Modulo 3 Final
Modulo 3 Final
Módulo 2 - “Discipulado”
- um estudo estudo prático de como se envolver na missão de levar pessoas
a serem discípulos de Cristo.
A DOUTRINA DE DEUS
6 Doutrinas Fundamentais
1 A TRINDADE
“Há um só Deus: Pai, Filho e Espírito Santo, uma unidade de três Pessoas coeternas. Deus é
imortal, onipotente, onisciente, acima de tudo e sempre presente. Ele é infinito e está além da
compreensão humana, mas é conhecido por meio de Sua autorrevelação. Deus, que é amor, para
sempre é digno de culto, adoração e serviço por parte de toda a criação” (Gn 1:26; Dt 6:4; Is 6:8;
Mt 28:19; Jo 3:16; 2Co 1:21, 22; 13:14; Ef 4:4-6; 1 Pe 1:2).
Quando Moisés se encontrou com Faraó, o governante egípcio fez uma pergunta
importante: “Quem é o seu Deus?” (Êxodo 5:1,2). Essa pergunta permanece ao longo
da história, pois muitas pessoas ainda querem entender quem Deus realmente é. Para
tentar responder essa questão, quatro ideias principais surgem sobre a existência de
Deus: Ateísmo, Panteísmo, Agnosticismo e Teísmo. Essas formas de pensar influenciam,
de alguma maneira, todas as religiões do mundo. Entender essas visões nos ajuda a
compreender as diferentes crenças e a encontrar respostas para a pergunta: quem é
Deus?
Doutrinas Fundamentais 7
1. AS FONTES DO CONHECIMENTO DE DEUS
“Visto que Deus Se relaciona com tudo e tudo com Ele se relaciona, a doutrina
de Deus é fundamental para a teologia cristã.” [Tratado de Teologia Adventista
do Sétimo Dia, 120]. O conhecimento sobre Deus é a base para a compreensão
de todas as outras doutrinas cristãs. O que podemos saber sobre Deus deve ser
revelado a partir das próprias Escrituras. Embora seja impossível para a criatura
entender completamente o Criador, e muitos aspectos da realidade divina estejam
além da nossa compreensão, podemos conhecer o Senhor através daquilo que Ele
nos revelou (Deuteronômio 29:29).
2. OS NOMES DE DEUS
A Bíblia usa diferentes nomes para se referir a Deus, cada um revelando aspectos
importantes de Sua pessoa, natureza, caráter e qualidades. Esses nomes não
apenas descrevem quem Deus é, mas nos ajudam a entender como Ele deseja se
relacionar conosco.
• El, Elohim (Deus) – Esses nomes destacam o poder divino, mostrando Deus
como o Todo-Poderoso, o Criador de todas as coisas (Gênesis 1:1; Êxodo 20:2;
Daniel 9:4).
• Elyon, El Elyon (Deus Altíssimo) – Esses títulos ressaltam o status exaltado
de Deus, apontando para Sua superioridade sobre todas as coisas (Gênesis
14:18-20; Isaías 14:14).
• Adonai (Senhor, Mestre) – Adonai retrata Deus como um Legislador
poderoso, aquele que comanda e governa (Isaías 6:1; Salmo 35:23).
• Shaddai, El Shaddai (Deus Todo-Poderoso) – Estes nomes revelam Deus
como a fonte de bênção e conforto, destacando Seu desejo de se relacionar
com Seu povo (Êxodo 6:3; Salmo 91:1).
• Yahweh (Jeová ou Senhor) – Yahweh enfatiza a auto existência de Deus,
Sua fidelidade e graça na manutenção da aliança com o Seu povo (Êxodo
15:2-3; Oséias 12:5-6). Em Êxodo 3:14, Deus se descreve como “Eu Sou o Que
Sou”, indicando a constância do Seu relacionamento com o povo.
• Ába (Pai) – A Bíblia também apresenta Deus de maneira mais íntima, como
Pai (Deuteronômio 32:6; Isaías 63:16; Jeremias 31:9; Malaquias 2:10). Jesus
8 Doutrinas Fundamentais
deu a esse nome um significado ainda mais profundo, chamando os crentes
a um relacionamento pessoal e próximo com Deus, o Pai (Mateus 6:9; Marcos
14:36; Romanos 8:15; Gálatas 4:6).
Atributos Incomunicáveis:
◊ Auto existência (Jo 5:26)
◊ Vontade independente (Ef 1:5)
◊ Onisciência (Is 46:10)
◊ Onipresença (Sl 139)
◊ Onipotente (Is 43:13)
◊ Eternidade (Jr 10:10)
Atributos Comunicáveis:
◊ Amor (Rm 5:8)
◊ Graça (Rm 3:24)
◊ Misericórdia ( Sl 145:9)
◊ Longanimidade (2 Pd 3:15)
◊ Santidade (Sl 99:9)
◊ Justiça (Ed 9:15)
◊ Verdade (1Jo 5:20)
4. A SOBERANIA DE DEUS
A soberania de Deus é claramente ensinada nas Escrituras (Daniel 4:35; Apocalipse
4:11; Salmo 135:6). Deus é um Ser soberano, acima de todas as coisas e de todos,
conduzindo a história conforme o Seu plano (Isaías 43:13; 46:10). No entanto,
mesmo sendo soberano, Deus concede ao ser humano o livre arbítrio, respeitando
o seu direito de escolha.
Doutrinas Fundamentais 9
João Calvino, o renomado teólogo reformador francês, defendia que a soberania
divina levava à predestinação, ou seja, que algumas pessoas eram escolhidas por
Deus para a salvação, enquanto outras seriam destinadas à perdição. Entretanto,
essa visão não encontra suporte bíblico. Em relação à predestinação, o apóstolo
Paulo afirmou que Deus nos predestinou para a salvação em Cristo Jesus (Romanos
8:29). O desejo de Deus é que todos sejam salvos e cheguem ao arrependimento (2
Pedro 3:9).
5. O DEUS TRIUNO
• A Pluralidade Interna da Divindade
A Bíblia não apresenta Deus como sendo apenas uma única Pessoa. A unidade
de Deus é vista em Seu propósito, mente e caráter, mas isso não elimina as
personalidades distintas do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Essa pluralidade não
contradiz o conceito monoteísta das Escrituras, pois Pai, Filho e Espírito Santo são
um só Deus.
10 Doutrinas Fundamentais
Pai deu Seu Filho, o Filho entregou-Se a Si mesmo, e o Espírito Santo realizou a
concepção de Jesus (João 3:16; Mateus 1:18, 20). Também vemos a cooperação das
três pessoas da divindade no batismo de Jesus (Mateus 3:15-17; Lucas 3:21-22) e na
promessa de Cristo sobre o Consolador (João 15:26). A bênção apostólica, por sua
vez, invoca as três pessoas da Trindade (2 Coríntios 13:13), mostrando sua ação
conjunta.
• João 3:16e
Problema textual: Se Jesus é o Filho unigênito, isso significa que Ele foi gerado
em algum momento da história, não sendo divino em essência como Deus Pai?
Explicação: A palavra “unigênito” no original grego é “monogenes”, que combina
“mono” (único, sozinho) e “genes” (espécie, único da espécie). A raiz de “genes”
não vem de “gennao” (gerar), mas de “ginomai”, que significa “vir a ser”. Isso
indica que o texto está enfatizando a singularidade da natureza de Cristo, o único
que é simultaneamente Deus e Homem, sendo o único de sua espécie. Um exemplo
que ilumina essa questão é Isaque, filho de Abraão, chamado de “unigênito”
(monogenes) em Hebreus 11:17. Embora Isaque não tenha sido o único filho de
Abraão, ele foi o único da promessa divina. Na cultura hebraica, a expressão
“filho” aponta para “igualdade”, não inferioridade. Quando Jesus se refere a si
mesmo como o “Filho de Deus”, Ele está afirmando Sua divindade.
• Colossenses 1:15,18
Problema textual: Se Jesus é o primogênito de toda a criação, isso significa que
Ele foi o primeiro ser criado por Deus?
Explicação: A palavra “primogênito” é traduzida do grego “prototokos”, que pode
se referir a “posição privilegiada”, “herança” ou “status”. No Novo Testamento,
“prototokos” é usado seis vezes de maneira figurada e apenas duas vezes de forma
literal. Em Colossenses 1:18, Jesus é chamado de “primogênito dos mortos”, mesmo
não sendo o primeiro a ressuscitar cronologicamente. A expressão, portanto,
indica Sua supremacia absoluta sobre toda a criação.
• João 17:3
Problema textual: Jesus estaria negando ser o verdadeiro Deus?
Explicação: O texto não está contrastando Deus Pai com Jesus Cristo para afirmar
que apenas o Pai é Deus verdadeiro. Em vez disso, a passagem destaca a necessidade
de conhecer o único Deus verdadeiro, em oposição aos ídolos e falsos deuses.
• 1 Coríntios 8:6
Problema textual: O versículo está afirmando a exclusividade de Deus Pai como
o único Deus?
Doutrinas Fundamentais 11
Explicação: Seguir essa interpretação distorcida levaria à conclusão de que
Deus Pai não seria Senhor. Nos versos anteriores (1 Coríntios 8:4-5), Paulo está
contrastando o Deus verdadeiro com ídolos e falsos deuses. O verso, então, afirma
a unicidade de Deus Pai e Jesus Cristo como o único Deus e Senhor para os cristãos.
Essas explicações mostram que, longe de contrariarem a doutrina da Trindade,
essas passagens reforçam a divindade de Cristo e Sua relação única com o Pai e o
Espírito Santo.
• I Tm 2:5,6
Problema textual: O apóstolo Paulo estaria afirmando que apenas o Pai é o
verdadeiro Deus, enquanto Jesus seria apenas um mediador?
Explicação: Este versículo bíblico enfatiza a exclusiva mediação de Jesus Cristo entre
Deus e a humanidade, devido ao preço pago pela redenção por meio de Seu sacrifício
na cruz. Essa afirmação não nega a divindade de Cristo; pelo contrário, Jesus é a ponte
entre o céu e a terra justamente porque é tanto Deus quanto homem ao mesmo tempo.
• I Cor 15:24-28
Problema textual: A afirmação bíblica de que Cristo se sujeitará a Deus Pai no fim
do Grande Conflito entre o bem e o mal sugere que Ele é inferior ou questiona Sua
divindade?
Explicação: É essencial compreender que a subordinação bíblica mencionada tem
um caráter funcional, não essencial. Devemos distinguir a natureza de Cristo de
Seu papel no plano da salvação. A subordinação está, provavelmente, relacionada
ao fato de que Cristo manterá para sempre Sua humanidade. A ênfase da passagem
está na solidariedade de Cristo com a humanidade.
• Ap 3:14
Problema textual: O texto bíblico estaria afirmando que Jesus foi o primeiro ser
criado por Deus?
Explicação: A palavra grega “arché” significa “fonte” ou “origem”, em vez de
“princípio” no sentido de primeiro ser criado. Jesus não é a primeira criatura, mas
a fonte e origem de toda a criação.
PARA REFLETIR
O Pai é toda a plenitude da Divindade corporalmente, e é invisível aos olhos mortais. O Filho
é toda a plenitude da Divindade manifestada. A palavra de Deus declara que Ele é a expressa
imagem da pessoa de Seu Pai. O Consolador que Cristo prometeu enviar depois de ascender
ao Céu, é o Espírito em toda a plenitude da Divindade, tornando-se manifesto ao poder da
graça divina a todos os que recebem a Cristo e crêem nEle.” (Ellen White - Conselhos Sobre
Saúde, p. 222).
12 Doutrinas Fundamentais
2 O PAI
Um dos maiores privilégios que a Bíblia nos oferece é conhecer Deus Pai, não apenas
intelectualmente, mas por meio de um relacionamento íntimo e contínuo. Essa
conexão nos permite entender Deus como um Pai amoroso. Esse conhecimento
profundo nos aproxima dEle, reconhecendo-O como nosso Criador e Redentor
(João 17:3).
Ao longo das Escrituras, Deus estabeleceu Sua relação com a humanidade por meio
de alianças. A palavra “aliança”, no hebraico, é “berith”, que significa “acordo”
Doutrinas Fundamentais 13
ou “pacto”. As alianças de Deus com os seres humanos refletem Seu desejo de
se relacionar com a humanidade e garantir sua salvação, sendo Ele o provedor e
sustentador dessa salvação (Gênesis 3:15; 9:13; Deuteronômio 7:9; Salmo 103:17-
18; Jeremias 31:31-34).
Nas Escrituras Sagradas, Deus Pai é retratado como um refúgio seguro, nosso
protetor e provedor. Ele é o “nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente nas
tribulações” (Salmo 46:1), sempre ao nosso lado em todos os momentos e lugares.
Deus conhece cada detalhe da nossa vida, entendendo nossa história desde antes
de sermos gerados. Nenhum pensamento ou sentimento pode ser escondido d’Ele
(Salmo 139), pois Sua presença e cuidado nos envolvem por completo, oferecendo
proteção e amparo contínuos.
É importante destacar também que Deus é um Ser perdoador (Sl 103:11-14; Is 44:21)
e que luta por nossa salvação dos seus filhos (Ex 14:15-31; 2 Reis 18-19; Dn 3,6).
Fica evidente que o Deus apresentado no Antigo Testamento é um Deus de amor,
ao mesmo tempo que é justo e fiel para aqueles que escolhem nele crer. O Deus do
Antigo Testamento é o mesmo Deus no Novo Testamento.
O Antigo Testamento descreve Deus Pai como um refúgio seguro, sendo Ele o
nosso protetor e provedor. Ele é “nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente
nas tribulações” (Salmo 46:1), sempre presente em todos os momentos e lugares.
Deus conhece cada detalhe da nossa vida, sabendo nossa história desde antes de
sermos gerados. Nenhum pensamento ou sentimento está oculto d’Ele (Salmo 139),
pois Sua presença e cuidado nos envolvem por completo, oferecendo proteção e
conforto constantes.
Além disso, Deus é apresentado como um Ser perdoador (Salmo 103:11-14; Isaías
44:21) que luta pela salvação de Seus filhos (Êxodo 14:15-31; 2 Reis 18-19; Daniel
3, 6). O Deus revelado no Antigo Testamento é um Deus de amor, justo e fiel para
com aqueles que escolhem crer n’Ele. Ele é o mesmo Deus do Novo Testamento,
sempre presente e atuante na história da salvação.
