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INCLUSÃO SOCIAL

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ARTIGO ORIGINAL

Estratégia de saúde da família e saúde mental: inclusão social no


território?*
Family health strategy and mental health: social inclusion in the territory?

Estrategia de salud de la familia y salud mental: ¿inclusión social en el territorio?

Sonia BARROS1, Jandro Moraes CORTES2, Jussara Carvalho dos SANTOS3, Anna Luiza Monteiro
BARROS4

RESUMO

Objetivo: identificar ações da equipe da Estratégia Saúde da Família com pessoas com transtornos
mentais e compreender as necessidades dessa equipe para desenvolver as ações de saúde mental na
comunidade. Métodos: estudo descritivo/exploratório que entrevistou 33 trabalhadores de equipes
da Estratégia Saúde da Família. As entrevistas foram submetidas à análise temática sob perspectiva
da categoria analítica Política Nacional de Saúde Mental. Resultados: temas presentes nos discursos
dos trabalhadores configuraram categorias empíricas que expressaram a realidade social dos sujeitos:
Processo de Trabalho e Formação de Recursos Humanos. Conclusões: a análise dos discursos indicou
que havia mobilização visando promover assistência fundamentada nos princípios da Reforma
Psiquiátrica, a partir da formação que privilegia o campo da atenção psicossocial. No entanto, há uma
tendência à ruptura do modelo médico-hegemônico, de modo que a prática da saúde mental no
território atenda, de fato, aos princípios norteadores do Sistema Único de Saúde.
Descritores: Recursos humanos; Enfermagem de atenção primária; Enfermagem; Saúde mental.

ABSTRACT

Objective: to identify the family health strategy team actions towards people with mental disorders
and understand the needs of this team to develop the mental health services in the community.
Methods: descriptive/exploratory study made with 33 workers from the Family Health Strategy. The
interviews were subjected to thematic analysis from the perspective of analytical category National
Mental Health Policy. Results: themes present in the speeches of workers configured empirical
categories that expressed the social reality of the subjects: Working Process and Human Rights
Formation. Conclusions: the analysis of discourse indicated that there was mobilization to promote
care based on the principles of psychiatric reform, through the training course that focuses on the
field of psychosocial care. However, there is a tendency to break the medical-hegemonic model, so
that the practice of mental health in the territory meet, in fact, the guiding principles of the Unified
Health System.
Descriptors: Human resources; Primary care nursing; Nursing; Mental health

* Pesquisa com bolsa de auxílio financeiro da FAPESP. Nº processo FAPESP: 2010/16354-8.


1 Enfermeira, Doutora, Professora Titular do Departamento de Enfermagem Materno-Infantil e Psiquiátrica da
Escola de Enfermagem da USP, São Paulo – SP, Brasil. E-mail: [email protected]
2 Enfermeiro, Mestre, Doutorando do Programa Interunidades de Doutoramento em Enfermagem, Escola de

Enfermagem da USP, São Paulo – SP, Brasil. E-mail: [email protected]


3 Enfermeira, Mestre, Doutoranda do Programa Interunidades de Doutoramento em Enfermagem, Escola de

Enfermagem da USP, São Paulo – SP, Brasil. E-mail: [email protected] ou [email protected]


4 Psicóloga, Mestre, Psicóloga do Centro de Atenção Psicossocial III Itaim Bibi, Escola de Enfermagem da USP,

São Paulo – SP, Brasil. E-mail: [email protected]


RESUMEN

Objetivo: identificar acciones del equipo de la Estrategia de Salud con personas con trastornos
mentales y entender las necesidades para desarrollar los servicios de salud mental en la comunidad.
Métodos: estudio descriptivo/exploratorio que entrevistó 33 trabajadores de los equipos de la
Estrategia Salud de la Familia. Las entrevistas fueron sometidas a análisis temático desde la
perspectiva categoría analítica Política Nacional de Salud Mental. Resultados: las categorías
empíricas que expresaban la realidad social de los sujetos: Proceso de trabajo y Formación de
Recursos Humanos. Conclusión: el análisis del discurso indicó que hubo movilización para promover
el cuidado basado en los principios de la reforma psiquiátrica que se centra en el campo de la
atención psicosocial. Sin embargo, hay una tendencia a la ruptura del modelo médico hegemónico,
por lo que la práctica de la salud mental en el territorio se encuentra, de hecho, los principios
rectores del Sistema Único de Salud.
Descriptores: Recursos humanos; Enfermería de atención primaria; Enfermería; Salud Mental.

