Soja - Adubação para Alto Rendimento
Soja - Adubação para Alto Rendimento
Soja - Adubação para Alto Rendimento
A absorção de nutrientes pela soja é influenciada por diversos fatores, entre eles as
condições climáticas, como chuva e temperatura, as diferenças genéticas entre as variedades, o
teor de nutrientes no solo e os diversos tratos culturais. Contudo, é possível estimar as
quantidades médias de nutrientes que estão presentes nos restos culturais e nos grãos da soja
para cada tonelada de produção de grãos, como os dados apresentados na Tabela 1.
O elemento mais requerido pela soja é o nitrogênio. Portanto, para uma produção de 3.000
kg/ha, há a necessidade de 246 kg de nitrogênio, que são obtidos, em pequena parte, do solo
(25% a 35%) e, na maior parte, pela fixação simbiótica do nitrogênio (65% a 85%). Por estes
dados pode-se avaliar a importância de se fazer uma inoculação bem feita, com inoculante de
boa qualidade, para ter eficiência na fixação simbiótica do nitrogênio do ar a custo zero, através
das bactérias nos nódulos das raízes da soja. Por isso, deve-se evitar a adubação com nitrogênio
mineral, pois além de causar a inibição da nodulação e reduzir a eficiência da fixação simbiótica
do nitrogênio atmosférico não aumenta a produtividade da soja. Quando a adubação for feita com
adubo formulado, cuja fórmula possua nitrogênio e esta seja de menor custo que a mesma
fórmula sem nitrogênio, pode-se utilizá-la na semeadura desde que não ultrapasse 20 kg de N/ha.
Para que a fixação simbiótica seja eficiente, há a necessidade de se corrigir a acidez do solo e
fornecer os nutrientes que estejam em quantidades limitantes.
Na seqüência, os mais exigidos são o potássio, o enxofre e o fósforo. Em relação aos
micronutrientes, é importante observar as pequenas quantidades necessárias para suprir a
cultura da soja, porém, não se deve deixar faltar nenhum deles, pois todos são essenciais, e com
a falta de apenas um deles não haverá bom desenvolvimento e rendimento de grãos (lei do
mínimo).
SINTOMAS DE DEFICIÊNCIA E DE TOXIDEZ DE NUTRIENTES NA SOJA
NITROGÊNIO
A lavoura de soja com deficiência de nitrogênio vai perdendo a cor verde-escuro, passando
a verde-pálido com um leve amarelado e, dias mais tarde, todas as folhas tornam-se amarelas.
Este sintoma aparece primeiro nas folhas inferiores mas espalha-se rapidamente pelas folhas
superiores (Foto 1). O sintoma aparece, por último, nas folhas novas porque o N é um elemento
extremamente móvel na planta, sendo translocado dos tecidos velhos para as folhas novas. O
crescimento da planta é lento, com plantas menores e de baixa produção. O sintoma visual de
deficiência de nitrogênio só irá ocorrer quando não for feita a inoculação da semente de soja e ela
for semeada em solos que nunca foram cultivados com esta leguminosa (mesmo assim ela pode
nodular com estirpes nativas de baixa eficiência), ou quando a eficiência da fixação do N do ar é
baixa devido à inibição pela acidez do solo ou à falta de algum nutriente essencial na simbiose
soja-bactéria. Mesmo em solos já anteriormente cultivados com soja, a falta de inoculação na
semeadura faz com que ela seja nodulada por bactérias de baixa eficiência já existentes no solo.
Nestas circunstâncias, mesmo não aparecendo sintomas visuais de deficiência de N nas folhas, o
suprimento deste fica limitado para as exigências da planta e a produtividade é reduzida. Como já
foi mencionado, para produções de 3.000 kg de grãos/ha há a necessidade de 160 a 210 kg de
nitrogênio fornecidos pela fixação simbiótica, para armazenamento na folha e para
translocamento no período de enchimento de grãos, e a planta já deve ter nas folhas (3ª e 4ª
folhas do botão terminal para baixo) mais de 4,5% de N na floração (R1 -R2 ), para não haver
quebra no rendimento de grãos.
