Nutrição E Adubação de Pomares

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Frutas do Brasil, 37 Maçã Produção 63

8 NUTRIÇÃO E
ADUBAÇÃO DE
POMARES
Gilmar Ribeiro Nachtigall
Clori Basso
Cláudio José da Silva Freire

INTRODUÇÃO na seguinte ordem : potássio > nitrogênio


> cálcio > magnésio > fósforo. Quanto à
Para a obtenção de boa produtividade marcha de absorção de nutrientes,
e de frutas de qualidade, a macieira requer representada pelos teores nas folhas da
solos com boa fertilidade. O manejo dos brotação à colheita, observa-se uma
nutrientes é fundamental para o bom tendência decrescente para nitrogênio,
desempenho do pomar. O estado fósforo e potássio, e tendência crescente
nutricional da macieira é influenciado por para cálcio e magnésio.
uma série de fatores, como tipo de cultivar
e porta-enxerto, tipo e manejo do solo, Importância
fatores climáticos, tipo de sistema de
condução e de plantio, fatores climáticos, dos nutrientes
entre outros.
O sucesso no cultivo da macieira, além Sob o ponto de vista nutricional, para
dos aspectos relacionados à implantação do a obtenção de plantas produtivas e com
pomar, depende do manejo adequado de produção de qualidade, é necessário que
todos os fatores de produção. O manejo haja disponibilidade e absorção dos
adequado da fertilidade do solo e o acom- nutrientes em proporções adequadas, tanto
panhamento do estado nutricional das plantas via solo como por suplementação via foliar.
representam um destes fatores. De nada Qualquer desequilíbrio nessas proporções
adianta utilizar cultivares e porta-enxertos pode causar a deficiência ou o excesso de
adequados, realizar um bom manejo de nutrientes. A deficiência de nutrientes
plantas, pragas e doenças, se o solo não caracteriza-se pelo suprimento insuficiente
fornecer nutrientes de forma adequada e no de um ou mais nutrientes, sendo provocada
momento correto. pela baixa disponibilidade deste(s) no solo,
Mesmo não ocorrendo sintomas
por características do solo (pH, capacidade
visíveis de deficiência nutricional, poderão
de retenção do solo etc.), pelo antagonismo
ocorrer situações em que se tenha produção
reduzida e baixa qualidade das frutas, entre nutrientes ou por características da
trazendo prejuízo econômico ao produtor. planta. Já o excesso de nutrientes, como o
Para que isso não ocorra, é necessário próprio nome diz, esta relacionado à
realizar o monitoramento periódico da presença em níveis elevados do nutriente,
fertilidade do solo e do estado nutricional podendo causar ou não toxidez na planta.
das plantas, para que o fruticultor possa
tomar medidas corretivas no caso de Nitrogênio
desequilíbrios.
Como o nitrogênio é um nutriente
EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS que desempenha importante papel no
crescimento vegetativo, exercendo
A extração anual de macronutrientes influência na formação inicial da planta
por uma planta adulta de macieira ocorre bem como na renovação de brotações que
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darão suporte à produção futura, este deste nutriente aumenta o crescimento, o


nutriente tem efeito direto na qualidade teor foliar e a produção. Na faixa de excesso,
das frutas e no balanço nutricional da a adição de nitrogênio aumenta o teor
planta. Níveis crescentes de nitrogênio foliar, porém causa pouco efeito no
aumentam a produção de maçãs, proporcio- crescimento e na produção. Os resultados
nando maior teor deste nutriente nas folhas, obtidos no sul do Brasil, com as cultivares
porém provoca maior incidência de russeting, Golden Delicious e Fuji, mostram que a
redução da firmeza da polpa, maior retenção aplicação anual de nitrogênio não afeta o
da cor verde na película na colheita, além crescimento, a produção, qualidade das
da redução dos teores de fósforo, potássio frutas e a concentração de nutrientes nas
e boro. folhas e nas frutas. No entanto, obteve-se
Entre os macronutrientes, o nitrogênio resposta à aplicação de N em solos rasos
provavelmente seja o que apresenta maior das regiões mais frias.
variabilidade quanto à definição de faixa Um dos aspectos a considerar no uso
de teores pela análise foliar. Para pomares de fontes nitrogenadas é seu efeito sobre
de macieira do sul dos EUA, adotam-se as características químicas do solo.
teores entre 18 e 23 g kg-1 de nitrogênio O sulfato de amônio e a uréia são fontes
como suficientes e acima de 24 g kg-1 como que acidificam o solo por liberarem
teores que caracterizam excesso. No Rio hidrogênio para a solução do solo, enquanto
Grande do Sul e em Santa Catarina, a o nitrato de cálcio e o nitrato de potássio
interpretação dos teores foliares de nitro- têm reação neutra a ligeiramente alcalina.
gênio é feita segundo os valores e as faixas As fontes nitrogenadas podem
nutricionais apresentados na Tabela 2. fornecer outros nutrientes além do
Essas diferenças no estabelecimento de nitrogênio, como o nitrato de cálcio, que
faixas de teores nas folhas indicam que fornece cálcio, e o nitrato de potássio, que
existe grande variação quanto a resposta à supre o potássio.
adubação nitrogenada. No Rio Grande do
Sul, até o ano de 1991, 2% dos pomares Fósforo
comerciais encontravam-se com teores de
nitrogênio nas folhas entre 17 e 20 g kg-1 , Até recentemente, poucos trabalhos
enquanto que 56% apresentavam teores têm mostrado resposta à aplicação de
entre 20 e 25g kg-1. fósforo ou descrito problemas de
A deficiência de nitrogênio caracte- deficiência na cultura da macieira. É um
riza-se pela coloração verde clara visível nutriente importante no metabolismo
em todas as folhas e pela redução do vegetal, pois participa de inúmeras reações
crescimento da planta. A caracterização bioquímicas como respiração e transfor-
visual de deficiência é mais evidente na mação de energia, e também de vários
parte final do ciclo vegetativo, pois a perda compostos orgânicos, além de participar
da cor verde escura das folhas aumenta no da constituição de enzimas, que no caso da
decorrer do ciclo. As frutas são pequenas macieira pode se traduzir em estímulo à
e amadurecem cedo, acelerando a mudança formação precoce de raízes, rápido e
da cor de fundo. vigoroso crescimento das plantas e boa
A produção total de frutas em relação floração. A deficiência de fósforo compro-
ao teor de nitrogênio na folha tem resposta mete o desenvolvimento da parte aérea e
curvilínea. A aplicação de nitrogênio do sistema radicular. Essa baixa incidência
aumenta o crescimento e a produção, sem de problemas nutricionais relacionados ao
alterar significativamente o teor foliar, fósforo na cultura da macieira é atribuída
quando a planta se encontra em estado de à exigência moderada da cultura e a sua
carência. Com teor normal, a aplicação adaptação aos solos com baixa disponi-
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bilidade de fósforo, em virtude da capacidade das frutas e migrando para as folhas no