INTRODUÇÃO

O modelo de atenção saúde, para lidar com pessoas com


manicomial, sustentado na medicina doenças mentais e implementar ações
biológica, foi o alicerce de um de cuidado. Por outro lado, outros
conjunto de ações de saúde dirigidas estudos mostram que há uma lógica de
para as pessoas em sofrimento atendimento fragmentada nos serviços
psíquico, que excluía os indivíduos de de saúde, quando os profissionais
uma vida produtiva e social e que se atuam com base nas especialidades,
traduzia num processo de fortalecendo, dessa forma, a lógica de
medicalização, confinamento e encaminhamentos.4
isolamento da loucura. Nessa Diante deste panorama, surge a
perspectiva, as políticas públicas de seguinte questão: a ESF, como
saúde mental têm privilegiado projetos dispositivo estratégico na rede de
voltados para a criação de novas atenção à saúde, está se mobilizando
possibilidades no atendimento e no com o objetivo de promover uma
tratamento das pessoas com doenças assistência voltada a proposta da
mentais na comunidade, bem como a reforma psiquiátrica?
sua inclusão social. Esse processo,
alavancado pela Reforma Psiquiátrica, Para compreender essa realidade
implicou o aumento da demanda e contribuir para a formação de
desses pacientes nas unidades de saúde profissionais, objetivou-se, identificar
e no consequente acompanhamento ações da equipe ESF com relação a
pelas equipes da Estratégia Saúde da pessoas com transtornos mentais e
Família (ESF) e pelos Núcleos de Apoio compreender as necessidades dessa
à Saúde da Família (NASF).1 equipe para desenvolver as ações de
saúde mental na comunidade.
Apesar da potencialidade para a
abordagem do sofrimento mental na MATERIAIS E MÉTODOS
ESF, alguns estudos brasileiros2,3, por
um lado, têm apontado ações Trata-se de uma pesquisa social,
fundamentadas no senso comum, de caráter descritivo/exploratório,
relatos de despreparo, ansiedade e com abordagem dialética5; o local foi
medo por parte dos trabalhadores de uma Unidade de Saúde (UBS) do

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município de São Paulo (SP)-SP, que é RESULTADOS
núcleo de quatro equipes de ESF. Os
sujeitos foram todos os profissionais
das quatro equipes da UBS, ou seja, Processo de trabalho
quatro enfermeiros, quatro médicos,
oito técnicos de enfermagem e 24 Nas ações do campo da saúde
Agentes Comunitários de Saúde (ACS), mental, os relatos reportam-se ao
totalizando 40 trabalhadores. Todavia, conjunto de ações estabelecidas no
sete não se disponibilizaram a programa da ESF. O que foi
participar das entrevistas. Dos 40 depreendido na análise dos mesmos
participantes, quatro eram compôs a categoria Processo de
enfermeiros, quatro médicos, oito Trabalho, destacando-se os temas:
técnicos de enfermagem e 24 ACS, que “dificuldades/facilidades”, “ações e
atendiam aos critérios de inclusão, ou instrumentos”, e “comunidade e
seja, ser trabalhador da UBS. parcerias”.