14 Doutrinas Fundamentais
2. O Pai no Novo Testamento
• Pai de toda criação
O Pai é o Criador de toda a existência, distinguido de Jesus Cristo por Paulo em
suas epístolas. Ele declara: “Para nós, porém, há um só Deus, o Pai, de quem são
todas as coisas, e um só Senhor, Jesus Cristo, por meio de quem existem todas as
coisas, e por meio de quem vivemos” (1 Co 8:6). O apóstolo reforça essa distinção
ao afirmar: “Por esta razão, dobro os joelhos perante o Pai, de quem toma o nome
toda família, tanto no Céu quanto na Terra” (Ef 3:14-15; cf. Hb 12:9; Jo 1:17). Essa
compreensão teológica destaca o Pai como a fonte de toda a criação, e Cristo como
o mediador pelo qual tudo foi feito.
A mais significativa expressão de Deus como Pai de todos os crentes está presente
na oração que Jesus ensinou a Seus discípulos (Mt 6:9-13). Ao orarem “Pai nosso,
que estás nos céus”, os crentes reconhecem que Deus é uma Pessoa real, capaz
de estabelecer um relacionamento íntimo e cheio de cuidado. Ele é tão próximo e
amoroso quanto um pai terreno, mas é o Pai celestial – santo, perfeito em caráter,
repleto de graça e bondade em Seus relacionamentos. Embora seja pessoal, Ele
não é humano, mas o soberano e amoroso Criador que se envolve profundamente
com Seus filhos.
A epístola aos Hebreus reforça a importância dessa revelação pessoal de Deus por
meio de Cristo. “Havendo Deus, outrora, falado muitas vezes e de muitas maneiras,
aos pais, pelos profetas, nestes últimos dias nos falou pelo Filho, a quem constituiu
herdeiro de todas as coisas, pelo qual também fez o Universo. Ele é o resplendor da
Doutrinas Fundamentais 15
glória e a expressão exata do Seu Ser” (Hb 1:1-3). Jesus, como a plena manifestação
do Pai, reflete a glória e o caráter divino, tornando visível o invisível e acessível o
conhecimento de Deus.
Como João afirma: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira, que deu o Seu
Filho unigênito, para que todo aquele que Nele crê não pereça, mas tenha a vida
eterna” (João 3:16). Na cruz, não apenas entendemos o sacrifício de Cristo, mas
somos convidados a experimentar o profundo amor do Pai por cada um de nós. É
nesse ato supremo que se revela o caráter de Deus: um Pai que ama tanto que foi
capaz de dar o que tinha de mais precioso para garantir nossa salvação. Assim,
o Calvário permanece como a maior revelação do amor e da justiça divinos, um
convite eterno à vida e ao relacionamento com o Criador.
PARA REFLETIR
“O infinito Pai deu tudo quanto podia dar, para que o homem pudesse ser elevado e enobrecido.
O autor de toda a verdade que ilumina o mundo e enche a alma de pureza e paz é o próprio
Deus.” (Ellen White, Patriarcas e Profetas, p. 34).
16 Doutrinas Fundamentais
3 O FILHO
Deus, o Filho Eterno, encarnou-Se como Jesus Cristo. Por meio Dele foram criadas todas as
coisas, é revelado o caráter de Deus, efetuada a salvação da humanidade e julgado o mundo.
Sendo para sempre verdadeiramente Deus, Ele Se tornou também verdadeiramente humano,
Jesus, o Cristo. Foi concebido do Espírito Santo e nasceu da virgem Maria. Viveu e experimentou
a tentação como ser humano, mas exemplificou perfeitamente a justiça e o amor de Deus. Por
Seus milagres manifestou o poder de Deus e atestou que era o Messias prometido por Deus.
Sofreu e morreu voluntariamente na cruz por nossos pecados e em nosso lugar, foi ressuscitado
dentre os mortos e ascendeu ao Céu para ministrar no santuário celestial em nosso favor. Virá
outra vez, em glória, para o livramento final de Seu povo e a restauração de todas as coisas (Is
53:4-6; Dn 9:25-27; Lo 1:35; Jo 1:1-3, 14; 5:22; 10:30; 14:1-3, 9, 13; Rm 6:23; 1Co 15:3, 4; 2Co 3:18; 5:17-
19; Fp 2:5-11; CI 1:15-19; Hb 2:9-18; 8:1, 2).
A história de Charles Templeton, ex-pastor e grande evangelista, que, apesar de ter
rejeitado a fé em Deus, jamais conseguiu se desvincular da figura de Jesus, ilustra o
irresistível poder do Deus encarnado. Após se tornar agnóstico, Templeton, em uma
entrevista no final de sua vida, admitiu sentir saudades de Jesus, reconhecendo-O
como o ser humano mais extraordinário que já existiu. Esse relato intrigante revela
que, mesmo aqueles que se afastam de Deus, ainda podem ser atraídos por Cristo
— a ponte que une o Céu e a Terra, o elo divino que toca profundamente o coração
humano (João 12:32).
1. A DIVINDADE DO FILHO
Desde a eternidade, Jesus Cristo, o Filho de Deus, compartilha da mesma essência
divina que o Pai e o Espírito Santo. A doutrina da Trindade revela a unidade da
divindade, onde Pai, Filho e Espírito Santo coexistem em perfeita harmonia e
igualdade. O Filho não foi criado; Ele é coeterno com o Pai, sendo descrito como
o Verbo que “estava com Deus e era Deus” (João 1:1). Jesus é apresentado como
o “resplendor da glória de Deus e a expressão exata do seu ser” (Hebreus 1:3),
indicando Sua imutabilidade e eternidade, ou seja, Sua existência transcende o
tempo e a criação.
Doutrinas Fundamentais 17
A divindade de Cristo é reafirmada de diversas maneiras nas Escrituras. No Novo
Testamento, Jesus realiza obras que só Deus pode fazer: Ele perdoa pecados (Marcos
2:5-7), acalma tempestades (Marcos 4:39), ressuscita mortos (João 11:43) e declara ser
“um com o Pai” (João 10:30). No Antigo Testamento, várias passagens antecipam Sua
divindade, como no Salmo 110:1, onde o Messias é convidado a sentar-se à direita de
Deus, um lugar reservado para a Divindade. O profeta Isaías também O chama de
“Deus Forte” e “Pai da Eternidade” (Isaías 9:6), títulos que evidenciam Sua natureza
divina. Quando Jesus afirma: “antes que Abraão existisse, Eu Sou” (João 8:58), Ele
reivindica Sua divindade eterna, identificando-se com o nome sagrado de Deus
revelado a Moisés (Êxodo 3:14).
18 Doutrinas Fundamentais
– Jesus no livro de Filipenses
◊ Fl 2:5-8 - Jesus, existindo na forma de Deus (do grego morphé, que indica Seus
atributos divinos essenciais), escolheu abrir mão de Seus privilégios e assumir
a natureza humana, tomando a forma de servo para nos salvar. Esse ato de
humildade e sacrifício reflete a profundidade de Seu amor e compromisso com
a redenção da humanidade.
2. A HUMANIDADE DO FILHO
– Os Motivos da Encarnação
A encarnação de Cristo está diretamente relacionada ao pecado de Adão. Quando
o primeiro Adão pecou, toda a humanidade foi afetada, herdando uma natureza
caída e separada de Deus. Jesus, como o “segundo Adão” (1 Coríntios 15:45),
veio para restaurar o que foi perdido. Motivada pelo amor redentor de Deus, a
encarnação tinha como objetivo reconciliar a humanidade com o Criador. Embora
Cristo fosse divino, Ele “esvaziou-se a si mesmo” (Filipenses 2:7), assumindo a
forma de servo e tornando-se plenamente humano.
Como o segundo Adão, Jesus se tornou nosso modelo, demonstrando que a justiça
divina é perfeita e que a obediência é possível e essencial para a vida humana.
Contudo, além de ser um exemplo para nós, Ele é, acima de tudo, nosso Salvador.
Ao viver uma vida sem pecado, Cristo não apenas representou a humanidade, mas
tornou-se o sacrifício perfeito, capaz de redimir a todos. Sua vitória sobre o pecado
e a morte trouxe a esperança da vida eterna para todos aqueles que crerem nEle.
Adão Jesus
Perfeito Perfeito
Doutrinas Fundamentais 19
– Verdadeiramente Homem
Na história do Cristianismo, algumas pessoas tiveram dificuldade em compreender
plenamente a humanidade de Cristo, chegando até mesmo a contestá-la. Marcião
de Sinope, no século II d.C., promoveu o docetismo, a crença de que Jesus apenas
parecia ser humano, pois o material era visto como mau e incompatível com o
divino. Ele acreditava que Cristo, sendo puramente divino, não era um ser humano
de verdade, e não poderia ter sofrido ou morrido de forma real. Esse ensinamento
influenciou significativamente o cristianismo ao longo da história.
3. AS PROFECIAS MESSIÂNICAS
As Escrituras do Antigo Testamento apontam de forma consistente para a vinda
do Messias, e Cristo cumpriu essas profecias com precisão. O plano de resgate
da humanidade foi estabelecido por Deus antes mesmo da entrada do pecado no
mundo. Esse plano envolvia Cristo assumir a natureza humana e, como o Cordeiro
de Deus, morrer em nosso lugar, pagando o preço do pecado e oferecendo-nos a
redenção (Apocalipse 13:8).
20 Doutrinas Fundamentais
Profecia messiânica do AT Cumprimento em Jesus no NT
Doutrinas Fundamentais 21
completando Sua obra de salvação ao resgatar aqueles que aceitaram a graça oferecida
na cruz. Na obra de salvação, Jesus é o Cordeiro de Deus, nosso Sumo Sacerdote e o Rei
Eterno – o Leão da tribo de Judá (Apocalipse 5).
PARA REFLETIR
“Em Cristo há vida original, não emprestada, não derivada. ‘Quem tem o Filho tem a vida.’ 1
João 5:12. A divindade de Cristo é a certeza de vida eterna para o crente. ‘Aquele que crê em
Mim’, disse Jesus, ‘ainda que morra, viverá.’ ‘Eu sou a ressurreição e a vida.’ João 11:25. Cristo
considerou Sua vida humana uma vida a ser oferecida, um sacrifício. Ele foi investido com o
poder de depor Sua vida e tomá-la de novo. Disse Ele: ‘Por isso o Pai Me ama, porque Eu dou
a Minha vida para tornar a tomá-la. Ninguém ma tira de Mim, mas Eu de Mim mesmo a dou.
Tenho poder para a dar, e poder para tornar a tomá-la.’ João 10:17, 18.”(Ellen White, O Desejado
de Todas as Nações, p. 530).
22 Doutrinas Fundamentais
4 O ESPÍRITO
SANTO
Deus, o Espírito Santo, desempenhou uma parte ativa com o Pai e o Filho na criação, encarnação
e redenção. Ele é uma pessoa tanto quanto o Pai e o Filho. Inspirou os escritores das Escrituras.
Encheu de poder a vida de Cristo. Atrai e convence os seres humanos; e os que se mostram
sensíveis são renovados e transformados por Ele à imagem de Deus. Enviado pelo Pai e pelo
Filho para estar sempre com Seus filhos, Ele concede dons espirituais à igreja, a habilita a dar
testemunho de Cristo e, em harmonia com as Escrituras, guia-a em toda a verdade (Gn 1:1, 2; 2Sm
23:2; SI 51:11; Is 61:1; Lc 1:35; 4:18; Jo 14:16-18, 26; 15:26; 16:7-13; At 1:8; 5:3; 10:38; Rm 5:5; 1Co 12:7-11;
2Co 3:18; 2Pe 1:21).
Muitas pessoas acreditam que o Espírito Santo seja apenas uma energia que provém
de Deus, enquanto outros o identificam como uma simples designação que se
refere ao próprio Deus Pai. No entanto, será que as Escrituras realmente indicam
que o Espírito é apenas uma força impessoal? Ou a Bíblia apresenta evidências de
que o Espírito Santo é uma pessoa real, distinta, e parte da Trindade? Se assim for,
qual é o papel do Espírito Santo na divindade, na redenção e na vida do crente?
O Espírito Santo é apresentado nas Escrituras como uma pessoa divina com
Doutrinas Fundamentais 23
atributos distintos que vão além de uma simples força ou influência. Sua
pessoalidade é confirmada pelas Escrituras, onde Ele é descrito como ensinando
(João 14:26), guiando (João 16:13), intercedendo (Romanos 8:26) e possuindo
sentimentos como o de ser entristecido (Efésios 4:30). No Novo Testamento, Ele
desempenha um papel ativo na vida da igreja e na vida pessoal dos crentes,
reforçando Sua individualidade. O Espírito fala (Apocalipse 2:7), ama (Romanos
15:30) e tem vontade própria (1 Coríntios 12:11), revelando que Ele não é apenas
uma manifestação de poder divino, mas uma pessoa que age de forma consciente
e relacional.
Além disso, o Espírito Santo é aquele que nos consola e nos convence do pecado,
da justiça e do juízo (João 16:8). Essa atividade pessoal e dinâmica revela que Ele
interage diretamente com os seres humanos, guiando-os na verdade e auxiliando-
os em suas fraquezas. Esse papel de consolador também se relaciona diretamente
à missão de Cristo, que, ao ascender ao céu, prometeu enviar o Espírito para
continuar Sua obra (João 14:16-17). Dessa forma, o Espírito Santo é uma presença
ativa e pessoal na caminhada cristã, levando os crentes a uma relação mais
profunda com Deus.
Sua divindade é evidenciada pelo fato de que Ele é apresentado com os mesmos
atributos que Deus. Ele é onipotente (Lucas 1:35), onisciente (1 Coríntios 2:10-11) e
onipresente (Salmos 139:7-10). Além disso, o Espírito Santo participou da criação
(Gênesis 1:2) e da ressurreição de Cristo (Romanos 8:11), revelando Sua participação
ativa em momentos fundamentais da história da salvação.
Em Mateus 28:19, na Grande Comissão, Jesus ordena que o batismo seja realizado
“em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”, colocando o Espírito em igualdade
com as outras duas pessoas da Trindade. Em muitos outros textos vemos o Espírito
Santo sendo colocado ao lado do Pai e do Filho como num estado de igualdade na
estrutura da divindade (I Cor 12:4-6; Ef 4:4-6; I Pd 1:2).
24 Doutrinas Fundamentais
Atributos divinos do Espírito Santo:
Doutrinas Fundamentais 25
atuação do Espírito Santo fosse mais restrita a certas pessoas e momentos, já havia
a promessa de uma manifestação mais plena no futuro, como predito em Joel 2:28-
29, tendo seu cumprimento inicial no Pentecostes e pleno momentos antes da
vinda de Cristo.
Além desses atributos, o Espírito Santo também é caracterizado por Sua santidade
e fidelidade, conduzindo os crentes em um caminho de transformação espiritual.
