
curso. tucionalidade de leis ou atos do Executivo.
A transição para fontes de energia limpa, como a solar e a eóli- (C) O Poder Judiciário é responsável por promulgar e executar as leis.
ca, é fundamental para reduzir as emissões de carbono. Além disso, (D) O Poder Judiciário pode propor emendas à Constituição Federal.
a conservação de florestas e a restauração de ecossistemas desem-
penham um papel vital na absorção de carbono atmosférico. 5. Qual é um dos principais desafios enfrentados pelo sistema
O desenvolvimento sustentável, a preservação do meio am- presidencialista brasileiro?
biente e o combate à mudança climática são desafios complexos (A) Dificuldades em formar coalizões governamentais devido à
que exigem ação global e compromisso de todos os setores da so- fragmentação do Congresso.
ciedade. Essa é uma responsabilidade compartilhada para garan- (B) Centralização excessiva do poder legislativo.
tir um futuro sustentável e saudável para as gerações presentes e (C) Eliminação da separação entre os poderes Executivo e Le-
futuras. É necessário que governos, empresas e indivíduos atuem gislativo.
de forma coletiva e imediatamente para enfrentar esses desafios (D) Independência total do Poder Judiciário em relação às de-
cruciais. cisões presidenciais.
54
DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA
7. Qual é o papel da memória no contexto da efetivação dos 13. O que significa o conceito de desenvolvimento sustentável
direitos humanos em sociedades pós-autoritárias? e quais são seus três pilares fundamentais?
(A) Promover o esquecimento coletivo das violações para ace- (A) Desenvolvimento sustentável refere-se apenas à preserva-
lerar a reconciliação nacional. ção ambiental.
(B) Conscientizar a sociedade sobre os perigos do autoritarismo (B) Desenvolvimento sustentável é um termo usado exclusiva-
e prevenir a repetição de abusos. mente no contexto econômico.
(C) Justificar as ações tomadas pelos regimes autoritários. (C) Desenvolvimento sustentável busca equilibrar os pilares
(D) Focar exclusivamente no futuro, ignorando as injustiças do econômico, social e ambiental.
passado. (D) Desenvolvimento sustentável concentra-se apenas na erra-
dicação da pobreza.
8. No processo de reparação de direitos humanos após um regi-
me autoritário, qual das seguintes medidas é geralmente adotada? 14. Por que a gestão responsável de resíduos e a redução do
(A) Indenização financeira e exoneração dos perpetradores de uso de plásticos descartáveis são medidas importantes para prote-
violações de direitos humanos. ger o meio ambiente?
(B) Responsabilização dos perpetradores e compensação para (A) Para promover a conveniência no descarte de resíduos.
as vítimas. (B) Para combater a poluição e proteger ecossistemas aquáti-
(C) Promoção exclusiva de compensações financeiras, sem in- cos e terrestres.
vestigação das violações. (C) Para aumentar a produção de plásticos descartáveis.
(D) Anistia geral para todos os envolvidos em abusos, sem qual- (D) Para aumentar a demanda por recursos naturais.
quer forma de compensação às vítimas.
15. O que causa a mudança climática e quais são algumas das
9. Qual é um dos principais desafios no processo de lidar com o medidas mencionadas no texto para enfrentá-la?
legado da violência de Estado em regimes autoritários? (A) A mudança climática é causada pelo aumento da produção
(A) Reconstruir a confiança nas instituições e lidar com o trau- agrícola, e a principal medida é a urbanização.
ma coletivo e divisões sociais. (B) A mudança climática é causada pela expansão da indústria
(B) Eliminar completamente todas as formas de governo auto- de alimentos, e a principal medida é o desmatamento.
ritário futuras. (C) A mudança climática é causada pela emissão excessiva de
(C) Estabelecer um novo regime autoritário que seja mais be- gases de efeito estufa, e medidas incluem a transição para fon-
nevolente. tes de energia limpa e a conservação de florestas.
(D) Ignorar completamente o passado para evitar conflitos na (D) A mudança climática é causada pela pesca excessiva, e me-
sociedade. didas incluem a redução do consumo de frutos do mar.
10. Qual das seguintes é uma abordagem eficaz para combater
as desigualdades regionais, conforme mencionado no texto?
(A) Redução do investimento em infraestrutura em áreas ur- GABARITO
banas.
(B) Incentivos para negócios que promovam o desenvolvimen-
to local. 1 B
(C) Centralização de serviços públicos em grandes cidades. 2 C
(D) Ignorar as disparidades de desenvolvimento entre áreas ru-
rais e urbanas. 3 B
4 B
11. De acordo com o texto, qual é um dos principais meios para
combater a discriminação racial? 5 A
(A) Aumento de barreiras comerciais entre países. 6 C
(B) Redução de investimentos em educação multicultural.
(C) Implementação de legislação anti-discriminatória e políticas 7 B
de ação afirmativa. 8 B
(D) Promoção de políticas de isolamento cultural.
9 A
12. No contexto da luta contra a discriminação de gênero, qual 10 B
a importância da educação, conforme discutido no texto? 11 C
(A) A educação é irrelevante para a questão da igualdade de
gênero. 12 B
(B) Educação sobre igualdade de gênero desde cedo pode mol- 13 C
dar uma geração mais justa e igualitária.
(C) Educação formal deve ser evitada para promover a igualda- 14 B
de de gênero. 15 C
(D) Educação em igualdade de gênero deve ser restrita ao en-
sino superior.
55
DESAFIOS DO ESTADO DE DIREITO:
DEMOCRACIA E CIDADANIA
ANOTAÇÕES ANOTAÇÕES
______________________________________________________ ______________________________________________________
______________________________________________________ ______________________________________________________
______________________________________________________ ______________________________________________________
______________________________________________________ ______________________________________________________
______________________________________________________ ______________________________________________________
______________________________________________________ ______________________________________________________
______________________________________________________ ______________________________________________________
______________________________________________________ ______________________________________________________
______________________________________________________ ______________________________________________________
______________________________________________________ ______________________________________________________
______________________________________________________ ______________________________________________________
_____________________________________________________ _____________________________________________________
_____________________________________________________ _____________________________________________________
______________________________________________________ ______________________________________________________
______________________________________________________ ______________________________________________________
______________________________________________________ ______________________________________________________
______________________________________________________ ______________________________________________________
______________________________________________________ ______________________________________________________
______________________________________________________ ______________________________________________________
______________________________________________________ ______________________________________________________
______________________________________________________ ______________________________________________________
______________________________________________________ ______________________________________________________
______________________________________________________ ______________________________________________________
______________________________________________________ ______________________________________________________
______________________________________________________ ______________________________________________________
______________________________________________________ ______________________________________________________
______________________________________________________ ______________________________________________________
______________________________________________________ ______________________________________________________
______________________________________________________ ______________________________________________________
______________________________________________________ ______________________________________________________
______________________________________________________ ______________________________________________________
56
ÉTICA E INTEGRIDADE
57
ÉTICA E INTEGRIDADE
Com relação às vantagens pecuniárias, Hely Lopes Meirelles, tepios. Pela mesma razão, o artigo 100 da Constituição e o artigo 33
faz uma classificação que já se tornou clássica; para ele, “vantagens de suas disposições transitórias, ao excluírem os créditos de natu-
pecuniárias são acréscimos ao vencimento do servidor, concedidas reza alimentar do processo especial de execução contra a Fazenda
a título definitivo ou transitório, pela decorrência do tempo de ser- Pública, sempre foram interpretados de modo a incluir, na ressalva,
viço (ex facto temporis), ou pelo desempenho de funções especiais os vencimentos devidos aos servidores públicos. Esse entendimen-
(ex facto officii), ou em razão das condições anormais em que se to foi adotado, no Estado de São Paulo, pelo Decreto nº 29.463, de
realiza o serviço (propter laborem), ou, finalmente, em razão de 19-12-88, e pelo artigo 57, §3º, de sua Constituição. Agora, a matéria
condições pessoais do servidor (propter personam). As duas primei- constitui objeto de preceito constitucional contido no artigo 100, §1º-
ras espécies constituem os adicionais (adicionais de vencimento e A, da Constituição, com a redação dada pela Emenda Constitucional
adicionais de função), as duas últimas formam a categoria das grati- nº 30/00; ficou expresso que “os débitos de natureza alimentícia com-
ficações de serviço e gratificações pessoais”. A Lei nº 8.112/90, em preendem aqueles decorrentes de salários, vencimentos, proventos,
seu artigo 49, prevê as vantagens que podem ser pagas ao servidor, pensões e suas complementações, benefícios previdenciários e indeni-
incluindo, além dos adicionais e gratificações, também as indeniza- zações por morte ou invalidez, fundadas na responsabilidade civil, em
ções, que compreendem a ajuda de custo, as diárias, o transporte e virtude de sentença transitada em julgado”.
o auxílio-moradia (definidos nos artigos subsequentes). Ainda com relação aos direitos dos funcionários, é importan-
São exemplos de adicionais por tempo de serviço os acréscimos te lembrar que muitos deles correspondem a benefícios previstos
devidos por quinquênio e a sexta parte dos vencimentos, previstos para os integrantes da Previdência Social ou, mais amplamente, da
na Constituição paulista (art. 129). Eles aderem ao vencimento e Seguridade Social (que abrange previdência, saúde e assistência).
incluem-se nos cálculos dos proventos de aposentadoria. Com efeito, em relação aos servidores, o Poder Público pode
Os adicionais de função são pagos em decorrência da natureza determinar a sua inclusão na previdência social (ressalvados aque-
especial da função ou do regime especial de trabalho, como as van- les direitos, como aposentadoria e disponibilidade, que constituem
tagens de nível universitário e o adicional de dedicação exclusiva. encargos que a Constituição atribui ao Estado) ou assumi-los como
Em regra, também se incorporam aos vencimentos e aos proventos encargos próprios. A primeira opção normalmente é utilizada para
desde que atendidas as condições legais. os servidores contratados pela legislação trabalhista e, a segunda,
A gratificação de serviço é retribuição paga em decorrência das para os estatutários.
condições anormais em que o serviço é prestado. Como exemplo, Assim, examinando-se os Estatutos funcionais, normalmente,
podem ser citadas as gratificações de representação, de insalubri- encontram-se vantagens, como a licença para tratamento de saúde,
dade, de risco de vida e saúde. licença-gestante, licença ao funcionário acidentado ou acometido
As gratificações pessoais correspondem a acréscimos devidos de doença profissional e auxílio-funeral, entre outras. Na esfera fe-
deral, com a Lei nº 8.112/90, essas vantagens passaram a ter cará-
em razão de situações individuais do servidor, como o salário-espo-
ter previdenciário (art. 185).
sa e o salário-família.
Embora a classificação citada seja útil, até para fins didáticos,
Em regra, os mesmos direitos dos trabalhadores da esfera pri-
o critério distintivo – incorporação dos adicionais aos vencimentos
vada se aplicam aos servidores públicos, como:
e não incorporação das gratificações – nem sempre é o que decor-
– Garantia de salário nunca inferior ao mínimo, incluindo aque-
re da lei; esta é que define as condições em que cada vantagem
les que recebem remuneração variável;
é devida e calculada e estabelece as hipóteses de incorporação.
– Décimo terceiro salário;
É frequente a lei determinar que uma gratificação (por exemplo, – Remuneração do trabalho noturno superior ao diurno;
a de risco de vida e saúde) se incorpore aos vencimentos depois – Remuneração das horas extras em no mínimo 50% a mais da
de determinado período de tempo. É evidente, contudo, que, no hora normal;
silêncio da lei, tem-se que entender que a gratificação de serviço – Salário família para os dependentes;
somente é devida enquanto perdurarem as condições especiais de – Jornada de trabalho não superior a 8 horas diária e 44 sema-
sua execução, não havendo infringência ao princípio constitucional nais + repouso semanal remunerado;
da irredutibilidade de vencimento na retirada da vantagem quando – Férias anuais remunerada com, pelo menos, um terço a mais
o servidor deixa de desempenhar a função que lhe conferiu o acrés- do que o salário normal;
cimo. As gratificações que não se incorporam não são incluídas nos – Licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário,
vencimentos para fins de cálculo dos proventos de aposentadoria e com duração de 120 a 180 dias;
de pensão dos dependentes. – Licença paternidade, nos termos fixados em lei;
O princípio da irredutibilidade de vencimentos diz respeito – Proteção do mercado de trabalho da mulher;
ao padrão de cada cargo, emprego ou função e às vantagens pe- – Redução de riscos inerentes ao trabalho;
cuniárias já incorporadas; não abrange as vantagens transitórias, – Proibição de diferença de salários, idade, cor ou estado civil.
somente devidas em razão de trabalho que está sendo executado – No entanto, em todos esses direitos, é crucial verificar a lei
em condições especiais; cessado este, suspende-se o pagamento que se aplica a você, porque a lei é diferente para servidor federal,
do acréscimo, correspondente ao cargo, emprego ou função. estadual ou municipal.
Os vencimentos do servidor público (empregada a palavra em
sentido amplo, para abranger também as vantagens pecuniárias) Deveres dos Servidores Públicos
têm caráter alimentar e, por isso mesmo, não podem ser objeto Os deveres dos servidores públicos vêm normalmente previs-
de penhora, arresto ou sequestro, consoante artigos 649, IV, 821 e tos nas leis estatutárias, abrangendo, entre outros, os de assidui-
823 do CPC. Pelo artigo 833, IV, do novo CPC, são impenhoráveis os dade, pontualidade, discrição, urbanidade, obediência, lealdade. O
vencimentos, os subsídios, os soldos, os salários, as remunerações, descumprimento dos deveres enseja punição disciplinar.
os proventos de aposentadoria, as pensões, os pecúlios e os mon-
58
ÉTICA E INTEGRIDADE
Os deveres a serem abordados são: dever de agir, dever de f) Levar as irregularidades de que tiver ciência em razão do
eficiência, dever de probidade e dever de prestar contas. cargo ao conhecimento da autoridade superior ou, quando houver
O dever de agir se refere à obrigação do administrador públi- suspeita de envolvimento desta, ao conhecimento de outra autori-
co de se desincumbir no tempo próprio das atribuições inerentes a dade competente para apuração.
cargo, função ou emprego público de que é titular. Tais atribuições g) Zelar pela economia do material e a conservação do patri-
devem ser exercidas em sua plenitude e no momento legal. Sua mônio público.
omissão sujeita o agente público a punições de ordens administra- h) Guardar sigilo sobre assunto da repartição.
tiva e penal (concussão e prevaricação). i) Manter conduta compatível com a moralidade administrati-
O dever de eficiência traz como mandamento ao agente pú- va.
blico o rendimento em seu serviço, que deve ser demonstrado de j) Ser assíduo e pontual ao serviço.
maneira rápida e bem realizada. O serviço deve ser executado de k) Tratar com urbanidade as pessoas.
forma que atenda ao interesse coletivo, em tempo hábil, e sem dei- l) Representar contra ilegalidade, omissão ou abuso de poder:
xar de lado a qualidade. a representação será encaminhada pela via hierárquica e apreciada
O dever de probidade impõe ao agente público o desempenho pela autoridade superior àquela contra a qual é formulada, assegu-
de suas atribuições de forma que indique atitudes retas, leais, jus- rando-se ao representando ampla defesa.
tas e honestas, características próprias da integridade de caráter do
ser humano. O administrador deve buscar sempre o melhor para a Servidores Públicos
Administração Pública. É elemento essencial para legitimar os atos Os servidores públicos são pessoas físicas que prestam serviços
do administrador público. O art. 37, §4o, da Constituição Federal à administração pública direta, às autarquias ou fundações públi-
preceitua que os atos de improbidade administrativa importarão cas, gerando entre as partes um vínculo empregatício ou estatutá-
suspensão dos direitos políticos, perda da função pública, indispo- rio. Esses serviços são prestados à União, aos Estados-membros, ao
nibilidade dos bens e ressarcimento ao erário na forma da lei. Distrito Federal ou aos Municípios.
O dever de prestar contas se refere à própria gestão de bens,
direitos e serviços alheios. Portanto, não foge ao administrador pú- As disposições sobre os Servidores Públicos estão elencadas
blico a responsabilidade de prestar contas de sua atuação na gestão
dos Artigos 39 a 41 da CF. Vejamos:
do patrimônio público, não se restringindo apenas aos atos de na-
tureza econômico-financeira, mas também aos planos de governo.
SEÇÃO II
Os regimes jurídicos modernos impõem uma série de deveres aos
DOS SERVIDORES PÚBLICOS
servidores públicos como requisitos para o bom desempenho de seus
encargos e regular funcionamento dos serviços públicos. A Lei de Im-
Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
probidade Administrativa, de natureza nacional, diz que constituem ato
instituirão, no âmbito de sua competência, regime jurídico único
de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da ad-
ministração pública qualquer ação ou omissão que viole os deveres de e planos de carreira para os servidores da administração pública
honestidade, imparcialidade, legalidade e lealdade às instituições. (Lei direta, das autarquias e das fundações públicas.
8.429/92, art. 10 cap), as quais, para serem punidas, pressupõem que Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
o agente as pratique com a consciência da ilicitude, isto é, dolosamente. instituirão conselho de política de administração e remuneração de
O dever de lealdade exige do servidor maior dedicação ao ser- pessoal, integrado por servidores designados pelos respectivos Po-
viço e o integral respeito às leis e as instituições. deres.
O dever de obediência impõe ao servidor o acatamento às or- §1º A fixação dos padrões de vencimento e dos demais
dens legais de seus superiores e sua fiel execução. componentes do sistema remuneratório observará:
Dever de conduta ética decorre do princípio constitucional da I - a natureza, o grau de responsabilidade e a complexidade dos
moralidade administrativa e impõem ao servidor de jamais despre- cargos componentes de cada carreira;
zar o elemento ético de sua conduta. II - os requisitos para a investidura;
Dever de eficiência, conforme acima explanado, decorre do in- III - as peculiaridades dos cargos.
ciso LXXVIII do art. 5º da CF, acrescentado pela EC 45/2004. §2º A União, os Estados e o Distrito Federal manterão escolas
Outros deveres são comumente especificados nos estatutos, de governo para a formação e o aperfeiçoamento dos servidores
procurando adequar a conduta do servidor. O servidor, por estar públicos, constituindo-se a participação nos cursos um dos
submetido à hierarquia administrativa, deve atuar segundo os pa- requisitos para a promoção na carreira, facultada, para isso, a
drões legais e éticos impostos, estabelecendo a Lei 8.112/1990 um celebração de convênios ou contratos entre os entes federados.
rol, meramente exemplificativo, de deveres impostos aos agentes §3º Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo público o
públicos. Vejamos: disposto no art. 7º, IV, VII, VIII, IX, XII, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX,
a) Exercer com zelo e dedicação as atribuições do cargo. XX, XXII e XXX, podendo a lei estabelecer requisitos diferenciados
b) Ser leal às instituições a que servir. de admissão quando a natureza do cargo o exigir.
c) Observar as normas legais e regulamentares. §4º O membro de Poder, o detentor de mandato eletivo, os
d) Cumprir as ordens superiores, exceto quando manifesta- Ministros de Estado e os Secretários Estaduais e Municipais serão
mente ilegais. remunerados exclusivamente por subsídio fixado em parcela única,
e) Atender com presteza: ao público em geral, prestando as vedado o acréscimo de qualquer gratificação, adicional, abono,
informações requeridas, ressalvadas as protegidas por sigilo; à ex- prêmio, verba de representação ou outra espécie remuneratória,
pedição de certidões requeridas para defesa de direito ou esclare- obedecido, em qualquer caso, o disposto no art. 37, X e XI.
cimento de situações de interesse pessoal; às requisições para a
defesa da fazenda pública.
59
ÉTICA E INTEGRIDADE
§5º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos §4º-A. Poderão ser estabelecidos por lei complementar
Municípios poderá estabelecer a relação entre a maior e a menor do respectivo ente federativo idade e tempo de contribuição
remuneração dos servidores públicos, obedecido, em qualquer diferenciados para aposentadoria de servidores com deficiência,
caso, o disposto no art. 37, XI. previamente submetidos a avaliação biopsicossocial realizada por
§6º Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário publicarão equipe multiprofissional e interdisciplinar. (Incluído pela Emenda
anualmente os valores do subsídio e da remuneração dos cargos e Constitucional nº 103, de 2019)
empregos públicos. §4º-B. Poderão ser estabelecidos por lei complementar
§7º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos do respectivo ente federativo idade e tempo de contribuição
Municípios disciplinará a aplicação de recursos orçamentários diferenciados para aposentadoria de ocupantes do cargo de agente
provenientes da economia com despesas correntes em cada penitenciário, de agente socioeducativo ou de policial dos órgãos
órgão, autarquia e fundação, para aplicação no desenvolvimento de que tratam o inciso IV do caput do art. 51, o inciso XIII do caput
de programas de qualidade e produtividade, treinamento e do art. 52 e os incisos I a IV do caput do art. 144. (Incluído pela
desenvolvimento, modernização, reaparelhamento e racionalização Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
do serviço público, inclusive sob a forma de adicional ou prêmio de §4º-C. Poderão ser estabelecidos por lei complementar
produtividade. do respectivo ente federativo idade e tempo de contribuição
§8º A remuneração dos servidores públicos organizados em diferenciados para aposentadoria de servidores cujas atividades
carreira poderá ser fixada nos termos do §4º. sejam exercidas com efetiva exposição a agentes químicos, físicos
§9º É vedada a incorporação de vantagens de caráter e biológicos prejudiciais à saúde, ou associação desses agentes,
temporário ou vinculadas ao exercício de função de confiança ou vedada a caracterização por categoria profissional ou ocupação.
de cargo em comissão à remuneração do cargo efetivo. (Incluído (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) §5º Os ocupantes do cargo de professor terão idade mínima
Art. 40. O regime próprio de previdência social dos servidores reduzida em 5 (cinco) anos em relação às idades decorrentes da
titulares de cargos efetivos terá caráter contributivo e solidário, aplicação do disposto no inciso III do §1º, desde que comprovem
mediante contribuição do respectivo ente federativo, de servidores tempo de efetivo exercício das funções de magistério na
ativos, de aposentados e de pensionistas, observados critérios que educação infantil e no ensino fundamental e médio fixado em lei
preservem o equilíbrio financeiro e atuarial. (Redação dada pela complementar do respectivo ente federativo. (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 103, de 2019) Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
§1º O servidor abrangido por regime próprio de previdência §6º Ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos cargos
social será aposentado: (Redação dada pela Emenda Constitucional acumuláveis na forma desta Constituição, é vedada a percepção
nº 103, de 2019) de mais de uma aposentadoria à conta de regime próprio de
I - por incapacidade permanente para o trabalho, no cargo em previdência social, aplicando-se outras vedações, regras e condições
que estiver investido, quando insuscetível de readaptação, hipótese para a acumulação de benefícios previdenciários estabelecidas no
em que será obrigatória a realização de avaliações periódicas para Regime Geral de Previdência Social. (Redação dada pela Emenda
verificação da continuidade das condições que ensejaram a conces- Constitucional nº 103, de 2019)
são da aposentadoria, na forma de lei do respectivo ente federa- §7º Observado o disposto no §2º do art. 201, quando se
tivo; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) tratar da única fonte de renda formal auferida pelo dependente, o
II - compulsoriamente, com proventos proporcionais ao tempo benefício de pensão por morte será concedido nos termos de lei do
de contribuição, aos 70 (setenta) anos de idade, ou aos 75 (setenta respectivo ente federativo, a qual tratará de forma diferenciada a
e cinco) anos de idade, na forma de lei complementar; hipótese de morte dos servidores de que trata o §4º-B decorrente
III - no âmbito da União, aos 62 (sessenta e dois) anos de idade, de agressão sofrida no exercício ou em razão da função. (Redação
se mulher, e aos 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
e, no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, na §8º É assegurado o reajustamento dos benefícios para
idade mínima estabelecida mediante emenda às respectivas Cons- preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real, conforme
tituições e Leis Orgânicas, observados o tempo de contribuição e os critérios estabelecidos em lei.
demais requisitos estabelecidos em lei complementar do respectivo §9º O tempo de contribuição federal, estadual, distrital ou
ente federativo. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, municipal será contado para fins de aposentadoria, observado
de 2019) o disposto nos §§9º e 9º-A do art. 201, e o tempo de serviço
§2º Os proventos de aposentadoria não poderão ser inferiores correspondente será contado para fins de disponibilidade. (Redação
ao valor mínimo a que se refere o §2º do art. 201 ou superiores dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
ao limite máximo estabelecido para o Regime Geral de Previdência §10 - A lei não poderá estabelecer qualquer forma de contagem
Social, observado o disposto nos §§14 a 16. (Redação dada pela de tempo de contribuição fictício.
Emenda Constitucional nº 103, de 2019) §11 - Aplica-se o limite fixado no art. 37, XI, à soma total
§3º As regras para cálculo de proventos de aposentadoria dos proventos de inatividade, inclusive quando decorrentes
serão disciplinadas em lei do respectivo ente federativo. (Redação da acumulação de cargos ou empregos públicos, bem como de
dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) outras atividades sujeitas a contribuição para o regime geral
§4º É vedada a adoção de requisitos ou critérios diferenciados de previdência social, e ao montante resultante da adição de
para concessão de benefícios em regime próprio de previdência proventos de inatividade com remuneração de cargo acumulável
social, ressalvado o disposto nos §§4º-A, 4º-B, 4º-C e 5º. (Redação na forma desta Constituição, cargo em comissão declarado em lei
dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) de livre nomeação e exoneração, e de cargo eletivo.
60
ÉTICA E INTEGRIDADE
§12. Além do disposto neste artigo, serão observados, em I - requisitos para sua extinção e consequente migração para o
regime próprio de previdência social, no que couber, os requisitos Regime Geral de Previdência Social; (Incluído pela Emenda Consti-
e critérios fixados para o Regime Geral de Previdência Social. tucional nº 103, de 2019)
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) II - modelo de arrecadação, de aplicação e de utilização dos re-
§13. Aplica-se ao agente público ocupante, exclusivamente, cursos; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
de cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e III - fiscalização pela União e controle externo e social; (Incluído
exoneração, de outro cargo temporário, inclusive mandato eletivo, pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
ou de emprego público, o Regime Geral de Previdência Social. IV - definição de equilíbrio financeiro e atuarial; (Incluído pela
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
§14. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios V - condições para instituição do fundo com finalidade previ-
instituirão, por lei de iniciativa do respectivo Poder Executivo, denciária de que trata o art. 249 e para vinculação a ele dos recur-
regime de previdência complementar para servidores públicos sos provenientes de contribuições e dos bens, direitos e ativos de
ocupantes de cargo efetivo, observado o limite máximo dos qualquer natureza; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de
benefícios do Regime Geral de Previdência Social para o valor das 2019)
aposentadorias e das pensões em regime próprio de previdência VI - mecanismos de equacionamento do déficit atuarial; (Inclu-
social, ressalvado o disposto no §16. (Redação dada pela Emenda ído pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
Constitucional nº 103, de 2019) VII - estruturação do órgão ou entidade gestora do regime, ob-
§15. O regime de previdência complementar de que trata o §14 servados os princípios relacionados com governança, controle in-
oferecerá plano de benefícios somente na modalidade contribuição terno e transparência; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103,
definida, observará o disposto no art. 202 e será efetivado por de 2019)
intermédio de entidade fechada de previdência complementar ou VIII - condições e hipóteses para responsabilização daqueles
de entidade aberta de previdência complementar. (Redação dada que desempenhem atribuições relacionadas, direta ou indireta-
pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019) mente, com a gestão do regime; (Incluído pela Emenda Constitucio-
§16 - Somente mediante sua prévia e expressa opção, o disposto nal nº 103, de 2019)
nos §§14 e 15 poderá ser aplicado ao servidor que tiver ingressado IX - condições para adesão a consórcio público; (Incluído pela
no serviço público até a data da publicação do ato de instituição do Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
correspondente regime de previdência complementar. X - parâmetros para apuração da base de cálculo e definição
§17. Todos os valores de remuneração considerados para o de alíquota de contribuições ordinárias e extraordinárias. (Incluído
cálculo do benefício previsto no §3° serão devidamente atualizados, pela Emenda Constitucional nº 103, de 2019)
na forma da lei. Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercício os ser-
§18. Incidirá contribuição sobre os proventos de aposentadorias vidores nomeados para cargo de provimento efetivo em virtude de
e pensões concedidas pelo regime de que trata este artigo que concurso público.
superem o limite máximo estabelecido para os benefícios do regime §1º O servidor público estável só perderá o cargo:
geral de previdência social de que trata o art. 201, com percentual I - em virtude de sentença judicial transitada em julgado;
igual ao estabelecido para os servidores titulares de cargos efetivos. II - mediante processo administrativo em que lhe seja assegu-
§19. Observados critérios a serem estabelecidos em lei do rada ampla defesa;
respectivo ente federativo, o servidor titular de cargo efetivo III - mediante procedimento de avaliação periódica de desem-
que tenha completado as exigências para a aposentadoria penho, na forma de lei complementar, assegurada ampla defesa.
voluntária e que opte por permanecer em atividade poderá fazer §2º Invalidada por sentença judicial a demissão do servidor
jus a um abono de permanência equivalente, no máximo, ao estável, será ele reintegrado, e o eventual ocupante da vaga, se
valor da sua contribuição previdenciária, até completar a idade estável, reconduzido ao cargo de origem, sem direito a indenização,
para aposentadoria compulsória. (Redação dada pela Emenda aproveitado em outro cargo ou posto em disponibilidade com
Constitucional nº 103, de 2019) remuneração proporcional ao tempo de serviço.
§20. É vedada a existência de mais de um regime próprio de §3º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, o servidor
previdência social e de mais de um órgão ou entidade gestora estável ficará em disponibilidade, com remuneração proporcional
desse regime em cada ente federativo, abrangidos todos os ao tempo de serviço, até seu adequado aproveitamento em outro
poderes, órgãos e entidades autárquicas e fundacionais, que serão cargo.
responsáveis pelo seu financiamento, observados os critérios, os §4º Como condição para a aquisição da estabilidade, é
parâmetros e a natureza jurídica definidos na lei complementar de obrigatória a avaliação especial de desempenho por comissão
que trata o §22. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, instituída para essa finalidade.
de 2019)
§21. (Revogado). (Redação dada pela Emenda Constitucional – Estabilidade
nº 103, de 2019) A estabilidade é a garantia que o servidor público possui de
§22. Vedada a instituição de novos regimes próprios de permanecer no cargo ou emprego público depois de ter sido apro-
previdência social, lei complementar federal estabelecerá, para os vado em estágio probatório.
que já existam, normas gerais de organização, de funcionamento De acordo com Celso Antônio Bandeira de Mello, a estabilidade
e de responsabilidade em sua gestão, dispondo, entre outros poder ser definida como a garantia constitucional de permanência
aspectos, sobre: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 103, de no serviço público, do servidor público civil nomeado, em razão de
2019) concurso público, para titularizar cargo de provimento efetivo, após
o transcurso de estágio probatório.
61
ÉTICA E INTEGRIDADE
62
ÉTICA E INTEGRIDADE
equipamento e às instalações ou ao Estado, mas a todos os homens l) ser assíduo e freqüente ao serviço, na certeza de que sua
de boa vontade que dedicaram sua inteligência, seu tempo, suas ausência provoca danos ao trabalho ordenado, refletindo negativa-
esperanças e seus esforços para construí-los. mente em todo o sistema;
X - Deixar o servidor público qualquer pessoa à espera de solu- m) comunicar imediatamente a seus superiores todo e qual-
ção que compete ao setor em que exerça suas funções, permitindo quer ato ou fato contrário ao interesse público, exigindo as provi-
a formação de longas filas, ou qualquer outra espécie de atraso na dências cabíveis;
prestação do serviço, não caracteriza apenas atitude contra a ética n) manter limpo e em perfeita ordem o local de trabalho, se-
ou ato de desumanidade, mas principalmente grave dano moral aos guindo os métodos mais adequados à sua organização e distribui-
usuários dos serviços públicos. ção;
XI - O servidor deve prestar toda a sua atenção às ordens legais o) participar dos movimentos e estudos que se relacionem com
de seus superiores, velando atentamente por seu cumprimento, e, a melhoria do exercício de suas funções, tendo por escopo a reali-
assim, evitando a conduta negligente. Os repetidos erros, o descaso zação do bem comum;
e o acúmulo de desvios tornam-se, às vezes, difíceis de corrigir e p) apresentar-se ao trabalho com vestimentas adequadas ao
caracterizam até mesmo imprudência no desempenho da função exercício da função;
pública. q) manter-se atualizado com as instruções, as normas de ser-
XII - Toda ausência injustificada do servidor de seu local de tra- viço e a legislação pertinentes ao órgão onde exerce suas funções;
balho é fator de desmoralização do serviço público, o que quase r) cumprir, de acordo com as normas do serviço e as instruções
sempre conduz à desordem nas relações humanas. superiores, as tarefas de seu cargo ou função, tanto quanto possí-
XIII - O servidor que trabalha em harmonia com a estrutura orga- vel, com critério, segurança e rapidez, mantendo tudo sempre em
nizacional, respeitando seus colegas e cada concidadão, colabora e de boa ordem.
todos pode receber colaboração, pois sua atividade pública é a grande s) facilitar a fiscalização de todos atos ou serviços por quem de
oportunidade para o crescimento e o engrandecimento da Nação. direito;
t) exercer com estrita moderação as prerrogativas funcionais
SEÇÃO II que lhe sejam atribuídas, abstendo-se de fazê-lo contrariamente
DOS PRINCIPAIS DEVERES DO SERVIDOR PÚBLICO aos legítimos interesses dos usuários do serviço público e dos juris-
dicionados administrativos;
XIV - São deveres fundamentais do servidor público: u) abster-se, de forma absoluta, de exercer sua função, poder
a) desempenhar, a tempo, as atribuições do cargo, função ou ou autoridade com finalidade estranha ao interesse público, mes-
emprego público de que seja titular; mo que observando as formalidades legais e não cometendo qual-
b) exercer suas atribuições com rapidez, perfeição e rendimen- quer violação expressa à lei;
to, pondo fim ou procurando prioritariamente resolver situações v) divulgar e informar a todos os integrantes da sua classe so-
procrastinatórias, principalmente diante de filas ou de qualquer ou- bre a existência deste Código de Ética, estimulando o seu integral
tra espécie de atraso na prestação dos serviços pelo setor em que cumprimento.
exerça suas atribuições, com o fim de evitar dano moral ao usuário;
c) ser probo, reto, leal e justo, demonstrando toda a integri- SEÇÃO III
dade do seu caráter, escolhendo sempre, quando estiver diante de DAS VEDAÇÕES AO SERVIDOR PÚBLICO
duas opções, a melhor e a mais vantajosa para o bem comum;
d) jamais retardar qualquer prestação de contas, condição es- XV - E vedado ao servidor público;
sencial da gestão dos bens, direitos e serviços da coletividade a seu a) o uso do cargo ou função, facilidades, amizades, tempo, po-
cargo; sição e influências, para obter qualquer favorecimento, para si ou
e) tratar cuidadosamente os usuários dos serviços aperfeiçoan- para outrem;
do o processo de comunicação e contato com o público; b) prejudicar deliberadamente a reputação de outros servido-
f) ter consciência de que seu trabalho é regido por princípios res ou de cidadãos que deles dependam;
éticos que se materializam na adequada prestação dos serviços pú- c) ser, em função de seu espírito de solidariedade, conivente
blicos; com erro ou infração a este Código de Ética ou ao Código de Ética
g) ser cortês, ter urbanidade, disponibilidade e atenção, res- de sua profissão;
peitando a capacidade e as limitações individuais de todos os usu- d) usar de artifícios para procrastinar ou dificultar o exercício
ários do serviço público, sem qualquer espécie de preconceito ou regular de direito por qualquer pessoa, causando-lhe dano moral
distinção de raça, sexo, nacionalidade, cor, idade, religião, cunho ou material;
político e posição social, abstendo-se, dessa forma, de causar-lhes e) deixar de utilizar os avanços técnicos e científicos ao seu al-
dano moral; cance ou do seu conhecimento para atendimento do seu mister;
h) ter respeito à hierarquia, porém sem nenhum temor de re- f) permitir que perseguições, simpatias, antipatias, caprichos,
presentar contra qualquer comprometimento indevido da estrutu- paixões ou interesses de ordem pessoal interfiram no trato com o
ra em que se funda o Poder Estatal; público, com os jurisdicionados administrativos ou com colegas hie-
i) resistir a todas as pressões de superiores hierárquicos, de rarquicamente superiores ou inferiores;
contratantes, interessados e outros que visem obter quaisquer fa- g) pleitear, solicitar, provocar, sugerir ou receber qualquer tipo
vores, benesses ou vantagens indevidas em decorrência de ações de ajuda financeira, gratificação, prêmio, comissão, doação ou van-
imorais, ilegais ou aéticas e denunciá-las; tagem de qualquer espécie, para si, familiares ou qualquer pessoa,
j) zelar, no exercício do direito de greve, pelas exigências espe- para o cumprimento da sua missão ou para influenciar outro servi-
cíficas da defesa da vida e da segurança coletiva; dor para o mesmo fim;
63
ÉTICA E INTEGRIDADE
64
ÉTICA E INTEGRIDADE
de governança bem estruturados são mais capazes de inovar, tomar internos (empregados), além de transparência nas informações e
decisões informadas e atender às expectativas de seus stakehol- responsabilização dos executivos do quadro dirigente perante os
ders. acionistas.
A etiqueta “governance” denota pluralismo, no sentido que di-
A governança pública e os sistemas de governança são ele- ferentes atores têm, ou deveriam ter, o direito de influenciar a cons-
mentos essenciais para o funcionamento eficaz das instituições em trução das políticas públicas. Essa definição implicitamente traduz-
todas as esferas da sociedade. A busca constante por práticas de -se numa mudança do papel do Estado (menos hierárquico e menos
governança transparentes, responsáveis e eficazes é fundamental monopolista) na solução de problemas públicos. Por causa disso, a
para construir um mundo mais justo, equitativo e sustentável. governança pública (GP) também é relacionada ao neoliberalismo.
A GP também significa um resgate da política dentro da admi-
— Governança pública nistração pública, diminuindo a importância de critérios técnicos
A definição de governança não é livre de contestações. Isso nos processos de decisão e um reforço de mecanismos participati-
porque tal definição gera ambiguidades entre diferentes áreas do vos de deliberação na esfera pública.
conhecimento. As principais disciplinas que estudam fenômenos de Os impulsionadores do movimento da GP são múltiplos. O pri-
“governance” são as relações internacionais, teorias do desenvol- meiro é que a crescente complexidade, dinâmica e diversidade de
vimento, a administração privada, as ciências políticas e a adminis- nossas sociedades coloca os sistemas de governo sob novos desa-
tração pública. fios e que novas concepções de governança são necessárias.
Estudos de relações internacionais concebem governança como A segunda força por trás da GP é a ascensão de valores neoli-
mudanças nas relações de poder entre estados no presente cenário berais e o chamado esvaziamento do Estado (hollowing out of the
internacional. Os chamados teóricos globalizadores (globalizers), state), em que a incapacidade do Estado em lidar com problemas
de tradição liberal, veem governance como a derrocada do modelo coletivos é denunciada. Tal movimento ideológico desconfia da ha-
de relações internacionais vigente desde o século XVII, onde o Esta- bilidade estatal de resolver seus próprios problemas de forma au-
do-nação sempre foi tido como ator individual, e a transição a um tônoma e prega a redução das autoridades nacionais em favor de
modelo colaborativo de relação interestatal e entre atores estatais organizações internacionais (blocos regionais, Nações Unidas, FMI,
e não estatais na solução de problemas coletivos internacionais. Banco Mundial), em favor de organizações não estatais (mercado e
Governança, nesse sentido, denota o processo de estabeleci- organizações não governamentais) e em favor de organizações lo-
mento de mecanismos horizontais de colaboração para lidar com cais (governos locais, agências descentralizadas etc.)
problemas transnacionais como tráfico de drogas, terrorismo e A terceira força motriz da GP é a própria APG como modelo
emergências ambientais. Teorias do desenvolvimento tratam a go- de gestão da administração pública nacional, estadual e municipal,
vernança como um conjunto adequado de práticas democráticas e focando maior atenção no desempenho e no tratamento dos pro-
de gestão que ajudam os países a melhorar suas condições de de- blemas do que nas perguntas “quem” deve implementar ou “como”
senvolvimento econômico e social. devem ser implementadas as políticas públicas. Na verdade, alguns
“Boa governança” é, portanto, a combinação de boas práti- acadêmicos consideram a GP uma consequência do movimento da
cas de gestão pública. O Fundo Monetário Internacional (FMI) e o APG, com a qual compartilha algumas características: há alguma se-
Banco Mundial exigem “boa governança” como requisito para paí- melhança entre as duas perspectivas e parece claro que o recente
ses em via de desenvolvimento receberem recursos econômicos interesse em governança, em parte, tem sido alavancado pela cres-
e apoio técnico. Áreas de aplicação das boas práticas são aquelas cente popularidade da administração pública gerencial e a ideia de
envolvidas na melhora da eficiência administrativa, da accounta- formas genéricas de controle social.
bility democrática, e de combate à corrupção como exemplos de Delineiam-se os elementos inexoráveis da GP: estruturas e in-
elementos essenciais de um framework2 no qual economias conse- terações. As estruturas podem funcionar por meio de mecanismos
guem prosperar. de hierarquia (governo), mecanismos autorregulados (mercado) e
Governança na linguagem empresarial e contábil significa um mecanismos horizontais de cooperação (comunidade, sociedade,
conjunto de princípios básicos para aumentar a efetividade de con- redes). As interações dos três tipos de estrutura são fluidas, com
trole por parte de stakeholders3 e autoridades de mercado sobre pouca ou nenhuma distinção clara entre elas.
organizações privadas de capital aberto. Essa abordagem relacional, e o resgate das redes/comunida-
Exemplos de princípios institucionais de governança são: a arti- des/sociedades como estruturas de construção de políticas públi-
culação entre autoridades para controlar o respeito à legislação e a cas, é a grande novidade proposta pelos teóricos da GP. A gover-
garantia de integridade e objetividade pelas autoridades regulado- nança não é mais baseada na autoridade central ou políticos eleitos
ras do mercado. Exemplos de princípios de governança para empre- (modelo da hierarquia) e nem passagem de responsabilidade para
sas privadas são: a participação proporcional de acionistas na toma- o setor privado (modelo de mercado), mas sim regula e aloca recur-
da de decisão estratégica, a cooperação de empresas privadas com sos coletivos por meio de relações com a população e com outros
organizações externas (sindicatos, credores etc.) e stakeholders níveis de governo.
Um aspecto de maior discordância dentro da comunidade epis-
2 Um framework em desenvolvimento de software, é uma abstração que une têmica de administração pública é a questão do papel do Estado num
códigos comuns entre vários projetos de software provendo uma funcionalidade
genérica. Um framework pode atingir uma funcionalidade específica, por confi-
contexto de GP. Por um lado, percebe-se uma diminuição do protago-
guração, durante a programação de uma aplicação. nismo estatal no processo de elaboração de políticas públicas.
3 Stakeholder, é um dos termos utilizados em diversas áreas como gestão de pro- A GP implica não apenas o envolvimento de atores não estatais
jetos, comunicação social administração e arquitetura de software referente às no planejamento e implementação das políticas públicas, mas tam-
partes interessadas que devem estar de acordo com as práticas de governança bém em todo o processo de coprodução e cogestão de políticas. O
corporativa executadas pela empresa.
65
ÉTICA E INTEGRIDADE
Estado torna-se uma coleção de redes interorganizacionais compos- cios são compartilhados. As áreas de políticas públicas onde as PPPs
tas por atores governamentais e sociais sem nenhum ator soberano têm sido intensamente adotadas são os setores de infraestrutura e
capaz de guiar e regular. proteção ambiental, e os contratos preveem mecanismos de con-
Alguns autores contestam esse tipo de entendimento, respon- trole para mensurar resultados e impactos no ambiente econômico
dendo que o Estado mantém seu papel de liderança na elaboração e social.
de políticas públicas. De acordo com estes, a GP provoca a criação
de centros múltiplos de elaboração da política pública, em nível lo- — Gestão de riscos e medidas mitigatórias na Administração
cal, regional, nacional ou supranacional. Pública
O Estado, no entanto, não perde importância, mas sim deslo- A gestão de riscos e medidas mitigatórias desempenha um pa-
ca seu papel primordial da implementação para a coordenação e o pel fundamental na administração pública, garantindo a eficiência,
controle. Essa abordagem centrada no Estado argumenta que a GP transparência e responsabilidade na condução dos assuntos go-
cria instrumentos de colaboração e um modelo mais transparente vernamentais. Neste contexto, é essencial compreender o que são
e integrador de Estado, que serve como um veículo ao alcance de riscos na administração pública, como identificá-los, avaliá-los e, o
interesses coletivos. mais importante, como implementar medidas mitigatórias adequa-
Tratando de questões mais práticas, a GP disponibiliza platafor- das para proteger os interesses da sociedade.
mas organizacionais para facilitar o alcance de objetivos públicos
tais como o envolvimento de cidadãos na construção de políticas, Definição de Riscos na Administração Pública
fazendo uso de mecanismos de democracia deliberativa e redes de Os riscos na administração pública referem-se a eventos ou
políticas públicas. As redes de políticas públicas (policy networks) circunstâncias que podem afetar negativamente a capacidade do
podem ser consideradas uma abordagem de pesquisa, uma filoso- governo de cumprir seus objetivos e entregar serviços públicos de
fia de mediação de interesses ou uma forma específica de interação qualidade. Esses riscos podem ser de natureza financeira, opera-
entre atores públicos e privados numa área de política pública. cional, estratégica, legal, reputacional ou política. Por exemplo, a
A democracia deliberativa foi experimentada em indústrias ja- instabilidade econômica, desastres naturais, fraudes, decisões ju-
ponesas no pós-guerra como um procedimento adequado a apro- diciais desfavoráveis e escândalos políticos são exemplos de riscos
veitar o conhecimento e os frames cognitivos dos empregados no que podem afetar a administração pública.
momento de decidir sobre produtos e processos produtivos. Essa
experiência organizacional também vem sendo usada na esfera go- Identificação e Avaliação de Riscos
vernamental com o intuito de melhorar a interação entre atores pú- A identificação e avaliação de riscos na administração pública
blicos e privados para a solução de problemas coletivos e a redução envolvem a análise minuciosa de todos os processos, atividades e
de elos na cadeia de accountability. operações governamentais. Isso inclui a revisão de políticas, regula-
Os mecanismos de democracia deliberativa já foram experi- mentos e procedimentos, bem como a análise de dados históricos e
mentados em diferentes lugares e áreas de políticas públicas. Exem- tendências. O objetivo é identificar possíveis ameaças e vulnerabili-
plos desses mecanismos são o fortalecimento da comunidade na dades que podem comprometer o desempenho do governo.
gestão do patrimônio público (community empowerment), os pla-
Uma vez identificados, os riscos devem ser avaliados quanto à
nejamentos e orçamentos participativos, os conselhos deliberativos
sua probabilidade de ocorrência e impacto potencial. A avaliação
nas diversas áreas de políticas públicas.
de riscos ajuda a priorizar quais riscos merecem maior atenção e
As redes de políticas públicas (policy networks) representam
recursos para mitigação.
outra forma específica de interação entre atores públicos e priva-
dos. A participação nas redes de políticas públicas é aberta a qual-
Medidas Mitigatórias
quer interessado e tal tipo de arena produz baixa externalidade
A implementação de medidas mitigatórias é uma etapa crucial
negativa ao ambiente externo. Um exemplo de rede desse gênero
seria o grupo de jovens que se organiza para resolver o problema no processo de gestão de riscos na administração pública. Essas
de cachorros abandonados nos grandes centros urbanos, ou ainda medidas visam reduzir a probabilidade de ocorrência de riscos ou
o grupo de empresários e organizações do terceiro setor que se or- minimizar seu impacto quando ocorrem. Existem várias estratégias
ganizam para encontrar soluções locais para combater a criminali- que podem ser adotadas, incluindo:
dade. • Políticas de Controle Interno: Estabelecimento de políticas
A relativa independência das redes de políticas públicas é sub- robustas de controle interno para prevenir fraudes, corrupção e má
linhada quando diz-se que as mesmas se auto-organizam. Trocando administração de recursos públicos.
em miúdos, auto-organização quer dizer que as redes são autô- • Seguro e Reservas Financeiras: Aquisição de seguros adequa-
nomas e autogovernáveis, redes se desvinculam da liderança go- dos e a criação de reservas financeiras para cobrir despesas impre-
vernamental, desenvolvem suas próprias políticas e moldam seus vistas, como desastres naturais ou crises econômicas.
ambientes. • Planos de Continuidade de Negócios: Desenvolvimento de
O ideal subjacente a essa forma de organização é a substituição planos de continuidade de negócios para garantir a prestação contí-
da agregação numérica de preferências (votos) pelo processo cíclico nua de serviços públicos em situações de emergência.
e dialético de fertilização cruzada das preferências no momento de • Treinamento e Capacitação: Investimento em treinamento
elaborar políticas públicas. A GP também denota a coordenação de e capacitação de servidores públicos para lidar com riscos específi-
atores estatais e não estatais nas operações de governo, e as parce- cos, como a implementação de medidas de segurança cibernética.
rias público-privadas (PPPs) são os exemplos mais básicos. • Transparência e Prestação de Contas: Fortalecimento da
Definem-se as PPPs como cooperação entre atores públicos transparência e prestação de contas, permitindo que a sociedade
e privados de caráter temporário no qual os atores desenvolvem acompanhe de perto as ações do governo e denuncie irregularida-
produtos mutuamente e/ou serviços e onde riscos, custos e benefí- des.
66
ÉTICA E INTEGRIDADE
Monitoramento e Aperfeiçoamento Contínuo I - direcionar ações para a busca de resultados para a socieda-
A gestão de riscos na administração pública não é um proces- de, encontrando soluções tempestivas e inovadoras para lidar com
so estático, mas sim contínuo e iterativo. É essencial estabelecer a limitação de recursos e com as mudanças de prioridades;
sistemas de monitoramento para acompanhar a eficácia das me- II - promover a simplificação administrativa, a modernização da
didas mitigatórias e ajustá-las conforme necessário. Além disso, a gestão pública e a integração dos serviços públicos, especialmente
aprendizagem com experiências passadas e a incorporação de boas aqueles prestados por meio eletrônico;
práticas são elementos-chave para aprimorar a gestão de riscos ao III - monitorar o desempenho e avaliar a concepção, a imple-
longo do tempo. mentação e os resultados das políticas e das ações prioritárias para
A gestão de riscos e medidas mitigatórias desempenha um pa- assegurar que as diretrizes estratégicas sejam observadas;
pel vital na administração pública, permitindo que o governo atue IV - articular instituições e coordenar processos para melhorar
de forma mais eficiente, responsável e transparente. Ao identificar, a integração entre os diferentes níveis e esferas do setor público,
avaliar e implementar medidas adequadas, as organizações gover- com vistas a gerar, preservar e entregar valor público;
namentais podem proteger seus interesses e, o que é mais impor- V - fazer incorporar padrões elevados de conduta pela alta ad-
tante, garantir que os serviços públicos sejam entregues de maneira ministração para orientar o comportamento dos agentes públicos,
consistente e de alta qualidade à sociedade. Portanto, a incorpora- em consonância com as funções e as atribuições de seus órgãos e
ção de uma cultura de gestão de riscos na administração pública é de suas entidades;
essencial para o sucesso e a integridade do setor público. VI - implementar controles internos fundamentados na gestão
de risco, que privilegiará ações estratégicas de prevenção antes de
processos sancionadores;
DECRETO Nº 9.203, DE 22 DE NOVEMBRO DE 2017 VII - avaliar as propostas de criação, expansão ou aperfeiçoa-
mento de políticas públicas e de concessão de incentivos fiscais e
Dispõe sobre a política de governança da administração públi- aferir, sempre que possível, seus custos e benefícios;
ca federal direta, autárquica e fundacional. VIII - manter processo decisório orientado pelas evidências,
pela conformidade legal, pela qualidade regulatória, pela desburo-
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA , no uso da atribuição que lhe cratização e pelo apoio à participação da sociedade;
confere o art. 84, caput , inciso VI, alínea “a”, da Constituição, IX - editar e revisar atos normativos, pautando-se pelas boas
DECRETA : práticas regulatórias e pela legitimidade, estabilidade e coerência
do ordenamento jurídico e realizando consultas públicas sempre
Art. 1º Este Decreto dispõe sobre a política de governança da que conveniente;
administração pública federal direta, autárquica e fundacional. X - definir formalmente as funções, as competências e as res-
Art. 2º Para os efeitos do disposto neste Decreto, considera-se: ponsabilidades das estruturas e dos arranjos institucionais; e
I - governança pública - conjunto de mecanismos de lideran- XI - promover a comunicação aberta, voluntária e transparente
ça, estratégia e controle postos em prática para avaliar, direcionar e das atividades e dos resultados da organização, de maneira a forta-
monitorar a gestão, com vistas à condução de políticas públicas e à lecer o acesso público à informação.
prestação de serviços de interesse da sociedade; Art. 5º São mecanismos para o exercício da governança pública:
II - valor público - produtos e resultados gerados, preservados I - liderança, que compreende conjunto de práticas de natureza
ou entregues pelas atividades de uma organização que represen- humana ou comportamental exercida nos principais cargos das or-
tem respostas efetivas e úteis às necessidades ou às demandas de ganizações, para assegurar a existência das condições mínimas para
interesse público e modifiquem aspectos do conjunto da sociedade o exercício da boa governança, quais sejam:
ou de alguns grupos específicos reconhecidos como destinatários a) integridade;
legítimos de bens e serviços públicos; b) competência;
III - alta administração - Ministros de Estado, ocupantes de car- c) responsabilidade; e
gos de natureza especial, ocupantes de cargo de nível 6 do Grupo- d) motivação;
-Direção e Assessoramento Superiores - DAS e presidentes e direto- II - estratégia, que compreende a definição de diretrizes, obje-
res de autarquias, inclusive as especiais, e de fundações públicas ou tivos, planos e ações, além de critérios de priorização e alinhamen-
autoridades de hierarquia equivalente; e to entre organizações e partes interessadas, para que os serviços e
IV - gestão de riscos - processo de natureza permanente, es- produtos de responsabilidade da organização alcancem o resultado
tabelecido, direcionado e monitorado pela alta administração, que pretendido; e
contempla as atividades de identificar, avaliar e gerenciar potenciais III - controle, que compreende processos estruturados para mi-
eventos que possam afetar a organização, destinado a fornecer se- tigar os possíveis riscos com vistas ao alcance dos objetivos institu-
gurança razoável quanto à realização de seus objetivos. cionais e para garantir a execução ordenada, ética, econômica, efi-
Art. 3º São princípios da governança pública: ciente e eficaz das atividades da organização, com preservação da
I - capacidade de resposta; legalidade e da economicidade no dispêndio de recursos públicos.
II - integridade; Art. 6º Caberá à alta administração dos órgãos e das entidades,
III - confiabilidade; observados as normas e os procedimentos específicos aplicáveis,
IV - melhoria regulatória; implementar e manter mecanismos, instâncias e práticas de gover-
V - prestação de contas e responsabilidade; e nança em consonância com os princípios e as diretrizes estabeleci-
VI - transparência. dos neste Decreto.
Art. 4º São diretrizes da governança pública: Parágrafo único. Os mecanismos, as instâncias e as práticas de
governança de que trata o caput incluirão, no mínimo:
67
ÉTICA E INTEGRIDADE
I - formas de acompanhamento de resultados; II - aprovar manuais e guias com medidas, mecanismos e prá-
II - soluções para melhoria do desempenho das organizações; e ticas organizacionais que contribuam para a implementação dos
III - instrumentos de promoção do processo decisório funda- princípios e das diretrizes de governança pública estabelecidos nes-
mentado em evidências. te Decreto; (Incluído pelo Decreto nº 9.901, de 2019)
Art. 7º (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019) III - aprovar recomendações aos colegiados temáticos para ga-
Art. 7º-A. O Comitê Interministerial de Governança - CIG tem rantir a coerência e a coordenação dos programas e das políticas de
por finalidade assessorar o Presidente da República na condução da governança específicos; (Incluído pelo Decreto nº 9.901, de 2019)
política de governança da administração pública federal. (Incluído IV - incentivar e monitorar a aplicação das melhores práticas de
pelo Decreto nº 9.901, de 2019) governança no âmbito da administração pública federal direta, au-
Art. 8º (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019) tárquica e fundacional; e (Incluído pelo Decreto nº 9.901, de 2019)
I - (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019) V - editar as resoluções necessárias ao exercício de suas com-
II - (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019) petências. (Incluído pelo Decreto nº 9.901, de 2019)
III - (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019) §1º Os manuais e os guias a que se refere o inciso II do caput
IV - (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019) deverão: (Incluído pelo Decreto nº 9.901, de 2019)
§1º (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019) I - conter recomendações que possam ser implementadas nos
§2º (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019) órgãos e nas entidades da administração pública federal direta, au-
§3º (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019) tárquica e fundacional definidos na resolução que os aprovar; (In-
Art. 8º-A. O CIG é composto pelos seguintes membros titulares: cluído pelo Decreto nº 9.901, de 2019)
(Incluído pelo Decreto nº 9.901, de 2019) II - ser observados pelos comitês internos de governança, a que
I - Ministro de Estado Chefe da Casa Civil da Presidência da se refere o art. 15-A. (Incluído pelo Decreto nº 9.901, de 2019)
República, que o coordenará; (Incluído pelo Decreto nº 9.901, de §2º O colegiado temático, para fins do disposto neste Decreto,
2019) é a comissão, o comitê, o grupo de trabalho ou outra forma de co-
II - Ministro de Estado da Economia; e (Incluído pelo Decreto legiado interministerial instituído com o objetivo de implementar,
nº 9.901, de 2019) promover ou executar políticas ou programas de governança rela-
III - Ministro de Estado da Controlaria-Geral da União. (Incluído tivos a temas específicos. (Incluído pelo Decreto nº 9.901, de 2019)
pelo Decreto nº 9.901, de 2019) Art. 10. (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019)
§1º Os membros do CIG poderão ser substituídos, em suas au- §1º (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019)
sências e seus impedimentos, pelos respectivos Secretários-Execu- §2º (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019)
tivos. (Incluído pelo Decreto nº 9.901, de 2019) Art. 10-A. O CIG poderá instituir grupos de trabalho específicos
§2º As reuniões do CIG serão convocadas pelo seu Coordena- com o objetivo de assessorá-lo no cumprimento das suas compe-
dor. (Incluído pelo Decreto nº 9.901, de 2019) tências. (Incluído pelo Decreto nº 9.901, de 2019)
§3º Representantes de outros órgãos e entidades da adminis- §1º Representantes de órgãos e entidades públicas e privadas
tração pública federal poderão ser convidados a participar de reu- poderão ser convidados a participar dos grupos de trabalho consti-
niões do CIG, sem direito a voto. (Incluído pelo Decreto nº 9.901, tuídos pelo CIG. (Incluído pelo Decreto nº 9.901, de 2019)
de 2019) §2º O CIG definirá no ato de instituição do grupo de trabalho
Art. 8º-B. O CIG se reunirá, em caráter ordinário, trimestral- os seus objetivos específicos, a sua composição e o prazo para con-
mente e, em caráter extraordinário, sempre que necessário. (Inclu- clusão de seus trabalhos. (Incluído pelo Decreto nº 9.901, de 2019)
ído pelo Decreto nº 9.901, de 2019) Art. 10-B. Os grupos de trabalho: (Incluído pelo Decreto nº
§1º O quórum de reunião do CIG é de maioria simples dos 9.901, de 2019)
membros e o quórum de aprovação é de maioria absoluta. (Incluído I - serão compostos na forma de ato do CIG; (Incluído pelo De-
pelo Decreto nº 9.901, de 2019) creto nº 9.901, de 2019)
§2º Além do voto ordinário, o Coordenador do CIG terá o voto II - não poderão ter mais de cinco membros; (Incluído pelo De-
de qualidade em caso de empate. (Incluído pelo Decreto nº 9.901, creto nº 9.901, de 2019)
de 2019) III - terão caráter temporário e duração não superior a um ano;
Art. 9º (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019) e (Incluído pelo Decreto nº 9.901, de 2019)
I - (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019) IV - estarão limitados a três operando simultaneamente. (Inclu-
II - (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019) ído pelo Decreto nº 9.901, de 2019)
III- (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019) Art. 11. (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019)
IV - (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019) Parágrafo único. (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019)
V - (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019) I - (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019)
§1º (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019) II - (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019)
I - (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019) III - (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019)
II - (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019) IV - (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019)
§2º (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019) V - (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019)
Art. 9º-A. Ao CIG compete: (Incluído pelo Decreto nº 9.901, de Art. 11-A. A Secretaria-Executiva do CIG será exercida pela Se-
2019) cretaria Especial de Relações Governamentais da Casa Civil da Pre-
I - propor medidas, mecanismos e práticas organizacionais para sidência da República. (Redação dada pelo Decreto nº 10.907, de
o atendimento aos princípios e às diretrizes de governança pública 2021) (vigência)
estabelecidos neste Decreto; (Incluído pelo Decreto nº 9.901, de Parágrafo único. Compete à Secretaria-Executiva do CIG: (Inclu-
2019) ído pelo Decreto nº 9.901, de 2019)
68
ÉTICA E INTEGRIDADE
I - receber, instruir e encaminhar aos membros do CIG as pro- competência. (Incluído pelo Decreto nº 9.901, de 2019)
postas recebidas na forma estabelecida no caput do art. 10-A e no Art. 16. Os comitês internos de governança publicarão suas
inciso II do caput do art. 13-A; (Incluído pelo Decreto nº 9.901, de atas e suas resoluções em sítio eletrônico, ressalvado o conteúdo
2019) sujeito a sigilo.
II - encaminhar a pauta, a documentação, os materiais de dis- Art. 17. A alta administração das organizações da administra-
cussão e os registros das reuniões aos membros do CIG; (Incluído ção pública federal direta, autárquica e fundacional deverá estabe-
pelo Decreto nº 9.901, de 2019) lecer, manter, monitorar e aprimorar sistema de gestão de riscos e
III - comunicar aos membros do CIG a data e a hora das reuni- controles internos com vistas à identificação, à avaliação, ao trata-
ões ordinárias ou a convocação para as reuniões extraordinárias; mento, ao monitoramento e à análise crítica de riscos que possam
(Incluído pelo Decreto nº 9.901, de 2019) impactar a implementação da estratégia e a consecução dos obje-
IV - comunicar aos membros do CIG a forma de realização da tivos da organização no cumprimento da sua missão institucional,
reunião, que poderá ser por meio eletrônico ou presencial, e o lo- observados os seguintes princípios:
cal, quando se tratar de reuniões presenciais; e (Incluído pelo De- I - implementação e aplicação de forma sistemática, estrutu-
creto nº 9.901, de 2019) rada, oportuna e documentada, subordinada ao interesse público;
V - disponibilizar as atas e as resoluções do CIG em sítio eletrô- II - integração da gestão de riscos ao processo de planejamento
nico ou, quando o seu conteúdo for classificado como confidencial, estratégico e aos seus desdobramentos, às atividades, aos proces-
encaminhá-las aos membros. (Incluído pelo Decreto nº 9.901, de sos de trabalho e aos projetos em todos os níveis da organização,
2019) relevantes para a execução da estratégia e o alcance dos objetivos
Art. 12. (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019) institucionais;
Art. 12-A. A participação no CIG ou nos grupos de trabalho por III - estabelecimento de controles internos proporcionais aos
ele constituídos será considerada prestação de serviço público rele- riscos, de maneira a considerar suas causas, fontes, consequências
vante, não remunerada. (Incluído pelo Decreto nº 9.901, de 2019) e impactos, observada a relação custo-benefício; e
Art. 13. (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019) IV - utilização dos resultados da gestão de riscos para apoio à
I - (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019) melhoria contínua do desempenho e dos processos de gerencia-
II - (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019) mento de risco, controle e governança.
Art. 13-A. Compete aos órgãos e às entidades integrantes da Art. 18 A auditoria interna governamental deverá adicionar
administração pública federal direta, autárquica e fundacional: (In- valor e melhorar as operações das organizações para o alcance de
cluído pelo Decreto nº 9.901, de 2019) seus objetivos, mediante a abordagem sistemática e disciplinada
I - executar a política de governança pública, de maneira a in- para avaliar e melhorar a eficácia dos processos de gerenciamento
corporar os princípios e as diretrizes definidos neste Decreto e as de riscos, dos controles e da governança, por meio da:
recomendações oriundas de manuais, guias e resoluções do CIG; e I - realização de trabalhos de avaliação e consultoria de forma
(Incluído pelo Decreto nº 9.901, de 2019) independente, segundo os padrões de auditoria e ética profissional
II - encaminhar ao CIG propostas relacionadas às competências reconhecidos internacionalmente;
previstas no art. 9º-A, com a justificativa da proposição e da minuta II - adoção de abordagem baseada em risco para o planejamen-
da resolução pertinente, se for o caso. (Incluído pelo Decreto nº to de suas atividades e para a definição do escopo, da natureza, da
9.901, de 2019) época e da extensão dos procedimentos de auditoria; e
Art. 14. (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019) III - promoção à prevenção, à detecção e à investigação de frau-
Art. 15. (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019) des praticadas por agentes públicos ou privados na utilização de
I - (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019) recursos públicos federais.
II - (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019) Art. 19. Os órgãos e as entidades da administração direta, au-
III - (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019) tárquica e fundacional instituirão programa de integridade, com o
IV - (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019) objetivo de promover a adoção de medidas e ações institucionais
Art. 15-A. São competências dos comitês internos de governan- destinadas à prevenção, à detecção, à punição e à remediação de
ça, instituídos pelos órgãos e entidades da administração pública fraudes e atos de corrupção, estruturado nos seguintes eixos:
federal direta, autárquica e fundacional: (Incluído pelo Decreto nº I - comprometimento e apoio da alta administração;
9.901, de 2019) II - existência de unidade responsável pela implementação no
I - auxiliar a alta administração na implementação e na manu- órgão ou na entidade;
tenção de processos, estruturas e mecanismos adequados à incor- III - análise, avaliação e gestão dos riscos associados ao tema
poração dos princípios e das diretrizes da governança previstos nes- da integridade; e
te Decreto; (Incluído pelo Decreto nº 9.901, de 2019) IV - monitoramento contínuo dos atributos do programa de in-
II - incentivar e promover iniciativas que busquem implementar tegridade.
o acompanhamento de resultados no órgão ou na entidade, que Art. 20. (Revogado pelo Decreto nº 9.901, de 2019)
promovam soluções para melhoria do desempenho institucional ou Art. 20-A. Revogado pelo Decreto nº 10.756, de 2021 Vigência
que adotem instrumentos para o aprimoramento do processo deci- Art. 21. Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.
sório; (Incluído pelo Decreto nº 9.901, de 2019)
III - promover e acompanhar a implementação das medidas, Brasília, 22 de novembro de 2017; 196º da Independência e
dos mecanismos e das práticas organizacionais de governança defi- 129º da República.
nidos pelo CIG em seus manuais e em suas resoluções; e (Incluído
pelo Decreto nº 9.901, de 2019)
IV - elaborar manifestação técnica relativa aos temas de sua
69
ÉTICA E INTEGRIDADE
70
ÉTICA E INTEGRIDADE
§1º Na administração pública federal direta, as unidades seto- Art. 8º Compete às unidades setoriais do Sitai: (Vigência)
riais do Sitai para a gestão da integridade, da transparência e do I - assessorar a autoridade máxima do órgão ou da entidade
acesso à informação são as assessorias especiais de controle inter- nos assuntos relacionados com a integridade, a transparência e o
no. acesso à informação e com os programas e as ações para efetivá-
§2º Na administração pública federal autárquica e fundacional, -los;
as unidades setoriais do Sitai são aquelas responsáveis pela gestão II - articular-se com as demais unidades do órgão ou da entida-
da integridade, da transparência e do acesso à informação. de que desempenhem funções de integridade, com vistas à obten-
§3º O dirigente máximo das entidades de que trata o §2º desig- ção de informações necessárias à estruturação e ao monitoramento
nará uma ou mais unidades responsáveis pela gestão da integrida- do programa de integridade;
de, da transparência e do acesso à informação. III - coordenar a estruturação, a execução e o monitoramento
§4º O responsável pela unidade setorial de que trata o §1º será de seus programas de integridade;
designado para o exercício das atribuições previstas no art. 40 da IV - promover, em coordenação com as áreas responsáveis pe-
Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011. las funções de integridade, a orientação e o treinamento, no âmbito
§5º Na hipótese de alteração de unidade setorial responsável, do órgão ou da entidade, em assuntos relativos ao programa de
as entidades da administração pública federal deverão informá-la integridade;
ao órgão central do Sitai. V - elaborar e revisar, periodicamente, o plano de integridade;
Art. 6º As atividades das unidades setoriais do Sitai ficarão VI - coordenar a gestão dos riscos para a integridade;
sujeitas à orientação normativa e à supervisão técnica do órgão VII - monitorar e avaliar, no âmbito do órgão ou da entidade, a
central, sem prejuízo da subordinação administrativa ao órgão ou implementação das medidas estabelecidas no plano de integridade;
à entidade da administração pública federal a que pertençam. (Vi- VIII - propor ações e medidas, no âmbito do órgão ou da entida-
gência) de, a partir das informações e dos dados relacionados com a gestão
Art. 7º Compete ao órgão central do Sitai: (Vigência) do programa de integridade;
I - estabelecer as normas e os procedimentos para o exercício IX - avaliar as ações e as medidas relativas ao programa de inte-
das competências das unidades integrantes do Sitai e as atribuições gridade sugeridas pelas demais unidades do órgão ou da entidade;
dos dirigentes para a gestão dos programas de integridade; X - reportar à autoridade máxima do órgão ou da entidade
II - orientar as atividades relativas à gestão dos riscos para a
informações sobre o desempenho do programa de integridade e
integridade;
informar quaisquer fatos que possam comprometer a integridade
III - exercer a supervisão técnica das atividades relacionadas
institucional;
aos programas de integridade geridos pelas unidades setoriais, sem
XI - participar de atividades que exijam a execução de ações
prejuízo da subordinação administrativa dessas unidades ao órgão
conjuntas das unidades integrantes do Sitai;
ou à entidade da administração pública federal a que pertençam;
XII - reportar ao órgão central as situações que comprometam
IV - coordenar as atividades que exijam ações conjuntas de uni-
o programa de integridade e adotar as medidas necessárias para
dades integrantes do Sitai;
V - monitorar e avaliar a atuação das unidades setoriais; sua remediação;
VI - realizar ações de comunicação e capacitação relacionadas XIII - supervisionar a execução das ações relativas à Política de
às temáticas de integridade, transparência e acesso à informação; Transparência e Acesso à Informação da Administração Pública Fe-
VII - dar ciência aos órgãos ou às entidades de fatos ou situa- deral;
ções que possam comprometer o seu programa de integridade e XIV - monitorar o cumprimento das normas de transparência e
recomendar a adoção das medidas de remediação necessárias; acesso à informação no âmbito dos órgãos e das entidades;
VIII - planejar, coordenar, executar e monitorar a Política de XV - manter atualizadas as informações sobre os serviços de
Transparência e Acesso à Informação da Administração Pública Fe- informação ao cidadão; e
deral; XVI - manter atualizados o inventário de base de dados e a ca-
IX - estabelecer normas complementares necessárias ao fun- talogação dos dados abertos no Portal Brasileiro de Dados Abertos.
cionamento do Sitai; Art. 9º O Sitai atuará de forma complementar e integrada aos
X - desenvolver e disponibilizar procedimentos, padrões, meto- demais sistemas estruturadores, principalmente aqueles que coor-
dologias e sistemas informatizados que permitam a disseminação, denem as atividades de instâncias que lhe prestem apoio, de forma
a obtenção, a utilização e a compreensão de informações públicas; a evitar a sobreposição de esforços, racionalizar os custos e melho-
XI - monitorar o atendimento às solicitações de acesso à infor- rar o desempenho e a qualidade dos resultados. (Vigência)
mação e o cumprimento das obrigações de transparência ativa e de
abertura de dados; CAPÍTULO III
XII - estimular e apoiar a adoção de medidas de integridade, DA POLÍTICA DE TRANSPARÊNCIA E ACESSO À INFORMAÇÃO
transparência e acesso à informação para o fortalecimento das po- DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA FEDERAL
líticas públicas;
XIII - definir critérios e indicadores para a avaliação e o monito- Art. 10. A Política de Transparência e Acesso à Informação da
ramento da implementação da Política de Transparência e Acesso à Administração Pública Federal compreende a:
Informação da Administração Pública Federal; I - transparência passiva, para garantir a prestação de informa-
XIV - promover o uso dos dados e das informações públicas pela ções em atendimento a pedidos apresentados à administração pú-
sociedade para a melhoria da gestão, das políticas e dos serviços; e blica federal com fundamento na Lei nº 12.527, de 2011;
XV - identificar bases de dados e de informações de interesse II - transparência ativa, para garantir a divulgação de informa-
público e, conforme o caso, sugerir às unidades setoriais a abertura ções nos sítios eletrônicos oficiais; e
em transparência ativa.
71
ÉTICA E INTEGRIDADE
III - abertura de bases de dados produzidos, custodiados ou Art. 14. Os dados e as informações divulgados no Portal da
acumulados pela administração pública federal, para promover Transparência do Poder Executivo Federal compreenderão aqueles
pesquisas, estudos, inovações, geração de negócios e participação relativos à gestão de recursos do Governo federal, incluídos, no mí-
da sociedade no acompanhamento e na melhoria de políticas e ser- nimo:
viços públicos. I - o orçamento anual de despesas e de receitas públicas do
Art. 11. São princípios e objetivos da Política de Transparência e Poder Executivo federal;
Acesso à Informação da Administração Pública Federal: II - a execução das despesas e das receitas públicas, nos termos
I - observância da publicidade como preceito geral e do sigilo do disposto na Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000;
como exceção; III - os repasses de recursos federais aos Estados, aos Municí-
II - amplo acesso da sociedade às informações e aos dados pro- pios e ao Distrito Federal;
duzidos, custodiados ou acumulados pela administração pública IV - os convênios e as operações de descentralização de recur-
federal e livre utilização desses dados e dessas informações, inde- sos orçamentários em favor de pessoas naturais ou de organizações
pendentemente de autorização prévia ou de justificativa; não governamentais de qualquer natureza;
III - primariedade, integralidade, autenticidade e atualidade V - as licitações e as contratações realizadas pelo Poder Execu-
das informações disponibilizadas; tivo federal;
IV - tempestividade no provimento de informações; VI - as notas fiscais eletrônicas relativas às compras públicas
V - utilização de linguagem acessível e de fácil compreensão; disponíveis no Ambiente Nacional da Nota Fiscal Eletrônica, nos ter-
VI - ênfase na transparência ativa como forma de atender ao di- mos do disposto no art. 6º do Decreto nº 10.209, de 22 de janeiro
reito das pessoas físicas e jurídicas de terem acesso às informações de 2020;
e aos dados produzidos, custodiados ou acumulados pela adminis- VII - as informações sobre os servidores públicos federais e so-
tração pública federal; bre os militares, incluídos nome, detalhamento dos vínculos e re-
VII - observância das diretrizes: muneração;
a) previstas na Política de Dados Abertos do Poder Executivo VIII - as informações individualizadas relativas aos servidores
Federal, instituída pelo Decreto nº 8.777, de 11 de maio de 2016; inativos, aos pensionistas e aos reservistas vinculados ao Poder Exe-
b) previstas na Política Nacional de Governo Aberto, nos ter- cutivo federal, incluídos nome, detalhamento dos vínculos e remu-
mos do disposto no Decreto nº 10.160, de 9 de dezembro de 2019; neração;
e IX - as viagens a serviço custeadas pela administração pública
c) de Governo Digital e de eficiência pública, nos termos do dis- federal;
posto na Lei nº 14.129, de 29 de março de 2021; X - a relação de empresas e de profissionais que sofreram san-
VIII - foco no cidadão para definição de prioridades de transpa- ções que tenham como efeito a restrição ao direito de participar em
rência ativa e abertura de dados e informações; licitações ou de celebrar contratos com a Administração;
IX - participação da sociedade na formulação, na execução e no XI - a relação das entidades privadas sem fins lucrativos impe-
monitoramento das políticas públicas e no controle da aplicação de didas de celebrar novos convênios, contratos de repasse, termos
seus recursos; de fomento, termos de colaboração ou termos de parceria com a
X - utilização de tecnologias de informação e de comunicação administração pública federal; e
para disseminação e incentivo ao uso de dados e informações; XII - a relação dos servidores da administração pública federal
XI - compartilhamento de informações com vistas ao estímulo punidos com demissão, destituição ou cassação de aposentadoria.
à pesquisa, à inovação, à produção científica, à geração de negócios §1º A Controladoria-Geral da União poderá incluir outras infor-
e ao desenvolvimento econômico e social do País; mações de interesse coletivo e geral a serem divulgadas no Portal
XII - melhoria da gestão das informações disponibilizadas pela da Transparência do Poder Executivo Federal.
administração pública federal para a provisão mais eficaz e eficien- §2º Cabe às unidades setoriais do Sitai fornecer os dados e as
te de serviços públicos e para a prestação de contas adequada à informações necessários ao cumprimento do disposto neste artigo.
sociedade; §3º Os órgãos e as entidades fornecerão acesso gratuito aos
XIII - combate à corrupção por meio da inibição da prática de dados necessários para a manutenção e a atualização do Portal da
atos ilícitos na administração pública federal e de desvios de condu- Transparência do Poder Executivo Federal, nos prazos e nas formas
ta de agentes públicos; e acordadas com a Controladoria-Geral da União.
XIV - respeito à proteção dos dados pessoais. §4º Os órgãos e as entidades poderão solicitar à Controladoria-
Art. 12. A transparência ativa será realizada por meio da divul- -Geral da União, mediante indicação do fundamento legal, a restri-
gação de dados e informações nos sítios eletrônicos oficiais dos ór- ção de publicação, no Portal da Transparência do Poder Executivo
gãos e das entidades da administração pública federal. Federal, de informações sigilosas por eles produzidas ou custodia-
Parágrafo único. A ações de transparência ativa de que trata o das.
caput se darão: §5º A solicitação de que trata o §4º permanecerá à disposição
I - em cumprimento às normas vigentes; do público em seção específica do Portal da Transparência do Poder
II - por demanda ou interesse coletivo ou geral da sociedade; e Executivo Federal e conterá, no mínimo:
III - por iniciativa dos órgãos e das entidades. I - as características gerais da informação de cuja publicação foi
Art. 13. A Controladoria-Geral da União manterá o Portal da solicitada a restrição; e
Transparência do Poder Executivo Federal para divulgar dados e in- II - os fundamentos legais da restrição de publicação.
formações sobre a gestão de recursos públicos e sobre servidores §6º As unidades setoriais do Sitai que não tiverem as informa-
públicos. ções publicadas no Portal da Transparência do Poder Executivo Fe-
deral por não utilizarem sistemas estruturantes do Governo federal
72
ÉTICA E INTEGRIDADE
publicarão as informações em seus sítios eletrônicos oficiais ou pro- • accountability, que corresponde principalmente à pres-
verão os dados na forma e nos prazos estabelecidos pela Controla- tação de contas da administração para a sociedade, mas não fica
doria-Geral da União. limitada a isto.
§7º Constará no Portal da Transparência do Poder Executivo Fe-
deral a lista dos órgãos e das entidades que publicam informações Governabilidade
no sítio eletrônico e das informações publicadas. A governabilidade da administração pública tem forte relação
Art. 15. A Controladoria-Geral da União é responsável pela ges- com a afinidade de legitimidade do gestor público em relação à so-
tão do Portal Brasileiro de Dados Abertos. ciedade. Sem legitimidade não há como se falar em governabilida-
Parágrafo único. O Portal de que trata o caput tem a finalida- de. Diz respeito a uma capacidade política do Estado, refletindo na
de de prover o catálogo de referência para a busca e o acesso aos credibilidade e imagem pública da burocracia.
dados públicos e a seus metadados, informações, aplicativos e ser- Conforme Paludo (2013, p. 128), governabilidade significa tam-
viços relacionados. bém que “o governo deve tomar decisões amparadas num processo
Art. 16. A transparência passiva será realizada por sistema ele- que inclua a participação dos diversos setores da sociedade, dos
trônico específico para registro e atendimento de pedidos de aces- poderes constituídos, das instituições públicas e privadas e segmen-
so à informação direcionados aos órgãos e às entidades da adminis- tos representativos da sociedade, para garantir que as escolhas efe-
tração pública federal. tivamente atendam aos anseios da sociedade, e contem com seu
Parágrafo único. Compete à Controladoria-Geral da União a apoio na implementação dos programas/projetos e na fiscalização
gestão do sistema eletrônico específico de que trata o caput. dos serviços públicos”.
Art. 17. Os pedidos de acesso à informação registrados no sis-
tema eletrônico específico de que trata o art. 16 e suas respostas A fonte ou origem da governabilidade é representada pelos
serão disponibilizados para consulta aberta na internet, resguarda- cidadãos e pela cidadania organizada, os partidos políticos, as as-
dos os dados pessoais e as informações protegidas por outras hipó- sociações e demais agrupamentos representativos da sociedade
teses legais de sigilo. (PALUDO, 2013).
§1º A publicação de que trata o caput não incluirá dados do
solicitante de acesso à informação. Sendo assim, o desafio maior da governabilidade está em con-
§2º Os órgãos e as entidades responsáveis pelo tratamento dos ciliar as divergências constantes nos interesses dos diversos atores
pedidos de informação indicarão a existência de dados pessoais ou da sociedade, e uní-las em um ou vários objetivos comuns. Por-
de informações protegidas por outras hipóteses legais de sigilo que tanto, a viabilização dos objetivos políticos do Estado está muito
impeçam a sua disponibilização em transparência ativa. relacionada com a capacidade de articulação em alianças políticas
Art. 18. Os órgãos e as entidades da administração pública fede- e pactos sociais.
ral que receberem atribuições por força de transferência de compe-
tência de outros órgãos ou de outras entidades ficam responsáveis
Governança
pelo atendimento às solicitações de acesso à informação em anda-
A governança possui um caráter mais amplo que a governabi-
mento e pelo provimento das informações em transparência ativa.
lidade e refere-se a uma capacidade administrativa de executar as
políticas públicas.
CAPÍTULO IV
DISPOSIÇÕES FINAIS
Pereira (1997) explica que um governo pode ter governabilida-
Art. 19. Ficam revogados: de, na medida em que seus dirigentes contem com os necessários
I - o Decreto nº 5.482, de 30 de junho de 2005; e apoios políticos para governar, e no entanto pode governar mal por
II - o Decreto nº 10.756, de 27 de julho de 2021. (Vigência) lhe faltar a capacidade da governança.
Art. 20. Este Decreto entra em vigor: A governança no contexto da administração pública é um refle-
I - em 17 de julho de 2023, quanto aos art. 2º a art. 9º e quanto xo da governança corporativa da administração privada.
ao inciso II do caput do art. 19; e
II - na data de sua publicação, quanto aos demais dispositivos. As boas práticas de governança corporativa surgiram como
uma busca para solucionar conflitos entre acionistas e gestores a
Brasília, 16 de maio de 2023; 202º da Independência e 135º da respeito do desempenho do patrimônio, da sustentabilidade finan-
República. ceira e da transparência na gestão. A governança é também reflexo
das relações da organização com seus stakeholders (partes interes-
sadas).
De acordo com Paludo (2013), a governança é instrumental,
TRANSPARÊNCIA E QUALIDADE NA GESTÃO PÚBLICA,
pois é o braço da governabilidade. Além disso, relaciona-se com
CIDADANIA E EQUIDADE SOCIAL
competência técnica, abrangendo as capacidades gerencial, finan-
ceira e técnica propriamente dita.
Com o passar dos anos, a administração pública tem incorpo-
rado - e aplicado - alguns conceitos oriundos da administração pri- A fonte de origem da governança é, em sentido lato, os agentes
vada, como: públicos, e em sentido estrito os servidores públicos.
• governabilidade, a qual diz respeito a uma capacidade po-
lítica do Estado; Accountability
• governança, que refere-se à capacidade da administração Por sua vez, a accountability trata da prestação de contas, mas
de executar as políticas públicas; e não apenas isso. A accountability possui três planos:
73
ÉTICA E INTEGRIDADE
1. Prestação de contas: irá refletir na transparência do go- Afinal de contas, como as empresas dependem das pessoas
verno com a população. Exemplo: o Relatório de Gestão Fiscal, ins- para conduzir seus processos, é importante que haja um monito-
tituído pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF); ramento para minimizar impactos em caso de deslizes. A regulação
2. Responsabilização dos agentes: os agentes devem res- da relação entre administradores e donos é feita de três formas:
ponsabilizar-se pela correta utilização dos recursos. Exemplo: a através de regras, auditorias e restrições de autonomia.
Lei de Improbidade Administrativa (LIA), que instituiu mecanismos
para punir maus gestores; 1. Regras
3. Responsividade dos agentes: diz respeito à capacidade de Estabelecer regras significa estipular normas para estruturar a
resposta do poder público às demandas sociais. Um governo res- organização e limitar o comportamento indesejável dos administra-
ponsivo buscará satisfazer as necessidades da população e colocar dores, conduzindo as suas decisões.
em prática as políticas escolhidas pelos cidadãos.
2. Auditorias
Podemos ainda classificar a accountability em dois tipos: Fazer auditorias é fundamental para checar se as regras estabe-
1. Horizontal: não há hierarquia, pois corresponde a uma lecidas previamente estão sendo cumpridas ou não, além de moni-
mútua fiscalização e controle existente entre os poderes. Exemplos: torar as ações dos administradores.
prefeitura recebe recursos do governo e a CGU faz uma auditoria;
atuação dos Tribunais de Contas, do Ministério Público; 3. Restrições de autonomia
2. Vertical: trata do controle da população sobre o gover- Impor restrições de autonomia se trata de limitar a atuação dos
no. É uma relação entre desiguais, pois o povo pode fiscalizar e administradores e determinar ações que eles estão autorizados a
punir as más gestões, principalmente através do voto em eleições fazer.
livres e justas. “É algo que depende de mecanismos institucionais,
sobretudo da existência de eleições competitivas periódicas, e que Vale lembrar que, dependendo da intensidade de como esse
é exercido pelo povo” (Miguel, 2005). controle é feito, pode-se obter diferentes efeitos, como veremos no
próximo tópico.
Conclusões
A governabilidade, a governança e a accountability constituem Impactos da governança corporativa nas empresas
diferentes conceitos, mas que trabalhados conjuntamente corres- Você já parou para pensar o que acontece quando os donos do
pondem a fatores essenciais para a boa gestão de um Estado. negócio impõem muitas regras e restrições? Ou pior, quando não
estabelecem regras e restrições suficientes?
Para finalizar, cabe ressaltar que a governabilidade está forte- Em uma governança muito forte, o administrador não conse-
mente relacionada com a legitimidade; a governança é mais ampla gue fazer seu trabalho, pois não possui autonomia para isso. Ele
que a governabilidade, e está relacionada com a capacidade de exe- está sempre “amarrado” à decisão de outras pessoas. Podemos ob-
cução e com competência técnica; já a accountability está relacio- servar esse tipo de governança na área pública e em grandes em-
nada com o uso do poder e dos recursos públicos, em que o titular presas.
da coisa pública é o cidadão e não os políticos eleitos. Já em uma governança muito fraca, as chances do adminis-
Sendo assim: trador usar de má-fé para buscar apenas seus próprios interesses
Podemos dizer que a governança mostra a direção que uma aumentam significativamente. Ou, pode ser que ele não atue com
empresa deve seguir para alcançar os resultados esperados. a competência necessária. Esse tipo de governança pode ser obser-
A governança corporativa tem suas bases fundamentadas na vado em startups e em pequenas empresas.
Teoria da Agência, que trata das questões associadas à relação en- Encontrar um ponto de equilíbrio é o grande dilema da gover-
tre principais e agentes. nança corporativa ideal! Por isso, é preciso cuidar para que os ins-
Você deve estar se perguntando: “Tá, mas quem são essas pes- trumentos de controle não sejam mais caros que eventuais prejuí-
soas?” zos dos administradores.
Atribui-se a posição de principais aos donos da empresa. Já os O conceito de governança também pode ser aplicado em ou-
agentes são as pessoas contratadas pelos donos para administrar o tros campos de negócio, para além da esfera organizacional.
negócio e representar seus interesses. Contudo, nem sempre é isso
o que acontece. Eficiência: refere-se ao bom uso dos recursos disponíveis. É a
Os administradores também possuem suas próprias demandas relação entre os insumos utilizados e os produtos/serviços gerados.
e podem acabar cometendo deslizes, por diversos motivos. Mas,
você sabia que dá para evitar e contornar esses deslizes? Eficácia: está relacionada ao alcance dos objetivos. É a relação
entre os resultados ovitidos e os resultados esperados.
Para que serve a governança corporativa?
A governança corporativa assegura que os interesses dos admi- Efetividade: diz respeito ao impacto positivo gerado na socie-
nistradores estejam alinhados aos interesses dos donos do negócio. dade.
Ela garante que os processos e as estratégias estão sendo correta-
mente seguidos, além de promover uma cultura de prestação de Accountability é a responsabilização dos agentes públicos pe-
contas na empresa. los atos praticados e sua obrigação ética de prestar contas. Em ou-
tras palavras, é o conjunto de mecanismos e procedimentos que
induzem os dirigentes governamentaisa prestar contas dos resul-
tados de suas ações à sociedade, garantindo, dessa forma, maior
74
ÉTICA E INTEGRIDADE
nível de transparência, participação da sociedade e exposição das Enfoque no produto Descrição de todos os
políticas públicas. Quanto maior for a possibilidade de os cidadãos serviços administrativos
discernirem se o agente público está agindo em prol da coletividade como “produtos”:
e de sancioná- lo, mais accountable é um governo. recursos, custos, clareza no
prazo de entrega
Horizontal: exercido por instituições do Estado devidamente
encarregadas da prevenção, reparação e punição de ações ilegais
cometidas por agentes públicos. É feita pelos mecanismos institu- Características Gestão pública Gestão pública
cionalizados, abrangendo os Poderes e também agências governa- burocrática gerencial
mentais que tenham como finalidade a fiscalização do poder públi- Modelo de gestão Rígido e ineficiente Flexível e eficiente
co e de outros órgãos estatais, como por exemplo os Tribunais de
Contas. Ideologia Formalismo e rigor Maior confiança
técnico e flexibilidade de
Vertical: são as atividades de fiscalização feitas pela sociedade gestão
procurando estabelecer formas de controle sobre o poder público. Atributos Rigidez nos Maior autonomia e
Para grande parte dos autores, ela é exercida “de baixo para cima”, procedimentos, responsabilidade
por pessoas e entidades da sociedade civil, geralmente sob a forma excesso de normas
de voto ou de mobilizações. Certo autor separou a vertical em duas: e regulamentos
- Eleitoral - os eleitores avaliam governos e fazem suas esco-
Foco Poder do Estado Cidadão / sociedade
lhas;
- Societal - especificamente para o controle exercido por agen- Ênfase Processos / Resultados
tes ou entidades de representatividade social (conselhos, associa- procedimentos
ções etc.), ou seja, grupos se mobilizam para impor suas deman- Indicadores Produção Efetividade, eficácia
das em relação à prevenção, reparação ou punição de ilegalidades. e eficiência
Outro autor aventou a possibilidade de uma accountability vertical
“de cima para baixo”, quando há direito de sanção a partir de uma Decisão Centralizada Descentralizada
relação de hierarquia, ou seja, entre chefia e subordinados. Servidor Público Estabilidade Valorização do
servidor, investindo
Estado racionalizado Redução das tarefas do em capacitação
estado Controle “A priori” nos “A posteriori” nos
Separação dos níveis de decisão Separação dos níveis processos resultados
estratégicos e operacional: Sociedade / Racionalidade Campo de conflitos,
a política decide O QUE e a ambiente aboslutada para cooperação e
Administração COMO ser impessoal incertezas
Gestão racionalizada Aplicação de gestão por Papel do Estado Executor Regulador, provedor
objetivos, hierarquia ou promotor
planejada, gestão por
projetos, remuneração de NOVA GESTÃO PÚBLICA
acordo com o desempenho
e métodos modernos de *Antecendentes:
liderança - Estados grandes, caros e ineficientes (burocráticos);
Nova atitude nos serviços Orientação de acordo com - Crises Mundiais;
o cliente: satisfação como - Necessidade de reequilíbrio financeiro/fiscal;
ponto central; mudança de - Desenvolvimento tecnológico e globalização - competição.
comportamento
*Foco:
Novo sistema de controle Atitudes definidas por
- Superar a Administração Burocrática
metas claras, avaliação de
- Rompe com os princípios negativos, mantém os positivos.
resultados, transparência
- Melhorar a Administração Pública
na aplicação de recursos
- Eficiência, Redução de Custos, Aumento da Qualidade
Descentralização Tarefas, responsabilidade,
competência *New Public Management: Modelo Pós-Burocrático - Modelo
Gestão de qualidade Garantia de serviços de Gerencial
qualidade de acordo com a - Conjunto de doutrinas administrativas que orientaram as re-
formação, competência e formas da Adm. Pública em nível mundial.
pela transparência - Incorporação, pelo serviço público, de alguns pressupostos e
inovações da administração gerencial - privada
- Cuidado: não é exatamente igual à Adm. Privada.
75
ÉTICA E INTEGRIDADE
76
ÉTICA E INTEGRIDADE
— Prêmios da qualidade públicos Em alguns mercados, uma qualidade superior significa, ain-
A partir da década de 80, governos de diversos países da, um diferencial competitivo. A disseminação dessa filosofia nas
começaram a implementar um conjunto de ideias que ficou conhe- empresas ocorreu, em grande parte, devido à criação dos prêmios
cido como a „nova administração pública – NPM, do inglês, New da qualidade.
Public Management. O objetivo principal dessa doutrina é o de mo- Neste momento, para que os governos sirvam à população com
dernizar a administração pública de forma a propiciar mais benefí- qualidade, os prêmios da qualidade públicos estão sendo utilizados
cios ao cidadão4. enquanto estratégia gerencial. Um prêmio da qualidade público
As principais diretrizes da NPM são: administração visível e pro- pode ser definido como um instrumento que incentiva inovação e
fissional, utilização de medidas e padrões de desempenho, maior desempenho no setor público, por meio da identificação de organi-
ênfase no controle de resultados, desagregação de unidades para zações públicas com excelência em serviços.
melhor administrar, aumento da competição no setor público (prin- Dessa forma, introduz competição em setores que não pos-
cipalmente, em licitações e parcerias), foco na utilização dos estilos suem concorrência e incentivam o aprendizado organizacional,
de gestão da iniciativa privada, e maior disciplina e economia no pois as companhias que se destacam mostram suas virtudes para
uso dos recursos públicos. outras organizações, participantes ou não da premiação. Boa parte
Desde então, o serviço público caminha, cada vez mais, no sen- das premiações da qualidade premiam tanto organizações privadas
tido de modernizar suas práticas de gestão. Para execução dessa quanto as públicas.
tarefa, a gestão da qualidade é uma importante aliada, pois traz O que motiva a criação de prêmios exclusivamente públicos é
conceitos que auxiliam na consecução de objetivos com uma me- o fato de as restrições desse ambiente serem diferentes das do am-
lhor utilização de recursos. Na aplicação da gestão da qualidade em biente privado. Fundamentalmente, o setor público pertence a uma
serviços públicos, é importante que se alinhe esses conceitos com comunidade, enquanto o setor privado pertence a um empresário
as políticas a serem implementadas e com as expectativas dos ci- ou grupo de acionistas.
dadãos. Além disso, os serviços públicos são custeados, majoritaria-
Dessa maneira, é preciso melhorar internamente, sem perder, po- mente, com recursos de impostos, enquanto que os serviços pri-
rém, o foco externo. Portanto, além de boas políticas, é necessário que vados são sustentados pelos valores pagos pelos clientes. Assim,
as organizações adotem boas práticas de gestão, alinhadas à estratégia as organizações públicas são guiadas, principalmente, por forças
traçada, com a possibilidade de medição de desempenho. políticas ao invés de forças econômicas, gerando diferentes fontes
Aplicar a gestão da qualidade a serviços é um desafio, tanto de autoridade, que podem ser conflitantes.
para o setor privado quanto para o público. Em uma pesquisa rea- Tais características influenciam no modo de administração. Na
lizada, onde usuários atribuíram notas a alguns serviços públicos e administração privada, os empresários ou sócios procuram contro-
privados oferecidos no Estado da Geórgia (EUA), apesar do estereó- lar o negócio diretamente, e os administradores possuem benefí-
tipo consagrado de que os serviços públicos possuem um nível de
cios financeiros diretos de um bom resultado da companhia, seja
desempenho abaixo do nível privado, esses recebem notas seme-
através de ações ou de programas de incentivo. Na administração
lhantes às atribuídas à iniciativa privada em processos de prestação
pública, geralmente, os administradores não obtêm benefícios fi-
de serviços.
nanceiros de um bom resultado alcançado na instituição.
Além disso, as notas atribuídas pelas pessoas que não utiliza-
Outro entrave é a burocracia, que tende a ser maior no setor
ram o serviço público (baseadas apenas na sua percepção) foram
público, devido à necessidade de controle sobre o patrimônio públi-
menores do que as notas das pessoas que os haviam utilizado re-
co. Muitas vezes, essa característica pode levantar barreiras à busca
centemente. A melhoria na qualidade dos serviços públicos benefi-
cia, além do cidadão, o funcionário público. de inovações, ou, ainda, uma preocupação excessiva com regras e
Estudos demonstraram, por meio de uma pesquisa realizada processos ao invés de resultados.
com 274 gestores públicos, que a motivação dos funcionários está Por fim, o horizonte de planejamento, geralmente é curto,
diretamente relacionada com o ambiente da organização. Uma dada a instabilidade decorrente do fato de as forças políticas mu-
organização pública que consegue manter um alto nível de motiva- darem periodicamente. Em relação à medição da qualidade em
ção e uma boa imagem perante a sociedade facilita o recrutamento serviços públicos, definem-se dez dimensões principais: acesso ao
de novos funcionários e aumenta o comprometimento com o ser- serviço (p.ex., localização, tempo de espera, disponibilidade, dentre
viço público. outros), nível de comunicação (associado à linguagem simplificada,
Os agentes públicos tendem a ter um perfil pessoal e profissio- mas que mantenha o rigor à legislação), sistema administrativo inteli-
nal diferente daquelas que optam pela iniciativa privada. Gestores gível (por meio de processos simplificados com informação suficiente
públicos tendem a ser menos sensíveis a incentivos financeiros do e de boa qualidade), respostas flexíveis e rápidas (realização de adap-
que os seus pares privados. tação quando as necessidades dos cidadãos mudam), receptividade
Para que ocorra a motivação dos agentes públicos, é necessário aos serviços (privilegiando o envolvimento dos cidadãos na definição
que eles sintam que prestam um serviço que agrega valor à socieda- dos serviços), competência do pessoal que presta o serviço (habili-
de, e não apenas servem à burocracia. Dessa forma, é importante dade técnica do servidor), polidez e gentileza do pessoal (que é um
um trabalho de comunicação que permita a esses agentes visualizar elemento-chave na qualidade de um serviço), credibilidade (no setor
os benefícios que trazem para a sociedade. público, requer tratamento igualitário e profissionalismo.
Nesse processo, a gestão da qualidade é válida, pois aumenta Possui relação direta com a imagem da organização), confia-
a eficiência da prestação de serviços, melhora a comunicação orga- bilidade e responsabilidade (consistência e precisão na prestação
nizacional e focaliza resultados. Qualidade já é um requisito básico do serviço), e segurança e qualidade dos aspectos tangíveis (ins-
para a existência das empresas da iniciativa privada. talações adequadas, acesso a pessoas deficientes, por exemplo, e
4 https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/97354/000919637.pdf?- que passem uma imagem de serviço de qualidade, mobiliário, por
sequence=1 exemplo).
77
ÉTICA E INTEGRIDADE
78
ÉTICA E INTEGRIDADE
dos cidadãos. No entanto, é importante abordar os desafios éticos III - a possibilidade aos cidadãos, às pessoas jurídicas e aos ou-
e tecnológicos que surgem com essa transformação, para garantir tros entes públicos de demandar e de acessar serviços públicos por
que ela seja inclusiva e beneficie a todos. O Governo Eletrônico re- meio digital, sem necessidade de solicitação presencial;
presenta um passo importante na busca por um governo mais efi- IV - a transparência na execução dos serviços públicos e o mo-
ciente, responsável e orientado para o cidadão. nitoramento da qualidade desses serviços;
V - o incentivo à participação social no controle e na fiscalização
da administração pública;
LEI Nº 14.129, DE 29 DE MARÇO DE 2021 VI - o dever do gestor público de prestar contas diretamente à
população sobre a gestão dos recursos públicos;
Dispõe sobre princípios, regras e instrumentos para o Gover- VII - o uso de linguagem clara e compreensível a qualquer ci-
no Digital e para o aumento da eficiência pública e altera a Lei nº dadão;
7.116, de 29 de agosto de 1983, a Lei nº 12.527, de 18 de novembro VIII - o uso da tecnologia para otimizar processos de trabalho
de 2011 (Lei de Acesso à Informação), a Lei nº 12.682, de 9 de julho da administração pública;
de 2012, e a Lei nº 13.460, de 26 de junho de 2017. IX - a atuação integrada entre os órgãos e as entidades en-
volvidos na prestação e no controle dos serviços públicos, com o
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na- compartilhamento de dados pessoais em ambiente seguro quando
cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: for indispensável para a prestação do serviço, nos termos da Lei nº
13.709, de 14 de agosto de 2018 (Lei Geral de Proteção de Dados
CAPÍTULO I Pessoais), e, quando couber, com a transferência de sigilo, nos ter-
DISPOSIÇÕES GERAIS mos do art. 198 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 (Código
Tributário Nacional), e da Lei Complementar nº 105, de 10 de janei-
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre princípios, regras e instrumentos ro de 2001;
para o aumento da eficiência da administração pública, especial- X - a simplificação dos procedimentos de solicitação, oferta e
mente por meio da desburocratização, da inovação, da transforma- acompanhamento dos serviços públicos, com foco na universaliza-
ção digital e da participação do cidadão. ção do acesso e no autosserviço;
Parágrafo único. Na aplicação desta Lei deverá ser observado XI - a eliminação de formalidades e de exigências cujo custo
o disposto nas Leis nºs 12.527, de 18 de novembro de 2011 (Lei de econômico ou social seja superior ao risco envolvido;
Acesso à Informação), 13.460, de 26 de junho de 2017, 13.709, de XII - a imposição imediata e de uma única vez ao interessado
14 de agosto de 2018 (Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais), e das exigências necessárias à prestação dos serviços públicos, justifi-
5.172, de 25 de outubro de 1966 (Código Tributário Nacional), e na cada exigência posterior apenas em caso de dúvida superveniente;
Lei Complementar nº 105, de 10 de janeiro de 2001. XIII - a vedação de exigência de prova de fato já comprovado
Art. 2º Esta Lei aplica-se: pela apresentação de documento ou de informação válida;
I - aos órgãos da administração pública direta federal, abran- XIV - a interoperabilidade de sistemas e a promoção de dados
gendo os Poderes Executivo, Judiciário e Legislativo, incluído o Tri- abertos;
bunal de Contas da União, e o Ministério Público da União; XV - a presunção de boa-fé do usuário dos serviços públicos;
II - às entidades da administração pública indireta federal, in- XVI - a permanência da possibilidade de atendimento presen-
cluídas as empresas públicas e sociedades de economia mista, suas
cial, de acordo com as características, a relevância e o público-alvo
subsidiárias e controladas, que prestem serviço público, autarquias
do serviço;
e fundações públicas; e
XVII - a proteção de dados pessoais, nos termos da Lei nº
III - às administrações diretas e indiretas dos demais entes fe-
13.709, de 14 de agosto de 2018 (Lei Geral de Proteção de Dados
derados, nos termos dos incisos I e II do caput deste artigo, desde
Pessoais);
que adotem os comandos desta Lei por meio de atos normativos
XVIII - o cumprimento de compromissos e de padrões de quali-
próprios.
dade divulgados na Carta de Serviços ao Usuário;
§1º Esta Lei não se aplica a empresas públicas e sociedades de
XIX - a acessibilidade da pessoa com deficiência ou com mobi-
economia mista, suas subsidiárias e controladas, que não prestem
serviço público. lidade reduzida, nos termos da Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015
§2º As referências feitas nesta Lei, direta ou indiretamente, a (Estatuto da Pessoa com Deficiência);
Estados, Municípios e ao Distrito Federal são cabíveis somente na XX - o estímulo a ações educativas para qualificação dos servi-
hipótese de ter sido cumprido o requisito previsto no inciso III do dores públicos para o uso das tecnologias digitais e para a inclusão
caput deste artigo. digital da população;
Art. 3º São princípios e diretrizes do Governo Digital e da efici- XXI - o apoio técnico aos entes federados para implantação e
ência pública: adoção de estratégias que visem à transformação digital da admi-
I - a desburocratização, a modernização, o fortalecimento e a nistração pública;
simplificação da relação do poder público com a sociedade, me- XXII - o estímulo ao uso das assinaturas eletrônicas nas intera-
diante serviços digitais, acessíveis inclusive por dispositivos móveis; ções e nas comunicações entre órgãos públicos e entre estes e os
II - a disponibilização em plataforma única do acesso às infor- cidadãos;
mações e aos serviços públicos, observadas as restrições legalmen- XXIII - a implantação do governo como plataforma e a promo-
te previstas e sem prejuízo, quando indispensável, da prestação de ção do uso de dados, preferencialmente anonimizados, por pessoas
caráter presencial; físicas e jurídicas de diferentes setores da sociedade, resguardado o
disposto nos arts. 7º e 11 da Lei nº 13.709, de 14 de agosto de 2018
79
ÉTICA E INTEGRIDADE
80
ÉTICA E INTEGRIDADE
SEÇÃO II Art. 19. Poderá o Poder Executivo federal estabelecer Base Na-
DO GOVERNO DIGITAL cional de Serviços Públicos, que reunirá informações necessárias
sobre a oferta de serviços públicos em cada ente federado.
Art. 14. A prestação digital dos serviços públicos deverá ocorrer Parágrafo único. Cada ente federado poderá disponibilizar as
por meio de tecnologias de amplo acesso pela população, inclusive informações sobre a prestação de serviços públicos, conforme dis-
pela de baixa renda ou residente em áreas rurais e isoladas, sem posto nas suas Cartas de Serviços ao Usuário, na Base Nacional de
prejuízo do direito do cidadão a atendimento presencial. Serviços Públicos, em formato aberto e interoperável e em padrão
Parágrafo único. O acesso à prestação digital dos serviços pú- comum a todos os entes.
blicos será realizado, preferencialmente, por meio do autosserviço.
Art. 15. A administração pública participará, de maneira inte- SUBSEÇÃO III
grada e cooperativa, da consolidação da Estratégia Nacional de Go- DAS PLATAFORMAS DE GOVERNO DIGITAL
verno Digital, editada pelo Poder Executivo federal, que observará
os princípios e as diretrizes de que trata o art. 3º desta Lei. Art. 20. As Plataformas de Governo Digital, instrumentos ne-
Art. 16. A administração pública de cada ente federado poderá cessários para a oferta e a prestação digital dos serviços públicos
editar estratégia de governo digital, no âmbito de sua competência, de cada ente federativo, deverão ter pelo menos as seguintes fun-
buscando a sua compatibilização com a estratégia federal e a de cionalidades:
outros entes. I - ferramenta digital de solicitação de atendimento e de acom-
panhamento da entrega dos serviços públicos; e
SEÇÃO III II - painel de monitoramento do desempenho dos serviços pú-
DAS REDES DE CONHECIMENTO blicos.
§1º As Plataformas de Governo Digital deverão ser acessadas
Art. 17. O Poder Executivo federal poderá criar redes de conhe- por meio de portal, de aplicativo ou de outro canal digital único e
cimento, com o objetivo de: oficial, para a disponibilização de informações institucionais, notí-
I - gerar, compartilhar e disseminar conhecimento e experiên- cias e prestação de serviços públicos.
cias; §2º As funcionalidades de que trata o caput deste artigo de-
II - formular propostas de padrões, políticas, guias e manuais; verão observar padrões de interoperabilidade e a necessidade de
III - discutir sobre os desafios enfrentados e as possibilidades integração de dados como formas de simplificação e de eficiência
de ação quanto ao Governo Digital e à eficiência pública; nos processos e no atendimento aos usuários.
IV - prospectar novas tecnologias para facilitar a prestação de Art. 21. A ferramenta digital de atendimento e de acompanha-
serviços públicos disponibilizados em meio digital, o fornecimento mento da entrega dos serviços públicos de que trata o inciso I do
de informações e a participação social por meios digitais. caput do art. 20 desta Lei deve apresentar, no mínimo, as seguintes
§1º Poderão participar das redes de conhecimento todos os características e funcionalidades:
órgãos e as entidades referidos no art. 2º desta Lei, inclusive dos I - identificação do serviço público e de suas principais etapas;
entes federados. II - solicitação digital do serviço;
§2º Serão assegurados às instituições científicas, tecnológicas III - agendamento digital, quando couber;
e de inovação o acesso às redes de conhecimento e o estabeleci- IV - acompanhamento das solicitações por etapas;
mento de canal de comunicação permanente com o órgão federal a V - avaliação continuada da satisfação dos usuários em relação
quem couber a coordenação das atividades previstas neste artigo. aos serviços públicos prestados;
VI - identificação, quando necessária, e gestão do perfil pelo
usuário;
VII - notificação do usuário;
VIII - possibilidade de pagamento digital de serviços públicos e
de outras cobranças, quando necessário;
81
ÉTICA E INTEGRIDADE
IX - nível de segurança compatível com o grau de exigência, a §1º As ferramentas previstas no caput deste artigo devem:
natureza e a criticidade dos serviços públicos e dos dados utilizados; I - disponibilizar, entre outras, as fontes dos dados pessoais, a
X - funcionalidade para solicitar acesso a informações acerca do finalidade específica do seu tratamento pelo respectivo órgão ou
tratamento de dados pessoais, nos termos das Leis nºs 12.527, de ente e a indicação de outros órgãos ou entes com os quais é rea-
18 de novembro de 2011 (Lei de Acesso à Informação), e 13.709, de lizado o uso compartilhado de dados pessoais, incluído o histórico
14 de agosto de 2018 (Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais); e de acesso ou uso compartilhado, ressalvados os casos previstos no
XI - implementação de sistema de ouvidoria, nos termos da Lei inciso III do caput do art. 4º da Lei nº 13.709, de 14 de agosto de
nº 13.460, de 26 de junho de 2017. 2018 (Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais);
Art. 22. O painel de monitoramento do desempenho dos ser- II - permitir que o cidadão efetue requisições ao órgão ou à
viços públicos de que trata o inciso II do caput do art. 20 desta Lei entidade controladora dos seus dados, especialmente aquelas pre-
deverá conter, no mínimo, as seguintes informações, para cada ser- vistas no art. 18 da Lei nº 13.709, de 14 de agosto de 2018 (Lei Geral
viço público ofertado: de Proteção de Dados Pessoais).
I - quantidade de solicitações em andamento e concluídas anu- §2º A Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) po-
almente; derá editar normas complementares para regulamentar o disposto
II - tempo médio de atendimento; e neste artigo.
III - grau de satisfação dos usuários. Art. 26. Presume-se a autenticidade de documentos apresenta-
Parágrafo único. Deverá ser assegurada interoperabilidade e dos por usuários dos serviços públicos ofertados por meios digitais,
padronização mínima do painel a que se refere o caput deste artigo, desde que o envio seja assinado eletronicamente.
de modo a permitir a comparação entre as avaliações e os desem-
penhos dos serviços públicos prestados pelos diversos entes. SEÇÃO VI
Art. 23. Poderá o Poder Executivo federal: DOS DIREITOS DOS USUÁRIOS DA PRESTAÇÃO DIGITAL DE
I - estabelecer padrões nacionais para as soluções previstas SERVIÇOS PÚBLICOS
nesta Seção;
II - disponibilizar soluções para outros entes que atendam ao Art. 27. São garantidos os seguintes direitos aos usuários da
disposto nesta Seção. prestação digital de serviços públicos, além daqueles constantes
das Leis nºs 13.460, de 26 de junho de 2017, e 13.709, de 14 de
SEÇÃO V agosto de 2018 (Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais):
DA PRESTAÇÃO DIGITAL DOS SERVIÇOS PÚBLICOS I - gratuidade no acesso às Plataformas de Governo Digital;
II - atendimento nos termos da respectiva Carta de Serviços ao
Art. 24. Os órgãos e as entidades responsáveis pela prestação Usuário;
digital de serviços públicos deverão, no âmbito de suas competên- III - padronização de procedimentos referentes à utilização de
cias: formulários, de guias e de outros documentos congêneres, incluí-
I - manter atualizadas: dos os de formato digital;
a) as Cartas de Serviços ao Usuário, a Base Nacional de Serviços IV - recebimento de protocolo, físico ou digital, das solicitações
Públicos e as Plataformas de Governo Digital;
apresentadas; e
b) as informações institucionais e as comunicações de interesse
V - indicação de canal preferencial de comunicação com o pres-
público;
tador público para o recebimento de notificações, de mensagens,
II - monitorar e implementar ações de melhoria dos serviços
de avisos e de outras comunicações relativas à prestação de servi-
públicos prestados, com base nos resultados da avaliação de satis-
ços públicos e a assuntos de interesse público.
fação dos usuários dos serviços;
III - integrar os serviços públicos às ferramentas de notificação
CAPÍTULO III
aos usuários, de assinatura eletrônica e de meios de pagamento di-
gitais, quando aplicáveis; DO NÚMERO SUFICIENTE PARA IDENTIFICAÇÃO
IV - eliminar, inclusive por meio da interoperabilidade de da-
dos, as exigências desnecessárias ao usuário quanto à apresentação Art. 28. Fica estabelecido o número de inscrição no Cadastro
de informações e de documentos comprobatórios prescindíveis; de Pessoas Físicas (CPF) ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica
V - eliminar a replicação de registros de dados, exceto por ra- (CNPJ) como número suficiente para identificação do cidadão ou da
zões de desempenho ou de segurança; pessoa jurídica, conforme o caso, nos bancos de dados de serviços
VI - tornar os dados da prestação dos serviços públicos sob sua públicos, garantida a gratuidade da inscrição e das alterações nes-
responsabilidade interoperáveis para composição dos indicadores ses cadastros.
do painel de monitoramento do desempenho dos serviços públicos; §1º O número de inscrição no CPF deverá constar dos cadastros
VII - realizar a gestão das suas políticas públicas com base em e dos documentos de órgãos públicos, do registro civil de pessoas
dados e em evidências por meio da aplicação de inteligência de da- naturais, dos documentos de identificação de conselhos profissio-
dos em plataforma digital; e nais e, especialmente, dos seguintes cadastros e documentos:
VIII - realizar testes e pesquisas com os usuários para subsidiar I - certidão de nascimento;
a oferta de serviços simples, intuitivos, acessíveis e personalizados. II - certidão de casamento;
Art. 25. As Plataformas de Governo Digital devem dispor de fer- III - certidão de óbito;
ramentas de transparência e de controle do tratamento de dados IV - Documento Nacional de Identificação (DNI);
pessoais que sejam claras e facilmente acessíveis e que permitam V - Número de Identificação do Trabalhador (NIT);
ao cidadão o exercício dos direitos previstos na Lei nº 13.709, de 14 VI - registro no Programa de Integração Social (PIS) ou no Pro-
de agosto de 2018 (Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais). grama de Formação do Patrimônio do Servidor Público (Pasep);
82
ÉTICA E INTEGRIDADE
VII - Cartão Nacional de Saúde; VI - atualização periódica, mantido o histórico, de forma a ga-
VIII - título de eleitor; rantir a perenidade de dados, a padronização de estruturas de in-
IX - Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS); formação e o valor dos dados à sociedade e a atender às necessida-
X - Carteira Nacional de Habilitação (CNH) ou Permissão para des de seus usuários;
Dirigir; VII - (VETADO);
XI - certificado militar; VIII - respeito à privacidade dos dados pessoais e dos dados
XII - carteira profissional expedida pelos conselhos de fiscaliza- sensíveis, sem prejuízo dos demais requisitos elencados, conforme
ção de profissão regulamentada; a Lei nº 13.709, de 14 de agosto de 2018 (Lei Geral de Proteção de
XIII - passaporte; Dados Pessoais);
XIV - carteiras de identidade de que trata a Lei nº 7.116, de 29 IX - intercâmbio de dados entre órgãos e entidades dos diferen-
de agosto de 1983; e tes Poderes e esferas da Federação, respeitado o disposto no art. 26
XV - outros certificados de registro e números de inscrição exis- da Lei nº 13.709, de 14 de agosto de 2018 (Lei Geral de Proteção de
tentes em bases de dados públicas federais, estaduais, distritais e Dados Pessoais); e
municipais. X - fomento ao desenvolvimento de novas tecnologias desti-
§2º A inclusão do número de inscrição no CPF nos cadastros e nadas à construção de ambiente de gestão pública participativa e
nos documentos de que trata o §1º deste artigo ocorrerá sempre democrática e à melhor oferta de serviços públicos.
que a instituição responsável pelos cadastros e pelos documentos §2º Sem prejuízo da legislação em vigor, os órgãos e as entida-
tiver acesso a documento comprobatório ou à base de dados ad- des previstos no art. 2º desta Lei deverão divulgar na internet:
ministrada pela Secretaria Especial da Receita Federal do Brasil do I - o orçamento anual de despesas e receitas públicas do Poder
Ministério da Economia. ou órgão independente;
§3º A incorporação do número de inscrição no CPF à carteira de II - a execução das despesas e receitas públicas, nos termos dos
identidade será precedida de consulta à base de dados administra- arts. 48 e 48-A da Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000;
da pela Secretaria Especial da Receita Federal do Brasil do Ministé- III - os repasses de recursos federais aos Estados, aos Municí-
rio da Economia e de validação de acordo com essa base de dados. pios e ao Distrito Federal;
§4º Na hipótese de o requerente da carteira de identidade não IV - os convênios e as operações de descentralização de recur-
estar inscrito no CPF, o órgão de identificação realizará a sua ins- sos orçamentários em favor de pessoas naturais e de organizações
crição, caso tenha integração com a base de dados da Secretaria não governamentais de qualquer natureza;
V - as licitações e as contratações realizadas pelo Poder ou ór-
Especial da Receita Federal do Brasil do Ministério Economia.
gão independente;
§5º (VETADO).
VI - as notas fiscais eletrônicas relativas às compras públicas;
VII - as informações sobre os servidores e os empregados públi-
CAPÍTULO IV
cos federais, bem como sobre os militares da União, incluídos nome
DO GOVERNO COMO PLATAFORMA
e detalhamento dos vínculos profissionais e de remuneração;
VIII - as viagens a serviço custeadas pelo Poder ou órgão inde-
SEÇÃO I
pendente;
DA ABERTURA DOS DADOS IX - as sanções administrativas aplicadas a pessoas, a empresas,
a organizações não governamentais e a servidores públicos;
Art. 29. Os dados disponibilizados pelos prestadores de servi- X - os currículos dos ocupantes de cargos de chefia e direção;
ços públicos, bem como qualquer informação de transparência ati- XI - o inventário de bases de dados produzidos ou geridos no
va, são de livre utilização pela sociedade, observados os princípios âmbito do órgão ou instituição, bem como catálogo de dados aber-
dispostos no art. 6º da Lei nº 13.709, de 14 de agosto de 2018 (Lei tos disponíveis;
Geral de Proteção de Dados Pessoais). XII - as concessões de recursos financeiros ou as renúncias de
§1º Na promoção da transparência ativa de dados, o poder pú- receitas para pessoas físicas ou jurídicas, com vistas ao desenvolvi-
blico deverá observar os seguintes requisitos: mento político, econômico, social e cultural, incluída a divulgação
I - observância da publicidade das bases de dados não pessoais dos valores recebidos, da contrapartida e dos objetivos a serem
como preceito geral e do sigilo como exceção; alcançados por meio da utilização desses recursos e, no caso das
II - garantia de acesso irrestrito aos dados, os quais devem ser renúncias individualizadas, dos dados dos beneficiários.
legíveis por máquina e estar disponíveis em formato aberto, respei- §3º (VETADO).
tadas as Leis nºs 12.527, de 18 de novembro de 2011 (Lei de Acesso Art. 30. Qualquer interessado poderá apresentar pedido de abertura
à Informação), e 13.709, de 14 de agosto de 2018 (Lei Geral de Pro- de bases de dados da administração pública, que deverá conter os dados
teção de Dados Pessoais); de contato do requerente e a especificação da base de dados requerida.
III - descrição das bases de dados com informação suficiente §1º O requerente poderá solicitar a preservação de sua identi-
sobre estrutura e semântica dos dados, inclusive quanto à sua qua- dade quando entender que sua identificação prejudicará o princípio
lidade e à sua integridade; da impessoalidade, caso em que o canal responsável deverá res-
IV - permissão irrestrita de uso de bases de dados publicadas guardar os dados sem repassá-los ao setor, ao órgão ou à entidade
em formato aberto; responsável pela resposta.
V - completude de bases de dados, as quais devem ser dispo- §2º Os procedimentos e os prazos previstos para o processa-
nibilizadas em sua forma primária, com o maior grau de granulari- mento de pedidos de acesso à informação, nos termos da Lei nº
dade possível, ou referenciar bases primárias, quando disponibiliza- 12.527, de 18 de novembro de 2011 (Lei de Acesso à Informação),
das de forma agregada; aplicam-se às solicitações de abertura de bases de dados da admi-
nistração pública.
83
ÉTICA E INTEGRIDADE
§3º Para a abertura de base de dados de interesse público, as II - a otimização dos custos de acesso a dados e o reaproveita-
informações para identificação do requerente não podem conter mento, sempre que possível, de recursos de infraestrutura de aces-
exigências que inviabilizem o exercício de seu direito. so a dados por múltiplos órgãos e entidades;
§4º São vedadas quaisquer exigências relativas aos motivos de- III - a proteção de dados pessoais, observada a legislação vi-
terminantes da solicitação de abertura de base de dados públicos. gente, especialmente a Lei nº 13.709, de 14 de agosto de 2018 (Lei
§5º Os pedidos de abertura de base de dados públicos, bem Geral de Proteção de Dados Pessoais).
como as respectivas respostas, deverão compor base de dados Art. 39. Será instituído mecanismo de interoperabilidade com
aberta de livre consulta. a finalidade de:
§6º Consideram-se automaticamente passíveis de abertura as I - aprimorar a gestão de políticas públicas;
bases de dados que não contenham informações protegidas por lei. II - aumentar a confiabilidade dos cadastros de cidadãos exis-
Art. 31. Compete a cada ente federado monitorar a aplicação, tentes na administração pública, por meio de mecanismos de ma-
o cumprimento dos prazos e os procedimentos para abertura dos nutenção da integridade e da segurança da informação no trata-
dados sob seu controle. mento das bases de dados, tornando-as devidamente qualificadas
Art. 32. (VETADO). e consistentes;
Art. 32. A existência de inconsistências na base de dados não III - viabilizar a criação de meios unificados de identificação do
poderá obstar o atendimento da solicitação de abertura. (Promul- cidadão para a prestação de serviços públicos;
gação partes vetadas) IV - facilitar a interoperabilidade de dados entre os órgãos de
Art. 33. A solicitação de abertura da base de dados será consi- governo;
derada atendida a partir da notificação ao requerente sobre a dis- V - realizar o tratamento de informações das bases de dados a
ponibilização e a catalogação da base de dados para acesso público partir do número de inscrição do cidadão no CPF, conforme previsto
no site oficial do órgão ou da entidade na internet. no art. 11 da Lei nº 13.444, de 11 de maio de 2017.
Art. 34. É direito do requerente obter o inteiro teor da decisão Parágrafo único. Aplicam-se aos dados pessoais tratados por
negativa de abertura de base de dados. meio de mecanismos de interoperabilidade as disposições da Lei nº
Parágrafo único. Eventual decisão negativa à solicitação de 13.709, de 14 de agosto de 2018 (Lei Geral de Proteção de Dados
abertura de base de dados ou decisão de prorrogação de prazo, em Pessoais).
razão de custos desproporcionais ou não previstos pelo órgão ou Art. 40. Os órgãos abrangidos por esta Lei serão responsáveis
pela entidade da administração pública, deverá ser acompanhada pela publicidade de seus registros de referência e pelos mecanis-
da devida análise técnica que conclua pela inviabilidade orçamen- mos de interoperabilidade de que trata esta Seção.
tária da solicitação. §1º As pessoas físicas e jurídicas poderão verificar a exatidão, a
Art. 35. No caso de indeferimento de abertura de base de dados, correção e a completude de qualquer um dos seus dados contidos
poderá o interessado interpor recurso contra a decisão no prazo de 10 nos registros de referência, bem como monitorar o acesso a esses
(dez) dias, contado de sua ciência. (Promulgação partes vetadas) dados.
Parágrafo único. O recurso será dirigido à autoridade hierarqui- §2º Nova base de dados somente poderá ser criada quando
camente superior à que exarou a decisão impugnada, que deverá forem esgotadas as possibilidades de utilização dos registros de re-
manifestar-se no prazo de 5 (cinco) dias. (Promulgação partes ve- ferência existentes.
tadas) Art. 41. É de responsabilidade dos órgãos e das entidades referi-
Art. 36. Os órgãos gestores de dados poderão disponibilizar em dos no art. 2º desta Lei os custos de adaptação de seus sistemas e de
transparência ativa dados de pessoas físicas e jurídicas para fins de suas bases de dados para a implementação da interoperabilidade.
pesquisa acadêmica e de monitoramento e de avaliação de políticas
públicas, desde que anonimizados antes de sua disponibilização os CAPÍTULO V
dados protegidos por sigilo ou com restrição de acesso prevista, nos DO DOMICÍLIO ELETRÔNICO
termos da Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011 (Lei de Acesso
à Informação). Art. 42. Os órgãos e as entidades referidos no art. 2º desta Lei,
Art. 37. Aplica-se subsidiariamente, no que couber, as disposi- mediante opção do usuário, poderão realizar todas as comunica-
ções da Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999, ao procedimento de ções, as notificações e as intimações por meio eletrônico.
que trata este Capítulo. §1º O disposto no caput deste artigo não gera direito subjetivo
à opção pelo administrado caso os meios não estejam disponíveis.
SEÇÃO II §2º O administrado poderá, a qualquer momento e indepen-
DA INTEROPERABILIDADE DE DADOS ENTRE ÓRGÃOS PÚBLI dentemente de fundamentação, optar pelo fim das comunicações,
COS
das notificações e das intimações por meio eletrônico.
Art. 38. Os órgãos e as entidades responsáveis pela prestação
§3º O ente público poderá realizar as comunicações, as notifi-
digital de serviços públicos detentores ou gestores de bases de da-
cações e as intimações por meio de ferramenta mantida por outro
dos, inclusive os controladores de dados pessoais, conforme esta-
ente público.
belecido pela Lei nº 13.709, de 14 de agosto de 2018 (Lei Geral de
Art. 43. As ferramentas usadas para os atos de que trata o art.
Proteção de Dados Pessoais), deverão gerir suas ferramentas digi-
42 desta Lei:
tais, considerando:
I - disporão de meios que permitam comprovar a autoria das
I - a interoperabilidade de informações e de dados sob gestão
dos órgãos e das entidades referidos no art. 2º desta Lei, respeita- comunicações, das notificações e das intimações;
dos as restrições legais, os requisitos de segurança da informação e II - terão meios de comprovação de emissão e de recebimento,
das comunicações, as limitações tecnológicas e a relação custo-be- ainda que não de leitura, das comunicações, das notificações e das
nefício da interoperabilidade; intimações;
84
ÉTICA E INTEGRIDADE
III - poderão ser utilizadas mesmo que legislação especial pre- I - integração da gestão de riscos ao processo de planejamento
veja apenas as comunicações, as notificações e as intimações pes- estratégico e aos seus desdobramentos, às atividades, aos proces-
soais ou por via postal; sos de trabalho e aos projetos em todos os níveis da organização,
IV - serão passíveis de auditoria; relevantes para a execução da estratégia e o alcance dos objetivos
V - conservarão os dados de envio e de recebimento por, pelo institucionais;
menos, 5 (cinco) anos. II - estabelecimento de controles internos proporcionais aos
riscos, de modo a considerar suas causas, fontes, consequências e
CAPÍTULO VI impactos, observada a relação custo-benefício;
DOS LABORATÓRIOS DE INOVAÇÃO III - utilização dos resultados da gestão de riscos para apoio à
melhoria contínua do desempenho e dos processos de governança,
Art. 44. Os entes públicos poderão instituir laboratórios de ino- de gestão de riscos e de controle;
vação, abertos à participação e à colaboração da sociedade para o IV - proteção às liberdades civis e aos direitos fundamentais.
desenvolvimento e a experimentação de conceitos, de ferramen- Art. 49. A auditoria interna governamental deverá adicionar
tas e de métodos inovadores para a gestão pública, a prestação de valor e melhorar as operações das organizações para o alcance de
serviços públicos, o tratamento de dados produzidos pelo poder seus objetivos, mediante a abordagem sistemática e disciplinada
público e a participação do cidadão no controle da administração para avaliar e melhorar a eficácia dos processos de governança, de
pública. gestão de riscos e de controle, por meio da:
Art. 45. Os laboratórios de inovação terão como diretrizes: I - realização de trabalhos de avaliação e consultoria de forma
I - colaboração interinstitucional e com a sociedade; independente, conforme os padrões de auditoria e de ética profis-
II - promoção e experimentação de tecnologias abertas e livres; sional reconhecidos internacionalmente;
III - uso de práticas de desenvolvimento e prototipação de sof- II - adoção de abordagem baseada em risco para o planejamen-
twares e de métodos ágeis para formulação e implementação de to de suas atividades e para a definição do escopo, da natureza, da
políticas públicas; época e da extensão dos procedimentos de auditoria;
IV - foco na sociedade e no cidadão; III - promoção da prevenção, da detecção e da investigação de
V - fomento à participação social e à transparência pública; fraudes praticadas por agentes públicos ou privados na utilização de
VI - incentivo à inovação; recursos públicos federais.
VII - apoio ao empreendedorismo inovador e fomento a ecos-
sistema de inovação tecnológica direcionado ao setor público; CAPÍTULO VIII
VIII - apoio a políticas públicas orientadas por dados e com base DISPOSIÇÕES FINAIS
em evidências, a fim de subsidiar a tomada de decisão e de melho-
rar a gestão pública; Art. 50. O acesso e a conexão para o uso de serviços públicos
IX - estímulo à participação de servidores, de estagiários e de poderão ser garantidos total ou parcialmente pelo governo, com o
colaboradores em suas atividades; objetivo de promover o acesso universal à prestação digital dos ser-
X - difusão de conhecimento no âmbito da administração pú- viços públicos e a redução de custos aos usuários, nos termos da lei.
blica. Art. 51. O art. 3º da Lei nº 7.116, de 29 de agosto de 1983, pas-
Art. 46. (VETADO). sa a vigorar com a seguinte redação:
“Art. 3º . .....................................................................................
CAPÍTULO VII .........................
DA GOVERNANÇA, DA GESTÃO DE RISCOS, DO CONTROLE E ....................................................................................................
DA AUDITORIA .........................
g) assinatura do dirigente do órgão expedidor;
Art. 47. Caberá à autoridade competente dos órgãos e das en- h) número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas (CPF).
tidades referidos no art. 2º desta Lei, observados as normas e os §1º A inclusão do número de inscrição no CPF na Carteira de
procedimentos específicos aplicáveis, implementar e manter meca- Identidade, conforme disposto na alínea “h” do caput deste artigo,
nismos, instâncias e práticas de governança, em consonância com ocorrerá sempre que o órgão de identificação tiver acesso a docu-
os princípios e as diretrizes estabelecidos nesta Lei. mento comprobatório ou à base de dados administrada pela Secre-
Parágrafo único. Os mecanismos, as instâncias e as práticas de taria Especial da Receita Federal do Brasil.
governança referidos no caput deste artigo incluirão, no mínimo: §2º A incorporação do número de inscrição no CPF à Carteira
I - formas de acompanhamento de resultados; de Identidade será precedida de consulta e de validação com a base
II - soluções para a melhoria do desempenho das organizações; de dados administrada pela Secretaria Especial da Receita Federal
III - instrumentos de promoção do processo decisório funda- do Brasil.
mentado em evidências. §3º Na hipótese de o requerente da Carteira de Identidade
Art. 48. Os órgãos e as entidades a que se refere o art. 2º desta não estar inscrito no CPF, o órgão de identificação realizará a sua
Lei deverão estabelecer, manter, monitorar e aprimorar sistema de inscrição, caso tenha autorização da Secretaria Especial da Receita
gestão de riscos e de controle interno com vistas à identificação, à Federal do Brasil.” (NR)
avaliação, ao tratamento, ao monitoramento e à análise crítica de Art. 52. O art. 12 da Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011
riscos da prestação digital de serviços públicos que possam impac- (Lei de Acesso à Informação), passa vigorar com a seguinte redação:
tar a consecução dos objetivos da organização no cumprimento de “Art. 12. O serviço de busca e de fornecimento de informação
sua missão institucional e na proteção dos usuários, observados os é gratuito.
seguintes princípios:
85
ÉTICA E INTEGRIDADE
86
ÉTICA E INTEGRIDADE
Assim, a transparência e a LAI são essenciais para fortalecer a II - documento: unidade de registro de informações, qualquer
participação cidadã, e garantir o direito à informação. O acesso à que seja o suporte ou formato;
informação pública contribui para uma sociedade mais informada, III - informação sigilosa: aquela submetida temporariamente
empoderada e capaz de regular as ações governamentais. à restrição de acesso público em razão de sua imprescindibilidade
para a segurança da sociedade e do Estado;
LEI Nº 12.527, DE 18 DE NOVEMBRO DE 2011 IV - informação pessoal: aquela relacionada à pessoa natural
identificada ou identificável;
Regula o acesso a informações previsto no inciso XXXIII do art. V - tratamento da informação: conjunto de ações referentes à
5º , no inciso II do §3º do art. 37 e no §2º do art. 216 da Constituição produção, recepção, classificação, utilização, acesso, reprodução,
Federal; altera a Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990; revoga a transporte, transmissão, distribuição, arquivamento, armazena-
Lei nº 11.111, de 5 de maio de 2005, e dispositivos da Lei nº 8.159, mento, eliminação, avaliação, destinação ou controle da informa-
de 8 de janeiro de 1991; e dá outras providências. ção;
VI - disponibilidade: qualidade da informação que pode ser co-
A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na- nhecida e utilizada por indivíduos, equipamentos ou sistemas au-
cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: torizados;
VII - autenticidade: qualidade da informação que tenha sido
CAPÍTULO I produzida, expedida, recebida ou modificada por determinado in-
DISPOSIÇÕES GERAIS divíduo, equipamento ou sistema;
VIII - integridade: qualidade da informação não modificada, in-
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre os procedimentos a serem obser- clusive quanto à origem, trânsito e destino;
vados pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios, com o fim IX - primariedade: qualidade da informação coletada na fonte,
de garantir o acesso a informações previsto no inciso XXXIII do art. com o máximo de detalhamento possível, sem modificações.
5º , no inciso II do §3º do art. 37 e no §2º do art. 216 da Constituição Art. 5º É dever do Estado garantir o direito de acesso à infor-
Federal. mação, que será franqueada, mediante procedimentos objetivos e
ágeis, de forma transparente, clara e em linguagem de fácil com-
Parágrafo único. Subordinam-se ao regime desta Lei:
preensão.
I - os órgãos públicos integrantes da administração direta dos
Poderes Executivo, Legislativo, incluindo as Cortes de Contas, e Ju-
CAPÍTULO II
diciário e do Ministério Público;
DO ACESSO A INFORMAÇÕES E DA SUA DIVULGAÇÃO
II - as autarquias, as fundações públicas, as empresas públicas,
as sociedades de economia mista e demais entidades controladas
Art. 6º Cabe aos órgãos e entidades do poder público, observa-
direta ou indiretamente pela União, Estados, Distrito Federal e Mu-
das as normas e procedimentos específicos aplicáveis, assegurar a:
nicípios. I - gestão transparente da informação, propiciando amplo aces-
Art. 2º Aplicam-se as disposições desta Lei, no que couber, às so a ela e sua divulgação;
entidades privadas sem fins lucrativos que recebam, para realiza- II - proteção da informação, garantindo-se sua disponibilidade,
ção de ações de interesse público, recursos públicos diretamente autenticidade e integridade; e
do orçamento ou mediante subvenções sociais, contrato de gestão, III - proteção da informação sigilosa e da informação pessoal,
termo de parceria, convênios, acordo, ajustes ou outros instrumen- observada a sua disponibilidade, autenticidade, integridade e even-
tos congêneres. tual restrição de acesso.
Parágrafo único. A publicidade a que estão submetidas as en- Art. 7º O acesso à informação de que trata esta Lei compreen-
tidades citadas no caput refere-se à parcela dos recursos públicos de, entre outros, os direitos de obter:
recebidos e à sua destinação, sem prejuízo das prestações de contas I - orientação sobre os procedimentos para a consecução de
a que estejam legalmente obrigadas. acesso, bem como sobre o local onde poderá ser encontrada ou
Art. 3º Os procedimentos previstos nesta Lei destinam-se a as- obtida a informação almejada;
segurar o direito fundamental de acesso à informação e devem ser II - informação contida em registros ou documentos, produ-
executados em conformidade com os princípios básicos da adminis- zidos ou acumulados por seus órgãos ou entidades, recolhidos ou
tração pública e com as seguintes diretrizes: não a arquivos públicos;
I - observância da publicidade como preceito geral e do sigilo III - informação produzida ou custodiada por pessoa física ou
como exceção; entidade privada decorrente de qualquer vínculo com seus órgãos
II - divulgação de informações de interesse público, indepen- ou entidades, mesmo que esse vínculo já tenha cessado;
dentemente de solicitações; IV - informação primária, íntegra, autêntica e atualizada;
III - utilização de meios de comunicação viabilizados pela tec- V - informação sobre atividades exercidas pelos órgãos e enti-
nologia da informação; dades, inclusive as relativas à sua política, organização e serviços;
IV - fomento ao desenvolvimento da cultura de transparência VI - informação pertinente à administração do patrimônio pú-
na administração pública; blico, utilização de recursos públicos, licitação, contratos adminis-
V - desenvolvimento do controle social da administração pú- trativos; e
blica. VII - informação relativa:
Art. 4º Para os efeitos desta Lei, considera-se: a) à implementação, acompanhamento e resultados dos pro-
I - informação: dados, processados ou não, que podem ser uti- gramas, projetos e ações dos órgãos e entidades públicas, bem
lizados para produção e transmissão de conhecimento, contidos em
como metas e indicadores propostos;
qualquer meio, suporte ou formato;
87
ÉTICA E INTEGRIDADE
b) ao resultado de inspeções, auditorias, prestações e tomadas em formatos abertos, estruturados e legíveis por máquina;
de contas realizadas pelos órgãos de controle interno e externo, in- IV - divulgar em detalhes os formatos utilizados para estrutura-
cluindo prestações de contas relativas a exercícios anteriores. ção da informação;
VIII – (VETADO). (Incluído pela Lei nº 14.345, de 2022) V - garantir a autenticidade e a integridade das informações
§1º O acesso à informação previsto no caput não compreende disponíveis para acesso;
as informações referentes a projetos de pesquisa e desenvolvimen- VI - manter atualizadas as informações disponíveis para acesso;
to científicos ou tecnológicos cujo sigilo seja imprescindível à segu- VII - indicar local e instruções que permitam ao interessado co-
rança da sociedade e do Estado. municar-se, por via eletrônica ou telefônica, com o órgão ou entida-
§2º Quando não for autorizado acesso integral à informação de detentora do sítio; e
por ser ela parcialmente sigilosa, é assegurado o acesso à parte não VIII - adotar as medidas necessárias para garantir a acessibili-
sigilosa por meio de certidão, extrato ou cópia com ocultação da dade de conteúdo para pessoas com deficiência, nos termos do art.
parte sob sigilo. 17 da Lei nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000, e do art. 9º da
§3º O direito de acesso aos documentos ou às informações ne- Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, aprovada
les contidas utilizados como fundamento da tomada de decisão e pelo Decreto Legislativo nº 186, de 9 de julho de 2008.
do ato administrativo será assegurado com a edição do ato decisó- §4º Os Municípios com população de até 10.000 (dez mil) ha-
rio respectivo. bitantes ficam dispensados da divulgação obrigatória na internet a
§4º A negativa de acesso às informações objeto de pedido for- que se refere o §2º , mantida a obrigatoriedade de divulgação, em
mulado aos órgãos e entidades referidas no art. 1º , quando não tempo real, de informações relativas à execução orçamentária e fi-
fundamentada, sujeitará o responsável a medidas disciplinares, nos nanceira, nos critérios e prazos previstos no art. 73-B da Lei Com-
termos do art. 32 desta Lei. plementar nº 101, de 4 de maio de 2000 (Lei de Responsabilidade
§5º Informado do extravio da informação solicitada, poderá o Fiscal).
interessado requerer à autoridade competente a imediata abertura Art. 9º O acesso a informações públicas será assegurado me-
de sindicância para apurar o desaparecimento da respectiva docu- diante:
mentação. I - criação de serviço de informações ao cidadão, nos órgãos e
§6º Verificada a hipótese prevista no §5º deste artigo, o res- entidades do poder público, em local com condições apropriadas
ponsável pela guarda da informação extraviada deverá, no prazo de para:
10 (dez) dias, justificar o fato e indicar testemunhas que compro- a) atender e orientar o público quanto ao acesso a informa-
vem sua alegação. ções;
Art. 8º É dever dos órgãos e entidades públicas promover, in- b) informar sobre a tramitação de documentos nas suas res-
dependentemente de requerimentos, a divulgação em local de fácil pectivas unidades;
acesso, no âmbito de suas competências, de informações de inte- c) protocolizar documentos e requerimentos de acesso a infor-
resse coletivo ou geral por eles produzidas ou custodiadas. mações; e
§1º Na divulgação das informações a que se refere o caput, de- II - realização de audiências ou consultas públicas, incentivo à
verão constar, no mínimo: participação popular ou a outras formas de divulgação.
I - registro das competências e estrutura organizacional, en-
dereços e telefones das respectivas unidades e horários de atendi- CAPÍTULO III
mento ao público; DO PROCEDIMENTO DE ACESSO À INFORMAÇÃO
II - registros de quaisquer repasses ou transferências de recur-
sos financeiros; SEÇÃO I
III - registros das despesas; DO PEDIDO DE ACESSO
IV - informações concernentes a procedimentos licitatórios, in-
clusive os respectivos editais e resultados, bem como a todos os Art. 10. Qualquer interessado poderá apresentar pedido de
contratos celebrados; acesso a informações aos órgãos e entidades referidos no art. 1º
V - dados gerais para o acompanhamento de programas, ações, desta Lei, por qualquer meio legítimo, devendo o pedido conter a
projetos e obras de órgãos e entidades; e identificação do requerente e a especificação da informação reque-
VI - respostas a perguntas mais frequentes da sociedade. rida.
§2º Para cumprimento do disposto no caput, os órgãos e enti- §1º Para o acesso a informações de interesse público, a identi-
dades públicas deverão utilizar todos os meios e instrumentos legí- ficação do requerente não pode conter exigências que inviabilizem
timos de que dispuserem, sendo obrigatória a divulgação em sítios a solicitação.
oficiais da rede mundial de computadores (internet). §2º Os órgãos e entidades do poder público devem viabilizar
§3º Os sítios de que trata o §2º deverão, na forma de regula- alternativa de encaminhamento de pedidos de acesso por meio de
mento, atender, entre outros, aos seguintes requisitos: seus sítios oficiais na internet.
I - conter ferramenta de pesquisa de conteúdo que permita o §3º São vedadas quaisquer exigências relativas aos motivos
acesso à informação de forma objetiva, transparente, clara e em determinantes da solicitação de informações de interesse público.
linguagem de fácil compreensão; Art. 11. O órgão ou entidade pública deverá autorizar ou conce-
II - possibilitar a gravação de relatórios em diversos formatos der o acesso imediato à informação disponível.
eletrônicos, inclusive abertos e não proprietários, tais como plani- §1º Não sendo possível conceder o acesso imediato, na forma
lhas e texto, de modo a facilitar a análise das informações; disposta no caput, o órgão ou entidade que receber o pedido deve-
III - possibilitar o acesso automatizado por sistemas externos rá, em prazo não superior a 20 (vinte) dias:
88
ÉTICA E INTEGRIDADE
I - comunicar a data, local e modo para se realizar a consulta, Art. 14. É direito do requerente obter o inteiro teor de decisão
efetuar a reprodução ou obter a certidão; de negativa de acesso, por certidão ou cópia.
II - indicar as razões de fato ou de direito da recusa, total ou
parcial, do acesso pretendido; ou SEÇÃO II
III - comunicar que não possui a informação, indicar, se for do DOS RECURSOS
seu conhecimento, o órgão ou a entidade que a detém, ou, ainda,
remeter o requerimento a esse órgão ou entidade, cientificando o Art. 15. No caso de indeferimento de acesso a informações ou
interessado da remessa de seu pedido de informação. às razões da negativa do acesso, poderá o interessado interpor re-
§2º O prazo referido no §1º poderá ser prorrogado por mais 10 curso contra a decisão no prazo de 10 (dez) dias a contar da sua
(dez) dias, mediante justificativa expressa, da qual será cientificado ciência.
o requerente. Parágrafo único. O recurso será dirigido à autoridade hierarqui-
§3º Sem prejuízo da segurança e da proteção das informações camente superior à que exarou a decisão impugnada, que deverá se
e do cumprimento da legislação aplicável, o órgão ou entidade po- manifestar no prazo de 5 (cinco) dias.
derá oferecer meios para que o próprio requerente possa pesquisar Art. 16. Negado o acesso a informação pelos órgãos ou enti-
a informação de que necessitar. dades do Poder Executivo Federal, o requerente poderá recorrer à
§4º Quando não for autorizado o acesso por se tratar de infor- Controladoria-Geral da União, que deliberará no prazo de 5 (cinco)
mação total ou parcialmente sigilosa, o requerente deverá ser infor- dias se:
mado sobre a possibilidade de recurso, prazos e condições para sua I - o acesso à informação não classificada como sigilosa for ne-
interposição, devendo, ainda, ser-lhe indicada a autoridade compe- gado;
tente para sua apreciação. II - a decisão de negativa de acesso à informação total ou par-
§5º A informação armazenada em formato digital será forneci- cialmente classificada como sigilosa não indicar a autoridade classi-
da nesse formato, caso haja anuência do requerente. ficadora ou a hierarquicamente superior a quem possa ser dirigido
§6º Caso a informação solicitada esteja disponível ao público pedido de acesso ou desclassificação;
em formato impresso, eletrônico ou em qualquer outro meio de III - os procedimentos de classificação de informação sigilosa
acesso universal, serão informados ao requerente, por escrito, o estabelecidos nesta Lei não tiverem sido observados; e
lugar e a forma pela qual se poderá consultar, obter ou reproduzir IV - estiverem sendo descumpridos prazos ou outros procedi-
a referida informação, procedimento esse que desonerará o órgão mentos previstos nesta Lei.
ou entidade pública da obrigação de seu fornecimento direto, salvo §1º O recurso previsto neste artigo somente poderá ser diri-
se o requerente declarar não dispor de meios para realizar por si gido à Controladoria-Geral da União depois de submetido à apre-
mesmo tais procedimentos. ciação de pelo menos uma autoridade hierarquicamente superior
Art. 12. O serviço de busca e fornecimento da informação é àquela que exarou a decisão impugnada, que deliberará no prazo
gratuito, salvo nas hipóteses de reprodução de documentos pelo de 5 (cinco) dias.
órgão ou entidade pública consultada, situação em que poderá ser §2º Verificada a procedência das razões do recurso, a Controla-
cobrado exclusivamente o valor necessário ao ressarcimento do doria-Geral da União determinará ao órgão ou entidade que adote as
custo dos serviços e dos materiais utilizados. (Vide Lei nº 14.129, providências necessárias para dar cumprimento ao disposto nesta Lei.
de 2021) (Vigência) §3º Negado o acesso à informação pela Controladoria-Geral da
Parágrafo único. Estará isento de ressarcir os custos previstos União, poderá ser interposto recurso à Comissão Mista de Reavalia-
no caput todo aquele cuja situação econômica não lhe permita fa- ção de Informações, a que se refere o art. 35.
zê-lo sem prejuízo do sustento próprio ou da família, declarada nos Art. 17. No caso de indeferimento de pedido de desclassifica-
termos da Lei nº 7.115, de 29 de agosto de 1983. ção de informação protocolado em órgão da administração públi-
Art. 12. O serviço de busca e de fornecimento de informação ca federal, poderá o requerente recorrer ao Ministro de Estado da
é gratuito. (Redação dada pela Lei nº 14.129, de 2021) (Vigência) área, sem prejuízo das competências da Comissão Mista de Reava-
§1º O órgão ou a entidade poderá cobrar exclusivamente o liação de Informações, previstas no art. 35, e do disposto no art. 16.
valor necessário ao ressarcimento dos custos dos serviços e dos ma- §1º O recurso previsto neste artigo somente poderá ser diri-
teriais utilizados, quando o serviço de busca e de fornecimento da gido às autoridades mencionadas depois de submetido à aprecia-
informação exigir reprodução de documentos pelo órgão ou pela ção de pelo menos uma autoridade hierarquicamente superior à
entidade pública consultada. (Incluído pela Lei nº 14.129, de 2021) autoridade que exarou a decisão impugnada e, no caso das Forças
(Vigência) Armadas, ao respectivo Comando.
§2º Estará isento de ressarcir os custos previstos no §1º deste §2º Indeferido o recurso previsto no caput que tenha como
artigo aquele cuja situação econômica não lhe permita fazê-lo sem objeto a desclassificação de informação secreta ou ultrassecreta,
prejuízo do sustento próprio ou da família, declarada nos termos da caberá recurso à Comissão Mista de Reavaliação de Informações
Lei nº 7.115, de 29 de agosto de 1983. (Incluído pela Lei nº 14.129, prevista no art. 35.
de 2021) (Vigência) Art. 18. Os procedimentos de revisão de decisões denegatórias
Art. 13. Quando se tratar de acesso à informação contida em proferidas no recurso previsto no art. 15 e de revisão de classifica-
documento cuja manipulação possa prejudicar sua integridade, de- ção de documentos sigilosos serão objeto de regulamentação pró-
verá ser oferecida a consulta de cópia, com certificação de que esta pria dos Poderes Legislativo e Judiciário e do Ministério Público, em
confere com o original. seus respectivos âmbitos, assegurado ao solicitante, em qualquer
Parágrafo único. Na impossibilidade de obtenção de cópias, o caso, o direito de ser informado sobre o andamento de seu pedido.
interessado poderá solicitar que, a suas expensas e sob supervisão Art. 19. (VETADO).
de servidor público, a reprodução seja feita por outro meio que não §1º (VETADO).
ponha em risco a conservação do documento original.
89
ÉTICA E INTEGRIDADE
§2º Os órgãos do Poder Judiciário e do Ministério Público infor- III - reservada: 5 (cinco) anos.
marão ao Conselho Nacional de Justiça e ao Conselho Nacional do §2º As informações que puderem colocar em risco a segurança
Ministério Público, respectivamente, as decisões que, em grau de do Presidente e Vice-Presidente da República e respectivos cônju-
recurso, negarem acesso a informações de interesse público. ges e filhos(as) serão classificadas como reservadas e ficarão sob si-
Art. 20. Aplica-se subsidiariamente, no que couber, a Lei nº gilo até o término do mandato em exercício ou do último mandato,
9.784, de 29 de janeiro de 1999, ao procedimento de que trata este em caso de reeleição.
Capítulo. §3º Alternativamente aos prazos previstos no §1º , poderá ser
estabelecida como termo final de restrição de acesso a ocorrência
CAPÍTULO IV de determinado evento, desde que este ocorra antes do transcurso
DAS RESTRIÇÕES DE ACESSO À INFORMAÇÃO do prazo máximo de classificação.
§4º Transcorrido o prazo de classificação ou consumado o
SEÇÃO I evento que defina o seu termo final, a informação tornar-se-á, au-
DISPOSIÇÕES GERAIS tomaticamente, de acesso público.
§5º Para a classificação da informação em determinado grau
Art. 21. Não poderá ser negado acesso à informação necessária de sigilo, deverá ser observado o interesse público da informação e
à tutela judicial ou administrativa de direitos fundamentais. utilizado o critério menos restritivo possível, considerados:
Parágrafo único. As informações ou documentos que versem I - a gravidade do risco ou dano à segurança da sociedade e do
sobre condutas que impliquem violação dos direitos humanos prati- Estado; e
cada por agentes públicos ou a mando de autoridades públicas não II - o prazo máximo de restrição de acesso ou o evento que
poderão ser objeto de restrição de acesso. defina seu termo final.
Art. 22. O disposto nesta Lei não exclui as demais hipóteses
legais de sigilo e de segredo de justiça nem as hipóteses de segredo SEÇÃO III
industrial decorrentes da exploração direta de atividade econômi- DA PROTEÇÃO E DO CONTROLE DE INFORMAÇÕES
ca pelo Estado ou por pessoa física ou entidade privada que tenha SIGILOSAS
qualquer vínculo com o poder público.
Art. 25. É dever do Estado controlar o acesso e a divulgação
de informações sigilosas produzidas por seus órgãos e entidades,
SEÇÃO II
assegurando a sua proteção.(Regulamento)
DA CLASSIFICAÇÃO DA INFORMAÇÃO QUANTO AO GRAU E
§1º O acesso, a divulgação e o tratamento de informação clas-
PRAZOS DE SIGILO
sificada como sigilosa ficarão restritos a pessoas que tenham ne-
cessidade de conhecê-la e que sejam devidamente credenciadas na
Art. 23. São consideradas imprescindíveis à segurança da socie-
forma do regulamento, sem prejuízo das atribuições dos agentes
dade ou do Estado e, portanto, passíveis de classificação as infor- públicos autorizados por lei.
mações cuja divulgação ou acesso irrestrito possam: §2º O acesso à informação classificada como sigilosa cria a
I - pôr em risco a defesa e a soberania nacionais ou a integrida- obrigação para aquele que a obteve de resguardar o sigilo.
de do território nacional; §3º Regulamento disporá sobre procedimentos e medidas a se-
II - prejudicar ou pôr em risco a condução de negociações ou as rem adotados para o tratamento de informação sigilosa, de modo a
relações internacionais do País, ou as que tenham sido fornecidas protegê-la contra perda, alteração indevida, acesso, transmissão e
em caráter sigiloso por outros Estados e organismos internacionais; divulgação não autorizados.
III - pôr em risco a vida, a segurança ou a saúde da população; Art. 26. As autoridades públicas adotarão as providências ne-
IV - oferecer elevado risco à estabilidade financeira, econômica cessárias para que o pessoal a elas subordinado hierarquicamente
ou monetária do País; conheça as normas e observe as medidas e procedimentos de segu-
V - prejudicar ou causar risco a planos ou operações estratégi- rança para tratamento de informações sigilosas.
cos das Forças Armadas; Parágrafo único. A pessoa física ou entidade privada que, em
VI - prejudicar ou causar risco a projetos de pesquisa e desen- razão de qualquer vínculo com o poder público, executar atividades
volvimento científico ou tecnológico, assim como a sistemas, bens, de tratamento de informações sigilosas adotará as providências ne-
instalações ou áreas de interesse estratégico nacional; cessárias para que seus empregados, prepostos ou representantes
VII - pôr em risco a segurança de instituições ou de altas autori- observem as medidas e procedimentos de segurança das informa-
dades nacionais ou estrangeiras e seus familiares; ou ções resultantes da aplicação desta Lei.
VIII - comprometer atividades de inteligência, bem como de in- SEÇÃO IV
vestigação ou fiscalização em andamento, relacionadas com a pre- DOS PROCEDIMENTOS DE CLASSIFICAÇÃO,
venção ou repressão de infrações. RECLASSIFICAÇÃO E DESCLASSIFICAÇÃO
Art. 24. A informação em poder dos órgãos e entidades públi-
cas, observado o seu teor e em razão de sua imprescindibilidade à Art. 27. A classificação do sigilo de informações no âmbito da
segurança da sociedade ou do Estado, poderá ser classificada como administração pública federal é de competência:(Regulamento)
ultrassecreta, secreta ou reservada. I - no grau de ultrassecreto, das seguintes autoridades:
§1º Os prazos máximos de restrição de acesso à informação, a) Presidente da República;
conforme a classificação prevista no caput, vigoram a partir da data b) Vice-Presidente da República;
de sua produção e são os seguintes: c) Ministros de Estado e autoridades com as mesmas prerro-
I - ultrassecreta: 25 (vinte e cinco) anos; gativas;
II - secreta: 15 (quinze) anos; e d) Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica; e
90
ÉTICA E INTEGRIDADE
e) Chefes de Missões Diplomáticas e Consulares permanentes cação prevista no caput para consulta pública em suas sedes.
no exterior; §2º Os órgãos e entidades manterão extrato com a lista de in-
II - no grau de secreto, das autoridades referidas no inciso I, dos formações classificadas, acompanhadas da data, do grau de sigilo e
titulares de autarquias, fundações ou empresas públicas e socieda- dos fundamentos da classificação.
des de economia mista; e
III - no grau de reservado, das autoridades referidas nos incisos SEÇÃO V
I e II e das que exerçam funções de direção, comando ou chefia, DAS INFORMAÇÕES PESSOAIS
nível DAS 101.5, ou superior, do Grupo-Direção e Assessoramento
Superiores, ou de hierarquia equivalente, de acordo com regula- Art. 31. O tratamento das informações pessoais deve ser feito
mentação específica de cada órgão ou entidade, observado o dis- de forma transparente e com respeito à intimidade, vida privada,
posto nesta Lei. honra e imagem das pessoas, bem como às liberdades e garantias
§1º A competência prevista nos incisos I e II, no que se refere individuais.
à classificação como ultrassecreta e secreta, poderá ser delegada §1º As informações pessoais, a que se refere este artigo, relati-
pela autoridade responsável a agente público, inclusive em missão vas à intimidade, vida privada, honra e imagem:
no exterior, vedada a subdelegação. I - terão seu acesso restrito, independentemente de classifica-
§2º A classificação de informação no grau de sigilo ultrassecre- ção de sigilo e pelo prazo máximo de 100 (cem) anos a contar da
to pelas autoridades previstas nas alíneas “d” e “e” do inciso I de- sua data de produção, a agentes públicos legalmente autorizados e
verá ser ratificada pelos respectivos Ministros de Estado, no prazo à pessoa a que elas se referirem; e
previsto em regulamento. II - poderão ter autorizada sua divulgação ou acesso por tercei-
§3º A autoridade ou outro agente público que classificar infor- ros diante de previsão legal ou consentimento expresso da pessoa
mação como ultrassecreta deverá encaminhar a decisão de que tra- a que elas se referirem.
ta o art. 28 à Comissão Mista de Reavaliação de Informações, a que §2º Aquele que obtiver acesso às informações de que trata este
se refere o art. 35, no prazo previsto em regulamento. artigo será responsabilizado por seu uso indevido.
Art. 28. A classificação de informação em qualquer grau de si- §3º O consentimento referido no inciso II do §1º não será exigi-
gilo deverá ser formalizada em decisão que conterá, no mínimo, os do quando as informações forem necessárias:
seguintes elementos: I - à prevenção e diagnóstico médico, quando a pessoa estiver
I - assunto sobre o qual versa a informação; física ou legalmente incapaz, e para utilização única e exclusivamen-
II - fundamento da classificação, observados os critérios esta-
te para o tratamento médico;
belecidos no art. 24;
II - à realização de estatísticas e pesquisas científicas de evi-
III - indicação do prazo de sigilo, contado em anos, meses ou
dente interesse público ou geral, previstos em lei, sendo vedada a
dias, ou do evento que defina o seu termo final, conforme limites
identificação da pessoa a que as informações se referirem;
previstos no art. 24; e
III - ao cumprimento de ordem judicial;
IV - identificação da autoridade que a classificou.
IV - à defesa de direitos humanos; ou
Parágrafo único. A decisão referida no caput será mantida no
V - à proteção do interesse público e geral preponderante.
mesmo grau de sigilo da informação classificada.
Art. 29. A classificação das informações será reavaliada pela au- §4º A restrição de acesso à informação relativa à vida privada,
toridade classificadora ou por autoridade hierarquicamente supe- honra e imagem de pessoa não poderá ser invocada com o intuito
rior, mediante provocação ou de ofício, nos termos e prazos previs- de prejudicar processo de apuração de irregularidades em que o
tos em regulamento, com vistas à sua desclassificação ou à redução titular das informações estiver envolvido, bem como em ações vol-
do prazo de sigilo, observado o disposto no art. 24.(Regulamento) tadas para a recuperação de fatos históricos de maior relevância.
§1º O regulamento a que se refere o caput deverá considerar §5º Regulamento disporá sobre os procedimentos para trata-
as peculiaridades das informações produzidas no exterior por auto- mento de informação pessoal.
ridades ou agentes públicos.
§2º Na reavaliação a que se refere o caput, deverão ser exa- CAPÍTULO V
minadas a permanência dos motivos do sigilo e a possibilidade de DAS RESPONSABILIDADES
danos decorrentes do acesso ou da divulgação da informação.
§3º Na hipótese de redução do prazo de sigilo da informação, Art. 32. Constituem condutas ilícitas que ensejam responsabili-
o novo prazo de restrição manterá como termo inicial a data da sua dade do agente público ou militar:
produção.
Art. 30. A autoridade máxima de cada órgão ou entidade pu- I - recusar-se a fornecer informação requerida nos termos des-
blicará, anualmente, em sítio à disposição na internet e destinado à ta Lei, retardar deliberadamente o seu fornecimento ou fornecê-la
veiculação de dados e informações administrativas, nos termos de intencionalmente de forma incorreta, incompleta ou imprecisa;
regulamento: II - utilizar indevidamente, bem como subtrair, destruir, inutili-
I - rol das informações que tenham sido desclassificadas nos zar, desfigurar, alterar ou ocultar, total ou parcialmente, informação
últimos 12 (doze) meses; que se encontre sob sua guarda ou a que tenha acesso ou conheci-
II - rol de documentos classificados em cada grau de sigilo, com mento em razão do exercício das atribuições de cargo, emprego ou
identificação para referência futura; função pública;
III - relatório estatístico contendo a quantidade de pedidos de III - agir com dolo ou má-fé na análise das solicitações de acesso
informação recebidos, atendidos e indeferidos, bem como informa- à informação;
ções genéricas sobre os solicitantes. IV - divulgar ou permitir a divulgação ou acessar ou permitir
§1º Os órgãos e entidades deverão manter exemplar da publi- acesso indevido à informação sigilosa ou informação pessoal;
91
ÉTICA E INTEGRIDADE
92
ÉTICA E INTEGRIDADE
vistos nesta Lei. Art. 45. Cabe aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios,
§2º No âmbito da administração pública federal, a reavaliação em legislação própria, obedecidas as normas gerais estabelecidas
prevista no caput poderá ser revista, a qualquer tempo, pela Co- nesta Lei, definir regras específicas, especialmente quanto ao dis-
missão Mista de Reavaliação de Informações, observados os termos posto no art. 9º e na Seção II do Capítulo III.
desta Lei. Art. 46. Revogam-se:
§3º Enquanto não transcorrido o prazo de reavaliação previsto I - a Lei nº 11.111, de 5 de maio de 2005 ; e
no caput, será mantida a classificação da informação nos termos da II - os arts. 22 a 24 da Lei nº 8.159, de 8 de janeiro de 1991.
legislação precedente. Art. 47. Esta Lei entra em vigor 180 (cento e oitenta) dias após
§4º As informações classificadas como secretas e ultrassecretas a data de sua publicação.
não reavaliadas no prazo previsto no caput serão consideradas, au-
tomaticamente, de acesso público. Brasília, 18 de novembro de 2011; 190º da Independência e
Art. 40. No prazo de 60 (sessenta) dias, a contar da vigência 123º da República.
desta Lei, o dirigente máximo de cada órgão ou entidade da admi-
nistração pública federal direta e indireta designará autoridade que TRANSPARÊNCIA E IMPARCIALIDADE NOS USOS DA INTE-
lhe seja diretamente subordinada para, no âmbito do respectivo ór- LIGÊNCIA ARTIFICIAL NO ÂMBITO DO SERVIÇO PÚBLICO
gão ou entidade, exercer as seguintes atribuições:
I - assegurar o cumprimento das normas relativas ao acesso a
informação, de forma eficiente e adequada aos objetivos desta Lei; A Inteligência Artificial (IA) é uma das tecnologias mais revolu-
II - monitorar a implementação do disposto nesta Lei e apre- cionárias do nosso tempo, e seu impacto na esfera pública é inegá-
sentar relatórios periódicos sobre o seu cumprimento; vel. À medida que governos e órgãos públicos exploram as possibi-
III - recomendar as medidas indispensáveis à implementação lidades oferecidas pela IA para melhorar a eficiência, a qualidade
e ao aperfeiçoamento das normas e procedimentos necessários ao dos serviços e a tomada de decisões, surgem desafios críticos rela-
correto cumprimento do disposto nesta Lei; e cionados à transparência e à imparcialidade. Este texto abordará a
IV - orientar as respectivas unidades no que se refere ao cum- importância da transparência e imparcialidade na implementação
primento do disposto nesta Lei e seus regulamentos. da IA no serviço público.
Art. 41. O Poder Executivo Federal designará órgão da adminis-
tração pública federal responsável: A Revolução da Inteligência Artificial no Serviço Público
I - pela promoção de campanha de abrangência nacional de fo- A IA oferece uma série de benefícios potenciais para o setor pú-
mento à cultura da transparência na administração pública e cons- blico, incluindo automação de tarefas rotineiras, análise de dados
cientização do direito fundamental de acesso à informação; em grande escala e tomada de decisões baseadas em informações
II - pelo treinamento de agentes públicos no que se refere ao precisas e rápidas. No entanto, a implantação da IA no serviço pú-
desenvolvimento de práticas relacionadas à transparência na admi- blico também traz desafios éticos e sociais, particularmente no que
nistração pública; diz respeito à transparência e imparcialidade.
III - pelo monitoramento da aplicação da lei no âmbito da ad-
ministração pública federal, concentrando e consolidando a publi- Transparência na IA Governamental
cação de informações estatísticas relacionadas no art. 30; A transparência é um princípio fundamental para garantir que a
IV - pelo encaminhamento ao Congresso Nacional de relatório IA no serviço público seja compreendida e confiável. Os algoritmos
anual com informações atinentes à implementação desta Lei. e modelos de IA devem ser transparentes, com explicações claras
Art. 42. O Poder Executivo regulamentará o disposto nesta Lei sobre como tomam decisões e processam informações. Isso é es-
no prazo de 180 (cento e oitenta) dias a contar da data de sua pu- sencial para que os cidadãos compreendam como suas informações
blicação. são usadas e como as decisões são tomadas em seu nome.
Art. 43. O inciso VI do art. 116 da Lei no 8.112, de 11 de dezem- A transparência também implica a divulgação de dados e práti-
bro de 1990, passa a vigorar com a seguinte redação: cas de coleta, para que o público possa avaliar a qualidade e a inte-
“Art. 116. ................................................................... gridade dos sistemas de IA. Os governos devem adotar políticas que
............................................................................................ garantam a abertura de algoritmos e modelos, bem como permitir
VI - levar as irregularidades de que tiver ciência em razão do auditorias independentes.
cargo ao conhecimento da autoridade superior ou, quando houver
suspeita de envolvimento desta, ao conhecimento de outra autori- Imparcialidade na IA Governamental
dade competente para apuração; A imparcialidade é outro aspecto crítico na implementação da
.................................................................................” (NR) IA no serviço público. Os sistemas de IA devem ser projetados para
Art. 44. O Capítulo IV do Título IV da Lei nº 8.112, de 1990, evitar discriminação e viés. Isso requer a identificação e a correção
passa a vigorar acrescido do seguinte art. 126-A: de preconceitos nos dados usados para treinar os algoritmos. Caso
“Art. 126-A. Nenhum servidor poderá ser responsabilizado ci- contrário, a IA pode perpetuar ou amplificar injustiças e desigual-
vil, penal ou administrativamente por dar ciência à autoridade su- dades existentes.
perior ou, quando houver suspeita de envolvimento desta, a outra A imparcialidade também envolve a garantia de que os siste-
autoridade competente para apuração de informação concernente mas de IA não favoreçam determinados grupos ou interesses. Isso
à prática de crimes ou improbidade de que tenha conhecimento, requer a supervisão rigorosa e a regulamentação adequada para
ainda que em decorrência do exercício de cargo, emprego ou fun- garantir que a IA seja usada de maneira justa e equitativa.
ção pública.”
93
ÉTICA E INTEGRIDADE
94
ÉTICA E INTEGRIDADE
______________________________________________________
10. Texto: “A integridade pública é essencial para a credibilida-
de e a eficiência do governo. Ela promove a confiança dos cidadãos ______________________________________________________
nas instituições públicas, fortalece a democracia e garante o uso
adequado dos recursos públicos.” ______________________________________________________
De acordo com o texto, qual é a importância da integridade
pública? ______________________________________________________
(A) A integridade pública é importante apenas para garantir a
eficiência do governo. ______________________________________________________
(B) A integridade pública é essencial para a credibilidade do go-
verno, a confiança dos cidadãos e o uso adequado dos recursos ______________________________________________________
públicos.
______________________________________________________
(C) A integridade pública não tem relevância para a democra-
cia. ______________________________________________________
(D) A integridade pública só afeta o setor privado, não o go-
verno. ______________________________________________________
______________________________________________________
GABARITO
______________________________________________________
1 C ______________________________________________________
2 B
______________________________________________________
3 C
______________________________________________________
4 E
5 D _____________________________________________________
6 B _____________________________________________________
7 A
______________________________________________________
8 B
9 C ______________________________________________________
10 B ______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
95
ÉTICA E INTEGRIDADE
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
96
POLÍTICAS PÚBLICAS
97
POLÍTICAS PÚBLICAS
Esses atores são todas as pessoas, grupos ou instituições que, Os interesses apresentados pelos grupos aos dirigentes do go-
direta ou indiretamente participam da formulação e implementação verno podem ser específicos para atender uma parte específica do
de uma política. Os envolvidos no processo de discussão, criação grupo de pessoas, como por exemplo a construção de uma creche,
e execução das Políticas Públicas podem ser classificados como ou um sistema de captação de águas, ou mesmo de interesse geral
estatais ou privados: da sociedade, como por exemplo, a necessidade de melhorias na
- Estatais: são os procedentes do Governo ou do Estado, alguns saúde pública ou na questão da segurança.
foram eleitos pela sociedade por um período determinado (os A apresentação das demandas e interesses não significa ne-
políticos eleitos) e outros atuarão de forma permanente exercendo cessariamente que serão atendidas mas a força, justificativas ou
funções públicas no Estado (servidores). Os servidores teoricamente o impacto com que as reivindicações chegam aos dirigentes pode
deveriam atuar de forma neutra, sem agir de acordo com os demonstrar a urgência e importância de tal ação para o grupo ou
interesses pessoais, mas sim contribuindo de modo essencial para a sociedade.
um bom desempenho das ações governamentais.
- Privados: são os procedentes da Sociedade Civil, eles não Modelos de Tomada de Decisão em Políticas Públicas
possuem um vínculo direto com a administração do Estado, esse As decisões são escolhas entre diferentes cursos de ações pos-
grupo é formado por sindicatos de trabalhadores, sindicatos síveis, normalmente uma pessoa faz escolhas diariamente para
patronais, entidades de representação da Sociedade Civil diferentes situações ou circunstâncias e isso também ocorre no
Organizada, a imprensa, os centros de pesquisa, entre outros. contexto organizacional, essas decisões têm inúmeras implicações,
inclusive no alcance de resultados e no consumo de recursos da
Ao longo dos anos as mudanças que ocorreram na sociedade empresa.
como um todo levaram o Estado a ampliar seu papel de atuação O estudo sistemático do processo decisório pode maximizar as
que concentrava-se na segurança pública e defesa externa em caso chances de decisões boas a serem tomadas e minimizar as chances
de ataques inimigos. Essa ampliação foi tomada pela democracia e de serem tomadas decisões que tragam consequências negativas
pelas novas responsabilidades que levaram o Estado a atuar pelo para a organização.
bem-estar da sociedade como um todo. Com a finalidade de descobrir a melhor decisão para determi-
As atividades realizadas pelo Estado no exercício e busca pelo nadas situações, cabe ao indivíduo tomador de decisões construir
bem-estar comum são desenvolvidas nas mais diversas áreas como: o máximo de alternativas possíveis para que então possa escolher
saúde, trabalho, educação, meio ambiente, segurança, etc. o melhor caminho otimizando e possibilitando o crescimento e
Dessa forma, as políticas públicas são ações que buscam atingir desenvolvimento da empresa nesse contexto de competitividade
resultados nessas diversas áreas e consequentemente promover o agressiva.
bem-estar da sociedade, sendo assim, elas podem ser compreen-
didas como um conjunto de ações e decisões do governo, voltadas Etapas para Solução de Problemas
para a solução (ou não) de problemas da sociedade, que é a soma Seguir critérios racionais e etapas estabelecidas pode ser um
das ações, metas e planos que os governos estabelecem buscando caminho para resolução de problemas e tomada de decisões no
alcançar o bem-estar da sociedade. contexto organizacional. Abaixo foram litadas as etapas da solução
A maneira pela qual a sociedade expressa os interesses e ne- de problemas e as principais técnicas de cada uma.
cessidades é através de solicitações aos grupos organizados. Essas Deve-se primeiramente realizar a identificação do problema
necessidades são apresentas aos vereadores/deputados/senado- ou da oportunidade, pode ser caracterizada pela existência de um
res, e estes levam os interesses e demandas da sociedade aos pre- obstáculo ao alcance de objetivos organizacionais, por uma nova
feitos/governadores/presidente da República, membros do Poder oportunidade, por um problema nos processos de trabalho ou por
Executivo escolhidos para representar a sociedade e atender ao um acontecimento qualquer que exija uma decisão e, subsequen-
bem-estar coletivo. temente, a adoção de determinadas ações.
Os grupos organizados podem ser chamados de Sociedade Civil O diagnóstico do problema consiste na caracterização do pro-
Organizada, incluindo também sindicatos, associações, entidades blema, devemos entender o problema, seu contexto, suas causas e
empresariais, associações patronais e ONGs em geral. suas consequências ante de iniciar o processo de resolução. Chia-
Vivemos em uma sociedade que se caracteriza por uma grande venato destaca condições sob as quais a decisão pode ser tomada: 4
diversidade, ou seja, diferentes valores, cultura, costumes, religião, 1. Incerteza: situação em que o tomador de decisão tem pouca
idade, sexo, profissão, interesses e ainda por inúmeras necessida- ou nenhuma informação a respeito da probabilidade de ocorrência
des com uma quantidade escassa de recursos. de cada evento futuro.
A formação de grupos que possuem interesses comuns é um 2. Risco: é a situação em que sabemos a probabilidade de ocor-
caminho muito comum para criar força e se organizar para reivin- rência de um evento, mas que tomamos diferentes decisões, de
dicar direitos e melhorias para a sociedade, é importante que essas acordo com os riscos que estamos dispostos a assumir. Por exem-
ações sejam sempre estabelecidas de acordo com as conformida- plo: na prova desse concurso, se cair uma questão que trate de um
des da legislação vigente. assunto acercado do qual nunca ouvimos falar, e todas as alter-
Levando em conta que as necessidades são ilimitadas faz-se nativas parecem igualmente plausíveis, temos 20% de chance de
necessário ao formulador de políticas públicas selecionar as prio- acertar e 80% de chance de errar. Para marcar o gabarito, cada um
ridades de modo que as políticas sejam então respostas que aten- adotará uma tática, considerando os riscos e benefícios envolvidos.
dam as expectativas e demandas da sociedade voltando o governo Neste caso, a intuição, que vimos anteriormente, também pode es-
para o atendimento dos interesses públicos da sociedade buscando tar presente.
assim atender o bem-estar da sociedade.
4 CHIAVENATO, I.; Administração nos novos tempos. 2ª ed., RJ: Elsevier, 2004.
98
POLÍTICAS PÚBLICAS
3. Certeza: é a situação em que temos sob controle todos os - Decisões Operacionais: são aquelas tomadas no dia-a-dia,
fatores que afetam a tomada de decisão, aqui sabemos quais são relacionadas a tarefas e aspectos cotidianos da realidade organi-
os riscos e probabilidades de ocorrência de eventos, temos infor- zacional.
mações acerca de custo, sabemos quais são os fatores potenciali- - Decisões Autocráticas: são decisões tomadas sem discussões,
zadores e restritivos, e possuímos estudos de viabilidade das alter- acordos e debates. O tomador de decisão deve ser um gerente ou
nativas etc. alguém com responsabilidade e autoridade para tal. É uma forma
4. Turbulência: é a condição para tomada de decisão que ocor- rápida de tomada de decisão e não devem ser questionadas. Mui-
re quando as metas não são claras ou quando o meio ambiente tas vezes, são decisões de cunho estritamente técnico.
muda muito depressa. - Decisões Compartilhadas: são aquelas decisões tomadas de
forma compartilhada, entre gerente e equipe. Têm características
Decisões Racionais marcantes, tais como o debate, participação e busca de consenso.
As decisões ordenadas de forma lógica são chamadas de deci- Podem ser consultivas, quando a decisão é tomada após a consulta,
sões racionais, uma vez que seguem critérios para escolher a me- ou participativa, quando a decisão é tomada de forma conjunta.
lhor alternativa buscando os melhores resultados com os menores - Decisões Delegadas: são tomadas pela equipe ou pessoa que
custos, algumas características são a busca pelo resultado e evitar recebeu poderes para isso. As decisões delegadas não precisam
a incerteza. ser aprovadas ou revistas pela administração. A pessoa ou grupo
É necessário considerar que não é possível obter todas as in- assume plena responsabilidade pelas decisões, tendo para isso a
formações de modo a tomar uma decisão cem por cento racional, informação, a maturidade, as qualificações e as atitudes suficientes
considerando que nem todas as variáveis estão sob nosso total con- para decidir da melhor maneira possível.
trole.
Serão apresentadas abaixo cinco etapas sequenciais no proces-
Decisões Intuitivas so de decisão, este processo começa com a identificação da situa-
As decisões baseadas em sentimentos, intuição, percepção são ção e vai até monitoração e feedback.
chamadas de decisões intuitivas, esse tipo de decisão normalmente
ocorre quando as informações, dados não são suficientes para se 1ª Etapa - Reconhecimento: ocorre aqui a identificação/
tomar uma decisão racional ou mesmo quando não há tempo para diagnóstico da situação, é a etapa mais difícil, pois é necessário
se analisar todas as variáveis. reconhecer um problema e/ou oportunidade. Ela é fundamental
São muitos os fatores que afetam uma decisão, tais como: cus- porque, se não for bem-feita, todo trabalho de uma equipe será
tos, fatores políticos, objetivos, riscos que podem ser assumidos, perdido, essa etapa é considerada a mais difícil das cinco etapas do
tempo disponível para decidir, quantidade de informações disponí- processo decisório.
veis, viabilidade das soluções, autoridade e responsabilidade do to-
mador de decisão, estrutura de poder da organização entre outros. 2ª Etapa - Planejamento: nessa etapa acontece o desenvol-
vimento de alternativas, ou seja, aqui são elaboradas as alternati-
Decisões Programadas e Não Programadas vas de ação. Faz-se necessária a elaboração de alternativas porque
As decisões podem ainda ser programadas ou não programa- é a partir delas que uma decisão deverá ser tomada, e sem elas,
das, as programadas são aquelas para a qual a organização dispõe não existe decisão a ser tomada. Para facilitar essa etapa, pode
de soluções padronizadas e preestabelecidas. São tomadas com ser desenvolvido um instrumento gráfico, denominado “árvore
base em regras e procedimentos preestabelecidos aplicam-se a de decisão”, que avalia as alternativas disponíveis (esse processo
problemas rotineiros, cujas soluções podem ser previstas. Neste é normalmente usado quando há muitas alternativas a serem dis-
caso, não seguiremos as etapas de decisão, pois o diagnóstico já cutidas).
foi identificado, aconselha-se no contexto organizacional tomar o
maior número possível de decisões programáveis. 3ª Etapa - Avaliação: ocorre aqui a avaliação e escolha das al-
Já as decisões não programáveis ou não programadas são ternativas, que foram desenvolvidas na etapa anterior. Nesta eta-
aquelas referentes a problemas inéditos, novos ou problemas que pa, deverá ser feita uma análise das vantagens e desvantagens das
as soluções programadas não são capazes de resolver. As transfor- alternativas desenvolvidas, e é importante destacar que realmente
mações que ocorrem no mundo organizacional contribuem para deve-se avaliar as vantagens e as desvantagens de cada alternativa
que decisões não programáveis sejam frequentemente necessá- utilizando senso crítico ao avaliar as alternativas.
rias, esse tipo de decisão exige que sejam seguidas todas as etapas
de tomada de decisão (identificação do problema, diagnóstico etc.). 4ª Etapa - Decisão e implementação: faz-se a seleção e depois
a implementação, ou seja, nessa etapa é o momento de selecio-
Há tipos de decisão quanto ao nível organizacional em que ela nar a melhor alternativa. Uma vez escolhida, deve-se anunciá-la
é tomada, assim: com confiança e de forma decisiva, pois caso contrário poderá ser
- Decisões Estratégicas: são aquelas mais amplas, referentes à despertado um sentimento de insegurança nos outros. Para a im-
organização como um todo e sua relação com o ambiente, elas são plementação da alternativa escolhida, deve-se também, verificar o
tomadas nos níveis mais altos da hierarquia e possuem consequên- momento oportuno de implementá-la, é um erro comum imple-
cias de longo prazo. mentar a alternativa escolhida na época errada.
- Decisões Táticas: ou chamadas também de administrativas,
são tomadas nos níveis das unidades organizacionais ou departa- 5ª Etapa - Controle: ocorre aqui a monitoração e o feedback,
mentos. para que se alcance os resultados desejados e para um bom contro-
le do andamento e do processo, faz-se necessário a avaliação dos
99
POLÍTICAS PÚBLICAS
resultados da decisão. Nessa etapa é necessário humildade, pois São exemplos de políticas públicas distributivas: as podas
em se verificando que os resultados não atingiram o esperado é de árvores, os reparos em uma creche, a implementação de um
preferível admitir o erro que manter a decisão, pois as consequên- projeto de educação ambiental ou a limpeza de um córrego, dentre
cias poderão ser danosas. outros. O seu financiamento é feito pela sociedade como um todo
através do orçamento geral de um estado.
Modelos de Tomada de Decisão
Com relação as Políticas Públicas, os modelos de tomada de Políticas Regulatórias: disciplinam aspectos da atividade
decisão são classificados como: social, esse tipo consiste na elaboração das leis que autorizarão
os governos a fazerem ou não determinada política pública
Modelo Incremental: segundo informações do Ministério do redistributiva ou distributiva. Se estas duas implicam no campo
Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG), o modelo de tomada de ação do poder executivo, a política pública regulatória é,
de decisão incremental pode ser visto como um processo político essencialmente, campo de ação do poder legislativo.
caracterizado pela barganha e pelo compromisso entre decisores
auto orientados. As decisões limitam-se a decisões sucessivas ante- Políticas Redistributivas: são aquelas que de várias formas
riores, sendo, portanto, apenas marginalmente diferentes das an- (transferências, isenções, etc.) redistribuem recursos de qualquer
teriores. Dessa forma, ocorreriam apenas mudanças incrementais natureza, entre grupos sociais. Consistem em redistribuição de
no status quo. renda em forma de recursos e financiamentos de equipamentos e
O modelo incremental traz duas constatações ao processo de serviços públicos.
políticas públicas: São exemplos de políticas públicas redistributivas: os
1) Por mais adequada que seja a fundamentação técnica de programas de bolsa-escola, bolsa-universitária, cesta básica, renda
uma alternativa, a decisão envolve relações de poder; cidadã, isenção de IPTU e de taxas de energia/água para famílias
2) Os governos democráticos não possuem efetivamente liber- carentes, dentre outros.
dade total na alocação de recursos públicos. Do ponto de vista da justiça social o seu financiamento deveria
ser feito pelos estratos sociais de maior poder aquisitivo, de modo
A principal crítica a este modelo se refere à sua pouca compa- que se pudesse ocorrer, portanto, a redução das desigualdades
tibilidade com as necessidades de mudanças necessárias à gestão sociais. No entanto, por conta do poder de organização e pressão
de programas e projetos, podendo gerar prejuízos à eficiência do desses estratos sociais, o financiamento dessas políticas acaba
Estado e legitimar um viés conservador no processo decisório. sendo feito pelo orçamento geral do ente estatal (união, estado
federado ou município).
Modelo Racional: segundo ainda informações do MPOG, nes-
te modelo, a tomada de decisão segue as seguintes atividades se- Políticas Constitucionais: estabelecem procedimentos para a
quenciais: adoção de decisões públicas e relações entre os vários aparatos
- Um objetivo para solucionar um problema é estabelecido. do Estado. Cada tipo de política pressupõe uma arena de poder
- Todas as estratégias alternativas para alcançar o objetivo são diferente, uma rede diferente de atores, uma diferente estrutura
exploradas e listadas. decisional e um contexto institucional diferente.
- Todas as sequências significantes de cada alternativa estraté-
gica são previstas e as probabilidades dessas consequências ocor- Fases das Políticas Públicas
rerem são estimadas. As fases das Políticas Públicas também são conhecidas como “Pro-
- Por fim, a estratégia que parece resolver o problema ou que o cesso de Formulação de Políticas Públicas” ou “Ciclo das Políticas Pú-
resolve com menor custo é selecionada. blicas”. Veja na tabela a seguir, as cincos fases das Políticas Públicas:
100
POLÍTICAS PÚBLICAS
Faz-se necessário definir as questões a serem tratadas bem lhor forma de proceder. As diversas opiniões poderão servir como
como reconhecer aquelas que não serão levadas adiante, alguns um banco de ideias que poderão apontar o caminho desejado por
elementos poderão ser levados em conta para a inserção de um cada segmento social.
problema na Agenda Governamental. Veja os exemplos abaixo: Uma análise objetiva precisa ser realizada com relação as opi-
niões do grupo e ainda considerar a viabilidade técnica, legal, fi-
Exemplo 1: se um número elevado de pequenas empresas en- nanceira e política. Comparar e medir as alternativas, os riscos, a
cerra os negócios nos primeiros meses de existência, uma política eficácia e eficiência pode conduzir a um melhor atendimento aos
pública voltada especificamente para esta situação poderia ser cria- interesses e objetivos sociais.
da como medida de controle ou influência.
3ª Fase - Processo de Tomada de Decisão: embora seja neces-
Exemplo 2: acontecimentos como crimes violentos podem sário tomar decisões em todos os momentos no ciclo de Políticas
levar a população a uma comoção, o impacto social causado por Públicas, esta fase concentra-se em um importante momento de
evento específico pode levar os dirigentes do governo a estabelece- ação em resposta aos problemas escolhidos para a Agenda. Defi-
rem ações que possam evitar a repetição do ato ocorrido. nem-se os recursos e o prazo temporal da ação política. As formali-
zações das escolhas são expressas por meio de leis, normas, resolu-
O feedback das ações governamentais que podem contribuir ções, decretos, e outros atos da administração pública.
para o apontamento de falhas em medidas adotadas pelo progra- É importante ressaltar que na terceira fase ou processo de to-
ma avaliado ou outros programas que não receberam atenção go- mada de decisão, verificam-se os procedimentos a seguir antes de
vernamental. tomar a decisão. Faz-se necessário decidir aqueles que participarão
O período onde ocorre transição entre os governos pode ser do processo e ainda se o mesmo será aberto ou fechado. Se for
considerado como um período onde a agenda passa por mudan- aberto faz-se necessário verificar se ocorrerá participação dos be-
ças, diante desta circunstância faz-se necessário valorizar e dedicar neficiários, se a decisão será ou não tomada por votação, e em qual
maior atenção aos temas já selecionados como mais relevantes en- grau direto ou indireto.
tre as demandas da sociedade. As decisões serão fortemente influenciadas por diferentes for-
mas de decisão e diferentes controladores da Agenda.
Porém ainda que uma questão esteja selecionada na Agen-
Pesquisadores e estudiosos desenvolveram modelos que po-
da Governamental, isso não significa obrigatoriamente que será
derão amenizar erros e elevar eficiência desse processo. Dentre os
dedicada uma atenção especial ou prioridade. Isso normalmente
diversos modelos, cabe a Abordagem das Organizações, que pres-
ocorrerá quando outros fatores são somados a esta questão como,
supõe que o governo é um conjunto de organizações dos mais di-
por exemplo, mobilização popular, vontade política, percepção dos
versos níveis, dotadas de maior ou menor autonomia. A forma dos
custos de não se resolver a questão versus os custos de resolver.
governos perceberem problemas são os sensores das organizações,
e as informações fornecidas por tais sensores se constituem em re-
2ª Fase - Formulação de Políticas: faz-se necessário definir curso para se solucionar os problemas inseridos nesse modelo, as
quais caminhos ou ações deverão ser tomadas para solucionar uma Políticas Públicas passam a ser entendidas como resultado da atu-
situação já vista como um problema inserido na Agenda Governa- ação das organizações.
mental. Assim, os atores são as próprias organizações que concorrem
Diante da realidade mencionada anteriormente compreende- em termos de poder e influência para promover a sua perspectiva e
-se que esse processo nem sempre é tomado como um processo interpretação dos problemas tratados. Sob este enfoque, explicam-
pacífico, embora as ações ou medidas tomadas sejam favoráveis e -se as decisões basicamente como o resultado de interações po-
de interesse de determinado grupo/parte da sociedade, outros gru- líticas entre as organizações burocráticas. As soluções ajustam-se
pos poderão considerar as ações não favoráveis aos seus interesses aos procedimentos operacionais padronizados, ou seja, às rotinas
e necessidades. organizacionais.
Por isso, definir os objetivos da política, os programas e metas Segundo esse modelo, uma boa decisão seria aquela que per-
a serem desenvolvidas fazem-se importantes e necessárias, ainda mitisse a efetiva acomodação de todos os pontos de conflito envol-
que provoque rejeições de várias propostas de ação. vidos naquela Política Pública. Os principais atores, ou seja, aque-
As decisões devem ser tomadas após ouvir o corpo técnico da les que têm condições efetivas de inviabilizar uma Política Pública
administração pública, considerando recursos materiais, econômi- devem ter a convicção de que saíram ganhando. Na pior hipótese,
cos, técnicos, pessoais, e ainda após verificação do posicionamento nenhum deles deve se sentir completamente prejudicado. Na práti-
dos grupos sociais. ca, isso requer que os atores que podem impedir a execução devem
sentir que poderão não ter ganhos reais mas, ao menos, não terão
Veja abaixo alguns importantes passos para a elaboração de prejuízos com a política proposta.
Políticas Públicas:
- A conversão de estatísticas em informação relevante para o 4ª Fase - Implementação: Na quarta fase, na implementação
problema; ocorre a transformação do planejamento e das escolhas em atos.
- Análise das preferências dos atores; e O principal responsável pela execução da política ou ação direta é
- Ação baseada no conhecimento adquirido. o corpo administrativo. Devem realizar a aplicação, o controle e o
monitoramento das medidas já definidas. Dependendo da postura
Deve haver uma comunicação entre o responsável pela elabo- do corpo administrativo a política poderá sofrer mudanças drásti-
ração da Política Pública e os atores envolvidos no contexto com o cas durante este período/fase. Mencionaremos aqui dois modelos
propósito de facilitar a formulação de propostas, onde ela irá ser de implementação das Políticas Públicas, o de cima para baixo e o
implantada e requerer a eles uma proposta sobre qual seria a me- de baixo para cima.
101
POLÍTICAS PÚBLICAS
De Cima para Baixo: aplicação descendente, do governo para A indiferença e descaso gerais, a resistência passiva ou a mo-
população. Este modelo representa um modelo centralizado onde bilização intensa contra as medidas podem configurar uma con-
um número muito pequeno de funcionários participa das decisões juntura negativa que prejudique a aplicação dos objetivos e metas
e pode opinar sobre a forma da implementação das Políticas Pú- propostas na política. Para melhor se entender isso, é importante
blicas. As decisões tomadas pela administração pública devem ser ressaltar quais características possuem os indivíduos que podem
cumpridas sem quaisquer questionamentos. contribuir para o aparecimento dos fatores externos.
De Baixo para Cima: aplicação ascendente, da população para Além da diferença na escala social (grupos de alta, média ou
o governo. Este modelo representa um modelo descentralizado. baixa posição), as características mais importantes dos atores polí-
Ocorre participação dos beneficiários ou usuário final das políticas ticos são: a racionalidade, os interesses e as capacidades que pos-
em questão. O contato direto com aqueles que serão os beneficiá- suem para agir. Se entendermos essas três características, enten-
rios, o cidadão, permite uma perspectiva participativa nas Políticas deremos como ocorre a formulação de Políticas Públicas na prática.
Públicas. A racionalidade é a capacidade de um Grupo Social (um ator)
definir estratégias e cursos de ação para alcançar seus objetivos. Os
Nesta fase deve-se chamar a atenção para fatores que podem interesses representam as preferências de um dado ator por uma
comprometer a eficácia das políticas, as disputas de poder entre certa política com a qual possui mais afinidade em detrimento de
as organizações, os fatores internos e externos que podem afetar outras que desconhece ou não possui simpatia.
o desempenho das organizações, suas estruturas, sua preparação A capacidade reflete os recursos (carisma, possibilidade de
formal. mobilização, liderança, unidade, acesso aos meios de comunica-
Dentre os fatores de disputas entre as organizações, destacam- ção) que um ator possui na sua relação com seus representados,
-se a quantidade de agências ou organizações envolvidas no acom- o que faz com que a sociedade ouça seus argumentos e os leve em
panhamento e controle das políticas e o grau de cooperação ou consideração (ou não).
lealdade entre elas.
Quanto maior o número de organizações envolvidas na execu- 5ª Fase - Monitoramento ou Avaliação: o fato de que o “Mo-
ção de uma política, maior será o número de comandos ou ordens nitoramento e Avaliação” são classificados como a quinta fase não
que tem de ser expedidas e, consequentemente, o tempo deman- significa que suas atuações ocorram somente no final. A avaliação
dado para a realização das tarefas, a extensão da cadeia de coman- pode ser realizada em todos os momentos do ciclo de Políticas Pú-
do mede-se pelo número de decisões que é necessário adotar para blicas. O constante exercício do monitoramento e avaliação pode
que o programa funcione. contribuir para o sucesso das ações governamentais e para a maxi-
A extensão de comando afeta o grau de cooperação entre as mização dos resultados obtidos com os recursos. O monitoramento
organizações, tornando o controle e monitoração do processo de e avaliação tem vital importância no processo de percepção sobre
implementação mais complexo e difícil. Dessa forma, quanto mais quais ações tendem a elevar melhores resultados.
elos (agências e organizações da administração pública envolvidas
na execução de tarefas) tiver a cadeia de comando (canais de trans- O monitoramento e a avaliação permitem à administração:
missão das ordens para execução das tarefas) mais sujeita a defici- - Corrigir e prevenir falhas;
ências estará a implementação de políticas. - Prestar contas de seus atos;
Dentre os fatores internos que afetam as organizações, pode- - Justificar as ações e explicar as decisões;
mos enumerar, em primeiro lugar, as características estruturais das
- Gerar informações úteis para futuras Políticas Públicas;
agências burocráticas (recursos humanos, financeiros e materiais) e
- Fomentar a coordenação e a cooperação entre esses atores;
a relação entre quantidade de mudanças exigidas por uma política
- Identificar as barreiras que impedem o sucesso de um pro-
e extensão do consenso sobre seus objetivos e metas.
grama;
As características das agências abrangem aspectos objetivos
- Promover o diálogo entre os vários atores individuais e cole-
(como tamanho, hierarquia, autonomia, sistemas de comunicação
tivos envolvidos; e
e de controle) e qualitativos (como a competência da equipe e a
- Responder se os recursos, que são escassos, estão produzindo
vitalidade de seus membros).
Essas características estruturais são responsáveis não apenas os resultados esperados e da forma mais eficiente possível;
pela eficácia na execução das tarefas como também pela compre-
ensão mais ou menos precisa dos implementadores acerca da polí- O processo de avaliação de uma política leva em conta seus
tica e pela abertura ou adaptabilidade da organização às mudanças. impactos e as funções cumpridas pela política, busca determinar
Quanto ao segundo fator interno, cabe destacar a existência sua relevância, analisar a eficiência, eficácia e sustentabilidade das
de consenso dentro da burocracia, com efeito, a relação entre a ações desenvolvidas, e ainda serve como um meio de aprendizado
quantidade de mudanças exigidas afeta inversamente o consenso para os atores públicos.
sobre a política, ou seja, quanto mais mudanças no padrão de inte- Os impactos se referem aos efeitos que uma Política Pública
ração dos atores ou nas estruturas forem necessárias, menor será provoca nas capacidades dos atores e grupos sociais, por meio da
o consenso sobre como atingi-las. Isso afeta negativamente o grau redistribuição de recursos e valores, afetando interesses e suas es-
de cooperação entre as organizações e a lealdade da burocracia truturas de preferências. A avaliação de impacto analisa as modifi-
aos formuladores, provocando deficiências e deturpações na im- cações na distribuição de recursos, a magnitude dessas modifica-
plementação das Políticas Públicas. ções, os segmentos afetados, as contribuições dos componentes da
Os fatores externos, por fim, também afetam as Políticas Pú- política na consecução de seus objetivos.
blicas, com efeito, a opinião pública, a disposição das elites, as con- A avaliação de uma política também deve enfocar os efeitos
dições econômicas e sociais da população e a posição de grupos que esses impactos provocam e que se traduzem em novas deman-
privados podem tornar problemática a execução das políticas. das de decisão por parte das autoridades, com o objetivo de anular
102
POLÍTICAS PÚBLICAS
103
POLÍTICAS PÚBLICAS
Portanto, a concepção, a implementação e a avaliação de po- canais institucionais para ampliação da participação nos processos
líticas públicas devem ser balizadas pelos condicionantes de um de concepção e implementação de políticas públicas é consequên-
regime democrático. A gestão pública deixa de ser voltada para cia lógica no processo de fortalecimento da democracia brasileira.
somente rotinas e procedimentos burocráticos internos para se
colocar também como meio para que governantes, políticos, ad- DICA: A nova governança pública representa um novo modo de
ministradores e sociedade a utilizem para viabilização de políticas governar: mais democrático, mais participativo, mais descentraliza-
públicas capazes de fortalecer a democracia por meio da elevação do e com maior número de atores participantes.
dos níveis de justiça social e fomentar o desenvolvimento econômi-
co sustentável. A gestão pública brasileira vive um intenso processo de trans-
A ampliação das discussões e a abertura de espaços para no- formação, ainda sob a influência principal da redemocratização do
vos participantes com influências na concepção e implementação país e da reforma do Estado, que tem na descentralização um de
de políticas públicas deve ser regra na democracia, pois “se demo- seus eixos principais para aproximação da ação pública das reais
cracia é participação dos cidadãos, uma participação insuficiente aspirações da sociedade.
debilita-a” (Bobbio et al., 1998). No âmbito local, surgem tendências de crescente constituição
de estruturas organizacionais em forma de rede envolvendo organiza-
Por que a participação é tão importante no processo de for- ções estatais, não governamentais e privadas para atuarem cooperati-
mação de políticas públicas? vamente em contextos de múltiplas e sobrepostas jurisdições.
A falta de participação torna difícil para os agentes públicos As relações entre tais organizações têm fundamentos que vão
e governantes perceberem demandas não expressas pelo número além de simples relações contratuais. Num processo de negociação
reduzido de cidadãos que se manifestam nas esferas políticas, essa contínua em longos períodos tende a haver formação de laços so-
falta de percepção dos problemas enfrentados pela sociedade fra- ciopolíticos em que a confiança entre os atores assume papel rele-
giliza a produção legislativa que regula a distribuição de recursos vante; logo, as relações se diferenciam substancialmente daquelas
entre grupos na sociedade. constituídas em regras puras de mercado.
Numa situação como essa, existe a tendência de que os recur- Nessa linha, estudos têm mostrado que o resgate da importân-
sos públicos sejam direcionados para os poucos cidadãos que par- cia do município na definição e condução de políticas públicas e na
ticipam dos processos políticos de elaboração de políticas públicas gestão do território está, cada vez mais, exigindo a concepção de
em detrimento da maioria da população não participante, o que novas formas de intervenção voltadas ao atendimento das necessi-
gera falta de legitimidade dos governos perante a sociedade. dades locais, assim como a incorporação de uma multiplicidade de
Assim, como o nosso sistema é democrático, não há alternativa novos atores na articulação dos interesses da comunidade.
diferente para compreender as políticas públicas e utilizá-las para A qualidade da gestão local passa a depender da capacidade
fazer cumprir o que constitucionalmente foi determinado. Veja a de obtenção de equilíbrios dinâmicos nas articulações entre atores
importância da participação que vem sendo atribuída na elabora- internos, integrantes do próprio poder público, e externos, oriun-
ção do Plano Plurianual federal e de alguns estados e municípios. É dos da iniciativa privada ou da sociedade em geral, participando da
o cidadão e a sociedade civil organizada obtendo um espaço para concepção e implementação de políticas públicas.
priorizar a alocação de recursos orçamentários em políticas que As estruturas locais de governança são vistas mais como inicia-
consideram prioritárias. tivas orgânicas que mecanicistas, logo, a forma de gestão de inicia-
Antes de ser vista como coisa de políticos, a política deve ser tivas locais tende a ser descentralizada e distribuída. Esta lógica da
compreendida por servidores públicos, agentes políticos e cida- governança leva à constituição de configurações únicas de conjun-
dãos, para que consigam se instrumentalizar, se capacitar e se arti- tos de atores em torno de projetos específicos.
cular com eficiência com vistas a planejar e executar ações públicas Os projetos, neste caso, apresentam a peculiaridade de ir além
capazes de encontrarem um mínimo de legitimidade, eficiência e da atuação das organizações e, ao mesmo tempo, serem conduzidos
eficácia perante a sociedade. sob uma lógica própria de gestão desenvolvida em espaço de inter-
Como a Administração Pública trabalha para o público, não secção de condicionantes do setor público e do setor privado local.
pode esperar, principalmente dos que detêm cargos com capacida- Nessa nova perspectiva de condução das atividades estatais,
de decisória, que “um chefe” diga o que e como fazer política pú- no Brasil apostou-se no controle social realizado por meio de co-
blica. Desenvolver políticas públicas é, portanto, atividade que en- missões/conselhos de cidadãos para avaliação da qualidade de ser-
volve políticos, administradores e servidores públicos, e cidadãos. viços, possibilitando, deste modo, influir nas mudanças da gestão
No processo de transformação de modos de governo centra- dos equipamentos sociais.
lizado para governos mais descentralizados, a governança passou A gestão de serviços tende a ser deixada a cargo da comuni-
a significar um modo de governo distinto do modelo de controle dade, das organizações não governamentais ou mesmo de espe-
hierárquico, característico do Estado intervencionista. cialistas e voluntários, com patrocínio parcial de empresas com
A acepção atual de governança diz respeito a um novo estilo de objetivos de melhorar sua imagem e evitar efeitos negativos dos
governo, distinto do modelo de controle hierárquico. Está relacio- problemas sociais que pudessem atingi-las. Ao Estado caberia man-
nada a governos que atuam procurando maior grau de cooperação ter o funcionamento e controle dessas políticas por meio de uma
e de interação entre o Estado e os atores não estatais em redes burocracia preparada para tal função.
decisórias mistas situadas na intersecção entre o espaço público e Com a Reforma do Estado de 1995 foi dado início ao processo
o espaço privado. de publicização, como incentivo à constituição de organizações hí-
A governança expande o foco para incluir atores públicos, pri- bridas de propriedade pública não estatal, submetidas ao controle
vados e da sociedade civil como componentes essenciais do proces- social, para ocupar o espaço compreendido entre o Estado e a so-
so de governo, daí na nova governança a abertura de espaços e de ciedade para prestação de serviços sociais e competitivos.
104
POLÍTICAS PÚBLICAS
Nesse sentido, a chamada Lei do Terceiro Setor (Lei n° DICA: Esses conselhos existem nas políticas públicas mais bem
9.790/1999), instituiu o Termo de Parceria como instrumento de estruturadas. Têm amparo legal com atribuições definidas e atuam
regulação das relações entre o poder público e as entidades quali- mais no planejamento e fiscalização. Em regra são paritários (50%
ficadas como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público. de participantes públicos e 50% não públicos), e nem todos são obri-
O objetivo foi formar vínculos de cooperação entre as partes, gatórios.
para o fomento e a execução de políticas públicas e de atividades
de interesse público. Além disso, essa lei reforçou a atuação dos O aumento das atividades associativas voluntárias propiciou a
Conselhos de Políticas Públicas nos diferentes níveis de governo ao distribuição mais equitativa de serviços do governo, e o fortaleci-
determinar a necessidade de consultas a eles quanto à intenção de mento da cidadania e da democracia no Brasil. Exemplo disso foi
firmar Termos de Parceria com organizações privadas e do terceiro a criação de mais de 170 projetos de orçamento participativo ins-
setor. talados, a instalação de cerca de 5000 conselhos de saúde, e de
Um ponto positivo nesse processo de descentralização da ges- milhares de comissões de planejamento urbano.7
tão de políticas públicas foi instituição e ampliação da atuação dos Além disso, são realizadas audiências públicas em diferentes
conselhos como espaços públicos (não estatais). Isso sinalizou para âmbitos dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário para tratar
a possibilidade de representação de interesses coletivos na cena de assuntos que afetam interesses coletivos.
política e na definição da agenda pública, apresentando um caráter No contexto das políticas há mudanças na concepção sobre a
híbrido, uma vez que são, ao mesmo tempo, parte do Estado e da natureza dos serviços prestados e novas propostas são aplicadas
sociedade. para fazer frente a novos desafios, como a ampliação de espaços de
Esses conselhos, como canais institucionalizados de participa- cidadania, com atenção a minorias excluídas, aliadas à ampliação e
ção política, de controle público sobre a ação governamental, de reconstrução da esfera de atuação dos governos locais dentro de
deliberação legalmente aceita e de publicação das ações do gover- um processo de reconstrução da esfera pública, orientado para a
no, marcam uma reconfiguração das relações entre Estado e so- democratização da gestão das políticas públicas.8
ciedade que, idealmente, busca a corresponsabilização quanto ao A democracia brasileira vai, assim, deixando de ser uma de-
desenho, monitoramento e avaliação de políticas públicas. mocracia de elites para se transformar em uma democracia de
Ao lado de vários outros conselhos já institucionalizados que opinião pública na qual já podem ser percebidas características
figuram como arena de manifestação da sociedade civil dentro de da democracia participativa ou republicana, na medida em que se
um novo espaço “público não estatal” de interseção entre Estado multiplicam os processos participativos oriundos de organizações
e a Sociedade, a Lei de Responsabilidade Fiscal ampliou as insti- da sociedade civil, sejam elas públicas não estatais, de controle e
tuições democráticas, ao trazer a figura dos Conselhos de Gestão advocacia social, ou corporativas, como associações representati-
Fiscal. vas de interesses e sindicatos.
Tais conselhos são integrados por representantes do Estado, Nesse sentido, os governos locais assumem assim um papel de
além de contar com a presença do Ministério Público e entidades coordenação e de liderança, mobilizando atores governamentais
representativas da sociedade, que têm como função a promoção e não governamentais e procurando estabelecer um processo de
de avaliação continuada da gestão. ‘concertação’ de diversos interesses e de diferentes recursos em
Embora com funcionamento ainda precário, esses conselhos torno de objetivos comuns.
se apresentam como instrumentos de controle social sobre o Es- Através dos novos arranjos institucionais assim constituídos
tado ao viabilizarem um canal de participação da população na tende a crescer a perspectiva de sustentabilidade de políticas públi-
formulação, implementação e no controle da execução de políticas cas que, de outra forma, poderiam sofrer solução de continuidade a
públicas mais concatenadas com as demandas dos segmentos so- cada mudança de governo.
ciais a que se destinam. O enraizamento das políticas em um espaço público que trans-
Os conselhos de políticas públicas funcionam como uma espé- cende a esfera estatal reforça a possibilidade de políticas de longo
cie de fórum para negociação e captação de demandas de grupos prazo, com repercussões sobre a eficiência e a efetividade das po-
sociais, possibilitando a participação pública de segmentos menos líticas implantadas.9
representativos. Não obstante os conselhos e a formação de novos arranjos de
governança e de gestão pública, ainda persistem profundamente
As principais dificuldades enfrentadas pelos conselhos são: arraigadas culturalmente tendências de condução dos interesses
- A desigualdade de condições entre seus participantes; públicos “a portas fechadas”.
- A ausência de garantia de que suas decisões sejam efetiva- Os espaços efetivos para os cidadãos se fazerem presentes ain-
mente implementadas; e da, por um lado, são bastante diminutos e, por outro, a maioria dos
- A ausência de instrumentos jurídicos que imponham ao Poder cidadãos ainda não detêm suficiente clareza sobre os seus direitos
Executivo o cumprimento das decisões emanadas dos conselhos. em relação à administração e aos administradores públicos.
105
POLÍTICAS PÚBLICAS
Outros Aspectos de Políticas Públicas DICA: O empresário político, em regra, não é um comercial/
industrial.
Instituições Públicas
Quase todas as políticas públicas são executadas por institui- Equilíbrio Interrompido: utiliza-se esse termo para explicar as
ções públicas, essas instituições têm papel decisivo: influenciam as políticas públicas que são implementadas por longos períodos, mas
decisões com seu poder, condicionam as decisões com sua estru- que em determinado momento são interrompidas em face de ins-
tura, limitam as decisões com suas normas, e impõem seu estilo tabilidades que provocam mudanças nas políticas anteriores.
próprio de agir. Portanto, as instituições influenciam na escolha, na
forma e na implementação das políticas públicas. Tipos de Demandas: considera três tipos de demandas: as
Instituições, políticos, gestores e servidores não são neutros: demandas novas resultam do surgimento de novos atores políti-
cada um tem seus interesses e nem sempre esses interesses são cos ou de novos problemas; as demandas recorrentes se referem
harmônicos. a problemas não resolvidos ou mal resolvidos, que retornam com
frequência ao debate e à agenda governamental; e as demandas
DICA: As instituições impõem limites e procuram moldar o com- reprimidas contemplam problemas já existentes que não foram
portamento dos atores na direção que lhes interessa. considerados problemas, mas apenas um “estado de coisas”.
106
POLÍTICAS PÚBLICAS
107
POLÍTICAS PÚBLICAS
das práticas locais com padrões internacionais. A superação desses A gestão desses programas envolve um constante processo de
desafios requer compromisso político, recursos adequados e uma negociação e coordenação entre os diferentes níveis de governo.
abordagem colaborativa entre diferentes setores da sociedade. Mecanismos como consórcios intermunicipais, conferências de po-
Em conclusão, a institucionalização das políticas em direitos líticas públicas e comissões intergestoras são exemplos de como
humanos como políticas de Estado é fundamental para a constru- essa coordenação é realizada na prática. Esses mecanismos visam
ção de sociedades justas e equitativas. Ela promove o respeito à promover a integração entre os diferentes níveis de governo e ga-
dignidade humana, a proteção contra abusos e a promoção de uma rantir a coerência e a efetividade das políticas públicas.
cultura de respeito e valorização dos direitos humanos. Esta abor-
dagem não apenas fortalece o estado de direito e a democracia, Desafios e Perspectivas
mas também contribui para a estabilidade social e o desenvolvi- Apesar dos benefícios potenciais, a descentralização enfrenta
mento sustentável. Portanto, assegurar que os direitos humanos desafios significativos no Brasil. A variação na capacidade admi-
sejam uma prioridade nas políticas de Estado é um imperativo tan- nistrativa e financeira entre os Municípios e Estados pode levar a
to ético quanto prático para governos comprometidos com o bem- desigualdades significativas na qualidade dos serviços públicos ofe-
-estar de seus cidadãos e o progresso de sua nação. recidos. Além disso, a complexidade na coordenação entre os dife-
rentes níveis de governo pode resultar em sobreposição de funções
e ineficiências.
FEDERALISMO E DESCENTRALIZAÇÃO DE POLÍTICAS PÚ- Para enfrentar esses desafios, é necessário fortalecer mecanis-
BLICAS NO BRASIL: ORGANIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO mos de cooperação e coordenação, aprimorar a capacidade admi-
DOS SISTEMAS DE PROGRAMAS NACIONAIS nistrativa dos governos locais e regionais e garantir uma distribui-
ção mais equitativa de recursos. Além disso, a avaliação contínua
das políticas públicas e a promoção da transparência e da participa-
O federalismo e a descentralização de políticas públicas no Bra- ção cidadã são essenciais para assegurar a eficácia e a responsabili-
sil representam aspectos fundamentais da organização política e dade na gestão pública.
administrativa do país. A estrutura federal brasileira é composta O federalismo e a descentralização de políticas públicas no Bra-
pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios, cada um com sil oferecem um quadro complexo, mas potencialmente eficaz, para
competências e responsabilidades específicas definidas pela Cons- a gestão de serviços e programas em um país de dimensões conti-
tituição de 1988. Essa estrutura visa equilibrar o poder entre dife- nentais e de grande diversidade regional. Ao equilibrar a autono-
rentes níveis de governo, ao mesmo tempo que promove a autono- mia dos governos locais com a coordenação e supervisão em nível
mia regional e local. federal, busca-se promover políticas públicas que sejam ao mesmo
tempo uniformes em qualidade e adaptadas às necessidades locais.
Federalismo Brasileiro A efetivação desse modelo, contudo, requer um compromisso con-
O federalismo no Brasil é caracterizado pela distribuição de tínuo com a melhoria da capacidade administrativa, a cooperação
poderes entre os diferentes níveis de governo. A União detém com- intergovernamental e a participação ativa da sociedade.
petências exclusivas em áreas como defesa nacional, política ex-
terna, e regulação do comércio internacional. Os Estados possuem
competências residuais, ou seja, tudo aquilo que não é exclusivo da QUESTÕES
União ou atribuído aos Municípios. Já os Municípios são responsá-
veis por questões de interesse local, como educação básica e servi-
ços de saúde de atenção primária. 1. (DETRAN-MT - Administrador – UFMT) Políticas Públicas
consistem em:
Descentralização de Políticas Públicas (A) Outputs resultantes da atividade política, em áreas como
A descentralização no Brasil foi intensificada com a Constitui- emprego, educação, segurança e saúde.
ção de 1988, que ampliou as competências dos Estados e Municí- (B) Procedimentos formais e informais que expressam relações
pios, especialmente em áreas como saúde, educação e assistência de poder na solução de conflitos.
social. Essa mudança visou aproximar a administração dos serviços (C) Centros de competências instituídos para o desempenho de
públicos dos cidadãos, buscando maior eficiência e adequação às funções estatais, por meio de seus agentes.
realidades locais. A descentralização é vista como um meio de pro- (D) Procedimentos que permitem aos gestores públicos tornar
mover a participação cidadã, aumentar a transparência e melhorar públicas suas ações, garantindo-lhes transparência.
a alocação de recursos.
2. (ANVISA - Técnico Administrativo – CETRO) A respeito das
Organização e Funcionamento dos Sistemas de Programas Políticas Públicas, é correto afirmar que
Nacionais (A) geram bens públicos e privados.
No contexto desse federalismo descentralizado, os sistemas de (B) são o resultado da atividade política.
programas nacionais são organizados de modo a assegurar a uni- (C) não possuem aspecto coercitivo.
formidade de diretrizes em todo o território nacional, ao mesmo (D) leis orgânicas municipais são políticas públicas.
tempo que permitem adaptações às especificidades locais e regio- (E) Estados e Municípios priorizam a ocupação do que se con-
nais. Por exemplo, no sistema de saúde, o Sistema Único de Saúde vencionou denominar a high politics.
(SUS) estabelece diretrizes nacionais, mas permite que Estados e
Municípios adaptem suas políticas e programas de acordo com as
necessidades locais.
108
POLÍTICAS PÚBLICAS
109
POLÍTICAS PÚBLICAS
10. Por que a educação e a conscientização são essenciais na Nesse modelo, a(s) etapa(s)
institucionalização das políticas de direitos humanos? (A) identificação do problema e formação da Agenda corres-
(A) Para aumentar o controle do Estado sobre a população. pondem aos processos de reconhecimento de uma questão
(B) Para informar os cidadãos sobre seus direitos e como protegê-los. social como problema público e de sua legitimação na pauta
(C) Para reduzir a influência da sociedade civil e de organiza- pública, em determinado momento.
ções não governamentais. (B) formulação das alternativas consiste na escolha técnico-po-
(D) Para centralizar a formulação de políticas de direitos huma- lítica dos rumos a seguir, decidindo entre as alternativas formu-
nos no governo. ladas de ação efetiva ou não.
(C) tomada de decisão refere-se à capacidade de oferecer uma
11. Qual é o papel da sociedade civil na institucionalização das solução consistente indicando os encaminhamentos e progra-
políticas de direitos humanos como políticas de Estado? mas para o problema social diagnosticado.
(A) Reduzir a transparência e a prestação de contas do governo. (D) implementação contribui para os esforços de efetivação da
(B) Assegurar que as políticas sejam inclusivas e representati- ação governamental, mediante a verificação da pertinência,
vas das necessidades de diferentes comunidades. viabilidade e eficácia potencial de um programa.
(C) Centralizar as decisões de políticas de direitos humanos nas (E) avaliação identifica o conjunto de assuntos e problemas
mãos de grupos selecionados. que os gestores públicos e a comunidade política entendem
(D) Promover uma agenda política específica, independente como mais relevantes em um dado momento.
dos direitos humanos.
110
DIVERSIDADE E INCLUSÃO NA SOCIEDADE
A diversidade de sexo, gênero e sexualidade é um tema de crescente reconhecimento e importância na sociedade contemporânea.
Este tema abrange uma vasta gama de identidades e expressões que transcendem as tradicionais concepções binárias de masculino e
feminino, desafiando as normas e expectativas sociais estabelecidas. A compreensão e aceitação dessa diversidade é fundamental para a
promoção de uma sociedade mais inclusiva e respeitosa.
Sexo, geralmente atribuído ao nascimento, refere-se a características biológicas e fisiológicas que definem humanos como masculinos,
femininos ou intersexuais. Pessoas intersexuais nascem com características sexuais (como cromossomos, genitália e padrões hormonais)
que não se encaixam nas noções típicas de corpos masculinos ou femininos. A diversidade no espectro do sexo biológico é mais complexa
do que a simples dicotomia.
Gênero, por outro lado, é um constructo social e cultural relativo às características, comportamentos, atividades e papéis que uma
sociedade considera apropriados para homens e mulheres. A identidade de gênero é o senso pessoal de alguém sobre a própria identidade
de gênero, que pode ou não corresponder ao sexo atribuído ao nascimento. Além dos gêneros masculino e feminino, existem identidades
de gênero não binárias, como agênero, bigênero, gênero-fluido, entre outras, que refletem a complexidade e variabilidade da experiência
humana em relação ao gênero.
A sexualidade, que engloba a orientação sexual e as práticas sexuais, também faz parte dessa diversidade. A orientação sexual refere-
-se à atração afetiva, emocional ou sexual por indivíduos do mesmo sexo, de sexo oposto, de ambos os sexos, ou mais, incluindo atrações
que não se baseiam no gênero. Portanto, abrange identidades como heterossexual, homossexual, bissexual, pansexual, assexual, entre
outras.
Reconhecer e respeitar a diversidade de sexo, gênero e sexualidade é crucial para o bem-estar e a dignidade de todos os indivíduos.
A falta de reconhecimento e aceitação pode levar a discriminação, estigmatização e violência. É essencial que as sociedades promovam a
inclusão e a igualdade, proporcionando ambientes seguros e acolhedores onde todas as pessoas possam expressar livremente suas iden-
tidades e viver suas vidas sem medo de preconceito ou marginalização.
A educação desempenha um papel crucial neste processo. Ensinar sobre a diversidade de sexo, gênero e sexualidade nas escolas pode
ajudar a desmantelar estereótipos e preconceitos desde cedo. A inclusão de tópicos sobre identidade de gênero e orientação sexual em
currículos educacionais promove a compreensão e o respeito pelas diferenças, além de fornecer apoio essencial a jovens que estão explo-
rando ou questionando suas próprias identidades.
Além disso, políticas públicas inclusivas são fundamentais para garantir os direitos e a proteção de todas as pessoas, independente-
mente de sua identidade de gênero ou orientação sexual. Isso inclui legislações contra discriminação, acesso a cuidados de saúde adequa-
dos e representação igualitária em todos os aspectos da vida social, econômica e política.
A representação na mídia e na cultura popular também tem um papel importante na normalização e celebração da diversidade. Quan-
do filmes, programas de TV, livros e outras formas de mídia retratam uma variedade de identidades de gênero e orientações sexuais de
maneira positiva e autêntica, eles ajudam a criar uma cultura mais inclusiva e compreensiva.
Por fim, é vital criar espaços seguros e de suporte para pessoas de todas as identidades de gênero e orientações sexuais. Isso pode
incluir grupos de apoio, serviços de aconselhamento e eventos comunitários que celebram a diversidade. A promoção do diálogo aberto
e respeitoso, a educação continuada e a defesa dos direitos são essenciais para avançar na compreensão e aceitação da diversidade de
sexo, gênero e sexualidade.
A diversidade de sexo, gênero e sexualidade é um aspecto intrínseco da condição humana. Reconhecer, respeitar e celebrar essa di-
versidade é essencial para a construção de uma sociedade mais justa, igualitária e empática, onde cada pessoa é valorizada e respeitada
por sua singularidade.
Diversidade étnico-racial
A Constituição Federal determina:
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II - garantir o desenvolvimento nacional;
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.
O racismo pode ser dividido em diversas espécies, entre elas:
111
DIVERSIDADE E INCLUSÃO NA SOCIEDADE
O Racismo Sexual é definido como preconceito em relações sexuais. Surgiu em razão de um aplicativo de relacionamento amoroso, no
qual havia a opção de selecionar a etnia desejada.
A lei 7.716/89 define os crimes resultantes de preconceito de raça e cor:
Art. 1º Serão punidos, na forma desta Lei, os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou proce-
dência nacional.
Apesar da ampla diversidade étnico-racial, o Brasil é um dos países mais preconceituosos do mundo. É raro ver um negro no poder,
em razão da discriminação feita desde pequeno até o momento que vai para o mercado de trabalho.
As causas do racismo estão relacionadas à escravidão de povos de origem africana, e, também à tardia abolição da escravidão.
Além disso, a abolição da escravidão causou enorme marginalização, pois não assegurou um futuro aos libertados. Ou seja, houve
grande irresponsabilidade na organização da abolição, que não se preocupou com a inclusão dos ex-escravos na sociedade.
Para tentar corrigir a desigualdade histórica, o STF julgou constitucional o sistema de cotas, inclusive em concursos públicos:
Ementa: Direito Constitucional. Ação Direta de Constitucionalidade. Reserva de vagas para negros em concursos públicos. Consti-
tucionalidade da Lei n° 12.990/2014. Procedência do pedido.
1. É constitucional a Lei n° 12.990/2014, que reserva a pessoas negras 20% das vagas oferecidas nos concursos públicos para provi-
mento de cargos efetivos e empregos públicos no âmbito da administração pública federal direta e indireta, por três fundamentos.
1.1. Em primeiro lugar, a desequiparação promovida pela política de ação afirmativa em questão está em consonância com o princípio
da isonomia. Ela se funda na necessidade de superar o racismo estrutural e institucional ainda existente na sociedade brasileira, e garantir
a igualdade material entre os cidadãos, por meio da distribuição mais equitativa de bens sociais e da promoção do reconhecimento da
população afrodescendente.
1.2. Em segundo lugar, não há violação aos princípios do concurso público e da eficiência. A reserva de vagas para negros não os isenta
da aprovação no concurso público. Como qualquer outro candidato, o beneficiário da política deve alcançar a nota necessária para que seja
considerado apto a exercer, de forma adequada e eficiente, o cargo em questão. Além disso, a incorporação do fator “raça” como critério
de seleção, ao invés de afetar o princípio da eficiência, contribui para sua realização em maior extensão, criando uma “burocracia repre-
sentativa”, capaz de garantir que os pontos de vista e interesses de toda a população sejam considerados na tomada de decisões estatais.
112
DIVERSIDADE E INCLUSÃO NA SOCIEDADE
1.3. Em terceiro lugar, a medida observa o princípio da propor- A diversidade cultural abrange uma ampla gama de aspectos,
cionalidade em sua tríplice dimensão. A existência de uma política incluindo, mas não se limitando a, línguas, tradições, crenças, artes,
de cotas para o acesso de negros à educação superior não torna a histórias, formas de organização social, sistemas de valores e esti-
reserva de vagas nos quadros da administração pública desnecessá- los de vida. Ela é influenciada por uma variedade de fatores, como
ria ou desproporcional em sentido estrito. Isso porque: história, geografia, religião, e interações sociais e políticas. Cada cul-
(I) nem todos os cargos e empregos públicos exigem curso su- tura oferece uma perspectiva única sobre o mundo, influenciando
perior; a maneira como seus membros veem a si mesmos, aos outros e ao
(II) ainda quando haja essa exigência, os beneficiários da ação ambiente ao seu redor.
afirmativa no serviço público podem não ter sido beneficiários das A promoção da diversidade cultural implica no reconhecimento
cotas nas universidades públicas; e e na valorização das diferenças culturais, bem como no incentivo
(III) mesmo que o concorrente tenha ingressado em curso de ao diálogo e ao intercâmbio entre culturas. Este respeito mútuo é
ensino superior por meio de cotas, há outros fatores que impedem fundamental para prevenir conflitos e para fortalecer a coesão so-
os negros de competir em pé de igualdade nos concursos públi- cial. Além disso, a diversidade cultural é um motor essencial para
cos, justificando a política de ação afirmativa instituída pela Lei n° a inovação e a criatividade, contribuindo para o desenvolvimento
12.990/2014. social e econômico.
A educação desempenha um papel crucial na promoção da
2. Ademais, a fim de garantir a efetividade da política em ques- diversidade cultural. Educar as pessoas, especialmente os jovens,
tão, também é constitucional a instituição de mecanismos para sobre a riqueza e a importância das diferentes culturas ajuda a
evitar fraudes pelos candidatos. É legítima a utilização, além da au- construir uma base de respeito e apreciação pela diversidade. A
todeclaração, de critérios subsidiários de heteroidentificação (e.g., educação multicultural pode ajudar a desmantelar preconceitos e
a exigência de autodeclaração presencial perante a comissão do estereótipos, promovendo a empatia e o entendimento entre pes-
concurso), desde que respeitada a dignidade da pessoa humana e soas de diferentes origens culturais.
garantidos o contraditório e a ampla defesa. Além da educação, a proteção e promoção das expressões cul-
3. Por fim, a administração pública deve atentar para os seguin- turais, através de políticas públicas e legislação, são fundamentais.
tes parâmetros: Isso inclui o apoio a linguagens minoritárias, a preservação de sítios
(I) os percentuais de reserva de vaga devem valer para todas as históricos, a promoção de festivais culturais e a proteção dos di-
fases dos concursos; reitos de autores e criadores de diferentes contextos culturais. Tais
(II) a reserva deve ser aplicada em todas as vagas oferecidas no medidas não apenas ajudam a manter a diversidade cultural, mas
concurso público (não apenas no edital de abertura); também incentivam a contribuição de todos para o patrimônio cul-
(III) os concursos não podem fracionar as vagas de acordo com tural comum da humanidade.
a especialização exigida para burlar a política de ação afirmativa, A diversidade cultural também é reforçada pela mídia e tec-
que só se aplica em concursos com mais de duas vagas; e nologias digitais, que têm um papel importante na disseminação e
(IV) a ordem classificatória obtida a partir da aplicação dos cri- no intercâmbio de expressões culturais. A internet, em particular,
térios de alternância e proporcionalidade na nomeação dos candi- oferece oportunidades sem precedentes para o acesso e a partilha
datos aprovados deve produzir efeitos durante toda a carreira fun- de informação cultural, embora também apresente desafios rela-
cional do beneficiário da reserva de vagas. cionados à homogeneização cultural e à preservação das identida-
des culturais locais.
4. Procedência do pedido, para fins de declarar a integral No âmbito internacional, organizações como a UNESCO traba-
constitucionalidade da Lei n° 12.990/2014. Tese de julgamento: “É lham para promover a diversidade cultural e o diálogo intercultural
constitucional a reserva de 20% das vagas oferecidas nos concursos através de convenções e programas. Estes esforços reconhecem
públicos para provimento de cargos efetivos e empregos públicos que a diversidade cultural é uma parte essencial do desenvolvimen-
no âmbito da administração pública direta e indireta. É legítima a to humano e uma necessidade para alcançar a paz e a sustentabi-
utilização, além da autodeclaração, de critérios subsidiários de he- lidade global.
teroidentificação, desde que respeitada a dignidade da pessoa hu- A diversidade cultural é uma riqueza imensurável que contribui
mana e garantidos o contraditório e a ampla defesa”. para a expansão do conhecimento, da compreensão e da tolerân-
(ADC 41, Relator(a): Min. ROBERTO BARROSO, Tribunal Pleno, cia no mundo. É através do reconhecimento, da valorização e do
julgado em 08/06/2017, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-180 DIVULG respeito às diferentes culturas que podemos construir sociedades
16-08-2017 PUBLIC 17-08-2017) mais inclusivas e justas, onde a diversidade é vista não como uma
barreira, mas como uma fonte de força e beleza.
Diversidade cultural
A diversidade cultural refere-se à variedade de culturas exis-
tentes no mundo e à forma como essas culturas se manifestam nas
práticas, expressões, conhecimentos e habilidades das comunida-
des, grupos e indivíduos. Esta diversidade é um patrimônio valioso
da humanidade, enriquecendo nossas vidas de várias maneiras e
contribuindo para um maior entendimento global. Em um mundo
cada vez mais globalizado, onde as interações entre diferentes
culturas se tornam mais frequentes, entender e respeitar a di-
versidade cultural é essencial para a convivência harmoniosa e o
desenvolvimento sustentável das sociedades.
113
DIVERSIDADE E INCLUSÃO NA SOCIEDADE
114
DIVERSIDADE E INCLUSÃO NA SOCIEDADE
garantir à pessoa idosa a proteção à vida e à saúde, mediante a complementada pela Convenção Internacional sobre os Direitos das
garantia de condições mínimas e a efetivação de políticas sociais Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo, assinados em
públicas que permitam um envelhecimento saudável em atenção à Nova York, em 30 de março de 2007, e promulgados pelo Decreto
sua dignidade, bem como liberdade, respeito, como pessoa humana nº 6.949 de 25 de agosto de 2009; e a Convenção Interamericana
e sujeito de direitos civis, políticos, individuais e sociais. para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as
No âmbito da ONU, ainda não há Convenção específica de Pessoas Portadoras de Deficiência, assinada na Guatemala, em 28
proteção, mas apenas normativas principiológicas não diretamente de maio de 1999, promulgada no Brasil pelo Decreto nº 3.956 de 8
coativas, que podem ser combinadas com normas genéricas como de outubro de 2001.
as dos Pactos Internacionais de 1966. Neste sentido, de forma mais No âmbito das Nações Unidas, a Convenção Internacional sobre
relevante, em 1991 sobrevieram os Princípios Das Nações Unidas os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo
para as Pessoas Idosas; e em 2002, na II Conferência Internacional desponta como o mais relevante tratado internacional na matéria
de Madri sobre o Envelhecimento, surgiram a Declaração Política em estudo que foi ratificado pelo Brasil com status de Emenda
e o Plano de Ação Internacional de Madri sobre Envelhecimento Constitucional. como é o caso da Convenção sobre os Direitos da
(MIPAA), estes de ordem um pouco mais pragmática. Pessoa com Deficiência. Essa convenção aproxima-se da realidade
Em janeiro de 2010, o Comitê Consultivo do Conselho de que se almeja alcançar.
Direitos Humanos das Nações Unidas publicou estudo apontando
a necessidade de uma convenção internacional específica, o que Proteção da diversidade sexual (LGBTQIA+)
indica que futuramente é possível que tal documento seja elaborado A Organização das Nações Unidas, no âmbito de seu Conselho
e ratificado pelos países-membros da ONU. de Direitos Humanos, tem elaborado resoluções voltadas a este
Em relação à normativa brasileira, destaca-se o Estatuto do grupo vulnerável, a exemplo dos Princípios de Yogyakarta, que são
Idoso (Lei nº 10.741/2003), que entrou em vigor no dia 1º de janeiro princípios voltados à aplicação da legislação de direitos humanos
de 2004, em consonância com a já manifestada preocupação
em todo o planeta em relação à diversidade sexual e à identidade
brasileira em conferir proteção específica aos direitos dos idosos.
de gênero, delimitando a igualitária aplicação dos direitos humanos
Não se pode perder de vista, ainda, o texto constitucional, que
consagrados a pessoas que se encaixem em grupos com sexualidade
no título VII (Ordem Social) traz no capítulo VII a proteção da Família,
diferenciada. Outro documento a respeito que assume relevância é
da Criança, do Adolescente, do Jovem e do Idoso, sem prejuízo da
a Declaração condenando violações dos direitos humanos com base
menção ao direito à assistência social feita anteriormente no artigo
na orientação sexual e na identidade de gênero, de 18 de dezembro
203, V.
de 2008. O Brasil estava presente quando tal Declaração foi aceita
Direitos da pessoa com deficiência pela Assembleia Geral da ONU e votou a favor, tratando-se assim de
A proteção à pessoa com deficiência é uma discussão de documento corroborado pelo país no âmbito internacional.
grande relevância na atualidade, à luz dos Direitos Humanos. A Pode-se dizer que a maior conquista no âmbito interamericano
preocupação com a proteção das pessoas com deficiência e a eficácia é a recente Convenção Interamericana contra Toda Forma de
desse caráter protetivo no plano nacional e internacional tornou-se Discriminação e Intolerância, de 5 de junho de 2013 (ainda não
constante. No Brasil e no mundo, a eficácia e a aplicabilidade da incorporada ao ordenamento interno brasileiro, mas já assinada
proteção às pessoas com deficiência dependem, principalmente, da pelo Brasil), que pode ser considerado o primeiro documento
efetividade da inclusão social, dever não só do Estado, mas também internacional juridicamente vinculante a expressamente condenar
de toda a sociedade. É na integração entre Estados, que vemos a discriminação baseada em orientação sexual, identidade e
surgir medidas mais eficazes de combate às desigualdades. expressão de gênero.
Há quatro fases históricas no desenvolvimento dos direitos
humanos da pessoa com deficiência: Proteção da população em situação de rua e sem teto
a) Fase da intolerância: a deficiência simbolizava impureza, Situação extremamente delicada é a da chamada população
pecado ou castigo divino; em situação de rua. Trata-se de grupo populacional que possui
b) Fase da invisibilidade: ignorava-se a existência das pessoas em comum a pobreza extrema, assim como os vínculos familiares
com deficiência e de seus direitos; interrompidos ou fragilizados. Seja por conta da constante – e grave
c) Fase assistencialista: pautada na perspectiva médica e – crise econômica dos tempos atuais, e/ou do déficit de moradia, e/
biológica de que era preciso encontrar uma cura para a deficiência, ou tendo em vista conflitos pessoais (como questões familiares ou
que era exclusivamente vista como enfermidade; vícios em drogas), não se pode fechar os olhos para um problema
d) Fase humanista: orientada pelo paradigma dos direitos cada vez maior, notadamente nos grandes e médios centros
humanos, na qual emergiram os direitos à inclusão social, com urbanos.
ênfase na relação da pessoa com deficiência e do meio em que ela Em termos normativos internacionais, é fraca a proteção da
se insere, além da necessidade de eliminar obstáculos e barreiras população em situação de rua, destacando-se relatório sobre uma
(culturais, físicos ou sociais) que possam ser superados. habitação adequada como elemento integrante do direito a um
nível de vida adequado e sobre o direito de não discriminação a
Destaca-se a inovação promovida pela Convenção da este respeito, preparado em cumprimento à Res. nº 25/17 do
ONU, que reconhece a deficiência como resultado da interação aludido Relatório propõe, inclusive, um enfoque tridimensional:
entre indivíduos e seu meio ambiente, não residindo apenas A 1ª dimensão se refere à ausência de moradia – a ausência
intrinsecamente no indivíduo. tanto do aspecto material de uma habitação minimamente
Internacionalmente, três documentos merecem destaque, adequada quanto do aspecto social de um lugar seguro, para
quais sejam: Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos estabelecer uma família ou relações sociais, e participar da vida em
das Pessoas com Deficiência, de 9 de dezembro de 1975, comunidade.
115
DIVERSIDADE E INCLUSÃO NA SOCIEDADE
A 2ª dimensão considera a situação de rua como uma forma b) Todo ato que tenha por objeto ou consequência alhear-lhes
de discriminação sistêmica e de exclusão social, e reconhece que a suas terras, territórios ou recursos;
privação de um lar dá lugar a uma identidade social através da qual c) Toda forma de mudança forçada de local de povoado que
as pessoas em situação de rua formam um grupo social sujeito à tenha por objeto ou consequência a violação ou o menosprezo de
discriminação e estigmatização. qualquer de seus direitos;
A 3ª dimensão reconhece as pessoas em situação de rua como d) Toda forma de assimilação ou integração forçadas;
titulares de direitos que são resilientes na luta pela sobrevivência e e) Toda forma de propaganda que tenha como fim promover ou
dignidade. Com uma compreensão única dos sistemas que negam incitar à discriminação racial ou étnica dirigida contra eles.
seus direitos, deve-se reconhecer as pessoas em situação de rua
como agentes centrais da transformação social necessária para a O sentido do artigo 8º é aprofundado nos artigos 10, 11, 12,
realização do direito a uma moradia adequada. 13, 14, 15, 16, 24, 25, 26, 31, 32, 33, 34, 35, que conferem direitos
Internamente, o Decreto nº 7.053 de 23 de dezembro de 2009, específicos culturais, religiosos, medicinais, territoriais, de ensino,
institui a Política Nacional para a População em Situação de Rua e de autoadministração e outros aos indígenas. No mais, enquanto
seu Comitê Intersetorial de Acompanhamento e Monitoramento, no artigo 8º garante-se a cultura, no artigo 9º garante-se o direito
dentre outras providências. de pertencer a uma comunidade. Nos termos dos artigos 18,
19, 23 e 27, assegura-se a representação política, notadamente
Proteção da população sem-terra participando de decisões que envolvam a comunidade indígena.
O Brasil é um dos países com maior concentração de terras do Portanto, o desenvolvimento social também é um direito,
mundo, onde se encontram os maiores latifúndios. A concentração que deve ser garantido sem discriminações, permitindo o
de terras deriva da exploração portuguesa no Brasil, com a melhoramento das condições econômicas e sociais, em áreas
escravidão e a monocultura voltada à exportação. Esse perfil de como educação, emprego, capacitação e adaptações profissionais,
ocupação de nossas terras gerou profundas raízes de desigualdade moradia, saneamento, saúde e seguridade social (artigo 21, DDPI).
social sentidas até hoje. Necessidades especiais de seus grupos vulneráveis, como idosos,
A proteção à população sem terra tem suas bases nos valores mulheres e crianças também devem ser respeitadas (artigo 22,
da solidariedade e do humanismo ante ao legado histórico da classe DDPI).
trabalhadora. A respeito da retirada de povos indígenas de suas terras
Nacionalmente o Brasil dispõe do Estatuto da Terra, que regula originais, embora seja colocada como exceção, pode ocorrer, caso
os direitos e obrigações concernentes aos bens imóveis rurais, para em que o povo local deve ser ouvido e em que é preciso garantir
os fins de execução da Reforma Agrária e promoção da Política a justa indenização (justa, imparcial e equitativa), que poderá
Agrícola. O uso da terra decorre do direito de propriedade e da ser paga em terras, territórios e recursos de igual qualidade aos
necessidade de esta atender à sua função social. Busca-se pela tomados (artigo 28, DDPI).
reforma agrária para que as terras do Estado não permaneçam As comunidades indígenas não devem ficar isoladas e alheias
improdutivas em grandes latifúndios, enquanto pequenos aos acontecimentos fora de seu âmbito, mesmo os que envolvam
produtores se vêm privados de sua subsistência. decisões estatais. Neste sentido, o artigo 36 volta-se ao direito
de manter e desenvolver contatos, relações e cooperação e suas
Proteção da população indígena atividades; o artigo 37 reforça questões sobre a possibilidade de
O direito de autodeterminação ou livre determinação dos celebrar tratados, acordos e pactos; o artigo 39 traz o direito à
povos indígenas está embasado nos postulados da igualdade, da assistência financeira e técnica; o artigo 40 trata dos procedimentos
liberdade e da fraternidade, e encontra embasamento no Direito para solucionar controvérsias que surjam etc. Reforça-se nos
Internacional, em especial no sistema internacional de proteção demais dispositivos a necessidade de adotar medidas para garantir
aos direitos humanos a garantir o desenvolvimento humano global. todos estes direitos.
A Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Nacionalmente, Constituição de 1988 pode ser considerada
Indígenas foi aprovada pela Assembleia da ONU em 07 de setembro um marco na conquista e garantia de direitos pelos indígenas no
de 2007. Brasil, por garantir o respeito e a proteção à cultura das populações
No artigo 1º é trazida a fórmula genérica que garante aos originárias, direitos esses expressos em capítulo específico do
indígenas, como povos ou pessoas, o desfrute pleno dos direitos Título Da Ordem Social, com preceitos que asseguram o respeito
humanos e liberdades fundamentais. O ideário da igualdade de à organização social, aos costumes, às línguas, crenças e tradições,
direitos e liberdades é reforçado pelo artigo 2º e pelos artigos 3º e além de estabelecer como obrigação da União, a proteção e a
4º (estes focados no direito à autodeterminação). Em seguimento, demarcação das terras indígenas.
garantem-se os direitos políticos no artigo 5º e o direito à
nacionalidade no artigo 6º. Outros direitos humanos são reforçados Proteção dos negros e quilombolas
no artigo 7º. Muito embora a sociedade brasileira seja pluralista e altamente
O artigo 8º tem o seguinte teor: miscigenada, ainda são comuns os casos de preconceito racial e
1. Os povos e as pessoas indígenas têm direito a não sofrer a étnico, o que coloca pessoas como negros, índios, quilombolas e
assimilação forçada ou a destruição de sua cultura. membros de grupos étnicos minoritários em geral na situação de
2. Os Estados estabeleceram mecanismos eficazes para a vulnerabilidade que assegura uma especial proteção sob o viés da
prevenção e o ressarcimento de: igualdade material.
a) Todo ato que tenha por objeto ou consequência privar Há diversos documentos internacionais específicos voltados
aos povos e as pessoas indígenas de sua integridade como povos à proteção deste grupo vulnerável, destacando-se: Declaração
distintos ou de seus valores culturais ou sua identidade étnica; das Nações Unidas sobre a Eliminação de Todas as Formas de
116
DIVERSIDADE E INCLUSÃO NA SOCIEDADE
Discriminação Racial, de 20 de novembro de 1963; Convenção países. Internacionalmente, o Alto Comissariado das Nações Unidas
Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de para os Refugiados – ACNUR é um órgão das Nações Unidas criado
Discriminação Racial, de 21 de dezembro de 1965 (Decreto nº pela Resolução nº 428 da Assembleia da ONU em 14 de dezembro
65.810 de 8 de dezembro de 1969); e, recentemente, a Convenção de 1950 para dar apoio e proteção a refugiados de todo o mundo.
Interamericana contra o Racismo, a Discriminação Racial e Formas Ainda internacionalmente a Convenção das Nações Unidas sobre o
Correlatas de Intolerância, de 5 de junho de 2013 (ainda não Estatuto dos Refugiados ou Convenção de Genebra de 1951 e seu
incorporada ao ordenamento interno brasileiro, mas já assinadas Protocolo relativo ao Estatuto dos Refugiados de 1967 constituem
pelo Brasil). os principais instrumentos internacionais estabelecidos para a
O racismo é a manifestação de um preconceito racial proteção dos refugiados e asseguram, que qualquer pessoa, em
em determinadas situações e constitui crime inafiançável e caso de necessidade, possa exercer o direito de procurar e de
imprescritível, previsto na Lei 7.716/1989. Diferencia-se do crime de gozar de refúgio em outro país, sendo altamente reconhecidos
injúria racial, previsto no art. 140, § 3º do Código Penal brasileiro. internacionalmente.
O Brasil é reconhecido internacionalmente como um país
Os povos quilombolas tolerante e aberto aos imigrantes e refugiados. O Brasil assinou
Os quilombolas são pessoas das comunidades formadas por a Convenção de Genebra em 1952, relativa ao Estatuto dos
descendentes de africanos que fugiram da escravidão durante Refugiados, aprovada pelo Decreto Legislativo nº 11, de 1960
o período colonial – os quilombos, onde ao longo dos anos e promulgada pelo Decreto nº 50.215/1961 e o Protocolo de
conseguiram preservar algumas de suas tradições e costumes. Nova York de 1967, recepcionado pelo Decreto nº 70.946/1972 e
A população quilombola no Brasil é de 1,32 milhão de pessoas, retificado pelos Decretos 98602/1989 e 99757/1990. Internamente,
ou 0,65% do total de habitantes do país e assim como os indígenas, a nova Lei de Migração – Lei 13.455/2017 revogou o antigo Estatuto
tem o seu direito à terra reconhecido na Constituição Federal, do Estrangeiro, Lei 6815/1980. O referido dispositivo é pautado
que também prevê a obrigação do Estado de demarcar e titular pelo princípio da não-discriminação.
as terras ocupadas por essas comunidades. A Lei nº 12.288/2010, É importante mencionar que nem todo imigrante possui o
conhecida como Estatuto da Igualdade Racial trata especificamente status de refugiado e asilo político (individual) é diferente de
dos quilombolas e estabelece estabelece diretrizes e políticas Refúgio (coletivo).
públicas para a promoção da igualdade racial. A legislação que No Brasil, o mecanismo do Refúgio é regido pela Lei 9.474/1997,
trata especificamente dos quilombolas é a Lei nº 12.288/2010, que estabelece todo o procedimento para a determinação,
conhecida como Estatuto da Igualdade Racial. Essa lei estabelece cessação e perda da condição de refugiado, os direitos e deveres
diretrizes e políticas públicas para a promoção da igualdade dos solicitantes de refúgio e refugiados, bem como soluções
racial no Brasil, incluindo medidas de proteção e promoção dos duradouras para essa população.
direitos dos povos quilombolas, com o objetivo promover o Portanto, não se deve confundir o asilo político, direito
desenvolvimento sustentável dessas comunidades, garantindo- individual, requerido e outorgado caso a caso, com o moderno
lhes acesso a serviços básicos, como saúde, educação, saneamento ramo do direito dos refugiados, que trata de fluxos maciços de
básico e infraestrutura, além da criação de políticas de reparação populações deslocadas. Ambos institutos podem ocasionalmente
para os povos quilombolas, como ações afirmativas e programas coincidir, já que cada refugiado pode requerer o asilo político
de inclusão social e econômica. Essas medidas visam compensar individualmente (BRASIL, 2020).
os séculos de discriminação e exclusão enfrentados por essas
comunidades.
QUESTÕES
Proteção dos imigrantes e refugiados
Refugiado é todo aquele que sofre algum tipo de perseguição
em seu país de origem numa situação de guerra e busca asilo em 1. Qual lei brasileira define os crimes resultantes de preconcei-
outro país. to de raça e cor?
(A) Lei nº 10.741/2003 - Estatuto do Idoso.
Imigrante é todo aquele que sai de seu país de origem e vai (B) Lei nº 11.340/2006 - Lei Maria da Penha.
para outro em busca de melhores condições de vida. (C) Lei nº 7.716/1989.
Em ambos casos, são pessoas em locais que não são comuns (D) Lei nº 12.288/2010 - Estatuto da Igualdade Racial.
a elas, convivendo com a população local já habituada. Episódios
envolvendo xenofobia e desigualdade no acesso a direitos são, 2. O que define o Racismo Institucional?
infelizmente, comuns. Cabe ao Estado propiciar que imigrantes (A) Práticas de discriminação em ambientes educacionais.
e refugiados gozem de igual proteção jurídica aos seus direitos (B) Desigualdade na distribuição de serviços, benefícios e opor-
fundamentais. Segundo a ONU, a questão dos refugiados nos tunidades pelas instituições e organizações.
remete à pior crise humanitária do século. (C) Discriminação contra indivíduos em espaços públicos.
O refúgio e a migração não trazem em si o terrorismo e (D) Ofensa à liberdade de expressão religiosa.
necessariamente o agravamento dos problemas sociais. Tal
perspectiva seria totalmente contrária aos preceitos de cidadania e 3. Como o STF classificou as condutas homofóbicas e transfóbi-
acolhimento para com outros povos. cas no contexto dos crimes de preconceito?
Em 1948, a Declaração dos Direitos Humanos da ONU (A) Como crimes inafiançáveis e imprescritíveis.
reconheceu como direito humano a possibilidade de as pessoas (B) Como expressões de racismo, ajustando-se aos preceitos da
fugirem de situações de guerra e fome e migrarem para outros Lei nº 7.716/1989.
117
DIVERSIDADE E INCLUSÃO NA SOCIEDADE
______________________________________________________
GABARITO ______________________________________________________
_____________________________________________________
1 D
_____________________________________________________
2 B
______________________________________________________
3 B
4 B ______________________________________________________
5 B ______________________________________________________
118
EIXO TEMÁTICO 1 -
GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
119
EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
A diferença entre eles se refere ao nível hierárquico em que são elaborados, a abrangência em relação às unidades e o período para o
qual se referem, como está resumido no quadro a seguir:
Planejamento Estratégico: O planejamento estratégico é aquele que define as estratégias de longo prazo da empresa. Esse planeja-
mento contribui na definição da visão, missão e valores da organização. Também colabora com a concepção dos objetivos (metas), e da
análise dos fatores internos e externos da companhia. O planejamento estratégico é o mais amplo dos três e abrange toda a organização.
Ele é de longo prazo e será responsável por nortear a empresa como um todo. O planejamento começa aqui. No geral, podemos resumi-lo
como um processo gerencial que possibilita estabelecer o rumo a ser seguido pela empresa, com vistas a obter um nível de otimização na
relação da empresa com o seu ambiente.
O planejamento estratégico é um processo permanente e contínuo, sendo sempre voltado para o futuro. Ele visa a racionalidade das
tomadas de decisão e a alocação dos recursos organizacionais da forma mais eficiente possível, o que acaba gerando mudanças e inovações
na companhia. Em sua maioria, as decisões estratégicas da empresa são tomadas pelos proprietários, CEO, presidente, diretoria, porém,
dependendo da forma como a organização concebe seus processos. É importante lembrar que os ocupantes de cargos estratégicos devem
evitar ao máximo atividades administrativas de nível tático e atividades de execução de nível operacional. Importante salientar que ele deve
ser constantemente revisto e atualizado, não pode ficar defasado por ser de longo prazo e não deve apenas ficar guardado na gaveta.
O planejamento estratégico apresenta cinco características fundamentais:
1. O planejamento estratégico está relacionado com a adaptação da organização a um ambiente mutável. Está voltado para as
relações entre a organização e seu ambiente de tarefa. Portanto, sujeito à incerteza a respeito de eventos ambientais. Por se defrontar
com a incerteza, tem suas decisões baseadas em julgamentos e não em dados concretos. Reflete uma orientação externa que focaliza as
respostas adequadas às forças e pressões que estão situadas do lado de fora da organização.
2. O planejamento estratégico é orientado para o futuro. Seu horizonte de tempo é o longo prazo. Durante o curso do planejamento,
a consideração dos problemas atuais é dada apenas em função dos obstáculos e barreiras que eles possam provocar para um desejado
lugar no futuro. É mais voltado para os problemas do futuro do que daqueles de hoje.
3. O planejamento estratégico é compreensivo. Ele envolve a organização como uma totalidade, abarcando todos os seus recursos,
no sentido de obter efeitos sinergísticos de todas as capacidades e potencialidades da organização. A resposta estratégica da organização
envolve um comportamento global, compreensivo e sistêmico.
4. O planejamento estratégico é um processo de construção de consenso. Dada a diversidade dos interesses e necessidades dos par-
ceiros envolvidos, o planejamento oferece um meio de atender a todos eles na direção futura que melhor convenha a todos.
5. O planejamento estratégico é uma forma de aprendizagem organizacional. Como está orientado para a adaptação da organização
ao contexto ambiental, o planejamento constitui uma tentativa constante de aprender a ajustar-se a um ambiente complexo, competitivo
e mutável. O planejamento estratégico se assenta sobre três parâmetros: a visão do futuro, os fatores ambientais externos e os fatores
120
EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
organizacionais internos. Começa com a construção do consenso divididas em políticas de atendimento ao cliente, de pós-vendas, de
sobre o futuro que se deseja: é a visão que descreve o mundo em assistência técnica, de garantia etc. Em cada política, a organização
um estado ideal. A partir daí examinam-se as condições externas do especifica como os funcionários deverão se comportar frente ao
ambiente e as condições internas da organização. seu conteúdo.
Planejamento Tático: O planejamento tático é aquele que faz Planejamento Operacional: O planejamento operacional é a
a intermediação entre o nível estratégico e o operacional. Geral- formalização dos objetivos e procedimentos, ou seja, a implemen-
mente, o planejamento tático é projetado a médio prazo e abrange tação das ações previamente desenvolvidas e estabelecidas pelos
cada unidade da organização, ele traduz e interpreta as decisões baixos níveis de gerência (nível tático). Tem como principal finali-
do planejamento estratégico e os transforma em planos concretos dade desdobrar os planos táticos de cada departamento em planos
dentro das unidades da empresa. Cada unidade, em específico, pro- operacionais para cada tarefa. É de conhecimento mútuo que o pla-
cura atingir seus próprios objetivos, que varia desde otimizar deter- nejamento operacional possui um curto alcance (o menor dos três
minada área de resultado até utilizar de modo eficiente os recursos níveis de planejamento), estando diretamente ligado com a área
disponíveis. técnica de execução de um determinado plano de ação.
O planejamento tático também integra a estrutura da organi- Podemos dizer, que ele envolve cada tarefa ou atividade de
zação para fazer frente aos desafios estratégicos, desdobrando os forma isolada, preocupando-se com o alcance de metas bastante
objetivos institucionais em objetivos departamentais. No geral, específicas. O planejamento operacional ajuda a colocar em prática
os integrantes desse nível devem se apropriar da estratégia para os planos táticos de cada setor da empresa, criando condições para
desdobrá-la em ações concretas nas suas áreas e processos ou sub a realização mais adequada dos trabalhos diários que são executa-
processos de atuação. É o nível da gerência média ou intermediária, dos dentro da organização. Uma de suas principais características
estando aqui os supervisores, diretores de cada área da empresa, é a formalização, principalmente, por meio das metodologias esta-
etc. Podemos dizer que o plano tático tem por finalidade especificar belecidas e formalmente designadas em documentos corporativos.
de que modo o seu setor, processo ou projeto ajudará a alcançar os É importante lembrar que, cada planejamento operacional deve
objetivos gerais da organização. Deve traduzir, transmitir de forma conter: os recursos necessários para sua implantação, os procedi-
clara ao nível operacional o que deve ser realizado. mentos básicos a serem adotados, os resultados esperados, prazos
Os planos táticos geralmente envolvem: estabelecidos e os responsáveis pela sua execução. Como resultado
1. Planos de produção. Envolvendo métodos e tecnologias ne- da etapa de Planejamento Operacional geralmente obtemos Planos
cessárias para as pessoas em seu trabalho, arranjo físico do traba- de Ações e Cronogramas das atividades que precisam ser desenvol-
lho e equipamentos como suportes para as atividades e tarefas. vidas dentro do período de tempo que está sendo planejado.
2. Planos financeiros. Envolvendo captação e aplicação do di- Apesar de serem heterogêneos e diversificados, os planos ope-
nheiro necessário para suportar as várias operações da organização. racionais podem ser classificados em quatro tipos, a saber:
3. Planos de marketing. Envolvendo os requisitos de vender e 1. Procedimentos: São os planos operacionais relacionados
distribuir bens e serviços no mercado e atender ao cliente. com métodos (ex: Fluxogramas / Lista de Verificação)
4. Planos de recursos humanos. Envolvendo recrutamento, 2. Orçamentos: São os planos operacionais relacionados com
seleção e treinamento das pessoas nas várias atividades dentro dinheiro (ex: Fluxo de caixa)
da organização. Recentemente, as organizações estão também se 3. Programas (ou programações): São os planos operacionais
preocupando com a aquisição de competências essenciais para o relacionados com o tempo (ex: Cronograma / Gráfico de Gannt /
negócio através da gestão do conhecimento corporativo. Contudo, PERT)
os planos táticos podem também se referir à tecnologia utilizada 4. Regulamentos: São os planos operacionais relacionados
pela organização (tecnologia da informação, tecnologia de produ- com comportamentos das pessoas.
ção etc.), investimentos, obtenção de recursos etc.
Toda empresa precisa planejar seu futuro. Assim, Oliveira
Políticas: As políticas constituem exemplos de planos táticos (1998) define o planejamento estratégico como uma metodologia
que funcionam como guias gerais de ação. Elas funcionam como gerencial que permite estabelecer a direção a ser seguida pela or-
orientações para a tomada de decisão. Geralmente refletem um ganização, visando ao melhor grau de interação com o ambiente,
objetivo e orienta as pessoas em direção a esses objetivos em si- considerando a capacitação da organização para este processo de
tuações que requeiram algum julgamento. As políticas servem para adequação. Este é de grande valia para o administrador, tendo em
que as pessoas façam escolhas semelhantes ao se defrontarem vista o alcance da otimização da empresa; mas, ao mesmo tempo,
com situações similares. As políticas constituem afirmações genéri- é necessário haver um esforço para se antecipar aos possíveis pro-
cas baseadas nos objetivos organizacionais e visam oferecer rumos blemas, bem como estar capacitado para usufruir as oportunidades
para as pessoas dentro da organização. As políticas definem limites que poderão surgir.
ou fronteiras dentro dos quais as pessoas podem tomar suas deci-
sões. Nesse sentido, as políticas reduzem o grau de liberdade para O Planejamento Estratégico (PE) se trata de uma técnica de or-
a tomada de decisão das pessoas. As organizações definem uma ganização que procura definir qual a melhor maneira (estratégia) de
variedade de políticas, como de recursos humanos, de vendas, de se atingir um objetivo.
produção, de crédito etc.
Cada uma dessas políticas geralmente é desdobrada em polí- De acordo com Hitt, Ireland e Hoskisson3, o planejamento estra-
ticas mais detalhadas. As políticas de recursos humanos são divi- tégico deve considerar a análise do ambiente interno e externo para
didas em políticas de seleção, de remuneração, de benefícios, de ter as informações de que precisa para formar uma missão e uma
treinamento, de segurança, de saúde etc. As políticas de vendas são 3 Hitt, Ireland e Hoskisson. Administração Estratégica: competitividade e globali-
121
EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
visão. Os stakeholders (partes interessadas, aqueles que afetam ou são afetados pelo desempenho de uma empresa) aprendem muito
sobre uma empresa analisando a sua visão e missão. Na verdade, uma das finalidades-chave das declarações de missão e visão é informar
aos stakeholders o que a empresa é, o que pretende realizar e a quem pretende atender; outra finalidade é fornecer as diretrizes estraté-
gicas para que a empresa formule seu planejamento estratégico.
Os Planejamentos Tático e Operacional fazem parte do Planejamento Estratégico de uma empresa, e são uma metodologia gerencial
que permite estabelecer a direção a ser seguida pela Organização, visando a um maior grau de interação com o ambiente.
As várias definições trazem em comum que a estratégia (1) estabelece os objetivos, (2) o caminho a ser seguido para alcançá-los, (3)
levando em consideração o ambiente em que a organização está inserida.
A diferença entre eles se refere ao nível hierárquico em que são elaborados, a abrangência em relação às unidades e o período para o
qual se referem - como está resumido na figura a seguir:
Planejamento estratégico
É aquele que define as estratégias de longo prazo da empresa. Esse planejamento contribui na definição da visão, missão e valores
da organização. Também colabora com a concepção dos objetivos (metas) e da análise dos fatores internos e externos da companhia. O
planejamento estratégico é o mais amplo dos três e abrange toda a organização. Ele é de longo prazo e será responsável por nortear a em-
presa como um todo. O planejamento começa aqui. Em geral, podemos resumi-lo como um processo gerencial que possibilita estabelecer
o rumo a ser seguido pela empresa, com vistas a obter um nível de otimização na relação dela com o seu ambiente.
O planejamento estratégico é um processo permanente e contínuo, sendo sempre voltado para o futuro. Ele visa à racionalidade das
tomadas de decisão e a alocação dos recursos organizacionais da forma mais eficiente possível, o que acaba gerando mudanças e ino-
vações na companhia. Em sua maioria, as decisões estratégicas da empresa são tomadas pelos proprietários, CEO, presidente, diretoria,
porém dependendo da forma como a organização concebe seus processos. É importante lembrar que os ocupantes de cargos estratégicos
devem evitar - ao máximo - atividades administrativas de nível tático e execução de nível operacional. Importante salientar que o planeja-
mento deve ser constantemente revisado e atualizado, não pode ficar defasado por ser de longo prazo e não deve apenas ficar guardado
na gaveta.
Vamos acompanhar as etapas para a operacionalização do planejamento estratégico.
zação. 2. ed. São Paulo: Tomson Learning, 2008.
122
EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
123
EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
Esfera de segmento de mercado: Para qual público comerciali- organização. Podem ser definidos como princípios que guiam a vida
zar? Um público com maior ou menor poder aquisitivo? da organização, tendo um papel tanto de atender seus objetivos
Esfera de competências: Quais são as melhores competências quanto de atender às necessidades de todos aqueles a sua volta.
dessa empresa? É uma empresa em que seu melhor é a inovação São elementos motivadores que direcionam as ações das pes-
tecnológica, a qualidade? soas na organização, contribuindo para a integração e a coerência
Esfera vertical: A empresa produz desde a matéria-prima até o do trabalho. Formação de estratégia, análise, formulação, formali-
produto final e a distribuição ou apenas distribui? zação, decisão e implementação.
Fiat -Fiat
Desenvolver, produzir e comercializar carros e serviços que as Satisfação do cliente
pessoas prefiram comprar e tenham orgulho de possuir, garantindo Ele é a razão da existência de qualquer negócio.
a criação de valor e a sustentabilidade do negócio. Valorização e respeito às pessoas
São as pessoas o grande diferencial que torna tudo possível.
HSBC Atuar como parte integrante do Grupo Fiat
Garantir a excelência na entrega de produtos e serviços finan- Juntos nossa marca fica muito mais forte.
ceiros, maximizando valor para clientes e acionistas. Responsabilidade social
É a única forma de crescer em uma sociedade mais justa.
Gerdau Respeito ao Meio Ambiente
Gerar valor para nossos clientes, acionistas, equipes e a socie- É isso que nos dá a perspectiva do amanhã.
dade, atuando na indústria do aço de forma sustentável.
-HSBC
VISÃO ORGANIZACIONAL Nossa conduta deve refletir os mais altos padrões de ética;
Refere-se àquilo que a empresa deseja ser no futuro. A Visão Nossa comunicação deve ser clara e precisa;
deve apresentar um quadro descritivo do que a empresa deverá ser Nosso gerenciamento deve ser em equipe, consistente e fo-
no futuro. cado;
Nosso relacionamento com clientes e colaboradores deve ser
A Visão é útil para: transparente e baseado na responsabilidade e confiança entre as
- esclarecer a todos os stakeholders a direção do negócio; partes.
- descrever uma condição futura (aonde a empresa quer che-
gar); -Gerdau
- motivar os interessados e envolvidos a tomarem as ações ne- Ter a preferência do CLIENTE
cessárias; SEGURANÇA das pessoas acima de tudo
- oferecer o foco; PESSOAS respeitadas, comprometidas e realizadas
- incentivar as pessoas a trabalharem em direção a um estado EXCELÊNCIA com SIMPLICIDADE
comum e a um conjunto interligado de objetivos. Foco em RESULTADOS
INTEGRIDADE com todos os públicos
Exemplos de Visão: SUSTENTABILIDADE econômica, social e ambiental
Fiat OBS: Para resumir os pontos principais do que foi exposto, te-
Estar entre os principais players do mercado e ser referência de mos que:
excelência em produtos e serviços automobilísticos.
Missão: É o propósito de a empresa existir. É sua razão de ser.
HSBC Visão: É a situação em que a empresa deseja chegar (em perí-
Ser o melhor grupo financeiro do Brasil em geração de valor odo definido de tempo).
para clientes, acionistas e colaboradores. Valores: são os ideais de atitude, comportamento e resultados
que devem estar presentes nos colaboradores e nas relações da
Gerdau empresa com seus clientes, fornecedores e parceiros.
Ser global e referência nos negócios em que atua.
É nessa etapa em que objetivos e metas são traçadas de acordo
VALORES com um período pré-determinado.
Valores são crenças, costumes e ideias em que a maioria das
pessoas da organização acredita. Permeiam todas as atividades e Objetivos Estratégicos
relações existentes na organização e desta com os clientes. Cons- No âmbito coorporativo, a definição de metas e objetivos está
tituem uma fonte de orientação e inspiração no local de trabalho. diretamente relacionada com o planejamento estratégico das orga-
Os valores incidem nas convicções que fundamentam as escolhas nizações, em que definições claras de objetivo precisam existir para
por um modo de conduta tanto de um indivíduo quanto em uma direcionarem os rumos da instituição, dando sustentabilidade a ela.
124
EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
A principal razão de se escrever os objetivos e as metas do ne- Alguns exemplos de metas estratégicas:
gócio é procurar adequar e orientar o caminho a ser seguido para - Aumentar a satisfação dos clientes em 30%;
que a empresa esteja cumprindo sua Missão em direção à sua Vi- - Reduzir os custos produtivos em 20%;
são. - Elevar o índice de capacitação dos funcionários em 25%.
125
EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
Oportunidades - são fatores externos que podem beneficiar a empresa (crescimento econômico do país, a quebra de uma empresa
rival etc).
Diante do conhecimento dos pontos fortes ou fracos, e das oportunidades e ameaças a organização, esta pode adotar estratégias que
visem buscar sua sobrevivência, manutenção ou seu desenvolvimento.
4Q1POC5
O que é e como Usar - Para auxiliar no planejamento das ações que for desenvolver, pode-se utilizar um quadro chamado 4Q1POC,
que é uma ferramenta utilizada para planejar a implementação de uma solução, sendo elaborado em resposta às questões a seguir:
Utilizando esse quadro é possível visualizar a solução adequada de um problema, com possibilidades de acompanhamento da execu-
ção de uma ação. Quando for usar o quadro, é necessário definir qual a ação a ser implementada.
Plano de Ação
Ação:________________________________
Responsável geral: ____________________
OBS: Veja que o nome desta técnica faz referência às palavras usadas para o auxílio do planejamento da ação. Outro ponto importan-
te: é comum encontrar - tratando da mesma técnica em sua sigla em inglês - com o nome de “5W2H”.
O QUE WHAT
QUANDO WHEN
QUEM WHO
ONDE WHERE
POR QUE WHY
COMO HOW
126
EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
Os indicadores nos permitem manter, mudar ou abortar o rumo Sigma10 é uma medida de variação estatística. Quando aplicada
de nossas ações, de processos empresarias, de atividades, etc. São a um processo organizacional, ela se refere à frequência com que
ferramentas de gestão ligadas ao monitoramento e auxiliam no determinada operação ou transação, utiliza mais do que os recursos
desenvolvimento de qualquer tipo de empresa. Alto desempenho mínimos para satisfazer o cliente. A maioria das organizações está
atrai o sucesso; baixo desempenho leva à direção oposta. no nível “4-sigma”, o que significa mais de 6 mil defeitos por 1 mi-
Tudo que for crítico para uma empresa deve ser monitorado, lhão de oportunidades. Isso representa 6 mil produtos defeituosos
medido - não apenas custos, ganhos financeiros ou desperdícios. É em cada 1 milhão de produtos fabricados. Uma organização que
possível medir e monitorar até mesmo coisas abstratas como, por está no nível “6-sigma” registra apenas três defeitos em 1 milhão.
exemplo, a satisfação. Isso se traduz em uma vantagem de custos e, mais importante, faz
Os indicadores de desempenho servem para medir o grau de com que sobrem recursos para serem dirigidos aos processos de
“atingimento” de um objetivo ou de uma meta e, portanto, devem diferenciar uma empresa 6-sigma em relação às demais.
ser expressos em unidade de medidas que sejam as mais significa- O programa 6-sigma utiliza várias técnicas em um metódico
tivas àqueles que vão utilizá-los, seja para fins de avaliação ou para processo passo a passo para atingir metas bem definidas. A princi-
subsidiar a tomada de decisão com base nas informações geradas. pal diferença é que, com o 6-sigma, já não se busca qualidade pela
Dessa forma, as metas estabelecidas definirão a natureza dos indi- qualidade, mas se pretende aperfeiçoar todos os processos de uma
cadores de desempenho8. organização. Na prática, o 6-sigma diferencia-se da Qualidade Total
em quatro áreas básicas:
Um indicador é composto de um número ou percentual - que a.) Maior amplitude da aplicação. A maior parte do TQM se
indica a magnitude (quanto) - e de uma unidade de medida - que dá aplica dentro da área de produção e manufatura, e não no projeto,
ao número ou percentual um significado (o que, quando). finanças, etc. O 6-sigma é para a organização toda. A Motorola afixa
1) Indicadores Estratégicos: Informam o “quanto” a organiza- boletins de tempo de ciclo, dados de defeitos e metas de melhoria
ção se encontra na direção da consecução de sua visão. Refletem o nos refeitórios e banheiros.
desempenho em relação aos fatores críticos para o êxito. b.) Estrutura de implementação mais simples. Os faixas-preta
2) Indicadores de Produtividade (eficiência): medem a propor- se dedicam, inteiramente, à mudança e ficam fora do cotidiano. A
ção de recursos consumidos com relação às saídas dos processos. administração é premiada ou punida pela melhoria dos negócios.
3) Indicadores de Qualidade (eficácia): focam as medidas de sa- c.) Ferramentas mais profundas. Além das ferramentas do
tisfação dos clientes e as características do produto/serviço. TQM, o 6-sigma se aprofunda para descrever a situação atual e pre-
6 Chiavenato, I. Introdução à Teoria Geral da Administração. Editora Elsevier, 7 ver o futuro.
ed., Rio de Janeiro, 2004.
7 Idem. 9 Chiavenato, I. Introdução à Teoria Geral da Administração. Editora Elsevier, 7
8 Texto adaptado do Centro de Referência para Apoio de Novos empreendimentos – ed., Rio de Janeiro, 2004.
Cerne, 2011. 10 Idem.
127
EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
A estatística é a base para uma melhor compreensão de como a capacidade de produção, o alinhamento com as demandas, a lo-
os processos se comportam, um software para auxiliar e um mapa gística e a otimização dos fluxos, assim como a qualidade das infor-
para a aplicação das ferramentas. Este permite esclarecer os pro- mações, da comunicação interna e das interfaces.
blemas e melhorar sua solução. d. Aprendizagem/crescimento organizacional. Para analisar o
d.) Forte vinculação com a saúde (financeira) dos negócios. O negócio sob o ponto de vista daquilo que é básico para alcançar o
6-sigma aborda os objetivos da empresa e se certifica de que todas futuro com sucesso. Considera as pessoas em termos de capacida-
as áreas-chave para a saúde futura da empresa contêm mensura- des, competências, motivação, empowerment, alinhamento e es-
ções quantificáveis com metas de melhoria e planos de aplicação trutura organizacional em termos de investimentos no seu futuro.
detalhados. Essas perspectivas podem ser tantas quanto a organização ne-
cessite escolher em função da natureza do seu negócio, propósitos,
-Quantifica o que é necessário para atingir os objetivos finan- estilo de atuação, etc. O BSC busca estratégias e ações equilibradas
ceiros da organização. em todas as áreas que afetam o negócio da organização como um
todo, permitindo que os esforços sejam dirigidos para as áreas de
O 6-sigma busca a eficácia organizacional em três dimensões maior competência, detectando e indicando as que necessitam da
que devem funcionar conjuntamente: eliminação de incompetências.
É um sistema focado no comportamento e não no controle. Re-
a.) Redução do desperdício – através do conceito de empre- centemente, o BSC passou a ser utilizado para criar organizações
endimento enxuto (lean enterprise), ou esforço de tempo futuro, focadas na estratégia.
redução do ciclo de tempo ou, ainda, eliminação do desperdício do Alinhamento e foco são as palavras de ordem. Aquele significa
sistema, eliminação do que não tem valor para o cliente, imprimin- coerência da organização; este, concentração. O BSC habilita a orga-
do velocidade à empresa. nização a direcionar suas equipes de executivos, unidades de negó-
b.) Redução dos defeitos – é o 6-sigma em si. cios, recursos humanos, tecnologia da informação e recursos finan-
c.) Envolvimento das pessoas - por meio da chamada “arqui- ceiros para sua estratégia organizacional; constrói um contexto para
tetura humana”. que as decisões relacionadas com as operações cotidianas possam
ser alinhadas com a estratégia e a visão organizacional, permitindo
O Balanced Scorecard (BSC) 11 divulgar a estratégia, promover o consenso e o espírito de equipe,
integrar as partes da organização e criar meios para envolver todos
As medidas e indicadores afetam, significativamente, o com- os programas do negócio, catalisar esforços e motivar as pessoas.
portamento das pessoas nas organizações. A ideia predominante
é: o que se faz é o que se pode medir. O que uma organização de- Indicadores e Sistemas de Informações Gerenciais
fine como indicador é o que ela vai obter como resultados. O foco - Os indicadores devem ser definidos de forma a descrever, mi-
dos sistemas e medidas tradicionalmente utilizados nas organiza- nuciosamente, como o atual desempenho se relaciona com a Mis-
ções - como balanço contábil, demonstrativos financeiros, retorno são e a Visão de futuro da organização;
sobre investimento, produtividade por pessoa, etc. - concentra-se, - devem servir de apoio para detectar as causas e os efeitos de
puramente, em aspectos financeiros ou quantitativos – e tenta con- uma ação, e não apenas seus resultados, e podem ser agrupados
trolar comportamentos. Esse controle, típico da Era Industrial, não em categorias que indiquem o grau de controle que a instituição
funciona adequadamente. Torna-se necessário construir um mode- tem sobre eles. Uma avaliação de desempenho deve ter indicado-
lo direcionado para a organização no futuro, colocando as diversas res que meçam - entre outros elementos - a eficácia, eficiência e a
perspectivas em um sistema de contínua monitoração em substitui- qualidade;
ção ao controle. - Um indicador deve ser compreensível, ter aplicação fácil e
abrangente; ser interpretável de forma uniforme (não permitindo
O BSC é um método de administração focado no equilíbrio or- diferentes interpretações); ser compatível com o processo de coleta
ganizacional e se baseia em quatro perspectivas básicas, a saber: de dados existente; ser preciso quanto à interpretação de resulta-
a. Finanças. Para analisar o negócio sob o ponto de vista finan- dos; ser economicamente viável a sua aferição; oferecer subsídios
ceiro. Envolve os indicadores e medidas financeiras e contábeis, para o processo decisório.
que permitem avaliar o comportamento da organização frente a
itens como lucratividade, retorno sobre investimentos, valor agre- Sendo assim, as características de um indicador podem ser re-
gado ao patrimônio e outros indicadores que a organização adote sumidas da seguinte maneira:
como relevantes para seu negócio. - Ser representativo.
b. Clientes. Para analisar o negócio sob o ponto de vista dos - Fácil de entender. A facilidade para que qualquer um tire suas
clientes. Inclui indicadores e medidas como satisfação, participação conclusões a partir de um indicador é fundamental para a sua uti-
no mercado, tendências, retenção de clientes e aquisição de clien- lidade.
tes potenciais, bem como valor agregado aos produtos/serviços, - Testado no campo. Um indicador não tem valor até que prove
posicionamento no mercado, nível de serviços agregados à comu- que realmente funciona.
nidade com os quais os clientes, indiretamente, contribuem, etc. - Econômico. Indicadores que dão trabalho para serem calcula-
c. Processos internos. Para analisar o negócio sob o ponto de dos não funcionam.
vista interno da organização. Inclui indicadores que garantam a qua- - Disponível a tempo. Dados atrasados não representam mais a
lidade dos produtos e processos; analisa a inovação, a criatividade, situação atual. Devem estar disponíveis antes que a situação mude.
- Compatível. Ser compatível com os métodos de coleta dispo-
11 Ibidem. níveis.
128
EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
129
EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
Os gestores são conservadores e analíticos, reagem e adaptam- Estabelecendo a correspondência com a tese de Zaleznik, Rowe
-se aos factos ao invés de transformá-los. Tendem a adoptar atitu- (2001) “ a liderança gestionária está para os gestores como a lide-
des impessoais, calculam as vantagens da competição, negoceiam e rança visionária está para os líderes. Ao contrário de Zaleznik “con-
usam as recompensas e as punições como formas de coação. Estes sidera ainda que os dois papéis são conciliáveis na figura do líder
estão perfeitamente enquadrados na cultura organizacional e lutam estratégico.”
pela optimização dos recursos de modo a alcançarem os resultados
desejados. A importância dos líderes
Para que as organizações possam sobreviver num mercado glo- HARRIS (2001, p.394) “O Papel dos líderes é criar um ambiente
balizado e cada vez mais competitivo têm de ter uma boa gestão. A em que as pessoas se sintam livres para experimentar, exprimir-se
gestão tem que ter a implementação da mudança através da visão com franqueza, tentar novas coisas. Ainda mais importante, o seu
do seu líder de forma a alcançar os resultados previamente defini- papel é o de (…) construir o espaço, remover obstáculos e permitir
dos. Sem uma boa gestão as organizações não conseguirão atingir que os empregados façam o seu trabalho. Um dos objetivos primor-
esses resultados e tornam-se pouco produtivas e competitivas. diais dos líderes deveria ser o de libertar os talentos de cada pessoa
Quer a gestão quer a liderança têm diferentes formas de gerir para benefício delas próprias e da empresa como um todo.”
a sua equipa, através dos diferentes líderes. Esta hipótese é bem Nas organizações é crucial que os líderes sejam pessoas idóne-
acolhida por Rowe (2001), através de um modelo triangular cujos as e sejam um exemplo para toda a equipa, pois sem um bom líder
vértices são a liderança gestionária, a liderança visionária e a lide- não haverá uma boa equipa. É fundamental que exista uma boa
rança estratégica. liderança por parte dos líderes, somente assim a equipa será coesa
e trabalhará afincadamente para o alcance das metas organizacio-
Tipos de liderança nais e dos objetivos conjuntos. Se o objetivo primordial de um líder
é fazer com que os outros o sigam, então é imprescindível que dê
• Líder Gestionário bons exemplos e lhes mostre o caminho a seguir.
O líder gestionário está mais virado para a estabilidade finan- A liderança é um tópico fundamental nas relações de trabalho,
ceira a longo prazo e orientado para os comportamentos de curto os líderes têm de trabalhar no sentido de evitar conflitos laborais e
prazo e baixo custo. O seu relacionamento com as pessoas está in-
proporcionar benefícios para todos.
timamente ligado com os seus papéis no processo de decisão, mas
Por vezes, as incompatibilidades pessoais e profissionais entre
raramente decide com base em valores. Não investe na inovação
os líderes e os liderados, fazem com que surjam conflitos difíceis de
que pode mudar a organização pois falta-lhe visão, iniciativa e cria-
gerir, contribuindo para o insucesso das pessoas e o fracasso das
tividade. Normalmente é reativo e adapta atitudes passivas perante
organizações, dificultando assim o alcance das metas traçadas.
os objetivos, estes centram-se nas necessidades sentidas e não nos
Segundo Russo (2005) “a discussão se os líderes nascem líderes
desejosos ou sonhos.
ou aprendem a sê-lo é longa. Contudo a resposta diz Russo é sim-
ples e direta: as duas afirmações são verdadeiras.”
• Líder Visionário
Já o líder visionário fomenta a mudança, a inovação e a criati- O líder deve ser capaz de criar um ambiente saudável, bem
vidade. É proativo, muda o modo de as pessoas pensarem acerca como interação e dinâmica com toda a equipa de trabalho. É fun-
daquilo que é desejável e necessário. Está orientado para o desen- damental criar desafios e dar autonomia, para que em conjunto se
volvimento das pessoas e para o sucesso das organizações. Normal- implementem e tomem as melhores decisões.
mente decide com base em valores e relaciona-se com as pessoas
de modo intuitivo e empático. Enfatiza a viabilidade de empresa a Estilos de liderança
longo prazo mas os seus sonhos podem ser destruidores da riqueza As organizações, as equipas e as situações variam no tempo e
no curto prazo. no espaço, os líderes também, daí que é bastante comum que o su-
cesso do líder e dos seus seguidores esteja diretamente relacionado
• Líder Estratégico com o estilo de liderança adoptado.
O líder estratégico combina as duas orientações, ou seja, com- White & Lippit (1939) fizeram os primeiros estudos para verifi-
bina as qualidades dos gestores com as dos líderes. Acredita nas car o impacto causado pelas diferentes formas de liderar. Segundo
escolhas estratégicas que fazem a diferença na organização. Essas eles existem essencialmente três estilos de liderança: liderança au-
estratégias devem ter impacto imediato, sendo que as responsa- toritária, liberal e democrática.
bilidades serão a longo prazo. Fomenta o comportamento ético e
as decisões baseadas em valores. Tem elevadas expectativas acerca • Liderança Autoritária
dos seus superiores, colaboradores e dele próprio. Em primeiro lugar aparece a liderança autoritária, “o líder fixa
Podemos então concluir que a liderança estratégica resulta da as diretrizes, sem qualquer participação do grupo”, é ele que fixa
conciliação da liderança visionária e gestionária. todas as diretrizes e determina qual tarefa deve ser realizada, tudo
Alguns indivíduos terão mais aptidão para liderar e outros para tem que ser feito como ele define. (CHIAVENATO, 2003)
gerir, enquanto outros conciliam as duas vertentes. Na liderança autoritária, autocrática ou diretiva o líder foca-
No entanto, muitos líderes podem aprender a gerir e muitos -se apenas nas tarefas e determina técnicas para a execução das
gestores podem melhorar as suas capacidades de liderança. mesmas. O líder toma as decisões individualmente e não considera
a opinião da equipe, ordena e impõe a sua vontade. Este tipo de
liderança provoca tensão e frustração no grupo. O líder tem uma
postura essencialmente diretiva e não dá espaço à criatividade dos
liderados. A sua postura por vezes é paternalista e fica satisfeito por
130
EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
sentir que os outros dependem dele. É rápido na tomada de decisão Teorias da liderança
e os seus objetivos são o lucro e os resultados. Por norma, neste Existem várias teorias de liderança e podem ser classificadas
tipo de liderança as consequências são nefastas, existe ausência de em quatro grupos: teorias de traços de personalidade (até aos anos
espontaneidade e de iniciativa e quando o líder abandona a orga- 40), teorias sobre estilos de liderança/comportamento do líder (até
nização as pessoas sentem-se completamente perdidas pois não aos anos 60), teorias situacionais/contingências da liderança (desde
estavam habituadas a tomar decisões e a terem iniciativa própria. os anos 50 até final da década de 70) e por último as teorias dos
O trabalho só se realiza na presença do líder, pois na sua ausên- traços e do carisma (últimas décadas).
cia o grupo é pouco produtivo e indisciplinado. O líder autoritário
normalmente não delega tarefas, prefere ser ele a executá-las. A • Teoria dos Estilos de Liderança
liderança autoritária apresenta elevados níveis de produção, mas Na Teoria sobre os Estilos de Liderança a preocupação domi-
com evidentes sinais de frustração e agressividade. nante nas várias teorias foi definir o comportamento do líder mais
eficaz. A abordagem dos estilos refere-se não ao que o indivíduo é
• Liderança Liberal mas ao que ele faz, ou seja, o seu estilo de liderar. Aqui destacam-se
A liderança liberal é totalmente inversa à autocrática, “há liber- as maneiras e estilos de comportamento adoptados pelo líder: au-
dade total para as decisões grupais ou individuais, e mínima partici- tocracia, liberalismo e democracia, bem como a liderança centrada
pação do líder.” (CHIAVENATO, 2003) nos resultados da tarefa e a liderança centrada na preocupação com
Na liderança laissez faire ou liberal não há imposição de regras, as pessoas.
parte-se do princípio que o grupo atingiu a maturidade e não ne- Como instrumento de avaliação dos estilos de liderança Black
cessita do líder para o orientar e o supervisionar. Caracteriza-se pela e Mouton (1964), apresentam uma grelha de gestão, que é uma
total liberdade da equipa o líder não interfere na divisão das tarefas tabela de dupla entrada, composta por dois eixos: o eixo vertical
nem na tomada de decisão, quem decide é o próprio grupo. Este é representa a “ênfase nas pessoas” e o eixo horizontal representa
considerado o pior estilo de liderança, uma vez que não há demar- a “ênfase na produção”. Nos quatro cantos e no centro da grelha
cação dos níveis hierárquicos instala-se a confusão, a desorganiza- os autores colocaram os principais estilos de liderança, de acordo
ção, o desrespeito e a falta de um líder com poder e autoridade com a orientação para a tarefa ou para o relacionamento. Segundo
para resolver os conflitos. os autores, é muito importante que cada líder aprenda a observar
Na liderança liberal o líder só participa na tomada de decisão o seu estilo de liderança através da grelha, a fim de melhorar o seu
quando é solicitado pelo grupo, os níveis de produtividade são in- desempenho, contribuindo assim, para o seu desenvolvimento pro-
satisfatórios e existem fortes sinais de individualismo, insatisfação e fissional, bem como para o desenvolvimento da organização.
desrespeito pelo líder. Para Chiavenato (2003, p.124), “São teorias que estudam a li-
derança em termos de estilos de comportamento do líder em rela-
• Liderança Democrática ção aos seus subordinados. A abordagem dos estilos de liderança
No que respeita à liderança democrática, participativa ou con- se refere àquilo que o líder faz, isto é, o seu comportamento de
sultiva, este estilo está voltado para as pessoas e há participação de liderar”.
toda a equipa no processo de decisão. É o grupo que define as téc-
nicas para atingir os objetivos, no entanto o líder tem a responsabi- • Teoria dos Traços e do Carisma
lidade de alertar o grupo para as dificuldades existentes no alcance Nas últimas décadas os psicólogos organizacionais começam a
desses mesmos objetivos. interessar-se pela cultura organizacional e pela mudança cultural.
Segundo, Chiavenato (2003, p.125), “As diretrizes são debati- De acordo com o trabalho de Shein (1989) os líderes têm de ter
das e decididas pelo grupo, estimulado e assistido pelo líder”. capacidades específicas como a paciência, persistência, contenção
O líder envolve todo grupo, pede sugestões e aceita opiniões, da ansiedade, garantir estabilidade e confiança emocional, etc. Da
existe confiança mútua, relações amistosas e muita compreensão. análise de Shein resultam dois importantes conceitos: a liderança
Este estilo de liderança está orientado para as tarefas e para as pes- transformacional e a liderança transacional.
soas. Os grupos submetidos à liderança democrática, apresentam
elevados níveis de produtividade, quer em quantidade quer em • Liderança Transformacional
qualidade. Existe ainda, um clima de satisfação, integração e com- Bass (1985), foi um dos pioneiros nos estudos da liderança
prometimento das pessoas para com a organização. transformacional e transacional, a considerar que a liderança tanto
De acordo com Fachada (1998), “A diferença entre o estilo efi- envolve comportamentos transformacionais como transacionais.
caz e ineficaz não depende unicamente do comportamento do líder, Alguns autores (Barling, Slater e Kelloway, 2000; Judge e Bono,
mas da adequação desses comportamentos ao ambiente onde ele 2000) destacaram exclusivamente o papel da liderança transforma-
desempenha as suas funções.” cional.
A Liderança Transformacional é o tipo de liderança que resul-
O estilo de liderança a adoptar vai depender sobretudo da ta do processo de influenciar as grandes mudanças das atitudes e
equipa a liderar e do seu tamanho. Deverá estar adaptada a cada comportamentos dos membros da organização e o comprometi-
pessoa, à equipa e à tarefa a realizar, só assim se conseguirá a máxi- mento com a missão e os objetivos da organização.
ma eficácia na persecução dos objetivos. Segundo Bass (1985), os líderes transformacionais têm “visão”,
prendem-se às suas convicções internas, têm vontade de encorajar
e olhar os problemas de diferentes formas. Estes líderes são donos
do seu próprio destino e têm talento para atravessar os tempos de
adversidade com sucesso.
131
EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
Bass (1995) descobriu que as três principais características de Conclui-se, que diante das mudanças, o líder deve conciliar os
um líder transformacional são o carisma, reconhecimento e estímu- interesses da organização com os da sua equipa de trabalho, em-
lo de cada seguidor como incentivo intelectual para que os segui- penhando-se afincadamente para proporcionar um ambiente fa-
dores examinem as situações de acordo com novas perspectivas. vorável ao desenvolvimento dos seus liderado, influenciando-os a
O mesmo autor (BASS, 2000, p.297) sustenta que “as qualida- alcançarem os objetivos comuns.
des dos líderes transformacionais são afetadas pelas experiências
de infância (pais zelosos e que estabelecem objetivos desafiantes).
Afirma mesmo que causas hereditárias podem estar na sua origem.” GERENCIAMENTO DE CONFLITOS
Um líder Transformacional consegue que os seus seguidores
prossigam além dos seus próprios interesses e altera ou transforma O conflito é uma realidade presente em qualquer organização
as suas metas em metas de todo o grupo ou da organização. Ele e pode surgir por diversas razões, como diferenças de opiniões,
faz com que os seguidores se envolvam integralmente para que se objetivos divergentes, falta de recursos, entre outras. Quando mal
atinjam os objetivos organizacionais. gerenciado, pode causar impactos negativos na produtividade, na
Segundo Yukl (1999, p.46), “as teorias da liderança carismática e motivação dos funcionários e na reputação da empresa. Por isso,
transformacional contribuem para o nosso entendimento da eficácia é importante que a administração esteja preparada para lidar com
de liderança, mas a sua singularidade e contributo foram exagerados.” conflitos de forma eficiente.
Uma das formas de gerenciar conflitos é através da negociação.
• Liderança Transacional A negociação pode ser definida como um processo de comunicação
A Liderança Transacional baseia-se na relação do líder e do li- entre duas ou mais partes, com o objetivo de chegar a um acordo
derado. O líder conduz e motiva toda a equipa na direção dos obje- que satisfaça os interesses de ambas as partes envolvidas. É uma
tivos estabelecidos. habilidade essencial para a administração, pois permite que os
Segundo Bass (1995), a liderança transacional “envolve a atri- gestores possam resolver conflitos de forma eficiente, evitando
buição de recompensas aos seguidores em troca da sua obediência. desgastes e desentendimentos.
O líder reconhece as necessidades e desejos dos seus colaborado- A negociação pode ser dividida em três fases: preparação,
res, clarificando-lhes como podem satisfazê-las em troca da execu- negociação propriamente dita e fechamento. Na fase de
ção das tarefas e do desempenho.” preparação, os gestores devem identificar as necessidades de cada
Muitas situações de liderança são baseadas num entendimento entre parte envolvida, seus interesses e objetivos. É importante que essa
o líder e os seus seguidores. Existe um contrato social implícito indicando fase seja feita com calma e atenção, para que os gestores estejam
que se concordar com o que o líder deseja fazer, o seguidor terá certos preparados para a próxima fase.
benefícios, tais como remuneração melhorada ou a não-demissão. Na fase de negociação, os gestores devem conduzir a conversa
As transações construtivas resultam em consequências positivas, de forma assertiva e clara, buscando entender os interesses de cada
tais como a obtenção de uma promoção. Essas promoções são vistas parte e apresentando soluções que satisfaçam ambas as partes. É
como mais eficazes e satisfatórias do que as transações corretivas, importante que os gestores mantenham a calma e evitem agir de
que trazem consequências negativas, tais como uma humilhação. forma impulsiva ou agressiva, pois isso pode piorar o conflito.
Este tipo de liderança, a par da liderança carismática, constitui o Por fim, na fase de fechamento, os gestores devem formalizar o
estilo de liderança mais apropriado para a mudança organizacional. acordo alcançado, garantindo que todas as partes envolvidas estejam
Não é a força da autoridade que os chefes possuem devido à cientes dos termos do acordo e comprometidas em cumpri-los.
sua posição privilegiada no organograma da organização que lhes Em resumo, a negociação é uma ferramenta poderosa para a
proporciona eficácia para liderar as pessoas, mas a percepção posi- administração gerenciar conflitos de forma eficiente. Quando bem
tiva desses seguidores que faz dele um verdadeiro líder. conduzida, a negociação pode levar a soluções que satisfaçam
Num mundo altamente dinâmico e instável onde o ambiente ambas as partes envolvidas e evitar impactos negativos na
organizacional sofre continuamente profundas alterações impul- organização. É importante que os gestores estejam preparados
sionadas pelo processo de globalização, o mercado torna-se mais para lidar com conflitos de forma profissional e assertiva, buscando
exigente e competitivo, exigindo das organizações adaptações e sempre o diálogo e o entendimento mútuo.
respostas rápidas a estas mudanças e alterações sofridas. As em-
presas necessitam de profissionais capazes de responderem de for-
ma ajustada e em tempo útil aos novos desafios. MOTIVAÇÃO
O alinhamento entre as Práticas de Liderança e a Cultura Orga-
nizacional é compreendido através dos conceitos percebidos atra- — Motivação
vés da revisão bibliográfica. A revisão da literatura permitiu uma A implantação da psicologia nas organizações nas últimas dé-
melhor compreensão dos conceitos de Liderança e dos principais cadas concedeu aos gestores, as respostas de certas lacunas sobre
fatores que a influenciam. o trabalho humano, pois o homem é movido por uma força interior,
A chave do sucesso para um elevado desempenho das orga- mas, para que seja satisfatória, e traga bem estar, é estimulada por
nizações está na congruência entre os elementos da organização, fatores externos. No ponto econômico das organizações, quando
principalmente entre a estratégia, a estrutura, as pessoas, a própria o colaborador trabalha com satisfação é sinal de mais resultado e
cultura e como não podia deixar de ser a Liderança. Assim sendo, mais rentabilidade para a empresa.
será crucial que a organização repense a forma como a Liderança Motivação é um processo responsável por impulso no compor-
vem sendo exercida, só assim, conseguirá pessoas motivadas e feli- tamento do ser humano para uma determinada ação, que o estimu-
zes, contribuindo de forma decisiva para o aumento da performan- la para realizar suas tarefas de forma que o objetivo esperado seja
ce da organização. alcançado de forma satisfatória.
132
EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
De acordo com Robbins (2005) a motivação possui três proprie- Maslow desenvolveu a idéia de que as necessidades humanas
dades que a regem, uma é a direção, o foco da pessoa em sua meta dispõem-se numa hierarquia mais complexa que a simples divisão
e como realizar, outra é a intensidade, se o objetivo proposto é feito em dois grandes grupos. Segundo Maslow, as necessidades huma-
como algo que vai lhe trazer satisfação ou será realizado por obriga- nas dividem-se em cinco grupos, necessidades fisiológicas ou bási-
ção, e a permanência. “A motivação é específica. Uma pessoa mo- cas, segurança, sociais, estima, auto-realização.
tivada para trabalhar pode não ter motivação para estudar ou vice- Segundo Robbins (2005), Herzberg, com a teoria dos dois fa-
-versa. Não há um estado geral de motivação, que leve uma pessoa tores, traz que os estímulos de insatisfação se eliminados podem
a sempre ter disposição para tudo.” (MAXIMILIANO, 2007, p.250). apaziguar os colaboradores, mas não necessariamente trazem a sa-
“Motivação é ter um motivo para fazer determinada tarefa, agir tisfação. Desse modo o contrário de satisfação é a não-satisfação;
com algum propósito ou razão. Ser feliz ou estar feliz no período e da insatisfação é a não-satisfação. Pelo fato das pessoas não es-
de execução da tarefa, auxiliado por fatores externos, mas princi- tarem insatisfeitas, não quer dizer que estão satisfeitas. Os incenti-
palmente pelos internos. O sentir-se bem num ambiente holístico, vos motivacionais que acercam as condições de trabalho, Herzberg
ambientar pessoas e manter-se em paz e harmonia, com a soma caracterizou como fatores higiênicos.
dos diversos papéis que encaramos neste teatro da vida chamado Ainda dentro da teoria de Herzberg, Chiavenato (2005), aborda
“sociedade”, resulta em uma parcialidade única e que requer cuida- dizendo que para Herzberg a motivação das pessoas para o trabalho
dos e atenção.” (KLAVA, 2010). vai depender de dois fatores, sendo os higiênicos que correspon-
O que os gestores estão buscando são como manter sempre dem ao contexto do trabalho e os motivacionais que correspondem
seus colaboradores satisfeitos, para que assim possam exercer suas ao cargo, tarefas e atividades relacionadas com o cargo.
funções com o rendimento esperado pela organização, de modo “As condições ambientais, no entanto, não são suficientes para
que também, lhe seja prazeroso e satisfatório. Por exemplo, além induzir o estado de motivação para o trabalho. Para que haja moti-
da remuneração, que já foi provado não ser o principal fator moti- vação, de acordo com Herzberg, é preciso que a pessoa esteja sinto-
vacional do ser humano, existe os fatores de relações interpessoais, nizada com seu trabalho, que enxergue nele a possibilidade de exer-
como ambiente de trabalho, o relacionamento com os demais co- citar suas habilidades ou desenvolver suas aptidões.” (MAXIMIANO,
laboradores, são estímulos para que os funcionários se motivem ao 2007 p.268-269).
trabalho. Seguindo ainda a linha das teorias que aborda à motivação
A partir da análise do filme Invictus (2010) a liderança exercida Zanelli (2004), apresenta a teoria X e Y, onde McGregor abordou
com democracia revela o respeito das pessoas, sem forçá-las para que o homem tem aversão ao trabalho, precisa ser controlado e
que isso aconteça. E dessa forma as pessoas se sentem motivadas punido, só se interessa pela parte financeira que o trabalho irá lhe
a realizarem seus trabalhos sem uma pressão superior, dando-lhes proporcionar, sendo está à teoria X, dentro da teoria Y, McGregor
bem estar em seu ambiente. diz que o desempenho do homem no trabalho é um fator mais de
Com a compreensão desses pontos, sabemos de que forma natureza gerencial do que motivacional. O autor ainda acrescenta:
uma pessoa pode sentir-se motivada dentro da organização. Mas, “A conclusão de McGregor foi a de que a prática gerencial
por trás de tudo isso, tem a questão do poder, pois pela busca do apoiada na teoria X ignorava os estudos da motivação desenvolvi-
bem estar no trabalho, há também a ambição econômica e por sta- dos por Maslow, que ressaltavam o quanto a motivação seria decor-
tus dentro das organizações, cabe aos gestores a complicada tarefa rente da emergência de necessidades humanas dispostas hierarqui-
de fazer dos seus colaboradores, aliados, de forma benéfica para camente.” (ZANELLI, 2004 p.151-152).
Entende-se pois, que várias teorias foram criadas para abordar
todos da organização.
a motivação, cada uma com um enfoque, mais aliadas a analisar de
forma criteriosa a respeito do comportamento do indivíduo; de que
Teorias que abordam a motivação
formas são motivados, quais os mecanismos que poderão ser usados
De acordo com Zanelli (2004) ao longo do tempo foram sur-
para que o processo motivacional aconteça de forma a trazer êxodo
gindo conceitos e posteriormente teorias abordando a motivação
tanto para o indivíduo quanto para a organização. Segundo Chiavena-
humana, diversos teóricos contribuíram para tal propósito, anali-
to (2005, p.247). “Não faltam teorias sobre motivação. Nem pesqui-
sando o comportamento do indivíduo e buscando entender o que
sas sobre o assunto. O fato é que o assunto é complexo”.
o faz motivado, e como o processo da motivação ocorre na vida do
ser humano, dentre esses teóricos se destacaram alguns, que ana- Processo motivacional
lisaram de forma a colocar essas teorias dentro do contexto organi- De acordo com Chiavenato (2005), a motivação vai estar atrela-
zacional: Maslow, Herzberg, McGregor são alguns desses teóricos. da com o comportamento humano, quando este pretende alcançar
Pode-se observar que Maslow em sua teoria destaca que o algum objetivo, a uma variedade de fatores que poderão influenciar
comportamento do indivíduo está sujeito a uma hierarquia de fa- a motivação do indivíduo, quando o mesmo tem uma determinada
tores, baseada nas necessidades humanas, o teórico afirma que o necessidade, imediatamente busca mecanismos que faz com que a
indivíduo só será motivado a partir do momento que suas necessi- satisfação seja suprida de forma a lhe garantir um conforto e reali-
dades básicas forem supridas, colocando estas como sendo as ne- zação, ainda segundo o autor:
cessidades fisiológicas e de segurança, estando na base da pirâmide “Os seres humanos são motivados por uma grande variedade
hierárquica de Maslow, o indivíduo conseguiria atingir uma nova de fatores. O processo motivacional pode ser explicado da seguinte
necessidade a partir do momento que a anterior tiver sido satis- forma: as necessidades e carências provocam tensão e desconforto
feita, as necessidades superiores apresentam-se como motivadoras na pessoa e desencadeiam um processo que busca reduzir ou eli-
da conduta humana, ou seja, as necessidades sociais, estima e au- minar a tensão. A pessoa escolhe um curso de ação para satisfazer
to-realização. Sobre esta mesma teoria Maximiano (2007, p.262), determinada necessidade ou carência. Se a pessoa consegue satis-
vai dizer:
133
EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
fazer a necessidade, o processo motivacional é bem-sucedido. Essa prestígio e a influência do que propriamente com o desempenho
avaliação do desempenho determina algum tipo de recompensa ou eficaz. “Pessoas orientadas pela necessidade de associação buscam
punição à pessoa.” (CHIAVENATO, 2005 p. 273). a amizade, preferem situações de cooperação em vez de compe-
Essas considerações referentes à motivação nos levam a entender tição e desejam relacionamentos que envolvam um alto grau de
que o processo motivacional está intimamente ligado ao comportamen- compreensão mútua.” (ROBBINS, 2005 p.139)
to do indivíduo, ou seja, o que ele busca alcançar; é claro e faz se lembrar As demais teorias, como, a teoria da fixação de objetivos, ênfa-
que o ambiente é fator preponderante para a busca da realização das se na produtividade; teoria do reforço, qualidade e volume de tra-
necessidades, vários fatores são responsáveis pela motivação humana. balho; teoria do planejamento do trabalho, produtividade, absente-
Dentro do contexto organizacional entende-se, pois que o clima organi- ísmo, satisfação e rotatividade; teoria da equidade, ponto forte na
zacional está relacionado com a motivação, segundo Chiavenato (2005). previsão do absenteísmo e da rotatividade; e a teoria da expectati-
“O clima organizacional está intimamente relacionado com o grau va, o colaborador se sente motivado sabendo que a força exercida
de motivação de seus participantes. Quando há elevada motivação en- para objetivo terá o resultado esperado.
tre os membros, o clima organizacional se eleva e traduz-se em relações “O ambiente de trabalho moderno é, para dizer o mínimo, desafia-
de satisfação, animação, interesse, colaboração irrestrita etc., todavia, dor. O sucesso das organizações e das pessoas que as fazem funcionar
quando a baixa motivação entre os membros, seja por frustração ou não vem fácil. Essa era de contrastes abre a porta para a criatividade na
imposição de barreiras a satisfação, das necessidades, o clima organiza- administração. Os ganhos em produtividade, desempenho e lealdade
cional tende a baixar, caracterizando-se por estados de depressão, desin- do consumidor ficam à disposição daqueles que realmente respeitam
teresse, apatia, insatisfação etc., podendo em casos extremos chegar ao as necessidades dos trabalhadores, tanto no emprego quanto na vida
estado de agressividade, tumulto, inconformismo etc., típicos de situa- pessoal.” (KLAVA apud SCHERMERHORN et al, 2010).
ção em que os membros se defrontam abertamente com a organização, As teorias motivacionais contemporâneas trouxeram uma nova
como nos casos de greves, piquetes etc.” (CHIAVENATO, 2005 p. 269). roupagem, sobre a motivação do indivíduo, adequando as teorias
Portanto, os gestores devem compreender que o clima organi- anteriores a um contexto organizacional moderno e desafiador, que
zacional é fator de grande importância nas organizações, a partir do as organizações terão que enfrentar.
momento que a organização oferece um ambiente que seja propí-
cio para o colaborador se sentir motivado, animado e interessado SISTEMAS DE INCENTIVO E RESPONSABILIZAÇÃO
com o trabalho, a organização caminhará ao alcance dos resultados
positivos, colaborador que trabalha satisfeito a organização só ten-
de a crescer, mas para isso é preciso que haja condições; uma desta As características do trabalho mudam radicalmente, passando de
é favorecer um ambiente de trabalho agradável. sistemas rígidos para sistemas flexíveis de administração, uma grande
tendência à criatividade na execução das tarefas, gerando um aprendi-
As relações das teorias motivacionais contemporâneas e as zado contínuo e a multiespecialização das equipes de trabalho.
Com isso as empresas buscam adequar os seus sistemas tradicio-
organizações
nais de Remuneração ao novo conceito de Remuneração Estratégica,
A expansão da globalização exige pessoas bem instruídas e
onde a remuneração passa a focar o indivíduo e não mais o cargo,
qualificadas. As teorias contemporâneas baseiam-se na necessida-
estimula o trabalho em equipe, busca-se qualidade e produtividade
de de auto realização, a ambição por um bom cargo e status dos co-
maiores a custos cada vez menores, reduzindo seus níveis hierárqui-
laboradores, essas teorias dão ênfase aos estímulos motivacionais
cos, visando conceder maior autonomia aos colaboradores, e assim
principalmente no trabalho.
conseguir maior rapidez e flexibilidade nas tomadas de decisão.
Clayton Alderfer, com a Teoria ERG (Existence, Relatedness, Grow-
A remuneração estratégica12 tem como objetivo beneficiar o co-
th), somou à Teoria das Necessidades descrita por Maslow, informações
laborador com outras formas de pagamentos complementando, as-
das organizações contemporâneas, e propôs três grupos de motivação sim, o sistema de remuneração tradicional. Com isso o funcionário se
no trabalho. O primeiro grupo foi o de existência, que está associado às sente mais motivado a alcançar melhores resultados a alguma meta
necessidades básicas, como descritas por Maslow nas necessidades fi- proposta, além de sentir mais valorizado (GHENO; BERLITZ, 2011).
siológicas e de segurança. O segundo, as necessidades de relacionamen- O sistema de remuneração estratégica é uma forma equilibra-
to, desejo que os seres humanos têm em manter relações sociais. No da de diferentes formas de remuneração.
último grupo, aparece a necessidade de crescimento do colaborador, o Podemos definir como Remuneração Estratégica, um “mix” de
desejo por cargos e status dentro da organização, realização pessoal dá todas as ferramentas que possuímos atualmente, ou seja, a própria
ênfase as necessidades de nível alto da teoria de Maslow. “Um desejo remuneração funcional, salários indiretos, remuneração por habili-
intrínseco de desenvolvimento pessoal. Isto inclui os componentes in- dades e competências, remuneração variável, participações acioná-
trínsecos da categoria estima de Maslow, bem como as características da rias e outras diversas formas de se remunerar.
necessidade de auto realização”. (ROBBINS, 2005 p.136). Com isso busca-se poder remunerar de forma altamente com-
David McClelland e sua equipe deram ênfase a três necessi- petitiva, gerando valores antes deixados de lado, ou seja, faz com
dades: realização, poder e associação; que aparecem de forma di- que o profissional busque estar altamente qualificado na execução
ferenciada em cada pessoa, caracterizando-as. A necessidade de de suas atividade e visando atingir cada vez melhor os seus objeti-
realização, a compulsão por eficiência, o desejo de ser cada vez vos organizacionais (quer obter o melhor desempenho).
melhor, e suprir sua necessidade pessoal, os grandes realizadores
se destacam das outras pessoas pelo seu desejo de fazer melhor as
coisas. As pessoas que gostam de estar no comando, se caracteriza 12 Wood Júnior, Thomaz; Picarelli Filho, Vicente. Remuneração estratégica: a
pela necessidade de poder, em estar liderando e preferem situa- nova vantagem competitiva. 3ª ed. São Paulo: Atlas, 2009.
ções competitivas e de status, tendem a se preocupar mais com o CHIAVENATO, I. Gestão de Pessoas. 18ª edição, Rio de Janeiro: Campus, 1999.
134
EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
A multiplicidade de formas de remuneração tem crescido devi- 4. Mantém o nível de profissionalização e especialização dos
do à necessidade de encontrar maneiras criativas para aumentar o empregados compatível com a competitividade;
vínculo entre as empresas e seus funcionários. 5. Encoraja as pessoas a ter responsabilidades plenas e à busca
Diante disso, Lunkes e Schnorrenberger (2009), definem a re- contínua do desenvolvimento profissional;
muneração estratégica como uma combinação equilibrada de di- 6. Melhora a produtividade e a qualidade dos produtos e servi-
ferentes formas de remuneração, visando alinhar a remuneração ços prestados pela empresa;
a estratégia da organização, harmonizando interesses, ajudando a 7. Facilita a seleção e a contratação de talentos humanos ade-
gerar consensos e atuando como alavanca de resultados. quados aos requisitos do cargo;
8. Aumenta a motivação da equipe, uma vez que ela percebe a
Grupos da Remuneração relação de sua performance com os aumentos salariais.
Podem ser classificadas em oito grupos:
• Remuneração Funcional Remuneração Variável (Ou Por Resultados)
• Remuneração por Habilidades Essa forma de remuneração é vinculada a metas de desempe-
• Remuneração por competências nho (Utiliza-se das notas atingidas em um determinado grupo de
• Remuneração Variável regras previamente estabelecidas na organização) dos indivíduos,
• Salário indireto das equipes ou da organização. Aplica-se em situações que haja in-
• Previdência complementar dicadores de desempenho, isto é, executivos, vendedores de carro
• Participação Acionária ou trabalhadores de uma linha de produção, podem ser bonificados
• Alternativas criativas dessa forma. Inclui formas de remuneração variável de curto prazo,
como as comissões, PLR, e de longo prazo, como bônus executivo.
Importante ressaltar que a remuneração estratégica deve estar
intimamente ligada aos resultados organizacionais esperados. Salário Indireto
Também chamado de plano de benefícios, salário in natura ou
Remuneração Funcional (Tradicional) salário utilidade. O salário indireto compreende os benefícios e ou-
É determinada pelo cargo e as respectivas funções do cargo, tras vantagens. Os profissionais procuram cada vez mais benefícios
seguindo o mercado. É o tipo mais tradicional que existe, também que auxiliam nas suas vidas, como auxílio educação, vale alimenta-
conhecido como remuneração tradicional ou remuneração por car- ção, plano de saúde, plano odontológico, auxílio creche, auxílio mo-
go ou ainda como PCS (Plano de Cargos e Salários). É o modelo mais radia, participação nos lucros, desconto em academias, entre outros.
popular em uso pelas empresas, as quais tendem ao conservadoris- As empresas utilizam isso como forma de convencer os profissionais
mo e à inércia. Algumas das principais desvantagens são: excesso de a permanecer nas organizações, pois este tipo de salário gera um
burocracia na gestão; inibição da criatividade e queda na motivação grande impacto na renda mensal do trabalhador. Permite flexibiliza-
ção dos benefícios, de acordo com as necessidades e preferências e a
Remuneração Por Habilidades forma mais comum é relacionada com nível hierárquico.
Essa forma de remuneração desloca o foco do cargo ou fun-
ção e passa para o indivíduo. As habilidades passam a determinar Previdência Complementar
a base da remuneração. Quanto mais o funcionário adquire e acu- O aumento na concessão deste tipo de remuneração está re-
mula conhecimentos na sua carreira profissional que agreguem va- lacionado diretamente com a disseminação dos sistemas de pre-
lor a organização, maiores são as suas chances de reconhecimento, vidência privada que tem crescido muito. A previdência privada é
ganhos remuneratórios e promoções. Algumas das principais van- uma modalidade complementar à previdência pública e essa forma
tagens desse sistema são: Foco da avaliação está na pessoa, que de remuneração contribui comprovadamente para a motivação dos
busca aprimorar suas habilidades cada vez mais; A área de recursos funcionários e a valorização do compromisso de longo prazo por
humanos assume papel mais estratégico e menos operacional; Em- parte deles com relação à empresa.
pregados especializados e bem treinados, gerando maior flexibilida-
de na organização, além de maior motivação. Participação Acionária
Nada mais é do que dar ao colaborador uma fatia do negócio.
Remuneração Por Competências Assim, a participação acionária consiste em distribuir ou subsidiar
Essa forma de remuneração se difere da remuneração por habili- ações da empresa para os funcionários. Essa forma de remuneração
dades quanto ao objeto: a remuneração por habilidades é geralmen- é vinculada a objetivos de lucratividade e crescimento da empresa.
te aplicada ao nível operacional e a remuneração por competência é Isto é, trata-se de um sistema que premia desempenho e resultados
mais adequada aos demais níveis da organização. Ideal para empre- corporativos, e geralmente é aplicado nos níveis mais estratégicos
sas as quais a capacidade de inovação é fator crítico de sucesso. da organização, como diretores e gerentes. Utilizada também para
reforçar o compromisso de longo prazo entre a empresa e os cola-
Algumas vantagens na utilização dessa Remuneração por com- boradores, pois eles passam a se sentir como parte da empresa na
petência são: qual atuam.
1. Direciona o foco para as pessoas e não para os cargos ou
responsabilidades; Alternativas Criativas
2. Remunera os funcionários com uma parcela fixa do salário a Essa forma de remuneração inclui diversos componentes, tais
cada competência adquirida; como: prêmios, gratificações e outras formas especiais de reconhe-
3. Garante o reconhecimento aos empregados pela parcela de cimento.
contribuição especializada disponibilizada à empresa;
135
EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
Há quatro tipos de reconhecimento: 1. O custo direto, que inclui o diagnóstico, o estudo para cons-
- Social: (agradecimento público, cartas de reconhecimento, trução do sistema, a preparação do plano de implantação, a comu-
jantares de comemoração, etc), nicação, a própria implantação e administração do sistema.
- Simbólico: (convites para teatro, viagem para duas pessoas, 2. O custo indireto, que inclui essencialmente treinamento e
etc.), desenvolvimento de pessoas, especialmente no caso de remune-
- Relacionado Ao Trabalho: (participação em projetos espe- ração por habilidades e competências. Embora representem custos
ciais, promoção, estágios no exterior, participações em congressos financeiros, recomenda-se que sejam vistos como investimentos.
e feiras, etc.) 3. Um custo que pode ser chamado de psicológico, pois inclui
- Financeiro: (bônus, ações da empresa, prêmios especiais, um principalmente o estresse causado nos funcionários pela adoção de
dia de folga, etc.). um sistema de risco. Enquanto muitas empresas vêem a implanta-
ção de sistemas de Remuneração Estratégica como forma de trans-
Construção de um Sistema de Remuneração Estratégica formar custos fixos em variáveis, os funcionários tendem a perceber
Construir um sistema de remuneração estratégica não é tarefa nessas implantações uma erosão do salário, uma perda que precisa
simples, pois alguns aspectos são essenciais para a sua implantação: ser recuperada com esforço extra.
1. É necessário realizar um diagnóstico da organização, consi-
derando-se o ambiente interno e o posicionamento estratégico;
2. É preciso conhecer profundamente as várias formas e alter- GESTÃO DO DESEMPENHO. PROGRAMA DE GESTÃO DO
nativas de remuneração e saber quando e como aplicá-las; DESEMPENHO
3. É necessário definir o próprio sistema; ou seja, determinar
que componentes devem ser adotados para garantir os melhores O progresso do desempenho organizacional se dá através da
resultados; melhoria do desempenho das pessoas que compõem a instituição,
4. Deve-se garantir que o sistema a ser implantado seja trans- oriunda através do desenvolvimento das competências individuais
parente e funcional, para assegurar sua ampla aceitação e fácil ope- oportunizadas pela realização de programas contínuos de treina-
racionalização na empresa. A remuneração estratégica derruba o mento e desenvolvimento13.
mito do sistema universal de gestão de salários e passa a ser parte Treinamento é qualquer atividade que contribua para tornar
de um sistema gerencial da organização e, se bem balanceado, fon- uma pessoa apta a exercer uma função ou atividade, isto é, au-
te autêntica de diferenciação e vantagem competitiva. mentar sua capacidade para desempenhar suas funções atuais ou
prepará-la para novas atribuições. Portanto, treinamento é um pro-
Fatores Críticos De Sucesso cesso de assimilação cultural em curto prazo, que objetiva repassar
Além dos princípios citados anteriormente, podemos enume- ou reciclar conhecimentos, habilidades ou atitudes, relacionados
rar sete fatores críticos de sucesso para garantir que um sistema de diretamente à execução de tarefas ou à sua otimização no trabalho.
Remuneração Estratégica atinja seus objetivos: O treinamento apresenta a intenção de melhorar um desempe-
1. Desenvolver uma orientação estratégica clara, explicitando nho específico, o desenho que reflete a estratégia organizacional
as expectativas e metas e relacionando o sistema de remuneração que melhor se ajuste à aprendizagem requerida, os mecanismos
às prioridades do negócio; pelos quais as instruções são entregues e a avaliação, cujos níveis
2. Garantir que os objetivos pretendidos, e que servem de base de complexidade distinguem-se conforme as situações vivenciadas.
para a remuneração sejam factíveis, ou seja, que sejam desafiado- Portanto, o desenvolvimento e a capacitação de pessoas compõem
res, mas estejam ao alcance das equipes e dos indivíduos; o processo de auxiliar o colaborador a adquirir efetividade no seu
3. Ter flexibilidade. Alterar o sistema sempre que preciso para trabalho em situações presentes ou futuras, através de apropriados
atender a novos planos e mudanças estratégicas. Para isso é preciso hábitos de pensamento, ação, habilidades, conhecimentos e atitu-
monitorar continuamente o sistema, acompanhando seus resulta- des desenvolvidos sistematicamente.
dos; Em relação ao desenvolvimento este consiste na aprendizagem
4. Ter um horizonte. Os componentes do sistema de remune- direcionada para o crescimento individual, sem a existência de rela-
ração estratégica devem ter um horizonte predeterminado. Devem ção com um trabalho específico. O desenvolvimento é um processo
durar tanto quanto os objetivos estratégicos a que servem. de aprendizagem geral, visto que propicia o amadurecimento de in-
5. Respeitar as diferenças entre unidades de negócio, níveis divíduos de forma mais ampla, não especificamente para um posto
hierárquicos, funções, etc.; de trabalho.
6. Separar claramente a remuneração estrutural da remunera- Neste sentido, é possível afirmar que os subsistemas de treina-
ção variável. O caráter de reconhecimento por performance desa- mento e desenvolvimento são processos fundamentais para a ges-
parece quando existe uma percepção de que tudo foi agregado à tão de desempenho, pois desenvolvem as pessoas, oportunizando
remuneração fixa; a melhoria do desempenho humano nas organizações. A gestão ou
7. Buscar a simplicidade. Metodologias e fórmulas complicadas administração de desempenho refere-se a uma metodologia geren-
de cálculo deslocam a atenção para o sistema, desviando energias cial que visa promover a consecução das metas organizacionais e o
que deveriam estar voltadas para o atendimento das metas estra- desenvolvimento dos recursos humanos, através de um processo
tégicas. participativo, dinâmico, contínuo e sistematizado de planejamento,
acompanhamento, avaliação e melhoria do desempenho.
O Ônus Da Transição
Mudar é inevitável, porém não é fácil. É preciso estar prepa-
rado para enfrentar as barreiras e as dificuldades do processo, que 13 https://www.researchgate.net/publication/326029030_Gestao_do_desempe-
podem ser classificados em três tipos: nho_o_papel_dos_lideres_na_avaliacao_dos_colaboradores
136
EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
Assim, a gestão de desempenho é vista como um processo-cha- realizada em conjunto entre avaliador e avaliado, isto é, a ferramen-
ve nas organizações, fundamental para um futuro sustentado, de ta de avaliação é analisada ao mesmo tempo e discutida para obter
modo que é através dela que se gera a performance, alinhando-a consenso. Por outro lado, alguns autores conceituam esta forma de
com os objetivos e estratégias definidas. O objetivo da gestão de avaliação como avaliação 180 graus.
desempenho é promover um ciclo proativo, em que as estratégias Referente ao modelo de auto avaliação, postula-se que esta prá-
são desdobradas para todos os processos de negócio, atividades, tica oportuniza a participação ativa do avaliado, uma vez que este
tarefas e pessoal, de modo que o feedback é obtido através de um faz o julgamento sobre o seu desempenho, analisando e respon-
sistema de medição de desempenho que permite tomar decisões dendo à ferramenta de avaliação, concluindo seu parecer final. O
de gestão apropriadas. modelo definido como avaliação 360 graus, consiste em uma técni-
Este processo permite definir a forma como a organização utili- ca na qual os participantes do programa recebem simultaneamente
za os vários sistemas para gerir o seu desempenho, podendo incluir feedbacks estruturados de seus superiores, pares, subordinados e
o desenvolvimento estratégico, o controle de gestão, a gestão por outros stakehorlders14.
objetivos, as métricas de natureza não financeira, a política de in- Tem por objetivo contribuir para o desenvolvimento de compor-
centivos bem como a própria avaliação de desempenho. tamentos e habilidades demandadas pela organização que a utiliza.
E por fim, conceitua-se a avaliação por competências, que consiste
Avaliação de Desempenho em uma metodologia que permite avaliar o desempenho do indi-
Avaliar significa realizar análise e ter a oportunidade de rever, víduo com base no perfil de competências estabelecidas para cada
aperfeiçoar, fazer de forma diferente, sempre buscando a eficácia cargo.
em resultados. Assim, a avaliação de desempenho nas organizações Relacionado aos colaboradores, permite melhorar a utilização
constitui-se uma ferramenta de estimativa de aproveitamento do do potencial humano, identificando e desenvolvendo competências
potencial individual das pessoas no trabalho e, por isso, do poten- e habilidades, e para a organização, possibilita melhorar a eficácia
cial humano de toda a organização. organizacional e de gestão dos recursos utilizados.
O processo de avaliação devidamente administrado benefi- A avaliação com foco em competências caracteriza-se por um
cia funcionários e a organização, podendo ser usado para análise modelo de avaliação abrangente, o que permite que qualquer um
de diversas questões gerenciais, tais como manter a motivação e dos tipos de avaliação pode ser aplicado sob esse foco. Neste sen-
o compromisso das pessoas, melhorar a performance individual e tido, o desenvolvimento deste artigo tem como base a técnica de
organizacional, estimular a eficácia na comunicação interna, ajus- avaliação direta, conhecida também como avaliação 90 graus e o
tar os objetivos com as metas da organização e da equipe, analisar método de avaliação com foco em competências.
o desenvolvimento e identificar as necessidades de treinamento,
bem como, desafiar e estimular o aperfeiçoamento, avaliar poten-
TELETRABALHO
cial, entender aspirações de carreira, comemorar êxitos e aprender
com os insucessos, desenvolver a visão sistêmica da empresa, pro-
mover mudanças entre outros. O teletrabalho, também conhecido como trabalho remoto,
A avaliação de desempenho vem atender às necessidades da representa uma transformação significativa no modo como as ati-
organização, porque orienta os esforços dos colaboradores para a vidades profissionais são realizadas. Essa modalidade de trabalho
consecução de metas, dos gerentes, fornecendo uma metodologia ganhou um impulso sem precedentes com a pandemia de Covid-19,
de administração que integra a gerência do trabalho e a gerência de que forçou empresas e funcionários a adotarem rapidamente novas
pessoas. Além disso, associado aos demais subsistemas de Recur- formas de trabalhar para manter a continuidade dos negócios en-
sos Humanos proporciona um melhor acompanhamento e aprovei- quanto respeitavam as restrições de saúde pública.
tamento de suas potencialidades e, consequentemente, um maior
comprometimento organizacional. Natureza do Teletrabalho
Nessa mesma perspectiva, a avaliação é considerada em termos Teletrabalho refere-se à prática de realizar atividades profissio-
organizacionais como uma ferramenta que possibilita o desenvol- nais fora do ambiente tradicional de escritório, frequentemente em
vimento dos indivíduos e a obtenção de resultados individuais que casa, mas também em espaços de coworking, cafés ou qualquer
sejam congruentes e que contribuam para os resultados organizacio- local que disponha de uma conexão de internet confiável. Esta mo-
nais. O método de avaliação por objetivos é um modelo de avaliação dalidade de trabalho é viabilizada principalmente por tecnologias
que propõe revisar o cumprimento de metas e atingimento de re- digitais, como computadores portáteis, smartphones e plataformas
sultados, analisar a forma como o indivíduo realiza seus objetivos e de comunicação e colaboração online.
avaliar o potencial, ou seja, realizar uma estimativa sobre os rumos
que o indivíduo pode tomar na sua carreira dentro da organização. • Vantagens e Desafios
A avaliação direta é praticada pelo líder imediato, cuja respon-
sabilidade é atribuída à liderança imediata que assume o compro-
misso de emitir parecer sobre todos os seus subordinados diretos,
visto que este é um método bastante utilizado pelas empresas,
principalmente para treinar avaliadores e avaliados.
