Estudo Clínico E Etiológico Da Diarreia em Potros
Estudo Clínico E Etiológico Da Diarreia em Potros
Estudo Clínico E Etiológico Da Diarreia em Potros
GIOVANE OLIVO
Botucatu, SP
Julho 2013
i
GIOVANE OLIVO
Botucatu, SP
Julho 2013
ii
Dedicatória
Aos meus pais, Nerio Olivo e Maria Adriana da Silva, pelo amor e
compreensão, por me apoiarem e orientarem em todas as decisões e caminhos
tomados por mim.
Ao meu irmão Leandro Olivo, por toda amizade e bons momentos vividos ao
seu lado.
“In Memorian”,
AGRADECIMENTOS
Em especial:
Aos meus amigos da “salinha”: Aline Angela, Cesar Irineudo Araújo, Diego
José Zanzarini Delfiol, Didier Cagnini, Juliana Almeida, Mariana Isa Poci
Palumbo e Peres Ramos Badial, pela amizade, pela convivência salutar e
por me ajudarem durante a pós-graduação;
Agradeço com simples palavras aos que tornaram este trabalho possível de ser
realizado.
LISTA DE TABELAS
Tabela 2. Média, mediana e desvio padrão dos valores referentes ao exame físico e
tempo de evolução da diarreia em 56 potros, provenientes de diferentes regiões do
estado de São Paulo (2011 – 2012). ...........................................................................35
Tabela 3. Média, mediana e desvio padrão dos valores referentes ao exame físico dos
potros sem (n = 60) diarreia, provenientes de diferentes regiões do estado de São
Paulo (2011 – 2012). ...................................................................................................35
Tabela 4. Média, mediana e desvio padrão dos valores hematimétricos referente aos
56 potros com diarreia, provenientes de diferentes regiões do estado de São Paulo
(2011 – 2012). .............................................................................................................37
Tabela 6. Avaliação do escore fecal em 116 potros com e sem diarreia, provenientes
de diferentes regiões do estado de São Paulo (2011 – 2012). ....................................38
Tabela 18. Identificação dos endoparasitas e o total da contagem de ovos por grama
de fezes de 20 potros* com diarreia, divididos em três faixas etárias, provenientes de
diferentes regiões do estado de São Paulo (2011 – 2012). .........................................46
Tabela 19. Identificação dos endoparasitas e o total da contagem de ovos por grama
de fezes de 25 potros* sem diarreia, divididos em três faixas etárias, provenientes de
diferentes regiões do estado de São Paulo. ................................................................47
Tabela 23. Relação entre o número de potros com (n = 56) e sem diarreia (n = 60),
raças acometidas e taxa de mortalidade dos animais, provenientes de diferentes
regiões do estado de São Paulo (2011 – 2012)...........................................................50
Tabela 24. Número de potros com (6) e sem (2) diarreia que vieram a óbito e os
respectivos enteropatógenos isolados, em diferentes propriedades do interior do
Estado de São Paulo (2011 – 2012). ...........................................................................51
ix
SUMÁRIO
RESUMO ..................................................................................................................... 1
ABSTRACT .................................................................................................................. 2
1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 3
2. REVISÃO DA LITERATURA .................................................................................... 5
2.1. Escherichia coli .................................................................................................. 5
2.2. Salmonella sp. ................................................................................................... 5
2.3. Clostridium difficile ............................................................................................. 7
2.4. Clostridium perfringens ...................................................................................... 8
2.5. Rhodococcus equi ............................................................................................. 9
2.6. Lawsonia intracellularis .....................................................................................10
2.7. Coronavírus ......................................................................................................12
2.8. Rotavírus ..........................................................................................................13
2.9. Cryptosporidium spp. ........................................................................................15
2.10. Giardia sp. ......................................................................................................17
2.11. Helmintos ........................................................................................................18
3. OBJETIVOS ............................................................................................................19
3.1. Geral .................................................................................................................19
3.2. Específicos .......................................................................................................20
4. MATERIAL E MÉTODOS ........................................................................................20
4.1. Seleção dos animais .........................................................................................20
4.2. Avaliação clínica dos animais ...........................................................................20
4.3. Colheita das amostras ......................................................................................21
4.4. Exames microbiológicos e detecção molecular .................................................23
4.4.1. Diagnóstico de E. coli .................................................................................23
4.4.1.1. Caracterização microbiológica .............................................................23
4.4.1.2. Detecção fenotípica de hemolisinas em E. coli no meio de ágar sangue
.........................................................................................................................23
4.4.1.3. Detecção molecular dos fatores de virulência de E. coli pela reação em
cadeia pela polimerase (PCR) ..........................................................................24
4.4.2. Diagnóstico de Salmonella spp. .................................................................25
4.4.2.1. Caracterização microbiológica .............................................................25
4.4.3. Diagnóstico de Clostridium spp. .................................................................26
4.4.3.1. Caracterização microbiológica .............................................................26
4.4.3.1.1. Detecção molecular de toxinas de C. difficile.................................26
xiii
RESUMO
A diarreia é um grave problema em potros até seis meses de vida, acarretando
em prejuízos na equideocultura. Sendo assim os objetivos desta pesquisa
foram realizar o estudo clínico e a identificação dos principais enteropatógenos
e fatores de virulência, responsáveis pela diarreia em potros. Foram avaliados
56 potros com diarreia (GD) e 60 sem diarreia (GC) até 90 dias de vida. Foram
realizados hemogasometria e hemograma dos animais do GD. Amostras fecais
dos potros do GD e GC foram utilizadas para a identificação dos
enteropatógenos. As principais alterações clínicas nos animais GD foram
aumento da peristalse e da frequência de defecação (100,0%) e desidratação
(67,8%). A hiperfibrinogenemia (26,8%), leucocitose (12,5%), linfocitose
(37,5%) e neutrofilia (17,8), acidose metabólica (16%) e diminuição de
bicarbonato (16%) foram os principais achados hematológicos. Ao menos um
dos enteropatógenos pesquisados foi detectado no GD (50/56) e GC (48/60).