Sua obra é interna e contínua, levando os filhos de Deus a viverem uma vida de
obediência e submissão à vontade divina. Ele é o agente da santificação, moldando
o caráter dos crentes de acordo com o caráter de Cristo (Romanos 15:16).
O Espírito Santo, portanto, é o elo vital entre Cristo e os crentes. Ele continua o ministério
de Cristo na terra, aplicando os méritos da redenção à vida dos crentes e capacitando-
26 Doutrinas Fundamentais
os para serem testemunhas do reino de Deus. Na perspectiva bíblica, essa obra é
fundamental na preparação dos crentes para a segunda vinda de Cristo, pois é o Espírito
que transforma o caráter e concede poder para a missão.
Além disso, o Espírito Santo atuará no selamento dos fiéis, preparando-os para a vinda
de Cristo e para resistir às provas que virão no tempo de angústia. Segundo Efésios
4:30, os crentes devem ser “selados para o dia da redenção”, e este selo é um sinal de
pertencimento a Deus, garantido pela atuação do Espírito. A atuação do Espírito no
tempo do fim também envolve a purificação e santificação dos crentes, equipando-os
espiritualmente para enfrentarem os enganos de Satanás e se manterem firmes em meio
à perseguição, culminando no evento culminante da história humana — a segunda
vinda de Cristo.
PARA REFLETIR
Ao pecado só se poderia resistir e vencer por meio da poderosa atuação da terceira pessoa
da Divindade, a qual não viria com energia modificada, mas na plenitude do divino poder. É o
Espírito que torna eficaz o que foi realizado pelo Redentor do mundo. É por meio do Espírito
que o coração é purificado. Por Ele, o crente torna-se participante da natureza divina. Cristo
deu Seu Espírito como um poder divino para vencer todas as tendências hereditárias e
cultivadas para o mal, e para gravar Seu próprio caráter em Sua igreja. (Ellen White, The
Review and Herald, 19 de Novembro de 1908).
Doutrinas Fundamentais 27
2ª Parte
A DOUTRINA DO HOMEM
28 Doutrinas Fundamentais
5 A NATUREZA DA
HUMANIDADE
Assim, a humanidade tem perdido de vista sua origem e seu propósito existencial. Qual
é a verdadeira identidade do homem segundo a perspectiva bíblica? Como as Escrituras
explicam a complexidade estrutural e essencial da vida humana, e qual é a esperança
que elas oferecem para a humanidade?
1. A ORIGEM DO HOMEM
• Criado por Deus
Deus é o Criador da humanidade, e a criação do ser humano foi um ato especial e
intencional. Em Gênesis 1:26-27, vemos que Deus deliberou criar o homem à Sua
Doutrinas Fundamentais 29
imagem, conferindo-lhe um valor e dignidade singulares. Diferente dos animais, que
foram criados por simples palavras de comando, o homem foi formado do pó da terra
(Gênesis 2:7), e Deus soprou em suas narinas o fôlego da vida, fazendo-o uma “alma
vivente”. Este ato pessoal e íntimo demonstra o cuidado e a intenção de Deus ao criar
o ser humano como um ser único, dotado de inteligência, moralidade e capacidade de
relacionamento com o Criador, com outros seres humanos e com as demais criaturas.
2. A NATUREZA HUMANA
• Unidade Indivisível
A natureza humana é uma unidade indivisível de corpo, mente e espírito. Gênesis 2:7
revela que o homem não se tornou um ser vivente até que Deus soprou o fôlego de vida
em seu corpo físico. Isso reflete a visão bíblica de que o ser humano é uma unidade
integral, e não a soma de partes separadas. O conceito de que o corpo é apenas uma
“cápsula” para a alma não encontra suporte nas Escrituras. Na visão bíblica, a alma
não é uma entidade separada do corpo, mas o resultado da união do corpo físico com o
fôlego divino. O pensamento dualista enraizado na cultura filosófica grega, que separa
corpo e alma, é rejeitado tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, sendo a unidade
do ser humano uma característica central na teologia bíblica.
30 Doutrinas Fundamentais
restaurado na ressurreição. A Bíblia ensina que o corpo humano será transformado e
glorificado no retorno de Cristo, quando os mortos em Cristo ressuscitarão incorruptíveis
(1 Coríntios 15:51-53). Essa transformação evidencia o valor que Deus atribui ao corpo
humano, não apenas como um recipiente temporário, mas como parte integral da
identidade do ser humano.
Doutrinas Fundamentais 31
• Criado para relacionamento com outros
Desde o início, Deus reconheceu que “não é bom que o homem esteja só” (Gênesis
2:18). O ser humano foi criado para viver em comunidade, em relacionamentos de
amor e respeito (I Coríntios 13). O casamento e a família são expressões primordiais
dessa necessidade de relacionamento, mas também se estendem à comunidade maior
(Efésios 5:22-33). O relacionamento com outros reflete o relacionamento entre as pessoas
da Trindade, que vivem em eterna comunhão.
4. A QUEDA DO HOMEM
• A Origem do Pecado
O pecado entrou no mundo pela desobediência de Adão e Eva no Jardim do Éden (Gênesis
3). Ao desobedecerem à ordem de Deus, escolheram seguir seus próprios desejos em
vez da vontade divina. Essa escolha trouxe consequências devastadoras para toda a
humanidade, separando o homem de Deus e introduzindo a morte, o sofrimento e a
corrupção no mundo (Romanos 5:12; 6:23).
• O Impacto do Pecado
a. Consequências imediatas
Imediatamente após a queda, Adão e Eva experimentaram a separação de Deus, que
resultou em sentimentos de vergonha, medo e culpa. A harmonia que existia entre o
homem e Deus foi rompida, e o pecado introduziu sofrimento, dor e morte no mundo.
A comunhão direta com Deus foi substituída por uma consciência pesada e uma
tendência natural à autossuficiência, afastando ainda mais o homem de seu Criador
(Gênesis 3:7-24).
b. O caráter do pecado
O pecado não é apenas uma transgressão de regras, mas uma condição que corrompe
a totalidade da existência humana. De acordo com Romanos 3:23, “todos pecaram e
destituídos estão da glória de Deus”. O pecado original introduziu uma inclinação ao
32 Doutrinas Fundamentais
mal no coração humano, afetando suas decisões e pensamentos. Mesmo que a imagem
de Deus no homem não tenha sido completamente destruída, ela foi severamente
distorcida. O pecado é uma força que perverte os relacionamentos, tanto com Deus
quanto com outros seres humanos, impedindo que o homem cumpra o propósito
original para o qual foi criado (Isaías 59:2).
c. Efeitos do pecado
Os efeitos do pecado não se limitam apenas à separação de Deus, mas também impactam
todas as áreas da vida humana: o físico, o mental e o espiritual. A morte entrou no mundo
como o maior inimigo da humanidade, pois o salário do pecado é a morte (Romanos
6:23). Além disso, o pecado resultou na deterioração moral, na violência, no egoísmo
e na degradação do meio ambiente. No entanto, mesmo em meio à corrupção, a graça
de Deus age para redimir e restaurar a criação. Mesmo diante dos efeitos devastadores
do pecado, o plano de redenção estava em ação desde o princípio, prometendo uma
restauração completa através de Jesus Cristo.
5. A RESTAURAÇÃO DO HOMEM
• O Concerto da Graça
O concerto da graça não foi uma solução improvisada após a queda , pois foi estabelecido
antes mesmo da queda do homem (Efésios 1:4; Apocalipse 13:8), e apresentado ao
homem logo após a sua queda. Deus anunciou o plano de redenção, prometendo que
o descendente da mulher esmagaria a cabeça da serpente (Gênesis 3:15). Esse concerto
é a promessa de que Deus, em Sua misericórdia, proveria uma solução para o problema
do pecado. O concerto foi renovado ao longo das Escrituras, desde Noé (Gênesis 9:9),
até Abraão (Gênesis 12:1-3), culminando em Cristo, o Salvador prometido, que se tornou
a nossa justiça e expiação pelos pecados. O concerto da graça é visto como a expressão
Doutrinas Fundamentais 33
da fidelidade de Deus para com Seu povo, sendo Cristo o centro deste pacto, no qual a
restauração plena da humanidade está garantida.
• A Renovação do Concerto
Ao longo da história bíblica, Deus renovou Seu concerto com a humanidade,
reafirmando Suas promessas de redenção e restauração. Desde o concerto com Abraão,
que envolvia a promessa de que através de sua descendência todas as nações seriam
abençoadas (Gênesis 12:3), até os concertos posteriores com Israel, o plano de salvação
foi progressivamente revelado. Esses concertos apontavam para o Messias vindouro,
que selaria o novo pacto com Seu próprio sangue. Essa renovação constante do pacto é
um lembrete da fidelidade de Deus para com Seu povo, mesmo em meio à infidelidade
humana.
O Espírito Santo é apresentado nas Escrituras como uma pessoa divina com atributos
distintos que vão além de uma simples força ou influência. Sua pessoalidade é
confirmada pelas Escrituras, onde Ele é descrito como ensinando
PARA REFLETIR
“Quando foi criado, o homem trazia a imagem e a inscrição de Deus. E conquanto agora
manchado e desfigurada pela influência do pecado, permanece em toda a alma os traços
desta inscrição. Deus deseja recobrar essa alma e sobre ela gravar a Sua própria imagem em
justiça e santidade” Ellen White , Parábolas de Jesus, 194.
34 Doutrinas Fundamentais
Doutrinas Fundamentais 35
3ª Parte
A DOUTRINA DA SALVAÇÃO
36 Doutrinas Fundamentais
6 O GRANDE
CONFLITO
Toda a humanidade está agora envolvida no grande conflito entre Cristo e Satanás quanto ao
caráter de Deus, Sua lei e Sua soberania sobre o Universo. Esse conflito se originou no Céu
quando um ser criado, dotado de liberdade de escolha, por exaltação própria, tornou-se Satanás,
o adversário de Deus, e conduziu à rebelião uma parte dos anjos.
Ele introduziu o espírito de rebelião neste mundo, ao induzir Adão e Eva ao pecado. Esse pecado
humano resultou na deformação da imagem de Deus na humanidade, no transtorno do mundo
criado e em sua consequente devastação por ocasião do dilúvio global, conforme retratado no
relato histórico de Gênesis 1 a 11. Observado por toda a criação, este mundo se tornou o palco
do conflito universal, dentro do qual será finalmente vindicado o Deus de amor. Para ajudar
Seu povo nesse conflito, Cristo envia o Espírito Santo e os anjos leais para os guiar, proteger e
amparar no caminho da salvação (Gn 3; 6-8; Jó 1:6-12; Is 14:12-14; Ez 28:12-18;
Rm 1:19-32; 3:4; 5:12-21; 8:19-22; 1Co 4:9: Hb’1:14; 1Pe 5:8; 2Pe 3:6; Ap 12:4-9).
Algumas batalhas deixaram marcas profundas na história humana, com impactos que
ainda ressoam na sociedade. A Segunda Guerra Mundial (1939-1945) é considerada
a guerra mais mortal de todas, com cerca de 80 milhões de mortos. Por outro lado,
algumas guerras são lembradas pela longa duração, como a Guerra dos Cem Anos (1337-
1453), travada entre os reinos da Inglaterra e da França. No entanto, a Bíblia apresenta
conflitos que impactaram diretamente o povo de Deus, e nenhum é mais significativo do
que o Grande Conflito entre Cristo e Satanás.
Esse conflito, iniciado com o surgimento do pecado, envolve não apenas nosso planeta,
mas todo o universo, que observa atentamente seu desenrolar. Através das Escrituras,
podemos compreender a origem desse conflito, seu desenvolvimento ao longo da
história e, mais importante, o seu desfecho. O Grande Conflito não é apenas uma batalha
terrena; ele carrega consequências eternas e cósmicas.
Doutrinas Fundamentais 37
1. A VISÃO CÓSMICA DO GRANDE CONFLITO
• A Origem do Conflito
Os anjos, conforme descritos nas Escrituras, foram criados por Deus antes da
humanidade, com um propósito específico. Seres celestiais, eles foram destinados a
servir a Deus e a executar Suas ordens, podendo desfrutar de íntimo relacionamento
com o Criador, desempenhando um papel essencial tanto no governo divino quanto na
adoração celestial.
Lúcifer argumentou que a lei de Deus era desnecessária e que os seres criados deveriam
ter maior liberdade. Essas insinuações levaram à rebelião a terça parte dos anjos,
resultando em uma batalha espiritual sem precedentes. Lúcifer e seus seguidores foram
expulsos do Céu, lançados à Terra, onde o conflito continuou (Apocalipse 12:1- 4). Ao ser
expulso do Céu, Lúcifer trouxe esse conflito para a Terra, onde sua intenção de corromper
a humanidade e fazer do nosso planeta o seu quartel general.
• O Conflito na Terra
Após sua expulsão, Satanás direcionou sua rebelião contra os seres humanos, tentando-
os no Jardim do Éden. Ele usou a serpente para enganar Eva, insinuando que Deus
estava retendo algo bom deles e que, ao comerem do fruto proibido, seriam “como Deus”
(Gênesis 3:5). Adão e Eva, ao desobedecerem a Deus, tornaram-se pecadores e abriram
as portas para que o pecado entrasse no mundo. Como consequência, a imagem de Deus
na humanidade foi distorcida, e toda a criação começou a sofrer os efeitos do pecado
(Romanos 8:22).
O conflito que começou no Céu agora se manifestava na Terra, e o homem, feito à imagem
de Deus, tornou-se o objeto da intensa batalha entre as forças do bem e do mal. A Terra
se tornou o campo de batalha onde se desdobraria o conflito entre Cristo e Satanás. O
38 Doutrinas Fundamentais
que estava em jogo não era apenas o futuro da humanidade, mas a própria vindicação
do caráter de Deus.
Satanás tentou incansavelmente levar Cristo a transgredir a lei, e essa investida foi
intensificada no deserto da tentação. Contudo, Satanás fracassou, pois em cada prova,
Cristo se apegou à Palavra de Deus para vencê-lo (Mateus 4:1-10). A obediência de
Cristo é oferecida a cada crente, e através de Sua justiça imputada, os pecadores podem
ser reconciliados com Deus. Jesus não apenas viveu uma vida de perfeita obediência,
mas Sua morte garantiu que Sua justiça fosse imputada a todo aquele que Nele crê (2
Coríntios 5:21).
Doutrinas Fundamentais 39
busca impedir que as pessoas O reconheçam como Deus. Admitir a divindade de Cristo
implicaria a necessidade de adorá-Lo como Senhor.
