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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA - UNESP

CÂMPUS DE JABOTICABAL

O ENSINO DA SAÚDE PÚBLICA VETERINÁRIA NOS


CURSOS DE GRADUAÇÃO EM MEDICINA VETERINÁRIA
DA REGIÃO SUDESTE DO BRASIL

Carolina de Alvarenga Cruz


Médica Veterinária

2015
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA - UNESP
CÂMPUS DE JABOTICABAL

O ENSINO DA SAÚDE PÚBLICA VETERINÁRIA NOS


CURSOS DE GRADUAÇÃO EM MEDICINA VETERINÁRIA
DA REGIÃO SUDESTE DO BRASIL

Carolina de Alvarenga Cruz


Orientadora: Profa. Dra. Karina Paes Bürger
Coorientadora: Profª. Drª. Raphaella B. Meirelles Bartoli

Dissertação apresentada à Faculdade de Ciências


Agrárias e Veterinárias – UNESP, Câmpus de
Jaboticabal, como parte das exigências para
obtenção do título de Mestre em Medicina
Veterinária, área de Medicina Veterinária Preventiva.

2015
Cruz, Carolina de Alvarenga
C957e O ensino da saúde pública veterinária nos cursos de graduação em
medicina veterinária da região sudeste do Brasil / Carolina de
Alvarenga Cruz. – – Jaboticabal, 2015
viii, 81 p. : il. ; 29 cm

Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual Paulista,


Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, 2015
Orientadora: Karina Paes Bürger
Coorientadora: Raphaella Barbosa Meirelles Bartoli
Banca examinadora: Annelise Carla Camplesi dos Santos, Luciano
Melo de Souza
Bibliografia

1. Diagnóstico de situação. 2. Énsino. 3. Graduação. 4.


Insterdisciplinaridade. 5. Medicina veterinária preventiva I. Título. II.
Jaboticabal-Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias.

CDU 619:614:378

Ficha catalográfica elaborada pela Seção Técnica de Aquisição e Tratamento da Informação –


Serviço Técnico de Biblioteca e Documentação - UNESP, Câmpus de Jaboticabal.
Dados Curriculares do Autor

Carolina de Alvarenga Cruz – Filha de Amancio da Cruz Neto e Ana Celeste de


Alvarenga Cruz, nascida em 08 de abril de 1985, em Itajaí/SC, é Médica Veterinária,
formada em janeiro de 2011, pelo CENTRO UNIVERSITÁRIO DE RIO PRETO
(UNIRP). Fez parte da diretoria do Grupo de Estudos em Saúde Pública Veterinária
na UNIRP. Realizou o estágio curricular na FMVZ/Unesp/Botucatu-SP no
Laboratório de Zoonoses e Saúde Pública. Atuou como professora substituta na
Universidade Federal de Goiás – Câmpus Jataí, ministrando as disciplinas de
Sanidade de Aves, Sanidade de Suínos, Doenças Infecciosas, Saúde Pública e
Zoonoses no curso de Medicina Veterinária e Higiene Animal 1 e Higiene Animal 2
durante os anos de 2011 e 2012. Iniciou o curso de Pós-graduação Stricto Senso,
Mestrado em Medicina Veterinária, Área de Concentração Medicina Veterinária
Preventiva, pela Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Universidade
Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Câmpus de Jaboticabal, São Paulo, em
março de 2013, sob orientação da Profª. Drª. Karina Paes Bürger e coorientação da
Profª. Drª. Raphaella Barbosa Meirelles Bartoli e foi bolsista FAPESP com este
projeto de mestrado.
Dedico

Aos meus pais, que são meus alicerces.


AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus, por me proteger, principalmente durante as viagens e


permitir que eu concluísse esse trabalho.

Aos meus pais, que também acreditaram neste trabalho desde o início, me dando
todo o apoio para realizá-lo. A quem eu devo tudo o que sou e amo
incondicionalmente.