de absorção de fósforo do sistema radicular final do ciclo anual. Em trabalho realizado
da macieira, provavelmente favorecida pela no Rio Grande do Sul, com a cultivar Gala,
presença de micorrizas. a produção de frutas da categoria extra
Alguns trabalhos têm mostrado aumentou conforme aumentou o teor foliar
resposta à aplicação de fósforo em solos de potássio.
com teores baixos deste. Problemas de A deficiência aguda de potássio na
produção, distúrbios nas frutas ou até macieira manifesta-se nas folhas na forma
mesmo alterações na textura da fruta de queima-das-bordas das folhas velhas, a
podem ocorrer em condições de baixos partir das pontas (Fig. 1). Na qualidade das
teores de fósforo na planta. Contudo, em frutas, os efeitos manifestam-se na forma
trabalho realizado com a cv. Fuji, no Rio de frutas ácidas e de tamanho reduzido.
Grande do Sul, não houve resposta à níveis O efeito da adubação potássica é facilmente
e fontes de adubo fosfatado, em cinco observado em condições de deficiência de
safras estudadas. potássio, quando a adubação não somente
Na África do Sul, teores de fósforo elimina os sintomas nas folhas, como
entre 1,3 e 1,9 g kg-1 são considerados normais também melhora a cor e o sabor das frutas.
nas folhas de macieira. No RS e em SC, a Estudos mostram que o diâmetro das frutas
interpretação dos teores foliares de fósforo é apresenta correlação positiva com os níveis
feita segundo os valores e as faixas nutricionais de potássio nas folhas.
apresentados na Tabela 2. No Rio Grande

Fotos: C. Basso
do Sul, até o ano de 1991, 28% dos pomares
comerciais encontravam-se com teores de
fósforo nas folhas entre 1,0 e 1,5 g kg-1,
enquanto que 71% apresentavam teores entre
1,5 e 3,0 g kg-1.
A escolha da fonte de fósforo baseia-
se na sua eficiência agronômica. Se a reação
de uma fonte fosfatada for muito lenta, a
velocidade de reposição de fósforo na A
solução não será adequada ao crescimento
das plantas. Por sua vez, se a reação for
muito rápida, haverá risco de parte
substancial do fósforo ser imobilizada.

Potássio

Entre os macronutrientes, o potássio


provavelmente seja o segundo nutriente
em termos de importância para a cultura
da macieira, sendo superado em algumas
situações pelo nitrogênio e em outras pelo
cálcio. Sua função dentro da planta é regular
a abertura e o fechamento dos estômatos,
e o transporte de carboidratos, além de
atuar sobre a transpiração e a qualidade B
das frutas, entre outras. Mesmo sendo um Fig. 1. Folhas de macieira cv. Fuji com sinto-
elemento muito móvel na planta, o seu mas de deficiência de potássio (A). Aspecto
teor na folha permanece estável durante o geral da planta da cv. Fuji com sintomas de
verão, decrescendo no começo da formação deficiência de potássio (B).
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Existe variabilidade quanto à defini- (Fig. 2). Por seu turno, altos teores de
ção do nível crítico de potássio em folhas. potássio e de magnésio, oriundos de
Para as condições da Itália, um teor médio adubações com desequilíbrio desses
de potássio nas folhas de 10 g kg-1 é consi- nutrientes, também podem causar bitter
derado ótimo. Para pomares de macieira pit, tanto direta como indiretamente, já
do sul dos Estados Unidos, teores de 15 a que podem induzir a baixos teores de cálcio
18 g kg-1 são considerados suficientes, na planta. Em condições extremas, este
enquanto que plantas com teor de 10 g kg- distúrbio pode ocorrer até mesmo no
1
não apresentam sintomas visíveis nas pomar, quando se aproxima a colheita.
folhas. No entanto, as frutas não têm ta- Entretanto, a maioria dos sintomas é
manho, nem cor normal. No Rio Grande observada durante ou após o armazena-
do Sul e em Santa Catarina, a interpretação mento das frutas. Baixas concentrações de
dos teores foliares de potássio é feita se- cálcio nas frutas são, principalmente,
gundo os valores e as faixas nutricionais resultantes da ação de fatores ambientais e
apresentados na Tabela 2. No Rio Grande culturais, embora os teores de cálcio no
do Sul, até o ano de 1991, 20% dos poma- solo possam influenciar. A deficiência de
res comerciais encontravam-se com teores cálcio não é caracterizada por sintomas
de potássio nas folhas entre 8,0 a 12 g kg- visíveis nas folhas.
1
, enquanto que 28% apresen-tavam teo-