C. S. Lewis, em seu livro Cristianismo Puro e Simples, refletiu com brilhantismo sobre a
responsabilidade que cada um de nós tem ao definir quem Jesus realmente é:
“Estou tentando impedir que alguém repita a rematada tolice dita por muitos a seu
respeito: ‘Estou disposto a aceitar Jesus como um grande mestre da moral, mas não
aceito a sua afirmação de ser Deus.’ Essa é a única coisa que não devemos dizer. Um
homem que fosse somente um homem e dissesse as coisas que Jesus disse não seria um
grande mestre da moral. Seria um lunático – no mesmo grau de alguém que pretendesse
ser um ovo cozido — ou então o diabo em pessoa. Faça a sua escolha. Ou esse homem
era, e é, o Filho de Deus, ou não passa de um louco ou coisa pior. Você pode querer
calá-lo por ser um louco, pode cuspir nele e matá-lo como a um demônio; ou pode
prosternar-se a seus pés e chamá-lo de Senhor e Deus. Mas que ninguém venha, com
paternal condescendência, dizer que ele não passava de um grande mestre humano.
Ele não nos deixou essa opção, e não quis deixá-la. […] Agora, parece-me óbvio que Ele
não era nem um lunático nem um demônio, consequentemente, por mais estranho,
assustador e inacreditável que possa parecer, tenho que aceitar a ideia de que Ele era e é
Deus.” [Lewis, C. S. Cristianismo Puro e Simples. Editora Martins Fontes, 2005, p. 54-55].
Jesus Cristo é a figura central no conflito entre o bem e o mal. Ele é a segunda pessoa
da Trindade, o Verbo que se fez carne e habitou entre nós (João 1:14). Como Criador, Ele
assumiu a forma humana para ser o representante da humanidade e, como Salvador,
Ele trouxe redenção à humanidade por meio de Sua morte na cruz. A identidade divina
e humana de Cristo faz Dele o único que pode mediar entre Deus e o homem. Jesus é o
centro de todas as coisas, aquele que uniu o Céu e a Terra, reconectando a humanidade
caída ao seu Criador (Romanos 11:36).
40 Doutrinas Fundamentais
A doutrina do grande conflito é o tema central que permeia toda a Bíblia, unificando suas
diversas narrativas. Desde o Gênesis até o Apocalipse, as Escrituras revelam a batalha
cósmica entre Cristo e Satanás, entre o bem e o mal, culminando na vitória definitiva de
Deus sobre o pecado e na restauração da criação. Assim como a tampa de um quebra-
cabeça revela a imagem completa, essa doutrina proporciona a visão abrangente que
permite a compreensão de todas as partes da narrativa bíblica. Através dela, podemos
entender o propósito geral da revelação divina e sua mensagem de salvação. O grande
conflito oferece a chave para interpretar o desenvolvimento do plano de salvação e a
resposta final de Deus ao problema do pecado. Sem essa compreensão, a Bíblia carece
de um eixo unificador, e sua mensagem pode parecer fragmentada e desconexa.
• A Vigilância Pessoal
A compreensão do grande conflito nos chama a uma vida de constante vigilância
espiritual. Satanás, sabendo que seu tempo é curto (Apocalipse 12:12), intensifica seus
esforços para destruir a fé dos crentes e afastá-los de Deus. Como seguidores de Cristo,
somos chamados a estar atentos às tentações, sabendo que estamos em meio a uma
batalha que envolve não apenas questões terrenas, mas também consequências eternas
(Efésios 6:10-18). O conflito cósmico nos alerta para a necessidade de uma constante
prontidão e de mantermos uma ligação inabalável com Cristo, pois é somente nEle que
encontramos vitória sobre o pecado e proteção contra as forças das trevas.
Doutrinas Fundamentais 41
justiça e amor de forma suprema, e as verdadeiras intenções de Satanás foram expostas
perante todo o universo. A cruz não foi apenas o ato de redenção para a humanidade,
mas também a revelação definitiva do caráter de Deus e o juízo contra o pecado. A
cruz foi o evento central do grande conflito, onde Cristo conquistou a vitória final sobre
Satanás, vindicando a justiça de Deus e abrindo o caminho para a restauração de todas
as coisas (I Coríntios 1:18-24).
PARA REFLETIR
“No grande conflito final, como em todas as eras anteriores, Satanás empregará os mesmos
expedientes, manifestará o mesmo espírito, e trabalhará para o mesmo fim. Aquilo que foi,
será, com a exceção de que a luta vindoura se assinalará por uma intensidade terrível, tal
como o mundo jamais testemunhou. Os enganos de Satanás serão mais sutis, seus assaltos
mais decididos. Se possível fora, transviaria os escolhidos” (Ellen White. O Grande Conflito)
42 Doutrinas Fundamentais
7 A EXPERIÊNCIA
DA SALVAÇÃO
Em infinito amor e misericórdia, Deus fez com que Cristo, que não conheceu pecado, Se tornasse
pecado por nós, para que Nele fôssemos feitos justiça de Deus. Guiados pelo Espírito Santo,
sentimos nossa necessidade, reconhecemos nossa pecaminosidade, arrependemo-nos de
nossas transgressões e temos fé em Jesus como salvador e senhor, substituto e exemplo. Essa
fé salvadora advém do divino poder da Palavra e é o dom da graça de Deus. Por meio de Cristo,
somos justificados, adotados como filhos e filhas de Deus, e libertados do domínio do pecado.
Por meio do Espírito, nascemos de novo e somos santificados; o Espírito renova nossa mente,
escreve a lei de Deus, a lei de amor, em nosso coração, e recebemos o poder para levar uma vida
santa. Permanecendo Nele, tornamo-nos participantes da natureza divina e temos a certeza da
salvação agora e no juízo (Gn 3:15; Is 45:22; 53; Jr 31:31-34; Ez 33:11; 36:25-27;Hc 2:4; Mc 9:23, 24;
Jo 3:3-8, 16; 16:8; Rm 3:21-26; 8:1-4, 14-17; 5:6-10; 10:17; 12:2; 2Co 5:17-21; GI 1:4; 3:13, 14, 26; 4:4-7; Ef
2:4-10; CI 1:13, 14; Tt 3:3-7; Hb 8:7-12; 1Pe 1:23; 2:21, 22; 2Pe 1:3, 4; Ap 13:8).
Certa vez, um renomado alpinista foi questionado sobre as razões de enfrentar montanhas
perigosas, desafiando o frio, o vento e o cansaço. Com simplicidade, ele respondeu:
“Porque cada passo me leva mais perto do topo. A jornada é árdua, mas o objetivo de
alcançar o topo faz cada dificuldade valer a pena”. Essas palavras ilustram perfeitamente
o processo da salvação. De acordo com o ensinamento bíblico, a experiência da salvação
não é um evento instantâneo ou estático, mas uma jornada de crescimento contínuo.
Cada passo que damos em nossa vida espiritual nos aproxima do objetivo final: a
restauração completa da imagem de Deus em nós. Assim como o alpinista enfrenta os
desafios da montanha, enfrentamos os efeitos do pecado em nossa caminhada, mas
somos fortalecidos pela graça de Cristo. A promessa é que, um dia, alcançaremos o
“topo” – uma transformação plena que envolverá tanto nossa vida espiritual quanto
física, completando o plano divino de redenção.
Doutrinas Fundamentais 43
• Conquistas passadas (Alcançadas por intermédio da vitória de Cristo na cruz).
• Conquistas presentes (Realizadas em nós através da mediação sacerdotal de Cristo).
• Conquistas futuras (Desfrutadas em breve quando Cristo retornar como Rei Eterno).
1. ARREPENDIMENTO
O arrependimento, conforme descrito na Bíblia, envolve tanto tristeza pelo pecado
quanto uma mudança de mentalidade e atitude em relação a Deus.
• Mateus 3:1-2
• Atos 2:37-38
• Atos 3:19
• Romanos 2:4
• Significados do Arrependimento:
Hebraico - ( ַםחָנnacham): Essa palavra carrega a ideia de sentir pesar, remorso
ou tristeza profunda por uma ação cometida. Está associada a uma mudança
emocional, um sentimento de tristeza ou contrição por algo errado que foi feito.
Grego - μετανοέω (metanoeo): Essa palavra é usada no Novo Testamento para
“arrependimento”, e tem um significado profundo e abrangente. Literalmente
composta por duas partes – “meta”, que significa “além”, “após” ou “mudança”,
e “noeo”, que se refere a “pensamento” ou “mente” – o termo transmite a ideia de
uma “mudança de mente” ou “mudança de pensamento”. No contexto bíblico, essa
mudança envolve uma transformação profunda que afeta tanto o entendimento
quanto a atitude, levando a uma nova direção de vida, em conformidade com a
vontade de Deus.
O verdadeiro arrependimento inclui ambos: tristeza por ter pecado e uma
transformação de atitude. Essa obra é realizada por Deus em nossos corações, e
cabe a nós permitirmos Sua atuação em nossas vidas (Salmo 51:1-3,5,10). Somente
a intercessão de Cristo nos torna aptos a receber as bênçãos divinas (João 15:5), e o
maior incentivo ao arrependimento é o amor de Deus revelado na cruz (Romanos
5:7-8).
2. JUSTIFICAÇÃO
A palavra justificação, usada na bíblia, é uma tradução para o português da palavra
grega “dikaioma”, que significa “Exigência de justiça”. Essa palavra está associada a
outra, “dikaiosis”, cujo significado é “vindicação”, “absolvição”. Assim, A justificação
é o ato de Deus declarar os pecadores justos por meio da obra redentora de Cristo. Ele
tomou sobre Si a nossa culpa e, em troca, nos concede Sua justiça perfeita.
44 Doutrinas Fundamentais
• 2 Coríntios 5:21
• Tito 3:5
Cristo sofreu a morte que merecíamos e nos oferece Sua obediência perfeita, a qual só
pode ser recebida pela fé. Nenhuma ação humana pode nos tornar dignos de sermos
declarados justos diante de Deus. Ao aceitar Jesus como Senhor e Salvador, Deus não
nos vê como somos, mas vê em nós a justiça de Cristo – estamos cobertos pelo sangue
do Cordeiro. Em Cristo somos justificados; aceitos novamente por Deus !
✓ Justificação Ativa: É a obra completa de Cristo, na qual a humanidade não coopera. Ela
ocorre por meio de Sua intercessão e nos reconcilia com Deus (2 Coríntios 5:19).
✓ Justificação Passiva (Santificação): Envolve a transformação contínua de nosso caráter
pela ação de Deus em nós. Exige a nossa permissão para que Ele molde nossa vida,
transformando atos e pensamentos, e nos conformando à Sua vontade.
3. FÉ E OBRAS
• Hebreus 11:8-10
• Tiago 2:17-26
Embora possa parecer que Paulo e Tiago estão em contradição, na verdade, suas
afirmações são complementares. A fé, como vimos no exemplo de Abraão, é o fator
motivador das ações justas (Hebreus 11). Por outro lado, as obras genuínas são o fruto
natural de uma fé verdadeira (Tiago 2:24).
4. O PROCESSO DE SANTIFICAÇÃO
• 1 Pedro 1:15-16
• 1 Tessalonicenses 4:3,7
• Hebreus 12:14
Doutrinas Fundamentais 45
5. ADOÇÃO NA FAMÍLIA DE DEUS
• João 8:42-45
• Romanos 8:15-17
Quando Adão e Eva pecaram, a humanidade foi separada de Deus, e a paternidade divina
foi desafiada. O homem tornou-se vítima do poder de Satanás e do pecado, perdendo
a intimidade com o Criador. Contudo, pela vitória de Cristo na cruz, essa condição foi
transformada. Ao confessarmos Jesus como nosso Senhor e Salvador, somos libertos
dessa escravidão e adotados novamente como filhos de Deus. A humanidade de Cristo
garante nossa filiação divina, e Sua vitória sobre o pecado nos dá o direito de viver
plenamente como filhos adotivos de Deus, restaurando o relacionamento quebrado no
Éden.
Em Cristo, nosso passado é totalmente apagado, e nada pode ser usado contra nós, pois
estamos plenamente unidos a Ele. O perdão de Deus é completo e definitivo. Assim,
Cristo nos concede uma nova vida, onde as coisas antigas ficam para trás, permitindo-
nos viver um presente de vitórias. Além disso, um futuro glorioso de recompensas
eternas nos aguarda em Sua presença.
7. A PERFEIÇÃO CRISTÃ
• Mateus 5:48
• Gênesis 6:9 (Noé)
• Gênesis 17:1 (Abraão)
• João 15:5
Jesus nos chama à perfeição, mas não à perfeição absoluta e infinita, como a de Deus.
Dentro de nossa esfera humana, somos convocados a viver de acordo com toda a
luz e conhecimento que recebemos de Deus. Essa perfeição, que Cristo nos propõe,
está relacionada à nossa disposição de obedecer e viver em conformidade com a
vontade divina, à medida que a conhecemos. Ainda que, neste mundo, não vivamos
completamente livres do pecado, em Cristo estamos em um processo contínuo de
crescimento rumo à santidade.
Esse chamado à perfeição não significa que devemos atingir um estado de impecabilidade
por nossos próprios esforços, mas sim que, ao nos submetermos à transformação
operada pelo Espírito Santo, nos tornamos cada vez mais semelhantes a Jesus. Nossa
perfeição é, na verdade, uma resposta à obra redentora de Cristo, sendo aperfeiçoada
por Sua própria perfeição. É a justiça de Cristo que, aplicada à nossa vida, nos torna
46 Doutrinas Fundamentais
aceitáveis diante de Deus. Assim, o Pai nos vê não por nossos méritos, mas através da
obediência perfeita e do sacrifício de Seu Filho, que completa em nós o que, sozinhos,
jamais alcançaríamos.
A experiência da salvação não se limita à vida presente. Deus deseja que nossa alegria
seja completa em Cristo, abrangendo o passado, presente e futuro. A restauração plena
da imagem de Deus em nós só será completa com a destruição final do pecado e a
glorificação dos santos. Em Cristo, já temos a certeza da vida eterna, mesmo antes de
recebê-la plenamente. Nele, não apenas temos esperança, mas a certeza da salvação
agora. Mesmo antes da glorificação final, podemos experimentar um vislumbre da vida
eterna. O amor e a graça de Deus nos alcançaram, e nossa resposta deve ser viver em
comunhão contínua com Ele, renovando diariamente nossa fé e compromisso com o
Salvador.