À minha orientadora, Karina Paes Bürger, que me presenteou com a possibilidade


de realizar um projeto em que acredito tanto. Por ser orientadora, amiga,
conselheira, e construir “um vínculo afetivo que será eterno na minha memória e nos
meus sentimentos”, já que praticamos, o ensino e o aprender. Muito obrigada.

À minha co-orientadora Raphaella Barbosa Meirelles Bartoli, que foi essencial nos
meus primeiros passos no sentido à Saúde Pública Veterinária. Se hoje estou aqui,
na FCAV/Unesp/ Jaboticabal te devo imensamente. Muito obrigada, minha amiga.

Ao meu querido “pai” postiço, Denis Carvalho Ribeiro, pelos conselhos, risadas, por
me ensinar a ver o mundo de uma maneira mais “chucra”, mas mesmo assim com
muito amor.

Ao meu amigo, Daniel Bartoli de Sousa, por sempre me ensinar a agir com
sabedoria, me falando a coisa certa na hora certa.

Às minhas melhores amigas da vida, Anna Carolinna Lajut Castilho, Cláudia de Lima
Rocco e Costa e Talita Takeda, por entenderem minhas ausências, por serem um
apoio incondicional e pelas melhores conferências via Skype. Amo vocês.

À minha querida amiga Elisa Batistella Chrispim, que sem a ajuda incondicional esse
trabalho com certeza, não seria realizado. MUITO OBRIGADA por sair de tão longe
pra me ajudar a contar questionários.

Ao querido amigo, David Attuy Vey da Silva, por estar por perto para compartilhar
dos bons momentos aos mais maçantes. Muito obrigada por toda ajuda e atenção.

Ao meu querido, Eric Mateus Nascimento Paula, por ser meu companheiro, meu
anjo, meu grudinho. Amo você.

Ao meu amigo-irmão Rodrigo Tavares Aires, por me socorrer sempre que a bateria
acaba, por compartilhar risadas, aguentar o chororô, e permanecer ao meu lado. Te
amo.

À minha gêmea de alma, a linda Saliha Samidi, por ser meu ombro em momentos
difíceis, e estar sempre disposta a me alegrar. Te amo.
Às minhas lindas da Granja Leiteira. Maria Eduarda Carli e Amanda Barbério. Por se
tornarem TÃO importantes na minha vida, a ponto do dia em que não fazemos uma
refeição juntas eu já sentir saudades. #chamovocês.

À Marina Beanucci Delamonica, que com toda sua doçura e paciência foi o meu
braço direito para realização desse trabalho.

À Tatiana Anjoletto, minha companheira de estradas. Você foi parte importantíssima


para a realização desse trabalho.

À Profa. Dra. Adolorata Aparecida Bianco de Carvalho que é um exemplo a ser


seguido por tanta dedicação e amor à Saúde Pública e ao ensino da Medicina
Veterinária, e por contribuir com dicas tão preciosas para a elaboração dessa
dissertação.

Ao Prof. Dr. Luiz Augusto Amaral por contribuir de maneira tão brilhante durante a
arguição da qualificação para que eu escrevesse as minhas considerações finais,
uma vez que seus ensinamentos são para a vida.

Aos demais professores e funcionários do Departamento de Medicina Veterinária


Preventiva e Reprodução Animal por sempre me trataram com carinho.

Aos queridos, Irineu Machado Benevides Filho e Marcelo Hauaji de Sá Pacheco, por
tamanha dedicação nas visitas às IESs do Rio de Janeiro.

Ao CRMV/RJ por abrir suas portas e acreditar no projeto.

À FAPESP, pelo apoio por meio da bolsa de mestrado.