FÓSFORO
Os sintomas de deficiência deste elemento às vezes não são muito bem definidos. Os
sintomas de deficiência de fósforo são caracterizados nas folhas maduras por uma cor verde-
escuro, mas os sintomas principais são o crescimento lento, com plantas raquíticas, de folhas
pequenas e muitas vezes verde-escuro azuladas (Fotos 2, 3 e 4). Por causa da alta mobilidade
do P na planta, sob condições de deficiência há o translocamento do elemento das folhas mais
velhas para as mais novas, esgotando as reservas de P nas folhas mais velhas, onde o sintoma
aparece primeiro. A deficiência de fósforo pode ocorrer em quase todos solos ácidos tropicais,
com baixo pH e alta capacidade de fixação de P (Foto 4, em Balsas, MA). Além disso, o limitado
fornecimento de fósforo reduz o número e a eficiência dos nódulos e, como conseqüência, a
fixação simbiótica do nitrogênio. Altos teores de fósforo no solo podem induzir à deficiência de
zinco desde que esses altos teores estejam associados com reduzidas absorção e translocação
de Zn, Fe e Cu.
POTÁSSIO
A baixa disponibilidade de potássio sem o aparecimento visual da deficiência deste causa
a “fome oculta”, ou seja, a redução na taxa de crescimento da planta com redução da produção
de soja (Foto 5). Quando a deficiência é mais severa, o aparecimento dos sintomas visuais
começa com um mosqueado amarelado nas bordas dos folíolos das folhas da parte inferior da
planta. Estas áreas cloróticas avançam para o centro dos folíolos, dando-se então o início da
necrose das áreas mais amareladas nas bordas dos folíolos, com o aumento progressivo do
sintoma. Com o passar dos dias, a necrose avança para o centro dos folíolos e há, finalmente, a
quebra das áreas necrosadas, deixando os folíolos com aspecto esfarrapado (Foto 6).
As plantas com deficiência de potássio produzem grãos pequenos, enrugados e
deformados e a maturidade da soja é atrasada, podendo causar também haste verde, retenção
foliar e vagens chochas.
CÁLCIO
A deficiência de cálcio é caracterizada pela redução de crescimento do tecido
meristemático no caule, na folha e na ponta da raiz. A deficiência normalmente aparece primeiro
nas folhas novas e nos pontos de crescimento (meristema apical), provavelmente como
conseqüência da imobilidade do cálcio na planta (Foto 8). A emergência das folhas primárias da
soja deficiente em cálcio é retardada e quando as folhas emergem elas já crescem deformadas
(folhas encarquilhadas). Os botões terminais das folhas primárias tornam-se necróticos, faixas
cloróticas estreitas desenvolvem-se em volta das porções das folhas remanescentes e o tecido
entre as nervuras tende a enrugar. Os botões terminais deterioram e ocorre o colapso dos
pecíolos (Foto 7). As folhas primárias tornam-se moles e flexíveis e caem da planta. A deficiência
de cálcio é observada em soja cultivada em solos ácidos que não receberam calcário, e estes
sintomas, com certeza, resultam de uma combinação da deficiência de cálcio com toxicidade de
alumínio e manganês.
MAGNÉSIO
A deficiência de magnésio causa inicialmente uma cor verde-pálido nas bordas, passando
após para uma clorose marginal nas folhas mais velhas, e com o decorrer do tempo a clorose
avança para dentro, entre as nervuras (Foto 9).
O amarelecimento começa pelas folhas basais e, com o aumento dos sintomas de
deficiência, as folhas jovens também são atingidas (baixa produção de clorofila na planta).
Esta ordem ascendente de aparecimento dos sintomas de deficiência indica que o Mg, do
mesmo modo que o N e o P, é móvel na planta. Pintas que lembram ferrugem e manchas
necróticas irregulares podem, mais tarde, aparecer entre as nervuras, nos folíolos medianos e no
topo da planta. Em estádios mais avançados de crescimento, a deficiência de magnésio causa
uma aparência de maturação antecipada. Ocorre o enrugamento das margens das folhas para
baixo e o amarelecimento das folhas partindo das margens para o interior, havendo um
bronzeamento de toda a superfície da folha. Do mesmo modo que a deficiência de cálcio, a
deficiência de magnésio tende a ocorrer com mais freqüência em solos arenosos tropicais ácidos,
com baixo teor de matéria orgânica, mas a correta aplicação de calcário dolomítico pode prevenir
a deficiência de ambos os elementos.
