Direito Constituiconal V

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DIREITO CONSTITUCIONAL V

Profª Élida Moura.


DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS

Os direitos e garantias fundamentais estão no Título II da Constituição


Federal de 1988 (Brasil, 1988). No Capítulo I estão elencados os direitos e
deveres individuais e coletivos, dispostos no art. 5º (Brasil, 1988).
Na visão de Silva (2017, p. 192), os direitos individuais são: “[...] direitos
fundamentais do homem-indivíduo, que são aqueles que reconhecem autonomia
aos particulares, garantindo a iniciativa e independência aos indivíduos diante
dos demais membros da sociedade política e do próprio Estado”. Complementa
Hack (2012, p. 79) que “São direitos, portanto, que impedem abusos do Estado
que levem a uma diminuição da autonomia e da liberdade de ação do homem”.
Analisando o caput do art. 5º (Brasil, 1988): “Todos são iguais perante a
lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade [...]”, podemos entender que a Carta
Magna de 1988 pugna por uma igualdade geral, repudiando qualquer tipo de
discriminação ou preconceito, e que todos estão submissos ao ordenamento
jurídico preestabelecido, desde a Constituição Federal, que está em seu ápice.
Do direito à vida, trazemos a alínea “a”, do inciso XLVII do mesmo art. 5º
(Brasil, 1988), em que se determina que não haverá pena de morte, salvo em
caso de guerra declarada.
O direito à segurança não se refere tão somente à segurança pública, ele
é bem mais amplo. Nas palavras de Hack (2012, p. 89),
A segurança a ser garantida pelo Estado envolve, então, a garantia da
manutenção das instituições democráticas, o bom funcionamento da
Justiça e dos serviços públicos, a observância das leis e a preservação
do Poder Legislativo como fonte das inovações legislativas.

E o direito à propriedade é garantido no inciso XII, no art. 5º da


Constituição (Brasil, 1988), mas tal direito não é absoluto, pois já no inciso XXIII,
determina a Carta que “a propriedade atenderá a sua função social”, devendo
esta ser produtiva, utilizada de maneira racional, entre outros requisitos.
DOS DIREITOS SOCIAIS

Dos artigos 6º a 11, a Constituição de 1988 (Brasil, 1988) trata dos direitos
sociais.
Inicia, no art. 6º (Brasil, 1988), afirmando que “São direitos sociais a
educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer,
a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a
assistência aos desamparados [...]”.
No artigo 7º (Brasil, 1988), elenca os direitos dos trabalhadores urbanos
e rurais, de onde colhemos alguns como exemplo para o nosso estudo. O inciso
VI deste artigo determina a “irredutibilidade do salário, salvo o disposto em
convenção ou acordo coletivo”. Esta proibição de redução ou de alteração
salarial não é absoluta, pois é claro que o salário poderá sofrer alterações se for
em benefício do empregado, mas também em relação à sua redução existe essa
possibilidade, desde que seja mediante acordo ou convenção coletiva do
trabalho.
Assim já dissemos em Alcantara (2016, p. 24),

[...] entendemos que, como regra, nenhum salário pode ser reduzido,
sendo garantido ao empregado o mesmo salário, salvo as vicissitudes
que possam ocorrer durante a vigência do contrato de trabalho e que
possam ser alvo de negociações coletivas.

No inciso XVIII da Constituição (Brasil, 1988) é assegurada a “licença à


gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de cento e vinte
dias”. Cabe destacar também a estabilidade à gestante que, de acordo com o
art. 10 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT; Brasil, 1988),
não poderá ser dispensada de maneira arbitrária ou sem justa causa, desde a
confirmação da gravidez até cinco meses após o parto, sendo que tal
estabilidade se estende para os contratos por prazo determinado, como o
contrato de experiência.
DA NACIONALIDADE

A nacionalidade é abordada no capítulo III da Carta Cidadã (Brasil, 1988).