Os dados foram coletados durante Em relação às


o período de março a abril de 2012, por “dificuldades/facilidades”, surgiram
meio de entrevistas orientadas por um relatos identificando a alta demanda
roteiro semiestruturado, que continha de trabalho, a falta de tempo para
as seguintes questões: Descreva um realizar as ações, a dificuldades com o
atendimento que você realizou a uma NASF e o estigma da doença mental.
pessoa com doença mental? Quais as Revelou-se que o
intervenções (ações) que foram estigma/preconceito, com relação à
possíveis e quais os profissionais que as doença mental, e a base das ações no
desenvolveram? (Comente as senso comum sugeriram falta de
dificuldades e facilidades.) Você conhecimento sobre transtornos
participou de algum treinamento ou mentais.
curso sobre Saúde Mental? Como você
“Além do tempo, que chega a ser
percebe a inclusão no território, das
uma das maiores dificuldades em
pessoas com transtorno mental? As
razão da grande demanda que
entrevistas foram pré-agendadas e
temos, é complicado também
realizadas durante os turnos de
chegar até o paciente, porque
atendimento da UBS. A análise foi
muitas vezes mora longe e no dia
realizada considerando a técnica de
em que as visitas estão
análise de conteúdo temática.5
agendadas, acabamos tendo
A pesquisa foi realizada em reunião ou chove” (ACS 13)
observância às determinações da
Resolução 196/96, do Conselho “A dificuldade que eu tive foi o
Nacional de Saúde. Aprovada pelo receio de o paciente me agredir.
Comitê de Ética em Pesquisa da Escola Ele é extremamente grande e
de Enfermagem da Universidade de São forte, mas depois de muita
Paulo sob o protocolo de número conversa estava mais tranquilo.
1084/2011, autorizada pela Secretaria Mesmo assim eu fiquei um pouco
Municipal de Saúde e consentida por insegura de aplicar a medicação
todos os trabalhadores de saúde que nele”. (Auxiliar de Enfermagem
foram sujeitos da pesquisa. 4)

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Sobre as facilidades, evidenciou- acompanhar pessoas com transtornos
se a realização de trabalho em equipe, mentais e acionar a ESF, se necessário.
a proximidade com as famílias e o
tempo de atendimento em consulta “A pessoa tem que ganhar
individual. Apesar de a consulta clínica confiança em nós, perceber que
ocupar grande parte da agenda estamos ali para ajudar e que não
médica, trata-se de um instrumento queremos saber e fazer coisas
que possibilita avaliação do caso e logo que chegamos. Primeiro é
possível discussão com o NASF ou preciso ter confiança em nós. É
encaminhamento para o Centro de preciso ter cuidado para
Atenção Psicossocial (CAPS). conseguir passar essa confiança e
a partir do momento que elas
“Temos um tempo adequado para acreditam, fica melhor”. (ACS 1)
realizarmos uma boa consulta,
que gira em torno de uma hora “Fazemos visitas, vamos com um
para os casos mais sérios de saúde olhar das necessidades. Nas
mental. (Médico 2) conversas, perguntamos se a
pessoa tem problemas de saúde e
“Para mim, a parte de psiquiatria às vezes, num primeiro contato,
é mais tranquila, pois temos um você não consegue, mas em
dia fixo para ajudar e nesse outras visitas você entende o
mesmo dia também temos a convívio familiar”. (ACS21)
reunião para discutirmos os Compreendeu-se que os
casos” (Médico 1) profissionais entendem como
tratamento desejável as consultas
“A equipe, que já existe a um
individuais e que acreditam que as
longo tempo, tem uma história e
pessoas não aderem ao tratamento
um conhecimento muito grande
quando realizado em grupo. Ainda,
das famílias que possuem
desvelou-se a crença dos trabalhadores
necessidades de atenção em
de que as pessoas com transtornos
saúde mental”. (Médico 2)
mentais não aderem por não
Conformando o Processo de acreditarem estar “doente” e que elas
Trabalho, evidenciaram-se formação resistem em aderir por não aceitarem
do vínculo, visitas domiciliárias (VD), a condição de “tomar a medicação
acolhimento e grupos de educação em diariamente pelo resto da vida”.
saúde, os quais caracterizaram “ações
e instrumentos” do processo. O vínculo “O que precisava ser revisto era
entre profissional/usuário é valorizado essa mania que eles têm de
pela equipe, que reconhece que ele querer fazer tudo em grupo. Se
estimula a autonomia e a cidadania, eu fosse chamada para participar
ampliando a eficácia das ações e de um grupo de psicologia, eu não
favorecendo a participação do usuário iria. Eu não tenho coragem de me
durante o cuidado. As VD foram citadas expor e não me sinto confortável
particularmente pelos ACS, que com isso. Muitos pacientes
utilizaram esse instrumento para questionam exatamente esse
ponto. Eles querem tratamento e