14 Os stakeholders são todos os grupos de pessoas ou organizações que podem
Define-se esta forma de avaliação como avaliação superior ou
ter algum tipo de interesse pelas ações de uma determinada empresa. As partes
avaliação 90 graus, caracterizada quando somente o chefe avalia o
interessadas podem ser desde colaboradores, considerados stakeholders internos,
subordinado. Avaliação conjunta é um modelo em que a avaliação é
até investidores, fornecedores, clientes e comunidade, chamados de externos.
137
EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
As vantagens do teletrabalho são muitas. Para os empregadores, incluem a redução de custos com espaços físicos e a capacidade de
atrair talentos de uma área geográfica mais ampla. Para os empregados, oferece flexibilidade, economia de tempo e dinheiro com deslo-
camentos, e a possibilidade de um melhor equilíbrio entre vida profissional e pessoal.
No entanto, o teletrabalho também apresenta desafios. A falta de interação presencial pode afetar a coesão da equipe, a cultura da
empresa e a comunicação interna. Além disso, a gestão de equipes remotas requer novas habilidades e abordagens por parte dos líderes.
Os funcionários podem enfrentar desafios como a sensação de isolamento, dificuldade em separar a vida profissional da pessoal e a ne-
cessidade de autodisciplina para manter a produtividade.
• Impacto Tecnológico
A tecnologia é um pilar fundamental do teletrabalho. As ferramentas de comunicação e colaboração, como videoconferências, men-
sagens instantâneas e plataformas de gestão de projetos, são essenciais para manter as equipes conectadas e produtivas. Além disso, a
segurança da informação se torna uma preocupação ainda maior, exigindo soluções robustas de segurança cibernética e práticas rigorosas
de proteção de dados.
Tendências Futuras
Olhando para o futuro, o teletrabalho parece destinado a ser uma parte permanente do cenário de trabalho. Muitas empresas estão
adotando modelos híbridos, combinando trabalho remoto com presencial. Este modelo busca equilibrar os benefícios do teletrabalho com
a necessidade de interação face a face e colaboração.
O teletrabalho representa uma evolução significativa na forma como o trabalho é concebido e realizado. Ele oferece uma gama de be-
nefícios tanto para empregadores quanto para empregados, mas também exige adaptações em termos de gestão, tecnologia e legislação.
À medida que mais empresas e trabalhadores se adaptam a esta modalidade, o teletrabalho continua a moldar o futuro do ambiente de
trabalho.
Assis (2012), autor da obra “Indicadores de Gestão de Recursos Humanos”15, acredita que as métricas são fundamentais para se deter-
minar um ponto de chegada, estabelecer parâmetros, entender e compartilhar resultados, determinar e mobilizar recursos, corrigir rumos,
reforçar ações e recompensar resultados.
Segundo Dessler (2005), as ações da área de administração de Recursos Humanos correspondem às práticas e às políticas necessárias
para conduzir diversos processos relacionados às pessoas no trabalho, incluindo contratações, treinamentos, avaliações, pagamentos etc.
Dutra (2013) entende que as principais ações e processos de gestão de pessoas podem ser organizados e classificados em três funções:
a) movimentação: captação, internalização, transferências, promoções, expatriação e recolocação;
b) desenvolvimento: capacitação, carreira e desempenho;
c) valorização: remuneração, premiação e serviços e facilidades.
De acordo com Pomi (2002) existem diversos benefícios na utilização de indicadores de gestão relacionados com as funções da área
de RH, dentre eles:
- Ter parâmetros para comparar e melhorar seus resultados;
- conhecer melhor a força de trabalho da organização, suas necessidades e oportunidades;
- entender o que fazer com os resultados identificados, interpretando e agindo estrategicamente;
- usar os indicadores como base para o estabelecimento de metas;
- organizar, sistematizar e aprimorar a base das informações de RH;
- contribuir com a construção do planejamento estratégico;
- aumentar o poder de decisão da área de gestão de pessoas, através de informações objetivas para apresentar, justificar, aprovar e
mensurar processos e ações envolvendo RH.
15 ASSIS, Marcelino Tadeu de. Indicadores de Gestão de Recursos Humanos. 2. Ed. Rio de Janeiro, Qualitymark, 2012.
CALDEIRA, Jorge. 100 Indicadores da Gestão. Lisboa: Actual, 2012.
POMI, Rugenia Maria. Manual de Gestão de Pessoas e Equipes: estratégias e tendências: Indicadores de desempenho em gestão do Capital Humano. São Paulo:
Editora Gente, 2002.
BASSI, E. R, et al. A Utilização De Indicadores De Gestão De Recursos Humanos Pelos Institutos Federais De Educação, Ciência E Tecnologia (Ifets). Xi Congresso
Nacional De Excelência Em Gestão, 2015.
138
EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
O Quadro a seguir apresenta alguns dos diversos Indicadores de Gestão de Recursos Humanos propostos e explicados por Assis (2012):
139
EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
De acordo com Pomi (2002), dentre os grupos dos indicadores mais utilizados no gerenciamento de Recursos Humanos é possível
destacar os seguintes, apresentados no Quadro seguinte:
A maioria dos indicadores propostos por Assis (2012) e pelos demais autores possibilitam variações na abrangência do índice e até
mesmo alguns ajustes na fórmula de cálculo, viabilizando a adaptação dos indicadores para diversos tipos de demandas e realidades or-
ganizacionais.
Em razão disso, pode-se concluir que inexistem regras fixas para calcular e interpretar indicadores de gestão (CALDEIRA, 2012).
TRABALHO EM EQUIPE.
Trabalho em equipe pode ser definido como os esforços conjuntos de um grupo ou sociedade visando a solução de um problema. Ou
seja, um grupo ou conjunto de pessoas que se dedicam a realizar determinada tarefa estão trabalhando em equipe.
Essa denominação se origina da época logo após a Primeira Guerra Mundial. O trabalho em equipe, através da ação conjunta, possi-
bilita a troca de conhecimentos entre especialistas de diversas áreas.
Como cada pessoa é responsável por uma parte da tarefa, o trabalho em equipe oferece também maior agilidade e dinamismo.
Para que o trabalho em equipe funcione bem, é essencial que o grupo possua metas ou objetivos compartilhados. Também é neces-
sário que haja comunicação eficiente e clareza na delegação de cada tarefa.
Um bom exemplo de trabalho em equipe é a forma que times esportivos são divididos. Cada jogador possui uma função específica,
devendo desempenhá-la bem sem invadir o espaço e função dos seus companheiros de time.
Cada vez mais as organizações valorizam colaboradores que apresentam facilidade com trabalho em equipe. Como a grande maioria
das tarefas e serviços requerem a atuação de diferentes setores profissionais, colaborar e se comunicar bem é mais do que essencial.
A capacidade para trabalho em equipe possibilita que você apresente melhores resultados e mais eficiência. Além disso, um ambiente
corporativo composto por pessoas que se comunicam bem e colaboram sem problemas é mais harmonioso, melhorando muito a qualida-
de de vida de todos os envolvidos.
O trabalho em equipe é uma habilidade fundamental para bons líderes. Por isso, se a liderança está no seu plano de carreira, você
precisa desenvolver essa capacidade.
De uma forma geral, pessoas que possuem facilidade com trabalho em equipe são mais contratáveis, trabalham melhor, têm mais
qualidade de vida no trabalho e mais possibilidades de receber uma promoção.
140
EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
141
EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
e enfatizando efetividade das políticas públicas, assim como maior cionais capazes de reunir indivíduos e instituições, de forma de-
transparência à sociedade das ações empreendidas com os recur- mocrática e participativa, em torno de causas afins, são estruturas
sos públicos. flexíveis, estabelecidas horizontalmente.
A dinâmica de trabalho das redes supõe atuação colaborativa
Governança e se sustentam pela vontade e afinidade de seus integrantes, ca-
Na iniciativa privada a governança corporativa representa o racterizando-se como um significativo recurso organizacional para
modo como as organizações são administradas e controladas, e a estruturação social.
como interagem com as partes interessadas. Inclui políticas, regu- Uma estrutura em rede significa que seus integrantes se ligam
lamentos/instruções, processos, estratégia e cultura, e orienta-se horizontalmente a todos os demais, diretamente ou através dos
pelos princípios da transparência, equidade, responsabilidade por que os cercam, pode-se dizer que no trabalho em rede, não há um
resultados, cumprimento das normas e accountability. De acordo “chefe”, mas sim uma equipe trabalhando com uma vontade coleti-
com o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa o conselho de va de realizar um determinado objetivo.
administração é o guardião do sistema de governança. Entre suas características, destaca-se pouca hierarquia e grande
Governança pública, no entanto, é compreendida como a capa- interatividade entre seus atores. A essência de uma rede é o fe-
cidade de governar, capacidade de decidir e implementar políticas nômeno da coopetição, ou seja, cooperação e competição entre
públicas que atendam às necessidades da população. Governança é empresas, os elementos fundamentais da rede são os atores e as
a capacidade financeira e administrativa, em sentido amplo, de um relações que são estabelecidas entre eles.
governo implementar políticas”. O governo em rede pode ser entendido como um sistema inter-
Governança relaciona-se com a competência técnica, que ligado, uma rede complexa de relações temporárias destinadas à
abrange as capacidades gerencial, financeira e técnica propriamen- solução dos problemas que a todo instante surgem, uma rede liga-
te dita, e tem nos agentes públicos, em sentido amplo, e nos ser- da por canais informais de comunicação, cujo lema seria conectar,
vidores públicos, em sentido estrito, a sua fonte de origem. “Existe comunicar e colaborar.
governança em um Estado quando seu governo tem as condições Rede é uma estrutura de organização capaz de reunir pessoas e
financeiras e administrativas para transformar em realidade as de- instituições em torno de objetivos comuns, sua base da formação
cisões que toma. ” é o compartilhamento da informação. Os autores expõem que o
conjunto de redes do governo matricial envolve alinhamento hori-
Gestão de Redes Organizacionais17 zontal e vertical.
Os traços que compõem as novas formas organizacionais tra- No alinhamento horizontal, as redes podem conter ligações sim-
zem à tona a condição implícita da flexibilidade na gestão das orga- ples, quando programas intrasetoriais são implementados por uma
nizações. A flexibilidade compreende diversos aspectos relaciona- única organização, ou podem ser ligações complexas, em que os
dos à adaptação da organização frente às mudanças constantes no programas multisetoriais são implementados por múltiplas organi-
ambiente. Um destes aspectos é o fato de que nem sempre é possí- zações, incluindo entidades não governamentais e entes de outras
vel modificar a estrutura organizacional tão rapidamente quanto as esferas do governo.
mudanças ambientais exigem. Castells18 aponta que uma rede não tem centro, e sim nós de
Uma das alternativas para a rigidez das estruturas organizacio- diferentes dimensões e com relações intermodais diferenciadas.
nais é o desenvolvimento de uma gestão em rede. Ao mesmo tempo Cada nó é necessário para a existência da rede, e a tecnologia da
em que possibilitam articular vários conhecimentos e habilidades informação e comunicação é que podem proporcionar a articulação
em torno de uma atividade de forma dinâmica, as organizações em cotidiana de uma rede de instituições complexas, pois, de outra for-
rede estimulam a iniciativa, a flexibilidade e a participação dos in- ma, a interatividade dos participantes estaria prejudicada.
tegrantes. Nesse contexto, as parcerias são o principal instrumento O funcionamento em rede, assegurando descentralização e
de geração de informação e conhecimento destinados ao serviço coordenação na mesma organização complexa, é um privilégio da
que visam prestar. era da informação.19 Quando se discute redes, Ahmadjian20 destaca
A constituição de uma teia de relações em torno de objetivos também a criação e compartilhamento do conhecimento entre as
delimitados e fortemente compartilhados, voltada para a realização organizações que se relacionam, seja esse relacionamento próximo
de atividades diversas (e que podem sofrer mutações) amplia o raio ou distante, por meio de vínculos fracos, mas de grande alcance.
de ação das organizações públicas, gerando novas oportunidades e Kickert e Koppenjan21 apontam que uma análise mais aprofun-
aumentando seu potencial de efetividade. dada acerca da gestão de redes é necessária para se verificar como
as redes podem ser utilizadas para desenvolver políticas que bus-
Participar de uma rede organizacional significa um com- quem solucionar os problemas mais complexos. As organizações
prometimento no sentido de realizar conjuntamente ações entendem que a cooperação é a melhor maneira de atingir obje-
concretas, compartilhando valores e atuando de forma flexível, tivos comuns.
transpondo assim, fronteiras geográficas, hierárquicas, sociais ou
políticas.
18 CASTELLS, M.; A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, 1999.
A rede organizacional ou Inter organizacional, como também 19 Idem
é denominada, é um tipo de rede social, com caráter técnico e 20 AHMADJIAN, C. L. Criação do conhecimento inter-organizacional: conheci-
operacional. Podemos conceituar Redes como sistemas organiza- mento e redes. Gestão do conhecimento. Porto Alegre, 2008.
21 KICKERT, W. J, M.; & KOPPENJAN, J. F. M. Public Management and Network
Management: an overview. In: KICKERT W. J. M. Et alli eds, Managing Complex
17 http://www.anpad.org.br/admin/pdf/2012_EOR1733.pdf Networks Strategies for the Public Sector, Sage Publications, London, 1999.
142
EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
Granovetter22, pesquisador dos relacionamentos em rede, Acerca dessa questão da efetividade da atuação das redes, Kis-
apontou que os vários laços fracos mantidos por um indivíduo são sler e Heidemann28 apontam que “Pairam dúvidas não somente so-
mais importantes que os laços fortes na manutenção das redes so- bre as bases de cooperação entre esses atores, mas também sobre
ciais, uma vez que possibilitam a interação com vários outros gru- seus resultados.”. Esses autores também ressaltam a importância
pos mais dispersos. Sem estes laços fracos, os grupos seriam como de se avaliar e controlar o desempenho das alianças de cooperação.
ilhas isoladas e não uma rede, esse autor observou também que Vários exemplos de redes estão presentes hoje entre as organi-
existe uma ordem na organização das redes, ou seja, elas não são zações do chamado “terceiro setor”, que têm procurado desenvol-
simplesmente randômicas. ver ações conjuntas, operando nos níveis local, regional, nacional
Kissler e Heidemann23 apontam que o desenvolvimento da con- e internacional. As organizações, sejam elas empresariais ou não,
fiança entre os membros de uma rede é um pressuposto para um estão constantemente em busca de estruturas capazes de enfrentar
estado de cooperação. Os autores também explicam que a estrutu- ambientes de maior complexidade. Uma das respostas a esta busca
ra de uma rede de atores é composta por fios e nós, sendo os fios as por estruturas e estratégias alternativas de trabalho é o surgimento
expectativas, objetivos e demandas acerca da atuação dos atores e de uma forma de atuação que articula organizações e pessoas em
os nós seriam os próprios atores e sua atuação conjunta. um padrão de rede.
Também expõem que a função de uma rede é reunir atores com
interesses diferenciados, ou até conflitantes, para trabalharem em
conjunto, buscando agir de acordo com interesses do grupo, e não COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL
particulares, os membros da rede devem negociar os interesses,
ajustando-se uns aos outros. Abordaremos o conteúdo de Comportamento Organizacional
contextualizando o surgimento da complexidade das organizações,
Mas o que leva as instituições a se organizarem em rede, ten- no qual segundo Gomes29:
do em vista essa limitação dos interesses particulares? Para Kissler “As primeiras formas organizadas de trabalho de que temos no-
e Heidemann24 a resposta a esta questão é que as redes protegem tícia surgiram, provavelmente, com o povo de Karin Shan, quando
os atores, ou seja, elas possibilitam aos atores a resolução de pro- este começou a cultivar trigo e cevada nativos e a domesticar car-
blemas que representariam uma carga excessiva para um ator iso- neiros e cães, iniciando a mudança que revolucionou o destino da
lado, único, em outras palavras: quem trabalha sozinho sucumbe. humanidade, isto é, passando de uma sociedade de mera coleta de
alimentos para uma sociedade de produção. Fato que ocorreu em
As redes evitam a queda; possibilitam a solução dos problemas, 9000 a.C., na Mesopotâmia. ”
acima de tudo, pela ação conjunta. Sua estabilidade resulta, assim, Com a organização dos povos, surgiram dois tipos de organiza-
da pressão por cooperação e do bom êxito da cooperação. Kissler ções que até hoje têm poderosa influência sobre nós, sendo estas a
e Heidemann25 apontam ainda que a governança pública não pode militar e a religiosa. Entretanto, foi com a descrição da burocracia
ser imposta: é um processo de troca que oscila entre o topo e a feita - por Max Weber - e com os primeiros estudos sobre adminis-
base em toda a organização. tração científica, realizados por Taylor e Fayol, no início do nosso
Portanto, a nova cultura de governança deve estar impregnada século, que passamos a dispor de modelos para orientar a ação ge-
em todas as organizações participantes da estrutura de governança. rencial.
“Desse modo, os parceiros, liderando uma coalizão em rede ou uma A partir da escola clássica, surgiram a contraposição da escola
aliança, irão construir efetivamente as bases para o desenvolvimen- de relações humanas, os modelos racionalistas, a teoria geral dos
to de uma confiança mútua.”26 sistemas e muitas outras escolas de administração.
Os estudos preliminares sobre redes de Políticas Públicas, por A crescente complexidade organizacional, colocando em risco
volta dos anos 60 do século XX, focavam na importância das rela- a produtividade, associada à grande concorrência, foi a razão mar-
ções de cooperação entre organizações, na forma como elas traba- cante para favorecer o surgimento das escolas de administração do
lhavam e no impacto dessas relações na estrutura e comportamen- início do nosso século. Desde então, os autores vêm desenvolvendo
to organizacional. Recentemente, o foco de estudo foi ampliado, modelos que nos ajudem a entender e lidar com as organizações e,
buscando verificar a efetividade das atividades da rede, consideran- para cada um deles, seu modelo representa a chave para a eficiên-
do as várias interações entre os atores.27 cia e eficácia.
Administrar uma empresa, atualmente, requer muito mais do
que o exercício das funções básicas de gerência, como planejar, or-
22 GRANOVETTER, M.; The Strength of Weak Ties. American Journal of Socio- ganizar e controlar.
logy, 1973. As ameaças às organizações vindas dos clientes, da concorrên-
23 KISSLER, L.; & HEIDEMANN, F. G. Governança pública: novo modelo regula- cia e em decorrência das mudanças no contexto socioeconômicos
tório para as relações entre Estado, mercado e sociedade. Revista de Administra- requerem habilidades humanas em alto grau de refinamento. E a
ção Pública, RJ, 2006. compreensão do comportamento individual e dos grupos em situa-
24 Idem ção de trabalho constitui o campo de estudo do Comportamento
25 Idem Organizacional.
26 KISSLER, L.; & HEIDEMANN, F. G. Governança pública: novo modelo regula-
tório para as relações entre Estado, mercado e sociedade. Revista de Administra- 28 KISSLER, L.; & HEIDEMANN, F. G. Governança pública: novo modelo regula-
ção Pública, RJ, 2006 tório para as relações entre Estado, mercado e sociedade. Revista de Administra-
27 PROVAN, K. G.; MILWARD, H. B. Do Networks really work? A Framework for ção Pública, RJ, 2006
evaluating Public-Sector Organizational Networks. Public administration review, 29 GOMES, Comportamento organizacional. Rev. adm. empresa. [online], vol.27,
2001. 1987.
143
EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
Chiavenato30 define “Comportamento Organizacional como o trabalho desfavorável. Além disso, são estudadas as expectativas,
estudo da dinâmica das Organizações e como os grupos e pessoas motivações, habilidades e competências que cada colaborador de-
se comportam dentro delas. É uma ciência interdisciplinar. Como a monstra individualmente através de seu trabalho a fim de delegar-
organização é um sistema cooperativo racional, ela somente pode -lhe as atividades mais compatíveis com suas capacidades, e deste
alcançar seus objetivos se as pessoas que a compõem coordenarem modo, desfrutar de seus talentos e potencial plenamente.
seus esforços a fim de alcançarem algo que, individualmente, ja-
mais conseguiriam”. 2. O grupo como perspectiva intermediária do comportamento
Conforme Marques31, Comportamento Organizacional é o es- organizacional e os grupos na organização e as variáveis no nível
tudo dos comportamentos dos indivíduos e de seus impactos no dos grupos são: equipes e empowerment33, dinâmica grupal e in-
ambiente de uma empresa. tergrupal.
O estudo desses comportamentos está relacionado a fatores de
grande influência nos resultados alcançados pelas empresas como: 3. Organizacional como macro perspectiva do comportamento
liderança, estruturas e processos de grupo, percepção, aprendiza- organizacional e a dinâmica organizacional, sendo as variáveis no ní-
gem, atitude, adaptação às mudanças, conflito, dimensionamento vel da organização: desenho organizacional, cultura organizacional
do trabalho, entre outros que afetam os indivíduos e as equipes e processos de trabalho.
organizacionais.
Maximiliano32 apresenta que o objetivo implícito do enfoque Ao contrário do nível individual, aqui a empresa é estudada
comportamental é fornecer instrumentos para a administração das como um todo entre um ou mais grupos. Estuda a formação das
organizações, tendo por base o conhecimento sobre o comporta- equipes, grupos, as funções desempenhadas por estes, a comuni-
mento das pessoas, como indivíduos e membros de grupos. cação e interação uns com os outros, além da influência e o poder
Na evolução da história da administração, a Teoria Comporta- do líder neste contexto.
mental trouxe uma redefinição dos conceitos administrativos no Na avaliação entra a formação das equipes ou grupos, as fun-
final da década de 40. ções desempenhadas por estes, a qualidade de comunicação e in-
Essa teoria explica o comportamento organizacional fundamen- teração uns com os outros, além da influência e o poder do líder
tando-se no comportamento individual das pessoas. E que de acor- neste contexto. A intenção dessa avaliação é justamente conseguir
do com Chiavenato, o estudo da motivação humana explica que o conectar as equipes e fazer com que as pessoas consigam traba-
modo como um indivíduo ou uma organização age ou reage deve-se lhar de maneira conjunta e efetiva, trazendo assim mais felicidade
a suas interações com o seu meio ambiente, em resposta aos estí- e motivação para os funcionários e mais retornos financeiros para
mulos que dele recebe. A Teoria Comportamental da Administra- a empresa, uma vez que pessoas motivadas produzem mais e com
ção tem o objetivo de estudar a motivação humana. Os teóricos mais qualidade por estarem felizes e sendo recompensadas.
behavioristas (teóricos da teoria comportamental) verificaram que O estudo do comportamento organizacional é uma ciência apli-
o administrador precisa conhecer as necessidades humanas para cada que se apoia na contribuição de diversas outras disciplinas
melhor compreender o comportamento humano e utilizar a moti- comportamentais. As áreas predominantes são a psicologia, a so-
vação humana como poderoso meio para melhorar a qualidade de ciologia, a psicologia social, a antropologia e a ciência política.
vida dentro das organizações. A psicologia tem contribuído principalmente para o nível micro,
Assim, o estudo do comportamento organizacional deseja tra- ou individual, de análise, enquanto as demais disciplinas têm con-
zer maior entendimento sobre as lacunas empresariais para o de- tribuído para a nossa compreensão dos conceitos macro, tais como
senvolvimento sucessivo e assertivo de soluções, afim de: reter ta- os processos grupais e as organizações, segundo Robbins34.
lentos, evitar o turnover e promover engajamento e harmonia entre O entendimento do Comportamento Organizacional possibilita
os stakeholders. também mapear os profissionais que necessitam de aprimoramen-
Podemos considerar então que o comportamento organizacio- to e desenvolvimento em alguns pontos, como também descobrir
nal tem como objetivo investigar o impacto que indivíduos, grupos aqueles que se destacam em suas funções. Essa abordagem e visão
e a estrutura da própria organização têm sobre o desempenho das sistematizada assegura tanto o amadurecimento, como o melhor
empresas. aproveitamento das competências de ambos.
Ao estudar o comportamento organizacional, podemos consi- Os relatórios gerados pelo estudo do comportamento organiza-
derar três níveis: cional geram para os gestores, poderosas ferramentas que auxiliam
1. Individual como micro perspectiva do comportamento orga- na melhor administração diante da complexidade existente devido
nizacional, as pessoas nas organizações possuem diferenças indivi- à diversidade, globalização, contínuas mudanças, aumento dos pa-
duais, percepção e atribuição, motivação e satisfação no trabalho. drões de qualidade, ou seja, consequências dos avanços de modo
Estuda as expectativas, motivações, as habilidades e competên- geral.
cias que cada colaborador demonstra individualmente através de Os componentes que constituem a área de estudos do compor-
seu trabalho. Aqui o indivíduo é avaliado a partir de seus objetivos, tamento organizacional incluem motivação, comportamento e po-
seus rendimentos atuais, o que atrapalha seu crescimento e quais der de liderança, comunicação interpessoal, estrutura e processos
são as diretrizes ou costumes da empresa que tornam seu clima de
30 CHIAVENATO, I. Administração de Recursos Humanos: fundamentos básicos. 33 Empowerment é um conceito de Administração de Empresas que significa
São Paulo: Atlas, 1999. “descentralização de poderes”, que sugere uma maior participação dos trabalha-
31 MARQUES, J. R. Conceito de Comportamento Organizacional. Instituto Brasi- dores nas atividades da empresa ao lhes ser dada maior autonomia de decisão e
leiro de Coaching. 2013. responsabilidades.
32 MAXIMIANO, A. C. A. Teoria geral da administração: da revolução urbana à 34 ROBBINS, Stephen P. Comportamento organizacional. São Paulo: Peason
revolução digital. São Paulo: Atlas, 2002. Prentice Hall, 2005.
144
EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
de grupos, aprendizado, desenvolvimento de atitudes e percepção, Os princípios clássicos do modelo mecanicista passam a ser du-
processos de mudanças, conflitos, planejamento do trabalho e es- ramente contestados. Os engenheiros, técnicos, métodos e proce-
tresse no trabalho. dimentos, cedem lugar aos psicólogos, sociólogos, assistentes so-
ciais, dinâmicas de grupo, trabalho em equipe e outras ferramentas
Histórico35 voltadas a gestão do comportamento, segundo Maximiano36.
Ao longo do tempo, considera-se que as teorias e as práticas A felicidade humana passa a ser vista sob um ângulo comple-
que constituem o Comportamento Organizacional de hoje tiveram tamente diferente, pois o homo economicus cede lugar ao homem
suas origens a partir da Revolução Industrial do século XVIII e XIX. social.
As invenções que proliferaram nessa época, como o descaroçador A ênfase nas tarefas e na estrutura é substituída pela ênfase
de algodão e a máquina a vapor, criaram novas formas de traba- nas pessoas. Nesta nova concepção de gestão que enfoca as pes-
lho que tornaram obsoletos os métodos gerenciais empregados soas e seus comportamentos como sucesso empresarial surgindo
até aquela época. Com isso as grandes linhas de montagem, que se o homem social, a motivação torna-se essencial para a gestão do
criaram, exigiram um número maior de trabalhadores, impactaram comportamento organizacional, mudando por sua vez o enfoque
drasticamente os poucos gerentes que havia nas empresas. cultura da empresa. Se quisermos uma força de trabalho motivada,
A situação ficou ainda mais difícil quando o trabalho especializa- devemos construir e modificar continuamente o ambiente onde as
do agora necessário para atender à manutenção dos equipamentos pessoas podem satisfazer suas necessidades, ao mesmo tempo em
e à coordenação das diversas atividades pressionou os gerentes, que cumprem os objetivos da empresa, Maslow37.
que, sobrecarregados, não dispunham de tempo para atendê-las.
Estas abordagens modeladas por pesquisa e prática da adminis- Sistemas Abertos (abordagem sistêmica)
tração podem desenhar um quadro da evolução histórica dos mo- Nesta abordagem temos que toda a empresa constitui um sis-
mentos que influenciaram o desenvolvimento do Comportamento tema, uma estrutura unificada de subsistemas inter-relacionados
Organizacional. Veja as influências seguintes: sujeitos às influências do ambiente, denominada abordagem dos
sistemas abertos.
Administração Científica Hoje percebe-se que o campo do Comportamento Organiza-
A primeira foi a chamada administração científica, que teve cional evoluiu de uma orientação com ênfase nas estruturas e
como concentração o aumento da eficiência do comportamento no processos de pequenos grupos, para uma perspectiva de grandes
trabalho e dos processos de produção. Aqui a preocupação é com o subsistemas, organizações e seus ambientes, contribuindo para a
desempenho dos recursos, métodos, técnicas e processos, de uma compreensão e solução de problemas de trabalho por meio de dife-
tarefa ou de toda empresa, considerando que as pessoas não são rentes possibilidades de intervenção.
negligentes, que tudo era reflexo orientado da Revolução Industrial,
ou seja, da mecanização. Sendo assim as pessoas não eram consi- Sendo assim a utilização eficaz de todas as descobertas e teorias
deradas em sua totalidade, e sim, apenas os aspectos físicos, pois desenvolvidas ao longo dos anos constitui um recurso sólido que
eram os necessários para desempenhar uma única tarefa dentro da assegura uma verdadeira vantagem competitiva para as empresas.
empresa.
O comportamento do homem só era influenciado por recom- Os Gerentes nas Organizações
pensadas materiais, econômicas ou financeiras, denominando esse As pressões sobre as empresas são cada vez maiores, exigindo
indivíduo como homem economicus. De acordo com Maximiano das pessoas e, principalmente, dos seus gerentes, maneiras diferen-
(2004): sempre foi evidente que a administração não iria muito lon- tes e seguras de se alcançar melhores resultados. Entretanto, várias
ge se as pessoas não fossem consideradas em sua totalidade, e não são as críticas aos gerentes que, de maneira tradicional, tentam ad-
apenas como “peças humanas” como parte importante do proces- ministrar empresas em situações que não se assemelham àquelas
so de administrar organizações. do passado. Os tempos atuais requerem mais informações e recur-
sos para o enfrentamento de condições instáveis e inesperadas.
Relações Humanas Os gerentes, atualmente, são levados a dar respostas às situações
Uma outra abordagem refere-se aos princípios da administra- complexas que exigem diferentes habilidades.
ção, enfocando o aumento da eficiência de todos os procedimentos As pressões de tempo, satisfação do cliente, redução de custos,
empregados pelos gerentes para alcançar resultados, incluindo-se entre outras, estão presentes no dia-a-dia daqueles que adminis-
as pessoas. Tal abordagem enfatizava o estímulo ao desenvolvimen- tram.
to e satisfação dos trabalhadores, sendo chamada abordagem de Várias são as restrições aos gerentes que, de alguma forma, não
relações humanas. conseguem corresponder às expectativas de um conjunto exigente
A abordagem comportamental só ganhou destaque a partir da de pessoas (clientes, subordinados, acionistas, fornecedores, etc.),
Teoria das Relações Humanas, com a ideia de que gerenciar o com- levando a algumas constatações, tais como:
portamento organizacional resulta em maior produtividade e, por- 1) Os gerentes, de maneira geral, não conhecem a realidade do
tanto, ganhos econômicos. Neste sentido, a cultura também é parte mercado onde suas empresas atuam (não conhecem em profundi-
integrante desse processo de gestão. Fala-se agora em motivação, dade as demandas, características, tendências);
liderança, comunicação, organização informal, dinâmica de grupo 2) Os gerentes em geral não conhecem o perfil dos seus clientes
etc. (não sabem das suas necessidades, expectativas e dificuldades);
36 MAXIMIANO, A. C. A. Introdução à Administração. 6. ed. São Paulo: Atlas,
2004.
35 QUADROS, Dante e TREVISAN, Rosi Mary. Comportamento Organizacional. 37 MASLOW, A. H. Diário de Negócios de Maslow. Rio de Janeiro: Qualitymak,
Coleção Gestão Empresarial. S.D. 2003.
145
EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
3) Muitas vezes, os gerentes não sabem tomar decisões dian- ses valores. Desse modo, como as pessoas tem seus valores e são
te de situações complexas (tem medo das consequências, não tem o ponto de partida para uma relação saudável ou não, as organiza-
autonomia, preferem que seus superiores assumam as consequên- ções se constroem sobre seus valores. Valores virtuosos como dis-
cias); ciplina, lealdade, honestidade, perseverança e respeito encontram-
4) As tarefas dos gerentes frequentemente são apenas de roti- -se presentes na missão de organizações e tem sido responsável
na, conduzindo suas ações voltados muito mais para situações que pela longevidade e credibilidade de algumas, por longas décadas.
já ocorreram do que para questões prospectivas; A Sony, por exemplo, preserva o respeito e encorajamento entre
5) Alguns gerentes não se mostram capazes de lidar eficazmen- as capacidades das pessoas. Já a 3M, preza pela inovação, integri-
te com pessoas (não sabem lidar com as emoções, não sabem lide- dade absoluta, respeito pela iniciativa individual e pelo crescimento
rar, nem tampouco conduzir uma boa reunião com a participação pessoal, tolerância com os erros, qualidade e confiabilidade.
intensa de todos). Estes são alguns valores que tem apoiado essas empresas na
sua trajetória de sucesso. É preciso ter em mente que os valores
Diante dessas adversidades e de tanta concorrência no merca- explicitados, mas não presentes nas ações são declarações ape-
do, passou a ser um imperativo para os gerentes conhecer da me- nas de princípios, e isto é pouco. É necessário que sejam os pilares
lhor forma e em profundidade os fatores relacionados ao compor- que sustentam a definição de negócio da empresa. Tanto as ques-
tamento humano, como a importância das percepções, a influência tões individuais, relacionadas às características biográficas, quanto
das atitudes e a abrangência dos nossos valores. aquelas que envolvem o funcionamento de um grupo, tornaram-se
relevantes para se compreender e atuar sobre a cultura, estrutura
Percepção e processos organizacionais. Não é por acaso que pesquisas feitas
A qualidade das nossas relações com as pessoas depende em com profissionais, anos após estarem formados, apontam as disci-
grande medida da nossa capacidade de perceber adequadamente plinas relacionadas ao comportamento humano no trabalho como
o comportamento e a experiência do outro. Quando vemos, toca- decisivas para o sucesso profissional.
mos, ouvimos, nós o fazemos pela emoção e pela inteligência, que
resultam em ideias, o que nos possibilita compreender e distinguir Grupo de Alto Desempenho
os estímulos. É possível considerar, de maneira ampla, que todas as nossas
Contudo, a capacidade do ser humano de apreender o mundo atividades acontecem em um contexto de grupo e, nele, qualquer
exterior é limitada, em decorrência da dinamicidade do mundo, da trabalhador é tão influenciado que o seu desempenho pode ser
complexidade do nosso sistema perceptivo e das limitações dos sensivelmente alterado. Por outro lado, não basta simplesmente
nossos sentidos. As nossas características pessoais podem facilitar colocar as pessoas juntas para que se alcance um bom desempenho.
ou dificultar o processo perceptivo. É preciso que a pessoa aprenda como interagir de maneira a
Indivíduos com problemas de relacionamento apresentam difi- compartilhar informações, confrontar diferenças e cooperar com
culdade em perceber os outros e o mundo a sua volta de forma acu- os seus pares.
rada, sem deformações. A pessoa que, continuamente, busca uma Na empresa moderna é nítida a preocupação e importância dos
maior consciência sobre si, sobre o outro e o mundo, tem maior grupos para o alcance de melhores resultados, e isto ocorre em to-
probabilidade de perceber as situações e de se relacionar, diferen- dos os níveis da hierarquia. Os grupos se formam nas empresas com
temente daquela que se comporta de maneira rígida, preconcei- base no agrupamento por função (por tarefas que os seus membros
tuosa, em face dos valores dos outros, quando estes são diferentes executam) ou no agrupamento por fluxo de trabalho (desde o início
dos seus. do trabalho até sua conclusão).
A gerência que conhece as fases de desenvolvimento de um
Sendo assim vejamos as demais definições: grupo sabe que não pode cobrar resultados enquanto os indivíduos
- Atitudes: a partir da percepção do meio social e dos outros, que trabalham juntos não tenham resolvido algumas questões en-
vamos organizando as informações recebidas e as relacionamos tre eles. Assim, é possível diferenciar um grupo de uma eficaz equi-
com afetos positivos ou negativos, o que nos predispõe favorável pe de alto desempenho. Considera-se um grupo como duas ou mais
ou desfavoravelmente com relação às pessoas, objetos e situações. pessoas que interagem entre si de tal forma que cada uma influên-
A estas predisposições chamamos de atitudes. cia e é influenciada pelas demais.
A aprovação de pessoas importantes para nós ou do grupo so- Existe, em um grupo, algumas distinções, como: as pessoas
cial de que participamos exerce um efeito reforçador das nossas consideram-se membros, identificam-se umas com as outras, inte-
atitudes, o que faz com que estas sejam incorporadas ao nosso re- ragem frequentemente, tem papéis interdependentes e comparti-
pertório de comportamento, enquanto que, aquelas que são criti- lham normas comuns. Uma equipe de alto desempenho apresenta
cadas, costumam ser rejeitadas. características distintivas, como um alto grau de interdependência
Observa-se, assim, que as atitudes são aprendidas e passíveis entre seus membros. Estes tem elevado grau de responsabilidade
de serem modificadas. no desempenho de diversas funções e, além disso, as diferenças
entre os membros em termos de experiência e conhecimento são
- Valores: a maneira como vemos a vida, as pessoas e o mun- aproveitadas de tal forma que elas interferem nos resultados e de-
do depende dos nossos valores. Eles são componentes dos nossos sempenho final. Vários são os fatores que podem impedir um bom
modelos mentais. Se temos modelos de boa qualidade, teremos rendimento do grupo, como o seu tamanho, o grau de motivação de
uma melhor representação da realidade; se estes são de qualidade, seus membros, a falta de coesão, dificuldades de comunicação e até
teremos uma visão mutilada e deturpada do mundo. Por exemplo: mesmo normas restritivas ao seu bom funcionamento.
para uma pessoa que valoriza a integridade e competência, suas
escolhas, decisões e implementação podem ser sustentadas por es-
146
EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
Algumas providências são eficazes quanto ao bom funciona- Não é raro se observar a incoerência de certas políticas presen-
mento de um grupo, a saber: tes em algumas organizações que desenvolvem programas de valo-
- Favorecer a integração das pessoas, observar a liderança volta- rização da diversidade, mas depois castram estas pessoas, apresen-
da para a tarefa, tanto quanto os fatores de manutenção do grupo tando modelos como “aqui nós nos comportamos”, formalizados
que dizem respeito às questões sociais; nos famosos cursos de “formação”.
- Classificar papéis e expectativas; O fato de a empresa ter entre seus membros pessoas diferentes
- Intensificar os valores e respeito às normas, bem como favore- não a torna mais inovadora. É preciso que se criem espaços para a
cer, sempre, uma maior coesão das pessoas. inovação. Só então as diferenças se complementarão e serão gera-
doras de novos conhecimentos.
Sabe-se que os resultados alcançados pelos grupos dependem Falar de diversidade é falar de inclusão de minorias, não sus-
muito do grau de participação de cada um, bem como do nível de tentada por um protecionismo, mas baseada nas competências. As
empowerment (delegação, empoderamento), de que as pessoas minorias tão desprezadas por questões de cor, raça, sexo, credo reli-
dispõem. Especificamente isto é encontrado nas chamadas equipes gioso, opção sexual, idade, deficiência física, não buscam por algum
auto gerenciadas que são pequenos grupos de trabalho onde cada tipo de favor e nem as empresas poderiam permitir que alguém
membro tem a responsabilidade sobre si e sobre o trabalho que faz, permanecesse na sua folha de pagamento sem gerar resultados,
com o mínimo possível de supervisão direta. pois hoje a busca por competência é vital a sobrevivência das or-
ganizações.
Valorização da Diversidade Para a implantação de um programa de valorização da diversi-
A pressão da sociedade sobre a questão da responsabilidade dade não basta adaptar o ambiente para receber as pessoas com
social das empresas, a competitividade, a necessidade de produ- deficiência, flexibilizar horários para funcionários que moram longe
tos inovadores, talvez seja uma das razıes para a emergência dessa ou adequar dias de feriados religiosos. Trata-se, antes de mais nada,
nova postura. É inegável que a forma como fomos educados não de uma mudança na cultura da empresa, em que a diversidade deve
nos permite olhar para a diversidade sem uma certa parcialidade. fazer parte da missão como um todo e ser disseminada entre seus
Desde tenra idade somos ensinados a ser iguais e a encarar a desi- parceiros, fornecedores, consumidores e clientes.
gualdade como indicador de distúrbio, anormalidade, problema e Quando a empresa, na figura dos seus integrantes, tem interna-
outras tantas designações. lizada uma atitude de isenção diante das diferenças, ela se torna ca-
Nos primeiros anos da escola, onde realizamos grandes apren- paz de percorrer, de forma mais segura e competente, os caminhos
dizagens, somos solicitados a nos vestir da mesma forma, a nos sen- intrincados das relações humanas e aprender com elas.
tarmos sempre na mesma carteira, a pintarmos o céu de azul e os A busca do trabalho conjunto exige, do gerente, habilidades que
campos de verde. Quando adultos, na empresa, aprendemos que as em outros tempos não eram imaginadas e que agora são considera-
diferenças são desagregadoras e geradoras de conflitos. Apesar de das essenciais: o controle emocional, a empatia, a sociabilidade, o
decadente, ainda prevalece, em muitas empresas, um padrão para saber ouvir, dar e receber feedback, entre outras.
ingressar ou ocupar determinados cargos na empresa. Nas equipes de alto desempenho que os indivíduos se apresen-
Por exemplo, o padrão para ocupar cargos de gerência geral- tam profundamente comprometidos com um propósito comum,
mente era o de homens brancos. Mulheres e negros ocupavam procuram alcançar de modo responsável as metas estabelecidas e
cargos de menor importância na hierarquia. Hoje essa concepção têm uma crença na capacidade do grupo que lhes permite superar
está mudando. Já se encontram negros em cargos expressivos nos conflitos e alcançar os melhores resultados. E para que este proces-
diferentes segmentos do mercado de trabalho e as mulheres vêm so seja continuamente renovado é necessário que o gerente man-
ocupando cargos mais elevados na hierarquia, nas ·áreas pública, tenha permanente o apoio às equipes, aconselhando, orientando e
privada e política, antes são ocupados por homens. treinando-os como um verdadeiro Coach.
Potencialmente, a empresa aberta para o diferente, ou seja,
para o novo, tem mais possibilidade de gerar mais resultados. Ape- Em Pleno Século XXI Ainda Existem Gerentes Exercendo Plena-
sar de ser ainda um tema bastante novo nas empresas brasileiras e mente a Tirania
não se ter estudos mais comprovadores de que a diversidade. É a A pressão para as empresas tornarem-se competitivas tem le-
responsável por gerar maiores e melhores resultados, as empresas vado muitas chefias a adotarem estratégias pouco éticas, justifican-
tem caminhado nesta direção. do-as como necessárias para o alcance das metas organizacionais,
Entende-se que um ambiente constituído por profissionais de daí a enorme necessidade, principalmente por parte de alguns ges-
diferentes formações, com diferentes histórias de vida, tem maior tores, de Coach.
chance de fazer uma leitura de mundo muito mais abrangente, vi- Em uma época em que, nas organizações, é tema recorrente a
sualizar ângulos não percebidos por muitos, apresentar ideias origi- qualidade de vida, o respeito aos direitos humanos, a preocupação
nais e usar referências pouco comuns. pelo bem-estar dos seus colaboradores, pode soar de forma no mí-
A empresa formada por diferentes públicos internos tem um nimo estranha a expressão assédio moral.
repertório rico de comportamento e conhecimento para atender a Porém, mais estranho é ainda existirem gestores que adminis-
diferentes públicos externos. Ademais, é a diversidade que estimula tram pelo medo, pela coação e pelo autoritarismo. O assédio moral
a criatividade. Não basta, contudo, termos uma clientela interna di- é muito mais do que a ocorrência de situações humilhantes, depre-
versificada, se esta atitude não faz parte da estratégia da empresa e ciativas e manipuladoras. É principalmente, uma falta de respeito
se não há· um compromisso de todos os setores da empresa. pelo ser humano.
147
EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
A tirania de muitas empresas pode vir manifestada pelas seguin- As mudanças tecnológicas e estruturais frequentemente não ofe-
tes posturas: recem dificuldades de resistência quando bem explicadas e entendi-
- Impor sobrecarga de trabalho; das, mas as mudanças que afetam as pessoas (atitudes, habilidades,
- Sonegar informações e criar dificuldades para a realização de motivações dos empregados) normalmente trazem transtornos. É
um trabalho; preciso o conhecimento de métodos e técnicas que favoreçam a ade-
- Desqualificar as pessoas, não respondendo a solicitações, per- são das pessoas com a menor turbulência do ambiente.
guntas, cumprimentos, como forma de menosprezo, humilhação; As organizações que apresentam um alto grau de inovação fre-
- Desmoralizar o trabalho ou colocar em dúvida a competência quentemente favorecem a criatividade em trabalhos de equipe, ga-
das pessoas; rantem apoio ‡s novas ideias, e a alta direção se envolve por inteiro
- Mostrar indiferença pelas condições em que as pessoas traba- nas questões que devem ser mudadas. As mudanças que efetiva-
lham, ou fazer cobranças desmedidas; mente alcançam sucesso são aquelas que envolvem as pessoas e
- Exaltar-se nas suas comunicações ao funcionário; cujo processo de implantação pode ser continuamente revisto.
- Ameaçar constantemente com a possibilidade de desemprego
ou demissão; Questões Atuais
Os temas e o entendimento das questões relacionadas com o
Todo ser humano tem um limite de resistência a situações ad- Comportamento Organizacional nunca foram tão importantes para
versas. Além deste ponto começa-se a observar sintomas de sensi- os gestores como nos dias de hoje. Alguns assuntos merecem es-
bilidade exagerada, crises de choro, baixa autoestima, pouco nível pecial atenção no dia-a-dia das organizações, como por exemplo:
de tolerância, irritabilidade, pensamentos negativos, ansiedade, - Questões relacionadas com a Inovação - As respostas de on-
tremores, taquicardia, insônia ou muita sonolência. tem não atendem mais as perguntas de hoje. É preciso encontrar
Estas manifestações interferem no desempenho do trabalho, re- soluções para novos e velhos problemas.
sultando em queda da produtividade e da qualidade, baixa motiva-
ção, medo de tomar decisões, pouca criatividade. O assédio moral - Questões relacionadas com a Temporariedade - A velocidade
acaba acontecendo e se repetindo em muitas empresas em razão da mudança é intensa e é preciso estar preparado para mudar cons-
do medo, por parte daqueles que são vítimas, de perder o emprego, tantemente, só que agora em prazos mais curtos.
pois as denúncias de assédio, em sua maior parte, apontam como
autores pessoas hierarquicamente superiores. Atualmente, movi- - Questões relacionadas com a Interação Humana - A busca pela
mentos de funcionários que não se intimidam diante do autoritaris- autonomia e a necessidade de auto realização exigem um entendi-
mo têm levado muitas empresas a rever sua declaração de valores mento de como isso ser possível.
e a coerência das suas atitudes.
- Questões relacionadas com o Desempenho - A qualidade, a
Mudança produtividade, a ética nos negócios passou a exigir grande atenção,
O ser humano está em permanente mudança e as organizações a qual se traduz em resultados.
em que ele participa estão incessantemente alterando suas disposi-
ções e estruturas. Se a mudança é um processo inevitável, todos os - Questões relacionadas com a Diversidade - É preciso promo-
temas abordados pelo Comportamento Organizacional influenciam ver a aprendizagem e aceita-la de diferenças, que cada vez mais es-
ou são influenciados pelas exigências de mudança. tão presentes nas organizações, exigindo novas posturas e atitudes
O ambiente em que vivemos não é estático, o que implica estar- no ambiente de trabalho.
mos permanentemente tendo que alterar nossa postura diante do
mundo. Sem estas alterações contínuas e não há garantia de que - Questões relacionadas com a Globalização - A abertura de no-
uma pessoa ou organização possa continuar tendo sucesso. Inicial- vos mercados, novos concorrentes, a quebra de fronteiras, perdas
mente deve-se considerar os gerentes como os principais agentes de emprego, novas oportunidades e dificuldades econômicas cons-
de mudança de uma organização, o que não exclui a responsabili- tituem-se em desafios permanentes.
dade de cada membro em fazer a diferença. Entretanto, é ele quem
toma decisões e serve de modelo para o restante da empresa. - Questões relacionadas com as Mudanças - As organizações es-
De maneira geral um gerente enfrenta as seguintes situações tão cada vez mais baseadas em trabalhos em equipe, na interação,
inevitáveis: na inovação e no aprendizado contínuo.
- Nas forças da mudança, encontradas dentro ou fora da orga-
nização, não identificar quais oferecem risco de sobrevivência da - Questões relacionadas com as Novas Estruturas - Cada vez
empresa; mais as estruturas formais, hierarquizadas, estão cedendo lugar
- A necessidade percebida da mudança (responsabilidade de para estruturas horizontais flexíveis e mais enxutas.
monitorar quais são as forças e o seu impacto na organização, exi-
gindo uma resposta planejada); - Questões relacionadas com as Novas Opções de Carreira - Não
- O início da mudança (garantir os recursos decisivos que levam faz mais sentido planejar a carreira tomando como referência os
ao sucesso e evitar o descrédito sobre o que se pretende mudar); níveis hierárquicos da empresa. A tendência agora é o movimen-
- O próprio processo de mudança (saber trabalhar com as resis- to horizontal, contemplando-se outras oportunidades, a exemplo
tências, comunicação, participação e exaltação do sucesso alcan- dos empreendedores. A variedade e a amplitude do estudo destas
çado). questões irã contribuir de maneira significativa para que o gerente e
o homem comum possam dispor de recursos para uma vida melhor
e um mundo organizacional mais humano para ser vivido.
148
EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
149
EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
Há três níveis de cultura, a saber: artefatos, valores de suporte e pressuposições básicas de suporte. Observe a figura a seguir.
Níveis de Cultura
https://www.uniasselvi.com.br/extranet/layout/request/trilha/materiais/livro/livro.php?codigo=38054
– Artificialidades observáveis: constituem-se da disposição física, vestimenta, maneira como as pessoas se tratam, odor e “clima” do
lugar, intensidade emocional e outros fenômenos (inclusive registros, produtos, filosofias e anuários da empresa). São palpáveis e mais
difíceis de se decifrar com precisão.
Sabemos como reagir a elas, mas isso não é necessariamente um indicador confiável de como reagem os membros da organização.
Vemos e sentimos que uma empresa é mais formal e burocrática do que a outra, mas isso não diz nada sobre o porquê de ser assim.
Na investigação sobre cultura, questiona-se o uso de instrumentos aferidores, pois eles prejulgam as dimensões que se está
considerando. Não há meio de saber se as dimensões que se está considerando são relevantes ou salientes naquela cultura, até que se
tenha examinado níveis mais profundos de cultura.
– Valores: este nível pode ser pesquisado através de entrevistas, questionários ou instrumentos de avaliação. Estudam-se os valores,
normas, ideologias, licenciamentos e filosofias adotadas e documentadas de uma cultura.
São realizadas entrevistas, em que o entrevistado pode responder livremente, por serem mais úteis para se chegar ao nível de como as
pessoas se sentem e pensam. Porém, os questionários e instrumentos aferidores são geralmente considerados como menos úteis, porque
prejudicam as dimensões a serem estudadas.
– Concepções básicas: reconhecem-se as concepções adotadas, apenas através de observações mais intensas, de indagações mais focalizadas
e de envolvimento de membros motivados do grupo. Essas concepções determinam o modo de perceber processos mentais, sentimentos e
comportamento, sendo apresentado de forma inconsciente; se constituindo o nível mais profundo de entendimento da cultura organizacional.
https://www.uniasselvi.com.br/extranet/layout/request/trilha/materiais/livro/livro.php?codigo=38054
150
EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
151
EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
152
EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
No planejamento do projeto é necessário identificar as neces- Assim, o patrocinador do projeto é aquele que provê os meios
sidades que existem a ser atendidas por meio de um novo projeto. para a realização do projeto, garante os recursos necessários, arti-
Os objetivos devem ser muito bem elaborados, de forma clara e cula para o sucesso, protege o projeto e decide questões que estão
realizável. Faz-se necessário estimar os conflitos, tempo e custo do acima da alçada do gerente.
projeto, e promover adaptações. Esse patrocinador apoia o gerente do projeto e acompanha
O objetivo central da gestão de projetos é alcançar o controle ativamente o projeto, fazendo gestões em níveis que o gerente de
adequado do projeto, de modo a assegurar sua conclusão no prazo projeto não alcança. Portanto, deve ser alguém com poder dentro
e orçamento determinado, obtendo a qualidade determinada. da organização, a quem o gerente de projeto tenha acesso direto e
com quem possa contar quando necessário, o patrocinador geral-
Benefícios de um bom Gerenciamento de Projetos39 mente tem a visão do negócio em que o projeto está inserido.
As boas práticas de Gerenciamento de Projetos trazem diversos Ele estabelece objetivos e prioridades, aprova o planejamen-
benefícios às empresas, como: to, os documentos e arbitra conflitos no projeto, o patrocinador
- Custos menores; geralmente é representado por alguém da alta administração, que
- Menos improviso; tenha grande poder de articulação e de influência nos vários níveis
- Decisões mais eficazes; da organização. Normalmente, o patrocinador poderá dividir com o
- Afastamento de surpresas; gestor do projeto a competência em nomear o gerente de projetos.
- Maior satisfação do cliente;
- Ciclo de desenvolvimento mais curto; Papéis e Responsabilidades do Patrocinador do Projeto:
- Antecipação das situações desfavoráveis; - Reconhecer e premiar os sucessos;
- O aumento de sucesso na execução dos projetos; - Administrar em alto nível dos stakeholders;
- Fornecimento de um mecanismo de medição de desempe- - Assegurar a supervisão da função de gerenciamento de pro-
nho; jetos;
- O aumento da carteira de clientes e consequente fidelização - Avaliar e tomar decisões contínuas para continuar ou parar o
destes; projeto;
- A redução de custos e do tempo para desenvolvimento de - Auxiliar o líder do projeto na identificação e obtenção de re-
novos produtos e soluções; cursos-chave;
- Planejamento e compartilhamento de recursos no aprimora- - Apoiar e defender visível e abertamente o projeto ao longo de
mento da eficiência (reduz custos); seu ciclo de vida;
- O aumento de vendas e receita para reinvestimento, tanto do - Garantir o alinhamento do projeto com as necessidades e
capital humano quanto da estrutura da organização. prioridades de negócios;
- Certificar-se que o projeto seja avaliado e todas as lições
Princípios relevantes para o desenvolvimento de Projetos aprendidas compartilhadas;
Alguns fatores são condicionantes assim como seus efeitos so- - Possuir ou assegurar os processos de monitoramento e revi-
bre as organizações no desenvolvimento de um projeto: são dos orçamentos de projetos;
- Análise de mercado; - Responsável pela aplicabilidade do projeto nos negócios, e
- Definir o horizonte do projeto; pela entrega dos benefícios de negócio definidos;
- Estimar o retorno do investimento; - Garantir que os principais riscos de projetos que impactam o
- Analisar a estrutura e a projeção dos custos; negócio sejam visíveis e bem gerenciados;
- Analisar a viabilidade econômica do projeto; - Trabalhar em estreita colaboração com o líder do projeto e
- Definir como será feito o gerenciamento do projeto; visivelmente apoiar a equipe do projeto, em nome da organização;
- Projetar o fluxo de caixa dentro do horizonte do projeto; - Garantir uma transição suave dos entregáveis do projeto para
- Levantamento dos investimentos necessários ao projeto; o negócio da organização solicitante após o encerramento do pro-
- Efeitos do projeto sobre a estrutura organizacional e de capi- jeto;
tal da empresa; - Autorizar mudanças de escopo, revisões de final de fase e de-
- Levantamento dos custos operacionais do projeto e estimati- cisões de avançar/não avançar quando os riscos são particularmen-
va preliminar do ponto de equilíbrio; te elevados.
- Realizar um diagnóstico das tendências da oferta e demanda
dos produtos e serviços oferecidos. Gerente de Projetos
Assim como as organizações necessitam de uma pessoa res-
Patrocinador do Projeto ponsável pelo cumprimento dos seus objetivos, o projeto também
O patrocinador do projeto é definido como, uma pessoa ou tem a mesma necessidade. O gestor do projeto é essa pessoa res-
grupo, que fornece recursos e apoio para o projeto, programa ou ponsável por apoiar a equipe de projetos na condução das ações e
portfólio, e é responsável por facilitar seu sucesso. 40 por garantir que o projeto siga pelo caminho planejado. Tem como
objetivo desenvolver o produto/serviço esperado dentro do prazo,
custo e nível de qualidade desejados.
Este papel pode ser desempenhado tanto pelo gestor da uni-
39 https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/informatica/beneficios-do- dade demandante do projeto quanto por servidor especificamente
-gerenciamento-dos-projetos/67466. designado para tal fim, sempre tendo como objetivo final estabele-
40 http://stakeholdernews.com.br/artigo/responsabilidades-do-patrocinador-do-pro- cer as interfaces entre as partes interessadas.
jeto-2/
153
EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
154
EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
Além disso, a utilização das pessoas normalmente começa de um nível baixo e vai evoluindo com o passar do tempo, ou seja, come-
çamos os projetos com poucos profissionais e vamos aumentando esse número.
Entretanto, após certo tempo, a utilização de pessoas cai bruscamente até o encerramento do projeto, em que todas as pessoas serão
desmobilizadas. O mesmo ocorre com os gastos por unidade de tempo, que começam normalmente mais baixos, são aumentados durante
o desenvolvimento do projeto e caem bastante no final.
Outro fator importante é a capacidade e o custo de se fazer uma alteração no projeto. Em seu início, o custo é baixo e a possibilidade
alta de se poder alterar algum aspecto no projeto. Assim sendo, antes de começar uma obra é razoavelmente fácil alterar o projeto e incluir
algum ambiente, por exemplo.
ETAPAS DO PROJETO
É a etapa inicial em que se define o projeto, as necessidades são identificadas, autorização do projeto
1. Processos de Iniciação
é feita, e em geral é uma etapa que deve ser desenvolvida em uma reunião de brainstorming.
Nessa etapa é definido o objetivo do projeto, planejam-se as ações necessárias para atingir os objeti-
vos e o escopo para o qual se propõe o projeto, além de serem desenvolvidos planos auxiliares para
2. Processos de Planeja-
gestão do projeto. São processos interativos de definição e refinamento de objetivos e escolha dos
mento
melhores caminhos para atingir os resultados. O resultado do planejamento é uma lista de tarefas e/
ou um gráfico de Gantt/Cronograma.
A integração das pessoas e os outros recursos para colocar em prática o plano do projeto, é nessa
3. Processos de Execução
etapa que ocorre a maior parte do esforço/dispêndio do projeto.
Aqui ocorre em paralelo ao processo de execução. Mede e monitora o desempenho do projeto para
4. Processos de Monito-
identificar variações em relação ao planejado para que ações corretivas sejam disparadas quando
ramento e Controle
necessário, garantindo que os resultados do período sejam alcançados.
Formaliza a aceitação do projeto, serviço ou resultado e o fechamento formal do contrato. Analisa a
5. Processos de Encerra- evolução do projeto para que erros não se repitam no futuro, além disso, também é importante iden-
mento tificar os acertos para que eles voltem a acontecer em outros projetos. Atualizar a base de conheci-
mento de lições aprendidas.
As etapas do processo são ligadas pelos resultados que produzem: o resultado de um processo frequentemente é a entrada de outro.
Uma saída com falhas pode comprometer a entrada de processos dependentes. As cinco etapas de processos possuem conjuntos de ações
que se bem aplicadas e planejadas garantem a taxa de sucesso do projeto. Outro destaque é que o Guia PMBOK deixa bem claro que os
grupos de processos não são fases do ciclo de vida do projeto (as quais são apenas início, meio e fim).
Por fim, tendo em vista as características discutidas até então, observe as principais semelhanças e diferenças entre projetos e pro-
cessos em uma organização:
Principais Semelhanças:
- Ambos seguem um sequencia lógica e ordenada de tarefas.
- Projetos e processos estão concentrados em satisfazer requisitos de um cliente.
- Ambos consomem recursos (materiais, financeiros, humanos e tecnológicos) que são tratados através de atividades ordenadas, ge-
rando valor até a entrega de um produto final.
Principais Diferenças:
- Enquanto o processo objetiva entregar um porduto ou serviço padronizado, o projeto visa entregar algo novo e único.
- No projeto temos que o escopo, tempo e custo são definidos claramente anteriormente ao projeto, embora variem de um projeto
para o outro. No processo, a demanda e consumo de recursos são mais constantes.
155
EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
156
EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
E finalmente a área de conhecimento incluída por último no PMBOK: o Gerenciamento das Partes Interessadas, que são indivíduos ou
organizações que estejam ativamente envolvidos no projeto de forma positiva e também negativa e que possuem seus interesses próprios
relacionados ao projeto. São eles: clientes, fornecedores, gerente e equipe de projeto, usuários do produto do projeto, organizações go-
vernamentais e não governamentais, meio ambiente, etc.
Em muitas organizações o treinamento para gerente de projetos inclui uma formação mais focada no desenvolvimento tático do
projeto, porém uma abordagem mais sólida e estruturada no Gerenciamento nas Partes Interessadas aumenta significativamente a proba-
bilidade de sucesso no projeto, reduzindo e eliminando barreiras não técnicas e obstáculos (PMI, 2011).
A ferramenta utilizada para a representação das entregas de um projeto é a Estrutura Analítica do Projeto (EAP), tradução para o por-
tuguês de Work Breakdown Structure (WBS).
Após ser elaborada e aprovada, essa estrutura passa a ser a base para a elaboração do cronograma do projeto, a EAP é uma estrutura
hierárquica que pode ser representada como uma lista ou na forma gráfica.41
A EAP pode ser criada totalmente nova ou reutilizar partes de outra EAP ou de modelos, também chamados de templates, da organi-
zação. Ela deve conter subprodutos necessários ao gerenciamento do projeto, tais como relatórios, planos, documentação administrativa,
treinamento etc.
Vale lembrar que o escopo de um projeto começa a ser definido anteriormente à elaboração da EAP, em documentos tais como Project
Charter e Declaração de Escopo, que são gerados. Enquanto em algumas áreas a EAP tem frequentemente consistido de uma hierarquia
de 3 níveis, esse número não é apropriado para todas as situações.
A profundidade da EAP depende do tamanho e complexidade do projeto, e da necessidade de detalhe necessário para o planejamento
e gerenciamento.
Veremos abaixo uma estratégia para elaboração de uma EAP, utilizando a técnica top-down (de cima para baixo), no formato gráfico,
onde usaremos, a título de ilustração, um projeto de implantação ou melhoria de um processo.
2. Colocar no segundo nível (também chamado de primeiro nível de decomposição) as fases que estabelecem o ciclo de vida do pro-
jeto:
Este é o mais comum e mais fácil método de iniciar a estruturação da EAP. Uma grande vantagem é que a EAP resultante pode ser
usada como modelo (template) para muitos projetos do mesmo tipo.
O PMBOK sugere que as fases do ciclo de vida do projeto podem ser usadas como primeiro nível de decomposição, com os subpro-
dutos do projeto repetidos no segundo nível. Porém, não quer dizer que esta seja sempre a melhor forma de decompor inicialmente o
projeto.
Além de ter a possibilidade de ser por fases, a decomposição inicial, assim como a decomposição em qualquer nível, pode ser por
subprodutos (ex.: decompor uma bicicleta em suas partes principais), por sistema funcional (ex.: sistema elétrico, sistema hidráulico, sis-
tema mecânico...), por localização física (ex.: região nordeste, região sul ...), por Unidade Administrativa a executar (ex.: divisões, departa-
mentos ...) ou até mesmo por cliente (ex.: de acordo com a fiscalização).
41 XAVIER, C. M. S. Gerenciamento de Projetos: Como definir e controlar o escopo do projeto. São Paulo, Saraiva, 2009.
157
EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
3. Acrescentar um elemento, no segundo nível, à esquerda, para conter os deliverables necessários ao gerenciamento do projeto
(Iniciação, Planejamento, Monitoramento e Controle) e, à direita, para o Encerramento do projeto:
4. Identificar os subprodutos necessários para que seja alcançado o sucesso do projeto em cada fase, inclusive os relativos ao geren-
ciamento do projeto (ou outra forma de decomposição citada acima no item 2).
Nesta situação, deve-se consultar os documentos de alto nível que guiam o escopo do projeto (Project Charter e Declaração de Esco-
po) assim como entrevistar clientes e usuários, de forma a identificarmos os subprodutos de cada fase.
Caso o número de subprodutos no nível fique muito grande (mais de 7), eles devem ser agrupados, aumentando em mais um nível a
EAP. Em relação ao gerenciamento do projeto, devemos identificar os subprodutos que serão necessários aos macroprocessos de Iniciação,
Planejamento, Monitoramento, Controle e Encerramento do projeto.
O Plano do Projeto é o grande deliverable do planejamento do projeto. É trabalho do gerente do projeto definir se o plano será mais
ou menos detalhado.
5. Para cada subproduto, verificar se as estimativas de custo e tempo, assim como a identificação de riscos, podem ser desenvolvidas
neste nível de detalhe e se é possível atribuir a responsabilidade para a execução do mesmo.
Caso a resposta for negativa, decompor o elemento da EAP, subdividindo-o em componentes menores, mais manejáveis, até que os
subprodutos estejam definidos em detalhe suficiente para suportar o desenvolvimento dos processos de gerenciamento do projeto (pla-
nejar, executar, controlar e encerrar).
Os elementos nos níveis mais baixos da EAP (aqueles que não foram decompostos), são denominados pacotes de trabalho (work
packages), sendo a base lógica para a definição de atividades, designação de responsabilidades, estimativa de custos e planejamento de
riscos. Atenção que não é necessário que a EAP seja simétrica, ou seja, que todos os subprodutos sejam decompostos até o mesmo nível.
Quando um determinado elemento da EAP for ser contratado a uma empresa externa ao projeto, é uma decisão da equipe de geren-
ciamento se ele deve ser decomposto na EAP em subprodutos, já que é incumbência do fornecedor a sua execução.
A vantagem do detalhamento é que permite um melhor acompanhamento do trabalho e possibilita, no cronograma, o estabeleci-
mento de dependências entre entregas do contratado e entregas do projeto ou de outro contratado. Da mesma forma, deve ser decidido
se serão detalhados os elementos da EAP em que o gerente do projeto decida delegar o gerenciamento do mesmo a algum membro da
equipe ou setor da empresa, transformando-o em um subprojeto.
É responsabilidade do gerente desse subprojeto efetuar o detalhamento. Esta decisão, de detalhar ou não, nos dois exemplos citados,
dependerá do rigor necessário de controle. Este rigor aumenta ou diminui em função dos fatores “custos”, prazos e “riscos” associados.
A Figura apresenta o resultado da utilização dos passos acima para a elaboração da EAP no projeto de melhoria ou implantação de um
processo.
6. Rever e refinar a EAP até que o planejamento do projeto possa ser completado
Após seguirmos os passos anteriores, teremos uma primeira versão da EAP. Esta EAP será utilizada como entrada para o planejamento
de outras áreas do gerenciamento do projeto. Logo após termos uma versão da EAP em que foram levadas em consideração as necessida-
des das outras áreas de gerenciamento, devemos realizar uma validação da estrutura gerada.
158
EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
PERT e CPM
A ideia central do PERT e do CPM está na identificação do caminho que leva mais tempo, por meio da rede de atividades como base
para o planejamento e o controle de um projeto. Tanto o PERT como o CPM utilizam flechas e nós para a construção gráfica do projeto.
Originalmente, as diferenças básicas entre o PERT e o CPM eram que o PERT utilizava flechas para representar as atividades, enquanto
o CPM utilizava nós para essa representação.
Outra diferença estava associada à estimativa de tempo para a realização das atividades, onde PERT fazia uso das três estimativas
de tempo: otimista, pessimista e a mais provável para a realização de uma atividade, enquanto o CPM utilizava uma única estimativa de
tempo, a mais provável.
Essa distinção está associada à origem do PERT para a programação de projetos científicos avançados (como missões para a lua), que
eram caracterizados pela incerteza, enquanto o uso inicial do CPM estava associado a atividades de rotina de manutenção de fábricas.
Dessa forma, o PERT era frequentemente utilizado quando a variável básica de interesse era o tempo, enquanto o CPM era utilizado
quando a variável principal era o custo. Após alguns anos, essas duas diferenças entre as técnicas não distinguiam mais o PERT do CPM.
Isso ocorreu porque os usuários do CPM começaram a fazer uso das três estimativas de tempo e os usuários de PERT passaram a tra-
tar os nós da representação gráfica como atividades. Para a utilização do método CPM, deve-se determinar uma única duração para cada
atividade.
42 MARTINS, PETRÔNIO G.; LAUGENI. Fernando P. Administração da Produção. São Paulo: Saraiva, 5ª Ed., 2005. & DAVIS, M.M. Fundamentos da Administra-
ção da Produção. Porto Alegre: Bookman, 3ª Ed., 2001.
159
EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
Representação de um Projeto
Um projeto é constituído por um conjunto de atividades independentes, mas ligadas entre si, por meio de uma figura chamada dia-
grama de rede.
Objetivo
Atribuir uma duração a cada atividade e determinar em quanto tempo é possível se completar o projeto.
Ainda, se em cada atividade designarmos o tipo de recurso que é necessário, a quantidade e o custo de cada um dos recursos, po-
deremos ter uma estimativa do custo do projeto e uma estimativa de quantidade física de cada um dos recursos alocados no projeto em
cada unidade de tempo.
Caminho Crítico
O caminho crítico se refere à sequência de atividades que ligam o início ao fim do projeto. Se houver algum atraso na duração de
qualquer uma das atividades, haverá um aumento na duração do projeto.
É considerado caminho crítico aquele com maior duração.
Exemplo: O diagrama de rede abaixo apresenta um conjunto de atividades com seus respectivos tempos (semanas), onde de acordo
com o tempo de duração de cada atividade, foi definido suas primeiras e últimas datas de início, com o objetivo de identificar o tempo total
de duração do projeto e o tempo de folga do projeto.
160
EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
No caminho crítico (B, D e E) não poderá ocorrer nenhuma ano- caminho “B” e “F”, ela terá 4 semanas (tempo de folga) para poder
malia para não comprometer a data de término do projeto. Já nos estar corrigindo o erro e realizando o projeto novamente dentro do
caminhos onde os tempos de folga foram identificados (A, C e E; e prazo.
B e F), caso ocorra algum problema, ainda temos tempo (folga) de
corrigir o problema e conseguir concluir o projeto no prazo especi- A atividade C é representada pelo conjunto de nós (2) e (4),
ficado. e necessita de 5 semanas para ser executada, ela se inicia após a
O último nó (5), que é o último nó de ligação do projeto, atividade “A” se encerrar, então como já explicado na atividade A,
referente as últimas atividades, seguindo todos os percursos, o que esse caminho tem 1 semana de folga caso aconteça algum erro para
tem duração maior é o que leva 13 semanas no total para ser exe- ser corrigido.
cutado. Portanto chegamos à conclusão de que é esse tempo máxi-
mo necessário para se executar esse projeto. A atividade D é representada pelo conjunto de nós (3) e (4), e
Como já explicado anteriormente, o caminho crítico é aquele necessita de 2 semanas para a sua realização, o caminho em que
que tem maior duração para a realização das atividades. ela é utilizada para a realização do projeto, já tem o tempo máximo
No diagrama podemos identificar a duração de cada atividade de realização, sendo assim caso ocorra alguma anomalia em sua
do projeto, nessa imagem mostramos as atividades “A”, “B”, “C”, realização, o projeto será prejudicado com o seu atraso, e a data de
“D”, “E” e “F”, temos uma vírgula logo após a atividade e um nú- término seria comprometida.
mero, esse número representa o tempo de duração que cada ativi-
dade precisa para ser executada, neste caso o tempo é medido em A atividade E é representada pelo conjunto de nós (4) e (5),
semanas. essa atividade necessita de 4 semanas para ser executada, e ela
Sendo assim, se seguirmos o caminho das atividades “B”, “D” e está presente em dois caminhos, no primeiro ela terá uma semana
“E”, podemos notar que, juntas a atividade “B” e a “D” levam o tem- de folga, caso algum imprevisto apareça, já no segundo, ela será
po de 9 semanas até chegar a sua última atividade, a “E”. (7+2=9) prejudicada pois já utiliza o tempo máximo de execução.
Já se seguirmos pelas atividades “A”, “C” e “E”, podemos notar
que juntas, as atividades “A” e “C”, levam 8 semanas até chegar a Por fim, a atividade F é representada pelo conjunto de nós (3)
última atividade do projeto “E”. (3+5=8) e (5), essa atividade precisa de 2 semanas para ser executada, ela
Portanto vemos que o caminho “B”, “D”, e “E” tem 1 semana a está sendo utilizada em apenas um percurso, e nele existe 4 sema-
mais de duração, em relação ao caminho “A”, “C” e “E”. nas de folga, podemos ver isso na tabela anterior, caso ocorra al-
O tempo de folga é a diferença do tempo máximo de duração gum tipo de imprevisto o projeto não será comprometido, pois terá
do projeto, e a duração que cada caminho tem. um tempo para poder corrigir o erro e ser realizado dentro do prazo
Seguindo o caminho “A”, “C” e “E” temos 1 semana de fol- de 13 semanas.
ga, pois a duração total do projeto é de 13 semanas, e seguindo
esse caminho no final a última atividade “E” teremos 12 semanas, Sendo assim, o CPM (Critical Path Method (Método
(3+5+4=12). do Caminho Crítico)) é uma ferramenta de destaque no
Já se seguirmos o caminho “B” e “F”, teremos o projeto concluí- gerenciamento de projetos, pois por meio dele podemos nos
do em 9 semanas, (7+2=9), tendo assim 4 semanas de folga. programar para definirmos os prazos custos e recursos do projeto
Na tabela a seguir, mostramos os caminhos, e seus tempos de e, consequentemente, conseguirmos chegar ao seu término sem
duração, para melhor compreensão do gráfico: nenhum equívoco inesperado.
Escritório de Projetos
O conceito de escritório de projetos não é muito recente, em-
bora somente nos últimos anos vem sendo aplicado com maior fre-
quência pelas organizações que adotam o estilo de “gerenciamento
por projetos”.
Este modo de se organizar das empresas ganha força devido ao
aumento da velocidade das mudanças no ambiente de negócios,
causando uma multiplicação de iniciativas que precisam ser ge-
A atividade A é representada pelo conjunto de nós (1) e (2), renciadas de modo uniforme e centralizado, e pela necessidade de
necessita de 3 (PDI) ou 4 (UDI) semanas de duração para ser execu- garantir a entrega eficiente e eficaz de produtos/serviços. O certo
tada, por que se observamos no final, o caminho em que ela está é que a adoção dessa estrutura simplifica, facilita e otimiza o geren-
inclusa tem 1 semana de folga, e é essa semana que ela irá utilizar ciamento de projetos.
caso tenha algum imprevisto em sua realização, essa atividade é Alguns autores definem o conceito de escritório de projetos
única nesse projeto que tem diferença entre a sua PDI e a sua UDI. como sendo: “Unidade organizacional que centraliza e coordena o
processo de gerenciamento de projetos sob seu domínio”, segundo
A atividade B é representada pelo conjunto de nós (1) e (3), o Project Management Body of Knowledge - PMBOK® 5ª Ed.
essa atividade aparece em dois tipos de caminho, necessita de 7 Um escritório de projetos tem como principais objetivos a me-
semanas para ser executada, e caso ela venha passar por alguma lhoria nos processos de planejamento e gerenciamento dos proje-
anomalia na realização do seu projeto, se ela for utilizada no cami- tos, garantia da qualidade dos produtos e serviços e aumento da
nho “B”, “D” e “E”, o projeto será prejudicado pois esse percurso produtividade dos processos. É uma unidade organizacional que
já utiliza o tempo máximo de realização, caso ela for utilizada no gerencia determinado portfólio de projetos e serve como referência
para gestão de projetos.
161
EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
A implantação de um escritório de projetos traz diversos benefícios para as empresas. O principal resultado percebido no primeiro ano
de implantação de um EP é: o estabelecimento, a disseminação e a crescente utilização de processos, ferramentas e técnicas de gerencia-
mento de projetos, os quais podem fomentar de forma direta ou indireta a elevação do desempenho dos projetos.
Na literatura técnica existem várias abordagens para a implantação e posicionamento de um escritório de projetos, sendo que o seu
correto posicionamento será em função da estrutura organizacional da empresa no seu contexto político e cultural.
Quanto menor a distância entre a alta administração e o escritório de projetos, mais rapidamente os benefícios da gestão de projetos
serão reconhecidos”.
É importante perceber que a existência do escritório de projetos está a serviço de toda Organização, conectado com as áreas de
negócios e compartilhando informações.
GESTÃO DE PROCESSOS. CONCEITOS DA ABORDAGEM POR PROCESSOS. TÉCNICAS DE MAPEAMENTO, ANÁLISE E MELHO-
RIA DE PROCESSOS. BPM. DESENHO DE SERVIÇOS PÚBLICOS
Um processo é uma sequência de atividades rotineiras que, em conjunto com outros processos, compõe a forma pela qual a organiza-
ção funcionará. É a abordagem pela qual esses processos serão desenhados, descritos, medidos, supervisionados e controlados.
Segundo a Fundação Nacional da Qualidade - FNQ, esse tipo de gestão necessita de visão sistêmica, pois sem ela é impossível perce-
ber como o todo significa muito mais do que a uma simples soma das partes. A abordagem sistêmica dentro de uma organização faz com
que o foco de sua gestão esteja voltado não só para o seu ambiente interno, mas para o externo também, ou seja, que haja uma sinergia
entre as partes para que os objetivos planejados sejam alcançados.
A gestão de processos realiza diversos papéis dentro da organização. Sendo o primeiro passo para organizar e entender como as áreas,
bem como seus processos funcionam internamente. É por meio dela que os responsáveis compreenderão como melhorar o aproveita-
mento dos recursos disponíveis e quais ações necessitam ser tomadas para aperfeiçoar o fluxo de trabalho e otimizando e adequando a
organização para o mercado vigente.
Gerenciamento de Processo ou Gestão de Processos é o entendimento de como funciona a organização. A série de atividades estru-
turadas para a produção do produto/serviço. Anteriormente à compreensão desses processos, setorizava-se os trabalhos com base na
departamentalização, onde os procedimentos existentes dentro de cada setor da organização eram separados por departamentos e cada
área pensava separadamente, sem sinergia umas com as outras. Focada em ciclos verticais separados.
162
EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
Análise de Processos
Geralmente é nessa etapa que a empresa é mapeada. É preciso analisar com exatidão como acontece cada processo no negócio atu-
almente. Assim, os processos são listados e descritos pelo conjunto de atividades que os compõem.
É preciso conhecer realmente como funciona a empresa, para realizar esse mapeamento. Somente sim o gestor terá conhecimento
dos pontos de melhoria na operação com clareza.
CONSUMIDOR
FORNECEDORES PROCESSO CLIENTES
• Entradas / Inputs
• Saídas / Outputs
• As diversas entradas passam por transformação no processo, e a saída (entrega) sempre será diferente da entrada.
• O consumidor é quem consome o produto/serviço e o cliente é quem decide pela compra/aquisição, não necessariamente serão a
mesma pessoa.
Execução
É importante estudar os recursos necessários, antes de institucionalizar as mudanças, como: remanejar equipe, ferramentas, mudan-
ças no layout da organização, aquisição de programas (softwares), entre outras.
Existem duas vertentes para a implantação das novas estratégias:
• Implantação sistêmica, quando são utilizados softwares para isso
• Implantação não sistêmica, que não necessitam de ferramentas desse tipo.
A visão dessa execução deve ser positiva, pois irá auxiliar organização a estruturar melhor seus processos, não sendo que atrapalhará
o ciclo de trabalho.
Monitoramento
Através dos indicadores de desempenho pré-definidos, os novos processos devem ser constantemente acompanhados. Geralmente,
algumas das métricas a constar em cada processo são: o tempo de duração, o custo, a capacidade (quanto cada processo realmente pro-
duz) e a qualidade (medida com indicadores próprios que variam de processo a processo).
Melhoria de Processos
Nessa etapa, observa-se os indicadores previamente levantados, onde se torna possível identificar quais são os principais gargalos em
todo processo e se os objetivos estão sendo conquistados.
As melhorias podem ser concernentes a inclusão ou exclusão de atividades, realocação de responsabilidades, documentação, novas
ferramentas de apoio e sequências diferentes, por exemplo. Melhorar o desempenho para reduzir custos, aumentar a eficiência, aprimorar
a qualidade do produto/serviço e melhorar o relacionamento com o cliente, devem ser o objetivo.
O processo todo em si é cíclico: finalizando essa fase, volta-se a analisar a situação no negócio, investigam se os processos estão
sinérgicos ao objetivo da empresa, mapeia-se novas situações diante das melhorias apontadas, executa-se as mudanças, monitorando-as
e otimizando-as.
163
EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
164
EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
Enquanto “apetite ao risco” está associado ao nível de risco que a organização pode aceitar na busca e realização de sua missão/ visão
(análise ex-ante), “tolerância ao risco” diz respeito ao nível aceitável de variabilidade na realização das metas e objetivos definidos (ativi-
dade mais associada ao monitoramento, ex-post.
O perfil de riscos deverá estar refletido na cultura da organização e, para isto, cabe ao conselho de administração outorgar um manda-
to claro para a diretoria administrá-lo. A implantação de um modelo de gestão de risco corporativo requer o envolvimento ativo de ambos
(conselho de administração e diretoria), aprimorando o processo de tomada de decisão da organização, tanto no contexto da elaboração
do seu planejamento estratégico, como na sua execução e monitoramento.
Para determinar o perfil de riscos de uma organização são necessárias definições claras de indicadores de desempenho e índices de
volatilidade, divididos em dois grupos: um de natureza financeira (valor de mercado, geração de caixa operacional, distribuição de dividen-
dos, etc.) e outro de natureza qualitativa (transparência, idoneidade, reconhecimento de marca, ambiente de trabalho, responsabilidade
socioambiental, etc.).
165
EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
Analogamente, as variáveis relacionadas ao “risco de mercado” são cruciais para um banco e podem não ser tão relevantes para deter-
minada organização manufatureira. Uma das formas de categorização dos riscos consiste em desenhar uma matriz que considere a origem
dos eventos, a natureza dos riscos e uma tipificação dos mesmos, conforme ilustrado hipoteticamente na Figura abaixo:
É importante determinar a origem dos eventos (externos ou internos), pois auxilia na definição da abordagem a ser empregada por
parte da organização.
Riscos Externos: são ocorrências associadas ao ambiente macroeconômico, político, social, natural ou setorial em que a organização
opera. Exemplos: nível de expansão do crédito, grau de liquidez do mercado, nível das taxas de juros, tecnologias emergentes, ações da
concorrência, mudança no cenário político, conflitos sociais, aquecimento global, catástrofes ambientais, atos terroristas, problemas de
saúde pública, etc. A organização, em geral, não consegue intervir diretamente sobre estes eventos e terá, portanto, uma ação predomi-
nantemente reativa. Isto não significa que os riscos externos não possam ser “gerenciados”; pelo contrário, é fundamental que a organiza-
ção esteja bem preparada para essa ação reativa.
Riscos Internos: são eventos originados na própria estrutura da organização, pelos seus processos, seu quadro de pessoal ou de seu
ambiente de tecnologia. A organização pode e deve, em geral, interagir diretamente com uma ação proativa.
Riscos Estratégicos
Os riscos estratégicos estão associados à tomada de decisão da alta administração e podem gerar perda substancial no valor econô-
mico da organização10. Os riscos decorrentes da má gestão empresarial muitas vezes resultam em fraudes relevantes nas demonstrações
financeiras. Exemplos: falhas na antecipação ou reação ao movimento dos concorrentes causadas por fusões e aquisições; diminuição de
demanda do mercado por produtos e serviços da empresa causada por obsolescência em função de desenvolvimento de novas tecnolo-
gias/produtos pelos concorrentes.
166
EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
167
EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
O impacto financeiro consolidado dos riscos na organização Transferir e/ou Compartilhar: atividades que visam reduzir
pode ser medido quantitativamente em termos da variação poten- o impacto e/ou a probabilidade de ocorrência do risco através da
cial do seu valor econômico, fluxo de caixa e resultado econômico, transferência ou, em alguns casos, do compartilhamento de uma
através de uma metodologia que se denomina “planejamento sob parte do risco. Exemplo: uma concessionária de energia elétrica
incerteza”. identificou e avaliou os riscos de falhas naturais com danos elétricos
Para viabilizar tal quantificação é necessário que a organização em seus equipamentos turbo-geradores e de potência de grandes
1. tenha o seu negócio modelado em alguma ferramenta que usinas. Após analisar a melhor estratégia a ser adotada no que tan-
possibilite simulações e ge às despesas possíveis com franquia vis-à-vis os prêmios de risco
2. seja capaz de gerar cenários das principais variáveis e con- a serem contratados, constitui-se um seguro destes equipamentos
sistentes entre si. junto ao mercado, transferindo este risco operacional categoriza-
do como de alto impacto e baixa frequência, inerente ao processo
A modelagem passa pela identificação detalhada de cada um de operação e manutenção. Devem ser transferidos por meio de
dos fatores que afetam as transações e indicadores de desempenho seguro os riscos tidos como catastróficos (riscos de baixa frequên-
da organização, incluindo todos os tipos de riscos identificados, e cia e alta severidade), os riscos de alta frequência que provoquem
pela determinação da dinâmica de impacto de cada uma das ope- cumulativamente perdas relevantes e todos aqueles cujo custo de
rações nas contas de resultados. Associando-se probabilidades aos transferência seja inferior ao custo de retenção. Os custos de segu-
cenários gerados, é possível quantificar o risco e estimar a proba- ro obtidos no mercado podem subsidiar a decisão sobre retenção
bilidade de que qualquer métrica de desempenho fique abaixo das versus transferência dos riscos. Além de identificar os riscos que
metas orçadas em cada período (ex.: geração ou necessidade de deseja transferir, os gestores de seguros precisam conhecer pro-
caixa, resultado contábil, etc.). fundamente a dinâmica das operações da organização e o fluxo de
informações que garantirá a adequação do contrato de seguro por
Tratamento dos Riscos toda a vigência das apólices, normalmente de 12 meses.
Depois de identificados, avaliados e mensurados, deve-se defi-
nir qual o tratamento que será dado aos riscos. Na prática, a elimi- Explorar: aumentar o grau de exposição ao risco na medida em
nação total dos riscos é impossível. Nesse contexto, a elaboração de que isto possibilita vantagens competitivas. Exemplo: uma empresa
um mapa de riscos apoia a priorização e visa direcionar os esforços produtora de petróleo usa as informações sobre o mercado futuro
relativos a novos projetos e planos de ação elaborados, a fim de para especular no mercado de derivativos, aumentando sua exposi-
minimizar os eventos que possam afetar adversamente e maximizar ção ao preço da commodity.
aqueles que possam trazer benefícios para a organização. É reco-
mendável alinhar a estrutura de controles internos aos objetivos Prevenção e Redução dos Danos
estratégicos e ao nível de exposição desejado pela organização. Os riscos podem ser reduzidos pela prevenção – diminuição da
A alta administração poderá determinar seu posicionamen- probabilidade de ocorrência e/ou diminuição do impacto financeiro
to frente aos riscos, considerando seus efeitos, grau de aversão e esperado sobre a organização, caso o evento ocorra – e/ou pela re-
resposta, complementada por uma análise de custo-benefício. As mediação – controle dos danos após a ocorrência do evento.
várias alternativas para tratamento dos riscos são descritas abaixo, Para o risco cujo impacto possa afetar adversamente a conti-
iniciando-se pelo dilema básico: evitar ou aceitar o risco. nuidade da operação, faz-se necessária a elaboração de um plano
de contingência adequado e continuamente testado. Ainda mais
Evitar o Risco: decisão de não se envolver ou agir de forma a se amplo do que um plano de contingência, as organizações devem
retirar de uma situação de risco. Exemplo: uma organização decide avaliar a adoção de uma metodologia para a “Gestão da Continui-
se desfazer de uma unidade de negócios. dade de Negócios”.
As decisões sobre evitar, reter, reduzir, transferir ou explorar
Aceitar o Risco: neste caso, apresentam-se quatro alternativas: riscos estão baseadas na avaliação do impacto dos mesmos sobre
reter, reduzir, transferir/ compartilhar ou explorar o risco. os indicadores de desempenho escolhidos e sobre a imagem da or-
ganização vis-à-vis os custos de se estabelecerem controles inter-
Reter: manter o risco no nível atual de impacto e probabilida- nos.
de. Exemplo: a diretoria da empresa decide nada investir em me- Um dos objetivos da gestão de riscos é buscar um nível con-
lhorias da área de informática, assumindo que as perdas e erros fortável e balanceado de retenção, redução, exploração e transfe-
atualmente sabidos e esperados de informações internas para o rência de riscos, adequado a seu apetite definido estrategicamente,
processo de decisão e de gestão são (riscos) toleráveis. envolvendo os objetivos, os riscos respectivos e os controles inter-
nos. Da mesma forma, pode haver critérios distintos para enfocar o
Reduzir: ações são tomadas para minimizar a probabilidade e/ conceito e práticas de controles internos, que quando acentuados
ou o impacto do risco. Exemplo: uma organização financeira identi- podem gerar custos, muitas vezes excessivos.
ficou e avaliou o risco de seus sistemas permanecerem inoperantes Na questão do equilíbrio riscos versus controles versus custos,
por um período superior a três horas e concluiu que não aceitaria o são muito utilizadas as “melhores práticas” aplicáveis aos tipos es-
impacto dessa ocorrência. A organização investiu no aprimoramen- pecíficos ou categorias de risco, segmento de negócios ou tecnolo-
to de sistemas de autodetecção de falhas e de backup para reduzir gias em questão. As melhores práticas são geradas e disseminadas
a probabilidade de indisponibilidade do sistema. por institutos independentes, internacionais ou nacionais, associa-
ções de indústria ou profissionais e organismos de normatização e
por entidades regulatórias, tais como as citadas nos Anexos.
168
EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
Desta forma, a organização terá uma resposta específica para Para implantar um modelo de gestão de riscos e promover uma
cada evento significativo. Deverão ser avaliados e monitorados os cultura de gerenciamento de riscos na organização deve-se elaborar
impactos positivos e negativos da ocorrência dos eventos, conside- uma arquitetura para facilitar e viabilizar o gerenciamento do risco
rando: propriamente dito, cuja concepção e implementação trazem inú-
- Risco inerente: risco natural; ausência de qualquer ação que meros benefícios para a organização, tais como:
a direção possa realizar para alterar a probabilidade de ocorrência - Aderência dos processos internos ao perfil de riscos estabele-
ou de impacto. cido pelo conselho de administração; • Clareza quanto às regras de
- Risco residual: resultante do processo de tomada de ações e governança para gerir a exposição;
aplicação das melhores práticas de controles internos ou da reposta - Endereçamento de lacunas de capacitação de pessoas, pro-
da organização ao risco. cessos e sistemas;
- Implementação de sistemas de controles eficazes.
Monitoramento e reporte dos Riscos
Cabe à alta administração a avaliação contínua da adequação e Abaixo, listam-se as questões que devem ser abordadas com
da eficácia de seu modelo de gestão de riscos. Este deve ser cons- referência aos objetivos e metas e em cada uma das dimensões da
tantemente monitorado, com o objetivo de assegurar a presença e arquitetura de risco identificadas:
o funcionamento de todos os seus componentes ao longo do tem- - Os objetivos estratégicos e metas de desempenho estão defi-
po. nidos, comprometidos e gerenciados?
O monitoramento regular ocorre no curso normal das ativida- - A gestão dos objetivos e das metas estratégicas norteia as
des gerenciais. Já o escopo e a frequência de avaliações ou revisões prioridades dos riscos, seus respectivos controles e dos demais
específicas dependem, normalmente, de uma avaliação do perfil de componentes da arquitetura de risco?
riscos e da eficácia dos procedimentos regulares de monitoramen- - As mudanças no ambiente de negócios são antecipadamente
to. Vulnerabilidades e deficiências na gestão de riscos devem ser gerenciadas em termos de objetivos, metas, riscos e controles?
relatadas aos níveis superiores de gestão e, dependendo da gravi-
dade, reportadas à alta administração. Gerenciamento de Crises
O gerenciamento de crise, também chamado de gestão de cri-
Informação, Comunicação e Documentação se, é um conjunto de práticas que têm como objetivo lidar com um
A comunicação ágil e adequada com as diversas partes interes- problema inesperado, interno ou externo, que pode causar prejuí-
sadas, acionistas, reguladores, analistas financeiros e outras entida- zos financeiros e para a reputação da empresa. Esse tipo de proble-
des externas tem a finalidade de permitir avaliações mais rápidas e ma costuma acontecer de surpresa, representar uma ameaça para
objetivas a respeito dos riscos a que está exposta a organização. O o negócio e exigir uma rápida tomada de decisão.
conteúdo da comunicação com o ambiente externo e interno reflete Além de lidar com os problemas enquanto ocorrem e com os
as políticas, a cultura e as atitudes desejadas e valorizadas pela alta efeitos que causam, fazer gerenciamento de crise também inclui
administração. Devem ser veiculadas a filosofia e a abordagem da identificar fontes de risco para lidar com elas antes que a crise se
gestão de riscos na organização, assim como delegações claras de instaure.
responsabilidade e autoridade. A divulgação de processos e proce- Como lidar com as crises da melhor maneira é algo crítico para
dimentos deve alinhar atitudes e reforçar a cultura da organização. a sobrevivência das empresas, muitos negócios criam antecipada-
Mecanismos devem ser implementados e geridos de modo a mente um plano de contingência, que deve ser seguido assim que
estimular, e não a reprimir, a comunicação de desvios ou suspeitas os problemas surgirem. Além disso, é preciso aprender com os er-
de violações dos códigos de conduta ou dos princípios de ordem ros que já ocorreram, traçando estratégias para que não voltem a
ética da organização por todos os colaboradores, como por meio de acontecer.
exemplos e pelo reforço de atitudes positivas pela alta administra-
ção. Entre outros aspectos, devem ser veiculados de forma eficaz: O gerenciamento de crise garante que a empresa reduza os da-
-A importância e a relevância de um gerenciamento efetivo dos nos causados por problemas que surgem de repente e que, se não
riscos corporativos; forem bem resolvidos, podem até levar o negócio a fechar as por-
- Os objetivos da organização neste domínio; tas. Estes são alguns motivos pelos quais a empresa deve investir
- O apetite e a tolerância a riscos da empresa; em um fazer uma boa gestão de crises:
- Uma linguagem comum para o assunto “riscos”; • Agir de maneira rápida e eficiente frente a um problema;
- As funções e responsabilidades envolvidas de cada um na or- • Contribuir para a sobrevivência da empresa no mercado;
ganização quanto a isso. • Preservar a reputação da empresa perante o mercado;
• Reduzir o impacto da crise, tanto interna quanto externa-
Implementação e melhorias de controle (plano de ação) mente;
Não existe uma única forma para implementar um modelo de • Aprender com os erros, evitando-os no futuro.
gestão de riscos, nem uma única estrutura adequada para tal, de-
pendendo de uma análise custo-benefício em função do porte, es- Como fazer gerenciamento de crise?
pecificidades e nível de complexidade de cada organização. Estar no mercado é estar constantemente exposto a situações
de crise. Por isso é importante ter um planejamento prévio de ge-
renciamento de crise no sentido de preservar a credibilidade e ima-
gem da empresa, prevenindo-se contra qualquer impacto negativo
ou mesmo utilizando isso como oportunidade para intensificar ou
gerar novos negócios.
169
EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
Há alguns pontos que podem evitar ou ajudar a minimizar os 4 – Parcerias Público-Privadas: a colaboração com o setor
efeitos percebidos na repercussão da crise: privado pode ser uma fonte valiosa de inovação na prestação de
1. Conheça a percepção dos seus clientes serviços públicos, trazendo novas abordagens e eficiências.
2. Monte um comitê de gerenciamento de crise 5 – Capacitação dos Servidores Públicos: investir na capacitação
A empresa não precisa ter colaboradores exclusivamente dedi- dos servidores públicos em competências relacionadas à inovação é
cados à gestão de crise, mas é importante ter um grupo de pessoas crucial para promover uma cultura de inovação no governo.
cuja atribuição, ainda que parcial, seja lidar com esses problemas 6 – Avaliação e Aprendizado Contínuo: É importante que
quando surgirem. as agências federais avaliem constantemente seus processos e
3. Entenda quais são os riscos que a empresa corre programas, identificando áreas onde melhorias podem ser feitas e
Antes de elaborar o plano de gerenciamento de crise, convém aprendendo com as experiências passadas.
conhecer os pontos fracos da empresa.
4. Crie um plano de gerenciamento de crises A inovação na gestão pública federal não apenas melhora
O planejamento para o gerenciamento de crises deve iniciar a eficiência, mas também fortalece a confiança dos cidadãos no
bem antes de os problemas surgirem. Nesse momento, a empresa governo e na democracia. Ao adotar abordagens inovadoras, o
deve trabalhar sua imagem e se preparar para os eventuais proble- governo federal pode ser mais ágil na resposta às demandas da
mas que podem acontecer. sociedade, tornando-se mais adaptável às mudanças e às crises.
5. Saiba como se comunicar No entanto, é importante destacar que a inovação na gestão
Comunicar-se da maneira certa com os clientes, o mercado e os pública federal não é um processo simples e requer liderança
stakeholders é essencial em momentos de crise. Por isso, não basta sólida, comprometimento e uma cultura organizacional que
definir um porta-voz, é preciso saber se comunicar bem e dizer as valorize a experimentação e o aprendizado contínuo. No final das
coisas certas. contas, a busca pela inovação na gestão pública federal é uma busca
6. Trabalhe de maneira consistente e contínua constante por maneiras melhores e mais eficazes de servir aos
Passada a crise, depois de todo o desgaste sofrido, tenha em interesses do público e promover o bem-estar da sociedade como
mente que o trabalho ainda não terminou. Lembre-se de que a ima- um todo.
gem de uma empresa é construída ao longo dos anos, por isso, os
danos sofridos não serão recuperados do dia para a noite.
GOVERNO ELETRÔNICO:TRANSPARÊNCIA DA ADMINIS-
TRAÇÃO PÚBLICA
O gerenciamento de crises anda de mãos dadas com outras
equipes, como marketing, branding e atendimento ao cliente. To-
dos esses times devem ter em mente os problemas trazidos pela Governo Eletrônico
crise, trabalhando continuamente para reverter os danos. O Governo Eletrônico (também conhecido como Governo Di-
gital), começou a ser utilizado na administração pública brasileira
por volta do ano de 1980, após a disseminação do e-commerce44
INOVAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA pelas organizações privadas, sempre associado às Tecnologias da
Informação e Comunicação (TIC).45
A inovação na gestão pública federal é um tema de grande Segundo Diniz46, a evolução em relação ao uso das tecnologias
importância, pois pode impulsionar a eficiência, a transparência e no setor público brasileiro, passou por várias fases, ele nos mostra
a qualidade dos serviços oferecidos pelo governo. Em um mundo quatro grandes períodos do uso de TIC no setor público, que são:
em constante transformação, a capacidade de se adaptar e adotar 1) Pioneirismo (dos anos 1950 até meados dos anos 1960);
novas abordagens é fundamental para atender às crescentes 2) Centralização (de meados dos anos 1960 até o final dos anos
expectativas dos cidadãos e enfrentar os desafios complexos que a 1970);
administração pública enfrenta. Nesse contexto, a inovação é uma 3) Terceirização (anos 1980); e
peça-chave para o sucesso. 4) Governo eletrônico propriamente dito (a partir dos anos
Além disso, ela também envolve a introdução de novas ideias, 1990).
processos, tecnologias e práticas que resultam em melhorias
significativas na entrega de serviços públicos. Alguns elementos- O esforço governamental tem sido intenso e contínuo, no sen-
chave desse processo são: tido de maior utilização das TIC no meio público, bem como para
1 – Tecnologia e Digitalização: a implementação de caminhar do instrumental para o estratégico.
tecnologias modernas, como a inteligência artificial, a análise de
dados e a automação de processos, pode otimizar as operações
governamentais, reduzir custos e melhorar a experiência do usuário.
2 – Transparência e Participação Cidadã: a inovação na gestão
pública também inclui a promoção da transparência, permitindo
que os cidadãos tenham acesso a informações relevantes e 44 Comércio eletrônico ou e-commerce, é um tipo de comércio virtual, ou seja,
participem ativamente do processo decisório. não-presencial, são transações comerciais feitas especialmente através de um
3 – Gestão de Dados: o uso estratégico de dados governamentais equipamento eletrônico, como, por exemplo, computadores, tablets e smartpho-
pode melhorar a tomada de decisões e ajudar a identificar áreas nes.
que necessitam de intervenção. 45 PALUDO, A.; Administração pública. 3ª ed.; Rio de Janeiro: Elsevier, 2013.
46 DINIZ, E. H. Uso do comércio eletrônico em órgãos do governo. Relatório
18/2000 NPP. Eaesp/FGV, maio 2000.
170
EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
As TIC são indissociáveis do Governo Eletrônico, e sem o avanço dessas tecnologias não seria possível estar se exigindo a ideia básica
de Governo Eletrônico e nem de sua face ampliada. No contexto do Governo Eletrônico a internet surgiu como uma ferramenta facilitadora
da participação da sociedade no Governo e do exercício do controle social.
No meio público, as primeiras ações de TIC sempre estiveram mais associadas às questões operacionais e internas, do que às estra-
tégicas ou de relacionamento com a sociedade. Mas isso mudou, e é possível afirmar que atualmente a relação está equilibrada, ou seja,
utilizam-se em larga escala os recursos das TIC nos dois sentidos, tanto interna quanto externa.
O uso interno das TIC visa elevar a eficiência administrativa a um novo patamar, ao mesmo tempo em que se busca a redução de cus-
tos, que pode originar-se de diversas maneiras:
- Queda no preço das aquisições;
- Redução/eliminação de distorções;
- Redução da corrupção; e
- Melhoria no desempenho de atividades internas, dentre outras.
Existem diferenças entre as organizações públicas e as empresas privadas, que dificultam a implantação e a gestão das TIC, que são as
interferências políticas, as resistências culturais, e também as restrições legais.
Mesmo atrasada em relação as organizações privadas, houve uma evolução na gestão das TIC na área pública: de administração
de sistemas de informações passou para administração dos Recursos de Informação, e atualmente consiste na administração de Tecnolo-
gia da Informação na Era da Informação.
Esses estágios passam do operacional para o estratégico, partindo da busca da eficiência administrativa, na automação e agilização
dos procedimentos operacionais e burocráticos, à melhoria da atividade fim, na relação direta do Governo com o cidadão. Diniz47 analisa
o foco das ações de TIC desenvolvidas em três fases:
1) Gestão Interna (1970 a 1992);
2) Serviço e Informações ao Cidadão (1993 a 1998); e
3) Entrega de Serviços via Internet (a partir de 1999).
Dentre as causas determinantes da adoção estratégica e intensiva das TIC pelos governos, em processos internos, prestação de servi-
ços e informações, e no relacionamento com a sociedade, Diniz48 destaca:
- O uso intensivo das TIC aumentou pelos cidadãos, organizações privadas e não governamentais;
- A migração da informação baseada em papel para mídias eletrônicas e serviços online; e
- O avanço e universalização da infraestrutura pública de telecomunicações e da internet.
Outras causas estão associadas às forças provenientes do próprio movimento de reforma do Estado, da modernização da gestão pú-
blica e da necessidade de maior eficiência do Governo.
Foi mediante a utilização estratégica das TIC como integrantes e viabilizadoras da nova gestão pública que surgiu o termo denominado
Governo Eletrônico e que representa tanto uma evolução quanto uma ampliação na utilização das TIC pelos governos.
O Governo Eletrônico, que também é chamado de Governo Digital, procura construir um elo entre o operacional e o estratégico, assim
como busca novas formas de relacionamento com a sociedade, ele é um instrumento para melhorar os serviços públicos e o relacionamen-
to com a sociedade, mediante a utilização das tecnologias da informação e comunicação.
Isso não significa apenas colocar os serviços públicos online ou melhorar sua prestação, mas compreende também um conjunto de
processos, mediados pela tecnologia, que pode modificar as interações, em uma escala maior, entre os cidadãos e o Governo.
Assim, podemos definir Governo Eletrônico (GE), como as ações de governo direcionadas a disponibilizar informações e serviços à
sociedade e novos canais de relacionamento direto entre governo e cidadãos, mediante o uso de recursos da TIC, em especial a internet.
O desenvolvimento de programas de Governo Eletrônico teve como princípio a utilização das modernas TIC para democratizar o
acesso à informação, ampliar discussões e dinamizar a prestação de serviços públicos com foco na eficiência e efetividade das funções
governamentais.
47 Idem
48 DINIZ, E. H. Uso do comércio eletrônico em órgãos do governo. Relatório 18/2000 NPP. Eaesp/FGV, maio 2000.
171
EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
O Programa de Governo Eletrônico brasileiro pretende transformar as relações do governo com os cidadãos e empresas, e também
entre os órgãos do próprio Governo, de forma a aprimorar a qualidade dos serviços prestados, promover a interação com empresas e
indústrias, e fortalecer a participação cidadã por meio do acesso à informação e a uma administração mais eficiente.
Um dos eixos deste novo conceito é a viabilização de meios que permitam maior participação do cidadão nas questões do Estado,
tanto na busca de serviços e informações, quanto no aumento do espaço democrático.
Dentre os avanços institucionais relacionados às políticas de Governo Eletrônico, destacam-se os portais públicos de governo na in-
ternet, que permitem ao cidadão realizar um conjunto de serviços, ter acesso a informações públicas disponíveis e estabelecer canais de
comunicação com o Governo.
Os usos das TIC ajudaram a modernizar o Estado e as formas de prestação de serviços, de informações e de interação com o cidadão
e a sociedade, mas o Governo Eletrônico é mais que isso, ele inclui o fortalecimento da cidadania e das práticas democráticas, a melhoria
da governança, a integração intra e entre governos, o incremento da transparência e o accountability governamental.
Atenção!!! O Governo Eletrônico proporciona mais transparência das ações públicas e facilita o accountability governamental.
O Governo Eletrônico, com serviços e informações prestados pela internet e por outros meios de comunicação, abrange quatro linhas
de ação:
1. Voltadas ao Cidadão: procuram oferecer informações e serviços aos cidadãos com qualidade e agilidade;
2. Voltadas à Eficiência Interna: relativas ao funcionamento interno dos órgãos de governo, com destaque para sua utilização nos
processos de licitações e contratações em geral;
3. Voltadas à Cooperação: têm a finalidade de integrar os diversos órgãos governamentais, assim como promover a integração com
outras organizações públicas, não estatais e privadas;
4. Voltadas à Gestão do Conhecimento: visam gerar e manter um banco de dados atualizado dos conhecimentos do Governo, para
servir como fonte de informação e inovação a gerar melhorias nos processos em geral.
A interação entre governos e cidadãos ocorre através dos portais do Governo na internet e possibilita ações que incluem desde a
comunicação direta (via e-mail) com a autoridade máxima do Poder Executivo, a formulação de reclamações através de ouvidorias nos
principais órgãos governamentais, até a divulgação e troca de informações do processo de orçamento participativo.
Um portal de governo é um site público e pode ser definido como uma forma de acesso à internet patrocinada por algum órgão pú-
blico, em que são disponibilizados serviços, informações, canal de comunicação via e-mail, busca na internet, links para diversos outros
portais, informações e serviços etc.
Segundo Luiz Akutsu e José Pinho49: Um portal é uma página na internet a partir do qual todos os serviços e informações da entidade
podem ser acessados. É também um “cartão de visitas”, um “palanque eletrônico”, que permite divulgar ideias 24 horas por dia, todos os
dias da semana; é ainda um canal de comunicação entre governos e cidadãos que possibilita a estes exercitar a cidadania e aperfeiçoar a
democracia.
No processo de evolução das ações do Governo Eletrônico surgem os conceitos de e-governança, e-democracia e e-governo.
Segundo Lorigados, Lima, e Sanchez50: e-governança relaciona-se a uma visão mais abrangente, sendo definida como a aplicação de
meios eletrônicos e recursos da TI, na interação entre governo e cidadão e governo e demais agentes, e com a aplicação desses meios
nas questões internas do Governo, buscando simplificar e melhorar os seus processos internos; e-democracia refere-se a toda e qualquer
relação, através de recursos da TI, entre o Governo e o cidadão; e e-governo é definido como uma forma de e-business no Governo, re-
ferindo-se a processos e estruturas necessários a disponibilizar serviços por meios eletrônicos, ao público, bem como interagir através de
meios eletrônicos com agentes que possuem relações com o Governo.
49 AKUTSU, L.; PINHO J. A. G.; Sociedade da informação, accountability e democracia delegativa: investigação em portais de governo no Brasil. 2002.
50 LORIGADOS, W. B.; LIMA, F. T. de; e SANCHEZ, A.; Administração Pública, Planejamento e Gestão. São Paulo:1999.
172
EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
Destaque-se que não só o Governo Federal vem atuando forte- A criação desse comitê pode ser considerada um dos grandes
mente, mas os governos Estaduais e Municipais também. Nos níveis marcos do compromisso do Governo em prol da evolução da pres-
Estadual e Municipal, avanços sociais têm sido alcançados através tação de serviços e informações ao cidadão.
da utilização de recursos da Tecnologia da Informação e Comunica-
ção e de sistemas de informação.
→
Segundo Eduardo Diniz51 destacam-se: sistemas para o agenda- Fatos Marcantes para Grupo de Trabalho - GTTI
Criação
mento de consultas médicas em hospitais e postos de saúde; siste- implantação do GE Comitê Gestor Cege
→
mas automatizados de matrículas escolares, que acabaram com as
filas na porta das escolas públicas; lojas (praças) de atendimento
Ao final do ano de 2001, já existiam mais de 1.300 serviços dis-
integrado que, complementados pela entrega de serviços por meio
poníveis pela internet no portal da Rede Governo, bem como mais
dos portais governamentais na internet, dispensam a necessidade
de 11 mil tipos de informação disponíveis. Em 2002, o número de
da presença física do cidadão nos órgãos públicos.
serviços havia crescido para aproximadamente 1.700, com cerca de
22 mil links de acesso direto a serviços e informações de outros
Breve Histórico do Governo Eletrônico
websites governamentais.53
No contexto do Plano Diretor de Reforma do Aparelho do Es-
Em setembro de 2002 publicou-se um relatório com as ações já
tado, em 1995, já foram abordadas questões relacionadas ao Go-
realizadas, e com desafios e pretensões futuras. Em 2003, a Secre-
verno Eletrônico, tratava-se de Sistemas de Gestão Pública capazes
taria Executiva do comitê passa para o Ministério do Planejamento,
de oferecer transparência às ações governamentais, disponibilizar
Orçamento e Gestão, a cargo da Secretaria de Logística e Tecnologia
informações aos gestores para a tomada de decisão, e facilitar o
da Informação, o que garantiu o apoio técnico-administrativo ne-
acesso dos cidadãos a essas informações.
cessário ao funcionamento do Comitê.
Em dezembro de 1999 foi instituído pelo Governo Federal o
Ao final de 2003, mediante decreto, criaram-se oito Comitês
programa Sociedade da Informação, com o objetivo de promover
Técnicos de Governo Eletrônico, a saber:
a inclusão social de todos os brasileiros (integrando, fomentando e
1. Implementação do Software Livre;
coordenando ações para a utilização das tecnologias de informação
2. Inclusão Digital;
e comunicação, em especial a internet) e melhorar a competitivida-
3. Integração de Sistemas;
de das empresas brasileiras no cenário global. O programa orientou
4. Sistemas Legados e Licenças de Software;
tanto ações na área pública quanto na área privada, cujas ações
5. Gestão de Sítios e Serviços Online;
e responsabilidades deveriam ser compartilhadas pelo Governo e
6. Infraestrutura de Rede;
pela iniciativa privada.
7. Governo para Governo – G2G; e
8. Gestão de Conhecimentos e Informação Estratégica.
Atenção!!! O programa Sociedade da Informação direcionou
ações tanto para a área pública quanto para a área privada.
Instituiu-se também o Sistema Brasileiro de Televisão Digital
(SBTVD), com o objetivo de democratizar a informação através da
Eduardo Diniz ressalta como fator marcante para a estrutu-
52
inclusão social, respeitando a diversidade cultural do país e a língua
ração das ações de TI no Governo Federal as ações desencadeadas
pátria.
por força do “bug do milênio”, geridas pela Casa Civil, mas coor-
Esses Comitês Técnicos, juntamente com o Comitê Executivo,
denadas e operacionalizadas com sucesso pela SLTI (Secretaria de
são os responsáveis pelo desenvolvimento das políticas e ações de-
Logística e Tecnologia da Informação).
finidas nos princípios e diretrizes de GE estabelecidos para toda a
No ano de 2000, o Governo brasileiro lançou as bases para a
Administração Pública Federal.
criação de uma “sociedade digital” ao criar um Grupo de Trabalho
Em julho de 2004 é publicado decreto que cria o Departamento
Interministerial, com a finalidade de examinar e propor políticas,
de Governo Eletrônico na SLTI. Em 2006 houve o decreto de implan-
diretrizes e normas relacionadas com as novas formas eletrônicas
tação do Sistema Brasileiro de Televisão Digital Terrestre (SBTVD-T),
de interação.
contendo diretrizes para a transição do atual sistema de transmis-
O Grupo de Trabalho - GTTI, concentrou os esforços em três
são analógica para o sistema de transmissão digital, que envolve a
linhas de ação dentre as previstas no programa Sociedade da In-
radiodifusão de sons e imagens e serviços de retransmissão.
formação:
No mês de dezembro de 2008 foi publicada a primeira versão
- Universalização de serviços;
da Estratégia Geral da Tecnologia de Informação (EGTI), que teve
- Governo ao alcance de todos; e
como objetivo estabelecer as bases para a transição da situação
- Infraestrutura avançada.
atual de gestão dos ambientes de informática do Executivo Federal.
Em março de 2009 foram criados 230 cargos de nível superior de
Ainda nesse ano, criou-se o Comitê Executivo de Governo Ele-
analista em Tecnologia da Informação, vinculados ao MPOG.
trônico (Cege), presidido pelo ministro-chefe da Casa Civil da Presi-
Por fim, é importante destacar que, em 2011, surgiu o primeiro
dência da República, com o objetivo de formular políticas, estabe-
programa de pós-graduação em Governo Eletrônico, ofertado pela
lecer diretrizes, coordenar e articular as ações de implantação do
UniSerpro em parceria com a Esaf.
Governo Eletrônico, voltado para a prestação de serviços e informa-
ções ao cidadão.
51 DINIZ, E. H. Uso do comércio eletrônico em órgãos do governo. Relatório
18/2000 NPP. Eaesp/FGV, maio 2000.
52 DINIZ, E. H. Uso do comércio eletrônico em órgãos do governo. Relatório 53 DINIZ, E. H. Uso do comércio eletrônico em órgãos do governo. Relatório
18/2000 NPP. Eaesp/FGV, maio 2000 18/2000 NPP. Eaesp/FGV, maio 2000
173
EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
Não obstante os muitos pontos positivos, o Governo Eletrônico A disponibilização da prestação de contas através da internet
apresenta algumas dificuldades. Em auditoria realizada pelo TCU, proporciona a transparência da gestão governamental no contex-
iniciada em 2005 e concluída em 2006, o relatório final apontou to democrático, e é uma forma de concretização do accountability
dificuldade de coordenação do programa e falta de monitoramento governamental.
das iniciativas eletrônicas da Administração Pública Federal. A transparência é inerente aos Estados democráticos moder-
De outro lado, surgem fortes questionamentos quanto aos nos, insere-se no bojo da democracia, um dos pressupostos do Esta-
muitos recursos investidos e às volumosas quantias destinadas ape- do moderno é a sua visibilidade social. Num ambiente democrático
nas aos contratos de manutenção de sistemas de informação como a sociedade tem direito a informações transparentes, ou seja, quan-
o Siafi, Sisbacen, Siscomex, Receita Federal, Previdência Social, en- to mais houver transparência nas informações, mais democráticos
tre outros, em face dos poucos resultados divulgados. serão os governos e a sociedade.
174
EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
pessoas físicas e jurídicas que se relacionam com o INSS. É um dos Há também espaço para a participação e controle popular, e
portais que já apresenta a “Carta de Serviços ao Cidadão” instituída são oferecidos serviços como:
pelo Decreto nº 9.094, de 17 de julho de 2017.58 - Consulta da situação cadastral Pessoa Física (CPF);
Outro portal importante é o da Receita Federal, que também - Aposentadorias e processos de concessão inicial/revisão de
atende a milhões de contribuintes, e oferece diversos serviços benefícios;
como envio da declaração do Imposto de Renda, consulta e emis- - Concursos públicos;
são de certidões relativas a tributos federais, consulta sobre anda- - Saúde pública, e etc.
mento de processos e lotes de restituições, informações sobre a
arrecadação de receitas etc. Para o site Brasil.gov, a transparência na Administração Pública
A internet chegou ao Brasil em 1995, e em 1996 era criado o constrói uma nova relação Estado/Sociedade, na qual prevenção e
site da Receita, que em 1997 já oferecia a possibilidade de envio, controle são instrumentos legítimos para consolidar a democracia.
de forma online, das declarações do Imposto de Renda mediante o Dessa forma, o cidadão pode acompanhar a aplicação dos recursos
programa Receitanet. e, de forma organizada, interferir no processo decisório.
O portal do Tribunal de Contas da União também apresenta Além de atender às exigências constitucionais, como a presta-
diversos serviços e informações de interesse de órgãos públicos, ção de contas e o Balanço Geral, essas iniciativas aperfeiçoam mé-
entidades fiscalizadoras e da sociedade, principalmente no que se todos e criam novas estratégias de combate à corrupção e à impu-
refere às atividades de controle externo da Administração Pública. nidade.
A Câmara dos Deputados e o Senado Federal também ofere- No entanto, nada pode ser considerado mais transparente
cem, através de seus portais, um leque de informações e serviços do que o portal da Transparência da Controladoria Geral da União
relacionados à tramitação e aprovação de normas primárias, apro- (CGU), criado em 2004. Nesse portal, qualquer pessoa pode acom-
vação e execução dos orçamentos, treinamentos a distância, e etc. panhar e fiscalizar a execução dos programas governamentais e os
Pesquisa realizada em 2008, pela ONG Transparência Brasil, recursos transferidos a estados e municípios, assim como obter in-
destaca positivamente a divulgação de informações pelo portal da formações sobre compras e contratações públicas.
Câmara dos Deputados. No portal do Senado encontra-se o Siga Há também espaço para a apresentação de denúncias relacio-
Brasil, um sistema completo de informações orçamentárias, tanto nadas com o mau uso dos recursos públicos, o portal da Transpa-
relativas à aprovação do orçamento, quanto relativas à sua execu- rência é um instrumento que possibilita o efetivo exercício do con-
ção. trole social.
O portal Comprasnet disponibiliza informações relacionadas
a compras públicas, licitações, contratos administrativos, cadastro Atenção!! Quando se fala em transparência das informações,
de fornecedores, catálogo/classificação de materiais e serviços etc. o portal da Transparência da CGU59 é o mais importante.
O Comprasnet oferece três tipos de serviços: serviços ao Governo,
serviços aos fornecedores e serviços à sociedade. O portal da Transparência iniciou com dois tipos de consultas:
Ele divulga em tempo real ou quase real os resultados das lici- referente às aplicações diretas e referente às transferências.
tações realizadas pelos órgãos e entidades da Administração Públi- As aplicações diretas contêm informações sobre os gastos di-
ca Federal. O Comprasnet abrange o SIASG (Sistema Integrado de retos do Governo Federal em compras ou contratação de obras e
Administração de Serviços Gerais), que atua como ferramenta de serviços. As transferências de recursos contêm informações sobre
apoio às atividades de gestão de materiais, licitações/contratos e como é feita a transferência dos recursos federais a estados, muni-
fornecedores. cípios, Distrito Federal, ou diretamente ao cidadão.
As transferências financeiras da União podem ser consultadas Atualmente foram ampliadas as possibilidades de consultas e
no portal de convênios, criado para facilitar e simplificar as relações aumentados os links relacionados, interconexões e funcionalidades.
entre os entes da federação, e proporcionar maior transparência O portal da Transparência reúne informações sobre como o dinhei-
quanto aos convênios realizados pela União. ro público federal é aplicado. Pode-se consultar, por exemplo, quan-
O portal Brasil apresenta um leque variado de informações, to foi repassado, quanto cada município recebeu do Fundo de Ma-
e no que diz respeito à transparência pública, disponibiliza quatro nutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização
blocos de informações referentes: dos Profissionais da Educação (FUNDEB), ou mesmo quem são os
1. À prestação de contas da execução orçamentária e financeira beneficiários do Bolsa Família, quanto receberam e em que meses.
do Governo Federal e aos relatórios de gestão de órgãos e entida- Também se encontram publicadas informações sobre os recur-
des da Administração Pública; sos federais transferidos diretamente ao cidadão e sobre os gastos
2. Ao orçamento da União, relacionadas às prioridades dos po- diretos realizados pelo Governo Federal, em compras ou contra-
deres Executivo/Legislativo/Judiciário, quanto aos investimentos; tação de obras e serviços, incluindo os gastos de cada órgão com
3. À fiscalização, contendo a lista dos entes que fiscalizam e diárias, material de expediente, compra de equipamentos e obras e
acompanham a correta administração dos recursos públicos fede- serviços, entre outros, bem como os gastos realizados por meio de
rais, e o acesso às páginas eletrônicas desses órgãos; Cartões de Pagamento do Governo Federal.
4. Ao Conselho da Transparência, com informações sobre o co- Cabe destacar, ainda, a existência de “portais de Transparên-
legiado que propõe e debate medidas de aperfeiçoamento do con- cia”, inclusive com a carta de serviços ao cidadão, em todos os Mi-
trole e da transparência na gestão pública, além de estratégias de nistérios e entidades da Administração indireta, a divulgar as mais
combate à corrupção. variadas informações de interesse da sociedade, além de informa-
ções sobre contratações e gastos públicos.
58 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Decreto/D9094.
htm#art25 59 https://www.cgu.gov.br/assuntos/transparencia-publica
175
EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
Ainda no que se refere à transparência eletrônica, no ano de necessárias para a constituição do registro eletrônico centralizado
2001, destaca-se a certificação digital (ICP-Brasil), definida como e atualizado das dívidas públicas interna e externa, de que trata o
“atividade de reconhecimento em meio eletrônico que se caracteri- § 4o do art. 32. (Incluído pela Lei Complementar nº 156, de 2016)
za pelo estabelecimento de uma relação única, exclusiva e intrans- § 4o A inobservância do disposto nos §§ 2o e 3o ensejará as
ferível entre uma chave de criptografia e uma pessoa física, jurídica, penalidades previstas no § 2o do art. 51. (Incluído pela Lei Comple-
máquina ou aplicação. Esse reconhecimento é inserido em um Certi- mentar nº 156, de 2016)
ficado Digital, por uma Autoridade Certificadora. ” O ICP-Brasil com- § 5o Nos casos de envio conforme disposto no § 2o, para todos
prova que você é você na internet, essa certificação permite a di- os efeitos, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
vulgação das informações com mais fidedignidade e confiabilidade. cumprem o dever de ampla divulgação a que se refere o caput. (In-
Registre-se também a atuação da Justiça Eleitoral, que em 1996 cluído pela Lei Complementar nº 156, de 2016)
utilizou de forma parcial a urna eletrônica nas eleições municipais, § 6o Todos os Poderes e órgãos referidos no art. 20, incluídos
no ano 2000 quase todos os municípios a utilizaram, e em 2004 autarquias, fundações públicas, empresas estatais dependentes
a votação eletrônica alcançou todos os municípios brasileiros. Em e fundos, do ente da Federação devem utilizar sistemas únicos de
2008, Curitiba foi a primeira capital a divulgar o resultado final da execução orçamentária e financeira, mantidos e gerenciados pelo
eleição municipal com menos de uma hora após o encerramento Poder Executivo, resguardada a autonomia. (Incluído pela Lei Com-
da votação. plementar nº 156, de 2016)
Destaque-se, ainda, que em 2005 foi instituído o “pregão ele-
trônico”, obrigatório para a aquisição de bens e serviços comuns no Art. 48-A. Para os fins a que se refere o inciso II do parágrafo
âmbito do Poder Executivo. Essa modalidade de licitação é realizada único do art. 48, os entes da Federação disponibilizarão a qualquer
de forma online via internet, e todos os fornecedores cadastrados pessoa física ou jurídica o acesso a informações referentes a: (Incluí-
(portal Comprasnet/Sicaf) podem participar da licitação, indepen- do pela Lei Complementar nº 131, de 2009).
dentemente da localização geográfica ou física de suas empresas. I. Quanto à despesa: todos os atos praticados pelas unidades
Os resultados dessas aquisições são disponibilizados em tempo gestoras no decorrer da execução da despesa, no momento de sua
quase real no Comprasnet. realização, com a disponibilização mínima dos dados referentes ao
número do correspondente processo, ao bem fornecido ou ao servi-
Transparência e a LRF ço prestado, à pessoa física ou jurídica beneficiária do pagamento
Efetivamente, hoje não é possível falar em transparência sem e, quando for o caso, ao procedimento licitatório realizado; (Incluído
considerar a LRF (Lei de Responsabilidade Fiscal). Se não fosse essa pela Lei Complementar nº 131, de 2009).
lei, não teríamos o nível de divulgação de informações públicas, II. Quanto à receita: o lançamento e o recebimento de toda
principalmente sobre a gestão fiscal, a toda a população. a receita das unidades gestoras, inclusive referente a recursos ex-
A Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), elaborada para garantir traordinários. (Incluído pela Lei Complementar nº 131, de 2009).
a responsabilização na gestão pública, primar pelo equilíbrio entre
receitas e despesas e pela transparência da gestão fiscal, é um divi- Art. 49. As contas apresentadas pelo Chefe do Poder Executivo
sor de águas na história das finanças em termos de transparência ficarão disponíveis, durante todo o exercício, no respectivo Poder Le-
das contas públicas no Brasil. Ela apresenta vários instrumentos de gislativo e no órgão técnico responsável pela sua elaboração, para
transparência, conforme se verifica nos arts. 48, 48-A e 49: consulta e apreciação pelos cidadãos e instituições da sociedade.
Parágrafo único. A prestação de contas da União conterá de-
Art. 48. São instrumentos de transparência da gestão monstrativos do Tesouro Nacional e das agências financeiras ofi-
fiscal, aos quais será dada ampla divulgação, inclusive em meios ciais de fomento, incluído o Banco Nacional de Desenvolvimento
eletrônicos de acesso público: os planos, orçamentos e leis de Econômico e Social, especificando os empréstimos e financiamentos
diretrizes orçamentárias; as prestações de contas e o respectivo concedidos com recursos oriundos dos orçamentos fiscal e da segu-
parecer prévio; o Relatório Resumido da Execução Orçamentária ridade social e, no caso das agências financeiras, avaliação circuns-
e o Relatório de Gestão Fiscal; e as versões simplificadas desses tanciada do impacto fiscal de suas atividades no exercício.60
documentos.
§ 1o A transparência será assegurada também mediante: (Re- No que se refere a essas contas, a LRF ampliou o contido no
dação dada pela Lei Complementar nº 156, de 2016) art. 31, § 3º, da Constituição Federal de 198861, para o qual, as con-
III. adoção de sistema integrado de administração financeira e tas dos municípios deveriam ficar, durante sessenta dias por ano, à
controle, que atenda a padrão mínimo de qualidade estabelecido disposição de qualquer contribuinte, para exame e apreciação, os
pelo Poder Executivo da União e ao disposto no art. 48-A. (Incluído quais poderiam questionar-lhes a legitimidade, nos termos da lei.
pela Lei Complementar nº 131, de 2009) (Vide Decreto nº 7.185, de Santana Junior62 realizou pesquisa em 207 sites públicos dos
2010) três poderes e dos seguintes órgãos:
§ 2º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios dis- - Tribunais de Justiça;
ponibilizarão suas informações e dados contábeis, orçamentários - Assembleias Legislativas;
e fiscais conforme periodicidade, formato e sistema estabelecidos - Tribunais de Contas;
pelo órgão central de contabilidade da União, os quais deverão ser - Ministérios Públicos; e
divulgados em meio eletrônico de amplo acesso público. (Incluído - Poder Executivo.
pela Lei Complementar nº 156, de 2016) 60 planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp101.htm
§ 3o Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios encaminha- 61 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm
rão ao Ministério da Fazenda, nos termos e na periodicidade a se- 62 SANTANA JUNIOR, J. J.B.; “Transparência fiscal eletrônica”. Dissertação.
rem definidos em instrução específica deste órgão, as informações UNB, 2008.
176
EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
Focando a transparência das ações à luz das recomendações do Segundo o Art.7º da referida lei65, o acesso à informação com-
art. 48 da LRF, a pesquisa interessa-se pelo cumprimento integral preende o direito de obter:
das normas da LRF, e, assim, ressalta os pontos deficitários, como Art. 7º O acesso à informação de que trata esta Lei compreen-
a baixa divulgação em geral pelas Assembleias e Ministérios Públi- de, entre outros, os direitos de obter:
cos, a linguagem complicada das divulgações, a não totalidade dos I. Orientação sobre os procedimentos para a consecução de
documentos, a pouca divulgação das audiências públicas, a intem- acesso, bem como sobre o local onde poderá ser encontrada ou ob-
pestividade das informações e a ausência de algumas prestações de tida a informação almejada;
contas por chefes do Poder Executivo. II. Informação contida em registros ou documentos, produzidos
Por outro lado, a pesquisa apontou a “existência de associação ou acumulados por seus órgãos ou entidades, recolhidos ou não a
dos indicadores econômicos e sociais e os níveis de transparência arquivos públicos;
fiscal eletrônica observados nos sites dos poderes”. Embora a pes- III. Informação produzida ou custodiada por pessoa física ou en-
quisa destaque os aspectos deficitários, é possível constatar que a tidade privada decorrente de qualquer vínculo com seus órgãos ou
grande maioria das informações é divulgada através dos portais ele- entidades, mesmo que esse vínculo já tenha cessado;
trônicos desses órgãos, disponíveis para toda a sociedade, existindo IV. Informação primária, íntegra, autêntica e atualizada;
também canais de participação popular. V. Informação sobre atividades exercidas pelos órgãos e enti-
Segundo Pereira63, ao nível de discurso o Governo demonstra dades, inclusive as relativas à sua política, organização e serviços;
que está consciente que a corrupção drena recursos que seriam VI. Informação pertinente à administração do patrimônio pú-
destinados a produzir bens e serviços em favor da sociedade, a blico, utilização de recursos públicos, licitação, contratos adminis-
gerar negócios e a criar e manter empregos, mas na prática, em trativos; e
que pese os avanços, a transparência das ações de governo ainda VII. Informação relativa:
se encontra distante do ideal. São tantas as informações atualmen- a) à implementação, acompanhamento e resultados dos pro-
te disponibilizadas pelo Governo Federal na internet, que se perde gramas, projetos e ações dos órgãos e entidades públicas, bem
tempo em localizar as de “maior interesse” dentro desse universo. como metas e indicadores propostos;
As informações eletrônicas disponibilizadas facilitam e permi- b) ao resultado de inspeções, auditorias, prestações e tomadas
tem o controle social, tanto no que se refere à fiscalização do uso de contas realizadas pelos órgãos de controle interno e externo, in-
de recursos públicos e combate à corrupção, quanto na redução das cluindo prestações de contas relativas a exercícios anteriores.
distâncias entre o discurso e o desempenho dos governos, e as reais § 1º O acesso à informação previsto no caput não compreende
necessidades dos cidadãos e da sociedade. as informações referentes a projetos de pesquisa e desenvolvimento
Agora, fica a cargo dos cidadãos, associações diversas, Ongs e científicos ou tecnológicos cujo sigilo seja imprescindível à
órgãos de controle utilizarem essas informações para cobrar dos go- segurança da sociedade e do Estado.
vernos, políticos e gestores públicos, responsabilidade pela correta § 2º Quando não for autorizado acesso integral à informação
utilização dos recursos públicos em benefício de toda a população, por ser ela parcialmente sigilosa, é assegurado o acesso à parte não
respeitando o contido nos princípios e normas legais pertinentes; sigilosa por meio de certidão, extrato ou cópia com ocultação da
bem como denunciar a má utilização dos recursos públicos e exigir parte sob sigilo.
a punição dos responsáveis. § 3º O direito de acesso aos documentos ou às informações
neles contidas utilizados como fundamento da tomada de decisão
Transparência e a Lei de Acesso à Informação e do ato administrativo será assegurado com a edição do ato
A Lei nº 12.527/201164 visa assegurar o direito fundamental de aces- decisório respectivo.
so à informação. Ela se aplica a todos os Órgãos e Entidades dos três po- § 4º A negativa de acesso às informações objeto de pedido
deres, e também às entidades privadas sem fins lucrativos que recebam formulado aos órgãos e entidades referidas no art. 1º , quando não
recursos públicos (no que se refere à parcela de recursos recebidos). fundamentada, sujeitará o responsável a medidas disciplinares, nos
termos do art. 32 desta Lei.
A Lei de Acesso à Informação (LAI), contempla as seguintes § 5º Informado do extravio da informação solicitada, poderá o
diretrizes: interessado requerer à autoridade competente a imediata abertura
- Observância da publicidade como preceito geral e do sigilo de sindicância para apurar o desaparecimento da respectiva
como exceção; documentação.
- Divulgação de informações de interesse público, independen- § 6º Verificada a hipótese prevista no § 5º deste artigo, o
temente de solicitações; responsável pela guarda da informação extraviada deverá, no
- Utilização de meios de comunicação viabilizados pela tecno- prazo de 10 (dez) dias, justificar o fato e indicar testemunhas que
logia da informação; comprovem sua alegação.
- Fomento ao desenvolvimento da cultura de transparência na
administração pública; e O acesso à informação será assegurado mediante:
- Desenvolvimento do controle social da administração pública. I. Criação de serviço de informações ao cidadão, nos órgãos e en-
tidades do poder público, em local com condições apropriadas para:
Atenção!!! Salvo alguns casos de sigilo e de informações im- atender e orientar o público quanto ao acesso a informações; informar
prescindíveis à segurança da sociedade ou do Estado, o acesso às sobre a tramitação de documentos nas suas respectivas unidades; pro-
demais informações encontram-se assegurado por esta lei. tocolizar documentos e requerimentos de acesso a informações; e
63 PEREIRA, J. M.; Finanças públicas: a política orçamentária no Brasil. SP: II. Realização de audiências ou consultas públicas, incentivo à
Atlas, 1999. participação popular ou a outras formas de divulgação.
64 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/lei/l12527.htm 65 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/lei/l12527.htm
177
EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
Além disso, a referida lei também obriga que os órgãos e entidades públicas, independentemente de requerimento, divulguem em
local de fácil acesso, as informações de interesse coletivo ou geral por eles produzidas ou custodiadas. Além de outros meios, é obrigatória
a divulgação dessas informações em sítios oficiais na internet.
O fornecimento da informação é gratuito, salvo se houver necessidade de cópia de documentos (mesmo assim, estarão isentos aque-
les cuja situação econômica não permita).
Sob a égide dessa lei, qualquer interessado poderá requerer informação sem a necessidade de justificativas, inclusive as relacionadas
à remuneração recebida pelos servidores públicos em sentido amplo, que deverão ser atendidas de imediato, ou no prazo máximo de
vinte dias.
Sem dúvida, a lei de acesso à informação, aplicada a partir de maio de 2012, é um poderoso instrumento em termos de transparência
pública – capaz de fomentar o controle social e inibir práticas de corrupção.
O controle social pode ser entendido como a participação do cidadão na Gestão Pública, na fiscalização, no monitoramento e no
controle das ações da Administração Pública, ele trata-se de um importante mecanismo de prevenção da corrupção e de fortalecimento
da cidadania.
A preocupação em se estabelecer um controle social forte e atuante torna-se ainda maior, em razão da extensão territorial do país e
da descentralização geográfica dos órgãos públicos integrantes dos diversos níveis federativos (União, Estados, Distrito Federal e Municí-
pios). No caso destes, há que considerar, ainda, o seu grande número. Por isso, a fiscalização da aplicação dos recursos públicos precisa ser
feita com o apoio da sociedade.
O controle social é um complemento indispensável ao controle institucional realizado pelos órgãos que fiscalizam os recursos públicos.
Essa participação é importante porque contribui para a boa e correta aplicação dos recursos públicos, fazendo com que as necessidades
da sociedade sejam atendidas de forma eficiente.
No entanto, para que os cidadãos possam desempenhar de maneira eficaz o controle social, é necessário que sejam mobilizados e
recebam orientações sobre como podem ser fiscais dos gastos públicos.
O PPA apresenta os critérios de ação e decisão que devem orientar os gestores públicos (Diretrizes); estipula os resultados que se bus-
ca alcançar na gestão (Objetivos), inclusive expressando-os em números (Metas) e delineia o conjunto de ações a serem implementadas
(Programas).
66 Controladoria Geral da União. Controle Social: Orientações aos cidadãos para participação na gestão pública e exercício do controle social. Brasília, 2012.
178
EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
O PPA também indica os meios para se atingir os objetivos de O art. 58 desse estatuto informa que empenho é “o ato emana-
um programa, podendo assumir a forma de projetos, atividades do de autoridade competente que cria para o Estado obrigação de
ou operações especiais (Ações). Projetos são trabalhos específicos, pagamento, pendente ou não de implemento de condição”.
com prazo e produto final. Atividades são operações de um traba- Se o empenho é obrigação de pagamento, não é o pagamento
lho continuado, a fim de manter ações já desenvolvidas. propriamente dito. É preciso que a despesa empenhada seja liqui-
Operações especiais são ações que, em tese, não contribuem dada. Conforme o art. 68 da Lei n.º 4.320/1964, liquidação é a “ve-
para a manutenção das ações do governo, como o pagamento de rificação do direito adquirido pelo credor, tendo por base os títulos
servidores inativos. e documentos comprobatórios do respectivo crédito”.
A LDO dispõe sobre as metas e prioridades para a Administra- Somente após essa fase o pagamento deve ser efetuado, mas
ção Pública, os critérios para a elaboração da LOA, as alterações da não por qualquer pessoa, apenas por despacho de autoridade com-
legislação tributária e as formas de financiamento do orçamento. petente, em documentos processados pela contabilidade do órgão
Dispõe ainda sobre política salarial e concursos públicos e estabe- realizador da despesa.
lece os percentuais de recursos que serão descentralizados para os Por isso, após participar da elaboração das peças orçamentá-
Poderes e Administração Indireta, como fundações, autarquias e rias, a sociedade deve acompanhar de perto a execução das des-
sociedades de economia mista. Elege, a partir do PPA, os programas pesas públicas, nas três fases descritas acima, para evitar desvio e
e metas físicas a serem executados, sempre no exercício seguinte desperdício dos recursos públicos.
ao de sua elaboração. A LOA se ocupa de definir as fontes de arreca-
dação, estimar as receitas e prever as despesas para o ano seguinte Formas de Exercício do Controle Social
ao de sua elaboração. O controle social pode ser exercido pelos conselhos de políti-
Na LDO, igualmente, pode e deve participar da decisão que cas públicas ou diretamente pelos cidadãos, individualmente ou de
elege os programas a serem executados no exercício seguinte, pois forma organizada.
somente assim será garantida uma governança democrática, que
melhor atenda às necessidades da comunidade. O Controle Social exercido pelos Conselhos
A sociedade deve também participar da deliberação que aloca Conforme citado, os conselhos são instâncias de exercício da
os recursos públicos para a execução do programa de trabalho do cidadania, que abrem espaço para a participação popular na gestão
governo de sua unidade federativa. pública. Nesse sentido, os conselhos podem ser classificados con-
A sociedade deve participar não apenas da elaboração dos ins- forme as funções que exercem. Assim, os conselhos podem desem-
trumentos de planejamento (PPA, LDO e LOA), mas, inclusive, do penhar, conforme o caso, funções de fiscalização, de mobilização,
processo de apreciação e votação nas casas legislativas. de deliberação ou de consultoria.
A função fiscalizadora dos conselhos pressupõe o acompanha-
Controle Social da execução das Despesas Públicas mento e o controle dos atos praticados pelos governantes.
Encerrada a fase de elaboração, apreciação, votação e apro- A função mobilizadora refere-se ao estímulo à participação
vação das peças orçamentárias, inicia-se a fase de execução. É o popular na gestão pública e às contribuições para a formulação e
momento da realização dos fins públicos estabelecidos na Consti- disseminação de estratégias de informação para a sociedade sobre
tuição. Por isso, a sociedade deve se organizar para participar da as políticas públicas.
gestão desses recursos, em conjunto com os agentes públicos. A função deliberativa, por sua vez, refere-se à prerrogativa dos
Nosso ordenamento jurídico estabelece algumas regras para conselhos de decidir sobre as estratégias utilizadas nas políticas pú-
que as despesas não se realizem arbitrariamente. Essas regras es- blicas de sua competência, enquanto a função consultiva relaciona-
tão contidas, principalmente, na Lei das Finanças Públicas, a Lei -se à emissão de opiniões e sugestões sobre assuntos que lhes são
n.º4.320/1964, na Lei das Licitações, a Lei n.º 8.666/1993 e na Lei correlatos.
de Responsabilidade Fiscal, a Lei Complementar n.º 101/2000. A legislação brasileira prevê a existência de inúmeros conselhos
A Lei n.º 8.666/1993 estabelece, por sua vez, que as despesas de políticas públicas, alguns com abrangência nacional e outros cuja
devem ser efetuadas, sem privilegiar um ou outro fornecedor dos atuação é restrita a estados e municípios.
produtos, obras ou serviços. Isto é, o gestor público deve observar
o princípio constitucional da isonomia (igualdade de todos peran- O Direito à Informação e o Controle Social
te a lei). Por outro lado, deve sempre selecionar a proposta mais A participação ativa do cidadão no controle social pressupõe a
vantajosa para a Administração, conjugando com razoabilidade os transparência das ações governamentais.
critérios de preço e técnica. Esse portal reúne informações sobre o uso do dinheiro público
Assim, as obras, serviços, compras, alienações, concessões, pelo Governo Federal e os disponibiliza para todo o cidadão brasilei-
permissões e locações da Administração Pública, quando contra- ro, privilegiando uma relação governo sociedade fundada na trans-
tadas com terceiros, devem ser, em regra, precedidos de licitação, parência e na responsabilidade social. O governo deve propiciar ao
que deve ser processada e julgada em estrita conformidade com os cidadão a possibilidade de entender os mecanismos de gestão, para
princípios básicos da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, que ele possa influenciar no processo de tomada de decisões. O
da igualdade, da publicidade, da probidade administrativa, da vin- acesso do cidadão à informação simples e compreensível é o ponto
culação ao instrumento convocatório, do julgamento objetivo e dos de partida para uma maior transparência.
que lhes são correlatos. A transparência da gestão pública e das ações do governo de-
Segundo a Lei n.º 4.320/1964, toda despesa efetuada na Admi- pende, portanto:
nistração Pública, de qualquer dos entes federativos (União, esta- • Da publicação de informações;
dos, Distrito Federal e municípios) deve seguir três estágios: empe- • De espaços para a participação popular na busca de soluções
nho, liquidação e pagamento. para problemas na gestão pública;
179
EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
• Da construção de canais de comunicação e de diálogo entre a Accountability, por tratar de responsabilidade, tem a ver com o
sociedade civil e o governante; conceito de ética ligado às questões que envolvem responsabilidade
• Do funcionamento dos Conselhos, órgãos coletivos do poder social, imputabilidade, obrigações e prestação de contas. O termo é
público e da sociedade civil com o papel de participar da elabora- considerado, segundo o IFAC, um aspecto central da governança na
ção, execução e fiscalização das políticas públicas; Administração Pública, entendida como accountability política, ou
• Da modernização dos processos administrativos, que, muitas seja, responsabilidade dos governos, servidores públicos e políticos
vezes, dificultam a fiscalização e o controle por parte da sociedade perante o legislativo e a sociedade.
civil; Parece haver consenso, na literatura, de que o fundamento dos
• Da simplificação da estrutura de apresentação do orçamento sistemas democráticos está verdadeiramente na accountability, já
público, aumentando assim a transparência do processo orçamen- que a informação é um pressuposto básico da transparência dos
tário. negócios públicos em uma verdadeira e legítima democracia. Sem
informação apropriadas a respeito da gestão pública, os cidadãos
Para que o controle social possa ser efetivamente exercido, é ficam privados de realizar julgamentos adequados em relação aos
preciso, portanto, que os cidadãos tenham acesso às informações atos praticados por seus governantes.
públicas. Essa transparência implica, no entanto, um trabalho simul- No contexto da Lei de Responsabilidade Fiscal, essa obrigação
tâneo do governo e da sociedade: o governo, levando a informação ganha dimensões relevantes, haja vista o conjunto de sanções que
à sociedade; a sociedade, buscando essa informação consciente de dela resultam para as autoridades públicas que sonegarem infor-
que tudo o que é público é de cada um de nós. mações sobre suas práticas. Esse tema tem sido tratado com tanto
interesse ultimamente que já se considera como imprescindível o
fortalecimento de instituições independentes do governo para ofe-
ACCOUNTABILITY recer à coletividade as informações necessárias ao efetivo exercício
da cidadania.
Accountability67 Outro termo utilizado nesse contexto é a “responsividade”, em
É um termo inglês, originado do latim accomptare (tomar em que os governantes responsivos obedecem aos desejos ou às de-
conta), derivado da forma prefixada computare (computar), que terminações dos cidadãos (o que os levaria a adotar políticas para
por sua vez deriva de putare (calcular), sem tradução literal para o atender a esses desejos). Os governos são responsivos “quando
português – como forma mais próxima tem-se usado responsabili- promovem os interesses dos cidadãos, adotando políticas escolhi-
zação, que se relaciona à obrigação de prestar contas, pelo mem- das pelos cidadãos” (Araújo; Gomes, 2006).
bros de um órgão administrativo ou representativo a instâncias con- A responsividade não é um termo autônomo, ela se vincula ao
troladoras ou aos seus representados. Numa tradução mais rude, termo accountability, como um de seus elementos, assim como a
pode-se confundir com o próprio termo prestar contas. responsabilidade. Segundo Lamartine Braga et al. (2008), o governo
De acordo com Matias-Pereira (2010), accontability refere-se a responsivo:
um conjunto de mecanismos e procedimentos que levam os gesto- “Executa fielmente as políticas do dia a dia; satisfaz as necessi-
res governamentais a prestar contas dos resultados de suas ações, dades dos grupos de clientes; comunica-se e toma conselhos; usa
de forma que permita aos cidadãos verificarem se os governantes políticas atuais que satisfazem as necessidades dos cidadãos envol-
estão agindo em função dos interesses da coletividade. vidos”.
A accontability pressupõe que, ao desempenhar função rele- Num ambiente democrático há um forte aspecto político no
vantes na sociedade, vem-se, sistematicamente, relatar as ações accountability. Para Adam Przeworski (1996), há accountability
realizadas, as motivações para a realização dessas ações, a forma nos governos quando “os cidadãos têm possibilidade de discernir
como essas ações foram realizadas na sequência. Trata-se de um aqueles que agem em seu benefício”, e assim são capazes de lhes
procedimento de avaliação quantitativa e qualitativa, por meio do conceder aprovação e/ou lhes impor sanções, de forma que “os
qual se dá publicidade ao realizado, buscando ainda justificar as governantes que atuam em prol do benefício dos cidadãos sejam
possíveis falhas. Nesse sentido, o dever de prestar contas é ainda reeleitos, e os que não o fazem sejam derrotados”.
maior quando a função é pública, uma vez que se trata do desem- O accountability legal é o que decorre das normas jurídicas vi-
penho de cargos que lidam com o dinheiro dos contribuintes. gentes. Na literatura há menção a três tipos de accountability: o
De acordo com o TCU, prestar contas sempre trouxe a cono- Horizontal e o Vertical, estabelecidos por Guillermo O’donnel, e o
tação de dar informação sobre pessoa ou coisa (incluindo valores) SOCIETAL.
pela qual se é responsável. Assim, a função do instituto da presta-
ção de contas parte da obrigação social e pública de prestar infor- Accountability Horizontal: ocorre através da mútua fiscaliza-
mações sobre algo pelo qual é responsável (atribuição, dever). Esse ção e controle existente entre os poderes (os freios e contrapesos),
conceito é a base da transparência e do controle social, definições ou entre os órgãos, por meio dos Tribunais de Contas ou Controla-
mais próximas do termo governança, que por sua vez decorre do dorias Gerais e agências fiscalizadoras – pressupõe uma ação entre
conceito de accuontability. iguais ou autônomos. Esse accountability refere-se à “transparência
Ainda de acordo com o TCU, o instituto da prestação de contas das ações da gestão pública em relação aos agentes que podem fis-
iniciou o seu desenvolvimento a partir das ciências Contábeis, como calizá-las e puni-las” (Marcelo Amaral, 2007). O accountability hori-
elemento de registro dos lançamentos de débito ou crédito relati- zontal pressupõe que existam órgãos próprios de Estado detentores
vos a operações comerciais e financeiras. de “poder e capacidade, legal e de fato, para realizar ações, tanto
de monitoramento de rotina quanto de imposição de sanções cri-
67 PETER, M. G. A; MACHADO, M. V. V. Manual de contabilidade Governamen-
tal. 2 Ed. – São Paulo: Atlas 2014.
180
EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
181
EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
De acordo com Cunha69, as tecnologias de informação e comunicação, de fato, abriram oportunidades para transformar o relaciona-
mento entre governo, cidadão, sociedade civil organizada e empresas, contribuindo para alcançar a boa governança e, especialmente na
dimensão da transparência.
A Governança Eletrônica abrange três grandes ramos:
1. e-administração,
2. e-serviços e
3. e-democracia.
A e-administração é um suporte digital para a implementação de políticas públicas, como, por exemplo, a obrigatoriedade de publica-
ção dos resultados, baseada na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) que busca a transparência do uso do dinheiro público.
De acordo com Gerzson e Müller70, a sociedade passa por um momento de reavaliação de sua participação no próprio envolvimento
das ações públicas. É indicado ainda que a contemporaneidade tem exigido reposicionamento desse paradigma referente às relações
entre organizações públicas e seus públicos, como citado pelos autores:
A sociedade está exigente no que se refere aos seus direitos, inclusive o de ser bem atendido. Ao mesmo tempo em que surge essa
consciência, as práticas de comunicação pública passam por crises de identidade e se percebe a importância da adoção de práticas mais
democráticas e direcionas, em oposição ao viés de massificação historicamente adotado pelo setor público.71
Temos então, um governo que, além de ter que se adaptar aos recursos tecnológicos de informação, é também obrigado a utilizar
destes meios para cumprir a lei. Por outro lado, a população, diferente de outrora, busca as informações disponibilizadas de maneira ainda
tímida, para entender e participar de decisões, nem que seja, em último caso, por meio do voto, ajudando a não eleger algum represen-
tante que se demonstre “indigno” de ocupar um cargo público.
Gomes Filho72, salienta que informação gera mais informação, ou seja, a partir do momento em que o gestor publica dados, a sua
divulgação, tanto pelos órgãos oficiais como pela mídia, acaba gerando o debate entre a sociedade e fortificando a democracia. Quanto
a isto, o autor cita: “Essa emergência da informação, como consequência dos processos de informatização, montou o cenário favorável à
promoção da transparência. ”
As pessoas naturalmente tendem a avaliar positivamente a transparência no relacionamento humano, com o avanço dos processos
que definem a globalização, aumentou a transparência, na medida em se derrubaram barreiras, se transpuseram fronteiras e se venceram
limites que separavam as pessoas, dando margem a um ambiente de valorização da liberdade. E um ambiente de liberdade oferece as
condições para que crie uma cultura da informação. E informação gera mais informação.73
Por isso é conveniente distinguirmos os meios de comunicação com a comunicação em si, pois, enquanto a comunicação representa
um processo social primário, os chamados meios de comunicação de massa constituem apenas uma mediação tecnológica em relação a
esse processo.
Ferreira74 discorre que todo processo de comunicação deve ser analisado sob a ótica de três elementos:
- Os públicos;
- Os profissionais da comunicação; e
- As mediações.
69 CUNHA, M. A. V. C.; Meios eletrônicos e transparência: a interação do vereador brasileiro com o cidadão e o poder executivo. In: Congreso Internacional del clad
sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Santiago, Chile, 2005.
70 GERZSON, V. R. S., & MÜLLER, K. M.; PROCAC/Canoas: comunicação pública e relacionamento com o cidadão. Revista FAMECOS, Porto Alegre, 2009.
71 Idem
72 GOMES FILHO, A. B.; O desafio de implementar uma gestão pública transparente. In: Congreso Internacional del clad sobre la Reforma del Estado y de la Adminis-
tración Pública, Santiago, Chile, 2005.
73 GOMES FILHO, A. B.; O desafio de implementar uma gestão pública transparente. In: Congreso Internacional del clad sobre la Reforma del Estado y de la Adminis-
tración Pública, Santiago, Chile, 2005
74 http://www.faac.unesp.br/publicacoes/anais-comunicacao/textos/34.pdf
182
EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
Para melhor compreender esse quadro, diversos autores discor- Ascendente: concede aos subordinados a oportunidade de se
rem sobre a comunicação pública, não como maneira de manejar exprimirem e se sentirem parte integrante da instituição. Para além
a massa com informações com cunho de promoção de um grupo disso, permite aos gestores conhecerem melhor a realidade organi-
político, mas como um caminho para democratizar a informação zacional e saberem se a comunicação descendente atingiu os alvos
de forma que o cidadão se sinta mais preparado para interpretar, pretendidos, e se está a ser corretamente utilizada ou implemen-
questionar, discutir e, por que não, participar de decisões políticas tada.
por intermédio de associações, ONGs, entidades ligadas ao poder
público, partidos políticos e pela escolha no voto de suas decisões. Lateral / Horizontal: este fluxo, é o que decorre entre pessoas
Segundo Duarte75 “a Comunicação Pública ocupa-se da viabili- do mesmo nível hierárquico. Prossegue três funções principais: a
zação do direito social coletivo e individual ao diálogo, à informa- Coordenação do Trabalho, a Partilha de Informações e a Resolução
ção e à expressão. Assim, fazer comunicação pública é assumir a de Problemas Interdepartamentais.
perspectiva cidadã na comunicação envolvendo temas de interesse
coletivo”. Diagonal: é a menos frequente – pelo menos do ponto de vista
Para Lopes76, no lugar de uma relação meramente unidirecional, formal. É especialmente importante, quando as pessoas não po-
na qual o governo provê o cidadão com as informações que julga dem comunicar de modo eficaz, através de outros canais.
pertinente utilizando apresentação e edição que entende adequa-
das, a teoria política contemporânea entende que o envolvimento Barreiras na Comunicação
dos cidadãos nas políticas públicas deve ser bidirecional. Segundo Lopes81, as barreiras na comunicação podem estar pre-
Tal prática, aliada à melhora da transparência governamental, sentes em todo e em qualquer processo de comunicação. Pode-se
tende a reduzir de maneira considerável a assimetria de informa- dizer que é mais provável que ocorra interferência quando a mensa-
ção e, consequentemente, os abusos cometidos pelas autoridades gem é complexa, provoca emoções ou se choca com o estado men-
governamentais. O cidadão deve ser mais do que um simples apoia- tal do receptor. Dessa forma, faz-se necessário descrever, de modo
dor da democracia por meio do voto, mas que deve ter acesso a to- sucinto, alguns aspectos que interferem:
dos os mecanismos necessários para agir como membro de algum
grupo de interesse, para que possa exercer de fato a tão propalada Semântica: está relacionado ao significado diferente que as
“cidadania” em um ambiente de efetiva “poliarquia”. 77 pessoas vinculam às palavras, nesta situação, é provável que um
Lopes78 afirma que, quando se trata da falta de informação em sujeito atribua um significado errado a uma palavra ou a uma co-
relação aos órgãos públicos, “o silêncio é a arma do poder que omi- municação não-verbal.
te dados”. O autor comenta também que governar não é algo fá-
cil, considerando que o interesse público diverge muitas vezes, por Filtragem da informação negativa: ocorre principalmente de
exemplo, entre moradores de uma mesma rua, pois o que pode ser baixo para cima e tende a filtrar os efeitos negativos para não desa-
feito para o benefício geral pode agradar a um morador, mas desa- gradar aos superiores. Além disso, a filtragem ocorre quando há um
gradar a outro. histórico de punições por parte da gerência executiva com os porta-
Por isto, “governar é avaliar, analisar, debater e optar entre pos- dores de más notícias e também quando uma mensagem é passada
sibilidades quase infinitas de ações que, normalmente trazem be- por várias pessoas, causando perda de informações e distorções da
nefícios para alguns e malefícios para outros”. Mesmo assim, não mensagem original.
satisfazendo a todos, cabe ao gestor informar o que está sendo feito
para justificar o emprego do dinheiro público. Credibilidade do transmissor: é um dos elementos
fundamentais para uma liderança eficaz. Quanto mais confiável for
O Fluxo de Comunicação Interna79 a fonte ou transmissor, maior será aceitação da mensagem.
Segundo Rego80, existem assim, no seio de uma instituição qua-
tro fluxos de comunicação: Sinais misturados: estão intimamente associados à postura do
Descendente: Consubstancia-se em instruções de trabalho, di- gestor e àquilo que ele enuncia, ou seja, é necessário apresentar
retrizes, repreensões e elogios, palestras de divulgação, procedi- coerência entre o que ele fala e como se comporta.
mentos, avisos, informações, circulares, manuais, publicações da
instituição. A sua eficácia é afetada pelas competências de comuni- Diferentes estruturas de referência: envolve pontos de vista e
cação dos gestores e dos colaboradores, pelas filtragens verificadas perspectivas baseadas em experiências passadas.
nas várias passagens da informação ao longo da cadeia hierárquica,
e pelas diversas barreiras. Julgamento de valor: é fazer julgamentos antes de receber
a mensagem completamente. Um julgamento apressado induz a
75 http://www.jforni.jor.br/forni/files/ComP%C3%BAblicaJDuartevf.pdf pessoa a ouvir apenas a parte que lhe interessa. É possível que um
76 http://www.yoemito.com/apoyo/MariaVassallo.pdf precipitado julgamento de valor leve o indivíduo a imediatamente
77 Idem desconsiderar a mensagem, mesmo após tê-la ouvido em sua
78 Idem totalidade.
79 GESTÃO DA COMUNICAÇÃO NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. Professor
Doutor João Pedro Almeida Couto.: Professora Doutora Maria Manuela dos San- Sobrecarga de comunicação: refere-se à questão que os fun-
tos Natário. Disponível em: http://bdigital.ipg.pt/dspace/bitstream/10314/1290/1/ cionários precisam receber informações para desempenhar os seus
GAP%20-%20Catarina%20%20Isabel%20D%20F%20Grilo.pdf. trabalhos e a barreira é quando não se passa a informação necessá-
80 REGO, F. G. T.; Comunicação empresarial, comunicação institucional. SP, ria para execução da tarefa ou se passa informação demais, ocasio-
1986. 81 http://www.yoemito.com/apoyo/MariaVassallo.pdf
183
EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
nando uma sobrecarga de informação em que os funcionários não dar atendimento às exigências de informação e tratamento justo
conseguem absorver tudo. Aqui cabe ressaltar que a comunicação por parte do cidadão em sua relação com o Estado e instituições,
eletrônica contribui para o problema do excesso de informação, à do consumidor com as empresas e entre todos os agentes sociais.
medida que facilita as transmissões de informações e também devi- Levou, por exemplo, ao surgimento do conceito de compor-
do a sua velocidade e alcance. tamento empresarial socialmente responsável no setor privado
(mesmo que muitas vezes subordinado a estratégias comerciais),
Para superar todas estas barreiras faz-se imprescindível: ao empoderamento do terceiro setor e a uma maior demanda por
- Esclarecer as ideias antes de comunicá-las, o que evita distor- transparência no setor público. Todas as conquistas devem ser rela-
ções na semântica; tivizadas, mas permitem identificar importante evolução.
- Motivar o receptor “prendendo” sua atenção no momento da As mudanças, entretanto, não parecem ter despertado um sen-
transmissão da mensagem de modo a apelar para seus interesses timento coletivo de valorização da cidadania ou de satisfação com
ou necessidades; a representação democrática. O cidadão parece considerar os go-
- Discutir as diferenças dos padrões de referência de forma a vernos como algo não relacionado à sua vida e tornam-se um tanto
saber e entender que as pessoas têm paradigmas diferentes que cínicas com relação à política e à capacidade dos governantes de
interferem no modo como elas interpretam os acontecimentos; buscar o interesse público.
- Transformar a comunicação informal numa aliada e fazer com Mais do que simples desinteresse do indivíduo em ser sujeito
que encontros casuais dentro da organização se transforme num da ação, muitas vezes a apatia e a falta de formação política são
canal positivo, além de aproximar a direção de sua equipe de traba- resultado do cruzamento entre desinformação, falta de oportuni-
lho; comunicar os sentimentos implícitos nos fatos, o que propor- dades de participação e descrédito com a gestão pública. Pesquisa
ciona maior força e convicção à mensagem; realizada pelo Ibope em 2003 para o Observatório da Educação e
- Tomar cuidado com o comportamento não-verbal, dar o fee- da Juventude mostrou que enquanto 44% dos brasileiros desejam
dback de maneira a fazer perguntas, encorajando o receptor a influenciar políticas públicas, 56% não têm interesse.
demonstrar suas reações, sendo fundamental também ouvir para
saber se a mensagem foi realmente entendida, ou melhor, se o O que chama a atenção, é que, dos não-interessados, 35% di-
transmissor da mensagem fez-se entender (LOPES, 2004). zem que não desejam simplesmente porque não tinham informa-
ções sobre como fazê-lo. Além do desconhecimento sobre como
Portanto, para obter melhores resultados no processo da comu- influenciar políticas públicas, ou sobre qual o papel e responsabi-
nicação é necessário saber ouvir, falar, ter habilidade para transmi- lidade dos diferentes entes federativos na execução das ações pú-
tir uma mensagem utilizando linguagem adequada, e possuir tam- blicas, é frequente a divulgação de resultados de pesquisas que in-
bém habilidade de leitura e compreensão. A comunicação eficiente dicam baixo índice de lembrança do eleitor sobre em quem voltou
é muito mais do que o emprego de uma mesma linguagem, uma vez na última eleição, o que sugere uma de crise de representatividade.
que envolve identificação, reconhecimento e respeito às diferenças Nesse ambiente, a Comunicação Pública (CP) torna-se uma das
entre indivíduos no que se refere aos modos de pensar, sentir e agir. ideias mais vigorosas, não apenas para aqueles que atuam no ter-
Através do processo de comunicação organizacional é possível ceiro setor e no governo, mas também no ensino de comunicação,
encorajar ideias, diálogos, parcerias, mudanças e envolvimento no setor político e até mesmo na área privada.
emocional, pois as relações interpessoais são a alma da empresa, A comunicação, sabe-se, é energia que dá vida às organizações;
capazes de gerar um maior comprometimento de todos, para me- por isso, administrá-la, na área privada, é essencial para a eficiência
lhores índices de qualidade e produtividade. e até sobrevivência num ambiente altamente instável, volátil e crí-
tico. No ambiente de interesse público, há responsabilidade maior,
A Comunicação Pública82 do atendimento ao direito do cidadão de ter capacidade de agir em
Comunicação Pública é um conceito que tem origem na noção seu próprio interesse e na viabilização das demandas coletivas nas
de comunicação governamental. A raiz da evolução está na viabi- mais diversas áreas.
lização da democracia e na transformação do perfil da sociedade A Comunicação Pública ocorre no espaço formado (veja quadro)
brasileira a partir da década de 1980. As duas grandes referências pelos fluxos de informação e de interação entre agentes públicos e
originais em comunicação governamental no século XX, registram atores sociais (governo, Estado e sociedade civil – inclusive parti-
viés autoritário. dos, empresas terceiro setor e cada cidadão individualmente) em
Durante a década de 1930, o governo federal definiu políticas temas de interesse público.
de controle de informações, cujo apogeu se deu entre 1939 e 1945, Ela trata de compartilhamento, negociações, conflitos e acor-
por meio do Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) e uma dos na busca do atendimento de interesses referentes a temas de
rede nacional que buscava controlar e orientar a imprensa. Durante relevância coletiva. A Comunicação Pública ocupa-se da viabilização
o regime militar, foi organizado o Sistema de Comunicação Social no do direito social coletivo e individual ao diálogo, à informação e ex-
âmbito do governo, cujos focos eram propaganda e censura. pressão. Assim, fazer comunicação pública é assumir a perspectiva
Com o fim da censura e a redemocratização, o panorama mu- cidadã na comunicação envolvendo temas de interesse coletivo.
dou. A Constituição de 1988, a transformação do Papel do Estado,
o Código de Defesa do Consumidor, a terceirização e a desregula-
mentação, a atuação de grupos de interesse e movimentos sociais
e o desenvolvimento tecnológico estabeleceram um sistema de
participação e pressão que forçou a criação de mecanismos para
82 DUARTE, J. Comunicação Pública. Disponível em: http://www.jforni.jor.br/forni/
files/ComP%C3%BAblicaJDuartevf.pdf.
184
EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
O modelo acima é a simplificação de determinada complexidade para fins de descrição e análise. No desenho, a proposta de modelo
de campo da comunicação pública, com a distinção de alguns dos principais atores.
Dentro do círculo os atores cujas ações e comunicações necessariamente dizem respeito ao interesse coletivo, a imprensa, cidadão,
entidades representativas e empresas praticam ações e comunicações de natureza privada e também de natureza pública.
É útil, aqui, tentar estabelecer diferenças entre alguns conceitos para ajudar a avançar a discussão. A comunicação governamental
diz respeito aos fluxos de informação e padrões de relacionamento envolvendo os gestores e a ação do Estado e a sociedade. Estado,
nesse caso, é compreendido como o conjunto das instituições ligadas ao Executivo, Legislativo e Judiciário, incluindo empresas públicas,
institutos, agências reguladoras, área militar e não deve ser confundido com governo.
A gestão administrativa e política do aparato do Estado é responsabilidade do governo. Este é apenas o gestor transitório daquele. Os
agentes são a elite política e todos os integrantes das instituições públicas, representantes eleitos, agentes públicos nomeados e funcio-
nários de carreira.
A comunicação política trata do discurso e ação de governos, partidos e seus agentes na conquista da opinião pública em relação a
ideias ou atividades que tenham a ver com poder político, relacionado ou não a eleições. A comunicação pública diz respeito à interação e
ao fluxo de informação relacionados a temas de interesse coletivo.
O campo da comunicação pública inclui tudo que diga respeito ao aparato estatal, às ações governamentais, partidos políticos, terceiro
setor e, em certas circunstâncias, às ações privadas. A existência de recursos públicos ou interesse público caracteriza a necessidade de
atendimento às exigências da comunicação pública.
As interfaces entre as diversas áreas são várias e as linhas divisórias, fluidas – até etéreas. O desafio da CP (Comunicação Pública), em
colocar a perspectiva do conjunto da sociedade e do indivíduo-cidadão acima das instâncias governamentais, privadas, midiáticas, pes-
soais e políticas é o que, de alguma maneira, unifica o conjunto.
Adotam-se como referência, para tratar de CP, conceitos como cidadania, democratização, participação, diálogo, interesse público.
Mais poder para a sociedade, menos para os governos; mais comunicação, menos divulgação; mais diálogo e participação, menos dirigis-
mo, são algumas das premissas.
A ideia-chave talvez seja a de espírito público, o compromisso de colocar o interesse da sociedade antes da conveniência da empresa,
da entidade, do governante, do ator político. O objetivo central é fazer com que a sociedade ajude a melhorar a própria sociedade.
Nesse trabalho de qualificar a gestão do público, a CP pode ser fundamental para:
a) Identificar demandas sociais;
b) Definir conceitos e eixos para uma ação pública coerente e integrada;
c) Promover e valorizar o interesse público;
d) Qualificar a formulação e implementação de políticas públicas;
e) Orientar os administradores em direção a uma gestão mais eficiente;
f) Garantir a participação coletiva na definição, implementação, monitoramento, controle e viabilização, avaliação e revisão das políti-
cas e ações públicas;
g) Atender as necessidades do cidadão e dos diferentes atores sociais por obter e disseminar informações e opiniões, garantindo a
pluralidade no debate público;
h) Estimular uma cidadania consciente, ativa e solidária;
i) Melhorar a compreensão sobre o funcionamento do setor público;
j) Induzir e qualificar a interação com a gestão e a execução dos serviços públicos; e
k) Avaliar a execução das ações de interesse coletivo.
185
EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
Informação e Comunicação83 ser trocada entre pessoas, escrita, gesticulada, falada, utilizada para
As informações, no âmbito da CP, podem ser agrupadas, para tomada de uma decisão. É a principal matéria prima, um insumo
efeito didático, nas seguintes categorias: comparável à energia que alimenta um sistema.
a) Institucionais: referentes ao papel, responsabilidades e funcio- É o elo da interação e da transmissão do conhecimento. Atores
namento das organizações – o aparato relativo à estrutura, políticas, e agentes geram, transformam, buscam, usam e disseminam
serviços, responsabilidades e funções dos agentes públicos, poderes, informações de variados tipos. Mas a simples existência de
esferas governamentais, entes federativos, entidades, além dos di- informação não necessariamente significa comunicação eficiente.
reitos e deveres do cidadão. O que esperar, onde buscar e reclamar. Ela pode ser inútil, manipulada, mal compreendida ou não che-
b) De gestão: relativos ao processo decisório e de ação dos agentes gar no momento adequado. Informação é apenas a nascente do
que atuam em temas de interesse público. Incluem discursos, metas, processo que vai desaguar na comunicação viabilizada pelo acesso,
intenções, motivações, prioridades e objetivos dos agentes para escla- pela participação, cidadania ativa, diálogo.
recer, orientar e municiar o debate público. O cidadão e os diferentes Um dos principais atores no campo da comunicação pública é a im-
atores precisam saber o que está acontecendo em temas relacionados prensa. Ela estabelece espaço público indispensável de informação, de-
a acordos, ações políticas, prioridades, debates, execução de ações. bate e formação da opinião na democracia contemporânea. É otimismo,
c) De utilidade pública: sobre temas relacionados ao dia-a-dia entretanto, imaginar que imprensa livre seja suficiente para a viabiliza-
das pessoas, geralmente serviços e orientações. Imposto de renda, ção do acesso pleno à informação ou concretização da mediação social.
campanhas de vacinação, sinalização, causas sociais, informações Além das idiossincrasias e restrições naturais de formato (infor-
sobre serviços à disposição e seu uso são exemplos típicos. mação superficial, objetiva), direcionamento (unilateral) e alcance
d) De prestação de contas: dizem respeito à explicação e esclare- (limitado, mesmo nos de maior público), no dia a dia, cada veículo
cimento sobre decisões políticas e uso de recursos públicos. Viabiliza de comunicação de massa estabelece seus próprios critérios de se-
o conhecimento, avaliação e fiscalização da ação de um governo; leção de temas, conteúdo e opiniões e a maneira de apresentá-los.
e) De interesse privado: as que dizem respeito exclusivamente A autorregulação da linha editorial faz com que alguns poucos ato-
ao cidadão, empresa ou instituição. Um exemplo: dados de imposto res pré-selecionados estabeleçam o debate substantivo no noticiário,
de renda, cadastros bancários; e tornem o público simples destinatário da troca de mensagens já me-
f) Mercadológicos: referem-se a produtos e serviços que parti- diada. A imprensa pode e deve ser livre, mas não oferece comunicação
cipam de concorrência no mercado; e a todos, nem na emissão nem na recepção – e não atua na perspectiva
g) Dados públicos: informações de controle do Estado e que de participação e formação de consensos, até mesmo porque, além de
dizem respeito ao conjunto da sociedade e a seu funcionamento. fórum de debate, também é integrada, em grande medida, por atores
Exemplos: normas legais, estatísticas, decisões judiciais, documen- privados comprometidos com seus próprios interesses.
tos históricos, legislação e normas. Sociedades democráticas como a brasileira exigem refinamen-
to nas estratégias comunicativas e diversidade de instrumentos,
Parece óbvio que o cidadão, no seu relacionamento com a processos e agentes; que a transparência e o compromisso com o
estrutura pública, deve possuir informação consistente, rápida e cidadão sejam pré-requisitos; que os públicos tenham respeitada
adaptada às suas necessidades. Ele precisa saber quando pagar im- sua heterogeneidade; e que não seja subestimada a capacidade de
postos, onde e quando buscar uma vacina, como discutir as políti- interesse e participação.
cas públicas, conhecer as mudanças na legislação, como usufruir de A comunicação diz respeito à criação de formas de acesso e par-
seus direitos e expressar sua opinião. ticipação; à ampliação de redes sociais que permitam maior liga-
Ele precisa ser atendido, orientado, ter possibilidade de falar e ção entre os agentes públicos, os grupos de interesse e o cidadão.
saber que prestam atenção ao que diz. Assim, é espantoso como O estímulo à controvérsia, ao debate, ao confronto de opiniões, à
a comunicação de muitas instituições ainda tenda a ser limitada à consciência e exercício da cidadania, é apenas parte da pedagogia
publicidade e à divulgação – ou seja, predomine o viés do emissor. que busca compreensão, entendimento, satisfação e avanço no es-
Pensar em qualificar a comunicação, para muitos, ainda é au- tabelecimento do interesse social.
mentar o aparato tecnológico, o número de fontes de emissão de As possibilidades de aprimoramento da comunicação são ex-
informação, investir em bombardeio de informação persuasiva. traordinárias. Gerar comunicação de qualidade é mais do que au-
Parte do enfoque tem origem na compreensão de comunicação mentar a quantidade e potência das mensagens. Implica criar uma
como sinônimo de divulgação, na busca de convencimento. Um dos cultura de comunicação que perpasse todos os setores envolvidos
instrumentos-guia nessa discussão é a Constituição de 1988, em com o interesse público, o compromisso do diálogo em suas dife-
seu artigo 37, que estabelece a publicidade como um dos princípios rentes formas e de considerar a perspectiva do outro na busca de
da administração pública, e que ela “deverá ter caráter educativo, consensos possíveis e de avançar na consolidação da democracia.
informativo ou de orientação social”.
Surpreendentemente, entretanto, a amplitude do direito à co- Os instrumentos da Comunicação na Gestão Pública84
municação muitas vezes é reduzida à tese de que “o cidadão precisa Existem múltiplas formas de fortalecer a interlocução. Quanto
ser informado”, assumindo-o simples receptor e não reconhecendo maior a variedade, a especificidade e a facilidade de acesso e uso
sua capacidade de ser emissor, produtor de informações e agente dos instrumentos de CP pelos diferentes interessados, mais fortale-
ativo na interação. cida a cidadania. Para garantir o sucesso do empreendimento, a co-
Comunicação não se reduz à informação. Comunicação é um municação deve, necessariamente, ser assumida com visão global,
processo circular, permanente, de troca de informações e de mútua papel estratégico, planejamento, ação integrada, e visão de longo
influência. A troca de informações faz parte do processo de comu- prazo.
nicação. Informação é a parte explícita do conhecimento, que pode 84 DUARTE, J. Comunicação Pública. Disponível em: http://www.jforni.jor.br/forni/
83 http://www.jforni.jor.br/forni/files/ComP%C3%BAblicaJDuartevf.pdf. files/ComP%C3%BAblicaJDuartevf.pdf.
186
EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
187
EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
188
EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
189
EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
15. (CREFITO – 4ª REGIÃO/(MG) - ANALISTA DE PESSOAL – 20. (FUNPRESP-JUD - ANALISTA EM GESTÃO DE PESSOAS -
QUADRIX/2021) Acerca dos subsistemas e das vertentes da gestão INSTITUTO AOCP/2021) A respeito da gestão e mapeamento de
de pessoas, julgue o item. competências, julgue o seguinte item.
Suponha-se que uma empresa utilize a ferramenta 360 graus As competências comportamentais são importantes tanto
como forma de avaliação semestral e que, em seu dia a dia, um quanto as competências técnicas, não havendo a relação de supe-
analista a ser avaliado possua relação direta com o coordenador, rioridade entre elas.
outro analista (par), seu gerente e o assistente da área. Nesse caso, (...) CERTO
durante a época de avaliações e feedbacks, de acordo com a ava- (...) ERRADO
liação 360 graus, o analista será avaliado pelo coordenador, pelo
gerente e pelo diretor. 21. (CREFITO – 4ª REGIÃO/(MG) - ANALISTA DE PESSOAL –
(...) CERTO QUADRIX/2021) Segundo Chiavenato, a gestão de pessoas é uma
(...) ERRADO das áreas que mais têm passado por mudanças e transformações
nesses últimos anos, não somente em seus aspectos tangíveis e
16. (PM/MT - SARGENTO DA POLÍCIA MILITAR - PM/MT/2021) concretos, mas também nos aspectos conceituais e intangíveis.
Sobre o modelo de Gestão de Competências, leia o texto. No mo- Com base nessa informação, julgue o item.
delo de Gestão por Competência a fase de __________________ A gestão por competências acredita que as pessoas são essen-
tem como foco identificar qual a diferença entre competências já ciais para a perpetuação da empresa e que, portanto, é essencial
existentes e aquelas necessárias para que a organização cumpra que haja alinhamento entre a estratégia organizacional e o colabo-
com sucesso a sua estratégia de atuação. Assinale a alternativa que rador.
preenche corretamente a lacuna. (...) CERTO
(A) implantação do sistema de retribuição e incentivos. (...) ERRADO
(B) acompanhamento e avaliação.
(C) formulação da estratégia da organização. 22. (FUNPRESP-JUD - ANALISTA EM GESTÃO DE PESSOAS -
(D) mapeamento de competências. INSTITUTO AOCP/2021) Sobre gestão por competências, julgue o
(E) captação ou desenvolvimento de competências. seguinte item.
A gestão por competências não é algo isolado, depende da co-
17. (FUNPRESP-JUD - ANALISTA EM GESTÃO DE PESSOAS - municação contínua e da colaboração dos demais setores, reforçan-
INSTITUTO AOCP/2021) A respeito da gestão e mapeamento de do as competências valorizadas pela instituição.
competências, julgue o seguinte item. (...) CERTO
Uma das vantagens de mapear competências é a identificação (...) ERRADO
das necessidades de desenvolvimento interno, sendo possível cor-
rigir processos para que se tornem mais eficazes. 23. (FUNPRESP-JUD - ANALISTA EM GESTÃO DE PESSOAS -
(...) CERTO INSTITUTO AOCP/2021) A respeito da gestão e mapeamento de
(...) ERRADO competências, julgue o seguinte item.
As competências comportamentais são importantes tanto
18. (FUNPRESP-JUD - ANALISTA EM GESTÃO DE PESSOAS - quanto as competências técnicas, não havendo a relação de supe-
INSTITUTO AOCP/2021) A respeito da gestão e mapeamento de rioridade entre elas.
competências, julgue o seguinte item. (...) CERTO
A primeira etapa do mapeamento de competências é a coleta (...) ERRADO
de dados com pessoas chave da organização visando levantar as
competências organizacionais e profissionais do campo institucio- 24. (CREFITO – 4ª REGIÃO/(MG) - ANALISTA DE PESSOAL –
nal. QUADRIX/2021) Segundo Chiavenato, a gestão de pessoas é uma
(...) CERTO das áreas que mais têm passado por mudanças e transformações
(...) ERRADO nesses últimos anos, não somente em seus aspectos tangíveis e
concretos, mas também nos aspectos conceituais e intangíveis.
19. (FUNPRESP-JUD - ANALISTA EM GESTÃO DE PESSOAS - Com base nessa informação, julgue o item.
INSTITUTO AOCP/2021) Sobre gestão por competências, julgue o A gestão por competências acredita que as pessoas são essen-
seguinte item. ciais para a perpetuação da empresa e que, portanto, é essencial
A gestão por competências não é algo isolado, depende da co- que haja alinhamento entre a estratégia organizacional e o colabo-
municação contínua e da colaboração dos demais setores, reforçan- rador.
do as competências valorizadas pela instituição. (...) CERTO
(...) CERTO (...) ERRADO
(...) ERRADO
190
EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
191
EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
30. (CREFITO – 4ª REGIÃO/(MG) - ANALISTA DE PESSOAL – 34. (IMBEL - ENGENHEIRO DE CONTROLE DE QUALIDADE –
QUADRIX/2021) Acerca dos subsistemas e das vertentes da gestão FGV/2021) Na gestão de desempenho organizacional, o Balanced
de pessoas, julgue o item. Scorecard procura ligar o mapeamento estratégico da organização
Existem métodos, disponibilizados hoje no mercado, para a in- com um conjunto de medidores de desempenho, de forma a des-
vestigação da cultura organizacional. Um desafio a ser enfrentado tacar as nuances e as interligações entre as diversas áreas dessa or-
para esse tipo de pesquisa é a captação de valores e comportamen- ganização. Na implantação desse sistema, é necessário considerar
tos organizacionais vitais. alguns elementos conceituais, à exceção de um. Assinale-o.
(...) CERTO (A) Objetivos estratégicos.
(...) ERRADO (B) Iniciativas estratégicas.
(C) Relações de causa e efeito.
31. (PREFEITURA DE SÃO GONÇALO DO AMARANTE/RN - AD- (D) Fatores críticos de sucesso.
MINISTRADOR – IBFC/2021) Organizações de sucesso trabalham o (E) Planejamento racional compreensivo.
aperfeiçoamento e a inovação de forma equilibrada, sendo ambos
importantes. Acerca desse assunto, analise as afirmativas abaixo. 35. (PG/DF - ANALISTA JURÍDICO – PSICOLOGIA - CESPE/CE-
I. O aprendizado organizacional e a inovação favorecem à criativi- BRASPE/2021) A respeito de organizações de aprendizagem, julgue
dade, experimentação e implementação de novas ideias. Também pro- o item subsequente.
movem a geração de ganhos sustentáveis para as partes interessadas. Para promover a aprendizagem organizacional, é importante
II. A inovação relaciona-se com flexibilidade e capacidade de avaliar continuamente o apoio de chefes e pares à aprendizagem
mudança em tempo hábil, frente a novas demandas das partes in- no trabalho, além do suporte material.
teressadas e alterações no contexto. (...) CERTO
III. O aprendizado organizacional e inovação visam o aumento (...) ERRADO
de competência para a organização e para a força de trabalho. Para
que isso ocorra é necessário que a percepção, reflexão, avaliação e 36. (MPE/AP - ANALISTA MINISTERIAL - ESPECIALIDADE:
compartilhamento dos conhecimentos. PSICOLOGIA - CESPE/CEBRASPE/2021) Acerca de clima e cultura
organizacionais, assinale a opção correta.
Assinale a alternativa correta (A) Entende-se por clima organizacional a abstração da percep-
(A) Apenas as afirmativas I e III estão corretas. ção do ambiente de trabalho decorrente das experiências indi-
(B) Apenas a afirmativa II e III estão corretas. viduais e da leitura afetiva multinível efetuada pelo trabalhador
(C) As afirmativas I, II e III estão corretas. dessa experiência.
(D) Apenas as afirmativas I e II estão corretas. (B) A cultura organizacional pode ser estudada com base em
várias perspectivas teóricas, mas, sendo um padrão de premis-
32. (IF/RJ – ADMINISTRADOR - IF/RJ/2021) Dentro do pro- sas compartilhadas de um grupo, tem como base a aprendiza-
cesso organizacional, _____________ é importante para que cada gem, a adaptação externa e a integração interna.
um conheça os limites da sua função, de seus direitos e deveres, (C) Existe pouco acordo sobre as dimensões de clima organi-
evitando também esforços duplicados. Assinale a alternativa que zacional. Como consequência, liderança, suporte, pressão, cla-
preenche, corretamente, a lacuna do texto: reza, coesão, justiça e autonomia foram excluídos da estrutura
(A) Divisão do trabalho. fatorial do constructo.
(B) Hierarquização da autoridade. (D) A relevância da gestão da cultura organizacional está no
(C) Competência técnica e mérito. fato de que ela segmenta e excluiu as dimensões de distância
(D) Profissionalização. do poder, evitação das incertezas e masculinidade/feminilida-
de do dimensionamento do constructo, tornando essa estraté-
33. (UFMT – ADMINISTRADOR – UFMT/2021) Desenvolvi- gia mais diretiva e clara.
mento Organizacional é uma estratégia educacional adotada para (E) Diagnóstico e clima organizacional se confundem porque
trazer à tona uma mudança organizacional planejada, exigida pelas ambos se realizam por meio de questionários e entrevistas. No
demandas às quais a organização tenta responder e que enfatiza entanto, a gestão do clima organizacional independe de diag-
o comportamento com base na experiência. O Desenvolvimento nóstico organizacional, uma vez que os instrumentos de clima
Organizacional demanda um processo. Quais as etapas presentes são psicometricamente válidos.
nesse processo?
(A) Planejamento; Implementação do Plano; Monitoramento 37. (IBGE - SUPERVISOR DE PESQUISAS – GESTÃO –
dos resultados; Melhoria contínua (Ciclo PDCA). IBFC/2021) Os gestores das organizações formam equipes de tra-
(B) Análise da situação estratégica; Análise do Ambiente Exter- balho pelos mais diversos motivos. Sobre esses motivos, assinale a
no; Análise do Ambiente Interno; Definição do Plano Estratégi- alternativa incorreta.
co, contendo objetivos, estratégias funcionais e operacionais e (A) Melhoria de produtividade.
execução. (B) Necessidade de flexibilidade e agilidade nas decisões.
(C) Diagnóstico; Planejamento da ação; Sociograma; Definição (C) Diversidade da força de trabalho.
das alterações a serem perseguidas tendo em vista os objetivos (D) Melhoria da qualidade.
almejados; Implementação follow-up; Avaliação. (E) Redução de gastos com funcionários.
(D) Escolha do Líder da equipe; Identificação do problema;
Análise do ambiente institucional externo; Sensibilização da
equipe.
192
EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
38. (CREMEPE - ANALISTA SUPERIOR – ADMINISTRADOR – 42. (CESPE/2015 TCE/RN) Com relação à gestão de risco e de
IDIB/2021) Considere que um gestor decida implementar uma es- plano de continuidade de negócio, julgue o item seguinte.
tratégia para aumentar a produtividade de sua equipe. Estratégias A implementação de gestão de risco deverá resultar na iden-
para o aumento da produtividade podem se basear em qualquer tificação, no tratamento, no acompanhamento e na extinção total
das abordagens da administração, da clássica à contingencial, ou do risco.
mesmo em mais de uma. Se o gestor optar por basear sua estraté- ( ) CERTO
gia nos princípios da abordagem comportamental, deverá, então, ( ) ERRADO
(A) estruturar um sistema de remuneração que varie de acordo
com a sua produtividade. 43. (FEPESE/2018 - CELESC) Assinale a alternativa que descre-
(B) estabelecer um sistema de punição para descumprimento ve corretamente trecho da Lei Federal Anticorrupção n° 12.846 de
das metas. 2013
(C) oferecer mais oportunidades de crescimento pessoal e re- (A) As pessoas jurídicas serão responsabilizadas objetivamente,
conhecimento para os colaboradores. nos âmbitos administrativo e civil, pelos atos lesivos praticados
(D) oferecer assistência psicológica para os colaboradores, de em seu interesse ou benefício, exclusivo ou não.
forma que estes possam obter maior equilíbrio entre suas vidas (B) A responsabilização da pessoa jurídica exclui a responsabi-
pessoais e profissionais. lidade individual de seus dirigentes ou administradores ou de
qualquer pessoa natural, autora, coautora ou partícipe do ato
39. (PREFEITURA DE JOÃO PESSOA/PB - ASSISTENTE ADMI- ilícito.
NISTRATIVO - INSTITUTO AOCP/2021) Dentre os novos desafios (C) A instauração e o julgamento de processo administrativo
da administração de pessoas, estão os processos da gestão de pes- para apuração da responsabilidade de pessoa jurídica cabe so-
soas. Considere que um funcionário é responsável por determinado mente à autoridade máxima do Poder Judiciário, que agirá de
processo que inclui administração da disciplina, higiene, segurança ofício ou mediante provocação, observados o contraditório e a
e qualidade de vida. Qual é esse processo? ampla defesa.
(A) Processo de recompensar pessoas. (D) Fica restrito à autoridade máxima do Poder Judiciário a
(B) Processo de desenvolver pessoas. possibilidade de celebrar acordo de leniência com as pessoas
(C) Processo de agregar pessoas. jurídicas responsáveis pela prática dos atos previstos nesta Lei
(D) Processo de manter pessoas. que colaborem efetivamente com as investigações e o processo
(E) Processo de aplicar pessoas. administrativo.
(E) Fica criado no âmbito do Poder Judiciário Federal o Cadastro
40. (FGV/2015 - Câmara Municipal de Caruaru/PE) Estar em Nacional de Empresas Punidas (CNEP), que reunirá e dará pu-
“compliance” é estar em conformidade com leis e regulamentos blicidade às sanções aplicadas pelos órgãos ou entidades dos
externos e internos da organização ou instituição. Compliance tem Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário de todas as esferas
sido uma expressão bastante utilizada ultimamente e gerou uma de governo.
corrida em diversas organizações para a absorção do conceito e a
implementação de estruturas, processos e mecanismos que o ga- 44. (FCC/2018 – PGE/TO) Na gestão dos contratos administra-
rantam. tivos, repactuação é a
A função compliance envolve as atividades listadas a seguir, à (A) alteração bilateral do contrato, visando a adequação dos
exceção de uma. Assinale-a. preços contratuais aos novos preços de mercado, observados
(A) Assumir as funções de auditoria interna na organização. o interregno mínimo de um ano e a demonstração analítica da
(B) Avaliar os riscos do negócio referentes às regras estabele- variação dos componentes dos custos do contrato, devidamen-
cidas. te justificada.
(C) Avaliar a conformidade entre normas externas, internas e (B) alteração bilateral do contrato, formalizada a qualquer tem-
políticas corporativas. po, visando promover o reequilíbrio econômico-financeiro, na
(D) Reportar-se diretamente ao Conselho e à Alta Administra- hipótese de sobrevirem fatos imprevisíveis, ou previsíveis, po-
ção sem intervenção ou veto de outras áreas rém de consequências incalculáveis, retardadores ou impediti-
(E) Agir para integrar governança corporativa, gestão de riscos vos da execução do ajustado.
e os controles da instituição, orientados para a sua estratégia. (C) alteração unilateral do contrato, determinada a qualquer
tempo pela contratante, com vistas a promover modificação do
41. (CESPE/2018 – IPAHN) Julgue o item subsequente, relativo projeto ou das especificações, para melhor adequação técnica
à participação social nos processos de gestão na administração pú- aos seus objetivos.
blica e ao controle social. (D) atualização anual da contraprestação monetária, com base
Inserem-se no âmbito do controle social quaisquer atividades em índice previamente estabelecido no contrato, passível de
reivindicatórias ou de participação de tomada de decisão do cida- registro por simples apostila, dispensando a celebração de adi-
dão frente à administração pública. tamento.
( ) CERTO (E) alteração unilateral do contrato, determinada a qualquer
( ) ERRADO tempo pela contratante, quando necessária a modificação do
valor contratual em decorrência de acréscimo ou diminuição
quantitativa de seu objeto, nos limites permitidos pela lei.
193
EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
45. (EDUCA - 2020 - Prefeitura de São Francisco - PB - Conta- 47. (CESGRANRIO - 2018 - Petrobras - Contador Júnior) De
dor) Segundo art. 11º da Lei 13.303/2016, a empresa pública não acordo com o Decreto no 8.420/2015, a apuração da responsabili-
poderá: dade administrativa de pessoa jurídica que possa resultar na aplica-
I. Lançar debêntures ou outros títulos ou valores mobiliários, ção das sanções previstas no art. 6o da Lei no 12.846, de 2013, será
conversíveis em ações; efetuada por meio de Processo Administrativo de
II. Emitir partes beneficiárias. (A) Especialização
III. Divulgar toda e qualquer forma de remuneração dos admi- (B) Fixação
nistradores. (C) Contribuição
IV. Adequar constantemente suas práticas ao Código de Con- (D) Responsabilização
duta e Integridade e a outras regras de boa prática de governança (E) Proporcionalização
corporativa, na forma estabelecida na regulamentação desta Lei.
48. (FUNDATEC - 2017 - BRDE - Analista de Projetos - Área Eco-
Assinale a alternativa CORRETA: nômico - Financeira) De acordo com o Decreto nº 8.420/2015, con-
(A) I, III, IV, apenas. siste, no âmbito de uma pessoa jurídica, no conjunto de mecanis-
(B) I, II, III, IV. mos e procedimentos internos de integridade, auditoria e incentivo
(C)I, II, apenas. à denúncia de irregularidades e na aplicação efetiva de códigos de
(D) I, IV, apenas. ética e de conduta, políticas e diretrizes com objetivo de detectar
(E) II, IV, apenas. e sanar desvios, fraudes, irregularidades e atos ilícitos praticados
contra a administração pública, nacional ou estrangeira. A que ter-
46. (FUNDATEC - 2021 - Carris Porto-Alegrense - Auditor) A Lei mo se refere a descrição acima?
nº 13.303/2016, conhecida como a Lei das Estatais, trata em seção (A) Sistema de Controles Internos.
específica da exigência de licitação e dos casos de dispensa e de (B) Sistema de Combate a Atos Ilícitos Contra a Administração
inexigibilidade para as empresas públicas e sociedades de econo- Pública.
mia mista. De acordo com esta norma, é dispensável a realização (C) Programa de Integridade.
de licitação por empresas públicas e sociedades de economia mista (D) Política de Governança Corporativa.
em algumas hipóteses. Nos termos da referida Lei, analise as as- (E) Processo Administrativo de Responsabilização.
sertivas abaixo em relação às hipóteses de dispensa de licitação,
expressamente previstas na norma, assinalando V, se verdadeiras, 49. (IADES - 2019 - BRB - Advogado) O compliance envolve
ou F, se falsas. questão estratégica [...] para a consolidação de um novo compor-
( ) Quando não acudirem interessados à licitação anterior e tamento por parte das empresas, que devem buscar lucratividade
essa, justificadamente, não puder ser repetida sem prejuízo para de forma sustentável, focando no desenvolvimento econômico e
a empresa pública ou a sociedade de economia mista, bem como socioambiental na condução dos seus negócios. MONKS, Robert A.
para suas respectivas subsidiárias, desde que mantidas as condi- G.; MINOW, Nell. Ownership-Based Governance: Corporate Gover-
ções preestabelecidas. nance for the New Millennium, 1999. Disponível em:<https://ssrn.
( ) Para a compra ou locação de imóvel destinado ao atendi- com/abstract=6148>. Acesso em: 14 jun. 2019, tradução livre.
mento de suas finalidades precípuas, quando as necessidades de O objetivo da governança é maximizar a geração de riqueza
instalação e localização condicionarem a escolha do imóvel, desde na medida em que ela seja compatível com os interesses gerais da
que o preço seja inferior ao valor de mercado, segundo índices imo- sociedade.
biliários oficiais.
( ) Quando as propostas apresentadas consignarem preços ma- RIBEIRO, Marcia Carla Pereira; DINIZ, Patrícia Dittrich Ferreira. Com-
nifestamente superiores aos praticados no mercado nacional ou pliance e lei anticorrupção nas empresas.
incompatíveis com os fixados pelos órgãos oficiais competentes. In: Revista de Informação Legislativa, v. 52, n. 205, p. 87-105, 2015.
( ) Na contratação de associação sem fins lucrativos para a Disponível em:: <https://www12.senado.leg.br/> . Acesso em: 14 jun.
prestação de serviços ou fornecimento de mão de obra, desde que 2019.
o preço contratado seja inferior com o praticado no mercado.
( ) Na transferência de bens a órgãos e entidades da adminis- Com base no exposto, assinale a alternativa que indica uma
tração pública, inclusive quando efetivada mediante permuta. prática ou atividade na qual os objetivos da governança corporativa
se consorciam ao conceito de compliance.
A ordem correta de preenchimento dos parênteses, de cima (A) Publicidade e propaganda
para baixo, é: (B) Participação social na gestão
(A) F – V – V – V – V. (C) Modelos colaborativos de tomada de decisão
(B) F – V – F – F – F. (D) Desenvolvimento e capacitação
(C) V – F – F – V – V. (E) Respo
(D) V – F – V – F – F. nsabilidade socioambiental corporativa
(E) V – F – V – F – V.
194
EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
GABARITO 40 A
41 ERRADO
1 ERRADO 42 ERRADO
2 CERTO 43 A
3 E 44 A
4 ERRADO 45 C
5 D 46 E
6 B 47 D
7 C 48 C
8 ERRADO 49 E
9 B
10 A ANOTAÇÕES
11 CERTO
12 CERTP ______________________________________________________
13 A
______________________________________________________
14 B
______________________________________________________
15 ERRADO
16 D ______________________________________________________
17 CERTO ______________________________________________________
18 ERRADO
______________________________________________________
19 CERTO
20 CERTO ______________________________________________________
21 CERTO ______________________________________________________
22 CERTO ______________________________________________________
23 CERTO
______________________________________________________
24 CERTO
25 B ______________________________________________________
26 A ______________________________________________________
27 E
______________________________________________________
28 CERTO
______________________________________________________
29 E
30 CERTO ______________________________________________________
31 A ______________________________________________________
32 A
______________________________________________________
33 C
34 E ______________________________________________________
35 CERTO ______________________________________________________
36 B
______________________________________________________
37 E
______________________________________________________
38 C
39 D ______________________________________________________
______________________________________________________
195
EIXO TEMÁTICO 1 - GESTÃO GOVERNAMENTAL E GOVERNANÇA PÚBLICA
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
196
EIXO TEMÁTICO 2 - POLÍTICAS PÚBLICAS
197
EIXO TEMÁTICO 2 - POLÍTICAS PÚBLICAS
198
EIXO TEMÁTICO 2 - POLÍTICAS PÚBLICAS
I - no âmbito da União, pelo Ministério da Saúde; aspectos vinculados à integração das ações e serviços de saúde en-
II - no âmbito dos Estados e do Distrito Federal, pela respectiva tre os entes federados. (Incluído pela Lei n° 12.466, de 2011).
Secretaria de Saúde ou órgão equivalente; e Art. 14-B. O Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Co-
III - no âmbito dos Municípios, pela respectiva Secretaria de nass) e o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde
Saúde ou órgão equivalente. (Conasems) são reconhecidos como entidades representativas dos
Art. 10. Os municípios poderão constituir consórcios para de- entes estaduais e municipais para tratar de matérias referentes à
senvolver em conjunto as ações e os serviços de saúde que lhes saúde e declarados de utilidade pública e de relevante função so-
correspondam. cial, na forma do regulamento. (Incluído pela Lei n° 12.466, de
§ 1° Aplica-se aos consórcios administrativos intermunicipais o 2011).
princípio da direção única, e os respectivos atos constitutivos dispo- § 1°O Conass e o Conasems receberão recursos do orçamento
rão sobre sua observância. geral da União por meio do Fundo Nacional de Saúde, para auxiliar
§ 2° No nível municipal, o Sistema Único de Saúde (SUS), po- no custeio de suas despesas institucionais, podendo ainda celebrar
derá organizar-se em distritos de forma a integrar e articular recur- convênios com a União. (Incluído pela Lei n° 12.466, de 2011).
sos, técnicas e práticas voltadas para a cobertura total das ações de § 2°Os Conselhos de Secretarias Municipais de Saúde (Cosems)
saúde. são reconhecidos como entidades que representam os entes mu-
Art. 11. (Vetado). nicipais, no âmbito estadual, para tratar de matérias referentes à
Art. 12. Serão criadas comissões intersetoriais de âmbito nacio- saúde, desde que vinculados institucionalmente ao Conasems, na
nal, subordinadas ao Conselho Nacional de Saúde, integradas pelos forma que dispuserem seus estatutos. (Incluído pela Lei n° 12.466,
Ministérios e órgãos competentes e por entidades representativas de 2011).
da sociedade civil.
Parágrafo único. As comissões intersetoriais terão a finalidade CAPÍTULO IV
de articular políticas e programas de interesse para a saúde, cuja DA COMPETÊNCIA E DAS ATRIBUIÇÕES
execução envolva áreas não compreendidas no âmbito do Sistema
Único de Saúde (SUS). SEÇÃO I
Art. 13. A articulação das políticas e programas, a cargo das DAS ATRIBUIÇÕES COMUNS
comissões intersetoriais, abrangerá, em especial, as seguintes ati-
vidades: Art. 15. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
I - alimentação e nutrição; exercerão, em seu âmbito administrativo, as seguintes atribuições:
II - saneamento e meio ambiente; I - definição das instâncias e mecanismos de controle, avaliação
III - vigilância sanitária e farmacoepidemiologia; e de fiscalização das ações e serviços de saúde;
IV - recursos humanos; II - administração dos recursos orçamentários e financeiros
V - ciência e tecnologia; e destinados, em cada ano, à saúde;
VI - saúde do trabalhador. III - acompanhamento, avaliação e divulgação do nível de saúde
Art. 14. Deverão ser criadas Comissões Permanentes de inte- da população e das condições ambientais;
gração entre os serviços de saúde e as instituições de ensino profis- IV - organização e coordenação do sistema de informação de
sional e superior. saúde;
Parágrafo único. Cada uma dessas comissões terá por finali- V - elaboração de normas técnicas e estabelecimento de pa-
dade propor prioridades, métodos e estratégias para a formação e drões de qualidade e parâmetros de custos que caracterizam a as-
educação continuada dos recursos humanos do Sistema Único de sistência à saúde;
Saúde (SUS), na esfera correspondente, assim como em relação à VI - elaboração de normas técnicas e estabelecimento de pa-
pesquisa e à cooperação técnica entre essas instituições. drões de qualidade para promoção da saúde do trabalhador;
Art. 14-A. As Comissões Intergestores Bipartite e Tripartite são VII - participação de formulação da política e da execução das
reconhecidas como foros de negociação e pactuação entre gesto- ações de saneamento básico e colaboração na proteção e recupera-
res, quanto aos aspectos operacionais do Sistema Único de Saúde ção do meio ambiente;
(SUS). (Incluído pela Lei n° 12.466, de 2011). VIII - elaboração e atualização periódica do plano de saúde;
Parágrafo único. A atuação das Comissões Intergestores Bipar- IX - participação na formulação e na execução da política de
tite e Tripartite terá por objetivo: (Incluído pela Lei n° 12.466, de formação e desenvolvimento de recursos humanos para a saúde;
2011). X - elaboração da proposta orçamentária do Sistema Único de
I - decidir sobre os aspectos operacionais, financeiros e admi- Saúde (SUS), de conformidade com o plano de saúde;
nistrativos da gestão compartilhada do SUS, em conformidade com XI - elaboração de normas para regular as atividades de servi-
a definição da política consubstanciada em planos de saúde, apro- ços privados de saúde, tendo em vista a sua relevância pública;
vados pelos conselhos de saúde; (Incluído pela Lei n° 12.466, de XII - realização de operações externas de natureza financeira de
2011). interesse da saúde, autorizadas pelo Senado Federal;
II - definir diretrizes, de âmbito nacional, regional e intermu- XIII - para atendimento de necessidades coletivas, urgentes e
nicipal, a respeito da organização das redes de ações e serviços de transitórias, decorrentes de situações de perigo iminente, de ca-
saúde, principalmente no tocante à sua governança institucional e à lamidade pública ou de irrupção de epidemias, a autoridade com-
integração das ações e serviços dos entes federados; (Incluído pela petente da esfera administrativa correspondente poderá requisitar
Lei n° 12.466, de 2011). bens e serviços, tanto de pessoas naturais como de jurídicas, sendo-
III - fixar diretrizes sobre as regiões de saúde, distrito sanitário, -lhes assegurada justa indenização; (Vide ADIN 3454)
integração de territórios, referência e contrarreferência e demais
199
EIXO TEMÁTICO 2 - POLÍTICAS PÚBLICAS
XIV - implementar o Sistema Nacional de Sangue, Componen- XIV - elaborar normas para regular as relações entre o Sistema
tes e Derivados; Único de Saúde (SUS) e os serviços privados contratados de assis-
XV - propor a celebração de convênios, acordos e protocolos tência à saúde;
internacionais relativos à saúde, saneamento e meio ambiente; XV - promover a descentralização para as Unidades Federadas
XVI - elaborar normas técnico-científicas de promoção, prote- e para os Municípios, dos serviços e ações de saúde, respectiva-
ção e recuperação da saúde; mente, de abrangência estadual e municipal;
XVII - promover articulação com os órgãos de fiscalização do XVI - normatizar e coordenar nacionalmente o Sistema Nacio-
exercício profissional e outras entidades representativas da socie- nal de Sangue, Componentes e Derivados;
dade civil para a definição e controle dos padrões éticos para pes- XVII - acompanhar, controlar e avaliar as ações e os serviços de
quisa, ações e serviços de saúde; saúde, respeitadas as competências estaduais e municipais;
XVIII - promover a articulação da política e dos planos de saúde; XVIII - elaborar o Planejamento Estratégico Nacional no âmbito
XIX - realizar pesquisas e estudos na área de saúde; do SUS, em cooperação técnica com os Estados, Municípios e Dis-
XX - definir as instâncias e mecanismos de controle e fiscaliza- trito Federal;
ção inerentes ao poder de polícia sanitária; XIX - estabelecer o Sistema Nacional de Auditoria e coordenar a
XXI - fomentar, coordenar e executar programas e projetos es- avaliação técnica e financeira do SUS em todo o Território Nacional
tratégicos e de atendimento emergencial. em cooperação técnica com os Estados, Municípios e Distrito Fede-
ral. (Vide Decreto n° 1.651, de 1995)
SEÇÃO II XX - definir as diretrizes e as normas para a estruturação física
DA COMPETÊNCIA e organizacional dos serviços de saúde bucal. (Incluído pela Lei n°
14.572, de 2023)
Art. 16. À direção nacional do SUS compete: (Redação dada § 1°A União poderá executar ações de vigilância epidemioló-
pela Lei n° 14.572, de 2023) gica e sanitária em circunstâncias especiais, como na ocorrência
I - formular, avaliar e apoiar políticas de alimentação e nutrição; de agravos inusitados à saúde, que possam escapar do controle da
II - participar na formulação e na implementação das políticas: direção estadual do Sistema Único de Saúde (SUS) ou que repre-
a) de controle das agressões ao meio ambiente; sentem risco de disseminação nacional. (Renumerado do parágrafo
b) de saneamento básico; e único pela Lei n° 14.141, de 2021)
c) relativas às condições e aos ambientes de trabalho; § 2° Em situações epidemiológicas que caracterizem emergên-
III - definir e coordenar os sistemas: cia em saúde pública, poderá ser adotado procedimento simplifica-
a) de redes integradas de assistência de alta complexidade; do para a remessa de patrimônio genético ao exterior, na forma do
b) de rede de laboratórios de saúde pública; regulamento. (Incluído pela Lei n° 14.141, de 2021)
c) de vigilância epidemiológica; e § 3° Os benefícios resultantes da exploração econômica de pro-
d) vigilância sanitária; duto acabado ou material reprodutivo oriundo de acesso ao patri-
IV - participar da definição de normas e mecanismos de con- mônio genético de que trata o § 2° deste artigo serão repartidos nos
trole, com órgão afins, de agravo sobre o meio ambiente ou dele termos da Lei n° 13.123, de 20 de maio de 2015. (Incluído pela Lei
decorrentes, que tenham repercussão na saúde humana; n° 14.141, de 2021)
V - participar da definição de normas, critérios e padrões para Art. 17. À direção estadual do Sistema Único de Saúde (SUS)
o controle das condições e dos ambientes de trabalho e coordenar compete:
a política de saúde do trabalhador; I - promover a descentralização para os Municípios dos serviços
VI - coordenar e participar na execução das ações de vigilância e das ações de saúde;.
epidemiológica; II - acompanhar, controlar e avaliar as redes hierarquizadas do
VII - estabelecer normas e executar a vigilância sanitária de Sistema Único de Saúde (SUS);
portos, aeroportos e fronteiras, podendo a execução ser comple- III - prestar apoio técnico e financeiro aos Municípios e execu-
mentada pelos Estados, Distrito Federal e Municípios; tar supletivamente ações e serviços de saúde;
VIII - estabelecer critérios, parâmetros e métodos para o con- IV - coordenar e, em caráter complementar, executar ações e
trole da qualidade sanitária de produtos, substâncias e serviços de serviços:
consumo e uso humano; a) de vigilância epidemiológica;
IX - promover articulação com os órgãos educacionais e de fis- b) de vigilância sanitária;
calização do exercício profissional, bem como com entidades repre- c) de alimentação e nutrição; (Redação dada pela Lei n° 14.572,
sentativas de formação de recursos humanos na área de saúde; de 2023)
X - formular, avaliar, elaborar normas e participar na execução d) de saúde do trabalhador;
da política nacional e produção de insumos e equipamentos para a e) de saúde bucal; (Incluída pela Lei n° 14.572, de 2023)
saúde, em articulação com os demais órgãos governamentais; V - participar, junto com os órgãos afins, do controle dos agra-
XI - identificar os serviços estaduais e municipais de referência vos do meio ambiente que tenham repercussão na saúde humana;
nacional para o estabelecimento de padrões técnicos de assistência VI - participar da formulação da política e da execução de ações
à saúde; de saneamento básico;
XII - controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substân- VII - participar das ações de controle e avaliação das condições
cias de interesse para a saúde; e dos ambientes de trabalho;
XIII - prestar cooperação técnica e financeira aos Estados, ao VIII - em caráter suplementar, formular, executar, acompanhar
Distrito Federal e aos Municípios para o aperfeiçoamento da sua e avaliar a política de insumos e equipamentos para a saúde;
atuação institucional; IX - identificar estabelecimentos hospitalares de referência e
200
EIXO TEMÁTICO 2 - POLÍTICAS PÚBLICAS
gerir sistemas públicos de alta complexidade, de referência estadu- gena, componente do Sistema Único de Saúde – SUS, criado e defi-
al e regional; nido por esta Lei, e pela Lei no 8.142, de 28 de dezembro de 1990,
X - coordenar a rede estadual de laboratórios de saúde pública com o qual funcionará em perfeita integração. (Incluído pela Lei n°
e hemocentros, e gerir as unidades que permaneçam em sua orga- 9.836, de 1999)
nização administrativa; Art. 19-C. Caberá à União, com seus recursos próprios, finan-
XI - estabelecer normas, em caráter suplementar, para o con- ciar o Subsistema de Atenção à Saúde Indígena. (Incluído pela Lei
trole e avaliação das ações e serviços de saúde; n° 9.836, de 1999)
XII - formular normas e estabelecer padrões, em caráter suple- Art. 19-D. O SUS promoverá a articulação do Subsistema insti-
mentar, de procedimentos de controle de qualidade para produtos tuído por esta Lei com os órgãos responsáveis pela Política Indígena
e substâncias de consumo humano; do País. (Incluído pela Lei n° 9.836, de 1999)
XIII - colaborar com a União na execução da vigilância sanitária Art. 19-E. Os Estados, Municípios, outras instituições governa-
de portos, aeroportos e fronteiras; mentais e não-governamentais poderão atuar complementarmen-
XIV - o acompanhamento, a avaliação e divulgação dos indica- te no custeio e execução das ações. (Incluído pela Lei n° 9.836, de
dores de morbidade e mortalidade no âmbito da unidade federada. 1999)
Art. 18. À direção municipal do SUS compete: (Redação dada § 1° A União instituirá mecanismo de financiamento específi-
pela Lei n° 14.572, de 2023) co para os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, sempre que
I - planejar, organizar, controlar e avaliar as ações e os serviços houver necessidade de atenção secundária e terciária fora dos ter-
de saúde e gerir e executar os serviços públicos de saúde; ritórios indígenas. (Incluído pela Lei n° 14.021, de 2020)
II - participar do planejamento, programação e organização § 2° Em situações emergenciais e de calamidade pública: (Inclu-
da rede regionalizada e hierarquizada do Sistema Único de Saúde ído pela Lei n° 14.021, de 2020)
(SUS), em articulação com sua direção estadual; I - a União deverá assegurar aporte adicional de recursos não
III - participar da execução, controle e avaliação das ações refe- previstos nos planos de saúde dos Distritos Sanitários Especiais In-
rentes às condições e aos ambientes de trabalho; dígenas (DSEIs) ao Subsistema de Atenção à Saúde Indígena; (Inclu-
IV - executar serviços: ído pela Lei n° 14.021, de 2020)
a) de vigilância epidemiológica; II - deverá ser garantida a inclusão dos povos indígenas nos pla-
b) vigilância sanitária; nos emergenciais para atendimento dos pacientes graves das Secre-
c) de alimentação e nutrição; tarias Municipais e Estaduais de Saúde, explicitados os fluxos e as
d) de saneamento básico; (Redação dada pela Lei n° 14.572, referências para o atendimento em tempo oportuno. (Incluído pela
de 2023) Lei n° 14.021, de 2020)
e) de saúde do trabalhador; Art. 19-F. Dever-se-á obrigatoriamente levar em consideração a
f) de saúde bucal; (Incluída pela Lei n° 14.572, de 2023) realidade local e as especificidades da cultura dos povos indígenas
V - dar execução, no âmbito municipal, à política de insumos e e o modelo a ser adotado para a atenção à saúde indígena, que
equipamentos para a saúde; se deve pautar por uma abordagem diferenciada e global, contem-
VI - colaborar na fiscalização das agressões ao meio ambiente plando os aspectos de assistência à saúde, saneamento básico, nu-
que tenham repercussão sobre a saúde humana e atuar, junto aos trição, habitação, meio ambiente, demarcação de terras, educação
órgãos municipais, estaduais e federais competentes, para contro- sanitária e integração institucional. (Incluído pela Lei n° 9.836, de
lá-las; 1999)
VII - formar consórcios administrativos intermunicipais; Art. 19-G. O Subsistema de Atenção à Saúde Indígena deverá
VIII - gerir laboratórios públicos de saúde e hemocentros; ser, como o SUS, descentralizado, hierarquizado e regionalizado.
IX - colaborar com a União e os Estados na execução da vigilân- (Incluído pela Lei n° 9.836, de 1999)
cia sanitária de portos, aeroportos e fronteiras; § 1o O Subsistema de que trata o caput deste artigo terá como
X - observado o disposto no art. 26 desta Lei, celebrar contra- base os Distritos Sanitários Especiais Indígenas. (Incluído pela Lei n°
tos e convênios com entidades prestadoras de serviços privados de 9.836, de 1999)
saúde, bem como controlar e avaliar sua execução; § 1°-A. A rede do SUS deverá obrigatoriamente fazer o registro
XI - controlar e fiscalizar os procedimentos dos serviços priva- e a notificação da declaração de raça ou cor, garantindo a identi-
dos de saúde; ficação de todos os indígenas atendidos nos sistemas públicos de
XII - normatizar complementarmente as ações e serviços públi- saúde. (Incluído pela Lei n° 14.021, de 2020)
cos de saúde no seu âmbito de atuação. § 1°-B. A União deverá integrar os sistemas de informação da
Art. 19. Ao Distrito Federal competem as atribuições reserva- rede do SUS com os dados do Subsistema de Atenção à Saúde Indí-
das aos Estados e aos Municípios. gena. (Incluído pela Lei n° 14.021, de 2020)
§ 2° O SUS servirá de retaguarda e referência ao Subsistema de
CAPÍTULO V Atenção à Saúde Indígena, devendo, para isso, ocorrer adaptações
DO SUBSISTEMA DE ATENÇÃO À SAÚDE INDÍGENA na estrutura e organização do SUS nas regiões onde residem as po-
(INCLUÍDO PELA LEI N° 9.836, DE 1999) pulações indígenas, para propiciar essa integração e o atendimento
necessário em todos os níveis, sem discriminações. (Incluído pela
Art. 19-A. As ações e serviços de saúde voltados para o aten- Lei n° 9.836, de 1999)
dimento das populações indígenas, em todo o território nacional, § 3° As populações indígenas devem ter acesso garantido ao
coletiva ou individualmente, obedecerão ao disposto nesta Lei. (In- SUS, em âmbito local, regional e de centros especializados, de acor-
cluído pela Lei n° 9.836, de 1999) do com suas necessidades, compreendendo a atenção primária,
Art. 19-B. É instituído um Subsistema de Atenção à Saúde Indí- secundária e terciária à saúde. (Incluído pela Lei n° 9.836, de 1999)
201
EIXO TEMÁTICO 2 - POLÍTICAS PÚBLICAS
Art. 19-H. As populações indígenas terão direito a participar unidade de terapia intensiva com restrições relacionadas à seguran-
dos organismos colegiados de formulação, acompanhamento e ça ou à saúde dos pacientes, devidamente justificadas pelo corpo
avaliação das políticas de saúde, tais como o Conselho Nacional de clínico, somente será admitido acompanhante que seja profissional
Saúde e os Conselhos Estaduais e Municipais de Saúde, quando for de saúde. (Incluído pela Lei n° 14.737, de 2023)
o caso. (Incluído pela Lei n° 9.836, de 1999) § 5° Em casos de urgência e emergência, os profissionais de
saúde ficam autorizados a agir na proteção e defesa da saúde e da
CAPÍTULO VI vida da paciente, ainda que na ausência do acompanhante requeri-
DO SUBSISTEMA DE ATENDIMENTO E INTERNAÇÃO DOMICI- do. (Incluído pela Lei n° 14.737, de 2023)
LIAR Art. 19-L.(VETADO) (Incluído pela Lei n° 11.108, de 2005)
(INCLUÍDO PELA LEI N° 10.424, DE 2002)
CAPÍTULO VIII
Art. 19-I. São estabelecidos, no âmbito do Sistema Único de (INCLUÍDO PELA LEI N° 12.401, DE 2011)
Saúde, o atendimento domiciliar e a internação domiciliar. (Incluí- DA ASSISTÊNCIA TERAPÊUTICA E DA INCORPORAÇÃO DE
do pela Lei n° 10.424, de 2002) TECNOLOGIA EM SAÚDE”
§ 1°Na modalidade de assistência de atendimento e internação
domiciliares incluem-se, principalmente, os procedimentos médi- Art. 19-M. A assistência terapêutica integral a que se refere
cos, de enfermagem, fisioterapêuticos, psicológicos e de assistência a alínea d do inciso I do art. 6° consiste em: (Incluído pela Lei n°
social, entre outros necessários ao cuidado integral dos pacientes 12.401, de 2011)
em seu domicílio. (Incluído pela Lei n° 10.424, de 2002) I - dispensação de medicamentos e produtos de interesse para
§ 2° O atendimento e a internação domiciliares serão realiza- a saúde, cuja prescrição esteja em conformidade com as diretrizes
dos por equipes multidisciplinares que atuarão nos níveis da me- terapêuticas definidas em protocolo clínico para a doença ou o agra-
dicina preventiva, terapêutica e reabilitadora. (Incluído pela Lei n° vo à saúde a ser tratado ou, na falta do protocolo, em conformidade
10.424, de 2002) com o disposto no art. 19-P; (Incluído pela Lei n° 12.401, de 2011)
§ 3° O atendimento e a internação domiciliares só poderão ser II - oferta de procedimentos terapêuticos, em regime domi-
realizados por indicação médica, com expressa concordância do pa- ciliar, ambulatorial e hospitalar, constantes de tabelas elaboradas
ciente e de sua família. (Incluído pela Lei n° 10.424, de 2002) pelo gestor federal do Sistema Único de Saúde - SUS, realizados no
CAPÍTULO VII território nacional por serviço próprio, conveniado ou contratado.
(Redação dada pela Lei n° 14.737, de 2023) Art. 19-N. Para os efeitos do disposto no art. 19-M, são adota-
DO SUBSISTEMA DE ACOMPANHAMENTO À MULHER NOS SER- das as seguintes definições: (Incluído pela Lei n° 12.401, de 2011)
VIÇOS DE SAÚDE I - produtos de interesse para a saúde: órteses, próteses, bolsas
Art. 19-J. Em consultas, exames e procedimentos realizados em coletoras e equipamentos médicos; (Incluído pela Lei n° 12.401, de
unidades de saúde públicas ou privadas, toda mulher tem o direito 2011)
de fazer-se acompanhar por pessoa maior de idade, durante todo II - protocolo clínico e diretriz terapêutica: documento que
o período do atendimento, independentemente de notificação pré- estabelece critérios para o diagnóstico da doença ou do agravo à
via. (Redação dada pela Lei n° 14.737, de 2023) saúde; o tratamento preconizado, com os medicamentos e demais
§ 1° O acompanhante de que trata o caput deste artigo será de produtos apropriados, quando couber; as posologias recomenda-
livre indicação da paciente ou, nos casos em que ela esteja impos- das; os mecanismos de controle clínico; e o acompanhamento e
sibilitada de manifestar sua vontade, de seu representante legal, e a verificação dos resultados terapêuticos, a serem seguidos pelos
estará obrigado a preservar o sigilo das informações de saúde de gestores do SUS. (Incluído pela Lei n° 12.401, de 2011)
que tiver conhecimento em razão do acompanhamento. (Redação Art. 19-O. Os protocolos clínicos e as diretrizes terapêuticas de-
dada pela Lei n° 14.737, de 2023) verão estabelecer os medicamentos ou produtos necessários nas
§ 2° No caso de atendimento que envolva qualquer tipo de diferentes fases evolutivas da doença ou do agravo à saúde de que
sedação ou rebaixamento do nível de consciência, caso a paciente tratam, bem como aqueles indicados em casos de perda de eficácia
não indique acompanhante, a unidade de saúde responsável pelo e de surgimento de intolerância ou reação adversa relevante, pro-
atendimento indicará pessoa para acompanhá-la, preferencialmen- vocadas pelo medicamento, produto ou procedimento de primeira
te profissional de saúde do sexo feminino, sem custo adicional para escolha. (Incluído pela Lei n° 12.401, de 2011)
a paciente, que poderá recusar o nome indicado e solicitar a indi- Parágrafo único. Em qualquer caso, os medicamentos ou pro-
cação de outro, independentemente de justificativa, registrando-se dutos de que trata o caput deste artigo serão aqueles avaliados
o nome escolhido no documento gerado durante o atendimento. quanto à sua eficácia, segurança, efetividade e custo-efetividade
(Redação dada pela Lei n° 14.737, de 2023) para as diferentes fases evolutivas da doença ou do agravo à saúde
§ 2°-A Em caso de atendimento com sedação, a eventual re- de que trata o protocolo. (Incluído pela Lei n° 12.401, de 2011)
núncia da paciente ao direito previsto neste artigo deverá ser feita Art. 19-P. Na falta de protocolo clínico ou de diretriz terapêu-
por escrito, após o esclarecimento dos seus direitos, com no míni- tica, a dispensação será realizada: (Incluído pela Lei n° 12.401, de
mo 24 (vinte e quatro) horas de antecedência, assinada por ela e 2011)
arquivada em seu prontuário. (Incluído pela Lei n° 14.737, de 2023) I - com base nas relações de medicamentos instituídas pelo
§ 3° As unidades de saúde de todo o País ficam obrigadas a gestor federal do SUS, observadas as competências estabelecidas
manter, em local visível de suas dependências, aviso que informe nesta Lei, e a responsabilidade pelo fornecimento será pactuada na
sobre o direito estabelecido neste artigo. (Redação dada pela Lei n° Comissão Intergestores Tripartite; (Incluído pela Lei n° 12.401, de
14.737, de 2023) 2011)
§ 4° No caso de atendimento realizado em centro cirúrgico ou II - no âmbito de cada Estado e do Distrito Federal, de forma
202
EIXO TEMÁTICO 2 - POLÍTICAS PÚBLICAS
suplementar, com base nas relações de medicamentos instituídas petência técnica requeridas para a análise da matéria; (Incluído
pelos gestores estaduais do SUS, e a responsabilidade pelo forneci- pela Lei n° 14.313, de 2022)
mento será pactuada na Comissão Intergestores Bipartite; (Incluído VI - publicidade dos atos processuais. (Incluído pela Lei n°
pela Lei n° 12.401, de 2011) 14.313, de 2022)
III - no âmbito de cada Município, de forma suplementar, com § 2°(VETADO). (Incluído pela Lei n° 12.401, de 2011)
base nas relações de medicamentos instituídas pelos gestores mu- Art. 19-S. (VETADO). (Incluído pela Lei n° 12.401, de 2011)
nicipais do SUS, e a responsabilidade pelo fornecimento será pactu- Art. 19-T. São vedados, em todas as esferas de gestão do SUS:
ada no Conselho Municipal de Saúde. (Incluído pela Lei n° 12.401, (Incluído pela Lei n° 12.401, de 2011)
de 2011) I - o pagamento, o ressarcimento ou o reembolso de medica-
Art. 19-Q. A incorporação, a exclusão ou a alteração pelo SUS mento, produto e procedimento clínico ou cirúrgico experimental,
de novos medicamentos, produtos e procedimentos, bem como a ou de uso não autorizado pela Agência Nacional de Vigilância Sani-
constituição ou a alteração de protocolo clínico ou de diretriz tera- tária - ANVISA; (Incluído pela Lei n° 12.401, de 2011)
pêutica, são atribuições do Ministério da Saúde, assessorado pela II - a dispensação, o pagamento, o ressarcimento ou o reembol-
Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS. (Incluí- so de medicamento e produto, nacional ou importado, sem registro
do pela Lei n° 12.401, de 2011) na Anvisa. (Incluído pela Lei n° 12.401, de 2011)
§ 1° A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Parágrafo único. Excetuam-se do disposto neste artigo: (Incluí-
SUS, cuja composição e regimento são definidos em regulamento, do pela Lei n° 14.313, de 2022)
contará com a participação de 1 (um) representante indicado pelo I - medicamento e produto em que a indicação de uso seja dis-
Conselho Nacional de Saúde, de 1 (um) representante, especialista tinta daquela aprovada no registro na Anvisa, desde que seu uso
na área, indicado pelo Conselho Federal de Medicina e de 1 (um) re- tenha sido recomendado pela Comissão Nacional de Incorporação
presentante, especialista na área, indicado pela Associação Médica de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec), demonstradas
Brasileira. (Redação dada pela Lei n° 14.655, de 2023) as evidências científicas sobre a eficácia, a acurácia, a efetividade e
§ 2°O relatório da Comissão Nacional de Incorporação de Tec- a segurança, e esteja padronizado em protocolo estabelecido pelo
nologias no SUS levará em consideração, necessariamente: (Incluí- Ministério da Saúde; (Incluído pela Lei n° 14.313, de 2022)
do pela Lei n° 12.401, de 2011) II - medicamento e produto recomendados pela Conitec e ad-
I - as evidências científicas sobre a eficácia, a acurácia, a efeti- quiridos por intermédio de organismos multilaterais internacionais,
vidade e a segurança do medicamento, produto ou procedimento para uso em programas de saúde pública do Ministério da Saúde e
objeto do processo, acatadas pelo órgão competente para o regis- suas entidades vinculadas, nos termos do § 5° do art. 8° da Lei n°
tro ou a autorização de uso; (Incluído pela Lei n° 12.401, de 2011) 9.782, de 26 de janeiro de 1999. (Incluído pela Lei n° 14.313, de
II - a avaliação econômica comparativa dos benefícios e dos 2022)
custos em relação às tecnologias já incorporadas, inclusive no que Art. 19-U. A responsabilidade financeira pelo fornecimento de
se refere aos atendimentos domiciliar, ambulatorial ou hospitalar, medicamentos, produtos de interesse para a saúde ou procedimen-
quando cabível. (Incluído pela Lei n° 12.401, de 2011) tos de que trata este Capítulo será pactuada na Comissão Interges-
§ 3° As metodologias empregadas na avaliação econômica a tores Tripartite. (Incluído pela Lei n° 12.401, de 2011)
que se refere o inciso II do § 2° deste artigo serão dispostas em
regulamento e amplamente divulgadas, inclusive em relação aos TÍTULO III
indicadores e parâmetros de custo-efetividade utilizados em com- DOS SERVIÇOS PRIVADOS DE ASSISTÊNCIA À SAÙDE
binação com outros critérios. (Incluído pela Lei n° 14.313, de 2022)
Art. 19-R. A incorporação, a exclusão e a alteração a que se re- CAPÍTULO I
fere o art. 19-Q serão efetuadas mediante a instauração de proces- DO FUNCIONAMENTO
so administrativo, a ser concluído em prazo não superior a 180 (cen-
to e oitenta) dias, contado da data em que foi protocolado o pedido, Art. 20. Os serviços privados de assistência à saúde caracteri-
admitida a sua prorrogação por 90 (noventa) dias corridos, quando zam-se pela atuação, por iniciativa própria, de profissionais liberais,
as circunstâncias exigirem. (Incluído pela Lei n° 12.401, de 2011) legalmente habilitados, e de pessoas jurídicas de direito privado na
§ 1°O processo de que trata o caput deste artigo observará, no promoção, proteção e recuperação da saúde.
que couber, o disposto na Lei n° 9.784, de 29 de janeiro de 1999, e Art. 21. A assistência à saúde é livre à iniciativa privada.
as seguintes determinações especiais: (Incluído pela Lei n° 12.401, Art. 22. Na prestação de serviços privados de assistência à saú-
de 2011) de, serão observados os princípios éticos e as normas expedidas
I - apresentação pelo interessado dos documentos e, se cabível, pelo órgão de direção do Sistema Único de Saúde (SUS) quanto às
das amostras de produtos, na forma do regulamento, com informa- condições para seu funcionamento.
ções necessárias para o atendimento do disposto no § 2o do art. Art. 23. É permitida a participação direta ou indireta, inclusi-
19-Q; (Incluído pela Lei n° 12.401, de 2011) ve controle, de empresas ou de capital estrangeiro na assistência
II - (VETADO); (Incluído pela Lei n° 12.401, de 2011) à saúde nos seguintes casos: (Redação dada pela Lei n° 13.097, de
III - realização de consulta pública que inclua a divulgação do 2015)
parecer emitido pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecno- I - doações de organismos internacionais vinculados à Orga-
logias no SUS; (Incluído pela Lei n° 12.401, de 2011) nização das Nações Unidas, de entidades de cooperação técnica e
IV - realização de audiência pública, antes da tomada de deci- de financiamento e empréstimos; (Incluído pela Lei n° 13.097, de
são, se a relevância da matéria justificar o evento. (Incluído pela Lei 2015)
n° 12.401, de 2011) II - pessoas jurídicas destinadas a instalar, operacionalizar ou
V - distribuição aleatória, respeitadas a especialização e a com- explorar: (Incluído pela Lei n° 13.097, de 2015)
203
EIXO TEMÁTICO 2 - POLÍTICAS PÚBLICAS
a) hospital geral, inclusive filantrópico, hospital especializado, pela Lei n° 14.510, de 2022)
policlínica, clínica geral e clínica especializada; e (Incluído pela Lei VI - confidencialidade dos dados; (Incluído pela Lei n° 14.510,
n° 13.097, de 2015) de 2022)
b) ações e pesquisas de planejamento familiar; (Incluído pela VII - promoção da universalização do acesso dos brasileiros às
Lei n° 13.097, de 2015) ações e aos serviços de saúde; (Incluído pela Lei n° 14.510, de 2022)
III - serviços de saúde mantidos, sem finalidade lucrativa, por VIII - estrita observância das atribuições legais de cada profis-
empresas, para atendimento de seus empregados e dependentes, são; (Incluído pela Lei n° 14.510, de 2022)
sem qualquer ônus para a seguridade social; e (Incluído pela Lei n° IX - responsabilidade digital. (Incluído pela Lei n° 14.510, de
13.097, de 2015) 2022)
IV - demais casos previstos em legislação específica. (Incluído Art. 26-B. Para fins desta Lei, considera-se tele saúde a moda-
pela Lei n° 13.097, de 2015) lidade de prestação de serviços de saúde a distância, por meio da
utilização das tecnologias da informação e da comunicação, que en-
CAPÍTULO II volve, entre outros, a transmissão segura de dados e informações
DA PARTICIPAÇÃO COMPLEMENTAR de saúde, por meio de textos, de sons, de imagens ou outras formas
adequadas. (Incluído pela Lei n° 14.510, de 2022)
Art. 24. Quando as suas disponibilidades forem insuficientes Parágrafo único. Os atos do profissional de saúde, quando pra-
para garantir a cobertura assistencial à população de uma deter- ticados na modalidade tele saúde, terão validade em todo o territó-
minada área, o Sistema Único de Saúde (SUS) poderá recorrer aos rio nacional. (Incluído pela Lei n° 14.510, de 2022)
serviços ofertados pela iniciativa privada. Art. 26-C. Ao profissional de saúde são asseguradas a liberdade
Parágrafo único. A participação complementar dos serviços e a completa independência de decidir sobre a utilização ou não da
privados será formalizada mediante contrato ou convênio, observa- tele saúde, inclusive com relação à primeira consulta, atendimento
das, a respeito, as normas de direito público. ou procedimento, e poderá indicar a utilização de atendimento pre-
Art. 25. Na hipótese do artigo anterior, as entidades filantró- sencial ou optar por ele, sempre que entender necessário. (Incluído
picas e as sem fins lucrativos terão preferência para participar do pela Lei n° 14.510, de 2022)
Sistema Único de Saúde (SUS). Art. 26-D. Compete aos conselhos federais de fiscalização do
Art. 26. Os critérios e valores para a remuneração de serviços exercício profissional a normatização ética relativa à prestação dos
e os parâmetros de cobertura assistencial serão estabelecidos pela serviços previstos neste Título, aplicando-se os padrões normati-
direção nacional do Sistema Único de Saúde (SUS), aprovados no vos adotados para as modalidades de atendimento presencial, no
Conselho Nacional de Saúde. que não colidirem com os preceitos desta Lei. (Incluído pela Lei n°
§ 1° Na fixação dos critérios, valores, formas de reajuste e de 14.510, de 2022)
pagamento da remuneração aludida neste artigo, a direção nacio- Art. 26-E. Na prestação de serviços por tele saúde, serão ob-
nal do Sistema Único de Saúde (SUS) deverá fundamentar seu ato servadas as normas expedidas pelo órgão de direção do Sistema
em demonstrativo econômico-financeiro que garanta a efetiva qua- Único de Saúde (SUS) quanto às condições para seu funcionamento,
lidade de execução dos serviços contratados. observada a competência dos demais órgãos reguladores. (Incluído
§ 2° Os serviços contratados submeter-se-ão às normas técni- pela Lei n° 14.510, de 2022)
cas e administrativas e aos princípios e diretrizes do Sistema Único Art. 26-F. O ato normativo que pretenda restringir a prestação
de Saúde (SUS), mantido o equilíbrio econômico e financeiro do de serviço de tele saúde deverá demonstrar a imprescindibilidade
contrato. da medida para que sejam evitados danos à saúde dos pacientes.
§ 3 (Vetado). (Incluído pela Lei n° 14.510, de 2022)
§ 4° Aos proprietários, administradores e dirigentes de entida- Art. 26-G. A prática da tele saúde deve seguir as seguintes de-
des ou serviços contratados é vedado exercer cargo de chefia ou terminações: (Incluído pela Lei n° 14.510, de 2022)
função de confiança no Sistema Único de Saúde (SUS). I - ser realizada por consentimento livre e esclarecido do pa-
ciente, ou de seu representante legal, e sob responsabilidade do
TÍTULO III-A profissional de saúde; (Incluído pela Lei n° 14.510, de 2022)
(INCLUÍDO PELA LEI N° 14.510, DE 2022) II - prestar obediência aos ditames das Leis n°s 12.965, de 23
DA TELESSAÚDE de abril de 2014 (Marco Civil da Internet), 12.842, de 10 de julho
de 2013 (Lei do Ato Médico), 13.709, de 14 de agosto de 2018 (Lei
Art. 26-A. A tele saúde abrange a prestação remota de serviços Geral de Proteção de Dados), 8.078, de 11 de setembro de 1990
relacionados a todas as profissões da área da saúde regulamenta- (Código de Defesa do Consumidor) e, nas hipóteses cabíveis, aos
das pelos órgãos competentes do Poder Executivo federal e obede- ditames da Lei n° 13.787, de 27 de dezembro de 2018 (Lei do Pron-
cerá aos seguintes princípios: (Incluído pela Lei n° 14.510, de 2022) tuário Eletrônico). (Incluído pela Lei n° 14.510, de 2022)
I - autonomia do profissional de saúde; (Incluído pela Lei n° Art. 26-H. É dispensada a inscrição secundária ou complemen-
14.510, de 2022) tar do profissional de saúde que exercer a profissão em outra juris-
II - consentimento livre e informado do paciente; dição exclusivamente por meio da modalidade tele saúde. (Incluído
III - direito de recusa ao atendimento na modalidade tele saú- pela Lei n° 14.510, de 2022)
de, com a garantia do atendimento presencial sempre que solicita-
do; (Incluído pela Lei n° 14.510, de 2022)
IV - dignidade e valorização do profissional de saúde; (Incluído
pela Lei n° 14.510, de 2022)
V - assistência segura e com qualidade ao paciente; (Incluído
204
EIXO TEMÁTICO 2 - POLÍTICAS PÚBLICAS
TÍTULO IV tadas pela sua direção, na esfera de poder onde forem arrecadadas.
DOS RECURSOS HUMANOS § 3° As ações de saneamento que venham a ser executadas
supletivamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), serão financia-
Art. 27. A política de recursos humanos na área da saúde será das por recursos tarifários específicos e outros da União, Estados,
formalizada e executada, articuladamente, pelas diferentes esferas Distrito Federal, Municípios e, em particular, do Sistema Financeiro
de governo, em cumprimento dos seguintes objetivos: da Habitação (SFH).
I - organização de um sistema de formação de recursos huma- § 4 (Vetado).
nos em todos os níveis de ensino, inclusive de pós-graduação, além § 5° As atividades de pesquisa e desenvolvimento científico e
da elaboração de programas de permanente aperfeiçoamento de tecnológico em saúde serão cofinanciadas pelo Sistema Único de
pessoal; Saúde (SUS), pelas universidades e pelo orçamento fiscal, além de
II - (Vetado) recursos de instituições de fomento e financiamento ou de origem
III - (Vetado) externa e receita própria das instituições executoras.
IV - valorização da dedicação exclusiva aos serviços do Sistema § 6 (Vetado).
Único de Saúde (SUS).
Parágrafo único. Os serviços públicos que integram o Sistema CAPÍTULO II
Único de Saúde (SUS) constituem campo de prática para ensino e DA GESTÃO FINANCEIRA
pesquisa, mediante normas específicas, elaboradas conjuntamente
com o sistema educacional. Art. 33. Os recursos financeiros do Sistema Único de Saúde
Art. 28. Os cargos e funções de chefia, direção e assessora- (SUS) serão depositados em conta especial, em cada esfera de sua
mento, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), só poderão ser atuação, e movimentados sob fiscalização dos respectivos Conse-
exercidas em regime de tempo integral. lhos de Saúde.
§ 1° Os servidores que legalmente acumulam dois cargos ou § 1° Na esfera federal, os recursos financeiros, originários do
empregos poderão exercer suas atividades em mais de um estabe- Orçamento da Seguridade Social, de outros Orçamentos da União,
lecimento do Sistema Único de Saúde (SUS). além de outras fontes, serão administrados pelo Ministério da Saú-
§ 2° O disposto no parágrafo anterior aplica-se também aos de, através do Fundo Nacional de Saúde.
servidores em regime de tempo integral, com exceção dos ocupan- § 2 (Vetado).
tes de cargos ou função de chefia, direção ou assessoramento. § 3 (Vetado).
Art. 29. (Vetado). § 4° O Ministério da Saúde acompanhará, através de seu siste-
Art. 30. As especializações na forma de treinamento em serviço ma de auditoria, a conformidade à programação aprovada da apli-
sob supervisão serão regulamentadas por Comissão Nacional, insti- cação dos recursos repassados a Estados e Municípios. Constatada
tuída de acordo com o art. 12 desta Lei, garantida a participação das a malversação, desvio ou não aplicação dos recursos, caberá ao Mi-
entidades profissionais correspondentes. nistério da Saúde aplicar as medidas previstas em lei.
Art. 34. As autoridades responsáveis pela distribuição da re-
TÍTULO V ceita efetivamente arrecadada transferirão automaticamente ao
DO FINANCIAMENTO Fundo Nacional de Saúde (FNS), observado o critério do parágrafo
único deste artigo, os recursos financeiros correspondentes às do-
CAPÍTULO I tações consignadas no Orçamento da Seguridade Social, a projetos
DOS RECURSOS e atividades a serem executados no âmbito do Sistema Único de
Saúde (SUS).
Art. 31. O orçamento da seguridade social destinará ao Sistema Parágrafo único. Na distribuição dos recursos financeiros da
Único de Saúde (SUS) de acordo com a receita estimada, os recursos Seguridade Social será observada a mesma proporção da despesa
necessários à realização de suas finalidades, previstos em proposta prevista de cada área, no Orçamento da Seguridade Social.
elaborada pela sua direção nacional, com a participação dos órgãos Art. 35. Para o estabelecimento de valores a serem transferidos
da Previdência Social e da Assistência Social, tendo em vista as me- a Estados, Distrito Federal e Municípios, será utilizada a combina-
tas e prioridades estabelecidas na Lei de Diretrizes Orçamentárias. ção dos seguintes critérios, segundo análise técnica de programas
Art. 32. São considerados de outras fontes os recursos prove- e projetos:
nientes de: I - perfil demográfico da região;
I -(Vetado) II - perfil epidemiológico da população a ser coberta;
II - Serviços que possam ser prestados sem prejuízo da assis- III - características quantitativas e qualitativas da rede de saúde
tência à saúde; na área;
III - ajuda, contribuições, doações e donativos; IV - desempenho técnico, econômico e financeiro no período
IV - alienações patrimoniais e rendimentos de capital; anterior;
V - taxas, multas, emolumentos e preços públicos arrecadados V - níveis de participação do setor saúde nos orçamentos esta-
no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS); e duais e municipais;
VI - rendas eventuais, inclusive comerciais e industriais. VI - previsão do plano quinquenal de investimentos da rede;
§ 1° Ao Sistema Único de Saúde (SUS) caberá metade da receita VII - ressarcimento do atendimento a serviços prestados para
de que trata o inciso I deste artigo, apurada mensalmente, a qual outras esferas de governo.
será destinada à recuperação de viciados. § 1° (Revogado pela Lei Complementar n° 141, de 2012)
§ 2° As receitas geradas no âmbito do Sistema Único de Saúde § 2° Nos casos de Estados e Municípios sujeitos a notório pro-
(SUS) serão creditadas diretamente em contas especiais, movimen- cesso de migração, os critérios demográficos mencionados nesta lei
205
EIXO TEMÁTICO 2 - POLÍTICAS PÚBLICAS
serão ponderados por outros indicadores de crescimento popula- Sociais e pelo Instituto Nacional do Câncer, supervisionadas pela
cional, em especial o número de eleitores registrados. direção nacional do Sistema Único de Saúde (SUS), permanecerão
§ 3 (Vetado). como referencial de prestação de serviços, formação de recursos
§ 4 (Vetado). humanos e para transferência de tecnologia.
§ 5 (Vetado). Art. 42.(Vetado).
§ 6° O disposto no parágrafo anterior não prejudica a atuação Art. 43. A gratuidade das ações e serviços de saúde fica preser-
dos órgãos de controle interno e externo e nem a aplicação de pe- vada nos serviços públicos contratados, ressalvando-se as cláusulas
nalidades previstas em lei, em caso de irregularidades verificadas dos contratos ou convênios estabelecidos com as entidades priva-
na gestão dos recursos transferidos. das.
Art. 44.(Vetado).
CAPÍTULO III Art. 45. Os serviços de saúde dos hospitais universitários e de
DO PLANEJAMENTO E DO ORÇAMENTO ensino integram-se ao Sistema Único de Saúde (SUS), mediante
convênio, preservada a sua autonomia administrativa, em relação
Art. 36. O processo de planejamento e orçamento do Sistema ao patrimônio, aos recursos humanos e financeiros, ensino, pesqui-
Único de Saúde (SUS) será ascendente, do nível local até o federal, sa e extensão nos limites conferidos pelas instituições a que este-
ouvidos seus órgãos deliberativos, compatibilizando-se as necessi- jam vinculados.
dades da política de saúde com a disponibilidade de recursos em § 1° Os serviços de saúde de sistemas estaduais e municipais
planos de saúde dos Municípios, dos Estados, do Distrito Federal e de previdência social deverão integrar-se à direção correspondente
da União. do Sistema Único de Saúde (SUS), conforme seu âmbito de atuação,
§ 1° Os planos de saúde serão a base das atividades e progra- bem como quaisquer outros órgãos e serviços de saúde.
mações de cada nível de direção do Sistema Único de Saúde (SUS), § 2° Em tempo de paz e havendo interesse recíproco, os servi-
e seu financiamento será previsto na respectiva proposta orçamen- ços de saúde das Forças Armadas poderão integrar-se ao Sistema
tária. Único de Saúde (SUS), conforme se dispuser em convênio que, para
§ 2° É vedada a transferência de recursos para o financiamento esse fim, for firmado.
de ações não previstas nos planos de saúde, exceto em situações Art. 46. o Sistema Único de Saúde (SUS), estabelecerá mecanis-
emergenciais ou de calamidade pública, na área de saúde. mos de incentivos à participação do setor privado no investimento
Art. 37. O Conselho Nacional de Saúde estabelecerá as dire- em ciência e tecnologia e estimulará a transferência de tecnologia
trizes a serem observadas na elaboração dos planos de saúde, em das universidades e institutos de pesquisa aos serviços de saúde
função das características epidemiológicas e da organização dos nos Estados, Distrito Federal e Municípios, e às empresas nacionais.
serviços em cada jurisdição administrativa. Art. 47. O Ministério da Saúde, em articulação com os níveis es-
Art. 38. Não será permitida a destinação de subvenções e auxí- taduais e municipais do Sistema Único de Saúde (SUS), organizará,
lios a instituições prestadoras de serviços de saúde com finalidade no prazo de dois anos, um sistema nacional de informações em saú-
lucrativa. de, integrado em todo o território nacional, abrangendo questões
epidemiológicas e de prestação de serviços.
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS Art. 48.(Vetado).
Art. 49.(Vetado).
Art. 39. (Vetado). Art. 50. Os convênios entre a União, os Estados e os Municípios,
§ 1 (Vetado). celebrados para implantação dos Sistemas Unificados e Descentrali-
§ 2 (Vetado). zados de Saúde, ficarão rescindidos à proporção que seu objeto for
§ 3 (Vetado). sendo absorvido pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
§ 4 (Vetado). Art. 51.(Vetado).
§ 5° A cessão de uso dos imóveis de propriedade do Inamps Art. 52. Sem prejuízo de outras sanções cabíveis, constitui cri-
para órgãos integrantes do Sistema Único de Saúde (SUS) será feita me de emprego irregular de verbas ou rendas públicas (Código Pe-
de modo a preservá-los como patrimônio da Seguridade Social. nal, art. 315) a utilização de recursos financeiros do Sistema Único
§ 6° Os imóveis de que trata o parágrafo anterior serão inventa- de Saúde (SUS) em finalidades diversas das previstas nesta lei.
riados com todos os seus acessórios, equipamentos e outros bens Art. 53.(Vetado).
móveis e ficarão disponíveis para utilização pelo órgão de direção Art. 53-A. Na qualidade de ações e serviços de saúde, as ati-
municipal do Sistema Único de Saúde - SUS ou, eventualmente, vidades de apoio à assistência à saúde são aquelas desenvolvidas
pelo estadual, em cuja circunscrição administrativa se encontrem, pelos laboratórios de genética humana, produção e fornecimento
mediante simples termo de recebimento. de medicamentos e produtos para saúde, laboratórios de analises
§ 7 (Vetado). clínicas, anatomia patológica e de diagnóstico por imagem e são
§ 8 O acesso aos serviços de informática e bases de dados, livres à participação direta ou indireta de empresas ou de capitais
mantidos pelo Ministério da Saúde e pelo Ministério do Trabalho estrangeiros. (Incluído pela Lei n° 13.097, de 2015)
e da Previdência Social, será assegurado às Secretarias Estaduais e Art. 54. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
Municipais de Saúde ou órgãos congêneres, como suporte ao pro- Art. 55. São revogadas a Lei n°. 2.312, de 3 de setembro de
cesso de gestão, de forma a permitir a gerencia informatizada das 1954, a Lei n°. 6.229, de 17 de julho de 1975, e demais disposições
contas e a disseminação de estatísticas sanitárias e epidemiológicas em contrário.
médico-hospitalares.
Art. 40.(Vetado)
Art. 41. As ações desenvolvidas pela Fundação das Pioneiras
206
EIXO TEMÁTICO 2 - POLÍTICAS PÚBLICAS
Brasília, 19 de setembro de 1990; 169° da Independência e va. Isso significa que eles não podem ser realizados integralmente
102° da República. todos de uma vez, mas que devem ser realizados esforços contínuos
para se ampliar, gradativamente, a cobertura de um determinado
O PROCESSO DE ELABORAÇÃO DE POLÍTICAS; O PAPEL serviço ou obter a ampliação de seus destinatários.
DO ESTADO; A BUROCRACIA E O ESTADO; PODER, De acordo com as informações apresentadas, é possível afir-
RACIONALIDADE E TOMADA DE DECISÕES mar que todo e qualquer processo político começa quando um ou
mais atores da sociedade identificando uma necessidade ou um
Processo de Elaboração de Políticas problema, ou notando que as ações do governo afetam negativa-
As políticas públicas constituem objeto por excelência dos mente algum segmento da sociedade. Esses atores procuram mo-
direitos sociais. Estes, por sua vez, têm como foco, como núcleo bilizar apoio para convencer os decisores políticos a agir no sentido
essencial, um conjunto de prestações de natureza positiva, fática de alterar o status quo em seu favor.
ou jurídica. As prestações de natureza fática são os bens concretos Os atores, por sua vez, identificarão com mais facilidade as
produzidos e fornecidos pelo Estado, tais como os serviços públicos prioridades e suas obrigações compartilhadas com o Estado num
de saúde e educação, por exemplo. Já as prestações de natureza processo de governança, em que compartilham com o governo a
jurídica são as normas necessárias para a regulamentação dos direi- responsabilidade na tomada e implementação das decisões. O esta-
tos previstos abstratamente na Constituição, fornecendo condições belecimento de prioridades, objetivos e metas a serem alcançadas
específicas para a fruição de tais direitos. Tanto as prestações de na- constitui a espinha dorsal de uma política pública, seu aspecto mais
tureza fática como as prestações de natureza jurídica são importan- concreto, e sinaliza para todos os envolvidos os parâmetros pelos
tes para o delineamento dos sistemas públicos que organizam a ati- quais devem se orientar as ações na área. São as diretrizes para o
vidade estatal necessária para a concretização dos direitos sociais. setor, quer seja para a área da saúde, da educação, meio ambien-
O processo 1 de formulação de política pública é aquele atra- te ou turismo, entre outras. Podemos associar as políticas públicas
vés do qual os governos traduzem seus propósitos em programas e como ferramentas utilizadas pelo Estado para exercer suas funções
ações, que produzirão resultados ou as mudanças desejadas. públicas no atendimento de demandas sociais e solução de proble-
O processo de formulação de políticas públicas pode ser en- mas que afetam a coletividade
tendido como uma sucessão de negociações entre atores políticos
(ou jogadores, no jargão da teoria dos jogos) que interagem em — O Papel do Estado; a Burocracia e o Estado
arenas formais (como o Legislativo ou o ministério) e informais (“a Papel da Burocracia no Processo de Formulação e Implemen-
rua”, onde os movimentos sociais e outros atores mobilizam-se). tação de Políticas Públicas
Algumas dessas negociações são mais transparentes (os tribunais); A burocracia 2 como o corpo de funcionários públicos (burocra-
outras são menos transparentes (negociações a portas fechadas). tas) possui algumas características marcantes que afetam o proces-
O importante é que, nesse processo, as necessidades e obje- so de políticas públicas.
tivos sejam previamente definidos de maneira democrática, pela A burocracia considerada de suma importância na formulação
utilização dos mais diversos mecanismos de participação social. A e na implementação de políticas públicas.
intervenção, via política pública, e numa determinada área (saúde, A função primordial do corpo burocrático é manter a adminis-
educação, meio ambiente, turismo etc.), não deve ser uma decisão tração pública ativa, não obstante os ciclos eleitorais. As caracterís-
solitária e limitada tão somente a quem detém o poder político mo- ticas peculiares da burocracia são:
mentaneamente. - estabilidade de emprego,
A participação da sociedade deve ser considerada de funda- - esquemas de seleção e promoção baseados na competência
mental importância para a implantação e implementação de polí- técnica e
ticas públicas que atendam às reais necessidades da população e - experiência adquirida, mecanismos hierárquicos de coorde-
estabeleçam seus limites e alcances. nação.
A concretização de uma política envolve processos de natureza
administrativa, orçamentária, legislativa etc., razão por que, como O termo burocracia costuma ser utilizado na literatura de duas
dito, as políticas públicas constituem um tema que ultrapassa a formas mais amplas:
esfera do Direito, embora com ele estejam relacionadas. Deve-se (1) seguindo a definição weberiana, burocracia constitui uma
frisar uma peculiaridade do complexo processo de implementação instituição moldada por suas estruturas, regras, objetivos e recur-
das políticas públicas como um todo: a necessidade de abertura à sos; ou
participação popular, fundamental para a legitimidade da tomada (2) a máquina administrativa parte do governo, tendo a função
de decisões políticas em um Estado Democrático de Direito. Tal par- principal de executar a vontade do Estado, ou seja, implementar
ticipação pode ocorrer tanto de forma direta quanto indireta. políticas públicas.
A própria Constituição prevê̂ uma série de mecanismos para A burocracia, contudo, não deve ser encarada apenas como o
que os interessados e beneficiários dos serviços que envolvem uma conjunto dos funcionários públicos ou como processos administra-
determinada política possam se manifestar, intervindo na deter- tivos, conforme lembrou Lima, mas como um dos fundamentos do
minação dos objetivos e escolhas de meios para a efetivação das exercício do poder estatal e do governo democrático. Dessa forma,
politicas a partir de suas necessidades concretas. Outro ponto a ser tópicos sobre a composição da burocracia, seu funcionamento e
considerado é a dimensão temporal das políticas públicas. Os direi- como ela se relaciona com os dirigentes políticos são fundamentais
tos sociais, à luz do Pacto Internacional de Direitos Econômicos, So- para situá-la no contexto das democracias liberais contemporâne-
ciais e Culturais (PIDESC), são direitos de implementação progressi- as, dentro do contexto do processo de tomada de decisão coletiva
1 Smanio, Gianpaolo, P. e Patrícia Tuma Martins Bertolin. O Direito e 2 Secchi, Leonardo, et al. Políticas Públicas: Conceitos, Casos Práticos,
as políticas públicas no Brasil. Grupo GEN, 2013. Questões de Concursos. (3rd edição). Cengage Learning Brasil, 2019
207
EIXO TEMÁTICO 2 - POLÍTICAS PÚBLICAS
orientada para o interesse público. Na fase de formação da agenda, os burocratas captam os pro-
blemas públicos de forma direta, percebendo as necessidades dos
Seguindo a definição weberiana, burocracia constitui uma ins- destinatários das políticas públicas, e separando “problemas irre-
tituição moldada por suas estruturas, regras, objetivos e recursos; levantes” dos “problemas relevantes”, que devem ser abordados.
Uma das questões que mais ganhou atenção dos pesquisado- Na fase de formulação de alternativas, os burocratas subsi-
res da ciência política e da administração pública diz respeito à re- diam os políticos com seus conhecimentos técnicos para a formula-
lação entre a política e a burocracia, bem como suas fronteiras de ção e escolha de soluções para os problemas públicos.
atuação. Embora Weber tenha apontado, em um arranjo ideal, que É na fase de implementação que a burocracia tem seu maior
a ação de burocratas e políticos devesse ocorrer de forma comple- papel, transformando valores e orientações políticas em atividades
mentar e que o embate contínuo dessas duas esferas estabeleceria executadas pela administração pública. É também nessa fase de
um equilíbrio na tomada de decisão de forma que o poder fosse implementação das políticas públicas que o corpo burocrático con-
controlado, parte da literatura produziu um entendimento dicotô- segue beneficiar-se de sua posição privilegiada (assimetria informa-
mico entre política e burocracia. tiva, domínio da execução) para interpretar os objetivos da política
O modelo organizacional burocrático, como idealizado por Max pública a favor de seus interesses, de sua comunidade profissional
Weber, deve ser preenchido por um corpo de pessoas qualificadas ou do seu estrato social.
tecnicamente, com atuação politicamente neutra e em benefício Na fase de avaliação das políticas públicas, os burocratas abas-
do bem coletivo. Também faz parte do ideal weberiano a atuação tecem os sistemas de controle com dados relevantes, fornecem
eficiente da burocracia, em que as tarefas são executadas de acor- aos políticos informações sobre o andamento da implementação,
do com prescrições normativas. Implícita na visão weberiana está recebem críticas e sugestões vindas dos destinatários das políticas
a interpretação de que o trabalho do burocrata deve ter o mínimo públicas. Segundo Downs (1967), os burocratas podem ser classifi-
de discricionariedade, de forma a evitar corrupção, favoritismos ou cados em cinco categorias, que variam de acordo com os tipos de
desvirtuamentos dos interesses coletivos. interesse que defendem: - alpinistas: são burocratas pragmáticos,
focados em suas carreiras e que pensam exclusivamente em escalar
A essa visão contrapõe-se uma visão mais positiva do corpo bu- a hierarquia governamental; - conservadores: são burocratas aco-
rocrático, considerado um corpo detentor de conhecimentos, cria- modados, resistentes a mudanças e defensores férreos do status
tividade e, quando bem administrado, capaz de evitar a frustração quo; - devotos: são burocratas fiéis a uma linha de política pública
de políticas públicas mal planejadas. (por exemplo, causa ambiental, energia nuclear etc.) ou a algum
Na teoria da administração pública, dois modelos de gestão valor de fundo das políticas públicas (por exemplo, igualdade, efi-
são considerados antitéticos: o modelo burocrático weberiano, que ciência, flexibilidade) e lutam para que tais valores e políticas pros-
prega os princípios de legalidade e impessoalidade, e o modelo ge- perem na cultura burocrática; - defensores (advocates): são buro-
rencial, que prega conceitos de eficácia e orientação ao cliente/usu- cratas fiéis a uma agência ou organização dentro do setor público
ário dos serviços públicos. e lutam para que esta cresça em tamanho e prestígio; - homens de
Uma das distinções básicas entre esses modelos, no que tange Estado: são burocratas leais à sociedade e ao interesse coletivo e
ao tratamento da burocracia estatal, é o aspecto da discricionarie- obedientes à tradução de vontades políticas em ações. Esses bu-
dade, ou seja, a liberdade de escolha entre alternativas de ação de rocratas correspondem ao ideal weberiano de funcionário público.
que goza o agente público. Mas talvez a categoria mais matizada de burocratas seja aquela que
No modelo burocrático weberiano, a discricionariedade é en- Lipsky resolveu chamar de street level bureaucrats, numa tradução
carada como exceção, uma patologia que deve ser combatida. No literal “burocratas do nível da rua”, ou burocratas de linha de frente.
modelo gerencial, a discricionariedade do burocrata é vista como Esse grupo refere-se aos funcionários da estrutura burocrática da
necessária para aumentar a eficácia da ação pública. administração pública que têm um contato direto com o público, e
No modelo gerencial, os burocratas são vistos como detentores que possuem, informalmente, alto grau de liberdade de decisão, ou
de alguns recursos importantes que possibilitam o aumento da efi- seja, discricionariedade.
cácia das políticas públicas.
Em primeiro lugar, são detentores de conhecimento técnico so- Entram nessa classe os policiais, os assistentes sociais, os
bre o serviço que prestam. Encontram-se nesse grupo policiais, mé- professores, os médicos, os bombeiros e os funcionários de aten-
dicos, contadores, assistentes sociais, professores que conhecem dimento ao público. A importância de identificar tal categoria de
os meandros de suas profissões e, por isso, conseguem entender burocratas está em mostrar que as decisões referentes às etapas
melhor os requisitos essenciais para um bom funcionamento do de construção da agenda, elaboração de alternativas e escolha de
serviço público. alternativas de policy podem ser implementadas diferentemente
Em segundo lugar, são os burocratas que têm o privilégio de es- daquilo que foi programado.
tar mais próximos dos destinatários das políticas públicas, e podem, A autonomia de implementação dos street level bureaucrats
assim, entender melhor seus comportamentos e suas necessidades. pode ir de um nível de superconformidade, nos casos em que os
Em terceiro lugar, os burocratas conhecem o funcionamento da funcionários decidem implementar ao pé da letra uma orientação
máquina estatal melhor que os políticos ou as chefias designadas, política, a níveis de total desobediência às regras.
podendo, dessa forma, desviar de obstáculos práticos na imple- Entre as estratégias usadas pelos burocratas/burocracia, estão:
mentação das políticas públicas. organização do trabalho de acordo com a disponibilidade de recur-
Assim, a influência da burocracia acontece em todas as fases sos da administração pública (número de funcionários, recursos fi-
do ciclo de política pública. nanceiros, tempo), modificação dos objetivos de acordo com a dis-
ponibilidade de recursos, criação de alternativas práticas àquilo que
está descrito nas regulamentações, leis ou prescrições de tarefas
208
EIXO TEMÁTICO 2 - POLÍTICAS PÚBLICAS
para que as políticas públicas sejam implementadas de forma mais Tomada de Decisões 3
coerente com relação às necessidades dos usuários (policytakers) e No processo de elaboração de política pública, a tomada de
da própria administração pública. decisões é vista como a etapa que sucede a formulação de alter-
nativas de solução. A tomada de decisão representa o momento
— Poder, Racionalidade e Tomada de Decisões em que os interesses dos atores são equacionados e as intenções
Poder (objetivos e métodos) de enfrentamento de um problema público
Tipicamente, o poder é visto como a habilidade que determi- são explicitadas.
nado indivíduo tem de fazer com que os outros façam o que ele Existem três formas de entender a dinâmica de escolha de al-
quer que seja feito, se necessário contra a própria vontade deles. O ternativas de solução para problemas públicos:
poder é concebido como a capacidade de agir do indivíduo e tam- - Os tomadores de decisão têm problemas em mãos e correm
bém como a capacidade de determinar o comportamento de outro atrás de soluções: a tomada de decisão ad hoc com base no estudo
indivíduo. É a ação do homem sobre o homem. de alternativas, ou seja, toma-se o problema já estudado, os obje-
tivos já definidos e então busca-se escolher qual alternativa é mais
A Racionalidade pressupõe que escolhas de qualidade a serem apropriada em termos de custo, rapidez, sustentabilidade, equida-
feitas, contemplam complexidade se observadas de forma minu- de ou qualquer outro critério para a tomada de decisão
ciosa, pois requerem uma boa análise da situação e das variáveis
potencialmente influentes. Feito isso, cabe ao gestor selecionar a - Os tomadores de decisão vão ajustando os problemas às so-
melhor alternativa e decidir, cumprindo assim a sua função geren- luções, e as soluções aos problemas: o nascimento do problema,
cial. Portanto, o processo racional envolve a constante comparação o estabelecimento de objetivos e a busca de soluções são eventos
entre os meios alternativos em função dos fins que se procuram simultâneos e ocorrem em um processo de “comparações sucessi-
alcançar. Mais que isso, os indivíduos quando decidem, não o fazem vas limitadas.
por um processo racional de consideração de todas as alternativas,
mas através de simplificações acessíveis à sua própria capacidade - Os tomadores de decisão têm soluções em mãos e correm
mental. atrás de problemas: um empreendedor de política pública já tem
predileção por uma proposta de solução existente, e então luta
Observa-se que há consenso na literatura analisada quanto para inflar um problema na opinião pública e no meio político de
ao entendimento de que tomar uma decisão totalmente racional maneira que sua proposta se transforme em política pública
é uma tarefa praticamente impossível, pois o tomador de decisão Quando uma decisão é tomada, há uma percepção do interes-
não tem condições de possuir conhecimento sobre todas as vari- se geral e dos grupos, que nem sempre são coincidentes. Ao to-
áveis influenciadoras do processo; isso porque, no momento da mar uma decisão são adotados os melhores métodos para que esta
coleta de informações, já se pressupõe a análise inicial das alterna- seja efetivamente levada adiante, na fase de execução. Essa fase
tivas e, também, das prováveis consequências que cada uma pode seguinte de implementação deveria ser automática, mas isso nem
causar. Nesse contexto, Robbins (2005, p. 114) define ‘racionalida- sempre ocorre. Uma decisão ter sido tomada não garante que ela
de limitada’ como a “construção de exemplos simplificados que será́ cumprida. Há inúmeros fatores que impedem a execução das
atraem os aspectos essenciais dos problemas, sem capturar toda decisões adotadas: “o contexto político, o contexto social, a econo-
a sua complexidade”; isso porque o indivíduo não tem condições mia, fatores tecnológicos, étnicos e culturais que podem impedir a
cognitivas para se apropriar de todas as informações que lhe são implementação de uma decisão ou de uma política pública.
oferecidas e, nessa circunstância, somente o que julga importante
é assimilado. a tomada de decisão pode não ter uma relação direta
com a estruturação do processo decisório empregado, ou seja, são
IMPLEMENTAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS:
decisões tomadas muito rapidamente, sem um processo cauteloso
PROBLEMAS, DILEMAS E DESAFIOS. ARRANJOS
e sistemático de análise, sem seguir uma sequência de passos pre-
INSTITUCIONAIS PARA IMPLEMENTAÇÃO DE
determinados, e, no entanto, podem ser tão boas quanto aquelas
POLÍTICAS PÚBLICAS
tomadas de forma consciente e deliberada. Trata-se de minimizar o
problema, dar enfoque e supervalorizar os aspectos mais relevan- Implementação 4
tes ou mais visíveis. Uma vez elaborada a política, processo que conta com
Já, segundo a teoria baseada na racionalidade ilimitada, o pro- participação de políticos e da burocracia pública atuando
cesso decisório passa por etapas, tais como identificação da situa- conjuntamente, ela precisa ser implementada.
ção, entendimento dos objetivos, identificação das possíveis opções A fase de implementação sucede à tomada de decisão e
e escolha da melhor, implementação e análise da decisão (CLEMEN, antecede os primeiros esforços avaliativos. É nesse arco temporal
1996). O processo decisório, bem como sua análise, requer mais que são produzidos os resultados concretos da política pública. A
do que a simples utilização de informações, e implica, em muitos fase de implementação é aquela em que regras, rotinas e processos
casos, na mudança da própria concepção de mundo; pode levar a sociais são convertidos de intenções em ações
nova apreensão da realidade, o que, em geral, não ocorre de for- A implementação, como fase do ciclo de políticas públicas,
ma natural, ou seja, precisa ser aprendido (VLEK, 1984; HOWARD, consiste no desafio de transformar intenções gerais em ações
1988; TORRES JUNIOR e MOURA, 2011). e resultados. Este desafio é potencializado pela crescente
3 Secchi, Leonardo, et al. Políticas Públicas: Conceitos, Casos Práticos,
Questões de Concursos. (3rd edição). Cengage Learning Brasil, 2019
4 Secchi, Leonardo, et al. Políticas Públicas: Conceitos, Casos Práticos,
Questões de Concursos. (3rd edição). Cengage Learning Brasil, 2019
209
EIXO TEMÁTICO 2 - POLÍTICAS PÚBLICAS
210
EIXO TEMÁTICO 2 - POLÍTICAS PÚBLICAS
São medidas especiais e temporárias, tomadas pelo Estado e/ III – erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desi-
ou pela iniciativa privada, espontânea ou compulsoriamente, com gualdades sociais e regionais;
o objetivo de eliminar desigualdades historicamente acumuladas, IV – promover o bem de todos, sem preconceitos de origem,
garantindo a igualdade material. raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.
Suas linhas de atuação abrangem: Um dos princípios que legitimam as ações afirmativas é o da
- a priorização no atendimento de serviços públicos como edu- proporcionalidade, por ser o principal instrumento assecuratório na
cação e saúde; promoção da igualdade, razão pela qual se faz indispensável seu
- a proteção social e empregabilidade; estudo neste trabalho e seus impactos na sociedade. O princípio da
- o reconhecimento legal de suas tradições culturais e o fomen- proporcionalidade vem a interferir nas relações humanas, na razão
to à sua continuidade; em que por meio dele pode-se garantir a legitimidade formal e ma-
- o combate ao preconceito sofrido por caminhos jurídicos, po- terial dos indivíduos, traduzida na isonomia que objetiva dirimir as
líticos e sociais. desigualdades sociais resultados da dependência cultural, econô-
mica, política e religiosa dos homens ditos “mais fracos”.
O termo, ação afirmativa, foi utilizado pela primeira vez nos
EUA, na década de 1960, referindo-se a políticas governamentais Podemos citar como políticas afirmativas:
voltadas para combater-se a desigualdade entre brancos e negros. - Acesso à educação por meio de cotas.
As ações afirmativas são políticas públicas focalizadas que bus- As cotas para pessoas com deficiência no serviço público são
cam minorar a desigualdade política, social e econômica entre gru- consagradas pela Constituição de 88. O respectivo direito ainda é
pos de uma sociedade. Esse tipo de ação faz-se necessário quando estabelecido pela Lei nº 12.711/2012.
a assimetria de oportunidades entre grupos sociais deriva de suas
características culturais, fenotípicas, biológicas ou de injustiças his- A Constituição Cidadã também assegura os direitos dos povos
tóricas, comuns em sociedades que sofreram processos de coloni- originários.
zação escravocrata, segregação racial, guerras civis. Ações afirma- Em 2007, o Governo Federal instituiu a Política Nacional de De-
tivas também são fundamentais em sociedades multiculturais ou senvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais,
com intensos fluxos migratórios. que reconhece formalmente as especificidades desses grupos e ga-
rante seus direitos territoriais e socioeconômicos e a valorização de
A premissa básica das ações afirmativas é promover igualdade sua cultura.
de acesso a oportunidades. As ações afirmativas propõem o trata-
mento desigual aos desiguais para a construção de uma distribuição - Determinação de cotas mínimas de participação na política
equitativa de bens e oportunidades. São importantes mecanismos Esse fato foi modificado com a lei nº 12.034/2019 que acres-
para a ampliação da mobilidade social ascendente. centou um caráter obrigatório ao cumprimento da norma ao reser-
As ações afirmativas possuem como objetivo a concretização var o percentual de 30% das vagas para candidatura destinados a
do princípio constitucional da igualdade material é também chama- um dos sexos fazendo com que a participação das mulheres na polí-
da de igualdade efetiva ou substancial. É a igualdade que se preo- tica venha crescendo gradualmente nos últimos anos.
cupa com a realidade. Traduz-se na seguinte expressão: “Tratar os As ações afirmativas para ampliar a participação feminina na
iguais de forma igual, os desiguais de forma desigual, na medida de política existem desde a década de 1990, mas sem conseguir gran-
suas desigualdades.” des resultados nas décadas seguintes. Em 2018, o STF garantiu que
A igualdade formal, por sua vez, é a regra utilizada pelo Estado 30% do fundo partidário sejam destinados a candidaturas femini-
para conferir um tratamento isonômico. Entretanto, algumas vezes, nas.
um tratamento igualitário não consegue atender a todas as neces-
sidades. Faz-se necessária a utilização da Igualdade em seu aspec- Com o advento do Estatuto da Igualdade Racial (Lei nº
to material para que se possa produzir um verdadeiro tratamento 12.288/10), se estabeleceu inovação sobre as ações afirmativas no
isonômico. mercado de trabalho no setor público e como de “incentivo” no
âmbito privado, cujas regras deveriam observar o princípio da pro-
As ações afirmativas permitem, ainda que de forma reduzida, porcionalidade de gênero.
que os caminhos percorridos por indivíduos de determinados gru- Dentre as ações afirmativas no Brasil para a população negra,
pos sejam frutos de sua escolha, e não de suas circunstâncias. As podemos citar:
ações afirmativas abarcam a promoção dos direitos civis, a emanci- - o Estatuto da Igualdade Racial
pação material e a valorização de patrimônio cultural. - a Lei de Cotas no Ensino Superior
A promulgação da Constituição Federal de 1988, estabeleceu o - s Leis 10.639/03 e 11.645/08
princípio da dignidade da pessoa humana, conforme estabelece o
artigo 1º, inciso III da Carta Magna bem como o da igualdade, esta- A Lei nº 12.990/14 estabelece a competência do órgão de
belecido no caput do artigo 5º. igualdade étnica para realizar o acompanhamento, avaliação e a di-
vulgação dos dados sobre política de reservas de vagas do ingresso
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Fede- no sistema dos cargos públicos.
rativa do Brasil: Até 2014 não se tinha notícia de cumprimento das políticas de
I – construir uma sociedade livre, justa e solidária; ação afirmativa previstas nas Portarias Ministeriais e no Decreto
II – garantir o desenvolvimento nacional; Presidencial; com o advento da Lei nº 12.990, passou a existir um
sistema de cotas em concursos públicos, porém apenas em nível de
211
EIXO TEMÁTICO 2 - POLÍTICAS PÚBLICAS
Administração Pública Federal, excluindo os Poderes Legislativo e cípios brasileiros é o Fundo Municipal de Saúde, que é um instru-
Judiciário e os demais entes da Federação. mento legal, de natureza contábil, orçamentária e financeira, cujo
objetivo é gerir centralizadamente, com racionalidade e transpa-
As ações afirmativas desempenham seu papel de harmoniza- rência, a totalidade dos recursos da saúde do Município. Conforme
rem direitos e de corrigir distorções que se arrastaram no tempo, as diretrizes do SUS, os recursos que se destinam ao financiamento
ou seja, têm o intuito de garantir a inclusão social das classes me- de ações e serviços de saúde deverão compor esse fundo, a ser ge-
nos favorecidas como forma de garantir a tais pessoas direitos fun- rido de forma democrática e transparente, pelo gestor municipal da
damentais, garantias a elas inerentes enquanto seres humanos. A saúde, sob fiscalização da sociedade organizada, representada no
adoção de políticas Conselho Municipal de Saúde.
públicas para redução das desigualdades em relação aos afro-
descendentes remete a uma dívida histórica. Essas políticas devem Os Consórcios Públicos consistem em estruturas de articulação
acima de tudo serem entendidas como uma forma de transforma- federativa que possibilitam ações de cooperação intergovernamen-
ção social e criação de novas realidades onde a igualdade, a equida- tal e gestão compartilhada de responsabilidades públicas, forta-
de e a justiça social estejam presentes possibilitando a participação, lecendo a administração dos governos locais. Em outras palavras,
a inclusão e o respeito as diversidades no serviço público. consórcios públicos nada mais são do que um agrupamento de go-
vernos que se unem para prestar determinado serviço em conjunto.
Permitir que pessoas com origens e vivências distintas parti- No caso dos consórcios públicos que são integrados exclusiva-
cipem da construção do conhecimento acadêmico, da formulação mente por prefeituras, atribui-se o nome “intermunicipal”. Todavia,
e operação das leis, das funções de Estado, da associação política, também são permitidos consórcios “interestaduais”, e até mesmo
das diversas posições hierárquicas no mercado de trabalho, signifi- consórcios híbridos, que contam com membros municipais, estadu-
ca construir o caminho para que o perfil demográfico da sociedade ais e em certos casos até com a União. Os municípios que integram
seja representado em todas as suas atividades produtivas e decisó- um consórcio também não precisam ser limítrofes, havendo a pos-
rias e que essas sejam consideradas legítimas perante a população sibilidade de agrupamento independente da proximidade geográ-
como um todo. fica e até mesmo do estado. Os consórcios podem ainda ser dife-
renciados com relação à sua natureza jurídica, existindo tanto os de
As políticas públicas exercem no atual Estado Democrático de direito público, que integram os municípios de maneira autárquica,
Direito papel de fundamental importância no sentido de garantir a quanto os de direito privado, que se enquadram como associações
inclusão social e, por conseguinte o pleno exercício da cidadania. privadas para fins não econômicos.
Dentre os benefícios desse tipo de estrutura, podemos citar:
Em 2012, o Supremo Tribunal Federal decidiu por unanimidade - Redução de custos fixos de certa operação,
que as ações afirmativas são constitucionais e de suma importância - Ganho de escala,
na correção das desigualdades. - Fortalecimento da gestão local,
- Melhora na qualidade dos serviços prestados.
INSTRUMENTOS E ALTERNATIVAS DE A experiência dos consórcios públicos é sem dúvidas uma
IMPLEMENTAÇÃO, COMO FUNDOS, CONSÓRCIOS E pertinente alternativa para o fortalecimento e para o aumento da
TRANSFERÊNCIAS OBRIGATÓRIAS capacidade de formulação e implementação de políticas públicas
por parte dos governos locais. Além das vantagens operacionais da
A Constituição Federal define modalidades de repasses de re- atuação consorciada, é importante destacar o fundamental papel
cursos da União para Estados, Distrito Federal ou Municípios. de articulação interfederativa. Ao unirem-se em agrupamentos, os
Visando dotar de maior transparência a gestão financeira rela- municípios facilitam a comunicação com as demais esferas federati-
cionada à execução de políticas pública, foram instituídos os fundos vas, sejam os estados ou a União.
especiais de gestão dos recursos financeiros foi instituída levando
em consideração tanto o aspecto da descentralização político-admi- As Transferências Obrigatórias decorrem de previsão da Cons-
nistrativa, como também da autonomia administrativa e a agilidade tituição Federal de 19881.
do processo decisório que o fundo possibilita, além de ordenar a Sobre as Transferências Obrigatórias como instrumentos de
gestão da política de forma a lhe garantir recursos necessários. implementação de políticas públicas municipais no Brasil, pode-se
Os fundos especiais são mecanismos de financiamento das po- asseverar que o Fundo de Participação dos Municípios é uma trans-
líticas pública. A baixa efetivação desses fundos pode ser remetida ferência obrigatória incondicional.
à pouca compreensão sobre o processo orçamentário e as normas O FPM - Fundo de Participação dos Municípios é uma trans-
de financiamento das políticas públicas sociais, tanto no que diz res- ferência redistributiva, paga pela União a todos os municípios do
peito à legislação e aos procedimentos para inclusão das demandas País. Como ilustrado, é de uso incondicional, obrigatória e sem con-
da área no orçamento, quanto à própria compreensão da peça or- trapartida. Trata-se da segunda maior categoria de transferências,
çamentária e dos instrumentos e processos de prestação de contas. perdendo apenas para o repasse do ICMS dos estados para os mu-
Os esforços para alteração desse quadro devem ser ampliados, vi- nicípios.
sando aumentar a “participação da população na definição do mon-
tante dos recursos públicos para a área social e dos critérios de re-
passe dos mesmos para a rede prestadora de serviços à população”.
Um exemplo, de um fundo dos mais disseminados pelos muni-
212
EIXO TEMÁTICO 2 - POLÍTICAS PÚBLICAS
213
EIXO TEMÁTICO 2 - POLÍTICAS PÚBLICAS
- O direito de petição é definido como o direito dado a qual- público estatal em práticas que dizem respeito à gestão de bens
quer pessoa que invocar a atenção dos poderes públicos sobre uma públicos. Os Conselhos constituem, neste novo milênio, a principal
questão ou uma situação. novidade em termos e políticas públicas.
Os conselhos têm o caráter público e deliberativo, devendo
- Ação popular é o meio processual a que tem direito qualquer funcionar como instâncias deliberativas com competência legal
cidadão que deseje questionar judicialmente a validade de atos que para formular políticas e fiscalizar a sua implementação, garantindo
considera lesivos ao patrimônio público, à moralidade administrati- assim a democratização da gestão.
va, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural
— Mecanismos Legais e Institucionais de Ampliação, Diver-
A Participação social desenvolve o diálogo entre administração sificação e Garantia de Direitos Individuais, Coletivos e Difusos.
pública federal e sociedade civil, com o objetivo de promover a inte- Controle Social
ração, a divulgação de conteúdos relacionados às políticas públicas.
As audiências públicas encontram seu principal fundamento
Um dos objetivos da gestão pública é atingir resultados positi- na Constituição Federal, no art. 1º, que prevê a soberania popular.
vos no que tange à prestação de serviços à população. Neste mecanismo a democracia é exercida diretamente, visto que
Para que a gestão pública possa atingir os resultados positivos o cidadão pessoalmente ou por organizações sociais representati-
que almeja, isto é, eficiência e eficácia na prestação de serviços à vas tem a oportunidade de apresentar propostas, tomar ciência de
população, é necessário que haja uma integração entre as quatro fatos, ações estratégicas, planejamento e prestação de contas, ou
funções ou processos fundamentais que a compõem: planejamen- ainda, reivindicar direitos. O principal requisito para que seja desig-
to, organização, execução e controle, conforme demonstra a figura nada uma audiência pública é a relevância da questão, entendida
a seguir. como a importância e o interesse coletivo, a exemplo de questões
que envolvem o meio ambiente.
Organização Esses conselhos são mecanismos legais e institucionais de con-
A organização de processos é uma prática com o objetivo de trole social da política no Brasil, com origem em experiências de
compreender todas as atividades executadas dentro de uma em- caráter informal sustentadas por movimentos sociais, iniciados com
presa em relação ao desenvolvimento e desempenho. a Constituinte de 1988 e depois por meio de leis. Sendo assim, os
Ou seja, trata-se do controle e gestão dos processos para pro- Conselhos de Políticas Públicas devem ser constituídos nas esferas
mover melhorias na administração que auxiliem nas metas e obje- da União, estados e municípios.
tivos da empresa. Os institutos previstos na Constituição para o controle e efeti-
vação dos direitos sociais constituem-se como espaços favoráveis
A importância da organização e gestão de processos ajuda as para o exercício político, visto que representam, do ponto de vista
organizações a avançarem em direção à transformação digital e a legal, uma iniciativa que torna possível, por exemplo, o estabele-
atingir metas organizacionais maiores. cimento de novos fóruns de participação e novas formas de con-
vivência entre o Estado e a sociedade civil, investido aos cidadãos
Entre os principais benefícios da organização dos processos es- prerrogativas fiscalizadoras e deliberativas. Controle social, nesse
tão: ínterim, tem o sentido de controle da sociedade civil sobre as ações
do Estado, especialmente no âmbito das políticas públicas sociais.
Agilidade de negócios
É necessário alterar e otimizar a organização de processos de - Controle Social 7
negócios para acompanhar as condições do mercado. Implementar Falar de controle social é tratar da participação da sociedade
mudanças e alterar fluxos de trabalho permite que os processos de na administração pública, na definição de diretrizes, na avaliação da
negócios se tornem mais responsivos. conduta dos agentes públicos, na gestão das políticas públicas, en-
fim, na participação efetiva da sociedade em tudo aquilo que direta
Custos reduzidos e receitas maiores ou indiretamente afeta o bem-estar comum. O Controle social con-
A organização de processos elimina gargalos, o que reduz sig- siste no poder dos cidadãos para fiscalizar a ação do Estado, exigin-
nificativamente os custos ao longo do tempo. Um exemplo disso do que o governo preste contas sobre o uso dos recursos públicos.
pode ser um aumento na entrega de produtos e serviços, dando O controle exercido pela sociedade é elemento de fundamental
aos clientes acesso rápido a suas soluções e, consequentemente, importância ao estímulo de práticas corretas pelos atores sociais, e,
levando ao aumento das vendas e receitas. por conseguinte, é instrumento inibidor de desvios e abusos no tra-
to da coisa pública, além de propiciador da inclusão social. O con-
Mais Eficiência trole popular ou social é decorrência do primado da democracia.
A integração dos processos de negócios traz o potencial de me-
lhoria de ponta a ponta na eficiência. Com as informações corre- Além do efetivo controle feito pela opinião pública, que acaba
tas, os responsáveis podem monitorar de perto os atrasos e alocar exercendo pressão no governo, há órgãos que possuem atribuições
recursos adicionais, se necessário. A automação de processos, por específicas para receber reclamações, como as ouvidorias, e me-
exemplo, aumenta a eficiência dos negócios. canismos de participação ou influência do povo na condução dos
assuntos políticos, como, por exemplo:
— Conselhos, Conferências e Outros Fóruns. •a ação popular;
Os Conselhos de Políticas Públicas são canais de participação 7 Nohara, Irene Patrícia D. Direito Administrativo. (11th edição).
que articulam representantes da população e membros do poder Grupo GEN, 2022
214
EIXO TEMÁTICO 2 - POLÍTICAS PÚBLICAS
Métodos de Avaliação
AVALIAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS; PRINCIPAIS – Coleta de Dados: isso envolve obter informações pertinentes
COMPONENTES DO PROCESSO DE AVALIAÇÃO; por meio de entrevistas, pesquisas e análise de documentos, entre
CUSTO-BENEFÍCIO, ESCALA, EFETIVIDADE, IMPACTO outras fontes.
DAS POLÍTICAS PÚBLICAS – Análise Estatística: é necessária em muitas avaliações para
comparar resultados e encontrar relações de causa e efeito.
A avaliação de políticas e programas sociais na administração – Avaliação Qualitativa: para obter informações contextuais,
pública é fundamental para entender sua eficácia, eficiência e im- a avaliação qualitativa pode incluir entrevistas, estudos de caso e
pacto na sociedade. Aqui estão alguns pontos-chave sobre esse análises de narrativas.
processo: – Benchmarking: a comparação com padrões e melhores práti-
cas é comum para avaliar o desempenho.
— Avaliação das Políticas Públicas
É o processo de analisar e avaliar criticamente as políticas pú- Divulgação dos Resultados
blicas para determinar se elas estão sendo eficazes e alcançando os Os resultados da avaliação devem ser comunicados de forma
resultados esperados. A avaliação é feita para garantir que as políti- compreensível e fácil de entender para os tomadores de decisão,
cas sejam ajustadas e aprimoradas de acordo com as necessidades. partes interessadas e público em geral.
Em suma, o planejamento e a avaliação são mecanismos essen- Os resultados, sugestões e lições aprendidas são discutidos nos
ciais para garantir que as políticas públicas sejam baseadas em evi- relatórios de avaliação.
dências, adaptáveis às necessidades da sociedade e responsáveis Para garantir que as conclusões da avaliação sejam usadas na
perante os cidadãos. Eles contribuem para a transparência, pres- tomada de decisões, os resultados devem ser comunicados de for-
tação de contas e melhoria constante das ações governamentais, ma eficaz.
promovendo o bem-estar e a qualidade de vida da população.
Ciclo de Avaliação
A avaliação faz parte do ciclo de aprendizado e gestão e não é
um evento único. Novos exames podem ser necessários para avaliar
o progresso porque as conclusões da avaliação são usadas na toma-
da de decisões e no desenvolvimento de novas estratégias.
215
EIXO TEMÁTICO 2 - POLÍTICAS PÚBLICAS
Além disso, a avaliação é uma ferramenta poderosa para ga- go destinar-se-ão a investimentos na rede de serviços, à cobertura
rantir que os programas e projetos atinjam seus objetivos, sejam assistencial ambulatorial e hospitalar e às demais ações de saúde.
eficientes e contribuam para o bem-estar da sociedade. Ele é essen- Art. 3° Os recursos referidos no inciso IV do art. 2° desta lei se-
cial para uma gestão eficaz e responsabilidade no uso de recursos rão repassados de forma regular e automática para os Municípios,
públicos e privados. Estados e Distrito Federal, de acordo com os critérios previstos no
art. 35 da Lei n° 8.080, de 19 de setembro de 1990.
§ 1° Enquanto não for regulamentada a aplicação dos critérios
PARTICIPAÇÃO DA COMUNIDADE NA GESTÃO DO previstos no art. 35 da Lei n° 8.080, de 19 de setembro de 1990,
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS), LEI Nº 8142/1990 E será utilizado, para o repasse de recursos, exclusivamente o critério
ALTERAÇÕES estabelecido no § 1° do mesmo artigo. (Vide Lei nº 8.080, de 1990)
§ 2° Os recursos referidos neste artigo serão destinados, pelo
LEI Nº 8.142, DE 28 DE DEZEMBRO DE 1990 menos setenta por cento, aos Municípios, afetando-se o restante
aos Estados.
Dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do Sis- § 3° Os Municípios poderão estabelecer consórcio para execu-
tema Único de Saúde (SUS) e sobre as transferências intergover- ção de ações e serviços de saúde, remanejando, entre si, parcelas
namentais de recursos financeiros na área da saúde e dá outras de recursos previstos no inciso IV do art. 2° desta lei.
providências. Art. 4° Para receberem os recursos, de que trata o art. 3° desta
lei, os Municípios, os Estados e o Distrito Federal deverão contar
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Congresso Na- com:
cional decreta e eu sanciono a seguinte lei: I - Fundo de Saúde;
II - Conselho de Saúde, com composição paritária de acordo
Art. 1° O Sistema Único de Saúde (SUS), de que trata a Lei n° com o Decreto n° 99.438, de 7 de agosto de 1990;
8.080, de 19 de setembro de 1990, contará, em cada esfera de go- III - plano de saúde;
verno, sem prejuízo das funções do Poder Legislativo, com as se- IV - relatórios de gestão que permitam o controle de que trata o
guintes instâncias colegiadas: § 4° do art. 33 da Lei n° 8.080, de 19 de setembro de 1990;
I - a Conferência de Saúde; e V - contrapartida de recursos para a saúde no respectivo orça-
II - o Conselho de Saúde. mento;
§ 1° A Conferência de Saúde reunir-se-á a cada quatro anos VI - Comissão de elaboração do Plano de Carreira, Cargos e Sa-
com a representação dos vários segmentos sociais, para avaliar a si- lários (PCCS), previsto o prazo de dois anos para sua implantação.
tuação de saúde e propor as diretrizes para a formulação da política Parágrafo único. O não atendimento pelos Municípios, ou pelos
de saúde nos níveis correspondentes, convocada pelo Poder Execu- Estados, ou pelo Distrito Federal, dos requisitos estabelecidos neste
tivo ou, extraordinariamente, por esta ou pelo Conselho de Saúde. artigo, implicará em que os recursos concernentes sejam adminis-
§ 2° O Conselho de Saúde, em caráter permanente e delibe- trados, respectivamente, pelos Estados ou pela União.
rativo, órgão colegiado composto por representantes do governo, Art. 5° É o Ministério da Saúde, mediante portaria do Ministro
prestadores de serviço, profissionais de saúde e usuários, atua na de Estado, autorizado a estabelecer condições para aplicação desta
formulação de estratégias e no controle da execução da política de lei.
saúde na instância correspondente, inclusive nos aspectos econô- Art. 6° Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
micos e financeiros, cujas decisões serão homologadas pelo chefe Art. 7° Revogam-se as disposições em contrário.
do poder legalmente constituído em cada esfera do governo.
§ 3° O Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e o Brasília, 28 de dezembro de 1990; 169° da Independência e
Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (Conasems) 102° da República.
terão representação no Conselho Nacional de Saúde.
§ 4° A representação dos usuários nos Conselhos de Saúde e ORGANIZAÇÃO DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS),
Conferências será paritária em relação ao conjunto dos demais seg- DECRETO 7.508/2011 E ALTERAÇÕES
mentos.
§ 5° As Conferências de Saúde e os Conselhos de Saúde terão
sua organização e normas de funcionamento definidas em regimen- DECRETO Nº 7.508, DE 28 DE JUNHO DE 2011.
to próprio, aprovadas pelo respectivo conselho.
Art. 2° Os recursos do Fundo Nacional de Saúde (FNS) serão Regulamenta a Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990, para
alocados como: dispor sobre a organização do Sistema Único de Saúde - SUS, o pla-
I - despesas de custeio e de capital do Ministério da Saúde, seus nejamento da saúde, a assistência à saúde e a articulação Inter fe-
órgãos e entidades, da administração direta e indireta; derativa, e dá outras providências.
II - investimentos previstos em lei orçamentária, de iniciativa do
Poder Legislativo e aprovados pelo Congresso Nacional; A PRESIDENTA DA REPÚBLICA , no uso da atribuição que lhe
III - investimentos previstos no Plano Qüinqüenal do Ministério confere o art. 84, inciso IV, da Constituição, e tendo em vista o dis-
da Saúde; posto na Lei nº 8.080, 19 de setembro de 1990,
IV - cobertura das ações e serviços de saúde a serem imple-
mentados pelos Municípios, Estados e Distrito Federal.
Parágrafo único. Os recursos referidos no inciso IV deste arti-
216
EIXO TEMÁTICO 2 - POLÍTICAS PÚBLICAS
DECRETA: SEÇÃO I
DAS REGIÕES DE SAÚDE
CAPÍTULO I
DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES Art. 4º As Regiões de Saúde serão instituídas pelo Estado, em
articulação com os Municípios, respeitadas as diretrizes gerais pac-
Art. 1º Este Decreto regulamenta a Lei nº 8.080, de 19 de se- tuadas na Comissão Intergestores Tripartite - CIT a que se refere o
tembro de 1990, para dispor sobre a organização do Sistema Único inciso I do art. 30.
de Saúde - SUS, o planejamento da saúde, a assistência à saúde e a § 1º Poderão ser instituídas Regiões de Saúde interestaduais,
articulação Inter federativa. compostas por Municípios limítrofes, por ato conjunto dos respec-
Art. 2º Para efeito deste Decreto, considera-se: tivos Estados em articulação com os Municípios.
I - Região de Saúde - espaço geográfico contínuo constituído § 2º A instituição de Regiões de Saúde situadas em áreas de
por agrupamentos de Municípios limítrofes, delimitado a partir de fronteira com outros países deverá respeitar as normas que regem
identidades culturais, econômicas e sociais e de redes de comunica- as relações internacionais.
ção e infraestrutura de transportes compartilhados, com a finalida- Art. 5º Para ser instituída, a Região de Saúde deve conter, no
de de integrar a organização, o planejamento e a execução de ações mínimo, ações e serviços de:
e serviços de saúde; I - atenção primária;
II - Contrato Organizativo da Ação Pública da Saúde - acordo II - urgência e emergência;
de colaboração firmado entre entes federativos com a finalidade III - atenção psicossocial;
de organizar e integrar as ações e serviços de saúde na rede regio- IV - atenção ambulatorial especializada e hospitalar; e
nalizada e hierarquizada, com definição de responsabilidades, indi- V - vigilância em saúde.
cadores e metas de saúde, critérios de avaliação de desempenho, Parágrafo único. A instituição das Regiões de Saúde observará
recursos financeiros que serão disponibilizados, forma de controle cronograma pactuado nas Comissões Intergestores.
e fiscalização de sua execução e demais elementos necessários à Art. 6º As Regiões de Saúde serão referência para as transferên-
implementação integrada das ações e serviços de saúde; cias de recursos entre os entes federativos.
III - Portas de Entrada - serviços de atendimento inicial à saúde Art. 7º As Redes de Atenção à Saúde estarão compreendidas no
do usuário no SUS; âmbito de uma Região de Saúde, ou de várias delas, em consonân-
IV - Comissões Intergestores - instâncias de pactuação consen- cia com diretrizes pactuadas nas Comissões Intergestores .
sual entre os entes federativos para definição das regras da gestão Parágrafo único. Os entes federativos definirão os seguintes
compartilhada do SUS; elementos em relação às Regiões de Saúde:
V - Mapa da Saúde - descrição geográfica da distribuição de I - seus limites geográficos;
recursos humanos e de ações e serviços de saúde ofertados pelo II - população usuária das ações e serviços;
SUS e pela iniciativa privada, considerando-se a capacidade instala- III - rol de ações e serviços que serão ofertados; e
da existente, os investimentos e o desempenho aferido a partir dos IV - respectivas responsabilidades, critérios de acessibilidade e
indicadores de saúde do sistema; escala para conformação dos serviços.
VI - Rede de Atenção à Saúde - conjunto de ações e serviços
de saúde articulados em níveis de complexidade crescente, com a SEÇÃO II
finalidade de garantir a integralidade da assistência à saúde; DA HIERARQUIZAÇÃO
VII - Serviços Especiais de Acesso Aberto - serviços de saúde
específicos para o atendimento da pessoa que, em razão de agravo Art. 8º O acesso universal, igualitário e ordenado às ações e
ou de situação laboral, necessita de atendimento especial; e serviços de saúde se inicia pelas Portas de Entrada do SUS e se com-
VIII - Protocolo Clínico e Diretriz Terapêutica - documento que pleta na rede regionalizada e hierarquizada, de acordo com a com-
estabelece: critérios para o diagnóstico da doença ou do agravo à plexidade do serviço.
saúde; o tratamento preconizado, com os medicamentos e demais Art. 9º São Portas de Entrada às ações e aos serviços de saúde
produtos apropriados, quando couber; as posologias recomenda- nas Redes de Atenção à Saúde os serviços:
das; os mecanismos de controle clínico; e o acompanhamento e I - de atenção primária;
a verificação dos resultados terapêuticos, a serem seguidos pelos II - de atenção de urgência e emergência;
gestores do SUS. III - de atenção psicossocial; e
IV - especiais de acesso aberto.
CAPÍTULO II Parágrafo único. Mediante justificativa técnica e de acordo com
DA ORGANIZAÇÃO DO SUS o pactuado nas Comissões Intergestores, os entes federativos po-
derão criar novas Portas de Entrada às ações e serviços de saúde,
Art. 3º O SUS é constituído pela conjugação das ações e ser- considerando as características da Região de Saúde.
viços de promoção, proteção e recuperação da saúde executados Art. 10. Os serviços de atenção hospitalar e os ambulatoriais
pelos entes federativos, de forma direta ou indireta, mediante a especializados, entre outros de maior complexidade e densidade
participação complementar da iniciativa privada, sendo organizado tecnológica, serão referenciados pelas Portas de Entrada de que
de forma regionalizada e hierarquizada. trata o art. 9º .
Art. 11. O acesso universal e igualitário às ações e aos serviços
de saúde será ordenado pela atenção primária e deve ser fundado
na avaliação da gravidade do risco individual e coletivo e no critério
cronológico, observadas as especificidades previstas para pessoas
217
EIXO TEMÁTICO 2 - POLÍTICAS PÚBLICAS
218
EIXO TEMÁTICO 2 - POLÍTICAS PÚBLICAS
consonância com a RENAME, respeitadas as responsabilidades dos ção à Saúde, de acordo com o seu porte demográfico e seu desen-
entes pelo financiamento de medicamentos, de acordo com o pac- volvimento econômico-financeiro, estabelecendo as responsabili-
tuado nas Comissões Intergestores. dades individuais e as solidárias; e
Art. 28. O acesso universal e igualitário à assistência farmacêu- V - referências das regiões intraestaduais e interestaduais de
tica pressupõe, cumulativamente: atenção à saúde para o atendimento da integralidade da assistên-
I - estar o usuário assistido por ações e serviços de saúde do cia.
SUS; Parágrafo único. Serão de competência exclusiva da CIT a pac-
II - ter o medicamento sido prescrito por profissional de saúde, tuação:
no exercício regular de suas funções no SUS; I - das diretrizes gerais para a composição da RENASES;
III - estar a prescrição em conformidade com a RENAME e os II - dos critérios para o planejamento integrado das ações e ser-
Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas ou com a relação es- viços de saúde da Região de Saúde, em razão do compartilhamento
pecífica complementar estadual, distrital ou municipal de medica- da gestão; e
mentos; e III - das diretrizes nacionais, do financiamento e das questões
IV - ter a dispensação ocorrido em unidades indicadas pela di- operacionais das Regiões de Saúde situadas em fronteiras com ou-
reção do SUS. tros países, respeitadas, em todos os casos, as normas que regem
§ 1º Os entes federativos poderão ampliar o acesso do usuário as relações internacionais.
à assistência farmacêutica, desde que questões de saúde pública o
justifiquem. SEÇÃO II
§ 2º O Ministério da Saúde poderá estabelecer regras diferen- DO CONTRATO ORGANIZATIVO DA AÇÃO PÚBLICA DA SAÚDE
ciadas de acesso a medicamentos de caráter especializado.
Art. 29. A RENAME e a relação específica complementar es- Art. 33. O acordo de colaboração entre os entes federativos
tadual, distrital ou municipal de medicamentos somente poderão para a organização da rede Inter federativa de atenção à saúde será
conter produtos com registro na Agência Nacional de Vigilância Sa- firmado por meio de Contrato Organizativo da Ação Pública da Saú-
nitária - ANVISA. de.
Art. 34. O objeto do Contrato Organizativo de Ação Pública da
CAPÍTULO V Saúde é a organização e a integração das ações e dos serviços de
DA ARTICULAÇÃO INTERFEDERATIVA saúde, sob a responsabilidade dos entes federativos em uma Região
de Saúde, com a finalidade de garantir a integralidade da assistên-
SEÇÃO I cia aos usuários.
DAS COMISSÕES INTERGESTORES Parágrafo único. O Contrato Organizativo de Ação Pública da
Saúde resultará da integração dos planos de saúde dos entes fede-
Art. 30. As Comissões Intergestores pactuarão a organização e rativos na Rede de Atenção à Saúde, tendo como fundamento as
o funcionamento das ações e serviços de saúde integrados em re- pactuações estabelecidas pela CIT.
des de atenção à saúde, sendo: Art. 35. O Contrato Organizativo de Ação Pública da Saúde de-
I - a CIT, no âmbito da União, vinculada ao Ministério da Saúde finirá as responsabilidades individuais e solidárias dos entes fede-
para efeitos administrativos e operacionais; rativos com relação às ações e serviços de saúde, os indicadores
II - a CIB, no âmbito do Estado, vinculada à Secretaria Estadual e as metas de saúde, os critérios de avaliação de desempenho, os
de Saúde para efeitos administrativos e operacionais; e recursos financeiros que serão disponibilizados, a forma de controle
III - a Comissão Intergestores Regional - CIR, no âmbito regio- e fiscalização da sua execução e demais elementos necessários à
nal, vinculada à Secretaria Estadual de Saúde para efeitos adminis- implementação integrada das ações e serviços de saúde.
trativos e operacionais, devendo observar as diretrizes da CIB. § 1º O Ministério da Saúde definirá indicadores nacionais de
Art. 31. Nas Comissões Intergestores, os gestores públicos de garantia de acesso às ações e aos serviços de saúde no âmbito do
saúde poderão ser representados pelo Conselho Nacional de Secre- SUS, a partir de diretrizes estabelecidas pelo Plano Nacional de Saú-
tários de Saúde - CONASS, pelo Conselho Nacional de Secretarias de.
Municipais de Saúde - CONASEMS e pelo Conselho Estadual de Se- § 2º O desempenho aferido a partir dos indicadores nacionais
cretarias Municipais de Saúde - COSEMS. de garantia de acesso servirá como parâmetro para avaliação do de-
Art. 32. As Comissões Intergestores pactuarão: sempenho da prestação das ações e dos serviços definidos no Con-
I - aspectos operacionais, financeiros e administrativos da ges- trato Organizativo de Ação Pública de Saúde em todas as Regiões
tão compartilhada do SUS, de acordo com a definição da política de de Saúde, considerando-se as especificidades municipais, regionais
saúde dos entes federativos, consubstanciada nos seus planos de e estaduais.
saúde, aprovados pelos respectivos conselhos de saúde; Art. 36. O Contrato Organizativo da Ação Pública de Saúde con-
II - diretrizes gerais sobre Regiões de Saúde, integração de limi- terá as seguintes disposições essenciais:
tes geográficos, referência e contrarreferência e demais aspectos I - identificação das necessidades de saúde locais e regionais;
vinculados à integração das ações e serviços de saúde entre os en- II - oferta de ações e serviços de vigilância em saúde, promo-
tes federativos; ção, proteção e recuperação da saúde em âmbito regional e inter-
III - diretrizes de âmbito nacional, estadual, regional e interes- -regional;
tadual, a respeito da organização das redes de atenção à saúde, III - responsabilidades assumidas pelos entes federativos pe-
principalmente no tocante à gestão institucional e à integração das rante a população no processo de regionalização, as quais serão
ações e serviços dos entes federativos; estabelecidas de forma individualizada, de acordo com o perfil, a
IV - responsabilidades dos entes federativos na Rede de Aten- organização e a capacidade de prestação das ações e dos serviços
219
EIXO TEMÁTICO 2 - POLÍTICAS PÚBLICAS
de cada ente federativo da Região de Saúde; Algumas das principais políticas do SUS incluem:
IV - indicadores e metas de saúde; – Política Nacional de Atenção Básica (PNAB): essa política visa
V - estratégias para a melhoria das ações e serviços de saúde; fortalecer a atenção primária à saúde como porta de entrada do
VI - critérios de avaliação dos resultados e forma de monitora- sistema, com foco na promoção da saúde, prevenção de doenças,
mento permanente; tratamento de doenças comuns e acompanhamento contínuo das
VII - adequação das ações e dos serviços dos entes federativos condições de saúde dos usuários.
em relação às atualizações realizadas na RENASES; – Política Nacional de Saúde da Mulher: destinada à promoção
VIII - investimentos na rede de serviços e as respectivas respon- da saúde integral das mulheres, abrange ações de saúde sexual e
sabilidades; e reprodutiva, pré-natal, parto humanizado, planejamento familiar,
IX - recursos financeiros que serão disponibilizados por cada entre outras medidas de atenção à saúde da mulher em todas as
um dos partícipes para sua execução. fases da vida.
Parágrafo único. O Ministério da Saúde poderá instituir formas – Política Nacional de Saúde do Idoso: voltada para a promo-
de incentivo ao cumprimento das metas de saúde e à melhoria das ção do envelhecimento saudável e a melhoria da qualidade de vida
ações e serviços de saúde. dos idosos, envolve ações de prevenção de doenças, cuidados espe-
Art. 37. O Contrato Organizativo de Ação Pública de Saúde ob- cíficos para idosos fragilizados, atendimento geriátrico, entre outras
servará as seguintes diretrizes básicas para fins de garantia da ges- abordagens.
tão participativa: – Política Nacional de Alimentação e Nutrição: tem como obje-
I - estabelecimento de estratégias que incorporem a avaliação tivo promover a alimentação saudável e combater a desnutrição, a
do usuário das ações e dos serviços, como ferramenta de sua me- obesidade e outras doenças relacionadas à nutrição. Envolve ações
lhoria; de educação alimentar, suplementação nutricional, fortificação de
II - apuração permanente das necessidades e interesses do usu- alimentos, entre outros aspectos da nutrição.
ário; e – Política Nacional de Promoção da Saúde: voltada para ações
III - publicidade dos direitos e deveres do usuário na saúde em de promoção da saúde e prevenção de doenças, abrangendo ações
todas as unidades de saúde do SUS, inclusive nas unidades privadas em escolas, empresas, comunidades e outras esferas da sociedade.
que dele participem de forma complementar. – Política Nacional de Saúde Mental: destinada a garantir a
Art. 38. A humanização do atendimento do usuário será fator atenção integral às pessoas com sofrimento psíquico e transtornos
determinante para o estabelecimento das metas de saúde previstas mentais, promovendo o cuidado em liberdade e o tratamento hu-
no Contrato Organizativo de Ação Pública de Saúde. manizado, com a redução gradativa dos leitos psiquiátricos.
Art. 39. As normas de elaboração e fluxos do Contrato Organi- – Política Nacional de Humanização da Atenção e Gestão do
zativo de Ação Pública de Saúde serão pactuados pelo CIT, cabendo SUS: busca humanizar o atendimento nos serviços de saúde, com
à Secretaria de Saúde Estadual coordenar a sua implementação. foco na valorização do usuário, do acolhimento, da escuta qualifica-
Art. 40. O Sistema Nacional de Auditoria e Avaliação do SUS, da e da integralidade do cuidado.
por meio de serviço especializado, fará o controle e a fiscalização do Essas são apenas algumas das políticas do SUS, existem muitas
Contrato Organizativo de Ação Pública da Saúde. outras voltadas para diversas áreas da saúde, como a prevenção e o
§ 1º O Relatório de Gestão a que se refere o inciso IV do art. 4º tratamento de doenças específicas, a atenção a grupos vulneráveis,
da Lei nº 8.142, de 28 de dezembro de 1990, conterá seção espe- entre outras.
cífica relativa aos compromissos assumidos no âmbito do Contrato Essas políticas são construídas com base em evidências científi-
Organizativo de Ação Pública de Saúde. cas e em amplo debate com profissionais da saúde, gestores, acadê-
§ 2º O disposto neste artigo será implementado em conformi- micos e a sociedade em geral. Elas são fundamentais para orientar
dade com as demais formas de controle e fiscalização previstas em as ações e a organização do SUS, buscando sempre melhorar a saú-
Lei. de e o bem-estar da população brasileira.
Art. 41. Aos partícipes caberá monitorar e avaliar a execução t. 42. Sem prejuízo das outras providências legais, o Ministério
do Contrato Organizativo de Ação Pública de Saúde, em relação da Saúde informará aos órgãos de controle interno e externo:
ao cumprimento das metas estabelecidas, ao seu desempenho e à I - o descumprimento injustificado de responsabilidades na
aplicação dos recursos disponibilizados. prestação de ações e serviços de saúde e de outras obrigações pre-
Parágrafo único. Os partícipes incluirão dados sobre o Contrato vistas neste Decreto;
Organizativo de Ação Pública de Saúde no sistema de informações II - a não apresentação do Relatório de Gestão a que se refere o
em saúde organizado pelo Ministério da Saúde e os encaminhará ao inciso IV do art. 4º da Lei no 8.142, de 1990 ;
respectivo Conselho de Saúde para monitoramento. III - a não aplicação, malversação ou desvio de recursos finan-
ceiros; e
CAPÍTULO VI IV - outros atos de natureza ilícita de que tiver conhecimento.
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS Art. 43. A primeira RENASES é a somatória de todas as ações
e serviços de saúde que na data da publicação deste Decreto são
ArAs políticas do SUS (Sistema Único de Saúde) são diretrizes ofertados pelo SUS à população, por meio dos entes federados, de
e estratégias adotadas para orientar a organização e o funciona- forma direta ou indireta.
mento do sistema de saúde público no Brasil. Essas políticas têm Art. 44. O Conselho Nacional de Saúde estabelecerá as diretri-
como objetivo garantir o acesso universal, integral e equânime aos zes de que trata o § 3º do art. 15 no prazo de cento e oitenta dias a
serviços de saúde, promover a saúde, prevenir doenças e oferecer partir da publicação deste Decreto.
atendimento de qualidade à população. Art. 45. Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.
220
EIXO TEMÁTICO 2 - POLÍTICAS PÚBLICAS
Brasília, 28 de junho de 2011; 190º da Independência e 123º reprodutiva, pré-natal, parto humanizado, planejamento familiar,
da República. entre outras medidas de atenção à saúde da mulher em todas as
fases da vida.
– Política Nacional de Saúde do Idoso: voltada para a promo-
PROGRAMA NACIONAL DE IMUNIZAÇÃO (PNI). ção do envelhecimento saudável e a melhoria da qualidade de vida
dos idosos, envolve ações de prevenção de doenças, cuidados espe-
Definição: política pública de saúde que busca regulamentar a cíficos para idosos fragilizados, atendimento geriátrico, entre outras
imunização, por meio de vacinas, no âmbito nacional. abordagens.
– Política Nacional de Alimentação e Nutrição: tem como obje-
Objetivos tivo promover a alimentação saudável e combater a desnutrição, a
A. Controle ou erradicação das doenças de alcance mundial, obesidade e outras doenças relacionadas à nutrição. Envolve ações
imunopreveníveis e infectocontagiosas, como difteria, sarampo, tu- de educação alimentar, suplementação nutricional, fortificação de
berculose, coqueluche, entre outras. alimentos, entre outros aspectos da nutrição.
B. Conscientizar a população da importância da vacinação, e – Política Nacional de Promoção da Saúde: voltada para ações
imunizar o maior número possível de cidadãos. de promoção da saúde e prevenção de doenças, abrangendo ações
em escolas, empresas, comunidades e outras esferas da sociedade.
Principais metas: – Política Nacional de Saúde Mental: destinada a garantir a
atenção integral às pessoas com sofrimento psíquico e transtornos
mentais, promovendo o cuidado em liberdade e o tratamento hu-
manizado, com a redução gradativa dos leitos psiquiátricos.
– Política Nacional de Humanização da Atenção e Gestão do
SUS: busca humanizar o atendimento nos serviços de saúde, com
foco na valorização do usuário, do acolhimento, da escuta qualifica-
da e da integralidade do cuidado.
Essas são apenas algumas das políticas do SUS, existem muitas
outras voltadas para diversas áreas da saúde, como a prevenção e o
tratamento de doenças específicas, a atenção a grupos vulneráveis,
entre outras.
Essas políticas são construídas com base em evidências científi-
cas e em amplo debate com profissionais da saúde, gestores, acadê-
micos e a sociedade em geral. Elas são fundamentais para orientar
as ações e a organização do SUS, buscando sempre melhorar a saú-
de e o bem-estar da população brasileira.
Principais êxitos do PNI:
• Erradicação da poliomielite (paralisia infantil) e da varíola. POLÍTICAS PÚBLICAS DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE; A
• De acordo com o Manual de Rede de Frio (MS, 2007), as VIGILÂNCIA EM SAÚDE NO ÂMBITO DO SUS
ações de vacinação para as crianças têm auxiliado na redução das
incidências de morbimortalidade por doenças imunopreveníveis,
proporcionando uma qualidade de vida, especialmente nos cida- A Vigilância em Saúde é um campo estratégico no âmbito da
dãos menores de cinco anos. saúde pública, que engloba um conjunto de ações e práticas vol-
tadas para a promoção, prevenção, controle e monitoramento de
doenças e agravos à saúde da população.
POLÍTICA NACIONAL DE PROMOÇÃO DA SAÚDE
— Conceitos Fundamentais
As políticas do SUS (Sistema Único de Saúde) são diretrizes e Vigilância Epidemiológica: consiste na coleta, análise e inter-
estratégias adotadas para orientar a organização e o funcionamen- pretação sistemática de dados relacionados à saúde, com o objetivo
to do sistema de saúde público no Brasil. Essas políticas têm como de detectar precocemente qualquer mudança no padrão das doen-
objetivo garantir o acesso universal, integral e equânime aos servi- ças e intervir de forma rápida e eficaz.
ços de saúde, promover a saúde, prevenir doenças e oferecer aten- Vigilância Sanitária: foca na promoção e proteção da saúde por
dimento de qualidade à população. meio do controle e fiscalização de produtos, serviços e ambientes
que possam representar riscos à saúde pública, garantindo a quali-
Algumas das principais políticas do SUS incluem: dade e segurança.
– Política Nacional de Atenção Básica (PNAB): essa política visa Vigilância Ambiental em Saúde: engloba a análise e monito-
fortalecer a atenção primária à saúde como porta de entrada do ramento dos fatores ambientais que podem impactar a saúde, in-
sistema, com foco na promoção da saúde, prevenção de doenças, cluindo a qualidade da água, do ar, do solo, e a identificação de
tratamento de doenças comuns e acompanhamento contínuo das situações de risco.
condições de saúde dos usuários.
– Política Nacional de Saúde da Mulher: destinada à promoção
da saúde integral das mulheres, abrange ações de saúde sexual e
221
EIXO TEMÁTICO 2 - POLÍTICAS PÚBLICAS
222
EIXO TEMÁTICO 2 - POLÍTICAS PÚBLICAS
5-CESGRANRIO - 2018
QUESTÕES Segundo a Constituição Federal de 1988, a saúde é um direito
de todos e dever do Estado. Desse modo, a saúde deve ser promo-
1-CESGRANRIO - 2018 vida de forma gratuita e segundo os princípios estabelecidos pelo
Dentre as competências do SUS, está a de desenvolver ações SUS.
destinadas à prevenção de deficiências por causas evitáveis. Fazem parte desses princípios:
NÃO é uma ação preventiva do SUS, nesse sentido, o(a) (A) atendimento integral, descentralização administrativa e
(A) acompanhamento da gravidez, do parto e do puerpério, participação da comunidade
com garantia de parto humanizado e seguro (B) seguridade social, assistência à saúde e previdência social
(B) aprimoramento e expansão dos programas de imunização e (C) acessibilidade, atendimento integral e longitudinalidade
de triagem neonatal (D) acesso de todos à saúde, promoção da saúde e diminuição
(C) oferta de órteses, próteses e meios auxiliares de locomoção das desigualdades
(D) promoção de práticas alimentares adequadas e saudáveis, (E) regionalidade, comando único e participação popular
vigilância alimentar e nutricional
(E) identificação e controle da gestante de alto risco 6-CESGRANRIO - 2018
A incorporação, a exclusão ou a alteração pelo SUS de novos
2- CESGRANRIO - 2019 medicamentos, produtos e procedimentos, bem como a constitui-
Um gerente de saúde de um determinado município apresenta ção ou alteração de um protocolo clínico ou diretriz terapêutica,
a um outro gerente da mesma área, de um município vizinho, pro- são atribuições
posta para otimizar os parcos recursos que ambos têm para trata- (A) do Ministério da Saúde
mento dos pacientes de suas localidades. (B) do Governo Federal
Nos termos da Lei nº 8.080/1990, os municípios, para desen- (C) das Autarquias
volver em conjunto as ações e os serviços de saúde que lhes corres- (D) das Empresas Privadas
pondam, poderão constituir (E) dos municípios
(A) empresas
(B) consórcios 7-CESGRANRIO - 2022
(C) organizações Na perspectiva crítico-dialética, o assistente social orientou
(D) sociedades e acompanhou os usuários do Sistema Único de Saúde, repassan-
(E) associações do-lhes dados para facilitar o seu acesso aos serviços prestados.
Problematizou, com eles, os determinantes do processo saúde/do-
3-CESGRANRIO - 2018 ença, politizando as suas demandas coletivas e fortalecendo a sua
De acordo com o art. 2º da Lei Orgânica da Saúde (Lei nº atuação como sujeitos políticos para a defesa de seus direitos.
8.080/1990), faz parte das intervenções orientadas à proteção à Quais são os alicerces dessas ações socioeducativas?
saúde o (A) Adaptação dos comportamentos e consciência crítica
(A) fluxo contínuo à vacinação (B) Democratização dos serviços e enquadramento institucio-
(B) programa antitabagismo nal
(C) atendimento ambulatorial (C) Dissolução dos conflitos e controle social
(D) incentivo à prática esportiva (D) Normatização das condutas e pedagogia emancipatória
(E) desenvolvimento sustentável (E) Socialização das informações e processo reflexivo
223
EIXO TEMÁTICO 2 - POLÍTICAS PÚBLICAS
9-INSTITUTO AOCP - 2020 (C) Promoção da saúde é toda ação cujo foco é voltado para o
De acordo com o que consta no Decreto Presidencial n° tratamento e cura das doenças, visando a minimização de agra-
7.508/11, informe se é verdadeiro (V) ou falso (F) o que se afirma a vos à saúde.
seguir e assinale a alternativa com a sequência correta. (D) A promoção da saúde deve considerar a autonomia e a
( ) A RENAME representa o conjunto de ações e serviços de singularidade dos sujeitos, das coletividades e dos territórios
promoção, proteção e recuperação da saúde oferecidos pelo SUS e está condicionada e determinada pelo contexto social, eco-
à população, para atender à integralidade da assistência à saúde. nômico, político e cultural em que as pessoas vivem.
( ) O Pacto pela Saúde traduz os acordos de colaboração entre (E) Dentre os objetivos da PNPS está a promoção da educação e
os entes federativos para a organização da rede interfederativa de formação profissional voltados apenas aos gestores, pois consi-
atenção à saúde, em cada região de saúde. dera-se que são eles os responsáveis por colocar em prática os
( ) Uma das principais atribuições das comissões intergestores princípios da política.
regionais é efetivar o planejamento regional de acordo com o Plano
de Saúde de cada ente federado, aprovado no respectivo Conselho 13-(FGV - TCE-TO - 2022 ) Uma fonte relevante de recursos para
de Saúde. os entes subnacionais são as receitas de transferências que, em ge-
( ) O Decreto n° 7.508/11 regulamenta a Lei Orgânica da Saúde ral, podem ser obrigatórias (por disposição constitucional ou legal)
(Lei n° 8.080/90). ou voluntárias e requerem procedimentos específicos para seu re-
(A) F – V – F – F. gistro.
(B) V – F – F – V No reconhecimento de receitas de transferências voluntárias:
(C) V – V – F – V. (A) deve-se evitar que haja impacto na apuração do superávit
(D) F – F – V – V. financeiro do ente recebedor;
(E) V – F – V – F. (B) o ente transferidor deve reconhecer a obrigação na abertu-
ra das dotações orçamentárias;
10-MS CONCURSOS - 2020 (C) o ente recebedor deve reconhecer um direito a receber (ati-
Analise as alternativas, sobre o Programa Nacional de Imuniza- vo) no momento da arrecadação pelo ente transferidor;
ções (PNI) e marque a incorreta. (D) o ente recebedor deve registrar a receita orçamentária ape-
(A) O Programa Nacional de Imunizações tem avançado ano a nas no momento da efetiva transferência financeira;
ano para proporcionar melhor qualidade de vida à população (E) o ente recebedor deverá efetuar a baixa do direito a receber
com a prevenção de doenças. (ativo) em contrapartida do ingresso no banco.
(B) Ao longo do tempo, a atuação do Programa Nacional de
Imunizações alcançou consideráveis avanços ao consolidar a 14-ADM&TEC - 2020
estratégia de vacinação nacional. Analise as afirmativas a seguir:
(C) O Programa Nacional de Imunizações foi institucionalizado I. Estudar a resistência aos antivirais não é um dos objetivos da
em 1990, quando passou a coordenar, assim, as atividades de vigilância epidemiológica da influenza humana.
imunizações desenvolvidas rotineiramente na rede de serviços. II. A vigilância em saúde, no âmbito do SUS, não está relaciona-
(D) O Calendário Nacional de Vacinação do Brasil contempla da às ações de prevenção de doenças transmissíveis.
não só as crianças, mas também adolescentes, adultos, idosos, Marque a alternativa CORRETA
gestantes e povos indígenas. (A) As duas afirmativas são verdadeiras.
(B) A afirmativa I é verdadeira, e a II é falsa
11-Acerca do Programa Nacional de Imunização, no tocante (C) A afirmativa II é verdadeira, e a I é falsa.
aos imunobiológicos, assinale a alternativa correta: (D) As duas afirmativas são falsas.
(A) A vacina Tetraviral (sarampo, caxumba, rubéola e varicela)
é indicada para a vacinação de crianças com 15 meses de idade 15- (FGV - CÂMARA DE ARACAJU - SE - 2021)
que já tenham recebido a primeira dose da vacina tríplice viral. A burocracia possui um papel a desempenhar nas políticas pú-
(B) A vacina Penta protege contra a difteria, o tétano, a coque- blicas.
luche, a hepatite B e doença sistêmica causada pela Neisseria Analise as afirmativas a seguir e assinale V para a(s) afirmati-
meningitidis do sorogrupo C em crianças menores de 5 anos. va(s) verdadeira(s) e F para a(s) afirmativa(s) falsa(s).
(C) O esquema da Vacina rotavírus humano (VORH) correspon- ( ) A burocracia conhece o que está ocorrendo nos programas
de a duas doses, administradas aos 3 e 5 meses de idade. públicos e o grau de aceitação que eles geram.
(D) O esquema vacinal com a vacina febre amarela correspon- ( ) A burocracia deve ser apartidária, neutra, objetiva, estrita-
de à administração de uma dose a partir dos 5 anos de idade. mente técnica e movida pela ética da obediência.
( ) A burocracia tem influência em todas as etapas das políticas
12-Sobre os conceitos que envolvem a Promoção da Saúde e a públicas.
Política Nacional de Promoção da Saúde (PNPS), é correto afirmar: A sequência correta é:
(A) Ambientes, territórios saudáveis e desenvolvimento sus- (A) V, F, V;
tentável não são considerados temas dentro da PNPS, uma vez (B) F, V, F;
que se referem ao meio em que as pessoas vivem, não tendo (C) F, F, F;
relação com as questões de saúde. (D) V, V, V;
(B) Dentre as ações de destaque na PNPS está o combate a (E) V, F, F.
doenças crônicas e ampliação da vacinação em todo território
nacional.
224
EIXO TEMÁTICO 2 - POLÍTICAS PÚBLICAS
225
EIXO TEMÁTICO 2 - POLÍTICAS PÚBLICAS
ANOTAÇÕES
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
226
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA
APLICADAS AO TRABALHO
227
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
228
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
A satisfação profissional também ocupa um lugar de destaque Capítulo 5: Repensando Estruturas e Políticas de Trabalho
nas preocupações da psicologia do trabalho. A medida em que os
trabalhadores encontram significado e realização em suas ativida- No complexo panorama do mundo do trabalho, é crucial não
des laborais, seu bem-estar emocional e sua produtividade tendem apenas lidar com as transformações imediatas, mas também en-
a aumentar. No entanto, os desafios surgem quando as expectativas frentar os desafios estruturais e políticos que moldam as condições
não são atendidas ou quando as condições de trabalho são adver- laborais e a dinâmica social. Neste capítulo, exploramos profunda-
sas, o que pode levar a sentimentos de descontentamento e des- mente a necessidade premente de repensar as estruturas e políticas
motivação. de trabalho em busca de uma sociedade mais justa e sustentável.
O estresse é outro elemento central na experiência laboral, Partindo da premissa da humanização do trabalho, reconhece-
com repercussões significativas na saúde mental e física dos tra- mos a importância de valorizar os trabalhadores como seres huma-
balhadores. Pressões relacionadas a prazos apertados, demandas nos dotados de necessidades emocionais, sociais e individuais. Ao
excessivas e conflitos interpessoais podem levar a níveis elevados colocar o bem-estar e a realização pessoal no centro das preocupa-
de estresse, afetando negativamente o desempenho no trabalho e ções laborais, podemos criar ambientes de trabalho mais saudáveis,
o bem-estar geral. Compreender e gerenciar o estresse é, portanto, gratificantes e produtivos.
uma habilidade essencial para promover um ambiente de trabalho Além disso, buscamos promover o bem-estar e a equidade nas
saudável e produtivo. relações laborais, garantindo condições de trabalho seguras, justas
O bem-estar psicológico dos trabalhadores também é uma e dignas para todos, independentemente de sua posição na hierar-
área de preocupação da psicologia do trabalho. Além de lidar com quia organizacional. Isso implica combater ativamente todas as for-
o estresse, os trabalhadores enfrentam desafios emocionais e psi- mas de discriminação e injustiça no local de trabalho, promovendo
cológicos diversos, como ansiedade, depressão e esgotamento. uma cultura de respeito, inclusão e igualdade de oportunidades.