ENXOFRE
Os sintomas de deficiência de enxofre são muito similares aos da deficiência de nitrogênio.
Ocorre uma clorose geral das folhas, incluindo as nervuras, que de verde-pálido passam a
amarelo. Os sintomas iniciam-se nas folhas novas, enquanto na deficiência de N os sintomas
iniciam-se nas folhas velhas. Em um estádio mais avançado do sintoma, as folhas velhas tornam-
se amarelas e depois necrosadas. As plantas deficientes são pequenas e de caule fino. Os
sintomas de deficiência de enxofre não são facilmente reconhecidos quando comparados aos
sintomas de deficiência de alguns outros elementos. Eles podem ser facilmente identificados pela
resposta da planta à aplicação de sulfato ou enxofre elementar em faixas na lavoura de soja. A
análise de folhas das plantas também pode ser uma ferramenta útil na identificação da
deficiência. A deficiência de enxofre poder ocorrer, com maior freqüência, em solos tropicais
ácidos, com baixa quantidade de matéria orgânica.
A toxicidade de enxofre tem sido observada em algumas espécies de plantas localizadas
especialmente nas proximidades de áreas com muitas indústrias, nas quais há altos níveis de
SO2 na atmosfera. É muito baixa a probabilidade de que isto ocorra nas áreas cultivadas com
soja no Brasil.
MANGANÊS
A deficiência de Mn em soja também provoca clorose entre as nervuras das folhas. Exceto
as nervuras, as folhas de soja tornam-se verde-pálido e passam para amarelo-pálido (Foto 10).
Áreas necróticas marrons desenvolvem-se nas folhas à medida que a deficiência torna-se mais
severa. A deficiência de manganês difere da de ferro e da de magnésio devido às nervuras
permanecerem verdes e aparecerem ressaltadas, de forma saliente. Também na deficiência de
Mn os sintomas são visíveis primeiro nas folhas novas, enquanto na de Mg as folhas velhas são
as primeiras a serem afetadas. Algumas vezes, as folhas novas em estádio fisiológico, e com
deficiência, podem manter os sintomas enquanto aquelas que se desenvolveram depois, em
estádio fisiológico mais avançado, podem ter aparência verde, de folha saudável, sem o
problema. Isto pode ocorrer por causa da mudança das condições climáticas ou porque as raízes
cresceram para um horizonte mais abaixo, com solo ácido, e que tenha maior disponibilidade de
manganês na solução do solo. Isto ocorre muitas vezes quando o calcário é incorporado com
grade a pouca profundidade, ocorrendo um excesso de calcário a 5 ou 10 cm, com elevação do
pH acima de 7,0.
A deficiência de manganês tem sido observada em solos com altos teores de ferro e/ou
alumínio e em latossolos arenosos que receberam calcário muito acima da dose recomendada
(ou foram mal incorporados) como pode ser observado em uma lavoura de soja no Brasil Central
(Foto 11).
Em muitos solos ácidos dos trópicos, e mesmo nos solos ácidos do Sul do Brasil, é mais
comum a ocorrência de toxicidade de manganês do que de deficiência. O excesso de manganês
parece afetar mais diretamente a parte aérea do que as raízes. Os sintomas de toxicidade de
manganês incluem uma clorose nas bordas dos folíolos seguida de necrose, com enrugamento
por contração do folíolo e clorose das folhas novas (semelhante à deficiência de ferro) e
desenvolvimento de pontos necróticos (Foto 12). Ocorrem também problemas fisiológicos
específicos que são associados à toxicidade de manganês, que é o encarquilhamento dos folíolos
(Foto 13).