Fotos: G. R. Nachtigall e C. Basso


res entre 12 e 15 g kg-1.
O potássio está intimamente relacio-
nado com outros elementos, como cálcio e
magnésio, onde existe competição na
absorção destes pelas raízes, de modo que
é importante para a planta que exista um
equilíbrio adequado entre estes nutrientes
no solo. Vários trabalhos indicam que o
desequilíbrio entre o potássio e o cálcio na
planta provoca distúrbios fisiológicos nas
A
frutas. Outra interação constatada para a
cultura da macieira é entre o potássio e o
nitrogênio, onde parece existir uma relação
N/K na folha ideal para a obtenção de
frutas com cor, textura e durabilidade de
armazenamento adequadas.

Cálcio
B

O cálcio desempenha importante Fig. 2. Sintomas externos (A) e internos (B)


papel na planta, já que é um nutriente de bitter pit em frutas de macieira.
constituinte da lamela média das paredes
celulares e sua presença é indispensável ao No Rio Grande do Sul e em Santa
desenvolvimento do sistema radicular. Catarina, a interpretação dos teores foliares
Na cultura da macieira, a disponibilidade e de cálcio é feita segundo os valores e
a absorção de cálcio são de grande interesse, as faixas nutricionais apresentados na
pois baixas concentrações de cálcio na Tabela 2. No Rio Grande do Sul, até o
planta, principalmente nas frutas, são ano de 1991, 34% dos pomares comerciais
conhecidas por estarem relacionadas a encontravam-se com teores de cálcio na
distúrbios fisiológicos como o bitter pit folha inferiores a 11 g kg-1, enquanto que
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62% apresentavam teores entre 11 e freqüência, os teores de magnésio nas folhas


17 g kg-1. Já para a região produtora de são deficientes.
maçã do Estado de Santa Catarina, os
teores de cálcio nas folhas e nas frutas são,

Fotos: G. R. Nachtigall
na maioria dos casos, baixos ou deficientes.
Na fruta, considera-se que teores inferiores
a 2,5 - 3,0 mg 100g-1 de polpa fresca podem
ser indicativos de incidência de bitter pit.
Pulverizações com cálcio via foliar
têm sido utilizadas para evitar e/ou reduzir
distúrbios fisiológicos nas frutas de
macieira. Quanto a fontes de cálcio, as
mais utilizadas são o cloreto de cálcio, o
nitrato de cálcio e o cálcio quelatizado,
todos com a mesma eficiência técnica
quando aplicada a mesma dose do elemento
cálcio.

Magnésio

Como o magnésio é um dos consti-


tuintes da clorofila, sua presença é essencial
para a fotossíntese. Os sintomas de
deficiência são bem nítidos e ocorrem
inicialmente nas folhas mais velhas da Fig. 3. Folhas de macieira, apresentando sintomas de
deficiência de magnésio. Observar o desfolhamento da
base dos ramos, caracterizando-se por
base dos ramos.
amarelecimento das regiões internervais
das folhas, cujas manchas, na forma de V,
evoluem das margens da folha em direção Boro
à nervura central (Fig. 3). Este sintoma
evolui para necrosamento dos tecidos O boro é um nutriente importante
atacados, culminando com a desfolha para o metabolismo vegetal da macieira,
precoce da base do ramo. Os sintomas de pois pode estimular a formação de raízes,
deficiência ocorrem normalmente na o rápido e vigoroso crescimento das plantas
segunda metade do ciclo vegetativo e uma boa floração, porque atua nos ápices
(meados de janeiro e fevereiro), e vegetativos, na germinação do pólen e na
pulverizações com magnésio via foliar têm absorção de água. Por ser pouco móvel na
sido utilizadas como meio de evitar e/ou planta, os sintomas de deficiência de boro
reduzir situações de deficiência. ocorrem inicialmente nos pontos de
No Rio Grande do Sul e em Santa crescimento, onde se observa redução no
Catarina, a interpretação dos teores foliares crescimento das brotações, com encurta-
de magnésio é feita segundo os valores e as mento dos internódios. Os sintomas de
faixas nutricionais apresentados na Tabela deficiência nas frutas apresentam-se na
2. No Rio Grande do Sul até o ano de 1991, forma de encortiçamento da polpa,
13% dos pomares comerciais encontravam- evoluindo para rachaduras nas frutas, além
se com teores de magnésio nas folhas de provocar queda de frutas.
inferiores a 2,0 g kg-1, enquanto que 74% No Rio Grande do Sul e em Santa
apresentavam teores entre 2,5 e 4,5 g kg-1. Catarina, a interpretação dos teores foliares
No Estado de Santa Catarina, com bastante de boro é feita segundo os valores e as faixas
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nutricionais apresentados na Tabela 2. Zinco