Promover o bem-estar psicológico no local de trabalho requer a A construção de políticas trabalhistas mais justas e inclusivas
implementação de estratégias que cultivem um ambiente de apoio, também se mostra fundamental. Isso requer reformas legislativas
respeito e inclusão. que protejam os direitos dos trabalhadores e estabeleçam padrões
Neste capítulo, exploramos em profundidade as perspectivas mínimos de remuneração e condições de trabalho. Além disso, é
psicológicas do trabalho, reconhecendo a importância fundamental necessário investir em programas de capacitação e reciclagem pro-
dos aspectos emocionais, cognitivos e comportamentais na expe- fissional para preparar os trabalhadores para um mercado de traba-
riência laboral. Ao compreender as complexidades da motivação, lho em constante evolução.
satisfação profissional, estresse e bem-estar psicológico, somos ca- Entretanto, repensar as estruturas e políticas de trabalho é es-
pacitados a criar ambientes de trabalho mais saudáveis, produtivos sencial para construir um futuro do trabalho mais promissor e sus-
e gratificantes para todos os indivíduos. tentável. Ao priorizar a humanização do trabalho, o bem-estar dos
trabalhadores e a equidade nas relações laborais, podemos criar
Capítulo 4: Transformações Históricas e Contemporâneas do um ambiente laboral mais justo, inclusivo e gratificante para todos.
Trabalho Este capítulo oferece uma visão abrangente das questões-chave en-
volvidas nesse processo e destaca a importância de buscar alterna-
Este capítulo mergulha nas transformações históricas e con- tivas que promovam uma evolução positiva do mundo do trabalho.
temporâneas do trabalho, desde os tempos turbulentos da Revo-
lução Industrial até os desafios enfrentados na era da globalização, Capítulo 6: O Progresso Técnico e suas Implicações no Mundo
informatização e automação. A Revolução Industrial marcou uma do Trabalho
virada radical nos padrões de produção e organização do trabalho.
Este período testemunhou mudanças dramáticas que não apenas O progresso técnico é um tema de profunda relevância quando
impulsionaram o progresso econômico, mas também deram ori- se trata da evolução do mundo do trabalho. Desde os primórdios
gem a novas formas de exploração e alienação dos trabalhadores. da Revolução Industrial até os dias contemporâneos, as inovações
Movimentos sociais surgiram em resposta às condições de trabalho tecnológicas têm sido uma força motriz por trás das mudanças
precárias, clamando por melhores condições e direitos trabalhistas. substanciais que moldaram não apenas a maneira como produzi-
Na contemporaneidade, o mundo do trabalho enfrenta novos mos bens e serviços, mas também como nos organizamos enquanto
desafios decorrentes da globalização, informatização e automação. sociedade e como vivenciamos nossas experiências laborais.
A economia globalizada reconfigura as relações de trabalho, promo- No âmago desse fenômeno está a constante busca pela efi-
vendo formas de terceirização e flexibilização que podem resultar ciência e pela produtividade. Desde os primeiros dias da meca-
em condições laborais precárias. Paralelamente, a informatização e nização até a era da inteligência artificial e automação, as novas
automação prometem aumentar a eficiência, mas também levan- tecnologias têm sido desenvolvidas com o intuito de simplificar pro-
tam preocupações sobre desemprego estrutural e impactos psicos- cessos, aumentar a produção e reduzir custos. Essa busca incessan-
sociais da constante pressão por desempenho. te pela otimização tem sido um catalisador para a transformação
Olhando para o futuro, é essencial repensar as estruturas e contínua do ambiente de trabalho.
políticas de trabalho para garantir uma transição justa e equitativa. Uma das consequências mais marcantes desse progresso
À medida que nos encaminhamos para um futuro cada vez mais técnico é a automação de tarefas repetitivas. A introdução de má-
tecnológico e globalizado, explorar estratégias para enfrentar os quinas e sistemas inteligentes visa substituir o trabalho humano
desafios emergentes torna-se crucial. A inclusão, a equidade e o em atividades que antes exigiam grande esforço físico ou mental.
bem-estar dos trabalhadores devem ser prioridades na construção Embora isso tenha trazido avanços significativos em termos de efi-
de um ambiente de trabalho mais justo e sustentável em um mun- ciência, também tem gerado preocupações acerca do desemprego
do em constante transformação. estrutural e da necessidade de requalificação da mão de obra.
229
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
Além das mudanças nas atividades laborais, o progresso téc- nas e sistemas inteligentes permitiu a realização de tarefas repetiti-
nico tem impactado diretamente as relações entre empregadores vas de maneira mais rápida e precisa, reduzindo custos e ampliando
e empregados. A introdução de novas tecnologias frequentemente a capacidade de produção em diversos setores da economia. Essa
reconfigura as hierarquias de poder dentro das organizações, exi- busca constante por automação tem sido uma constante na histó-
gindo dos trabalhadores a aquisição de novas habilidades e com- ria do desenvolvimento tecnológico, impulsionando a evolução dos
petências para se manterem relevantes no mercado de trabalho. processos produtivos e a competitividade das empresas.
Isso tem gerado um cenário no qual a capacitação contínua se torna No entanto, junto com os benefícios da automação, surgem
essencial para a empregabilidade. preocupações significativas em relação ao seu impacto no mercado
Outro aspecto crucial é a virtualização de processos e o au- de trabalho. A substituição da mão de obra humana por máquinas
mento do teletrabalho. A digitalização e a conectividade permitem levanta questões sobre o desemprego estrutural e a estabilidade
que muitas atividades laborais sejam realizadas remotamente, de- econômica de comunidades inteiras. À medida que robôs e siste-
safiando as noções tradicionais de local de trabalho e horário de mas automatizados assumem cada vez mais funções anteriormente
expediente. Essa flexibilidade trazida pelo progresso técnico tem desempenhadas por trabalhadores humanos, surgem incertezas so-
redefinido não apenas a dinâmica do trabalho, mas também a ma- bre o futuro do emprego e o papel da força de trabalho tradicional.
neira como conciliamos nossas vidas pessoais e profissionais. Essas preocupações não são infundadas. Estudos têm sugerido
Apesar das preocupações relacionadas ao desemprego e à re- que a automação tem o potencial de eliminar milhões de empregos
qualificação da mão de obra, o progresso técnico também apresen- em todo o mundo, especialmente em setores que dependem forte-
ta oportunidades significativas para os trabalhadores. A automação mente de tarefas repetitivas e padronizadas. Profissões como a ma-
pode eliminar empregos tradicionais, mas também cria novas opor- nufatura, a logística e a atendimento ao cliente estão entre as mais
tunidades em setores emergentes, como tecnologia da informação, suscetíveis à automação, o que levanta questões urgentes sobre o
inteligência artificial e sustentabilidade. No entanto, para aprovei- impacto social e econômico dessa transformação.
tar essas oportunidades, os trabalhadores precisam estar dispostos No entanto, é importante reconhecer que a automação não
a adquirir novas habilidades e adaptar-se às demandas do mercado é apenas uma ameaça, mas também uma oportunidade. Embora
de trabalho em constante evolução. possa eliminar empregos tradicionais, também cria novas oportu-
Além das implicações diretas no ambiente laboral, o progres- nidades em setores emergentes, como tecnologia da informação,
so técnico tem repercussões sociais e econômicas mais amplas. A robótica e inteligência artificial. A demanda por profissionais qua-
automação e a digitalização podem levar a uma concentração de lificados para projetar, programar e manter sistemas automatiza-
riqueza nas mãos de poucos, aumentando as desigualdades sociais. dos está em ascensão, criando um novo mercado de trabalho para
No entanto, também impulsionam o crescimento econômico, criam aqueles que têm as habilidades certas.
novas indústrias e melhoram a qualidade de vida por meio de ino- Além disso, a automação tem o potencial de aumentar a se-
vações em áreas como saúde, transporte e comunicação. gurança e o bem-estar dos trabalhadores, eliminando tarefas pe-
Diante dessas transformações, surge a necessidade de abor- rigosas e repetitivas e permitindo que eles se concentrem em ati-
dar os desafios éticos e humanos associados ao progresso técnico. vidades mais criativas e significativas. Ao liberar os trabalhadores
Questões relacionadas à privacidade, segurança e ao futuro do tra- de tarefas monótonas, a automação pode melhorar a qualidade de
balho humano diante da automação e inteligência artificial exigem vida no trabalho e promover um ambiente laboral mais saudável e
um debate amplo e inclusivo. É fundamental garantir que o avanço gratificante.
tecnológico seja conduzido de forma responsável, respeitando os No entanto, para que os benefícios da automação sejam am-
direitos humanos e promovendo o bem-estar coletivo. plamente compartilhados e seus impactos negativos minimizados,
O progresso técnico é um fenômeno complexo e multiface- é necessário um esforço conjunto por parte dos governos, empre-
tado que tem impactado profundamente o mundo do trabalho e a sas e sociedade em geral. Isso inclui investimentos em educação e
sociedade como um todo. Para enfrentar os desafios e aproveitar as capacitação para garantir que os trabalhadores estejam preparados
oportunidades apresentadas por esse processo de transformação, é para os empregos do futuro, políticas que incentivem a requalifi-
essencial adotar uma abordagem equilibrada, investindo em educa- cação da mão de obra afetada pela automação e um diálogo aber-
ção e capacitação, desenvolvendo políticas trabalhistas adaptadas to e inclusivo sobre os desafios e oportunidades associados a essa
às novas realidades do mercado e promovendo um diálogo aberto transformação. A automação está redefinindo o panorama do tra-
e inclusivo entre todos os atores envolvidos. Somente assim pode- balho em todo o mundo, apresentando tanto desafios quanto opor-
remos construir um futuro do trabalho que seja verdadeiramente tunidades para trabalhadores, empresas e governos. Ao entender
justo, sustentável e humano. os impactos da automação e desenvolver estratégias eficazes para
lidar com suas consequências, podemos aproveitar ao máximo os
Capítulo 7: Automação e Mudanças nas Atividades Laborais benefícios do progresso tecnológico enquanto protegemos o bem-
-estar e a segurança.
A automação, como fenômeno intrínseco ao progresso tec-
nológico, tem sido um catalisador significativo de mudanças nas Capítulo 8: Virtualização de Processos e Teletrabalho
atividades laborais ao redor do mundo. Este capítulo explora em
profundidade os impactos da automação no ambiente de trabalho, A virtualização de processos e o teletrabalho emergiram como
analisando tanto suas potenciais vantagens quanto suas preocupa- tendências significativas no mundo contemporâneo, remodelando
ções associadas. profundamente a dinâmica do trabalho e desafiando conceitos ar-
Desde os primórdios da Revolução Industrial, a automação tem raigados sobre o local de trabalho e o horário de expediente. Este
sido vista como uma ferramenta crucial para aumentar a eficiência e
a produtividade nas operações industriais. A introdução de máqui-
230
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
capítulo explora minuciosamente os impactos da virtualização de Em um mundo onde a automação e a inteligência artificial es-
processos e do teletrabalho, examinando suas ramificações tanto tão se tornando cada vez mais prevalentes, os trabalhadores en-
para os trabalhadores quanto para as organizações. frentam um ambiente laboral repleto de desafios e incertezas. Por
A virtualização de processos, impulsionada pela evolução das um lado, a automação ameaça empregos tradicionais, especialmen-
tecnologias de comunicação e informação, permite que tarefas e te aqueles que envolvem tarefas repetitivas e de baixa complexida-
operações sejam executadas de forma remota e descentralizada. de. Muitos temem que máquinas e algoritmos substituam a mão
Isso significa que os trabalhadores não estão mais limitados por de obra humana de maneira massiva, resultando em um aumento
restrições geográficas ou físicas, podendo realizar suas atividades significativo do desemprego estrutural.
de qualquer lugar do mundo, desde que tenham acesso à internet No entanto, é importante reconhecer que o progresso técnico
e às ferramentas adequadas. Essa flexibilidade tem o potencial de também traz consigo oportunidades inéditas para os trabalhadores.
transformar radicalmente a forma como o trabalho é concebido e O surgimento de novas tecnologias e setores emergentes abre por-
realizado, promovendo uma maior autonomia e liberdade para os tas para profissões e carreiras até então inexistentes. Da inteligên-
trabalhadores. cia artificial à biotecnologia, há uma gama diversificada de campos
O teletrabalho, uma forma específica de virtualização de pro- que demandam habilidades e competências específicas, proporcio-
cessos, ganhou destaque especialmente após a pandemia de CO- nando oportunidades de emprego para aqueles que estão dispos-
VID-19, que obrigou muitas organizações a adotarem o trabalho tos a se adaptar e a aprender.
remoto como medida de segurança. O teletrabalho permite que os A aquisição de novas habilidades e competências torna-se, por-
funcionários realizem suas atividades profissionais de casa ou de tanto, uma necessidade premente para os trabalhadores que de-
qualquer outro local fora do ambiente tradicional de escritório. Isso sejam se manter relevantes no mercado de trabalho em constante
não só oferece maior flexibilidade em termos de horário e local de evolução. A educação e a formação profissional desempenham um
trabalho, mas também pode resultar em economias significativas papel crucial nesse processo, permitindo que os indivíduos desen-
para as empresas, como a redução de custos com infraestrutura e volvam as habilidades necessárias para enfrentar os desafios do
deslocamento. mundo moderno. Programas de capacitação e reciclagem profissio-
No entanto, o teletrabalho também apresenta desafios signifi- nal se tornam essenciais para garantir a empregabilidade e a adap-
cativos, tanto para os trabalhadores quanto para as organizações. tabilidade dos trabalhadores.
Para os trabalhadores, a falta de separação entre vida pessoal e pro- Além disso, o progresso técnico não se limita apenas à automa-
fissional pode levar a uma sobrecarga de trabalho e dificuldade em ção de tarefas, mas também impulsiona mudanças na natureza do
estabelecer limites saudáveis. Além disso, a ausência de interação trabalho e nas relações laborais. Trabalho remoto, flexibilidade de
presencial pode prejudicar o senso de pertencimento e colaboração horários e novos modelos de contratação são apenas algumas das
dentro das equipes, afetando a coesão e o desempenho geral. transformações que estão redefinindo a maneira como trabalha-
Para as organizações, a gestão do teletrabalho requer uma mos. Embora isso possa trazer benefícios em termos de equilíbrio
abordagem cuidadosa e estratégica. É necessário implementar entre vida pessoal e profissional, também apresenta desafios, como
políticas e procedimentos claros para garantir a produtividade e o a necessidade de gerenciar de forma eficaz a autonomia e a comu-
bem-estar dos funcionários, ao mesmo tempo em que se mantém nicação em ambientes virtuais.
a segurança e a confidencialidade dos dados da empresa. Além dis- Então, os trabalhadores enfrentam um cenário complexo e di-
so, é importante investir em tecnologia e infraestrutura adequadas nâmico diante do progresso técnico. Enquanto as ameaças à esta-
para apoiar o trabalho remoto de forma eficaz e eficiente. bilidade profissional são reais, as oportunidades de crescimento e
Apesar dos desafios, a virtualização de processos e o teletraba- desenvolvimento também são abundantes. A chave para navegar
lho representam uma oportunidade única para reimaginar o futu- com sucesso nesse ambiente é estar aberto à aprendizagem contí-
ro do trabalho de maneira mais flexível, inclusiva e sustentável. Ao nua, cultivar habilidades adaptativas e buscar ativamente oportuni-
adotar uma abordagem centrada no bem-estar dos trabalhadores e dades de crescimento profissional. Somente assim os trabalhadores
na eficiência das operações, as organizações podem aproveitar ao poderão enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades que o
máximo os benefícios do trabalho remoto, ao mesmo tempo em futuro do trabalho tem a oferecer.
que mitigam seus potenciais impactos negativos. Assim, a virtuali-
zação de processos e o teletrabalho têm o potencial de transformar Capítulo 10: Repercussões Sociais e Econômicas do Progresso
profundamente a maneira como vivemos e trabalhamos, abrindo Técnico
novas possibilidades para uma sociedade mais conectada e cola-
borativa. As repercussões sociais do progresso técnico são vastas e
abrangentes. Uma das principais preocupações está relacionada ao
Capítulo 9: Desafios e Oportunidades para os Trabalhadores agravamento das desigualdades sociais. A concentração de rique-
za nas mãos de poucos pode ocorrer devido à natureza do próprio
O capítulo sobre os desafios e oportunidades para os traba- progresso técnico, que muitas vezes privilegia aqueles que já estão
lhadores diante do progresso técnico é de extrema relevância, pois em posições de vantagem econômica. Isso pode resultar em dis-
destaca as complexidades e as perspectivas enfrentadas pelos pro- paridades ainda maiores entre os ricos e os pobres, exacerbando
fissionais em um cenário de constante evolução tecnológica. Nesta problemas como pobreza, exclusão social e falta de acesso a opor-
dissertação, exploraremos em detalhes as nuances desse panora- tunidades econômicas.
ma, mergulhando nas preocupações e nas possibilidades que acom- No entanto, é importante reconhecer que o progresso técnico
panham o avanço tecnológico. também tem o potencial de impulsionar o crescimento econômico
e melhorar a qualidade de vida das pessoas. A introdução de no-
vas tecnologias frequentemente leva à criação de novas indústrias
231
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
e mercados, gerando empregos e estimulando o desenvolvimento Além disso, a crescente integração de inteligência artificial no
econômico. Além disso, inovações em áreas como saúde, transpor- local de trabalho levanta questões sobre o tratamento justo e ético
te e comunicação podem ter um impacto significativo na qualidade dos trabalhadores. As decisões tomadas por algoritmos e sistemas
de vida das pessoas, proporcionando acesso a serviços e recursos automatizados podem ter consequências significativas para os indi-
que anteriormente não estavam disponíveis. víduos, desde a seleção de candidatos a emprego até a determina-
Um exemplo claro das repercussões econômicas do progresso ção de políticas de remuneração e promoção. Garantir a transpa-
técnico é o surgimento de setores inteiros da economia impulsiona- rência, a equidade e a responsabilidade nas decisões tomadas por
dos pela tecnologia, como a indústria de tecnologia da informação sistemas automatizados tornam-se, portanto, uma prioridade ética
e comunicação. Essas indústrias não apenas criam empregos dire- para garantir a justiça e a integridade no local de trabalho.
tos, mas também têm efeitos multiplicadores na economia, esti- Em última análise, abordar os desafios éticos e humanos asso-
mulando o crescimento em outros setores. Além disso, o progresso ciados ao progresso técnico requer um compromisso coletivo com
técnico pode aumentar a eficiência e reduzir os custos de produção, os valores fundamentais de dignidade humana, justiça e respon-
o que pode levar a preços mais baixos para os consumidores e au- sabilidade. Um debate amplo e inclusivo, envolvendo não apenas
mentar o poder de compra. especialistas em tecnologia, mas também líderes políticos, acadê-
No entanto, é importante notar que nem todos se beneficiam micos, profissionais e membros da sociedade civil, é essencial para
igualmente do progresso técnico. As desigualdades sociais podem garantir que o avanço tecnológico seja conduzido de forma respon-
persistir ou até mesmo aumentar se não forem implementadas po- sável, respeitando os direitos humanos e promovendo o bem-estar
líticas adequadas para garantir que os benefícios do progresso tec- coletivo. Somente através de um diálogo aberto e colaborativo po-
nológico sejam distribuídos de forma justa e equitativa. Isso requer demos enfrentar os desafios éticos e humanos do progresso técni-
um compromisso por parte dos governos, empresas e sociedade co e garantir que a tecnologia seja utilizada para promover o bem
em geral para garantir que o progresso técnico seja conduzido de comum e o desenvolvimento sustentável da sociedade.
uma maneira que beneficie a todos os membros da sociedade.
Sendo assim, as repercussões sociais e econômicas do progres-
so técnico são complexas e multifacetadas. Enquanto o progresso DIVISÃO DO TRABALHO E DISTRIBUIÇÃO DE TAREFAS.
tecnológico oferece oportunidades de crescimento e desenvolvi-
mento, também apresenta desafios significativos em termos de de- Na administração científica uma tarefa deve ser dividida ao
sigualdade e exclusão social. Para maximizar os benefícios do pro- maior número possível de subtarefas. Quanto menor e mais simples
gresso técnico e minimizar seus efeitos negativos, é crucial adotar a tarefa, maior será a habilidade do operário em desempenhá-la.
políticas e práticas que promovam a inclusão, a equidade e o acesso Ao realizar um movimento simples repetidas vezes, o funcionário
igualitário às oportunidades econômicas e sociais. Somente assim ganha velocidade na sua atividade, aumentando o número de uni-
podemos garantir que o progresso técnico beneficie verdadeira- dades produzidas e elevando seu salário de forma proporcional ao
mente toda a sociedade. seu esforço.
A divisão do trabalho permite a padronização dos procedimen-
Capítulo 11: Desafios Éticos e Humanos tos técnicos e do exercício de autoridade; e que permite ao mesmo
tempo um aumento de produtividade do trabalho e de eficiência
Uma das principais preocupações éticas relacionadas ao pro- organizacional.
gresso técnico é a questão da privacidade. Com o crescente uso de A divisão do trabalho também é um dos 14 princípios gerais de
tecnologias de monitoramento, coleta de dados e inteligência ar- Henry Fayol (o primeiro deles):
tificial, surgem preocupações sobre a invasão da privacidade dos Divisão do trabalho: o princípio geral da administração que es-
indivíduos. O acesso indiscriminado a informações pessoais pode tabelece a necessidade de especialização de empregados, desde a
levar a violações de direitos fundamentais e à exposição indevida alta hierarquia até os trabalhadores operários, como forma de apri-
das pessoas a empresas e governos. morar a eficiência da produção e, consequentemente, aumentar a
Outro desafio ético importante é garantir a segurança das tec- produtividade. Significa dividir o trabalho em tarefas especializadas
nologias emergentes. À medida que sistemas automatizados e inte- e destinar responsabilidades a indivíduos específicos.
ligência artificial se tornam mais integrados à vida cotidiana, surge
a preocupação com a vulnerabilidade desses sistemas a ataques ci- Érika de Cássia Oliveira Caetano1 apresenta o tema divisão do
bernéticos e manipulação maliciosa. Garantir a segurança ciberné- trabalho na visão de Karl Marx e Dürkheim:
tica e proteger os dados pessoais dos indivíduos torna-se, portanto, Dürkheim procura com seus métodos de análise e objeto de
uma prioridade essencial para garantir o uso ético e responsável da estudo, explicações para as modificações estruturais ocorridas com
tecnologia. o advento da sociedade moderna. O triunfo da indústria capitalista
Além das questões de privacidade e segurança, o futuro do tra- promoveu uma transformação radial em sua estrutura socioeconô-
balho humano diante da automação e inteligência artificial também mica, dando um novo rumo à sociedade emergente. É nesta pers-
levanta preocupações éticas e humanas significativas. A automação pectiva que a sociedade moderna capitalista será colocada no plano
de tarefas anteriormente realizadas por humanos pode levar ao de análise deste sociólogo.
desemprego estrutural e à obsolescência profissional, gerando in-
certeza e insegurança para os trabalhadores. Isso levanta questões
sobre a justiça distributiva e a responsabilidade das empresas e go-
vernos em garantir que os impactos negativos da automação sejam
mitigados e que medidas sejam implementadas para proteger os 1 ÉCO Caetano. A Divisão do Trabalho: Uma Análise Comparativa das Teorias
meios de subsistência dos trabalhadores afetados. de Karl Marx e Emile Dürkheim 2009.
232
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
Durkheim considera que a sociedade precisaria ser estudada das crenças e dos sentimentos comuns à média dos membros de
como um fenômeno sui generis; como uma unidade ou sistema or- uma mesma sociedade [que] forma um sistema determinado que
ganizado de relações permanentes e mais ou menos definido, com tem vida própria’”.3
leis naturais de desenvolvimento que são baseadas na articulação De acordo com SELL:
de suas partes. Durkheim observou que a estrutura das sociedades tradicio-
nais era caracterizada por uma repetição de segmentos similares e
A sociedade é semelhante a um corpo vivo, em cada órgão homogêneos, que não tinham nenhuma relação entre si. Uma so-
cumpre uma função, ou seja, as partes (os fatos sociais) existem ciedade segmentada é aquela onde os grupos sociais (como aldeias,
em função do todo (a sociedade). por exemplo) vivem isolados, com um sistema social que tem vida
própria. O segmento basta-se a si mesmo e tem pouca comunicação
Ao comparar a sociedade a um organismo vivo, Durkheim iden- com o mundo exterior.
tifica dois estados em que esta pode se encontrar: o estado normal A evolução da sociedade, promove uma diferenciação social,
que designa os fenômenos que ocorrem com regularidade na socie- no qual predomina a divisão do trabalho. De acordo com Durkheim,
dade e o patológico, comportamentos que representam doenças e são três os fatores responsáveis pelo crescimento da sociedade: vo-
devem ser isolados e tratados porque põem em risco a harmonia e lume, densidade sócia e densidade moral.
o consenso, estando fora dos limites permitidos pela ordem social Raymond Aron4, assim define estes conceitos:
e pela moral vigente. Com o crescimento quantitativo (volume) e qualitativo (den-
A sociedade moderna se encontra em um estado doentio, por- sidade material e moral) da sociedade, ocorre na sociedade um
que deixou de exercer o papel de freio moral sobre os indivíduos. processo de especialização de funções denominado por Durkheim
Como Durkheim demonstra no prefácio à segunda edição de sua de Divisão Social do Trabalho. Nesta nova sociedade o indivíduo é
obra “Da divisão do trabalho social”: socializado porque, embora tenha uma esfera própria de ação, de-
“É a esse estado de anomia que devem ser atribuídos, como pende dos demais, e por conseguinte, da sociedade resultante des-
mostraremos, os conflitos incessantemente renascentes e as desor- sa união. Nesta sociedade predomina a solidariedade orgânica, ou
dens de todo tipo de que o mundo econômico nos dá o triste es- seja, uma sociedade em que os indivíduos estão unidos em virtude
petáculo. Porque, como nada contém as forças em presença e não da divisão social do trabalho.
lhes atribui limites que sejam obrigados a respeitar elas tendem a Vale ressaltar que a divisão social do trabalho, explicitada pelo
se desenvolver sem termos e acabem se entrechocando, para se teórico, não se refere apenas à especialização de funções econô-
reprimirem e se reduzirem mutuamente. (...) As paixões humanas micas, mas também pelas diferentes esferas sociais que se diferen-
só se detêm diante de uma força moral que elas respeitam. Se qual- ciam e se especializam cada vez mais como a economia, a política,
quer autoridade desse gênero inexiste, é a lei do mais forte que a educação, o direito e outros. Além disso, a divisão social do traba-
reina e. latente ou agudo, o estado de guerra é necessariamente lho, exerce nos homens a função de freio moral.
crônico”.2 A solidariedade orgânica é fruto das diferenças sociais. São es-
Durkheim considera que os conflitos e as desordens da socie- sas diferenças que unem os indivíduos pela necessidade de troca de
dade moderna são sintomas deste estado de anomia e ainda que, serviços e pela sua interdependência.
a Religião, o Estado e a família têm sido pouco eficazes no controle A solidariedade orgânica prevalece nas sociedades complexas
moral desta sociedade. O mecanismo que oferece a coesão para a de tipo capitalistas, onde, através da acelerada divisão social do
sociedade seria a solidariedade social. Nesta perspectiva, cabe-nos trabalho, os indivíduos se tornam interdependentes e suas funções
demonstrar que a solidariedade social se expressa, segundo sua te- são vitais para o funcionamento do sistema social. Neste tipo de so-
oria, por uma maior ou menor divisão do trabalho, somando ainda lidariedade a consciência coletiva se afrouxa, dando espaço à cons-
à consciência que poderá ser individual ou coletiva. ciência individual que expressa o que temos de pessoal e distinto.
A divisão do trabalho e a forma de consciência que se expressa Isto nos revela outro aspecto importante da obra de Durkheim:
em cada sociedade, levaram Durkheim a demonstrar que os fatos a especialização de funções e o grande desenvolvimento das ativi-
sociais têm existência própria, externa aos indivíduos e que no in- dades econômicas levaram a uma acentuação da consciência indivi-
terior de qualquer grupo ou sociedade existem formas padroniza- dual, o que pode ser prejudicial à coesão social.
das de conduta e pensamento baseadas na soma destas categorias. A infinidade de ocupações distribuídas ente os homens impe-
Esta soma, por sua vez, formam os dois tipos de solidariedade: a dirá que eles percebam a complementariedade entre elas, gerando
solidariedade mecânica e a solidariedade orgânica. um forte sentimento de individualismo. A acentuada especialização
Em sua obra, Durkheim demonstra que a sociedade modela o de atividades faz com que o indivíduo oriente seus atos, segundo
comportamento social do homem no processo da evolução social, suas próprias intenções, deixando de lado os valores coletivos. Des-
passando de uma solidariedade mecânica, para uma solidariedade ta forma, o individualismo exacerbado, segundo Durkheim, leva a
orgânica. sociedade a um estado de anomia moral, ou seja, à perda de uma
moral orientadora e disciplinadora dos comportamentos.
“A solidariedade mecânica é mais simples e se forma pela igual-
dade: os indivíduos vivem em comum porque partilham de uma A falta de regulamentação das atividades profissionais
consciência coletiva comum. A consciência coletiva é ‘um conjunto também levariam a sociedade a uma “divisão anômica (falta de
organização) do trabalho”.
3 DURKHEIM, Émile. Da divisão do trabalho social. 2ª ed. São Paulo: Martins
Fontes, 2004.
2 DURKHEIM, Émile. Da divisão do trabalho social. 2ª ed. São Paulo: Martins 4 ARON, Raymond. As etapas do pensamento sociológico. 6ª ed, São Paulo:
Fontes, 2004. Martins Fontes, 2002.
233
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
De acordo com Quintaneiro5: hoje é a história da luta entre classes”. Para melhor entendermos
Como o sociólogo francês o percebia, tal estado de anarquia este conceito, devemos nos remeter ao seu conceito de divisão do
não poderia ser atribuído somente a uma distribuição injusta da trabalho.
riqueza mas, principalmente, à falta de regulamentação das ativida- Marx concebe a ideia de que a sociedade está dividida em clas-
des econômicas, cujo desenvolvimento havia sido tão extraordiná- ses, cada uma com suas regras e condutas apropriadas, mas que
rio nos últimos dois séculos que elas acabaram por deixar de ocupar estão inseridas em um único sistema que é o Modo de Produção
seu antigo lugar secundário. Capitalista. A divisão social do trabalho é para Marx “a totalidade
das formas heterogêneas de trabalho útil, que diferem em ordem,
Como Dürkheim preservaria a sociedade garantindo assim o gênero, espécie e variedade”. (O Capital I, Cap.I)
seu bom funcionamento? É interessante observar que Marx considera a divisão do tra-
Qual seria, portanto, a função da divisão social do trabalho nes- balho não só como um meio para se alcançar a produção de mer-
te contexto? cadorias, mas considera a divisão de tarefas ente os indivíduos e
ainda nas relações de propriedade. Ou seja, a divisão do trabalho e
Durkheim irá procurar no campo do trabalho, um lugar de a especialização das atividades em classes, é basicamente a divisão
construção da solidariedade da moralidade perdida. A anomia (au- dos meios de produção e da força de trabalho.
sência de lei ou de regra) que desestabilizou a sociedade, necessita No dicionário do Pensamento Marxista de Tom Bottomore6, en-
da criação de uma nova moral, condizente com os valores da so- contramos a seguinte definição para a divisão do trabalho:
ciedade industrial emergente. Esta nova moral estaria intrínseca ao Primeiro, há a divisão social do trabalho, entendida como o sis-
mundo do trabalho que poderia exercer a regulamentação moral tema complexo de todas formas úteis de trabalho que são levadas a
nas sociedades. Neste sentido, a profissão assume grande impor- cabo independentemente umas das outras por produtores privados,
tância, substituindo a família, a religião e o Estado como instituições ou seja, no caso do capitalismo, uma divisão do trabalho que se dá
integradoras. na troca entre capitalistas individuais e independentes que compe-
tem uns com os outros.
De acordo com Quintaneiro, a saída para a moralização seria Em segundo lugar a divisão de trabalho entre trabalhadores,
criar corporações capazes de cumprir a autoridade moral, estabe- cada um dos quais executa uma operação parcial de um conjunto de
lecendo regras de conduta sobre os indivíduos, criando entre eles operações que são todas, executadas simultaneamente e cujo resul-
uma forte solidariedade. tado é o produto social do trabalhador coletivo. Esta é uma divisão
de trabalho que se dá na produção, entre o capital e o trabalho em
A função da divisão social do trabalho, seria produzir a seu confronto dentro do processo de produção. Embora esta divisão
solidariedade, dando sentido às ações dos trabalhadores. Ao do trabalho na produção e a divisão de trabalho na troca estejam
restabelecer a solidariedade entre os homens, a divisão social do mutuamente relacionadas, suas origens e seu desenvolvimento são
trabalho, assumiria seu caráter moral ampliando a harmonia, a de todo diferentes.
integração e a coesão na sociedade moderna. Como vemos, a divisão do trabalho compreende uma esfera
técnica e outra esfera social. Cabe-nos agora, observarmos como
A Divisão do Trabalho para Karl Marx Marx identifica o papel da divisão do trabalho na sociedade capita-
Karl Marx (1818-1883), desenvolveu uma corrente de pensa- lista moderna, para tanto, estaremos promovendo uma análise de
mento considerada a mais revolucionária da teoria social moderna: alguns de seus conceitos básicos. Para Marx, os homens constroem
o materialismo histórico. As ideias desse teórico, destinavam-se a a si próprios na produção dos seus meios de vida. É desta forma que
todos os homens pois denunciavam as contradições básicas da so- os homens se organizam socialmente e estabelecem as relações so-
ciedade capitalista, embasadas em um ideal revolucionário e numa ciais de produção.
proposta de ação política prática. A sociedade é, portanto, produto As relações sociais de produção, segundo Quintaneiro, refe-
da ação recíproca entre os homens. rem-se “as formas estabelecidas de distribuição dos meios de pro-
Para Marx, a lei fundamental de transformação de uma socie- dução e do produto, e o tipo de divisão social do trabalho numa
dade está vinculada ao desenvolvimento de suas forças produtivas, dada sociedade em um período histórico determinado”. Para Marx,
que em determinado estágio de desenvolvimento, chegam ao seu as relações sociais de produção dividem os homens entre proprie-
limite entrando em contradição com as relações de produção que tários e não proprietários dos meios de produção. Esta formação,
as desenvolveram. É na expansão das forças produtivas que encon- característica da sociedade capitalista, expressa as desigualdades
traremos as relações de propriedade, a distribuição da renda entre nas quais se baseiam as classes sociais.
os indivíduos e a formação das classes sociais. É importante ressaltar, que para Marx, a divisão social do traba-
Marx, identifica que pelas classes sociais os homens estabele- lho sempre existiu em todas as sociedades. Esta divisão é inerente
cem uma relação social de exploração, antagonismos sociais e alie- ao trabalho humano e ocorre em relação as tarefas econômicas,
nação, sob a forma da apropriação dos meios de produção. A ex- políticas e culturais. Desde as sociedades tradicionais a divisão do
pressão desta contradição entre as forças produtivas e as relações trabalho correspondia à divisão de papéis por gênero sendo sucedi-
de produção é a luta de classes. das mais tarde, pela divisão das atividades como a agricultura, o ar-
Desta forma, vê as relações sociais na sociedade moderna, tesanato e o comércio. A divisão do trabalho surge com o excedente
como negativas, por serem a principal causa da desigualdade so- da produção e a apropriação privada das condições de produção.
cial entre os homens. Para Marx, “a história de toda sociedade até Foi ainda através da Revolução Industrial que intensificou e frag-
5 QUINTANEIRO, Tânia. BARBOSA, Maria Ligia de O. OLIVEIRA, Márcia Gar- mentou-se as tarefas, aumentando por sua vez, a produtividade.
dênia de. Um toque de clássicos: Marx, Dürkheim e Weber. 2ª ed. Ver. Amp., Belo 6 BOTTOMORE, Tom (org.). Dicionário do Pensamento Marxista. Rio de Janeiro:
Horizonte: Editora UFMG, 2002. Jorge Zahar, 1983.
234
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
Braverman7, nos adverte que a divisão do trabalho na oficina se vez representam a forma como os homens estão organizados no
difere da divisão do trabalho no interior de uma sociedade: processo produtivo. Como afirma Marx: “o Modo de Produção con-
A divisão do trabalho na sociedade é característica de todas diciona o desenvolvimento da vida social, política e intelectual em
as sociedades conhecidas; a divisão do trabalho na oficina é pecu- geral”.
liar da sociedade capitalista. A divisão social do trabalho divide a Nesse sentido, o Estado surge para garantir o interesse da clas-
sociedade entre ocupações, cada qual apropriada a certo ramo de se dominante. Apesar do Estado Liberal difundir a ideia da defesa
produção; a divisão pormenorizada do trabalho destrói ocupações da igualdade, Marx denuncia no Manifesto do Partido Comunista8:
consideradas neste sentido, e torna o trabalhador inapto a acompa- “a sociedade burguesa moderna, que brotou das ruínas da socie-
nhar qualquer processo completo de produção. dade feudal, não aboliu os antagonismos de classe. Não fez senão
No capitalismo, a divisão social do trabalho é forçada, caótica e substituir novas classes, novas condições de opressão, novas formas
anarquicamente pelo mercado, enquanto a divisão do trabalho na de luta às que existiram no passado”. Marx ressalta aqui a ideia de
oficina é imposta pelo planejamento e controle. Ainda no capitalis- que é a burguesia, a classe social que irá controlar o poder político,
mo, os produtos da divisão social do trabalho são trocados como ideológico e jurídico da sociedade.
mercadorias, enquanto os resultados da operação do trabalhador O estado de alienação do proletariado, resultado da divisão do
parcelado não são todos possuídos pelo mesmo capital. trabalho, também se reflete nestas formas de dominação da bur-
Enquanto a divisão social do trabalho subdivide a sociedade, guesia. Marx afirma que o Estado é um instrumento criado pela
a divisão parcelada do trabalho subdivide o homem, e enquanto burguesia para garantir seu domínio econômico sobre o proleta-
a subdivisão da sociedade pode fortalecer o indivíduo e a espécie, riado, preservando e protegendo a propriedade privada dos meios
a subdivisão do indivíduo, quando efetuada com menosprezo das de produção. O aparato jurídico, por sua vez, seria o responsável
capacidades e necessidades humanas, é um crime contra a pessoa por garantir a igualdade entre os homens, camuflando a divisão da
e contra a humanidade. sociedade entre classes sociais distintas e com interesses opostos.
Desta forma, Braverman, nos mostra que a divisão social do A ideologia seria a encarregada de difundir a visão de mundo e os
trabalho expressa meios de segmentação da sociedade, enquanto valores burgueses, legitimando e consolidando seu poder.
que a divisão do trabalho na produção busca a valorização do capi- Conforme afirma Marx9: As ideias da classe dominante são,
tal, por meio da mais-valia, ou seja, o valor excedente produzido em cada época, as ideias dominantes; isto é, a classe que é a força
pelo operário e apropriado pela burguesia. A mais-valia promove o material dominante da sociedade é, ao mesmo tempo, sua força
aumento da produtividade seja pelo prolongamento da jornada de espiritual dominante. A classe que tem à sua disposição os meios
trabalho, ou pela mecanização das atividades produtivas. de produção material dispõe, ao mesmo tempo, dos meios de pro-
dução espiritual, o que faz com que ela seja submetida, ao mesmo
Tanto a divisão social do trabalho, quanto a divisão do tra- tempo e em média, as ideias daqueles aos quais faltam os meios de
balho na produção, convergem pra um mesmo ponto: a estrutura produção espiritual.
que representa o substrato econômico da sociedade, expressa
aqui pelas forças produtivas e pelas relações sociais de produção. As ideias dominantes nada mais são do que a expressão
ideal das relações materiais dominantes, as relações dominantes
A ideia de segmentação da sociedade, reflete uma relação de concebidas como ideias; portanto, a expressão das relações que
exploração dos possuidores, a burguesia, em relação aos não pos- tomam a classe dominante; portanto as ideias de sua dominação.
suidores, o proletariado. De acordo com Marx, esta relação de ex-
ploração acontece sob a forma legal da propriedade privada dos Weber
meios de produção. Desta forma, o trabalhador se vê obrigado a Para Weber, a sociedade era composta de partes cuja constitui-
vender sua força de trabalho ao empresário capitalista, que por ção depende fundamentalmente do indivíduo. As relações entre es-
sua vez, se apropria do produto do trabalho do proletário. Neste ses indivíduos seguiriam suas quatro formas de ação social (racional
contexto a força de trabalho se torna uma mercadoria, vendida ao orientada a fins, racional orientada a valores, afetiva, tradicional).
empresário capitalista por um salário. Essas relações acabariam por caracterizar a sociedade como um
Isto reforça a teoria do economista inglês, Adam Smith, de que todo, à medida que fossem incorporadas à legislação, à constitui-
o trabalho seria a verdadeira fonte de riqueza da sociedade. Este ção, à religiosidade e outras manifestações culturais, legais, valora-
conceito foi apropriado e ampliado por Marx que demonstra que a tivas e administrativas dessa sociedade.
força de trabalho significa criação de valor, mas como já afirmamos, Dessa forma, nas sociedades cujo pano de fundo religioso era
este é um valor apropriado pelo capitalista. o protestantismo cristão, por exemplo, Weber pôde identificar ele-
A força de trabalho, ao ser negociada como mercadoria, pro- mentos que justificassem o desenvolvimento do que ele chamou de
move a completa separação do trabalhador dos meios de produção, espírito do capitalismo a partir da ética protestante. Essa ética leva-
alienando o homem de sua própria essência que é o trabalho. Assim va os indivíduos da sociedade a atuar em seus papéis de trabalho
a divisão social do trabalho e a divisão industrial do trabalho, pro- (em suas divisões de trabalho social) de forma a sempre buscarem
movem a alienação e destroem as relações entre os homens, uma a acumulação e a eficiência e evitarem o desperdício ou a pregui-
vez que estes não têm domínio do processo de produção e não se ça. Assim, as sociedades inicialmente protestantes puderam expe-
beneficiam do produto de seu trabalho. rimentar um crescimento econômico e mesmo um melhoramento
É sobre esta base material que se ergue a superestrutura da dos níveis sociais, entre outros fatores.
sociedade moderna, segundo Marx. A superestrutura é formada
pela esfera jurídica, política e ideológica da sociedade, que por sua 8 MARX, Karl. Manifesto do Partido Comunista. 6ª ed., Petrópolis: Vozes: 1996.
7 BRAVEMAN, Harry. Trabalho e Capital Monopolista: A Degradação do Trabalho 9 MARX, Karl. O Capital: crítica da economia política. 22ª ed., Rio de Janeiro:
no Século XX. 5ª ed, Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1980. Civilização Brasileira, 2004.
235
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
236
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
balho na saúde mental e emocional dos indivíduos, e desenvolver cos complexos, exacerbam problemas como a pobreza, a exclusão
estratégias eficazes para promover ambientes laborais saudáveis e social e a falta de acesso a oportunidades econômicas. Nesse con-
gratificantes. texto, a luta pela equidade no trabalho torna-se uma batalha crucial
pela justiça social e pela dignidade humana.
Capítulo 4: Tecnologia e Transformações no Processo de Tra- A precarização do trabalho é outra face desafiadora do proces-
balho so de trabalho contemporâneo. À medida que as relações laborais
se tornam cada vez mais flexíveis e fluidas, muitos trabalhadores
A automação, um dos pilares do progresso tecnológico, emerge enfrentam condições de trabalho instáveis, salários baixos e falta
como uma força disruptiva que redefine as fronteiras do trabalho de proteção social. O trabalho informal e a gig economy emergem
humano. Ao substituir tarefas repetitivas e padronizadas por máqui- como símbolos dessa precariedade, onde a insegurança e a vulne-
nas e algoritmos, ela desencadeia um processo de reconfiguração rabilidade se tornam companheiras constantes dos trabalhadores.
das funções laborais e hierarquias organizacionais. No entanto, por Enquanto as empresas buscam maximizar seus lucros e flexibilizar
trás da promessa de eficiência e produtividade, surgem questões suas operações, os trabalhadores enfrentam o ônus de uma reali-
profundas sobre o impacto sociológico dessas mudanças: como os dade onde a estabilidade e a segurança são cada vez mais escassas.
trabalhadores se adaptam a um cenário onde suas habilidades são No entanto, apesar desses desafios aparentemente insupe-
desafiadas pela ascensão da automação? ráveis, há também oportunidades brilhantes que se destacam no
A informatização, por sua vez, permeia todos os aspectos do horizonte do processo de trabalho contemporâneo. A crescente
processo de trabalho, transformando a maneira como as informa- conscientização sobre as questões de saúde mental e bem-estar
ções são processadas, compartilhadas e armazenadas. A sociedade no trabalho abre espaço para a promoção de ambientes laborais
da informação, impulsionada pela revolução digital, apresenta um mais saudáveis e equilibrados. Estratégias como o apoio emocional,
novo conjunto de desafios e oportunidades para os trabalhadores. a flexibilização de horários e a promoção da autonomia dos traba-
Como lidar com a pressão constante por atualização profissional em lhadores ganham destaque como medidas eficazes para promover
um mundo onde o conhecimento se torna obsoleto rapidamente? o bem-estar e a satisfação no trabalho. À medida que a sociedade
Como garantir que todos tenham acesso às ferramentas e habili- reconhece a importância fundamental da saúde mental no contexto
dades necessárias para prosperar nesse ambiente cada vez mais profissional, novas oportunidades de transformação e melhoria sur-
digitalizado? gem, oferecendo um vislumbre de um futuro onde o trabalho pode
A inteligência artificial, por sua vez, emerge como uma força ser uma fonte de realização e felicidade para todos os indivíduos.
disruptiva que transcende os limites da automação tradicional. Com Entretanto, ao enfrentarmos os desafios e explorarmos as
sua capacidade de aprender, adaptar-se e tomar decisões autôno- oportunidades do processo de trabalho contemporâneo, somos
mas, ela promete revolucionar não apenas as tarefas operacionais, chamados a agir com determinação e compaixão. É por meio da
mas também as estruturas organizacionais e modelos de negócios. compreensão profunda das questões em jogo e do compromisso
No entanto, essa promessa de eficiência e inovação traz consigo firme com a justiça e a igualdade que podemos construir um futuro
preocupações profundas sobre o futuro do trabalho humano: como onde o trabalho seja verdadeiramente digno, gratificante e humano
redefinir as funções laborais em um mundo onde máquinas e algo- para todos.
ritmos assumem um papel cada vez mais proeminente?
Diante desses desafios e incertezas, a sociologia e a psicolo- - ORGANIZAÇÃO DE TRABALHO
gia aplicada ao trabalho assumem um papel fundamental na com- A organização de trabalho, central nas sociedades modernas,
preensão e resposta a essas transformações. Elas nos convidam a demanda uma compreensão essencial sob a ótica da sociologia e
refletir sobre como as mudanças tecnológicas influenciam as rela- psicologia aplicada ao trabalho. Estas disciplinas proporcionam
ções laborais, a identidade profissional e o bem-estar emocional uma abordagem interpretativa valiosa, desvendando as complexas
dos trabalhadores. Ao mesmo tempo, nos desafiam a desenvolver relações entre indivíduos, estruturas organizacionais e os impactos
estratégias eficazes para promover a adaptação, a resiliência e a sa- psicológicos desse intercâmbio no ambiente laboral. Ao longo des-
tisfação no trabalho em meio a um cenário em constante mutação. te texto, exploraremos os elementos fundamentais que delineiam
Então, ao investigarmos as interações entre tecnologia e tra- a organização de trabalho, ressaltando as nuances sociológicas e
balho, somos confrontados com um panorama complexo e multi- psicológicas que permeiam esse cenário dinâmico.
facetado, onde inovação e desafio se entrelaçam em uma dança Na perspectiva sociológica, a organização de trabalho é ana-
incessante. É por meio dessa análise profunda e abrangente que lisada como um fenômeno social moldado e moldador das estru-
podemos navegar com sucesso pelas águas turbulentas do progres- turas sociais. A sociologia aplicada ao trabalho investiga a divisão
so tecnológico, garantindo que as transformações no processo de laboral, as hierarquias organizacionais, as formas de cooperação e
trabalho beneficiem verdadeiramente toda a sociedade. as relações interpessoais, destacando como esses aspectos influen-
ciam a dinâmica social. Ao longo da história, a organização de tra-
Capítulo 5: Desafios e Oportunidades Contemporâneos no Pro- balho transcende sua função de garantir subsistência, tornando-se
cesso de Trabalho um elemento central na construção de identidades sociais e na con-
figuração de comunidades. A sociologia destaca a importância de
As desigualdades no acesso a oportunidades laborais emergem compreender como as mudanças nas relações laborais refletem e
como uma das questões mais prementes e urgentes do nosso tem- impactam as estruturas sociais, sendo as transformações na organi-
po. Enquanto alguns desfrutam de empregos estáveis e bem remu- zação de trabalho elementos-chave na evolução da sociedade.
nerados, outros enfrentam obstáculos significativos para ingressar No âmbito da psicologia aplicada ao trabalho, a organização
no mercado de trabalho ou para obter condições dignas de traba- laboral é percebida como um ambiente complexo que influencia a
lho. Essas disparidades, enraizadas em sistemas sociais e econômi- saúde mental, bem-estar emocional e desenvolvimento individual
237
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
dos trabalhadores. O enfoque recai sobre as experiências indivi- gica vai além das simples relações de trabalho, buscando entender
duais, abordando temas como motivação, satisfação no trabalho, como a escravidão moldou e refletiu as estruturas sociais, econômi-
estresse ocupacional e dinâmicas de grupo. As demandas espe- cas e identitárias das sociedades em diferentes épocas.
cíficas do ambiente laboral, como prazos rigorosos, pressão por Ao analisar o trabalho escravizado, é essencial reconhecer que
desempenho e relações interpessoais, têm um impacto direto no ele não se limita a uma exploração laboral, mas representa um fe-
bem-estar emocional e psicológico dos trabalhadores. Assim, a nômeno social profundo. A escravidão contribuiu significativamen-
psicologia aplicada à organização de trabalho busca compreender te para a configuração das hierarquias sociais, perpetuando e refor-
como os indivíduos se adaptam a essas demandas, lidam com a çando divisões baseadas na posse ou não de escravos. Além disso,
pressão e como as dinâmicas psicológicas influenciam a eficiência ela desempenhou um papel crucial na formação de estruturas eco-
e qualidade do trabalho. nômicas desiguais, onde uma minoria detinha o controle dos meios
O cenário contemporâneo presencia transformações significa- de produção, enquanto a maioria sofria exploração e privações.
tivas na organização de trabalho, impulsionadas por avanços tecno- Outro aspecto importante é a construção de identidades so-
lógicos, mudanças nas expectativas dos trabalhadores e novos pa- ciais baseadas na exploração. A escravidão não apenas explorava o
radigmas de gestão. A sociologia destaca o papel da tecnologia na trabalho dos indivíduos, mas também os categorizava e estigmati-
reconfiguração das estruturas sociais, enquanto a psicologia aplica- zava com base em sua condição de escravizados. Essa categorização
da explora os efeitos dessas mudanças na saúde mental e bem-es- permeava toda a estrutura social, reforçando a ideia de superiori-
tar emocional dos colaboradores. A ascensão do trabalho remoto, a dade de determinados grupos sobre outros e influenciando a dinâ-
busca por ambientes inclusivos e a valorização da qualidade de vida mica das relações sociais.
no trabalho são desafios contemporâneos que demandam uma As dinâmicas de poder e resiliência humana também merecem
análise sociológica e psicológica aprofundada. A organização de destaque. Enquanto os senhores exerciam poder sobre os escra-
trabalho enfrenta a necessidade de se adaptar a essas mudanças, vizados, estes desenvolviam estratégias de resistência e enfrenta-
promovendo práticas que não apenas aumentem a eficiência, mas mento para preservar sua dignidade e liberdade. Essas dinâmicas
também considerem o impacto humano, gerando um equilíbrio en- complexas revelam não apenas as injustiças do sistema escravista,
tre as demandas organizacionais e o bem-estar dos colaboradores. mas também a capacidade humana de resistir e lutar por seus di-
No contexto das desigualdades sociais, a organização de tra- reitos.
balho muitas vezes reflete e perpetua disparidades. A sociologia No entanto, a perspectiva sociológica sobre o trabalho escra-
aplicada destaca como certos grupos podem ser marginalizados vizado oferece uma análise profunda das complexidades desse
ou enfrentar obstáculos sistêmicos no acesso a oportunidades no fenômeno histórico. Compreender como a escravidão moldou as
ambiente laboral. A psicologia, por sua vez, procura identificar e mi- estruturas sociais e econômicas é essencial para lançar luz sobre as
tigar os impactos psicológicos dessas desigualdades, promovendo injustiças do passado e do presente. Além disso, essa compreensão
estratégias de inclusão e equidade. Olhando para o futuro, a orga- nos permite aprender lições valiosas sobre a resiliência humana e a
nização de trabalho se revela como um campo dinâmico e desafia- luta por justiça e liberdade.
dor. A sociologia e a psicologia aplicada ao trabalho desempenham
papéis cruciais na antecipação e gestão dos desafios emergentes. A Capítulo 2: A Evolução Histórica do Trabalho Escravizado
compreensão aprofundada das dinâmicas sociais e psicológicas na
organização de trabalho é essencial para promover uma evolução Para compreender adequadamente a evolução do trabalho es-
equitativa e sustentável na sociedade do século XXI. Em suma, a cravizado, é essencial retornar às antigas civilizações que adotaram
organização de trabalho, na interseção entre a sociologia e a psi- práticas escravistas como parte de sua estrutura social e econômi-
cologia aplicada, é um campo vasto e intrincado que merece uma ca. Nas civilizações romana, grega e egípcia, a escravidão era uma
análise contínua e aprofundada. O entendimento das complexas in- instituição profundamente enraizada, onde os escravos desempe-
terações entre as estruturas sociais, as demandas psicológicas e as nhavam uma variedade de funções, desde trabalhos domésticos
transformações contemporâneas na dinâmica organizacional é cru- até trabalhos agrícolas e industriais. A análise dessas sociedades
cial para moldar futuras práticas de trabalho mais justas, equitativas antigas revela a extensão da escravidão como uma prática genera-
e humanas. O diálogo contínuo entre essas disciplinas oferece um lizada e aceita, moldando não apenas as relações de trabalho, mas
caminho promissor para enfrentar os desafios e explorar as oportu- também a própria estrutura social.
nidades na incessante evolução do mundo do trabalho. À medida que avançamos na linha do tempo, chegamos à
era colonial, um período marcado pela exploração massiva de
africanos como escravos. A instituição da escravidão nas Américas,
O TRABALHO HUMANO E SUA EVOLUÇÃO HISTÓRICA: impulsionada pela demanda por mão de obra nas plantações de
TRABALHO ESCRAVIZADO, TRABALHO FEUDAL EM SERVI- açúcar, tabaco, algodão e outros produtos agrícolas, representou
DÃO, TRABALHO LIVRE DESPROTEGIDO um dos capítulos mais sombrios da história humana. Milhões de
africanos foram capturados, transportados à força através do
Capítulo 1: O Trabalho Escravizado na Perspectiva Sociológica Atlântico e submetidos a condições desumanas de trabalho nas
plantations. Essa exploração em massa não apenas alimentou o
O trabalho escravizado, ao longo dos séculos, tem sido um crescimento econômico das potências coloniais, mas também
tema de extenso estudo sob a perspectiva sociológica. Esta disser- deixou cicatrizes profundas nas sociedades africanas e na diáspora
tação pretende aprofundar-se nesse fenômeno histórico, exploran- africana, cujos efeitos reverberam até os dias de hoje.
do as dinâmicas sociais complexas que o envolvem. A visão socioló- Além disso, é fundamental examinar as diferentes formas de
organização social que adotaram práticas escravistas ao longo da
história. Desde as sociedades antigas até os impérios coloniais, a
238
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
escravidão assumiu diferentes nuances e características, refletindo sumanização que continua a afetar a saúde mental e emocional das
as peculiaridades culturais, econômicas e políticas de cada época e comunidades afetadas, mesmo séculos após sua abolição formal.
região. A compreensão dessas nuances é essencial para uma análi- A psicologia nos permite compreender como o trauma coletivo da
se completa e detalhada do trabalho escravizado em seus diversos escravidão se manifesta em problemas como ansiedade, depressão,
contextos históricos. baixa autoestima e dificuldades de relacionamento, moldando as
Por fim, ao explorar a evolução histórica do trabalho escravi- experiências individuais e coletivas das pessoas descendentes de
zado, é importante destacar não apenas suas manifestações e prá- escravizados.
ticas, mas também suas consequências sociológicas. A escravidão Além disso, é crucial analisar como as cicatrizes psicológicas da
deixou um legado profundo de desigualdade, injustiça e trauma escravidão influenciam a construção de identidades nas comunida-
que continua a moldar as sociedades contemporâneas. A análise des afetadas. A escravidão não apenas privou os escravizados de
dessas consequências sociológicas é essencial para uma compreen- sua liberdade física, mas também de sua dignidade e autonomia,
são abrangente do papel do trabalho escravizado na história huma- deixando marcas profundas em sua autoimagem e senso de valor
na e para informar os esforços de justiça, reparação e reconciliação próprio. A herança do trauma da escravidão se reflete na constru-
nos dias atuais. ção de identidades marcadas pela estigmatização, marginalização e
internalização de estereótipos negativos, afetando a autoconfiança
Capítulo 3: As Experiências Psicológicas do Trabalho Escraviza- e o senso de pertencimento das pessoas afetadas.
do Outro aspecto relevante a ser considerado é o impacto das ci-
catrizes psicológicas da escravidão nas relações familiares e comu-
Um dos principais pontos de análise é o impacto profundo da nitárias. A escravidão separou famílias, destruiu laços afetivos e mi-
privação de liberdade nas vidas dos escravizados. A psicologia nos nou a coesão social das comunidades africanas e afrodescendentes,
permite compreender como a perda da autonomia e a imposição deixando um legado de desconfiança, divisão e fragmentação. A
de um regime de trabalho forçado afetaram não apenas a saúde psicologia nos permite compreender como as dinâmicas familiares
mental, mas também o bem-estar emocional dos escravos. A fal- e comunitárias foram afetadas pelo trauma da escravidão, influen-
ta de controle sobre suas próprias vidas e a constante vigilância e ciando padrões de relacionamento, estratégias de enfrentamento e
coerção por parte dos senhores contribuíram para o desenvolvi- formas de resiliência ao longo das gerações.
mento de sentimentos de desesperança, impotência e desamparo Desse modo, a análise das cicatrizes psicológicas da escravidão
entre os escravizados. oferece uma visão aprofundada e multifacetada das consequências
Além disso, é crucial examinar as condições precárias de vida duradouras dessa prática desumana. Ao compreender como o trau-
enfrentadas pelos escravos e seu impacto na saúde mental e emo- ma da escravidão continua a moldar as identidades, relações fami-
cional. A psicologia nos ajuda a entender como a exposição a con- liares e oportunidades das comunidades afetadas, somos capazes
dições de trabalho insalubres, alimentação inadequada, habitação de reconhecer a importância crucial de abordar essas questões com
precária e violência física e psicológica contribuíram para o desen- sensibilidade, compaixão e atenção holística. A psicologia aplicada
volvimento de problemas de saúde mental, como ansiedade, de- ao trabalho oferece ferramentas teóricas e práticas para analisar e
pressão e transtorno de estresse pós-traumático. A análise dessas enfrentar as consequências sociais e psicológicas do trabalho escra-
condições permite uma compreensão mais profunda das dificulda- vizado, promovendo a conscientização, a reparação e a construção
des enfrentadas pelos escravizados e das estratégias de enfrenta- de sociedades mais justas e equitativas.
mento que desenvolveram para lidar com esses desafios.
É igualmente importante examinar as estratégias de resistência Capítulo 5: Perspectivas Contemporâneas sobre o Trabalho Es-
psicológica desenvolvidas pelos escravizados para preservar sua cravizado
humanidade e manter uma sensação de dignidade e autonomia
em meio à brutalidade do trabalho escravizado. A psicologia A discussão contemporânea sobre o trabalho escravizado lan-
nos permite entender como os escravos recorriam a formas de ça luz sobre um panorama complexo e multifacetado, onde movi-
resistência passiva, como sabotagem, simulação de doença e mentos sociais, avanços legislativos e transformações culturais se
preservação de sua cultura e identidade, como mecanismos de entrelaçam na luta pela abolição dessa prática desumana. Este capí-
enfrentamento contra a opressão e a desumanização. tulo se propõe a analisar minuciosamente as perspectivas contem-
Sendo assim, a análise das experiências psicológicas do traba- porâneas em relação ao trabalho escravizado, explorando tanto os
lho escravizado nos oferece uma visão mais completa e detalhada progressos alcançados quanto os desafios persistentes que ainda
das complexidades desse fenômeno histórico. Ao compreender os permeiam essa questão.
impactos da privação de liberdade, das condições de vida precárias Uma das principais áreas de análise é o papel dos movimentos
e do tratamento desumano na saúde mental e no bem-estar emo- sociais na luta contra o trabalho escravizado. Ao longo das décadas,
cional dos escravizados, somos capazes de reconhecer não apenas grupos ativistas, organizações da sociedade civil e coalizões interna-
as injustiças sofridas por esses indivíduos, mas também sua incrível cionais têm trabalhado incansavelmente para expor e combater as
resiliência e capacidade de enfrentar adversidades inimagináveis. diversas formas de escravidão moderna, incluindo o trabalho força-
do, o tráfico de pessoas e a exploração laboral. Esses movimentos
Capítulo 4: As Cicatrizes Psicológicas da Escravidão desempenham um papel fundamental na sensibilização da opinião
pública, pressionando governos e empresas a adotarem medidas
Uma das dimensões cruciais a serem examinadas é a forma eficazes para erradicar essa violação flagrante dos direitos huma-
como o trauma da escravidão reverbera ao longo das gerações, per- nos.
petuando-se em narrativas familiares, práticas culturais e estrutu-
ras sociais. A escravidão deixou um legado de dor, sofrimento e de-
239
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
Além dos movimentos sociais, os avanços legislativos têm destacam como a servidão não era apenas uma questão de pres-
sido cruciais na luta contra o trabalho escravizado. Leis nacionais tação de serviços em troca de proteção, mas sim um mecanismo
e internacionais têm sido promulgadas para criminalizar e punir os intricado de controle social e econômico.
responsáveis por práticas escravistas, bem como para proteger e Além disso, a sociologia aplicada ao trabalho lança luz sobre
apoiar as vítimas desse crime hediondo. No entanto, é importante a construção das identidades sociais no contexto feudal. Os servos
reconhecer que a implementação efetiva dessas leis e a garantia de não eram apenas trabalhadores subordinados; eles eram também
justiça para as vítimas continuam sendo desafios significativos em portadores de uma identidade social específica, moldada pelas
muitos países ao redor do mundo. exigências e expectativas de seu status na hierarquia feudal. Essa
Paralelamente aos movimentos sociais e avanços legislativos, construção de identidade, muitas vezes baseada na submissão e
as transformações culturais desempenham um papel crucial na mu- na dependência em relação aos senhores feudais, influenciava não
dança de mentalidades e na promoção de uma cultura de respeito apenas as relações entre os próprios servos, mas também suas in-
pelos direitos humanos e pela dignidade de todos. O diálogo aberto terações com outros estratos sociais da época.
e inclusivo sobre o legado da escravidão, suas consequências histó- Então podemos concluir que, o trabalho feudal em servidão
ricas e suas ramificações contemporâneas é essencial para promo- é um fenômeno complexo que demanda uma análise igualmente
ver a conscientização e o engajamento da sociedade civil na luta complexa. Ao lançar mão da sociologia aplicada ao trabalho, somos
contra o trabalho escravizado. capazes de desvendar as camadas mais profundas desse sistema,
No entanto, apesar dos progressos alcançados, é fundamental compreendendo não apenas suas implicações econômicas, mas
reconhecer a persistência das sequelas do trabalho escravizado e também suas ramificações sociais e identitárias. Este capítulo é
a necessidade de uma abordagem sensível e holística para enfren- apenas o ponto de partida para uma jornada intelectual rumo ao
tar suas consequências sociais e psicológicas. As cicatrizes deixadas cerne do trabalho feudal em servidão, onde as relações de poder,
pela escravidão continuam a ecoar ao longo das gerações, influen- dominação e resistência aguardam para serem desveladas.
ciando as estruturas sociais, as identidades individuais e as relações
familiares das comunidades afetadas. Nesse sentido, o diálogo en- Capítulo 7: Experiências Psicológicas dos Servos na Perspectiva
tre a sociologia e a psicologia aplicada ao trabalho emerge como da Psicologia Aplicada ao Trabalho
uma ferramenta crucial para promover a conscientização, a repara-
ção e a construção de sociedades mais justas e equitativas. Sob a ótica da psicologia aplicada ao trabalho, somos convida-
Assim, as perspectivas contemporâneas sobre o trabalho es- dos a mergulhar nas profundezas do ser dos servos, para compreen-
cravizado refletem um compromisso coletivo com a justiça social, der não apenas os fardos físicos que carregavam, mas também as
os direitos humanos e a dignidade de todos os seres humanos. Ao cicatrizes invisíveis que marcavam suas almas. A falta de liberdade
reconhecer os progressos alcançados e os desafios persistentes, so- e autonomia, características inerentes à condição de servidão, re-
mos instigados a continuar a luta contra essa violação flagrante dos presentava não apenas uma privação material, mas também uma
direitos fundamentais, promovendo uma cultura de respeito, igual- ferida profunda na psique dos servos.
dade e solidariedade em todas as esferas da sociedade. A ausência de reconhecimento do valor do trabalho dos ser-
vos, aliada à falta de perspectiva de mobilidade social, contribuía
Capítulo 6: O Trabalho Feudal em Servidão na Perspectiva So- para um senso de desesperança e impotência que permeava suas
ciológica vidas. A psicologia aplicada ao trabalho nos alerta para os efeitos
corrosivos dessa falta de reconhecimento, que minava não apenas a
Ao mergulharmos nesse universo feudal, somos confrontados autoestima dos servos, mas também sua saúde mental e bem-estar
com uma estrutura social profundamente hierárquica, onde os se- emocional.
nhores feudais reinavam soberanos sobre vastas extensões de ter- Não podemos ignorar também os sentimentos de resignação
ra, exercendo um poder quase divino sobre aqueles que labutavam que muitas vezes acompanhavam os servos em seu cotidiano. A
em seus domínios. Os servos, por sua vez, encontravam-se enreda- sensação de estar preso em um ciclo interminável de trabalho e
dos em uma teia de obrigações e submissão, onde sua liberdade submissão podia levar à aceitação passiva de sua condição, alimen-
e autonomia eram constantemente cerceadas pelas exigências de tando um sentimento de desamparo e resignação diante das adver-
seus senhores. sidades da vida feudal.
É nesse contexto de dominação e subordinação que a No entanto, nem todos os servos se entregavam à resignação
sociologia aplicada ao trabalho encontra terreno fértil para suas e à desesperança. Em meio às sombras da servidão, surgiam lam-
análises. Ao estudar o trabalho feudal em servidão, os sociólogos pejos de resistência e luta por uma vida mais digna. A psicologia
buscam compreender não apenas as relações laborais em si, aplicada ao trabalho nos mostra como alguns servos, mesmo diante
mas também os complexos mecanismos de poder e controle que das adversidades esmagadoras, encontravam formas de preservar
sustentavam esse sistema. A servidão, vista sob essa ótica, revela- sua humanidade e resistir aos grilhões da opressão.
se não apenas como uma relação de trabalho, mas como um Então, este capítulo nos conduz por um mergulho profundo
microcosmo das relações sociais mais amplas da época. nas águas turbulentas da psique dos servos medievais, revelando
Um dos aspectos mais fascinantes dessa análise sociológica os traumas, as lutas e as esperanças que permeavam suas vidas.
é o papel central desempenhado pela estrutura econômica feudal. Através da lente da psicologia aplicada ao trabalho, somos convida-
O sistema de feudos e vassalagem não apenas moldava as relações dos a reconhecer não apenas os fardos físicos que carregavam, mas
entre senhores e servos, mas também influenciava profundamente também as feridas invisíveis que marcavam suas almas, lançando
a distribuição de riqueza e poder na sociedade feudal. Os sociólogos luz sobre uma das facetas mais sombrias da história humana.
240
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
Capítulo 8: Resistência e Resiliência dos Servos reconhecimento do valor do trabalho não apenas moldava as con-
dições de vida dos servos, mas também afetava sua saúde mental e
Em meio aos grilhões da servidão, emerge um retrato fasci- bem-estar emocional. A psicologia nos mostra como a servidão não
nante da força humana, onde os servos, mesmo sob as sombras da era apenas uma questão econômica, mas também uma restrição
opressão feudal, encontravam maneiras de resistir e se erguer con- nas escolhas e na agência pessoal dos servos, gerando sentimentos
tra as injustiças que os cercavam. Este capítulo se propõe a explorar de impotência, resignação e, por vezes, resistência ativa.
as diversas formas de resistência e resiliência dos servos, lançando Contudo, mesmo diante das sombras da opressão, surgiam
luz sobre um aspecto muitas vezes negligenciado, mas fundamen- raios de luz na forma da resistência e resiliência dos servos. Seja
tal para compreender a complexidade das experiências no contexto através de pequenos atos de desobediência cotidiana ou de gran-
feudal. des movimentos de revolta, os servos demonstravam sua capacida-
Desde os confins escuros das masmorras feudais até os campos de de desafiar as injustiças e lutar por sua liberdade e dignidade.
vastos e abertos, os servos teciam os fios da resistência em meio à Sua resiliência, sua capacidade de adaptar-se às circunstâncias ad-
tirania de seus senhores. Pequenos atos de desobediência, como a versas e de encontrar esperança e propósito em suas vidas, mesmo
sabotagem de ferramentas ou a desaceleração deliberada do traba- sob as garras do sistema feudal, é uma lição poderosa sobre a força
lho, eram formas sutis, mas significativas, de desafiar a autoridade indomável do espírito humano.
feudal e reafirmar sua própria humanidade. Em conclusão, o trabalho feudal em servidão representa um
No entanto, a resistência dos servos muitas vezes transcendia dos capítulos mais marcantes na história do trabalho humano,
os limites individuais, culminando em movimentos de revolta e re- onde as relações sociais, econômicas e psicológicas se entrelaçam
belião que abalavam os alicerces do sistema feudal. Levantes cam- em uma tapeçaria complexa e fascinante. Ao nos debruçarmos so-
poneses, como a Revolta de Wat Tyler na Inglaterra e a Revolta dos bre esse período da história, somos convidados a enxergar além
Ciompi na Itália, são exemplos vívidos do poder coletivo dos servos, das narrativas convencionais, a explorar as profundezas das expe-
que se uniam em busca de justiça e liberdade. riências dos servos e a reconhecer a importância de abordagens
Além da resistência aberta, os servos também demonstravam multidisciplinares, como a sociologia e a psicologia aplicada, para
uma notável resiliência diante das adversidades. Em face das condi- uma compreensão mais completa e compassiva do passado e do
ções de vida precárias e das restrições impostas pelo sistema feudal, presente.
eles encontravam maneiras de se adaptar e sobreviver. Seja através
do apoio mútuo nas comunidades camponesas, da busca por for- Capítulo 10: Relações de Poder no Trabalho Livre e Desprote-
mas alternativas de sustento ou da preservação de suas tradições gido
culturais e valores, os servos mostravam uma capacidade surpreen-
dente de encontrar esperança e sentido em suas vidas, mesmo nos A análise sociológica do trabalho livre e desprotegido é um
momentos mais sombrios. mergulho profundo nas entranhas das relações laborais contempo-
Portanto, este capítulo nos convida a reconhecer a resistência râneas, revelando um cenário marcado por dinâmicas complexas
e resiliência dos servos como elementos essenciais na narrativa da e, por vezes, desafiadoras. No cerne dessa análise está a ausência
sociedade feudal. Suas lutas e conquistas, embora muitas vezes de regulamentações eficazes, que frequentemente resulta em uma
obscurecidas pela opressão feudal, são testemunhos vívidos da ine- disparidade significativa entre os dois lados da relação laboral. En-
xtinguível chama da liberdade e da dignidade humana, que queima- quanto os empregadores detêm o controle dos meios de produção
va mesmo nos corações mais oprimidos. e dos recursos financeiros, os trabalhadores se encontram em uma
posição de vulnerabilidade, desprovidos de garantias e salvaguar-
Capítulo 9: Reflexões Finais sobre o Trabalho Feudal em Servi- das que possam protegê-los de abusos e exploração. Essa assime-
dão tria de poder cria uma dinâmica desigual, onde os interesses e as
necessidades dos empregadores muitas vezes prevalecem sobre os
Ao encerrar esta jornada pela sociedade feudal, é imperativo dos trabalhadores.
refletir sobre as intricadas camadas que compõem o trabalho feu- A sociologia aplicada ao trabalho lança-se no estudo dessas re-
dal em servidão, um capítulo fundamental na história do trabalho lações de poder, buscando compreender como a falta de proteção
humano. Este capítulo final não apenas reitera a relevância históri- contribui para a perpetuação de desigualdades sociais. Ao margi-
ca desse fenômeno, mas também destaca suas implicações socioló- nalizar grupos específicos e limitar suas oportunidades de ascen-
gicas e psicológicas, que ecoam através dos séculos. são social, o trabalho livre e desprotegido não apenas reflete, mas
O trabalho feudal em servidão, longe de ser apenas uma rela- também reforça as disparidades existentes na estruturação das co-
ção econômica entre senhores e servos, é um microcosmo das com- munidades. A falta de regulamentação adequada cria um ambiente
plexas estruturas sociais e das relações de poder que permeavam a propício para a exploração, onde os trabalhadores são frequente-
sociedade feudal. A hierarquia rígida, onde os senhores detinham o mente submetidos a condições laborais precárias em troca de salá-
poder absoluto e os servos viviam em uma posição de submissão, rios insuficientes e sem benefícios.
não apenas moldava as interações laborais, mas também influen- Além disso, a ausência de proteção no trabalho pode ter efeitos
ciava a estrutura social como um todo. A sociologia aplicada ao devastadores na vida dos trabalhadores, tanto do ponto de vista
trabalho nos permite desvelar essas relações intricadas, revelando econômico quanto psicológico. A instabilidade no emprego e a in-
como a servidão era uma expressão das dinâmicas de poder e do- certeza quanto ao futuro criam um ambiente de constante ansie-
minação que caracterizavam a sociedade feudal. dade e estresse, minando a saúde mental e o bem-estar emocional
Além disso, a psicologia aplicada ao trabalho lança luz sobre as dos trabalhadores. A falta de segurança no trabalho também pode
experiências individuais dos servos, explorando os profundos im- levar a situações de exploração e abuso, exacerbando ainda mais as
pactos psicológicos da servidão. A falta de liberdade, autonomia e disparidades de poder já existentes.
241
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
Entretanto, a análise das relações de poder no trabalho livre e um desafio complexo, requerendo abordagens integradas que le-
desprotegido é essencial para uma compreensão abrangente das vem em consideração não apenas aspectos legais, mas também fa-
dinâmicas sociais e individuais que caracterizam esse fenômeno. tores sociais, culturais e psicológicos.
Ao expor as disparidades e assimetrias que permeiam o mundo do Nesse contexto, a sociologia aplicada ao trabalho desempenha
trabalho contemporâneo, a sociologia aplicada ao trabalho ofere- um papel crucial na identificação das causas subjacentes do traba-
ce insights valiosos para a formulação de políticas e práticas que lho livre e desprotegido e na formulação de políticas e práticas que
visem a promoção de ambientes laborais mais justos, equitativos visem à sua mitigação. A compreensão das dinâmicas sociais que
e saudáveis. perpetuam a precarização do trabalho é essencial para o desenvol-
vimento de estratégias eficazes de intervenção, que abordem não
Capítulo 11: Impactos na Saúde Mental e Bem-Estar dos Tra- apenas os sintomas, mas também as raízes profundas desse fenô-
balhadores meno.
Da mesma forma, a psicologia aplicada ao trabalho oferece in-
A instabilidade e a incerteza inerentes ao trabalho livre e des- sights valiosos sobre os efeitos psicológicos do trabalho livre e des-
protegido não são apenas preocupações abstratas, mas sim fontes protegido e sobre as estratégias de intervenção que visam promo-
de estresse crônico que podem minar a saúde mental dos trabalha- ver o bem-estar dos trabalhadores. A implementação de programas
dores. A constante preocupação com a segurança do emprego e a de apoio psicossocial, o fortalecimento das redes de suporte no lo-
incerteza quanto ao futuro podem desencadear ansiedade, depres- cal de trabalho e a promoção de práticas que valorizem o equilíbrio
são e outros problemas psicológicos, corroendo aos poucos a esta- entre vida profissional e pessoal são algumas das abordagens que
bilidade emocional dos indivíduos e comprometendo sua qualidade podem contribuir para mitigar os impactos negativos do trabalho
de vida. desprotegido na saúde mental dos trabalhadores.
Além disso, a falta de benefícios e direitos trabalhistas, uma Além disso, a educação e a conscientização pública desem-
marca característica do trabalho desprotegido, cria um ambiente penham um papel fundamental na promoção de uma mudança
onde a pressão por desempenho muitas vezes prevalece sobre o cultural em relação ao trabalho livre e desprotegido. É essencial
cuidado com a saúde e o equilíbrio entre vida profissional e pes- sensibilizar a sociedade para os impactos prejudiciais dessa mo-
soal. Os trabalhadores se veem obrigados a sacrificar sua saúde e dalidade laboral e para a importância de proteger os direitos dos
bem-estar em prol da produtividade e da sobrevivência econômica, trabalhadores, incentivando a adoção de práticas éticas e respon-
em um ciclo insustentável que pode resultar em exaustão física e sáveis por parte dos empregadores e a implementação de políticas
emocional. governamentais que garantam a dignidade e o bem-estar de todos
A ausência de redes de suporte e de recursos para lidar com os os trabalhadores.
desafios emocionais também agrava a situação, deixando os traba- Conforme vimos no decorrer do capítulo, os desafios asso-
lhadores vulneráveis ao isolamento social e à falta de apoio emo- ciados ao trabalho livre e desprotegido são complexos e multifa-
cional. A falta de acesso a serviços de saúde mental e programas de cetados, mas não insuperáveis. Com uma abordagem integrada
bem-estar no local de trabalho apenas intensifica essa vulnerabili- que combine os insights da sociologia e da psicologia aplicada ao
dade, perpetuando um ciclo de sofrimento silencioso que muitas trabalho, juntamente com ações coordenadas por parte dos go-
vezes passa despercebido. vernos, empregadores, trabalhadores e sociedade civil, é possível
Sendo assim, o exame dos impactos na saúde mental e bem- promover mudanças significativas que contribuam para a criação
-estar dos trabalhadores expõe uma realidade sombria e complexa, de ambientes laborais mais justos, equitativos e saudáveis, onde o
onde a falta de proteção laboral não apenas compromete a digni- trabalho seja uma fonte de dignidade e realização para todos.
dade e o bem-estar dos indivíduos, mas também mina os alicerces
de uma sociedade saudável e equitativa. Para promover mudanças Capítulo 13: O Trabalho Livre e Desprotegido como Fenômeno
significativas e construir um futuro onde o trabalho seja fonte de Sociológico e Psicológico
realização e dignidade para todos, é fundamental enfrentar esses
desafios de frente, adotando políticas e práticas que priorizem o A análise sociológica do trabalho livre e desprotegido revela a
cuidado e o respeito pelos direitos fundamentais dos trabalhado- sua intrínseca conexão com as dinâmicas sociais e econômicas que
res. permeiam a sociedade contemporânea. A ausência de regulamen-
tações eficazes frequentemente resulta em uma disparidade signifi-
Capítulo 12: Desafios e Estratégias de Intervenção cativa entre empregadores e empregados, perpetuando hierarquias
desfavoráveis e marginalizando grupos específicos. A sociologia
No cenário global contemporâneo, caracterizado por uma aplicada ao trabalho investiga como essa falta de proteção contribui
constante evolução nas formas de emprego e nas dinâmicas econô- para a perpetuação de desigualdades sociais, afetando não apenas
micas, o fenômeno do trabalho livre e desprotegido emerge como os indivíduos diretamente envolvidos, mas também a estruturação
um desafio premente que demanda uma análise aprofundada e a das comunidades e a coesão social como um todo.
implementação de estratégias eficazes de intervenção. Por outro lado, a psicologia aplicada ao trabalho oferece uma
Uma das principais dificuldades enfrentadas no combate ao perspectiva complementar, centrada nos efeitos psicológicos do
trabalho livre e desprotegido reside na sua natureza multifacetada trabalho livre e desprotegido na saúde mental e no bem-estar emo-
e nas suas ramificações profundas na estrutura socioeconômica. A cional dos trabalhadores. A instabilidade e a incerteza laboral po-
falta de regulamentações eficazes e a prevalência de relações de dem desencadear estresse crônico, ansiedade e outros problemas
poder desiguais tornam a proteção dos direitos dos trabalhadores psicológicos, enquanto a falta de benefícios e direitos trabalhistas
contribui para um ambiente onde a pressão por desempenho mui-
tas vezes prevalece sobre a saúde e o equilíbrio entre vida profis-
242
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
sional e pessoal. Além disso, as dinâmicas interpessoais no local de No entanto, o artesanato não estava isento de desafios. A pro-
trabalho, marcadas pela competição acirrada e pela escassez de dução manual, embora meticulosa e personalizada, era muitas ve-
reconhecimento e recompensas adequadas, podem minar a moti- zes lenta e trabalhosa. Os artesãos enfrentavam dificuldades em
vação e a satisfação no trabalho, impactando negativamente tanto competir com produtos fabricados em larga escala, especialmente
o desempenho individual quanto o coletivo. à medida que as rotas comerciais se expandiam e as demandas do
É importante ressaltar que o trabalho livre e desprotegido não é mercado se tornavam mais exigentes. Além disso, a falta de padro-
apenas uma condição econômica; é um fenômeno profundamente nização nos métodos de produção podia levar a variações na quali-
enraizado nas estruturas sociais, culturais e políticas da sociedade dade dos produtos, afetando sua reputação e comercialização.
contemporânea. Compreender profundamente essas dinâmicas é Apesar dos desafios, o artesanato persistiu como a espinha
crucial não apenas para a proteção dos direitos dos trabalhadores, dorsal da economia pré-industrial. Sua importância transcendia os
mas também para a promoção de uma sociedade mais justa e aspectos puramente econômicos, abrangendo aspectos culturais,
humanitária, onde o labor seja reconhecido como uma fonte de sociais e até mesmo espirituais. Os artesãos não eram apenas tra-
dignidade e realização para todos os seus membros. balhadores; eram guardiões de tradições ancestrais, artífices de so-
Para concluir podemos afirmar que, a análise do trabalho livre nhos materializados em formas tangíveis.
e desprotegido sob as lentes da sociologia e da psicologia ofere- Portanto, ao contemplarmos o papel do artesanato na era pré-
ce insights valiosos sobre as complexas interações entre estruturas -industrial, somos convidados a reconhecer sua profunda influência
sociais, poder e experiência humana. Ao reconhecer e abordar as na história do trabalho humano. Longe de ser apenas uma atividade
implicações sociológicas e psicológicas desse fenômeno, podemos econômica, o artesanato era uma expressão da alma humana, um
avançar em direção a mudanças significativas que promovam a jus- testemunho da criatividade, habilidade e dedicação que permeiam
tiça, a dignidade e o bem-estar dos trabalhadores em todo o mun- a jornada da humanidade através dos tempos.
do.
Capítulo 2: A Transição para a Industrialização
FASES HISTÓRICAS INICIAIS DA INDUSTRIALIZAÇÃO: No despertar da Revolução Industrial, as engrenagens da mu-
ARTESANATO, MANUFATURA, MAQUINOFATURA E dança começaram a girar. O desenvolvimento de máquinas movidas
MECANIZAÇÃO DA PRODUÇÃO a vapor e a introdução de novas tecnologias inauguraram uma nova
era na produção, possibilitando uma escala sem precedentes na
Capítulo 1: O Artesanato na Era Pré-Industrial fabricação de bens. O artesanato, com sua produção manual e per-
sonalizada, viu-se confrontado por uma nova realidade: a ascensão
Desde os primórdios da civilização, os artífices habilidosos de- imparável da produção fabril.
sempenharam um papel fundamental na criação de bens essenciais No entanto, o artesanato não se curvou imediatamente diante
para a vida cotidiana das comunidades. Trabalhando em pequenas do avanço da industrialização. Em vez disso, enfrentou uma série de
oficinas, esses artesãos eram verdadeiros mestres em suas artes, desafios e transformações enquanto lutava para se adaptar a um
dedicando-se com paixão e destreza à criação de objetos de manei- mundo em rápida mutação. A transição para métodos mais mecani-
ra manual e personalizada. A meticulosidade e o cuidado com que zados não representou o fim do artesanato, mas sim o início de uma
cada peça era elaborada refletiam não apenas a habilidade técnica jornada tumultuada em direção a um novo paradigma de produção.
dos artesãos, mas também o seu profundo respeito pelo ofício. Uma das principais mudanças que acompanhou essa transição
O artesanato não era apenas uma atividade econômica; era um foi a fragmentação do trabalho artesanal. Com a introdução de má-
pilar central da vida comunitária. Nas estreitas ruas das vilas e cida- quinas e processos industriais, as tarefas que antes eram realizadas
des da era pré-industrial, as oficinas dos artesãos pulsavam com ati- de forma integrada por artesãos individuais foram subdivididas e
vidade, formando o coração pulsante das comunidades locais. Ali, atribuídas a diferentes trabalhadores. Essa fragmentação não ape-
os artesãos não apenas criavam, mas também interagiam com seus nas alterou a natureza do trabalho, mas também afetou as relações
vizinhos, compartilhando conhecimento, experiências e, por vezes, entre os próprios artesãos, muitas vezes levando à perda do senso
até mesmo rivalidades amigáveis. de comunidade e colaboração que caracterizava as oficinas artesa-
A relação entre os artesãos e suas comunidades era de profun- nais.
da interdependência. Os produtos artesanais não eram meros ob- Além disso, a introdução de métodos mais mecanizados repre-
jetos de consumo; eram símbolos de identidade e pertencimento. sentou um desafio para a identidade profissional dos artesãos. A
Cada peça carregava consigo a marca do seu criador, uma assinatu- perda de controle sobre o processo produtivo e a diminuição da
ra única que conferia valor não apenas material, mas também emo- autonomia ameaçavam minar a essência do artesanato, que estava
cional. Os artesãos não apenas fabricavam bens; eles moldavam a intrinsecamente ligada à habilidade e criatividade individuais dos
cultura e a estética de suas comunidades, deixando um legado du- artesãos. A transição para métodos mais industrializados colocava
radouro que transcenderia gerações. em cheque não apenas os meios de produção, mas também a pró-
A diversidade de ofícios artesanais era impressionante. Dos fer- pria alma do artesanato.
reiros aos ourives, dos tecelões aos carpinteiros, cada profissão ti- No âmbito das relações laborais, a transição para a industriali-
nha suas próprias técnicas e tradições, transmitidas de mestre para zação também teve profundas implicações. O surgimento de fábri-
aprendiz ao longo de séculos. Essa riqueza de conhecimento e ha- cas e linhas de produção transformou as dinâmicas interpessoais
bilidade contribuía para a variedade e qualidade dos produtos arte- entre os trabalhadores. As relações que antes eram marcadas pela
sanais, tornando-os altamente valorizados não apenas localmente, proximidade e colaboração nas oficinas artesanais deram lugar a
mas também em mercados distantes.
243
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
uma dinâmica mais impessoal e hierárquica nas fábricas, onde os e a vida comunitária. Ao compreendermos essas mudanças, pode-
trabalhadores eram meros componentes de um sistema produtivo mos lançar luz sobre os desafios e oportunidades que enfrentamos
em grande escala. na construção de uma sociedade mais justa e igualitária.
No entanto, ao examinarmos a transição do artesanato para a
industrialização, somos confrontados com um período de mudan- Capítulo 4: Desafios Psicológicos para os Artesãos
ça e turbulência na história do trabalho humano. As transforma-
ções que ocorreram durante esse período não apenas moldaram Um dos desafios mais significativos enfrentados pelos artesãos
o curso da Revolução Industrial, mas também deixaram um legado foi a perda de controle sobre o processo produtivo. Enquanto no
duradouro que ressoa até os dias de hoje. Ao compreendermos os artesanato tradicional os trabalhadores tinham um controle direto
desafios enfrentados pelo artesanato nesse período de transição, sobre todas as etapas da produção, na produção mecanizada eles
podemos lançar luz sobre as complexas dinâmicas que moldam o se tornaram apenas uma pequena peça em uma máquina maior.
trabalho e a sociedade contemporâneos. Essa falta de controle não apenas minou a sensação de eficácia e
competência dos artesãos, mas também gerou sentimentos de alie-
Capítulo 3: Impacto nas Relações Sociais e Comunitárias nação e despersonalização em relação ao trabalho.
Além disso, a diminuição da autonomia dos artesãos represen-
Na era pré-industrial, as oficinas artesanais eram centros de tou outro desafio psicológico significativo. No contexto do artesa-
atividade comunitária, onde os artesãos não apenas trabalhavam nato, os trabalhadores desfrutavam de uma certa liberdade para
juntos, mas também compartilhavam laços sociais e culturais. O tra- organizar seu próprio trabalho e definir seus próprios padrões de
balho em estreita colaboração permitia um senso de camaradagem qualidade. No entanto, com a introdução de métodos mais me-
e solidariedade entre os colegas de trabalho, criando uma atmosfe- canizados, essa autonomia foi gradualmente erodida em prol da
ra de apoio mútuo e cooperação. Além disso, as oficinas artesanais eficiência e da produção em massa. Essa perda de autonomia não
muitas vezes desempenhavam um papel central na vida da comuni- apenas minou a motivação intrínseca dos artesãos, mas também
dade, servindo como locais de encontro e troca cultural. gerou sentimentos de desamparo e falta de propósito em relação
No entanto, a transição para métodos mais mecanizados alte- ao trabalho.
rou drasticamente essa dinâmica. Com a fragmentação do trabalho A padronização do trabalho também representou um desafio
e a especialização de tarefas, os artesãos foram cada vez mais iso- significativo para os artesãos, ameaçando sua identidade profissio-
lados em funções específicas dentro do processo produtivo. Essa nal e autoestima. Enquanto no artesanato tradicional cada peça era
divisão do trabalho não apenas minou a colaboração e o senso de única e carregava a marca distintiva do artesão, na produção me-
comunidade nas oficinas, mas também levou à competição entre os canizada os produtos se tornaram homogêneos e intercambiáveis.
trabalhadores por tarefas e reconhecimento. Isso não apenas diminuiu o senso de realização dos artesãos, mas
Além disso, a introdução de fábricas e linhas de produção criou também os deixou vulneráveis a sentimentos de inutilidade e insig-
novas divisões sociais entre os trabalhadores. Enquanto os artesãos nificância em relação ao seu trabalho.
mais habilidosos muitas vezes ocupavam posições de supervisão Além dos desafios individuais enfrentados pelos artesãos, a
e controle, os trabalhadores menos qualificados eram relegados a mecanização do trabalho artesanal também teve um impacto nas
tarefas repetitivas e monótonas. Essa hierarquia dentro da fábrica dinâmicas interpessoais dentro do ambiente de trabalho. A intro-
não apenas exacerbou as disparidades de poder entre os trabalha- dução de linhas de produção e métodos mais mecanizados levou
dores, mas também alimentou ressentimentos e tensões sociais a uma maior impessoalidade e isolamento entre os trabalhadores,
dentro do ambiente de trabalho. minando os laços sociais e a camaradagem que antes caracteriza-
Por outro lado, a fragmentação do trabalho também teve im- vam as oficinas artesanais.
pactos mais amplos nas relações sociais da comunidade. À medida No entanto, apesar dos desafios psicológicos enfrentados pe-
que as oficinas artesanais cediam lugar às fábricas, muitos artesãos los artesãos durante a transição para métodos mais mecanizados,
foram forçados a deixar suas comunidades de origem em busca de é importante reconhecer que muitos deles também encontraram
emprego nas cidades industriais. Esse deslocamento populacional maneiras de se adaptar e resistir às mudanças em seus ambientes
resultou em mudanças demográficas significativas e, por vezes, no de trabalho. Estratégias de enfrentamento, como o estabelecimen-
enfraquecimento dos laços comunitários tradicionais. to de redes de apoio entre colegas de trabalho e o cultivo de inte-
No entanto, apesar dos desafios enfrentados durante essa resses e hobbies fora do trabalho, ajudaram muitos artesãos a lidar
transição, é importante reconhecer que as mudanças sociais tam- com os desafios psicológicos impostos pela mecanização.
bém deram origem a novas formas de solidariedade e organização Dessa forma, ao analisarmos os desafios psicológicos enfren-
entre os trabalhadores. Movimentos sindicais e cooperativas de tados pelos artesãos durante a transição para métodos mais meca-
trabalhadores surgiram como resposta às condições precárias de nizados de produção, somos confrontados com uma imagem com-
trabalho, buscando proteger os interesses dos trabalhadores e pro- plexa e multifacetada da experiência laboral durante a Revolução
mover uma maior igualdade no local de trabalho e na sociedade Industrial. Ao compreendermos esses desafios, podemos não ape-
como um todo. nas reconhecer a resiliência dos trabalhadores em face da adversi-
Desse modo, ao analisarmos o impacto nas relações sociais e dade, mas também aprender lições importantes sobre a natureza
comunitárias da transição para métodos mais mecanizados durante humana e as complexidades da experiência laboral.
a Revolução Industrial, somos confrontados com uma história com-
plexa e multifacetada. As mudanças sociais que acompanharam
essa transformação não apenas moldaram as dinâmicas do traba-
lho, mas também influenciaram profundamente a estrutura social
244
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
Capítulo 5: Impactos nas Relações Interpessoais Capítulo 6: Reflexões sobre a Evolução do Trabalho Humano
Com o deslocamento dos artesãos para ambientes fabris, as Na transição do artesanato para métodos mais mecanizados,
relações entre os trabalhadores se tornaram mais impessoais e vemos uma mudança radical na forma como o trabalho é organi-
hierárquicas. Nas oficinas artesanais, onde o trabalho era realizado zado e executado. A introdução de máquinas e tecnologias trouxe
em pequenos grupos e havia uma interação mais próxima entre os consigo uma produção em maior escala e uma padronização dos
colegas, as relações tendiam a ser mais pessoais e informais. No processos, rompendo com a tradição do trabalho manual e perso-
entanto, nas fábricas, onde os trabalhadores eram inseridos em li- nalizado característico do artesanato. Essa mudança não ocorreu
nhas de produção e desempenhavam tarefas repetitivas e especia- sem desafios; os artesãos enfrentaram uma série de transforma-
lizadas, as interações entre os colegas tornaram-se mais distantes ções em seus ambientes de trabalho e na própria natureza de seu
e impessoais. trabalho.
Essa mudança na dinâmica interpessoal também refletiu as A sociologia aplicada ao trabalho nos ajuda a compreender as
mudanças na própria organização do trabalho. Nas oficinas artesa- implicações sociais dessas mudanças. As estruturas sociais foram
nais, os artesãos desfrutavam de uma certa autonomia e controle profundamente afetadas pela transição para métodos mais me-
sobre seu trabalho, o que facilitava a colaboração e a cooperação canizados, com novas hierarquias e relações de poder emergindo
entre os colegas. No entanto, nas fábricas, onde o trabalho era al- dentro dos ambientes fabris. A fragmentação do trabalho, resultado
tamente padronizado e controlado pelos supervisores, a hierarquia da especialização de tarefas, levou a uma divisão mais pronunciada
tornou-se mais pronunciada e as relações entre os trabalhadores entre os trabalhadores, com cada um desempenhando um papel
foram muitas vezes caracterizadas por uma dinâmica de comando específico e interdependente dentro do processo de produção.
e obediência. Essa especialização não apenas afetou as relações entre os colegas
A psicologia aplicada ao trabalho desempenha um papel funda- de trabalho, mas também teve impactos nas relações sociais mais
mental na investigação dessas mudanças nas relações interpessoais amplas, afetando as dinâmicas comunitárias e a estruturação das
e seus impactos na experiência laboral dos trabalhadores. Um dos classes sociais.
aspectos estudados é a satisfação no trabalho, que pode ser afetada Além disso, a psicologia aplicada ao trabalho lança luz sobre as
pela qualidade das relações interpessoais dentro do ambiente de complexas dinâmicas psicológicas desencadeadas pela transição do
trabalho. Nas fábricas, onde as interações entre os colegas são mais artesanato para métodos mais mecanizados. A perda de controle
impessoais e hierárquicas, a satisfação no trabalho tende a ser mais sobre o processo produtivo e a diminuição da autonomia represen-
baixa em comparação com as oficinas artesanais, onde as relações taram desafios significativos para os trabalhadores, afetando sua
são mais próximas e colaborativas. identidade profissional e seu bem-estar emocional. A padronização
Além disso, a psicologia aplicada ao trabalho também investiga do trabalho e a repetitividade das tarefas também tiveram impac-
o impacto das mudanças nas relações interpessoais no bem-estar tos na saúde mental dos trabalhadores, aumentando os níveis de
emocional dos trabalhadores. Nas fábricas, onde as relações são estresse e ansiedade no ambiente de trabalho.
mais distantes e impessoais, os trabalhadores podem experimentar Ao examinar as fases iniciais da industrialização, somos con-
sentimentos de isolamento e solidão, o que pode levar a proble- frontados com as raízes das práticas laborais contemporâneas e
mas de saúde mental, como ansiedade e depressão. Portanto, com- suas implicações nas sociedades atuais. Através da sociologia e da
preender como as mudanças na organização do trabalho afetam as psicologia aplicadas ao trabalho, somos capazes de compreender
relações interpessoais é crucial para desenvolver estratégias efica- não apenas as mudanças nas estruturas sociais e nas dinâmicas
zes de apoio e intervenção para promover o bem-estar emocional psicológicas, mas também os desafios e oportunidades que essas
dos trabalhadores. transformações apresentam para os trabalhadores e para a socie-
Como também, a psicologia aplicada ao trabalho também dade como um todo. Ao refletir sobre a evolução do trabalho hu-
investiga as estratégias de enfrentamento adotadas pelos traba- mano, somos instigados a buscar formas mais justas, equitativas e
lhadores diante das transformações em seus ambientes laborais. saudáveis de organizar o trabalho em nossas sociedades contem-
Nas fábricas, onde as relações interpessoais são mais impessoais porâneas.
e hierárquicas, os trabalhadores podem recorrer a estratégias de
adaptação, como o desenvolvimento de redes de apoio informais Capítulo 7: Conhecendo a Manufatura
entre os colegas, para lidar com os desafios psicológicos impostos
pela nova dinâmica de trabalho. Compreender essas estratégias de A Revolução Industrial marcou um momento crucial na história
enfrentamento é fundamental para ajudar os trabalhadores a na- da humanidade, trazendo consigo profundas transformações so-
vegar com sucesso nas mudanças em seus ambientes de trabalho cioeconômicas que ecoam até os dias de hoje. Dentro desse con-
e promover uma experiência laboral mais positiva e gratificante. texto de mudanças aceleradas, a manufatura emerge como um ele-
E ao examinar os impactos nas relações interpessoais durante a mento fundamental, representando uma fase intermediária entre
transição dos artesãos para ambientes fabris, somos confrontados o artesanato tradicional e a produção fabril em larga escala. Esta
com uma série de questões importantes relacionadas à organiza- transição histórica, que teve início no final do século XVIII, é essen-
ção do trabalho e à experiência laboral dos trabalhadores. Através cial para compreendermos a evolução do trabalho humano e suas
da psicologia aplicada ao trabalho, podemos compreender melhor implicações na sociedade contemporânea.
essas mudanças e desenvolver estratégias eficazes para promover A manufatura, ao contrário do artesanato, introduziu uma
relações interpessoais saudáveis e um ambiente de trabalho mais abordagem mais sistemática e organizada para a produção em gran-
positivo e produtivo. de escala. Esse novo método de produção foi caracterizado pelo
uso crescente de máquinas e pela divisão do trabalho em etapas
especializadas, cada uma executada por trabalhadores específicos.
245
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
Essa mudança significativa na organização do trabalho não apenas moldaram as relações laborais e as estruturas econômicas da época.
aumentou a eficiência produtiva, mas também transformou as rela- Ao compreendermos em detalhes as características da manufatura,
ções laborais e as estruturas econômicas da época. somos capazes de lançar luz sobre as raízes das práticas laborais
Uma das principais transformações trazidas pela manufatura modernas e as transformações que moldaram o mundo industrial
foi a reorganização da força de trabalho. Enquanto no artesanato contemporâneo.
um único artesão era responsável por todo o processo produtivo,
na manufatura diferentes trabalhadores desempenhavam tarefas Capítulo 9: Aspectos Sociológicos da Manufatura
específicas em uma linha de produção. Essa fragmentação do tra-
balho resultou em uma produção mais rápida e em maior quantida- Uma das mudanças mais significativas trazidas pela manufatura
de, impulsionando o crescimento das indústrias e o surgimento de foi a especialização do trabalho. Com a introdução de linhas de pro-
centros urbanos industriais. dução e a divisão do trabalho em tarefas específicas, os trabalha-
No entanto, o impacto da manufatura não se limitou apenas ao dores passaram a desempenhar funções altamente especializadas.
aspecto econômico. O surgimento de fábricas e indústrias provo- Essa especialização não apenas aumentou a eficiência da produção,
cou mudanças significativas na estrutura social, com a concentração mas também teve impactos nas relações sociais dentro das fábricas.
de trabalhadores em áreas urbanas e o surgimento de uma nova A especialização do trabalho na manufatura intensificou as
classe trabalhadora industrial. Essa transformação social também hierarquias no ambiente de trabalho. Enquanto no artesanato os
exacerbou as desigualdades econômicas, criando uma lacuna en- artesãos desfrutavam de certo grau de autonomia e controle sobre
tre os proprietários dos meios de produção e os trabalhadores das seu trabalho, na manufatura, a hierarquia entre os trabalhadores
fábricas. se tornou mais pronunciada. Supervisores e gerentes surgiram para
Então podemos concluir que, a manufatura representa uma coordenar as operações e garantir o cumprimento das metas de
fase crucial na evolução do trabalho humano e na história da civi- produção, criando uma clara divisão entre trabalhadores comuns e
lização. Seu surgimento durante a Revolução Industrial não apenas cargos de autoridade.
revolucionou os métodos de produção, mas também moldou pro- Além disso, a transição para a manufatura exacerbou as divi-
fundamente a organização social e econômica da época. Ao com- sões de classe na sociedade. Enquanto os proprietários das fábricas
preendermos a complexidade da manufatura e suas implicações na detinham o controle dos meios de produção e acumulavam riqueza,
sociedade contemporânea, somos capazes de lançar luz sobre as os trabalhadores enfrentavam condições de trabalho árduas e salá-
raízes das práticas laborais modernas e as transformações que mol- rios baixos. Essa disparidade de poder e recursos econômicos criou
daram o mundo em que vivemos. tensões sociais e levou a conflitos entre os diferentes estratos da
sociedade industrial emergente.
Capítulo 8: Características da Manufatura A sociologia aplicada ao trabalho durante a era da manufatura
se dedicou a investigar essas complexas dinâmicas sociais. Estudio-
Uma das principais características da manufatura é o crescente sos buscaram compreender como a especialização do trabalho e a
uso de máquinas. Enquanto no artesanato predominava o trabalho hierarquização das relações laborais afetaram a coesão social den-
manual, na manufatura, máquinas começaram a ser introduzidas tro das fábricas e as relações entre os trabalhadores. Além disso,
para auxiliar e aumentar a eficiência da produção. Essa transição foram analisados os efeitos das desigualdades econômicas e das
para métodos mais mecanizados foi essencial para a escalabilidade condições de trabalho precárias na estratificação social e no surgi-
da produção e para a fabricação em maior quantidade. mento de movimentos de resistência e sindicatos.
Além disso, a manufatura se destaca pela organização do traba- Sendo assim, os aspectos sociológicos da manufatura revelam
lho em uma escala intermediária. Enquanto no artesanato um único não apenas as mudanças na organização do trabalho, mas também
artesão era responsável por todas as etapas do processo produtivo, as profundas transformações sociais desencadeadas pela Revolu-
na manufatura, diferentes trabalhadores desempenhavam tarefas ção Industrial. Ao examinar em detalhes essas dinâmicas sociais, so-
específicas em uma linha de produção. Cada etapa do processo era mos capazes de entender melhor as origens das estruturas sociais
realizada por um trabalhador especializado, resultando em uma contemporâneas e as lutas pela justiça e equidade que moldaram a
produção mais rápida e eficiente. história do trabalho humano.
A divisão do trabalho na manufatura também contribuiu para
a padronização dos produtos. Com tarefas específicas atribuídas a Capítulo 10: Implicações Psicológicas da Manufatura
diferentes trabalhadores, foi possível garantir uma maior unifor-
midade na fabricação dos produtos. Isso não apenas aumentou a Um dos principais desafios psicológicos introduzidos pela ma-
eficiência da produção, mas também facilitou a comercialização em nufatura foi a especialização das tarefas. Anteriormente, no contex-
larga escala e a distribuição dos produtos para mercados distantes. to do artesanato, os trabalhadores desempenhavam uma varieda-
Outro aspecto importante da manufatura é a hierarquia no am- de de tarefas em todo o processo produtivo, proporcionando uma
biente de trabalho. Com a introdução de máquinas e a divisão do sensação de variedade e autonomia. No entanto, na manufatura, os
trabalho, surgiram novas relações laborais e uma clara distinção en- trabalhadores eram frequentemente designados para realizar uma
tre os trabalhadores responsáveis por diferentes etapas do proces- única tarefa repetitiva, levando à monotonia e à perda de interesse
so produtivo. Isso levou à emergência de supervisores e gerentes, no trabalho.
responsáveis por coordenar e controlar as operações na fábrica. A repetição constante de operações na linha de produção con-
Portanto, a manufatura se caracteriza pelo uso crescente de tribuiu para a fragmentação do trabalho e para a alienação do pro-
máquinas, pela organização do trabalho em uma escala interme- cesso produtivo. Os trabalhadores se viam desconectados do produ-
diária e pela divisão especializada de tarefas. Essas características to final e do propósito do trabalho, resultando em uma diminuição
não apenas revolucionaram os métodos de produção, mas também da motivação e da satisfação no trabalho. A falta de significado e
246
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
propósito no trabalho pode levar a sentimentos de desesperança ra da produção fabril moderna, somos capazes de lançar luz sobre
e desamparo, afetando negativamente o bem-estar emocional dos as raízes das práticas laborais contemporâneas e as complexidades
trabalhadores. das relações entre trabalho, sociedade e psicologia. Essa compreen-
Além disso, as condições laborais na era da manufatura fre- são é essencial para uma análise holística do trabalho humano ao
quentemente eram precárias, com jornadas extenuantes, am- longo da história e suas implicações nas sociedades contemporâ-
bientes de trabalho insalubres e supervisão rigorosa. Esses fatores neas.
contribuíram para o aumento do estresse e da ansiedade entre os
trabalhadores, impactando sua saúde mental e física. A falta de Capítulo 12: Introdução à Maquinofatura
controle sobre o ambiente de trabalho e a sensação de impotência
diante das condições laborais adversas podem levar a uma deterio- A maquinofatura surge como um marco essencial na história
ração do bem-estar psicológico dos trabalhadores. do trabalho humano, representando uma fase de transição entre
A psicologia aplicada ao trabalho desempenhou um papel cru- práticas laborais tradicionais e formas mais modernas e eficientes
cial na compreensão dessas questões e na busca por soluções para de produção. Este período foi caracterizado pelo crescente uso de
melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores na era da manufa- máquinas e tecnologias nas indústrias, o que revolucionou não ape-
tura. Estudos foram realizados para investigar como as condições nas a maneira como os produtos eram fabricados, mas também a
de trabalho afetam o estado emocional e psicológico dos trabalha- própria estrutura do trabalho e da sociedade.
dores, identificar estratégias de enfrentamento eficazes e promover Um dos aspectos mais fascinantes da maquinofatura é sua im-
ambientes laborais mais saudáveis e satisfatórios. portância histórica e social. A introdução de máquinas e processos
Todavia, as implicações psicológicas da manufatura são uma automatizados não apenas aumentou a eficiência e a produtivida-
parte essencial da história do trabalho humano durante a Revolu- de, mas também desencadeou uma série de mudanças profundas
ção Industrial. Ao compreendermos os desafios enfrentados pelos nas dinâmicas sociais e econômicas. Com a mecanização, surgiram
trabalhadores nesse período de transição, podemos obter insights novas classes de trabalhadores, surgiram novas formas de organiza-
valiosos sobre a natureza humana e as complexidades da relação ção do trabalho e novos desafios éticos e morais se apresentaram
entre trabalho e bem-estar psicológico. diante da sociedade.
Neste contexto, é crucial compreender a maquinofatura não
Capítulo 11: Manufatura como Precursor da Produção Fabril apenas como um fenômeno tecnológico, mas também como um
fenômeno sociológico e psicológico. Sob uma perspectiva socioló-
A manufatura, como mencionado anteriormente, surgiu como gica, a maquinofatura redefiniu as relações de trabalho, alterando
um estágio intermediário entre o artesanato tradicional e a produ- hierarquias e dinâmicas laborais. Surgiram novas formas de organi-
ção fabril em larga escala durante a Revolução Industrial. Esse mo- zação da produção e novas estruturas sociais que moldaram o teci-
delo de produção introduziu uma série de mudanças significativas do da sociedade industrial emergente.
na organização do trabalho, incluindo o uso crescente de máquinas, Por outro lado, a maquinofatura também teve profundas impli-
a divisão do trabalho em etapas especializadas e a concentração de cações psicológicas para os trabalhadores da época. A introdução
trabalhadores em fábricas e indústrias. Essas transformações, por de tarefas especializadas e a repetição constante de operações alte-
sua vez, pavimentaram o caminho para o surgimento da produção raram a natureza do trabalho, afetando a motivação, a satisfação e
fabril. o bem-estar emocional dos indivíduos. A adaptação a um ambiente
Sob uma perspectiva sociológica, a transição da manufatu- laboral cada vez mais automatizado e a pressão por desempenho
ra para a produção fabril trouxe consigo mudanças profundas nas foram desafios enfrentados pelos trabalhadores, exigindo uma rea-
estruturas sociais e econômicas. A concentração de trabalhadores valiação das práticas de gestão e do suporte psicológico oferecido.
em fábricas e indústrias resultou na formação de novas comunida- Portanto, este capítulo introdutório oferece uma base sólida
des urbanas, alterando significativamente a paisagem social e de- para explorar os diversos aspectos da maquinofatura ao longo des-
mográfica das cidades. Além disso, a intensificação da divisão do te estudo. Ao compreendermos a importância histórica, social, so-
trabalho e a hierarquização das relações laborais contribuíram para ciológica e psicológica desse período de transição, estaremos mais
o surgimento de uma nova classe trabalhadora, com suas próprias bem equipados para entender não apenas o passado, mas também
dinâmicas e desafios. os desafios e oportunidades que enfrentamos no presente e no fu-
Por outro lado, a psicologia aplicada ao trabalho desempenhou turo do trabalho humano.
um papel crucial na compreensão dos impactos psicológicos dessa
transição. A especialização das tarefas e a repetição constante de Capítulo 13: Dimensões Sociológicas da Maquinofatura
operações na linha de produção resultaram em uma fragmentação
do trabalho e uma alienação dos trabalhadores em relação ao pro- O surgimento da maquinofatura marcou uma mudança radical
cesso produtivo. Essa desconexão do produto final e a falta de pro- na organização do trabalho e na estrutura social. Com a introdução
pósito no trabalho contribuíram para uma diminuição da motivação de máquinas nas fábricas, houve uma reconfiguração das relações
e da satisfação no trabalho, afetando o bem-estar emocional dos entre empregadores e empregados, bem como entre os próprios
trabalhadores. trabalhadores. A especialização de tarefas e a divisão do trabalho
No entanto, apesar dos desafios enfrentados, a manufatura em etapas específicas resultaram na formação de hierarquias mais
também abriu caminho para avanços significativos na produção e rígidas, com supervisores e gerentes controlando o fluxo de produ-
na eficiência laboral. O desenvolvimento de novas tecnologias e ção e a conduta dos trabalhadores.
métodos de organização do trabalho durante esse período serviu Além disso, a maquinofatura contribuiu para a emergência de
como base para o surgimento da produção fabril em larga escala. novas classes sociais. Anteriormente, na sociedade agrária, a es-
Ao compreendermos a importância da manufatura como precurso- trutura social era predominantemente agrária, com fazendeiros e
247
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
camponeses constituindo a maioria da população. No entanto, com A psicologia aplicada ao trabalho desempenhou um papel cru-
o avanço da industrialização, surgiram novos grupos sociais, como cial na compreensão desses desafios e na busca por soluções para
os proprietários de fábricas, os trabalhadores fabris e a classe mé- melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores na era da maquino-
dia emergente. Essa mudança na estrutura social teve ramificações fatura. Estudos foram realizados para investigar como as condições
profundas na distribuição de poder, riqueza e status na sociedade. de trabalho afetam o estado emocional e psicológico dos trabalha-
E com isso, a maquinofatura desempenhou um papel funda- dores, identificar estratégias de enfrentamento eficazes e promover
mental na transição da sociedade agrária para a industrial. Com a ambientes laborais mais saudáveis e satisfatórios.
mecanização da produção, houve um êxodo em massa das áreas Entretanto, o impacto psicológico da mecanização na era da
rurais para as cidades, à procura de emprego nas fábricas. Isso re- maquinofatura foi significativo e multifacetado, afetando a autono-
sultou na urbanização rápida e na formação de grandes centros in- mia, a identidade e o bem-estar emocional dos trabalhadores. Este
dustriais, transformando a paisagem social e demográfica do mun- capítulo destaca a importância de entender essas complexidades
do ocidental. para lidar com os desafios contemporâneos na organização do tra-
No entanto, as mudanças sociológicas trazidas pela maquino- balho e na automação industrial, fornecendo insights valiosos para
fatura não foram todas positivas. O aumento da urbanização e a a promoção de ambientes de trabalho mais saudáveis e satisfató-
concentração de trabalhadores em fábricas muitas vezes levaram à rios.
superlotação, condições de vida precárias e conflitos sociais. A luta
por direitos trabalhistas, melhores salários e condições de trabalho Capítulo 15: Condições de Trabalho na Era da Maquinofatura
mais seguras tornou-se uma característica proeminente desse pe-
ríodo, moldando o desenvolvimento do movimento operário e do A jornada extensa era uma característica comum das condições
sindicalismo. de trabalho na era da maquinofatura. Com o aumento da produ-
Sendo assim, a maquinofatura não apenas revolucionou os mé- ção impulsionado pela mecanização, muitos trabalhadores eram
todos de produção, mas também teve um impacto profundo nas obrigados a cumprir longas horas de trabalho, frequentemente sem
estruturas sociais e nas relações de trabalho. Este capítulo destaca os intervalos adequados para descanso e recuperação. Essas jor-
a importância de entender as dimensões sociológicas desse período nadas exaustivas não apenas contribuíam para a fadiga física, mas
crucial na história do trabalho humano, fornecendo insights valio- também para o desgaste emocional dos trabalhadores, que muitas
sos para compreender não apenas o passado, mas também os de- vezes se viam sobrecarregados pela intensidade do trabalho e pela
safios sociais e laborais que enfrentamos hoje. pressão por desempenho.
Outro aspecto relevante das condições de trabalho na maqui-
Capítulo 14: Impacto Psicológico da Mecanização nofatura era o ambiente ruidoso das fábricas e indústrias. O barulho
constante das máquinas e equipamentos contribuía para um am-
A introdução de máquinas e a mecanização da produção na era biente de trabalho estressante e desconfortável, afetando a con-
da maquinofatura transformaram fundamentalmente a natureza do centração, o bem-estar emocional e a saúde auditiva dos trabalha-
trabalho. Anteriormente, no artesanato e até mesmo nas primeiras dores. A exposição prolongada a esse ruído excessivo podia levar a
fases da industrialização, os trabalhadores desempenhavam uma problemas de audição e aumentar os níveis de estresse e ansiedade
variedade de tarefas ao longo do processo produtivo, proporcio- entre os trabalhadores.
nando uma sensação de variedade e controle sobre o trabalho. No A falta de regulamentação também era uma característica
entanto, com a mecanização, muitos trabalhadores foram designa- comum das condições de trabalho na era da maquinofatura. Com
dos para realizar tarefas específicas e repetitivas em uma linha de poucas leis ou normas trabalhistas para proteger os direitos dos
produção, resultando em uma redução significativa da autonomia e trabalhadores, muitos eram submetidos a condições precárias, com
da diversidade das atividades realizadas. salários baixos, jornadas abusivas e ambientes inseguros. A ausên-
Essa especialização de tarefas e a monotonia resultante não cia de medidas de segurança e saúde no trabalho aumentava o risco
apenas afetaram a motivação dos trabalhadores, mas também ti- de acidentes e lesões ocupacionais, contribuindo para um clima de
veram um impacto profundo na identidade profissional e pessoal insegurança e instabilidade entre os trabalhadores.
deles. Anteriormente, a identidade de um trabalhador estava fre- Essas condições desafiadoras não apenas afetavam a saúde físi-
quentemente ligada à sua habilidade de realizar uma variedade de ca dos trabalhadores, mas também tinham um impacto significativo
tarefas e à sua contribuição única para o processo produtivo. No em sua saúde mental e bem-estar psicológico. O estresse, a ansie-
entanto, com a mecanização, os trabalhadores muitas vezes se viam dade e a exaustão resultantes das condições de trabalho adversas
reduzidos a meros operadores de máquinas, perdendo a conexão podiam levar a problemas de saúde mental, como depressão e bur-
com o significado e o propósito de seu trabalho, o que levava a sen- nout, afetando negativamente a qualidade de vida e a satisfação no
timentos de desvalorização e alienação. trabalho dos trabalhadores.
Além disso, as condições de trabalho na era da maquinofatura Diante desses desafios, os trabalhadores desenvolviam uma
frequentemente eram desafiadoras, com longas jornadas, ambien- série de estratégias de adaptação para lidar com as condições de
tes ruidosos e supervisão rigorosa. Esses fatores contribuíram para trabalho na era da maquinofatura. Isso incluía o desenvolvimento
o aumento do estresse, da ansiedade e da fadiga entre os trabalha- de redes de apoio entre colegas de trabalho, a busca por ativida-
dores, afetando negativamente seu bem-estar emocional e físico. des extracurriculares para aliviar o estresse e a defesa por melhores
A falta de controle sobre o ambiente de trabalho e a sensação de condições de trabalho por meio de sindicatos e movimentos traba-
impotência diante das condições laborais adversas também contri- lhistas.
buíram para uma deterioração da saúde mental dos trabalhadores. Então podemos concluir que, as condições de trabalho na era
da maquinofatura eram caracterizadas por jornadas extensas, am-
bientes ruidosos e falta de regulamentação, o que contribuía para
248
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
uma série de desafios físicos e psicológicos para os trabalhadores. Capítulo 17: Contexto Histórico da Mecanização da Produção
Este capítulo destaca a importância de compreender essas condi-
ções para promover ambientes de trabalho mais saudáveis e equi- A Revolução Industrial, um período de transformação sem pre-
tativos e fornecer insights valiosos para lidar com os desafios con- cedentes na história da humanidade, desencadeou uma série de
temporâneos na organização do trabalho. mudanças socioeconômicas que moldaram o curso da civilização.
Dentro deste cenário, a mecanização da produção emergiu como
Capítulo 16: Questões Éticas e Morais da Automação um dos fenômenos mais marcantes das fases iniciais da industriali-
zação, principalmente nos séculos XVIII e XIX. Este capítulo se pro-
A automação na maquinofatura levanta questões profundas e põe a explorar em detalhes o contexto histórico que propiciou o
complexas que vão além do simples avanço tecnológico. Este capí- surgimento desse processo transformador.
tulo se propõe a explorar minuciosamente as implicações éticas e O contexto histórico que viabilizou a mecanização da produção
morais associadas à automação, destacando preocupações cruciais, foi marcado por uma série de desenvolvimentos e mudanças so-
como o desemprego e a desumanização do trabalho, e examinando ciais, econômicas e tecnológicas. No final do século XVIII e ao longo
como essas questões são abordadas sob as lentes da sociologia e do século XIX, as sociedades europeias passavam por uma rápida
da psicologia. urbanização, com o crescimento de cidades e a migração massiva
Uma das preocupações centrais relacionadas à automação é da população rural para os centros urbanos em busca de trabalho
o potencial impacto no emprego. A substituição de trabalhadores nas fábricas emergentes. Esse movimento populacional criou uma
por máquinas pode levar ao desemprego em massa, resultando mão de obra disponível em abundância para atender às necessida-
em consequências socioeconômicas significativas, como aumento des das indústrias em expansão.
da desigualdade, instabilidade social e exclusão de determinados Além disso, o período foi marcado por avanços significativos na
grupos da força de trabalho. Além disso, a automação pode contri- tecnologia, especialmente no campo da mecânica e da engenharia.
buir para a precarização do trabalho, com a criação de empregos A invenção e aprimoramento de máquinas como o tear mecânico, a
temporários ou mal remunerados, sem benefícios ou segurança no máquina a vapor e a locomotiva a vapor revolucionaram a produção
emprego. e o transporte de mercadorias. Essas inovações permitiram que as
Outra questão ética relevante é a desumanização do trabalho. fábricas aumentassem drasticamente sua capacidade de produção,
Com a automação, os trabalhadores podem se tornar meros opera- impulsionando a economia industrial.
dores de máquinas, perdendo a autonomia e o significado em seu Outro fator crucial foi o aumento da demanda por produtos,
trabalho. A falta de envolvimento humano e a redução da interação tanto dentro dos países industrializados quanto nos mercados ex-
social podem levar a sentimentos de alienação e desconexão, afe- ternos. O crescimento populacional e a ascensão da classe média
tando negativamente a saúde mental e o bem-estar dos trabalha- contribuíram para uma maior procura por bens de consumo, crian-
dores. Além disso, a automação pode gerar uma percepção de que do um ambiente favorável para o desenvolvimento e a expansão
os trabalhadores são dispensáveis, contribuindo para a diminuição das indústrias manufatureiras.
da valorização do trabalho humano. A compreensão desse contexto histórico é essencial para anali-
A análise sociológica dessas questões éticas e morais relaciona- sar as implicações sociais e psicológicas da mecanização da produ-
das à automação é essencial para compreender os impactos sociais ção. A transição de métodos artesanais para sistemas intensivamen-
dessas mudanças. A sociologia aplicada ao trabalho investiga como te mecanizados não ocorreu no vácuo, mas sim em um ambiente de
a automação afeta as estruturas sociais, as relações de poder e as mudanças econômicas, tecnológicas e sociais sem precedentes. A
dinâmicas de classe. Além disso, ela examina como essas mudanças análise detalhada desse contexto permite uma compreensão mais
são percebidas e interpretadas pela sociedade, influenciando atitu- profunda das razões por trás da mecanização da produção e de seu
des e políticas relacionadas ao trabalho e à automação. impacto nas sociedades da época.
A psicologia também desempenha um papel fundamental na
compreensão das consequências psicológicas da automação. Ela Capítulo 18: Dimensões Sociológicas da Mecanização da Pro-
explora como a automação afeta a percepção de controle e auto- dução
nomia dos trabalhadores, bem como seu sentido de identidade e
propósito no trabalho. Além disso, a psicologia investiga as estra- A introdução de máquinas e equipamentos nas fábricas repre-
tégias de enfrentamento adotadas pelos trabalhadores diante das sentou uma mudança paradigmática na organização do trabalho.
mudanças provocadas pela automação, buscando promover o bem- Anteriormente baseada em métodos artesanais e na produção ma-
-estar psicológico e a resiliência em um contexto de transformação nual, a mecanização trouxe consigo a fragmentação das tarefas e a
rápida e incerta. especialização dos trabalhadores em etapas específicas do proces-
Portanto, as questões éticas e morais da automação na maqui- so produtivo. Essa divisão do trabalho reconfigurou as relações en-
nofatura são complexas e multifacetadas, exigindo uma abordagem tre empregadores e empregados, criando novas hierarquias e mo-
integrada que leve em consideração não apenas os aspectos tec- dos de supervisão nas fábricas. Os trabalhadores agora eram vistos
nológicos, mas também os impactos sociais e psicológicos dessas como peças de uma máquina maior, cada um desempenhando uma
mudanças. A análise sociológica e psicológica dessas questões é função específica para garantir a eficiência do processo produtivo.
fundamental para informar políticas e práticas que promovam am- Essa reorganização do trabalho também teve um impacto signi-
bientes de trabalho mais humanizados, equitativos e sustentáveis. ficativo na distribuição de poder dentro das fábricas e na formação
de classes sociais. Com a ascensão da indústria, uma nova classe de
empresários e industriais emergiu, controlando os meios de pro-
dução e acumulando riqueza em uma escala sem precedentes. Ao
249
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
mesmo tempo, uma classe trabalhadora industrial, composta por Então podemos concluir que, a mecanização da produção
operários das fábricas, crescia em número e começava a reivindicar teve um profundo impacto psicológico nos trabalhadores envolvi-
direitos e melhores condições de trabalho. dos nesse processo. Compreender essas dimensões psicológicas é
A mecanização da produção não apenas transformou as rela- crucial para uma análise completa do impacto da mecanização da
ções de trabalho dentro das fábricas, mas também teve um impacto produção e para desenvolver estratégias que promovam ambientes
mais amplo na estrutura social como um todo. O êxodo rural em di- de trabalho mais saudáveis e satisfatórios. Ao explorarmos as com-
reção às cidades em busca de emprego nas fábricas alterou a demo- plexidades da mente humana diante dessas mudanças históricas,
grafia das áreas urbanas e contribuiu para o surgimento de novas podemos obter insights valiosos sobre a natureza do trabalho e sua
formas de organização social. A ascensão da indústria também teve relação com o bem-estar emocional dos indivíduos.
implicações políticas, alimentando movimentos operários e sindi-
catos que lutavam por melhores salários, condições de trabalho e Capítulo 20: Condições de Trabalho na Era da Mecanização
direitos trabalhistas.
É fundamental analisar essas dimensões sociológicas da A era da mecanização trouxe profundas transformações não
mecanização da produção para compreendermos o impacto total apenas nos métodos de produção, mas também nas condições
dessa transformação histórica. A transição de uma economia enfrentadas pelos trabalhadores. As jornadas prolongadas eram
agrária para uma economia industrial não foi apenas um evento comuns, superando as tradicionais horas agrícolas, levando à fadi-
econômico, mas também um fenômeno social que moldou ga física e mental. Os ambientes ruidosos das fábricas, devido ao
profundamente a estrutura e a dinâmica das sociedades modernas. funcionamento incessante das máquinas, criavam um ambiente es-
A interação entre sociologia e história industrial nos permite tressante, dificultando a comunicação e aumentando a ansiedade.
desvendar as complexidades dessas mudanças e sua influência A falta de regulamentação e segurança era uma preocupação
duradoura na vida das pessoas e nas estruturas sociais. constante. A ausência de supervisão governamental adequada re-
sultava em condições perigosas, com acidentes frequentes e riscos
Capítulo 19: Impacto Psicológico da Mecanização da Produção à saúde dos trabalhadores. Essas condições precárias não apenas
comprometiam a segurança física, mas também afetavam a saúde
A introdução de linhas de produção automatizadas e a espe- mental dos trabalhadores, contribuindo para o aumento da ansie-
cialização de tarefas resultaram na fragmentação do trabalho, onde dade e da depressão, muitas vezes sem acesso adequado a apoio
os trabalhadores passaram a desempenhar funções repetitivas e psicológico.
isoladas. Isso levou à perda de conexão com o produto final e ao A qualidade de vida dos trabalhadores também era impactada
desaparecimento da sensação de completude que muitos experi- negativamente. Jornadas extenuantes e ambientes hostis dificulta-
mentavam em contextos artesanais. A autonomia foi substituída vam a busca por equilíbrio entre vida pessoal e profissional, afe-
por uma rigidez mecânica, onde os trabalhadores se tornaram sim- tando as relações familiares e a saúde física. Apesar dos desafios,
ples engrenagens em uma máquina maior, sem controle sobre o os trabalhadores desenvolviam estratégias de adaptação, como o
ritmo ou o propósito do trabalho. apoio entre colegas e a busca por atividades de lazer, para enfrentar
A identidade profissional também foi profundamente afetada o estresse e a monotonia.
pela mecanização. Anteriormente, os trabalhadores viam seu ofício Contudo, essas condições moldavam as dinâmicas psicológicas
como uma extensão de si mesmos, uma expressão de suas habi- no ambiente de trabalho. A falta de controle e a incerteza geravam
lidades e personalidade. No entanto, com a introdução de tarefas insegurança e desconfiança, enquanto a pressão por desempenho
altamente especializadas e a substituição de habilidades manuais alimentava uma cultura de trabalho tóxica, onde os trabalhadores
por máquinas, muitos trabalhadores viram sua identidade profis- se sentiam desvalorizados e sobrecarregados. Em resumo, as con-
sional diluída ou mesmo substituída por uma função monótona e dições de trabalho na era da mecanização eram desafiadoras, exer-
despersonalizada. A sensação de orgulho no trabalho foi substituída cendo um impacto profundo na saúde mental e na qualidade de
pela alienação e desengajamento. vida dos trabalhadores. Compreender essas condições é essencial
Além disso, a satisfação no trabalho também foi significativa- para promover ambientes de trabalho mais seguros e saudáveis.
mente impactada pela mecanização. A monotonia das tarefas repe-
titivas e a falta de variedade levaram a uma diminuição do contenta- Capítulo 21: Questões Éticas e Morais da Automação na Me-
mento no trabalho, contribuindo para níveis mais altos de estresse canização
e insatisfação entre os trabalhadores. A falta de estímulo intelectual
e a ausência de desafios criativos levaram muitos a questionarem Uma das principais preocupações levantadas foi o desemprego
o significado de seu trabalho e a buscarem formas de escapar da estrutural resultante da substituição de mão de obra humana por
rotina opressiva das fábricas. máquinas. À medida que as fábricas adotavam sistemas automati-
Por fim, os trabalhadores enfrentaram uma série de adapta- zados, muitos trabalhadores eram dispensados, incapazes de com-
ções psicológicas e desafios diante das mudanças provocadas pela petir com a eficiência e a produtividade das máquinas. Isso gerou
mecanização. Muitos tiveram que encontrar novas formas de lidar uma crise social, com comunidades inteiras dependendo da indús-
com a monotonia e a alienação do trabalho, enquanto outros en- tria tradicional enfrentando o colapso econômico e o desespero do
frentaram dificuldades para se ajustar a um ambiente de trabalho desemprego em massa.
cada vez mais impessoal e desumanizado. A pressão por desem- Além disso, a automação levantou questões sobre a desuma-
penho e a constante vigilância por parte dos supervisores também nização do trabalho. A substituição de trabalhadores por máqui-
contribuíram para o aumento do estresse e da ansiedade entre os nas não apenas diminuía o número de empregos disponíveis, mas
trabalhadores. também alterava fundamentalmente a natureza do trabalho rema-
nescente. Os trabalhadores que permaneciam enfrentavam uma
250
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
crescente alienação e uma sensação de serem reduzidos a meras em pousio, introduziu-se o plantio de outras culturas, em especial a
engrenagens em uma máquina impessoal, perdendo a conexão do nabo e da batata, que não desgastavam o solo e forneciam mais
com o propósito e o significado do trabalho. alimentos.
Essas mudanças tiveram consequências sociais e psicológicas Alguns estudiosos denominam essa etapa de “revolução agrí-
profundas. O desemprego em massa levou a um aumento da po- cola”. Na pecuária, a estocagem de forragens, como o feno, me-
breza, da instabilidade social e até mesmo do crime em algumas lhorou a qualidade do gado bovino e ovino, sendo este último a
áreas. A perda de emprego também afetou a autoestima e a saúde principal fonte de matéria-prima da manufatura inglesa: a lã.
mental dos trabalhadores, levando a níveis mais altos de depressão Foi importante também o rápido aumento no processo de cer-
e ansiedade. camento das terras comuns, que ocorria há séculos na Inglaterra,
No entanto, a sociologia e a psicologia aplicada oferecem uma mas que sofreu enorme impulso na segunda metade do século XVIII
luz no fim do túnel. Essas disciplinas exploram as implicações so- e início do século XIX. As terras comuns eram aquelas que os cam-
ciais e psicológicas da automação, identificando maneiras de miti- poneses e os aldeões, embora não fossem os proprietários, tinham
gar seus efeitos negativos. Estratégias como a requalificação profis- o direito de utilizar para caçar, pescar, retirar lenha e madeira e usar
sional, o apoio psicológico e a criação de políticas públicas voltadas como pasto.
para a proteção dos trabalhadores podem ajudar a atenuar os im- Por meio dos chamados cercamentos (enclosures), o governo
pactos adversos da automação na sociedade. inglês livrava os proprietários de qualquer tipo de restrição quanto
Em última análise, o debate sobre as questões éticas e morais ao uso de suas terras, incluindo as comuns, podendo vendê-las ou
da automação na mecanização da produção é complexo e multifa- arrendá-las. Houve, na verdade, uma redefinição da propriedade
cetado. Ao explorarmos essas questões em profundidade, podemos agrária e das relações de trabalho no campo.
desenvolver uma compreensão mais abrangente das implicações Como todas as terras, incluindo as comuns, passaram a ser
da automação e trabalhar para promover ambientes de trabalho alienáveis, os camponeses não puderam mais usá-las em proveito
mais humanizados e equitativos em um mundo cada vez mais au- próprio. Passaram a trabalhar por jornada para os proprietários ou
tomatizado. arrendatários mais ricos ou migraram para outros lugares. O rom-
pimento da forma tradicional com a qual os trabalhadores rurais se
relacionavam com a terra e as novas condições agrárias representa-
A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL E O CAPITALISMO ram um duro golpe ao campesinato: o contrato de trabalho passou
INDUSTRIAL a ser individual, e não mais por grupo familiar.
Embora não tenha sido um processo imediato, a verdade é que
Ficaram conhecidas como Revolução Industrial as transforma- o “trabalho camponês familiar” desapareceu. Com o cercamento
ções econômicas ocorridas na Grã-Bretanha a partir das últimas dos campos, os proprietários ou os arrendatários mais ricos pude-
décadas do século XVIII, tempo em que a máquina a vapor passou ram introduzir novos métodos agrícolas e de criação de animais,
a ser sistematicamente utilizada na produção de mercadorias, em como o rodízio de cultura, e ampliar o uso do arado triangular, da
especial na fabricação de tecidos, na mineração e na metalurgia10. semeadeira mecânica e de adubos.
Tais transformações levaram à implantação da indústria con- Com o aumento da produtividade das terras em decorrência
temporânea. Criaram-se, ainda, novos mercados consumidores, das novas técnicas, só acessíveis aos mais ricos, o preço do arrenda-
muitos pela força das armas. Afinal, à medida que se industrializa- mento subiu muito e os pequenos arrendatários não puderam mais
vam, os países precisavam ampliar mercados em várias partes do arcar com o aluguel. Acabaram expulsos da terra, assim como os
mundo. Essas mudanças não foram rápidas: ocorriam desde o início camponeses proprietários de pequenos lotes, pressionados a ven-
da Época Moderna, com a expansão marítima, que colocou em con- dê-los. Em 1700, estima-se que metade das terras cultiváveis ingle-
tato regiões muito distantes. sas ainda era utilizada por meio da exploração dos campos comuns.
Mas foi na segunda metade do século XVIII e no início do XIX Ao fim do século XVIII, eles praticamente já não existiam. O fim das
que as mudanças se aceleraram, configurando a Revolução Indus- terras comuns e o cercamento dos campos concentraram a proprie-
trial. Alguns historiadores distinguem, na verdade, dois momentos dade fundiária nas mãos de cada vez menos pessoas.
da Revolução Industrial:
– Primeira Revolução Industrial, compreendida entre fins do Oferta de Mão-de-obra
século XVIII e a década de 1830. O foco foi a renovação do sistema O cercamento dos campos foi elemento decisivo para o desenvol-
fabril ligado à produção de tecidos de algodão; vimento da indústria. Com o aumento da produtividade por meio do
– Segunda Revolução Industrial, cujo apogeu ocorreu a partir avanço técnico da agricultura, permitiu-se a produção de matéria-pri-
de 1850 e é caracterizada pelo avanço da metalurgia, sobretudo da ma para as fábricas. As transformações no campo também resultaram
indústria do ferro, e pela construção de ferrovias. em mais alimentos para a população e, como consequência, em menos
mortalidade, o que representou aumento demográfico.
— A Inglaterra sai na Frente Um grande contingente de trabalhadores passou a se ocupar
No final do século XVII, a Inglaterra era um país rico, com a de outras atividades, como nas minas de carvão e de ferro e nas
maioria da população vivendo no campo. Em 1700, a população gi- fábricas nascentes. O excesso de pessoas sem trabalho fez com que
rava em torno de 6 milhões de pessoas, com cerca de 70% ocupadas surgissem, desde o século XVI, Leis Anti-vadiagem, que podiam pu-
nas atividades agrárias. A produção agrícola, entretanto, vinha so- nir até com a morte pessoas que não trabalhassem. E certo que es-
frendo mudanças importantes. Nos campos e pastos antes deixados sas mudanças transformaram profundamente o universo econômi-
co e cultural dos antigos camponeses, que tiveram de se submeter
10 História 1. Ensino Médio. Ronaldo Vainfas [et al.] 3ª edição. São Paulo. a uma ordem nova: a do capital.
Saraiva.
251
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
Tornaram-se assalariados no campo e nas cidades. A mão de Mesmo com o aparecimento das fábricas de fiação, nas primei-
obra das primeiras fábricas têxteis inglesas, no final do século XVIII, ras décadas do século XIX, a maior parte da produção ainda resul-
resultava também do aumento demográfico. Nessa época, houve tava do trabalho doméstico. O mesmo ocorria com a tecelagem dos
um aumento da população urbana e rural na Grã-Bretanha, que sal- fios, entregue às oficinas de tecelões nas aldeias ou vilas. A intro-
tou dos 6 milhões para 10 milhões de pessoas, em fins do século dução das máquinas no processo produtivo aumentou o montante
XVIII, e para impressionantes 18 milhões na década de 1840. dos investimentos no setor têxtil, restringindo o número de empre-
sários com dinheiro para montar fábricas.
Rotas Fluviais A propriedade das máquinas concentrou-se na pessoa do in-
O pioneirismo inglês na industrialização ocorreu, ainda, devido dustrial/capitalista, que contratava os operários pagando salários
à existência de amplas vias fluviais. Elas viabilizaram um rápido e pelas jornadas de trabalho. Na fábrica, os operários atuavam so-
eficiente sistema de transportes entre o interior e os portos ma- mente em uma etapa da produção - uma mudança radical na forma
rítimos, além de serem mais econômicas do que as terrestres no de realizar seu trabalho. Em outras palavras, o processo produtivo
transporte de mercadorias pesadas ou volumosas, como o carvão. nas fábricas tendia a se fragmentar: estava em curso uma nova di-
Desde o século XVI, os ingleses se preocuparam em melhorar visão do trabalho.
as vias fluviais para fornecer carvão aos moradores das cidades, que No contexto fabril, essa divisão do trabalho mostrava-se mais
o utilizavam para cozinhar alimentos e se aquecer, e às pequenas fá- produtiva e capaz de atender ao aumento do consumo - o consumo
bricas (panificações, forjas, curtumes, refinarias de açúcar e cerve- em massa. Dessa forma, os trabalhadores eram tragados por um
jarias). Para isso, alteravam o curso dos rios e abriam canais. Quan- sistema em que a máquina era o centro do processo produtivo.
do começou a industrialização, havia cerca de 2 mil quilômetros de
águas navegáveis na Inglaterra. Até o final do século XVIII, foram Situação da Classe Trabalhadora
construídos outros mil quilômetros, o que criou boas condições às Os proprietários dos meios de produção enriqueciam rapida-
novas fábricas para receber matéria-prima e escoar mercadorias. mente, mas boa parte da população inglesa se via excluída de tais
Em resumo, a Revolução Industrial ocorreu especialmente na benefícios. Os trabalhadores viviam em condições degradante e in-
Inglaterra por um conjunto de fatores. Embora restrita a alguns pro- salubres11.
dutos e centralizada em certas regiões, transformou a Inglaterra na As fábricas eram geralmente úmidas, quentes e abafadas. A
principal economia do mundo. alimentação servida era insuficiente e de má qualidade. Devido às
más condições de vida e às extenuantes jornadas de trabalho, a ex-
A Máquina a Vapor pectativa de vida era baixa, e a incidência de doenças e acidentes no
Desde o século XVI, o vapor era visto como uma possibilidade trabalho, muito alta. Os patrões preferiam contratar crianças (mui-
de fonte de energia na exploração do ferro e do carvão, em especial tas com 4 ou 5 anos de idade) e mulheres, porque lhes pagavam
para bombear as águas que com frequência inundavam as minas. salários menores.
Nenhuma das máquinas a vapor criadas, porém, mostrava-se A jornada de trabalho era de 15 a 18 horas ininterruptas. Os
eficiente. Somente em 1712, após anos de trabalho, o inglês Tho- operários eram vigiados de perto por um supervisor. Acidentes pro-
mas Newcomen aprimorou uma máquina para retirar água das mi- vocados pelo cansaço aconteciam com frequência e qualquer falta
nas e distribuí-la às cidades. O custo da máquina de Newcomen era era punida severamente.
muito elevado.
James Watt, em 1769, melhorou essa máquina, baixando os Reação dos Trabalhadores
custos de produção. Com isso, ela foi adaptada para diversos usos A reação dos trabalhadores veio em 1811, quando invadiram
industriais, alcançando sucesso num ramo específico da indústria fábricas (à noite) para destruir máquinas. Eles ficaram conhecidos
inglesa: a fabricação de fios e tecidos de lã e de algodão. Os aprimo- como luditas, pois seu líder chamava-se Ned Ludd. As máquinas
ramentos na fiação e tecelagem da lã ocorriam havia muito tempo. eram vistas como o principal responsável pela situação em que os
No século XVIII, a Inglaterra produzia tecidos de lã finos e bem proletários se encontravam, pois substituíam a mão de obra ope-
aceitos no mercado externo. O mesmo não ocorria com os tecidos rária.
de algodão, pois não havia técnicas para produzir fios finos e resis- O movimento espalhou-se nas décadas seguintes para países
tentes. Para não arrebentar, o fio de algodão era feito junto com o como França, Bélgica e Suíça. Os trabalhadores ingleses uniram-se
linho, o que resultava em um produto de qualidade inferior. Assim, e formaram organizações para reagir aos problemas decorrentes de
o grande investimento tecnológico no setor têxtil se dirigiu para a acidentes de trabalho, doenças e desemprego. Surgiram assim as
produção de tecidos de algodão. associações de auxílio mútuo, que criavam fundos de reserva para
os momentos de necessidade.
— O Trabalho Fabril Era o primeiro passo para a criação dos sindicatos trabalhis-
A fabricação de tecidos era uma atividade tradicional na Ingla- tas. Uma vez organizados em sindicatos, os trabalhadores ingleses
terra. A maioria das famílias camponesas estava, de alguma forma, e de outros países fariam importantes conquistas, como melhores
envolvida com o processo de fiar e tecer. A introdução de uma nova salários, redução na jornada de trabalho, aposentadoria, descanso
matéria-prima, o algodão, no final do século XVIII, não mudou em semanal remunerado, férias, etc.
princípio essa organização. A nova máquina de fiar de Hargreaves,
que se baseava no trabalho doméstico camponês, ainda manual,
tornou possível a fabricação doméstica de tecidos de algodão no
mesmo sistema utilizado com os tecidos de lã.
11 Azevedo, Gislane. História: passado e presente / Gislane Azevedo, Reinaldo
Seriacopi. 1ª ed. São Paulo. Ática.
252
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
253
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
254
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
novas técnicas de produção industrial, que possibilitaram uma ra- A Reestruturação do Sistema Capitalista
cionalização extrema no processo do trabalho no interior da fábri- Com o final da Segunda Guerra Mundial, as nações europeias
ca: o taylorismo e o fordismo. criaram o “Estado do Bem-Estar Social”, conhecido como Welfare
O taylorismo, idealizado pelo inventor Frederick Winslow State, para dar garantias de sobrevivência, moradia, saúde e educa-
Taylor (1856-1915), partia da concepção de que o trabalho fabril ção aos cidadãos de maneira indistinta. O programa do Bem-Estar
era um conjunto de tarefas totalmente independentes da profissão Social foi se aprimorando ao longo das décadas do século XX, crian-
do trabalhador. Para Taylor, o melhor operário não é nada mais que do o sistema previdenciário para gerar segurança para a população.
um operário. O conhecimento do processo produtivo era uma ta- O Welfare State apoiou-se nas ideias do economista britânico
refa exclusiva do gerente, que deveria determinar e fiscalizar cada John Maynard Keynes (1883-1946). Para Keynes, o Estado deveria
etapa dos trabalhos a serem feitos no menor espaço de tempo e ser o interventor e o articulador da economia. Os investimentos
sem perda de qualidade. seriam necessários para tirar os países da crise em que se encon-
O fordismo foi implantado pelo empresário Henry Ford (1863- travam e garantir, a longo prazo, a estabilidade do emprego, o que
1947) na produção de automóveis, no início do século XX. O modelo resultaria na estabilidade da demanda e, consequentemente, evita-
de produção fordista associada a linha de montagem às técnicas de ria novas crises.
organização do taylorismo. O automóvel, em processo de monta- Com mais de 20 milhões de desempregados, sendo 14 milhões
gem, deslocava-se no interior da fábrica para a realização de cada nos EUA no pós-guerra, os países centrais não tinham outra solução
etapa de produção. O trabalhador, especializado, realizava sua tare- a não ser promover uma política de fortalecimento do Estado e das
fa num tempo determinado e o automóvel continuava a se deslocar bases sociais para garantir o funcionamento do próprio sistema.
até a instalação da última peça, do último acabamento. Com as medidas do Welfare State, as populações da Europa e
Método de otimização da produção, o fordismo baseava-se na dos EUA passaram a desfrutar de avanços sociais significativos. Ob-
linha de produção em série com os funcionários desempenhando viamente, os custos empresariais se elevaram com o aumento dos
cada um uma única função em ritmo acelerado. salários, as jornadas de trabalho reduzidas e os impostos mais altos.
A produção era verticalizada, contando com uma rígida hierar- Para as empresas, os países centrais viraram sinônimos de mer-
quia de chefes e subchefes, com ordens encaminhadas do alto para cado consumidor e mão de obra qualificada, pois agora contavam
o baixo escalão. com escolarização, enquanto nos países periféricos, as políticas pú-
Ao fordismo foi acoplado o taylorismo, método desenvolvido blicas de bem-estar social não haviam sido implantadas.
pelo engenheiro Frederick Winslow Taylor em que o tempo de pro- Os países periféricos, dessa forma, tornaram-se interessantes
dução das máquinas e dos operários era rigidamente controlado como áreas de exploração da mão de obra e dos recursos naturais.
para se obter a máxima produtividade. O taylorismo era inflexível Mudava-se a concepção da função dos países centrais e periféricos
com horários e metas de produção. na chamada DIT (Divisão Internacional do Trabalho e da produção).
Diversos países periféricos, sobretudo da América Latina (Bra-
sil, Argentina e México) e posteriormente da Ásia (na época chama-
dos de Tigres e Novos Tigres Asiáticos), industrializaram-se seguin-
do os interesses das empresas transnacionais, que ansiavam por
lucros mais expressivos.
Os governos dos países periféricos incumbiram-se de criar a
infraestrutura necessária para a implantação das indústrias estran-
geiras, recorrendo a empréstimos internacionais.
Sabemos que o preço de um produto é fixado, primeiramente,
pelo seu custo e valor agregado. Quanto maior a tecnologia empre-
gada, maior será o valor final. Dessa forma, o trabalho intelectual, o
de criação tecnológica, tem um valor muito maior do que o de ação
mecânica, isto é, o da produção do gênero em série. Assim, para
equilibrar os valores gastos nas importações de tecnologia - pro-
Chaplin em “Tempos modernos”, 1936: uma denúncia da alie-
dutos de alto valor agregado e máquinas - os países periféricos são
nação e da violência na produção industrial.
obrigados a produzir gêneros em quantidades cada vez maiores.
Em última instância, o dinheiro é remetido, por meio do siste-
A produtividade aumentou e, com ela, o lucro. Essa equação
ma financeiro internacional, para locais mais seguros ou lucrativos,
era muito interessante para os empresários da época, exceto por
ou seja, nem sempre quem produziu ficará com o resultado para
um aspecto: o mercado consumidor não acompanhava o ritmo da
futuros investimentos.
produção, o que gerava estoques e capital estagnado.
É por isso que vemos a situação do PIB (Produto Interno Bruto)
Ao longo da década de 1920, a crise da superprodução e dos
dos países de forma tão discrepante no mundo.
baixos salários gerou falências e desemprego, fatos que colocaram
A política do Bem-Estar Social incentivou a qualificação pro-
o sistema capitalista em situação de colapso.
fissional e o desenvolvimento de novas tecnologias. O mercado de
Em 1929, a crise deflagrou a quebra da bolsa de valores de
trabalho passou a valorizar indivíduos que têm a noção do todo e
Nova York.
não apenas de uma parte da produção.
A década de 1930 apresentou uma depressão econômica que
motivou fortes insatisfações, que contribuíram para a erupção da
Segunda Guerra Mundial.
255
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
Se as condições de vida melhoraram, pode-se dizer o mesmo O pensamento do historiador Immanuel Wallerstein resume
para a economia dos países centrais. A nova DIT contribuiu para a a atual fase capitalista monopolista e de concentração pessoal de
acumulação de riquezas, explorando os países periféricos, além de renda: Acumula-se capital a fim de se acumular mais capital. Os
também ter gerado uma massa de consumidores de elevado poder capitalistas são como camundongos numa roda, correndo sempre
aquisitivo, principalmente nos países desenvolvidos. mais depressa a fim de correrem ainda mais depressa.
Contudo, fatores de ordem econômica e tecnológica implica-
ram uma nova dinâmica de produção e consumo, nas décadas de Terceira Revolução Industrial e Tecnopolos
1970 e 1980. Vejamos alguns destaques: Com a Terceira Revolução Industrial, ocorreu ainda a formação
→ As crises do petróleo (1973 e 1979) aumentaram muito os dos tecnopolos, a partir da necessidade de acumulação capitalista
preços dos combustíveis fósseis, símbolos da Segunda Revolução em maior volume. São áreas onde a produção se faz com uso de
Industrial; tecnologias de ponta e ocorre um controle sobre o trabalho mais
→ O insucesso norte-americano da Guerra do Vietnã. Apesar eficaz, ora por omissão do Estado ora por debilidade sindical.
dessa derrota, a indústria bélica norte-americana, em decorrência Estes tecnopolos são produzidos em áreas onde podem se
do conflito, passou por um forte desenvolvimento do Complexo In- associar empregos especializados e desenvolvimento por pesquisas.
dustrial- Militar. Os tecnopolos caracterizam-se por:
A geração de novas tecnologias, sobretudo no campo da infor- → Uma produção no modelo just-in-time, que produz de acor-
mática e da robótica, pelos países capitalistas, aumentou a eficiên- do com a demanda ou os pedidos. Associado a isso pode ocorrer
cia da economia ocidental. Sem essa eficiência, o bloco socialista o just-in-case, que é a produção mediante existência de estoque
ficou em defasagem na produção industrial e militar, o que contri- mínimo;
buiu para a sua crise, o desmoronamento e o fim da Guerra Fria. → Uma forte ligação entre fábricas e centros de pesquisa e uni-
versidades;
A Terceira Revolução Industrial e o Desemprego Estrutural → Estabelecimento de uma nova relação entre os oligopólios e
O fim do bloco socialista, a vitória do capitalismo e a chegada as pequenas e médias empresas, que arcam com os riscos e custos
da Nova Ordem Mundial determinaram o fim da disputa ideológica de pesquisas tecnológicas para o desenvolvimento das grandes em-
típica da Guerra Fria. E, sem a necessidade de mostrar o sistema presas, gerando uma alta competitividade.
capitalista como o mais benéfico para os trabalhadores, as grandes A Terceira Revolução Industrial – ou Revolução Técnico-cientí-
empresas ficaram livres para reduzir os seus custos, principalmente fica – começou a tomar forma no final da Segunda Guerra Mun-
os de mão de obra. dial, mas os seus efeitos têm se manifestado em todo o mundo,
A era da informatização ou Terceira Revolução Industrial trouxe de forma mais intensa, há cerca de duas décadas. Esse processo
agilidade, interligou o planeta por meio dos sistemas de comunica- de desenvolvimento da atividade industrial vem repercutindo for-
ção e transportes muito eficientes, incorporou máquinas e robôs na temente nos demais setores econômicos, nas relações sociais e nas
produção. Postos de trabalho foram eliminados permanentemente, relações sociedade-natureza. Uma das suas características mais im-
configurando o desemprego estrutural. portantes é a interação entre a informática e as telecomunicações –
Nesse mesmo período, o neoliberalismo ganhou força, defen- a telemática -, mas podemos citar também outros de seus aspectos
dido, principalmente, pelos governos dos EUA e da Inglaterra. Para característicos:
estes, a economia se “autorregula” e, portanto, o Estado não preci- * o avanço nos sistemas de telecomunicações (satélites artifi-
sa intervir na economia. ciais, cabos de fibra óptica);
Ora, o fim da “mão protetora do Estado” ficou muito eviden- * o desenvolvimento da informática, tanto nos equipamentos
te nos antigos países socialistas, quando o socialismo real ruiu. Os (hardware) quanto nos programas e sistemas operacionais (softwa-
neoliberais queriam mais. Mais abertura econômica e o fim dos be- re);
nefícios sociais-conquistados. Seria o fim do Welfare State? * o desenvolvimento da microeletrônica, da robótica, da en-
E em países em que ele sequer foi implantado de forma signi- genharia genética;
ficativa? * a utilização da energia nuclear.
No plano da propaganda, o neoliberalismo prega que o bem- A Revolução Técnico-científica, ao mesmo tempo em que gera
-estar é uma conquista individual, adquirida por meio da competên- riquezas e amplia as taxas de lucros, responde também pelo desem-
cia, em vez do paternalismo do Estado. prego de milhões de pessoas em todo o mundo, pois vem permi-
Dessa forma, o discurso se afasta do campo das “oportunida- tindo produzir mais mercadorias e gerar mais serviços com menor
des” e se finca no aspecto da competência individual. Assim, a res- número de trabalhadores. E isso é válido para a indústria, a agrope-
ponsabilidade sobre o sucesso ou o fracasso cabe, exclusivamente, cuária, o extrativismo, o comércio e os serviços.
ao indivíduo. A ciência, no estágio atual, está estreitamente ligada à ativida-
Com excesso de mão de obra no mercado, os processos sele- de industrial e às outras atividades econômicas: agropecuária, co-
tivos são cada vez mais rigorosos, enquanto os salários estão cada mércio, serviços. O desenvolvimento científico e tecnológico é um
vez mais baixos. componente fundamental para as empresas, pois é convertido em
O aprimoramento das técnicas e as novas relações de traba- novos produtos e em redução de custos, permitindo maior capa-
lho, avalizadas pelo Estado, trouxeram uma acumulação de capital cidade de competição num mercado cada vez mais disputado. As
como nunca se tinha visto. grandes empresas multinacionais possuem seus próprios centros
Se o poder econômico interfere no poder político, podemos de pesquisa e tem sido crescente o investimento na aquisição de
concluir que os grandes conglomerados ditam as normas mundiais. novos conhecimentos científicos, em relação ao conjunto da ativi-
dade produtiva.
256
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
O Estado, por meio de universidades e de instituições de pes- O trabalho especializado e rotineiro da linha de montagem do
quisa, também estimula o desenvolvimento tecnológico, preparan- sistema fordista foi substituído por um sistema flexível, em que o
do novos profissionais e capacitando-os para as funções de pesqui- trabalhador pode ser deslocado para realizar diferentes funções, de
sa na área industrial ou agrícola, assim como no desenvolvimento acordo com as necessidades da produção em cada momento.
de tecnologias, transferidas ou adaptadas às novas mercadorias de Nesse novo sistema, a modificação e a atualização nos modelos
consumo ou aos novos equipamentos de produção. Nesse sentido, das mercadorias podem ser feitas a partir de pequenas reestrutu-
a pesquisa científica aplicada ao desenvolvimento de novos produ- rações da mesma fábrica, utilizando-se os mesmos equipamentos.
tos tornou-se parte do planejamento estratégico do Estado, visando Os recursos da microeletrônica, da robótica e da informática, in-
ao desenvolvimento econômico. tensivamente utilizados nesse sistema, viabilizam essas frequentes
Um exemplo desse apoio estatal ao desenvolvimento de novas mudanças.
tecnologias é o MITI (Ministério da Indústria e Comércio Exterior), Essa flexibilidade industrial tornou-se importante num mundo
do Japão. Por intermédio do MITI – que recebe verbas das empre- em que a evolução tecnológica acarreta constante criação e modi-
sas e do governo japonês -, desenvolvem-se pesquisas que serão ficação de produtos, com consequente diminuição da vida útil das
aplicadas à criação e ao aperfeiçoamento de produtos pela indús- mercadorias.
tria. Outro exemplo é o MIT (Massachusetts Institute of Tecnology), É preciso ressaltar, no entanto, que a difusão do toyotismo
situado no nordeste dos Estados Unidos, considerado um dos prin- trouxe uma ampliação nos fluxos de mercadorias, inclusive, num
cipais centros de pesquisa do mundo, mantido pelo governo norte- ritmo mais acelerado, demandando novas exigências ao setor de
-americano e por grandes empresas privadas. transportes.
Outro exemplo do desenvolvimento de novas tecnologias me-
diante parcerias entre empresas industriais e universidades é o caso A Sociedade da Informação
da Universidade de Stanford, em torno da qual surgiu o Vale do Silí- Os computadores invadiram a vida cotidiana. Apesar de não es-
cio, onde se concentra o maior conjunto de indústrias de informáti- tarem presentes em todas as residências do mundo, indiretamente
ca de todo o mundo. Nos países capitalistas, sobretudo nos Estados atingem todas as pessoas. Eles coletam, armazenam e divulgam in-
Unidos, boa parte das conquistas tecnológicas foi adaptada e esten- formações de forma maciça e instantânea, ligando o mundo numa
dida à criação de uma infinidade de bens de consumo, mesmo na grande rede, e estão presentes em diversos momentos do dia-a-dia.
época da Guerra Fria, quando o investimento em tecnologia estava Por exemplo, o ato de usar o caixa eletrônico só é possível mediante
voltado para a corrida armamentista ou espacial. informações transmitidas a um computador central, que autoriza
Com a Revolução Técnico-científica, o tempo entre qualquer ou não a transação. No supermercado, um terminal, no caixa, lê o
inovação e sua difusão, na forma de mercadorias ou de serviços, é código de barras do produto, informa o preço à máquina registra-
cada vez mais curto. Alguns produtos industriais classificados, em dora, dá baixa do produto no estoque e encaminha essa informação
princípio, como bens de consumo duráveis (especialmente aqueles ao departamento de compras, para a reposição do estoque.
ligados aos setores de ponta, como a microeletrônica e informáti- Em muitas residências, o computador faz parte dos equipa-
ca), são cada vez menos duráveis e tornam-se obsoletos devido à mentos básicos do dia-a-dia. Por computador, usando a Internet,
rapidez com quem são incorporadas novas tecnologias. pode-se acessar informações em qualquer parte do mundo para re-
alizar pesquisas, pagar contas, transferir dinheiro de uma conta de
Tecnologia de Processo – Toyotismo banco para outra, ou comprar mercadorias e serviços.
Foi no Japão que ocorreu a transformação do processo de pro- Tais atividades, já corriqueiras para uma pequena parcela da
dução de mercadorias na Terceira Revolução Industrial. Por ser um população mundial, dependem de um complexo sistema de infra-
país com um território pequeno, dependente da importação de ma- -estrutura que usa desde satélites artificiais de comunicação em
térias-primas e com pouco espaço para estocar os seus produtos, órbita permanente até fios telefônicos e cabos de fibra óptica que
nesse país a produção foi organizada de um modo diferente do tra- atravessam oceanos. Enfim, trata-se de um novo modo de vida que
dicional modelo fordista. combina mercadoria industrial com serviços. Aparelhos diversos
Essa nova organização da produção ficou conhecida pelo nome – computadores, telefones e televisores – têm que estar ligados a
de just-in-time (literalmente, tempo justo) e foi implementada pela uma ampla rede de serviços para que possam ser utilizados.
primeira vez, em meados do século XX, na fábrica de motores da Foi essa Revolução Técnico-científica, caracterizada também
Toyota. Depois, foi incorporada pelas principais indústrias do mun- pelo desenvolvimento dos meios de transporte, que possibilitou a
do. descentralização da produção industrial para os mais distantes re-
No interior da fábrica, as diferentes etapas de produção, desde cantos do mundo.
a entrada das matérias-primas até a saída do produto, são reali-
zadas de forma combinada entre fornecedores, produtores e com- Trabalho, sua Relação com o Meio Ambiente
pradores. A matéria-prima que entra na fábrica corresponde exa- O trabalho12 é um elemento transformador, não apenas do ho-
tamente à quantidade de mercadorias que serão produzidas. Essas mem que trabalha, mas também da natureza, fonte já não tão ines-
mercadorias são feitas dentro do prazo estipulado e de acordo com gotável de recursos, além de modificador também das relações que
o pedido dos compradores. Além da eficiência, o sistema just-in-ti- se estabelecem na sociedade.
me permite diminuir o custo de estocagem e o volume da produção A ampliação do processo do trabalho ensejou que o trabalha-
fica diretamente relacionado à capacidade do mercado de consu- dor passasse a ter garantido, por meio de leis e regulamentos, cer-
mo, evitando-se perdas de estoque ou diminuição do preço, caso tos direitos frente ao tomador de seus serviços. Todavia, ainda que
ocorra uma defasagem tecnológica do produto. tenha havido progressos nesse âmbito, visto que constantemente
12 https://repositorio.ucs.br/xmlui/bitstream/handle/11338/1010/Dissertacao%20
Fabio%20Rodrigues.pdf?sequence=1&isAllowed=y
257
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
novos direitos vão sendo incluídos no rol dos já existentes, nada nidade de acesso aos benefícios alcançados com o progresso, mais
ou quase nada foi feito para se garantir que os trabalhadores fos- desequilíbrio na distribuição das riquezas, além de um crescimento
sem capazes de tomar ciência dos efeitos de seu trabalho sobre o exagerado da exploração dos recursos naturais.
meio ambiente, assim como pouco tem sido feito no sentido de se Cientes de que o planeta apresenta uma limitação na sua ca-
procurar novas alternativas menos agressivas, no sentido de incluir pacidade de gerar recursos, de fornecer matéria-prima e que a ca-
o trabalhador na busca de desenvolver atividades cada vez menos pacidade de reprodução dos seres humanos continua crescendo,
nocivas à integridade dos recursos naturais. acarretando um aumento da demanda por novos recursos, torna-se
Primeiramente, porque a eles, na maioria das vezes, não cabe imperiosa a busca por alternativas capazes de conciliar a satisfação
maior poder de decisão sobre a administração da organização; se- dessas necessidades com progresso econômico e preservação am-
gundo, porque a busca por novas alternativas demanda, inicialmen- biental, a fim de que seja possível ter uma qualidade digna de vida.
te, um dispêndio de valores que nem sempre as corporações estão
dispostas a bancar.
Todos os avanços referentes ao trabalho do ser humano de- Exploração do Trabalho e da Natureza13
mandam uma nova adaptação frente à degradação ambiental: é Sendo o toyotismo um sistema de organização voltado para a
preciso uma educação ambiental para que ainda haja tempo de produção de mercadorias, paralelamente ao mesmo, se difundiram
preservar o que resta da natureza. novas relações de trabalho, caracterizadas pelos salários baixos e
Desde a pré-história, o homem subsistia com aquilo que conse- direitos trabalhistas restritos ou inexistentes.
guia colher manualmente na natureza, consumindo, principalmen- A maioria desses empregos foram criados em países em desen-
te, frutas, legumes, raízes, além da carne obtida por meio da caça volvimento, onde ainda em grande parte se mantinham o método
e da pesca. de produção fordista14, baseado na super exploração dos trabalha-
Sua atividade consistia, basicamente, em procurar e colher tais dores.
recursos da natureza, pouco interferindo no meio ambiente. No entanto, em muitos deles, como a China, a Índia e o Brasil,
Tal atuação não implicava em maior dano aos recursos natu- também há indústrias modernas e a introdução do toyotismo.
rais, visto que eram atividades desempenhadas estritamente para Também em diversos países desenvolvidos a flexibilização da
manutenção do indivíduo, o qual se apossava de recursos renová- legislação trabalhista, com a redução dos salários e dos benefícios
veis da natureza, produzidos de forma periódica e em decorrência sociais e previdenciários, tem levado ao enfraquecimento do movi-
de seu ciclo normal de reprodução. mento sindical.
Tal fato, no entanto, foi incapaz de garantir recursos suficien- Vários fatores contribuem para tal situação: a competição das
tes para satisfazer as necessidades alimentares de uma população novas tecnologias e dos novos processos produtivos, a desconcen-
que crescia constantemente, forçando, ao final, a busca por novos tração da produção industrial e a concorrência dos trabalhadores
recursos. mal remunerados, numerosos nos países em desenvolvimento.
Aos poucos, o homem passa a desenvolver novas habilidades, Entretanto, para milhões de trabalhadores da periferia do siste-
tornando-se, então, um produtor de alimentos e, de certa maneira, ma capitalista, que estavam fora do processo de produção, as condi-
interferindo e modificando o meio em que vive. Disso, prosperam ções de vida melhoraram.
novas alternativas, fazendo com que o processo produtivo acelere, A vida na cidade, em geral, é melhor do que na zona rural. Isso
assim como se constituam novas formas de organização do indiví- é particularmente verdadeiro na China, cuja economia atraiu gran-
duo em sociedade. de volume de investimentos estrangeiros por causa dos baixos cus-
Os modelos econômicos adotados, feudalista, capitalista, etc., tos de sua mão de obra.
exerceram grande influência nesse processo, em razão de terem Segundo o Banco Mundial, o número de chineses que viviam
favorecido o aprimoramento do setor produtivo e da organização na pobreza extrema caiu de 756 milhões (67% da população total),
social. em 1990, para 19 milhões (1,4% da população), em 2014.
No entanto, embora esse avanço, num primeiro instante, pos- Em menor escala, isso também ocorreu no Brasil, no México,
sa representar melhores condições de vida para os seres humanos, na Índia e em outros países emergentes.
também tem acarretado graves danos ao meio ambiente, face o au- Além de permitir a exploração do trabalhador, durante muito
mento da extração de recursos não renováveis, passível de levar ao tempo, a legislação ambiental dos países em desenvolvimento era,
seu consequente esgotamento. em sua maior parte, frágil. Esse fato permitia produzir a custos me-
Nesse enfoque, destaca-se o modelo capitalista de produção, nores e contribuía para atrair indústrias poluidoras.
que, mesmo significando um novo estímulo à produção de bens e Embora isso ainda aconteça na atualidade, a crescente preocu-
ao progresso econômico, tende a aprofundar ainda mais o fosso pação mundial com o desenvolvimento sustentável tem pressiona-
formado entre o desequilíbrio ambiental e a geração e acumulação do os dirigentes das fábricas a desenvolver métodos de produção
de riquezas, gerando riscos ao meio ambiente e desigualdades só- que causem menos impactos ambientais.
cio econômicas. Vem se firmando a ideia de que o desenvolvimento sustentá-
Esse modelo econômico tem proporcionado, de um lado, uma vel pode contribuir para aumentar a produtividade das empresas e,
melhoria da produtividade, desencadeada, predominantemente, consequentemente, a competividade e os lucros, além de reforçar
pelos resultados alcançados em pesquisas tecnológicas e científi- a imagem positiva resultante da certificação com um “selo verde”.
cas, pela competitividade, pela possibilidade de acumulação de 13 SENE, Eustáquio de. Geografia Geral e do Brasil. Volume único. Eustáquio de
bens materiais e, em alguns casos, a criação de tipos novos de Sene, João Carlos Moreira. 6ª edição. São Paulo: Ática, 2018.
ocupação; enquanto, por outro lado, tem sido fonte, dentre outras 14 O Fordismo é um modo de produção em massa baseado na linha de produção
coisas, da precarização da qualidade de vida de uma parcela signi- idealizada por Henry Ford. Foi fundamental para a racionalização do processo
ficativa da população, gerando mais desemprego, menos oportu- produtivo e na fabricação de baixo custo e na acumulação de capital.
258
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
259
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
Capítulo 3: Impacto Sociológico da Organização dos Trabalha- A psicologia aplicada ao trabalho oferece insights valiosos so-
dores bre como o envolvimento dos trabalhadores em sindicatos e mo-
vimentos coletivos afetou sua experiência laboral e sua percepção
A partir de uma perspectiva sociológica, é possível compreen- de si mesmos como agentes ativos de mudança. Ao participarem
der a formação de sindicatos e a participação em movimentos dessas organizações, os trabalhadores encontraram um espaço
operários como catalisadores de mudanças profundas na estrutura para expressar suas preocupações, compartilhar suas experiências
social. Ao unirem-se para reivindicar melhores condições de traba- e unir forças para buscar melhorias nas condições de trabalho. Essa
lho e direitos básicos, os trabalhadores não apenas desafiaram as participação ativa proporcionou um sentimento de solidariedade
práticas exploradoras das classes dominantes, mas também subver- e pertencimento, contrapondo-se à alienação frequentemente as-
teram as hierarquias tradicionais que perpetuavam a desigualdade sociada às formas mais mecanizadas de produção. Ao invés de se
social. A emergência de uma consciência de classe entre os traba- sentirem isolados e desamparados, os trabalhadores encontraram
lhadores não apenas fortaleceu sua posição no mercado de traba- apoio e camaradagem em suas lutas coletivas.
lho, mas também promoveu uma reconfiguração das relações de Além disso, o envolvimento no movimento operário teve um
poder na sociedade, abrindo caminho para uma maior participação profundo impacto na construção da identidade dos trabalhado-
e representação dos trabalhadores nas esferas política, econômica res. Ao se engajarem na luta por melhores condições de traba-
e social. lho e direitos básicos, os trabalhadores não apenas se percebiam
A constituição de sindicatos e a participação em movimentos como executores de tarefas, mas como agentes ativos na formação
operários não se limitaram apenas a melhorar as condições de de seus destinos laborais. Essa sensação de autonomia e agência
trabalho; representaram também uma luta mais ampla por justiça foi fundamental para fortalecer a autoestima e a autoeficácia dos
social e equidade. Ao exigirem uma distribuição mais justa da rique- trabalhadores, promovendo um senso de propósito e significado
za e do poder, os trabalhadores não apenas buscavam sua própria em suas vidas. Em vez de serem meros espectadores passivos das
emancipação, mas também almejavam transformar as estruturas condições impostas pelo sistema, os trabalhadores se viam como
sociais que perpetuavam a exploração e a opressão. Essa luta co- protagonistas de sua própria história, capazes de moldar seu am-
letiva não apenas moldou as condições de trabalho, mas também biente de trabalho e buscar uma vida melhor para si mesmos e suas
desencadeou transformações sociais marcantes, influenciando a famílias.
agenda política e promovendo uma maior conscientização sobre as A interação entre psicologia e movimento operário é complexa
questões de classe e desigualdade na sociedade. e multifacetada. Por um lado, a psicologia oferece ferramentas para
Além disso, a organização dos trabalhadores teve um impacto entender como as experiências individuais dos trabalhadores são
profundo na construção de uma identidade coletiva entre os tra- moldadas por seu envolvimento em sindicatos e movimentos co-
balhadores. Ao se unirem em torno de objetivos comuns e com- letivos. Por outro lado, o movimento operário também influencia a
partilharem experiências similares de exploração e resistência, os própria prática da psicologia, desafiando conceitos tradicionais de
trabalhadores fortaleceram os laços de solidariedade e perten- saúde mental e bem-estar ao destacar a importância das dimensões
cimento, promovendo um senso de comunidade e camaradagem sociais e políticas na construção da identidade e da subjetividade
que transcendia as barreiras individuais. Essa identidade coletiva dos trabalhadores.
não apenas fortaleceu os sindicatos e movimentos operários, mas Portanto, os aspectos psicológicos do movimento operário são
também proporcionou um senso de propósito e significado para os fundamentais para compreendermos a complexidade das lutas dos
trabalhadores, que se percebiam não apenas como indivíduos isola- trabalhadores por justiça e igualdade. Ao reconhecermos o papel
dos, mas como agentes de mudança em uma luta maior por justiça central que a psicologia desempenha na análise dessas questões,
e igualdade. somos capazes de valorizar não apenas as conquistas materiais do
Portanto, a organização dos trabalhadores teve um impacto movimento operário, mas também os ganhos psicológicos e emo-
profundo e duradouro na estrutura social, desafiando as hierar- cionais que ele proporcionou aos trabalhadores ao longo da histó-
quias tradicionais e promovendo uma maior conscientização sobre ria.
as questões de classe e desigualdade na sociedade. Ao compreen-
dermos a importância dessas transformações sociológicas, somos Capítulo 5: Expansão das Pautas: Além das Condições Laborais
capazes de reconhecer o papel fundamental dos trabalhadores na
construção de um mundo mais justo, equitativo e solidário. A sociologia aplicada destaca como essas ampliações de foco
não apenas transformaram a organização dos trabalhadores, mas
Capítulo 4: Aspectos Psicológicos do Movimento Operário também contribuíram para mudanças mais amplas na sociedade.
Ao incorporar questões sociais cruciais em suas agendas, os sindica-
A história do movimento operário não se limita apenas às ques- tos e movimentos operários não apenas lutavam por melhores con-
tões sociológicas; ela também envolve uma profunda análise dos dições de trabalho, mas também se tornavam agentes de mudança
aspectos psicológicos que moldaram as vivências individuais dos social, influenciando políticas e promovendo a conscientização so-
trabalhadores ao longo do tempo. Nesta dissertação, propõe-se bre questões que afetam a vida de todos os cidadãos.
uma investigação minuciosa sobre o impacto psicológico do movi- Uma das principais questões que o movimento operário pas-
mento operário, destacando como o envolvimento em sindicatos e sou a abordar foi a busca por direitos civis. À medida que os sindi-
movimentos coletivos influenciou a psique dos trabalhadores, pro- catos ganhavam força e influência, eles percebiam a importância
porcionando um sentido de solidariedade, pertencimento e iden- de garantir não apenas condições justas de trabalho, mas também
tidade. direitos básicos de cidadania, como liberdade de expressão, igual-
dade perante a lei e proteção contra discriminação. Essa luta por
260
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
direitos civis não apenas beneficiou os próprios trabalhadores, mas guração das relações de poder no local de trabalho e na sociedade
também contribuiu para fortalecer os fundamentos da democracia em geral. Os sindicatos e movimentos operários não apenas de-
e do Estado de direito. fenderam os interesses imediatos dos trabalhadores, mas também
Além disso, o movimento operário também se tornou um de- atuaram como agentes de mudança social, promovendo a justiça e
fensor ativo da igualdade de gênero e da inclusão. Reconhecendo a a igualdade em todas as esferas da vida.
importância de representação e oportunidades iguais para todos os Portanto, ao integrar a perspectiva sociológica com insights da
trabalhadores, independentemente de gênero, raça, etnia ou orien- psicologia, somos capazes de obter uma compreensão mais abran-
tação sexual, os sindicatos trabalharam para eliminar a discrimina- gente e profunda do impacto do movimento operário nas dinâmi-
ção e promover políticas de igualdade de oportunidades no local de cas laborais e individuais. Essa abordagem holística não apenas nos
trabalho. Esses esforços não apenas beneficiaram os trabalhadores permite analisar as transformações sociais e psicológicas desenca-
diretamente envolvidos, mas também contribuíram para uma mu- deadas pelo movimento operário, mas também nos ajuda a reco-
dança cultural mais ampla, promovendo uma sociedade mais inclu- nhecer sua importância contínua na luta por um mundo mais justo,
siva e diversificada. equitativo e solidário.
A busca por justiça social também se tornou uma parte intrín-
seca das agendas sindicais. Reconhecendo as desigualdades econô- Capítulo 7: Reflexão Atual: O Legado do Movimento Operário
micas e sociais que permeavam a sociedade, os sindicatos e movi-
mentos operários defenderam políticas redistributivas, programas Ao refletirmos sobre o legado do movimento operário, é es-
de assistência social e medidas para combater a pobreza e a exclu- sencial explorar a complexa interação entre a sociologia e a psico-
são social. Essas ações não apenas beneficiaram os trabalhadores logia aplicadas a essas lutas coletivas que moldaram não apenas as
mais vulneráveis, mas também promoveram uma maior equidade e condições de trabalho, mas também as relações sociais e a identi-
coesão social em toda a sociedade. dade dos trabalhadores ao longo da história. Sob uma perspectiva
Sendo assim, a expansão das pautas do movimento operário sociológica, o movimento operário representa um marco essencial
foi fundamental para moldar não apenas as condições de trabalho, na narrativa histórica do trabalho, desencadeando transformações
mas também os valores e ideais que orientam nossa sociedade. Ao profundas nas estruturas sociais e nas relações de poder.
incorporar questões sociais cruciais em suas agendas, os sindicatos A sociologia evidencia como essas lutas coletivas alteraram as
e movimentos operários não apenas lutavam por melhorias tangí- hierarquias tradicionais e promoveram uma consciência de classe
veis, mas também defendiam princípios de justiça, igualdade e dig- entre os trabalhadores, desafiando o status quo e promovendo mu-
nidade para todos os cidadãos. Essa ampliação de foco não apenas danças significativas na sociedade em geral. Os sindicatos e movi-
transformou a organização dos trabalhadores, mas também deixou mentos operários não apenas defenderam os interesses imediatos
um legado duradouro que continua a influenciar as políticas e práti- dos trabalhadores, mas também agiram como agentes de mudança
cas em toda a sociedade. social, lutando pela justiça, igualdade e dignidade no local de traba-
lho e além dele.
Capítulo 6: Perspectiva Holística: Integração entre Sociologia e Por outro lado, a psicologia aplicada ao movimento operário
Psicologia lança luz sobre as implicações individuais e emocionais dessas lutas
coletivas. Ao envolver-se em sindicatos e movimentos coletivos, os
Sob uma ótica psicológica, a participação dos trabalhadores trabalhadores encontraram um espaço para expressar suas frustra-
no movimento operário não se limitou a uma mera busca por me- ções, aspirações e demandas, fortalecendo sua autoestima e sen-
lhorias materiais, mas também teve um profundo impacto em sua so de pertencimento. A participação ativa no movimento operário
autoestima e autoeficácia. O envolvimento em protestos, greves e proporcionou aos trabalhadores um sentimento de agência e em-
negociações coletivas não apenas visava conquistas tangíveis, como powerment, contrapondo-se à sensação de alienação e impotência
salários mais justos e condições de trabalho dignas, mas também frequentemente associada às estruturas hierárquicas rígidas nas
fortalecia o sentimento de pertencimento e solidariedade entre os organizações tradicionais.
trabalhadores. Ao se unirem em busca de objetivos comuns, os tra- Portanto, ao integrar a perspectiva sociológica com insights da
balhadores desenvolveram uma consciência coletiva de sua capaci- psicologia, somos capazes de obter uma compreensão mais abran-
dade de promover mudanças significativas, não apenas no ambien- gente e profunda do legado duradouro do movimento operário. Es-
te de trabalho, mas também na sociedade em geral. sas disciplinas complementares nos ajudam a reconhecer a impor-
Além disso, a participação ativa no movimento operário pro- tância contínua dessas lutas coletivas na construção de um mundo
porcionou aos trabalhadores uma plataforma para expressar suas mais justo, equitativo e solidário, reafirmando os fundamentos para
frustrações, aspirações e demandas, criando um espaço seguro a compreensão contemporânea das complexas relações entre tra-
para o compartilhamento de experiências e a construção de laços balho e sociedade. O movimento operário, dessa maneira, não é
sociais significativos. Em meio à alienação e à fragmentação fre- apenas uma página na história do trabalho, mas sim um capítulo
quentemente associadas às estruturas de trabalho modernas, o vital e em constante evolução na narrativa da luta pelos direitos e
movimento operário ofereceu uma oportunidade para os trabalha- dignidade dos trabalhadores em todo o mundo.
dores se reconectarem com sua própria humanidade, reafirmando
sua identidade e dignidade como indivíduos.
Do ponto de vista sociológico, a participação dos trabalhadores
no movimento operário também teve implicações profundas nas
estruturas de poder e nas relações laborais. Ao desafiar as hierar-
quias tradicionais e promover uma consciência de classe entre os
trabalhadores, o movimento operário contribuiu para uma reconfi-
261
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
262
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
trínseca entre as condições de trabalho e questões mais amplas de adiante, é imperativo continuar explorando essa interseção entre
justiça e equidade, eles têm buscado alianças com outros movimen- disciplinas, visando não apenas compreender, mas também forta-
tos sociais para abordar essas questões de forma mais abrangente. lecer e apoiar os esforços dos trabalhadores em busca de justiça e
A expansão do engajamento sindical para questões sociais equidade no local de trabalho e na sociedade como um todo.
tem impactado significativamente a sociedade. Ao unir forças com
outros movimentos sociais, os sindicatos têm ampliado sua capa- Capítulo 5: Sindicalização e Engajamento Sindical como Com-
cidade de promover mudanças progressistas e pressionar por polí- ponentes Intrínsecos
ticas que beneficiem toda a sociedade. Além disso, ao destacar as
interconexões entre diferentes formas de opressão e desigualdade, No tecido intricado das relações laborais contemporâneas, a
os sindicatos estão contribuindo para uma visão mais holística das sindicalização e o engajamento sindical surgem como elementos
lutas por justiça e equidade. indissociáveis, tecendo uma narrativa complexa sobre a evolução
Concluindo, a expansão do engajamento sindical para ques- do trabalho e as contínuas batalhas por justiça social. Este capítulo
tões sociais representa uma evolução significativa no papel dos se propõe a explorar minuciosamente a natureza essencial desses
sindicatos na sociedade contemporânea. Ao se tornarem agentes componentes, mergulhando nas profundezas das complexidades
de transformação social, os sindicatos estão desempenhando um sociológicas e psicológicas que os permeiam, e vislumbrando um
papel fundamental na construção de um futuro mais justo, equi- horizonte futuro marcado por interações laborais mais equitativas
tativo e sustentável. Este capítulo explorou essa transformação e e conscientes.
destacou o impacto positivo que os sindicatos podem ter em toda A sindicalização transcende sua mera manifestação como um
a sociedade. movimento de trabalhadores organizados. É um fenômeno enrai-
zado nas estruturas sociais, políticas e econômicas mais amplas,
Capítulo 4: Abordagem Integrada: Sociologia e Psicologia Apli- refletindo a luta incessante por justiça e equidade no ambiente de
cada ao Trabalho trabalho. Ao examinar a sindicalização sob uma lente sociológica,
somos conduzidos a um entendimento mais profundo das dinâmi-
A sociologia desempenha um papel central nessa abordagem, cas de poder, desigualdades estruturais e estratégias de resistência
concentrando-se em analisar as mudanças nas estruturas sociais e que moldam o cenário laboral.
nas relações de poder que influenciam o sindicalismo. Os sociólo- O engajamento como militante sindical não é apenas uma es-
gos buscam entender como os sindicatos surgem como uma res- colha de participação, mas uma jornada complexa e multifacetada
posta coletiva às disparidades de poder no mundo do trabalho, que envolve tanto desafios psicológicos quanto sociais. A psicologia
examinando tanto as dinâmicas nos locais de trabalho quanto as aplicada ao trabalho nos convida a adentrar nos labirintos da expe-
influências mais amplas das estruturas sociais sobre a organização riência individual do militante, explorando os motivos subjacentes,
dos trabalhadores. os conflitos internos e a resiliência necessária para enfrentar as ad-
Paralelamente, a psicologia aplicada ao trabalho lança luz so- versidades e incertezas inerentes ao ativismo sindical.
bre as experiências individuais dos militantes sindicais, explorando Neste ponto de convergência entre a sociologia e a psicologia
os desafios emocionais e psicológicos que enfrentam. Desde a re- aplicada ao trabalho, encontramos um terreno fértil para a com-
siliência necessária para enfrentar adversidades até a gestão emo- preensão e promoção de ambientes laborais mais justos e sustentá-
cional dos conflitos, a psicologia oferece uma visão íntima dos pro- veis. A sociologia lança luz sobre as estruturas sociais que moldam
cessos internos que moldam a participação dos trabalhadores no e são moldadas pelo sindicalismo, enquanto a psicologia oferece
sindicalismo. insights valiosos sobre as complexidades emocionais e individuais
Ao unir essas duas disciplinas, somos capazes de obter uma dos trabalhadores engajados.
visão mais completa do sindicalismo e do engajamento sindical. En- Ao analisar profundamente a interseção entre sindicalização,
quanto a sociologia fornece o contexto estrutural necessário para engajamento sindical, sociologia e psicologia aplicada ao trabalho,
entender as forças sociais e políticas que moldam o movimento vislumbramos não apenas o presente, mas também moldamos o fu-
sindical, a psicologia oferece insights valiosos sobre as experiências turo das interações no mundo do trabalho. Os sindicatos emergem
individuais dos militantes. Essa abordagem combinada nos permi- não apenas como mediadores de condições laborais, mas como
te compreender não apenas as causas e consequências das ações agentes de mudança social e catalisadores de uma transformação
sindicais, mas também os aspectos emocionais e psicológicos en- mais ampla em direção a ambientes laborais mais justos, inclusivos
volvidos. e conscientes.
Dentro dessa abordagem integrada, destacam-se três temas
fundamentais: resiliência, identidade e gestão emocional. A resi-
A AÇÃO SINDICAL E SUA TIPOLOGIA.
liência é essencial para enfrentar os desafios do sindicalismo, en-
quanto a identidade proporciona um senso de propósito e perten-
cimento aos militantes. A gestão emocional, por sua vez, é crucial Capítulo 1: Origens e Evolução da Ação Sindical
para lidar com os conflitos e tensões inerentes à participação em
atividades sindicais. A história da humanidade é marcada por momentos de grande
Ao concluir este capítulo, fica claro que uma abordagem inte- transformação, nos quais as relações laborais desempenharam um
grada entre sociologia e psicologia aplicada ao trabalho é essen- papel central na configuração da sociedade. Um desses momentos
cial para uma compreensão completa do sindicalismo e do engaja- decisivos foi a Revolução Industrial, um marco histórico que não
mento sindical. Somente ao considerar tanto as dinâmicas sociais apenas impulsionou o avanço tecnológico, mas também deu ori-
quanto as experiências individuais dos trabalhadores podemos ver- gem a profundas mudanças nas condições de trabalho e nas rela-
dadeiramente capturar a complexidade desse fenômeno. Ao seguir ções sociais.
263
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
Durante a Revolução Industrial, que teve início no final do sé- busca unir os indivíduos em torno de interesses comuns, como
culo XVIII na Grã-Bretanha e se espalhou pelo mundo, as fábricas e melhores condições de trabalho, salários justos e benefícios ade-
as indústrias emergiram como novos centros de produção, substi- quados. Essa forma de sindicalismo é frequentemente associada à
tuindo os métodos de trabalho tradicionais baseados na agricultu- defesa dos direitos dos trabalhadores e à luta contra a exploração
ra e na manufatura artesanal. No entanto, essa transformação não econômica, representando uma voz coletiva contra as injustiças do
ocorreu sem custos humanos significativos. capitalismo industrial. Sob uma análise sociológica, o sindicalismo
Condições laborais desumanas, jornadas exaustivas e salários de classe revela as dinâmicas de poder presentes nas relações la-
miseráveis tornaram-se a norma em muitas fábricas e minas, en- borais e destaca a importância da solidariedade e da organização
quanto os trabalhadores enfrentavam um tratamento injusto e uma coletiva na busca por mudanças sociais.
falta de proteção básica. Diante dessas circunstâncias adversas, os Por outro lado, o sindicalismo empresarial apresenta uma
trabalhadores começaram a se organizar em busca de uma resposta abordagem distinta, enfatizando a colaboração entre empregado-
coletiva às injustiças que enfrentavam no local de trabalho. res e empregados para alcançar objetivos mútuos de produtividade
Foi nesse contexto que os sindicatos surgiram como uma res- e eficiência. Nesse modelo, os sindicatos muitas vezes assumem
posta direta à exploração desenfreada dos trabalhadores. Inicial- um papel mais conciliador, buscando resolver disputas laborais por
mente, essas organizações eram formadas por grupos de artesãos meio do diálogo e da negociação. O sindicalismo empresarial é fre-
e trabalhadores industriais que se uniam para proteger seus in- quentemente associado a estratégias de co-gestão e participação
teresses comuns e reivindicar melhores condições de trabalho. O dos trabalhadores na tomada de decisões corporativas, refletindo
objetivo primordial dos sindicatos era representar os trabalhadores uma visão mais pragmática e orientada para o mercado das rela-
diante dos empregadores e negociar coletivamente por salários dig- ções laborais. Do ponto de vista sociológico, o sindicalismo empre-
nos, jornadas de trabalho razoáveis e condições de trabalho mais sarial destaca as complexidades das relações de poder entre capital
seguras. e trabalho e os desafios de conciliar interesses divergentes no local
Ao longo do tempo, os sindicatos evoluíram e se expandiram, de trabalho.
adquirindo uma variedade de formas e funções para atender às Além dessas abordagens tradicionais, o sindicalismo revolu-
necessidades cambiantes dos trabalhadores em um mundo em cionário surge como uma força transformadora que propõe uma
constante transformação. Desde os primórdios do sindicalismo, no reconfiguração radical da estrutura social e econômica. Inspirado
século XIX, até os dias atuais, essas organizações desempenharam pelas teorias marxistas, o sindicalismo revolucionário vai além das
um papel vital na defesa dos direitos trabalhistas e na promoção de demandas imediatas dos trabalhadores e busca desafiar as bases
uma sociedade mais justa e equitativa. do sistema capitalista. Esse tipo de sindicalismo enfatiza a luta de
No entanto, a evolução da ação sindical não foi sem desafios classes e a necessidade de uma mudança fundamental na ordem
e obstáculos significativos. Ao longo da história, os sindicatos en- social, destacando a importância da mobilização popular e da ação
frentaram oposição ferrenha por parte dos empregadores e do po- direta na busca por uma sociedade mais justa e igualitária. Sob uma
der estabelecido, que muitas vezes recorriam a táticas coercitivas análise sociológica, o sindicalismo revolucionário lança luz sobre as
e repressivas para minar a influência e o poder dos trabalhadores contradições inerentes ao capitalismo e as possibilidades de resis-
organizados. Apesar desses desafios, os sindicatos perseveraram e tência e transformação social.
continuaram a desempenhar um papel crucial na defesa dos direi- Ao explorar essas diferentes formas de sindicalismo e suas im-
tos trabalhistas e na promoção do bem-estar dos trabalhadores em plicações sociológicas, torna-se evidente que a ação sindical é um
todo o mundo. fenômeno multifacetado que reflete as complexidades do mundo
Portanto, este capítulo se propõe a examinar minuciosamente do trabalho e as lutas por poder e justiça. Compreender as nuances
as origens e a evolução da ação sindical, destacando seu papel na da tipologia sindical é essencial para uma análise abrangente das
defesa dos direitos trabalhistas ao longo do tempo. Ao compreen- relações laborais e para a formulação de estratégias eficazes de or-
der o contexto histórico e as lutas enfrentadas pelos trabalhadores ganização e mobilização dos trabalhadores. Este capítulo se propôs
ao longo dos séculos, podemos apreciar melhor a importância con- a fornecer uma visão detalhada e aprofundada dessas questões,
tínua dos sindicatos na construção de uma sociedade mais justa e destacando a importância contínua dos sindicatos na defesa dos
igualitária para todos. direitos trabalhistas e na promoção de uma sociedade mais justa
e igualitária.
Capítulo 2: Tipologia da Ação Sindical: Diversidade e Funções
Capítulo 3: Perspectivas Sociológicas sobre a Ação Sindical
A dinâmica das relações laborais é tão vasta quanto complexa,
refletindo uma teia intricada de interesses, poderes e ideologias. No cerne das relações laborais e da estruturação da sociedade,
Dentro desse contexto, os sindicatos emergem como atores-chave, a ação sindical emerge como uma força dinâmica que tanto reflete
representando os trabalhadores e buscando influenciar as condi- quanto molda as dinâmicas de poder presentes na esfera socioeco-
ções de trabalho e as políticas laborais. No entanto, a ação sindical nômica. Neste capítulo, embarcaremos em uma jornada profunda
não é um monólito uniforme; ela abrange uma variedade de abor- pelas lentes da sociologia para desvendar as múltiplas facetas e im-
dagens e funções que refletem a diversidade e as complexidades do plicações da ação sindical, desde as teorias fundamentais do con-
mundo do trabalho. Este capítulo se propõe a explorar em profun- flito social até as perspectivas funcionalistas que buscam entender
didade a tipologia da ação sindical, examinando as diferentes abor- seu papel no equilíbrio social.
dagens adotadas pelos sindicatos e suas implicações sociológicas. A teoria do conflito, um dos pilares da sociologia contempo-
No espectro da ação sindical, o sindicalismo de classe se desta- rânea, oferece uma análise penetrante das raízes e implicações da
ca como uma das abordagens mais proeminentes. Fundamentado ação sindical. Enxerga-se os sindicatos como produtos de uma luta
na solidariedade entre os trabalhadores, o sindicalismo de classe contínua entre diferentes classes sociais, onde os interesses dos tra-
264
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
balhadores, frequentemente em desvantagem em relação aos em- tos, somos levados a compreender as complexas interações entre
pregadores, são articulados e defendidos por meio da organização fatores psicológicos, sociais e econômicos que moldam o engaja-
coletiva. Nessa visão, os sindicatos surgem como agentes de resis- mento sindical.
tência e contrapoder, desafiando as estruturas de dominação e pro- Outro aspecto fundamental a ser explorado é o impacto psi-
movendo a mobilização dos trabalhadores em busca de mudanças cológico das atividades sindicais nos trabalhadores envolvidos. O
sociais e econômicas significativas. Por meio dessa perspectiva, so- estresse das negociações, a pressão para alcançar resultados e a
mos levados a compreender a ação sindical não apenas como uma incerteza em relação ao futuro podem levar a uma série de desafios
resposta às injustiças do sistema capitalista, mas também como um emocionais, como ansiedade, depressão e burnout. Esses efeitos
motor de transformação social que visa desmantelar as desigual- podem ser exacerbados pela estigmatização associada ao ativismo
dades estruturais e redistribuir o poder de forma mais equitativa. sindical e pela pressão social para desistir das demandas trabalhis-
Contrapondo-se a essa visão conflitiva, a perspectiva funciona- tas. Portanto, compreender e mitigar esses impactos é essencial
lista oferece uma análise complementar, destacando o papel dos para garantir o bem-estar e a saúde mental dos trabalhadores en-
sindicatos na manutenção do equilíbrio social e na promoção da volvidos.
coesão social. Segundo essa abordagem, os sindicatos desempe- Além disso, a psicologia organizacional desempenha um papel
nham uma função vital ao representar os interesses dos trabalha- crucial na otimização da eficácia das atividades sindicais. Ao exa-
dores e negociar condições de trabalho justas, contribuindo para a minar as dinâmicas de poder dentro das organizações sindicais, os
estabilidade e harmonia na sociedade. Ao agir como mediadores psicólogos podem identificar estratégias eficazes de liderança sindi-
entre capital e trabalho, os sindicatos ajudam a evitar conflitos la- cal e comunicação entre os membros. Além disso, ao considerar a
borais generalizados e promovem uma distribuição mais equitativa dinâmica psicológica dos empregadores e a resistência que podem
dos recursos e oportunidades. Dessa forma, a perspectiva funciona- encontrar às demandas sindicais, a psicologia organizacional pode
lista oferece uma visão mais otimista da ação sindical, destacando oferecer insights valiosos sobre como construir coalizões eficazes e
seu potencial para fortalecer os laços sociais e garantir um funcio- negociar com sucesso melhorias nas condições de trabalho.
namento mais eficiente e justo da economia. Neste capítulo, exploramos não apenas os aspectos psicológi-
Além dessas perspectivas dominantes, outras correntes teóri- cos individuais da ação sindical, mas também seu impacto coletivo
cas, como o interacionismo simbólico e o materialismo histórico, no bem-estar e na eficácia das organizações sindicais. Ao compreen-
oferecem insights valiosos sobre as complexidades da ação sindical der as motivações, desafios e estratégias psicológicas envolvidas na
e suas implicações para a sociedade. O interacionismo simbólico, luta sindical, somos capacitados a desenvolver abordagens mais
por exemplo, destaca o papel da comunicação e da construção de holísticas e eficazes para promover melhores condições de traba-
significados na formação da identidade sindical e na mobilização lho e defender os direitos dos trabalhadores. Ao desvendar as com-
dos trabalhadores. Enquanto isso, o materialismo histórico anali- plexidades da psicologia na ação sindical, abrimos novos caminhos
sa a ação sindical dentro do contexto mais amplo das mudanças para a construção de um ambiente laboral mais justo, equitativo e
econômicas e políticas ao longo do tempo, destacando as conexões saudável para todos.
entre o movimento operário e os processos de desenvolvimento
capitalista. Capítulo 5: Considerações Finais e Implicações
Ao explorar essas diversas perspectivas sociológicas sobre a
ação sindical, somos desafiados a ampliar nossa compreensão das A ação sindical, como exploramos ao longo deste estudo, é um
dinâmicas sociais e econômicas que moldam o mundo do trabalho. fenômeno dinâmico e complexo que vai muito além das simples ne-
Cada abordagem oferece uma visão única e complementar do pa- gociações trabalhistas. Ela se entrelaça com uma miríade de fatores
pel dos sindicatos na sociedade, destacando tanto seus potenciais sociais, econômicos e psicológicos, moldando não apenas o ambien-
transformadores quanto suas funções integradoras. Neste capítulo, te de trabalho, mas também as estruturas sociais mais amplas. Ao
mergulhamos nas complexidades da ação sindical sob diferentes longo de nossa jornada, exploramos a diversidade de abordagens
prismas teóricos, buscando capturar sua essência multifacetada e sindicais, desde o sindicalismo de classe até o sindicalismo empre-
sua relevância duradoura na luta por uma sociedade mais justa e sarial e o sindicalismo revolucionário. Cada uma dessas vertentes
igualitária. reflete não apenas diferentes estratégias e objetivos, mas também
distintas visões de mundo e ideologias subjacentes. Essa variedade
Capítulo 4: Abordagens Psicológicas da Ação Sindical de perspectivas nos leva a reconhecer a riqueza e a complexidade
do movimento sindical, bem como a necessidade de abordagens
Na intrincada teia das relações laborais e na dinâmica da luta flexíveis e inclusivas que possam acomodar essa diversidade.
sindical, a psicologia emerge como uma ferramenta essencial para Além disso, nossa análise nos levou a uma compreensão mais
desvendar as motivações, desafios e complexidades enfrentadas profunda das dinâmicas sociais e psicológicas que permeiam a ação
pelos trabalhadores engajados em atividades sindicais. A psicolo- sindical. Desde as teorias do conflito e funcionalistas até as com-
gia aplicada ao trabalho oferece um olhar perspicaz sobre as mo- plexidades da motivação individual e do impacto psicológico das
tivações que impulsionam os trabalhadores a se envolverem em atividades sindicais, nossa investigação nos permitiu desvendar as
atividades sindicais. Enquanto alguns podem ser motivados por camadas profundas desse fenômeno. Reconhecemos agora que as
questões de justiça social e solidariedade com seus colegas, ou- lutas sindicais não são apenas sobre demandas materiais, mas tam-
tros podem buscar melhorias específicas no ambiente de trabalho, bém sobre identidade, solidariedade e resiliência emocional.
como salários mais altos ou condições mais seguras. Além disso, No entanto, à medida que contemplamos as conclusões deste
fatores contextuais, como a cultura sindical local e a história pessoal estudo, também nos deparamos com desafios e questões em aber-
do trabalhador, também desempenham um papel significativo na to. A natureza em constante mudança do mercado de trabalho, a
formação de suas motivações individuais. Ao examinar esses aspec- ascensão de novas formas de emprego e a globalização econômi-
265
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
ca apresentam novos desafios para os sindicatos e trabalhadores. res. As greves e manifestações organizadas pelos sindicatos foram
Como essas mudanças afetarão a dinâmica da ação sindical? Quais instrumentais na conquista de conquistas importantes, como redu-
estratégias serão mais eficazes para os sindicatos no futuro? Essas ção da jornada de trabalho e aumento dos salários.
são questões que exigem uma reflexão mais aprofundada e um diá- Apesar dos desafios enfrentados e das dificuldades encontra-
logo contínuo entre acadêmicos, sindicalistas e formuladores de das, o sindicalismo durante a Revolução Industrial deixou um le-
políticas. gado duradouro na história do movimento trabalhista. As lutas e
Sendo assim, a compreensão da ação sindical e suas implica- conquistas dos sindicatos do século XIX pavimentaram o caminho
ções vai além das fronteiras da academia. Ela tem repercussões para a criação de leis trabalhistas e regulamentações que garantiam
tangíveis na vida dos trabalhadores e na estrutura da sociedade direitos fundamentais aos trabalhadores. Além disso, o surgimen-
como um todo. Portanto, é imperativo que continuemos a investir to do sindicalismo durante esse período demonstrou o poder da
em pesquisas interdisciplinares, programas de educação sindical e solidariedade e da organização coletiva na luta por justiça social e
políticas que promovam um ambiente de trabalho justo, equitativo dignidade no trabalho.
e inclusivo. Somente assim poderemos garantir que a voz dos traba- Concluindo, este capítulo proporcionou uma análise detalhada
lhadores seja ouvida, seus direitos sejam protegidos e a dignidade das origens do sindicalismo durante a Revolução Industrial. Ao ex-
no trabalho seja preservada para as gerações futuras. plorar as duras realidades enfrentadas pelos trabalhadores do sécu-
lo XIX e o papel dos sindicatos na defesa de seus direitos, foi possí-
vel entender melhor o contexto histórico e as condições que deram
A EVOLUÇÃO DO SINDICALISMO DIANTE DAS TRANSFOR-
origem a esse movimento fundamental. O legado do sindicalismo
MAÇÕES DO MUNDO DO TRABALHO
na era industrial continua a ressoar nos dias de hoje, inspirando a
luta por justiça e igualdade no local de trabalho em todo o mundo.
Capítulo 1: Origens do Sindicalismo durante a Revolução Indus-
trial Capítulo 2: Transformações do Sindicalismo ao Longo do Século
XX
Durante a Revolução Industrial, um período marcado por pro-
fundas transformações econômicas e sociais, as condições de tra- No tumultuado cenário do século XX, o sindicalismo, em cons-
balho nas fábricas e indústrias eram extremamente desfavoráveis tante mutação, refletiu as mudanças econômicas, políticas e sociais
para a classe trabalhadora. Este capítulo mergulhará nas origens do da época. Inicialmente, como uma voz unificada em defesa dos di-
sindicalismo, contextualizando sua emergência dentro do cenário reitos trabalhistas, o sindicalismo de classe confrontou os desafios
adverso enfrentado pelos trabalhadores do século XIX. do fordismo, que redefiniu as dinâmicas laborais com a introdução
Para compreender plenamente as origens do sindicalismo du- de métodos de produção em massa. Essa transição fragmentou a
rante a Revolução Industrial, é essencial examinar o contexto histó- unidade operária e desafiou os sindicatos a se adaptarem a essa
rico que deu origem a esse movimento. A Revolução Industrial, que nova realidade.
teve início no final do século XVIII na Grã-Bretanha e se espalhou Com o advento do Estado de Bem-Estar Social, os sindicatos
rapidamente pela Europa e pelo mundo, marcou uma mudança ra- encontraram uma oportunidade de colaboração com o governo e
dical nos métodos de produção e organização econômica. A transi- os empregadores na elaboração de políticas trabalhistas. Essa era
ção de uma economia agrária para uma economia industrial trouxe de relativa estabilidade trouxe avanços significativos para a classe
consigo uma série de desafios e transformações sociais. trabalhadora em muitos países, garantindo melhores condições de
Uma das características mais marcantes da Revolução Indus- trabalho e proteção social.
trial foi a introdução de novas formas de trabalho nas fábricas e in- Entretanto, o final do século XX trouxe consigo a globalização
dústrias. As jornadas de trabalho eram frequentemente exaustivas, e a liberalização dos mercados, desencadeando uma crise no movi-
com trabalhadores passando longas horas em condições insalubres mento sindical. A competição global pressionou os salários e as con-
e perigosas. Além disso, os salários eram baixos e muitas vezes não dições de trabalho, desafiando a eficácia dos sindicatos tradicionais.
garantiam um padrão de vida adequado para os trabalhadores e Muitos previram o declínio iminente do sindicalismo diante dessas
suas famílias. A falta de regulamentação e proteção trabalhista con- forças avassaladoras.
tribuía para a exploração generalizada da classe trabalhadora. Apesar das adversidades, o sindicalismo mostrou-se resiliente,
Diante dessas circunstâncias adversas, os trabalhadores co- buscando novas estratégias para enfrentar os desafios da globali-
meçaram a se organizar em sindicatos como forma de resistência zação. Surgiram formas inovadoras de sindicalismo, mais adaptá-
e defesa de seus direitos. Essas organizações sindicais reuniam tra- veis e flexíveis às demandas do século XXI. O sindicalismo de base
balhadores de diferentes setores e indústrias em busca de objetivos e comunitário, entre outras abordagens, abriram novos horizontes
comuns, como melhores salários, jornadas de trabalho mais razoá- para a luta pelos direitos trabalhistas em um mundo em constante
veis e condições de trabalho mais seguras. O sindicalismo emergiu transformação.
como uma resposta direta à exploração desenfreada dos trabalha- Ao refletir sobre as transformações do sindicalismo ao longo do
dores pela classe empresarial emergente. século XX, fica evidente sua importância contínua na defesa dos in-
Os sindicatos desempenharam um papel crucial na melhoria teresses dos trabalhadores. Apesar das adversidades enfrentadas, o
das condições de trabalho durante a Revolução Industrial. Ao repre- sindicalismo permanece como uma força vital na busca por justiça
sentar os interesses coletivos dos trabalhadores, essas organizações social, igualdade e dignidade no local de trabalho. Sua capacidade
sindicais pressionavam os empregadores e o governo por reformas de se adaptar e evoluir garante que continuará a desempenhar um
trabalhistas e legislação que protegesse os direitos dos trabalhado- papel fundamental na moldagem do futuro do trabalho.
266
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
Capítulo 3: Desafios Contemporâneos para o Sindicalismo na ras, como assembleias populares e ações de base comunitária, esse
Era da Globalização modelo busca empoderar os trabalhadores e ampliar sua capacida-
de de influenciar as políticas trabalhistas.
O sindicalismo contemporâneo encontra-se em uma encruzi- Apesar dos benefícios trazidos pela diversidade de formas de
lhada complexa, influenciada pela ascensão da globalização e da sindicalismo, essa pluralidade também apresenta desafios. A frag-
economia digital. A interconexão econômica global e a mobilidade mentação do movimento sindical pode enfraquecer a capacidade
do capital desafiam os sindicatos a representar os trabalhadores em de negociação e representação dos trabalhadores, especialmente
um contexto transnacional, ampliando as fronteiras da produção e em um contexto de globalização e flexibilização das relações de tra-
gerando uma competição acirrada entre os trabalhadores. Simul- balho. Além disso, a coexistência de diferentes abordagens sindicais
taneamente, a revolução digital redefine as noções de trabalho, pode gerar conflitos e divisões dentro do movimento trabalhista, di-
permitindo o surgimento do trabalho remoto e da economia gig, ficultando a construção de uma frente unida na defesa dos direitos
desafiando as estruturas tradicionais de emprego e sindicalização. dos trabalhadores.
Com a flexibilização das relações de trabalho como uma ten- À medida que o sindicalismo continua a se adaptar às
dência dominante, o surgimento de contratos temporários e formas transformações do mundo do trabalho, é essencial buscar um
de emprego precário minam a estabilidade dos trabalhadores, difi- equilíbrio entre a diversidade e a unidade no movimento sindical.
cultando a capacidade dos sindicatos de garantir condições dignas A pluralidade de formas de organização sindical pode ser uma
de trabalho. Diante dessa realidade fluida, os sindicatos enfrentam fonte de inovação e resiliência, permitindo que os sindicatos
a necessidade premente de reavaliar suas estratégias de represen- desenvolvam estratégias mais flexíveis e adaptáveis às necessidades
tação e negociação. No entanto, o sindicalismo contemporâneo dos trabalhadores na era moderna. No entanto, é fundamental que
busca ativamente respostas inovadoras para se adaptar a esse novo essas diferentes abordagens sindicais estejam alinhadas em torno
contexto. de objetivos comuns e valores compartilhados, garantindo que o
A colaboração transnacional entre sindicatos, a mobilização movimento sindical continue a desempenhar um papel crucial
online e a defesa de políticas trabalhistas progressistas emergem na defesa dos direitos e interesses dos trabalhadores em todo o
como estratégias-chave na luta por condições justas de trabalho e mundo.
dignidade para todos os trabalhadores. Ao final desta jornada pelas
encruzilhadas do sindicalismo na era da globalização e da economia Capítulo 5: Críticas e Resistências ao Sindicalismo Contempo-
digital, é evidente que o movimento enfrenta desafios significati- râneo
vos. No entanto, é na adversidade que surgem oportunidades de
inovação e renovação. O sindicalismo contemporâneo, ao abraçar a Apesar de sua longa história e papel vital na defesa dos direitos
mudança e adotar novas abordagens, continua a desempenhar um dos trabalhadores, o sindicalismo contemporâneo está longe de ser
papel crucial na defesa dos direitos e interesses dos trabalhadores imune a críticas e resistências. Neste capítulo, mergulharemos nas
em um mundo em constante transformação. complexidades dessas críticas, explorando as diversas perspectivas
que questionam a eficácia e a relevância dos sindicatos na era mo-
Capítulo 4: Pluralidade e Adaptação do Sindicalismo Contem- derna. Desde preocupações sobre estruturas de poder hierárqui-
porâneo cas até desafios de adaptação às rápidas mudanças no mundo do
trabalho, examinaremos as críticas enfrentadas pelo sindicalismo
Na era contemporânea, o sindicalismo se depara com um pa- contemporâneo e os impactos que essas questões podem ter em
norama diversificado e em constante evolução. A pluralidade de sua capacidade de representação e advocacy.
formas de organização sindical é uma característica marcante, re- Uma das principais críticas dirigidas ao sindicalismo contempo-
fletindo a complexidade das relações laborais e as demandas va- râneo refere-se à sua tendência de reproduzir estruturas de poder
riadas dos trabalhadores. O sindicalismo de classe, enraizado na hierárquicas. Algumas correntes argumentam que os sindicatos, em
luta histórica dos trabalhadores por direitos e condições dignas de sua busca por representação dos interesses dos trabalhadores, aca-
trabalho, continua a desempenhar um papel fundamental no mo- bam por se distanciar das bases e consolidar lideranças autoritárias.
vimento sindical contemporâneo. Baseado na solidariedade entre Essa centralização de poder pode alienar os próprios membros dos
os trabalhadores e na defesa dos interesses coletivos, este modelo sindicatos e minar a legitimidade do movimento como um todo,
sindical representa uma voz poderosa na busca por justiça social e criando uma desconexão entre a liderança sindical e as necessida-
igualdade no local de trabalho. des reais dos trabalhadores.
Uma abordagem mais colaborativa, conhecida como sindica- E também, há preocupações sobre a capacidade dos sindica-
lismo empresarial, tem ganhado destaque na contemporaneidade. tos de se adaptarem às rápidas mudanças no mundo do trabalho.
Nesse modelo, os sindicatos buscam estabelecer parcerias com os Com a ascensão da economia digital e a flexibilização das relações
empregadores, visando promover objetivos comuns e resolver con- trabalhistas, muitos argumentam que os sindicatos têm lutado para
flitos de forma negociada. No entanto, alguns críticos apontam que acompanhar essas transformações e desenvolver estratégias efica-
essa abordagem pode diluir o papel dos sindicatos como defenso- zes de representação. A natureza fluida e descentralizada do traba-
res dos interesses exclusivos dos trabalhadores, favorecendo uma lho contemporâneo desafia os modelos tradicionais de sindicalis-
relação de poder assimétrica. mo, exigindo uma abordagem mais ágil e inovadora por parte dos
Além do sindicalismo de classe e do sindicalismo empresarial, sindicatos para garantir a proteção dos direitos dos trabalhadores.
outras formas de organização sindical têm surgido, como o sindica- Além disso, a fragmentação do mercado de trabalho e a diver-
lismo de base. Essa abordagem enfatiza a participação direta dos sidade de arranjos contratuais têm levado alguns a questionar a
trabalhadores na tomada de decisões sindicais e na definição das relevância dos sindicatos em um contexto cada vez mais heterogê-
prioridades da agenda trabalhista. Por meio de estratégias inovado- neo. À medida que novas formas de emprego, como o trabalho por
267
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
aplicativo, ganham terreno, surgem desafios adicionais para os sindicatos na representação e defesa dos interesses desses trabalhadores
precários e frequentemente desprotegidos. A incapacidade dos sindicatos de se adaptarem a essas novas realidades pode minar sua capa-
cidade de permanecerem como atores eficazes na promoção da justiça social e dos direitos trabalhistas.
No entanto, apesar dessas críticas e resistências, é importante reconhecer que o sindicalismo contemporâneo continua a desempe-
nhar um papel crucial na defesa dos direitos dos trabalhadores e na promoção da justiça social. A capacidade dos sindicatos de se autoa-
valiarem e responderem de forma proativa a essas críticas será fundamental para sua capacidade de se manterem relevantes e eficazes no
cenário laboral em constante evolução.
Após uma imersão profunda nas complexidades do sindicalismo contemporâneo, este capítulo se propõe a lançar luz sobre o horizon-
te do futuro do movimento sindical. Com base nas análises minuciosas dos capítulos anteriores, exploraremos as oportunidades e desafios
que aguardam os sindicatos neste cenário em constante mutação, bem como as estratégias e inovações possíveis para enfrentar esses
desafios. Este capítulo servirá como um ponto de convergência, oferecendo insights perspicazes sobre o papel vital que o sindicalismo
continuará a desempenhar na busca incansável por equidade, justiça e dignidade no ambiente de trabalho.
À medida que nos aventuramos pelas incertezas do futuro, é imperativo reconhecer as inúmeras oportunidades que aguardam o
sindicalismo. Apesar dos desafios apresentados pela globalização, pela revolução digital e pela fragmentação do mercado de trabalho, os
sindicatos têm à sua disposição uma série de ferramentas e recursos para se adaptarem e prosperarem. A colaboração transnacional, a
mobilização online e a defesa de políticas progressistas representam apenas algumas das estratégias que os sindicatos podem adotar para
fortalecer sua posição e ampliar sua influência na defesa dos direitos dos trabalhadores.
No entanto, não podemos ignorar os desafios que se avizinham. A necessidade de enfrentar estruturas de poder hierárquicas, de
se adaptar a novas formas de trabalho e de representar uma força de trabalho cada vez mais diversificada e precária apresenta desafios
significativos para os sindicatos. Nesse sentido, a capacidade de os sindicatos se reinventarem e se adaptarem será fundamental para sua
sobrevivência e relevância no cenário laboral do século XXI.
É crucial também reconhecer que o futuro do sindicalismo não será moldado apenas por fatores externos, mas também pelas
escolhas e ações dos próprios sindicatos. A capacidade de os sindicatos se envolverem em autoavaliação crítica, de se adaptarem a novas
realidades e de abraçarem a inovação determinará sua capacidade de permanecerem como atores eficazes na promoção da justiça social
e dos direitos trabalhistas. Além disso, a necessidade de os sindicatos trabalharem em colaboração com outros movimentos sociais e
políticos será fundamental para construir coalizões amplas e eficazes na luta por mudanças transformadoras.
Entretanto, o futuro do sindicalismo é inseparável do futuro do trabalho e da sociedade como um todo. À medida que nos aproxima-
mos das próximas décadas, é essencial que os sindicatos permaneçam vigilantes, resilientes e comprometidos com a defesa dos interesses
dos trabalhadores. O sindicalismo, com sua longa história de luta e conquista, continuará a desempenhar um papel central na construção
de um futuro mais justo e humano para todos.
Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interes-
ses que devam por meio dele defender.
§ 1º - A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade.
§ 2º - Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às penas da lei.
O direito de greve é assegurado apenas ao trabalhador subordinado. A suspensão dos serviços deve ser temporária e não definitiva.
A paralisação pode ser parcial ou total. A titularidade do direito de greve é dos trabalhadores, no entanto, a legitimidade para a instau-
ração da greve pertence à organização sindical dos trabalhadores. O artigo 8º, VI, da CF/88 estabelece que nas negociações coletivas deve
haver a participação obrigatória do sindicato profissional.
Daí decorre que o direito de greve é um importante direito fundamental dos trabalhadores, através do qual podem se manifestar e
pressionar o seu empregador sobre suas reivindicações. Todavia, como é basilar, não se trata de um direito absoluto, cabendo aos traba-
lhadores e respectivos sindicatos, para exercê-lo regularmente e não tê-lo como abusivo, cumprir alguns requisitos legais.
A Lei nº 7.783/89 é a responsável em disciplinar o exercício do direito de greve pelos trabalhadores:
268
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
Nesse contexto, em recente decisão proferida em 05 de abril de 2017, no julgamento do Recurso Extraordinário com Agravo (ARE)
654432, com repercussão geral reconhecida, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF), por maioria dos votos, reafirmou entendi-
mento no sentido de que é inconstitucional o exercício do direito de greve por parte de policiais civis e demais servidores públicos que
atuem diretamente na área de segurança pública. São precedentes do Supremo nesse sentido, como a Reclamação 6568 e o Mandado
de Injunção (MI) 670.
Portanto, o posicionamento que prevalece é de que não há como se compatibilizar que o braço armado investigativo do Estado possa
exercer o direito de greve, sem colocar em risco a função precípua do Estado, exercida por esses órgãos, para garantia da segurança, da
ordem pública e da paz social.
O processo do trabalho dá ênfase à solução do conflito por meio do princípio da conciliação. É nesse contexto que o caput do art. 764
da CLT impõe que “os dissídios individuais ou coletivos submetidos à apreciação da Justiça do Trabalho serão sempre sujeitos à concilia-
ção”.
A propósito, o §1º do referido artigo prevê que “os juízes e Tribunais do Trabalho empregarão sempre os seus bons ofícios e persuasão
no sentido de uma solução conciliatória dos conflitos”.
Ademais, no rito sumaríssimo, o art. 852-E da CLT descreve que “aberta a sessão, o juiz esclarecerá as partes presentes sobre as van-
tagens da conciliação e usará os meios adequados de persuasão para a solução conciliatória do litígio, em qualquer fase da audiência”.
Já no rito ordinário, a CLT prevê dois momentos obrigatórios de tentativa de conciliação a ser conduzida pelo juiz:
1º - na abertura da audiência inicial e antes da apresentação da defesa (CLT, art. 846);
2º - depois das razões finais e antes da sentença, como declina o art. 850 da CLT.
É importante observar que a obrigatoriedade está na tentativa de conciliação e não, necessariamente, na sua celebração. Ademais, o
juiz não está obrigado a homologar o acordo apresentado pelas partes (Súmula 418 do TST).
ATENÇÃO!
Por haver regra própria na CLT no tocante à conciliação, o art. 165 do Novo CPC não se aplica ao processo do trabalho, exceto nos con-
flitos de natureza econômica (TST – IN nº 39/2016, art. 14).
269
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
Como visto, uma das funções principais do Direito do Trabalho é Mediação e Conciliação
pacificar as divergências decorrentes das relações de trabalho, uti- A mediação é técnica de estímulo à autocomposição. Um ter-
lizando-se, segundo a doutrina majoritária trabalhista dos meios de ceiro (mediador), munido de técnicas adequadas, ouvirá as partes e
solução dos conflitos, que são a “autotutela ou autodefesa, auto- oferecerá diferentes abordagens e enfoques para o problema, apro-
composição e heterocomposição”. ximando os litigantes e facilitando a composição do litígio. A decisão
A diferença entre tais meios de composição dos conflitos encon- caberá às partes, jamais ao mediador. A mediação assemelha-se à
tra-se nos sujeitos envolvidos. Enquanto a autodefesa ou autotute- conciliação, uma vez que ambas visam à autocomposição. Dela se
la e autocomposição tem seus conflitos autogeridos pelas próprias distingue somente porque a conciliação busca sobretudo o acordo
partes, a heterocomposição necessita da intervenção de um agente entre as partes, enquanto a mediação objetiva debater o conflito,
exterior aos sujeitos do conflito para dirimi-lo. surgindo o acordo como mera consequência. Trata-se mais de uma
diferença de método, mas o resultado acaba sendo o mesmo.
Passaremos abaixo ao conceito e caracterização de cada um de- Para facilitar, a Lei nº 13.140/2015 trouxe um conceito sobre
les. mediação:
270
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
271
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
272
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
273
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
do contemporâneo. A transição gradual de uma economia baseada A falta de benefícios é outra questão crucial que afeta o em-
na produção industrial para uma economia orientada para os servi- prego no proletariado de serviços. Muitos trabalhadores nesse
ços é um dos fatores-chave por trás desse fenômeno. Ao longo das setor não têm acesso a benefícios básicos, como plano de saúde,
últimas décadas, temos testemunhado uma mudança gradual no licença remunerada, seguro desemprego e aposentadoria. Isso os
foco econômico, com uma crescente ênfase em atividades relacio- deixa vulneráveis a eventos imprevistos, como doenças ou demis-
nadas aos setores de serviços, como saúde, educação, tecnologia sões, sem uma rede de segurança adequada para protegê-los. A
da informação, entre outros. ausência desses benefícios também contribui para a perpetuação
A globalização e as mudanças tecnológicas têm desempenhado da desigualdade social, já que os trabalhadores de serviços podem
papéis cruciais na configuração das dinâmicas laborais que deram enfrentar dificuldades adicionais para acessar serviços de saúde e
origem ao proletariado de serviços. A globalização, ao facilitar o flu- educação de qualidade.
xo de capitais, bens e informações em escala global, tem incenti- Além disso, a vulnerabilidade econômica é uma preocupação
vado a expansão de setores de serviços em todo o mundo, criando constante para muitos trabalhadores do proletariado de serviços.
novas oportunidades de emprego nesses campos. Por outro lado, Devido à natureza instável e muitas vezes mal remunerada de seus
as mudanças tecnológicas, especialmente no campo da tecnologia empregos, esses trabalhadores estão sujeitos a flutuações econô-
da informação e comunicação, têm automatizado muitos processos micas e podem enfrentar dificuldades para atender às suas necessi-
industriais, reduzindo a demanda por trabalhadores na indústria dades básicas. A falta de segurança financeira pode levar a um ciclo
tradicional e impulsionando a necessidade de mão de obra nos se- de pobreza e marginalização, perpetuando assim as disparidades
tores de serviços. sociais existentes.
A ascensão do proletariado de serviços não se limita apenas As relações hierárquicas e as dinâmicas sociais nos ambientes
à demanda quantitativa por trabalhadores nesses setores, mas de trabalho de serviços também são aspectos importantes a serem
também envolve uma transformação qualitativa nas habilidades e considerados ao examinar as complexidades do emprego nesse se-
condições de trabalho. Ao contrário do proletariado industrial do tor. Muitos trabalhadores de serviços estão sujeitos a uma estrutura
século XIX, caracterizado principalmente pelo trabalho manual em de poder rígida, com pouca autonomia e controle sobre seu traba-
fábricas, o proletariado de serviços muitas vezes desempenha fun- lho. Além disso, as relações entre colegas de trabalho e superiores
ções intelectuais, administrativas e de suporte. Isso reflete uma mu- podem influenciar significativamente a experiência dos trabalhado-
dança nas habilidades exigidas pelos empregos contemporâneos, res, podendo contribuir para um ambiente de trabalho positivo ou
bem como uma evolução nas condições de trabalho, que agora po- negativo.
dem ser mais flexíveis e variadas. Concluindo, as complexidades do emprego no proletariado de
A análise sociológica é fundamental para compreender as com- serviços são vastas e multifacetadas, exigindo uma abordagem ho-
plexidades enfrentadas pelo proletariado de serviços. A natureza lística para abordar essas questões. Compreender e enfrentar esses
fragmentada e precária do emprego nesse setor pode resultar em desafios é essencial para promover condições de trabalho dignas e
insegurança ocupacional, falta de benefícios e maior vulnerabilida- equitativas para os trabalhadores nesse setor e construir uma socie-
de aos impactos econômicos. Além disso, as estruturas de poder dade mais justa e inclusiva.
presentes nos ambientes de trabalho de serviços, como as relações
hierárquicas e as dinâmicas sociais, moldam significativamente as Capítulo 3: Impacto Psicológico nas Condições Laborais do Pro-
condições laborais e a experiência dos trabalhadores. letariado de Serviços
Entretanto, a ascensão do proletariado de serviços represen-
ta uma mudança profunda e multifacetada no mundo do trabalho Inicialmente, é essencial compreender como a falta de estabi-
contemporâneo. Sua emergência é resultado de uma combinação lidade no emprego afeta psicologicamente os trabalhadores desse
complexa de fatores econômicos, sociais e tecnológicos, que têm setor. A incerteza em relação à continuidade do emprego pode ge-
redefinido as dinâmicas laborais e as formas de emprego. Com- rar ansiedade e estresse, impactando negativamente o estado emo-
preender e abordar os desafios enfrentados pelo proletariado de cional e mental dos trabalhadores. A constante preocupação com a
serviços é essencial para promover condições de trabalho dignas e segurança no emprego pode prejudicar a saúde mental e diminuir
equitativas, bem como para construir uma sociedade mais justa e a motivação no ambiente de trabalho, criando um ciclo de preocu-
sustentável no século XXI. pação e tensão.
Além disso, a pressão por produtividade é uma realidade co-
Capítulo 2: Complexidades do Emprego no Proletariado de Ser- mum enfrentada pelo proletariado de serviços, contribuindo para
viços o aumento do estresse e da ansiedade entre os trabalhadores. A
necessidade de cumprir metas e prazos muitas vezes irrealistas
Para compreender plenamente as complexidades do empre- pode sobrecarregar os trabalhadores, levando a sentimentos de
go no proletariado de serviços, é fundamental primeiro abordar a inadequação e exaustão. A pressão constante por alto desempenho
natureza fragmentada e precária desse tipo de emprego. Muitos pode resultar em esgotamento emocional e físico, afetando negati-
trabalhadores nesse setor enfrentam uma falta de estabilidade e vamente o bem-estar psicológico dos trabalhadores.
segurança em seus empregos, frequentemente sujeitos a contratos A precariedade das relações de trabalho no proletariado de
temporários, horários irregulares e condições de trabalho instáveis. serviços também desempenha um papel significativo no impacto
Essa insegurança ocupacional pode gerar ansiedade e estresse en- psicológico dos trabalhadores. A falta de segurança no emprego e
tre os trabalhadores, além de dificultar o planejamento financeiro e a instabilidade nas relações laborais podem minar a confiança e o
a construção de um futuro estável. senso de pertencimento dos trabalhadores, gerando sentimentos
de isolamento e insegurança. A ausência de apoio emocional e so-
274
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
cial no ambiente de trabalho pode agravar os desafios psicológicos cimento dos direitos trabalhistas, expansão do acesso a benefícios
enfrentados pelos trabalhadores, exacerbando os efeitos negativos sociais e investimento em programas de treinamento e capacitação
das condições precárias de trabalho. profissional.
No entanto, é importante destacar que a psicologia aplicada ao E também é importante mencionar que a promoção de um
trabalho também oferece perspectivas e estratégias para promover diálogo inclusivo e colaborativo entre governos, empregadores, sin-
o bem-estar dos trabalhadores do proletariado de serviços. As prá- dicatos e sociedade civil é fundamental para desenvolver soluções
ticas de gestão e liderança desempenham um papel crucial na cria- sustentáveis e eficazes. A participação ativa de todas as partes inte-
ção de um ambiente de trabalho saudável e de suporte. Líderes e ressadas é essencial para garantir que as políticas e estratégias ado-
gerentes podem adotar abordagens que promovam a comunicação tadas abordem adequadamente as necessidades e preocupações
aberta, o reconhecimento do esforço dos trabalhadores e a promo- dos trabalhadores do proletariado de serviços e promovam uma
ção de um equilíbrio saudável entre trabalho e vida pessoal. Essas sociedade mais justa e equitativa para todos.
práticas não apenas melhoram o bem-estar psicológico dos traba- Então podemos afirmar que, as questões sociais e as implica-
lhadores, mas também contribuem para a eficácia das operações e ções amplas do proletariado de serviços representam desafios sig-
a satisfação geral no trabalho. nificativos que exigem atenção urgente e ação coletiva. Ao abordar
Desse modo, o impacto psicológico das condições laborais no essas questões de maneira abrangente e proativa, podemos traba-
proletariado de serviços é um aspecto fundamental a ser conside- lhar para construir um futuro onde todos os trabalhadores tenham
rado ao abordar questões relacionadas ao trabalho. Compreender acesso a condições de trabalho dignas, seguras e equitativas.
os desafios enfrentados pelos trabalhadores e explorar estratégias
para promover seu bem-estar psicológico é essencial para criar Capítulo 5: Dinâmicas Sociais nos Ambientes de Serviços
ambientes de trabalho saudáveis, sustentáveis e produtivos. A
psicologia aplicada ao trabalho desempenha um papel vital nesse As interações intensivas de comunicação e as relações interpes-
processo, oferecendo insights valiosos e orientações práticas para soais são características distintivas dos ambientes de serviços. Nes-
melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores do proletariado de tes locais, os trabalhadores frequentemente se encontram envolvi-
serviços. dos em interações com clientes, colegas de trabalho e supervisores,
onde a qualidade dessas interações pode influenciar significativa-
Capítulo 4: Questões Sociais e Implicações Amplas do Proleta- mente o ambiente de trabalho e o bem-estar dos trabalhadores.
riado de Serviços Uma das principais áreas de estudo neste capítulo é a cons-
trução de identidades profissionais. Nos ambientes de serviços, os
Para começarmos, é crucial compreender como a falta de se- trabalhadores muitas vezes se identificam com suas ocupações e
gurança no emprego contribui para a ampliação das desigualdades papéis profissionais, o que pode afetar sua autoestima, senso de
sociais. No contexto do proletariado de serviços, onde a instabilida- pertencimento e satisfação no trabalho. A forma como os trabalha-
de no emprego é comum, os trabalhadores enfrentam dificuldades dores são percebidos por colegas e clientes também desempenha
para garantir uma renda estável e acessar benefícios básicos. Isso um papel importante na formação de suas identidades profissio-
cria um ciclo de vulnerabilidade econômica, onde os trabalhadores nais, influenciando suas interações sociais e seu desempenho no
estão sujeitos a condições precárias que dificultam sua capacidade trabalho.
de progredir social e economicamente. Além disso, analisaremos a formação de grupos de trabalho
A desigualdade de renda é uma das consequências mais visí- nos ambientes de serviços. Os grupos de trabalho são unidades so-
veis da precarização do trabalho no proletariado de serviços. Com ciais fundamentais nos locais de trabalho, onde os trabalhadores
salários muitas vezes baixos e falta de garantias trabalhistas, os tra- colaboram, compartilham conhecimentos e experiências, e influen-
balhadores desse setor enfrentam dificuldades para sustentar suas ciam mutuamente seu comportamento e desempenho. A coesão
famílias e alcançar um padrão de vida digno. Essa disparidade de do grupo, a liderança eficaz e a comunicação aberta são aspectos
renda contribui para a perpetuação da pobreza e o aumento das essenciais para o funcionamento eficiente dos grupos de trabalho
disparidades socioeconômicas, criando barreiras adicionais para o nos ambientes de serviços.
desenvolvimento social e a mobilidade ascendente. Por fim, examinaremos os impactos psicológicos das interações
Além disso, a falta de acesso a benefícios como seguro saúde, sociais nos ambientes de trabalho de serviços. A qualidade das inte-
aposentadoria e licença remunerada coloca os trabalhadores do rações sociais pode ter um impacto significativo no bem-estar psi-
proletariado de serviços em uma posição ainda mais vulnerável. cológico dos trabalhadores, afetando sua motivação, satisfação no
Sem proteções sociais adequadas, os trabalhadores enfrentam o trabalho e saúde mental. Fatores como o apoio social, o reconheci-
risco de enfrentar crises financeiras em caso de doença, lesão ou mento do trabalho e a qualidade das relações interpessoais podem
emergência familiar. Isso não apenas prejudica o bem-estar indi- influenciar positivamente o bem-estar psicológico dos trabalhado-
vidual dos trabalhadores, mas também aumenta a carga sobre os res, enquanto conflitos interpessoais, falta de apoio e isolamento
sistemas de assistência social e saúde pública. social podem ter efeitos negativos.
As implicações sociais dessa realidade são vastas e complexas, Portanto, as dinâmicas sociais nos ambientes de serviços de-
exigindo uma abordagem multifacetada para abordar as raízes do sempenham um papel crucial na configuração do ambiente de
problema e promover mudanças significativas. Políticas e estraté- trabalho e no bem-estar dos trabalhadores. Ao compreendermos
gias destinadas a promover uma distribuição mais equitativa dos re- profundamente essas dinâmicas e os seus impactos, podemos de-
cursos e oportunidades são essenciais para mitigar os efeitos nega- senvolver estratégias e políticas que promovam um ambiente de
tivos da precarização do trabalho no proletariado de serviços. Isso trabalho mais saudável, colaborativo e produtivo para todos os en-
pode incluir iniciativas como aumento do salário mínimo, fortale- volvidos.
275
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
Capítulo 6: Perspectivas para o Futuro do Proletariado de Ser- sumidores de forma eficiente e ágil, estabelecendo uma nova or-
viços dem no mercado de trabalho contemporâneo. O surgimento desse
modelo, conhecido como “economia de plataforma”, não apenas
O proletariado de serviços, caracterizado por uma natureza desafia, mas também reconfigura os paradigmas tradicionais de
fragmentada e muitas vezes precária do emprego, está sujeito a emprego, demandando uma análise aprofundada sob a perspectiva
uma série de desafios que devem ser abordados para garantir o da sociologia e da psicologia aplicadas ao trabalho.
bem-estar e a dignidade dos trabalhadores. Um desses desafios é Por meio da digitalização e da interconexão global, as plata-
a crescente automação e digitalização, que ameaça substituir em- formas digitais se tornaram catalisadoras de uma transformação
pregos tradicionais por tecnologia, resultando em uma diminuição profunda no mundo do trabalho. O alcance dessas plataformas ul-
na demanda por certas ocupações do setor de serviços. Isso pode trapassa fronteiras geográficas e temporais, permitindo que tran-
levar à insegurança ocupacional e ao desemprego para muitos tra- sações ocorram em escala global e 24 horas por dia. Essa nova for-
balhadores, exigindo a implementação de políticas e programas ma de organização do trabalho não apenas oferece conveniência e
de requalificação para garantir que esses trabalhadores possam se acessibilidade para consumidores, mas também redefine a própria
adaptar às novas demandas do mercado de trabalho. natureza das relações de emprego.
Além disso, a natureza precária do emprego no proletariado de Ao analisar a ascensão das plataformas digitais, torna-se evi-
serviços contribui para a desigualdade social, com muitos trabalha- dente que elas representam mais do que simples intermediárias
dores enfrentando salários baixos, falta de benefícios e pouca ou entre fornecedores de serviços e consumidores. Elas se transfor-
nenhuma proteção trabalhista. Para abordar essa questão, políticas maram em verdadeiros ecossistemas econômicos, onde milhões de
que visam aumentar os salários mínimos, melhorar as condições de transações ocorrem diariamente, moldando não apenas o ambien-
trabalho e garantir acesso a benefícios como licença remunerada, te de trabalho, mas também as interações sociais e os modelos de
seguro saúde e aposentadoria adequada são essenciais para garan- negócio. A expansão desse modelo tem sido tão exponencial que se
tir uma distribuição mais equitativa dos recursos e oportunidades. tornou impossível ignorar seu impacto nos mais variados setores da
Além dos desafios, existem oportunidades significativas para economia global.
melhorar as condições de trabalho e promover o bem-estar no Nesse contexto, torna-se imperativo compreender não apenas
proletariado de serviços. Uma dessas oportunidades é a crescente a mecânica operacional das plataformas digitais, mas também seu
conscientização sobre a importância do bem-estar dos trabalhado- impacto social e econômico. A análise sociológica dessas platafor-
res e a necessidade de políticas e práticas organizacionais que pro- mas permite examinar não apenas as relações de trabalho que elas
movam um ambiente de trabalho saudável e apoiador. Isso inclui geram, mas também as implicações mais amplas para a sociedade,
iniciativas como programas de saúde mental no local de trabalho, como a concentração de poder econômico, a desigualdade e a dis-
flexibilidade no agendamento e programas de desenvolvimento tribuição de recursos.
profissional que capacitam os trabalhadores a avançarem em suas Da mesma forma, a psicologia aplicada ao trabalho desempe-
carreiras. nha um papel crucial na compreensão das dinâmicas psicológicas
Além do mais, a solidariedade entre os trabalhadores e a orga- dos trabalhadores inseridos nesse novo modelo de emprego. A fle-
nização sindical podem desempenhar um papel crucial na defesa xibilidade oferecida pelas plataformas digitais pode ser tanto uma
dos direitos e interesses dos trabalhadores do proletariado de ser- bênção quanto uma maldição, proporcionando liberdade de esco-
viços. Os sindicatos podem pressionar por salários justos, condições lha, mas também gerando insegurança ocupacional e desafios na
de trabalho seguras e benefícios abrangentes, além de fornecer gestão do equilíbrio entre vida profissional e pessoal.
apoio e representação para os trabalhadores em questões como Entretanto, a emergência das plataformas digitais na paisagem
negociação coletiva, arbitragem de disputas e proteção contra prá- do trabalho contemporâneo representa uma revolução multifaceta-
ticas injustas de emprego. da, cujas ramificações se estendem além dos limites do mercado de
Em última análise, o futuro do proletariado de serviços de- trabalho. Compreender e navegar nesse novo cenário requer uma
pende da implementação de políticas e práticas que promovam abordagem interdisciplinar, que integre os insights da sociologia e
dignidade, equidade e bem-estar no local de trabalho. Ao enfren- da psicologia aplicadas ao trabalho, visando não apenas compreen-
tar os desafios e aproveitar as oportunidades que se apresentam, der, mas também moldar de maneira consciente e ética o futuro do
podemos construir um futuro mais promissor e sustentável para os trabalho em um mundo cada vez mais digitalizado e interconectado.
trabalhadores do setor de serviços e, por extensão, para toda a so-
ciedade. Capítulo 8: Dinâmicas Laborais nas Plataformas Digitais
Capítulo 7: A Emergência das Plataformas Digitais na Paisagem As plataformas digitais, ao oferecerem flexibilidade aos traba-
do Trabalho lhadores, permitem-lhes uma autonomia sem precedentes na es-
colha de seus horários e locais de atuação. Essa liberdade aparente,
As plataformas digitais emergiram como protagonistas incon- embora seja um atrativo significativo para muitos, traz consigo uma
testáveis na paisagem do trabalho atual, moldando de maneira sig- série de desafios e implicações que merecem ser examinados em
nificativa não apenas as dinâmicas laborais, mas também a econo- detalhes.
mia global e as interações sociais. A revolução tecnológica que deu Um dos principais pontos de análise será a questão da insegu-
origem às plataformas digitais é fruto do avanço da globalização e rança ocupacional. Embora a flexibilidade oferecida pelas platafor-
das tecnologias de informação e comunicação. Essas plataformas mas digitais possa proporcionar aos trabalhadores uma sensação
oferecem uma vasta gama de serviços, abrangendo desde transpor- de controle sobre sua agenda, ela também os expõe a uma instabi-
te e hospedagem até atividades de freelancer e comércio online. lidade inerente ao modelo de trabalho. A ausência de garantias de
Essa diversidade de serviços conecta prestadores de serviços a con-
276
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
emprego a longo prazo e a dependência de contratos temporários gerar sentimentos de isolamento e desconexão, tornando ainda
podem criar uma atmosfera de incerteza e ansiedade entre os tra- mais difícil para os trabalhadores lidar com os desafios psicológicos
balhadores, minando a segurança financeira e emocional. associados ao trabalho em plataformas digitais.
Além disso, a falta de benefícios e a ausência de proteções A conciliação entre vida profissional e pessoal emerge como
trabalhistas são questões cruciais que permeiam as dinâmicas la- mais um aspecto crucial a ser abordado. A natureza onipresente do
borais nas plataformas digitais. Enquanto os trabalhadores tradi- trabalho nas plataformas digitais, que muitas vezes transcende os
cionais desfrutam de uma série de benefícios, como seguro saúde, limites tradicionais de tempo e espaço, pode dificultar a separação
aposentadoria e licença remunerada, os trabalhadores das plata- entre o trabalho e o tempo de descanso, levando a uma sobrecarga
formas muitas vezes enfrentam a realidade de trabalhar sem tais mental e emocional. A constante disponibilidade e a necessidade
proteções. Isso não apenas os coloca em uma posição vulnerável de estar sempre conectado podem comprometer os relacionamen-
em caso de doença ou acidente, mas também reflete uma lacuna tos pessoais, a qualidade do sono e a saúde física e mental dos tra-
significativa nas estruturas de proteção ao trabalhador que preci- balhadores.
sam ser endereçadas. Então podemos afirmar que ao examinar o impacto psicológico
Outro ponto crucial a ser explorado são as relações de trabalho do trabalho em plataformas digitais, torna-se evidente que esses
nas plataformas digitais e a ausência de representação sindical. A desafios são profundos e multifacetados, exigindo uma abordagem
natureza descentralizada e fragmentada desse modelo de trabalho holística e sensível para garantir o bem-estar dos trabalhadores. A
dificulta a organização coletiva dos trabalhadores e a negociação de psicologia aplicada ao trabalho desempenha um papel fundamental
melhores condições de trabalho. A falta de sindicatos ou outras for- ao fornecer insights valiosos e estratégias eficazes para lidar com
mas de representação torna os trabalhadores mais suscetíveis à ex- esses desafios e promover uma experiência de trabalho mais saudá-
ploração e à arbitrariedade por parte das plataformas, destacando vel, equilibrada e sustentável nas plataformas digitais.
a necessidade premente de repensar os mecanismos de proteção e
defesa dos direitos trabalhistas. Capítulo 10: Estrutura Organizacional e Dinâmicas Internas das
Portanto, ao examinar as dinâmicas laborais nas plataformas Plataformas Digitais
digitais, torna-se evidente que embora a flexibilidade ofereça bene-
fícios inegáveis, ela também traz consigo uma série de desafios que Ao examinarmos a estrutura organizacional das plataformas
não podem ser ignorados. É essencial que se busque um equilíbrio digitais, deparamo-nos com um cenário dinâmico e multifacetado,
entre a flexibilidade necessária para atender às demandas do mer- onde a agilidade e a adaptabilidade são essenciais para a sobrevi-
cado e a proteção adequada dos direitos e bem-estar dos traba- vência e o sucesso. Em muitos casos, essas organizações se carac-
lhadores. Somente por meio de uma análise aprofundada e da im- terizam por estruturas horizontais, onde as hierarquias tradicionais
plementação de políticas e regulamentações adequadas é possível são substituídas por redes de colaboração e comunicação fluidas. A
garantir que as plataformas digitais sejam um espaço de trabalho liderança, nesse contexto, frequentemente se manifesta de maneira
justo, equitativo e sustentável para todos os envolvidos. distribuída, com diferentes membros da equipe assumindo papéis
de liderança em diferentes momentos e contextos, dependendo
Capítulo 9: Impacto Psicológico do Trabalho em Plataformas das necessidades e demandas específicas do projeto em questão.
Digitais A comunicação é outro elemento-chave na estrutura organiza-
cional das plataformas digitais. A natureza virtual e descentralizada
Em primeiro lugar, é crucial destacar a falta de segurança no dessas organizações exige o estabelecimento de canais de comuni-
emprego como um fator central que contribui para o estresse e a cação eficazes e transparentes, que facilitem a troca de informações
ansiedade entre os trabalhadores das plataformas digitais. A ausên- e a colaboração entre os membros da equipe, independentemente
cia de contratos estáveis e a dependência de projetos temporários de sua localização geográfica ou fuso horário. Ferramentas de co-
podem gerar uma constante sensação de precariedade e incerte- municação síncronas e assíncronas, como chats, videoconferências
za em relação ao futuro profissional, impactando negativamente a e plataformas de compartilhamento de documentos, desempe-
saúde mental dos trabalhadores e minando sua capacidade de pla- nham um papel crucial na promoção da conectividade e na constru-
nejamento e estabilidade emocional. ção de uma cultura organizacional coesa e inclusiva.
Além disso, a pressão por produtividade constante constitui As características específicas das plataformas digitais também
outro desafio significativo que os trabalhadores enfrentam nesse exercem uma influência significativa sobre a motivação e a satis-
ambiente digital. A necessidade de cumprir metas e prazos muitas fação dos trabalhadores. A possibilidade de participar em projetos
vezes rígidos pode levar a altos níveis de estresse, ansiedade e até variados e diversificados, a autonomia para definir suas próprias
mesmo burnout. A constante exigência de desempenho pode criar metas e o acesso a uma ampla gama de recursos e oportunidades
uma atmosfera de competição e autocobrança exacerbada, com- de desenvolvimento profissional podem servir como poderosos
prometendo o equilíbrio emocional e a saúde psicológica dos tra- motores de engajamento e comprometimento por parte dos tra-
balhadores. balhadores. No entanto, é importante reconhecer que nem todos
A gestão autônoma das atividades profissionais, embora possa os trabalhadores se beneficiam igualmente dessas características,
oferecer uma sensação de liberdade e controle, também apresenta e que as disparidades de acesso e oportunidade podem perpetuar
seus próprios desafios psicológicos. A necessidade de auto-organi- desigualdades existentes dentro dessas organizações.
zação e autorregulação pode sobrecarregar os trabalhadores, espe- A psicologia organizacional desempenha um papel fundamen-
cialmente aqueles que não possuem habilidades específicas de ge- tal ao fornecer insights sobre os aspectos motivacionais e de enga-
renciamento de tempo e tarefas. A falta de supervisão direta pode jamento no contexto das plataformas digitais. Através da aplicação
de teorias e modelos psicológicos, os pesquisadores e profissionais
desta área buscam entender as necessidades e aspirações dos tra-
277
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
balhadores, identificar fatores que promovam um ambiente de tra- Capítulo 12: Estratégias para Condições Laborais Sustentáveis
balho positivo e produtivo, e desenvolver estratégias eficazes para
gerenciar e otimizar as dinâmicas internas das plataformas digitais. Uma das estratégias fundamentais para promover condições
Em última análise, ao compreendermos a complexa estrutura laborais sustentáveis é o estabelecimento de regulamentações e
organizacional e as dinâmicas internas das plataformas digitais, es- normas específicas para as plataformas digitais. Isso pode incluir a
tamos melhor preparados para enfrentar os desafios e aproveitar garantia de benefícios básicos para os trabalhadores, como seguro
as oportunidades oferecidas por esse novo paradigma de trabalho. saúde, aposentadoria e licença remunerada, além de assegurar a
Ao promover uma cultura de colaboração, transparência e equida- representação sindical e a negociação coletiva. Ao criar um arca-
de, podemos construir organizações mais resilientes, inovadoras e bouço legal que proteja os direitos dos trabalhadores nas platafor-
humanas, capazes de enfrentar os desafios do século XXI e criar um mas digitais, podemos mitigar os riscos de exploração e precariza-
futuro mais promissor para todos os envolvidos. ção do trabalho.
Além disso, é crucial investir em programas de capacitação e
Capítulo 11: Implicações Sociais das Plataformas Digitais educação para os trabalhadores das plataformas digitais, garantin-
do que eles possuam as habilidades necessárias para prosperar em
As plataformas digitais, com sua capacidade de conectar pres- um ambiente cada vez mais digitalizado e competitivo. Isso pode
tadores de serviços a consumidores em escala global, tornaram-se incluir o desenvolvimento de cursos e treinamentos voltados para
catalisadoras de uma nova era econômica. No entanto, esse fenô- as demandas específicas do trabalho nas plataformas digitais, bem
meno não está isento de controvérsias, especialmente no que diz como iniciativas para promover a alfabetização digital e o desenvol-
respeito à concentração de poder econômico nas mãos dessas pla- vimento de habilidades socioemocionais.
taformas. A dominação de algumas empresas sobre setores inteiros Outra área importante de intervenção é o fomento ao diálogo
da economia digital levanta questões profundas sobre desigualda- e à colaboração entre todas as partes interessadas, incluindo traba-
de e distribuição justa de recursos. O acúmulo de riqueza e influên- lhadores, plataformas digitais, governos, sindicatos e organizações
cia por parte dessas empresas pode perpetuar disparidades sociais, da sociedade civil. Através do engajamento ativo e da construção
minar a concorrência justa e distorcer os mercados em detrimento de parcerias, podemos identificar desafios comuns, buscar soluções
de trabalhadores e consumidores. inovadoras e garantir que as vozes dos trabalhadores sejam ouvi-
Ao mesmo tempo, é inegável que as plataformas digitais ofe- das e respeitadas em todas as etapas do processo de tomada de
recem oportunidades sem precedentes para a inclusão econômica. decisão.
Ao permitir que pessoas de diversas origens geográficas e socioeco- Além disso, medidas de transparência e responsabilidade po-
nômicas participem ativamente do mercado de trabalho, essas pla- dem desempenhar um papel crucial na promoção de condições la-
taformas estão democratizando o acesso a oportunidades de renda borais sustentáveis nas plataformas digitais. Isso pode envolver a
e emprego. Trabalhadores que anteriormente estavam à margem divulgação de informações sobre as práticas de contratação, remu-
do mercado tradicional agora têm a chance de ganhar a vida e sus- neração e avaliação de desempenho das plataformas, bem como a
tentar suas famílias, graças à flexibilidade e acessibilidade ofereci- implementação de mecanismos de prestação de contas que garan-
das pelas plataformas digitais. tam o cumprimento das leis trabalhistas e o respeito aos direitos
No entanto, essa inclusão econômica nem sempre é igual para humanos.
todos. Disparidades de acesso à tecnologia, habilidades digitais e Por fim, é essencial promover uma cultura organizacional que
infraestrutura podem criar divisões entre aqueles que se benefi- valorize o bem-estar dos trabalhadores e reconheça sua contribui-
ciam das oportunidades das plataformas digitais e aqueles que são ção para o sucesso das plataformas digitais. Isso pode incluir a ado-
deixados para trás. Além disso, a natureza muitas vezes precária do ção de políticas de trabalho flexíveis, programas de apoio à saúde
trabalho nas plataformas digitais pode resultar em uma nova forma mental e iniciativas de reconhecimento e valorização do trabalho
de precarização do trabalho, onde os trabalhadores enfrentam in- realizado. Ao colocar as necessidades e interesses dos trabalha-
segurança ocupacional, falta de benefícios e ausência de proteção dores no centro de suas operações, as plataformas digitais podem
trabalhista. criar ambientes de trabalho mais positivos, produtivos e sustentá-
Outro aspecto importante a considerar é a formação de identi- veis para todos os envolvidos.
dades profissionais e comunidades dentro das plataformas digitais. Então para concluir podemos dizer que, a busca por condições
Trabalhadores que antes estavam isolados ou marginalizados no laborais sustentáveis nas plataformas digitais é um desafio comple-
mercado de trabalho agora podem encontrar conexão e pertenci- xo que exige ação coordenada e compromisso de todas as partes
mento em comunidades online de colegas de trabalho e colabora- interessadas. Ao adotar uma abordagem interdisciplinar e imple-
dores. Essas comunidades oferecem não apenas apoio emocional e mentar uma série de estratégias e políticas, podemos avançar em
camaradagem, mas também oportunidades de aprendizado, cres- direção a um futuro onde o trabalho nas plataformas digitais seja
cimento profissional e mobilização política em torno de questões caracterizado por dignidade, equidade e respeito, garantindo assim
trabalhistas e sociais. um ambiente profissional mais justo e humano para todos.
Portanto, as implicações sociais das plataformas digitais são
vastas e complexas, exigindo uma abordagem holística e multidis- Capítulo 13: Introdução à Inteligência Artificial no Ambiente de
ciplinar para entender plenamente seu impacto na sociedade. Ao Trabalho
reconhecer e abordar os desafios sociais associados às plataformas
digitais, podemos trabalhar para maximizar os benefícios poten- A introdução da inteligência artificial (IA) no ambiente de traba-
ciais dessas tecnologias enquanto mitigamos seus efeitos negati- lho é uma mudança de grande magnitude, com implicações profun-
vos, criando assim um futuro mais justo, equitativo e inclusivo para das em diversas áreas. A revolução tecnológica da IA, impulsionada
todos. por algoritmos complexos e máquinas autônomas, está redefinindo
278
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
a própria natureza do trabalho humano. Desde sistemas de apren- no mercado de trabalho e contribuir para o aumento da desigualda-
dizado de máquina até robôs automatizados, a presença da IA está de econômica. Além disso, a automação pode prejudicar a mobili-
se tornando cada vez mais predominante nos locais de trabalho, dade social, tornando mais difícil para certos grupos socioeconômi-
remodelando não apenas as ocupações, mas também as interações cos acessarem empregos bem remunerados e seguros. É crucial que
entre humanos e máquinas. a sociologia aplicada ao trabalho analise esses desafios e proponha
A transformação das relações humanas e máquinas é um as- políticas públicas que garantam uma transição justa e equitativa
pecto fascinante dessa introdução da IA. Anteriormente limitadas a para uma economia impulsionada pela IA.
tarefas repetitivas, as máquinas agora desempenham funções cada Diante desses desafios, políticas públicas inclusivas e abran-
vez mais complexas e interagem diretamente com os trabalhado- gentes são fundamentais para mitigar as disparidades sociais e
res em uma variedade de contextos. Essas novas dinâmicas estão promover a inclusão econômica. Investimentos em programas de
moldando as interações no local de trabalho e influenciando a per- requalificação profissional, educação continuada e apoio ao em-
cepção dos trabalhadores sobre sua própria função e contribuição. preendedorismo são essenciais para ajudar os trabalhadores a se
No entanto, a incorporação da IA também traz consigo uma adaptarem às mudanças no mercado de trabalho. Além disso, po-
série de desafios sociológicos. A automação de certas ocupações líticas que visam garantir uma distribuição justa dos benefícios da
pode resultar no deslocamento de trabalhadores e em uma redis- automação e promover a igualdade de oportunidades são cruciais
tribuição desigual de oportunidades de emprego. Além disso, ques- para construir uma sociedade mais equitativa e sustentável.
tões sobre estratificação ocupacional, mobilidade social e distribui- Num panorama geral, a reconfiguração das estruturas ocupa-
ção de renda também surgem. É crucial explorar esses desafios e cionais e profissionais desencadeada pela IA é um fenômeno com-
buscar soluções que minimizem as disparidades sociais decorrentes plexo e multifacetado. Através de uma análise sociológica aprofun-
da introdução da IA no ambiente de trabalho. dada, podemos compreender melhor os desafios e oportunidades
Para os trabalhadores, a IA representa não apenas desafios so- associados à automação e trabalhar em direção a soluções que pro-
ciológicos, mas também psicológicos. A ansiedade em relação à se- movam uma transição suave e justa para um futuro impulsionado
gurança no emprego, a incerteza sobre o futuro e a necessidade de pela IA.
adaptação constante são apenas alguns dos obstáculos enfrentados
diante deste cenário em rápida evolução. É fundamental investigar Capítulo 15: Impacto Psicológico da Inteligência Artificial nos
esses desafios psicológicos e desenvolver estratégias que promo- Trabalhadores
vam a resiliência e o bem-estar dos trabalhadores diante dessas
mudanças. A automação traz consigo uma série de desafios psicológicos
À medida que concluímos esta análise, é importante refletir para os trabalhadores. A incerteza sobre a segurança no emprego, a
sobre as lições aprendidas e olhar para o futuro com esperança e ansiedade em relação ao futuro e a necessidade de adaptação a no-
determinação. Apesar dos desafios apresentados pela introdução vas tecnologias são apenas alguns dos obstáculos enfrentados pelos
da IA no ambiente de trabalho, há também oportunidades indivíduos diante desse cenário em constante evolução. Nesta se-
significativas para moldar um futuro mais promissor. Com uma ção, investigaremos em profundidade esses desafios psicológicos,
compreensão abrangente dos impactos sociológicos e psicológicos buscando compreender como eles afetam o bem-estar e a saúde
da IA, estamos melhor equipados para enfrentar os desafios e mental dos trabalhadores.
aproveitar as oportunidades que essa nova era nos apresenta. Diante das mudanças provocadas pela IA, a resiliência torna-se
uma qualidade essencial para os trabalhadores. A capacidade de
Capítulo 14: Reconfiguração das Estruturas Ocupacionais e Pro- lidar com adversidades, superar obstáculos e se adaptar a novas
fissionais circunstâncias é fundamental para enfrentar os desafios impostos
pela automação. Além disso, o aprendizado contínuo e o desen-
A introdução da inteligência artificial (IA) no ambiente de tra- volvimento de competências socioemocionais são aspectos-chave
balho está causando uma reconfiguração substancial das estruturas para promover a adaptação e o bem-estar dos trabalhadores em
ocupacionais e hierarquias profissionais. Este capítulo analisa em um ambiente de trabalho cada vez mais tecnológico e dinâmico.
detalhes as implicações sociológicas dessa transformação, exami- A introdução da IA requer dos trabalhadores a capacidade de
nando como as profissões estão sendo afetadas pela automação e se adaptarem rapidamente a novas tecnologias e processos de tra-
como isso está moldando a natureza do trabalho e as relações de balho. Aqueles que conseguem dominar as ferramentas digitais e
emprego. se manter atualizados com as últimas inovações têm uma vantagem
À medida que a IA se torna mais proeminente, é inevitável competitiva significativa no mercado de trabalho. No entanto, para
que algumas profissões sejam automatizadas. Tarefas repetitivas muitos trabalhadores, essa adaptação pode ser desafiadora e gerar
e baseadas em regras estão cada vez mais sendo realizadas por sentimentos de ansiedade e inadequação. Nesta seção, explorare-
máquinas, o que resulta na necessidade de requalificação e mos estratégias para ajudar os trabalhadores a superar esses desa-
realocação dos trabalhadores. Por exemplo, em setores como fios e se tornarem mais resilientes diante da automação.
manufatura e logística, robôs automatizados estão assumindo Em última análise, é crucial que as organizações adotem me-
funções anteriormente desempenhadas por humanos, exigindo dos didas para promover o bem-estar psicológico de seus funcionários
profissionais a aquisição de novas habilidades e competências para em um ambiente impulsionado pela IA. Isso inclui oferecer pro-
permanecerem relevantes no mercado de trabalho em constante gramas de apoio psicológico, incentivar uma cultura de abertura e
mudança. apoio mútuo, e proporcionar oportunidades de desenvolvimento
No entanto, a automação também traz consigo desafios socio- pessoal e profissional. Ao investir no bem-estar dos trabalhadores,
lógicos significativos. O deslocamento de trabalhadores de setores as organizações não apenas melhoram a saúde mental de seus fun-
tradicionais para novas áreas de emprego pode causar instabilidade
279
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
cionários, mas também aumentam a produtividade e a satisfação Outro tema importante é a descentralização do trabalho, que
no trabalho, contribuindo para um ambiente de trabalho mais sau- se tornou mais viável com a IA. Com a capacidade de se conectar
dável e sustentável. e colaborar de qualquer lugar do mundo, os trabalhadores estão
Portanto, o impacto psicológico da inteligência artificial nos tra- se afastando dos escritórios tradicionais e adotando modelos de
balhadores é um aspecto crucial a ser considerado no contexto da trabalho remoto e distribuído. Isso levanta questões sobre a orga-
automação do trabalho. Ao compreender e abordar adequadamen- nização do trabalho, a comunicação entre equipes e a coesão orga-
te esses desafios, podemos garantir que os trabalhadores estejam nizacional. Nesta seção, analisaremos como a IA está impactando a
preparados para enfrentar as demandas de um ambiente de tra- distribuição geográfica do trabalho e como as políticas podem ser
balho em constante evolução, promovendo assim o bem-estar e a ajustadas para garantir uma transição suave e eficaz para esse novo
adaptação em meio às transformações provocadas pela IA. paradigma.
Além disso, a introdução da IA está promovendo discussões
Capítulo 16: Questões Éticas e Dinâmicas Sociais na Interação sobre novos modelos de representação dos trabalhadores. Com
entre Humanos e IA a crescente automação de funções e o surgimento de empregos
altamente especializados, é necessário repensar as formas de re-
Um dos aspectos cruciais da incorporação da IA é a necessida- presentação sindical e proteção dos direitos trabalhistas. Questões
de premente de lidar com questões éticas, como a transparência como negociação coletiva, benefícios sociais e proteção contra a
nos algoritmos e a equidade nas oportunidades de emprego. A opa- exploração estão no centro desses debates. Nesta seção, examina-
cidade dos algoritmos pode resultar em decisões injustas ou discri- remos como a IA está influenciando a organização e representação
minatórias, enquanto a automação de certas funções pode agravar dos trabalhadores e como as políticas podem ser adaptadas para
a disparidade de oportunidades de trabalho entre diferentes gru- garantir a justiça e equidade no local de trabalho.
pos sociais. Esta seção se aprofundará nessas questões éticas, ex- Por fim, a sociologia aplicada destaca a importância de conside-
plorando maneiras de garantir que a automação seja conduzida de rar essas implicações sociais e políticas na formulação de políticas
maneira ética e socialmente responsável. de trabalho. É essencial garantir uma abordagem ética e socialmen-
Além das preocupações éticas, a introdução da IA também tem te responsável ao desenvolvimento tecnológico, levando em conta
um impacto significativo nas dinâmicas sociais dentro das organi- não apenas os interesses das empresas, mas também o bem-estar
zações. A colaboração entre humanos e sistemas de IA pode alte- dos trabalhadores e a equidade social. Ao compreender e abordar
rar a liderança das equipes e moldar a cultura organizacional. Aqui, adequadamente essas implicações, podemos construir um futuro
analisaremos como as tecnologias de IA influenciam a liderança, a do trabalho mais justo, inclusivo e sustentável para todos.
colaboração e a cultura organizacional, destacando como os líderes
podem adaptar suas práticas de gestão para integrar melhor essas Capítulo 18: Entendendo o Ciberproletariado
tecnologias e promover uma colaboração eficaz entre humanos e
IA. O termo “ciberproletariado” emerge da combinação dos con-
A psicologia organizacional desempenha um papel crucial na ceitos de “cibernética” e “proletariado”, refletindo a interseção
compreensão das dinâmicas sociais resultantes da interação entre entre o mundo digital e a esfera do trabalho. Esta seção discutirá
humanos e IA. Essa disciplina oferece insights valiosos sobre como as raízes históricas do ciberproletariado e sua evolução ao longo
as tecnologias de IA afetam a motivação, a satisfação e o desempe- do tempo, destacando como a crescente digitalização da economia
nho dos trabalhadores, além de moldar a liderança e a gestão de moldou sua definição e alcance nos dias atuais.
equipes. Ao analisar essas dinâmicas sociais, podemos desenvolver Um aspecto central do ciberproletariado é a realização de ati-
estratégias eficazes para promover uma colaboração harmoniosa vidades laborais em ambientes virtuais, muitas vezes intermedia-
entre humanos e IA, garantindo o sucesso das organizações em um das por plataformas online. Esta parte do capítulo irá explorar os
ambiente cada vez mais tecnológico. diversos tipos de trabalhos realizados por esses profissionais, que
Ao encerrarmos este capítulo, é imperativo reconhecer a im- vão desde freelancers e trabalhadores remotos até contribuidores
portância de abordar as questões éticas e sociais decorrentes da de gig economy, revelando a diversidade de tarefas e setores en-
introdução da IA nos locais de trabalho. Somente por meio de uma volvidos.
compreensão abrangente dessas questões e do desenvolvimento O ciberproletariado enfrenta uma série de desafios específicos
de estratégias eficazes para enfrentá-las podemos garantir que a relacionados à natureza da economia digital. Nesta seção, examina-
interação entre humanos e IA ocorra de maneira ética, justa e pro- remos detalhadamente os obstáculos enfrentados por esses traba-
dutiva. lhadores, incluindo a precarização do trabalho, a falta de proteção
social e a instabilidade das condições laborais, destacando como
Capítulo 17: Implicações Sociais e Políticas da IA no Trabalho esses desafios se diferenciam das formas tradicionais de emprego.
Um dos aspectos mais destacados das implicações sociais da A ascensão do ciberproletariado implica em transformações
IA é a questão da jornada laboral flexível. Com a introdução de tec- profundas nas dinâmicas laborais. Discutiremos como a natureza
nologias que permitem o trabalho remoto e horários mais flexíveis, descentralizada e flexível do trabalho digital está reconfigurando as
os padrões tradicionais de trabalho estão sendo desafiados. Isso le- relações de trabalho, as noções de comunidade laboral e as estru-
vanta questões sobre o equilíbrio entre vida profissional e pessoal, turas tradicionais de emprego, oferecendo insights sobre os novos
a necessidade de regulações trabalhistas mais adaptáveis e a gestão padrões emergentes na organização do trabalho.
do tempo e produtividade dos trabalhadores. Nesta seção, explo- Por fim, esta parte da dissertação irá explorar as perspectivas
raremos como a IA está influenciando a maneira como encaramos futuras do ciberproletariado e suas implicações sociais. Analisare-
o trabalho e como as políticas podem se adaptar para garantir um mos as tendências emergentes no mundo do trabalho digital, bem
ambiente laboral saudável e equilibrado. como as questões éticas, políticas e sociais levantadas pelo crescen-
280
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
te protagonismo do ciberproletariado, proporcionando uma visão ciberproletariado lidam com essa vulnerabilidade, com base em
abrangente das possíveis direções e desafios que aguardam esse exemplos reais que ilustram as implicações sociais e econômicas
fenômeno na era digital. Em resumo, este capítulo oferecerá uma dessa relação desigual de poder.
análise detalhada e abrangente do ciberproletariado, fornecendo Outro desafio central enfrentado pelo ciberproletariado é a
uma compreensão aprofundada de suas origens, características e falta de representação sindical, o que dificulta sua capacidade de
impactos na dinâmica laboral contemporânea. se organizarem e defenderem seus interesses de forma coletiva.
Ao discutir esse problema, serão exploradas as razões por trás da
Capítulo 19: Perspectiva Sociológica do Ciberproletariado ausência de sindicalização no trabalho digital, bem como os obstá-
culos enfrentados pelos trabalhadores na tentativa de conquistar
O ciberproletariado, ao se estabelecer como uma categoria de representatividade, e as possíveis consequências disso para suas
trabalhadores na economia digital, desafia as concepções tradicio- condições de trabalho e para a distribuição do poder.
nais de emprego e organização do trabalho. Nesta seção, faremos Apesar dos desafios, os trabalhadores no ciberproletariado têm
uma análise aprofundada das diferentes facetas do ciberproletaria- buscado diversas estratégias de mobilização e resistência. Este capí-
do, desde freelancers e trabalhadores remotos até contribuidores tulo se dedicará a explorar essas estratégias de maneira detalhada,
para plataformas de gig economy, explorando a diversidade de ati- desde a formação de redes de solidariedade até a participação em
vidades e formas de engajamento laboral neste contexto. movimentos de ativismo digital, examinando como tais iniciativas
Uma das características distintivas do ciberproletariado é a têm contribuído para alterar as relações de poder e para conquistar
descentralização das relações de trabalho, que rompe com os mo- melhorias nas condições de trabalho.
delos tradicionais de emprego centrados em locais físicos. Investi- A tecnologia desempenha um papel central na reconfiguração
garemos como essa descentralização impacta as relações sociais no do poder laboral dentro do ciberproletariado. Será analisado como
ambiente laboral, promovendo uma reconfiguração das noções de as plataformas digitais não apenas influenciam as condições de
comunidade laboral e transformando as interações entre os traba- trabalho, mas também possibilitam novas formas de resistência e
lhadores em espaços digitais. organização por parte dos trabalhadores. Esta seção destacará as
A ascensão do ciberproletariado tem implicações sociais pro- oportunidades e os desafios que a tecnologia apresenta na busca
fundas que merecem uma análise detalhada. Discutiremos os efei- por uma distribuição mais equitativa do poder no contexto do tra-
tos da economia digital na distribuição de renda, mobilidade social balho digital.
e estratificação ocupacional, destacando como esses aspectos são Por fim, pudemos entender uma visão sobre o futuro do ciber-
influenciados pela participação dos trabalhadores no ciberproleta- proletariado e as implicações sociais de seus desafios sociológicos.
riado. Além disso, examinaremos as questões de poder e controle As possíveis direções que o trabalho digital pode tomar, bem como
que emergem neste novo contexto laboral. as políticas e práticas que podem ser implementadas para abordar
Os trabalhadores envolvidos no ciberproletariado enfrentam esses desafios. Concluindo, este capítulo, analisamos detalhada-
uma série de desafios e oportunidades únicas. Analisaremos como mente os desafios enfrentados pelo ciberproletariado, fornecendo
a flexibilidade do trabalho digital pode oferecer novas oportunida- insights valiosos para pesquisadores, profissionais e formuladores
des de emprego, ao mesmo tempo em que expõe os trabalhadores de políticas interessados em promover ambientes de trabalho jus-
à precariedade e à falta de segurança laboral. Também discutiremos tos e equitativos na era digital.
as estratégias de resistência e organização adotadas pelos trabalha-
dores para lidar com esses desafios. Capítulo 21: Aspectos Psicológicos do Ciberproletariado
Entretanto, este capítulo abordará as perspectivas futuras do
ciberproletariado e as possibilidades de construção de um futuro A natureza virtual e despersonalizada do trabalho no ciberpro-
mais justo e sustentável para o trabalho digital. Discutiremos as letariado é um dos principais focos de análise. A falta de interação
políticas e práticas que podem ser implementadas para proteger face a face pode resultar em uma sensação de isolamento e des-
os direitos dos trabalhadores digitais e promover uma distribuição conexão, impactando negativamente a saúde mental e emocional
mais equitativa dos benefícios da economia digital, oferecendo uma dos trabalhadores. Além disso, a gestão autônoma das tarefas pode
visão prospectiva sobre o papel do ciberproletariado na sociedade aumentar a pressão por produtividade, contribuindo para níveis
do futuro. elevados de estresse e ansiedade entre os profissionais.
Em síntese, este capítulo oferecerá uma análise abrangente e Ao explorar esses desafios psicológicos, será realizada uma in-
detalhada da perspectiva sociológica do ciberproletariado, forne- vestigação minuciosa das diferentes dimensões envolvidas. Serão
cendo insights valiosos sobre suas origens, características e implica- examinadas as estratégias de enfrentamento adotadas pelos traba-
ções sociais na dinâmica do trabalho contemporâneo. lhadores para lidar com o estresse e a pressão do trabalho virtual,
bem como os impactos de longo prazo na saúde mental desses pro-
Capítulo 20: Desafios Sociológicos do Ciberproletariado fissionais.
Além disso, este capítulo se dedicará a analisar as possíveis in-
No cenário contemporâneo do trabalho digital, o ciberproleta- tervenções e medidas preventivas que podem ser implementadas
riado surge como uma categoria laboral com desafios sociológicos para promover o bem-estar psicológico dos trabalhadores do ci-
marcantes e singulares. A dependência dos trabalhadores em pla- berproletariado. Serão exploradas abordagens como programas de
taformas digitais é um dos aspectos cruciais a serem considerados, apoio psicológico, treinamento em habilidades de enfrentamento e
uma vez que os coloca em uma posição de vulnerabilidade diante criação de ambientes de trabalho mais colaborativos e inclusivos.
das políticas e algoritmos das plataformas. Neste capítulo, será rea- E outro aspecto relevante a ser considerado é o desenvolvi-
lizada uma análise aprofundada sobre como os trabalhadores no mento de uma identidade profissional em espaços virtuais. A cons-
trução de uma identidade sólida e satisfatória no ambiente digital
281
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
pode ser um desafio para muitos trabalhadores do ciberproletaria- A ausência de proteção social e direitos trabalhistas é uma
do, especialmente considerando a natureza fluida e fragmentada preocupação significativa para os trabalhadores do ciberproletaria-
do trabalho nesse contexto. do. Muitos deles não têm acesso a benefícios como seguro saúde,
licença remunerada e aposentadoria, o que os deixa vulneráveis a
Capítulo 22: Dinâmicas Organizacionais no Ciberproletariado crises financeiras e dificuldades econômicas. Este subcapítulo exa-
minará as lacunas na proteção social para os trabalhadores digitais
Nos espaços digitais do ciberproletariado, a falta de suporte e discutirá maneiras de fortalecer os direitos trabalhistas no am-
psicossocial é uma realidade palpável para muitos trabalhadores. biente digital.
Privados de interações face a face, esses profissionais enfrentam o Podemos também mencionar que as iniciativas governamen-
desafio do isolamento emocional, que pode afetar adversamente tais, políticas públicas e ações coletivas visam garantir direitos e
sua saúde mental e bem-estar emocional. Este subcapítulo examina condições de trabalho dignas para os ciberproletários. Além disso,
os impactos psicológicos do isolamento virtual e explora estratégias existem abordagens inovadoras e colaborativas envolvendo gover-
para promover o apoio emocional e a conexão entre os ciberprole- nos, empresas e sociedade civil na busca por soluções para os desa-
tários. fios éticos e sociais do ciberproletariado. Para resumir, este capítulo
No ambiente digital, a construção de uma cultura organiza- foi uma análise aprofundada das implicações éticas e sociais do ci-
cional tangível e coesa é uma tarefa complexa. A falta de valores berproletariado, destacando a importância de abordar essas ques-
compartilhados e normas culturais claras pode dificultar o desen- tões de forma holística e colaborativa para promover ambientes de
volvimento de uma identidade profissional unificada entre os ciber- trabalho mais justos e equitativos na era digital.
proletários. Nesta seção, serão exploradas as nuances da cultura
organizacional virtual e as estratégias para promover um senso de
A NECESSIDADE DE NOVAS COMPETÊNCIAS, QUALIFICA-
pertencimento e colaboração dentro dos espaços digitais de traba-
ÇÕES E AS FUNÇÕES EM EXTINÇÃO
lho.
Diante da sensação de isolamento que permeia o ciberproleta-
riado, surgem diversas iniciativas para promover a interação social Capítulo 1: A Dinâmica Transformadora do Mundo do Trabalho
e o apoio mútuo. Este subcapítulo investiga as estratégias adotadas
para combater o isolamento digital, incluindo a criação de comu- A evolução constante do mundo do trabalho, impulsionada por
nidades virtuais, grupos de apoio online e eventos de networking uma série de fatores como avanços tecnológicos, processos de glo-
digital, que visam fortalecer os laços sociais e emocionais entre os balização e transformações nas demandas socioeconômicas, tem
trabalhadores. delineado um cenário no qual a adaptação e o desenvolvimento
Para os ciberproletários, o equilíbrio entre vida pessoal e pro- de novas competências por parte dos trabalhadores são essenciais
fissional e a gestão eficaz do tempo são desafios constantes. Nesta para a sobrevivência e o sucesso profissional. Neste contexto dinâ-
seção, serão discutidas estratégias práticas para promover o bem- mico e desafiador, as disciplinas da sociologia e da psicologia apli-
-estar e a eficácia dos profissionais no ambiente digital, abordando cadas ao trabalho surgem como fundamentais para compreender
questões como a autorregulação, o estabelecimento de limites sau- e abordar as complexidades inerentes a esse cenário em constante
dáveis e o desenvolvimento de habilidades de autocuidado. mutação.
Por fim, este capítulo oferece uma visão prospectiva sobre o Os avanços tecnológicos têm desempenhado um papel central
papel da psicologia organizacional na promoção de dinâmicas or- na transformação do mundo do trabalho nas últimas décadas. A au-
ganizacionais positivas e sustentáveis no ciberproletariado. Serão tomação, a inteligência artificial e a digitalização têm alterado radi-
apresentadas recomendações práticas para gestores, líderes de calmente a natureza das ocupações e as exigências de habilidades
equipe e profissionais de recursos humanos, visando criar ambien- dos trabalhadores. Profissões inteiras estão sendo redefinidas ou
tes de trabalho virtuais mais saudáveis, inclusivos e produtivos na substituídas por tecnologia, exigindo que os indivíduos adquiram
era digital. novas competências para se manterem relevantes e empregáveis. A
rápida adoção de novas tecnologias nas organizações também tem
Capítulo 23: Implicações Éticas e Sociais do Ciberproletariado gerado mudanças na forma como o trabalho é organizado e execu-
tado, impactando tanto a estrutura ocupacional quanto as relações
Um dos principais pontos de preocupação relacionados ao ci- laborais.
berproletariado é a potencial exploração laboral e a precarização A globalização econômica tem ampliado significativamente as
do trabalho. Muitos trabalhadores digitais enfrentam condições de fronteiras do mercado de trabalho, criando novas oportunidades e
trabalho instáveis, salários baixos e falta de proteção social. Este desafios para trabalhadores em todo o mundo. A integração econô-
subcapítulo analisará os diferentes aspectos da exploração laboral mica e a interconectividade entre países têm facilitado o movimento
no ciberproletariado, destacando casos concretos e investigando as de bens, serviços e pessoas, resultando em uma diversificação dos
raízes desse fenômeno. ambientes de trabalho. A necessidade de competências intercultu-
Outra questão relevante é a existência de disparidades econô- rais e multilíngues tornou-se cada vez mais evidente, à medida que
micas e sociais entre os trabalhadores digitais e tradicionais. En- os profissionais lidam com colegas, clientes e parceiros de negócios
quanto alguns ciberproletários podem desfrutar de altos rendimen- de diversas origens culturais e geográficas. Essa diversificação do
tos e flexibilidade no trabalho, muitos outros lutam para sobreviver mercado de trabalho também tem impactado as dinâmicas sociais
com salários precários e falta de benefícios sociais. Nesta seção, e organizacionais, exigindo uma compreensão mais profunda das
examinaremos as causas e consequências dessas disparidades e ex- complexidades da interação humana no contexto profissional.
ploraremos maneiras de promover uma distribuição mais equitativa
dos benefícios do trabalho digital.
282
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
As mudanças socioeconômicas, como alterações nas estruturas busca identificar e superar as barreiras que impedem a igualdade
familiares, envelhecimento da população e mudanças nos padrões de oportunidades no local de trabalho, promovendo um ambiente
de consumo, têm gerado novas demandas por habilidades e com- mais justo e inclusivo para todos.
petências no mercado de trabalho. Profissões ligadas aos setores A análise sociológica das novas competências exigidas pelo
de saúde, tecnologia da informação, sustentabilidade ambiental e mundo do trabalho revela a complexidade das transformações em
cuidados com idosos, por exemplo, têm experimentado um cres- curso e a necessidade de uma abordagem integrada para enfren-
cimento significativo em resposta a essas mudanças. Além disso, a tar esses desafios. Compreender como as mudanças nas estruturas
crescente preocupação com questões como diversidade, inclusão, ocupacionais, influenciadas pela automação, inteligência artificial
responsabilidade social e sustentabilidade tem levado as organiza- e globalização, impactam a estratificação social e as dinâmicas or-
ções a valorizarem competências como empatia, inteligência emo- ganizacionais é fundamental para orientar políticas e práticas que
cional e pensamento crítico em seus colaboradores. promovam um ambiente de trabalho mais justo, equitativo e sus-
Diante da rápida evolução do mundo do trabalho, impulsiona- tentável para todos os trabalhadores.
da por avanços tecnológicos, globalização e mudanças nas deman-
das socioeconômicas, torna-se evidente a necessidade premente Capítulo 3: Considerações Psicológicas sobre as Novas Compe-
de os trabalhadores desenvolverem novas competências para se tências
adaptarem a esse ambiente em constante transformação. A com-
preensão das complexidades desse cenário dinâmico e multifaceta- Este capítulo se debruça sobre as considerações psicológicas
do demanda uma abordagem interdisciplinar, na qual a sociologia fundamentais relacionadas às novas competências exigidas pelo
e a psicologia aplicadas ao trabalho desempenham papéis funda- mundo do trabalho em constante transformação. Sob a perspectiva
mentais. A análise profunda dessas disciplinas permite não apenas da psicologia aplicada ao trabalho, exploraremos como a adaptação
compreender as mudanças em curso, mas também orientar estra- psicológica dos indivíduos diante das mudanças se entrelaça com a
tégias e políticas que promovam um ambiente de trabalho mais jus- necessidade de desenvolver novas habilidades e competências para
to, equitativo e sustentável para todos os envolvidos. enfrentar os desafios do mercado de trabalho contemporâneo.
A psicologia investiga como o desenvolvimento contínuo de
Capítulo 2: Abordagens Sociológicas às Novas Competências habilidades impacta a percepção de autoeficácia dos trabalhado-
res, ou seja, sua crença na própria capacidade de realizar tarefas e
O advento da automação e da inteligência artificial tem recon- alcançar metas. Habilidades técnicas e socioemocionais são funda-
figurado significativamente os papéis profissionais em diversos se- mentais nesse processo, influenciando a confiança e a motivação
tores da economia. Profissões antes estáveis e tradicionais estão dos indivíduos para enfrentar novos desafios e situações no am-
sendo remodeladas ou substituídas por tecnologias avançadas, de- biente de trabalho. A autoeficácia desempenha um papel crucial
mandando uma adaptação ágil por parte dos trabalhadores. A so- na resiliência dos trabalhadores diante das adversidades e na sua
ciologia aplicada destaca a importância de compreender os efeitos capacidade de se adaptar às mudanças constantes do mercado de
dessas mudanças nas estruturas ocupacionais, observando como trabalho.
a automação afeta não apenas as habilidades técnicas requeridas, A velocidade das mudanças tecnológicas e organizacionais in-
mas também as dinâmicas sociais e hierárquicas dentro das orga- troduz uma série de desafios psicológicos para os trabalhadores. A
nizações. incerteza em relação ao futuro profissional, gerada pela automação
A globalização econômica tem gerado um ambiente de traba- e inteligência artificial, pode desencadear ansiedade e estresse. A
lho cada vez mais diversificado, onde profissionais de diferentes ori- psicologia aplicada analisa como os trabalhadores lidam com essa
gens culturais e linguísticas interagem diariamente. Essa diversidade ansiedade, desenvolvendo estratégias de coping para gerenciar o
cultural implica na necessidade de os trabalhadores desenvolverem estresse e manter um equilíbrio emocional saudável. Além disso,
competências interculturais e multilíngues para se comunicarem a pressão por desempenho em ambientes de trabalho cada vez
eficazmente em ambientes profissionais globalizados. A sociologia mais dinâmicos pode levar ao burnout e outros problemas de saú-
investiga como a diversidade cultural influencia as relações sociais de mental, destacando a importância de intervenções psicológicas
e organizacionais, examinando questões como discriminação, inclu- preventivas.
são e equidade no local de trabalho. A psicologia aplicada ao trabalho busca identificar e promover
As mudanças nas demandas do mercado de trabalho têm in- estratégias de coping eficazes para ajudar os trabalhadores a lidar
fluenciado diretamente a estratificação ocupacional e a mobilida- com os desafios psicológicos do ambiente de trabalho em constante
de social. Profissões emergentes exigem habilidades específicas e, mudança. Isso inclui o desenvolvimento de habilidades emocionais,
muitas vezes, uma formação educacional mais avançada, enquanto como inteligência emocional, autoconhecimento e regulação emo-
outras ocupações tradicionais perdem relevância. A sociologia apli- cional, que são essenciais para promover o bem-estar psicológico
cada analisa como essas mudanças afetam a distribuição de recur- e a resiliência diante das adversidades. Além disso, programas de
sos e oportunidades, influenciando a mobilidade social e as dispari- intervenção psicológica, como treinamento em habilidades de en-
dades socioeconômicas dentro da sociedade. frentamento e terapia cognitivo-comportamental, são empregados
A sociologia destaca a importância de promover ambientes para ajudar os trabalhadores a desenvolverem recursos psicológicos
de trabalho inclusivos e equitativos, onde todos os trabalhadores para enfrentar os desafios do mundo do trabalho contemporâneo.
tenham oportunidades iguais de desenvolvimento e crescimento A análise das considerações psicológicas sobre as novas compe-
profissional. Isso envolve não apenas políticas de diversidade e in- tências exigidas pelo mundo do trabalho destaca a importância de
clusão, mas também uma análise crítica das estruturas organizacio- uma abordagem holística para promover o bem-estar e a adaptação
nais e das práticas de recrutamento e seleção. A sociologia aplicada dos trabalhadores diante das mudanças constantes. Compreender
como o desenvolvimento de habilidades impacta a autoeficácia,
283
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
como os desafios psicológicos afetam os trabalhadores e quais es- texto profissional. Ao analisar as estratificações ocupacionais, a
tratégias podem ser empregadas para promover o coping e o de- mobilidade social e as relações de trabalho, a sociologia identifica
senvolvimento de habilidades emocionais é fundamental para ga- as barreiras e oportunidades que moldam o desenvolvimento dos
rantir um ambiente de trabalho saudável e sustentável para todos. trabalhadores. Além disso, destaca a importância da diversidade,
inclusão e equidade para criar ambientes de trabalho mais justos
Capítulo 4: Competências do Século XXI: Além do Técnico e sustentáveis.
A psicologia aplicada ao trabalho concentra-se na compreen-
A capacidade de aprendizado contínuo é uma competência são dos processos cognitivos, emocionais e comportamentais dos
fundamental no século XXI, onde as mudanças ocorrem em ritmo trabalhadores, visando promover seu desenvolvimento e bem-estar
acelerado. Os profissionais devem estar preparados para adquirir no ambiente laboral. Explora estratégias para fortalecer a autoefi-
novos conhecimentos e habilidades ao longo de suas carreiras para cácia, a resiliência e as habilidades de coping diante das demandas
se manterem atualizados e competitivos no mercado de trabalho. do trabalho moderno. Além disso, enfoca a importância da inteli-
A psicologia aplicada ao trabalho investiga como as atitudes em re- gência emocional, comunicação eficaz e liderança positiva para
lação ao aprendizado e a motivação para o autodesenvolvimento criar trabalho saudáveis e produtivos.
influenciam o sucesso profissional e o bem-estar dos trabalhadores. Uma abordagem integrada que combina os insights da sociolo-
O pensamento crítico e a capacidade de resolver problemas gia e da psicologia oferece um panorama completo para promover
complexos são competências essenciais para enfrentar os desafios o desenvolvimento humano no trabalho. Ao reconhecer a interco-
multifacetados do ambiente profissional contemporâneo. A psico- nexão entre as estruturas organizacionais, as dinâmicas sociais e os
logia cognitiva explora os processos mentais subjacentes ao pensa- processos psicológicos dos trabalhadores, essa abordagem permite
mento crítico, analisando como os indivíduos avaliam informações, desenvolver estratégias, políticas e práticas mais eficazes para criar
tomam decisões e resolvem problemas de forma eficaz. Além disso, ambientes de trabalho justos, equitativos e sustentáveis. Destaca a
a sociologia investiga como as estruturas organizacionais e as di- importância da educação continuada, programas de treinamento,
nâmicas de poder podem influenciar a resolução de problemas no apoio psicológico e políticas de inclusão para capacitar os trabalha-
ambiente de trabalho, destacando a importância da colaboração e dores a enfrentar os desafios do mundo laboral contemporâneo.
do trabalho em equipe para encontrar soluções eficazes. O desenvolvimento humano no trabalho é uma jornada con-
As habilidades interpessoais e a comunicação eficaz desempe- tínua que requer uma abordagem integrada e multidisciplinar. A
nham um papel crucial no sucesso profissional e na qualidade das união das contribuições da sociologia e da psicologia aplicadas ao
relações no local de trabalho. A psicologia social examina como as trabalho oferece um caminho sólido para promover ambientes de
interações interpessoais influenciam a eficácia da equipe, a coesão trabalho mais humanos, onde os trabalhadores possam prosperar e
do grupo e a satisfação no trabalho. Além disso, a sociologia anali- alcançar seu pleno potencial. Ao adotar uma abordagem centrada
sa como os padrões de comunicação podem refletir e perpetuar as no ser humano, as organizações podem não apenas melhorar o de-
hierarquias e as estruturas de poder no ambiente profissional, des- sempenho e a produtividade, mas também promover o bem-estar
tacando a importância da comunicação inclusiva e equitativa para e a satisfação dos trabalhadores, contribuindo para um mundo la-
promover ambientes de trabalho justos e colaborativos. boral mais justo, equitativo e sustentável.
Portanto, a análise das competências do século XXI revela a
necessidade de uma abordagem integrada que una os insights Capítulo 6: A Dinâmica Acelerada do Mundo do Trabalho
da sociologia e da psicologia aplicadas ao trabalho. Compreender
como o aprendizado contínuo, o pensamento crítico, a resolução A rápida evolução do mundo do trabalho é um fenômeno intrin-
de problemas complexos e as habilidades interpessoais moldam as secamente ligado a uma série de fatores que moldam as demandas
dinâmicas sociais e organizacionais é fundamental para promover por novas qualificações e habilidades dos trabalhadores. Os avan-
ambientes de trabalho mais justos, equitativos e produtivos. Essas ços tecnológicos desempenham um papel crucial nessa evolução,
competências não apenas capacitam os indivíduos a enfrentar os redefinindo as competências exigidas pelos empregadores e crian-
desafios do mercado de trabalho contemporâneo, mas também do uma demanda por profissionais altamente qualificados. A auto-
contribuem para o desenvolvimento de organizações mais resilien- mação, a inteligência artificial e a digitalização têm transformado as
tes e inovadoras. estruturas ocupacionais, exigindo dos profissionais uma capacidade
de aprendizado contínuo e familiaridade com ferramentas digitais.
Capítulo 5: Abordagem Integrada para Desenvolvimento Hu- Além disso, a globalização econômica ampliou as fronteiras
mano no Trabalho do mercado de trabalho, gerando um ambiente interconectado e
diversificado. A integração entre países demanda qualificações in-
O ambiente de trabalho contemporâneo é caracterizado por terculturais e multilíngues, pois profissionais de diferentes origens
mudanças rápidas e constantes, exigindo dos trabalhadores não geográficas e culturais interagem em ambientes globais. Essa inter-
apenas habilidades técnicas, mas também competências socioe- conectividade promove uma colaboração entre equipes distribuí-
mocionais para enfrentar os desafios complexos do mundo laboral. das globalmente, influenciando as dinâmicas de trabalho e exigindo
Neste capítulo, exploraremos a importância de uma abordagem in- uma adaptação por parte dos trabalhadores.
tegrada que una as contribuições da sociologia e da psicologia apli- As transformações econômicas, como mudanças nos padrões
cadas ao trabalho para promover o desenvolvimento humano nas de produção e consumo, geram novas demandas por qualificações
organizações. específicas. Profissões ligadas à tecnologia, ciência de dados e sus-
A sociologia aplicada ao trabalho oferece insights valiosos so- tentabilidade estão em alta demanda, enquanto outras podem
bre como as estruturas organizacionais, as relações de poder e as enfrentar uma redução na demanda devido à automação. Diante
dinâmicas sociais influenciam o desenvolvimento humano no con-
284
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
dessas mudanças, os profissionais precisam se manter atualizados Capítulo 8: Diversidade Cultural e Ambientes de Trabalho In-
com as tendências do mercado, adquirir novas habilidades e buscar clusivos
oportunidades de crescimento.
Nesse cenário dinâmico, a adaptação constante e o desenvolvi- A diversidade cultural, caracterizada pela presença de pro-
mento profissional tornam-se imperativos. Os profissionais devem fissionais com origens geográficas, étnicas, linguísticas e culturais
estar dispostos a se adaptar a mudanças e enfrentar desafios para diversas, tornou-se uma realidade inegável nos locais de trabalho
garantir a empregabilidade a longo prazo. Compreender as implica- modernos. Essa diversidade traz consigo uma riqueza de perspecti-
ções dessas mudanças é essencial para se destacar em um mercado vas, experiências e conhecimentos que pode ser aproveitada para
de trabalho competitivo. A adaptação constante, o desenvolvimen- impulsionar a inovação e o crescimento organizacional.
to profissional e a disposição para enfrentar desafios são elemen- Com a crescente diversidade cultural nos locais de trabalho,
tos-chave para prosperar em um ambiente profissional dinâmico e surge uma demanda por qualificações interculturais e multilíngues.
desafiador. Os profissionais precisam ser capazes de comunicar eficazmente
em contextos interculturais, compreender e respeitar as diferenças
Capítulo 7: Perspectiva Sociológica: Transformações nas Estru- culturais e colaborar de forma produtiva em equipes culturalmente
turas Ocupacionais e Relações Laborais diversas. Além disso, a habilidade de se comunicar em mais de um
idioma tornou-se uma vantagem competitiva significativa em mui-
O avanço tecnológico impulsionou a automação e a inteli- tos setores da economia globalizada.
gência artificial, transformando fundamentalmente a natureza do A diversidade cultural nos locais de trabalho destaca a impor-
trabalho. Essas mudanças não apenas redefinem as habilidades re- tância de promover ambientes inclusivos e equitativos. Um ambien-
queridas, mas também reconfiguram os próprios papéis profissio- te de trabalho inclusivo é aquele que valoriza e respeita as dife-
nais. A sociologia aplicada destaca a necessidade de compreender renças individuais, onde todos os funcionários se sentem seguros,
os efeitos dessas mudanças estruturais, não apenas em termos de respeitados e capacitados a contribuir plenamente com suas habili-
competências técnicas, mas também em relação à dinâmica social dades e perspectivas únicas. A promoção da diversidade e inclusão
e hierárquica dentro das organizações. não apenas fortalece o moral e o engajamento dos funcionários,
A globalização econômica, ao integrar economias em uma rede mas também impulsiona a criatividade, a inovação e o desempenho
global, trouxe consigo uma série de implicações para as relações de organizacional.
trabalho. A diversidade cultural e linguística nos ambientes de tra- Gerir a diversidade cultural nos locais de trabalho apresenta
balho se tornou mais proeminente, exigindo novas competências uma série de desafios e oportunidades. Os gestores precisam estar
interculturais e multilíngues dos trabalhadores. A sociologia inves- preparados para lidar com conflitos interculturais, eliminar precon-
tiga como essas mudanças influenciam as dinâmicas sociais dentro ceitos e estereótipos, e criar políticas e práticas que promovam a
das organizações, destacando a importância de promover ambien- igualdade de oportunidades para todos os funcionários. Ao mesmo
tes inclusivos e equitativos. tempo, a diversidade cultural oferece oportunidades para aprender
As mudanças nas demandas do mercado de trabalho têm uma e crescer, desenvolver novas perspectivas e expandir as capacida-
clara influência na estratificação ocupacional e na mobilidade so- des de colaboração e inovação.
cial. Profissões emergentes demandam habilidades específicas e, Desse modo, a diversidade cultural nos locais de trabalho re-
muitas vezes, uma formação educacional mais avançada, enquanto presenta tanto um desafio quanto uma oportunidade para as or-
outras ocupações tradicionais podem perder relevância. A socio- ganizações. Compreender e abordar as complexidades dessa di-
logia aplicada analisa como essas mudanças afetam a distribuição versidade requer um compromisso contínuo com a promoção da
de recursos e oportunidades, moldando a estrutura social de uma inclusão, o desenvolvimento de competências interculturais e a
sociedade. criação de ambientes de trabalho que valorizem e respeitem as di-
Diante dessas transformações profundas, os trabalhadores ferenças individuais. Ao adotar uma abordagem proativa para gerir
enfrentam uma série de desafios e oportunidades. A necessidade a diversidade, as organizações podem colher os benefícios de uma
de adquirir novas habilidades e competências é premente, mas força de trabalho diversificada e alcançar um desempenho organi-
também surgem questões relacionadas à segurança no emprego, zacional excepcional.
estabilidade financeira e equidade no acesso às oportunidades de
trabalho. A sociologia oferece uma perspectiva crítica sobre essas Capítulo 9: Contribuições da Psicologia para a Adaptação Psico-
questões, buscando entender como as mudanças nas estruturas lógica às Novas Qualificações
ocupacionais e nas relações laborais impactam diferentes grupos
sociais. A rápida evolução do mundo do trabalho traz consigo uma sé-
Portanto, a análise sociológica das transformações nas estrutu- rie de desafios psicológicos para os trabalhadores. A ansiedade re-
ras ocupacionais e relações laborais oferece uma visão abrangente lacionada à incerteza do futuro profissional, o estresse decorrente
das mudanças em curso no mundo do trabalho. Compreender essas da necessidade de adquirir novas habilidades e a pressão para se
dinâmicas é essencial para orientar políticas e práticas que promo- manterem competitivos em um ambiente de trabalho em constante
vam um ambiente de trabalho mais justo, equitativo e sustentável. mudança são apenas alguns exemplos desses desafios. A psicologia
A sociologia desempenha um papel fundamental ao oferecer in- aplicada ao trabalho oferece insights valiosos sobre como os indiví-
sights valiosos sobre como as mudanças no mercado de trabalho duos podem enfrentar e superar esses obstáculos.
afetam a vida dos trabalhadores e a estrutura social como um todo. O desenvolvimento de habilidades emocionais é uma parte es-
sencial da adaptação psicológica às mudanças nas qualificações exi-
gidas. A capacidade de regular as emoções, lidar com o estresse e
manter uma perspectiva positiva diante de desafios é fundamental
285
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
para o bem-estar emocional dos trabalhadores. A psicologia ofere- lução de problemas são valorizados por sua capacidade de enfren-
ce uma variedade de técnicas e estratégias para desenvolver essas tar desafios de forma proativa e encontrar soluções inovadoras em
habilidades, incluindo a prática da atenção plena, técnicas de rela- um ambiente de trabalho dinâmico.
xamento e desenvolvimento da resiliência emocional. As habilidades interpessoais, como a capacidade de colaborar
Além do desenvolvimento de habilidades emocionais, os tra- eficazmente em equipe e comunicar-se de forma clara e assertiva,
balhadores também precisam adotar estratégias de adaptação e são essenciais para o sucesso no século XXI. Em um ambiente de
coping para lidar eficazmente com as mudanças nas qualificações trabalho cada vez mais colaborativo e interconectado, os profissio-
exigidas. Isso pode envolver a busca de apoio social, a definição de nais precisam ser capazes de trabalhar bem com os outros, resolver
metas realistas e o desenvolvimento de um plano de ação para ad- conflitos de forma construtiva e comunicar suas ideias de manei-
quirir novas habilidades. A psicologia aplicada oferece uma varieda- ra persuasiva. As habilidades interpessoais são fundamentais para
de de abordagens para ajudar os indivíduos a enfrentar e superar construir relacionamentos sólidos, promover a inovação e alcançar
esses desafios, promovendo uma adaptação bem-sucedida às de- objetivos comuns em um ambiente de trabalho diversificado e di-
mandas do mercado de trabalho contemporâneo. nâmico.
A resiliência desempenha um papel crucial na adaptação psi- Sendo assim podemos dizer que, as competências exigidas
cológica às mudanças nas qualificações exigidas. Os trabalhadores pelo século XXI vão muito além das habilidades técnicas tradicio-
resilientes são capazes de se recuperar rapidamente de contra- nais. O aprendizado contínuo, o pensamento crítico, a resolução de
tempos, aprender com experiências adversas e manter um senso problemas complexos e as habilidades interpessoais se tornaram
de propósito e otimismo, mesmo diante de desafios significativos. fundamentais para o sucesso profissional em um mundo cada vez
Promover a resiliência e o bem-estar no trabalho é essencial para mais complexo e interconectado. Ao desenvolver e cultivar essas
garantir que os trabalhadores possam enfrentar as demandas do competências, os profissionais podem se preparar para enfrentar
ambiente profissional em constante evolução com sucesso e satis- os desafios e aproveitar as oportunidades que surgem em um mer-
fação pessoal. cado de trabalho em constante evolução.
Entretanto, a psicologia desempenha um papel fundamental na
promoção da adaptação psicológica dos trabalhadores às mudan- Capítulo 11: Comunicação Eficaz e Padrões de Comunicação no
ças nas qualificações exigidas pelo mercado de trabalho contem- Ambiente Profissional
porâneo. O desenvolvimento de habilidades emocionais, a adoção
de estratégias de adaptação e coping, e a promoção da resiliência No ambiente profissional, a comunicação eficaz desempenha
e bem-estar no trabalho são elementos essenciais para fortalecer a um papel crucial na transmissão de informações, coordenação de
saúde mental dos trabalhadores diante das pressões associadas a tarefas, resolução de problemas e construção de relacionamentos
essas mudanças. Ao reconhecer e abordar os desafios psicológicos interpessoais. Uma comunicação clara, assertiva e transparente é
enfrentados pelos trabalhadores, podemos criar ambientes de tra- essencial para evitar mal-entendidos, conflitos e falhas na execução
balho mais saudáveis, produtivos e satisfatórios para todos. de tarefas. Além disso, uma comunicação eficaz promove um am-
biente de trabalho colaborativo, onde as ideias são compartilhadas
Capítulo 10: Competências do Século XXI Além do Técnico livremente e as decisões são tomadas de forma informada e con-
sensual.
No ambiente de trabalho do século XXI, a capacidade de apren- A psicologia social oferece insights valiosos sobre as interações
dizado contínuo é essencial para acompanhar as rápidas mudan- interpessoais no ambiente de trabalho. Ao estudar como as pessoas
ças tecnológicas e organizacionais. Os profissionais precisam estar se relacionam e se influenciam mutuamente, a psicologia social nos
dispostos a adquirir novos conhecimentos e habilidades ao longo ajuda a entender os processos de comunicação, formação de grupos
de suas carreiras, seja por meio de treinamentos formais, cursos e resolução de conflitos dentro das organizações. Ao examinar fato-
online ou experiências práticas. O aprendizado contínuo não ape- res como percepção, atitudes, normas sociais e dinâmica de grupo,
nas permite que os trabalhadores se mantenham atualizados, mas a psicologia social nos ajuda a compreender as complexidades das
também promove a adaptação e a inovação em um ambiente de relações interpessoais no local de trabalho e identificar estratégias
trabalho em constante evolução. para melhorar a comunicação e promover o trabalho em equipe.
O pensamento crítico é outra competência fundamental para Por outro lado, a sociologia aplicada ao estudo do trabalho nos
os profissionais do século XXI. Em um mundo inundado por infor- ajuda a examinar como os padrões de comunicação refletem e per-
mações, os trabalhadores precisam ser capazes de analisar e avaliar petuam as estruturas de poder dentro das organizações. Através
criticamente as informações disponíveis, discernindo entre fontes da análise das hierarquias, políticas organizacionais e dinâmicas de
confiáveis e não confiáveis e identificando soluções eficazes para os poder, a sociologia nos ajuda a compreender como a comunicação
problemas complexos que enfrentam. O pensamento crítico permi- é utilizada para influenciar e controlar os indivíduos no local de tra-
te que os profissionais tomem decisões informadas e fundamenta- balho. Ao examinar questões como liderança, tomada de decisão e
das, contribuindo para o sucesso individual e organizacional. distribuição de recursos, a sociologia nos ajuda a identificar padrões
No ambiente de trabalho contemporâneo, os profissionais fre- de comunicação que podem reforçar ou desafiar as desigualdades
quentemente se deparam com problemas complexos e multiface- de poder no ambiente profissional.
tados que exigem soluções inovadoras e criativas. A capacidade de Em resumo, a comunicação eficaz desempenha um papel cru-
resolver problemas complexos envolve a identificação e análise de cial no ambiente de trabalho, influenciando tanto a eficiência ope-
desafios, a geração de alternativas e a implementação de soluções racional quanto as relações interpessoais dentro das organizações.
eficazes. Os profissionais que possuem habilidades sólidas de reso- Ao integrar as perspectivas da psicologia social e da sociologia apli-
cada ao estudo das interações e padrões comunicativos, podemos
desenvolver uma compreensão mais abrangente sobre como a co-
286
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
municação impacta o funcionamento das organizações e as expe- Capítulo 13: Perspectiva Sociológica sobre a Extinção de Fun-
riências dos trabalhadores. Ao promover uma comunicação clara, ções
aberta e inclusiva, as organizações podem criar ambientes de traba-
lho mais produtivos, colaborativos e equitativos para todos os seus Para entender a extinção de funções, é essencial mergulhar nas
membros. raízes desse fenômeno. A automação, impulsionada pela inovação
tecnológica, emerge como uma força motriz por trás dessa trans-
Capítulo 12: Abordagem Integrada para o Desenvolvimento formação. Com a automação, muitas tarefas antes desempenhadas
Humano no Trabalho por humanos são agora realizadas por máquinas, exigindo uma re-
configuração dos papéis profissionais e uma adaptação rápida dos
A sociologia aplicada ao trabalho oferece uma perspectiva trabalhadores para se manterem competitivos no mercado.
crítica sobre as estruturas organizacionais, relações de poder e di- A extinção de funções não ocorre em um vácuo; ela está inti-
nâmicas sociais que moldam a experiência dos trabalhadores. Ao mamente ligada à estratificação ocupacional. Profissões que uma
examinar questões como estratificação ocupacional, desigualdade vez foram pilares da economia agora estão ameaçadas de desapa-
de gênero e distribuição de recursos, a sociologia nos ajuda a enten- recer, enquanto novas ocupações emergem em resposta às deman-
der como as políticas e práticas organizacionais podem impactar o das do mercado. A compreensão dessas mudanças na estratificação
desenvolvimento humano. Além disso, a sociologia oferece insights ocupacional é essencial para entender como a sociedade está sen-
sobre como promover ambientes de trabalho mais inclusivos, equi- do reconfigurada pelo avanço tecnológico e econômico.
tativos e sustentáveis, levando em consideração as complexidades Além das mudanças na estratificação ocupacional, a extinção
das relações sociais e hierárquicas dentro das organizações. de funções também influencia as relações laborais. A hierarquia
Por sua vez, a psicologia aplicada ao trabalho se concentra no dentro das organizações pode ser redefinida, as dinâmicas de po-
indivíduo e em como ele se desenvolve, se adapta e se relaciona der podem mudar e a percepção da identidade profissional pode
no contexto laboral. Ao examinar questões como autoeficácia, resi- ser afetada. Nessa perspectiva, é importante examinar como as re-
liência, motivação e satisfação no trabalho, a psicologia nos oferece lações entre empregadores e empregados estão sendo transforma-
insights sobre como promover o bem-estar psicológico dos traba- das e como essas mudanças impactam a estabilidade e o bem-estar
lhadores e maximizar seu potencial de desenvolvimento. Além dis- dos trabalhadores.
so, a psicologia contribui para o desenvolvimento de estratégias de Diante dessas transformações, surgem uma série de desafios e
liderança, gestão de equipes e resolução de conflitos que promo- oportunidades para os trabalhadores. A necessidade de se adaptar
vam um ambiente de trabalho saudável e produtivo. a novas condições de trabalho, adquirir novas habilidades e buscar
Ao integrar as contribuições da sociologia e da psicologia apli- oportunidades de crescimento torna-se premente. Ao mesmo tem-
cadas ao trabalho, podemos desenvolver uma abordagem mais po, as mudanças na estrutura ocupacional podem criar oportunida-
abrangente e holística para o desenvolvimento humano nas organi- des para a mobilidade social e o desenvolvimento de novas formas
zações. Essa integração nos permite considerar não apenas as ques- de trabalho e organização.
tões estruturais e sociais que moldam o ambiente de trabalho, mas Em suma, a perspectiva sociológica sobre a extinção de funções
também as necessidades individuais e emocionais dos trabalhado- lança luz sobre as complexidades desse fenômeno. Ao analisar as
res. Ao adotar uma abordagem integrada, as organizações podem mudanças nas estruturas ocupacionais e nas relações laborais, po-
desenvolver políticas e práticas mais eficazes para promover o cres- demos compreender melhor como a automação e outras inovações
cimento profissional, a satisfação no trabalho e o bem-estar geral estão redefinindo o mundo do trabalho. Essa compreensão é fun-
dos seus colaboradores. damental para desenvolver estratégias e políticas que promovam
Apesar dos benefícios claros de uma abordagem integrada um ambiente de trabalho justo, equitativo e sustentável em meio a
para o desenvolvimento humano no trabalho, sua implementação essas mudanças rápidas e profundas.
pode enfrentar uma série de desafios. Diferenças disciplinares,
resistência à mudança organizacional e limitações de recursos po- Capítulo 14: Globalização e Extinção de Funções
dem representar obstáculos significativos. No entanto, ao superar
esses desafios, as organizações podem colher os benefícios de um A globalização econômica tem sido um catalisador para a mu-
ambiente de trabalho mais saudável, produtivo e sustentável. A in- dança no mundo do trabalho. À medida que as fronteiras econômi-
tegração das perspectivas da sociologia e da psicologia aplicadas cas se tornam mais permeáveis, as empresas têm acesso a um mer-
ao trabalho representa uma oportunidade única para promover o cado global de trabalho, onde podem buscar talentos em qualquer
desenvolvimento humano e criar organizações mais resilientes e parte do mundo. Esse acesso a uma mão de obra globalizada cria
adaptáveis às demandas do mundo contemporâneo. novas oportunidades, mas também introduz uma competição feroz
Dessa forma, uma abordagem integrada que una as contribui- que pode tornar certas funções obsoletas.
ções da sociologia e da psicologia aplicadas ao trabalho é essencial As tecnologias de comunicação e transporte têm sido funda-
para promover o desenvolvimento humano nas organizações. Ao mentais para conectar trabalhadores em diferentes partes do mun-
reconhecer a interdependência entre as questões estruturais e indi- do. A capacidade de colaborar em tempo real, independentemente
viduais que afetam o ambiente de trabalho, as organizações podem da localização geográfica, abriu novas possibilidades de trabalho re-
desenvolver políticas e práticas mais eficazes para promover o cres- moto e colaboração global. No entanto, essa conectividade também
cimento profissional, o bem-estar dos trabalhadores e o sucesso or- torna algumas funções mais suscetíveis à obsolescência, à medida
ganizacional a longo prazo. Ao adotar uma abordagem integrada, as que tarefas podem ser terceirizadas para regiões com mão de obra
organizações podem criar ambientes de trabalho mais justos, equi- mais barata ou automatizadas por meio de tecnologias avançadas.
tativos e sustentáveis, beneficiando tanto os trabalhadores quanto
a organização como um todo.
287
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
A sociologia desempenha um papel crucial na análise das mu- Portanto, o impacto psicológico da extinção de funções é uma
danças globais no mercado de trabalho. Ao examinar as implicações dimensão crucial a ser considerada ao lidar com esse fenômeno.
sociais da globalização, os sociólogos podem identificar como as co- Ao compreender e abordar as emoções e os desafios psicológicos
munidades locais são afetadas pela extinção de funções e pela cria- enfrentados pelos trabalhadores, podemos mitigar os efeitos nega-
ção de novas oportunidades de emprego. Além disso, eles podem tivos desse processo e promover uma transição mais suave e sau-
analisar como os trabalhadores se ajustam a essas transformações, dável para todos os envolvidos. A psicologia aplicada ao trabalho
tanto em termos de busca por novas habilidades quanto em termos desempenha um papel fundamental nesse processo, oferecendo
de adaptação às novas dinâmicas de trabalho. apoio, orientação e intervenções que visam fortalecer o bem-es-
A adaptação dos trabalhadores à globalização é um processo tar psicológico dos trabalhadores diante da extinção de funções.
complexo e multifacetado. Aqueles que estão em ocupações em
risco de extinção podem enfrentar desafios significativos ao pro- Capítulo 16: Implicações Sociais da Extinção de Funções
curar se requalificar para novas funções ou setores. Por outro lado,
trabalhadores em setores emergentes podem encontrar novas Uma das consequências mais imediatas e preocupantes da extinção
oportunidades de emprego, mas também podem enfrentar pres- de funções é o potencial surgimento de desigualdades socioeconô-
sões intensas devido à competição global. Compreender como os micas. Quando certas ocupações são eliminadas devido à automa-
trabalhadores navegam por essas mudanças é essencial para de- ção, globalização ou outras formas de mudança no mercado de tra-
senvolver políticas e programas eficazes de apoio e requalificação. balho, os trabalhadores que dependem dessas ocupações podem
Em síntese, a globalização desempenha um papel central na se encontrar em situações precárias, com poucas oportunidades de
extinção de funções, ao mesmo tempo em que abre novas portas emprego e acesso limitado a recursos financeiros. Essa disparidade
para oportunidades de emprego. Por meio da análise sociológica pode agravar ainda mais as desigualdades existentes na sociedade,
dessas mudanças, podemos entender melhor como a globalização criando uma divisão cada vez maior entre os que têm acesso a em-
molda o mercado de trabalho e como os trabalhadores se adaptam pregos de qualidade e os que lutam para sobreviver em meio ao
a essas transformações. Essa compreensão é fundamental para de- desemprego e à instabilidade econômica.
senvolver estratégias que garantam que os benefícios da globaliza- Outra implicação social significativa da extinção de funções é o
ção sejam distribuídos de forma equitativa e que os trabalhadores fenômeno do desemprego estrutural. À medida que as tecnologias
estejam preparados para enfrentar os desafios de um mercado de avançam e as demandas do mercado de trabalho mudam, algumas
trabalho cada vez mais globalizado e competitivo. ocupações se tornam obsoletas, deixando muitos trabalhadores
sem emprego e lutando para encontrar novas oportunidades de
Capítulo 15: Impacto Psicológico da Extinção de Funções trabalho. Esse desemprego estrutural pode ter efeitos devastadores
sobre as comunidades, levando à pobreza, exclusão social e dete-
Um dos aspectos mais perturbadores da extinção de funções rioração do tecido social. A sociologia aplicada se dedica a entender
é a incerteza que ela traz em relação ao futuro profissional dos os mecanismos subjacentes ao desemprego estrutural e a desen-
trabalhadores. Diante da perspectiva de perder seus empregos ou volver políticas que ajudem a mitigar seus impactos negativos, ofe-
de ter que se reinventar profissionalmente, muitos trabalhadores recendo apoio financeiro, treinamento profissional e outras formas
enfrentam um turbilhão de emoções, que vão desde ansiedade de assistência aos trabalhadores deslocados.
e medo até desesperança e insegurança. A psicologia aplicada ao Além das desigualdades socioeconômicas e do desemprego
trabalho se dedica a compreender como essa incerteza impacta a estrutural, a extinção de funções também apresenta desafios signi-
saúde mental dos trabalhadores e a desenvolver estratégias para ficativos na redistribuição de recursos. À medida que algumas ocu-
ajudá-los a lidar com esse desafio de forma mais eficaz. pações desaparecem, os recursos econômicos e sociais associados
Outro aspecto crucial a ser considerado é a perda de identida- a essas ocupações também podem desaparecer, deixando muitas
de que muitos trabalhadores experimentam quando suas funções comunidades lutando para se sustentar. A sociologia aplicada se
são extintas. Muitos indivíduos constroem uma parte significativa dedica a encontrar maneiras de redistribuir esses recursos de for-
de sua identidade em torno de seus papéis profissionais, e perder ma mais equitativa, investindo em programas de desenvolvimento
esses papéis pode resultar em um profundo senso de desorienta- comunitário, educação e formação profissional que capacitam as
ção e falta de propósito. A psicologia aplicada ao trabalho procura comunidades a se adaptarem às mudanças no mercado de trabalho
entender como essa perda de identidade afeta a autoestima e a e a prosperarem em meio à adversidade.
autoconfiança dos trabalhadores, e busca desenvolver intervenções Sendo assim, as implicações sociais da extinção de funções são
que ajudem a reconstruir uma identidade profissional mais resilien- vastas e complexas, exigindo uma abordagem holística e interdisci-
te e adaptável. plinar para serem compreendidas e abordadas de maneira eficaz. A
Por fim, a extinção de funções muitas vezes impõe uma pres- sociologia aplicada desempenha um papel crucial nesse processo,
são intensa sobre os trabalhadores para se adaptarem a novas rea- oferecendo insights valiosos sobre os impactos sociais da extinção
lidades profissionais. A necessidade de adquirir novas habilidades, de funções e propondo políticas e estratégias que visam promover
competir por empregos escassos e enfrentar a incerteza do merca- uma sociedade mais justa, equitativa e resiliente. Ao reconhecer e
do de trabalho pode ser esmagadora. Nesse contexto, a resiliência enfrentar as desigualdades socioeconômicas, o desemprego estru-
torna-se uma qualidade essencial para os trabalhadores, permi- tural e os desafios na redistribuição de recursos, podemos trabalhar
tindo-lhes enfrentar os desafios com determinação e flexibilida- coletivamente para construir um futuro onde todos os membros da
de. A psicologia aplicada ao trabalho desenvolve estratégias para sociedade tenham a oportunidade de prosperar e alcançar seu ple-
fortalecer a resiliência dos trabalhadores, capacitando-os a superar no potencial.
adversidades e prosperar em ambientes de trabalho em constante
mudança.
288
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
Capítulo 17: Dinâmica Social e Relações Interpessoais no Con- Ao longo deste estudo, destacamos os impactos individuais e
texto da Extinção de Funções sociais da extinção de funções. Desde a perda de identidade profis-
sional até o surgimento de desigualdades socioeconômicas, as con-
Uma das dinâmicas mais evidentes que surgem no contexto sequências desse fenômeno são amplas e profundas. Compreender
da extinção de funções é a intensificação da competição por no- esses impactos é essencial para desenvolver políticas e estratégias
vas oportunidades de emprego. À medida que certas ocupações se que promovam a resiliência dos trabalhadores e mitiguem os efei-
tornam obsoletas e outras emergem em seu lugar, os trabalhado- tos negativos sobre as comunidades afetadas.
res podem se encontrar disputando recursos limitados e posições Outro ponto crucial discutido ao longo deste estudo é a im-
cada vez mais escassas. Essa competição pode gerar tensões e riva- portância do desenvolvimento de estratégias e políticas adequadas
lidades entre colegas de trabalho, criando um ambiente propenso para lidar com a extinção de funções. As organizações precisam es-
a conflitos e divisões. A sociologia aplicada se dedica a entender tar preparadas para enfrentar as mudanças no mercado de traba-
os mecanismos subjacentes a essa competição e a desenvolver lho, investindo em programas de requalificação, apoio emocional e
estratégias para promover a colaboração e a cooperação entre os desenvolvimento de habilidades para seus funcionários. Ao mesmo
trabalhadores, mitigando os efeitos negativos da competição de- tempo, os governos e instituições sociais devem implementar polí-
senfreada. ticas que promovam a inclusão, a igualdade de oportunidades e a
Por outro lado, a extinção de funções também pode impul- proteção social para os trabalhadores em transição.
sionar a colaboração em ambientes de trabalho mais dinâmicos e À medida que avançamos para o futuro, é crucial continuar
adaptativos. À medida que as organizações buscam se ajustar às explorando as complexidades da extinção de funções e suas
mudanças no mercado e às novas demandas dos consumidores, implicações para o mundo do trabalho. Pesquisas futuras podem
os trabalhadores são frequentemente chamados a colaborar em se concentrar em áreas como a adaptação das políticas públicas
projetos interdisciplinares e equipes multifuncionais. Essa colabo- às novas realidades do mercado de trabalho, o papel da educação
ração pode promover a troca de ideias, a inovação e o aprendizado e formação profissional na preparação dos trabalhadores para as
mútuo, fortalecendo os laços entre os membros da equipe e au- mudanças futuras e o impacto das tecnologias emergentes, como a
mentando a eficácia organizacional. A sociologia aplicada examina inteligência artificial e a automação, sobre o emprego e as relações
como as organizações podem cultivar uma cultura de colaboração e de trabalho.
interdependência, incentivando os trabalhadores a compartilharem Com base no que vimos anteriormente podemos afirmar que, a
conhecimentos e experiências em prol de objetivos comuns. extinção de funções no mundo do trabalho é um desafio que exige
Por fim, a extinção de funções também apresenta desafios uma resposta coletiva e coordenada de todos os setores da socieda-
emocionais significativos para os trabalhadores, que precisam lidar de. Ao integrar insights de diversas disciplinas e adotar uma aborda-
com a incerteza, o estresse e a ansiedade associados às mudanças gem centrada no ser humano, podemos desenvolver soluções sus-
no ambiente de trabalho. A gestão adequada das emoções torna-se tentáveis e equitativas que promovam um futuro do trabalho mais
crucial para o bem-estar individual e o desempenho profissional. A justo, inclusivo e resiliente. O caminho adiante pode ser desafiador,
psicologia aplicada ao trabalho investiga estratégias eficazes para mas também oferece oportunidades para criar um ambiente de tra-
lidar com essas emoções, oferecendo técnicas de gerenciamento balho que valorize a dignidade, o bem-estar e o potencial de todos
do estresse, apoio emocional e programas de desenvolvimento pes- os trabalhadores.
soal que capacitam os trabalhadores a enfrentar as adversidades
com resiliência e determinação.
FLEXIBILIZAÇÃO, INFORMALIDADE, TERCEIRIZAÇÃO E PRE-
Em conclusão, a dinâmica social no contexto da extinção de fun-
CARIZAÇÃO DAS CONDIÇÕES DE TRABALHO
ções é complexa e multifacetada, refletindo os desafios e oportuni-
dades inerentes a esse processo de transformação. Ao compreen-
der e abordar as dinâmicas de competição, colaboração e gestão Capítulo 1: Introdução
emocional, podemos promover relações interpessoais saudáveis e
uma dinâmica social positiva dentro dos ambientes de trabalho. A A dinâmica incessante do mundo contemporâneo tem sido
sociologia e a psicologia aplicadas ao trabalho desempenham pa- marcada por uma série de transformações profundas, especialmen-
péis fundamentais nesse processo, oferecendo insights valiosos e te no âmbito das relações laborais. Nesse contexto, a flexibilização
estratégias práticas para cultivar um ambiente de trabalho onde das condições de trabalho emerge como um fenômeno de extrema
os trabalhadores possam prosperar e alcançar seu pleno potencial, relevância, desencadeando reflexões cruciais que atravessam as
mesmo diante das mudanças tumultuadas do mundo moderno. fronteiras da sociologia e da psicologia aplicadas ao trabalho.
Inicialmente, é imperativo compreender o conceito fundamen-
Capítulo 18: Conclusão e Perspectivas Futuras tal de flexibilização. Esta noção não se restringe apenas à simples
adaptação ou modificação das condições laborais, mas sim abrange
Uma das principais lições aprendidas ao longo desta investiga- um conjunto complexo de mudanças que moldam e reconfiguram
ção é a necessidade de uma abordagem holística e interdisciplinar os padrões tradicionais de emprego e organização do trabalho. A
para entender a extinção de funções. Compreender os mecanismos flexibilização pode manifestar-se de diversas formas, desde a diver-
subjacentes a esse fenômeno requer a integração de insights da sificação dos contratos de trabalho até a implementação de horá-
sociologia, psicologia, economia e outras disciplinas relevantes. A rios mais flexíveis e a adoção de modalidades remotas de trabalho.
complexidade dos desafios enfrentados pelos trabalhadores e or- Nesse sentido, torna-se evidente a importância e a relevância
ganizações exige uma análise abrangente que leve em consideração desse fenômeno diante das mudanças sociais, econômicas e tecno-
não apenas os aspectos técnicos, mas também os aspectos sociais, lógicas que caracterizam o mundo contemporâneo. A globalização,
psicológicos e culturais envolvidos. impulsionada pelos avanços tecnológicos e pela interconectividade
289
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
dos mercados, tem promovido uma reestruturação profunda nas dições de trabalho nem sempre beneficia a todos de forma igualitá-
relações laborais, gerando um ambiente de trabalho mais fluido ria. Pelo contrário, pode ampliar ainda mais as lacunas existentes e
e adaptável. É nesse contexto de transformação constante que a reforçar estruturas de poder já estabelecidas.
flexibilização das condições de trabalho surge como uma resposta Desse modo, este capítulo proporciona uma imersão profunda
dinâmica e adaptativa às demandas do mercado globalizado. na perspectiva sociológica da flexibilização das condições de tra-
O presente texto tem como objetivo principal explorar as im- balho. Ao examinar as raízes, os contextos e as implicações desse
plicações amplas desse fenômeno multifacetado, oferecendo uma fenômeno, somos capazes de capturar a complexidade e a dinâmi-
análise abrangente e detalhada sob diferentes perspectivas disci- ca das transformações que moldam o mundo do trabalho na era
plinares. Através de uma abordagem interdisciplinar, pretendemos contemporânea.
lançar luz sobre as complexidades inerentes à flexibilização das
condições de trabalho, investigando suas implicações sociológicas, Capítulo 3: Facetas da Flexibilização e suas Implicações Socio-
psicológicas e econômicas. lógicas
Ao longo deste trabalho, serão apresentados argumentos em-
basados e evidências empíricas que buscam lançar uma nova luz Uma das manifestações mais visíveis da flexibilização é a di-
sobre este fenômeno emergente. A compreensão aprofundada da versificação dos contratos de trabalho. Antes caracterizados pre-
flexibilização das condições de trabalho não apenas nos permitirá dominantemente por contratos de tempo integral e permanência
capturar sua complexidade e dinâmica, mas também nos capacitará prolongada em uma única empresa, os contratos de trabalho agora
a propor estratégias e políticas eficazes para lidar com os desafios e assumem formas mais fluidas e variadas. Desde o trabalho tem-
oportunidades que ela apresenta. porário até o modelo de gig economy, onde os trabalhadores são
Portanto, este capítulo introdutório serve como ponto de parti- contratados por tarefas específicas, essa diversificação reflete uma
da para uma jornada intelectual que nos levará a explorar as nuan- mudança fundamental na natureza das relações laborais.
ces e as ramificações da flexibilização das condições de trabalho Essa fragmentação dos contratos de trabalho tem profundas
sob diferentes prismas. Ao longo dos próximos capítulos, mergu- ramificações na estrutura hierárquica tradicional das organizações.
lharemos mais fundo nesse universo multifacetado, buscando com- Enquanto antes a ascensão na carreira estava intimamente ligada à
preender suas implicações sociais, econômicas e psicológicas, bem permanência e dedicação a uma única empresa, agora vemos uma
como suas consequências para o futuro do trabalho e da sociedade valorização crescente da agilidade e adaptabilidade. Os horários
como um todo. mais flexíveis e a possibilidade de trabalhar remotamente são as-
pectos adicionais dessa reconfiguração, desafiando as noções tradi-
Capítulo 2: Perspectiva Sociológica da Flexibilização cionais de autoridade e controle no ambiente de trabalho.