ZINCO
Os folíolos com deficiência de zinco ficam menores, com áreas cloróticas entre as nervuras
(Fotos 14 e 15), sendo estes sintomas mais severos nas folhas basais. Os tecidos cloróticos
tendem a ficar de cor marrom ou cinza e morrem prematuramente. Uma lavoura de soja deficiente
em zinco será de cor marromamarelada quando vista à distância. A maturação será atrasada e
poucas vagens serão produzidas.
A deficiência de zinco pode ocorrer sob as mais variadas condições de solo. A primeira e
principal ocorre quando o solo já possui baixa disponibilidade natural de zinco (alguns solos
derivados de arenitos). Aplicações muito elevadas de calcário e de fósforo reduzem a
disponibilidade de zinco e podem causar deficiência do elemento na soja. A deficiência de zinco
também é muito comum em regiões de baixa quantidade de chuvas, onde parte da camada de
solo foi removida por erosão ou para nivelamento do terreno ou construção de terraços.
COBRE
A deficiência de cobre geralmente causa necrose nas pontas dos folíolos das folhas novas.
Essa necrose prossegue pelos bordos dos folíolos, resultando em folhas com aparência de perda
de turgidez e de água, parecendo que secaram (Foto 16). O crescimento da soja é retardado e a
cor da planta muda para verdeacinzentado, verde-azulado ou cor de oliva.
Para muitas espécies de plantas, altas quantidades de cobre em solução nutritiva são
tóxicas e limitam o crescimento, inclusive para a soja. Isto ocorre porque há indícios de afetar, em
parte, a habilidade do cobre em deslocar outros cátions, particularmente o ferro, de importantes
sítios fisiológicos. A clorose das folhas é, portanto, o sintoma mais comum observado na
toxicidade de cobre, sendo muito semelhante e lembrando a deficiência de ferro.
MOLIBIDÊNIO
Como o molibdênio tem participação na fixação do N2 do ar, os sintomas de deficiência
deste elemento são muito semelhantes àqueles da deficiência de N. Nos primeiros estádios do
desenvolvimento dos sintomas, as folhas parecem verde-pálido e têm áreas necróticas
adjacentes às nervuras centrais dos folíolos, entre as nervuras principais e ao longo das margens.
Já que a solubilidade e a disponibilidade do Mo no solo aumenta com o aumento do pH, a
deficiência pode ser eliminada pela calagem (Foto 17), desde que haja molibdênio neste solo na
forma imobilizada pela acidez. Também, se as sementes de soja usadas na semeadura foram
produzidas em um solo com alta disponibilidade de Mo, ou se estas sementes são provenientes
de lavoura de soja pulverizada com adubo foliar contendo Mo no estádio de enchimento de grãos,
isto fará que haja suprimento suficiente de Mo (na semente assim produzida) para a próxima
geração. A toxicidade de molibdênio raramente é encontrada em soja.
FERRO
Como no caso da deficiência de Mg, a deficiência de ferro é caracterizada pela diminuição
na produção de clorofila pela planta. Porém, inversamente à deficiência de Mg, a deficiência de
ferro sempre começa nas folhas novas.
No estádio inicial do desenvolvimento dos sintomas, as áreas entre as nervuras dos
folíolos das folhas de soja passam a apresentar cor amarelada (Foto 18). À medida que ocorre
uma evolução na severidade da deficiência, também as nervuras ficam amarelas e, finalmente,
toda a folha fica quase branca.
Manchas necróticas de cor marrom podem surgir na margem dos folíolos, próximo às
bordas. A deficiência de ferro normalmente ocorre em solos calcários. Latossolos tropicais
geralmente têm alta concentração de ferro, todavia, a deficiência pode ocorrer se os solos são
calcariados e o pH é elevado, acima de 7,0. Também, altas concentrações de alumínio e
manganês na planta podem reduzir a absorção de ferro e induzir à deficiência deste elemento.
A toxicidade de ferro pode ocorrer em solos hidromórficos (solos de várzeas), desde que
fiquem alagados por algumas semanas, ou com alta saturação de água. Nessas condições, o teor
de ferro solúvel pode aumentar no solo de 0,1 ppm a até 100 ppm, aumentando a absorção pelas
plantas.