No Rio Grande do Sul, até o ano de 1991,
15% dos pomares comerciais encontravam- O zinco tem efeito sobre o
se com teores de boro na folha inferiores a 30 metabolismo das plantas, pois é um
mg kg-1, enquanto que 83% apresentavam ativador enzimático. Os sintomas de
teores entre 30 e 50 mg kg-1. deficiência desse nutriente caracterizam-
Aplicações foliares de ácido bórico, se pela formação de internódios curtos,
bórax ou solubor são recomendadas para que resultam em brotações pequenas em
controlar a deficiência de boro em macieira, forma de roseta, decorrentes da ação do
cujos resultados têm sido satisfatórios. zinco sobre as auxinas. Os sintomas podem
Ademais, estudos sobre aplicações de boro aparecer somente em alguns ramos da
visando controlar a incidência de bitter pit planta. As folhas são menores, estreitas e
têm sido desenvolvidos. Contudo, deve- mais rijas que as normais, apresentado
se evitar aplicações em excesso, já que a clorose internerval (Fig. 5).
faixa de tolerância desta cultura entre No RS e em SC, a interpretação dos
deficiência e toxidez é muito estreita. teores foliares de B é feita segundo os valores
O boro, embora seja necessário para e as faixas nutricionais apresentados na
a obtenção de boa produção e qualidade Tabela 2. No Rio Grande do Sul, até o ano de
da maçã, pode reduzir a qualidade das 1991, 12% dos pomares comerciais
frutas quando presente em excesso. Existe encontravam-se com teores de zinco na folha
inferiores a 20 mg kg-1, enquanto 77%
correlação entre altos teores de boro na
apresentavam teores entre 20 e 100 mg kg-1.
fruta e aumento da incidência de distúrbios
internos. Outros trabalhos relatam que
altos teores de boro nas frutas também

Foto: C. Basso
podem proporcionar desenvolvimento
precoce de cor, aumento na incidência de
degenerescência e mudança na firmeza.
Resultados obtidos no Brasil, com a cultivar
Gala, mostram que a aplicação de boro
antecipa a colheita e aumenta a coloração
das frutas, sem afetar negativamente a
firmeza da polpa e os teores de sólidos
solúveis (Fig. 4).

Fig. 5. Deficiência de zinco em brotações e


folhas de macieira.

Para corrigir ou evitar deficiências de


zinco são sugeridas duas diferentes épocas
de aplicação do nutriente via pulverização.
Alguns pesquisadores sugerem que este
nutriente seja aplicado no período de
dormência da macieira. Outros recomen-
dam, tanto para a correção como para a
prevenção de deficiência, a aplicação de
Fig. 4. Influência de doses de boro, via foliar (0% -
0,1% - 0,2% - 0,4% - 0,8%) sobre a coloração e o zinco no período vegetativo da macieira,
estádio de maturação de maçãs cv. Gala. Vacaria, RS. embora não descartem a aplicação na fase
Nachtigall & Freire (1998). de dormência da planta. Quanto a fontes
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de zinco, as mais utilizadas são o sulfato de lismo de ácidos orgânicos. Os sintomas de


zinco, o óxido de zinco e o zinco deficiência deste nutriente caracterizam-
quelatizado. Todas têm se mostrado se por uma clorose sem áreas definidas.
eficientes no controle da deficiência de Nas condições de solos ácidos, podem
zinco nas condições de pomares em Santa surgir sintomas de toxidez de manganês na
Catarina. O sulfato de zinco é tido como casca do tronco e nos ramos de mais de
fonte padrão de zinco, e apresenta maior 1 ano. Nestes casos, a casca apresenta
solubilidade que o óxido de zinco. superfície irregular, com rachaduras.
Em um corte superficial da casca podem-
Ferro se observar pontuações escuras (Fig. 7).
A planta apresenta envelhecimento pre-
O ferro tem efeito sobre diversas coce. A correção da toxidez é obtida por
reações de oxi-redução na planta, atuando meio da calagem do solo (elevação do pH).
como catalizador. Além disso, a presença
de ferro está relacionada à formação da

Foto: C. Basso
estrutura da clorofila. Os sintomas de
deficiência deste nutriente se caracterizam
pela clorose internerval nas folhas novas
(Fig. 6). Este sintoma tende a desaparecer
à medida que as folhas envelhecem.
No RS e em SC, a interpretação dos
teores foliares de B é feita segundo os valores
e as faixas nutricionais apresentados na
Tabela 2. No Rio Grande do Sul, até o ano de
1991, 1% dos pomares comerciais encon-
travam-se com teores de ferro na folha
inferiores a 50 mg kg-1, enquanto 87%
apresentavam teores entre 50 e 250 mg kg-1.
Foto:C. Basso

Fig. 7. Sintomas de toxidez de manganês no


tronco de macieira.