No entanto, é importante reconhecer que a flexibilização das
Para compreendermos plenamente a flexibilização das con- condições de trabalho não afeta todos os grupos sociais da mes-
dições de trabalho, é essencial contextualizá-la dentro do cenário ma forma. Uma análise sociológica aprofundada revela disparida-
mais amplo das mudanças sociais e econômicas que caracterizam des significativas em termos de acesso e oportunidades. Grupos
a era globalizada. A globalização, impulsionada pelos avanços tec- historicamente marginalizados, como mulheres, minorias étnicas e
nológicos e pela interconexão dos mercados, emerge como um dos pessoas com deficiência, podem enfrentar barreiras adicionais ao
principais catalisadores desse processo. A crescente interdepen- tentar se adaptar a essas novas formas de trabalho flexível.
dência econômica entre os países e a intensificação dos fluxos de A discussão sobre equidade e inclusão no ambiente profissio-
capital e informação criam um ambiente propício para a redefinição nal torna-se, portanto, crucial. A sociologia aplicada ao trabalho
das dinâmicas de produção e organização do trabalho. busca não apenas identificar essas disparidades, mas também pro-
Nesse contexto, observa-se uma transição gradual de estrutu- por estratégias e políticas para mitigar essas desigualdades e pro-
ras ocupacionais rígidas e hierárquicas para um modelo mais flexí- mover um ambiente de trabalho mais justo e inclusivo para todos
vel e adaptável. A diversificação dos contratos de trabalho, a imple- os indivíduos.
mentação de horários flexíveis e o crescimento do trabalho remoto Ao longo deste capítulo, exploramos as diferentes facetas da
são algumas das manifestações dessa tendência. Essas mudanças flexibilização das condições de trabalho e suas profundas implica-
não apenas reconfiguram a estrutura tradicional do mercado de tra- ções sociológicas. Desde a reconfiguração da estrutura hierárquica
balho, mas também têm implicações profundas na distribuição de até as disparidades de acesso e oportunidade, cada aspecto dessa
recursos e na mobilidade social. transformação nos convida a refletir sobre os desafios e as opor-
A análise sociológica da flexibilização das condições de traba- tunidades que surgem em um mundo do trabalho em constante
lho destaca a importância de compreender como essas mudanças evolução.
impactam a estratificação ocupacional e as oportunidades de mobi-
lidade social. À medida que novas formas de trabalho emergem e se Capítulo 4: Perspectiva Psicológica da Flexibilização e Bem-Es-
consolidam, surgem também novas hierarquias e padrões de estra- tar dos Trabalhadores
tificação no mundo profissional. Grupos sociais antes marginaliza-
dos podem encontrar novas oportunidades de inserção, enquanto A transição para modelos mais flexíveis de trabalho muitas ve-
outros podem enfrentar novos obstáculos e desafios. zes é acompanhada por uma variedade de desafios emocionais. O
Além disso, a sociologia aplicada ao trabalho investiga como di- estresse associado à incerteza profissional, por exemplo, pode ser
ferentes grupos sociais são afetados de maneira desigual por essas avassalador. A sensação de não ter uma rotina previsível e a cons-
transformações. A análise das disparidades de gênero, raça, classe tante adaptação a novas demandas podem contribuir para um am-
e outras formas de desigualdade revela que a flexibilização das con-
290
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
biente emocionalmente desgastante. Além disso, a pressão para No entanto, é crucial reconhecer que a flexibilização do traba-
equilibrar as demandas profissionais com responsabilidades pes- lho não é uma solução universal e que suas implicações podem va-
soais pode gerar ansiedade e conflito interno. riar significativamente de um indivíduo para outro. Enquanto alguns
Nesse contexto, a psicologia aplicada desempenha um papel trabalhadores podem prosperar com a autonomia e o empodera-
fundamental na identificação e abordagem desses desafios. Estra- mento proporcionados pela flexibilização, outros podem sentir-se
tégias de coping são essenciais para ajudar os trabalhadores a lidar sobrecarregados pela responsabilidade adicional de gerenciar seu
com o estresse e a incerteza. Isso pode incluir a promoção de téc- próprio tempo e trabalho. Portanto, é essencial adotar uma abor-
nicas de relaxamento, mindfulness e gestão do tempo para ajudar dagem individualizada que leve em consideração as necessidades
os trabalhadores a desenvolver habilidades de enfrentamento efi- e preferências de cada trabalhador, garantindo que a flexibilização
cazes. seja verdadeiramente capacitadora para todos.
Além disso, o desenvolvimento de habilidades emocionais é Além disso, o equilíbrio emocional emerge como um compo-
crucial para fortalecer a resiliência dos indivíduos diante dos desa- nente essencial para sustentar a flexibilização das condições de
fios do trabalho flexível. Isso pode envolver a prática da inteligência trabalho. A liberdade e a autonomia podem trazer consigo desa-
emocional, que permite aos trabalhadores reconhecer e regular fios emocionais, como a necessidade de lidar com a incerteza e a
suas próprias emoções, bem como compreender e responder às pressão autoimposta para manter altos padrões de desempenho.
emoções dos outros de maneira construtiva. O apoio emocional e Portanto, é crucial promover estratégias de autocuidado e apoio
o estabelecimento de redes de suporte também desempenham um emocional para ajudar os trabalhadores a desenvolver habilidades
papel importante na promoção do bem-estar psicológico no local de resiliência e enfrentamento, garantindo que possam prosperar
de trabalho. em um ambiente caracterizado pela mudança e pela flexibilidade.
É importante reconhecer que a flexibilidade no trabalho pode Entretanto, a autonomia e o empoderamento são pilares fun-
ser percebida de maneira diferente por diferentes trabalhadores. damentais da flexibilização das condições de trabalho, oferecendo
Enquanto alguns podem ver a autonomia proporcionada pela aos trabalhadores a oportunidade de moldar sua vida profissional
flexibilização como uma oportunidade de empoderamento, de acordo com suas próprias necessidades e aspirações. No en-
outros podem sentir-se sobrecarregados pela responsabilidade tanto, para garantir que essa transformação seja verdadeiramente
adicional de gerenciar seu próprio tempo e trabalho. Portanto, capacitadora, é essencial equilibrar a flexibilidade com o suporte
uma abordagem individualizada que leve em consideração as emocional necessário para sustentar um ambiente de trabalho sau-
necessidades e preferências de cada trabalhador é essencial para dável e produtivo.
promover um ambiente de trabalho saudável e produtivo.
Ao explorar a perspectiva psicológica da flexibilização das con- Capítulo 6: Competências para Ambientes Flexíveis
dições de trabalho, torna-se evidente a importância de abordagens
holísticas que considerem tanto os aspectos emocionais quanto A comunicação eficaz emerge como uma competência crucial
práticos dessa transformação. Ao fornecer suporte emocional, de- para navegar em ambientes de trabalho flexíveis. Com equipes dis-
senvolver habilidades de enfrentamento e promover uma cultura persas geograficamente e interações cada vez mais virtuais, a ca-
de bem-estar no local de trabalho, podemos ajudar os trabalhado- pacidade de transmitir informações de forma clara e concisa, bem
res a prosperar em um ambiente caracterizado pela flexibilidade e como de interpretar adequadamente as mensagens recebidas, tor-
mudança constantes. na-se fundamental para a colaboração efetiva e o alcance dos ob-
jetivos organizacionais. Além disso, a comunicação eficaz facilita a
Capítulo 5: Autonomia, Empoderamento e Equilíbrio Emocio- construção de relacionamentos interpessoais sólidos, promovendo
nal um clima de confiança e coesão dentro da equipe.
A gestão do tempo é outra competência essencial para pros-
A autonomia é uma dimensão fundamental da flexibilização perar em ambientes flexíveis. Com a liberdade de determinar seus
das condições de trabalho. A capacidade dos trabalhadores de de- próprios horários e prioridades, os trabalhadores precisam ser
terminar quando, onde e como realizam suas tarefas confere-lhes capazes de organizar suas tarefas de forma eficiente e produtiva.
um senso de controle sobre seu ambiente de trabalho. Essa auto- Isso requer habilidades de planejamento e priorização, bem como
nomia não apenas aumenta a satisfação no trabalho, mas também a capacidade de manter o foco e a disciplina para cumprir prazos
pode promover um maior envolvimento e comprometimento com e metas estabelecidas. Uma gestão eficaz do tempo não apenas
as tarefas atribuídas. Ao permitir que os trabalhadores sejam os ar- aumenta a produtividade individual, mas também contribui para o
quitetos de sua própria agenda, a flexibilização cria um ambiente sucesso geral da equipe e da organização.
que valoriza a responsabilidade e a autorregulação. Além disso, a resiliência diante da incerteza emerge como uma
Além disso, a flexibilização pode ser percebida como uma opor- competência fundamental em ambientes de trabalho flexíveis. Com
tunidade de empoderamento para os trabalhadores. Ao conceder- a rápida evolução das tecnologias e das demandas do mercado, os
-lhes maior controle sobre suas vidas profissionais, essa abordagem trabalhadores precisam ser capazes de se adaptar rapidamente a
desafia as estruturas hierárquicas tradicionais e capacita os indiví- novas situações e superar obstáculos inesperados. Isso requer uma
duos a assumirem um papel mais ativo em sua carreira. O empode- mentalidade flexível e uma disposição para aprender e se desenvol-
ramento resultante não se limita apenas ao ambiente de trabalho, ver continuamente, mesmo em face de desafios e adversidades. A
mas também pode se estender a outras áreas da vida, à medida que resiliência não apenas fortalece a capacidade dos trabalhadores de
os trabalhadores se tornam mais capazes de equilibrar suas respon- lidar com a mudança, mas também os capacita a transformar desa-
sabilidades profissionais e pessoais de acordo com suas próprias fios em oportunidades de crescimento e desenvolvimento pessoal.
necessidades e preferências.
291
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
Em suma, as competências para ambientes flexíveis são es- Capítulo 8: Facetas da Informalidade e suas Implicações Socio-
senciais para o sucesso profissional no mundo contemporâneo. A lógicas
comunicação eficaz, gestão do tempo e resiliência são habilidades
fundamentais que capacitam os trabalhadores a se adaptarem às Para começar nossa jornada de exploração, é crucial entender
demandas em constante evolução do mercado de trabalho, pro- os diferentes arranjos laborais informais que permeiam o merca-
movendo a colaboração, coesão e realização de objetivos organiza- do de trabalho atual. Contratos temporários, trabalho autônomo,
cionais. Ao desenvolver e aprimorar essas competências, os profis- freelancing e o uso crescente de plataformas digitais para prestação
sionais estarão mais bem preparados para enfrentar os desafios da de serviços são apenas algumas das formas pelas quais a informa-
flexibilidade laboral e prosperar em suas carreiras. lidade se manifesta. Cada uma dessas modalidades traz consigo
particularidades e desafios únicos, que influenciam diretamente a
Capítulo 7: Perspectiva Sociológica da Informalidade no Traba- experiência dos trabalhadores envolvidos.
lho Além da diversidade de arranjos laborais, é essencial examinar
como a informalidade afeta a percepção de identidade profissional
Para contextualizar adequadamente a emergência da informa- dos trabalhadores. Em um contexto onde as relações de trabalho
lidade laboral, é essencial considerar o cenário sócio-histórico no são mais fluidas e menos estruturadas, a noção tradicional de em-
qual ela se insere. As últimas décadas testemunharam um rápido prego estável e carreira linear dá lugar a uma visão mais fragmen-
avanço tecnológico e uma intensificação dos processos de globali- tada e volátil da trajetória profissional. A identidade do trabalhador
zação econômica. Essas mudanças promoveram uma reconfigura- torna-se mais fluida, moldada não apenas pela função que desem-
ção profunda nas estruturas ocupacionais e nas relações laborais, penha, mas também pelos diferentes papéis que assume ao longo
abrindo espaço para formas de trabalho mais flexíveis e fragmen- de sua jornada laboral.
tadas. A coesão entre os trabalhadores é outro aspecto fundamental
O avanço das tecnologias de comunicação e a popularização da a ser considerado. Em ambientes laborais informais, onde as rela-
internet foram catalisadores significativos desse processo. Platafor- ções são menos formais e mais transitórias, a solidariedade entre os
mas digitais e aplicativos facilitaram a conexão entre trabalhadores trabalhadores pode ser desafiada. A competição por oportunidades
e demandantes de serviços, criando novas oportunidades de tra- de trabalho e recursos pode minar os laços de colaboração e apoio
balho autônomo e freelancing. Essa descentralização do mercado mútuo, tornando mais difícil a formação de comunidades laborais
de trabalho rompeu com as tradicionais relações hierárquicas entre sólidas e coesas.
empregadores e empregados, dando origem a uma miríade de ar- Além disso, a informalidade das condições de trabalho traz
ranjos laborais informais. consigo uma série de questões relacionadas à equidade e inclu-
No entanto, a informalidade não é apenas uma resposta às são no ambiente profissional. Grupos sociais historicamente mar-
mudanças tecnológicas. Ela também é moldada por fatores eco- ginalizados, como mulheres, minorias étnicas e imigrantes, muitas
nômicos e políticos, que influenciam a distribuição de recursos e vezes são empurrados para o trabalho informal devido a barreiras
oportunidades. A crescente flexibilização econômica, marcada pela estruturais e discriminação no mercado de trabalho formal. Isso cria
precarização do trabalho e pela redução dos direitos trabalhistas, disparidades significativas em termos de acesso a oportunidades
tem impulsionado a proliferação do trabalho informal como uma de trabalho, remuneração justa e proteção social, aprofundando as
forma de sobrevivência em meio à incerteza econômica. desigualdades existentes na sociedade.
Sob a ótica sociológica, a informalidade é vista como um fe- Diante desse panorama complexo, é imperativo que a sociolo-
nômeno que permeia todas as esferas da sociedade, impactando gia desempenhe um papel ativo na compreensão e enfrentamento
desde os indivíduos mais vulneráveis até as estruturas mais consoli- dos desafios apresentados pela informalidade das condições de tra-
dadas. Ela desafia as noções tradicionais de estratificação ocupacio- balho. Ao lançar luz sobre as múltiplas facetas desse fenômeno e
nal, criando novas barreiras para a mobilidade social e redefinindo suas implicações sociológicas, podemos avançar na construção de
as dinâmicas de poder no mercado de trabalho. ambientes laborais mais justos, equitativos e inclusivos, onde todos
A teoria sociológica contemporânea oferece uma série de os trabalhadores possam prosperar e contribuir para o desenvolvi-
lentes analíticas para entender a complexidade da informalidade. mento social e econômico.
Abordagens como a teoria do conflito, a teoria da estratificação so-
cial e a teoria do interacionismo simbólico lançam luz sobre diferen- Capítulo 9: Perspectiva Psicológica da Informalidade e Bem-Es-
tes aspectos desse fenômeno, permitindo uma compreensão mais tar dos Trabalhadores
abrangente de suas implicações sociais e políticas.
Ao explorar a perspectiva sociológica da informalidade no tra- Os trabalhadores informais enfrentam uma série de desafios
balho, é fundamental não apenas compreender suas origens e dinâ- emocionais decorrentes da natureza instável e precária de seus
micas, mas também buscar formas de mitigar seus impactos negati- empregos. A falta de segurança no emprego e a incerteza quanto
vos e promover ambientes de trabalho mais justos e equitativos. A à estabilidade financeira são fontes significativas de estresse e an-
sociologia oferece insights valiosos nesse sentido, fornecendo uma siedade. A constante preocupação com a próxima fonte de renda e
base teórica sólida para o desenvolvimento de políticas públicas e a ausência de benefícios como plano de saúde e previdência social
estratégias organizacionais que buscam enfrentar os desafios colo- podem gerar sentimentos de vulnerabilidade e insegurança.
cados pela informalidade nas condições de trabalho. A psicologia aplicada ao trabalho busca desenvolver estratégias
para fortalecer a resiliência dos trabalhadores informais diante des-
ses desafios. O desenvolvimento de habilidades de enfrentamento,
como a capacidade de lidar com a incerteza e a adversidade, é fun-
damental para ajudar os trabalhadores a enfrentar as dificuldades
292
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
emocionais associadas à informalidade. Além disso, o apoio social e ainda mais vulneráveis e marginalizados devido à falta de proteção
a rede de suporte entre os trabalhadores podem desempenhar um e apoio. A necessidade de equilibrar a liberdade profissional com a
papel importante na promoção do bem-estar psicológico. estabilidade emocional torna-se evidente neste contexto, destacan-
A autonomia proporcionada pelo trabalho informal pode ser do a importância de abordar as dimensões psicológicas do trabalho
percebida como uma oportunidade de liberdade e flexibilidade pro- informal.
fissional. No entanto, é importante reconhecer que nem todos os O equilíbrio emocional é fundamental para garantir que os be-
trabalhadores respondem da mesma forma a essa autonomia. Para nefícios da autonomia e do empoderamento sejam maximizados e
alguns, a falta de estrutura e supervisão pode gerar sentimentos de que os desafios emocionais associados ao trabalho informal sejam
isolamento e sobrecarga, enquanto para outros pode representar mitigados. Estratégias de autocuidado, como a prática regular de
uma fonte de empoderamento e realização pessoal. atividades de relaxamento, a busca por apoio social e a criação de
A psicologia aplicada ao trabalho também destaca a impor- limites claros entre trabalho e vida pessoal, podem ajudar os traba-
tância de promover o equilíbrio emocional dos trabalhadores in- lhadores a lidar com o estresse e a ansiedade decorrentes da infor-
formais. A busca por um equilíbrio saudável entre trabalho e vida malidade das condições de trabalho.
pessoal é essencial para prevenir o esgotamento profissional e Portanto, a informalidade das condições de trabalho tem um
promover uma sensação de bem-estar geral. Estratégias como o impacto significativo na autonomia, no empoderamento e no equi-
estabelecimento de limites claros entre trabalho e vida pessoal, o líbrio emocional dos trabalhadores. Ao reconhecer e abordar esses
desenvolvimento de hobbies e atividades de lazer e a prática regu- aspectos, podemos criar ambientes de trabalho mais saudáveis,
lar de autocuidado são fundamentais para garantir um ambiente de produtivos e gratificantes para todos os trabalhadores, indepen-
trabalho saudável e sustentável. dentemente de seu status de emprego.
Em suma, a perspectiva psicológica da informalidade das con-
dições de trabalho oferece insights valiosos sobre os desafios emo- Capítulo 11: Competências para Ambientes Informais
cionais enfrentados pelos trabalhadores informais e as estratégias
para promover seu bem-estar psicológico. Ao reconhecer e abor- A comunicação eficaz é uma competência fundamental para
dar esses desafios de forma adequada, podemos contribuir para a o sucesso em ambientes de trabalho informais. Em um contexto
construção de ambientes de trabalho mais saudáveis, produtivos e onde as relações são menos formais e mais fluidas, a capacidade
gratificantes para todos os trabalhadores, independentemente de de expressar ideias de forma clara e concisa, ouvir atentamente os
seu status de emprego. outros e resolver conflitos de maneira construtiva é essencial para
manter a produtividade e a harmonia no ambiente de trabalho. Os
Capítulo 10: Autonomia, Empoderamento e Equilíbrio Emocio- trabalhadores informais frequentemente colaboram com uma va-
nal riedade de colegas e clientes, tornando a comunicação eficaz uma
habilidade indispensável para o sucesso profissional.
A autonomia é uma das características mais marcantes do tra- Além disso, a gestão do tempo é uma competência crucial para
balho informal. Para muitos trabalhadores, a capacidade de deter- os trabalhadores informais, que muitas vezes precisam equilibrar
minar seus próprios horários, escolher os clientes e decidir sobre múltiplos projetos e responsabilidades simultaneamente. A capa-
os projetos nos quais desejam trabalhar representa uma fonte de cidade de priorizar tarefas, estabelecer metas realistas e gerenciar
liberdade e flexibilidade profissional. Essa autonomia proporciona- eficientemente o tempo disponível é fundamental para garantir a
da pelo trabalho informal pode ser percebida como uma oportuni- conclusão oportuna das atividades e evitar a sobrecarga de traba-
dade de escapar das restrições do emprego tradicional e assumir o lho. A gestão eficaz do tempo permite aos trabalhadores informais
controle de sua própria carreira. manter um equilíbrio saudável entre vida pessoal e profissional, re-
No entanto, é importante reconhecer que a autonomia nem duzindo o estresse e aumentando a produtividade.
sempre é igualmente benéfica para todos os trabalhadores infor- Outra competência essencial para os trabalhadores informais
mais. Enquanto alguns podem se sentir empoderados pela liber- é a resiliência. Em um ambiente caracterizado pela incerteza e pela
dade de escolha e pela capacidade de moldar seu próprio destino falta de segurança no emprego, é importante que os trabalhadores
profissional, outros podem se sentir sobrecarregados pela respon- desenvolvam a capacidade de lidar com os desafios e contratempos
sabilidade e pela falta de estrutura e suporte. A capacidade de lidar de forma construtiva. A resiliência permite aos trabalhadores en-
com essa autonomia varia de pessoa para pessoa e pode ser in- frentar a adversidade com determinação e flexibilidade, adaptan-
fluenciada por uma série de fatores, incluindo personalidade, expe- do-se rapidamente às mudanças e aprendendo com as experiências
riência anterior e contexto socioeconômico. negativas. Ao desenvolver essa habilidade, os trabalhadores infor-
Além da autonomia, o trabalho informal também pode forne- mais podem se fortalecer emocionalmente e se manter motivados
cer uma oportunidade de empoderamento para os trabalhadores, e focados em seus objetivos profissionais.
especialmente para aqueles que anteriormente enfrentavam bar- É importante destacar que essas competências não são apenas
reiras significativas no mercado de trabalho formal. Mulheres, mi- importantes para os trabalhadores informais individualmente,
norias étnicas, imigrantes e outros grupos marginalizados muitas mas também desempenham um papel crucial na promoção
vezes encontram no trabalho informal uma maneira de ganhar in- da colaboração e coesão nas equipes de trabalho informais. A
dependência econômica e social, desafiando as estruturas de poder comunicação eficaz, a gestão do tempo e a resiliência permitem
tradicionais e assumindo um papel mais ativo na economia. que os membros da equipe trabalhem de forma mais eficiente e
No entanto, é importante reconhecer que o empoderamento harmoniosa juntos, superando os desafios e alcançando os objetivos
não é um processo linear e homogêneo. Enquanto alguns trabalha- comuns. Ao cultivar essas competências em todos os níveis de uma
dores informais podem experimentar um aumento na autoestima e
na sensação de controle sobre suas vidas, outros podem se sentir
293
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
organização informal, os trabalhadores podem criar um ambiente nas respostas individuais à terceirização e a importância de encon-
de trabalho mais produtivo, colaborativo e gratificante para todos trar um equilíbrio entre a liberdade profissional e o bem-estar emo-
os envolvidos. cional para garantir ambientes de trabalho produtivos e saudáveis.
Concluindo, as competências discutidas neste capítulo desem-
penham um papel fundamental na capacidade dos trabalhadores Capítulo 13: Perspectiva Sociológica da Terceirização
informais de prosperar em um ambiente dinâmico e desafiador.
Ao desenvolver habilidades como comunicação eficaz, gestão do Para entender plenamente a terceirização, é essencial exa-
tempo e resiliência, os trabalhadores podem enfrentar os desafios minar suas origens e as forças motrizes por trás desse fenômeno.
da informalidade com confiança e alcançar o sucesso profissional e Desde suas raízes históricas até sua manifestação contemporânea,
pessoal em suas carreiras. a terceirização é impulsionada por uma série de fatores interconec-
tados, como avanço tecnológico e globalização, que moldam o ce-
Capítulo 12: Inicializando à Terceirização das Condições de Tra- nário laboral atual.
balho A terceirização não apenas reconfigura as estruturas organiza-
cionais, mas também tem um impacto profundo na estratificação
Na era contemporânea, a terceirização das condições de traba- ocupacional e nas dinâmicas sociais dentro das organizações. Ao ex-
lho se apresenta como um fenômeno de profunda relevância, cuja ternalizar funções e serviços, as empresas muitas vezes criam novas
análise se mostra cada vez mais imperativa à luz das transforma- camadas na hierarquia de emprego, o que influencia a distribuição
ções socioeconômicas e culturais em curso. Este capítulo inaugural de poder e recursos no local de trabalho. Trabalhadores terceiri-
se propõe a desvendar as nuances desse paradigma emergente, zados podem enfrentar condições de trabalho precárias e falta de
destacando suas características centrais e sua significância no pa- proteção social, aumentando a desigualdade socioeconômica e afe-
norama laboral atual. Mais do que isso, delinearemos os objetivos tando a coesão social.
fundamentais desta obra, que visa aprofundar o entendimento da Um aspecto crucial a ser considerado é o impacto nas desigual-
terceirização sob as lentes da sociologia e psicologia aplicadas ao dades socioeconômicas. A terceirização pode ampliar disparidades
trabalho. entre os trabalhadores, afetando grupos marginalizados, como
Para compreender plenamente o fenômeno da terceirização mulheres, minorias étnicas e imigrantes. Estes frequentemente en-
das condições de trabalho, é crucial situá-lo dentro de seu contexto frentam condições de trabalho precárias e falta de proteção legal,
socioeconômico mais amplo. Desde suas origens históricas até sua intensificando as desigualdades existentes.
manifestação contemporânea, a terceirização tem sido impulsiona- Ao explorarmos a perspectiva sociológica da terceirização, bus-
da por uma série de fatores, que vão desde avanços tecnológicos camos compreender seus desafios e oportunidades. Esta análise
até mudanças nas práticas de gestão empresarial. Neste capítulo, detalhada nos ajudará a esclarecer questões fundamentais e iden-
mergulharemos nas raízes e evolução desse fenômeno, identifican- tificar caminhos para ambientes de trabalho mais justos, inclusivos
do suas principais implicações para as relações laborais e organiza- e sustentáveis.
cionais.
Sob a ótica da sociologia aplicada ao trabalho, a terceirização Capítulo 14: Facetas da Terceirização e Implicações Sociológicas
emerge como um objeto de estudo complexo e multifacetado. Este
capítulo se dedicará a explorar as razões subjacentes e os contex- Um aspecto fundamental a ser abordado é a natureza diversifi-
tos que impulsionam a terceirização, examinando suas ramificações cada dos arranjos laborais terceirizados. Contratos de trabalho pre-
nas estruturas organizacionais e nas dinâmicas sociais. Além disso, cários, terceirização de funções essenciais e a crescente dependên-
investigaremos como a terceirização influencia a estratificação ocu- cia de trabalhadores temporários são apenas algumas das formas
pacional, a distribuição de recursos e as relações de poder dentro pelas quais a terceirização se manifesta no ambiente de trabalho
das organizações. Ao final desta análise, teremos uma compreen- moderno. Ao analisar cada uma dessas facetas, examinaremos de
são mais profunda das implicações sociológicas da terceirização das perto como elas moldam a dinâmica do emprego e afetam a vida
condições de trabalho. dos trabalhadores.
A terceirização das condições de trabalho não se limita apenas Além disso, exploraremos como a terceirização impacta a iden-
a transformações estruturais; ela também tem implicações signifi- tidade profissional dos trabalhadores. Em um ambiente onde as
cativas para o bem-estar psicológico dos trabalhadores envolvidos. relações de trabalho são mais fragmentadas e transitórias, a no-
Neste capítulo, exploraremos os desafios emocionais enfrentados ção tradicional de carreira estável e progressão linear é desafiada.
pelos trabalhadores terceirizados, desde a ansiedade e insegurança A terceirização pode levar os trabalhadores a se identificarem não
até o impacto na saúde mental. A partir de uma análise profunda, apenas com uma função específica, mas também com uma série de
buscaremos identificar estratégias de enfrentamento e desenvolvi- papéis e responsabilidades, muitas vezes desvinculados da empresa
mento de habilidades emocionais que fortaleçam a resiliência dos empregadora direta. Este fenômeno complexo será examinado em
indivíduos diante desses desafios, contribuindo para a promoção de detalhes para entender como ele influencia a autoimagem e a satis-
ambientes de trabalho mais saudáveis e sustentáveis. fação no trabalho dos indivíduos.
No contexto da terceirização, conceitos como autonomia e em- Outro ponto crucial a ser discutido são as questões de equi-
poderamento ganham novas dimensões. Este capítulo se propõe a dade e inclusão que surgem no contexto da terceirização. Grupos
explorar como a terceirização pode ser percebida como uma opor- sociais marginalizados, como mulheres, minorias étnicas e imigran-
tunidade de flexibilidade e liberdade profissional para alguns traba- tes, frequentemente enfrentam obstáculos adicionais quando se
lhadores, enquanto para outros representa um desafio à estabilida- trata de garantir condições de trabalho justas e proteção legal em
de emocional e financeira. Buscaremos entender as variabilidades
294
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
arranjos terceirizados. Investigaremos como essas disparidades se balho. No entanto, essa autonomia pode vir acompanhada de uma
manifestam e discutiremos estratégias para mitigar esses efeitos e sensação de precariedade, uma vez que os trabalhadores terceiri-
promover um ambiente de trabalho mais igualitário e inclusivo. zados enfrentam uma falta de estabilidade no emprego e podem
Por meio desta análise aprofundada das múltiplas facetas da ser facilmente substituídos ou dispensados. Exploraremos como
terceirização e suas implicações sociológicas, esperamos obter insi- essa autonomia relativa pode ser percebida como uma faca de dois
ghts valiosos sobre os desafios e oportunidades apresentados por gumes, oferecendo flexibilidade profissional, mas também gerando
esse fenômeno. Ao entender melhor as complexidades da tercei- ansiedade e insegurança em relação ao futuro.
rização, podemos trabalhar em direção a soluções mais eficazes e Além disso, abordaremos o conceito de empoderamento no
políticas que promovam ambientes de trabalho mais justos e sus- contexto da terceirização. Embora alguns trabalhadores terceiriza-
tentáveis para todos os trabalhadores. dos possam se sentir capacitados pela flexibilidade e variedade de
oportunidades que esse arranjo oferece, outros podem experimen-
Capítulo 15: Perspectiva Psicológica da Terceirização e Bem-Es- tar uma diminuição do poder e da agência em relação aos emprega-
tar dos Trabalhadores dores, devido à falta de estabilidade e às condições precárias de tra-
balho. Analisaremos como a terceirização pode moldar a percepção
Um dos principais desafios enfrentados pelos trabalhadores de empoderamento dos trabalhadores e como isso pode influenciar
terceirizados é a insegurança no emprego. Contratos precários e a sua motivação e satisfação no trabalho.
natureza temporária do emprego podem gerar ansiedade e estres- Por fim, examinaremos a importância do equilíbrio emocional
se, deixando os trabalhadores em constante estado de incerteza em na terceirização das condições de trabalho. A instabilidade e a in-
relação ao seu futuro profissional. A falta de estabilidade financeira certeza associadas à terceirização podem criar um ambiente emo-
também é uma preocupação significativa, já que os trabalhadores cionalmente desafiador para os trabalhadores, levando ao estresse,
terceirizados muitas vezes enfrentam salários mais baixos e bene- ansiedade e até mesmo problemas de saúde mental. Discutiremos
fícios limitados em comparação com seus colegas contratados di- estratégias para promover o equilíbrio emocional dos trabalhado-
retamente pelas empresas. Esses fatores podem ter um impacto res terceirizados, incluindo a importância do apoio social, a prática
negativo no bem-estar psicológico dos trabalhadores, contribuindo de técnicas de gerenciamento do estresse e a busca por um senso
para sentimentos de desesperança e falta de controle sobre suas de propósito e significado no trabalho.
vidas profissionais. Ao explorar o impacto da terceirização nas noções de autono-
Diante desses desafios, é crucial desenvolver estratégias para mia, empoderamento e equilíbrio emocional, esperamos fornecer
fortalecer a resiliência dos trabalhadores terceirizados e promover uma visão abrangente das complexidades desse fenômeno e identi-
sua saúde mental. A psicologia aplicada ao trabalho oferece insights ficar maneiras de promover ambientes de trabalho mais saudáveis
valiosos sobre como os indivíduos podem enfrentar esses desafios e sustentáveis para todos os trabalhadores, independentemente de
de forma eficaz. Isso pode incluir o desenvolvimento de habilidades sua forma de emprego.
de enfrentamento, como a busca por apoio social e a prática de
técnicas de manejo do estresse. Além disso, programas de apoio Capítulo 17: Competências para Ambientes Terceirizados
psicológico e intervenções no local de trabalho podem fornecer re-
cursos adicionais para ajudar os trabalhadores terceirizados a lidar A comunicação eficaz é um dos pilares fundamentais para o
com os desafios emocionais associados à terceirização. sucesso em ambientes de trabalho terceirizados. A capacidade de
É importante reconhecer que as respostas individuais à transmitir informações de forma clara e precisa, tanto verbalmente
terceirização podem variar amplamente, dependendo de uma quanto por escrito, é essencial para garantir que as equipes de tra-
série de fatores, incluindo personalidade, experiências passadas e balho terceirizadas possam colaborar de forma eficiente e coorde-
suporte social disponível. Portanto, as estratégias para promover nada. Neste capítulo, exploraremos as nuances da comunicação em
o bem-estar psicológico dos trabalhadores terceirizados devem contextos terceirizados, considerando os desafios adicionais apre-
ser adaptadas às necessidades individuais de cada trabalhador. sentados pela distância física, diferenças culturais e linguísticas e a
Isso pode exigir uma abordagem personalizada que leve em dependência de tecnologias de comunicação remota.
consideração as circunstâncias únicas de cada indivíduo e ofereça A gestão do tempo é outra competência crucial para os tra-
suporte adequado para ajudá-los a enfrentar os desafios emocionais balhadores terceirizados, que muitas vezes precisam equilibrar
da terceirização. múltiplas tarefas e prioridades em ambientes dinâmicos e fluidos.
Ao explorar a perspectiva psicológica da terceirização das con- Analisaremos estratégias eficazes para gerenciar o tempo de for-
dições de trabalho, esperamos não apenas identificar os desafios ma eficiente, incluindo a definição de metas claras, a priorização
enfrentados pelos trabalhadores terceirizados, mas também desen- de atividades e o desenvolvimento de técnicas de organização pes-
volver estratégias eficazes para promover seu bem-estar psicológi- soal. Além disso, consideraremos como a gestão do tempo pode
co. Ao fazê-lo, podemos criar ambientes de trabalho mais saudáveis ser influenciada por fatores externos, como prazos apertados e de-
e sustentáveis para todos os trabalhadores, independentemente de mandas imprevistas, e como os trabalhadores terceirizados podem
sua forma de emprego. adaptar suas estratégias de gerenciamento do tempo para lidar
com essas pressões adicionais.
Capítulo 16: Autonomia, Empoderamento e Equilíbrio Emocio- A resiliência é uma qualidade essencial para os trabalhadores
nal na Terceirização terceirizados, que frequentemente enfrentam incertezas e adversi-
dades em seu ambiente de trabalho. Exploraremos como a resiliên-
A autonomia é uma característica frequentemente associada à cia pode ser cultivada e fortalecida por meio do desenvolvimento
terceirização, visto que os trabalhadores terceirizados muitas vezes de habilidades de enfrentamento, autoconhecimento e apoio so-
têm maior controle sobre suas próprias tarefas e horários de tra-
295
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
cial. Além disso, discutiremos a importância de promover uma cul- lógicas. Ao final deste estudo, espera-se contribuir para um enten-
tura organizacional que valorize a resiliência e ofereça suporte aos dimento mais profundo da precarização e para o desenvolvimento
trabalhadores terceirizados durante momentos de dificuldade. de estratégias e políticas que visam melhorar as condições laborais,
Por fim, destacaremos a importância de uma abordagem inter- promover a inclusão e garantir ambientes de trabalho mais justos
disciplinar para compreender e enfrentar os desafios da terceiriza- e sustentáveis.
ção das condições de trabalho. Ao integrar insights da sociologia e
psicologia, podemos obter uma compreensão mais completa dos Capítulo 19: Raízes Sociológicas da Precarização
complexos fatores que moldam a experiência dos trabalhadores
terceirizados e identificar estratégias eficazes para promover seu No cenário globalizado do século XXI, a precarização das condi-
bem-estar e sucesso profissional. Neste capítulo, exploraremos ções de trabalho é impulsionada por uma série de fatores interco-
como a colaboração entre diferentes disciplinas pode enriquecer nectados. A globalização econômica, por exemplo, trouxe consigo
nossa compreensão da terceirização e informar políticas e práticas uma intensificação da competição entre empresas e países, levando
que promovam ambientes de trabalho mais justos, inclusivos e sus- a uma busca incessante por maior eficiência e redução de custos.
tentáveis para todos os trabalhadores. Para permanecerem competitivas em um mercado globalizado, as
empresas muitas vezes recorrem à flexibilização das relações de tra-
Capítulo 18: Conhecendo mais sobre a Precarização das Condi- balho, adotando práticas como a terceirização, contratação tempo-
ções de Trabalho rária e trabalho intermitente.
Além disso, os avanços tecnológicos têm desempenhado um
A precarização das condições de trabalho é um fenômeno que papel fundamental na reconfiguração do mercado de trabalho. A
tem suscitado crescente interesse e preocupação no cenário con- automação e a digitalização têm alterado a natureza e a demanda
temporâneo. Com o advento da globalização, avanços tecnológicos por determinadas habilidades, contribuindo para a precarização de
e mudanças nas estruturas socioeconômicas, o mundo do trabalho empregos tradicionalmente estáveis. As mudanças na natureza do
passou por transformações profundas, refletidas na emergência trabalho, com o surgimento de novas formas de emprego baseadas
da precarização como uma realidade cada vez mais presente. Este em plataformas digitais e aplicativos, também têm influenciado di-
capítulo introdutório visa fornecer uma visão abrangente desse fe- retamente a precarização das condições de trabalho.
nômeno complexo e multifacetado, que molda não apenas as di- Essas transformações estruturais não ocorrem em um vácuo
nâmicas laborais, mas também tem ramificações significativas nas social; elas têm implicações profundas nas dinâmicas sociais e nas
esferas sociais, econômicas e psicológicas. estruturas de poder dentro das organizações e da sociedade como
Ao analisar a precarização das condições de trabalho sob a um todo. A precarização das condições de trabalho não apenas re-
perspectiva sociológica, é essencial compreender as raízes e moti- configura a relação entre empregador e empregado, mas também
vações que impulsionaram esse processo. A globalização, por exem- intensifica as desigualdades existentes, afetando de maneira des-
plo, trouxe consigo uma intensificação da competição econômica e proporcional grupos marginalizados, como mulheres, minorias ét-
uma busca incessante por maior eficiência, levando as empresas a nicas e imigrantes.
adotarem práticas que visam reduzir custos e flexibilizar as relações Ao examinarmos as raízes sociológicas da precarização das con-
de trabalho. A flexibilização das formas de emprego, como contra- dições de trabalho, é fundamental considerar não apenas os fatores
tos temporários, trabalho intermitente e terceirização, tornou-se econômicos e tecnológicos, mas também os aspectos culturais, po-
uma característica marcante do mercado de trabalho contemporâ- líticos e institucionais que moldam esse fenômeno. Somente atra-
neo, contribuindo para a precarização das condições de trabalho. vés de uma análise abrangente e interdisciplinar podemos entender
No entanto, a precarização não se limita apenas a mudanças plenamente as implicações sociais da precarização e desenvolver
nas estruturas organizacionais e econômicas. Ela também tem im- estratégias eficazes para enfrentar seus desafios e promover am-
plicações profundas nas relações sociais dentro e fora do ambiente bientes de trabalho mais justos e sustentáveis.
de trabalho. A emergência de formas precárias de emprego tem
redefinido a relação entre empregador e empregado, muitas vezes Capítulo 20: Perspectiva Psicológica da Precarização e Bem-Es-
resultando em relações desiguais de poder e condições laborais ad- tar dos Trabalhadores
versas. Além disso, a precarização pode intensificar as desigualda-
des socioeconômicas, afetando de maneira desproporcional grupos A insegurança no emprego é uma das principais preocupações
marginalizados, como mulheres, minorias étnicas e imigrantes. enfrentadas pelos trabalhadores precarizados. A falta de estabili-
Sob a ótica da psicologia aplicada ao trabalho, a precarização dade no emprego e a incerteza em relação ao futuro criam um am-
está intrinsecamente ligada ao bem-estar psicológico dos trabalha- biente de ansiedade constante, levando muitos trabalhadores a vi-
dores. A insegurança no emprego, a falta de perspectivas de carrei- verem sob estresse crônico. A pressão para garantir a continuidade
ra e a pressão constante por produtividade podem gerar ansiedade, do emprego, muitas vezes em condições desfavoráveis, pode levar a
estresse e até mesmo problemas de saúde mental. Neste contexto, um aumento dos níveis de estresse e exaustão emocional.
estratégias de enfrentamento e desenvolvimento de habilidades A falta de perspectivas de longo prazo também é uma fonte
emocionais tornam-se essenciais para fortalecer a resiliência dos significativa de angústia para os trabalhadores precarizados. Sem
trabalhadores diante dos desafios impostos pela precarização. a garantia de progressão na carreira ou benefícios a longo prazo,
A precarização das condições de trabalho é um fenômeno mul- os trabalhadores podem se sentir presos em empregos que não
tifacetado que exige uma abordagem holística e interdisciplinar. oferecem perspectivas de crescimento pessoal ou profissional. Essa
Esta dissertação buscará mergulhar nas complexidades dessa rea- falta de horizonte pode levar à desmotivação, desesperança e até
lidade, explorando não apenas suas causas e manifestações, mas mesmo depressão.
também suas implicações nas esferas sociais, econômicas e psico-
296
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
Além disso, a natureza muitas vezes desigual das relações de Capítulo 22: Competências para Ambientes Precários
trabalho na precarização pode criar um ambiente propício para
conflitos e instabilidades psicossociais. A falta de poder e autono- Uma das competências mais essenciais em ambientes precá-
mia dos trabalhadores pode levar a sentimentos de desvalorização rios é a comunicação eficaz. Em um cenário onde a estabilidade
e baixa autoestima, enquanto a percepção de injustiça e exploração é muitas vezes uma ilusão e a incerteza reina, a capacidade de se
pode alimentar ressentimentos e hostilidades no local de trabalho. comunicar de forma clara e assertiva torna-se uma ferramenta po-
Diante desses desafios, é essencial desenvolver estratégias de derosa para mitigar conflitos e resolver problemas. Os trabalhado-
enfrentamento e fortalecimento emocional para os trabalhadores res precisam ser capazes de expressar suas preocupações, negociar
precarizados. A psicologia aplicada ao trabalho oferece uma série condições de trabalho e colaborar efetivamente com colegas e em-
de técnicas e abordagens para ajudar os indivíduos a lidar com o pregadores.
estresse, gerenciar suas emoções e desenvolver resiliência diante Além disso, a resiliência é uma competência vital para enfren-
das adversidades. Isso pode incluir programas de apoio psicológi- tar a incerteza e a adversidade. Em um ambiente onde os contratos
co, treinamento em habilidades de enfrentamento e promoção de são temporários, os salários são baixos e os benefícios são escassos,
um ambiente de trabalho que valorize o bem-estar emocional dos os trabalhadores precisam ser capazes de lidar com a pressão e o
trabalhadores. estresse de forma construtiva. Isso envolve desenvolver estratégias
Portanto, ao considerarmos a precarização das condições de de enfrentamento saudáveis, cultivar uma mentalidade positiva e
trabalho sob uma perspectiva psicológica, é crucial reconhecer os encontrar formas de se adaptar e se recuperar diante das dificul-
desafios emocionais enfrentados pelos trabalhadores e desenvolver dades.
estratégias eficazes para promover seu bem-estar mental e emocio- A gestão do tempo também é uma habilidade crucial em am-
nal. Somente através de uma abordagem holística e centrada no ser bientes precários, onde a sobrecarga de trabalho e a falta de recur-
humano podemos enfrentar os impactos negativos da precarização sos são comuns. Os trabalhadores precisam ser capazes de priorizar
e criar ambientes de trabalho mais saudáveis e sustentáveis para tarefas, estabelecer metas realistas e gerenciar eficientemente seu
todos. tempo e energia. Isso pode envolver aprender a dizer não a deman-
das excessivas, delegar responsabilidades sempre que possível e
Capítulo 21: Desigualdades e Conflitos na Precarização do Tra- manter um equilíbrio saudável entre vida pessoal e profissional.
balho Além dessas competências específicas, é importante reconhe-
cer a importância de uma abordagem interdisciplinar para enfren-
Uma das principais características da precarização é a criação de tar os desafios da precarização. A sociologia e a psicologia aplicadas
relações desiguais de poder entre empregadores e trabalhadores. ao trabalho oferecem insights valiosos sobre as dinâmicas sociais e
Com a falta de proteções trabalhistas e benefícios, os trabalhado- psicológicas que permeiam os ambientes precários, orientando es-
res muitas vezes se encontram em uma posição de vulnerabilidade, tratégias eficazes para melhorar as condições laborais e promover o
sujeitos à arbitrariedade e exploração por parte dos empregadores. bem-estar dos trabalhadores.
Essa assimetria de poder pode levar a uma série de injustiças, desde Portanto, ao desenvolver e aprimorar essas competências, os
salários injustos até condições de trabalho perigosas e abusivas. trabalhadores podem estar melhor preparados para enfrentar os
Além disso, a precarização frequentemente exacerba as desi- desafios da precarização e prosperar mesmo em ambientes de tra-
gualdades existentes na sociedade. Grupos marginalizados, como balho instáveis e desafiadores. Essas habilidades não apenas capa-
mulheres, minorias étnicas e imigrantes, são frequentemente os citam os indivíduos a se adaptarem às mudanças, mas também con-
mais afetados pela falta de proteções trabalhistas e pela insegu- tribuem para a construção de ambientes de trabalho mais justos,
rança no emprego. A falta de oportunidades de emprego estáveis inclusivos e sustentáveis para todos.
e bem remuneradas perpetua o ciclo de pobreza e marginalização
para esses grupos, criando um sistema profundamente injusto e
desigual.
O TRABALHO COMO CATEGORIA ESTRUTURANTE
Essas desigualdades, por sua vez, podem alimentar conflitos no
NA SOCIEDADE CAPITALISTA: O TRABALHO NO
local de trabalho. Quando os trabalhadores se sentem injustiçados
PENSAMENTO CLÁSSICO. A TEORIA DO VALOR-
ou explorados, é natural que surjam sentimentos de ressentimen-
TRABALHO. DIVISÃO SOCIAL DO TRABALHO. DIVISÃO
to e indignação. Os conflitos podem surgir entre empregadores e
SOCIOSSEXUAL E RACIAL DO TRABALHO
trabalhadores, bem como entre diferentes grupos de trabalhadores
que competem por recursos limitados. Essa tensão pode minar a Capítulo 1: Fundamentos do Pensamento Clássico
coesão no local de trabalho e prejudicar a produtividade e o bem-
-estar de todos os envolvidos. O estudo do trabalho na sociedade capitalista nos remete aos
Portanto, é crucial reconhecer e abordar as desigualdades e fundamentos estabelecidos por importantes pensadores como Karl
conflitos que surgem da precarização das condições de trabalho. Marx e Adam Smith. Neste capítulo, mergulharemos nas profun-
Isso requer não apenas a implementação de políticas que protejam dezas de suas concepções, buscando compreender as bases con-
os direitos dos trabalhadores, mas também uma mudança mais am- ceituais que moldaram a compreensão do trabalho em nossa so-
pla nas estruturas sociais e econômicas que perpetuam a injustiça e ciedade.
a desigualdade. Somente através de um compromisso genuíno com Karl Marx, um dos mais influentes pensadores do século XIX,
a justiça e a equidade podemos criar ambientes de trabalho que oferece uma análise penetrante sobre a relação entre o trabalhador
sejam verdadeiramente justos, inclusivos e sustentáveis para todos. e os meios de produção na sociedade capitalista. Em sua obra mo-
numental, Marx delineia os mecanismos pelos quais a exploração e
a alienação são intrínsecas ao sistema econômico vigente. A aliena-
297
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
ção, segundo Marx, é um fenômeno complexo que ocorre quando Capítulo 3: Divisão do Trabalho e Estratificação Social
o trabalhador se desconecta do produto de seu trabalho e, conse-
quentemente, da própria essência de seu ser. Exploraremos as dife- Adam Smith, renomado economista do século XVIII, argumen-
rentes dimensões desse conceito, desde a alienação em relação ao tava que a divisão do trabalho era essencial para aumentar a produ-
produto final até a alienação no próprio processo de trabalho, onde tividade e a eficiência na produção de bens e serviços. Ao especia-
o trabalhador se torna uma mera engrenagem em uma máquina lizar os trabalhadores em tarefas específicas, a divisão do trabalho
produtiva. Além disso, investigaremos a dinâmica da relação entre reduz o tempo necessário para a conclusão de uma determinada
o trabalhador e os meios de produção. Marx argumenta que, no ca- atividade e permite a utilização mais eficiente dos recursos dispo-
pitalismo, os trabalhadores são despojados dos meios de produção níveis.
e se veem obrigados a vender sua força de trabalho em troca de um No entanto, a especialização extrema também pode levar à
salário. Analisaremos as implicações desse arranjo para a estrutura- monotonia e à perda de habilidades gerais. Trabalhadores que pas-
ção das relações sociais e econômicas na sociedade. sam suas vidas executando uma única tarefa podem se encontrar
Adam Smith, outro pensador de grande relevância, oferece em uma situação em que são incapazes de realizar outras funções,
uma perspectiva diferente sobre o trabalho na sociedade capita- tornando-se vulneráveis a mudanças econômicas e tecnológicas
lista, focando na divisão do trabalho e suas implicações para a efi- que exigem flexibilidade e adaptabilidade.
ciência econômica. Smith argumenta que a divisão do trabalho é a Além disso, a divisão do trabalho contribui significativamente
chave para o aumento da produtividade e da riqueza das nações. para a estratificação social. Profissões valorizadas, como médicos
Investigaremos como essa divisão permite que os trabalhadores se e advogados, tendem a receber salários mais altos e desfrutar de
especializem em tarefas específicas, aumentando a eficiência e re- maior prestígio social, enquanto trabalhos menos especializados,
duzindo o tempo necessário para a produção de bens e serviços. como os realizados por trabalhadores de linha de montagem, são
No entanto, não podemos ignorar as implicações sociais dessa di- frequentemente menos valorizados e remunerados.
visão. Smith reconhece que a especialização extrema pode levar à Portanto, podemos afirmar que essa hierarquia profissional
monotonia e à perda de habilidades gerais, além de contribuir para cria tensões sociais e psicológicas, afetando a autoestima e a per-
a estratificação social. Analisaremos como essa divisão do trabalho cepção individual de valor. Aqueles em posições menos valorizadas
pode criar hierarquias profissionais e tensões sociais, afetando a au- podem experimentar sentimentos de inferioridade e desvaloriza-
toestima e a percepção individual de valor. ção, enquanto os mais privilegiados podem desenvolver uma visão
Ao final deste capítulo, esperamos ter lançado luz sobre os fun- de superioridade em relação aos outros membros da sociedade.
damentos do pensamento clássico em relação ao trabalho na so-
ciedade capitalista. Desde a análise profunda de Marx sobre a alie- Capítulo 4: Impactos Psicológicos do Trabalho
nação e a exploração até a perspectiva de Smith sobre a divisão do
trabalho, esses conceitos continuam a influenciar nossa compreen- Um dos principais fatores que contribuem para os impactos
são do papel do trabalho em nossas vidas e em nossa sociedade. psicológicos negativos do trabalho é a pressão por produtividade.
Em um contexto capitalista altamente competitivo, os trabalhado-
Capítulo 2: Alienação e Exploração res frequentemente se encontram sob intensa pressão para atingir
metas e prazos, muitas vezes sacrificando sua saúde física e mental
A teoria de Marx sobre a alienação no trabalho é central para a no processo. Exploraremos como essa pressão incessante pode le-
compreensão crítica da sociedade capitalista. Este capítulo explora var a níveis elevados de estresse, esgotamento e até mesmo bur-
as diversas dimensões desse conceito e suas implicações para os nout, afetando negativamente a qualidade de vida e o desempenho
trabalhadores. Marx argumenta que no capitalismo, os trabalhado- profissional.
res se sentem alienados do produto de seu próprio trabalho, re- Não apenas a pressão por produtividade, mas as condições
sultando em uma perda de conexão com sua própria criatividade precárias de trabalho também exercem um impacto significativo na
e esforço. saúde mental dos trabalhadores. Ambientes de trabalho insalubres,
Essa desconexão se manifesta em várias áreas, desde a pro- jornadas extenuantes, falta de suporte emocional e assédio no local
dução em massa de bens até os serviços prestados nos setores de de trabalho são apenas algumas das condições que podem contri-
atendimento ao cliente. Além disso, a alienação se estende à identi- buir para o desenvolvimento de problemas psicológicos, como an-
dade e propósito do trabalhador, afetando não apenas o indivíduo, siedade, depressão e transtorno de estresse pós-traumático (TEPT).
mas também a coesão social e o tecido da comunidade. Investigaremos como essas condições adversas podem perpetuar
Outro aspecto destacado por Marx é a exploração inerente ao um ciclo de sofrimento e desesperança entre os trabalhadores, mi-
sistema capitalista. Esta exploração resulta da desigualdade na re- nando sua autoestima e motivação.
lação entre o trabalhador e os detentores dos meios de produção, Além da pressão por produtividade e das condições precárias
levando a práticas desumanas de trabalho, salários injustos e con- de trabalho, a competição constante também desempenha um
dições precárias de emprego. Exemplos concretos, como a jornada papel significativo nos impactos psicológicos do trabalho. Em um
extenuante dos operários nas fábricas e a exploração dos trabalha- ambiente onde a competição é incentivada e recompensada, os tra-
dores em países em desenvolvimento por empresas multinacionais, balhadores podem experimentar sentimentos de inveja, ciúmes e
ilustram as consequências devastadoras dessa exploração para a inadequação em relação aos colegas, contribuindo para um clima
saúde e bem-estar dos trabalhadores, bem como para suas famílias de hostilidade e rivalidade no local de trabalho. Discutiremos como
e comunidades. essa competição incessante pode corroer os laços de solidariedade
e colaboração entre os trabalhadores, exacerbando ainda mais os
problemas de saúde mental.
298
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
Diante desses desafios, a psicologia organizacional emerge sistema, pois a mais-valia, a diferença entre o valor do trabalho do
como uma disciplina fundamental na compreensão e mitigação dos operário e o valor do salário recebido, é apropriada pelos detento-
impactos psicológicos do trabalho. Estratégias de gestão de estres- res dos meios de produção. Essa exploração é inerente à estrutura
se, programas de bem-estar no trabalho, intervenções de apoio econômica do capitalismo, onde o lucro é extraído da força de tra-
psicológico e promoção de ambientes saudáveis são algumas das balho dos trabalhadores.
abordagens que podem ajudar a proteger a saúde mental dos tra- Além de sua relevância econômica, a Teoria do Valor-Trabalho
balhadores e melhorar sua qualidade de vida no trabalho. Analisa- também oferece insights sobre as relações sociais e psicológicas no
remos como essas estratégias podem ser implementadas de forma ambiente de trabalho. Marx introduz o conceito de alienação, que
eficaz para criar ambientes de trabalho mais humanizados e com- ocorre quando o trabalhador se desconecta do produto final de seu
passivos. trabalho e, por extensão, de sua própria essência. Isso pode levar
a uma perda de autonomia, propósito e identidade por parte do
Capítulo 5: Desafios Contemporâneos e Perspectivas Futuras trabalhador, resultando em uma série de consequências negativas
para sua vida pessoal e profissional.
A globalização surge como um dos principais motores de mu- No entanto, é importante reconhecer que a Teoria do Valor-Tra-
dança no cenário laboral global. À medida que as fronteiras eco- balho não está isenta de críticas. Alguns argumentam que ela sim-
nômicas se tornam mais fluidas, novas oportunidades e desafios plifica demais a complexidade do sistema econômico, não levando
emergem para os trabalhadores em todas as partes do mundo. In- em consideração fatores como inovação e tecnologia. Além disso,
vestigaremos como a globalização afeta a competição no mercado as mudanças na natureza do trabalho contemporâneo desafiam sua
de trabalho, a mobilidade profissional e as condições de emprego, aplicação direta.
além dos esforços para garantir direitos trabalhistas em uma eco- Apesar das críticas, a Teoria do Valor-Trabalho continua sendo
nomia globalizada. uma lente valiosa para analisar as dinâmicas sociais e psicológicas
As transformações tecnológicas, incluindo a automação e a di- no ambiente de trabalho. Ela nos convida a refletir sobre as relações
gitalização, estão redefinindo rapidamente a natureza do trabalho de poder, alienação e exploração no contexto do capitalismo, ofe-
em todas as indústrias. Analisaremos como essas mudanças criam recendo insights profundos sobre as complexidades do mundo do
novas oportunidades de emprego, ao mesmo tempo em que eli- trabalho e suas implicações para a sociedade como um todo.
minam empregos tradicionais e demandam novas habilidades e
competências dos trabalhadores. Também discutiremos os desa- Capítulo 7: A Mercadoria como Uni-
fios éticos e sociais associados ao uso de tecnologias disruptivas no dade Fundamental de Valor e Troca
local de trabalho, incluindo questões de privacidade, segurança e
desigualdade digital. A mercadoria, segundo Marx, é muito mais do que um simples
A sustentabilidade emerge como uma preocupação central no objeto de troca. Ela representa a cristalização do trabalho humano
debate sobre o futuro do trabalho. Exploraremos como empresas e em uma forma material, uma encarnação concreta do tempo de
governos respondem à crescente demanda por práticas de trabalho trabalho socialmente necessário para sua produção. Essa concep-
social e ambientalmente responsáveis, adotando estratégias sus- ção desafia as abordagens convencionais de valor, que frequente-
tentáveis em suas operações e cadeias de suprimentos. Além disso, mente se baseiam na utilidade ou na escassez de um bem. Em vez
discutiremos os desafios de conciliar o crescimento econômico com disso, Marx enfatiza que é o trabalho humano que confere valor
a proteção do meio ambiente e a promoção de condições de traba- às mercadorias, uma vez que é o trabalho que cria e transforma a
lho justas e seguras para todos os trabalhadores. matéria-prima em produtos úteis.
Diante desses desafios, a evolução da sociologia e da psicolo- Ao analisar a mercadoria como a unidade fundamental de valor
gia aplicada ao trabalho se torna crucial. Discutiremos como essas e troca, devemos considerar não apenas seu valor de uso, ou seja,
disciplinas podem desenvolver estratégias adaptativas que promo- sua utilidade específica para satisfazer uma necessidade humana,
vam a equidade, a saúde mental e a realização pessoal no ambiente mas também seu valor de troca, que é determinado pelo tempo de
profissional em constante transformação. Desde a implementação trabalho socialmente necessário para sua produção. Essa distinção
de políticas de inclusão e diversidade até a promoção de ambientes entre valor de uso e valor de troca é essencial para entender como
de trabalho saudáveis e apoio ao desenvolvimento de habilidades, as mercadorias são avaliadas e trocadas no mercado.
exploraremos as medidas que podem ser adotadas para criar um Uma das contribuições mais significativas de Marx é a análise
futuro do trabalho mais justo e sustentável para todos. do trabalho como a fonte do valor. Ele argumenta que, sob o sis-
tema capitalista, o valor de uma mercadoria deriva do tempo de
Capítulo 6: Fundamentos da Teoria do Valor-Trabalho trabalho humano incorporado nela. Isso significa que o valor de
uma mercadoria não é simplesmente uma questão de preferência
Ao explorar os fundamentos da Teoria do Valor-Trabalho, é es- individual ou de negociação no mercado, mas sim uma função do
sencial compreender sua visão sobre o papel do trabalho na deter- esforço humano necessário para produzi-la.
minação do valor dos bens e serviços. De acordo com Marx, o valor Ao compreender a mercadoria como a unidade fundamental
de uma mercadoria é determinado pela quantidade de trabalho de valor e troca na sociedade capitalista, somos levados a refletir
socialmente necessário para produzi-la. Essa abordagem coloca o sobre as relações sociais e econômicas que a sustentam. A Teoria do
trabalho humano no centro do processo de criação de valor, desta- Valor-Trabalho nos convida a examinar criticamente a dinâmica do
cando sua importância na economia. trabalho e da produção sob o capitalismo, questionando as relações
A Teoria do Valor-Trabalho lança luz sobre a dinâmica entre de poder e a distribuição desigual de riqueza e recursos. Essa análi-
os trabalhadores e os meios de produção na sociedade capitalista.
Marx argumenta que os trabalhadores são explorados dentro desse
299
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
se nos permite vislumbrar não apenas o funcionamento do sistema Investigaremos como essa teoria ainda desempenha um papel re-
econômico, mas também as possibilidades de transformação em levante na análise crítica das relações de trabalho e da estrutura
direção a uma sociedade mais justa e equitativa. econômica da sociedade, apesar dos desafios que enfrenta.
Portanto, esperamos não apenas compreender melhor as críti-
Capítulo 8: Implicações Sociais e Psicológicas da Teoria do Va- cas e desafios enfrentados pela Teoria do Valor-Trabalho, mas tam-
lor-Trabalho bém reconhecer sua importância contínua como uma ferramenta
analítica para entendermos as complexidades do mundo do traba-
A essência da alienação, conforme delineada por Marx, reside lho e da economia contemporânea.
na desconexão do trabalhador com o produto final de seu trabalho
e, consequentemente, com sua própria humanidade. Exploraremos Capítulo 10: Fundamentos da Divisão Social do Trabalho
como essa separação afeta não apenas a relação do trabalhador
com sua atividade laboral, mas também sua autonomia, propósito Em sua essência, a Divisão Social do Trabalho vai além das dife-
e identidade. Esta alienação gera um sentimento de desapego e va- renças entre profissões específicas, abrangendo uma variedade de
zio, afetando profundamente o bem-estar emocional e a realização papéis e tarefas que contribuem para a sustentação da sociedade.
pessoal do trabalhador. Essa especialização não apenas influencia o funcionamento econô-
Além disso, adentraremos na análise crítica de Marx sobre a mico, mas também molda as relações sociais e a identidade dos
exploração inerente à estrutura capitalista. Sob este sistema econô- indivíduos.
mico, os trabalhadores são explorados pelos detentores dos meios No contexto da sociedade capitalista, a Divisão Social do Tra-
de produção, privados do pleno valor de seu trabalho e submetidos balho está profundamente ligada à busca por eficiência e produ-
a condições desfavoráveis de trabalho. Investigaremos como essa tividade. A especialização das funções laborais é uma resposta à
exploração perpetua desigualdades socioeconômicas, aumentando necessidade de otimizar os recursos e aumentar a produção. No en-
as disparidades de renda, status e acesso a recursos. Essas desigual- tanto, essa especialização nem sempre é equitativa, resultando em
dades contribuem para a fragmentação social e o sofrimento psico- hierarquias que podem levar à estratificação social e à perpetuação
lógico das pessoas envolvidas. de desigualdades.
Ao longo desta dissertação, examinaremos detalhadamente os As implicações da Divisão Social do Trabalho se estendem além
efeitos da alienação e da exploração no tecido social e psicológico do aspecto econômico. Ela influencia as percepções individuais
da sociedade capitalista. Seremos levados a refletir sobre as estru- de valor e identidade, com aqueles em posições mais valorizadas
turas de poder e os sistemas econômicos que sustentam esses fe- experimentando prestígio e autoestima, enquanto outros podem
nômenos e a buscar alternativas que promovam uma distribuição enfrentar estigmatização e desvalorização. Essas diferenças têm im-
mais justa e equitativa de recursos e oportunidades. plicações diretas na saúde mental e no bem-estar psicológico dos
Portanto, este capítulo nos convida a uma profunda reflexão trabalhadores.
sobre o papel do trabalho na vida humana, bem como sobre os de- A globalização e as transformações tecnológicas contemporâ-
safios enfrentados por aqueles que buscam uma sociedade mais neas adicionam uma nova camada de complexidade à Divisão Social
justa e solidária. Ao final desta jornada intelectual, esperamos obter do Trabalho. Profissões emergentes e a obsolescência de ocupações
insights valiosos que nos inspirem a agir em prol de uma transfor- tradicionais reconfiguram as dinâmicas laborais, exigindo adaptabi-
mação positiva em nossas comunidades e em nosso mundo. lidade e aquisição contínua de habilidades dos trabalhadores.
Por fim, a compreensão dos fundamentos da Divisão Social do
Capítulo 9: Críticas e Desafios da Teoria do Valor-Trabalho Trabalho é essencial para promover uma reflexão crítica sobre as
estruturas sociais e econômicas contemporâneas. Somente ao en-
Uma das principais críticas direcionadas à Teoria do Valor-Tra- tendermos essa divisão fundamental, podemos buscar formas de
balho é sua suposta simplificação da complexidade do sistema eco- mitigar as desigualdades e promover uma sociedade mais justa e
nômico. Argumenta-se que essa teoria negligencia outros fatores equitativa, reconhecendo a diversidade de contribuições que mol-
determinantes do valor, como a demanda do consumidor, a inova- dam o mundo laboral moderno.
ção tecnológica e os custos de produção. Abordaremos essas críti-
cas em detalhes, explorando como elas desafiam a aplicabilidade Capítulo 11: Hierarquia e Estratificação na Divisão Social do Tra-
direta da teoria em um contexto econômico contemporâneo mar- balho
cado por uma série de variáveis interconectadas e em constante
mudança. Ao explorar a hierarquia na Divisão Social do Trabalho, é es-
Além disso, examinaremos criticamente como as transforma- sencial compreender como algumas profissões são percebidas e
ções na natureza do trabalho e nas relações econômicas ao lon- valorizadas de forma desproporcional em relação a outras. Essa va-
go do tempo afetam a relevância e a aplicabilidade da Teoria do lorização pode ser influenciada por uma série de fatores, como a re-
Valor-Trabalho. À medida que a economia se torna cada vez mais muneração associada a determinadas ocupações, o prestígio social
baseada em serviços e tecnologia, surgem questionamentos sobre atribuído a certas profissões e até mesmo as percepções culturais
a capacidade dessa teoria de capturar adequadamente a dinâmica sobre o valor do trabalho.
atual do mercado de trabalho e do sistema econômico em geral. Na sociedade contemporânea, observamos claramente como
No entanto, mesmo diante dessas críticas, é importante reco- algumas profissões são consideradas mais prestigiadas e bem re-
nhecer que a Teoria do Valor-Trabalho continua a oferecer insights muneradas do que outras. Por exemplo, carreiras nas áreas de
valiosos sobre questões fundamentais como desigualdade econô- medicina, direito e finanças são frequentemente vistas como alta-
mica, exploração do trabalho e alienação no contexto capitalista. mente valorizadas, tanto em termos financeiros quanto sociais, en-
300
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
quanto trabalhos nas áreas de serviço, como limpeza, atendimento no local de trabalho e a promoção de práticas de gestão que
ao cliente e manutenção, muitas vezes são subestimados e mal re- incentivem o reconhecimento e a valorização de todos os membros
munerados. da equipe. Através dessas iniciativas, podemos trabalhar em direção
Essa hierarquia na Divisão Social do Trabalho não apenas re- a um ambiente de trabalho mais inclusivo, equitativo e satisfatório
flete, mas também perpetua as desigualdades existentes na socie- para todos os envolvidos.
dade. Aqueles que ocupam posições mais elevadas na hierarquia
desfrutam de privilégios e oportunidades que não estão disponíveis Capítulo 13: Desafios Contemporâneos e Transformações na
para aqueles em posições inferiores. Isso pode resultar em um ci- Divisão Social do Trabalho
clo de reprodução social, no qual a mobilidade ascendente se torna
cada vez mais difícil para os menos privilegiados. A globalização, um fenômeno que interconecta cada vez mais
Além disso, a hierarquia na Divisão Social do Trabalho também as economias e sociedades em escala global, desempenha um pa-
tem implicações psicológicas significativas. Aqueles que ocupam pel significativo na reconfiguração da Divisão Social do Trabalho. À
posições mais baixas na hierarquia podem experimentar uma sen- medida que as fronteiras econômicas se tornam mais permeáveis,
sação de desvalorização e falta de reconhecimento por seu traba- novas oportunidades de emprego surgem, mas também novos de-
lho, o que pode afetar negativamente sua autoestima e bem-estar safios. Trabalhadores em diferentes partes do mundo agora compe-
emocional. tem em um mercado de trabalho global, onde a especialização e a
É importante reconhecer que essa hierarquia não é natural ou flexibilidade são altamente valorizadas. Isso pode levar a mudanças
inevitável, mas sim o resultado de processos sociais e econômicos na natureza do trabalho, com algumas ocupações tornando-se ob-
específicos. Portanto, ao examinar a hierarquia na Divisão Social do soletas enquanto outras emergem e se tornam mais valorizadas.
Trabalho, devemos buscar maneiras de desafiar e transformar essas As mudanças tecnológicas também desempenham um papel
estruturas, promovendo uma distribuição mais justa e equitativa crucial na transformação da Divisão Social do Trabalho. A automa-
de valor e reconhecimento para todas as ocupações. Através dessa ção, a inteligência artificial e outras inovações tecnológicas estão al-
reflexão crítica, podemos trabalhar em direção a uma sociedade terando rapidamente a natureza de muitas profissões, substituindo
onde o valor do trabalho seja reconhecido independentemente da trabalhos repetitivos e manuais por processos automatizados. Essa
posição ocupada na hierarquia social. mudança tem o potencial de aumentar a eficiência e a produtivida-
de, mas também levanta preocupações sobre o impacto no empre-
Capítulo 12: Implicações Psicológicas da Divisão Social do Tra- go e na segurança econômica dos trabalhadores.
balho Diante desses desafios e transformações, os trabalhadores en-
frentam a necessidade de uma maior adaptabilidade e desenvolvi-
Ao adentrar nas implicações psicológicas da Divisão Social do mento de habilidades. A capacidade de se adaptar a novas tecno-
Trabalho, é essencial compreender como as percepções individuais logias e processos de trabalho tornou-se uma habilidade essencial
de valor e identidade estão intrinsecamente ligadas à posição ocu- no mercado de trabalho contemporâneo. Além disso, a busca por
pada na hierarquia profissional. Aqueles que ocupam posições mais educação e treinamento contínuos tornou-se imperativa para os
elevadas na hierarquia podem experimentar um senso de valor e trabalhadores se manterem relevantes e competitivos em um am-
prestígio associado ao seu trabalho, enquanto aqueles em posições biente em constante mudança.
inferiores podem sentir uma falta de reconhecimento e uma sensa- No entanto, é importante reconhecer que nem todos os traba-
ção de desvalorização de suas contribuições. lhadores têm acesso igual a oportunidades de educação e treina-
Essa disparidade na percepção de valor e identidade pode ter mento. As desigualdades socioeconômicas podem limitar o acesso
um impacto significativo na autoestima e no bem-estar psicológico de alguns trabalhadores a programas de capacitação e desenvol-
dos trabalhadores. Aqueles que se sentem subvalorizados ou des- vimento de habilidades, aumentando ainda mais a disparidade na
respeitados em seus empregos podem experimentar níveis mais Divisão Social do Trabalho.
altos de estresse, ansiedade e até depressão. Além disso, a falta Em face desses desafios, torna-se essencial que governos, em-
de reconhecimento por seu trabalho pode levar a sentimentos de presas e instituições educacionais trabalhem em conjunto para ga-
desesperança e falta de propósito na vida. rantir que todos os trabalhadores tenham acesso igual a oportuni-
As implicações psicológicas da Divisão Social do Trabalho não dades de aprendizado e desenvolvimento de habilidades. Isso pode
se limitam apenas aos indivíduos, mas também podem afetar as di- envolver a implementação de políticas de educação e treinamento
nâmicas sociais mais amplas. Por exemplo, a competição por status acessíveis, bem como programas de reciclagem profissional para
e reconhecimento no local de trabalho pode criar um ambiente de trabalhadores que perderam seus empregos devido a mudanças
trabalho tóxico, onde os colegas são vistos como concorrentes em tecnológicas ou globalização.
vez de colaboradores. Isso pode levar a uma diminuição da coope- Em última análise, as transformações na Divisão Social do Tra-
ração e solidariedade entre os trabalhadores, prejudicando o clima balho representam um desafio e uma oportunidade para os traba-
organizacional e a eficiência do trabalho em equipe. lhadores em todo o mundo. Ao enfrentarmos esses desafios com
É crucial reconhecer que as implicações psicológicas da determinação e colaboração, podemos trabalhar para construir um
Divisão Social do Trabalho não são inevitáveis ou imutáveis. Ao futuro do trabalho mais inclusivo, equitativo e sustentável para to-
entendermos os fatores que contribuem para essas dinâmicas, dos.
podemos buscar maneiras de mitigar seus efeitos negativos e
promover um ambiente de trabalho mais saudável e gratificante
para todos os trabalhadores. Isso pode envolver medidas como
a promoção de uma cultura organizacional que valorize todas as
contribuições, a implementação de programas de apoio psicológico
301
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
Capítulo 14: Papel da Psicologia Aplicada ao Trabalho na Miti- estereótipos de gênero enraizados na sociedade. Investigaremos
gação dos Impactos Negativos como esses estereótipos influenciam as escolhas de carreira, res-
tringindo as oportunidades profissionais das mulheres e perpetuan-
A gestão de carreira é um elemento essencial para garantir que do a divisão sociossexual do trabalho em diversos setores, desde
os trabalhadores possam navegar efetivamente por um ambiente educação até engenharia.
de trabalho caracterizado por mudanças e incertezas. Isso envolve Também exploraremos os obstáculos enfrentados pelas mu-
não apenas o planejamento e o desenvolvimento de metas profis- lheres em sua busca por ascensão profissional, incluindo barreiras
sionais a longo prazo, mas também a capacidade de se adaptar a como o teto de vidro e a discriminação no ambiente de trabalho.
mudanças repentinas e aproveitar oportunidades que possam sur- Analisaremos como esses obstáculos afetam a progressão na carrei-
gir ao longo do caminho. Estratégias de desenvolvimento de carrei- ra das mulheres e contribuem para a sub-representação nos níveis
ra, como mentorias, coaching e programas de capacitação, podem mais altos de liderança e tomada de decisão em várias indústrias e
fornecer aos trabalhadores as ferramentas necessárias para nave- áreas.
gar com sucesso em sua trajetória profissional. Ao longo deste capítulo, faremos uma imersão profunda nas
Além disso, o desenvolvimento de habilidades emocionais tor- construções sociais que subjazem à divisão sociossexual do traba-
nou-se cada vez mais importante no contexto do trabalho contem- lho, destacando como essas percepções não apenas influenciam as
porâneo. A capacidade de gerenciar o estresse, lidar com a pressão dinâmicas econômicas, mas também as relações interpessoais e a
e manter a resiliência diante dos desafios é essencial para o bem- valoração atribuída a diferentes ocupações. Examinaremos como a
-estar e o desempenho no trabalho. Programas de desenvolvimen- divisão sociossexual do trabalho perpetua e reforça desigualdades
to pessoal que visam fortalecer habilidades como inteligência emo- estruturais, limitando não apenas o potencial econômico das mu-
cional, comunicação eficaz e resolução de conflitos podem ajudar lheres, mas também seu status social e sua autonomia pessoal.
os trabalhadores a enfrentar os desafios psicológicos associados à Em síntese, este capítulo se propõe a lançar uma luz crítica
Divisão Social do Trabalho. sobre as complexidades e ramificações da divisão sociossexual do
Além disso, a promoção de ambientes de trabalho inclusivos e trabalho, sublinhando a urgência de abordar essas disparidades de
equitativos é fundamental para mitigar os impactos negativos da Di- gênero de forma holística e sistemática. Ao compreender e confron-
visão Social do Trabalho. Isso envolve não apenas a implementação tar as raízes profundas desse fenômeno, almejamos avançar em di-
de políticas e práticas que promovam a diversidade e a igualdade reção a um futuro mais justo e inclusivo, onde homens e mulheres
de oportunidades, mas também a criação de uma cultura organiza- possam verdadeiramente desfrutar de igualdade de oportunidades
cional que valorize e respeite a contribuição de todos os indivíduos, e reconhecimento pleno por suas contribuições para a sociedade.
independentemente de sua posição na hierarquia profissional. A
inclusão de diferentes perspectivas e experiências no local de tra- Capítulo 16: Divisão Racial do Trabalho
balho não apenas promove um ambiente mais harmonioso, mas
também pode levar a uma maior inovação e criatividade. Uma das manifestações mais evidentes da divisão racial do
Por fim, é crucial reconhecer que todas as contribuições no trabalho é a discrepância nas taxas de desemprego e subemprego
ambiente de trabalho têm valor e devem ser valorizadas. Isso signi- entre diferentes grupos étnicos. Minorias étnicas frequentemente
fica reconhecer e celebrar não apenas as conquistas individuais de enfrentam maiores taxas de desemprego em comparação com a
destaque, mas também o trabalho árduo e muitas vezes invisível população branca, mesmo quando possuem qualificações seme-
realizado por muitos trabalhadores em ocupações menos valoriza- lhantes. Essa disparidade reflete não apenas as barreiras estrutu-
das. A criação de uma cultura que reconheça e recompense todas rais enfrentadas por esses grupos, mas também a persistência de
as formas de contribuição pode ajudar a reduzir a desigualdade e preconceitos e discriminação racial no processo de contratação e
promover uma sociedade mais justa e inclusiva. no local de trabalho.
Em conclusão, a psicologia aplicada ao trabalho desempenha Além disso, a divisão racial do trabalho se manifesta em sa-
um papel vital na mitigação dos impactos negativos da Divisão So- lários mais baixos e condições de trabalho menos favoráveis para
cial do Trabalho. Ao adotar estratégias de gestão de carreira, desen- pessoas de grupos racializados. Mesmo quando empregadas, as
volvimento de habilidades emocionais e promoção de ambientes minorias étnicas muitas vezes recebem salários inferiores pelo mes-
de trabalho inclusivos, podemos trabalhar para criar um ambiente mo trabalho realizado por seus colegas brancos. Essa discrepância
de trabalho mais justo, equitativo e gratificante para todos os tra- salarial contribui para a perpetuação da desigualdade econômica e
balhadores. dificulta a mobilidade socioeconômica desses grupos.
Outro aspecto importante da divisão racial do trabalho é a se-
Capítulo 15: Divisão Sociossexual do Trabalho gregação ocupacional, onde certas profissões ou setores da econo-
mia são dominados por indivíduos de determinados grupos étnicos.
Começaremos nossa exploração examinando detalhadamen- Essa segregação muitas vezes resulta em oportunidades limitadas
te as diferenças salariais entre homens e mulheres, um aspecto de ascensão profissional e desenvolvimento de carreira para mino-
marcante e persistente da divisão sociossexual do trabalho. Abor- rias étnicas, perpetuando assim a desigualdade e a marginalização
daremos as origens históricas dessas disparidades e como elas no mercado de trabalho.
continuam a ser perpetuadas por sistemas e estruturas que fre- Além das barreiras econômicas, a divisão racial do trabalho
quentemente desvalorizam o trabalho feminino e recompensam de também tem implicações psicológicas e sociais significativas. A
maneira desproporcional o trabalho masculino. constante discriminação e marginalização no local de trabalho po-
Além das disparidades salariais, nos aprofundaremos na segre- dem afetar negativamente a autoestima, o bem-estar emocional e a
gação ocupacional, um fenômeno que confina homens e mulheres saúde mental das pessoas de grupos racializados. O sentimento de
a diferentes esferas profissionais, frequentemente baseadas em
302
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
exclusão e a falta de reconhecimento por suas contribuições podem Capítulo 18: Implicações Psicológicas da Divisão Sociossexual e
minar a motivação e o senso de pertencimento desses trabalhado- Racial do Trabalho
res, criando um ambiente de trabalho hostil e alienante.
Entretanto, a divisão racial do trabalho é um fenômeno profun- A análise das implicações psicológicas da divisão sociossexual e
damente enraizado nas estruturas sociais e históricas da socieda- racial do trabalho revela a profunda influência que esses sistemas
de. Para abordar efetivamente essa questão, é crucial reconhecer de desigualdade exercem sobre a saúde mental e o bem-estar dos
e confrontar as desigualdades sistêmicas que perpetuam essa di- trabalhadores afetados. Ao examinarmos como a exclusão sistemá-
visão, promovendo políticas e práticas inclusivas que valorizem a tica de certos grupos de oportunidades ou a relegação a posições
diversidade e garantam igualdade de oportunidades para todos os de menor prestígio pode afetar a autoestima, a identidade profis-
trabalhadores, independentemente de sua origem étnica. sional e o bem-estar psicológico, podemos compreender melhor os
impactos insidiosos da discriminação no local de trabalho.
Capítulo 17: Interseccionalidade na Divisão Sociossexual e Ra- A exclusão sistemática de oportunidades e a segregação ocupa-
cial do Trabalho cional enfrentada por mulheres e pessoas de minorias étnicas têm
consequências significativas para sua autoestima e identidade pro-
Mulheres de minorias étnicas estão sujeitas a uma série de fissional. Quando esses grupos são impedidos de acessar empre-
desafios únicos que resultam da interseção entre sua identidade gos bem remunerados e de alto status, é natural que sintam uma
de gênero e sua identidade racial. Essas mulheres enfrentam não sensação de desvalorização e inferioridade em relação aos colegas
apenas as disparidades salariais e oportunidades limitadas de as- privilegiados. A percepção de que suas habilidades e contribuições
censão profissional associadas à divisão sociossexual do trabalho, não são reconhecidas ou valorizadas pode minar sua autoconfiança
mas também enfrentam a discriminação racial no local de trabalho, e autoestima, levando a sentimentos de inadequação e impotência.
que muitas vezes as coloca em desvantagem em relação aos seus Além disso, a segregação ocupacional pode criar uma sensação
colegas brancos. de estagnação e falta de perspectiva de crescimento profissional,
Uma das principais manifestações da interseccionalidade na já que as oportunidades de avanço são limitadas em ocupações de
divisão do trabalho é a segregação ocupacional dupla, na qual mu- baixo status. Isso pode levar os trabalhadores afetados a se senti-
lheres de minorias étnicas são direcionadas para ocupações mal rem presos em empregos que não oferecem oportunidades de de-
remuneradas e de baixo status, muitas vezes em setores de serviço senvolvimento ou realização pessoal, resultando em sentimentos
e trabalho doméstico. Essa segregação reflete a interação entre es- de frustração e desesperança em relação ao futuro.
tereótipos de gênero e de raça, que moldam as percepções sobre A internalização dessas desigualdades é outro aspecto crucial
o trabalho adequado para essas mulheres e limitam suas oportu- a ser considerado ao analisar as implicações psicológicas da divisão
nidades de emprego em setores mais lucrativos e prestigiosos da sociossexual e racial do trabalho. Quando os indivíduos são cons-
economia. tantemente expostos a mensagens e práticas discriminatórias no
Além da segregação ocupacional, as mulheres de minorias local de trabalho, é comum que internalizem essas mensagens ne-
étnicas também enfrentam obstáculos significativos no acesso à gativas e comecem a duvidar de suas próprias habilidades e valor.
educação, formação profissional e redes de contatos profissionais, Isso pode levar a uma espiral descendente de autoestima e auto-
devido às barreiras estruturais associadas à raça e ao gênero. Essas confiança, contribuindo para o desenvolvimento de problemas de
barreiras podem dificultar ainda mais sua capacidade de competir saúde mental, como ansiedade, depressão e estresse crônico.
no mercado de trabalho e alcançar o sucesso profissional, perpe- Para mitigar esses impactos negativos, é fundamental adotar
tuando assim a desigualdade e a marginalização. uma abordagem multifacetada que combine medidas para promo-
A interseccionalidade na divisão sociossexual e racial do traba- ver a igualdade de oportunidades no local de trabalho com o apoio
lho também tem implicações significativas para o bem-estar psico- psicológico e emocional aos trabalhadores afetados. Isso inclui a
lógico e emocional das mulheres de minorias étnicas. A constante implementação de políticas de diversidade e inclusão que visam
discriminação e exclusão no local de trabalho podem afetar negati- eliminar práticas discriminatórias e promover um ambiente de tra-
vamente sua autoestima, saúde mental e senso de pertencimento, balho justo e equitativo para todos. Além disso, é necessário ofere-
criando um ambiente de trabalho hostil e alienante que comprome- cer programas de apoio psicológico e treinamento em habilidades
te seu bem-estar e produtividade. emocionais para ajudar os trabalhadores a desenvolver resiliência
Para abordar efetivamente as questões de interseccionalidade e lidar de forma saudável com o estresse e a pressão associados à
na divisão do trabalho, é crucial adotar uma abordagem holística discriminação no trabalho. Ao reconhecer e abordar as implicações
que reconheça e aborde as múltiplas formas de discriminação e ex- psicológicas da divisão sociossexual e racial do trabalho, podemos
clusão que as mulheres de minorias étnicas enfrentam. Isso requer criar ambientes de trabalho mais saudáveis, inclusivos e produtivos
a implementação de políticas e práticas inclusivas que promovam a para todos os trabalhadores.
diversidade, equidade e justiça no ambiente de trabalho, garantin-
do que todas as mulheres tenham igualdade de oportunidades para Capítulo 19: Papel da Psicologia Aplicada ao Trabalho na Miti-
prosperar e alcançar seu pleno potencial, independentemente de gação das Desigualdades
sua raça ou gênero.
A análise do papel da psicologia aplicada ao trabalho na mitiga-
ção das desigualdades sociossexuais e raciais revela a importância
de uma abordagem multifacetada que combina conscientização,
treinamento, políticas organizacionais e ações corretivas para pro-
mover ambientes de trabalho mais equitativos e inclusivos. Ao des-
303
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
304
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
alguma forma, obtêm remuneração por seu labor. Essa diversidade No entanto, é importante ressaltar que o mercado de trabalho
de arranjos laborais reflete a complexidade inerente ao mundo do não é homogêneo, mas sim composto por uma miríade de setores,
trabalho, onde uma infinidade de ocupações e modalidades de tra- indústrias e ocupações, cada qual com suas próprias características
balho coexistem em um panorama dinâmico e em constante trans- e demandas específicas. Enquanto alguns setores podem florescer
formação. e expandir, outros podem enfrentar desafios e declínios, criando
Ao analisarmos a população ocupada, somos conduzidos a uma paisagem laboral fragmentada e heterogênea.
uma exploração profunda das engrenagens que impulsionam a eco- Além disso, o mercado de trabalho é um terreno fértil para a
nomia e regem as relações laborais. Os trabalhadores assalariados, emergência de desigualdades sociais e econômicas. Grupos mar-
muitas vezes vinculados a contratos formais e protegidos por legis- ginalizados e historicamente desfavorecidos podem encontrar bar-
lações trabalhistas, representam uma força motriz essencial para reiras adicionais à entrada e progressão no mercado de trabalho,
o funcionamento das empresas e o crescimento econômico. Por exacerbando ainda mais as disparidades existentes. Questões de
outro lado, os empreendedores autônomos, dotados de iniciativa gênero, raça, classe e origem étnica podem influenciar significativa-
e criatividade, desempenham um papel vital na inovação e na ge- mente as oportunidades de emprego e os níveis de remuneração,
ração de riqueza, contribuindo para a vitalidade do mercado e a moldando as trajetórias individuais e coletivas dos trabalhadores.
diversificação da economia. Ao nos aventurarmos nas profundezas do mercado de trabalho,
No contexto da análise econômica, a compreensão da popu- somos confrontados com um vasto e intrincado ecossistema, onde
lação ocupada é indispensável para a avaliação do dinamismo e da as forças da oferta e da demanda, juntamente com uma infinidade
saúde do mercado de trabalho. O monitoramento das taxas de em- de fatores contextuais, convergem e se entrelaçam em um cenário
prego e desemprego, a análise dos padrões de mobilidade ocupa- dinâmico e em constante evolução. Neste capítulo, exploraremos
cional e a observação das tendências salariais são apenas algumas os meandros deste complexo sistema, buscando desvendar suas
das métricas que permitem traçar um retrato detalhado da conjun- camadas mais profundas e entender seu impacto na estrutura eco-
tura laboral e antecipar possíveis desafios e oportunidades. nômica, social e humana de nossas sociedades.
Além disso, a população ocupada desempenha um papel pre-
ponderante na construção do tecido social e na promoção do bem- Capítulo 4: Análise Profunda da População Ocupada
-estar coletivo. O acesso ao emprego não apenas garante a subsis-
tência material dos indivíduos, mas também confere um sentido de A análise da população ocupada transcende a mera contagem
propósito e pertencimento, promovendo a coesão social e a inclu- de indivíduos empregados, mergulhando nas complexas teias que
são. Neste sentido, a análise da população ocupada transcende os compõem sua composição e estrutura. Em primeiro lugar, é essen-
meros indicadores econômicos, abarcando também uma dimensão cial examinar os diferentes estratos educacionais presentes nessa
humana e societal de extrema relevância. força de trabalho. Desde trabalhadores com baixa escolaridade até
Portanto, ao nos aprofundarmos na análise da população profissionais altamente qualificados, a diversidade educacional da
ocupada, nos deparamos com um vasto e complexo panorama população ocupada reflete não apenas as oportunidades de apren-
que transcende as fronteiras da economia para abranger aspectos dizado disponíveis, mas também as demandas e exigências do mer-
sociais, culturais e psicológicos. Neste capítulo, exploraremos mi- cado de trabalho contemporâneo.
nuciosamente as múltiplas camadas deste conceito fundamental, Além disso, é crucial analisar a distribuição da população ocu-
buscando elucidar sua importância e sua influência na configuração pada por setores econômicos. Enquanto alguns segmentos, como a
do mundo laboral contemporâneo e na tessitura do tecido social de indústria e o setor de serviços, podem absorver uma parcela signi-
nossas sociedades. ficativa da força de trabalho, outros, como agricultura e mineração,
podem representar uma fatia menor, mas igualmente importante,
Capítulo 3: O Mercado de Trabalho do panorama laboral. Compreender essa distribuição é essencial
para identificar tendências de emprego, padrões de desenvolvi-
A definição inicial do mercado de trabalho como um mero local mento econômico e desafios específicos enfrentados por diferentes
de transação entre empregadores e trabalhadores subestima sua setores.
verdadeira magnitude e importância. Na verdade, este mercado As disparidades de gênero também desempenham um papel
é um microcosmo dinâmico e multifacetado, onde se desenrolam crucial na análise da população ocupada. Ao examinar a distribui-
batalhas pela sobrevivência econômica, pela realização profissional ção de homens e mulheres em diferentes ocupações e setores, po-
e pelo progresso social. É aqui que as forças da oferta, representa- demos identificar padrões de discriminação, desigualdade salarial
da pelos trabalhadores em busca de oportunidades laborais, e da e segregação ocupacional. A Sociologia do Trabalho oferece uma
demanda, personificada pelos empregadores ávidos por talentos e lente poderosa para entender as dinâmicas de gênero no mercado
competências, colidem e se entrelaçam em uma dança incessante. de trabalho, revelando as estruturas sociais e institucionais que per-
A dinâmica do mercado de trabalho é moldada por uma infini- petuam essas disparidades.
dade de fatores, que se entrelaçam em um intricado emaranhado Além das características demográficas e ocupacionais, a análi-
de influências e correlações. Mudanças tecnológicas, por exemplo, se da população ocupada também deve levar em consideração as
podem abrir novas oportunidades de emprego em setores emer- relações sociais presentes nos ambientes de trabalho. A dinâmica
gentes, ao mesmo tempo em que tornam obsoletas habilidades e das interações entre colegas, a hierarquia organizacional e a cultura
profissões tradicionais. Políticas econômicas, por sua vez, podem corporativa desempenham um papel significativo na experiência e
afetar diretamente a demanda por mão de obra, através de estímu- no desempenho dos trabalhadores. A Sociologia do Trabalho ofere-
los à criação de empregos ou medidas de austeridade que reduzem ce uma visão aprofundada dessas relações, explorando como elas
a atividade econômica. moldam a identidade profissional, a satisfação no trabalho e o bem-
-estar dos indivíduos.
305
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
Em suma, este capítulo se propõe a desvendar as complexi- tarefas desempenham um papel significativo na promoção de um
dades da população ocupada, oferecendo uma análise detalhada ambiente de trabalho positivo e gratificante. Explorar as condições
e abrangente de suas características, dinâmicas e implicações. Ao que favorecem a satisfação profissional e identificar áreas de me-
mergulhar nas profundezas desse vasto oceano de trabalhadores, lhoria são passos importantes para promover o engajamento e a
esperamos revelar insights valiosos que contribuam para uma com- motivação dos trabalhadores.
preensão mais rica e significativa do mercado de trabalho contem- O equilíbrio entre vida pessoal e profissional também é um as-
porâneo. pecto essencial a ser considerado. A crescente demanda por produ-
tividade e disponibilidade constante pode comprometer o tempo
Capítulo 5: Desafios e Debates dedicado a atividades pessoais, familiares e de lazer, resultando em
desequilíbrio e exaustão. Estratégias para promover uma melhor
Um dos principais desafios enfrentados ao se analisar a po- conciliação entre as esferas pessoal e profissional, como políticas de
pulação ocupada é a questão da informalidade no trabalho. Este flexibilidade de horário e apoio à parentalidade, são fundamentais
fenômeno complexo abrange uma gama diversificada de arranjos para garantir o bem-estar holístico dos trabalhadores.
laborais, desde trabalhadores autônomos e informais até aqueles Por fim, o desenvolvimento de habilidades e competências
envolvidos em atividades precárias e não regulamentadas. A falta também desempenha um papel significativo na saúde mental e
de inclusão desses trabalhadores nas estatísticas oficiais de empre- emocional dos trabalhadores. A oportunidade de aprender e cres-
go distorce nossa compreensão da força de trabalho, obscurecendo cer no ambiente de trabalho não apenas aumenta a satisfação pro-
a verdadeira extensão da participação econômica e social desses fissional, mas também promove a resiliência e a autoestima dos
indivíduos. indivíduos. Investir em programas de treinamento e desenvolvi-
Além disso, as transformações radicais na natureza do trabalho mento, bem como promover uma cultura de aprendizado contínuo,
representam um desafio significativo para as definições tradicio- são estratégias eficazes para fortalecer o bem-estar e a capacidade
nais de população ocupada. A ascensão do trabalho remoto, por de adaptação dos trabalhadores diante dos desafios do mundo do
exemplo, desafia as noções convencionais de emprego e local de trabalho.
trabalho, alterando fundamentalmente a forma como concebemos Em resumo, este capítulo oferece uma análise detalhada e
e medimos a participação na força de trabalho. A disseminação de abrangente dos impactos psicológicos do trabalho na população
plataformas de trabalho freelance e o surgimento de economias de ocupada. Ao explorar os efeitos do estresse ocupacional, a impor-
gig representam novos paradigmas que desafiam as fronteiras en- tância da satisfação profissional, os desafios do equilíbrio entre vida
tre emprego formal e informal, exigindo uma revisão e adaptação pessoal e profissional e a promoção do desenvolvimento de habi-
contínuas de nossos conceitos e métricas. lidades, esperamos lançar luz sobre questões críticas que afetam
Além desses desafios, também há debates em torno da própria o bem-estar e a qualidade de vida dos trabalhadores em todo o
definição de população ocupada. Questões como quem deve ser mundo.
considerado parte dessa população, quais arranjos de trabalho de-
vem ser incluídos e como medir a participação efetiva no mercado Capítulo 7: Introdução ao Trabalho Profissional e Trabalho Do-
de trabalho continuam a gerar controvérsias e discordâncias entre méstico
os especialistas e formuladores de políticas. A necessidade de esta-
belecer definições claras e abrangentes que capturem a diversidade Neste capítulo, mergulhamos em um amplo panorama que
e a complexidade do trabalho contemporâneo é essencial para in- abarca o Trabalho Profissional e o Trabalho Doméstico, dois pilares
formar políticas e intervenções eficazes. fundamentais na dinâmica social e econômica de uma sociedade.
Desse modo, este capítulo oferece uma análise aprofundada O Trabalho Profissional, essencial na economia formal, engloba di-
e perspicaz dos desafios e debates que cercam o conceito de po- versas ocupações, desde médicos e advogados até profissionais da
pulação ocupada. Ao explorar as complexidades da informalidade tecnologia e do design, moldando o tecido social e econômico. En-
no trabalho, as transformações na natureza do trabalho e os de- trar nesse universo é adentrar em um cenário multifacetado, onde
bates em torno da definição e medição da população ocupada, es- a competição é acirrada e as demandas são constantes, refletindo
peramos lançar luz sobre questões prementes e oferecer insights as necessidades e tendências econômicas do Mercado de Trabalho.
valiosos para informar futuras pesquisas e políticas relacionadas ao Por outro lado, o Trabalho Doméstico representa uma rede
mercado de trabalho. de atividades vitais realizadas nos lares, muitas vezes invisíveis e
subvalorizadas. Tarefas que vão desde a limpeza até o cuidado com
Capítulo 6: Impactos Psicológicos e Bem-Estar familiares constituem a base essencial para o funcionamento har-
monioso das famílias e comunidades. Entretanto, historicamente
Um dos aspectos fundamentais a serem considerados é o es- associado principalmente às mulheres, o Trabalho Doméstico levan-
tresse ocupacional. O ambiente de trabalho muitas vezes é palco de ta questões de desigualdade de gênero e valorização do trabalho
demandas intensas, prazos apertados e pressões constantes, que não remunerado.
podem levar a altos níveis de estresse entre os trabalhadores. A Explorar o Trabalho Doméstico é compreender a intricada rede
compreensão desses fatores estressores e de suas consequências de responsabilidades na esfera privada, frequentemente sem o de-
para a saúde mental é essencial para desenvolver estratégias de in- vido reconhecimento. Embora crucial para a reprodução social e o
tervenção e prevenção eficazes, visando promover ambientes de bem-estar familiar, sua invisibilidade e falta de remuneração repre-
trabalho mais saudáveis e sustentáveis. sentam desafios significativos a serem enfrentados.
Além disso, a satisfação profissional emerge como um indica- Apesar das diferenças, o Trabalho Profissional e o Trabalho Do-
dor crucial do bem-estar dos trabalhadores. A sensação de realiza- méstico estão interligados, influenciando-se mutuamente. Temas
ção no trabalho, o reconhecimento do esforço e a autonomia nas como conciliação entre vida pessoal e profissional, divisão equitati-
306
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
va de responsabilidades domésticas e valorização do trabalho não balho doméstico, destacando os desafios emocionais e cognitivos
remunerado permeiam ambos os contextos, demandando reflexão associados a essa atividade. Além disso, a busca por um equilíbrio
e atenção. satisfatório entre vida pessoal e profissional é um tema central de
Portanto, este capítulo nos convida a explorar não apenas as investigação, uma vez que os trabalhadores domésticos enfrentam
complexidades de cada tipo de trabalho, mas também suas inter- o desafio de conciliar suas responsabilidades laborais com suas ne-
seções e impactos na sociedade. Por meio dessa análise profunda, cessidades pessoais e familiares.
buscamos lançar luz sobre questões cruciais que moldam a vida das Outro aspecto essencial abordado pela Psicologia Aplicada ao
pessoas e as estruturas sociais em que estão inseridas. Trabalho Doméstico é o reconhecimento do valor desse trabalho
não remunerado. Muitas vezes, os trabalhadores domésticos não
Capítulo 8: Contribuições da Sociologia do Trabalho recebem o devido reconhecimento por suas contribuições para o
bem-estar da família e da comunidade. A falta de reconhecimento
No contexto do Trabalho Profissional, a Sociologia adentra os pode afetar negativamente a autoestima e a realização pessoal des-
intricados meandros das relações sociais e hierárquicas presentes ses trabalhadores, destacando a importância de valorizar e celebrar
nos ambientes laborais formais. Analisa-se a fundo a estratificação suas contribuições para a sociedade.
social dentro das organizações, explorando como fatores como clas- Em suma, as perspectivas da Psicologia Aplicada oferecem uma
se, gênero e raça influenciam a distribuição de poder e recursos no visão abrangente e holística dos impactos psicológicos do Trabalho
ambiente de trabalho. Profissional e do Trabalho Doméstico. Ao examinar as experiên-
Além disso, a mobilidade ocupacional é outro ponto de inte- cias individuais dos trabalhadores e fornecer insights valiosos para
resse, permitindo uma compreensão mais profunda das oportuni- promover seu bem-estar e desenvolvimento pessoal, a Psicologia
dades de ascensão profissional e das barreiras enfrentadas pelos Aplicada desempenha um papel vital na construção de ambientes
trabalhadores em sua busca por progresso dentro das organizações. laborais mais saudáveis, produtivos e gratificantes.
A Sociologia também investiga o impacto das instituições, como sin-
dicatos e órgãos reguladores, na configuração das relações de tra- Capítulo 10: Interseccionalidade e Complexidade
balho, destacando como essas entidades podem moldar o ambien-
te laboral e influenciar as condições de trabalho e remuneração. A interseccionalidade nos convida a reconhecer que as expe-
No que tange ao Trabalho Doméstico, a análise sociológica se riências laborais não são uniformes e que diferentes grupos enfren-
volta para as dinâmicas de gênero e poder que permeiam essa esfe- tam desafios específicos decorrentes de sua posição na sociedade.
ra. Tradicionalmente associado às mulheres, o trabalho doméstico Por exemplo, mulheres de diferentes origens étnicas podem enfren-
não remunerado desempenha um papel crucial na manutenção do tar obstáculos únicos em suas jornadas profissionais e domésticas.
lar e do bem-estar familiar. No entanto, essa divisão tradicional de Para compreender adequadamente essas realidades complexas, é
papéis contribuiu para a perpetuação de desigualdades de gênero, essencial adotar uma abordagem holística e sensível às diversida-
relegando as mulheres a uma posição de subordinação e sobrecar- des, levando em consideração não apenas o gênero, mas também
ga de responsabilidades. A Sociologia examina como as normas so- a raça, classe e outras identidades que influenciam as experiências
ciais e as estruturas familiares moldam e reproduzem essa divisão laborais.
desigual de trabalho, destacando a importância de se reconhecer No Trabalho Profissional, a interseccionalidade se manifesta de
e desconstruir essas normas para alcançar uma distribuição mais diversas formas. Mulheres de minorias étnicas, por exemplo, po-
equitativa das responsabilidades domésticas. dem enfrentar discriminação e barreiras adicionais ao avançarem
Portanto, as contribuições da Sociologia do Trabalho são fun- em suas carreiras, devido a estereótipos e preconceitos arraigados.
damentais para uma compreensão mais abrangente e crítica tanto Da mesma forma, trabalhadores de classe baixa podem enfrentar
do Trabalho Profissional quanto do Trabalho Doméstico, oferecen- dificuldades para acessar oportunidades de emprego dignas e bem
do insights valiosos sobre as estruturas sociais, desigualdades e di- remuneradas, devido às desigualdades estruturais que permeiam o
nâmicas de poder presentes nessas esferas fundamentais da vida mercado de trabalho.
contemporânea. No Trabalho Doméstico, a interseccionalidade também de-
sempenha um papel significativo. Mulheres negras, por exemplo,
Capítulo 9: Perspectivas da Psicologia Aplicada historicamente foram associadas a papéis de cuidadoras e trabalha-
doras domésticas, enfrentando uma sobrecarga desproporcional de
No âmbito do Trabalho Profissional, a Psicologia Aplicada mer- responsabilidades e uma falta de reconhecimento por seu trabalho
gulha nas nuances das experiências individuais dos trabalhadores, não remunerado. A interseção de gênero, raça e classe torna essas
examinando questões como estresse ocupacional, satisfação no experiências ainda mais complexas e desafiadoras, exigindo uma
trabalho e motivação. Compreender os fatores que influenciam a análise cuidadosa das diferentes dinâmicas envolvidas.
saúde mental e emocional dos profissionais é essencial para pro- Ao reconhecer e entender a interseccionalidade, podemos
mover ambientes de trabalho saudáveis e produtivos. Além disso, a avançar em direção a soluções mais inclusivas e equitativas para os
Psicologia Aplicada ao Trabalho Profissional se debruça sobre temas desafios enfrentados pelos trabalhadores em ambos os contextos.
como liderança, trabalho em equipe e resiliência, fornecendo insi- Isso envolve não apenas abordar as questões específicas enfren-
ghts valiosos para o desenvolvimento de práticas de gestão eficazes tadas por diferentes grupos, mas também reconhecer e desafiar
e para a promoção do engajamento dos colaboradores. as estruturas de poder e as normas sociais que perpetuam a de-
No que diz respeito ao Trabalho Doméstico, a Psicologia Apli- sigualdade e a injustiça. Somente por meio de uma compreensão
cada direciona sua atenção para os impactos psicológicos dessa aprofundada da interseccionalidade podemos verdadeiramente
forma de trabalho muitas vezes invisível e subvalorizada. Explora- trabalhar para criar ambientes de trabalho mais justos, inclusivos e
-se a fundo a carga mental enfrentada pelos responsáveis pelo tra- igualitários para todos.
307
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
Capítulo 11: Orientação Profissional Ademais, a formação profissional não se restringe apenas à
educação formal, mas engloba uma ampla gama de modalidades de
No cerne da Orientação Profissional reside o objetivo primor- aprendizagem, como cursos técnicos, treinamentos corporativos,
dial de ajudar os indivíduos a identificar e selecionar carreiras ali- estágios e programas de capacitação. Nesse contexto, a interação
nhadas com suas habilidades, interesses e valores. Essa jornada de entre teoria e prática desempenha um papel crucial no processo
autodescoberta e exploração é crucial para uma transição escola- formativo, permitindo aos indivíduos desenvolverem habilidades
-trabalho mais fluida e eficaz, capacitando os indivíduos a fazerem específicas e aplicá-las de forma eficaz em contextos reais de tra-
escolhas informadas e significativas sobre seu futuro profissional. balho.
A Sociologia desempenha um papel fundamental na análise da Portanto, este capítulo se propõe a oferecer uma análise
Orientação Profissional, destacando como fatores sociais, culturais abrangente e detalhada da formação profissional, explorando suas
e econômicos influenciam as escolhas e aspirações dos indivíduos. múltiplas dimensões e destacando sua importância na promoção
Questões como classe social, gênero, etnia e contexto familiar de- do desenvolvimento pessoal e socioeconômico. Por meio de uma
sempenham um papel significativo na formação das trajetórias de abordagem interdisciplinar, busca-se compreender as complexida-
carreira, moldando as percepções e oportunidades disponíveis para des e desafios envolvidos na formação dos trabalhadores, visando
cada indivíduo. contribuir para a construção de estratégias e políticas mais eficazes
Além disso, a psicologia também desempenha um papel crucial no campo da educação e do mercado de trabalho.
na Orientação Profissional, explorando as dimensões individuais do
processo. A compreensão das motivações, personalidade e habili- Capítulo 13: Qualificação Profissional
dades dos indivíduos é essencial para oferecer orientação perso-
nalizada e eficaz, ajudando cada pessoa a encontrar um caminho No contexto sociológico, a qualificação profissional é abordada
profissional que não apenas corresponda às suas habilidades, mas como um fenômeno complexo que reflete e reproduz as desigual-
também promova seu bem-estar e realização pessoal. dades sociais presentes na estrutura da sociedade. Questões como
No entanto, a Orientação Profissional não é um processo iso- classe social, gênero e raça influenciam significativamente o acesso
lado, mas sim parte de um ecossistema mais amplo que envolve à qualificação, determinando quem tem a oportunidade de adquirir
escolas, universidades, instituições de ensino técnico, empresas e as habilidades necessárias para competir no mercado de trabalho.
comunidades. A colaboração entre esses diferentes atores é funda- A sociologia destaca como políticas educacionais e programas de
mental para garantir que os indivíduos tenham acesso a informa- capacitação podem perpetuar ou mitigar essas desigualdades, con-
ções e recursos necessários para tomar decisões informadas sobre tribuindo para a construção de uma sociedade mais justa e inclu-
suas carreiras. siva.
Neste sentido, a presente dissertação busca não apenas explo- Por outro lado, a psicologia investiga os aspectos individuais
rar os fundamentos teóricos e práticos da Orientação Profissional, envolvidos no processo de qualificação profissional, destacando a
mas também analisar criticamente as políticas e práticas existentes, importância de características como autoconfiança, resiliência e
identificando áreas de melhoria e oportunidades de inovação. Por adaptabilidade para o sucesso nesse contexto. A autoconfiança, por
meio dessa análise abrangente, espera-se contribuir para o aprimo- exemplo, desempenha um papel crucial na busca por oportunida-
ramento contínuo dos serviços de orientação profissional, garan- des de aprendizagem e no enfrentamento dos desafios que surgem
tindo que todos os indivíduos tenham acesso a oportunidades de ao longo da trajetória profissional. Da mesma forma, a capacidade
carreira significativas e gratificantes. de se adaptar às mudanças e superar obstáculos é essencial para
se manter relevante e competitivo em um mercado de trabalho em
Capítulo 12: Formação Profissional constante evolução.
Além disso, a qualificação profissional não se restringe ape-
No âmbito da psicologia aplicada ao trabalho, a formação pro- nas às habilidades técnicas, mas engloba também competências
fissional é objeto de análise e investigação, destacando-se os aspec- socioemocionais, como habilidades de comunicação, trabalho em
tos psicológicos envolvidos no processo de aprendizagem e desen- equipe e resolução de problemas. Nesse sentido, a interseção en-
volvimento profissional. Questões como motivação, autoeficácia, tre aspectos sociológicos e psicológicos se torna evidente, eviden-
e percepção de competência desempenham um papel central na ciando a complexidade e a multidimensionalidade da qualificação
formação dos indivíduos, influenciando diretamente sua trajetória profissional.
educacional e profissional. Nesse sentido, a psicologia busca com- Portanto, este capítulo se propõe a oferecer uma análise apro-
preender os mecanismos subjacentes à aquisição de conhecimento fundada e detalhada da qualificação profissional, destacando sua
e habilidades, visando identificar estratégias eficazes para promo- importância na promoção do desenvolvimento pessoal e profissio-
ver uma formação mais significativa e gratificante. nal dos indivíduos e na construção de uma sociedade mais igua-
Por outro lado, a economia do trabalho lança luz sobre a for- litária e capacitada. Por meio de uma abordagem interdisciplinar
mação profissional como um investimento em capital humano, e holística, busca-se compreender as complexas interações entre
analisando como os recursos destinados à educação e treinamento fatores individuais e estruturais que moldam o processo de qualifi-
impactam a produtividade e a empregabilidade dos trabalhadores. cação profissional, visando contribuir para a formulação de políticas
Através de estudos empíricos e análises estatísticas, a economia do e práticas mais eficazes no campo da educação e do trabalho.
trabalho busca quantificar os retornos econômicos dos investimen-
tos em formação profissional, oferecendo insights valiosos para for-
muladores de políticas públicas e gestores de recursos humanos.
308
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
Capítulo 14: Dinâmicas no Mercado de Trabalho Por sua vez, a Qualificação Profissional assume um papel cru-
cial na era da economia do conhecimento, na qual as habilidades
No cenário atual, as demandas do mercado de trabalho estão e competências são frequentemente mais valorizadas do que as
em constante transformação, impulsionadas por mudanças tecno- credenciais formais. A capacidade de demonstrar competência em
lógicas, processos de globalização e políticas econômicas. A rapidez áreas específicas por meio de certificações e portfólios de trabalho
com que essas mudanças ocorrem pode gerar desafios significati- torna-se essencial para se destacar em um mercado de trabalho al-
vos para os trabalhadores e as organizações, tornando essencial tamente competitivo e em constante evolução.
uma compreensão aprofundada das dinâmicas em jogo. A Socio- A Economia do Trabalho desempenha um papel fundamental
logia do Trabalho surge como uma ferramenta fundamental nesse na compreensão das tendências e desafios contemporâneos. As
processo, oferecendo insights valiosos sobre como esses fatores demandas por habilidades específicas são moldadas pela evolução
macroeconômicos impactam a estrutura social e as oportunidades tecnológica e pelas mudanças nas práticas de trabalho, influencian-
de progresso profissional. do diretamente as oportunidades de emprego e o desenvolvimento
No âmbito da Orientação Profissional, a análise das dinâmicas de carreira dos trabalhadores.
do mercado de trabalho permite uma avaliação mais precisa das Enquanto isso, a Psicologia do Trabalho se depara com o desa-
necessidades e tendências em termos de habilidades e compe- fio de lidar com as adaptações psicológicas necessárias diante das
tências exigidas pelos empregadores. Compreender as demandas mudanças constantes no ambiente de trabalho. O estresse e a an-
do mercado é essencial para orientar os indivíduos na escolha de siedade associados à insegurança do emprego e à rápida evolução
carreiras alinhadas às suas aptidões e aspirações, garantindo uma das tecnologias exigem uma abordagem holística para promover o
transição mais eficaz da educação para o trabalho. bem-estar e a resiliência dos trabalhadores.
Da mesma forma, a Formação Profissional desempenha um Portanto, este capítulo busca lançar luz sobre a evolução e os
papel crucial na preparação dos trabalhadores para atender às de- desafios contemporâneos relacionados à Orientação, Formação e
mandas do mercado de trabalho. Investimentos em programas de Qualificação Profissional. Por meio de uma análise abrangente e
capacitação e educação continuada são fundamentais para garantir detalhada, busca-se fornecer insights valiosos para trabalhadores,
que os profissionais estejam equipados com as habilidades neces- empregadores e formuladores de políticas que buscam navegar
sárias para competir em um ambiente cada vez mais competitivo e com sucesso pelo cenário complexo e em constante evolução do
dinâmico. mercado de trabalho moderno.
Por fim, a Qualificação Profissional emerge como um fator de-
terminante na alocação de recursos humanos dentro do mercado Capítulo 16: Abordagens Interdisciplinares e Impacto Social
de trabalho. A capacidade dos trabalhadores de se qualificarem e
se adaptarem às demandas do mercado pode influenciar significa- Ao integrar os insights da Sociologia, somos levados a uma
tivamente suas oportunidades de emprego e progresso na carreira. análise crítica das disparidades sociais que permeiam o mercado
Nesse sentido, compreender as dinâmicas do mercado de trabalho de trabalho. Questões como classe, gênero, raça e etnia emergem
é essencial para orientar estratégias eficazes de formação e qualifi- como fatores cruciais que moldam as experiências dos trabalha-
cação profissional, garantindo um alinhamento entre as necessida- dores e influenciam suas oportunidades de ascensão profissional.
des dos indivíduos e as demandas do mercado. Aprofundando-se nesse campo, somos confrontados com a neces-
Portanto, este capítulo se propõe a oferecer uma análise de- sidade premente de políticas e práticas que visem à promoção da
talhada e abrangente das dinâmicas no Mercado de Trabalho, des- igualdade de oportunidades, bem como à mitigação das desigual-
tacando a interconexão entre Orientação, Formação e Qualificação dades estruturais que perpetuam a exclusão e a marginalização de
Profissional e sua influência na estruturação do mercado de traba- determinados grupos.
lho contemporâneo. Por meio de uma abordagem multidisciplinar Por outro lado, a Psicologia Aplicada ao Trabalho lança luz sobre
e holística, busca-se fornecer insights valiosos para trabalhadores, as dimensões individuais dessas experiências laborais, explorando
empregadores, formuladores de políticas e demais interessados no os impactos psicológicos das dinâmicas do mundo do trabalho. Des-
funcionamento e nas tendências do mercado de trabalho. de o estresse ocupacional até os desafios emocionais associados à
busca por equilíbrio entre vida pessoal e profissional, a Psicologia
Capítulo 15: Evolução e Desafios Contemporâneos nos convida a mergulhar nas profundezas da psique humana, reve-
lando as complexas interações entre as exigências do trabalho e o
A Orientação Profissional, uma vez centrada em habilidades bem-estar emocional dos trabalhadores.
e carreiras estáticas, agora enfrenta o desafio de se adaptar a um Nesse sentido, as abordagens interdisciplinares oferecem uma
cenário em constante transformação. As rápidas mudanças na tec- perspectiva ampliada e enriquecedora, capaz de capturar a com-
nologia e na economia requerem uma abordagem mais dinâmica, plexidade e a interconexão entre os fatores sociais, econômicos e
na qual os indivíduos são incentivados a desenvolver habilidades psicológicos que moldam o mundo do trabalho. Ao reconhecer a in-
transferíveis e a se manterem flexíveis diante das mudanças no terdependência dessas disciplinas, somos capacitados a desenvol-
mercado de trabalho. ver estratégias mais eficazes para lidar com os desafios emergentes
A Formação Profissional também passou por uma evolução sig- e promover um ambiente laboral mais justo, inclusivo e equitativo
nificativa para atender às demandas contemporâneas. Os progra- para todos.
mas de educação devem ser projetados não apenas para transmitir Assim, ao final deste capítulo, somos levados a uma conclusão
conhecimentos específicos, mas também para promover habilida- clara: os conceitos de Orientação, Formação e Qualificação Profis-
des como pensamento crítico, resolução de problemas e colabora- sional não são apenas elementos isolados, mas sim pilares funda-
ção, essenciais em um ambiente de trabalho cada vez mais comple- mentais para a construção de um mercado de trabalho mais justo,
xo e interconectado. dinâmico e socialmente responsável. Por meio da integração de
309
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
abordagens interdisciplinares e do compromisso com a promoção Ao explorar essas questões, a Sociologia do Trabalho nos con-
do impacto social positivo, podemos vislumbrar um futuro onde o vida a refletir sobre as disparidades e injustiças presentes no mer-
trabalho não seja apenas uma fonte de subsistência, mas sim uma cado de trabalho contemporâneo. Ela nos desafia a examinar criti-
expressão genuína da dignidade e realização humanas. camente as estruturas sociais e institucionais que perpetuam essas
desigualdades e a buscar soluções que promovam a equidade e a
Capítulo 17: Trabalhadores e Empregadores justiça social no ambiente laboral.
Além disso, a Sociologia do Trabalho também nos permite
De um lado, encontramos os trabalhadores, indivíduos que for- compreender as formas de resistência e mobilização que emergem
necem sua força de trabalho em troca de remuneração. Essa diver- entre os trabalhadores em resposta às injustiças e desigualdades.
sificada força laboral engloba uma ampla gama de pessoas, desde Movimentos sindicais, organização comunitária e ativismo político
profissionais altamente qualificados até trabalhadores em setores são exemplos de estratégias utilizadas pelos trabalhadores para
mais básicos da economia. Cada trabalhador traz consigo habilida- reivindicar seus direitos, buscar melhores condições de trabalho e
des, experiências e aspirações únicas, contribuindo para a riqueza e promover mudanças sociais significativas.
diversidade do mercado de trabalho. Em suma, o que vimos anteriormente nos convida a uma pro-
Por outro lado, temos os empregadores, entidades que deman- funda reflexão sobre as relações sociais no mercado de trabalho e
dam essa mão de obra para operar e produzir bens ou serviços. seu impacto na estruturação da sociedade como um todo. Ao com-
Esses empregadores podem variar desde pequenas empresas fami- preender as complexidades e nuances dessas interações, podemos
liares até grandes corporações multinacionais, cada uma com suas trabalhar para construir um ambiente laboral mais justo, inclusivo
próprias estratégias, objetivos e valores organizacionais. Para os e igualitário, onde todos os indivíduos tenham a oportunidade de
empregadores, a contratação e gestão eficazes dos trabalhadores realizar seu pleno potencial e contribuir para o bem-estar coletivo.
são essenciais para alcançar o sucesso nos mercados competitivos
e em constante mudança. Capítulo 19: Aspectos Psicológicos no Mercado de Trabalho
A Economia do Trabalho emerge como uma ferramenta funda-
mental para compreender a dinâmica dessa relação entre trabalha- Neste contexto, a Psicologia Aplicada ao Trabalho emerge como
dores e empregadores. Por meio de modelos e teorias econômicas, uma ferramenta fundamental para compreender as motivações,
analisamos como esses dois grupos interagem para determinar aspirações e experiências emocionais dos indivíduos no ambiente
salários, condições de trabalho e níveis de emprego. A oferta e a laboral. Ao investigar a relação intrínseca entre o indivíduo e o tra-
demanda por mão de obra, juntamente com fatores como produ- balho, a disciplina busca desvendar os mecanismos subjacentes que
tividade, tecnologia e políticas governamentais, influenciam direta- impulsionam o comportamento humano no contexto profissional.
mente as relações entre trabalhadores e empregadores, moldando Entre os temas centrais explorados pela Psicologia Aplicada ao
o panorama do mercado de trabalho. Trabalho, destaca-se a análise da satisfação no trabalho e do bem-
Nesse contexto, questões como negociação salarial, direitos -estar psicológico dos trabalhadores. Compreender os fatores que
trabalhistas, políticas de contratação e demissão e estratégias de contribuem para o contentamento ou insatisfação no ambiente la-
gestão de recursos humanos ganham destaque. Tanto os trabalha- boral é essencial para promover condições de trabalho mais saudá-
dores quanto os empregadores enfrentam desafios e oportunida- veis e produtivas.
des únicas à medida que navegam por esse ambiente laboral com- Além disso, a disciplina investiga os desafios enfrentados pelos
plexo e altamente competitivo. trabalhadores e as estratégias de enfrentamento adotadas para li-
Em última análise, o Capítulo 17 nos convida a refletir sobre a dar com essas adversidades. O estresse ocupacional, a sobrecarga
interdependência entre trabalhadores e empregadores e o papel de responsabilidades, o conflito trabalho-vida pessoal e a pressão
crucial que ambos desempenham na construção e sustentação do por desempenho são apenas algumas das questões examinadas
tecido social e econômico. Ao compreender as dinâmicas e desafios pela Psicologia Aplicada ao Trabalho, que busca identificar mecanis-
enfrentados por esses dois grupos, podemos trabalhar para promo- mos eficazes de enfrentamento e resiliência.
ver relações laborais mais equitativas, produtivas e socialmente res- Outro aspecto relevante abordado pela Psicologia Aplicada ao
ponsáveis, garantindo assim um futuro mais justo e próspero para Trabalho é a análise das expectativas e percepções dos trabalhado-
todos os envolvidos no mercado de trabalho. res em relação às suas carreiras e ao ambiente laboral. Compreen-
der como as crenças e atitudes influenciam o comportamento no
Capítulo 18: Relações Sociais no Mercado de Trabalho trabalho é fundamental para promover o desenvolvimento profis-
sional e a realização pessoal dos indivíduos.
A análise sociológica do mercado de trabalho lança luz sobre Portanto, somos convidados a uma jornada fascinante pelo
a importância crucial de fatores como classe social, gênero e raça universo dos aspectos psicológicos no mercado de trabalho, ofe-
na configuração das dinâmicas laborais. Através dessa perspectiva, recendo insights valiosos sobre a complexa interação entre mente
compreendemos como essas variáveis influenciam diretamente as e trabalho. Ao compreender as dinâmicas emocionais e cognitivas
oportunidades de emprego, as trajetórias de ascensão profissional que permeiam o ambiente profissional, podemos desenvolver es-
e a remuneração dos trabalhadores. A classe social, por exemplo, tratégias mais eficazes para promover o bem-estar e a realização
pode determinar o acesso a certas ocupações e a estabilidade no dos trabalhadores, construindo assim um mercado de trabalho
emprego, enquanto o gênero e a raça podem impactar significati- mais humano, saudável e satisfatório para todos.
vamente a igualdade de oportunidades e o tratamento no local de
trabalho.
310
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
Capítulo 20: Globalização e Transformações Tecnológicas informar políticas e práticas que promovam um mercado de traba-
lho justo, inclusivo e sustentável em meio a um cenário de rápida
Para compreender plenamente o impacto da globalização e das mudança.
transformações tecnológicas no mercado de trabalho, é necessário
analisar os mecanismos subjacentes a esses fenômenos. A globa- Capítulo 21: Outros Atores no Mercado de Trabalho
lização, enquanto processo multifacetado, envolve a interconexão
crescente de economias, culturas e sociedades em todo o mundo. Os sindicatos representam um dos principais atores coletivos
Este fenômeno é impulsionado por avanços nas comunicações, no mercado de trabalho, agindo como defensores dos interesses
transporte e comércio internacional, que reduzem as barreiras geo- dos trabalhadores. Essas organizações desempenham um papel
gráficas e facilitam a integração econômica em escala global. crucial na busca por melhores condições de trabalho, salários justos
Uma das consequências mais evidentes da globalização é a re- e garantias de direitos trabalhistas. Ao representar os trabalhadores
configuração dos fluxos de trabalho e produção. Empresas multi- de forma coletiva, os sindicatos têm o poder de negociar com os
nacionais agora operam em múltiplos países, aproveitando-se de empregadores em igualdade de condições, buscando contratos co-
diferenças na oferta de mão-de-obra, regulamentações trabalhistas letivos que estabeleçam padrões mínimos para salários, benefícios
e custos de produção. Isso resulta em mudanças na distribuição e condições de trabalho.
geográfica de empregos, com alguns setores e regiões experimen- Além de sua função tradicional de negociação coletiva, os sin-
tando um crescimento robusto, enquanto outros enfrentam desa- dicatos também desempenham um papel importante na defesa dos
fios significativos devido à concorrência global. direitos dos trabalhadores e na promoção de políticas que visam
Além disso, a globalização intensifica a competição entre traba- melhorar a qualidade de vida no trabalho. Eles podem estar envol-
lhadores de diferentes partes do mundo. Com a ascensão da eco- vidos em questões como segurança no local de trabalho, políticas
nomia global, as empresas têm acesso a um pool de talentos mais de licença remunerada, proteção contra discriminação e assédio,
amplo e diversificado. Isso pode levar a pressões sobre os salários, entre outros. Dessa forma, os sindicatos não apenas representam
especialmente em setores onde a mão-de-obra é facilmente substi- os interesses imediatos dos trabalhadores, mas também contri-
tuível ou pode ser terceirizada para países com custos mais baixos. buem para moldar o ambiente regulatório e político em que ocor-
Como resultado, os trabalhadores podem se encontrar em uma po- rem as relações de trabalho.
sição de negociação desfavorável, enfrentando pressões para acei- Por outro lado, o governo desempenha um papel fundamental
tar salários mais baixos ou condições de trabalho precárias. na regulação do mercado de trabalho, estabelecendo leis, regula-
Paralelamente à globalização, as transformações tecnológicas mentos e políticas que afetam diretamente empregadores e traba-
desempenham um papel central na moldagem do mercado de tra- lhadores. Essas intervenções governamentais têm como objetivo
balho contemporâneo. O avanço da automação, inteligência artifi- garantir um equilíbrio justo entre os interesses das partes envol-
cial e robótica está redefinindo a natureza e os requisitos do traba- vidas, promovendo a justiça social, a estabilidade econômica e o
lho em muitos setores. Tarefas rotineiras e repetitivas estão cada desenvolvimento sustentável.
vez mais sendo automatizadas, enquanto habilidades relacionadas As políticas governamentais trabalhistas podem abranger uma
à tecnologia, criatividade e resolução de problemas estão em alta ampla gama de áreas, incluindo salário mínimo, horas de trabalho,
demanda. segurança ocupacional, direitos sindicais, proteção contra demis-
Embora as transformações tecnológicas ofereçam oportuni- sões injustas e políticas de emprego. Além disso, o governo muitas
dades para aumentar a produtividade e a eficiência, elas também vezes desempenha um papel ativo na mediação de conflitos traba-
levantam preocupações sobre o impacto no emprego e na desigual- lhistas e na promoção do diálogo entre empregadores e sindicatos
dade. A automação pode resultar na substituição de trabalhadores para resolver disputas de forma pacífica e equitativa.
por máquinas em certos setores, levando ao desemprego estrutural É importante ressaltar que o papel do governo no mercado
e à erosão de empregos de baixa qualificação. Por outro lado, a de- de trabalho varia significativamente de acordo com o contexto
manda por trabalhadores altamente qualificados em áreas STEM político, econômico e cultural de cada país. Em algumas nações,
(ciência, tecnologia, engenharia e matemática) está em ascensão, o Estado desempenha um papel mais intervencionista, com fortes
criando disparidades de habilidades e ampliando a lacuna entre os regulamentações trabalhistas e políticas de proteção social. Em
trabalhadores qualificados e não qualificados. outros lugares, o governo adota uma abordagem mais liberal,
Diante dessas complexidades, tanto empregadores quanto tra- deixando a maior parte da regulação para o mercado e incentivando
balhadores enfrentam o desafio de se adaptar a um ambiente de a flexibilidade e a autonomia dos empregadores e trabalhadores.
trabalho em constante evolução. Para os empregadores, isso pode Desse modo, os sindicatos e o governo são atores essenciais
envolver a adoção de estratégias de gestão de talentos que pro- no complexo ecossistema do mercado de trabalho. Enquanto os
movam a inovação, a diversidade e a adaptação às mudanças tec- sindicatos representam os interesses dos trabalhadores e promo-
nológicas. Por outro lado, os trabalhadores podem precisar investir vem a solidariedade coletiva, o governo exerce um papel regulador
em educação e desenvolvimento de habilidades para se manterem e protetor, estabelecendo políticas que visam garantir condições de
relevantes em um mercado de trabalho cada vez mais competitivo trabalho justas e equitativas para todos os envolvidos. Uma com-
e dinâmico. preensão abrangente do papel desses atores é fundamental para
Em conclusão, a globalização e as transformações tecnológicas promover relações de trabalho harmoniosas, garantindo direitos e
estão remodelando profundamente o mercado de trabalho con- proteções fundamentais para os trabalhadores em todo o mundo.
temporâneo. Ao examinar as implicações desses fenômenos, é evi-
dente que eles apresentam desafios e oportunidades significativas
para empregadores, trabalhadores e governos em todo o mundo.
Uma compreensão abrangente dessas questões é essencial para
311
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
Capítulo 22: Educação e Formação Profissional cada vez mais baseada no conhecimento e na tecnologia, o inves-
timento em capital humano torna-se não apenas uma prioridade,
No intrincado ecossistema do mercado de trabalho, a educação mas também um imperativo para impulsionar o progresso e a pros-
e a formação profissional emergem como pilares fundamentais que peridade em escala global.
moldam não apenas as habilidades individuais dos trabalhadores,
mas também a dinâmica global da força de trabalho. Este capítulo Capítulo 23: Análise Interdisciplinar dos Atores no Mercado de
se dedica a uma análise profunda do papel crucial desempenhado Trabalho
pelas instituições de ensino, treinamento e capacitação na prepara-
ção dos trabalhadores para as complexidades e demandas do mer- No coração do mercado de trabalho reside uma teia comple-
cado contemporâneo. xa de interações entre diversos atores, cada um desempenhando
As instituições de ensino, desde as escolas primárias até as um papel único e essencial na moldagem das condições, relações e
universidades e escolas de ensino técnico, representam os alicer- resultados laborais. Este capítulo se propõe a realizar uma investi-
ces sobre os quais a força de trabalho do futuro é construída. Elas gação minuciosa e interdisciplinar dos principais atores envolvidos
desempenham um papel vital na transmissão de conhecimentos, no mercado de trabalho, explorando não apenas suas interações
desenvolvimento de habilidades e formação de competências que econômicas, mas também as nuances sociais e psicológicas que
são essenciais para o sucesso profissional em uma economia cada permeiam esse ecossistema em constante evolução.
vez mais globalizada e orientada pela tecnologia. Os atores no mercado de trabalho são mais do que simples
No cerne dessa dinâmica está o conceito de capital humano, agentes econômicos; eles representam facetas complexas da socie-
que engloba o conjunto de conhecimentos, habilidades e compe- dade que se entrelaçam de maneiras intrincadas. Trabalhadores e
tências adquiridas pelos indivíduos por meio da educação e da ex- empregadores, por exemplo, estão interligados por uma relação de
periência. O investimento em capital humano é reconhecido como interdependência na qual o fornecimento de mão de obra encontra
um dos principais impulsionadores da produtividade e da empre- sua demanda em oportunidades de trabalho. No entanto, essa re-
gabilidade, pois trabalhadores mais qualificados tendem a ser mais lação é influenciada não apenas por fatores econômicos, mas tam-
eficientes, inovadores e adaptáveis às mudanças no mercado de bém por considerações sociais, culturais e psicológicas que moldam
trabalho. as expectativas, motivações e comportamentos de ambos os lados.
A relação entre educação e mercado de trabalho é complexa e Os sindicatos, por sua vez, atuam como intermediários entre
multifacetada. Por um lado, a demanda por habilidades específicas trabalhadores e empregadores, representando coletivamente os
impulsiona a necessidade de educação e formação profissional vol- interesses dos trabalhadores e negociando condições de trabalho
tadas para as necessidades do mercado. Setores em rápida evolu- justas e equitativas. Além de suas funções tradicionais de negocia-
ção, como tecnologia da informação, ciência de dados e inteligência ção salarial e defesa dos direitos trabalhistas, os sindicatos também
artificial, demandam constantemente trabalhadores com habilida- desempenham um papel crucial na promoção da solidariedade en-
des atualizadas e especializadas para permanecerem competitivos. tre os trabalhadores e na defesa de questões sociais mais amplas,
Por outro lado, as instituições de ensino enfrentam o desafio como igualdade de gênero e justiça racial.
de adaptar seus currículos e métodos de ensino às demandas em Enquanto isso, o governo atua como regulador e árbitro, es-
constante mudança do mercado de trabalho. Isso requer uma cola- tabelecendo políticas e leis que governam as relações de trabalho
boração estreita entre educadores, empregadores e formuladores e protegem os direitos dos trabalhadores. Suas intervenções vão
de políticas para garantir que os programas educacionais estejam desde a implementação de salário mínimo e políticas de segurança
alinhados com as necessidades do mercado e proporcionem aos ocupacional até a mediação de conflitos trabalhistas e a promoção
alunos as habilidades e competências relevantes para o mundo de oportunidades de emprego igualitárias. No entanto, o papel do
profissional. governo não se limita apenas à esfera econômica; ele também de-
Além disso, a formação profissional e o desenvolvimento con- sempenha um papel crucial na promoção do bem-estar social e na
tínuo tornaram-se imperativos para os trabalhadores ao longo de redução das desigualdades por meio de políticas de educação, saú-
suas carreiras. Com o rápido avanço da tecnologia e a evolução das de e assistência social.
práticas de trabalho, a capacidade de aprender e se adaptar tornou- Além dos atores tradicionais, as instituições educacionais de-
-se uma habilidade essencial. Programas de treinamento e capaci- sempenham um papel fundamental na formação e preparação dos
tação contínua permitem que os trabalhadores adquiram novas ha- trabalhadores para os desafios do mercado de trabalho. Desde a
bilidades, atualizem conhecimentos e se mantenham competitivos educação básica até a formação profissional e o desenvolvimento
em um mercado de trabalho em constante transformação. contínuo, essas instituições são responsáveis por equipar os indi-
No contexto da Economia do Trabalho, o papel da educação víduos com as habilidades e conhecimentos necessários para pros-
e formação profissional é amplamente reconhecido como um perar em um mundo cada vez mais globalizado e orientado pela
componente vital para o crescimento econômico, a inovação e a tecnologia.
redução das desigualdades. Investimentos em educação e desen- Uma análise interdisciplinar dos atores no mercado de trabalho
volvimento de habilidades não apenas capacitam os indivíduos a reconhece não apenas as dimensões econômicas, mas também as
alcançarem seu pleno potencial, mas também fortalecem a resiliên- implicações sociais e psicológicas das interações entre eles. Ques-
cia e a adaptabilidade da força de trabalho em face das mudanças tões como desigualdade de renda, discriminação no local de tra-
globais e tecnológicas. balho, estresse ocupacional e equilíbrio entre vida profissional e
Em síntese, a educação e formação profissional desempenham pessoal são igualmente importantes para uma compreensão abran-
um papel central na preparação e capacitação dos trabalhadores gente das dinâmicas laborais. Nesse sentido, a capacidade de adap-
para os desafios e oportunidades do mercado de trabalho contem-
porâneo. À medida que avançamos em direção a uma economia
312
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
tação e a compreensão das complexidades sociais e psicológicas entanto, para maximizar os benefícios do trabalho formal, é neces-
são cruciais para o sucesso e o bem-estar dos atores no mercado de sário abordar os desafios e desigualdades que ainda persistem no
trabalho em um mundo em constante transformação. mercado de trabalho.
Em síntese, uma abordagem interdisciplinar oferece uma vi-
são holística do mercado de trabalho, reconhecendo sua comple- Capítulo 25: Mercado de Trabalho Informal
xidade e destacando a necessidade de considerar uma variedade
de fatores para promover relações de trabalho justas, produtivas O mercado de trabalho informal se distingue do mercado for-
e sustentáveis. Somente através de uma compreensão profunda e mal pela ausência de contratos formais e pela falta de proteção
interconectada dos atores envolvidos podemos aspirar a construir legal e garantias trabalhistas. Os trabalhadores informais, muitas
um mercado de trabalho que beneficie a todos os membros da so- vezes, encontram-se envolvidos em atividades autônomas, como
ciedade. vendedores ambulantes, prestadores de serviços informais, ou em
trabalhos subalternos, como trabalho doméstico, reciclagem ou
Capítulo 24: Mercado de Trabalho Formal serviços de entrega, que operam à margem das estruturas formais
de emprego.
O mercado de trabalho formal é caracterizado pela operação Uma das características proeminentes do mercado de trabalho
dentro das normas legais e regulamentações do sistema econô- informal é a insegurança empregatícia enfrentada pelos trabalha-
mico. Nele, as relações entre empregadores e trabalhadores são dores. A falta de contratos formais e a natureza precária das ativida-
formalizadas por meio de contratos de trabalho, que estabelecem des informais tornam os trabalhadores vulneráveis a flutuações no
condições de emprego, salários, benefícios e responsabilidades de mercado, demissões arbitrárias e exploração por parte dos empre-
ambas as partes. Essa formalização cria uma estrutura transparente gadores. Além disso, a ausência de garantias salariais e benefícios
e organizada que proporciona estabilidade empregatícia e proteção sociais deixa os trabalhadores informais em uma situação de vulne-
legal aos trabalhadores. rabilidade financeira e social.
A formalização das relações de trabalho traz uma série de be- A precariedade das condições de trabalho no mercado infor-
nefícios tanto para os empregadores quanto para os trabalhadores. mal também é uma preocupação significativa. Os trabalhadores
Para os empregadores, ela oferece segurança jurídica e previsibi- informais frequentemente enfrentam longas jornadas de trabalho,
lidade nas operações comerciais, garantindo o cumprimento das exposição a condições perigosas e falta de acesso a cuidados de
obrigações trabalhistas e reduzindo o risco de litígios trabalhistas. saúde e segurança no local de trabalho. Além disso, a ausência de
Além disso, a formalização pode melhorar a reputação da empresa proteção legal muitas vezes resulta em salários baixos e exploração
e facilitar o acesso a crédito e financiamento. por parte dos empregadores, perpetuando um ciclo de pobreza e
Para os trabalhadores, o trabalho formal oferece uma série de desigualdade.
vantagens, incluindo estabilidade de emprego, salários mais altos, No entanto, apesar dos desafios enfrentados, o mercado de
benefícios sociais e proteção legal contra demissões arbitrárias ou trabalho informal desempenha um papel importante na econo-
condições de trabalho precárias. Os contratos formais geralmente mia de muitos países, fornecendo oportunidades de emprego para
incluem disposições sobre horas de trabalho, férias remuneradas, milhões de pessoas que de outra forma estariam desempregadas.
licenças médicas, seguro-desemprego, aposentadoria e planos de Para muitos trabalhadores, o mercado informal representa uma for-
saúde, proporcionando uma rede de segurança financeira e social ma de sustento e sobrevivência em face da falta de oportunidades
para os trabalhadores e suas famílias. formais de emprego e da exclusão do sistema econômico formal.
Além disso, a formalização contribui significativamente para a Para abordar os desafios do mercado de trabalho informal, são
redução da informalidade no mercado de trabalho. A informalida- necessárias políticas e intervenções que reconheçam e respondam
de, caracterizada pela falta de registro e proteção legal, muitas ve- às necessidades específicas dos trabalhadores informais. Isso inclui
zes está associada a salários baixos, condições de trabalho precárias a implementação de medidas para promover a formalização do em-
e falta de acesso a benefícios sociais. Ao promover a formalização, prego informal, garantindo o acesso a direitos trabalhistas básicos,
os governos podem combater o trabalho informal, promovendo salários dignos e benefícios sociais para os trabalhadores informais.
equidade e justiça no emprego e garantindo que todos os trabalha- Além disso, é crucial investir em programas de capacitação e desen-
dores tenham acesso aos mesmos direitos e oportunidades. volvimento de habilidades para melhorar a empregabilidade e as
No entanto, apesar de seus benefícios, o mercado de trabalho oportunidades de trabalho para os trabalhadores informais.
formal também enfrenta desafios significativos. A rigidez das leis Desse modo, o mercado de trabalho informal representa uma
trabalhistas e os custos associados à contratação formal podem faceta complexa e multifacetada da realidade socioeconômica, ca-
desencorajar os empregadores de criar novos empregos formais, racterizada por desafios significativos, mas também por oportuni-
levando a altas taxas de desemprego e subemprego. Além disso, a dades de emprego e sobrevivência. Uma compreensão abrangente
formalização pode excluir certos grupos vulneráveis, como traba- das dinâmicas do mercado de trabalho informal é essencial para
lhadores migrantes, mulheres e jovens, que podem enfrentar bar- informar políticas e práticas que promovam a inclusão, a justiça e o
reiras adicionais para acessar empregos formais. bem-estar dos trabalhadores em todo o mundo.
Em suma, o mercado de trabalho formal desempenha um pa-
pel crucial na promoção da estabilidade, segurança e equidade no Capítulo 26: Análise Econômica e Sociológica
emprego. Sua estrutura organizada e transparente proporciona be-
nefícios tanto para empregadores quanto para trabalhadores, ao Na esfera do mercado de trabalho formal, a análise econômica
mesmo tempo em que contribui para a redução da informalidade se concentra em questões fundamentais como relações de poder
e para o fortalecimento do sistema econômico como um todo. No entre empregadores e empregados, negociação coletiva e políticas
trabalhistas. A partir de uma perspectiva econômica, são exami-
313
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
nadas as dinâmicas de oferta e demanda de trabalho, os determi- A pressão para alcançar metas e atender às expectativas dos
nantes dos salários, os efeitos das regulamentações trabalhistas e empregadores pode levar a níveis elevados de estresse e ansieda-
as implicações das políticas de emprego para o funcionamento do de entre os trabalhadores formais. A competição por promoções
mercado formal. e reconhecimento pode criar um ambiente de trabalho altamen-
Um aspecto crucial da análise econômica do mercado formal te competitivo e exigente, onde o equilíbrio entre vida pessoal e
é o estudo das relações de poder entre empregadores e emprega- profissional muitas vezes fica comprometido. Além disso, a falta de
dos. Questões como assimetria de informação, concentração de autonomia e controle sobre as tarefas e decisões no trabalho pode
poder de mercado e estratégias de negociação são exploradas para levar a sentimentos de desmotivação e alienação entre os trabalha-
compreender como essas dinâmicas influenciam a distribuição de dores formais.
salários, benefícios e condições de trabalho entre os trabalhadores Por outro lado, no mercado de trabalho informal, a falta de se-
formais. gurança e estabilidade pode gerar ansiedade e incerteza entre os
Além disso, a negociação coletiva entre sindicatos e emprega- trabalhadores. A ausência de contratos formais e proteção legal
dores é outro ponto focal da análise econômica do mercado formal. expõe os trabalhadores informais a uma série de riscos, incluindo
São examinados os processos de barganha salarial, a eficácia dos demissões arbitrárias, exploração e instabilidade financeira. No en-
sindicatos na defesa dos interesses dos trabalhadores e os impac- tanto, a autonomia e flexibilidade oferecidas pelo trabalho informal
tos das greves e paralisações na dinâmica do mercado de trabalho podem ser percebidas como aspectos positivos, permitindo aos tra-
formal. balhadores maior controle sobre suas próprias vidas e horários de
Por outro lado, na esfera do mercado de trabalho informal, a trabalho.
sociologia aplicada lança luz sobre a vulnerabilidade dos trabalha- Os trabalhadores informais muitas vezes encontram formas
dores, a exploração e as estratégias de sobrevivência adotadas por criativas de lidar com os desafios do mercado de trabalho, desen-
eles. Através de uma lente sociológica, são exploradas as causas volvendo estratégias de sobrevivência e resiliência para enfrentar
estruturais da informalidade, as redes sociais e comunitárias que a instabilidade e incerteza. A rede de apoio social e comunitário
sustentam os trabalhadores informais e as estratégias de resistên- desempenha um papel crucial no fornecimento de suporte emocio-
cia e empoderamento adotadas por eles em face da marginalização nal e prático aos trabalhadores informais, ajudando-os a enfrentar
e exploração. os desafios e encontrar soluções para os problemas que enfrentam
Um tema central na análise sociológica do mercado informal no trabalho.
é a vulnerabilidade dos trabalhadores. São examinados os fatores Portanto, a psicologia aplicada ao trabalho oferece insights
socioeconômicos, políticos e culturais que contribuem para a preca- valiosos sobre as experiências e percepções dos trabalhadores nos
riedade das condições de trabalho no mercado informal, bem como contextos formais e informais. Ao reconhecer e entender os desa-
as consequências dessa vulnerabilidade para a saúde, segurança e fios psicológicos enfrentados pelos trabalhadores, podemos desen-
bem-estar dos trabalhadores informais. volver estratégias e intervenções que promovam um ambiente de
Além disso, a exploração dos trabalhadores informais e as es- trabalho saudável, equilibrado e satisfatório para todos os indiví-
tratégias de sobrevivência adotadas por eles são áreas de interesse duos, independentemente do contexto laboral em que se encon-
da sociologia aplicada. São investigadas as práticas de exploração, trem.
como salários baixos, jornadas de trabalho extenuantes e falta de
proteção legal, bem como as formas de resistência e organização Capítulo 28: Transformações Contemporâneas
adotadas pelos trabalhadores informais para enfrentar esses desa-
fios e reivindicar seus direitos. No cenário atual, a fronteira entre o mercado de trabalho for-
Em conclusão, a análise econômica e sociológica do mercado mal e informal está se tornando cada vez mais difusa, à medida que
de trabalho oferece perspectivas complementares e enriquecedo- novas formas de trabalho flexíveis e remotos ganham destaque. O
ras que ampliam nossa compreensão das dinâmicas laborais em surgimento de plataformas digitais e tecnologias de comunicação
suas diversas manifestações. Ao integrar essas abordagens interdis- possibilitou o surgimento de um mercado de trabalho gig economy,
ciplinares, somos capazes de explorar as complexidades do merca- onde os trabalhadores podem se envolver em atividades de curto
do de trabalho de forma mais holística e informada, contribuindo prazo e projetos independentes, muitas vezes sem os laços formais
para o desenvolvimento de políticas e práticas que promovam a de emprego característicos do mercado de trabalho formal.
justiça, equidade e bem-estar para todos os trabalhadores. Essa flexibilidade no local de trabalho oferece benefícios sig-
nificativos para trabalhadores e empregadores, permitindo uma
Capítulo 27: Aspectos Psicológicos maior autonomia e controle sobre o tempo e o local de trabalho.
No entanto, também apresenta uma série de desafios, especial-
No mercado de trabalho formal, a estabilidade proporcionada mente no que diz respeito à segurança, estabilidade e proteção dos
pelos contratos formais e pelas estruturas organizacionais pode direitos trabalhistas. Os trabalhadores gig economy muitas vezes
contribuir para um senso de segurança e satisfação no trabalho. Os enfrentam incerteza em relação à renda, benefícios e proteção so-
trabalhadores formais muitas vezes desfrutam de benefícios como cial, enquanto os empregadores podem se beneficiar da falta de
seguro de saúde, planos de aposentadoria e estabilidade de empre- regulamentação e responsabilidade trabalhista associada a essas
go, que oferecem uma rede de apoio emocional e financeiro. No formas de trabalho flexíveis.
entanto, essa estabilidade também pode gerar estresse relacionado Além disso, a pandemia global de COVID-19 acelerou ainda
a pressões corporativas, expectativas de desempenho e competição mais a adoção de formas flexíveis e remotas de trabalho, à medida
no local de trabalho. que as organizações buscavam adaptar-se às restrições de distan-
ciamento social e lockdowns. O trabalho remoto tornou-se a norma
314
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
para muitos setores, desafiando as noções tradicionais de local de agentes econômicos, podemos desenvolver políticas e práticas que
trabalho e exigindo uma reavaliação das políticas e práticas laborais promovam um ambiente de trabalho justo, equitativo e produtivo
em todo o mundo. para todos os envolvidos, contribuindo para o crescimento e desen-
No entanto, apesar dos benefícios potenciais do trabalho fle- volvimento sustentável da economia como um todo.
xível e remoto, também há preocupações significativas em relação
ao isolamento social, equilíbrio entre vida profissional e pessoal e Capítulo 30: Empregadores e sua Influência
desigualdade de acesso a oportunidades de trabalho. Muitos tra-
balhadores enfrentam dificuldades em separar o trabalho da vida Os empregadores desempenham um papel crucial como aque-
pessoal quando trabalham em casa, enquanto outros lutam para les que demandam e organizam o trabalho. Sejam eles empresas
acessar os recursos e tecnologias necessários para se engajar efeti- multinacionais, pequenas empresas familiares ou empreendedores
vamente no trabalho remoto. individuais, são os empregadores que criam e oferecem oportuni-
Em resumo, as transformações contemporâneas no mundo do dades de emprego, determinando o número de vagas disponíveis,
trabalho estão redefinindo as normas e práticas laborais, desafian- as qualificações necessárias e os termos e condições do emprego.
do as categorias tradicionais de emprego e exigindo uma resposta A capacidade dos empregadores de criar empregos e fornecer
adaptativa das organizações, governos e sociedade como um todo. oportunidades de trabalho tem um impacto direto na dinâmica do
À medida que continuamos a navegar por essas mudanças dinâmi- mercado de trabalho, influenciando a taxa de emprego, a mobilida-
cas, é imperativo que exploremos maneiras de promover um am- de da força de trabalho e a distribuição de talentos e habilidades
biente de trabalho justo, equitativo e sustentável que atenda às ne- em toda a economia. Suas decisões sobre investimentos, expansão
cessidades e aspirações dos trabalhadores em todas as suas formas de negócios e alocação de recursos têm repercussões significativas
de engajamento laboral. no mercado de trabalho e na economia como um todo.
Além disso, os empregadores desempenham um papel funda-
Capítulo 29: Trabalhadores como Agentes Econômicos mental na definição das condições de trabalho, determinando salá-
rios, benefícios, horários de trabalho e políticas de recursos huma-
Os trabalhadores são essenciais na dinâmica do mercado de nos. Suas decisões nessas áreas afetam diretamente o bem-estar e
trabalho, representando a força de trabalho disponível para parti- a qualidade de vida dos trabalhadores, influenciando sua satisfação
cipar das atividades produtivas da economia. Eles oferecem seus no trabalho, engajamento e produtividade.
serviços, habilidades e conhecimentos em troca de remuneração, A economia do trabalho dedica-se a analisar como os empre-
contribuindo para a produção de bens e serviços que impulsionam gadores influenciam a formação de salários, a criação de empre-
o crescimento econômico e o desenvolvimento social. gos e as políticas de recursos humanos. Examina os determinantes
As decisões dos trabalhadores, desde escolhas de carreira até dos salários, incluindo oferta e demanda de trabalho, produtivida-
mobilidade e busca por melhores condições de trabalho, têm um de, negociações sindicais e políticas governamentais. Além disso,
impacto direto na economia do trabalho. A forma como os traba- investiga como as decisões dos empregadores sobre contratação,
lhadores alocam seu tempo, energia e recursos influencia a distri- treinamento, promoção e demissão afetam a dinâmica do merca-
buição de talentos, a alocação de recursos e a eficiência produtiva do de trabalho e as oportunidades de emprego disponíveis para os
em toda a economia. Além disso, suas escolhas de consumo e in- trabalhadores.
vestimento têm repercussões significativas no mercado, afetando No entanto, apesar de seu poder e influência, os empregado-
a demanda por bens e serviços e moldando as tendências econô- res também enfrentam uma série de desafios e responsabilidades
micas globais. no mercado de trabalho. Eles devem equilibrar as necessidades e
A sociologia aplicada ao trabalho oferece uma lente poderosa expectativas dos acionistas, clientes, trabalhadores e comunidades
para entender as dinâmicas sociais entre os trabalhadores e suas in- em que operam, enquanto cumprem as leis e regulamentações tra-
terações dentro do ambiente laboral. Considera fatores como soli- balhistas e promovem práticas de trabalho justas e equitativas.
dariedade, competição e cooperação, explorando como essas dinâ- Em síntese, os empregadores desempenham um papel central
micas influenciam as relações entre colegas de trabalho, sindicatos, e multifacetado no mercado de trabalho, influenciando e sendo in-
comunidades profissionais e outras partes interessadas. fluenciados por uma série de fatores econômicos, sociais e políticos.
A solidariedade entre os trabalhadores pode fortalecer os laços Ao entender e reconhecer a influência dos empregadores, pode-
de colaboração e apoio mútuo, promovendo uma cultura de traba- mos desenvolver políticas e práticas que promovam um ambiente
lho em equipe e camaradagem que beneficia a todos os envolvidos. de trabalho justo, equitativo e produtivo para todos os envolvidos,
Por outro lado, a competição pode estimular a inovação, a melhoria contribuindo para o crescimento e desenvolvimento sustentável da
do desempenho e o avanço na carreira, à medida que os trabalha- economia como um todo.
dores buscam se destacar e alcançar o sucesso profissional.
Além disso, a cooperação entre os trabalhadores pode facilitar Capítulo 31: O Estado como Agente Regulador
a resolução de problemas, a negociação coletiva e a defesa dos inte-
resses comuns, criando um ambiente de trabalho mais harmonioso Por meio de políticas públicas e legislação trabalhista, o Estado
e produtivo. No entanto, também podem surgir conflitos e desafios busca equilibrar as relações entre trabalhadores e empregadores,
nas relações entre os trabalhadores, que exigem uma abordagem garantindo direitos trabalhistas fundamentais, promovendo a se-
sensível e colaborativa para serem resolvidos de forma eficaz. gurança no trabalho e regulamentando aspectos como jornada de
Desse modo, os trabalhadores desempenham um papel funda- trabalho, salário mínimo e condições de emprego. Essas medidas
mental como agentes econômicos no mercado de trabalho, influen- visam proteger os trabalhadores contra práticas abusivas, discrimi-
ciando e sendo influenciados por uma série de fatores econômicos e nação e exploração, garantindo um ambiente de trabalho digno e
sociais. Ao reconhecer e entender o papel dos trabalhadores como seguro para todos.
315
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
Através de intervenções econômicas, o Estado também busca têm forte influência nas políticas trabalhistas, enquanto em outros
estimular o crescimento econômico e o pleno emprego, criando enfrentam desafios significativos, como leis anti-sindicais, pressões
políticas de incentivo à geração de empregos, investimentos em empresariais e mudanças nas estruturas de emprego.
infraestrutura e programas de capacitação profissional. Essas inter- Entretanto, as instituições sindicais desempenham um papel
venções visam fortalecer a economia, reduzir o desemprego e criar crucial na representação dos trabalhadores e na promoção de con-
oportunidades de trabalho para todos os cidadãos, contribuindo dições de trabalho justas e equitativas. Ao analisar as dinâmicas
para o desenvolvimento sustentável e a inclusão social. sindicais, podemos entender melhor como essas organizações co-
A psicologia aplicada ao trabalho desempenha um papel fun- letivas moldam as relações laborais e influenciam as políticas tra-
damental na análise do impacto dessas políticas e intervenções no balhistas, contribuindo para a criação de um ambiente de trabalho
bem-estar psicológico dos trabalhadores. Examina como as condi- mais justo, seguro e digno para todos os trabalhadores.
ções de trabalho, ambiente organizacional e políticas governamen-
tais influenciam a saúde mental, satisfação no trabalho e qualidade Capítulo 33: Dinâmica entre Agentes Econômicos
de vida dos trabalhadores, identificando áreas de melhoria e desen- Os trabalhadores, como a força vital do mercado de trabalho,
volvimento de políticas mais eficazes e centradas no ser humano. desempenham um papel fundamental na produção de bens e ser-
Além disso, o Estado desempenha um papel importante na viços e, consequentemente, no crescimento econômico. Suas ha-
promoção da igualdade de oportunidades no mercado de trabalho, bilidades, esforços e aspirações moldam o panorama laboral e in-
implementando políticas de ação afirmativa, combate à discrimi- fluenciam diretamente a dinâmica do mercado. Suas demandas por
nação e promoção da diversidade e inclusão. Essas políticas visam salários justos, condições de trabalho seguras e oportunidades de
eliminar barreiras ao emprego e garantir que todos os trabalhado- crescimento profissional são essenciais para garantir um ambiente
res tenham acesso igualitário a oportunidades de trabalho e desen- de trabalho saudável e produtivo.
volvimento profissional, independentemente de sua origem étnica, Os empregadores, por sua vez, são os motores da economia,
gênero, orientação sexual ou condição socioeconômica. criando empregos, investindo em capital humano e impulsionan-
Em resumo, o Estado desempenha um papel essencial como do a inovação e o crescimento. Suas decisões sobre contratação,
agente regulador do mercado de trabalho, protegendo os direitos demissão, investimento e política de recursos humanos têm um
e interesses dos trabalhadores, promovendo o crescimento eco- impacto significativo na distribuição de empregos, salários e be-
nômico e estimulando a inclusão social. Ao desenvolver políticas nefícios. A busca por lucro e eficiência muitas vezes colide com as
públicas e intervenções regulatórias centradas no ser humano, o necessidades e interesses dos trabalhadores, criando tensões e
Estado pode contribuir para a criação de um ambiente de trabalho conflitos que precisam ser resolvidos por meio de negociações e
justo, equitativo e produtivo, que beneficie a todos os membros da colaborações.
sociedade e promova o desenvolvimento sustentável em escala na- O Estado, como agente regulador, desempenha um papel cru-
cional e global. cial na promoção de relações laborais justas e equitativas. Por meio
de políticas públicas, legislação trabalhista e intervenções econômi-
Capítulo 32: Instituições Sindicais e sua Representatividade cas, o Estado busca garantir a proteção dos direitos dos trabalhado-
res, promover a igualdade de oportunidades e criar um ambiente
As instituições sindicais representam coletivamente os interes- de trabalho seguro e digno para todos. Suas ações têm um impacto
ses dos trabalhadores, unindo-os em torno de objetivos comuns e direto nas condições de trabalho, na distribuição de renda e na es-
fornecendo uma voz coletiva na negociação com empregadores e tabilidade econômica.
autoridades governamentais. Ao representar os trabalhadores de As instituições sindicais representam os interesses coletivos
forma coletiva, os sindicatos têm maior poder de barganha para ne- dos trabalhadores, agindo como contrapartes dos empregadores na
gociar salários, benefícios, condições de trabalho e outras questões negociação de salários e condições de trabalho. Seu papel na defesa
relacionadas ao emprego. dos direitos trabalhistas e na promoção da justiça social é funda-
A negociação coletiva é uma das principais funções das institui- mental para equilibrar o poder entre trabalhadores e empregado-
ções sindicais, permitindo que os trabalhadores negociem em pé de res e garantir uma distribuição justa dos benefícios do trabalho.
igualdade com os empregadores para garantir melhores condições Em conjunto, esses agentes econômicos formam uma comple-
de trabalho e remuneração justa. Por meio de acordos coletivos e xa teia de relações que molda a estrutura e funcionamento do mer-
contratos de trabalho, os sindicatos garantem que os interesses dos cado de trabalho. Suas interações, negociações e conflitos refletem
trabalhadores sejam levados em consideração nas decisões empre- as tensões inerentes entre o capital e o trabalho, o poder e a vulne-
sariais e políticas governamentais. rabilidade, a eficiência econômica e a justiça social. Ao compreen-
Além da negociação coletiva, as instituições sindicais desem- dermos melhor essas dinâmicas, podemos desenvolver políticas e
penham um papel importante na defesa dos direitos trabalhistas, práticas que promovam um ambiente de trabalho mais justo, equi-
lutando contra a discriminação, assédio, condições de trabalho pre- tativo e produtivo para todos os envolvidos.
cárias e outras formas de injustiça no local de trabalho. Por meio
de campanhas de conscientização, ações legais e mobilizações po- Capítulo 34: Análise Interdisciplinar
líticas, os sindicatos trabalham para promover a justiça social e ga-
rantir que todos os trabalhadores sejam tratados com dignidade e Neste capítulo, mergulharemos em uma análise interdisciplinar
respeito. abrangente do mercado de trabalho, explorando os diferentes pris-
As dinâmicas sindicais são complexas e variadas, variando de mas oferecidos pela economia, sociologia e psicologia aplicadas ao
acordo com o contexto político, econômico e cultural de cada país. trabalho. Cada disciplina oferece uma perspectiva única e comple-
Em alguns lugares, os sindicatos são amplamente reconhecidos e mentar que nos ajuda a entender as complexas interações e dinâmi-
cas que moldam o ambiente laboral moderno. Vamos examinar em
316
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
detalhes como essas disciplinas convergem para fornecer insights ção social, status e redes de apoio. Além disso, as mudanças nas
valiosos e orientar práticas que promovam ambientes de trabalho estruturas ocupacionais e no mercado de trabalho podem levar a
equitativos, produtivos e saudáveis. desafios e oportunidades para a coesão social e a mobilidade social.
A economia do trabalho, como disciplina central nesta análise, Por outro lado, a psicologia explora as dimensões individuais
nos oferece uma visão macroeconômica das forças que impulsio- do trabalho, examinando como o trabalho influencia a saúde men-
nam o mercado de trabalho. Explora questões como oferta e de- tal, a motivação e a satisfação das pessoas. O trabalho não é apenas
manda de trabalho, formação de salários, produtividade e políticas uma fonte de renda, mas também uma fonte de significado e pro-
de emprego. Através da análise de dados econômicos e modelos pósito na vida. O tipo de trabalho que realizamos, o ambiente em
teóricos, a economia do trabalho nos ajuda a entender como as mu- que trabalhamos e nossas experiências no trabalho podem afetar
danças na economia global e as políticas governamentais afetam o profundamente nossa autoestima, autoeficácia e bem-estar emo-
emprego, os salários e as condições de trabalho em escala nacional cional. O estresse ocupacional, a falta de autonomia e o conflito
e internacional. trabalho-vida podem ter impactos negativos na saúde mental e na
Por outro lado, a sociologia aplicada ao trabalho se concentra qualidade de vida dos trabalhadores.
nas relações sociais, culturais e organizacionais que permeiam o Ao integrar essas perspectivas complementares, podemos de-
ambiente de trabalho. Investiga questões como estratificação so- senvolver uma compreensão mais completa e holística do trabalho
cial, diversidade, poder e desigualdade no trabalho. Utilizando mé- como fenômeno multifacetado. Isso nos permite reconhecer não
todos qualitativos e quantitativos, a sociologia aplicada ao trabalho apenas sua importância econômica, mas também seu papel na
nos ajuda a compreender como fatores como gênero, raça, classe estruturação das relações sociais, na formação da identidade e na
social e cultura influenciam as experiências e oportunidades dos promoção do bem-estar psicológico dos indivíduos. Ao entender-
trabalhadores no local de trabalho. mos melhor as complexidades do trabalho, podemos desenvolver
A psicologia aplicada ao trabalho complementa essa análise, políticas e práticas que promovam ambientes de trabalho mais sau-
explorando o impacto das dinâmicas laborais nas percepções indi- dáveis, justos e satisfatórios para todos os envolvidos.
viduais, comportamentos e saúde mental dos trabalhadores. Exa-
mina questões como estresse ocupacional, satisfação no trabalho, Capítulo 36: O Papel das Empresas no Mercado de Trabalho
liderança e motivação. Por meio de estudos de caso, pesquisas ex-
perimentais e intervenções práticas, a psicologia aplicada ao traba- As empresas desempenham um papel central e multifacetado
lho nos ajuda a entender como o design do trabalho, as relações na complexa teia do mercado de trabalho. Este capítulo se dedica a
interpessoais e o ambiente organizacional influenciam o bem-estar uma investigação detalhada e extensa do papel das empresas como
e o desempenho dos trabalhadores. entidades essenciais na dinâmica econômica e social do mercado
Ao integrar essas diferentes perspectivas, podemos desenvol- de trabalho. Além de serem locais de produção de bens e servi-
ver uma compreensão mais completa e holística do mercado de ços, as empresas são agentes econômicos que exercem influência
trabalho e identificar estratégias eficazes para promover ambientes significativa sobre as relações laborais e as condições de emprego.
de trabalho mais justos, produtivos e saudáveis. Isso pode envolver Vamos explorar em profundidade como as empresas são estudadas
a implementação de políticas que reduzam a desigualdade salarial, na Economia do Trabalho, não apenas como unidades de produção,
promovam a diversidade e inclusão, e proporcionem suporte psi- mas também como atores que moldam e são moldados pelas inte-
cossocial aos trabalhadores. Em última análise, uma abordagem in- rações entre trabalhadores e empregadores.
terdisciplinar é essencial para enfrentar os desafios complexos e em Na Economia do Trabalho, as empresas são objeto de estudo
constante evolução do mercado de trabalho moderno, garantindo não apenas por sua contribuição para a produção de bens e ser-
que ele seja um lugar onde todos os indivíduos possam prosperar e viços, mas também por seu impacto na distribuição de empregos,
alcançar seu pleno potencial. salários e benefícios. As decisões das empresas sobre contratação,
demissão, investimento em capital humano e política de recursos
Capítulo 35: O Trabalho como Fenômeno Multifacetado humanos têm um impacto direto na estruturação das relações labo-
rais e nas condições de trabalho. O comportamento das empresas
O trabalho é um fenômeno intrinsecamente multifacetado, no mercado de trabalho, como a adoção de práticas de contratação
transcende as meras atividades econômicas para se tornar um com- e remuneração, o investimento em treinamento e capacitação e o
ponente fundamental na vida das pessoas. Este capítulo se dedica cumprimento das normas trabalhistas, é crucial para entender as
a uma análise detalhada e extensa das diversas dimensões do tra- dinâmicas do mercado de trabalho e suas implicações sociais e eco-
balho, explorando não apenas seu impacto econômico, mas tam- nômicas.
bém sua influência na identidade, realização pessoal e bem-estar Além disso, as empresas são locais onde ocorrem interações
psicológico dos indivíduos. A partir das perspectivas da sociologia complexas entre trabalhadores e empregadores, influenciando não
e da psicologia, examinaremos como o trabalho permeia e molda apenas as relações de trabalho, mas também as relações sociais e
as estruturas sociais, as relações interpessoais e as percepções in- culturais. O ambiente organizacional, a cultura corporativa e as prá-
dividuais. ticas de gestão adotadas pelas empresas desempenham um papel
A perspectiva sociológica ressalta a importância do trabalho significativo na determinação do clima de trabalho, na motivação
na estruturação das relações sociais e na construção da identidade dos funcionários e na qualidade do emprego. Questões como li-
individual e coletiva. O trabalho não é apenas uma fonte de sus- derança, comunicação, trabalho em equipe e equilíbrio entre vida
tento financeiro, mas também um meio através do qual as pessoas profissional e pessoal são aspectos importantes que afetam o bem-
se relacionam e se integram na sociedade. O tipo de trabalho que -estar e a produtividade dos trabalhadores.
realizamos, nossas posições ocupacionais e nossas interações com
colegas e superiores têm um impacto significativo em nossa posi-
317
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
Além disso, as empresas têm o poder de influenciar as políticas Capítulo 38: Análise Sociológica das Relações de Trabalho nas
e práticas trabalhistas através de sua participação em organizações Empresas
empresariais, negociações coletivas e lobbying político. Sua capaci-
dade de moldar o ambiente regulatório e as normas do mercado de A estrutura hierárquica dentro das empresas é um aspecto fun-
trabalho pode ter impactos significativos na distribuição de renda, damental que organiza e define as relações de poder entre os co-
na segurança no emprego e nas oportunidades de trabalho para laboradores. A análise sociológica examina como essa hierarquia é
diferentes grupos de trabalhadores. estabelecida e mantida, identificando os diferentes níveis de auto-
Em resumo, as empresas desempenham um papel central e ridade e as relações de subordinação que existem dentro da organi-
multifacetado na dinâmica do mercado de trabalho. Ao entender- zação. As hierarquias podem ser verticais, com diferentes níveis de
mos melhor seu papel e suas interações com outros agentes eco- gestão e supervisão, ou horizontais, com diferentes departamentos
nômicos, podemos desenvolver políticas e práticas que promovam e unidades funcionais. A compreensão dessas estruturas hierárqui-
empregos dignos, condições de trabalho justas e uma economia cas é essencial para entender como o poder é distribuído e exercido
mais equitativa e sustentável para todos os envolvidos. dentro da empresa.
Além disso, a cultura organizacional desempenha um papel
Capítulo 37: Interdependência entre Trabalho e Empresa significativo na moldagem das normas e valores que orientam o
comportamento dos colaboradores. A análise sociológica investi-
As empresas, como unidades econômicas, dependem da força ga como a cultura organizacional é criada, transmitida e mantida
de trabalho para operar e atingir seus objetivos organizacionais. Os dentro da empresa, influenciando a maneira como os colaborado-
trabalhadores são os agentes que transformam os recursos em pro- res interagem, se comunicam e tomam decisões. Normas culturais
dutos e serviços, impulsionando a produtividade e a eficiência das como a ética do trabalho, o respeito mútuo e a colaboração podem
empresas. Sem uma força de trabalho qualificada e motivada, as promover um ambiente de trabalho saudável e produtivo, enquan-
empresas enfrentam desafios significativos em alcançar seus obje- to normas negativas como a competição desleal e a desconfiança
tivos de negócios e competir no mercado. podem criar um clima organizacional tóxico.
Por sua vez, os trabalhadores dependem das empresas para Além disso, a análise sociológica das relações de trabalho nas
oportunidades de emprego, crescimento profissional e realização empresas também considera questões como diversidade, desigual-
de suas aspirações de carreira. As empresas fornecem não apenas dade e conflito. A diversidade de gênero, raça, etnia e origem so-
um meio de subsistência, mas também um ambiente onde os tra- cioeconômica pode influenciar as percepções e experiências dos
balhadores podem desenvolver suas habilidades, expandir seus colaboradores no local de trabalho, moldando as relações interpes-
horizontes profissionais e alcançar seus objetivos de longo prazo. soais e a dinâmica da equipe. Da mesma forma, a desigualdade de
A relação entre trabalho e empresa é, portanto, uma parceria dinâ- poder e recursos pode levar a conflitos e tensões entre os colabo-
mica e interdependente, na qual ambos os lados têm interesses e radores, afetando negativamente o clima organizacional e a eficácia
necessidades a serem atendidos. do trabalho em equipe.
Essa interdependência entre trabalho e empresa é mediada por Concluindo, a análise sociológica das relações de trabalho nas
uma série de fatores econômicos, sociais e psicológicos. No nível empresas oferece uma visão profunda e abrangente das dinâmicas
econômico, as empresas buscam maximizar seus lucros e eficiência, complexas que ocorrem dentro das organizações. Ao entender-
enquanto os trabalhadores buscam salários justos e condições de mos melhor as estruturas hierárquicas, a cultura organizacional e
trabalho adequadas. Esses objetivos nem sempre estão alinhados e os desafios relacionados à diversidade e desigualdade, podemos
podem levar a conflitos e tensões nas relações laborais. desenvolver estratégias e práticas que promovam um ambiente de
No nível social, as empresas são influenciadas pelo contexto trabalho mais justo, equitativo e colaborativo para todos os cola-
cultural, político e legal em que operam, moldando suas práticas de boradores.
gestão e políticas de recursos humanos. Da mesma forma, os traba-
lhadores são influenciados por normas sociais, expectativas cultu- Capítulo 39: Aspectos Psicológicos no Contexto Empresaria
rais e valores pessoais em sua relação com o trabalho e a empresa.
Finalmente, no nível psicológico, tanto as empresas quanto os A satisfação no trabalho é uma dimensão crítica que influencia
trabalhadores são influenciados por fatores como motivação, satis- a motivação, o comprometimento organizacional e o desempenho
fação no trabalho, comprometimento organizacional e bem-estar dos colaboradores. A psicologia aplicada ao trabalho investiga os
emocional. A qualidade do relacionamento entre trabalho e em- fatores que contribuem para a satisfação no trabalho, incluindo a
presa pode afetar diretamente o engajamento dos funcionários, a natureza das tarefas, o suporte organizacional, as oportunidades
produtividade e o clima organizacional. de desenvolvimento e o reconhecimento pelo trabalho realizado.
Em síntese, a relação entre trabalho e empresa é uma interde- Entender o que torna os colaboradores satisfeitos em seus empre-
pendência complexa e dinâmica, moldada por uma variedade de gos é essencial para promover um ambiente de trabalho positivo e
fatores econômicos, sociais e psicológicos. Ao compreendermos produtivo.
melhor essa relação e as forças que a moldam, podemos desen- O engajamento dos colaboradores é outro aspecto importan-
volver políticas e práticas que promovam um ambiente de trabalho te que a psicologia aplicada ao trabalho examina. O engajamento
saudável, produtivo e satisfatório para todos os envolvidos. se refere ao grau em que os colaboradores estão emocionalmente
envolvidos, focados e comprometidos com seu trabalho e com os
objetivos da organização. Pesquisas sugerem que colaboradores
engajados são mais produtivos, têm melhor desempenho e estão
mais propensos a permanecer na empresa a longo prazo. Portanto,
318
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
compreender os fatores que impulsionam o engajamento dos co- Capítulo 41: O Papel Ativo das Empresas na Dinâmica do Mer-
laboradores é essencial para promover uma cultura organizacional cado de Trabalho
dinâmica e de alto desempenho.
No entanto, o estresse ocupacional é uma realidade com a qual A criação de empregos é uma das principais contribuições
muitos colaboradores lidam no ambiente de trabalho moderno. das empresas para o mercado de trabalho. Como motor da eco-
A psicologia aplicada ao trabalho investiga os fatores de estresse nomia, as empresas são responsáveis por oferecer oportunidades
no trabalho, incluindo carga de trabalho excessiva, falta de contro- de emprego para milhões de trabalhadores em todo o mundo. Seja
le sobre as tarefas, conflitos interpessoais e demandas de tempo. através da expansão de suas operações, do lançamento de novos
Estratégias de gerenciamento de estresse, como treinamento em produtos ou da abertura de novos mercados, as empresas desem-
habilidades de enfrentamento, promoção do equilíbrio entre traba- penham um papel fundamental na geração de empregos e na redu-
lho e vida pessoal e apoio psicossocial, são essenciais para ajudar ção do desemprego.
os colaboradores a lidar com o estresse e promover seu bem-estar Além disso, as empresas têm o poder de definir as condições
no trabalho. de trabalho para seus colaboradores. Isso inclui aspectos como
Por fim, a psicologia aplicada ao trabalho também aborda o salários, benefícios, horários de trabalho, ambiente de trabalho e
equilíbrio entre vida pessoal e profissional, reconhecendo a im- políticas de recursos humanos. Estratégias de gestão de pessoas,
portância de uma integração saudável entre as esferas de vida. como programas de treinamento e desenvolvimento, pacotes de
Estratégias como flexibilidade no horário de trabalho, programas benefícios competitivos e políticas de reconhecimento, desempe-
de assistência ao empregado e cultura organizacional que valoriza nham um papel crucial na atração, retenção e motivação dos cola-
o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal são fundamentais para boradores.
promover o bem-estar dos colaboradores e reduzir o esgotamento A liderança eficaz também é essencial para o sucesso das em-
profissional. presas e para o bem-estar dos colaboradores. Líderes inspiradores
e visionários têm o poder de motivar e engajar suas equipes, pro-
Capítulo 40: Abordagem Interdisciplinar na Análise Econômica movendo um ambiente de trabalho positivo e colaborativo. Além
do Trabalho e Empresa disso, líderes éticos e responsáveis são fundamentais para garantir
que as empresas operem de forma ética e socialmente responsável.
A Economia do Trabalho, como disciplina central deste estu- Por fim, o investimento em práticas de recursos humanos é
do, concentra-se em uma série de fatores macroeconômicos que uma estratégia fundamental para o sucesso e a sustentabilidade das
influenciam a interação entre trabalho e empresa. Isso inclui a aná- empresas a longo prazo. Isso inclui o recrutamento e seleção efica-
lise da oferta e demanda por mão de obra em diferentes setores e zes de talentos, o desenvolvimento de programas de treinamento
regiões, as tendências de emprego e desemprego, os efeitos das e desenvolvimento, a implementação de políticas de diversidade e
políticas econômicas, como as relacionadas ao mercado de trabalho inclusão, e a criação de uma cultura organizacional forte e positiva.
e à distribuição de renda, e os impactos das mudanças tecnológicas Sendo assim, as empresas desempenham um papel ativo e
e globalização na força de trabalho. Compreender esses aspectos transformador na dinâmica do mercado de trabalho. Ao criar em-
econômicos é crucial para entender as dinâmicas do mercado de pregos, definir as condições de trabalho, promover o desenvolvi-
trabalho e as estratégias adotadas pelas empresas na gestão de mento profissional e investir em práticas de recursos humanos
seus recursos humanos. eficazes, as empresas contribuem não apenas para seu próprio su-
No entanto, a análise econômica do trabalho e da empresa é cesso, mas também para o bem-estar e o progresso da sociedade
enriquecida pela contribuição da sociologia aplicada ao trabalho, como um todo.
que se concentra nas dimensões sociais das organizações. A so-
ciologia traz uma compreensão mais profunda das estruturas or- Capítulo 42: Conclusão
ganizacionais, das relações de poder, da cultura corporativa e da
dinâmica interpessoal dentro das empresas. Ao examinar questões A interação entre trabalho e empresa é um fenômeno intrinca-
como hierarquia, diversidade, desigualdade e conflito, a sociologia do que desempenha um papel crucial na compreensão da dinâmica
oferece insights valiosos sobre as relações de trabalho e os desafios do mercado de trabalho e na vida dos indivíduos. Após uma jornada
enfrentados pelas organizações na gestão de seus colaboradores. extensa e detalhada através das diversas disciplinas que compõem
Além disso, a psicologia aplicada ao trabalho desempenha um a análise dessa interação, chegamos a uma conclusão que ressoa
papel crucial na análise econômica do trabalho e da empresa, forne- com profundidade e significado.
cendo insights sobre as dimensões psicológicas dos colaboradores e A abordagem interdisciplinar, que integra a Economia do Traba-
sua influência no desempenho organizacional. Questões como mo- lho, a sociologia e a psicologia aplicadas ao trabalho, emergiu como
tivação, satisfação no trabalho, engajamento, estresse ocupacional uma ferramenta indispensável para entender a complexidade des-
e equilíbrio entre vida pessoal e profissional são áreas de interesse se cenário. A Economia do Trabalho nos forneceu uma compreen-
da psicologia aplicada ao trabalho, que busca promover ambientes são dos fatores macroeconômicos que moldam as interações entre
laborais saudáveis, estimulantes e produtivos. trabalho e empresa, desde as tendências de oferta e demanda por
Todavia, a abordagem interdisciplinar na análise econômica do mão de obra até os impactos das políticas econômicas nas relações
trabalho e da empresa permite uma compreensão mais holística e laborais. A sociologia aplicada ao trabalho trouxe à luz as dinâmicas
abrangente das complexidades do mundo do trabalho. Ao integrar sociais e culturais dentro das organizações, destacando questões
insights da Economia, Sociologia e Psicologia, podemos desenvolver como hierarquia, diversidade, desigualdade e conflito que influen-
estratégias e políticas mais eficazes para promover ambientes de ciam as relações de trabalho. Enquanto isso, a psicologia aplicada
trabalho justos, equitativos e sustentáveis para todos os envolvidos.
319
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
320
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
Casos especiais de mercados competitivos conjunto detêm grande parte da quota de mercado e onde se ve-
1- As regras gerais que se aplicam a oferta e demanda compe- rifica claramente a existência de concorrência imperfeita. Se o pre-
titiva: sob a regra da demanda um aumento na demanda por um ço médio das gasosas dos outros produtores do mercado for de 60
bem – mantendo a curva da oferta inalterada- geralmente aumen- cêntimos, para a Pepsi é possível fixar o preço em 55 ou 65 cênti-
tará o preço do mesmo e também a quantidade demandada. Uma mos e continuar a ser uma empresa viável. A empresa dificilmente
diminuição na demanda terá o efeito oposto. Sob a regra da oferta, poderá fixar o preço a 30 euros ou a 5 cêntimos a lata, pois com
um aumento na oferta de um bem – mantendo a curva de demanda esses preços seria eliminada do setor. Vemos então que um con-
constante- geralmente diminuirá o preço e aumentará a quantidade corrente imperfeito tem algum poder discricionário sobre os seus
vendida. Uma diminuição na oferta tem efeito contrário. preços, embora não se trate de um poder total.
2- Análise dos mercados competitivos torna mais claro como or- O grau do poder discricionário sobre os preços varia de indús-
ganizar de forma eficiente a sociedade. Eficiência alocativa ocorre tria para indústria. Em alguns setores de atividade imperfeitamente
quando não há meio de reorganizar a produção e a distribuição de concorrenciais, o grau de poder de monopólio é muito pequeno. É
modo que melhore a satisfação de todos. Falando de outra maneira, importante reconhecer que a concorrência imperfeita não elimina
uma economia eficiente quando nenhum indivíduo pode estar me- uma rivalidade intensa no mercado. Os concorrentes imperfeitos
lhor sem fazer com que outro fique pior. lutam com frequência vigorosamente para aumentarem as suas
quotas de mercado. A rivalidade engloba uma ampla variedade de
Guarde que em Mercado em Concorrência Perfeita: comportamentos, desde a publicidade, que tenta deslocar a curva
-Existência de um grande número de vendedores e comprado- da procura, até ao desenvolvimento da qualidade dos produtos.
res;
-O produto transacionado é homogêneo: Monopólio
-Há livre mobilidade de empresas no mercado (em termos téc- Até que nível de imperfeição pode a concorrência imperfeita
nicos isso significa que não existem barreiras para entrada e saída chegar? O caso extremo é o monopólio: um único vendedor com
de empresas no mercado). o controle total sobre um ramo de atividade (que é designado por
-Pleno conhecimento (todos os agentes conhecem todas as con- “monopolista”, a partir do grego, mono “um” e polist, “vendedor”).
dições do mercado todo o tempo). É ele o único produtor na sua indústria, não existindo qualquer in-
dústria que produza um bem sucedâneo aproximado do seu pro-
Qualquer estrutura do mercado que não a de concorrência per- duto.
feita constitui uma forma de concorrência “imperfeita”. Monopólio é a exploração sem concorrente de um negócio ou
De um lado, produtos idênticos oferecidos por um grande nú- indústria, em virtude de um privilégio. É a posse ou o direito em
mero de empresas. Neste caso, a concorrência entre os ofertantes é caráter exclusivo. Ter o monopólio é possuir ou desfrutar da explo-
considerada perfeita. Do outro, um produto único, sem substitutos. ração de maneira abusiva, é vender um produto ou serviço sem
Um único fornecedor. Um monopólio, portanto. concorrente, por altos preços.
Estes são os extremos no espectro das estruturas de mercado,
sob as quais as empresas podem estar funcionando. É claro que não Ter um monopólio é uma situação em que uma única empresa
podem ser consideradas as únicas estruturas de mercado predomi- domina a oferta de determinado produto ou serviço. É quando o
nantes no mundo atual. mercado é dominado por uma estrutura monopolista e não pelas
Todas as estruturas que não se encaixam em uma concorrência leis de mercado, garantindo-lhe super lucro. A maioria dos países
perfeita devem ser consideradas no âmbito de uma concorrência possui um conjunto de leis para impedir a formação de monopólio.
imperfeita. A existência do monopólio origina barreiras que impedem novas
empresas de competirem, isso por que para estas se inserirem no
Concorrência Imperfeita16 mercado, exige-se destas um elevado montante de investimentos a
A concorrência perfeita é muito procurada, porém raramente fim de concorrer, pois se forem instaladas empresas pequenas, tão
encontrada. Quando o consumidor compra um automóvel Ford ou logo não conseguirão dar continuidade devido à concorrência des-
Toyota, hambúrgueres da McDonald’s ou da Burger King, compu- leal, é necessário que a competição seja igualitária, pois a empresa
tadores da IBM ou da Apple, está a lidar com empresas suficien- monopolista já está estabelecida em grandes dimensões e tem con-
temente grandes para influenciarem o preço de mercado. Ou seja, dições de operar com baixos custos; outra barreira são as patentes,
vivemos no o mundo da concorrência imperfeita. que são protegidas pelo Estado, nenhuma empresa pode concorrer
com outra sobre a proteção de sua patente; há um controle sobre o
Definição de Concorrência Imperfeita: Se uma empresa pode fornecimento de matérias-primas-chaves, empresas estabelecidas
influenciar significativamente o preço de mercado dos bens que podem estar protegidas da entrada de novas empresas pelo seu
produz, então a empresa é classificada com um “concorrente im- controle de matérias-primas; a tradição no mercado que o produto
perfeito”. já tem; e o lobby político, que por influências políticas surge um
monopólio.
A concorrência imperfeita verifica-se num setor de atividade Quanto a isso bem destaca Vasconcelos que uma hipótese no
sempre que existam vendedores individuais que detenham alguma comportamento do monopolista é que ele não acredita que os lu-
parcela do controlo sobre o preço da produção desse setor. cros elevados que obtém a curto prazo possam atrair concorren-
A concorrência imperfeita não implica que uma empresa tenha tes, ou que os preços elevados possam afugentar os consumidores;
o controle absoluto sobre o preço dos seus produtos. Considere o ou seja, acredita que, mesmo a longo prazo, permanecerá como
mercado das bebidas com cola, em que a Coca-Cola e a Pepsi em
16 Rechtern, M. A. Monopólio.Oligopólio,concorrencia perfeita e imperfeita, 2013.
321
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
monopolista. Evidentemente, para que esta estratégia viabilize-se, O termo oligopólio significa “pouco vendedores”. Poucos, neste
deve ser um tipo de mercadoria ou serviço que não tem substitutos contexto, podem ser 2, 5 ou 10 empresas. O aspecto importante
próximos. do oligopólio é o de que cada empresa, individualmente, pode in-
fluenciar o preço de mercado. Os oligopolistas pertencem a duas
Vamos então ver algumas características predominantes: categorias.
-único produtor Em primeiro lugar, um oligopolista pode ser um dos poucos
-demanda da firma=demanda de mercado produtores que produzem um bem idêntico (ou quase). Assim, se
-produto sem substitutos próximos o aço de A, que abastece a área de São Paulo, é muito semelhante
-a empresa determina o preço ao de B, então, a redução dos preços de B fará com que os consumi-
-existem barreiras ao acesso de novas firmas dores abandonem A e passem a comprar B. Nem A nem B poderão
-lucros extraordinários chamar-se monopolistas. Contudo, se o número de vendedores for
-Ex.: exploração de recursos minerais; serviços de água; trans- pequeno, cada um deles pode ter um efeito considerável sobre o
porte. preço de mercado. Pensa-se que este primeiro tipo de oligopólio é
comum em atividades em que o produto é relativamente homogê-
Monopólios surgem devido a características particulares de um neo e em que a dimensão das empresas é grande.
determinado mercado, ou devido à regulamentação governamen- A segunda espécie de oligopólio é caracterizada pela existên-
tal. Sendo assim, temos dois tipos: cia de poucos vendedores que vendem produtos diferenciados. Por
Monopólio puro ou natural: ocorre quando o mercado, por ca- exemplo, a indústria automóvel é dominada, pode-se dizer, por três
racterísticas próprias exige elevado volume de capital. As empresas ou quatros produtores. Ford, os Chevrolet, os Toyota e os Honda
já instaladas operam com grandes plantas industriais, com elevadas são produtos de certo modo diferenciados, devendo ainda suportar
economias de escala e custos unitários bastante baixos, o que pos- a concorrência de outras empresas menores, como a Fiat, a Chrys-
sibilita a cobrança de preços relativamente baixos por seu produto, ler e a Volvo.
o que acaba sendo uma grande barreira para a entrada de novos
concorrentes. Sendo assim, temos as seguintes características a destacar do
Monopólio institucional ou estatal: são considerados estratégi- oligopólio:
cos ou de segurança nacional. É quando o Estado é responsável pelo -existência de pequeno número de empresas dominando o
fornecimento de um bem ou serviço, a Petrobrás é um exemplo, mercado
mas pode ser relacionado também à energia, comunicação, entre -produtos substitutos próximos (diferenciados: Ex.: automóveis;
outros. ou homogêneos: Ex.: alumínio e cimento)
A situação de monopólio gera prejuízo principalmente para o -preço fixada entre as empresas
consumidor que se vê sem saída em poder escolher por marcas ou -concorrência extra preço (propaganda, publicidade, promo-
empresas diferentes para consumir. Mas, é o Estado responsável ções)
por mediar essas relações, e ele pode fazer um controle econômico -existência de barreiras à entrada de novas firmas
do monopólio, controlando preços e com políticas de taxação. -lucros extraordinários no longo prazo
Ex.: indústria automobilística, de bebidas.
Os verdadeiros monopólios hoje em dia são raros. A maioria dos
monopólios persistem em virtude de alguma forma de regulação Exemplo introdutório e conceitual - Tendência do mercado de
ou proteção estatal. Por exemplo, uma empresa farmacêutica que telecomunicações é de oligopólio. O Brasil é um exemplo claro da
descobre um novo medicamento fantástico pode ter garantida uma tendência do mercado mundial de telecomunicações, cada vez mais
patente que lhe dê o controle monopolista sobre esse medicamen- concentrado nas mãos de poucas empresas. Esse cenário de oligo-
to durante um certo número de anos. Outro exemplo é o caso de pólio limita a competição e as opções dos consumidores na hora de
serviços locais de concessionárias, como a empresa que distribui escolher o seu provedor de banda larga.
água até a casa de cada um. Nesses casos, existe de fato um único “A oferta do acesso à banda larga17 é exageradamente concen-
vendedor de um serviço, sem substitutos próximos. Um dos poucos trada, sobretudo considerando que a prestação do serviço está
exemplos de monopólios sem permissão do governo é o da Micro- sujeita ao regime de livre concorrência”, afirma estudo do Ipea de
soft Windows, que conseguiu manter o seu monopólio por meio de 2009.
grandes investimentos em pesquisa e desenvolvimento e inovação Segundo dados da consultoria Teleco, que acompanha trimes-
rápida, economias de rede e táticas agressivas contra seus concor- tralmente o mercado de banda larga no país, 92% das conexões são
rentes. fornecidas por apenas quatro empresas: Oi, NET, Telefônica e GVT.
Porém, mesmo os monopolistas tem que estar sempre alertas
para os potenciais concorrentes. No longo prazo, nenhum mono-
pólio se encontra completamente livre de ser atacado por concor-
rentes.
Oligopólio
Enquanto no monopólio não existe concorrência, o oligopólio é
caracterizado por um conjunto de empresas que domina determi-
nado setor da economia ou produto colocado no mercado. Em geral
impõem preços abusivos e elimina a possibilidade de concorrência,
através da aquisição de pequenas empresas. 17 . Ipea de 2009.
322
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
A falta de alternativas causada pelo oligopólio diminui a possibilidade de o consumidor barganhar para conseguir um negócio mais
vantajoso. No caso da banda larga, o banco de investimentos J. P. Morgan demonstrou, com dados de outubro de 2009, que, nas locali-
dades onde a banda larga é oferecida apenas pelas empresas que são concessionárias de telefonia fixa (Oi e Telefônica, principalmente),
o preço médio cobrado é de R$ 118. Esse valor cai pela metade (R$ 60) quando há a presença de outras duas concorrentes (geralmente a
NET e a GVT).
Some-se a isso o fato de que, no Brasil, além da grande concentração do mercado, a banda larga está disponível para poucos consumi-
dores. Os pesquisadores do Ipea revelam que, dos municípios que têm acesso a banda larga, somente 361 (14%) têm a prestadora domi-
nante com menos de 80% do mercado e em apenas 15 cidades (0,5%) a participação da empresa dominante é inferior a 50%. Ou seja, mais
que oligopólio, na maioria dos locais se configura um monopólio, o que dá grande poder de mercado às empresas, inclusive para definir
os preços. Isso sem falar dos locais que nem sequer têm o serviço disponível.
“Não dá para imaginar que três ou quatro empresas possam, em termos de inovação, de dinâmica de mercado, resolver todas as de-
mandas de empresas e famílias em qualquer país”, afirmou o consultor legislativo do Senado Igor Freitas.
A falta de inovação também é citada pelo presidente da Telebrás, Rogério Santanna, como consequência do oligopólio. A causa seria
a ausência de modelos de negócio para atender áreas e domicílios hoje excluídos do mercado, seja pelos altos preços, seja pela indispo-
nibilidade do serviço.
“O modelo atual está em crise pela inovação tecnológica. Mercados de cidades pequenas não são rentáveis porque essas empresas não
consideram a inovação como recurso para encontrar negócio onde elas não acham. Três mil municípios estão condenados à desconexão
eterna pelo mercado. As empresas não têm interesse em operar nessas cidades por não considerá-las rentáveis”, reclamou Santanna, no
debate promovido pela CCT em maio de 2010.
Em estudo de abril de 2010, o Ipea atesta que as características do mercado levam as operadoras a concentrar sua atuação nas cidades
onde já existe infraestrutura de telecomunicações e em áreas onde os clientes têm grande poder aquisitivo.
“As grandes cidades concentram a população com maior renda e, portanto, com maior disponibilidade de pagar pelo serviço e, pela
maior densidade demográfica, o custo para instalação da infraestrutura é menor que numa pequena localidade do interior. Ao buscar
maiores lucros e rentabilidade, as operadoras provocam uma forte concentração de mercado, que somente pode ser vencida à custa de
políticas de incentivo à massificação nas áreas mal atendidas”, afirma o Ipea sobre a outra consequência do oligopólio.
323
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
Oligopólio de empresa dominante po, as pequenas empresas e os indivíduos isolados fizeram algumas
Em mercados onde a maior empresa controla 60 a 80 por cento das descobertas mais revolucionárias. Para promover a inovação
do mercado, ela dispões de diferentes estratégias. A mais provável rápida, uma nação deve conseguir adoptar uma grande variedade
consiste simplesmente em ceder parte do mercado à franja concor- de abordagens e de organizações. É necessário deixar florescer as
rencial e então comportar-se como um monopolista relativamente ideias às centenas.
aos 60 ou 80 por cento do mercado que controla. Tal mercado é
conhecido como “oligopólio de empresa dominante”. Associação Entre Empresas
Objetivo das associações entre empresas: domínio do mercado
Concorrência Monopolística Truste: O truste é uma modalidade de concentração em que,
No outro extremo dos oligopólios de conluio está a concorrên- o empresário, orientado por interesses monopolísticos e utilizando
cia monopolística. A concorrência monopolística assemelha-se con- práticas variadas, procura eliminar os concorrentes de sorte a que
corrência perfeita em três aspectos: há muitos compradores e ven- somente ele se torne senhor da oferta.
dedores; são fáceis a saída e a entrada no mercado, e as empresas Os trustes conferem ao empresário o privilégio de atuar no mer-
consideram garantidos os preços das outras empresas. A distinção cado de monopólio. Os trustes são proibidos em todo o mundo,
é que em concorrência perfeita os produtos são iguais, enquanto significando “abuso do poder econômico”, dominação dos merca-
que na concorrência monopolística os produtos são diferenciados. dos, eliminação da concorrência e aumento arbitrário de lucros, o
A concorrência monopolística é muito comum – pesquise nas que a legislação reprime nos termos do parágrafo 4º do Art. 171 da
prateleiras dos supermercados, e verá uma estonteante variedade Constituição de 1988 e Lei nº 8.884, de 11/06/64, conhecida como
de diferentes marcas de cereais para pequeno-almoço, champô e Lei Antitruste.
alimentos congelados.
Para a nossa análise o ponto importante é que a diferenciação Holding
do produto significa que cada vendedor tem alguma liberdade para O que caracteriza a Holding é o fato de ser uma empresa típi-
aumentar ou baixar os preços, mais do que num mercado perfeita- ca de capitais. A holding não desenvolve atividades de produção; é
mente concorrencial. A diferenciação do produto leva a uma incli- uma empresa voltada exclusivamente para a detenção de capitais
nação negativa na curva da procura de cada vendedor. de outras empresas.
O modelo de concorrência monopolística proporciona um im-
portante esclarecimento: nos ramos de atividade de concorrência Cartéis
imperfeita, a taxa de lucro será nula, no longo prazo, à medida que São acordos livres, formais ou informais, entre empresas do
as empresas entrarem com novos produtos diferenciados. mesmo ramo, com o objetivo de dominar o mercado e atenuar a
Esta análise tem um bom exemplo na indústria de computadores concorrência. O mercado que facilita sua formação é o de Oligopó-
pessoais. A princípio, alguns fabricantes de computadores, como a lio. As empresas que se cartelizam não perdem suas individualida-
Apple e a Compaq, realizaram lucros elevados. Porém, verificou-se des econômica e jurídica. O cartel determina a política de preços
que a indústria de computadores pessoais tinha fracas barreiras à para todas as firmas participantes.
entrada e numerosas pequenas empresas entraram no mercado. É de se notar, ainda, que a concorrência imperfeita não está,
Atualmente, há dezenas de empresas, cada uma com uma pequena necessariamente, limitada ao lado vendedor do mercado, embora
quota de mercado de computadores, mas sem lucros que recom- este seja o caso mais frequente. O mercado pode ter muitos
pensem o seu esforço. vendedores, mas somente um comprador, caracterizando-se,
Alguns críticos pensam que a concorrência monopolística é, por assim, o monopsônio. Também pode existir um mercado composto
natureza, ineficiente, ainda que os lucros tendam para zero no lon- por muitos vendedores, mas com poucos compradores, o que con-
go prazo. Argumentam que a concorrência monopolística faz surgir figura um oligopsônio.
um número excessivo de novos produtos e que a eliminação de pro- Tome-se o caso, por exemplo, de uma ou duas indústrias que
dutos desnecessários poderia reduzir os custos e baixar os preços. processam produtos agrícolas, como aquelas que compram toda a
A redução do número de concorrentes monopolísticos, ainda produção de laranjas para extração do suco. Ou, ainda, o caso de
que fazendo diminuir os custos, poderia muito bem reduzir o bem- granjas que comercializam seus produtos com um ou dois frigorí-
-estar do consumidor por diminuir a diversidade dos bens e serviços ficos especializados no abate e exportação de frangos. No caso de
disponíveis. Os países socialistas com planeamento central tentam produtos industriais, quando o fabricante de aviões Boeing negocia
uniformizar a produção num pequeno número de variedades, e isso com o fabricante de turbinas General Electric, temos o caso de um
deixou os consumidores bastante insatisfeitos. As pessoas estão comprador cujas compras constituem uma grande fatia do merca-
disposta a pagar uma boa quantia para terem liberdade de escolha. do e, de outro lado, um vendedor cujas vendas também são uma
Na prática verifica-se uma sobreposição de todas estas diversas grande fatia do mercado.
categorias de estruturas de mercado. Dispõem-se escalonadamen-
te desde a concorrência perfeita, passando, em seguida, pelo caso O dilema básico do oligopólio pode enunciar-se e resumir-se em
de um grande número de vendedores diferenciados e pelas duas “competir ou cooperar?”. Por um lado, as empresas oligopolísticas
espécies de oligopólio, até se chegar, finalmente, ao caso limite do realizam mais lucros no seu todo (isto é, como se fossem um grupo
monopólio. ou uma só empresa monopolista) se cooperarem; por outro lado,
A relação entre inovação e o poder de mercado é complexa. O individualmente consideradas, fazem mais lucro se abandonarem o
contributo substancial de muitas grandes empresas para a investi- grupo enquanto os outros mantêm a cooperação (isto é, quebram
gação e para a inovação certamente dá que pensar aqueles que gos- a ligação/acordo com o grupo e passam a competir com ele). No
tariam de acabar com grandes empresas, ou que pretendem que a primeiro caso, temos um comportamento cooperativo; no segundo
grande dimensão é uma imperfeição sem solução. Ao mesmo tem- caso, um comportamento não cooperativo (ou competitivo).
324
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
A opção por um comportamento cooperativo ou competitivo Além das repercussões sociais, adentraremos na esfera psico-
depende das condições concretas do mercado e dos incentivos lógica para compreender como o salário-mínimo influencia o bem-
existentes. Em termos gerais, podemos dizer que a tendência para -estar psicológico dos trabalhadores. A percepção de justiça salarial
a cooperação entre as empresas é maior: está intrinsecamente ligada à satisfação no trabalho e à motivação
i) num mercado com poucas empresas, do que num mercado dos funcionários. Quando os trabalhadores percebem que recebem
com muitas empresas; uma remuneração digna pelo seu esforço, isso não apenas fortalece
ii) num mercado em que o produto tem um elevado grau de sua autoestima, mas também contribui para um ambiente psicolo-
homogeneidade, do que num mercado onde o produto é bastante gicamente saudável. O estresse financeiro, frequentemente asso-
diferenciado; ciado à falta de compensação adequada, pode ser reduzido quando
iii) num mercado em crescimento, do que num mercado em há a garantia de um salário-mínimo justo, impactando positivamen-
contracção; te a saúde mental e emocional dos trabalhadores.
iv) num mercado onde haja uma empresa dominante, do que Ao final deste capítulo introdutório, fica evidente que a intera-
num mercado onde haja um grupo de empresas de equivalente di- ção entre Sociologia e Psicologia Aplicada ao Trabalho é essencial
mensão; para uma compreensão abrangente das políticas salariais e de em-
v) num mercado em que a concorrência por outras formas que prego. O salário-mínimo, quando bem concebido e implementado,
não o preço (publicidade, diferenciação do produto, ...) é limitada, não é apenas uma questão econômica, mas uma estratégia comple-
do que num mercado onde esse tipo de concorrência é usual; xa para moldar as estruturas sociais e psicológicas do trabalho. Ao
vi) num mercado em que as barreiras à entrada de novas em- promover uma remuneração justa, o salário-mínimo contribui para
presas sejam elevadas, do que num mercado onde essas barreiras a construção de uma sociedade mais equitativa e para o bem-estar
sejam praticamente inexistentes. físico e psicológico dos trabalhadores.
325
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
as negociações coletivas lideradas pelos sindicatos, podemos obter Um dos principais objetivos das políticas de emprego é criar
insights valiosos sobre as forças que moldam o mundo do trabalho oportunidades equitativas para todos os membros da sociedade. A
e suas consequências para a sociedade como um todo. Este capítulo Sociologia Aplicada ao Trabalho examina como as políticas gover-
lança luz sobre a importância crucial da Sociologia do Trabalho na namentais, como programas de capacitação profissional, subsídios
análise das políticas salariais e no avanço do conhecimento sobre as para contratação e incentivos fiscais para empresas, podem influen-
complexas relações entre trabalho, poder e justiça social. ciar o acesso ao emprego e promover a inclusão de grupos histori-
camente marginalizados no mercado de trabalho. Por exemplo, po-
Capítulo 3: Impactos Psicológicos das Políticas Salariais líticas de ação afirmativa podem ser implementadas para garantir
que mulheres, minorias étnicas, pessoas com deficiência e outros
A percepção de justiça salarial é uma preocupação central para grupos sub-representados tenham acesso igualitário a oportunida-
os trabalhadores em todos os níveis de uma organização. A Psicolo- des de emprego e progressão na carreira.
gia Aplicada ao Trabalho nos ensina que a forma como os funcioná- Além de criar oportunidades equitativas, as políticas de empre-
rios percebem a equidade no reconhecimento financeiro pode ter go também influenciam a estrutura do emprego em uma socieda-
um impacto significativo em seu engajamento, motivação e satis- de. A Sociologia Aplicada ao Trabalho investiga como medidas como
fação no trabalho. Quando os trabalhadores acreditam que estão salário mínimo, legislação trabalhista e políticas de proteção ao em-
sendo tratados de forma justa em termos de remuneração e opor- prego afetam a distribuição de empregos em diferentes setores da
tunidades de progressão na carreira, tendem a se sentir mais valo- economia e o tipo de emprego disponível para os trabalhadores.
rizados e comprometidos com suas responsabilidades profissionais. Por exemplo, políticas que incentivam a criação de empregos no
No entanto, a falta de equidade salarial pode levar a sentimen- setor de tecnologia podem alterar significativamente a estrutura
tos de descontentamento, ressentimento e até mesmo alienação ocupacional de uma comunidade, criando novas oportunidades
entre os trabalhadores. A disparidade percebida entre o esforço in- para profissionais com habilidades digitais, ao mesmo tempo em
vestido no trabalho e a recompensa financeira recebida pode minar que podem deslocar trabalhadores de setores tradicionais.
a moral e a coesão da equipe, criando um ambiente de trabalho Outro aspecto crucial das políticas de emprego é sua influên-
tóxico e desmotivador. cia na promoção da diversidade e inclusão nas organizações. A So-
Além da equidade financeira, a Psicologia Aplicada ao Trabalho ciologia Aplicada ao Trabalho examina como as políticas governa-
enfatiza a importância de promover um ambiente psicologicamente mentais, como quotas de contratação e políticas antidiscriminação,
saudável no local de trabalho. Isso inclui não apenas políticas sala- podem moldar a composição demográfica das organizações e criar
riais justas, mas também práticas de gestão que levem em conside- ambientes de trabalho mais representativos e inclusivos. Ao pro-
ração o bem-estar emocional e mental dos trabalhadores. mover a diversidade, as políticas de emprego não apenas fornecem
Por exemplo, estratégias de gestão do estresse, programas de oportunidades para grupos historicamente marginalizados, mas
apoio psicológico e iniciativas de promoção da saúde mental po- também contribuem para a criação de ambientes de trabalho mais
dem ajudar a reduzir os efeitos negativos do estresse ocupacional inovadores e dinâmicos.
e melhorar o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal dos funcioná- À medida que mergulhamos na análise das políticas de
rios. Quando os trabalhadores se sentem apoiados em suas neces- emprego sob a ótica da Sociologia Aplicada ao Trabalho, torna-se
sidades emocionais e psicológicas, são mais propensos a se dedicar claro que essas políticas desempenham um papel fundamental
ao seu trabalho com entusiasmo e comprometimento. na determinação das oportunidades de emprego, na estrutura do
À medida que exploramos os impactos psicológicos das emprego e na promoção da diversidade e inclusão nas organizações.
políticas salariais governamentais, torna-se evidente que o bem- Este capítulo destaca a importância da Sociologia Aplicada ao
estar dos trabalhadores vai além do aspecto puramente financeiro. Trabalho na compreensão das complexas interações entre políticas
A percepção de justiça e equidade salarial desempenha um papel de emprego, estrutura ocupacional e dinâmicas organizacionais,
fundamental na motivação e satisfação dos funcionários, enquanto destacando o papel crucial que essas políticas desempenham na
a promoção de um ambiente psicologicamente saudável contribui promoção de uma sociedade mais justa e igualitária.
para o engajamento e produtividade no local de trabalho. Este
capítulo destaca a importância da Psicologia Aplicada ao Trabalho Capítulo 5: Efeitos Psicológicos das Políticas de Emprego
na compreensão das complexas interações entre políticas salariais,
bem-estar psicológico e desempenho organizacional. O mundo do trabalho não é apenas um espaço de transações
econômicas, mas também um ambiente onde as dimensões psico-
Capítulo 4: Políticas de Emprego e Sociologia Aplicada ao Tra- lógicas desempenham um papel crucial no bem-estar dos trabalha-
balho dores.
Os programas de reinserção no mercado de trabalho são uma
O mercado de trabalho é uma arena dinâmica onde as polí- ferramenta fundamental para ajudar grupos marginalizados a en-
ticas governamentais desempenham um papel significativo na de- contrar emprego e reconstruir suas vidas profissionais. No entanto,
terminação das oportunidades de emprego e na configuração da sua importância vai além dos aspectos econômicos. A Psicologia
estrutura ocupacional de uma sociedade. Neste capítulo, faremos Aplicada ao Trabalho nos ensina que esses programas também têm
uma imersão na Sociologia Aplicada ao Trabalho para compreender um impacto significativo na percepção de autoeficácia e autoestima
como a intervenção governamental nas políticas de emprego molda dos indivíduos.
a paisagem laboral e influencia as oportunidades disponíveis para Para muitos indivíduos que enfrentam dificuldades para encon-
os trabalhadores. trar emprego devido a barreiras como desemprego de longo prazo,
falta de qualificações ou discriminação no mercado de trabalho, a
participação em programas de reinserção pode ser uma fonte cru-
326
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
cial de esperança e motivação. Ao receber apoio e orientação para podem aumentar a diversidade e inclusão nos locais de trabalho,
desenvolver habilidades profissionais e procurar oportunidades de promovendo uma cultura organizacional mais equitativa e repre-
emprego, esses indivíduos podem recuperar a confiança em suas sentativa. Essa análise sociológica mais ampla ajuda a compreender
próprias capacidades e se sentir capacitados para enfrentar os de- como as políticas de subsídios podem moldar as relações sociais e
safios do mercado de trabalho. econômicas em uma sociedade, influenciando não apenas o mer-
Além dos programas de reinserção, as políticas de emprego cado de trabalho, mas também a coesão social e o bem-estar geral.
também podem incluir medidas específicas destinadas a promover Ao final deste capítulo, fica evidente que a Sociologia do Traba-
a saúde mental e o desenvolvimento psicológico dos trabalhadores. lho desempenha um papel crucial na análise e avaliação das políticas
Isso pode incluir iniciativas como programas de apoio psicológico de concessão de subsídios. Ao examinar como essas intervenções
no local de trabalho, políticas de flexibilidade de horários e licenças governamentais impactam o acesso à educação e ao treinamento, a
para cuidados de saúde mental, e campanhas de sensibilização so- redução de disparidades socioeconômicas e a estrutura social como
bre a importância da saúde mental no ambiente de trabalho. um todo, a Sociologia oferece insights valiosos sobre como promo-
A Psicologia Aplicada ao Trabalho destaca a importância des- ver uma sociedade mais justa e inclusiva. Este capítulo destaca a
sas medidas para garantir que os trabalhadores tenham o apoio importância de uma abordagem sociológica abrangente na formu-
necessário para lidar com o estresse ocupacional, os desafios do lação e implementação de políticas de subsídios, reconhecendo o
ambiente de trabalho e os problemas de saúde mental. Ao inves- papel fundamental que essas políticas desempenham na promoção
tir na saúde mental e no bem-estar psicológico dos trabalhadores, do desenvolvimento humano e social.
as políticas de emprego não apenas beneficiam os indivíduos, mas
também contribuem para ambientes de trabalho mais saudáveis, Capítulo 7: Análise Psicológica dos Impactos nos Trabalhadores
produtivos e satisfatórios.
Ao longo deste capítulo, exploramos os efeitos psicológicos Um dos aspectos centrais da análise psicológica dos subsídios
das políticas de emprego e destacamos a importância de medidas é sua influência na promoção do desenvolvimento pessoal e pro-
que promovam a autoestima, a autoeficácia e a saúde mental dos fissional dos trabalhadores. A Psicologia Aplicada ao Trabalho nos
trabalhadores. O reconhecimento da dimensão psicológica do tra- ensina que o acesso a oportunidades de capacitação e aprimora-
balho é essencial para uma abordagem abrangente das políticas de mento de habilidades pode ter um impacto significativo na autoes-
emprego e para garantir que essas medidas atendam não apenas às tima, motivação e satisfação no trabalho dos indivíduos. Quando
necessidades econômicas, mas também aos aspectos emocionais e os trabalhadores têm a oportunidade de desenvolver suas compe-
psicológicos dos trabalhadores. Este capítulo ressalta a importância tências e crescer profissionalmente, isso não apenas fortalece sua
de uma abordagem integrada que reconheça a interconexão entre confiança em suas próprias habilidades, mas também aumenta seu
trabalho, saúde mental e bem-estar psicológico na formulação e im- engajamento e comprometimento com suas responsabilidades pro-
plementação das políticas de emprego. fissionais.
Além do impacto direto no desenvolvimento pessoal, os subsí-
Capítulo 6: O Papel da Sociologia na Concessão de Subsídios dios também influenciam as percepções individuais dos trabalhado-
res sobre competência e realização. A Psicologia Aplicada ao Traba-
Um aspecto central da análise sociológica sobre a concessão lho examina como o acesso a oportunidades de capacitação molda
de subsídios é o direcionamento desses recursos para áreas espe- as percepções dos trabalhadores sobre seu próprio desempenho e
cíficas, como educação e treinamento. A Sociologia do Trabalho potencial de realização. Quando os trabalhadores recebem apoio
examina como os subsídios podem ser utilizados para promover a para desenvolver suas habilidades e competências, eles tendem a
igualdade de acesso ao desenvolvimento de habilidades, propor- se sentir mais competentes e realizados em seu trabalho, o que,
cionando oportunidades educacionais e de treinamento para gru- por sua vez, contribui para uma maior motivação e desempenho
pos marginalizados ou desfavorecidos. Ao investir em programas de no trabalho.
educação e treinamento, os governos podem capacitar os indiví- Além de promover o desenvolvimento pessoal e profissio-
duos a adquirirem as competências necessárias para competir no nal, os subsídios também desempenham um papel importante na
mercado de trabalho e alcançarem uma maior mobilidade social. gestão do estresse e na promoção do bem-estar psicológico dos
Outro ponto de análise na Sociologia do Trabalho é o impac- trabalhadores. A Psicologia Aplicada ao Trabalho destaca como o
to dos subsídios na redução de disparidades socioeconômicas. Ao investimento em capital humano vai além das habilidades técni-
fornecer recursos financeiros para o desenvolvimento de capital cas, incluindo também aspectos ligados à inteligência emocional
humano, os governos podem ajudar a nivelar o campo de jogo e e habilidades interpessoais. Ao fornecer recursos para programas
reduzir as desigualdades de oportunidades entre diferentes grupos de apoio psicológico, treinamento em gerenciamento de estresse e
sociais. Isso é especialmente importante em sociedades onde o promoção do equilíbrio entre trabalho e vida pessoal, os subsídios
acesso à educação e ao treinamento é desigualmente distribuído, podem ajudar os trabalhadores a lidar de forma mais eficaz com os
perpetuando ciclos de pobreza e exclusão social. Os subsídios po- desafios do ambiente de trabalho e a manter um estado saudável
dem servir como uma ferramenta para interromper esses padrões de bem-estar emocional e mental.
e promover uma maior igualdade de oportunidades para todos os Ao final deste capítulo, torna-se evidente que os subsídios para
estratos da sociedade. investimentos em capital humano têm uma gama diversificada de
Além dos benefícios diretos para os indivíduos, a Sociologia do impactos psicológicos sobre os trabalhadores. Desde a promoção
Trabalho enfatiza a importância de avaliar o impacto dos subsídios do desenvolvimento pessoal e profissional até a gestão do estresse
na estrutura social como um todo. Isso inclui a análise dos efeitos e promoção do bem-estar psicológico, essas intervenções governa-
dos subsídios na composição das organizações e nos padrões de mentais desempenham um papel fundamental na criação de am-
emprego. Por exemplo, subsídios para programas de capacitação bientes de trabalho mais saudáveis, produtivos e satisfatórios. Este
327
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
capítulo destaca a importância da Psicologia Aplicada ao Trabalho um imperativo econômico, mas também um imperativo moral e so-
na compreensão desses impactos e na formulação de políticas que cial, pois reconhece o valor intrínseco do trabalho humano e busca
levem em consideração não apenas as habilidades técnicas, mas proteger os direitos fundamentais dos trabalhadores.
também os aspectos emocionais e psicológicos dos trabalhadores. A Sociologia do Trabalho lança luz sobre as implicações pro-
fundas do salário-mínimo na estrutura socioeconômica de uma
Capítulo 8: Interdisciplinaridade e Visão Abrangente sociedade. Ao garantir uma remuneração mínima para todos os
trabalhadores, independentemente de sua qualificação ou posição
A Sociologia e a Psicologia Aplicada ao Trabalho são duas disci- ocupacional, o salário-mínimo contribui para a redução das dispa-
plinas complementares que oferecem perspectivas únicas sobre o ridades de renda e para uma distribuição mais equitativa da rique-
mundo do trabalho. Enquanto a Sociologia do Trabalho se concen- za. Isso não apenas eleva o padrão de vida dos trabalhadores mais
tra nas estruturas sociais, desigualdades e dinâmicas organizacio- pobres, mas também tem o potencial de transformar as relações
nais, a Psicologia Aplicada ao Trabalho explora os aspectos indivi- de poder dentro da sociedade, promovendo uma maior inclusão e
duais e psicológicos dos trabalhadores, como motivação, satisfação coesão social.
no trabalho e bem-estar emocional. Neste capítulo, destacaremos Apesar de seus benefícios evidentes, o salário-mínimo também
como essas disciplinas convergem na compreensão dos subsídios enfrenta críticas e desafios significativos. Questões como os pos-
governamentais para investimentos em capital humano, reconhe- síveis efeitos sobre o emprego, a inflação e a competitividade das
cendo que uma abordagem holística é essencial para capturar a empresas são frequentemente levantadas, destacando a comple-
complexidade dessas intervenções. xidade dessa política. No entanto, é importante reconhecer que o
Uma das principais conclusões decorrentes da interdisciplina- salário-mínimo é apenas uma peça de um quebra-cabeça maior na
ridade entre Sociologia e Psicologia Aplicada ao Trabalho é o re- luta contra as disparidades sociais. Uma abordagem holística, que
conhecimento de que a intervenção governamental voltada para o combine políticas de salário justo com investimentos em educação,
desenvolvimento humano não só fortalece a economia, mas tam- treinamento e proteção social, é essencial para enfrentar os desa-
bém nutre uma sociedade mais justa e equitativa. Os subsídios para fios estruturais subjacentes à desigualdade.
investimentos em capital humano não apenas promovem a igualda- Ao encerrar este capítulo, é inegável a importância do salário-
de de oportunidades no mercado de trabalho, mas também contri- -mínimo como uma ferramenta de mitigação de disparidades so-
buem para a construção de uma força de trabalho mais capacitada, ciais. A Sociologia do Trabalho nos ensina que o salário-mínimo vai
engajada e realizada. Ao investir nas habilidades e no bem-estar dos além de uma questão econômica; é uma questão de justiça social e
trabalhadores, os governos estão investindo no futuro sustentável e igualdade. Ao estabelecer um piso salarial, os governos estão não
próspero de suas sociedades. apenas elevando os padrões de vida dos trabalhadores mais vulne-
Por fim, este capítulo ressalta a importância da avaliação con- ráveis, mas também construindo uma sociedade mais justa, inclu-
junta dos aspectos sociais e psicológicos das políticas de subsídios siva e equitativa. Este capítulo destaca a necessidade contínua de
para investimentos em capital humano. A interdisciplinaridade en- políticas que promovam remuneração justa e dignidade no trabalho
tre Sociologia e Psicologia Aplicada ao Trabalho nos permite uma como parte de um esforço mais amplo para construir um mundo
compreensão mais completa dos impactos dessas intervenções, onde todos tenham a oportunidade de prosperar.
desde suas implicações nas estruturas sociais e dinâmicas organi-
zacionais até seus efeitos sobre a motivação, satisfação e bem-estar Capítulo 10: Impacto nas Relações Sociais e Cultura Organiza-
dos trabalhadores. Somente ao considerar esses diversos aspectos cional
podemos desenvolver políticas mais eficazes e inclusivas que ver-
dadeiramente moldem o futuro do trabalho de maneira positiva. Um dos efeitos mais significativos do salário-mínimo é sua capa-
Ao fechar as páginas deste capítulo e deste trabalho, é evidente cidade de promover uma remuneração adequada para os trabalha-
que a interdisciplinaridade entre Sociologia e Psicologia Aplicada ao dores, garantindo que suas necessidades básicas sejam atendidas
Trabalho oferece uma lente poderosa para examinar os subsídios e que eles tenham uma vida digna fora do ambiente de trabalho.
governamentais para investimentos em capital humano. Ao unir es- Além disso, ao estabelecer um padrão mínimo de compensação,
sas disciplinas, somos capazes de capturar uma visão abrangente o salário-mínimo transmite uma mensagem de valorização mútua
das implicações sociais, econômicas e psicológicas dessas políticas, entre empregadores e empregados. Isso cria uma base sólida para
destacando seu potencial transformador na construção de uma so- relações de trabalho mais saudáveis e equitativas, onde os traba-
ciedade mais justa, igualitária e sustentável. Este capítulo, e este lhadores se sentem respeitados e valorizados pelo seu trabalho.
trabalho como um todo, nos lembra da importância de abordagens Outro aspecto importante a ser considerado é o impacto do
holísticas e colaborativas na compreensão e enfrentamento dos de- salário-mínimo na coesão das equipes e na redução de tensões in-
safios do mundo do trabalho contemporâneo. ternas. Quando todos os trabalhadores recebem um salário mínimo
justo, independentemente de sua posição ou função na organiza-
Capítulo 9: O Salário-Mínimo como Ferramenta de Mitigação ção, isso cria um senso de igualdade e solidariedade entre os mem-
de Disparidades Sociais bros da equipe. As disparidades salariais, muitas vezes associadas
a conflitos e ressentimentos dentro das empresas, são mitigadas,
O salário-mínimo é mais do que apenas um número; é uma permitindo que as equipes se concentrem em seus objetivos co-
promessa de dignidade e justiça para os trabalhadores menos qua- muns e trabalhem de forma mais colaborativa e eficaz.
lificados ou inseridos em setores de baixa remuneração. Ao esta- Além de promover a coesão das equipes, o salário-mínimo
belecer um piso salarial, os governos buscam garantir que mesmo também contribui para a construção de uma cultura organizacional
aqueles nas posições mais vulneráveis da força de trabalho rece- que valoriza e respeita os trabalhadores. Quando os funcionários
bam uma compensação justa por seu trabalho. Este não é apenas percebem que estão sendo remunerados de maneira justa e equi-
328
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
tativa, eles tendem a se sentir mais motivados, engajados e com- Capítulo 12: Impacto nas Dinâmicas Familiares e Sociais
prometidos com os objetivos da empresa. Isso cria um ciclo positivo
onde os empregadores reconhecem o valor do trabalho de seus O salário-mínimo desempenha um papel crucial na manuten-
funcionários e os trabalhadores se sentem valorizados e apreciados ção da estabilidade familiar. Ao garantir uma renda mínima para os
em seu ambiente de trabalho. trabalhadores, mesmo os mais vulneráveis, o salário-mínimo ajuda
Ao fechar as páginas deste capítulo, é evidente que o salário- a atenuar as pressões financeiras que podem corroer os alicerces
-mínimo não é apenas uma questão econômica, mas também uma de uma família. Isso significa que os pais podem fornecer o básico
força social e cultural dentro das organizações. Ao promover remu- para seus filhos, como alimentação, moradia e educação, sem se
neração adequada, coesão de equipe e uma cultura de valorização preocuparem com a incerteza financeira que muitas vezes assola
mútua, o salário-mínimo desempenha um papel fundamental na os lares de baixa renda. A segurança proporcionada pelo salário-
construção de ambientes de trabalho mais justos, equitativos e pro- -mínimo não apenas protege as famílias da pobreza extrema, mas
dutivos. Este capítulo destaca a importância de políticas de salário também oferece uma base sólida para o crescimento e desenvolvi-
justo como parte de um esforço mais amplo para promover rela- mento saudáveis das crianças.
ções de trabalho saudáveis e uma cultura organizacional positiva e Além de contribuir para a estabilidade financeira das famílias,
inclusiva. o salário-mínimo também desempenha um papel significativo na
redução do estresse financeiro dos trabalhadores. A preocupação
Capítulo 11: O Salário-Mínimo e o Bem-Estar Psicológico dos constante com as despesas básicas pode levar a níveis elevados de
Trabalhadores estresse e ansiedade, prejudicando a saúde mental e emocional dos
indivíduos. Ao garantir uma remuneração mínima, o salário-mínimo
O salário-mínimo não é apenas uma questão de subsistência ajuda a aliviar parte dessa pressão, permitindo que os trabalhado-
financeira; é um fator determinante do bem-estar psicológico dos res se concentrem em suas responsabilidades profissionais e fami-
trabalhadores. A Psicologia Aplicada ao Trabalho nos ensina que liares sem o peso constante da incerteza financeira.
a percepção de justiça salarial é fundamental para a satisfação no Além de seu impacto direto nas famílias, o salário-mínimo tam-
trabalho e a motivação dos funcionários. Quando os trabalhadores bém desempenha um papel crucial na moldagem do tecido social
percebem que estão sendo remunerados de maneira justa e equita- mais amplo. Quando os trabalhadores têm a garantia de uma remu-
tiva, isso fortalece sua autoestima e senso de valor próprio, contri- neração mínima, isso não apenas fortalece as famílias individual-
buindo para um estado psicológico mais saudável e positivo. mente, mas também contribui para uma comunidade mais estável
A relação entre o salário-mínimo e o bem-estar psicológico dos e coesa. Menos estresse financeiro significa menos pressão sobre
trabalhadores vai além da simples questão de remuneração. Ao ga- os serviços sociais e de saúde, e uma população mais saudável e
rantir uma compensação mínima para o trabalho realizado, o salá- resiliente em geral. Além disso, ao promover a equidade e a justiça
rio-mínimo valida o valor e a contribuição dos trabalhadores para a social, o salário-mínimo contribui para a construção de uma socie-
organização. Isso não apenas eleva a autoestima dos funcionários, dade mais inclusiva, onde todos têm a oportunidade de prosperar.
mas também os motiva a se empenharem em suas tarefas e alcan- Concluindo, é evidente que o salário-mínimo vai além de uma
çarem seu pleno potencial no ambiente de trabalho. Uma remune- questão econômica; é um reflexo dos valores e princípios funda-
ração justa não é apenas um meio de sobrevivência, mas também mentais de uma sociedade. Ao garantir uma remuneração mínima
uma fonte de orgulho e realização pessoal para os trabalhadores. para os trabalhadores, o salário-mínimo não apenas protege as fa-
Além de influenciar diretamente a autoestima e a motivação mílias da pobreza e do estresse financeiro, mas também promove
dos funcionários, o salário-mínimo também desempenha um papel uma comunidade mais equitativa e coesa. Este capítulo destaca a
crucial na promoção de um ambiente psicologicamente saudável no importância de políticas salariais que reconheçam não apenas o va-
local de trabalho. Quando os trabalhadores se sentem valorizados e lor econômico do trabalho, mas também seu impacto nas vidas das
justamente remunerados, isso cria um clima de confiança, respeito pessoas e na saúde de toda uma sociedade.
e cooperação dentro da organização. As relações entre colegas e
entre funcionários e empregadores tendem a ser mais positivas e
construtivas, contribuindo para uma cultura organizacional que va- PSICOLOGIA SOCIAL E APLICAÇÃO NO TRABALHO:
loriza o bem-estar psicológico de todos os envolvidos. RELAÇÃO ENTRE INDIVÍDUO E SOCIEDADE
Ao concluir este capítulo, é evidente que o salário-mínimo de-
sempenha um papel fundamental no bem-estar psicológico dos A visão dicotômica entre indivíduo e sociedade é fundamental
trabalhadores. Ao garantir uma remuneração justa e equitativa, nas Ciências Sociais, e faz parte dos primórdios do desenvolvimen-
o salário-mínimo não apenas atende às necessidades básicas dos to da Sociologia, que surgiu em meio a um crescente processo de
funcionários, mas também fortalece sua autoestima, motivação e industrialização iniciado ainda no século XVIII e que levou ao surgi-
saúde mental. Este capítulo destaca a importância de políticas sala- mento de inúmeros problemas sociais no início do século seguinte,
riais que levem em consideração não apenas os aspectos econômi- quando surgiu a disciplina. Podemos dizer que as transformações
cos, mas também os impactos psicológicos sobre os trabalhadores, ocorreram pela transição de uma realidade rural para um ambiente
promovendo ambientes de trabalho mais saudáveis, produtivos e urbano e industrial. O advento de estruturas sociais mais complexas
satisfatórios para todos. fez com que os homens se vissem na necessidade de compreen-
dê-las. Brota uma nova ciência que, partindo do instrumental das
ciências naturais e exatas, tenta explicar a realidade, estudando sis-
tematicamente o comportamento social dos grupos e as interações
humanas.
329
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
Basicamente buscou-se compreender que todas as relações Para Durkheim, os fatos sociais são anteriores e exteriores
sociais estão conectadas, formando um todo social, que chamamos aos indivíduos, exercendo sobre eles um poder coercitivo que se
de sociedade. A passagem de uma sociedade rural para uma so- impõe sobre as vontades individuais. Num sentido oposto, Weber
ciedade urbana, com a formação de grandes cidades, abriu novos priorizou as ações individuais para compreender a sociedade, con-
espaços de sociabilidade, em que conviveram pessoas diferentes e siderando-as como um componente universal e particular da vida
estranhas umas às outras, com objetivos e motivações distintas. Es- social, fundamental para se conhecer o funcionamento das socie-
ses novos espaços substituíram os espaços tradicionais de relações. dades humanas, em que vigoram as interações entre indivíduos e
Essa transição é essencial para compreender a sociologia. O rápido grupos sociais.
processo de urbanização provocou a degradação do espaço urbano
anterior, do meio ambiente, e a destruição dos valores tradicionais.
As indústrias atraíram as populações rurais para as cidades. INTERVENÇÕES PSICOSSOCIAIS EM COMUNIDADES E
ORGANIZAÇÕES
Conceitos de Sociedade
A sociedade, tal como passou a ser compreendida no início Capítulo 1: Intervenções Psicossociais em Organizações
do século XIX, pressupunha um grupo relativamente autônomo de
pessoas que ocupavam um território comum, sendo, de certa for- No mundo atual, as organizações enfrentam uma série de desa-
ma, constituintes de uma cultura comum. Além disso, predominava fios que vão desde a gestão eficaz de recursos humanos até a cria-
a ideia de que as pessoas compartilhavam uma identidade. As rela- ção de ambientes de trabalho produtivos. Nesse cenário, as inter-
ções sociais, não só referentes às pessoas, mas, inclusive, às institui- venções psicossociais assumem um papel central na promoção do
ções (família, escola, religião, política, economia, mídia), moldavam bem-estar dos colaboradores e na otimização da eficácia organiza-
as diversas sociedades. Assim, havendo uma enorme conexão entre cional. Essas intervenções variadas são fundamentais para abordar
essas relações, a mudança em uma acarretaria numa transforma- os diversos fatores que influenciam a experiência dos trabalhadores
ção em outra. no ambiente corporativo, incluindo dinâmicas sociais, estruturas or-
A sociedade é entendida, portanto, como algo dinâmico, em ganizacionais e cultura empresarial.
permanente processo de mudança, já que as relações e instituições As intervenções psicossociais em organizações assumem diver-
sociais acabam por dar continuidade à própria vida social. Torna-se sas configurações, todas voltadas para melhorar aspectos especí-
claro, ademais, que existe uma profunda e inevitável relação entre ficos do ambiente de trabalho. Programas de desenvolvimento de
os indivíduos e a sociedade. As Ciências Sociais lidaram com essa liderança buscam capacitar os líderes a gerir equipes de maneira
relação de diferentes modos, ora enfatizando a prevalência da so- eficaz e inspiradora, enquanto estratégias de administração de
ciedade sobre os indivíduos, ora considerando certa autonomia nas conflitos são implementadas para resolver disputas interpessoais e
ações individuais. Para o antropólogo Ralph Linton, por exemplo, a fomentar um ambiente de trabalho mais harmonioso. Essas inicia-
sociedade, em vez do indivíduo, é a unidade principal, aquela onde tivas visam promover relações saudáveis entre os colaboradores e
os seres humanos vivem como membros de grupos mais ou menos aumentar a eficiência das equipes.
organizados. A Sociologia do Trabalho desempenha um papel crucial na com-
Objeto de Estudo preensão das dinâmicas sociais internas que influenciam o ambien-
A sociologia é o estudo científico da sociedade. Parte de méto- te de trabalho. Ao analisar temas como hierarquia, poder e cultura
dos científicos (observação, análise, comparação) e possui objetos organizacional, essa disciplina oferece insights valiosos sobre como
de estudo específicos. Traz para o campo das ciências a figura do as relações sociais afetam o desempenho e a satisfação no trabalho.
cientista social. Assim, diferentes de outras ciências, a sociologia Além disso, a Sociologia do Trabalho busca promover uma cultura
tem como parte integrante de seu objeto de estudo o próprio ob- organizacional mais inclusiva e saudável, reconhecendo a importân-
servador. Este, ao mesmo tempo em que observa o fenômeno, so- cia da diversidade e do respeito mútuo no local de trabalho.
fre influência e influencia seu objeto de estudo. Um dos principais objetivos das intervenções psicossociais em
Essa realidade leva a uma discussão sobre a objetividade do organizações é estabelecer culturas organizacionais saudáveis e
trabalho científico e sobre a (im)possível neutralidade do cientista produtivas. Isso envolve criar um ambiente onde a colaboração seja
social. Fato que não ocorre nas ciências físicas, por exemplo, o ho- incentivada, a comunicação seja aberta e transparente, e a diver-
mem desempenha um duplo papel nas ciências sociais: é ao mesmo sidade seja valorizada. Ao promover uma cultura de respeito, con-
tempo objeto e sujeito do conhecimento. Aquele que desempenha fiança e cooperação, as organizações podem melhorar significativa-
as ações sociais e as interpreta. Por isso se busca tanto a objetivida- mente o bem-estar e a eficácia de seus colaboradores, resultando
de nos casos estudados. em equipes mais motivadas e produtivas.
Sendo assim, as intervenções psicossociais desempenham um
Weber X Durkheim papel fundamental na promoção do bem-estar e da eficácia no am-
Dois dos principais mestres da sociologia clássica compreen- biente de trabalho. Ao abordar uma variedade de questões, desde
deram de maneira diversa a relação entre indivíduos e sociedade. o desenvolvimento de liderança até a administração de conflitos,
Enquanto Emile Durkheim priorizou a sociedade na análise dos essas intervenções visam criar organizações mais saudáveis, inclu-
fenômenos sociais, considerando-a externa aos indivíduos e deter- sivas e produtivas. Ao integrar insights da Sociologia do Trabalho e
minadora de suas ações, Max Weber entendia ser preponderante o outras disciplinas relevantes, as organizações podem maximizar o
papel dos atores sociais e as suas ações. Weber entendia a socieda- impacto de suas intervenções e criar ambientes de trabalho verda-
de como o conjunto das interações sociais. A “ação social”, objeto deiramente inspiradores.
de estudo weberiano, toma este significado quando seu sentido é
orientado pelo conjunto de pessoas que constituem a sociedade.
330
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
Capítulo 2: Abordagens da Psicologia Aplicada ao Trabalho em para os desafios enfrentados pelas comunidades, e que as interven-
Intervenções Psicossociais ções eficazes devem ser adaptadas às necessidades específicas de
cada contexto.
Os programas de coaching destacam-se como uma abordagem
proeminente, visando o desenvolvimento profissional e pessoal dos Capítulo 4: Papel da Psicologia Comunitária em Intervenções
colaboradores. Por meio de suporte individualizado, esses progra- Psicossociais
mas buscam identificar áreas de melhoria e promover o crescimen-
to pessoal e profissional. Nos últimos anos, a Psicologia Comunitária emergiu como uma
Além disso, os programas de treinamento de habilidades in- disciplina fundamental na promoção do bem-estar mental e emo-
terpessoais visam melhorar a qualidade das relações interpessoais cional nas comunidades. Questões como pobreza, violência, falta
dentro das equipes. Com foco na comunicação, resolução de confli- de acesso a serviços de saúde mental e desigualdade social são
tos e colaboração, essas iniciativas buscam promover um ambiente apenas algumas das muitas barreiras que afetam o bem-estar men-
de trabalho mais coeso e colaborativo. tal e emocional de uma comunidade. Nesse contexto desafiador, a
O gerenciamento do estresse também é uma preocupação im- Psicologia Comunitária surge como uma ferramenta poderosa para
portante. Com o estresse sendo uma realidade comum, iniciativas promover mudanças positivas e duradouras.
como técnicas de relaxamento e mindfulness são desenvolvidas A Psicologia Comunitária adota uma variedade de estratégias
para ajudar os colaboradores a lidar com essa pressão e manter um de intervenção para abordar os desafios enfrentados pelas comu-
equilíbrio saudável entre vida pessoal e profissional. nidades. Workshops de desenvolvimento pessoal, grupos de apoio,
Por fim, a Psicologia Organizacional desempenha um papel cru- intervenções baseadas na comunidade e programas de capacitação
cial na promoção da motivação, satisfação no trabalho e produtivi- são apenas algumas das muitas abordagens utilizadas. Essas estra-
dade. Por meio de práticas de gestão e intervenções psicossociais, tégias visam fortalecer a resiliência individual e coletiva, promover
busca-se criar um ambiente de trabalho estimulante e gratificante, a coesão social e fornecer suporte emocional e prático para aqueles
propiciando o desenvolvimento pessoal e profissional dos colabo- que mais precisam.
radores. Um aspecto fundamental do trabalho da Psicologia Comunitá-
Portanto, as abordagens da Psicologia Aplicada ao Trabalho são ria é a construção de redes de apoio dentro da comunidade. Es-
fundamentais para promover o bem-estar psicológico dos colabo- sas redes podem assumir diversas formas, desde grupos de apoio
radores e otimizar a eficácia organizacional. Ao focar no indivíduo e específicos para lidar com problemas como abuso de substâncias
nos processos psicológicos que moldam o comportamento no am- ou violência doméstica, até programas de mentoria para jovens em
biente de trabalho, essas abordagens oferecem insights valiosos e risco. Ao fortalecer essas redes de apoio, a Psicologia Comunitária
estratégias práticas para melhorar a experiência dos colaboradores promove um senso de pertencimento e solidariedade dentro da co-
e criar ambientes de trabalho saudáveis e produtivos. munidade.
A avaliação e o monitoramento são partes essenciais do tra-
Capítulo 3: Intervenções Psicossociais em Comunidades balho da Psicologia Comunitária. Os psicólogos comunitários traba-
lham em estreita colaboração com membros da comunidade para
As intervenções psicossociais em comunidades são moldadas avaliar a eficácia das intervenções e identificar áreas de melhoria.
pelos desafios enfrentados por esses grupos. Questões como po- Esse processo contínuo de avaliação garante que as intervenções
breza, desemprego e isolamento social criam barreiras significativas sejam adaptadas às necessidades específicas da comunidade e que
para a qualidade de vida e o senso de pertencimento. os recursos sejam utilizados de forma eficiente.
A Sociologia desempenha um papel crucial ao analisar as es- Entretanto, a Psicologia Comunitária desempenha um papel
truturas sociais que influenciam as comunidades. Ao investigar vital na construção de comunidades mais resilientes, saudáveis e
elementos como estratificação social e capital social, os sociólogos coesas. Ao promover o bem-estar mental e emocional, fortalecer a
oferecem insights valiosos sobre como fortalecer os vínculos sociais coesão social e fornecer suporte prático e emocional, essa disciplina
e promover a resiliência comunitária. contribui para uma sociedade mais justa e equitativa. No entanto, é
Uma variedade de programas de intervenção é desenvolvida importante reconhecer que o trabalho da Psicologia Comunitária é
para abordar os desafios específicos das comunidades. Desde trei- contínuo e que os desafios enfrentados pelas comunidades exigem
namento profissional até redes de apoio comunitário, essas iniciati- abordagens multifacetadas e colaborativas.
vas visam fortalecer a comunidade e melhorar a qualidade de vida
de seus membros. Capítulo 5: Colaboração Interdisciplinar para Ambientes mais
A avaliação da eficácia das intervenções é crucial para garantir Saudáveis e Produtivos
que os recursos sejam utilizados de forma eficiente e que as neces-
sidades reais das comunidades sejam atendidas. Pesquisadores e A colaboração entre Sociologia e Psicologia Aplicada ao Tra-
profissionais trabalham em estreita colaboração com as comunida- balho é essencial para compreender plenamente as questões que
des para monitorar o impacto das intervenções e identificar áreas afetam os ambientes de trabalho modernos. Enquanto a Sociologia
de melhoria. oferece uma compreensão das estruturas sociais e organizacionais,
Desse modo, as intervenções psicossociais desempenham um a Psicologia Aplicada ao Trabalho se concentra nos aspectos indivi-
papel vital na construção de comunidades mais resilientes e coesas. duais e nos processos psicológicos. Juntas, essas disciplinas forne-
Ao fortalecer os laços sociais e promover o senso de pertencimento, cem uma visão abrangente e integrada dos desafios e oportunida-
essas intervenções contribuem não apenas para o bem-estar indivi- des no local de trabalho.
dual, mas também para uma sociedade mais justa e equitativa. No
entanto, é importante reconhecer que não há uma solução única
331
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
Ao adotar uma abordagem interdisciplinar, é possível desenvol- social pode ser acumulado como nas ciências naturais revela-se in-
ver estratégias mais eficazes para promover ambientes de trabalho justificada. Em essência, o estudo em psicologia social é fundamen-
saudáveis. Isso envolve não apenas a implementação de políticas e talmente um empreendimento histórico. Estamos essencialmente
programas, mas também a criação de uma cultura organizacional engajados em incontáveis questões contemporâneas. Utilizamos
que valorize o bem-estar dos colaboradores. A interdisciplinarida- metodologia científica, porém os resultados não são princípios
de permite uma compreensão mais profunda das necessidades e científicos no sentido tradicional. No futuro, historiadores pode-
aspirações dos trabalhadores, levando a iniciativas mais relevantes rão voltar-se para tais relatos do passado a fim de alcançar uma
e impactantes. melhor compreensão acerca da vida nos dias atuais. Entretanto, é
A colaboração entre Sociologia e Psicologia Aplicada ao Traba- provável que os psicólogos do futuro encontrem pouco valor no co-
lho também é fundamental para promover a justiça e a equidade no nhecimento contemporâneo. Esses argumentos não são puramente
local de trabalho. Enquanto a Sociologia investiga as disparidades acadêmicos e não se limitam a uma simples redefinição de ciência.
sociais e organizacionais, a Psicologia Aplicada ao Trabalho se con- Aqui estão implicadas significantes alterações na atividade de cam-
centra em questões como discriminação, assédio e desigualdade po. Cinco dessas alterações merecem atenção.
salarial. Juntas, essas disciplinas podem identificar e enfrentar pro- Entre psicólogos acadêmicos encontra-se difundido um pre-
blemas de forma mais eficaz, promovendo um ambiente de traba- conceito contra a pesquisa aplicada, um preconceito que é evi-
lho mais justo e inclusivo para todos os colaboradores. denciado pelo enfoque dado à pesquisa pura pelos periódicos de
Além de promover o bem-estar dos colaboradores, a colabora- prestígio e pela dependência de promoção e manutenção de con-
ção interdisciplinar entre Sociologia e Psicologia Aplicada ao Traba- tribuições à pesquisa pura em oposição à pesquisa aplicada. Esse
lho também pode maximizar a produtividade e a eficácia organiza- preconceito baseia-se, em parte, na suposição de que a pesquisa
cional. Ao compreender melhor as dinâmicas sociais e psicológicas aplicada é de valor transitório. Enquanto esta se limitaria a resol-
que influenciam o desempenho no trabalho, é possível desenvolver ver problemas imediatos, a pesquisa pura contribuiria para um co-
estratégias para otimizar o funcionamento das equipes, melhorar a nhecimento básico e duradouro. Do ponto de vista atual, o solo no
comunicação e promover a inovação. qual se assentam tais preconceitos não é merecedor de respeito. O
Apesar dos benefícios evidentes da colaboração interdiscipli- conhecimento que a pesquisa pura se dedica em estabelecer é tam-
nar, ainda existem desafios a serem superados. Barreiras como di- bém transitório; generalizações nessa área de pesquisa geralmente
ferenças de linguagem e metodologia podem dificultar a integração não perduram. A tal ponto que, quando generalizações da pesqui-
plena das duas disciplinas. No entanto, à medida que reconhece- sa pura têm grande validade transhistórica, podem estar refletindo
mos essas dificuldades, também devemos reconhecer as oportu- processos de interesse periférico ou importantes para o funciona-
nidades que surgem da colaboração entre disciplinas. Ao trabalhar mento da sociedade.
juntas, a Sociologia e a Psicologia Aplicada ao Trabalho podem en- Psicólogos sociais são treinados para usar ferramentas de aná-
frentar os desafios complexos do mundo do trabalho de maneira lise conceitual e metodologia científica a fim de explicar a interação
mais eficaz e significativa. humana. No entanto, dada a esterilidade em aperfeiçoar os princí-
Para concluir podemos afirmar que, a colaboração entre Socio- pios gerais ao longo do tempo, essas ferramentas mostram-se mais
logia e Psicologia Aplicada ao Trabalho é essencial para promover produtivas quando usadas na resolução de problemas de importân-
ambientes de trabalho mais saudáveis, justos e produtivos. Ao inte- cia imediata para a sociedade. Isso não implica que tais pesquisas
grar insights das duas disciplinas, podemos desenvolver uma com- devam ser de alcance restrito. Um defeito fundamental de grande
preensão mais completa dos desafios enfrentados pelos trabalha- parte das pesquisas aplicadas é que os termos usados para des-
dores e das oportunidades para promover mudanças positivas. Essa crever e explicar são relativamente concretos e específicos para o
interdisciplinaridade não apenas beneficia os colaboradores indivi- caso em mãos. Enquanto os comportamentos concretos estudados
dualmente, mas também fortalece as organizações como um todo, pelos psicólogos acadêmicos são frequentemente mais triviais, a
criando um ambiente de trabalho mais humano, inclusivo e eficaz. linguagem explicativa é altamente geral, e assim mais amplamen-
te heurística. É assim que os argumentos presentes sugerem uma
intensa focalização em assuntos sociais contemporâneos, baseados
PSICOLOGIA SOCIAL NA SAÚDE, EDUCAÇÃO, JUSTIÇA E na aplicação de métodos científicos e ferramentas conceituais lar-
POLÍTICAS PÚBLICAS gamente generalizadas.
O objetivo central da psicologia é tradicionalmente encarado
A psicologia é usualmente definida como ciência do comporta- como a predição e o controle do comportamento. Do nosso ponto
mento humano e a psicologia social como aquele ramo dessa ciên- de vista, esse objetivo é despropositado e oferece pouca justificati-
cia que lida com a interação humana. Um dos maiores propósitos va para a pesquisa. Princípios do comportamento humano podem
da ciência é o estabelecimento de leis gerais por meio da observa- ter valor preditivo temporalmente limitado, e seu alto conhecimen-
ção sistemática. Para o psicólogo social, tais leis gerais são desen- to pode torná-los impotentes como ferramentas de controle social.
volvidas a fim de descrever e explicar a interação social. 18 Todavia, previsão e controle não precisam servir de pedras angu-
lares do campo. A teoria psicológica pode desempenhar um papel
Implicações para uma ciência histórica do comportamento excessivamente importante enquanto dispositivo de sensibilização.
social Pode esclarecer-nos acerca da gama de fatores que potencialmen-
Sob a luz dos presentes argumentos, a tentativa contínua de te influenciam o comportamento sob várias condições. A pesquisa
construir leis gerais do comportamento social parece mal direciona- pode também oferecer algumas estimativas da importância desses
da, e a crença associada a ela de que o conhecimento da interação valores num determinado momento. Seja no caso do domínio da
18 GERGEN, K. J. A psicologia social como história. Psicol. Soc.: Florianópolis, política pública ou dos relacionamentos pessoais, a psicologia social
2008.
332
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
pode aguçar a sensibilidade de um indivíduo para influências sutis e mas tendências fisiológicas, tais tendências deveriam se reafirmar
apontar suposições sobre o comportamento que não se mostraram gradualmente. Outras propensões fisiológicas, ainda, podem ser
úteis no passado. irreversíveis. Pode haver também disposições que são suficiente-
Quando se pede um conselho ao psicólogo social sobre um pro- mente poderosas para que nem o esclarecimento e nem mesmo as
vável comportamento em uma situação concreta, a reação consiste mudanças históricas venham a causar-lhe algum impacto. Algumas
em desculpar-se. É necessário explicar que o campo ainda não se pessoas geralmente evitarão estímulos físicos dolorosos, apesar de
encontra suficientemente desenvolvido a ponto de que predições suas sofisticações ou das normas correntes. Devemos pensar, en-
confiáveis possam ser feitas. Do nosso ponto de vista, tais descul- tão, em termos de um contínuo de durabilidade histórica, com fe-
pas são inapropriadas. O campo pode raramente fornecer princí- nômenos altamente suscetíveis à influência histórica num extremo
pios para que predições confiáveis possam ser feitas. Padrões de e processos mais estáveis no outro.
comportamento estão sob constante mudança. Contudo, o que o Assim, métodos de pesquisa habilitando-nos a discernir a du-
campo pode e deve oferecer são pesquisas informando o inquiridor rabilidade relativa do fenômeno social são bastante necessários.
do número de possíveis ocorrências, ampliando assim sua sensibi- Métodos interculturais poderiam ser empregados para esse fim.
lidade e preparando-o para uma acomodação mais rápida à modi- Embora a replicação intercultural seja repleta de dificuldades, simi-
ficação ambiental. Pode prover ferramentas conceituais e metodo- laridade numa dada função entre culturas amplamente divergen-
lógicas com as quais um número maior de juízos de discernimento tes atestaria fortemente sua durabilidade no tempo. Técnicas de
pode ser efetuado. análise de conteúdo poderiam também ser empregadas no exame
Psicólogos sociais evidenciam uma contínua preocupação com de períodos históricos recentes. Até agora, tais empreendimentos
processos psicológicos básicos, ou seja, processos que influenciam têm fornecido pouco além de citações indicando que algum grande
um vasto e variado conjunto de comportamentos sociais. Simu- pensador pressentiu uma hipótese familiar. Temos ainda que travar
lando a preocupação de psicólogos experimentais com processos contato com a vasta quantidade de informações referentes aos pa-
básicos, como visão em cores, aquisição da linguagem, memória e drões de interação nos últimos períodos. Embora a progressiva so-
assim por diante, psicólogos sociais detiveram-se em alguns proces- fisticação dos padrões de comportamento ao longo do espaço e do
sos, tais como dissonância cognitiva, nível de aspiração e atribuição tempo fornecesse valiosas compreensões referentes à durabilida-
causal. Entretanto, há uma profunda diferença entre os processos de, alguns difíceis problemas apresentar-se-iam. Alguns padrões de
estudados nos domínios da psicologia geral experimental e no do- comportamento podem permanecer estáveis até uma observação
mínio da psicologia social. No primeiro caso, os processos estão fre- minuciosa. Outros podem simplesmente tornar-se disfuncionais
quentemente guardados biologicamente no organismo, não estão com o passar do tempo. A confiança do homem num conceito de
sujeitos a efeitos de esclarecimento e não dependem de circuns- deidade tem uma longa história e é encontrada em numerosas cul-
tâncias culturais. Ao contrário, a maioria dos processos de domínio turas. Entretanto, muitos são céticos sobre o futuro desta crença.
social é dependente de disposições sujeitas a modificação ao longo Taxas de durabilidade teriam assim que contribuir para a estabilida-
do tempo. de potencial tanto quanto atual do fenômeno.
Assim sendo, é um erro considerar os processos em psicologia Ainda que a pesquisa por disposições culturais mais duráveis
social como básicos no sentido das ciências naturais. Antes, podem seja extremamente valiosa, não deveríamos daí concluir que seja
ser largamente considerados a contrapartida psicológica de normas mais útil ou desejável que estudar os padrões passados de compor-
culturais. Da mesma maneira que um sociólogo preocupa-se em tamento. Grande parte da variabilidade do comportamento social
medir preferências parciais ou padrões de mobilidade no decurso deve-se indubitavelmente a disposições historicamente dependen-
do tempo, o psicólogo social poderia atentar para os padrões de tes, e o desafio de capturar tais processos “em luta” e durante perí-
mudança das disposições psicológicas e a sua relação com o com- odos preciosos da história é imenso.
portamento social. Se a redução de dissonância é um processo im- Sustentou-se que a pesquisa em psicologia social é fundamen-
portante, então deveríamos estar aptos a medir a prevalência e a talmente o estudo sistemático da história contemporânea. Assim
força de tal disposição no seio da sociedade ao longo de tempo e os sendo, parece miopia manter a separação disciplinar (a) do estu-
modos de redução de dissonância prediletos num dado momento. do tradicional de história e (b) de outras ciências historicamente
Se a elevação da estima parece influenciar a interação social, os am- fronteiriças (incluindo sociologia, ciência política e economia). As
plos estudos culturais deveriam revelar a extensão dessa disposi- particulares estratégias de pesquisa e a sensibilidade do historia-
ção, sua força em várias subculturas, e a forma do comportamento dor poderiam elevar a compreensão da psicologia social, passada
social com a qual se encontra mais associada a um dado momento. e presente. Particularmente útil seria a sensibilidade do historia-
Embora experimentos em laboratório sejam adequados ao isola- dor às sequências causais no curso do tempo. Muitas pesquisas
mento de disposições particulares, são pobres indicadores da série em psicologia social centram-se em segmentos momentâneos de
e da significância dos processos da vida social contemporânea. São processos em andamento. Temos nos concentrado muito pouco na
extremamente necessárias metodologias que estabeleçam contato função desses segmentos dentro de seu contexto histórico. Temos
com a prevalência, força e forma das disposições sociais no tempo. pouca teoria lidando com a inter-relação entre eventos dentro de
Com efeito, uma tecnologia dos indicadores sociais psicologicamen- longos períodos de tempo. Da mesma feita, historiadores poderiam
te sensíveis (Bauer, 1969) é desejada. beneficiar-se das mais rigorosas metodologias empregadas pelos
O fenômeno social pode variar consideravelmente na medida psicólogos sociais tanto quanto de sua sensibilidade a variáveis
em que se submete à mudança histórica. Certos fenômenos podem psicológicas. Contudo, o estudo da história, passada e presente,
ser mais estreitamente vinculados a dados fisiológicos. A pesquisa deveria ser empreendido da maneira mais ampla possível. Fatores
de Schachter sobre estados emocionais parece ter uma forte base políticos, econômicos e institucionais são todos fatores necessários
fisiológica, assim como o trabalho de Hess sobre afeto e constrição
pupilar. Embora disposições adquiridas possam vir a superar algu-
333
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
à compreensão numa perspectiva integrada. A concentração em Silva afirma que: A psicologia clínica durante décadas foi pensa-
psicologia apenas oferece uma compreensão distorcida de nossa da e planejada como disciplina autônoma. É relativamente recente
condição presente. sua inserção em instituições de saúde pública, nas diferentes ins-
tâncias de serviços. Com as modificações no sistema de saúde, a
Psicologia social e saúde coletiva: reconstruindo identidades psicologia, bem como as demais profissões consideradas da área de
19
saúde, que praticamente só eram absorvidas em instituições am-
A constituição da Psicologia como campo de conhecimento e bulatoriais e hospitalares, passam a ser incorporadas às Unidades
profissão faz-se no entrelaçamento de diversos saberes e aconteci- Básicas. Isto se torna possível a partir da VIII Conferência Nacional
mentos de ordem social, política e econômica, como bem demons- de Saúde (...) para que se chegasse a um Sistema Único de Saúde
tra a história da psicologia. que possibilitasse uma atenção integral à saúde.
Cruzamentos estes que foram produzindo diversos desdobra- Spink acrescenta ainda, em acordo com os autores anterior-
mentos, gerando multiplicidade em termos de teorias e de práticas, mente citados, que, até recentemente, o campo da atuação da psi-
na tentativa de dar conta das diferentes demandas cotidianas. cologia se resumia a duas principais dimensões: em primeiro lugar,
as atividades exercidas em consultórios particulares. Uma atividade
O psicólogo, como profissional, no Brasil, tem uma história exercida de forma autônoma, como profissional liberal e, de forma
muito recente. geral, não inserida no contexto dos serviços de saúde. A segunda
Apesar de o ensino da Psicologia ser feito desde os anos 1930, vertente compreendia as atividades exercidas em hospital e ambu-
foi somente em 1962 que a psicologia passou a existir como pro- latórios de saúde mental.
fissão. No campo da saúde, a autora considera que importantes trans-
Assim, há três décadas os psicólogos garantiram um espaço ins- formações ocorreram entre os anos 1970 e 1990 e possibilitaram
titucionalizado de trabalho. Sabe-se que com a regulamentação, o a inclusão do psicólogo nas ações de saúde. Primeiro houve uma
psicólogo passou a atuar em basicamente quatro áreas: clínica, es- ressignificação da causalidade na explicação da doença, passando a
colar, industrial e magistério, áreas que atualmente estão bastante ser vista como um processo e, especialmente, como um fenômeno
ampliadas e que não correspondem mais ao universo de atuação complexo e transdisciplinar, que precisa ser abordado de forma in-
do psicólogo brasileiro. Segundo Dimenstein (1998), a própria pres- tegradora englobando as dimensões biopsicossocial. A nova lingua-
são do mercado de trabalho passou a impulsionar os profissionais gem abriu espaço para ação e explicação de cunho psicológico. As
para outros campos de atuação. A assistência pública, dentre es- mudanças foram lentas, mas o espaço foi sendo conquistado, por
tas novas áreas, foi para onde convergiu uma considerável parcela exemplo, nos hospitais.
dos profissionais. “As quase três décadas desde que a profissão foi A psicologia, embora intimamente relacionada ao conceito de
regulamentada foram acompanhadas de um alargamento dos cam- saúde (definida pela Organização Mundial de Saúde como bem-es-
pos de atuação do psicólogo, forjado pelo próprio crescimento do tar físico, mental e social), como disciplina, chega tardiamente à
contingente de profissionais assim como pelo maior conhecimento área da saúde. Chega tarde neste cenário e “chega miúda, tatean-
de sua atividade e, consequentemente, pelo aumento da demanda do, buscando ainda definir seu campo de atuação, sua contribuição
por seus serviços”. teórica efetiva e as formas de incorporação do biológico e do social
Um marco importante sobre a inserção do psicólogo nos servi- ao fator psicológico, procurando abandonar os enfoques centrados
ços de saúde ocorreu em São Paulo a partir de 1982, com a adoção em um indivíduo abstrato e a-histórico tão frequentes na psicologia
de uma política explícita, por parte da Secretaria da Saúde, da de- clínica tradicional.
sospitalização e da extensão dos serviços de saúde mental à rede Mais recentemente, surgiu no cenário da psicologia a psicolo-
básica. A política adotada pela Coordenadoria de Saúde Mental le- gia da saúde, que tem se orientado mais pelos problemas vincu-
vou à criação de equipes de saúde mental integradas por equipes lados ao desenvolvimento da saúde humana do que pela doença.
mínimas, das quais o psicólogo fazia parte, que passariam a atuar O desenvolvimento da psicologia da saúde estimulou o traba-
nos centros de saúde. “Constituía-se, assim, uma rede de serviços lho do psicólogo no âmbito da prevenção e da promoção da saúde,
teoricamente integrados com atuação nos níveis primário, secun- assim como sua participação em equipes interdisciplinares, tanto
dário e terciário”). em instituições de saúde quanto em sua atuação no trabalho comu-
Yamamoto a respeito da situação profissional da psicologia no nitário, tornando-se um espaço importante de prevenção e promo-
Brasil, comenta que o levantamento feito pelo Conselho Federal de ção de saúde. O desenvolvimento de uma psicologia comunitária
Psicologia evidencia duas tendências: “de uma parte a manutenção orientada pelo trabalho nas áreas de saúde, independentemente
da hegemonia clínica com relação às demais; de outra, uma amplia- das orientações teóricas às quais se filia, na verdade representou
ção das oportunidades profissionais, proporcionada pela abertura um questionamento aos estanques rígidos definidos nas pesquisas
de novos espaços de inserção social”. Sendo que um destes espaços e nas práticas psicológicas.
é o campo da saúde. Como diz o autor: “Um dos campos onde a Segundo Bock, o termo psicologia da Saúde aparece a partir
psicologia tem mostrado maior inserção é o da saúde. (...) Os psi- do Seminário Internacional da Saúde realizado em Cuba e relata-
cólogos ingressam no campo da saúde através de duas formas: nas do no Jornal do Psicólogo, nº 11/84. Esta expressão ‘psicologia da
Unidades Básicas de Saúde, articulados aos demais profissionais do Saúde’ também é usada por Spink como um novo campo do saber.
campo, e nos Núcleos e Centros de Atenção Para Spink, falar da psicologia da saúde como novo campo do saber
Psicossocial (NAPS/CAPS)”. parece ser, à primeira vista, uma temeridade. Afinal, os aspectos
psicológicos da saúde/doença vêm sendo discutidos desde longa
data, e os psicólogos já há muito vêm marcando presença na área
19 AGUIAR, S. G.; RONZANI, T. M. Psicologia social e saúde coletiva: recons- de saúde mental. Entretanto, mudanças recentes na forma de in-
truindo identidades. Psicol. pesq.: Juiz de Fora, 2007. serção dos psicólogos na saúde e a abertura de novos campos de
334
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
atuação vêm introduzindo transformações qualitativas na prática A Psicologia Social da Saúde configura-se como um campo de
que requerem, por sua vez, novas perspectivas teóricas. É isto, pois, conhecimento e prática que trata das questões psicológicas com
que nos permite afirmar que estamos nos defrontando com a emer- enfoque mais social, coletivo e comunitário voltado para a saúde.
gência de um novo saber. Segundo Marín, caracteriza-se pela interlocução da Psicologia So-
Os fatores conjunturais (a maior aceitação da psicologia e o cial – com seus conhecimentos e técnicas – com o âmbito da saúde
crescimento do número de profissionais), associados à postura crí- e destaca a interação como ponto fundamental do processo saú-
tica de certos segmentos da profissão, levaram à definição de novas de doença. A interação refere-se tanto ao homem e seu ambiente
áreas de atuação, buscando estender os serviços psicológicos às ca- quanto aos diversos atores sociais presentes no cuidado com saúde.
madas mais pobres da população e, neste afã, ampliar o referencial O autor ainda salienta que todas as atividades da Psicologia Social
teórico de modo a focalizar os problemas sociais mais amplos sub- da Saúde centram-se mais na busca de uma saúde integral e não
jacentes à problemática individual. “Nesse processo, muitos psicó- somente na saúde mental.
logos deslocaram suas atividades dos consultórios particulares, in- Para Spink, a psicologia social da saúde é como um campo
serindo-se diretamente na comunidade ou nas instituições voltadas ampliado de atuação do psicólogo nas instituições de saúde. Essa
ao atendimento das camadas desprivilegiadas da população”. Num ampliação ocorreria, principalmente, em relação ao referencial de
processo de revisão dessas práticas e a busca por melhores formas trabalho utilizado e exercido, pois, segundo a autora, a intervenção
de responder às necessidades dos diferentes locais de atuação, foi deve ser contextualizada, ou seja, é importante compreender toda
gerando novos campos de saber e ampliou sua inserção na saúde. a história e o contexto da instituição na qual será implementada
uma ação, assim como as pessoas que compõem essa instituição.
A Psicologia Social como alternativa para a nova prática Faz-se necessário compreender que cada organização tem sua re-
Na fomentação de uma nova política pública de saúde, abrem- alidade local, sua cultura de relações e as histórias específicas das
-se espaços de trabalho para a psicologia, que passa a problemati- pessoas que recorrem a esses serviços.
zar a aplicação das práticas tradicionais em novo cenário de atua- A autora explica o que seria a Psicologia Social da Saúde: A pri-
ção. Outras ferramentas de intervenção – mais apropriadas para a meira característica é o compromisso com os direitos sociais pen-
efetiva inserção na área – devem ser construídas para o trabalho sado numa ótica coletiva. Foge, portanto, das perspectivas mais
na Saúde Pública, a fim de que possam contribuir com as transfor- tradicionais da psicologia voltadas à compreensão e processos
mações propostas pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A Psicolo- individuais ou intraindividuais. Dialoga com teorias e autores que
gia Social da Saúde, que compreende, em seus pressupostos, uma pensam as formas de vida e de organização na sociedade brasileira
intervenção mais local e coletiva, tem sido um importante campo contemporânea. Tende a pesquisar e atuar em serviços de atenção
de conhecimento e prática para construir formas diferenciadas de primária, em contextos comunitários, em problemas de saúde em
intervenção na saúde. que pesam a prevenção à doença e a promoção da saúde ou onde
A psicologia social, tendo como arena de atuação a complexa há necessidade de acompanhamento continuado (como as doenças
relação entre a esfera individual e a social, tem necessariamente crônicas e a saúde mental). Tende ainda a atuar na esfera pública.
uma vocação interdisciplinar, sendo suas fronteiras permeáveis às Ainda a mesma autora coloca que a Psicologia Social da Saú-
contribuições de uma variedade de outras disciplinas afins. “Cabe de tem como características principais a atuação centrada em uma
à psicologia social recuperar o indivíduo na intersecção de sua his- perspectiva coletiva e o comprometimento com os direitos sociais e
tória com a sociedade. Abandonar, portanto, a dicotomia indivíduo com a cidadania. Rompe, portanto, com enfoques mais tradicionais
sociedade”. centrados no indivíduo. A atuação se dá principalmente nos servi-
A psicologia (social) comunitária utiliza-se do enquadre da psi- ços de atenção primária à saúde, focaliza a prevenção da doença
cologia social, privilegiando o trabalho com os grupos, buscando e a promoção da saúde, e com extrema importância o incentivo
colaborar para a formação da consciência crítica e “para a constru- dos atores sociais envolvidos para a geração de propostas de trans-
ção de uma identidade social e individual orientadas por preceitos formação do ambiente em que vivem. Trata-se, portanto, de um
eticamente humanos”. processo de transformação crítica e democrática que potencializa e
Segundo Ronzani & Rodrigues, “a psicologia comunitária cons- fortalece a qualidade de vida.
titui um importante campo teórico-prático para o trabalho em APS, A Psicologia Social da Saúde objetiva trabalhar dentro de um
uma vez que pode possibilitar uma maior aproximação das ques- modelo mais integrado, reconhece a saúde como um fenômeno
tões de relevância social das comunidades”. Costa e Lopez afirmam multidimensional em que interagem aspectos biológicos, psicoló-
que é através da atuação da Psicologia Comunitária que programas gicos e sociais e caminha para uma compreensão mais holística do
de saúde podem ser aplicados ao âmbito local de cada comuni- processo saúde-doença-cuidado. Dessa maneira sua inserção na
dade. A Psicologia da Saúde e a Psicologia Comunitária estabele- atenção primária pode ser útil para contribuir na transformação das
ceriam, assim, uma relação na qual esta última se converteria em práticas em saúde rumo à integralidade. Traz conceitos potentes e
um instrumento de implementação dos programas que envolvem propostas de ação que muito se aproximam aos pressupostos de
conceitos da primeira. Seria através da Psicologia Comunitária, pro- trabalho da atenção primária. Vemos que os dois discursos se or-
põem Costa e López, que os programas de saúde se tornariam ágeis ganizam em torno de eixos que apostam na construção do fazer
e integrados ao tecido social em que os processos de saúde, adoeci- conjunto, coletivo e valorizam a localidade e as interações dela de-
mento e morte se dão, e é justamente nesse nível que a intervenção correntes.
preventiva deveria ocorrer. Entretanto, o que se deve tentar obter Os pressupostos da Psicologia Social da Saúde ecoam, nesse
da comunidade é que a mesma análise e modifique seus comporta- modo de organização do trabalho, à medida que têm como ponto
mentos tentando torná-los favoráveis à saúde. Assim, a Psicologia fundamental também a contextualidade e a interação com ações
Comunitária seria um ponto de ligação entre o sistema de saúde e a construídas coletivamente a partir das imprevisibilidades do coti-
comunidade, numa configuração dinâmica e móvel. diano. Assim, tanto a ESF (estratégia de saúde da família) como esse
335
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
campo da psicologia privilegiam o processo de produção de conhe- Segundo o autor, tais questões podem ser trabalhadas com
cimento e a construção das intervenções a partir das práticas so- grupos para adolescentes, gestantes, grupos com familiares das
ciais, dos processos interativos e da cultura. A proposta, portanto, é gestantes, grupos com mães a respeito das necessidades do primei-
a de que qualquer entendimento do processo saúde-doença-cuida- ro ano de vida da criança, entre outros.
do possa ser analisado e referido a partir de seu contexto, ou seja, a
partir da compreensão de uma pessoa, pertencente à determinada 2) Saúde das crianças
família, inserida numa comunidade específica, e assim por diante. Alguns problemas frequentes que afetam as crianças e que po-
Assim, a Psicologia Social da Saúde viria ao encontro da Aten- dem ser abordados pela psicologia:
ção Primária à Saúde (APS), especificamente do Programa de Saúde - ambiente doméstico prejudicial;
da Família (PSF), no objetivo de construir um modelo de atenção à - maus-tratos à criança;
saúde pertinente à realidade local e gerador de interlocuções entre - dificuldades de aprendizagem.
equipe de saúde e comunidade. Nesse sentido, a parceria pode ser Tais dificuldades podem ser abordadas, segundo Calatayud
útil para pensar discursos, na saúde, que propiciem a construção de (1999), através de grupos com as crianças, para que elas coloquem
espaços viabilizadores de acolhimento e a construção do vínculo, suas dificuldades, intervenção junto aos familiares, identificação de
contribuindo para a reflexão e a problematização dessas práticas ambientes familiares prejudiciais, entre outros.
que se propõem coletivas.
3) Adolescentes
A prática do psicólogo na atenção primária Os adolescentes constituem um grupo que abre espaço para
Martinez Calvo coloca que a promoção de saúde se origina nas várias possibilidades de trabalho. Podem ser abordados os seguin-
ciências que se ocupam do comportamento social. tes temas, através de grupos, palestras, ou, se necessário, individu-
Se nas propostas da atenção primária objetiva-se trabalhar almente: início da vida sexual, gravidez indesejada, drogas, álcool,
com promoção, o interesse para a psicologia é evidente. As ações dificuldades familiares etc.
promocionais, segundo Calatayud, necessitam apoiar-se em con- 4) Idosos
ceitos puramente psicológicos, tais como: hábitos, atitudes, moti- Também os idosos são citados pelo autor como um grupo po-
vação, interações pessoais e familiares e habilidades. Faz algumas tencial de trabalho. Vários aspectos podem ser abordados. Entre
recomendações para o trabalho dos psicólogos: eles: distância dos familiares, solidão, morte do cônjuge ou amigos,
1) identificar os problemas que requerem atenção prioritária; aumento das limitações físicas, tempo ocioso, diminuição da auto-
2) para esta identificação, as informações sobre a comunidade estima, depressão etc.
são a fonte para a tomada de decisões; Pelo que vimos até o momento, podemos considerar que exis-
3) trabalhar em equipe com profissionais de outras disciplinas, tem diversos pontos em comum entre os princípios norteadores do
compartilhando conhecimentos; PSF e aqueles que devem também subsidiar o trabalho do psicó-
4) estimular a participação dos membros da comunidade, le- logo, como, por exemplo, o atendimento da demanda de acordo
vando em conta sua opinião na definição das prioridades e as estra- com as necessidades dos indivíduos (e não de cima para baixo); a
tégias, tornando-os multiplicadores. busca do resgate da autonomia, da autoestima e da cidadania; a
Segundo Calatayud, há um conjunto de temas que geralmente ênfase na criação de vínculo entre o profissional e o cliente; a valo-
aparecem como prioritários para a psicologia na atenção primária, rização dos saberes individuais e grupais; o respeito às diferenças;
“e este caráter prioritário se deve ao fato de que são temas que a relação de compromisso e corresponsabilidade dos profissionais
mais afetam o estado de saúde das pessoas, os quais se recebem a com os usuários; a visão do humano como ser integral e não exclusi-
correta atenção, podem conduzir a melhorias importantes na saúde vamente biológico; a valorização de ações de prevenção, promoção
da população”. e manutenção da saúde, e não somente cura e reabilitação; o enfo-
Como veremos adiante, cada um destes temas relaciona-se que centrado nas potencialidades para o crescimento e não apenas
com aspectos biológicos, sociais e psicológicos. Estes últimos nos na erradicação do sintoma ou da doença; a valorização do contexto
servirão de pauta para guiar o trabalho do psicólogo na aten- social, histórico, cultural, ambiente familiar e psicológico dos indiví-
ção primária. duos, além da dimensão orgânica e fisiológica.
A finalidade do PSF, como já visto, é o acompanhamento da
1) Saúde Reprodutiva clientela, dentro do seu contexto sociocultural, de forma a aproxi-
Alguns problemas que afetam a saúde reprodutiva e podem mar a família, a comunidade e os profissionais, com vistas principal-
ser abordados pela psicologia: mente à promoção da saúde para melhoria da qualidade de vida da
- práticas sexuais que conduzem a gravidez indesejada, ou con- população. A inserção do psicólogo na equipe de saúde da família
tágio de doenças sexualmente transmissíveis; também deve visar à promoção da saúde da população, no que con-
- gravidez na adolescência; cerne à atenção para os aspectos psicológicos, tanto em termos de
- aborto induzido; prevenção quanto de promoção.
- comportamento de risco para o bom desenvolvimento da Cardoso aponta como objetivos gerais da atuação do psicólogo
gravidez (álcool, drogas, etc.); no PSF, independente da clientela atendida, os de atuar junto à co-
- Preparação insuficiente da gestante e da família para os cuida- munidade, fornecendo e difundindo informações sobre saúde men-
dos físicos e emocionais do recém-nascido; tal; identificar pessoas portadoras de doenças orgânicas crônicas
- insuficiente conhecimento de comportamentos paternos que com comprometimentos emocionais que demandem assistência
propiciem a satisfação das necessidades psicológicas do bebê no psicológica; possibilitar espaço terapêutico de trocas de experiên-
primeiro ano de vida. cias, com vistas ao desenvolvimento das potencialidades das pesso-
as para atender às próprias necessidades, proporcionando, além da
336
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
melhora do quadro clínico, a da sua qualidade de vida; atuar junto uma resistência que é exercida por outros profissionais, tradicio-
aos profissionais da equipe do PSF, para integrar esforços, estimular nalmente atuantes na área, em frente da “a aparente inutilidade da
a reflexão e a troca de informações sobre a população atendida e atuação dos psicólogos no campo da promoção da saúde e da alta
facilitar a avaliação e a evolução clínica. demanda para a atuação no modelo clínico”.
O psicólogo pode abarcar ainda, além do atendimento indi- Essa resistência não é pequena e também não parte exclusiva-
vidual, avaliação da demanda, estudos de caso e o incentivo para mente dos profissionais já firmemente estabelecidos no campo da
facilitação da comunicação entre a comunidade e a equipe de saú- saúde, mas também do próprio psicólogo que não (re)conhece as
de, já que muitas vezes os pacientes revelam dados nem sempre possibilidades de sua atividade.
acessíveis à equipe. O teatro informativo pode ser utilizado para As perguntas que se impõem são: Como se configura a prática
fornecer informações sobre o que é a psicologia e o trabalho do deste campo? É possível uma atuação junto à comunidade? Que
psicólogo, tais como seus objetivos, a questão do sigilo, a compo- papel terão as práticas usualmente utilizadas na Psicologia Clínica?
sição dos grupos, esclarecimento sobre as concepções errôneas a Yamamoto (1996) faz a mesma pergunta: O arsenal teórico-práti-
respeito da psicoterapia e do psicólogo. A visita domiciliar é outra co de que dispõe a Psicologia pode ser aplicado em novos campos
atividade que auxilia na divulgação do trabalho, ajuda a conhecer que a Psicologia desbrava? O autor nos assegura que as respostas
um pouco da realidade das pessoas atendidas e, quando necessá- a essas questões não são simples e ressalta que não basta mudar
rio, a prestar assistência psicológica a pacientes impossibilitados de de cliente; é importante que, além de mudar de cliente, o psicólogo
sair de sua residência. realize uma revisão daquilo que teoricamente embasa sua.
Dentro desta mesma ideia, Ronzani acrescenta que: uma das Considerando, então, que a formação básica do psicólogo privi-
funções do psicólogo pode ser o acolhimento dos novos pacientes, legia a atuação clínica, centrada no indivíduo e localizada no consul-
fazendo encaminhamentos, quando necessário, intervenção psicos- tório, é comum a mera transferência do referencial teórico obtido
social, desenvolvendo oficinas terapêuticas, atendendo a pacientes na graduação, para o contexto institucional.
graves, fazendo visitas domiciliares e proporcionando suporte fami-
liar, especialmente para aqueles portadores de transtornos men- Spink sustenta que a pratica em instituições requer uma expan-
tais. são do referencial teórico utilizado em dois sentidos:
Duran-Gonzáles apontam que o profissional de APS deve estar a) expansão do referencial contextual, ou seja, a busca de da-
capacitado para proporcionar mudanças de atitudes da população; dos que permitam melhor localizar o psicólogo e outros atores en-
entrar em contato com indivíduos que possam influenciar direta- volvidos na dinâmica social e/ou institucional;
mente nas práticas de saúde da população. O psicólogo então se b) “expansão do referencial teórico, no sentido de conseguir
torna um ator importante na medida em que pode promover a par- trabalhar com alteridade, ou seja, com a perspectiva de um “outro”
ticipação da comunidade no autocuidado e ainda ser o ponto de definido culturalmente como diferente do eu”.
intersecção entre a população e a equipe de saúde.
O que está em pauta no primeiro caso é a compreensão das
Da formação à ação determinações sociais mais amplas que afetam a relação profissio-
Pensar a atuação do psicólogo nas Unidades Básicas de Saúde nal do psicólogo e as pessoas ou grupos que recebem algum tipo de
não é uma tarefa fácil. O tempo de inserção destes profissionais é intervenção. Já no segundo caso, o que está em pauta é a aceitação
relativamente pequeno; há um contingente reduzido de profissio- de uma realidade multiforme, cuja definição, ou mesmo a percep-
nais atuando na área — apesar de vir aumentando gradativamen- ção, é fruto de uma sociedade determinada e, dentro desta, de clas-
te — existem poucas pesquisas mais sistemáticas, tanto nacionais ses e segmentos sociais específicos.
quanto locais, sobre a atuação do psicólogo neste campo específico Dessa forma acreditamos que, ainda hoje, os psicólogos bus-
de trabalho. cam um modelo para “fazer psicologia” nos serviços de saúde. Re-
Nas palavras de Dimenstein, é possível apontar que tais dificul- conhecemos que o trabalho é complexo e requer do psicólogo um
dades encontradas pelos psicólogos para a realização da Psicologia embasamento amplo de várias áreas do conhecimento. É um mo-
nas Unidades Básicas de Saúde no país advêm tanto da inadequa- delo que está continuamente sendo feito, uma identidade sendo
ção da sua formação acadêmica para o trabalho no setor, quanto formada:
seu limitado modelo de atuação, bem como as dificuldades de Acreditamos que podemos ser mais úteis ao campo da assis-
adaptar-se às dinâmicas condições de perfil profissional. tência pública à saúde a partir do momento que nossa cultura pro-
A inserção em instituições públicas ou na comunidade parece fissional passe a fornecer modelos mais ampliados de atuação, os
ser bastante problemática tanto no que se refere às dificuldades ex- quais não se revelem como barreiras à troca de saberes com outros
ternas, relativas à falta de recursos, quanto à ausência de modelos profissionais, e que o psicólogo possa se reconhecer como um tra-
de atuação, apontando aí carências de uma formação acadêmica balhador da saúde, preocupado com a promoção do bem-estar da
mais voltada ao modelo clínico hegemônico. população.
O conhecimento e as técnicas dos quais lança mão a Psicologia Discutir a formação necessária para a inserção institucional do
da Saúde são frequentemente oriundos da clínica e naturalmente psicólogo na área da saúde exige um momento anterior de refle-
passam por uma série de adaptações que se configuram em uma xão sobre as especificidades desta prática. Ao procurar entender
verdadeira reconstrução da atividade e da identidade do psicólogo e pensar a formação do psicólogo para a prática em instituições,
e da Psicologia. As implicações da atuação ou reinserção do psicólo- estamos, na verdade, buscando subsídios para a sua inserção em
go no campo da saúde são de natureza complexa e envolvem desde uma organização. Entretanto, esta organização é sobre determina-
um treinamento específico para atuar neste campo — treinamen- da por normas gerais, que estão intimamente ligadas às represen-
to que não tem sido observado na grande maioria dos cursos de tações coletivas que, com o passar dos anos, atingem o estatuto de
graduação — até o equacionamento mais otimizado possível de normas universais ou leis.
337
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
A compreensão do processo de institucionalização destas nor- comportamentais e emocionais dos colaboradores é essencial para
mas e, portanto, a compreensão do pano de fundo que formata o promover mudanças positivas nos locais de trabalho e enfrentar os
cenário no qual se desenvolve nossa prática é obviamente um in- desafios sociais que surgem nesses contextos.
grediente importante para um desempenho profissional consciente É importante destacar que essas disciplinas não operam
e conscientizador. de forma isolada, mas sim em interação mútua. A convergência
A inserção do psicólogo no campo da saúde tem se mostrado, entre Sociologia e Psicologia Aplicada ao Trabalho permite
nos diferentes estudos já realizados, difícil, tanto por questões ex- uma compreensão mais completa das dinâmicas sociais e
ternas quanto por falta de modelos de atuação, o que se relaciona psicológicas que permeiam os ambientes de trabalho. Ao integrar
também com o modelo da formação hegemônico mais voltado para as perspectivas sociológicas sobre estruturas e relações sociais
a clínica. com as análises psicológicas das motivações e comportamentos
A formação acadêmica está longe de contribuir com uma in- individuais, é possível desenvolver abordagens mais eficazes para
serção inovadora e mais coerente com as práticas sociais e com o promover mudanças sociais e enfrentar problemas sociais nos
SUS, mas há também incertezas e dúvidas diante das mudanças, da locais de trabalho.
invenção. O Departamento de Psicologia da Universidade Federal
de Juiz de Fora (UFJF), em especial o Polo de Pesquisa em Psicologia Capítulo 2: Promoção da Mudança Social nas Organizações
Social e Saúde Coletiva (POPS), vem há algum tempo se preocupan-
do com a formação crítica e inovadora na área de psicologia e saú- No contexto organizacional contemporâneo, a promoção da
de, proporcionando experiências junto aos serviços de APS de Juiz mudança social emerge como uma necessidade premente para
de Fora e região, bem como produzindo pesquisas junto com alunos estabelecer ambientes de trabalho mais equitativos e saudáveis. A
de graduação e pós-graduação. Alguns resultados positivos já po- convergência entre a Sociologia e a Psicologia Aplicada ao Traba-
dem ser observados na formação dos alunos, aumentando a pre- lho oferece uma abordagem abrangente para enfrentar os desafios
ocupação em desenvolver ações contextualizadas e criativas junto sociais e promover transformações significativas dentro das orga-
aos problemas da população brasileira. Mas ainda há um longo ca- nizações.
minho a percorrer para uma consolidação ainda maior dessa área. A Sociologia, como disciplina dedicada ao estudo das estrutu-
Objetivamos aqui demonstrar várias frentes de trabalho que ras sociais e das interações humanas, desempenha um papel funda-
podem ser assumidas pelo psicólogo no campo da saúde coletiva. A mental na identificação e compreensão das hierarquias e disparida-
psicologia social da saúde é apresentada como referência que não des presentes nos locais de trabalho. Ao examinar as dinâmicas de
se esgota como ferramenta de compreensão e intervenção, mas é poder, relações interpessoais e estruturas organizacionais, os soció-
congruente com a demanda da atenção primária. logos fornecem insights valiosos sobre as injustiças e desigualdades
que permeiam as organizações.
Por exemplo, a análise sociológica pode revelar como as políti-
PROMOÇÃO DA MUDANÇA SOCIAL E ENFRENTAMENTO cas de recrutamento e seleção podem estar perpetuando práticas
DE PROBLEMAS SOCIAIS discriminatórias, favorecendo determinados grupos em detrimento
de outros. Além disso, ao investigar a cultura organizacional, os so-
Capítulo 1: Fundamentos da Convergência entre Sociologia e ciólogos podem identificar padrões de comportamento e normas
Psicologia Aplicada ao Trabalho que contribuem para um ambiente de trabalho hostil ou excluden-
A dinâmica dos ambientes de trabalho contemporâneos é te.
profundamente influenciada por uma variedade de fatores, desde Por sua vez, a Psicologia Aplicada ao Trabalho complementa
estruturas sociais até características psicológicas individuais dos essa análise ao se concentrar nos aspectos individuais que influen-
colaboradores. Neste capítulo, exploraremos a convergência entre ciam o comportamento dos colaboradores. Através da investigação
Sociologia e Psicologia Aplicada ao Trabalho, duas disciplinas que, das percepções, atitudes e motivações dos trabalhadores, os psicó-
juntas, oferecem uma visão abrangente e profunda das complexi- logos oferecem insights valiosos sobre como promover a mudança
dades que permeiam os locais de trabalho. social a partir de uma abordagem centrada no ser humano.
A Sociologia, como ciência social, desempenha um papel fun- Por exemplo, ao compreender as atitudes e crenças dos cola-
damental na análise das estruturas sociais que moldam as organi- boradores em relação à diversidade e inclusão, os psicólogos po-
zações. Por meio de uma investigação aprofundada das hierarquias, dem desenvolver estratégias eficazes para promover a aceitação e
dinâmicas de poder e relações interpessoais, a Sociologia propor- valorização da diversidade dentro da organização. Isso pode envol-
ciona um arcabouço teórico vital para compreender as complexi- ver programas de sensibilização, treinamento em habilidades inter-
dades dos ambientes de trabalho modernos. Ao examinar as inte- pessoais e políticas de recrutamento e seleção que visam eliminar
rações entre os indivíduos dentro das organizações, essa disciplina preconceitos e promover a igualdade de oportunidades.
revela as nuances das relações sociais e como elas influenciam as No entanto, a promoção da mudança social nas organizações
dinâmicas organizacionais. não é uma tarefa fácil. Requer um compromisso contínuo com a
Por outro lado, a Psicologia Aplicada ao Trabalho concentra- justiça e a equidade, além de enfrentar possíveis resistências e de-
-se nos aspectos individuais que impactam o comportamento no safios institucionais. Além disso, é importante reconhecer que a im-
ambiente profissional. Ao explorar as percepções, atitudes e moti- plementação eficaz de programas de diversidade e inclusão exige
vações dos colaboradores, essa disciplina fornece insights valiosos não apenas políticas organizacionais, mas também uma mudança
sobre como as características psicológicas dos indivíduos influen- cultural mais profunda, que permeie todos os níveis da organização.
ciam o funcionamento das organizações. Compreender os drivers Portanto, este capítulo serve como uma exploração detalhada
de como a convergência entre a Sociologia e a Psicologia Aplicada
ao Trabalho pode ser aplicada na prática para promover a mudança
338
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
social nas organizações. Através de estudos de caso, análises deta- percepções, atitudes e comportamentos dos colaboradores que
lhadas e exemplos práticos, estaremos preparados para compreen- podem influenciar a dinâmica social dentro das organizações. Ao
der os desafios e oportunidades que surgem ao buscar criar am- compreender os fatores psicológicos que contribuem para os pro-
bientes de trabalho mais justos, inclusivos e saudáveis. blemas sociais, podemos desenvolver intervenções mais eficazes e
centradas no ser humano.
Capítulo 3: Enfrentamento de Problemas Sociais nos Ambien- Uma abordagem holística, portanto, busca integrar essas duas
tes de Trabalho disciplinas, combinando uma análise crítica das estruturas sociais
com uma compreensão profunda dos aspectos psicológicos indi-
Para iniciar nossa análise, é fundamental compreender a natu- viduais. Isso nos permite não apenas reconhecer e confrontar as
reza e as causas desses problemas sociais. A Sociologia, como dis- injustiças, mas também implementar mudanças tangíveis que pro-
ciplina que investiga as estruturas sociais e as relações de poder, movam a igualdade, a inclusão e o bem-estar dos colaboradores.
oferece insights valiosos sobre como o assédio, a discriminação e Além disso, uma abordagem holística vai além das questões
as disparidades salariais são perpetuados dentro das organizações. internas da organização e considera seu papel mais amplo na socie-
Por exemplo, através de estudos sociológicos, podemos identificar dade. Isso significa que as intervenções não se limitam apenas ao
como determinados grupos são sistematicamente marginalizados ambiente de trabalho, mas também buscam promover mudanças
ou sub-remunerados com base em características como gênero, sociais mais amplas. Isso pode incluir iniciativas de responsabilida-
raça, etnia ou orientação sexual. Essa análise crítica é essencial para de social corporativa, defesa de políticas públicas progressistas e
direcionar nossos esforços na busca por soluções eficazes. parcerias com outras organizações e comunidades para enfrentar
Ao mesmo tempo, a Psicologia Aplicada ao Trabalho desem- problemas sociais em nível sistêmico.
penha um papel crucial ao examinar os aspectos individuais que Desse modo, este capítulo destaca a importância de adotar
contribuem para a perpetuação desses problemas sociais. Através uma abordagem holística na promoção da mudança social e no en-
da investigação das atitudes, percepções e comportamentos dos frentamento de problemas sociais nos ambientes de trabalho. Ao
colaboradores, os psicólogos podem identificar padrões prejudiciais integrar conhecimentos da Sociologia e da Psicologia Aplicada ao
de pensamento e interação que precisam ser abordados. Trabalho e ao reconhecer a interconexão entre questões individuais
Uma das estratégias mais importantes para enfrentar esses e estruturais, podemos criar organizações mais justas, inclusivas e
problemas sociais é a conscientização. Isso envolve educar os cola- socialmente responsáveis.
boradores sobre as formas de assédio, discriminação e preconceito,
bem como promover uma cultura organizacional que valorize a di- Capítulo 5: Conclusão e Perspectivas Futuras
versidade e a inclusão. Programas de treinamento em habilidades
interpessoais também são fundamentais, pois capacitam os colabo- Ao chegar ao final deste estudo, é imprescindível revisitar os
radores a reconhecer e confrontar comportamentos inadequados caminhos trilhados e consolidar as conclusões alcançadas sobre a
no local de trabalho. convergência entre Sociologia e Psicologia Aplicada ao Trabalho no
Desse modo, políticas organizacionais inclusivas desempe- contexto da promoção da mudança social e no enfrentamento de
nham um papel crucial na promoção da igualdade e da equidade. problemas sociais nos ambientes de trabalho. Neste capítulo con-
Isso pode incluir a implementação de políticas de recrutamento e clusivo, vamos recapitular os principais pontos discutidos ao longo
seleção que garantam igualdade de oportunidades para todos os deste trabalho e explorar as perspectivas futuras dessa integração
candidatos, bem como a criação de programas de desenvolvimento disciplinar.
profissional que ajudem a combater disparidades salariais e de pro- Primeiramente, revisitamos a ideia fundamental de que as di-
gressão na carreira. nâmicas sociais e psicológicas são intrinsecamente interligadas nos
No entanto, é importante reconhecer que o enfrentamento locais de trabalho. A Sociologia oferece insights valiosos sobre as
de problemas sociais nos ambientes de trabalho não é uma tare- estruturas sociais e as interações entre os indivíduos, enquanto a
fa fácil e requer um compromisso contínuo por parte de todos os Psicologia Aplicada ao Trabalho nos ajuda a compreender os aspec-
membros da organização. Além disso, intervenções eficazes devem tos individuais que moldam o comportamento e as percepções dos
ser avaliadas regularmente para garantir sua eficácia e fazer ajustes colaboradores. Essa interação entre disciplinas nos permite desen-
conforme necessário. volver abordagens mais abrangentes e eficazes para enfrentar os
desafios sociais dentro das organizações.
Capítulo 4: Abordagem Holística na Promoção da Mudança So- Em seguida, destacamos a importância da abordagem holística
cial e no Enfrentamento de Problemas Sociais na promoção da mudança social e no enfrentamento de problemas
sociais. Ao considerar não apenas os aspectos individuais, mas tam-
Começamos nossa análise reconhecendo que os problemas bém as estruturas sistêmicas que perpetuam desigualdades, po-
sociais dentro das organizações muitas vezes têm raízes profundas demos desenvolver intervenções mais eficazes e centradas no ser
em estruturas sociais mais amplas. A Sociologia desempenha um humano. Essa abordagem integrada nos permite criar ambientes
papel fundamental ao nos ajudar a entender como hierarquias de de trabalho mais justos, inclusivos e saudáveis, promovendo não
poder, discriminação e desigualdades são perpetuadas e mantidas. apenas o bem-estar dos colaboradores, mas também contribuindo
Por meio de uma análise crítica, somos capazes de identificar os sis- para uma sociedade mais equitativa como um todo.
temas e processos que contribuem para a marginalização de certos Além disso, é crucial refletir sobre as perspectivas futuras des-
grupos e para a perpetuação de injustiças. sa integração disciplinar. À medida que avançamos para o futuro,
No entanto, a análise sociológica por si só não é suficiente torna-se evidente que a interação entre Sociologia e Psicologia Apli-
para promover mudanças significativas. É aqui que a Psicologia cada ao Trabalho continuará desempenhando um papel crucial na
Aplicada ao Trabalho entra em jogo, fornecendo insights sobre as transformação dos ambientes de trabalho e na promoção de mu-
339
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
danças sociais mais amplas. Novas pesquisas e práticas inovado- Nessa exploração do próprio corpo, na observação do corpo de
ras surgirão, alimentadas pela colaboração entre disciplinas e pela outros, e a partir das relações familiares é que a criança se descobre
busca constante por soluções mais eficazes para os desafios sociais num corpo sexuado de menino ou menina. Preocupa-se então mais
emergentes. intensamente com as diferenças entre os sexos, não só as anatô-
Em última análise, este estudo demonstra que a convergên- micas, mas também com todas as expressões que caracterizam o
cia entre Sociologia e Psicologia Aplicada ao Trabalho é uma força homem e a mulher. A construção do que é pertencer a um ou outro
poderosa para promover a mudança social e enfrentar problemas sexo se dá pelo tratamento diferenciado para meninos e meninas,
sociais nos ambientes de trabalho. Ao integrar conhecimentos e inclusive nas expressões diretamente ligadas à sexualidade e pelos
perspectivas dessas disciplinas, podemos criar organizações mais padrões socialmente estabelecidos de feminino e masculino. Esses
justas, inclusivas e socialmente responsáveis, contribuindo para um padrões são oriundos das representações sociais e culturais cons-
futuro onde a igualdade e a justiça sejam realidades alcançáveis truídas a partir das diferenças biológicas dos sexos e transmitidas
para todos. pela educação, o que atualmente recebe a denominação de rela-
ções de gênero. Essas representações absorvidas são referências
fundamentais para a constituição da identidade da criança.
IDENTIDADE PESSOAL, SOCIAL, PERTENCIMENTO E As formulações conceituais sobre sexualidade infantil datam
PROCESSOS DE CATEGORIZAÇÃO SOCIAL. IDENTIDADE do começo deste século e ainda hoje não são conhecidas ou acei-
DE GÊNERO, ETNIA, NACIONALIDADE, ENTRE OUTRAS tas por parte dos profissionais que se ocupam de crianças, inclusive
educadores. Para alguns, as crianças são seres “puros” e “inocen-
A sexualidade tem grande importância no desenvolvimento e tes” que não têm sexualidade a expressar, e as manifestações da
na vida psíquica das pessoas, pois independentemente da potencia- sexualidade infantil possuem a conotação de algo feio, sujo, peca-
lidade reprodutiva, relaciona-se com a busca do prazer, necessida- minoso, cuja existência se deve à má influência de adultos. Entre
de fundamental dos seres humanos. Nesse sentido, a sexualidade é outros educadores, no entanto, já se encontram bastante difundi-
entendida como algo inerente, que se manifesta desde o momento das as noções da existência e da importância da sexualidade para o
do nascimento até a morte, de formas diferentes a cada etapa do desenvolvimento de crianças e jovens.
desenvolvimento. Além disso, sendo a sexualidade construída ao Em relação à puberdade, as mudanças físicas incluem altera-
longo da vida, encontra-se necessariamente marcada pela história, ções hormonais que, muitas vezes, provocam estados de excitação
cultura, ciência, assim como pelos afetos e sentimentos, expressan- incontroláveis, ocorre intensificação da atividade masturbatória e
do-se então com singularidade em cada sujeito. Indissociavelmente instala-se a função genital. É a fase das descobertas e experimenta-
ligado a valores, o estudo da sexualidade reúne contribuições de ções em relação à atração e às fantasias sexuais. A experimentação
diversas áreas, como Antropologia, História, Economia, Sociologia, dos vínculos tem relação com a rapidez e a intensidade da formação
Biologia, Medicina, Psicologia e outras mais. Se, por um lado, sexo e da separação de pares amorosos entre os adolescentes.
é expressão biológica que define um conjunto de características É uma questão bastante atual e presente no cotidiano de todos
anatômicas e funcionais (genitais e extragenitais), a sexualidade é, os profissionais da educação a postura a ser adotada, dentro das
de forma bem mais ampla, expressão cultural. Cada sociedade cria escolas, em face das manifestações da sexualidade dos alunos.
conjuntos de regras que constituem parâmetros fundamentais Como dito anteriormente, sexo também é coisa de criança21.
para o comportamento sexual de cada indivíduo. Nesse sentido, Tendo sempre em mente que cada criança é uma criança, vamos
a proposta de Orientação Sexual considera a sexualidade nas suas pensar o desenvolvimento sexual da criança.
dimensões biológica, psíquica e sociocultural. Tomando por base os modos de viver e expressar a dimensão
humana, temos seis períodos distintos - primeira infância, fase
Sexualidade na Infância e na Adolescência20 pré-escolar, segunda infância, adolescência, maturidade e terceira
Os contatos de uma mãe com seu filho despertam nele as pri- idade. Aqui vamos nos ater apenas aos três primeiros: primeira in-
meiras vivências de prazer. Essas primeiras experiências sensuais de fância (0 a 2 anos), fase pré-escolar (2 a 6 anos) e segunda infância
vida e de prazer não são essencialmente biológicas, mas constitui- (6 a 10 anos).
rão o acervo psíquico do indivíduo, serão o embrião da vida mental
no bebê. A sexualidade infantil se desenvolve desde os primeiros Primeira Infância (0 a 2 anos)
dias de vida e segue se manifestando de forma diferente em cada “A educação sexual começa a partir das atitudes dos pais, no
momento da infância. A sua vivência saudável é fundamental na momento em que decidem ter filhos”.
medida em que é um dos aspectos essenciais de desenvolvimento As primeiras atitudes dos pais podem proporcionar ou um am-
global dos seres humanos. biente afetivo e amoroso, ou um ambiente ríspido e tumultuado.
A sexualidade, assim como a inteligência, será construída a par- Esse ambiente será a primeira influência no desenvolvimento da
tir das possibilidades individuais e de sua interação com o meio e criança. É “nos primeiros anos de vida que se estabelecem as bases
a cultura. Os adultos reagem, de uma forma ou de outra, aos pri- do comportamento erótico do adulto e se inicia a formação de uma
meiros movimentos exploratórios que a criança faz em seu corpo e sexualidade saudável”.
aos jogos sexuais com outras crianças. As crianças recebem então, Neste período (0 a 2 anos) a criança começa a explorar seu
desde muito cedo, uma qualificação ou “julgamento” do mundo mundo através de seu corpo, de suas sensações. Será através do
adulto em que está imersa, permeado de valores e crenças que são gosto, do cheiro, do toque, do olhar e do ouvir que a criança vai ex-
atribuídos à sua busca de prazer, o que comporá a sua vida psíquica. perimentar o prazer. Essa relação com seu corpo e com os sentidos
formará suas atitudes sexuais mais tarde.
20 BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares
Nacionais: Orientação Sexual. Portal MEC. 21 Colunista Portal Educação, 2013. http://www.portaleducacao.com.br.
340
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
A relação que essa criança tem com seus cuidadores também momento para ensinar às crianças sobre a intimidade. O público e
será definidor das suas atitudes relacionais. Esse primeiro vínculo é o privado. Não precisa problematizar a situação, apenas orientar. A
um primeiro passo. Ele será fortalecido, ou não, no seu desenvol- repressão é indesejada.
vimento. Além de se tocarem, as crianças exploram também os outros.
É nessa fase que começamos a amar e sermos amados. A nossa É a fase da conhecida “brincadeira de médico”. Se a brincadeira for
capacidade de amar e de se relacionar está diretamente ligada a entre crianças da mesma idade não há razão para se preocupar, é
esse aprendizado na infância. conhecimento não abuso.
Nessa fase o pensamento é mágico e fantasioso, por isso devem
Fase pré-escolar (2 a 6 anos) ser evitadas conversas como a da “cegonha” e da “sementinha”. As
Essa fase tem quatro momentos importantes: respostas devem ser claras e objetivas o suficiente para satisfazer
a curiosidade da criança. Ela quer saber do fato, a maldade está na
1. Formação da Identidade de gênero cabeça do(a) adulto(a). Outro cuidado com as histórias fantasiosas
A identidade de gênero é a condição de pertencer a um sexo. é que elas podem gerar fantasias negativas, temores e culpas. Des-
Nesta fase a criança começa a definir-se como menino ou menina. necessário.
Os pais e educadores(as) devem, neste momento, favorecer o pro-
cesso de identificação da criança, através da brincadeira. Mostrar Segunda Infância (6 a 10 anos)
as diferenças e semelhanças entre ser menino e ser menina (evitar Período no qual a sexualidade entra em latência. Ou seja, entra
ao máximo estereótipos!). Reforçar a visão de sexo da criança, sem em adormecimento para ser mais bem elaborada. É um momen-
nunca desvalorizar o sexo oposto. A questão não é superioridade/ to de sensualidade, pois as crianças estão aptas a experimentar as
inferioridade, mas sim diferenças. sensações. Por isso, há muitos jogos sexuais nesta fase. O lúdico
aparece na imitação de modelos. É um momento em que pais e
2. Assimilação do papel sexual (social) educadores(as) devem tomar cuidado com o que falam e com o
O papel sexual diz respeito ao comportamento que a criança que fazem. A criança está em constante observação. Assim, é um
terá diante sua identidade de gênero. Importante evitar a manuten- bom momento para transmitir informações e valores (confiança,
ção de preconceitos de comportamentos tipicamente masculinos respeito, amor, honestidade, responsabilidade), as crianças estão
e/ou femininos. prestando atenção.
É nesse período que se fortalece a identidade de gênero e
3. Aprendizagem e controle dos esfíncteres prepara a criança para o próximo período, a puberdade.
É a primeira oportunidade da criança de aprender e exercer o
autocontrole, através do treinamento do controle dos esfíncteres. O que são jogos sexuais?
Segundo as considerações de Figueirêdo Netto, a aprendiza- Definição: são brincadeiras que ajudam a satisfazer a curiosi-
gem do controle dos esfíncteres, no que se refere ao desenvolvi- dade sexual.
mento da sexualidade, tem fundamental importância, pois:
a) “As áreas genitais se encontram na mesma zona do corpo Alguns tipos:
que intervém na excreção. Os músculos que participam deste ato - Cócegas;
são exatamente os mesmos que posteriormente atuarão na respos- - Pegar nos próprios genitais e nos dos / das coleguinhas;
ta sexual. - Brincadeiras de médico;
b) O ato de reter e expulsar os excrementos (urina e fezes) pro- - Brincadeiras de papai e mamãe.
duz prazer sensual, pela tensão e alívio ou relaxamento, que acom-
panham estes comportamentos. Atenção: essas brincadeiras devem ser feitas com crianças da
c) O controle voluntário desses músculos, assim como as sen- mesma idade. E de acordo com Suplicy “os professores constataram
sações prazerosas deles resultantes, são associados à sexualidade”. que em geral os jogos sexuais são realizados na hora do recreio.
Para não adiantar nem atrasar esse processo da criança é preci- As crianças escolherem um lugar protegido, fora da vista do adul-
so ter em mente que ele(a) poderá ter este tipo de controle entre os to; não tiram a roupa e brincam de médico e de papai-e-mamãe.
dois e três anos de idade. Adiantar ou atrasar esse momento pode Se esses jogos forem observados, mas não atrapalharem nenhuma
ser prejudicial ao desenvolvimento da criança. Importante, ainda, atividade, não precisam ser interrompidos, pois fazem parte do de-
salientar que pais e educadores devem evitar relacionar questões senvolvimento sexual da criança. O professor só deve estar atento
negativas (como sujo, feio, associar a castigos e chantagens), no de- para que não haja coação nessas brincadeiras”.
correr do treinamento do controle dos esfíncteres.
Sexualidade e Escola: Um espaço de Intervenção22
4. Interesses e curiosidades sexuais Desde a antiguidade a sexualidade vem gerando polêmicas,
É a conhecida fase dos porquês. Além das perguntas, as crianças mexendo com a sensação e fantasia das pessoas, associada a coisas
querem ver e saber. Com tantas perguntas, é um bom momento feias, inconvenientes e impróprias. Apesar da revolução sexual, da
para ensinar às crianças os nomes corretos das partes de seu corpo. globalização e dos meios de comunicação terem contribuído para
Como parte de seu desenvolvimento a masturbação aparece uma modificação nas atitudes morais e nas questões ligadas ao sexo
como curiosidade natural da criança de seu corpo e suas sensações. e sexualidade, esse assunto ainda assim continua sendo um tabu.
É um jogo exploratório de sensações. Não tem a mesma conota-
ção da masturbação na adolescência e no adulto. Assim, é um bom
22 BERALDO, F. N.de M. Sexualidade e escola: um espaço de intervenção.
Psicol. Esc. Educ. (Impr.) vol.7 no.1 Campinas, 2003.
341
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
O estudo da sexualidade envolve o crescimento global do in- zes. O educador de Orientação Sexual deve ser uma pessoa aberta,
divíduo, tanto intelectual, físico, afetivo-emocional e sexual pro- livre de mitos e preconceitos referentes à sexualidade para melhor
priamente dito. A maioria dos pais acham constrangedor conver- ministrar a turma sem causar problemas com a instituição, pais, alu-
sar sobre sexo com seus filhos, ora pela educação recebida de seus nos e professores, podendo abordar os assuntos através de aulas
pais, ora pela repressão ou por não saberem como abordar o tema. expositivas, dinâmica de grupo, folhetos explicativos, filmes e ou-
Assim, os filhos na maioria das vezes, ficam sem respostas para suas tros materiais referentes ao tema. O trabalho não envolve nota ou
dúvidas, gerando conflitos ou acidentes inesperados por terem in- reprovação.
formações errôneas ao consultar variadas fontes impróprias. Para finalizar seguem dois lembretes essenciais: é necessário
A maior parte dos adolescentes passam seu tempo na escola ressaltar a importância dos pais nesse processo para que estes não
onde começam a se sociabilizar, aflorando sua sexualidade devido se acomodem, julgando a escola responsável pelo processo da edu-
ao desenvolvimento corporal gerado pelos hormônios. A escola é o cação sexual de seus filhos; não cabe ao professor de Orientação
ambiente onde a interação com o mundo ao redor e com as pessoas Sexual virar conselheiro ou confidente dos alunos. Deve, se neces-
que o cercam acontece. Depois do ambiente familiar é a escola que sário, encaminhar para um profissional especializado.
complementa a educação dada pela família onde são abordados te-
mas mais complexos que no dia-a-dia não são ensinados e aprendi- Os Jovens e a Sexualidade23
dos, tendo esta uma imensa responsabilidade na formação afetiva Para realizar uma prática adequada de Orientação Sexual com
e emocional de seus alunos. E quanto ao assunto sexo e sexualida- jovens, é necessário que o profissional conheça o público beneficiá-
de? Qual o papel da escola frente a esse tema? A escola não deve rio de sua ação, ou seja, de quem e com quem falamos na condição
nem vai tomar o lugar da família, mas cabe a ela possibilitar uma de educadores.
aprendizagem correta, já que essa instituição visa o crescimento do
indivíduo como um todo. Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA (Lei
A educação sexual acontece no seio familiar. É uma experiên- 8.069, de 13 de julho de 1.990 - Art. 2º) “considera-se criança, [...],
cia pessoal contida de valores e condutas transmitidos pelos pais a pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente aquela
e por pessoas que o cercam desde bebê. Já a Orientação Sexual é entre doze e dezoito anos de idade” (Brasil, 1990).
dada pela escola onde são feitas discussões e reflexões a respeito
do tema de uma maneira formal e sistematizada que constitui em Muitos autores que se preocupam com a temática da infância
uma proposta objetiva de intervenção por parte dos educadores. e juventude afirmam que não é possível definir o período que com-
O que nos cabe é refletir acerca da importância da Orientação preende a infância e a adolescência apenas pela faixa etária. Quan-
Sexual na Escola para a construção da cidadania, de uma socieda- do podemos afirmar que uma criança deixou de sê-lo e passou a
de livre de falso moralismo e mais feliz. O trabalho de Orientação ser adolescente? Quais comportamentos são considerados infantis,
Sexual tem como objetivo principal as mudanças nos padrões de juvenis e/ou adultos? Estes são questionamentos complexos.
comportamento, levando-se em conta três aspectos fundamentais: Em todos os questionamentos que formulamos a respeito dos
a transmissão de informações de maneira verdadeira; a eliminação seres humanos, devemos sempre conceber o homem enquanto
do preconceito e a atuação na área afetivo-emocional. Para se fazer ser integral, biopsicossocial. Desta forma, precisamos considerar as
um bom trabalho de Orientação Sexual dentro da escola é impor- dimensões biológica, psicológica e social das pessoas, compreen-
tante dar atenção a alguns passos: dendo que estas não são separadas, mas integradas na existência
a) apresentar um projeto para a instituição com o objetivo do humana.
trabalho; Em relação à dimensão biológica, percebemos que uma criança
b) fazer uma reunião com os pais e professores para esclarecer começa a deixar de sê-lo quando ela vivencia o período do desen-
quaisquer dúvidas que possam surgir ao longo do trabalho e expli- volvimento humano chamado de puberdade. Para esta discussão,
car o papel de ambos junto à escola neste projeto; tomaremos como referência o trabalho de Gewandsznajder.
c) observar a demanda da escola para que se atinja a expecta- Na puberdade, o corpo do menino ou da menina passa por um
tiva desta; processo de transformação, deixando de ser um corpo infantil para
d) a partir das séries estabelecidas para o trabalho entrar em se tornar um corpo adulto, ou seja, pronto para reprodução.
contato com elas para explicar como este será administrado; A faixa etária que corresponde a este período é variável. Em
e) colher, por meio de “bilhetinhos sigilosos, ” dúvidas e geral, a puberdade ocorre nos garotos entre 11 e 13 anos e nas
curiosidades de cada aluno garantindo-lhes total sigilo; garotas entre 10 e 12 anos. É necessário saber que estas idades não
f) após levantar as dúvidas e curiosidades fazer uma estrutu- são fixas, podendo variar de pessoa para pessoa.
ração do programa a ser cumprido em diferentes séries (conteúdo, Tanto em garotos quanto em garotas ocorre o chamado “esti-
horário, encontros, local), para uma maior eficácia; rão”, ou seja, um crescimento do corpo acentuado em um curto pe-
g) estabelecer um contrato (regras sugeridas pelo grupo); ríodo de tempo. O “estirão” costuma iniciar mais cedo nas meninas
h) garantir a ética do trabalho tanto para os alunos como para que nos meninos, razão pela qual as meninas por volta dos 12 anos
os professores; de idade são frequentemente mais altas que os meninos. Também
i) garantir a liberdade de opinião e o respeito do grupo pelas tanto em garotos quanto em garotas ocorre o aparecimento de pê-
dúvidas de seus colegas, sem monopólio da verdade de ambas as los pubianos e axilares. A pele se torna mais oleosa e o corpo, atra-
partes. vés do suor, passa a ter um cheiro característico de pessoa adulta,
diferenciando-se da criança.
O primeiro conteúdo indispensável neste trabalho é a dife- 23 BRANCO, M. A. O.; PINTO, M. J. C.; VIANNA, a. M. S. A. Orientação Sexual
renciação de sexo e sexualidade e também de Educação Sexual e com Jovens: Construindo um Exercício Responsável da Sexualidade. Simpósio
Orientação Sexual, que são muito confundidos na maioria das ve- Internacional de Educação Sexual da UEM, 2009.
342
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
Nos garotos ocorre o aparecimento da barba, e a laringe se Outro fator importante a ser abordado é o prolongamento da
alarga provocando a tendência da voz se tornar mais grave. Tam- juventude. Atualmente vivenciamos uma clara dificuldade em de-
bém ocorre o aumento da massa muscular, com consequente am- limitar o término deste período. Não é raro encontrarmos pessoas
pliação da força física, e o aumento do pênis e testículos. que pretendem terminar seus estudos, incluindo até cursos de mes-
Nas garotas ocorre o aumento dos seios, quadris, nádegas e trado e doutorado, antes de decidirem morar sozinhos ou casaram-
coxas, dando ao corpo o aspecto de mulher em fase adulta. A partir -se, e então deixar de morar com seus pais.
da puberdade a garota passa a menstruar, característica que sinaliza Partindo da premissa de todas estas transformações contem-
que seu organismo está pronto para gerar filhos. porâneas, é interessante tomarmos a definição do Conselho Nacio-
É preciso deixar claro que puberdade não é sinônimo de nal da Juventude no que diz respeito a estender até os 29 anos a
adolescência. Puberdade compreende as transformações corporais faixa etária das pessoas que são consideradas jovens.
que tornam o corpo humano adequado para a reprodução, São estes jovens que constituem o público beneficiário da prá-
deixando de ser um corpo infantil para tornar-se um corpo adulto. A tica de Orientação Sexual, no enfoque deste trabalho.
adolescência compreende um período mais extenso e significativo
que a puberdade, sendo esta etapa constituinte daquela. Orientação Sexual X Educação Sexual
O termo adolescência vem do termo latino adolescere, que Os autores que se preocupam atualmente com a temática da
significa “crescer, engrossar, tornar maior”. Em relação à dimensão Orientação Sexual formulam questionamentos a respeito do termo
psicológica, segundo Canosa Gonçalves et. al. e Tavares, as crianças que deve ser utilizado para definir tais práticas. Quando falamos
que se tornam adolescentes também passam por transformações. em Orientação Sexual e em Educação Sexual, utilizamos a mesma
A principal delas é em relação à própria identidade. Neste momen- definição para as duas expressões?
to, o adolescente necessita se reconhecer num corpo transforma- De acordo com Ribeiro falamos em Educação Sexual quando
do, que não é mais o corpo infantil que ele tinha, e que agora é um nos referimos aos “processos culturais contínuos [...] que direcio-
corpo adulto, visivelmente modificado. nam os indivíduos para diferentes atitudes e comportamentos li-
Outro passo importante é a consolidação de si próprio enquan- gados à manifestação de sua sexualidade”. Nesta definição, pode-
to pessoa “independente”, sob o ponto de vista da determinação mos pensar que a educação sexual tem seu início no nascimento de
de suas escolhas pessoais e da responsabilidade que elas trazem. É cada indivíduo, sendo que o processo educacional acontece através
neste momento que pode haver uma divergência, e até um ques- da relação deste indivíduo com seu meio social. Então, as “atitu-
tionamento, com as regras determinadas pela família e pela socie- des e comportamentos ligados à manifestação da sexualidade” são
dade. construídos por cada pessoa em contato com a sociedade, ou seja,
Na adolescência é comum ocorrer uma identificação muito in- amigos, grupos religiosos e/ou de convivência, meios de comuni-
tensa do jovem com seu grupo de “iguais”, em geral outros jovens. cação e, principalmente, a família. Portanto, a sociedade pratica
Não é raro este grupo (galera, turma, etc.) compartilhar um deter- ações educativas em sexualidade em relação aos indivíduos que a
minado modo de conversar, de se vestir, enfim, de se comportar. constituem. Porém, em grande parte das vezes, estas ações se tor-
Esta identificação com o grupo é importante na construção da pró- nam “deseducativas”, na medida em que reproduzem e perpetuam
pria identidade (pessoal, sexual, social) do adolescente. tabus, desinformações e atitudes repressivas em relação à sexuali-
Em geral, nesta fase do desenvolvimento ocorrem as primei- dade humana.
ras manifestações da sexualidade adulta, ou seja, o primeiro beijo, Para Ribeiro, a Orientação Sexual pressupõe uma intervenção
o “ficar”, o namoro, as primeiras experiências eróticas. Trata-se de institucionalizada, sistematizada e realizada por profissionais es-
uma busca pelo outro para um relacionamento afetivo-sexual. “A pecialmente preparados para exercer esta função. Diferencia-se,
adolescência é uma fase de descobertas, de desafios e a sexualida- portanto, da Educação Sexual, que acontece durante toda a vida
de humana talvez seja, para a maioria dos jovens, o aspecto mais das pessoas, e que diz respeito ao processo educacional referente
interessante desta jornada”. às atitudes em relação à sexualidade. Desta forma, podemos pen-
Em relação à dimensão social, precisamos considerar que a sar a Orientação Sexual enquanto prática interventiva na vida das
adolescência enquanto processo de desenvolvimento humano não pessoas, prática que intervém na Educação Sexual que todas elas
é universal, ou seja, não é igual para todos os jovens. Cada um vi- receberam em contato com a sociedade em que vivem.
venciará a sua adolescência de acordo com suas condições de vida,
o seu lugar de moradia, a dinâmica de sua família de origem, as Citando Suplicy et. al. “Orientação Sexual é um processo de in-
características de acesso à escola ou aos serviços de saúde, as mo- tervenção sistemática na área de sexualidade, realizado principal-
dalidades de lazer a que tem acesso, dentre outros condicionantes. mente nas escolas e envolve o desenvolvimento sexual compreen-
Todas as transformações vivenciadas pelo jovem são construídas dido como: saúde reprodutiva, relações interpessoais, afetividade,
mediante as relações sociais que eles estabelecem. Não existe um imagem corporal, autoestima e relações de gênero. Enfoca as di-
“padrão”. Cada indivíduo, a partir de sua realidade social, vivencia- mensões fisiológicas, sociológicas, psicológicas e espirituais da se-
rá sua juventude de forma particular. xualidade, através do desenvolvimento das áreas cognitiva, afetiva
Não devemos pensar a juventude como crise, mas como um e comportamental, incluindo as habilidades para a comunicação e a
processo do ciclo vital do jovem. Isto quer dizer que devemos com- tomada responsável de decisões”.
preender o jovem não enquanto um “problema” ou um “fardo”.
Deve ser compreendido sempre a partir da sua pessoa em condição Percebemos a concordância de Suplicy et. al. com Ribeiro em
peculiar de desenvolvimento inserida num determinado contexto afirmar que a Orientação Sexual é uma prática interventiva siste-
sociocultural. mática na área da sexualidade. Suplicy et. al., na definição cita-
da, enfatiza que a Orientação Sexual deve ser pensada e executada
a partir da consideração do orientando enquanto ser integral, ou
343
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
seja, devem ser consideradas suas dimensões fisiológicas, sociológi- Neste momento, emerge a produção de teses, livros e manuais
cas, psicológicas e espirituais no exercício de sua sexualidade. Além que tratam da Orientação Sexual, todos baseados no modelo mé-
disso, a Orientação Sexual deve contemplar diversos aspectos do dico higienista vigente. Referenciando este período, Chauí cita uma
desenvolvimento sexual dos indivíduos, ou seja, saúde reprodutiva, obra datada de 1938, de autoria de Oswaldo Brandão da Silva, in-
relações interpessoais, afetividade, imagem corporal, autoestima titulada Iniciação Sexual-Educacional. Este livro, segundo consta,
e relações de gênero. Compreende-se o ser humano enquanto ser tinha um conteúdo destinado somente aos “meninos de valor”.
sexuado inserido num meio social, que continuamente se relaciona Segundo esta autora, o autor da obra não explica o significado do
com outros seres humanos. Desta forma, amplia-se o enfoque da termo “valor”, mas fica claro que as meninas estavam proibidas de
Orientação Sexual no Brasil que, no início e meados do século XX ler tal obra, pois deveriam manter-se inocentes e ser iniciadas na
priorizava a dimensão biológica da sexualidade. No final do século vida sexual apenas por seus maridos. Interessante ressaltar que, do
XX e nos dias atuais, deve-se compreender a sexualidade enquan- grupo de meninas excluídas do acesso ao conteúdo da obra, não
to manifestação humana, com desdobramentos além da mera re- fazem parte as prostitutas. Estas eram consideradas uma tentação
produção e da possibilidade de contágio de doenças sexualmente para os meninos enquanto aquelas eram chamadas de meninas de
transmissíveis. Tais aspectos não devem ser descartados, mas deve- “boa família”.
-se somar a eles outros aspectos como o prazer, as relações afetivas Entre as décadas de 1920 e 1940, mesma época em que foi pu-
e os papéis sexuais na (re)definição de gênero. blicado o manual citado por Chauí, foram publicados vários outros
Neste contexto, Santos e Bruns apontam que um dos objetivos livros de orientação sexual cientificamente fundamentados, escri-
da Orientação Sexual é levar o indivíduo a valorizar o prazer, o res- tos por médicos, professores e até sacerdotes. Assim foi criada a
peito mútuo, possibilitando-lhe uma vivência mais íntegra e feliz. sexologia enquanto campo oficial do saber médico.
Concomitante à consolidação do conhecimento científico da
Breve histórico da Orientação Sexual no Brasil época em relação à sexualidade, a Igreja Católica imprime severa
No Brasil, a sexualidade tem sido um aspecto polêmico do coti- repressão às práticas sexuais da população brasileira. Desta forma,
diano das pessoas, desde a época da Colônia do século XVI. a década de 50 é considerada pobre no sentido de não contar com
O homem brasileiro branco, nos primeiros anos da coloniza- nenhuma iniciativa no campo da Orientação Sexual.
ção, mantinha relações sexuais com várias índias, tendo com elas Na década de 60 surgem as primeiras experiências de Orienta-
muitos filhos, caracterizando um comportamento sexual bastante ção Sexual nas escolas dos estados de Minas Gerais (Belo Horizonte,
promíscuo. em 1963, no Grupo Escolar Barão do Rio Branco), Rio de Janeiro
Com o advento da escravatura, os jovens homens filhos dos se- (Rio de Janeiro, em 1964, no Colégio Pedro Alcântara; em 1968, nos
nhores de engenho eram incentivados a se relacionar sexualmente colégios Infante Dom Henrique, Orlando Rouças, André Maurois e
com as escravas negras, para provar que eram “machos”. As mulhe- José Bonifácio) e São Paulo (São Paulo, de 1963 a 1968, no Colégio
res brancas eram dominadas e submetidas às regras de seus pais, de Aplicação Fidelino Figueiredo; de 1961 a 1969, nos Ginásios Vo-
inicialmente, e de seus maridos, após o casamento. Em geral, ca- cacionais; de 1966 a 1969, no Ginásio Estadual Pluricurricular Expe-
savam ainda adolescentes com homens bem mais velhos que elas. rimental). Estas experiências são realizadas com base na ênfase ao
Era-lhes exigido um comportamento acanhado e humilde frente à aspecto biológico da sexualidade humana, tal qual era o tratamento
sociedade. dado a esta questão nos livros que possibilitaram o surgimento da
Tal cenário brasileiro se mantém praticamente o mesmo du- sexologia enquanto área do conhecimento da medicina. Além disso,
rante os séculos XVII, XVIII e XIX. Neste período da História do Brasil estas experiências foram fortemente carregadas com as marcas da
não há registros conhecidos de Orientação Sexual enquanto inter- repressão das manifestações da sexualidade.
venção sistematizada. Na época das primeiras experiências em Orientação Sexual
A preocupação com a Orientação Sexual no Brasil, enquanto nas escolas brasileiras, o país vivia seu período histórico e político
tema científico e pedagógico, data do início do século XX. Neste mo- chamado de ditadura militar. Em 1964, a população assiste à che-
mento da história brasileira registra-se a organização dos primeiros gada das forças armadas ao poder da República Federativa do Bra-
espaços urbanos, que originaram as cidades brasileiras. Nestes lo- sil, através da imposição do Golpe de Estado. A partir daí o regime
cais a comunidade científica brasileira se organizava sofrendo forte militar reprime não só as manifestações políticas, mas também as
influência europeia. manifestações sexuais e as implicações nos padrões de comporta-
Barroso e Bruschini afirmam que, no início do século XX, esta mento delas decorrentes.
influência europeia manifesta-se no Brasil através de algumas cor- Em 1968, a deputada federal do Rio de Janeiro Júlia Steinbruk
rentes médicas e higienistas de sucesso na Europa. Tais correntes apresentou um projeto de lei que previa a introdução obrigatória
pregavam a necessidade de uma Educação Sexual eficaz no comba- da Educação Sexual nas escolas brasileiras. Tal projeto de lei não foi
te à masturbação e às doenças venéreas (termo utilizado na época transformado em legislação porque o então Ministério da Educação
para referir-se às infecções sexualmente transmissíveis - IST´s) e que e Cultura, através de sua Comissão Moral e Civismo, rejeitou o pro-
preparasse a mulher para desempenhar adequadamente seu “no- jeto, demonstrando o severo receio por parte dos gestores da edu-
bre papel de esposa e de mãe”. Notamos que, logo no início de suas cação brasileira da época em relação ao tratamento de questões
atividades no Brasil, a Orientação Sexual carrega uma característi- sexuais com os estudantes.
ca de incitação do medo aos jovens (combate à masturbação e às Na década de 70, cresce a censura do governo militar e há um
doenças sexualmente transmissíveis - IST´s), além de ser impregna- quase desaparecimento de projetos de Orientação Sexual nas es-
da pela chamada ideologia de gênero machista (preparar a mulher colas brasileiras. Apenas em 1978, com a abertura política trazida
para desempenhar adequadamente seu papel de esposa e mãe). pelo presidente Ernesto Geisel, a Prefeitura Municipal de São Paulo
implantou projetos de Orientação Sexual em três escolas, os quais,
posteriormente, foram ampliados para muitas escolas municipais,
344
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
envolvendo orientadores educacionais e professores de Ciências e Nos dias atuais, percebe-se a crescente preocupação de alguns
Biologia. Em 1979, a rede pública estadual paulista iniciou um tra- pais e educadores diante do número de gestações na adolescência.
balho de informação aos estudantes sobre os aspectos biológicos Segundo o Ministério da Saúde, enquanto a taxa de fecundidade
da reprodução, por intermédio da disciplina de Ciências e Progra- de mulheres adultas tem caído nas últimas quatro décadas, entre
mas de Saúde da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo. as mulheres jovens existe uma relação inversamente proporcional.