A todos que contribuíram direta ou indiretamente para a realização deste trabalho.


i

SUMÁRIO

Assunto Página
RESUMO....................................................................................................... iii
ABSTRACT.................................................................................................... iv
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS......................................................... v
LISTA DE TABELAS...................................................................................... vi
LISTA DE FIGURAS...................................................................................... viii
1. INTRODUÇÃO.......................................................................................... 01
2. ENUNCIADO DO PROBLEMA.................................................................. 02

2.1 Revisão de literatura 02

2.2 Objetivos....................................................................................... 14
2.2.1 objetivo geral.......................................................................... 14
2.2.2 objetivos específicos............................................................. 14

3. MATERIAL E MÉTODOS......................................................................... 14
3.1. Caracterização dos cursos de graduação em Medicina Veterinária
da Região Sudeste do Brasil.................................................................... 16
3.2. Análise da matriz curricular dos cursos de Medicina Veterinária,
dos cursos públicos e privados, enfatizando as disciplinas relacionadas
à Saúde Pública Veterinária..................................................................... 16
3.3. Identificação das noções de estudantes do curso de Medicina
Veterinária, dos cursos públicos e privados, sobre a atuação do
profissional Médico Veterinário na área de Saúde Pública Veterinária... 21
3.4. Análise estatística............................................................................. 22
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................. 23
4.1. Caracterização dos cursos de graduação em Medicina Veterinária
da Região Sudeste do Brasil.................................................................... 23
4.2. Análise da matriz curricular dos cursos de Medicina Veterinária,
dos cursos públicos e privados, enfatizando as disciplinas relacionadas
à Saúde Pública .................................................................................... 27
ii

4.3. Identificação das noções de estudantes do curso de Medicina


Veterinária, dos cursos públicos e privados, sobre a atuação do 41
profissional Médico Veterinário na área de Saúde Pública Veterinária...
5. CONCLUSÕES.......................................................................................... 61
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................... 62
7. REFERÊNCIAS......................................................................................... 66
8. APÊNDICES.............................................................................................. 73
APÊNDICE I - Ofício enviado a todos os cursos de graduação em
Medicina Veterinária da região sudeste do Brasil, aos cuidados dos
coordenadores de curso, assinado pelo responsável pelo projeto e seu
orientador................................................................................................. 73
APÊNDICE II - Modelo de questionário aplicado aos coordenadores
dos cursos de graduação em Medicina Veterinária de todos os cursos
participantes do projeto, preenchido pelos mesmos................................ 74
APÊNDICE III - Modelo de questionário aplicado aos graduandos do
curso de Medicina Veterinária, do primeiro, terceiro e quinto anos, de
todos os cursos participantes do projeto, preenchido pelos mesmos...... 76
iii

O ENSINO DE SAÚDE PÚBLICA VETERINÁRIA NOS CURSOS DE


GRADUAÇÃO EM MEDICINIA VETERINÁRIA DA REGIÃO SUDESTE DO
BRASIL

RESUMO: O mundo globalizado pede por profissionais que estejam aptos a


trabalhar sob o conceito “Um mundo, uma saúde”. Por isso, médicos
veterinários tornam-se importantes atores no que diz respeito ao
gerenciamento de saúde, e a educação em Medicina Veterinária deve estar
preocupada em formar profissionais aptos a atender às necessidades exigidas
pela sociedade. Sendo assim, o objetivo deste trabalho foi realizar o
diagnóstico de situação sobre o ensino de Saúde Pública Veterinária nos
cursos de graduação em Medicina Veterinária da região Sudeste do Brasil,
além de traçar o perfil do estudante desse curso na região referida. A pesquisa
foi realizada por meio da análise das matrizes curriculares dos cursos de
Medicina Veterinária, e para traçar o perfil do estudante e identificar seus
conhecimentos à respeito de Saúde Pública Veterinária, foram elaborados e
aplicados dois tipos de questionários individuais. Os resultados demonstraram
que as disciplinas não contemplam de forma adequada a área de atuação da
Saúde Pública Veterinária, e o perfil curativo ainda é enfatizado, pois as
disciplinas relacionadas à área de medicina veterinária preventiva têm cargas
horárias reduzidas, além de serem oferecidas nos últimos períodos do curso,
desfavorecendo o discente nas possibilidades oferecidas pela profissão por ele
escolhida. Em relação ao perfil do estudante, percebe-se que o graduando, na
sua maioria composto pelo gênero feminino, ingressa nas Instituições muito
jovem sem ter a certeza da profissão escolhida, opta pela carreira pelo gosto
pelos animais e admiração e com uma visão clínica, pré formada da profissão,
persistindo no foco da medicina veterinária curativa e não preventiva. Por isso,
mostra-se necessária a reestruturação no ensino médico-veterinário, para que
o egresso consiga atender às exigências mundiais e se inserir no mercado de
trabalho de modo a contribuir para um bem comum: a saúde.