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muitos aderem, pois chegam aqui aceitar a medicação, para que, com a
necessitados, mas quando melhora sintomatológica, ocorresse
percebem que depois o uma convivência familiar mais
tratamento é em grupo, não harmoniosa. Entendiam que, com o
querem mais. Eles realmente tratamento farmacológico, a pessoa
preferem um tratamento não teria mais qualidade de vida e que tal
diferenciado, mas articulado. uso era central no sucesso do
Não é todo mundo que se sente à tratamento. Assim, a finalidade do
vontade quando é exposto.” (ACS tratamento foi compreendida como
11) remissão sintomatológica, que também
ajuda a ter uma vida mais produtiva.
“Mas é o que eu falei: aderir ao
tratamento é muito difícil. É “A dificuldade maior é fazer com
preciso ter muita persistência. É que a pessoa entenda que ela
quase uma luta em glória, porque precisa tomar a medicação
o paciente não admite que está diariamente pelo resto da vida. É
doente. Ele só quer o remédio, o preciso fazer com que ela
toma e acha que é suficiente. Ele entenda que é uma pessoa
não quer fazer o doente, porque muitos pacientes
acompanhamento junto à não aceitam essa condição, tomar
psicóloga. Por isso o tratamento a medicação e ter essa regra.”
é difícil, mas a percepção de que (Enfermeiro 2)
a pessoa está com um transtorno
psiquiátrico é evidente nas visitas “Com o tempo a medicação fez o
por causa das conversas, que vão efeito que precisava e essa
mudando de rumo. Eles falam pessoa retomou a vida, não
demais do mesmo problema, normalmente, porque tomava
reclamam muito e nós tentamos remédios, mas razoavelmente
fazer esse encaminhamento.” bem. Melhorou bastante em
(ACS 15) relação à vida que tinha antes.”
(Médico 3)
Os profissionais também
compreendem o tratamento como Entretanto, evidenciaram-se
“fazer alguma coisa”, “ocupar o tempo ações que tinham como finalidade a
da pessoa”, o que remete à concepção inclusão social. Depreendeu-se que as
hegemônica desde o século XVIII, que principais atividades de inclusão social
relaciona a desocupação com a eram os grupos operativos e de
loucura. socialização.

“Aqui, eu ainda não vejo “(...) convidamos as pessoas para


pacientes de saúde mental sendo participarem dos grupos de
encaminhados para cuidar de acolhimento e de vivência, nos
uma horta, por exemplo.” (ACS quais há brincadeiras, filmes,
10) bingo, artesanato e ginástica,
que acontece toda sexta-feira”
A finalidade do tratamento, para (ACS 20).
os profissionais, era a de interferir nos
sintomas. Para tanto, a pessoa devia

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“É muito bacana ver toda aquela assusta quando descobre que ele
gente feliz e conversando. tem o problema. Com a
Aquele que chega triste acaba medicação controlada, ele
saindo feliz, mesmo que não consegue trabalhar normalmente
queira, porque quando há muita e se vê feliz, por ter a
gente reunida, todos acabam oportunidade de estar dentro da
rindo um pouquinho.” (ACS13) sociedade como qualquer outra
pessoa que tem seus direitos e
Contraditoriamente, outros
obrigações. Eu fiquei muito feliz
profissionais alegaram não promover
quando fiz uma visita e ele me
ações de inclusão social, ou seja, não
disse que tinha feito o primeiro
conseguiam identificar ação de
depósito do seu salário. Você vê a
inclusão social fora da UBS.
felicidade da pessoa por
“Eu não vejo uma inclusão em trabalhar e eu acho que ainda há
termos de sociedade” (ACS 14). muito a ser feito. Deveria ter
uma inclusão maior.” (ACS 21)
Os discursos desvelaram
experiências do que, para alguns Outras frases temáticas
trabalhadores, era inclusão e, indicaram concepção de inclusão social
fundamentalmente, foram relatos que baseada em trocas afetivo-sociais e,
consideram a inserção no trabalho, em dentre as dificuldades para promoção
particular no mercado formal, como de inclusão social, o
um dos indicadores de inclusão social. preconceito/estigma foi uma barreira
para os usuários, sendo um dos motivos
“Eu sei que há dois anos ele para a não adesão destes em alguns
começou a trabalhar e é a grupos realizados pela ESF, bem como
primeira vez que faz isso. Eu acho indicaram que os grupos eram
que a partir do momento em que estratégias de entretenimento.
ele foi saindo de casa, foi
arrumando amigos.” (ACS 2) “A enfermeira realiza um grupo
praticamente lúdico, que reúne
Identificou-se, em outros os pacientes para assistirem a
discursos, a concepção de inclusão filmes, fazerem leituras e
como aceitação pela comunidade. No declamar poemas.” (Médico 2)
entanto, essa aceitação esteve
condicionada à assimilação, pelo “Só o fato de elas estarem em
usuário, de certas regras de uma roda, uma conversando com
normalidade. a outra, compartilhando os
mesmos problemas e as mesmas
“(...) esse paciente resolveu reclamações, eu percebo que as
fazer curso de auxiliar de deixam felizes.” (ACS 4)
enfermagem e está estudando.
Há uns dias atrás ele ia às nossas “Pacientes que só ficavam em
caminhadas e à ginástica e agora casa ou tinham medo de sair por
está trabalhando. Pela própria conta do problema conseguem
prefeitura ele fez alguns cursos e hoje fazer amizade com outras
agora trabalha na SPTrans. Ele pessoas por causa dos grupos que
tem uma vida normal e você até