Ao fim da década de 70 e durante a década de 80, surgem no- “Desde os anos 90, a taxa de fecundidade entre adolescentes au-
vas ações no plano da Orientação Sexual, como o aparecimento de mentou 26%.
serviços telefônicos, programas de rádio e de televisão, enciclopé- Tal preocupação mobiliza e estimula o avanço das ações em
dias e fascículos, congressos e encontros de professores. Proliferam orientação sexual, o que pode ser intensamente benéfico para os
as iniciativas na rede particular de ensino. Nasce nessa época a jovens, visto que eles poderão ter maior acesso a programas desta
SBRASH - Sociedade Brasileira de Sexualidade Humana. natureza. No entanto, cabe questionar se pais e educadores ain-
De 1989 a 1992, na cidade de São Paulo, foi desenvolvido um da mantêm seu foco sob uma concepção repressiva da sexualida-
abrangente projeto de Orientação Sexual nas escolas municipais, de humana, desejando que uma Orientação Sexual possa produzir
com a participação do renomado GTPOS (Grupo de Trabalho e Pes- uma atitude sexualmente abstinente dos jovens brasileiros, desejo
quisa em Orientação Sexual). Este projeto atingiu 30.000 alunos e que se mostra absolutamente inalcançável e indesejável. De outro
foram capacitados 1.105 professores para oferecer ações de orien- modo, a preocupação advinda dos pais e educadores quanto ao nú-
tação sexual nas escolas. mero de gestações na adolescência pode ser um ponto de partida
Nota-se que, desde as primeiras experiências de projetos de para propiciar espaços abertos de discussão, onde o jovem possa
Orientação Sexual na década de 1960, não existiram ações conti- refletir sobre sua própria sexualidade, no sentido de consciente-
nuadas, sendo que estes projetos historicamente ficaram atrelados mente poder efetuar escolhas para sua vida, que incluem ter ou
às vontades político-partidárias de prefeitos ou governadores. não filhos. Para tal escolha, o jovem, que num futuro próximo se
Ribeiro corrobora dizendo que, somente com a aprovação da tornará um adulto, deve ter conhecimento e autonomia sobre o uso
LDB - Lei de Diretrizes e Bases em 1996 e o estabelecimento dos de métodos contraceptivos.
Parâmetros Curriculares Nacionais em 1997 como linhas a serem Outra preocupação de pais e educadores que mobiliza a exe-
seguidas para se concretizar a meta da educação para o exercício da cução de programas de Orientação Sexual são as doenças sexual-
cidadania, a Orientação Sexual teve oficialmente reconhecida sua mente transmissíveis uma vez que, ao iniciar a vida sexual, muitos
necessidade e importância enquanto ação educativa escolar. jovens, ainda que possuam conhecimento de prevenção, não utili-
zam preservativo.
Os programas de Orientação Sexual Infelizmente a maioria dos programas brasileiros de Orientação
Podemos constatar na maioria dos programas de Orientação Sexual não é contínua. Caracterizam-se muitas vezes pelo ofereci-
Sexual executados no Brasil, ainda nos dias atuais, uma tendência mento de palestras pontuais sobre sexualidade. Este tipo de progra-
de mostrar apenas os problemas e possíveis más consequências da ma não atinge os objetivos de propiciar elementos para uma cons-
sexualidade. Em geral, no conteúdo destes programas são enfati- trução adequada do exercício da sexualidade dos jovens. Para trazer
zadas (quando não são exclusivas) as IST - Infecções Sexualmente efetivos benefícios à juventude, o processo de educação precisa de
Transmissíveis e as gravidezes precoces na adolescência, com ma- continuidade, de vínculo, de tempo, de reconhecimento.
ternidade e/ou paternidade indesejadas. Este conteúdo não sen-
sibiliza os jovens para a discussão construtiva do tema sexualidade Orientação Sexual como Tema Transversal
humana. Eles costumam não se sentir à vontade para receber uma O governo federal brasileiro, através do Ministério da Educação
adequada Orientação Sexual, pois identificam claramente a repres- - MEC, em seus Parâmetros Curriculares Nacionais (1997), estabe-
são sexual que experimentam em seu meio social, aqui também re- lece a Orientação Sexual no Ensino Fundamental enquanto tema
produzida pelos profissionais orientadores sexuais. transversal, isto é, um assunto a ser trabalhado em todas as disci-
Em contato com um conteúdo de Orientação Sexual que prio- plinas escolares, por quaisquer professores que se sintam mobiliza-
riza os problemas advindos de uma vivência inadequada da se- dos, sempre que houver espaço na grade curricular ou em horários
xualidade e não os aspectos afetivos, prazerosos, e de respeito às extraclasses.
relações humanas, os jovens costumam não perceber uma relação Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais - PCN, “propõe-
coerente entre o conteúdo abordado e suas próprias experiências -se que a Orientação Sexual oferecida pela escola aborde com as
reais concretas. Comenta-se que o sexo traz problemas, mas a crianças e os jovens as repercussões das mensagens transmitidas
maioria dos jovens percebe suas experiências sexuais como praze- pela mídia, pela família e pelas demais instituições da sociedade.
rosas, surgindo aí um paradoxo. Trata-se de preencher lacunas nas informações que a criança e o
Desta forma, urge a necessidade da discussão de conteúdos adolescente já possuem e, principalmente, criar a possibilidade de
adequados à realidade dos jovens para que eles possam realmente formar opinião a respeito do que lhes é ou foi apresentado. A esco-
tomar atitudes responsáveis na vivência de suas sexualidades. As- la, ao propiciar informações atualizadas do ponto de vista científico
sim, um programa efetivo de Orientação Sexual deve reconhecer o e ao explicitar e debater os diversos valores associados à sexualida-
exercício prazeroso da sexualidade, sem deixar de contemplar as de e aos comportamentos sexuais existentes na sociedade, possibi-
medidas de proteção à saúde e os métodos contraceptivos para lita ao aluno desenvolver atitudes coerentes com os valores que ele
tornar possível a emergência de maternidades e paternidades res- próprio eleger como seus”.
ponsáveis, no momento de escolha consciente de cada pessoa que
deseje ter filhos. Percebemos o complexo dever atribuído à Orientação Sexual
no âmbito escolar na medida em que é sua função a reflexão con-
tínua sobre as informações constantes recebidas pelos jovens em
345
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
suas relações sociais. Daí decorre a necessidade de que os pro- jovem. Ao educador sexual é requerida abertura intelectual, moral
fissionais que executam programas de Orientação Sexual tenham e afetiva para tornar possível a realização da Orientação Sexual com
conhecimentos científicos suficientes e adequados para abordar jovens tão diversos.
as demandas cotidianas da juventude em relação à sexualidade. É
preciso que, pela Orientação Sexual, os jovens possam formar suas A Orientação Sexual deve ser uma prática ofertada a todos os
opiniões a respeito do tema para propiciar um pleno exercício de jovens, mas não uma prática arbitrária e unidimensional, que re-
suas sexualidades. produz os preconceitos repressivos de nossa sociedade. Assim, o
Apesar da clara proposição dos PCN de conceber a Orientação educador sexual deve ser flexível em relação às diversas orienta-
Sexual no âmbito escolar enquanto tema transversal extremamen- ções afetivo-sexuais, às religiosidades, enfim, diversas concepções
te importante para a formação de valores conscientes pelos jovens construídas sobre sexualidade na história pessoal de cada jovem.
em relação à sexualidade, muitas dificuldades têm permanecido no Orientação Sexual “se destina à pessoa humana, com a prerrogativa
exercício diário desta prática educacional. Como sexo é um assunto de igualdade entre os seres humanos, em primeiro lugar”.
intensamente repleto de repressões em nossa sociedade ocidental, O educador sexual deve apresentar adequação sexual, isto é,
muitos educadores não manifestam interesse sobre o tema, deixan- reconhecer-se enquanto pessoa sexuada, com suas preferências
do de buscar formação adequada para o trabalho de Orientação e limites, e não influenciar as decisões dos jovens a partir destas
Sexual com a juventude. preferências. Diferenciar-se pessoalmente de quem orienta é im-
Além dos profissionais diretamente em contato com os jovens, prescindível para que o educador sexual possa propiciar condições
há uma grande parcela de educadores que são dirigentes de esta- para reflexão ao jovem para que este possa realizar suas próprias
belecimentos educacionais e, reproduzem as mesmas repressões escolhas. Segundo Canosa Gonçalves um bom educador sexual é
sociais em relação à sexualidade, não contribuindo positivamente “aquele que convive com os jovens no dia-a-dia, que os conhece
para a execução de bons programas de Orientação Sexual, uma vez e é reconhecido por eles, e que tem em sua prática profissional os
que não acreditam que este tema seja importante para a comunida- pressupostos da educação”.
de estudantil ou acreditam que falar sobre sexualidade com jovens Desafiante para o trabalho do educador sexual com jovens é
estudantes pode induzi-los à prática precoce de relações sexuais. utilizar métodos e técnicas que prendam a atenção deste público,
A Orientação Sexual na escola ainda tem um extenso caminho que provoquem reflexão e que sejam capazes de fazer com que o
a ser trilhado para que a sexualidade, presente na vida de todas jovem se comprometa consigo próprio e com suas parcerias.
as pessoas, possa ser tratada (e aprendida) pelos profissionais da É imprescindível que o educador sexual possua conhecimentos
educação e seus respectivos educandos sem os massacrantes e si- científicos adequados sobre desenvolvimento humano, constituição
lenciadores tabus e com respeito e propriedade, para inibir práticas dos órgãos sexuais, saúde reprodutiva, métodos de prevenção às
inadequadas e produzir práticas saudáveis do exercício da sexuali- IST´s e/ou contraceptivos, relacionamentos interpessoais e relações
dade. de gênero. Não é necessário que o profissional detenha estes co-
nhecimentos em nível de especialista em sexualidade humana, mas
O Educador/Orientador Sexual deve continuar a buscar atualizar tais saberes, afim de oferecer uma
Retomando a discussão sobre a definição dos termos “educa- prática de qualidade em relação à Orientação Sexual.
ção sexual” e “orientação sexual” presente no item “Orientação Se- Nesta realidade, o desafio proposto ao orientador sexual é que,
xual X Educação Sexual” deste trabalho, encontramos com maior através de seu trabalho, possa propiciar condições para que os jo-
frequência na literatura especializada o termo “educador sexual” vens reflitam a respeito de suas sexualidades e possam exercê-las
referindo-se àquele profissional que exerce a prática educacional de maneira saudável. Segundo Vitiello educar é dar ao educando
de Orientação Sexual, enquanto prática institucionalizada e siste- condições e meios para que cresça interiormente.
matizada. Desta forma, neste momento, utilizaremos o termo “edu-
cador sexual” para fazermos referência a este profissional especiali- Mas afinal o que é diversidade sexual de gênero no ambiente
zado e não aos membros da família e demais relações interpessoais escolar?
dos jovens, que contribuem para a sua educação em um sentido
mais amplo, conforme Vitiello. Gênero e Sexualidade: Diálogos e Conflitos
Segundo Canosa Gonçalves, o desenvolvimento psicossexual é
um processo único e pessoal, que sofre transformações ao longo do Marcas epistemológicas
processo por diversos aspectos do comportamento sexual humano O modo de compreender a diferença evoluiu no sentido de
sendo eles: constituição biológica do indivíduo (hereditariedade, pensa-la junto com o seu duplo, seu contrário, seu avesso, ou seja,
níveis hormonais), relações familiares, padrão econômico, caracte- ela é sempre relacional e dificilmente bipolarizada. Esse modo de
rísticas culturais, adoção da fé, entre outros. compreensão aguça a sensibilidade humana e sua condição de ex-
Portanto, o educador sexual, ao realizar sua prática, está inse- perimentar, de se (auto) inventar.
rido neste complexo contexto do comportamento humano e deve A relevância do debate crítico ancorado no domínio discursivo
intervir nesta realidade. Os jovens com os quais o educador sexual da heterossexualidade que, pretensiosamente hegemônica e uni-
trabalhará trazem em suas histórias de vida diversas realidades, va- ficada em um modo de ser, desconsidera outras formas que não
riadas construções biopsicossociais em um mesmo grupo de jovens atendem às suas práticas discursivas. Pensamos que essa situação
orientandos. Cabe ao educador sexual ter capacidade para perce- se reflete diretamente nas práticas curriculares, prejudicando o en-
ber tais diferenças e pautar suas ações de maneira a privilegiar a tendimento de diversas relações sociais e culturais presentes na es-
diversidade, num contexto de respeito às escolhas pessoais de cada cola, e mais amplamente, na sociedade. Estamos entendendo como
currículos as ações escolares, culturais e tecnológicas (arquitetura,
livros didáticos, vestimentas, músicas, conteúdos e dizeres cientí-
346
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
ficos, meios midiáticos e outros) que, significadas na cultura, ensi- Foucault24 nos ajuda a observar que é preciso fortalecer, apro-
nam e regulam o corpo, produzindo subjetividades e arquitetando fundar e prosseguir contra a dicotomia e lógica binária, até que as
formas e configurações de viver na sociedade. oposições binárias deixem de ter sentido e se consolidem convivên-
cias solidárias, em contextos sem discriminações e violências. Como
Os equívocos estratégia para fazer difuso o antigo jogo de poder que se instala na
Recorda-se que, no Brasil, a homossexualidade deixou de se relação entre opressor e oprimido, a proposta foucaultiana é a “pro-
configurar como doenças nos instrumentos médicos (mais precisa- liferação” de saberes sobre os seres humanos e as relações e de
mente como desvio mental e transtorno sexual), em fevereiro de poder que os oprimem, de tal modo que o modelo jurídico de poder
1985. Essa alteração foi fruto de uma intensa campanha, liderada como opressão e regulação deixe de ser hegemônico. Talvez, desse
pelo antropólogo Luiz Mott, junto com o Conselho Federal de Medi- significado de “proliferação” de saberes, possamos retirar as bases
cina (CFM) que, por resolução, retirou a homossexualidade da lista para “proliferar” inúmeras e ilimitadas formas de compreender os
de doença. Sendo importante lembrar que, já em 1973, a Ameri- seres humanos, sem as violências, já tantas vezes vivenciadas, e
can Psychiatric Association, afirmara que a homossexualidade não com tantas exterminações em massa, como na Segunda Guerra, de-
tinha ligação alguma com qualquer tipo de patologia e propusera a vido à não aceitação do “outro”, a quem se atribui dessemelhança
sua retirada do Manual de Diagnóstico e Estatística de Transtornos e desigualdade, potencializando os efeitos destrutivos da xenofobia
Mentais (DSM-IV). Já a Organização Mundial de Saúde (OMS), so- que, em todas as suas manifestações, incluindo as homofóbicas,
mente no dia 17 de maio de 1990, reuniu-se em Assembleia Geral conduz e justifica a aversão, o domínio ou a eliminação dos “estra-
e retirou a homossexualidade de sua lista de doenças mentais, de- nhos”, que ameaçam e incomodam o exercício arbitrário do poder.
clarando que ela não constituía um distúrbio, uma doença ou per-
versão. Assim, o que antes tinha sido classificado, estabelecido e Diversidade e Educação: Apontamentos Sobre Sexualidade e
difundido como desvio e anormalidade, a partir dessa assembleia, Gênero na Escola
seria considerado normal. Desde as décadas de 1960 e 1970, expressivas mudanças so-
Se aceitarmos a sexualidade assim como a experiência estão cioculturais e históricas ocorreram, no que se refere às perspectivas
condicionadas pela necessidade humana de se construir nas inte- das relações de gênero e sexualidade. Essas mudanças se acentua-
rações sociais, culturais e históricas, aceitaremos também que não ram de modo significativo, a partir, não apenas da atuação de mo-
há uma única sexualidade. A ausência de liberdade impede o mo- vimentos sociais, mas também da emergência da discussão da AIDS
vimento de busca pela completude, na qual a sexualidade, como nos anos 80.
dimensão da humanidade, se constitui. Novas maneiras de entender e discutir as questões foram sen-
Existe um nexo entre a sexualidade, a vida e a curiosidade pelo do consideradas, com desdobramentos na esfera social e política
saber. Esse movimento infinito em busca de completude e em bus- (por meio de Organizações Não Governamentais/ONGs, de movi-
ca de conhecimento é fator que constitui o ser humano e seu desejo mentos sociais e de políticas públicas) e, na esfera acadêmica, com
de liberdade. a efetivação de estudos em vários campos de conhecimento, que
No entanto, ainda que pareça contraditório, não confiamos têm direcionado seu foco para a sexualidade e as relações de gêne-
no desejo como princípio, condição e direito de liberdade. Não ro, como fenômenos a serem conhecidos de modo mais fundamen-
cremos, em absoluto, que haja desejo anterior a um conjunto de tado, expandindo sua discussão para outros aspectos, como os das
normas ou acordos sociais que o faça livre. Nós o pensamos como identidades e seus fundamentos históricos e culturais.
criado singularmente, mas em redes de relações. Sexo e sexualidade são frequentemente tomados como sinôni-
Sem dúvidas, a compreensão da sexualidade poderá contribuir, mos; todavia, sexo admite uma compreensão referida ao aspecto
de modo significativo, para novas possibilidades de construção de natural, biológico, da distinção física entre o homem e a mulher. No
conhecimentos e caminhos de busca do saber. Não se trata, portan- senso comum, o sentido de sexo remete ao ato sexual. Já a sexua-
to, de aprisioná-la nos discursos sobre o ato sexual, mas de aprovei- lidade refere-se à esfera mais ampla, dos sentimentos, das intera-
tá-la em seu potencial epistemológico. Essa análise é especialmente ções entre as pessoas.
oportuna e necessária à escola. Recorda-se e reafirma-se, portanto, que a sexualidade, como
construção social, tem absorvido, historicamente, em seus signifi-
A Discussão na Escola cados, elementos das relações de gênero, frequentemente subme-
Na escola, as atitudes de hostilidade às identidades sexuais dis- tidas a prescrições de como homens e mulheres devem vivenciá-
sidentes são capazes de gerar inúmeras situações de violências ho- -las. Contudo, apesar da sexualidade estar imbricada, implícita ou
mofóbicas. Algumas, que não se encontram na esfera dos números explicitamente às relações de gênero, essas não são consideradas
e dados quantitativos, são vivenciadas no silêncio e ocultadas na sinônimas25. A vivência da sexualidade não é determinada por nor-
invisibilidade. mas padronizadas às quais homens e mulheres devem se adaptar.
A discriminação afirma o “direito” dos que discriminam e a su- Esse é um dos princípios que motivam e sustentam significados,
balternidade dos que são discriminados. Nesse sentido, ela é ob- mas amplos da sexualidade e promovem a sua problematização,
servada nos espaços-tempos escolares. As identidades vinculadas que incorpora aportes como os que são revistos nas relações de
às expectativas de gênero e/ou sexo biológico estão no interior das gênero.
hierarquizações e classificações sociais, tanto quanto nos currículos
e, mais amplamente, nas ações e relações do cotidiano escolar.
A sexualidade, infelizmente, é algo temido e capaz de gerar 24 FOUCAULT, M. História da sexualidade - A vontade de saber. Rio de Janeiro:
tantos discursos na sociedade, na ciência e na cultura. Sua estreita Graal, 1988.
relação com o conhecimento amedronta os que se nutrem da arro- 25 LOURO, G.L. Gênero, sexualidade e educação: uma perspectiva pós-estrutu-
gância, porque fragiliza suas verdades e certezas. ralista. 2 ed., Petrópolis: Vozes, 1998.
347
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
348
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
de ver reconhecidos e respeitados o seu corpo (autonomia), o seu sível (em quantos manuais escolares existem referências neutras
desejo e o seu direito de amar (reconhecimento da diversidade se- ou positivas à homossexualidade?) e tende a reprimir e discriminar
xual). todos aqueles que se tornam visíveis.
Discriminação: ação de discriminar, tratar diferente, excluir, Heterossexual: quem tem atração sexual por pessoas do sexo
marginalizar. oposto ao seu, e relacionamento afetivo-sexual com elas. Heteros-
sexuais não precisam, necessariamente, terem vivido experiências
Estereótipo: é uma generalização de julgamentos subjetivos sexuais com pessoas do mesmo sexo ou do sexo oposto para se
feitos a um grupo ou a um indivíduo. Pode ser atribuindo valor identificarem como tal.
negativo desqualificando-os e impondo-lhes um lugar inferior, ou
simplesmente, reduzindo determinado grupo ou indivíduo a algu- Heterossexualidade Compulsória: sistema que acomoda e hie-
mas características e, assim, definindo lugares específicos a serem rarquiza as relações de gênero, no qual o homem é o modelo para
ocupados. todas as relações, inclusive aquelas em que ele não está presente.
Feminilidade: se refere às características e comportamentos Homoafetivo: é um termo utilizado para descrever relações en-
considerados por uma determinada cultura associados ou apropria- tre pessoas do mesmo sexo e tem relação com os aspectos emocio-
dos às mulheres. nais e afetivos envolvidos na relação amorosa e sexual entre essas
Caracterizar os comportamentos como “masculinos” ou “fe- pessoas.
mininos” é basear-se nas noções essencialistas do binarismo mu-
lher/homem, isto quer dizer que, atributos que muitas vezes são Homofobia: termo usado para descrever vários fenômenos
considerados femininos podem estar baseados no biológico e nas sociais relacionados ao preconceito, a discriminação e à violência
diferenças físicas. Dessa forma, a feminilidade nos homens, bem contra os homossexuais (ter desprezo, ódio, aversão ou medo de
como a masculinidade nas mulheres, é considerada negativa por pessoas com orientação sexual diferente do padrão heterossexual).
agir contra os papéis tradicionais da nossa cultura. Um estereótipo O termo, no entanto, não se refere ao conceito tradicional de fobia,
comum para homens homossexuais é de que são efeminados por- facilmente associável à ideia de doença e tratados com terapias e
que utilizam ou exageram comportamentos tidos como femininos, antidepressivos. Atualmente, grupos lésbicos, bissexuais e transgê-
por exemplo. neros, com o intuito de conferir maior visibilidade política à suas
lutas e criticar normas e valores postos pela dominação masculina,
Gênero: conceito formulado a partir das discussões trazidas do propõem, também, o uso dos termos lesbofobia, bifobia e transfo-
movimento feminista para expressar contraposição ao sexo biológi- bia.
co e aos termos “sexo” e “diferença sexual”, distinguindo a dimen- Daniel Borrillo faz uma leitura epistemológica e política desse
são biológica da dimensão sexual e, acentuando através da lingua- conceito, não para compreender a origem e o funcionamento da
gem, “o caráter fundamentalmente social das distinções baseadas homossexualidade, mas para “analisar a hostilidade provocada por
no sexo”. Não com a intenção de negar totalmente a biologia dos essa forma específica de orientação sexual”. Segundo este autor
corpos, mas para enfatizar a construção social e histórica produ- quando a homossexualidade requer publicamente sua expressão é
zida sobre as características biológicas. Dessa forma, gênero seria que se torna insuportável, pois rompe com a hierarquia da ordem
a construção social do sexo anatômico demarcando que homens sexual. Por isso, a tarefa pedagógica deve ser questionar a heteros-
e mulheres são produtos da realidade social e não decorrência da sexualidade compulsória e mostrar que a hierarquia de sexualida-
anatomia dos seus corpos. des é tão insustentável quanto a de sexos, bem como incluir a ideia
de diversidade sexual em livros e apostilas escolares.
Heteronormatividade: termo utilizado para expressar que
existe uma norma social que está relacionada ao comportamento Homossexual: é a pessoa que tem atração sexual e afetiva por
heterossexual como padrão. Dessa forma, a ideia de que apenas o pessoas do mesmo gênero e relacionamento com elas.
padrão de conduta heterossexual é válido socialmente, colocando
em desvantagem os sujeitos que possuem uma orientação sexual Homossexualidade: é a atração sexual e afetiva por pessoas do
diferente da heterossexual. mesmo sexo. Cabe uma ressalva, não é correto o uso do termo ho-
mossexualismo, porque reveste de conotação negativa, atribuindo-
Heterossexismo: se refere à ideia de que a heterossexualida- -lhe significado de doença e aberração. Por isso, devemos preferir a
de é a orientação sexual “normal” e “natural”. Considerar a hete- utilização dos termos homossexualidade, lesbianidade, bissexuali-
rossexualidade como “natural”, aponta para algo inato, instintivo e dade, travestilidade, transgeneridade e transexualidade.
que não necessita de ser ensinado ou aprendido. Ao considerar a
heterossexualidade “normal”, contrapõe-se a ideia de que as ou- Identidade De Gênero: expressão utilizada primeiramente no
tras orientações sexuais (homossexualidade e bissexualidade, por campo médico-psiquiátrico para designar os “transtornos de iden-
exemplo) são um desvio à norma e reveladoras de perturbação, não tidade de gênero”, isto é, o desconforto persistente criado pela di-
sendo encaradas como um dos aspectos possíveis na diversidade vergência entre o sexo atribuído ao corpo e a identificação subjetiva
das expressões da sexualidade humana. O heterossexismo funciona com o sexo oposto. Entretanto, atualmente, a identidade de gênero
através de um sistema de negação e discriminação - a sociedade corresponde à experiência de cada um, que pode ou não corres-
tende a negar a existência da homossexualidade, tornando-a invi- ponder ao sexo do nascimento. Podemos dizer que a identidade de
gênero é a maneira como alguém se sente e se apresenta para si ou
para os outros na condição de homem ou de mulher, ou de ambos,
349
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
sem que isso tenha necessariamente uma relação direta com o sexo Masculinidade Hegemônica: é um modelo construído social-
biológico. É composta e definida por relações sociais e moldadas mente que controla, domina e substima as diversas formas de ex-
pelas redes de poder de uma sociedade. Os sujeitos têm identida- pressão de outras masculinidades, tornando-se um padrão de mas-
des plurais, múltiplas, identidades que se transformam, que não culinidade.
são fixas ou permanentes, que podem até ser contraditórias. Os
sujeitos se identificam, social e historicamente, como masculinos e Movimento Feminista: o movimento feminista surgiu para
femininos e assim constroem suas identidades de gênero. questionar a organização social, política, econômica, sexual e cul-
Cabe enfatizar que a identidade de gênero se trata da forma tural de uma sociedade profundamente hierárquica, autoritária,
que nos vemos e queremos ser vistos, reconhecidos e respeita- masculina, branca e excludente. Sendo assim, o feminismo pode ser
dos, como homens ou mulheres, e não pode ser confundida com entendido como uma luta pela transformação da condição das mu-
a orientação sexual (atração sexual e afetiva pelo outro sexo, pelo lheres, que é pública e também privada. E que pode ser entendida,
mesmo sexo ou por ambos). a partir de três eixos:
1) como movimento social e político;
Identidade Sexual: identidades sexuais se constituem através 2) como política social;
das formas como vivemos nossa sexualidade, e refere-se a duas 3) e como ciência, ampliando os debates teóricos e conceituais
questões diferenciadas: (derivando a categoria gênero como analítica de sexo).
1) É o modo como a pessoa se percebe em termos de orienta- Essas vias se entrecruzam, por diversas vezes, para desestabili-
ção sexual; zar representações, questionar a divisão sexual da sociedade, opor-
2) É o modo como ela torna pública (ou não) essa percepção de -se à hierarquização dos gêneros e, por isso, as teorias nem sempre
si em determinados ambientes ou situações. Quer dizer, correspon- podem dissociar-se de suas ações políticas, e vice-versa.
de ao posicionamento (nem sempre permanente) da pessoa como
homossexual, heterossexual, ou bissexual, e aos contextos em que Poder/Relações de Poder: nossas definições, crenças, conven-
essa orientação pode ser assumida pela pessoa e/ou reconhecida ções, identidades e comportamentos sexuais têm sido modeladas
em seu entorno. no interior de relações definidas de poder. Para Michel Foucault, o
poder está em toda parte; não porque englobe tudo e sim porque
Intersexual ou Intersex: a palavra intersexual é preferível ao provém de todos os lugares. O poder se exerce de diversas formas:
termo hermafrodita e é um termo usado para se referir a uma va- poder de produzir os corpos que controla, produz sujeitos, fabrica
riedade de condições (genéticas e/ou somáticas) com que uma pes- corpos dóceis, induz comportamentos. Foucault propõe que obser-
soa nasce, apresentando uma anatomia reprodutiva e sexual que vemos o poder como uma rede que, capilarmente, se distribui por
não se ajusta às definições de masculino e feminino, tendo parcial toda a sociedade. Nas palavras dele: “lá onde há poder, há resistên-
ou completamente desenvolvidos ambos os órgãos sexuais, ou um cia e, no entanto (ou melhor, por si mesmo) esta nunca se encontra
predominando sobre o outro. A intersexualidade, enquanto trans- em posição de exterioridade em relação ao poder”.
generidade é uma condição e não uma orientação sexual. Portanto,
as pessoas que se autodenominam intersexuais podem se identifi- Preconceito: é um pré-conceito uma opinião que se emite an-
car como homossexuais, heterossexuais ou bissexuais. tecipadamente alimentada pelo estereótipo, é um juízo preconce-
bido, manifestado geralmente na forma de uma atitude discrimina-
Lesbofobia: termo usado para descrever vários fenômenos tória perante pessoas, lugares ou tradições consideradas diferentes
sociais relacionados ao preconceito, a discriminação e à violência ou “estranhos”.
contra as lésbicas (ter desprezo, ódio, aversão ou medo de pessoas
com orientação sexual diferente do padrão heterossexual). Ver ho- Racismo: conjunto de princípios que se baseia na superiorida-
mofobia. de de uma raça sobre a outra. A atitude racista é aquela que atribui
qualidades aos indivíduos conforme seu suposto pertencimento
Machismo: é a crença de que os homens são superiores às mu- biológico a uma determinada raça. Não é apenas uma reação ao
lheres. É uma construção cultural que definiu que as característi- outro, mas é uma forma de subordinação do outro.
cas atribuídas aos homens, tem um valor maior. Se pensarmos na
educação de meninos e meninas, veremos que há um tratamento Sexismo: atitude preconceituosa que difere homens de mulhe-
diferenciado que reproduz as manifestações de machismo nos me- res definindo características específicas para cada um, subordinan-
ninos, e às vezes, nas próprias meninas. Ao incentivar (infidelidade, do o feminino ao masculino.
violência doméstica, esporte, diferença de direitos).
Sexo Biológico: é o conjunto de características fisiológicas,
Masculinidade: faz oposição ao termo feminilidade e diz res- informações cromossômicas, órgãos genitais, potencialidade
peito a imagem estereotipada de tudo aquilo que seria próprio dos individual para o exercício de qualquer função biológica que
indivíduos homens, ou seja, às características e comportamentos diferencia machos e fêmeas. Entretanto, o sexo não é simplesmente
considerados por uma determinada cultura como associados ou algo que lhe foi dado pela biologia. Foucault analisa o sexo biológico
apropriados aos homens. Ver feminilidade, pois são conceitos re- como um efeito discursivo. O poder cria o corpo ao anunciá-lo
lacionais que não passíveis de serem entendidos separadamente. sexuado, ao fazer de sua constituição biológica um fator natural
que carrega características específicas e torna indiscutível a divisão
dos humanos em dois blocos distintos (homens e mulheres). Isto
não significa que o corpo não exista de forma sexuada. O que o
poder cria é outra coisa: é a importância dada a esse fator corporal
350
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
351
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
gicas. A interação entre Sociologia e Psicologia aplicada ao trabalho eficaz de conflitos. Reconhecendo a complexidade desses proces-
proporciona uma abordagem holística, promovendo a construção sos, as organizações podem promover ambientes de trabalho mais
de grupos coesos, eficientes e capazes de enfrentar os desafios ine- saudáveis, colaborativos e resilientes, beneficiando tanto o desem-
rentes ao ambiente organizacional. O reconhecimento da importân- penho quanto o bem-estar dos colaboradores.
cia dos grupos no contexto profissional contribui não apenas para a
melhoria do desempenho organizacional, mas também para o bem-
-estar e a satisfação dos colaboradores. LIDERANÇA, PODER E INFLUÊNCIA DENTRO DE GRUPOS.
- PROCESSOS DE COESÃO E CONFLITO EM GRUPOS. As organizações têm evoluído, sobretudo em termos estrutu-
A compreensão profunda das dinâmicas dos grupos no ambien- rais e tecnológicos. As mudanças e o conhecimento são os novos
te de trabalho é crucial para uma abordagem eficaz nos contextos paradigmas e têm vindo a exigir uma nova postura nos estilos pes-
organizacionais. A interseção entre Sociologia e Psicologia Aplicada soais e organizacionais, voltados para uma realidade diferenciada
ao Trabalho proporciona insights valiosos sobre os processos de for- e emergente. Neste contexto, a Liderança passa a ser a chave para
mação, coesão e conflito em grupos, elementos fundamentais para o sucesso organizacional, decorrendo de uma nova cultura e estru-
o dinamismo organizacional e o bem-estar dos colaboradores. tura, na qual se privilegia o capital intelectual, pois são as pessoas
Na formação de grupos, a Sociologia destaca esse fenômeno que proporcionam as condições essenciais ao desenvolvimento das
como intrinsecamente social, impulsionado pela necessidade hu- organizações.
mana de pertencimento e interação. No âmbito organizacional, Ao longo dos tempos, a liderança tem sido alvo de interesse
fatores como afinidades, objetivos comuns e identidade compar- por parte das organizações e dos gestores, estes começaram a per-
tilhada influenciam a composição e a dinâmica dos grupos, sendo ceber a importância que a mesma tem para o sucesso e o alcance
a hierarquia organizacional muitas vezes um reflexo das estruturas dos objetivos traçados.
sociais mais amplas. Os líderes devem procurar incrementar, um melhor relaciona-
A Psicologia Aplicada ao Trabalho entra em cena ao examinar os mento entre as pessoas, incentivando o trabalho em equipa, moti-
aspectos psicológicos envolvidos na formação e coesão de grupos. vando os colaboradores e proporcionando um ambiente de traba-
Motivação intrínseca, busca por aceitação e satisfação de neces- lho saudável, seguro e propício ao progresso e desenvolvimento das
sidades psicológicas fundamentais desempenham papéis cruciais. suas capacidades e talentos.
Compreender as motivações individuais e promover um ambiente A Liderança é um tema muito atual e de importância estratégi-
psicologicamente seguro são fundamentais para construir grupos ca para as organizações, como tal, deve ser integrada na definição
coesos e colaborativos. da estratégia organizacional. As organizações precisam das pessoas
O desenvolvimento da coesão em grupos frequentemente en- para atingirem os seus objetivos e alcançar a sua visão e missão de
volve dinâmicas de poder e o estabelecimento de normas sociais. futuro, assim como as pessoas necessitam das organizações para
A Sociologia destaca como as relações de poder podem influenciar atingirem as suas metas e realizações pessoais.
a coesão ou gerar conflitos, enquanto a compreensão das normas As pessoas têm sido uma preocupação constante da gestão das
sociais é crucial para entender expectativas compartilhadas e iden- organizações, uma vez que uma boa gestão das mesmas se traduz
tificar possíveis fontes de conflitos baseados em desacordos sobre no diferencial que alavanca os bons resultados. Para trabalhar o ca-
essas normas. pital humano de modo a maximizar o seu desempenho, é necessá-
O conflito, inerente à dinâmica de qualquer grupo, exige uma rio que os indivíduos se sintam motivados e satisfeitos com o seu
gestão eficaz que combina as abordagens estruturais da Sociologia, líder e com a forma como que a Liderança vem sendo exercida.
reconhecendo desigualdades e estruturas de poder, com os insights Os líderes têm a missão de atingir os resultados pretendidos
da Psicologia sobre gestão emocional, comunicação eficaz e desen- pela organização através das pessoas que lideram. Assim sendo,
volvimento de habilidades interpessoais para lidar construtivamen- para que a gestão de pessoas seja eficaz, os líderes têm de ser os
te com conflitos. modelos sociais, dando o exemplo, estando sempre na linha da
A diversidade no ambiente de trabalho é uma realidade con- frente, mostrando como se faz, fazendo.
temporânea e impacta significativamente os grupos. A Sociologia A liderança é considerada como um processo dinâmico e que
destaca a importância de reconhecer e valorizar diferentes pers- vem sofrendo alterações e adaptações aos vários níveis, daí a ne-
pectivas, evitando a reprodução de desigualdades, enquanto a Psi- cessidade de trabalhar algumas das suas principais características
cologia examina como a diversidade pode enriquecer as dinâmicas que permitem obter o máximo de eficiência e eficácia.
grupais, promovendo criatividade e inovação. Sejam quais forem as características pessoais e de personali-
Para a promoção de grupos eficientes, é necessária uma abor- dade do líder, estas afetam as relações com os liderados e, conse-
dagem holística. A integração das perspectivas sociológicas e psico- quentemente, o desempenho destes nas tarefas que executam nas
lógicas é essencial para compreender nuances tanto sociais quan- organizações.
to psicológicas nas interações grupais. Estratégias que combinam As diversas definições de liderança não são unânimes e estão
conscientização individual com transformação organizacional são longe de gerar consenso entre os autores. Desta forma, tem sido
cruciais para estabelecer ambientes de trabalho equitativos e co- muito difícil definir o que é ser líder e o que é a liderança, havendo
laborativos. inúmeras definições para este conceito.
Em síntese, a compreensão das dinâmicas de grupos no am- Segundo Yukl (1998, p.5), “A liderança é um processo através
biente de trabalho é um componente-chave para o sucesso orga- do qual um membro de um grupo ou organização influencia a in-
nizacional. A interação entre Sociologia e Psicologia Aplicada ao terpretação dos eventos pelos restantes membros, a escolha dos
Trabalho oferece uma abordagem abrangente, proporcionando objectivos e estratégias, a organização das actividades de trabalho,
insights que vão desde a formação inicial dos grupos até a gestão a motivação das pessoas para alcançar os objectivos, a manutenção
352
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
das relações de cooperação, o desenvolvimento das competências Segundo Bennis & Nanus (1995), “gerir consiste em provocar,
e confiança pelos membros, e a obtenção de apoio e cooperação de realizar, assumir responsabilidades, comandar. Diferentemente, li-
pessoas exteriores ao grupo ou organização.” derar consiste em exercer influência, guiar, orientar. Os gestores são
A Liderança é uma tentativa de influência, de modo a conse- pessoas que sabem o que devem fazer. Os líderes são as que sabem
guir dos seus liderados empenho e cooperação. Nessa perspectiva, o que é necessário fazer.”
quando um chefe manipula ou exige obediência e cooperação de Os gestores são conservadores e analíticos, reagem e adaptam-
forma coerciva, não há liderança. -se aos factos ao invés de transformá-los. Tendem a adoptar atitu-
des impessoais, calculam as vantagens da competição, negoceiam e
Liderança X Gestão usam as recompensas e as punições como formas de coação. Estes
A liderança e a gestão são vocábulos que por vezes são vistos estão perfeitamente enquadrados na cultura organizacional e lutam
por muitos como sinônimos, no entanto existem diferenças bem pela optimização dos recursos de modo a alcançarem os resultados
notórias entre ambos, além disso um bom líder pode não ser um desejados.
bom chefe e vice-versa. Para que as organizações possam sobreviver num mercado glo-
De acordo com Rost & Smith (1992), “A liderança é uma influên- balizado e cada vez mais competitivo têm de ter uma boa gestão. A
cia de relacionamento, ao passo que a gestão é um relacionamento gestão tem que ter a implementação da mudança através da visão
de autoridade. A liderança é levada a cabo com líderes seguidores, do seu líder de forma a alcançar os resultados previamente defini-
enquanto a gestão é executada com gestores e subordinados.” dos. Sem uma boa gestão as organizações não conseguirão atingir
esses resultados e tornam-se pouco produtivas e competitivas.
• Liderança Quer a gestão quer a liderança têm diferentes formas de gerir
A liderança é um processo mais emocional, envolve o coração. a sua equipa, através dos diferentes líderes. Esta hipótese é bem
Os líderes são dinâmicos, criativos, carismáticos e inspiradores, são acolhida por Rowe (2001), através de um modelo triangular cujos
visionários, assumem os riscos e sabem lidar com a mudança. vértices são a liderança gestionária, a liderança visionária e a lide-
Os líderes são criativos e têm estilos mais imprevisíveis, são rança estratégica.
mais intuitivos do que racionais. Em vez de se adaptarem, tentam
transformar o estado das coisas. Os líderes atuam proativamente Tipos de liderança
formando ideias em vez de lhes reagirem.
Um bom líder não é aquele que se preocupa em sê-lo, mas • Líder Gestionário
aquele que dá o exemplo mostrando como as coisas devem ser fei- O líder gestionário está mais virado para a estabilidade finan-
tas, que tem ética e se preocupa com as pessoas que o rodeiam, ceira a longo prazo e orientado para os comportamentos de curto
que envolve e motiva toda a equipa. Deve focar-se no desenvolvi- prazo e baixo custo. O seu relacionamento com as pessoas está in-
mento das pessoas com quem trabalha para que se tornem mais timamente ligado com os seus papéis no processo de decisão, mas
autónomas. raramente decide com base em valores. Não investe na inovação
O líder tem a capacidade de gerir diferentes personalidades que pode mudar a organização pois falta-lhe visão, iniciativa e cria-
mobilizando-as para objetivos comuns. Liderar é saber comunicar tividade. Normalmente é reativo e adapta atitudes passivas perante
e conquistar a admiração e o respeito dos outros, fazendo com que os objetivos, estes centram-se nas necessidades sentidas e não nos
todo o grupo se identifique com o líder, o siga e execute as suas desejosos ou sonhos.
decisões.
• Líder Visionário
Os líderes são inovadores e criativos, procuram agir sobre a si- Já o líder visionário fomenta a mudança, a inovação e a criati-
tuação em causa, as suas perspectivas e aspirações são a longo pra- vidade. É proativo, muda o modo de as pessoas pensarem acerca
zo, têm uma atitude proativa, são emocionais e empáticos e atraem daquilo que é desejável e necessário. Está orientado para o desen-
fortes sentimentos de identidade e diferenciação. As competências volvimento das pessoas e para o sucesso das organizações. Normal-
de liderança não podem ser ensinadas nem aprendidas são inatas mente decide com base em valores e relaciona-se com as pessoas
ao ser humano, estas vão sendo moldadas pelas experiências e co- de modo intuitivo e empático. Enfatiza a viabilidade de empresa a
nhecimentos adquiridos. longo prazo mas os seus sonhos podem ser destruidores da riqueza
Para Monford e tal. (2000, p.24), “Os líderes não nascem nem no curto prazo.
são feitos; de facto, o seu potencial inato é moldado pelas experi-
ências que lhes permitem desenvolver as capacidades necessárias • Líder Estratégico
à resolução de problemas sociais significativas. O líder estratégico combina as duas orientações, ou seja, com-
bina as qualidades dos gestores com as dos líderes. Acredita nas
• Gestão escolhas estratégicas que fazem a diferença na organização. Essas
A gestão tem uma abrangência muito maior do que a liderança, estratégias devem ter impacto imediato, sendo que as responsa-
envolve tanto os aspectos comportamentais como os que estão di- bilidades serão a longo prazo. Fomenta o comportamento ético e
retamente ligados à sua gestão, tais como: planeamento, controlo e as decisões baseadas em valores. Tem elevadas expectativas acerca
regulamentos internos e externos. Os gestores são mais racionais, dos seus superiores, colaboradores e dele próprio.
trabalham mais com a “cabeça” do que com o “coração”. Podemos então concluir que a liderança estratégica resulta da
conciliação da liderança visionária e gestionária.
Alguns indivíduos terão mais aptidão para liderar e outros para
gerir, enquanto outros conciliam as duas vertentes.
353
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
No entanto, muitos líderes podem aprender a gerir e muitos liderados. A sua postura por vezes é paternalista e fica satisfeito por
gestores podem melhorar as suas capacidades de liderança. sentir que os outros dependem dele. É rápido na tomada de decisão
Estabelecendo a correspondência com a tese de Zaleznik, Rowe e os seus objetivos são o lucro e os resultados. Por norma, neste
(2001) “ a liderança gestionária está para os gestores como a lide- tipo de liderança as consequências são nefastas, existe ausência de
rança visionária está para os líderes. Ao contrário de Zaleznik “con- espontaneidade e de iniciativa e quando o líder abandona a orga-
sidera ainda que os dois papéis são conciliáveis na figura do líder nização as pessoas sentem-se completamente perdidas pois não
estratégico.” estavam habituadas a tomar decisões e a terem iniciativa própria.
O trabalho só se realiza na presença do líder, pois na sua ausên-
A importância dos líderes cia o grupo é pouco produtivo e indisciplinado. O líder autoritário
HARRIS (2001, p.394) “O Papel dos líderes é criar um ambiente normalmente não delega tarefas, prefere ser ele a executá-las. A
em que as pessoas se sintam livres para experimentar, exprimir-se liderança autoritária apresenta elevados níveis de produção, mas
com franqueza, tentar novas coisas. Ainda mais importante, o seu com evidentes sinais de frustração e agressividade.
papel é o de (…) construir o espaço, remover obstáculos e permitir
que os empregados façam o seu trabalho. Um dos objetivos primor- • Liderança Liberal
diais dos líderes deveria ser o de libertar os talentos de cada pessoa A liderança liberal é totalmente inversa à autocrática, “há liber-
para benefício delas próprias e da empresa como um todo.” dade total para as decisões grupais ou individuais, e mínima partici-
Nas organizações é crucial que os líderes sejam pessoas idóne- pação do líder.” (CHIAVENATO, 2003)
as e sejam um exemplo para toda a equipa, pois sem um bom líder Na liderança laissez faire ou liberal não há imposição de regras,
não haverá uma boa equipa. É fundamental que exista uma boa parte-se do princípio que o grupo atingiu a maturidade e não ne-
liderança por parte dos líderes, somente assim a equipa será coesa cessita do líder para o orientar e o supervisionar. Caracteriza-se pela
e trabalhará afincadamente para o alcance das metas organizacio- total liberdade da equipa o líder não interfere na divisão das tarefas
nais e dos objetivos conjuntos. Se o objetivo primordial de um líder nem na tomada de decisão, quem decide é o próprio grupo. Este é
é fazer com que os outros o sigam, então é imprescindível que dê considerado o pior estilo de liderança, uma vez que não há demar-
bons exemplos e lhes mostre o caminho a seguir. cação dos níveis hierárquicos instala-se a confusão, a desorganiza-
A liderança é um tópico fundamental nas relações de trabalho, ção, o desrespeito e a falta de um líder com poder e autoridade
os líderes têm de trabalhar no sentido de evitar conflitos laborais e para resolver os conflitos.
proporcionar benefícios para todos. Na liderança liberal o líder só participa na tomada de decisão
Por vezes, as incompatibilidades pessoais e profissionais entre quando é solicitado pelo grupo, os níveis de produtividade são in-
os líderes e os liderados, fazem com que surjam conflitos difíceis de satisfatórios e existem fortes sinais de individualismo, insatisfação e
gerir, contribuindo para o insucesso das pessoas e o fracasso das desrespeito pelo líder.
organizações, dificultando assim o alcance das metas traçadas.
Segundo Russo (2005) “a discussão se os líderes nascem líderes • Liderança Democrática
ou aprendem a sê-lo é longa. Contudo a resposta diz Russo é sim- No que respeita à liderança democrática, participativa ou con-
ples e direta: as duas afirmações são verdadeiras.” sultiva, este estilo está voltado para as pessoas e há participação de
O líder deve ser capaz de criar um ambiente saudável, bem toda a equipa no processo de decisão. É o grupo que define as téc-
como interação e dinâmica com toda a equipa de trabalho. É fun- nicas para atingir os objetivos, no entanto o líder tem a responsabi-
damental criar desafios e dar autonomia, para que em conjunto se lidade de alertar o grupo para as dificuldades existentes no alcance
implementem e tomem as melhores decisões. desses mesmos objetivos.
Segundo, Chiavenato (2003, p.125), “As diretrizes são debati-
Estilos de liderança das e decididas pelo grupo, estimulado e assistido pelo líder”.
As organizações, as equipas e as situações variam no tempo e O líder envolve todo grupo, pede sugestões e aceita opiniões,
no espaço, os líderes também, daí que é bastante comum que o su- existe confiança mútua, relações amistosas e muita compreensão.
cesso do líder e dos seus seguidores esteja diretamente relacionado Este estilo de liderança está orientado para as tarefas e para as pes-
com o estilo de liderança adoptado. soas. Os grupos submetidos à liderança democrática, apresentam
White & Lippit (1939) fizeram os primeiros estudos para verifi- elevados níveis de produtividade, quer em quantidade quer em
car o impacto causado pelas diferentes formas de liderar. Segundo qualidade. Existe ainda, um clima de satisfação, integração e com-
eles existem essencialmente três estilos de liderança: liderança au- prometimento das pessoas para com a organização.
toritária, liberal e democrática. De acordo com Fachada (1998), “A diferença entre o estilo efi-
caz e ineficaz não depende unicamente do comportamento do líder,
• Liderança Autoritária mas da adequação desses comportamentos ao ambiente onde ele
Em primeiro lugar aparece a liderança autoritária, “o líder fixa desempenha as suas funções.”
as diretrizes, sem qualquer participação do grupo”, é ele que fixa
todas as diretrizes e determina qual tarefa deve ser realizada, tudo O estilo de liderança a adoptar vai depender sobretudo da
tem que ser feito como ele define. (CHIAVENATO, 2003) equipa a liderar e do seu tamanho. Deverá estar adaptada a cada
Na liderança autoritária, autocrática ou diretiva o líder foca- pessoa, à equipa e à tarefa a realizar, só assim se conseguirá a máxi-
-se apenas nas tarefas e determina técnicas para a execução das ma eficácia na persecução dos objetivos.
mesmas. O líder toma as decisões individualmente e não considera
a opinião da equipe, ordena e impõe a sua vontade. Este tipo de
liderança provoca tensão e frustração no grupo. O líder tem uma
postura essencialmente diretiva e não dá espaço à criatividade dos
354
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
355
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
será crucial que a organização repense a forma como a Liderança Mas nem todos agem assim no dia a dia. Na verdade quando
vem sendo exercida, só assim, conseguirá pessoas motivadas e feli- se fala de poder ou influência, estamos dizendo o quanto algumas
zes, contribuindo de forma decisiva para o aumento da performan- pessoas têm o poder de influenciar.
ce da organização. Evidentemente, profundas mutações ocorreram no mercado de
trabalho nos últimos anos, exigindo a adequação dos profissionais à
Conclui-se, que diante das mudanças, o líder deve conciliar os nova realidade e, com ela, a implementação da prática de trabalho
interesses da organização com os da sua equipa de trabalho, em- em equipe, não abordadas no passado, mas mantendo-se os velhos
penhando-se afincadamente para proporcionar um ambiente fa- e bons fundamentos administrativos.
vorável ao desenvolvimento dos seus liderado, influenciando-os a Sem dúvida nenhuma, hoje as organizações procuram profissio-
alcançarem os objetivos comuns. nais éticos e honestos, reunindo pessoas mais fortemente sintoni-
zadas com dimensões como trabalho, honestidade, amizade, soli-
PODER dariedade, humildade, romantismo, alegria e competência.
A noção mais abrangente do termo poder26 relaciona-se e é si- Não podemos designar ao poder um tipo de sentido privilegia-
nônimo do termo potência. Potência designa a capacidade e/ou a damente moral. As ações possuem finalidades e estão de acordo
possibilidade que um indivíduo, um grupo, uma instituição ou uma com determinados modelos de racionalização, mas isso tampouco
determinada organização têm de realizar algo, ou seja, de agir. É quer dizer que a razão possua em seu centro uma moral determi-
sempre à disposição para cometer um ato. nada. A potência é, portanto, uma latência da força ou do poder;
É a energia acumulada que deve sustentar uma ação efetiva. uma latência do agir e da ação. É a dimensão de estados virtuais de
Essa ação que é efetivada (o ato que ocorre) pode ter ou não um uma ação, um poder acontecer de algo. Ela é o momento antes do
sentido moral ou ser simplesmente uma realização de ordem ato em si.
extrema do particularismo. Essa é a primeira implicação em uma O ato é a realização da potência, o exercício mesmo da força (no
reflexão científica sobre o poder. sentido amplo da palavra) ou poder de agir ou de se oferecer à ação
Poder e influência constituem o núcleo sutil das organizações e, de outrem. A ação propriamente dita é o momento, então, que o
na verdade, de todas as interações. A influência é o processo pelo poder aparece como tal, em exercício e em quantificação e qualifi-
qual um indivíduo modifica as atitudes ou comportamento de ou- cação da potência realizada. A ação é a materialização de uma das
tro. O poder é o que o capacita a fazê-lo. possibilidades que estava em potência. Essa é uma das possibilida-
As organizações são formadas de um conjunto de padrões de des de entendimento do que é o poder em sua dupla dimensão de
influência através dos quais, indivíduos ou grupos influenciam ou potência e de ação.
tentam influenciar outros a pensar ou agir de determinada forma. As teorias e disciplinas que tratam dessas questões abrangem
Se quisermos entender, deveremos compreender a natureza do po- os espectros de conhecimento da psicologia, da filosofia, da antro-
der e da influência, pois são através deles, que as pessoas se ligam pologia, da ciência política, da sociologia, da filosofia política e da
aos objetivos principais das organizações. história.
Embora os níveis hierárquicos sejam fundamentais em grupos Na atualidade, importantes teóricos da ação são Michel Fou-
ou sociedades de qualquer natureza, o poder e a influência deter- cault e Pierre Bourdieu (teorias das práticas), Anthony Gidens e Ri-
minam níveis de superioridade entre pessoas, o que de certa forma chard Rorty (teorias da ação).
viola o livre-arbítrio de um indivíduo sobre suas ações. Essa concepção abrangente do poder revela um conceito de cul-
A liberdade individual completa é hoje desfrutada por um nú- tura do poder que permite entender essa forma de relacionamento
mero muito reduzido de pessoas, pois a maioria possui um contrato como uma dentre as relações desenvolvidas entre os seres huma-
psicológico com qualquer grupo, família, empresa ou sociedade, nos na vida em sociedade. Os humanos, na qualidade de espécie
em virtude da troca de liberdade individual pelas recompensas fi- social e falante, desenvolvem relações de significação. Eles querem
nanceiras de pertencer a tais grupos ou organizações. dar sentido ao mundo e a suas produções culturais. Os humanos,
Todas as interações profissionais ou não, envolvem uma tro- como seres que produzem artificialmente o mundo no qual vivem,
ca de alguma coisa por outra. Mas seria possível medir de quanta são seres que desenvolvem relações de produção. Estas são os fun-
liberdade individual uma pessoa deveria abrir mão? Qual seria o damentos da vida e da organização econômica das sociedades.
modelo ideal em uma organização, para que a influência individual É na qualidade de seres que agem e se posicionam, desenvolvem,
ou em grupo, não restringisse a liberdade individual de seus com- então, as relações de poder. Essa capacidade para agir e a ação
ponentes? É a verdadeira realidade da vida de uma organização. efetiva foram se organizando e transformando o núcleo das relações
O poder de influenciar é algo que a maioria das pessoas, no de poder em algo historicamente visível. Concretamente, essa
mundo moderno, gostaria de ter em maior quantidade, embora realização da potência tomou formas organizadas e, de empréstimo,
muitos não desejem a responsabilidade emanada desse poder. passou a ter vínculo direto com a vida política. Portanto, temos que
Pesquisas indicam que as pessoas gostariam de ter mais influência ter em conta que poder não diz respeito apenas ao político, mas
sobre seu trabalho e não sobre pessoas. Também os indivíduos que a toda enunciação que afirma direitos e compromissos (deveres,
exercem influência e desenvolvem melhor seu trabalho, são mais responsabilidades) e possibilidades adicionais.
produtivos e muito mais envolvidos com os objetivos de sua orga- O que ocorre é que, nos termos da história social, a esfera polí-
nização. tica passou a ser aquela na qual as relações de poder tornaram-se
Porém, a responsabilidade da influência no indivíduo não pre- mais visíveis e mais ordenadas. O político é uma esfera mais es-
parado pode levar, em muitos casos, a desajustes psicológicos le- pecializada do poder e refere-se especialmente a tudo o que diz
vando-o a até adquirir doenças. respeito à vida comunal, em sociedade. A esfera política é a esfera
26 Leda Maria da Silva Senra Costa. A Influência do Poder na Gestão Estratégica que se dirige à cidadania e, portanto, a um estatuto especial do in-
de Pessoas. IX Seget, 2012. divíduo. O cidadão é uma forma particular do indivíduo, como pode
356
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
357
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
cionalidade a figura dos Estados-Nação modernos. Sua abordagem Reflexão das teorias acerca do poder
figura o Príncipe Esclarecido, tomando o modelo monárquico como DAFT (1999) descreve que a teoria clássica do poder é, funda-
afirmação concreta do poder bem solucionado. Suas discussões so- mentalmente, de caráter jurídico e encontra-se realizada concei-
bre uma filosofia do processo histórico geraram obras famosas e tualmente como operação contratual. Esse contrato pode ser em
deterministas sobre o “final da História” através da constituição de nome de uma vontade geral ou de uma ordem geral, mas não perde
um Grande Império Mundial, os Estados Unidos da América (Francis sua característica de contrato traçado entre uma parte (o Estado) e
Fukuyama). os demais (o povo, o cidadão, o indivíduo, conforme a abordagem
teórica em questão). Esse contrato jurídico sustenta o poder políti-
Poder como soberania (vontade geral): Definido por Rousseau co. De outro modo, os pensadores de caráter marxista investigam
como o poder que se constitui como vontade geral. Ele se encontra as relações de poder como formas funcionais do desenvolvimento
como deseja da maioria e pode ou não ser mobilizado, manipula- classista da sociedade capitalistas e, portanto, como uma dimensão
do ou simplesmente deixado em seu próprio movimento massivo. funcional da vida econômica (infraestrutura e determinante).
A Assembleia Popular representaria um princípio de soberania do O poder é um regime ordenado sob a égide das classes e visa a
povo. sustentar a produtividade econômica e a um modelo social de re-
lações humanas. É a vida econômica que sustenta o poder político.
Poder na história, como violência: Para Marx/Engels a perspec- De acordo com Foucault (1999) se o poder fosse revisitado como
tiva histórica também se apresenta no pensamento marxista, rela- relação de força que é, privilegiando o seu aspecto acional indicaria
cionando o poder com o domínio da violência social e da violência uma saída para além ou para aquém das problemáticas contratuais
de classe. (poder jurídico) e das problemáticas funcionais (poder econômico).
Para esse teórico, o poder deve ser analisado sob os moldes do
Poder legítimo: Para Weber o Estado deve construir mecanis- enfrentamento, do combate e da guerra. O poder seria sempre um
mos que forneçam e fortaleçam sua legitimidade, transformando processo de “empoderamento”. A vida política não seria a ordem e
suas ações e políticas em conjuntos compartilhados de crenças. a guerra, um estado de exceção. A guerra seria o modelo prioritário
e a política, uma exceção. É nesse sentido que encontramos na afir-
Fontes de Poder mação foucautiana uma aproximação com as concepções “orienta-
As Fontes de Poder são identificadas como cinco pelos autores lizadas” do poder. Para os clássicos do pensamento oriental, a guer-
John French e Bertram Ravem: ra é o meio mais adequado para se refletir sobre a vida política e,
O Poder de Recompensa baseia-se numa pessoa (o influen- em decorrência disso, sobre a vida social e sua organização.
ciador) que tenha a capacidade de recompensar outra (o influen- As relações de poder e do poder como teoria da ação e da ação
ciado) pelo cumprimento de ordens ou pela realização de outras estratégica deve ter em mente os seguintes itens:
exigências. Onde as recompensas são melhor usadas para reforçar - os mecanismos de dominação;
as ações desejáveis dos subordinados, e não como “suborno” para - os operadores materiais;
realizar tarefas; - as formas da sujeição;
O Poder Coercitivo é o lado negativo do poder de recompensa, - as conexões e a utilização de sistemas locais de sujeição;
onde a punição pode ir desde pequenos privilégios até a perda - os dispositivos do saber.
do emprego. Este poder geralmente é usado para manter um
padrão mínimo de desempenho ou de conformidade entre os Em geral, estamos todos imersos nas formas do compromisso
subordinados; individualizado e sentimo-nos responsabilizados e tomados como
O Poder Legítimo, este poder tanto pode ser de cima para baixo “relevantes, importantes” em nossas esferas profissionais. A ideia
ou de baixo para cima, ou seja, o encarregado de um setor exige de nos tornarmos gerentes de nós mesmos, agentes investidores
que se cumpra um certo horário e concomitantemente, o vigia exi- de nossas próprias vidas tem sido tomada como verdade para o mo-
ge que o gerente use o crachá para entrar na empresa; mento atual das formas de poder. Suas estratégias são inúmeras.
O Poder de Competência é o que podemos chamar de Mas sempre ocorrerão os contra-ataques.
conhecedor do assunto, pois nele temos total confiança ao que ele
nos recomenda, pois há especialidade, aptidões e conhecimento
técnico do líder; PSICOSSOCIOLOGIA DO CONTRATO DE TRABALHO:
O Poder de Referência existe no colega de trabalho que nos DISCIPLINA E SABER OPERÁRIO
atrai ao seu lado na hora das reuniões de departamento pelo seu
carisma e pelo seu nível de prestígio e admiração. Capítulo 1: Introdução à Psicossociologia do Contrato de Tra-
balho
Em geral estas fontes de poder são adicionadas pelos adminis-
tradores pela recompensa aos subordinados através de dinheiro, A relação entre trabalho e indivíduo é complexa e multiface-
privilégio ou promoções ou de puni-los retirando estas recompen- tada, influenciada por uma interseção de fatores psicológicos e
sas. Queremos pensar que seja inerente ao cargo de um adminis- sociais. Dentro deste contexto, a psicossociologia do contrato de
trador e presume-se que eles tenham algum grau de competência. trabalho emerge como um campo de estudo interdisciplinar, dedi-
Podemos ter vários exemplos de organizações, como a tendência de cado a desvendar as nuances dessas interações no ambiente labo-
subordinados seguirem o modelo de executivos mais experientes e ral. Nesta dissertação, mergulharemos profundamente nesta área
bem sucedidos. fascinante, explorando suas ramificações e implicação na dinâmica
organizacional e na experiência individual do trabalhador.
358
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
O contrato de trabalho, muitas vezes visto apenas como um operário emergem como lentes poderosas para compreender as
documento formal que estabelece direitos e deveres entre empre- tensões, desafios e oportunidades que permeiam o cenário profis-
gador e empregado, é na verdade um fenômeno muito mais amplo sional, contribuindo assim para o desenvolvimento de ambientes
e complexo. Ao invés de uma simples transação comercial, é um laborais mais saudáveis e sustentáveis.
acordo que transcende o aspecto material para se enraizar profun-
damente no tecido social e psicológico das relações de trabalho. É Capítulo 2: Disciplina e Normatividade no Ambiente de Traba-
neste contexto que a psicossociologia encontra seu terreno fértil, lho
buscando compreender as complexas interações que moldam e são
moldadas pelo contrato de trabalho. Um dos aspectos mais fundamentais da disciplina no ambiente
No cerne desta disciplina está a noção de que o ambiente labo- de trabalho é a internalização das normas sociais e culturais que
ral é um espaço onde se entrelaçam normas, valores, expectativas regem a organização. Essas normas, muitas vezes não explicitadas,
e relações sociais. A disciplina no trabalho, frequentemente asso- moldam as relações interpessoais e as práticas cotidianas dos tra-
ciada à obediência a regras e regulamentos, vai além disso, envol- balhadores. Elas estabelecem padrões de comportamento, deter-
vendo a internalização de normas sociais e culturais que permeiam minam expectativas e influenciam as dinâmicas de poder dentro da
a organização. É a partir desta internalização que se estabelecem organização. Por exemplo, normas de pontualidade, dress code e
as bases para as relações interpessoais, as expectativas de compor- etiqueta de comunicação são apenas alguns exemplos das normas
tamento e as práticas cotidianas dentro do ambiente de trabalho. que os trabalhadores internalizam e seguem no ambiente de tra-
Ao lado da disciplina, emerge o conceito de saber operário, o balho.
conhecimento prático adquirido pelos trabalhadores ao longo de No entanto, a disciplina organizacional nem sempre é homogê-
suas experiências laborais. Este saber, muitas vezes não formalmen- nea ou universalmente aceita pelos trabalhadores. Surgem tensões
te reconhecido, desempenha um papel fundamental no desempe- quando as normas impostas pela organização entram em conflito
nho e adaptação dos trabalhadores ao contexto organizacional. É com a autonomia individual dos trabalhadores. Por exemplo, um
uma espécie de sabedoria adquirida na prática, fruto da interação trabalhador pode sentir-se constrangido pela rigidez das regras de
direta com as tarefas, os colegas e as demandas do ambiente de hierarquia e autoridade, enquanto outro pode resistir à pressão
trabalho. No entanto, a relação entre a disciplina imposta pela or- para se conformar a certos padrões de comportamento conside-
ganização e o saber operário nem sempre é harmoniosa, podendo rados normais pela organização. Essas tensões podem levar a con-
gerar tensões decorrentes do subvalorização deste conhecimento flitos interpessoais, resistência passiva ou mesmo rebelião aberta
prático. contra as normas estabelecidas.
A subjetividade do trabalhador, por sua vez, é um elemento Além disso, é importante reconhecer que a disciplina no am-
central na psicossociologia do contrato de trabalho. As percepções biente de trabalho não é uma via de mão única. Enquanto a or-
individuais sobre a justiça, a equidade e o propósito do trabalho ganização impõe normas e expectativas aos trabalhadores, estes
têm um impacto significativo no engajamento, na satisfação e no também exercem influência sobre a cultura e as práticas organiza-
bem-estar do trabalhador. Compreender esses aspectos subjetivos cionais. Por exemplo, grupos de trabalhadores podem desenvolver
é fundamental para o desenvolvimento de práticas organizacionais subculturas dentro da organização que desafiam ou reinterpretam
que promovam um contrato de trabalho saudável e equitativo, ca- as normas estabelecidas. Isso pode levar a conflitos entre diferentes
paz de satisfazer tanto as necessidades individuais quanto as de- grupos de trabalhadores ou entre os trabalhadores e a gerência,
mandas da organização. conforme cada lado busca impor sua visão de disciplina e norma-
No entanto, a psicossociologia do contrato de trabalho também tividade.
nos confronta com os desafios e as transformações que permeiam É importante ressaltar também que a disciplina no ambiente de
o mundo do trabalho contemporâneo. A precarização do emprego, trabalho não é um fenômeno estático, mas dinâmico e em constante
a falta de segurança no trabalho e a pressão por produtividade são evolução. Mudanças na liderança, na cultura organizacional ou no
apenas algumas das questões que impactam negativamente a psi- ambiente externo podem afetar as normas e expectativas dentro
cologia do trabalhador, gerando ansiedade, estresse e desmotiva- da organização. Da mesma forma, os trabalhadores podem desafiar
ção. Neste contexto, a disciplina organizacional muitas vezes entra ou reinterpretar as normas estabelecidas à medida que buscam
em conflito com a necessidade de segurança e reconhecimento por formas de expressar sua identidade e exercer sua autonomia no
parte dos trabalhadores, criando um cenário de tensão e instabili- ambiente de trabalho.
dade. Portanto, a disciplina e normatividade no ambiente de traba-
A combinação entre sociologia e psicologia no estudo da psi- lho são fenômenos complexos e multifacetados, influenciados por
cossociologia do contrato de trabalho nos oferece uma perspectiva uma interação de fatores individuais, organizacionais e sociais.
abrangente das relações laborais. A sociologia nos permite com- Compreender essa dinâmica requer uma análise cuidadosa das
preender as estruturas sociais que moldam as organizações e os normas sociais e culturais internalizadas pelos trabalhadores, das
contratos de trabalho, enquanto a psicologia nos ajuda a aprofun- tensões entre a imposição dessas normas e a autonomia individual,
dar a análise das emoções, motivações e percepções individuais dos e das formas pelas quais a disciplina é negociada e contestada no
trabalhadores. Esta abordagem integrada é crucial para o desenvol- ambiente de trabalho. Ao fazê-lo, podemos desenvolver uma com-
vimento de estratégias que promovam contratos de trabalho mais preensão mais profunda das relações entre trabalhadores e orga-
justos, equitativos e satisfatórios para todas as partes envolvidas. nizações, e encontrar formas de promover ambientes de trabalho
Entretanto, a psicossociologia do contrato de trabalho ofere- mais saudáveis, inclusivos e produtivos para todos.
ce uma visão ampla e profunda das dinâmicas laborais, indo além
das formalidades contratuais para explorar as complexidades das
relações humanas no ambiente de trabalho. A disciplina e o saber
359
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
Capítulo 3: O Saber Operário e seu Papel no Contexto Laboral A percepção da justiça é um dos aspectos fundamentais da
subjetividade no ambiente de trabalho. Os trabalhadores avaliam
O saber operário, muitas vezes adquirido através de anos de constantemente se as recompensas, benefícios e oportunidades
prática e vivência no ambiente de trabalho, representa um tipo de disponíveis são distribuídos de forma justa e equitativa. Isso inclui
conhecimento que não pode ser facilmente adquirido por meio de não apenas salários e promoções, mas também reconhecimento,
treinamentos formais ou educação convencional. É o conhecimen- feedback e tratamento justo por parte da liderança e colegas. Quan-
to das nuances, das práticas eficazes e das soluções criativas que do percebem que suas contribuições são valorizadas e recompensa-
surgem da interação direta com as tarefas e desafios do trabalho das de maneira justa, os trabalhadores tendem a se engajar mais no
diário. É uma forma de conhecimento que reside nas mãos e men- trabalho e se sentir mais satisfeitos com sua posição na organização.
tes dos trabalhadores, permeando suas ações e decisões em todos Além disso, a busca por um propósito significativo no trabalho
os níveis da organização. é outra dimensão importante da subjetividade do trabalhador. Os
No entanto, apesar de sua importância e relevância óbvia, o indivíduos procuram encontrar significado e valor em suas ativida-
saber operário muitas vezes é subestimado e subvalorizado pelas des laborais, buscando conexões entre seus valores pessoais e os
organizações. Em uma cultura que valoriza mais a expertise técnica objetivos organizacionais. Quando percebem que seu trabalho con-
ou acadêmica, o conhecimento prático adquirido no chão de fábrica tribui para um propósito maior ou está alinhado com seus valores e
ou no escritório é frequentemente negligenciado. Isso pode levar a interesses pessoais, os trabalhadores tendem a se sentir mais moti-
tensões e conflitos, com os trabalhadores sentindo-se desvaloriza- vados, engajados e satisfeitos com suas responsabilidades laborais.
dos e desmotivados, e as organizações perdendo oportunidades de No entanto, entender e promover a subjetividade no ambiente
aproveitar plenamente o potencial do saber operário para melhorar de trabalho não é tarefa fácil. Requer uma abordagem holística e
a eficiência e a inovação. sensível às necessidades e perspectivas individuais dos trabalhado-
Uma das principais estratégias para resolver esse problema é a res, bem como um compromisso contínuo com a criação de um am-
integração e reconhecimento do saber operário dentro das práticas biente de trabalho inclusivo, justo e equitativo. Isso pode envolver
e políticas organizacionais. Isso pode envolver a criação de espaços a implementação de políticas e práticas que promovam a transpa-
formais para os trabalhadores compartilharem suas experiências e rência, participação e feedback aberto, bem como o cultivo de uma
insights, o estabelecimento de programas de mentoria ou coaching cultura organizacional que valorize a diversidade de perspectivas e
para transmitir conhecimentos entre gerações de trabalhadores, e a experiências dos trabalhadores.
valorização do conhecimento prático nas políticas de recrutamento, Desse modo, a subjetividade do trabalhador desempenha um
promoção e remuneração. Ao reconhecer e valorizar o saber ope- papel crucial na determinação de seu engajamento e satisfação no
rário, as organizações podem não apenas aumentar a motivação e ambiente de trabalho. Compreender e promover essa subjetividade
satisfação dos trabalhadores, mas também melhorar a eficiência é essencial para garantir um contrato de trabalho saudável e equi-
operacional e promover a inovação e o crescimento. tativo, no qual os trabalhadores se sintam valorizados, motivados
No entanto, integrar e valorizar o saber operário não é uma e comprometidos com os objetivos organizacionais. Ao reconhecer
tarefa simples. Requer uma mudança fundamental na cultura or- e respeitar as diferentes percepções e necessidades dos trabalha-
ganizacional, bem como o compromisso contínuo da liderança dores, as organizações podem criar um ambiente de trabalho mais
e dos gestores em reconhecer e valorizar a expertise prática dos humano, inclusivo e produtivo para todos.
trabalhadores. Além disso, requer investimentos em programas de
capacitação e desenvolvimento que reconheçam e promovam o co- Capítulo 5: Desafios e Tendências no Mundo do Trabalho
nhecimento prático como uma forma legítima e valiosa de conhe-
cimento. A precarização do emprego, um fenômeno cada vez mais pre-
Em resumo, o saber operário desempenha um papel crucial no valente no mundo contemporâneo, apresenta uma série de desa-
contexto laboral, fornecendo insights e soluções que não podem fios significativos para a psicologia do trabalhador. Trabalhos tem-
ser encontrados em manuais ou teorias acadêmicas. Sua integração porários, contratos flexíveis e subcontratação são apenas alguns
e reconhecimento dentro das organizações são essenciais para pro- dos exemplos de práticas de trabalho precárias que podem minar
mover um ambiente de trabalho mais justo, inclusivo e eficiente, a estabilidade financeira, emocional e social dos trabalhadores. A
beneficiando tanto os trabalhadores quanto as próprias organiza- incerteza em relação ao emprego e à renda pode levar a níveis mais
ções. Ao reconhecer e valorizar o saber operário, as organizações altos de ansiedade, estresse e insatisfação no trabalho, afetando
podem desbloquear um potencial de inovação e crescimento que negativamente o bem-estar geral dos trabalhadores.
só pode ser alcançado através da valorização do conhecimento prá- Além disso, a falta de segurança no trabalho representa outra
tico e da experiência dos trabalhadores. fonte de preocupação para os trabalhadores e suas psicologias.
Condições de trabalho inseguras, falta de proteção contra aciden-
Capítulo 4: Subjetividade e Engajamento no Trabalho tes e doenças ocupacionais, e a ameaça de demissão sem justa cau-
sa podem criar um ambiente de trabalho permeado pelo medo e
A subjetividade do trabalhador abrange uma ampla gama de pela insegurança. Isso pode levar a um declínio no engajamento,
experiências, crenças, valores e expectativas que moldam sua visão na motivação e no desempenho dos trabalhadores, prejudicando
do ambiente de trabalho e suas interações dentro dele. Desde a não apenas sua saúde e bem-estar, mas também a eficácia geral da
percepção da justiça e equidade na distribuição de recursos e opor- organização.
tunidades até a busca por um propósito significativo no trabalho, A pressão por produtividade, por sua vez, é outra tendência
cada trabalhador carrega consigo uma perspectiva única que in- que está moldando o mundo do trabalho contemporâneo e afetan-
fluencia sua motivação, engajamento e bem-estar no trabalho. do a psicologia dos trabalhadores. Com a globalização, avanços tec-
nológicos e intensificação da concorrência, os trabalhadores muitas
360
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
vezes se veem sobrecarregados com demandas crescentes por re- rações dinâmicas entre estruturas sociais e processos individuais,
sultados e eficiência. Isso pode levar a uma cultura de trabalho de destacando como fatores macro e micro influenciam mutuamente
alta pressão, onde os trabalhadores são constantemente solicitados as experiências dos trabalhadores no ambiente de trabalho. Isso
a fazer mais com menos, o que pode levar a níveis mais altos de permite uma análise mais holística e contextualizada das questões
estresse, esgotamento e burnout. relacionadas ao contrato de trabalho, bem como o desenvolvimen-
No entanto, apesar desses desafios significativos, há esperança to de estratégias mais eficazes para promover a justiça, equidade e
e oportunidade para enfrentá-los de forma eficaz. Estratégias como satisfação no trabalho.
a promoção de ambientes de trabalho seguros e saudáveis, o for- Em última análise, a abordagem integrada entre sociologia e
talecimento dos direitos dos trabalhadores e a implementação de psicologia é essencial para avançar nossa compreensão da psicos-
políticas que promovam um equilíbrio saudável entre trabalho e sociologia do contrato de trabalho e desenvolver estratégias que
vida pessoal podem ajudar a mitigar os impactos negativos da pre- promovam ambientes de trabalho mais saudáveis, equitativos e
carização do emprego, falta de segurança no trabalho e pressão por satisfatórios para todas as partes envolvidas. Ao reconhecer e va-
produtividade. Além disso, uma abordagem centrada no bem-estar lorizar as contribuições dessas duas disciplinas complementares,
dos trabalhadores, que reconheça e valorize suas necessidades in- podemos alcançar uma compreensão mais profunda das complexi-
dividuais, pode contribuir para promover um ambiente de trabalho dades do trabalho humano e encontrar soluções mais eficazes para
mais humano, inclusivo e sustentável para todos. os desafios enfrentados pelos trabalhadores e organizações na era
Desse modo, os desafios e tendências no mundo do trabalho contemporânea.
contemporâneo representam uma fonte significativa de preocupa-
ção para a psicossociologia do contrato de trabalho. No entanto, ao Capítulo 7: Conclusão
reconhecer e enfrentar esses desafios de frente, podemos desen-
volver estratégias eficazes para promover o bem-estar e a satisfação Ao longo deste estudo, mergulhamos profundamente no vas-
dos trabalhadores, garantindo assim um ambiente de trabalho mais to e complexo campo da psicossociologia do contrato de trabalho,
saudável, equitativo e produtivo para todos. explorando suas diversas facetas e implicações para trabalhadores
e organizações. Agora, ao chegarmos ao capítulo final, é o momen-
Capítulo 6: Abordagem Integrada: Sociologia e Psicologia no to de refletirmos sobre as descobertas, insights e implicações que
Estudo da Psicossociologia do Contrato de Trabalho emergiram dessa jornada intelectual. Este capítulo de conclusão
oferecerá uma análise detalhada das contribuições da psicossocio-
O estudo da psicossociologia do contrato de trabalho é um logia do contrato de trabalho, destacando sua perspectiva única so-
campo vasto e intrincado que exige uma abordagem integrada e ho- bre as dinâmicas laborais e o potencial para promover ambientes
lística para compreender as complexas interações entre os aspectos de trabalho mais saudáveis e sustentáveis.
individuais, organizacionais e sociais que moldam o ambiente de Desde o início, ficou claro que a psicossociologia do contrato
trabalho contemporâneo. de trabalho vai além das formalidades contratuais, adentrando os
A sociologia desempenha um papel fundamental no estudo da territórios complexos das relações humanas no ambiente de tra-
psicossociologia do contrato de trabalho, fornecendo insights va- balho. Nossa investigação revelou que compreender o contrato de
liosos sobre as estruturas sociais que moldam as organizações e as trabalho como um fenômeno psicossocial é essencial para uma aná-
relações laborais. Por meio de teorias sociológicas, como a teoria lise abrangente das experiências dos trabalhadores e das dinâmicas
da estratificação social, teoria do conflito e teoria da burocracia, organizacionais. Através dessa lente, pudemos explorar não apenas
os pesquisadores podem entender melhor as hierarquias de poder, as estruturas e processos formais, mas também as normas, valores
as dinâmicas de classe e as estruturas institucionais que influen- e interações que moldam a vida no trabalho.
ciam as práticas organizacionais e as condições de trabalho. Além Um dos principais insights que emergiram de nossa exploração
disso, a sociologia oferece uma perspectiva crítica sobre questões é o papel central da disciplina e do saber operário na compreensão
de desigualdade, diversidade e justiça social no ambiente de tra- das experiências dos trabalhadores. A disciplina no ambiente de
balho, destacando a importância de abordar questões estruturais trabalho não se resume simplesmente à obediência às regras, mas
para promover contratos de trabalho mais equitativos e inclusivos. envolve a internalização de normas sociais e culturais que influen-
Por outro lado, a psicologia complementa essa análise ao apro- ciam as práticas cotidianas e as interações entre os trabalhadores.
fundar a compreensão das emoções, motivações e percepções in- Da mesma forma, o saber operário, embora muitas vezes não for-
dividuais dos trabalhadores. Por meio de teorias psicológicas, como malmente reconhecido, é uma fonte valiosa de conhecimento prá-
a teoria da motivação, teoria do desenvolvimento humano e teoria tico que contribui para o desempenho e a adaptação dos trabalha-
das relações interpessoais, os pesquisadores podem explorar como dores ao contexto organizacional.
fatores individuais, como personalidade, valores e experiências No entanto, nossa análise também revelou uma série de de-
passadas, influenciam o comportamento e o bem-estar dos traba- safios e tensões que permeiam o mundo do trabalho contemporâ-
lhadores no ambiente de trabalho. Além disso, a psicologia aplica- neo. A precarização do emprego, a falta de segurança no trabalho
da fornece ferramentas e técnicas para avaliar e melhorar a saúde e a pressão por produtividade são apenas alguns dos desafios que
mental, satisfação no trabalho e desempenho dos trabalhadores, afetam a psicologia do trabalhador e o bem-estar no trabalho. Esses
contribuindo assim para o desenvolvimento de estratégias eficazes desafios exigem uma resposta urgente e coordenada por parte das
de intervenção e melhoria organizacional. organizações, dos governos e da sociedade em geral, a fim de ga-
No entanto, é na interseção entre sociologia e psicologia que rantir que os trabalhadores sejam tratados com dignidade, respeito
surge uma compreensão verdadeiramente abrangente da psicos- e justiça.
sociologia do contrato de trabalho. Ao integrar abordagens socio-
lógicas e psicológicas, os pesquisadores podem examinar as inte-
361
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
Apesar desses desafios, nossa análise também nos ofereceu A partir da análise do filme Invictus (2010) a liderança exercida
esperança e oportunidade. Descobrimos que uma abordagem inte- com democracia revela o respeito das pessoas, sem forçá-las para
grada entre sociologia e psicologia é essencial para uma compreen- que isso aconteça. E dessa forma as pessoas se sentem motivadas
são abrangente da psicossociologia do contrato de trabalho. Ao a realizarem seus trabalhos sem uma pressão superior, dando-lhes
reconhecer e valorizar as contribuições dessas disciplinas comple- bem estar em seu ambiente.
mentares, podemos desenvolver estratégias mais eficazes para pro- Com a compreensão desses pontos, sabemos de que forma
mover contratos de trabalho mais justos, equitativos e satisfatórios uma pessoa pode sentir-se motivada dentro da organização. Mas,
para todas as partes envolvidas. por trás de tudo isso, tem a questão do poder, pois pela busca do
Para concluir, a psicossociologia do contrato de trabalho ofe- bem estar no trabalho, há também a ambição econômica e por sta-
rece uma perspectiva rica e multifacetada sobre as dinâmicas labo- tus dentro das organizações, cabe aos gestores a complicada tarefa
rais. Ao destacar a importância da disciplina, do saber operário e da de fazer dos seus colaboradores, aliados, de forma benéfica para
abordagem integrada entre sociologia e psicologia, esta dissertação todos da organização.
contribui para o avanço do conhecimento nesse campo vital e em Teorias que abordam a motivação
constante evolução. Que estas reflexões sirvam como um ponto De acordo com Zanelli (2004) ao longo do tempo foram sur-
de partida para futuras pesquisas e intervenções que promovam gindo conceitos e posteriormente teorias abordando a motivação
ambientes de trabalho mais saudáveis, justos e sustentáveis para humana, diversos teóricos contribuíram para tal propósito, anali-
todos. sando o comportamento do indivíduo e buscando entender o que
o faz motivado, e como o processo da motivação ocorre na vida do
ser humano, dentre esses teóricos se destacaram alguns, que ana-
TRABALHO, MOTIVAÇÃO, SATISFAÇÃO E ALIENAÇÃO. lisaram de forma a colocar essas teorias dentro do contexto organi-
zacional: Maslow, Herzberg, McGregor são alguns desses teóricos.
— Motivação Pode-se observar que Maslow em sua teoria destaca que o
A implantação da psicologia nas organizações nas últimas dé- comportamento do indivíduo está sujeito a uma hierarquia de fa-
cadas concedeu aos gestores, as respostas de certas lacunas sobre tores, baseada nas necessidades humanas, o teórico afirma que o
o trabalho humano, pois o homem é movido por uma força interior, indivíduo só será motivado a partir do momento que suas necessi-
mas, para que seja satisfatória, e traga bem estar, é estimulada por dades básicas forem supridas, colocando estas como sendo as ne-
fatores externos. No ponto econômico das organizações, quando cessidades fisiológicas e de segurança, estando na base da pirâmide
o colaborador trabalha com satisfação é sinal de mais resultado e hierárquica de Maslow, o indivíduo conseguiria atingir uma nova
mais rentabilidade para a empresa. necessidade a partir do momento que a anterior tiver sido satis-
Motivação é um processo responsável por impulso no compor- feita, as necessidades superiores apresentam-se como motivadoras
tamento do ser humano para uma determinada ação, que o estimu- da conduta humana, ou seja, as necessidades sociais, estima e au-
la para realizar suas tarefas de forma que o objetivo esperado seja to-realização. Sobre esta mesma teoria Maximiano (2007, p.262),
alcançado de forma satisfatória. vai dizer:
De acordo com Robbins (2005) a motivação possui três proprie- Maslow desenvolveu a idéia de que as necessidades humanas
dades que a regem, uma é a direção, o foco da pessoa em sua meta dispõem-se numa hierarquia mais complexa que a simples divisão
e como realizar, outra é a intensidade, se o objetivo proposto é feito em dois grandes grupos. Segundo Maslow, as necessidades huma-
como algo que vai lhe trazer satisfação ou será realizado por obriga- nas dividem-se em cinco grupos, necessidades fisiológicas ou bási-
ção, e a permanência. “A motivação é específica. Uma pessoa mo- cas, segurança, sociais, estima, auto-realização.
tivada para trabalhar pode não ter motivação para estudar ou vice- Segundo Robbins (2005), Herzberg, com a teoria dos dois fa-
-versa. Não há um estado geral de motivação, que leve uma pessoa tores, traz que os estímulos de insatisfação se eliminados podem
a sempre ter disposição para tudo.” (MAXIMILIANO, 2007, p.250). apaziguar os colaboradores, mas não necessariamente trazem a sa-
“Motivação é ter um motivo para fazer determinada tarefa, agir tisfação. Desse modo o contrário de satisfação é a não-satisfação;
com algum propósito ou razão. Ser feliz ou estar feliz no período e da insatisfação é a não-satisfação. Pelo fato das pessoas não es-
de execução da tarefa, auxiliado por fatores externos, mas princi- tarem insatisfeitas, não quer dizer que estão satisfeitas. Os incenti-
palmente pelos internos. O sentir-se bem num ambiente holístico, vos motivacionais que acercam as condições de trabalho, Herzberg
ambientar pessoas e manter-se em paz e harmonia, com a soma caracterizou como fatores higiênicos.
dos diversos papéis que encaramos neste teatro da vida chamado Ainda dentro da teoria de Herzberg, Chiavenato (2005), aborda
“sociedade”, resulta em uma parcialidade única e que requer cuida- dizendo que para Herzberg a motivação das pessoas para o trabalho
dos e atenção.” (KLAVA, 2010). vai depender de dois fatores, sendo os higiênicos que correspon-
O que os gestores estão buscando são como manter sempre dem ao contexto do trabalho e os motivacionais que correspondem
seus colaboradores satisfeitos, para que assim possam exercer suas ao cargo, tarefas e atividades relacionadas com o cargo.
funções com o rendimento esperado pela organização, de modo “As condições ambientais, no entanto, não são suficientes para
que também, lhe seja prazeroso e satisfatório. Por exemplo, além induzir o estado de motivação para o trabalho. Para que haja moti-
da remuneração, que já foi provado não ser o principal fator moti- vação, de acordo com Herzberg, é preciso que a pessoa esteja sinto-
vacional do ser humano, existe os fatores de relações interpessoais, nizada com seu trabalho, que enxergue nele a possibilidade de exer-
como ambiente de trabalho, o relacionamento com os demais co- citar suas habilidades ou desenvolver suas aptidões.” (MAXIMIANO,
laboradores, são estímulos para que os funcionários se motivem ao 2007 p.268-269).
trabalho. Seguindo ainda a linha das teorias que aborda à motivação
Zanelli (2004), apresenta a teoria X e Y, onde McGregor abordou
que o homem tem aversão ao trabalho, precisa ser controlado e
362
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
punido, só se interessa pela parte financeira que o trabalho irá lhe positivos, colaborador que trabalha satisfeito a organização só ten-
proporcionar, sendo está à teoria X, dentro da teoria Y, McGregor de a crescer, mas para isso é preciso que haja condições; uma desta
diz que o desempenho do homem no trabalho é um fator mais de é favorecer um ambiente de trabalho agradável.
natureza gerencial do que motivacional. O autor ainda acrescenta:
“A conclusão de McGregor foi a de que a prática gerencial As relações das teorias motivacionais contemporâneas e as
apoiada na teoria X ignorava os estudos da motivação desenvolvi- organizações
dos por Maslow, que ressaltavam o quanto a motivação seria decor- A expansão da globalização exige pessoas bem instruídas e
rente da emergência de necessidades humanas dispostas hierarqui- qualificadas. As teorias contemporâneas baseiam-se na necessida-
camente.” (ZANELLI, 2004 p.151-152). de de auto realização, a ambição por um bom cargo e status dos co-
Entende-se pois, que várias teorias foram criadas para abordar laboradores, essas teorias dão ênfase aos estímulos motivacionais
a motivação, cada uma com um enfoque, mais aliadas a analisar de principalmente no trabalho.
forma criteriosa a respeito do comportamento do indivíduo; de que Clayton Alderfer, com a Teoria ERG (Existence, Relatedness,
formas são motivados, quais os mecanismos que poderão ser usados Growth), somou à Teoria das Necessidades descrita por Maslow, in-
para que o processo motivacional aconteça de forma a trazer êxodo formações das organizações contemporâneas, e propôs três grupos
tanto para o indivíduo quanto para a organização. Segundo Chiavena- de motivação no trabalho. O primeiro grupo foi o de existência, que
to (2005, p.247). “Não faltam teorias sobre motivação. Nem pesqui- está associado às necessidades básicas, como descritas por Maslow
sas sobre o assunto. O fato é que o assunto é complexo”. nas necessidades fisiológicas e de segurança. O segundo, as neces-
sidades de relacionamento, desejo que os seres humanos têm em
Processo motivacional manter relações sociais. No último grupo, aparece a necessidade de
De acordo com Chiavenato (2005), a motivação vai estar atrela- crescimento do colaborador, o desejo por cargos e status dentro da
da com o comportamento humano, quando este pretende alcançar organização, realização pessoal dá ênfase as necessidades de nível
algum objetivo, a uma variedade de fatores que poderão influenciar alto da teoria de Maslow. “Um desejo intrínseco de desenvolvimen-
a motivação do indivíduo, quando o mesmo tem uma determinada to pessoal. Isto inclui os componentes intrínsecos da categoria esti-
necessidade, imediatamente busca mecanismos que faz com que a ma de Maslow, bem como as características da necessidade de auto
satisfação seja suprida de forma a lhe garantir um conforto e reali- realização”. (ROBBINS, 2005 p.136).
zação, ainda segundo o autor: David McClelland e sua equipe deram ênfase a três necessi-
“Os seres humanos são motivados por uma grande variedade dades: realização, poder e associação; que aparecem de forma di-
de fatores. O processo motivacional pode ser explicado da seguinte ferenciada em cada pessoa, caracterizando-as. A necessidade de
forma: as necessidades e carências provocam tensão e desconforto realização, a compulsão por eficiência, o desejo de ser cada vez
na pessoa e desencadeiam um processo que busca reduzir ou eli- melhor, e suprir sua necessidade pessoal, os grandes realizadores
minar a tensão. A pessoa escolhe um curso de ação para satisfazer se destacam das outras pessoas pelo seu desejo de fazer melhor as
determinada necessidade ou carência. Se a pessoa consegue satis- coisas. As pessoas que gostam de estar no comando, se caracteriza
fazer a necessidade, o processo motivacional é bem-sucedido. Essa pela necessidade de poder, em estar liderando e preferem situa-
avaliação do desempenho determina algum tipo de recompensa ou ções competitivas e de status, tendem a se preocupar mais com o
punição à pessoa.” (CHIAVENATO, 2005 p. 273). prestígio e a influência do que propriamente com o desempenho
Essas considerações referentes à motivação nos levam a enten- eficaz. “Pessoas orientadas pela necessidade de associação buscam
der que o processo motivacional está intimamente ligado ao com- a amizade, preferem situações de cooperação em vez de compe-
portamento do indivíduo, ou seja, o que ele busca alcançar; é claro tição e desejam relacionamentos que envolvam um alto grau de
e faz se lembrar que o ambiente é fator preponderante para a busca compreensão mútua.” (ROBBINS, 2005 p.139)
da realização das necessidades, vários fatores são responsáveis pela As demais teorias, como, a teoria da fixação de objetivos, ênfa-
motivação humana. Dentro do contexto organizacional entende-se, se na produtividade; teoria do reforço, qualidade e volume de tra-
pois que o clima organizacional está relacionado com a motivação, balho; teoria do planejamento do trabalho, produtividade, absente-
segundo Chiavenato (2005). ísmo, satisfação e rotatividade; teoria da equidade, ponto forte na
“O clima organizacional está intimamente relacionado com o previsão do absenteísmo e da rotatividade; e a teoria da expectati-
grau de motivação de seus participantes. Quando há elevada moti- va, o colaborador se sente motivado sabendo que a força exercida
vação entre os membros, o clima organizacional se eleva e traduz- para objetivo terá o resultado esperado.
-se em relações de satisfação, animação, interesse, colaboração ir- “O ambiente de trabalho moderno é, para dizer o mínimo, desafia-
restrita etc., todavia, quando a baixa motivação entre os membros, dor. O sucesso das organizações e das pessoas que as fazem funcionar
seja por frustração ou imposição de barreiras a satisfação, das ne- não vem fácil. Essa era de contrastes abre a porta para a criatividade na
cessidades, o clima organizacional tende a baixar, caracterizando-se administração. Os ganhos em produtividade, desempenho e lealdade
por estados de depressão, desinteresse, apatia, insatisfação etc., do consumidor ficam à disposição daqueles que realmente respeitam
podendo em casos extremos chegar ao estado de agressividade, tu- as necessidades dos trabalhadores, tanto no emprego quanto na vida
multo, inconformismo etc., típicos de situação em que os membros pessoal.” (KLAVA apud SCHERMERHORN et al, 2010).
se defrontam abertamente com a organização, como nos casos de As teorias motivacionais contemporâneas trouxeram uma nova
greves, piquetes etc.” (CHIAVENATO, 2005 p. 269). roupagem, sobre a motivação do indivíduo, adequando as teorias
Portanto, os gestores devem compreender que o clima organi- anteriores a um contexto organizacional moderno e desafiador, que
zacional é fator de grande importância nas organizações, a partir do as organizações terão que enfrentar.
momento que a organização oferece um ambiente que seja propí-
cio para o colaborador se sentir motivado, animado e interessado
com o trabalho, a organização caminhará ao alcance dos resultados
363
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
364
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
17. Quais são os temas críticos abordados pela sociologia 25. O que a psicologia do trabalho feudal destaca em relação à
aplicada ao trabalho no cenário contemporâneo? falta de reconhecimento do valor do trabalho?
(A) Exclusivamente questões políticas (A) Aumento da pressão no trabalho
(B) Desafios no acesso a oportunidades laborais, precarização (B) Desconsideração do bem-estar emocional
do trabalho e mudanças nas formas de emprego (C)Adversidade nas relações pessoais
(C) Nenhuma abordagem contemporânea (D)Afeta a saúde mental dos trabalhadores
(D) Apenas aspectos econômicos
26. No contexto do trabalho livre desprotegido, como a
18. O que a psicologia busca ao enfrentar desafios sociologia aplicada ao trabalho analisa as relações de poder?
contemporâneos na organização de trabalho? (A) Ignorando as relações laborais
(A) Ignorar a saúde mental (B) Analisando hierarquias organizacionais
(B) Desconsiderar o bem-estar emocional (C) Focando apenas na divisão do trabalho
(C) Promover ambientes laborais saudáveis (D) Desconsiderando as estruturas sociais
(D) Aumentar a pressão no trabalho
27. Qual é a preocupação central da psicologia aplicada ao
19. No contexto das desigualdades sociais, como a sociologia trabalho no trabalho livre desprotegido?
aplicada destaca a organização de trabalho? (A) Ignorar a saúde mental
(A) Refletindo igualdade absoluta (B) Desconsiderar o bem-estar emocional
(B) Ignorando desigualdades (C) Promover ambientes laborais saudáveis
(C)Reflexo e perpetuação de disparidades (D) Aumentar a pressão no trabalho
(D) Sem impacto nas desigualdades
28. Como a sociologia aplicada destaca a ausência de proteção
20. O que é essencial para moldar futuras práticas de trabalho no trabalho livre desprotegido?
mais justas, equitativas e humanas, segundo os textos? (A) Reflexo de igualdade absoluta
(A) Ignorar a sociologia (B) Ignorando desigualdades
(B) Desconsiderar as transformações tecnológicas (C) Reflexo e perpetuação de disparidades
(C) Compreensão das dinâmicas sociais e psicológicas (D) Sem impacto nas desigualdades
(D) Focar apenas nas exigências do trabalho
29. O que a psicologia aplicada ao trabalho examina no contexto
21. Como a sociologia aplicada ao trabalho aborda o trabalho do trabalho livre desprotegido?
escravizado? (A) Impacto apenas econômico
(A) Ignorando as relações laborais (B) Efeitos psicológicos nas relações pessoais
(B) Analisando hierarquias organizacionais (C) Adaptação dos trabalhadores e impacto psicológico
(C) Enfocando apenas a divisão do trabalho (D) Desconsidera os efeitos psicológicos
(D) Desconsiderando as estruturas sociais
30. Como a sociologia e a psicologia aplicada ao trabalho
22. Qual é o papel da sociologia na análise do trabalho contribuem para enfrentar as consequências do trabalho
escravizado no contexto histórico? escravizado?
(A) Irrelevância para as estruturas sociais (A) Ignorando as dimensões sociais e psicológicas
(B) Influência nas estruturas sociais (B) Analisando apenas as estruturas sociais
(C) Ausência de impacto nas estruturas sociais (C) Desconsiderando os impactos psicológicos
(D) Desconhecimento das transformações (D) Oferecendo ferramentas para analisar e transformar as re-
alidades
23. O que a psicologia aplicada ao trabalho investiga em relação
às experiências individuais dos escravizados? 31 - O que representou o artesanato nas fases iniciais da
(A) Impacto apenas econômico industrialização?
(B) Efeitos psicológicos nas relações pessoais (A)Uma forma tradicional de produção
(C) Adaptação dos trabalhadores e impacto psicológico (B) Uma tecnologia avançada
(D) Desconsidera os efeitos psicológicos (C) Um precursor da automação
(D) Um método agrícola
24. Como o sistema feudal é descrito sob a perspectiva
sociológica? 32 - Como eram organizados os artesãos durante o período
(A) Refletindo igualdade absoluta pré-industrial?
(B) Ignorando desigualdades (A) Em grandes fábricas
(C) Reflexo e perpetuação de disparidades (B) Em pequenas oficinas
(D)Sem impacto nas desigualdades (C) Em linhas de produção automatizadas
(D)Isolados em suas casas
365
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
33 - O que a transição para a industrialização trouxe para a 41 - Qual foi o século em que o movimento operário ganhou
estrutura do trabalho artesanal? expressiva força como resposta às transformações da Revolução
(A) Desaparecimento imediato Industrial?
(B) Novas tecnologias para o artesanato (A) Século XVIII
(C) Desafios e transformações (B) Século XIX
(D) Autonomia total para os artesãos (C) Século XX
(D) Século XXI
34 - Qual foi o papel da manufatura na Revolução Industrial?
(A) Produção artesanal 42 - O que motivou a formação de sindicatos e movimentos
(B) Estágio intermediário coletivos durante o movimento operário?
(C)Produção fabril plena (A) Busca por direitos civis
(D) Retorno ao artesanato (B) Luta pela igualdade de gênero
(C) Melhorias nas condições de trabalho
35 - O que caracterizou a manufatura em termos de organização (D) Inclusão social
do trabalho?
(A) Produção fabril em grande escala 43 - Qual perspectiva destaca as mudanças nas estruturas
(B) Uso intensivo de máquinas sociais causadas pela organização dos trabalhadores?
(C)Escala intermediária e especialização (A) Psicologia aplicada
(D)Trabalho manual tradicional (B) Sociologia aplicada
(C) Ambas
36 - Como a manufatura influenciou as relações entre os (D)Nenhuma das opções
trabalhadores?
(A) Tornou-as mais impessoais e hierárquicas 44 - O que o envolvimento em sindicatos e movimentos
(B) Promoveu a igualdade coletivos proporcionou aos trabalhadores, de acordo com a
(C) Reduziu a divisão de classes psicologia aplicada?
(D) Reforçou a autonomia individual (A)Solidariedade e pertencimento
(B) Alienção e isolamento
37 - Quais foram os desafios psicológicos para os trabalhadores (C)Desmotivação e desinteresse
na manufatura? (D) Competitividade e individualismo
(A) Autonomia e padronização
b) Criatividade e identidade 45 - Além das condições imediatas de trabalho, o movimento
(C) Isolamento e monotonia operário evoluiu para abordar quais outras questões?
(D) Estresse e jornadas curtas (A) Direitos civis e igualdade de gênero
(B) Inovações tecnológicas
38 - O que a maquinofatura introduziu nas estruturas sociais? (C)Sustentabilidade ambiental
(A) Uso intensivo de máquinas (D)Igualdade de gênero, inclusão e justiça social
(B) Fragmentação do trabalho
(C) Transição para a produção artesanal 46 - O que a participação ativa no movimento operário
(D) Perda de identidade profissional proporcionou aos trabalhadores sob uma perspectiva psicológica?
(A) Sentimento de impotência
39 - Como a automação na maquinofatura afetou a identidade (B) Sensação de alienação
dos trabalhadores? (C) Senso de agência
(A) Reforçou a autonomia (D)Desmotivação constante
(B) Não teve impacto significativo
(C) Transformou-a devido à especialização 47 - Como a sociologia aplicada ao trabalho contribui para a
(D) Reduziu a fragmentação do trabalho compreensão do movimento operário?
(A) Evidenciando o impacto psicológico nas lutas coletivas
40 - O que a mecanização da produção desencadeou nas (B) Explorando as condições imediatas de trabalho
dimensões sociológicas e psicológicas do trabalho? (C)Destacando as alterações nas estruturas sociais
(A) Estagnação no desenvolvimento industrial (D)Ignorando as complexidades das lutas coletivas
(B) Aumento da produção artesanal
(C) Mudanças radicais na estrutura social 48 - O que fortalecia a autoestima e a autoeficácia dos
(D) Minimização das relações entre empregadores e emprega- trabalhadores durante o movimento operário, de acordo com a
dos psicologia aplicada?
(A) Jornadas extenuantes
(B) Condições precárias
(C) Envolvimento em protestos e negociações coletivas
(D) Ausência de regulamentação
366
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
16 C ______________________________________________________
17 B ______________________________________________________
18 C
______________________________________________________
19 C
20 C ______________________________________________________
21 B ______________________________________________________
22 B
______________________________________________________
23 C
______________________________________________________
24 C
25 D ______________________________________________________
26 B ______________________________________________________
27 C
______________________________________________________
28 C
29 C ______________________________________________________
30 D ______________________________________________________
367
EIXO TEMÁTICO 3 - SOCIOLOGIA E PSICOLOGIA APLICADAS AO TRABALHO
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________
368
EIXO TEMÁTICO 4 - SEGURANÇA E SAÚDE DO
TRABALHADOR E DA TRABALHADORA
369
EIXO TEMÁTICO 4 - SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA TRABALHADORA
Além disso, o ambiente de trabalho envolve as responsabilida- O ambiente de trabalho em si também pode provocar doenças.
des legais e morais de assegurar um local de trabalho livre de riscos Uma definição mais ampla de saúde é um estado físico, mental e
desnecessários e de condições ambientais que possam provocar social de bem-estar. Essa definição enfatiza as relações entre corpo,
danos à saúde física e mental das pessoas. As doenças profissionais mente e padrões sociais. A saúde de um empregado pode ser pre-
e os acidentes do trabalho provocam enormes prejuízos as pessoas judicada por doenças, acidentes ou estresse.
e as organizações2 em termos de custos humanos, sociais e finan- Os gerentes devem assumir também a responsabilidade de cui-
ceiros. dar do estado geral de saúde dos funcionários, incluindo seu bem-
Eles podem ocorrer casualmente, mas podem ser evitados -estar psicológico. Um funcionário excelente e competente, mas de-
através de programas preventivos e profiláticos. Nas últimas dé- primido e com baixa autoestima, pode ser tão improdutivo quanto
cadas, foram feitos muitos progressos na redução e prevenção de um funcionário doente e hospitalizado. A saúde ocupacional está
doenças e acidentes relacionados com o trabalho. relacionada com a assistência médica preventiva.
A Portaria nº. 24/94 do Ministério do Trabalho instituiu o Pro-
Assim, os principais itens do programa de higiene do trabalho grama de Controle Médico de Saúde Ocupacional, que exige o exa-
estão relacionados com: me médico pré-admissional, o exame médico periódico, o de re-
torno ao trabalho (no caso de afastamento superior a 30 dias), o
1. Ambiente físico de trabalho. Envolvendo: · de mudança efetiva de função, antes da transferência e o exame
- Iluminação: luminosidade adequada a cada tipo de atividade. médico demissional, nos 15 dias que antecedem o desligamento
· definitivo do funcionário.
- Ventilação: remoção de gases, fumaça e odores desagradá- O programa de medicina ocupacional envolve os exames médi-
veis, bem como afastamento de possíveis fumantes ou utilização cos exigidos legalmente, além de executar programas de proteção
de máscaras. · da saúde dos funcionários, palestras de medicina preventiva, elabo-
-Temperatura: manutenção de níveis adequados de tempera- ração do mapa de riscos ambientais, relatório anual e arquivos de
tura. · exames médicos com avaliação clínica e exames complementares,
-Ruídos: remoção de ruídos ou utilização de protetores auri- visando a qualidade de vida dos funcionários e maior produtividade
culares. da organização.
Os programas de saúde começaram a atrair a atenção muito
2. Ambiente psicológico de trabalho. Envolvendo: recentemente. As consequências de programas inadequados são
-Relacionamentos humanos agradáveis. perfeitamente mensuráveis: aumento de pagamentos por indeniza-
-Tipo de atividade agradável e motivadora. ções, aumento dos afastamentos por doença, aumento dos custos
-Estilo de gerencia democrático e participativo. de seguros, aumento do absenteísmo e rotatividade do pessoal,
-Eliminação de possíveis fontes de estresse. baixa produtividade e baixa qualidade, além de pressões sindicais.
3. Aplicação de princípios de ergonomia. Envolvendo: Um programa de saúde ocupacional requer as seguintes eta-
-Máquinas e equipamentos adequados as características hu- pas:
manas. 1. Estabelecimento de um sistema de indicadores, abrangendo
-Mesas e instalações ajustadas ao tamanho das pessoas. estatísticas de afastamentos e acompanhamento de doenças.
-Ferramentas que reduzam a necessidade de esforço físico hu- 2. Desenvolvimento de sistemas de relatórios médicos.
mano. 3. Desenvolvimento de regras e procedimentos para prevenção
médica.
4. Saúde ocupacional. Envolvendo aspectos que veremos a 4. Recompensas aos gerentes e supervisores pela administra-
seguir. Um ambiente de trabalho agradável pode melhorar o rela- ção eficaz da função de saúde ocupacional.
cionamento interpessoal e a produtividade, bem como reduzir aci-
dentes, doenças, absenteísmo e rotatividade do pessoal. Fazer do Estresse no trabalho
ambiente de trabalho um local agradável tornou-se uma verdadeira Estresse é um conjunto de reações físicas, químicas e mentais
obsessão para as empresas bem-sucedidas. de uma pessoa decorrente de estímulos ou estressores que existem
no ambiente.
Saúde Ocupacional É uma condição dinâmica, na qual uma pessoa é confrontada
com uma oportunidade, restrição ou demanda relacionada com o
Uma maneira de definir saúde e a ausência de doenças. Con- que ela deseja. O autoritarismo do chefe, a desconfiança, a pressão
tudo, os riscos de saúde como riscos físicos e biológicos, tóxicos e das exigências e cobranças, o cumprimento do horário de trabalho,
químicos, bem como condições estressantes de trabalho podem a chateza e monotonia de certas tarefas, o baixo astral dos cole-
provocar riscos no trabalho. gas, a falta de perspectiva de progresso profissional e a insatisfação
pessoal não somente derrubam o bom humor das pessoas, como
também provocam estresse no trabalho.
O estresse é a soma das perturbações orgânicas e psíquicas
provocadas por diversos agentes agressores, como: traumas, emo-
2 CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de pessoas: e o novo papel dos recursos ções fortes, fadiga, exposição a situações conflitivas e problemáticas
humanos nas organizações. 2ed. Rio de Janeiro: Elsevier. MARRAS, Jean Pierre.
Administração de Recursos Humanos: do operacional ao estratégico. 5 ed. São etc. Certos fatores relacionados com a trabalho, como sobrecarga
Paulo: Futura.
370
EIXO TEMÁTICO 4 - SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA TRABALHADORA
de atividade, pressão de tempo e urgência, relações problemáticas 7. Encontre tempo para desligar-se das preocupações e relaxar.
com chefes ou clientes que provocam reações como nervosismo, 8. Ande pelo escritório para manter sua mente tranquila e aler-
inquietude, tensão etc. ta.
Alguns problemas humanos - como dependência de álcool e 9. Verifique os ruídos em seu trabalho e busque meios para
abuso de drogas - muitas vezes são decorrentes do estresse no tra- reduzi-los.
balho ou na família. Existem duas fontes principais de estresse no 10. Saia do escritório algumas vezes para mudar de cena e es-
trabalho: ambiental e pessoal. friar a cuca.
Primeiro, uma variedade de fatores externos e ambientais 11. Reduza o tempo em que concentra sua atenção. Delegue
pode conduzir ao estresse no trabalho. Incluem a programação do rotina e papelório.
trabalho, tranquilidade, segurança, fluxo e o número e natureza dos 12. Limite interrupções: programe períodos de isolamento e
clientes internos ou externos a serem atendidos. Pesquisas revelam outros de reuniões.
que o ruído ambiental, decorrente de máquinas funcionando, pes- 13. Não fique muito tempo lidando com problemas desagra-
soas conversando e telefones tocando, contribui para o estresse em dáveis.
54% das atividades de trabalho. 14. Faça uma relação de assuntos preocupantes. Liste os pro-
Cada pessoa reage sob diferentes maneiras na mesma situação blemas prioritários e as providências sobre cada um para que não
aos fatores ambientais que provocam o estresse. Personalidades do fiquem rondando a sua memória.
tipo A - aquelas pessoas que são viciadas no trabalho (workaholics)
e que são impulsionadas para alcançar metas - geralmente estão A organização, os gerentes de linha e os especialistas de RH po-
mais sujeitas ao estresse do que as outras. dem colaborar na identificação e redução do estresse no trabalho.
Sua tolerância para a ambiguidade, paciência, autoestima, Para o gerente de linha, isso inclui monitorar cada subordinado para
saúde e exercícios físicos e hábitos de trabalho e de sono afetam a identificar sintomas de estresse e informar os remédios organizacio-
maneira como elas reagem ao estresse. Além do trabalho, proble- nais disponíveis, como transferências de cargo ou aconselhamento.
mas pessoais, familiares, conjugais, financeiros e legais ajudam a Os especialistas de RH podem utilizar pesquisas de atitudes
aumentar o estresse dos funcionários. para identificar fontes organizacionais de estresse, refinando os
O estresse no trabalho provoca sérias consequências tanto para procedimentos de seleção e colocação para assegurar uma adequa-
o empregado como para a organização. As consequências humanas ção entre pessoa e cargo bem como propor um planejamento de
do estresse incluem ansiedade, depressão, angústia e várias conse- carreiras em termos de suas atitudes.
quências físicas, como distúrbios gástricos e cardiovasculares, dores
de cabeça, nervosismo e acidentes. Em certos casos, envolvem abu- Hábitos Saudáveis
so de drogas, alienação e redução de relações interpessoais.
Por outro lado, o estresse também afeta negativamente a or- O organismo só pode se manter sadio com a aquisição e ma-
ganização, ao interferir na quantidade e qualidade do trabalho, no nutenção de hábitos saudáveis de vida, que incluem alimentação
aumento do absenteísmo e rotatividade e na predisposição a quei- equilibrada, sono regular, exercícios, higiene e lazer.
xas, reclamações e greves.
O estresse não e necessariamente disfuncional. Algumas pes- Exercícios
soas trabalham bem sob pequena pressão e são mais produtivas O exercício desenvolve o corpo e a mente. Sem exercício, os
em uma abordagem de cobrança de metas. Outras buscam inces- músculos se atrofiam; o aparelho digestivo e os órgãos de elimina-
santemente mais produtividade ou um melhor trabalho. Um nível ção trabalham de maneira insuficiente; os pulmões não se expan-
modesto de estresse conduz a maior criatividade quando uma situ- dem bem, nem recebem a quantidade necessária de oxigênio; e a
ação competitiva conduz a novas ideias e soluções. circulação se torna lenta. O tipo e a quantidade de exercício que o
Como regra geral, muitos empregados não se preocupam com corpo exige e suporta diferem de uma pessoa para outra, segundo a
uma pequena pressão desde que ela possa conduzir a consequên- idade, o sexo, as condições físicas e o gosto pessoal. Os esportes de
cias ou resultados positivos. competição, que exigem treinamento demasiado intenso, não são
recomendados para crianças de pouca idade; os de tipo pesado não
Como reduzir o estresse no trabalho devem ser praticados por meninas em fase de crescimento, embora
Existem várias maneiras de aliviar o estresse, desde maior tem- sejam bem tolerados pelos rapazes da mesma idade.
po de sono a remédios exóticos como biofeedback e meditação. Al-
brecht sugere as seguintes medidas para reduzir a estresse: Postura Correta
Os defeitos de postura acarretam distúrbios da saúde. A boa
1. Relações cooperativas, recompensadoras e agradáveis com postura influi tanto na personalidade quanto na saúde. Uma atitude
as colegas. descuidada faz o indivíduo parecer negligente, além de prejudicar o
2. Não tentar obter mais do que cada um pode fazer. desempenho de certas funções orgânicas. Para conseguir uma pos-
3. Relações construtivas e eficazes com a gerente. tura correta são fatores importantes o tono muscular e a criação de
4. Compreender os problemas do chefe e ajudá-lo a compre- hábitos adequados. Qualquer exercício que melhore o tono mus-
ender as seus. cular (esporte ou o simples caminhar) contribui para a aquisição
5. Negociar com o gerente metas realísticas para a seu traba- de uma boa postura. Quando a postura incorreta chega a causar
lho. Esteja preparado para propor metas, apesar daquelas que lhe perturbações físicas, é conveniente procurar um médico especia-
foram impostas. lizado, que aconselhará exercícios apropriados, uso de aparelhos
6. Estude o futuro e aprenda como se defrontar com eventos para manter o dorso ereto e outras providências.
possíveis.
371
EIXO TEMÁTICO 4 - SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA TRABALHADORA
Cuidado com os pés dos (pelo menos duas vezes por dia) para a necessária limpeza das
As anormalidades dos arcos plantares (longitudinal, ao longo superfícies e dos espaços que os separam e remoção de partículas
do bordo do pé; transversal, entre a base do dedo grande e do dedo alimentares. É recomendável a consulta periódica ao dentista.
mínimo) são causa habitual de dor. O pé chato é desconhecido dos
povos primitivos, já que o hábito de andar descalço mantém o tono Olhos e ouvidos
dos músculos e tendões. Dois exercícios são aconselháveis para os Os olhos precisam receber meticulosa atenção. Não convém
que têm arcos fracos: forçá-los à leitura em ambientes onde seja precária a iluminação.
- Segurar a borda de um tapete com os dedos do pé; A luz artificial, em qualquer ambiente, deve ser bem planejada. É
- Caminhar em volta do quarto sobre o bordo externo do pé aconselhável procurar um oftalmologista de tempos a tempos, prin-
descalço ou com meias. Por vezes, o bem-estar dos pés e o estímu- cipalmente se houver dores de cabeça, enxaquecas ou dificuldades
lo dos músculos e tendões podem ser facilmente obtidos, quando de visão. Os ouvidos devem ser protegidos, na medida do possível,
são eles mergulhados, alternativamente, em água muito quente e de fatores externos que possam afetá-los (água do mar ou das pis-
muito fria. cinas etc.), da mesma maneira que o nariz e a garganta, em que são
frequentes as infecções. É aconselhável a consulta periódica a um
Sono e repouso otorrinolaringologista.
O corpo humano necessita tanto de repouso quanto de ativi-
dade. A maioria dos adultos precisa de seis a nove horas diárias de Prevenção de doenças infecciosas
sono; os jovens devem dormir mais, principalmente nos períodos Medidas importantes na prevenção de doenças infecciosas
de crescimento rápido. Deve-se conservar o hábito de dormir sem- são a filtração e a cloração da água potável, o uso de bebedouros
pre no mesmo horário. A noite é o melhor período para dormir, e copos de papel descartáveis em lugares públicos, a cocção dos
porque o ambiente está escuro e calmo. Dorme-se melhor quando alimentos, a pasteurização e o aquecimento do leite etc. Em rela-
as condições do ambiente propiciam conforto: quarto bem arejado, ção às doenças que se transmite diretamente de pessoa a pessoa, o
roupas adequadas e cobertas apropriadas à temperatura. Durante isolamento dos pacientes é importante para proteger os indivíduos
o sono, o organismo elimina os resíduos acumulados durante o dia, sadios. A vacinação tem sido muito eficaz para deter a difusão de
os músculos relaxam, os tecidos regeneram-se e o cérebro descan- certas doenças infecciosas (varíola, febre tifoide, poliomielite etc.).
sa da atividade a que foi submetido enquanto o indivíduo esteve
acordado. Para os que têm insônia, recomenda-se relaxar bem a Lazer
musculatura. Um banho morno à noite ajuda a conciliar o sono. Não O organismo responde às pressões do dia-a-dia com uma des-
se deve ingerir drogas indutoras do sono sem prescrição médica. carga de hormônios na circulação sanguínea que acelera o meta-
bolismo, o ritmo cardíaco e respiratório e aumenta a pressão san-
Alimentação guínea e a tensão muscular. Submetido continuamente a essas
O regime alimentar deve ser equilibrado e incluir proteínas, pressões, o indivíduo entra em estado de estresse e pode apresen-
carboidratos, gorduras, sais minerais e vitaminas. A hipovitaminose tar problemas circulatórios, digestivos e mentais, como ansiedade,
ou carência de vitaminas pode causar doenças, como escorbuto, depressão e distúrbios de personalidade. Para prevenir o estresse,
beribéri, pelagra e outras. Deve-se comer regularmente e em horas os melhores remédios são o lazer e o relaxamento. Entre as ativida-
certas. Durante as refeições pode-se tomar quantidade moderada des recomendadas estão à dança, prática de esportes individuais ou
de líquidos (leite, sucos de frutas ou água). Entre as refeições prin- em grupo, caminhada ao ar livre, meditação, ioga, leitura, palavras-
cipais deve-se beber bastante água, que é um regulador do funcio- -cruzadas, jogos de cartas e o cultivo de algum passatempo, como
namento dos órgãos e necessário para a eliminação dos produtos colecionar selos e cuidar de animais.
de excreção. O fumo tem efeitos nocivos sobre o sistema nervoso
e os aparelhos respiratório e digestivo. Evitar fumar contribui, por- Higiene do Ambiente do trabalho (Higiene Ambiental)
tanto, para preservar a saúde. Do mesmo modo, aquele que faz uso
imoderado de bebidas alcoólicas não poderá desfrutar de saúde Dentre os fatores que influenciam na qualidade de vida e no
perfeita. trabalho desenvolvido pelos profissionais de uma empresa está a
limpeza e a higiene do local de trabalho, que comprovadamente
Asseio exercem forte influência sobre a produtividade dos colaboradores.
A higiene é fundamental para a saúde. As mãos devem ser la- Isto porque, manter o ambiente de trabalho limpo e organi-
vadas antes das refeições, para eliminar as bactérias e vírus que po- zado garante um melhor aproveitamento dos espaços, bem como
dem ser levados à boca e infectar o organismo. O descanso do corpo proporciona bem-estar e qualidade de vida para os profissionais
requer banhos frequentes para tirar o pó, o suor e a descamação da que ali passam a maior parte do seu dia, auxiliando consequente-
epiderme morta. É desaconselhável o banho após refeições abun- mente também no desempenho dos funcionários.
dantes, pois a atividade digestiva subtrai muito sangue à circulação Nesse sentido, a higiene do trabalho refere-se a técnicas e mé-
periférica, o que pode causar cãibras e resfriados. Convém esperar todos como, limpeza, conservação e cuidados que quando imple-
pelo menos uma hora antes de tomar o banho. O cabelo e o couro mentados, evitam doenças.
cabeludo devem ser conservados limpos da descamação que conti- Vale ressaltar ainda que, manter o ambiente de trabalho limpo
nuamente se produz. As unhas devem ser cuidadas, cortadas con- e higienizado, também previne acidentes e garante a manutenção
venientemente e mantidas sempre limpas. Os vernizes e pinturas dos equipamentos da organização.
para unhas às vezes são prejudiciais. Os dentes devem ser escova- Além do aspecto visual, incluindo poeira, manchas no chão, ba-
nheiros com odores fortes, equipamentos com teias de aranhas, en-
tre outros, existe ainda a sujeira que não está visível a olho nu e que
372
EIXO TEMÁTICO 4 - SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA TRABALHADORA
também pode afetar a saúde dos trabalhadores, como por exemplo - Alguns EPIs, como por exemplo os protetores auriculares, de-
as bactérias, os ácaros e demais microrganismos que podem causar vem ser higienizados com mais frequência.
tosses, pneumonia, meningite, entre outras complicações capazes - Os equipamentos devem secar na sombra- é importante evi-
de comprometer a produtividade dos funcionários e, por consequ- tar o sol, pois o calor pode danificar o material e causar danos como
ência, os lucros da empresa. rachaduras, por exemplo.
Dentre os problemas causados pela falta de organização e hi- - O EPI deve ser guardado sempre seco. Um equipamento úmi-
giene do ambiente de trabalho, podemos citar 3: do pode desencadear a proliferação de bactérias.
- Funcionários menos motivados e consequente redução na - Armazenamento adequado: evite guardar o EPI junto com ou-
produtividade; tros materiais.
- Cansaço; - A higienização e a manutenção devem ser periódicas.
- Menor qualidade de vida;
- Diminuição da higiene pessoal, já que o ambiente está sujo; Nos casos em que o ambiente de trabalho tiver cozinhas ou
- Aumento de doenças infecciosas (inclusive as graves, como áreas para alimentação, devem ser observadas as seguintes orien-
dengue); tações de higiene dos equipamentos e utensílios:
- Diminuição da vida útil dos equipamentos e outros materiais - Fogão: deve ser limpo todos os dias com água, sabão e saniti-
de trabalho. zante, depois que a chapa estiver fria;
- Geladeira e freezer: devem ser bem limpos por dentro e por
Além dos problemas mencionados e da diminuição do desem- fora, a geladeira uma vez por semana e o freezer quinzenalmente,
penho da equipe, um ambiente de trabalho sujo e mal organizado com água, sabão e sanitizantes e devem ser bem secos com pano
causa um impacto negativo nos clientes. Já um ambiente limpo e limpo, antes de recolocar os alimentos.
organizado, transmite mais confiança e segurança para quem visita Utensílios, panelas, assadeiras: devem ser lavadas e sanitizadas
uma empresa, fator fundamental no meio corporativo. antes e após serem utilizadas e, assim, como em outros utensílios
Os funcionários de uma empresa também devem colaborar devem ser observados se não há nenhum resíduo, pois pode ser um
para a manutenção da higiene do ambiente de trabalho, devendo foco de contaminação. Lembrando que:
evitar alguns comportamentos como por exemplo, comer em locais - os resíduos maiores devem ser descartados no lixo, antes de
inadequados, acumular lixo, bem como sujar banheiros e ambien- iniciar a lavagem para evitar que entupa os ralos;
tes coletivos. - se o utensílio cair no chão deve ser lavado e sanitizado antes
do uso;
Higiene dos Equipamentos e Utensílios - se for usar o mesmo utensílio que cortou um alimento para
cortar outro, antes deve ser lavado para evitar a contaminação cru-
Em todos os tipos de atividades, os equipamentos e utensílios zada;
utilizados pelos colaboradores devem observar os padrões de higie- A higiene do local de trabalho e dos equipamentos e utensílios
ne sanitários adequados, de modo a garantir e preservar a saúde e são ações eficazes e contínuas de controle de pragas urbanas, tendo
a segurança dos trabalhadores. o objetivo de impedir a atração, o abrigo, o acesso e ou proliferação
Equipamentos e utensílios com higienização inadequada par- dos mesmos.
ticipam isoladamente ou associados a outros fatores, de surtos de Mas se estas medidas de prevenção não forem tão eficazes, o
doenças, razão pela qual os utensílios devem passar constantemen- controle químico deve ser feito por uma empresa especializada, a
te por procedimentos de higienização. qual deve estabelecer procedimentos de pré e pós-tratamento, a
Além disso um procedimento precário de higienização permi- fim de evitar a contaminação dos equipamentos, utensílios e ali-
te que resíduos aderidos aos equipamentos e superfícies transfor- mentos. Lembrando que após a aplicação os equipamentos e uten-
mem-se em potencial fonte de contaminação e proliferação de do- sílios que forem utilizados deverão ser higienizados.
enças, por isso precisam ser lavados antes e após o uso com água,
sabão e sanitizante, protegendo as áreas sensíveis dos equipamen- O estudo dos agravos à saúde do trabalhador visa compreender
tos (partes elétricas dos motores, etc), observando se não há ne- e analisar os diversos impactos na saúde decorrentes das condições
nhum resíduo acumulado. laborais e do ambiente de trabalho. Esses agravos podem envolver
Nesse sentido, os equipamentos de proteção individual e cole- uma variedade de fatores, incluindo exposição a agentes nocivos,
tiva também devem passar por constantes procedimentos de lim- riscos ocupacionais, condições ergonômicas inadequadas, aspectos
peza e higienização, como forma de manter a integridade do mate- psicossociais do trabalho e outros elementos que afetam a saúde
rial e diminuir riscos de acidentes e doenças, preservando assim a física e mental dos trabalhadores. Aqui estão alguns aspectos im-
qualidade dos mesmos, e, consequentemente, a integridade física portantes relacionados a esse estudo:
de seus colaboradores. 1. Definição de agravos à saúde do trabalhador: os agravos à
Cada equipamento de proteção exige um tipo de manutenção saúde do trabalhador referem-se a danos, prejuízos ou efeitos ad-
e higienização, a fim de funcionar corretamente e proteger o usuá- versos na saúde decorrentes das atividades laborais. Isso pode in-
rio, como por exemplo: cluir lesões, doenças ocupacionais, distúrbios psicossociais, entre
- Se o EPI for descartável, o descarte após o uso deverá ser feito outros.
em local próprio e adequado, contudo, se ele for permanente é ne- 2. Lesões e acidentes de trabalho: lesões físicas resultantes de
cessário que seja lavado, sempre com sabão neutro e água corrente acidentes de trabalho são consideradas agravos à saúde do traba-
e o deixe secar até o dia seguinte. Nem todos os EPIs devem ser lhador. Isso inclui quedas, contusões, cortes, queimaduras e outros
lavados, às vezes é melhor descartar e comprar um novo. eventos que causam danos físicos imediatos.
3 https://drlavatudo.com/blog/higiene-no-ambiente-de-trabalho/
373
EIXO TEMÁTICO 4 - SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA TRABALHADORA
3. Doenças ocupacionais: doenças ocupacionais são aquelas diretamente relacionadas ao tipo de trabalho realizado. Exemplos in-
cluem doenças respiratórias devido à exposição a substâncias tóxicas, transtornos musculoesqueléticos devido a esforços repetitivos e
exposição a agentes cancerígenos.
4. Condições ergonômicas inadequadas: agravos à saúde do trabalhador podem surgir de condições ergonômicas precárias, levando
a problemas como lesões por esforço repetitivo (LER), distúrbios musculoesqueléticos e problemas posturais.
5. Aspectos psicossociais do trabalho: fatores psicossociais, como estresse no trabalho, assédio, carga excessiva de trabalho e falta
de autonomia, podem impactar a saúde mental dos trabalhadores, resultando em agravos como ansiedade, depressão e esgotamento
profissional.
6. Exposição a agentes nocivos: trabalhadores expostos a agentes químicos, físicos ou biológicos nocivos no ambiente de trabalho
podem sofrer agravos à saúde, incluindo intoxicações, alergias e doenças infecciosas.
7. Vigilância em saúde do trabalhador: a vigilância em saúde do trabalhador envolve a coleta e análise de dados relacionados à saúde
dos trabalhadores para identificar agravos, padrões de doenças e riscos ocupacionais. Isso permite a implementação de medidas preven-
tivas e corretivas.
8. Participação dos trabalhadores: a participação ativa dos trabalhadores é crucial no estudo dos agravos à saúde. A escuta atenta dos
trabalhadores sobre suas condições laborais pode fornecer insights valiosos para a identificação e prevenção de agravos.
9. Políticas de saúde e segurança no trabalho: a implementação eficaz de políticas de saúde e segurança no trabalho desempenha um
papel significativo na prevenção de agravos à saúde dos trabalhadores. Isso envolve a criação de normas, regulamentações e práticas que
promovam ambientes laborais seguros e saudáveis.
10. Integração de medidas preventivas: a abordagem mais eficaz para lidar com agravos à saúde do trabalhador é a integração de
medidas preventivas, incluindo treinamento adequado, uso de equipamentos de proteção individual (EPIs), monitoramento constante das
condições de trabalho e promoção de ambientes laborais saudáveis.
A compreensão desses agravos permite a implementação de medidas preventivas e a promoção de práticas que protejam a saúde física
e mental dos trabalhadores em diferentes setores e atividades profissionais.
Destaca-se que é fundamental esgotar todas as possibilidades de controle dos fatores de risco nos ambientes de trabalho por meio de
medidas coletivas antes de considerar as de proteção individual. Algumas dessas medidas incluem:
– Educação permanente em saúde e fornecimento de informações aos trabalhadores.
– Acompanhamento por equipes de saúde, seguindo os procedimentos estabelecidos no Programa de Controle Médico e Saúde Ocu-
pacional, e monitoramento sistemático da situação de saúde para identificar alterações ou agravos resultantes da exposição a fatores de
risco no trabalho.
– Identificação dos riscos e perigos no ambiente de trabalho, com recomendação de medidas corretivas para cada situação observada.
– Adoção de normas de saúde e segurança no trabalho, incluindo as Normas Regulamentadoras, e boas práticas de funcionamento
conforme as orientações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
374
EIXO TEMÁTICO 4 - SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA TRABALHADORA
Quando o uso de equipamentos de proteção individual for ne- 1.5.4.3.1 A etapa de identificação de perigos deve incluir:
cessário, esses devem ser adequados aos riscos, às situações reais a) descrição dos perigos e possíveis lesões ou agravos à saúde;
de trabalho e às especificações e diferenças individuais dos traba- b) identificação das fontes ou circunstâncias; e
lhadores. Além disso, é fundamental que esses equipamentos te- c) indicação do grupo de trabalhadores sujeitos aos riscos.
nham garantia de qualidade, e sua efetividade deve ser avaliada em
situações e condições de uso cotidianas. Os trabalhadores devem 1.5.4.3.2 A identificação dos perigos deve abordar os perigos
ser devidamente capacitados sobre o uso dos equipamentos de externos previsíveis relacionados ao trabalho que possam afetar a
proteção individual, enquanto os empregadores têm a responsabi- saúde e segurança no trabalho.
lidade de realizar o acompanhamento da utilização, manutenção,
reposição periódica e higienização desses equipamentos.
O processo de investigação da relação entre a doença ou agravo
ACIDENTE DO TRABALHO: DEFINIÇÃO E LEGISLAÇÃO
e o trabalho é preferencialmente conduzido por uma equipe multi-
PREVIDENCIÁRIA. EQUIPARAÇÃO DOS ACIDENTES
disciplinar, embora qualquer profissional de saúde possa realizar a
DE TRABALHO ÀS DOENÇAS RELACIONADAS
investigação epidemiológica e estabelecer a conexão com o traba-
AO TRABALHO. EMISSÃO DE COMUNICAÇÃO
lho. A primeira etapa envolve o reconhecimento de casos suspeitos,
DE ACIDENTE DO TRABALHO (CAT). MODELOS,
que inclui a identificação do usuário como trabalhador e uma escu-
METODOLOGIAS, ETAPAS DA ANÁLISE DE ACIDENTES
ta qualificada das queixas pelo profissional de atendimento.
DE TRABALHO E TECNOLOGIAS DE PREVENÇÃO E
Em situações mais complexas ou quando o profissional de aten-
COMBATE A SINISTROS. ESTUDO DE FATORES CAUSAIS
dimento se sentir inadequadamente preparado, é recomendável
EM EVENTOS OCUPACIONAIS ADVERSOS. ACIDENTES
acionar os órgãos de vigilância e os Centros de Referência em Saúde
AMPLIADOS, PLANIFICAÇÃO DE EMERGÊNCIAS
do Trabalhador para obter apoio especializado, facilitando a com-
E CATÁSTROFES. PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIO
preensão da relação entre o evento de saúde e o trabalho.
E EXPLOSÕES. CUIDADOS E PROTOCOLOS COM
Para estabelecer a relação com o trabalho, são considerados a
RESPEITO AO TRABALHO EM ESPAÇOS CONFINADOS.
anamnese ocupacional, o exame clínico, a avaliação de relatórios
PRIMEIROS SOCORROS
e exames complementares, além da história clínica e ocupacional
atual e pregressa do trabalhador. Isso envolve verificar se: Acidentes do trabalho
– Existe compatibilidade entre a doença ou agravo e uma altera- Os adicionais de insalubridade e periculosidade, assim como
ção corporal/funcional específica. o adicional noturno, são chamados de salários-condição, ou seja,
– Houve identificação e caracterização da exposição a agentes tais parcelas só serão devidas enquanto existirem os motivos que
no ambiente e nos processos de trabalho potencialmente causado- deram ensejo ao recebimento. Releia a Súmula nº 80 do TST.
res da doença ou agravo.
– A atividade desenvolvida expõe o trabalhador ao risco de do- O art. 19, caput, da Lei no 8.213/1991 fixa um conceito para o
ença ou agravo. acidente de trabalho:
– O trabalho foi um dos fatores causais da ocorrência ou contri-
buiu para o agravamento da doença ou agravo. Art. 19. Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do
trabalho a serviço de empresa ou de empregador doméstico ou pelo
Outros aspectos relevantes para a condução da investigação exercício do trabalho dos segurados referidos no inciso VII do art. 11
incluem o conhecimento e avaliação do local e da organização do dessa lei, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que
trabalho, através de inspeção sanitária em saúde do trabalhador; cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária,
o levantamento de dados epidemiológicos; a consulta à literatura da capacidade para o trabalho.
científica; a investigação de eventos anteriores ocorridos em traba-
lhadores expostos a riscos semelhantes; e a coleta de depoimentos Acidente do trabalho típico4 é o que ocorre pelo exercício
e experiências dos próprios trabalhadores. do trabalho a serviço de empresa ou de empregador doméstico,
provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause
Segundo NR-01: a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da
NR 01 - DISPOSIÇÕES GERAIS e GERENCIAMENTO DE RISCOS capacidade para o trabalho (art. 19, Lei n. 8.213/91).
OCUPACIONAIS
Além do acidente típico, consideramse acidente do trabalho
1.5.4.2.1 O levantamento preliminar de perigos deve ser reali- (art. 20, Lei n. 8.213/91):
zado: – A doença profissional, assim entendida a produzida ou
a) antes do início do funcionamento do estabelecimento ou no- desencadeada pelo exercício do trabalho peculiar a determinada
vas instalações; atividade e constante da respectiva relação elaborada pelo
b) para as atividades existentes; e Ministério do Trabalho e da Previdência Social;
c) nas mudanças e introdução de novos processos ou atividades – A doença do trabalho, assim entendida a adquirida ou
de trabalho. desencadeada em função de condições especiais em que o trabalho
é realizado e com ele se relacione diretamente, constante da relação
elaborada pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social.
375
EIXO TEMÁTICO 4 - SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA TRABALHADORA
Constatando-se que determinada doença não incluída na A natureza acidentária da incapacidade do trabalhador para
relação específica resultou das condições especiais em que o o trabalho decorre da constatação da ocorrência de nexo técnico
trabalho é executado e com ele se relaciona diretamente, a epidemiológico entre o trabalho e o agravo, decorrente da relação
Previdência Social deve considerá-la acidente do trabalho (§ 2º, art. entre a atividade da empresa ou do empregado doméstico e
20, Lei n. 8.213/91). a entidade mórbida motivadora da incapacidade elencada na
Classificação Internacional de Doenças (CID) – (art. 21A, Lei n.
Não são consideradas como doença do trabalho (§ 1º, art. 20, 8.213/91).
Lei n. 8.213/91):
– A doença degenerativa; Cópia da Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) deve
– A inerente a grupo etário; ser fornecida ao acidentado ou a seus dependentes, bem como ao
– A que não produza incapacidade laborativa; sindicato a que corresponda a sua categoria (§ 1º, art. 22, Lei n.
– A doença endêmica adquirida por segurado habitante de 8.213/91).
região em que ela se desenvolva, salvo comprovação de que
é resultante de exposição ou contato direto determinado pela Na falta de comunicação por parte da empresa, podem
natureza do trabalho. formalizá-la (§ 2º, art. 22, Lei n. 8.213/91):
– O próprio acidentado;
Equiparam-se também ao acidente do trabalho (art. 21, Lei n. – Os dependentes do acidentado;
8.213/91): – A entidade sindical competente;
– O acidente ligado ao trabalho que, embora não tenha – O médico que o assistiu;
sido a causa única, haja contribuído diretamente para a morte – Qualquer autoridade pública.
do segurado, para redução ou perda da sua capacidade para o
trabalho, ou produzido lesão que exija atenção médica para a sua Considerase como dia do acidente, no caso de doença
recuperação; profissional ou do trabalho, a data do início da incapacidade
– O acidente sofrido pelo segurado no local e no horário do laborativa para o exercício da atividade habitual, ou o dia
trabalho, em consequência de: da segregação compulsória, ou o dia em que for realizado o
a) ato de agressão, sabotagem ou terrorismo praticado por diagnóstico, valendo para este efeito o que ocorrer primeiro (art.
terceiro ou companheiro de trabalho; 23, Lei n. 8.213/91).
b) ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por motivo de A empresa ou o empregador doméstico deverão comunicar
disputa relacionada ao trabalho; o acidente do trabalho à Previdência Social até o primeiro dia
c) ato de imprudência, de negligência ou de imperícia de útil seguinte ao da ocorrência e, em caso de morte, de imediato,
terceiro ou de companheiro de trabalho; à autoridade competente, sob pena de multa variável entre o
d) ato de pessoa privada do uso da razão; limite mínimo e o limite máximo do salário de contribuição,
e) desabamento, inundação, incêndio e outros casos fortuitos sucessivamente aumentada nas reincidências, aplicada e cobrada
ou decorrentes de força maior; pela Previdência Social (art. 22, Lei n. 8.213/91).
Com o intuito de evitar a ocorrência de acidentes do trabalho
– A doença proveniente de contaminação acidental do e de doenças profissionais, a empresa é responsável pela adoção e
empregado no exercício de sua atividade; uso das medidas coletivas e individuais de proteção e segurança da
– O acidente sofrido pelo segurado ainda que fora do local e saúde do trabalhador (§ 1º, art. 19, Lei n. 8.213/91).
horário de trabalho: Desse modo, a ocorrência de acidente do trabalho ou das
a) na execução de ordem ou na realização de serviço sob a situações a ele equiparáveis pode acarretar diversas consequências
autoridade da empresa; jurídicas para o empregador, entre as quais está a responsabilidade
b) na prestação espontânea de qualquer serviço à empresa civil, caracterizada pelo dever de indenizar os danos sofridos
para lhe evitar prejuízo ou proporcionar proveito; pelo trabalhador em decorrência do acidente (morais, materiais,
c) em viagem a serviço da empresa, inclusive para estudo estéticos).
quando financiada por ela dentro de seus planos para melhor Nesse sentido, o art. 7º, XXVIII, da Constituição Federal
capacitação da mão de obra, independentemente do meio de estabelece, como direito dos trabalhadores urbanos e rurais, o
locomoção utilizado, inclusive veículo de propriedade do segurado; “seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem
d) no percurso da residência para o local de trabalho ou deste excluir a indenização a que este está obrigado, quando incorrer em
para aquela, qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive dolo ou culpa”.
veículo de propriedade do segurado. O seguro contra acidentes de trabalho abrange diversos
benefícios acidentários, entre os quais estão, principalmente, as
Nos períodos destinados a refeição ou descanso, ou por ocasião prestações de serviços, que correm às expensas do INSS, mediante
da satisfação de outras necessidades fisiológicas, no local do financiamento do Estado e dos empregadores (art. 22, II, Lei n.
trabalho ou durante este, o empregado é considerado no exercício 8.212/91).
do trabalho (§ 1º, art. 21, Lei n. 8.213/91). Já a indenização, fundamentada na culpa aquiliana lato sensu
Não é considerada agravação ou complicação de acidente (art. 186, Código Civil),75 é suportada pelo próprio empregador
do trabalho a lesão que, resultante de acidente de outra origem, responsável, em caso de ação ou omissão decorrente de culpa ou
associe-se ou se superponha às consequências do anterior (§ 2º, dolo.76
art. 21, Lei n. 8.213/91).
376
EIXO TEMÁTICO 4 - SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA TRABALHADORA
No entanto, a questão relativa à natureza da responsabilidade do empregador pelos danos causados ao empregado decorrentes de
acidente do trabalho é bastante polêmica, podendo ser identificadas diversas correntes a respeito do tema, entre as quais destacamse:
a) teoria da responsabilidade subjetiva;
b) teoria da responsabilidade objetiva em atividades de risco;
c) teoria da responsabilidade objetiva como regra geral; e
d) teoria da responsabilidade com culpa presumida.
O processo de trabalho em saúde, especialmente nas ações de promoção da saúde e prevenção de doenças, é caracterizado por prá-
ticas comunicativas, com ênfase na comunicação interpessoal e midiática. Destacamos que essas ações devem ser desenvolvidas por meio
de processos de planejamento e avaliação alinhados com as políticas de saúde (RANGEL-S, 2005). Nesse contexto, é crucial desenvolver
estratégias que coloquem o usuário e suas necessidades no centro dessas práticas, buscando reduzir as assimetrias e hierarquias inerentes
às dinâmicas do processo comunicativo e das relações sociais em uma sociedade marcada pela desigualdade.
As atividades educativas voltadas para a promoção da saúde e prevenção de doenças se destacam como um espaço privilegiado para
a produção das práticas de comunicação com os usuários, ganhando maior relevância com a expansão da atenção básica e da estratégia de
saúde da família. Diante desse cenário, torna-se imperativo revisar as práticas educativas, alinhando-as aos princípios do Sistema Único de
Saúde (SUS) e, mais especificamente, à integralidade. O modelo de educação dialógica, em contraponto ao modelo tradicional, destaca-se
por adotar a comunicação dialógica como estratégia para práticas de educação em saúde sensíveis às necessidades subjetivas e culturais
dos usuários (ALVES, 2005).
Segundo Alves (2005:48), o propósito da educação dialógica não consiste apenas em fornecer informações sobre a saúde, mas sim
em transformar os saberes existentes. Nessa perspectiva, a prática educativa visa promover o desenvolvimento da autonomia e do auto-
cuidado em saúde. No entanto, essa transformação não é mais baseada na imposição de um conhecimento técnico-científico detido pelo
profissional de saúde, mas sim na promoção da compreensão da situação de saúde (ALVES, 2005:48).
Diante de um cenário que exige a construção de práticas educativas como estratégia de intervenção no processo saúde-doença-cuida-
do, desenvolver uma comunicação dialógica torna-se fundamental. Isso visa fortalecer os laços de corresponsabilidade entre profissionais
de saúde e usuários, reconhecendo e compreendendo os determinantes sociais em saúde, bem como comprometendo-se com a transfor-
mação da realidade comunitária para garantir o direito à qualidade de vida da população (RANGEL-S, 2005).
A comunicação, como prática, é intrinsecamente assimétrica, evidenciando as diversas posições de poder ocupadas pelos participan-
tes. No contexto do trabalho em saúde, a relevância da comunicação destaca-se como um desafio significativo para os profissionais em
suas práticas. Rangel-S (2005) destaca três atitudes essenciais no processo de construção de uma comunicação dialógica: atitude dialógica,
atitude de pesquisa e atitude reflexiva.
1. Atitude Dialógica: refere-se à predisposição para compreender a interpretação do outro sobre o evento em questão, como uma
doença ou agravo. Isso implica reconhecer o conhecimento do usuário como tão significativo quanto o do profissional de saúde, sem su-
bestimar suas experiências.
2. Atitude de Pesquisa: envolve o desenvolvimento de uma atitude de pesquisa pelo profissional de saúde. Isso significa adotar uma
postura de questionamento, de surpresa, buscando agregar novas interpretações para compreender o mundo. Essa atitude incentiva a
desconfiança em relação à obviedade das coisas, às análises habituais impregnadas de conteúdos ideológicos e preconceitos.
3. Atitude Reflexiva: enfatiza a necessidade de observar e refletir sobre as posturas adotadas pelos sujeitos nas práticas cotidianas re-
lacionadas aos riscos à saúde. Além disso, requer uma avaliação crítica da própria postura na relação com o outro, validando suas respostas
e abrindo perspectivas para a incorporação de práticas investigativas na rotina de trabalho. Isso pode ser alcançado por meio da adoção
de técnicas de observação e entrevistas. (Fonte: adaptado de Rangel-S, 2005).
377
EIXO TEMÁTICO 4 - SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA TRABALHADORA
Os princípios mencionados anteriormente proporcionam o reconhecimento da existência de diversos discursos na sociedade brasileira
relacionados à saúde do trabalhador. Esses discursos, como o sanitarista, coexistem e se contrapõem a outros, como o biomédico, o da
saúde como mercadoria e o de culpabilização dos trabalhadores por doenças e agravos vinculados às condições de trabalho. A análise de
comunicações dedicadas à saúde do trabalhador permite a identificação e compreensão desses discursos, destacando suas potencialida-
des e fragilidades. Essa observação enriquece a compreensão do fenômeno, proporcionando uma leitura mais abrangente.
Essa perspectiva possibilita ainda reconhecer “vozes” sociais adicionais com as quais esses discursos interagem e tentam se distinguir.
Ao examinar peças de comunicação sobre a saúde do trabalhador, é viável delinear uma interpretação dos discursos que permeiam a abor-
dagem dessa temática. Isso não apenas facilita o entendimento desses discursos, mas também revela como eles se posicionam na disputa
de significados presente no campo social (ARAÚJO, 2004; ARAÚJO, 2006; LAMEGO, RANGEL, 2013).
— Conceitos
Acidente de trabalho
Qualquer incidente não natural envolvendo acidentes e violências (Capítulo XX da CID-10 V01 a Y98) que ocorra no ambiente de tra-
balho ou durante o exercício do trabalho, enquanto o trabalhador está desempenhando atividades relacionadas à sua função, a serviço
do empregador (Típico) ou no percurso entre a residência e o trabalho (Trajeto). Esse incidente provoca lesão corporal ou perturbação
funcional, podendo resultar na perda ou redução temporária ou permanente da capacidade de trabalho e até mesmo na morte.
Dermatoses ocupacionais
Toda alteração na pele, mucosas e anexos, direta ou indiretamente causada, agravada ou mantida pelo trabalho, relacionada à expo-
sição a agentes químicos, biológicos ou físicos, bem como a quadros psíquicos. Pode ocasionar afecções do tipo irritativa (a maioria) ou
sensibilizante, confirmadas por critérios clínicos, epidemiológicos ou laboratoriais.
Pneumoconioses
Todas as doenças pulmonares causadas pela inalação e acúmulo de poeiras inorgânicas nos pulmões, com reação celular à presença
dessas poeiras, devido à exposição no ambiente ou processo de trabalho. Exemplos de pneumoconioses incluem asbestose, silicose, beri-
liose, estanhose, siderose, entre outras.
378
EIXO TEMÁTICO 4 - SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA TRABALHADORA
O conhecimento dos riscos e agravos à saúde relacionados ao As noções básicas de primeiros socorros podem abranger
trabalho é crucial para o planejamento de ações de assistência, vigi- diversos tipos e formas de acidentes. Entretanto, alguns casos são
lância e intervenção nos ambientes laborais. tão comuns e simples de resolver, ou, pelo menos, amenizar, que,
Os sistemas destinados a notificar/registrar casos de doenças vale à pena, observar para aprender como lidar com cada ocasião.
e agravos relacionados ao trabalho incluem o Sistema de Informa-
ção de Agravos de Notificação (SINAN) do Ministério da Saúde e o Ferimentos
Sistema de Informações em Saúde do Trabalhador (SIST/RS), que Antes de começar a tratar de um ferimento, lave bem as mãos
tem um enfoque epidemiológico e abrange casos suspeitos e confir- com água e sabão e, se tiver como, utilize uma luva. Lave o ferimento
mados de relações com o trabalho, independentemente do vínculo com água comum e, então, use água oxigenada para desinfetar. Se
laboral. houver presença de algum corpo estranho, por exemplo, vidro,
A notificação de doenças e agravos relacionados ao trabalho metal e outros, tente removê-lo com uma pinça, se for de pequeno
é compulsória para médicos e outros profissionais de saúde, bem tamanho. Se for grande, é melhor esperar o médico.
como para responsáveis pelos serviços públicos e privados de saú- Após desinfetar, seque com algodão limpo e, depois, aplique
de, conforme estabelecido pela Lei nº 6.259/1975, art. 8º. A notifi- um produto antisséptico. Caso o ferimento seja pequeno, um Band-
cação compulsória deve ocorrer diante da suspeita ou confirmação Aid pode ajudar. Porém, se o ferimento for maior, é mais seguro
de doença ou agravo, sendo essencial implementar a notificação usar gaze esterilizada, presa com esparadrapo.
compulsória dos agravos à saúde relacionados ao trabalho na Rede
de Atenção à Saúde do SUS e na rede privada. Entorses
A Resolução CIB 189 de 2020 institui a notificação universal de Os ossos que constituem nosso esqueleto são unidos através
todos os agravos de notificação compulsória relacionados ao traba- dos músculos que possuímos. Porém, as superfícies de contato
lho no Rio Grande do Sul. são unidas por meio dos ligamentos. Uma pessoa que é vítima de
As doenças e agravos relacionados ao trabalho notificados no entorse sente dor intensa na articulação afetada, podendo haver,
SINAN incluem acidente de trabalho, câncer relacionado ao tra- também, a presença de edema (inchaço).
balho, dermatoses ocupacionais, exposição a material biológico, A pessoa que irá prestar o socorro a uma vítima de entorse deve,
intoxicações exógenas relacionadas ao trabalho, LER/DORT, perda em primeiro lugar, imobilizar a articulação, fazendo compressas frias
auditiva induzida pelo ruído (PAIR), pneumoconiose e transtornos no local, antes da imobilização definitiva, feita por um paramédico.
mentais relacionados ao trabalho. Enquanto o socorro médico está a caminho, pode-se usar de lenços
Outros agravos relacionados ao trabalho, sem ficha específica ou mesmo ataduras para que o paciente fique imóvel.
no SINAN, devem ser notificados no SIST por meio do Relatório In-
dividual de Notificação de Agravos (RINA). Desmaios
O processo de notificação pelos serviços de saúde é fundamen- O desmaio ocorre quando há falta de oxigenação cerebral.
tal para a vigilância em saúde do trabalhador, contribuindo para o De forma quase que instantânea, o cérebro reage por meio de
conhecimento do território e o planejamento de ações. A notifica- sintomas como, fraqueza, queda do corpo e perda de consciência.
ção faz parte dos indicadores de saúde no Rio Grande do Sul, es- Geralmente, os desmaios acontecem por conta de descuidos como,
pecificamente o Indicador RS 4 – Taxa de notificação de agravos e falta de alimentação, emoção súbita, calor excessivo, mudanças
doenças relacionados ao trabalho. bruscas de posição, e outros.
Diversos protocolos e documentos orientativos estão disponí- Para os casos de desmaio, é muito importante observar se a
veis para facilitar a notificação de diferentes agravos, como aciden- pessoa está consciente ou não. Caso esteja, devemos abaixar a
tes de trabalho, câncer relacionado ao trabalho, dermatoses ocupa- cabeça da vítima e fazer leve pressão na nuca para baixo, a fim de
cionais, intoxicações exógenas, LER/DORT, perda auditiva induzida facilitar o retorno venoso. Caso ela esteja inconsciente, deite-a em
pelo ruído (PAIR), pneumoconiose e transtornos mentais relaciona- lugar seguro, se possível, colocando suas pernas para cima, e então
dos ao trabalho. Esses recursos visam a padronização e eficácia do chame o socorro médico.
processo de notificação, fornecendo diretrizes claras para os profis-
sionais de saúde Ingestão acidental de produtos químicos
Esse tipo de acidente é bastante frequente, principalmente
PRIMEIROS SOCORROS em crianças. Quanto a isso, levando em conta a intoxicação, é
importante que seja observado: o tipo de substância, o tempo de
Qualquer pessoa pode estar sujeita a acidentes. Desde os mais exposição (quanto mais tempo, pior), a concentração do produto
leves, como um pequeno corte no dedo, até os mais sérios, como, (quanto mais concentrado estiver o produto, mais mal pode fazer a
engasgos, atropelamentos e até picadas de insetos venenosos. vitima), a natureza e o nível de toxidade da substância.
Para todos os casos, o mais importante, inicialmente, é identificar a Em casos de envenenamento por meio de ingestão de produtos
gravidade de cada situação. químicos, a procura por socorro médico deve ser imediata. Porém,
Há casos cuja gravidade é tão acentuada, que é necessário um como medida inicial, é muito importante saber que: não podemos
socorro médico imediato. Porém, até mesmo em situações assim, é provocar vômito na pessoa envenenada; devemos levá-la ao
possível prestar um atendimento inicial (mesmo que você não seja pronto-socorro, trazendo consigo uma embalagem do produto para
da área de saúde), enquanto o paciente espera o socorro médico. mostrar ao médico; e, por último, limitar os movimentos da vítima,
Essa forma de medida inicial é chamada de primeiros socorros. se possível, deixando-a deitada.
379
EIXO TEMÁTICO 4 - SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA TRABALHADORA
Existem muitos outros casos de acidentes cuja gravidade pode o acidente, pode ter havido fratura e, nesses casos, deve-se
ser diminuída por meio das noções de primeiro atendimento. providenciar ajuda médica, de imediato. As entorses mais comuns
Atitudes como essas podem salvar vidas, por isso, é importantíssimo são as do punho, do joelho e do pé.
que qualquer pessoa procure se instruir sobre essas pequenas, mas O Socorrista de uma vítima com entorse deve imobilizar a
importantes, medidas de prevenção. (Por Alan Lima) articulação afetada como no caso de uma fratura, e pode colocar
gelo ou compressas frias no local antes da imobilização. Podemos
O objetivo dos Primeiros Socorros é de manter o paciente também imobilizar a articulação através de enfaixamento, usando
com vida ou até a chegada de socorro médico apropriado ou até ataduras ou lenços.
que o ferido chegue até um local onde possa ser dado o devido Não se deve permitir que a vítima use a articulação machucada.
atendimento. É importante mencionar que a prestação de primeiros Após o primeiro dia, podem-se fazer compressas quentes e
socorros não deve ser um ato que comprometa a sua vida ou a vida mergulhar a parte afetada em água quente, na temperatura que
do paciente e, logicamente, não exclui a importância de um médico. a vítima suportar. Fazendo aplicações de calor várias vezes por
dia e mantendo-a imóvel, a articulação atingida por uma entorse
Ferimentos normalmente recupera-se dentro de uma semana. Isso se não
Limpe as mãos com água e sabão, se possível utilize uma luva. houver outras complicações, como derrame interno, ruptura dos
Lave o ferimento com água, desinfete com água oxigenada. Se ligamentos ou mesmo uma fratura. Vale a pena consultar o médico
houver algum corpo estranho (caco de vidro, farpa, espinho, etc.) e providenciar um exame mais completo.
remova-o com a pinça apenas se o objeto foi pequeno e se puder
fazei-lo com facilidade, se não, deixe esta tarefa para o médico. — Hemorragias
Depois da aplicação de água oxigenada, seque o ferimento com É a perda de sangue devido ao rompimento de um vaso
um pouco de algodão e aplique um antisséptico (Povidine, por sanguíneo, requer intervenção médica imediata.
exemplo). Se o ferimento for pequeno cubra com um Band-Aid, se
for maior coloque uma atadura de gaze esterilizada e prenda com Hemorragia externa: É resultante de um ferimento com
esparadrapo. exteriorização sanguínea. Primeiros socorros: Compreensão da
área afetada e elevação de membro. Ao contrário do que vemos em
Temperatura muitos filmes não se deve aplicar nenhuma forma de torniquete, a
A temperatura é o grau do calor que o corpo possui. Quando exceção é apenas quando um membro é amputado ou esmagado.
a temperatura de uma pessoa está alta (o normal está entre 36,5 Hemorragia interna: É resultante de um ferimento profundo
e 37 graus centígrados), dizemos que ela está com febre. A febre, com lesão de órgão interno. Sintomas: Pulso fraco e rápido; Pele
em si mesma, não é uma doença, mas pode ser o sinal de alguma fria; Sudorese; Sede; Tonteira.
doença. Pode-se identificar vários sintomas de febre: Sensação de Tipos De Hemorragia Interna Estomatorragia: Hemorragia
frio; Mal-estar geral; Respiração rápida; Rubor de face; Sede; Olhos proveniente da boca. Primeiros socorros: Dar líquidos gelado para
brilhantes e lacrimejantes ou Pele quente. A febre alta é perigosa, a vitima beber.
pois pode provocar delírios e convulsões. Quando uma pessoal tiver Metrorragia: Hemorragia por via vaginal Sintomas: Perda
febre, podem-se tomar as providências a seguir. anormal de sangue pela vagina entre os períodos menstruais.
Se estiver acamada, retire o lençol ou cobertor. Se for criança Causas: Abortamento, gravidez ectópica (nas trompas);
pequena, desagasalhe-a, deixando apenas roupa leve até que a violência sexual; tumores; retenção de membrana placentárias no
temperatura chegue ao normal. Ofereça líquidos à vítima. Toda parto; ruptura urinária no parto; traumatismo no parto.
pessoa com febre deve beber bastante líquido, como sucos. É Primeiros socorros: Manter a vítima em repouso; Aplicar
importante saber quando a febre começa, quanto tempo ela dura compressas geladas ou bolsas de gelo sobre o baixo ventre;
providenciar socorro médico.
e como acaba, para melhor informar ao médico. Ponha panos
Hemoptise: Hemorragia proveniente dos pulmões. Sintomas:
molhados com água e álcool (meio a meio) sobre o peito e a testa.
O sangue sai em golfadas pela boca, vermelho vivo e espumoso.
Troque-os com frequência, para mantê-los frios, e continue fazendo
Primeiros socorros: Bolsa de gelo no tórax; Deitar a vitima
isso até que a febre abaixe. Se houver condições, dê um banho
de forma que a cabeça fique mais baixa que o corpo; elevando os
morno prolongado, em bacia, banheira ou chuveiro.
baços e pernas.
Você pode ter ideia da temperatura colocando as costas de
Hematêmese: Hemorragia proveniente do estômago.
uma de suas mão na testa da pessoa doente e a outra na sua testa,
Sintomas: O sangue sai pela boca como se fosse borra de café, pode
Se a pessoa doente tiver febre, você sentirá a diferença. A febre vir ou não com restos de alimentos. Primeiros socorros: Bolsa de
muito alta e persistente é perigosa, você deverá procurar socorro gelo abaixo do umbigo.
médico o quanto antes. Otórragia: Hemorragia proveniente do ouvido. Primeiros
socorros: Compressão à distancia ( temporal ou facial). Tapar com
Entorse algodão ou gaze seco Composta.
Os ossos do esqueleto humano estão unidos aos outros TCE (traumatismo crânio encefálico): Sangra pouco e o sangue
através dos músculos, mas as superfícies de contato são mantidas sai com liquor. Primeiros socorros: Lateralizar a cabeça de forma
umas de encontro às outras por meio dos ligamentos. A vítima de que o sangue saia.
entorse sente dor intensa na articulação afetada. Acompanhando Epistaxe: Hemorragia proveniente do nariz. Primeiros socorros:
a dor, surge o edema (inchação). Quando os vasos sanguíneos são Tapar com algodão ou gaze seco. Comprimir a narina.
rompidos, a pele da região pode ficar, de imediato, com manchas
arroxeadas. Quando a mancha escura surge 24 ou 48 horas após
380
EIXO TEMÁTICO 4 - SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA TRABALHADORA
381
EIXO TEMÁTICO 4 - SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA TRABALHADORA
— Convulsão Epilética O ideal é que a temperatura desça lentamente, para que não
A crise convulsiva caracteriza-se pela perda repentina de ocorra o colapso, próprio de quedas bruscas de temperatura. Após
consciência, acompanhada de contrações musculares violentas. A ter prestado os primeiros socorros, deve se procura ajuda médica,
vítima de uma crise convulsiva sempre cai e seu corpo fica tenso com urgência.
e retraído. Em seguida ela começa a se debater violentamente e
pode apresentar os olhos virados para cima e os lábios e dedos — Queimaduras
arroxeados. Denomina-se queimadura toda e qualquer lesão ocasionada no
Em certos casos, a vítima baba e urina. Estas contrações fortes organismo humano pela ação curta ou prolongada de temperaturas
duram de dois a quatro minutos. Depois disto, os movimentos extremas sobre o corpo humano. As queimaduras podem ser
vão enfraquecendo e a vítima recupera-se lentamente. A crise superficiais ou profundas e é possível dividi-las em diferentes tipos,
convulsiva pode acontecer em consequência de febre muito alta, de acordo com a gravidade.
intoxicação ou, ainda, devido a epilepsia ou lesões no cérebro. A gravidade de uma queimadura não se mede somente pelo
Diante de um caso de convulsão, tome as providências seguintes: grau de lesão, mas também pela extensão da área atingida. São
1 – Deite a vítima no chão e afaste tudo o que esteja ao seu consideradas grandes queimaduras aquelas que atingem mais de
redor e possa machucá-la (móveis, objetos, pedras, etc.) não 15% do corpo, no caso de adultos.
impeça os movimentos da vítima. Para crianças de até 10 anos, são considerados grandes
2 – Retire as próteses dentárias, óculos, colares e outras coisas queimaduras aquelas que atingem mais de 10% do corpo. Para
que possam se quebradas ou machucar a vítima. avaliar melhor a gravidade de uma queimadura, você pode adotar
3 – Para evitar que a vítima morda a língua ou se sufoque a tabela abaixo Cabeça 9% Pescoço 1% Tórax e abdômen, inclusive
com ela, coloque-lhe um lenço ou pano dobrado na boca entre os órgãos genitais 18% Costas e região lombar 18% Membro superior
dentes. direito (braço) 9% Membro superior esquerdo (braço) 9% Membro
4 – No caso de a vítima já ter cerrado os dentes, não tente inferior direito (perna) 18% Membro inferior r esquerdo (perna)
abrir-lhe a boca. 18%.
5 – Desaperte a roupa da vítima e deixe que ela se debata Se o socorrista souber classificar uma grande queimadura e
livremente; coloque um pano debaixo de sua cabeça, para evitar
encaminhar a vítima para um pronto socorro, já será de grande
que se machuque.
valia. Vamos conhecer e especificar cada caso e saber como agir em
cada um deles.
A pessoa que está tendo convulsões apresenta muita salivação.
Os primeiros socorros dependem muito da extensão e causa do
O estado de inconsciência não permite que ela engula a saliva. Por
ferimento, pequenas queimaduras podem ser colocadas sob água
isso, é preciso tomar mais uma providência para evitar que fique
corrente apenas, em nenhum caso o uso de óleos ou pomadas não
sufocada: deite-a com a cabeça de lado e fique segurando a cabeça
é recomendado. Também não se deve furar bolhas e, em acidentes
nesta posição. Desta forma a saliva escoará com facilidade. Não dê
automobilísticos, não se deve dar nenhum líquido sem antes avaliar
a vítima nenhuma medicação ou líquido pela boca, pois ela poderá
outras possíveis lesões.
sufocar. Cessada a convulsão, deixe a vítima em repouso até que
recupere a consciência. Queimadura por fogo
Após a convulsão, a pessoa dorme e este sono pode durar Quando a queimadura for causada por fogo e as roupas
segundo ou horas. Coloque-a na cama ou em algum lugar confortável estiverem se incendiando, a primeira providência é, naturalmente,
e deixe-a dormir. Em seguida, encaminhe-a à assistência médica. apagar o fogo. Dependendo do local do acidente e dos recursos
Nunca deixe de prestar socorro à vítima de uma crise epilética disponíveis, de imediato pode-se usar um cobertor para sufocar as
convulsiva, pois sua saliva (baba) não é contagiosa. chamas ou rolar a vítima no chão. Se as queimaduras atingirem o
tórax, abdômen ou costas, pode-se jogar água fria sobre as feridas,
— Insolação para aliviar as dores. Em seguida, remover a vítima para um hospital.
Pode manifestar-se de diversas maneiras: subitamente, quando Se a vítima estiver consciente, dê-lhe bastante líquido para beber:
a pessoa cai desacordado, maneando a pulsação e a respiração; ou água, chá ou sucos. Anime-a e tranquilize-a.
após o aparecimento de sintomas e sinais como tonturas, enjoos,
dor de cabeça, pele seca e quente, rosto avermelhado, febre alta, Queimaduras por substâncias químicas (tintas, ácidos,
pulso rápido e respiração difícil. detergentes e etc.)
Os sintomas e sinais de insolação nem sempre aparecem ao Antes de cuidar dos ferimentos, é preciso verificar se a
mesmo tempo. Normalmente podemos verificar apenas alguns. O substância química não reage com água ao invés de ser dissolvida
importante então é que você saiba exatamente o que fazer no caso por ela, só neste último caso é que molhamos todas as peças de
de uma pessoa passar muito tempo exposta ao sol e apresentar roupa que estejam impregnadas pela substância para remove-las
algum sinal de insolação. sem causar maiores danos. Isso porque o contato com a roupa pode
Enquanto você aguarda o socorro médico, procure colocar gerar novas queimaduras.
a vítima à sombra, fazer compressas frias sobre a sua cabeça e Depois, devemos lavar o local queimado com água em
envolver seu corpo em toalhas molhadas. Isso é feito para baixar abundância, durante 10 a 15 minutos, para que não reste qualquer
a temperatura. Em seguida deite a pessoa de costas, apoiando a resíduo da substância química e, em seguida, proteger as feridas
cabeça e os ombros para que fiquem mais altos que resto do corpo. com gaze ou pano limpo.
382
EIXO TEMÁTICO 4 - SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA TRABALHADORA
A queimadura nos olhos é um caso muito especial. A ação deve a medula quando houver vértebras quebradas. Verifique então se
ser rápida, para evitar a perda parcial o total da visão. Neste caso, há alguma coisa no interior da boca que impeça a respiração. Se
devemos lavar o olho da vítima com bastante água. Depois que a positivo, retire-a.
ferida estiver limpa, deve-se colocar sobre ela um curativo de gaze Mantenha a pessoa aquecida e acione o serviço de emergência
ou pano limpo. tão logo quanto possível.
383
EIXO TEMÁTICO 4 - SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA TRABALHADORA
NOS CASOS DE FRATURAS DE CLAVÍCULA, BRAÇO E OMOPLATA, Por isso, é um metabolismo para atividades que exigem
BEM COMO LESÕES DAS ARTICULAÇÕES DE OMBRO E COTOVELO, velocidade. Os atletas atenuam os efeitos do ácido lático e por isso
DEVE-SE IMOBILIZAR O OSSO AFETADO COLOCANDO O BRAÇO suportam melhor um acúmulo de da substância. Mas quem não é
DOBRADO NA FRENTE DO PEITO E SUSTENTANDO-O COM UMA atleta cede a dor e logo para. Do contrário, corre o risco de sentir
ATADURA TRIANGULAR DOBRADA. uma cãibra.
Fratura exposta (ou aberta): A fratura é exposta ou aberta Nesses casos de cãibra, dá-se açúcar (glicose) para o paciente,
quando o osso perfura a pele. Nesse caso, proteja o ferimento com para que rapidamente acabe com a cãibra. A Cãibra também atacam
gaze ou pano limpo antes de imobilizar, a fim de evitar a penetração em plena madrugada, quando se está quieto, dormindo. Mas aí, o
de poeira ou qualquer outras substância que favoreça uma infecção. problema é neurológico, uma ordem equivocada para o músculo
Não tente colocar os ossos no lugar. Ao contrário, evite qualquer se contrair a toda velocidade, provocada muitas vezes por estresse
movimento da vítima. Procure atendimento médico imediato. psicológico.
Fraturas especiais: Há casos que exigem cuidados especiais.
São as fraturas de crânio, coluna, costelas, bacia e fêmur. É muito Situações vitais
importante que o socorrista saiba identificar os sintomas e sinais O que fazer em caso de acidentes:
prováveis de cada uma dessas fraturas. – Dominar rapidamente a situação e prevenir perigos mortais;
Fratura do crânio: Dores, inconsciência, parada respiratória, – Afastar os feridos dos locais onde estes possam correr perigo
hemorragia pelo nariz (Epistaxe), boca (Estomatorragia) ou ouvido (ex. estradas, fogo); Quando não for estritamente necessário nunca
(otorragia) se deverá mover um ferido!
Fratura de coluna: Dores, formigamento e incapacidade de – Em caso de acidente de viação deve-se colocar o triângulo
movimento dos membros (braços e pernas). de sinalização num local bem visível e usar o colete de sinalização;
Fratura de costelas: Respiração difícil, dor a cada movimento – Caso haja necessidade de chamar uma ambulância, é preciso
respiratório. mandar uma terceira pessoa; Não é recomendável deixar um ferido
Fratura de fêmur e bacia: Dor no local, dificuldade de sozinho.
movimentar-se e de andar. – Devem verificar-se o tipo e importância das lesões, controlar
o pulso e a respiração do ferido.
Ao suspeitar de uma dessas fraturas: Primeiro Socorros: – Os feridos graves deverão ser cuidados de acordo os princípios
Mantenha a vítima imóvel e agasalhada; não mexa nem permita explicados em baixo.
que ninguém mexa na posição da vítima até a chegada de pessoal A – Paragem respiratória: Desobstruir vias respiratórias,
habitado (médico ou enfermeiro); caso não seja possível contar com praticar respiração artificial.
pessoal habitado, transporte a vítima sem dobrá-la, erguendo-a B – Hemorragias: Colocar o ferido numa posição correta; aplicar
horizontalmente com a ajuda de três pessoas. coloque a vítima atadura que impeça a hemorragia.
deitada de costas sobre uma superfície dura, como: maca, porta, C – Estado de choque: Tomar medidas preventivas: alívio da
tábuas, etc. dor; repouso; proteção do frio.
Observe a respiração e verifique o pulso da vítima. Se
necessário, faça massagem cardíaca e respiração artificial. No caso Na maioria das situações, exceto nos casos de suspeita de
de fratura no crânio, os procedimentos devem ser os mesmos, mas fratura da coluna vertebral ou do pescoço, deverá colocar a vítima
com o cuidado de não movimentar a cabeça da vítima, de jeito na posição lateral de segurança (PLS).
nenhum. Providencie transporte adequado e atendimento médico
assim que tiver terminado a imobilização. Lembre-se de que a vítima Posição Lateral de Segurança
sempre deve ser transportada deitada. Durante o transporte, peça 1 – Vire o corpo da vítima inconsciente, mas ainda a respirar,
ao motorista para evitar freadas bruscas ou buracos, que poderão para a posição lateral de segurança, o que impedirá que sangue,
agravar o estado da vítima. saliva ou a língua obstruam as vias respiratórias.
2 – Estenda ao longo do corpo da vítima o braço que ficar mais
— Cãibra perto de si. cruze o outro braço sobre o peito. Cruze a perna mais
O estímulo nervoso possui determinada eletricidade que, em afastada sobre a que está mais próxima.
contato com uma substância gelatinosa que banha o músculo, 3 – Ampare a cabeça da vítima com uma das mãos e com a
encaminha uma partícula de cálcio para dentro das fibras; o cálcio, outra agarre-a pela anca mais afastada.
então, ativa enzimas próprias do músculo que quebram a ATP. A 4 – Vire a vítima de bruços, puxando-a rapidamente para si e
única questão é haver moléculas de ATP em quantidade suficiente. amparando-a com os joelhos.
Existem três fontes de ATP. A primeira seria uma espécie de estoque 5 – Puxe a testa da vítima para trás, de modo a que a
particular do músculo. garganta fique direita. Assim, as vias respiratórias manter-se-ão
A segunda é a glicólise: reações dentro do músculo transformam desimpedidas, o que permite que a vítima respire livremente.
a glicose das fibras ou trazidas pelo sangue em ATP e ácido lático. 6- Dobre o braço que fica mais próximo de si para lhe sustentar
Esta é uma substância inibidora que, ao se acumular nas fibras, o tronco. Dobre a perna mais próxima para servir de apoio ao
causa tanta dor que a pessoa não aguenta mais contrair o músculo. abdómen. Retire o outro braço de debaixo do corpo.
Esse processo produz grande quantidade de energia, mas por
tempo limitado.
384
EIXO TEMÁTICO 4 - SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA TRABALHADORA
Quando há fratura de um braço ou de uma perna ou por qualquer motivo esse membro não puder ser utilizado como apoio da vítima
na posição lateral de segurança, coloque um cobertor enrolado debaixo do lado ileso da vítima, o que elevará o corpo desse lado e deixará
as vias respiratórias desimpedidas.
Os 10 mandamentos do socorrista
1 – Mantenha a calma.
2 – Tenha em mente a seguinte ordem de segurança quando você estiver prestando socorro:
Você é a prioridade (o socorrista).
Depois a sua equipe (incluindo os transeuntes).
E por último e nem menos importante, a vítima. Isso parece ser contraditório a primeira vista, mas tem o intuito básico de não gerar
novas vítimas.
3 – Ao prestar socorro, é fundamental ligar ao atendimento pré-hospitalar de imediato ao chegar no local do acidente. Podemos por
exemplo discar 3 números: 112.
4 – Sempre verifique se há riscos no local, para você e sua equipe, antes de agir no acidente.
5 – Mantenha sempre o bom senso.
6 – Mantenha o espírito de liderança, pedindo ajuda e afastando os curiosos.
7 – Distribua tarefas, assim os transeuntes que poderiam atrapalhar ajudá-lo-ão e sentir-se-ão mais úteis.
8 – Evite manobras intempestivas (realizadas de forma imprudente, com pressa).
9 – Em caso de múltiplas vítimas dê preferência àquelas que correm maior risco de vida como, por exemplo, vítimas em parada
cardiorrespiratória ou que estejam sangrando muito.
10 – Seja socorrista e não herói (lembre-se do 2º mandamento).
— Paragem cardíaca
Sinais e sintomas
Ausência de pulso e dos batimentos cardíacos, além de acentuada palidez. Se detectado algum desses sinais a ação deve ser imediata
e não será possível esperar o médico para iniciar o atendimento.
O que fazer
Aplique a massagem cardíaca externa. Como fazer a massagem cardíaca: Colocar a vítima deitada de costas em superfície plana e
dura. As mãos do atendente de emergência devem sobrepor a metade inferior do esterno. Os dedos ficam abertos sem tocar o tórax. A
partir daí deve-se pressionar vigorosamente, abaixando o esterno e comprimindo o coração de encontro a coluna vertebral. Em seguida,
descomprima.
Repetições: quantas forem necessárias até a recuperação dos batimentos. É recomendável a média de 60 compressões por minuto.
Cuidados
Em jovens a pressão deve ser feita com apenas uma das mãos e em crianças com os dedos. Essa medida evita fraturas ósseas no
esterno e costelas. Se houver parada respiratória juntamente com a cardíaca ambas devem ser realizadas, reciprocamente.
O que pode causar Choque elétrico: Estrangulamento, sufocação, reações alérgicas graves e até mesmo, afogamento.
Paragem respiratória, como detectar: Observar os sinais graves, se o peito da vítima não se mexer ou se os lábios, face, língua e unhas
ficarem azulados, certamente houve parada respiratória.
385
EIXO TEMÁTICO 4 - SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA TRABALHADORA
Para não lhe comprimir as asas do nariz, abre-se a sua boca ao Soterramento
máximo. Quando se suspeitar que existe uma lesão das vértebras Procedimento: Fazer respiração boca-a-boca vigorosamente,
cervicais, procura-se fazer com que as vias respiratórias fiquem evitando novos desmoronamentos. Tentar liberar o tórax da vítima.
livres elevando com cuidado o maxilar da vítima, introduzindo-lhe o
polegar na boca ou pegando-lhe pelo ângulo do queixo. Sufocação por corpos estranhos nas vias aéreas do bebê, da
criança, do adulto:
Com crianças pequenas Procedimento: desobstruir as vias aéreas e iniciar a respiração
Deitar a criança com o rosto para cima e a cabeça inclinada artificial.
para trás. Estado de choque Sinais e sintomas: Pele fria, sudorese, palidez
Levantar o queixo projetando-o para fora. de face, respiração curta, rápida e irregular, visão turva, pulso rápido
Evitar que a língua obstrua a passagem de ar. e fraco, semiconsciência, vertigem ou queda ao chão, náuseas ou
Colocar a boca sobre a boca e o nariz da criança e soprar vômitos.
suavemente até que o pulmão dela se encha de ar e o peito se
levante. O que fazer
Deixe que ela expire livremente e repita o método com o ritmo 1 – Avaliar rapidamente o estado da vítima e estabelecer
de 15 respirações por minuto. prioridades;
Pressione também o estômago para evitar que ele se encha 2 – Colocar a vítima em posição lateral de segurança (PLS) se
de ar. possível com as pernas elevadas;
3 – Afrouxar as roupas e agasalhar a vítima;
Cuidados: 4 – Lembre-se de manter a respiração. Fornecer ar puro, ou
Mantenha a vítima aquecida e afrouxe as roupas dela. oxigênio, se possível;
Aja imediatamente, sem desanimar. 5 – Se possível dê-lhe líquidos como água, café ou chá;
Mantenha a vítima deitada.
Não dê líquidos para a vítima inconsciente. O que pode causar queimaduras, ferimentos graves ou
Nunca dê bebidas alcoólicas logo após recobrar a consciência. externos
São aconselháveis café ou chá. Esmagamentos, perda de sangue, envenenamento por
produtos químicos, ataque cardíaco, exposições extremas ao
O transporte da vítima é desaconselhável, a menos que seja calor ou frio, intoxicação por alimentos, fraturas, desmaio pode
possível manter o ritmo da respiração de socorro. ser considerado um leve estado de choque, sinais e sintomas de
A posição precisa ser deitada. palidez, enjoo, suor constante, pulso e respiração fracos.
Procure um médico e transporte a vítima quando ela se
recuperar. O que fazer
O que pode causar: Gases venenosos, vapores químicos ou falta 1 – Colocar a vítima em Posição lateral de segurança com as
de oxigênio. Procedimento: remover a vítima para local arejado e pernas elevadas.
fora de perigo de contaminação. Em seguida, aplique a respiração 2 – Abaixar a cabeça e realizar leve pressão sobre a nuca.
artificial pelo método boca-a-boca. 3 – Desapertar as roupas que estejam apertadas.
4 – Nunca se deve dar de beber a uma pessoa desmaiada!
Afogamento Apenas quando recuperar o conhecimento (quando for capaz
Procedimento: retirar a vítima da água. Inicie a respiração de segurar o copo por ela própria). O que pode causar emoções
artificial imediatamente assim que ela atinja local plano, como por súbitas, fadiga, ar sufocante, dor, fome ou nervosismo.
exemplo, no próprio barco. Agasalhe e comprima o estômago, se
necessário, para expulsar o excesso de água. (https://pedagogiaaopedaletra.com/nocoes-basicas-de-primeiros-so-
corros/)
• Sufocação por saco plástico
Procedimento: rasgar e retirar o saco plástico, depois iniciar a
respiração boca-a-boca.
Choque elétrico
Procedimento: não tocar na vítima até ter a certeza que ela não
está mais em contato com a corrente.
Pode-se desligar a tomada quando possível ou tentar afastar a
vítima do contato elétrico com uma vara ou algo semelhante que
não seja condutor elétrico. Em seguida inicie a respiração artificial.
Abalos violentos resultantes de explosão ou pancadas na
cabeça e envenenamento por ingestão de sedativos ou produtos
químicos
Procedimento: iniciar imediatamente a respiração boca-a-
boca.
386
EIXO TEMÁTICO 4 - SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA TRABALHADORA
387
EIXO TEMÁTICO 4 - SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA TRABALHADORA
A elaboração e implementação do PCMSO devem ser orienta- 10. Promoção de Ambientes de Trabalho Saudáveis: A NR-7
das pelos riscos à saúde dos trabalhadores, especialmente aqueles contribui para a promoção de ambientes de trabalho mais seguros
identificados nas avaliações previstas em outras Normas Regula- e saudáveis, ao exigir a identificação e o controle de riscos, o moni-
mentadoras ou no levantamento de riscos conduzido pelo Setor de toramento da saúde dos trabalhadores e a implementação de ações
Engenharia e Segurança do Trabalho (SESET). preventivas.
388
EIXO TEMÁTICO 4 - SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA TRABALHADORA
com o sítio de ação do toxicante. Quanto maior a taxa de ligação de intestinal tem na biotransformação, etc. Além de fatores como
uma substância às proteínas plasmáticas, maior a meia-vida dessa espécie, raça, idade, etnia, sexo, fatores genéticos, estados
substância e mais tempo ela permanece circulante. nutricionais, estados patológicos, etc.
A compleição física do indivíduo, com especial atenção ao seu Os rins são os principais órgãos de excreção de xenobióticos
estado nutricional e a saúde hepática tem importância significativa após a biotransformação, por meio da produção de urina. Mas
nessa fase da toxicocinética. Indivíduos subnutridos ou com os pulmões também têm papel na excreção, especialmente dos
distúrbios hepáticos, com poucas proteínas e metabolismo desta é metabólitos voláteis e gases. Outras vias que também atuam na
baixo, tem uma fração livre de toxicantes maior do que um mesmo excreção são cabelos, lágrima, suor, leite materno, etc.
indivíduo saudável, quando expostos ao mesmo tipo de intoxicação.
Quanto maior a fração livre da substância, maior serão os Toxicodinâmica
efeitos tóxicos no organismo. O fígado é importante, pois ele é o
principal órgão produtor de proteínas, hormônios, etc. e toda a A toxicodinâmica é o estudo da natureza da ação tóxica
albumina circulante é produzida no fígado. exercida por substâncias químicas sobre o sistema biológico, sob os
A biotransformação ou metabolismo da substância é a terceira pontos de vista bioquímico e molecular. Dois importantes conceitos
etapa da toxicocinética, ocorrendo nela ação sinérgica de fígado e de toxicodinâmica são toxicidade aguda e toxicidade crônica.
rim sobre a substância, e com isso, está intimamente relacionada Na toxicidade aguda o indivíduo se expõe a altas doses e os
com a excreção. efeitos se desenvolvem em pouco tempo, dentro de 24 horas
O fígado por meio de enzimas metabolizadores de fase 1 e fase geralmente, como no caso da intoxicação por cianureto. Na
2 transforma a substância xenobiótica com pouca solubilidade em toxicidade crônica o indivíduo se expõe constantemente a doses
meio aquoso, para um produto mais hidrossolúvel facilitando o pequenas do toxicante e desenvolve o efeito tóxico muito tempo
processo de excreção dos rins. depois, às vezes após alguns anos e décadas, como no caso da
A classe de enzimas do citocromo P450 (CYP450) metaboliza exposição a metais pesados.
todas as classes de fármacos e outros xenobióticos (como Em fármacos o estudo da toxicodinâmica é importante para
biomoléculas, toxicantes, etc.) e atua em várias famílias químicas definir qual é a dose letal (DL) e qual é a dose efetiva (DE), para daí
e bioquímicas simultaneamente, surgindo daí o conceito de definir-se o índice terapêutico (IT) e a margem de segurança (MS)
indução ou inibição enzimática dessas enzimas metabolizadoras, na utilização do mesmo.
aumentando ou diminuindo a ação farmacológica e, muitas vezes, Define-se como dose letal (DL) de uma substância a dose
favorecendo os efeitos tóxicos presentes nos medicamentos, o que mínima necessária para a observação do poder mortífero da
é bastante preocupante na prática terapêutica. mesma. A DL mais comumente mensurada é a DL50, onde se avalia
As reações de fase 1 do metabolismo envolvem reações a concentração de uma substância química capaz de matar 50% da
simples de oxidação e redução das substâncias, entre outras população de animais testados. Essa dose mede-se em miligramas
reações, tornando-as mais polares e com maior solubilidade em da substância por quilograma de massa corporal do animal testado.
meio aquoso, podendo logo após essa fase ser excretado. É nessa Existe também DL10.
fase que as enzimas do CYP450 atuam principalmente. Essa dose letal também depende do modo de exposição do
As reações de fase 2 são também denominadas de reações animal ao toxicante.
de conjugação, pois grupamentos são adicionados nas moléculas, A dose efetiva (DE) é mensurada quase da mesma forma,
complexando-se em substâncias hidrossolúveis com o auxílio de porém com o objetivo final de mensurar a quantidade mínima de
enzimas (transaminases e glicuronidases). fármaco para obter-se a resposta terapêutica do fármaco em 50%
As reações de biotransformação também podem potencializar (DE50) da população ou em 10% da população (DE10).
(bioativar) o efeito tóxico ou farmacológico de uma substância. O índice terapêutico ou intervalo terapêutico (IT) é a razão
O paracetamol é um fármaco que quando administrado entre DL50/DE50 e DL10/DE10 quanto mais próxima a DL é da DE
inicialmente é inofensivo ao organismo, mas após a passagem do em fármacos menores o intervalo terapêutico, pois maior é o risco
fígado, ele sofre reações que gera uma estrutura tóxica que geram de intoxicação comprometendo assim a segurança do indivíduo,
radicais livres e é prejudicial para os hepatócitos. situação real e preocupante no uso de agentes digitálicos e
O mesmo ocorre com hidrocarbonetos aromáticos policíclicos quimioterápicos.
(PAH’s) que após biotransformação no fígado tem sua ação A margem de segurança (MS) de um fármaco pode ser definida
toxicante cancerígena bioativada, além de ser um importante como a quantidade de substância que pode ser administrada sem
indutor enzimático. provocar efeitos tóxicos, numa equação calculada da seguinte
Alguns medicamentos denominados “pró-fármacos” são forma:
absorvidos no organismo com uma estrutura com finalidade ou MS = (DL10 - DE90)/DE90 x 100
potencialidade terapêutica, mas após a passagem pelo fígado e O efeito tóxico geralmente é causado por alterações biológicas
as reações de biotransformação, um metabólito com atividade como: interação com receptores (organofosforados), complexação
farmacológica ativa é liberado para o restante do organismo, de biomoléculas (radicais livres), inibição da fosforilação oxidativa
para daí realizar a ação pretendida. O agente inibidor de enzima com parada da respiração celular e produção de ATP (rotenona),
conversora de angiotensina (IECA), enalapril é um pró-fármaco. alteração da homeostase de íons Na+, K+, Ca++, etc. (toxina
É preciso ainda levar em consideração na biotransformação botulínica).
de xenobióticos fatores extra-hepáticos, como a capacidade
respiratória, a funcionalidade renal, a ação de pele e mucosas
sobre a metabolização dos mesmos, a real interferência de outras
substâncias, a discreta ação metabolizadora que a microbiota
389
EIXO TEMÁTICO 4 - SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA TRABALHADORA
Atendimento na Intoxicação
CONTROLE DA EXPOSIÇÃO E MONITORAMENTO
Para o estudo da toxicidade, conhecer as características BIOLÓGICO DA EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL
toxicocinéticas e toxicodinâmicas é imprescindível para a avaliação
da toxicidade e como reverter o quadro, impedindo a intoxicação, o Capítulo 1: Introdução
estado patológico e o óbito. A garantia da segurança e saúde no ambiente de trabalho tem
No Brasil, assim como na maioria dos países, os principais agentes sido cada vez mais reconhecida como uma preocupação primordial
toxicantes relatados pelos sistemas de vigilância epidemiológica em todas as esferas da sociedade contemporânea. A proteção do
são os medicamentos, mas também há casos de intoxicações pela trabalhador e da trabalhadora não se resume apenas a uma obri-
ingestão e exposição a plantas venenosas, produtos de higiene e gação legal, mas representa um compromisso moral e ético de toda
limpeza, além do ataque de animais peçonhentos, como cobras, a sociedade para com aqueles que contribuem diariamente para
aranhas, etc. o funcionamento e progresso das organizações. Nesse contexto, o
As crianças são as principais vítimas de intoxicações acidentais, controle da exposição e o monitoramento biológico da exposição
com medicamentos, consumo de plantas venenosas e produtos ocupacional emergem como pilares fundamentais na promoção de
domissanitário, principalmente pela curiosidade e atração que ambientes laborais seguros, saudáveis e produtivos.
alguns dos itens mencionados exercem sobre elas, assim como A exposição ocupacional, termo que abarca a interação entre
animais domésticos, por motivos semelhantes, levando assim a o trabalhador e os diversos agentes presentes no ambiente de tra-
uma necessidade de conscientização de evitar deixar medicamentos balho, é uma questão complexa e multifacetada. Desde agentes
e produtos de limpeza ao alcance destes e também de evitar a químicos presentes em processos industriais até condições físicas
presença de plantas tóxicas no domicílio. adversas como ruído excessivo e temperaturas extremas, os tra-
Há também vários casos envolvendo adultos que se intoxicam balhadores estão constantemente expostos a uma variedade de
com esses itens, seja por desconhecimento, ingestão acidental ou riscos que podem afetar sua saúde e bem-estar. A compreensão e
ingestão intencional. o controle desses riscos tornam-se, portanto, imperativos para a
Os sintomas clássicos de intoxicação são coma, convulsão, prevenção de doenças ocupacionais, acidentes de trabalho e outras
acidose metabólica, arritmia cardíaca súbita, colapso circulatório, adversidades.
alteração do estado mental, etc. No cerne do controle da exposição ocupacional está a imple-
Para reverter o quadro inicialmente é necessário identificar e mentação de medidas destinadas a minimizar ou eliminar a expo-
caracterizar o estado fisiológico da vítima, o agente causador e as sição dos trabalhadores a agentes prejudiciais à saúde. Essas medi-
circunstancias da ocorrência. das englobam uma ampla gama de estratégias, desde a substituição
Na identificação do agente é necessário identificar a de substâncias químicas por alternativas menos tóxicas até a ado-
composição, a quantidade ingerida, tempo e horário de exposição ção de práticas de engenharia de segurança e o fornecimento de
e a via de absorção, definindo-se daí quais são as características equipamentos de proteção individual e coletiva. A hierarquia des-
toxicocinéticas e toxicodinâmicas da substância. sas medidas, que prioriza ações que eliminem ou minimizem o risco
Identificar e realizar as medidas imediatas a fim de evitar a na fonte, reflete a abordagem proativa e preventiva necessária para
intoxicação sistêmica, com agente neutralizantes ou adsorventes garantir a proteção eficaz dos trabalhadores.
como carvão ativado. Por outro lado, o monitoramento biológico da exposição ocu-
Deve-se também realizar os exames necessários a fim de avaliar pacional surge como uma ferramenta complementar e indispen-
a influência da intoxicação a nível plasmático e a necessidade do sável no controle dos riscos ocupacionais. Ao analisar amostras
uso de antídotos. biológicas, como sangue, urina ou saliva, os profissionais de saúde
No atendimento médico é importante sempre que possível levar ocupacional podem avaliar a absorção, distribuição, metabolismo e
a embalagem do toxicante para avaliação das medidas de controle eliminação de agentes tóxicos pelo organismo dos trabalhadores.
definidas pelo fabricante e para esclarecimento do médico, assim Essa análise minuciosa fornece informações valiosas sobre a expo-
como manter contato com os centros de informações toxicológicas, sição real dos trabalhadores aos agentes nocivos, permitindo uma
além de registro da ocorrência com detalhes pormenorizados da avaliação mais precisa dos riscos à saúde e a eficácia das medidas
substância. de controle adotadas.
As principais ações a nível de intoxicação por ingestão de Entretanto, apesar dos avanços significativos alcançados na
substâncias tóxicas residem na tentativa de impedir ou amenizar área da segurança e saúde ocupacional, o controle da exposição
a absorção pela mucosa gastrintestinal (com carvão ativado), e o monitoramento biológico enfrentam uma série de desafios e
esvaziamento gástrico (com lavagens) e diurese ionizada, para complexidades. Desde a necessidade de desenvolver métodos mais
facilitar a excreção de metabólitos tóxicos pelos rins. sensíveis e específicos para a detecção de agentes tóxicos até a falta
Os antídotos são utilizados em cerca de 5% dos casos, como no de padronização e harmonização dos procedimentos de monitora-
caso de intoxicação por organofosforados, metanol, monóxido de mento, há um longo caminho a percorrer para garantir a eficácia e
carbono, metais pesados, etc. eficiência dessas práticas.
Portanto, esta dissertação tem como objetivo fornecer uma
análise detalhada e abrangente sobre o controle da exposição e o
monitoramento biológico da exposição ocupacional. Ao explorar os
conceitos, métodos e desafios associados a essas práticas, busca-se
390
EIXO TEMÁTICO 4 - SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA TRABALHADORA
não apenas elucidar sua importância na proteção dos trabalhado- Capítulo 3: Controle da Exposição Ocupacional
res, mas também contribuir para o avanço e aprimoramento contí-
nuo da segurança e saúde no ambiente de trabalho. A gestão da exposição ocupacional é um aspecto crucial para a
promoção da segurança e saúde dos trabalhadores em ambientes
Capítulo 2: Exposição Ocupacional: Conceitos e Desafios laborais diversos. Este capítulo se debruça sobre as estratégias e
práticas empregadas no controle da exposição, destacando a im-
A exposição ocupacional é um tema de extrema relevância portância vital dessas medidas para minimizar ou eliminar os riscos
quando se trata da segurança e saúde dos trabalhadores. Definida à saúde dos trabalhadores.
como a interação entre o trabalhador e agentes químicos, físicos Uma das abordagens mais fundamentais no controle da exposi-
ou biológicos presentes no ambiente de trabalho, essa exposição ção é a substituição de substâncias químicas perigosas por alterna-
representa um desafio constante que pode impactar significativa- tivas menos tóxicas ou não tóxicas. Essa estratégia, conhecida como
mente a saúde e o bem-estar dos indivíduos envolvidos. abordagem de substituição, visa eliminar os agentes nocivos do am-
Agentes químicos são uma das formas mais comuns de expo- biente de trabalho desde sua fonte. É um método preferencial, pois
sição ocupacional. Nas indústrias química, farmacêutica e de pro- reduz drasticamente a exposição dos trabalhadores a substâncias
dução, os trabalhadores frequentemente lidam com substâncias prejudiciais, mitigando assim os riscos à saúde.
nocivas que podem causar danos ao entrar em contato com a pele, Além da substituição de substâncias químicas, o uso de equi-
serem inaladas ou ingeridas. Desde solventes e produtos químicos pamentos de proteção individual (EPIs) é uma prática comumente
industriais até materiais cancerígenos, a exposição a esses agentes adotada para proteger os trabalhadores contra exposições específi-
representa um risco considerável para a saúde dos trabalhadores, cas. Os EPIs incluem uma ampla gama de dispositivos, como óculos
exigindo medidas rigorosas de controle e prevenção. de proteção, luvas, máscaras respiratórias, protetores auriculares
Além dos agentes químicos, os trabalhadores também estão e vestimentas adequadas. Cada EPI é projetado para fornecer pro-
sujeitos a exposições físicas adversas no ambiente de trabalho. O teção contra um tipo específico de risco, e seu uso adequado é es-
ruído excessivo é um exemplo comum, especialmente em indústrias sencial para garantir a eficácia na prevenção de danos à saúde dos
de construção, metalurgia e manufatura. A exposição prolongada trabalhadores.
a níveis elevados de ruído pode resultar em danos auditivos per- Além disso, o controle da exposição ocupacional também en-
manentes, comprometendo a qualidade de vida e o desempenho volve a implementação de práticas de engenharia de segurança.
profissional dos trabalhadores. Da mesma forma, temperaturas ex- Isso inclui a adoção de medidas de controle no ambiente de traba-
tremas, vibrações e radiações não ionizantes também representam lho, como ventilação adequada, isolamento de processos perigo-
desafios significativos que exigem medidas preventivas adequadas. sos, contenção de substâncias químicas e implementação de bar-
Além disso, agentes biológicos, como vírus, bactérias e fungos, reiras físicas. Essas medidas visam reduzir ou eliminar a dispersão
também são fontes potenciais de exposição ocupacional. Em am- de agentes nocivos no ambiente de trabalho, protegendo assim os
bientes como hospitais, laboratórios e instalações de processamen- trabalhadores contra exposições prejudiciais.
to de alimentos, os trabalhadores estão constantemente expostos a Entretanto, apesar da importância dessas medidas de controle,
patógenos que podem causar doenças infecciosas e comprometer sua eficácia depende significativamente da implementação adequa-
sua saúde. A adoção de práticas rigorosas de higiene, o uso de equi- da e da conformidade dos trabalhadores e empregadores. A falta
pamentos de proteção adequados e a implementação de medidas de conscientização sobre os riscos ocupacionais, a negligência na
de controle de infecções são essenciais para mitigar esses riscos. utilização de EPIs e a falha na manutenção e inspeção regular de
No entanto, apesar dos esforços para prevenir doenças ocu- equipamentos de proteção podem comprometer a eficácia das es-
pacionais e acidentes de trabalho, os desafios associados à expo- tratégias de controle da exposição.
sição ocupacional são complexos e multifacetados. A diversidade Desse modo, é crucial uma abordagem holística e integrada no
de agentes aos quais os trabalhadores estão expostos, juntamente controle da exposição ocupacional. A combinação de medidas de
com a dinamicidade dos ambientes de trabalho, torna a identifica- substituição de substâncias químicas, uso correto de EPIs e imple-
ção e controle desses riscos uma tarefa desafiadora. Além disso, a mentação de práticas de engenharia de segurança pode proporcio-
falta de conscientização e educação sobre os perigos da exposição nar um ambiente de trabalho mais seguro e saudável para todos.
ocupacional, tanto entre trabalhadores quanto entre empregado- No entanto, isso requer o comprometimento e a colaboração de
res, pode contribuir para a persistência desses problemas. trabalhadores, empregadores, profissionais de saúde ocupacional e
Portanto, é fundamental uma abordagem abrangente e inte- autoridades regulatórias para garantir a eficácia e sustentabilidade
grada para enfrentar os desafios da exposição ocupacional. A im- das medidas de controle da exposição.
plementação de medidas preventivas eficazes, a educação e trei-
namento dos trabalhadores, a realização de avaliações de risco Capítulo 4: Monitoramento Biológico da Exposição Ocupacio-
regulares e a adoção de tecnologias e práticas de trabalho seguras nal
são passos essenciais para garantir ambientes de trabalho saudá-
veis e seguros para todos. Nesse sentido, este capítulo busca não As técnicas de monitoramento biológico envolvem a coleta e
apenas fornecer uma visão abrangente dos conceitos e desafios análise de amostras biológicas, como sangue, urina, saliva, cabelo e
relacionados à exposição ocupacional, mas também destacar a im- unhas, para identificar e quantificar a presença de substâncias quí-
portância contínua de medidas de prevenção e controle para prote- micas ou seus metabólitos no organismo dos trabalhadores. Essas
ger a saúde e o bem-estar dos trabalhadores. amostras biológicas atuam como indicadores diretos da exposição
dos trabalhadores a agentes tóxicos, fornecendo informações valio-
sas sobre a magnitude e a natureza da exposição.
391
EIXO TEMÁTICO 4 - SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA TRABALHADORA
A análise de sangue é uma das técnicas mais comuns utilizadas no monitoramento biológico, permitindo a detecção de substâncias
químicas e seus metabólitos circulantes no organismo. Essa abordagem é especialmente útil para substâncias de curta duração no organis-
mo, oferecendo uma avaliação instantânea da exposição recente dos trabalhadores a agentes tóxicos.
Da mesma forma, a análise de urina é amplamente empregada devido à facilidade de coleta e à capacidade de refletir a exposição a
longo prazo a substâncias químicas. Ao detectar metabólitos eliminados pela urina, essa técnica fornece uma medida mais abrangente da
exposição dos trabalhadores ao longo do tempo, permitindo uma avaliação mais precisa dos riscos à saúde.
Além disso, o monitoramento biológico pode incluir a análise de outras amostras biológicas, como saliva, cabelo e unhas, cada uma
oferecendo insights únicos sobre a exposição ocupacional. Por exemplo, o cabelo pode fornecer uma medida de exposição a longo prazo,
enquanto as unhas podem capturar exposições crônicas a agentes tóxicos.
A importância do monitoramento biológico reside não apenas na identificação da exposição atual dos trabalhadores a agentes tóxicos,
mas também na avaliação da eficácia das medidas de controle implementadas. Ao comparar os resultados do monitoramento biológico ao
longo do tempo, os profissionais de saúde ocupacional podem determinar se as medidas de controle estão sendo eficazes na redução da
exposição dos trabalhadores e na proteção de sua saúde.
Além do mais, o monitoramento biológico desempenha um papel crucial na identificação precoce de riscos à saúde e no estabeleci-
mento de medidas preventivas adequadas. Ao detectar alterações nos níveis de substâncias químicas ou metabólitos no organismo dos
trabalhadores, os profissionais de saúde podem intervir precocemente, implementando medidas de controle adicionais ou fornecendo
tratamento médico quando necessário.
No entanto, é importante ressaltar que o monitoramento biológico apresenta desafios e limitações próprios, incluindo a necessidade
de interpretação adequada dos resultados, a padronização dos procedimentos de coleta e análise de amostras, e a consideração de fatores
individuais que podem influenciar os resultados, como idade, sexo, dieta e histórico médico dos trabalhadores.
Portanto, o monitoramento biológico da exposição ocupacional representa uma ferramenta valiosa na proteção da saúde dos traba-
lhadores, fornecendo insights precisos e individualizados sobre a exposição a agentes tóxicos no ambiente de trabalho. Sua integração efi-
caz no programa de saúde ocupacional pode contribuir significativamente para a promoção de ambientes de trabalho seguros e saudáveis,
garantindo o bem-estar e a qualidade de vida dos trabalhadores.
Apesar dos avanços notáveis na área da segurança e saúde ocupacional ao longo das últimas décadas, o controle da exposição e o
monitoramento biológico continuam a enfrentar uma série de desafios que exigem uma abordagem cuidadosa e holística.
Um dos desafios fundamentais enfrentados pelo controle da exposição e pelo monitoramento biológico é a necessidade de desen-
volver métodos mais sensíveis e específicos para a detecção de agentes tóxicos. A diversidade e complexidade dos agentes presentes nos
ambientes de trabalho exigem técnicas analíticas cada vez mais avançadas, capazes de detectar e quantificar substâncias químicas em
concentrações mínimas, muitas vezes abaixo do limite de detecção dos métodos convencionais.
Além disso, a falta de padronização e harmonização dos procedimentos de monitoramento representa um desafio significativo para
a eficácia e comparabilidade dos resultados entre diferentes estudos e locais de trabalho. A heterogeneidade nos métodos de coleta,
armazenamento e análise de amostras biológicas pode dificultar a interpretação dos resultados e a formulação de diretrizes claras para a
proteção dos trabalhadores.
A conscientização e capacitação dos trabalhadores e empregadores sobre a importância do controle da exposição e do monitoramen-
to biológico também são desafios prementes a serem enfrentados. Muitas vezes, a falta de conhecimento sobre os riscos ocupacionais
e as medidas de prevenção disponíveis pode levar a comportamentos de risco e negligência na adoção de práticas seguras no local de
trabalho. Portanto, é essencial investir em programas educacionais e de conscientização que promovam uma cultura de segurança e saúde
ocupacional em todas as organizações.
No entanto, apesar desses desafios, há uma série de perspectivas promissoras para o futuro do controle da exposição e do moni-
toramento biológico. O avanço contínuo da tecnologia, incluindo a aplicação de técnicas analíticas mais sensíveis e específicas, como a
espectrometria de massa e a biologia molecular, promete revolucionar a forma como avaliamos e gerenciamos os riscos ocupacionais.
Além disso, a crescente conscientização sobre os impactos da exposição ocupacional na saúde dos trabalhadores está impulsionando
a adoção de políticas e regulamentações mais rigorosas em todo o mundo. A implementação de padrões mais elevados de segurança e
saúde ocupacional não apenas protegerá os trabalhadores, mas também promoverá a sustentabilidade e competitividade das organiza-
ções em um mercado global cada vez mais consciente.
Então podemos afirmar que, embora o controle da exposição e o monitoramento biológico enfrentem desafios significativos, há ra-
zões para otimismo em relação ao futuro. Com o compromisso contínuo com a inovação tecnológica, a conscientização dos trabalhadores
e empregadores e a colaboração entre governos, organizações e profissionais de saúde ocupacional, podemos aspirar a ambientes de
trabalho mais seguros, saudáveis e produtivos para todos.
Capítulo 6: Conclusão
Após uma análise detalhada e abrangente sobre o controle da exposição e o monitoramento biológico da exposição ocupacional, é
evidente que essas práticas desempenham um papel essencial na promoção da segurança e saúde no trabalho. Ao longo deste trabalho,
exploramos minuciosamente os conceitos, métodos, desafios e perspectivas futuras relacionadas a essas áreas cruciais da saúde ocupa-
cional.
392
EIXO TEMÁTICO 4 - SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA TRABALHADORA
É inegável que o ambiente de trabalho contemporâneo porais, que fornecem informações sobre a exposição do indivíduo
enfrenta uma ampla gama de riscos ocupacionais, que vão desde a agentes nocivos ou o estado de sua saúde. Esses biomarcadores
a exposição a substâncias químicas tóxicas até condições físicas têm um papel fundamental na identificação precoce de potenciais
adversas. Nesse contexto, o controle da exposição se revela como problemas de saúde relacionados ao trabalho, permitindo interven-
uma estratégia fundamental para prevenir doenças ocupacionais, ções eficazes para prevenir danos maiores.
acidentes de trabalho e outros riscos à saúde dos trabalhadores. A definição precisa e compreensão da importância dos indica-
A implementação de medidas de controle eficazes, como a dores biológicos são essenciais para a aplicação eficaz dessas ferra-
substituição de substâncias químicas por alternativas menos mentas na prática ocupacional. Ao contrário das medidas ambien-
tóxicas, o uso adequado de equipamentos de proteção e a adoção tais, que podem ser influenciadas por uma variedade de fatores
de práticas de engenharia de segurança, é essencial para garantir externos, os indicadores biológicos oferecem uma avaliação direta
ambientes de trabalho seguros e saudáveis. da exposição individual a substâncias químicas, físicas ou biológicas
Além disso, o monitoramento biológico da exposição ocupa- no ambiente de trabalho. Isso os torna extremamente valiosos para
cional desempenha um papel complementar e crucial no gerencia- entender os verdadeiros riscos à saúde enfrentados pelos trabalha-
mento de riscos ocupacionais. Ao analisar amostras biológicas dos dores e trabalhadoras.
trabalhadores, podemos obter insights valiosos sobre a absorção, A análise cuidadosa dos indicadores biológicos não se limita
distribuição, metabolismo e eliminação de agentes tóxicos, permi- apenas à detecção da presença de substâncias nocivas no organis-
tindo uma avaliação mais precisa dos riscos à saúde e a eficácia das mo, mas também permite compreender o metabolismo e a elimina-
medidas de controle adotadas. ção desses agentes tóxicos pelo corpo humano. Essa compreensão
No entanto, apesar dos avanços significativos alcançados nes- detalhada dos processos biológicos envolvidos na exposição ocupa-
sa área, ainda enfrentamos uma série de desafios que demandam cional é essencial para desenvolver estratégias eficazes de preven-
atenção e ação contínuas. A necessidade de desenvolver métodos ção e controle de doenças relacionadas ao trabalho.
mais sensíveis e específicos para a detecção de agentes tóxicos, a Os métodos de análise dos indicadores biológicos são diver-
falta de padronização nos procedimentos de monitoramento e a sos e em constante evolução. Desde análises de sangue e urina até
necessidade de conscientização e capacitação dos trabalhadores e técnicas mais avançadas, como análises de cabelo e unhas, cada
empregadores são apenas alguns dos obstáculos que precisam ser método oferece vantagens e limitações únicas. A escolha do mé-
superados. todo mais apropriado depende da substância a ser detectada, da
Diante desses desafios, é fundamental que todas as partes in- duração da exposição e de outros fatores individuais e ambientais.
teressadas - incluindo trabalhadores, empregadores, profissionais Além disso, os indicadores biológicos desempenham um pa-
de saúde ocupacional, governos e sociedade civil - se unam em um pel crucial na promoção da saúde ocupacional e na prevenção de
esforço conjunto para promover ambientes de trabalho mais segu- doenças relacionadas ao trabalho. Ao fornecer uma avaliação obje-
ros e saudáveis. Isso requer um compromisso contínuo com a ino- tiva e quantitativa da exposição ocupacional, esses biomarcadores
vação tecnológica, a implementação de políticas e regulamentações permitem que os profissionais de saúde identifiquem trabalhadores
rigorosas e a promoção de uma cultura de segurança e saúde no em maior risco de desenvolver problemas de saúde e implementem
local de trabalho. medidas preventivas de forma direcionada e eficaz.
Concluindo, o controle da exposição e o monitoramento bio- Portanto, esta dissertação busca explorar em profundidade o
lógico da exposição ocupacional são pilares essenciais da gestão papel dos indicadores biológicos na segurança e saúde do trabalha-
da segurança e saúde no trabalho. A implementação eficaz dessas dor e da trabalhadora. Ao discutir sua definição, importância, mé-
práticas não apenas protege os trabalhadores contra os riscos ocu- todos de análise e aplicação prática, buscamos fornecer uma visão
pacionais, mas também contribui para a produtividade, a sustenta- abrangente e detalhada dessa ferramenta essencial na promoção
bilidade e o bem-estar geral das organizações. Ao trabalharmos jun- de ambientes de trabalho seguros e saudáveis.
tos para superar os desafios e aproveitar as oportunidades futuras,
podemos aspirar a ambientes de trabalho mais seguros, saudáveis Capítulo 2: Definição e Importância dos Indicadores Biológicos
e produtivos para todos.
Esses biomarcadores podem ser encontrados em uma varieda-
de de amostras biológicas, incluindo sangue, urina, saliva e tecidos
INDICADORES BIOLÓGICOS
corporais. A capacidade de detectar substâncias ou alterações men-
suráveis nessas amostras oferece uma visão direta da exposição dos
Capítulo 1: Introdução trabalhadores a agentes tóxicos presentes em seus ambientes de
trabalho. Essa detecção direta é essencial para compreender os ris-
A segurança e saúde do trabalhador e da trabalhadora repre- cos à saúde ocupacional e tomar medidas preventivas eficazes.
sentam preocupações centrais em todas as esferas da sociedade A importância dos indicadores biológicos é destacada pela sua
moderna. A evolução das condições de trabalho ao longo dos sé- capacidade de fornecer informações objetivas e quantitativas so-
culos tem sido acompanhada por um crescente interesse na pro- bre a exposição real dos trabalhadores a substâncias nocivas. Ao
moção de ambientes laborais seguros e saudáveis. Nesse contexto, contrário das medidas ambientais, que podem ser influenciadas
os indicadores biológicos surgem como uma ferramenta crucial na por uma variedade de fatores externos, os biomarcadores ofere-
avaliação e gestão dos riscos à saúde ocupacional. cem uma avaliação direta da absorção, metabolismo e eliminação
Os indicadores biológicos, também conhecidos como biomar- de agentes tóxicos pelo organismo do trabalhador. Isso permite
cadores, são substâncias ou alterações mensuráveis encontradas uma compreensão mais precisa dos riscos à saúde enfrentados pe-
em amostras biológicas, como sangue, urina, saliva e tecidos cor- los trabalhadores, possibilitando a implementação de estratégias
de prevenção e controle mais eficazes.
393
EIXO TEMÁTICO 4 - SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA TRABALHADORA
A análise cuidadosa dos indicadores biológicos não se limita ocupacional podem avaliar de forma mais precisa a exposição indi-
apenas à detecção da presença de substâncias nocivas no organis- vidual dos trabalhadores a agentes tóxicos e identificar aqueles em
mo. Também permite entender os processos biológicos envolvidos maior risco. Isso permite a implementação de medidas preventivas
na exposição ocupacional, como a forma como essas substâncias direcionadas, como a redução da exposição, o fornecimento de EPIs
são absorvidas, metabolizadas e eliminadas pelo corpo humano. adequados e a modificação de processos de trabalho para minimi-
Essa compreensão detalhada é essencial para o desenvolvimento zar os riscos à saúde.
de políticas e práticas que visem proteger a saúde dos trabalhado- Além disso, os indicadores biológicos são essenciais para mo-
res. nitorar a eficácia das medidas de controle implementadas. Ao
É importante ressaltar que os indicadores biológicos não comparar os resultados do monitoramento ao longo do tempo, os
substituem outras medidas de segurança no trabalho, como o profissionais de saúde podem avaliar se as medidas adotadas estão
uso de equipamentos de proteção individual. No entanto, eles sendo eficazes na redução da exposição dos trabalhadores a agen-
complementam essas medidas, fornecendo informações adicionais tes tóxicos. Isso permite ajustes e melhorias contínuas nos progra-
sobre a exposição individual dos trabalhadores a agentes nocivos. mas de saúde ocupacional, garantindo uma proteção adequada da
Portanto, sua inclusão nas estratégias de saúde ocupacional é saúde dos trabalhadores.
crucial para garantir ambientes de trabalho seguros e saudáveis A aplicação dos indicadores biológicos na prevenção de doen-
para todos os trabalhadores. ças ocupacionais requer uma abordagem integrada e multidiscipli-
nar, envolvendo não apenas profissionais de saúde ocupacional,
Capítulo 3: Métodos de Análise de Indicadores Biológicos mas também gestores de segurança, engenheiros e outros especia-
listas. A coleta, análise e interpretação dos dados biológicos exigem
A análise de sangue é uma das abordagens mais comuns na conhecimentos específicos e experiência técnica para garantir re-
análise de indicadores biológicos. Essa técnica permite a detecção sultados precisos e significativos.
de substâncias químicas e seus metabólitos circulantes no organis- Desse modo, os indicadores biológicos desempenham um pa-
mo, oferecendo uma avaliação imediata da exposição recente dos pel fundamental na prevenção de doenças ocupacionais, fornecen-
trabalhadores a agentes tóxicos. Através da coleta de amostras do informações valiosas para a identificação precoce de riscos à
sanguíneas e sua subsequente análise laboratorial, é possível iden- saúde ocupacional e a avaliação da eficácia das medidas de contro-
tificar a presença de substâncias nocivas e avaliar seu impacto na le. Sua aplicação efetiva requer uma abordagem integrada e colabo-
saúde dos trabalhadores. rativa, visando garantir ambientes de trabalho seguros e saudáveis
Outro método amplamente utilizado é a análise de urina. Esta para todos os trabalhadores.
abordagem é valorizada por sua facilidade de coleta e pela capaci-
dade de refletir a exposição a longo prazo a substâncias químicas. Capítulo 5: Considerações Finais
Ao detectar os metabólitos eliminados pela urina, a análise de urina
oferece uma medida mais abrangente da exposição dos trabalhado- O estudo dos indicadores biológicos na segurança e saúde do
res ao longo do tempo. Isso possibilita uma avaliação mais precisa trabalhador representa um campo vasto e crucial para a compreen-
dos riscos à saúde ocupacional e auxilia na identificação de medidas são e aprimoramento das condições laborais contemporâneas. Nes-
preventivas adequadas. te capítulo final, após uma análise profunda dos diversos aspectos
Além da análise de sangue e urina, outras amostras biológicas relacionados aos indicadores biológicos, é possível consolidar uma
também são exploradas na análise de indicadores biológicos. A sa- série de reflexões e considerações que ressaltam sua importância e
liva, por exemplo, é cada vez mais reconhecida como uma fonte desafios associados à sua aplicação.
viável de biomarcadores, oferecendo uma abordagem não invasiva Inicialmente, é fundamental reconhecer que os indicadores
e de fácil coleta. O cabelo, por sua vez, pode fornecer informações biológicos desempenham um papel vital na promoção da saúde
sobre a exposição a longo prazo, uma vez que as substâncias quí- ocupacional, oferecendo uma visão direta e objetiva da exposição
micas são incorporadas no cabelo à medida que cresce. As unhas dos trabalhadores a agentes nocivos presentes nos ambientes de
também são utilizadas, capturando exposições crônicas a agentes trabalho. A capacidade desses indicadores de refletir a absorção,
tóxicos devido à sua taxa de crescimento mais lenta em comparação metabolismo e eliminação de substâncias tóxicas proporciona uma
com o cabelo. avaliação precisa dos riscos à saúde, permitindo intervenções pre-
Cada uma dessas amostras biológicas oferece insights únicos ventivas e estratégias de controle mais eficazes.
sobre a exposição ocupacional e pode ser selecionada com base nas No entanto, a eficácia dos indicadores biológicos depende
características específicas do ambiente de trabalho e dos agentes não apenas da qualidade das análises laboratoriais, mas também
tóxicos envolvidos. A escolha do método de análise adequado é es- da interpretação cuidadosa dos resultados e da consideração de
sencial para uma avaliação precisa da exposição dos trabalhadores fatores individuais que podem influenciar as respostas biológicas
e para a implementação de medidas preventivas eficazes na promo- dos trabalhadores. Questões como idade, sexo, condições de saú-
ção de ambientes de trabalho seguros e saudáveis. de pré-existentes e estilo de vida podem modular as respostas dos
indicadores biológicos, exigindo uma abordagem personalizada e
Capítulo 4: Aplicação dos Indicadores Biológicos na Prevenção adaptada a cada situação.
de Doenças Ocupacionais Além disso, é essencial destacar que a implementação bem-su-
cedida dos indicadores biológicos requer uma abordagem integrada
Uma das principais contribuições dos indicadores biológicos é e colaborativa entre diversos atores, incluindo profissionais de saú-
sua capacidade de identificar trabalhadores com maior probabili- de ocupacional, gestores de segurança, trabalhadores e sindicatos.
dade de desenvolver problemas de saúde devido à exposição ocu-
pacional. Ao analisar esses indicadores, os profissionais de saúde
394
EIXO TEMÁTICO 4 - SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA TRABALHADORA
A coleta de dados, análise e interpretação dos resultados devem ser Entender suas propriedades físico-químicas, vias de entrada no or-
realizadas em conjunto, promovendo uma cultura de segurança e ganismo e mecanismos de ação é essencial para avaliar adequada-
saúde no local de trabalho. mente os riscos associados à sua exposição.
Outro ponto relevante diz respeito à necessidade de investi- Além disso, é essencial examinar os diferentes sistemas do cor-
mento em pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias e po humano que podem ser afetados pela exposição a substâncias
métodos de análise de indicadores biológicos. O avanço contínuo tóxicas. Do sistema respiratório ao sistema nervoso, passando pelo
nesse campo é crucial para a identificação de novos biomarcadores sistema cardiovascular e o sistema endócrino, cada sistema pos-
e aprimoramento das técnicas de monitoramento, possibilitando sui sua própria vulnerabilidade a diferentes agentes tóxicos. Com-
uma avaliação mais abrangente e precisa dos riscos ocupacionais. preender como esses sistemas interagem e respondem à exposição
Por fim, é fundamental ressaltar que a proteção da saúde e é fundamental para identificar os efeitos adversos à saúde dos tra-
segurança dos trabalhadores é um imperativo ético e social que balhadores.
transcende as fronteiras individuais e organizacionais. A aplicação Ao considerar os fatores que influenciam os efeitos da exposi-
eficaz dos indicadores biológicos na prática ocupacional requer um ção, entramos em um terreno igualmente vasto e complexo. A con-
compromisso coletivo com a promoção de ambientes de trabalho centração da substância, a duração da exposição, a frequência da
seguros, saudáveis e justos para todos os trabalhadores. exposição e até mesmo fatores individuais, como idade, sexo e con-
Em síntese, os indicadores biológicos representam não apenas dições de saúde pré-existentes, desempenham papéis cruciais na
uma ferramenta valiosa na segurança e saúde ocupacional, mas determinação do impacto sobre a saúde. É essencial examinar cada
também um reflexo do compromisso da sociedade com o bem-es- um desses fatores de forma holística para obter uma compreensão
tar e dignidade dos trabalhadores. Por meio de uma abordagem abrangente dos riscos ocupacionais.
integrada e consciente, é possível alcançar avanços significativos na Além do mais, devemos nos aprofundar nos objetivos da ava-
prevenção de doenças ocupacionais e na promoção de ambientes liação de toxicidade, que vão além da simples identificação dos
laborais mais seguros e saudáveis para todos. perigos. Estabelecer limites de exposição ocupacional seguros é
essencial para proteger os trabalhadores contra efeitos adversos à
saúde, enquanto o desenvolvimento de práticas de trabalho segu-
AVALIAÇÃO DE TOXICIDADE
ras visa minimizar os riscos associados à exposição. Compreender
esses objetivos é fundamental para orientar os esforços de avalia-
Capítulo 1: Introdução à Avaliação de Toxicidade ção e gestão de riscos no ambiente de trabalho.
Desse modo, este capítulo servirá como uma base sólida para
A segurança e saúde ocupacional representam preocupações nossa jornada pela avaliação de toxicidade, fornecendo os alicerces
fundamentais em todos os setores da atividade humana, e a ava- teóricos e conceituais necessários para uma compreensão aprofun-
liação de toxicidade emerge como um pilar essencial nessa busca dada dessa disciplina crucial na segurança e saúde ocupacional.
por ambientes laborais seguros e saudáveis. Este capítulo inaugural
busca lançar luz sobre a importância intrínseca da avaliação de toxi- Capítulo 3: Métodos de Avaliação de Toxicidade
cidade no contexto do ambiente de trabalho, delineando seu papel
central na identificação, compreensão e mitigação dos perigos ocu- Nossa jornada começa com uma análise dos testes de toxicida-
pacionais que os trabalhadores enfrentam diariamente. de aguda, um dos métodos mais tradicionais e amplamente utiliza-
A avaliação de toxicidade, em sua essência, é uma exploração dos na avaliação de riscos ocupacionais. Estes testes, que envolvem
meticulosa dos efeitos adversos que substâncias químicas, físicas a exposição de animais de laboratório a doses únicas de substân-
ou biológicas podem exercer sobre a saúde humana quando expos- cias tóxicas, proporcionam uma visão inicial dos efeitos imediatos
tas no ambiente laboral. É um processo multifacetado, que visa não e letais que determinadas substâncias podem causar. No entanto,
apenas determinar os possíveis danos à saúde, mas também esta- surgem preocupações éticas em relação ao uso de animais, impul-
belecer estratégias proativas para minimizar esses riscos e promo- sionando a busca por métodos alternativos.
ver a segurança dos trabalhadores. Prosseguindo, adentramos o mundo dos estudos epidemioló-
Neste sentido, a avaliação de toxicidade desempenha um papel gicos de toxicidade crônica, que buscam compreender os efeitos de
crucial na identificação dos perigos ocupacionais, fornecendo uma longo prazo da exposição a substâncias químicas em populações hu-
base sólida para a implementação de medidas preventivas e corre- manas. Esses estudos, muitas vezes conduzidos ao longo de anos ou
tivas eficazes. Ao compreender os efeitos nocivos das substâncias décadas, permitem uma análise mais profunda dos impactos cumu-
presentes no ambiente de trabalho, é possível estabelecer limites lativos das substâncias tóxicas sobre a saúde, oferecendo insights
de exposição seguros e desenvolver práticas de trabalho que prote- valiosos para a formulação de políticas de segurança no trabalho.
jam a saúde e o bem-estar dos trabalhadores. Entretanto, o avanço da ciência nos conduz a novas fronteiras,
onde testes in vitro e modelos computacionais emergem como pro-
Capítulo 2: Fundamentos da Avaliação de Toxicidade messas de métodos de avaliação de toxicidade mais éticos, rápi-
dos e eficientes. Os testes in vitro, que empregam células humanas
Para iniciar nossa jornada, é imperativo compreender a natu- ou de outros organismos em culturas laboratoriais, oferecem uma
reza das substâncias tóxicas que são objeto de avaliação. Desde alternativa ao uso de animais, enquanto os modelos computacio-
produtos químicos industriais até agentes biológicos e radiações, nais, baseados em simulações computacionais, permitem prever
uma ampla gama de substâncias pode representar riscos para a saú- os efeitos das substâncias tóxicas com base em dados estruturais
de dos trabalhadores quando presentes no ambiente de trabalho. e bioquímicos.
395
EIXO TEMÁTICO 4 - SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA TRABALHADORA
É importante destacar que cada método de avaliação de Ao final desta jornada de descoberta e análise no campo da
toxicidade possui suas vantagens e limitações, e sua escolha avaliação de toxicidade, é o momento de consolidar nossos insights
depende da substância em questão, dos objetivos da avaliação e e vislumbrar o que o futuro reserva para esta disciplina crucial da
das considerações éticas envolvidas. Além disso, a integração de segurança e saúde ocupacional. Neste capítulo conclusivo, mergu-
diferentes abordagens pode oferecer uma compreensão mais lharemos nas principais conclusões obtidas ao longo deste estudo
abrangente e precisa dos riscos ocupacionais, permitindo uma e exploraremos as perspectivas que se avizinham, visando sempre
tomada de decisão informada na implementação de medidas de aprimorar a proteção dos trabalhadores em seus ambientes labo-
proteção à saúde dos trabalhadores. rais.
Portanto, ao explorar os métodos de avaliação de toxicidade, Em primeiro lugar, é imperativo reiterar a importância incon-
nos deparamos não apenas com uma variedade de técnicas e abor- testável da avaliação de toxicidade na preservação da saúde e bem-
dagens, mas também com a constante evolução e a busca incessan- -estar dos trabalhadores. Ao longo desta dissertação, examinamos
te por métodos mais eficazes e éticos. Esta jornada nos conduz a minuciosamente os fundamentos, métodos e considerações especí-
um entendimento mais profundo dos desafios e possibilidades na ficas que permeiam esse processo vital. Concluímos que a avaliação
proteção da saúde ocupacional e na promoção de ambientes de tra- de toxicidade não é apenas uma ferramenta, mas sim um pilar es-
balho seguros e saudáveis. sencial na gestão dos riscos ocupacionais, permitindo a identifica-
ção precoce de perigos potenciais e a implementação de medidas
Capítulo 4: Considerações Específicas na Avaliação de Toxicida- preventivas adequadas.
de Contudo, à medida que avançamos rumo ao futuro, é crucial
reconhecer os desafios que ainda persistem no campo da avaliação
Iniciamos nossa jornada examinando a sensibilidade dife- de toxicidade. Desde a necessidade de aprimorar os métodos de
renciada de diversos grupos populacionais diante da exposição a teste até a consideração cada vez mais premente dos efeitos cumu-
substâncias tóxicas. Crianças, com seus sistemas ainda em desen- lativos e interativos das substâncias químicas no corpo humano, há
volvimento, e mulheres grávidas, cuja condição demanda proteção uma infinidade de questões que demandam nossa atenção e ação.
especial para o feto em gestação, representam segmentos da popu- A ética da pesquisa e a equidade na proteção dos trabalhadores
lação particularmente vulneráveis aos efeitos nocivos das substân- também emergem como temas essenciais que devem ser aborda-
cias químicas. Entender e considerar essas diferenças é essencial dos com seriedade e compromisso.
para uma avaliação de toxicidade verdadeiramente abrangente e No entanto, não podemos perder de vista as promissoras pers-
inclusiva. pectivas que se avizinham. Com os avanços tecnológicos e científicos
Além disso, nos debruçamos sobre a importância de personali- em constante evolução, novas ferramentas e métodos de avaliação
zar as avaliações de acordo com as necessidades individuais e con- estão surgindo, oferecendo abordagens mais precisas, eficientes e
dições de saúde pré-existentes dos trabalhadores. Indivíduos com éticas para determinar os riscos à saúde ocupacional. Testes in vitro,
doenças crônicas, como asma ou diabetes, podem apresentar uma modelagem computacional e abordagens de medicina de precisão
maior susceptibilidade aos efeitos tóxicos de certas substâncias, são apenas alguns exemplos do vasto leque de possibilidades que
exigindo uma abordagem adaptada e cuidadosa para garantir sua se apresentam diante de nós.
segurança no ambiente de trabalho. Além disso, à medida que a conscientização sobre saúde ocu-
No cerne da nossa discussão está a necessidade premente de pacional cresce e a demanda por ambientes de trabalho seguros
monitorização contínua das condições de trabalho e a implementa- e saudáveis se intensifica, observamos um movimento global em
ção de medidas de controle eficazes. A análise constante dos níveis direção a uma abordagem mais integrada e colaborativa na gestão
de exposição, aliada à identificação precoce de potenciais riscos à dos riscos ocupacionais. A cooperação entre governos, empregado-
saúde, é essencial para mitigar os perigos associados à presença de res, trabalhadores e instituições de pesquisa é essencial para im-
substâncias tóxicas nos locais de trabalho. Ações proativas, como a pulsionar esse progresso e garantir que as avaliações de toxicidade
melhoria dos processos de ventilação, o fornecimento de equipa- sejam conduzidas de maneira transparente, responsável e justa.
mentos de proteção adequados e a adoção de práticas de trabalho Com base no que vimos anteriormente podemos afirmar que,
seguras, desempenham um papel fundamental na prevenção de este capítulo conclui nossa jornada através da avaliação de toxicida-
danos à saúde dos trabalhadores. de, oferecendo uma síntese das lições aprendidas e um vislumbre
Por fim, ao ponderarmos sobre as considerações específicas do que está por vir. Ao celebrarmos os avanços conquistados até o
na avaliação de toxicidade, somos confrontados com a imperiosa momento e nos prepararmos para os desafios e oportunidades que
necessidade de promover uma cultura de segurança e saúde ocu- se apresentam no horizonte, reafirmamos nosso compromisso ina-
pacional. Este não é apenas um compromisso moral, mas sim um balável com a proteção da saúde e segurança dos trabalhadores em
mandato ético e social que exige a colaboração de todos os atores todo o mundo. Que este trabalho sirva como um farol, iluminando
envolvidos – desde os gestores e empregadores até os próprios tra- o caminho em direção a ambientes de trabalho mais seguros, sau-
balhadores e órgãos reguladores. Somente através de uma aborda- dáveis e justos para todos.
gem integrada e colaborativa podemos assegurar que as avaliações
de toxicidade sejam verdadeiramente eficazes na proteção da saú-
de e bem-estar da força de trabalho global.
396
EIXO TEMÁTICO 4 - SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA TRABALHADORA
397
EIXO TEMÁTICO 4 - SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA TRABALHADORA
das substâncias envolvidas. Uma compreensão abrangente desses tóxicas devido às diferenças no desenvolvimento e funcionamento
fatores é essencial para avaliar adequadamente os riscos ocupacio- de seus sistemas orgânicos. Crianças, em particular, possuem
nais e implementar medidas de prevenção e controle eficazes. organismos em desenvolvimento, com órgãos e sistemas ainda
imaturos, o que os torna mais vulneráveis à toxicidade de certas
Capítulo 4: Níveis de Exposição substâncias.
O sexo também pode influenciar a sensibilidade à exposição a
Dando inicio, é imprescindível entender que os níveis de ex- substâncias tóxicas. Estudos demonstraram que homens e mulhe-
posição determinam diretamente a probabilidade de ocorrência res podem apresentar respostas diferentes a determinados agentes
de danos à saúde. Exposições a altas concentrações de substâncias químicos devido a diferenças hormonais e fisiológicas. Por exemplo,
tóxicas aumentam exponencialmente o risco de efeitos adversos algumas substâncias tóxicas podem ser metabolizadas de maneira
agudos. Por exemplo, uma exposição aguda a gases venenosos em diferente em homens e mulheres, levando a diferentes níveis de
uma fábrica química pode resultar em intoxicações graves, levando toxicidade.
a danos neurológicos, respiratórios e até mesmo óbito em questão Além disso, o estado de saúde geral de um trabalhador pode
de minutos. afetar significativamente sua sensibilidade à exposição a substân-
Por outro lado, exposições crônicas a níveis mais baixos de cias tóxicas. Indivíduos com condições médicas preexistentes, como
substâncias tóxicas podem causar danos insidiosos e cumulativos doenças respiratórias, cardiovasculares ou imunológicas, podem
ao longo do tempo. Trabalhadores expostos a produtos químicos ser mais suscetíveis aos efeitos nocivos das substâncias químicas
ou materiais perigosos diariamente, mesmo em concentrações presentes no ambiente de trabalho. Essas condições de saúde po-
aparentemente baixas, podem desenvolver doenças crônicas como dem comprometer a capacidade do organismo de metabolizar e ex-
câncer, doenças respiratórias, disfunções hepáticas, entre outras cretar toxinas, aumentando assim o risco de danos à saúde.
condições debilitantes. Outro aspecto a ser considerado é a predisposição genética
Estabelecer limites de exposição ocupacional seguros é uma dos trabalhadores. Algumas pessoas podem possuir variantes ge-
medida fundamental na proteção da saúde dos trabalhadores. Es- néticas que as tornam mais propensas a desenvolver determinadas
tes limites, muitas vezes determinados por agências reguladoras de doenças em resposta à exposição a substâncias tóxicas. Por exem-
saúde e segurança ocupacional, definem as concentrações máximas plo, certas variantes genéticas estão associadas a um maior risco de
permitidas de substâncias tóxicas no ambiente de trabalho durante câncer de pulmão em resposta à exposição ao amianto ou a uma
um determinado período de tempo. Esses limites são baseados em maior suscetibilidade à toxicidade hepática induzida por certos pro-
extensas pesquisas científicas e consideram os potenciais efeitos dutos químicos.
adversos à saúde, tanto agudos quanto crônicos. Diante dessas considerações, torna-se evidente que a sensibili-
No entanto, é importante ressaltar que os limites de exposição dade individual dos trabalhadores à exposição a substâncias tóxicas
ocupacional seguros podem variar de acordo com a substância em é um aspecto multifacetado e complexo. Compreender e levar em
questão e as características específicas do ambiente de trabalho. conta essas diferenças individuais é essencial para uma avaliação
Por exemplo, substâncias altamente voláteis podem exigir limites precisa dos riscos ocupacionais e para a implementação de medi-
de exposição mais rigorosos devido ao risco aumentado de inala- das de proteção adequadas. Somente através de uma abordagem
ção, enquanto substâncias persistentes no ambiente podem reque- personalizada e holística podemos garantir a segurança e saúde dos
rer limites mais baixos devido ao risco de acumulação no organismo trabalhadores em seus ambientes de trabalho.
ao longo do tempo.
Além disso, a monitorização regular dos níveis de exposição Capítulo 6: Ambiente de Trabalho e Práticas de Segurança
é essencial para garantir que os limites de exposição ocupacional
sejam respeitados e que os trabalhadores não estejam expostos Sabemos que ambientes mal ventilados podem permitir a acu-
a concentrações prejudiciais de substâncias tóxicas. Tecnologias mulação de vapores, gases ou partículas tóxicas, aumentando assim
avançadas, como detectores de gases e equipamentos de medição a concentração dessas substâncias no ar respirado pelos trabalha-
de poluentes, são empregadas para avaliar e controlar os níveis de dores. Essa falta de ventilação adequada pode resultar em exposi-
exposição no ambiente de trabalho, permitindo uma intervenção ções prolongadas e em níveis mais elevados de toxicidade, repre-
rápida em caso de concentrações elevadas de substâncias perigo- sentando um sério risco para a saúde dos trabalhadores.
sas. Da mesma forma, a disponibilidade e a qualidade dos equi-
Desse modo, compreender os níveis de exposição às substân- pamentos de proteção individual (EPIs) desempenham um papel
cias tóxicas é essencial para garantir a segurança e saúde dos traba- fundamental na redução da exposição a substâncias tóxicas. Equi-
lhadores. Estabelecer limites de exposição ocupacional seguros e pamentos como máscaras respiratórias, luvas, óculos de proteção
monitorizar regularmente os níveis de exposição são passos funda- e vestuário adequado podem ajudar a minimizar o contato direto
mentais na prevenção de danos à saúde decorrentes da exposição a com agentes perigosos e a proteger os trabalhadores contra os
substâncias tóxicas no ambiente de trabalho. efeitos nocivos da exposição. No entanto, a falta de acesso a EPIs
apropriados ou seu uso inadequado pode deixar os trabalhadores
Capítulo 5: Sensibilidade Individual vulneráveis a danos à saúde.
Além disso, os procedimentos de segurança adotados no local
É importante destacar que cada pessoa possui um perfil de trabalho desempenham um papel crucial na prevenção da to-
biológico único que pode influenciar significativamente sua xicidade. Procedimentos rigorosos, como treinamento adequado,
resposta à exposição a substâncias tóxicas. A idade, por exemplo, rotulagem clara de substâncias perigosas, manuseio e armazena-
desempenha um papel crucial nesse contexto. Crianças e idosos mento seguro de produtos químicos, são essenciais para reduzir os
podem ser mais suscetíveis aos efeitos adversos das substâncias riscos de exposição. Da mesma forma, a implementação de práticas
398
EIXO TEMÁTICO 4 - SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA TRABALHADORA
de trabalho seguras e a promoção de uma cultura de segurança no Por fim, reafirmamos nosso compromisso inabalável com a
local de trabalho são medidas eficazes para proteger os trabalhado- proteção da saúde e do bem-estar dos trabalhadores em todo o
res contra os perigos associados à exposição a substâncias tóxicas. mundo. Que este estudo não apenas aumente a conscientização so-
Por outro lado, ambientes bem projetados, com sistemas de bre os riscos da toxicidade no ambiente de trabalho, mas também
ventilação eficientes e medidas de controle de engenharia adequa- inspire ações concretas para promover ambientes laborais mais
das, podem ajudar a reduzir a concentração de substâncias tóxicas seguros, saudáveis e justos para todos os trabalhadores. Que cada
no ambiente de trabalho, minimizando assim o risco de exposição. descoberta feita e cada lição aprendida aqui se traduza em medidas
A integração de tecnologias de controle de poluição, como sistemas tangíveis que salvaguardem a dignidade e a integridade dos traba-
de exaustão e filtros de ar, pode ajudar a melhorar significativamen- lhadores, hoje e no futuro.
te a qualidade do ar nos locais de trabalho, protegendo assim a saú-
de dos trabalhadores.
DOSE LETAL E CONCENTRAÇÃO LETAL
Concluindo, o ambiente de trabalho e as práticas de segurança
desempenham papéis interdependentes na manifestação da toxici-
dade e na proteção da saúde dos trabalhadores. Ao abordar ques- Capítulo 1: Inicializando
tões como ventilação, equipamentos de proteção, procedimentos
de segurança e design do local de trabalho, podemos reduzir signifi- A busca incessante pela segurança e saúde do trabalhador é
cativamente os riscos ocupacionais e promover ambientes laborais um compromisso inalienável em qualquer cenário laboral. Nos
seguros e saudáveis para todos. meandros complexos das atividades industriais e profissionais, a
presença e manipulação de substâncias tóxicas emergem como
Capítulo 7: Conclusão desafios incontornáveis. Nesse contexto multifacetado, onde a in-
teração humana com agentes nocivos é inevitável, a compreensão
Ao longo dos capítulos sobre a exploração dos riscos associa- profunda dos conceitos de dose letal (DL) e concentração letal (CL)
dos à manifestação da toxicidade no ambiente de trabalho, mergu- se revela essencial.
lhamos em um vasto oceano de conhecimento, onde cada capítulo A magnitude desses desafios transcende os limites físicos dos
revelou novas nuances e complexidades sobre esse tema crucial. locais de trabalho, penetrando nas esferas da saúde pública, das po-
Agora, neste último capítulo, é o momento de reunir nossas des- líticas de segurança e das preocupações socioeconômicas. Afinal, a
cobertas e reflexões e traçar uma síntese abrangente das principais exposição a substâncias tóxicas não apenas afeta a saúde individual
conclusões alcançadas. dos trabalhadores, mas também reverbera nas comunidades onde
Em primeiro lugar, reiteramos a importância incontestável de estão inseridos, influenciando indicadores de qualidade de vida,
compreender os riscos envolvidos na exposição a substâncias tóxi- produtividade econômica e bem-estar social.
cas no ambiente de trabalho. Desde os diferentes tipos de substân- Para compreender plenamente a importância e a complexida-
cias presentes até os mecanismos pelos quais elas podem afetar a de dos conceitos de DL e CL, é necessário mergulhar nas nuances
saúde dos trabalhadores, cada aspecto investigado ao longo deste da toxicologia, ciência que investiga os efeitos nocivos de substân-
estudo destacou a complexidade e a seriedade dos desafios enfren- cias químicas nos organismos vivos. A dose letal, representada pela
tados. quantidade mínima de uma substância capaz de causar morte em
Um dos pontos centrais que emergiram dessa análise é a ne- uma determinada população, e a concentração letal, indicativa da
cessidade premente de implementar medidas preventivas e cor- proporção de uma substância tóxica no ambiente capaz de resultar
retivas eficazes. A identificação precoce dos perigos potenciais, a em óbito, são pilares fundamentais dessa disciplina.
avaliação cuidadosa dos riscos e a implementação de estratégias A interseção entre a toxicologia e a saúde ocupacional lança
para mitigar esses riscos são fundamentais para proteger a saúde luz sobre a necessidade premente de identificar, avaliar e mitigar os
e o bem-estar dos trabalhadores. Não podemos subestimar a im- riscos associados à exposição a substâncias tóxicas no ambiente de
portância de estabelecer limites de exposição ocupacional seguros, trabalho. Nesse sentido, os conceitos de DL e CL assumem um papel
promover práticas de trabalho seguras e fornecer equipamentos de preponderante, orientando a definição de padrões de segurança,
proteção adequados. limites de exposição e diretrizes regulatórias.
Além disso, é crucial reconhecer a importância da sensibiliza- Portanto, este capítulo introdutório não apenas lança as bases
ção e do engajamento de todos os envolvidos - desde os emprega- para uma exploração mais aprofundada dos conceitos de DL e CL,
dores e gestores até os próprios trabalhadores - na promoção de mas também estabelece o cenário para uma reflexão abrangente
ambientes de trabalho seguros e saudáveis. Uma cultura de segu- sobre a importância da segurança e saúde ocupacional em todos os
rança no local de trabalho, onde todos se sintam responsáveis pela níveis da sociedade. Ao reconhecer a relevância desses conceitos,
proteção da saúde e segurança, é essencial para o sucesso de qual- estamos diante da oportunidade de promover ambientes de traba-
quer iniciativa nesse sentido. lho mais seguros, saudáveis e sustentáveis, onde o bem-estar dos
Também é importante destacar que a luta pela segurança e saú- trabalhadores é uma prioridade inegociável.
de no trabalho é uma jornada contínua e em constante evolução. À
medida que novas substâncias são desenvolvidas e novas tecnolo- Capítulo 2: Dose Letal: Conceito e Significado
gias são introduzidas nos locais de trabalho, novos desafios surgem.
Portanto, é essencial permanecer vigilante, atualizado e adaptável A dose letal (DL), um dos pilares da toxicologia, é uma medida
às mudanças para garantir que nossos esforços continuem a prote- crucial na avaliação dos riscos associados à exposição a substân-
ger eficazmente os trabalhadores. cias tóxicas. Ao explorar esse conceito, adentramos em um universo
399
EIXO TEMÁTICO 4 - SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA TRABALHADORA
intricado de relações entre agentes químicos e organismos vivos, nado período de tempo, servindo como um marco na delineação
onde a menor quantidade de uma substância pode ter efeitos de- dos limites de segurança e na identificação de áreas de preocupa-
vastadores. ção.
No âmago da definição de DL está a ponderação da quantida- No entanto, a interpretação precisa da CL não é uma tarefa tri-
de de uma substância necessária para ceifar vidas. Esse conceito vial. Requer uma análise meticulosa das características do agente
não apenas permeia os corredores dos laboratórios de pesquisa, tóxico, das condições ambientais e das características da população
mas também transcende para os domínios da saúde pública, mol- exposta. A consideração de fatores intrínsecos e extrínsecos, como
dando políticas de segurança e intervenções regulatórias. Afinal, a sensibilidade das espécies envolvidas, a via de exposição e a du-
compreender a quantidade mínima de uma substância capaz de de- ração da exposição, é fundamental para uma avaliação abrangente
sencadear consequências letais é crucial para estabelecer medidas dos riscos à saúde.
preventivas e estratégias de intervenção. À medida que nos aprofundamos na compreensão da CL,
A expressão dessa medida, geralmente em termos de massa emergem uma série de questões complexas que exigem respostas
da substância por unidade de peso corporal do organismo exposto, ponderadas. Como podemos extrapolar os dados de testes de
reflete a complexidade das interações entre substâncias químicas laboratório para prever os riscos reais à saúde humana em ambientes
e organismos vivos. Uma análise meticulosa das variações nas res- reais? Qual é a relação entre a concentração de uma substância
postas biológicas entre diferentes espécies e populações de teste é tóxica e a gravidade da resposta biológica observada? Quais são as
essencial para uma interpretação precisa dos resultados. implicações sociais e políticas da exposição a concentrações letais
Dentro desse espectro de avaliação, destaca-se a DL50, uma de substâncias químicas?
medida amplamente utilizada na pesquisa toxicológica. A DL50, re- Ao explorar esses questionamentos, somos levados além das
presentando a dose letal fatal para metade da população de teste fronteiras da ciência pura e adentramos no território vasto e com-
em condições experimentais específicas, serve como um farol na plexo da ética e da responsabilidade social. A compreensão plena
vastidão das incertezas toxicológicas, guiando a identificação de li- da CL não apenas nos desafia a expandir nossos horizontes cientí-
mites críticos de exposição e orientando a formulação de políticas ficos, mas também a refletir sobre as implicações mais amplas de
de segurança. nossas ações e decisões.
No entanto, a determinação precisa da DL não é uma tarefa tri- Portanto, à medida que navegamos pelas águas turvas da con-
vial. Requer uma abordagem multidisciplinar, envolvendo expertise centração letal, é imperativo que nos armemos não apenas com co-
em toxicologia, biologia, estatística e epidemiologia. Além disso, a nhecimento técnico, mas também com sensibilidade ética e social.
consideração de fatores extrínsecos, como o modo de administra- Somente então seremos capazes de navegar com segurança pelo
ção da substância, a via de exposição e as condições ambientais, é labirinto dos riscos tóxicos e proteger a saúde e o bem-estar das
fundamental para uma interpretação precisa dos dados. gerações presentes e futuras.
Diante desse panorama desafiador, surge uma série de questio-
namentos que demandam respostas meticulosas. Qual é a relação Capítulo 4: Importância na Gestão de Riscos Ocupacionais
entre a DL e a resposta biológica observada? Como podemos extra-
polar os dados de testes laboratoriais para prever os riscos reais à Ao considerar a determinação da DL e CL, somos instigados a
saúde humana? Quais são as implicações éticas e sociais da pesqui- refletir sobre a interseção entre a ciência e a prática, onde os da-
sa que envolve a determinação da DL? dos toxicológicos se encontram com as políticas de segurança ocu-
À medida que mergulhamos nas profundezas da dose letal, pacional. Agências reguladoras de renome internacional, como a
somos confrontados não apenas com questões científicas e técnicas, Occupational Safety and Health Administration (OSHA) nos Estados
mas também com dilemas morais e políticos. A compreensão plena Unidos e a Health and Safety Executive (HSE) no Reino Unido, de-
desse conceito exige não apenas uma análise rigorosa dos dados, sempenham um papel fundamental na definição de limites de ex-
mas também uma reflexão crítica sobre as implicações mais amplas posição ocupacional seguros com base nessas medidas.
de nossa busca pelo conhecimento. Esses limites não são meras convenções; são balizadores essen-
ciais que delineiam o limiar entre a segurança e o perigo. Eles não
Capítulo 3: Concentração Letal: Definição e Aplicações apenas informam as práticas cotidianas nos locais de trabalho, mas
também influenciam a formulação de políticas governamentais e
A concentração letal (CL) emerge como uma métrica essencial diretrizes industriais.
no arsenal de ferramentas da toxicologia, delineando os limites en- A implementação eficaz desses limites requer uma compreen-
tre a segurança e o perigo nos ambientes em que vivemos e traba- são holística dos riscos associados à exposição a substâncias tóxi-
lhamos. No cerne da definição de CL está a ponderação da quan- cas. Isso implica considerar não apenas a toxicidade aguda, mas
tidade de uma substância no ambiente capaz de ceifar vidas. Essa também os potenciais efeitos crônicos decorrentes da exposição
medida, expressa em termos de volume ou massa da substância por prolongada. Afinal, proteger a saúde e segurança dos trabalhadores
volume ou massa do ambiente em que está presente, desencadeia vai além de simplesmente evitar acidentes imediatos; requer uma
uma série de reflexões sobre a interação entre agentes químicos e visão de longo prazo que abranja os impactos cumulativos ao longo
organismos vivos. da vida profissional de um indivíduo.
Um exemplo paradigmático desse conceito é a CL50, uma me- Além disso, a determinação precisa da DL e CL não é uma tarefa
dida frequentemente utilizada na avaliação dos riscos associados à estática. Ela exige vigilância constante, atualização e adaptação às
exposição a substâncias tóxicas. A CL50 representa a concentração mudanças nas práticas industriais e ao surgimento de novas subs-
letal fatal para metade da população exposta durante um determi- tâncias e tecnologias. A ciência por trás dessas medidas está em
constante evolução, impulsionada pela busca incessante por méto-
400
EIXO TEMÁTICO 4 - SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA TRABALHADORA
dos mais precisos de avaliação de riscos e pela crescente conscienti- Capítulo 6: Considerações Adicionais
zação sobre os perigos potenciais enfrentados pelos trabalhadores
em diversos setores. Uma das considerações mais prementes é a variabilidade da
Portanto, ao considerar a importância da determinação da dose resposta biológica entre os indivíduos. Não somos todos iguais
letal e concentração letal na gestão de riscos ocupacionais, somos quando se trata de lidar com substâncias tóxicas. Fatores como ida-
confrontados com a complexidade e a responsabilidade inerentes de, sexo, estado de saúde e predisposição genética podem influen-
a esse processo. É um compromisso contínuo com a segurança e o ciar significativamente a sensibilidade de uma pessoa aos efeitos
bem-estar dos trabalhadores, que exige uma abordagem multiface- nocivos das substâncias químicas. Por exemplo, idosos e crianças
tada e colaborativa entre cientistas, reguladores, empregadores e podem ser mais suscetíveis aos efeitos tóxicos devido a diferenças
trabalhadores. Somente através desse esforço conjunto podemos no metabolismo e na capacidade de desintoxicação do organismo.
alcançar o objetivo comum de garantir ambientes de trabalho segu- Da mesma forma, diferenças genéticas podem predispor certos
ros e saudáveis para todos. indivíduos a uma maior vulnerabilidade aos efeitos adversos das
substâncias químicas. Portanto, é essencial considerar essa variabi-
Capítulo 5: Complexidades na Determinação lidade ao estabelecer limites de exposição ocupacional e diretrizes
de segurança.
Um dos aspectos fundamentais a serem considerados é a esco- Além disso, uma abordagem abrangente à avaliação dos riscos
lha da espécie ou população de teste. A variabilidade na resposta ocupacionais deve levar em conta não apenas os efeitos agudos,
biológica entre diferentes organismos pode impactar significativa- mas também os efeitos crônicos da exposição a substâncias tóxicas.
mente os resultados dos estudos toxicológicos. Enquanto alguns Embora os efeitos imediatos possam ser mais visíveis e urgentes,
testes são realizados em animais de laboratório, como ratos e ca- os danos à saúde resultantes da exposição prolongada a concentra-
mundongos, outros podem envolver modelos in vitro ou até mes- ções subletais de substâncias podem ser igualmente devastadores,
mo estudos epidemiológicos em humanos. A seleção adequada da senão mais. Muitas substâncias químicas têm o potencial de cau-
espécie de teste é crucial para garantir a relevância e a aplicabilida- sar efeitos cumulativos ao longo do tempo, resultando em doenças
de dos resultados na proteção da saúde humana. crônicas debilitantes, como câncer, doenças respiratórias e distúr-
Além disso, as condições experimentais desempenham um pa- bios neurológicos. Portanto, a avaliação dos riscos ocupacionais
pel crucial na determinação da DL e CL. Fatores como temperatura, deve ser holística, abrangendo tanto os efeitos imediatos quanto os
umidade, pH e presença de outras substâncias podem influenciar a efeitos a longo prazo sobre a saúde dos trabalhadores.
absorção, distribuição, metabolismo e excreção da substância tóxi- Ademais, é fundamental reconhecer que a exposição a subs-
ca no organismo. Portanto, é essencial padronizar cuidadosamente tâncias tóxicas não ocorre isoladamente, mas muitas vezes em
essas condições para garantir a reprodutibilidade e validade dos combinação com outros fatores de risco no ambiente de trabalho.
resultados. Por exemplo, trabalhadores que lidam com substâncias químicas
A via de exposição é outro aspecto que adiciona uma camada perigosas podem também estar expostos a condições de trabalho
adicional de complexidade à determinação da DL e CL. A mesma físicas e psicossociais estressantes, como longas horas de trabalho,
substância pode ter diferentes toxicidades dependendo da forma ritmo acelerado de produção, falta de controle sobre o ambiente de
como é administrada ao organismo - seja por ingestão, inalação, trabalho e conflitos interpessoais. Esses fatores podem interagir de
contato dérmico ou injeção. Cada via de exposição apresenta seus maneiras complexas, potencializando os efeitos nocivos das subs-
próprios desafios únicos e requer abordagens específicas para ava- tâncias químicas e aumentando o risco de acidentes e doenças ocu-
liar adequadamente os riscos associados. pacionais. Portanto, uma abordagem integrada à gestão de riscos
Além disso, o período de observação é um fator crucial a ser ocupacionais deve considerar não apenas os perigos químicos, mas
considerado na determinação da DL e CL. Enquanto alguns efeitos também os aspectos ergonômicos, psicossociais e organizacionais
tóxicos podem se manifestar imediatamente após a exposição, ou- do trabalho.
tros podem levar horas, dias ou até mesmo semanas para se torna- Concluindo, as considerações adicionais destacadas neste ca-
rem evidentes. Portanto, os protocolos de teste devem ser cuida- pítulo enfatizam a necessidade de uma abordagem holística e mul-
dosamente planejados para permitir uma avaliação abrangente dos tidisciplinar na avaliação e gestão dos riscos ocupacionais relacio-
efeitos agudos e crônicos da exposição. nados à exposição a substâncias tóxicas. Somente através de uma
A diversidade de substâncias presentes nos locais de trabalho compreensão aprofundada da variabilidade biológica, dos efeitos
adiciona outra camada de complexidade à equação. Cada substân- a longo prazo e das interações entre diferentes fatores de risco,
cia possui propriedades químicas únicas que podem influenciar podemos desenvolver estratégias eficazes para proteger a saúde e
sua toxicidade, absorção e metabolismo no organismo. Portanto, segurança dos trabalhadores em ambientes laborais desafiadores
é imperativo avaliar cada substância individualmente, levando em e dinâmicos.
consideração sua estrutura química, propriedades físico-químicas e
mecanismos de ação tóxica.
Em suma, a determinação da dose letal e concentração letal é
uma tarefa multidisciplinar que envolve uma série de considerações
e desafios. A abordagem rigorosa e holística é essencial para garan-
tir a precisão e relevância dos resultados, capacitando os regulado-
res, empregadores e profissionais de saúde e segurança ocupacio-
nal a tomar decisões informadas para proteger a saúde e segurança
dos trabalhadores.
401
EIXO TEMÁTICO 4 - SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA TRABALHADORA
402
EIXO TEMÁTICO 4 - SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA TRABALHADORA
403
EIXO TEMÁTICO 4 - SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA TRABALHADORA
Ao longo deste estudo, serão explorados não apenas os aspectos científicos e técnicos da classificação dos agentes tóxicos, mas tam-
bém suas ramificações sociais e econômicas. Será discutido como a exposição a esses agentes pode impactar diretamente a qualidade de
vida dos trabalhadores, a produtividade das empresas e o sistema de saúde como um todo.
Portanto, este capítulo introdutório não apenas justifica a importância da análise dos agentes tóxicos e sua classificação, mas também
estabelece as bases para uma investigação profunda e abrangente sobre esse tema crucial para a segurança e saúde ocupacional. Ao final
desta dissertação, espera-se não apenas fornecer uma visão detalhada sobre os agentes tóxicos, mas também inspirar ações concretas
para promover ambientes de trabalho mais seguros e saudáveis para todos.
A classificação dos agentes tóxicos por estado físico é um dos pilares fundamentais na compreensão dos riscos ocupacionais e na
adoção de medidas preventivas eficazes nos ambientes de trabalho. Neste capítulo, adentraremos no universo dos agentes tóxicos, ex-
plorando minuciosamente as características distintas de cada estado físico - gasoso, líquido e sólido - e os impactos que exercem sobre a
saúde dos trabalhadores e trabalhadoras.
Comecemos nossa jornada analisando os agentes tóxicos no estado gasoso. Esses agentes, presentes na forma de vapores ou gases,
apresentam uma grande capacidade de dispersão no ambiente de trabalho. Sua natureza volátil permite que sejam inalados e absorvidos
rapidamente pelo sistema respiratório humano, penetrando profundamente nos pulmões e alcançando a corrente sanguínea. Dentre os
perigos associados aos agentes gasosos, destacam-se os riscos de intoxicação aguda, irritação das vias respiratórias e danos irreversíveis
aos pulmões. Exemplos comuns de agentes tóxicos gasosos incluem compostos químicos voláteis, como vapores de produtos químicos
industriais e gases emitidos por processos de combustão.
Em seguida, direcionamos nosso olhar para os agentes tóxicos no estado líquido. Estes, frequentemente encontrados na forma de sol-
ventes, produtos químicos e substâncias derramadas, apresentam uma ampla gama de formas de exposição. O contato direto com a pele
pode resultar em irritações, dermatites e até mesmo absorção sistêmica dos compostos tóxicos. Da mesma forma, a ingestão acidental de
líquidos contaminados ou a exposição através de respingos podem representar sérios riscos à saúde dos trabalhadores. É importante res-
saltar que, além dos efeitos imediatos, os agentes tóxicos líquidos também podem causar danos crônicos, como doenças dermatológicas e
hepáticas. Entre os exemplos mais comuns de agentes tóxicos líquidos estão os solventes orgânicos, ácidos corrosivos e produtos químicos
utilizados na indústria de limpeza e manutenção.
Por fim, mergulhamos no mundo dos agentes tóxicos no estado sólido. Esses agentes, representados por poeiras, partículas e ma-
teriais particulados, apresentam desafios únicos para a segurança ocupacional. A inalação de partículas sólidas pode resultar em danos
pulmonares, irritação das vias respiratórias e até mesmo desenvolvimento de doenças respiratórias crônicas, como a pneumoconiose.
Além disso, o contato dérmico com substâncias sólidas pode causar irritações na pele e lesões cutâneas, especialmente em ambientes de
trabalho que envolvem o manuseio de materiais abrasivos e poeiras tóxicas. Exemplos de agentes tóxicos sólidos incluem poeiras de sílica,
amianto, metais pesados e resíduos industriais.
Ao explorarmos as diferentes formas de classificação dos agentes tóxicos por estado físico, torna-se evidente a complexidade e diver-
sidade dos riscos enfrentados pelos trabalhadores nos mais variados ambientes laborais. Compreender as características distintas de cada
estado físico é essencial para implementar medidas preventivas adequadas e proteger a saúde e segurança dos trabalhadores e trabalha-
doras. Este capítulo serve como um guia abrangente para entender os desafios enfrentados no controle e prevenção dos agentes tóxicos,
destacando a importância de uma abordagem holística na promoção de ambientes de trabalho seguros e saudáveis.
Iniciamos nossa análise examinando os ácidos, substâncias químicas que, em solução aquosa, liberam íons de hidrogênio (H+) e têm
pH abaixo de 7. Os ácidos são conhecidos por sua capacidade corrosiva e irritante, podendo causar queimaduras na pele, lesões nas vias
respiratórias e danos irreversíveis aos tecidos. Além disso, a exposição a ácidos fortes, como ácido sulfúrico e ácido clorídrico, pode resul-
tar em intoxicação sistêmica grave e até mesmo em danos permanentes aos órgãos internos.
Em contrapartida, as bases, com pH acima de 7, apresentam propriedades químicas opostas aos ácidos. Essas substâncias, quando em
contato com a pele ou membranas mucosas, podem causar irritações e queimaduras, além de danos oculares graves. Exemplos de bases
corrosivas incluem hidróxido de sódio (soda cáustica) e amônia, comumente encontrados em produtos de limpeza e processos industriais.
Os metais pesados constituem outra classe importante de agentes tóxicos, caracterizados por sua alta densidade e toxicidade para os
organismos vivos. Exemplos comuns incluem chumbo, mercúrio, cádmio e arsênio, presentes em muitos processos industriais e materiais.
A exposição a metais pesados pode resultar em uma série de efeitos adversos à saúde, incluindo danos neurológicos, distúrbios renais,
danos hepáticos e até mesmo câncer.
Os solventes orgânicos, por sua vez, são amplamente utilizados na indústria para dissolver outras substâncias e como veículos para
produtos químicos. Essas substâncias, como o tolueno, o benzeno e o xileno, são inaladas facilmente e podem causar uma variedade de
efeitos adversos à saúde, incluindo danos ao sistema nervoso central, irritação das vias respiratórias e efeitos carcinogênicos a longo prazo.
Os pesticidas, embora desempenhem um papel crucial na agricultura e no controle de pragas, também representam uma fonte signifi-
cativa de riscos ocupacionais. Essas substâncias podem ser absorvidas pela pele, inaladas ou ingeridas, resultando em intoxicações agudas
e crônicas, distúrbios neurológicos e problemas respiratórios.
404
EIXO TEMÁTICO 4 - SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA TRABALHADORA
Ao considerarmos a classificação dos agentes tóxicos por sua natureza química, torna-se evidente a diversidade e complexidade dos
riscos enfrentados pelos trabalhadores nos ambientes de trabalho. Compreender as propriedades químicas distintas de cada classe de
agentes tóxicos é crucial para implementar medidas preventivas eficazes e proteger a saúde e segurança dos trabalhadores e trabalha-
doras. Este capítulo serve como um guia abrangente para entender os desafios associados aos agentes tóxicos no ambiente de trabalho,
destacando a importância de uma abordagem integrada na promoção de ambientes laborais seguros e saudáveis.
Estes agentes podem afetar a pele, os olhos, as vias respiratórias e outras membranas mucosas, causando sintomas como verme-
lhidão, coceira, lacrimejamento, tosse e dificuldade respiratória. Exemplos comuns de agentes irritantes incluem produtos químicos de
limpeza, gases industriais e poeiras irritantes.
Por outro lado, os agentes corrosivos possuem a capacidade de causar danos irreversíveis aos tecidos vivos, resultando em queima-
duras químicas graves e lesões profundas. Estes agentes podem corroer a pele, os olhos e as vias respiratórias, causando danos extensos
e permanentes. Ácidos fortes, bases cáusticas e alguns produtos de limpeza estão entre os agentes corrosivos mais comuns encontrados
nos locais de trabalho.
Outra categoria importante são os agentes asfixiantes, que interferem na capacidade do organismo de transportar oxigênio para os
tecidos. Estes agentes podem ser gases que deslocam o oxigênio do ambiente ou substâncias que bloqueiam fisicamente a entrada de ar
nos pulmões. A exposição a esses agentes pode levar à asfixia, perda de consciência e até mesmo à morte por falta de oxigênio.
Os agentes neurotóxicos afetam o sistema nervoso, interferindo na transmissão de sinais entre os neurônios e causando uma varieda-
de de sintomas neurológicos. Estes agentes podem provocar desde tonturas e dores de cabeça até convulsões, danos cerebrais e distúrbios
do movimento. Substâncias como solventes orgânicos, pesticidas e metais pesados estão associadas a efeitos neurotóxicos.
Quanto aos agentes carcinogênicos, são substâncias que têm o potencial de causar câncer após exposição prolongada. Estes agentes
podem induzir mutações no material genético das células, levando ao desenvolvimento descontrolado de tumores malignos. Exemplos
incluem produtos químicos industriais, radiações ionizantes e certos compostos presentes em ambientes de trabalho específicos.
Além disso, os agentes mutagênicos são capazes de causar alterações no material genético das células, aumentando o risco de muta-
ções e doenças genéticas em descendentes. Estes agentes podem resultar em danos hereditários e efeitos adversos para as gerações futu-
ras. Substâncias como alguns solventes orgânicos, produtos químicos industriais e radiações são conhecidos por seu potencial mutagênico.
Por fim, os agentes teratogênicos são capazes de interferir no desenvolvimento fetal durante a gravidez, causando malformações con-
gênitas no feto. Estes agentes representam um risco especial para trabalhadoras grávidas, podendo resultar em danos irreversíveis ao feto
em desenvolvimento. Substâncias como certos medicamentos, produtos químicos e radiações são consideradas teratogênicas.
A classificação dos agentes tóxicos por sua ação específica no organismo humano oferece uma visão detalhada dos diferentes tipos de
riscos enfrentados pelos trabalhadores nos locais de trabalho. Compreender os efeitos adversos associados a cada categoria de agentes
tóxicos é essencial para implementar medidas preventivas eficazes e proteger a saúde e segurança dos trabalhadores e trabalhadoras. Este
capítulo serve como um guia abrangente para entender os desafios enfrentados na prevenção e controle dos efeitos nocivos dos agentes
tóxicos no ambiente de trabalho, destacando a importância de uma abordagem integrada na promoção de ambientes laborais seguros e
saudáveis.
Capítulo 5: Classificação dos Agentes Tóxicos por Tempo de Exposição e Dose Recebida
Os agentes tóxicos crônicos são aqueles que causam danos à saúde após exposições repetidas ou prolongadas ao longo do tempo.
Estes podem incluir substâncias como produtos químicos industriais, poeiras, fumos e radiações que, mesmo em doses aparentemente
baixas, podem resultar em efeitos adversos graves quando a exposição é contínua. Por outro lado, os agentes tóxicos agudos são aqueles
que provocam efeitos imediatos após uma única exposição ou em curto prazo. Estes agentes podem incluir substâncias altamente corrosi-
vas, gases asfixiantes e vapores tóxicos que, mesmo em pequenas quantidades, podem causar danos severos à saúde em um curto espaço
de tempo.
A diferenciação entre agentes tóxicos crônicos e agudos é fundamental para avaliar adequadamente os riscos ocupacionais e imple-
mentar medidas preventivas eficazes. Enquanto os agentes tóxicos crônicos podem não manifestar sintomas imediatos de toxicidade, os
danos podem se acumular ao longo do tempo, resultando em doenças crônicas graves como câncer, doenças pulmonares e distúrbios
neurológicos. Por outro lado, os agentes tóxicos agudos exigem uma resposta imediata devido à rápida manifestação de sintomas como
queimaduras, irritações respiratórias, náuseas e tonturas.
Além disso, a dose recebida pelo trabalhador desempenha um papel crucial na determinação da toxicidade dos agentes tóxicos. A
toxicidade de uma substância pode variar significativamente com a quantidade ingerida, inalada ou absorvida pela pele. Doses pequenas
podem não causar danos perceptíveis, enquanto doses elevadas podem resultar em efeitos adversos graves ou mesmo fatais. Por exem-
plo, a exposição a altas concentrações de substâncias corrosivas pode resultar em queimaduras químicas severas, enquanto exposições
prolongadas a baixas concentrações de agentes carcinogênicos podem aumentar significativamente o risco de desenvolvimento de câncer
ao longo do tempo.
A avaliação precisa do tempo de exposição e da dose recebida é essencial para estabelecer limites de exposição ocupacional seguros
e para implementar medidas de controle adequadas. Agências reguladoras de saúde e segurança estabelecem valores limite de exposi-
ção para muitas substâncias químicas com base em estudos científicos que consideram a toxicidade aguda e crônica, bem como fatores
405
EIXO TEMÁTICO 4 - SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA TRABALHADORA
de segurança para proteger a saúde dos trabalhadores. Além dis- cas de trabalho mais seguras e a adoção de medidas de controle de
so, a monitorização ambiental e biomédica pode ser realizada para engenharia para reduzir a exposição dos trabalhadores aos agentes
acompanhar os níveis de exposição no local de trabalho e garantir a tóxicos.
conformidade com os padrões de segurança. Em síntese, as considerações finais e recomendações apresen-
Portanto, a classificação dos agentes tóxicos por seu tempo de tadas neste capítulo destacam a importância crítica de uma aborda-
exposição e dose recebida desempenha um papel crucial na avalia- gem abrangente e colaborativa na prevenção e controle dos efeitos
ção e gestão dos riscos ocupacionais. Compreender a diferença en- nocivos dos agentes tóxicos nos locais de trabalho. Somente por
tre agentes tóxicos crônicos e agudos, bem como os efeitos da dose meio do compromisso conjunto de empregadores, trabalhadores,
no organismo, é essencial para proteger adequadamente a saúde e governo e sociedade, podemos garantir ambientes de trabalho ver-
segurança dos trabalhadores nos locais de trabalho. Este capítulo dadeiramente seguros e saudáveis para todos.
fornece uma análise detalhada desses aspectos, destacando a im-
portância de uma abordagem integrada na prevenção e controle
SUBSTÂNCIAS SENSIBILIZANTES
dos efeitos nocivos dos agentes tóxicos no ambiente laboral.
406
EIXO TEMÁTICO 4 - SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA TRABALHADORA
Capítulo 2: Identificação e Avaliação de Riscos Ocupacionais teriores não são viáveis, são adotados os Equipamentos de Prote-
A análise de riscos envolve a identificação de potenciais fontes ção Individual (EPIs) para proteger os trabalhadores contra os riscos
de perigo, a avaliação da probabilidade de ocorrência de incidentes restantes.
e a estimativa das consequências adversas para os trabalhadores. Além da hierarquia de controles, programas de treinamento,
Essa abordagem permite priorizar os riscos mais significativos e conscientização e educação desempenham um papel crucial na
adotar medidas preventivas adequadas para mitigá-los. prevenção de acidentes e doenças ocupacionais. Os trabalhadores
Um aspecto crucial da identificação de riscos é a identificação devem ser devidamente instruídos sobre os perigos presentes em
de perigos específicos associados a cada atividade laboral. Isso in- seus locais de trabalho, bem como sobre as práticas seguras a se-
clui identificar fontes de energia perigosas, substâncias químicas rem seguidas para evitar exposição a esses riscos. Isso inclui treina-
nocivas, equipamentos defeituosos, condições ambientais adversas mento sobre o uso correto de EPIs, procedimentos de emergência,
e fatores ergonômicos que possam representar riscos para os tra- identificação de perigos e participação ativa na promoção de um
balhadores. A análise detalhada desses perigos permite desenvol- ambiente de trabalho seguro.
ver estratégias eficazes para prevenir acidentes e lesões no local de Além disso, é essencial promover uma cultura de segurança no
trabalho. local de trabalho, incentivando a comunicação aberta e transparen-
Além da análise de riscos, é essencial avaliar a exposição dos te sobre questões de segurança e saúde. Os trabalhadores devem
trabalhadores a agentes nocivos, como substâncias químicas, agen- se sentir encorajados a relatar incidentes, preocupações e suges-
tes biológicos, ruído, vibração e radiações. Isso envolve a medição e tões para melhorias, enquanto os gestores devem estar compro-
monitoramento das concentrações desses agentes no ambiente de metidos em responder de forma eficaz e proativa a essas questões.
trabalho, bem como a avaliação do tempo de exposição dos traba- Outro aspecto importante na prevenção e controle de riscos
lhadores a esses riscos. Essas informações são fundamentais para ocupacionais é a realização de avaliações periódicas para garantir a
determinar se os níveis de exposição estão dentro dos limites segu- eficácia das medidas de controle implementadas. Isso inclui moni-
ros estabelecidos pelas normas e regulamentações. toramento contínuo das condições de trabalho, revisão das políticas
Uma vez identificados e avaliados os riscos, é importante clas- e procedimentos de segurança, e atualização das práticas conforme
sificá-los de acordo com sua gravidade e probabilidade de ocorrên- necessário para lidar com novos riscos e desafios emergentes.
cia. Isso permite priorizar as ações de controle e alocação de recur- Em suma, a prevenção e controle de riscos ocupacionais exi-
sos para lidar com os riscos mais críticos e urgentes. A classificação gem uma abordagem multifacetada e abrangente, envolvendo a
dos riscos também facilita a comunicação e o compartilhamento implementação de medidas de controle eficazes, programas de trei-
de informações sobre os perigos existentes entre os trabalhadores, namento e conscientização dos trabalhadores, promoção de uma
gestores e demais partes interessadas. cultura de segurança e avaliação contínua das práticas de seguran-
Para auxiliar nesse processo, uma variedade de ferramentas e ça. Este capítulo oferece uma análise detalhada dessas estratégias,
técnicas estão disponíveis, incluindo checklists de segurança, análi- destacando a importância crítica de um compromisso contínuo com
se de incidentes, avaliações de conformidade regulatória e análise a segurança e saúde dos trabalhadores nos locais de trabalho.
de falhas e efeitos (FMEA). Essas ferramentas fornecem estruturas
sistemáticas e metodologias robustas para identificar, avaliar e con- Capítulo 4: Monitoramento e Avaliação da Segurança e Saúde
trolar os riscos ocupacionais de forma eficaz e eficiente. Ocupacional
Sendo assim, a identificação e avaliação de riscos ocupacionais
são aspectos essenciais da gestão da segurança e saúde no traba- Um dos aspectos centrais abordados neste capítulo é a imple-
lho. Por meio de uma abordagem cuidadosa e rigorosa, é possível mentação de sistemas de gestão de segurança e saúde ocupacional.
identificar os perigos existentes, avaliar os riscos associados e im- Esses sistemas fornecem uma estrutura organizacional para identifi-
plementar medidas preventivas para proteger os trabalhadores car, controlar e mitigar os riscos ocupacionais, garantindo assim um
contra acidentes e doenças ocupacionais. Este capítulo fornece ambiente de trabalho seguro e saudável para todos os funcionários.
uma visão abrangente e detalhada desses processos, destacando a Eles envolvem a definição de políticas e procedimentos de seguran-
importância crítica de uma análise minuciosa na promoção de am- ça, a designação de responsabilidades, a realização de avaliações
bientes de trabalho seguros e saudáveis. de riscos e a implementação de medidas de controle adequadas.
Além disso, os sistemas de gestão de segurança e saúde ocupacio-
nal incluem mecanismos para monitorar e revisar continuamente
Capítulo 3: Prevenção e Controle de Riscos Ocupacionais as práticas de segurança, garantindo que estejam alinhadas com os
objetivos organizacionais e os requisitos regulatórios.
Um dos princípios fundamentais na gestão de riscos ocupacio- Outro aspecto importante é a realização de auditorias e inspe-
nais é a hierarquia de controles. Esta abordagem estabelece uma ções periódicas nos locais de trabalho. Essas atividades permitem
ordem preferencial para a implementação de medidas de controle, avaliar a eficácia das práticas de segurança existentes, identificar
priorizando aquelas que eliminam ou minimizam o risco na fonte. áreas de melhoria e garantir conformidade com os padrões de se-
A primeira etapa consiste na eliminação do perigo sempre que pos- gurança e regulamentações aplicáveis. As auditorias geralmente
sível, seguida pela substituição por substâncias menos nocivas ou envolvem uma revisão detalhada dos procedimentos de segurança,
processos mais seguros. Em seguida, são considerados controles registros de incidentes, treinamento dos trabalhadores e condições
administrativos, como procedimentos de trabalho seguros e trei- de trabalho, enquanto as inspeções consistem em avaliações físicas
namento dos trabalhadores. Os controles de engenharia vêm em das instalações para identificar potenciais riscos e deficiências de
seguida, envolvendo modificações no ambiente de trabalho para segurança.
reduzir a exposição aos riscos. Por fim, quando todas as etapas an-
407
EIXO TEMÁTICO 4 - SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA TRABALHADORA
Além disso, a coleta e análise de dados sobre acidentes e doen- Por fim, serão apresentadas práticas recomendadas para ga-
ças ocupacionais desempenham um papel crucial no monitoramen- rantir o cumprimento das regulamentações de segurança e saúde
to da segurança e saúde ocupacional. Esses dados fornecem insigh- ocupacional. Isso inclui a realização de auditorias internas para ava-
ts valiosos sobre os tipos e causas de lesões no local de trabalho, liar a conformidade com as normas, a implementação de programas
permitindo identificar tendências, áreas de risco e oportunidades de treinamento em segurança, e o envolvimento dos trabalhadores
de melhoria. Com base nessas análises, podem ser implementadas na identificação e resolução de problemas de segurança. Além dis-
medidas preventivas direcionadas para reduzir a ocorrência de aci- so, é essencial que as empresas estejam sempre atualizadas com
dentes e doenças ocupacionais, promovendo assim um ambiente as mudanças na legislação e regulamentação, garantindo assim a
de trabalho mais seguro e saudável. conformidade contínua com os padrões de segurança ocupacional.
Por fim, a revisão e melhoria contínua das práticas e políticas Este capítulo oferece uma análise detalhada dos diversos aspectos
de segurança são essenciais para garantir a eficácia dos programas envolvidos nesse processo, destacando a importância crítica de um
de segurança ocupacional. Isso envolve uma análise regular das po- compromisso contínuo com a conformidade regulatória e a prote-
líticas de segurança existentes, identificando áreas de fraqueza e ção dos direitos dos trabalhadores.
implementando medidas corretivas para fortalecer os programas
de segurança. Além disso, é importante estar sempre atento às Capítulo 6: Cultura de Segurança e Saúde Ocupacional
mudanças nas tecnologias, regulamentações e melhores práticas
da indústria, garantindo que os programas de segurança estejam Primordialmente, é essencial destacar o papel da liderança e do
atualizados e alinhados com os mais recentes desenvolvimentos no comprometimento da alta direção na promoção de uma cultura de
campo da segurança e saúde ocupacional. segurança e saúde ocupacional. Os líderes da organização desem-
Em resumo, o monitoramento e avaliação contínua da seguran- penham um papel fundamental na definição de valores, normas e
ça e saúde ocupacional são fundamentais para garantir ambientes comportamentos relacionados à segurança no local de trabalho.
de trabalho seguros e saudáveis. Este capítulo oferece uma análi- Quando a alta direção demonstra um compromisso genuíno com a
se detalhada das estratégias e práticas utilizadas nesses processos, segurança e saúde dos funcionários, isso cria um ambiente propício
destacando a importância crítica de um compromisso contínuo com para a implementação eficaz de práticas e políticas de segurança.
a segurança e saúde dos trabalhadores nos locais de trabalho. Além disso, é crucial envolver e incentivar a participação ativa
dos trabalhadores na identificação e prevenção de riscos ocupacio-
Capítulo 5: Legislação e Regulamentação em Segurança e Saú- nais. Os funcionários que estão diretamente envolvidos nas opera-
de Ocupacional ções diárias muitas vezes têm insights valiosos sobre os potenciais
perigos e podem oferecer sugestões para melhorias. Ao promover
Algum dos tópicos principais a serem abordados é o estabele- uma cultura que encoraje os trabalhadores a relatarem incidentes,
cimento dos direitos e responsabilidades dos empregadores e tra- compartilharem preocupações e contribuírem com ideias para a
balhadores em relação à segurança e saúde ocupacional. A legisla- segurança, as organizações podem criar um ambiente onde a pre-
ção geralmente estipula que os empregadores têm o dever legal de venção de acidentes e doenças ocupacionais seja uma prioridade.
fornecer um ambiente de trabalho seguro e saudável, implemen- A comunicação eficaz também desempenha um papel crucial
tando medidas preventivas adequadas, fornecendo treinamento na promoção da segurança e saúde ocupacional. É essencial que
em segurança, e garantindo o cumprimento das regulamentações as informações sobre riscos, procedimentos de segurança, e prá-
aplicáveis. Por outro lado, os trabalhadores têm o direito de recusar ticas seguras sejam claramente comunicadas a todos os níveis da
realizar tarefas que considerem perigosas para sua segurança e saú- organização. Isso inclui não apenas a disseminação de políticas e
de, bem como o direito de receber treinamento em segurança e in- procedimentos por meio de manuais e treinamentos, mas também
formações sobre os riscos ocupacionais associados às suas funções. a promoção de uma cultura aberta onde os funcionários se sintam à
Além do mais, iremos analisar as normas e padrões de segu- vontade para levantar preocupações e buscar esclarecimentos.
rança ocupacional estabelecidos por agências reguladoras governa- Além disso, reconhecer e incentivar as práticas seguras é fun-
mentais. Essas normas definem requisitos específicos para diversos damental para reforçar uma cultura de segurança e saúde ocupa-
aspectos da segurança e saúde ocupacional, abrangendo desde a cional. Quando os funcionários são reconhecidos por suas contri-
identificação e avaliação de riscos até a implementação de medidas buições para a segurança, seja por meio de elogios, recompensas
de controle e o fornecimento de EPIs adequados. Essas normas são ou programas de incentivo, isso demonstra o valor que a organi-
frequentemente atualizadas para refletir os avanços na compreen- zação atribui à segurança e incentiva comportamentos seguros em
são dos riscos ocupacionais e as melhores práticas da indústria, ga- toda a equipe.
rantindo assim a proteção contínua dos trabalhadores. Concluindo, a promoção de uma cultura de segurança e saúde
Também será discutido o papel das penalidades por não con- ocupacional envolve uma série de elementos inter-relacionados,
formidade com as regulamentações de segurança e saúde ocupa- incluindo liderança eficaz, participação dos trabalhadores, comu-
cional. As empresas que violam as normas e padrões estabelecidos nicação clara e reconhecimento das práticas seguras. Ao cultivar
estão sujeitas a penalidades que podem incluir multas, interdição uma cultura que valorize a segurança, as organizações podem não
de atividades, e até mesmo processos judiciais em casos de aciden- apenas proteger a saúde e o bem-estar de seus funcionários, mas
tes graves ou mortes relacionadas ao trabalho. Essas penalidades também promover um ambiente de trabalho produtivo e susten-
servem como um incentivo para que os empregadores cumpram tável a longo prazo. Este capítulo oferece uma análise detalhada
as regulamentações e garantam um ambiente de trabalho seguro e desses elementos e destaca sua importância para a proteção dos
saudável para seus funcionários. trabalhadores em todos os setores.
408
EIXO TEMÁTICO 4 - SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA TRABALHADORA
409
EIXO TEMÁTICO 4 - SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA TRABALHADORA
mões e vias respiratórias, aumentando o risco de desenvolvimento monitoramento da saúde dos trabalhadores expostos e a revisão
de doenças respiratórias crônicas, como bronquite, enfisema e regular das práticas de trabalho e procedimentos de segurança. A
asma ocupacional. Além disso, em casos extremos de exposição a identificação precoce de problemas e a adoção de medidas corre-
altas concentrações, o edema pulmonar e o colapso respiratório tivas adequadas são essenciais para garantir que os trabalhadores
podem ocorrer, representando uma ameaça imediata à vida dos permaneçam protegidos contra os riscos ocupacionais ao longo do
trabalhadores. tempo.
Embora os sintomas agudos sejam preocupantes, os verdadei- A implementação de medidas preventivas e de controle efica-
ros riscos à saúde decorrentes da exposição a gases irritantes e as- zes é fundamental para proteger os trabalhadores contra os efeitos
fixiantes podem se manifestar a longo prazo. A exposição crônica nocivos dos gases irritantes e asfixiantes. Ao identificar os riscos,
a essas substâncias pode causar danos irreversíveis nos pulmões e implementar controles de engenharia, fornecer EPIs adequados,
no sistema respiratório, resultando em incapacidade permanente e educar e treinar os trabalhadores e monitorar continuamente a ex-
comprometimento da qualidade de vida. Além disso, alguns com- posição, as organizações podem criar ambientes de trabalho mais
postos químicos presentes nesses gases podem ter efeitos carci- seguros e saudáveis para todos os seus colaboradores. Essas medi-
nogênicos, aumentando o risco de desenvolvimento de câncer de das não apenas protegem a saúde e o bem-estar dos trabalhadores,
pulmão e outras doenças relacionadas. mas também contribuem para a produtividade e o sucesso a longo
prazo das empresas.
Capítulo 4: Medidas de Prevenção e Controle
Capítulo 5: Importância da Conscientização e Treinamento
O primeiro passo para proteger os trabalhadores contra os ga-
ses irritantes e asfixiantes é identificar e avaliar os riscos presentes O primeiro passo para garantir a segurança dos trabalhadores é
no ambiente de trabalho. Isso envolve a realização de avaliações de educá-los sobre os perigos associados aos gases irritantes e asfixian-
risco detalhadas para determinar quais substâncias estão presen- tes. Os funcionários devem entender os efeitos adversos que essas
tes, em que concentrações e quais os potenciais efeitos na saúde substâncias podem causar à saúde, desde irritações leves até danos
dos trabalhadores. As avaliações de risco devem ser conduzidas re- graves nos pulmões e até mesmo a morte em casos extremos. É
gularmente e sempre que houver mudanças nos processos de tra- essencial que os trabalhadores reconheçam os sinais de exposição
balho ou na exposição a substâncias químicas. e compreendam os procedimentos adequados para lidar com situa-
Uma vez identificados os riscos, é crucial implementar contro- ções de emergência, como vazamentos ou exposições acidentais.
les de engenharia para reduzir ou eliminar a exposição dos traba- Além de conhecer os perigos, os trabalhadores devem ser trei-
lhadores aos gases irritantes e asfixiantes. Os sistemas de ventilação nados em procedimentos de emergência específicos para lidar com
desempenham um papel fundamental nesse aspecto, com a insta- situações envolvendo gases irritantes e asfixiantes. Isso inclui sa-
lação de ventilação local exaustora para remover os contaminantes ber como evacuar a área com segurança, acionar os sistemas de
diretamente na fonte. Além disso, a ventilação geral ajuda a diluir e alarme, usar equipamentos de respiração autônoma e prestar os
dispersar os gases no ambiente, reduzindo assim a concentração no primeiros socorros a colegas que possam ter sido afetados. O trei-
ar respirado pelos trabalhadores. A escolha e o projeto adequados namento também deve abranger o uso adequado de Equipamentos
dos sistemas de ventilação devem levar em consideração as carac- de Proteção Individual (EPIs), como respiradores, óculos de prote-
terísticas específicas do local de trabalho e das substâncias quími- ção, luvas e roupas especiais, garantindo que os trabalhadores es-
cas envolvidas. tejam adequadamente protegidos durante suas atividades laborais.
Embora os controles de engenharia sejam a primeira linha de Além de fornecer treinamento específico sobre os perigos dos
defesa contra os gases irritantes e asfixiantes, o uso adequado de gases irritantes e asfixiantes, as empresas devem promover uma
Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) também é essencial cultura de segurança no local de trabalho. Isso envolve criar um am-
para proteger os trabalhadores. Isso inclui o fornecimento de res- biente onde a segurança seja valorizada e prioritária, incentivando
piradores adequados, óculos de proteção, luvas e roupas de prote- os trabalhadores a relatarem quaisquer preocupações ou observa-
ção, conforme necessário, para evitar a inalação ou o contato dire- ções sobre práticas inseguras. A comunicação aberta e transparente
to com as substâncias perigosas. Os trabalhadores devem receber entre funcionários e gestores é essencial para identificar e resolver
treinamento adequado sobre como usar, ajustar e manter os EPIs problemas de segurança de forma proativa, antes que ocorram in-
corretamente, garantindo assim sua eficácia na proteção contra os cidentes graves.
riscos ocupacionais. O treinamento dos trabalhadores não deve ser visto como um
A conscientização e o treinamento dos trabalhadores são com- evento isolado, mas sim como um processo contínuo e em evolu-
ponentes essenciais de qualquer programa de segurança ocupa- ção. À medida que novas tecnologias são introduzidas, novos pro-
cional. Os funcionários devem ser educados sobre os perigos as- dutos são utilizados ou novos processos de trabalho são implemen-
sociados aos gases irritantes e asfixiantes, incluindo os sintomas tados, os trabalhadores devem receber treinamento atualizado
de exposição e as medidas de prevenção e controle disponíveis. O para garantir que estejam cientes dos riscos associados e saibam
treinamento também deve abranger procedimentos de emergência como lidar com eles de forma segura. A reciclagem periódica do
em caso de vazamentos ou exposições acidentais, garantindo que treinamento também é importante para reforçar conceitos e práti-
os trabalhadores saibam como agir rapidamente para proteger sua cas de segurança e para manter a conscientização dos trabalhado-
saúde e segurança. res em alta.
Por fim, é importante ressaltar a importância do monitoramen- Em última análise, a conscientização e o treinamento dos tra-
to regular da exposição aos gases irritantes e asfixiantes e a revisão balhadores são componentes essenciais de qualquer programa de
contínua das medidas de prevenção e controle implementadas. Isso segurança ocupacional eficaz. Ao educar os trabalhadores sobre os
inclui a realização de avaliações periódicas da qualidade do ar, o perigos dos gases irritantes e asfixiantes, fornecer treinamento em
410
EIXO TEMÁTICO 4 - SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA TRABALHADORA
procedimentos de emergência e uso de EPIs, promover uma cul- de crise e minimizar os danos à saúde e segurança de seus funcio-
tura de segurança e garantir treinamento contínuo e atualizado, nários. Investir na preparação para emergências não apenas salva
as empresas podem proteger seus funcionários e criar ambientes vidas, mas também fortalece a resiliência organizacional e demons-
de trabalho mais seguros e saudáveis. Investir na capacitação dos tra um compromisso contínuo com a segurança e o bem-estar dos
trabalhadores não apenas reduz o risco de acidentes e lesões, mas trabalhadores.
também aumenta a produtividade, melhora a moral dos funcioná-
rios e fortalece a reputação da empresa como um local responsável
CLASSIFICAÇÃO DOS CONTAMINANTES NO AR.
e comprometido com a segurança e o bem-estar de sua equipe.
Capítulo 6: Planos de Emergência e Procedimentos Claros Capítulo 1: Introdução à classificação dos contaminantes no ar.
Os planos de emergência são documentos fundamentais que A qualidade do ar no local de trabalho é uma questão de ex-
estabelecem as ações a serem tomadas em caso de incidentes trema importância que não pode ser subestimada. Para os traba-
relacionados aos gases irritantes e asfixiantes. Eles devem ser de- lhadores e trabalhadoras, a respiração de um ar limpo e seguro é
senvolvidos com base em uma avaliação cuidadosa dos riscos pre- fundamental não apenas para o desempenho eficiente de suas ta-
sentes no local de trabalho e em colaboração com especialistas em refas diárias, mas também para a preservação de sua saúde a lon-
segurança ocupacional. Esses planos devem ser abrangentes e de- go prazo. Neste sentido, o ambiente de trabalho não é apenas um
talhados, cobrindo desde a detecção precoce de vazamentos até as espaço onde as atividades laborais são realizadas, mas também um
etapas de evacuação e prestação de primeiros socorros. local onde a proteção da segurança e saúde dos trabalhadores deve
A clareza dos planos de emergência é de suma importância ser uma prioridade inegociável.
para garantir que todos os trabalhadores compreendam suas res- Num mundo onde os ambientes laborais podem ser extrema-
ponsabilidades e saibam exatamente como agir em uma situação mente variados, desde escritórios e fábricas até locais ao ar livre, é
de crise. Os procedimentos devem ser escritos em linguagem sim- imprescindível reconhecer os riscos que os trabalhadores enfren-
ples e acessível, evitando jargões técnicos que possam causar con- tam diariamente. A exposição a contaminantes no ar, sejam eles
fusão ou mal-entendidos. Diagramas, mapas e instruções passo a físicos, químicos ou biológicos, pode representar uma ameaça sig-
passo podem ser úteis para ilustrar os procedimentos e facilitar o nificativa para a saúde dos trabalhadores e trabalhadoras. Portanto,
entendimento. entender a natureza desses contaminantes e como eles afetam a
Não basta apenas elaborar planos de emergência; é crucial saúde humana é um primeiro passo fundamental para garantir um
também garantir que os trabalhadores estejam devidamente trei- ambiente de trabalho seguro e saudável para todos.
nados e preparados para implementá-los efetivamente. Os funcio- A classificação dos contaminantes no ar é uma abordagem es-
nários devem participar regularmente de treinamentos práticos e sencial para entender os riscos ocupacionais e implementar medi-
simulações de emergência, onde podem praticar as medidas de se- das eficazes de prevenção e controle. Ao categorizar os contami-
gurança prescritas e familiarizar-se com os procedimentos de eva- nantes com base em sua origem, propriedades químicas e efeitos
cuação e prestação de primeiros socorros. Essas simulações ajudam na saúde, os empregadores e os órgãos reguladores podem ter uma
a reforçar a conscientização dos trabalhadores sobre os riscos e a visão mais clara dos desafios que enfrentam e das medidas neces-
aumentar sua confiança em lidar com situações de crise. sárias para proteger os trabalhadores.
Durante uma emergência, a comunicação eficaz e a coordena- Reconhecer a importância da qualidade do ar no ambiente de
ção entre os trabalhadores, os supervisores e a equipe de resposta trabalho é apenas o primeiro passo; o próximo é agir de acordo com
a emergências são essenciais para garantir uma resposta rápida e essa consciência. Isso significa implementar medidas preventivas e
organizada. Os trabalhadores devem saber como relatar incidentes, de controle robustas para minimizar a exposição dos trabalhadores
acionar os sistemas de alarme e seguir as instruções fornecidas pela a contaminantes nocivos. Desde a ventilação adequada até o uso de
equipe de emergência. A designação de responsabilidades claras e equipamentos de proteção individual (EPIs), cada medida desem-
a comunicação regular de informações atualizadas são fundamen- penha um papel crucial na proteção da saúde ocupacional.
tais para evitar o pânico e minimizar os danos à saúde e segurança. Em última análise, a qualidade do ar no ambiente de trabalho
Assim como os riscos no ambiente de trabalho podem evoluir não é apenas uma questão de conformidade regulatória; é uma
com o tempo, os planos de questão de justiça e responsabilidade social. Garantir que os tra-
emergência também devem ser avaliados e atualizados regu- balhadores respirem um ar limpo e seguro não é apenas um dever
larmente para garantir sua eficácia contínua. À medida que novas moral, mas também um investimento inteligente no bem-estar das
tecnologias são introduzidas, novos processos são implementados pessoas e no sucesso sustentável das organizações. Ao reconhe-
ou novas ameaças são identificadas, os planos de emergência de- cer a importância da classificação dos contaminantes no ar e agir
vem ser revisados e ajustados conforme necessário. A revisão pe- proativamente para proteger os trabalhadores, podemos construir
riódica dos planos também oferece uma oportunidade para iden- ambientes de trabalho mais seguros, saudáveis e produtivos para
tificar áreas de melhoria e fortalecer a capacidade de resposta a todos.
emergências da organização.
Dessa forma, os planos de emergência e os procedimentos cla- Capítulo 2: Classificação dos Contaminantes no Ar
ros desempenham um papel crucial na proteção dos trabalhado- Iniciaremos nossa exploração nos reinos dos contaminantes
res contra os perigos dos gases irritantes e asfixiantes. Ao elaborar físicos, onde a poeira, fumaça e outros elementos sólidos ou líqui-
planos abrangentes, garantir sua clareza e compreensão, treinar os dos suspensos no ar podem criar um ambiente desafiador para os
trabalhadores adequadamente e manter os planos atualizados, as trabalhadores. A poeira, por exemplo, pode ser composta por par-
empresas podem estar melhor preparadas para lidar com situações
411
EIXO TEMÁTICO 4 - SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA TRABALHADORA
tículas de variados tamanhos e origens, desde a areia das obras de irritação das vias respiratórias até doenças crônicas, como câncer
construção até resíduos de processos industriais. Já a fumaça, pro- e distúrbios neurológicos. Profundaremos nas propriedades quí-
veniente de fontes como queima de combustíveis ou processos de micas desses agentes, investigando seus mecanismos de ação e
soldagem, pode conter uma complexa mistura de substâncias tóxi- os sistemas orgânicos que podem ser afetados, fornecendo uma
cas. Exploraremos como esses contaminantes são gerados, como se compreensão abrangente dos riscos que representam para a saúde
dispersam no ar e os efeitos adversos que podem ter sobre a saúde ocupacional.
respiratória dos trabalhadores expostos. Os efeitos dos contaminantes no ar podem se manifestar de
Avançando para a categoria dos contaminantes químicos, maneiras diversas, desde sintomas imediatos de irritação das vias
mergulharemos em um mundo invisível, onde gases e vapores no- respiratórias até danos irreversíveis à saúde a longo prazo. Explora-
civos podem se infiltrar no ambiente de trabalho, muitas vezes sem remos os efeitos agudos desses agentes, que podem se manifestar
que os trabalhadores percebam. Esses contaminantes, que podem logo após uma exposição, como tonturas, náuseas e dificuldades
variar desde gases irritantes, como o cloro e dióxido de enxofre, até respiratórias, criando situações de emergência ocupacional. Além
gases asfixiantes como nitrogênio e dióxido de carbono, apresen- disso, abordaremos os efeitos crônicos, que se desenvolvem ao lon-
tam uma ampla gama de efeitos na saúde humana. Exploraremos go do tempo, muitas vezes passando despercebidos até que os da-
suas propriedades químicas, como interagem com o corpo humano nos se tornem irreversíveis. Doenças respiratórias crônicas, como a
e os métodos de detecção e controle disponíveis para proteger os fibrose pulmonar e o enfisema, são exemplos de como a exposição
trabalhadores contra exposições perigosas. prolongada a contaminantes no ar pode impactar a saúde dos tra-
Não podemos ignorar a presença insidiosa dos contaminantes balhadores, exigindo intervenções preventivas e de controle cada
biológicos, invisíveis ao olho nu, mas capazes de desencadear uma vez mais urgentes.
variedade de doenças ocupacionais. Bactérias, fungos, vírus e ou- Diante dos desafios colocados pelos contaminantes no ar, a
tros micro-organismos podem ser transportados pelo ar e represen- implementação de medidas de controle e prevenção torna-se im-
tam uma ameaça constante à saúde dos trabalhadores expostos. perativa para proteger a saúde e bem-estar dos trabalhadores. Ex-
Investigaremos suas fontes de origem, as condições favoráveis para ploraremos as diversas estratégias disponíveis, desde a ventilação
sua proliferação e as medidas preventivas que podem ser imple- adequada dos ambientes de trabalho até o uso de equipamentos de
mentadas para mitigar os riscos à saúde. proteção individual, como máscaras respiratórias e trajes especiais.
Ao adentrar o domínio dos contaminantes químicos, nos depa- Além disso, discutiremos a importância da monitorização regular
raremos com uma complexa rede de subdivisões e origens. Os gases da qualidade do ar nos locais de trabalho, bem como a educação e
irritantes, por exemplo, são frequentemente associados a proces- treinamento dos trabalhadores sobre os riscos associados aos con-
sos industriais e podem causar danos imediatos às vias respirató- taminantes e as práticas seguras de trabalho.
rias. Já os gases asfixiantes, como o nitrogênio, podem representar
um risco de asfixia se presentes em concentrações elevadas. Inves- Capítulo 4: Avaliação de Riscos e Medidas de Controle
tigaremos as fontes específicas desses contaminantes, os contextos
em que são gerados e as estratégias de controle que podem ser A avaliação de riscos é uma etapa fundamental no processo
implementadas para reduzir a exposição dos trabalhadores. de gerenciamento da segurança e saúde ocupacional, permitindo
Por fim, exploraremos as diferentes fontes de emissão de con- identificar e compreender os perigos inerentes à exposição a conta-
taminantes no ar, distinguindo entre contaminantes primários, libe- minantes no ar. Exploraremos as diversas metodologias e ferramen-
rados diretamente de fontes específicas, e contaminantes secun- tas disponíveis para avaliar os riscos, desde a análise da toxicidade
dários, que se formam a partir de reações químicas na atmosfera. dos contaminantes até a avaliação da concentração e duração da
Compreender essas fontes de emissão é crucial para identificar os exposição. Além disso, discutiremos a importância de considerar
pontos críticos de intervenção e implementar medidas eficazes de fatores como frequência e intensidade da exposição, bem como a
controle da poluição do ar nos locais de trabalho. sensibilidade individual dos trabalhadores, na determinação dos
Ao final deste capítulo, teremos desbravado os intricados ca- riscos ocupacionais.
minhos da classificação dos contaminantes no ar, fornecendo um O monitoramento contínuo da qualidade do ar nos locais de
panorama abrangente e detalhado dos desafios enfrentados pelos trabalho é uma prática essencial para identificar e quantificar a pre-
trabalhadores expostos a esses agentes nocivos. sença de contaminantes e avaliar os níveis de exposição dos tra-
balhadores. Abordaremos as diferentes técnicas de monitoramento
Capítulo 3: Implicações para a Saúde Ocupacional disponíveis, desde a amostragem passiva até a utilização de equipa-
mentos de monitoramento em tempo real, fornecendo uma visão
No intricado universo da saúde ocupacional, a presença de abrangente das estratégias utilizadas para monitorar e registrar a
contaminantes no ar representa uma das preocupações mais pre- qualidade do ar em ambientes de trabalho diversos.
mentes e desafiadoras. Este capítulo mergulhará nas implicações A determinação de limites de exposição ocupacional (LEOs) é
profundas que esses agentes poluentes têm sobre a saúde dos tra- um aspecto crucial da avaliação de riscos, permitindo estabelecer
balhadores, destacando os efeitos agudos e crônicos que podem se os níveis máximos de exposição considerados seguros para os tra-
manifestar, bem como as medidas cruciais de controle e prevenção. balhadores. Exploraremos os diferentes critérios e metodologias
Ao adentrar o domínio da toxicidade dos contaminantes no ar, utilizados na definição desses limites, desde os limites legais esta-
somos confrontados com um espectro vasto e complexo de amea- belecidos por órgãos reguladores até os valores de referência re-
ças à saúde humana. Desde metais pesados como o chumbo e o comendados por organizações de saúde e segurança ocupacional.
mercúrio, até os compostos orgânicos voláteis, como os hidrocar- Além disso, discutiremos a importância de revisar regularmente
bonetos aromáticos policíclicos, essas substâncias são capazes de esses limites à luz de novas evidências científicas e avanços na com-
desencadear uma variedade de efeitos adversos, que vão desde preensão dos riscos para a saúde.
412
EIXO TEMÁTICO 4 - SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA TRABALHADORA
Diante dos riscos identificados, a implementação de medidas Ao fecharmos este estudo, não apenas encerramos uma jorna-
de controle eficazes torna-se imperativa para proteger os traba- da de exploração e descoberta, mas também nos comprometemos
lhadores contra a exposição a contaminantes no ar. Abordaremos com uma causa maior: a proteção daqueles que diariamente con-
uma variedade de estratégias de controle, desde medidas de enge- tribuem para o funcionamento de nossa sociedade. Que este texto
nharia, como a ventilação adequada dos ambientes de trabalho e o sirva não apenas como um registro do conhecimento adquirido,
isolamento de processos perigosos, até o uso de equipamentos de mas como um chamado à ação, instando-nos a permanecer vigi-
proteção individual (EPIs), como máscaras respiratórias e roupas de lantes, proativos e dedicados na busca incessante por ambientes
proteção. Além disso, exploraremos a substituição de substâncias de trabalho seguros e saudáveis para todos. Que possamos avançar
perigosas por alternativas mais seguras, bem como a implementa- juntos, em direção a um futuro onde a segurança e saúde ocupacio-
ção de práticas de trabalho seguras e procedimentos operacionais nal sejam não apenas uma prioridade, mas uma garantia para cada
padronizados, visando criar ambientes de trabalho mais saudáveis trabalhador e trabalhadora ao redor do mundo.
e livres de riscos para os trabalhadores.
No entanto, também teremos destacado os desafios contí-
PARTICULADOS SÓLIDOS
nuos enfrentados na gestão eficiente desses riscos, destacando a
necessidade de vigilância constante, inovação e colaboração entre
empregadores, trabalhadores e autoridades reguladoras, rumo a Capítulo 1: Origens e Características dos Particulados Sólidos
um futuro onde todos os trabalhadores possam desfrutar de am-
bientes de trabalho seguros, saudáveis e livres de poluição do ar. As origens dos particulados sólidos são multifacetadas, refle-
tindo a diversidade de atividades humanas que os geram. Desde
Capítulo 5: Conclusão os processos industriais mais complexos até as simples atividades
cotidianas, a poeira está sempre presente no ambiente. Indústrias
Ao chegarmos ao término deste percurso pelas intricadas pai- como metalurgia, mineração, construção civil e agricultura contri-
sagens da classificação dos contaminantes no ar e suas implicações buem significativamente para a geração de particulados sólidos,
para a segurança e saúde ocupacional, é imperativo recapitularmos lançando-os no ar durante processos de moagem, britagem, tritu-
os insights obtidos e refletirmos sobre as trajetórias que delinearam ração e outras operações. Além disso, atividades como o tráfego
nosso entendimento sobre esse tema crucial. veicular, a queima de biomassa e até mesmo a manipulação de ma-
Durante nossa jornada, exploramos minuciosamente as diver- teriais orgânicos em ambientes domésticos podem ser fontes rele-
sas categorias de contaminantes no ar, mergulhando nas complexi- vantes de poeira.
dades de sua classificação com base em origem, propriedades quí- A diversidade de fontes de poeira resulta em uma ampla gama
micas e efeitos na saúde humana. Desde os contaminantes físicos, de características para os particulados sólidos. Estes variam em ta-
como poeira e fumaça, até os biológicos, como bactérias e vírus, manho, forma e composição, influenciando diretamente sua capa-
desvendamos os riscos que permeiam os ambientes de trabalho e cidade de afetar a saúde humana. Partículas maiores tendem a ser
afetam a segurança e saúde dos trabalhadores. Através dessa clas- retidas no trato respiratório superior, enquanto partículas meno-
sificação, compreendemos não apenas a diversidade dos perigos res, especialmente aquelas com diâmetro inferior a 10 micrômetros
enfrentados, mas também a necessidade premente de medidas (PM10) e 2,5 micrômetros (PM2,5), podem penetrar profundamen-
preventivas e de controle para mitigar esses riscos. te nos pulmões, alcançando os alvéolos e causando danos significa-
Em nossa jornada, não apenas identificamos os perigos, mas tivos. Além disso, a composição química das partículas pode variar
também delineamos as estratégias vitais para proteger os trabalha- amplamente, desde substâncias inorgânicas como sílica e amianto
dores contra os riscos associados à exposição a contaminantes no até compostos orgânicos como pesticidas e poluentes atmosféricos.
ar. Desde a avaliação de riscos até a implementação de medidas A compreensão das origens e características dos particulados
de controle, como ventilação adequada, uso de equipamentos de sólidos é essencial para avaliar seus impactos na saúde ocupacio-
proteção individual (EPIs) e substituição de substâncias perigosas, nal. A inalação dessas partículas pode desencadear uma série de
destacamos a importância crucial dessas medidas na promoção de problemas respiratórios e outras condições de saúde. As partículas
ambientes de trabalho seguros e saudáveis. Reconhecemos que so- menores, como as PM2,5, têm sido associadas a uma variedade de
mente através de um compromisso firme com a segurança e saúde doenças respiratórias, incluindo asma, bronquite e enfisema. Além
ocupacional podemos garantir o bem-estar e a qualidade de vida disso, a exposição a particulados pode aumentar o risco de desen-
dos trabalhadores em todos os setores da economia. volvimento de doenças cardiovasculares e até mesmo de câncer de
Enquanto encerramos este capítulo final, vislumbramos um ho- pulmão, especialmente em ambientes industriais onde há uma alta
rizonte repleto de oportunidades para avanços adicionais na área da concentração de poeira.
segurança e saúde ocupacional relacionadas à qualidade do ar no Em síntese, o conhecimento detalhado das origens e caracte-
ambiente de trabalho. Reconhecemos a necessidade contínua de rísticas dos particulados sólidos é essencial para a gestão eficaz dos
pesquisa e desenvolvimento, buscando aprimorar nossa compreen- riscos à saúde ocupacional. Ao compreender as fontes de poeira e
são dos riscos, identificar novas tecnologias e estratégias de con- as propriedades que a tornam prejudiciais à saúde, os empregado-
trole, e promover práticas de trabalho mais seguras e sustentáveis. res e órgãos reguladores podem implementar medidas preventivas
Através da inovação e colaboração contínuas entre pesquisadores, e de controle adequadas para proteger os trabalhadores. A cons-
profissionais de saúde e segurança, empregadores e trabalhadores, cientização sobre os perigos associados aos particulados sólidos é
podemos forjar um futuro onde os ambientes de trabalho sejam o primeiro passo para criar ambientes de trabalho mais seguros e
verdadeiramente seguros, saudáveis e livres de poluição do ar. saudáveis para todos.
413
EIXO TEMÁTICO 4 - SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA TRABALHADORA
Capítulo 2: Impactos na Saúde Ocupacional As atividades de construção e demolição também são fontes
importantes de emissão de particulados sólidos, devido à movi-
Um dos principais impactos da exposição a particulados sólidos mentação de terra, corte de concreto, perfuração e outras opera-
é o aumento do risco de desenvolvimento de uma série de con- ções que podem gerar poeira. Locais de construção, como obras de
dições respiratórias. Partículas finas, especialmente aquelas com edifícios, estradas e túneis, são especialmente propensos à geração
diâmetro inferior a 2,5 micrômetros, têm sido associadas a doenças de poeira, uma vez que envolvem o manuseio de materiais como
como bronquite e asma. A capacidade dessas partículas ultrafinas areia, cimento, pedra e madeira. Sem medidas adequadas de con-
de penetrar profundamente nos pulmões aumenta o potencial de trole de poeira, os trabalhadores da construção civil estão em risco
irritação e inflamação das vias respiratórias, levando ao desenvolvi- de exposição a níveis perigosos de particulados sólidos, que podem
mento e agravamento dessas condições crônicas. ter sérios impactos na saúde respiratória.
Além das doenças respiratórias, a exposição a particulados só- Outra fonte significativa de emissão de particulados sólidos é
lidos também está intimamente ligada ao desenvolvimento de cân- a queima de combustíveis fósseis, como carvão, óleo e gás natural,
cer de pulmão, uma das principais causas de morte relacionada ao em processos industriais e sistemas de aquecimento. A combustão
trabalho em todo o mundo. Partículas mais finas, como as PM2,5, incompleta desses combustíveis pode gerar partículas finas, conhe-
podem conter substâncias carcinogênicas, como metais pesados e cidas como fuligem, que são liberadas na atmosfera e podem ser
compostos orgânicos voláteis, que têm o potencial de causar danos inaladas pelos trabalhadores próximos. Além disso, a emissão de
ao DNA das células pulmonares e desencadear o crescimento des- particulados de veículos a diesel e máquinas pesadas também con-
controlado de tumores. A longo prazo, a exposição regular a essas tribui para a poluição do ar em ambientes urbanos e industriais,
partículas aumenta significativamente o risco de câncer de pulmão representando um risco adicional para a saúde dos trabalhadores
entre os trabalhadores expostos. expostos.
Além das condições respiratórias crônicas e do risco de câncer, Diversos ambientes laborais apresentam um alto risco de expo-
a inalação de particulados sólidos pode causar irritação aguda das sição a particulados sólidos, especialmente aqueles onde as ativida-
vias respiratórias. Partículas de poeira em suspensão podem causar des mencionadas anteriormente são realizadas em grande escala.
tosse persistente, desconforto no peito, falta de ar e outros sinto- Indústrias metalúrgicas, siderúrgicas e fundições são ambientes
mas respiratórios agudos, especialmente em ambientes de trabalho conhecidos por altos níveis de poeira e partículas em suspensão
com altas concentrações de poeira. Essa irritação pode interferir no devido aos processos de fabricação e manipulação de metais. Da
conforto e na produtividade dos trabalhadores e, se não controla- mesma forma, locais de construção e obras de infraestrutura são
da, pode levar a condições crônicas mais graves ao longo do tempo. propensos à geração de poeira devido às operações de escavação,
A exposição contínua a particulados sólidos também pode perfuração e manuseio de materiais de construção.
levar a uma diminuição da função pulmonar ao longo do tempo. Trabalhadores em ambientes propensos à geração de poeira
A inflamação crônica das vias respiratórias causada pela inalação enfrentam um risco significativo de exposição a particulados sóli-
dessas partículas pode resultar em danos aos tecidos pulmonares dos, que podem ter sérios impactos na saúde respiratória e geral.
e redução da capacidade de troca gasosa nos pulmões. Isso pode Sem medidas de controle adequadas, esses trabalhadores estão su-
levar a sintomas como dispneia (falta de ar), fadiga e diminuição da jeitos a uma série de doenças respiratórias, como bronquite, asma
capacidade de realizar atividades físicas, afetando significativamen- e doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), bem como a riscos
te a qualidade de vida e a capacidade de trabalho dos indivíduos aumentados de câncer de pulmão e outras condições de saúde re-
expostos. lacionadas à exposição a poluentes atmosféricos.
Portanto, os impactos na saúde ocupacional causados pela Entretanto, as fontes de emissão de particulados sólidos são
exposição a particulados sólidos são vastos e significativos. Desde diversas e abrangentes, variando desde processos industriais até
condições respiratórias crônicas até o aumento do risco de câncer atividades de construção e queima de combustíveis fósseis. Traba-
de pulmão e a diminuição da função pulmonar, os trabalhadores lhadores em ambientes onde essas atividades são realizadas en-
expostos enfrentam uma série de desafios à sua saúde e bem-estar. frentam um risco significativo de exposição a poeira e partículas em
A conscientização sobre esses impactos é crucial para a implemen- suspensão, o que pode ter sérios impactos na saúde respiratória e
tação de medidas preventivas e de controle eficazes, visando pro- geral. Portanto, a implementação de medidas de controle adequa-
teger a saúde dos trabalhadores e criar ambientes de trabalho mais das é essencial para proteger
seguros e saudáveis.
Capítulo 4: Medidas Preventivas e de Controle
Capítulo 3: Fontes de Emissão e Ambientes de Risco
Um dos pilares fundamentais na redução da exposição a parti-
Uma das principais fontes de emissão de particulados sólidos culados sólidos é a implementação de sistemas de ventilação ade-
são os processos industriais que envolvem manipulação de mate- quados. Esses sistemas visam remover a poeira e os contaminantes
riais sólidos, como moagem, britagem, trituração e processos de do ar, garantindo uma qualidade do ar interna aceitável nos am-
fabricação. Em indústrias metalúrgicas, siderúrgicas, fundições e bientes de trabalho. As soluções de ventilação podem variar desde
mineração, a manipulação de minérios e metais pode gerar grandes sistemas de exaustão localizada, que capturam e removem a poeira
quantidades de poeira, especialmente se as medidas de controle de diretamente na fonte, até sistemas de ventilação geral, que promo-
poeira não forem devidamente implementadas. Além disso, proces- vem a renovação do ar em todo o ambiente. A escolha do sistema
sos como jateamento de areia, soldagem e corte a plasma também mais apropriado depende das características específicas do local de
podem liberar partículas finas no ar, representando um risco signifi- trabalho e das atividades realizadas.
cativo para os trabalhadores expostos.
414
EIXO TEMÁTICO 4 - SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA TRABALHADORA
O uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) desem- adequado sobre medidas preventivas e de controle. Além disso, os
penha um papel crucial na proteção dos trabalhadores contra os órgãos reguladores desempenham um papel crucial na definição de
riscos associados à exposição a particulados sólidos. Máscaras res- normas e regulamentos que orientam as práticas de segurança e
piratórias, por exemplo, oferecem uma barreira física eficaz contra a saúde ocupacional, garantindo o cumprimento das leis e padrões
inalação de poeira, filtrando as partículas do ar antes que elas pos- estabelecidos.
sam ser respiradas pelos trabalhadores. Além das máscaras, óculos A implementação de medidas preventivas e de controle efeti-
de proteção, luvas e roupas especiais também podem ser utilizados vas é essencial para garantir ambientes de trabalho seguros e sau-
para proteger outras partes do corpo contra a exposição direta à dáveis para todos os trabalhadores. Isso inclui a adoção de sistemas
poeira e a possíveis irritações cutâneas. de ventilação adequados para remover a poeira do ar, o uso correto
A implementação de práticas de trabalho seguras desempenha de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) para proteger os tra-
um papel essencial na redução da exposição a particulados sólidos. balhadores contra a inalação de partículas, e a promoção de práti-
Isso inclui a adoção de técnicas de trabalho que minimizam a ge- cas de trabalho seguras que minimizem a geração e dispersão de
ração e dispersão de poeira, como o uso de métodos úmidos para poeira. Além disso, a monitorização regular da qualidade do ar nos
supressão de poeira durante operações de corte e perfuração. Além locais de trabalho e a revisão constante das práticas e procedimen-
disso, a manutenção regular de equipamentos e maquinários pode tos existentes são fundamentais para garantir a eficácia contínua
ajudar a prevenir vazamentos e emissões acidentais de poeira, ga- das medidas de controle.
rantindo um ambiente de trabalho mais limpo e seguro para todos Em última análise, a promoção de ambientes de trabalho se-
os envolvidos. guros e saudáveis deve ser uma prioridade inegociável para todas
Para reduzir ainda mais a dispersão de poeira no ambiente de as partes envolvidas. A proteção da segurança e saúde do trabalha-
trabalho, técnicas de controle de emissões podem ser implemen- dor não é apenas uma obrigação legal e moral, mas também um
tadas. Isso inclui a instalação de barreiras físicas, como cortinas ou investimento no bem-estar humano e no sucesso sustentável das
paredes, para conter a poeira em áreas específicas e impedir sua organizações. Ao reconhecer a importância dos particulados sóli-
dispersão para outros espaços. Além disso, o uso de sistemas de dos na segurança e saúde ocupacional e agir proativamente para
captação de poeira, como coletores de pó e filtros de ar, pode aju- mitigar os riscos associados, podemos criar ambientes de trabalho
dar a remover eficientemente as partículas do ar, mantendo a qua- mais seguros, saudáveis e produtivos para todos os trabalhadores.
lidade do ar interna em níveis aceitáveis. Este estudo, portanto, não apenas encerra uma análise detalhada
Em resumo, a implementação de medidas preventivas e de sobre os desafios enfrentados na gestão dos particulados sólidos,
controle é essencial para proteger os trabalhadores contra os riscos mas também reforça a necessidade de contínuos esforços colabo-
associados à exposição a particulados sólidos. Desde a instalação de rativos na busca por soluções eficazes que garantam o bem-estar e
sistemas de ventilação adequados até o uso de EPIs e a adoção de a qualidade
práticas de trabalho seguras, cada medida desempenha um papel
crucial na promoção de ambientes de trabalho seguros e saudáveis.
SENSIBILIZANTES E SEUS EFEITOS PARA A SAÚDE
Ao combinar diferentes estratégias de controle, é possível reduzir
HUMANA
significativamente a exposição dos trabalhadores à poeira e partícu-
las em suspensão, garantindo sua saúde e bem-estar a longo prazo.
Capítulo 1: Tipos de Sensibilizantes
Capítulo 5: Conclusão
Os sensibilizantes cutâneos são uma categoria de substâncias
Os particulados sólidos, como foi amplamente discutido ao que representam uma ameaça invisível à saúde dos trabalhadores.
longo deste estudo, representam uma preocupação significativa Eles têm a capacidade de desencadear reações alérgicas na pele
para a segurança e saúde do trabalhador. A exposição prolongada após o contato direto, levando a uma série de consequências ad-
a esses contaminantes atmosféricos pode desencadear uma série versas. Entre os exemplos mais comuns de sensibilizantes cutâneos
de problemas respiratórios, incluindo asma, bronquite, enfisema e encontram-se metais como níquel, cromo e cobalto, frequente-
até mesmo câncer de pulmão. Além disso, as partículas finas têm mente presentes em materiais de construção, bijuterias e equipa-
o potencial de penetrar profundamente nos pulmões, causando mentos eletrônicos. Essas substâncias aparentemente inofensivas
danos irreversíveis à saúde respiratória dos trabalhadores. Diante podem resultar em dermatites de contato alérgicas, manifestadas
desses impactos adversos, torna-se imperativo adotar medidas pre- por vermelhidão, coceira, descamação e até mesmo formação de
ventivas e de controle eficazes para mitigar os riscos associados à bolhas na pele. A exposição repetida a esses sensibilizantes pode
presença de poeira nos locais de trabalho. transformar o local de trabalho em um campo minado de poten-
A abordagem dos riscos relacionados à exposição a particu- ciais reações alérgicas, afetando não apenas a saúde, mas também
lados sólidos requer uma colaboração estreita entre empregado- a qualidade de vida dos trabalhadores.
res, trabalhadores e órgãos reguladores. Os empregadores têm a Os sensibilizantes respiratórios representam uma ameaça
responsabilidade primária de garantir a segurança e saúde de seus silenciosa para a saúde respiratória dos trabalhadores. São subs-
funcionários, implementando medidas adequadas para reduzir a tâncias que, quando inaladas, podem desencadear reações alér-
exposição a poeira e outras partículas suspensas no ar. Isso envolve gicas no trato respiratório, resultando em uma série de sintomas
a identificação e avaliação dos riscos, a implementação de sistemas desagradáveis e, em casos mais graves, até mesmo em condições
de ventilação adequados, a provisão de equipamentos de proteção crônicas. Entre os sensibilizantes respiratórios mais comuns estão
individual e a adoção de práticas de trabalho seguras. Por sua vez, agentes químicos como formaldeído, isocianatos e solventes orgâ-
os trabalhadores têm o direito de serem informados sobre os riscos nicos presentes em tintas, colas e produtos de limpeza. A exposição
associados às suas atividades laborais e de receberem treinamento
415
EIXO TEMÁTICO 4 - SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA TRABALHADORA
a essas substâncias pode causar desde tosse e falta de ar até crises responsáveis pela troca gasosa, tornam-se alvos dessas substâncias
agudas de asma em trabalhadores sensibilizados. O ar que respi- nocivas, desencadeando uma variedade de sintomas respiratórios,
ramos no local de trabalho pode se tornar um veículo para esses como tosse, falta de ar e irritação das vias respiratórias.
sensibilizantes invisíveis, representando uma ameaça constante à Além das formas individuais de exposição cutânea e respirató-
saúde dos trabalhadores expostos. ria, muitos trabalhadores enfrentam uma dupla ameaça à sua saú-
Além dos efeitos óbvios nas áreas de contato direto ou nas vias de ocupacional, sendo expostos simultaneamente aos sensibilizan-
respiratórias, os sensibilizantes podem desencadear uma cascata tes por meio da pele e do sistema respiratório. Em ambientes onde
de efeitos adversos no organismo humano. As reações alérgicas, se a manipulação de produtos químicos é comum, como laboratórios
não controladas, podem se tornar crônicas e sistêmicas, afetando ou indústrias químicas, os trabalhadores podem estar expostos a
não apenas a pele ou os pulmões, mas também outros órgãos e sis- vapores tóxicos e substâncias irritantes que podem ser absorvidos
temas do corpo. Os sensibilizantes podem comprometer a qualida- pela pele e inalados pelos pulmões. Essa exposição combinada au-
de de vida, interferir na capacidade de trabalho e, em casos extre- menta significativamente o risco de desenvolvimento de reações
mos, representar uma ameaça à vida dos trabalhadores. Portanto, alérgicas e doenças respiratórias, representando um desafio ainda
compreender os efeitos adversos dos sensibilizantes é fundamental maior para a segurança e saúde dos trabalhadores.
para a implementação de medidas preventivas e de controle efica- Entretanto, compreender as diferentes formas de exposição
zes. aos sensibilizantes é essencial para a implementação de medidas
Desse modo, os sensibilizantes representam uma ameaça signi- preventivas eficazes e para garantir a segurança e saúde dos traba-
ficativa para a saúde dos lhadores. A identificação dos pontos de entrada dessas substâncias
trabalhadores, exigindo uma abordagem proativa e abran- no organismo humano, seja pela pele ou pelo sistema respiratório,
gente. É essencial que empregadores, trabalhadores e órgãos re- permite o desenvolvimento de estratégias de controle e proteção
guladores estejam cientes dos diferentes tipos de sensibilizantes, adequadas. Empregadores, trabalhadores e órgãos reguladores de-
seus exemplos comuns e os efeitos adversos que podem causar. vem trabalhar em conjunto para promover ambientes de trabalho
Somente por meio da conscientização, educação e implementação seguros, onde as formas de exposição aos sensibilizantes sejam
de medidas preventivas adequadas é possível proteger a saúde dos minimizadas e os riscos à saúde ocupacional sejam mitigados de
trabalhadores e criar ambientes de trabalho mais seguros e saudá- forma eficaz.
veis para todos.