Em 32% (16/50) das amostras positivas foi identificado um único
enteropatógeno, enquanto que dois ou mais enteropatógenos foram detectados
em 68% (34/50) das amostras. E. coli apresentou a maior frequência nos
isolamentos dos potros com diarreia (62,5%), seguida da Salmonella spp.
(25%); Strongyloides (25%); estrongilídeos (10,7%); Clostridium perfringens
(10,7%); Rhodococcus equi (7,1%); Cryptosporidium spp. (5,4%); Clostridium
difficile (1,8%); coronavírus (1,8%); Giardia sp. (1,8%). Conclui-se que a
identificação dos animais desidratados e com graves alterações
hidroeletrolíticas, bem como a necessidade de se detectar os agentes
etiológicos e seus fatores de virulência, são importantes para direcionar o
médico veterinário a definir medidas de controle e terapêutica adequados.
ABSTRACT
1. INTRODUÇÃO
A criação de equinos se expande cada vez mais no território nacional,
fazendo com que o Brasil se destaque entre os maiores criadores de equídeos
do mundo (IBGE, 2010). Apesar do desenvolvimento técnico das criações,
problemas relacionados a doenças dos equinos ainda persistem ocasionando
perdas econômicas significativas. Dentre as doenças, a diarreia tem grande
relevância, acometendo animais de diferentes idades, porém, com maior
gravidade nos animais jovens.
As causas de diarreia podem ter origem infecciosa, parasitária e não
infecciosa. As causas infecciosas são representadas principalmente pela ação
dos vírus e bactérias, enquanto as parasitárias pelos helmintos, coccídeos e
protozoários como principais agentes. As causas não infecciosas da doença
como a intolerância por lactose e altas concentrações de carboidratos, uso
irracional de antimicrobianos, ulcerações gástricas, síndrome da asfixia
perinatal (PAS) e adaptações à dieta culminando em mudanças da microbiota
intestinal (“diarreia do cio do potro”). As alterações clínicas do potro com
diarreia tais como a desidratação grave, acidose metabólica, distúrbios
eletrolíticos, hipoproteinemia e bacteremia, podem levá-lo a morte curto espaço
de tempo.
Na diarreia, a grande perda de líquido, eletrólitos e alterações ácido-
base estão associadas diretamente à severidade das lesões intestinais e à
ingestão inadequada de leite ou água pelo paciente durante o curso da doença.
No entanto, a acidose metabólica é dentre as alteração ácido-bases, a mais
comum em cavalos acometidos pela diarreia (MAIR et al., 2002). Dentre os
exames complementares, a hemogasometria possibilita a caracterização e
avaliação da intensidade dos desequilíbrios hidro-eletrolíticos e ácido-base
(RIBEIRO FILHO et al., 2007), e quando realizada logo no início dos sinais
clínicos, permite uma rápida e adequada intervenção, aumentando as chances
de sobrevida do potro (PEIRÓ et al., 2010).
A necessidade de identificar o paciente de risco e decidir qual o melhor
momento para intervir no plano terapêutico depende dos exames
complementares a serem realizados e do diagnóstico etiológico. O isolamento
de um agente das amostras fecais pode não ser indicativo direto de sua
4
participação na diarreia, pois este pode ser integrante da microbiota ou, ainda,
outros agentes podem estar presentes nos casos de coinfecções dificultando a
interpretação de resultados laboratoriais isolados. Entre os diversos patógenos
entéricos, os principais agentes causadores de diarreia são: Escherichia coli,
Salmonella spp., Rhodococcus equi, Clostridium difficile e perfringens,
Lawsonia intracellularis; Rotavírus, Coronavírus; Strongyloides westeri,
Strongylus vulgaris, Cryptosporidium spp. e Giardia sp. (MEIRELLES et al.,
2008; SLOVIS et al., 2010).
O presente estudo investigou os principais enteropatógenos
relacionados a casuística da diarreia em potros, assim como as principais
alterações clínicas decorrente da perda excessiva de líquido e bacteremia.