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fazemos (…). São grupos que encaminhamos apenas para
integram para que os pacientes grupos da Unidade, mas de toda a
se socializem e isso facilitou para comunidade, então tentamos
que eles pudessem ter um encaixar as pessoas nestes
convívio melhor.” (Enfermeiro 2) recursos”. (Médico 3)
A compreensão da contradição de
“Então, a gente promove grupos
que a rua/bairro aparecia ora como
de dança, grupos de convivência,
local de exclusão, ora como espaço
e é aberto para essas pessoas,
multiplicador e de inserção social,
mas é um público bem reduzido
assim como a convivência com os
que frequenta, ao meu ver, tendo
vizinhos, que se apresentou, em um
em vista que os pacientes de
momento, como uma relação
saúde mental são muitos.
estigmatizante/segregadora e, em
É...alguns vão com regularidade
[nos grupos oferecidos pela UBS], outro, como possibilidade de aceitação
e integração na comunidade, foi
mas tem um grande número que
evidenciada em outras entrevistas.
não acompanha, não participa,
fica restrita a consulta médica “Eu penso que as pessoas com
mesmo...e eles, ou por trabalho, doença mental não são bem
ou por outras coisas particulares incluídas. É preciso criar uma
não vem nos grupos pra serem inclusão, o que eu não vejo
inseridos em alguma atividade.” muito. O que eu vejo mais é
(Enfermeiro 3) exclusão.” (Enfermeira 1)
Todavia, disseram que o território
da UBS/ESF, proporcionava facilidades “Elas [as pessoas que sofrem de
para promover estratégias de inclusão transtorno mental] são meio
social aos usuários, pois esse local era discriminadas. Os outros as
economicamente ativo e com fácil olham com ares de desconfiança
acesso a atividades artísticas e e de medo.” (ACS 18)
equipamentos de saúde e sociais. Dentre as características do
processo de trabalho das equipes, com
“Há várias parcerias e outras vistas à produção de ações de saúde no
organizações, geralmente ONGs, território, a promoção e o
principalmente aqui nessa região desenvolvimento de ações
que é mais rica, que promovem intersetoriais, buscando parcerias e
várias coisas.” (Médico 1) integrando projetos sociais e setores
voltados para o desenvolvimento de
“Isso é algo bem interessante
integralidade, foram descritas como
[inclusão no território]. Como
atividades comuns e fundamentais por
somos uma espécie de
todos os trabalhadores. Nessa
facilitadores da pessoa na
perspectiva, foram citadas atividades
comunidade, temos que trazer o
de socialização, lazer e autocuidado
paciente para nossos grupos
realizadas em equipamentos
abertos, não só os de saúde
comunitários.
mental. Fazemos isso com quem
está disposto a se inserir. Não