PARA REFLETIR
“A vida em Cristo é uma vida de descanso. Pode não haver êxtase de sentimentos, mas deve
existir uma constante, serena confiança. Vossa esperança não está em vós mesmos; está em
Cristo. Vossa fraqueza se acha unida à Sua força, vossa ignorância à Sua sabedoria, vossa
fragilidade ao Seu eterno poder. Não deveis, pois, olhar para vós mesmos, nem permitir que
o pensamento demore no próprio eu, mas olhai para Cristo. Que o pensamento demore em
Seu amor, na formosura e perfeição de Seu caráter. Cristo em Sua abnegação, Cristo em Sua
humilhação, Cristo em Sua pureza e santidade, Cristo em Seu incomparável amor - este é o
tema para a contemplação da alma. É amando-O, imitando-O, confiando inteiramente Nele,
que haveis de ser transformados na Sua semelhança.” (Ellen White, Caminho a Cristo, 70,71)..
Doutrinas Fundamentais 47
4ª Parte
A DOUTRINA DA IGREJA
48 Doutrinas Fundamentais
8 A IGREJA E O
SURGIMENTO DO
REMANESCENTE
A igreja é a comunidade de crentes que confessam a Jesus Cristo como senhor e salvador. Em
continuidade do povo de Deus nos tempos do Antigo Testamento, somos chamados para fora
do mundo; e nos unimos para prestar culto, para comunhão, para instrução na Palavra, para a
celebração da Ceia do Senhor, para o serviço a toda a humanidade e para a proclamação mundial
do evangelho. A igreja recebe sua autoridade de Cristo, o qual é a Palavra encarnada revelada nas
Escrituras. A igreja é a família de Deus; adotados por Ele como filhos, seus membros vivem com
base no novo concerto. A igreja é o corpo de Cristo, uma comunidade de fé, da qual o próprio Cristo
é a cabeça. A igreja é a noiva pela qual Cristo morreu para que pudesse santificá-la e purificá-la.
Em Sua volta triunfal, Ele a apresentará a Si mesmo igreja gloriosa, os fiéis de todos os séculos, a
aquisição de Seu Sangue, sem mácula, nem ruga, porém santa e sem defeito (Gn 12:1-3; Ex 19:3-7; Mt
16:13-20; 18:18; 28:19, 20; At 2:38-42; 7:38; 1Co 1:2; Et 1:22, 23; 2:19-22; 3:8-11; 5:23-27; C1 1:17,18; 1Pe 2:9).
A igreja universal se compõe de todos os que verdadeiramente creem em Cristo; mas, nos últimos
dias, um tempo de ampla apostasia, um remanescente tem sido chamado para fora, a fim de guardar
os mandamentos de Deus e a fé de Jesus. Esse remanescente anuncia a chegada da hora do juízo,
proclama a salvação por meio de Cristo e prediz a aproximação de Seu segundo advento. Essa
proclamação é simbolizada pelos três anjos de Apocalipse 14; coincide com a obra de julgamento
no Céu e resulta em uma obra de arrependimento e reforma na Terra. Todo crente é convidado a ter
uma parte pessoal neste testemunho mundial (Dn 7:9-14; Is 1:9; 11:11; Jr 23:3; Mq. 2:12; 2Co 5:10; 1Pe
1:16-19; 4:17; 2Pe 3:10-14; Jd 3, 14; Ap 12:17; 14:6-12; 18:1-4).
Doutrinas Fundamentais 49
1. A IGREJA
• O Estabelecimento da Igreja
A igreja foi estabelecida pelo próprio Deus e comprada a um alto preço. Em Atos 20:28,
Paulo exorta os líderes da igreja a pastorearem o rebanho de Deus, lembrando-os de que
“foi comprada com o sangue de Cristo”. Esse ato de sacrifício demonstra a seriedade e o
valor da igreja aos olhos de Deus. A igreja não é apenas uma organização humana, mas
uma comunidade espiritual que foi estabelecida através do sacrifício redentor de Jesus
Cristo.
• O Propósito da Igreja
O propósito da igreja, segundo 1 Pedro 2:9,25, é profundo e claro: ela é descrita como
uma “nação santa”, um “povo escolhido” para proclamar as virtudes daquele que nos
chamou das trevas para a sua maravilhosa luz. A missão primordial da igreja é ser uma
testemunha da salvação em Cristo, conduzindo aqueles que estão perdidos para a luz da
verdade. A palavra grega usada nas Escrituras para igreja, ekklesia, significa literalmente
“chamados para fora”. Esse termo, amplamente empregado na antiguidade, referia-se a
qualquer assembleia convocada para uma reunião. No contexto do Novo Testamento, no
entanto, ekklesia adquire um significado mais profundo e específico: é uma assembleia
de pessoas convocadas por Deus para realizar um propósito divino. O Novo Testamento
amplia a aplicação do termo igreja, utilizando-o para designar diferentes aspectos da
comunidade cristã:
Dessa forma, a igreja não se limita a uma estrutura física ou a um local de adoração;
ela é, acima de tudo, uma assembleia de pessoas convocadas por Deus para viver e
proclamar Seu Reino aqui na Terra. O chamado da igreja é expandir esse Reino por
meio da pregação do evangelho eterno, trazendo salvação àqueles que se encontram
perdidos, como destacado nas palavras de Jesus: “O Filho do Homem veio buscar e
salvar o que se havia perdido” (Lucas 19:10). O propósito central da igreja é, portanto,
vivenciar e proclamar a salvação oferecida por Cristo, manifestando a luz de Deus ao
mundo, como ilustrado em Mateus 5:13-16. Mais do que uma instituição, a igreja é um
corpo vivo, composto por pessoas que se reúnem para cumprir a missão divina, vivendo
os propósitos de Deus e promovendo o evangelho da graça, sempre buscando a redenção
e a restauração da humanidade.
50 Doutrinas Fundamentais
• As Raízes da Igreja - O Povo de Deus no Antigo Testamento
Desde os primeiros tempos, o conceito de povo de Deus estava presente nas famílias que
se mantinham fiéis a Ele. A linhagem de Adão, Sete, Noé, Sem e Abraão representou
os guardiões da verdade divina. Nestas famílias, o pai exercia a função de sacerdote,
e essas unidades familiares podem ser consideradas como a “igreja em miniatura”. A
Abraão, Deus concedeu as promessas que fariam dele o patriarca de uma nação cujo
objetivo era abençoar todas as nações da Terra (Gênesis 12:1-3). Assim, a missão de Israel
foi uma extensão direta dessa promessa: eles deveriam ser uma nação santa, através da
qual o amor e o conhecimento de Deus seriam demonstrados ao mundo.
Essa transição é ilustrada de maneira poderosa por Paulo em Romanos 11:17-25, onde
ele descreve os gentios como ramos de uma oliveira silvestre enxertados na oliveira
natural, que representa Israel. Os judeus que rejeitaram a Cristo foram como ramos
quebrados, enquanto os que creram permaneceram ligados à raiz. Assim, a igreja do
Novo Testamento surgiu como uma comunidade de fé composta por todos os que, pela
fé, aceitam Jesus como o Messias prometido (Gálatas 3:26-29).
Diferente da igreja do Antigo Testamento, que estava restrita a uma nação, a igreja
do Novo Testamento transcende fronteiras nacionais. Ela se tornou uma organização
missionária, com a missão de “fazer discípulos de todas as nações” (Mateus 28:19). A
igreja cristã não se limitava mais a Israel, mas a todos os que, em qualquer parte do
mundo, aceitassem a mensagem de salvação. Desta forma, a igreja se tornou o verdadeiro
Israel espiritual, uma comunidade global cuja missão é levar o evangelho a todas as
pessoas, cumprindo o propósito original de Deus de abençoar toda a humanidade.
Doutrinas Fundamentais 51
• A Importância da Comunidade
A vida cristã não deve ser vivida em isolamento. Em Hebreus 10:25, somos exortados a
não deixar de congregar, mas a nos encorajarmos mutuamente. A igreja é um lugar onde
os cristãos encontram força e apoio, e onde a missão de pregar o evangelho é fortalecida.
O isolamento espiritual, tão comum nos dias atuais, especialmente com o aumento dos
“desigrejados”, contraria o plano divino de comunhão e unidade entre os crentes.
Deus, através do Espírito Santo, conduz os membros da igreja invisível para uma união
com a igreja visível. João 10:16 menciona que Jesus tem “outras ovelhas” que Ele trará
para um só rebanho. É na igreja visível que os crentes podem experimentar plenamente
as bênçãos do companheirismo e dos dons espirituais que edificam o corpo de Cristo
(Efésios 4:4-16).
• A Promessa Final de Deus para Sua Igreja
Deus promete um destino glorioso para Sua igreja. Em Apocalipse 21:1-4 e 22:17, a igreja
é descrita como a “noiva” de Cristo, destinada a habitar com Ele em um novo céu e nova
terra. Essa promessa de restauração final é o ápice da esperança cristã, onde a igreja será
plenamente unida com seu Senhor, livre de toda dor, sofrimento e morte.
52 Doutrinas Fundamentais
2. O REMANESCENTE
• O Remanescente Histórico
Ao longo da história bíblica, vemos exemplos do remanescente em momentos cruciais.
Em períodos de calamidades ou apostasia, o remanescente atua como uma ponte entre
a antiga fidelidade e a restauração futura da verdade de Deus. Desde os tempos de Adão,
passando por Abel, Sete, Noé, incluindo Israel no exílio, até os dias do profeta Elias,
sempre houve um pequeno grupo que representou o povo verdadeiro de Deus. Eles eram
aqueles que, mesmo em tempos de grande escuridão espiritual, permaneciam leais aos
mandamentos de Deus e tendo como ponto central de suas vidas a adoração à Deus e a
fé no Messias vindouro.
• O Remanescente Escatológico
A profecia revela que, no tempo do fim, Deus também teria um remanescente especial
para representá-Lo no contexto de intensificação do Grande Conflito. Em Apocalipse 12,
vemos a batalha entre o dragão, identificado como Satanás, e a mulher, que representa
o povo fiel de Deus. Satanás, ao fracassar em destruir o Messias, volta sua atenção
para a igreja, simbolizada pela mulher. Ela foge para o deserto, onde Deus a protege
durante 1.260 dias proféticos, equivalentes a 1.260 anos (Ap 12:6, 14). Este período de
perseguição corresponde ao domínio da igreja apóstata que, em aliança com o estado,
oprimiu aqueles que resistiram à sua autoridade. Ao final desse tempo, o remanescente
emerge como um grupo distinto, identificado por guardar os mandamentos de Deus e
possuir o testemunho de Jesus (Ap 12:17). Esse remanescente é chamado a continuar a
obra de proclamar a verdade, em meio à perseguição e enganos que se intensificam nos
últimos dias.
Doutrinas Fundamentais 53
e com o apoio do poder imperial, o papado consolidou sua autoridade. A aliança
entre igreja e estado trouxe um período de severa perseguição aos que resistiam a
essa crescente apostasia. Durante os 1.260 anos apresentados na profecia, milhões
de cristãos fiéis sofreram e morreram por sua lealdade à verdade bíblica. A fusão
do cristianismo com o paganismo resultou na criação de um sistema religioso que
misturava erro e verdade, distorcendo o caráter de Deus e afastando o povo da
verdadeira adoração.
◊ A Reforma Protestante
Deus não permitiria que Satanás continuasse a atacar a igreja indefinidamente
com sofrimentos e falsas doutrinas. No tempo apropriado, Ele levantaria um
movimento especial para restaurar as verdades importantes que haviam sido
distorcidas e esquecidas. A Reforma Protestante foi um movimento de retorno às
Escrituras, que se levantou em resposta à corrupção e apostasia da igreja medieval.
Reformadores como João Wycliffe, Martinho Lutero e João Calvino desafiaram o
controle e as doutrinas não escriturísticas da igreja romana. Lutero, em particular,
destacou a doutrina da justificação pela fé, que havia sido obscurecida pelo ensino
da salvação pelas obras e pelas indulgências.
A Reforma trouxe de volta o princípio da Bíblia como a única autoridade final para a
fé e a prática, e não as tradições ou decretos eclesiásticos. A obra dos reformadores
foi essencial para expor os erros do papado e libertar a igreja da opressão espiritual,
restabelecendo a verdade de que a salvação é um dom gratuito de Deus por meio
da fé em Jesus Cristo. Embora a Reforma tenha sido um movimento poderoso,
restaurando verdades fundamentais do evangelho, ela não restaurou toda a luz
que havia sido perdida.
54 Doutrinas Fundamentais
Além disso, o remanescente possui o “testemunho de Jesus”, que é descrito como o
“Espírito de Profecia” (Ap 19:10). Esse dom é uma marca distintiva do remanescente,
indicando que Deus continua a falar e a guiar Seu povo através de mensagens
proféticas. O “Espírito de Profecia” se manifesta em suas vidas, direcionando
o remanescente a entender e proclamar as verdades proféticas contidas nas
Escrituras. Isso os capacita a advertir o mundo e a preparar as pessoas para o breve
retorno de Cristo. Portanto, o remanescente não é apenas um grupo que guarda
os mandamentos, mas que também está intimamente ligado à profecia, sendo
conduzido por ela.
Doutrinas Fundamentais 55
◊ Proclamação da Segunda Mensagem Angélica
A segunda mensagem angélica, encontrada em Apocalipse 14:8, proclama a
queda de Babilônia. Babilônia, neste contexto, simboliza um sistema religioso
corrupto que se afastou da verdade de Deus e embriagou as nações com falsos
ensinamentos. A mensagem do remanescente alerta o mundo para a apostasia
espiritual representada por Babilônia, identificada pela mistura de crenças
verdadeiras e falsas.
Babilônia é retratada como uma mulher apóstata que, ao invés de ser fiel a Deus,
comete fornicação espiritual ao unir-se aos poderes políticos e civis para impor
suas doutrinas. O remanescente denuncia essa aliança corrupta e chama o povo de
Deus a sair de Babilônia, para que não participem de seus pecados nem recebam
de suas pragas (Apocalipse 18:4). Esta mensagem é um chamado para a separação
das práticas e ensinos falsos que têm enredado muitas nações e religiões.
PARA REFLETIR
“A igreja é o instrumento apontado por Deus para a salvação dos homens. Foi organizada
para servir, e sua missão é levar o evangelho ao mundo. Desde o princípio tem sido plano
de Deus que através de Sua igreja seja refletida para o mundo Sua plenitude e suficiência.