Palavras-chave: diagnóstico de situação, ensino, graduação,


interdisciplinaridade, medicina veterinária preventiva.
iv

THE TEACHING OF VETERINARY PUBLIC HEALTH IN THE GRADUATION


COURSES OF VETERINARY MEDICINE IN SOUTHEAST OF BRAZIL

ABSTRACT: A globalized world demands professionals who are able to focus


on the concept "One world, one health". Therefore, veterinarians play a very
important part in health management. Also, formal Veterinary Medicine
education should be concerned in instructing professionals who are fit to meet
the needs required by the society. Thus, the objective of this research was to
accomplish a diagnosis of the situation involving Veterinarian Public Health
teaching in Veterinary Medicine undergraduate courses in southeastern Brazil,
in addition to defining the profile of undergraduate students in this regions'
Veterinary Medicine courses. This research was conducted through analysis of
course curricula and, in order to define students' profiles, we have elaborated
and applied two types of individual surveys. The results showed that the
subjects do not address adequately the area of Veterinary Public Health. Also,
in this context, it is clear that the veterinary healing profile is emphasized at the
expense of a preventive one, because the courses' subjects related to the area
have restricted working hours, and are offered only in the final periods of the
course, which discourages the student in finding new possibilities offered by the
profession he chose. As regards the student profile, one can see that the
undergraduate student body is mostly composed of females, joins the institution
at a young age - not being sure of its choice concerning its profession -, usually
opts for this career based on its fondness for animals, has a pre-formed clinical
view and persists in focusing in a curative and not preventive veterinary
medicine. Therefore, it is necessary to restructure veterinary medicine
education, so that the egress can meet the global demands and can enter the
labor market to contribute to a common good: health.

Keywords: interdisciplinarity, preventive veterinary medicine, situation


diagnosis, under-graduation, veterinary medicine education.
v

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CFMV Conselho Federal de Medicina Veterinária

CH Carga Horária

CRMV Conselho Regional de Medicina Veterinária

CNSPV Comissão Nacional de Saúde Pública Veterinária

CV Clínica Veterinária

DCN Diretrizes Curriculares Nacionais

ENADE Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes

ES Espírito Santo

ESF Estratégia Saúde da Família

FAO Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação

FCAV Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias

IES Instituição de Ensino Superior

ITPOA Inspeção e Tecnologia de Produtos de Origem Animal

MG Minas Gerais

MVP Medicina Veterinária Preventiva

NASF Núcleo de Apoio à Saúde Familiar

OMS Organização Mundial de Saúde

OIE Organização Mundial de Saúde Animal

RJ Rio de Janeiro

SP São Paulo

SUS Sistema Único de Saúde

UBA Universidade de Buenos Aires

Unicef Fundação das Nações Unidas para a Infância

ZOO Zootecnia e Produção Animal


vi

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Estados, categoria administrativa e número de matrizes