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Formação de recursos humanos processos de trabalho e na assistência
ao usuário.
Outros temas, depreendidos dos
discursos conformaram a categoria “Cursos realmente faltam, no
empírica Formação de Recursos geral não temos dificuldades em
Humanos. A capacitação, o levar o caso adiante para um
aprendizado de novas práticas e de profissional que esteja realmente
novos saberes na perspectiva da qualificado para isso.” (Auxiliar
reabilitação psicossocial ganharam de Enfermagem 1)
ênfase, considerando-se que a força de
trabalho no cenário de transformações “Aqui não. Na outra [UBS] eu
na saúde mental brasileira é participei.” (Auxiliar de
fundamental para implementar Enfermagem 4)
mudanças.
“Específico sobre saúde mental,
A análise dos discursos revelou as não.” (Médico 1)
múltiplas formas que os profissionais
da ESF usaram para se capacitarem no A divisão social e técnica do
campo da atenção psicossocial. Tais trabalho foi explicitada no discurso dos
profissionais afirmaram que os ACS: eles entendiam que o processo de
cursos/capacitações realizados davam formação, no campo da atenção
sustentação para sua prática clínica, psicossocial, não abrangia
privilegiando uma práxis que trabalhadores de nível fundamental.
enxergava o sujeito além da Os sujeitos referiram que profissionais
linearidade da doença. Os sujeitos psicólogos e psiquiatras poderiam dar
referiram que a troca de experiências suporte, na capacitação no campo da
entre os profissionais, no cotidiano do atenção psicossocial, aos
serviço, constituiu-se como trabalhadores da estratégia da saúde
capacitação em saúde mental. da família.

“Fiz treinamentos na Saúde da “Eu achei muito positivo. O caso


Família, que tem toda uma parte dessa pessoa me animou muito.
voltada para saúde mental.” Eu gostaria de conhecer mais essa
(Médico 2) parte da psiquiatria, mas não é
para mim. Sou uma agente
“Nós tivemos uma capacitação há comunitária.” (ACS 3)
muito tempo quando um pessoal
veio fazer matriciamento aqui. “Se houvesse um profissional
Era uma época, há mais ou menos qualificado, seria
sete anos, bem antes do NASF melhor.”(Auxiliar de
chegar, em que vieram três Enfermagem 4)
psicólogos e um psiquiatra aqui.”
(Enfermeiro 2) “Um médico de família não pode
prescrever dentro da ótica da
Por outro lado, nem todos os psiquiatria. É preciso um
trabalhadores tiveram a oportunidade psiquiatra que dê suporte.”
dessas capacitações específicas, (Médico 2)
interferindo diretamente em seus

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O apoio do matriciamento em da saúde; os instrumentos utilizados
saúde mental contribui para a são diversos e devem se adaptar à
formação dos profissionais na ESF, dinâmica e às necessidades de saúde.6
resultando em uma modificação no Em relação ao trabalho em equipe
processo de trabalho dos profissionais. na ESF, este requer a compreensão das
Esta modificação é explicitada na frase várias disciplinas para lidar com a
temática a seguir: complexidade que é a Atenção Básica
(AB), a qual toma à saúde em seu
“Isso nos ajudou bastante,
contexto pessoal, familiar e social,
porque não sabíamos antes [do
bem como a promoção da saúde, a
matriciamento]. Quando algum
prevenção e a reabilitação, trazendo a
caso de saúde mental chegava
intersetorialidade como parceira na
aqui, ninguém queria assumir.
resolutividade dos problemas da
Eles começaram esse trabalho de
nos mostrar quais eram os área.7-8
caminhos, como funcionava um As ações e os instrumentos
paciente com problemas assim e evidenciados foram a formação de
qual era o seu diferencial em vínculo, VD, acolhimento, e grupos de
relação aos outros para podermos educação em saúde, configurando-se
abordá-los melhor.” (Enfermeiro como possibilidades de inclusão social
2) no território. O vínculo entre
profissional/usuário foi reconhecido
A maioria dos trabalhadores
pela equipe, visto que estimula a
afirmou não ter formação específica
autonomia e a cidadania, ampliando,
em saúde mental, seja para a condução
assim, a eficácia e a
do tratamento medicamentoso ou
corresponsabilização das ações de
cuidado da pessoa, e que as
saúde, favorecendo a participação do
capacitações das quais participaram
usuário durante o cuidado. Esse
foram meramente informativas, não
processo deve favorecer a construção
contribuindo para sua prática
de autonomia, pois não há construção
cotidiana. Desvelou-se que, nas
de vínculo sem que o usuário seja
reuniões de equipe, especialmente
reconhecido enquanto cidadão
com a participação do NASF, é que
partícipe de todo o processo.9
receberam esclarecimentos;
consideraram que dúvidas foram A VD foi compreendida como ação
esclarecidas nesses momentos. cotidiana pelos ACS, para acompanhar
pessoas com transtornos mentais,
DISCUSSÃO tendo por finalidade transformar o
perfil de saúde-doença da população e
não apenas lidar com queixas pontuais
Processo de trabalho e específicas por meio de medidas
igualmente pontuais e específicas,
O Processo de Trabalho em saúde,
nem sempre eficazes.10
conforme a política de saúde mental,
tem como objeto de trabalho uma dada Para vincular e acolher na VD, as
população, localizada em determinado pessoas com transtornos mentais
espaço geográfico, promovendo precisam ser compreendidas como
inclusão social, prevenção e promoção processos relacionais, necessitando ser