Aos membros da igreja, a quem Ele chamou das trevas para Sua maravilhosa luz, compete
manifestar Sua glória. A igreja é a depositária das riquezas da graça de Cristo; e pela igreja
será a seu tempo manifesta, mesmo aos “principados e potestades nos Céus” (Efésios 3:10),
a final e ampla demonstração do amor de Deus.” (Ellen White, Atos dos Apóstolos, pág. 9)
56 Doutrinas Fundamentais
9 O DOM DE
PROFECIA
As Escrituras revelam que um dos dons do Espírito Santo é a profecia. Esse dom é uma
característica da igreja remanescente e nós cremos que ele foi manifestado no ministério de
Ellen G. White. Seus escritos falam com autoridade profética e proveem consolo, orientação,
instrução e correção para a igreja. Eles também tornam claro que a Bíblia é a norma pela qual
deve ser provado todo ensino e experiência (Nm 12:6; 2Cr 20:20; Am 3:7; Jo 2:28, 29; At 2:14-21;
2Tm 3:16, 17; Hb 1:1-3; Ap 12:17; 19:10; 22:8, 9).
Doutrinas Fundamentais 57
• Autoridade Divina e Propósito do Dom Profético
O dom de profecia não é apenas um dom de revelação, mas também um dom de
direção e correção. Em Deuteronômio 18:18, Deus promete suscitar profetas que
falarão em Seu nome, como Moisés. A função do profeta, portanto, é transmitir
com exatidão o que Deus quer comunicar. Não é uma palavra humana, mas uma
mensagem divina, com autoridade inquestionável.
Em 2 Pedro 1:21, lemos que “homens santos falaram da parte de Deus, movidos
pelo Espírito Santo”. Este texto ressalta que o dom de profecia é uma ação direta
de Deus, através de Seu Espírito, e não uma iniciativa humana. O profeta é apenas
o meio pelo qual a mensagem divina chega ao povo.
58 Doutrinas Fundamentais
PROFETA MENSAGEM REFÊRENCIA TEXTUAL
Por exemplo, o profeta Isaías exortou o povo de Judá a confiar em Deus em vez
de confiar em alianças militares, pregando a justiça e a retidão (Isaías 1:16-17).
Jeremias, por outro lado, advertiu o povo sobre a iminente destruição de Jerusalém
e o cativeiro babilônico, mas também trouxe esperança ao anunciar o futuro
retorno do exílio (Jeremias 29:10-11).
Doutrinas Fundamentais 59
presente, constantemente chamando Israel ao arrependimento e advertindo sobre
as consequências do pecado. Um exemplo claro é o papel de Elias, que confrontou
o rei Acabe e os profetas de Baal, reafirmando o poder de Deus sobre a idolatria
que contaminava a nação (1 Reis 18:16-40).
60 Doutrinas Fundamentais
da igreja. Em Efésios 2:20, Paulo descreve que a igreja foi edificada “sobre o
fundamento dos apóstolos e profetas, sendo Ele mesmo, Cristo Jesus, a pedra
angular”. A presença contínua do dom de profecia servia para guiar a igreja na
pureza da doutrina e na prática cristã. Profetas como Barnabé, Judas e Silas (Atos
15:32) desempenharam papéis fundamentais na consolidação da fé durante o
primeiro concílio da igreja, quando surgiram controvérsias sobre a inclusão dos
gentios.
Doutrinas Fundamentais 61
• O Dom de Profecia em Meio à Apostasia
Nos últimos dias, o dom de profecia desempenhará um papel vital na preservação
da fé em um mundo cada vez mais envolvido em apostasia e engano. Jesus advertiu
em Mateus 24:11 que surgiriam muitos falsos profetas, mas isso não significava que
o verdadeiro dom de profecia deixaria de existir. Pelo contrário, a presença de falsos
profetas confirma que haverá também o dom profético autêntico. Este dom servirá
para alertar e preparar o povo de Deus para os eventos finais da história da Terra.
62 Doutrinas Fundamentais
• Ellen G. White e Suas Visões
Ellen White teve mais de 2.000 visões e sonhos ao longo de seu ministério.
Esses eventos forneceram à igreja uma compreensão mais clara das Escrituras e
orientações práticas sobre saúde, educação, e organização da obra missionária.
Muitas de suas visões foram confirmadas pela história, como sua advertência sobre
o surgimento do espiritualismo moderno e a crescente união entre protestantes e
católicos, algo impensável em seu tempo.
• Profecias Cumpridas
Muitas de suas profecias se cumpriram de maneira impressionante, incluindo a
predição da união entre protestantes e católicos romanos, algo que se desenvolveu
significativamente a partir do século XX, com o movimento ecumênico.
Doutrinas Fundamentais 63
os crentes a estudarem as Escrituras com diligência e a basearem suas crenças e
ações na Palavra de Deus.
PARA REFLETIR
“Pouca atenção é dada à Bíblia, e o Senhor deu uma luz menor para guiar homens e mulheres
à luz maior”. Ellen White - Review and Herald, 20 de janeiro de 1903.
“Em Sua Palavra, Deus conferiu aos homens o conhecimento necessário à salvação. As Santas
Escrituras devem ser aceitas como autorizada e infalível revelação de Sua vontade. Elas são
a norma do caráter, o revelador das doutrinas, a pedra de toque da experiência religiosa.
Toda Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção,
para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente
habilitado para toda boa obra - II Tim. 3:16 e 17” (Ellen White, O Grande Conflito, 09)
“O Senhor deseja que estudeis a Bíblia. Ele não deu alguma luz adicional para tomar o lugar
de Sua Palavra. Esta luz deve conduzir as mentes confusas à Sua Palavra, a qual, se for
ingerida e assimilada, é como o sangue que dá vida à alma. Então serão vistas boas obras
como luz brilhando nas trevas. (Ellen White, Carta 130, 1901).
64 Doutrinas Fundamentais
Doutrinas Fundamentais 65
5ª Parte
66 Doutrinas Fundamentais
10 MORDOMOS
DE DEUS
Somos despenseiros de Deus, responsáveis a Ele pelo uso apropriado do tempo e das
oportunidades, capacidades e posses, e das bênçãos da Terra e seus recursos que Ele colocou
sob o nosso cuidado. Reconhecemos o direito de propriedade da parte de Deus por meio de fiel
serviço a Ele e aos seres humanos, e devolvendo o dízimo e dando ofertas para a proclamação de
Seu evangelho e para a manutenção e o crescimento de Sua igreja. A mordomia é um privilégio
que Deus nos concede para desenvolvimento no amor e para vitória sobre o egoísmo e a cobiça.
Os mordomos se alegram nas bênçãos que advêm aos outros como resultado de sua fidelidade
(Gn 1:26-28; 2:15; 1Cr 29:14; Ag 1:3-11; MI 3:8-12; Mt 23:23; Rm 15:26, 27; 1Co 9:9-14; 2Co 8:1-15; 9:7.).
Doutrinas Fundamentais 67
lidarmos com elas. A primeira pergunta que o leitor deve fazer ao examinar essa
passagem é: o que capacita Adão a ser um mordomo? A resposta é simples: ele foi
criado à imagem e semelhança de Deus. Como tal, Adão foi dotado de habilidades
para desenvolver duas atividades básicas. Primeiro, ele devia refletir a glória de
Deus. Segundo, ele devia ser uma bênção para o restante da criação “(Adenilton
Tavares de Aguiar).
O ser humano foi criado à imagem de Deus e, diferente dos animais, recebeu a
responsabilidade de ser um “Colaborador” com o Criador, no processo de encher a
terra com pessoas que refletissem essa imagem. Deus não simplesmente ordenou
que isso acontecesse, como fez com os animais, mas escolheu iniciar esse processo
a partir de um casal, dotando-o de capacidade de desenvolvimento e escolha.
Embora providenciasse os elementos necessários para as melhores decisões,
Deus não excluiu a possibilidade de escolhas erradas. Assim, a mordomia cristã
é a colaboração humana no cumprimento desse propósito divino, abrangendo
aspectos como a família, paternidade, cuidado com a natureza, trabalho, dízimos,
ofertas, beneficência, guarda do sábado, entre outros. Esses são os meios pelos
quais Deus molda o caráter humano para refletir Sua imagem ao universo.
68 Doutrinas Fundamentais
• Mordomia à luz da Revelação, Fé e Prática !
• Mordomia do Corpo
A Bíblia descreve o corpo humano como o “templo do Espírito Santo” (1 Coríntios
6:19-20). Portanto, cuidar da saúde física é um dever espiritual. A reforma de saúde,
uma das mensagens centrais do adventismo, destaca que o cuidado com o corpo é
essencial para uma vida longa e produtiva no serviço a Deus. Alimentação saudável,
exercícios físicos e descanso adequado são princípios de mordomia do corpo que
refletem um estilo de vida que honra ao Criador. Quando cuidamos do corpo,
estamos não apenas promovendo nossa própria saúde, mas também glorificando
a Deus com nossas vidas (1 Coríntios 10:31) . Isso inclui evitar substâncias nocivas e
práticas que prejudicam a saúde física e mental. A mensagem de saúde visa ajudar
o crente a viver com mais qualidade de vida e a entender melhor a vontade de Deus,
ampliando sua capacidade de servir e prolongando sua utilidade no cumprimento
do propósito divino de refletir o caráter de Deus para o Universo.
Doutrinas Fundamentais 69
O uso dos talentos não é opcional, mas uma responsabilidade. Deus pedirá contas
de como empregamos esses dons. Aqueles que multiplicam seus talentos, seja
no trabalho missionário, seja em serviços para a comunidade, estão exercendo
fielmente a mordomia que lhes foi confiada. Paulo nos lembra em Romanos 12:6-8
que cada um deve exercer os dons espirituais de acordo com a medida da fé que
recebeu.
• Mordomia do Tempo
O tempo é uma das dádivas mais preciosas que Deus nos concede, e devemos
administrá-lo com sabedoria (Efésios 5:15-16). O conceito de “remir o tempo” indica
que cada momento deve ser usado de maneira produtiva e proveitosa, evitando
distrações fúteis. A mordomia do tempo nos desafia a equilibrar responsabilidades
pessoais, familiares, profissionais e espirituais, dedicando tempo para o estudo
da Bíblia, a oração e o serviço ao próximo. O sábado, como um presente de Deus
para a humanidade, é um lembrete semanal da nossa dependência de Deus e uma
oportunidade para fortalecer nossa relação com Ele e com os outros.
3. OS DÍZIMOS
O dízimo é uma prática antiga que representa a devolução de uma parte das nossas
posses a Deus. O dízimo, que corresponde a 10% de toda a renda ou ganho, é uma
forma de reconhecer que Deus é o proprietário de tudo. A Bíblia fala sobre o dízimo
em vários momentos, mostrando-o como uma instituição divina para sustentar o
serviço religioso e manter a missão da igreja.
70 Doutrinas Fundamentais
tinham herança e dedicavam suas vidas ao serviço do templo (Números 18:21-24).
Hoje, os dízimos são fundamentais para o sustento da igreja e de seus ministérios.
A Igreja Adventista do Sétimo Dia utiliza o sistema de dízimos para financiar a obra
de evangelismo em todo o mundo, proporcionando recursos para missionários,
pastores e a infraestrutura da igreja (1 Coríntios 9:14). O ato de dizimar é um
exercício de fé, confiando que Deus proverá para todas as nossas necessidades,
conforme prometido em Malaquias 3:10.
4. AS OFERTAS
• As Ofertas no Antigo Testamento
As ofertas, desde o início da história bíblica, simbolizavam a relação do ser
humano com Deus e eram uma forma de expressar gratidão e reconhecimento da
soberania divina. Adão e seus filhos, Caim e Abel, foram os primeiros a apresentar
ofertas ao Senhor. Abel, ao oferecer o melhor de suas primícias, demonstrou fé
genuína, enquanto Caim falhou em sua devoção (Gênesis 4:3-5). Noé, ao sair da
arca após o dilúvio, ofereceu sacrifícios que agradaram a Deus, representando
gratidão pela salvação e proteção divina (Gênesis 8:20-21). Abraão, em Gênesis
22:13, demonstrou sua obediência ao oferecer Isaque, seu filho, como sacrifício,
sendo este substituído por um carneiro provido por Deus, apontando para o futuro
sacrifício redentor de Cristo. Moisés, como líder do povo de Israel, instituiu o
sistema de sacrifícios no santuário (Êxodo 29:18), onde as ofertas eram um meio
de adoração, expiação e reconhecimento da presença constante de Deus. Para
esses personagens, as ofertas não eram apenas rituais, mas expressões de fé e
dependência do Criador, apontando para o sacrifício redentor que viria em Cristo.
• A Construção do Tabernáculo
No Antigo Testamento, a construção do tabernáculo foi financiada por
ofertas voluntárias (Êxodo 36:3-7). As pessoas deram com tanta generosidade
que Moisés teve que pedir para que parassem de contribuir. Esse espírito de
doação também é visto na construção do templo sob a liderança de Salomão
e no tempo de Esdras e Neemias, após o exílio.
• O Ritual do Santuário
O Antigo Testamento descreve o sistema de sacrifícios e ofertas presentes
no ritual do santuário, onde o objetivo central era a adoração e a expiação
dos pecados. Embora as ofertas frequentemente expressassem gratidão, o
ponto essencial era reconhecer a necessidade de redenção e a obra futura
do Messias. O adorador entendia que esses sacrifícios prefiguravam o
sacrifício redentor de Cristo, o verdadeiro Cordeiro de Deus, que removeria
os pecados do mundo, apontando para a reconciliação definitiva entre Deus
e a humanidade.
Doutrinas Fundamentais 71
do adorador a Deus. O holocausto simbolizava a oferta de Cristo, que
entregou Sua vida completamente em sacrifício por nossos pecados
(Efésios 5:2).
“O sistema de sacrifícios apontava para Cristo, cujo sacrifício completo viria para
tirar o pecado do mundo” (EW, Patriarcas e Profetas, p. 357). Cada oferta refletia
uma dimensão do caráter de Cristo e de Sua obra redentora, estabelecendo a base
para a compreensão do sacrifício final e perfeito de Jesus no Novo Testamento.
72 Doutrinas Fundamentais
• As Ofertas no Novo Testamento
No Novo Testamento, as ofertas são apresentadas com uma nova profundidade
espiritual, centradas na atitude do coração. Cristo, em seu ministério, enfatizou a
importância da sinceridade e da pureza ao ofertar. Em Marcos 12:41-44, Ele elogia
a viúva pobre que, apesar de dar muito pouco em termos monetários, ofereceu
tudo o que tinha, mostrando que o valor da oferta está na disposição do coração e
não na quantidade.
Jesus condena as práticas hipócritas de quem oferta apenas para ser visto pelos
outros, como em Mateus 6:1-4, onde ensina que as ofertas devem ser feitas
discretamente, com o foco em agradar a Deus e não aos homens. Além disso, Paulo
reforça a ideia de que as ofertas devem ser voluntárias, generosas e com alegria,
como em 2 Coríntios 9:7. As ofertas no Novo Testamento estão fortemente ligadas
ao suporte aos necessitados e à expansão da obra de Deus, seguindo o exemplo
de Cristo, que valorizava o espírito sacrificial e a gratidão acima de qualquer valor
material.
