Aula 5 - Teoria 1 - Fontes - Dilthey

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Aula 5 – Teoria 1 – Profa.

Lorena Lopes
Fontes - DILTHEY. A Compreensão dos Outros e das suas Manifestações de Vida

1 - A compreensão e a interpretação constituem o método que


enforma as ciências do espírito. Todas as funções se encontram
nelas reunidas; nelas se contém todas as verdades das ciências
do espírito. A cada momento, a faculdade de compreender abre
um mundo.
É na base da vivência e da compreensão de si próprio e da
contínua ação recíproca de ambas que se forma a compreensão
das manifestações de vida das outras pessoas. Também neste
caso não pretendemos fazer uma estruturação lógica ou uma
dissecação psicológica, mas uma análise dum ponto de vista
epistemológico, a fim de determinar a importância da
compreensão dos outros para o conhecimento histórico.
(DILTHEY, p. 259)

2 - As Formas Elementares da Compreensão. A compreensão


começa por manifestar-se nos interesses da vida prática. As
pessoas são postas em contato umas com as outras e têm de se
fazer compreender mutuamente. Cada um tem de saber o que o
outro quer. Assim nascem desde logo as formas elementares da
compreensão. São como letras, cuja junção torna possível
formas mais complexas das mesmas. Uma série de letras
combinadas em palavras formando uma frase é a expressão
duma afirmação; uma expressão facial indica-nos alegria ou dor;
os atos elementares a partir dos quais se formam as ações
complexas - como o erguer dum objeto, o deixar cair dum
martelo, o cortar a madeira com uma serra - indicam-nos a
presença de certos objetivos. (...) O processo da compreensão
elementar baseia-se na relação fundamental da expressão com o
que nela se exprime. (DILTHEY, p. 261)
3 - O Espírito Objetivo e a Compreensão Elementar. Já
demonstrei a importância do espírito objetivo para a
possibilidade do conhecimento nas ciências do espírito. Por
espírito objetivo entendo eu as múltiplas formas sob as quais se
objetiva no mundo dos sentidos a experiência comum a todos os
indivíduos. É neste espírito objetivo que o passado se torna para
nós presente duradouro e constante. O seu domínio abrange,
desde o estilo de vida e as formas de intercâmbio ao complexo
dos fins que a sociedade tem em vista, aos costumes, ao direito,
ao estado, à religião, à arte, às ciências e à filosofia - porque
também a obra do gênio representa uma experiência comum de
ideias, de vida anímica, de ideal duma dada época e dum dado
ambiente. É deste mundo do espírito objetivo que o nosso eu
recebe, desde a primeira infância, o seu alimento. Ele é
igualmente o meio em que se realiza a compreensão das outras
pessoas e das suas manifestações de vida. Porque tudo aquilo
em que o espírito se objetivou contém em si algo de comum ao
"eu" e ao "tu". (...) Antes de aprender a falar, a criança já de
encontra inteiramente mergulhada no seio da experiência
comum. E só aprende a compreender os gestos e a mímica, os
movimentos e os gritos, as palavras e as frases, porque estes
vêm ao seu encontro sempre da mesma maneira e patenteando
sempre a mesma relação com o que significam e exprimem.
Assim se orienta o indivíduo num mundo do espírito objetivo.
(DILTHEY, p. 263)

4 - As Formas Superiores da Compreensão. A transição das


formas elementares para as formas superiores da compreensão
encontra-se já implícita nas formas elementares. Quanto maior é
a distância interior entre uma dada manifestação de vida e
aquele que a compreende, mais frequentemente surgem as
incertezas. (DILTHEY, p. 264)
5 - A compreensão tem sempre por objeto algo de individual. E,
nas suas formas superiores, parte duma apreensão indutiva do
todo duma obra ou vida para o complexo duma obra ou duma
pessoa: duma relação de vida. Mas, pela análise de nossa própria
vivência e compreensão, verificamos que o individual, no
mundo do espírito, é um valor absoluto, na verdade o único
valor absoluto que podemos comprovar sem a menor sombra de
dúvida. Sendo assim, ele interessa-nos, não só como caso
universalmente humano, mas como um todo individual.
Interesse este independente do interesse prático que
permanentemente nos obriga a contactar com os outros homens,
duma forma boa ou má, grosseira ou insensata, durante uma
parte considerável da nossa vida. Os recônditos secretos da
pessoa aperfeiçoam, para proveito próprio, formas novas e cada
vez mais profundas de compreensão. E nesta compreensão
revela-se o reino dos indivíduos, que abrange o homem e as suas
criações. É nisto que reside a contribuição mais específica da
compreensão para as ciências do espírito. O espírito objetivo e a
força do indivíduo determinam juntos o mundo espiritual. É na
compreensão de ambos que a história se fundamenta.
(DILTHEY, p. 266)

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