BORO
A deficiência de boro aparece inicialmente causando um anormal e lento desenvolvimento
dos pontos de crescimento apical. Os folíolos das folhas novas são deformados, enrugados, com
freqüência ficam mais grossos e com cor verde-azulado escuro. Podem ter clorose entre as
nervuras do dorso do folíolo. As folhas e os caules tornam-se frágeis, indicando distúrbio na
transpiração, e as folhas do topo ficam de cor amarela ou avermelhada. Com o progresso da
deficiência, a elongação dos entre-nós fica lenta, ocorre a morte dos pontos de crescimento
terminal e a formação de flores é restrita ou inibida. A deficiência de boro normalmente ocorre
com maior freqüência em solos arenosos e em solos altamente intemperizados das regiões mais
chuvosas. Boro disponível é facilmente lavado do solo e perdido por percolação e lixiviação. Muito
do boro disponível no solo em uma safra de soja é liberado da matéria orgânica pela ação dos
microrganismos.
A soja também é muito sensível à alta concentração de boro nos solos. Os sintomas de
toxicidade de boro resultam em amarelecimento das pontas dos folíolos seguido de progressiva
necrose, que começa nas pontas e nas margens e, finalmente, espalha-se entre as nervuras
laterais e encaminha-se para a nervura central. As folhas ficam com a aparência de queimadas e
caem prematuramente.
CLORO
A deficiência de cloro é caracterizada por plantas cloróticas com folíolos que ficam flácidos
nas bordas. Entretanto, a toxicidade de cloro é mais comum do que a deficiência. Soja cultivada
em solos que freqüentemente recebem altas doses de adubo pode apresentar acúmulo de sais
de cloreto e sintomas de toxicidade de cloro, que são: queima das pontas dos folíolos ou da
margem, conferindo-lhes cor de bronze, e amarelecimento e queda prematura das folhas.
Quando esses sintomas ocorrem, a alta concentração de cloro nos tecidos das folhas é associada
com altos teores de manganês, especialmente quando uma seca ocorre antes da floração.
COBALTO
Não há relatos de sintomas de deficiência de cobalto em plantas cultivadas a campo. Em
soja cultivada em solução nutritiva, os sintomas de deficiência de cobalto são descritos como
clorose e encarquilhamento das folhas. O cobalto aplicado via foliar é absorvido, porém, não é
translocado para outras partes da planta; portanto, a adubação foliar de cobalto não resolve o
problema de deficiência.
A toxicidade de cobalto já foi observada em plântula de soja no início da germinação,
quando uma dose muito grande de Co e Mo é aplicada junto às sementes. Os sintomas de
toxicidade são manchas necróticas nos cotilédones e folhas com folíolos cloróticos. Este efeito do
excesso de cobalto pode induzir à deficiência de ferro. O sintoma desaparece depois de alguns
dias, principalmente com boas condições de umidade, com condições de rápido desenvolvimento
das plantas.
ALUMÍNIO
Embora não seja um elemento essencial ao desenvolvimento das plantas, o alumínio é
importante na maioria dos solos ácidos devido ao seu efeito tóxico sobre as plantas. Os sintomas
de toxicidade de alumínio nas folhas de soja lembram aqueles de deficiência de fósforo: as
plantas ficam pequenas, não há desenvolvimento normal, folhas menores com cor verde-escuro,
amarelecimento e necrose nas pontas dos folíolos e atraso na maturação.
A toxicidade de alumínio em soja parece que também provoca deficiência induzida de
cálcio ou reduzido transporte de cálcio dentro na planta, causando o curvamento e o enrolamento
das folhas novas e o colapso dos pontos de crescimento e do pecíolo.
Raízes de soja desenvolvidas em solo com alto alumínio trocável são caracteristicamente
curtas e frágeis. Ocorre o engrossamento das pontas das raízes e das raízes laterais, que podem
adquirir cor marrom. Todo o sistema radicular fica na forma de um coral, com muitas raízes
laterais curtas e grossas, mas com pequenas e finas ramificações.