curriculares analisadas da região Sudeste do Brasil.
Jaboticabal, 2015............................................................... 27
Tabela 2 - Estados, categoria administrativa e números de IESs da
Região Sudeste do Brasil que manifestaram interesse e
confirmaram a participação na pesquisa. Jaboticabal,
2015.................................................................................... 28
Tabela 3 - Carga horária, em horas, e porcentagens das disciplinas
obrigatórias, estágio curricular supervisionado e trabalho
de conclusão de curso, atividades complementares, e
carga horária geral das 55 matrizes curriculares de cursos
de graduação em Medicina Veterinária da região Sudeste
do Brasil. Jaboticabal, 2015.................................. 29
Tabela 4 - Carga horária média, em horas, e porcentagens das
disciplinas obrigatórias das 55 matrizes curriculares de
cursos de graduação em Medicina Veterinária da região
sudeste do Brasil, divididas em Ciências Biológicas,
Ciências Humanas e Sociais e Ciências da Medicina
Veterinária, 2015................................................................ 31
Tabela 5 - Carga horária média, em horas, e porcentagem das
disciplinas obrigatórias relacionadas às Ciências da
Medicina Veterinária das 55 matrizes curriculares de
cursos de graduação em Medicina Veterinária da região
sudeste do Brasil, divididas em conteúdos que refletem as
áreas de atuação do profissional médico veterinário,
2015..................................................................................... 35
Tabelo 6 - Comparação entre os estados pelo teste de Mann-
Whitney aplicado para verificar se há diferença de carga
horária para as disciplinas de Zootecnia e Produção entre
os Estados da Região Sudeste. Jaboticabal, 2015.............. 37
vii

Tabela 7 - Carga horária média, porcentagens e períodos das


disciplinas relacionadas às áreas de atuação da Medicina
Veterinária Preventiva e Saúde Pública e da Inspeção e
Tecnologia dos Produtos de Origem Animal das matrizes
curriculares dos 55 cursos de graduação em Medicina 39
Veterinária da região sudeste do Brasil, 2015....................
Tabela 8 - Estados, categoria administrativa e número de estudantes
dos três períodos analisados, dos 34 cursos, públicos e
privados, de graduação em Medicina Veterinária da
Região Sudeste do Brasil que manifestaram interesse e
confirmaram a participação na pesquisa. Jaboticabal,
2015...................................................................................... 42
viii

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Estados, categoria administrativa das IES da Região 24


Sudeste do Brasil...............................................................
Figura 2 - Percentual médio das cargas horárias médias dedicadas
às disciplinas obrigatórias, estágio curricular e trabalho
de conclusão de curso e atividades complementares das
matrizes curriculares analisadas da região Sudeste do 30
Brasil. Jaboticabal, 2015.....................................................

Figura 3 - Percentual médio das cargas horárias dedicadas às


Ciências Básicas, Ciências Humanas e Sociais e
Ciências da Medicina Veterinária na Região Sudeste do
Brasil. Jaboticabal, 2015..................................................... 33

Figura 4 - Gênero dos estudantes dos cursos de graduação em


Medicina Veterinária, divididos por Estados da Região
Sudeste do Brasil. Jaboticabal, 2015................................. 44
1

1. INTRODUÇÃO

A globalização gerou desafios geopolíticos, econômicos e sociais, além dos

novos desafios para a saúde, pois facilitou a transmissão de enfermidades e o seu

controle tornou-se mais difícil. Assim, o conceito “Um Mundo, Uma Saúde” objetiva a

resolução desses problemas de saúde nas populações mais suscetíveis, reforçando

a capacidade de resposta às emergências mundiais de saúde, buscando a união

entre profissionais de diversas áreas.

Nesse contexto, médicos veterinários tornam-se importantes atores para

ajudar a enfrentar e resolver esses desafios, sendo cada vez mais necessária a

consolidação das posições conquistadas por esses profissionais na Saúde Pública,

bem como a conquista de novos espaços. No entanto, observa-se no Brasil a

escassez de profissionais capacitados e atuantes nessa área, pois existem

deficiências na formação médico-veterinária com desvalorização da área de Saúde

Pública, priorizando o modelo curativo. Fato justificável, pois o perfil da maioria dos

alunos também é voltado para a atuação na clínica veterinária.

É importante que os egressos tenham uma visão holística da profissão.