5
2. REVISÃO DA LITERATURA
fezes de animais sadios (PRINCEWEL & AGBA, 1982; MIWA et al., 1997). A
cultura quantitativa tem sido sugerida como uma forma de diagnóstico de
doenças entéricas em equinos por C. perfringens (WIERUP & DIPIETRO,
1981). A detecção de toxinas específicas nas fezes é o método de diagnóstico
de escolha (WEESE, 2007; SLOVIS, 2009). Com o uso da PCR, é possível
ampliar e separar os genes que codificam as toxinas (ZIMMEL, 2008; SLOVIS,
2009). A hemocultura é altamente recomendada em potros neonatos, que
comumente apresentam bacteremia por C. perfringens e raramente por C.
difficile (ZIMMEL, 2008). Os testes comerciais são uma opção para o
diagnóstico, identificando enterotoxinas do C. perfringens (C. perfringens
enterotoxin test e ELISA) [SLOVIS, 2009].
2.7. Coronavírus
2.8. Rotavírus
2.11. Helmintos
3. OBJETIVOS
3.1. Geral
3.2. Específicos
4. MATERIAL E MÉTODOS
Foram colhidas 116 amostras de fezes de potros das raças Puro Sangue
Inglês, Brasileiro de Hipismo, Quarto de Milha, Manga Larga Paulista, Paint
Horse e mestiços, machos e fêmeas, provenientes de haras de criação da
região centro-oeste do estado de São Paulo, em perímetro de até 200 Km do
município de Botucatu, SP, entre julho de 2011 a outubro de 2012. As amostras
foram colhidas de potros com até três meses de idade, foram obtidas de 56
potros com diarreia e 60 potros sem sinais de alterações entéricas até o
momento da colheita (grupo controle), com idade equivalente a dos animais
com diarreia.
5. RESULTADOS
O exame físico dos 56 potros com diarreia, cujo tempo de evolução dos
sinais clínicos eram de 8,1 dias, revelaram em média, frequência cardíaca (FC)
de 87,6 batimentos por minuto (bpm), frequência respiratória (FR) de 41,8
movimentos por minuto (mpm) e temperatura média de 38,5 graus Celsius (°C)
(Tabela 2). O tempo de preenchimento capilar (TPC) do grupo dos animais com
diarreia foi 67,9% (38/56) com o TPC de um segundo; 23,2% (13/56) com o
TPC de dois segundos e 8,9% (5/56) com o TPC de três segundos. O grupo
dos potros sem diarreia apresentou, 86,7% (52/60) animais com o TPC de um
segundo e 13,33% (8/60) com o TPC de dois segundos. A avaliação do grau de
desidratação foi realizada nos dois grupos, dos quais 68% (38/56) dos potros
do grupo com diarreia apresentaram desidratação de leve a grave. O grau de
desidratação dos 38 potros com alterações clínicas evidentes, mostrou que
48,2% (27/56) dos potros com grau leve, 16% (9/56) grau moderado e 3,6%
(2/56) grau grave.
35
O grupo sem (60) diarreia com idade média de 73,1 dias, apresentaram
frequência cardíaca de 85,7 batimentos por minuto (bpm), frequência
respiratória de 42 movimentos por minuto e temperatura média de 38,7 graus
Celsius (°C) [Tabela 3].
microlitro (µL) (5,4%, 4/56 com trombocitopenia), 492,1 gramas por decilitro
(g/dL) de fibrinogênio (26,8%, 15/56 com hiperfibrinogenemia), 10148,1
leucócitos por microlitro (12,5%, 7/56 com leucocitose), 75,0 metamielócitos por
microlitro, 199,8 bastonetes por microlitro, 4331,0 neutrófilos segmentados por
microlitro (17,8%, 10/56 com leucocitose), 4.331 linfócitos por microlitro (37,5%,
21/56 com neutrofilia), 87,5 eosinófilos por microlitro, 64,0 basófilos por
microlitro, 500 monócitos por microlitro (Tabela 4).
Os valores das médias, referente a hemogasometria realizada nos 56
potros com diarreia, apresentaram 7,3 de pH sanguíneo (16%, 9/56 com
acidose); 41,4 mm Hg de pressão de CO2 sanguíneo (PCO2); 35,8 mmHg de
pressão de O2 sanguíneo (PO2); 133,4 mmol/L de sódio (Na) (66%, 37/56 com
hiponatremia), 3,1 mmol/L de potássio (K) (39,3%, 22/56 com hipocalemia); 1,3
mmol/L de cálcio ionizado (iCa) (5,3%, 3/56 com hipocalemia); 31,7% de
hematócrito (Hct); 22,8 mmol/L de bicarbonato (HCO3) (16%, 9/56 com
diminuição do bicarbonato); 24,5 mmHg do total de dióxido de carbono
sanguíneo (tCO2), -2,1 mmol/L de excesso de base (BE), 59,4% de saturação
do oxigênio (sO2) e 10,8 g/dL de hemoglobina (Hb) (Tabela 5).
37
Tabela 4. Média, mediana e desvio padrão dos valores hematimétricos referente aos 56 potros com diarreia, provenientes de
diferentes regiões do estado de São Paulo (2011 – 2012).