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executados por todos os profissionais socialização e de acompanhamento dos
de saúde. Não se deve reduzir ao ato usuários com doença mental, que são
de receber, simplesmente, mas se realizados pela ESF com apoio do NASF,
constituindo em uma sequência de desenvolvidos na própria UBS ou em
ações que compõem o processo de espaços da comunidade. Esses espaços
trabalho em saúde. Os profissionais e essas parcerias estabelecidas
citaram, ainda, os grupos de educação denotaram potentes instrumentos de
em saúde, o desenvolvimento de inclusão social. De modo geral, os
práticas educativas no âmbito da ESF, grupos desenvolvidos pela ESF
em espaços convencionais, como os contribuem na efetivação do princípio
grupos educativos, ou informais, como da humanização porque criam vínculos
consultas realizadas na casa das sólidos e solidários com os usuários
famílias por ocasião da VD, participantes.
expressando assimilação do princípio Os grupos de caminhadas, de
da integralidade.11 dança e de ginástica, promovidos pelos
Ressalte-se que as VD e os grupos ACS e outros profissionais da ESF,
de educação estiveram presentes fazem promoção da cidadania, pois
principalmente nos discursos dos ACS. aplicam a ética de solidariedade e de
No contexto do trabalho dos ACS, equidade, e são caracterizados pela
desvelou-se uma contradição entre potencialização dos recursos
dificuldades/potencialidades de seu territoriais, numa perspectiva de
Processo de Trabalho. A prevenção primária em saúde mental,
potencialidade passou a ser incorporando a família e outras pessoas
compreendida por ser um membro da comunidade e colaborando com a
residente da comunidade. A desestigmatização social do usuário.12-
dificuldade referiu-se à situação de 14

desconforto, a que estava submetida, Os grupos desenvolvidos pela


face ao delicado processo de lidar com UBS, em conjunto com outros
o sofrimento humano. equipamentos, podem constituir uma
Além dos aspectos relacionais, o das estratégias do trabalho
trabalho do ACS lida com questões intersetorial. A análise revelou que, no
como cidadania, política, condições de território da ESF deste estudo,
vida e organização dos grupos e suas existiam algumas facilidades porque
relações, incluindo a família, exigindo havia equipamentos sociais que
aporte de conhecimentos que permitiam o acesso ao lazer e ao
extrapolam o campo da saúde, além trabalho. Estudos mostram que as
dos saberes específicos que perpassam estratégias de convivência com a
a prática cotidiana de sua atuação. sociedade contribuem para a
Esses eixos estruturam o superação do estigma, já que
desenvolvimento de um trabalho com desconstroem a concepção de que o
qualidade no campo da saúde mental, usuário com doença mental é perigoso
que seja cada vez mais inclusivo e e incapaz.14
agregador. A perspectiva de superação do
Referindo-se à inclusão social, lugar de incapaz atribuído às pessoas
evidenciaram-se os grupos de com experiência do sofrimento