Assim, o médico veterinário como promotor de um direito da população, a saúde,

deve ter formação adequada para desenvolver ações de Saúde Pública,

independente da área de atuação, fazendo realmente a diferença e atendendo às

exigências e necessidades da sociedade.

As mudanças só poderão ser observadas a partir da reestruturação da

educação médico-veterinária; para tanto, é necessário que se apresente um

panorama do ensino da Saúde Pública Veterinária e da caracterização do perfil dos

estudantes.
2

À vista disso, considerando a demanda por Médicos Veterinários

envolvidos em saúde pública e na estratégia “Um mundo uma saúde”, e a

preocupação com a formação acadêmica nessa área, idealizou-se o presente

trabalho objetivando realizar um diagnóstico de situação sobre o ensino de Saúde

Pública Veterinária nos cursos de graduação em Medicina Veterinária da região

sudeste do Brasil. A expectativa é fornecer subsídios para possível reestruturação

da matriz curricular, de tal forma que permita ao egresso pleno conhecimento do

espectro de atuação profissional em Saúde Pública Veterinária.

2. ENUNCIADO DO PROBLEMA

2.1 Revisão de Literatura

A Medicina Veterinária, assim como outras profissões, tem sido vista como

um constructo social, ou seja, formas que configuram pessoas, instituições e

conhecimento para servir a um propósito especial (WERGE, 2003). Entretanto, além

de ser um agente atuante na saúde e bem-estar dos animais, o médico veterinário é

imprescindível na Saúde Pública por sua responsabilidade na promoção de

segurança alimentar, controle de zoonoses, pesquisas biomédicas e proteção ao

meio ambiente e à biodiversidade (CARLO, 2011). Porém, o veterinário ainda é

relacionado ao modelo médico curativo, que dispõe de métodos de diagnóstico e

procedimentos de cura animal, modelo básico clínico contemporâneo. No entanto,

há necessidade da realização de uma mudança cultural para outra direção,

relacionada às ciências naturais e sociais, com mais ênfase no bem-estar geral e em

perspectivas mais amplas (WERGE, 2003).


3

A primeira década do século XXI vem apresentando à sociedade um conjunto

de desafios e de realidades imprevisíveis e de difícil entendimento. Na essência, as

relações entre os indivíduos e o espaço social tornaram-se mais abrangentes. A

importância dada aos animais e ao meio ambiente alcançou grande complexidade,

às vezes ultrapassando barreiras ou confrontando paradigmas constituídos há

séculos (BARCELLOS et al. 2014). Isso porque ao final do século XX o termo

“saúde” ganhou maior complexidade conceitual, uma vez que a multicausalidade das

doenças foi reconhecida. Assim, ficou relativamente claro que exercer a promoção

da saúde, a prevenção de doenças e agravos e intervir em reservatórios de doenças

transcende competências de uma ou de outra profissão. A saúde, de fato, necessita

dos saberes de muitas profissões e materializar tal entendimento passou a ser tarefa

de um conjunto de profissões, dentre elas a Medicina Veterinária (SOUZA et al.,

2011).

A estratégia “Um mundo, uma saúde” foi elaborada por quatro organismos

internacionais, a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação

(FAO), a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), Organização Mundial de

Saúde (OMS) e Fundação das Nações Unidas para a Infância (Unicef) (ANJOS et

al., 2013). Este conceito está ligado à prevenção e controle de enfermidades

infecciosas na interface agente, hospedeiro e ambiente (GRISOTTI, 2010), e foi

elaborado visto que a constante ameaça de novas pandemias será originada a partir

dessa tríade, representando uma necessidade fundamental de colaboração

intersetorial, principalmente na vigilância, gestão de risco, biossegurança e

comunicação (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2004). Essa estratégia tem como

objetivo promover saúde e prevenir doenças, visando à resolução dos problemas de


4

saúde nas populações mais suscetíveis, reforçando a capacidade de resposta às

emergências mundiais de saúde. A iniciativa é um movimento que busca a união

entre Médicos, Médicos Veterinários, Odontólogos, Enfermeiros e outros

profissionais de saúde, com o conceito de que para as doenças não há separação

entre o ser humano, os animais e o meio ambiente (ANJOS et al., 2013).