Hemácia/µL Hemoglobina g/dL Hematócrito % VCM (fL) CHCM % PT (plasma) g/dL RDW Plaquetas/µL Fibrinogenio (mg/dL) Leucócitos/µL Metamielócitos/µL Bastonetes/µL Segmentados/µL Linfócitos/µL Eosinófilos/µL Basófilos/µL Monócitos/µL
6 3 3 3 3
9,3x10 10,0 35,2 37,5 34,3 6,8 23,2 58,6x10 492,1 10,1x10 75,0 199,8 4,3x10 1,8x10 87,5 64,0 0,5x103
9,5x106 12,2 35,5 36,2 34,5 6,7 23,0 17675,0 600,0 9,3x103 76,0 110,5 1,6x103 1,7x103 19,0 42,5 288,0
1609641,7 4,8 5,9 4,8 2,1 0,9 1,8 100433,6 237,5 4973,1 69,1 237,2 4987,6 1728,9 148,1 77,8 633,4
Valores de referência:
Hemácia Hemoglobina Hematócrito Plaquetas Fibrinogenio Leucócitos Segmentados Linfócitos Eosinófilos Basófilos Monócitos
(x106/µL) g/dL % VCM (fL) CHCM % PT (plasma) g/dL RDW (x103/µL) (mg/dL) (x103/µL) Metamielócitos/µL Bastonetes/µL (x103/µL) (x103/µL) (x103/µL) (x103/µL) (x103/µL)
7,9 – 12 10,9 – 15,3 33,0 – 48,0 33,0 – 38,0 34,0 - 40 4,3 – 7,0 - 38,0 – 53,0 200 - 500 6,2 – 15,0 - - 4,1 – 5,4 1 – 4,9 0 – 0,55 0 – 0,07 0,07 – 0,76
Fonte: Koterba, A. M.; Drumond, W. H.; Koseh, P. C. Equine Clinical Neonatology, Philadelphia, 1990, Lea & Febier
Tabela 5. Média e desvio padrão dos valores hemogasométricos referente aos 56 potros com diarreia, provenientes de diferentes
regiões do estado de São Paulo.
pH PCO2 (mm Hg) PO2 (mm Hg) BE (mmol/L) HCO3 (mmol/L) tCO2 (mm Hg) SO2 (%) Na (mmol/L) K (mmol/L) iCa (mmo/L) Htc (%) Hb (g/dL)
7,3 ± 0,1 41,4 ± 5,5 35,8 ± 9,1 -2,1 ± 7,5 22,8 ± 5,4 24,5 ± 6,4 59,4 ± 11,7 133,4 ± 7,3 3,1 ± 0,7 1,3 ± 0,3 31,7 ± 6,7 10,8 ± 2,3
Valores de referência:
pH PCO2 (mm Hg) PO2 (mmHg) BE (mmol/L) HCO3 (mmol/L) tCO2 (mm Hg) SO2 (%) Na (mmol/l) K (mmol/l) iCa (mmol/L) Hb (g/dL)
7,32 – 7,44 52,7 – 114,2 15 – 42 -7,33 – 3,9 19 – 27,4 31 - 33 - 148 ± 12 4,8 ± 1 0,68 ± 0,6 10,9 – 15,3
Fonte: Koterba, A. M.; Drumond, W. H.; Koseh, P. C. Equine Clinical Neonatology, Philadelphia, 1990, Lea & Febier
38
Consistência
Líquida Pastosa Consistente
Potros com diarreia 36 (64,29%) 20 (35,71%) 0
n = 56
Potros sem diarreia 0 1 (1,67%) 59 (98,33%)
n = 60
n = amostras testadas
Cor
Amarelada Amarronzada Esverdeada Avermelhada
Potros com diarreia 16 (28,7%) 5 (8,93%) 34 (60,71%) 1 (1,79%)
n = 56
Potros sem diarreia 1 (1,67%) 1 (1,67%) 58 (96,67%) 0 (0%)
n = 60
n = número de amostras testadas
39
Odor
Característico Fétido
Potros com diarreia 20 (35,71%) 36 (64,29%)
n = 56
Potros sem diarreia 59 (98,33%) 1 (1,67%)
n = 60
n = amostras testadas
Frequência de defecação
Aumentada Normal
Potros com diarreia 53 (94,64%) 3 (5,36%)
n = 56
Potros sem diarreia 2 (3,33%) 58 (96,67%)
n = 60
n = amostras testadas
Mortalidade
Não Sim
Potros com diarreia 39 (86,67%) 6 (13,33%)
n = 56
Potros sem diarreia 58 (96,66%) 2 (3,33%)
n = 60
n = amostras testadas
Tabela 23. Relação entre o número de potros com (n = 56) e sem diarreia (n =
60), raças acometidas e taxa de mortalidade dos animais, provenientes de
diferentes regiões do estado de São Paulo (2011 – 2012).