Os teores suficientes se situam entre


Fig. 6. Deficiência de ferro em folhas de
macieira. 30 e 130 mg kg-1. No RS e em SC, a
interpretação dos teores foliares de B é
feita segundo os valores e as faixas
Manganês nutricionais apresentados na Tabela 2.
No Rio Grande do Sul, até o ano de 1991,
O manganês tem efeito sobre diversos 38% dos pomares comerciais encontravam-
processos enzimáticos, atuando como se com teores normais de manganês na
importante ativador. Atua também na folha, enquanto que 62% apresentavam
respiração, na fotossíntese e no metabo- teores superiores a 130 mg kg-1.
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ADUBAÇÃO DE Tomando como base a exportação de


nutrientes do pomar contidos nas frutas e
CRESCIMENTO considerando uma produtividade média de
60 t/ha, tem-se, em média, uma remoção
A adubação de crescimento tem por anual, por hectare, de 24 kg de nitrogênio,
objetivo propiciar as condições nutricionais 6 kg de fósforo, 57 kg de potássio, 2 kg de
ideais para uma boa formação das plantas cálcio e 2 kg de magnésio. Deste modo,
durante os três primeiros anos, a qual dará principalmente para o potássio, devem-se
suporte às produções futuras. Nesta fase repor pelo menos essas quantidades
recomenda-se aplicar somente adubo exportadas, para não empobrecer os solos,
nitrogenado, em doses variáveis conforme que praticamente não têm potencial de
a idade das plantas (Tabela 1). reposição deste nutriente. Para o nitrogênio,
Essas quantidades podem ser a reposição depende principalmente dos
ajustadas para mais ou para menos teores de matéria orgânica do solo, que se
conforme o acompanhamento da evolução forem bons a altos, podem suprir, por perío-
das plantas, por meio da análise visual do dos longos, a exportação do nutriente.
crescimento dos ramos, da coloração das A recomendação de adubação de
folhas e da formação de órgãos de manutenção deve considerar a análise foliar
frutificação. Deve-se aplicar o fertilizante e de frutas, a análise periódica do solo, a
na área correspondente à projeção da copa. idade das plantas, o crescimento vegetativo,
Nessa fase, a análise foliar é um indicativo adubações anteriores, a produção, tratos
do estado nutricional das plantas. culturais e a presença de sintomas de
deficiências nutricionais. Nas Fig. 8, 9 e 10
são apresentados esquemas para auxiliar na
ADUBAÇÃO DE tomada de decisão quanto à aplicação de
MANUTENÇÃO nitrogênio, fósforo e potássio como adubos
(PRODUÇÃO) de manutenção da macieira.
Observar que na adubação nitrogenada
da cv. Fuji, deve-se adotar, como crescimento
Os nutrientes e as quantidades a
do ramo do ano crítico, o comprimento de
aplicar no pomar visam a atender as 35 cm. Além disso, para a indicação de
necessidades da macieira. Devem-se evitar adubação nitrogenada, deve-se levar em
aplicações desnecessárias, para evitar conta, também, a produção e o tipo de poda.
prejuízos à planta, especificamente à A análise dos teores no solo referem-se à
qualidade das frutas e ao meio ambiente. camada de 0 a 20 cm.

Tabela 1. Recomendações de adubação nitrogenada de crescimento para a cultura da macieira, para


o Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
Adubação nitrogenada
Ano Época
kg N/ha

1º 6 30 dias após a brotação


6 60 dias após a 1ª aplicação
6 45 dias após a 2ª aplicação

2º 9 Inchamento das gemas


9 60 dias após a 1ª aplicação
9 45 dias após a 2ª aplicação

3º 12 Inchamento das gemas


12 Quedas das pétalas
12 Após a colheita
Fonte: Adaptada e atualizada de Comissão (1995).
Frutas do Brasil, 37 Maçã Produção 71

Fig. 8. Esquema de indicação de adubação de manutenção


com nitrogênio para a cultura da macieira (plantas adultas).
Fonte: G. R. Nachtigall.

Fig.9. Esquema de indicação de adubação de manutenção


com fósforo para a cultura da macieira (plantas adultas).
Fonte: G. R. Nachtigall.

Fig. 10. Esquema de indicação de adubação de manutenção


com potássio para a cultura da macieira (plantas adultas).
Fonte: G. R. Nachtigall.
72 Maçã Produção Frutas do Brasil, 37