5. BÊNÇÃOS DA MORDOMIA
A prática da mordomia cristã traz inúmeras bênçãos, tanto pessoais quanto
coletivas. Quando somos fiéis mordomos, estamos agindo em harmonia com os
princípios de Deus e participando do Seu plano redentor.
Doutrinas Fundamentais 73
• Bênção Pessoal
A mordomia ajuda o cristão a desenvolver um caráter semelhante ao de Cristo,
moldando-o para ser mais generoso, responsável e dependente de Deus. A prática
regular do dízimo e das ofertas nos ajuda a vencer o egoísmo e a cobiça, mantendo
nossos corações centrados no Reino de Deus (Mateus 6:19-21).
PARA REFLETIR
“ Nada nos parecerá demasiado precioso para que o entreguemos a Jesus. Se lhe devolvermos
os talentos e meios que nos Ele confiou a nossa guarda, Ele nos colocará mais em mãos. Todo
esforço que fizermos por Cristo será recompensado por Ele, e todo dever que cumprirmos
em Seu nome ministrará em favor da nossa própria felicidade” Ellen White, Testemunhos
para a Igreja, vol 4, 19.
“O sistema dos dízimos e ofertas destinava-se a impressionar a mente dos homens com uma
grande verdade - verdade de que Deus é a fonte de toda bênção a Suas criaturas, e de que
a Ele é devida a gratidão do homem pelas boas dádivas de Sua providência.” Ellen White,
Patriarcas e Profetas, 525
74 Doutrinas Fundamentais
11 A LEI DE
DEUS
Os grandes princípios da lei de Deus são incorporados nos dez mandamentos e exemplificados
na vida de Cristo. Expressam o amor, a vontade e os propósitos de Deus acerca da conduta
e das relações humanas, e são obrigatórios a todas as pessoas, em todas as épocas. Esses
preceitos constituem a base do concerto de Deus com Seu povo e a norma no julgamento de
Deus. Por meio da atuação do Espírito Santo, eles apontam para o pecado e despertam o senso
da necessidade de um salvador. A salvação é inteiramente pela graça, e não pelas obras, e seu
fruto é a obediência aos mandamentos. Essa obediência desenvolve o caráter cristão e resulta
em uma sensação de bem-estar. É evidência de nosso amor ao Senhor e de nossa solicitude
pelos seres humanos. A obediência da fé demonstra o poder de Cristo para transformar vidas
e fortalece, portanto, o testemunho cristão (Êx 20:1-17; Dt 28:1-14; SI 19:7-14; 40:7, 8; Mt 5:17-20;
22:36-40; Jo 14:15; 15:7-10; Rm 8:3, 4; Ef 2:8-10; Hb 8:8-10; 1Jo 2:3; 5:3; Ap 12:17; 14:12).
1. A PRESENÇA DA LEI
• Presente em todo o Universo
A lei de Deus existe desde a eternidade, refletindo Sua justiça e retidão (Salmos
111:7,9). Mesmo antes da criação da Terra, as criaturas celestiais estavam sujeitas
a essa lei moral. A queda de Lúcifer e a rebelião dos anjos no Céu são evidências
de que a transgressão da lei de Deus foi a causa do pecado original (Ezequiel 28:15-
16). A transgressão de Lúcifer revelou que a lei era conhecida e respeitada nos
céus, sendo um princípio de governo divino.
Doutrinas Fundamentais 75
• Entregue no Sinai na forma do Decálogo
O momento da entrega do Decálogo no Sinai foi um marco na história da redenção.
Deus, em meio a uma manifestação gloriosa, proclamou Sua lei ao povo de Israel
(Êxodo 19:10-21). Esses dez mandamentos foram escritos em tábuas de pedra
pelo próprio dedo de Deus (Êxodo 31:18; Deuteronômio 4:12,13), destacando
sua importância e durabilidade. A entrega do Decálogo foi um evento singular,
estabelecendo uma conexão direta entre o Criador e Sua criação.
A obediência à lei de Deus é uma característica distintiva dos servos fiéis nos
últimos dias. Apocalipse 12:17 descreve o remanescente como “aqueles que
guardam os mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus”. Esse grupo,
que permanece fiel a Deus em meio às pressões da sociedade e da falsa adoração,
reflete a importância contínua da lei até o final dos tempos.
76 Doutrinas Fundamentais
um sábado a outro, toda a carne virá a adorar diante de Mim, diz o Senhor”. Isso
demonstra que a lei, longe de ser temporária ou restrita à dispensação mosaica,
permanecerá vigente, conduzindo o universo em harmonia com os princípios
divinos. O caráter eterno da lei revela que, mesmo em um mundo sem pecado, os
princípios morais de Deus continuam a reger a vida (Salmos 119:44).
2. A NATUREZA DA LEI
ATRIBUTO DEUS LEI
3. O PROPÓSITO DA LEI
• O Resumo da Lei
A lei de Deus expressa Sua vontade para a humanidade. Ela define como devemos
nos relacionar com Ele e com o próximo. Jesus resumiu a lei em dois grandes
mandamentos: amar a Deus de todo o coração e amar o próximo como a si mesmo
Doutrinas Fundamentais 77
(Mateus 22:37-40). A obediência a esses princípios é o caminho para a vida
abundante e plena.
• Aponta o pecado
Paulo afirma que “pela lei vem o conhecimento do pecado” (Romanos 3:20). A
lei funciona como um espelho, revelando nossa condição pecaminosa e nossa
necessidade de um Salvador. Sem a lei, não teríamos plena consciência de nossos
erros e da necessidade de redenção em Cristo.
4. A LEI E O EVANGELHO
• A lei e o evangelho antes do Sinai
Mesmo antes da entrega formal do Decálogo, a graça e a lei coexistiam. Os
sacrifícios oferecidos por Abel, Noé e Abraão prefiguravam o sacrifício de Cristo, o
Cordeiro de Deus (Gênesis 4:4; 8:20; 22:13). A obediência à lei era vista como uma
expressão de fé na graça redentora que seria revelada plenamente em Cristo.
78 Doutrinas Fundamentais
la (Mateus 5:17). A cruz confirma a imutabilidade da lei, pois se fosse possível
aboli-la, o sacrifício de Cristo seria desnecessário. No entanto, o evangelho oferece
o poder para que possamos obedecer à lei, não como um meio de salvação, mas
como fruto da graça (Romanos 8:3-4).
5. OBEDIÊNCIA À LEI
• Cristo e a Lei
Jesus é o exemplo supremo de obediência à lei de Deus. Ele cumpriu todos os
preceitos da lei e ensinou Seus seguidores a fazerem o mesmo. Sua obediência foi
motivada pelo amor ao Pai, e Ele nos convida a obedecer pelos mesmos motivos
(João 14:15; 15:10).
• O Cristão e a Lei
A obediência à lei é o fruto da salvação em Cristo. Não somos salvos pela lei, mas a
graça que recebemos nos capacita a viver em conformidade com os mandamentos.
A obediência genuína à Lei de Deus só é possível quando permanecemos em Cristo,
conforme Jesus explicou em João 15:4-5, ao afirmar que, assim como um ramo não
pode produzir fruto sem estar ligado à videira, nós também não podemos obedecer
sem estarmos unidos a Ele. Para permanecer em Cristo, é necessário ser crucificado
com Ele, como Paulo descreve em Gálatas 2:20, permitindo que Cristo viva em nós.
Somente então, Deus pode cumprir a promessa do novo concerto de escrever Suas
leis em nossos corações (Hebreus 8:10), tornando-nos capazes de observar Sua Lei
de forma verdadeira e espiritual.
PARA REFLETIR
“A lei dos dez mandamentos não deve ser considerada tanto do lado proibitivo, como do lado
da misericórdia. Suas proibições são a segura garantia de felicidade na obediência. Recebida
em Cristo, ela opera em nós a purificação do caráter que nos trará alegria através dos séculos
da eternidade. Para os obedientes é ela um muro de proteção. Contemplamos nela a bondade
de Deus que, revelando aos homens os imutáveis princípios da justiça, procura resguardá-
los dos males que resultam da transgressão” (EW – Mensagens Escolhidas, Vol. 1, 235).
Doutrinas Fundamentais 79
6ª Parte
80 Doutrinas Fundamentais
12 O MINISTÉRIO
DE CRISTO NO
SANTUÁRIO
CELESTIAL
Há um santuário no Céu, o verdadeiro tabernáculo que o Senhor erigiu, não seres humanos. Nele
Cristo ministra em nosso favor, tomando acessíveis aos crentes os benefícios de Seu sacrifício
expiatório oferecido uma vez por todas na cruz. Em Sua ascensão. Ele foi empossado como nosso
grande Sumo Sacerdote a começou Seu ministério intercessório, que foi tipificado pela obra do
sumo sacerdote no lugar santo do santuário terrestre. Em 1844, no fim do período profético dos
2.300 dias, Ele iniciou a segunda e última etapa de Seu ministério expiatório, que foi tipificado
pela obra do sumo sacerdote no lugar santíssimo do santuário terrestre. E uma obra de juízo
investigativo, a qual faz parte da eliminação final de todo pecado, prefigurada pela purificação
de antigo santuário hebraico, no Dia da Expiação. Nesse sentido típico, o santuário era purificado
com o sangue de sacrifícios de animais, mas as coisas celestiais são purificados com o perfeito
sacrifício do sangue de Jesus. O juízo investigativo revela aos seres celestiais quem dentre
os mortos dorme em Cristo, sendo, portanto, Nele, considerado digno de ter parte na primeira
ressurreição. Também toma manifesto quem, dentre os vives, permanece em Cristo, guardando
os mandamentos de deus e a fé de Jesus, estando, portanto, Nele, preparado para a trasladação
ao Seu reino eterno. Este julgamento vindica a Santa de Deus em salvar os que creem em Jesus.
Declara que se que permaneceram leais a Deus receberão o reino. A terminação do ministério de
Cristo assinalará o fim do tempo da graça para os seres humanos, antes do segundo advento (Lv
18; Nm 14:34; E2 4:6; Do 7:9-27; 8:13, 14; 9:24-27; Hb 1:3, 2:16,17; 4: 14-16, 8: 1-5, 9:11-20; 10-19-22; Ap
8.3-5; 11.19, 14.6,7; 20:12; , 22:11, 12),
Doutrinas Fundamentais 81
eterno de cada pessoa, revelando também a justiça perfeita de Deus diante de todo
o universo.
1. O SANTUÁRIO TERRESTRE
O santuário terrestre, também chamado de tabernáculo, foi uma estrutura que
Deus mandou Moisés construir com base em um modelo celestial (Êxodo 25:8,
40). Esse santuário tinha o propósito de ilustrar o plano de salvação e refletir o
ministério de Cristo no santuário celestial. Composto por dois compartimentos – o
Lugar Santo e o Santo dos Santos – e mobiliado com itens simbólicos, o santuário
terrestre era o centro da adoração israelita e o local onde ocorriam os rituais de
sacrifícios e expiação. Todo o sistema sacrificial apontava para a obra redentora
e intercessora de Cristo, o verdadeiro Sumo Sacerdote que atuaria no santuário
celestial.
82 Doutrinas Fundamentais
transferia os pecados do povo para o santuário, por meio do sangue. Esse processo
era um precursor da obra de Cristo no santuário celestial, onde Ele, por meio de
Seu próprio sangue, intercede continuamente por nós.
2. O SANTUÁRIO CELESTIAL
O santuário terrestre era apenas uma sombra do verdadeiro santuário celestial,
onde Cristo ministra após Sua ascensão (Hebreus 8:1-2). Diferente dos sacerdotes
terrenos, que ofereciam sacrifícios repetitivos, Cristo ofereceu um sacrifício
perfeito e único na cruz. Após ressuscitar, Ele entrou no santuário celestial como
nosso Sumo Sacerdote, onde continua Sua obra de mediação e intercessão.
• O Sacrifício Substitutivo
O sacrifício de Cristo foi o cumprimento perfeito de todos os sacrifícios do santuário
terrestre. No antigo sistema, o sangue de animais era derramado continuamente,
mas esses sacrifícios não podiam verdadeiramente purificar o pecado. Em
contraste, o sacrifício de Cristo foi único e definitivo, pois Ele é o “Cordeiro de Deus
que tira o pecado do mundo” (João 1:29). Sua morte na cruz satisfez a justiça divina,
e Seu sangue, oferecido no santuário celestial, garante o perdão dos pecados e
a reconciliação com Deus (Hebreus 9:12). Conforme Hebreus 9:22 declara, “sem
derramamento de sangue não há remissão de pecados”.
Doutrinas Fundamentais 83
intercede pelos pecadores arrependidos (I João 2:1-2). Ele é tanto o Sacrifício quanto
o Sacerdote, aplicando os méritos de Sua vida e morte a favor daqueles que Nele
creem. Sua obra no santuário celestial é contínua, oferecendo perdão e purificação
a todos os que se aproximam de Deus em fé.
Essa intercessão contínua de Cristo é um meio de graça para o perdão diário dos
pecados, assegurando nossa reconciliação constante com Deus. Por meio do
ministério de Cristo no Lugar Santo, o crente pode se aproximar confiadamente do
trono da graça e receber misericórdia (Hebreus 4:14-16).
84 Doutrinas Fundamentais
◊ O Julgamento Executivo (Após o Milênio)
Após o milênio, ocorrerá o julgamento executivo, quando Satanás, seus
anjos e todos os ímpios serão finalmente destruídos. O fogo que descerá
do céu para consumi-los (Apocalipse 20:9) marcará o fim do pecado e
do mal no universo. Esse ato purificará a Terra, preparando-a para a
criação de novos céus e nova terra, onde habitará a justiça (2 Pedro 3:13).