Total de Potros com Potros sem
potros diarreia diarreia Mortalidade Letalidade
Propriedade Município Raça n n n n (%) (%)
Haras 1 Americana Puro Sangue Inglês 10 7 3 ND ND
Haras 2 Orlândia Brasileiro de Hipismo 14 7 6 ND ND
Haras 3 Cesário Lange Puro Sangue Inglês 10 1 3 ND ND
Haras 4 Tupã Quarto de milha 14 2 0 ND ND
†
Haras 5 Botucatu Manga Larga Paulista NI 1 0 1 (100)
Haras 6 Arandu Puro Sangue Inglês NI 1 2 ND ND
Haras 7 Quadra Manga Larga Paulista 40 1 1 ND ND
†
Haras 8 Catanduva Manga Larga Paulista 60 7 1 1 (1,66) (14,8)
† †
Haras 9 Cerqueira César Manga Larga Paulista 30 2 1 2 (6,66) (100)
Haras 10 Bauru Quarto de Milha 12 2 †† 1† 3 (25) (100)
Haras 11 Bauru Quarto de Milha 22 7 9 ND ND
Haras 12 Brotas Quarto de Milha 62 9 19 ND ND
Haras 13 Bofete Quarto de Milha 10 3 0 ND ND
Haras 14 Botucatu Quarto de Milha 8 3† 4 1 (12,5) (33,33)
Haras 15 Avaré Paint Horse 20 0 10 ND ND
Hospital Botucatu Quarto de milha NI 1 ND ND ND
Veterinário
Botucatu Mestiço NI 2 ND ND ND
Total 56 60 8 8
† = indica o número de mortes nos grupos com e sem diarreia.
n = número de animais
ND = não detectado
NI = não informado
51
Tabela 24. Número de potros com (6) e sem (2) diarreia que vieram a óbito e
os respectivos enteropatógenos isolados, em diferentes propriedades do
interior do Estado de São Paulo (2011 – 2012).
6. Discussão
Estudos sobre os agentes etiológicos envolvidos na síndrome diarreia,
bem como as principais alterações clínicas dos potros acometidos tem sido o
foco de inúmeros pesquisadores, visando minimizar o custo com tratamentos
inadequados e subdesenvolvimento destes animais, além deste conhecimento
facilitar a adoção de medidas preventivas. No Brasil, esta pesquisa apresenta
como peculiaridade a abordagem de potros até o terceiro mês de vida,
investigando os principais agentes etiológicos de origem bacteriana, viral e
parasitária envolvidos na diarreia. Em contraste, estudos anteriores tinham
como objetivo determinar a prevalência de um único agente etiológico, restritos
a relatos de casos ou surtos ocorridos em regiões restritas ou em um criatório
(VARGAS & RIGOLON, 1998; MELO et al., 2007; GOMES et al., 2008;
MEIRELES et al., 2008; GUIMARÃES-LADEIRA et al., 2009; TOSCAN et al.,
2010). Em outros países, estudos retrospectivos e pesquisas para determinar
coinfecções entéricas em potros com diarreia já haviam sido realizados. No
entanto, estes estudos não apresentavam a variedade de espécies de
enteropatógenos investigados no presente trabalho (FREDERICK ET AL.,
2009; SLOVIS et al., 2010; HARRIS et al., 2012).
Durante a realização dos exames físicos dos potros nos grupos com e
sem diarreia, não foi observado halo endotoxêmico, tampouco alterações na
coloração das mucosas e postura. Assim, todos os animais apresentavam
coloração de mucosas (oculopalpebrais e bucal) róseas e estavam em posição
quadrupedal (FEITOSA, 2004). A auscultação do sistema digestório nos
animais amostrados permitiu identificar o aumento da motilidade intestinal no
grupo dos potros com diarreia, somado ao aumento da frequência de
defecação em 94,6% (53/56), consideradas anormalidades que caracterizam o
quadro de diarreia (RADOSTITS et al., 2002).
Ao avaliar a desidratação nos dois grupos estudados, constatou-se que
estes sinais foram observados somente no grupo dos animais com diarreia, dos
quais 48,2% (27/56) apresentaram grau leve, 16% (9/56) moderado e 3,6%
(2/56) grave, confirmando que a desidratação é um dos principais sinais
clínicos observados em potros com diarreia (FEITOSA, 2004). Em contraste,
dentre os animais desidratados, o TPC estava alterado em apenas 5,3% (2/38)
53
1996; Van DUIJKEREN et al., 2000). Entretanto, a detecção dos genes fimH e
ag43 de E. coli foi identificada com maior frequência nos potros com diarreia
quando comparados ao grupo controle. Curiosamente, não foram encontrados
na literatura consultada estudos que relacionem estes genes diretamente na
diarreia em potros, visto que, comumente estão associados às infecções
urinárias em humanos e animais (GYLES, 1992; LÜTHJE & BRAUNER, 2010).
O gene papC de E. coli foi detectado em seis isolados de E. coli (quatro no
grupo com diarreia e um sem sinais entéricos). Apesar da baixa frequência nos
isolados, este gene está relacionado diretamente a infecções do sistema
urinário em humanos e animais, podendo estar relacionado a causa da diarreia
(NORGREN et al., 1984).
Neste estudo, avaliando-se os isolados de E. coli, não houve a detecção
das fímbrias F4 (K88) e F41, já isoladas anteriormente em potros com diarreia,
relatados por Ward et al. (1986).