Considerando a forma de distribuição por insetos e não devem entrar em contato


do sistema radicular e a distribuição das com embalagens usadas de defensivos,
plantas em filas, a aplicação dos adubos de fertilizantes etc.
manutenção poderá ser realizada na faixa A amostra deve ser acondicionada
que vai da linha de plantas até 0,5 m além em saco de papel comum, perfurado e
da projeção da copa, pois, assim, os enviada ao laboratório o mais rapidamente
nutrientes atingirão a maior parte do possível, acompanhada das respectivas
sistema radicular. A melhor época de informações. Se o tempo previsto para a
aplicação dos adubos potássicos, fosfata- chegada da amostra ao laboratório for
dos e orgânicos é durante o período hiber- superior a 2 dias, sugere-se fazer uma
nal, pois, no início da brotação, esses nu- prévia secagem ao sol, sem retirar as folhas
trientes estarão disponíveis para as plan- da embalagem, até que elas se tornem
tas. Para o adubo nitrogenado, a aplicação quebradiças.
de pelo menos 50% da dose anual deverá Normalmente, não se recomenda a
ser feita nos meses de março e abril, época lavagem das folhas, visto que as impurezas
em que não haverá riscos de indução de superficiais pouco afetam sua constituição
novos crescimentos e as plantas ainda mineral e, também, porque os resíduos da
estarão ativas para absorvê-lo e armazena- aplicação foliar de nutrientes e/ou de
lo nos tecidos lenhosos para utilização no defensivos agrícolas são difíceis de ser
ciclo seguinte. completamente removidos pela lavagem.
Além disso, o contato prolongado com
ANÁLISE FOLIAR água é capaz de retirar quantidades
apreciáveis de certos nutrientes das folhas,
Para a realização da análise foliar da como é o caso do potássio, especialmente
macieira, devem ser colhidas folhas no caso de folhas secas. Na Tabela 2
completas (limbo com pecíolo) da porção constam os valores utilizados para a
média dos ramos do ano, posicionados em interpretação dos resultados da análise
altura facilmente acessível, sem o uso de foliar, em amostras coletadas dentro do
escada, em todos os lados das plantas, no período normal de 15 de janeiro a 15 de
período de 15 de janeiro a 15 de fevereiro. fevereiro.
Cada amostra deve ser composta de, Um sistema informatizado apresenta
aproximadamente, 100 folhas, podendo os resultados de análise em termos de
representar um grupo de plantas ou um concentração de nutrientes, interpretados
pomar, dependendo da homogeneidade. em cinco faixas nutricionais em forma de
Em pomares com mais de 100 plantas, se gráfico. Isso permitirá aos produtores, que
elas forem homogêneas, devem-se coletar não tiverem conhecimento dos teores dos
quatro folhas por planta em 25 plantas nutrientes que correspondem a cada faixa
distribuídas aleatoriamente e represen- visualizar o estado nutricional das plantas
tativas da área. Cada amostra relaciona-se relativo à amostra. Um exemplo de
a uma condição nutricional. Assim, folhas certificado e de interpretação dos resultados
com sintomas de deficiência nutricional de análise feito em microcomputador é
não devem ser misturadas com folhas sadias. apresentado na Fig. 11. No rodapé do
Cada amostra deve ser constituída de folhas certificado de análise são incluídas algumas
de plantas da mesma idade e da mesma sugestões, que não constituem recomen-
cultivar. Não devem ser coletadas amostras dações definitivas. Essas, sim, serão da
de ramos ladrões, que não refletem o responsabilidade do técnico encarregado
crescimento médio dos ramos do ano. de orientar o pomar, o qual, de posse dos
As folhas que compõem a amostra devem dados de análise foliar, de análise do solo
estar livres de doenças e de danos causados e com o conhecimento das condições do
Frutas do Brasil, 37 Maçã Produção 73

Tabela 2. Interpretação dos resultados de análise foliar da macieira para amostras colhidas no período
de 15 de janeiro a 15 de fevereiro.
Nutrientes
Faixas
nutricionais N P K Ca Mg

------------------------------------------------------ g kg-1 ------------------------------------------------------


Insuficiente < 17,0 < 1,0 < 8,0 < 8,0 < 2,0
Abaixo do normal 17,0 - 19,9 1,0 - 1,4 8,0 - 11,9 8,0 - 10,9 2,0 - 2,4
Normal 20,0 - 25,0 1,5 - 3,0 12,0 - 15,0 11,0 - 17,0 2,5 - 4,5
Acima do normal 25,1 - 30,0 > 3,0 15,1 - 20,0 > 17,0 > 4,5
Excessivo > 30,0 - > 20,0 - -

Nutrientes

Fe Mn Zn Cu B

------------------------------------------------------ mg kg-1 ------------------------------------------------------


Insuficiente - < 20 < 15 <3 < 20
Abaixo do normal < 50 20 - 29 15 - 19 3-4 20 - 40
Normal 50 - 250 30 - 130 20 - 100 5 - 30 41 - 50
Acima do normal > 250 131 - 200 > 100 31 - 50 51 - 140
Excessivo - > 200 - > 50 > 140

Fonte: Comissão (1995).