O gerenciamento de saúde exige uma perspectiva holística de “Uma Saúde”,

na qual se reconheçam as complexas interações entre saúde humana, pecuária,

saúde de animais de estimação e silvestres, clima, ecossistemas, agricultura,

sistemas de produção de alimentos e desenvolvimento humano (SCHNEIDER et al.,

2014). Nesse contexto, os Médicos Veterinários estarão na linha de frente da

promoção da investigação, avaliação das práticas baseadas em evidências e criação

de programas inovadores para reduzir a incidência das zoonoses, sendo essa uma

oportunidade para desenvolver centros de excelência, educar e treinar diferentes

disciplinas, colaborar com diversas áreas e, por fim, criar uma abordagem de custo

eficaz para diminuir a prevalência de doenças na interface humana-animal

(AMERICAN VETERINARY MEDICAL ASSOCIATION, 2008).

Aliado às necessidades globais da estratégia "Um mundo, uma saúde" no

Brasil trabalha-se, ainda, a importância da atuação profissional na área da saúde.

Na década de 1970 teve início o Movimento Sanitário, pela necessidade de articular

as ações da saúde pública e da prestação da assistência médica em um só

ministério. Em 1986, na 8ª Conferência Nacional, aprovou-se o projeto de

construção de um sistema público de saúde com o lema da “Saúde como direito de

todos e dever do Estado”, fruto deste movimento pela reforma sanitária, formulado a
5

partir da definição ampliada de saúde, entendida como o resultado das relações

estabelecidas no processo social de produção (NAMEN; CABREIRA, 2007).

A aprovação da nova constituição em 1988 e das Leis Orgânicas em 1990

garantiu legalmente o Sistema Único de Saúde (SUS) dentro dos princípios da

universalidade, integralidade, equidade, hierarquização da assistência e participação

da comunidade (NOGUEIRA, 2009). A necessidade de tornar o SUS um sistema

efetivo foi o gatilho para a criação da Estratégia de Saúde da Família (ESF), produto

da reforma das prioridades do Ministério da Saúde para a Atenção Primária (LUZ,

2009), que priorizou a prevenção e a promoção de saúde (NOGUEIRA, 2009). Essa

assistência à saúde da população brasileira busca o trabalho social multiprofissional:

o qual deve conhecer as famílias; identificar seus problemas de saúde; entender a

realidade da comunidade e montar um planejamento de modo a resolver problemas

e evitar os riscos, além de proporcionar atenção à saúde em continuidade com os

demais níveis de assistência.

No Brasil desde 1990 estão previstas ações passíveis da atuação do médico

veterinário na área da saúde por meio da Lei n° 8080 de 19 de setembro de 1990

que determina as condições para a promoção da saúde e dispõe sobre a criação do

SUS. Entre as atribuições do SUS cita-se a promoção e assistência à saúde, a

vigilância sanitária, epidemiológica, ambiental, a saúde do trabalhador e o auxílio

terapêutico. As profissões integradas ao sistema foram a Medicina, a Enfermagem, a

Fisioterapia, a Psicologia e a Assistência Social. A Medicina Veterinária não foi

incluída (BRASIL, 1990; SOUZA, 2010).

Em 1991 o Ministério da Saúde definiu as profissões atuantes na área da

saúde, não incluindo mais uma vez essa carreira. A inclusão da Medicina Veterinária
6

no rol das atuantes da área da saúde foi feita dois meses depois, a partir da

Resolução n° 38 de 04/02/1992 do Conselho Nacional de Saúde, que considera a

importância da profissão para a saúde (MEDITSCH, 2006). E em 1998 o Conselho

Nacional de Saúde (CNS) incluiu os Médicos Veterinários como atuantes do

conselho (SOUZA, 2004).