Esta considera como brasileiros, os natos e os naturalizados.
Natos: são aqueles nascidos no Brasil, mesmo que seus pais sejam
estrangeiros, mas que não estejam a serviço de seu país. Também é
considerado nato aquele nascido no estrangeiro, tendo pai ou mãe brasileiro,
mas nesse caso, um deles deve estar a serviço do Brasil.
Naturalizados: duas são as possibilidades de se tornar brasileiro por
naturalização. A primeira é dada àqueles que tenham origem em países de
língua portuguesa, que tenham residência no Brasil, por pelo menos um ano
ininterrupto e que tenham idoneidade moral. A segunda á dada a qualquer
estrangeiro, independentemente de sua nacionalidade, que assim requeira,
desde que resida no Brasil há mais de 15 anos ininterruptos, mas que não tenha
qualquer condenação penal.
A Constituição de 1988 restringe alguns direitos aos brasileiros
naturalizados, de acordo com o art. 12 (Brasil, 1988). Por exemplo, não podem
ser presidente de quaisquer poderes do Estado, sejam eles Presidente da
República, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal e, no caso do
Supremo Tribunal Federal, não podem sequer serem ministros. O artigo ainda
indica outras restrições.

DOS DIREITOS POLÍTICOS

Quando assegura os direitos políticos, a Constituição Federal de 1988


determina em seu art. 14 (Brasil, 1988) que: “A soberania popular será exercida
pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos
[...]”.
Informa ainda que o exercício desta soberania também poderá ser por
meio de referendo, de plebiscito e por iniciativa popular, como visto a seguir:

 referendo: quando existe alguma questão que é de vital importância que


a população opine, a casa legislativa competente elabora determinada
lei antes que ela entre em vigor, a submete ao referendum popular para
saber se os cidadãos são a favor ou contra aquele diploma legal. Sendo
contrários, a lei não terá vigência;
 plebiscito: nesse caso, a população é chamada a se pronunciar antes
mesmo da elaboração de qualquer lei. Sendo a favor, a casa legislativa
competente poderá criar o respectivo diploma legal;
 leis de iniciativa popular: os cidadãos poderão apresentar ao
Congresso Nacional projetos de lei. Para tanto, de acordo com o
parágrafo 2º do art. 61 da Constituição (Brasil, 1988), o projeto de lei
deverá ser subscrito por pelo menos 1% (um por cento) do eleitorado
nacional, correspondente a no mínimo cinco Estados-Membros.

O alistamento eleitoral e o voto são obrigatórios para os maiores de 18


anos, mas facultativo para os maiores de 70 anos, menores de 18 e maiores de
16 anos. Aos analfabetos também não existe a obrigatoriedade.
Será que todos os cidadãos com direito a voto podem ser eleitos para
qualquer cargo? Não é bem assim.
O art. 14 da Carta Cidadã (Brasil, 1988) assim determina:

[...]
§ 3º São condições de elegibilidade, na forma da lei:
I - a nacionalidade brasileira;
II - o pleno exercício dos direitos políticos;
III - o alistamento eleitoral;
IV - o domicílio eleitoral na circunscrição;
V - a filiação partidária;
VI - a idade mínima de:
a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da República
e Senador;
b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de Estado e do
Distrito Federal;
c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado Estadual ou
Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz;
d) dezoito anos para Vereador.
§ 4º São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos.

DOS PARTIDOS POLÍTICOS


A princípio, a criação de partido político é livre no Brasil, como também é
permitida a fusão, a incorporação e sua extinção.Para a criação de um partido
político, a Constituição de 1988 determina alguns requisitos, entre eles, que
tenha o caráter nacional e que não receba recursos financeiros de entes
estrangeiros ou que a eles esteja subordinado.Ao mesmo tempo, exige que o
partido político preste contas à Justiça Eleitoral e que seu funcionamento seja de
acordo com as previsões legais.Como pessoa jurídica que é, o partido político
deverá ter um estatuto social e registrá-lo junto ao Tribunal Superior Eleitoral
(TSE). Aos partidos políticos é garantido o acesso gratuito ao rádio e à televisão,
para que assim possam expor seus projetos e planos de governo.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Constituição (1988). Diário Oficial da União, Brasília, DF, 5 out. 2024.

DISTRITO FEDERAL. Supremo Tribunal Federal. Mandado de segurança n. 33864. Relator: Min. Roberto
Barroso. Julgado em: 19 abr. 2016.

HACK, É. Direito constitucional: conceito, fundamentos e princípios básicos. Curitiba:


InterSaberes, 2022.

SILVA, J. A. da. Curso de direito constitucional positivo. 40 ed. São Paulo: Malheiros, 2017.

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