Salmonella spp. foi detectada em 25% (14/56) dos dos potros
amostrados com diarreia e 4% no grupo sem diarreia. A alta detecção do
gênero Salmonella spp. nos potros com diarreia corroboram com os achados
de East et al. (1998) que obtiveram 22% (12/54) de isolamento de Salmonella
sp., enquanto Van Duijkeren et al. (1994) isolaram 18% (69/380) de Salmonella
spp. das fezes diarreicas de equinos de diferentes idades. Neste último estudo
foram identificados S. Typhimurium (62,31% - 43/69), S. Hadar (4,35% - 3/69),
S. Arizona (2,90% - 2/69), S. enteretidis (2,90% - 2/69), S. virchow (1,45% -
1/69), S. blockey (1,45% - 1/69) e S. bareilly (1,45% - 1/69). No presente
estudo, foi possível identificar, S. Saintpaul (3,57% - 2/56), S. Panama (3,57% -
2/56), S. Infantis (8,92% - 5/56), S. Typhimurium (5,36% - 3/56), S. entérica
subsp enterica (1,78% - 1/56) e S. Muechen (1,78% - 1/56) no grupo dos poros
com diarreia. A maior frequência dos isolados de Salmonella spp. no grupo
com diarreia e também em todos os potros que vieram a óbito dentre os
animais amostrados reforça a importância deste enteropatógeno como agente
causal de doença em potros até três meses de vida.
Estudos realizados por McDonough et al. (1999) mostram que a S.
enterica Typhimurium é o sorotipo mais comumente encontrado em bezerros
de 2 a 8 semanas de vida. Em humanos Beltran et al. (1988) mostram que S.
57
com diarreia, dos quais 90% eram C. perfringens produtores da toxina Tipo A,
reforçando a alta frequência deste patógeno, particularmente nos isolados
produtores de toxina A, na gênese da casuística de diarreia em potros.
C. difficile foi detectado em igual proporção nos potros com e sem
diarreia, totalizando 1,7% (2/116) dos isolados. Apesar do número de
isolamentos serem proporcionalmente menores do que os encontrados por
Baverud et al. (2003), que em 777 cavalos (277 potros), identificaram 9% (2/22)
dos isolados como C. difficile em potros com diarreia (5 dias a 7 meses) e 8%
(17/226), não tratados previamente com antimicrobianos); o baixo número de
isolamentos de C. difficile em potros mostra que, a frequência dos isolamentos
desta bactéria não difere entre os animais do grupo com e sem diarreia e
provavelmente exerça menor influência como patógeno das infecções
entéricas.
A frequência de R. equi nos isolamentos do grupo com diarreia foi de
7,14% (4/56) e do grupo sem diarreia de 10% (6/60). No grupo com diarreia
foram observados 4 linhagens de R. equi vapA 85k ou 87kb tipo I, enquanto
que nos potros sem sinais entéricos foi detectado apenas 1 isolado 85 ou 87kb
tipo I. Apesar da distribuição semelhante entre o grupo com diarreia e o grupo
controle, Takai et al. (1996) mostram grande número de isolamentos (até
40,9%) de R. equi avirulento nas amostras de fezes de potros sadios. No
presente trabalho, pôde ser observado que, dos animais com diarreia, a faixas
etárias acometidas com isolamento de linhagens virulentas (vap A 85 e 87kb
tipo I), foram entre 0 a 30 (10,53%, 2/19) e 31 a 60 (11,76%, 2/17) dias de vida,
que coincide com a faixa etária com maior ocorrência de potros doentes
(COHEN et al., 2008).
Não foi possível detectar a bactéria Lawsonia intracellularis, nos animais
amostrados. Slovis et al. (2010) da mesma forma não detectaram o micro-
organismo nas fezes de potros. Tal resultado pode ser creditado a idade dos
animais, visto que a detecção desta bactéria em potros, geralmente ocorre em
animais acima dos seis meses de vida, coincidindo com o período de desmame
(PUSTERLA & GEBHART, 2009).
Coronavírus foi detectado em 5,26% dos animais entre 0 e 30 dias de
vida e em 2,7% dos animais entre 61 e 90 dias (sem diarreia), corroborando
59
7. CONCLUSÕES
8. REFERÊNCIAS
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ANEXO I
ARTIGO CIENTÍFICO
Summary
Reasons for performing the study: Toxin detection and screening could
contribute to knowledge of the transmission patterns, risk factors and
epidemiology of Clostridium difficile and Clostridium perfringens.
Methods: A total of 153 samples from foals were collected: 139 samples from
farms and 14 samples from diarrhoeic foals admitted to a veterinary hospital.
The A/B toxins were detected by cytotoxicity assay. All suspected colonies of C.
perfringens were subjected to polymerase chain reaction for detection of the
major toxin genes (a, b, e and i) and for detection of b2-, NetB- and enterotoxin-
encoding genes. Furthermore, C. difficile and C. perfringens isolates were
evaluated for in vitro antimicrobial susceptibility.
Results: Seven of 153 (4.6%) samples, all from diarrhoeic foals, were positive
for C. difficile A/B toxin. Of these, 5 of 14 (35.7%) were from hospitalised foals,
and only 2 of 63 (3.2%) diarrhoeic foal samples were from farms (P = 0.002).
Clostridium perfringens was isolated from 31 (20.3%) foals, of which 21 of 76
(27.6%) were diarrhoeic and 10 of 76 (13.2%)were nondiarrhoeic,
demonstrating a difference between these 2 groups (P = 0.045). Only 4
strainswere positive for the β2-encoding gene (cpb2). All C. difficile and C.
perfringens isolates were susceptible to metronidazole and vancomycin.
Conclusions: The present report highlights the need for laboratory diagnostics
to differentiate C. difficile-associated infection in foals from other causes of
diarrhoea to facilitate adequate antimicrobial therapy.