pomar, terá, por certo, melhores condições posicionadas em altura facilmente


para elaborar uma recomendação de acessível, sem o uso de escada, em todos
adubação mais ajustada à realidade local. os lados das plantas. Para que o resultado
retorne do laboratório em tempo hábil
ANÁLISE DA FRUTA para a tomada de decisão quanto ao destino
da produção, a amostragem deve ser
realizada 15 a 20 dias antes da colheita.
A análise das frutas pode diagnosticar o A amostra deve ser acondicionada em
equilíbrio nutricional durante a fase de saco de papel comum, perfurado, e enviada
crescimento das frutas e, próximo à colheita, ao laboratório o mais rapidamente possível,
permitir a tomada de decisão quanto ao acompanhada das respectivas informações.
destino a ser dado às frutas em pós-colheita. A análise química das frutas é realizada
Este tipo de análise pode ser utilizado para em amostras de polpa fresca, e os nutrientes
avaliar a possibilidade de incidência de normalmente analisados são nitrogênio,
distúrbios fisiológicos nas frutas, como bitter fósforo, potássio, cálcio e magnésio.
pit, permitindo ao fruticultor decidir qual o Os teores de nutrientes considerados
destino que dará à fruta: comercialização adequados são apresentados na Tabela 3.
imediata (sem correr o risco de ter perdas Nessa tabela são apresentados os teores
pela incidência de distúrbios fisiológicos no conforme três tipos de amostragem:
armazenamento), ou armazenamento em a) fatia longitudinal com a casca da fruta;
atmosfera convencional ou controlada. b) amostra na forma de cilindro de 0,5 cm
Para a realização da análise de frutas de diâmetro e 1 cm de comprimento colhido
de macieira, devem ser colhidas amostras na região equatorial da fruta sem casca;
de 30 frutas da porção média da planta, c) casca total da fruta.
74 Maçã Produção Frutas do Brasil, 37

Fig. 11. Exemplo de certificado de análise foliar da macieira, de interpretação dos resultados e de
recomendação de adubação feito em microcomputador.
Fonte: C. J. de S. Freire.
Frutas do Brasil, 37 Maçã Produção 75

Tabela 3. Teores considerados normais de nitrogênio, potássio, cálcio e magnésio na fruta fresca de
macieira em três diferentes tipos de amostragem.
Tipos de amostragem
Nutrientes
Fatia longitudinal Amostra equatorial Película

------------------------------------------------------ mg 100 g-1 ------------------------------------------------------


Nitrogênio 30 – 40 25 – 40 40 – 60
Potássio 80 – 100 70 –100 100 – 120
Cálcio 4,0 – 5,0 2,5 – 3,0 10,0 – 15,0
Magnésio 4,0 – 6,0 3,0 – 5,0 10,0 – 12,0
Fonte: Adaptado de Argenta & Suzuki (1994) e Nachtigall & Freire (2000b).

ANÁLISE VISUAL DO POMAR um possível efeito da adubação foliar na


absorção radicular. Com exceção da aplicação
A análise visual de um pomar é um visando a correção de deficiências, existem,
valioso instrumento para o diagnóstico de porém, poucos trabalhos que testam a
deficiências ou de toxidez nutricionais. eficiência da adubação foliar, e os resultados
A deficiência indica uma condição aguda de ainda são pouco consistentes.
falta de nutriente, já que os sintomas somente Com relação à macieira, exceto para
se evidenciam quando essa se encontra em o cálcio, a adubação foliar deve ser
estágio avançado, ocasionando, nesse caso, realizada quando a análise foliar identificar
um retardamento do crescimento e prejuízos deficiências nutricionais e este tipo de
à produção e à qualidade das frutas, entre adubação for o mais indicado para corrigir
tais situações de desequilíbrio. Nas
outros .
condições brasileiras, a adubação foliar
Quando a observação das folhas revela
envolve principalmente cálcio, magnésio,
determinadas características, pode se suspei-
boro e zinco.
tar de uma deficiência nutricional. Tais pa-
Recomenda-se realizar de 5 a 10 pulve-
drões são mais ou menos específicos de cada
rizações com cálcio, conforme a cultivar,
nutriente. No entanto, os sintomas de carên-
a intervalos de 15 dias, iniciando-se no
cia variam de acordo com a espécie, a cultivar estádio J (frutas com tamanho de uma
e os fatores ambientais. Lamentavelmente, azeitona). Utilizar cloreto de cálcio a 0,6%,
não são ainda conhecidos os sintomas de ou nitrato de cálcio a 0,75%. Para magnésio
carência de todos os nutrientes e culturas. e boro, quando necessários, realizar 2 a
Por vezes, acontece também de os sintomas 4 aplicações a intervalos quinzenais,
visuais de dois nutrientes serem idênticos. iniciando-se também no estádio J. Aplicar
sulfato de magnésio a 2% a 3% como fonte
ADUBAÇÃO FOLIAR de magnésio, e bórax a 0,4% ou solubor a
0,2% como fonte de boro. Para deficiência
A adubação foliar tem por objetivo de zinco, utilizam-se duas a cinco pulveri-
suprir nutrientes às folhas e às frutas de zações com sulfato de zinco a 0,2% ou
forma direta naqueles momentos em que são zinco quelatizado conforme recomen-
necessárias respostas rápidas por parte da dação do fabricante, obedecendo ao mesmo
planta, caracterizando-se principalmente intervalo e ao período utilizados para cálcio
como uma prática para: a) corrigir eficiente e e magnésio. Para aplicações de zinco
rapidamente deficiências; b) complementar durante o período de dormência da
a aplicação de nutrientes via solo; c) suple- macieira, aplicar sulfato de zinco a 0,6% a
mentar a adubação de solo, que visa utilizar 1% no inchamento das gemas, após a
76 Maçã Produção Frutas do Brasil, 37