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psíquico não se reduz ao deslocamento aliviando, dessa forma, outros pontos
do locus de intervenção. Trata-se de da rede de atenção.15
processo complexo, que depende da Experiências relativas às
articulação dos detalhes do cotidiano, intervenções de enfermagem em saúde
na maneira de lidar com os objetos, mental na AB têm sido publicadas por
espaço e tempo.13 enfermeiras canadenses16: os
A compreensão dos entrevistados profissionais de enfermagem são
sobre a inclusão/exclusão social esteve treinados para acolher a maior parte
muito mais relacionada à presença dos das demandas de saúde mental no
usuários dentro do serviço de saúde, do território; e há o desenvolvimento de
que uma integração aos circuitos vivos práticas avançadas de enfermagem em
das trocas sociais13, aflorando, dessa saúde mental acolhendo durante 24
maneira, a dicotomia entre as ações de horas as demandas de saúde mental do
inclusão realizadas dentro/fora da território, inclusive aquelas oriundas
instituição. de usuários de substâncias psicoativas.
Essas práticas das enfermeiras de
Evidenciou-se o trabalho como
saúde mental sempre estão em
outra maneira de incluir socialmente o
consonância com as enfermeiras de
usuário com doença mental.
saúde da família, a fim de garantir a
Compreende-se, portanto, que a
longitudinalidade do cuidado. Os
inserção social exige muito mais do que
discursos explicitam apoio recebido
assistência, mas a reabilitação pelo
pela ESF da equipe, do CAPS e do NASF,
trabalho e a ampla compreensão da
responsável pelo matriciamento, no
cidadania, modificando, assim, o
sentido de auxiliarem na construção de
entendimento culturalmente
possíveis caminhos no atendimento dos
constituído de incapacidade e
casos de saúde mental. O trabalho do
improdutividade que a pessoa com
ACS, referido às demandas da saúde
transtorno mental frequentemente
mental no território, requer
carrega.7
investimento e formação, implicando
maior atenção por parte de
Formação de recursos humanos profissionais/gestores diante do
Processo de Trabalho multifacetado
No contexto apresentado, há que estes desempenham na linha de
urgência de fortalecimento dos pontos frente da ESF.17
de articulação entre o campo da saúde A maioria dos trabalhadores
mental e as estratégias que sustentam relata que se faz necessária uma
a diretriz constitucional, a qual projeta formação em saúde mental específica,
a tarefa da Formação de Recursos que privilegie uma formação para a ESF
Humanos em saúde no SUS. Evidências no campo da atenção psicossocial. Essa
mostram que as necessidades de formação precisa ser dinâmica, no
cuidado em saúde mental podem ser cotidiano dos serviços, nas trocas de
delegadas a contextos de AB, sendo experiências dos trabalhadores entre
conduzidas por trabalhadores não si, e destes com os usuários dos
especializados, ou com um ligeiro serviços de saúde, a fim de que os ACS
treinamento e supervisão adequada, possam intervir efetivamente nas
demandas de saúde mental que se

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apresentam. O processo de educação sobrepor-se à formação pautada na
intraprofissional, no âmbito da clínica psiquiátrica tradicional.
educação permanente, nos serviços de Observou-se que, na visão dos
saúde mental territoriais, precisa estar entrevistados, a inclusão social dos
alinhado com os princípios da Reforma usuários perpassa pelo exercício da
Psiquiátrica17; a necessidade do cidadania e de sua inserção no
investimento na formação dos mercado de trabalho, concepções
profissionais trabalhadores da saúde estas que vão ao encontro com as
mental, no que se refere à complexa propostas de reabilitação psicossocial.
clínica da atenção psicossocial, As facilidades no processo referiram-se
evidencia que as capacitações ainda às ações intersetoriais desenvolvidas
são escassas, para dar conta das territorialmente. Entretanto, o
demandas das pessoas com transtornos estigma da doença metal foi apontado
mentais.18 como uma dificuldade para a
Outros estudos internacionais implementação de ações de inclusão
destacam-se no contexto avaliativo e social e superá-lo se resume
de treinamentos em saúde mental para simplesmente a uma maneira de
profissionais que atuam na AB, apagar as diferenças. Sendo um
objetivando melhorar a abordagem em equívoco, já que a reabilitação
relação às pessoas com doença psicossocial prevê justamente a
mental18-20, entretanto, na realidade aceitação e convivência com as
estudada, ainda são necessários diferenças.
maiores investimentos pedagógicos na Reconhecemos que os resultados
capacitação destes profissionais. não podem ser generalizados, pois se
trata de discursos de quatro equipes
CONCLUSÕES
ESF das 1277 da cidade de SP, todavia,
Foram identificadas ações da ESF este estudo contribui para
com pessoas com transtornos mentais, problematizar lacunas no processo
tais como a formação de vínculo, a VD, formativo de profissionais de saúde,
o acolhimento, os grupos de educação especialmente de enfermagem, assim
em saúde, que se configuram como como, para repensar os currículos de
possibilidades concretas de inclusão graduação nos campos de
social no território. Evidenciou-se a conhecimento da saúde mental e
necessidade de formação em saúde coletiva.
mental dos profissionais da ESF,
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