Capítulo 3: Impactos na Saúde Humana
Capítulo 2: Formas de Exposição
A pele, nosso maior órgão, frequentemente serve como o pri-
A exposição aos sensibilizantes é um desafio constante para meiro campo de batalha contra os sensibilizantes. Quando exposta
os trabalhadores em diversos setores industriais. Neste capítulo, a substâncias irritantes, a pele pode reagir de forma agressiva, ma-
embarcaremos em uma jornada para explorar as diversas formas nifestando sintomas que variam de vermelhidão e coceira a bolhas
pelas quais os trabalhadores podem entrar em contato com essas e descamação. As irritações cutâneas causadas pelos sensibilizantes
substâncias, seja por meio da pele ou do sistema respiratório. Com- cutâneos podem não apenas provocar desconforto imediato, mas
preender essas formas de exposição é essencial para a implemen- também representam um sinal claro de perigo para a saúde a longo
tação de medidas preventivas eficazes e para garantir a segurança e prazo. As dermatites de contato alérgicas, resultantes da exposição
saúde dos trabalhadores. repetida a essas substâncias, podem comprometer a integridade
A exposição cutânea aos sensibilizantes é uma das formas mais da pele e aumentar o risco de infecções secundárias, interferindo
comuns de contato com essas substâncias nocivas. Os trabalhado- na qualidade de vida e na capacidade de trabalho dos indivíduos
res podem entrar em contato direto com sensibilizantes cutâneos afetados.
durante a manipulação de materiais ou equipamentos contamina- Enquanto os sensibilizantes cutâneos se manifestam na super-
dos. Por exemplo, em ambientes de construção civil, trabalhadores fície da pele, os sensibilizantes respiratórios infiltram-se sorrateira-
que lidam com concreto, tintas ou produtos químicos estão cons- mente nas vias respiratórias, desencadeando uma série de reações
tantemente expostos a sensibilizantes cutâneos, como isocianatos adversas. A inalação de substâncias como formaldeído, isocianatos
e metais pesados. Além disso, o uso inadequado de equipamen- e solventes orgânicos pode provocar desde sintomas respiratórios
tos de proteção individual (EPIs) ou a falta de medidas de higiene agudos, como tosse e falta de ar, até complicações crônicas, como
adequadas podem aumentar o risco de exposição cutânea. A pele, asma ocupacional e doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC).
sendo a barreira inicial contra o ambiente externo, torna-se uma su- A exposição prolongada a sensibilizantes respiratórios pode levar a
perfície vulnerável à penetração dessas substâncias, desencadean- danos irreversíveis nos pulmões, comprometendo a função respira-
do reações alérgicas e dermatites de contato. tória e diminuindo a qualidade de vida dos trabalhadores expostos.
A exposição respiratória aos sensibilizantes representa uma Para muitos trabalhadores, a exposição contínua aos sensibi-
ameaça invisível que permeia o ar que respiramos nos locais de tra- lizantes pode resultar não apenas em sintomas transitórios, mas
balho. Substâncias como formaldeído, solventes orgânicos e outros também no desenvolvimento de doenças alérgicas crônicas que
produtos químicos presentes em aerossóis e vapores podem ser persistem ao longo do tempo. As dermatites de contato alérgi-
inalados pelos trabalhadores durante atividades como pintura, lim- cas, mencionadas anteriormente, representam apenas a ponta do
peza ou manipulação de produtos químicos. Além disso, ambientes iceberg quando se trata das consequências das reações alérgicas
mal ventilados ou a falta de sistemas de exaustão adequados po- induzidas pelos sensibilizantes cutâneos. Além disso, a exposição
dem aumentar a concentração de sensibilizantes respiratórios no repetida a sensibilizantes respiratórios pode desencadear alergias
ar, ampliando o risco de exposição. Os pulmões, sendo os órgãos
416
EIXO TEMÁTICO 4 - SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA TRABALHADORA
respiratórias, como rinite alérgica e alveolite alérgica extrínseca, de EPIs e a implementação de boas práticas de segurança e higiene.
que afetam a capacidade respiratória e a qualidade de vida dos tra- Somente por meio da combinação coordenada dessas estratégias
balhadores a longo prazo. é possível mitigar os riscos e promover ambientes de trabalho se-
Além dos impactos diretos na pele e nas vias respiratórias, os guros e saudáveis para todos. Ao adotar uma mentalidade proativa
sensibilizantes também podem desencadear uma série de efeitos de proteção e prevenção, empregadores, trabalhadores e órgãos
sistêmicos que afetam todo o corpo. Reações alérgicas generaliza- reguladores podem colaborar para construir um futuro laboral mais
das, conhecidas como choque anafilático, representam um exem- seguro e sustentável.
plo extremo desses efeitos sistêmicos, podendo levar a complica-
ções potencialmente fatais se não forem tratadas prontamente. Capítulo 5: Conscientização e Engajamento
Além disso, os sensibilizantes podem desencadear uma cascata de
reações imunológicas que afetam negativamente outros órgãos e O treinamento e a capacitação dos trabalhadores desempe-
sistemas do corpo, ampliando ainda mais o impacto adverso na saú- nham um papel crucial na proteção contra os riscos dos sensibi-
de dos trabalhadores expostos. lizantes. Ao fornecer informações detalhadas sobre os perigos
Em conclusão, os sensibilizantes representam uma ameaça associados a essas substâncias, os trabalhadores estão mais bem
significativa à saúde dos trabalhadores, capaz de desencadear uma equipados para reconhecer e evitar situações de exposição. Além
ampla gama de efeitos adversos que afetam não apenas a pele e disso, o treinamento adequado sobre o uso correto de EPIs e práti-
as vias respiratórias, mas também todo o corpo. A compreensão cas de segurança no local de trabalho não apenas reduz o risco de
desses impactos profundos é fundamental para a implementação danos à saúde, mas também fortalece a confiança e a autonomia
de medidas preventivas eficazes e para garantir a segurança e saúde dos trabalhadores em lidar com potenciais ameaças.
dos trabalhadores expostos a essas substâncias nocivas. Somente A conscientização e o engajamento eficazes requerem o com-
por meio de uma abordagem integrada e comprometida com a pro- prometimento tanto dos empregadores quanto dos trabalhadores.
teção e prevenção é possível mitigar os riscos associados aos sen- Os empregadores têm a responsabilidade de fornecer treinamento
sibilizantes e promover ambientes de trabalho seguros e saudáveis adequado, recursos e um ambiente de trabalho seguro. Isso envol-
para todos. ve a criação e implementação de políticas de segurança claras, a
alocação de recursos para aquisição de EPIs de qualidade e a pro-
Capítulo 4: Medidas Preventivas e de Controle moção de uma cultura organizacional que valorize a segurança e o
bem-estar dos trabalhadores. Por outro lado, os trabalhadores têm
Uma das abordagens mais eficazes na redução dos riscos as- um papel ativo a desempenhar ao seguir os protocolos de segu-
sociados aos sensibilizantes é a substituição de substâncias sensi- rança estabelecidos, participar ativamente de programas de treina-
bilizantes por alternativas menos nocivas. Esta estratégia, embora mento e relatar quaisquer preocupações ou incidentes relaciona-
desafiadora em muitos casos, pode resultar em benefícios signi- dos à segurança no trabalho.
ficativos tanto para os trabalhadores quanto para o ambiente de Além do comprometimento individual, a colaboração entre
trabalho. A busca por materiais e processos de trabalho menos empregadores, trabalhadores e órgãos reguladores é essencial para
agressivos pode não apenas reduzir os riscos de exposição a sen- promover ambientes de trabalho seguros e saudáveis. Ao com-
sibilizantes, mas também promover práticas de produção mais sus- partilhar conhecimentos, experiências e recursos, todas as partes
tentáveis e ecologicamente responsáveis. interessadas podem se beneficiar mutuamente e trabalhar em
Nos casos em que a substituição completa de sensibilizantes conjunto para identificar lacunas na segurança e implementar so-
não é viável, o uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) luções eficazes. A formação de comitês de segurança, a realização
desempenha um papel crucial na proteção dos trabalhadores con- de avaliações de risco conjuntas e o estabelecimento de canais de
tra os efeitos nocivos dessas substâncias. Luvas, máscaras respira- comunicação abertos são apenas algumas das maneiras pelas quais
tórias, óculos de proteção e roupas especiais são apenas alguns a colaboração pode ser promovida e sustentada ao longo do tempo.
exemplos de EPIs projetados para minimizar a exposição cutânea e Concluindo, a conscientização e o engajamento são pilares
respiratória aos sensibilizantes. No entanto, é importante ressaltar fundamentais na proteção dos trabalhadores contra os riscos dos
que o uso adequado e consistente dos EPIs requer treinamento e sensibilizantes. Por meio do treinamento e da capacitação, da pro-
supervisão adequados para garantir sua eficácia na prevenção de moção de uma cultura de segurança e da colaboração entre todas
danos à saúde dos trabalhadores. as partes interessadas, é possível criar e manter ambientes de tra-
Além da substituição de substâncias e do uso de EPIs, a imple- balho onde a saúde, o bem-estar e a segurança dos trabalhadores
mentação de boas práticas de segurança e higiene desempenha um sejam prioridades inabaláveis. Ao encarar a segurança e saúde ocu-
papel fundamental na prevenção da exposição aos sensibilizantes. pacional como uma jornada contínua de aprendizado e aprimora-
Isso inclui a adoção de medidas de controle de engenharia, como mento, podemos aspirar a um futuro onde todos os trabalhadores
ventilação adequada e isolamento de processos, para reduzir a dis- possam realizar suas atividades laborais com confiança, segurança
persão de substâncias no ambiente de trabalho. Além disso, a edu- e dignidade.
cação e o treinamento dos trabalhadores sobre os riscos associados
aos sensibilizantes, juntamente com a promoção de uma cultura de
segurança no local de trabalho, são essenciais para garantir a con-
formidade com os protocolos de segurança e a proteção contínua
da saúde dos trabalhadores.
Em síntese, a proteção eficaz dos trabalhadores contra os riscos
associados aos sensibilizantes requer uma abordagem holística que
englobe a substituição inteligente de substâncias, o uso adequado
417
EIXO TEMÁTICO 4 - SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA TRABALHADORA
418
EIXO TEMÁTICO 4 - SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA TRABALHADORA
Monitoramento ambiental: a integração de sistemas de moni- biente. Determinar as categorias de substâncias não conformes e
toramento ambiental durante a produção é uma prática proativa. definir áreas específicas para cada grupo reduz a probabilidade de
Isso envolve a análise constante de emissões, a detecção precoce acidentes químicos e melhora a segurança operacional.
de vazamentos ou derramamentos e a implementação de medidas
corretivas imediatas. Ao adotar uma abordagem de “prevenção Uso correto de recipientes: o tipo de recipiente utilizado para
é melhor que a correção”, as empresas podem salvaguardar não armazenar produtos químicos desempenha um papel importante
apenas a saúde dos trabalhadores, mas também a integridade do na manutenção da integridade dos produtos químicos e na preven-
ecossistema circundante. ção de derramamentos. Selecionar o recipiente adequado para o
tipo de material, garantir a vedação adequada e rotular claramente
— Preparação segura e eficiente: manipulação, diluição e pre- cada recipiente são práticas importantes. A manutenção regular do
cauções cruciais contêiner também é importante para evitar danos ou deterioração
A etapa de preparação dos produtos químicos é uma fase de que possam comprometer a segurança.
transição crítica que demanda precisão e precaução. Neste tópico,
exploraremos diretrizes abrangentes para uma preparação segura e Procedimentos e sinais de emergência: antecipar emergências
eficiente, abordando desde a manipulação cuidadosa até a diluição é um hábito importante. É importante estabelecer procedimentos
adequada e as precauções essenciais. Estas práticas são essenciais claros para lidar com derramamentos, incêndios ou outros inciden-
para garantir uma transição suave e segura de produtos químicos tes. Além disso, marcações adequadas indicando locais de armaze-
para o ambiente operacional, reduzindo a exposição e os riscos de namento e perigos associados são essenciais para orientar rapida-
derramamento. mente os trabalhadores e as equipes de emergência em situações
críticas.
Precauções para manuseio: o manuseio seguro de produtos Ao compreender e implementar estas práticas durante as fases
químicos começa com uma equipe treinada e ciente dos perigos de preparação e armazenamento, as organizações não só protegem
envolvidos. O uso de equipamento de proteção individual (EPI) ade- os seus colaboradores e o ambiente, mas também criam uma cultu-
quado é essencial e os procedimentos operacionais padrão devem ra de segurança que permeia todas as operações. Estas ações refle-
ser rigorosamente seguidos. Além disso, definir claramente as áre- tem o nosso compromisso com a conformidade regulamentar, bem
as de trabalho e aplicar as melhores práticas, como não comer ou como com a responsabilidade e a integridade em todas as fases do
beber e a importância da higiene pessoal, desempenham um papel ciclo de vida dos produtos químicos.
importante na criação de um ambiente de trabalho seguro.
— Transporte cuidadoso: garante segurança no transporte de
Diluições adequadas: diluir produtos químicos é uma prática produtos químicos
comum, mas requer cuidados especiais para evitar riscos desneces- O transporte de produtos químicos é uma etapa delicada que
sários. Neste contexto, é importante estabelecer um protocolo de requer medidas especiais para evitar vazamentos, derramamentos
diluição claro, incluindo medições precisas e recipientes apropria- ou reações adversas durante a viagem. Este tópico desenvolve prá-
dos. Ao implementar equipamento de diluição seguro e educar o ticas e regulamentações de segurança relacionadas ao transporte
pessoal sobre a importância das proporções adequadas, a proba- de produtos químicos e enfatiza a importância de processos de
bilidade de reações adversas ou libertação de materiais perigosos transporte informados que reduzam riscos e garantam a segurança
é reduzida. em toda a cadeia logística.
Precauções durante o preparo: incorporar precauções espe- Veículos e tecnologias de tiro relacionados: escolher o veículo
ciais durante a preparação é uma estratégia de prevenção eficaz. certo para transportar produtos químicos é importante. Para evi-
Isto inclui a realização de uma avaliação de riscos e a identificação tar derrames e reduzir riscos durante o transporte, são essenciais
de potenciais pontos críticos antes do processo de preparação. A veículos especificamente equipados com tecnologia de contenção,
instalação de sistemas de ventilação adequados, a utilização de me- como compartimentos selados e sistemas de contenção de líqui-
didores precisos para garantir a capacidade correta e a implemen- dos. A manutenção regular desses veículos e a certificação do cum-
tação de procedimentos de emergência são elementos essenciais primento das normas de segurança são práticas que fortalecem a
para uma preparação segura e eficaz. integridade do transporte.
Rota planejada e comunicação eficaz: o planejamento de rotas
— Armazenamento adequado: práticas de prevenção de aci- seguro e eficiente é uma estratégia preventiva. Isto inclui a identi-
dentes e contaminação ficação de rotas que minimizem a exposição a áreas densamente
O armazenamento seguro de produtos químicos é uma parte povoadas ou ecossistemas sensíveis. A comunicação eficaz entre as
importante da gestão de riscos. Neste tópico veremos práticas bá- partes interessadas no transporte, incluindo motoristas, conduto-
sicas para garantir o armazenamento adequado e reduzir o risco de res e reguladores, é essencial para prever e resolver problemas na
acidentes e contaminação. Esta orientação visa promover ambien- estrada.
tes de armazenamento que priorizem a segurança e a integridade Treinamento especial para motoristas: a consideração mais im-
dos produtos químicos, desde a separação baseada na compatibili- portante é garantir que os motoristas tenham formação adequada
dade até o uso de recipientes dedicados. para manusear produtos químicos durante o transporte. O treina-
mento deve incluir manuseio seguro, procedimentos de emergência
Separação baseada na compatibilidade: é importante separar em caso de acidente e uso adequado de equipamentos de seguran-
de acordo com a compatibilidade para evitar reações indesejadas ça. Isto não só protege os trabalhadores diretamente envolvidos,
entre diferentes produtos químicos armazenados no mesmo am- mas também reduz o risco de acidentes durante o transporte.
419
EIXO TEMÁTICO 4 - SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA TRABALHADORA
— Uso responsável: aumenta a eficiência dos produtos quími- Ao integrar estas práticas desde a produção até à eliminação
cos e garante seu uso seguro de resíduos tóxicos, as organizações não só reforçam a sua respon-
O uso de produtos químicos no local de trabalho ou em proces- sabilidade ambiental, mas também contribuem para um ambiente
sos industriais exige precauções rigorosas para garantir eficiência industrial mais seguro e sustentável. Esta abordagem geral reflete
e segurança. Este tópico analisa mais de perto as diretrizes de uso o nosso compromisso com a segurança, a eficiência e a gestão am-
responsável, abrangendo tudo, desde a escolha do equipamento biental em todas as fases do ciclo de vida dos produtos químicos.
certo até a ventilação eficaz, para garantir que você obtenha os be- Em resumo, a Ficha de Informações sobre Produtos Químicos
nefícios dos produtos químicos sem comprometer a segurança. (FISPQ) emerge como uma ferramenta indispensável na gestão se-
gura e responsável de substâncias químicas. Ao abordar aspectos
Opções de equipamentos apropriados: ao trabalhar com pro- cruciais desde a fabricação até a eliminação de resíduos, ela não
dutos químicos, é importante escolher o equipamento certo. Isto apenas promove ambientes de trabalho mais seguros, mas tam-
envolve avaliar as propriedades específicas de cada substância e bém desempenha um papel significativo na preservação ambiental.
selecionar ferramentas que minimizem o risco de exposição. Equi- A conscientização sobre os perigos potenciais, aliada à implemen-
pamentos de aplicação de precisão, como sistemas de aerossol ou tação de medidas preventivas, destaca o compromisso das organi-
controle de dose, promovem uma distribuição eficiente e segura. zações com a segurança ocupacional e a sustentabilidade. Nesse
contexto, a FISPQ não é apenas um documento técnico; é um guia
Uso de equipamentos de proteção individual (EPI): o uso cor- essencial para a promoção de práticas empresariais responsáveis e
reto de equipamentos de proteção individual (EPI) é uma prática para a construção de um futuro onde a segurança e a preservação
inegociável. Cada tipo de produto químico pode exigir EPIs específi- ambiental caminham lado a lado.
cos, incluindo luvas, óculos de proteção, respiradores, etc. Para se-
gurança pessoal, é importante que os funcionários sejam treinados
na seleção, utilização e manutenção deste equipamento.
NOÇÕES CONCEITUAIS EM ERGONOMIA
RELACIONADAS A ERGONOMIA FÍSICA, COGNITIVA E
Ventilação adequada: manter um ambiente bem ventilado é
ORGANIZACIONAL .BIOMECÂNICA E FISIOLOGIA DO
uma estratégia de prevenção eficaz. A instalação de um sistema de
TRABALHO. ASPECTOS COGNITIVOS E PSICOSSOCIAIS.
ventilação adequado em áreas onde são utilizados produtos quími-
ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO. ASSÉDIO MORAL
cos garantirá a rápida dissipação de vapores e gases, reduzindo o
ORGANIZACIONAL. ANÁLISE ERGONÔMICA DO
risco de inalação perigosa para os trabalhadores.
TRABALHO
— Eliminação de resíduos tóxicos: práticas responsáveis para Entende-se por ergonomia o estudo entre a relação do corpo
um futuro sustentável humano, com o ambiente de trabalho no qual está inserido. Tem
A gestão responsável dos resíduos químicos é essencial para como objetivo otimizar o bem-estar do ser humano com o intuito
prevenir danos ambientais e promover a sustentabilidade. Este tó- de melhorar seu desenvolvimento dentro do espaço de trabalho.
pico analisa métodos de descarte seguro, enfatiza a importância da Dentro desse ambiente, existe a preocupação com o bem-
conformidade ambiental e fornece orientação sobre o descarte am- estar do trabalhador, incluindo sua saúde, durante suas atividades,
bientalmente correto de resíduos tóxicos. uma vez que isso influencia diretamente na boa execução de suas
funções.
Classificação e identificação de resíduos: o primeiro passo para É necessário analisar o local de trabalho, incluindo a condição
o descarte responsável é classificar e identificar adequadamente os das instalações, a mobília e os equipamentos. A Norma Reguladora
resíduos tóxicos. Inclui uma análise detalhada das propriedades de 17 é responsável por tratar sobre a ergonomia dos mobiliários,
cada substância para que possam ser utilizados procedimentos ade- sendo adequados ou não para o ambiente de trabalho, além das
quados para reduzir o risco. Rotular claramente os recipientes de condições que devem ser adequadas para que o trabalhador
resíduos é uma prática que promove o manuseio seguro. execute suas funções.
Especialmente em seu artigo 17.3.1 da NR17, são estabelecidos
Conformidade Ambiental: as regulamentações ambientais es- alguns critérios a serem seguidos sobre a posição sentada, sendo
tabelecem padrões específicos para a eliminação de resíduos tóxi- que o mobiliário necessita possuir regulagens, com o intuito de
cos. As organizações devem estar plenamente conscientes e cum- que o trabalhador possa regular a altura de acordo com as suas
prir estes regulamentos para garantir que cada etapa do processo características físicas.
de eliminação esteja em conformidade com a lei. Recomenda-se Outro fator que influencia diretamente no conforto do
também a cooperação com uma empresa especializada em elimi- trabalhador inserido em seu ambiente de trabalho é o nível de
nação de resíduos. ruído sonoro. A NR MTE 17 e a NBR Inmetro 10152 estabelece que
os ruídos acima de 65dB devem ser reavaliados.
Alternativas sustentáveis e reciclagem: Encontrar alternativas Atividades praticadas na posição sentada, recomenda-se que
sustentáveis para o descarte de resíduos, como a reciclagem, é uma utilizem apoio para os pés, com o intuito de adaptar às condições
prática que visa reduzir o impacto ambiental. Identificar oportuni- biomecânicas do trabalhador.
dades para reutilizar ou reciclar resíduos em matérias-primas é uma Entende-se por risco ergonômico tudo aquilo que pode
abordagem inovadora que pode ajudar a criar cadeias de elimina- interferir causando desconforto e afetando sua saúde, como
ção mais sustentáveis. por exemplo movimento repetitivos, postura inadequada,
420
EIXO TEMÁTICO 4 - SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA TRABALHADORA
levantamento excessivo de peso, entre outros. É necessário adequar de fisioterapia e não dispensam a realização de outros exercícios de
ergonomicamente esses ambientes de trabalho, diminuindo o força muscular. São realizados dentro do ambiente de trabalho e
esforço das tarefas e o risco de acidentes de trabalho. devem ser realizados antes e depois da jornada.
Sabe-se que com o envelhecimento ocorre a diminuição
progressiva da força muscular. Os músculos são responsáveis pela Os riscos presentes no ambiente de trabalho podem ser cate-
manutenção da estabilidade corporal e pela manutenção dos gorizados em cinco tipos, conforme estabelecido pela Portaria nº
movimentos articulares. Com essa diminuição da força muscular, 3.214 do Ministério do Trabalho do Brasil, datada de 1978. Essa
ocorre o desgaste das estruturas envolvidas nos movimentos. portaria reúne normas regulamentadoras que consolidam a legis-
Isso favorece o aparecimento de doenças como artrites, artroses, lação trabalhista relacionada à segurança e medicina do trabalho.
tendinites e outros. A classificação dos riscos é encontrada na Norma Regulamentadora
Desse modo, a prática de exercícios laborais são considerados nº 5 (NR-5):
de extrema importância para a manutenção da força muscular dos – Riscos de Acidentes: qualquer elemento que exponha o tra-
trabalhadores. Esses exercícios são determinados por profissionais balhador a situações de vulnerabilidade, podendo afetar sua inte-
de fisioterapia e não dispensam a realização de outros exercícios de gridade física, bem-estar psíquico e físico.
força muscular. São realizados dentro do ambiente de trabalho e Exemplos: máquinas e equipamentos sem proteção, risco de
devem ser realizados antes e depois da jornada. incêndio e explosão, arranjo físico inadequado, armazenamento
inadequado, entre outros.
Entende-se por ergonomia o estudo entre a relação do corpo – Riscos Ergonômicos: qualquer fator que possa interferir nas
humano, com o ambiente de trabalho no qual está inserido. Tem características psicofisiológicas do trabalhador, causando descon-
como objetivo otimizar o bem-estar do ser humano com o intuito forto ou impactando sua saúde.
de melhorar seu desenvolvimento dentro do espaço de trabalho. Exemplos: Levantamento de peso, ritmo excessivo de trabalho,
Dentro desse ambiente, existe a preocupação com o bem- monotonia, repetitividade, postura inadequada de trabalho, entre
estar do trabalhador, incluindo sua saúde, durante suas atividades, outros.
uma vez que isso influencia diretamente na boa execução de suas
funções. – Riscos Físicos: agentes de risco físico são diversas formas de
É necessário analisar o local de trabalho, incluindo a condição energia às quais os trabalhadores podem estar expostos. Exemplos:
das instalações, a mobília e os equipamentos. A Norma Reguladora Ruído, calor, frio, pressão, umidade, radiações ionizantes e não-io-
17 é responsável por tratar sobre a ergonomia dos mobiliários, nizantes, vibração, etc.
sendo adequados ou não para o ambiente de trabalho, além das
condições que devem ser adequadas para que o trabalhador – Riscos Químicos: agentes de risco químico são substâncias,
execute suas funções. compostos ou produtos que podem entrar no organismo do traba-
Especialmente em seu artigo 17.3.1 da NR17, são estabelecidos lhador por meio respiratório, poeiras, fumos, gases, neblinas, névo-
alguns critérios a serem seguidos sobre a posição sentada, sendo as ou vapores, ou que, pela natureza da atividade, possam ser ab-
que o mobiliário necessita possuir regulagens, com o intuito de sorvidos pela pele ou por ingestão. Exemplos: Substâncias tóxicas,
que o trabalhador possa regular a altura de acordo com as suas produtos químicos nocivos, entre outros.
características físicas.
Outro fator que influencia diretamente no conforto do – Riscos Biológicos: agentes de risco biológico incluem bacté-
trabalhador inserido em seu ambiente de trabalho é o nível de rias, vírus, fungos, parasitas, entre outros.
ruído sonoro. A NR MTE 17 e a NBR Inmetro 10152 estabelece que
os ruídos acima de 65dB devem ser reavaliados. A interação entre seres humanos e ambientes de trabalho é um
Atividades praticadas na posição sentada, recomenda-se que campo intrincado que envolve diversos aspectos, desde a biomecâ-
utilizem apoio para os pés, com o intuito de adaptar às condições nica até a fisiologia. Este artigo explora os elementos fundamentais
biomecânicas do trabalhador. da biomecânica e fisiologia do trabalho, destacando aspectos cog-
Entende-se por risco ergonômico tudo aquilo que pode nitivos e psicossociais, organização do trabalho, assédio moral or-
interferir causando desconforto e afetando sua saúde, como ganizacional e a importância da análise ergonômica para promover
por exemplo movimento repetitivos, postura inadequada, ambientes laborais saudáveis.
levantamento excessivo de peso, entre outros. É necessário adequar
ergonomicamente esses ambientes de trabalho, diminuindo o — Aspectos cognitivos e psicossociais: desvendando a com-
esforço das tarefas e o risco de acidentes de trabalho. plexidade humana no ambiente de trabalho
Sabe-se que com o envelhecimento ocorre a diminuição Uma análise aprofundada dos aspectos cognitivos e psicosso-
progressiva da força muscular. Os músculos são responsáveis pela ciais explora a complexidade da experiência de trabalho humana. O
manutenção da estabilidade corporal e pela manutenção dos estresse, entendido como uma resposta física e mental a demandas
movimentos articulares. Com essa diminuição da força muscular, desafiadoras, aparece como fator influenciador da dinâmica de tra-
ocorre o desgaste das estruturas envolvidas nos movimentos. balho. Para reduzir o impacto negativo do stress na saúde mental e
Isso favorece o aparecimento de doenças como artrites, artroses, na eficácia profissional, é importante compreender como o stress
tendinites e outros. se manifesta individual e coletivamente.
Desse modo, a prática de exercícios laborais são considerados Além disso, a tomada de decisões, uma habilidade fundamen-
de extrema importância para a manutenção da força muscular dos tal, está intimamente relacionada aos processos cognitivos. A ca-
trabalhadores. Esses exercícios são determinados por profissionais pacidade de avaliar informações, avaliar opções e escolher a ação
mais adequada afeta diretamente a qualidade do desempenho no
421
EIXO TEMÁTICO 4 - SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA TRABALHADORA
trabalho. Estratégias que incentivam melhores competências de to- Desta forma, a organização do trabalho não é apenas uma
mada de decisão não só aumentam a eficiência, mas também criam questão de eficiência operacional, mas também uma expressão
um ambiente de confiança e autonomia. visível do compromisso da organização com o bem-estar dos seus
As relações interpessoais, moldam a estrutura social de uma colaboradores. Quando devidamente estruturado, pode ser uma
organização. Compreender a dinâmica das interações entre cole- ferramenta poderosa para aumentar a satisfação, a motivação e a
gas, superiores e subordinados é essencial para criar um ambien- produtividade, e criar um ambiente onde os funcionários possam
te de trabalho colaborativo e inclusivo. Estratégias de gestão que não apenas sobreviver, mas também prosperar.
promovem relacionamentos positivos contribuem para o ambiente
de trabalho, bem como para a motivação e o engajamento dos co- — Distúrbios do moral organizacional: um desafio para a saú-
laboradores. de no local de trabalho
O último item destacado, satisfação no trabalho, reflete o ajus-
te entre as aspirações individuais e a realidade organizacional. Con-
siderar o equilíbrio entre as demandas profissionais e as aspirações
pessoais é crucial para promover um ambiente onde os colaborado-
res sintam que seu trabalho é valorizado e significativo. Estratégias
que visam aumentar a satisfação no trabalho têm o potencial não
apenas de reter talentos, mas também de impulsionar a inovação
e a produtividade.
Portanto, a gestão eficaz dos aspectos cognitivos e psicosso-
ciais não apenas melhora a qualidade de vida no trabalho, mas
também eleva o desempenho individual e coletivo, fortalecendo as
bases para um ambiente laboral saudável e sustentável.
422
EIXO TEMÁTICO 4 - SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA TRABALHADORA
— Análise ergonômica do trabalho: criando um ambiente de Buscar constantemente estratégias que integrem efetivamente
trabalho adequado às pessoas esses elementos é um compromisso firme com a qualidade de vida
no trabalho e o desenvolvimento sustentável das organizações.
423
EIXO TEMÁTICO 4 - SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA TRABALHADORA
No Ministério da Saúde, a biossegurança é controlada pela Comissão de Biossegurança em Saúde, que foi criada em 2003, pela Porta-
ria GM/MS n°. 1.683, de 28 de agosto de 2003. Essa comissão tem o papel de definir estratégias de avaliação, atuação e acompanhamento
das ações relacionadas à biossegurança no território nacional. As suas principais atribuições são as seguintes:
- Participar e acompanhar, nos âmbitos nacional e internacional, a elaboração e reformulação de normas de biossegurança;
- Proceder ao levantamento e à análise das questões referentes à biossegurança, visando a identificar os seus impactos e as suas
correlações com a saúde humana;
- Propiciar debates públicos sobre biossegurança, por meio de reuniões e eventos abertos à comunidade;
- Estimular a integração de ações dos diversos órgãos do Sistema Único de Saúde nas questões de biossegurança em saúde;
- Assessorar as atividades relacionadas à formulação, atualização e implementação da Política Nacional de Biossegurança.
A partir desse contexto, a biossegurança tem trazido resultados relevantes e consideráveis para a saúde dos profissionais da saúde.
Essas ações necessitam de maior reconhecimento e divulgação junto aos trabalhadores e às instituições, uma vez que promovem meno-
res riscos ocupacionais de contaminação do trabalhador durante o seu processo de trabalho.
Outro avanço da biossegurança, em termos de segurança e saúde dos trabalhadores da saúde, foi a regulamentação da Norma Regula-
mentadora (NR) n°. 32, pelo Ministério do Trabalho, em 2005. Essa norma estabeleceu diretrizes básicas e fundamentais para a prática de
implementação de medidas de proteção, segurança e saúde dos trabalhadores que atuam em ambientes que prestam serviços de saúde,
tanto em atividades de promoção como de assistência à saúde em geral.
Obs.: as contaminações pelos vírus das hepatites B e C e pelo vírus HIV são as principais causas de contaminação sofridas por profis-
sionais da saúde. A prevenção de acidentes com exposição ocupacional é o principal caminho para evitar a transmissão dos vírus.
A NR 32 trouxe diversos avanços para a promoção da saúde dos trabalhadores de instituições de saúde. Ela preconiza que essas insti-
tuições devem implantar ações de promoção, proteção e recuperação da saúde dos seus trabalhadores, com vistas aos riscos ambientais
presentes nas atividades laborais. A NR 32 possui três eixos:
1. Capacitação contínua dos trabalhadores;
2. Definição dos programas que abordam os riscos ocupacionais;
3. Determinação das medidas de proteção contra os riscos.
A biossegurança promove, nos dias atuais, maior controle dos riscos ambientais presentes nas atividades laborais dos profissionais
da saúde. Além disso, promove a consolidação das ações e das competências nessa área, em prol de uma maior segurança e saúde no
trabalho, bem como a qualidade de vida e saúde dos trabalhadores. Por isso, é importante manter a discussão sobre a biossegurança no
local de trabalho, a fim de reduzir os riscos ocupacionais, os acidentes e as contaminações dos trabalhadores.
424
EIXO TEMÁTICO 4 - SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA TRABALHADORA
Os trabalhadores têm enfrentado diversos obstáculos para desenvolver as suas atividades laborais. Além das pressões administrativas e
da sobrecarga de trabalho, eles ainda enfrentam dificuldades relacionadas ao ambiente de trabalho. Muitos ambientes laborais oferecem
riscos ocupacionais nas atividades exercidas, em função das necessidades do trabalho.
Os riscos ocupacionais fazem parte da vida diária do trabalhador. Por isso, todos precisam conhecer e ficar atentos a tais fatores de
riscos. Ao identificar os fatores de risco ocupacional, é possível promover a maior segurança no trabalho.
Entre os riscos ocupacionais que podem prejudicar a saúde e o trabalho do indivíduo, os riscos físicos são os mais presentes nos am-
bientes laborais. Além disso, tem-se investigado muito a exposição dos trabalhadores aos agentes químicos nos ambientes de trabalho.
Esses dois riscos são responsáveis por muitos acidentes e doenças advindas das atividades laborais.
Grupo 1 Verde Grupo 2 Vermelho Grupo 3 Marrom Grupo 4 Amarelo Grupo 5 Azul
Riscos Físicos Riscos Químicos Riscos Biológicos Riscos Ergonômicos Riscos de Acidentes
- Esforço físico intenso
- Levantamento e transpor-
te manual de peso - Arranjo físico inadequado
- Ruídos - Exigência de postura - Máquinas e equipamentos sem
- Vibrações inadequada - Ferramentas inadequadas ou
- Poeiras
- Radiações - Controle rígido de produ- defeituosas
- Fumos - Vírus
ionizantes tividade - Iluminação inadequada
- Névoas - Bactérias
- Radiações não - Imposição de ritmos - Eletricidade
- Gases - Protozoários
ionizantes excessivos - Trabalho em - Probabilidade de incêndio ou
- Vapores - Fungos
- Frio turno noturno explosão proteção - Armazena-
- Substâncias, compos- - Parasitas
- Calor - Jornadas de trabalho mento inadequado
tos ou produtos quími- - Bacilos
- Pressões anor- prolongadas - Animais peçonhentos
cos em geral
mais - Monotonia e repetitivi- - Outras situações de risco que
- Umidade dade poderão contribuir para a ocor-
- Outras situações causa- rência de acidentes
doras de estresse físico e/
ou psíquico
Riscos Físicos
Os riscos físicos são aqueles capazes de modificar o ambiente de trabalho dos indivíduos. São efeitos gerados por máquinas, equipa-
mentos e condições físicas características do local de trabalho que podem causar prejuízos à saúde do trabalhador.
Esses riscos são identificados por três principais características: necessitam de um meio de transmissão; agem mesmo sobre pessoas
que não têm contato direto com a fonte e podem ocasionar lesões crônicas.
Ruído
- Características: sons presentes no ambiente de trabalho que, ao atingir níveis excessivos, podem provocar sérios prejuízos à saúde,
dependendo do tempo de exposição, nível sonoro e da sensibilidade individual;
- Consequências: baixa concentração, baixo rendimento, má comunicação, acidentes, desconforto, perda auditiva, alterações na pres-
são sanguínea.
Vibração
- Características: são agentes físicos nocivos, produzidos por máquinas ou equipamentos vibrantes que atuam por transmissão de
energia mecânica, emitindo oscilações com amplitudes perceptíveis;
- Consequências: danos na região espinal, alterações no sistema circulatório e/ou urológico e neurológico, fadiga, insônia, dor de
cabeça, tremor, vômitos, respiração irregular, alterações neurovasculares e articulares nas mãos, problemas nas articulações de mãos e
braços, osteoporose.
425
EIXO TEMÁTICO 4 - SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA TRABALHADORA
Radiação
- Características: são formas de energia transmitidas por ondas. São divididas em dois grupos: ionizantes e não ionizantes;
- Consequências
Radiação ionizante: os efeitos imediatos são eritema, queda de cabelos, necrose de tecido, esterilidade temporária ou permanente. Os
efeitos tardios são catarata, câncer, anemia;
Radiação não ionizante: os efeitos são perturbações visuais, queimaduras, lesões, insolação, fadiga.
Umidade
- Características: atividades ou operações executadas em locais alagados ou encharcados, com umidade excessiva, capazes de produzir
danos à saúde dos trabalhadores;
- Consequências: doenças do aparelho respiratório, quedas, doenças de pele, doenças circulatórias, efeitos metabólicos e endócrinos.
Temperatura extrema
- Características
Calor: fatores ambientais podem afetar o trabalhador exposto ao calor excessivo;
Frio: atividades laborais que expõem os trabalhadores aos danos provocados pelo frio.
- Consequências
Calor: desidratação, erupção da pele, câimbras, fadiga física, distúrbios psiconeuróticos, problemas cardiocirculatórios, insolação, hi-
pertermia;
Frio: feridas, rachaduras e necrose na pele, enregelamento, agravamento de doenças reumáticas, predisposição para acidentes, predis-
posição para doenças das vias respiratórias, hipotermia e Síndrome de Raynaud.
Pressão anormal
- Características: atividades em que os trabalhadores ficam sujeitos a pressões ambientais acima ou abaixo das pressões normais.
- Consequências
Hipobáricas (baixas pressões): irritabilidade, diminuição da capacidade motora e sensitiva, alterações do sono, fadiga muscular, hemor-
ragias na retina, edema cerebral, edema agudo do pulmão, hipóxia.
Hiperbáricas (altas pressões): convulsões, ruptura do tímpano, liberação de nitrogênio nos tecidos, necrose óssea.
A prevenção aos riscos físicos é a melhor forma de evitar as consequências que o trabalho pode causar ao trabalhador devido à expo-
sição direta aos agentes. A promoção de medidas de proteção individual pode ajudar no combate à exposição aos riscos físicos.
Nota: as pressões hiperbáricas são aquelas acima da pressão atmosférica normal. Elas ocorrem em trabalhos realizados em tubulações
de ar comprimido, máquinas de perfuração, caixões pneumáticos e trabalhos executados por mergulhadores. Já as pressões hipobáricas
são aquelas abaixo da pressão atmosférica normal, que ocorrem com trabalhadores que realizam tarefas em grandes altitudes, como em
arranha-céus, ou em pilotos e astronautas.
Riscos Químicos
Os riscos químicos são causados por exposição a substâncias sólidas, líquidas ou gasosas, compostas por produtos químicos capazes de
penetrar no organismo, como poeira, fumo, gases, vapores, entre outros.
Esses riscos são representados pelas substâncias químicas que se encontram nas formas líquida, sólida ou gasosa e que, quando absor-
vidas pelo organismo, podem produzir reações tóxicas e danos à saúde.
Existem três vias de penetração no organismo: respiratória (inalação pelas vias aéreas), cutânea (absorção pela pele) e digestiva (in-
gestão).
Algumas das características e das consequências da exposição aos riscos químicos são apresentadas na tabela abaixo:
426
EIXO TEMÁTICO 4 - SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA TRABALHADORA
Névoas, gases e vapores São causados por agentes Irritantes: ácido clorídrico, Irritação das vias aéreas supe-
irritantes, asfixiantes e anes- ácido sulfúrico, amônia, soda riores.
tésicos. cáustica, cloro. Asfixiantes:
hidrogênio, nitrogênio, hélio, Dores de cabeça, náuseas,
metano, acetileno, dióxido sonolência, convulsões, coma,
de carbono, monóxido de morte.
carbono. Anestésicos: butano,
propano, aldeídos, cetonas, Ação depressiva sobre o
cloreto de carbono, benzeno, sistema nervoso, danos aos
álcool. diversos órgãos e ao sistema
formador do sangue.
Poeiras alcalinas Provêm, em especial, do Calcário. Doença pulmonar obstrutiva
calcário. crônica e enfisema pulmonar.
Fumos metálicos Provêm do uso industrial de Cobre, alumínio, chumbo, Doença pulmonar obstrutiva
metais. solda. crônica, febre de fumos metá-
licos e intoxicação específica,
de acordo com o metal.
A prevenção aos riscos químicos é a melhor forma de evitar danos à saúde decorrentes do trabalho. Para isso, é necessário conhecer
as suas principais fontes e consequências, possibilitando assim a implementação de barreiras para contenção da exposição do trabalhador.
As medidas de proteção individual são as melhores maneiras de evitar essa contaminação. Dessa forma, elas devem ser adotadas,
monitoradas e incentivadas pelo setor de saúde ocupacional.
Os riscos ergonômicos presentes no ambiente de trabalho são responsáveis por diversas doenças osteomusculares. Eles estão pre-
sentes na maioria das atividades ocupacionais e relacionam-se a posturas inadequadas na execução das tarefas e tempo prolongado na
mesma posição no processo de trabalho.
O objetivo principal da ergonomia é manter a satisfação, a segurança e o bem-estar do trabalhador em seu ambiente laboral. É im-
portante atentar às tarefas, aos equipamentos e ao melhor comportamento entre as equipes, assim como à adaptação do ambiente e do
processo de trabalho.
Os riscos ergonômicos são regulamentados pela NR 17 e fazem parte dos mapas de riscos dos ambientes de trabalho. Esses riscos são
divididos de acordo com as suas características:
Esforço físico intenso
- Características: esforço físico demandado por algumas tarefas, sem uso de equipamento adequado;
- Consequências: dores, fadiga, esgotamento profissional (Burnout), cansaço.
Postura inadequada
- Características: posição inadequada em que o trabalhador executa a sua atividade;
- Consequências: dores nas costas, enfraquecimento e lesões em várias partes do corpo, como ombros e pulsos, Distúrbio Osteomus-
cular Relacionado ao Trabalho (DORT).
Controle da produtividade
- Características: cobrança excessiva para um trabalho acelerado, com mais esforço físico do trabalhador;
- Consequências: estresse físico e mental, transtorno de ansiedade, fadiga, esgotamento profissional (Burnout).
Ritmos excessivos
- Características: excesso de tarefas e cobranças;
- Consequências: estresse físico e mental, hipertensão arterial, transtorno de ansiedade, depressão, doenças do trato gastrintestinal.
427
EIXO TEMÁTICO 4 - SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA TRABALHADORA
428
EIXO TEMÁTICO 4 - SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA TRABALHADORA
— Práticas Efetivas de Prevenção e Controle dos Riscos Psi- — Campanha de conscientização: construindo uma cultura de
cossociais cuidado
Avaliação Holística: realizar avaliações regulares que identifi- Além do treinamento, as campanhas de conscientização são
quem e analisem os riscos psicossociais específicos presentes no um componente-chave dos programas de saúde e segurança ocu-
ambiente de trabalho é um ponto de partida crucial. Esta análise pacional. O objetivo da campanha é criar consciência coletiva sobre
aprofundada fornece uma compreensão mais precisa das áreas que a importância das práticas de segurança e incentivar uma cultura
requerem intervenção. onde os colaboradores se sintam responsáveis não só pela sua pró-
Intervenção proativa: é importante desenvolver um programa pria segurança, mas também pela segurança dos seus colegas.
de intervenção proativa. Isso inclui a implementação de estratégias
que abordem aspectos como carga de trabalho, gerenciamento de Uma abordagem proativa para identificar e mitigar riscos: o
tempo e promoção de relacionamentos interpessoais saudáveis. A programa foi projetado para identificar e mitigar riscos de forma
prevenção é uma ferramenta poderosa para reduzir os riscos antes proativa. Isto significa não apenas responder a incidentes, mas
que eles aumentem. também antecipar e prevenir situações potencialmente perigosas.
Integra sistemas de avaliação contínua de riscos e faz os ajustes ne-
Cultura organizacional saudável: é importante criar uma cul- cessários para garantir a eficácia das medidas de segurança em um
tura organizacional que valorize não só a eficiência, mas também o ambiente de trabalho em constante mudança.
equilíbrio entre vida pessoal e profissional. Esta cultura promove o
respeito, a comunicação aberta e o apoio mútuo, que são elemen- Análise crítica utilizando registros administrativos: a análise
tos essenciais do bem-estar psicossocial. crítica dos registros administrativos relacionados com este progra-
ma é um passo importante para melhorar a eficácia das atividades
Educação e Conscientização: investir em programas de educa- implementadas. Os registros fornecem uma imagem detalhada da
ção e conscientização em saúde mental é uma poderosa estratégia implementação do programa ao longo do tempo e identificam áre-
de prevenção. Fornecer aos colaboradores ferramentas e recursos as de sucesso e potenciais lacunas. A partir dessa análise, as empre-
para reconhecer e gerir o stress e outras questões psicossociais sas podem ajustar suas estratégias, aperfeiçoar treinamentos e di-
pode contribuir muito para a promoção do bem-estar. recionar recursos para áreas que requerem atenção mais especial.
Monitoramento contínuo: para avaliar a eficácia das medidas Orientação futura através de estratégias de melhoria: os pro-
adotadas, é importante implementar um sistema de monitorização gramas não são estáticos e a melhoria contínua é uma parte im-
contínua. Este processo contínuo permite-nos adaptar e melhorar portante disso. A análise crítica dos registros administrativos não
as nossas formas de trabalhar, proporcionando uma abordagem ágil só avalia o passado, mas também orienta futuras estratégias de
à dinâmica do nosso ambiente de trabalho. melhoria. Esta abordagem interativa e baseada em dados permite
que as empresas adaptem os seus programas para enfrentar novos
O cenário dinâmico do ambiente de trabalho atual destaca a desafios e se adaptarem às mudanças nas condições de trabalho.
necessidade essencial de estratégias eficazes para garantir a segu-
rança e a saúde dos colaboradores. Num ambiente onde a integri- Simplificando, um programa de saúde e segurança ocupacional
dade física e mental dos trabalhadores é considerada uma priorida- é mais do que apenas diretrizes. Isto demonstra claramente o com-
de clara, a implementação de programas estruturados, relatórios promisso da organização com o bem-estar dos seus colaboradores.
precisos, testes rigorosos e conhecimentos especializados são res- Que se trate da capacitação através de formação específica, da cria-
postas críticas aos desafios atuais. ção de uma cultura de sensibilização ou da antecipação e mitigação
de riscos, estes programas são essenciais para a criação de um am-
1. Funções básicas dos programas de segurança e saúde ocu- biente de trabalho seguro, saudável e sustentável.
pacional
Um programa dedicado de saúde e segurança ocupacional é — Relatórios precisos: Informações detalhadas sobre a saúde
essencial para construir a base de uma cultura organizacional fo- do seu ambiente de trabalho
cada na proteção dos funcionários. Esta iniciativa não é apenas um A preparação de relatórios por peritos profissionais não é ape-
conjunto de regras e procedimentos, mas sim diretrizes gerais que nas uma obrigação regulamentar; É uma ferramenta importante
abrangem todos os níveis da empresa. para compreender e promover a saúde e a segurança no local de
trabalho. Este documento fornece uma análise abrangente, iden-
— Treinamento profissional: treinamento de Segurança tifica perigos potenciais, condições não conformes e sugere ações
Uma parte importante do programa é a formação específica corretivas. Ao contrário de uma visão superficial, o relatório fornece
que visa proporcionar aos colaboradores as competências e conhe- uma radiografia detalhada do seu ambiente de trabalho, permitin-
cimentos necessários para enfrentar os desafios do local de traba- do-lhe tomar decisões informadas sobre como melhorar significati-
lho. Isto não só inclui orientações sobre procedimentos de seguran- vamente as suas condições de trabalho.
ça específicos, mas também promove a consciência da importância
da prevenção e do papel ativo de cada indivíduo para se manter Compreensão mais profunda dos relatórios e Melhoria con-
seguro e saudável. tínua: além de cumprir os requisitos regulamentares, uma com-
preensão profunda dos relatórios fornece orientações valiosas na
implementação de melhorias importantes. Os profissionais respon-
sáveis pela saúde e segurança ocupacional podem utilizar este re-
latório como ferramenta estratégica. Ao interpretar o relatório de
429
EIXO TEMÁTICO 4 - SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA TRABALHADORA
forma holística, as empresas podem identificar padrões, tendências Em resumo, a gestão integrada, os registros administrativos, o
e questões específicas. Esta abordagem promove a implementação profundo entendimento dos relatórios, os testes e o conhecimen-
de ações corretivas específicas e fomenta uma cultura de melhoria to são pilares que sustentam uma cultura organizacional focada na
contínua. proteção dos colaboradores. Ao registar o progresso, antecipar pro-
blemas e responder claramente aos incidentes, as organizações não
— Ensaios Rigorosos: Garantir a eficácia das medidas de se- só cumprem os requisitos regulamentares, mas também criam um
gurança ambiente de trabalho seguro, saudável e em constante melhoria. A
Testes rigorosos são uma parte importante da validação das busca pela excelência em segurança e saúde ocupacional torna-se,
medidas de segurança. O objetivo destes testes é garantir a confor- portanto, uma jornada de aprendizado e desenvolvimento contí-
midade com as normas regulamentares, bem como garantir que as nuo, garantindo a integridade tanto dos colaboradores quanto do
condições de trabalho atendam aos mais altos padrões de seguran- ambiente de trabalho em que atuam.
ça possíveis. Testes abrangentes, incluindo simulação de acidentes,
avaliação de equipamentos e monitoramento ambiental, fornecem
uma visão holística do desempenho do local de trabalho em diver- AGRAVOS RELACIONADOS AO TRABALHO:
sas situações. Esta abordagem não só identifica potenciais lacunas, CONCEITOS, ASPECTOS LEGAIS, PROTOCOLOS DE
mas também orienta os ajustamentos em curso. ATENÇÃO E NOTIFICAÇÃO
430
EIXO TEMÁTICO 4 - SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA TRABALHADORA
LER/DORT (Lesões por Esforços Repetitivos/Distúrbios Osteo- A Norma Regulamentadora 16 é a norma que garante o
musculares Relacionados ao Trabalho) pagamento do adicional de insalubridade para profissionais que
Todas as doenças, lesões e síndromes que afetam o sistema desempenham funções insalubres. Existe uma diferença entre
musculoesquelético, causadas, mantidas ou agravadas pelo traba- periculosidade e insalubridade. Periculosidade trata-se de uma
lho (CID-10 G50-59, G90-99, M00-99). Caracterizam-se geralmente definição momentânea, definindo os perigos imediatos que
pela ocorrência de vários sintomas inespecíficos, concomitantes ou aquele trabalhador poderá encontrar conforme desempenha sua
não, como dor crônica, parestesia, fadiga muscular, manifestando- função. Enquanto isso, a insalubridade está relacionada a riscos de
-se principalmente no pescoço, coluna vertebral, cintura escapular, saúde, nem sempre momentâneos e imediatos, que poderão ser
membros superiores ou inferiores. desenvolvidos por conta de sua função desempenhada.
A NR16 determina quais são as obrigações do empregador em
Aspectos legais, protocolos de atenção e notificação relação ao seu empregado no desempenho da sua função quando
O conhecimento dos riscos e agravos à saúde relacionados ao perigosa. Ela também descreve e classifica as funções de acordo
trabalho é crucial para o planejamento de ações de assistência, vigi- com os níveis de periculosidade. Ela também garante um adicional
lância e intervenção nos ambientes laborais. de 30% do valor do salário base do trabalhador, sem acréscimos de
Os sistemas destinados a notificar/registrar casos de doenças bonificações.
e agravos relacionados ao trabalho incluem o Sistema de Informa- Trata-se de medidas de segurança, devendo ser aplicadas
ção de Agravos de Notificação (SINAN) do Ministério da Saúde e o quando desenvolvidas atividades e operações perigosas, sendo
Sistema de Informações em Saúde do Trabalhador (SIST/RS), que que entende-se por atividades perigosas aquelas que envolvem
tem um enfoque epidemiológico e abrange casos suspeitos e confir- explosivos, inflamáveis, radiação ionizante e substâncias radioativas,
mados de relações com o trabalho, independentemente do vínculo exposição à violência física, energia elétrica e uso de motocicletas.
laboral. O e-social consiste no portal do Ministério do Trabalho e
A notificação de doenças e agravos relacionados ao trabalho Previdência destinado a comunicação de empresas diretamente
é compulsória para médicos e outros profissionais de saúde, bem com o governo, contendo informações referentes aos trabalhadores,
como para responsáveis pelos serviços públicos e privados de saú- seus vínculos empregatícios, folha de pagamento, comunicação de
de, conforme estabelecido pela Lei nº 6.259/1975, art. 8º. A notifi- acidentes de trabalho e outras informações previdenciárias.
cação compulsória deve ocorrer diante da suspeita ou confirmação A tabela 28 disponibilizada pelo e-social dispõe a respeito das
de doença ou agravo, sendo essencial implementar a notificação atividade perigosas, insalubres e/ou especiais. Sendo elas:
compulsória dos agravos à saúde relacionados ao trabalho na Rede
de Atenção à Saúde do SUS e na rede privada.
A Resolução CIB 189 de 2020 institui a notificação universal de
todos os agravos de notificação compulsória relacionados ao traba-
lho no Rio Grande do Sul.
As doenças e agravos relacionados ao trabalho notificados no
SINAN incluem acidente de trabalho, câncer relacionado ao tra-
balho, dermatoses ocupacionais, exposição a material biológico,
intoxicações exógenas relacionadas ao trabalho, LER/DORT, perda
auditiva induzida pelo ruído (PAIR), pneumoconiose e transtornos
mentais relacionados ao trabalho.
431
EIXO TEMÁTICO 4 - SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA TRABALHADORA
432
EIXO TEMÁTICO 4 - SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA TRABALHADORA
02.028 Vulcanização de borracha pelo litargírio ou outros 02.059 Fabricação de artigos de borracha, de produtos
compostos de chumbo. para impermeabilização e de tecidos impermeáveis à base de
02.029 Aplicação e emprego de esmaltes, vernizes, cores, hidrocarbonetos.
pigmentos, tintas, unguentos, óleos, pastas, líquidos e pós à base 02.060 Fabricação de linóleos, celuloides, lacas, tintas,
de compostos de chumbo. esmaltes, vernizes, solventes, colas, artefatos de ebonite, guta-
02.030 Fabricação de porcelana com esmaltes de compostos percha, chapéus de palha e outros à base de hidrocarbonetos.
de chumbo. 02.061 Limpeza de peças ou motores com óleo diesel aplicado
02.031 Pintura e decoração manual (pincel, rolo e escova) com sob pressão (nebulização).
pigmentos de compostos de chumbo (exceto pincel capilar), em 02.062 Pintura a pincel com esmaltes, tintas e vernizes em
recintos limitados ou fechados. solvente contendo hidrocarbonetos aromáticos.
02.032 Tinturaria e estamparia com pigmentos à base de 02.063 Fabricação e manipulação de compostos orgânicos de
compostos de chumbo. mercúrio.
02.033 Pintura a pistola ou manual com pigmentos de 02.064 Operações que desprendam poeira de silicatos em
compostos de chumbo ao ar livre. trabalhos permanentes no subsolo, em minas e túneis (operações
02.034 Fabricação de cromatos e bicromatos. de corte, furação, desmonte, carregamentos e outras atividades
02.035 Pintura a pistola com pigmentos de compostos de exercidas no local do desmonte e britagem no subsolo).
cromo, em recintos limitados ou fechados. 02.065 Operações de extração, trituração e moagem de talco.
02.036 Cromagem eletrolítica dos metais. 02.066 Fabricação de material refratário, como refratários para
02.037 Fabricação de palitos fosfóricos à base de compostos de fôrmas, chaminés e cadinhos; recuperação de resíduos.
cromo (preparação da pasta e trabalho nos secadores). 02.067 Exposição ou contato, por qualquer via com 4-amino
02.038 Manipulação de cromatos e bicromatos. difenil (p-xenilamina).
02.039 Pintura manual com pigmentos de compostos de cromo 02.068 Produção de Benzidina.
em recintos limitados ou fechados (exceto pincel capilar). 02.069 Exposição ou contato, por qualquer via com
02.040 Preparação por processos fotomecânicos de clichês Betanaftilamina.
para impressão à base de compostos de cromo. 02.070 Exposição ou contato, por qualquer via com
02.041 Tanagem a cromo. 4-nitrodifenil.
02.042 Extração e preparação de fósforo branco e seus 02.071 Operações com Éter bis (cloro-metílico).
compostos. 02.072 Operações com Benzopireno.
02.043 Fabricação de defensivos fosforados e organofosforados. 02.073 Operações com Berílio.
02.044 Fabricação de projéteis incendiários, explosivos e gases 02.074 Operações com Cloreto de dimetil-carbamila.
asfixiantes à base de fósforo branco. 02.075 Operações com 3,3’-dicloro-benzidina.
02.045 Emprego de defensivos organofosforados. 02.076 Operações com Dióxido de vinil ciclohexano.
02.046 Fabricação de bronze fosforado. 02.077 Operações com Epicloridrina.
02.047 Fabricação de mechas fosforadas para lâmpadas de 02.078 Operações com Hexametilfosforamida.
mineiros. 02.079 Operações com 4,4’-metileno bis (2-cloro anilina).
02.048 Destilação do alcatrão da hulha. 02.080 Operações com 4,4’-metileno dianilina.
02.049 Destilação do petróleo. 02.081 Operações com Nitrosaminas.
02.050 Manipulação de alcatrão, breu, betume, antraceno, 02.082 Operações com Propano sultone.
óleos minerais, óleo queimado, parafina ou outras substâncias 02.083 Operações com Betapropiolactona.
cancerígenas afins. 02.084 Operações com Tálio.
02.051 Fabricação de fenóis, cresóis, naftóis, nitroderivados, 02.085 Produção de trióxido de amônio.
aminoderivados, derivados halogenados e outras substâncias 02.086 Ustulação de sulfeto de níquel.
tóxicas derivadas de hidrocarbonetos cíclicos. 02.087 Aplicação a pistola de tintas de alumínio.
02.052 Pintura a pistola com esmaltes, tintas, vernizes e 02.088 Fabricação de pós de alumínio (trituração e moagem).
solventes contendo hidrocarbonetos aromáticos. 02.089 Fabricação de emetina e pulverização de ipeca.
02.053 Emprego de defensivos organoclorados: DDT 02.090 Fabricação e manipulação de ácido oxálico, nítrico
(diclorodifeniltricloretano), DDD (diclorodifenildicloretano), sulfúrico, bromídrico, fosfórico, pícrico.
metoxicloro (dimetoxidifeniltricloretano), BHC (hexacloreto de 02.091 Metalização a pistola.
benzeno) e seus compostos e isômeros. 02.092 Operações com o timbó.
02.054 Emprego de defensivos derivados do ácido carbônico. 02.093 Operações com bagaço de cana nas fases de grande
02.055 Emprego de aminoderivados de hidrocarbonetos exposição à poeira.
aromáticos (homólogos da anilina). 02.094 Operações de galvanoplastia: douração, prateação,
02.056 Emprego de cresol, naftaleno e derivados tóxicos. niquelagem, cromagem, zincagem, cobreagem, anodização de
02.057 Emprego de isocianatos na formação de poliuretanas alumínio.
(lacas de desmoldagem, lacas de dupla composição, lacas protetoras 02.095 Telegrafia e radiotelegrafia, manipulação em aparelhos
de madeira e metais, adesivos especiais e outros produtos à base do tipo Morse e recepção de sinais em fones.
de poliisocianetos e poliuretanas). 02.096 Trabalhos com escórias de Thomás: remoção, trituração,
02.058 Emprego de produtos contendo hidrocarbonetos moagem e acondicionamento.
aromáticos como solventes ou em limpeza de peças. 02.097 Trabalho de retirada, raspagem a seco e queima de
pinturas.
433
EIXO TEMÁTICO 4 - SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA TRABALHADORA
02.098 Trabalhos na extração de sal (salinas). 04.013 Trabalho em poços de petróleo em produção de gás
02.099 Fabricação e manuseio de álcalis cáusticos. (círculo com raio de 30 metros, no mínimo, com centro na boca do
02.100 Fabricação e transporte de cal e cimento nas fases de poço).
grande exposição a poeiras. 04.014 Trabalho em unidade de processamento das refinarias
02.101 Trabalhos de carregamento, descarregamento ou (Faixa de 30 metros de largura, no mínimo, contornando a área de
remoção de enxofre ou sulfitos em geral, em sacos ou a granel. operação).
02.102 Trabalhos no subsolo com exposição a manganês. 04.015 Operações com inflamáveis em refinaria, em estado de
02.103 Trabalhos na superfície com exposição a manganês. volatilização ou possibilidade de volatilização decorrente de falha
ou defeito dos sistemas de segurança e fechamento das válvulas
ATIVIDADES E OPERAÇÕES PERIGOSAS COM EXPLOSIVOS (Faixa de 15 metros de largura, no mínimo, contornando a área de
03.001 Armazenamento de explosivos. operação).
03.002 Transporte de explosivos. 04.016 Operações em tanques de inflamáveis líquidos (Toda a
03.003 Operação de escorva dos cartuchos de explosivos. bacia de segurança).
03.004 Operação de carregamento de explosivos. 04.017 Operações em tanques elevados de inflamáveis
03.005 Detonação de explosivos. gasosos (Círculo com raio de 3 metros com centro nos pontos de
03.006 Verificação de detonações de explosivos falhadas. vazamento eventual (válvula registros, dispositivos de medição por
03.007 Queima e destruição de explosivos deteriorados. escapamento, gaxetas)).
03.008 Operações de manuseio de explosivos. 04.018 Carga e descarga de inflamáveis líquidos contidos em
navios, chatas e batelões (Afastamento de 15 metros da beira
ATIVIDADES E OPERAÇÕES PERIGOSAS COM INFLAMÁVEIS do cais, durante a operação, com extensão correspondente ao
04.001 Produção, transporte, processamento e armazenamento comprimento da embarcação).
de gás liquefeito. 04.019 Abastecimento de aeronaves (Toda a área de operação).
04.002 Transporte e armazenagem de inflamáveis líquidos e 04.020 Enchimento de vagões - tanques e caminhões - tanques
gasosos liquefeitos e de vasilhames vazios não-desgaseificados ou com inflamáveis líquidos (Círculo com raio de 15 metros com centro
decantados (todos os trabalhadores da área de operação). nas bocas de enchimento dos tanques).
04.003 Reabastecimento de aeronaves (todos os trabalhadores 04.021 Enchimento de vagões-tanques e caminhões-tanques
nessas atividades ou que operam na área de risco). inflamáveis gasosos liquefeitos (Círculo com 7,5 metros centro nos
04.004 Operações nos locais de carregamento de navios- pontos de vazamento eventual (válvula e registros)).
tanques, vagões-tanques e caminhões tanques e enchimento de 04.022 Enchimento de vasilhames com inflamáveis gasosos
vasilhames, com inflamáveis líquidos ou gasosos liquefeitos (todos liquefeitos (Círculos com raio de 15 metros com centro nos bicos
os trabalhadores nessas atividades ou que operam na área de risco). de enchimentos).
04.005 Operações nos locais de descarga de navios-tanques, 04.023 Enchimento de vasilhames com inflamáveis líquidos,
vagões-tanques e caminhões-tanques com inflamáveis líquidos ou em locais abertos (Círculo com raio de 7,5 metros com centro nos
gasosos liquefeitos ou de vasilhames vazios não-desgaseificados bicos de enchimento).
ou decantados (todos os trabalhadores nessas atividades ou que 04.024 Enchimento de vasilhames com inflamáveis líquidos,
operam na área de risco). em recinto fechado (Toda a área interna do recinto).
04.006 Serviços de operações e manutenção de navios-tanque, 04.025 Manutenção de viaturas-tanques, bombas e vasilhames
vagões-tanques, caminhões-tanques, bombas e vasilhames, que continham inflamável líquido (Local de operação, acrescido de
com inflamáveis líquidos ou gasosos liquefeitos, ou vazios não faixa de 7,5 metros de largura em torno dos seus pontos externos).
desgaseificados ou decantados (todos os trabalhadores nessas 04.026 Desgaseificação, decantação e reparos de vasilhames
atividades ou que operam na área de risco). não desgaseificados ou decantados, utilizados no transporte de
04.007 Operações de desgaseificação, decantação e reparos inflamáveis (Local da operação, acrescido de faixa de 7,5 metros de
de vasilhames de inflamáveis não desgaseificados ou decantados largura em torno dos seus pontos externos).
(todos os trabalhadores nessas atividades ou que operam na área 04.027 Testes em aparelhos de consumo de gás e seus
de risco). equipamentos (Local da operação, acrescido de faixa de 7,5 metros
04.008 operações de testes de aparelhos de consumo do gás de largura em torno dos seus pontos extremos).
e seus equipamentos (todos os trabalhadores nessas atividades ou 04.028 Abastecimento de inflamáveis (Toda a área de operação,
que operam na área de risco). abrangendo, no mínimo, círculo com raio de 7,5 metros com centro
04.009 transporte de inflamáveis líquidos e gasosos liquefeitos no ponto de abastecimento e o círculo com raio de 7,5 metros com
em caminhão-tanque (motorista e ajudantes). centro na bomba de abastecimento da viatura e faixa de 7,5 metros
04.010 transporte de vasilhames (em caminhões de carga), de largura para ambos os lados da máquina).
contendo inflamável líquido, em quantidade total igual ou superior 04.029 Armazenamento de vasilhames que contenham
a 200 litros (motorista e ajudantes). inflamáveis líquidos ou vazios não desgaseificados ou decantados,
04.011 transporte de vasilhames (em carreta ou caminhão de em locais abertos (Faixa de 3 metros de largura em torno dos seus
carga), contendo inflamável gasosos e líquido, em quantidade total pontos externos).
igual ou superior a 135 quilos (motorista e ajudantes). 04.030 Armazenamento de vasilhames que contenham
04.012 operação em postos de serviço e bombas de inflamáveis líquidos ou vazios não desgaseificados, ou decantados,
abastecimento de inflamáveis líquidos (operador de bomba e em recinto fechado (Toda a área interna do recinto).
trabalhadores que operam na área de risco).
434
EIXO TEMÁTICO 4 - SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA TRABALHADORA
04.031 Carga e descarga de vasilhames contendo inflamáveis a) montagem, instalação, substituição e inspeção de elementos
líquidos ou vasilhames vazios não desgaseificados ou decantados, combustíveis (Instalações de tratamento e estocagem de rejeitos
transportados pôr navios, chatas ou batelões (Afastamento de radioativos);
3 metros da beira do cais, durante a operação, com extensão b) Manutenção de componentes integrantes do reator nuclear
correspondente ao comprimento da embarcação). e dos sistemas hidráulicos mecânicos e elétricos, irradiados,
contaminados ou situados em áreas de radiação (Instalações
ATIVIDADES E OPERAÇÕES PERIGOSAS COM RADIAÇÕES para tratamento de água de reatores e separação e contenção
IONIZANTES OU SUBSTÂNCIAS RADIOATIVAS de produtos radioativos; Salas de operação de reatores; Salas de
05.001 Produção, utilização, processamento, transporte, amostragem de efluentes radioativos);
guarda, estocagem, e manuseio de materiais radioativos, selados c) Manuseio de amostras irradiadas na operação e manutenção
e não selados, de estado físico e forma química quaisquer, naturais de reatores nucleares (Laboratórios de medidas de radiação);
ou artificiais (Minas e depósitos de materiais radioativos. Plantas- d) Experimentos utilizando canais de irradiação na operação
piloto e usinas de beneficiamento de minerais radioativos. Outras e manutenção de reatores nucleares (Outras áreas sujeitas a risco
áreas sujeitas a risco potencial devido às radiações ionizantes), potencial às radiações ionizantes passíveis de serem atingidas por
incluindo: dispersão de produtos voláteis);
a) Prospecção, mineração, operação, beneficiamento e e) Medição de radiação, levantamento de dados radiológicos
processamento de minerais radioativos (Lixiviação de minerais e nucleares, ensaios, testes, inspeções, fiscalização e supervisão
radioativos para a produção de concentrados de urânio e tório. de trabalhos técnicos na operação e manutenção de reatores
Purificação de concentrados e conversão em outras formas para nucleares (Laboratórios semiquentes e quentes; Minas de urânio e
uso como combustível nuclear); tório; Depósitos de minerais radioativos e produtos do tratamento
b) Produção, transformação e tratamento de materiais de minerais radioativos);
nucleares para o ciclo do combustível nuclear (Produção de f) Segregação, manuseio, tratamento, acondicionamento e
fluoretos de urânio para a produção de hexafluoreto e urânio armazenamento de rejeitos radioativos na operação e manutenção
metálico. Instalações para enriquecimento isotópico e reconversão. de reatores nucleares (Segregação, manuseio, tratamento,
Fabricação do elemento combustível nuclear. Instalações para acondicionamento e armazenamento de rejeitos radioativos).
armazenamento dos elementos combustíveis usados. Instalações
para o retratamento do combustível irradiado Instalações para 05.003 Atividades de operação e manutenção de aceleradores
o tratamento e deposições, provisórias e finais, dos rejeitos de partículas (áreas de irradiação de alvos), incluindo:
radioativos naturais e artificiais); a) Montagem, instalação, substituição e manutenção de
c) Produção de radioisótopos para uso em medicina, agricultura componentes irradiados ou contaminados (Oficinas de manutenção
agropecuária, pesquisa científica e tecnológica (Laboratórios para a de componentes irradiados ou contaminados; Salas de operação de
produção de radioisótopos e moléculas marcadas); aceleradores);
d) Produção de Fontes Radioativas (Instalações para tratamento b) Processamento de alvos irradiados (laboratórios para
do material radioativo e confecção de fontes. Laboratórios de tratamento de alvos irradiados e separação de radioisótopos);
testes, ensaios e calibração de fontes, detectores e monitores de c) Experimentos com feixes de partículas (laboratórios de testes
radiação, com fontes radioativas) com radiação e medidas nucleares);
e) Testes, ensaios e calibração de detectores e monitores de d) Medição de radiação, levantamento de dados radiológicos
radiação com fontes de radiação (Laboratórios de ensaios para e nucleares, testes, inspeções e supervisão de trabalhos técnicos
materiais radioativos. Laboratórios de radioquímica); (Áreas de tratamento e estocagem de rejeitos radioativos);
f) Descontaminação de superfícies, instrumentos, máquinas, e) Segregação, manuseio, tratamento, acondicionamento
ferramentas, utensílios de laboratório, vestimentas e de quaisquer e armazenamento de rejeitos radioativos (Laboratórios de
outras áreas ou bens duráveis contaminados com material processamento de alvos irradiados).
radioativo (Laboratórios para descontaminação de peças e
materiais radioativos Coleta de rejeitos radioativos em instalações, 05.004 Atividades de operação com aparelhos de raios-X,
prédios e em áreas abertas. Lavanderia para roupas contaminadas. com irradiadores de radiação gama, radiação beta ou radiação de
Transporte de materiais e rejeitos radioativos, condicionamento, nêutrons (Salas de irradiação e de operação de aparelhos de raios-X
estocagens e sua deposição); e de irradiadores gama, beta ou nêutrons), incluindo:
g) Separação isotópica e processamento radioquímico a) diagnóstico médico e odontológico (Laboratórios de testes,
(Instalações para tratamento, condicionamento, contenção, ensaios e calibração com as fontes de radiação descritas);
estabilização, estocagem e deposição de rejeitos radioativos. b) Laboratórios de processamento de alvos irradiados;
Instalações para retenção de rejeitos radioativos); c) Radiografia industrial, gamagrafia e neutronradiografia
h) Manuseio, condicionamento, liberação, monitoração, (Manuseio de fontes);
estabilização, inspeção, retenção e deposição de rejeitos radioativos d) Análise de materiais por difratometria (Manuseio do
(Sítio de rejeitos. Instalações para estocagem de produtos equipamento);
radioativos para posterior aproveitamento). e) Testes, ensaios e calibração de detectores e monitores de
radiação (Manuseio de fontes e amostras radioativas);
05.002 Atividades de operação e manutenção de reatores f) Irradiação de alimentos (Manuseio de fontes e instalações
nucleares (Edifícios de reatores; Edifícios de estocagem de para a irradiação de alimentos);
combustível), incluindo: g) Esterilização de instrumentos médico-hospitalares
(Manuseio de fontes e instalações para a operação);
435
EIXO TEMÁTICO 4 - SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA TRABALHADORA
h) Irradiação de espécimes minerais e biológicos (Manuseio de 06.005 Transporte de valores: Segurança na execução do
amostras irradiadas); serviço de transporte de valores.
i) Medição de radiação, levantamento de dados radiológicos 06.006 Escolta armada: Segurança no acompanhamento de
ensaios, testes, inspeções, fiscalização de trabalhos técnicos qualquer tipo de carga ou de valores.
(Laboratórios de ensaios e calibração de fontes e materiais 06.007 Segurança pessoal: Acompanhamento e proteção da
radioativos). integridade física de pessoa ou de grupos.
06.008 Supervisão/fiscalização Operacional: Supervisão e/ou
05.005 Atividades de medicina nuclear (Salas de diagnóstico e fiscalização direta dos locais de trabalho para acompanhamento e
terapia com medicina nuclear). orientação dos vigilantes.
05.006 Manuseio e aplicação de radioisótopos para diagnóstico 06.009 Telemonitoramento/telecontrole: Execução de controle
médico e terapia (Enfermaria de pacientes, sob treinamento e/ou monitoramento de locais, através de sistemas eletrônicos de
com radioisótopos. Enfermaria de pacientes contaminados segurança.
com radioisótopos em observação e sob tratamento de
descontaminação). ATIVIDADES E OPERAÇÕES PERIGOSAS COM ENERGIA
05.007 Atividades de medicina nuclear: Manuseio de fontes ELÉTRICA
seladas para aplicação em braquiterapia (Área de tratamento e 07.001 Atividades ou operações em instalações ou
estocagem de rejeitos radioativos). equipamentos elétricos energizados em alta tensão.
05.008 Atividades de medicina nuclear: Obtenção de dados 07.002 Atividades ou operações com trabalho em proximidade
biológicos de pacientes com radioisótopos incorporados (Manuseio de instalações ou equipamentos elétricos energizados em alta
de materiais biológicos contendo radioisótopos ou moléculas tensão.
marcadas). 07.003 Atividades ou operações em instalações ou
05.009 Atividades de medicina nuclear: Segregação, manuseio, equipamentos elétricos energizados em baixa tensão no sistema
tratamento, acondicionamento e estocagem de rejeitos radioativos elétrico de consumo - SEC.
em medicina nuclear (Laboratórios para descontaminação e coleta 07.004 Atividades, constantes no item 4.1 da NR 16, de
de rejeitos radioativos). construção, operação e manutenção de redes de linhas aéreas ou
05.010 Descomissionamento de instalações nucleares subterrâneas de alta e baixa tensão integrantes do SEP, energizados
e radioativas (Áreas de instalações nucleares e radioativas ou desenergizados, mas com possibilidade de energização acidental
contaminadas e com rejeitos) que inclui: ou por falha operacional.
a) Todas descontaminações radioativas inerentes (Depósitos 07.005 Atividades, constantes no item 4.2 da NR 16, de
provisórios e definitivos de rejeitos radioativos); construção, operação e manutenção nas usinas, unidades geradoras,
b) Gerenciamento dos rejeitos radioativos existentes, ou subestações e cabinas de distribuição em operações, integrantes
sejam: tratamento e acondicionamento dos rejeitos líquidos, do SEP, energizados ou desenergizados, mas com possibilidade de
sólidos, gasosos e aerossóis; transporte e deposição dos mesmos energização acidental ou por falha operacional.
(Instalações para contenção de rejeitos radioativos. Instalações para 07.006 Atividades de inspeção, testes, ensaios, calibração,
asfaltamento de rejeitos radioativos. Instalações para cimentação medição e reparos em equipamentos e materiais elétricos,
de rejeitos radioativos). eletrônicos, eletromecânicos e de segurança individual e coletiva
em sistemas elétricos de potência de alta e baixa tensão.
05.011 Descomissionamento de minas, moinhos e usinas 07.007 Atividades de treinamento em equipamentos ou
de tratamento de minerais radioativos (Tratamento de rejeitos instalações integrantes do SEP, energizadas ou desenergizadas,
minerais. Repositório de rejeitos naturais (bacia de contenção de mas com possibilidade de energização acidental ou por falha
rádio e outros radioisótopos). Deposição de gangas e rejeitos de operacional.
mineração).
ATIVIDADES PERIGOSAS EM MOTOCICLETA
ATIVIDADES E OPERAÇÕES PERIGOSAS COM EXPOSIÇÃO 08.001 Atividades laborais com utilização de motocicleta ou
A ROUBOS OU OUTRAS ESPÉCIES DE VIOLÊNCIA FÍSICA NAS motoneta no deslocamento de trabalhador em vias públicas.
ATIVIDADES PROFISSIONAIS DE SEGURANÇA PESSOAL OU
PATRIMONIAL ATIVIDADES ESPECIAIS POR EXPOSIÇÃO A AGENTES FÍSICOS
06.001 Vigilância patrimonial: Segurança patrimonial e/ 09.001 Trabalhos com perfuratrizes e marteletes pneumáticos.
ou pessoal na preservação do patrimônio em estabelecimentos 09.002 Extração e beneficiamento de minerais radioativos.
públicos ou privados e da incolumidade física de pessoas. 09.003 Atividades em minerações com exposição ao radônio.
09.004 Realização de manutenção e supervisão em unidades
06.002 Segurança de eventos: Segurança patrimonial e/ou de extração, tratamento e beneficiamento de minerais radioativos
pessoal em espaços públicos ou privados, de uso comum do povo. com exposição às radiações ionizantes.
06.003 Segurança nos transportes coletivos: Segurança 09.005 Operações com reatores nucleares ou com fontes
patrimonial e/ou pessoal nos transportes coletivos e em suas radioativas.
respectivas instalações.
06.004 Segurança ambiental e florestal: Segurança patrimonial 09.006 Trabalhos realizados com exposição aos raios Alfa,
e/ou pessoal em áreas de conservação de fauna, flora natural e de Beta, Gama e X, aos nêutrons e às substâncias radioativas para fins
reflorestamento. industriais, terapêuticos e diagnósticos.
09.007 Fabricação e manipulação de produtos radioativos.
436
EIXO TEMÁTICO 4 - SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA TRABALHADORA
09.008 Pesquisas e estudos com radiações ionizantes em — Gestão de Resíduos e Meio Ambiente: Responsabilidade e
laboratórios. Sustentabilidade
09.009 Trabalhos em caixões ou câmaras hiperbáricas. A gestão adequada de resíduos no local de trabalho vai além
09.010 Trabalhos em tubulões ou túneis sob ar comprimido. do cumprimento das normas regulamentares e é um compromisso
09.011 Operações de mergulho com o uso de escafandros ou proativo com a responsabilidade ambiental e a sustentabilidade. O
outros equipamentos. processo envolve uma abordagem estratégica desde a geração dos
resíduos até a disposição final. A triagem adequada é uma etapa es-
OUTRAS ATIVIDADES sencial na identificação e triagem de resíduos recicláveis, orgânicos
10.001 Operações em atmosfera IPVS. e perigosos. As coleções individuais fortalecem esse compromisso
10.002 Operações em espaço confinado. ao ajudar a reduzir o impacto ambiental ao direcionar os materiais
10.003 Operações em áreas classificadas. para destinos adequados. O descarte ecologicamente correto é a
10.005 Atividade sob ar comprimido. etapa final no tratamento ou descarte de resíduos de uma forma
10.006 Atividade submersa. que minimize os impactos negativos ao meio ambiente. Ao adota-
10.007 Bombeiro Civil. rem práticas de gestão de resíduos e ambientais, as organizações
10.008 Atividade portuária conforme Lei nº 4.860/1965. não só aderem aos princípios de sustentabilidade, mas também
10.009 Atividades executadas em locais alagados ou criam um legado de responsabilidade ambiental, contribuindo para
encharcados, com umidade excessiva. um futuro mais equilibrado e ambientalmente consciente.
ATIVIDADES ESPECIAIS POR ASSOCIAÇÃO DE AGENTES — Sinais: Comunicação Visual para Segurança
11.001 Mineração subterrânea cujas atividades sejam exercidas No contexto da segurança no trabalho, a sinalização é uma
afastadas das frentes de produção. ferramenta importante que vai além da simples estética visual. De-
11.002 Trabalhos em atividades permanentes no subsolo de sempenha um papel importante ao alertar as pessoas sobre perigos
minerações subterrâneas em frente de produção. iminentes e fornece informações importantes para a segurança do
trabalhador. Cores, formas e mensagens específicas são estrategica-
AUSÊNCIA DE CORRESPONDÊNCIA mente selecionadas e colocadas para alertar os trabalhadores sobre
99.999 Ausência de correspondência. perigos potenciais e instruí-los a tomar as precauções adequadas.
A comunicação visual eficaz através da sinalização não só aumen-
ta a consciência de segurança, mas também cria uma linguagem
NOÇÕES CONCEITUAIS EM ENGENHARIA DA universal que transcende as barreiras linguísticas. Quando usados
SEGURANÇA NO TRABALHO RELACIONADAS A corretamente, os sinais podem reduzir significativamente acidentes
PROTEÇÃO COLETIVA E INDIVIDUAL DO TRABALHO: e lesões, criar um ambiente de trabalho seguro e ajudar a proteger
SANEAMENTO AMBIENTAL. GESTÃO DE RESÍDUOS o bem-estar dos funcionários.
E MEIO AMBIENTE. SINALIZAÇÃO. ORGANIZAÇÃO
DO TRABALHO. FERRAMENTAS DA QUALIDADE E — Organização do trabalho: Estratégias de eficiência e segu-
CERTIFICAÇÕES rança
A organização do trabalho é uma parte importante da criação
A engenharia de segurança industrial é uma disciplina impor- de um ambiente de trabalho seguro, eficiente e saudável. Essas prá-
tante que garante um ambiente de trabalho seguro e saudável. O ticas vão além da simples atribuição de tarefas e horários e incluem
artigo explora conceitos conceituais relacionados à proteção cole- a definição clara de responsabilidades, o fornecimento de treina-
tiva e individual, abrangendo temas importantes como higiene am- mento regular e a criação de um ambiente que promova a saúde e o
biental, gestão de resíduos e meio ambiente, sinalização, organiza- bem-estar dos colaboradores. Definir claramente funções e respon-
ção e ferramentas do trabalho e certificação de qualidade. sabilidades pode reduzir a confusão, garantindo que cada membro
da equipe entenda suas responsabilidades relacionadas à seguran-
— Higiene ambiental: Garantir um ambiente livre de riscos ça. Através de treinamentos regulares, informamos os colaborado-
A higiene ambiental desempenha um papel importante na ma- res sobre as regras de segurança e criamos uma cultura organiza-
nutenção da saúde e segurança dos trabalhadores quando aplicada cional focada na prevenção de acidentes. Ao criar um ambiente de
ao ambiente de trabalho. Estas práticas vão além do conceito tradi- trabalho que dá prioridade à saúde física e mental, as organizações
cional de limpeza física para incluir medidas estratégicas destinadas de trabalho não só otimizam a eficiência, mas também fortalecem
a prevenir doenças profissionais e promover a saúde geral. O des- o compromisso dos funcionários com a sua segurança e bem-estar.
carte adequado de resíduos é um dos pilares para garantir o descar-
te adequado de substâncias perigosas e prevenir a contaminação — Ferramentas de Qualidade e Certificação: Melhorando Pa-
do ambiente de trabalho. Além disso, manter sempre a limpeza e a drões e Eficiência
higiene no local de trabalho não só cria um ambiente mais confor- Buscar a excelência em segurança industrial requer o uso de
tável, mas também reduz a possibilidade de acidentes e a propaga- ferramentas e certificações de qualidade que demonstrem um
ção de patógenos. Ao programar práticas de higiene ambiental, as firme compromisso com a segurança, a eficiência operacional e a
organizações não só cumprem os requisitos legais, como também melhoria contínua. Ferramentas qualitativas como gráficos de Ishi-
investem no bem-estar dos seus colaboradores, contribuindo para kawa, brainstorming e Pareto desempenham um papel importante
um ambiente saudável e livre de riscos. na identificação, análise e resolução de problemas de segurança no
437
EIXO TEMÁTICO 4 - SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA TRABALHADORA
438
EIXO TEMÁTICO 4 - SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA TRABALHADORA
439
EIXO TEMÁTICO 4 - SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA TRABALHADORA
(B) intoxicações exógenas e cirurgias videolaparoscópicas (E) limite de tolerância, exposição extralaboral e limites de to-
(C) acidente do trabalho fatal ou acidente com mutilações lerância biológica
(D) transtornos mentais relacionados ao trabalho e pneumo-
nias 9-CESGRANRIO - 2023
(E) dermatoses ocupacionais e doenças sexualmente transmis- O trabalho na indústria do setor de petróleo e gás envolve po-
síveis tencial exposição ocupacional a agentes químicos, capazes de cau-
sar danos à saúde dos trabalhadores. Os fundamentos da Toxicolo-
6-CESGRANRIO - 2018 gia e as Normas Regulamentadoras fornecem os requisitos técnicos
Diversas condições nos processos de trabalho no Brasil têm e legais para o desenvolvimento das ações de saúde e segurança
sido consideradas acidentogênicas, relacionadas a riscos arcaicos, no trabalho.
a novos fatores de morbidade ou à combinação de antigos e novos As medidas de avaliação, prevenção e controle das exposições
fatores de adoecimento. ocupacionais aos agentes químicos compreendem o(a)
Nesse contexto, observa-se que (A) uso de indicadores biológicos de exposição (IBEx), que são
(A) o setor de construção civil, o segundo com maior número utilizados para medir diretamente a quantidade efetiva de
de óbitos anualmente, é responsável pela grande maioria das agente químico presente no ambiente de trabalho.
mortes por conta de queda de altura, projeção de materiais e (B) limite de tolerância, que é a concentração que causará dano
soterramentos. à saúde do trabalhador.
(B) o estresse relacionado ao trabalho, associado às reações ao (C) monitoramento do ambiente, que consiste na medição dos
estresse grave e aos transtornos de adaptação, cresceu subs- metabólitos de agentes químicos presentes em tecidos, secre-
tancialmente nos últimos anos, apesar da redução do número ções, excreções ou no ar exalado.
de comunicações de acidentes de trabalho (CAT) preenchidas. (D) adoção do nível de ação, que é o valor acima do qual devem
(C) o aumento da intensidade do trabalho no setor de frigorí- ser implementadas ações de controle sistemático para minimi-
ficos, onde o controle das máquinas e o ambiente de trabalho zar a probabilidade de que as exposições ocupacionais ultra-
são rígidos, pode ser o fator principal do crescimento do núme- passem os limites de exposição.
ro de trabalhadores com incapacitação permanente. (E) avaliação quantitativa dos agentes químicos, que é realiza-
(D) a terceirização, apesar de ser uma estratégia de contratação da durante a etapa de identificação dos perigos existentes no
diretamente associada à intensificação e precarização do traba- ambiente de trabalho.
lho, não gerou elevação dos agravos ocupacionais.
(E) as doenças osteomusculares relacionadas ao trabalho 10-CESGRANRIO - 2018
(DORT), associadas à intensidade das tarefas repetitivas e à O desenvolvimento de tumores pode ocorrer em uma fase da
pressão no trabalho, representam um dos maiores fatores para intoxicação denominada
emissão de comunicação de acidentes de trabalho (CAT). (A) absorção
(B) biotransformação
7-CESGRANRIO - 2022 (C) exposição
Em um acidente com derretimento do núcleo acontecem fenô- (D) toxicocinética
menos de transporte, de deposição e de liberação de substâncias (E) toxicodinâmica
radioativas que se espargem do reator para o circuito primário e do
circuito primário para a contenção. As substâncias liberadas passam 11-O que é a FISPQ?
a integrar o denominado termo fonte, composto por uma variada (A) Formulário de Informação Sintética sobre Produtos Quími-
gama de radionuclídeos que poderiam ser liberados ao Meio Am- cos
biente em caso de uma falha da contenção. São avaliadas diversas (B) Ficha de Informações sobre Produtos Químicos
interações entre materiais que contribuem para aumentar a proba- (C) Fórum Internacional de Segurança em Produtos Químicos
bilidade de falha da contenção, com liberação de substâncias radio- (D) Fábrica de Informação sobre Produtos Químicos
ativas ao Meio Ambiente.
Uma interação importante, considerada nos modelos de Análi- 12-O que é essencial para o armazenamento seguro de produ-
se Probabilística de Segurança (APS), é a interação entre tos químicos?
(A) amerício-241 e concreto (A) Utilizar qualquer recipiente disponível
(B) criptônio-85 e concreto (B) Armazenar produtos incompatíveis juntos
(C) núcleo fundido e ácido bórico (C) Segregação por compatibilidade e uso de recipientes ade-
(D) núcleo fundido e concreto quados
(E) núcleo fundido e hidrogênio (D) Armazenar produtos químicos ao ar livre
440
EIXO TEMÁTICO 4 - SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA TRABALHADORA
14-CESGRANRIO - 2018 (D) entende-se que a Visat constitui-se num conjunto de ações
A qualidade de vida no ambiente de trabalho visa a e práticas sanitárias independentes que realiza intervenções
(A) analisar o desempenho de cada funcionário em função das sobre as doenças e os agravos à saúde.
atividades que ele desempenha, das metas e resultados a se- (E) entende-se que os princípios norteadores da Visat são a
rem alcançados por ele e do seu potencial no exercício dessas precaução, a hierarquização e a descentralização.
atividades.
(B) facilitar e satisfazer as necessidades do trabalhador ao de- 18-CESGRANRIO - 2023
senvolver suas atividades na organização através de ações para No que se relaciona à saúde e à segurança do trabalho, inserida
o desenvolvimento pessoal e profissional. nas Normas Reguladoras, a NR-7 regulamenta aspectos decorrentes
(C) garantir que os protagonistas da organização desempe- da relação jurídica prevista na Lei, qual seja, a saúde do trabalhador,
nhem seus papéis de forma eficiente, alcançando a eficácia sem estar condicionada a outros requisitos, como atividades, insta-
organizacional. lações, equipamentos ou setores e atividades econômicos específi-
(D) promover a satisfação das necessidades da empresa ao pro- cos. Essa norma aplica-se às organizações e aos órgãos públicos da
vocar atitudes que resultam no aumento da produtividade do administração direta e indireta, bem como aos órgãos dos poderes
trabalhador. legislativo e judiciário e ao Ministério Público, que possuam em-
(E) promover e aumentar o aprendizado entre os funcionários pregados regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho – CLT –,
de uma empresa, visando, particularmente, à aquisição de ha- devendo operar em conformidade com um programa que tem por
bilidades para um determinado cargo. objetivo principal promover a saúde dos trabalhadores, incluindo a
realização de exames médicos: admissionais, periódicos, de retorno
15-Qual é o objetivo da análise ergonômica em relação ao uso ao trabalho, de mudança de função ou demissionais.
de ferramentas no trabalho? Como é conhecido esse programa?
(A) Aumentar os riscos de lesões (A) PCMSO – Programa de Controle Médico de Saúde Ocupa-
(B) Ignorar a relação entre trabalhadores e ferramentas cional
(C) Minimizar riscos de lesões e promover o conforto (B) PPPP – Programa do Perfil Profissiográfico Previdenciário
(D) Priorizar a eficiência operacional acima do conforto (C) PGR – Programa de Gerenciamento de Riscos
(D) PLTIP – Programa do Laudo Técnico de Insalubridade e Pe-
16-CESGRANRIO - 2018 riculosidade
Para atividades que envolvam risco biológico, os empregadores (E) PLCAT – Programa do Laudo Técnico das Condições Ambien-
devem tomar medidas de segurança, tais como, por exemplo, a ca- tais do Trabalho
pacitação de seus empregados.
Como deve ser essa capacitação, de acordo com a NR 32? 19-Qual é o objetivo dos ensaios em segurança e saúde no tra-
(A) Deve-se treinar para o uso dos EPC e dos EPI, podendo o balho?
treinamento ocorrer em eventos específicos em finais de se- (A) Decifrar causas e efeitos
mana, fora da jornada de trabalho. (B) Realizar perícias especializadas
(B) Deve incluir obrigatoriamente medidas de prevenção de (C) Documentar condições de trabalho
acidentes e dados estatísticos sobre as contaminações por HIV (D) Avaliar a eficácia de medidas de segurança
e hepatite B.
(C) Deve ser ministrada com periodicidade mínima semestral e 20-O que abrange o saneamento ambiental no contexto da En-
incluir orientações sobre medidas a serem adotadas em casos genharia da Segurança no Trabalho?
de acidentes. (A) Ordem e disciplina
(D) Deve ser ministrada com periodicidade mínima de 2 anos, (B) Promoção da saúde e prevenção de doenças
por profissional habilitado na área de biossegurança. (C) Redução de jornadas de trabalho
(E) Deve ser ministrada por profissionais familiarizados com os (D) Aumento da produção industrial
riscos inerentes aos riscos biológicos, durante a jornada de tra-
balho.
GABARITO
17-CESGRANRIO - 2023
A Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora
integra a promoção, a proteção da saúde e a redução da morbimor- 1 B
talidade decorrentes dos processos produtivos, além de enfatizar as 2 CERTO
ações de Vigilância em Saúde do(a) Trabalhador(a) (Visat).
3 B
Nesse sentido,
(A) recomenda-se a integração da Visat com os demais compo- 4 C
nentes da vigilância em saúde e com a atenção básica. 5 C
(B) orienta-se que a Visat atue de forma independente, por se
tratar de um grupo populacional com características próprias. 6 E
(C) compreende-se a Visat como um conjunto de práticas sa- 7 D
nitárias que analisa os processos de trabalho sem articulação
com as demais áreas. 8 B
441
EIXO TEMÁTICO 4 - SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR E DA TRABALHADORA
9 D ___________________________________________
10 E ___________________________________________
11 B
___________________________________________
___________________________________________
12 C
___________________________________________
13 C
___________________________________________
14 B
___________________________________________
15 C ___________________________________________
16 E ___________________________________________
17 A ___________________________________________
18 A ___________________________________________
19 D ___________________________________________
20 B ___________________________________________
___________________________________________
___________________________________________
ANOTAÇÕES
___________________________________________
___________________________________________ ___________________________________________
___________________________________________ ___________________________________________
___________________________________________ ___________________________________________
___________________________________________ ___________________________________________
___________________________________________ ___________________________________________
___________________________________________ ___________________________________________
___________________________________________ ___________________________________________
___________________________________________ ___________________________________________
___________________________________________ ___________________________________________
___________________________________________ ___________________________________________
___________________________________________ ___________________________________________
___________________________________________ ___________________________________________
___________________________________________ ___________________________________________
___________________________________________ ___________________________________________
___________________________________________ ___________________________________________
___________________________________________ ___________________________________________
___________________________________________ ___________________________________________
___________________________________________ ___________________________________________
___________________________________________ ___________________________________________
___________________________________________ ___________________________________________
___________________________________________ ___________________________________________
___________________________________________ ___________________________________________
___________________________________________ ___________________________________________
___________________________________________ ___________________________________________
___________________________________________ ___________________________________________
___________________________________________ ___________________________________________
___________________________________________ ___________________________________________
___________________________________________ ___________________________________________
___________________________________________ ___________________________________________
___________________________________________
442
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
443
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
São chamados princípios descritivos ou informativos, na Porém, na concepção e no formato construído pela Constituição
medida em que asseguram uma leitura reveladora das orientações da República, eles atuam também no sentido de enfatizarem
essenciais da ordem jurídica analisada. Os princípios informativos a profunda e ampla relevância que a pessoa humana e o valor
ou descritivos não atuam, pois, como fonte formal do Direito, mas trabalho ostentam na seara constitucional e, desse modo, na vida
como instrumental de auxílio à interpretação jurídica. jurídica, institucional, econômica e social.
Arrolam-se, de maneira sintética, os seguintes princípios
B) Princípios Normativos Subsidiários: Podem os princípios, constitucionais do trabalho:
entretanto, em segundo lugar, cumprir o papel de fontes formais a) princípio da dignidade da pessoa humana;
supletivas do Direito. Atuam como fontes normativas subsidiárias, à b) princípio da centralidade da pessoa humana na vida
falta de outras regras jurídicas utilizáveis pelo intérprete e aplicador socioeconômica e na ordem jurídica;
do Direito em face de um singular caso concreto. c) princípio da valorização do trabalho e do emprego;
A proposição ideal consubstanciada no princípio incide sobre d) princípio da inviolabilidade do direito à vida;
o caso concreto, como se fosse regra jurídica específica. É o que se e) princípio do bem-estar individual e social;
passa em situações de recurso necessário à integração jurídica, em f) princípio da justiça social;
decorrência de falta de regras jurídicas aplicáveis no conjunto das g) princípio da submissão da propriedade à sua função
fontes normativas principais existentes. socioambiental;
Denominam-se princípios normativos subsidiários, na medida h) princípio da não discriminação;
em que atuam como verdadeiras regras jurídicas em face de casos i) princípio da igualdade, especialmente a igualdade em sentido
concretos não regidos por fonte normativa principal da ordem material;
jurídica. A função normativa subsidiária dos princípios, embora mais j) princípio da segurança;
rara do que sua função interpretativa, corresponde, curiosamente, k) princípio da proporcionalidade e da razoabilidade;
àquela especialmente citada por texto expresso da legislação. l) princípio da vedação do retrocesso social.
É o que se passa quando a lei autoriza o recurso, pelo juiz, à
integração jurídica (art. 8º, CLT; art. 4º, Lei de Introdução ao Código Estudar e compreender o Direito do Trabalho,
Civil; art. 126 do antigo CPC). contemporaneamente, é estudar e compreender, antes de tudo,
o sentido da matriz constitucional de 1988, em particular o rol de
C) Princípios Normativos Próprios ou Concorrentes: Parte seus princípios constitucionais do trabalho.
importante da doutrina jurídica ocidental mais notável agrega outra
função às duas tradicionais já amplamente reconhecidas: trata-se Princípios jurídicos gerais aplicáveis ao direito do trabalho –
da função normativa própria dos princípios. Ou seja, os princípios adequações
atuam também como norma jurídica própria, ostentando, desse A par dos princípios constitucionais do trabalho, supra indicados,
modo, natureza de efetivas normas jurídicas. existem princípios gerais de todo o Direito que têm inquestionável
Esta mais recente compreensão sedimentou-se, em distintas aplicação no âmbito especializado do Direito do Trabalho. São
vertentes, dimensões e abrangência, na segunda metade do século princípios que tendem a incorporar as diretrizes centrais da própria
XX, na obra de célebres juristas, principalmente autores de Filosofia noção do Direito (ilustrativamente, os princípios da lealdade e boa-
do Direito e do Direito Constitucional. fé ou da não alegação da própria torpeza) ou as diretrizes centrais do
Dessa maneira, a clássica função interpretativa age, pois, em conjunto dos sistemas jurídicos contemporâneos ocidentais (como,
concurso com a função normativa, ajustando as regras do Direito ilustrativamente, o princípio da inalterabilidade dos contratos).
ao sentido essencial de todo o ordenamento. Por isso se pode Tendem a ser, portanto, princípios que se irradiam por todos
falar também em uma função simultaneamente interpretativa/ os segmentos da ordem jurídica, cumprindo o relevante papel
normativa, resultado da associação das duas funções específicas (a de assegurar organicidade e coerência integradas à totalidade
descritiva e a normativa), que agem em conjunto, fusionadas, no do universo normativo de uma sociedade política. Nessa linha,
processo de compreensão e aplicação do Direito. os princípios gerais, aplicando-se aos distintos segmentos
especializados do Direito, preservam a noção de unidade da ordem
Princípios constitucionais do trabalho jurídica, mantendo o Direito como um efetivo sistema, isto é, um
A Constituição da República Federativa do Brasil se caracteriza conjunto de partes coordenadas.
por uma matriz essencialmente humanística, democrática, social Qualquer dos princípios gerais que se aplique ao Direito do
e inclusiva, buscando arquitetar, no País, um verdadeiro Estado Trabalho sofrerá, evidentemente, uma adequada compatibilização
Democrático de Direito, caracterizado por três pilares estruturantes: com os princípios e regras próprias a este ramo jurídico especializado,
a centralidade da pessoa humana na ordem jurídica, social e de modo que a inserção da diretriz geral não se choque com a
econômica, com a sua dignidade; a presença de uma sociedade especificidade inerente ao ramo justrabalhista.
política efetivamente democrática e inclusiva; a presença também Esse processo de adequação será, obviamente, mais extenso
de uma sociedade civil igualmente democrática e inclusiva. naqueles específicos pontos objetivados pelo princípio geral em
Para tanto, a Constituição de 1988 firmou, enfaticamente, largo que, topicamente, se realçar a identidade singular do Direito do
elenco de princípios voltados a explicitar a sua matriz civilizatória Trabalho perante o conjunto do sistema jurídico em geral.
distintiva. Entre esses, destacam-se os princípios constitucionais
do trabalho. Tais princípios não são necessariamente trabalhistas; Princípios Gerais – adequações
alguns, inclusive, atuam em diversos outros campos do Direito. Um dos mais importantes princípios gerais do Direito aplicáveis
ao ramo justrabalhista seria o da inalterabilidade dos contratos, que
se expressa no conhecido aforismo pacta sunt servanda. Informa
444
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
tal princípio que os ajustes contratuais firmados pelas partes não Desse modo, o Direito Coletivo pode alterar o conteúdo
são modificáveis ao longo do prazo de sua vigência, impondo-se ao do Direito Individual do Trabalho, ao menos naqueles setores
cumprimento fiel pelos pactuantes. socioeconômicos em que incidam seus específicos diplomas.
Contudo, o processo de adequação desse princípio geral Desde a Constituição de 1988, a propósito, ampliou-se o potencial
durante seu ingresso no Direito do Trabalho foi muito intenso. A criativo do Direito Coletivo, lançando ao estudioso a necessidade
intensidade de adequação desfigurou a matriz civilista, dando de pesquisar os critérios objetivos de convivência e assimilação
origem a uma diretriz justrabalhista própria, o princípio da entre as normas autônomas negociadas e as normas heterônomas
inalterabilidade contratual lesiva. tradicionais da ordem jurídica do país.
Desse modo, torna-se mais correto e prático examinar a Por esta razão, o estudo feito neste Capítulo sobre os princípios
referência histórica ao princípio geral do Direito Civil no âmbito do especiais do Direito do Trabalho (e Direito Individual do Trabalho),
estudo específico sobre o princípio especial do ramo juslaborativo. a par dos princípios gerais aplicáveis ao ramo justrabalhista, não
Há três princípios gerais do Direito, conceitualmente dispensa, de modo algum, o correspondente estudo sobre os
relacionados entre si, que, seja no conjunto sistemático que princípios especiais do Direito Coletivo.
representam, seja na identidade ideal singular de cada um,
assumem inquestionável importância na área justrabalhista. Trata- Princípios de direito individual do trabalho
se dos princípios da lealdade e boa-fé, da não alegação da própria Os princípios especiais do Direito Individual do Trabalho (ou
torpeza e, ainda, do princípio do efeito lícito do exercício regular do Direito do Trabalho) são diversos, alcançando mais de uma dezena
próprio direito, este incorporando seu contrário, consubstanciado de proposições. À medida que o ramo juslaboral desenvolve-se (e
na vedação à prática do abuso do direito. já são mais de 150 anos de evolução no mundo ocidental), novos
O princípio da razoabilidade, de larga aplicação em qualquer princípios são inferidos do conjunto sistemático de sua cultura,
segmento jurídico, também claramente atua no ramo justrabalhista. regras e institutos peculiares.
Outro princípio jurídico geral de grande interesse ao Direito do Os mais importantes princípios especiais justrabalhistas
Trabalho é o da inexistência de ilícito e respectiva penalidade sem indicados pela doutrina resumem-se em um grande grupo de nove
prévia norma legal instituidora: o princípio da tipificação legal de princípios especiais forma aquilo que denominamos núcleo basilar
ilícitos e penas. dos princípios especiais do Direito do Trabalho (ou Direito Individual
do Trabalho).
Princípios específicos ao direito do trabalho Tais princípios formam o núcleo justrabalhista basilar por, a um
O Direito Material do Trabalho desdobra-se em um segmento só tempo, não apenas incorporarem a essência da função teleológica
individual e um segmento coletivo, cada um possuindo regras, do Direito do Trabalho, como por possuírem abrangência ampliada
institutos e princípios próprios. Toda a estrutura normativa do e generalizante ao conjunto desse ramo jurídico, tudo isso sem que
Direito Individual do Trabalho constrói-se a partir da constatação se confrontem de maneira inconciliável com importantes princípios
fática da diferenciação social, econômica e política básica entre os jurídicos gerais, externos ao ramo jurídico especializado. O potencial
sujeitos da relação jurídica central desse ramo jurídico específico. vinculante, indutor e de generalização desses princípios sobre o
Em tal relação, o empregador age naturalmente como ser conjunto do ramo jurídico especializado é, desse modo, mais forte e
coletivo, isto é, um agente socioeconômico e político cujas ações, abrangente do que o característico aos demais princípios especiais
ainda que intraempresariais, têm a natural aptidão de produzir do Direito Laboral.
impacto na comunidade mais ampla. Isso significa que sem a presença e observância cultural e
Em contrapartida, no outro polo da relação inscreve-se um ser normativa desse núcleo basilar de princípios especiais, ou mediante
individual, consubstanciado no trabalhador que, como sujeito desse a descaracterização acentuada de suas diretrizes indutoras,
vínculo sócio jurídico, não é capaz, isoladamente, de produzir, como compromete-se a própria noção de Direito do Trabalho em certa
regra, ações de impacto comunitário. Essa disparidade de posições sociedade histórica concreta. Há certos princípios justrabalhistas
na realidade concreta fez emergir um Direito Individual do Trabalho especiais francamente controvertidos, e que, por isso, devem
largamente protetivo, caracterizado por métodos, princípios e ser examinados em separado (afinal, os princípios são grandes
regras que buscam reequilibrar, juridicamente, a relação desigual luminares, e a própria dúvida, se consistente, sobre sua real
vivenciada na prática cotidiana da relação de emprego. existência, sentido, extensão e validade já compromete grande
O Direito Coletivo, ao contrário, é um ramo jurídico construído parte de seu próprio papel central).
a partir de uma relação entre seres teoricamente equivalentes: Trata-se do princípio in dubio pro operário, se e quando aplicado
seres coletivos ambos, o empregador de um lado e, de outro, ao terreno dos fatos, isto é, à análise da prova no processo judicial
o ser coletivo obreiro, mediante as organizações sindicais. Em trabalhista. A seu lado, também estigmatizado pela controvérsia, o
correspondência a esse quadro fático distinto, surgem, obviamente, princípio do maior rendimento.
no Direito Coletivo, categorias teóricas, processos e princípios
também distintos. Núcleo Basilar de Princípios Especiais
A compreensão global do Direito do Trabalho impõe, é A) Princípio da Proteção: Informa este princípio que o Direito
claro, a compreensão acerca dos princípios específicos de seu do Trabalho estrutura em seu interior, com suas regras, institutos,
segmento juscoletivo. É que o Direito Coletivo atua sobre o princípios e presunções próprias, uma teia de proteção à parte
Direito Individual, produzindo-lhe importante universo de regras vulnerável e hipossuficiente na relação empregatícia, ou seja,
jurídicas, consubstanciado no conjunto de diplomas autônomos o obreiro, visando retificar (ou atenuar), no plano jurídico, o
que compõem sua estrutura normativa (notadamente, Convenção desequilíbrio inerente ao plano fático do contrato de trabalho.
e Acordo Coletivo de Trabalho).
445
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
B) Princípio da Norma Mais Favorável: O presente princípio Trabalho, de assegurar melhores condições, sob a ótica obreira, de
dispõe que o operador do Direito do Trabalho deve optar pela regra pactuação e gerenciamento da força de trabalho em determinada
mais favorável ao obreiro em três situações ou dimensões distintas: sociedade.
no instante de elaboração da regra (princípio orientador da ação
legislativa, portanto) ou no contexto de confronto entre regras Princípios Justrabalhistas Especiais Controvertidos
concorrentes (princípio orientador do processo de hierarquização Princípios são grandes fachos normativos, que cumprem o
de normas trabalhistas) ou, por fim, no contexto de interpretação essencial papel de iluminar a compreensão do Direito em sua
das regras jurídicas (princípio orientador do processo de revelação regência das relações humanas. Ora, na qualidade de iluminadores
do sentido da regra trabalhista). do sentido essencial do Direito devem eles, por coerência, ser,
C) Princípio da Imperatividade das Normas Trabalhistas: no mínimo, claros e objetivos, de um lado, e, de outro lado,
Informa tal princípio que prevalece no segmento juslaborativo o harmonizadores do conjunto jurídico geral.
domínio de regras jurídicas obrigatórias, em detrimento de regras Princípio impreciso, inseguro, ou que entre em choque com
apenas dispositivas. As regras justrabalhistas são, desse modo, o conjunto sistemático geral do Direito ou com princípios cardeais
essencialmente imperativas, não podendo, de maneira geral, ter do universo jurídico será, em síntese, uma contradição em seus
sua regência contratual afastada pela simples manifestação de próprios termos. Vejamos:
vontade das partes. A) Princípio in dubio pro operario: Uma das mais antigas
Nesse quadro, raros são os exemplos de regras dispositivas no referências doutrinárias a princípios justrabalhistas está na diretriz
texto da CLT, prevalecendo uma quase unanimidade de preceitos in dubio pro misero. Trata-se de transposição adaptada ao ramo
imperativos no corpo daquele diploma legal. justrabalhista do princípio jurídico penal in dubio pro reo.
D) Princípio da Indisponibilidade dos Direitos Trabalhistas: O Como o empregador é que se constitui em devedor na relação
presente princípio é projeção do anterior, referente à imperatividade de emprego (e réu na relação processual trabalhista), adaptou-se o
das regras trabalhistas. Ele traduz a inviabilidade técnico-jurídica de princípio à diretriz in dubio pro misero (ou pro operario).
poder o empregado despojar-se, por sua simples manifestação de B) Princípio do Maior Rendimento: O segundo princípio do
vontade, das vantagens e proteções que lhe asseguram a ordem Direito Individual do Trabalho comumente referido pela doutrina,
jurídica e o contrato. mas cujo conteúdo, abrangência e própria validade são bastante
E) Princípio da Condição Mais Benéfica: Este princípio importa controvertidos, é a diretriz denominada princípio do maior
na garantia de preservação, ao longo do contrato, da cláusula rendimento (ou princípio do rendimento).
contratual mais vantajosa ao trabalhador, que se reveste do caráter
de direito adquirido (art. 5º, XXXVI, CF/88). Ademais, para o princípio, — Fontes
no contraponto entre dispositivos contratuais concorrentes, há de No Direito do Trabalho, esse tema é simplesmente decisivo por
prevalecer aquele mais favorável ao empregado. comportar um relevante elemento diferenciador desse segmento
F) Princípio da Inalterabilidade Contratual Lesiva: O princípio da jurídico especializado perante os demais ramos existentes. De
inalterabilidade contratual lesiva é especial do Direito do Trabalho. fato, o Direito do Trabalho, ao menos no contexto dos modelos
Contudo, sua origem é claramente exterior ao ramo justrabalhista, dominantes nos países democráticos centrais, diferencia-se dos
inspirado no princípio geral do Direito Civil da inalterabilidade dos outros ramos jurídicos componentes do universo do Direito pela
contratos. Tanto que, normalmente, é estudado como exemplo forte presença, em seu interior, de regras provindas de fonte
de princípio geral do Direito (ou de seu ramo civilista) aplicável ao privada, em anteposição ao universo de regras jurídicas oriundas da
segmento juslaboral. clássica fonte estatal.
G) Princípio da Intangibilidade Salarial: Estabelece o princípio A palavra fontes, como se sabe, comporta relativa variedade
da intangibilidade dos salários que esta parcela justrabalhista conceitual. Além da acepção estrita de nascente, o verbete é
merece garantias diversificadas da ordem jurídica, de modo a utilizado no sentido metafórico, traduzindo a ideia de início,
assegurar seu valor, montante e disponibilidade em benefício do princípio, origem, causa. Nesta acepção metafórica, fonte seria a
empregado. causa donde provêm efeitos, tanto físicos como morais.
Este merecimento deriva do fato de considerar-se ter o salário A teoria jurídica captou a expressão em seu sentido metafórico.
caráter alimentar, atendendo, pois, a necessidades essenciais do ser Assim, no plano dessa teoria, fontes do Direito consubstancia a
humano. expressão metafórica para designar a origem das normas jurídicas.
H) Princípio da Primazia da Realidade sobre a Forma: O
princípio da primazia da realidade sobre a forma (chamado ainda Classificação
de princípio do contrato realidade) amplia a noção civilista de que o A Ciência do Direito classifica as fontes jurídicas em dois
operador jurídico, no exame das declarações volitivas, deve atentar grandes blocos, separados segundo a perspectiva de enfoque
mais à intenção dos agentes do que ao envoltório formal através de do fenômeno das fontes. Trata-se da conhecida tipologia fontes
que transpareceu à vontade (art. 112, CC). materiais “versus” fontes formais.
I) Princípio da Continuidade da Relação de Emprego: Enfocado o momento pré-jurídico (portanto, o momento
Informa tal princípio que é de interesse do Direito do Trabalho anterior à existência do fenômeno pleno da regra), a expressão
a permanência do vínculo empregatício, com a integração do fontes designa os fatores que conduzem à emergência e construção
trabalhador na estrutura e dinâmica empresariais. Apenas mediante da regra de Direito. Trata-se das fontes materiais.
tal permanência e integração é que a ordem justrabalhista poderia
cumprir satisfatoriamente o objetivo teleológico do Direito do
446
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
447
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
Fontes Autônomas do Direito do Trabalho É o que ocorreria com determinado procedimento que o
empregador, reiteradamente, acolhesse com respeito a certo
– Convenção Coletiva de Trabalho e Acordo Coletivo de empregado: na qualidade de uso, tal procedimento integrar-se-
Trabalho ia ao respectivo contrato de trabalho, potenciando repercussões
A CLT define convenção coletiva como o “acordo de caráter jurídicas na órbita interpartes.
normativo pelo qual dois ou mais sindicatos representativos de Por costume entende-se, em contrapartida, a prática habitual
categorias econômicas e profissionais estipulam condições de adotada no contexto mais amplo de certa empresa, categoria,
trabalho aplicáveis, no âmbito das respectivas representações, às região, etc., firmando um modelo ou critério de conduta geral,
relações individuais de trabalho” (art. 611, caput, CLT). A convenção impessoal, aplicável ad futurum a todos os trabalhadores integrados
resulta, pois, de negociações entabuladas por entidades sindicais, no mesmo tipo de contexto. Os costumes têm, assim, caráter
envolvendo o âmbito da categoria. Seu caráter coletivo e genérico inquestionável de atos-regra, isto é, normas jurídicas.
é, assim, manifesto.
TÍTULO II
As convenções coletivas de trabalho (CCTs), embora de origem DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
privada (normas autônomas), criam regras jurídicas, isto é, preceitos (...)
gerais, abstratos, impessoais, dirigidos a normatizar situações ad CAPÍTULO II
futurum. Correspondem, consequentemente, à noção de lei em DOS DIREITOS SOCIAIS
sentido material, traduzindo ato-regra ou comando abstrato.
São, desse modo, do ponto de vista substantivo (seu conteúdo), Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação,
diplomas desveladores de normas jurídicas típicas, tal como a o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previ-
sentença normativa. Do ponto de vista formal, porém, despontam dência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência
as convenções coletivas de trabalho como acordos de vontade, aos desamparados, na forma desta Constituição. (Redação dada
contratos, na linha dos atos jurídicos (negócios jurídicos) privados pela Emenda Constitucional nº 90, de 2015)
bilaterais ou plurilaterais. Parágrafo único. Todo brasileiro em situação de vulnerabilidade
A CLT também trata, analiticamente, dos acordos coletivos social terá direito a uma renda básica familiar, garantida pelo poder
de trabalho (ACTs): “é facultado aos sindicatos representativos público em programa permanente de transferência de renda, cujas
de categorias profissionais celebrar acordos coletivos com uma normas e requisitos de acesso serão determinados em lei, observa-
ou mais empresas da correspondente categoria econômica, que da a legislação fiscal e orçamentária (Incluído pela Emenda Consti-
estipulem condições de trabalho, aplicáveis no âmbito da empresa tucional nº 114, de 2021)
ou das empresas acordantes às respectivas relações de trabalho” Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além
(art. 611, §1º, CLT). de outros que visem à melhoria de sua condição social:
I - relação de emprego protegida contra despedida arbitrária
– Contrato Coletivo de Trabalho ou sem justa causa, nos termos de lei complementar, que preverá
A figura do contrato coletivo de trabalho é um tanto equívoca indenização compensatória, dentre outros direitos;
na história do Direito brasileiro. A CLT já utilizou a denominação, II - seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário;
antes da reforma de 1967, para designar o diploma negocial III - fundo de garantia do tempo de serviço;
coletivo que regulava, correspondendo ao que hoje se chama IV - salário mínimo , fixado em lei, nacionalmente unificado,
convenção coletiva do trabalho (antigos artigos 611 e seguintes da capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua fa-
CLT, regulando pacto entre sindicatos econômicos e profissionais). mília com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário,
Pelo Decreto-Lei nº 229, de 1967, abandonou-se a denominação higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos
contrato coletivo. Passou-se, então, a diferenciar em dois os que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação
diplomas da negociação coletiva: a convenção coletiva de trabalho para qualquer fim;
(que substituía a antiga figura celetista) e o recém-criado acordo V - piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do
coletivo de trabalho. trabalho;
VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção
– Usos e Costumes ou acordo coletivo;
As duas figuras são mencionadas englobadamente pela VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que
Consolidação das Leis do Trabalho, como se ambas fossem fontes percebem remuneração variável;
normativas (art. 8º, caput, CLT). Há, contudo, nítida diferenciação VIII - décimo terceiro salário com base na remuneração integral
entre elas. ou no valor da aposentadoria;
Por uso entende-se a prática habitual adotada no contexto de IX – remuneração do trabalho noturno superior à do diurno;
uma relação jurídica específica, envolvendo as específicas partes X - proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua
componentes dessa relação e produzindo, em consequência, efeitos retenção dolosa;
exclusivamente no delimitado âmbito dessas mesmas partes. XI – participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da re-
Nessa acepção, o uso não emerge como ato-regra, não sendo, muneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empre-
portanto, norma jurídica. Tem, assim, o caráter de simples cláusula sa, conforme definido em lei;
tacitamente ajustada na relação jurídica entre as partes envolvidas XII - salário-família pago em razão do dependente do trabalha-
(cláusula contratual). dor de baixa renda nos termos da lei; (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 20, de 1998)
448
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
XIII - duração do trabalho normal não superior a oito horas di- plificação do cumprimento das obrigações tributárias, principais e
árias e quarenta e quatro semanais, facultada a compensação de acessórias, decorrentes da relação de trabalho e suas peculiarida-
horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção des, os previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como
coletiva de trabalho; (Vide Decreto-Lei nº 5.452, de 1943) a sua integração à previdência social. (Redação dada pela Emenda
XIV - jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos Constitucional nº 72, de 2013)
ininterruptos de revezamento, salvo negociação coletiva; Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado
XV - repouso semanal remunerado, preferencialmente aos do- o seguinte:
mingos; I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para a fundação
XVI - remuneração do serviço extraordinário superior, no míni- de sindicato, ressalvado o registro no órgão competente, vedadas
mo, em cinqüenta por cento à do normal; (Vide Del 5.452, art. 59 ao Poder Público a interferência e a intervenção na organização sin-
§1º) dical;
XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um II - é vedada a criação de mais de uma organização sindical, em
terço a mais do que o salário normal; qualquer grau, representativa de categoria profissional ou econô-
XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, mica, na mesma base territorial, que será definida pelos trabalha-
com a duração de cento e vinte dias; dores ou empregadores interessados, não podendo ser inferior à
XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em lei; área de um Município;
XX - proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante in- III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coleti-
centivos específicos, nos termos da lei; vos ou individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou
XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no administrativas;
mínimo de trinta dias, nos termos da lei; IV - a assembléia geral fixará a contribuição que, em se tratan-
XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de do de categoria profissional, será descontada em folha, para custeio
normas de saúde, higiene e segurança; do sistema confederativo da representação sindical respectiva, in-
XXIII - adicional de remuneração para as atividades penosas, dependentemente da contribuição prevista em lei;
insalubres ou perigosas, na forma da lei; V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado a
XXIV - aposentadoria; sindicato;
XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas negociações
nascimento até 5 (cinco) anos de idade em creches e pré-escolas; coletivas de trabalho;
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006) VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser votado nas
XXVI - reconhecimento das convenções e acordos coletivos de organizações sindicais;
trabalho; VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a par-
XXVII - proteção em face da automação, na forma da lei; tir do registro da candidatura a cargo de direção ou representação
XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empre- sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o final do
gador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando mandato, salvo se cometer falta grave nos termos da lei.
incorrer em dolo ou culpa; Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-se à orga-
XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das relações de nização de sindicatos rurais e de colônias de pescadores, atendidas
trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os trabalha- as condições que a lei estabelecer.
dores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos tra-
contrato de trabalho; (Redação dada pela Emenda Constitucional balhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os
nº 28, de 2000) interesses que devam por meio dele defender.
a) (Revogada). (Redação dada pela Emenda Constitucional nº §1º A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá
28, de 2000) sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade.
b) (Revogada). (Redação dada pela Emenda Constitucional nº §2º Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às penas da
28, de 2000) lei.
XXX - proibição de diferença de salários, de exercício de fun- Art. 10. É assegurada a participação dos trabalhadores e em-
ções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou pregadores nos colegiados dos órgãos públicos em que seus inte-
estado civil; resses profissionais ou previdenciários sejam objeto de discussão
XXXI - proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e deliberação.
e critérios de admissão do trabalhador portador de deficiência; Art. 11. Nas empresas de mais de duzentos empregados, é as-
XXXII - proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e segurada a eleição de um representante destes com a finalidade
intelectual ou entre os profissionais respectivos; exclusiva de promover-lhes o entendimento direto com os empre-
XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a gadores.
menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis
anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos; (Re- Os direitos sociais regem-se pelos princípios abaixo2:
dação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) – Princípio da proibição do retrocesso: qualifica-se pela
XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo impossibilidade de redução do grau de concretização dos direitos
empregatício permanente e o trabalhador avulso. sociais já implementados pelo Estado. Ou seja, uma vez alcançado
Parágrafo único. São assegurados à categoria dos trabalhado- determinado grau de concretização de um direito social, fica o
res domésticos os direitos previstos nos incisos IV, VI, VII, VIII, X,
XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII 2 DUTRA, Luciano. Direito Constitucional Essencial. Série Provas e Concursos. 2ª
e, atendidas as condições estabelecidas em lei e observada a sim- edição – Rio de Janeiro: Elsevier.
449
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
450
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
— Fraude à Relação de Emprego Frise-se que serão nulos de pleno direito os atos praticados
O instituto da fraude nas relações de trabalho consiste num com o objetivo de desvirtuar, impedir ou fraudar a aplicação dos
pernicioso instrumento de tentativa de mercantilização do labor, preceitos contidos na legislação trabalhista.
consistente no emprego de métodos, procedimentos, condutas e
mecanismos jurídico-formais que, por intermédio da concessão de Princípio da Primazia da Realidade
uma roupagem jurídica fictícia a uma relação de emprego, visam a O princípio da primazia da realidade destaca justamente que
obstar, no todo ou em parte, a imputação da legislação trabalhista e o que vale é o que acontece realmente e não o que está escrito.
a observância dos direitos sociais fundamentais dos trabalhadores. Neste princípio a verdade dos fatos impera sobre qualquer contrato
Fraude trabalhista é todo ato destinado a desvirtuar ou impedir formal, ou seja, caso haja conflito entre o que está escrito e o que
a aplicação da legislação do trabalho. Esses atos são considerados ocorre de fato, prevalece o que ocorre de fato.
nulos pela CLT, o que significa dizer que uma vez demonstrada a
existência de uma fraude, esta deixa de produzir os efeitos preten- Princípio da Proteção do Trabalhador
didos por quem a praticou. Este princípio envolve três regras, a saber:
A fraude4 à lei não se confunde com a violação da lei. No pri- a) In dubio pro mísero;
meiro caso a lei é cumprida sob o prisma objetivo e vulnerada sob o b) Condição mais favorável;
aspecto subjetivo; no segundo, ao contrário, ocorre a infração obje- c) Norma mais benéfica.
tiva do próprio texto legal.
É o que salienta, com precisão, ALÍPIO SILVEIRA, quando escre- Para algumas hipóteses, nas quais a fraude era praticada com maior
ve: “agem em fraude à lei aqueles que, embora não vulnerando a intensidade, a Consolidação prescreveu regras especiais, regulando es-
letra, se desvia conscientemente do espírito, intenção ou finalidade pecificamente os efeitos do ato anormal. É o que ocorre, por exemplo,
da lei”; já a violação da lei ocorre “quando vulnera objetivamente com a despedida de empregado com o objetivo de obstar-lhe a aquisição
o texto legal, não importando a intenção do infrator”. E acrescenta: da estabilidade no emprego, que sujeitará o empregador ao pagamento
“no caso de fraude à lei, o elemento subjetivo da intenção passa ao em dobro da indenização normalmente devida (§3º do art. 499); com a
primeiro plano, sendo que a ausência de vulneração da letra da lei sucessão de contratos por prazo determinado, com interregno inferior a
não obsta a violação do espírito ou finalidade de norma” (Ob. Cit., seis meses, desde que a expiração do primeiro não dependeu da execu-
págs. 129 e 130). ção de serviços especializados ou da realização de certo acontecimentos,
quando a relação de emprego se terá como ajustada por prazo indeter-
O direito positivo brasileiro possui, inquestionavelmente, as minado (art. 453); com o pagamento de diárias para viagem superiores
normas capazes de ensejar a repressão à fraude intentada nas re- a cinquenta por cento do salário, hipótese em que serão computadas
lações de trabalho. Frise-se ainda que o campo de incidência não como se salário fossem (§3º do art. 457), etc.
deve se limitar aos casos de fraude do referido artigo. A regra que prevalece no direito do trabalho é a da nulidade ab-
Convém acrescentar, ainda que, em matéria de fraude, e, em soluta do ato anormal praticado com o intuito de evitar a aplicação
geral, quando à prova de todo ato em que se procura iludir a ou- das normas jurídicas de proteção ao trabalho. Sempre que possível,
trem, admite-se como de grande relevo, não a prova incisiva, mas a desde que da lei não resulte solução diversa, a relação de emprego
certeza inferida de indícios e circunstâncias. Se da combinação dos deve prosseguir como se o referido ato não tivesse sido praticado;
elementos em estudo transparece o conluio ou a má-fé, dela não se em caso contrário, deve ser reparado nos limites da lei trabalhista,
pode exigir prova incisiva. o dano oriundo do ato malicioso. Ocorrendo simulação fraudulenta,
O Código Civil de 2002 dispõe em seu art. 166, que é nulo o atinente à relação de trabalho, ou a uma de suas condições, as nor-
negócio jurídico quando: - tiver por objetivo fraudar lei imperativa; mas jurídicas pertinentes deverão ser aplicadas em face da verdadei-
ra natureza da relação ajustada ou da condição realmente estipulada.
Dita a CLT: Em certos casos, entretanto, o exercício anormal do direito
Art. 9º Serão nulos de pleno direito os atos praticados com o constituirá violação e não fraude à lei, sendo expressamente regu-
objetivo de desvirtuar, ou fraudar a aplicação dos preceitos contidos ladas as consequências jurídicas da respectiva infração.
na presente Consolidação. Os casos mais comuns de fraude à lei trabalhista concernem à
simulação de contratos de sociedade, de intermediação, de emprei-
Sendo que, “na apreciação dos indícios, o juiz considerará li- tada, de parceria rural e, até, de arrendamento ou locação de coisa,
vremente a natureza do negócio, a reputação dos indiciados e a ve- para ocultar a relação de emprego realmente configurada pelos ele-
rossimilhança dos fatos alegados na inicial e na defesa” (Art. 253). mentos que a caracterizam.
Com a reforma trabalhista, a primeira alteração trazida pelo novo tex-
Utilizando-se dos princípios do direito do trabalho, além das to da CLT que é válida de destaque para este estudo é o chamado traba-
leis trabalhistas citadas no subitem anterior, o Direito do Trabalho lhador autônomo exclusivo. Frise-se, inicialmente, que antes da reforma
é regido também e principalmente, de alguns princípios que nor- trabalhista o trabalhador autônomo não estava inserido na Consolidação
teiam as relações do trabalho, conforme acima explanado. das Leis do Trabalho, uma vez que esta somente se aplica aos empregados.
O Direito do Trabalho, através das leis trabalhistas e da apli- A Lei nº 13.467/2017 inovou ao trazer a figura do trabalhador autônomo
cação destes princípios, busca garantir um equilíbrio entre o hiper exclusivo ao acrescentar o art. 442-B à CLT, dispondo o seguinte:
(empregador) e o hipossuficiente (empregado), já que o hipossufi-
ciente se apresenta mais vulnerável numa relação de trabalho, fren- Art. 442-B. A contratação do autônomo, cumpridas por este
te ao poder econômico e diretivo do empregador. todas as formalidades legais, com ou sem exclusividade, de forma
4 [ https://www.jusbrasil.com.br/artigos/fraude-a-lei-trabalhista-e-sua-nulida- contínua ou não, afasta a qualidade de empregado prevista no art.
de-absoluta/136879918] 3º desta Consolidação.
451
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
Assim, essa disposição passou a figurar como uma exceção à Atualmente, a empresa terceirizada, responsável pela presta-
regra do art. 3º da CLT. ção de serviços a terceiros, passou a se dedicar, por força da Lei nº
13.429/2017, à execução de serviços determinados e específicos, os
— Terceirização Lícita e Ilícita. quais, a partir da reforma trabalhista, doravante são direcionados
Terceirização5 é a relação trilateral que se forma entre o em- às atividades principais da contratante dentro de uma terceirização
pregado, a empresa intermediadora (empregador aparente ou for- reputada como lícita, sendo essa licitude aquela na qual não há a
mal) e o tomador dos serviços (empregador real ou natural), em presença da pessoalidade e a subordinação direta dos empregados
que esse último se vale da mão de obra de um trabalhador sem con- terceirizados para com os representantes legais e/ou prepostos da
tratá-lo diretamente como empregado. Repassa as ordens, o paga- empresa contratante (item III da Súmula nº 331 do C. TST).
mento e o trabalho para que a empresa interposta, colocadora dos A Reforma Trabalhista buscou, portanto, reprimir a “pejotização” de
serviços, o faça e se apresente formalmente como empregadora. trabalhadores que, para continuarem a prestar serviços à empresa con-
Antes a Súmula n. 331 do TST a limitava apenas às atividades- tratante, teriam que se tornar “pessoas jurídicas”. A legislação, por sua
-meio, agora, com a inserção do art. 4º-A à Lei do Trabalho Tempo- vez, traz uma presunção de ilegalidade que pode ser elidida por prova
rário, a terceirização passa a ser permitida em todas as atividades em sentido contrário, a depender a situação do caso em concreto.
empresariais, inclusive aquelas cuja finalidade dá significado à pró-
pria existência da empresa. Ilícita7
Na terceirização o vínculo empregatício se forma com o presta- A terceirização será ilícita quando estiverem presentes a pesso-
dor de serviços, desde que presente os requisitos exigidos em lei e alidade e a subordinação jurídica entre o trabalhador terceirizado e
ausentes os requisitos da relação de emprego ente o empregado e o contratante, hipótese também prevista na parte final do item III
o tomador de serviços. da Súmula 331 do TST.
É a que visa burlar os direitos dos trabalhadores para não pa-
Lícita ou Regular gá-los.
Será lícita ou regular, a terceirização que preenche as exigên- A terceirização será ilícita quando o contratante utilizar os tra-
cias legais. Seus fundamentos se encontram no art. 455 da CLT, o balhadores terceirizados em atividades distintas daquelas que fo-
qual regulamenta a subempreitada; artigo 25 da Lei nº 8.987/1995, ram objeto do contrato com a empresa prestadora de serviços a
que trata do regime de concessão e permissão; artigo 94, II, da Lei terceiros (desvio de função, acúmulo de funções) – §1º do art. 5º-A
nº 9.472/1997, a qual regula as telecomunicações; Lei nº 7.102/83, da Lei 6.019/1974.
que versa sobre a vigilância bancária; Lei nº 6.019/1974, regula- Será ilícita quando a empresa prestadora de serviços a tercei-
mentadora do trabalho temporário; ros (empresa de terceirização) não atender aos requisitos previstos
Em regra, a responsabilidade decorrente da terceirização é no 4º-B da Lei 6.019/1974.
subsidiária, isto é, primeiro responde o prestador de serviços (em- A terceirização será ilícita quando um ex-empregado do con-
pregador formal), e depois, em caso de inadimplemento, respon- tratante passar a prestar serviços para o mesmo empregador na
derá o tomador de serviços. Já em caso de terceirização ilícita, ou qualidade de terceirizado antes do decurso do prazo mínimo de de-
seja, não sendo preenchidos os requisitos exigidos pela legislação, zoito meses, contados a partir da rescisão, o que inclui o prazo do
acarretará a responsabilidade solidária entre o tomador e o presta- aviso prévio, trabalhado ou indenizado (OJ 82 da SDI-1) – 5º-D da
dor de serviços. Lei 6.019/1974.
Contudo, a Lei nº 13.429/2017, trouxe novo regramento do ins- A terceirização será ilícita quando a empresa prestadora de servi-
tituto da terceirização, promovendo alterações aos dispositivos da ços a terceiros (empresa de terceirização) tiver como titulares ou só-
Lei nº 6.019/1974, passando também a regulamentar, as relações cios trabalhadores que tenham laborado, nos últimos dezoito meses,
de trabalho praticadas pelas empresas de prestação de serviços a a contar do firmamento do contrato de terceirização, na qualidade de
terceiros. empregado ou trabalhador autônomo, para o contratante.
Maurício Godinho Delgado entende que “terceirização é o fe- Será ilícita quando o contrato de terceirização, firmado entre
nômeno pelo qual se dissocia a relação econômica de trabalho da a empresa prestadora de serviços a terceiros (empresa de tercei-
relação justrabalhista que lhe seria correspondente, sendo que por rização) e o contratante, não atender aos requisitos previstos nos
tal fenômeno insere-se o trabalhador no processo produtivo do incisos do 5º-B da CLT.
tomador de serviços sem que se estendam a este os laços justra-
balhista, que se preservam fixados com a prestadora de serviços Importante: Ocorrendo a terceirização ilícita, deve-se afastar
(entidade interveniente).”6 a forma, deixando emergir a realidade (art. 9º da CLT), ou seja, o
A Lei nº 13.467/2017 (Reforma Trabalhista) traz um conceito vínculo de emprego se forma entre o empregado e o tomador dos
muito mais abrangente sobre a terceirização, conceituando-a no serviços (vínculo direto).
artigo 4º-A: “Considera-se prestação de serviços a terceiros a trans-
ferência feita pela contratante da execução de quaisquer de suas A reforma trabalhista, representa uma nova e surpreendente
atividades, inclusive sua atividade principal, à pessoa jurídica de regulamentação acerca do tema, uma vez que acabou por propi-
direito privado prestadora de serviços que possua capacidade eco- ciar maior abertura à terceirização quando prevê que a prestação
nômica compatível com a sua execução.” de serviços a terceiros é a transferência feita pela contratante da
execução de quaisquer de suas atividades, inclusive sua atividade
principal, à pessoa jurídica de direito privado prestadora de serviços
5 [ Vólia Bomfim Cassar (Resumo de Direito do Trabalho, 6ª ed. Rio de Janeiro: que possua capacidade econômica compatível com a sua execução.
Forense; São Paulo: Ed. Método, 2018.)] 7 [ https://www.jusbrasil.com.br/artigos/terceirizacao-ilicita-na-reforma-traba-
6 [ (Curso de direito do trabalho. 15ª ed. São Paulo: LTr, 2016. p. 487)] lhista/598882506]
452
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
453
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
454
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
Regime Jurídico Próprio: da empresa. Serve o estabelecimento para explicar o lugar em que
Os servidores públicos frequentemente estão sujeitos a são formados os preços, a distribuição dos recursos, onde ficam os
um regime jurídico próprio, que pode incluir regras específicas estoques. O estabelecimento ou fundo de comércio (azienda) é o
relacionadas a salários, jornada de trabalho, aposentadoria, entre conjunto de bens operados pelo comerciante, sendo uma universa-
outros aspectos. lidade de fato, ou seja, objeto e não sujeito de direitos. O estabele-
cimento compreende as coisas corpóreas existentes em determina-
Prestação de Serviços Públicos: do lugar da empresa, como instalações, máquinas, equipamentos,
Os funcionários públicos desempenham um papel crucial utensílios etc., e as incorpóreas, como a marca, as patentes, os
na prestação de serviços públicos essenciais à sociedade, como sinais etc. Não se pode, porém, dizer que a empresa é a unidade
educação, saúde, segurança e infraestrutura. econômica e o estabelecimento a unidade técnica, pois, nos casos
A atuação do Estado como empregador reflete seu papel na em que a empresa possuísse um único estabelecimento, a unidade
prestação de serviços e no cumprimento de funções essenciais para econômica se confundiria com a técnica. De outro modo, há empre-
o funcionamento da sociedade. As dinâmicas de emprego no setor sas que são móveis, como as teatrais, os circos etc.
público podem variar significativamente de um país para outro,
dependendo das normas legais e das práticas específicas adotadas Distingue-se também a empresa da pessoa do proprietário,
em cada contexto. pois uma empresa bem gerida pode durar anos, enquanto o pro-
prietário falece. É a ideia do conceito de instituição, em que ins-
—Empresa e estabelecimento responsabilidade solidária tituição é o que perdura no tempo. O empresário é a pessoa que
Responsabilidade Solidária exercita profissionalmente a atividade economicamente organiza-
O estabelecimento, muitas vezes, é relacionado simplesmente da, visando à produção ou circulação de bens ou serviços para o
ao local onde o empresário exerce a atividade econômica. O estabe- mercado (art. 966 do CC). Nesse conceito, verifica-se que o empre-
lecimento apresenta uma definição bem mais ampla que o simples sário não é aquele que exerce sua atividade eventualmente, mas
local de exploração da atividade econômica, que constitui um dos habitualmente, com características profissionais. Quem assume os
elementos do estabelecimento, não se confundindo com ele. riscos do empreendimento é o empresário, que se beneficia dos
lucros e se expõe ao prejuízo. Algumas das regras do Direito Tutelar
O art. 1.142 do Código Civil de 2002 define estabelecimento: do Trabalho destinam-se, porém, ao estabelecimento, como as rela-
“Considera-se estabelecimento todo complexo de bens organi- tivas à medicina e segurança do trabalho, sem se esquecer também
zado, para exercício da empresa, por empresário, ou por sociedade de que no conceito de empresa devem ser analisados os grupos de
empresária”. empresas.
455
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
Atualmente, a CLT impõe a responsabilidade solidária entre as Passa-se ao exame sintético dessas duas relevantes (e
empresas de determinado grupo empresarial, mas não formaliza práticas) tipologias. A tipologia concernente à existência ou não
quem é responsável por pagar os danos no caso de um processo de responsabilidade trabalhista enxerga quatro grandes situações
trabalhista. Na prática, isso significa que um trabalhador pode co- justrabalhistas. De um lado, aquelas que envolvem figuras
brar seus direitos tanto da empresa que o emprega diretamente assimiladas (ou identificadas mesmo) ao próprio empregador, como
quanto de uma empresa parceira, empresas com identidade de só- ocorrido com os entes integrantes do chamado grupo econômico.
cios ou sob o mesmo controle, caso a primeira não cumpra com De outro lado, situações que envolvem figuras vinculadas ao
seus haveres trabalhistas. empregador por laços de domínio direto ou indireto (no sentido
civil/comercial), de que é expressivo exemplo a situação do sócio
Proteções jurídicas contra credores do empregador da entidade societária. Finalmente, as situações relativas aos
O ordenamento jurídico do País estabelece um conjunto tomadores de serviços que contratam certos empregadores (grupo
diversificado de garantias e proteções em favor do crédito que envolve as situações de terceirização, por exemplo, quer no
trabalhista quando confrontado a eventuais credores do respectivo âmbito privado, quer no âmbito público).
empregador. É que o Direito do Trabalho conclui que seu largo No tocante a esses três grupos iniciais, tende a haver
arsenal de princípios, regras e institutos perderia efetividade caso entendimento relativamente homogêneo da doutrina e da
os créditos obreiros não se postassem em patamar de vantagem jurisprudência no sentido da incidência da responsabilidade
perante os créditos de outra natureza contrapostos ao patrimônio trabalhista de seus membros componentes. Mesmo havendo
da pessoa física ou jurídica do empregador10. peculiaridades com respeito à responsabilidade na terceirização
Três são as hipóteses centrais tratadas pela ordem justrabalhista ocorrida no âmbito estatal, o fato é que se tornou consensual a sua
no tocante às proteções jurídicas contra credores do empregador. A existência, respeitadas tais peculiaridades.
primeira diz respeito à ampliação da responsabilidade pelas dívidas O quarto grupo, finalmente, diz respeito a situações em torno
trabalhistas por além da figura específica do empregador, mediante das quais ainda existe razoável divergência quanto à viabilidade
os institutos da responsabilidade subsidiária ou solidária; a segunda da responsabilização trabalhista. Trata-se dos casos que atingem o
hipótese diz respeito à situação de concordata ou recuperação dono da obra.
judicial ou extrajudicial da empresa empregadora perante seus A segunda tipologia é concernente à modalidade de
credores; a terceira hipótese diz respeito à situação de falência do responsabilidade fixada pelo Direito do Trabalho. Surgem aqui dois
empregador e suas repercussões perante os credores do falido. tipos de figuras: a responsabilidade solidária e a responsabilidade
subsidiária.
Proteção Jurídica Mediante a Responsabilidade Trabalhista A responsabilidade solidária tem tradicionalmente sido
O Direito do Trabalho, como qualquer ramo jurídico que suscitada em três situações principais: as entidades integrantes
trate de direitos patrimoniais, busca encontrar mecanismos de do grupo econômico (textos do art. 2º, §2º, CLT — acrescido do
ampliação das garantias dos créditos que regula por além do §3º, pela Lei n° 13.467/2017; a seu lado, o art. 3º, §2º, Lei n°
simples patrimônio do devedor. Noutras palavras, mecanismos 5.889/73); a figura do empreiteiro perante as dívidas trabalhistas
de ampliação das garantias dos créditos trabalhistas por além do do subempreiteiro por ele contratado (interpretação corrente
estrito patrimônio do empregador. do art. 455, CLT); finalmente, a figura do tomador de serviços
Tais mecanismos de alargamento de garantias creditícias não temporários perante algumas dívidas especificadas na Lei de
são, portanto, específicos ao ramo justrabalhista. Traduzem, na Trabalho Temporário (texto do art. 16 da Lei nº 6.019/74).
verdade, a importação para a seara laborativa de instrumentos Não obstante a expressão literal dos respectivos artigos legais,
já tradicionais em outros ramos do Direito, em especial Direito o fato é que se firmou a tendência jurisprudencial em qualificar
Obrigacional Civil e Direito Empresarial (ou Direito Comercial). como subsidiária a responsabilidade mesmo nestas duas últimas
Tipificam tais mecanismos a responsabilidade solidária e a situações (empreiteiro/subempreiteiro e tomador de serviços
responsabilidade subsidiária. temporários), mormente a partir da interpretação consolidada na
O tema da responsabilidade por verbas trabalhistas, como Súmula 331, IV, do TST. Em consequência, resta a responsabilidade
se sabe, permite a construção de duas tipologias extremamente solidária essencialmente para as situações envolventes aos
práticas no Direito brasileiro, hoje. A primeira tipologia diz respeito integrantes do grupo econômico para fins justrabalhistas.
à existência ou não de responsabilidade trabalhista deferida ao não
empregador em determinado contexto concreto. Solidariedade Resultante do Grupo Econômico
A pergunta central a permear esta tipologia é a seguinte: sob A figura justrabalhista do grupo econômico surgiu como veículo
a perspectiva jurídica, mostra-se viável (ou não) responsabilizar de ampliação da garantia dos créditos trabalhistas em favor do
alguém que se mostrou beneficiário, direta ou indiretamente, pela empregado, sendo esse seu original e mais clássico objetivo e efeito.
utilização da força de trabalho manejada pelo empregador pelas A evolução do instituto, entretanto, propiciou uma extensão de seus
dívidas trabalhistas desse efetivo empregador? objetivos e efeitos por além da mera garantia creditícia, alcançando
A segunda tipologia diz respeito à modalidade de todos os aspectos contratuais e todos os entes integrantes do grupo
responsabilidade trabalhista característica àquele contexto concreto econômico. Essa extensão de objetivos e efeitos deferida à figura
supra enfocado. A pergunta central a permear esta tipologia, por do grupo não é, contudo, isenta de debates e resistência entre os
sua vez, é: de que tipo será a responsabilidade trabalhista incidente juristas.
sobre essa entidade beneficiária do trabalho dirigido por outrem? A) Solidariedade Exclusivamente Passiva: O efeito jurídico
10 DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de direito do trabalho: obra revista e clássico e incontroverso da figura justrabalhista do grupo
atualizada conforme a lei da reforma trabalhista e inovações normativas e econômico é a imposição de solidariedade passiva entre as
jurisprudenciais posteriores — 18. ed.— São Paulo: LTr, 2019. entidades componentes do grupo perante os créditos trabalhistas
456
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
457
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
458
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
Vários são os fatores que influenciam o contrato de — Diferença entre alteração do contrato de trabalho e jus
trabalho, tais como a criação de novas técnicas, a expansão do variandi do empregador
empreendimento, ou a diversificação das atividades; e, como ajuste Aspecto relevante em relação às modificações que podem
de trato sucessivo que é, o contrato de trabalho deve adaptar-se ocorrer ao longo da relação entre empregado e empregador é o
às novas circunstâncias, sendo maleável para manter a sua própria que diz respeito à diferenciação entre alteração contratual e jus
continuidade. variandi.
Em razão disso, surge o questionamento acerca de como A comparação entre estas duas situações relativas ao contrato
é possível compatibilizar a alterabilidade inata do contrato de de trabalho é importante porque, na prática, é difícil identificar a
trabalho, que se revela claramente em virtude de ser de trato modificação procedida pelo empregador como alteração contratual
sucessivo, com o disposto no art. 468 da CLT. ou como exercício do jus variandi. Ambas se aproximam em muitos
O dispositivo legal sob análise reflete forte intervenção na pontos e somente a partir de um paralelo entre os aspectos
autonomia da vontade, o que, no entanto, é inegavelmente diferenciais de cada uma delas é possível uma conclusão mais
necessário. acertada.
Se assim não fosse, o empregador poderia, aproveitando-se de A questão, na realidade, reside no dinamismo do contrato
sua situação de superioridade econômica, coagir o empregado a de trabalho e nos limites de tolerância às modificações de seu
aceitar alterações de cláusulas essenciais do contrato, mesmo que conteúdo, ou seja, quem pode alterar, e até que ponto, o conteúdo
isso lhe fosse prejudicial. Portanto, diante de qualquer prova de contratual, identificando-se quais as cláusulas que podem ser
prejuízo (e não é necessário que este seja direto), a declaração da atingidas por modificações.
nulidade da alteração é a solução apresentada pela lei, fundando-se As possíveis modificações no contrato de trabalho podem ser
no art. 9º da própria CLT. classificadas da seguinte forma:
A violação contratual derivada da alteração gera, portanto, a – variações procedidas pelo empregador de forma unilateral
consequência natural da nulidade do ato, restituindo as partes às dentro do âmbito contratual, constituindo expressão do jus variandi;
condições de trabalho vigentes antes da alteração. – alterações das condições essenciais do pacto, que, quando
Tratando-se de alteração bilateral, a cláusula alterada, eivada determinadas unilateralmente pelo empregador, importam em
de vício, torna-se nula. violação do contrato e, quando ajustadas bilateralmente e não
Quando, porém, a alteração for unilateral, além da nulidade tragam prejuízos para o empregado, são consideradas válidas.
do ato, o empregado pode rescindir o contrato de trabalho e
receber a respectiva indenização (rescisão indireta, por violação das O jus variandi é o poder de direção exercido nos espaços em
obrigações contratuais por parte do empregador). branco do contrato de trabalho, ou seja, em relação ao que não
Em relação à alteração de local de trabalho especificamente, foi ajustado previamente, sendo que por meio dele o empregador
o caput do art. 469 da Consolidação das Leis do Trabalho também introduz unilateralmente, mas sempre dentro de certos limites,
expressa a inalterabilidade como regra geral, e assim dispõe: variações em relação à prestação de serviço do empregado e à
organização empresarial.
Art. 469. Ao empregador é vedado transferir o empregado, Os limites do jus variandi encontram-se exatamente nas
sem a sua anuência, para localidade diversa da que resultar do cláusulas essenciais do contrato de trabalho e em necessidades
contrato, não se considerando transferência a que não acarretar reais da empresa, coibindo-se seu uso indiscriminado e abusivo.
necessariamente a mudança de seu domicílio. Assim, o exercício do jus variandi como faculdade do
empregador deve efetuar-se e ser reconhecido quando seja
Portanto, em relação a este tipo específico de alteração do utilizado de forma razoável, e não arbitrariamente.
contrato de trabalho, o mútuo consentimento é ressaltado pelo Embora a nossa legislação não contenha um dispositivo
legislador, sendo vedada a transferência do empregado por vontade específico sobre o jus variandi, o art. 2º da CLT, concedendo
unilateral do empregador. ao empregador a faculdade de dirigir a prestação de serviços,
exercendo seu poder de direção, permite, indiretamente, que
Importante destacar, porém, que a Lei n. 13.467/2017 (Reforma possa, quando necessário e para tornar a atividade mais produtiva,
Trabalhista) ampliou consideravelmente o âmbito de exercício da variar a forma de prestação desses serviços, desde que as variações
autonomia da vontade no contrato de trabalho, em especial em implementadas não impliquem em modificações de cláusulas
relação aos chamados empregados “hipersuficientes” (que têm essenciais do contrato de trabalho.
diploma de nível superior e recebem remuneração mensal igual O exercício do jus variandi pelo empregador não atinge o
ou superior a duas vezes o valor do teto máximo dos benefícios do conteúdo básico do contrato de trabalho, mas apenas aspectos
Regime Geral de Previdência Social). circunstanciais que o envolvem. Caso o empregador proceda a
Assim, como decorrência dessa ampla autonomia de vontade variações substanciais, atingindo cláusulas essenciais do contrato,
que lhes é assegurada pelo art. 444, parágrafo único, da CLT, esses tais como as relativas a localidade da prestação dos serviços,
empregados podem pactuar e aceitar alterações do contrato de jornada de trabalho, salário e função exercida, não mais estaremos
trabalho, sem que se possa falar em nulidade destas em razão de diante do jus variandi, mas passaremos ao campo das alterações
prejuízos decorrentes. contratuais. Se as modificações importam em uma alteração
substancial do contrato, já se saiu do âmbito do jus variandi.
Desta forma, as alterações do contrato individual de trabalho
são modificações de seu conteúdo essencial, daquilo que decorre
do ajuste preliminar entre empregado e empregador e de cláusulas
que são obrigatoriamente inseridas no contrato por força de lei
459
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
ou de norma coletiva, como reflexo do dirigismo contratual, e têm Assim, diante de alguma causa específica, não obstante o
fundamento no caráter de trato sucessivo de que o contrato é contrato de trabalho permaneça em vigor, os seus principais efeitos
revestido. deixam de ser verificados, falando-se, genericamente, em sua
As cláusulas básicas do contrato de trabalho não podem ser suspensão.
modificadas porque são revestidas de obrigatoriedade que assegura Ocorre a suspensão do contrato de trabalho quando se verifica
às partes uma segurança jurídica e evita que o empregado, como a paralisação temporária de sua execução.
contratante mais fraco que é, fique constantemente submetido às O legislador brasileiro denominar como suspensão as
alterações impostas pelo empregador economicamente mais forte. hipóteses de paralisação total dos efeitos do contrato de trabalho,
Assim, a inalterabilidade é a regra, sendo a alteração a exceção, e interrupção, as situações em que ocorre apenas uma paralisação
que somente terá validade quando procedida nos limites previstos parcial dos efeitos do pacto laboral.
pelo art. 468 da CLT e, no caso de alteração da localidade da As causas que dão origem à suspensão e à interrupção sempre
prestação dos serviços, pelo art. 469 da CLT. têm caráter transitório, pois, caso contrário, não se justificaria a
Portanto, o exercício do jus variandi pelo empregador não se conservação do vínculo contratual.
confunde com alteração do contrato de trabalho, embora ambas Assim, a suspensão desobriga as partes contratantes de
as situações refiram-se a hipóteses de modificações que são cumprirem o contrato durante determinado período. Nos períodos
verificadas no curso da relação de emprego mantida pelas partes. de suspensão do contrato, não há trabalho, não há pagamento
Referimo-nos anteriormente aos limites impostos tanto no de salário e não se conta tempo de serviço para fins trabalhistas,
que diz respeito ao jus variandi como em relação às alterações correspondendo “à sustação dos efeitos do contrato empregatício,
contratuais. que preserva, porém, sua vigência”.
Na esteira deste raciocínio, podemos dizer que esses limites A interrupção acarreta a inexecução provisória da prestação de
estão contidos em um espaço demarcado, de um lado, pela serviço, sem embargo da eficácia de outras cláusulas contratuais.
possibilidade de variar a prestação de serviços como faculdade Assim, quando o contrato está interrompido, não há trabalho,
decorrente do poder de direção do empregador (jus variandi) e, de mas o salário é pago e conta-se o tempo de serviço para fins
outro lado, pela possibilidade que tem o empregado de resistir ao trabalhistas, correspondendo tal período a uma “sustação restrita
cumprimento de ordens que impliquem em modificações essenciais e unilateral de efeitos contratuais, abrangendo essencialmente
do contrato ou lhe acarretem prejuízos (jus resistentiae). apenas a prestação laborativa e disponibilidade obreira perante o
Então, o jus variandi e o jus resistentiae funcionam como empregador”.
balizas, dentro das quais o conjunto de condições contratuais é As paralisações do contrato de trabalho têm por fundamento
capaz de flutuar com intensa mutabilidade. razões de índole:
Caso se ultrapasse o terreno delimitado por estas balizas, a – biológica-social (exs.: enfermidade, maternidade, férias etc.);
violação de direito torna-se evidente, gerando consequências que – físico-econômica (exs.: acidentes, crises econômicas etc.);
irão variar em intensidade, podendo culminar, inclusive, com a – político-social (exs.: greves, exercício de representação
ruptura do vínculo contratual. sindical etc.);
O poder de resistência que é conferido ao empregado funciona, – jurídico-penal (exs.: suspensão disciplinar, detenção policial
portanto, como um instrumento importante na preservação de sua etc.).
dignidade. Diante de um arbítrio do empregador, com o desrespeito
à pessoa do empregado, o interesse social é frontalmente vulnerado, Na análise do sistema legal brasileiro, cumpre distinguir três
além de evidenciar-se uma lesão contratual com a afronta ao situações distintas: rescisão, que corresponde à cessação do contrato
princípio da força obrigatória dos contratos. de trabalho; suspensão, que desobriga as partes contratantes de
Assim, o direito de resistência é uma possibilidade de cumprirem o contrato durante determinado período; e interrupção,
autodefesa do empregado em face do seu empregador. que acarreta a inexecução provisória da prestação de serviços, sem
O jus resistentiae caracteriza-se, então, como uma prejuízo da eficácia das demais cláusulas contratuais.
contraposição ao jus variandi e à possibilidade de alteração As hipóteses de interrupção e de suspensão do contrato de
contratual pelo empregador. Isso não significa que estas faculdades trabalho podem ser:
possam ser exercidas concomitantemente, uma anulando a outra. a) previstas em lei;
Somente a partir do uso irregular e abusivo do jus variandi, ou b) ajustadas pelos contratantes, desde que objetive atender
em virtude de alguma alteração do conteúdo do contrato que gere aos interesses do empregado;
prejuízo, é que surgirá a possibilidade do empregado exercer seu c) previstas em convenções ou acordos coletivos de trabalho.
direito de resistência.
As regras básicas sobre suspensão e interrupção do contrato de
— SUSPENSÃO E INTERRUPÇÃO DO CONTRATO DE trabalho encontram-se nos arts. 471 a 476-A da CLT.
TRABALHO; CARACTERIZAÇÃO E DISTINÇÃO De início, cumpre ressaltar que o art. 471 da CLT assegura ao
Como um dos princípios do Direito do Trabalho, a continuidade empregado, após o período de interrupção ou de suspensão do
da relação de emprego reflete-se no ordenamento jurídico, entre contrato de trabalho, o retorno ao cargo que exercia, bem como
outros, por meio de dispositivos que determinam a manutenção da todas as vantagens que, em sua ausência, tenham sido atribuídas à
relação laboral, “mesmo que, em virtude de certos acontecimentos, categoria a que pertence na empresa, tanto as derivadas de lei ou
ocorra a inexecução provisória da prestação de serviço”13. de normas coletivas como aquelas concedidas por ato espontâneo
do próprio empregador.
13 https://georgenunes.files.wordpress.com/2018/11/Direito-do-Trabalho-Es-
quematizado-Carla-Tereza-Martins-Romar-2018.pdf
460
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
O prazo para o empregado retornar ao trabalho é de trinta dias Eleição para cargo de diretor de sociedade anônima –
contados da cessão da causa do afastamento, salvo as exceções conforme entendimento adotado pelo TST, durante o período
previstas em lei. Não retornando o empregado ao trabalho neste em que o empregado estiver exercendo cargo de diretor de
prazo, considera-se caracterizado o abandono de emprego (art. sociedade anônima, seu contrato de trabalho ficará suspenso,
474, CLT). salvo se permanecer a subordinação jurídica dele em relação ao
Situação específica em relação ao retorno do empregado é a empregador;
que diz respeito ao afastamento do trabalho em virtude de exigência Licença não remunerada – concedida pelo empregador a
do serviço militar ou de encargo público. Nestas hipóteses, para que pedido do empregado, para atendimento de necessidades pessoais.
o empregado tenha direito a voltar a exercer o cargo do qual se Ressalte-se que, por inexistir qualquer previsão legal autorizadora
afastou, é indispensável que notifique o empregador dessa intenção, de tal modalidade de licença, para que se caracterize como
por telegrama ou carta registrada, dentro do prazo máximo de trinta suspensão do contrato de trabalho é necessário que decorra de
dias, contados da data em que se verificar a respectiva baixa ou a solicitação expressa do empregado, configurando ajuste bilateral;
terminação do encargo a que estava obrigado (§1º, art. 472, CLT). Suspensão bilateral para qualificação profissional do
O empregador não pode rescindir o contrato de trabalho empregado – o art. 476-A da CLT, prevê hipótese de suspensão do
durante períodos em que esteja suspenso ou interrompido, ainda contrato de trabalho para participação do empregado em curso ou
que arque com todas as reparações devidas, salvo em caso de programa de qualificação profissional oferecido pelo empregador.
justa causa cometida pelo empregado devidamente reconhecida
pela Justiça do Trabalho ou em caso de extinção da empresa, FORMAS DE RESCISÃO DO CONTRATO DE TRABALHO
impossibilitando a continuidade das relações de emprego.
461
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
empregado, no ambiente de trabalho e durante a jornada, sem Na dispensa indireta, tendo em vista que se funda em falta
consentimento do empregador. Em qualquer um dos casos, a grave praticada pelo empregador, não há que se falar em aviso
negociação pode se dar por conta própria ou alheia; prévio, sendo o contrato de trabalho rescindido de imediato. No
– condenação criminal sem sursis: é a condenação do entanto, não obstante a inexigência legal de aviso, é aconselhável
empregado, transitada em julgado, da qual decorra sua prisão, que o empregado faça alguma comunicação da sua intenção de
sem direito à suspensão da execução da pena. Desnecessário que desligar-se imediatamente em decorrência da justa causa do
o fato esteja relacionado com o trabalho. A impossibilidade de empregador, posto que deixará de prestar serviços, o que poderá
comparecer ao trabalho enseja a dispensa; ser entendido como abandono de emprego.
– desídia: é o ato de negligência, displicência habitual,
desinteresse no desempenho de suas funções. Exs.: falta de As justas causas que podem ser praticadas pelo empregador,
assiduidade e de pontualidade etc.; ou por seus prepostos, superiores hierárquicos do empregado,
– embriaguez habitual ou em serviço: uso abusivo de álcool estão numeradas, de forma taxativa, no art. 483 da CLT e são as
ou outra substância entorpecente. Nesta hipótese, o ato garante a seguintes:
imediata dispensa, se a embriaguez se deu em serviço, e depende – exigir do empregado serviços superiores às suas forças:
da habitualidade, se fora do serviço; serviços que exijam esforço físico ou intelectual excessivo, fora do
– violação de segredo da empresa: consiste na divulgação não normal ou do que seja considerado razoável levando em conta as
autorizada de informações que possa causar dano ao empregador. limitações impostas por lei;
Para a caracterização da justa causa, a informação tem que ser – exigir do empregado serviços defesos por lei: serviços que
realmente sigilosa, e sua divulgação, capaz de causar dano efetivo a lei proíba para aqueles que tenham uma determinada condição
ao empregador; (ex.: trabalho insalubre para menores de 18 anos) ou que sejam
– indisciplina: significa descumprimento de ordem geral de caracterizados como crime ou contravenção penal;
serviço, dada pelo empregador a todos os empregados da empresa – exigir do empregado serviços contrários aos bons costumes:
ou a todos os empregados de um ou de alguns setores da empresa; serviços que sejam contrários à moral do homem médio, reprováveis
– insubordinação: é o descumprimento de ordem pessoal de pela sociedade;
serviço, dirigida pelo empregador individualmente ao empregado; – exigir do empregado serviços alheios ao contrato: serviços
– abandono de emprego: requer ausência continuada e ânimo que não decorram do cargo para o qual o empregado foi contratado,
de não mais trabalhar para o empregador. A jurisprudência fixou em caracterizando típico desvio ou acúmulo de função;
30 dias o prazo que caracteriza o abandono de emprego. – tratar o empregado com rigor excessivo: exercício excessivo,
– ato lesivo da honra e boa fama: prática pelo empregado de desmedido, pelo empregador, do seu poder de comando,
atos, por gestos ou palavras, que ofendam a honra ou a boa fama extrapolando os limites da dignidade humana e do respeito que
de qualquer pessoa ligada ao serviço (empregador, superiores deve pautar a relação entre os sujeitos do contrato de trabalho;
hierárquicos, colegas de trabalho, clientes, fornecedores etc.). – colocar o empregado em situação em que corra perigo
Não é caracterizada a justa causa quando o empregado agir em manifesto de mal considerável: submeter o empregado a condições
legítima defesa, própria ou de outrem; de trabalho que ponham em risco sua integridade física acima do
– ofensas físicas: praticadas pelo empregado contra qualquer que é razoavelmente decorrente das atividades que exerce;
pessoa ligada ao trabalho (empregador, superiores hierárquicos, colegas – não cumprir as obrigações do contrato: descumprimento de
de trabalho, clientes, fornecedores etc.); Não é caracterizada a justa causa qualquer obrigação em relação aos direitos do empregado. Trata-se
quando o empregado agir em legítima defesa, própria ou de outrem; da figura mais ampla entre todas as hipóteses de justa causa do
– prática de jogos de azar: prática de jogos ilícitos, não previstos na empregador, nela se enquadrando toda inadimplência relativa ao
legislação. Exs.: jogo do bicho; rifas não autorizadas; apostas de corrida de que está previsto na lei ou no contrato de trabalho;
cavalo, fora do hipódromo ou casas autorizadas. Requer habitualidade; – praticar contra o empregado, ou pessoas de sua família, ato
– perda da habilitação ou dos requisitos estabelecidos em lesivo da honra e boa fama: prática pelo empregador ou por seus
lei para o exercício da profissão, em razão de conduta dolosa prepostos de atos, por gestos ou palavras, que ofendam a honra ou
do empregado: hipótese somente aplicável aos casos em que a a boa fama do empregado ou de qualquer pessoa de sua família.
profissão efetivamente não pode ser exercida sem a habilitação e Não é caracterizada a justa causa quando o empregador ou seus
desde que o dolo do empregado tenha sido comprovado. prepostos agirem em legítima defesa, própria ou de outrem;
Além destas figuras, a CLT traz as hipóteses de justa causa – ofender fisicamente o empregado, salvo em caso de
previstas no art. 240 e no art. 158, parágrafo único. legítima defesa, própria ou de outrem: ofensas físicas praticadas
pelo empregador ou por seus prepostos contra o empregado. Não é
— Dispensa indireta caracterizada a justa causa quando o empregador ou seus prepostos
A dispensa indireta caracteriza-se como a forma de extinção agirem em legítima defesa, própria ou de outrem;
do contrato de trabalho por iniciativa do empregado, provocada – reduzir o trabalho do empregado, sendo este por peça
por ato faltoso do empregador. Trata-se do “ato que manifesta a ou tarefa, de forma a afetar sensivelmente a importância dos
resolução do contrato de trabalho pelo empregado, em virtude de salários: redução salarial provocada diretamente pelo empregador
inexecução contratual por parte do empregador”. em face da redução proposital e considerável do trabalho do
A dispensa indireta, embora decorra de ato do empregado, empregado quando este tenha sido contratado por peça ou por
não se confunde com o pedido de demissão. O pedido de demissão tarefa. A redução decorrente da diminuição efetiva de serviço da
tem como causa o interesse do empregado, que não quer mais empresa, contrária também ao interesse do próprio empregador,
continuar com o vínculo de emprego, enquanto a dispensa indireta não caracteriza justa causa.
está relacionada ao comportamento do empregador.
462
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
Além disso, se a redução for de pequena monta, sem que tenha vantagem empresarial (apropriação dos serviços pactuados). Daí
um peso real e efetivo nos ganhos do empregado, também não sua grande relevância no cotidiano trabalhista e no conjunto das
resta configurada a justa causa. regras inerentes ao Direito do Trabalho.
Três expressões apresentam-se, correspondendo a conceitos
— Culpa recíproca correlatos de importância na análise do fenômeno do tempo de
Caracteriza-se a culpa recíproca sempre que se verifique, trabalho, ou melhor, tempo de disponibilidade contratual. Trata-se,
simultaneamente, a prática de ato faltoso grave pelo empregado e respectivamente, de duração do trabalho, jornada de trabalho e,
pelo empregador. por fim, horário de trabalho. Vejamos:
Nos termos do art. 484 da CLT, havendo culpa recíproca no ato
que determinou a rescisão do contrato de trabalho, a indenização — Duração do Trabalho
que seria devida em caso de culpa exclusiva do empregador (40% Duração do trabalho abrange o lapso temporal de labor ou
dos depósitos do FGTS) será reduzida pela metade (20% dos disponibilidade do empregado perante seu empregador em virtude
depósitos do FGTS). do contrato, considerados distintos parâmetros de mensuração:
dia (duração diária, ou jornada), semana (duração semanal), mês
— Dispensa arbitrária ou sem justa causa e indenização (duração mensal), e até mesmo o ano (duração anual). Embora
A dispensa sem justa causa constitui-se na modalidade de jornada seja palavra que tem magnetizado as referências culturais
extinção do contrato de trabalho decorrente da vontade do diversas feitas ao tempo de trabalho ou disponibilidade obreira
empregador, independentemente da vontade do empregado. em face do contrato, a expressão duração do trabalho é que, na
Tradicionalmente sempre se entendeu tratar-se a dispensa de verdade, abrange os distintos e crescentes módulos temporais de
um direito potestativo do empregador, que não comporta oposição, dedicação do trabalhador à empresa em decorrência do contrato
nem do empregado, nem da autoridade pública; de uma declaração empregatício.
unilateral de vontade, de natureza receptícia e constitutiva. A CLT regula a duração do trabalho em capítulo próprio (II
Assim, inexistindo fator impeditivo da dispensa, como, por — “Duração do Trabalho” —, no Título II, “Das Normas Gerais de
exemplo, estabilidade no emprego, o empregador pode dispensar Tutela do Trabalho”), composto pelos artigos 57 até 75 - F, os quais
o empregado. tratam da jornada, da duração semanal de labor, dos intervalos
intra e interjornadas e dos repousos trabalhistas.
A indenização compensatória a que se refere o art. 7º, I, da
Constituição Federal está prevista no art. 18, §1º, da Lei n. 8.036/90 — Jornada de Trabalho
e corresponde a 40% de todos os depósitos efetuados na conta do Jornada de trabalho é expressão com sentido mais restrito do
FGTS do empregado durante a vigência do contrato de trabalho, que o anterior, compreendendo o tempo diário em que o empregado
atualizados monetariamente e acrescidos dos respectivos juros. tem de se colocar em disponibilidade perante seu empregador, em
decorrência do contrato. O tempo, em suma, em que o empregador
DURAÇÃO DO TRABALHO: JORNADA DE TRABALHO; pode dispor da força de trabalho de seu empregado em um dia
REGISTRO E CONTROLE DO HORÁRIO DE TRABALHO; delimitado.
PERÍODOS DE DESCANSO; INTERVALO PARA REPOUSO O período considerado no conceito de jornada corresponde ao
E ALIMENTAÇÃO; DESCANSO SEMANAL REMUNERADO; lapso temporal diário, em face de o verbete, em sua origem, referir-
TRABALHO NOTURNO E TRABALHO EXTRAORDINÁRIO; se à noção de dia (por exemplo, no italiano: giorno — giornata; e
SISTEMA DE COMPENSAÇÃO DE HORAS no francês: jour — journée). Jornada, portanto, traduz, no sentido
original (e rigoroso, tecnicamente), o lapso temporal diário em que
o obreiro tem de se colocar à disposição do empregador em virtude
Jornada de trabalho é o lapso temporal diário em que o do contrato laboral.
empregado se coloca à disposição do empregador em virtude do Na cultura da língua portuguesa, porém, tem-se, comumente,
respectivo contrato. É, desse modo, a medida principal do tempo conferido maior amplitude à expressão, de modo a abranger
diário de disponibilidade do obreiro em face de seu empregador lapsos temporais mais amplos, como a semana, por exemplo
como resultado do cumprimento do contrato de trabalho que os (com o que se falaria, pois, em jornada semanal). Esta extensão
vincula15. semântica é reconhecida pelo legislador (o §2º do art. 59 da CLT
A jornada mede a principal obrigação do empregado no refere-se, ilustrativamente, “...à soma das jornadas semanais de
contrato, o tempo de prestação de trabalho ou, pelo menos, trabalho previstas...”). Nesta linha, esclarece-se que se constitui
de disponibilidade perante o empregador. Por ela mensura-se, uma particularidade da língua portuguesa o uso da expressão
também, em princípio, objetivamente, a extensão de transferência para designar tempo de trabalho, qualquer que seja a medida de
de força de trabalho em favor do empregador no contexto de uma duração.
relação empregatícia. Embora a jornada de trabalho refira-se ao tempo em que
É a jornada, portanto, ao mesmo tempo, a medida da principal se considera o empregado contratualmente à disposição do
obrigação obreira (prestação de serviços ou disponibilidade do empregador em um dia, o avanço do Direito do Trabalho tem
trabalhador perante o seu empregador) e a medida da principal produzido a inserção de certos curtos períodos de intervalos
intrajornadas dentro do conceito de jornada, como forma de
remunerar tais curtos períodos e, ao mesmo tempo, reduzir o
15 DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de direito do trabalho: obra revista e tempo de efetiva exposição e contato do trabalhador à atividade
atualizada conforme a lei da reforma trabalhista e inovações normativas e contratada. Por essa razão é que se afirma que no lapso temporal
jurisprudenciais posteriores — 18. ed.— São Paulo: LTr, 2019. da jornada deve incluir-se, também, não só o tempo trabalhado e à
463
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
disposição, mas também o tempo tido como contratual estritamente básica). Entretanto, é comum também ocorrer a incorporação
por imposição legal (caso dos intervalos remunerados), embora tópica, respeitadas certas circunstâncias e situações especiais,
neste último lapso o empregado não labore nem sequer fique à de regras de outro critério básico informador (produzindo uma
disposição empresarial. combinação de critérios, portanto). Por essa razão, a análise dos
A Lei nº 13.467/2017 tem buscado restringir a noção de três referidos critérios não guarda mero interesse histórico, já que
jornada de trabalho, de modo a diminuir a inserção, em seu pode auxiliar a própria compreensão da realidade jurídica brasileira
interior, de tempos tidos, classicamente, como à disposição em face envolvente.
do empregador (a esse respeito, por exemplo, ver a nova redação
conferida ao art. 4º, §2º, da CLT, além da exclusão do conceito de a) Tempo Efetivamente Trabalhado
horas in itinere no art. 58, §2º, da Consolidação). Com isso, a nova O primeiro critério considera como componente da jornada
legislação procura atingir o seu objetivo de reduzir o valor trabalho apenas o tempo efetivamente trabalhado pelo obreiro. Por esse
no ordenamento jurídico brasileiro e, ao mesmo tempo, elevar os critério excluem-se do cômputo da jornada laboral, ilustrativamente,
ganhos econômicos empresariais com o manejo do contrato de os seguintes períodos: o “tempo à disposição” do empregador, mas
emprego. sem labor efetivo; eventuais paralisações da atividade empresarial
que inviabilizem a prestação de trabalho; qualquer tipo de intervalo
Horário de Trabalho intrajornada. Em suma, exclui-se do cálculo da jornada todo e
Já a expressão horário de trabalho traduz, rigorosamente, o qualquer lapso temporal que não consista em direta transferência
lapso temporal entre o início e o fim de certa jornada laborativa. da força de trabalho em benefício do empregador.
Tem-se utilizado a expressão para abranger também o parâmetro É evidente que tal critério opera uma necessária assunção, pelo
semanal de trabalho (horário semanal). Em tal amplitude, o horário obreiro, de parte significativa do risco empresarial, uma vez que o
corresponderia à delimitação do início e fim da duração diária de salário somente seria pago em direta proporção ao real trabalho
trabalho, com respectivos dias semanais de labor e correspondentes prestado. Por essa razão é que semelhante critério tende a ser
intervalos intrajornadas. rejeitado pelas modernas ordens justrabalhistas.
Dispõe o Art. 74 da CLT: No Brasil, o fato de a Consolidação considerar como tempo
Art. 74. O horário de trabalho será anotado em registro de de serviço também o período em que o empregado estiver
empregados. (Redação dada pela Lei nº 13.874, de 2019) simplesmente “à disposição do empregador, aguardando ... ordens”
§1º (Revogado pela Lei nº 13.874, de 2019) (art. 4º, caput, CLT) demonstra a rejeição, pela ordem justrabalhista
§2º Para os estabelecimentos com mais de 20 (vinte) brasileira, do critério do tempo efetivamente laborado como critério
trabalhadores será obrigatória a anotação da hora de entrada e padrão de cálculo da jornada no mercado de trabalho do País.
de saída, em registro manual, mecânico ou eletrônico, conforme Não é absoluta, contudo, essa rejeição. É que a lei brasileira
instruções expedidas pela Secretaria Especial de Previdência e admite o sistema de cálculo salarial estritamente por peça
Trabalho do Ministério da Economia, permitida a pré-assinalação (respeitado o mínimo legal a cada mês: art. 7º, VII, CF/88; art. 78,
do período de repouso. (Redação dada pela Lei nº 13.874, de 2019) CLT), em que se computa o valor do salário segundo o total da
§3º Se o trabalho for executado fora do estabelecimento, o produção efetivada pelo trabalhador. Ora, esse sistema salarial
horário dos empregados constará do registro manual, mecânico ou provoca, indiretamente, uma relação proporcional muito estreita
eletrônico em seu poder, sem prejuízo do que dispõe o caput deste entre o tempo de trabalho efetivo e o montante salarial pago,
artigo. (Redação dada pela Lei nº 13.874, de 2019) alcançando efeitos próximos ao critério do tempo efetivamente
§4º Fica permitida a utilização de registro de ponto por exceção laborado.
à jornada regular de trabalho, mediante acordo individual escrito,
convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho. (Incluído pela Lei b) Tempo à Disposição
nº 13.874, de 2019) O segundo critério considera como componente da jornada
o tempo à disposição do empregador no centro de trabalho,
Composição da Jornada de Trabalho independentemente de ocorrer ou não efetiva prestação de
São três os critérios principais de cálculo da extensão da serviços. Amplia-se, portanto, a composição da jornada, em
jornada de trabalho. Podem eles ser ordenados sequencialmente, contraponto com o critério anterior, pois agrega-se ao tempo
em correspondência à crescente amplitude que conferem à noção efetivamente trabalhado também aquele tido como à disposição
de jornada. São tais critérios o do tempo efetivamente laborado, do empregador.
o do tempo à disposição no centro de trabalho e, finalmente, A ordem jurídica brasileira adota este critério como regra
o do tempo despendido no deslocamento residência-trabalho- padrão de cômputo da jornada de trabalho no País (art. 4º, caput,
residência (além do somatório anterior). CLT). Ressalte-se que a expressão centro de trabalho não traduz,
Ao lado desses três critérios mais gerais, há ainda dois outros necessariamente, a ideia de local de trabalho. Embora normalmente
de caráter especial, aventados por normas específicas de certas coincidam, na prática, os dois conceitos com o lugar em que se
categorias profissionais brasileiras: o critério do tempo prontidão presta o serviço, pode haver, entretanto, significativa diferença
(ou horas prontidão) e o do tempo sobreaviso (horas sobreaviso). entre eles.
É o que se passa em uma mina de subsolo, em que o centro
– Critérios Básicos de Fixação da Jornada de trabalho se situa na sede da mina, onde se apresentam os
As ordens justrabalhistas nacionais tendem, obviamente, a se trabalhadores diariamente, ao passo que o local de trabalho situa-
pautar, como orientação básica, por um dos três critérios principais se, às vezes, a larga distância, no fundo da própria mina (art. 294,
informadores da composição da jornada laboral (no caso brasileiro, CLT).
é indubitável a eleição do tempo à disposição como essa orientação
464
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
No bloco do tempo à disposição, o Direito brasileiro engloba Há, contudo, algumas poucas situações especiais em que o ramo
ainda dois lapsos temporais específicos: o período necessário de justrabalhista pátrio acolhe o critério do “tempo deslocamento”.
deslocamento interno, entre a portaria da empresa e o local de É o que se passa com respeito, por exemplo, a uma parcela da
trabalho (Súmula 429, TST), ao lado do tempo residual constante de categoria dos ferroviários. As chamadas “turmas de conservação de
cartão de ponto (art. 58, §1º, CLT; Súmula 366, TST). ferrovias” têm computado como seu tempo de serviço o período de
A Lei nº 13.467/17 procurou reduzir lapsos temporais deslocamento “...desde a hora da saída da casa da turma até a hora
anteriormente tidos como integrantes (ao menos alguns deles) em que cessar o serviço em qualquer ponto compreendido dentro
do conceito de tempo à disposição do empregador. Para tanto, dos limites da respectiva turma” (art. 238, §3º, CLT).
encartou no novo §2º e respectivos incisos do art. 4º da CLT a Vale-se o referido preceito celetista, uma segunda vez, do
seguinte regra: mesmo critério de “horas deslocamento” ao dispor que nas vezes
§2º Por não se considerar tempo à disposição do empregador, em que “...o empregado trabalhar fora dos limites da sua turma,
não será computado como período extraordinário o que exceder ser-lhe-á também computado como de trabalho efetivo o tempo
a jornada normal, ainda que ultrapasse o limite de cinco gasto no percurso da volta a esses limites”.
minutos previsto no §1º do art. 58 desta Consolidação, quando o
empregado, por escolha própria, buscar proteção pessoal, em caso Tempo de Deslocamento – horas in itinere
de insegurança nas vias públicas ou más condições climáticas, bem Este terceiro critério informador da composição da jornada de
como adentrar ou permanecer nas dependências da empresa para trabalho (tempo de deslocamento), embora não seja adotado como
exercer atividades particulares, entre outras: regra geral na ordem justrabalhista do País, tem produzido certa
I — práticas religiosas; repercussão particularizada no cotidiano do Direito do Trabalho
II — descanso; pátrio. É que a jurisprudência trabalhista apreendeu também do art.
III — lazer; 4º, caput, da CLT, mediante leitura alargadora desse preceito, uma
IV — estudo; hipótese excetiva de utilização do critério de tempo deslocamento.
V — alimentação; É o que se verifica nas chamadas horas “in itinere” (originalmente
VI — atividades de relacionamento social; referidas pelas Súmulas 90 e 320, TST).
VII — higiene pessoal; Após a construção jurisprudencial longamente maturada, o
VIII — troca de roupa ou uniforme, quando não houver legislador, em 19.6.2001, incorporou, em diploma normativo (Lei
obrigatoriedade de realizar a troca na empresa. nº 10.243/01), as horas in itinere, mediante inserção do um §2º no
art. 58 da CLT, hoje alterado pela Lei nº 13.467, de 2017.
A figura do contrato de trabalho intermitente, também O novo critério legal não dissentiu do antigo inferido pela
encartada na Consolidação (art. 443, caput e §novo 3º, c./c. jurisprudência; na verdade, reproduziu-o, quase que de modo literal.
novo artigos 452-A, caput e §§1º até 9º) pela Lei nº13.467/2017, A partir desse critério jurídico, considera-se integrante da jornada
constitui outro claro intento de diminuir a presença do tempo à laborativa o período que o obreiro despenda no deslocamento ida-
disposição no conceito da duração do trabalho (sem contar, no caso e-volta para local de trabalho considerado de difícil acesso ou não
desse restritivo contrato de trabalho, a diminuição da presença servido por transporte regular público, desde que transportado por
dos intervalos trabalhistas e dos dias remunerados de descanso), condução fornecida pelo empregador (Sum. 90, I, TST; art. 58, §2º,
tudo com efeitos inevitáveis quanto à redução do valor trabalho na CLT).
economia e sociedade brasileiras. São dois os requisitos, portanto, das chamadas horas
itinerantes: em primeiro lugar, que o trabalhador seja transportado
c) Tempo de Deslocamento por condução fornecida pelo empregador. É óbvio que não elide o
O terceiro critério considera como componente da jornada requisito em exame a circunstância de o transporte ser efetivado
também o tempo despendido pelo obreiro no deslocamento por empresa privada especializada contratada pelo empregador,
residência-trabalho-residência, período em que, evidentemente, já que este, indiretamente, é que o está provendo e fornecendo.
não há efetiva prestação de serviços (“horas deslocamento”). Como Aqui também não importa que o transporte seja ofertado pela
se percebe, aqui se amplia mais ainda a composição da jornada, em empresa tomadora de serviços, em casos de terceirização, já que
contraponto com os critérios anteriores. há, evidentemente, ajuste expresso ou tácito nesta direção entre as
O critério de tempo deslocamento tem sido acolhido, regra duas entidades empresariais.
geral, pela legislação acidentária do trabalho: “Equiparam-se Também é irrelevante que exista onerosidade na utilização do
ao acidente do trabalho (...) o acidente sofrido pelo segurado, transporte. Isso porque a figura em tela não diz respeito a salário in
ainda que fora do local e horário de trabalho (...) no percurso da natura, mas a jornada de trabalho. É o que bem acentuou a Súmula
residência para o local de trabalho ou deste para aquela qualquer 320, TST.
que seja o meio de locomoção, inclusive de veículo de propriedade O segundo requisito pode consumar-se de modo alternativo
do segurado” (art. 21, IV, “d”, Lei nº8.213/91). (ou — e não e — enfatizam tanto a Súmula 90, I, TST, como o novo
Não obstante o “tempo deslocamento” seja, de fato, uma art. 58, §2º, CLT). Ou se exige que o local de trabalho seja de difícil
ampliação da noção de “tempo à disposição”, a doutrina e a acesso, ou se exige que, pelo menos, o local de trabalho não esteja
jurisprudência trabalhistas (não previdenciárias e acidentárias, servido por transporte público regular.
evidentemente) têm entendido, com firmeza e de modo pacífico, No exame do segundo requisito, é pertinente realçarem-
que tal critério não se encontra acobertado pela regra do art. 4º da se alguns esclarecimentos. De um lado, cabe notar-se que a
CLT. Não se aplica, pois, esta orientação geral do Direito Acidentário jurisprudência tem considerado, de maneira geral, que sítios
do Trabalho ao Direito Material do Trabalho brasileiro. estritamente urbanos (espaços situados em cidades, portanto) não
tendem a configurar local de trabalho de difícil acesso.
465
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
466
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
sobre sua integração ao contrato de trabalho. Também aqui a a jornada laborativa obreira para todos os efeitos. Note-se que a
falta administrativa surge, propiciando a punição respectiva, sem, Súmula 366 (ex-OJ 23) manda que se computem todos os minutos,
entretanto, modificar o caráter e regras próprias às horas de mesmo os poucos iniciais e finais, se em cada extremo da jornada
sobreaviso prestadas. for ultrapassado o teto de cinco minutos.
A integração ao contrato (e, em consequência, à jornada de A mesma jurisprudência percebeu a existência, nas grandes
trabalho) do tempo sobreaviso é, como se sabe, especial. Assim, plantas empresariais, de tempo necessário de deslocamento
estabelece a lei que as horas de sobreaviso, “para todos os efeitos, interno dentro do estabelecimento, seja da portaria para o local
serão contadas à razão de 1/3 (um terço) do salário normal” (art. de trabalho, seja no sentido inverso. Nesse tempo residual o
244, §2º, CLT). trabalhador está submetido ao poder empregatício, ainda que não
A figura do tempo de sobreaviso, embora originária da regência esteja efetivamente trabalhando (art. 4º, caput, CLT). É o que dispõe
própria à categoria dos ferroviários, já foi estendida, por analogia, a Súmula 429 do TST:
à categoria que vivencia circunstâncias laborais semelhantes: os TEMPO À DISPOSIÇÃO DO EMPREGADOR. ART. 4º DA CLT.
eletricitários. PERÍODO DE DESLOCAMENTO ENTRE A PORTARIA E O LOCAL
O avanço tecnológico tem propiciado situações novas que DE TRABALHO — Considera-se à disposição do empregador, na
suscitam debate acerca da possibilidade de incidência da figura forma do art. 4º da CLT, o tempo necessário ao deslocamento do
especial do tempo de sobreaviso. É o que se passa com a utilização, trabalhador entre a portaria da empresa e o local de trabalho,
pelo empregado, fora do horário de trabalho, de aparelhos de desde que supere o limite de 10 (dez) minutos diários.
comunicação telemáticos ou informatizados, como BIPs, pagers,
telefones celulares e equivalentes, mecanismos que viabilizam, em Note-se que a súmula fala em tempo necessário ao
princípio, seu contato imediato com o empregador e consequente deslocamento, ao invés de todo o tempo gasto no percurso. Com
imediato retorno ao trabalho. isso a jurisprudência, por realismo, justiça e equidade, excluiu as
Inicialmente não era pacífico o enquadramento jurídico dessas frações temporais destinadas ao uso estritamente pessoal (ida a
duas situações fáticas novas. O argumento em favor da aplicação postos bancários dentro da planta empresarial, banheiros, etc.),
da figura celetista do tempo de sobreaviso respaldava-se no juízo sugerindo a fixação do tempo médio necessário estimado, dentro
de que tais aparelhos colocariam, automaticamente, o trabalhador do caso concreto, para esse deslocamento (art. 4º, caput, da CLT).
em posição de relativa disponibilidade perante o empregador, Em acréscimo o verbete vale-se do mesmo critério acolhido
“aguardando a qualquer momento o chamado para o serviço” (§2º, pela jurisprudência em situação análoga – os tempos residuais
art. 244, CLT). Esse contingenciamento à plena liberdade pessoal dos cartões (ex-OJ n. 23, SDI-1; Súmula 366; art. 58, §1º, CLT)
do obreiro, ainda que potencialmente, é que aproximaria essa –, determinando a desconsideração de dez minutos diários
moderna situação vivenciada por certos trabalhadores àquele tipo (cinco minutos na entrada e cinco na saída do estabelecimento).
legal construído pelo §2º do art. 244 da CLT. Naturalmente que, a contar do advento da Lei nº 13.467/17, a
De todo modo, anote-se que, independentemente de se acatar Súmula 429/TST, tem de ser lida em harmonia ao disposto no novo
(ou não) a incidência analógica do preceito enfocado, é importante §2º do art. 4º da CLT.
resguardar-se uma conclusão: após chamado ao serviço por
telefone celular, pager ou BIP, o obreiro que atenda à convocação e Acerca do tema em estudo, preliminarmente, cabe ressaltar
compareça ao local de trabalho passa, automaticamente, a ficar à que de acordo com o art. 66 da Consolidação das leis do Trabalho –
disposição do empregador, prestando horas normais de serviço (ou CLT, entre 2 (duas) jornadas de trabalho, deverá haver um período
horas extras, se for o caso) — e não mais horas de sobreaviso ou de mínimo de 11 (onze) horas consecutivas para descanso.
prontidão (art. 4º, CLT). Além disso, a todo empregado será assegurado um descanso
semanal de 24 (vinte e quatro horas) consecutivas, mediante o
c) Tempo Residual à Disposição qual, exceto por razões de conveniência pública ou preeminente
A jurisprudência elaborou concepção relativa a pequenos necessidade do serviço, deverá coincidir com o domingo, no todo
períodos residuais de disponibilidade do empregado em face de ou em parte.
seu empregador, nos momentos anteriores e posteriores à efetiva Nesse sentido, nos serviços que exijam trabalho aos domingos,
prestação de serviços, em que o trabalhador aguarda a marcação salvo os elencos teatrais, deverá prevalecer escala de revezamento,
do ponto, já ingressando na planta empresarial. Trata-se de regra mensalmente organizada e constando quadro sujeito à fiscalização
inferida pela prática jurisprudencial, capturada, em 1996, pela OJ n. pela autoridade competente.
23 da SDI-I/TST (hoje Súmula 366). Anos depois, tornou-se expressa Assim, o trabalho em domingo, tanto de forma total ou
no art. 58, §1º, da CLT, após inserção feita pela Lei nº 10.243, de parcial, será sempre subordinado à permissão prévia da autoridade
19.6.2001: competente em matéria de trabalho.
“§1º Não serão descontadas nem computadas como jornada A supracitada permissão deverá ser concedida a título
extraordinária as variações de horário no registro de ponto não permanente nas atividades que, por sua própria natureza ou em
excedentes de cinco minutos, observado o limite máximo de dez razão de conveniência pública, devem ser exercidas aos domingos.
minutos diários”. É de competência do Ministro do Trabalho, Industria e Comércio,
expedir instruções que pacifique as atividades trabalhistas aos
Isso significa que as pequenas variações, até cinco minutos, domingos para os trabalhadores que por conveniência pública,
totalizando dez ao dia, não serão consideradas para qualquer fim. A ou pela natureza do trabalho, tenham que laborar aos domingos,
partir desse limite de cinco minutos, no começo e no fim da jornada, sendo que nas demais situações, tais instruções serão dadas sob
o tempo lançado no cartão de ponto será tido como à disposição forma transitória e com discriminação do período autorizado, o
do empregador (art. 4º, caput, c./c. art. 58, §1º, CLT), integrando qual, de cada vez, não poderá exceder sessenta dias.
467
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
OBS. Importante: Na regulamentação do funcionamento De acordo com a legislação em vigor, o descanso semanal
de atividades sujeitas à CLT, deverão os municípios atender aos remunerado é um direito irrenunciável de todos os trabalhadores
preceitos nela estabelecidos, e as regras que venham a fixar não urbanos e rurais, pois, por meio desta benesse, podem usufruir
poderão contrariar tais preceitos nem as instruções que, para seu de período de descanso e socialização, preferencialmente aos
cumprimento, forem expedidas pelas autoridades competentes em domingos de cada semana.
matéria de trabalho. (Art. 69, CLT). Esse direito, além de estar previsto na Consolidação das Leis do
Trabalho, também possui amparo constitucional inserto no art. 7º,
Sobre o trabalho contínuo, deverão ser observados os seguintes inciso XV da Carta Magna.
preceitos legais: Normalmente o descanso semanal remunerado é reservado
a) Em todo tipo de trabalho contínuo, cuja duração exceda de aos domingos. Todavia, com o advento da Reforma Trabalhista,
seis horas, é obrigatória a concessão de um intervalo para repouso existe a viabilidade de o empregado e a empresa decidirem em
ou alimentação, o qual será, no mínimo, de uma hora e, exceto conjunto, pelo melhor dia para a ocorrência da folga.
haja acordo escrito ou contrato coletivo em contrário, não poderá Nesses casos, não cumprindo a empresa ou organização, o
exceder de duas horas; estabelecido por lei, incorrerá no risco de pagar multas e demais
b) Não excedendo o trabalho de seis horas, será obrigatório um compensações em processos do trabalho.
intervalo de quinze minutos quando a duração ultrapassar quatro Ressalta-se que para o trabalhador que percebe salário
horas. mensalmente, o pagamento do descanso semanal remunerado é
c) Os intervalos de descanso não podem ser computados na realizado do modo integral na folha de pagamento.
duração do trabalho. Desse modo, quando a remuneração do empregado ocorre
por hora ou por dia, deverá o descanso semanal remunerado ser
NOTA: O limite mínimo de uma hora para repouso ou refeição equivalente à jornada de trabalho.
poderá ser reduzido por ato do Ministro do Trabalho, Indústria e O cálculo do descanso semanal remunerado é realizado
Comércio, quando ouvido o Serviço de Alimentação de Previdência mediante a soma das horas trabalhadas durante o mês divididas
Social, se verificar que o estabelecimento atende integralmente às pela quantidade de dias úteis, incluindo o dia do sábado e
exigências concernentes à organização dos refeitórios, e quando multiplicando o resultado pela quantidade de domingos e também
os respectivos empregados não estiverem sob regime de trabalho de feriados, onde o resultado desse cálculo, deverá ser multiplicado
prorrogado a horas suplementares. (Art. 71, §3º, CLT). pelo valor da hora.
De acordo com o art. 67 da CLT, a todo empregado será
NOTA: A não concessão ou a concessão parcial do intervalo assegurado um descanso semanal de vinte e quatro horas
intrajornada mínimo, para repouso e alimentação, a empregados consecutivas, segundo o qual, salvo motivo de conveniência pública
urbanos e rurais, implica o pagamento, de natureza indenizatória, ou necessidade imperiosa do serviço, deverá coincidir com o
apenas do período suprimido, com acréscimo de 50% (cinquenta por domingo, no todo ou em parte.
cento) sobre o valor da remuneração da hora normal de trabalho.
(Art. 71, §4º, CLT). Assim, para os serviços que exijam trabalho aos domingos,
salvo o trabalho realizado em teatros, deverá ser estabelecida
Do Intervalo para Repouso e Alimentação escala de revezamento, organizada mensalmente, nela constando
Determina o art. 71 da CLT que em qualquer trabalho contínuo, quadro que por sua vez, estará sujeito à fiscalização.
cuja duração exceda de seis horas, é obrigatória a concessão de um Destaca-se que o realizado aos domingos de forma total ou
intervalo para repouso ou alimentação, que deverá ser no mínimo parcial, conforme preconiza o art. 67 da CLT, deverá estar sempre
de uma hora e, salvo haja a existência de acordo escrito ou contrato subordinado à permissão prévia da autoridade competente em
coletivo em contrário, não poderá exceder de duas horas. matéria de trabalho.
Assim, não havendo no trabalho o excedente de seis horas será, Nesse sentido, a permissão será concedida a título permanente
entretanto, obrigatório um intervalo de quinze minutos quando a nas atividades que em razão de sua natureza ou por conveniência
duração do labor ultrapassar quatro horas, destacando-se que os pública, devam ser exercidas aos domingos, sendo atribuições de
intervalos de descanso não poderão ser computados na duração competência do Ministro do Trabalho, Industria e Comercio, expedir
do trabalho. instruções especificando tais atividades. Nas demais situações,
ela será concedida de forma transitória, discriminando o período
Do Descanso Semanal Remunerado autorizado, que, de cada vez, não poderá exceder de sessenta dias.
Trata-se o descanso semanal remunerado, de um benefício
contínuo, regulamentado por lei, que garante um dia dedicado ao NOTA: Na regulamentação do funcionamento de atividades
descanso ao trabalhador, preferencialmente aos domingos. sujeitas ao regime deste Capítulo, os municípios atenderão aos
Todavia, tal questão deverá ser estabelecida mediante acordo preceitos nele estabelecidos, e as regras que venham a fixar não
entre empregador e colaborador com aprovação do Ministério do poderão contrariar tais preceitos nem as instruções que, para seu
Trabalho. cumprimento, forem expedidas pelas autoridades competentes em
Há necessidade de prévio acordo, tendo em vista que a matéria de trabalho. (Art. 69, CLT).
depender das atividades exercidas pela empresa, o domingo pode NOTA: Salvo o disposto nos artigos 68 e 69 da CLT, (sobre as
ser considerado dia útil. São exemplos disso, dentre outros, os exceções de trabalho aos domingos), é vedado o trabalho em dias
hospitais e os hotéis. feriados nacionais e feriados religiosos, nos termos da legislação
própria. (Art. 70, CLT).
468
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
469
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
Contudo, respeitados os parâmetros corretos do banco de Com a ratificação pelo Brasil, em 2010, da Convenção 151 da
horas, as horas suplementares ocorridas no contexto do regime OIT (Decreto Legislativo 206, publicado em 8.4.10), que trata das
compensatório serão pagas como horas normais, sem qualquer relações de trabalho na função pública, inclusive incentivando
acréscimo específico. a negociação coletiva no segmento, o óbice acima mencionado
A presença de qualquer irregularidade no regime desapareceu. Desse modo, torna-se viável o estabelecimento
compensatório anual previsto no novo art. 59 da CLT importa, de banco de horas nas entidades de direito público, mediante
entretanto, o pagamento do período de excesso laborativo diário instrumento coletivo negociado, inclusive pela circunstância de não
como sobrejornada, a qual se remunera com o respectivo adicional constituir cláusula de natureza e repercussões econômicas, as quais
de horas extras (art. 7º, XVI, CF/88). se consideram privativas de regência legal (art. 169, CF/88).
Dessa maneira, a ultrapassagem do bloco temporal máximo Agregue-se que, se considerada válida a autorização para a
de um ano; ou a não correspondente redução da jornada dentro pactuação meramente bilateral do banco de horas desde que o
do respectivo bloco temporal (mesmo que em virtude da extinção regime compensatório seja no período máximo de seis meses
do contrato); ou, até mesmo, a ausência de instrumento coletivo (novo §5º do art. 59 da CLT, conforme Lei nº 13.467/2017), nessa
autorizador desse sistema compensatório desfavorável (com a hipótese seria viável a celebração do banco de horas semestral na
ressalva do §5º do art. 59 da CLT, conforme Lei nº 13.467/2017), área pública, a contar de 11.11.2017.
qualquer dessas situações de desrespeito à regularidade da figura
jurídica conduzirá à automática sobrerremuneração das horas SALÁRIO-MÍNIMO; IRREDUTIBILIDADE E GARANTIA
diárias em excesso, como se fossem efetivas horas extras.
Esta conduta resulta do sentido da norma disposta no novo
§3º do art. 59 da CLT, dispositivo que considera que a frustração Proteções jurídicas quanto ao valor do salário
do regime compensatório anual pela não redução efetiva da De acordo com Maurício Godinho Delgado18, a proteção que a
correspondente jornada obreira enseja o pagamento do período ordem justrabalhista brasileira defere ao valor do salário manifesta-
não compensado como labor extraordinário. se, essencialmente, por meio de três ideias e mecanismos
A Lei nº 13.467/2017 dispõe que a prestação de horas extras combinados: a noção de irredutibilidade do valor salarial; os
habituais não descaracteriza o acordo de compensação de jornada mecanismos de correção salarial automática; a determinação de
e o banco de horas (Novo art. 59-B, parágrafo único). existência de um patamar mínimo de valor salarial no conjunto do
Também dispõe a nova lei que “o não atendimento das mercado, além de certas categorias e profissões determinadas.
exigências legais para a compensação de jornada, inclusive quando Deve-se ressaltar, porém, que a proteção estruturada pela
estabelecida mediante acordo tácito, não implica a repetição do ordem jurídica não se estendeu, contudo, ainda, à ideia de
pagamento das horas excedentes à jornada normal diária se não suficiência real do salário percebido pelo obreiro. É que a noção
ultrapassada a duração máxima semanal, sendo devido apenas o de suficiência tradicionalmente acatada no Direito brasileiro é
respectivo adicional” (Novo art. 59-B, caput). quase que meramente formal. O art. 76 da CLT a ela reportava-
Uma última indagação: é possível ainda se falar em regime de se, ao tratar do salário mínimo (contraprestação mínima “capaz
compensação em entidades estatais de Direito Público (municípios, de satisfazer...”, dizia a CLT). A Constituição de 1988 ampliou o rol
por exemplo)? Para tais entidades que ainda contratem obreiros por de necessidades aventadas pelo texto celetista, ao estatuir que o
meio da legislação trabalhista (os chamados servidores celetistas), salário mínimo deveria ser capaz de atender às necessidades vitais
e que não podem, segundo jurisprudência largamente dominante, básicas do empregado e de sua família “com moradia, alimentação,
inclusive do Supremo Tribunal Federal, gerar normas através de educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência
negociação coletiva sindical, estaria inviabilizado, de todo, o regime social” (art. 7º, IV, CF/88).
de compensação de jornada? A doutrina e jurisprudência dominantes, contudo, têm
A resposta não pode ser inteiramente negativa, sob pena de não compreendido que semelhantes regras (inclusive a constitucional
ser o Direito uma síntese de lógica e sensatez aplicada à realidade. vigorante) jamais ensejaram direito subjetivo ao empregado no
O regime de compensação de jornada (excluído o anual, é claro), sentido de ver, efetivamente, seu salário mínimo lhe garantindo o
é mecanismo essencialmente favorável ao trabalhador, garantido atendimento àquelas necessidades básicas. Noutras palavras, entre
pela Constituição (art. 7º, XIII), não podendo, desse modo, ser as garantias fixadas pela ordem jurídica brasileira não se entende
inviabilizado pela ordem infraconstitucional (nem mesmo a lei pode haver, ainda, segundo a visão interpretativa até hoje dominante,
eliminar, de todo, direito trabalhista garantido pela Constituição). a garantia da real suficiência do salário. Mas, pelo menos, existe,
É evidente que a modalidade mais desfavorável desse sim, de maneira expressa, a garantia constitucional da percepção
mecanismo (regime de compensação anual ou banco de horas) não do salário mínimo mensal nas situações contratuais que ensejam
pode, de fato, ser validamente seguida sem negociação coletiva, remuneração variável para o empregado (art. 7º, IV e VII, da
apenas por lei ou negociação coletiva é que se pode reduzir direitos Constituição).
trabalhistas no país, como se sabe (Súmula 85, V, TST). Não obstante o caráter abstrato e frágil, no plano do Direito, da
Contudo, a modalidade favorável, que engloba, no máximo, ideia da suficiência do salário, o legislador brasileiro do século XXI
o parâmetro mensal de compensação (ou, por extremo rigor, o decidiu conferir certa efetividade ao papel civilizatório do salário
parâmetro intrassemanal), continuaria a poder ser pactuada em mínimo, como patamar econômico básico de aferição do valor
segmentos, como a área pública, que não tenham possibilidade trabalho na economia e na sociedade. Nesse contexto, passou a
jurídica (segundo a jurisprudência, repita-se) de celebrar lhe conceder reajustamentos anuais sequencialmente superiores
negociação coletiva, uma vez que a vantagem compensatória está 18 DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de direito do trabalho: obra revista e
constitucionalmente assegurada. atualizada conforme a lei da reforma trabalhista e inovações normativas e
jurisprudenciais posteriores — 18. ed.— São Paulo: LTr, 2019.
470
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
aos índices inflacionários, à diferença da linha desvalorizadora da A) Salário Mínimo Legal – O patamar genérico de valor salarial
parcela que fora percebida no período anterior. Com isso, passou firma-se pela figura do salário mínimo legal e nacional. Esta parcela,
a propiciar, em alguma medida, certa consistência econômica à prevista já no tradicional texto celetista da década de 1940 (artigos
ideia da suficiência do salário, sem embargo do conteúdo ainda 76 e seguintes, CLT), tornou-se necessariamente estipulada por
meramente abstrato que essa ideia ostenta no plano jurídico. diploma legal (e não mais decreto do Poder Executivo), a teor de
comando constitucional nessa direção (art. 7º, IV, CF/88).
1 – Irredutibilidade Salarial A Constituição, na verdade, trouxe alterações jurídicas
A primeira linha de proteção ao valor do salário manifesta-se importantes na figura do salário mínimo. Além de determinar sua
pela garantia de irredutibilidade do salário. Essa garantia traduz, no fixação em lei, assegurou sua permanente unificação nacional (art.
plano salarial, a incorporação, pelo Direito do Trabalho, do princípio 7º). Com isso eliminou a antiga tradição de fixar-se o salário mínimo
geral da inalterabilidade dos contratos (pacta sunt servanda), por decreto e em patamares diferentes segundo regiões e estados
oriundo do tronco civilista primitivo. É bem verdade que a CLT não da federação.
estabelecia texto explícito nessa linha.
Contudo, a irredutibilidade sempre foi inferida não só do Piso Salarial Estadual – Registre-se que a Constituição da
princípio geral pacta sunt servanda, como também do critério República, não obstante tenha unificado, nacionalmente, o salário
normativo vedatório de alterações prejudiciais ao empregado, mínimo (art. 7º, IV, ab initio), permitiu o posterior surgimento de
insculpido no art. 468 da CLT. Mais do que isso, o próprio Direito do leis estaduais fixadoras de pisos salariais mais favoráveis. É que seu
Trabalho evoluiu na direção de emoldurar princípio específico nesta art. 21, embora resguardando a clássica competência privativa da
área, o da inalterabilidade contratual lesiva. União para legislar sobre Direito do Trabalho (art. 21, caput e inciso
A Constituição de 1988, finalmente, incorporou, de modo I, in fine), criou autorização para surgimento de norma estadual
expresso, o princípio da irredutibilidade (art. 7º, VI), atenuando-o sobre o tema: “Lei complementar poderá autorizar os Estados a
com uma ressalva: “salvo o disposto em convenção ou acordo legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas neste
coletivo”. artigo” (parágrafo único do art. 21 da CF/88).
A ordem justrabalhista, entretanto, não tem conferido a B) Salário Profissional – O salário mínimo, como visto, consiste
semelhante garantia toda a amplitude possível. Ao contrário, como se no patamar genérico de valor salarial estabelecido na ordem jurídica
sabe, prevalece, ainda hoje, a pacífica interpretação jurisprudencial brasileira. A seu lado, existem alguns patamares especiais de valor
e doutrinária de que a regra da irredutibilidade salarial restringe-se, salarial a serem observados no contexto do mercado de trabalho.
exclusivamente, à noção do valor nominal do salário obreiro (art. O primeiro desses patamares especiais de valor de salários
468, caput, CLT, combinado com art. 7º, VI, CF/88). desponta na figura do salário mínimo profissional (também chamado
Interpreta-se ainda hoje, portanto, que a regra não assegura simplesmente salário profissional). Por essa figura entende-se o
percepção ao salário real pelo obreiro ao longo do contrato. Tal regra piso salarial mínimo devido a trabalhadores integrantes de certas
asseguraria apenas a garantia de percepção do mesmo patamar profissões legalmente regulamentadas.
de salário nominal anteriormente ajustado entre as partes, sem O salário mínimo profissional, portanto, é fixado por lei, sendo
viabilidade à sua diminuição nominal. Noutras palavras, a ordem deferido a profissional cujo ofício seja regulamentado também
jurídica heterônoma estatal, nesse quadro hermenêutico, teria em diploma legal. São exemplos expressivos de salário mínimo
restringido a presente proteção ao critério estritamente formal de profissional os estipulados para médicos (Lei nº 3.999, de 1961;
aferição do valor do salário. Súmula 370, TST) e para engenheiros (Lei nº 4.950-A, de 1966;
Súmula 370, TST), além de outros profissionais que tenham leis
2 – Correção Salarial Automática regulamentadoras próprias.
A segunda linha de proteção ao valor do salário expressa-se
por meio dos mecanismos jurídicos de correção salarial automática. C) Salário Normativo e Salário Convencional – O segundo
Tais mecanismos procuram concretizar, ainda que precariamente, a patamar especial de valor de salários desponta em duas figuras
noção de preservação do valor real do salário obreiro, em contextos jurídicas próximas: salário mínimo normativo e salário mínimo
de avanços inflacionários significativos. convencional. Por essas figuras entende-se o patamar salarial
Deve ser ressaltado, entretanto, que a cultura jurídica brasileira mínimo devido a trabalhadores integrantes de certas categorias
sempre separou as regras assecuratórias da correção automática profissionais, conforme fixado em norma jurídica infra legal a elas
de salários (fórmula que servia, ainda que precariamente, à ideia aplicável.
de proteção ao valor real dos salários) das regras concernentes à O salário mínimo normativo (ou salário normativo) é aquele
chamada irredutibilidade salarial (noção que conduzia, como visto, fixado por sentença normativa, resultante de processo de dissídio
à proteção do simples valor nominal dos salários). coletivo envolvente a sindicato de trabalhadores e respectivo(s)
empregador(es) ou sindicato de empregadores. Traduz, assim,
3 – Patamar Salarial Mínimo Imperativo o patamar salarial mínimo aplicável no contexto da categoria
A terceira linha de proteção que a ordem jurídica estabelece representada pelo respectivo sindicato obreiro partícipe na relação
ao valor do salário expressa-se por meio da determinação de processual de dissídio.
existência de um patamar mínimo de valor salarial no conjunto do O salário mínimo convencional, por sua vez (também chamado
mercado, além de certas categorias ou profissões determinadas. simplesmente salário convencional), corresponde àquele patamar
Esse patamar pode ser genérico, abrangente de todo o mercado, ou salarial mínimo fixado pelo correspondente instrumento negocial
especial, abrangente de certas profissões ou categorias profissionais coletivo (convenção ou acordo coletivo de trabalho) para se
específicas. aplicar no âmbito da respectiva categoria profissional ou categoria
diferenciada.
471
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
Proteções jurídicas contra abusos do empregador É absolutamente nulo o pagamento mediante “cartas de
O sistema de proteções e garantias ao salário e demais verbas crédito”, bônus, cupons ou outros instrumentos semelhantes, ainda
contratuais empregatícias desdobra-se em três dimensões de que supondo representar a moeda de curso legal no País (art. 463,
abrangência: garantias e proteções direcionadas a evitar abusos CLT, combinado com art. 3º, caput, Convenção 95/OIT).
do empregador; garantias e proteções dirigidas a evitar o assédio
dos credores do empregador; e, finalmente, garantias e proteções 2 – Irredutibilidade Salarial
direcionadas a evitar o assédio dos próprios credores do empregado. Como visto, as medidas relacionadas à irredutibilidade do
Quanto às medidas voltadas a garantir e proteger as parcelas salário do trabalhador inscrevem-se entre aquelas garantias e
salariais (e mesmo contratuais) contra eventuais irregularidades proteções mais significativas criadas pela ordem jurídica no tocante
ou abusos do empregador. Fixa o Direito do Trabalho um leque a eventuais irregularidades ou abusos do empregador quanto ao
diversificado de garantias e proteções contra eventuais abusos pagamento e à própria higidez das verbas salariais.
do empregador no tocante ao pagamento e à própria higidez das
verbas salariais. 3 – Intangibilidade Salarial: controle de descontos
Tais proteções e garantias abrangem três níveis: medidas A) Regra Geral de Intangibilidade: No que tange às medidas
relacionadas ao pagamento do salário (a doutrina tende a falar relacionadas à intangibilidade dos salários, fixou a ordem jurídica a
apenas em “periodicidade do pagamento”, mas essa regra não regra básica de vedação a descontos empresariais no salário obreiro
esgota o grupo de proteções legais relativas ao pagamento do (art. 462, caput, ab initio, CLT). Essa garantia da intangibilidade
salário); medidas relacionadas à irredutibilidade do salário; salarial ampliou-se a contar de 5.10.1988.
finalmente, medidas relacionadas à intangibilidade do salário De fato, a Constituição da República estipula que a retenção
(controle de descontos). dolosa do salário constitui crime (art. 7º, X, CF/88). A norma
insculpida na Constituição obviamente não pode merecer
1 – Critérios Legais de Pagamento Salarial: tempo, lugar, meios interpretação extensiva, como qualquer norma fixadora de ilícito
A ordem jurídica estabelece para o empregador critérios ou punição.
objetivos concernentes ao pagamento do salário. Tais critérios Desse modo, deve-se compreender no sentido da norma
dizem respeito ao tempo de pagamento, a seu lugar próprio e aos constitucional a ideia de retenção do salário stricto sensu.
meios hábeis de concretização do pagamento salarial. Nessa linha, excluem-se dessa noção de salário retido (para fins
A) Tempo de Pagamento: Nesse tema, a primeira regra penais) as parcelas salariais acessórias e ainda as verbas salariais
fundamental diz respeito à periodicidade máxima mensal para controvertidas (a controvérsia sobre o débito exclui o próprio dolo
o pagamento do salário (art. 459, CLT). A periodicidade mensal, em tais casos).
como visto, envolve não apenas o lapso temporal máximo para
pagamento da parcela salarial (um mês), como também o próprio B) Descontos Salariais Autorizados: A ordem justrabalhista,
critério temporal máximo para cálculo dessa parcela (hora, dia ou contudo, tem autorizado diversas ressalvas à regra geral de vedação
mês). à efetuação de descontos no salário. A primeira ressalva inscrita no
Essa periodicidade imperativa abrange fundamentalmente o art. 462 da CLT diz respeito aos adiantamentos salariais efetivados
salário básico, refletindo-se também nos adicionais legais. Porém, pelo empregador.
não se aplica a certas parcelas de natureza salarial, como as Do ponto de vista técnico, porém, é certo que não se poderia
comissões, percentagens e gratificações (art. 459, CLT). considerar como desconto a simples dedução de adiantamento
A segunda regra fundamental é concernente ao prazo máximo salarial já efetuado, uma vez que, em tal caso, o que ocorreu, na
para pagamento da parcela salarial acima mencionada. Esse prazo verdade, foi efetivo pagamento antecipado de salário. De todo
situa-se (desde a alteração celetista produzida pela Lei nº 7.855, modo, a CLT prefere arrolar os adiantamentos salariais no rol dos
de 1989) no 5º dia útil seguinte ao mês de referência do salário “descontos autorizados” (art. 462, caput).
(o art. 459, parágrafo único, CLT, fala em “quinto dia útil do mês A segunda ressalva do texto celetista diz respeito aos descontos
subsequente ao vencido”). resultantes de dispositivos de lei. Nesta larga hipótese, inúmeros
B) Lugar de Pagamento: Nesse tema, a regra fundamental é descontos surgem no cotidiano laboral.
que o pagamento seja feito em dia útil, no local de trabalho, dentro Ilustrativamente, citem-se: descontos relativos a contribuição
do horário do serviço ou imediatamente após o encerramento deste previdenciária oficial; imposto de renda deduzido na fonte;
(art. 465, CLT). A intenção da ordem jurídica é tornar o pagamento contribuição sindical obrigatória; prestações alimentícias
procedimento funcional, ágil, prático. judicialmente determinadas; pena criminal pecuniária; custas
Em síntese, procedimento que, a um só tempo, transfira judiciais; dívidas junto ao Sistema Financeiro da Habitação; vale-
imediatamente para a posse do trabalhador a parcela salarial transporte; retenção do saldo salarial por falta de aviso-prévio
devida, como também o desonere de se submeter, depois da de empregado que pede demissão; participação do empregado
jornada, a longa espera ou a peregrinação em busca do pagamento no custo do vale-cultura; empréstimo financeiro contratado pelo
cabível. trabalhador.
C) Meios de Pagamento: No tema concernente aos meios A terceira ressalva indicada no texto celetista diz respeito a
hábeis à concretização do pagamento das verbas salariais, a regra descontos autorizados por norma negocial coletiva (a CLT fala em
fundamental celetista estatui que o salário tem de ser pago em dispositivo de contrato coletivo, valendo-se de expressão anterior à
“moeda nacional”, compreendida esta como a expressão monetária modificação promovida em seu Título VI pelo Decreto-lei nº 229/67,
oficial e corrente no País (art. 463, CLT). instituindo a Convenção Coletiva e o Acordo Coletivo do Trabalho).
472
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
473
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
No entanto, o legislador amenizou esta imperatividade ao Além do pagamento em dinheiro, compreendem-se no salário,
permitir a conversão parcial do período de férias em pecúnia. para todos os efeitos legais, as prestações in natura (utilidades) que
Trata-se do abono de férias, que é caracterizado pela faculdade o empregador fornecer habitualmente ao empregado, por força
concedida ao empregado de converter 1/3 do período de férias do contrato ou do costume (art. 458, CLT). Trata-se do chamado
a que tiver direito em trabalho, recebendo, como consequência, salário-utilidade.
abono pecuniário no valor da remuneração correspondente aos
dias trabalhados (art. 143, CLT). Salário = salário-base + comissões/percentagens +
O abono de férias deverá ser requerido pelo empregado até gratificações ajustadas + diárias para viagem que
15 dias antes do término do período aquisitivo (art. 143, §1º, CLT). excedam 50% do salário + abonos + outras parcelas previstas
O pagamento do abono será feito no mesmo prazo e da mesma em lei + parcelas salariais voluntariamente concedidas pelo
forma que o pagamento da remuneração das férias, ou seja, até empregador + utilidades
dois dias antes do empregado sair de férias (art. 145, CLT).
Com a revogação do art. 143, §3º, CLT, pela Lei n. 13.467/2017 A importância de se caracterizar um pagamento feito pelo
(Reforma Trabalhista), o abono de férias também pode ser requerido empregador ao empregado como salário reside no fato de que,
pelos empregados contratados sob regime de tempo parcial. sendo considerado salário, integrará a base de cálculo dos demais
Em se tratando de férias coletivas, o abono de férias deve ser direitos trabalhistas.
objeto de acordo coletivo e, ainda, ser requerido individualmente A convenção coletiva e o acordo coletivo de trabalho têm
pelo empregado que tenha interesse na conversão (art. 143, §2º, prevalência sobre a lei quando dispuserem sobre remuneração por
CLT). produtividade, incluídas as gorjetas percebidas pelo empregado, e
O abono de férias tem natureza indenizatória, não integrando a remuneração por desempenho individual (art. 611-A, IX, CLT).
remuneração do empregado para os efeitos da legislação trabalhista
(art. 144, CLT). — Modalidades de salário
474
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
No entanto, a Lei n. 13.467/2015 (Reforma Trabalhista) acabou salarial; ao contrário, a utilidade necessária para que o empregado
com referida distinção para fins de definição de integração ao possa realizar seu trabalho, ou seja, que é fornecida para o trabalho,
salário, tendo modificado a redação dos parágrafos 1º e 2º do art. não tem natureza salarial.
457 e redefinido a abrangência do salário e, consequentemente,
da remuneração para fins de incidência de encargos trabalhistas e O §2º do art. 458 da CLT estabelece quais utilidades concedidas
previdenciários. pelo empregador que não serão consideradas como salário.
Assim, somente as gratificações legais (por exemplo, a
gratificação por exercício de função paga, nos termos do art. 62, — Gratificação de Natal (Décimo Terceiro Salário)
parágrafo único, CLT, em decorrência do cargo de confiança) A gratificação de Natal, também chamada de décimo terceiro
integram o salário do empregado. salário, foi instituída pela Lei n. 4.090/62, com regulamentação
Não se tratando de gratificação legal, a gratificação paga pelo pelo Decreto n. 57.155/65 (que foi revogado pelo Decreto nº
empregador ao empregado, ainda que de forma habitual, não 10.854, de 2021), e pelos acréscimos trazidos pela Lei n. 4.749/65.
integram o salário deste. A Constituição Federal de 1988 estendeu o direito à gratificação
de Natal a todos os empregados, inclusive domésticos (art. 7º, VIII
Parcelas não salariais e parágrafo único).
Nem todos os valores recebidos pelo empregado em decorrência Por força do disposto no inciso XXXIV, do art. 7º, da Constituição
do contrato de trabalho têm natureza salarial. O legislador prevê Federal, aos trabalhadores avulsos são assegurados todos os direitos
alguns tipos de pagamento recebidos pelo empregado que não são trabalhistas, razão pela qual têm direito ao décimo terceiro salário.
incluídos no salário, como a ajuda de custo, o auxílio-alimentação, A gratificação de Natal é um direito recebido com periodicidade
vedado seu pagamento em dinheiro, as diárias para viagem, os anual, com valor equivalente à remuneração que o empregado
prêmios e os abonos (art. 457, §2º, CLT). receber em dezembro de cada ano, compreendendo o salário e
Outros pagamentos, embora não previstos expressamente por todos os seus componentes, inclusive salário in natura e gorjetas.
lei, têm reconhecida sua natureza não salarial pela doutrina e pela Os demais valores pagos pelo empregador ao empregado
jurisprudência. que tenham natureza salarial, tais como adicional de horas
extras e adicional noturno pagos habitualmente, adicionais de
Meios de pagamento do salário insalubridade, de periculosidade e de transferência, integram o
O ordenamento jurídico trabalhista permite que o salário, cálculo da gratificação natalina.
como contraprestação pelos serviços prestados, seja pago em Outras gratificações recebidas pelo empregado com
pecúnia, ou seja, em moeda corrente do país, ou em bens ou periodicidade semestral integram o décimo terceiro salário pelo
serviços, caracterizando o chamado salário-utilidade ou salário in seu duodécimo (o cálculo é feito da seguinte forma: somam-se as
natura (art. 458, CLT). duas gratificações semestrais e divide-se por 12; o resultado da
operação, isto é, o duodécimo, será integrado ao cálculo do décimo
Salário-utilidade terceiro).
Salário-utilidade é a prestação in natura que o empregador, por O pagamento do décimo terceiro salário será efetuado pelo
força do contrato de trabalho ou do costume, atribui ao empregado empregador em duas parcelas: a primeira, a título de adiantamento,
em retribuição dos serviços prestados. Constitui modalidade de será paga de uma só vez ao empregado entre os meses de fevereiro
remuneração paralela ao salário pago em dinheiro. e novembro de cada ano, sendo o seu valor calculado à base de
Assim, conclui-se que o salário pode ser pago em dinheiro ou cinquenta por cento do salário do mês anterior ao seu pagamento
em bens de outra natureza, com valor econômico significativo para (art. 2º, Lei n. 4.749/65, e art. 3º; a segunda será paga até o dia 20
o empregado, especificamente denominados utilidades. de dezembro de cada ano, tomando-se por base a remuneração de
O pagamento de salário em utilidades é permitido dezembro e compensando-se o valor do adiantamento (art. 1º, Lei
expressamente pela legislação trabalhista, no art. 458 da CLT. n. 4.749/65, e art. 1º, caput, e art. 3º, §3º).
Este dispositivo legal não é taxativo no que diz respeito à Caso o contrato de trabalho não tenha vigorado durante todo
enumeração das utilidades que são consideradas salário. o ano, a gratificação natalina será devida de forma proporcional,
Para a caracterização das prestações in natura como salário, é calculada à base de 1/12 (um doze avos) da remuneração devida em
necessário, porém, que sejam preenchidos os seguintes requisitos: dezembro, por mês de serviço, sendo que a fração igual ou superior
a) habitualidade – nem toda utilidade fornecida pelo a 15 (quinze) dias será considerada como mês integral (art. 1º, §§1º
empregador é salário; uma utilidade só terá natureza salarial e 2º, Lei n. 4.090/62, e art. 1º, caput e parágrafo único).
quando presente o requisito da habitualidade. A habitualidade
constitui, pois, elemento intrínseco do conceito de utilidade como — O princípio da não discriminação e a igualdade
prestação remuneratória; A questão da igualdade entre homens e mulheres no trabalho
b) a prestação in natura deve representar um ganho para deve ser tratada como uma questão de direitos humanos e como
o trabalhador – isto é, deve satisfazer total ou parcialmente um um requisito indispensável ao regime democrático.
consumo; se a utilidade não fosse fornecida pelo empregador, o Nesse sentido, a Constituição Federal de 1988 estabelece que
trabalhador só teria podido adquiri-la a suas próprias expensas; “todos são iguais perante a lei”, sendo que “homens e mulheres são
c) a prestação in natura não é indispensável para a realização iguais em direitos e obrigações” (art. 5º, caput e I).
do trabalho – sendo fornecida pelo trabalho, ou seja, como A previsão constitucional da igualdade entre homens e
contraprestação pelo serviço prestado, a utilidade terá natureza mulheres se aplica a diversos aspectos da relação de emprego,
como, por exemplo, em relação à capacidade para trabalhar e
475
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
celebrar contrato de trabalho, ao cumprimento de jornada de Importante: Esclarece a OJ 125 da SDI-1 do TST que o desvio
trabalho igual e ao recebimento do mesmo salário para trabalho funcional não dá direito ao reenquadramento, e sim às diferenças
de igual valor. salariais, assim consideradas as diferenças entre o salário recebido,
Algumas normas internacionais estabelecem importantes correspondente à função para a qual o empregado foi contratado,
regras de proteção à mulher, em relação ao trabalho. e o salário da função efetivamente desempenhada, enquanto exer-
A Convenção n. 100 da OIT, ratificada pelo Brasil, disciplina cida a função.
o princípio da igualdade de remuneração para a mão de obra O empregado público teria que prestar concurso público (art.
masculina e feminina, por um trabalho de igual valor. 37, II, da Constituição) para exercer outra função.
A Convenção n. 111 da OIT, também ratificada pelo Brasil, proíbe O empregado terá dois anos para ingressar com a ação a contar
a discriminação no emprego ou profissão. Esta Convenção enumera da cessação do contrato de trabalho, podendo postular os últimos
as hipóteses em que ocorre discriminação em matéria de emprego cinco anos contados da propositura da ação.
e profissão, delimita o campo de incidência dos termos “emprego” A doutrina trabalhista22diverge sobre o cabimento do desvio
e “profissão”, estabelece as obrigações dos Estados-membros e de função: parte defende que só poderá haver desvio de função se
indica hipóteses que não serão consideradas discriminatórias. houver quadro organizado de carreira, na hipótese de as funções
Constituem objeto ilícito de convenção coletiva ou de acordo serem definidas previamente. Não sendo assim, estar-se-á diante
coletivo de trabalho as disposições que contenham qualquer da ação do poder diretivo do empregador.
previsão contrária ao quanto disposto pelo art. 373-A da CLT, em
especial se estabelecerem supressão ou redução dos direitos Nesta hipótese, é importante recordar que em caso de existên-
relativos à proibição de práticas discriminatórias em relação à cia de quadro de carreira compete à Justiça do Trabalho apreciar
mulher (art. 611-B, XXX, CLT). a reclamação fundada somente nos seguintes pedidos: preterição,
enquadramento ou reclassificação.
Desvio de Função21 A existência do quadro não inviabiliza que o trabalhador plei-
Ocorre desvio de função quando o empregado exerce outra teie junto à Justiça do Trabalho sua correta observância (Súmula 19
função, sem que haja o pagamento do salário respectivo. do TST), ou, ainda, pretenda seu reenquadramento ou reclassifica-
A princípio, o desvio de função ocorre quando as responsabili- ção (Súmula 127 do TST).
dades e atribuições dos profissionais não são executadas conforme Nesse sentido, pode o empregado pleitear na Justiça do Traba-
o que foi previamente combinado com o empregador. Assim, o fun- lho diferenças salarias por desvio de função.
cionário acaba realizando atividades para as quais não foi contrata-
do inicialmente. BENEFÍCIOS AOS TRABALHADORES E TRABALHADORAS:
No desvio de função não existe comparação de trabalho entre VALE TRANSPORTE, FGTS, SEGURO DESEMPREGO E ABO-
duas pessoas. O desvio cria o direito ao pagamento das diferenças NO SALARIAL
salariais enquanto houver o exercício da função. Não implica, po-
rém, reclassificação do funcionário.
Com a reforma trabalhista, o desvio de função pode gerar inde- Benefícios aos trabalhadores e trabalhadoras23
nização aos profissionais. Ou seja, os colaboradores submetidos ao — Vale Transporte
ato antiético devem ter direito a contar com a alteração do contrato A Lei nº 7.418/1985 assegurou ao doméstico o direito ao vale-
vigente e consequente acréscimo na remuneração. -transporte. Não obstante, a LC nº 150/2015 facultou a substituição
Dessa forma, os funcionários, portanto, podem considerar re- do vale-transporte, a critério do empregador, pelo valor necessário
visitar as funções de seu cargo, bem como, também podem solicitar à aquisição das passagens29. Trata-se de dispositivo que tem como
a indenização por danos morais aos contratantes. finalidade simplificar a relação de emprego doméstico.
Não se confunde o desvio de função com a equiparação sala-
rial. Nesta, há a comparação entre o trabalho de duas pessoas, que A autorização consta do parágrafo único do art. 19, nos seguin-
exercem funções idênticas. No desvio, o empregado não é compa- tes termos:
rado com outro, mas em razão de exercer função diversa, seria de- Art. 19, parágrafo único. A obrigação prevista no art. 4º da Lei
vido o salário da função. nº 7.418, de 16 de dezembro de 1985, poderá ser substituída, a cri-
tério do empregador, pela concessão, mediante recibo, dos valores
A Súmula 223 do TFR mostrava que o empregado, apenas du- para a aquisição das passagens necessárias ao custeio das despesas
rante o desvio funcional, tem direito à diferença salarial, ainda que decorrentes do deslocamento residência-trabalho e vice-versa.
o empregador possua quadro de pessoal organizado em carreira.
O parágrafo único do art. 456 da CLT afirma que à falta de prova Naturalmente a substituição do vale-transporte pelo valor cor-
ou inexistindo cláusula expressa a tal respeito, entende-se que o respondente em pecúnia, nos termos do supramencionado art. 19,
empregado se obrigou a todo e qualquer serviço compatível com não tem o condão de conferir à parcela natureza salarial. Aliás, mes-
a sua condição pessoal. Não existe, porém, previsão legal para o mo antes da autorização expressa trazida pela Lei do Doméstico, a
pagamento de diferenças salariais decorrentes de desvio de função. jurisprudência já admitia o pagamento em dinheiro do vale-trans-
O STJ entende que se for reconhecido o desvio de função, o porte devido ao doméstico, justamente em razão da ausência de
servidor fará jus às diferenças salariais decorrentes (S. 378). rigor formalístico neste tipo de relação.
476
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
477
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
O benefício do seguro-desemprego será cancelado, sem preju- LEI Nº 8.036, DE 11 DE MAIO DE 1990
ízo das demais sanções cíveis e penais cabíveis: I) pela recusa, por
parte do trabalhador desempregado, de outro emprego condizente Dispõe sobre o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, e dá
com sua qualificação registrada ou declarada e com sua remunera- outras providências
ção anterior; II) por comprovação de falsidade na prestação das in-
formações necessárias à habilitação; III) por comprovação de fraude O PRESIDENTE DA REPÚBLICA , faço saber que o Congresso Na-
visando à percepção indevida do benefício do seguro-desemprego; cional decreta e eu sanciono a seguinte lei:
ou IV) por morte do segurado.
O período aquisitivo é de dezesseis meses, sendo que o re- Art. 1º O Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), insti-
querimento de habilitação no Programa do Seguro-Desemprego tuído pela Lei nº 5.107, de 13 de setembro de 1966, passa a reger-se
só poderá ser proposto a cada novo período aquisitivo, desde que por esta lei.
cumpridos todos os requisitos estabelecidos na Lei Complementar Art. 2º O FGTS é constituído pelos saldos das contas vinculadas
nº 150/2015 e na Resolução CODEFAT nº 754/2015 (art. 6º da Re- a que se refere esta lei e outros recursos a ele incorporados, de-
solução). vendo ser aplicados com atualização monetária e juros, de modo a
assegurar a cobertura de suas obrigações.
— Abono Salarial §1º Constituem recursos incorporados ao FGTS, nos termos do
Embora a denominação da parcela possa levar a alguma con- caput deste artigo:
fusão em relação aos abonos referidos pela CLT, temos aqui um be- a) eventuais saldos apurados nos termos do art. 12, §4º;
nefício de direito público, advindo de fundo de natureza pública. b) dotações orçamentárias específicas;
Com efeito, o abono salarial (mais conhecido como abono do c) resultados das aplicações dos recursos do FGTS;
PIS/PASEP), no valor de até um salário mínimo58, é devido aos tra- d) multas, correção monetária e juros moratórios devidos;
balhadores cadastrados há mais de cinco anos no Programa de In- e) demais receitas patrimoniais e financeiras.
tegração Social – PIS ou no Programa de Formação do Patrimônio §2º As contas vinculadas em nome dos trabalhadores são abso-
do Servidor Público – PASEP e que tenham auferido, no ano ante- lutamente impenhoráveis.
rior, remuneração média mensal de até dois salários mínimos, bem Art. 3º O FGTS será regido por normas e diretrizes estabeleci-
como trabalhado (com a CTPS assinada, é claro) por pelo menos 30 das por um Conselho Curador, composto por representação de tra-
dias no mesmo ano59. balhadores, empregadores e órgãos e entidades governamentais,
Obviamente, tal parcela não tem natureza salarial, até mesmo na forma estabelecida pelo Poder Executivo. (Redação dada pela Lei
porque sequer é paga pelo empregador. Cabe ao empregador tão nº 9.649, de 1998) (Vide Medida Provisória nº 2.216-37, de 2001)
somente informar corretamente os dados do empregado na RAIS (Vide Decreto nº 3.101, de 2001) (Vide Decreto nº 11.496, de 2023)
(Relação Anual de Informações Sociais), que serve como base para §1º A Presidência do Conselho Curador será exercida pelo Mi-
a triagem dos beneficiários do abono salarial, sob pena de, configu- nistro de Estado do Trabalho e Previdência ou representante por ele
rado o prejuízo (não recebimento do abono salarial), estar sujeito à indicado. (Redação dada pelo Lei nº 14.261, de 2021)
indenização do trabalhador, nos termos da lei civil. Ao abono, antes §2º (Revogado pela Medida Provisória nº 2.216-37, de 2001)
da Reforma Trabalhista de 2017, era pacificamente reconhecida a §3º Os representantes dos trabalhadores e dos empregadores
natureza salarial; com a vigência da Lei nº 13.467/2017, entretanto, e seus suplentes serão indicados pelas respectivas centrais sindicais
a natureza salarial passou dessa parcela a ser expressamente afas- e confederações nacionais, serão nomeados pelo Poder Executivo,
tada pela Lei. terão mandato de 2 (dois) anos e poderão ser reconduzidos uma
única vez, vedada a permanência de uma mesma pessoa como
Importante: membro titular, como suplente ou, de forma alternada, como titu-
lar e suplente, por período consecutivo superior a 4 (quatro) anos
O abono é, tecnicamente, uma antecipação de salário fei- no Conselho. (Redação dada pela Lei nº 13.932, de 2019)
ta pelo empregador. Não se confunde com outros institutos que §4º O Conselho Curador reunir-se-á ordinariamente, a cada bi-
usam denominação semelhante, tais qual o abono pecuniário mestre, por convocação de seu Presidente. Esgotado esse período,
de férias ou o abono previsto em contrato ou norma coletiva a não tendo ocorrido convocação, qualquer de seus membros poderá
que alude o art. 144 da CLT. fazê-la, no prazo de 15 (quinze) dias. Havendo necessidade, qual-
quer membro poderá convocar reunião extraordinária, na forma
que vier a ser regulamentada pelo Conselho Curador.
Abono → antecipação de salário ou de reajuste salarial. Não §4º-A. As reuniões do Conselho Curador serão públicas, bem
tem natureza salarial por força de lei. como gravadas e transmitidas ao vivo por meio do sítio do FGTS na
internet, o qual também possibilitará acesso a todas as gravações
Abono Salarial ou Abono do PIS → parcela de direito públi- que tiverem sido efetuadas dessas reuniões, resguardada a possi-
co, assegurada a quem é cadastrado no PIS/PASEP há 5 anos, re- bilidade de tratamento sigiloso de matérias assim classificadas na
cebeu em média até 2 salários mínimos no ano anterior e esteve forma da lei. (Incluído pela Lei nº 13.932, de 2019)
empregado por pelo menos 30 dias. §5º As decisões do Conselho serão tomadas com a presença
da maioria simples de seus membros, tendo o Presidente voto de
qualidade. (Redação dada pela Lei nº 9.649, de 1998) (Vide Medida
Provisória nº 2.216-37, de 2001)
478
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
§6º As despesas porventura exigidas para o comparecimento IX - fixar critérios para parcelamento de recolhimentos em atra-
às reuniões do Conselho constituirão ônus das respectivas entida- so;
des representadas. X - fixar critério e valor de remuneração para o exercício da fis-
§7º As ausências ao trabalho dos representantes dos trabalha- calização;
dores no Conselho Curador, decorrentes das atividades desse ór- XI - divulgar, no Diário Oficial da União, todas as decisões profe-
gão, serão abonadas, computando-se como jornada efetivamente ridas pelo Conselho, bem como as contas do FGTS e os respectivos
trabalhada para todos os fins e efeitos legais. pareceres emitidos.
§8º O Poder Executivo designará, entre os órgãos governa- XII - fixar critérios e condições para compensação entre crédi-
mentais com representação no Conselho Curador do FGTS, aquele tos do empregador, decorrentes de depósitos relativos a trabalha-
que lhe proporcionará estrutura administrativa de suporte para o dores não optantes, com contratos extintos, e débitos resultantes
exercício de sua competência e que atuará na função de Secretaria de competências em atraso, inclusive aqueles que forem objeto de
Executiva do colegiado, não permitido ao Presidente do Conselho composição de dívida com o FGTS. (Incluído pela Lei nº 9.711, de
Curador acumular a titularidade dessa Secretaria Executiva. (Reda- 1998)
ção dada pela Lei nº 13.932, de 2019) XIII - em relação ao Fundo de Investimento do Fundo de Ga-
§9º Aos membros do Conselho Curador, enquanto represen- rantia do Tempo de Serviço - FI-FGTS: (Incluído pela Lei nº 11.491,
tantes dos trabalhadores, efetivos e suplentes, é assegurada a esta- de 2007)
bilidade no emprego, da nomeação até um ano após o término do a) aprovar a política de investimento do FI-FGTS por proposta
mandato de representação, somente podendo ser demitidos por do Comitê de Investimento; (Incluído pela Lei nº 11.491, de 2007)
motivo de falta grave, regularmente comprovada através de pro- b) decidir sobre o reinvestimento ou distribuição dos resulta-
cesso sindical. dos positivos aos cotistas do FI-FGTS, em cada exercício; (Incluído
§10. Os membros do Conselho Curador do FGTS serão escolhi- pela Lei nº 11.491, de 2007)
dos dentre cidadãos de reputação ilibada e de notório conhecimen- c) definir a forma de deliberação, de funcionamento e a com-
to, e deverão ser atendidos os seguintes requisitos: (Incluído pela posição do Comitê de Investimento; (Incluído pela Lei nº 11.491,
Lei nº 13.932, de 2019) de 2007)
I - ter formação acadêmica superior; e (Incluído pela Lei nº d) estabelecer o valor da remuneração da Caixa Econômica Fe-
13.932, de 2019) deral pela administração e gestão do FI-FGTS, inclusive a taxa de
II - não se enquadrar nas hipóteses de inelegibilidade previstas risco; (Incluído pela Lei nº 11.491, de 2007)
nas alíneas “a” a “q” do inciso I do caput do art. 1º da Lei Comple- e) definir a exposição máxima de risco dos investimentos do
mentar nº 64, de 18 de maio de 1990. (Incluído pela Lei nº 13.932, FI-FGTS; (Incluído pela Lei nº 11.491, de 2007)
de 2019) f) estabelecer o limite máximo de participação dos recursos
Art. 4º O gestor da aplicação dos recursos do FGTS será o órgão do FI-FGTS por setor, por empreendimento e por classe de ativo,
do Poder Executivo responsável pela política de habitação, e caberá observados os requisitos técnicos aplicáveis (Incluído pela Lei nº
à Caixa Econômica Federal (CEF) o papel de agente operador. (Reda- 11.491, de 2007)
ção dada pela Lei nº 13.932, de 2019) g) estabelecer o prazo mínimo de resgate das cotas e de retor-
Art. 5º Ao Conselho Curador do FGTS compete: (Vide Lei com- no dos recursos à conta vinculada, observado o disposto no §19 do
plementar nº 150, de 2015) art. 20 desta Lei; (Incluído pela Lei nº 11.491, de 2007)
I - estabelecer as diretrizes e os programas de alocação dos re- h) aprovar o regulamento do FI-FGTS, elaborado pela Caixa Eco-
cursos do FGTS, de acordo com os critérios definidos nesta Lei, em nômica Federal; e (Incluído pela Lei nº 11.491, de 2007)
conformidade com a política nacional de desenvolvimento urbano i) autorizar a integralização de cotas do FI-FGTS pelos trabalha-
e as políticas setoriais de habitação popular, saneamento básico, dores, estabelecendo previamente os limites globais e individuais,
microcrédito e infraestrutura urbana estabelecidas pelo governo parâmetros e condições de aplicação e resgate. (Incluído pela Lei nº
federal; (Redação dada pela Lei nº 14.438, de 2022) 11.491, de 2007)
II - acompanhar e avaliar a gestão econômica e financeira dos XIV - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.932, de 2019)
recursos, bem como os ganhos sociais e o desempenho dos progra- XV - autorizar a aplicação de recursos do FGTS em outros fun-
mas aprovados; dos de investimento, no mercado de capitais e em títulos públicos
III - apreciar e aprovar os programas anuais e plurianuais do e privados, com base em proposta elaborada pelo agente operador,
FGTS; devendo o Conselho Curador regulamentar as formas e condições
IV - aprovar as demonstrações financeiras do FGTS, com base do investimento, vedado o aporte em fundos nos quais o FGTS seja
em parecer de auditoria externa independente, antes de sua publi- o único cotista; (Incluído pela Lei nº 13.932, de 2019)
cação e encaminhamento aos órgãos de controle, bem como da dis- XVI - estipular limites às tarifas cobradas pelo agente operador
tribuição de resultados; (Redação dada pela Lei nº 13.932, de 2019) ou pelos agentes financeiros na intermediação da movimentação
V - adotar as providências cabíveis para a correção de atos e dos recursos da conta vinculada do FGTS, inclusive nas hipóteses
fatos do gestor da aplicação e da CEF que prejudiquem o desempe- de que tratam os incisos V, VI e VII do caput do art. 20 desta Lei.
nho e o cumprimento das finalidades no que concerne aos recursos (Incluído pela Lei nº 13.932, de 2019)
do FGTS; (Redação dada pela Lei nº 13.932, de 2019) XVII - estabelecer, em relação à autorização de aplicação de re-
VI - dirimir dúvidas quanto à aplicação das normas regulamen- cursos do FGTS em fundos garantidores de crédito e sua regulamen-
tares, relativas ao FGTS, nas matérias de sua competência; tação quanto às formas e condições: (Incluído pela Lei nº 14.438,
VII - aprovar seu regimento interno; de 2022)
VIII - fixar as normas e valores de remuneração do agente ope- a) o valor da aplicação com fundamento em proposta elabora-
rador e dos agentes financeiros; da pelo gestor da aplicação; e (Incluído pela Lei nº 14.438, de 2022)
479
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
b) a cada 3 (três) anos, percentual mínimo do valor proposto §8º A taxa de administração do FGTS devida ao agente ope-
para aplicação na política setorial do microcrédito, respeitado o rador não será superior a 0,5% (cinco décimos por cento) ao ano
piso de 30% (trinta por cento). (Incluído pela Lei nº 14.438, de 2022) do valor total dos ativos do Fundo. (Incluído pela Lei nº 13.932, de
§1º O Conselho Curador será assistido por um Comitê de Au- 2019) (Vigência)
ditoria e Riscos, constituído na forma do Regimento Interno, cujas §9º §9º A taxa de administração de que trata a alínea “d” do in-
atribuições e condições abrangerão, no mínimo, aquelas estipula- ciso XIII do caput deste artigo não será superior a 0,5% (cinco déci-
das nos arts. 24 e 25, §§1º a 3º, da Lei nº 13.303, de 30 de junho de mos por cento) ao ano do valor total dos ativos do FI-FGTS. (Incluído
2016, ao Comitê de Auditoria Estatutário das empresas públicas e pela Lei nº 13.932, de 2019) (Vigência)
sociedades de economia mista que forem aplicáveis, ainda que por §10. O piso de que trata a alínea “b” do inciso XVII do caput
similaridade, ao FGTS, e cujas despesas serão custeadas pelo Fun- deste artigo poderá ser revisto pelo Conselho Curador a cada 3
do, por meio de sua Secretaria Executiva, observado o disposto no (três) anos. (Incluído pela Lei nº 14.438, de 2022)
§3º deste artigo. (Incluído pela Lei nº 13.932, de 2019) Art. 6º Ao gestor da aplicação compete: (Redação dada pela Lei
§2º O Conselho Curador poderá ser assistido regularmente por nº 13.932, de 2019)
pessoas naturais ou jurídicas especializadas em planejamento, em I - praticar todos os atos necessários à gestão da aplicação do
gestão de investimentos, em avaliação de programas e políticas, em Fundo, de acordo com as diretrizes e programas estabelecidos pelo
tecnologia da informação ou em qualquer outra especialização jul- Conselho Curador;
gada necessária para subsidiá-lo no exercício de suas atribuições, e II - expedir atos normativos relativos à alocação dos recursos
as despesas decorrentes ficarão a cargo do FGTS, observado o dis- para implementação dos programas aprovados pelo Conselho Cura-
posto no §3º deste artigo. (Incluído pela Lei nº 13.932, de 2019) dor;
§3º Os custos e despesas incorridos pelo FGTS não poderão III - elaborar orçamentos anuais e planos plurianuais de aplica-
superar limite a ser estabelecido pelo Conselho Curador, o qual ob- ção dos recursos, discriminados por região geográfica, e submetê-
servará, no mínimo, os custos por atividades, os ganhos de escala e -los até 31 de julho ao Conselho Curador do FGTS; (Redação dada
produtividade, os avanços tecnológicos e a remuneração praticada pela Lei nº 14.118, de 2021)
por outros fundos no mercado de capitais, excluídos da base de cál- IV - acompanhar a execução dos programas de habitação po-
culo aqueles cuja administradora receba remuneração específica, e pular, saneamento básico e infraestrutura urbana previstos no or-
incluirão: (Incluído pela Lei nº 13.932, de 2019) çamento do FGTS e implementados pela CEF, no papel de agente
I - os serviços de fiscalização, as atividades de arrecadação, de operador; (Redação dada pela Lei nº 13.932, de 2019)
cobrança administrativa e de emissão de certidões; (Incluído pela V - submeter à apreciação do Conselho Curador as contas do
Lei nº 13.932, de 2019) FGTS;
II - os serviços de cobrança judicial dos créditos inscritos em VI - subsidiar o Conselho Curador com estudos técnicos neces-
dívida ativa; (Incluído pela Lei nº 13.932, de 2019) sários ao aprimoramento operacional dos programas de habitação
III - os serviços contratados pela Secretaria Executiva para su- popular, saneamento básico e infra-estrutura urbana;
porte às ações e decisões do Conselho Curador e do Comitê de Au- VII - definir as metas a serem alcançadas nos programas de ha-
ditoria e Riscos, bem como os valores despendidos com terceiros; bitação popular, saneamento básico e infra-estrutura urbana.
(Incluído pela Lei nº 13.932, de 2019) Art. 6º-A. Caberá ao Ministério da Saúde regulamentar, acom-
IV - a capacitação dos gestores. (Incluído pela Lei nº 13.932, panhar a execução, subsidiar o Conselho Curador com estudos téc-
de 2019) nicos necessários ao seu aprimoramento operacional e definir as
§4º O Conselho Curador especificará os serviços de suporte à metas a serem alcançadas nas operações de crédito destinadas às
gestão e à operação que poderão ser contratados pela Secretaria entidades hospitalares filantrópicas, bem como a instituições que
Executiva com recursos do FGTS, cabendo-lhe aprovar o montante atuem no campo para pessoas com deficiência, sem fins lucrativos,
destinado a tal finalidade no orçamento anual. (Incluído pela Lei nº que participem de forma complementar do Sistema Único de Saúde
13.932, de 2019) (SUS). (Incluído pela Lei nº 13.832, de 2019)
§5º As auditorias externas contratadas pelo Comitê a que se re- Art. 6º-B. (Revogado pela Lei nº 14.620, de 2023)
fere o §1º deste artigo não poderão prestar serviços ao agente ope- Art. 7º À Caixa Econômica Federal, na qualidade de agente ope-
rador durante a execução dos contratos de auditoria com o FGTS. rador, cabe: (Vide Lei Complementar nº 150, de 2015)
(Incluído pela Lei nº 13.932, de 2019) I - centralizar os recursos do FGTS, manter e controlar as contas
§6º O limite de custos e despesas a que se refere o §3º deste vinculadas, e emitir regularmente os extratos individuais corres-
artigo não inclui taxas de risco de crédito e demais custos e despe- pondentes às contas vinculadas e participar da rede arrecadadora
sas devidos ao agente operador e aos agentes financeiros. (Incluído dos recursos do FGTS;
pela Lei nº 13.932, de 2019) II - expedir atos normativos referentes aos procedimentos adi-
§7º O limite de que trata o §3º deste artigo será, em cada exer- ministrativo-operacionais dos bancos depositários, dos agentes fi-
cício, de até 0,06% (seis centésimos por cento) do valor dos ati- nanceiros, dos empregadores e dos trabalhadores, integrantes do
vos do FGTS ao final do exercício anterior e, até a publicação das sistema do FGTS;
demonstrações financeiras, esse limite será calculado a partir de III - definir procedimentos operacionais necessários à execução
estimativas divulgadas pelo Conselho Curador para o valor dos ati- dos programas estabelecidos pelo Conselho Curador, com base nas
vos do FGTS ao final daquele exercício. (Redação dada pela Lei nº normas e diretrizes de aplicação elaboradas pelo gestor da aplica-
14.438, de 2022)07, de 2022) ção; (Redação dada pela Lei nº 13.932, de 2019)
IV - elaborar as análises jurídica e econômico-financeira dos
projetos de habitação popular, infra-estrutura urbana e saneamen-
to básico a serem financiados com recursos do FGTS;
480
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
V - emitir Certificado de Regularidade do FGTS; l) alienação fiduciária de bens móveis em garantia; (Incluída
VI - elaborar as demonstrações financeiras do FGTS, incluídos o pela Lei nº 9.467, de 1997)
Balanço Patrimonial, a Demonstração do Resultado do Exercício e a m) fiança bancária; (Incluída pela Lei nº 9.467, de 1997)
Demonstração de Fluxo de Caixa, em conformidade com as Normas n) consignação de recebíveis, exclusivamente para operações
Contábeis Brasileiras, e encaminhá-las, até 30 de junho do exercí- de crédito destinadas às entidades hospitalares filantrópicas, bem
cio subsequente, ao gestor de aplicação; (Redação dada pela Lei nº como a instituições que atuam no campo para pessoas com defici-
14.438, de 2022) ência, e sem fins lucrativos que participem de forma complementar
VII - implementar atos emanados do gestor da aplicação relati- do Sistema Único de Saúde (SUS), em percentual máximo a ser defi-
vos à alocação e à aplicação dos recursos do FGTS, de acordo com nido pelo Ministério da Saúde; e (Redação dada pela Lei nº 13.778,
as diretrizes estabelecidas pelo Conselho Curador; (Redação dada de 2018)
pela Lei nº 13.932, de 2019) o) outras, a critério do Conselho Curador do FGTS; (Incluído
VIII - (VETADO) (Incluído pela Lei nº 9.491, de 1997) pela Lei nº 13.778, de 2018)
IX - garantir aos recursos alocados ao FI-FGTS, em cotas de ti- II - correção monetária igual à das contas vinculadas;
tularidade do FGTS, a remuneração aplicável às contas vinculadas, III - taxa de juros média mínima, por projeto, de 3 (três) por
na forma do caput do art. 13 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 11.491, cento ao ano;
de 2007) IV - prazo máximo de 35 (trinta e cinco) anos. (Redação dada
X - realizar todas as aplicações com recursos do FGTS por pela Lei nº 14.438, de 2022)
meio de sistemas informatizados e auditáveis; (Incluído pela Lei nº §1º A rentabilidade média das aplicações deverá ser suficiente
13.932, de 2019) à cobertura de todos os custos incorridos pelo Fundo e ainda à for-
XI - colocar à disposição do Conselho Curador, em formato di- mação de reserva técnica para o atendimento de gastos eventuais
gital, as informações gerenciais que estejam sob gestão do agente não previstos, e caberá ao agente operador o risco de crédito. (Re-
operador e que sejam necessárias ao desempenho das atribuições dação dada pela Lei nº 13.932, de 2019)
daquele colegiado. (Incluído pela Lei nº 13.932, de 2019) §2º Os recursos do FGTS deverão ser aplicados em habitação,
Parágrafo único. O gestor da aplicação e o agente operador saneamento básico, infraestrutura urbana, operações de microcré-
deverão dar pleno cumprimento aos programas anuais em anda- dito e operações de crédito destinadas às entidades hospitalares
mento, aprovados pelo Conselho Curador, e eventuais alterações filantrópicas, às instituições que atuem com pessoas com deficiên-
somente poderão ser processadas mediante prévia anuência da- cia e às entidades sem fins lucrativos que participem do SUS de for-
quele colegiado. (Redação dada pela Lei nº 13.932, de 2019) ma complementar, desde que as disponibilidades financeiras sejam
Art. 8º O gestor da aplicação, o agente operador e o Conselho mantidas em volume que satisfaça as condições de liquidez e de re-
Curador do FGTS serão responsáveis pelo fiel cumprimento e obser- muneração mínima necessárias à preservação do poder aquisitivo
vância dos critérios estabelecidos nesta Lei. (Redação dada pela Lei da moeda. (Redação dada pela Lei nº 14.438, de 2022)
nº 13.932, de 2019) §3º O programa de aplicações deverá destinar: (Redação dada
Art. 9º As aplicações com recursos do FGTS serão realizadas ex- pela Lei nº 13.778, de 2018)
clusivamente segundo critérios fixados pelo Conselho Curador do I - no mínimo, 60% (sessenta por cento) para investimentos em
FGTS e em operações que preencham os seguintes requisitos: (Re- habitação popular; e, (Incluído pela Lei nº 13.778, de 2018)
dação dada pela Lei nº 13.932, de 2019) II - 5% (cinco por cento) para operações de crédito destinadas
I - Garantias: (Redação dada pela Lei nº 9.467, de 1997) às entidades hospitalares filantrópicas, bem como a instituições
a) hipotecária; (Incluída pela Lei nº 9.467, de 1997) que atuam no campo para pessoas com deficiência, e sem fins lu-
b) caução de Créditos hipotecários próprios, relativos a finan- crativos que participem de forma complementar do SUS. (Incluído
ciamentos concedidos com recursos do agente financeiro; (Incluída pela Lei nº 13.778, de 2018)
pela Lei nº 9.467, de 1997) III - (Revogado pela Lei nº 14.620, de 2023)
c) caução dos créditos hipotecários vinculados aos imóveis ob- §3º-A. Os recursos previstos no inciso II do §3º deste artigo não
jeto de financiamento; (Incluída pela Lei nº 9.467, de 1997) utilizados pelas entidades hospitalares filantrópicas, bem como pe-
d) hipoteca sobre outros imóveis de propriedade do agente fi- las instituições que atuam no campo para pessoas com deficiência,
nanceiro, desde que livres e desembaraçados de quaisquer ônus; e sem fins lucrativos que participem de forma complementar do
(Incluída pela Lei nº 9.467, de 1997) SUS poderão ser destinados a aplicações em habitação, em sane-
e) cessão de créditos do agente financeiro, derivados de finan- amento básico e em infraestrutura urbana. (Incluído pela Lei nº
ciamentos concedidos com recursos próprios, garantidos por pe- 13.778, de 2018)
nhor ou hipoteca; (Incluída pela Lei nº 9.467, de 1997) §3º-B. (Revogado pela Lei nº 14.620, de 2023)
f) hipoteca sobre imóvel de propriedade de terceiros (Incluída §3º-C. (Revogado pela Lei nº 14.620, de 2023)
pela Lei nº 9.467, de 1997) §4º Os projetos de saneamento básico e infraestrutura urbana
g) seguro de crédito; (Incluída pela Lei nº 9.467, de 1997) financiados com recursos do FGTS serão, preferencialmente, com-
h) garantia real ou vinculação de receitas, inclusive tarifárias, plementares aos programas habitacionais. (Redação dada pela Lei
nas aplicações contratadas com pessoa jurídica de direito público nº 14.438, de 2022)
ou de direito privado a ela vinculada; (Incluída pela Lei nº 9.467, §5º As garantias, nas diversas modalidades discriminadas no
de 1997) inciso I do caput deste artigo, serão admitidas singular ou supletiva-
i) aval em nota promissória; (Incluída pela Lei nº 9.467, de mente, considerada a suficiência de cobertura para os empréstimos
1997) e financiamentos concedidos. (Redação dada pela Lei nº 9.467, de
j) fiança pessoal; (Incluída pela Lei nº 9.467, de 1997) 1997)
481
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
§6º Mantida a rentabilidade média de que trata o §1º, as apli- I - tenham natureza privada e patrimônio segregado do patri-
cações em habitação popular poderão contemplar sistemática de mônio dos cotistas e da própria administradora do fundo garantidor
desconto, direcionada em função da renda familiar do beneficiário, e estejam sujeitos a direitos e obrigações próprios; (Incluído pela
onde o valor do benefício seja concedido mediante redução no va- Lei nº 14.438, de 2022)
lor das prestações a serem pagas pelo mutuário ou pagamento de II - respondam por suas obrigações até o limite dos bens e di-
parte da aquisição ou construção de imóvel, dentre outras, a crité- reitos que integram o seu patrimônio, vedado qualquer tipo de ga-
rio do Conselho Curador do FGTS. (Incluído pela Medida Provisória rantia ou aval por parte do FGTS; e (Incluído pela Lei nº 14.438, de
nº 2.197-43, de 2001) 2022)
§6º-A. (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.932, de 2019) III - não paguem rendimentos a seus cotistas, assegurado o
§6º-B. (VETADO). (Incluído pela Lei nº 13.932, de 2019) direito de resgate total ou parcial das cotas com base na situação
§7º Os recursos necessários para a consecução da sistemáti- patrimonial dos fundos em valor não superior ao montante de re-
ca de desconto serão destacados, anualmente, do orçamento de cursos financeiros ainda não vinculados às garantias contratadas.
aplicação de recursos do FGTS, constituindo reserva específica, com (Incluído pela Lei nº 14.438, de 2022)
contabilização própria. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.197- §14. Aos recursos do FGTS destinados à aquisição de cota de
43, de 2001) fundos garantidores de que trata o §13 deste artigo não se aplicam
§8º É da União o risco de crédito nas aplicações efetuadas até os requisitos de correção monetária, taxa de juros mínima e pra-
1º de junho de 2001 pelos demais órgãos integrantes do Sistema zo máximo previstos nos incisos II, III e IV do caput deste artigo e
Financeiro da Habitação - SFH e pelas entidades credenciadas pelo de rentabilidade prevista no §1º deste artigo. (Incluído pela Lei nº
Banco Central do Brasil como agentes financeiros, subrogando-se 14.438, de 2022)
nas garantias prestadas à Caixa Econômica Federal. (Incluído pela §15. (Revogado pela Lei nº 14.620, de 2023)
Medida Provisória nº 2.196-3, de 2001) §16. (Revogado pela Lei nº 14.620, de 2023)
§9º A Caixa Econômica Federal, o Banco do Brasil S.A. e o Banco §17. (Revogado pela Lei nº 14.620, de 2023)
Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social - BNDES poderão Art. 9º-A. O risco das operações de crédito de que trata o §10
atuar como agentes financeiros autorizados para aplicação dos re- do art. 9º desta Lei ficará a cargo dos agentes financeiros referidos
cursos do FGTS em operações de crédito destinadas às entidades no §9º do art. 9º desta Lei, hipótese em que o Conselho Curador
hospitalares filantrópicas e sem fins lucrativos que participem de poderá definir o percentual da taxa de risco, limitado a 3% (três por
forma complementar do SUS. (Incluído pela Medida Provisória nº cento), a ser acrescido à taxa de juros de que trata o inciso I do §10
848, de 2018) do art. 9º desta Lei. (Incluído pela Lei nº 13.832, de 2019)
§10. Nas operações de crédito destinadas às entidades hospi- Art. 9º-B. As garantias de que trata o inciso I do caput do art. 9º
talares filantrópicas, bem como a instituições que atuam no campo desta Lei podem ser exigidas isolada ou cumulativamente. (Incluído
para pessoas com deficiência, e sem fins lucrativos que participem pela Lei nº 13.832, de 2019)
de forma complementar do SUS, serão observadas as seguintes Art. 9º-C. As aplicações do FGTS em operações de crédito des-
condições: (Incluído pela Lei nº 13.778, de 2018) tinadas às entidades hospitalares filantrópicas, bem como a insti-
I - a taxa de juros efetiva não será superior àquela cobrada para tuições que atuem no campo para pessoas com deficiência, sem
o financiamento habitacional na modalidade pró-cotista ou a outra fins lucrativos e que participem de forma complementar do SUS,
que venha a substituí-la; (Incluído pela Lei nº 13.778, de 2018) ocorrerão até o final do exercício de 2022. (Incluído pela Lei nº
II - a tarifa operacional única não será superior a 0,5% (cinco 13.832, de 2019)
décimos por cento) do valor da operação; e (Incluído pela Lei nº Art. 10. O Conselho Curador fixará diretrizes e estabelecerá cri-
13.778, de 2018) térios técnicos para as aplicações dos recursos do FGTS, visando:
III - o risco das operações de crédito ficará a cargo dos agen- I - exigir a participação dos contratantes de financiamentos nos
tes financeiros de que trata o §9º deste artigo. (Incluído pela Lei nº investimentos a serem realizados;
13.778, de 2018) II - assegurar o cumprimento, por parte dos contratantes ina-
§11. As entidades hospitalares filantrópicas, bem como a insti- dimplentes, das obrigações decorrentes dos financiamentos obti-
tuições que atuam no campo para pessoas com deficiência, e sem dos;
fins lucrativos que participem de forma complementar do SUS de- III - evitar distorções na aplicação entre as regiões do País, con-
verão, para contratar operações de crédito com recursos do FGTS, siderando para tanto a demanda habitacional, a população e outros
atender ao disposto nos incisos II e III do caput do art. 4º da Lei nº indicadores sociais.
12.101, de 27 de novembro de 2009. (Incluído pela Lei nº 13.778, Art. 11. Os recolhimentos efetuados na rede arrecadadora re-
de 2018) lativos ao FGTS serão transferidos à Caixa Econômica Federal até o
§12. (Revogado pela Lei nº 14.620, de 2023) primeiro dia útil subsequente à data do recolhimento, observada
§13. Para garantir o risco em operações de microcrédito e em a regra do meio de pagamento utilizado, data em que os respecti-
operações de crédito de habitação popular para famílias com renda vos valores serão incorporados ao FGTS. (Redação dada pela Lei nº
mensal de até 2 (dois) salários mínimos, o FGTS poderá destinar, na 14.438, de 2022)
forma estabelecida por seu Conselho Curador, observado o dispos- Art. 12. No prazo de um ano, a contar da promulgação desta lei,
to no inciso XVII do caput do art. 5º desta Lei, parte dos recursos a Caixa Econômica Federal assumirá o controle de todas as contas
de que trata o §7º deste artigo para a aquisição de cotas de fundos vinculadas, nos termos do item I do art. 7º, passando os demais es-
garantidores que observem o seguinte: (Incluído pela Lei nº 14.438, tabelecimentos bancários, findo esse prazo, à condição de agentes
de 2022) recebedores e pagadores do FGTS, mediante recebimento de tarifa,
a ser fixada pelo Conselho Curador.
482
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
§1º Enquanto não ocorrer a centralização prevista no caput II - 4 (quatro) por cento, do terceiro ao quinto ano de perma-
deste artigo, o depósito efetuado no decorrer do mês será contabi- nência na mesma empresa;
lizado no saldo da conta vinculada do trabalhador, no primeiro dia III - 5 (cinco) por cento, do sexto ao décimo ano de permanên-
útil do mês subseqüente. cia na mesma empresa;
§2º Até que a Caixa Econômica Federal implemente as disposi- IV - 6 (seis) por cento, a partir do décimo primeiro ano de per-
ções do caput deste artigo, as contas vinculadas continuarão sendo manência na mesma empresa.
abertas em estabelecimento bancário escolhido pelo empregador, §4º O saldo das contas vinculadas é garantido pelo Governo
dentre os para tanto autorizados pelo Banco Central do Brasil, em Federal, podendo ser instituído seguro especial para esse fim.
nome do trabalhador. §5º O Conselho Curador autorizará a distribuição de parte do
§3º Verificando-se mudança de emprego, até que venha a ser resultado positivo auferido pelo FGTS, mediante crédito nas con-
implementada a centralização no caput deste artigo, a conta vincu- tas vinculadas de titularidade dos trabalhadores, observadas as se-
lada será transferida para o estabelecimento bancário da escolha guintes condições, entre outras a seu critério: (Incluído pela Lei nº
do novo empregador. 13.446, de 2017)
§4º Os resultados financeiros auferidos pela Caixa Econômica I - a distribuição alcançará todas as contas vinculadas que apre-
Federal no período entre o repasse dos bancos e o depósito nas sentarem saldo positivo em 31 de dezembro do exercício-base do
contas vinculadas dos trabalhadores destinar-se-ão à cobertura das resultado auferido, inclusive as contas vinculadas de que trata o art.
despesas de administração do FGTS e ao pagamento da tarifa aos 21 desta Lei; (Incluído pela Lei nº 13.446, de 2017)
bancos depositários, devendo os eventuais saldos ser incorporados II - a distribuição será proporcional ao saldo de cada conta vin-
ao patrimônio do Fundo nos termos do art. 2º, §1º. culada em 31 de dezembro do exercício-base e deverá ocorrer até
§5º (Revogado pela Lei nº 14.438, de 2022) 31 de agosto do ano seguinte ao exercício de apuração do resulta-
Art. 13. Os depósitos efetuados nas contas vinculadas serão do; e (Incluído pela Lei nº 13.446, de 2017)
corrigidos monetariamente com base nos parâmetros fixados para III - (Revogado pela Lei nº 13.932, de 2019)
atualização dos saldos dos depósitos de poupança e capitalização §6º O valor de distribuição do resultado auferido será calculado
juros de (três) por cento ao ano. posteriormente ao valor desembolsado com o desconto realizado
§1º A atualização monetária e a capitalização de juros nas con- no âmbito do Programa Minha Casa, Minha Vida (PMCMV), de que
tas vinculadas correrão à conta do FGTS, e a Caixa Econômica Fede- trata a Lei nº 11.977, de 7 de julho de 2009. (Incluído pela Lei nº
ral efetuará o crédito respectivo no vigésimo primeiro dia de cada 13.446, de 2017)
mês, com base no saldo existente no vigésimo primeiro dia do mês §7º O valor creditado nas contas vinculadas a título de distri-
anterior, deduzidos os débitos ocorridos no período. (Redação dada buição de resultado, acrescido de juros e atualização monetária,
pela Lei nº 14.438, de 2022) Produção de efeitos não integrará a base de cálculo do depósito da multa rescisória de
§1º-A. Para fins do disposto no §1º deste artigo, o depósito rea- que tratam os §§1º e 2º do art. 18 desta Lei. (Incluído pela Lei nº
lizado no prazo legal será contabilizado no saldo da conta vinculada 13.446, de 2017)
no vigésimo primeiro dia do mês de sua ocorrência. (Incluído pela Art. 14. Fica ressalvado o direito adquirido dos trabalhadores
Lei nº 14.438, de 2022) Produção de efeitos que, à data da promulgação da Constituição Federal de 1988, já ti-
§1º-B. Na hipótese de depósito realizado intempestivamente, nham o direito à estabilidade no emprego nos termos do Capítulo
a atualização monetária e a parcela de juros devida ao empregado V do Título IV da CLT.
comporão o saldo-base no vigésimo primeiro dia do mês imediata- §1º O tempo do trabalhador não optante do FGTS, anterior a
mente anterior, ou comporão o saldo no vigésimo primeiro dia do 5 de outubro de 1988, em caso de rescisão sem justa causa pelo
mês do depósito, se o depósito ocorrer nesta data. (Incluído pela Lei empregador, reger-se-á pelos dispositivos constantes dos arts. 477,
nº 14.438, de 2022) Produção de efeitos 478 e 497 da CLT.
§2º No primeiro mês em que for exigível o recolhimento do §2º O tempo de serviço anterior à atual Constituição poderá
FGTS no vigésimo dia, na forma prevista no art. 15 desta Lei, a atu- ser transacionado entre empregador e empregado, respeitado o
alização monetária e os juros correspondentes da conta vinculada limite mínimo de 60 (sessenta) por cento da indenização prevista.
serão realizados: (Redação dada pela Lei nº 14.438, de 2022) Pro- §3º É facultado ao empregador desobrigar-se da responsabili-
dução de efeitos dade da indenização relativa ao tempo de serviço anterior à opção,
I - no décimo dia, com base no saldo existente no décimo dia do depositando na conta vinculada do trabalhador, até o último dia útil
mês anterior, deduzidos os débitos ocorridos no período; e (Incluí- do mês previsto em lei para o pagamento de salário, o valor corres-
do pela Lei nº 14.438, de 2022) Produção de efeitos pondente à indenização, aplicando-se ao depósito, no que couber,
II - no vigésimo primeiro dia, com base no saldo existente no todas as disposições desta lei.
décimo dia do mesmo mês, atualizado na forma prevista no inciso §4º Os trabalhadores poderão a qualquer momento optar pelo
I deste parágrafo, deduzidos os débitos ocorridos no período, com FGTS com efeito retroativo a 1º de janeiro de 1967 ou à data de sua
a atualização monetária pro rata die e os juros correspondentes. admissão, quando posterior àquela.
(Incluído pela Lei nº 14.438, de 2022) Produção de efeitos Art. 15. Para os fins previstos nesta Lei, todos os empregadores
§3º Para as contas vinculadas dos trabalhadores optantes exis- ficam obrigados a depositar, até o vigésimo dia de cada mês, em
tentes à data de 22 de setembro de 1971, a capitalização dos juros conta vinculada, a importância correspondente a 8% (oito por cen-
dos depósitos continuará a ser feita na seguinte progressão, salvo to) da remuneração paga ou devida, no mês anterior, a cada traba-
no caso de mudança de empresa, quando a capitalização dos juros lhador, incluídas na remuneração as parcelas de que tratam os arts.
passará a ser feita à taxa de 3 (três) por cento ao ano: 457 e 458 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada
I - 3 (três) por cento, durante os dois primeiros anos de perma-
nência na mesma empresa;
483
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, e a Gratificação por meio de sistema de escrituração digital, na forma, no prazo e
de Natal de que trata a Lei nº 4.090, de 13 de julho de 1962. (Reda- nas condições estabelecidos em ato do Ministro de Estado do Tra-
ção dada pela Lei nº 14.438, de 2022) Produção de efeitos balho e Previdência. (Redação dada pela Lei nº 14.438, de 2022)
§1º Entende-se por empregador a pessoa física ou a pessoa §1º As informações prestadas na forma do caput deste artigo
jurídica de direito privado ou de direito público, da administração constituem declaração e reconhecimento dos créditos delas decor-
pública direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes, rentes, caracterizam confissão de débito e constituem instrumento
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, que hábil e suficiente para a cobrança do crédito de FGTS. (Incluído pela
admitir trabalhadores a seu serviço, bem assim aquele que, regi- Lei nº 13.932, de 2019)
do por legislação especial, encontrar-se nessa condição ou figurar §2º O lançamento da obrigação principal e das obrigações
como fornecedor ou tomador de mão-de-obra, independente da acessórias relativas ao FGTS será efetuado de ofício pela autoridade
responsabilidade solidária e/ou subsidiária a que eventualmente competente, no caso de o empregador não apresentar a declaração
venha obrigar-se. na forma do caput deste artigo, e será revisto de ofício, nas hipó-
§2º Considera-se trabalhador toda pessoa física que prestar teses de omissão, erro, fraude ou sonegação. (Incluído pela Lei nº
serviços a empregador, a locador ou tomador de mão-de-obra, ex- 13.932, de 2019)
cluídos os eventuais, os autônomos e os servidores públicos civis e Art. 18. Ocorrendo rescisão do contrato de trabalho, por parte
militares sujeitos a regime jurídico próprio. do empregador, ficará este obrigado a depositar na conta vinculada
§3º Os trabalhadores domésticos poderão ter acesso ao regime do trabalhador no FGTS os valores relativos aos depósitos referen-
do FGTS, na forma que vier a ser prevista em lei. tes ao mês da rescisão e ao imediatamente anterior, que ainda não
§4º Considera-se remuneração as retiradas de diretores não houver sido recolhido, sem prejuízo das cominações legais. (Reda-
empregados, quando haja deliberação da empresa, garantindo-lhes ção dada pela Lei nº 9.491, de 1997)
os direitos decorrentes do contrato de trabalho de que trata o art. §1º Na hipótese de despedida pelo empregador sem justa cau-
16. (Incluído pela Lei nº 9.711, de 1998) sa, depositará este, na conta vinculada do trabalhador no FGTS,
§5º O depósito de que trata o caput deste artigo é obrigatório importância igual a quarenta por cento do montante de todos os
nos casos de afastamento para prestação do serviço militar obriga- depósitos realizados na conta vinculada durante a vigência do con-
tório e licença por acidente do trabalho. (Incluído pela Lei nº 9.711, trato de trabalho, atualizados monetariamente e acrescidos dos
de 1998) respectivos juros. (Redação dada pela Lei nº 9.491, de 1997)
§6º Não se incluem na remuneração, para os fins desta Lei, as §2º Quando ocorrer despedida por culpa recíproca ou força
parcelas elencadas no §9º do art. 28 da Lei nº 8.212, de 24 de ju- maior, reconhecida pela Justiça do Trabalho, o percentual de que
lho de 1991. (Incluído pela Lei nº 9.711, de 1998) trata o §1º será de 20 (vinte) por cento.
§7º Os contratos de aprendizagem terão a alíquota a que se §3° As importâncias de que trata este artigo deverão constar da
refere o caput deste artigo reduzida para dois por cento. (Incluído documentação comprobatória do recolhimento dos valores devidos
pela Lei nº 10.097, de 2000) a título de rescisão do contrato de trabalho, observado o disposto
Art. 16. Para efeito desta lei, as empresas sujeitas ao regime da no art. 477 da CLT, eximindo o empregador, exclusivamente, quan-
legislação trabalhista poderão equiparar seus diretores não empre- to aos valores discriminados. (Redação dada pela Lei nº 9.491, de
gados aos demais trabalhadores sujeitos ao regime do FGTS. Consi- 1997) (Vide Lei complementar nº 150, de 2015)
dera-se diretor aquele que exerça cargo de administração previsto Art. 19. No caso de extinção do contrato de trabalho prevista
em lei, estatuto ou contrato social, independente da denominação no art. 14 desta lei, serão observados os seguintes critérios:
do cargo. I - havendo indenização a ser paga, o empregador, mediante
Art. 17. O Poder Executivo assegurará a prestação de serviços comprovação do pagamento daquela, poderá sacar o saldo dos va-
digitais: (Redação dada pela Lei nº 13.932, de 2019) lores por ele depositados na conta individualizada do trabalhador;
I - aos trabalhadores, que incluam a prestação de informações II - não havendo indenização a ser paga, ou decorrido o prazo
sobre seus créditos perante o Fundo e o acionamento imediato da prescricional para a reclamação de direitos por parte do trabalha-
inspeção do trabalho em caso de inadimplemento do empregador, dor, o empregador poderá levantar em seu favor o saldo da respec-
de forma que seja possível acompanhar a evolução de eventuais tiva conta individualizada, mediante comprovação perante o órgão
cobranças administrativas e judiciais dos valores não recolhidos; competente do Ministério do Trabalho e da Previdência Social.
(Incluído pela Lei nº 13.932, de 2019) Art. 19-A. É devido o depósito do FGTS na conta vinculada do
II - aos empregadores, que facilitem e desburocratizem o cum- trabalhador cujo contrato de trabalho seja declarado nulo nas hi-
primento de suas obrigações perante o Fundo, incluídos a geração póteses previstas no art. 37, §2º, da Constituição Federal, quando
de guias, o parcelamento de débitos, a emissão sem ônus do Certi- mantido o direito ao salário. (Incluído pela Medida Provisória nº
ficado de Regularidade do FGTS e a realização de procedimentos de 2.164-41, de 2001)
restituição e compensação. (Incluído pela Lei nº 13.932, de 2019) Parágrafo único. O saldo existente em conta vinculada, oriundo
Parágrafo único. O desenvolvimento, a manutenção e a evolu- de contrato declarado nulo até 28 de julho de 2001, nas condições
ção dos sistemas e ferramentas necessários à prestação dos servi- do caput, que não tenha sido levantado até essa data, será liberado
ços a que se refere o caput deste artigo serão custeados com recur- ao trabalhador a partir do mês de agosto de 2002. (Incluído pela
sos do FGTS. (Incluído pela Lei nº 13.932, de 2019) Medida Provisória nº 2.164-41, de 2001)
Art. 17-A. O empregador ou o responsável fica obrigado a ela- Art. 20. A conta vinculada do trabalhador no FGTS poderá ser
borar folha de pagamento e a declarar os dados relacionados aos movimentada nas seguintes situações:
valores do FGTS e outras informações de interesse do poder público I - despedida sem justa causa, inclusive a indireta, de culpa re-
cíproca e de força maior; (Redação dada pela Medida Provisória nº
2.197-43, de 2001)
484
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
I-A - extinção do contrato de trabalho prevista no art. 484-A da e disponível em sua conta vinculada do Fundo de Garantia do Tem-
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto- Lei po de Serviço, na data em que exercer a opção. (Incluído pela Lei nº
no 5.452, de 1º de maio de 1943; (Incluído pela Lei nº 13.467, de 9.491, de 1997) (Vide Decreto nº 2.430, 1997)
2017) XIII - quando o trabalhador ou qualquer de seus dependen-
II - extinção total da empresa, fechamento de quaisquer de tes for portador do vírus HIV; (Incluído pela Medida Provisória nº
seus estabelecimentos, filiais ou agências, supressão de parte de 2.164-41, de 2001)
suas atividades, declaração de nulidade do contrato de trabalho XIV - quando o trabalhador ou qualquer de seus dependentes
nas condições do art. 19-A, ou ainda falecimento do empregador estiver em estágio terminal, em razão de doença grave, nos termos
individual sempre que qualquer dessas ocorrências implique resci- do regulamento; (Incluído pela Medida Provisória nº 2.164-41, de
são de contrato de trabalho, comprovada por declaração escrita da 2001)
empresa, suprida, quando for o caso, por decisão judicial transitada XV - quando o trabalhador tiver idade igual ou superior a se-
em julgado; (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.164-41, de tenta anos. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.164-41, de 2001)
2001) XVI - necessidade pessoal, cuja urgência e gravidade decorra de
III - aposentadoria concedida pela Previdência Social; desastre natural, conforme disposto em regulamento, observadas
IV - falecimento do trabalhador, sendo o saldo pago a seus de- as seguintes condições: (Incluído pela Lei nº 10.878, de 2004) Regu-
pendentes, para esse fim habilitados perante a Previdência Social, lamento Regulamento
segundo o critério adotado para a concessão de pensões por mor- a) o trabalhador deverá ser residente em áreas comprovada-
te. Na falta de dependentes, farão jus ao recebimento do saldo da mente atingidas de Município ou do Distrito Federal em situação
conta vinculada os seus sucessores previstos na lei civil, indicados de emergência ou em estado de calamidade pública, formalmente
em alvará judicial, expedido a requerimento do interessado, inde- reconhecidos pelo Governo Federal; (Incluído pela Lei nº 10.878,
pendente de inventário ou arrolamento; de 2004)
V - pagamento de parte das prestações decorrentes de finan- b) a solicitação de movimentação da conta vinculada será ad-
ciamento habitacional concedido no âmbito do Sistema Financeiro mitida até 90 (noventa) dias após a publicação do ato de reconheci-
da Habitação (SFH), desde que: mento, pelo Governo Federal, da situação de emergência ou de es-
a) o mutuário conte com o mínimo de 3 (três) anos de trabalho tado de calamidade pública; e (Incluído pela Lei nº 10.878, de 2004)
sob o regime do FGTS, na mesma empresa ou em empresas dife- c) o valor máximo do saque da conta vinculada será definido na
rentes; forma do regulamento. (Incluído pela Lei nº 10.878, de 2004)
b) o valor bloqueado seja utilizado, no mínimo, durante o prazo XVII - integralização de cotas do FI-FGTS, respeitado o disposto
de 12 (doze) meses; na alínea i do inciso XIII do art. 5º desta Lei, permitida a utilização
c) o valor do abatimento atinja, no máximo, 80 (oitenta) por máxima de 30% (trinta por cento) do saldo existente e disponível
cento do montante da prestação; na data em que exercer a opção. (Redação dada pela Lei nº 12.087,
VI - liquidação ou amortização extraordinária do saldo devedor de 2009)
de financiamento imobiliário, observadas as condições estabeleci- XVIII - quando o trabalhador com deficiência, por prescrição,
das pelo Conselho Curador, dentre elas a de que o financiamento necessite adquirir órtese ou prótese para promoção de acessibi-
seja concedido no âmbito do SFH e haja interstício mínimo de 2 lidade e de inclusão social. (Incluído pela Lei nº 13.146, de 2015)
(dois) anos para cada movimentação; (Vigência)
VII – pagamento total ou parcial do preço de aquisição de mo- XIX - pagamento total ou parcial do preço de aquisição de imó-
radia própria, ou lote urbanizado de interesse social não construí- veis da União inscritos em regime de ocupação ou aforamento, a
do, observadas as seguintes condições: (Redação dada pela Lei nº que se referem o art. 4º da Lei no 13.240, de 30 de dezembro de
11.977, de 2009) 2015, e o art. 16-A da Lei no 9.636, de 15 de maio de 1998, respec-
a) o mutuário deverá contar com o mínimo de 3 (três) anos de tivamente, observadas as seguintes condições: (Incluído pela Lei nº
trabalho sob o regime do FGTS, na mesma empresa ou empresas 13.465, de 2017)
diferentes; a) o mutuário deverá contar com o mínimo de três anos de tra-
b) seja a operação financiável nas condições vigentes para o balho sob o regime do FGTS, na mesma empresa ou em empresas
SFH; diferentes; (Incluído pela Lei nº 13.465, de 2017)
VIII - quando o trabalhador permanecer três anos ininterruptos b) seja a operação financiável nas condições vigentes para o
fora do regime do FGTS; (Redação dada pela Lei nº 13.932, de 2019) Sistema Financeiro da Habitação (SFH) ou ainda por intermédio
IX - extinção normal do contrato a termo, inclusive o dos tra- de parcelamento efetuado pela Secretaria do Patrimônio da União
balhadores temporários regidos pela Lei nº 6.019, de 3 de janeiro (SPU), mediante a contratação da Caixa Econômica Federal como
de 1974; agente financeiro dos contratos de parcelamento; (Incluído pela Lei
X - suspensão total do trabalho avulso por período igual ou su- nº 13.465, de 2017)
perior a 90 (noventa) dias, comprovada por declaração do sindicato c) sejam observadas as demais regras e condições estabeleci-
representativo da categoria profissional. das para uso do FGTS. (Incluído pela Lei nº 13.465, de 2017)
XI - quando o trabalhador ou qualquer de seus dependentes XX - anualmente, no mês de aniversário do trabalhador, por
for acometido de neoplasia maligna. (Incluído pela Lei nº 8.922, de meio da aplicação dos valores constantes do Anexo desta Lei, obser-
1994) vado o disposto no art. 20-D desta Lei; (Incluído pela Lei nº 13.932,
XII - aplicação em quotas de Fundos Mútuos de Privatização, de 2019)
regidos pela Lei n° 6.385, de 7 de dezembro de 1976, permitida a
utilização máxima de 50 % (cinqüenta por cento) do saldo existente
485
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
XXI - a qualquer tempo, quando seu saldo for inferior a R$ 80,00 §13. A garantia a que alude o §4º do art. 13 desta Lei não com-
(oitenta reais) e não houver ocorrido depósitos ou saques por, no preende as aplicações a que se referem os incisos XII e XVII do caput
mínimo, 1 (um) ano, exceto na hipótese prevista no inciso I do §5º deste artigo. (Redação dada pela Lei nº 11.491, de 2007)
do art. 13 desta Lei; (Incluído pela Lei nº 13.932, de 2019) (Vigência) §14. Ficam isentos do imposto de renda: (Redação dada pela
XXII - quando o trabalhador ou qualquer de seus dependentes Lei nº 11.491, de 2007)
for, nos termos do regulamento, pessoa com doença rara, conside- I - a parcela dos ganhos nos Fundos Mútuos de Privatização até
radas doenças raras aquelas assim reconhecidas pelo Ministério da o limite da remuneração das contas vinculadas de que trata o art.
Saúde, que apresentará, em seu sítio na internet, a relação atualiza- 13 desta Lei, no mesmo período; e (Incluído pela Lei nº 11.491, de
da dessas doenças. (Incluído pela Lei nº 13.932, de 2019) (Vigência) 2007)
§1º A regulamentação das situações previstas nos incisos I e II II - os ganhos do FI-FGTS e do Fundo de Investimento em Cotas
assegurar que a retirada a que faz jus o trabalhador corresponda - FIC, de que trata o §19 deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.491,
aos depósitos efetuados na conta vinculada durante o período de de 2007)
vigência do último contrato de trabalho, acrescida de juros e atuali- §15. A transferência de recursos da conta do titular no Fundo
zação monetária, deduzidos os saques. de Garantia do Tempo de Serviço em razão da aquisição de ações,
§2º O Conselho Curador disciplinará o disposto no inciso V, nos termos do inciso XII do caput deste artigo, ou de cotas do FI-F-
visando beneficiar os trabalhadores de baixa renda e preservar o GTS não afetará a base de cálculo da multa rescisória de que tratam
equilíbrio financeiro do FGTS. os §§1º e 2º do art. 18 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.491,
§3º O direito de adquirir moradia com recursos do FGTS, pelo de 2007)
trabalhador, só poderá ser exercido para um único imóvel. §16. Os clubes de investimento a que se refere o §12 poderão
§4º O imóvel objeto de utilização do FGTS somente poderá ser resgatar, durante os seis primeiros meses da sua constituição, par-
objeto de outra transação com recursos do fundo, na forma que cela equivalente a 5% (cinco por cento) das cotas adquiridas, para
vier a ser regulamentada pelo Conselho Curador. atendimento de seus desembolsos, autorizada a livre aplicação do
§5º O pagamento da retirada após o período previsto em regu- produto dessa venda, nos termos da Lei no 6.385, de 7 de dezem-
lamento, implicará atualização monetária dos valores devidos. bro de 1976. (Incluído pela Lei nº 9.635, de 1998)
§6º Os recursos aplicados em cotas de fundos Mútuos de Pri- §17. Fica vedada a movimentação da conta vinculada do FGTS
vatização, referidos no inciso XII, serão destinados, nas condições nas modalidades previstas nos incisos V, VI e VII deste artigo, nas
aprovadas pelo CND, a aquisições de valores mobiliários, no âm- operações firmadas, a partir de 25 de junho de 1998, no caso em
bito do Programa Nacional de Desestatização, de que trata a Lei que o adquirente já seja proprietário ou promitente comprador de
no 9.491, de 1997, e de programas estaduais de desestatização, imóvel localizado no Município onde resida, bem como no caso em
desde que, em ambos os casos, tais destinações sejam aprovadas que o adquirente já detenha, em qualquer parte do País, pelo me-
pelo CND. (Redação dada pela Lei nº 9.635, de 1998) nos um financiamento nas condições do SFH. (Incluído pela Medida
§7º Ressalvadas as alienações decorrentes das hipóteses de Provisória nº 2.197-43, de 2001)
que trata o §8º, os valores mobiliários a que se refere o parágrafo §18. É indispensável o comparecimento pessoal do titular da
anterior só poderão ser integralmente vendidos, pelos respectivos conta vinculada para o pagamento da retirada nas hipóteses pre-
Fundos, seis meses após a sua aquisição, podendo ser alienada em vistas nos incisos I, II, III, VIII, IX e X deste artigo, salvo em caso de
prazo inferior parcela equivalente a 10% (dez por cento) do valor grave moléstia comprovada por perícia médica, quando será paga a
adquirido, autorizada a livre aplicação do produto dessa alienação, procurador especialmente constituído para esse fim. (Incluído pela
nos termos da Lei no 6.385, de 7 de dezembro de 1976. (Redação Medida Provisória nº 2.197-43, de 2001)
dada pela Lei nº 9.635, de 1998) §19. A integralização das cotas previstas no inciso XVII do caput
§8º As aplicações em Fundos Mútuos de Privatização e no FI-F- deste artigo será realizada por meio de Fundo de Investimento em
GTS são nominativas, impenhoráveis e, salvo as hipóteses previstas Cotas - FIC, constituído pela Caixa Econômica Federal especifica-
nos incisos I a XI e XIII a XVI do caput deste artigo, indisponíveis por mente para essa finalidade. (Incluído pela Lei nº 11.491, de 2007)
seus titulares. (Redação dada pela Lei nº 11.491, de 2007) §20. A Comissão de Valores Mobiliários estabelecerá os requi-
§9° Decorrido o prazo mínimo de doze meses, contados da efe- sitos para a integralização das cotas referidas no §19 deste artigo,
tiva transferência das quotas para os Fundos Mútuos de Privatiza- devendo condicioná-la pelo menos ao atendimento das seguintes
ção, os titulares poderão optar pelo retorno para sua conta vincu- exigências: (Incluído pela Lei nº 11.491, de 2007)
lada no Fundo de Garantia do Tempo de Serviço. (Incluído pela Lei I - elaboração e entrega de prospecto ao trabalhador; e (Incluí-
nº 9.491, de 1997) do pela Lei nº 11.491, de 2007)
§10. A cada período de seis meses, os titulares das aplicações II - declaração por escrito, individual e específica, pelo traba-
em Fundos Mútuos de Privatização poderão transferi-las para outro lhador de sua ciência quanto aos riscos do investimento que está
fundo de mesma natureza. (Incluído pela Lei nº 9.491, de 1997) realizando. (Incluído pela Lei nº 11.491, de 2007)
§11. O montante das aplicações de que trata o §6° deste artigo §21. As movimentações autorizadas nos incisos V e VI do caput
ficará limitado ao valor dos créditos contra o Tesouro Nacional de serão estendidas aos contratos de participação de grupo de con-
que seja titular o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço. (Incluído sórcio para aquisição de imóvel residencial, cujo bem já tenha sido
pela Lei nº 9.491, de 1997) adquirido pelo consorciado, na forma a ser regulamentada pelo
§12. Desde que preservada a participação individual dos quo- Conselho Curador do FGTS. (Incluído pela Lei nº 12.058, de 2009)
tistas, será permitida a constituição de clubes de investimento, vi- §22. Na movimentação das contas vinculadas a contrato de
sando a aplicação em quotas de Fundos Mútuos de Privatização. trabalho extinto até 31 de dezembro de 2015, ficam isentas as exi-
(Incluído pela Lei nº 9.491, de 1997) gências de que trata o inciso VIII do caput deste artigo, podendo o
486
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
saque, nesta hipótese, ser efetuado segundo cronograma de aten- Art. 20-C. A primeira opção pela sistemática de saque-aniver-
dimento estabelecido pelo agente operador do FGTS. (Incluído pela sário poderá ser feita a qualquer tempo e terá efeitos imediatos.
Lei nº 13.446, de 2017) (Incluído pela Lei nº 13.932, de 2019)
§23. As movimentações das contas vinculadas nas situações §1º Caso o titular solicite novas alterações de sistemática será
previstas nos incisos V, VI e VII do caput deste artigo poderão ser observado o seguinte: (Incluído pela Lei nº 13.932, de 2019)
realizadas fora do âmbito do SFH, observados os mesmos limites I - a alteração será efetivada no primeiro dia do vigésimo quinto
financeiros das operações realizadas no âmbito desse sistema, no mês subsequente ao da solicitação, desde que não haja cessão ou
que se refere ao valor máximo de movimentação da conta vincula- alienação de direitos futuros aos saques anuais de que trata o §3º
da, e os limites, critérios e condições estabelecidos pelo Conselho do art. 20-D desta Lei; (Incluído pela Lei nº 13.932, de 2019)
Curador. (Incluído pela Lei nº 13.932, de 2019) II - a solicitação poderá ser cancelada pelo titular antes da sua
§24. O trabalhador poderá sacar os valores decorrentes da si- efetivação; e (Incluído pela Lei nº 13.932, de 2019)
tuação de movimentação de que trata o inciso XX do caput des- III - na hipótese de cancelamento, a nova solicitação estará su-
te artigo até o último dia útil do segundo mês subsequente ao da jeita ao disposto no inciso I do caput deste artigo. (Incluído pela Lei
aquisição do direito de saque. (Incluído pela Lei nº 13.932, de 2019) nº 13.932, de 2019)
§25. O agente operador deverá oferecer, nos termos do regu- §2º Para fins do disposto no §2º do art. 20-A desta Lei, as situa-
lamento do Conselho Curador, em plataformas de interação com o ções de movimentação obedecerão à sistemática a que o titular es-
titular da conta, inclusive por meio de dispositivos móveis, opções tiver sujeito no momento dos eventos que as ensejarem. (Incluído
para consulta e transferência, a critério do trabalhador, para conta pela Lei nº 13.932, de 2019)
de depósitos de sua titularidade em qualquer instituição financeira Art. 20-D. Na situação de movimentação de que trata o inciso
do Sistema Financeiro Nacional, dos recursos disponíveis para mo- XX do caput do art. 20 desta Lei, o valor do saque será determinado:
vimentação em decorrência das situações previstas neste artigo, (Incluído pela Lei nº 13.932, de 2019)
cabendo ao agente operador estabelecer os procedimentos opera- I - pela aplicação da alíquota correspondente, estabelecida no
cionais a serem observados. (Incluído pela Lei nº 13.932, de 2019) Anexo desta Lei, à soma de todos os saldos das contas vinculadas do
§26. As transferências de que trata o §25 deste artigo não acar- titular, apurados na data do débito; e (Incluído pela Lei nº 13.932,
retarão a cobrança de tarifas pelo agente operador ou pelas demais de 2019)
instituições financeiras. (Incluído pela Lei nº 13.932, de 2019) II - pelo acréscimo da parcela adicional correspondente, esta-
§27. A critério do titular da conta vinculada do FGTS, em ato belecida no Anexo desta Lei, ao valor apurado de acordo com o dis-
formalizado no momento da contratação do financiamento habita- posto no inciso I do caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 13.932,
cional, os direitos aos saques de que trata o caput deste artigo po- de 2019)
derão ser objeto de alienação ou cessão fiduciária para liquidação, §1º Na hipótese de o titular possuir mais de uma conta vincu-
amortização ou pagamento de parte das prestações decorrentes de lada, o saque de que trata este artigo será feito na seguinte ordem:
financiamento habitacional concedido no âmbito do SFH, dispensa- (Incluído pela Lei nº 13.932, de 2019)
dos os prazos mencionados na alínea “b” do inciso V e o interstício I - contas vinculadas relativas a contratos de trabalho extintos,
mínimo de 2 (dois) anos do inciso VI, ambos deste artigo, observa- com início pela conta que tiver o menor saldo; e (Incluído pela Lei
das as condições estabelecidas pelo Conselho Curador, mediante nº 13.932, de 2019)
caucionamento dos depósitos a serem realizados na conta vincula- II - demais contas vinculadas, com início pela conta que tiver o
da do trabalhador, exceto os previstos nos §1º e §2º do art. 18 desta menor saldo. (Incluído pela Lei nº 13.932, de 2019)
Lei. (Redação dada pela Lei nº 14.620, de 2023) §2º O Poder Executivo federal, respeitada a alíquota mínima de
§28 A vedação prevista no §2º do art. 2º desta Lei não se aplica 5% (cinco por cento), poderá alterar, até o dia 30 de junho de cada
ao que dispõe o §27. (Incluído pela Lei nº 14.620, de 2023) ano, os valores das faixas, das alíquotas e das parcelas adicionais
Art. 20-A. O titular de contas vinculadas do FGTS estará sujeito constantes do Anexo desta Lei para vigência no primeiro dia do ano
a somente uma das seguintes sistemáticas de saque: (Incluído pela subsequente. (Incluído pela Lei nº 13.932, de 2019)
Lei nº 13.932, de 2019) §3º A critério do titular da conta vinculada do FGTS, os direitos
I - saque-rescisão; ou (Incluído pela Lei nº 13.932, de 2019) aos saques anuais de que trata o caput deste artigo poderão ser
II - saque-aniversário. (Incluído pela Lei nº 13.932, de 2019) objeto de alienação ou cessão fiduciária, nos termos do art. 66-B
§1º Todas as contas do mesmo titular estarão sujeitas à mesma da Lei nº 4.728, de 14 de julho de 1965, em favor de qualquer ins-
sistemática de saque. (Incluído pela Lei nº 13.932, de 2019) tituição financeira do Sistema Financeiro Nacional, sujeitas as taxas
§2º São aplicáveis às sistemáticas de saque de que trata o caput de juros praticadas nessas operações aos limites estipulados pelo
deste artigo as seguintes situações de movimentação de conta: (In- Conselho Curador, os quais serão inferiores aos limites de taxas de
cluído pela Lei nº 13.932, de 2019) juros estipulados para os empréstimos consignados dos servidores
I - para a sistemática de saque-rescisão, as previstas no art. 20 públicos federais do Poder Executivo. (Incluído pela Lei nº 13.932,
desta Lei, à exceção da estabelecida no inciso XX do caput do referi- de 2019)
do artigo; e (Incluído pela Lei nº 13.932, de 2019) §3º-A. (Revogado pela Lei nº 14.620, de 2023)
II - para a sistemática de saque-aniversário, as previstas no art. §4º O Conselho Curador poderá regulamentar o disposto no
20 desta Lei, à exceção das estabelecidas nos incisos I, I-A, II, IX e X §3º deste artigo, com vistas ao cumprimento das obrigações fi-
do caput do referido artigo. (Incluído pela Lei nº 13.932, de 2019) nanceiras de seu titular, inclusive quanto ao: (Incluído pela Lei nº
Art. 20-B. O titular de contas vinculadas do FGTS estará sujeito 13.932, de 2019)
originalmente à sistemática de saque-rescisão e poderá optar por I - bloqueio de percentual do saldo total existente nas contas
alterá-la, observado o disposto no art. 20-C desta Lei. (Incluído pela vinculadas; (Incluído pela Lei nº 13.932, de 2019)
Lei nº 13.932, de 2019)
487
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
II - impedimento da efetivação da opção pela sistemática de I - não depositar mensalmente o percentual referente ao FGTS,
saque-rescisão prevista no inciso I do §1º do art. 20-C desta Lei; e bem como os valores previstos no art. 18 desta Lei, nos prazos de
(Incluído pela Lei nº 13.932, de 2019) que trata o §6º do art. 477 da Consolidação das Leis do Trabalho -
III - saque em favor do credor. (Incluído pela Lei nº 13.932, de CLT; (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.197-43, de 2001)
2019) II - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 14.438, de 2022) Pro-
§5º As situações de movimentação de que trata o §2º do art. dução de efeitos
20-A desta Lei serão efetuadas com observância ao limite decor- III - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 14.438, de 2022)
rente do bloqueio referido no §4º deste artigo. (Incluído pela Lei nº Produção de efeitos
13.932, de 2019) IV - deixar de computar, para efeito de cálculo dos depósitos do
§6º A vedação prevista no §2º do art. 2º desta Lei não se aplica FGTS, parcela componente da remuneração;
às disposições dos §§3º, 4º e 5º deste artigo. (Incluído pela Lei nº V - deixar de efetuar os depósitos e os acréscimos legais do
13.932, de 2019) FGTS constituído em notificação de débito, no prazo concedido pelo
§7º Na hipótese de despedida sem justa causa, o trabalhador ato de notificação da decisão definitiva exarada no processo admi-
que optar pela sistemática saque-aniversário também fará jus à mo- nistrativo; (Redação dada pela Lei nº 14.438, de 2022) Produção de
vimentação da multa rescisória de que tratam os §§1º e 2º do art. efeitos
18 desta Lei. (Incluído pela Lei nº 13.932, de 2019) VI - deixar de apresentar, ou apresentar com erros ou omissões,
Art. 21. Os saldos das contas não individualizadas e das con- as informações de que trata o art. 17-A desta Lei e as demais infor-
tas vinculadas que se conservem ininterruptamente sem créditos mações legalmente exigíveis; e (Redação dada pela Lei nº 14.438,
de depósitos por mais de cinco anos, a partir de 1º de junho de de 2022) Produção de efeitos
1990, em razão de o seu titular ter estado fora do regime do FGTS, VII - deixar de apresentar ou de promover a retificação das in-
serão incorporados ao patrimônio do fundo, resguardado o direito formações de que trata o art. 17-A desta Lei no prazo concedido na
do beneficiário reclamar, a qualquer tempo, a reposição do valor notificação da decisão definitiva exarada no processo administrati-
transferido. (Redação dada pela Lei nº 8.678, de 1993) vo que reconheceu a procedência da notificação de débito decor-
Parágrafo único. O valor, quando reclamado, será pago ao tra- rente de omissão, de erro, de fraude ou de sonegação constatados.
balhador acrescido da remuneração prevista no §2º do art. 13 desta (Redação dada pela Lei nº 14.438, de 2022) Produção de efeitos
lei. (Incluído pela Lei nº 8.678, de 1993) §1º-A. A formalização de parcelamento da integralidade do dé-
Art. 22. O empregador que não realizar os depósitos nos ter- bito suspende a ação punitiva da infração prevista: (Incluído pela Lei
mos dos arts. 15 e 18 desta Lei responderá pela incidência da Taxa nº 14.438, de 2022) Produção de efeitos
Referencial (TR) sobre a importância correspondente. (Redação I - no inciso I do §1º deste artigo, quando realizada anterior-
dada pela Lei nº 14.438, de 2022) mente ao início de qualquer processo administrativo ou medida de
§1º Sobre o valor dos depósitos, acrescido da TR, incidirão, ain- fiscalização; e (Incluído pela Lei nº 14.438, de 2022) Produção de
da, juros de mora de 0,5% a.m. (cinco décimos por cento ao mês) efeitos
ou fração e multa, sujeitando-se, também, às obrigações e sanções II - no inciso V do §1º deste artigo, quando realizada no prazo
previstas no Decreto-Lei no 368, de 19 de dezembro de 1968. (Re- nele referido. (Incluído pela Lei nº 14.438, de 2022) Produção de
dação dada pela Lei nº 9.964, de 2000) efeitos
§2º A incidência da TR de que trata o caput deste artigo será §1º-B. A suspensão da ação punitiva prevista no §1º-A deste ar-
cobrada por dia de atraso, tomando-se por base o índice de atua- tigo será mantida durante a vigência do parcelamento, e a quitação
lização das contas vinculadas do FGTS. (Redação dada pela Lei nº integral dos valores parcelados extinguirá a infração. (Incluído pela
9.964, de 2000) Lei nº 14.438, de 2022)Produção de efeitos
§2º-A. A multa referida no §1º deste artigo será cobrada nas §2º Pela infração ao disposto no §1º deste artigo, o infrator es-
condições que se seguem: (Incluído pela Lei nº 9.964, de 2000) tará sujeito às seguintes multas: (Redação dada pela Lei nº 14.438,
I – 5% (cinco por cento) no mês de vencimento da obrigação; de 2022) Produção de efeitos
(Incluído pela Lei nº 9.964, de 2000) a) (revogada); (Redação dada pela Lei nº 14.438, de 2022) Pro-
II – 10% (dez por cento) a partir do mês seguinte ao do venci- dução de efeitos
mento da obrigação. (Incluído pela Lei nº 9.964, de 2000) b) 30% (trinta por cento) sobre o débito atualizado apurado
§3º Para efeito de levantamento de débito para com o FGTS, o pela inspeção do trabalho, confessado pelo empregador ou lançado
percentual de 8% (oito por cento) incidirá sobre o valor acrescido de ofício, nas hipóteses previstas nos incisos I, IV e V do §1º deste
da TR até a data da respectiva operação. (Redação dada pela Lei nº artigo; e (Redação dada pela Lei nº 14.438, de 2022) Produção de
9.964, de 2000) efeitos
Art. 23. Compete ao Ministério do Trabalho e Previdência a eee9c) de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 300,00 (trezentos reais)
verificação do cumprimento do disposto nesta Lei, especialmente por trabalhador prejudicado, nas hipóteses previstas nos incisos
quanto à apuração dos débitos e das infrações praticadas pelos em- VI e VII do §1º deste artigo. (Redação dada pela Lei nº 14.438, de
pregadores ou tomadores de serviço, que serão notificados para 2022) Produção de efeitos
efetuar e comprovar os depósitos correspondentes e cumprir as §3º Nos casos de fraude, simulação, artifício, ardil, resistência,
demais determinações legais. (Redação dada pela Lei nº 14.438, de embaraço ou desacato à fiscalização, assim como na reincidência, a
2022) Produção de efeitos multa especificada no parágrafo anterior será duplicada, sem preju-
§1º Constituem infrações para efeito desta lei: ízo das demais cominações legais.
488
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
§3º-A. Estabelecidas a multa-base e a majoração na forma pre- Art. 26-A. Para fins de apuração e lançamento, considera-se
vista nos §§2º e 3º deste artigo, o valor final será reduzido pela me- não quitado o valor relativo ao FGTS pago diretamente ao trabalha-
tade quando o infrator for empregador doméstico, microempresa dor, vedada a sua conversão em indenização compensatória. (Inclu-
ou empresa de pequeno porte. (Redação dada pela Lei nº 14.438, ído dada pela Lei nº 13.932, de 2019)
de 2022) Produção de efeitos §1º Os débitos reconhecidos e declarados por meio de sistema
§4º Os valores das multas, quando não recolhidas no prazo de escrituração digital serão recolhidos integralmente, acrescidos
legal, serão atualizados monetariamente até a data de seu efetivo dos encargos devidos. (Incluído dada pela Lei nº 13.932, de 2019)
pagamento, através de sua conversão pelo BTN Fiscal. §2º Para a geração das guias de depósito, os valores devidos a
§5º O processo de fiscalização, de autuação e de imposição de título de FGTS e o período laboral a que se referem serão expres-
multas reger-se-á pelo disposto no Título VII da CLT. (Redação dada samente identificados. (Incluído dada pela Lei nº 13.932, de 2019)
pela Lei nº 13.932, de 2019) Art. 27. A apresentação do Certificado de Regularidade do
§6º Quando julgado procedente o recurso interposto na forma FGTS, fornecido na forma do regulamento, é obrigatória nas seguin-
do Título VII da CLT, os depósitos efetuados para garantia de ins- tes situações: (Redação dada pela Lei nº 13.932, de 2019)
tância serão restituídos com os valores atualizados na forma de lei. a) habilitação e licitação promovida por órgão da Administra-
§7º A rede arrecadadora e a Caixa Econômica Federal deverão ção Federal, Estadual e Municipal, direta, indireta ou fundacional ou
prestar ao Ministério do Trabalho e da Previdência Social as infor- por entidade controlada direta ou indiretamente pela União, Estado
mações necessárias à fiscalização. e Município;
Art. 23-A. A notificação do empregador relativa aos débitos b) obtenção, por parte da União, dos Estados ou dos Municí-
com o FGTS, o início de procedimento administrativo ou a medida pios, ou por órgãos da Administração federal, estadual ou municipal,
de fiscalização interrompem o prazo prescricional. (Incluído dada direta, indireta ou fundacional, ou indiretamente pela União, pelos
pela Lei nº 13.932, de 2019) Estados ou pelos Municípios, de empréstimos ou financiamentos re-
§1º O contencioso administrativo é causa de suspensão do pra- alizados com lastro em recursos públicos ou oriundos do FGTS pe-
zo prescricional. (Incluído dada pela Lei nº 13.932, de 2019) rante quaisquer instituições de crédito; (Redação dada pela Lei nº
§2º A data de publicação da liquidação do crédito será consi- 13.805, de 2019) (Vide Medida Provisória nº 958, de 2020) (Vide Lei
derada como a data de sua constituição definitiva, a partir da qual nº 13.999, de 2020) (Vide Medida Provisória nº 975, de 2020). (Vide
será retomada a contagem do prazo prescricional. (Incluído dada Medida Provisória nº 1.028, de 2021). (Vide Lei nº 14.179, de 2021)
pela Lei nº 13.932, de 2019) c) obtenção de favores creditícios, isenções, subsídios, auxílios,
§3º Todos os documentos relativos às obrigações perante o outorga ou concessão de serviços ou quaisquer outros benefícios
FGTS, referentes a todo o contrato de trabalho de cada trabalhador, concedidos por órgão da Administração Federal, Estadual e Muni-
devem ser mantidos à disposição da fiscalização por até 5 (cinco) cipal, salvo quando destinados a saldar débitos para com o FGTS;
anos após o fim de cada contrato. (Incluído dada pela Lei nº 13.932, (Vide Medida Provisória nº 958, de 2020) (Vide Lei nº 13.999, de
de 2019) 2020) (Vide Medida Provisória nº 975, de 2020). (Vide Medida Pro-
Art. 24. Por descumprimento ou inobservância de quaisquer visória nº 1.028, de 2021). (Vide Lei nº 14.179, de 2021) (Vide Me-
das obrigações que lhe compete como agente arrecadador, paga- dida Provisória nº 1.176, de 2023)
dor e mantenedor do cadastro de contas vinculadas, na forma que d) transferência de domicílio para o exterior;
vier a ser regulamentada pelo Conselho Curador, fica o banco de- e) registro ou arquivamento, nos órgãos competentes, de al-
positário sujeito ao pagamento de multa equivalente a 10 (dez) por teração ou distrato de contrato social, de estatuto, ou de qualquer
cento do montante da conta do empregado, independentemente documento que implique modificação na estrutura jurídica do em-
das demais cominações legais. pregador ou na sua extinção.
Art. 25. Poderá o próprio trabalhador, seus dependentes e su- Art. 28. São isentos de tributos federais os atos e operações
cessores, ou ainda o Sindicato a que estiver vinculado, acionar di- necessários à aplicação desta lei, quando praticados pela Caixa Eco-
retamente a empresa por intermédio da Justiça do Trabalho, para nômica Federal, pelos trabalhadores e seus dependentes ou suces-
compeli-la a efetuar o depósito das importâncias devidas nos ter- sores, pelos empregadores e pelos estabelecimentos bancários.
mos desta lei. Parágrafo único. Aplica-se o disposto neste artigo às importân-
Parágrafo único. A Caixa Econômica Federal e o Ministério do cias devidas, nos termos desta lei, aos trabalhadores e seus depen-
Trabalho e da Previdência Social deverão ser notificados da propo- dentes ou sucessores.
situra da reclamação. Art. 29. Os depósitos em conta vinculada, efetuados nos ter-
Art. 26. É competente a Justiça do Trabalho para julgar os dis- mos desta lei, constituirão despesas dedutíveis do lucro operacio-
sídios entre os trabalhadores e os empregadores decorrentes da nal dos empregadores e as importâncias levantadas a seu favor im-
aplicação desta lei, mesmo quando a Caixa Econômica Federal e o plicarão receita tributável.
Ministério do Trabalho e da Previdência Social figurarem como li- Art. 29-A. Quaisquer créditos relativos à correção dos saldos
tisconsortes. das contas vinculadas do FGTS serão liquidados mediante lança-
Parágrafo único. Nas reclamatórias trabalhistas que objetivam mento pelo agente operador na respectiva conta do trabalhador.
o ressarcimento de parcelas relativas ao FGTS, ou que, direta ou in- (Incluído pela Medida Provisória nº 2.197-43, de 2001)
diretamente, impliquem essa obrigação de fazer, o juiz determinará Art. 29-B. Não será cabível medida liminar em mandado de se-
que a empresa sucumbente proceda ao recolhimento imediato das gurança, no procedimento cautelar ou em quaisquer outras ações
importâncias devidas a tal título. de natureza cautelar ou preventiva, nem a tutela antecipada previs-
ta nos arts. 273 e 461 do Código de Processo Civil que impliquem
saque ou movimentação da conta vinculada do trabalhador no
FGTS. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.197-43, de 2001)
489
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
Art. 29-C. Nas ações entre o FGTS e os titulares de contas vin- No entanto, “a atividade do titular do direito tem de ser
culadas, bem como naquelas em que figurem os respectivos repre- estimulada, sob pena de se verificar uma situação de expectativa
sentantes ou substitutos processuais, não haverá condenação em que impede o próprio desenvolvimento social, tornando-se, pois,
honorários advocatícios. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.164- de interesse público e até mesmo de ordem pública, a advertência
41, de 2001) (Vide ADI nº 2.736) que passa a ser expressa pela ameaça da perda do direito de ação,
Art. 29-D. A penhora em dinheiro, na execução fundada em pelo decurso de certo prazo”.
título judicial em que se determine crédito complementar de sal- Portanto, a pretensão, que nasceu com a violação do direito,
do de conta vinculada do FGTS, será feita mediante depósito de extingue-se, pela prescrição, nos prazos previstos por lei (art. 189, CC).
recursos do Fundo em conta vinculada em nome do exeqüente, à O objetivo da prescrição da ação é, portanto, impedir
disposição do juízo. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.164-41, a perturbação da ordem social, à medida que impede que
de 2001) indefinidamente no tempo possa ocorrer a revivescência de
Parágrafo único. O valor do depósito só poderá ser movimen- situações duvidosas que mantinham credor e devedor na incerteza
tado, após liberação judicial, nas hipóteses previstas no art. 20 ou de seu direito.
para reversão ao Fundo. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.164- A prescrição atinge diretamente a ação, e só como consequência
41, de 2001) será atingido o direito. Mas, embora a prescrição refira-se à ação,
Art. 30. Fica reduzida para 1 1/2 (um e meio) por cento a con- em regra a extinção da ação e a do direito ocorrem ao mesmo
tribuição devida pelas empresas ao Serviço Social do Comércio e ao tempo, porque um direito não será eficaz se não houver meio de
Serviço Social da Indústria e dispensadas estas entidades da subs- fazê-lo valer perante terceiros.
crição compulsória a que alude o art. 21 da Lei nº 4.380, de 21 de Dessa forma, pode-se concluir que, se de um lado, em nome do
agosto de 1964. princípio da justiça, o ordenamento jurídico assegura a reparação
Art. 31. O Poder Executivo expedirá o Regulamento desta lei no das violações de direitos, de outro lado o mesmo ordenamento
prazo de 60 (sessenta) dias a contar da data de sua promulgação. impõe a prescritibilidade da oportunidade de o titular do direito
Art. 32. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação, revo- exercer essa reparação.
gada a Lei nº 7.839, de 12 de outubro de 1989, e as demais dispo- Embora aparentemente antagônicas e conflitantes essas
sições em contrário. posturas assumidas pelo ordenamento jurídico, o fato é que são
Brasília, 11 de maio de 1990; 169º da Independência e 102º da absolutamente conciliáveis, resolvendo-se a questão pelo princípio
República. da proporcionalidade, que impõe reconhecer que “a reparação é
um direito, mas que deve ser exercido num certo prazo em nome
ANEXO do princípio da estabilidade ou segurança, de forma a possibilitar a
(Incluído pela Lei nº 13.932, de 2019) consolidação das relações sociais. Enfim, tanto a prescrição como a
reparação de direitos são formas de realização do Direito”.
LIMITE DAS FAIXAS ALÍQUOTA PARCELA ADI-
DE SALDO (EM R$) CONAL (EM R$) O Direito consagra duas espécies de prescrição:
Prescrição extintiva ou liberatória – trata-se de um modo de
de 00,01 até 500,00 50% - extinguir direitos pela perda da ação que os assegurava, devido
de 500,01 até 1.000,00 40% 50,00 à inércia do credor durante um decurso de tempo determinado
pela lei. Ou seja, significa a perda, pelo decurso de certo tempo,
de 1.000,01 até 5.000,00 30% 150,00
da faculdade de pleitear um direito, por meio da ação judicial
de 5.000,01 até 10.000,00 20% 650,00 competente. Essa é a modalidade de prescrição aplicada no âmbito
de 10.000,01 até 15.000,00 15% 1.150,00 do Direito do Trabalho.
Prescrição aquisitiva – por meio da qual, pelo decurso do
de 15.000,01 até 20.000,00 10% 1.900,00 tempo, surge o direito, adquire-se o direito (ex.: usucapião). Não se
Acima de 20.000,00 - 5% 2.900,00 fala de prescrição aquisitiva no campo do Direito do Trabalho.
Independentemente de tratar-se de uma ou de outra das
PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA situações supracitadas, o fato é que na prescrição há sempre um
patrimônio que se perde e outro que se aumenta.
490
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
Assim, podemos dizer que a prescrição é uma consequência do Por força da previsão contida no art. 8º da CLT, que permite
tempo, pura e simplesmente, aliada à inércia do titular do direito. a aplicação subsidiária do Direito Comum ao Direito do Trabalho,
Questiona-se a aplicabilidade da prescrição em relação referidos elementos são aplicáveis no âmbito da prescrição trabalhista.
aos créditos trabalhistas, sob o argumento de que, por sua
natureza alimentar, revestem-se de proteção diferenciada e são — Prazo prescricional no direito do trabalho
irrenunciáveis, razão pela qual não poderiam estar sujeitos aos Como consequência das alterações legislativas podemos
efeitos da prescrição. identificar a seguinte evolução dos prazos prescricionais trabalhistas:
No entanto, só se poderia entender desse modo se a prescrição – O prazo prescricional trabalhista era de dois anos para todos
resultasse apenas de uma regra moral ou de concepções subjetivas os direitos (art. 11, CLT).
alheias à ordem jurídica. Nesse caso, uma “dívida de honra”, sagrada – A Constituição Federal de 1988, no entanto, modificou este
para quem a ela se obrigara, ou uma “dívida social”, existente em prazo para cinco anos para o trabalhador urbano, como regra geral,
relação a uma parte mais fraca, não deveriam beneficiar-se com a sendo que no caso de rescisão do contrato de trabalho o prazo foi
prescrição. reduzido para dois anos, contados da data da extinção do vínculo
Adotando-se, porém, uma concepção de ordem jurídica e de empregatício.
sociedade, a prescrição funciona como elemento de tranquilidade
e de pacificação, do qual não se pode abrir mão em nome de uma Em relação ao trabalhador rural, o legislador constituinte
proteção que, de fato, não se justifica no contexto de ordem jurídica manteve o prazo da prescrição da ação em dois anos contados da
justa e de afastamento das incertezas em torno da existência e extinção do contrato de trabalho. Assim, para estes trabalhadores
eficácia dos direitos. não corria a prescrição durante a relação de emprego.
O instituto da prescrição se encontra no mundo dos bens Isto significa que, se o empregado tivesse 14 anos de trabalho
juridicamente resguardados, e a norma legal a impõe à sociedade, para o empregador, ao ser dispensado poderia reclamar os direitos
independentemente de especulações éticas ou de proteção de todo este período, desde que ajuizasse a ação no prazo de dois
individual diferenciada em detrimento do contexto social, que deve anos após a rescisão do contrato de trabalho.
ser pacificado. A EC n. 28/2000 alterou a redação do inciso XXIX, do art. 7º,
A prescrição é um instituto que encontra sua razão de ser nas da Constituição Federal e revogou o art. 233, da Constituição
exigências da segurança jurídica e na proteção da coletividade, à Federal, passando a prescrição trabalhista a ser de cinco anos para
medida que assegura a paz social os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a
Não se pode considerar, portanto, que da irrenunciabilidade extinção do contrato de trabalho (art. 7º, XXIX, CF).
dos direitos trabalhistas possa decorrer a imprescritibilidade. Portanto, o trabalhador urbano e o trabalhador rural têm o
Isso porque a prescrição não depende diretamente da vontade prazo de cinco anos para reclamar seus direitos, mas, em caso de
do titular do direito, mas de uma situação contínua de inércia, extinção do contrato de trabalho, o direito de ação prescreve em
encontrando sua razão de ser em um interesse público que o dois anos, podendo o trabalhador reclamar os direitos trabalhistas
ordenamento jurídico considera prevalente em relação a outro dos últimos cinco anos contados, retroativamente, da data do
interesse público, qual seja, a proteção do trabalhador, que justifica ajuizamento da ação (art. 7º, XXIX, CF, e art. 11, caput, CLT).
a irrenunciabilidade do direito por parte do titular.
— Prescrição parcial e prescrição total
— Elementos da prescrição no direito do trabalho A prescrição pode ser total, quando afeta o próprio direito,
Segundo a doutrina, são elementos integrantes da prescrição: tendo em vista que não se poderá mais pleiteá-lo em juízo, ou
1. existência de uma ação exercitável (actio nata) – tal parcial, quando afeta apenas as partes ainda não prescritas.
elemento é entendido como a exigibilidade da pretensão ou o No Direito do Trabalho, fala-se em prescrição total, por
nascimento da pretensão. exemplo, quando o titular do direito violado deixa transcorrer o
Somente é possível falar-se em prescrição quando o direito prazo de dois anos após a extinção do contrato de trabalho para o
tenha sido adquirido por seu titular (não se inserem no campo da ajuizamento da ação, sem exercitar o referido direito, ou seja, deixa
prescrição os direitos futuros, entre os quais se incluem o direito de propor a ação neste prazo.
condicional e o direito eventual, nem uma expectativa de direito) e A prescrição parcial incide em relação às prestações periódicas
quando tenha ocorrido sua violação por terceiro; decorrentes do contrato de trabalho. A cada violação de uma
2. inércia do titular da ação pelo seu não exercício – o titular prestação devida em decorrência do contrato, nasce para o titular
do direito deixa de buscar a reparação dos danos causados pela o direito de reclamar seu cumprimento, devendo tal direito ser
violação de seu direito; exercido no prazo máximo de cinco anos.
3. continuidade dessa inércia durante um certo lapso de
tempo – o titular deixa passar o prazo fixado em lei para a busca da — Decadência no direito do trabalho
reparação dos danos causados pela violação de seu direito; O efeito do tempo nas relações jurídicas institui o requisito
4. ausência de algum fato ou ato, a que a lei atribua eficácia de validade de alguns direitos, que somente podem ser exercidos
impeditiva, suspensiva ou interruptiva do curso prescricional – dentro de um certo prazo, sob pena de perecerem.
ainda que se verifiquem a exigibilidade da pretensão e a inércia do Assim, a decadência é causa extintiva de direito pelo seu não
titular, determinadas circunstâncias previstas em lei podem impedir exercício no prazo estipulado pela lei. “É a perda de um direito
o curso da prescrição. potestativo de sujeitar outrem à constituição, desconstituição,
As causas impeditivas, suspensivas ou interruptivas não afastam modificação ou extinção de uma relação jurídica, pela inércia
a inércia do titular, mas a justificam, à medida que caracterizam do titular em exercitá-lo, num determinado prazo, legal ou
situações nas quais o titular do direito não tem condições de exigi-lo. convencional”.
491
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
492
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
§4º É garantido à empregada, durante a gravidez, sem prejuízo §3º Quando não for possível que a gestante ou a lactante afas-
do salário e demais direitos: (Redação dada pela Lei nº 9.799, de tada nos termos do caput deste artigo exerça suas atividades em lo-
26.5.1999) cal salubre na empresa, a hipótese será considerada como gravidez
I - transferência de função, quando as condições de saúde o de risco e ensejará a percepção de salário-maternidade, nos termos
exigirem, assegurada a retomada da função anteriormente exerci- da Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991, durante todo o período de
da, logo após o retorno ao trabalho; (Incluído pela Lei nº 9.799, de afastamento. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
26.5.1999) Art. 395 - Em caso de aborto não criminoso, comprovado por
II - dispensa do horário de trabalho pelo tempo necessário para atestado médico oficial, a mulher terá um repouso remunerado de
a realização de, no mínimo, seis consultas médicas e demais exames 2 (duas) semanas, ficando-lhe assegurado o direito de retornar à
complementares. (Incluído pela Lei nº 9.799, de 26.5.1999) função que ocupava antes de seu afastamento.