quebra da dormência. Evitar aplicação de aplicação da fonte mais econômica, seja


sulfato de zinco no período crítico de ela mineral ou orgânica. A relação dos
ocorrência de russeting em cultivares fertilizantes mais comuns no mercado e
suscetíveis a este problema. respectivas características é apresentada
A aplicação de boro via foliar, visando na Tabela 4.
à melhoria da cor e à antecipação de Sempre que o produtor tiver disponi-
colheita, especificamente para a cultivar bilidade de matéria orgânica, seu uso será
Gala e suas mutações, deve ser feita desejável em substituição à adubação mine-
utilizando-se 3 aplicações de bórax a 0,8%, ral, desde que economicamente viável.
em intervalos de 30 dias, iniciando-se As quantidades a aplicar devem ser compen-
1 mês após a plena floração. Para evitar sadas considerando o teor em macronutrientes
excesso de boro na planta, essa técnica não e os respectivos índices de conversão. São
deverá ser utilizada por tempo superior a vários os produtos que podem ser utilizados,
3 anos consecutivos na mesma área. sendo os principais representados por ester-
Para isso, devem-se intercalar períodos de cos e por resíduos de culturas.
3 anos de aplicação com 2 sem aplicação, Para a aplicação de uma mesma
além de acompanhar os teores na planta quantidade de nutrientes, utiliza-se maior
através da análise foliar e da análise visual volume de esterco em relação ao adubo
de sintomas de excesso. mineral, em virtude da menor concen-
tração no adubo orgânico. Além disso,
FONTES DE NUTRIENTES grande parte dos nutrientes do esterco
encontra-se na forma orgânica e necessita
Para a adubação de pomares de ser mineralizada para se tornar disponível
macieira, em cada uma das três etapas às plantas.
(adubação de pré-plantio, de crescimento Os índices de conversão apresentados
e de manutenção), não existem estudos na Tabela 5 representam o percentual
que mostrem a superioridade de uma fonte médio de transformação do total de
de nutrientes. Recomenda-se, portanto, a nutrientes contidos nos adubos orgânicos

Tabela 4. Relação dos fertilizantes usuais para a cultura da macieira e respectivos teores de nutrientes.

Fertilizante Característica

------------------------------------------------------------- Fonte de Nitrogênio -------------------------------------------------------------


Uréia 44% de N
Sulfato de amônio 20% de N 22% de S
Nitrato de cálcio 15% de N 19% de Ca
Nitrato de amônio 32% de N
Nitrato de potássio 13% de N 44% de K2O
------------------------------------------------------------- Fonte de Fósforo -------------------------------------------------------------
Superfosfato simples 18% de P2O5 19% de Ca
Superfosfato triplo 41% de P2O5 13% de Ca
Fosfato monoamônio (MAP) 48% de P2O5 9% de N
Termofosfato magnesiano 17% de P2O5 19% de Ca e 7% de Mg
------------------------------------------------------------- Fonte de Potássio -------------------------------------------------------------
Cloreto de potássio 58% de K2O
Fonte: Comissão (1995).
Frutas do Brasil, 37 Maçã Produção 77

para a forma mineral, nos sucessivos cultivos. Na Tabela 6, encontram-se a compo-


Verifica-se que todo o potássio aplicado na sição média, em base seca, e o teor de
forma orgânica comporta-se como mineral matéria seca de alguns materiais orgâni-
desde a aplicação, uma vez que não faz parte cos.
de nenhum composto orgânico estável. Com Para obter maior eficiência do fósforo
relação ao fósforo, observa-se que 60% estão e para evitar perdas de nitrogênio por
disponíveis para o primeiro cultivo e 20%, volatilização, os materiais orgânicos
para o segundo. Quanto ao nitrogênio, os deveriam ser incorporados ao solo. Como
índices são de 50% e 20% para o primeiro e isso só é facilmente exeqüível antes do
o segundo cultivos, respectivamente. A partir plantio, quando aplicada como adubo de
do terceiro cultivo, a totalidade de N, P2O5 e manutenção, a adubação orgânica em
K2O aplicados já se encontra mineralizada. pomares é feita em cobertura.

Tabela 5. Índices de conversão dos nutrientes aplicados na forma orgânica para a mineral em cultivos
sucessivos.

Índices de conversão
Nutrientes
Primeiro cultivo Segundo cultivo Terceiro cultivo

N 0,5 0,2 -
P2O5 0,6 0,2 -
K2O 1,0 - -
Fonte: Comissão (1995).

Tabela 6. Concentração média de N, de P2O5 e de K2O em base seca e teor de matéria seca de alguns
materiais orgânicos.

Material orgânico N P2O5 K2O Matéria Seca


------------------------------------------------ % ------------------------------------------------

Cama de aves (1 lote)* 3,0 3,0 2,0 70


Cama de aves (3 lotes) 3,2 3,5 2,5 70
Cama de aves (6 lotes) 3,5 4,0 3,0 70
Esterco sólido de suínos 2,1 2,8 2,9 25
Esterco fresco de bovinos 1,5 1,4 1,5 15
--------------------------------------- Kg m-3 de chorume ---------------------------------------
Esterco líquido de suínos 4,5 4,0 1,6 6
*As indicações entre parênteses correspondem ao número de lotes que permanecem sobre a cama.
Fonte: Comissão (1995).

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