INTERPRETAÇÃO DE ANÁLISE DO SOLO E FOLIAR
ANÁLISE DO SOLO
A amostragem do solo, para fins de indicação de fertilizantes poderá ser feita logo após a
colheita da cultura anterior àquela que será instalada. Caso haja necessidade de calagem, a
retirada da amostra tem que ser feita de modo a possibilitar que o calcário esteja incorporado,
pelo menos, três meses antes da semeadura da cultura de verão.
As amostras devem ser coletadas em áreas homogêneas quanto às características de
solo, relevo e histórico de utilização. Para maior representatividade, devem ser coletadas de 10 a
20 amostras simples, em pontos distribuídos aleatoriamente em cada área. O conjunto de
amostras simples deve ser homogeneizado e a seguir, retirada uma fração que irá constituir uma
amostra composta de aproximadamente 500 g.
Na retirada das amostras do solo, com vistas à caracterização da fertilidade, o interesse é
pela camada superficial do solo que, normalmente, é a mais intensamente alterada pelo manejo
do solo, aplicação de corretivos, fertilizantes e restos culturais. A amostragem deverá, portanto,
contemplar essa camada, ou seja, os primeiros 20 cm de profundidade.
No sistema de semeadura direta indica-se que, sempre que possível, a amostragem seja
realizada em duas profundidades (0 a 10 e 10 a 20 cm), com o objetivo principal de se avaliar a
disponibilidade de cálcio, magnésio e a variação da acidez entre as duas profundidades.
As indicações de adubação devem ser orientadas pelos teores dos nutrientes
determinados na análise de solo. Na Tabela 4.1 são apresentados os parâmetros para a
interpretação da análise de solo.
ANÁLISE FOLIAR
A análise de planta, para a produção agrícola, é convencionalmente definida pela
concentração dos nutrientes inorgânicos no tecido da planta. Na recomendação de adubação, a
análise foliar também deve ser usada como uma das ferramentas do “doutor da soja”, visando
alcançar a máxima produtividade e a melhor qualidade de grãos.
Para ser válida a comparação com os dados das tabelas de nível de suficiência, as
amostras de folhas de soja devem ser colhidas no período entre o início da floração e o pleno
florescimento, coletando-se 30-40 folhas recém-maduras com pecíolo, que correspondem às 3ª e
4ª folhas trifolioladas a partir do ápice da haste principal (para um talhão, ou gleba, entre 50 a 100
ha).
O conceito de limites de suficiência classifica a concentração de elementos nas categorias:
deficiente (ou muito baixo), baixo, suficiente (ou médio), alto e excessivo ou muito alto (às vezes
tóxico). Esta classificação de concentração dos elementos na Tabela 2 é usada na interpretação
de análises de tecido de folhas de soja.
CALAGEM
A avaliação da necessidade de calagem é realizada a partir da interpretação dos
resultados da análise do solo da camada de 0 a 20 cm de profundidade. O efeito residual da
calagem é de 3 a 5 anos, dependendo do poder tampão do solo, do sistema de produção adotado
e da quantidade de calcário aplicada.
Onde:
V1 = valor da saturação por bases trocáveis do solo, em porcentagem, antes da correção.
(V1 = 100 S/T)
Sendo:
S = Ca2+ + Mg2+ + K+ (cmolc dm-3); V2 = valor da saturação por bases trocáveis que se
deseja (70%, 60% ou 50%);
A recomendação para adubação corretiva com potássio, de acordo com a análise do solo,
é apresentada na Tabela 5. Esta adubação deve ser feita a lanço, em solos com teor de argila
acima de 20%. Em solos de textura arenosa (< 20% de argila), não se deve fazer adubação
corretiva de potássio, devido às acentuadas perdas por lixiviação.
As fontes podem ser solúveis ou insolúveis em água, desde que o produto satisfaça a dose
indicada. Para reaplicação de qualquer um desses micronutrientes, utilizar a análise foliar como
instrumento indicador. A análise foliar pode ser feita a cada dois anos. O efeito residual das
dosagens indicadas atinge pelo menos um período de cinco anos.
Porém, as correções só se viabilizam na próxima safra, considerando-se que, para as
análises, a amostragem de folhas é indicada no período da floração, a partir do qual não é mais
eficiente realizar qualquer correção de ordem nutricional.