§5º (VETADO) (incluído pela Lei nº 10.421, de 2002) Art. 396. Para amamentar seu filho, inclusive se advindo de
Art. 392-A. À empregada que adotar ou obtiver guarda judicial adoção, até que este complete 6 (seis) meses de idade, a mulher
para fins de adoção de criança ou adolescente será concedida licen- terá direito, durante a jornada de trabalho, a 2 (dois) descansos es-
ça-maternidade nos termos do art. 392 desta Lei. (Redação dada peciais de meia hora cada um. (Redação dada pela Lei nº 13.509,
pela Lei nº 13.509, de 2017) de 2017)
§1º (Revogado pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência §1º Quando o exigir a saúde do filho, o período de 6 (seis) me-
§2º (Revogado pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência ses poderá ser dilatado, a critério da autoridade competente. (Re-
§3º (Revogado pela Lei nº 12.010, de 2009) Vigência dação dada pela Lei nº 13.467, de 2017)
§4º A licença-maternidade só será concedida mediante apre- §2º Os horários dos descansos previstos no caput deste artigo
sentação do termo judicial de guarda à adotante ou guardiã. (Inclu- deverão ser definidos em acordo individual entre a mulher e o em-
ído pela Lei nº 10.421, de 2002) pregador. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)
§5º A adoção ou guarda judicial conjunta ensejará a concessão Art. 397 - O SESI, o SESC, a LBA e outras entidades públicas
de licença-maternidade a apenas um dos adotantes ou guardiães destinadas à assistência à infância manterão ou subvencionarão,
empregado ou empregada. (Incluído pela Lei nº 12.873, de 2013) de acordo com suas possibilidades financeiras, escolas maternais
Art. 392-B. Em caso de morte da genitora, é assegurado ao e jardins de infância, distribuídos nas zonas de maior densidade de
cônjuge ou companheiro empregado o gozo de licença por todo o trabalhadores, destinados especialmente aos filhos das mulheres
período da licença-maternidade ou pelo tempo restante a que teria empregadas. (Redação dada pelo Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967)
direito a mãe, exceto no caso de falecimento do filho ou de seu Art. 398 - (Revogado pelo Decreto-Lei nº 229, de 28.2.1967)
abandono. (Redação dada pela Lei nº 12.873, de 2013) (Vigência) Art. 399 - O Ministro do Trabalho, Industria e Comercio confe-
Art. 392-C. Aplica-se, no que couber, o disposto no art. 392-A e rirá diploma de benemerência aos empregadores que se distingui-
392-B ao empregado que adotar ou obtiver guarda judicial para fins rem pela organização e manutenção de creches e de instituições
de adoção. (Incluído pela Lei nº 12.873, de 2013) de proteção aos menores em idade pré-escolar, desde que tais ser-
Art. 393 - Durante o período a que se refere o art. 392, a mu- viços se recomendem por sua generosidade e pela eficiência das
lher terá direito ao salário integral e, quando variável, calculado de respectivas instalações.
acordo com a média dos 6 (seis) últimos meses de trabalho, bem Art. 400 - Os locais destinados à guarda dos filhos das operárias
como os direitos e vantagens adquiridos, sendo-lhe ainda facultado durante o período da amamentação deverão possuir, no mínimo,
reverter à função que anteriormente ocupava. (Redação dada pelo um berçário, uma saleta de amamentação, uma cozinha dietética e
Decreto-lei nº 229, de 28.2.1967) uma instalação sanitária.
Art. 394 - Mediante atestado médico, à mulher grávida é fa-
cultado romper o compromisso resultante de qualquer contrato de ATO DAS DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS TRANSITÓRIAS
trabalho, desde que este seja prejudicial à gestação.
Art. 394-A. Sem prejuízo de sua remuneração, nesta incluído o ( )
valor do adicional de insalubridade, a empregada deverá ser afasta- Art. 10. Até que seja promulgada a lei complementar a que se
da de: (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017) refere o art. 7º, I, da Constituição:
I - atividades consideradas insalubres em grau máximo, en- I - fica limitada a proteção nele referida ao aumento, para qua-
quanto durar a gestação; (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) tro vezes, da porcentagem prevista no art. 6º, “caput” e§1º, da Lei
II - atividades consideradas insalubres em grau médio ou míni- nº 5.107, de 13 de setembro de 1966 ;
mo durante a gestação; (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) (Vide II - fica vedada a dispensa arbitrária ou sem justa causa:
ADIN 5938) a) do empregado eleito para cargo de direção de comissões in-
III - atividades consideradas insalubres em qualquer grau, du- ternas de prevenção de acidentes, desde o registro de sua candida-
rante a lactação. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) (Vide ADIN tura até um ano após o final de seu mandato;
5938) b) da empregada gestante, desde a confirmação da gravidez até
§1º (VETADO) (Redação dada pela Lei nº 13.467, de 2017) cinco meses após o parto. (Vide Lei Complementar nº 146, de 2014)
§2º Cabe à empresa pagar o adicional de insalubridade à ges- §1º Até que a lei venha a disciplinar o disposto no art. 7º, XIX,
tante ou à lactante, efetivando-se a compensação, observado o da Constituição, o prazo da licença-paternidade a que se refere o
disposto no art. 248 da Constituição Federal, por ocasião do reco- inciso é de cinco dias.
lhimento das contribuições incidentes sobre a folha de salários e §2º Até ulterior disposição legal, a cobrança das contribuições
demais rendimentos pagos ou creditados, a qualquer título, à pes- para o custeio das atividades dos sindicatos rurais será feita junta-
soa física que lhe preste serviço. (Incluído pela Lei nº 13.467, de mente com a do imposto territorial rural, pelo mesmo órgão arre-
2017) cadador.
493
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
§3º Na primeira comprovação do cumprimento das obrigações educação das crianças e dos adolescentes, nos termos do parágrafo
trabalhistas pelo empregador rural, na forma do art. 233, após a único do art. 22 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da
promulgação da Constituição, será certificada perante a Justiça do Criança e do Adolescente).
Trabalho a regularidade do contrato e das atualizações das obriga-
ções trabalhistas de todo o período CAPÍTULO II
DO APOIO À PARENTALIDADE NA PRIMEIRA INFÂNCIA
LEI Nº 14.457, DE 21 DE SETEMBRO DE 2022
SEÇÃO I
Institui o Programa Emprega + Mulheres; e altera a Consolida- DO REEMBOLSO-CRECHE
ção das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º
de maio de 1943, e as Leis nºs 11.770, de 9 de setembro de 2008, Art. 2º Ficam os empregadores autorizados a adotar o benefí-
13.999, de 18 de maio de 2020, e 12.513, de 26 de outubro de 2011. cio de reembolso-creche, de que trata a alínea “s” do §9º do art. 28
da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, desde que cumpridos os
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na- seguintes requisitos:
cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: I - ser o benefício destinado ao pagamento de creche ou de pré-
-escola de livre escolha da empregada ou do empregado, bem como
CAPÍTULO I ao ressarcimento de gastos com outra modalidade de prestação de
DO PROGRAMA EMPREGA + MULHERES serviços de mesma natureza, comprovadas as despesas realizadas;
II - ser o benefício concedido à empregada ou ao empregado
Art. 1º Fica instituído o Programa Emprega + Mulheres, desti- que possua filhos com até 5 (cinco) anos e 11 (onze) meses de ida-
nado à inserção e à manutenção de mulheres no mercado de traba- de, sem prejuízo dos demais preceitos de proteção à maternidade;
lho por meio da implementação das seguintes medidas: III - ser dada ciência pelos empregadores às empregadas e aos
I - para apoio à parentalidade na primeira infância: empregados da existência do benefício e dos procedimentos neces-
a) pagamento de reembolso-creche; e sários à sua utilização; e
b) manutenção ou subvenção de instituições de educação in- IV - ser o benefício oferecido de forma não discriminatória e
fantil pelos serviços sociais autônomos; sem a sua concessão configurar premiação.
II - para apoio à parentalidade por meio da flexibilização do re- Parágrafo único. Ato do Poder Executivo federal disporá sobre
gime de trabalho: os limites de valores para a concessão do reembolso-creche e as
a) teletrabalho; modalidades de prestação de serviços aceitas, incluído o pagamen-
b) regime de tempo parcial; to de pessoa física.
c) regime especial de compensação de jornada de trabalho por Art. 3º A implementação do reembolso-creche ficará condicio-
meio de banco de horas; nada à formalização de acordo individual, de acordo coletivo ou de
d) jornada de 12 (doze) horas trabalhadas por 36 (trinta e seis) convenção coletiva de trabalho.
horas ininterruptas de descanso, quando a atividade permitir; Parágrafo único. O acordo ou a convenção a que se refere o
e) antecipação de férias individuais; e caput deste artigo estabelecerá condições, prazos e valores, sem
f) horários de entrada e de saída flexíveis; prejuízo do cumprimento dos demais preceitos de proteção à ma-
III - para qualificação de mulheres, em áreas estratégicas para ternidade.
a ascensão profissional: Art. 4º Os valores pagos a título de reembolso-creche:
a) suspensão do contrato de trabalho para fins de qualificação I - não possuem natureza salarial;
profissional; e II - não se incorporam à remuneração para quaisquer efeitos;
b) estímulo à ocupação das vagas em cursos de qualificação dos III - não constituem base de incidência de contribuição previ-
serviços nacionais de aprendizagem por mulheres e priorização de denciária ou do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS); e
mulheres hipossuficientes vítimas de violência doméstica e familiar; IV - não configuram rendimento tributável da empregada ou
IV - para apoio ao retorno ao trabalho das mulheres após o do empregado.
término da licença-maternidade: Art. 5º Os estabelecimentos em que trabalharem pelo menos
a) suspensão do contrato de trabalho de pais empregados para 30 (trinta) mulheres com mais de 16 (dezesseis) anos de idade terão
acompanhamento do desenvolvimento dos filhos; e local apropriado onde seja permitido às empregadas guardar sob
b) flexibilização do usufruto da prorrogação da licença-mater- vigilância e assistência os seus filhos no período da amamentação.
nidade, conforme prevista na Lei nº 11.770, de 9 de setembro de Parágrafo único. Os empregadores que adotarem o benefício
2008; do reembolso-creche previsto nos arts. 2º, 3º e 4º desta Lei para
V - reconhecimento de boas práticas na promoção da empre- todos os empregados e empregadas que possuam filhos com até
gabilidade das mulheres, por meio da instituição do Selo Emprega 5 (cinco) anos e 11 (onze) meses de idade ficam desobrigados da
+ Mulher; instalação de local apropriado para a guarda e a assistência de filhos
VI - prevenção e combate ao assédio sexual e a outras formas de empregadas no período da amamentação, nos termos do caput
de violência no âmbito do trabalho; e deste artigo.
VII - estímulo ao microcrédito para mulheres.
Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei, parentalidade é o
vínculo socioafetivo maternal, paternal ou qualquer outro que re-
sulte na assunção legal do papel de realizar as atividades parentais,
de forma compartilhada entre os responsáveis pelo cuidado e pela
494
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
SEÇÃO II II - da adoção; ou
DA MANUTENÇÃO OU SUBVENÇÃO DE INSTITUIÇÕES DE III - da guarda judicial.
EDUCAÇÃO INFANTIL PELOS SERVIÇOS SOCIAIS AUTÔNOMOS §2º As medidas de que trata este artigo deverão ser formaliza-
das por meio de acordo individual, de acordo coletivo ou de con-
Art. 6º Os seguintes serviços sociais autônomos poderão, ob- venção coletiva de trabalho.
servado o disposto em suas leis de regência e regulamentos, man- §3º O prazo fixado no §1º deste artigo aplica-se inclusive para o
ter instituições de educação infantil destinadas aos dependentes empregado ou a empregada que tiver filho, enteado ou pessoa sob
dos empregados e das empregadas vinculados à atividade econô- guarda judicial com deficiência.
mica a eles correspondente:
I - Serviço Social da Indústria (Sesi), de que trata o Decreto-Lei SEÇÃO III
nº 9.403, de 25 de junho de 1946; DO REGIME ESPECIAL DE COMPENSAÇÃO DE JORNADA DE
II - Serviço Social do Comércio (Sesc), de que trata o Decreto-Lei TRABALHO POR MEIO DE BANCO DE HORAS
nº 9.853, de 13 de setembro de 1946; e
III - Serviço Social do Transporte (Sest), de que trata a Lei nº Art. 9º Na hipótese de rescisão do contrato de trabalho de em-
8.706, de 14 de setembro de 1993. pregado ou empregada em regime de compensação de jornada por
meio de banco de horas, as horas acumuladas ainda não compen-
CAPÍTULO III sadas serão:
DO APOIO À PARENTALIDADE POR MEIO DA FLEXIBILIZAÇÃO I - descontadas das verbas rescisórias devidas ao emprega-
DO REGIME DE TRABALHO do ou à empregada, na hipótese de banco de horas em favor do
empregador, quando a demissão for a pedido e o empregado ou
SEÇÃO I empregada não tiver interesse ou não puder compensar a jornada
DO TELETRABALHO devida durante o prazo do aviso prévio; ou
II - pagas juntamente com as verbas rescisórias, na hipótese de
Art. 7º Na alocação de vagas para as atividades que possam ser banco de horas em favor do empregado ou da empregada.
efetuadas por meio de teletrabalho, trabalho remoto ou trabalho a
distância, nos termos do Capítulo II-A do Título II da Consolidação SEÇÃO IV
das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de DA ANTECIPAÇÃO DE FÉRIAS INDIVIDUAIS
maio de 1943, os empregadores deverão conferir prioridade:
I - às empregadas e aos empregados com filho, enteado ou Art. 10. A antecipação de férias individuais poderá ser concedi-
criança sob guarda judicial com até 6 (seis) anos de idade; e da ao empregado ou à empregada que se enquadre nos critérios es-
II - às empregadas e aos empregados com filho, enteado ou tabelecidos no §1º do art. 8º desta Lei, ainda que não tenha trans-
pessoa sob guarda judicial com deficiência, sem limite de idade. corrido o seu período aquisitivo.
Parágrafo único. As férias antecipadas não poderão ser usufru-
SEÇÃO II ídas em período inferior a 5 (cinco) dias corridos.
DA FLEXIBILIZAÇÃO DO REGIME DE TRABALHO E DAS FÉRIAS Art. 11. Para as férias concedidas na forma prevista no art. 10
desta Lei, o empregador poderá optar por efetuar o pagamento do
Art. 8º No âmbito dos poderes diretivo e gerencial dos empre- adicional de 1/3 (um terço) de férias após a sua concessão, até a
gadores, e considerada a vontade expressa dos empregados e das data em que for devida a gratificação natalina prevista no art. 1º da
empregadas, haverá priorização na concessão de uma ou mais das Lei nº 4.749, de 12 de agosto de 1965.
seguintes medidas de flexibilização da jornada de trabalho aos em- Art. 12. O pagamento da remuneração da antecipação das fé-
pregados e às empregadas que tenham filho, enteado ou pessoa rias na forma do art. 10 desta Lei poderá ser efetuado até o quinto
sob sua guarda com até 6 (seis) anos de idade ou com deficiência, dia útil do mês subsequente ao início do gozo das férias, hipótese
com vistas a promover a conciliação entre o trabalho e a parenta- em que não se aplicará o disposto no art. 145 da Consolidação das
lidade: Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio
I - regime de tempo parcial, nos termos do art. 58-A da Consoli- de 1943.
dação das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de Art. 13. Na hipótese de rescisão do contrato de trabalho, os va-
1º de maio de 1943; lores das férias ainda não usufruídas serão pagos juntamente com
II - regime especial de compensação de jornada de trabalho as verbas rescisórias devidas.
por meio de banco de horas, nos termos do art. 59 da Consolidação Parágrafo único. Na hipótese de período aquisitivo não cumpri-
das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de do, as férias antecipadas e usufruídas serão descontadas das verbas
maio de 1943; rescisórias devidas ao empregado no caso de pedido de demissão.
III - jornada de 12 (doze) horas trabalhadas por 36 (trinta e seis)
horas ininterruptas de descanso, nos termos do art. 59-A da Conso-
lidação das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452,
de 1º de maio de 1943;
IV - antecipação de férias individuais; e
V - horários de entrada e de saída flexíveis.
§1º As medidas de que tratam os incisos I e IV do caput deste
artigo somente poderão ser adotadas até o segundo ano:
I - do nascimento do filho ou enteado;
495
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
SEÇÃO V SEÇÃO II
DOS HORÁRIOS DE ENTRADA E SAÍDA FLEXÍVEIS DO ESTÍMULO À OCUPAÇÃO DAS VAGAS DE GRATUIDADE
DOS SERVIÇOS SOCIAIS AUTÔNOMOS
Art. 14. Quando a atividade permitir, os horários fixos da jorna-
da de trabalho poderão ser flexibilizados ao empregado ou à em- Art. 16. As entidades dos serviços nacionais de aprendizagem,
pregada que se enquadre nos critérios estabelecidos no caput do observadas suas leis de regência e regulamentos, mediante a cele-
art. 8º desta Lei. bração de ajustes e de parcerias com a União, poderão implemen-
Parágrafo único. A flexibilização de que trata o caput deste ar- tar medidas que estimulem a matrícula de mulheres em cursos de
tigo ocorrerá em intervalo de horário previamente estabelecido, qualificação, em todos os níveis e áreas de conhecimento.
considerados os limites inicial e final de horário de trabalho diário. §1º Se ocorrer a celebração dos termos de ajustes ou de par-
cerias a que se refere o caput deste artigo, os serviços nacionais
CAPÍTULO IV de aprendizagem desenvolverão ferramentas de monitoramento e
DAS MEDIDAS PARA QUALIFICAÇÃO DE MULHERES estratégias para a inscrição e a conclusão dos cursos por mulheres,
especialmente nas áreas de ciência, de tecnologia, de desenvolvi-
SEÇÃO I mento e de inovação.
DA SUSPENSÃO DO CONTRATO DE TRABALHO PARA QUALIFI- §2º Para fins do disposto no caput deste artigo, serão prioriza-
CAÇÃO PROFISSIONAL das as mulheres hipossuficientes vítimas de violência doméstica e
familiar com registro de ocorrência policial.
Art. 15. Mediante requisição formal da empregada interessada,
para estimular a qualificação de mulheres e o desenvolvimento de CAPÍTULO V
habilidades e de competências em áreas estratégicas ou com me- DO APOIO AO RETORNO AO TRABALHO APÓS O TÉRMINO DA
nor participação feminina, o empregador poderá suspender o con- LICENÇA-MATERNIDADE
trato de trabalho para participação em curso ou em programa de
qualificação profissional oferecido pelo empregador. SEÇÃO I
§1º Na hipótese prevista no caput deste artigo, a suspensão do DA SUSPENSÃO DO CONTRATO DE TRABALHO DE PAIS EM-
contrato de trabalho será formalizada por meio de acordo individu- PREGADOS
al, de acordo coletivo ou de convenção coletiva de trabalho, nos ter-
mos do art. 476-A da Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada Art. 17. Mediante requisição formal do empregado interes-
pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943. sado, o empregador poderá suspender o contrato de trabalho do
§2º O curso ou o programa de qualificação profissional ofere- empregado com filho cuja mãe tenha encerrado o período da licen-
cido pelo empregador priorizará áreas que promovam a ascensão ça-maternidade para:
profissional da empregada ou áreas com baixa participação femini- I - prestar cuidados e estabelecer vínculos com os filhos;
na, tais como ciência, tecnologia, desenvolvimento e inovação. II - acompanhar o desenvolvimento dos filhos; e
§3º Durante o período de suspensão do contrato de trabalho, a III - apoiar o retorno ao trabalho de sua esposa ou companhei-
empregada fará jus à bolsa de qualificação profissional de que trata ra.
o art. 2º-A da Lei nº 7.998, de 11 de janeiro de 1990. §1º A suspensão do contrato de trabalho ocorrerá nos termos
§4º Além da bolsa de qualificação profissional, durante o perí- do art. 476-A da Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada pelo
odo de suspensão do contrato de trabalho, o empregador poderá Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, para participação em
conceder à empregada ajuda compensatória mensal, sem natureza curso ou em programa de qualificação profissional oferecido pelo
salarial. empregador, formalizada por meio de acordo individual, de acordo
§5º Para fins de pagamento da bolsa de qualificação profissio- coletivo ou de convenção coletiva de trabalho.
nal, o empregador encaminhará ao Ministério do Trabalho e Previ- §2º A suspensão do contrato de trabalho será efetuada após
dência os dados referentes às empregadas que terão o contrato de o término da licença-maternidade da esposa ou companheira do
trabalho suspenso. empregado.
§6º Se ocorrer a dispensa da empregada no transcurso do §3º O curso ou o programa de qualificação profissional deverá
período de suspensão ou nos 6 (seis) meses subsequentes ao seu ser oferecido pelo empregador, terá carga horária máxima de 20
retorno ao trabalho, o empregador pagará à empregada, além das (vinte) horas semanais e será realizado exclusivamente na modali-
parcelas indenizatórias previstas na legislação, multa a ser estabele- dade não presencial, preferencialmente, de forma assíncrona.
cida em convenção ou em acordo coletivo, que será de, no mínimo, §4º A limitação prevista no §2º do art. 476-A da Consolidação
100% (cem por cento) sobre o valor da última remuneração mensal das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de
anterior à suspensão do contrato de trabalho. maio de 1943, não se aplica à suspensão do contrato de trabalho de
que trata este artigo.
§5º O empregado fará jus à bolsa de qualificação profissional
de que trata o art. 2º-A da Lei nº 7.998, de 11 de janeiro de 1990.
§6º Além da bolsa de qualificação profissional, durante o perí-
odo de suspensão do contrato de trabalho, o empregador poderá
conceder ao empregado ajuda compensatória mensal, sem natu-
reza salarial.
496
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
497
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
498
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
Parágrafo único. O prazo a que se refere o inciso III do caput O Direito Coletivo, ao contrário, agrega as normas que se
deste artigo será contado a partir da data de nascimento do filho.” referem às relações que envolvem um empregador ou um grupo
(NR) de empregadores com os grupos de trabalhadores ou com as
Art. 33. O art. 3º da Lei nº 13.999, de 18 de maio de 2020, passa organizações que os representam (relações coletivas).
a vigorar acrescido do seguinte §5º: Para que uma relação configure matéria regulada pelo Direito
“Art. 3º ....................................................................................... Coletivo do Trabalho, é condição necessária que ela vincule uma
............. pluralidade de trabalhadores. No entanto, à existência desse
................................................................................................... elemento quantitativo deve-se agregar um elemento qualitativo,
.............. qual seja, a existência de um interesse coletivo, que não é resultado
§5º Nos casos em que a empresa contratante tenha sido reco- da soma dos interesses individuais de vários trabalhadores, mas
nhecida pelo Poder Executivo federal com o Selo Emprega + Mulher, expressa um interesse qualitativamente distinto referente aos
aplicam-se os seguintes parâmetros: trabalhadores como grupo: grupo definido, mas interesse indivisível.
I - o limite do empréstimo referido no §1º do art. 2º desta Lei O estudo das relações coletivas compreende dois tipos
corresponderá a até 50% (cinquenta por cento) da receita bruta de questões: de um lado, as que envolvem as organizações de
anual calculada com base no exercício anterior ao da contratação, trabalhadores e patronais; de outro, as que se referem à ação
salvo o caso das empresas que tenham menos de 1 (um) ano de coletiva dos trabalhadores e dos empregadores.
funcionamento, hipótese em que corresponderá a até 50% (cin- No primeiro caso, abrangem-se a liberdade sindical e suas
quenta por cento) do seu capital social ou a até 50% (cinquenta manifestações, a representação dos trabalhadores na empresa, o
por cento) de 12 (doze) vezes a média da sua receita bruta mensal direito de reunião e a associação patronal. Em relação às segundas
apurada no período, desde o início de suas atividades, o que for questões, estão abrangidas a negociação coletiva, a greve, os
mais vantajoso; e procedimentos judiciais e extrajudiciais de solução dos conflitos
II - prazo de 60 (sessenta) meses para o pagamento.” (NR) coletivos de trabalho, tais como a conciliação, a mediação e a
Art. 34. O caput do art. 2º da Lei nº 12.513, de 26 de outubro de arbitragem.
2011, passa a vigorar acrescido do seguinte inciso V: A denominação “Direito Coletivo do Trabalho” não é aceita
“Art. 2º ....................................................................................... pacificamente, sendo que parte da doutrina adota a nomenclatura
.............. “Direito Sindical”, considerando o fenômeno sindical como
.................................................................................................... originador das relações e dos interesses coletivos.
...............
V - mulheres vítimas de violência doméstica e familiar com re- As normas que compõem o conteúdo do Direito Coletivo do
gistro de ocorrência policial. Trabalho ordenam-se da seguinte forma:
.................................................................................................... a) organização sindical – referem-se aos tipos de entes sindicais
.....” (NR) existentes previstos pelo ordenamento jurídico, ao critério de
Art. 35. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. agrupamento dos representados, às formas e à base geográfica de
Brasília, 21 de setembro de 2022; 201º da Independência e representação, à estrutura interna e ao funcionamento dos entes
134º da República. sindicais;
b) ação e funções dos entes sindicais, em especial a negociação
DIREITO COLETIVO DO TRABALHO; CONCEITO, OBJETO, coletiva – referem-se à atuação concreta dos entes sindicais, em
FUNÇÃO, EVOLUÇÃO HISTÓRICA, PRINCÍPIOS E FONTES especial à sua função principal e essencial, que é a negociação
NORMATIVAS; ORGANIZAÇÃO SINDICAL; CONCEITO DE coletiva;
CATEGORIA; CATEGORIA DIFERENCIADA; NEGOCIAÇÃO c) conflitos coletivos de trabalho e suas formas de solução
COLETIVA NO DIREITO DO TRABALHO; INSTRUMENTOS – referem-se ao estudo das disputas decorrentes das relações
COLETIVOS DE TRABALHO; MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM coletivas de trabalho, entre as quais a greve é a principal, e das
NO DIREITO DO TRABALHO formas de solução estabelecidas pelo ordenamento jurídico;
d) representação não sindical dos trabalhadores na empresa –
referem-se aos canais de comunicação previstos pelo ordenamento,
No âmbito do Direito do Trabalho distinguem-se as normas visando melhorar o diálogo e o relacionamento entre trabalhadores
que compõem o chamado Direito Individual do Trabalho e outras e empregadores no que tange a questões de rotina.
que integram o denominado Direito Coletivo do Trabalho26. Assim
sendo, é um conjunto de normas que rege as relações coletivas, O Direito Coletivo do Trabalho, além das funções gerais do
especialmente aquelas estabelecidas por meio das entidades Direito do Trabalho como um todo, tem funções específicas, como
sindicais e defesa dos trabalhadores. Regula a relação entre seres a geração de normas coletivas de trabalho, mediante o exercício
coletivos na seara trabalhista, ao passo que o Direito Individual do da negociação coletiva e da afirmação da autonomia privada dos
Trabalho cuida da relação individual estabelecida entre empregado grupos (autonomia coletiva) e a solução dos conflitos coletivos de
e empregador. trabalho, diretamente pelos entes coletivos (formas autônomas)
O Direito Individual é composto pelas normas que regem a ou com a intervenção de terceiros (formas heterônomas), além de
relação que se estabelece entre um trabalhador e um empregador funções sociopolítica e econômica, a primeira derivada do exercício
individualmente considerados, fundada no contrato de trabalho democrático de distribuição de poder, e a segunda caracterizada
(relações individuais). pela busca da adequação das relações de trabalho às realidades
26 https://georgenunes.files.wordpress.com/2018/11/Direito-do-Trabalho-Es- econômicas.
quematizado-Carla-Tereza-Martins-Romar-2018.pdf
499
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
— Fontes do direito coletivo do trabalho confederativa e sindical, no art. 8º, IV; a greve, fixando seu exercício
Fontes formais são os modos pelos quais se manifestam as e os seus limites nos arts. 9º e 37, VII; no art. 114, a competência
normas jurídicas, enquanto que as fontes materiais são todos os da Justiça do Trabalho para dirimir conflitos coletivos de trabalho.
fatores sociais, econômicos, históricos etc., que determinam o Além disso, no que tange aos direitos individuais dos
conteúdo concreto dessas normas. trabalhadores, estabelecem-se os limites de flexibilização pela via
No plano formal, as fontes do Direito Coletivo do Trabalho são: da negociação coletiva (art. 7º, VI, XIII e XIV).
a) os atos internacionais;
b) a Constituição Federal; — Leis
c) as leis; Contrariamente do que ocorre em outros ordenamentos
d) os pactos sociais; jurídicos, como nos EUA e nos países da Europa, em que o Direito
e) a convenção coletiva e o acordo coletivo; Coletivo se forma preponderantemente em razão do exercício da
f) as decisões normativas; autonomia coletiva, notadamente a prática da negociação coletiva,
g) a jurisprudência. no Brasil a formação do Direito Coletivo do Trabalho decorre, em
sua maior parte, da legislação.
— Atos internacionais As regras sobre organização sindical, sobre campo de aplicação,
Como fontes formais do Direito Coletivo do Trabalho conteúdo, efeitos e condições de validade da convenção coletiva
encontramos diversos atos internacionais. de trabalho, sobre conflitos coletivos e suas formas de solução,
No âmbito da OIT, várias são as Convenções que tratam de decorrem das diversas leis que tratam do tema, em especial a
matéria de Direito Coletivo, destacando-se, entre outras,111 a de Consolidação das Leis do Trabalho.
n. 87, sobre a liberdade sindical e a proteção do direito sindical
(1948); a de n. 98, sobre o direito de organização e de negociação — Convenções e acordos coletivos de trabalho
coletiva (1949); a de n. 135, sobre proteção dos representantes A autonomia dos grupos profissionais e econômicos é
dos trabalhadores (1971); e a de n. 154, sobre a promoção da exteriorizada por meio das convenções e dos acordos coletivos de
negociação coletiva (1981). trabalho, que contêm normas que determinam o conteúdo dos
Fora do âmbito da OIT, são considerados como mais contratos individuais de trabalho dos trabalhadores aos quais se
importantes a Declaração Universal dos Direitos do Homem, de aplicam (cláusulas econômicas), além das cláusulas obrigacionais,
1948; a Carta Internacional Americana de Garantias Sociais, de que vinculam as partes convenentes.
1948; a Convenção Europeia de Direitos Humanos, de 1950; a As normas coletivas dão maleabilidade ao conteúdo da lei,
Carta Social Europeia, de 1961; o Pacto Internacional sobre Direitos ampliando a gama de direitos e garantias legais assegurados aos
Econômicos, Sociais e Culturais, de 1966; e a Convenção Americana trabalhadores (condições in mellius) e, em outros casos, prevendo
sobre Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa Rica), de 1969. situações de flexibilização que, aparentemente, geram condições in
Em decorrência de todos os atos internacionais referidos, pejus (redução de salário, compensação de jornada, aumento da
aos trabalhadores são assegurados o direito de se organizarem jornada dos turnos ininterruptos de revezamento).
em sindicatos e o direito de celebrarem convenções coletivas de Nesse sentido, importante destacar que a Lei n. 13.467/2017
trabalho. (Reforma Trabalhista) ampliou enormemente as possibilidades da
Cumpre ressaltar que na esfera da OIT a greve não é objeto negociação coletiva, estabelecendo que a convenção coletiva e o
de proteção expressa, adotando-se pacificamente, porém, o acordo coletivo de trabalho têm prevalência sobre a lei quando
entendimento de que constitui um dos meios essenciais à defesa e dispuserem, entre outros (rol exemplificativo, portanto), sobre
à promoção dos interesses profissionais. as matérias indicadas no art. 611-A, CLT. Ao contrário, em âmbito
Por essa razão, a OIT recomenda reiteradamente que somente muito mais restrito, as previsões de convenções coletivas e acordos
em circunstâncias excepcionais e razoáveis seja limitado o seu coletivos de trabalho que são consideradas ilícitas são indicadas
exercício, assim consideradas as que envolvem serviços essenciais taxativamente no art. 611-B, CLT.
ou as relativas à função pública.
No campo internacional, mas fora do âmbito da OIT, existem — Decisões normativas
ao menos quatro textos que se referem expressamente à greve Através das decisões normativas (sentenças normativas) se
como atividade merecedora de proteção, entre os quais, o mais traduz o poder normativo da Justiça do Trabalho, previsto no art.
abrangente é o Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos, 114, §2º da Constituição Federal, mediante o qual, na ausência ou
Sociais e Culturais, de 1966. impossibilidade da negociação coletiva, são estabelecidas condições
Não se pode deixar de considerar, também, os textos de âmbito de trabalho aos membros de categoria profissional e de categoria
regional, como a Ata de Chapultepec, de 1945; a Carta de Bogotá, econômica em conflito e que são partes do dissídio coletivo levado
de 1948; e a Carta Social Europeia, de 1961. à apreciação do Judiciário.
— Constituição — Jurisprudência
A Constituição Federal de 1988 trata de temas específicos no No Brasil, a jurisprudência, em especial através das Orientações
campo do Direito Coletivo do Trabalho: a liberdade de associação Jurisprudenciais da Seção de Dissídios Coletivos e dos Precedentes
profissional, prevista no art. 8º; o reconhecimento das convenções do TST, tem grande relevância no que concerne à esfera de conflitos
e dos acordos coletivos de trabalho, indicado expressamente pelo coletivos, determinando o campo de aplicação do poder normativo
art. 7º, XXVI, como um dos direitos dos trabalhadores; as fontes da Justiça do Trabalho, estabelecendo os limites do exercício do
de receita das entidades sindicais, com previsão das contribuições direito de greve, fixando os limites da atuação das entidades
sindicais, entre outros aspectos.
500
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
— Arbitragem — Transação
A arbitragem, como fórmula de solução de conflitos na A transação ocorre exclusivamente entre as próprias partes,
sociedade, tem sido prestigiada em certas ordens jurídicas (EUA, sem interferência de um agente exterior; sozinhas, elas realizam
por exemplo). O mecanismo atua em áreas diversas, como Direito concessões recíprocas sobre aspectos duvidosos de seus interesses,
Comercial/Empresarial, Direito Civil e, até mesmo, Direito do pondo fim ao litígio.
Trabalho27.
No Brasil, entretanto, sua prática ainda não se mostrou — Jurisdição
frequente em qualquer campo do Direito, embora permitida e A jurisdição, por fim, ocorre mediante intervenção do Estado,
incentivada pela ordem jurídica. A mediação, a seu turno, como por intermédio do Judiciário, que, aplicando o Direito, põe solução
técnica de aproximação de partes em conflito, em busca da ao litígio, transformado em lide no corpo de um processo formal.
resolução do litígio, por meio dos métodos próprios existentes, As diferenças em face da arbitragem são, desse modo, substantivas.
sempre foi prestigiada no País, inclusive no Direito Coletivo do
Trabalho. — Tipos de Arbitragem
O presente instituto jurídico pode ser classificado segundo
— Arbitragem no Direito Coletivo do Trabalho distintos parâmetros de comparação. Citem-se alguns mais
Arbitragem é, desse modo, o tipo procedimental de solução de conhecidos: arbitragem nacional e internacional; arbitragem
conflitos mediante o qual a decisão, lançada em um laudo arbitral, obrigatória e voluntária (ou facultativa); arbitragem legal ou
efetiva-se por um terceiro árbitro, estranho à relação entre os convencional; arbitragem de direito e de equidade.
sujeitos em controvérsia e, em geral, por eles escolhido.
As circunstâncias de o árbitro ser um terceiro, em contraponto Arbitragem nacional e internacional
às partes divergentes, e de ser, além disso, regra geral, um expert, O primeiro desses parâmetros diferenciadores é o que separa o
profissional especializado no tema em controvérsia, são fatores que instituto em nacional e internacional. A arbitragem nacional ocorre
tendem a aproximar essa fórmula de solução de conflitos de outras envolvendo sujeitos de um mesmo Estado e sociedade, em torno de
figuras jurídicas; contudo, rigorosamente, não há como confundir- interesses essencialmente ali localizados, ou cuja resolução não exija
se a arbitragem com qualquer dessas figuras comparadas. a participação de entes ou poderes estrangeiros, consumando-se
por meio de árbitro cujos poderes circunscrevem-se, basicamente,
1. Distinções Relevantes às fronteiras do respectivo Estado.
A arbitragem deve ser diferenciada de figuras próximas, como Internacional é a arbitragem que envolve sujeitos de distintos
arbitramento, perícia técnica, mediação, transação e jurisdição: Estados e sociedades, em torno de interesses que escapam às
fronteiras de um delimitado país, consumando-se por meio de
— Arbitramento árbitro cujos poderes abrangem os diferentes territórios de
O arbitramento é simples modalidade de liquidação de sentença aplicação do laudo arbitral.
judicial, tipificada em lei, pela qual o juiz nomeia perito para fixação Este tipo de arbitragem ocorre, regra geral, quanto a conflitos
do respectivo quantum debeatur resultante da sentença liquidanda entre Estados, em que um terceiro Estado ou um organismo
(art. 879, CLT; arts. 509, I, e 510, CPC). internacional passa a atuar como árbitro. Ocorre também no tocante
O arbitramento, conforme visto, não se confunde com a conflitos entre grupos econômicos ou outros sujeitos de direito
a arbitragem. As formas de apuração do montante derivado que tenham presença significativa no mercado supranacional,
da sentença são três, como se sabe: simples cálculo contábil, solucionando disputas de interesses comerciais, tecnológicos, etc.
arbitramento ou liquidação por artigos (art. 879, CLT; arts. 509, I e
II, e 510, CPC). O arbitramento liquidatório faz-se quer em virtude Arbitragem obrigatória e voluntária (ou facultativa)
da natureza do objeto da liquidação, quer em decorrência de Outro parâmetro diferenciador refere-se à arbitragem
comando sentencial prévio, quer em virtude de acordo entre as obrigatória ou facultativa. A arbitragem obrigatória é a que se
partes processuais. impõe às partes, independentemente de sua vontade.
Pode resultar de imposição legal ou de prévia imposição
— Perícia técnica convencional, estipulada pelas mesmas partes. Neste último caso,
Perícia técnica é simples modalidade de prova, seja no âmbito a convenção fixadora de semelhante obrigatoriedade, constante
extrajudicial, seja no interior do processo. Quem a realiza é um de prévio contrato entre as partes, é denominada cláusula
expert, profissional qualificado para o exame da matéria objeto da compromissória (art. 4º, Lei nº 9.307/1996 — Lei de Arbitragem).
perícia. Concluída a diligência, integrará o processo, do qual será A arbitragem facultativa (ou voluntária) é decidida pelas partes
peça probatória relevante, de maneira geral. no contexto do surgimento do conflito. Neste caso, a convenção
que elege a arbitragem como fórmula de resolução daquele
— Mediação conflito surgido denomina-se compromisso arbitral (art. 9º, Lei n.
A mediação, como visto, é mera técnica de auxílio à resolução 9.307). Curiosamente, o compromisso arbitral pode ocorrer não
de conflitos, pela qual um terceiro cumpre o papel de aproximar só extrajudicialmente, mas também no interior de certo processo
as partes, com elas debatendo os pontos de divergência e de judicial (art. 9º, caput e §1º, Lei n. 9.307).
aproximação, sugerindo-lhes consenso sobre um resultado final No Brasil, contudo, não têm sido comuns exemplos de
pacificatório. arbitragem imperativa, por força de lei, uma vez que a convenção
27 DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de direito do trabalho: obra revista de arbitragem tende a ser, naturalmente, uma escolha das partes
e atualizada conforme a lei da reforma trabalhista e inovações normativas e (art. 337, X e §5º, CPC).
jurisprudenciais posteriores — 18. ed.— São Paulo: LTr, 2019.
501
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
502
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
Neste sentido, o art. 8º, V, da CRFB: Segundo a CLT, o sindicato é composto por três órgãos adminis-
Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado trativos, a saber:
o seguinte: –Diretoria, composta por 3 a 7 membros, com a função de ad-
(...) ministrar o sindicato;
V – ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado a –Conselho Fiscal, composto por 3 membros, com a função de
sindicato; fiscalizar a gestão financeira do sindicato;
–Assembleia Geral, composta por todos os associados, consti-
Distinção tuindo órgão máximo de deliberação do sindicato, com atribuições
O Direito Corporativo compreende as corporações, inclusive os várias, inclusive eleição da Diretoria e do Conselho Fiscal.
sindicatos. É o gênero que abrange todas as corporações. A diretoria será composta de um mínimo de três membros e no
Distancia-se o sindicato das ordens profissionais, como a dos máximo de sete membros, entre os quais será eleito o presidente
advogados ou a dos músicos, que têm por objetivo a fiscalização do do sindicato. Trata-se de um órgão executivo, que tem por função
exercício da profissão e são pessoas jurídicas de direito público, na administrar o sindicato. O conselho fiscal será composto de três
modalidade de autarquias. O sindicato não disciplina a classe, de- membros. Esses membros serão eleitos pela assembleia geral (art.
fende-a. No sindicato, a filiação é facultativa, no órgão de fiscaliza- 522 da CLT), tendo mandato de três anos.
ção profissional é obrigatória, para o fim do exercício da profissão. O art. 522 da CLT, combinado com o §3º do art. 543, determina,
O sindicato tem natureza privada. portanto, o número de dirigentes sindicais que terão direito à esta-
Sindicato não se assemelha a associação desportiva. O sindica- bilidade, inclusive os suplentes.
to tem por objetivo a defesa dos interesses coletivos ou individuais
dos trabalhadores ou empregadores. A associação desportiva tem - Conceito de Categoria
por finalidade a reunião de pessoas para a prática de esportes. Categoria é o conjunto de pessoas que têm interesses profis-
Difere o sindicato da associação. Esta representa os associados. sionais ou econômicos em comum, decorrentes de identidade de
O sindicato representa os associados e também a categoria. A asso- condições ligadas ao trabalho. A categoria compreende, portanto,
ciação anteriormente era o embrião do sindicato. Pode a associação a organização do grupo profissional ou econômico, segundo as de-
não representar os associados para certos fins, como um clube. terminações políticas do Estado. Assim foi concebida a categoria,
Distinguem-se, ainda, os sindicatos das cooperativas, pois estas no sistema sindical italiano, como critério de utilidade política, em
visam à prestação de serviços a seus associados, de distribuição da razão de considerações baseadas em conveniência e oportunidade,
produção, por exemplo. O sindicato tem por objetivo a defesa dos o que posteriormente foi adotado no Brasil. O sindicato não é a ca-
interesses coletivos e individuais da categoria, judicialmente ou ex- tegoria. Ele representa a categoria.
trajudicialmente. Nossa legislação, quando trata de categoria, usa as expressões
categoria econômica e categoria profissional. A categoria econômi-
Natureza Jurídica ca é a que ocorre quando há solidariedade de interesses econômi-
Há legislações em que o sindicato adquire personalidade jurí- cos dos que empreendem atividades idênticas, similares ou cone-
dica pelo fato de ser ou não registrado. Isso vai depender, portanto, xas, constituindo vínculo social básico entre essas pessoas (§1º do
da legislação de cada país. art. 511 da CLT). É também chamada de categoria dos empregado-
O sindicato é pessoa jurídica de direito privado, pois não pode res.
haver interferência ou intervenção no sindicato (art. 8º, II, da Cons- De acordo com o nosso ordenamento jurídico a organização
tituição). Não se pode dizer que o sindicato tem natureza pública, dos trabalhadores se dá por categorias, razão pela qual é importan-
pois o próprio caput do art. 8º da Constituição dispõe que é livre a te conhecer os conceitos de categoria profissional, categoria econô-
associação profissional ou sindical. O sindicato faz normas coleti- mica e categoria diferenciada. Vejamos cada um deles.
vas, como as convenções e acordos coletivos, que não têm natureza Categoria profissional, categoria econômica e categoria dife-
pública, mas privada. O reconhecimento do sindicato por parte do renciada.
Estado não o transforma em entidade de direito público, nem a ne-
gociação coletiva. A associação é uma forma de exercício de direitos Categoria profissional
privados. Dispõe o art. 8º, II, da CRFB, in verbis:
Objeta-se o fato de o sindicato ter natureza contratual, pois, se Art. 8º (...)
assim se entendesse o sindicato, não poderia estender os efeitos II – é vedada a criação de mais de uma organização sindical,
das normas coletivas aos não filiados. Teria natureza institucional, em qualquer grau, representativa de categoria profissional ou eco-
daquilo que perdura no tempo. Seria uma forma de organização nômica, na mesma base territorial, que será definida pelos traba-
que elabora suas regras, que são diversas das regras estatais. Há lhadores ou empregadores interessados, não podendo ser inferior à
ponderações de que a natureza seria mista: contratual no sentido área de um Município;
de que somente as pessoas que se interessam filiar ao sindicato irão (...)
fazê-lo; institucional, decorrente da continuidade, da organização
própria e da possibilidade de elaboração de regras, independentes Isso significa que o critério de agregação de trabalhadores ado-
das normas jurídicas estatais. tado como regra pela nossa ordem jurídica é o do sindicato por ca-
Assim, hoje, pode-se dizer que o sindicato é uma associação tegoria profissional, também chamado de sindicato vertical.
civil de natureza privada, autônoma e coletiva. Tem personalidade
jurídica. É registrado no Cartório de Registro de Pessoas Jurídicas.
503
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
O conceito de categoria profissional é dado pelo art. 511, §2º, mais extensa e de maior número de filiados. Embora tais qualidades
da CLT: tendam, historicamente, a coincidir com sindicatos mais antigos, ao
Art. 511. (...) invés de entidades sindicais mais recentes e fracionadas, não se
§2º A similitude de condições de vida oriunda da profissão ou pode, do ponto de vista técnico-jurídico, por outro lado, considerar
trabalho em comum, em situação de emprego na mesma ativida- essa coincidência como irremediavelmente necessária e imperio-
de econômica ou em atividades econômicas similares ou conexas, sa”.
compõe a expressão social elementar compreendida como catego- Assim, a especialização (ou especialidade) da atividade desen-
ria profissional. volvida seria o suficiente para autorizar o desmembramento da
(...) categoria. Pode-se mencionar como exemplo o conjunto fático do
julgado publicado no Informativo 100 (transcrito supra), em que
Dessa forma, o que caracteriza uma categoria profissional para se criou o sindicato dos trabalhadores em empresas de refeições
os fins de associação em sindicato é a condição semelhante dos rápidas (fast-food) a partir de desmembramento do sindicato dos
trabalhadores em face da atividade desenvolvida pelo empregador. hotéis, bares e restaurantes. Considerou-se, no caso, que a ativi-
Nas palavras do legislador, os trabalhadores que se vinculem a em- dade desenvolvida pelos trabalhadores seria específica em relação
pregadores cuja atividade econômica seja idêntica, similar ou cone- àquela exercida pelos empregados em restaurantes tradicionais.
xa, serão integrantes de uma mesma categoria profissional. O art. 571 da CLT, mencionado na ementa, dispõe, in verbis:
São consideradas atividades similares aquelas enquadradas
em um mesmo ramo de atividade econômica, como, por exemplo, Art. 571. Qualquer das atividades ou profissões concentradas
ocorre com os hotéis, bares e restaurantes, os quais normalmente na forma do parágrafo único do artigo anterior poderá dissociar-se
formam uma única categoria em função da similitude das ativida- do sindicato principal, formando um sindicato específico, desde que
des. o novo sindicato, a juízo da Comissão do Enquadramento Sindical,
Por sua vez, são consideradas atividades conexas aquelas que ofereça possibilidade de vida associativa regular e de ação sindical
são complementares entre si, embora diferentes. Um exemplo é o eficiente.
que ocorre com os frentistas e os lavadores de carro. Da mesma
forma, na construção civil, os eletricistas, bombeiros hidráulicos, Naturalmente, tal dispositivo deve ser relido à luz da CRFB/1988,
pintores etc. porquanto a interferência do Poder Executivo (antiga Comissão de
Portanto, conta a atividade do empregador. Se há várias ativi- Enquadramento Sindical) é incompatível com a liberdade sindical
dades desenvolvidas simultaneamente, resolve-se a questão pela preconizada pela Carta de 1988. Portanto, hoje os próprios interes-
apuração da atividade preponderante, assim considerada aquela sados podem criar novo sindicato, desmembrando-os em relação
principal no empreendimento. aos anteriores.
Em uma indústria metalúrgica, por exemplo, cuja atividade Caso este assunto seja cobrado em prova, a resposta deve ser
preponderante é, por óbvio, a metalurgia, os trabalhadores que se guiada pelo entendimento jurisprudencial dominante (prevalên-
ativam no escritório também serão metalúrgicos, visto que esta seja cia do critério da especificidade ou especialidade), a não ser que a
a atividade preponderante do empregador. questão faça referência expressa à doutrina.
Há que ser destacado, neste aspecto, o princípio da agregação,
abordado com o habitual brilhantismo pelo Min. Godinho Delgado: Categoria econômica
Simetricamente à noção de categoria profissional temos a no-
“De fato, a ideia de similitude de condições de vida e labor, em ção de categoria econômica. Com efeito, o direito coletivo pressu-
função de vínculo dos obreiros a atividades econômicas empresa- põe a equivalência entre os seres coletivos, e para tal deve haver
riais similares ou conexas (ideia que forma o núcleo do conceito de também certa correspondência entre a agregação dos trabalhado-
categoria), permite o alargamento dos sindicatos – e não, neces- res e a reunião dos empregadores, o que Vólia Bomfim Cassar de-
sariamente, o seu definhamento, como verificado nas últimas dé- nomina “paralelismo sindical”13. Assim, categoria econômica nada
cadas.” mais é que a reunião de empregadores que exercem atividades
idênticas, similares ou conexas, que formará um sindicato patronal.
No campo temático do enquadramento sindical, a propósito,
desponta como mais consentâneo com a Constituição da República Neste sentido, o art. 511, §1º, da CLT:
o princípio da agregação, ao invés da diretriz civilista tradicional da Art. 511. (...)
especialização. A diretriz da especialização pode ser útil para a aná- §1º A solidariedade de interesses econômicos dos que empre-
lise de certos aspectos de outras relações jurídicas, sendo inade- endem atividades idênticas, similares ou conexas, constitui o vínculo
quada, porém, senão incompatível, para a investigação da estrutura social básico que se denomina categoria econômica.
sindical mais legítima e representativa, apta a melhor realizar o cri- (...)
tério da unicidade sindical determinado pelo Texto Máximo de 1988
(art. 8º, I e II, CF/88) e concretizar a consistência representativa que - Categoria Diferenciada
têm de possuir os sindicatos (art. 8º, III e VI, CF/88). Para esta inves- Como visto, o critério básico de agregação de trabalhadores é
tigação sobre a legitimidade e a representatividade dos sindicatos por categoria, conforme a atividade econômica preponderante do
torna-se imprescindível, portanto, o manejo efetivo e proporcional empregador. Não obstante, há uma exceção a esta regra geral: o
do princípio da agregação, inerente ao Direito Coletivo do Trabalho. enquadramento em uma categoria diferenciada. Este é o chamado
Pelo princípio da agregação desponta como mais representati- sindicato horizontal.
vo e consentâneo com a unicidade sindical brandida pela Constitui-
ção o sindicato mais amplo, mais largo, mais abrangente, de base
504
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
O conceito legal é dado pelo art. 511, §3º, da CLT: toristas e o sindicato patronal do comércio. Existe apenas a conven-
Art. 511. (...) ção coletiva de trabalho firmada entre o sindicato dos motoristas e
§3º Categoria profissional diferenciada é a que se forma dos o sindicato das empresas de transporte. Neste caso, tal convenção
empregados que exerçam profissões ou funções diferenciadas por coletiva não é aplicável a Diego, pois o sindicato que representa o
força de estatuto profissional especial ou em consequência de con- supermercado (sindicato do comércio) não participou da negocia-
dições de vida singulares. ção que deu origem à referida norma coletiva. Desse modo, a úni-
(...) ca alternativa será a aplicação, também a Diego, da norma coletiva
aplicável à categoria preponderante.
Este critério usa como base a profissão do trabalhador, e não a
atividade do empregador. - Negociação Coletiva no Direito do Trabalho28
Na categoria diferenciada, o que ocorre é a formação de um A Convenção nº 154 da OIT esclarece que a negociação coleti-
sindicato por profissão, que evidentemente só poderá ser de em- va compreende todas as negociações que tenham lugar entre, de
pregados e não de empregadores. São exemplos de categorias di- uma parte, um empregador, um grupo de empregadores ou uma
ferenciadas, de acordo com o quadro anexo mencionado pelo art. organização ou várias organizações de empregadores e, de outra
577 da CLT, a dos condutores de veículos rodoviários (motoristas) e parte, uma ou várias organizações de trabalhadores, visando: (a)
não de ajudantes, que não dirigem os veículos; cabineiros de eleva- fixar as condições de trabalho e emprego; (b) regular as relações en-
dores (ascensoristas); secretárias, desenhistas, aeronautas, aerovi- tre empregadores e trabalhadores; (c) disciplinar as relações entre
ários etc. empregadores ou suas organizações e uma ou várias organizações
Embora a lei estabeleça a possibilidade de formação de catego- de trabalhadores ou alcançar todos esses objetivos de uma só vez.
ria profissional diferenciada também por força de condições de vida A negociação coletiva é uma forma de ajuste de interesses en-
singulares, na prática a jurisprudência tem aceitado como diferen- tre as partes, que acertam os diferentes entendimentos existentes,
ciadas apenas as seguintes categorias: visando encontrar uma solução capaz de compor suas posições.
a)aquelas detentoras de estatuto (lei) próprio; Envolve a negociação coletiva um processo que objetiva a reali-
b)aquelas arroladas ao final da CLT, no quadro a que se refere zação da convenção ou do acordo coletivo de trabalho. Qualifica-se,
o art. 577. Com efeito, embora não caiba mais ao Estado intervir na assim, pelo resultado. As partes acabam conciliando seus interes-
atividade sindical, o que inclui o enquadramento sindical, a referida ses, de modo a resolver o conflito.
lista, remanescente da antiga Comissão de Enquadramento Sindi- A Recomendação nº 91 da OIT, de 1951, define a convenção
cal, outrora vinculada ao Ministério do Trabalho, continua sendo coletiva como “todo acordo escrito relativo a condições de traba-
utilizada de forma exemplificativa. lho e de emprego, celebrado entre um empregador, um grupo de
empregadores ou uma ou várias organizações de empregadores, de
É por lei e não por decisão judicial, que as categorias diferen- um lado, e, de outro lado, uma ou várias organizações representa-
ciadas são reconhecidas como tais. De outra parte, no que tange tivas de trabalhadores ou, na ausência de tais organizações, por re-
aos profissionais da informática, o trabalho que desempenham so- presentantes dos trabalhadores interessados, devidamente eleitos
fre alterações, de acordo com a atividade econômica exercida pelo e autorizados pelos últimos, de acordo com a legislação nacional”.
empregador. É mais difundida a negociação nos sistemas políticos liberais do
A partir do enquadramento do trabalhador em uma categoria que naqueles em que há um sistema centralizado no Estado, sendo
diferenciada, fará ele jus à norma coletiva referente à sua categoria, mais encontrada nos modelos abstencionistas (desregulamenta-
ainda que trabalhe em uma empresa cuja atividade preponderan- dos) do que nos regulamentados.
te seja outra. Ex.: um motorista que trabalha em uma grande loja Somente é válida a negociação coletiva se dela tiver tomado
atacadista. Embora a atividade preponderante da empresa seja co- parte o sindicato dos trabalhadores.
mércio, o motorista fará jus à proteção jurídica da norma coletiva Cabe ao sindicato tomar parte nas negociações coletivas de
dos motoristas, tendo em vista se tratar de categoria diferenciada trabalho e, notadamente, firmar acordo coletivo de trabalho ou
relacionada no anexo da CLT. convenção coletiva de trabalho, que, como visto, têm natureza de
Uma observação se faz importante, entretanto: somente será norma jurídica.
aplicável a norma coletiva específica da categoria diferenciada se Neste sentido, a CRFB/88 e a CLT.
houve, na negociação, participação do sindicato patronal que re- Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de
presenta o empregador. Do contrário, estaríamos diante da imposi- outros que visem à melhoria de sua condição social:
ção de um contrato a quem dele não participou. (...)
Neste sentido, a Súmula 374 do TST: XXVI – reconhecimento das convenções e acordos coletivos de
trabalho;
Súm. 374. Norma coletiva. Categoria diferenciada. Abrangên- (...)
cia. Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005.
Art. 8º (...)
Empregado integrante de categoria profissional diferenciada VI – é obrigatória a participação dos sindicatos nas negociações
não tem o direito de haver de seu empregador vantagens previstas coletivas de trabalho;
em instrumento coletivo no qual a empresa não foi representada (...)
por órgão de classe de sua categoria.
Exemplo: Diego é motorista de um grande supermercado e Art. 513. São prerrogativas dos sindicatos:
trabalha fazendo entregas. Na base territorial respectiva não existe (...)
instrumento coletivo de trabalho firmado entre o sindicato dos mo- 28 [ Martins, Sergio P. Direito do trabalho. (39th edição). Editora Saraiva, 2023.]
505
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
b) celebrar contratos coletivos de trabalho15; A distinção básica entre as duas figuras se refere à legitimidade
(...) das partes, sendo que no acordo coletivo de trabalho o empregador
se faz representar sozinho ou, no máximo, acompanhado por ou-
Art. 611. Convenção Coletiva de Trabalho é o acordo de cará- tros empregadores. Na convenção coletiva de trabalho, por sua vez,
ter normativo, pelo qual dois ou mais Sindicatos representativos há negociação entre sindicatos, estando de um lado o sindicato re-
de categorias econômicas e profissionais estipulam condições de presentativo dos trabalhadores (categoria profissional) e, de outro,
trabalho aplicáveis, no âmbito das respectivas representações, às o sindicato representativo dos empregadores (categoria econômi-
relações individuais de trabalho. ca). Em qualquer caso, é obrigatória a participação, nas negociações
§1º É facultado aos Sindicatos representativos de categorias coletivas, do sindicato representativo da categoria profissional, nos
profissionais celebrar Acordos Coletivos com uma ou mais empresas termos do art. 8º, VI, da CFRB.
da correspondente categoria econômica, que estipulem condições
de trabalho, aplicáveis no âmbito da empresa ou das acordantes Forma do instrumento coletivo
respectivas relações de trabalho16. Os instrumentos coletivos são solenes. Neste sentido, o art.
(...) 613, parágrafo único, da CLT:
Art. 613. (...)
Assistência aos integrantes da categoria Parágrafo único. As convenções e os Acordos serão celebrados
Incumbe aos sindicatos prestar assistência aos trabalhadores por escrito, sem emendas nem rasuras, em tantas vias quantos fo-
das mais variadas formas. rem os Sindicatos convenentes ou as empresas acordantes, além de
- Em primeiro lugar, mediante a prestação de assistência jurí- uma destinada a registro.
dica e judiciária.
- Em segundo lugar, prestando assistência nas rescisões contra- Logo, não há hipótese de validade de instrumento coletivo pac-
tuais (homologações). tuado verbalmente.
- Por fim, em vários outros aspectos, como através da manu- Ademais, a CLT estabelece rito próprio para a condução da ne-
tenção de cooperativas de consumo e de crédito, manutenção de gociação coletiva e ulterior aprovação do instrumento coletivo, nos
serviço médico e odontológico, assinatura de convênios com esta- seguintes termos:
belecimentos comerciais ou prestadores de serviços, entre outros
benefícios. Art. 612. Os Sindicatos só poderão celebrar Convenções ou
Acordos Coletivos de Trabalho, por deliberação de Assembleia Geral
O art. 514 da CLT arrola deveres do sindicato, o que não foi especialmente convocada para esse fim, consoante o disposto nos
recepcionado, ao menos com esta acepção, pela CRFB/88, dada a respectivos Estatutos, dependendo a validade da mesma do compa-
ampla liberdade conferida à atividade sindical pela Constituição. recimento e votação, em primeira convocação, de 2/3 (dois terços)
dos associados da entidade, se se tratar de Convenção, e dos inte-
- Instrumentos Coletivos de Trabalho29; ressados, no caso de Acordo, e, em segunda, de 1/3 (um terço) dos
Embora exista grande celeuma a respeito da delimitação da na- mesmos.
tureza jurídica dos instrumentos coletivos de trabalho, predomina Parágrafo único. O quorum de comparecimento e votação será
o entendimento no sentido de que se trata de contratos (negócios de 1/8 (um oitavo) dos associados em segunda convocação, nas en-
jurídicos) criadores de normas jurídicas. O acordo coletivo de traba- tidades sindicais que tenham mais de 5.000 (cinco mil) associados.
lho e a convenção coletiva de trabalho contêm tanto regras jurídicas
quanto cláusulas contratuais. Por fim, o instrumento coletivo deve ser depositado junto ao
As regras jurídicas são, no caso, todas aquelas capazes de gerar Ministério do Trabalho e Emprego no prazo de oito dias, contados
direitos e obrigações além do contrato de trabalho, na respectiva da assinatura, bem como deverá ser dada ampla publicidade, atra-
base territorial. Exemplo: fixação do adicional de horas extras supe- vés da afixação do seu conteúdo nas sedes das entidades sindicais
rior ao mínimo legal; estabelecimento de pisos salariais; criação de e nos estabelecimentos abrangidos pela norma coletiva. Neste sen-
novas garantias de emprego. tido, o art. 614 da CLT:
Por sua vez, cláusulas contratuais são aquelas que criam direi- Art. 614. Os Sindicatos convenentes ou as empresas acordantes
tos e obrigações para as partes convenentes, e não para os traba- promoverão, conjunta ou separadamente, dentro de 8 (oito) dias
lhadores. Exemplo: cláusula que determina à empresa a entrega, ao da assinatura da Convenção ou Acordo, o depósito de uma via do
sindicato dos trabalhadores, da lista de nomes e endereços de seus mesmo, para fins de registro e arquivo, no Departamento Nacional
empregados. do Trabalho, em se tratando de instrumento de caráter nacional ou
São o ACT e a CCT fontes formais autônomas do Direito do Tra- interestadual, ou nos órgãos regionais do Ministério do Trabalho e
balho. Fontes formais porque criam regras jurídicas, assim conside- Previdência Social, nos demais casos.
rados os preceitos gerais, abstratos e impessoais, dirigidos a nor- §1º As Convenções e os Acordos entrarão em vigor 3 (três) dias
matizar situações futuras. São autônomas porque emanadas dos após a data da entrega dos mesmos no órgão referido neste artigo.
próprios atores sociais, sem a interferência de terceiro (o Estado, §2º Cópias autênticas das Convenções e dos Acordos deverão
por exemplo, como ocorre com as leis). ser afixados de modo visível, pelos Sindicatos convenentes, nas res-
A convenção coletiva de trabalho e o acordo coletivo de traba- pectivas sedes e nos estabelecimentos das empresas compreendi-
lho são os instrumentos decorrentes da negociação coletiva. das no seu campo de aplicação, dentro de 5 (cinco) dias da data do
depósito previsto neste artigo.
29 [ Resende, Ricardo. Direito do Trabalho. (9th edição). Grupo GEN, 2023.] (...)
506
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
Não é por ser um movimento coletivo que a greve deve atingir Recorde-se que a suspensão do contrato de trabalho pressupõe
todos os trabalhadores de uma categoria, de uma empresa, ou a sustação temporária das principais obrigações contratuais das
ainda do mesmo estabelecimento de uma empresa. Até mesmo a partes (prestação de serviços, pagamento de salários e contagem
greve de um ou mais setores de um estabelecimento é lícita, desde do tempo de serviço).
que a atitude seja coletiva. Por isso a lei menciona suspensão total Por sua vez, o empregador não pode demitir o empregado
ou parcial. grevista durante o movimento, a uma porque o contrato encontra-
Quanto ao critério temporal, somente há falar em greve se a se suspenso (o que impede a rescisão contratual, conforme o art.
sustação do trabalho for temporária. Se os empregados abandonam 471 da CLT), e a duas porque a própria Lei de Greve assim dispõe:
suas atividades em definitivo não teremos uma greve, e sim um Art. 7º (...)
abandono de emprego em massa. É neste sentido que Tarso Genro Parágrafo único. É vedada a rescisão de contrato de trabalho
afirma que a greve pressupõe uma proposta de restabelecimento durante a greve, bem como a contratação de trabalhadores
da normalidade rompida. substitutos, exceto na ocorrência das hipóteses previstas nos arts.
Por fim, somente haverá greve lícita se forem utilizados meios 9º e 14.
pacíficos, sendo que a ordem jurídica repele qualquer tipo de
violência contra o empregador, seja ela pessoal ou patrimonial, Há que se tomar muito cuidado neste ponto: a greve abusiva
ou ainda contra colegas de trabalho que eventualmente não corresponde à “não greve”4. Assim como uma cooperativa não
concordem com o movimento grevista. forma vínculo de emprego com seus associados se for realmente
cooperativa (art. 442, parágrafo único, da CLT), a relação de
30 Resende, Ricardo. Direito do Trabalho. (9th edição). Grupo GEN, 2023.
507
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
estágio não forma vínculo de emprego com o concedente se for Dica: O lockout corresponde ao fechamento provisório da
realmente estágio (art. 15 da Lei nº 11.788/2008), a greve protege fábrica, pelo empregador, a fim de frustrar o movimento grevista
o trabalhador somente se for realmente greve. e é expressamente vedado pela legislação.
508
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
(h) guarda, uso e controle de substâncias radioativas, equipa- XIV – outras prestações médico-periciais da carreira de Perito
mentos e materiais nucleares; Médico Federal indispensáveis ao atendimento das necessidades
(i) compensação bancária; inadiáveis da comunidade;
(j) controle de tráfego aéreo (segurança) e navegação aérea; XV – atividades portuárias.
(k) atividades médico-periciais relacionadas com o regime geral
de previdência social e assistência social; Para a maioria da doutrina, a lista é taxativa. É a melhor inter-
(l) atividades médico-periciais relacionadas com a caracteriza- pretação, até porque todo dispositivo que restrinja direito deve ser
ção do impedimento físico, mental, intelectual ou sensorial da pes- interpretado restritivamente.
soa com deficiência, por meio da integração de equipes multidisci- A primeira peculiaridade da greve em serviços essenciais é o
plinares e interdisciplinares, para fins de reconhecimento e direitos aviso-prévio maior do que o da greve típica. Enquanto na greve em
previstos em lei, em especial na Lei nº 13.146/2015; atividades não essenciais o empregador (ou o sindicato patronal)
(m) outras prestações médico-periciais de carreira de perito deve ser avisado com 48 horas de antecedência, na greve em ativi-
médico federal, indispensáveis ao atendimento das necessidades dades essenciais tanto o empregador quanto os usuários do serviço
inadiáveis da comunidade; devem ser avisados com 72 horas de antecedência. Neste sentido,
(n) atividades portuárias (art. 10 da Lei nº 7.783). São taxativas o art. 13:
tais situações e não meramente exemplificativas. Art. 13. Na greve, em serviços ou atividades essenciais, ficam
as entidades sindicais ou os trabalhadores, conforme o caso, obri-
Não mais são consideradas atividades essenciais: serviços de gados a comunicar a decisão aos empregadores e aos usuários com
banco, exceto a compensação bancária; serviços de comunicação, antecedência mínima de 72 (setenta e duas) horas da paralisação.
salvo os de telecomunicações; carga e descarga; escolas e correio. (grifos meus)
O Comitê de Liberdade Sindical da OIT afirma que não são aten- A segunda peculiaridade é a obrigação de manutenção da pres-
tatórias à liberdade sindical as proibições de greve que coloquem tação dos serviços indispensáveis ao atendimento das necessidades
em risco a vida, saúde ou segurança das pessoas ou de parte da inadiáveis da comunidade, como dispõe o art. 11:
população. Art. 11. Nos serviços ou atividades essenciais, os sindicatos, os
Para a OIT, são atividades essenciais aquelas ligadas diretamen- empregadores e os trabalhadores ficam obrigados, de comum acor-
te à vida, à segurança e à saúde da comunidade. do, a garantir, durante a greve, a prestação dos serviços indispen-
No Brasil, a lei não cuida propriamente de definir o que seriam sáveis ao atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade.
atividades ou serviços essenciais, limitando-se a relacioná-los (art. Parágrafo único. São necessidades inadiáveis da comunidade
10 da Lei de Greve), conforme prevê o art. 9º, §1º, da CRFB: aquelas que, não atendidas, coloquem em perigo iminente a sobre-
vivência, a saúde ou a segurança da população. (grifos meus)
Art. 9º (...)
§1º A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá Caso não sejam prestados estes serviços indispensáveis, deve o
sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade. Poder Público fazê-lo diretamente, conforme o art. 12:
(...) Art. 12. No caso de inobservância do disposto no artigo anterior,
o Poder Público assegurará a prestação dos serviços indispensáveis.
(Lei de Greve) Art. 10. São considerados serviços ou atividades
essenciais: O Judiciário tem considerado abusiva a greve em atividade es-
I – tratamento e abastecimento de água; produção e distribui- sencial quando não atendidas as necessidades inadiáveis da comu-
ção de energia elétrica, gás e combustíveis; nidade. Neste sentido, a OJ 38 da SDC:
II – assistência médica e hospitalar; OJ-SDC-38. Greve. Serviços essenciais. Garantia das necessida-
III – distribuição e comercialização de medicamentos e alimen- des inadiáveis da população usuária. Fator determinante da qualifi-
tos; cação jurídica do movimento (inserida em 07.12.1998). É abusiva a
IV – funerários; greve que se realiza em setores que a lei define como sendo essen-
V – transporte coletivo; ciais à comunidade, se não é assegurado o atendimento básico das
VI – captação e tratamento de esgoto e lixo; necessidades inadiáveis dos usuários do serviço, na forma prevista
VII – telecomunicações; na Lei nº 7.783/1989.
VIII – guarda, uso e controle de substâncias radioativas, equi-
pamentos e materiais nucleares; Importante:
IX – processamento de dados ligados a serviços essenciais; Cuidado: Não confundir o atendimento das necessidades mí-
X – controle de tráfego aéreo e navegação aérea; nimas do empregador (lembre-se do exemplo do alto-forno) com
XI – compensação bancária; o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade. No
XII – atividades médico-periciais relacionadas com o regime ge- primeiro caso, o empregador pode se valer de substitutos, tam-
ral de previdência social e a assistência social; bém conhecidos como fura-greves, caso não sejam prestados os
XIII – atividades médico-periciais relacionadas com a caracte- serviços mínimos. No segundo caso, as necessidades não são do
rização do impedimento físico, mental, intelectual ou sensorial da empregador, mas da coletividade, e por isso o Estado deve suprir
pessoa com deficiência, por meio da integração de equipes multi- a prestação de tais serviços.
profissionais e interdisciplinares, para fins de reconhecimento de
direitos previstos em lei, em especial na Lei nº 13.146, de 6 de julho
de 2015 (Estatuto da Pessoa com Deficiência); e
509
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
510
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
29.3.4É responsabilidade do trabalhador avulso habilitar-se b)fornecer as informações sobre riscos ocupacionais que im-
por meio de capacitação específica, oferecida pelo OGMO ou pelo pactam na operação portuária aos operadores portuários, tomado-
tomador de serviço, quanto às normas de segurança e saúde no res de serviço, empregadores e ao OGMO.
trabalho portuário. 29.4.2.1O PGR da administração portuária poderá incluir me-
29.3.4.1O OGMO deve oferecer as capacitações quanto às nor- didas de prevenção para os operadores portuários, tomadores de
mas de segurança e saúde no trabalho para fins de engajamento do serviço, empregadores e OGMO que atuem em suas dependências
trabalhador no serviço. ou local previamente convencionado em contrato ou referenciar os
29.3.4.2O OGMO somente pode escalar trabalhadores nas ati- programas dos mesmos.
vidades que estes estejam capacitados. 29.4.3Os operadores portuários, tomadores de serviço, em-
29.3.5Compete aos trabalhadores: pregadores e o OGMO podem referenciar o PGR da administração
a)cumprir as disposições desta NR, bem como as demais dispo- portuária em seus programas.
sições legais de segurança e saúde no trabalho, no que lhe couber; 29.4.4O OGMO deve:
b)informar ao responsável pela operação, as avarias ou defici- a)elaborar e implementar o PGR levando em consideração as
ências observadas que possam constituir risco para o trabalhador informações sobre riscos ocupacionais fornecidas pelos operadores
ou para operação; e portuários, tomadores de serviço e pela administração portuária; e
c)utilizar corretamente os dispositivos de segurança, EPI e Equi- b)fornecer as informações sobre riscos ocupacionais que im-
pamentos de Proteção Coletiva - EPCs, que lhes sejam fornecidos, pactam na operação portuária aos operadores portuários, toma-
bem como as instalações que lhes forem destinadas. dores de serviço, empregadores e nas atividades da administração
29.3.6Compete às administrações portuárias, dentro dos limi- portuária.
tes da área do porto organizado, zelar para que os seus serviços 29.4.5O operador portuário, o tomador de serviço, o emprega-
estejam em conformidade com os preceitos desta NR e das demais dor, a administração portuária e o OGMO podem definir de forma
normas especiais e gerais. conjunta os mecanismos de troca de informações previstas no item
29.3.6.1Compete também à administração do porto garantir 29.4desta NR.
infraestrutura adequada para a realização segura da atividade por- 29.4.6O operador portuário, o tomador de serviço e o empre-
tuária em suas instalações, inclusive aquelas dedicadas às situações gador devem elaborar e manter de forma acessível aos trabalhado-
de emergência previstas nos planos de controle de emergência. res os seguintes procedimentos:
29.3.7Sem prejuízo do disposto nesta NR, as medidas de pre- a)acesso seguro a embarcações;
venção de segurança e saúde nas operações portuárias a bordo de b)transporte, movimentação, armazenamento e manuseio se-
embarcações devem levar em consideração as instruções do co- guro de cargas;
mandante da embarcação ou de seus prepostos. c)segurança do trabalho portuário executado nos porões das
29.3.7.1A operação portuária somente poderá ser iniciada embarcações;
após o comandante da embarcação ou seus prepostos garantirem d)segurança do trabalho portuário executado em espaço con-
condições seguras de funcionamento dos equipamentos da embar- finado, nos termos da NR-33 -Segurança e Saúde nos Trabalhos em
cação e das áreas da embarcação onde houver sido autorizada a Espaços Confinados;
circulação ou permanência dos trabalhadores portuários. e)segurança para a execução do trabalho portuário em condi-
29.3.8No caso de solicitação de serviços para sindicato dos tra- ções climáticas e ambientais adversas e interrupção das atividades
balhadores, mediante contrato, acordo ou convenção coletiva de nessas situações, quando comprometerem a segurança dos traba-
trabalho, as responsabilidades previstas nesta NR serão do respec- lhadores; e
tivo tomador de serviços. f)segurança para as operações com cargas perigosas.
29.4.6.1Os procedimentos previstos no subitem 29.4.6 devem
29.4 Programa de Gerenciamento de Riscos - PGR estar em conformidade com o inventário de riscos e o plano de ação
29.4.1O operador portuário, o tomador de serviço e o empre- do PGR.
gador devem: 29.4.6.2Os procedimentos previstos no subitem 29.4.6 devem
a)elaborar e implementar o Programa de Gerenciamento de ser anexados ao PGR.
Riscos, nos termos da NR-01 na instalação portuária em que atuem;
b)considerar em seus programas as informações sobre riscos 29.5 Serviço Especializado em Segurança e Saúde do Trabalha-
ocupacionais que impactam nas operações portuárias, fornecidas dor Portuário - SESSTP
pelo OGMO e pela administração portuária, em relação às suas ati- 29.5.1O OGMO deve constituir SESSTP, de acordo com o di-
vidades; e mensionamento mínimo constante do Quadro I do Anexo I, aten-
c)fornecer as informações dos riscos ocupacionais sob sua ges- dendo aos trabalhadores avulsos.
tão que possam impactar as atividades da administração portuária 29.5.2O custeio do SESSTP será dividido proporcionalmente de
e do OGMO. acordo com o número de trabalhadores utilizados pelos OGMO, os
29.4.1.1O operador portuário e o tomador de serviço devem operadores portuários e os tomadores de serviço, por ocasião da
incluir as atividades do trabalho avulso em seu PGR. arrecadação dos valores relativos à remuneração dos trabalhado-
29.4.2A administração portuária deve: res.
a)elaborar e implementar o PGR nos portos organizados, nos 29.5.3Os operadores portuários, as administrações portuárias
termos da NR-01, levando em consideração as informações dos ris- e os terminais de uso privado podem firmar convênios para compor
cos ocupacionais que possam impactar nas operações portuárias o SESSTP local com seus profissionais.
fornecidas pelos operadores portuários, tomadores de serviço, em- 29.5.3.1O SESSTP local, formado de acordo com o item ante-
pregadores e OGMO; e rior, deve ser coordenado pelo OGMO.
511
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
29.5.4O SESSTP deve ser dimensionado de acordo com a média a)média aritmética obtida pela divisão entre o número de tra-
aritmética obtida pela divisão do número de trabalhadores avulsos balhadores avulsos tomados no ano civil anterior e o número de
tomados no ano civil anterior e pelo número de dias efetivamente dias efetivamente trabalhados, observado o subitem 29.6.1 desta
trabalhados. NR; e
29.5.5Nas instalações portuárias em início de operação, o di- b)média do número de empregados portuários com vínculo
mensionamento terá por base o número estimado de trabalhado- empregatício do ano civil anterior.
res avulsos a serem tomados no ano. 29.6.2A realização de inspeção prevista no subitem 29.5.7.1
29.5.6Acima de três mil e quinhentos trabalhadores para cada em instalações de operadores portuários que exploram área no
grupo de dois mil trabalhadores, ou fração acima de quinhentos, porto organizado e de titulares de instalações portuárias autoriza-
haverá um acréscimo de um profissional especializado por função, das deve ser realizada pelo SESMT, em relação a seus empregados e
exceto no caso do Técnico de Segurança do Trabalho, no qual haverá em relação aos trabalhadores avulsos em conjunto com os respec-
um acréscimo de três profissionais. tivos SESSTP.
29.5.7Compete aos profissionais integrantes do SESSTP as mes-
mas atribuições do SESMT, nos termos da NR-04 - Serviço Especia- 29.7 Comissão de Prevenção de Acidentes no Trabalho Portu-
lizado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho - ário - CPATP
SESMT, e a realização de inspeção das condições de segurança nas 29.7.1O OGMO, os operadores portuários e os tomadores de
operações portuárias. serviço ficam obrigados a organizar e manter em funcionamento a
29.5.7.1A inspeção das condições de segurança deve ser previa- CPATP por OGMO.
mente realizada na atracação e a bordo das embarcações e quando 29.7.2A CPATP tem como objetivo a prevenção de acidentes
houver alterações nas operações portuárias, devendo atender aos e doenças relacionadas ao trabalho, de modo a tornar compatível
seguintes requisitos: permanentemente o trabalho com a preservação da vida e da saú-
a)verificação das condições para realização das atividades, ado- de do trabalhador.
tando as medidas necessárias, de acordo com os procedimentos es- 29.7.3A CPATP será constituída de forma paritária, por repre-
tabelecidos no subitem 29.4.6 desta NR; sentantes dos trabalhadores portuários avulsos e por representan-
b)identificação de condições impeditivas, devendo a permissão tes dos operadores portuários e tomadores de serviço integrantes
para a execução ou retomada dos trabalhos ocorrer após a adoção do OGMO, dimensionado de acordo com o Anexo II desta NR.
de medidas de prevenção; e 29.7.4A duração do mandato será de dois anos, permitida uma
c)verificação da necessidade de sinalização de segurança em reeleição.
razão de olhais, escadas, tubulações, aberturas e cantos vivos e exe- 29.7.5Haverá na CPATP tantos suplentes quantos forem os re-
cução das medidas, quando for o caso. presentantes titulares.
29.5.7.1.1Quando identificados perigos ou riscos adicionais, os 29.7.6A composição dos titulares da CPATP obedecerá a crité-
integrantes do SESSTP devem: rios que garantam a representação das atividades portuárias, de-
a)imediatamente adotar medidas de prevenção específicas; e vendo considerar as categorias de maior potencial de risco e ocor-
b)se os riscos não estiverem previstos no PGR, revisar o PGR e rência de acidentes, respeitado o dimensionamento mínimo do
os procedimentos. Anexo II desta NR.
29.5.7.2A inspeção das condições de segurança deve observar o 29.7.7Quando o OGMO não se enquadrar no dimensionamen-
Código Marítimo Internacional para Cargas Sólidas à Granel - MSBC, to previsto no Anexo II desta NR e não for atendido por SESSTP,
o Código Marítimo Internacional para Cargas Perigosas - IMDG e as será nomeado um trabalhador pelo OGMO como representante
informações de segurança disponibilizadas pelo expedidor de carga. dos operadores portuários e tomadores de serviço responsável
29.5.7.3Os resultados da inspeção devem ser registrados em pelo cumprimento dos objetivos da CPATP, podendo ser adotados
relatório a ser entregue para a pessoa responsável. mecanismos de participação dos trabalhadores avulsos, através de
29.5.7.4Deve ser feita nova inspeção sempre que os trabalha- negociação coletiva.
dores verificarem a ocorrência de situações que considerarem re- 29.7.7.1No caso de atendimento pelo SESSTP, este deverá de-
presentar risco para a sua segurança e saúde ou para a de terceiros. sempenhar as atribuições da CPATP.
29.5.8Aplicam-se ao SESSTP as disposições da NR-04 no que 29.7.8A composição da CPATP será proporcional ao número
não forem contrárias ao disposto no item 29.5 desta NR. médio do conjunto de trabalhadores portuários avulsos utilizados
no ano anterior.
29.6 Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e 29.7.9Os representantes dos trabalhadores avulsos na CPATP,
em Medicina do Trabalho – SESMT titulares e suplentes, serão eleitos em escrutínio secreto.
29.6.1A administração portuária, o OGMO, os operadores por- 29.7.10A eleição deve ser realizada durante o expediente,
tuários e os titulares de instalações portuárias autorizadas devem respeitados os turnos, devendo ter a participação de, no mínimo,
constituir SESMT para seus empregados próprios, aplicando-se a metade mais um do número médio do conjunto dos trabalhado-
NR-04. res portuários utilizados no ano anterior, obtido conforme subitem
29.6.1.1Além do disposto na NR-04, para o dimensionamento 29.7.3 desta NR.
do número de Engenheiros de Segurança do Trabalho e Técnicos de 29.7.11O processo de votação da eleição deverá observar o
Segurança do Trabalho do SESMT, deve ser considerada a soma dos item 5.5.4 e subitens da NR-05 - Comissão Interna de Prevenção
seguintes fatores: de Acidentes - CIPA e considerar como número de participantes o
número médio do conjunto dos trabalhadores portuários avulsos
utilizados no ano anterior, obtido conforme subitem 29.7.3 desta
NR. (redação vigente até 19 de março de 2023)
512
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
29.7.11O processo de votação da eleição deverá observar o b)solicitação de uma das representações.
item 5.5.4 e subitens da NR-05 - Comissão Interna de Prevenção de 29.7.18.1No caso de acidente grave ou fatal, a pessoa respon-
Acidentes e de Assédio - CIPA e considerar como número de partici- sável pela operação portuária deve estar presente na reunião ex-
pantes o número médio do conjunto dos trabalhadores portuários traordinária.
avulsos utilizados no ano anterior, obtido conforme subitem 29.7.3 29.7.19A CPATP não pode ter o número de representantes re-
desta NR. (Portaria MTP nº 4.219, de 20 de dezembro de 2022 - re- duzido, bem como não pode ser desativada pelo OGMO, pelos ope-
dação que entra em vigor no dia 20 de março de 2023) radores portuários ou pelos tomadores de serviço antes do término
29.7.12Os representantes dos operadores portuários e toma- do mandato de seus membros, ainda que haja redução do número
dores de serviço designarão dentre os seus representantes titulares de trabalhadores portuários, exceto nos casos em que houver en-
o presidente da CPATP no primeiro ano de mandato e o vice-presi- cerramento da atividade portuária.
dente no segundo ano. 29.7.20Aplicam-se à CPATP as disposições da NR-05 no que não
29.7.13Os trabalhadores titulares da CPATP elegerão, entre forem contrárias ao disposto no item
seus pares, o vice-presidente, que assumirá a presidência no segun- 29.7desta NR.
do ano do mandato. 29.7.21A participação dos operadores portuários e dos toma-
29.7.14No caso de afastamento definitivo, a representação dores de serviço na CPATP não os desobriga de constituir a CIPA
na qual o presidente foi indicado nomeará substituto em dois dias para seus empregados próprios, nos termos da NR-05.
úteis, entre os membros da CPATP.
29.7.14.1O substituto dos trabalhadores será obrigatoriamente 29.8 Operações de atracação, desatracação e manobras de
membro da CPATP e o substituto dos operadores portuários será embarcações.
preferencialmente membro. 29.8.1Nas operações de atracação, desatracação e manobras
29.7.15Além das atribuições previstas para a CIPA na NR-05, a de embarcações, devem ser adotadas medidas de prevenção de aci-
CPATP tem por atribuição: dentes, considerando:
a)promover, anualmente, em conjunto com o SESSTP, a Semana a)prensagem de membros;
Interna de Prevenção de Acidente no Trabalho Portuário - SIPATP; b)rompimento de cabos e espias;
b)oficiar os riscos debatidos e as propostas de medidas de con- c)esforço excessivo do trabalhador;
trole às organizações que compõem a CPATP, bem como ao SESSTP, d)iluminação; e
conforme o caso; e)queda no mesmo nível e ao mar.
c)mensalmente e sempre que houver denúncia de risco, verifi- 29.8.1.1É obrigatório o uso de um sistema de telecomunicação
car os ambientes e as condições de trabalho, nas dependências das entre a embarcação e o responsável em terra pela atracação.
instalações portuárias, visando identificar situações que possam 29.8.2Todos os trabalhadores envolvidos nessas operações de-
trazer riscos para a segurança e saúde dos trabalhadores; e vem fazer uso de coletes salva-vidas conforme Normas da Autorida-
d)sugerir a realização de cursos, treinamentos e campanhas de Marítima - NORMAM.
que julgar necessárias para melhorar o desempenho dos trabalha-
dores portuários quanto à segurança e saúde no trabalho. 29.9 Acesso a embarcações atracadas e fundeadas
29.7.16Compete ao OGMO: 29.9.1Deve ser garantido acesso seguro para o embarque e de-
a)promover para todos os membros da CPATP, titulares e su- sembarque da embarcação.
plentes, treinamento sobre prevenção de acidentes do trabalho, se- 29.9.2O acesso à embarcação deve ficar fora do alcance do raio
gurança e saúde ocupacional, com carga horária de 20 (vinte) horas, da lança do guindaste ou assemelhado.
sendo este de frequência obrigatória e realizado antes da posse dos 29.9.2.1Quando o item 29.9.2 não puder ser aplicado, o local
membros de cada mandato, exceção feita ao mandato inicial; de acesso deve ser isolado e sinalizado durante a movimentação de
b)convocar eleições para escolha dos membros da nova CPATP, carga suspensa.
com antecedência mínima de quarenta e cinco dias, realizando-as, 29.9.3Não é permitido o acesso à embarcação atracada utili-
no máximo, até trinta dias antes do término do mandato da CPATP zando-se escadas tipo quebra-peito.
em exercício; 29.9.4É proibido o acesso de trabalhadores a embarcações em
c)promover cursos de atualização para os membros da CPATP; e equipamentos de guindar, exceto:
d)dar condições necessárias para que todos os titulares de re- a)em operações de resgate e salvamento; ou
presentações na CPATP compareçam às reuniões ordinárias e/ou b)nas operações com contêineres previstas no subitem 29.16.3.
extraordinárias. 29.9.5Nos locais de trabalho próximos à água e nos pontos de
29.7.16.1No caso do treinamento previsto na alínea a, quando embarque e desembarque de pessoas, devem existir, na razão mí-
utilizada a modalidade de ensino a distância - EaD, deve ser garanti- nima de uma unidade para cada berço de atracação, boias salva-vi-
da a carga horária de oito horas de treinamento presencial. das e outros equipamentos necessários ao resgate de vítimas que
29.7.16.2Cabe ao OGMO, ao operador portuário e ao tomador caiam na água, de acordo com os requisitos contidos nas NORMAM.
de serviço proporcionar aos membros da CPATP os meios necessá- 29.9.5.1As boias salva-vidas possuirão dispositivo de ilumina-
rios ao desempenho de suas atribuições. ção automática ou fita reflexiva homologados pelas NORMAM.
29.7.17A CPATP se reunirá pelo menos uma vez por mês, em 29.9.5.2Nos trabalhos noturnos, as boias salva-vidas possuirão
local apropriado durante o expediente, obedecendo ao calendário dispositivo de iluminação automática aprovadas pela Diretoria de
anual. Portos e Costas, da Marinha do Brasil.
29.7.18As reuniões extraordinárias devem ser realizadas no 29.9.6Somente podem ser utilizados meios de acesso à embar-
prazo máximo de quarenta e oito horas nos seguintes casos: cação quando estes atenderem ao
a)ocorrência do acidente grave ou fatal; ou
513
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
disposto no item 30.18 da NR-30 - Segurança e Saúde no Tra- 29.10.2.1O perímetro de risco de queda de objetos deve ser
balho Aquaviário. sinalizado e isolado com barreira física.
29.9.7Meios de acesso do porto 29.10.3A arrumação do convés deve oferecer boas condições
29.9.7.1As escadas, pranchas, rampas e demais meios de aces- de visibilidade aos operadores dos equipamentos de içar, sinaleiros
so às embarcações somente podem ser utilizadas em bom estado e outros, a fim de que não sejam prejudicadas as manobras de mo-
de conservação e limpeza, além de possuir características das su- vimentação de carga.
perfícies antiderrapantes. 29.10.4As cargas ou os objetos depositados no convés devem
29.9.7.2As escadas, pranchas e rampas de acesso às embarca- estar fixos de forma a impedir a sua movimentação acidental.
ções somente podem ser utilizadas se forem dotadas de guarda- 29.10.5Olhais, escadas, tubulações, aberturas e cantos vivos
-corpo com corrimão em ambos os lados. devem possuir sinalização de segurança, em conformidade com o
29.9.7.2.1Os corrimãos devem estar firmemente fixados, ofere- subitem 29.5.7.1.
cerem resistência e apoio em toda a sua extensão e, quando cons- 29.10.6As tampas de escotilhas e aberturas similares dos equi-
tituídos por cordas ou cabos de aço, devem estar sempre esticados. pamentos acionados por força motriz devem:
29.9.7.3As escadas de acesso às embarcações ou estruturas a)possuir dispositivos que impeçam sua movimentação aciden-
complementares do subitem 29.9.8 somente podem ser utilizadas tal; e
se atenderem aos seguintes requisitos: b)ser abertos ou fechados somente após verificação de que
a)estar apoiada em terra; não existe risco para os trabalhadores.
b)compensar os movimentos da embarcação;
c)possuir largura que permita o trânsito seguro; 29.11 Porões
d)possuir rede de segurança contra queda de pessoas; e 29.11.1As bocas dos agulheiros devem estar protegidas por
e)estar livre de obstáculos. braçolas e serem providas de tampas com travas de segurança.
29.9.7.3.1A utilização da rede pode ser dispensada caso não 29.11.2As escadas de acesso ao porão devem estar em perfeito
haja risco de queda de pessoas na água. estado de conservação e limpeza.
29.9.8É proibida a colocação de extensões elétricas, manguei- 29.11.3O acesso ao porão por meio de escada vertical deve
ras, mangotes e assemelhados nas estruturas e corrimões das esca- possuir sistema de proteção contra queda.
das e pranchas de acesso às embarcações. 29.11.4A estivagem das cargas nos porões não deve obstruir o
29.9.9As pranchas, rampas ou passarelas utilizadas para aces- acesso às escadas dos agulheiros.
so, conjugadas ou não com as escadas, devem seguir as seguintes 29.11.5Quando não houver condições de utilização dos agu-
especificações: lheiros, o acesso ao porão da embarcação
a)ser construída de material rígido; deverá ser efetuado por escada de mão de no máximo 7 m
b)possuir largura mínima de 0,80 m (oitenta centímetros); (sete metros) de comprimento, afixada junto à estrutura da embar-
c)estarem providas de tacos transversais a intervalos entre cação, devendo ultrapassar a borda da estrutura de apoio em 1m
0,35m (trinta e cinco centímetros) e 0,45m (quarenta e cinco centí- (um metro).
metros) em toda extensão do piso; 29.11.6Não é permitido o uso de escada do tipo quebra-peito.
d)possuírem corrimão, em ambos os lados de sua extensão, do- 29.11.7As passarelas utilizadas para circulação de pessoas so-
tado de guarda-corpo duplo com régua superior situada a uma altu- bre cargas estivadas devem possuir no mínimo 0,60 m (sessenta
ra de 1,10 m (um metro e dez centímetros) e régua intermediária a centímetros) de largura.
uma altura entre 0,50m (cinquenta centímetros) e 0,70 m (setenta 29.11.8Os pisos dos porões devem estar limpos, livres de con-
centímetros), medidas a partir da superfície do piso e perpendicu- taminantes e de materiais inservíveis antes do início da operação.
larmente ao eixo longitudinal da escada; 29.11.9Quando empregada a forração das cargas, esta deve:
e)ser dotadas de dispositivos que permitam fixá-las firmemen- a)oferecer equilíbrio à carga; e
te à escada da embarcação ou à sua estrutura numa extremidade; b)resultar em um piso de trabalho regular e seguro.
f)a extremidade, que se apoia no cais, deve ser dotada de dis- 29.11.10As plataformas de trabalho devem ser confeccionadas
positivo rotativo que permita acompanhar o movimento da embar- de maneira que não ofereçam riscos de desmoronamento e propi-
cação; e ciem espaço seguro de trabalho.
g)estarem posicionadas no máximo a trinta graus de um plano 29.11.11Passarelas, plataformas, beiras de cobertas abertas,
horizontal. bocas de celas de contêineres e grandes vãos entre cargas, com
diferença de nível superior a 2,00 m (dois metros), devem possuir
29.10 Operação em conveses guarda- corpo com 1,10 m (um metro e dez centímetros) de altura.
29.10.1Os conveses devem: 29.11.12O trânsito de pessoas sobre os vãos entre cargas esti-
a)estar sempre limpos e desobstruídos; vadas só será permitido se cobertos os vãos com pranchas.
b)dispor de área de circulação que permita o trânsito seguro 29.11.12.1As pranchas devem ser de material resistente.
dos trabalhadores; 29.11.12.2Caso seja usada madeira, esta deve ser de boa quali-
c)possuir aberturas protegidas contra queda de pessoas e ob- dade, sem nós ou rachaduras que comprometam a sua resistência,
jetos; e sendo proibido o uso de madeira verde e de pintura que encubra
d)possuir piso livre do risco de escorregamento. imperfeições.
29.10.2Durante a movimentação de carga suspensa é vedada a 29.11.13É obrigatório o uso de escadas para a transposição de
circulação de pessoas no convés principal no perímetro de risco de obstáculos de altura superior a 1,50 m (um metro e cinquenta cen-
queda de objetos. tímetros).
514
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
29.11.14As escotilhas e aberturas similares devem estar sem- d)emitir a permissão de entrada e trabalho, após a adoção das
pre em perfeito estado de conservação e niveladas, a fim de não medidas de prevenção, consignando na permissão as medidas de
prejudicarem a circulação. prevenção adotadas;
29.11.15As escotilhas e aberturas similares devem permanecer e)controlar o acesso, mantendo vigia fora do espaço confinado;
fechadas por ocasião de trabalho na mesma coberta. f)monitorar continuamente a atmosfera nos espaços confina-
29.11.16Em locais em que não haja atividade, os vãos livres dos nas áreas onde os trabalhadores autorizados estiverem desem-
com risco de quedas, como bocas de agulheiros, cobertas e outros, penhando as suas tarefas, para verificar se as condições de acesso e
devem estar fechados. permanência são mantidas; e
29.11.16.1Quando em atividade, os vãos livres devem ser de- g)manter equipe para situações de emergência em conformi-
vidamente sinalizados, iluminados e protegidos com guarda-corpo, dade com os possíveis cenários de acidente.
redes ou madeiramento resistente. 29.12.5É dispensado o cadastro dos espaços confinados em
29.11.17A altura entre a parte superior da carga e a coberta operações portuárias no interior de embarcações, devendo, neste
deve permitir ao trabalhador condições adequadas de postura para caso, as informações serem inseridas na Permissão de Entrada e
execução do trabalho. Trabalho.
29.11.18Nas operações de carga e descarga com contêineres,
ou demais cargas de altura equivalente, é obrigatório o uso de es- 29.13 Máquinas, equipamentos e acessórios de estivagem
cadas. 29.13.1As máquinas e equipamentos de cais devem atender à
29.11.19As escadas portáteis devem: NR-12 - Segurança no Trabalho em Máquinas e Equipamentos.
a)ultrapassar 1,0 m (um metro) do topo do contêiner; 29.13.2As máquinas e equipamentos de cais, a serem utilizadas
b)ser providas de sapatas antiderrapantes e sinalização refleti- na operação portuária no interior de embarcações, devem apresen-
va nos degraus e montantes; tar, de forma legível, sua capacidade máxima de carga e seu peso
c)possuir até 7,0 m (sete metros) de comprimento; e bruto.
d)ser construída de material leve e resistente. 29.13.2.1A capacidade máxima de carga não deve ser ultrapas-
29.11.20Nas operações em embarcações do tipo transbordo sada.
horizontal (roll-on/roll-off), devem ser adotadas medidas preventi- 29.13.3Quando utilizado mais de um equipamento, a operação
vas de controle de ruídos e de exposição a gases tóxicos. somente poder ser autorizada por permissão de trabalho emitida
29.11.21A carga deve ser estivada de forma que fique em po- por profissional legalmente habilitado.
sição segura, sem perigo de tombar ou desmoronar sobre os traba- 29.13.4As máquinas e equipamentos de cais somente podem
lhadores no porão. ser utilizadas por operador capacitado, nos termos da legislação vi-
29.11.22Tubos, bobinas ou outras cargas sujeitas à movimen- gente.
tação involuntária devem ser calçadas e peadas na pilha imediata- 29.13.4.1O operador, antes de iniciar sua atividade com a má-
mente após a estivagem. quina ou equipamento, deve realizar checagem prévia e reportar
29.11.22.1Durante a movimentação dessas cargas, os trabalha- anomalias à pessoa responsável.
dores somente devem se posicionar próximos quando for indispen- 29.13.4.2A checagem prévia deve ser registrada em meio físico
sável as suas atividades. ou eletrônico e mantida por, no mínimo, cinco anos.
29.11.23A estivagem de carga deve ser efetuada à distância de 29.13.5É proibida a circulação de empilhadeiras sobre cargas
1,0 m (um metro) da abertura do porão, quando esta tiver que ser estivadas que formem saliências ou depressões ou sejam feitas de
aberta posteriormente. material não resistente, de forma a prejudicar sua movimentação.
29.11.24É proibida qualquer atividade laboral em cobertas dis- 29.13.6Devem ser adotadas medidas de prevenção, conforme
tintas do mesmo porão e mesmo bordo simultaneamente. análise de risco, que garantam um ambiente dentro dos limites de
tolerância normatizados, quando forem utilizados máquinas e equi-
29.12 Trabalho em espaços confinados pamentos de combustão interna nos trabalhos em porões.
29.12.1Aplica-se ao trabalho em espaços confinados a NR-33, 29.13.6.1Os maquinários utilizados devem conter dispositivos
observado o disposto neste capítulo. que controlem a emissão de poluentes gasosos, fagulhas, chamas e
29.12.2Cabe ao operador portuário ou ao titular de instalação a produção de ruídos.
portuária autorizada realizar o gerenciamento de riscos ocupacio- 29.13.7É proibido o uso de máquinas e equipamentos de com-
nais dos espaços confinados, em conformidade com a NR-33. bustão interna e elétrica em porões e armazéns com cargas inflamá-
29.12.3Nas operações portuárias com trabalhadores em veis ou explosivas, salvo se as especificações das máquinas forem
porões de embarcações, deve ser verificado na inspeção das con- compatíveis com a classificação da área envolvida.
dições de segurança do subitem 29.5.7 desta NR se o porão e seus 29.13.8As máquinas, os equipamentos, os aparelhos de içar e
acessos caracterizam espaço confinado nos termos da NR-33. os acessórios de estivagem em operação devem estar posicionados
29.12.4Identificado espaço confinado em operações portuárias de forma que não ultrapassem outras áreas de trabalho, não sendo
no interior de embarcações, as operações neste espaço devem ser permitido o trânsito ou permanência de pessoas no setor necessá-
precedidas das seguintes medidas técnicas: rio à rotina operacional do equipamento.
a)isolar e sinalizar os espaços confinados para evitar a entrada 29.13.9No local onde se realizam serviços de manutenção, ins-
de pessoas não autorizadas; peções ou montagens de correias transportadoras, aparelhos de
b)avaliar a atmosfera nos espaços confinados, antes da entra- içar e acessórios, a área deve ser isolada e sinalizada.
da dos trabalhadores, para determinar as medidas de prevenção a 29.13.10Todo aparelho de içar deve dispor, no interior de sua
serem adotadas; cabine, de tabela de carga que possibilite ao operador o conheci-
c)implementar todas as medidas de prevenção recomendadas; mento da carga máxima em todas as suas condições de uso.
515
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
29.13.11Toda máquina ou equipamento de cais que estiver so- 29.14.3O operador capacitado, antes de iniciar sua atividade
bre rodas ou trilhos deve: com a máquina ou equipamento, deve realizar inspeção diária e re-
a)emitir sinais sonoros e luminosos durante seus deslocamen- portar anomalias à pessoa responsável.
tos; 29.14.3.1A inspeção diária deve ser registrada em documento
b)dispor de suportes de prevenção de tombamento e sua área físico ou eletrônico e mantida pelo operador portuário, tomador de
de deslocamento deve estar desobstruída e sinalizada; e serviço ou empregador por, no mínimo, cinco anos.
c)ser dotado de sistema de frenagem e ancoragem a fim de 29.14.4Os acessos aos equipamentos de guindar de bordo
evitar o seu deslocamento acidental pela ação do vento. devem estar sempre limpos, desobstruídos e em condições ade-
29.13.12A máquina ou equipamento de movimentação de quadas de uso, dispondo de uma área de circulação que permita o
cargas, quando não utilizados, devem ser desligados e fixados em trânsito seguro dos trabalhadores, livre de materiais inflamáveis, de
posição que não ofereça riscos aos trabalhadores e à operação por- resíduos ou qualquer tipo de objeto que possa causar algum risco
tuária. ao trabalhador.
29.13.13As embarcações que possuírem mastros de carga de- 29.14.5As cabines dos equipamentos de guindar de bordo de-
vem conservar a bordo os planos e documentos de enxárcia/equi- vem ter acesso seguro, proteção contra queda de pessoas e obje-
pamento fixo. tos, proteção contra contaminantes e mobiliário fixo à estrutura.
29.13.14Os acessórios de estivagem ou de içamento devem ser 29.14.6As cabines dos equipamentos de guindar de bordo de-
inspecionados por pessoa responsável, antes do início e durante os vem ter assento ergonômico e conforto térmico regulável.
serviços, e serem utilizados em condições que não comprometam 29.14.6.1Na ausência desses itens de conforto, é obrigatória a
a sua integridade em face da utilização a que forem submetidos. existência de pausas na jornada de trabalho, prevista em avaliação
29.13.15Toda linga deve trazer etiqueta com a indicação da ca- ergonômica preliminar ou na análise ergonômica do trabalho, con-
pacidade e validade. forme NR-17 - Ergonomia.
29.13.16Lingas descartáveis não devem ser reutilizadas, sendo 29.14.7Na ocorrência de danos estruturais que impeçam sua
inutilizadas imediatamente após o uso. operação, os equipamentos de guindar e seus acessórios não po-
29.13.17Os ganchos de içar devem dispor de travas de seguran- derão ser operados até que sejam realizados reparos e testes para
ça sem defeitos e em condições de manterem presos as cargas ou saná-los, conforme normas técnicas vigentes.
os acessórios de estivagem a serem içados.
29.13.18A utilização, dimensionamento e conservação de ca- 29.15 Lingamento e deslingamento de cargas
bos de aço, anéis de carga, manilhas e sapatilhos para cabos de aço 29.15.1O funcionamento adequado dos freios do equipamento
utilizados nos acessórios de estivagem, nas lingas e outros dispositi- de guindar deve ser verificado no início da jornada de trabalho pelo
vos de levantamento que formem parte integrante da carga devem operador.
atender as normas técnicas aplicáveis. 29.15.2Todos os carregamentos devem lingar-se na vertical do
29.13.19O responsável pelo equipamento deverá disponibilizar engate do equipamento de guindar, observando-se em especial:
ao OGMO e aos trabalhadores capacitados o manual da máquina a)o impedimento da queda ou deslizamento parcial ou total da
ou equipamento, o relatório das inspeções realizadas e os registros carga;
de checagem prévia. b)de que nas cargas de grande comprimento como tubos, per-
fis metálicos, tubulões, tábuas e outros, sejam usadas no mínimo
29.14 Equipamentos de guindar de bordo e acessórios de es- duas lingas/estropos ou através de uma balança com dois ramais;
tivagem c)de que o ângulo formado pelos ramais das lingas/estropos
29.14.1A operação portuária de movimentação de carga so- não exceda a cento e vinte graus, salvo em caso de projeto realizado
mente poderá ser iniciada após o operador portuário ou o titular da por profissional habilitado; e
instalação portuária se certificar junto ao comandante da embar- d)de que as lingas/estropos, estrados, paletes, redes e outros
cação ou seus representantes legais no país as funcionalidades e a acessórios tenham marcada sua capacidade de carga de forma bem
segurança dos equipamentos de guindar de bordo e seus acessórios visível.
de estivagem, devendo observar: 29.15.3Nos serviços de lingamento e deslingamento de cargas
a)a última certificação dos últimos cinco anos; sobre veículos, com diferença de nível, é obrigatório o uso de pla-
b)as inspeções periódicas realizadas a partir da última certifi- taforma de trabalho segura fora da área de movimentação de carga
cação; e suspensa.
c)o histórico de acidentes dos equipamentos de guindar de 29.15.3.1Nos locais em que não exista espaço disponível deve
bordo. ser utilizada escada.
29.14.1.1O operador portuário, o empregador ou o tomador 29.15.4É proibido o transporte de objetos que não façam parte
de serviço deve designar pessoa responsável para: da carga lingada.
a)registrar a condição dos equipamentos de guindar de bor- 29.15.5A movimentação de carga suspensa deve ser orientada
do e acessórios em relatório técnico, em meio físico ou eletrônico, por sinaleiro devidamente capacitado.
com os respectivos documentos referidos nas alíneas do subitem 29.15.5.1A utilização de sinaleiro poderá ser dispensada desde
29.14.1; e que atendidos os seguintes critérios:
b)informar os trabalhadores sobre o resultado do relatório téc- a)isolamento da área de operação;
nico. b)equipamento de guindar concebido para permitir visão total
29.14.2.2 O relatório técnico deve ser mantido pelo prazo de dos locais onde as cargas serão movimentadas; e
cinco anos. c)a análise de risco verifique que a ausência do sinaleiro não
acarreta riscos adicionais.
516
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
29.15.6O sinaleiro deve ser facilmente destacável das demais g)piso com superfície antiderrapante e sistema de drenagem
pessoas na área de operação pelo uso de coletes ou vestimentas de cujas aberturas não permitam a passagem de uma esfera com diâ-
cor diferenciada. metro de 15 mm (quinze milímetros); e
29.15.7Nas operações noturnas o sinaleiro deve usar luvas e h)guarda corpo com, no mínimo, 1,0 m (um metro) de altura
colete, ambos com aplicações de material refletivo. e rodapé.
29.15.8O sinaleiro deve localizar-se de modo que possa visua- 29.16.3.2O cesto ou gaiola devem ser utilizados exclusivamen-
lizar toda a área de operação da carga e ser visto pelo operador do te para o transporte de trabalhadores e ferramentais necessários à
equipamento de guindar. atividade dos conveses para os contêineres e vice-versa.
29.15.8.1Quando estas condições não puderem ser atendidas, 29.16.4O trabalhador que estiver sobre o contêiner deve estar
deve ser utilizado um sistema de comunicação. em comunicação visual e utilizar-se de meios de telecomunicação
29.15.9O sinaleiro deve receber treinamento adequado para com sinaleiro e o operador de guindaste, os quais devem obedecer
aquisição de conhecimento do código de sinais de mão nas opera- unicamente às instruções formuladas pelo trabalhador.
ções de guindar. 29.16.5Não é permitida a permanência de trabalhador sobre
29.15.10É proibida a permanência do trabalhador sobre a car- contêiner quando este estiver sendo movimentado.
ga lingada, durante sua movimentação. 29.16.6O acesso ao interior de contêineres só deve ser realiza-
do se for confirmado que existe uma atmosfera segura.
29.16 Operações com contêineres 29.16.7Quando houver em um mesmo contêiner cargas peri-
29.16.1Na movimentação de carga e descarga de contêiner gosas e produtos inócuos, prevalecem as medidas de prevenção
com utilização de quadro posicionador, o equipamento deve pos- relacionadas à carga perigosa.
suir: 29.16.8Todo contêiner que requeira uma inspeção detalhada
a)travas de acoplamento acionadas de maneira automática ou deve ser retirado de sua pilha e conduzido a uma zona reservada
semiautomática; especialmente para esse fim, que disponha de meios de acesso que
b)dispositivo visual com indicador da situação de travamento; e não ofereçam risco ocupacional.
c)dispositivo de segurança que garanta o travamento dos qua- 29.16.9Os trabalhadores devem utilizar hastes guia ou cabos
tro cantos. para posicionar o contêiner, nas operações de descarregamento so-
29.16.2No caso de contêineres fora de padrão, avariados ou bre veículos.
em condições que impeçam os procedimentos do subitem 29.16.1, 29.16.10Nas operações com contêineres, devem ser adotadas
será permitida a movimentação por outros métodos seguros, sob a as seguintes medidas de segurança:
supervisão direta do responsável pela operação. a)movimentá-los somente após o trabalhador haver descido do
29.16.3Em atividades com trabalhadores sobre contêineres em mesmo;
embarcações, quando a altura seja superior a 2 (dois) contêineres b)instruir o trabalhador quanto às posturas ergonômicas e se-
ou a altura da carga seja superior 5 m (cinco metros) de altura, deve guras nas operações de estivagem, desestivagem, fixação e movi-
ser utilizado: mentação de contêiner;
a)cesto suspenso, de acordo com o Anexo XII da NR-12; ou c)obedecer a sinalização e rotulagem dos contêineres quanto
b)gaiola especialmente construída para esta finalidade, com aos riscos inerentes a sua movimentação;
capacidade máxima para dois trabalhadores. d)instruir trabalhador sobre o significado das sinalizações e das
29.16.3.1A gaiola especialmente construída para o transporte rotulagens de risco de contêineres, bem como dos cuidados e me-
de trabalhadores é o conjunto projetado por profissional legalmen- didas de prevenção a serem observados; e
te habilitado, formado por sistema de suspensão e de caçamba sus- e)mitigar o risco de queda de cargas quando da abertura de
pensa por equipamento de guindar dotado de: contêineres.
a)ponto(s) de fixação para ancoragem de cinto de segurança 29.16.11No armazenamento de contêineres vazios nos pátios,
tipo paraquedista em qualquer posição de trabalho, sinalizados e devem ser adotadas medidas para prevenir o tombamento da pilha
dimensionados em função do número máximo de ocupantes da ca- de contêineres.
çamba e capazes de suportar cargas de impacto em caso de queda;
b)sistema complementar de travamento que atuará em caso de 29.17 Operações com granéis secos
falha do sistema de travamento do spreader; 29.17.1Durante as operações devem ser adotados procedi-
c)recipiente fixado para guarda de material; mentos que impeçam a formação de barreiras que possam pôr em
d)barra fixa no perímetro interno para apoio e proteção das risco a segurança dos trabalhadores.
mãos; 29.17.2Quando houver risco de queda ou deslizamento volu-
e)portão de acesso que não permita abertura para fora e com moso durante a carga ou descarga de granéis secos, nenhum tra-
sistema de travamento que impeça abertura acidental; balhador deve permanecer no interior do porão e outros recintos
f)placa de identificação afixada em seu interior e de fácil visua- similares.
lização que contenha no mínimo as seguintes informações: 29.17.2.1A avaliação específica de risco de queda de barreiras
1.identificação do fabricante; ou deslizamento de cargas de granel sólido armazenadas em porões
2.data de fabricação; deve ser efetuada pela pessoa responsável, considerando-se, obri-
3.capacidade de carga da gaiola em peso e número máximo de gatoriamente, o ângulo de repouso do produto, conforme estabele-
ocupantes; cido na ficha do produto constante no Código Marítimo Internacio-
4.número da identificação da gaiola que permita rastreabilida- nal para Cargas Sólidas a Granel - IMSBC, da Organização Marítima
de do projeto; Internacional - OMI.
517
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
29.17.3Nas operações utilizando máquinas autopropelidas 29.18.1.1As instalações portuárias devem dispor de sinalização
com condutor no interior do porão, ou armazém, na presença de vertical e horizontal, com dispositivos e sinalização auxiliares, con-
aerodispersóides, o operador deve estar protegido por cabine resis- forme regulamento próprio.
tente, fechada, dotada de ar-condicionado, provido de filtro contra 29.18.2Máquinas e equipamentos que trafeguem em instala-
poeira em seu sistema de captação de ar. ção portuária devem estar em condições seguras para circulação.
29.17.4As operações com máquinas e equipamentos que pos- 29.18.3As vias para tráfego de veículos, equipamentos, ciclistas
sam gerar aerodispersóides devem prever medidas de controle e pedestres devem estar em boas condições de conservação, ilumi-
para eliminar ou reduzir sua geração, devendo observar: nação e limpeza.
a)as caraterísticas físicas e químicas da carga; 29.18.4As máquinas e equipamentos utilizados nas operações
b)a conservação das máquinas e equipamentos; e portuárias que trafeguem ou estacionem na área das instalações
c)medida de controle dos resíduos. portuárias devem possuir:
29.17.5Para transitar e estacionar em área portuária, os veícu- a)sinalização sonora e luminosa adequada para as manobras
los e vagões transportando granéis sólidos devem estar cobertos. de marcha-a-ré;
29.17.6A moega ou funil utilizado no descarregamento de b)sinal sonoro de advertência (buzina);
granéis sólidos deve ser vistoriado conforme determinação do fa- c)retrovisores de ambos os lados ou câmeras retrovisoras; e
bricante. d)faróis, lanternas e setas indicativas.
29.17.6.1Caso o fabricante não determine período para visto- 29.18.5É proibido o transporte de trabalhadores em compar-
ria, esta deverá ser anual. timentos destinados à carga ou em condições inseguras, salvo em
29.17.6.2O laudo da vistoria deve atender aos seguintes requi- situação de emergência ou resgate.
sitos: 29.18.6No transporte utilizando veículos de carga, devem ser
a)ser emitido por profissional legalmente habilitado; e adotadas medidas para evitar a queda acidental da carga.
b)comprovar que o equipamento está em condições operacio- 29.18.6.1No transporte de contêineres, deve ser verificada a
nais para suportar as tensões de sua capacidade máxima de carga fixação nos quatro cantos da carreta.
de trabalho seguro, de acordo com seu projeto construtivo. 29.18.7Para o trabalho realizado em veículos que transportam
29.17.6.3No caso de incidentes, avarias ou reformas nos equi- carga, devem ser previstas medidas para prevenir a queda de pes-
pamentos, estes somente podem iniciar seus trabalhos após nova soas ou objetos e a geração de contaminantes.
vistoria, obedecido o disposto no subitem 29.17.6.2. 29.18.8Quando o trabalho em veículos de carga for realizado
29.17.7Toda moega ou funil deve apresentar de forma legível sobre a carroceria, esta deve ser construída de material resistente,
sua capacidade máxima de carga e seu peso bruto. não podendo apresentar aberturas não projetadas e devendo o as-
29.17.8A moega ou funil que seja operada localmente pelo tra- soalho ter condições seguras de uso.
balhador deve dispor de cabine fechada que atenda aos seguintes 29.18.9As pilhas de cargas ou materiais devem distar, pelo me-
requisitos: nos, de 1,50 m (um metro e cinquenta centímetros) das bordas do
a)possuir visibilidade da operação; cais.
b)interior climatizado;
c)assento ergonômico; 29.19 Segurança em armazéns e silos
d)quando localizadas em piso superior, possuir escadas dota- 29.19.1Os armazéns e silos onde houver o trânsito de pessoas
das de corrimão e guarda-corpo; devem dispor de sinalização horizontal em seu piso, demarcando a
e)instalações elétricas em bom estado, devidamente aterradas área de segurança, e sinalização vertical que indique outros riscos
e protegidas; existentes no local.
f)extintor de incêndio adequado ao risco; e 29.19.2Toda instalação portuária que tenha local onde uma
g)proteção contra raios solares e intempéries. atmosfera explosiva de gás, vapor, névoa e/ou poeira combustível
29.17.8.1Moegas e funis operados de modo remoto ficam dis- esteja presente, ou possa estar presente, deve adotar as seguintes
pensados do disposto no subitem 29.17.8, desde que o operador providências:
não esteja exposto a aerodispersóides. a)identificar as áreas classificadas;
29.17.9Nas operações de carregamento ou descarregamento b)dotar a instalação de materiais e equipamentos certificados
de graneis secos com uso de carregadores ou descarregadores con- de acordo com classificação da área, inclusive circuitos elétricos e
tínuos, deve haver dispositivos ou equipamentos que propiciem a iluminação;
eliminação ou a redução de particulados e poeiras. c)estabelecer medidas para o controle dos riscos de explosões
29.17.10Porões, armazéns e silos que contenham graneis que e incêndios; e
possam provocar a redução da concentração de oxigênio ou a ema- d)definir procedimentos de segurança para liberação de servi-
nação de gases tóxicos, serão liberados para operação após autori- ços a quente, como solda elétrica ou corte a maçarico (oxiacetileno)
zação do profissional legalmente habilitado. e para transporte, manuseio e armazenamento, incluindo entrada e
permanência de pessoas.
29.18 Transporte, movimentação, armazenagem e manuseio 29.19.3Embalagens com produtos perigosos não devem ser
29.18.1As instalações portuárias devem dispor de um regula- movimentadas com equipamentos inadequados que possam dani-
mento próprio que discipline a rota de tráfego de veículos, equipa- ficá-las.
mentos, ciclistas e pedestres, bem como a movimentação de cargas 29.19.4Tubos, bobinas ou outras cargas sujeitas a movimenta-
no cais, plataformas, pátios, estacionamentos, armazéns e demais ção involuntária devem fixadas imediatamente após o armazena-
espaços operacionais. mento.
518
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
29.19.4.1Durante a movimentação dessas cargas, os trabalha- 29.24.2A realização de atividades em locais frigorificados, para
dores somente devem se posicionar próximos quando for indispen- trabalhadores utilizando EPI e vestimenta adequados ao risco, deve
sável às suas atividades. obedecer ao regime de tempo de trabalho com tempo de recupera-
ção térmica fora do ambiente frio previsto no Anexo III.
29.20 Segurança nos trabalhos de limpeza e manutenção
29.20.1Nas atividades de limpeza e manutenção de embarca- 29.25 Condições sanitárias e de conforto nos locais de traba-
ções e de seus tanques, realizadas por trabalhadores portuários, lho
deve ser atendido o disposto no item 30.14 (Segurança na Manu- 29.25.1As instalações sanitárias, vestiários, refeitórios e locais
tenção em Embarcação em Operação) da NR-30. de repouso devem ser mantidos pela administração do porto or-
29.20.2São vedados os trabalhos simultâneos de reparo e ma- ganizado e pelo titular da instalação portuária, conforme o caso, e
nutenção com os de operação portuária, que prejudiquem a saúde observar o disposto na NR-24 - condições sanitárias e de conforto
e a integridade física dos trabalhadores. nos locais de trabalho.
29.20.3Os trabalhos de recondicionamento de embalagens, 29.25.2Os locais de aguardo devem ser projetados de forma a
nos quais haja risco de danos à saúde e à integridade física dos tra- oferecer aos trabalhadores condições de segurança e de conforto,
balhadores, devem ser efetuados em local fora da área de movi- mantidos em condições de higiene e limpeza e atender ao seguinte:
mentação de carga. a)piso impermeável e lavável;
29.20.3.1Quando não for possível aplicação do subitem b)paredes de material resistente, impermeável e lavável;
29.20.3, a operação no local deve ser interrompida até a conclusão c)cobertura que proteja contra intempéries;
do reparo. d)proteção contra risco de choque elétrico e aterramento elé-
29.20.3.2No recondicionamento de embalagens com cargas trico;
perigosas, a área deve ser vistoriada e o risco da tarefa avaliado, e)possuir área de ventilação natural, composta por, no mínimo,
previamente, por pessoa responsável, que definirá as medidas de duas aberturas adequadamente dispostas para permitir eficaz ven-
prevenção coletiva e individual necessárias. tilação interna;
f)garantir condições de conforto térmico, acústico e de ilumi-
29.21 Segurança nos serviços do vigia de portaló nação;
29.21.1No caso de portaló sem proteção para o vigia se abri- g)ter assentos em número suficiente para atender aos usuários
gar das intempéries, deve ser providenciado abrigo, como também durante a interrupção das atividades; e
adotadas medidas especiais contra a insolação, o calor, o frio, as h)ser identificado de forma visível, proibida sua utilização para
umidades e os ventos. outras finalidades.
29.21.2Havendo movimentação de carga sobre o portaló ou 29.25.3Toda instalação portuária deve ser dotada de um local
outros postos onde deva permanecer um vigia portuário, este se de repouso destinado aos trabalhadores que operem equipamen-
posicionará fora dele, em local seguro. tos portuários de grande porte ou aqueles cuja avaliação ergonômi-
29.21.3Deve ser fornecido ao vigia assento com encosto, com ca preliminar ou análise ergonômica do trabalho exija que o traba-
forma levemente adaptada ao corpo para a proteção da região lom- lhador tenha períodos de pausas na jornada de trabalho.
bar. 29.25.3.1O local de repouso deve ser climatizado, dotado de
isolamento acústico eficiente e mobiliário apropriado ao descanso
29.22 Iluminação dos locais de trabalho dos usuários.
29.22.1Os locais de operação a bordo, ou em terra, devem ter 29.25.4O deslocamento do trabalhador até as instalações sani-
níveis adequados de iluminamento, não inferiores a 50 lux. tárias não deve ser superior a 200 m (duzentos metros).
29.22.2Nas áreas de acesso e circulação de pessoas, a bordo 29.25.5Nas operações a bordo de embarcações que não ofe-
ou em terra, não será permitido níveis inferiores a 10 lux por toda reçam instalações sanitárias com gabinete sanitário e lavatório, em
sua extensão. boas condições de higiene e funcionamento, o operador portuário
deve dispor, próximo ao acesso à embarcação, de instalações sani-
29.23 Transporte de trabalhadores por via aquática tárias móveis.
29.23.1As embarcações que fizerem o transporte de trabalha- 29.25.6O transporte de trabalhadores ao longo do porto deve
dores portuários devem observar as NORMAM. ser feito por meios seguros.
29.23.2Os locais de atracação, sejam fixos ou flutuantes, para
embarque e desembarque de trabalhadores, devem possuir dispo- 29.26 Primeiros socorros e outras providências
sitivos que impeçam a queda do trabalhador na água e que redu- 29.26.1Toda instalação portuária deve dispor de serviço de
zam o risco de impacto da embarcação contra o cais ou flutuante. atendimento de urgência próprio ou terceirizado mantido pelo
OGMO, operadores portuários e tomadores de serviço, possuindo
29.24 Locais frigorificados equipamentos e pessoal habilitado a prestar os primeiros socorros
29.24.1Nos locais frigorificados é proibido o uso de máquinas e e garantir a rápida e adequada remoção de acidentado.
equipamentos movidos a combustão interna, salvo se: 29.26.2Nas operações portuárias realizadas em berço de atra-
a)providos de dispositivos neutralizadores; e cação, é obrigatória a presença, no local da operação, de um inte-
b)as concentrações dos gases sejam monitoradas, de forma a grante do serviço de atendimento a urgência, devidamente identi-
atender as disposições contidas na NR- 09 - avaliação e controle das ficado.
exposições ocupacionais a agentes físicos, químicos e biológicos.
519
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
29.26.3Para o resgate de trabalhador portuário acidentado em c)indicação das cargas perigosas - qualitativa e quantitativa-
embarcações atracadas, devem ser mantidas, próximas a estes lo- mente - segundo o Código Marítimo Internacional de Mercadorias
cais de trabalho, cestos suspensos e macas, ou outro recurso equi- Perigosas - IMDG CODE, informando as que serão descarregadas no
valente ou superior previsto no PCE, em bom estado de conserva- porto e as que permanecerão a bordo.
ção e higiene, não podendo ser utilizados para outros fins. 29.27.8Todos os intervenientes da cadeia logística portuária
29.26.4Nos trabalhos executados em embarcações ao largo, poderão extrair as informações sobre cargas perigosas e documen-
deve ser garantida comunicação eficiente e meios para, em caso de tos envolvidos do Sistema Porto Sem Papel do Governo Federal.
acidente, prover a rápida remoção do trabalhador portuário aciden- 29.27.9Na movimentação de carga perigosa embalada para ex-
tado, devendo os primeiros socorros serem prestados por trabalha- portação, o exportador ou seu preposto deve fornecer à administra-
dor treinado para este fim. ção do porto e ao OGMO a documentação de que trata o subitem
29.26.5No caso de acidente grave ou fatal a bordo, o responsá- 29.27.6 com antecedência mínima de quarenta e oito horas do
vel pela embarcação deve comunicar, imediatamente, à Capitania embarque.
dos Portos, às suas Delegacias ou Agências e ao órgão regional com- 29.27.10Durante todo o tempo de atracação de uma embarca-
petente em matéria de segurança e saúde no trabalho. ção com carga perigosa no porto, o comandante deve adotar pro-
29.26.5.1O local do acidente deve ser isolado até que seja reali- cedimentos de segurança para operação portuária, os quais devem
zada a investigação do acidente por autoridade competente desses prever:
órgãos e posterior liberação do despacho da embarcação pela Capi- a)manobras de emergência, reboque ou propulsão;
tania dos Portos, suas Delegacias ou Agências. b)manuseio seguro de carga e lastro; e
c)controle de avarias.
29.27 Operações com cargas perigosas 29.27.11O comandante deve informar imediatamente à ad-
29.27.1As cargas perigosas classificam-se de acordo com tabela ministração do porto e ao operador portuário qualquer incidente
de classificação contida no Anexo IV desta NR. ocorrido com as cargas perigosas que transporta, quer na viagem,
29.27.2Nos locais de armazenagem deve haver sinalização con- quer durante sua permanência no porto.
tendo a identificação das classes e tipos dos produtos perigosos ar- 29.27.12Cabe ao OGMO, tomador de serviço ou empregador:
mazenados, em pontos estratégicos e visíveis e em conformidade a)nas escalações de mão de obra avulsa, informar aos trabalha-
com os símbolos padronizados pela Organização Marítima Interna- dores quanto à existência de cargas perigosas, os tipos e as quanti-
cional - OMI. dades a serem movimentadas; e
29.27.3Apenas podem ser operadas ou armazenadas cargas b)promover a capacitação dos trabalhadores em operações
perigosas que possuam ficha de informações de segurança da carga com cargas perigosas.
perigosa. 29.27.13Antes do início das operações ou da armazenagem de
29.27.3.1A ficha de informações de segurança da carga perigo- cargas perigosas, os locais de operação ou armazenagem devem ser
sa deve estar disponível para os trabalhadores. previamente limpos e descontaminados por pessoas capacitadas.
29.27.3.1.1Caso não disponível a ficha de informações de segu- 29.27.14Somente devem ser manipuladas, armazenadas ou es-
rança da carga perigosa em língua portuguesa, essas informações tivadas as cargas perigosas que estiverem embaladas, sinalizadas e
devem ser repassadas aos trabalhadores antes da realização da rotuladas de acordo com o IMDG CODE.
operação. 29.27.15Nas operações com cargas perigosas a granel, devem
29.27.4As operações e o armazenamento de cargas perigosas ser observadas as medidas de controle previstas no Código Interna-
devem estar sob supervisão de profissional capacitado e sob res- cional para a Construção e Equipamento de Embarcações Transpor-
ponsabilidade de profissional legalmente habilitado. tadores de Cargas Perigosas a Granel - IBC-CODE.
29.27.5Os trabalhadores devem ser capacitados para operar e 29.27.16As cargas perigosas devem ser submetidas a cuida-
armazenar cargas perigosas. dos especiais considerando suas características, sendo observadas,
29.27.6O treinamento para operação e armazenagem com car- dentre outras, as providências para adoção das medidas constantes
gas perigosas deve ser de vinte horas e ter o seguinte conteúdo: das fichas com informações de segurança de cargas perigosas, in-
a)classes e seus perigos; clusive aquelas cujas embalagens estejam avariadas ou que estejam
b)marcação, rotulagem e sinalização; armazenadas próximas a cargas nessas condições.
c)procedimentos de resposta a emergências; 29.27.17As cargas relacionadas a seguir não podem ser manti-
d)noções de primeiros socorros; das nas áreas de operação de carga e descarga, devendo ser remo-
e)procedimentos de manuseio seguro; vidas para o armazenamento ou outro destino final:
f)requisitos de segurança nos portos para carga, trânsito e des- a)explosivos em geral;
carga; e b)gases inflamáveis (classe 2.1) e venenosos (classe 2.3);
g)regulamentação da instalação portuária, em especial, a limi- c)radioativos;
tação de quantidade. d)chumbo tetraetila;
29.27.7O Operador Portuário ou o Tomador de Serviço, respon- e)poliestireno expansível;
sável pela movimentação da carga perigosa, deve garantir, com a f)perclorato de amônia, e
antecedência mínima de vinte e quatro horas antes da escalação, g)mercadorias perigosas acondicionadas em contêineres refri-
o recebimento da seguinte documentação pelo OGMO ou, quando gerados.
substituindo o OGMO, pelos sindicatos dos trabalhadores: 29.27.18Operações com embalagens avariadas devem ser au-
a)declaração de mercadorias perigosas conforme NORMAM ou torizadas mediante sistema de permissão de trabalho e conforme
formulário internacional equivalente; sua ficha com informações de segurança de cargas perigosas.
b)ficha de informações de segurança da carga perigosa; e
520
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
29.27.19Nas operações com explosivos - Classe 1, além das dis- d)adotadas medidas de proteção contra incêndio e explosões,
posições previstas na NR-19: incluindo especialmente a proibição de fumar e o controle de qual-
a)serão previstos procedimentos para embarque diretamente à quer fonte de ignição e de calor.
embarcação ou recebimento em área fora da instalação portuária. 29.27.23Nas operações com substâncias tóxicas e infectantes
b)será impedido o abastecimento de combustíveis na embarca- - Classe 6, deve-se:
ção, durante essas operações; a)restringir o acesso à área operacional e circunvizinhas so-
c)será proibida a realização de trabalhos de reparos nas embar- mente ao pessoal envolvido nas operações; e
cações atracadas, carregadas com explosivos ou em outras, a me- b)disponibilizar, no local das operações, material absorvente
nos de 40 m (quarenta metros) dessa embarcação; e para conter derramamentos.
d)haverá determinação para que os explosivos sejam as últi- 29.27.24Nas operações com materiais radioativos - Classe 7:
mas cargas a embarcar e as primeiras a desembarcar. a)as embarcações estrangeiras devem possuir documentação
29.27.20Nas operações com gases inflamáveis - Classe 2.1 e lí- determinada pela Agência Internacional de Energia Atômica, e, para
quidos inflamáveis e combustíveis - Classe 3, além das disposições as embarcações de bandeira brasileira, devem ser atendidas as nor-
da NR-20: mas da Comissão Nacional de Energia Nuclear - CNEN.
a)devem ser prevenidos impactos e quedas dos recipientes nas b)devem ser obedecidas as normas de segregação desses materiais,
plataformas do cais, nos armazéns e porões; constantes no Código IMDG, com as distâncias de afastamento aplicá-
b)a fiação e terminais elétricos devem ser mantidos com isola- veis, constante no Regulamento para o Transporte com Segurança de
mento perfeito e com os respectivos tampões, inclusive os instala- Materiais Radioativos, da Agência Internacional de Energia Atômica;
dos nos guindastes; c)a autorização para a atracação de embarcação com carga da
c)os guindastes devem ser mantidos totalmente travados, tan- Classe 7 deve ser precedida pela confirmação de que as exigências
to no solo como nas superestruturas; contidas nas alíneas “a” e “b” deste item foram adequadamente
d)as mangueiras, tubulações e demais componentes pressuri- cumpridas, sendo que esta confirmação deve ser feita com base nas
zados devem ser inspecionados e periodicamente testados, confor- informações contidas nos documentos de transporte; e
me instruções do fabricante; d)em caso de acidente/incidente com ou sem danos aos emba-
e)em toda a área da operação ou próximos a equipamentos, lados, a pessoa responsável deverá solicitar a presença do Supervisor
devem ser instaladas sinalização proibindo o uso de fontes de igni- de Proteção Radiológica - SPR - designado pelo expedidor ou desti-
ção, incluindo os avisos NÃO FUME - NO SMOKING; NÃO USE LÂM- natário da carga para decidir os procedimentos a serem adotados.
PADAS DESPROTEGIDAS - NO OPEN LIGHTS; 29.27.24.1É assegurado ao pessoal envolvido nas operações
f)as tomadas e válvulas de gases e líquidos inflamáveis na área com materiais radioativos o total acesso aos dados e resultados da
delimitada da faixa do cais devem possuir sinalização de segurança; e eventual monitoração e do consequente controle da exposição.
g)deve ser monitorada de forma permanente a operação em 29.27.25Nas operações com substâncias corrosivas - Classe 8,
embarcações tanque com a adoção de medidas imediatas em caso deve-se:
de anormalidade da operação. a)adotar medidas de controle que impeçam o contato de subs-
29.27.21Nas operações com sólidos inflamáveis, substâncias tâncias dessa classe com a água ou com temperatura elevada;
sujeitas à combustão espontânea, que em contato com a água emi- b)utilizar medidas de prevenção contra incêndio e explosões,
tem gases inflamáveis - Classe 4, devem ser: incluindo a proibição de fumar e o controle de qualquer fonte de
a)adotadas medidas preventivas para controle do risco princi- ignição e de calor; e
pal e dos riscos secundários; c)disponibilizar, no local das operações, material absorvente
b)adotadas as práticas de segurança, relativas as cargas sólidas para contenção de derramamentos.
a granel, que constam do suplemento ao código IMDG; 29.27.26A administração portuária deve fixar em cada porto a
c)adotadas medidas de proteção contra incêndio e explosões, quantidade máxima total por classe e subclasse de substâncias a
incluindo a proibição de fumar e o controle de fonte de ignição e serem armazenadas na zona portuária.
de calor; 29.27.27Os locais de armazenamento de cargas perigosas de-
d)adotadas medidas que impeçam o contato da água com vem ser mantidos em condições seguras, conforme projeto.
substâncias das subclasses 4.2 - substâncias sujeitas a combustão 29.27.28No projeto de armazenamento de cargas perigosas,
espontânea e 4.3 - substâncias perigosas em contato com a água; devem constar:
e)adotadas medidas que evitem a fricção e impactos com a a)planta geral de localização;
carga; e b)descrição das áreas de armazenamento;
f)monitoradas, antes e durante a operação de descarga de car- c)características e informações de segurança, saúde e do am-
vão ou pré-reduzidos de ferro, a temperatura do porão e a presen- biente de trabalho relativas às mercadorias armazenadas, constan-
ça de hidrogênio ou outros gases no mesmo, para as providências tes nas fichas com dados de segurança das cargas perigosas;
devidas. d)especificação técnica dos equipamentos, máquinas e acessó-
29.27.22Nas operações com substâncias oxidantes e peróxidos rios presentes nas áreas de armazenagem, em termos de segurança
orgânicos - Classe 5, devem ser: e saúde no trabalho estabelecidos pela análise de riscos;
a)adotadas medidas preventivas para controle do risco princi- e)identificação das áreas classificadas nas áreas de armazenagem,
pal e dos riscos secundários; para efeito de especificação dos equipamentos e instalações elétricas; e
b)adotadas medidas que impossibilitem o contato das substân- f)medidas intrínsecas de segurança identificadas na análise de
cias dessa classe com os materiais ácidos, óxidos metálicos e aminas; riscos do projeto.
c)monitorada e controlada a temperatura externa, até seu li- 29.27.29Deve ser realizada inspeção, no mínimo diária, das
mite máximo, dos tanques que contenham peróxidos orgânicos; e cargas perigosas armazenadas.
521
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
522
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
Nº médio de trabalhadores avulsos 20 51 101 501 1001 2001 5001 Acima de 10000 a cada grupo
a a a a a a a de 2500 acrescentar
50 100 500 1000 2000 5000 10000
Nº de representantes titulares dos operado- 01 02 04 06 09 12 15 02
res portuários e dos tomadores de serviço
Nº de representantes titulares dos traba- 01 02 04 06 09 12 15 02
lhadores avulsos
ANEXO III
REGIME DE TEMPO DE TRABALHO COM TEMPO DE RECUPERAÇÃO TÉRMICA FORA DO AMBIENTE FRIO
Faixa de Temperatura de Bulbo Regime de tempo de trabalho com tempo de recuperação fora do ambiente frio, para trabalhadores
Seco (°C) utilizando EPI e vestimenta adequados para exposição ao frio
+15,0 a -17,9 * Tempo total de trabalho no ambiente frio de 6 horas e 40 minutos, sendo quatro períodos de 1 hora
+12,0 a -17,9 ** e 40 minutos alternados com 20 minutos de repouso e recuperação térmica fora do ambiente de
+10,0 a -17,9 *** trabalho.
-18,0 a -33,9 Tempo total de trabalho no ambiente frio de 4 horas alternando-se 1 hora de trabalho com 1 hora
para recuperação térmica fora do ambiente frio.
-34,0 a -56,9 Tempo total de trabalho no ambiente frio de 1 hora, sendo dois períodos de 30 minutos com separa-
ção mínima de 4 horas para recuperação térmica fora do ambiente frio.
-57,0 a -73,0 Tempo total de trabalho no ambiente frio de 5 minutos sendo o restante da jornada cumprida obri-
gatoriamente fora do ambiente frio.
Abaixo de -73,0 Não é permitida a exposição ao ambiente frio, seja qual for a vestimenta utilizada.
(*) faixa de temperatura válida para trabalhos em zona climática quente, de acordo com o mapa oficial do IBGE.
(**) faixa de temperatura válida para trabalhos em zona climática sub-quente, de acordo com o mapa oficial do IBGE.
523
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
(***) faixa de temperatura válida para trabalhos em zona climática mesotérmica, de acordo com o mapa oficial do IBGE.
CLASSE 1 - EXPLOSIVOS
DIVISÃO DESCRIÇÃO DA SUBSTÂNCIA OU ARTIGO
1.1 Substâncias ou produtos que apresentam perigo de explosão em massa.
1.2 Substâncias ou produtos que apresentam perigo de projeção, mas não apresentam perigo de explosão em massa.
1.3 Substâncias e produtos que apresentam perigo de incêndio e perigo de produção de pequenos efeitos de onda de choque
ou projeção ou ambos os efeitos, mas que não apresentam um perigo de explosão em massa.
1.4 Substâncias e produtos que não apresentam perigo considerável.
1.5 Substâncias e produtos muito insensíveis e produtos, mas que apresentam perigo de explosão em massa.
1.6 Substâncias e produtos extremamente insensíveis que não apresentam perigo de explosão em massa.
CLASSE 2 - GASES COMPRIMIDOS, LIQUEFEITOS OU DISSOLVIDOS SOB PRESSÃO
DIVISÃO DESCRIÇÃO DA SUBSTÂNCIA OU ARTIGO
2.1 Gases inflamáveis.
2.2 Gases não inflamáveis e não tóxico.
2.3 Gases tóxicos.
CLASSE 3 - LÍQUIDOS INFLÁMAVEIS
DIVISÃO DESCRIÇÃO DA SUBSTÂNCIA OU ARTIGO
Líquidos inflamáveis: são líquidos que possuem ponto de fulgor ≤ 60° C (sessenta graus Celsius).
Líquidos que possuem ponto de fulgor superior a 60° C (sessenta graus Celsius), quando armazenados e transferidos
aquecidos a temperaturas iguais ou superiores ao seu ponto de fulgor, se equiparam aos líquidos inflamáveis.
CLASSE 4 - SÓLIDOS INFLAMÁVEIS, SUBSTÂNCIAS SUJEITAS À COMBUSTÃO ESPONTÂNEA, SUBSTÂNCIAS QUE, EM CONTATO
COM A ÁGUA EMITEM GASES INFLAMÁVEIS.
DIVISÃO DESCRIÇÃO DA SUBSTÂNCIA OU ARTIGO
4.1 Sólidos inflamáveis, substâncias sujeitas a autoignição, sólidos explosivos dessensibilizadas e substâncias polimerizadas
4.2 Substâncias sujeitas à combustão espontânea.
4.3 Substâncias que, em contato com a água, emitem gases inflamáveis.
CLASSE 5 - SUBSTÂNCIAS OXIDANTES E PERÓXIDOS ORGÂNICOS.
DIVISÃO DESCRIÇÃO DA SUBSTÂNCIA OU ARTIGO
5.1 SUBSTÂNCIAS OXIDANTES
5.2 Peróxidos orgânicos
CLASSE 6 - SUBSTÂNCIAS TÓXICAS OU INFECTANTES.
DIVISÃO DESCRIÇÃO DA SUBSTÂNCIA OU ARTIGO
6.1 Substâncias tóxicas
6.2 Substâncias infectantes
CLASSE 7 - MATERIAL RADIOATIVO
CLASSE 8 - SUBSTÂNCIAS CORROSIVAS
CLASSE 9 - SUBSTÂNCIAS E MATERIAIS PERIGOSOS DIVERSOS
524
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
525
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
TABELA II - DISTÂNCIA DE SEGREGAÇÃO Área de operação - local onde ocorre a movimentação da mer-
cadoria, da carga ou de passageiros.
TIPO DE SE- SENTIDO DA SEGREGAÇÃO Área do porto organizado - área delimitada por ato do Poder
GREGAÇÃO Executivo que compreende as instalações portuárias, a infraestru-
LONGITUDI- TRANSVERSAL VERTICAL tura de proteção e de acesso ao porto, por via terrestre ou aquaviá-
NAL ria. Integra: ancoradouros, docas, cais, pontes e píeres de atracação
TIPO 1 Não há restri- Não há restri- Permitido e acostagem, terrenos, armazéns, edificações, vias de circulação
ções ções um remonte interna, guias-correntes, quebra-mares, eclusas, canais, bacias de
evolução e áreas de fundeio, todas mantidas pela administração do
TIPO 2 Um espaço para Um espaço para Proibido o
porto.
contêiner ou contêiner ou remonte
Armazém - edificação fechada, construída em madeira, metal,
contêiner neutro contêiner neutro
alvenaria e/ou concreto armado, provida de cobertura e abertu-
TIPO 3 Um espaço Dois espaços Proibido o ras que permitam a entrada e saída de mercadorias, cargas gerais,
para contêiner para contêineres remonte equipamentos e pessoal.
ou contêiner ou dois contê- Assoalho - piso da carroceria do veículo.
neutro ineres neutros Atmosfera IPVS - Atmosfera Imediatamente Perigosa à Vida ou
TIPO 4 A distância de A distância de Proibido o à Saúde - qualquer atmosfera que apresente risco imediato à vida
pelo menos 24 pelo menos 24 remonte ou produza imediato efeito debilitante à saúde.
metros metros Atores externos - organizações oficiais e de apoio que estão lo-
calizados fora do porto organizado ou instalação portuária.
TIPO X Não há nenhuma recomendação geral. Consultar Atracação - manobra de fixação da embarcação ao cais.
a ficha correspondente em cada produto Administração Portuária - é a pessoa jurídica responsável pela
administração do porto organizado, também denominada autori-
OBSERVAÇÕES: dade portuária.
1)As tabelas estão baseadas no quadro de segregação do Có- Barreiras (granel sólido) - paredes formadas no granel sólido
digo Marítimo Internacional de Mercadorias Perigosas - IMDG/CO- durante sua movimentação em depósitos a céu aberto, silos hori-
DE-IMO. zontais e porões de embarcações.
2)Um “espaço para contêineres” significa uma distância de Berço - qualquer doca, píer, molhe, caís, terminal marítimo, ou
pelo menos 6m (seis metros) no sentido longitudinal e pelo menos estrutura similar flutuante ou não, onde uma embarcação possa
2,4m (dois metros e quarenta centímetros) no sentido transversal atracar com segurança.
do armazenamento. Cabine com interior climatizado - cabine com espaço fisicamen-
3)Contêiner neutro significa cofre com carga compatível com o te delimitado, com dimensões e instalações próprias, submetidos
da mercadoria perigosa (por exemplo: contêiner com carga geral - ao processo de climatização por meio de equipamentos para con-
não alimento). forto térmico.
Cais - estrutura, plataforma ou faixa paralela ou marginal que
Glossário acompanha a linha da costa ou margens dos rios. Parte de um porto
Acessórios de estivagem ou de içamento - todo acessório por onde se efetua o embarque e o desembarque de passageiros, mer-
meio do qual uma carga pode ser fixada num aparelho de içar, mas cadorias e cargas diversas por via aquaviária.
que não seja parte integrante do aparelho ou da carga. Câmera retrovisora - dispositivo composto por câmeras e mo-
Acondicionamento - ato de embalar, carregar ou colocar cargas nitor que se destina a proporcionar uma visibilidade clara para a
perigosas em recipientes, contentores intermediários para graneis, retaguarda e para os lados no tráfego de máquina ou equipamento.
contentores de cargas, contentores-tanques, tanques portáteis, va- Carga - qualquer tipo de volume ou objeto, embalado ou não,
gões ferroviários, veículos, barcaças ou outras unidades de trans- incluindo mercadoria, que seja transportado, movimentado ou ar-
porte de carga. mazenado nos ambientes laborais alcançados pela aplicabilidade
Agulheiros ou escotilhão - pequenas escotilhas utilizadas para desta NR.
trânsito de pessoal entre pavimentos da embarcação, entre eles o Carga frigorificada - carga transportada em câmaras frigoríficas
porão. Abertura circular ou elíptica, para acesso aos compartimen- ou em porões frigoríficos, de acordo com a faixa de temperatura e
tos da embarcação normalmente não habitados ou frequentados. zonas climáticas indicadas na tabela de exposição ao frio constante
Ancoragem (equipamento de guindar sobre trilho) - ponto de no Anexo III desta NR.
fixação. Carga perigosa - qualquer carga que, em virtude de ser explo-
Aparelho de içar (equipamento de guindar) - todos os apare- siva, inflamável, oxidante, venenosa, infecciosa, radioativa, corrosi-
lhos de cargas fixos ou móveis, utilizados em terra ou a bordo da va ou contaminante, possa apresentar riscos aos trabalhadores, às
embarcação para suspender, levantar ou arriar as cargas ou deslo- embarcações, às instalações físicas de onde estiverem ou ao meio
cá-las de um lugar para outro em posição suspensa ou levantada, ambiente. O termo carga perigosa inclui quaisquer receptáculos,
incluindo rampas de caís acionadas por força motriz (Convenção nº tais como tanques portáteis, embalagens, contentores intermediá-
152 da Organização Internacional do Trabalho). rios para graneis (IBC) e contêineres-tanques que tenham anterior-
Área de armazenagem - complexo de espaços reservados à mente contido cargas perigosas e estejam sem a devida limpeza e
guarda e conservação de mercadorias soltas ou embaladas, geral- descontaminação que anulem os seus efeitos prejudiciais.
mente constituída de armazém, galpão, parque e silos.
526
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
Cobertas - são as estruturas que subdividem os espaços de car- Granel sólido - todo sólido fragmentado ou grão vegetal trans-
ga (por exemplo: o porão), em subespaços na direção vertical, sob portado diretamente nos porões da embarcação, sem embalagem
a forma de conveses. e em grandes quantidades, e que é movimentado por transporta-
Contêiner - unidade de carga caracterizando-se por ser um con- dores automáticos, tipo pneumático ou de arraste e similares ou
tentor; grande caixa ou recipiente metálico construído com material aparelhos mecânicos, tais como eletroimã ou caçamba automática
resistente no qual mercadorias, carga ou volumes são acondiciona- (grabs). (Por exemplo: carvão, sal, trigo em grão, minério de ferro
dos com a finalidade de facilitar o seu embarque, desembarque e e outros).
transbordo entre diferentes meios de transporte. Em transporte, é Habilitação de Trabalhador Portuário Avulso - habilitação ob-
um equipamento construído com normas técnicas reconhecidas in- tida mediante participação e aprovação em cursos e treinamentos
ternacionalmente. ofertados ou aceitos pelo OGMO, conforme legislação específica
Convés - cada piso da embarcação que subdivide os espaços portuária (ministrados pela Marinha - DPC, requisitantes de mão
de carga em compartimentos na direção vertical. O convés princi- de obra avulsa, sindicato da categoria ou empresas especializadas),
pal, em geral, é o primeiro pavimento, acima dos demais, que se permitindo ao TPA candidatar-se às ofertas de trabalho para seu
estende por toda a área da embarcação, descoberto no todo ou em engajamento.
grande parte, por onde normalmente se ingressa na embarcação e Instalação portuária - instalação localizada dentro ou fora da
se tem acesso a todos os seus demais compartimentos. Sinônimo área do porto organizado e utilizada em movimentação de passa-
de coberta. geiros, em movimentação ou armazenagem de mercadorias e car-
Contaminantes - gases, vapores, névoas, fumos e poeiras pre- gas diversas destinadas ou provenientes de transporte aquaviário.
sentes na atmosfera de trabalho. Estão também compreendidas: a ETC - Estação de Transbordo de
Escada Quebra-Peito (escada de marinheiro) - escada verti- Cargas: instalação portuária explorada mediante autorização, loca-
cal utilizada para subida e descida, esporádicas, de embarcações, lizada fora da área do porto organizado e utilizada exclusivamente
construídas de cordas e madeira, obedecendo a normas marítimas para operação de transbordo de mercadorias ou cargas em em-
internacionais. barcações de navegação interior ou cabotagem; a Instalação Por-
Embalagem - Elemento ou conjunto de elementos destinados tuária Pública de Pequeno Porte: explorada mediante autorização,
a envolver, conter e proteger produtos durante sua movimentação, localizada fora do porto organizado e utilizada na movimentação
transporte, armazenagem, comercialização e consumo. de passageiros, mercadorias ou cargas diversas em embarcações
Engajamento do Trabalhador Portuário Avulso (TPA) - É a con- de navegação interior; e a Instalação Portuária de Turismo: insta-
tratação do TPA mediante as requisições dos operadores portuários lação portuária explorada mediante arrendamento ou autorização
e tomadores de serviço ao OGMO. e utilizada em embarque, desembarque e trânsito de passageiros,
Escala de trabalho do OGMO - Escalação dos TPA - Todos os TPA tripulantes e bagagens, e de insumos para o provimento e abasteci-
selecionados e relacionados (equipes de trabalho) para atender às mento de embarcações de turismo.
requisições recebidas pelo OGMO. Lingada - é a porção de cargas ou amarrado de mercadorias
Escotilha - abertura nas embarcações, geralmente retangular, que a Linga/Estropo levanta por vez através de aparelho de içar.
que põe em comunicação entre si as cobertas, o convés principal e Madeira verde - madeira cujo teor de umidade excede o ponto
o porão. Exemplo de coberta são as tampas dos porões. de saturação das fibras.
Estiva (estivagem) - é a atividade de movimentação de merca- Máquinas e equipamentos de cais - engenho destinado ao des-
dorias ou cargas diversas nos conveses e nos porões das embar- locamento da carga do porto para a embarcação e vice-versa ou
cações, nas operações de carga e descarga, incluindo arrumação, sua utilização no porão da embarcação. Pode ser autopropelido ou
peação e despeação. não. Inclui aparelhos de içar, carregador de embarcação (shiploa-
Estrado ou palete - acessório de embalagem constituindo-se der), correias transportadoras, empilhadeiras, escavadeiras e pás
em tabuleiro de madeira, metal, plástico ou outro material, com es- carregadeiras.
trutura plana, com forma adequada para ser usada por empilhadei- Mercadoria - qualquer tipo de volume ou unidade de carga,
ra ou guindaste, para transporte de carga ou mercadoria que não embalado ou não, transportado, movimentado ou armazenado nos
possa sofrer pressão. ambientes laborais alcançados pela aplicabilidade desta norma re-
Estropo ou linga - qualquer dispositivo feito de cabo, corrente gulamentadora, cuja finalidade seja o comércio de bens.
ou lona que serve para envolver ou engatar um peso para içá-lo Normas da Autoridade Marítima (NORMAN) - normas estabe-
através de guindastes. lecidas pela autoridade marítima brasileira, com os objetivos de sal-
Enxárcia ou aparelho fixo - é o conjunto de cabos fixos que dão vaguarda da vida humana e segurança da navegação no mar aberto
sustentação aos mastros de carga. e hidrovias interiores, bem como pela prevenção da poluição am-
Ficha de informações de segurança da carga perigosa - Ficha de biental causada por embarcações, plataformas e suas instalações
Informações de Segurança de Produtos Químicos conforme normas de apoio, além de outros cometimentos a ela conferidos pela le-
nacionais ou Ficha com dados de segurança do material (Material gislação.
Safety Data Sheet). Operação portuária - movimentação e/ou armazenagem de
Granel - carga quase sempre homogênea, não embalada, car- mercadorias, destinadas ou provenientes de transporte aquaviário,
regada diretamente nos porões das embarcações. Ela é subdividida realizada em porto organizado ou instalação portuária de uso pri-
em granel sólido e granel líquido. vado por operador portuário, tomador de serviço ou empregador.
Granel líquido - todo líquido transportado diretamente nos
porões da embarcação, sem embalagem e em grandes quantida-
des, e que é movimentado por dutos por meio de bombas. (Por
exemplo: álcool, gasolina, suco de laranja, melaço e outros).
527
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
Operador portuário - pessoa jurídica pré-qualificada pela au- Trabalhador qualificado - aquele que comprova conclusão de
toridade portuária para exercer as atividades de movimentação curso específico para sua atividade em instituição reconhecida pelo
de passageiros ou movimentação e armazenagem de mercadorias, sistema oficial de ensino.
destinadas ou provenientes de transporte aquaviário, dentro da Trabalhador portuário - profissional treinado e habilitado para
área do porto organizado. executar as atividades relacionadas ao trabalho portuário, com vín-
Palete - ver estrado. culo empregatício por prazo indeterminado ou avulso, conforme
Peação - fixação da carga nos porões e conveses da embarca- definido em lei especial.
ção, visando evitar seu deslocamento e possível avaria em razão Trabalho portuário - são atividades exclusivas definidas em lei
dos movimentos da embarcação, objetivando sua preservação e a especial relacionadas aos serviços de capatazia, estiva, conferência
segurança da navegação. de carga, conserto de carga, bloco e vigilância de embarcações, nos
Pessoa responsável - é aquela designada por operador portuá- portos organizados e instalações portuárias.
rio, empregadores, tomador de serviço, comandante de embarca- Transbordo - movimentação de mercadorias ou de cargas di-
ção, OGMO, sindicato de classe, autoridade portuária, entre outros, versas entre embarcações ou entre estas e outros modais de trans-
conforme o caso, que possua conhecimento, autoridade, comando porte.
e autonomia suficientes para assegurar o cumprimento de uma ou Vigia de portaló - vigia portuário que fica no controle de entra-
mais tarefas específicas que lhe forem confiadas por quem de di- da e saída de pessoas junto à escada de portaló.
reito.
Portaló - local de entrada da embarcação, onde desemboca a TRABALHO AVULSO NÃO PORTUÁRIO
escada que liga o cais à embarcação.
Porto - local situado em baía, angra, enseada, foz ou margens
de rios, que ofereça proteção natural ou artificial contra ventos, ma- O art. 1º da Lei n. 12.023/2009 dispõe que trabalhadores avul-
rés, ondas e correntes, e ofereça instalações para atracação e amar- sos não portuários são: aqueles que desenvolvem suas atividades
ração de embarcações, áreas de armazenagem e equipamentos de (de movimentação de mercadorias em geral), em áreas urbanas ou
movimentação de carga, que possibilite o embarque e desembar- rurais, sem vínculo empregatício, mediante intermediação obriga-
que de mercadorias, cargas diversas e passageiros. tória do sindicato da categoria, com execução das atividades regu-
Porto organizado - bem público construído e aparelhado para ladas por meio de negociação coletiva.
atender a necessidades de navegação, de movimentação de passa- A diferença básica entre o trabalhador avulso portuário e o
geiros ou de movimentação e armazenagem de mercadorias, e cujo trabalhador avulso não portuário vincula-se não ao local da pres-
tráfego e operações portuárias estejam sob jurisdição de autorida- tação dos serviços, e, sim, na intermediação ou não do sindicato na
de portuária. prestação dos serviços. O trabalho avulso não portuário tem como
Profissional legalmente habilitado - o trabalhador previamente órgão de intermediação o sindicato dos trabalhadores avulsos.
qualificado e com registro no competente conselho de classe. Podemos citar como exemplos de trabalhadores avulsos não
Silo - construção de metal, aço ou concreto armado, compos- portuários que laboram na orla marítima: o amarrador de embarca-
to de células interligadas por condutos, destinada a receber grãos ção, o carregador de bagagem em porto (atividade regulada pela Lei
vegetais. n. 4.637/65) e o prático de barra em porto (art. 9º, IV, do Decreto
Sinaleiro - é o trabalhador portuário com curso de sinalização n. 3.048/99).
para movimentação de carga. A função do sinaleiro é realizar a co- O legislador procurou delimitar bem o papel do sindicato nesta
municação com o operador do equipamento de içar para a correta intermediação, impondo ao mesmo, deveres legais tais como:
orientação espacial da manobra de movimentação da carga. Art. 5º São deveres do sindicato intermediador:
Terminal de uso privado - instalação portuária explorada me- I – divulgar amplamente as escalas de trabalho dos avulsos,
diante autorização e localizada fora da área do porto organizado. com a observância do rodízio entre os trabalhadores;
Terminal retroportuário - É o estabelecimento situado próximo II – proporcionar equilíbrio na distribuição das equipes e fun-
a um porto organizado ou a uma instalação portuária, compreendi- ções, visando à remuneração em igualdade de condições de traba-
da no perímetro de cinco quilômetros dos limites da zona primária, lho para todos e a efetiva participação dos trabalhadores não sin-
com área demarcada pela autoridade aduaneira local, no qual são dicalizados;
executados os serviços de operação, sob controle aduaneiro, com III – repassar aos respectivos beneficiários, no prazo máximo
carga de importação e exportação, embarcadas em contêiner, rebo- de 72 (setenta e duas) horas úteis, contadas a partir do seu arreca-
que ou semi-reboque. damento, os valores devidos e pagos pelos tomadores do serviço,
Tomador de serviço - é a pessoa física ou jurídica que requisita relativos à remuneração do trabalhador avulso;
Trabalhador Portuário Avulso - TPA junto ao OGMO para a execu- IV – exibir para os tomadores da mão de obra avulsa e para as
ção de operações portuárias fora do Porto Organizado, como ocorre fiscalizações competentes os documentos que comprovem o efetivo
nos Terminais de Uso Privado - TUP. Em alguns portos organizados pagamento das remunerações devidas aos trabalhadores avulsos;
a requisição de TPA pode ocorrer para movimentar cargas diversas, V – zelar pela observância das normas de segurança, higiene e
exemplo de movimentações de carga offshore e de rancho (mate- saúde no trabalho;
rial de bordo). VI – firmar Acordo ou Convenção Coletiva de Trabalho para nor-
Trabalhador capacitado - aquele que recebe capacitação sob matização das condições de trabalho.
orientação e responsabilidade de profissional legalmente habilita- §1º Em caso de descumprimento do disposto no inciso III deste
do. artigo, serão responsáveis, pessoal e solidariamente, os dirigentes
da entidade sindical.
528
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
Da análise do referido dispositivo legal, percebe-se que o legis- b) com a rescisão indireta, nas demais hipóteses previstas na
lador foi mais severo quanto ao repasse da remuneração dos traba- legislação trabalhista (art. 28, §5o, IV);
lhadores avulsos não portuários (art. 5º, III), comparando-se com a c) com a dispensa imotivada do atleta (art. 28, §5o, V).
legislação dos avulsos portuários, uma vez que determinou prazo
específico para o referido repasse (72 horas) e ainda previu respon- Obs.: O valor da cláusula compensatória será livremente pactu-
sabilidade solidária dos dirigentes sindicais (art. 5º, §1º). ado entre as partes e formalizado no contrato especial de trabalho
Foi um avanço importante para proteger os trabalhadores de desportivo, observando-se, como limite máximo, 400 (quatrocen-
eventuais desvios de receita pelo próprio sindicato. Contudo, não tas) vezes o valor do salário mensal no momento da rescisão, e,
somente o sindicato passou a ter mais responsabilidade, mas o to- como limite mínimo, o valor total de salários mensais a que teria
mador de serviços também: direito o atleta até o término do referido contrato (art. 28, §3o).
Embora necessariamente deva ser celebrado por prazo determina-
Art. 8º As empresas tomadoras do trabalho avulso respondem do (nunca inferior a 3 meses nem superior a 5 anos), não se aplicam
solidariamente pela efetiva remuneração do trabalho contratado e ao contrato especial de trabalho desportivo os arts. 445, 451, 479 e
são responsáveis pelo recolhimento dos encargos fiscais e sociais, 480 da CLT (arts. 28, §10, e 30, caput e parágrafo único).
bem como das contribuições ou de outras importâncias devidas à
Seguridade Social, no limite do uso que fizerem do trabalho avulso Suspensão Contratual
intermediado pelo sindicato. A entidade de prática desportiva poderá suspender o contrato
especial de trabalho desportivo do atleta profissional, ficando dis-
Por fim, o legislador procurou proteger o trabalhador não sin- pensada do pagamento da remuneração nesse período, quando o
dicalizado de eventual discriminação por parte do sindicato quanto atleta for impedido de atuar, por prazo ininterrupto superior a 90
à oferta de mão de obra; vejamos: (noventa) dias, em decorrência de ato ou evento de sua exclusiva
responsabilidade, desvinculado da atividade profissional, conforme
Art. 5º (...) previsão contratual (art. 28, §7o).
§2º A identidade de cadastro para a escalação não será a car-
teira do sindicato e não assumirá nenhuma outra forma que possa Vínculo Desportivo
dar ensejo à distinção entre trabalhadores sindicalizados e não sin- O vínculo desportivo do atleta com a entidade de prática
dicalizados para efeito de acesso ao trabalho. desportiva contratante constitui-se com o registro do contrato de
trabalho na entidade de administração do desporto (p. ex., Confe-
TRABALHO ESPORTIVO deração Brasileira de Futebol – CBF), tendo natureza acessória ao
respectivo vínculo empregatício, dissolvendo-se, para todos os efei-
tos legais (art. 28, §5o), com:
— Trabalho Esportivo33. a) o término da vigência do contrato ou o seu distrato;
A atividade do atleta profissional está disciplinada na Lei n. b) o pagamento da cláusula indenizatória desportiva ou da
9.615/98 e deverá ser pactuada em contrato especial de trabalho cláusula compensatória desportiva;
desportivo, firmado com entidade de prática desportiva, no qual c) a rescisão decorrente do inadimplemento salarial;
constará, obrigatoriamente (art. 28): d) a rescisão indireta; ou e) a dispensa imotivada do atleta.
I – cláusula indenizatória desportiva, devida exclusivamente à
entidade desportiva à qual está vinculado o atleta, nas seguintes Deveres do Atleta
hipóteses: São deveres do atleta profissional, em especial (art. 35):
a) transferência do atleta para outra entidade, nacional ou es- I – participar dos jogos, treinos, estágios e de outras sessões
trangeira, durante a vigência do contrato de trabalho; ou preparatórias de competições com a aplicação e a dedicação corres-
b) por ocasião do retorno do atleta às atividades profissionais pondentes às suas condições psicofísicas e técnicas;
em outra entidade desportiva, no prazo de até 30 (trinta) meses. II – preservar as condições físicas que lhes permitam participar
das competições desportivas, submetendo-se aos exames médicos e
Obs.: O valor da cláusula indenizatória será livremente pac- tratamentos clínicos necessários à prática desportiva;
tuado pelas partes e expressamente quantificado no instrumento III – exercitar a atividade desportiva profissional de acordo com
contratual as regras da respectiva modalidade desportiva e as normas que re-
gem a disciplina e a ética desportivas
Até o limite máximo de 2.000 (duas mil) vezes o valor médio do
salário contratual, para as transferências nacionais; e sem qualquer Deveres da Entidade Desportiva
limitação, para as transferências internacionais (art. 28, §1o). São São deveres da entidade de prática desportiva empregadora,
solidariamente responsáveis pelo pagamento da cláusula indeniza- em especial (art. 34):
tória desportiva o atleta e a nova entidade de prática desportiva I – registrar o contrato especial de trabalho desportivo do atleta
empregadora (art. 28, §2o). II – cláusula compensatória desportiva, profissional na entidade de administração da respectiva moda-
devida pela entidade desportiva ao atleta, nas seguintes hipóteses: lidade desportiva;
a) com a rescisão decorrente do inadimplemento salarial, de II – proporcionar aos atletas profissionais as condições neces-
responsabilidade da entidade de prática desportiva empregadora sárias à participação nas competições desportivas, nos treinos e em
(art. 28, §5o, III); outras atividades preparatórias ou instrumentais;
33 [ Basile, César Reinaldo O. Sinopses Jurídicas v 28 - direito do trabalho. (9th III – submeter os atletas profissionais aos exames médicos e clí-
edição). Editora Saraiva, 2019.] nicos necessários à prática desportiva.
529
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
530
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
531
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
a)as metodologias para avaliação de riscos ambientais preconi- 37.5.10.1 .2Em se tratando de plataforma desobrigada de dis-
zadas na legislação brasileira, sendo que, na sua ausência, podem por de SESMT complementar a bordo, a operadora da instalação
ser adotadas outras já consagradas internacionalmente ou estabe- deverá indicar outro empregado próprio, que seja profissional de
lecidas em acordo ou convenção coletiva de trabalho, desde que segurança do trabalho, para compor a equipe multidisciplinar pre-
mais rigorosas do que os critérios técnico-legais estabelecidos; vista no regulamento de segurança operacional da ANP.
b)os riscos gerados pelas prestadoras de serviços a bordo da 37.5.11O profissional de maior nível hierárquico embarcado na
plataforma; e plataforma deve tomar ciência formal do relatório das análises de
c)a adequação dos critérios e dos limites de tolerância e de ex- riscos.
posição, considerando o tempo de exposição e os diferentes regi- 37.5.12A operadora da instalação deve elaborar cronograma,
mes de trabalho a bordo. definindo prazos e responsáveis para implementar as recomenda-
37.5.3A operadora da instalação deve revisar o PGR ou elabo- ções aprovadas.
rar um programa específico quando ocorrer modificação, amplia- 37.5.12.1 A inobservância da implementação das recomenda-
ção, paradas programadas da plataforma e respectivos comissiona- ções ou dos prazos definidos no cronograma deve ser justificada e
mento ou descomissionamento. documentada, desde que não representem, separadamente ou em
37.5.4Quando solicitado, a operadora da instalação deve per- conjunto, risco grave e iminente aos trabalhadores.
mitir que as empresas prestadoras de serviços procedam, in loco, 37.5.13As análises de riscos devem ser reavaliadas, sob pena
às avaliações dos riscos e das exposições ocupacionais aos agentes de caracterização de risco grave e iminente, nas seguintes situações:
identificados no PGR da plataforma. a)quando ocorrer mudança na locação da plataforma;
37.5.4.1 Alternativamente, a operadora da instalação pode re- b)quando ocorrer mudança da operadora da instalação;
alizar estas avaliações, informando os resultados obtidos às empre- c)quando forem colocadas instalações temporárias a bordo, in-
sas prestadoras de serviços, por escrito e mediante recibo. clusive módulos de acomodação temporária;
37.5.5O inventário de riscos e o plano de ação do PGR devem d)antes da ampliação ou modificação da instalação, processo
estar disponíveis para consulta pelos trabalhadores e seus repre- ou processamento, quando indicado pela gestão de mudanças;
sentantes. e)por solicitação do SESMT ou da CIPLAT, quando aprovada tec-
37.5.6As organizações, em conformidade com PGR da platafor- nicamente pelo responsável legal pela plataforma; e
ma, devem indicar e registrar as atividades e serviços que exijam: f)por recomendação decorrente de análise de incidente.
a)análise preliminar de risco da tarefa;
b)liberação por um profissional de segurança do trabalho; 37.6 Atenção à saúde na plataforma
c)emissão de permissão de trabalho; e 37.6.1A operadora da instalação e cada uma das empresas
d)operações de risco ou simultâneas com acompanhamento/ prestadoras de serviços permanentes a bordo devem elaborar os
supervisão da atividade por profissional de segurança do trabalho. seus respectivos Programa de Controle Médico de Saúde Ocupa-
37.5.7A partir das análises de riscos, a operadora da instalação cional - PCMSO, por plataforma, atendendo aos preceitos deste ca-
deve definir a dotação e localização de lava-olhos e chuveiros de pítulo e, complementarmente, ao disposto na NR-07 (Programa de
emergência na plataforma, os quais devem ser mantidos em perfei- Controle Médico de Saúde Ocupacional - PCMSO).
to estado de funcionamento e com fácil acesso. 37.6.1.1 As plataformas desabitadas estão dispensadas da ela-
37.5.8O PGR deve estar articulado com a análise de riscos das boração de PCMSO.
instalações e processos, elaborada conforme requisitos estabeleci- 37.6.1.2 Os riscos a que estão expostos os trabalhadores em
dos pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustí- plataformas desabitadas devem ser contemplados no PCMSO a que
veis - ANP. esses trabalhadores estejam vinculados.
37.5.8.1 As análises de riscos das instalações e processos de- 37.6.2A operadora da instalação e as empresas prestadoras de
vem ter seus cenários, barreiras, observações e recomendações serviços devem adotar medidas que visem à promoção, à proteção,
divulgadas aos trabalhadores, de acordo com suas atividades, bem à recuperação e à prevenção de agravos à saúde de todos os seus
como estar disponíveis para consulta de todos os trabalhadores a trabalhadores a bordo, de maneira a compreender ações em terra
bordo. e a bordo e contemplar:
37.5.8.2 A análise de riscos das instalações e processos deve a)serviços gratuitos de assistência à saúde a bordo e em ter-
ser revisada ou revalidada, no máximo, a cada 5 (cinco) anos. ra pela operadora da instalação ou por empresas especializadas na
37.5.9A operadora da instalação designará, formalmente, um prestação desses serviços, que sejam decorrentes de acidentes ou
ou mais profissionais legalmente habilitados como responsáveis por doenças ocorridas no trabalho, com os empregados próprios e ter-
elaborar e validar as análises de riscos das instalações e processos, ceirizados;
bem como por definir a metodologia a ser utilizada e fundamentar b)desembarque e remoção do trabalhador para unidade de
tecnicamente a sua escolha no relatório da análise de riscos. saúde em terra, no caso de necessidade de cuidados médicos com-
37.5.10Os relatórios das análises de riscos devem ser elabora- plementares, devendo atender aos seguintes requisitos:
dos conforme requisitos do regulamento de segurança operacional I.o tipo de aeronave a ser utilizada para transportar o trabalha-
da ANP. dor deve obedecer ao critério do médico regulador, que é designa-
37.5.10.1 Ao menos um profissional de segurança do trabalho do pela concessionária ou operadora da instalação; e
do SESMT da operadora da instalação lotado a bordo da plataforma II.no caso de atendimento emergencial, com o resgate realiza-
em questão e um trabalhador com experiência na instalação objeto do por aeronave do tipo Evacuação Aeromédica - EVAM, a aeronave
do estudo devem participar das análises de riscos. e a tripulação devem estar prontas para decolar em até 30 (trinta)
37.5.10.1 .1É facultativo o cumprimento do subitem 37.5.10.1 minutos após o seu acionamento pelo médico regulador, sendo que
na fase de projeto da plataforma.
532
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
tempos superiores a 30 (trinta) minutos devem ser justificados pela 37.6.5.2 Os profissionais de saúde de nível médio devem ter
operadora da instalação; entretanto, o prazo para a decolagem não os treinamentos em suporte básico de vida e trauma pré-hospita-
pode exceder a 45 (quarenta e cinco) minutos; lar, certificados por instituições especializadas, obedecendo às suas
c)programas de educação em saúde, incluindo temas sobre ali- respectivas validades e formações profissionais.
mentação saudável; 37.6.5.3 Os profissionais de saúde lotados na plataforma de-
d)programas de promoção e prevenção em saúde, visando vem implementar as medidas de prevenção, promoção e atendi-
implantar medidas para mitigar os fatores de riscos psicossociais mento à saúde previstas nesta NR e nas demais, naquilo que cou-
identificados, assim como prevenir constrangimentos nos locais de ber, sendo vedado o desvio ou desvirtuamento dessas funções.
trabalho decorrentes de agressão, assédio moral, assédio sexual, 37.6.5.4 Os equipamentos, materiais e medicamentos para
dentre outros; e prestar a assistência à saúde e o atendimento de primeiros socor-
e)acompanhamento pelos médicos responsáveis pelos PCMSO ros aos trabalhadores a bordo devem ser definidos e descritos pelo
da operadora da instalação e das empresas prestadoras de serviços, médico responsável pelo PCMSO da plataforma, elaborado pela
em todos os casos de acidentes e adoecimentos ocupacionais ocor- operadora da instalação.
ridos a bordo com os trabalhadores próprios e terceirizados. 37.6.5.4 .1Os tipos de equipamentos, materiais e medicamen-
37.6.3Cabe ao empregador avaliar o estado de saúde dos tra- tos necessários devem estar disponíveis a bordo, em quantidades
balhadores que acessam a plataforma ou embarcação por intermé- suficientes e dentro dos seus respectivos prazos de validades.
dio de cesta de transferência, de modo que os seguintes aspectos 37.6.6No caso de o trabalhador não dispor da quantidade ne-
sejam considerados: cessária do medicamento mencionado na alínea “b” do item 37.3.4
a)inclusão no PCMSO dos exames e sistemática de avaliação; desta NR, a operadora da instalação deve providenciar, imediata-
b)avaliação periódica dos riscos envolvidos na operação de mente, o medicamento adequado ou o desembarque do trabalha-
transbordo, consignando no Atestado de Saúde Ocupacional - ASO dor.
a aptidão para esta atividade; e
c)apreciação das patologias que podem originar mal súbito e 37.7 Serviços Especializados em Segurança e Medicina do Tra-
riscos psicossociais. balho - SESMT
37.6.3.1 Trabalhadores que utilizam a cesta de transferência 37.7.1A operadora da instalação e as empresas que prestam
apenas para situações de emergência estão dispensados da avalia- serviços a bordo da plataforma devem constituir SESMT em terra
ção e exames previstos no item 37.6.3. e a bordo de cada plataforma, de acordo com o estabelecido nesta
37.6.4Cópia da primeira via do ASO, em meio físico ou eletrô- NR e na NR-04 (Serviços Especializados em Segurança e Medicina
nico, deve estar disponível na enfermaria a bordo, observado o dis- do Trabalho - SESMT), no que não conflitar.
posto no item 37.29 desta NR. 37.7.2SESMT em terra
37.6.5A plataforma habitada deve: 37.7.2.1 A operadora da instalação e as empresas que prestam
a)possuir profissional de saúde, registrado no respectivo con- serviços a bordo de plataformas devem dimensionar os seus SESMT
selho de classe, embarcado para prestar assistência à saúde e aten- situados em terra conforme o estabelecido na NR-04.
dimentos de primeiros socorros, de acordo com as Normas da Au- 37.7.2.1 .1O dimensionamento dos SESMT em terra da opera-
toridade Marítima para Embarcações Empregadas na Navegação de dora da instalação e das empresas que prestam serviços a bordo
Mar Aberto, da Diretoria de Portos e Costas - DPC da Marinha do deve considerar a gradação do risco da atividade principal de cada
Brasil, a NORMAM-01/DPC, na seguinte proporção: organização e o número total de empregados calculados conforme
I.partir de 31 (trinta e um) até 250 (duzentos e cinquenta) tra- subitem
balhadores a bordo, o profissional de saúde deve ser um técnico de 37.7.2.1 .2desta NR.
enfermagem, sob a supervisão de enfermeiro, um enfermeiro ou 37.7.2.1 .2O número total de empregados deve ser calculado
um médico; pelo somatório dos empregados próprios lotados nas unidades ter-
II.entre 251 (duzentos e cinquenta e um) até 400 (quatrocen- restres e lotados nas plataformas.
tos) trabalhadores, deve ser adicionado um profissional de saúde, 37.7.2.1 .3Compete ao SESMT constituído em terra dar assis-
assegurando que ao menos um deles seja de nível superior; e tência tanto aos empregados lotados em terra como aos embar-
III.acima de 401 (quatrocentos e um) trabalhadores, deve ser cados.
acrescentado um profissional de saúde. 37.7.3SESMT a bordo da plataforma
b)ser dotada de enfermaria que atenda ao descrito no Capítulo 37.7.3.1 A operadora da instalação também deve constituir
9 da NORMAM-01/DPC e na NR-32 (Segurança e Saúde no Trabalho SESMT a bordo da plataforma, composto por técnico(s) de segu-
em Serviços de Saúde), naquilo que couber; e rança do trabalho, quando o somatório dos seus empregados e dos
c)disponibilizar sistema de telemedicina entre o profissional de empregados das empresas prestadoras de serviços for igual ou su-
saúde a bordo e os médicos especialistas em terra, a qualquer hora perior a 25 (vinte e cinco).
do dia ou da noite, operado por trabalhador capacitado, conforme 37.7.3.1 .1O dimensionamento do SESMT a bordo da platafor-
resoluções do Conselho Federal de Medicina e demais legislações ma da operadora de instalação deve ser composto por, no mínimo,
pertinentes. um técnico de segurança do trabalho para cada grupo de 50 (cin-
37.6.5.1 Os profissionais de saúde de nível superior devem ter quenta) trabalhadores embarcados ou fração.
os treinamentos avançados em suporte cardiológico e trauma pré- 37.7.3.1 .1.1Quando o dimensionamento do SESMT a bordo da
-hospitalar, certificados por instituições especializadas, obedecen- plataforma exigir a contratação de 3 (três) ou mais técnicos de se-
do às suas respectivas validades. gurança do trabalho, a operadora da instalação pode substituir um
desses profissionais por um engenheiro de segurança do trabalho.
533
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
37.7.3.2 A empresa prestadora de serviços, em caráter perma- 37.8.1A operadora da instalação e as empresas prestadoras de
nente ou intermitente na plataforma, deve lotar a bordo técnico de serviços permanentes a bordo devem constituir suas CIPLAT por
segurança do trabalho, quando o número total de seus empregados plataforma, com dimensionamento por turma de embarque, de
embarcados for igual ou superior a 50 (cinquenta), durante o perío- acordo com o estabelecido nesta NR e na NR-05 (Comissão Interna
do de prestação de serviços a bordo. de Prevenção de Acidentes - CIPA), no que não conflitar. (redação
37.7.3.2 .1A partir de 100 (cem) empregados, a empresa pres- vigente até 19 de março de 2023)
tadora de serviços deve lotar a bordo mais um técnico de seguran- 37.8.1A operadora da instalação e as empresas prestadoras de
ça do trabalho para cada grupo de 50 (cinquenta) empregados ou serviços permanentes a bordo devem constituir suas CIPLAT por
fração. plataforma, com dimensionamento por turma de embarque, de
37.7.3.2 .2O(s) técnico(s) em segurança do trabalho das empre- acordo com o estabelecido nesta NR e na NR-05 (Comissão Interna
sas prestadoras de serviços devem atuar de forma integrada com o de Prevenção de Acidentes e de Assédio - CIPA), no que não confli-
SESMT da operadora da instalação. tar. (Portaria MTP nº 4.219, de 20 de dezembro de 2022 - redação
37.7.3.3 Os SESMT da operadora da instalação e da prestadora que entra em vigor no dia 20 de março de 2023)
de serviços a bordo devem ser registrados separadamente, cons- 37.8.2As CIPLAT da operadora da instalação e das prestadoras
tando as informações previstas na NR-04. de serviços permanentes a bordo serão constituídas por represen-
37.7.3.4 Os profissionais de segurança integrantes do SESMT tantes indicados pelo empregador e representantes eleitos pelos
a bordo devem cumprir jornada de trabalho integralmente embar- empregados, quando o número destes for igual ou superior a 8
cados na plataforma onde estão lotados e atuar exclusivamente na (oito) por turma de embarque.
área de segurança no trabalho. 37.8.2.1 Serão eleitos pelos empregados um representante
37.7.3.4 .1Nas atividades noturnas realizadas por 50 (cinquen- titular e um suplente, em cada turma de embarque, com vínculo
ta) ou mais trabalhadores, pelo menos um dos profissionais da área empregatício no Brasil, sendo um dos titulares definido como vice-
de segurança do trabalho da operadora da instalação, lotados a bor- -presidente pelos representantes eleitos.
do da plataforma, deve cumprir sua jornada nesse período. 37.8.2.2 A operadora da instalação e as prestadoras de serviços
37.7.3.4 .1.1Quando o número de trabalhadores no turno da permanentes a bordo deverão formalizar seus representantes em
noite for inferior a 50 (cinquenta), qualquer atividade nesse período paridade com o número de membros eleitos, indicando como presi-
que exija a presença de profissional de segurança do trabalho deve dente da CIPLAT o empregado de maior nível hierárquico lotado na
ser planejada com antecedência mínima de 24 (vinte e quatro) ho- plataforma, com vínculo empregatício no Brasil.
ras, exceto em situações de emergência. 37.8.2.3 Quando a turma de embarque for inferior a 8 (oito)
37.7.3.4 .2A operadora da instalação poderá substituir o pro- trabalhadores, considerados os lotados na plataforma, a organiza-
fissional de segurança a bordo por outro profissional com a mesma ção deve nomear um empregado responsável pelo cumprimento
qualificação, sem a obrigatoriedade de atualização da composição dos objetivos da CIPLAT para essa turma.
do SESMT junto à inspeção do trabalho, nos seguintes casos: 37.8.3O dimensionamento da Comissão Interna de Prevenção
a)por motivos de férias, licenças, capacitação e outros afasta- de Acidentes - CIPA da empresa prestadora de serviços itinerantes
mentos legais, pelo prazo máximo de 60 (sessenta) dias; e em plataformas deve considerar como estabelecimento a sua uni-
b)para realizar atividades na base da operadora, pelo prazo má- dade em terra, obedecendo ao estabelecido na NR-05. (redação vi-
ximo de 180 (cento e oitenta) dias, em ciclos superiores a 3 (três) gente até 19 de março de 2023)
anos. 37.8.3O dimensionamento da Comissão Interna de Prevenção
37.7.3.5 Plataformas interligadas de maneira permanente, de Acidentes e de Assédio - CIPA da empresa prestadora de serviços
que possibilitam a circulação de trabalhadores, serão consideradas itinerantes em plataformas deve considerar como estabelecimen-
como uma única instalação marítima para efeito de dimensiona- to a sua unidade em terra, obedecendo ao estabelecido na NR-05.
mento do SESMT a bordo. (Portaria MTP nº 4.219, de 20 de dezembro de 2022 - redação que
37.7.4O dimensionamento do SESMT a bordo deve considerar entra em vigor no dia 20 de março de 2023)
a média do número de trabalhadores embarcados no trimestre an- 37.8.4Para períodos de prestação de serviços a bordo iguais ou
terior, excluindo o aumento temporário inferior a 3 (três) meses de inferiores a 12 (doze) meses, a empresa deve nomear um trabalha-
25 (vinte e cinco) ou mais trabalhadores embarcados. dor responsável pelo cumprimento dos objetivos da CIPLAT.
37.7.4.1 O atendimento decorrente do aumento temporário de 37.8.5Os períodos de inscrições e de eleições dos candidatos
trabalhadores embarcados previsto no item anterior deve ser feito a membros da CIPLAT devem considerar todo o ciclo de embarque,
por profissionais de segurança adicionais, na proporção estabeleci- de modo a permitir a participação de todos os empregados embar-
da no subitem 37.7.3.1 e seus subitens. cados.
37.7.4.2 Para as plataformas novas, o dimensionamento do 37.8.6A eleição dos representantes dos empregados de cada
SESMT a bordo deve ser baseado no efetivo estimado no item turma de embarque deve ser realizada a bordo, sendo facultada a
37.18.5 desta NR. eleição por meio eletrônico.
37.8.7As organizações que possuam ou atuem em mais de uma
37.8 Comissão Interna de Prevenção de Acidentes em Plata- plataforma de uma mesma bacia petrolífera podem constituir uma
formas - CIPLAT (redação vigente até 19 de março de 2023) única comissão eleitoral para a eleição da CIPLAT.
37.8Comissão Interna de Prevenção de Acidentes em Platafor- 37.8.8As reuniões ordinárias mensais da CIPLAT devem ser re-
mas – CIPLAT (Portaria MTP nº 4.219, de 20 de dezembro de 2022 alizadas a bordo, atendendo ao calendário previamente estabeleci-
- redação que entra em vigor no dia 20 de março de 2023) do, podendo a participação ocorrer de forma remota.
534
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
37.8.8.1 O calendário de reuniões ordinárias mensais da CIPLAT 37.9 Capacitação e treinamento em segurança e saúde no tra-
deve considerar a participação de todas as turmas de embarque ao balho
longo do mandato. 37.9.1Todos os treinamentos previstos nesta NR devem obser-
37.8.8.2 As reuniões devem contar com a presença de cada var o disposto na NR-01 e ser realizados durante a jornada de tra-
bancada representativa, devendo o suplente comparecer às reuni- balho, a cargo e custo da organização, conforme disposto nesta NR.
ões no caso de impedimento do membro titular. 37.9.1.1 O tempo despendido durante qualquer treinamento
37.8.8.3 As reuniões da CIPLAT da operadora da instalação de- é considerado como horas trabalhadas, sendo proibida a participa-
vem ainda: ção em cursos nos períodos de férias, afastamentos ou descanso do
a)ter a participação de profissional de segurança do trabalho trabalhador a bordo.
embarcado; 37.9.1.2 Os treinamentos podem ser ministrados na modalida-
b)permitir a participação de membro eleito da CIPLAT ou dos de de ensino a distância ou semipresencial, desde que atendidos os
nomeados das prestadoras de serviços, quando estiverem embar- requisitos operacionais, administrativos, tecnológicos e de estrutu-
cados, sendo a prévia convocação obrigatória; e ração pedagógica previstos no Anexo II da NR-01.
c)permitir a presença de qualquer profissional que esteja a bor- 37.9.1.3 Os conteúdos práticos podem ser realizados com a uti-
do, inclusive de representante designado pelo sindicato. lização de simuladores aprovados pelo fabricante do equipamento,
37.8.8.3 .1Os profissionais citados no subitem 37.8.8.3 não ou aqueles utilizados ou reconhecidos por órgãos da administração
possuem direito a voto nas reuniões da CIPLAT. pública ou sociedades classificadoras.
37.8.8.3 .2Caso não haja consenso nas deliberações discutidas 37.9.2Os instrutores dos treinamentos devem possuir:
na CIPLAT, será instalado processo de votação, permanecendo na a)curso de formação de instrutor;
reunião, de forma paritária, somente os representantes do empre- b)qualificação ou habilitação no tema; e
gador e dos empregados da operadora da instalação. c)comprovada experiência mínima de dois anos na atividade.
37.8.8.4 As deliberações e encaminhamentos das reuniões das 37.9.3Até o início do treinamento, o trabalhador deve receber
CIPLAT devem ser disponibilizadas a todos os trabalhadores no local o material didático a ser utilizado, em meio físico ou eletrônico.
onde é realizado o briefing referido no item 37.9.3.1 O material didático escrito ou audiovisual, utilizado e
37.9.6 ou por meio eletrônico, observada a Lei Geral de Prote- fornecido em qualquer tipo de treinamento ou instrução ministra-
ção de Dados - Lei nº 13.709, de 14 de agosto de 2018. da, deve ser produzido no idioma português, utilizando linguagem
37.8.9A organização deve elaborar o cronograma de execução adequada ao nível de conhecimento dos trabalhadores.
das medidas corretivas, definindo prazos e respectivas responsabi- 37.9.3.1 .1O material didático de treinamento ministrado para
lidades, que deve ser discutido e aprovado na próxima reunião da o trabalhador estrangeiro não fluente no idioma português deve
CIPLAT, com a participação do SESMT. estar disponível no idioma inglês.
37.8.9.1 A organização deve atender aos prazos previstos no 37.9.4Para cada treinamento presencial, deve ser elaborada
cronograma ou justificar e reprogramar novos prazos, com análise e lista de presença contendo:
aprovação pela CIPLAT e SESMT. a)o título do curso ministrado;
37.8.10As empresas prestadoras de serviços devem obrigato- b)conteúdo ministrado, data, local e carga horária;
riamente atender as convocações previstas no subitem 37.8.8.3. c)nomes e assinaturas dos participantes, e
37.8.10.1 Na ausência dos representantes das empresas pres- d)identificação e qualificação do instrutor.
tadoras de serviços, as decisões tomadas na reunião da CIPLAT da 37.9.5A operadora da instalação só deve permitir a execução
operadora da instalação, que as envolvam, devem ser comunicadas de serviços por trabalhador terceirizado que esteja devidamente
formalmente às prestadoras de serviços, no prazo de 3 (três) dias capacitado para a sua função.
úteis a partir da emissão da ata, que se dará ao final da reunião. 37.9.6O operador da instalação deve implementar programa
37.8.11Nas reuniões da CIPLAT da prestadora de serviços de- de capacitação em segurança e saúde no trabalho em plataforma,
vem ser abordados os temas e deliberações referentes às suas ati- compreendendo as seguintes modalidades:
vidades na plataforma que constarem da última ata daCIPLAT da a)orientações gerais por ocasião de cada embarque (briefing
operadora da instalação. de segurança da plataforma);
37.8.12As deliberações da CIPLAT das prestadoras de serviços b)treinamento básico;
que demandem ações pela operadora da instalação devem ser en- c)treinamento avançado;
caminhadas à CIPLAT da operadora da instalação, para análise na d)treinamento eventual; e
sua próxima reunião. e)Diálogo Diário de Segurança - DDS.
37.8.13Os membros da CIPLAT da prestadora de serviços, ou 37.9.6.1 Os treinamentos citados nas alíneas “b”, “c” e “d” do
o empregado nomeado como responsável pelo cumprimento de item 37.9.6 devem ter engenheiro de segurança do trabalho como
suas atribuições, devem receber o resultado das análises de aciden- responsável técnico.
tes ou doenças ocupacionais ocorridas com os seus empregados a 37.9.6.2 As capacitações citadas nas alíneas “a” e “e” são dis-
bordo e acompanhar a implementação das recomendações junto à pensadas de emissão de certificado.
operadora da instalação. 37.9.6.2 .1A operadora da instalação deve ministrar instruções
37.8.14É vedada a transferência para outra plataforma ou es- gerais (briefing), consignado em lista de presença, por ocasião de
tabelecimento em terra, durante o mandato, de trabalhador eleito cada embarque, ao chegar a bordo da plataforma, com o seguinte
para a CIPLAT, sem sua anuência. conteúdo mínimo:
a)a descrição sucinta das características da plataforma e o seu
estado (operacional, parada, comissionamento, operações críticas
e simultâneas, etc.);
535
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
b)os tipos de alarme disponíveis a bordo, destacando os de e)retorno de afastamento do trabalho por período superior a
emergência; 90 (noventa) dias.
c)os procedimentos de agrupamento (pontos de encontro) e de 37.9.6.4 .1A carga horária, o conteúdo programático do trei-
evacuação em caso de emergência; namento eventual e os trabalhadores a serem capacitados devem
d)as rotas de fuga; ser definidos pela operadora da instalação, em função da comple-
e)as localizações dos recursos de salvatagem (coletes, boias, xidade, levando-se em conta o inventário de riscos e as medidas de
baleeiras, balsas, botes de resgate, dentre outros); prevenção estabelecidas no PGR para a atividade em questão.
f)a identificação das lideranças de bordo; 37.9.6.4 .2Para operações simultâneas de risco, em conformi-
g)as regras de convívio a bordo, especialmente no que diz res- dade com o PGR e a análise preliminar de risco da tarefa, deve ser
peito ao silêncio nas áreas das acomodações; e realizado treinamento eventual ou DDS anterior à operação.
h)cuidados básicos de higiene e saúde pessoal. 37.9.6.5 Os trabalhadores que adentram a área operacional,
37.9.6.2 .2A operadora da instalação deve atualizar o briefing efetuando atividades específicas, pontuais ou eventuais relaciona-
quando houver mudança no Plano de Resposta a Emergências - das à operação, manutenção ou integridade, bem como em respos-
PRE, descrito no capítulo 37.28 desta NR. ta a situações de emergência, devem realizar treinamento avança-
37.9.6.3 O treinamento básico, previsto na alínea “b” do item do, previsto na alínea “c” do item 37.9.6, com carga horária de, no
37.9.6, deve ser realizado antes do primeiro embarque, ter carga mínimo, 8 (oito) horas, com o seguinte conteúdo programático:
horária mínima de 6 horas e abordar o inventário de riscos e as me- a)análise preliminar de riscos da tarefa: conceitos e exercícios;
didas de controle estabelecidas no PGR da plataforma, em especial: b)permissão para trabalho, a frio ou a quente, na presença de
a)meios e procedimentos de acesso à plataforma; combustíveis e inflamáveis;
b)condições e meio ambiente de trabalho; c)aditivos químicos e composição dos fluidos empregados nas
c)substâncias combustíveis e inflamáveis presentes a bordo: operações de perfuração, completação, restauração e estimulação,
características, propriedades, perigos e riscos; quando aplicável;
d)áreas classificadas, fontes de ignição e seu controle; d)noções dos sistemas de prevenção e combate a incêndio da
e)riscos ambientais existentes na área da plataforma; plataforma;
f)medidas de segurança disponíveis para o controle dos riscos e)acidentes com inflamáveis: suas causas e as medidas preven-
operacionais a bordo; tivas existentes na área operacional;
g)outros riscos inerentes às atividades específicas dos trabalha- f)resposta a emergências com combustíveis e inflamáveis, se-
dores e as respectivas medidas de controle e eliminação; gundo o Plano de Resposta a Emergências - PRE descrito no capítulo
h)riscos psicossociais decorrentes de vários estressores, como 37.28 desta NR;
jornada prolongada, trabalho em turnos e noturno, abordando seus g)noções de segurança de processo para plataformas;
efeitos nas atividades laborais e na saúde; h)segurança na operação das instalações elétricas em atmos-
i)riscos radiológicos de origem industrial ou de ocorrência na- feras explosivas; e
tural, quando existentes; i)atividade prática a bordo, de no mínimo uma hora, com a
j)produtos químicos perigosos e explosivos armazenados e ma- indicação in loco dos sistemas e equipamentos disponíveis para o
nuseados a bordo; combate a incêndio.
k)Ficha de Informação de Segurança de Produtos Químicos - 37.9.6.6 Deve ser realizada reciclagem do treinamento básico e
FISPQ; avançado, com carga horária mínima de 4 (quatro) horas, a cada 5
l)Equipamentos de Proteção Coletiva - EPC; (cinco) anos, ou quando houver:
m)Equipamentos de Proteção Individual - EPI; e a)indicação do PGR pela atualização; ou
n)procedimentos a serem adotados em situações de emergên- b)retorno de afastamento do trabalho por período superior a
cia. 180 (cento e oitenta) dias.
37.9.6.3 .1O treinamento básico não é obrigatório para as co- 37.9.6.6 .1A reciclagem do treinamento avançado deve con-
mitivas, visitantes e atividades exclusivamente administrativas. templar a parte prática.
37.9.6.3 .2O treinamento básico de trabalhadores não lotados 37.9.6.7 Diálogo Diário de Segurança - DDS
na plataforma deve ser ministrado, complementado ou validado 37.9.6.7 .1A operadora da instalação deve realizar, antes do iní-
pela operadora da instalação. cio das atividades operacionais, o DDS, considerando:
37.9.6.4 O treinamento eventual, previsto na alínea “d” do item a)as tarefas que serão desenvolvidas, de forma simultânea ou
37.9.6, deve ser realizado, além do disposto na NR-01, nas seguin- não;
tes situações: b)o processo de trabalho, os riscos e as medidas de proteção;
a)incidente de grande relevância ou acidente grave ou fatal, na c)os alarmes de evacuação a bordo e as respectivas medidas de
própria instalação ou em outras plataformas, próprias ou afretadas, segurança a serem adotadas; e
da mesma operadora; d)os cuidados para evitar o acionamento inadvertido de siste-
b)doença ocupacional que acarrete lesão grave à integridade mas de segurança levando a paradas não programadas.
física do(s) trabalhador(es); 37.9.6.7 .1.1Para comprovar a realização do DDS, as informa-
c)parada para a realização de campanhas de manutenção, re- ções da lista de presença podem ser incluídas na própria permissão
paração ou ampliação realizadas pela própria operadora ou por de trabalho, quando aplicável.
prestadores de serviços;
d)comissionamento, descomissionamento ou desmonte da
plataforma; e
536
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
37.10 Comissionamento, ampliação, modificação, reparo, mento comprovando autorização, pela Autoridade Marítima, des-
descomissionamento e desmonte se aumento da lotação, observando o prescrito no capítulo 37.31
37.10.1Para as atividades de comissionamento, ampliação, mo- desta NR.
dificação e reparo naval, descomissionamento e desmonte de pla- 37.10.3A operadora da instalação deve protocolar, em sistema
taformas, aplicam-se, além do disposto neste capítulo, os requisitos eletrônico disponibilizado pela inspeção do trabalho, comunicado
da NR-34 (Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da de descomissionamento da plataforma, em até 30 (trinta) dias an-
Construção e Reparação Naval), naquilo que couber, independente- tes do encerramento das suas operações.
mente do local, tipo e extensão do serviço a ser realizado a bordo. 37.10.4Para os trabalhadores embarcados, próprios ou ter-
37.10.1.1 Durante os serviços de comissionamento, ampliação, ceirizados, durante as fases de comissionamento, ampliação, mo-
modificação, reparo, descomissionamento ou desmonte realizados dificação, reparo, descomissionamento ou desmonte, devem ser
durante as operações simultâneas a bordo da plataforma, devem asseguradas as condições de vivência, conforme os requisitos esta-
ser adotadas as seguintes medidas: belecidos nesta NR.
a)ser precedidos de análise de riscos das tarefas; 37.10.4.1 Em situação emergencial, quando as condições de vi-
b)ser iniciados somente após implementação das medidas de vência não sejam plenamente atendidas segundo o capítulo 37.12
prevenção recomendadas pela análise de riscos das tarefas; desta NR, a operadora da instalação deve assegurar:
c)ser precedidos da emissão de permissões de trabalho e per- a)o direito de recusa aos trabalhadores envolvidos nas ações
missões de entrada e trabalho em espaços confinados, quando cou- de resposta, sem a necessidade de justificativa;
ber; e b)a aplicação do item 3.5.4 da NR-03 (Embargo e Interdição),
d)ser acompanhados por profissional de segurança do traba- na existência de condições de risco grave e iminente a bordo;
lho, nas condições estabelecidas pela análise de riscos e simultanei- c)o desembarque dos trabalhadores envolvidos nas ações de
dade, na qual devem ser estabelecidos os limites de permissões de resposta, durante o seu período de descanso; e
trabalho por profissional de segurança. d)o atendimento ao prescrito no subitem 37.12.4.5 desta NR
37.10.1.1 .1O profissional de segurança não poderá desempe- para as áreas de vivência.
nhar outra tarefa enquanto estiver em atividade que exija acompa-
nhamento contínuo. 37.11 Acesso à Plataforma
37.10.2A operadora da instalação deve protocolar comunica- 37.11.1Os deslocamentos dos trabalhadores entre o continen-
ção prévia, em sistema eletrônico disponibilizado pela inspeção do te e a plataforma ou entre plataformas não interligadas, e vice-ver-
trabalho, com no mínimo 30 dias de antecedência, às seguintes ati- sa, devem ser realizados por meio de helicópteros.
vidades: 37.11.1.1 As aeronaves, os heliportos e os procedimentos de
a)paradas programadas; transporte aéreo devem obedecer aos requisitos de segurança exi-
b)atividades com acoplamento de unidade de manutenção e gidos pelas autoridades competentes.
segurança; e 37.11.1.2 É permitido o transporte dos trabalhadores por meio
c)atividades que impliquem aumento da população da plata- de embarcações, desde que:
forma acima da lotação originalmente aprovada pela Autoridade a)estejam regularizadas junto à Autoridade Marítima;
Marítima. b)a distância a ser percorrida entre o continente e a plataforma
37.10.2.1 A operadora da instalação deve manter disponível seja inferior ou igual a 35 milhas náuticas;
a bordo, em meio físico ou digital, comprovante da ciência formal c)sejam atendidas as condições adequadas de conforto para o
acerca da realização das atividades referidas no item 37.10.2 a to- trabalhador durante a navegação;
dos os trabalhadores lotados na plataforma, mediante instruções d)a altura de onda seja de até 2,70 metros e a velocidade de
gerais por ocasião do embarque (briefing de segurança da plata- vento de até 27 nós;
forma), descrito no item 37.9.6, por até um ano após o término da e)na situação de interdição do helideque, por mais de 24 (vinte
campanha em pauta. e quatro) horas, é permitida a evacuação do pessoal não essencial à
37.10.2.2 A comunicação prévia deve conter as seguintes in- segurança e habitabilidade da plataforma, independentemente da
formações: distância a ser percorrida entre o continente e a plataforma, sendo
a)identificação da plataforma onde ocorrerá a atividade; vedada a troca de turma; e
b)cronograma com descrição resumida e período de realização f)em caso de evacuação emergencial, independentemente da
dos serviços; distância a ser percorrida entre o continente e a plataforma.
c)quantitativo estimado de trabalhadores para a realização dos 37.11.1.3 É permitida a utilização do helideque da UMS acopla-
serviços; da por passarela estabilizada (gangway) à plataforma, para embar-
d)denominação, endereço e CNPJ das empresas prestadoras de que e desembarque de trabalhadores por helicóptero.
serviços a bordo, responsáveis pela execução das atividades a se- 37.11.2É proibido o acesso de trabalhador à plataforma sem
rem realizadas conforme previsto no cronograma; e que a cópia, em meio físico ou digital, do seu ASO esteja disponível
e)limite de lotação da plataforma anterior ao início e durante a bordo ou cuja validade esteja vencida ou a vencer dentro do pe-
essas atividades. ríodo de embarque.
37.10.2.2 .1Caso ocorram alterações no cronograma inicial, a 37.11.2.1 Para acesso a plataformas desabitadas, deve ser ob-
operadora da instalação deve manter a versão atualizada do crono- servado o subitem 37.31.1.1 desta NR.
grama a bordo, observando o prescrito no capítulo 37.31 desta NR. 37.11.3A operadora do contrato deve assegurar que os termi-
37.10.2.3 Nas atividades que impliquem aumento da popu- nais próprios, compartilhados ou não, ou exclusivos, terrestres, de
lação da plataforma acima da lotação originalmente aprovada, a embarque e desembarque aéreo ou marítimo:
operadora da instalação deve disponibilizar a bordo cópia do docu- a)sejam climatizados;
537
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
b)atendam às condições sanitárias, de higiene e de conforto a)possuir certificado de homologação pela Autoridade Maríti-
conforme NR-24 (Condições Sanitárias e de Conforto nos Locais de ma, em conformidade com a NORMAM-05/DPC e alterações pos-
Trabalho); e teriores; e
c)possuam assentos em número suficiente para acomodar to- b)estar íntegra e sempre disponível para utilização.
dos os trabalhadores em trânsito previstos no horário de maior flu- 37.11.5.2 As áreas de saída e de chegada da cesta devem:
xo de passageiros, atendendo a programação normal e excetuando a)ter a presença de tripulante capacitado para a execução das
as superposições por atrasos. manobras de transferência;
37.11.4No caso de transporte marítimo, a transferência de tra- b)estar desimpedidas; e
balhadores entre as embarcações e a plataforma, e vice-versa, deve c)manter trabalhador de prontidão para lançamento da boia
ser realizada mediante passarela estabilizada (gangway), cesta de circular, em caso de homem ao mar.
transferência de pessoal ou, em plataforma fixa, atracadouro espe- 37.11.5.3 Os sinaleiros e seus auxiliares devem estar visivel-
cial para a embarcação apropriada ao transporte de trabalhadores mente identificados e, juntamente com os passageiros, são as úni-
com segurança e conforto, nos termos descritos neste item. cas pessoas que podem permanecer nas áreas de chegada ou saída
37.11.4.1 As operações de transferência de trabalhadores, por da cesta.
cestas de transferência ou atracadouro, devem obedecer aos se- 37.11.5.4 Antes de iniciar cada operação contínua com a cesta
guintes requisitos: de transbordo, a operadora da instalação deve assegurar a adoção
a)ser realizadas durante o período diurno e com boa visibili- dos seguintes procedimentos:
dade; a)inspecionar e testar o guindaste nos moldes do subitem
b)todos os trabalhadores devem receber treinamentos de se- 37.20.3.1 desta NR, desde que seja a primeira operação na jornada
gurança e, antes de cada transporte e transferência, as instruções de trabalho do operador de guindaste;
preliminares de segurança (briefing); b)inspecionar a cesta, os acessórios e o conjunto estabilizador,
c)os trabalhadores transportados devem dispor e, quan- quando aplicável;
do transferidos, devem usar colete salva-vidas, conforme NOR- c)registrar e arquivar, nas plataformas habitadas, os resultados
MAM-01/DPC; da inspeção dos cinturões de segurança e acessórios a serem utili-
d)os trabalhadores a serem transferidos não devem carregar zados, descartando os que apresentem falhas ou deformações ou
materiais, inclusive mochilas, durante a transferência, de modo a que tenham sofrido impacto de queda;
terem as mãos livres; d)registrar as condições ambientais na ocasião da transferência
e)um tripulante capacitado da embarcação deve dar orienta- (velocidade do vento, altura da onda, condições de visibilidade e o
ção prática acerca do processo de transferência, devendo o traba- ângulo de balanço); e
lhador seguir estritamente as suas determinações; e)verificar a eficácia da comunicação visual e por rádio.
f)o trabalhador não pode ser submetido à operação de trans- 37.11.5.4 .1Para as plataformas desabitadas, os registros men-
ferência sem o seu consentimento, podendo se recusar a qualquer cionados nas alíneas “c” e “d” do subitem 37.11.5.4 devem ser ar-
momento mediante justificativa; e quivados na plataforma habitada onde estão lotados os trabalhado-
g)existindo pessoa sem condições físicas ou psicológicas para a res da operadora da instalação que executam atividades eventuais
transferência ou que se recuse a cumprir as determinações do tri- na unidade desabitada ou na sede da empresa, em terra.
pulante, o comandante da embarcação deve interromper imediata- 37.11.5.5 É proibida a utilização da cesta de transbordo:
mente a operação, solicitando a retirada desse trabalhador da área a)para o transporte de materiais ou equipamentos, com ex-
de embarque, informando a ocorrência à operadora da instalação. ceção da bagagem dos trabalhadores transportados, que deve ser
37.11.4.2 É proibida a realização de operações simultâneas ou conduzida no centro da cesta;
outras atividades na área de transferência de pessoal no decorrer b)com carga acima de sua capacidade máxima de transporte;
da mesma. c)como a primeira carga do dia de operação do guindaste,
37.11.4.3 É vedado o uso de cordas, correntes ou qualquer devendo ser usado outro elemento de carga semelhante no lugar
outro tipo de cabos para a transferência de trabalhadores entre as da cesta, com no mínimo duas vezes a sua capacidade máxima de
embarcações e a plataforma, e vice-versa. transporte para fazer as devidas verificações; e
37.11.4.3 .1É permitido o uso de escadas flexíveis ou fixas à pla- d)quando não houver permanente comunicação visual e via rá-
taforma para a transferência da equipe necessária para operação dio entre o operador do guindaste e os sinaleiros da plataforma e
do guindaste, nas plataformas desabitadas. da embarcação.
37.11.4.4 Para plataforma flutuante, posicionada em águas in- 37.11.5.6 O operador do guindaste deve obedecer unicamente
teriores, o acesso e o desembarque dos trabalhadores também po- às instruções dadas pelos sinaleiros, exceto quando for constatado
dem ser realizados por meio de escadas fixas da própria plataforma. risco de acidente e sinalizada a parada de emergência por qualquer
37.11.5A transferência de trabalhadores, por meio de cesta, pessoa situada na área de embarque ou desembarque.
deve ser realizada apenas sob as seguintes condições meteorológi- 37.11.5.7 É permitido o transbordo de pessoas, no período no-
cas e oceanográficas: turno, por meio de cesta de transferência, somente em situações
a)a altura de onda seja de até 2,70 metros e a velocidade de de:
vento de até 27 nós; a)emergência;
b)visibilidade superior a 3 km; e b)execução de serviços emergenciais que visem à proteção dos
c)balanço (roll) máximo de 3° (três graus), para plataformas flu- trabalhadores ou à segurança operacional;
tuantes. c)socorro médico de urgência; e
37.11.5.1 A operadora da instalação deve assegurar que a cesta d)resgate de náufrago.
obedeça aos seguintes requisitos mínimos:
538
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
37.11.6O atracadouro deve ter projeto elaborado por profissio- 37.12 Condições de vivência a bordo
nal legalmente habilitado e ser aprovado pela Autoridade Marítima. 37.12.1As condições de vivência a bordo são reguladas pelo
37.11.6.1 O procedimento de acesso à plataforma, por meio disposto neste capítulo e nas regulamentações do Ministério da
de embarcação apropriada para o transporte de trabalhadores com Saúde e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA, não
segurança e conforto, deve obedecer aos seguintes requisitos: sendo aplicáveis os dispositivos constantes da NR-24.
a)as operações de transferência somente devem ser realizadas 37.12.1.1 Os registros e documentos relativos às condições de
em condições de altura de onda de até 2,70 metros, velocidade de vivência gerados em função das regulamentações do Ministério da
vento de até 27 nós e corrente marítima de até 1,5 nós; e Saúde e ANVISA devem estar disponíveis a bordo para os trabalha-
b)as condições de mar, vento e visibilidade no momento da ma- dores e suas representações.
nobra devem ser avaliadas e consignadas em documento próprio, 37.12.2A operadora da instalação deve assegurar áreas de vi-
pelo comandante da embarcação, a ser arquivado na embarcação vência das plataformas habitadas compostas por:
ou na plataforma habitada, por período não inferior a um ano, em a)alojamentos;
local de fácil acesso à inspeção do trabalho. b)instalações sanitárias;
37.11.6.1 .1Em se tratando de plataforma desabitada, o docu- c)refeitório;
mento referido na alínea “b” do subitem 37.11.6.1 pode ser arqui- d)cozinha;
vado na embarcação, na plataforma habitada onde estão lotados e)lavanderia;
os trabalhadores transportados ou na sede da operadora da insta- f)sala de recreação;
lação, em terra. g)sala de leitura;
37.11.7Quando a movimentação de trabalhadores entre a pla- h)sala para uso da rede de alcance mundial informatizada (in-
taforma, fixa ou flutuante, e ternet) e outros serviços; e
embarcação adjacente for realizada por meio de passarela es- i)espaço para prática de atividade física.
tabilizada (gangway), devem ser obedecidos os seguintes requisitos 37.12.2.1 A sala de leitura pode ser compartilhada com a sala
mínimos: prevista na alínea “h” desde que sejam separadas de forma a man-
a)manter a via desobstruída, dotada de corrimãos e piso anti- ter as condições para concentração e estudo.
derrapante; 37.12.2.2 As áreas de vivência devem ser mantidas em condi-
b)garantir ângulo de inclinação seguro para o deslocamento ções de segurança, saúde, conforto, higiênico-sanitárias e em per-
dos trabalhadores, conforme o projeto da passarela estabilizada; feito estado de funcionamento e conservação.
c)utilizar passarela estabilizada dotada de fechamento lateral; 37.12.2.3 Os métodos de medição e os níveis mínimos de ilu-
d)instalar rede de proteção contra quedas no entorno da base minamento a serem observados nos locais de trabalho internos são
da passarela estabilizada nas plataformas, quando requerida nas os estabelecidos na norma ABNT NBR IEC 61892-2 - Unidades ma-
análises de riscos; rítimas fixas e móveis - Instalações elétricas Parte 2: Projeto de sis-
e)guarnecer cada extremidade da passarela estabilizada com temas elétricos, garantindo um nível de iluminamento mínimo nos
sistema de sinalização e alarmes automáticos sonoros e luminosos planos da tarefa visual, em conformidade com a Norma de Higiene
ou vigia treinado, identificado e portando colete com faixa reflexiva, Ocupacional nº 11 (NHO 11) da Fundacentro - Avaliação dos níveis
para orientação ou interrupção do fluxo de trabalhadores; de iluminamento em ambientes internos de trabalho - versão 2018.
f)equipar os vigias com meios de comunicação entre a platafor- 37.12.3Disposições gerais
ma e a embarcação adjacente; 37.12.3.1 As áreas de vivência devem ser projetadas conside-
g)designar área segura, sinalizada, desimpedida e abrigada rando:
como ponto de espera para travessia, baseada nas análises de ris- a)o atendimento aos requisitos de segurança e saúde do tra-
cos específicas; balhador;
h)elaborar procedimento de movimentação, interrupção de b)as condições de vivência adequadas ao bem-estar dos traba-
passagem e evacuação de trabalhadores da passarela, em caso de lhadores embarcados;
condições climáticas e marítimas adversas ou emergências opera- c)a mitigação da exposição dos trabalhadores ao ruído, às vi-
cionais; brações e às substâncias perigosas, bem como aos demais fatores
i)possuir partes móveis protegidas e sinalizadas; e de riscos ambientais acima dos limites de tolerância presentes a
j)ser dotada de meio de acesso através de escada ou rampa po- bordo; e
sicionada no máximo a 30 graus de um plano horizontal e equipada d)a facilidade de abandono das áreas de vivência em situações
com dispositivo rotativo que lhe permita acompanhar o movimento de emergência.
involuntário da embarcação. 37.12.3.2 A operadora da instalação deve assegurar que, nos
37.11.7.1 A operadora da instalação onde a passarela estabili- leitos dos camarotes e módulos de acomodação temporária, os ní-
zada estiver instalada deve manter a bordo os documentos com os veis de ruídos não sejam superiores a 60 dB (A), sendo que a partir
parâmetros e cálculos utilizados como critérios para acionamento de 55 dB (A) devem ser adotadas medidas preventivas.
do alarme e interrupção imediata da passagem de trabalhadores. 37.12.3.3 As áreas de vivência devem ser dotadas de água para
37.11.8A utilização de soluções alternativas para outros tipos o consumo humano, conforme estabelecem as regulamentações do
de acesso a plataformas deve ser precedida de aprovação tripartite. Ministério da Saúde e da ANVISA.
37.12.4Instalações sanitárias
37.12.4.1 As instalações sanitárias devem:
a)possuir uma área mínima de 1,00 m², para cada vaso sani-
tário;
b)ser abastecidas por água canalizada;
539
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
c)dispor de água tratada nos chuveiros e pias, para fins de hi- a)ser do tipo sifonado ou dotado de mecanismo que impeça o
giene pessoal, sendo disponibilizada água quente nos chuveiros; retorno de odores, com comando de descarga, assento e tampa e
d)ser separadas por sexo; espaço frontal livre com dimensões mínimas de 0,80 m de largura e
e)ter porta principal inteiriça, para manter a privacidade, e que 0,60 m de profundidade;
permita a ventilação, seja ejetável ou provida de painel de escape b)possuir suporte para o papel higiênico em forma de rolo ou
com dimensões de acordo com a NORMAM- 01/DPC; interfolhado, com suprimento regular e suficiente e na cor branca;
f)possuir portas com fechamento interno sem, contudo, im- c)ter ducha higiênica, alimentada por água fria; e
pedir sua abertura emergencial pelo lado externo mediante chave d)estar instalado em cabines individuais e separadas.
mestra ou similar; 37.12.4.5 .1A cabine do vaso sanitário para uso coletivo deve:
g)possuir piso impermeável, lavável, antiderrapante, com cai- a)ter divisórias com altura mínima de 1,90 m e com bordo infe-
mento para o ralo sifonado e sem ressaltos e depressões; rior a, no máximo, 0,15 m acima do piso;
h)ter lixeira com tampa, com dispositivo de abertura que dis- b)ser dotada de porta independente com sistema de fecha-
pense a necessidade de contato manual; mento que impeça o devassamento; e
i)ser providas de rede de iluminação, protegida externamente c)possuir alças de apoio, em plataformas flutuantes.
por eletrodutos ou embutida nas anteparas, com iluminamento ge- 37.12.4.6 Os mictórios devem ser:
ral e difuso; a)instalados em compartimentos individuais, separados por di-
j)possuir sistema de exaustão eficaz, direcionado para fora da visórias de dimensões suficientes para garantir a privacidade, com
área de vivência e sem contaminar os seus demais ambientes; espaçamento de 0,60 m;
k)ter disponível protetor descartável ou dispositivo desinfetan- b)do tipo cuba, de material liso e impermeável e de fácil esco-
te para o assento do vaso sanitário; e amento e limpeza; e
l)ser dotada de, no mínimo, uma tomada de energia elétrica c)providos de descarga provocada ou automática.
junto aos lavatórios. (Vide prazo - Portaria MTP n.º 90, de 18 de 37.12.4.7 O lavatório deve ser dotado de:
janeiro de 2022) a)torneira;
37.12.4.2 Além do disposto no subitem 37.12.4.1, as instala- b)recipiente para o descarte de papéis servidos;
ções sanitárias para uso coletivo devem: c)saboneteira ou outro dispositivo que permita a higienização
a)estar situadas em locais de fácil e seguro acesso, próximas das mãos;
aos locais de trabalho ou das refeições; d)suporte para papel-toalha ou secador do tipo elétrico para
b)ser localizadas de maneira a não se comunicarem diretamen- as mãos;
te com os locais destinados às refeições, cozinha e dormitórios; e)iluminação; e
c)garantir a privacidade de seus usuários em relação ao am- f)espelho.
biente externo; 37.12.4.7 .1É proibida a utilização de toalhas de uso coletivo.
d)para plataformas com a maior dimensão do deck principal 37.12.4.7 .2Deve ser disponibilizado, próximo ao casario, local
acima de 200 m (duzentos metros), deve existir um banheiro o mais para retirada dos Equipamentos de Proteção Individual - EPI com 2
próximo possível da meia-nau, em área não classificada; (Vide prazo (dois) lavatórios para uso coletivo.
- Portaria MTP n.º 90, de 18 de janeiro de 2022) 37.12.4.8 Os compartimentos destinados aos chuveiros devem:
e)possuir vasos sanitários em conjunto com lavatórios; a)ser dotados de portas de acesso que impeçam o devassa-
f)dispor de cabines privativas para os vasos sanitários, quando mento ou construídos de modo a manter a privacidade necessária;
houver mais de uma unidade ou forem acompanhados de mictó- b)possuir ralos com sistema de escoamento que impeça a co-
rios; e municação das águas servidas entre os compartimentos;
g)ser separadas por sexo, de forma permanente. c)possuir tento ou rebaixo com desnível mínimo de 0,05 m em
37.12.4.2 .1O dimensionamento das instalações sanitárias de relação ao piso da instalação sanitária;
uso coletivo, para cada sexo, deve levar em conta os seus respecti- d)dispor de suporte para sabonete e xampu;
vos quantitativos a bordo e os postos de trabalho. e)possuir suportes ou cabides para toalha de banho;
37.12.4.3 A plataforma deve possuir instalações sanitárias para f)ter piso antiderrapante com caimento que assegure o escoa-
uso coletivo distribuídas pelos diferentes pisos ou decks, na pro- mento da água para a rede de esgoto;
porção de, no mínimo, 1 (um) vaso sanitário e 1 (um) lavatório para g)possuir divisórias revestidas de material resistente, liso, im-
cada 15 (quinze) trabalhadores ou fração, considerando o turno de permeável e lavável;
trabalho com maior efetivo. (Vide prazo - Portaria MTP n.º 90, de 18 h)ser construídos de forma a não possuir arestas vivas que pos-
de janeiro de 2022) sam causar acidentes;
37.12.4.3 .1Em instalações sanitárias masculinas de uso coleti- i)possuir alças de apoio, exceto nas plataformas fixas;
vo, é permitida a substituição de 50% (cinquenta por cento) dos va- j)possuir registros de metal, situados à meia altura da antepa-
sos por mictórios para uso coletivo, desde que sejam assegurados, ra; e
no mínimo, dois vasos. k)possuir chuveiro dotado de crivo, confeccionado em material
37.12.4.4 A plataforma deve possuir, ainda, instalações sanitá- resistente e com altura mínima de 2 m em relação ao piso, podendo
rias para uso coletivo dotadas de chuveiro, na proporção de 1 (um) ser do tipo móvel e de altura ajustável.
para cada 30 (trinta) trabalhadores ou fração, considerando o turno 37.12.4.8 .1Os chuveiros e os aquecedores elétricos, utilizados
de trabalho com maior efetivo. (Vide prazo - Portaria MTP n.º 90, de para secar as toalhas, devem possuir resistência do tipo blindada.
18 de janeiro de 2022) 37.12.4.9 A operadora da instalação deve assegurar, no míni-
37.12.4.5 O vaso sanitário deve: mo, 60 (sessenta) litros diários de água tratada, por trabalhador,
para serem utilizados nas instalações sanitárias.
540
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
37.12.4.10 É vedado o uso de banheiro químico, inclusive no e)ter piso impermeável, antiderrapante e revestido de material
módulo de acomodação temporária, exceto nos casos previstos que permita a limpeza e desinfecção;
nesta NR. f)ter anteparas revestidas com material liso, resistente, imper-
37.12.4.10 .1Ao constatar a inoperância do sistema de esgota- meável e que permita a limpeza e desinfecção;
mento de todas as instalações sanitárias, sem o devido restabele- g)dispor de água potável;
cimento em até 3 (três) horas, os seguintes procedimentos devem h)possuir mesas providas de tampo liso e de material imper-
ser adotados: meável;
a)iniciar os procedimentos de parada da produção da platafor- i)possuir mesas e bancos ou cadeiras de fácil higienização e
ma; mantidos permanentemente limpos;
b)providenciar, imediatamente, a logística para o desembarque j)possuir protetor salivar nos balcões em que o usuário tiver
de todos os trabalhadores, com o retorno da tripulação somente acesso ao alimento; e
após a normalização do sistema de esgotamento; k)dispor de álcool em gel ou outro saneante na área de acesso
c)manter a bordo apenas o contingente mínimo para garantir a aos balcões de autosserviço.
segurança da instalação e o reparo do sistema; e 37.12.5.2 .1As mesas do refeitório de plataformas flutuantes
d)providenciar banheiros químicos para os trabalhadores que devem ser dotadas de tampo com ressalto arredondado nas bor-
compõem o contingenciamento mínimo, até a normalização do sis- das, acompanhada por bancos ou cadeiras fixas ou com pés de alto
tema de esgotamento. atrito.
37.12.4.11 A operadora da instalação deve elaborar, por plata- 37.12.5.3 Além do quantitativo de lavatórios para uso coletivo
forma, os procedimentos de controle e de vigilância para transpor- previsto no subitem 37.12.4.3, o refeitório também deve dispor de,
tar, manter e controlar a qualidade da água distribuída para o con- pelo menos, um lavatório localizado nas proximidades de sua entra-
sumo humano a bordo, em conformidade com as regulamentações da, no mesmo piso, ou no seu interior, na proporção de 1 (um) para
do Ministério da Saúde e da ANVISA. cada 30 (trinta) assentos.
37.12.4.11 .1O plano de amostragem deve ser realizado por 37.12.5.4 É proibida, ainda que em caráter provisório, a utiliza-
plataforma, respeitando os planejamentos mínimos de amostra- ção do refeitório como depósito.
gem expressos nas regulamentações do Ministério da Saúde e da 37.12.5.5 As plataformas desabitadas devem dispor de condi-
ANVISA. ções sanitárias, de higiene e de conforto suficientes para as refei-
37.12.4.12 Os procedimentos de vigilância e controle da quali- ções dos trabalhadores, bem como atender aos seguintes requisitos
dade de água adotados no tratamento, armazenamento e distribui- mínimos:
ção para o consumo humano a bordo devem considerar as informa- a)dispor de local adequado e isolado da área de trabalho;
ções contidas nas análises de riscos da instalação. b)possuir piso e anteparas apropriados para limpeza e desin-
37.12.4.13 Após a realização de serviços de manutenção, re- fecção;
paro, ampliação e outras intervenções na plataforma que possam c)ter ventilação artificial ou natural;
contaminar a água para o consumo humano, a operadora da insta- d)ter iluminação geral e difusa, com nível de iluminamento,
lação deve realizar as análises previstas pela ANVISA e Ministério da conforme previsto em norma técnica;
Saúde e, se necessário, efetuar os tratamentos adequados antes de e)dispor de mesas e assentos em número compatível com a
voltar a fornecer a água. quantidade de trabalhadores a bordo;
37.12.4.14 A operadora da instalação deve estabelecer meca- f)possuir lavatório nas proximidades;
nismos para o recebimento de reclamações e manter registros atu- g)fornecer água potável;
alizados sobre a qualidade da água distribuída, sistematizando-os h)dispor de equipamento para aquecer a refeição ou de dispo-
de forma compreensível aos consumidores e disponibilizando-os sitivo térmico que a mantenha aquecida em condições de higiene,
para pronto acesso e consulta pela inspeção do trabalho, trabalha- conservação e consumo até o final do horário da refeição;
dores e seus representantes. i)fornecer refeições que atendam às exigências de conservação
37.12.5Higiene, segurança e conforto por ocasião das refeições da alimentação em recipientes apropriados, adequados aos equipa-
37.12.5.1 Nas plataformas habitadas, é obrigatória a existência mentos de aquecimento disponíveis;
de refeitório para os trabalhadores. j)disponibilizar pratos, talheres e copos individuais higieniza-
37.12.5.2 O refeitório deve atender, nesta ordem, aos requisi- dos, podendo ser descartáveis; e
tos desta NR e, naquilo que couber, aos itens constantes das resolu- k)possuir compartimento para guarda e proteção dos utensí-
ções da ANVISA, conforme descrito a seguir: lios.
a)ser instalado em local apropriado, não se comunicando dire- 37.12.5.5 .1Em plataforma desabitada que não ofereça am-
tamente com os locais de trabalho, instalações sanitárias e locais biente com condições para as refeições, o tempo de permanência
insalubres ou perigosos; dos trabalhadores a bordo deve ser de, no máximo, 4 (quatro) ho-
b)possuir área mínima de 1,50 m² por usuário, com a quantida- ras.
de de mesas e assentos que atenda a 1/3 do total de empregados 37.12.5.6 É proibida a tomada das principais refeições fora dos
do turno de trabalho com o maior efetivo; locais referidos nos subitens 37.12.5.2 e 37.12.5.5.
c)possuir corredor principal com largura de 0,75 m e garantia 37.12.5.6 .1É proibido o consumo de qualquer alimento em
de corredor secundário de acesso a todos os assentos com largura ambientes com exposição a agentes químicos, físicos ou biológicos,
de 0,55 m; devendo ser asseguradas as condições adequadas de conforto e hi-
d)ser provido de rede de iluminação, protegida externamente giene, descritas no item 37.12.5 e respectivos subitens desta NR.
por eletrodutos ou embutida nas anteparas ou teto, com ilumina-
mento geral e difuso;
541
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
37.12.5.7 É obrigatório o registro, em relatórios próprios, do lhadores ou fração, considerando o sexo e o turno de trabalho do
monitoramento das temperaturas e do tempo de exposição dos ali- pessoal da cozinha com maior efetivo. (Vide prazo - Portaria MTP
mentos. n.º 90, de 18 de janeiro de 2022)
37.12.5.8 É vedada a utilização de vestimenta de trabalho com 37.12.6.6 Os equipamentos e acessórios de cocção utilizados
a presença de agentes químicos ou biológicos, provenientes das nas cozinhas das plataformas flutuantes devem possuir dispositivo
atividades laborais, nos refeitórios ou nos locais específicos para a de fixação que permita a sua remoção para utilização e limpeza.
alimentação. 37.12.6.7 A cozinha, seus equipamentos e acessórios, exausto-
37.12.6Cozinha res e dutos de exaustão devem passar por processo de higienização
37.12.6.1 Em plataforma dotada de cozinha, a operadora da de acordo com as recomendações do fabricante ou fornecedor, con-
instalação deve seguir todas as medidas para garantir a higiene e signado em plano de manutenção específico e relatório assinado
a qualidade da alimentação produzida, de acordo com as normas pelo profissional responsável.
da ANVISA. 37.12.6.8 A câmara de refrigeração deve ter botoeira de emer-
37.12.6.2 A cozinha deve dispor de: gência no seu interior e dispositivo que permita a abertura inter-
a)anteparas de material impermeável, apropriado para limpeza namente.
e desinfecção; 37.12.7Camarotes
b)piso antiderrapante, de material apropriado para limpeza e 37.12.7.1 Os camarotes, camarotes provisórios e módulos de
desinfecção, com caimento e ralos ou dispositivos que favoreçam o acomodação temporária devem atender aos seguintes requisitos
escoamento de águas; gerais:
c)portas revestidas de materiais lisos e de fácil limpeza e de- a)dispor de anteparas, revestimento, forro, piso e juntas cons-
sinfecção; truídos com materiais específicos para uso marítimo e resistentes
d)rede de iluminação, protegida por eletrodutos ou embutida ao fogo, de acordo com os requisitos definidos pela International
nas anteparas ou tetos, com iluminamento geral e difuso, conforme Maritime Organization - IMO, Code for Construction and Equipment
previsto em norma técnica; of Mobile Offshore Drilling Units (Código MODU), SOLAS e suas al-
e)lavatório coletivo de uso exclusivo dos trabalhadores do ser- terações posteriores;
viço de alimentação, com acionamento automático da água e dis- b)ser construídos com materiais termoacústicos, impermeá-
positivos de sabão líquido bactericida ou sabão neutro juntamente veis, atóxicos, adequados à sua utilização e que garantam um am-
com um antisséptico, sistema para a secagem das mãos e, quando biente saudável e sua perfeita higienização;
for o caso, coletor de papel acionado sem contato manual; c)ser dotados de dispositivos suficientes para o escoamento
f)sistema de exaustão para a captação de fumaças, vapores e das águas;
odores, dotada de coifa em aço inoxidável; d)preservar a privacidade dos usuários;
g)bancadas de trabalho e pias para lavagem de utensílios em e)ser separados por sexo durante todo o seu tempo de ocu-
aço inoxidável; pação, sendo proibida a alternância diurna/noturna entre os sexos
h)locais distintos para a instalação de equipamentos de refri- masculino e feminino nesse período;
geração de alimentos, de lavagem de utensílios e de preparo de f)acomodar no máximo quatro pessoas;
refeições; g)possuir pé-direito de, no mínimo, 2,40 m quando forem usa-
i)áreas independentes para higienização dos alimentos, para o dos beliches, ou 2,20 m no caso de uso exclusivo de camas simples;
manuseio de massas e para a cocção; h)dispor de dormitório com área mínima de 3,60 m² por pes-
j)áreas distintas ou separadas por barreiras físicas para prepa- soa, exceto nos casos dos módulos de acomodação temporária,
ração de carnes, de peixes, de aves e de saladas; cuja área mínima é de 3,00 m² por pessoa, e dos dormitórios indivi-
k)lixeira confeccionada em material de fácil higienização, dota- duais ou duplos, cuja área total mínima deve ser de 7,50 m²;
da de tampa, com abertura sem contato manual; e i)ter dimensões adequadas de modo a propiciar o conforto e a
l)dispositivo para abafamento de fogo do tipo manta, confec- facilitar sua limpeza e ordem;
cionado em material antichamas, não contaminante e não alergê- j)possuir instalação sanitária privativa, adjacente ao dormitório
nico. e com uma porta para comunicação direta ou para a antecâmara,
37.12.6.2 .1É vedada a utilização de toalha de uso coletivo nos dotada de vaso sanitário, compartimento para chuveiro e lavató-
lavatórios utilizados pelos profissionais da cozinha. rio, com armário, gavetas individuais, secador de toalhas e alça de
37.12.6.3 A cozinha deve ficar interligada ao refeitório através apoio;
de aberturas do tipo passa- pratos ou portas distintas, uma para k)dispor de portas com altura mínima de 2,10 m e largura mí-
servir as refeições e a outra para a devolução dos utensílios. (Vide nima de 0,80 m, dotadas de dispositivos que permitam mantê-las
prazo - Portaria MTP n.º 90, de 18 de janeiro de 2022) abertas e providas de painéis de escape com dimensões 0,60 m x
37.12.6.4 As áreas previstas para cozinha, depósito de gêneros 0,80 m;
alimentícios secos e dispositivos de refrigeração de alimentos de- l)ser dotados de mobiliário e acessórios constituídos de ma-
vem ser compatíveis com o número diário de refeições servidas e a terial de fácil higienização, sem cantos vivos, mantidos em boas
quantidade de provisões que devem ser armazenadas, consideran- condições de uso e que não produzam gases ou partículas tóxicas
do-se ainda uma reserva de emergência. quando expostos ao fogo;
37.12.6.5 As plataformas devem possuir instalações sanitárias m)apresentar valores máximos de vibração de corpo inteiro
adicionais, exclusivas para uso coletivo dos trabalhadores da cozi- inferiores ao nível de ação para a exposição ocupacional diária à
nha, atendendo ao disposto no subitem 37.12.4.2, na proporção de vibração de corpo inteiro citada no Anexo I - Vibração da NR-09
1 (um) vaso sanitário e 1 (um) lavatório para cada 10 (dez) traba- (Avaliação e Controle das Exposições Ocupacionais a Agentes Físi-
cos, Químicos e Biológicos);
542
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
n)dispor de tensão elétrica de 127 ou 220 volts nas tomadas, d)dispor de dois lençóis, uma fronha, um travesseiro, confec-
devidamente identificadas; cionado em material visco- elástico ou similar, substituído a cada 2
o)possuir sistema de iluminação de modo a manter um nível (dois) anos e com dimensões mínimas iguais a 55 cm x 35 cm x 10
mínimo de iluminamento geral e difuso, bem como iluminação de cm, e um cobertor, todos de uso individual, de dimensões compatí-
emergência; e veis, em condições íntegras e adequadas de higiene e conservação,
p)ter manta antichamas, não alergênica, na proporção mínima manufaturados a partir de materiais antialérgicos;
de uma peça para cada ocupante. e)ter cortina tipo blackout ou outro elemento semelhante, con-
37.12.7.1 .1Nas plataformas em operação ou que estejam em feccionada em material antialérgico, que impeça a entrada de luz
fase de construção até a data de entrada de vigência desta NR, as e promova a privacidade, sem comprometer a circulação de ar; e
portas com largura inferior a 0,80 m podem ser ejetáveis, em subs- f)ser dotada de iluminação complementar e tomada de energia
tituição ao painel de escape previsto na alínea “k”. elétrica.
37.12.7.1 .2O camarote deve ser adequadamente isolado, não 37.12.7.3 .1No caso de utilização de camas sobrepostas na ver-
podendo haver quaisquer aberturas diretas para a praça de máqui- tical (beliche), estas deverão atender também às condições a seguir:
nas, compartimento de carga, cozinha, paiol, lavanderias, poço de a)limitar-se a duas camas, com distância livre mínima de 0,90
elevador ou instalações sanitárias de uso coletivo. m, medida a partir do nível superior do colchão da cama de baixo
37.12.7.1 .3As tubulações de vapor, de descarga de gases e ou- ao nível inferior do estrado da cama superior;
tras semelhantes não devem passar pelo interior dos alojamentos, b)possuir cama superior com distância livre mínima de 0,90 m,
nem pelos seus corredores, salvo em caso de inviabilidade técnica, medida a partir do teto do dormitório até o nível superior do seu
quando deverão ser isoladas e protegidas. colchão;
37.12.7.1 .4A área de circulação para acesso aos alojamentos c)possuir cama superior com proteção lateral contra queda, até
deve ter a largura mínima de 1,20 m. a metade do seu comprimento;
37.12.7.2 O mobiliário do dormitório deve observar os seguin- d)disponibilizar acesso à cama superior por meio de escada rí-
tes requisitos mínimos: gida adequada, com degraus de superfície antiderrapante, fixada ao
a)possuir no máximo quatro leitos, cuja distância horizontal en- beliche e alça para pega junto à escada; e
tre eles seja de, no mínimo, 0,60 m para permitir a livre circulação e)possuir estrados das camas impermeáveis.
e o acesso; 37.12.7.3 .1.1Nas plataformas flutuantes, a cama inferior deve
b)ter armários individuais com tranca e chave, volume mínimo ser provida, ainda, de proteção lateral contra queda, até a metade
de 0,5 m³, providos de gaveta, prateleira e cabides, e com, pelo me- do seu comprimento.
nos, três compartimentos para guardar separadamente: 37.12.7.4 Módulos de acomodação temporária
I.os itens de higiene pessoal; 37.12.7.4 .1O módulo de acomodação temporária só pode ser
II.as roupas e os pertences pessoais; e instalado com o intuito de aumentar a capacidade de acomodação
III.os EPI e a bolsa de viagem; da plataforma, durante a execução de campanhas de manutenção,
c)ser dotado de ganchos de uso individual, em quantidade e reparação, montagem, comissionamento, descomissionamento,
condições suficientes para pendurar vestimenta de trabalho e EPI; desmonte ou intervenções de sondas em plataformas fixas.
d)possuir mesa ou escrivaninha, que poderá ser do tipo de 37.12.7.4 .2A instalação e a permanência do módulo de aco-
tampo fixo, dobrável ou corrediço, acompanhada de cadeira, provi- modação temporária nas plataformas habitadas devem ser solici-
da de iluminação auxiliar e de tomada de energia elétrica; tadas ao órgão regional da inspeção do trabalho, correspondente
e)possuir telefone e televisão de dimensão superior a 26 po- à locação da plataforma, e, em caso de plataformas desabitadas,
legadas; somente mediante negociação tripartite.
f)ter espelho, podendo ser instalado na parte interna dos ar- 37.12.7.4 .2.1A solicitação deve ser feita mediante a apresenta-
mários; ção das análises de riscos e plantas baixa e de corte.
g)dispor de estante ou prateleira para livros; 37.12.7.4 .3Além do disposto nos subitens 37.12.7.1 a
h)possuir recipiente para lixo; 37.12.7.3, o módulo de acomodação temporária deve atender às
i)conter dispositivos individuais, do tipo gancho ou barra, para seguintes exigências:
guardar e secar toalhas de banho e rosto, fora do armário, que as- a)não ter sido utilizado para outros fins, como o armazenamen-
segure condições de higiene; e to ou manuseio de substâncias perigosas à saúde;
j)ser dotado de compartimentos destinados à guarda de cole- b)dispor de anteparas, piso e teto construídos com o material
tes salva-vidas e das mantas antichamas. de classe A-60, conforme descrito no Código MODU;
37.12.7.3 A cama deve atender aos seguintes requisitos: c)ser apoiado sobre estruturas de sustentação com apoios re-
a)possuir dimensões internas que comportem um colchão de silientes para absorções de ruídos e vibrações, salvo laudo técnico
solteiro de, no mínimo, 1,88 m x 0,78 m; conclusivo que dispense tais apoios, elaborado por profissional le-
b)ter altura mínima de 0,40 m, medida da face superior do col- galmente habilitado;
chão ao piso do camarote; d)ter quadro elétrico instalado em seu interior, em local de fácil
c)possuir colchão antialérgico e com densidade mínima 33 acesso, dispondo de barramento interno com disjuntores, portas
(trinta e três), mantido íntegro, em condições higiênico-sanitárias com vedação de borracha, trinco e pintura eletrostática a pó;
e no prazo de validade estabelecida pelo fabricante, ou de 5 (cinco) e)possuir vidros ou materiais alternativos utilizados em divisó-
anos, caso não seja estabelecido outro prazo, a partir da data de rias, janelas e visores das portas que não produzam estilhaços ou
fabricação; fumaça tóxica;
543
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
f)dispor de antecâmara para isolamento do ruído exterior, das 37.12.8.2 As roupas de trabalho devem ser lavadas e secas se-
intempéries e do devassamento, podendo tal função ser exercida paradamente das demais (roupas de cama, de banho e de uso pes-
pelo corredor que interliga os módulos; soal), de acordo com procedimento específico para cada unidade,
g)se possuir corredor, este deve atender aos requisitos do su- que impeça a contaminação cruzada entre as roupas.
bitem 37.25.8.2; 37.12.9Serviços de bem-estar a bordo
h)dispor de portas externas que atendem aos requisitos de es- 37.12.9.1 Na plataforma habitada, devem existir os seguintes
tanqueidade e da classificação das anteparas, conforme sua locali- meios e instalações para proporcionar condições de bem-estar a
zação na embarcação, dotadas de sistema automático para o seu todos os trabalhadores a bordo:
fechamento; e a)sala de ginástica ou aparelhos para exercícios físicos, instala-
i)dispor de saída de emergência alternativa. dos em locais destinados para essa finalidade;
37.12.7.5 A operadora da instalação deve disponibilizar canais b)sala(s) de recreação com música, rádio, televisão, exibição de
para televisão, com pacote de programação diversificado (noticiá- vídeos com conteúdos variados e renovados em intervalos regula-
rios, esportes, filmes, documentários e outros), em condições ade- res, além de jogos de mesa com seus acessórios;
quadas de funcionamento, diuturnamente. c)sala de leitura dotada de uma biblioteca, cujo acervo conte-
37.12.7.6 A telefonia das acomodações deve permitir a realiza- nha periódicos e livros de conteúdos variados, em quantidade sufi-
ção de ligações entre os diferentes ramais da plataforma. ciente e renovados em intervalos regulares;
37.12.7.7 A operadora da instalação deve garantir o cumpri- d)acesso viável à rede mundial de computadores (internet), do
mento das seguintes regras de uso dos camarotes: tipo sem fio (wi-fi), ao menos nas áreas de vivência e camarotes,
a)limpeza diária e manutenção das condições higiênico-sanitá- para utilização recreativa e comunicação interpessoal, de acesso
rias; reservado a correio eletrônico, redes sociais e outros sistemas pri-
b)retirada diária do lixo e disposição em local adequado; vativos, dimensionada de modo a atender ao quantitativo de traba-
c)substituição, a cada 5 (cinco) dias, da roupa de cama e, a cada lhadores no período de folga, diuturnamente; e
3 (três) dias, da roupa de banho para proceder à sua lavagem e se- e)sala de internet recreativa e para comunicação interpessoal,
cagem, e sempre que houver a troca de ocupante do leito; dotada de computadores de uso individual, conectados à rede, na
d)em caso de suspeita ou diagnóstico de doenças infectocon- razão de, no mínimo, 1 (um) para cada 50 (cinquenta) trabalhadores
tagiosas, que possam comprometer a saúde da população embar- ou fração, considerados os trabalhadores em período de folga.
cada, devem ser providenciados, imediatamente, o isolamento e as 37.12.9.1 .1Em caso de inviabilidade técnica de instalação de
medidas para o desembarque do trabalhador; e internet sem fio (wi-fi), a operadora da instalação deve disponibi-
e)além do disposto na alínea “d”, deve ser providenciada a de- lizar computadores de uso individual, conectados à rede citada, na
sinfecção dos eventuais camarotes utilizados pelo paciente. razão de, no mínimo, 1 (um) para cada 15 (quinze) trabalhadores ou
37.12.7.8 O camarote provisório deve ter seu projeto, prazo de fração, considerados os trabalhadores em período de folga.
utilização e prorrogação, se necessária, aprovados pelo órgão regio- 37.12.9.1 .2A operadora da instalação deve manter os meios de
nal da inspeção do trabalho, depois de ouvidas as partes em proce- comunicação da sala de internet com os computadores de uso indi-
dimento de negociação tripartite. vidual ou similares (hardwares) e os sistemas operacionais (softwa-
37.12.7.9 O somatório dos trabalhadores alojados em cama- res) atualizados, de forma a garantir o seu perfeito funcionamento.
rotes provisórios e módulos de acomodação temporária não pode 37.12.9.2 A área de vivência a bordo deve possuir cabines tele-
exceder a 25% (vinte e cinco por cento) do quantitativo máximo de fônicas individuais ou locais privativos, na proporção de 1 (um) apa-
trabalhadores instalados nos camarotes permanentes, observada a relho telefônico para cada 50 (cinquenta) trabalhadores ou fração a
regulamentação NORMAM-01/DPC para os equipamentos de sal- bordo, permitindo a comunicação particular entre a plataforma e a
vatagem. terra, observando-se que:
37.12.7.10 É vedado o transbordo de trabalhadores registrados a)a operadora da instalação deve franquear ao trabalhador,
no People On Board - POB de uma plataforma para o pernoite em próprio ou terceirizado, período mínimo de 15 (quinze) minutos,
alojamento de outra plataforma, com a finalidade de suprir ausên- por dia, de ligação externa gratuita; e
cia de acomodações. b)quando excedido o tempo gratuito de ligação, e caso seja
37.12.8Lavanderia custeado pelo trabalhador, o valor máximo da ligação deve ser
37.12.8.1 A plataforma habitada deve possuir lavanderia para equivalente ao seu preço de custo, que venha a ser cobrado pela
a lavagem e a secagem das roupas de trabalho, de cama, de banho operadora de telefonia nacional.
e de uso pessoal. 37.12.9.2 .1Caso a operadora da instalação não disponibilize in-
37.12.8.1 .1A lavanderia da plataforma deve: ternet, do tipo wi-fi, a proporção estabelecida no subitem 37.12.9.2
a)ser dimensionada de acordo com a quantidade de turnos e a deve ser de, no mínimo, 1 (um) para cada 15 (quinze) trabalhadores
lotação total de trabalhadores embarcados; ou fração.
b)ter a área de lavagem e secagem projetada e isolada acusti- 37.12.9.3 A sala para a prática das atividades físicas deve:
camente para manter os níveis de ruído dentro dos limites de tole- a)ser dimensionada para os trabalhadores embarcados na pla-
rância nos demais compartimentos; taforma, em horário de folga;
c)possuir piso de circulação sem saliências e depressões; b)possuir piso apropriado, livre de rachaduras, imperfeições,
d)possuir sistema de exaustão e ventilação; elementos cortantes e perfurantes;
e)ser abastecida com água tratada; e c)ter suportes ou compartimentos exclusivos para a guarda de
f)ter facilidades para passagem de roupas. material de apoio (anilhas, barras, cordas e outros);
d)estar limpa;
e)ser climatizada; e
544
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
f)ter as áreas de circulação livres e seguras. 37.13.3É obrigatório o fornecimento de água potável e fresca
37.12.9.3 .1Os aparelhos ergométricos, os aparelhos e os equi- no casario e nas áreas operacionais da plataforma, em quantidade
pamentos fixos para a prática de exercícios físicos da sala de ginás- suficiente para atender às necessidades individuais dos trabalhado-
tica devem: res, de no mínimo ¼ litro (250 ml) por hora para cada trabalhador.
a)estar em perfeito estado de conservação, manutenção, higie- 37.13.3.1 A água potável deve estar de acordo com os padrões
ne e segurança; de potabilidade estabelecidos pela ANVISA e pelo Ministério da
b)estar aprumados, fixados e distanciados entre si, de acordo Saúde.
com as orientações do fabricante; e 37.13.3.2 A operadora da instalação deve fornecer água potá-
c)ser certificados pelo Instituto Nacional de Metrologia, Quali- vel e fresca nos locais e frentes de trabalho por meio de bebedouro,
dade e Tecnologia - INMETRO, quando aplicável. equipamentos similares ou recipientes portáteis limpos, hermeti-
37.12.9.3 .2Para realizar atividade física a bordo, o trabalhador camente fechados e confeccionados em material apropriado que
deve ser previamente orientado por profissional legalmente habi- garanta as mesmas condições.
litado, apresentando o comprovante ao profissional de saúde da 37.13.3.3 O laudo técnico, comprovando a potabilidade da
plataforma. água consumida a bordo, deve ser elaborado por profissional le-
37.12.10Alterações eventuais que forneçam condições diver- galmente habilitado e estar afixado em quadro de aviso próximo
sas, porém equivalentes ao disposto no item 37.12.9 e respectivos ao refeitório.
subitens, devem ser apreciadas de forma tripartite e autorizadas 37.13.3.4 A responsabilidade técnica pelas análises físicas, quí-
pelo órgão regional da inspeção do trabalho. micas e biológicas da água potável fornecida deve estar desvincula-
37.12.11Na plataforma dotada de sala de projeção de filmes, da da responsabilidade técnica pela realização dos serviços de seu
quadra desportiva, piscina ou sauna, essas instalações devem ser tratamento, armazenamento e distribuição.
mantidas em funcionamento, só podendo ser descontinuadas se 37.13.4É proibido o uso de copos, pratos, talheres e outros
precedida e aprovada em negociação tripartite. utensílios de forma compartilhada, sem a prévia higienização, ou
improvisados para consumir água ou alimentos.
37.13 Alimentação a bordo 37.13.4.1 A operadora da instalação pode utilizar materiais
37.13.1A operadora da instalação deve garantir que os traba- descartáveis para servir a água e alimentos, sendo vedado o forne-
lhadores a bordo tenham acesso gratuito à alimentação de boa qua- cimento de alimentos em embalagens plásticas que serão aqueci-
lidade, preparada ou finalizada a bordo, fornecida em condições de das para o seu consumo.
higiene e conservação, conforme prevê a legislação vigente. 37.13.5Os locais de armazenamento e transporte de água po-
37.13.1.1 O cardápio deve ser: tável e as suas fontes devem ser:
a)variado e balanceado; a)protegidos contra qualquer contaminação;
b)elaborado por profissional nutricionista legalmente habilita- b)colocados ao abrigo de intempéries;
do; c)submetidos a processo de higienização;
c)de conteúdo que atenda às exigências nutricionais necessá- d)isentos de material plástico que contenham em sua composi-
rias às condições de saúde dos trabalhadores; e ção produtos químicos tóxicos e outros contaminantes que possam
d)adequado ao tipo de atividade laboral e assegurar o bem-es- causar danos à saúde do trabalhador; e
tar a bordo. e)situados em local separado da água não potável.
37.13.1.2 Nas plataformas desabitadas, a alimentação deve 37.13.6O aprovisionamento de víveres e de água potável a bor-
possuir as mesmas características citadas no item 37.13.1, sendo do deve ser suficiente e levar em conta o número de trabalhadores
dispensado o seu preparo a bordo. e as possíveis situações de emergência.
37.13.1.3 A operadora da instalação deve disponibilizar dietas 37.13.6.1 Os alimentos devem ser armazenados em local lim-
específicas para a patologia do trabalhador, segundo prescrição mé- po e organizado, protegidos contra contaminações, identificados
dica. e mantidos sobre paletes, estrados ou prateleiras, confeccionados
37.13.1.4 A operadora da instalação deve garantir que a em- em material resistente e de fácil higienização, distantes do piso, res-
presa contratada para prestar serviços de hotelaria e alimentação peitando- se o espaçamento mínimo necessário para garantir ade-
cumpra os requisitos para o sistema de gestão da segurança de ali- quada ventilação, limpeza e desinfecção do local.
mentos estabelecidos nas regulamentações da ANVISA e pela nor- 37.13.6.1 .1As áreas de armazenamento de alimentos devem
ma técnica ABNT NBR ISO 22000 – Sistemas de gestão de segurança apresentar-se isentas de materiais estranhos ao ambiente, estraga-
de alimentos – Requisitos para qualquer organização na cadeia pro- dos, tóxicos ou outros que possam contaminá-los.
dutiva de alimentos e alterações posteriores. 37.13.6.1 .2É vedado o armazenamento de alimento em caixas
37.13.2A operadora da instalação deve exigir que os manipu- de papel, que não as próprias embalagens, e outros recipientes de
ladores de alimentos sejam capacitados para cada função, com difícil higienização.
conhecimentos práticos e teóricos sobre boas práticas de manipu- 37.13.6.1 .3É proibida a disposição de água potável em galões
lação e higiene, hábitos de higiene pessoal, segurança e doenças diretamente sobre o piso.
transmitidas por alimentos, mediante curso básico para manipula- 37.13.7O gerente da plataforma ou seu preposto deve realizar
dores de alimentos, com conteúdo programático mínimo descrito inspeções semanais para verificar:
no Anexo I desta NR. a)a quantidade, a qualidade e a validade do aprovisionamento
37.13.2.1 Em adição, os cozinheiros encarregados do preparo de víveres e de água potável;
das refeições a bordo devem possuir formação e qualificações exigi- b)o estado das instalações e equipamentos utilizados para ar-
das para esta função, com conhecimentos teóricos e práticos sobre mazenamento e manuseio de víveres e de água potável;
cozinha, armazenamento de víveres e gestão de abastecimentos.
545
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
546
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
37.16 Inspeções de segurança e saúde a bordo d)medidas de segurança a serem adotadas para cada um dos
37.16.1As plataformas devem ser inspecionadas mensalmente elementos e os respectivos equipamentos de proteção coletiva e
pela operadora da instalação com enfoque na segurança e saúde no individual necessários, podendo estar na permissão de trabalho;
trabalho, considerando os riscos das atividades e as operações de- e)descrição das atividades a serem realizadas e os procedimen-
senvolvidas a bordo, conforme cronograma anual, elaborado pelo tos de inspeções e manutenções; e
SESMT e informado previamente à CIPLAT. f)assinaturas dos responsáveis técnicos.
37.16.2As inspeções mensais de segurança e saúde planejadas 37.17.3.1 A operadora da instalação deve justificar e documen-
com a participação do membro eleito, titular ou suplente, da CIPLAT tar a inobservância dos prazos definidos nos planos de inspeções e
devem ser coordenadas, realizadas e consignadas em relatório pe- manutenções.
los profissionais do SESMT lotados na plataforma. 37.17.4A periodicidade das inspeções e manutenções, bem
37.16.2.1 Quando houver a participação de membro eleito, ti- como da reavaliação dos respectivos planos, deve considerar:
tular ou suplente, da CIPLAT na inspeção, esta servirá para o aten- a)o previsto nas NR, nas normas técnicas nacionais ou, na au-
dimento da verificação dos ambientes e condições de trabalho pela sência destas, nas normas internacionais;
CIPLAT, conforme previsto na NR-05. b)as recomendações do fabricante ou fornecedor, especial-
37.16.3As inspeções devem ser documentadas mediante rela- mente quanto aos itens críticos à segurança e à saúde dos traba-
tórios, com o seguinte conteúdo mínimo: lhadores;
a)nome da plataforma, data e local inspecionado; c)a eficácia medida pelos indicadores de desempenho;
b)participantes e suas respectivas assinaturas; d)as medidas propostas nos relatórios de inspeções de segu-
c)pendências anteriores e situação atual; rança e saúde do trabalho;
d)registro das não conformidades que impliquem riscos à segu- e)as recomendações e pareceres contidos nos relatórios de ins-
rança e à saúde dos trabalhadores; peções e manutenções;
e)recomendações; e f)as sugestões decorrentes de investigações de incidentes do
f)cronograma com a proposta de prazos e de responsáveis pela trabalho elaboradas pelo SESMT e CIPLAT;
execução das recomendações. g)as recomendações do plano de ação decorrentes das avalia-
37.16.3.1 O responsável legal pela plataforma deve tomar ci- ções de riscos do PGR;
ência do conteúdo do relatório de inspeção de segurança e saúde h)as condições ambientais e climáticas a bordo; e
a bordo, mediante assinatura ao final desse documento, aprovando i)as sugestões dos representantes dos empregados, caso sejam
o cronograma com prazos e responsáveis pelo atendimento das re- pertinentes.
comendações. 37.17.5As inspeções, manutenções e outras intervenções de-
37.16.3.2 Os relatórios das inspeções de segurança e saúde vem ser executadas por trabalhadores com treinamento apropria-
devem ser apresentados à CIPLAT durante a reunião ordinária sub- do, sob a supervisão de profissional qualificado a bordo, e coorde-
sequente ao término de sua elaboração, sendo uma cópia anexada nadas por profissional legalmente habilitado que pode estar lotado
à ata. em terra.
37.17.6É proibida a utilização e a operação de equipamentos,
37.17 Inspeções e manutenções instrumentos, máquinas, acessórios ou qualquer outro sistema da
37.17.1A operadora da instalação deve definir e implantar pla- plataforma sujeito à inspeção e manutenção, antes da correção das
nos de inspeções e manutenções dos equipamentos, instrumentos, suas não conformidades impeditivas, com a ciência formal do res-
máquinas, sistemas e acessórios da plataforma, em conformidade ponsável legal pela plataforma.
com a NR-12 (Segurança e Saúde no Trabalho em Máquinas e Equi- 37.17.7No caso de inspeções, manutenções, reparos e outras
pamentos) e com o PGR, onde couber, tendo em consideração as atividades que utilizem os Veículos Aéreos Não Tripulados - VANT
normas técnicas nacionais, as recomendações dos fabricantes ou (drone), a operadora da instalação deve assegurar que os serviços
fornecedores e as boas práticas de engenharia aplicáveis. sejam realizados em conformidade com o Regulamento Brasileiro
37.17.1.1 A operadora da instalação deve priorizar a manuten- de Aviação Civil Especial - RBAC-E, da Agência Nacional de Aviação
ção preventiva e preditiva dos elementos críticos de segurança ou Civil - ANAC, as normas de operação estabelecidas pelo Departa-
que comprometam a segurança e saúde dos trabalhadores, para mento de Controle do Espaço Aéreo - DECEA e as exigências da
eliminar os efeitos das causas básicas das possíveis não conformi- Agência Nacional de Telecomunicações - ANATEL.
dades, falhas ou situações indesejáveis. 37.17.7.1 Além do prescrito no item 37.17.7 desta NR, a opera-
37.17.2O comissionamento e o descomissionamento associa- dora da instalação deve:
dos à manutenção ou inspeção de equipamentos, instrumentos, a)assegurar que o operador de drone participe da elaboração
máquinas, sistemas e acessórios da plataforma devem ser prece- das análises de riscos e assine a PT para a atividade de voos a bordo;
didos de procedimento, em conformidade com as orientações de b)garantir que os drones utilizados em áreas classificadas obe-
segurança a partir de análise de riscos, e seguindo a sistemática de deçam às condições previstas nas normas do INMETRO para esses
liberação de trabalhos da operadora da instalação. tipos de locais;
37.17.3Os planos de inspeções e manutenções devem conter, c)avaliar as operações simultâneas na plataforma antes da uti-
no mínimo, os seguintes itens: lização do drone; e
a)listagem dos elementos da plataforma sujeitos às inspeções d)elaborar mapa limitando a área permitida ao voo do drone,
e manutenções; notadamente sobre as áreas com a possível presença de trabalha-
b)tipos de intervenções a serem realizadas; dores.
c)cronograma com o estabelecimento de prazos; 37.17.8Permissão de Trabalho - PT
547
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
37.17.8.1 Os trabalhos de inspeção e manutenção a serem re- a)as especificações técnicas do projeto dos sistemas da plata-
alizados nas áreas operacionais devem ser executados mediante a forma; e
emissão de PT. b)as instruções dos manuais de operação e de manutenção ela-
37.17.8.1 .1É dispensada a emissão de PT para as atividades de borados pelos fabricantes/fornecedores.
manutenção e inspeção, desde que atendidos cumulativamente os 37.18.2Os procedimentos operacionais devem conter instru-
seguintes requisitos: ções claras e específicas para a execução das atividades com segu-
a)não seja exigida a emissão da PT para essa atividade em ou- rança, em cada uma das seguintes fases:
tras normas regulamentadoras aplicáveis; a) comissionamento;
b)a atividade executada seja rotineira; c)pré-operação e partida;
c)a atividade seja precedida de análise de risco e procedimento d)operação;
operacional que dispense a emissão de PT; e e)parada, inclusive de emergência;
d)a atividade seja autorizada ou executada pelo responsável f)retorno à operação, incluindo após emergência; e
pelo equipamento ou sistema e não cause riscos adicionais, deven- g)descomissionamento.
do ser analisada sua simultaneidade com outras atividades em cur- 37.18.3Os procedimentos operacionais devem ser reavaliados,
so na plataforma. no mínimo, bienalmente e revisados quando ocorrer uma das se-
37.17.8.1 .1.1A operadora da instalação pode definir, por meio guintes situações:
de análise de riscos, áreas em que a execução de trabalhos a quente a)recomendações decorrentes de inspeção de segurança, ava-
ou a frio, desde que existam procedimentos específicos, sejam exe- liações dos riscos do PGR, análises de riscos da instalação ou inci-
cutadas sem a necessidade da emissão de PT. dentes ocorridos na instalação;
37.17.8.2 A PT consiste em documento contendo o conjunto de b)modificações, ampliações ou reformas nos sistemas e equi-
medidas de controle necessárias para que o trabalho seja desenvol- pamentos relacionados aos procedimentos;
vido de forma segura, além de medidas de emergência e resgate, c)alterações nas condições operacionais da plataforma, quan-
e deve: do indicada pela gestão de mudança; ou
a)ser emitida pelo responsável pela área, equipamento ou sis- d)solicitações do SESMT.
tema em que será executada a atividade; 37.18.4Quando houver revisão de procedimento operacional,
b)quando um equipamento ou sistema estiver em área de res- os trabalhadores envolvidos, próprios ou terceirizados, devem pas-
ponsabilidade de outra equipe, tanto os responsáveis pelo equipa- sar por treinamento eventual conforme prevê a alínea “d” do item
mento quanto pela área devem assinar a PT e suas revalidações; 37.9.6 desta NR.
c)ser precedida de análise de risco, considerando a simultanei- 37.18.5A operadora da instalação deve dimensionar o efetivo
dade com outras atividades em execução na unidade; suficiente de trabalhadores para a realização de todas as tarefas
d)ser disponibilizada no local de execução das atividades, em operacionais com segurança, analisando, no mínimo, os seguintes
meio físico ou digital; aspectos:
e)conter os requisitos mínimos, em conformidade com as reco- a)os diferentes níveis de capacitação técnica;
mendações estabelecidas na análise de risco; b)os postos de trabalho;
f)ser de conhecimento e ser assinada por todos os integrantes c)a organização do trabalho;
da equipe de trabalho, inclusive para novos trabalhadores que ve- e)as turmas de embarque;
nham a integrar essa equipe ao longo da atividade; f)os horários e turnos de trabalho;
g)ter validade limitada à duração da atividade; e g)os treinamentos necessários; e
h)ser encerrada, ao final do serviço ou etapa, pelos responsá- h)a definição de responsabilidades de supervisão e execução
veis por sua emissão e requisitante e arquivada de forma a permitir das atividades laborais.
sua rastreabilidade. 37.18.5.1 Os parâmetros adotados pelo empregador, no di-
37.17.8.2 .1Caso a atividade para a qual foi emitida a PT tenha mensionamento do contingente mínimo a bordo, devem ser docu-
duração de mais de um turno de serviço, esta poderá ser revalida- mentados e arquivados na plataforma e assinados pelo profissional
da, desde que: responsável, designado pela empresa.
a)não ocorram mudanças nas condições estabelecidas na PT; 37.18.5.2 A organização do trabalho deve levar em considera-
b)seja aprovada pelo novo responsável pela permissão a cada ção, no mínimo, os requisitos previstos na NR-17 (Ergonomia).
turno e pelo profissional segurança do trabalho; e 37.18.5.3 Os trabalhadores devem ser capacitados nos proces-
c)esteja em conformidade com a análise de simultaneidade sos de trabalho em que atuam.
para o novo período. 37.18.5.3 .1A capacitação deve incluir procedimentos de segu-
37.17.9A montagem, a desmontagem e a manutenção de an- rança e saúde do processo de trabalho.
daimes devem atender aos requisitos estabelecidos NR-34.
37.19 Instalações elétricas
37.18 Procedimentos operacionais e organização do trabalho 37.19.1Aplica-se à plataforma, quanto às instalações elétricas,
37.18.1A operadora da instalação deve elaborar, documentar, o disposto neste capítulo e na NR-10 (Segurança em Instalações e
implementar, divulgar, manter atualizado e disponibilizar os proce- Serviços em Eletricidade).
dimentos operacionais realizados na plataforma para todos os tra- 37.19.1.1 Na omissão da NR-10, aplicam-se, nesta ordem, as
balhadores envolvidos. normas técnicas nacionais, as normas técnicas internacionais ou o
37.18.1.1 Os procedimentos operacionais devem estar em con- Código MODU, quando couber.
formidade com:
548
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
37.19.2Os trabalhadores estrangeiros autorizados também c)atender à periodicidade especificada pelo profissional legal-
devem estar devidamente capacitados, qualificados ou legalmente mente habilitado, a qual não deve ser maior do que a recomendada
habilitados para o exercício de suas funções, de acordo com o esta- pelo fabricante ou fornecedor.
belecido pela NR-10. 37.20.2.5 O relatório de inspeção para certificação do equipa-
37.19.2.1 O trabalhador estrangeiro é considerado capacitado mento deve ser elaborado por profissional legalmente habilitado e
após a sua formação e treinamento ministrados no exterior serem conter:
reconhecidos formalmente pelo profissional legalmente habilitado, a)critérios e normas técnicas utilizadas;
autorizado pela operadora da instalação. b)itens inspecionados;
37.19.3A plataforma com continuidade metálica está dispen- c)não conformidades encontradas, descrevendo as impeditivas
sada de comprovar as inspeções e medições de sistemas de prote- e as não impeditivas à operação do equipamento;
ção contra descargas atmosféricas, desde que essa condição seja d)medidas corretivas adotadas para as não conformidades im-
atestada por laudo técnico elaborado por profissional legalmente peditivas ao seu funcionamento;
habilitado. e)prazo de correção para as irregularidades não impeditivas
37.19.4Os trabalhadores que executam serviços em instalações que não representem, isoladamente ou em conjunto, perigo à se-
elétricas energizadas com alta tensão devem estar capacitados se- gurança e à saúde dos trabalhadores;
gundo o Anexo III desta NR. f)data estabelecida para a próxima inspeção; e
g)parecer conclusivo quanto à operação do equipamento.
37.20 Movimentação e transporte de cargas 37.20.2.6 É vedada a certificação e a operação do equipamento
37.20.1As máquinas e equipamentos utilizados nos diversos sem a correção das não conformidades impeditivas ao seu funcio-
serviços de movimentação e transporte de carga a bordo devem namento.
obedecer aos preceitos descritos nesta NR, na NR-12, nas normas 37.20.2.7 O equipamento inoperante ou reprovado deve ter
técnicas nacionais e internacionais aplicáveis, nessa ordem. essa situação registrada em seu prontuário, e, para voltar a operar,
37.20.2Projeto, manutenção e certificação dos equipamentos deve ser novamente certificado.
motorizados 37.20.2.8 É vedada a utilização de equipamento de movimen-
37.20.2.1 Os equipamentos motorizados de movimentação e tação de carga com recomendações em atraso sem a validação pelo
transporte de cargas devem ser projetados por profissional legal- profissional legalmente habilitado.
mente habilitado. 37.20.3Inspeção pré-operacional e operação de equipamento
37.20.2.1 .1Quando fabricados no exterior, os equipamentos motorizado
devem atender aos requisitos técnicos previstos em normas inter- 37.20.3.1 Antes de iniciar qualquer operação, o equipamento
nacionais e ser devidamente certificados. deve ser inspecionado pelo seu operador, conforme orientação do
37.20.2.2 A manutenção dos equipamentos motorizados deve responsável técnico (profissional legalmente habilitado) e recomen-
ser executada por profissionais qualificados, sob a responsabilidade dações do fabricante ou fornecedor.
de profissional legalmente habilitado, e formalmente autorizados 37.20.3.1 .1Os resultados obtidos durante a inspeção devem
pela operadora da instalação. ser registrados pelo operador em lista de verificação (checklist).
37.20.2.2 .1As empresas prestadoras de serviços técnicos de 37.20.3.2 Os acessórios de movimentação de carga só podem
manutenção de equipamentos motorizados devem ser registradas ser utilizados em perfeito estado operacional.
no Conselho Regional de Engenharia e Agronomia - CREA. 37.20.3.3 O transporte e a movimentação eletromecânica de
37.20.2.3 A operadora da instalação deve elaborar o prontuário cargas devem ser realizados por trabalhador capacitado e autori-
dos equipamentos motorizados, contendo, no mínimo, as seguintes zado.
informações: 37.20.3.4 As áreas de carga ou descarga devem ser isoladas e
a)especificações técnicas; sinalizadas durante a movimentação, sendo nessa ocasião permiti-
b)programas e registros de inspeções e manutenções; do somente o acesso ao pessoal envolvido na operação.
c)certificações; 37.20.3.5 Os procedimentos operacionais dos equipamentos
d)prazo para correção das não conformidades encontradas du- devem estar de acordo com as recomendações do fabricante ou
rante as inspeções e manutenções; fornecedor.
e)identificação e assinatura do responsável técnico indicado 37.20.3.6 A operadora da instalação deve elaborar procedi-
pela operadora da instalação para implementar esse procedimen- mento específico para a movimentação de substâncias perigosas,
to; e como ácidos, gases inflamáveis e tóxicos, explosivos, solventes e
f)cópia do manual de operação fornecido pelo fabricante ou outras.
fornecedor, em língua portuguesa. 37.20.3.7 Ao término do seu turno, o operador do equipamen-
37.20.2.3 .1Na indisponibilidade do manual de operação do to deve consignar, em livro próprio ou em meio eletrônico, as anor-
equipamento, o mesmo deve ser reconstituído por profissional le- malidades observadas em relação ao seu funcionamento.
galmente habilitado. 37.20.3.7 .1O profissional legalmente habilitado deve avaliar e
37.20.2.4 A certificação dos equipamentos de movimentação assinar as anormalidades registradas, adotando as medidas que se
de cargas e de seus acessórios deve obedecer aos seguintes crité- fizerem necessárias, avaliando-as conjuntamente com o prazo de
rios: correção das irregularidades não impeditivas constantes do último
a)ser realizada por profissional legalmente habilitado, com re- relatório de inspeção (subitem 37.20.2.5) que certificou o equipa-
gistro no CREA; mento.
b)conter registro do relatório de inspeção; e 37.20.4Operações com guindastes
549
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
37.20.4.1 As operações com guindastes eletromecânicos de- 37.20.4.5 A movimentação aérea de carga deve ser orientada
vem ser supervisionadas pelo responsável pela movimentação ou por sinaleiro, situado sempre no raio de visão do operador.
supervisor de convés. 37.20.4.5 .1Na impossibilidade da visualização do sinaleiro
37.20.4.2 Toda operação de movimentação com guindaste pelo operador do guindaste, deve ser empregada comunicação via
deve ser orientada por sinaleiro e movimentada pelo operador ca- rádio, sinaleiro intermediário ou ambos.
pacitado nesse equipamento. 37.20.4.5 .1.1Em plataformas desabitadas, deve ser prevista a
37.20.4.2 .1O sinaleiro deve possuir o curso básico de seguran- obrigatoriedade do sinaleiro no procedimento de operações com
ça, com conteúdo programático descrito no Anexo IV desta NR. movimentação eventual de cargas, mediante elaboração de análise
37.20.4.2 .2Ao guindasteiro, deve ser ministrado o curso básico de risco da operação.
(Anexo IV) e o curso complementar, conforme o Anexo V desta NR. 37.20.4.6 O sinaleiro deve usar identificação de fácil visualiza-
37.20.4.2 .3O sinaleiro ou o operador de guindaste, conforme o ção, tanto no período diurno quanto no noturno, que o diferencie
caso, devem passar por reciclagem de 8 (oito) horas, de acordo com dos demais trabalhadores da área de operação do equipamento de
o conteúdo programático estabelecido pela operadora da instala- guindar.
ção, quando ocorrer uma das seguintes situações: 37.20.4.7 O operador do guindaste deve atender às indicações
a)afastamento do operador dessa atividade por tempo igual ou dos sinaleiros.
superior a 180 (cento e oitenta) dias; 37.20.4.7 .1Excepcionalmente, o operador deve atender à sina-
b)necessidade de utilização de equipamento diferente daquele lização de parada de emergência indicada por outros trabalhadores.
operado normalmente pelo operador; ou 37.20.4.8 É proibida a utilização de cabos de fibras naturais na
c)acidente grave ou fatal ocorrido a bordo relacionado à ativi- movimentação de cargas, exceto quando utilizados como cabo guia.
dade de movimentação de carga ou transporte de pessoas. 37.20.4.9 O guindaste deve dispor de dispositivo automático,
37.20.4.3 Antes de iniciar cada jornada, o responsável pela mo- com alarme sonoro, para alertar sobre a velocidade do vento.
vimentação de carga ou o supervisor de convés deve inspecionar se 37.20.4.10 É proibida a movimentação de cargas com guindas-
os acessórios a serem utilizados estão com as certificações dentro te nos seguintes casos:
do prazo de validade e em condições operacionais. a)iluminação deficiente;
37.20.4.3 .1O resultado da inspeção deve ser anotado em lista b)condições climáticas adversas ou outras desfavoráveis que
de verificação (checklist), contemplando, no mínimo, os seguintes exponham os trabalhadores a riscos; e
itens: c)inobservância das limitações do equipamento, conforme ma-
a)moitões; nual do fabricante ou fornecedor.
b)grampos; 37.20.4.10 .1Além das limitações estabelecidas no subitem
c)ganchos com travas de segurança; 37.20.4.10, a operadora da instalação deve cumprir o disposto na
d)manilhas; Tabela 1 para efetuar a movimentação de carga.
e)distorcedores; Tabela 1 - Condições para operação do guindaste em função da
f)cintas, estropos e correntes; velocidade do vento
g)cabos de aço; Velocidade do vento Condições para operação do equipamento
h)clipes ou eslingas (cabos de aço, soquetes e terminações); de guindar
i)pinos de conexões, parafusos, travas e demais dispositivos; 0 a 38 km/h - Permitidas todas as operações de movimentação
j)roldanas da ponta da lança e do moitão; de cargas.
k)olhais; 39 a 49 km/h -Acionamento de alarme sonoro a partir de 39
l)grampo de içamento; e km/h;
m)balanças. -Operações ordinárias de movimentação de cargas devem ser
37.20.4.3 .2Nova inspeção deve ser realizada sempre que hou- interrompidas; e
ver a inclusão ou substituição de qualquer acessório. -Permitidas apenas as operações assistidas, inclusive
37.20.4.4 Antes de iniciar cada jornada de trabalho, o operador entre a plataforma e embarcações, com observação contínua
do guindaste deve inspecionar e registrar em lista de verificação das condições climáticas.
(checklist) as condições operacionais e de segurança, tais como: 50 a 61 km/h - Permitidas apenas as operações assistidas e re-
a)freios; alizadas somente dentro da própria plataforma, com observação
b)embreagens; contínua das condições climáticas.
c)controles; Acima de 61 km/h
d)mecanismos da lança; - Todas as operações devem ser interrompidas.
e)anemômetro; 37.20.4.11 Para movimentar cargas com o equipamento de
f)mecanismo de deslocamento; guindar, deve-se:
g)dispositivos de segurança de peso e curso; a)proibir ferramentas ou qualquer objeto solto sobre a carga;
h)níveis de lubrificantes, combustível e fluido refrigerante; b)garantir que a carga esteja distribuída uniformemente entre
i)instrumentos de controle no painel; os ramais da lingada, estabilizada e amarrada;
j)sinais sonoro e luminoso; c)certificar-se de que o peso seja compatível com a capacidade
k)eletroímã; do equipamento;
l)limpador de para-brisa; d)garantir que o gancho do equipamento de guindar esteja per-
m)vazamentos de fluidos e combustível; e pendicular à peça a ser içada, verificando a posição do centro de
n)ruídos e vibrações anormais. gravidade da carga;
550
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
e)utilizar cabo guia ou haste rígida, quando aplicável, confec- 37.21.4O compartimento de armazenamento interno dos com-
cionados com material não condutor de eletricidade, para posicio- bustíveis e inflamáveis deve possuir:
nar a carga; a)anteparas, tetos e pisos construídos em material resistente
f)assegurar que os dispositivos e acessórios de movimentação ao fogo, sendo que os pisos não podem provocar centelha por atri-
de carga tenham identificação de carga máxima, de forma indelével to de sapatos ou ferramentas;
e de fácil visualização; b)dispositivo para impedir a formação de eletricidade estática;
g)utilizar somente ganchos dos moitões com trava de seguran- c)equipamentos e materiais elétricos apropriados à classifica-
ça; ção de área, conforme descrito na NR-10;
h)garantir que os cilindros de gases somente sejam transporta- d)ventilação e exaustão eficazes, quando requerido;
dos na posição vertical e dentro de dispositivos apropriados; e)sistema de tratamento ou eliminação segura dos gases tóxi-
i)assegurar que bombonas e tambores, quando movimentados cos ou inflamáveis;
em conjunto, estejam contidos em dispositivos adequados ao trans- f)sistema de combate a incêndio com extintores apropriados,
porte; próximos à porta de acesso;
j)proibir que sejam jogados e arrastados os acessórios de mo- g)detecção automática de fogo, instalada no interior do com-
vimentação de cargas; partimento, e alarme, na sala de controle;
k)impedir que as cintas e cabos de aço entrem em contato dire- h)portas com mecanismo de fechamento automático, quando
to com as arestas das peças durante o transporte; necessário;
l)proibir a movimentação simultânea de cargas com o mesmo i)ambiente seco e isento de substâncias corrosivas;
equipamento; j)luz de emergência;
m)proibir a interrupção da movimentação que mantenha a car- k)vias e portas de acesso sinalizadas de forma legível e visível
ga suspensa, exceto em situação emergencial; com os dizeres “INFLAMÁVEL” e “NÃO FUME”; e
n)manter os controles na posição neutra, freios aplicados, tra- l)conjunto adequado para a contenção de vazamentos.
vamento acionado e desenergizado, ao interromper ou concluir a 37.21.4.1 O compartimento deve ser de fácil limpeza e possuir
operação; e área de contenção adequada, que permita o seu recolhimento, ou
o)garantir que a área de movimentação de carga esteja sinali- sistema de drenagem, que possibilite o escoamento e armazena-
zada e isolada. mento em local seguro, no caso de vazamento de líquidos combus-
37.20.4.12 A cabine de operação do guindaste deve dispor de: tíveis ou inflamáveis.
a)posto de trabalho e condições ambientais segundo a NR-17; 37.21.4.2 Os armários, prateleiras ou estantes empregados
b)proteção contra insolação excessiva e intempéries; para armazenar os combustíveis e inflamáveis devem ser construí-
c)piso antiderrapante, limpo e isento de materiais; dos de material metálico.
d)tabela de cargas máximas em todas as condições de uso, es- 37.21.5O local utilizado para armazenar gás inflamável em área
crita em língua portuguesa e inglesa, afixada no interior da cabine e aberta da plataforma deve:
de fácil compreensão e visualização pelo operador; a)se comunicar apenas com o convés aberto;
e)painel de controle do equipamento em adequado estado de b)ser seguro, arejado, segregado e sinalizado;
funcionamento e na condição pronto para operar; c)permitir a fixação do cilindro;
f)escada em condições adequadas de segurança para permitir d)prover a proteção dos cilindros contra impactos e intempé-
o acesso e escape; e ries; e
g)cópia da Tabela 1 desta NR. e)estar afastado de fontes ignição e agentes corrosivos.
37.21.6Os cilindros de gases devem ser:
37.21 Armazenamento de substâncias perigosas a)estocados com as válvulas fechadas e protegidas por capace-
37.21.1A localização do compartimento e os locais utilizados te rosqueado;
para o armazenamento interno de substâncias perigosas na plata- b)fixados na posição vertical;
forma devem primar pela segurança e a saúde dos trabalhadores c)segregados por tipo de produto;
a bordo, bem como obedecer aos preceitos citados nesta NR, nas d)separados os cheios dos recipientes vazios ou parcialmente
normas da Autoridade Marítima e da International Maritime Dan- utilizados; e
gerous Goods Code - IMDG Code. e)sinalizados.
37.21.1.1 É proibido armazenar substâncias perigosas em lo- 37.21.6.1 Os cilindros de gases e os recipientes de substâncias
cais que não satisfaçam ao prescrito no item 37.21.1 desta NR, mes- perigosas considerados nominalmente vazios devem ser armazena-
mo que temporariamente. dos de acordo com os requisitos do item 37.21.6, até serem desem-
37.21.2Os compartimentos para armazenamento de substân- barcados.
cias perigosas devem: 37.21.7As válvulas, tubulações, mangotes e acessórios empre-
a)acessar diretamente a área aberta da plataforma; gados nos cilindros contendo gases devem ser de material resisten-
b)ser de uso exclusivo ao fim a que se destinam; e te à pressão, impacto e corrosão e compatível com o fluido.
c)estar situados a uma distância segura das áreas de vivência 37.21.8Os cilindros, válvulas, tubulações, mangotes e seus
(inclusive módulos de acomodação temporária), sala de controle, acessórios devem ser inspecionados periodicamente, devendo os
laboratórios, rotas de fuga, chamas, faíscas e calor. resultados ser consignados em relatórios e arquivados a bordo.
37.21.3Os produtos químicos armazenados devem ser distribu- 37.21.9É proibida a permanência de cilindros contendo gases
ídos e separados em função da sua natureza, sendo as substâncias inflamáveis na cozinha, refeitório ou adjacências interiores.
incompatíveis devidamente segregadas.
551
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
37.21.10A operadora da instalação deve manter disponível aos 37.22.6.2 No caso de plataforma cuja unidade de processo seja
trabalhadores e seus representantes a relação atualizada das subs- construída por módulos interligáveis, a inspeção inicial poderá ser
tâncias perigosas presentes a bordo e as suas respectivas FISPQ. feita com o vaso de pressão conectado ao módulo, antes de esse
37.21.11As FISPQ devem ser mantidas também no comparti- conjunto ser içado e interligado aos demais módulos de maneira
mento onde as substâncias perigosas se encontram, de forma orga- definitiva.
nizada e de fácil acesso. 37.22.6.2 .1Nessa situação, o prazo máximo para interligação
definitiva dos módulos que contenham os vasos de pressão é de
37.22 Caldeiras, vasos de pressão e tubulações um ano.
37.22.1Aplicam-se às caldeiras, aos vasos de pressão e às tubu- 37.22.6.2 .2Caso as inspeções iniciais de segurança referidas
lações das plataformas as disposições deste capítulo e o que dispõe no subitem 37.22.6.2 sejam acompanhadas formalmente por pro-
a NR-13 (Caldeiras, Vasos de Pressão, Tubulações e Tanques Metáli- fissional legalmente habilitado e empregado da operadora da ins-
cos de Armazenamento). talação, o prazo máximo para interligação definitiva dos módulos
37.22.1.1 Os vasos originariamente transportáveis, que este- que contenham os vasos de pressão poderá ser de até 2 (dois) anos.
jam permanentemente solidários às instalações da plataforma e 37.22.6.2 .3Se os prazos dos subitens 37.22.6.2.1 e 37.22.6.2.2
que não sofram qualquer tipo de movimentação durante a opera- forem excedidos, as inspeções iniciais de segurança dos vasos de
ção, devem atender às disposições contidas na NR-13. pressão devem ser refeitas.
37.22.1.2 Aos vasos de pressão destinados exclusivamente aos 37.22.6.2 .3.1Caso a reinspeção seja executada no local defi-
sistemas navais e de propulsão de embarcações convertidas em pla- nitivo, conforme item 37.22.6, fica dispensado o atendimento aos
taformas, não se aplica a NR-13, desde que: subitens 37.22.6.2.4 e 37.22.6.2.5.
a)essas embarcações possuam certificado de classe atualizado 37.22.6.2 .4O içamento dos módulos referido no subitem
emitido por sociedades classificadoras reconhecidas pela Autorida- 37.22.6.2 deve ser acompanhado por profissional legalmente habi-
de Marítima; e litado, formalmente designado pela operadora da instalação como
b)os vasos sob pressão de que trata o caput não estejam inte- responsável técnico, com a finalidade de atestar a integridade física
grados ou interligados à planta de processo da plataforma. dos vasos de pressão e de seus acessórios, ao serem instalados de
37.22.2Para caldeira instalada em ambiente fechado, não são forma definitiva na unidade de processo da plataforma.
aplicáveis as seguintes exigências do subitem 13.4.2.4 da NR-13: 37.22.6.2 .4.1Após o içamento, a operadora da instalação deve
a)prédio separado para a casa de caldeiras ou praça de máqui- proceder à inspeção externa dos vasos de pressão e tubulações
nas; contidos no respectivo módulo.
b)ventilação permanente que não possa ser bloqueada; e 37.22.6.2 .5Após a interligação dos módulos, devem ser reali-
c)proibição da utilização de casa de caldeiras ou praça de má- zados testes de estanqueidade nos seus vasos de pressão e tubula-
quinas para outras finalidades. ções, segundo critério estabelecido nas normas técnicas vigentes.
37.22.3Para os vasos de pressão instalados em ambiente fe-
chado, não é aplicável a exigência de ventilação permanente, com 37.23 Sistema de detecção e alarme de incêndio e gases
entradas de ar que não possam ser bloqueadas. 37.23.1A plataforma deve possuir sistemas de detecções e de
37.22.4É considerado trabalhador capacitado como operador alarmes para monitorar, continuamente, a possibilidade de perda
de caldeira ou de unidade de processo o estrangeiro que possuir de contenção de materiais tóxicos, inflamáveis e incêndio, utilizan-
treinamento e estágio ou treinamento e experiência maior que 2 do metodologia específica para esses sistemas, com projeto que
(dois) anos, realizados no exterior ou no Brasil. atenda aos itens desta norma e normas técnicas nacionais e inter-
37.22.4.1 A capacitação deve ser reconhecida formalmente nacionais.
pelo profissional legalmente habilitado e designado pela operadora 37.23.1.1 Nas plataformas de produção, os sistemas fixos de
da instalação como responsável técnico pela(s) caldeira(s) ou unida- detecções e de alarmes devem ter interface com os outros sistemas
de(s) de processo(s). de segurança, como os de combate a incêndio, de parada de emer-
37.22.4.2 O profissional legalmente habilitado deve fundamen- gência (shut down) e despressurizações (blow down) da unidade e
tar as razões que levaram a reconhecer a capacitação do operador outras situações de riscos, permitindo atuações conforme previsto
estrangeiro de caldeira ou de unidade de processo, emitindo o res- nas suas respectivas lógicas.
pectivo certificado. 37.23.1.2 Nas plataformas de perfuração, os sistemas fixos de
37.22.5A operadora da instalação deve manter a bordo do- detecções e de alarmes devem ter interface com os outros sistemas
cumentos que comprovem treinamento, estágio e reciclagem dos de segurança, como os de combate a incêndio, de detecção de in-
operadores de caldeira e dos profissionais com treinamento de se- fluxo (kick), de sistema de desconexão de emergência, de parada de
gurança na operação de unidades de processo. emergência (shut down) e despressurização (blow down) e outras
37.22.6A inspeção de segurança inicial do vaso de pressão deve situações de riscos, permitindo também atuações conforme previs-
ser realizada com o mesmo interligado, de modo definitivo, à unida- to nas suas lógicas.
de de processo na plataforma, conforme estabelecido no projeto. 37.23.1.3 Nas plataformas capazes de produzir, perfurar e reali-
37.22.6.1 A inspeção de segurança inicial deve ser realizada sob zar intervenções em poços, a operadora da instalação deve cumprir
responsabilidade de profissional legalmente habilitado designado os subitens 37.23.1.1 e 37.23.1.2.
como responsável técnico. 37.23.2Os detectores e alarmes fixos devem ser instalados de
acordo com o dimensionamento de projeto e suas atualizações, in-
clusive nas instalações temporárias.
552
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
37.23.3As botoeiras de acionamento do alarme de incêndio 37.23.12Os detectores portáteis devem ser calibrados, aprova-
devem ser do tipo “Quebre o vidro e aperte o botão” ou sistema dos e certificados por laboratório acreditado pelo INMETRO.
similar, ambos sinalizados na cor vermelha. 37.23.12.1 O auto zero (ou ajuste de ar limpo), o teste de res-
37.23.3.1 As botoeiras situadas nos corredores devem ser fa- posta (bump test ou function check) e o ajuste dos detectores fixos
cilmente acessíveis e posicionadas de modo que a distância a ser e portáteis podem ser realizados por trabalhador capacitado ou
percorrida pelo trabalhador, para o seu acionamento, seja de no qualificado para esse fim.
máximo 30 (trinta) metros, com sinalização a cada 15 (quinze) me- 37.23.13Na captação do ar do sistema de climatização, devem
tros ou desvio. ser instalados detectores, em redundância, conforme indicado em
37.23.4O projeto deve levar em conta o estudo de dispersão de estudo de riscos.
gases e vapores tóxicos ou inflamáveis no meio ambiente laboral, 37.23.13.1 Os detectores de gases devem estar associados aos
para a seleção do tipo, quantidade, distribuição e sensibilidade dos dispositivos de intertravamento para controlar ventiladores, exaus-
detectores. tores e dampers, cujo tempo máximo de resposta assegure condi-
37.23.4.1 Em caso da ausência de estudo de dispersão de ga- ções ambientais internas do compartimento adequadas à saúde
ses, a operadora da instalação deve adotar a quantidade e o posi- humana.
cionamento de detectores e alarmes previstos em norma técnica 37.23.13.2 O sistema de exaustão do ar climatizado do casa-
nacional ou internacional. rio, salas de controle e laboratórios deve ser dotado de dampers de
37.23.5Os detectores fixos devem ser identificados individual- fechamento automático, quando o ar for destinado para as áreas
mente e interligados ao sistema de alarmes da sala de controle da classificadas.
plataforma. 37.23.14Nos locais onde são preparados, armazenados ou tra-
37.23.6Os sistemas de alarme e comunicação com o pessoal tados os fluidos de perfuração, completação, estimulação e restau-
de bordo devem ser capazes de emitir sinais sonoros e visuais per- ração de poços de petróleo, com características combustíveis ou in-
ceptíveis e inconfundíveis, bem como veicular mensagens audíveis flamáveis, devem ser instalados detectores para alertar a formação
em todos os locais da plataforma destinados à ocupação humana. de atmosferas explosivas ou tóxicas.
37.23.6.1 Nas áreas em que o nível de ruído contínuo ou inter- 37.23.15A sala de baterias deve possuir sistema de detecção e
mitente estiver acima de 90 dB (A), devem ser instalados também alarme de hidrogênio (H2), considerando na sua localização a influ-
sinais luminosos. ência do sistema de exaustão e insuflação do ar no compartimento.
37.23.7O ajuste do alarme (set point) deve considerar, quando 37.23.15.1 O funcionamento adequado do sistema de exaus-
aplicável, os seguintes aspectos: tão da sala de baterias deve ser sinalizado na sala de controle da
a)a toxidez dos materiais presentes; plataforma.
b)os limites inferior e superior de explosividade dos materiais
inflamáveis; 37.24 Prevenção e controle de vazamentos, derramamentos,
c)o tempo máximo requerido para a resposta do detector; incêndios e explosões
d)as ações a serem tomadas após soar o alarme; e 37.24.1A operadora da instalação deve continuamente imple-
e)o tempo necessário para evacuar os trabalhadores do am- mentar medidas, desde a fase de projeto, para prevenir e controlar
biente contaminado ou em chamas. vazamentos, derramamentos, incêndios e explosões.
37.23.7.1 Para os detectores fixos dedicados a pontos de ema- 37.24.1.1 As medidas devem contemplar os meios necessários
nação contínua ou intermitente de gases tóxicos, o primeiro nível para minimizar a ocorrência e mitigar as suas consequências, em
de alarme deve ser ajustado para os limites de exposição estabele- caso de falhas nos sistemas de prevenção e controle.
cidos pelas normas brasileiras ou internacionais. 37.24.1.2 Para as emissões fugitivas, o projeto original da pla-
37.23.8Após instalação e comissionamento, os detectores e taforma e suas alterações, modificações nas condições de processo,
alarmes devem ser testados periodicamente por profissional capa- manutenção e reparo devem incluir procedimentos para minimizar
citado, conforme instruções do fabricante ou fornecedor, devendo os riscos de acordo com a viabilidade técnica, após a identificação
os resultados ser consignados em relatório. das suas fontes.
37.23.8.1 Os detectores fixos devem ser mantidos em perfeito 37.24.2Um representante eleito da CIPLAT ou, na sua falta, o
estado de conservação e funcionamento de acordo com as determi- nomeado de cada organização que atue no processo a ser anali-
nações do fabricante e normas técnicas nacionais e internacionais. sado deve ser consultado pela operadora da instalação durante a
37.23.9Os detectores e os alarmes fixos devem ser energizá- elaboração das medidas específicas e suas revisões para prevenir e
veis pelo sistema elétrico de emergência da plataforma, conforme controlar vazamentos, derramamentos, incêndios e explosões.
NORMAM-01/DPC. 37.24.3As medidas de prevenção e controle de vazamentos,
37.23.10Somente é permitido desativar, contornar (bypass), derramamentos, incêndios e explosões devem ser revisadas, após
mudar o nível de ação (set point) ou utilizar qualquer meio que as análises críticas das medidas adotadas em decorrência desses
impeça o correto funcionamento dos detectores ou alarmes, me- eventos ou quando ocorrer:
diante: a)recomendação decorrente de inspeção de segurança, das
a)a autorização de gestor designado pelo empregador; avaliações de riscos do PGR ou das análises de riscos das instala-
b)o procedimento ou planejamento específico; e ções;
c)a implementação das recomendações contempladas pelas b)recomendações decorrentes das análises de incidentes ocor-
análises de riscos. ridos na instalação, ou mesmo fora dela, que possam ter afetado as
37.23.11Ao menos dois instrumentos portáteis devem estar condições normais de operação da plataforma;
disponíveis a bordo para detecção de CH4, H2S, O2, CO e Compos-
tos Orgânicos Voláteis - COV.
553
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
c)casos de abrangência decorrentes de incidentes ocorridos 37.24.10Os serviços envolvendo o uso de equipamentos, ins-
nas suas próprias plataformas ou divulgados pela ANP, cuja avalia- trumentos, ferramentas e demais serviços que possam gerar cha-
ção deve ser realizada pela operadora da instalação; mas, fagulhas, calor ou centelhas, nas áreas sujeitas à existência
d)solicitação do SESMT; ou à formação de atmosferas explosivas ou misturas inflamáveis,
e)solicitação da CIPLAT, mediante avaliação técnica do SESMT; e devem obedecer aos requisitos da NR-34, exceto em relação à per-
f)notificação da inspeção do trabalho. missão de trabalho prevista no capítulo 37.17 desta NR.
37.24.4Os tanques, vasos e equipamentos e outros componen- 37.24.11Em plataformas semissubmersíveis do tipo coluna
tes da plataforma que armazenam líquidos combustíveis e inflamá- estabilizada, não devem ser instalados, no interior de colunas ou
veis devem possuir sistemas de contenção de vazamentos ou der- submarinos (pontoons), tanques ou vasos interligados, direta ou in-
ramamentos, como diques, bandejas ou similares, dimensionados e diretamente, à unidade de processamento de petróleo ou gás.
construídos de acordo com as normas técnicas nacionais ou, na sua 37.24.12A operadora da instalação deve assegurar que a con-
ausência, com as normas internacionais. centração de oxigênio, na mistura gasosa gerada pela queima, seja
37.24.4.1 No caso de bacias de contenção, é vedado o armaze- inferior ou igual a 5% (v/v), e, no interior dos tanques de carga, in-
namento de materiais, recipientes e similares em seu interior, exce- ferior ou igual a 8% (v/v).
to durante as atividades de manutenção, reparo, ampliação, inspe-
ção, descomissionamento e desmonte do equipamento protegido 37.25 Proteção e combate a incêndios
pelas referidas bacias. 37.25.1Aplicam-se às plataformas o disposto neste capítulo, no
37.24.4.2 Os tanques de carga ou aqueles incorporados à es- Capítulo 9 da NORMAM- 01/DPC e na norma técnica ISO 13702 -
trutura da plataforma estão desobrigados de atenderem ao item Petroleum and natural gas industries — Control and mitigation of
37.24.4 desta NR. fires and explosions on offshore production installations — Require-
37.24.5Os sistemas utilizados para preparar, armazenar ou ments and guidelines, e suas alterações posteriores, nessa ordem.
tratar os fluidos de perfuração, completação, estimulação e restau- 37.25.2A proteção contra incêndios nas plataformas deve ser
ração de poços de petróleo, com características combustíveis ou desenvolvida por meio de uma abordagem estruturada, considerar
inflamáveis, devem ser dotados de equipamentos e instrumentos os riscos existentes para os trabalhadores e ter os seguintes obje-
de medida e controle para impedir a formação de atmosferas explo- tivos:
sivas, obedecendo a seguinte hierarquia: a)reduzir a possibilidade de ocorrência de incêndio;
a)prevenir a liberação ou disseminação desses agentes no meio b)detectar e alarmar a ocorrência de incêndio na zona de ori-
ambiente de trabalho; gem;
b)reduzir a concentração desses agentes no ambiente de tra- c)limitar a possibilidade de propagação de incêndio;
balho; e d)proteger a atuação dos trabalhadores envolvidos nas ativida-
c)eliminar o risco de incêndio e explosão. des de resposta a emergências;
37.24.6Em áreas sujeitas à existência ou à formação de atmos- e)controlar e, quando for seguro, extinguir focos de incêndio; e
feras explosivas ou misturas inflamáveis, a operadora da instalação f)salvaguardar a segurança e a saúde dos trabalhadores duran-
é responsável por implementar medidas específicas para controlar te o abandono da plataforma.
as fontes de ignição. 37.25.3O sistema de proteção contra incêndio deve ser com-
37.24.7Os equipamentos elétricos, de instrumentação, de au- posto, no mínimo, pelos seguintes requisitos:
tomação e de telecomunicações instalados em áreas classificadas a)instrumentos de detecção e alarmes da presença de gases,
devem atender aos requisitos legais vigentes de certificação, sendo fumaça e chama;
que os respectivos serviços de projeto, seleção, instalação, inspe- b)controle e parada do processo de produção ou perfuração;
ção, manutenção e recuperação devem estar de acordo com a NR- c)fonte de energia elétrica autônoma de emergência;
10 e partes aplicáveis da norma técnica ABNT NBR IEC 60079 – At- d)equipamentos suficientes para combater incêndios em seu
mosferas explosivas e alterações posteriores. início, conforme prescreve a NORMAM-01/DPC;
37.24.8Os equipamentos mecânicos instalados em áreas clas- e)trabalhadores treinados no uso correto dos equipamentos
sificadas devem ser avaliados de acordo com os requisitos espe- supracitados, conforme estabelecido na NORMAM-01/DPC;
cificados na norma técnica ABNT NBR ISO 80079-36 - Atmosferas f)Equipamentos de Proteção Individual - EPI adequados para
explosivas - Parte 36: Equipamentos não elétricos para atmosferas combater o fogo e com Certificados de Aprovação - CA; e
explosivas - Métodos e requisitos básicos, ou ABNT NBR ISO 80079- g)rotas de fuga, saídas de emergência e iluminação de emer-
37 - Atmosferas explosivas - Parte 37: Equipamentos não elétricos gência para a rápida retirada do pessoal a bordo, em caso de incên-
para atmosferas explosivas - Tipos de proteção não elétricos: segu- dio ou explosão.
rança construtiva “c”, controle de ignição de fontes “b” e imersão 37.25.4Dispositivos de controle e parada de emergência
em líquido “k” e alterações posteriores. 37.25.4.1 Na plataforma devem existir sistemas automáticos
37.24.9A operadora da instalação deve assinalar e classificar que paralisem o processo, isolem parte dele, despressurizem a uni-
nas plantas da plataforma as áreas, externas e internas, sujeitas à dade ou limitem o escalonamento de situações anormais.
existência ou a formação de atmosferas contendo misturas inflamá- 37.25.4.2 A partir das análises de riscos das instalações e ava-
veis ou explosivas, de acordo com a norma ABNT NBR IEC 60079 e liações de riscos do PGR, a operadora da instalação deve elaborar
alterações posteriores. procedimentos operacionais para o sistema de parada da platafor-
37.24.9.1 As áreas classificadas devem possuir sinalização de ma, em função do local e tipo de emergência.
segurança, visível e legível, indicando a proibição da presença de
fontes de ignição.
554
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
37.25.4.3 A plataforma deve possuir sistema de acionamento 37.25.6.1 .6.1Os instrumentos citados no subitem 37.25.6.1.6
remoto a bordo para comandar a parada de emergência de equipa- devem possuir certificados de calibração válidos, segundo procedi-
mentos e sistemas que possam propagar ou alimentar o incêndio mento do INMETRO.
com material combustível ou inflamável. 37.25.6.1 .6.2A eficiência da bomba testada deve corresponder
37.25.4.4 A plataforma deve possuir controle das admissões e àquela requerida pelo projeto, atendendo aos cenários de incên-
descargas do ar e do funcionamento da ventilação das estações de dio estabelecidos pelos estudos de riscos, em conformidade com
controle, das áreas de vivência e dos compartimentos de serviço, de o Capítulo 4 da NORMAM-01/DPC e requisitos estabelecidos pelas
carga e de máquinas. normas NFPA 20 - Standard for the Installation of Stationary Pumps
37.25.4.4 .1Os meios de fechamento dos dutos e de controle for Fire Protection e NFPA 25 - Standard for the Inspection, Testing,
dos ventiladores devem: and Maintenance of Water-Based Fire Protection Systems.
a)ficar protegidos do fogo; 37.25.6.2 A plataforma deve ser dotada de sistemas fixos de
b)ser facilmente acessíveis; extinção de incêndio eficazes, de acordo com as classes de fogo
c)ser localizados fora dos compartimentos que estão sendo possíveis e o potencial de incêndio na área a ser protegida.
ventilados; 37.25.6.2 .1As tubulações e acessórios usados no sistema de
d)estar identificados de forma visível e legível; borrifo de água pressurizada devem estar íntegros, atendendo ao
e)indicar se os dutos estão abertos ou fechados; e projeto de combate a incêndio.
f)mostrar se os ventiladores estão ligados ou desligados. 37.25.6.3 A operadora de plataforma desabitada pode utilizar
37.25.5A operadora da instalação deve realizar exercícios de sistema alternativo de proteção contra incêndio para garantir a se-
combate a incêndio e treinamento específico para a brigada de in- gurança dos trabalhadores, baseado em análises de riscos da insta-
cêndio dentro da periodicidade e com conteúdo determinados pela lação, na avaliação de riscos do PGR e em normas técnicas nacionais
Autoridade Marítima (NORMAM-01/DPC). ou internacionais.
37.25.6Sistemas fixos de combate a incêndio 37.25.7Extintores de incêndio portáteis
37.25.6.1 As plataformas devem ser dotadas de sistemas de 37.25.7.1 A plataforma deve ser provida de extintores para per-
combate a incêndio, com água pressurizada, que assegure a respos- mitir o combate a incêndio em sua fase inicial.
ta à emergência em tempo suficiente para preservar a segurança 37.25.7.2 O número, distribuição, tipo e carga dos extintores
dos trabalhadores. devem estar relacionados com a sua capacidade extintora, as clas-
37.25.6.1 .1As especificações das bombas, redes, tomadas de ses de fogo possíveis a bordo e o potencial de incêndio na área a ser
incêndio, mangueiras e demais acessórios devem atender ao dis- protegida, conforme a NORMAM-01/DPC, ou, na sua omissão, as
posto na NORMAM-01/DPC. normas técnicas nacionais.
37.25.6.1 .2Os hidrantes devem ser facilmente visíveis e aces- 37.25.7.2 .1O extintor de incêndio sobre rodas só é contabili-
síveis. zado na capacidade extintora quando o seu agente puder atingir a
37.25.6.1 .3Os abrigos das mangueiras e demais acessórios não área a ser protegida.
podem estar trancados à chave. 37.25.7.3 Os extintores de incêndio devem ser certificados pelo
37.25.6.1 .4Os hidrantes e as redes de alimentação devem ser INMETRO, possuindo o respectivo selo de marca de conformidade.
inspecionados mensalmente e os resultados consignados em rela- 37.25.7.4 Localização e sinalização
tório. 37.25.7.4 .1Os extintores deverão ser instalados em locais de
37.25.6.1 .5O suprimento de água para a rede de combate a in- fácil visualização e acesso.
cêndio deve ser provido por, pelo menos, dois conjuntos motobom- 37.25.7.4 .2É vedada a localização dos extintores nas escadas,
bas capazes de serem acionadas independentemente do sistema antecâmaras de escadas e atrás de portas.
elétrico principal da plataforma, mediante motor a combustão ou 37.25.7.4 .3O local destinado à fixação do extintor deve ser si-
sistema elétrico de emergência. nalizado, conforme previsto na norma técnica ABNT NBR 16820 e
37.25.6.1 .5.1A plataforma deve ter conjunto motobomba de alterações posteriores.
combate a incêndio pronto para operar, com capacidade plena para 37.25.7.4 .4O extintor de incêndio não deverá ter a sua parte
o cenário de maior demanda. superior situada a mais de 1,60 m acima do nível do piso.
37.25.6.1 .5.2Caso haja ampliação ou modificações que alte- 37.25.7.4 .5Ao ser instalado, o extintor deve estar com as suas
rem o cenário de maior demanda, a operadora da instalação deve instruções de utilização voltadas para frente, de modo visível.
reavaliar e redimensionar o sistema de combate a incêndio, quando 37.25.7.5 Inspeção e manutenção dos extintores portáteis
aplicável. 37.25.7.5 .1Os serviços de inspeção e manutenção de primeiro,
37.25.6.1 .5.3No período de manutenção do conjunto moto- segundo e terceiro níveis de extintores de incêndio devem ser reali-
bomba que se encontra em reserva, a operadora da instalação deve zados conforme requisitos do INMETRO.
adotar medidas de contingenciamento baseadas nas análises de 37.25.7.5 .2O extintor de incêndio que for retirado para ma-
riscos das instalações e nas avaliações de riscos do PGR, garantindo nutenção deve ser substituído, no ato da sua retirada, por outro
o nível de confiabilidade do sistema de combate a incêndio exigido extintor de características idênticas ou superiores.
em normas técnicas nacionais ou internacionais, nessa sequência. 37.25.8Rotas de fuga, saídas, portas e iluminação de emergên-
37.25.6.1 .6As bombas de combate a incêndio devem ser testa- cia
das, anualmente, quanto ao seu desempenho, mediante a elabora- 37.25.8.1 Os locais de trabalho e as áreas de vivência devem
ção das suas curvas características (altura manométrica total versus dispor de rotas de fuga e saídas para áreas externas, em número
vazão), utilizando instrumentos para medir a vazão, a pressão e a suficiente, e dispostas de modo a conduzir os trabalhadores até um
rotação. local seguro ou para o posto de abandono da plataforma com rapi-
dez e segurança.
555
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
37.25.8.2 Além do estabelecido na NORMAM-01/DPC, as rotas 37.25.9.1 A plataforma deve possuir bateria de acumuladores
de fuga devem: e, se necessário, gerador de emergência, capazes de suprir, simulta-
a) possuir sinalização vertical por meio de placas fosforescen- neamente, a energia imprescindível ao funcionamento dos seguin-
tes ou sinais luminosos, segundo a norma técnica ABNT NBR 16820, tes sistemas essenciais à segurança dos trabalhadores:
ou sinalização no piso ou ao nível do rodapé, indicando o sentido a)iluminação de emergência e escape;
para chegar à saída; b)detecção e alarme de fogo e gás;
c)ser dotadas de iluminação de emergência; c)comunicação de emergência;
d)ser mantidas permanentemente desobstruídas e íntegras; d)combate a incêndio;
e)possuir largura mínima de 1,20 m quando principais e 0,70 m e)parada de emergência e desconexão de emergência; e
para as secundárias; e f)controle, intertravamento e supervisão.
f)ser contínuas e seguras para o acesso às áreas externas. 37.25.9.2 A fonte de energia elétrica de emergência a bordo
37.25.8.3 A plataforma deve possuir projeto de iluminação de deve possuir autonomia suficiente para suprir os serviços essenciais
emergência de acordo com a norma técnica ABNT NBR IEC 61892-2, à segurança dos trabalhadores por períodos de tempo especifica-
elaborado por profissional legalmente habilitado e com os objetivos dos pela legislação vigente.
de: 37.25.9.3 As baterias de acumuladores devem estar no esta-
a)facilitar a saída de zonas perigosas (áreas classificadas, de cal- do pronta-para-operar e alojadas em compartimento construído e
deiras, de vasos de pressão e outras); utilizado unicamente para esse fim, mantido ventilado e dotado de
b)propiciar apropriada visibilidade das rotas de fuga secundá- detectores específicos para os gases que possam ser gerados.
rias para que os trabalhadores possam chegar à rota de fuga prin- 37.25.9.3 .1É vedada a instalação de quadros elétricos no mes-
cipal; mo compartimento de baterias de acumuladores, exceto o quadro
c)permitir visibilidade e orientação ao longo da rota de fuga elétrico de emergência alimentado por estas.
principal; 37.25.10Manutenções, testes e inspeções
d)permitir a visualização de quadros e painéis elétricos a serem 37.25.10.1 As manutenções, os testes e as inspeções devem
ligados/desligados em caso de sinistro a bordo; ser realizados para assegurar a confiabilidade dos sistemas, equi-
e)possibilitar a identificação dos equipamentos de segurança e pamentos de combate a incêndio e fonte de energia elétrica de
de combate a incêndio; e emergência, conforme manual do fabricante e as normas técnicas
f)garantir a iluminação de emergência da enfermaria. aplicáveis, nessa ordem.
37.25.8.3 .1Os pontos de luz da iluminação de emergência de- 37.25.10.2 O plano de manutenção do sistema e equipamentos
vem estar em perfeito estado de funcionamento e ser instalados utilizados na proteção contra incêndio deve ser mantido atualizado
prioritariamente em locais onde haja desnível no piso, mudança de e disponível a bordo da plataforma.
direção da rota de fuga, escada, área de abandono, equipamento
de emergência e acionamento do alarme de incêndio, dentre ou- 37.26 Proteção contra radiações ionizantes
tros locais estratégicos. 37.26.1Durante todo o ciclo de vida da plataforma, para pro-
37.25.8.4 As portas para as rotas de fuga principais devem: teger os trabalhadores contra os efeitos nocivos da radiação ioni-
a)ser dispostas de maneira a serem sempre visíveis; zante, provenientes de operações industriais com fontes radioativas
b)ser mantidas permanentemente desobstruídas; e de materiais radioativos de ocorrência natural, gerados durante
c)abrir no sentido de fuga, exceto para as portas deslizantes; e a exploração, produção, armazenamento e movimentação de pe-
d)estar situadas de modo que, ao serem abertas, não impeçam tróleo e resíduos, a operadora da instalação deve adotar medidas
as vias de passagem ou causem lesões pessoais. prescritas nesta NR e, para as atividades relativas ao capítulo 37.10,
37.25.8.4 .1O sentido de abertura das demais portas não pode as medidas previstas na NR-34.
obstruir as rotas de fuga secundárias. 37.26.1.1 A operadora da instalação deve priorizar métodos al-
37.25.8.4 .2É vedada a utilização de portas de enrolar nas pla- ternativos que não utilizem fontes radioativas a bordo.
taformas. 37.26.1.1 .1Quando não for adotada a sua substituição, a ope-
37.25.8.4 .3As portas com abertura para o interior devem ser radora da instalação deve justificar e documentar a decisão em
dotadas de passagem de emergência que possa ser aberta para fora relatório elaborado por profissional legalmente habilitado, consig-
e ser utilizada como via de escape, em caso de pânico ou de falha nando no PGR.
no sistema regular de abertura, com dimensões mínimas de acordo 37.26.2O atendimento das exigências desta NR e da NR-34 não
com NORMAM-01/DPC. desobriga o cumprimento de outras disposições estabelecidas pe-
37.25.8.4 .3.1Para compartimentos com menos de 16 m² (de- las normas da Comissão Nacional de Energia Nuclear - CNEN, ou,
zesseis metros quadrados), alternativamente, as portas podem ser na ausência destas, as disposições previstas em normas técnicas e
ejetáveis. regulamentos nacionais e internacionais, nessa ordem.
37.25.8.4 .4A largura do vão livre das portas que dão acesso 37.26.3A operadora da instalação deve assegurar que as em-
às escadas deve ter, no mínimo, a mesma largura da rota de fuga presas contratadas que manuseiam ou utilizam equipamentos com
atendida por elas. fontes radioativas estejam licenciadas pela CNEN.
37.25.8.4 .5É proibido fechar com chave, aferrolhar ou prender, 37.26.4Medidas de ordem geral
interna ou externamente, a porta corta-fogo ou a porta situada no 37.26.4.1 A operadora da instalação deve assegurar o atendi-
percurso da rota de fuga. mento por Serviço de Radioproteção - SR, inclusive para material ra-
37.25.9Fonte de energia elétrica autônoma de emergência dioativo de ocorrência natural, de acordo com as normas da CNEN.
556
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
37.26.4.1 .1O SR deve estabelecer e dispor de pessoal, instala- e)ser considerado no Plano de Resposta a Emergências - PRE da
ções, procedimentos e equipamentos adequados e suficientes para plataforma, descrito no capítulo 37.28 desta NR; e
executar todas as tarefas com segurança, bem como proceder ao f)ser mantido atualizado.
atendimento em caso de acidente ou emergência. 37.26.4.10 .2Após a ocorrência de exposições decorrentes de
37.26.4.1 .2A operadora da instalação deve designar um Su- emergências ou acidentes, ou suspeita de ocorrência de aciden-
pervisor de Proteção Radiológica - SPR, responsável pela supervisão tes, a operadora da instalação deve garantir que sejam tomadas as
dos trabalhos com exposição a radiações ionizantes. providências para a imediata avaliação dos trabalhadores, segundo
37.26.4.1 .3O SPR deve possuir certificação da qualificação váli- norma da CNEN.
da na área de atuação, segundo a sua atividade e em conformidade 37.26.4.10 .3Com o objetivo de constatar a sua adequação e
com as normas da CNEN. eficácia no controle da exposição à radiação ionizante, visando à re-
37.26.4.2 O médico responsável pelo PCMSO deve manter atu- alização dos ajustes necessários e estabelecimento de novas metas
alizado o registro de cada trabalhador exposto à radiação ionizante, e prioridades, o PR deve ser avaliado:
em conformidade com a norma CNEN NN 3.01 e demais normas da a)anualmente;
CNEN. b)quando da revisão do PGR; e
37.26.4.3 Os trabalhadores expostos à radiação acima dos li- c)sempre que ocorrer acidente, situações de emergência ou
mites estabelecidos pelas normas da CNEN devem ser afastados de constatação de doença ocasionada por exposição a radiações ioni-
atividade com exposição à radiação e avaliados em conformidade zantes.
com o PCMSO. 37.26.4.11 O trabalhador deve ser afastado imediatamente de
37.26.4.3 .1O retorno do trabalhador afastado, ao trabalho que serviço que envolva exposição à radiação ionizante quando apre-
envolva radiações ionizantes, dependerá de autorização do médico sentar feridas ou cortes.
examinador especialista nessa área, mediante consignação no ASO 37.26.4.12 É proibido fumar, repousar, alimentar-se, beber,
do empregado. aplicar cosméticos, guardar alimentos, bebidas e bens pessoais nos
37.26.4.4 Antes de iniciar o trabalho envolvendo fonte ou ma- locais onde são manipulados, transportados, armazenados ou haja
terial radioativo, a operadora da instalação deve exigir da empresa risco de contaminação por materiais radioativos.
contratada cópias dos ASO concernentes aos seus trabalhadores. 37.26.4.13 A operadora da instalação deve garantir a higieniza-
37.26.4.5 Antes de acessar as áreas supervisionadas e controla- ção e manutenção da vestimenta e dos demais EPI utilizados em ati-
das, os trabalhadores devem ser autorizados formalmente pelo SR. vidades com materiais radioativos, bem como a descontaminação
37.26.4.6 A operadora da instalação deve assegurar que os tra- ou a sua substituição imediata, quando danificado ou extraviado.
balhadores expostos à radiação ionizante possuam capacitação de 37.26.4.13 .1Imediatamente após o término do serviço ou pa-
acordo com norma da CNEN e sob responsabilidade do SR. rada para as refeições, a operadora da instalação deve assegurar
37.26.4.7 Com o objetivo de atender ao prescrito na alínea “g” local apropriado para a troca da vestimenta de trabalho por outra
do subitem 37.9.6.3 desta NR, a operadora da instalação deve efe- limpa, segundo norma da CNEN.
tuar treinamento dos riscos radiológicos específicos da plataforma, 37.26.5Serviços e operações com fontes radioativas industriais
com conteúdo programático estabelecido pela própria empresa. 37.26.5.1 Antes do início da execução dos serviços e opera-
37.26.4.8 Nos casos previstos no subitem 37.9.6.4, o traba- ções envolvendo radiações ionizantes, a operadora da instalação
lhador exposto à radiação ionizante deve ser submetido ao treina- deve elaborar o PR específico, o qual, além do previsto no subitem
mento eventual antes de ser autorizado a executar atividades com 37.26.4.10, deve conter no mínimo:
exposição a radiações ionizantes. a)as características da fonte radioativa;
37.26.4.9 A operadora da instalação deve prover um serviço b)as características do equipamento;
médico especializado ao tipo e às proporções das fontes e materiais c)a relação dos trabalhadores envolvidos;
radioativos presentes, visando assegurar a supervisão médica aos d)as memórias de cálculos das distâncias de isolamentos físicos
trabalhadores expostos a radiações ionizantes e o tratamento apro- em instalações abertas;
priado aos envolvidos em acidentes. e)o manuseio e método de armazenamento da fonte radioativa
37.26.4.9 .1O serviço médico especializado pode ser prestado a bordo; e
por profissional legalmente habilitado com proficiência no assunto f)os procedimentos, equipamentos e acessórios a serem utili-
ou empresa especializada contratada, desde que estejam sob a co- zados em situações de acidentes ou emergência.
ordenação do médico responsável pelo PCMSO. 37.26.5.1 .1No caso de operações industriais com fontes radio-
37.26.4.10 A operadora da instalação deve garantir a elabo- ativas, o PR específico pode ser elaborado pela prestadora de servi-
ração e implementação do Plano de Radioproteção - PR aprovado ço conforme normas da CNEN, cabendo à operadora da instalação
pela CNEN, sob a responsabilidade técnica do SPR devidamente cer- garantir o seu cumprimento.
tificado pela CNEN. 37.26.5.2 A operadora da instalação e a empresa responsável
37.26.4.10 .1O PR deve ainda: pelos serviços e operações envolvendo radiações ionizantes devem
a)ser exclusivo para cada plataforma; adotar as seguintes providências:
b)estar articulado com o PGR da operadora da instalação e das a)avaliação da segurança e confiabilidade das estruturas e
empresas prestadoras de serviços cujos trabalhadores terceirizados equipamentos associados à fonte de radiação;
estão expostos a radiações; b)avaliação do local, classificação e sinalização das áreas super-
c)ser considerado na elaboração e implementação do PCMSO; visionadas, controladas e de isolamento físico;
d)ser apresentado nas CIPLAT da operadora da instalação e das c)instalação de meios físicos adequados para delimitar as áreas
empresas terceirizadas, quando existentes, com cópia anexada às supervisionadas e controladas, evitando o acesso de trabalhadores
atas dessa comissão; não autorizados;
557
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
d)definição dos alarmes no Plano de Resposta a Emergências e)locais de chegada dos poços durante a perfuração ou a pro-
- PRE; dução; e
e)identificação e sinalização de vias de circulação, entrada e sa- f)demais lugares onde for presumível a presença de materiais
ída e rotas de fuga dentro das áreas supervisionadas e controladas; radioativos.
f)iluminação adequada e de emergência nas áreas supervisio- 37.26.6.2 Durante as aberturas dos equipamentos, tubulações,
nadas, áreas controladas e nas vias de circulação onde estão sendo acessórios e demais elementos da unidade, devem ser adotadas
executados os serviços e operações com radiações ionizantes; e medidas de prevenção orientadas pelo SPR, considerando a possi-
g)sinalização e isolamento físico dos locais destinados às fontes bilidade de presença de materiais radioativos de ocorrência natural.
radioativas e de rejeitos. 37.26.6.2 .1Os resíduos removidos devem ser caracterizados
37.26.5.3 Além das medidas prescritas no PR, durante a exposi- conforme normas da CNEN.
ção a fontes radioativas, devem ser adotadas as seguintes medidas: 37.26.6.2 .2Com base na análise do material radioativo, a ope-
a)exposição do menor número de trabalhadores possível para radora da instalação deve identificar os tipos de radiações e o seu
realizar a atividade; potencial nocivo ao ser humano, bem como as medidas para asse-
b)execução do serviço de acordo com as instruções da permis- gurar a segurança e a saúde dos trabalhadores expostos a radiações
são de trabalho; ionizantes.
c)realização das tarefas somente pelos Indivíduos Ocupacional- 37.26.6.2 .3Caso as medidas de proteção coletiva e de ordem
mente Expostos - IOE autorizados; operacional e administrativa não reduzam os níveis de exposição e
d)interrupção imediata do serviço no caso de mudança das incorporação aos valores de doses previstos nas normas da CNEN,
condições que o torne potencialmente perigoso, observada a alínea a operadora da instalação deve reavaliar o projeto da plataforma e
“a” do subitem 37.4.1 desta NR; implantar soluções de engenharia para garantir o seu cumprimento.
e)interrupção imediata da atividade e recolhimento da fonte 37.26.6.2 .4A operadora da instalação deve garantir que em-
para exposições acima do limite estabelecido pelo Anexo nº 5 (Ra- presas prestadoras de serviço que realizam as atividades de limpeza
diações Ionizantes) da NR-15 (Atividades e Operações Insalubres); e de locais com a possibilidade de presença de materiais radioativos
f)descontaminação, reavaliação e redimensionamento da área de ocorrência natural estejam em conformidade com as normas da
e do tempo de exposição, antes de reiniciar a atividade, caso acon- CNEN.
teça a situação citada na alínea “e” deste subitem. 37.26.6.3 Os relatórios de radioproteção são parte integran-
37.26.5.4 Após concluir o serviço, o SR deve: te do PGR da plataforma e devem ser discutidos nas reuniões das
a)recolher, acondicionar e guardar a fonte em segurança, em CIPLAT da operadora da instalação e das empresas prestadoras de
local segregado, trancado, demarcado, sinalizado, de baixa circula- serviços, com cópias anexadas às suas atas.
ção de pessoas e monitorado quanto aos níveis de radiação emitida; 37.26.6.4 A operadora da instalação deve implementar proce-
b)avaliar o nível de radiação da área onde foi realizado o servi- dimentos para evitar a exposição e contaminação passiva dos tra-
ço, de acordo com o PR; e balhadores não envolvidos nas atividades com material radioativo
c)proceder à liberação das áreas supervisionada e controlada, de ocorrência natural.
removendo os isolamentos e a sinalização. 37.26.6.4 .1Medidas adicionais às supracitadas devem ser
37.26.6Materiais radioativos de ocorrência natural implantadas para controlar o risco de contaminação da água, dos
37.26.6.1 A operadora do contrato deve assegurar que a ope- alimentos e do ar-condicionado pelos materiais radioativos de ocor-
radora da instalação efetue a avaliação da presença de materiais ra- rência natural, quando reconhecido no PGR, observada a NR-09.
dioativos de ocorrência natural no meio ambiente de trabalho que 37.26.6.5 Áreas específicas para a descontaminação dos traba-
possam representar riscos à saúde dos trabalhadores, de acordo lhadores devem ser instituídas pelo SR, conforme legislação espe-
com as normas da CNEN. cífica da CNEN, normas técnicas nacionais ou internacionais, nessa
37.26.6.1 .1A operadora da instalação deve identificar as ope- ordem.
rações e os locais onde podem ocorrer exposições às radiações ou 37.26.6.6 É vedado aos trabalhadores adentrarem o casario
incorporações, as trajetórias do material radioativo e os seus meios com a vestimenta, EPI e equipamentos de trabalho contaminados.
de propagação, e adotar as medidas de prevenção prescritas nas 37.26.6.7 Caso constatada a contaminação interna por mate-
normas da CNEN. rial radioativo de ocorrência natural, o PCMSO da plataforma deve
37.26.6.1 .1.1As medidas de prevenção devem estar articula- contemplar análises de sangue e excreta e, se necessário, exame
das com o PGR. com contador de corpo inteiro a ser realizado por instituições auto-
37.26.6.1 .2Deve ser elaborado plano de monitoramento defi- rizadas pela CNEN.
nido pelo SPR, cuja frequência deve atender, no mínimo, à revisão
do PGR. 37.27 Sistemas de drenagem, de tratamento e de disposição
37.26.6.1 .2.1O monitoramento deve ser realizado nos locais de resíduos
onde haja presença de materiais radioativos de ocorrência natural, 37.27.1Os resíduos industriais devem ter destino adequado,
especialmente em: sendo proibido o lançamento ou a liberação no meio ambiente de
a)tubos e seus acessórios, inclusive os armazenados já utiliza- trabalho de quaisquer contaminantes que possam comprometer a
dos; segurança e a saúde dos trabalhadores, segundo previsto na NR-25
b)tanques contendo água da formação produtora, fluidos de (Resíduos Industriais).
perfuração, completação, restauração e estimulação recuperados; 37.27.1.1 No caso de resíduos líquidos e sólidos, a concessioná-
c)suspiros (vents) e drenos; ria e a operadora da instalação devem:
d)separadores e tratadores; a)desenvolver ações de controle para evitar riscos à segurança
e à saúde dos trabalhadores, em cada uma das etapas;
558
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
b)coletar, acondicionar, armazenar e transportar para a sua f)afastados de fontes de ignição e materiais corrosivos.
adequada disposição final; 37.27.5.2 .6Inspeções do sistema de acendimento remoto de-
c)dispor e desembarcar os resíduos perigosos; e vem ser realizadas de acordo com o capítulo 37.17 desta NR.
d)dispor e desembarcar os materiais radioativos de ocorrência 37.27.5.2 .7Os sistemas não convencionais de acendimento re-
natural, de acordo com a legislação ambiental e, quando aplicável, moto do queimador podem ser usados desde que aprovados por
com o estabelecido nas normas da CNEN. profissional legalmente habilitado, mediante emissão de laudo téc-
37.27.2Os drenos, descargas de válvulas de segurança, suspi- nico e da respectiva Anotação de Responsabilidade Técnica - ART.
ros (vents) e outros mecanismos de equipamentos, instrumentos 37.27.5.2 .8Para o acendimento do queimador, é vedado o em-
e acessórios que liberem substâncias no meio ambiente devem ser prego do equipamento de guindar ou qualquer outro tipo de im-
projetados e instalados segundo normas técnicas nacionais ou, na provisação.
ausência destas, de normas internacionais, de maneira a não con- 37.27.6A plataforma deve possuir procedimento e sistema para
taminar a plataforma. tratamento da água oleosa, de modo a monitorar o H2S (gás sulfí-
37.27.3Os sistemas de drenos da plataforma devem ser efica- drico) biogênico gerado pela ação de bactérias redutoras de sulfato.
zes e separados fisicamente para escoar e descartar substâncias e 37.27.6.1 O procedimento para tratamento de água oleosa
águas pluviais. deve ser elaborado por profissional legalmente habilitado e con-
37.27.3.1 Nas plataformas flutuantes, os drenos devem ser templar a periodicidade do monitoramento da concentração de
projetados para operar independentemente das condições de mar. H2S, a adoção de medidas de controle, bem como possíveis inter-
37.27.4Os líquidos combustíveis e inflamáveis, passíveis de rupções no processo.
serem represados nas bacias de contenção, devem ser escoados, 37.27.6.2 Os resultados do monitoramento da concentração
armazenados e tratados, segundo normas das autoridades compe- de H2S e da adoção de medidas de controle devem ser supervi-
tentes. sionados por profissional legalmente habilitado e consignados em
37.27.5A plataforma deve possuir equipamento projetado es- relatórios.
pecificamente para descartar os gases inflamáveis e tóxicos através 37.27.6.3 A utilização do biocida no tratamento da água oleo-
de queima ou dispersão apropriada, durante os diversos processos sa deve estar de acordo com o disposto pela autoridade ambiental
de produção de petróleo, parada e outros procedimentos operacio- competente.
nais e de segurança. 37.27.7A cozinha da plataforma deve ser dotada de sistema
37.27.5.1 O tipo de queimador (flare) e as descargas dos suspi- para trituração de resíduos orgânicos e disposição de lixo, de acor-
ros (vents) de alta velocidade e suas respectivas localizações devem do com o disposto pelas autoridades competentes.
assegurar, em todas as áreas da plataforma, níveis aceitáveis de ex- 37.27.8É proibida a comunicação direta dos sistemas de esgoto
posição à vibração, ao ruído e ao calor, conforme limites estabele- e de disposição de resíduos com os locais de trabalho e os destina-
cidos na NR- 09, exceto durante as operações de despressurização. dos às refeições.