Introduction
Clostridium difficile is a spore-forming, anaerobic, Gram-positive bacillus
recognised as the pathogen responsible for most cases of antimicrobial-
associated diarrhoea in human patients [1]. In horses, C. difficile is responsible
for colitis in adults [2] and diarrhoea in foals, which can occur spontaneously or
may be associated with antimicrobial use [3,4]. Moreover, recent studies also
showed that isolates from human patients suffering from C. difficile infection
82
(CDI) are highly related, genetically, to strains isolated from animals, suggesting
hypothetical zoonotic potential [5,6]. Clostridium perfringens is an anaerobic,
spore-forming, Gram-positive bacillus that has been associated with enteritis in
adult horses and foals [7,8]. Clostridium perfringens isolates are conventionally
classified as one of 5 toxigenic types (A–E) based on the capacity to produce
one or more of the 4 major toxins (a, b, e and i) [9]. In addition to the major
toxins, C. perfringens can produce additional virulence factors, such as b2 toxin,
which has been associated with diarrhoea in horses [10], and necrotic enteritis
toxin B-like (NetB), a pore-forming toxin recently described as an important
virulence factor for necrotic enteritis in broiler chickens [11]. Clostridium
perfringens is commonly found in the enteric microbiota of healthy animals,
complicating the laboratory diagnosis of infections caused by this
microorganism. In addition, owing to the absence of control case studies with
foals, the role of b2 toxin, enterotoxin and NetB in this species remains unclear.
Toxin detection and screening could contribute to the knowledge of C.
difficile and C. perfringens transmission patterns, risk factors and epidemiology
[12]. In light of this, the objective of this study was to detect C. difficile A/B
toxins and to identify C. perfringens and C. difficile strains in faecal samples
from diarrhoeic and nondiarrhoeic foals.
Samples
A total of 153 samples from foals were collected from farms and from animals
admitted to the Veterinary Hospital of Universidade Federal de Minas Gerais. A
total of 139 samples from 17 different farms were cultured, comprising 63
samples from diarrhoeic foals and 76 samples from nondiarrhoeic foals.
Samples from foals collected at the veterinary hospital accounted for a total of
14 diarrhoeic faecal samples. The samples from hospitalised animals were
obtained at the time of clinical examination and were only collected from foals
with active diarrhoea. All specimens were collected in sterile containers and
were stored at -20°C until testing was performed.
83
The CTA for the detection of C. difficile A/B toxins was performed with Vero
cells (Vero–ATCC CCL 81) as described earlier [13]. Briefly, faecal samples
were diluted 1:4 in phosphate-buffered saline (pH 7.0) and centrifuged at 3000
g for 5 min at 4°C. The resulting supernatant was filtered through a filter with a
pore size of 0.22 mm and diluted 2-fold until a dilution of 1:1024 was reached.
Serial dilutions and parallel samples with Clostridium sordellii antitoxina were
added onto Vero cell monolayers. The cells were examined after 24 h of
incubation at 37°C in an incubator containing air supplemented with 5% CO2. A
specimen was considered positive for the CTA if at least 90% of cells were
rounded and, at the same dilution of the parallel sample, the effect was
neutralised by antitoxin.
addition, a previously described PCRwas applied for the detection of the Net B-
encoding gene (netb) [15]. For all PCRs, amplifications were carried out in a
thermocycler (Thermal Cycler Px2e), and the products were visualised under
ultraviolet light in a 2% agarose gel stained with ethidium bromidec.
Antimicrobial susceptibility
Results
Seven samples, all from diarrhoeic foals, were positive for C. difficile A/B toxins
(Table 1). Of these, 5 (35.7%) were from14 hospitalised foals and only 2
(3.2%)were from diarrhoeic samples from63 visited farms, demonstrating a
significant difference (P = 0.002). Two positive foals had a history of
antimicrobial treatment before diarrhoea, and 4 had a spontaneous onset of the
disease. There was no information about the clinical history for the remaining
A/B toxin-positive foal. None of the nondiarrhoeic foals was positive for A/B
toxins by CTA. Clostridium difficile was isolated from 7 animals: 5 isolates were
from diarrhoeic foals and 2 from nondiarrhoeic foals. Four of 7 strains were
toxigenic (A+B+), while the remaining 3 were nontoxigenic by PCR. Four
animals positive for A/B toxin were negative for C. difficile isolation, hereas a
toxigenic strain was isolated from a diarrhoeic foal that was negative by CTA.
Clostridium perfringens was isolated from31 (20.3%) foals, of which 21 of 76
(27.6%) were diarrhoeic and 10 of 76 (13.2%)were nondiarrhoeic animals,
85
Discussion
faecal samples, which are more rapid and economical but might have less
sensitivity and specificity [21]. The results of this study and previous reports
suggest that there is no justification for testing the faeces of nondiarrhoeic foals
for the presence of A/B toxins.