1/2 1/2
Semana Semana
457 a.C. 408 a.C. 1844 dc
Decreto de Restauração de 27 d.C. 34 d.C. Inicio da Purificação
Restauração de Jerusalém Batismo de - Arrependimento de Estevão do Santuário Celestial
Jaerusalém Jesus Cristo - Evalgelho levado aos gentios
2300 Anos
Doutrinas Fundamentais 85
4. AS RAZÕES DO JUÍZO INVESTIGATIVO (VINDICATIVO)
O juízo investigativo cumpre três propósitos principais:
PARA REFLETIR
86 Doutrinas Fundamentais
13
A SEGUNDA VINDA
DE CRISTO,
O MILÊNIO
E A NOVA TERRA
A segunda vinda de Cristo é a bendita esperança da igreja, o grande ponto culminante do
evangelho. A vinda do Salvador será literal, pessoal, visível e universal. Quando Ele voltar, os
justos falecidos serão ressuscitados e, juntamente com os justos que estiverem vivos, serão
glorificados e levados para o Céu, mas os ímpios morrerão. O cumprimento quase completo da
maioria dos aspectos da profecia e a condição atual do mundo indicam que a vinda de Cristo está
próxima. O tempo exato desse acontecimento não foi revelado, e somos, portanto, exortados a
estar preparados em todo o tempo (Mt 24; Mc 13; Lc 21; Jo 14:1-3; At 1:9-11; 1Co 15:51-54; 1Ts 4:13-18;
5:1-6; 2Ts 1:7-10; 2:8; 2Tm 3:1-5; Tt 2:13; Hb 9:28; Ap 1:7; 14:14-20; 19:11-21).
Na Nova Terra, em que habita justiça, Deus proverá um lar eterno para os remidos e um ambiente
perfeito para vida, amor, alegria e aprendizado eternos, em Sua presença. Pois aqui o próprio
Deus habitará com Seu povo, e o sofrimento e a morte terão passado. O grande conflito estará
terminado e não mais existirá pecado. Todas as coisas, animadas e inanimadas, declararão que
Deus é amor; e Ele reinará para todo o sempre. Amém (Is 35; 65:17-25; Mt 5:5; 2Pe 3:13; Ap 11:15;
21:1-7; 22:1-5).
O Relógio do Juízo Final, criado em 1947 por Robert Oppenheimer e outros cientistas
americanos, simboliza o risco iminente de catástrofe global, inicialmente por armas
nucleares e agora também por crises climáticas e geopolíticas. Em 2024, os ponteiros
estão em 90 segundos para a meia-noite, o mais próximo do “fim” já registrado, refletindo
a crescente percepção de que o mundo se aproxima de um colapso. Mesmo para aqueles
que não creem nas Escrituras, o cenário atual sugere que este mundo não vai muito
longe. No entanto, a Bíblia profetiza que a única solução definitiva para a humanidade é
a segunda vinda de Cristo, que ocorrerá para vindicar os justos e destruir os que destroem
a terra (Ap 11:18), estabelecendo uma nova ordem de justiça eterna.
1. A ESCATOLOGIA BÍBLICA
A escatologia é o ramo da teologia que estuda os eventos finais da história humana
e o destino da criação, conforme revelado na Bíblia. A palavra “escatologia” vem
do grego eschatos, que significa “último” ou “fim”, e logia, que significa “estudo”.
Doutrinas Fundamentais 87
Na perspectiva bíblica, a escatologia abrange uma série de eventos decisivos que
ocorrerão na natureza, na sociedade e nos reinos deste mundo, preparando o
cenário para a segunda vinda de Cristo. Esses eventos apontam para crises finais
nas esferas religiosa, política e moral, destacando o colapso ético e espiritual da
humanidade. A escatologia também inclui o despertamento da igreja, o fechamento
da porta da graça, os sinais específicos que indicam o iminente retorno de Jesus,
o período do milênio, o juízo final, e culmina com a criação de novos céus e nova
terra.
88 Doutrinas Fundamentais
• Análise da Interpretação Futurista (Dispensacionalismo)
• Ensinos do Dispensacionalismo
Doutrinas Fundamentais 89
DISPENSAÇÃO INÍCIO TÉRMINO FATOS
Período de Grande
Tribulação (7 Anos)
ARREBATAMENTO 2ª Vinda de Jesus
Retorno a Dispensação da Lei
Para Salvação de Israel
2ª Vinda de Fim dos 1000 Durante Mil Anos;
Reino de Jesus na terra,
7 Jesus Anos
MILÊNIO profecias do AT sendo
Mt 25:31-46 Ap 10:1-6; Is cumpridas.
11:1-16
ESTADO ETERNO - Apocalipse 21:1 a 22:5
• Problemas do Dispensacionalismo
90 Doutrinas Fundamentais
◊ O dispensacionalismo sustenta que Deus utiliza diferentes meios de
salvação ao longo das dispensações — ora pela Lei, ora pela graça, ora
pelo Reino. No entanto, ao analisarmos o texto bíblico sem pressupostos
filosóficos ou esquemas interpretativos artificiais, fica claro que o único
meio de salvação, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, é pela
graça, através do sangue de Cristo derramado na cruz. A Bíblia revela
que a graça de Deus, por meio do sacrifício de Cristo, é o único caminho
para a redenção da humanidade em todas as eras.
◊ O dispensacionalismo separa os planos de Deus para Israel e para a
Igreja, justificando o arrebatamento da Igreja para que os propósitos
divinos se cumpram exclusivamente com Israel. No entanto, a Bíblia não
faz essa distinção. Ela apresenta a Igreja como a continuidade do povo
de Deus, o “Israel espiritual,” herdeira das promessas condicionais do
Antigo Testamento. Essas promessas, segundo a Bíblia, se cumprirão
com a Igreja, não sendo mais exclusivas de uma nação física (Romanos
9-11).
◊ A Bíblia não apresenta a volta de Jesus como um evento secreto, mas
como um acontecimento de impacto universal. Os céus serão abalados,
e todos, tanto justos quanto ímpios, verão a manifestação de Cristo nas
nuvens (Mateus 24:29-30). Os justos serão ressuscitados, e a glória de
Deus será visível a todos no momento do juízo (1 Tessalonicenses 4:16-
17). O texto que menciona “um será levado e outro deixado” (Mateus
24:40-41) não pode ser usado para apoiar o arrebatamento secreto, pois
ele se refere à separação entre os salvos e os perdidos. Os ímpios não são
deixados vivos, mas destruídos pela manifestação de Cristo, conforme
2 Tessalonicenses 1:7-9. Não há base bíblica para acreditar que a vida
na terra continuará normalmente após o retorno de Jesus, uma vez que
esse evento marcará o fim da história humana como a conhecemos.
◊ A Bíblia ensina que não haverá uma segunda oportunidade de salvação
após a volta de Jesus. O tempo de salvação é agora, durante a vida
presente, e nosso destino eterno é selado após a morte (Hebreus 3:15;
9:27). Embora a graça esteja disponível hoje, haverá um momento em
que, como nos dias de Noé, essa oportunidade se encerrará para sempre
(Apocalipse 22:11). Após esse ponto, o destino de toda a humanidade
estará definitivamente selado.
Doutrinas Fundamentais 91
Jesus retornará a este mundo para pôr fim a toda dor e sofrimento, e para reunir os
redimidos com o Salvador por toda a eternidade. A mensagem final das Escrituras
centra-se nessa promessa, que deve ser a maior esperança de todos os cristãos:
“Certamente venho sem demora” (Ap 22:20).
92 Doutrinas Fundamentais
• Intensificação das guerras e do poderio destrutivo bélico – 1ª. Guerra
Mundial (1914 – 1918) ; 2ª. Guerra Mundial (1939 – 1945) até o momento
presente.
• Surgimento dos EUA como potência mundial (1914-1918) – besta que
surge da terra - Apocalipse 13.
• Sinais no Mundo Religioso :
◊ Despertamento religioso na igreja remanescente (início século 18 –
meados século 19) e no cristianismo apostatado.
◊ Início da reconstrução do poder papal – Apocalipse 13 ( 1929 até os
nossos dias ).
◊ Surgimento do Ecumenismo - Conselho Mundial de Igrejas em 23
de agosto de 1948 - Amsterdã, Holanda.
◊ Surgimento do Espiritismo Moderno - fenômeno das irmãs Fox,
Margaret e Kate Fox, que afirmaram ter se comunicado com um
espírito por meio de batidas em uma casa na vila de Hydesville, no
estado de Nova York – EUA (1848).
◊ Surgimento da teoria Evolucionista, abrindo espaço para o
crescimento do ateísmo – lançamento da obra “Origem das
Espécies” de Charles Darwin (1859).
◊ Surgimento do movimento Pentecostal - Avivamento da Rua Azusa-
EUA, com ênfase no dom de línguas , movimento carismático
(1906).
◊ Surgimento do Neopentecostalismo – com ênfase na teologia da
prosperidade, exorcismo e operação de milagres – 2 Pedro 2:1-3
(final da década de 1960).
Doutrinas Fundamentais 93
◊ Selamento dos justos ( ver livro “Eventos Finais” capítulo 15).
◊ Sinal da Besta e formação da imagem da Besta – imposição das leis dominicais
- Apocalipse 13:14-17.
◊ União tríplice dos poderes das trevas – Apocalipse 16:13,14.
◊ Fim do tempo da graça – Apocalipse 22:11,12.
◊ Tempo de Angústia de Jacó (ver livro Grande Conflito, capítulo 39).
◊ Derramamento das 7 últimas pragas – Apocalipse 16.
◊ Perseguição final do povo de Deus
◊ Ressurreição Especial
◊ Eventos Cataclísmicos prenunciando a volta de Jesus (Apocalipse 6:14,15)
◊ Anúncio do Retorno de Jesus para os justos
◊ Volta de Jesus (ressurreição dos justos, transformação dos justos, arrebatamento
dos salvos, morte dos ímpios, início do milênio).
Fechamento 3ª Vinda
Hoje Decreto Dominical Porta da Graça 2ª Vinda Nova Jerusalém
Ecumenismo
Angústia de Jacó
Sinal da Besta
Nova
Milênio Terra
Perseguição
94 Doutrinas Fundamentais
• A Reunião dos Justos e a Morte dos Ímpios
Quando Cristo retornar, Ele reunirá todos os redimidos, tanto os justos mortos
quanto os justos vivos. Os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro, e os vivos
serão transformados e juntos serão levados para encontrar o Senhor nos ares (1
Tessalonicenses 4:16-17). Esse será um momento de grande alegria para os salvos,
mas de desespero para os ímpios. Aqueles que rejeitaram Cristo e Sua mensagem
enfrentarão a destruição eterna (Apocalipse 6:15-17). O retorno de Jesus será um
divisor de águas, separando os justos dos ímpios e marcando o início de uma nova
era.
• Preparação e Vigilância
A parábola das dez virgens, contada por Jesus, ilustra a importância de estar
preparado para o retorno de Cristo. As virgens sábias mantiveram suas lâmpadas
cheias de óleo, simbolizando uma vida de comunhão constante com Deus e
a presença do Espírito Santo. As virgens néscias, por outro lado, não estavam
preparadas e foram deixadas de fora do banquete (Mateus 25:1-13). Essa parábola
nos ensina que devemos viver em constante vigilância e preparação espiritual,
pois não sabemos o dia nem a hora do retorno de Cristo (Mateus 24:36).
3. O MILÊNIO
O milênio é um período de mil anos que começa logo após a segunda vinda de
Cristo, conforme descrito em Apocalipse 20:1-6. Durante esse tempo, os justos
estarão no céu, vivendo e reinando com Cristo, enquanto os ímpios estarão
mortos e a Terra permanecerá desolada. Satanás, simbolicamente preso, ficará
impossibilitado de enganar as nações, pois não haverá mais pessoas vivas sobre
a Terra. O milênio serve a um propósito importante no plano divino, pois será um
tempo de julgamento e compreensão.
Doutrinas Fundamentais 95
No céu, os justos terão a oportunidade de revisar os registros dos ímpios,
confirmando a justiça dos juízos de Deus (1 Coríntios 6:2-3). Esse processo de
investigação permitirá aos salvos entender plenamente as razões pelas quais
alguns não foram salvos e por que o plano de Deus foi justo em cada detalhe. Esse
exame dos registros é conhecido como o julgamento milenial, onde Deus concede
aos salvos um vislumbre de Sua perfeita justiça e misericórdia.
No final dos mil anos, Satanás será solto, e os ímpios serão ressuscitados para
enfrentar o julgamento final, conhecido como o julgamento executivo. Satanás,
os ímpios e todo o pecado serão finalmente destruídos pelo fogo que purificará a
Terra (Apocalipse 20:7-9). Esse evento marca o fim do pecado e do sofrimento no
universo, preparando o cenário para a criação de novos céus e nova terra, onde os
justos viverão eternamente com Deus.
1˚ Ressurreição
1000 Anos 2˚ Ressurreição Nova
Terra
Tempo do Fim
Terra Desolada
Satanás “Amarrado”
Justos Reinam com Cristo
Não há Salvação Para o Ímpio
4. A Nova Terra
Para os justos, a segunda vinda de Cristo marca o início da eternidade. Após serem
transformados e levados aos céus, os salvos viverão por mil anos ao lado de Cristo,
conforme descrito em Apocalipse 20:4-6. Esse período é conhecido como o milênio,
durante o qual os justos terão a oportunidade de compreender plenamente os
juízos de Deus, revisando os registros dos ímpios e participando de um processo
de vindicação da justiça divina.
Após o milênio, Deus criará “novos céus e nova terra”, conforme Apocalipse 21:1
96 Doutrinas Fundamentais
e Isaías 65:17. A nova terra será o lar eterno dos justos, onde não haverá mais
dor, sofrimento ou morte. João descreve a nova Jerusalém descendo dos céus,
uma cidade gloriosa onde Deus habitará com Seu povo (Apocalipse 21:2-3). Na
nova terra, tudo será restaurado, e os fiéis desfrutarão de uma vida plena em
harmonia com Deus e a criação. As promessas bíblicas de uma terra renovada são
a culminação do plano de salvação, onde todas as coisas serão feitas novas e o mal
nunca mais se levantará (Naum 1:9). A nova terra é a realização da esperança final,
onde o propósito original de Deus será plenamente restaurado, e a humanidade
viverá em paz e alegria eternas ao lado do Senhor. O plano original de Deus para
a humanidade será plenamente restaurado: toda maldição será extirpada, e os
justos finalmente estarão na presença de Deus, contemplando Sua face e reinando
com Ele por toda a eternidade. A Terra se tornará a capital do Universo, e a graça
de Deus será exaltada por toda a criação. Por toda a eternidade, Sua bondade
e misericórdia serão celebradas, e todo universo proclamará que Deus é amor
(Apocalipse 22:1-6).
PARA REFLETIR
“O Grande Conflito terminou, pecado e pecadores não mais existem, o universo inteiro está
purificado, Daquele que tudo criou emana vida, luz e alegria. Desde o minúsculo átomo até ao
maior dos mundos todas as coisas animadas e inanimadas declaram em sua serena beleza
que Deus é amor.” Ellen White – O Grande Conflito
Doutrinas Fundamentais 97
Notas:
98 Doutrinas Fundamentais
Doutrinas Fundamentais 99
100Doutrinas Fundamentais