37.27.5.2 O queimador (flare) deve ser dotado de acendimento 37.27.9A operadora da instalação deve gerenciar os rejeitos ra-
remoto e de sistema de detecção de piloto apagado para proceder à dioativos de ocorrência natural, segundo as normas da CNEN.
parada controlada da planta industrial que o utiliza. 37.27.9.1 O gerenciamento de rejeitos radioativos deve conter
37.27.5.2 .1A chama piloto deve ser mantida permanentemen- procedimentos para identificar, manusear, segregar, acondicionar,
te acesa com o gás proveniente do processo ou da origem definida monitorar e armazenar provisoriamente a bordo os rejeitos, até
em projeto. que sejam desembarcados da plataforma.
37.27.5.2 .1.1No queimador fechado (flare fechado), a chama 37.27.9.2 Os recipientes devem possuir condições de integrida-
piloto pode ser mantida apagada enquanto estiver operando o sis- de asseguradas, vedação adequada e conteúdo identificado, segun-
tema de reaproveitamento de gás, de acordo com especificação do do as normas da CNEN.
projeto. 37.27.9.3 O armazenamento de rejeitos oriundos de materiais
37.27.5.2 .2Os botões do painel de controle do sistema de radioativos de ocorrência natural deve obedecer ao prescrito pelas
acendimento remoto devem ser devidamente identificados. autoridades competentes, assim como ser:
37.27.5.2 .3A plataforma deve possuir procedimento operacio- a)definido pelo Supervisor de Radioproteção;
nal contemplando o acendimento da chama piloto e periodicidade b)realizado em lugar que contenha tais rejeitos com segurança;
de teste, considerando as diretrizes do fabricante ou fornecedor. c)disposto em local dotado de piso e anteparas impermeáveis e
37.27.5.2 .4Os operadores devem ser capacitados no procedi- de fácil descontaminação;
mento operacional descrito no subitem 37.27.5.2.3. d)destinado para área de uso específico, enquanto o rejeito es-
37.27.5.2 .4.1A carga horária e o conteúdo programático de- tiver a bordo;
vem ser definidos pela operadora da instalação, considerando o e)situado em ambientes com sistemas de ventilação, exaustão
procedimento operacional e os riscos envolvidos na operação do e filtragem, quando o armazenamento for em locais ou comparti-
queimador a partir das análises de riscos. mentos fechados;
37.27.5.2 .5Os cilindros de gases utilizados para acender a cha- f)provido de drenos para a coleta de líquidos provenientes de
ma piloto devem ser: vazamentos;
a)armazenados em áreas abertas da plataforma; g)localizado em áreas delimitadas, sinalizadas, isoladas fisica-
b)estocados em local seguro e arejado; mente e com acesso restrito ao pessoal autorizado;
c)segregados e fixados; h)distante dos postos de trabalho e de materiais corrosivos, in-
d)sinalizados com os dizeres “INFLAMÁVEL” e “PROIBIDO FU- flamáveis e explosivos; e
MAR”; i)dotado de espaços reservados à monitoração e à descontami-
e)protegidos contra impacto e intempéries; e nação dos trabalhadores expostos a materiais radioativos.
559
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
37.27.9.4 A operadora da instalação deve disponibilizar os pro- o)cronograma, metodologia, registros e critérios para avaliação
cedimentos relacionados ao gerenciamento de rejeito radioativo dos resultados dos exercícios simulados; e
para todos os trabalhadores a bordo, devendo tal gerenciamento p)EPI para combater incêndios, adentrar o fogo total e outros,
ser apresentado e registrado na ata da reunião da CIPLAT. de acordo com os riscos descritos na alínea “e” supracitada.
37.27.9.5 A operadora da instalação deve disponibilizar no local 37.28.2.1 A operadora da instalação deve manter em local
de armazenamento o inventário atualizado dos rejeitos presentes. visível a tabela atualizada de postos de emergência, relacionando
37.27.9.5 .1O plano de ação do PGR deve estabelecer as me- nominalmente os trabalhadores integrantes das equipes que com-
didas de proteção coletiva e individuais e os procedimentos para põem o PRE a bordo.
incidentes e situações de emergência, baseados nas informações 37.28.3A operadora da instalação deve disponibilizar meios de
contidas nas Fichas com Dados de Segurança de Resíduos Quími- resgate de emergência durante todo o período de pouso e decola-
cos - FDSR e no rótulo, conforme norma técnica ABNT NBR 16725 gem de aeronaves na plataforma, conforme prescrito na NORMAM/
- Resíduo químico — Informações sobre segurança, saúde e meio DPC.
ambiente e suas alterações posteriores. 37.28.3.1 Os exercícios simulados devem envolver os trabalha-
37.27.9.5 .2As FDSR devem ser disponibilizadas nos locais de dores designados e contemplar os cenários e a periodicidade defi-
armazenamento e na enfermaria da plataforma. nidos no PRE.
37.27.9.6 Os riscos presentes nos locais de armazenamento de 37.28.3.1 .1Após a realização dos exercícios simulados ou na
materiais radioativos de ocorrência natural devem constar no in- ocorrência de sinistros a bordo, deve ser avaliado o atendimento do
ventário de riscos do PGR, ainda que o material seja mantido tran- PRE, com o objetivo de se verificar a sua eficácia, detectar possíveis
sitoriamente a bordo. desvios e proceder aos ajustes necessários.
37.27.10Os resíduos de riscos biológicos devem ser dispostos 37.28.4As equipes de resposta às emergências devem:
segundo o prescrito na NR-32 e nas legislações sanitárias e ambien- a)ser compostas, considerando todos os turnos de trabalho,
tais, no que for aplicável. por, no mínimo, 20% (vinte por cento) do POB;
b)ser submetidas a exames médicos específicos para a função
37.28 Plano de Resposta a Emergências - PRE que irão desempenhar, incluindo os fatores de riscos psicossociais,
37.28.1A operadora da instalação deve, a partir dos cenários consignando a sua aptidão no respectivo ASO;
das análises de riscos e das informações constantes no PGR, ela- c)possuir conhecimento das instalações; e
borar, implementar e disponibilizar a bordo o Plano de Resposta a d)ser treinadas de acordo com a função que cada um dos seus
Emergências - PRE, que contemple ações específicas a serem ado- membros irá executar, observando o prescrito no capítulo 37.9 des-
tadas na ocorrência de eventos que configurem situações de riscos ta NR.
grave e iminente à segurança e à saúde dos trabalhadores. 37.29Comunicação e investigação de incidentes
37.28.1.1 A operadora da instalação deve capacitar os traba- 37.29.1A operadora da instalação deve comunicar, à inspeção
lhadores que tiverem suas atribuições alteradas pela revisão do do trabalho da jurisdição da plataforma, a ocorrência de doenças
PRE, cumprindo o descrito no capítulo 37.9 desta NR. ocupacionais, acidentes graves, fatais e demais incidentes, confor-
37.28.2O PRE deve ser elaborado considerando as caracterís- me critérios estabelecidos no Manual de Comunicação de Inciden-
ticas e a complexidade da plataforma e contemplar, no mínimo, os tes de Exploração e Produção de Petróleo e Gás Natural, emitido
seguintes tópicos: pela ANP, para danos à saúde humana.
a)identificação da plataforma e do responsável legal, designa- 37.29.1.1 A comunicação deve ser protocolizada, em sistema
do pela operadora da instalação; eletrônico disponibilizado pela inspeção do trabalho, até o segundo
b)função do(s) responsável(eis) técnico(s), legalmente habilita- dia útil após a ocorrência do incidente a bordo da plataforma, con-
do(s), pela sua elaboração e revisão; forme formulário do Anexo VI desta NR.
c)função do responsável pelo gerenciamento, coordenação e 37.29.1.2 Para fins desta NR, considera-se incidente qualquer
implementação; ocorrência envolvendo risco de dano ou dano à integridade física
d)funções com os respectivos quantitativos; ou à saúde dos trabalhadores, conforme critérios estabelecidos no
e)estabelecimento dos cenários de emergências, definidos com Manual de Comunicação de Incidentes de Exploração e Produção
base nas análises de riscos e legislação vigente, capazes de conduzir de Petróleo e Gás Natural, emitido pela ANP, para danos à saúde
a plataforma a um estado de emergência; humana.
f)procedimentos de resposta à emergência para cada cenário 37.29.2A operadora da instalação deve comunicar, em até 72
contemplado, incluindo resposta a emergências médicas e demais (setenta e duas) horas, a ocorrência de doenças ou acidentes ocu-
cenários acidentais de helicópteros previstos na NORMAM-27/DPC; pacionais, graves ou fatais, ao representante sindical preponderan-
g)descrição de equipamentos e materiais necessários para res- te da categoria embarcada.
posta a cada cenário contemplado; 37.29.2.1 É facultado ao sindicato participar de investigação
h)descrição dos meios de comunicação; de doenças ou acidentes ocupacionais, graves ou fatais, mediante
i)sistemas de detecção de fogo e gás; a indicação de um representante para compor a comissão, no prazo
j)sistemas de parada de emergência; máximo de 72 (setenta e duas) horas a partir do recebimento da
k)equipamentos e sistemas de combate a incêndio; comunicação mencionada no item 37.29.2.
l)procedimentos para orientação de não residentes quanto aos 37.29.3A operadora da instalação deve encaminhar o relatório
riscos existentes e como proceder em situações de emergência; de investigação e análise do incidente à inspeção do trabalho da ju-
m)procedimento para acionamento de recursos e estruturas de risdição da plataforma, em até 60 (sessenta) dias após a ocorrência
resposta complementares e das autoridades públicas; do incidente.
n)procedimentos para comunicação do acidente;
560
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
561
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
ANEXO I ANEXO IV
CURSO BÁSICO PARA MANIPULADORES DE ALIMENTOS CURSO BÁSICO DE SEGURANÇA EM OPERAÇÕES DE MOVI-
MENTAÇÃO DE CARGAS E TRANSPORTE DE PESSOAS
Carga horária mínima: 12 horas. Conteúdo programático:
a)entendendo a contaminação dos alimentos; Carga horária mínima: 20 horas. Conteúdo programático:
b)ambiente de manipulação e cuidados com a água; a)conceitos básicos na movimentação de cargas e pessoas;
c)manuseio do lixo e controle de vetores e pragas; b)tipos de equipamentos de guindar;
d)higienização; c)componentes e acessórios utilizados na movimentação e
e)manipuladores e visitantes; suas respectivas aplicações;
f)etapas da manipulação dos alimentos; d)inspeção visual de equipamentos e acessórios de movimen-
g)documentação e função do responsável pelo serviço; tação de carga;
h)revisão do conteúdo; e)tabela de capacidade de cargas do equipamento e seus aces-
i)noções sobre higienização e segurança na operação de equi- sórios;
pamentos para panificação e confeitaria e máquinas fatiadoras de f)movimentação crítica de cargas (materiais perigosos, peças
frios; e de grande porte, tubos, perfis, chapas, eixos, etc.);
j)uso adequado de Equipamentos de Proteção Individual - EPI. g)comunicação durante a movimentação de pessoas e cargas:
sinaleiro, sinalização e comunicação por rádio;
ANEXO II h)incidentes e acidentes durante a movimentação;
SÍMBOLOS PARA SINALIZAR FONTES DE RADIAÇÃO IONIZAN- i)procedimentos para a segurança na movimentação de pesso-
TE, LOCAIS DE ARMAZENAMENTO DE MATERIAL RADIOATIVO as e cargas;
E LOCAIS DE TRABALHO COM EXPOSIÇÃO À RADIAÇÃO IONI- j)equipamentos de proteção;
ZANTE INDUSTRIAL OU DE OCORRÊNCIA NATURAL k)práticas de operação de movimentação a bordo da platafor-
ma; e
l)avaliação final.
ANEXO V
CURSO COMPLEMENTAR PARA OPERADORES DE GUINDASTES
562
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
Água potável: água que atenda ao padrão de potabilidade es- Exercícios simulados: exercícios práticos de simulação de um
tabelecido pela legislação vigente e que não ofereça riscos à saúde. cenário de acidente, durante o qual deve ser testada a eficiência do
Água tratada: água da qual foram eliminados os agentes de plano de resposta a emergências, com foco nos procedimentos, no
contaminação que possam causar algum risco para a saúde, tornan- desempenho das equipes, na funcionalidade das instalações e dos
do-a própria ao uso humano, exceto para o consumo. equipamentos, dentre outros aspectos.
Águas Jurisdicionais Brasileiras - AJB: compreendem as águas Fonte de radiação: equipamento ou material que emite ou é
interiores e os espaços marítimos nos quais o Brasil exerce jurisdi- capaz de emitir radiação ionizante ou de liberar substâncias ou ma-
ção, em algum grau, sobre atividades, pessoas, instalações, embar- teriais radioativos.
cações e recursos naturais vivos e não vivos, encontrados na massa Incorporação: ingestão, inalação ou absorção, através da pele,
líquida, no leito ou no subsolo marinho, para os fins de controle de material radioativo no corpo humano.
e fiscalização, dentro dos limites da legislação internacional e na- Manutenção: é o conjunto de procedimentos realizados para
cional. Esses espaços marítimos compreendem a faixa de duzentas manter ou recolocar um equipamento ou maquinário de uma pla-
milhas marítimas contadas a partir das linhas de base, acrescida das taforma, durante a sua operação, em um estado que volte a desen-
águas sobrejacentes à extensão da plataforma continental além das volver a função requerida inicialmente.
duzentas milhas marítimas, onde ela ocorrer. Material radioativo de ocorrência natural: material que contém
Alojamento: local projetado e apropriado para o repouso dos radionuclídeos naturalmente presentes nas rochas, nos solos e na
trabalhadores embarcados, composto de dormitório e instalação água, que emite ou é capaz de emitir radiação ionizante, que pode
sanitária privativa, como: camarotes, camarotes provisórios e mó- ser concentrado ou exposto ao meio ambiente como resultado de
dulos de acomodação temporária. atividades humanas, e cujos limites máximos de exposição estão
Área controlada: áreas sujeitas às regras especiais de proteção estabelecidos pelas normas técnicas nacionais ou internacionais,
e segurança radiológica, com a finalidade de controlar as exposi- nessa ordem.
ções normais, prevenir a disseminação de contaminação radioativa Operação simultânea: é o conjunto de duas ou mais operações
e prevenir ou limitar a amplitude das exposições potenciais. realizadas ao mesmo tempo na plataforma onde existam interfaces
Autoridade Marítima: Comandante da Marinha do Brasil, con- operacionais, de acordo com a matriz de operações simultâneas e,
forme designado pelo parágrafo único do Art. 17 da Lei Comple- em particular, quando elas introduzem perigos novos que não fo-
mentar n° 97, de 9 de junho de 1999. ram considerados de uma forma específica na avaliação de riscos;
Camarote provisório: alojamento de caráter excepcional, utili- requerem logísticas especiais, medidas de apoio ou procedimentos
zado em casos de aumento temporário da população embarcada, de trabalho seguro ou comprometem a disponibilidade e funciona-
e que emprega estrutura ou compartimento de finalidade diversa, lidade dos elementos críticos de segurança operacional.
já existente no casario, porém adaptado à sua utilização, segundo Operações industriais com fontes radioativas: são operações
exigências específicas desta NR. que utilizam fontes artificiais de radiações ionizantes, tais como:
Ciclo de vida da plataforma: consiste na construção, comissio- perfilagem, gamagrafia, radiografia, dentre outras.
namento, operação, modificação, descomissionamento e desmonte Operador do contrato: empresa detentora de direitos de ex-
de plataformas. ploração e produção de petróleo e gás natural com contrato com
Código MODU (Mobile Offshore Drilling Units Code): código a ANP e responsável pela condução e execução, direta ou indireta,
internacional emitido pela Organização Marítima Internacional (In- de todas as atividades de exploração, avaliação, desenvolvimento,
ternational Maritime Organization – IMO) e adotado pela Autorida- produção, desativação e abandono.
de Marítima brasileira para regulamentação de requisitos técnicos Operadora da instalação: empresa responsável pelo gerencia-
de plataformas de petróleo. mento e execução de todas as operações e atividades de uma pla-
Comissionamento: conjunto de técnicas e procedimentos de taforma.
engenharia aplicados de forma integrada à instalação ou parte dela, People On Board (POB): número total de pessoas a bordo da
visando torná-la operacional, de acordo com os requisitos especifi- plataforma.
cados em projeto. Plataforma desabitada: instalação que não possui tripulação
Convenção SOLAS (International Convention for the Safety of embarcada em caráter permanente.
Life at Sea): Convenção Internacional para a Salvaguarda da Vida Portas externas do módulo de acomodação temporária: são
Humana no Mar, ratificada pelo Brasil, da Organização Marítima In- aquelas que ligam a antecâmara do módulo de acomodação tem-
ternacional. porária ou o corredor comum dos módulos à área externa.
Damper: dispositivo que regula ou interrompe o fluxo de ar em Procedimentos operacionais: conjunto de instruções para o de-
sistemas de ventilação ou climatização. senvolvimento das atividades operacionais de uma instalação, con-
Descomissionamento: conjunto de técnicas e procedimentos siderando os aspectos de segurança, saúde e meio ambiente que
de engenharia aplicados de forma integrada à instalação ou parte impactem sobre a integridade física e a saúde dos trabalhadores.
dela, visando retirá-la de operação, de acordo com os requisitos es- Proficiência: competência, aptidão, capacitação e habilidade
pecificados em projeto e na legislação. aliadas à experiência profissional, comprovadas por meio de diplo-
Desmonte: consiste na desmontagem completa da plataforma mas, registro na carteira de trabalho, contratos específicos na área
em local destinado para esse fim, visando à reciclagem de seus com- em questão e outros documentos.
ponentes, após o término do período de vida útil da plataforma. Profissional legalmente habilitado: profissional previamente
Emissões fugitivas: liberações involuntárias de gases e vapores qualificado, com atribuições legais para a atividade a ser desempe-
que ocorrem de maneira contínua ou intermitente durante as ope- nhada, que assume a responsabilidade técnica, possuindo registro
rações normais dos equipamentos e instrumentos. no conselho de classe competente.
563
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
Proteção radiológica ou radioproteção: conjunto de medidas que visam a proteger o ser humano e seus descendentes e o meio am-
biente contra possíveis efeitos indesejados causados pela radiação ionizante.
Radiação ionizante: qualquer partícula ou radiação eletromagnética que, ao interagir com a matéria, ioniza seus átomos ou moléculas.
Resíduos industriais: são aqueles provenientes dos processos industriais, na forma sólida, líquida ou gasosa ou combinação dessas, e
que por suas características físicas, químicas ou microbiológicas não se assemelham aos resíduos domésticos.
Responsável legal pela plataforma: preposto formalmente designado pela empresa como responsável pela gestão da instalação.
Riscos psicossociais: decorrem de deficiências na concepção, organização e gestão do trabalho, bem como de um contexto social
de trabalho problemático, podendo ter efeitos negativos a nível psicológico, físico e social, como o estresse relacionado ao trabalho, o
esgotamento ou a depressão. Exemplos de condições de trabalho que conduzem aos riscos psicossociais: cargas de trabalho excessivas,
exigências contraditórias, falta de clareza na definição das funções, ausência de sua participação na tomada de decisões que afetam o
trabalhador, descontrole sobre a forma como executa o trabalho, gestão de mudanças organizacionais inadequadas, insegurança laboral,
comunicação ineficaz, deficiência de apoio por parte de chefias e colegas, assédio psicológico ou sexual, violência proveniente de terceiros,
etc.
Rotas de fuga: saídas e caminhos devidamente sinalizados, iluminados e desobstruídos, a serem percorridos pelas pessoas para uma
rápida e segura evacuação de qualquer local da plataforma até o ponto de encontro previamente determinado pelo plano de resposta a
emergências.
Saúde: é o estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não somente a ausência de doença.
Serviço de Radioproteção (SR): estrutura constituída especificamente com vistas à execução e manutenção do plano de proteção
radiológica de uma instalação.
Supervisor de Proteção Radiológica ou Supervisor de Radioproteção (SPR): indivíduo com certificação de qualificação pela CNEN para
supervisionar a aplicação das medidas de radioproteção.
Trabalhador capacitado: aquele que tenha recebido capacitação sob a orientação e responsabilidade de profissional legalmente ha-
bilitado.
Trabalhador qualificado: aquele que tenha comprovada a conclusão de curso específico para sua atividade, em instituição reconhecida
pelo sistema oficial de ensino nacional.
Treinamento (capacitação ou curso): conjunto de instruções teóricas e práticas ministradas sob a supervisão de profissional legal-
mente habilitado, e que seguem conteúdo programático planejado, destinado a tornar o trabalhador apto a exercer determinada função.
ANEXO VI¶
COMUNICAÇÃO DE INCIDENTE EM PLATAFORMA - CIP ¶
c) Data¶ e¶ hora¶ do ¶
incidente: ¶
564
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
Glossário
Acidente ampliado: evento subitâneo, como emissão, incêndio ou explosão de grande magnitude, no curso de uma atividade em
instalação sujeita a riscos de acidentes maiores, envolvendo uma ou mais substâncias perigosas e que implica grave perigo, imediato ou
retardado, para os trabalhadores, a população ou o meio ambiente.
Água oleosa: água contendo petróleo ou frações, também designada como água produzida ou água de formação.
Água potável: água que atenda ao padrão de potabilidade estabelecido pela legislação vigente e que não ofereça riscos à saúde.
Água tratada: água da qual foram eliminados os agentes de contaminação que possam causar algum risco para a saúde, tornando-a
própria ao uso humano, exceto para o consumo.
Águas Jurisdicionais Brasileiras - AJB: compreendem as águas interiores e os espaços marítimos nos quais o Brasil exerce jurisdição, em
algum grau, sobre atividades, pessoas, instalações, embarcações e recursos naturais vivos e não vivos, encontrados na massa líquida, no
leito ou no subsolo marinho, para os fins de controle e fiscalização, dentro dos limites da legislação internacional e nacional. Esses espaços
marítimos compreendem a faixa de duzentas milhas marítimas contadas a partir das linhas de base, acrescida das águas sobrejacentes à
extensão da plataforma continental além das duzentas milhas marítimas, onde ela ocorrer.
Alojamento: local projetado e apropriado para o repouso dos trabalhadores embarcados, composto de dormitório e instalação sani-
tária privativa, como: camarotes, camarotes provisórios e módulos de acomodação temporária.
565
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
Área controlada: áreas sujeitas às regras especiais de proteção atividades humanas, e cujos limites máximos de exposição estão
e segurança radiológica, com a finalidade de controlar as exposi- estabelecidos pelas normas técnicas nacionais ou internacionais,
ções normais, prevenir a disseminação de contaminação radioativa nessa ordem.
e prevenir ou limitar a amplitude das exposições potenciais. Operação simultânea: é o conjunto de duas ou mais operações
Autoridade Marítima: Comandante da Marinha do Brasil, con- realizadas ao mesmo tempo na plataforma onde existam interfaces
forme designado pelo parágrafo único do Art. 17 da Lei Comple- operacionais, de acordo com a matriz de operações simultâneas e,
mentar n° 97, de 9 de junho de 1999. em particular, quando elas introduzem perigos novos que não fo-
Camarote provisório: alojamento de caráter excepcional, utili- ram considerados de uma forma específica na avaliação de riscos;
zado em casos de aumento temporário da população embarcada, requerem logísticas especiais, medidas de apoio ou procedimentos
e que emprega estrutura ou compartimento de finalidade diversa, de trabalho seguro ou comprometem a disponibilidade e funciona-
já existente no casario, porém adaptado à sua utilização, segundo lidade dos elementos críticos de segurança operacional.
exigências específicas desta NR. Operações industriais com fontes radioativas: são operações
Ciclo de vida da plataforma: consiste na construção, comissio- que utilizam fontes artificiais de radiações ionizantes, tais como:
namento, operação, modificação, descomissionamento e desmonte perfilagem, gamagrafia, radiografia, dentre outras.
de plataformas. Operador do contrato: empresa detentora de direitos de ex-
Código MODU (Mobile Offshore Drilling Units Code): código ploração e produção de petróleo e gás natural com contrato com
internacional emitido pela Organização Marítima Internacional (In- a ANP e responsável pela condução e execução, direta ou indireta,
ternational Maritime Organization – IMO) e adotado pela Autorida- de todas as atividades de exploração, avaliação, desenvolvimento,
de Marítima brasileira para regulamentação de requisitos técnicos produção, desativação e abandono.
de plataformas de petróleo. Operadora da instalação: empresa responsável pelo gerencia-
Comissionamento: conjunto de técnicas e procedimentos de mento e execução de todas as operações e atividades de uma pla-
engenharia aplicados de forma integrada à instalação ou parte dela, taforma.
visando torná-la operacional, de acordo com os requisitos especifi- People On Board (POB): número total de pessoas a bordo da
cados em projeto. plataforma.
Convenção SOLAS (International Convention for the Safety of Plataforma desabitada: instalação que não possui tripulação
Life at Sea): Convenção Internacional para a Salvaguarda da Vida embarcada em caráter permanente.
Humana no Mar, ratificada pelo Brasil, da Organização Marítima In- Portas externas do módulo de acomodação temporária: são
ternacional. aquelas que ligam a antecâmara do módulo de acomodação tem-
Damper: dispositivo que regula ou interrompe o fluxo de ar em porária ou o corredor comum dos módulos à área externa.
sistemas de ventilação ou climatização. Procedimentos operacionais: conjunto de instruções para o de-
Descomissionamento: conjunto de técnicas e procedimentos senvolvimento das atividades operacionais de uma instalação, con-
de engenharia aplicados de forma integrada à instalação ou parte siderando os aspectos de segurança, saúde e meio ambiente que
dela, visando retirá-la de operação, de acordo com os requisitos es- impactem sobre a integridade física e a saúde dos trabalhadores.
pecificados em projeto e na legislação. Proficiência: competência, aptidão, capacitação e habilidade
Desmonte: consiste na desmontagem completa da plataforma aliadas à experiência profissional, comprovadas por meio de diplo-
em local destinado para esse fim, visando à reciclagem de seus com- mas, registro na carteira de trabalho, contratos específicos na área
ponentes, após o término do período de vida útil da plataforma. em questão e outros documentos.
Emissões fugitivas: liberações involuntárias de gases e vapores Profissional legalmente habilitado: profissional previamente
que ocorrem de maneira contínua ou intermitente durante as ope- qualificado, com atribuições legais para a atividade a ser desempe-
rações normais dos equipamentos e instrumentos. nhada, que assume a responsabilidade técnica, possuindo registro
Exercícios simulados: exercícios práticos de simulação de um no conselho de classe competente.
cenário de acidente, durante o qual deve ser testada a eficiência do Proteção radiológica ou radioproteção: conjunto de medidas
plano de resposta a emergências, com foco nos procedimentos, no que visam a proteger o ser humano e seus descendentes e o meio
desempenho das equipes, na funcionalidade das instalações e dos ambiente contra possíveis efeitos indesejados causados pela radia-
equipamentos, dentre outros aspectos. ção ionizante.
Fonte de radiação: equipamento ou material que emite ou é Radiação ionizante: qualquer partícula ou radiação eletromag-
capaz de emitir radiação ionizante ou de liberar substâncias ou ma- nética que, ao interagir com a matéria, ioniza seus átomos ou mo-
teriais radioativos. léculas.
Incorporação: ingestão, inalação ou absorção, através da pele, Resíduos industriais: são aqueles provenientes dos processos
de material radioativo no corpo humano. industriais, na forma sólida, líquida ou gasosa ou combinação des-
Manutenção: é o conjunto de procedimentos realizados para sas, e que por suas características físicas, químicas ou microbiológi-
manter ou recolocar um equipamento ou maquinário de uma pla- cas não se assemelham aos resíduos domésticos.
taforma, durante a sua operação, em um estado que volte a desen- Responsável legal pela plataforma: preposto formalmente de-
volver a função requerida inicialmente. signado pela empresa como responsável pela gestão da instalação.
Material radioativo de ocorrência natural: material que contém Riscos psicossociais: decorrem de deficiências na concepção,
radionuclídeos naturalmente presentes nas rochas, nos solos e na organização e gestão do trabalho, bem como de um contexto so-
água, que emite ou é capaz de emitir radiação ionizante, que pode cial de trabalho problemático, podendo ter efeitos negativos a ní-
ser concentrado ou exposto ao meio ambiente como resultado de vel psicológico, físico e social, como o estresse relacionado ao tra-
balho, o esgotamento ou a depressão. Exemplos de condições de
trabalho que conduzem aos riscos psicossociais: cargas de trabalho
566
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
excessivas, exigências contraditórias, falta de clareza na definição O contrato de trabalho conterá, obrigatoriamente:
das funções, ausência de sua participação na tomada de decisões - qualificação das partes contratantes;
que afetam o trabalhador, descontrole sobre a forma como executa - prazo de vigência;
o trabalho, gestão de mudanças organizacionais inadequadas, in- - natureza da função profissional, com definição das obrigações
segurança laboral, comunicação ineficaz, deficiência de apoio por respectivas;
parte de chefias e colegas, assédio psicológico ou sexual, violência - título do programa, espetáculo ou produção, ainda que pro-
proveniente de terceiros, etc. visório, com indicação do personagem nos casos de contrato por
Rotas de fuga: saídas e caminhos devidamente sinalizados, ilu- tempo determinado;
minados e desobstruídos, a serem percorridos pelas pessoas para - locais onde atuará o contratado, inclusive os opcionais;
uma rápida e segura evacuação de qualquer local da plataforma até - jornada de trabalho, com especificação do horário e intervalo
o ponto de encontro previamente determinado pelo plano de res- de repouso;
posta a emergências. - remuneração e sua forma de pagamento;
Saúde: é o estado de completo bem-estar físico, mental e so- - disposição sobre eventual inclusão do nome do contratado no
cial, e não somente a ausência de doença. crédito de apresentação, cartazes, impressos e programas;
Serviço de Radioproteção (SR): estrutura constituída especifi- - dia de folga semanal;
camente com vistas à execução e manutenção do plano de proteção - ajuste sobre viagens e deslocamentos;
radiológica de uma instalação. - período de realização de trabalhos complementares, inclusive
Supervisor de Proteção Radiológica ou Supervisor de Radiopro- dublagem, quando posteriores a execução do trabalho de interpre-
teção (SPR): indivíduo com certificação de qualificação pela CNEN tação objeto do contrato;
para supervisionar a aplicação das medidas de radioproteção. - número da Carteira de Trabalho e Previdência Social.
Trabalhador capacitado: aquele que tenha recebido capacita-
ção sob a orientação e responsabilidade de profissional legalmente Nos contratos de trabalho por tempo indeterminado deverá
habilitado. constar, ainda, cláusula relativa ao pagamento de adicional, devido
Trabalhador qualificado: aquele que tenha comprovada a con- em caso de deslocamento para prestação de serviço fora da cidade
clusão de curso específico para sua atividade, em instituição reco- ajustada no contrato de trabalho.
nhecida pelo sistema oficial de ensino nacional. A jornada normal de trabalho dos profissionais de que trata
Treinamento (capacitação ou curso): conjunto de instruções te- esta Lei, terá nos setores e atividades respectivos, as seguintes du-
óricas e práticas ministradas sob a supervisão de profissional legal- rações:
mente habilitado, e que seguem conteúdo programático planejado, - Radiodifusão, fotografia e gravação: 6 (seis) horas diárias, com
destinado a tornar o trabalhador apto a exercer determinada função. limitação de 30 (trinta) horas semanais;
- Cinema, inclusive publicitário, quando em estúdio: 6 (seis) ho-
TRABALHO DO ARTISTA E DO TÉCNICO EM ESPETÁCULOS ras diárias;
DE DIVERSÕES - Teatro: a partir de estreia do espetáculo terá a duração das
sessões, com 8 (oito) sessões semanais;
- Circo e variedades: 6 (seis) horas diárias, com limitação de 36
- Trabalho Do Artista e Do Técnico Em Espetáculos De Diver- (trinta e seis) horas semanais;
sões35. - Dublagem: 6 (seis) horas diárias, com limitação de 40 (quaren-
Artista, o profissional que cria, interpreta ou executa obra de ta) horas semanais.
caráter cultural de qualquer natureza, para efeito de exibição ou
divulgação pública, através de meios de comunicação de massa ou O trabalho prestado além das limitações diárias ou das sessões
em locais onde se realizam espetáculos de diversão pública; semanais previstas neste artigo será considerado extraordinário,
Técnico em Espetáculos de Diversões, o profissional que, mes- A profissão dos artistas e técnicos em espetáculos e diversões
mo em caráter auxiliar, participa, individualmente ou em grupo, de é regulamentada pela Lei nº 6.533/78 e pelo Decreto nº 82.385/78
atividade profissional ligada diretamente à elaboração, registro,
apresentação ou conservação de programas, espetáculos e produ- TRABALHO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA E REABILITADA
ções.
Para registro do Artista ou do Técnico em Espetáculos de Diver- Como forma de discriminação positiva, a lei previdenciária pre-
sões, é necessário a apresentação de: vê cotas para contratação de pessoas com deficiência e reabilitadas
- diploma de curso superior de Diretor de Teatro, Coreógrafo, perante o INSS.
Professor de Arte Dramática, ou outros cursos semelhantes, reco- Em princípio, o tema não tem qualquer relação com as garan-
nhecidos na forma da Lei; ou tias de emprego. Ocorre que, embora constitua garantia de em-
- diploma ou certificado correspondentes às habilitações pro- prego indireta, o art. 93, §1º, da Lei nº 8.213/1991, prevê que os
fissionais de 2º Grau de Ator, Contra-regra, Cenotécnico, Sonoplas- empregados contratados para cumprimento de tal cota somente
ta, ou outras semelhantes, reconhecidas na forma da Lei; ou podem ser dispensados sem justa causa se a empresa contratar ou-
- atestado de capacitação profissional fornecido pelo Sindica- tro substituto em condição semelhante. Vejamos:
to representativo das categorias profissionais e, subsidiariamente, Art. 93. A empresa com 100 (cem) ou mais empregados está
pela Federação respectiva. obrigada a preencher de 2% (dois por cento) a 5% (cinco por cento)
35 [ Disponivel em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6533.htm. dos seus cargos com beneficiários reabilitados ou pessoas portado-
Acesso em 18.01.2024] ras de deficiência, habilitadas, na seguinte proporção:
567
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
568
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
TRABALHO RURAL: LEI Nº 5889 DE 1973 E ALTERAÇÕES E Nos termos do art. 2º, §4º, do Decreto n. 73.626/74,
NR 31 consideram-se como exploração industrial em estabelecimento
agrário as atividades que compreendem o primeiro tratamento dos
produtos agrários in natura sem transformá-los em sua natureza,
— Trabalho Rural37 tais como:
Segundo a Lei n. 5.889/73, empregado rural é toda pessoa fí- a) o beneficiamento, a primeira modificação e o preparo dos
sica que, em propriedade rural ou prédio rústico, presta serviços produtos agropecuários e hortigranjeiros e das matérias-primas de
de natureza não eventual a empregador rural, sob a dependência origem animal ou vegetal para posterior venda ou industrialização;
deste e mediante salário (art. 2º). Desta forma, empregado rural é b) o aproveitamento dos subprodutos oriundos das operações
aquele que trabalha para empregador rural. de preparo e modificação dos produtos in natura, referidas na letra
anterior.
A doutrina trabalhista apresenta cinco requisitos do conceito
de empregado rural: Se houver atividade desenvolvida em processo de industrializa-
a) pessoa física; ção sem que haja transformação da matéria-prima, tratase de tra-
b) serviço em propriedade rural ou prédio rústico; balho rural, mas se estiver presente um processo de transformação
c) não eventualidade; da matéria-prima na aparência e a força de trabalho do obreiro for
d) subordinação jurídica e utilizada, o trabalhador será enquadrado como industriário. Assim
e) onerosidade. o forneiro é industriário e não rural, pois a transformação da madei-
ra em carvão por meio de aplicação de calor é de tal ordem que se
É importante conhecer o conceito de empregador rural, pois tem processo industrial.
todo empregado que trabalhar para empregador rural será empre- O local da atividade laboral do rurícola poderá ser zona rural
gado rural, portanto, o critério definidor não é a utilização de mé- ou prédio rústico (áreas campestres incrustadas no espaço urbano).
todos de trabalho rurais e sim se o empregado presta serviços para
empregador rural. Nem todo trabalhador rural é empregado rural. É o caso dos
Por exemplo, pode ser empregado rural o escriturário da fa- arrendatários, parceiros e empreiteiros, que são trabalhadores ru-
zenda, o veterinário, o agrônomo e tantos outros profissionais que rais e não empregados rurais, pois não se enquadram na definição
trabalham para um empregador rural, sem necessariamente desen- de empregado rural, uma vez que a esses trabalhadores faltam os
volver atividades tipicamente rurais. principais pressupostos de uma relação de emprego.
1) A Constituição Federal expandiu os direitos do emprega-
Os requisitos do conceito de empregador rural são: do rural, equiparando-os aos dos trabalhadores urbanos (art. 7º,
a) pessoa física ou jurídica; caput). Em 1993, o Brasil aprovou a Convenção n. 141 da OIT relati-
b) proprietário ou não; va às organizações de trabalhadores rurais e a função no desenvol-
c) que exerce atividade agroeconômica; vimento econômico e social pelo Decreto Legislativo n. 5/93.
d) de caráter permanente ou temporário; e 2) Vale ressaltar que o empregado rural tem alguns direitos di-
e) diretamente ou através de prepostos e com auxílio de em- ferenciados em relação ao empregado urbano, tais como o trabalho
pregados. noturno.
Desta forma, o critério é atividade rurícola do empregador ru- A hora noturna do trabalhador rural é de 60 (sessenta) minu-
ral: exploração de atividade agroeconômica. tos, sendo o adicional noturno de 25% sobre a hora diurna. O horá-
Em resumo, empregado rural é aquele que presta serviços a rio noturno para os empregados rurais que trabalham na lavoura é
empregador rural. Portanto, o conceito de empregador rural é es- das 21 às 5 horas e dos empregados rurais que trabalham na pecu-
sencial para tipificação do vínculo do emprego rural. ária é das 20 às 4 horas.
Esta é a principal diferenciação entre o chacareiro ou caseiro Há outros direitos diferenciados do empregado rural em rela-
considerado empregado rural ou doméstico. ção ao empregado urbano, tais como:
- Intervalo: trabalho superior a seis horas, obrigatória a con-
Para guardar: O Decreto n. 7.943/2013 institui a Política Na- cessão de uma hora de intervalo, observados os usos e costumes
cional para os Trabalhadores Rurais Empregados – PNATRE e a Co- da região.
missão Nacional dos Trabalhadores Rurais Empregados – CNATRE. - Salário-utilidade: os percentuais dos valores pagos a título
2) O empregador rural é aquele que desenvolve atividade agro- de habitação e alimentação são de 20% e 25% do salário mínimo,
econômica, assim entendida como atividade agrícola ou pecuária. respectivamente.
Se o empregador exercer atividade industrial, não será considerado - Aviso prévio trabalhado: dispensa de um dia por semana
empregador rural. para procurar outro emprego.
3) Nos termos do art. 2º, §3º, do Decreto n. 73.626/74, incluise - Serviços intermitentes: não serão computados os intervalos
na atividade econômica rural a exploração industrial em estabele- superiores a cinco horas, desde que anotados na CTPS do empre-
cimento agrário. gado rural.
- Moradia: não constitui salário-utilidade de natureza salarial,
se constar no contrato escrito, com assinatura de duas testemunhas
e notificação do sindicato de empregados. É vedada a moradia co-
37 [ Calvo, Adriana. Manual de Direito do Trabalho. (7th edição). Editora Sarai- letiva de famílias, com fundamento no art. 8º, §2º, da referida lei:
va, 2023]
569
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
O contrato de safra é um contrato por tempo determinado, Estatui normas reguladoras do trabalho rural.
do tipo não formalístico, portanto se aplicam a ele todas as regras
celetistas do contrato por prazo determinado (prorrogação, suces- O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Na-
sividade, rescisão do contrato, dentre outras). Em geral, o termo cional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
do contrato de safra é incerto, uma vez que depende de eventos Art. 1º As relações de trabalho rural serão reguladas por esta
naturais (solo, chuva, sol, dentre outros). Lei e, no que com ela não colidirem, pelas normas da Consolida-
No contrato de safra temos, de um lado, o empregado rural, ção das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-lei nº 5.452, de
que fornece sua mão de obra por prazo determinado para o em- 01/05/1943.
pregador rural, que poderá ser o proprietário das terras a serem Parágrafo único. Observadas as peculiaridades do trabalho ru-
cultivadas, ou, de outro lado, a empresa que atua na área de agro- ral, a ele também se aplicam as leis nºs 605, de 05/01/1949, 4090,
negócios. de 13/07/1962; 4725, de 13/07/1965, com as alterações da Lei nº
Nos contratos de safra é possível estabelecer o pagamento de 4903, de 16/12/1965 e os Decretos-Leis nºs 15, de 29/07/1966; 17,
salários por tarefa ou por produção. de 22/08/1966 e 368, de 19/12/1968.
Salário por tarefa é aquele fixado em determinado valor que Art. 2º Empregado rural é toda pessoa física que, em proprieda-
será pago ao empregado pela realização de uma tarefa em período de rural ou prédio rústico, presta serviços de natureza não eventual
especificado. Já o salário por produção é variável e corresponderá a empregador rural, sob a dependência deste e mediante salário.
à quantidade de serviços produzidos pelo trabalhador rural, sem Art. 3º - Considera-se empregador, rural, para os efeitos des-
levar em conta o tempo gasto para sua execução. ta Lei, a pessoa física ou jurídica, proprietário ou não, que explore
atividade agro-econômica, em caráter permanente ou temporário,
Pequeno produtor rural – contrato rural de pequeno prazo diretamente ou através de prepostos e com auxílio de empregados.
A Lei n. 11.718/2008 acrescentou o art. 14-A à Lei n. 5.889/73. §1o Inclui-se na atividade econômica referida no caput des-
Nesse sentido, o produtor rural, pessoa física, poderá realizar a con- te artigo, além da exploração industrial em estabelecimento agrá-
tratação de trabalhador rural por pequeno prazo, para o exercício rio não compreendido na Consolidação das Leis do Trabalho - CLT,
de atividades de natureza temporária, sendo vedada a feitura de aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio de 1943, a
contrato de trabalhador rural por pequeno prazo com produtores exploração do turismo rural ancilar à exploração agroeconômica.
rurais pessoas jurídicas e agroindústrias, consoante expressamente (Redação dada pela Lei nº 13.171, de 2015)
previsto no art. 14-A, §4º. §2º Sempre que uma ou mais empresas, embora tendo cada
uma delas personalidade jurídica própria, estiverem sob direção,
controle ou administração de outra, ou ainda quando, mesmo guar-
570
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
dando cada uma sua autonomia, integrem grupo econômico ou fi- Art. 12. Na regiões em que se adota a plantação subsidiária ou
nanceiro rural, serão responsáveis solidariamente nas obrigações intercalar (cultura secundária), a cargo do empregado rural, quando
decorrentes da relação de emprego. autorizada ou permitida, será objeto de contrato em separado.
Art. 4º - Equipara-se ao empregador rural, a pessoa física ou Parágrafo único. Embora devendo integrar o resultado anual a
jurídica que, habitualmente, em caráter profissional, e por conta de que tiver direito o empregado rural, a plantação subsidiária ou in-
terceiros, execute serviços de natureza agrária, mediante utilização tercalar não poderá compor a parte correspondente ao salário mí-
do trabalho de outrem. (Vide Lei nº 6.260, de 1975) nimo na remuneração geral do empregado, durante o ano agrícola.
Art. 5º Em qualquer trabalho contínuo de duração superior a Art. 13. Nos locais de trabalho rural serão observadas as nor-
seis horas, será obrigatória a concessão de um intervalo para repou- mas de segurança e higiene estabelecidas em portaria do ministro
so ou alimentação observados os usos e costumes da região, não do Trabalho e Previdência Social.
se computando este intervalo na duração do trabalho. Entre duas Art. 14. Expirado normalmente o contrato, a empresa pagará
jornadas de trabalho haverá um período mínimo de onze horas con- ao safrista, a título de indenização do tempo de serviço, importân-
secutivas para descanso. cia correspondente a 1/12 (um doze avos) do salário mensal, por
Art. 6º Nos serviços, caracteristicamente intermitentes, não se- mês de serviço ou fração superior a 14 (quatorze) dias.
rão computados, como de efeito exercício, os intervalos entre uma Parágrafo único. Considera-se contrato de safra o que tenha sua
e outra parte da execução da tarefa diária, desde que tal hipótese duração dependente de variações estacionais da atividade agrária.
seja expressamente ressalvada na Carteira de Trabalho e Previdên- Art. 14-A. O produtor rural pessoa física poderá realizar con-
cia Social. tratação de trabalhador rural por pequeno prazo para o exercício
Art. 7º - Para os efeitos desta Lei, considera-se trabalho notur- de atividades de natureza temporária. (Incluído pela Lei nº 11.718,
no o executado entre as vinte e uma horas de um dia e as cinco de 2008)
horas do dia seguinte, na lavoura, e entre as vinte horas de um dia e §1o A contratação de trabalhador rural por pequeno prazo
as quatro horas do dia seguinte, na atividade pecuária. que, dentro do período de 1 (um) ano, superar 2 (dois) meses fica
Parágrafo único. Todo trabalho noturno será acrescido de 25% convertida em contrato de trabalho por prazo indeterminado, ob-
(vinte e cinco por cento) sobre a remuneração normal. servando-se os termos da legislação aplicável. (Incluído pela Lei nº
Art. 8º Ao menor de 18 anos é vedado o trabalho noturno. 11.718, de 2008)
Art. 9º Salvo as hipóteses de autorização legal ou decisão judi- §2o A filiação e a inscrição do trabalhador de que trata este
ciária, só poderão ser descontadas do empregado rural as seguintes artigo na Previdência Social decorrem, automaticamente, da sua
parcelas, calculadas sobre o salário mínimo: inclusão pelo empregador na Guia de Recolhimento do Fundo de
a) até o limite de 20% (vinte por cento) pela ocupação da mo- Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social –
rada; GFIP, cabendo à Previdência Social instituir mecanismo que permita
b)até o limite de 25% (vinte por cento) pelo fornecimento de a sua identificação. (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)
alimentação sadia e farta, atendidos os preços vigentes na região; §3o O contrato de trabalho por pequeno prazo deverá ser for-
c) adiantamentos em dinheiro. malizado mediante a inclusão do trabalhador na GFIP, na forma do
§1º As deduções acima especificadas deverão ser previamente disposto no §2o deste artigo, e : (Incluído pela Lei nº 11.718, de
autorizadas, sem o que serão nulas de pleno direito. 2008)
§2º Sempre que mais de um empregado residir na mesma mo- I – mediante a anotação na Carteira de Trabalho e Previdência
rada, o desconto, previsto na letra “a” deste artigo, será dividido Social e em Livro ou Ficha de Registro de Empregados; ou
proporcionalmente ao número de empregados, vedada, em qual- II – mediante contrato escrito, em 2 (duas) vias, uma para cada
quer hipótese, a moradia coletiva de famílias. parte, onde conste, no mínimo: (Incluído pela Lei nº 11.718, de
§3º Rescindido ou findo o contrato de trabalho, o empregado 2008)
será obrigado a desocupar a casa dentro de trinta dias. a) expressa autorização em acordo coletivo ou convenção cole-
§4º O Regulamento desta Lei especificará os tipos de morada tiva; (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008)
para fins de dedução. b) identificação do produtor rural e do imóvel rural onde o tra-
§5º A cessão pelo empregador, de moradia e de sua infra es- balho será realizado e indicação da respectiva matrícula; (Incluído
trutura básica, assim, como, bens destinados à produção para sua pela Lei nº 11.718, de 2008)
subsistência e de sua família, não integram o salário do trabalhador c) identificação do trabalhador, com indicação do respectivo
rural, desde que caracterizados como tais, em contrato escrito ce- Número de Inscrição do Trabalhador – NIT. (Incluído pela Lei nº
lebrado entre as partes, com testemunhas e notificação obrigatória 11.718, de 2008)
ao respectivo sindicato de trabalhadores rurais. (Incluído pela Lei nº §4o A contratação de trabalhador rural por pequeno prazo só
9.300, de 29/08/96) poderá ser realizada por produtor rural pessoa física, proprietário
Art. 10. A prescrição dos direitos assegurados por esta Lei aos ou não, que explore diretamente atividade agroeconômica. (Incluí-
trabalhadores rurais só ocorrerá após dois anos de cessação do con- do pela Lei nº 11.718, de 2008)
trato de trabalho. §5o A contribuição do segurado trabalhador rural contratado
Parágrafo único. Contra o menor de dezoito anos não corre para prestar serviço na forma deste artigo é de 8% (oito por cento)
qualquer prescrição. sobre o respectivo salário-de-contribuição definido no inciso I do
Art. 11. Ao empregado rural maior de dezesseis anos é assegu- caput do art. 28 da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991. (Incluído
rado salário mínimo igual ao de empregado adulto. pela Lei nº 11.718, de 2008)
Parágrafo único. Ao empregado menor de dezesseis anos é as-
segurado salário mínimo fixado em valor correspondente à metade
do salário mínimo estabelecido para o adulto.
571
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
§6o A não inclusão do trabalhador na GFIP pressupõe a inexis- Art. 20. Lei especial disporá sobre a aplicação ao trabalhador
tência de contratação na forma deste artigo, sem prejuízo de com- rural, no que couber, do regime do Fundo de Garantia do Tempo
provação, por qualquer meio admitido em direito, da existência de de Serviço.
relação jurídica diversa. (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008) Art. 21. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação, re-
§7o Compete ao empregador fazer o recolhimento das contri- vogadas as disposições em contrário, em especial a Lei nº 4.214, de
buições previdenciárias nos termos da legislação vigente, cabendo 02/03/1963, e o Decreto-lei nº 761, de 14/08/1969.
à Previdência Social e à Receita Federal do Brasil instituir mecanis- Brasília, 8 de junho de 1973; 152º da Independência e 85º da
mos que facilitem o acesso do trabalhador e da entidade sindical República.
que o representa às informações sobre as contribuições recolhidas.
(Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008) TRABALHO COOPERADO
§8o São assegurados ao trabalhador rural contratado por pe-
queno prazo, além de remuneração equivalente à do trabalhador
rural permanente, os demais direitos de natureza trabalhista. (In- O trabalhador cooperado é um profissional autônomo. Isso sig-
cluído pela Lei nº 11.718, de 2008) nifica que ele não possui vínculo empregatício. Ele é o responsável
§9o Todas as parcelas devidas ao trabalhador de que trata este por sua prestação de serviços ou produtos e sócio da cooperativa a
artigo serão calculadas dia a dia e pagas diretamente a ele mediante que está vinculado. Um fator importante que você deve saber é que
recibo. (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008) os cooperados não recebem salários e sim honorários.
§10. O Fundo de Garantia do Tempo de Serviço – FGTS deverá Cooperativas são sociedades de pessoas, com forma e natureza
ser recolhido e poderá ser levantado nos termos da Lei no 8.036, jurídica próprias, de natureza civil, não sujeitas a falência, constitu-
de 11 de maio de 1990. (Incluído pela Lei nº 11.718, de 2008) ídas para prestar serviços aos associados”.
Art. 15. Durante o prazo do aviso prévio, se a rescisão tiver sido Referida legislação regulamenta as cooperativas em geral. Re-
promovida pelo empregador, o empregado rural terá direito a um centemente, foi aprovada a Lei n. 12.690/2012 que regulamentou a
dia por semana, sem prejuízo do salário integral, para procurar ou- organização e o funcionamento das cooperativas de trabalho.
tro trabalho. A Lei n. 12.690/2012 é expressa no sentido de que a Cooperati-
Art. 16. Toda propriedade rural, que mantenha a seu serviço va de Trabalho é regulada por esta lei e, no que com ela não colidir,
ou trabalhando em seus limites mais de cinqüenta famílias de tra- pelas Leis n. 5.764, de 16 de dezembro de 1971, e 10.406, de 10 de
balhadores de qualquer natureza, é obrigada a possuir e conservar janeiro de 2002 – Código Civil.
em funcionamento escola primária, inteiramente gratuita, para os
filhos destes, com tantas classes quantos sejam os filhos destes, O ato cooperativo é aquele praticado entre os cooperados e
com tantas classes quantos sejam os grupos de quarenta crianças a cooperativa, entre estes e aquelas e pelas cooperativas entre si
em idade escolar. quando associadas, para a consecução dos objetivos sociais.
Parágrafo único. A matrícula da população em idade escolar
será obrigatória, sem qualquer outra exigência, além da certidão de Ilustre-se das principais características distintivas da coopera-
nascimento, para cuja obtenção o empregador proporcionará todas tiva em relação a outras sociedades é que as cooperativas têm por
as facilidades aos responsáveis pelas crianças. finalidade a prestação de serviços aos associados, para o exercício
Art. 17. As normas da presente Lei são aplicáveis, no que cou- de uma atividade comum, econômica, sem objetivo de lucro.
ber, aos trabalhadores rurais não compreendidos na definição do A relação jurídica estabelecida entre o associado e a sociedade
art. 2º, que prestem serviços a empregador rural. cooperativa é de natureza civil, caracterizada pela combinação de
Art. 18. As infrações aos dispositivos desta Lei serão punidas esforços ou recursos dos associados para o fim comum.
com multa de R$ 380,00 (trezentos e oitenta reais) por emprega- A Lei n. 12.690/2012 traz a definição de cooperativa de traba-
do em situação irregular. (Redação dada pela Medida Provisória nº lho: “sociedade constituída por trabalhadores para o exercício de
2.164-41, de 2001) suas atividades laborativas ou profissionais com proveito comum,
§1o As infrações aos dispositivos da Consolidação das Leis do autonomia e autogestão para obterem melhor qualificação, renda,
Trabalho - CLT e legislação esparsa, cometidas contra o trabalhador situação socioeconômica e condições gerais de trabalho”.
rural, serão punidas com as multas nelas previstas. (Redação dada
pela Medida Provisória nº 2.164-41, de 2001) O art. 7º da referida lei prevê que:
§2o As penalidades serão aplicadas pela autoridade competen- Art. 7º A Cooperativa de Trabalho deve garantir aos sócios os
te do Ministério do Trabalho e Emprego, de acordo com o dispos- seguintes direitos, além de outros que a Assembleia Geral venha a
to no Título VII da CLT. (Redação dada pela Medida Provisória nº instituir:
2.164-41, de 2001) I – retiradas não inferiores ao piso da categoria profissional e,
§3o A fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego exigirá na ausência deste, não inferiores ao salário mínimo, calculadas de
dos empregadores rurais ou produtores equiparados a comprova- forma proporcional às horas trabalhadas ou às atividades desen-
ção do recolhimento da Contribuição Sindical Rural das categorias volvidas;
econômica e profissional. (Redação dada pela Medida Provisória nº II – duração do trabalho normal não superior a 8 (oito) horas
2.164-41, de 2001) diárias e 44 (quarenta e quatro) horas semanais, exceto quando a
Art. 19 O enquadramento e a contribuição sindical rurais con- atividade, por sua natureza, demandar a prestação de trabalho por
tinuam regidos pela legislação ora em vigor; o seguro social e o meio de plantões ou escalas, facultada a compensação de horários;
seguro contra acidente do trabalho rurais serão regulados por lei III – repouso semanal remunerado, preferencialmente aos do-
especial. (Vide Lei nº 6.195, de 1974) mingos;
IV – repouso anual remunerado;
572
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
V – retirada para o trabalho noturno superior à do diurno; IV – notificar o responsável pela empresa ou local de trabalho
VI – adicional sobre a retirada para as atividades insalubres ou onde a situação irregular de trabalho infantil foi encontrada, para
perigosas; efetuar o pagamento das verbas trabalhistas decorrentes do tempo
VII – seguro de acidente de trabalho. de serviço laborado à criança ou ao adolescente afastado do traba-
lho, conforme previsto no art. 55 e art. 56.
A Lei n. 12.690/2012 é clara ao dispor que a Cooperativa de Parágrafo único. Caso o responsável pelo estabelecimento ou
Trabalho não pode ser utilizada para intermediação de mão de obra local de trabalho não atenda à determinação do Auditor-Fiscal do
subordinada (art. 5º), uma vez que o cooperado é sóciotrabalhador Trabalho de mudança de função do adolescente ou não seja possível
- possui esta dupla qualidade. a adequação da função, fica configurada a rescisão indireta do con-
A previsão contida no art. 442, parágrafo único, deve ser consi- trato de trabalho, nos termos do art. 407 da Consolidação das Leis
derada presunção relativa, ou seja, cabe prova em sentido contrá- do Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1943.
rio. Vejamos:
Art. 442. (...) Ao constatar o trabalho de crianças ou adolescentes menores
Parágrafo único. Qualquer que seja o ramo de atividade da so- de 16 anos que não estejam na condição de aprendiz, o AFT deve,
ciedade cooperativa, não existe vínculo empregatício entre ela e seus sem prejuízo da lavratura do auto de infração, determinar o paga-
associados, nem entre estes e os tomadores de serviço daquela. mento das seguintes verbas rescisórias:
a) saldo de salário;
Conclui-se que, caso seja evidenciada relação de subordinação, b) férias proporcionais e vencidas, acrescidas do terço constitu-
o cooperado poderá pleitear reconhecimento de vínculo de empre- cional, conforme o caso;
go, como qualquer outro trabalhador. c) décimo terceiro salário proporcional ou integral, conforme
o caso; e
TRABALHO INFANTIL E PROTEÇÃO DO TRABALHADOR d) aviso-prévio indenizado.
ADOLESCENTE
No caso, não se exige o registro, ao passo que ele é proibido em
se tratando de menor de 16 anos, salvo na condição de aprendiz.
Combate ao trabalho infantil38 Para propiciar a comprovação do trabalho da criança ou do adoles-
Indiscutivelmente o combate ao trabalho infantil é uma das mais cente menor de 16 anos na via judicial, o Auditor Fiscal do Trabalho
nobres missões institucionais da Auditoria Fiscal do Trabalho. Com deve lavrar o Termo de Constatação de Tempo de Serviço, que deve
efeito, hoje se tem a noção clara, ao menos entre boa parte dos ope- ser entregue ao responsável legal pela criança ou adolescente, des-
radores do direito, de que a criança e o adolescente não devem ser cabendo exigência de anotações na CTPS.
inseridos precocemente no mercado de trabalho, a fim de ter assegu- Por sua vez, a constatação do trabalho de adolescentes com
rado seu perfeito desenvolvimento físico, mental e psicológico. idade superior a 16 anos em situações legalmente proibidas, frus-
A compreensão da dinâmica das ações de combate ao traba- trada a mudança de função, configura rescisão indireta do contrato
lho infantil pela fiscalização do trabalho não apresenta maiores de trabalho, nos termos do art. 407 da CLT, pelo que são devidos
dificuldades àqueles que se preparam para concursos públicos, ao os mesmos direitos trabalhistas assegurados a qualquer empregado
passo que tais ações consistem basicamente na verificação, in loco, com mais de 18 anos.
do trabalho infantil proibido, bem como do trabalho proibido aos No caso, o agente de inspeção deve determinar ao responsável
menores de 18 anos (noturno, perigoso, insalubre etc.), com a con- pela empresa ou local de trabalho a anotação do contrato na CTPS
sequente determinação de afastamento do menor diante das irre- do adolescente maior de 16 anos, ainda que o trabalho seja proibi-
gularidades eventualmente encontradas e pagamento das parcelas do, devendo ser consignada a função efetivamente desempenhada.
trabalhistas devidas.
No tocante às providências que deve adotar o Auditor Fiscal do Por fim, a rede de proteção à criança e ao adolescente deve
Trabalho, dispõe o art. 53 da IN MTP nº 2/2021: ser comunicada, com o que se exaure a atuação administrativa da
Art. 53. No curso da ação fiscal, o Auditor-Fiscal do Trabalho fiscalização do trabalho.
deve, sem prejuízo da lavratura dos autos de infração cabíveis e de-
mais encaminhamentos previstos nesta Instrução Normativa: TRABALHO ANÁLOGO AO DE ESCRAVO E TRÁFICO DE
I – preencher a Ficha de Verificação Física para cada criança ou PESSOAS
adolescente encontrado em situação irregular de trabalho, indepen-
dentemente da natureza da relação laboral, previsto no Anexo III;
II – determinar, quando for possível, a mudança de função dos Infelizmente ainda vivenciamos, nos dias atuais, a exploração
adolescentes maiores de dezesseis anos em situação de trabalho, do trabalho humano mediante a submissão de trabalhadores a con-
por meio do Termo de Mudança de Função constante do Anexo IV, dições análogas à de escravo.
nos termos do art. 407 da Consolidação das Leis do Trabalho, apro- O art. 149 do Código Penal Brasileiro, com a redação dada pela
vada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1943; Lei nº 10.803/2003, ampliou as hipóteses de caracterização de tal
III – notificar o responsável pela empresa ou local de trabalho figura jurídica, nos seguintes termos:
onde a situação irregular de trabalho infantil foi encontrada, para Art. 149. Reduzir alguém a condição análoga à de escravo, quer
que afaste de imediato do trabalho as crianças e os adolescentes da submetendo-o a trabalhos forçados ou a jornada exaustiva, quer
atividade proibida, por meio do Termo de Afastamento do Trabalho, sujeitando-o a condições degradantes de trabalho, quer restringin-
previsto no Anexo V; do, por qualquer meio, sua locomoção em razão de dívida contraída
38 Resende, Ricardo. Direito do Trabalho. (9th edição). Grupo GEN, 2023. com o empregador ou preposto:
573
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
Pena – reclusão, de dois a oito anos, e multa, além da pena A coação que limita a autonomia da vontade do empregado
correspondente à violência. pode ser física, moral ou psicológica. A coação física é aquela pra-
§1º Nas mesmas penas incorre quem: ticada mediante violência física, por exemplo, por meio do impedi-
I – cerceia o uso de qualquer meio de transporte por parte do mento da locomoção do trabalhador por prepostos do empregador,
trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho; ou, ainda, pela imposição de castigos físicos. A coação psicológica
II – mantém vigilância ostensiva no local de trabalho ou se apo- se revela nas ameaças levadas a efeito pelo empregador ou seus
dera de documentos ou objetos pessoais do trabalhador, com o fim prepostos, bem como na vigilância ostensiva do local de trabalho.
de retê-lo no local de trabalho. Por fim, a coação moral decorre da indução do trabalhador a acre-
ditar que deve permanecer no trabalho, por exemplo, em caso de
Com base na tipificação penal, estabeleceu-se a caracterização dívidas contraídas junto ao empregador.
administrativa da figura da redução do trabalhador a condições A Instrução Normativa MTP nº 2/2021, ao dispor sobre a fis-
análogas à de escravo, nos termos do art. 6º da Instrução Normati- calização para a erradicação de trabalho em condição análoga à
va MTP nº 2/202157: de escravo, estabeleceu um rol exemplificativo de indicadores de
Art. 23. Considera-se em condição análoga à de escravo o tra- submissão do trabalhador a trabalhos forçados, o qual pode ser de
balhador submetido, de forma isolada ou conjuntamente, a: grande valia ao candidato, notadamente em eventual questão dis-
I – Trabalho forçado; cursiva sobre o tema. Vejamos a seguir.
II – Jornada exaustiva;
III – Condição degradante de trabalho; 1 – São indicadores de submissão de trabalhador a trabalhos
IV – Restrição, por qualquer meio, de locomoção em razão de forçados:
dívida contraída com empregador ou preposto, no momento da - trabalhador vítima de tráfico de pessoas;
contratação ou no curso do contrato de trabalho; - arregimentação de trabalhador por meio de ameaça, fraude,
V – Retenção no local de trabalho em razão de: engano, coação ou outros artifícios que levem a vício de consenti-
a) cerceamento do uso de qualquer meio de transporte; mento, tais como falsas promessas no momento do recrutamento
b) manutenção de vigilância ostensiva; ou ou pagamento a pessoa que possui poder hierárquico ou de mando
c) apoderamento de documentos ou objetos pessoais. sobre o trabalhador;
- manutenção de trabalhador na prestação de serviços por
Observe-se que o caput do art. 23 da IN MTP nº 2/2021 escla- meio de ameaça, fraude, engano, coação ou outros artifícios que
rece que se considera trabalho realizado em condição análoga à de levem a vício de consentimento quanto a sua liberdade de dispor da
escravo o que resulte das situações mencionadas, quer em conjun- força de trabalho e de encerrar a relação de trabalho;
to, quer isoladamente. - manutenção de mão de obra de reserva recrutada sem ob-
Não obstante, infelizmente ainda é comum a resistência, mes- servação das prescrições legais cabíveis, através da divulgação de
mo no âmbito da Justiça do Trabalho, em aceitar a existência do promessas de emprego em localidade diversa da de prestação dos
trabalho escravo contemporâneo. Muitas vezes, mesmo diante de serviços;
notória precariedade das condições de trabalho a que são subme- - exploração da situação de vulnerabilidade de trabalhador
tidos os trabalhadores, nega-se o reconhecimento do trabalho em para inserir no contrato de trabalho, formal ou informalmente, con-
condições análogas às de escravo. dições ou cláusulas abusivas;
Na verdade, o trabalho em condições análogas à de escravo é - existência de trabalhador restrito ao local de trabalho ou de
reconhecido hoje em dia, a partir do momento em que há o des- alojamento, quando tal local situar-se em área isolada ou de difícil
respeito ao atributo maior do ser humano, que é a sua dignidade, acesso, não atendida regularmente por transporte público ou parti-
e que ocorre, do ponto de vista do trabalho humano, quando é ne- cular, ou em razão de barreiras como desconhecimento de idioma,
gado ao trabalhador um conjunto mínimo de direitos que a Organi- ou de usos e costumes, de ausência de documentos pessoais, de
zação Internacional do Trabalho convencionou denominar trabalho situação de vulnerabilidade social ou de não pagamento de remu-
decente, e que são dos Direitos Humanos específicos dos trabalha- neração;
dores”. - induzimento ou obrigação do trabalhador a assinar documen-
tos em branco, com informações inverídicas ou a respeito das quais
Caracterização do trabalho em condições análogas às de es- o trabalhador não tenha o entendimento devido;
cravo - induzimento do trabalhador a realizar jornada extraordinária
Sujeição do obreiro a trabalhos forçados acima do limite legal ou incompatível com sua capacidade psicofi-
A Convenção nº 29 da OIT, em seu art. 2º, define o trabalho siológica;
forçado como “todo trabalho ou serviço exigido de uma pessoa sob - estabelecimento de sistemas de remuneração que não propi-
a ameaça de sanção e para o qual não se tenha oferecido esponta- ciem ao trabalhador informações compreensíveis e idôneas sobre
neamente”. valores recebidos e descontados do salário;
Considera-se trabalho forçado aquele exigido sob ameaça de - estabelecimento de sistemas remuneratórios que, por ado-
sanção física ou psicológica e para o qual o trabalhador não tenha tarem valores irrisórios pelo tempo de trabalho ou por unidade
se oferecido ou no qual não deseje permanecer espontaneamente de produção, ou por transferirem ilegalmente os ônus e riscos da
(art. 24, I, da IN nº 2/202160). atividade econômica para o trabalhador, resultem no pagamento
Não importa, para a caracterização, em que momento o traba- de salário base inferior ao mínimo legal ou remuneração aquém da
lhador teve cerceada a sua liberdade de escolha, ou seja, pode o pactuada;
contrato ter se iniciado de forma espontânea, e posteriormente ter
se tornado forçado.
574
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
- exigência do cumprimento de metas de produção que indu- O ponto mais relevante das dificuldades com a elaboração das
zam o trabalhador a realizar jornada extraordinária acima do limite normas da OIT é o grau de flexibilidade que devem possuir, porque
legal ou incompatível com sua capacidade psicofisiológica; a sua redação deve se adaptar a diferentes países.
- manutenção do trabalhador confinado através de controle Com efeito, verifica-se que a grande maioria das normas ado-
dos meios de entrada e saída, de ameaça de sanção ou de explora- tadas pela Organização são formulados de modo a serem bastante
ção de vulnerabilidade; flexíveis para atender às necessidades de tradução ao idioma de
- pagamento de salários fora do prazo legal de forma não even- cada país e às respectivas práticas nacionais.
tual; Assim, é costume usar expressões genéricas, tipo medidas
- retenção parcial ou total do salário; apropriadas. Não se adota uma norma que obrigue os Estados a
- pagamento de salário condicionado ao término de execução fixação de determinado salário, mas apenas a implementar meca-
de serviços específicos com duração superior a trinta dias. nismos para fixar salários compatíveis com o seu desenvolvimento
e suas necessidades.
Sujeição do trabalhador a jornada exaustiva Também existem cláusula de flexibilidade, como são conheci-
É comum a constatação, notadamente em atividades remu- dos os dispositivos que permitem a fixação provisória de normais
neradas por produção, da submissão dos trabalhadores a jornadas mais brandas que as previstas, aplicar apenas alguns critérios do
absurdas, de 15 ou 16 horas diárias. Sem nenhuma dúvida este ce- tratado e excluir algum grupo de trabalhadores da aplicação de uma
nário caracteriza a jornada exaustiva a que alude o art. 149 do CPB. convenção.
Mas não é só. Nessa mesma linha, usa-se métodos alternativos para aplicar
O Ministério do Trabalho e Emprego considera exaustiva toda uma convenção. A Convenção 96, cuida de trabalho temporário e
forma de trabalho, de natureza física ou mental, que, por sua ex- consagra a supressão progressiva de agências de colocação.
tensão ou por sua intensidade, acarrete violação de direito funda- Como sabido, é reconhecida a dificuldade de se legislar inter-
mental do trabalhador, notadamente os relacionados à segurança, namente. Quando passamos para as relações internacionais, essa
saúde, descanso e convívio familiar e social. situação naturalmente se agrava. Assim, os instrumentos oriundos
da OIT se propõe ser normas duradouras, que possam se adaptar
CONVENÇÕES DA OIT: NATUREZA JURÍDICA, PROCESSO ao longo do tempo às diversas alterações que se processam na hu-
DE ELABORAÇÃO, RATIFICAÇÃO, DENÚNCIA, VIGÊNCIA, manidade.
APLICAÇÃO E REVISÃO Ademais, um dos grandes problemas da elaboração dos trata-
dos na OIT é a identificação dos direitos codificáveis, isto é, saber a
natureza dos direitos que podem ser objeto de normação interna-
Convenções da OIT cional. Assim, existem dois ângulos do exame. O primeiro refere à
Natureza Jurídica39 aplicabilidade imediata da norma, e aqui encontramos temas como
A Organização Internacional do Trabalho (OIT) é uma das mais proibição de trabalho forçado; liberdade sindical, que são assuntos
antigas organizações de Estados em regular funcionamento. Sua urgentes e que precisam de solução mais rápida, O segundo cuida
criação coincide com a da antiga Sociedade das Nações, já extinta, de normas programáticas, traçando planos gerais para os Estados-
e, desde 1919, vem prestando uma contribuição relevantíssima na -membros como a Convenção sobre política de emprego.
formação normativa do Direito internacional do Trabalho.
As Convenções possuem a natureza jurídica de tratados multi- Ratificação
laterais abertos, pois não se destinam à Estados-membros previa- Quanto à ratificação, os Estados-membros têm a responsabi-
mente determinados, mas sim à adesão de qualquer dos países que lidade de ratificar uma convenção através de uma declaração que
compõem a OIT, mesmo por aqueles que não tomaram parte nas é dirigida ao Diretor Geral da Repartição Internacional do Traba-
tratativas e debates iniciais que conduziram à sua aprovação. lho, onde, inclusive, expõem eventual clausula de flexibilidade que
Precisa ser ratificada e passar por toda a processualística de in- poderá ser aplicada. Celso de Albuquerque Mello entende que “a
corporação dos tratados, para que então ingresse no ordenamento ratificação passou a ser considerada a fase mais importante do pro-
jurídico interno de um país com status de fonte formal do direito. cesso de conclusão dos tratados” porque é o momento em que se
Se assim não for, ela terá natureza de fonte material, assim como as processará a internalização do documento, com a participação ativa
recomendações, que também são fontes materiais. dos Poderes Executivo e Legislativo dos Estados.
575
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
-de-obra humana, cuja denúncia brasileira está vigendo desde 14 A fiscalização do trabalho é oriunda de alguma denúncia fei-
de janeiro de 1973, valendo lembrar, no particular, que, logo em ta por um colaborador, juiz do trabalho ou pelo auditor fiscal. Essa
seguida, foi sancionada a Lei 6.109/1974, dispondo sobre trabalho denúncia é chamada de “notícia fato”. Algumas empresas têm o di-
temporário em nosso país. reito a dupla visita.
Fiscalização do trabalho ou fiscalização trabalhista é uma ins- O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe
peção pela qual qualquer empresa está sujeita. confere o art. 84, inciso IV, e considerando o disposto no art. 21,
A fiscalização do trabalho pode ser descrita como uma inspe- inciso XXIV, ambos da Constituição, na Lei nº 10.593, de 06 de de-
ção referente ao cumprimento da legislação trabalhista. zembro de 2002, e na Convenção 81 da Organização Internacional
Na fiscalização, os auditores do trabalho averiguam se a empre- do Trabalho, aprovada pelo Decreto Legislativo nº 24, de 29 de maio
sa está cumprindo com suas obrigações legais diante dos direitos de 1956, promulgada pelo Decreto nº 41.721, de 25 de junho de
dos seus colaboradores. O principal objetivo da fiscalização traba- 1957, e revigorada pelo Decreto nº 95.461, de 11 de dezembro de
lhista é combater a informalidade. 1987, bem como o disposto na Consolidação das Leis do Trabalho,
A fiscalização trabalhista é realizada pelos auditores fiscais do aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943,
Ministério do Trabalho e Previdência e do Ministério Público do DECRETA:
Trabalho. Estes órgãos são responsáveis por realizar a fiscalização
administrativa, isto é, extrajudicial. Art. 1º Fica aprovado o Regulamento da Inspeção do Trabalho,
Já o Ministério Público do Trabalho é o responsável por apre- que a este Decreto acompanha.
sentar ações civis públicas, como ajustes de conduta baseado em Art. 2º Este Decreto entra em vigor na data da sua publicação.
irregularidades que ainda podem ser corrigidas pela companhia.
576
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
Art. 3º Revogam-se os Decretos nºs 55.841, de 15 de março de I - organizar, coordenar, avaliar e controlar as atividades de au-
1965, 57.819, de 15 de fevereiro de 1966, 65.557, de 21 de outu- ditoria e as auxiliares da inspeção do trabalho.
bro de 1969, e 97.995, de 26 de julho de 1989. II - elaborar planejamento estratégico das ações da inspeção do
Brasília, 27 de dezembro de 2002; 181º da Independência e trabalho no âmbito de sua competência;
114º da República. III - proferir decisões em processo administrativo resultante de
ação de inspeção do trabalho; e
REGULAMENTO DA INSPEÇÃO DO TRABALHO IV - receber denúncias e, quando for o caso, formulá-las e enca-
minhá-las aos demais órgãos do poder público.
CAPÍTULO I §1o As autoridades de direção local e regional poderão empre-
DA FINALIDADE ender e supervisionar projetos consoante diretrizes emanadas da
autoridade nacional competente em matéria de inspeção do tra-
Art. 1o O Sistema Federal de Inspeção do Trabalho, a cargo do balho.
Ministério do Trabalho e Emprego, tem por finalidade assegurar, §2o Cabe à autoridade nacional competente em matéria de
em todo o território nacional, a aplicação das disposições legais, in- inspeção do trabalho elaborar e divulgar os relatórios previstos em
cluindo as convenções internacionais ratificadas, os atos e decisões convenções internacionais.
das autoridades competentes e as convenções, acordos e contratos Art. 8o O planejamento estratégico das ações de inspeção do
coletivos de trabalho, no que concerne à proteção dos trabalhado- trabalho será elaborado pelos órgãos competentes, considerando
res no exercício da atividade laboral. as propostas das respectivas unidades descentralizadas.
§1o O planejamento de que trata este artigo consistirá na des-
CAPÍTULO II crição das atividades a serem desenvolvidas nas unidades descen-
DA ORGANIZAÇÃO tralizadas, de acordo com as diretrizes fixadas pela autoridade na-
cional competente em matéria de inspeção do trabalho.
Art. 2o Compõem o Sistema Federal de Inspeção do Trabalho: §2o (Revogado pelo Decreto nº 4.870, de 330.10.2003)
I - autoridades de direção nacional, regional ou local: aquelas
indicadas em leis, regulamentos e demais atos atinentes à estrutura CAPÍTULO III
administrativa do Ministério do Trabalho e Emprego; DA INSPEÇÃO
II - Auditores-Fiscais do Trabalho; (Redação dada pelo Decreto
nº 4.870, de 30.10.2003) Art. 9o A inspeção do trabalho será promovida em todas as
III - Agentes de Higiene e Segurança do Trabalho, em funções empresas, estabelecimentos e locais de trabalho, públicos ou pri-
auxiliares de inspeção do trabalho. vados, estendendo-se aos profissionais liberais e instituições sem
Art. 3o Os Auditores-Fiscais do Trabalho são subordinados tec- fins lucrativos, bem como às embarcações estrangeiras em águas
nicamente à autoridade nacional competente em matéria de inspe- territoriais brasileiras.
ção do trabalho. Art. 10. Ao Auditor-Fiscal do Trabalho será fornecida Carteira
Art. 4o Para fins de inspeção, o território de cada unidade fede- de Identidade Fiscal (CIF), que servirá como credencial privativa,
rativa será dividido em circunscrições, e fixadas as correspondentes com renovação qüinqüenal.
sedes. §1o Além da credencial aludida no caput, será fornecida cre-
Parágrafo único. As circunscrições que tiverem dois ou mais dencial transcrita na língua inglesa ao Auditor-Fiscal do Trabalho,
Auditores-Fiscais do Trabalho poderão ser divididas em áreas de que tenha por atribuição inspecionar embarcações de bandeira es-
inspeção delimitadas por critérios geográficos. trangeira.
Art. 5o A distribuição dos Auditores-Fiscais do Trabalho pelas §2o A autoridade nacional competente em matéria de inspe-
diferentes áreas de inspeção da mesma circunscrição obedecerá ao ção do trabalho fará publicar, no Diário Oficial da União, relação no-
sistema de rodízio, efetuado em sorteio público, vedada a recondu- minal dos portadores de Carteiras de Identidade Fiscal, com nome,
ção para a mesma área no período seguinte. número de matrícula e órgão de lotação.
§1o Os Auditores-Fiscais do Trabalho permanecerão nas dife- §3o É proibida a outorga de identidade fiscal a quem não seja
rentes áreas de inspeção pelo prazo máximo de doze meses. integrante da Carreira Auditoria-Fiscal do Trabalho.
§2o É facultado à autoridade de direção regional estabelecer Art. 11. A credencial a que se refere o art. 10 deverá ser devol-
programas especiais de fiscalização que contemplem critérios di- vida para inutilização, sob pena de responsabilidade administrativa,
versos dos estabelecidos neste artigo, desde que aprovados pela nos seguintes casos:
autoridade nacional competente em matéria de inspeção do tra- I - posse em outro cargo público efetivo inacumulável;
balho. II - posse em cargo comissionado de quadro diverso do Ministé-
Art. 6º Atendendo às peculiaridades ou circunstâncias locais rio do Trabalho e Emprego;
ou, ainda, a programas especiais de fiscalização, poderá a autori- III - exoneração ou demissão do cargo de Auditor-Fiscal do Tra-
dade nacional competente em matéria de inspeção do trabalho balho;
alterar os critérios fixados nos arts. 4º e 5º para estabelecer a fis- IV - aposentadoria; ou
calização móvel, independentemente de circunscrição ou áreas de V - afastamento ou licenciamento por prazo superior a seis me-
inspeção, definindo as normas para sua realização. (Redação dada ses.
pelo Decreto nº 4.870, de 30.10.2003) Art. 12. A exibição da credencial é obrigatória no momento da
Art 7o Compete às autoridades de direção do Sistema Federal inspeção, salvo quando o Auditor-Fiscal do Trabalho julgar que tal
de Inspeção do Trabalho: identificação prejudicará a eficácia da fiscalização, hipótese em que
deverá fazê-lo após a verificação física.
577
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
Parágrafo único. O Auditor-Fiscal somente poderá exigir a exibi- IX - averiguar e analisar situações com risco potencial de gerar
ção de documentos após a apresentação da credencial. doenças ocupacionais e acidentes do trabalho, determinando as
Art. 13. O Auditor-Fiscal do Trabalho, munido de credencial, medidas preventivas necessárias;
tem o direito de ingressar, livremente, sem prévio aviso e em qual- X - notificar as pessoas sujeitas à inspeção do trabalho para o
quer dia e horário, em todos os locais de trabalho mencionados no cumprimento de obrigações ou a correção de irregularidades e ado-
art. 9o. ção de medidas que eliminem os riscos para a saúde e segurança
Art. 14. Os empregadores, tomadores e intermediadores de dos trabalhadores, nas instalações ou métodos de trabalho;
serviços, empresas, instituições, associações, órgãos e entidades de XI - quando constatado grave e iminente risco para a saúde ou
qualquer natureza ou finalidade são sujeitos à inspeção do traba- segurança dos trabalhadores, expedir a notificação a que se refere
lho e ficam, pessoalmente ou por seus prepostos ou representantes o inciso X deste artigo, determinando a adoção de medidas de ime-
legais, obrigados a franquear, aos Auditores-Fiscais do Trabalho, o diata aplicação;
acesso aos estabelecimentos, respectivas dependências e locais de XII - coletar materiais e substâncias nos locais de trabalho para
trabalho, bem como exibir os documentos e materiais solicitados fins de análise, bem como apreender equipamentos e outros itens
para fins de inspeção do trabalho. relacionados com a segurança e saúde no trabalho, lavrando o res-
Art. 15. As inspeções, sempre que necessário, serão efetuadas pectivo termo de apreensão;
de forma imprevista, cercadas de todas as cautelas, na época e ho- XIII - propor a interdição de estabelecimento, setor de serviço,
rários mais apropriados a sua eficácia. máquina ou equipamento, ou o embargo de obra, total ou parcial,
Art. 16. As determinações para o cumprimento de ação fiscal quando constatar situação de grave e iminente risco à saúde ou à
deverão ser comunicadas por escrito, por meio de ordens de ser- integridade física do trabalhador, por meio de emissão de laudo
viço. técnico que indique a situação de risco verificada e especifique as
Parágrafo único. As ordens de serviço poderão prever a realiza- medidas corretivas que deverão ser adotadas pelas pessoas sujeitas
ção de inspeções por grupos de Auditores-Fiscais do Trabalho. à inspeção do trabalho, comunicando o fato de imediato à autori-
Art. 17. Os órgãos da administração pública direta ou indireta e dade competente;
as empresas concessionárias ou permissionárias de serviços públi- XIV - analisar e investigar as causas dos acidentes do trabalho
cos ficam obrigadas a proporcionar efetiva cooperação aos Audito- e das doenças ocupacionais, bem como as situações com potencial
res-Fiscais do Trabalho. para gerar tais eventos;
Art. 18. Compete aos Auditores-Fiscais do Trabalho, em todo o XV - realizar auditorias e perícias e emitir laudos, pareceres e
território nacional: relatórios; (Redação dada pelo Decreto nº 4.870, de 30.10.2003)
I - verificar o cumprimento das disposições legais e regulamen- XVI - solicitar, quando necessário ao desempenho de suas fun-
tares, inclusive as relacionadas à segurança e à saúde no trabalho, ções, o auxílio da autoridade policial;
no âmbito das relações de trabalho e de emprego, em especial: XVII - lavrar termo de compromisso decorrente de procedimen-
a) os registros em Carteira de Trabalho e Previdência Social to especial de inspeção;
(CTPS), visando à redução dos índices de informalidade; XVIII - lavrar autos de infração por inobservância de disposições
b) o recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço legais;
(FGTS), objetivando maximizar os índices de arrecadação; XIX - analisar processos administrativos de auto de infração,
c) o cumprimento de acordos, convenções e contratos coletivos notificações de débitos ou outros que lhes forem distribuídos;
de trabalho celebrados entre empregados e empregadores; e XX - devolver, devidamente informados os processos e demais
d) o cumprimento dos acordos, tratados e convenções interna- documentos que lhes forem distribuídos, nos prazos e formas pre-
cionais ratificados pelo Brasil; vistos em instruções expedidas pela autoridade nacional competen-
II - ministrar orientações e dar informações e conselhos técni- te em matéria de inspeção do trabalho;
cos aos trabalhadores e às pessoas sujeitas à inspeção do trabalho, XXI - elaborar relatórios de suas atividades, nos prazos e formas
atendidos os critérios administrativos de oportunidade e conveni- previstos em instruções expedidas pela autoridade nacional com-
ência; petente em matéria de inspeção do trabalho;
III - interrogar as pessoas sujeitas à inspeção do trabalho, seus XXII - levar ao conhecimento da autoridade competente, por
prepostos ou representantes legais, bem como trabalhadores, so- escrito, as deficiências ou abusos que não estejam especificamente
bre qualquer matéria relativa à aplicação das disposições legais e compreendidos nas disposições legais;
exigir-lhes documento de identificação; XXIII - atuar em conformidade com as prioridades estabeleci-
IV - expedir notificação para apresentação de documentos; das pelos planejamentos nacional e regional, nas respectivas áreas
V - examinar e extrair dados e cópias de livros, arquivos e ou- de especialização;
tros documentos, que entenda necessários ao exercício de suas XXIII -atuar em conformidade com as prioridades estabelecidas
atribuições legais, inclusive quando mantidos em meio magnético pelos planejamentos nacional e regional. (Redação dada pelo De-
ou eletrônico; creto nº 4.870, de 30.10.2003)
VI - proceder a levantamento e notificação de débitos; §1o (Revogado pelo Decreto nº 4.870, de 330.10.2003)
VII - apreender, mediante termo, materiais, livros, papéis, ar- §2o Aos Auditores-Fiscais do Trabalho serão ministrados regu-
quivos e documentos, inclusive quando mantidos em meio magné- larmente cursos necessários à sua formação, aperfeiçoamento e
tico ou eletrônico, que constituam prova material de infração, ou, especialização, observadas as peculiaridades regionais, conforme
ainda, para exame ou instrução de processos; instruções do Ministério do Trabalho e Emprego, expedidas pela au-
VIII - inspecionar os locais de trabalho, o funcionamento de má- toridade nacional competente em matéria de inspeção do trabalho.
quinas e a utilização de equipamentos e instalações; Art. 19. É vedado às autoridades de direção do Ministério do
Trabalho e Emprego:
578
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
I - conferir aos Auditores-Fiscais do Trabalho encargos ou fun- Parágrafo único. O auto de infração não terá seu valor proban-
ções diversas das que lhes são próprias, salvo se para o desempenho te condicionado à assinatura do infrator ou de testemunhas e será
de cargos de direção, de funções de chefia ou de assessoramento; lavrado no local da inspeção, salvo havendo motivo justificado que
II - interferir no exercício das funções de inspeção do trabalho será declarado no próprio auto, quando então deverá ser lavrado
ou prejudicar, de qualquer maneira, sua imparcialidade ou a autori- no prazo de vinte e quatro horas, sob pena de responsabilidade.
dade do Auditor-Fiscal do Trabalho; e Art. 25. As notificações de débitos e outras decorrentes da ação
III - conferir qualquer atribuição de inspeção do trabalho a ser- fiscal poderão ser lavradas, a critério do Auditor-Fiscal do Trabalho,
vidor que não pertença ao Sistema Federal de Inspeção do Trabalho. no local que oferecer melhores condições.
Art. 20. A obrigação do Auditor-Fiscal do Trabalho de inspecio- Art. 26. Aqueles que violarem as disposições legais ou regu-
nar os estabelecimentos e locais de trabalho situados na área de lamentares, objeto da inspeção do trabalho, ou se mostrarem ne-
inspeção que lhe compete, em virtude do rodízio de que trata o art. gligentes na sua aplicação, deixando de atender às advertências,
6o, §1o, não o exime do dever de, sempre que verificar, em qual- notificações ou sanções da autoridade competente, poderão sofrer
quer estabelecimento, a existência de violação a disposições legais, reiterada ação fiscal.
comunicar o fato, imediatamente, à autoridade competente. Parágrafo único. O reiterado descumprimento das disposições
Parágrafo único. Nos casos de grave e iminente risco à saúde legais, comprovado mediante relatório emitido pelo Auditor-Fiscal
e segurança dos trabalhadores, o Auditor-Fiscal do Trabalho atuará do Trabalho, ensejará por parte da autoridade regional a denúncia
independentemente de sua área de inspeção. do fato, de imediato, ao Ministério Público do Trabalho.
Art. 21. Caberá ao órgão regional do Ministério do Trabalho e
Emprego promover a investigação das causas de acidentes ou do- CAPÍTULO IV
enças relacionadas ao trabalho, determinando as medidas de pro- DO PROCEDIMENTO ESPECIAL PARA A AÇÃO FISCAL
teção necessárias.
Art. 22. O Auditor-Fiscal do Trabalho poderá solicitar o con- Art. 27. Considera-se procedimento especial para a ação fiscal
curso de especialistas e técnicos devidamente qualificados, assim aquele que objetiva a orientação sobre o cumprimento das leis de
como recorrer a laboratórios técnico-científicos governamentais ou proteção ao trabalho, bem como a prevenção e o saneamento de
credenciados, a fim de assegurar a aplicação das disposições legais infrações à legislação.
e regulamentares relativas à segurança e saúde no trabalho. Art. 28. O procedimento especial para a ação fiscal poderá ser
Art. 23. Os Auditores-Fiscais do Trabalho têm o dever de orien- instaurado pelo Auditor-Fiscal do Trabalho quando concluir pela
tar e advertir as pessoas sujeitas à inspeção do trabalho e os traba- ocorrência de motivo grave ou relevante que impossibilite ou difi-
lhadores quanto ao cumprimento da legislação trabalhista, e obser- culte o cumprimento da legislação trabalhista por pessoas ou setor
varão o critério da dupla visita nos seguintes casos: econômico sujeito à inspeção do trabalho, com a anuência da chefia
I - quando ocorrer promulgação ou expedição de novas leis, imediata.
regulamentos ou instruções ministeriais, sendo que, com relação §1o O procedimento especial para a ação fiscal iniciará com a
exclusivamente a esses atos, será feita apenas a instrução dos res- notificação, pela chefia da fiscalização, para comparecimento das
ponsáveis; pessoas sujeitas à inspeção do trabalho, à sede da unidade descen-
II - quando se tratar de primeira inspeção nos estabelecimentos tralizada do Ministério do Trabalho e Emprego.
ou locais de trabalho recentemente inaugurados ou empreendidos; §2o A notificação deverá explicitar os motivos ensejadores da
III - quando se tratar de estabelecimento ou local de trabalho instauração do procedimento especial.
com até dez trabalhadores, salvo quando for constatada infração §3o O procedimento especial para a ação fiscal destinado à
por falta de registro de empregado ou de anotação da CTPS, bem prevenção ou saneamento de infrações à legislação poderá resultar
como na ocorrência de reincidência, fraude, resistência ouembara- na lavratura de termo de compromisso que estipule as obrigações
ço à fiscalização; e assumidas pelo compromissado e os prazos para seu cumprimento.
IV - quando se tratar de microempresa e empresa de pequeno §4o Durante o prazo fixado no termo, o compromissado poderá
porte, na forma da lei específica. ser fiscalizado para verificação de seu cumprimento, sem prejuízo
§1o A autuação pelas infrações não dependerá da dupla visita da ação fiscal em atributos não contemplados no referido termo.
após o decurso do prazo de noventa dias da vigência das disposi- §5o Quando o procedimento especial para a ação fiscal for
ções a que se refere o inciso I ou do efetivo funcionamento do novo frustrado pelo não-atendimento da convocação, pela recusa de fir-
estabelecimento ou local de trabalho a que se refere o inciso II. mar termo de compromisso ou pelo descumprimento de qualquer
§2o Após obedecido o disposto no inciso III, não será mais ob- cláusula compromissada, serão lavrados, de imediato, os respecti-
servado o critério de dupla visita em relação ao dispositivo infrin- vos autos de infração, e poderá ser encaminhando relatório circuns-
gido. tanciado ao Ministério Público do Trabalho.
§3o A dupla visita será formalizada em notificação, que fixa- §6o Não se aplica o procedimento especial de saneamento às
rá prazo para a visita seguinte, na forma das instruções expedidas situações de grave e iminente risco à saúde ou à integridade física
pela autoridade nacional competente em matéria de inspeção do do trabalhador.
trabalho. Art. 29. A chefia de fiscalização poderá, na forma de instruções
Art. 24. A toda verificação em que o Auditor-Fiscal do Trabalho expedidas pela autoridade nacional competente em matéria de ins-
concluir pela existência de violação de preceito legal deve corres- peção do trabalho, instaurar o procedimento especial sempre que
ponder, sob pena de responsabilidade, a lavratura de auto de infra- identificar a ocorrência de:
ção, ressalvado o disposto no art. 23 e na hipótese de instauração I - motivo grave ou relevante que impossibilite ou dificulte o
de procedimento especial de fiscalização. cumprimento da legislação trabalhista pelo tomador ou interme-
diador de serviços;
579
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
II - situação reiteradamente irregular em setor econômico. XV - prestação de informações e orientações em plantões fis-
Parágrafo único. Quando houver ação fiscal em andamento, o cais na área de sua competência.
procedimento especial de fiscalização deverá observar as instru- §1o As atividades externas de que trata este artigo somente
ções expedidas pela autoridade nacional competente em matéria poderão ser exercidas mediante ordem de serviço expedida pela
de inspeção do trabalho. chefia de fiscalização.
Art. 30. Poderão ser estabelecidos procedimentos de fiscaliza- §2o Para o desempenho das atribuições previstas neste artigo,
ção indireta, mista, ou outras que venham a ser definidas em instru- será fornecida aos Agentes de Higiene e Segurança do Trabalho cre-
ções expedidas pela autoridade nacional competente em matéria dencial específica que lhes possibilite o livre acesso aos estabeleci-
de inspeção do trabalho. mentos e locais de trabalho.
§1o Considera-se fiscalização indireta aquela realizada por Art. 32. Aos Agentes de Higiene e Segurança do Trabalho pode-
meio de sistema de notificações para apresentação de documentos rão ser ministrados cursos necessários à sua formação, aperfeiço-
nas unidades descentralizadas do Ministério do Trabalho e Empre- amento e especialização, conforme instruções a serem expedidas
go. pelo Ministério do Trabalho e Emprego, expedidas pela autoridade
§2o Poderá ser adotada fiscalização indireta: nacional competente em matéria de inspeção do trabalho.
I - na execução de programa especial para a ação fiscal; ou
II - quando o objeto da fiscalização não importar necessaria- CAPÍTULO VI
mente em inspeção no local de trabalho. DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
§3o Considera-se fiscalização mista aquela iniciada com a visita
ao local de trabalho e desenvolvida mediante notificação para apre- Art. 33. Os Auditores-Fiscais do Trabalho poderão participar de
sentação de documentos nas unidades descentralizadas do Minis- atividades de coordenação, planejamento, análise de processos e
tério do Trabalho e Emprego. de desenvolvimento de programas especiais e de outras atividades
internas e externas relacionadas com a inspeção do trabalho, na
CAPÍTULO V forma das instruções expedidas pela autoridade nacional compe-
DAS ATIVIDADES AUXILIARES À INSPEÇÃO DO TRABALHO tente em matéria de inspeção do trabalho.
Art. 34. As empresas de transportes de qualquer natureza, in-
Art. 31. São atividades auxiliares de apoio operacional à ins- clusive as exploradas pela União, Distrito Federal, Estados e Muni-
peção do trabalho, a cargo dos Agentes de Higiene e Segurança do cípios, bem como as concessionárias de rodovias que cobram pe-
Trabalho: dágio para o trânsito concederão passe livre aos Auditores-Fiscais
I - levantamento técnico das condições de segurança nos locais do Trabalho e aos Agentes de Higiene e Segurança do Trabalho, no
de trabalho, com vistas à investigação de acidentes do trabalho; território nacional em conformidade com o disposto no art. 630,
II - levantamento de dados para fins de cálculo dos coeficientes §5o, da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), mediante a apre-
de freqüência e gravidade dos acidentes; sentação da Carteira de Identidade Fiscal.
III - avaliação qualitativa ou quantitativa de riscos ambientais; Parágrafo único. O passe livre a que se refere este artigo abran-
IV - levantamento e análise das condições de risco nas pessoas ge a travessia realizada em veículos de transporte aquaviário.
sujeitas à inspeção do trabalho; Art. 35. É vedado aos Auditores-Fiscais do Trabalho e aos Agen-
V - auxílio à realização de perícias técnicas para caracterização tes de Higiene e Segurança do Trabalho:
de insalubridade ou de periculosidade; I - revelar, sob pena de responsabilidade, mesmo na hipótese
VI - comunicação, de imediato e por escrito, à autoridade com- de afastamento do cargo, os segredos de fabricação ou comércio,
petente de qualquer situação de risco grave e iminente à saúde ou bem como os processos de exploração de que tenham tido conhe-
à integridade física dos trabalhadores; cimento no exercício de suas funções;
VII - participação em estudos e análises sobre as causas de aci- II - revelar informações obtidas em decorrência do exercício
dentes do trabalho e de doenças profissionais; das suas competências;
VIII - colaboração na elaboração de recomendações sobre se- III - revelar as fontes de informações, reclamações ou denún-
gurança e saúde no trabalho; cias; e
IX - acompanhamento das ações de prevenção desenvolvidas IV - inspecionar os locais em que tenham qualquer interesse
pela unidade descentralizada do Ministério do Trabalho e Emprego; direto ou indireto, caso em que deverão declarar o impedimento.
X - orientação às pessoas sujeitas à inspeção do trabalho sobre Parágrafo único. Os Auditores Fiscais do Trabalho e os Agentes
instalação e funcionamento das Comissões Internas de Prevenção de Higiene e Segurança do Trabalho responderão civil, penal e ad-
de Acidentes (CIPA) e dimensionamento dos Serviços Especializados ministrativamente pela infração ao disposto neste artigo.
em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT); Art. 36. Configura falta grave o fornecimento ou a requisição de
XI - prestação de assistência às CIPA; Carteira de Identidade Fiscal para qualquer pessoa não integrante
XII - participação nas reuniões das CIPA das pessoas sujeitas à do Sistema Federal de Inspeção do Trabalho.
inspeção do trabalho, como representantes da unidade descentrali- Parágrafo único. É considerado igualmente falta grave o uso da
zada do Ministério do Trabalho e Emprego; Carteira de Identidade Fiscal para fins outros que não os da fiscali-
XIII - devolução dos processos e demais documentos que lhes zação.
forem distribuídos, devidamente informados, nos prazos assinala- Art. 37. Em toda unidade descentralizada do Ministério do Tra-
dos; balho e Emprego em que houver Auditores-Fiscais do Trabalho de-
XIV - elaboração de relatório mensal de suas atividades, nas verá ser reservada uma sala para o uso exclusivo desses servidores.
condições e nos prazos fixados pela autoridade nacional em maté-
ria de inspeção do trabalho; e
580
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
Art. 38. A autoridade nacional competente em matéria de ins- §1º Para os fins desta Lei, progressão funcional é a passagem
peção do trabalho expedirá as instruções necessárias à execução do servidor para o padrão de vencimento imediatamente superior
deste Regulamento. dentro de uma mesma classe, e promoção, a passagem do servidor
do último padrão de uma classe para o primeiro da classe imedia-
LEI Nº 10.593/2002 E ALTERAÇÕES E REGULAMENTO DA tamente superior.
INSPEÇÃO DO TRABALHO §2º A progressão funcional e a promoção observarão requisitos
e condições fixados em regulamento.
§3o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.464, de2017)
LEI Nº 10.593, DE 6 DE DEZEMBRO DE 2002. §4o Os critérios e procedimentos específicos para o desenvol-
vimento nos cargos das carreiras Tributária e Aduaneira da Receita
Dispõe sobre a reestruturação da Carreira Auditoria do Tesouro Federal do Brasil e de Auditoria-Fiscal do Trabalho serão regulamen-
Nacional, que passa a denominar-se Carreira Auditoria da Receita tados por ato do Poder Executivo federal, observados os seguintes
Federal - ARF, e sobre a organização da Carreira Auditoria-Fiscal da requisitos: (Incluído pela Lei nº 13.464, de 2017) (Regulamento)
Previdência Social e da Carreira Auditoria-Fiscal do Trabalho, e dá I - para fins de progressão funcional: (Incluído pela Lei nº
outras providências. 13.464, de 2017)
a) cumprir o interstício de 12 (doze) meses de efetivo exercício
Faço saber que o Congresso Nacional decretou, o PRESIDEN- em cada padrão; (Incluído pela Lei nº 13.464, de 2017)
TE DA REPÚBLICA, nos termos dos §3º do art. 66 da Constituição b) atingir percentual mínimo na avaliação de desempenho indi-
sancionou, e eu, Ramez Tebet, Presidente do Senado Federal, nos vidual, nos termos de ato do Poder Executivo federal; (Incluído pela
termos do §7º do mesmo artigo, promulgo a seguinte Lei nº 13.464, de 2017)
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a reestruturação da Carreira Audi- II - para fins de promoção: (Incluído pela Lei nº 13.464, de 2017)
toria do Tesouro Nacional, de que trata o Decreto-Lei no 2.225, de a) cumprir o interstício de 12 (doze) meses de efetivo exercício
10 de janeiro de 1985, que passa a denominar-se Carreira Auditoria no último padrão de cada classe; (Incluído pela Lei nº 13.464, de
da Receita Federal - ARF, e sobre a organização da Carreira Audi- 2017)
toria-Fiscal da Previdência Social e da Carreira Auditoria-Fiscal do b) atingir percentual mínimo na avaliação de desempenho indi-
Trabalho. (Vide Medida Provisória nº 258, de 2005) vidual realizada no último padrão da classe, nos termos do regula-
Art. 2º (Revogado pela Lei nº 10.910, de 2004) mento; (Incluído pela Lei nº 13.464, de 2017)
Art. 3o O ingresso nos cargos das Carreiras disciplinadas nesta c) acumular pontuação mínima mediante participação em cur-
Lei far-se-á no primeiro padrão da classe inicial da respectiva ta- sos de aperfeiçoamento e especialização e comprovar experiência
bela de vencimentos, mediante concurso público de provas ou de profissional e acadêmica em temas relacionados às atribuições do
provas e títulos, exigindo-se curso superior em nível de graduação cargo, nos termos do regulamento. (Incluído pela Lei nº 13.464, de
concluído ou habilitação legal equivalente. (Redação dada pela Lei 2017)
nº 11.457, de 2007) (Vigência) §5o O ato de que trata o §4o deste artigo poderá prever re-
§1º O concurso referido no caput poderá ser realizado por áre- gras de transição necessárias para a progressão e a promoção nas
as de especialização. carreiras Tributária e Aduaneira da Receita Federal do Brasil e de
§2º Para investidura no cargo de Auditor-Fiscal do Trabalho, nas Auditoria-Fiscal do Trabalho. (Incluído pela Lei nº 13.464, de 2017)
áreas de especialização em segurança e medicina do trabalho, será §6o Não haverá progressão funcional ou promoção dos ser-
exigida a comprovação da respectiva capacitação profissional, em vidores das carreiras Tributária e Aduaneira da Receita Federal do
nível de pós-graduação, oficialmente reconhecida. Brasil e de Auditoria-Fiscal do Trabalho durante o período de está-
§3º Sem prejuízo dos requisitos estabelecidos neste artigo, o gio probatório. (Incluído pela Lei nº 13.464, de 2017)
ingresso nos cargos de que trata o caput deste artigo depende da Art. 5º Fica criada a Carreira de Auditoria da Receita Federal do
inexistência de: (Incluído pela Lei nº 11.457, de 2007) (Vigência) Brasil, composta pelos cargos de nível superior de Auditor-Fiscal da
I - registro de antecedentes criminais decorrentes de decisão Receita Federal do Brasil e de Analista-Tributário da Receita Fede-
condenatória transitada em julgado de crime cuja descrição envol- ral do Brasil. (Redação dada pela Lei nº 11.457, de 2007) (Vigência)
va a prática de ato de improbidade administrativa ou incompatível (Vide Medida Provisória nº 765, de 2016) (Vide Lei nº 13.464, de
com a idoneidade exigida para o exercício do cargo; 2017) (Vide ADIN 5391)
II - punição em processo disciplinar por ato de improbidade Parágrafo único. (Revogado pela Lei nº 11.457, de 2007) Vigên-
administrativa mediante decisão de que não caiba recurso hierár- cia
quico. Art. 6º São atribuições dos ocupantes do cargo de Auditor-Fis-
§4o Para fins de investidura nos cargos das carreiras Tributá- cal da Receita Federal do Brasil: (Redação dada pela Lei nº 11.457,
ria e Aduaneira da Receita Federal do Brasil e de Auditoria-Fiscal de 2007) (Vigência)
do Trabalho, o concurso público será realizado em 2 (duas) etapas, I - no exercício da competência da Secretaria da Receita Federal
sendo a segunda constituída de curso de formação, de caráter eli- do Brasil e em caráter privativo: (Redação dada pela Lei nº 11.457,
minatório e classificatório ou somente eliminatório. (Incluído pela de 2007) (Vigência)
Lei nº 13.464, de2017) a) constituir, mediante lançamento, o crédito tributário e de
Art. 4º O desenvolvimento do servidor nas carreiras de que contribuições; (Redação dada pela Lei nº 11.457, de 2007) (Vigên-
trata esta Lei ocorrerá mediante progressão funcional e promoção. cia)
581
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
b) elaborar e proferir decisões ou delas participar em processo §2º (Revogado pela Lei nº 11.890, de 2008)
administrativo-fiscal, bem como em processos de consulta, restitui- Art. 9º A Carreira Auditoria-Fiscal do Trabalho será composta
ção ou compensação de tributos e contribuições e de reconheci- de cargos de Auditor-Fiscal do Trabalho.
mento de benefícios fiscais; (Redação dada pela Lei nº 11.457, de §1º É de 40 (quarenta) horas semanais a jornada de trabalho
2007) (Vigência) dos integrantes da Carreira Auditoria-Fiscal do Trabalho, não se lhes
c) executar procedimentos de fiscalização, praticando os atos aplicando a jornada de trabalho a que se refere o art. 1o,, caput e
definidos na legislação específica, inclusive os relacionados com o §2o, da Lei no 9.436, de 5 de fevereiro de 1997, e não mais se admi-
controle aduaneiro, apreensão de mercadorias, livros, documentos, tindo a percepção de 2 (dois) vencimentos básicos
materiais, equipamentos e assemelhados; (Redação dada pela Lei §2º Os atuais ocupantes do cargo de Médico do Trabalho que
nº 11.457, de 2007) (Vigência) optarem por permanecer na situação atual deverão fazê-lo, de for-
d) examinar a contabilidade de sociedades empresariais, em- ma irretratável, até 30 de setembro de 1999, ficando, neste caso,
presários, órgãos, entidades, fundos e demais contribuintes, não se em quadro em extinção.
lhes aplicando as restrições previstas nos arts. 1.190 a 1.192 do Có- Art. 10. São transformados em cargo de Auditor-Fiscal do Tra-
digo Civil e observado o disposto no art. 1.193 do mesmo diploma balho, na Carreira Auditoria-Fiscal do Trabalho, os seguintes cargos
legal; (Redação dada pela Lei nº 11.457, de 2007) (Vigência) efetivos do quadro permanente do Ministério do Trabalho e Em-
e) proceder à orientação do sujeito passivo no tocante à inter- prego:
pretação da legislação tributária; (Redação dada pela Lei nº 11.457, I - Fiscal do Trabalho;
de 2007) (Vigência) II - Assistente Social, encarregado da fiscalização do trabalho da
f) supervisionar as demais atividades de orientação ao contri- mulher e do menor;
buinte; (Incluída pela Lei nº 11.457, de 2007) (Vigência) III - Engenheiros e Arquitetos, com a especialização prevista na
II - em caráter geral, exercer as demais atividades inerentes à Lei no 7.410, de 27 de novembro de 1985, encarregados da fiscali-
competência da Secretaria da Receita Federal do Brasil. (Redação zação da segurança no trabalho;
dada pela Lei nº 11.457, de 2007) (Vigência) IV - Médico do Trabalho, encarregado da fiscalização das condi-
§1o O Poder Executivo poderá cometer o exercício de ativida- ções de salubridade do ambiente do trabalho.
des abrangidas pelo inciso II do caput deste artigo em caráter priva- Art. 11. Os ocupantes do cargo de Auditor-Fiscal do Trabalho
tivo ao Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil. (Redação dada têm por atribuições assegurar, em todo o território nacional:
pela Lei nº 11.457, de 2007) (Vigência) I - o cumprimento de disposições legais e regulamentares, in-
§2o Incumbe ao Analista-Tributário da Receita Federal do Bra- clusive as relacionadas à segurança e à medicina do trabalho, no
sil, resguardadas as atribuições privativas referidas no inciso I do âmbito das relações de trabalho e de emprego;
caput e no §1o deste artigo: (Redação dada pela Lei nº 11.457, de II - a verificação dos registros em Carteira de Trabalho e Pre-
2007) (Vigência) vidência Social - CTPS, visando a redução dos índices de informa-
I - exercer atividades de natureza técnica, acessórias ou prepa- lidade;
ratórias ao exercício das atribuições privativas dos Auditores-Fiscais III - a verificação do recolhimento do Fundo de Garantia do
da Receita Federal do Brasil; (Incluído pela Lei nº 11.457, de 2007) Tempo de Serviço - FGTS, objetivando maximizar os índices de ar-
(Vigência) recadação;
II - atuar no exame de matérias e processos administrativos, III - a verificação do recolhimento e a constituição e o lança-
ressalvado o disposto na alínea b do inciso I do caput deste artigo; mento dos créditos referentes ao Fundo de Garantia do Tempo de
(Incluído pela Lei nº 11.457, de 2007) (Vigência) Serviço (FGTS) e à contribuição social de que trata o art. 1o da Lei
III - exercer, em caráter geral e concorrente, as demais ativida- Complementar no 110, de 29 de junho de 2001, objetivando ma-
des inerentes às competências da Secretaria da Receita Federal do ximizar os índices de arrecadação; (Incluído pela Lei nº 13.464, de
Brasil. (Incluído pela Lei nº 11.457, de 2007) 2017)
§3o Observado o disposto neste artigo, o Poder Executivo re- IV - o cumprimento de acordos, convenções e contratos cole-
gulamentará as atribuições dos cargos de Auditor-Fiscal da Receita tivos de trabalho celebrados entre empregados e empregadores;
Federal do Brasil e Analista-Tributário da Receita Federal do Brasil. V - o respeito aos acordos, tratados e convenções internacio-
(Redação dada pela Lei nº 11.457, de 2007) (Vigência) (Regulamen- nais dos quais o Brasil seja signatário;
to) VI - a lavratura de auto de apreensão e guarda de documentos,
§4o (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.457, de 2007) (Vigência) materiais, livros e assemelhados, para verificação da existência de
Art. 7º (Revogado pela Lei nº 11.890, de 2008) fraude e irregularidades, bem como o exame da contabilidade das
Art. 8º (Revogado pela Lei nº 11.890, de 2008) empresas, não se lhes aplicando o disposto nos arts. 17 e 18 do
I - (Revogado pela medida provisória nº 440, de 2008) Código Comercial.
a) (Revogado pela medida provisória nº 440, de 2008) VII - a verificação do recolhimento e a constituição e o lança-
b) (Revogado pela Lei nº 11.890, de 2008) mento dos créditos decorrentes da cota-parte da contribuição sin-
c) (Revogado pela Lei nº 11.890, de 2008) dical urbana e rural. (Incluído pela Lei nº 13.464, de 2017)
d) (Revogado pela Lei nº 11.890, de 2008) §1º. O Poder Executivo regulamentará as atribuições privativas
e) (Vide Medida Provisória nº 258, de 2005) previstas neste artigo, podendo cometer aos ocupantes do cargo de
f) (Revogado pela Lei nº 11.890, de 2008) Auditor-Fiscal do Trabalho outras atribuições, desde que compatí-
g) (Revogado pela Lei nº 11.890, de 2008) veis com atividades de auditoria e fiscalização. (Redação dada pela
h) (Revogado pela Lei nº 11.890, de 2008) Lei nº 13.464)
II - (Revogado pela Lei nº 11.890, de 2008) Remuneração das Carreiras Vigente a Partir de 30 de Junho de
§1º (Revogado pela Lei nº 11.890, de 2008) 1999
582
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
§2o Os ocupantes do cargo de Auditor-Fiscal do Trabalho, no §3º Constatada a redução de remuneração decorrente da
exercício das atribuições previstas neste artigo, são autoridades tra- transposição de que trata este artigo, a diferença será paga a título
balhistas. (Incluído pela Lei nº 13.464, de 2017) de vantagem pessoal nominalmente identificada, a ser absorvida
Art. 11-A. A verificação, pelo Auditor-Fiscal do Trabalho, do por ocasião do desenvolvimento na Carreira.
cumprimento das normas que regem o trabalho do empregado Art. 18. O ingresso nos cargos de Auditor-Fiscal da Receita Fe-
doméstico, no âmbito do domicílio do empregador, dependerá de deral, Auditor-Fiscal da Previdência Social e Auditor-Fiscal do Tra-
agendamento e de entendimento prévios entre a fiscalização e o balho dos aprovados em concurso, cujo edital tenha sido publicado
empregador. (Incluído pela Lei Complementar nº 150, de 2015) até 30 de junho de 1999, dar-se-á, excepcionalmente, na classe A,
§1o A fiscalização deverá ter natureza prioritariamente orienta- padrão V.
dora. (Incluído pela Lei Complementar nº 150, de 2015) Art. 19. Aplicam-se as disposições desta Lei a aposentadorias
§2o Será observado o critério de dupla visita para lavratura de e pensões.
auto de infração, salvo quando for constatada infração por falta de Parágrafo único. Constatada a redução de proventos ou pensão
anotação na Carteira de Trabalho e Previdência Social ou, ainda, na decorrente da aplicação do disposto nesta Lei, a diferença será paga
ocorrência de reincidência, fraude, resistência ou embaraço à fisca- a título de vantagem pessoal nominalmente identificada.
lização. (Incluído pela Lei Complementar nº 150, de 2015) Art. 20. O regime jurídico das Carreiras a que se refere esta Lei
§3o Durante a inspeção do trabalho referida no caput, o Au- é exclusivamente o da Lei no 8.112, de 11 de dezembro de 1990.
ditor-Fiscal do Trabalho far-se-á acompanhar pelo empregador ou Remuneração das Carreiras Vigente a Partir de 1º de Junho de
por alguém de sua família por este designado. (Incluído pela Lei 2002
Complementar nº 150, de 2015) Art. 20-A. O Poder Executivo regulamentará a forma de transfe-
Art. 12. Fica extinta a Retribuição Adicional Variável de que tra- rência de informações entre a Secretaria da Receita Federal do Bra-
ta o art. 5o da Lei no 7.711, de 22 de dezembro de 1988, devida aos sil e a Secretaria de Inspeção do Trabalho para o desenvolvimento
ocupantes dos cargos da Carreira Auditoria do Tesouro Nacional. coordenado das atribuições a que se referem os arts. 6o e 11 desta
Art. 13. Os integrantes da Carreira Auditoria-Fiscal da Previdên- Lei. (Incluído pela Lei nº 11.457, de 2007) (Vigência)
cia Social e da Carreira Auditoria-Fiscal do Trabalho não fazem jus à Art. 21. (Revogado pela medida provisória nº 440, de 2008)
percepção da Gratificação de Estímulo à Fiscalização e Arrecadação Art. 22.(Revogado pela Lei nº 10.910, de 2004)
- GEFA, criada pelo Decreto-Lei no 2.371, de 18 de novembro de I - (Revogado pela Lei nº 10.910, de 2004)
1987. II - (Revogado pela Lei nº 10.910, de 2004)
Art. 14. Os integrantes das Carreiras de que trata esta Lei não §1º (Revogado pela Lei nº 10.910, de 2004)
fazem jus à percepção da Gratificação de Atividade de que trata a §2º (Revogado pela Lei nº 10.910, de 2004)
Lei Delegada no 13, de 27 de agosto de 1992. §3º (Revogado pela Lei nº 10.910, de 2004)
Art. 15 (Revogado pela medida provisória nº 440, de 2008)
§1º (Revogado pela Lei nº 10.910, de 2004) DISPOSIÇÕES FINAIS
§2º (Revogado pela Lei nº 10.910, de 2004)
§3º (Revogado pela Lei nº 10.910, de 2004) Art. 23. Ficam convalidados os atos praticados com base nas
§4º (Revogado pela Lei nº 10.910, de 2004) Medidas Provisórias nºs 2.175-29, de 24 de agosto de 2001, e 46,
§5º (Revogado pela Lei nº 11.501, de 2007) de 25 de junho de 2002.
I - (Revogado pela Lei nº 11.501, de 2007) Art. 24. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
II - (Revogado pela Lei nº 11.501, de 2007) Art. 25. Ficam revogados o art. 5o da Lei no 7.711, de 22 de de-
a) (Revogado pela Lei nº 11.501, de 2007) zembro de 1988, o parágrafo único do art. 1o da Lei no 8.448, de 21
b) (Revogado pela Lei nº 11.501, de 2007) de julho de 1992, e nos termos do art. 2o da Emenda Constitucional
III - (Revogado pela Lei nº 11.501, de 2007) no 32, de 11 de setembro de 2001, a Medida Provisória no 2.175-
IV - (Revogado pela Lei nº 11.501, de 2007) 29, de 24 de agosto de 2001.
§6º (Revogado pela Lei nº 10.910, de 2004)
Art. 16. (Revogado pela Lei nº 10.910, de 2004) NR 3 – EMBARGO E INTERDIÇÃO
Art. 17. Os ocupantes dos cargos de Auditor-Fiscal do Tesouro
Nacional e de Técnico do Tesouro Nacional são transpostos, a partir
de 1º de julho de 1999, na forma dos Anexos V e VI. 3.1 Objetivo
§1º Os ocupantes dos cargos de Fiscal de Contribuições Previ- 3.1.1 Esta norma estabelece as diretrizes para caracterização
denciárias; Fiscal do Trabalho; Assistente Social, encarregados da do grave e iminente risco e os requisitos técnicos objetivos de em-
fiscalização do trabalho da mulher e do menor; Engenheiro, encar- bargo e interdição.
regados da fiscalização da segurança no trabalho; e Médico do Tra- 3.1.1.1 A adoção dos referidos requisitos técnicos visa à forma-
balho, encarregados da fiscalização das condições de salubridade ção de decisões consistentes, proporcionais e transparentes.
do ambiente do trabalho, são transpostos, a partir de 1º de agosto
de 1999, na forma do Anexo V. 3.2 Definições
§2º Os ocupantes do cargo de Arquiteto, encarregados da fisca- 3.2.1 Considera-se grave e iminente risco toda condição ou si-
lização da segurança no trabalho, são transpostos, a partir de 1º de tuação de trabalho que possa causar acidente ou doença com lesão
setembro de 2001, na forma do Anexo V. grave ao trabalhador.
3.2.2 Embargo e interdição são medidas de urgência adotadas
a partir da constatação de condição ou situação de trabalho que
caracterize grave e iminente risco ao trabalhador.
583
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
3.2.2.1 O embargo implica a paralisação parcial ou total da TABELA 3.2: Classificação das probabilidades
obra.
3.2.2.2 A interdição implica a paralisação parcial ou total da CLASSIFICA- DESCRIÇÃO
atividade, da máquina ou equipamento, do setor de serviço ou do ÇÃO
estabelecimento.
3.2.2.3 O embargo e a interdição podem estar associados a PROVÁVEL Medidas de prevenção inexistentes ou re-
uma ou mais das hipóteses referidas nos itens 3.2.2.1 e 3.2.2.2. conhecidamente inadequadas.
3.2.2.3.1 O Auditor Fiscal do Trabalho deve adotar o embargo Uma consequência é esperada, com gran-
ou a interdição na menor unidade onde for constatada situação de de probabilidade de que aconteça ou se realize
grave e iminente risco. POSSÍVEL Medidas de prevenção apresentam des-
vios ou problemas significativos. Não há garan-
3.3 Caracterização do grave e iminente risco tias de que as medidas sejam mantidas.
3.3.1 A caracterização do grave e iminente risco deve conside- Uma consequência talvez aconteça, com
rar: possibilidade de que se efetive, concebível
a) a consequência, como o resultado ou resultado potencial es-
REMOTA Medidas de prevenção adequadas, mas
perado de um evento, conforme
com pequenos desvios. Ainda que em funcio-
Tabela 3.1 (Retificação no DOU de 23/01/2020 – seção 1 – pág.
namento, não há garantias de que sejam man-
57); e
tidas sempre ou a longo prazo.
b) a probabilidade, como a chance de o resultado ocorrer ou
Uma consequência é pouco provável que
estar ocorrendo, conforme Tabela
aconteça, quase improvável.
3.2 (Retificação no DOU de 23/01/2020 – seção 1 – pág. 57).
3.3.2 Para fins de aplicação desta norma, o risco é expresso em RARA Medidas de prevenção adequadas e com
termos de uma combinação das consequências de um evento e a garantia de continuidade desta situação.
probabilidade de sua ocorrência. Uma consequência não é esperada, não é
3.3.3 Ao avaliar os riscos o Auditor-Fiscal do Trabalho deve con- comum sua ocorrência, extraordinária.
siderar a consequência e a probabilidade separadamente.
3.3.4 A classificação da consequência e da probabilidade será 3.3.6 Na caracterização de grave e iminente risco ao trabalha-
efetuada de forma fundamentada pelo Auditor-Fiscal do Trabalho. dor, o Auditor-Fiscal do Trabalho deverá estabelecer o excesso de
3.3.5 A classificação das consequências deve ser efetuada de risco por meio da comparação entre o risco atual (situação
acordo com o previsto na Tabela encontrada) e o risco de referência (situação objetivo).
3.1 e a classificação das probabilidades de acordo com o pre- 3.3.7 O excesso de risco representa o quanto o risco atual (si-
visto na Tabela 3.2. tuação encontrada) está distante do risco de referência esperado
após a adoção de medidas de prevenção (situação objetivo).
TABELA 3.1: Classificação das consequências 3.3.8 A Tabela 3.3 deve ser utilizada pelo Auditor-Fiscal do Tra-
balho em caso de exposição individual ou de reduzido número de
potenciais vítimas expostas ao risco avaliado.
CONSEQUÊN- PRINCÍPIO GERAL
3.3.9 A Tabela 3.4 deve ser utilizada para a avaliação de situ-
CIA
ação onde a exposição ao risco pode resultar em lesão ou adoeci-
MORTE Pode levar a óbito imediato ou que venha mento de diversas vítimas simultaneamente.
a ocorrer posteriormente. 3.3.10 Os descritores do excesso de risco são: E - extremo, S -
SEVERA Pode prejudicar a integridade física e/ou substancial, M - moderado, P - pequeno ou N - nenhum.
a saúde, provocando lesão ou sequela perma- 3.3.11 Para estabelecer o excesso de risco, o Auditor-Fiscal do
nentes Trabalho deve seguir as seguintes etapas:
a) primeira etapa: avaliar o risco atual (situação encontrada)
SIGNIFICA- Pode prejudicar a integridade física e/ou a decorrente das circunstâncias encontradas, levando em conside-
TIVA saúde, provocando lesão que implique em in- ração as medidas de controle existentes, ou seja, o nível total de
capacidade temporária por prazo superior a 15 risco que se observa ou se considera existir na atividade, utilizando
(quinze) dias. a classificação indicada nas colunas do lado esquerdo das Tabelas
LEVE Pode prejudicar a integridade física e/ou 3.3 ou 3.4 (Retificação no DOU de 23/01/2020 – seção 1 – pág. 57);
a saúde, provocando lesão que implique em b) segunda etapa: estabelecer o risco de referência (situação
incapacidade temporária por prazo igual ou in- objetivo), ou seja, o nível de risco remanescente quando da imple-
ferior a 15 (quinze) dias. mentação das medidas de prevenção necessárias, utilizando a clas-
NENHUMA Nenhuma lesão ou efeito à saúde. sificação nas linhas da parte inferior das Tabelas 3.3 ou 3.4 (Retifica-
ção no DOU de 23/01/2020 – seção 1 – pág. 57);
c) terceira etapa: determinar o excesso de risco por compara-
ção entre o risco atual e o risco de referência, localizando a interse-
ção entre os dois riscos na tabela 3.3 ou 3.4 (Retificação no DOU de
23/01/2020 – seção 1 – pág. 57).
584
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
3.3.12 Para ambos os riscos, atual e de referência (definidos na primeira e na segunda etapas, respectivamente), deve-se determinar
a consequência em primeiro lugar e, em seguida, a probabilidade de a consequência ocorrer.
3.3.12.1 As condições ou situações de trabalho contempladas em normas regulamentadoras consideram-se como situação objetivo
(risco de referência).
3.3.12.2 O Auditor-Fiscal do Trabalho deve sempre considerar a consequência de maior previsibilidade de ocorrência.
3.4 Requisitos de embargo e interdição
3.4.1 São passíveis de embargo ou interdição, a obra, a atividade, a máquina ou equipamento, o setor de serviço, o estabelecimento,
com a brevidade que a ocorrência exigir, sempre que o Auditor-Fiscal do Trabalho constatar a existência de excesso de risco extremo (E).
3.4.2 São passíveis de embargo ou interdição, a obra, a atividade, a máquina ou equipamento, o setor de serviço, o estabelecimento,
com a brevidade que a ocorrência exigir, consideradas as
circunstâncias do caso específico, quando o Auditor-Fiscal do Trabalho constatar a existência de excesso de risco substancial (S).
3.4.3 O Auditor-Fiscal do Trabalho deve considerar se a situação encontrada é passível de imediata adequação.
3.4.3.1 Concluindo pela viabilidade de imediata adequação, o Auditor-Fiscal do Trabalho determinará a necessidade de paralisação
das atividades relacionadas à situação de risco e a adoção imediata de medidas de prevenção e precaução para o saneamento do risco,
que não gerem riscos adicionais.
3.4.4 Não são passíveis de embargo ou interdição as situações com avaliação de excesso de risco moderado (M), pequeno (P) ou
nenhum (N).
TABELA 3.3 - Tabela de excesso de risco: exposição individual ou reduzido número de potenciais vítimas
585
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
TABELA 3.4 - Tabela de excesso de risco: exposição ao risco pode resultar em lesão ou adoecimento de diversas vítimas simultanea-
mente
586
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
587
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
24.4.2.1Em estabelecimentos com mais de 750 (setecentos e 24.5 Locais para refeições
cinquenta) trabalhadores, os vestiários devem ser dimensionados 24.5.1Os empregadores devem oferecer aos seus trabalhado-
com área de, no mínimo, 0,75m² (setenta e cinco decímetros qua- res locais em condições de conforto e higiene para tomada das re-
drados) por trabalhador. feições por ocasião dos intervalos concedidos durante a jornada de
24.4.3Os vestiários devem: trabalho.
a)ser mantidos em condição de conservação, limpeza e higiene; 24.5.1.1É permitida a divisão dos trabalhadores do turno, em
b)ter piso e parede revestidos por material impermeável e la- grupos para a tomada de refeições, a fim de organizar o fluxo para
vável; o conforto dos usuários do refeitório, garantido o intervalo para ali-
c)ser ventilados para o exterior ou com sistema de exaustão mentação e repouso.
forçada; 24.5.2Os locais para tomada de refeições para atender até 30
d)ter assentos em material lavável e impermeável em número (trinta) trabalhadores, observado o subitem 24.5.1.1, devem:
compatível com o de trabalhadores; e a)ser destinados ou adaptados a este fim;
e)dispor de armários individuais simples e/ou duplos com sis- b)ser arejados e apresentar boas condições de conservação,
tema de trancamento. limpeza e higiene; e
Armários c)possuir assentos e mesas, balcões ou similares suficientes
24.4.4É admitido o uso rotativo de armários simples entre usu- para todos os usuários atendidos.
ários, exceto nos casos em que estes sejam utilizados para a guarda 24.5.2.1A empresa deve garantir, nas proximidades do local
de Equipamentos de Proteção Individual - EPI e de vestimentas ex- para refeições:
postas a material infectante, substâncias tóxicas, irritantes ou que a)meios para conservação e aquecimento das refeições;
provoquem sujidade. b)local e material para lavagem de utensílios usados na refei-
24.4.5Nas atividades laborais em que haja exposição e ma- ção; e
nuseio de material infectante, substâncias tóxicas, irritantes ou c)água potável.
aerodispersóides, bem como naquelas em que haja contato com 24.5.3Os locais destinados às refeições para atender mais de 30
substâncias que provoquem deposição de poeiras que impregnem (trinta) trabalhadores, conforme subitem 24.5.1.1, devem:
a pele e as roupas do trabalhador devem ser fornecidos armários de a)ser destinados a este fim e fora da área de trabalho;
compartimentos duplos ou dois armários simples. b)ter pisos revestidos de material lavável e impermeável;
24.4.5.1Ficam dispensadas de disponibilizar 2 (dois) armários c)ter paredes pintadas ou revestidas com material lavável e im-
simples ou armário duplo as organizações que promovam a higieni- permeável;
zação diária de vestimentas ou que forneçam vestimentas descartá- d)possuir espaços para circulação;
veis, assegurada a disponibilização de 1 (um) armário simples para e)ser ventilados para o exterior ou com sistema de exaustão
guarda de roupas comuns de uso pessoal do trabalhador. forçada, salvo em ambientes climatizados artificialmente;
24.4.6Os armários simples devem ter tamanho suficiente para f)possuir lavatórios instalados nas proximidades ou no próprio
que o trabalhador guarde suas roupas e acessórios de uso pessoal, local, atendendo aos requisitos do subitem 24.3.4;
não sendo admitidas dimensões inferiores a: 0,40m (quarenta cen- g)possuir assentos e mesas com superfícies ou coberturas la-
tímetros) de altura, 0,30m (trinta centímetros) de largura e 0,40m váveis ou descartáveis, em número correspondente aos usuários
(quarenta centímetros) de profundidade. atendidos;
24.4.6.1Nos armários de compartimentos duplos, não são ad- h)ter água potável disponível;
mitidas dimensões inferiores a: i)possuir condições de conservação, limpeza e higiene;
a)0,80m (oitenta centímetros) de altura por 0,30m (trinta cen- j)dispor de meios para aquecimento das refeições; e
tímetros) de largura e 0,40m (quarenta centímetros) de profundida- k)possuir recipientes com tampa para descarte de restos ali-
de, com separação ou prateleira, de modo que um compartimento, mentares e descartáveis.
com a altura de 0,40m (quarenta centímetros), se destine a abrigar 24.5.4Ficam dispensados das exigências do item 24.5 desta NR:
a roupa de uso comum e o outro compartimento, com altura de a)estabelecimentos comerciais bancários e atividades afins que
0,40m (quarenta centímetros) a guardar a roupa de trabalho; ou interromperem suas atividades por 2 (duas) horas, no período des-
b)0,80m (oitenta centímetros) de altura por 0,50m (cinquenta tinado às refeições;
centímetros) de largura e 0,40m (quarenta centímetros) de profun- b)estabelecimentos industriais localizados em cidades do inte-
didade, com divisão no sentido vertical, de forma que os compar- rior, quando a empresa mantiver vila operária ou residirem, seus
timentos, com largura de 0,25m (vinte e cinco centímetros), esta- trabalhadores, nas proximidades, permitindo refeições nas próprias
beleçam, rigorosamente, o isolamento das roupas de uso comum residências.
e de trabalho. c)os estabelecimentos que oferecerem vale-refeição, desde
24.4.7As empresas que oferecerem serviços de guarda volume que seja disponibilizado condições para conservação e aquecimen-
para a guarda de roupas e acessórios pessoais dos trabalhadores to da comida, bem como local para a tomada das refeições pelos
estão dispensadas de fornecer armários. trabalhadores que trazem refeição de casa.
24.4.8Nas empresas desobrigadas de manter vestiário, deve
ser garantido o fornecimento de escaninho, gaveta com tranca ou 24.6 Cozinhas
similar que permita a guarda individual de pertences pessoais dos 24.6.1Quando as empresas possuírem cozinhas, estas devem:
trabalhadores ou serviço de guarda-volume. a)ficar anexas aos locais para refeições e com ligação para os
mesmos;
b)possuir pisos e paredes revestidos com material impermeá-
vel e lavável;
588
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
c)dispor de aberturas para ventilação protegidas com telas ou c)ter dimensões compatíveis com o colchão a ser utilizado de
ventilação exautora; acordo com o item 24.7.3.
d)possuir lavatório para uso dos trabalhadores do serviço de 24.7.3.1.1As camas superiores dos beliches devem ter prote-
alimentação, dispondo de material ou dispositivo para a limpeza, ção lateral e escada fixas à estrutura. (Inserido pela Portaria MTP nº
enxugo ou secagem das mãos, proibindo-se o uso de toalhas cole- 2.772, de 05 de setembro de 2022 – início de vigência: 03/10/2022)
tivas; 24.7.3.2Os armários dos quartos devem ser dotados de siste-
e)ter condições para acondicionamento e disposição do lixo de ma de trancamento e com dimensões compatíveis para a guarda
acordo com as normas locais de controle de resíduos sólidos; e de roupas e pertences pessoais do trabalhador, e enxoval de cama.
f)dispor de sanitário próprio para uso exclusivo dos trabalhado- 24.7.4Os trabalhadores alojados no mesmo quarto devem per-
res que manipulam gêneros alimentícios, separados por sexo. tencer, preferencialmente, ao mesmo turno de trabalho.
24.6.2Em câmaras frigoríficas devem ser instalados dispositivos 24.7.5Os locais para refeições devem ser compatíveis com os
para abertura da porta pelo lado interno, garantida a possibilidade requisitos do item 24.5 desta NR, podendo ser parte integrante do
de abertura mesmo que trancada pelo exterior. alojamento ou estar localizados em ambientes externos.
24.6.3Os recipientes de armazenagem de gás liquefeito de pe- 24.7.5.1Quando os locais para refeições não fizerem parte do
tróleo (GLP) devem ser instalados em área externa ventilada, obser- alojamento, deverá ser garantido o transporte dos trabalhadores.
vadas as normas técnicas brasileiras pertinentes. 24.7.5.2É vedado o preparo de qualquer tipo de alimento den-
tro dos quartos.
24.7 Alojamento 24.7.6Os alojamentos devem dispor de locais e infraestrutura
24.7.1Alojamento é o conjunto de espaços ou edificações, para lavagem e secagem de roupas pessoais dos alojados ou ser
composto de dormitório, instalações sanitárias, refeitório, áreas de fornecido serviço de lavanderia.
vivência e local para lavagem e secagem de roupas, sob responsa- 24.7.7Os pisos dos alojamentos devem ser impermeáveis e la-
bilidade do empregador, para hospedagem temporária de trabalha- váveis.
dores. 24.7.8Deve ser garantida coleta de lixo diária, lavagem de rou-
24.7.2Os dormitórios dos alojamentos devem: pa de cama, manutenção das instalações e renovação de vestuário
a)ser mantidos em condições de conservação, higiene e lim- de camas e colchões.
peza; 24.7.9Nos alojamentos deverão ser obedecidas as seguintes
b)ser dotados de quartos; instruções gerais de uso:
c)dispor de instalações sanitárias, respeitada a proporção de 01 a)os sanitários deverão ser higienizados diariamente;
(uma) instalação sanitária com chuveiro para cada 10 (dez) traba- b)é vedada, nos quartos, a instalação e utilização de fogão, fo-
lhadores hospedados ou fração; e gareiro ou similares;
d)ser separados por sexo. c)ser garantido o controle de vetores conforme legislação local.
24.7.2.1Caso as instalações sanitárias não sejam parte inte- 24.7.10Os trabalhadores hospedados com suspeita de doença
grante dos dormitórios, devem estar localizadas a uma distância infectocontagiosa devem ser submetidos à avaliação médica que
máxima de 50 m (cinquenta metros) dos mesmos, interligadas por decidirá pelo afastamento ou permanência no alojamento.
passagens com piso lavável e cobertura.
24.7.3Os quartos dos dormitórios devem: 24.8 Vestimenta de trabalho
a)possuir camas correspondente ao número de trabalhadores 24.8.1Vestimenta de trabalho é toda peça ou conjunto de pe-
alojados no quarto, vedado o uso de 3 (três) ou mais camas na mes- ças de vestuário, destinada a atender exigências de determinadas
ma vertical, e ter espaçamentos vertical e horizontal que permitam atividades ou condições de trabalho que impliquem contato com
ao trabalhador movimentação com segurança; sujidade, agentes químicos, físicos ou biológicos ou para permi-
b)possuir colchões certificados pelo INMETRO; tir que o trabalhador seja mais bem visualizado, não considerada
c)possuir colchões, lençóis, fronhas, cobertores e traves- como uniforme ou EPI.
seiros limpos e higienizados, adequados às condições climáticas; 24.8.2O empregador deve fornecer gratuitamente as vestimen-
d)possuir ventilação natural, devendo esta ser utilizada con- tas de trabalho.
juntamente com a ventilação artificial, levando em consideração as 24.8.3A vestimenta não substitui a necessidade do EPI, poden-
condições climáticas locais; do seu uso ser conjugado.
e)possuir capacidade máxima para 8 (oito) trabalhadores; 24.8.4Cabe ao empregador quanto às vestimentas de trabalho:
f)possuir armários; a)fornecer peças que sejam confeccionadas com material e em
g)ter, no mínimo, a relação de 3,00 m² (três metros quadrados) tamanho adequado, visando o conforto e a segurança necessária à
por cama simples ou 4,50 m² (quatro metros e cinquenta centíme- atividade desenvolvida pelo trabalhador;
tros quadrados) por beliche, em ambos os casos incluídas a área de b)substituir as peças conforme sua vida útil ou sempre que da-
circulação e armário; e nificadas;
h)possuir conforto acústico conforme NR-17. c)fornecer em quantidade adequada ao uso, levando em consi-
24.7.3.1As camas ou beliches devem atender aos seguintes re- deração a necessidade de troca da vestimenta; e
quisitos: (Alterado pela Portaria MTP nº 2.772, de 05 de setembro d)responsabilizar-se pela higienização com periodicidade ne-
de 2022 – início de vigência: 03/10/2022) cessária nos casos em que a lavagem ofereça riscos de contamina-
a)todos os componentes ou peças com os quais o trabalhador ção.
possa entrar em contato durante o uso não podem ter rebarbas e 24.8.4.1Nos casos em que seja inviável o fornecimento de ves-
arestas cortantes, nem ter tubos abertos; timenta exclusiva para cada trabalhador, deverá ser assegurada a
b)ter resistência compatível com o uso; e higienização prévia ao uso.
589
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
24.9 Disposições gerais 1.Para efeito deste Anexo, considera-se “Shopping Center” o
24.9.1Em todos os locais de trabalho deverá ser fornecida aos espaço planejado sob uma administração central sujeito a normas
trabalhadores água potável, sendo proibido o uso de copos coleti- contratuais padronizadas, procurando assegurar convivência inte-
vos. grada, composto por estabelecimentos tais como: lojas de qualquer
24.9.1.1O fornecimento de água deve ser feito por meio de natureza e quiosques, lanchonetes, restaurantes, salas de cinema e
bebedouros na proporção de, no mínimo, 1 (um) para cada grupo estacionamento, destinados à exploração comercial e à prestação
de 50 (cinquenta) trabalhadores ou fração, ou outro sistema que de serviços.
ofereça as mesmas condições. 2.A administração central é responsável pela disponibilização
24.9.1.2Quando não for possível obter água potável corrente, das instalações sanitárias, vestiários e ambientes para refeições aos
esta deverá ser fornecida em recipientes portáteis próprios e her- seus trabalhadores e aos trabalhadores dos estabelecimentos que
meticamente fechados. não disponham de espaço construtivo para atender os dispositivos
24.9.2Os locais de armazenamento de água potável devem desta NR em seus estabelecimentos.
passar periodicamente por limpeza, higienização e manutenção, 2.1A administração central disponibilizará local para conserva-
em conformidade com a legislação local. ção, aquecimento da alimentação trazida pelos trabalhadores, bem
24.9.3Deve ser realizada periodicamente análise de potabilida- como para tomada das refeições.
de da água dos reservatórios para verificar sua qualidade, em con- 2.2A administração central disponibilizará vestiário para troca
formidade com a legislação. de roupa dos trabalhadores usuários, dos quais são exigidos o uso
24.9.4A água não-potável para uso no local de trabalho ficará de uniforme e vestimentas de trabalho, bem como para guarda de
separada, devendo ser afixado aviso de advertência da sua não po- seus pertences.
tabilidade. 3.Os estabelecimentos referidos no item 1 ficam dispensados
24.9.5Os locais de armazenamento de água, os poços e as fon- dos itens relativos a instalações sanitárias, vestiários e locais para
tes de água potável serão protegidos contra a contaminação. refeições, desde que os trabalhadores possam utilizar as instalações
24.9.6Os locais de trabalho serão mantidos em estado de higie- sanitárias e a praça de alimentação do “Shopping Center” ou outro
ne compatível com o gênero de atividade. espaço destinado a estes fins, conforme o estabelecido nesta nor-
24.9.6.1O serviço de limpeza será realizado, sempre que possí- ma.
vel, fora do horário de trabalho e por processo que reduza ao míni- 4.Aos trabalhadores de lanchonetes, restaurantes ou similares
mo o levantamento de poeiras. deverão ser disponibilizados vestiários e instalações sanitárias com
24.9.7Todos os ambientes previstos nesta norma devem ser chuveiros na proporção de um conjunto para cada grupo de 20 (vin-
construídos de acordo com o código de obras local, devendo: te) trabalhadores ou fração, obedecendo ao horário do turno de
a)ter cobertura adequada e resistente, que proteja contra in- maior contingente.
tempéries; 4.1Aos trabalhadores de atividades com exposição a material
b)ter paredes construídas de material resistente; infectante, substâncias tóxicas, irritantes ou que provoquem suji-
c)ter pisos de material compatível com o uso e a circulação de dade deverão ser disponibilizados vestiários e instalações sanitárias
pessoas; com chuveiros na proporção de um conjunto para cada grupo de 10
d)possuir iluminação que proporcione segurança contra aci- (dez) trabalhadores ou fração, obedecendo ao horário do turno de
dentes. maior contingente.
24.9.7.1Na ausência de código de obra local, deve ser garanti-
do pé direito mínimo de 2,50 m (dois metros e cinquenta centíme- ANEXO II DA NR-24
tros), exceto nos quartos de dormitórios com beliche, cuja medida CONDIÇÕES SANITÁRIAS E DE CONFORTO APLICÁVEIS A
mínima será de 3,00 m (três metros). TRABALHADORES EM TRABALHO EXTERNO DE PRESTAÇÃO
24.9.7.2As instalações elétricas devem ser protegidas para evi- DE SERVIÇOS
tar choques elétricos.
24.9.8Devem ser garantidas condições para que os trabalhado- 1.Para efeito deste Anexo, considera-se trabalho externo todo
res possam interromper suas atividades para utilização das instala- aquele realizado fora do estabelecimento do empregador cuja exe-
ções sanitárias. cução se dará no estabelecimento do cliente ou em logradouro
24.9.9Em edificações com diversos estabelecimentos, todas as público. Excetua-se deste anexo as atividades relacionadas à cons-
instalações previstas nesta NR podem ser atendidas coletivamente trução, leituristas, vendedores, entregadores, carteiros e similares,
por grupo de empregadores ou pelo condomínio, mantendo-se o bem como o de atividade regulamentada pelo Anexo III desta nor-
empregador como o responsável pela disponibilização das instala- ma.
ções. 2.Nas atividades desenvolvidas em estabelecimento do cliente,
24.9.9.1O dimensionamento deve ser feito com base no maior este será o responsável pelas garantias de conforto para satisfação
número de trabalhadores por turno. das necessidades básicas de higiene e alimentação, conforme item
24.1 desta norma.
2.1Sempre que o trabalho externo, móvel ou temporário, ocor-
rer preponderantemente em logradouro público, em frente de tra-
balho, deverá ser garantido pelo empregador:
590
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
a)instalações sanitárias compostas de bacia sanitária e lavató- separação de instalação sanitária por sexo, para grupo de até 10
rio para cada grupo de 20 (vinte) trabalhadores ou fração, podendo (dez) trabalhadores desde que sejam garantidas condições de pri-
ser usados banheiros químicos dotados de mecanismo de descarga vacidade e higiene.
ou de isolamento dos dejetos, com respiro e ventilação, material 4.1.2As instalações sanitárias podem ser substituídas por uni-
para lavagem e enxugo das mãos, sendo proibido o uso de toalhas dades de banheiros químicos dotados de mecanismo de descarga
coletivas, garantida a higienização diária dos módulos; ou de isolamento dos dejetos, com respiro e ventilação, material
b)local para refeição protegido contra intempéries e em condi- para lavagem e enxugo das mãos, sendo proibido o uso de toalhas
ções de higiene, que atenda a todos os trabalhadores ou prover meio coletivas, garantida a higienização diária dos módulos.
de custeio para alimentação em estabelecimentos comerciais; e 4.2Os locais para refeição deverão ser protegidos contra intem-
c)água fresca e potável acondicionada em recipientes térmicos péries, estar em boas condições e atender a todos os trabalhadores.
em bom estado de conservação e em quantidade suficiente. 4.3Água potável deve ser disponibilizada nos pontos inicial ou
3.O uso de instalações sanitárias em trabalhos externos deve final e nos terminais por bebedouro ou equipamento similar que
ser gratuito para o trabalhador. permita o enchimento de recipientes individuais ou o consumo no
4.Aos trabalhadores, em trabalho externo que levem suas pró- local, proibido o uso de copos coletivos.
prias refeições, devem ser oferecidos dispositivos térmicos para 4.3.1As trocas de recipientes estarão sob a responsabilidade
conservação e aquecimento dos alimentos. da empresa permissionária ou concessionária cujas recomposições
5.Em trabalhos externos o atendimento a este Anexo poderá se darão numa frequência que leve em consideração as condições
ocorrer mediante convênio com estabelecimentos nas proximida- climáticas e o número de trabalhadores, de tal modo a que haja
des do local do trabalho, garantido o transporte de todos os traba- sempre suprimento de água a qualquer momento da jornada de
lhadores até o referido local. trabalho.
4.4Para efeito de dimensionamento das instalações sanitárias
ANEXO III DA NR-24 e do local para refeição, deverá ser considerado o número máximo
CONDIÇÕES SANITÁRIAS E DE CONFORTO APLICÁVEIS A TRA- existente de trabalhadores presentes ao mesmo tempo, no referido
BALHADORES EM TRANSPORTE PÚBLICO RODOVIÁRIO COLE- ponto inicial ou final, de acordo com a programação horária oficial
TIVO URBANO DE PASSAGEIROS EM ATIVIDADE EXTERNA das linhas de ônibus.
4.5O atendimento ao disposto nos itens 4.1, 4.2 e 4.3 poderá
1.Para efeito deste Anexo, considera-se trabalho em transporte ocorrer mediante convênio ou parceria com estabelecimentos co-
público coletivo rodoviário urbano de passageiros aquele desem- merciais, industriais ou propriedades privadas.
penhado pelo pessoal de operação do transporte coletivo urbano e 4.6O uso de instalações sanitárias em trabalhos externos de
de caráter urbano por ônibus: os motoristas, cobradores e fiscais de transporte público coletivo urbano rodoviário não deve ter custo
campo - assim identificados como trabalhadores. para o trabalhador.
2.Este Anexo estabelece as condições mínimas aplicáveis às ins-
talações sanitárias e locais para refeição a serem disponibilizados NR 12 – SEGURANÇA NO TRABALHO EM MÁQUINAS E
pelo empregador ao pessoal que realiza trabalho externo na ope- EQUIPAMENTOS
ração do transporte público coletivo urbano e de caráter urbano.
3.Para efeito deste Anexo, são considerados pontos iniciais
e finais de linhas de ônibus urbano e de caráter urbano os locais Prezado(a),
pré-determinados pelo poder público competente como pontos A fim de atender na íntegra o conteúdo do edital, este tópico
extremos das linhas, itinerários ou rotas de ônibus, situados em será disponibilizado na Área do Aluno em nosso site. Essa área é
logradouros públicos, com área destinada ao estacionamento de reservada para a inclusão de materiais que complementam a apos-
veículos e instalações mínimas para controle operacional do serviço tila, sejam esses, legislações, documentos oficiais ou textos relacio-
e acomodação do pessoal de operação nos intervalos entre viagens. nados a este material, e que, devido a seu formato ou tamanho, não
3.1Em caso de terminais e estações de passageiros implantados pelo cabem na estrutura de nossas apostilas.
poder público, presumem- se cumpridos os dispositivos desta norma. Por isso, para atender você da melhor forma, os materiais são
3.2Recomenda-se aos órgãos gestores públicos responsáveis organizados de acordo com o título do tópico a que se referem e po-
pelas redes de transporte público coletivo urbano e de caráter ur- dem ser acessados seguindo os passos indicados na página 2 deste
bano que considerem as disposições deste Anexo no processo de material, ou por meio de seu login e senha na Área do Aluno.
definição dos locais para instalação dos pontos iniciais e finais das Visto a importância das leis indicadas, lá você acompanha me-
linhas que compõem as referidas redes. lhor quaisquer atualizações que surgirem depois da publicação da
4.Condições de Satisfação de Necessidades Fisiológicas, Ali- apostila.
mentação e Hidratação. Se preferir, indicamos também acesso direto ao arquivo pelo
4.1Nos casos de linhas de transporte público coletivo de pas- link a seguir:
sageiros por ônibus que não possuem nenhum dos pontos iniciais
e finais em edifício terminal, deverão ser garantidos pelo empre- https://www.gov.br/trabalho-e-emprego/pt-br/acesso-a-infor-
gador, próximo a pelo menos um dos referidos pontos, instalações macao/participacao-social/conselhos-e-orgaos-colegiados/comis-
sanitárias, local para refeição e hidratação, em distância não supe- sao-tripartite-partitaria-permanente/arquivos/normas-regulamen-
rior a 250 m (duzentos e cinquenta metros) de deslocamento a pé. tadoras/nr-12-atualizada-2022-1.pdf
4.1.1As instalações sanitárias serão compostas de bacia sanitá-
ria e lavatório, respeitando a proporção de 1 (um) para cada grupo Bons estudos!
de 20 (vinte) trabalhadores ou fração, podendo ser dispensada a
591
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO NA INDÚSTRIA DA 18.4.4As empresas contratadas devem fornecer ao contratante
CONSTRUÇÃO: NORMA REGULAMENTADORA Nº 18 o inventário de riscos ocupacionais específicos de suas atividades, o
qual deve ser contemplado no PGR do canteiro de obras.
18.4.5As frentes de trabalho devem ser consideradas na elabo-
NR 18 - SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO NA INDÚSTRIA ração e implementação do PGR.
DA CONSTRUÇÃO 18.4.6São facultadas às empresas construtoras, regularmente
registradas no Sistema CONFEA/CREA, sob responsabilidade de pro-
18.1 Objetivo fissional legalmente habilitado em segurança do trabalho, median-
18.1.1Esta Norma Regulamentadora - NR tem o objetivo de es- te cumprimento dos requisitos previstos nos subitens seguintes, a
tabelecer diretrizes de ordem administrativa, de planejamento e de adoção de soluções alternativas às medidas de proteção coletiva
organização, que visam à implementação de medidas de controle e previstas nesta NR, a adoção de técnicas de trabalho e o uso de
sistemas preventivos de segurança nos processos, nas condições e equipamentos, tecnologias e outros dispositivos que:
no meio ambiente de trabalho na indústria da construção. a)propiciem avanço tecnológico em segurança, higiene e saúde
dos trabalhadores;
18.2 Campo de aplicação b)objetivem a implementação de medidas de controle e de sis-
18.2.1Esta norma se aplica às atividades da indústria da cons- temas preventivos de segurança nos processos, nas condições e no
trução constantes da seção “F” do Código Nacional de Atividades meio ambiente de trabalho na indústria da construção;
Econômicas - CNAE e às atividades e serviços de demolição, reparo, c)garantam a realização das tarefas e atividades de modo se-
pintura, limpeza e manutenção de edifícios em geral e de manuten- guro e saudável.
ção de obras de urbanização. 18.4.6.1As tarefas a serem executadas mediante a adoção de
soluções alternativas devem estar expressamente previstas em pro-
18.3 Responsabilidades cedimentos de segurança do trabalho, nos quais devem constar:
18.3.1A organização da obra deve: a)os riscos ocupacionais aos quais os trabalhadores estarão ex-
a)vedar o ingresso ou a permanência de trabalhadores no can- postos;
teiro de obras sem que estejam resguardados pelas medidas pre- b)a descrição dos equipamentos e das medidas de proteção co-
vistas nesta NR; letiva a serem implementadas;
b)fazer a Comunicação Prévia de Obras em sistema informati- c)a identificação e a indicação dos EPI a serem utilizados;
zado da Subsecretaria de Inspeção do Trabalho - SIT, antes do início d)a descrição de uso e a indicação de procedimentos quanto
das atividades, de acordo com a legislação vigente. aos Equipamentos de Proteção Coletiva (EPC) e EPI, conforme as
etapas das tarefas a serem realizadas;
18.4 Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR) e)a descrição das medidas de prevenção a serem observadas
18.4.1São obrigatórias a elaboração e a implementação do PGR durante a execução dos serviços, dentre outras medidas a serem
nos canteiros de obras, contemplando os riscos ocupacionais e suas previstas e prescritas por profissional legalmente habilitado em se-
respectivas medidas de prevenção. gurança do trabalho.
18.4.2O PGR deve ser elaborado por profissional legalmente 18.4.6.2As tarefas envolvendo soluções alternativas somente
habilitado em segurança do trabalho e implementado sob respon- devem ser iniciadas com autorização especial, precedida de análise
sabilidade da organização. de risco e permissão de trabalho, que contemple os treinamentos,
18.4.2.1Em canteiros de obras com até 7 m (sete metros) de os procedimentos operacionais, os materiais, as ferramentas e ou-
altura e com, no máximo, 10 (dez) trabalhadores, o PGR pode ser tros dispositivos necessários à execução segura da tarefa.
elaborado por profissional qualificado em segurança do trabalho e 18.4.6.3A documentação relativa à adoção de soluções alterna-
implementado sob responsabilidade da organização. tivas integra o PGR do canteiro de obras, devendo estar disponível
18.4.3O PGR, além de contemplar as exigências previstas na no local de trabalho e acompanhada das respectivas memórias de
NR-01, deve conter os seguintes documentos: cálculo, especificações técnicas e procedimentos de trabalho.
a)projeto da área de vivência do canteiro de obras e de eventu-
al frente de trabalho, em conformidade com o item 18.5 desta NR, 18.5 Áreas de vivência
elaborado por profissional legalmente habilitado; 18.5.1As áreas de vivência devem ser projetadas de forma a
b)projeto elétrico das instalações temporárias, elaborado por oferecer, aos trabalhadores, condições mínimas de segurança, de
profissional legalmente habilitado; conforto e de privacidade e devem ser mantidas em perfeito esta-
c)projetos dos sistemas de proteção coletiva elaborados por do de conservação, higiene e limpeza, contemplando as seguintes
profissional legalmente habilitado; instalações:
d)projetos dos Sistemas de Proteção Individual Contra Quedas a)instalação sanitária;
(SPIQ), quando aplicável, elaborados por profissional legalmente b)vestiário;
habilitado; c)local para refeição;
e)relação dos Equipamentos de Proteção Individual (EPI) e suas d)alojamento, quando houver trabalhador alojado.
respectivas especificações técnicas, de acordo com os riscos ocupa- 18.5.2As instalações da área de vivência devem atender, no
cionais existentes. que for cabível, ao disposto na NR-24 (Condições Sanitárias e de
18.4.3.1O PGR deve estar atualizado de acordo com a etapa em Conforto nos Locais de Trabalho).
que se encontra o canteiro de obras.
592
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
18.5.3A instalação sanitária deve ser constituída de lavatório, 18.6.4É proibida a existência de partes vivas expostas e acessí-
bacia sanitária sifonada, dotada de assento com tampo, e mictório, veis pelos trabalhadores não autorizados em instalações e equipa-
na proporção de 1 (um) conjunto para cada grupo de 20 (vinte) tra- mentos elétricos.
balhadores ou fração, bem como de chuveiro, na proporção de 1 18.6.5Os condutores elétricos devem:
(uma) unidade para cada grupo de 10 (dez) trabalhadores ou fração. a)ser dispostos de maneira a não obstruir a circulação de pes-
18.5.4É obrigatória, quando o caso exigir, a instalação de aloja- soas e materiais;
mento, no canteiro de obras ou fora dele, contemplando as seguin- b)estar protegidos contra impactos mecânicos, umidade e con-
tes instalações: tra agentes capazes de danificar a isolação;
a)cozinha, quando houver preparo de refeições; c)possuir isolação em conformidade com as normas técnicas
b)local para refeição; nacionais vigentes;
c)instalação sanitária; d)possuir isolação dupla ou reforçada quando destinados à ali-
d)lavanderia, dotada de meios adequados para higienização e mentação de máquinas e equipamentos elétricos móveis ou por-
passagem das roupas; táteis.
e)área de lazer, para recreação dos trabalhadores alojados, po- 18.6.6As conexões, emendas e derivações dos condutores elé-
dendo ser utilizado o local de refeição para este fim. tricos devem possuir resistência mecânica, condutividade e isola-
18.5.5Deve ser de, no máximo, 150 m (cento e cinquenta me- ção compatíveis com as condições de utilização.
tros) o deslocamento do trabalhador do seu posto de trabalho até a 18.6.7As instalações elétricas devem possuir sistema de ater-
instalação sanitária mais próxima. ramento elétrico de proteção e devem ser submetidas a inspeções
18.5.6É obrigatório o fornecimento de água potável, filtrada e e medições elétricas periódicas, com emissão dos respectivos lau-
fresca para os trabalhadores, no canteiro de obras, nas frentes de dos por profissional legalmente habilitado, em conformidade com o
trabalho e nos alojamentos, por meio de bebedouro ou outro dis- projeto das instalações elétricas temporárias e com as normas téc-
positivo equivalente, na proporção de 1 (uma) unidade para cada nicas nacionais vigentes.
grupo de 25 (vinte e cinco) trabalhadores ou fração, sendo vedado 18.6.8As partes condutoras das instalações elétricas, máqui-
o uso de copos coletivos. nas, equipamentos e ferramentas elétricas não pertencentes ao cir-
18.5.6.1O fornecimento de água potável deve ser garantido de cuito elétrico, mas que possam ficar energizadas quando houver fa-
forma que, do posto de trabalho ao bebedouro ou ao dispositivo lha da isolação, devem estar conectadas ao sistema de aterramento
equivalente, não haja deslocamento superior a 100 m (cem metros) elétrico de proteção.
no plano horizontal e 15 m (quinze metros) no plano vertical. 18.6.9É obrigatória a utilização do dispositivo Diferencial Re-
18.5.6.2Na impossibilidade de instalação de bebedouro ou de sidual (DR), como medida de segurança adicional nas instalações
dispositivo equivalente dentro dos limites referidos no subitem an- elétricas, nas situações previstas nas normas técnicas nacionais vi-
terior, as empresas devem garantir, nos postos de trabalho, supri- gentes.
mento de água potável, filtrada e fresca fornecida em recipientes 18.6.10Os quadros de distribuição das instalações elétricas de-
portáteis herméticos. vem:
18.5.7Nas frentes de trabalho, devem ser disponibilizados: a)ser dimensionados com capacidade para instalar os compo-
a)instalação sanitária, composta de bacia sanitária sifonada, nentes dos circuitos elétricos que o constituem;
dotada de assento com tampo, e lavatório para cada grupo de 20 b)ser constituídos de materiais resistentes ao calor gerado pe-
(vinte) trabalhadores ou fração, podendo ser utilizado banheiro los componentes das instalações;
com tratamento químico dotado de mecanismo de descarga ou de c)ter as partes vivas inacessíveis e protegidas aos trabalhadores
isolamento dos dejetos, com respiro e ventilação, de material para não autorizados;
lavagem e enxugo das mãos, sendo proibido o uso de toalhas cole- d)ter acesso desobstruído;
tivas, e garantida a higienização diária dos módulos; e)ser instalados com espaço suficiente para a realização de ser-
b)local para refeição dos trabalhadores, observadas as condi- viços e operação;
ções mínimas de conforto e higiene, e com a devida proteção contra f)estar identificados e sinalizados quanto ao risco elétrico;
as intempéries. g)estar em conformidade com a classe de proteção requerida;
18.5.7.1O atendimento ao disposto neste item poderá ocorrer h)ter seus circuitos identificados.
mediante convênio formal com estabelecimentos nas proximidades 18.6.11É vedada a guarda de quaisquer materiais ou objetos
do local de trabalho, desde que preservadas a segurança, higiene e nos quadros de distribuição.
conforto, e garantido o transporte de todos os trabalhadores até o 18.6.12Os dispositivos de manobra, controle e comando dos
referido local, quando o caso exigir. circuitos elétricos devem:
a)ser compatíveis com os circuitos elétricos que operam;
18.6 Instalações elétricas b)ser identificados;
18.6.1A execução das instalações elétricas temporárias e defi- c)possuir condições para a instalação de bloqueio e sinalização
nitivas deve atender ao disposto na NR-10 (Segurança em Instala- de impedimento de ligação.
ções e Serviços em Eletricidade). 18.6.13Em todos os ramais ou circuitos destinados à ligação de
18.6.2As instalações elétricas temporárias devem ser executa- equipamentos elétricos, devem ser instalados dispositivos de sec-
das e mantidas conforme projeto elétrico elaborado por profissio- cionamento, independentes, que possam ser acionados com facili-
nal legalmente habilitado. dade e segurança.
18.6.3Os serviços em instalações elétricas devem ser realiza-
dos por trabalhadores autorizados conforme NR-10.
593
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
18.6.14Máquinas e equipamentos móveis e ferramentas elétri- 18.7.2.3Toda escavação com profundidade superior a 1,25 m
cas portáteis devem ser conectadas à rede de alimentação elétrica, (um metro e vinte e cinco centímetros) somente pode ser iniciada
por intermédio de conjunto de plugue e tomada, em conformidade com a liberação e autorização do profissional legalmente habilita-
com as normas técnicas nacional vigentes. do, atendendo o disposto nas normas técnicas nacionais vigentes.
18.6.15Os circuitos energizados em alta tensão e em extra bai- 18.7.2.4O projeto das escavações deve levar em conta a carac-
xa tensão devem ser instalados separadamente dos circuitos ener- terística do solo, as cargas atuantes, os riscos a que estão expostos
gizados em baixa tensão, respeitadas as definições de projeto. os trabalhadores e as medidas de prevenção.
18.6.16As áreas de transformadores e salas de controle e co- 18.7.2.5Nas escavações em encostas, devem ser tomadas pre-
mando devem ser separadas por barreiras físicas, sinalizadas e pro- cauções especiais para evitar escorregamentos ou movimentos de
tegidas contra o acesso de pessoas não autorizadas. grandes proporções no maciço adjacente, devendo merecer cuida-
18.6.17As áreas onde ocorram intervenções em instalações do a remoção de blocos e pedras soltas.
elétricas energizadas devem ser isoladas e sinalizadas e, se neces- 18.7.2.6O talude da escavação, quando indicado no projeto,
sário, possuir controle de acesso, de modo a evitar a entrada e a deve ser protegido contra os efeitos da erosão interna e superficial
permanência no local de pessoas não autorizadas. durante a execução da obra.
18.6.18Os canteiros de obras devem estar protegidos por Sis- 18.7.2.7Nas bordas da escavação, deve ser mantida uma faixa
tema de Proteção contra Descargas Atmosféricas - SPDA, projetado, de proteção de no mínimo 1 m (um metro), livre de cargas, bem
construído e mantido conforme normas técnicas nacionais vigentes. como a manutenção de proteção para evitar a entrada de águas
18.6.18.1O cumprimento do disposto neste subitem é dispen- superficiais na cava da escavação.
sado nas situações previstas em normas técnicas nacionais vigen- 18.7.2.8As escavações com profundidade superior a 1,25 m
tes, mediante laudo emitido por profissional legalmente habilitado. (um metro e vinte e cinco centímetros) devem ser protegidas com
18.6.19O trabalho em proximidades de redes elétricas energi- taludes ou escoramentos definidos em projeto elaborado por pro-
zadas, internas ou externas ao fissional legalmente habilitado e devem dispor de escadas ou ram-
canteiro de obras, só é permitido quando protegido contra o pas colocadas próximas aos postos de trabalho, a fim de permitir,
choque elétrico e arco elétrico. em caso de emergência, a saída rápida dos trabalhadores.
18.6.20Nas atividades de montagens metálicas, onde houver 18.7.2.8.1Para escavações com profundidade igual ou inferior
a possibilidade de acúmulo de energia estática, deve ser realizado a 1,25 m (um metro e vinte e cinco centímetros), deve-se avaliar no
aterramento da estrutura desde o início da montagem. local a existência de riscos ocupacionais e, se necessário, adotar as
medidas de prevenção.
18.7 Etapas de obra 18.7.2.9As escavações do canteiro de obras próximas de edifi-
18.7.1Demolição cações devem ser monitoradas e o resultado documentado.
18.7.1.1Deve ser elaborado e implementado Plano de Demo- 18.7.2.10Quando existir, na proximidade da escavação, cabos
lição, sob responsabilidade de profissional legalmente habilitado, elétricos, tubulações de água, esgoto, gás e outros, devem ser to-
contemplando os riscos ocupacionais potencialmente existentes madas medidas preventivas de modo a eliminar o risco de aciden-
em todas as etapas da demolição e as medidas de prevenção a se- tes durante a execução da escavação.
rem adotadas para preservar a segurança e a saúde dos trabalha- 18.7.2.11Os escoramentos utilizados como medida de preven-
dores. ção devem ser inspecionados diariamente.
18.7.1.2O Plano de Demolição deve considerar: 18.7.2.12Quando for necessário o trânsito de pessoas sobre
a)as linhas de fornecimento de energia elétrica, água, inflamá- as escavações, devem ser construídas passarelas em conformidade
veis líquidos e gasosos liquefeitos, substâncias tóxicas, canalizações com o item 18.8 desta NR.
de esgoto e de escoamento de água e outros; 18.7.2.13O tráfego próximo às escavações deve ser desviado,
b)as construções vizinhas à obra; ou, na sua impossibilidade, devem ser adotadas medidas para re-
c)a remoção de materiais e entulhos; dução da velocidade dos veículos.
d)as aberturas existentes no piso;
e)as áreas para a circulação de emergência; Fundação
f)a disposição dos materiais retirados; 18.7.2.14Em caso de utilização de bate-estacas, os cabos de
g)a propagação e o controle de poeira; sustentação do pilão, em qualquer posição de trabalho, devem ter
h)o trânsito de veículos e pessoas. comprimento mínimo em torno do tambor definido pelo fabricante
18.7.2Escavação, fundação e desmonte de rochas ou pelo profissional legalmente habilitado.
18.7.2.1O serviço de escavação, fundação e desmonte de ro- 18.7.2.15Quando o bate-estacas não estiver em operação, o
chas deve ser realizado e supervisionado conforme projeto elabo- pilão deve permanecer em repouso sobre o solo ou no fim da guia
rado por profissional legalmente habilitado. do seu curso.
18.7.2.2Os locais onde são realizadas as atividades de escava-
ção, fundação e desmonte de rochas, quando houver riscos, devem Tubulão escavado manualmente
ter sinalização de advertência, inclusive noturna, e barreira de iso- 18.7.2.16É proibida a utilização de sistema de tubulão escavado
lamento em todo o seu perímetro, de modo a impedir a entrada de manualmente com profundidade superior a 15 m (quinze metros).
veículos e pessoas não autorizadas. 18.7.2.17O tubulão escavado manualmente deve:
18.7.2.2.1A sinalização deve ser colocada de modo visível em a)ser encamisado em toda a sua extensão;
número e tamanho adequados. Escavação b)ser executado após sondagem ou estudo geotécnico local,
para profundidade superior a 3 m (três metros); e
c)possuir diâmetro mínimo de 0,9 m (noventa centímetros).
594
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
18.7.2.17.1A escavação manual de tubulão acima do nível 18.7.2.24O armazenamento, manuseio e transporte de explosi-
d’água ou abaixo dele somente pode ser executada nos casos em vos deve obedecer às recomendações de segurança do fabricante e
que o solo se mantenha estável, sem risco de desmoronamento, e aos regulamentos definidos pelo órgão responsável.
seja possível controlar a água no seu interior. 18.7.2.25Para a operação de desmonte de rocha a fogo, com
18.7.2.18A atividade de escavação manual de tubulão deve ser a utilização de explosivos, é obrigatória a elaboração de um Plano
precedida de plano de resgate e remoção. de Fogo para cada detonação, por profissional legalmente habilita-
18.7.2.19Os trabalhadores envolvidos na atividade de escava- do, considerando os riscos ocupacionais e as medidas de prevenção
ção manual de tubulão devem: para assegurar a segurança e saúde dos trabalhadores.
a)possuir capacitação específica de acordo com o Anexo I desta 18.7.2.26Na operação de desmonte de rocha a fogo, fogacho
NR, de acordo com a NR-33 (Segurança e Saúde no Trabalho em ou mista, deve haver um blaster responsável pelo armazenamento
Espaços Confinados) e com a NR-35 (Trabalho em Altura); e preparação das cargas, carregamento das minas, ordem de fogo
b)ter exames médicos atualizados de acordo com a NR-07 (Pro- e detonação e retirada dos explosivos que não explodiram e sua
grama de Controle Médico de Saúde Ocupacional). destinação adequada.
18.7.2.20As ocorrências e as atividades sequenciais da escava- 18.7.2.27Em casos especiais, quando da necessidade de o car-
ção manual do tubulão devem ser registradas diariamente em livro regamento dos explosivos ser executado simultaneamente com a
próprio por profissional legalmente habilitado. perfuração da rocha, deve ser garantida uma distância mínima, de-
18.7.2.21No tubulão escavado manualmente, são proibidos: terminada pelo blaster, entre o local do carregamento e o local de
a)o trabalho simultâneo em bases alargadas em tubulões adja- perfuração.
centes, sejam estes trabalhos de escavação e/ou de concretagem; 18.7.2.28Antes da introdução das cargas deve ser verificada a
b)a abertura simultânea de bases tangentes. existência de obstrução nos furos.
18.7.2.22O equipamento de descida e içamento de trabalha- 18.5.2.29 O carregamento dos furos deve ser efetuado imedia-
dores e materiais utilizados no processo de escavação manual de tamente antes da detonação.
tubulão deve: 18.7.2.30A área de fogo deve ser protegida para evitar a proje-
a)dispor de sistema de sarilho, projetado por profissional le- ção de partículas quando expuser a risco trabalhadores e terceiros.
galmente habilitado, fixado no terreno, fabricado em material re- 18.7.2.31Durante o carregamento só devem permanecer no
sistente e com rodapé de 0,2 m (vinte centímetros) em sua base, local os trabalhadores envolvidos na atividade, conforme condições
dimensionado conforme a carga e apoiado com, no mínimo, 0,5 m estabelecidas pelo blaster.
(cinquenta centímetros) de afastamento em relação à borda do tu- 18.7.2.32O aviso final da detonação deve ser feito por meio de
bulão; sirene, com intensidade de som suficiente para que seja ouvido em
b)ser dotado de sistema de segurança com travamento; todos os setores da obra e no entorno.
c)possuir dupla trava de segurança no sarilho, sendo uma de 18.7.2.33O tempo de retorno ao local da detonação deve ser
cada lado; definido pelo blaster.
d)possuir corda de cabo de fibra sintética que atenda às reco- 18.7.2.34Os explosivos e espoletas não utilizados devem ser
mendações do Anexo II desta NR; recolhidos aos seus respectivos depósitos após cada fogo.
e)utilizar corda de sustentação do balde com comprimento 18.7.3Carpintaria e armação
de modo que haja, em qualquer posição de trabalho, no mínimo 6 18.7.3.1As áreas de trabalho dos serviços de carpintaria e onde
(seis) voltas sobre o tambor; são realizadas as atividades de corte, dobragem e armação de ver-
f)ter gancho com trava de segurança na extremidade da corda galhões de aço devem:
do balde. a)ter piso resistente, nivelado e antiderrapante;
18.7.2.22.1A operação do equipamento de descida e içamento b)possuir cobertura capaz de proteger os trabalhadores contra
de trabalhadores e materiais utilizados no processo de escavação intempéries e queda de materiais;
manual de tubulão deve atender às seguintes medidas: c)possuir lâmpadas para iluminação protegidas contra impac-
a)liberar o serviço em cada etapa (abertura de fuste e alarga- tos provenientes da projeção de partículas;
mento de base), registrada no livro de registro diário de escavação; d)ter coletados e removidos, diariamente, os resíduos das ati-
b)dispor de sistema de ventilação por insuflação de ar por duto, vidades.
captado em local isento de fontes de poluição, ou, em caso contrá- 18.7.3.2A área de movimentação de vergalhões de aço deve
rio, adotar processo de filtragem do ar; ser isolada para evitar a circulação de pessoas não envolvidas na
c)depositar materiais longe da borda do tubulão, com distância atividade.
determinada pelo estudo geotécnico; 18.7.3.3Os feixes de vergalhões de aço que forem deslocados
d)ter cobertura quando o serviço for executado a céu aberto; por equipamentos de guindar devem ser amarrados de modo a evi-
e)isolar, sinalizar e fechar os poços nos intervalos e no término tar escorregamento.
da jornada de trabalho; 18.7.3.4As armações de pilares, vigas e outras estruturas de-
f)impedir o trânsito de veículos nos locais de trabalho; vem ser apoiadas e escoradas para evitar tombamento e desmo-
g)paralisar imediatamente as atividades de escavação no início ronamento.
de chuvas quando o serviço for executado a céu aberto; 18.7.3.5É obrigatória a colocação de pranchas de material re-
h)utilizar iluminação blindada e à prova de explosão. sistente firmemente apoiadas sobre as armações, para a circulação
Tubulão com pressão hiperbárica de trabalhadores.
18.7.2.23É proibida a execução de fundação por meio de tubu- 18.7.3.6As extremidades de vergalhões que ofereçam risco
lão de ar comprimido. Desmonte de rochas para os trabalhadores devem ser protegidas.
18.7.4Estrutura de concreto
595
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
18.7.4.1O projeto das fôrmas e dos escoramentos, indicando a b)sejam liberados após constatação da ausência de atividades
sequência de retirada das escoras, deve ser elaborado por profissio- incompatíveis com o trabalho a quente.
nal legalmente habilitado. 18.7.6.6Devem ser tomadas as seguintes medidas de preven-
18.7.4.2Na montagem das fôrmas e na desforma, são obrigató- ção contra incêndio nos locais onde se realizam trabalhos a quente:
rios o isolamento e a sinalização da área no entorno da atividade, a)eliminar ou manter sob controle possíveis riscos de incên-
além de serem previstas as medidas de prevenção de forma a impe- dios;
dir a queda livre das peças. b)instalar proteção contra o fogo, respingos, calor, fagulhas ou
18.7.4.3A operação de concretagem deve ser supervisionada borras, de modo a evitar o contato com materiais combustíveis ou
por trabalhador capacitado, devendo ser observadas as seguintes inflamáveis, bem como evitar a interferência em atividades parale-
medidas: las ou na circulação de pessoas;
a)inspecionar os equipamentos e os sistemas de alimentação c)manter sistema de combate a incêndio desobstruído e próxi-
de energia antes e durante a execução dos serviços; mo à área de trabalho;
b)inspecionar as peças e máquinas do sistema transportador d)inspecionar, ao término do trabalho, o local e as áreas adja-
de concreto antes e durante a execução dos serviços; centes, a fim de evitar princípios de incêndio.
c)inspecionar o escoramento e a resistência das fôrmas antes e 18.7.6.7Para o controle de fumos e contaminantes decorren-
durante a execução dos serviços; tes dos trabalhos a quente, devem ser implementadas as seguintes
d)isolar e sinalizar o local onde se executa a concretagem, sen- medidas:
do permitido o acesso somente à equipe responsável; a)limpar adequadamente a superfície e remover os produtos
e)dotar as caçambas transportadoras de concreto de dispositi- de limpeza utilizados, antes de realizar qualquer operação;
vos de segurança que impeçam o seu descarregamento acidental. b)providenciar renovação de ar em ambientes fechados a fim
18.7.4.4Durante as operações de protensão e desprotensão de eliminar gases, vapores e fumos empregados e/ou gerados du-
dos tirantes, a área no entorno da atividade deve ser isolada e si- rante os trabalhos a quente.
nalizada, sendo proibida a permanência de trabalhadores atrás ou 18.7.6.8Sempre que ocorrer mudança nas condições ambien-
sobre os dispositivos de protensão, ou em outro local que ofereça tais, as atividades devem ser interrompidas, avaliando-se as condi-
riscos. ções ambientais e adotando-se as medidas necessárias para ade-
18.7.4.5Quando o local de lançamento de concreto não for vi- quar a renovação de ar.
sível pelo operador do equipamento de transporte ou da bomba de 18.7.6.9Nos trabalhos a quente que utilizem gases, devem ser
concreto, deve ser utilizado um sistema de sinalização, sonoro ou adotadas as seguintes medidas:
visual, e, quando isso não for possível, deve haver comunicação por a)utilizar somente gases adequados à aplicação, de acordo com
telefone ou rádio para determinar o início e o fim do lançamento. as informações do fabricante;
18.7.5Estruturas metálicas b)seguir as determinações indicadas na Ficha de Informação de
18.7.5.1Toda montagem, manutenção e desmontagem de es- Segurança de Produtos Químicos - FISPQ;
trutura metálica deve estar sob responsabilidade de profissional c)utilizar reguladores de pressão e manômetros calibrados e
legalmente habilitado. em conformidade com o gás empregado;
18.7.5.2Na montagem de estruturas metálicas, o SPIQ e os d)utilizar somente acendedores apropriados, que produzam
meios de acessos dos trabalhadores à estrutura devem estar pre- somente centelhas e não possuam reservatório de combustível,
vistos no PGR da obra. para o acendimento de chama do maçarico;
18.7.5.3Nas operações de montagem, desmontagem e manu- e)impedir o contato de oxigênio a alta pressão com matérias
tenção das estruturas metálicas, o trabalhador deve ter recipiente orgânicas, tais como óleos e graxas.
e/ou suporte adequado para depositar materiais e/ou ferramentas. 18.7.6.10É proibida a instalação de adaptadores entre o cilin-
18.7.6Trabalho a quente dro e o regulador de pressão.
18.7.6.1Para fins desta NR, considera-se trabalho a quente as 18.7.6.11No caso de equipamento de oxiacetileno, deve ser
atividades de soldagem, goivagem, esmerilhamento, corte ou ou- utilizado dispositivo contra retrocesso de chama nas alimentações
tras que possam gerar fontes de ignição, tais como aquecimento, da mangueira e do maçarico.
centelha ou chama. 18.7.6.12Somente é permitido emendar mangueiras por meio
18.7.6.2Deve ser elaborada análise de risco específica para tra- do uso de conector em conformidade com as especificações técni-
balhos a quente quando: cas do fabricante.
a)houver materiais combustíveis ou inflamáveis no entorno; 18.7.6.13Os cilindros de gás devem ser:
b)for realizado em área sem prévio isolamento e não destinada a)mantidos em posição vertical e devidamente fixados;
para este fim. b)afastados de chamas, de fontes de centelhamento, de calor e
18.7.6.3Quando definido na análise de risco, deve haver um de produtos inflamáveis;
trabalhador observador para exercer a vigilância da atividade de c)instalados de forma a não se tornar parte de circuito elétrico,
trabalho a quente até a conclusão do serviço. mesmo que acidentalmente;
18.7.6.4O trabalhador observador deve ser capacitado em pre- d)transportados na posição vertical, com capacete rosqueado,
venção e combate a incêndio. por meio de equipamentos apropriados, devidamente fixados, evi-
18.7.6.5Nos locais onde se realizam trabalhos a quente, deve tando-se colisões;
ser efetuada inspeção preliminar, de modo a assegurar que o local e)mantidos com as válvulas fechadas e guardados com o pro-
de trabalho e áreas adjacentes: tetor de válvulas (capacete rosqueado), quando inoperantes ou va-
a)estejam limpos, secos e isentos de agentes combustíveis, in- zios.
flamáveis, tóxicos e contaminantes;
596
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
18.7.6.14Sempre que o serviço for interrompido, devem ser fe- 18.7.8.2É proibida a realização de trabalho ou atividades em
chadas as válvulas dos cilindros, dos maçaricos e dos distribuidores telhados ou coberturas:
de gases. a)sobre superfícies instáveis ou que não possuam resistência
18.7.6.15Os equipamentos e as mangueiras inoperantes ou estrutural;
que não estejam sendo utilizados devem ser mantidos fora dos es- b)sobre superfícies escorregadias;
paços confinados. c)sob chuva, ventos fortes ou condições climáticas adversas;
18.7.6.16São proibidas a instalação, a utilização e o armazena- d)sobre fornos ou qualquer outro equipamento do qual haja
mento de cilindros de gases em ambientes confinados. emanação de gases provenientes de processos industriais, deven-
18.7.6.17Nas operações de soldagem ou corte a quente de va- do o equipamento ser previamente desligado ou serem adotadas
silhame, recipiente, tanque ou similar que envolvam geração de ga- medidas de prevenção no caso da impossibilidade do desligamento;
ses, é obrigatória a adoção de medidas preventivas adicionais para e)com a concentração de cargas em um mesmo ponto sobre
eliminar riscos de explosão e intoxicação do trabalhador. telhado ou cobertura, exceto se autorizada por profissional legal-
18.7.7Serviços de impermeabilização mente habilitado.
18.7.7.1Os serviços de aquecimento, transporte e aplicação de
impermeabilizante em edificações devem atender às normas técni- 18.8 Escadas, rampas e passarelas
cas nacionais vigentes. 18.8.1É obrigatória a instalação de escada ou rampa para trans-
18.7.7.2O reservatório para aquecimento deve possuir: posição de pisos com diferença de nível superior a 0,4 m (quarenta
a)nome e CNPJ da empresa fabricante ou importadora em ca- centímetros) como meio de circulação de trabalhadores.
racteres indeléveis; 18.8.2A utilização de escadas e rampas deve observar os se-
b)manual técnico de operação disponível aos trabalhadores; guintes ângulos de inclinação:
c)tampa com respiradouro de segurança; a)para rampas, ângulos inferiores a 15° (quinze graus);
d)medidor de temperatura. b)para escadas móveis, ângulos entre 50° (cinquenta graus) e
18.7.7.3O local de instalação do reservatório para aquecimento 75° (setenta e cinco graus), ou de acordo com as recomendações
deve: do fabricante;
a)possuir ventilação natural ou forçada; c)para escadas fixas tipo vertical, ângulos entre 75° (setenta e
b)estar nivelado; cinco graus) e 90° (noventa graus).
c)ter isolamento e sinalização de advertência; 18.8.3É obrigatória a instalação de passarelas quando for ne-
d)ser mantido limpo e organizado. cessário o trânsito de pessoas sobre vãos com risco de queda de
18.7.7.4A armazenagem dos produtos utilizados nas operações altura.
de impermeabilização, inclusive os cilindros de gás, deve ser reali- 18.8.4As escadas, rampas e passarelas devem ser dimensiona-
zada em local isolado, sinalizado, ventilado, protegido contra risco das e construídas em função das cargas a que estarão submetidas.
de incêndio e distinto do local de instalação dos equipamentos de 18.8.5O transporte de materiais deve ser feito por meio ade-
aquecimento. quado, quando utilizadas escadas que demandem o uso das mãos
18.7.7.5Os sistemas de aquecimento a gás devem atender aos como ponto de apoio para o acesso ou para a execução do trabalho.
seguintes requisitos: 18.8.6Escadas
a)cilindros de gás devem ter capacidade de, no mínimo, 8 kg Escada fixa de uso coletivo
(oito quilos); 18.8.6.1As escadas de uso coletivo devem:
b)cilindros de gás devem ser instalados a, no mínimo, 3 m (três a)ser dimensionadas em função do fluxo de trabalhadores;
metros) do equipamento de aquecimento; b)ser dotadas de sistema de proteção contra quedas, de acordo
c)cilindros de gás com capacidade igual ou superior a 45 kg com o subitem 18.9.4.1 ou
(quarenta e cinco quilos) devem estar sobre rodas; 18.9.4.2 desta NR;
d)devem ser utilizados tubos ou mangueiras flexíveis de, no mí- c)ter largura mínima de 0,8 m (oitenta centímetros);
nimo, 5 m (cinco metros), previstos nas normas técnicas nacionais d)ter altura uniforme entre os degraus de, no máximo, 0,2 m
vigentes. (vinte centímetros);
18.7.7.6O sistema de aquecimento a gás deve ser inspeciona- e)ter patamar intermediário, no máximo, a cada 2,9 m (dois
do, quanto à existência de vazamentos, a cada intervenção. metros e noventa centímetros) de altura, com a mesma largura da
18.7.7.7A limpeza e a manutenção do equipamento de aqueci- escada e comprimento mínimo igual à largura;
mento devem seguir as recomendações do fabricante. f)ter piso com forração completa e antiderrapante;
18.7.7.8Nos serviços de impermeabilização, é proibido: g)ser firmemente fixadas em suas extremidades.
a)utilizar aquecimento à lenha; Escada fixa vertical
b)movimentar equipamento de aquecimento com a tampa 18.8.6.2A escada fixa vertical deve:
destravada. a)suportar os esforços solicitantes;
18.7.7.9Os trabalhadores envolvidos na atividade devem ser b)possuir corrimão ou continuação dos montantes da escada
capacitados conforme definido no Anexo I desta NR. ultrapassando a plataforma de descanso ou o piso superior com al-
18.7.8Telhados e coberturas tura entre 1,1 m (um metro e dez centímetros) a 1,2 m (um metro
18.7.8.1No serviço em telhados e coberturas que excedam 2 m e vinte centímetros);
(dois metros) de altura com risco de queda de pessoas, aplica-se o c)largura entre 0,4 m (quarenta centímetros) e 0,6 m (sessenta
disposto na NR-35. centímetros);
18.7.8.1.1O acesso ao SPIQ instalado sobre telhados e cobertu- d)ter altura máxima de 10 m (dez metros), se for de um único
ras deve ser projetado de forma que não ofereça risco de quedas. lance;
597
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
e)ter altura máxima de 6 m (seis metros) entre duas platafor- 18.8.6.14É proibido o uso de escada de mão com montante
mas de descanso, se for de múltiplos lances; único.
f)possuir plataforma de descanso com dimensões mínimas de 18.8.6.15A escada de mão deve ter seu uso restrito para servi-
0,6 m x 0,6 m (sessenta centímetros por sessenta centímetros) e ços de pequeno porte e acessos temporários.
dotada de sistema de proteção contra quedas, de acordo o subitem Escada portátil dupla (cavalete, abrir ou autossustentável)
18.9.4.1 ou 18.9.4.2 desta NR; 18.8.6.16As escadas duplas devem:
g)espaçamento uniforme dos degraus entre 0,25 m (vinte e cin- a)possuir, no máximo, 6 m (seis metros) de comprimento quan-
co centímetros) e 0,3 m (trinta centímetros); do fechadas;
h)fixação na base, a cada 3 m (três metros), e no topo na parte b)ser utilizadas com os limitadores de abertura operantes e nas
superior. posições indicadas pelo fabricante;
i)espaçamento entre o piso e a primeira barra não superior a c)ter a estabilidade garantida, quando da utilização de ferra-
0,4 m (quarenta centímetros); mentas e materiais aplicados na atividade.
j)distância em relação à estrutura em que é fixada de, no míni- 18.8.6.17As escadas duplas devem ser utilizadas apenas para
mo, 0,15 m (quinze centímetros); a realização de atividades com ela compatíveis, sendo proibida sua
k)dispor de lances em eixos paralelos distanciados, no mínimo, utilização para a transposição de nível.
0,7 m (setenta centímetros) entre eixos. Escada portátil extensível
18.8.6.3É obrigatória a utilização de SPIQ em escadas tipo fixa 18.8.6.18As escadas extensíveis devem:
vertical com altura superior a 2 m (dois metros). a)ser dotadas de dispositivo limitador de curso, colocado no
Escadas portáteis quarto vão a contar da catraca, ou conforme determinado pelo fa-
18.8.6.4As escadas de madeira não devem apresentar farpas, bricante;
saliências ou emendas. b)permitir sobreposição de, no mínimo, 1 m (um metro), quan-
18.8.6.5A seleção do tipo de escada portátil como meio de do estendida, caso não haja limitador de curso;
acesso e local de trabalho deve considerar a sua característica e se c)ser fixada em estrutura resistente e estável em pelo menos
a tarefa a ser realizada pode ser feita com segurança. um ponto, de preferência no nível superior;
18.8.6.6A escada portátil deve ser selecionada: d)ter a base apoiada a uma distância entre 1/5 (um quinto) e
a)de acordo com a carga projetada, de forma a resistir ao peso 1/3 (um terço) em relação à altura;
aplicado durante o acesso ou a execução da tarefa; e)ser posicionada de forma a ultrapassar em pelo menos 1 m
b)considerando os esforços quando da utilização de sistemas (um metro) o nível superior, quando usada para acesso.
de proteção contra quedas; 18.8.6.19A escada extensível com mais de 7 m (sete metros)
c)considerando as situações de resgate. de comprimento deve possuir sistema de travamento (tirante ou
18.8.6.7As escadas portáteis devem: vareta de segurança) para impedir que os montantes fiquem soltos
a)ter espaçamento uniforme entre os degraus de 0,25 m (vinte e prejudiquem a estabilidade.
e cinco centímetros) a 0,3 m (trinta centímetros); 18.8.7Rampas e passarelas
b)ser dotadas de degraus antiderrapantes; 18.8.7.1As rampas e passarelas devem:
c)ser apoiadas em piso resistente; a)ser dimensionadas em função de seu comprimento e das car-
d)ser fixadas em seus apoios ou possuir dispositivo que impeça gas a que estarão submetidas;
seu escorregamento. b)possuir sistema de proteção contra quedas em todo o perí-
18.8.6.8É proibido utilizar escada portátil: metro, conforme o subitem 18.9.4.1 ou 18.9.4.2 desta NR;
a)nas proximidades de portas ou áreas de circulação, de aber- c)ter largura mínima de 0,8 m (oitenta centímetros);
turas e vãos e em locais onde haja risco de queda de objetos ou d)ter piso com forração completa e antiderrapante;
materiais, exceto quando adotadas medidas de prevenção; e)ser firmemente fixadas em suas extremidades.
b)em estruturas sem resistência; 18.8.7.2Nas rampas com inclinação superior a 6° (seis graus),
c)junto a redes e equipamentos elétricos energizados despro- devem ser fixadas peças transversais, espaçadas em, no máximo,
tegidos. 0,4 m (quarenta centímetros) ou outro dispositivo de apoio para
18.8.6.9No caso do uso de escadas portáteis nas proximidades os pés.
de portas ou áreas de circulação, a área no entorno dos serviços
deve ser isolada e sinalizada. 18.9 Medidas de prevenção contra queda de altura
18.8.6.10As escadas portáteis devem ser usadas por uma pes- 18.9.1É obrigatória a instalação de proteção coletiva onde hou-
soa de cada vez, exceto quando especificado pelo fabricante o uso ver risco de queda de trabalhadores ou de projeção de materiais e
simultâneo. objetos no entorno da obra, projetada por profissional legalmente
18.8.6.11Durante a subida e descida de escadas portáteis, o habilitado.
trabalhador deve estar apoiado em três pontos. 18.9.2As aberturas no piso devem:
18.8.6.12As escadas portáteis devem possuir sapatas antider- a)ter fechamento provisório constituído de material resistente
rapantes ou dispositivo que impeça o seu escorregamento. travado ou fixado na estrutura; ou
Escada portátil de uso individual (de mão) b)ser dotada de sistema de proteção contra quedas, de acordo
18.8.6.13As escadas de mão devem: com o subitem 18.9.4.1 ou 18.9.4.2 desta NR.
a)possuir, no máximo, 7 m (sete metros) de extensão; 18.9.3Os vãos de acesso às caixas dos elevadores devem ter
b)ultrapassar em pelo menos 1 m (um metro) o piso superior; fechamento provisório de toda a abertura, constituído de material
c)possuir degraus fixados aos montantes por meios que garan- resistente, travado ou fixado à estrutura, até a colocação definitiva
tam sua rigidez. das portas.
598
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
18.9.4É obrigatória, na periferia da edificação, a instalação de 18.10.1.2As máquinas e equipamentos estacionários devem
proteção contra queda de trabalhadores e projeção de materiais a estar localizados em ambiente coberto e com iluminação adequada
partir do início dos serviços necessários à concretagem da primeira às atividades.
laje. 18.10.1.3Devem ser elaborados procedimentos de segurança
18.9.4.1A proteção, quando constituída de anteparos rígidos para o trabalho com máquinas, equipamentos e ferramentas não
com fechamento total do vão, deve ter altura mínima de 1,2 m (um contempladas no campo de aplicação da NR-12.
metro e vinte centímetros). 18.10.1.4Nas obras com altura igual ou superior a 10 m (dez
18.9.4.2A proteção, quando constituída de anteparos rígidos metros), é obrigatória a instalação de máquina ou equipamento de
em sistema de guarda-corpo e rodapé, deve atender aos seguintes transporte vertical motorizado de materiais.
requisitos: 18.10.1.4.1As máquinas ou equipamentos de transporte de
a)travessão superior a 1,2 m (um metro e vinte centímetros) materiais devem possuir dispositivos que impeçam a descarga aci-
de altura e resistência à carga horizontal de 90 kgf/m (noventa qui- dental do material.
logramas-força por metro), sendo que a deflexão máxima não deve 18.10.1.5A serra circular deve:
ser superior a 0,076 m (setenta e seis milímetros); a)ser projetada por profissional legalmente habilitado;
b)travessão intermediário a 0,7 m (setenta centímetros) de al- b)ser dotada de estrutura metálica estável;
tura e resistência à carga horizontal de 66 kgf/m (sessenta e seis c)ter o disco afiado e travado, devendo ser substituído quando
quilogramas-força por metro); apresentar defeito;
c)rodapé com altura mínima de 0,15 m (quinze centímetros) d)possuir dispositivo que impeça o aprisionamento do disco e
rente à superfície e resistência à carga horizontal de 22 kgf/m (vinte o retrocesso da madeira;
e dois quilogramas-força por metro); e)dispor de dispositivo que possibilite a regulagem da altura
d)ter vãos entre travessas preenchidos com tela ou outro dis- do disco;
positivo que garanta o fechamento seguro da abertura. f)ter coletor de serragem;
18.9.4.3Quando da utilização de plataformas de proteção pri- g)ser dotada de dispositivo empurrador e guia de alinhamento,
mária, secundária ou terciária, essas devem ser projetadas por pro- quando necessário;
fissional legalmente habilitado e atender aos seguintes requisitos: h)ter coifa ou outro dispositivo que impeça a projeção do disco
a)ser projetada e construída de forma a resistir aos impactos de corte.
das quedas de objetos;
b)ser mantida em adequado estado de conservação; Máquina autopropelida
c)ser mantida sem sobrecarga que prejudique a estabilidade de 18.10.1.6Na operação com máquina autopropelida, devem ser
sua estrutura. observadas as seguintes medidas de segurança:
18.9.4.4Quando da utilização de redes de segurança, essas de- a)as zonas de perigo e as partes móveis devem possuir pro-
vem ser confeccionadas e instaladas de acordo com os requisitos de teções de modo a impedir o acesso de partes do corpo do traba-
segurança e ensaios previstos nas normas EN 1263-1 e EN 1263-2 lhador, podendo ser retiradas somente para limpeza, lubrificação,
ou em normas técnicas nacionais vigentes. reparo e ajuste, e, após, devem ser, obrigatoriamente, recolocadas;
18.9.4.4.1O projeto de redes de segurança deve conter o pro- b)os operadores não podem se afastar do equipamento sob
cedimento das fases de montagem, ascensão e desmontagem. sua responsabilidade quando em funcionamento;
18.9.4.4.2As redes devem apresentar malha uniforme em toda c)nas paradas temporárias ou prolongadas, devem ser adota-
a sua extensão. das medidas com o objetivo de eliminar riscos provenientes de fun-
18.9.4.4.3Quando necessárias emendas na panagem da rede, cionamento acidental;
devem ser asseguradas as mesmas características da rede original, d)quando o operador do equipamento tiver a visão dificultada
com relação à resistência, à tração e à deformação, além da durabi- por obstáculos, deve ser exigida a presença de um trabalhador ca-
lidade, sendo proibidas emendas com sobreposições da rede. pacitado para orientar o operador;
18.9.4.4.4As emendas devem ser feitas por profissional capaci- e)em caso de superaquecimento de pneus e sistema de freio,
tado, sob supervisão de profissional legalmente habilitado. devem ser tomadas precauções especiais, prevenindo-se de possí-
18.9.4.4.5O sistema de redes deve ser submetido a uma inspe- veis explosões ou incêndios;
ção semanal para verificação das condições de todos os seus ele- f)possuir retrovisores e alarme sonoro acoplado ao sistema de
mentos e pontos de fixação. câmbio quando operada em marcha a ré;
18.9.4.4.6As redes, os elementos de sustentação e os acessó- g)não deve ser operada em posição que comprometa sua es-
rios devem ser armazenados em local apropriado, seco e acondicio- tabilidade;
nados em recipientes adequados. h)antes de iniciar a movimentação ou dar partida no motor, é
18.9.4.4.7As redes, quando utilizadas para proteção de perife- preciso certificar-se de que não há ninguém sobre, debaixo ou per-
ria, devem estar associadas a um sistema, com altura mínima de 1,2 to dos mesmos, de modo a garantir que a movimentação da máqui-
m (um metro e vinte centímetros), que impeça a queda de mate- na não exponha trabalhadores ou terceiros a acidentes;
riais e objetos. i)assegurar que, antes da operação, esteja brecada e com suas
rodas travadas, implementando medidas adicionais no caso de pi-
18.10 Máquinas, equipamentos, ferramentas sos inclinados ou irregulares.
18.10.1Máquinas e equipamentos 18.10.1.7A inspeção, limpeza, ajuste e reparo somente devem
18.10.1.1As máquinas e os equipamentos devem atender ao ser executados com a máquina desligada, salvo se o movimento for
disposto na NR-12 (Segurança no Trabalho em Máquinas e Equipa- indispensável à realização da inspeção ou ajuste.
mentos).
599
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
18.10.1.8É proibido manter sustentação de máquinas autopro- sárias, utilização conjunta de mais de um equipamento de guindar,
pelidas somente pelos cilindros hidráulicos, quando em manuten- ensaios e/ou treinamentos preliminares e qualquer outra situação
ção. singular de alto risco;
18.10.1.9O abastecimento de máquinas autopropelidas com h)conter lista de verificação do equipamento e dos dispositivos
motor a explosão deve ser realizado por trabalhador capacitado, auxiliares de movimentação de carga, emitida pelo fabricante, loca-
em local apropriado, utilizando-se de técnica e equipamentos que dor ou profissional legalmente habilitado;
garantam a segurança da operação. i)conter lista de verificação para plataforma de carga e descar-
18.10.1.10O processo de enchimento ou esvaziamento de ga, emitida por profissional legalmente habilitado;
pneus deve ser feito de modo gradativo, com medições sucessivas j)conter medidas preventivas complementares quando no mes-
da pressão, dentro de gaiolas de proteção, projetadas para esse fim, mo local houver outro equipamento de guindar com risco de inter-
de modo a resguardar a segurança do trabalhador. ferência entre seus movimentos.
18.10.1.11O transporte de acessórios e materiais por içamento 18.10.1.17.1Para grua, além do disposto neste subitem, deve
deve ser feito o mais próximo possível do piso, com o isolamento da ser indicada a altura inicial e final, o comprimento da lança, a capa-
área, em conformidade com a análise de risco. cidade de carga na ponta, a capacidade máxima de carga, se provida
18.10.1.12Devem ser tomadas precauções especiais quando ou não de coletor elétrico e a planilha de esforços sobre a base e
da movimentação de máquinas autopropelidas próxima a redes sobre os locais de ancoragens do equipamento.
elétricas. 18.10.1.18Deve ser elaborada análise de risco para movimen-
18.10.1.13A máquina autopropelida com massa (tara) superior tação de cargas, sendo que, quando a movimentação for rotineira, a
a 4.500 kg (quatro mil e quinhentos quilos) deve possuir cabine cli- análise pode estar descrita em procedimento operacional.
matizada e oferecer proteção contra queda e projeção de objetos e 18.10.1.19Deve ser elaborada análise de risco específica para
contra incidência de raios solares e intempéries. (Vide prazo - Por- movimentação de cargas não- rotineiras, com a respectiva permis-
taria SEPRT nº 3.733, de 10/02/20) são de trabalho.
18.10.1.14A máquina autopropelida com massa (tara) igual ou 18.10.1.20Quando da utilização de equipamento de guindar
inferior a 4.500 kg (quatro mil e quinhentos quilos) deve possuir sobre base móvel, a sua estabilidade deve ser garantida, assim
posto de trabalho protegido contra queda e projeção de objetos e como a da superfície onde será utilizado, atendendo às recomenda-
contra incidência de raios solares e intempéries. ções do fabricante ou do profissional legalmente habilitado.
Equipamentos de guindar 18.10.1.21Devem ser mantidos o isolamento e a sinalização da
18.10.1.15Para fins de aplicação dos subitens 18.10.1.16 a área sob carga suspensa.
18.10.1.44, consideram-se equipamentos de guindar as gruas, in- 18.10.1.22Quando no mesmo local houver dois ou mais equi-
clusive as de pequeno porte, os guindastes, os pórticos, as pontes pamentos de guindar com risco de interferência entre seus movi-
rolantes e equipamentos similares. mentos, deve haver sistema automatizado anticolisão instalado nos
18.10.1.16Os equipamentos de guindar devem ser utilizados equipamentos ou sinaleiro capacitado e autorizado para coordenar
de acordo com as recomendações do fabricante e com o plano de os movimentos desses equipamentos.
carga, elaborado por profissional legalmente habilitado e contem- 18.10.1.23Quando da utilização de equipamento de guindar, os
plado no PGR. seguintes documentos, quando aplicável, devem ser disponibiliza-
18.10.1.17O plano de carga para movimentação de carga sus- dos no canteiro de obras:
pensa deve ser elaborado para cada equipamento e conter as se- a)plano de cargas, conforme subitem 18.10.1.17 desta NR;
guintes informações: b)registro de todas as ações de manutenção preventivas e cor-
a)endereço do local onde o equipamento estiver instalado e a retivas e de inspeção do equipamento, ocorridas após a instalação
duração prevista para sua utilização; no local onde estiver em operação, e os termos de entrega técnica
b)razão social, endereço e CNPJ do fabricante, importador, lo- e liberação para uso, conforme disposto no item 12.11 da NR-12;
cador ou proprietário do equipamento e do responsável pela mon- c)comprovantes de capacitação e autorização do operador do
tagem, desmontagem e serviços de manutenção; equipamento de guindar em operação no local;
c)tipo, modelo, ano de fabricação, capacidade, dimensões e de- d)comprovantes de capacitação do sinaleiro/amarrador de car-
mais dados técnicos; gas e do trabalhador designado para inspecionar plataformas em
d)conter croquis ou planta baixa, mostrando a área coberta balanço para recebimento de cargas;
pela operacionalização do equipamento, de todas possíveis inter- e)projeto de fixação na edificação ou em estrutura indepen-
ferências dentro e fora dos limites da obra, e os principais locais de dente;
carregamento e descarregamento de materiais; f)projeto para a passarela de acesso à torre da grua;
e)indicar as medidas previstas para isolamento das áreas sob g)listas de verificação mencionadas nesta NR e instruções de
cargas suspensas e das áreas adjacentes que eventualmente pos- segurança emitidas, específicas à operacionalização do equipamen-
sam estar sob risco de queda de materiais; to;
f)especificar todos os dispositivos e acessórios auxiliares de iça- h)laudo de aterramento elétrico com medição ôhmica, confor-
mento que devem ser utilizados em cada operação, tais como gan- me normas técnicas nacionais vigentes, elaborado por profissional
chos, lingas, calços, contenedores especiais, balancins, manilhas, legalmente habilitado e atualizado semestralmente.
roldanas auxiliares e quaisquer outros necessários; 18.10.1.24O equipamento de guindar, de acordo com suas es-
g)detalhar procedimentos especiais que se façam necessários pecificidades, deve dispor dos seguintes itens de segurança:
com relação à movimentação de peças de grande porte, quanto à a)limitador de carga máxima;
preparação da área de operações, velocidades e percursos previs- b)limitador de altura que permita a frenagem do moitão na ele-
tos na movimentação da carga, sequenciamento de etapas neces- vação de cargas;
600
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
c)dispositivo de monitoramento na descida, se definido na aná- f)utilização de cordas de fibras naturais ou sintéticas como ele-
lise de risco; mentos de içamento de cargas, salvo cabos de fibra sintética previs-
d)alarme sonoro com acionamento automático quando o limi- tos nas normas técnicas nacionais vigentes;
tador de carga ou de momento estiver atuando; g)transporte de pessoas, salvo nas condições em operação de
e)alarme sonoro para ser acionado pelo operador em situações resgate e salvamento, sob supervisão de profissional legalmente
de risco e/ou alerta; habilitado, ou quando em conformidade com o item 4 do Anexo XII
f)trava de segurança no gancho do moitão; da NR-12;
g)dispositivo instalado nas polias que impeça o escape aciden- h)trabalho em condições climáticas adversas ou qualquer outra
tal dos cabos de aço; condição meteorológica que possa afetar a segurança dos trabalha-
h)limitadores de curso para movimento de translação quando dores.
instalado sobre trilhos. 18.10.1.30Na impossibilidade de o operador do equipamen-
18.10.1.25Quando o equipamento de guindar possuir cabine to visualizar a carga em todo o seu percurso, a operação deve ser
de comando, esta deve dispor de: orientada por, no mínimo, um sinaleiro/amarrador de carga.
a)acesso seguro e, quando necessário em movimentação verti- 18.10.1.31A comunicação entre o operador do equipamento e
cal para acessar a cabine, tornar obrigatório o uso do SPIQ; o sinaleiro/amarrador de carga deve ser efetuada por sistema de
b)interior climatizado; (Vide prazo - Portaria SEPRT nº 3.733, comunicação eficiente.
de 10/02/20) 18.10.1.32Devem ser realizadas e registradas as inspeções diá-
c)assento ergonômico; rias das condições de segurança:
d)proteção contra raios solares e intempéries; a)no equipamento, pelo seu operador, com lista de verificação
e)tabela de cargas máximas em todas as condições de uso, es- emitida e sob a responsabilidade do fabricante, locador ou proprie-
crita em língua portuguesa, no seu interior e de fácil visualização tário do equipamento;
pelo operador; b)nos dispositivos auxiliares de movimentação de carga, pelo
f)extintor de incêndio adequado ao risco. sinaleiro/amarrador de carga, mediante lista de verificação;
18.10.1.26Guindastes e gruas, além das exigências anteriores c)nas plataformas de carga e descarga, por trabalhador capa-
cabíveis, devem possuir: citado e autorizado pelo seu empregador, mediante lista de verifi-
a)limitador de momento máximo, impedindo a continuidade cação.
do movimento e só permitindo a sua reversão;
b)anemômetro que indique no interior da cabine do equipa- Gruas
mento a velocidade do vento; 18.10.1.33Além do exigido nos itens anteriores pertinentes a
c)indicadores de níveis longitudinal e transversal, exceto para equipamento de guindar, a grua deve dispor de:
as gruas que não são montadas sobre base móvel. a)cabine de comando, acoplada à parte giratória do equipa-
18.10.1.27Os dispositivos auxiliares de içamento devem aten- mento, exceto para gruas de pequeno porte e automontante;
der aos seguintes requisitos: b)limitador de fim de curso para o carro da lança nas duas ex-
a)dispor de forma indelével a razão social do fabricante ou do tremidades;
locador, a capacidade de carga e o número de série que permita sua c)sistema automático de controle de carga admissível ou placas
rastreabilidade; indicativas de carga admissível ao longo da lança, conforme especi-
b)possuir certificado ou dispor de projeto elaborado por profis- ficado pelo fabricante ou locador;
sional legalmente habilitado, contendo a especificação e descrição d)luz de obstáculo no ponto mais alto da grua;
completa das características mecânicas e elétricas, se cabíveis; e)SPIQ para acesso horizontal e vertical onde houver risco de
c)ser inspecionado pelo sinaleiro/amarrador de cargas antes de queda;
entrar em uso. f)limitador/contador de giro, mesmo quando a grua dispuser
18.10.1.28Os controles remotos utilizados para o comando de de coletor elétrico;
equipamento de guindar devem conter a identificação correspon- g)sistema de proteção contra quedas na transposição entre a
dente ao equipamento que está sendo utilizado e possuir indicação, escada de acesso e o posto de trabalho do operador e na contra
em língua portuguesa, dos comandos de operação. lança, conforme a NR-12;
18.10.1.29São proibidos durante a operação dos equipamen- h)escadas fixas conforme disposto no item 18.8 desta NR;
tos de guindar: i)limitadores de movimento para lanças retráteis ou basculan-
a)circulação ou permanência de pessoas estranhas nas áreas tes;
sob movimentação da carga suspensa; j)dispositivo automático com alarme sonoro que indique a
b)colocação de placas de publicidade na estrutura do equipa- ocorrência de ventos superiores a 42 km/h (quarenta e dois quilô-
mento, salvo quando especificado pelo fabricante ou profissional metros por hora).
legalmente habilitado; 18.10.1.34Além das proibições referidas no subitem 18.10.1.29
c)movimentação de cargas com peso desconhecido; desta NR, as gruas também devem obedecer às seguintes prescri-
d)movimentação em ações de arraste ou com o içamento incli- ções restritivas:
nado em relação à vertical; a)o trabalho sob condições de ventos com velocidade acima de
e)içamento de carga que não esteja totalmente desprendida da 42 km/h (quarenta e dois quilômetros por hora) deve ser precedido
sua superfície de apoio e livre de qualquer interferência que ofere- de análise de risco específica e autorizado mediante permissão de
ça resistência ao movimento pretendido; trabalho;
601
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
b)sob nenhuma condição é permitida a operação com gruas d)quando ocorrer algum evento que possa comprometer a sua
quando da ocorrência de ventos com velocidade superior a 72 km/h integridade estrutural e eletromecânica, a critério de profissional
(setenta e dois quilômetros por hora); legalmente habilitado.
c)a ponta da lança e o cabo de aço de levantamento da car- 18.10.1.41Cabe ao empregador prover instalação sanitária
ga devem estar afastados da rede elétrica conforme orientação da contendo vaso sanitário e lavatório, a uma distância máxima de 50
concessionária local e distar, no mínimo, 3 m (três metros) de qual- m (cinquenta metros) do posto de trabalho do operador do equi-
quer obstáculo, sendo que, para distanciamentos inferiores a ope- pamento.
racionalização da grua, deve ser realizada análise de risco elaborada 18.10.1.41.1Na impossibilidade do cumprimento desta exigên-
por profissional legalmente habilitado. cia, deve o empregador disponibilizar no mínimo 4 (quatro) inter-
18.10.1.35Quando o equipamento não estiver em funciona- valos para cada turno de trabalho diário, com duração que permita
mento, a movimentação da lança da grua deve ser livre, salvo em ao operador do equipamento sair e retornar à cabine, para atender
situações onde há obstáculos ao seu giro, que devem estar previs- suas necessidades fisiológicas.
tas no plano de carga.
18.10.1.36O posicionamento e configuração dos pontos de an- Gruas de pequeno porte
coragens e/ou estaiamento da grua devem: 18.10.1.42São considerados gruas de pequeno porte os equi-
a)seguir as instruções do fabricante sobre os esforços aplicados pamentos que atendam simultaneamente às seguintes caracterís-
nesses pontos; ticas:
b)ter as estruturas e materiais de fixação definidos em projeto a)raio máximo de alcance da lança de 6 m (seis metros);
e cálculos elaborados por profissional legalmente habilitado, vin- b)capacidade de carga máxima não superior a 500 kg (quinhen-
culado ao locador ou à empresa responsável pela montagem do tos quilogramas);
equipamento. c)altura máxima da torre de 6 m (seis metros) acima da laje em
18.10.1.37A grua ascensional que possuir sistema de telesco- construção.
pagem por meio de elementos metálicos verticais só pode ser uti- 18.10.1.43Além do exigido nos subitens anteriores pertinentes
lizada quando dispuser de sistema de fixação ou quadro-guia que a equipamentos de guindar, a grua de pequeno porte deve possuir:
garanta seu paralelismo, de modo a evitar a desacoplagem da torre a)comando elétrico por botoeira ou manipulador a cabo, res-
dos elementos metálicos durante o processo de telescopagem. peitando voltagem máxima de 24V (vinte e quatro volts);
18.10.1.38Nas operações de montagem, telescopagem e des- b)botão de parada de emergência;
montagem de gruas ascensionais, devem ser obedecidas as seguin- c)limitador de carga máxima;
tes prescrições: d)limitador de momento máximo, impedindo a continuidade
a)o sistema hidráulico deve ser operado fora da torre, não sen- do movimento e só permitindo a sua reversão;
do permitida a presença de pessoas no interior do equipamento; e)limitador de altura que permita a frenagem do moitão na ele-
b)em casos previstos pelo fabricante ou locador, é permitida a vação de cargas;
presença de pessoas para inspeção e verificação do acionamento f)dispositivo de monitoramento na descida, se definido na aná-
do sistema hidráulico, mediante análise de risco para a operação, lise de risco;
elaborada e sob responsabilidade de profissional legalmente habi- g)luz de obstáculo no ponto mais alto do equipamento;
litado. h)alarme sonoro com acionamento automático quando o limi-
18.10.1.39No término da montagem inicial e após qualquer tador de carga ou de momento estiver atuando;
intervenção de inspeção ou manutenção da grua, é obrigatória a i)alarme sonoro para ser acionado pelo operador em situações
emissão de termo de entrega técnica e liberação para uso, que deve de risco e/ou alerta;
ser entregue mediante recibo, contendo, no mínimo: j)trava de segurança do gancho de moitão;
a)descrição de todas as ações executadas; k)dispositivo instalado nas polias que impeça o escape aciden-
b)resultados dos testes de carga e sobrecarga, se efetuados; tal dos cabos de aço;
c)data, identificação e respectivas assinaturas do responsável l)SPIQ para utilização quando da operação do equipamento.
pelo trabalho executado e por quem o aceita como bem realizado; 18.10.1.43.1Não se aplica à grua de pequeno porte o disposto
d)a explícita afirmação impressa ou carimbada no documento no subitem 18.10.1.24 desta NR.
de que “todos os dispositivos e elementos de segurança do equipa- 18.10.1.44É proibido o uso de grua de pequeno porte:
mento estão plenamente regulados e atuantes para a sua operacio- a)com giro da lança inferior a 180° (cento e oitenta graus);
nalização segura”; b)que necessite de ação manual para girar a lança.
e)registro em livro próprio, ficha ou sistema informatizado, de
acordo com item 12.11 da NR-12. Guincho de coluna
18.10.1.40Deve ser elaborado laudo estrutural e operacional 18.10.1.45Para fins de cumprimento dos dispositivos da NR-18,
quanto à integridade estrutural e eletromecânica da grua, sob res- o guincho de coluna deve atender exclusivamente aos seguintes re-
ponsabilidade de profissional legalmente habilitado, nas seguintes quisitos:
situações: a)ter capacidade de carga não superior a 500 kg (quinhentos
a)quando não dispuser de identificação do fabricante, não pos- quilos);
suir fabricante ou importador estabelecido; b)possuir análise de risco e procedimento operacional;
b)conforme periodicidade estabelecida pelo fabricante ou, no c)possuir dispositivos adequados para sua fixação, especifica-
máximo, com 20 (vinte) anos de uso; dos no projeto de instalação;
c)para equipamentos com mais de 20 (vinte) anos de uso, o d)ter seu tambor nivelado para garantir o enrolamento ade-
laudo deve ser feito a cada 2 (dois) anos; quado do cabo de aço;
602
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
e)possuir proteção para impedir o contato de qualquer parte 18.10.2.17.1É obrigação do trabalhador zelar pelo cuidado na
do corpo do trabalhador com o tambor de enrolamento; utilização das ferramentas manuais e devolvê-las ao empregador
f)possuir comando elétrico por botoeira ou manipulador a sempre que solicitado.
cabo, respeitando voltagem máxima de 24V (vinte e quatro volts); 18.10.2.18As ferramentas manuais não devem ser deixadas so-
g)possuir botão para parada de emergência. bre passagens, escadas, andaimes e outras superfícies de trabalho
18.10.2Ferramentas ou de circulação, devendo ser guardadas em locais apropriados,
18.10.2.1Os trabalhadores devem ser capacitados e instruídos quando não estiverem em uso.
para a utilização das ferramentas, seguindo as recomendações de 18.10.2.19As ferramentas manuais utilizadas nas instalações
segurança desta NR e, quando aplicável, do manual do fabricante. elétricas devem ser totalmente isoladas de acordo com a tensão
18.10.2.2Para a utilização das ferramentas, deve ser evitada a envolvida, ficando exposta apenas a parte que fará contato com a
utilização de roupas soltas e adornos que possam colocar em risco instalação.
a segurança do trabalhador. 18.10.2.20As ferramentas manuais devem ser transportadas
18.10.2.3As ferramentas devem ser vistoriadas antes da sua em recipientes próprios.
utilização. Ferramenta elétrica portátil
18.10.2.4O condutor de alimentação da ferramenta elétrica 18.11 Movimentação e transporte de materiais e pessoas
deve ser manuseado de forma que não sofra torção, ruptura ou (elevadores)
abrasão, nem obstrua o trânsito de trabalhadores e equipamentos. 18.11.1As disposições deste item aplicam-se à instalação, mon-
18.10.2.5Os dispositivos de proteção removíveis da ferramenta tagem, desmontagem, operação, teste, manutenção e reparos em
elétrica só podem ser retirados para limpeza, lubrificação, reparo e elevadores para transporte vertical de materiais e de pessoas em
ajuste, e após devem ser, obrigatoriamente, recolocados. canteiros de obras ou frentes de trabalho.
18.10.2.6A ferramenta elétrica utilizada para cortes deve ser 18.11.2É proibida a instalação de elevador tracionado com
provida de disco específico para o tipo de material a ser cortado. cabo único e aqueles adaptados com mais de um cabo, na movi-
18.10.2.7É proibida a utilização de ferramenta elétrica portátil mentação e transporte vertical de materiais e pessoas, que não
sem duplo isolamento. atendam as normas técnicas nacionais vigentes.
18.11.3Toda empresa fabricante, locadora ou prestadora de
Ferramenta pneumática serviços de instalação, montagem, desmontagem e manutenção,
18.10.2.8A ferramenta pneumática deve possuir dispositivo de seja do equipamento em seu conjunto ou de parte dele, deve ser
partida instalado de modo a reduzir ao mínimo a possibilidade de registrada no respectivo conselho de classe e estar sob responsabi-
funcionamento acidental. lidade de profissional legalmente habilitado.
18.10.2.9A válvula de ar da ferramenta pneumática deve ser 18.11.4Os equipamentos de transporte vertical de materiais e
fechada automaticamente quando cessar a pressão da mão do ope- de pessoas devem ser dimensionados por profissional legalmente
rador sobre os dispositivos de partida. habilitado e atender às normas técnicas nacionais vigentes ou, na
18.10.2.10As mangueiras e conexões de alimentação devem sua ausência, às normas técnicas internacionais vigentes.
resistir às pressões de serviço, permanecendo firmemente presas 18.11.5Os serviços de instalação, montagem, operação, des-
aos tubos de saída e afastadas das vias de circulação. montagem e manutenção devem ser executados por profissional
18.10.2.11A ferramenta pneumática deve ser desconectada capacitado, com anuência formal da empresa e sob a responsabili-
quando não estiver em uso, e o suprimento de ar para as manguei- dade de profissional legalmente habilitado.
ras deve ser desligado e aliviada a pressão. 18.11.6São atribuições do operador:
18.10.2.12No uso das ferramentas pneumáticas, é proibido: a)manter o posto de trabalho limpo e organizado;
a)utilizá-la para a limpeza das roupas; b)organizar a carga e descarga de material no interior da cabi-
b)exceder a pressão máxima do ar. ne;
Ferramenta de fixação a pólvora ou gás c)separar materiais de pessoas no interior da cabine;
18.10.2.13A ferramenta de fixação a pólvora ou gás deve pos- d)comunicar e registrar ao técnico responsável pela obra qual-
suir sistema de segurança contra disparos acidentais. quer anomalia no equipamento;
18.10.2.14É proibido o uso de ferramenta de fixação a pólvora e)acompanhar todos os serviços de manutenção no equipa-
ou gás: mento.
a)em ambientes contendo substâncias inflamáveis ou explosi- 18.11.7Toda empresa usuária de equipamentos de movimen-
vas; tação e transporte vertical de materiais e/ou pessoas deve possuir
b)com a presença de pessoas, inclusive o ajudante, nas proxi- os seguintes documentos disponíveis no canteiro de obras:
midades do local do disparo. a)programa de manutenção preventiva, conforme recomenda-
18.10.2.15A ferramenta de fixação a pólvora deve estar des- ção do locador, importador ou fabricante;
carregada (sem o pino e o finca-pino) sempre que estiver sem uso. b)termo de entrega técnica de acordo com as normas técnicas
18.10.2.16Antes da fixação de pinos por ferramenta de fixação, nacionais vigentes ou, na sua ausência, de acordo com o determi-
devem ser verificados o tipo e a espessura da parede ou laje, o tipo nado pelo profissional legalmente habilitado responsável pelo equi-
de pino e finca-pino mais adequados, e a região oposta à superfície pamento;
de aplicação deve ser previamente inspecionada. c)laudo de testes dos freios de emergência a serem realizados,
Ferramenta manual no máximo, a cada 90 (noventa) dias, assinado pelo responsável
18.10.2.17Cabe ao empregador fornecer gratuitamente aos técnico pela manutenção do equipamento ou, na sua ausência,
trabalhadores as ferramentas manuais necessárias para o desen-
volvimento das atividades.
603
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
pelo profissional legalmente habilitado responsável pelo equipa- 18.11.16Deve haver altura livre de, no mínimo, 2 m (dois me-
mento, contendo os parâmetros mínimos determinados por nor- tros) sobre a rampa.
mas técnicas nacionais vigentes; 18.11.17É proibido, nos elevadores, o transporte de pessoas
d)registro, pelo operador, das vistorias diárias realizadas antes juntamente com materiais, exceto quanto ao operador e ao respon-
do início dos serviços, conforme orientação dada pelo responsável sável pelo material a ser transportado, desde que isolados da carga
técnico do equipamento, atendidas as recomendações do manual por uma barreira física, com altura mínima de 1,8 m (um metro e
do fabricante; oitenta centímetros), instalada com dispositivo de intertravamento
e)laudos dos ensaios não destrutivos dos eixos dos motofreios com duplo canal e ruptura positiva, monitorado por interface de
e dos freios de emergência, sendo a periodicidade definida por pro- segurança.
fissional legalmente habilitado, obedecidos os prazos máximos pre- 18.11.18O elevador de materiais e/ou pessoas deve dispor, no
vistos pelo fabricante no manual de manutenção do equipamento; mínimo, de:
f)manual de orientação do fabricante; a)cabine metálica com porta;
g)registro das atividades de manutenção conforme item 12.11 b)horímetro;
da NR-12; c)iluminação e ventilação natural ou artificial durante o uso;
h)laudo de aterramento elaborado por profissional legalmente d)indicação do número máximo de passageiros e peso máximo
habilitado. equivalente em quilogramas;
18.11.8É proibido o uso de chave do tipo comutadora e/ou re- e)botão em cada pavimento a fim de garantir comunicação úni-
versora para comando elétrico de subida, descida ou parada. ca através de painel interno de controle.
18.11.9Todos os componentes elétricos ou eletrônicos que fi- 18.11.19O elevador de materiais e/ou pessoas deve dispor, no
quem expostos às condições meteorológicas devem ter proteção mínimo, dos seguintes itens de segurança:
contra intempéries. a)intertravamento das proteções com o sistema elétrico,
18.11.10Devem ser observados os seguintes requisitos de se- através de dispositivo de intertravamento com duplo canal e rup-
gurança durante a execução dos serviços de montagem, desmonta- tura positiva, monitorado por interface de segurança que impeça a
gem, ascensão e manutenção de equipamentos de movimentação movimentação da cabine quando:
vertical de materiais e de pessoas: I.a porta de acesso da cabine, inclusive o alçapão, não estiver
a)isolamento da área de trabalho; devidamente fechada;
b)proibição, se necessário, da execução de outras atividades II.a rampa de acesso à cabine não estiver devidamente recolhi-
nas periferias das fachadas onde estão sendo executados os ser- da no elevador de cremalheira, e;
viços; III.a porta da cancela de qualquer um dos pavimentos ou do
c)proibição de execução deste tipo de serviço em dias de con- recinto de proteção da base estiver aberta.
dições meteorológicas adversas. b)dispositivo eletromecânico de emergência que impeça a que-
18.11.11As torres dos elevadores devem estar afastadas das da livre da cabine, monitorado por interface de segurança, de for-
redes elétricas ou estar isoladas conforme normas específicas da ma a freá-la quando ultrapassar a velocidade de descida nominal,
concessionária local. interrompendo automática e simultaneamente a corrente elétrica
18.11.12As torres dos elevadores devem ser montadas de ma- da cabine;
neira que a distância entre a face da cabine e a face da edificação c)dispositivo de intertravamento com duplo canal e ruptura
seja de, no máximo, 0,2 m (vinte centímetros). positiva, monitorado por interface de segurança, ou outro sistema
18.11.12.1Para distâncias maiores, as cargas e os esforços so- com a mesma categoria de segurança que impeça que a cabine ul-
licitantes originados pelas rampas devem ser considerados no di- trapasse a última parada superior ou inferior;
mensionamento e especificação da torre do elevador. d)dispositivo mecânico que impeça que a cabine se desprenda
18.11.13Em todos os acessos de entrada à torre do elevador acidentalmente da torre do elevador;
deve ser instalada barreira (cancela) que tenha, no mínimo, 1,8 m e)amortecedores de impacto de velocidade nominal na base,
(um metro e oitenta centímetros) de altura, impedindo que pessoas caso o mesmo ultrapasse os limites de parada final;
exponham alguma parte de seu corpo no interior da mesma. f)sistema que possibilite o bloqueio dos seus dispositivos de
18.11.13.1A barreira (cancela) da torre do elevador deve ser acionamento de modo a impedir o seu acionamento por pessoas
dotada de dispositivo de intertravamento com duplo canal e rup- não autorizadas;
tura positiva, monitorado por interface de segurança, de modo a g)sistema de frenagem automática, a ser acionado em situa-
impedir sua abertura quando o elevador não estiver no nível do ções que possam gerar a queda livre da cabine;
pavimento. h)sistema que impeça a movimentação do equipamento quan-
18.11.14O fechamento da base da torre do elevador deve pro- do a carga ultrapassar a capacidade permitida.
teger todos os lados até uma altura de pelo menos 2,0 m (dois me- Movimentação de pessoas
tros) e ser dotado de proteção e sinalização, de forma a proibir a 18.11.20O transporte de passageiros no elevador deve ter prio-
circulação de trabalhadores através da mesma. ridade sobre o de cargas.
18.11.15A rampa de acesso à torre de elevador deve: 18.11.21Na construção com altura igual ou superior a 24 m
a)ser provida de sistema de proteção contra quedas, conforme (vinte e quatro metros), é obrigatória a instalação de, pelo menos,
o subitem 18.9.4.1 ou 18.9.4.2 desta NR; um elevador de passageiros, devendo seu percurso alcançar toda a
b)ter piso de material resistente, sem apresentar aberturas; extensão vertical da obra, considerando o subsolo.
c)não ter inclinação descendente no sentido da torre; 18.11.21.1O elevador de passageiros deve ser instalado, no
d)estar fixada à cabine de forma articulada no caso do elevador máximo, a partir de 15 m (quinze metros) de deslocamento vertical
de cremalheira. na obra.
604
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
18.11.22Nos elevadores do tipo cremalheira, a altura livre para c)com ferramentas com amarração que impeçam sua queda
trabalho após a amarração na última laje concretada ou último pa- acidental;
vimento será determinada pelo fabricante, em função do tipo de d)com isolamento e sinalização da área.
torre e seus acessórios de amarração. 18.12.7O andaime tubular deve possuir montantes e painéis
18.11.23Nos elevadores do tipo cremalheira, o último elemen- fixados com travamento contra o desencaixe acidental.
to da torre do elevador deve ser montado com a régua invertida 18.12.8Em relação ao andaime e à plataforma de trabalho, é
ou sem cremalheira, de modo a evitar o tracionamento da cabine. proibido:
Movimentação de materiais a)utilizar andaime construído com estrutura de madeira, ex-
18.11.24Na movimentação de materiais por meio de elevador, ceto quando da impossibilidade técnica de utilização de andaimes
é proibido: metálicos;
a)transportar materiais com dimensões maiores do que a cabi- b)retirar ou anular qualquer dispositivo de segurança do an-
ne no elevador; daime;
b)transportar materiais apoiados nas portas da cabine; c)utilizar escadas e outros meios sobre o piso de trabalho do
c)transportar materiais do lado externo da cabine, exceto nas andaime, para atingir lugares mais altos.
operações de montagem e desmontagem do elevador; 18.12.9O ponto de instalação de qualquer aparelho de içar ma-
d)transportar material a granel sem acondicionamento apro- teriais no andaime deve ser escolhido de modo a não comprometer
priado; a sua estabilidade e a segurança do trabalhador.
e)adaptar a instalação de qualquer equipamento ou dispositi- 18.12.10A manutenção do andaime deve ser feita por traba-
vo para içamento de materiais em qualquer parte da cabine ou da lhador capacitado, sob supervisão e responsabilidade técnica de
torre do elevador. profissional legalmente habilitado, obedecendo às especificações
técnicas do fabricante.
18.12 Andaime e plataforma de trabalho 18.12.11É proibido trabalhar em plataforma de trabalho sobre
18.12.1Os andaimes devem atender aos seguintes requisitos: cavaletes que possuam altura superior a 1,5 m (um metro e cin-
a)ser projetados por profissionais legalmente habilitados, de quenta centímetros) e largura inferior a 0,9 m (noventa centíme-
acordo com as normas técnicas nacionais vigentes; tros).
b)ser fabricados por empresas regularmente inscritas no res- 18.12.12Nas edificações com altura igual ou superior a 12 m
pectivo conselho de classe; (doze metros), a partir do nível do térreo, devem ser instalados dis-
c)ser acompanhados de manuais de instrução, em língua por- positivos destinados à ancoragem de equipamentos e de cabos de
tuguesa, fornecidos pelo fabricante, importador ou locador; segurança para o uso de SPIQ, a serem utilizados nos serviços de
d)possuir sistema de proteção contra quedas em todo o perí- limpeza, manutenção e restauração de fachadas.
metro, conforme subitem 18.9.4.1 ou 18.12.12.1Os pontos de ancoragem de equipamentos e dos
18.9.4.2 desta NR, com exceção do lado da face de trabalho; cabos de segurança devem ser independentes, com exceção das
e)possuir sistema de acesso ao andaime e aos postos de traba- edificações que possuírem projetos específicos para instalação de
lho, de maneira segura, quando superiores a 0,4 m (quarenta cen- equipamentos definitivos para limpeza, manutenção e restauração
tímetros) de altura. de fachadas.
18.12.2A montagem de andaimes deve ser executada confor- 18.12.12.2Os dispositivos de ancoragem devem:
me projeto elaborado por profissional legalmente habilitado. a)estar dispostos de modo a atender todo o perímetro da edi-
18.12.2.1No caso de andaime simplesmente apoiado constru- ficação;
ído em torre única com altura inferior a 4 (quatro) vezes a menor b)suportar uma carga de trabalho de, no mínimo, 1.500 kgf (mil
dimensão da base de apoio, fica dispensado o projeto de monta- e quinhentos quilogramas-força);
gem, devendo, nesse caso, ser montado de acordo com o manual c)constar do projeto estrutural da edificação;
de instrução. d)ser constituídos de material resistente às intempéries, como
18.12.2.2Quando da utilização de andaime simplesmente aço inoxidável ou material de características equivalentes.
apoiado com a interligação de pisos de trabalho, independente- 18.12.12.2.1Os ensaios para comprovação da carga mínima do
mente da altura, deve ser elaborado projeto de montagem por pro- dispositivo de ancoragem devem atender ao disposto nas normas
fissional legalmente habilitado. técnicas nacionais vigentes ou, na sua ausência, às determinações
18.12.3As torres de andaimes, quando não estaiadas ou não do fabricante.
fixadas à estrutura, não podem exceder, em altura, 4 (quatro) vezes 18.12.12.3A ancoragem deve apresentar na sua estrutura, em
a menor dimensão da base de apoio. caracteres indeléveis e bem visíveis:
18.12.4Os andaimes devem possuir registro formal de libera- a)razão social do fabricante e o seu CNPJ;
ção de uso assinado por profissional qualificado em segurança do b)modelo ou código do produto;
trabalho ou pelo responsável pela frente de trabalho ou da obra. c)número de fabricação/série;
18.12.5A superfície de trabalho do andaime deve ser resisten- d)material do qual é constituído;
te, ter forração completa, ser antiderrapante, nivelada e possuir tra- e)indicação da carga;
vamento que não permita seu deslocamento ou desencaixe. f)número máximo de trabalhadores conectados simultanea-
18.12.6A atividade de montagem e desmontagem de andaimes mente ou força máxima aplicável;
deve ser realizada: g)pictograma indicando que o usuário deve ler as informações
a)por trabalhadores capacitados que recebam treinamento es- fornecidas pelo fabricante.
pecífico para o tipo de andaime utilizado; Andaime simplesmente apoiado
b)com uso de SPIQ; 18.12.13O andaime simplesmente apoiado deve:
605
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
a)ser apoiado em sapatas sobre base rígida e nivelada capazes 18.12.22O sistema de contrapeso, quando utilizado como for-
de resistir aos esforços solicitantes e às cargas transmitidas, com ma de fixação da estrutura de sustentação do andaime suspenso,
ajustes que permitam o nivelamento; deve:
b)ser fixado, quando necessário, à estrutura da construção ou a)ser invariável quanto à forma e ao peso especificados no pro-
edificação, por meio de amarração, de modo a resistir aos esforços jeto;
a que estará sujeito. b)possuir peso conhecido e marcado de forma indelével em
18.12.14O acesso ao andaime simplesmente apoiado, cujo piso cada peça;
de trabalho esteja situado a mais de 1 m (um metro) de altura, deve c)ser fixado à estrutura de sustentação do andaime;
ser feito por meio de escadas, observando-se ao menos uma das d)possuir contraventamentos que impeçam seu deslocamento
seguintes alternativas: horizontal.
a)utilizar escada de mão, incorporada ou acoplada aos painéis, 18.12.23O sistema de suspensão do andaime deve:
com largura mínima de 0,4 m (quarenta centímetros) e distância a)ser feito por cabos de aço;
uniforme entre os degraus compreendida entre 0,25 m (vinte e cin- b)garantir o seu nivelamento;
co centímetros) e 0,3 m (trinta centímetros); c)ser verificado diariamente pelos usuários e pelo responsável
b)utilizar escada para uso coletivo, incorporada interna ou ex- pela obra, antes de iniciarem seus trabalhos.
ternamente ao andaime, com largura mínima de 0,6 m (sessenta 18.12.23.1Os usuários e o responsável pela verificação devem
centímetros), corrimão e degraus antiderrapantes. receber treinamento e os procedimentos para a rotina de verifica-
18.12.15O andaime simplesmente apoiado, quando montado ção diária.
nas fachadas das edificações, deve ser externamente revestido por 18.12.24Em relação ao andaime suspenso, é proibido:
tela, de modo a impedir a projeção e queda de materiais. a)utilizar trechos em balanço;
18.12.15.1O entelamento deve ser feito desde a primeira plata- b)interligar suas estruturas;
forma de trabalho até 2 m (dois metros) acima da última. c)utilizá-lo para transporte de pessoas ou materiais que não es-
18.12.16O andaime simplesmente apoiado, quando utilizado tejam vinculados aos serviços em execução.
com rodízios, deve: 18.12.25Os guinchos de cabo passante para acionamento ma-
a)ser apoiado sobre superfície capaz de resistir aos esforços so- nual devem:
licitantes e às cargas transmitidas; a)ter dispositivo que impeça o retrocesso do sistema de movi-
b)ser utilizado somente sobre superfície horizontal plana, que mentação;
permita a sua segura movimentação; b)ser acionados por meio de manivela ou outro dispositivo, na
c)possuir travas, de modo a evitar deslocamentos acidentais. descida e subida do andaime.
18.12.17É proibido o deslocamento das estruturas do andaime 18.12.26O andaime suspenso com acionamento manual deve
com trabalhadores sobre os mesmos. possuir piso de trabalho com comprimento máximo de 8 m (oito
Andaime suspenso metros).
18.12.18Os sistemas de fixação e sustentação e as estruturas 18.12.27Quando utilizado apenas um guincho de sustentação
de apoio dos andaimes suspensos devem suportar, pelo menos, 3 por armação, é obrigatório o uso de um cabo de aço de segurança
(três) vezes os esforços solicitantes e ser precedidos de projeto ela- adicional, ligado a um dispositivo de bloqueio mecânico automáti-
borado por profissional legalmente habilitado. co, observando-se a sobrecarga indicada pelo fabricante do equi-
18.12.19A sustentação de andaimes suspensos em platibanda pamento.
ou beiral de edificação deve ser precedida de laudo de verificação
estrutural sob responsabilidade de profissional legalmente habili- Andaime suspenso motorizado
tado. 18.12.28O andaime suspenso motorizado deve dispor de:
18.12.20É proibida a utilização do andaime suspenso com en- a)cabos de alimentação de dupla isolação;
rolamento de cabo no seu corpo. b)plugues/tomadas blindadas;
18.12.21O andaime suspenso deve: c)limitador de fim de curso superior e batente;
a)possuir placa de identificação; d)dispositivos que impeçam sua movimentação, quando sua
b)ter garantida a estabilidade durante todo o período de sua inclinação for superior a 15° (quinze graus);
utilização, através de procedimentos operacionais e de dispositivos e)dispositivo mecânico de emergência.
ou equipamentos específicos para tal fim; Plataforma de trabalho de cremalheira
c)possuir, no mínimo, quatro pontos de sustentação indepen- 18.12.29A plataforma por cremalheira deve dispor de:
dentes; a)cabos de alimentação de dupla isolação;
d)dispor de ponto de ancoragem do SPIQ independente do b)plugues/tomadas blindadas;
ponto de ancoragem do andaime; c)limites elétricos de percurso inferior e superior;
e)dispor de sistemas de fixação, sustentação e estruturas de d)motofreio;
apoio, precedidos de projeto elaborado por profissional legalmente e)freio automático de segurança;
habilitado; f)botoeira de comando de operação com atuação por pressão
f)ter largura útil da plataforma de trabalho de, no mínimo, 0,65 contínua;
m (sessenta e cinco centímetros). g)dispositivo mecânico de emergência;
18.12.21.1A placa de identificação do andaime suspenso deve h)capacidade de carga mínima de piso de trabalho e das suas
ser fixada em local de fácil visualização e conter a identificação do extensões telescópicas de 150 kgf/m² (cento e cinquenta quilogra-
fabricante e a capacidade de carga em peso e número de ocupan- mas-força por metro quadrado);
tes. i)botão de parada de emergência;
606
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
j)sinalização sonora automática na movimentação do equipa- c)dispositivos de proteção individual, incluindo proteção con-
mento; tra quedas;
k)dispositivo de segurança que garanta o nivelamento do equi- d)sistemas de ar, hidráulico e de combustível;
pamento; e)painéis, cabos e chicotes elétricos;
l)dispositivos eletroeletrônicos que impeçam sua movimenta- f)pneus e rodas;
ção, quando abertos os seus acessos; g)placas, sinais de aviso e de controle;
m)ancoragem obrigatória a partir de 9 m (nove metros) de al- h)estabilizadores, eixos expansíveis e estrutura em geral;
tura. i)demais itens especificados pelo fabricante.
18.12.30A operação da plataforma de cremalheira deve: 18.12.39No uso da PEMT, são vedados:
a)ser realizada por trabalhadores capacitados quanto ao carre- a)o uso de pranchas, escadas e outros dispositivos que visem
gamento e posicionamento dos materiais no equipamento; atingir maior altura ou distância sobre a mesma;
b)ser realizada por trabalhadores protegidos por SPIQ indepen- b)a sua utilização como guindaste;
dente da plataforma ou do dispositivo de ancoragem definido pelo c)a realização de qualquer trabalho sob condições climáticas
fabricante; que exponham trabalhadores a riscos;
c)ter a área de trabalho sob o equipamento sinalizada e com d)a operação de equipamento em situações que contrariem as es-
acesso controlado; pecificações do fabricante quanto à velocidade do ar, inclinação da pla-
d)ser realizada, no percurso vertical, sem interferências no seu taforma em relação ao solo e proximidade a redes de energia elétrica;
deslocamento. e)o transporte de trabalhadores e materiais não relacionados
18.12.31Não é permitido o transporte de pessoas e materiais aos serviços em execução.
não vinculados aos serviços em execução na plataforma de crema- 18.12.40Antes e durante a movimentação da PEMT, o operador
lheira. deve manter:
18.12.32No caso de utilização de plataforma de chassi móvel, a)visão clara do caminho a ser percorrido;
este deve ficar devidamente nivelado, patolado ou travado no iní- b)distância segura de obstáculos, depressões, rampas e outros
cio da montagem das torres verticais de sustentação da plataforma, fatores de risco, conforme especificado em projeto ou ordem de
permanecendo dessa forma durante o seu uso e desmontagem. serviço;
Plataforma elevatória móvel de trabalho - PEMT c)distância mínima de obstáculos aéreos, conforme especifica-
18.12.33Os requisitos de segurança e as medidas de preven- do em projeto ou ordem de serviço;
ção, bem como os meios para a sua verificação, para as plataformas d)limitação da velocidade de deslocamento da PEMT, obser-
elevatórias móveis de trabalho destinadas ao posicionamento de vando as condições da superfície, o trânsito, a visibilidade, a exis-
pessoas, juntamente com as suas ferramentas e materiais neces- tência de declives, a localização da equipe e outros fatores de risco
sários nos locais de trabalho, devem atender às normas técnicas de acidente.
nacionais vigentes. 18.12.41A PEMT não deve ser operada quando posicionada
18.12.34A PEMT deve atender às especificações técnicas do sobre caminhões, trailers, carros, veículos flutuantes, estradas de
fabricante quanto à aplicação, operação, manutenção e inspeções ferro, andaimes ou outros veículos, vias e equipamentos similares,
periódicas. a menos que tenha sido projetada para este fim.
18.12.35A PEMT deve ser dotada de: 18.12.42Todos os trabalhadores na PEMT devem utilizar SPIQ
a)dispositivos de segurança que garantam seu perfeito nivela- conectado em ponto de ancoragem definido pelo fabricante.
mento no ponto de trabalho, conforme especificação do fabricante; Cadeira suspensa
b)alça de apoio interno; 18.12.43Em qualquer atividade que não seja possível a instala-
c)sistema de proteção contra quedas que atenda às especifica- ção de andaime ou plataforma de trabalho, é permitida a utilização
ções do fabricante ou, na falta destas, ao disposto na NR-12; de cadeira suspensa.
d)botão de parada de emergência; 18.12.44A cadeira suspensa deve apresentar na sua estrutura,
e)dispositivo de emergência que possibilite baixar o trabalha- em caracteres indeléveis e bem visíveis, a razão social do fabrican-
dor e a plataforma até o solo em caso de pane elétrica, hidráulica te/importador, o CNPJ e o número de identificação.
ou mecânica; 18.12.45A cadeira suspensa deve:
f)sistema sonoro automático de sinalização acionado durante a)ter sustentação por meio de cabo de aço ou cabo de fibra
a subida e a descida; sintética;
g)proteção contra choque elétrico; b)dispor de sistema dotado com dispositivo de subida e desci-
h)horímetro. da com dupla trava de segurança, quando a sustentação for através
18.12.36A manutenção da PEMT deve ser efetuada por pessoa de cabo de aço;
com capacitação específica para a marca e modelo do equipamen- c)dispor de sistema dotado com dispositivo de descida com du-
to. pla trava de segurança, quando a sustentação for através de cabo
18.12.37Cabe ao operador, previamente capacitado pelo em- de fibra sintética;
pregador, realizar a inspeção diária do local de trabalho onde será d)dispor de cinto de segurança para fixar o trabalhador na mesma.
utilizada a PEMT. 18.12.46A cadeira suspensa deve atender aos requisitos, mé-
18.12.38Antes do uso diário ou no início de cada turno, devem todos de ensaios, marcação, manual de instrução e embalagem de
ser realizadas inspeção visual e teste funcional na PEMT, verifican- acordo com as normas técnicas nacionais vigentes.
do-se o perfeito ajuste e o funcionamento dos seguintes itens: 18.12.47O trabalhador, quando da utilização da cadeira sus-
a)controles de operação e de emergência; pensa, deve dispor de ponto de ancoragem do SPIQ independente
b)dispositivos de segurança do equipamento; do ponto de ancoragem da cadeira suspensa.
607
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
608
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
18.16.18É obrigatória a colocação de tapume, com altura mínima de 2 i)conter sistema de controle de ruído.
m (dois metros), sempre que se executarem atividades da indústria da cons- 18.17.4O plano de ação para acidentes com descompressão
trução, de forma a impedir o acesso de pessoas estranhas aos serviços. deve conter: nome, CNPJ e endereço da clínica responsável pelo tra-
18.16.19Nas atividades da indústria da construção com mais tamento com oxigenoterapia hiperbárica, bem como nome e CRM
de 2 (dois) pavimentos a partir do nível do meio-fio, executadas do responsável da clínica.
no alinhamento do logradouro, deve ser construída galeria sobre o 18.17.5O empregador deve manter ambulância UTI com médi-
passeio ou outra medida de proteção que garanta a segurança dos co no canteiro de obras enquanto houver trabalhador comprimido.
pedestres e trabalhadores, de acordo com projeto elaborado por 18.17.6Quando houver câmara hiperbárica de tratamento no
profissional legalmente habilitado. canteiro de obras, esta deve seguir os seguintes requisitos:
18.16.20Nas atividades da indústria da construção em que há ne- a)estar instalada em local coberto ao abrigo de alterações climá-
cessidade da realização de serviços sobre o passeio, deve-se respeitar a ticas, em sala exclusiva obedecendo a todas as determinações da Re-
legislação do Código de Obras Municipal e de trânsito em vigor. solução - RDC n° 50/2002, da ANVISA, sobre elaboração e avaliação
18.16.21Os canteiros de obras devem possuir sistema de co- de projetos físicos de estabelecimentos assistenciais de saúde;
municação de modo a permitir a comunicabilidade externa. b)atender à Nota Técnica n° 01/2008/GQUIP/GGTPS/ANVISA
18.16.22A madeira a ser usada para construção de escadas, ram- (Riscos nos Serviços de Medicina Hiperbárica);
pas, passarelas e sistemas de proteção coletiva deve ser de boa quali- c)a operação da câmara deve ser realizada por profissional de
dade, sem nós e rachaduras que comprometam sua resistência, estar saúde habilitado, e o modo de tratamento (pressão, tempos de
seca, sendo proibido o uso de pintura que encubra imperfeições. compressão e descompressão) deve ser definido pelo médico habi-
18.16.23Em caso de ocorrência de acidente fatal, é obrigatória litado, que deve permanecer na supervisão de todo o tratamento;
a adoção das seguintes medidas: d)o trabalhador sujeito ao tratamento deve ser acompanhado
a)comunicar de imediato e por escrito ao órgão regional com- por um guia interno durante todo o período de tratamento, confor-
petente em matéria de segurança e saúde no trabalho, que repassa- me determinação do Conselho Federal de Medicina;
rá a informação ao sindicato da categoria profissional; e)a câmara deverá ter revisão preventiva anual comprovada,
b)isolar o local diretamente relacionado ao acidente, manten- assim como registro de teste hidrostático a cada 5 (cinco) anos e
do suas características até sua liberação pela autoridade policial teste de sistema contra incêndio a cada 6 (seis) meses.
competente e pelo órgão regional competente em matéria de segu- 18.17.7Deve-se evitar trabalho simultâneo em fustes e bases
rança e saúde no trabalho; alargadas em tubulões adjacentes, seja quanto à escavação ou à con-
c)a liberação do local, pelo órgão regional competente em ma- cretagem, visando impedir o desmoronamento de bases abertas.
téria de segurança e saúde no trabalho, será concedida em até 72 18.17.8Toda campânula deve ter:
(setenta e duas) horas, contadas do protocolo de recebimento da a)laudo de verificação estrutural atualizado a cada 5 (cinco) anos,
comunicação escrita ao referido órgão. incluindo a pressão máxima de trabalho, e laudos do teste hidrostá-
tico e de outros ensaios não destrutivos que se fizerem necessários;
18.17 Disposições transitórias b)manômetros, interno e externo, que indiquem a pressão in-
18.17.1O Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho terna de trabalho, com medição em Sistema Internacional;
da indústria da construção (PCMAT) existente antes da entrada em vi- c)termômetros, interno e externo, que indiquem a temperatu-
gência desta Norma terá validade até o término da obra a que se refere. ra interna de trabalho, com medição em Sistema Internacional;
d)sistema de ventilação artificial projetado por profissional le-
Contêiner galmente habilitado;
18.17.2É proibido reutilizar contêiner originalmente utilizado e)aterramento elétrico de acordo com a NR-10;
para transporte de cargas em área de vivência. (Vide prazo - Porta- f)sistema interno e externo de descompressão.
ria SEPRT nº 3.733, de 10/02/20) 18.17.9Para cada campânula deve haver dois compressores
ligados em paralelo para que, em caso de pane, o segundo equipa-
Tubulões com pressão hiperbárica mento entre em operação de modo automático.
18.17.3Nas atividades com uso de tubulões com pressão hiper- 18.17.10Quanto ao uso dos compressores e grupos geradores
bárica, devem ser adotadas as seguintes medidas: de energia, devem ser atendidas as seguintes medidas:
a)permitir a comunicação entre os trabalhadores do lado in- a)ter silenciador de ruído;
terno e externo da campânula pelo sistema de telefonia ou similar; b)ficar em área coberta;
b)executar plano de ação para acidentes com descompressão c)manter no local das atividades peças para substituição emergen-
com duração menor que a prevista na tabela de descompressão dis- cial como manômetros, termômetros, válvulas, registros, juntas etc.;
ponível em norma regulamentadora; d)ter cuidado especial na captação do ar quanto à descarga de
c)executar plano de ação de emergência em caso de acidentes fumaça de veículos ou outros equipamentos.
no interior do tubulão; 18.17.11Os trabalhadores que adentrarem e ficarem expostos
d)manter no local grupo gerador de energia para emergência; a pressões hiperbáricas devem:
e)possuir compressores, prevendo um de reserva para cada a)possuir capacitação, de acordo com a NR-33 e NR-35;
frente de trabalho; b)ter exames médicos atualizados, de acordo com a NR-07;
f)elaborar plano de manutenção com inspeções atualizadas c)seguir procedimentos de compressão e descompressão previstos na NR-07.
das campânulas, compressores e dos grupos geradores de energia; 18.17.12O encarregado de ar comprimido deve possuir capaci-
g)atender ao disposto no Anexo IV da NR-07; tação, conforme o Anexo I desta NR.
h)conter sistema de refrigeração do ar comprimido de modo 18.17.13Cada frente de trabalho deve possuir no mínimo 3 (três) traba-
a evitar temperaturas elevadas e desidratação dos trabalhadores; lhadores com capacitação para atuação como encarregado de ar comprimido.
609
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
18.17.14Os meios de acessos devem atender o previsto nos Instalação, a critério do a critério do
itens 18.8 e 18.9 desta NR. montagem, empregador empregador/
18.17.15Os trabalhadores devem ser avaliados pelo médico, no desmontagem anual
máximo, até 2 (duas) horas antes de iniciar as atividades em ambiente e manutenção
hiperbárico, não sendo permitida a entrada em serviço daqueles que de elevadores
apresentem sinais de afecções das vias respiratórias ou outras moléstias.
18.17.16Os trabalhadores devem permanecer no canteiro de Operador de 4 horas 4 horas/2 anos
obras pelo menos 2 (duas) horas após o término da descompressão. PEMT
18.17.17Deve haver, no canteiro de obras ou frente de traba- Encarregado 16 horas a critério do
lho, instalações para assistência médica, recuperação e observação de ar compri- empregador
dos trabalhadores. mido
18.17.18Após a utilização de explosivos só é permitida a entrada
Resgate e 8 horas a critério do
de trabalhadores no tubulão após 6 (seis) horas de ventilação forçada.
remoção em empregador
atividades no
Equipamentos de guindar
tubulão
18.17.19As obras iniciadas antes da vigência desta Norma es-
tão dispensadas do atendimento da
alínea “b” do subitem 18.10.1.25. Serviços de 4 horas a critério do
impermeabili- empregador
ANEXO I - CAPACITAÇÃO: CARGA HORÁRIA, PERIODICIDADE E zação
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
Utilização 16 horas, 8 horas/anual
de cadeira sendo pelo
1.Carga horária e periodicidade
suspensa menos 8 horas
1.1A carga horária e a periodicidade das capacitações dos tra-
para a parte
balhadores da indústria da construção devem seguir o disposto no
prática
Quadro 1 deste Anexo.
Atividade de 24 horas, 8 horas/anual
Quadro 1 escavação sendo pelo
manual de menos 8 horas
tubulão para a parte
Capacitação Treinamento Treinamento Treinamento prática
inicial (carga periódico eventual
horária) (carga horária/ Demais a critério do a critério do
periodicidade) atividades/ empregador empregador/
funções a critério do
Básico em 4 horas 4 horas/2 anos empregador
segurança do
trabalho
1.2No caso das gruas e guindastes, além do treinamento teóri-
Operador de 80 horas, a critério do co e prático, o operador deve passar por um estágio supervisionado
grua sendo pelo empregador de pelo menos 90 (noventa) dias.
menos 40 carga horária
horas para a a critério do
1.2.1O estágio supervisionado pode ser dispensado para o ope-
parte prática empregador
rador com experiência comprovada de, no mínimo, 6 (seis) meses
Operador de 120 horas, a critério do na função, a critério e sob responsabilidade do empregador.
guindaste sendo empregador
pelo menos 2.Conteúdo programático
80 horas para 2.1 O conteúdo programático do treinamento inicial deve con-
a parte prática ter informações sobre:
a)para a capacitação básica em segurança do trabalho:
Operador de a critério do a critério do I.as condições e meio ambiente de trabalho;
equipamentos empregador, empregador/ 2 II.os riscos inerentes às atividades desenvolvidas;
de guindar sendo pelo anos III.os equipamentos e proteção coletiva existentes no canteiro
menos 50% de obras;
para a parte IV.o uso adequado dos equipamentos de proteção individual;
prática V.o PGR do canteiro de obras.
Sinaleiro/ 16 horas a critério do b)para o operador de equipamento de guindar: o conteúdo
amarrador de empregador/ 2 programático descrito no Anexo II da NR-12 ou definido pelo fabri-
cargas anos cante/locador.
Operador de 16 horas 4 horas/anual c)para o operador de grua:
elevador I.operação e inspeção diária do equipamento;
610
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
611
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
Campânula: câmara utilizada sob condições hiperbáricas que Fumos: vapores provenientes da combustão incompleta de
permite a passagem de pessoas de um ambiente sob pressão mais metais.
alta que a atmosférica para o ar livre, ou vice-versa. Fuste: escavação feita com a finalidade de alcançar camadas de
Canteiro de obra: área de trabalho fixa e temporária onde se solo mais profundas para construção de fundação.
desenvolvem operações de apoio e execução de construção, demo- Galeria: corredor coberto que permite o trânsito de pedestres
lição, montagem, instalação, manutenção ou reforma. com segurança.
Caracteres Indeléveis: qualquer dígito numérico, letra do alfa- Goivagem: operação de remoção de cordões de solda ou aber-
beto ou símbolo especial que não possa ser apagado ou removido. tura de sulcos para posterior soldagem.
Climatização: processo para se obter condições ambientais de Grua: equipamento de guindar que possui lança de giro hori-
temperatura e umidade confortáveis ao trabalhador, nas cabines zontal, suportada por uma estrutura vertical (torre), utilizado para
dos equipamentos. movimentação horizontal e vertical de materiais.
Coifa: dispositivo destinado a impedir a projeção do disco de Grua ascensional: grua cuja torre é de altura definida, normal-
corte da serra circular. mente instalada e fixada no poço do elevador, amarrada à laje atra-
Coletor de serragem: dispositivo destinado a captar a serragem vés de gravatas e elevada através de sistema hidráulico.
proveniente do corte de madeira. Grua automontante: grua cuja montagem é feita de forma au-
Coletor elétrico: dispositivo responsável pela transmissão da tomática sem a necessidade de equipamento auxiliar.
alimentação elétrica da parte fixa (torre) da grua à parte rotativa. Guia de alinhamento: dispositivo, fixo ou móvel, instalado na
Condutor habilitado: condutor de veículos portador de Carteira bancada da serra circular, destinado a orientar a direção e a largura
Nacional de Habilitação (CNH), expedida pelo órgão competente. do corte na madeira.
Desmonte de rocha a fogo: retirada de rochas com explosivos. Guincho de coluna: equipamento fixado na edificação ou es-
Desprotensão: operação de alívio da tensão em cabos ou fios trutura independente, destinado ao içamento de pequenas cargas.
de aço usados no concreto protendido. Guincho de sustentação: equipamento, mecânico ou elétrico,
Dispositivo auxiliar de içamento: dispositivo conectado ao gan- utilizado para a movimentação do andaime suspenso.
cho do moitão utilizado para facilitar a movimentação da carga. Guindaste: equipamento de guindar utilizado para a elevação e
Dispositivo empurrador: dispositivo instalado na serra circular, movimentação de cargas e materiais pesados.
destinado à movimentação da madeira durante o corte. Instalações elétricas temporárias: instalações elétricas das edi-
Dispositivo limitador de curso: dispositivo destinado a permitir ficações temporárias que compõem o canteiro de obras e as frentes
uma sobreposição segura dos montantes da escada portátil extensível. de trabalho.
Eixo expansível: eixo provido de rodízios ou esteiras nas extre- Laudo estrutural: documento emitido por profissional legal-
midades que permitem sua expansão, com o objetivo de proporcio- mente habilitado referente às condições estruturais no que diz res-
nar estabilidade à PEMT. peito à resistência e integridade da estrutura em questão.
Equipamento de guindar: equipamento utilizado no transporte Laudo operacional: documento emitido por profissional legal-
vertical de materiais (grua, guincho, guindaste e outros). mente habilitado referente às condições operacionais e de funcio-
Equipamento de salvatagem: equipamento utilizado para resga- namento dos mecanismos, comandos e dispositivos de segurança
te e manutenção da vida do trabalhador após um acidente na água. de um equipamento.
Escada fixa vertical: escada fixada a uma estrutura e utilizada Linga: conjunto de correntes, cabos ou outros materiais utiliza-
para transpor diferença de nível. Escada portátil: escada de mão dos para o içamento de carga. Manilha: dispositivo auxiliar para o
transportável. içamento de carga.
Escada portátil de uso individual: escada de mão com lance único. Máquina autopropelida: máquina que se desloca por meio pró-
Escada portátil dupla: escada de abrir, cavalete ou autossusten- prio de propulsão.
tável. Moitão: dispositivo mecânico utilizado nos equipamentos de
Escada portátil extensível: escada que pode ser estendida em guindar para movimentação de carga.
mais de um lance. Momento máximo: indicação do máximo esforço de momento
Estabilidade garantida: condição caracterizada via laudo técni- aplicado na estrutura de alguns equipamentos de guindar.
co, atestando que determinada estrutura, talude, vala, escoramen- Montante: peça estrutural vertical de andaime, torres e esca-
to ou outro elemento estrutural não oferece risco de colapso. das.
Estabilizador: barra extensível dotada de mecanismo hidráuli- Organização: pessoa ou grupo de pessoas, com suas próprias
co, mecânico ou elétrico, fixado na estrutura da PEMT para impedir funções, responsabilidades, autoridades e relações para alcançar
sua inclinação ou tombamento. seus objetivos. Inclui, mas não se limita a: empregador, tomador de
Estaiamento: utilização de cabos, hastes metálicas ou outros serviços, empresa, empreendedor individual, produtor rural, com-
dispositivos para a sustentação de uma estrutura. panhia, corporação, firma, autoridade, parceria, organização de ca-
Estudo geotécnico: estudo necessário à definição de parâ- ridade ou instituição, parte ou combinação desses, seja incorporada
metros do solo ou rocha, tal como sondagem, ensaios de campo ou ou não, pública ou privada.
ensaios de laboratório. Panagem: tecido que forma a rede de proteção. Patamar: pla-
Ferramenta: instrumento manual utilizado pelo trabalhador taforma entre dois lances de uma escada.
para realização de tarefas. PEMT: Plataforma Elevatória Móvel de Trabalho. Equipamento
Ferramenta de fixação a pólvora ou gás: instrumento utilizado móvel, autopropelido ou não, dotado de uma estação de trabalho,
para fixação de pinos acionada a pólvora ou a gás. cesto ou plataforma, sustentado por haste metálica, lança ou te-
Ferramenta pneumática: instrumento acionado por ar compri- soura, capaz de ascender para atingir ponto ou local de trabalho
mido. Frente de trabalho: área de trabalho móvel e temporária. elevado.
612
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
Pilão: peça utilizada para imprimir golpes por gravidade no ba- 1.2 Campo de aplicação
te-estaca. 1.2.1As NR obrigam, nos termos da lei, empregadores e empre-
Pistola finca-pino: ferramenta utilizada para fixação de pino gados, urbanos e rurais.
metálico em estrutura da edificação. 1.2.1.1As NR são de observância obrigatória pelas organizações
Plataforma de proteção: plataforma instalada no perímetro da e pelos órgãos públicos da administração direta e indireta, bem
edificação destinada a aparar materiais em queda livre. como pelos órgãos dos Poderes Legislativo, Judiciário e Ministério
Plataforma de proteção primária: plataforma instalada na pri- Público, que possuam empregados regidos pela Consolidação das
meira laje. Plataforma de proteção secundária: plataforma instalada Leis do Trabalho -
acima da primeira laje. Plataforma de proteção terciária: platafor- 1.2.1.2Nos termos previstos em lei, aplica-se o disposto nas NR
ma instalada abaixo da primeira laje. Platibanda: mureta construída a outras relações jurídicas.
na periferia da parte mais elevada da edificação. 1.2.2A observância das NR não desobriga as organizações do
Profissional legalmente habilitado: trabalhador previamente cumprimento de outras disposições que, com relação à matéria, se-
qualificado e com registro no competente conselho de classe. jam incluídas em códigos de obras ou regulamentos sanitários dos
Profissional qualificado: trabalhador que comprove conclusão Estados ou Municípios, bem como daquelas oriundas de conven-
de curso específico na sua área de atuação, reconhecido pelo siste- ções e acordos coletivos de trabalho.
ma oficial de ensino.
Protensão: operação de aplicar tensão em cabos ou fios de aço 1.3 Competências e estrutura
usados no concreto protendido. 1.3.1A Secretaria de Trabalho - STRAB, por meio da Subsecre-
Quadro-guia: estrutura de alinhamento para utilização durante taria de Inspeção do Trabalho - SIT, é o órgão de âmbito nacional
o processo de telescopagem da grua ascensional. competente em matéria de segurança e saúde no trabalho para:
Rede de segurança: sistema de proteção para evitar ou amorte- a)formular e propor as diretrizes, as normas de atuação e su-
cer a queda de pessoas. pervisionar as atividades da área de segurança e saúde do traba-
Reservatório para aquecimento: equipamento metálico utiliza- lhador;
do para aquecimento do produto impermeabilizante. b)promover a Campanha Nacional de Prevenção de Acidentes
Sarilho: equipamento para levantar materiais constituído por do Trabalho - CANPAT;
um cilindro horizontal móvel, acionado por motor ou manivela, c)coordenar e fiscalizar o Programa de Alimentação do Traba-
onde se enrola a corda ou cabo de aço. lhador - PAT;
Semimecanizado: processo que utiliza, conjuntamente, meios d)promover a fiscalização do cumprimento dos preceitos legais
mecânicos e esforços físicos do trabalhador para movimentação de e regulamentares sobre Segurança e Saúde no Trabalho - SST em
cargas. todo o território nacional;
Serviços em flutuantes: atividades desenvolvidas em embarca- e)participar da implementação da Política Nacional de Segu-
ções, plataformas ou outras estruturas sobre a água. rança e Saúde no Trabalho - PNSST; e
Sinaleiro/amarrador: trabalhador responsável pela sinalização f)conhecer, em última instância, dos recursos voluntários ou de
e amarração de carga. ofício, das decisões proferidas pelo órgão regional competente em
SPIQ: Sistema de Proteção Individual contra Quedas, constitu- matéria de segurança e saúde no trabalho, salvo disposição expres-
ído de sistema de ancoragem, elemento de ligação e equipamento sa em contrário.
de proteção individual, em consonância com a NR-35. 1.3.2Compete à SIT e aos órgãos regionais a ela subordinados
Talude: resultado de uma escavação em solo com determinada em matéria de Segurança e Saúde no Trabalho, nos limites de sua
inclinação. competência, executar:
Telescopagem da grua: processo que altera a altura da grua g)fiscalização dos preceitos legais e regulamentares sobre se-
pela inserção de elementos à sua torre através de uma abertura gurança e saúde no trabalho; e
na gaiola. h)as atividades relacionadas com a CANPAT e o PAT.
Trabalhador capacitado: trabalhador treinado para a realização 1.3.3Cabe à autoridade regional competente em matéria de
de atividade específica no âmbito da organização. trabalho impor as penalidades cabíveis por descumprimento dos
preceitos legais e regulamentares sobre segurança e saúde no tra-
NORMA REGULAMENTADORA Nº 1 balho.
613
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
c)elaborar ordens de serviço sobre segurança e saúde no traba- a)os riscos ocupacionais que existam ou possam originar-se nos
lho, dando ciência aos trabalhadores; locais de trabalho;
d)permitir que representantes dos trabalhadores acompanhem b)os meios para prevenir e controlar tais riscos;
a fiscalização dos preceitos legais e regulamentares sobre seguran- c)as medidas adotadas pela organização;
ça e saúde no trabalho; d)os procedimentos a serem adotados em situação de emer-
e)determinar procedimentos que devem ser adotados em caso gência; e
de acidente ou doença relacionada ao trabalho, incluindo a análise e)os procedimentos a serem adotados, em conformidade com
de suas causas; os subitens 1.4.3 e 1.4.3.1.
f)disponibilizar à Inspeção do Trabalho todas as informações 1.4.4.1As informações podem ser transmitidas:
relativas à segurança e saúde no trabalho; e f)durante os treinamentos; e
g)implementar medidas de prevenção, ouvidos os trabalhado- g)por meio de diálogos de segurança, documento físico ou ele-
res, de acordo com a seguinte ordem de prioridade: trônico.
I.eliminação dos fatores de risco;
II.minimização e controle dos fatores de risco, com a adoção de 1.5 Gerenciamento de riscos ocupacionais
medidas de proteção coletiva; 1.5.1O disposto neste item deve ser utilizado para fins de pre-
III.minimização e controle dos fatores de risco, com a adoção venção e gerenciamento dos riscos ocupacionais.
de medidas administrativas ou de organização do trabalho; e 1.5.2Para fins de caracterização de atividades ou operações in-
IV.adoção de medidas de proteção individual. salubres ou perigosas, devem ser aplicadas as disposições previstas
1.4.1.1As organizações obrigadas a constituir CIPA nos termos na NR-15 – Atividades e operações insalubres e NR-16 – Atividades
da NR-05 devem adotar as seguintes medidas, além de outras que e operações perigosas.
entenderem necessárias, com vistas à prevenção e ao combate ao 1.5.3Responsabilidades
assédio sexual e às demais formas de violência no âmbito do traba- 1.5.3.1.A organização deve implementar, por estabelecimento,
lho: (Portaria MTP nº 4.219, de 20 de dezembro de 2022 - Item e o gerenciamento de riscos ocupacionais em suas atividades.
alíneas entram em vigor no dia 20 de março de 2023) 1.5.3.1.1O gerenciamento de riscos ocupacionais deve consti-
a)inclusão de regras de conduta a respeito do assédio sexual tuir um Programa de Gerenciamento de Riscos - PGR.
e de outras formas de violência nas normas internas da empresa, 1.5.3.1.1.1A critério da organização, o PGR pode ser implemen-
com ampla divulgação do seu conteúdo aos empregados e às em- tado por unidade operacional, setor ou atividade.
pregadas; 1.5.3.1.2O PGR pode ser atendido por sistemas de gestão, des-
b)fixação de procedimentos para recebimento e acompanha- de que estes cumpram as exigências previstas nesta NR e em dispo-
mento de denúncias, para apuração dos fatos e, quando for o caso, sitivos legais de segurança e saúde no trabalho.
para aplicação de sanções administrativas aos responsáveis diretos 1.5.3.1.3O PGR deve contemplar ou estar integrado com pla-
e indiretos pelos atos de assédio sexual e de violência, garantido o nos, programas e outros documentos previstos na legislação de se-
anonimato da pessoa denunciante, sem prejuízo dos procedimen- gurança e saúde no trabalho.
tos jurídicos cabíveis; e 1.5.3.2A organização deve:
c)realização, no mínimo a cada 12 (doze) meses, de ações de a)evitar os riscos ocupacionais que possam ser originados no
capacitação, de orientação e de sensibilização dos empregados e trabalho;
das empregadas de todos os níveis hierárquicos da empresa sobre b)identificar os perigos e possíveis lesões ou agravos à saúde;
temas relacionados à violência, ao assédio, à igualdade e à diversi- c)avaliar os riscos ocupacionais indicando o nível de risco;
dade no âmbito do trabalho, em formatos acessíveis, apropriados e d)classificar os riscos ocupacionais para determinar a necessi-
que apresentem máxima efetividade de tais ações. dade de adoção de medidas de prevenção;
1.4.2Cabe ao trabalhador: e)implementar medidas de prevenção, de acordo com a classi-
a)cumprir as disposições legais e regulamentares sobre segu- ficação de risco e na ordem de prioridade estabelecida na alínea “g”
rança e saúde no trabalho, inclusive as ordens de serviço expedidas do subitem 1.4.1; e
pelo empregador; f)acompanhar o controle dos riscos ocupacionais.
b)submeter-se aos exames médicos previstos nas NR; 1.5.3.2.1A organização deve considerar as condições de traba-
c)colaborar com a organização na aplicação das NR; e lho, nos termos da NR-17.
d)usar o equipamento de proteção individual fornecido pelo 1.5.3.3A organização deve adotar mecanismos para:
empregador. a)consultar os trabalhadores quanto à percepção de riscos ocu-
1.4.2.1Constitui ato faltoso a recusa injustificada do emprega- pacionais, podendo para este fim ser adotadas as manifestações da
do ao cumprimento do disposto nas alíneas do subitem anterior. Comissão Interna de Prevenção de Acidentes - CIPA, quando hou-
1.4.3O trabalhador poderá interromper suas atividades quan- ver; e (redação vigente até 19 de março de 2023)
do constatar uma situação de trabalho onde, a seu ver, envolva um a)consultar os trabalhadores quanto à percepção de riscos ocu-
risco grave e iminente para a sua vida e saúde, informando imedia- pacionais, podendo para este fim ser adotadas as manifestações da
tamente ao seu superior hierárquico. Comissão Interna de Prevenção de Acidentes e de Assédio - CIPA,
1.4.3.1Comprovada pelo empregador a situação de grave e quando houver; e (Portaria MTP nº 4.219, de 20 de dezembro de
iminente risco, não poderá ser exigida a volta dos trabalhadores à 2022 - redação que entra em vigor no dia 20 de março de 2023)
atividade enquanto não sejam tomadas as medidas corretivas. b)comunicar aos trabalhadores sobre os riscos consolidados no
1.4.4Todo trabalhador, ao ser admitido ou quando mudar de inventário de riscos e as medidas de prevenção do plano de ação
função que implique em alteração de risco, deve receber informa- do PGR.
ções sobre:
614
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
1.5.3.4A organização deve adotar as medidas necessárias para 1.5.4.4.6A avaliação de riscos deve constituir um processo con-
melhorar o desempenho em SST. tínuo e ser revista a cada dois anos ou quando da ocorrência das
1.5.4Processo de identificação de perigos e avaliação de riscos seguintes situações:
ocupacionais a)após implementação das medidas de prevenção, para avalia-
1.5.4.1O processo de identificação de perigos e avaliação de ção de riscos residuais;
riscos ocupacionais deve considerar o disposto nas Normas Regu- b)após inovações e modificações nas tecnologias, ambientes,
lamentadoras e demais exigências legais de segurança e saúde no processos, condições, procedimentos e organização do trabalho
trabalho. que impliquem em novos riscos ou modifiquem os riscos existentes;
1.5.4.2Levantamento preliminar de perigos c)quando identificadas inadequações, insuficiências ou ineficá-
1.5.4.2.1O levantamento preliminar de perigos deve ser reali- cias das medidas de prevenção;
zado: d)na ocorrência de acidentes ou doenças relacionadas ao tra-
a)antes do início do funcionamento do estabelecimento ou no- balho;
vas instalações; e)quando houver mudança nos requisitos legais aplicáveis.
b)para as atividades existentes; e 1.5.4.4.6.1No caso de organizações que possuírem certifica-
c)nas mudanças e introdução de novos processos ou atividades ções em sistema de gestão de SST, o prazo poderá ser de até 3 (três)
de trabalho. anos.
1.5.4.2.1.1Quando na fase de levantamento preliminar de peri-
gos o risco não puder ser evitado, a organização deve implementar 1.5.5.Controle dos riscos
o processo de identificação de perigos e avaliação de riscos ocupa- 1.5.5.1.Medidas de prevenção
cionais, conforme disposto nos subitens seguintes. 1.5.5.1.1A organização deve adotar medidas de prevenção
1.5.4.2.1.2A critério da organização, a etapa de levantamento para eliminar, reduzir ou controlar os riscos sempre que:
preliminar de perigos pode estar contemplada na etapa de identifi- a)exigências previstas em Normas Regulamentadoras e nos dis-
cação de perigos. positivos legais determinarem;
1.5.4.3Identificação de perigos b)a classificação dos riscos ocupacionais assim determinar,
1.5.4.3.1A etapa de identificação de perigos deve incluir: conforme subitem 1.5.4.4.5;
a)descrição dos perigos e possíveis lesões ou agravos à saúde; c)houver evidências de associação, por meio do controle médi-
b)identificação das fontes ou circunstâncias; e co da saúde, entre as lesões e os agravos à saúde dos trabalhadores
c)indicação do grupo de trabalhadores sujeitos aos riscos. com os riscos e as situações de trabalho identificados.
1.5.4.3.2A identificação dos perigos deve abordar os perigos 1.5.5.1.2Quando comprovada pela organização a inviabilidade
externos previsíveis relacionados ao trabalho que possam afetar a técnica da adoção de medidas de proteção coletiva, ou quando es-
saúde e segurança no trabalho. tas não forem suficientes ou encontrarem-se em fase de estudo,
1.5.4.4Avaliação de riscos ocupacionais planejamento ou implantação ou, ainda, em caráter complementar
1.5.4.4.1A organização deve avaliar os riscos ocupacionais rela- ou emergencial, deverão ser adotadas outras medidas, obedecen-
tivos aos perigos identificados em seu(s) estabelecimento(s), de for- do-se a seguinte hierarquia:
ma a manter informações para adoção de medidas de prevenção. a)medidas de caráter administrativo ou de organização do tra-
1.5.4.4.2Para cada risco deve ser indicado o nível de risco ocu- balho; e
pacional, determinado pela combinação da severidade das possí- b)utilização de equipamento de proteção individual - EPI.
veis lesões ou agravos à saúde com a probabilidade ou chance de 1.5.5.1.3A implantação de medidas de prevenção deverá ser
sua ocorrência. acompanhada de informação aos trabalhadores quanto aos proce-
1.5.4.4.2.1A organização deve selecionar as ferramentas e téc- dimentos a serem adotados e limitações das medidas de prevenção.
nicas de avaliação de riscos que sejam adequadas ao risco ou cir- 1.5.5.2.Planos de ação
cunstância em avaliação. 1.5.5.2.1A organização deve elaborar plano de ação, indican-
1.5.4.4.3A gradação da severidade das lesões ou agravos à saú- do as medidas de prevenção a serem introduzidas, aprimoradas ou
de deve levar em conta a magnitude da consequência e o número mantidas, conforme o subitem 1.5.4.4.5.
de trabalhadores possivelmente afetados. 1.5.5.2.2Para as medidas de prevenção
1.5.4.4.3.1A magnitude deve levar em conta as consequências deve ser definido cronograma, formas de acom-
de ocorrência de acidentes ampliados. panhamento e aferição de resultados.
1.5.4.4.4A gradação da probabilidade de ocorrência das lesões 1.5.5.3Implementação e acompanhamento das medidas de
ou agravos à saúde deve levar em conta: prevenção
a)os requisitos estabelecidos em Normas Regulamentadoras; 1.5.5.3.1A implementação das medidas de prevenção e respec-
b)as medidas de prevenção implementadas; tivos ajustes devem ser registrados.
c)as exigências da atividade de trabalho; e 1.5.5.3.2O desempenho das medidas de prevenção deve ser
d)a comparação do perfil de exposição ocupacional com valo- acompanhado de forma planejada e contemplar:
res de referência estabelecidos na NR-09. a)a verificação da execução das ações planejadas;
1.5.4.4.5Após a avaliação, os riscos ocupacionais devem ser b)as inspeções dos locais e equipamentos de trabalho; e
classificados, observado o subitem 1.5.4.4.2, para fins de identificar c)o monitoramento das condições ambientais e exposições a
a necessidade de adoção de medidas de prevenção e elaboração do agentes nocivos, quando aplicável.
plano de ação. 1.5.5.3.2.1As medidas de prevenção devem ser corrigidas
quando os dados obtidos no acompanhamento indicarem ineficácia
em seu desempenho.
615
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
1.5.5.4Acompanhamento da saúde ocupacional dos trabalha- e)avaliação dos riscos, incluindo a classificação para fins de ela-
dores boração do plano de ação; e
1.5.5.4.1A organização deve desenvolver ações em saúde ocu- f)critérios adotados para avaliação dos riscos e tomada de de-
pacional dos trabalhadores integradas às demais medidas de pre- cisão.
venção em SST, de acordo com os riscos gerados pelo trabalho. 1.5.7.3.3O inventário de riscos ocupacionais deve ser mantido
1.5.5.4.2O controle da saúde dos empregados deve ser um pro- atualizado.
cesso preventivo planejado, sistemático e continuado, de acordo 1.5.7.3.3.1O histórico das atualizações deve ser mantido por
com a classificação de riscos ocupacionais e nos termos da NR-07. um período mínimo de 20 (vinte) anos ou pelo período estabeleci-
1.5.5.5.Análise de acidentes e doenças relacionadas ao traba- do em normatização específica.
lho 1.5.8Disposições gerais do gerenciamento de riscos ocupacio-
1.5.5.5.1A organização deve analisar os acidentes e as doenças nais
relacionadas ao trabalho. 1.5.8.1Sempre que várias organizações realizem, simultane-
1.5.5.5.2As análises de acidentes e doenças relacionadas ao amente, atividades no mesmo local de trabalho devem executar
trabalho devem ser documentadas e: ações integradas para aplicar as medidas de prevenção, visando à
a)considerar as situações geradoras dos eventos, levando em proteção de todos os trabalhadores expostos aos riscos ocupacio-
conta as atividades efetivamente desenvolvidas, ambiente de tra- nais.
balho, materiais e organização da produção e do trabalho; 1.5.8.2O PGR da empresa contratante poderá incluir as medi-
b)identificar os fatores relacionados com o evento; e das de prevenção para as empresas contratadas para prestação de
c)fornecer evidências para subsidiar e revisar as medidas de serviços que atuem em suas dependências ou local previamente
prevenção existentes. convencionado em contrato ou referenciar os programas d contra-
tadas.
1.5.6.Preparação para emergências 1.5.8.3As organizações contratantes devem fornecer às contra-
1.5.6.1A organização deve estabelecer, implementar e manter tadas informações sobre os riscos ocupacionais sob sua gestão e
procedimentos de respostas aos cenários de emergências, de acor- que possam impactar nas atividades das contratadas.
do com os riscos, as características e as circunstâncias das ativida- 1.5.8.4As organizações contratadas devem fornecer ao contra-
des. tante o Inventário de Riscos Ocupacionais específicos de suas ativi-
1.5.6.2Os procedimentos de respostas aos cenários de emer- dades que são realizadas nas dependências da contratante ou local
gências devem prever: previamente convencionado em contrato.
d)os meios e recursos necessários para os primeiros socorros,
encaminhamento de acidentados e abandono; e 1.6 Da prestação de informação digital e digitalização de do-
e)as medidas necessárias para os cenários de emergências de cumentos
grande magnitude, quando aplicável. 1.6.1As organizações devem prestar informações de segurança
e saúde no trabalho em formato digital, conforme modelo aprova-
1.5.7 Documentação do pela STRAB, ouvida a SIT.
1.5.7.1O PGR deve conter, no mínimo, os seguintes documen- 1.6.1.1Os modelos aprovados pela STRAB devem considerar os
tos: princípios de simplificação e desburocratização.
a)inventário de riscos; e 1.6.2Os documentos previstos nas NR podem ser emitidos e
b)plano de ação. armazenados em meio digital com certificado digital emitido no
1.5.7.2Os documentos integrantes do PGR devem ser elabora- âmbito da Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira (ICP-Brasil),
dos sob a responsabilidade da organização, respeitado o disposto normatizada por lei específica.
nas demais Normas Regulamentadoras, datados e assinados. 1.6.3Os documentos físicos, assinados manualmente, inclusive
1.5.7.2.1Os documentos integrantes do PGR devem estar sem- os anteriores à vigência desta NR, podem ser arquivados em meio
pre disponíveis aos trabalhadores interessados ou seus represen- digital, pelo período correspondente exigido pela legislação pró-
tantes e à Inspeção do Trabalho. pria, mediante processo de digitalização conforme disposto em Lei.
1.5.7.3Inventário de riscos ocupacionais 1.6.3.1O processo de digitalização deve ser realizado de forma
1.5.7.3.1Os dados da identificação dos perigos e das avaliações a manter a integridade, a autenticidade e, se necessário, a confi-
dos riscos ocupacionais devem ser consolidados em um inventário dencialidade do documento digital, com o emprego de certificado
de riscos ocupacionais. digital emitido no âmbito da Infraestrutura de Chaves Públicas Bra-
1.5.7.3.2O Inventário de Riscos Ocupacionais deve contemplar, sileira (ICP-Brasil).
no mínimo, as seguintes informações: 1.6.3.2Os empregadores que optarem pela guarda de docu-
a)caracterização dos processos e ambientes de trabalho; mentos prevista no caput devem manter os originais conforme pre-
b)caracterização das atividades; visão em lei.
c)descrição de perigos e de possíveis lesões ou agravos à saúde 1.6.4O empregador deve garantir a preservação de todos os
dos trabalhadores, com a identificação das fontes ou circunstâncias, documentos nato digitais ou digitalizados por meio de procedi-
descrição de riscos gerados pelos perigos, com a indicação dos gru- mentos e tecnologias que permitam verificar, a qualquer tempo,
pos de trabalhadores sujeitos a esses riscos, e descrição de medidas sua validade jurídica em todo território nacional, garantindo per-
de prevenção implementadas; manentemente sua autenticidade, integridade, disponibilidade,
d)dados da análise preliminar ou do monitoramento das expo- rastreabilidade, irretratabilidade, privacidade e interoperabilidade.
sições a agentes físicos, químicos e biológicos e os resultados da
avaliação de ergonomia nos termos da NR-17.
616
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
1.6.5O empregador deve garantir à Inspeção do Trabalho am- a)o conteúdo e a carga horária requeridos no novo treinamen-
plo e irrestrito acesso a todos os documentos digitalizados ou nato to estejam compreendidos no treinamento anterior;
digitais. b)o conteúdo do treinamento anterior tenha sido ministrado
1.6.5.1Para os documentos que devem estar à disposição dos no prazo inferior ao estabelecido em NR ou há menos de 2 (dois)
trabalhadores ou dos seus representantes, a organização deverá anos, quando não estabelecida esta periodicidade; e
prover meios de acesso destes às informações, de modo a atender c)seja validado pelo responsável técnico do treinamento.
os objetivos da norma específica. 1.7.6.1O aproveitamento de conteúdos deve ser registrado no
certificado, mencionando o conteúdo e a data de realização do trei-
1.7 Capacitação e treinamento em Segurança e Saúde no Tra- namento aproveitado.
balho 1.7.6.1.1A validade do novo treinamento passa a considerar a
1.7.1O empregador deve promover capacitação e treinamento data do treinamento mais antigo aproveitado.
dos trabalhadores, em conformidade com o disposto nas NR. Aproveitamento de treinamentos entre organizações
1.7.1.1Ao término dos treinamentos inicial, periódico ou even- 1.7.7Os treinamentos realizados pelo trabalhador podem ser
tual, previstos nas NR, deve ser emitido certificado contendo o avaliados pela organização e convalidados ou complementados.
nome e assinatura do trabalhador, conteúdo programático, carga 1.7.7.1A convalidação ou complementação deve considerar:
horária, data, local de realização do treinamento, nome e qualifi- a)as atividades desenvolvidas pelo trabalhador na organização
cação dos instrutores e assinatura do responsável técnico do trei- anterior, quando for o caso;
namento. b)as atividades que desempenhará na organização;
1.7.1.2A capacitação deve incluir: c)o conteúdo e carga horária cumpridos;
a)treinamento inicial; d)o conteúdo e carga horária exigidos; e
b)treinamento periódico; e e)que o último treinamento tenha sido realizado em período
c)treinamento eventual. inferior ao estabelecido na NR ou há menos de 2 (dois) anos, nos
1.7.1.2.1O treinamento inicial deve ocorrer antes de o traba- casos em que não haja prazo estabelecido em NR.
lhador iniciar suas funções ou de acordo com o prazo especificado 1.7.8O aproveitamento de treinamentos anteriores, total ou
em NR. parcialmente, não exclui a responsabilidade da organização de emi-
1.7.1.2.2O treinamento periódico deve ocorrer de acordo com tir a certificação da capacitação do trabalhador, devendo mencio-
periodicidade estabelecida nas NR ou, quando não estabelecido, nar no certificado a data da realização dos treinamentos convalida-
em prazo determinado pelo empregador. dos ou complementados.
1.7.1.2.3O treinamento eventual deve ocorrer: 1.7.8.1Para efeito de periodicidade de realização de novo trei-
a)quando houver mudança nos procedimentos, condições ou namento, é considerada a data do treinamento mais antigo convali-
operações de trabalho, que impliquem em alteração dos riscos ocu- dado ou complementado.
pacionais; Dos treinamentos ministrados na modalidade de ensino a dis-
b)na ocorrência de acidente grave ou fatal, que indique a ne- tância ou semipresencial
cessidade de novo treinamento; ou 1.7.9Os treinamentos podem ser ministrados na modalidade
c)após retorno de afastamento ao trabalho por período supe- de ensino a distância ou semipresencial, desde que atendidos os
rior a 180 (cento e oitenta) dias. requisitos operacionais, administrativos, tecnológicos e de estrutu-
1.7.1.2.3.1A carga horária, o prazo para sua realização e o con- ração pedagógica previstos no Anexo II desta NR.
teúdo programático do treinamento eventual deve atender à situa- 1.7.9.1O conteúdo prático do treinamento pode ser realizado
ção que o motivou. na modalidade de ensino a distância ou semipresencial, desde que
1.7.1.3A capacitação pode incluir: previsto em NR específica.
a)estágio prático, prática profissional supervisionada ou orien- 1.8Tratamento diferenciado ao Microempreendedor Individual
tação em serviço; - MEI, à Microempresa - ME e à Empresa de Pequeno Porte - EPP
b)exercícios simulados; ou 1.8.1O Microempreendedor Individual - MEI está dispensado
c)habilitação para operação de veículos, embarcações, máqui- de elaborar o PGR
nas ou equipamentos. 1.8.1.1A dispensa da obrigação de elaborar o PGR não alcan-
1.7.2O tempo despendido em treinamentos previstos nas NR é ça a organização contratante do MEI, que deverá incluí-lo nas suas
considerado como de trabalho efetivo. ações de prevenção e no seu PGR, quando este atuar em suas de-
1.7.3O certificado deve ser disponibilizado ao trabalhador e pendências ou local previamente convencionado em contrato.
uma cópia arquivada na organização. 1.8.2Serão expedidas pela Secretaria Especial de Previdência e
1.7.4A capacitação deve ser consignada nos documentos fun- Trabalho – SEPRT fichas com orientações sobre as medidas de pre-
cionais do empregado. venção a serem adotadas pelo MEI.
1.7.5Os treinamentos previstos em NR podem ser ministrados 1.8.3As microempresa e empresas de pequeno porte que não
em conjunto com outros treinamentos da organização, observados forem obrigadas a constituir SESMT e optarem pela utilização de
os conteúdos e a carga horária previstos na respectiva norma regu- ferramenta(s) de avaliação de risco a serem disponibilizada(s) pela
lamentadora. SEPRT, em alternativa às ferramentas e técnicas previstas no subi-
Aproveitamento de conteúdos de treinamento na mesma or- tem 1.5.4.4.2.1, poderão estruturar o PGR considerando o relatório
ganização produzido por esta(s) ferramenta(s) e o plano de ação.
1.7.6É permitido o aproveitamento de conteúdos de treina- 1.8.4As microempresas e empresas de pequeno porte, graus
mentos ministrados na mesma organização desde que: de risco 1 e 2, que no levantamento preliminar de perigos não iden-
tificarem exposições ocupacionais a agentes físicos, químicos e bio-
617
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
lógicos, em conformidade com a NR9, e declararem as informações Empregado: a pessoa física que presta serviços de natureza
digitais na forma do subitem 1.6.1, ficam dispensadas da elabora- não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante
ção do PGR. salário.
1.8.4.1As informações digitais de segurança e saúde no traba- Empregador: a empresa individual ou coletiva que, assumindo
lho declaradas devem ser divulgadas junto aos trabalhadores. os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a pres-
1.8.5A dispensa prevista nesta Norma é aplicável quanto à obri- tação pessoal de serviços. Equiparam-se ao empregador as organi-
gação de elaboração do PGR e não afasta a obrigação de cumpri- zações, os profissionais liberais, as instituições de beneficência, as
mento por parte do MEI, ME e EPP das demais disposições previstas associações recreativas ou outras instituições sem fins lucrativos,
em NR. que admitam trabalhadores como empregados.
1.8.6O MEI, a ME e a EPP, graus de risco 1 e 2, que declararem Estabelecimento: local privado ou público, edificado ou não,
as informações digitais na forma do subitem 1.6.1 e não identifica- móvel ou imóvel, próprio ou de terceiros, onde a empresa ou a or-
rem exposições ocupacionais a agentes físicos, químicos, biológicos ganização exerce suas atividades em caráter temporário ou perma-
e riscos relacionados a fatores ergonômicos, ficam dispensados de nente.
elaboração do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional Evento perigoso: Ocorrência ou acontecimento com o poten-
- PCMSO. cial de causar lesões ou agravos à saúde.
1.8.6.1A dispensa do PCMSO não desobriga a empresa da rea- Frente de trabalho: área de trabalho móvel e temporária. Local
lização dos exames médicos e emissão do Atestado de Saúde Ocu- de trabalho: área onde são executados os trabalhos.
pacional - ASO. Obra: todo e qualquer serviço de engenharia de construção,
1.8.7Os graus de riscos 1 e 2 mencionados nos subitens 1.8.4 montagem, instalação, manutenção ou reforma.
e 1.8.6 são os previstos na Norma Regulamentadores nº 04 - Servi- Ordem de serviço de segurança e saúde no trabalho: instruções
ços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do por escrito quanto às precauções para evitar acidentes do trabalho
Trabalho - SESMT. ou doenças ocupacionais. A ordem de serviço pode estar contem-
1.8.8O empregador é o responsável pela prestação das infor- plada em procedimentos de trabalho e outras instruções de SST.
mações previstas nos subitens 1.8.4 e 1.8.6. Organização: pessoa ou grupo de pessoas com suas próprias
funções com responsabilidades, autoridades e relações para alcan-
1.9 Disposições finais çar seus objetivos. Inclui, mas não é limitado a empregador, a toma-
1.9.1O não-cumprimento das disposições legais e regulamen- dor de serviços, a empresa, a empreendedor individual, produtor
tares sobre segurança e saúde no trabalho acarretará a aplicação rural, companhia, corporação, firma, autoridade, parceria, organi-
das penalidades previstas na legislação pertinente. zação de caridade ou instituição, ou parte ou combinação desses,
1.9.2Os casos omissos verificados no cumprimento das NR se- seja incorporada ou não, pública ou privada.
rão decididos pela Secretaria de Trabalho, ouvida a SIT. Perigo ou fator de risco ocupacional/ Perigo ou fonte de risco
ocupacional: Fonte com o potencial de causar lesões ou agravos à
ANEXO I DA NR-01 saúde. Elemento que isoladamente ou em combinação com outros
TERMOS E DEFINIÇÕES tem o potencial intrínseco de dar origem a lesões ou agravos à saú-
de.
Agente biológico: Microrganismos, parasitas ou materiais ori- Prevenção: o conjunto das disposições ou medidas tomadas ou
ginados de organismos que, em função de sua natureza e do tipo previstas em todas as fases da atividade da organização, visando
de exposição, são capazes de acarretar lesão ou agravo à saúde do evitar, eliminar, minimizar ou controlar os riscos ocupacionais.
trabalhador. Exemplos: bactéria Bacillus anthracis, vírus linfotrópico Responsável técnico pela capacitação: profissional legalmente
da célula T humana, príon agente de doença de Creutzfeldt-Jakob, habilitado ou trabalhador qualificado, conforme disposto em NR
fungo Coccidioides immitis. específica, responsável pela elaboração das capacitações e treina-
Agente físico: Qualquer forma de energia que, em função de mentos.
sua natureza, intensidade e exposição, é capaz de causar lesão ou Risco ocupacional: Combinação da probabilidade de ocorrer le-
agravo à saúde do trabalhador. Exemplos: ruído, vibrações, pres- são ou agravo à saúde causados por um evento perigoso, exposição
sões anormais, temperaturas extremas, radiações ionizantes, radia- a agente nocivo ou exigência da atividade de trabalho e da severi-
ções não ionizantes. dade dessa lesão ou agravo à saúde.
Observação: Critérios sobre iluminamento, conforto térmico e Setor de serviço: a menor unidade administrativa ou operacio-
conforto acústico da NR-17 não constituem agente físico para fins nal compreendida no mesmo estabelecimento.
da NR-09. Trabalhador: pessoa física inserida em uma relação de traba-
Agente químico: Substância química, por si só ou em misturas, lho, inclusive de natureza administrativa, como os empregados e
quer seja em seu estado natural, quer seja produzida, utilizada ou outros sem vínculo de emprego.
gerada no processo de trabalho, que em função de sua natureza,
concentração e exposição, é capaz de causar lesão ou agravo à ANEXO II DA NR-01
saúde do trabalhador. Exemplos: fumos de cádmio, poeira mineral DIRETRIZES E REQUISITOS MÍNIMOS PARA UTILIZAÇÃO DA
contendo sílica cristalina, vapores de tolueno, névoas de ácido sul- MODALIDADE DE ENSINO A DISTÂNCIA E SEMIPRESENCIAL.
fúrico.
Canteiro de obra: área de trabalho fixa e temporária, onde se Sumário:
desenvolvem operações de apoio e execução à construção, demoli- 1.Objetivo
ção ou reforma de uma obra. 2.Disposições gerais
3.Estruturação pedagógica
618
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
619
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
como sendo uma “sala de aula” acessada via web. Permite integrar NORMA REGULAMENTADORA Nº 9
múltiplas mídias, linguagens e recursos, apresentar informações de
maneira organizada, desenvolver interações entre pessoas e obje-
tos de conhecimento, elaborar e socializar produções, tendo em NR-09 - AVALIAÇÃO E CONTROLE DAS EXPOSIÇÕES OCUPA-
vista atingir determinados objetivos. CIONAIS A AGENTES FÍSICOS, QUÍMICOS E BIOLÓGICOS
Avaliação de Aprendizagem: visa aferir o conhecimento adqui-
rido pelo trabalhador e o respectivo grau de assimilação após a re- 9.1 Objetivo
alização da capacitação. 9.1.1Esta Norma Regulamentadora - NR estabelece os requisi-
EAD: segundo Decreto n.º 9.057/2017, caracteriza-se a Educa- tos para a avaliação das
ção a Distância como modalidade educacional na qual a mediação exposições ocupacionais a agentes físicos, químicos e biológi-
didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocor- cos quando identificados no Programa de Gerenciamento de Riscos
re com a utilização de meios e tecnologias de informação e comu- - PGR, previsto na NR-1, e subsidiá-lo quanto às medidas de preven-
nicação, com estudantes e professores desenvolvendo atividades ção para os riscos ocupacionais.
educativas em lugares ou tempos diversos.
Ensino semipresencial: conjugação de atividades presenciais 9.2 Campo de Aplicação
obrigatórias com outras atividades educacionais que podem ser re- 9.2.1As medidas de prevenção estabelecidas nesta Norma se
alizadas sem a presença física do participante em sala de aula, uti- aplicam onde houver exposições ocupacionais aos agentes físicos,
lizando recursos didáticos com suporte da tecnologia, de material químicos e biológicos.
impresso e/ou de outros meios de comunicação. 9.2.1.1A abrangência e profundidade das medidas de preven-
Projeto pedagógico: instrumento de concepção do processo ção dependem das características das exposições e das necessida-
ensino-aprendizagem. Nele deve-se registrar o objetivo da apren- des de controle.
dizagem, a estratégia pedagógica escolhida para a formação e ca- 9.2.2Esta NR e seus anexos devem ser utilizados para fins de
pacitação dos trabalhadores, bem como todas as informações que prevenção e controle dos riscos ocupacionais causados por agentes
estejam envolvidas no processo. físicos, químicos e biológicos.
Instrumentos para potencialização do aprendizado: recursos, 9.2.2.1Para fins de caracterização de atividades ou operações
ferramentas, dinâmicas e tecnologias de comunicação que tenham insalubres ou perigosas, devem ser aplicadas as disposições previs-
como objetivo tornar mais eficaz o processo de ensino- aprendiza- tas na NR-15 - Atividades e operações insalubres e NR-16 - Ativida-
gem. des e operações perigosas.
Log: registro informatizado de acesso ao sistema. Ex.: log de
acesso: registro de acessos; login: registro de entrada; 9.3 Identificação das Exposições Ocupacionais aos Agentes Fí-
Logoff: registro de saída. sicos, Químicos e Biológicos
9.3.1A identificação das exposições ocupacionais aos agentes
NORMA REGULAMENTADORA Nº 7 físicos, químicos e biológicos deverá considerar:
a)descrição das atividades;
b)identificação do agente e formas de exposição;
Prezado(a), c)possíveis lesões ou agravos à saúde relacionados às exposi-
A fim de atender na íntegra o conteúdo do edital, este tópico ções identificadas;
será disponibilizado na Área do Aluno em nosso site. Essa área é d)fatores determinantes da exposição;
reservada para a inclusão de materiais que complementam a apos- e)medidas de prevenção já existentes; e
tila, sejam esses, legislações, documentos oficiais ou textos relacio- f)identificação dos grupos de trabalhadores expostos.
nados a este material, e que, devido a seu formato ou tamanho, não
cabem na estrutura de nossas apostilas. 9.4 Avaliação das Exposições Ocupacionais aos Agentes Físi-
Por isso, para atender você da melhor forma, os materiais são cos, Químicos e Biológicos
organizados de acordo com o título do tópico a que se referem e po- 9.4.1Deve ser realizada análise preliminar das atividades de
dem ser acessados seguindo os passos indicados na página 2 deste trabalho e dos dados já disponíveis relativos aos agentes físicos,
material, ou por meio de seu login e senha na Área do Aluno. químicos e biológicos, a fim de determinar a necessidade de ado-
Visto a importância das leis indicadas, lá você acompanha me- ção direta de medidas de prevenção ou de realização de avaliações
lhor quaisquer atualizações que surgirem depois da publicação da qualitativas ou, quando aplicáveis, de avaliações quantitativas.
apostila. 9.4.2A avaliação quantitativa das exposições ocupacionais aos
Se preferir, indicamos também acesso direto ao arquivo pelo agentes físicos, químicos e biológicos, quando necessária, deverá
link a seguir: ser realizada para:
a)comprovar o controle da exposição ocupacional aos agentes
https://www.gov.br/trabalho-e-emprego/pt-br/acesso-a-infor- identificados;
macao/participacao-social/conselhos-e-orgaos-colegiados/comis- b)dimensionar a exposição ocupacional dos grupos de traba-
sao-tripartite-partitaria-permanente/arquivos/normas-regulamen- lhadores;
tadoras/nr-07-atualizada-2022-1.pdf c)subsidiar o equacionamento das medidas de prevenção.
9.4.2.1A avaliação quantitativa deve ser representativa da ex-
Bons estudos! posição ocupacional, abrangendo aspectos organizacionais e condi-
ções ambientais que envolvam o trabalhador no exercício das suas
atividades.
620
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
621
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
1.O bjetivos
1.1Estabelecer os requisitos para a avaliação da exposição ocu-
pacional ao agente físico calor, quando identificado no Programa de
Gerenciamento de Riscos - PGR, previsto na NR-01, e subsidiá- lo
quanto às medidas de prevenção.
622
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
2.Campo de Aplicação 3.3A avaliação quantitativa do calor deverá ser realizada com
2.1As disposições estabelecidas neste Anexo se aplicam onde base na metodologia e procedimentos descritos na Norma de Higie-
houver exposição ocupacional ao agente físico calor. ne Ocupacional n° 06 - NHO 06 (2ª edição - 2017) da Fundacentro,
nos seguintes aspectos:
3.Responsabilidades da organização a)determinação de sobrecarga térmica por meio do índice IBU-
3.1A organização deve adotar medidas de prevenção, de modo TG - Índice de Bulbo Úmido Termômetro de Globo;
que a exposição ocupacional ao calor não cause efeitos adversos à b)equipamentos de medição e formas de montagem, posicio-
saúde do trabalhador. namento e procedimentos de uso dos mesmos nos locais avaliados;
3.1.1A organização deve orientar os trabalhadores especial- c)procedimentos quanto à conduta do avaliador; e
mente quanto aos seguintes aspectos: d)medições e cálculos.
a)fatores que influenciam os riscos relacionados à exposição ao 3.3.1A taxa metabólica deve ser estimada com base na compa-
calor; ração da atividade realizada pelo trabalhador com as opções apre-
b)distúrbios relacionados ao calor, com exemplos de seus sinais sentadas no Quadro 3 deste anexo.
e sintomas, tratamentos, entre outros; 3.3.1.1Caso uma atividade específica não esteja apresentada
c)necessidade de informar ao superior hierárquico ou ao médi- no Quadro 3 deste anexo, o valor da taxa metabólica deverá ser
co a ocorrência de sinais e sintomas relacionados ao calor; obtido por associação com atividade similar do referido Quadro.
d)medidas de prevenção relacionadas à exposição ao calor, de 3.3.1.1.1Na impossibilidade de enquadramento por similari-
acordo com a avalição de risco da atividade; dade, a taxa metabólica também pode ser estimada com base em
e)informações sobre o ambiente de trabalho e suas caracterís- outras referências técnicas, desde que justificadas tecnicamente.
ticas; e 3.3.2Para atividades em ambientes externos sem fontes artifi-
f)situações de emergência decorrentes da exposição ocupacio- ciais de calor, alternativamente ao previsto nas alíneas “b”, “c”, e “d”
nal ao calor e condutas a serem adotadas. do subitem 3.3, poderá ser utilizada ferramenta da Fundacentro,
3.1.2Devem ser realizados treinamentos periódicos anuais es- para estimativa do IBUTG, se disponível.
pecíficos, quando indicados nas medidas de prevenção.
3.2A avaliação preliminar da exposição ocupacional ao calor 4.Medidas de prevenção
deve considerar os seguintes aspectos, quando aplicáveis: 4.1Medidas preventivas
a)a identificação do perigo; 4.1.1Sempre que os níveis de ação para exposição ocupacional
b)a caracterização das fontes geradoras; ao calor, estabelecidos no Quadro 1 forem excedidos, devem ser
c)a identificação das possíveis trajetórias e dos meios de propa- adotadas pela organização, uma ou mais das seguintes medidas:
gação dos agentes no ambiente de trabalho; a)disponibilizar água fresca potável (ou outro líquido de reposi-
d)identificação das funções e determinação do número de tra- ção adequado) e incentivar a sua ingestão; e
balhadores expostos; b)programar os trabalhos mais pesados (acima de 414W - qua-
e)a caracterização das atividades e do tipo da exposição, consi- trocentos e quatorze watts), preferencialmente nos períodos com
derando a organização do trabalho; condições térmicas mais amenas, desde que nesses períodos não
f)a obtenção de dados existentes na empresa, indicativos de ocorram riscos adicionais.
possível comprometimento da saúde decorrente do trabalho; 4.1.2Para os ambientes fechados ou com fontes artificiais de
g)os possíveis lesões ou agravos à saúde relacionados aos peri- calor, além do subitem 4.1.1, o empregador deve fornecer vesti-
gos identificados, disponíveis na literatura técnica; mentas de trabalho adaptadas ao tipo de exposição e à natureza
h)a descrição das medidas de prevenção já existentes; da atividade.
i)características dos fatores ambientais e demais condições de 4.2Medidas corretivas
trabalho que possam influenciar na exposição ao calor e no meca- 4.2.1As medidas corretivas visam reduzir a exposição ocupacio-
nismo de trocas térmicas entre o trabalhador e o ambiente; nal ao calor a valores abaixo do limite de exposição.
j)estimativas do tempo de permanência em cada atividade e si- 4.2.2Quando ultrapassados os limites de exposição estabele-
tuação térmica às quais o trabalhador permanece exposto ao longo cidos no Quadro 2, devem ser adotadas pela organização uma ou
da sua jornada de trabalho; mais das seguintes medidas corretivas:
k)taxa metabólica para execução das atividades com exposição a)adequar os processos, as rotinas ou as operações de traba-
ao calor; e lho;
l)registros disponíveis sobre a exposição ocupacional ao calor. b)alternar operações que gerem exposições a níveis mais ele-
3.2.1A avaliação preliminar deve subsidiar a adoção de medi- vados de calor com outras que não apresentem exposições ou im-
das de prevenção, sem prejuízo de outras medidas previstas nas pliquem exposições a menores níveis, resultando na redução da
demais Normas Regulamentadoras. exposição; e
3.2.1.1Se as informações obtidas na avaliação preliminar não c)disponibilizar acesso a locais, inclusive naturais, termicamen-
forem suficientes para permitir a tomada de decisão quanto à ne- te mais amenos, que possibilitem pausas espontâneas, permitindo
cessidade de implementação de medidas de prevenção, deve-se a recuperação térmica nas atividades realizadas em locais abertos
proceder à avaliação quantitativa para: e distantes de quaisquer edificações ou estruturas naturais ou ar-
a)comprovar o controle da exposição ou a inexistência de riscos tificiais.
identificados na etapa de avaliação preliminar; 4.2.2.1Para os ambientes fechados ou com fontes artificiais de
b)dimensionar a exposição dos trabalhadores; e calor, além do subitem 4.2.2, a organização deve:
c)subsidiar o equacionamento das medidas de prevenção. a)adaptar os locais e postos de trabalho;
b)reduzir a temperatura ou a emissividade das fontes de calor;
623
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
5.Aclimatização
5.1Para atividades de exposição ocupacional ao calor acima do nível de ação, deve ser considerada a aclimatização dos trabalhadores
descrita no PCMSO.
5.2Quando houver a necessidade de elaboração de plano de aclimatização dos trabalhadores, devem ser considerados os parâmetros
previstos na NHO 06 da Fundacentro ou outras referências técnicas emitidas por organização competente.
6.Procedimentos de emergência
6.1A organização deve possuir procedimento de emergência específico para o calor, contemplando:
a)meios e recursos necessários para o primeiro atendimento ou encaminhamento do trabalhador para atendimento; e
b)informação a todas as pessoas envolvidas nos cenários de emergências.
624
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
625
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
155 31,5 289 28,4 537 25,3 Trabalho moderado com um 225
158 31,4 294 28,3 548 25,2 braço
161 31,3 300 28,2 559 25,1 Trabalho pesado com um braço 261
165 31,2 306 28,1 570 25,0 Trabalho leve com dois braços 243
168 31,1 313 28,0 582 24,9 Trabalho moderado com dois 279
braços
171 31,0 319 27,9 594 24,8
Trabalho pesado com dois 315
175 30,9 325 27,8 606 24,7 braços
178 30,8 332 27,7 Trabalho leve com o corpo 351
182 30,7 339 27,6 Trabalho moderado com o 468
corpo
Nota 1: Os limites estabelecidos são válidos apenas para tra-
balhadores com uso de vestimentas que não incrementem ajuste Trabalho pesado com o corpo 630
de IBUTG médio, conforme correções previstas no Quadro 4 deste Em pé, em movimento
anexo. Andando no plano
Nota 2: Os limites são válidos para trabalhadores com aptidão
para o trabalho, conforme avaliação médica prevista na NR-07. 1. Sem carga
•2 km/h 198
QUADRO 3 - TAXA METABÓLICA POR TIPO DE ATIVIDADE
•3 km/h 252
•4 km/h 297
ATIVIDADE TAXA METABÓLICA (W)
•5 km/h 360
Sentado
2. Com carga
Em repouso 100
•10 kg, 4 km/h 333
Trabalho leve com as mãos 126
•30 kg, 4 km/h 450
Trabalho moderado com as 153
mãos Correndo no plano
Trabalho pesado com as mãos 171 •9 km/h 787
Trabalho leve com um braço 162 •12 km/h 873
Trabalho moderado com um 198 •15 km/h 990
braço Subindo rampa
Trabalho pesado com um braço 234 1. Sem carga
Trabalho leve com dois braços 216 •com 5° de inclinação, 4 km/h 324
Trabalho moderado com dois 252 •com 15° de inclinação, 3 km/h 378
braços
•com 25° de inclinação, 3 km/h 540
Trabalho pesado com dois 288
2. Com carga de 20 kg
braços
•com 15° de inclinação, 4 km/h 486
Trabalho leve com braços e 324
pernas •com 25° de inclinação, 4 km/h 738
Trabalho moderado com bra- 441 Descendo rampa (5 km/h) sem
ços e pernas carga
Trabalho pesado com braços e 603 •com 5° de inclinação 243
pernas •com 15° de inclinação 252
Em pé, agachado ou ajoelhado •com 25° de inclinação 324
Em repouso 126 Subindo escada (80 degraus
Trabalho leve com as mãos 153 por minuto - altura do degrau
de 0,17 m)
Trabalho moderado com as 180
mãos •Sem carga 522
Trabalho pesado com as mãos 198 •Com carga (20 kg) 648
Trabalho leve com um braço 189
626
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
627
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
4. IBFC - 2022 - Prefeitura de Dourados - MS - Procurador Mu- III - A empresa ALFA tem responsabilidade pelo acidente de tra-
nicipal balho ocorrido com Pedro, considerando que lhe deveria ter asse-
Relativamente às características do contrato de trabalho, assi- gurado o treinamento adequado para a atividade exercida.
nale a alternativa incorreta. IV - Pedro tem direito ao mesmo salário pago pela empresa
(A) O contrato de trabalho é consensual, em contraposição ao ALFA aos seus empregados que exercem a função de vigilante, con-
contrato formal ou solene. Com efeito, o contrato de trabalho siderando que a prestação de serviços ocorre em atividade finalísti-
exige apenas o acordo entre as partes, ou seja, o mero consen- ca da empresa ALFA.
timento, independentemente de qualquer solenidade (pode
ser até tácito) ou forma especial (pode ser verbal ou escrito, se Assinale a alternativa CORRETA:
expresso, ou, repita-se, apenas tácito) (A) Apenas a assertiva I está correta.
(B) O contrato de trabalho é dotado de alteridade, porque o (B) Apenas as assertivas II e IV estão corretas.
empregado trabalha por conta própria, no que deve afirmar (C) Apenas as assertivas I e III estão corretas.
que, ao receber o salário, o empregado faz jus aos resultados (D) Apenas as assertivas III e IV estão corretas.
do empreendimento, sejam eles positivos ou negativos (E) Não respondida.
(C) O contrato de trabalho é sinalagmático, no sentido de que é
bilateral e cria obrigações para ambas as partes, e comutativo, 7. FCC - 2022 - TRT - 22ª Região (PI) - Analista Judiciário - Área
no sentido de que há equivalência entre a prestação de servi- Judiciária
ços e a contraprestação salarial A Tecelagem Fios Quentinhos Ltda. precisou cortar gastos, pre-
(D) O contrato de trabalho é ajuste de direito privado, porque servando os postos de trabalho de seus colaboradores. Assim, de-
a essência do contrato, a saber, a prestação de serviço, é de cidiu suprimir o turno da noite, compreendido entre as 22:00 hs. e
natureza privada, inclusive quando o Estado é o empregador, às 6:00 hs., bem como as horas extras habituais. Roberto, que tra-
pois neste caso age como particular, sem privilégios frente ao balhava nesse turno por 8 anos, foi informado que a partir do mês
Direito do Trabalho. Ademais, os sujeitos do contrato são par- seguinte deveria escolher a prestação de seus serviços ou no turno
ticulares das 6:00 hs. às 14:00 hs. ou no das 14:00 hs. às 22:00 hs. Miriam
foi informada que não mais prestaria horas extras, adicional este
5. (FCC - TRT - 5ª REGIÃO (BA) - 2022 - ANALISTA JUDICIÁRIO - que fez parte de sua remuneração durante 5 anos. Diante do caso
ÁREA JUDICIÁRIA) Considere: narrado e de acordo com a legislação vigente e o entendimento su-
I. Empresa A é controlada administrativamente pela Empresa B. mulado do TST,
II. Empresa C e Empresa D, autônomas entre si, possuem os (A) é ilícito ao empregador, unilateralmente, alterar o contrato
mesmos sócios, não atuando de forma conjunta. de trabalho, devendo ter o aval do sindicato que representa
III. Empresa E e Empresa F possuem sócios em comum, atuam seus empregados para qualquer alteração.
comprovadamente com interesse integrado, em conjunto, com efe- (B) em virtude do jus variandi do empregador podem ser supri-
tiva comunhão de interesses. midos adicionais de remuneração, quando a condição gravosa
IV. Empresa G e Empresa H são dirigidas pela Empresa J. que acarretava o seu pagamento não mais existe; entretanto,
no caso da supressão de adicional noturno, como também fo-
Conforme a Consolidação das Leis do Trabalho, há responsabi- ram suprimidos os pagamentos relativos à hora noturna redu-
lidade solidária pelos direitos decorrentes da relação de emprego zida, é devida uma indenização a Roberto.
dos seus empregados APENAS em (C) conforme o jus variandi do empregador podem ser supri-
(A) I e II. midos adicionais de remuneração, quando a condição gravosa
(B) I, III e IV. que acarretava o seu pagamento não mais existe; entretanto,
(C) II e III. pelos anos de trabalho prestados, tais alterações somente são
(D) II e IV. válidas aos novos empregados, caracterizando direito adquiri-
(E) I e III. do tanto para Roberto quanto para Miriam, que continuarão a
recebê-los.
6. MPT - 2022 - MPT - Procurador do Trabalho (D) tanto Miriam quanto Roberto terão direito a uma indeniza-
Pedro era empregado da empresa GAMA, que mantém con- ção, calculada sobre os anos de serviços prestados na condição
trato de prestação de serviços com a empresa de vigilância ALFA. que acarretava o pagamento dos adicionais de remuneração.
Pedro exercia a função de vigilante em estabelecimento da empresa (E) por força do jus variandi do empregador podem ser supri-
ALFA quando sofreu acidente de trabalho em razão de treinamento midos adicionais de remuneração, quando a condição gravosa
inadequado e da não adoção de medidas de segurança estabele- que acarretava o seu pagamento não mais existe; entretanto,
cidas no Programa de Gerenciamento de Riscos da empresa ALFA. no caso da supressão de horas extras, é devida uma indeniza-
Com base no relato acima, analise as seguintes assertivas: ção a Miriam.
I - A empresa ALFA tem responsabilidade pelo acidente de trabalho
ocorrido com Pedro, considerando que deveria ter assegurado as condi-
ções de segurança, higiene e salubridade aos trabalhadores da empresa
GAMA que estavam prestando serviços em suas dependências.
II - Pedro deveria ter buscado o serviço médico e ambulatorial
da empresa GAMA, considerando que não é assegurado aos empre-
gados desta as mesmas condições de atendimento médico ou am-
bulatorial existentes nas dependências da empresa tomadora ALFA.
628
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
629
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
13. CESPE / CEBRASPE - 2021 - APEX Brasil - Analista 16. CESPE / CEBRASPE - 2021 - PG-DF - Analista Jurídico - Direito
Paulo começou a trabalhar em uma empresa privada no dia 10 e Legislação
de abril de 2019. No dia 5 de abril de 2020, ele requereu ao seu em- Com relação à proteção ao trabalho da mulher, julgue o item
pregador a conversão de um terço do período de férias a que teria subsecutivo.
direito em abono pecuniário. O empregador atendeu ao pedido e Situação hipotética: Uma empregada demitida no mês de mar-
pagou a respectiva verba no dia anterior ao início do período de ço descobriu, em maio, que estava grávida e que a data da gestação
fruição das férias. era anterior à de sua demissão. Ciente do fato, a empresa convo-
Acerca dessa situação hipotética, assinale a opção correta, com cou a empregada para retornar ao emprego, o que foi recusado.
base na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) Assertiva: Nesse caso, a empregada perde o direito à indenização
(A) O empregador não era obrigado a atender o pedido de Pau- compensatória decorrente da estabilidade da gestante.
lo, porque a concessão do abono é uma faculdade do próprio ( ) Certo
empregador e independe de concordância ou pedido do em- ( ) Errado
pregado.
(B) Paulo solicitou o referido abono pecuniário fora do prazo 17. CESGRANRIO - 2018 - Petrobras
estipulado pela CLT. No exame de acordo coletivo de trabalho, a Justiça do Trabalho
(C) Paulo fazia jus à conversão de até dois terços do período de balizará sua atuação pelo princípio da intervenção na autonomia da
férias em abono, conforme previsto pela CLT. vontade coletiva
(D) O empregador agiu corretamente, porque o prazo para pa- (A) efetiva
gamento do referido abono, conforme a CLT, é de até 24 dias (B) positiva
antes do início do período de fruição das férias. (C) contributiva
(D) mínima
14. CESGRANRIO - 2022 - ELETROBRAS-ELETRONUCLEAR (E) protetiva
K promoveu reclamação trabalhista em face de JJ S/A, sendo
seu pedido julgado procedente. Iniciada a execução, constata-se 18. MPT - 2022 - MPT
que a ré não possui patrimônio. O processo veio a ser suspenso De acordo com os posicionamentos do Tribunal Superior do
por um ano. Após o período de suspensão, manteve-se inalterada a Trabalho e do Supremo Tribunal Federal, assinale a alternativa COR-
situação patrimonial da executada. RETA:
(A) Assegura-se a liberação de dirigente sindical, com ônus para
Nos termos da Consolidação das Leis do Trabalho, pode ser o empregador, para participação em assembleias e reuniões
declarada a prescrição intercorrente, não cumprida pelo exequen- sindicais.
te da ordem judicial, sendo o prazo estabelecido de inércia de, no (B) A administração pública não deve proceder ao desconto dos
mínimo, dias de paralisação decorrentes do exercício do direito de greve
(A) três meses pelos servidores públicos, sendo permitida, entretanto, a com-
(B) seis meses pensação em caso de acordo.
(C) nove meses (C) É incompatível com a declaração de abusividade de movi-
(D) um ano mento grevista o estabelecimento de quaisquer vantagens ou
(E) dois anos garantias a seus partícipes, que assumiram os riscos inerentes
à utilização do instrumento de pressão máximo.
15. VUNESP - 2022 - Docas - PB (D) O membro de conselho fiscal tem direito à estabilidade pro-
De acordo com a CLT, assinale a alternativa que trata correta- visória porque representa e atua na defesa de direitos da cate-
mente de decadência e prescrição no direito do trabalho. goria respectiva, incluindo a fiscalização da gestão financeira
(A) Ocorre a prescrição intercorrente no processo do trabalho do sindicato.
no prazo de cinco anos. (E) Não respondida.
(B) A interrupção da prescrição somente ocorrerá pelo ajui-
zamento de reclamação trabalhista, mesmo que em juízo in- 19. VUNESP - 2022 - Docas - PB
competente, ainda que venha a ser extinta sem resolução do A respeito do trabalho portuário, pode-se afirmar que
mérito, produzindo efeitos apenas em relação aos pedidos (A) cabe ao operador portuário efetuar o pagamento da remu-
idênticos. neração pelos serviços executados, bem como das parcelas re-
(C) A prescrição intercorrente não pode ser declarada de ofício. ferentes às férias e 13° , diretamente ao trabalhador portuário
(D) Em período de recesso forense, os prazos decadenciais fi- avulso.
cam suspensos. (B) na hipótese de constituição ou associação à cooperativa
(E) A prescrição intercorrente não é cabível em processos tra- para se estabelecer como operador portuário, o trabalhador
balhistas. portuário avulso terá seu registro junto ao OGMO cancelado.
(C) cabe ao OGMO a escalação do trabalhador portuário avul-
so em sistema de rodízio, atentando-se para a observância do
intervalo mínimo de onze horas consecutivas entre duas jorna-
das, ressalvadas as situações excepcionais previstas em acordo
ou convenção coletiva de trabalho.
630
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
631
EIXO TEMÁTICO 5 - DIREITO DO TRABALHO
______________________________________________________
GABARITO
______________________________________________________
1 A ______________________________________________________
2 C
______________________________________________________
3 D
______________________________________________________
4 B
5 B ______________________________________________________
6 A ______________________________________________________
7 E
______________________________________________________
8 A
9 B ______________________________________________________
10 C ______________________________________________________
11 E
______________________________________________________
12 E
______________________________________________________
13 B
14 E ______________________________________________________
15 B ______________________________________________________
16 ERRADO
_____________________________________________________
17 D
18 C _____________________________________________________
19 C ______________________________________________________
20 A ______________________________________________________
21 B
______________________________________________________
632