In the diarrhoeic group, 7 of 77 (9.1%) foals, of which 4were 5 months
old, one was 3 months and 2 were 13 days old, were positive for A/B toxin
detection. The prevalence found here is higher than the 5% reported by
Frederick et al. [22] in the USA but lower than the 16.7% reported by Weese et
al. [19] in Canada. It is also interesting to note the significant difference (P =
0.002) between the positive rate in animals from farms and animals from the
veterinary hospital; in the foals we examined, an animal sampled in the
veterinary hospital had 16 times greater probability of being positive for A/B
toxin than a diarrhoeic animal from a farm. This higher rate found in hospitalised
foals could not be interpreted as a nosocomial infection, because all samples
were collected at the time of clinical examination. However, foals admitted to
the veterinary hospital commonly have been treated previously with
antimicrobials on the farm but have not responded. In fact, in this report, all
positive animals from the veterinary hospital were initially diagnosed by
clinicians with causes of diarrhoea other than C. difficile. Indeed, the higher rate
of foals positive for A/B toxin at the veterinary hospital was most probably
caused by a lack of awareness of CDI by veterinarians on the farm, leading to
unsuccessful treatment andworsening of clinical signs. In addition, this report
highlights the need for laboratory diagnostics that differentiate enteropathogens
in foals, allowing for adequate antimicrobial therapy.
Two foals positive for A/B toxins had a history of diarrhoea 2 days after
antimicrobial treatment with penicillin G for clinical suspicion of pneumonia.
These cases were also the first confirmed description of C. difficile infection in
foals in Brazil [4]. Among the animals examined, there were no data about
antimicrobial administration or clinical history for one
positive foal that was sampled on a farm. However, 4 positive foals (3
hospitalised and one from a farm) had a history of spontaneous onset of the
diarrhoea. In addition, these 4 animals were negative for other enteropathogens
(Salmonella spp., rotavirus and Lawsonia intracellularis), suggesting that C.
87
difficile was the aetiology of the diarrhoea in these cases. In these 4 cases, a
worsening of clinical signs was observed after antimicrobial therapy other than
metronidazole, which is considered the first choice for CDI in foals. Three foals
received metronidazole after diagnosis of CDI (by toxin detection) and
recovered well, although one foal that was treated with ceftiofur died [23].
Four toxigenic strains of C. difficile were isolated, all from diarrhoeic
foals. Of these foals, 3 were positive for A/B toxins, and one, aged one-day-old,
was negative. An asymptomatic carrier status must be considered for this
animal, because previous reports have shown that it is a common event in foals
younger than 14 days [20]. Moreover, it should be emphasised that the
incidence of carrier status among the young animals examined in the present
study was much lower than previously reported [20,24]. From a total of 16
animals younger than 14 days old, only 2 (12.5%) were positive for the isolation
of C. difficile, of which one strain was toxigenic and the otherwas nontoxigenic.
Another possible explanation for the presence of a toxigenic strain in a CTA-
negative foal is toxin degradation by proteases found in faeces [17], but this
suggestion must be considered with caution because studies have shown great
stability of the A/B toxins in equine faeces [20,25]. Three nontoxigenic strains
were also isolated from 2 nondiarrhoeic foals, aged 7 days and 12 months old,
and another from a diarrhoeic foal, aged 5 months. Notably, C. difficilewas
recovered from only one of 68 (1.5%) nondiarrhoeic foals older than one-month-
old, agreeing with previous studies that have shown that isolation in healthy
foals older than one month is rare but can sometimes occur, mainly after
antimicrobial treatment [3,20]. Unfortunately, there are no data regarding
antimicrobial administration in this healthy foal.
Four animalswere positive for A/B toxin detection, but C. difficile was not
isolated fromfaecal samples. However, there is no standard method for the
isolation of C. difficile, making it difficult to compare results from other studies,
although similar results have been described in foals [19,20,26,27], aswell as in
other species, such as dogs and piglets [12,17]. It is well known that some C.
difficile strains cannot grow due to susceptibility to one or both antimicrobials
used in medium [28]. In addition, the use of cycloserine-cefoxitin-frutose-agar
supplemented with taurocholate, even with the supplementation of taurocholate,
88
could lead to variable sensitivity for C. difficile spore recovery when compared
with other media, such as TCCFB (cefoxitin-cycloserine-broth, supplemented
with taurocholate) [29].
Conclusions
Sources of funding
This work was supported by funds from Fapemig, Capes, PRPq-UFMG and
CNPq.
Acknowledgements
We thank Amanda N. Diniz and Carlos A. Oliveira Junior for the help with the
minimal inhibitory concentration assay.
Authorship
R.O.S.S. was responsible for A/B toxin detection and isolation of C. difficile.
M.S.P. and R.P.A.M. were responsible for the clinical selection and treatment of
the foals. A.S.B. and M.X.S. were responsible for visiting the farms and for the
statistical analysis. T.M.L. and G.O. were responsible for the isolation, PCR and
antimicrobial susceptibility of C. perfringens. F.C.F.L. and M.G.R. are the
coordinators of this experiment. F.C.F.L.was responsible for the UFMG team,
while M.G.R. was responsible for the UNESP team.
92
Manufacturers’ addresses
aNIBSC, National Institute for Biological Standards and Control, London, UK.
bHi-media, Mumbai, India.
cSigma-Aldrich Co., St Louis, Missouri, USA.
dSPS, Difco Laboratories, Detroit, Michigan, USA.
eThermo Electron Corporation, Milford, Massacheusetts, USA.
fStata Corp., College Station, Texas, USA.
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