Em 2008 foi criado o Núcleo de Apoio a Saúde Familiar (NASF), por meio da

portaria GM/MS n°154 com o intuito de complementar o já existente Programa de

Saúde da Família, objetivando a melhoraria da atenção básica da população

(BRASIL, 2008). Os núcleos foram compostos por profissionais de nove

modalidades da área da saúde, que deveriam atuar de maneira integrada. E mais

uma vez a Medicina Veterinária, juntamente com a Biologia não foram incluídas das

profissões integrantes do NASF, mesmo sendo de grande importância para a

promoção da saúde (COMISSÃO NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICA VETERINÁRIA,

2009). Uma vez que os NASFs devem contribuir para a integralidade do cuidado aos

usuários do SUS, como processo de trabalho, principalmente no tocante ao aumento

da capacidade de análise e de intervenção sobre problemas e necessidades de

saúde, em termos sanitários e ambientais dentro dos territórios (SOUZA et al.,

2012), fica clara a importância da participação do profissional veterinário nesses

núcleos.

Assim, diante do fato de 75% das doenças emergentes e reemergentes

serem de origem animal, da capacidade do profissional desenvolver ações de

estratégia multidisciplinar, no que diz respeito à promoção da saúde, prevenção e

controle de doenças e agravos à saúde, das suas especialidades, além do manejo

técnico das questões ambientais e circulação de agentes e patógenos no território e


7

domicílios, o Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) pleiteou junto ao

governo federal a inserção do profissional nos núcleos (COMISSÃO NACIONAL DE

SAÚDE PÚBLICA VETERINÁRIA, 2009). E a portaria GM/MS nº 2.488, de 21 de

outubro de 2011 incluiu a Medicina Veterinária no NASF, com o objetivo de ampliar a

abrangência das ações de atenção em saúde de forma a contribuir para a

integralidade dos cuidados à população por meio do SUS, considerando os riscos

epidemiológicos e as necessidades locais das áreas atendidas (BRASIL, 2011;

REVISTA... 2012).

Independente da área de atuação, Médicos Veterinários são responsáveis

pela promoção da saúde e do bem-estar animal, pela saúde pública e segurança

alimentar, sendo seus serviços considerados um bem público mundial (REVISTA

CFMV, 2013). O Consórcio Norte Americano de Educação em Medicina Veterinária

(NAVMEC) também coloca o profissional como um líder influente em assuntos

relacionados com animais, humanos e saúde dos ecossistemas (REVISTA CFMV,

2013), propondo uma visão que traz elevado nível de responsabilidade social ao

médico veterinário (MONDADORI et al., 2014). Sendo assim, fica clara a relevância

desse profissional no que se diz respeito à prevenção de doenças e saúde pública,

tornando uma profissão com um amplo espectro de opções de carreira para seus

aspirantes (REVISTA CFMV, 2013).

A OIE (Organização Internacional da Saúde Animal) considera que a

educação veterinária é a pedra angular que garante que os egressos não apenas

recebam o treinamento e formação devidos, garantindo conhecimento sólido das

habilidades gerais, mas que também possuam o conhecimento, habilidades, atitudes

e aptidões para compreender e executar tarefas básicas relacionadas com a


8

promoção da saúde animal e saúde pública, sendo os princípios de “Uma Saúde”

um dos componentes principais do currículo veterinário. Neste sentido, publicou as

recomendações sobre competências mínimas esperadas de Médicos Veterinários

recém graduados para garantir serviços veterinários nacionais de qualidade. O

documento salienta a contribuição dos profissionais para a sociedade na tarefa de

garantir a sanidade e o bem-estar dos animais, pessoas e ecossistemas, e defende

a importância da formação veterinária inicial e contínua de qualidade (OIE, 2012).

A educação médico-veterinária enfrenta grandes desafios surgidos com a

necessidade de oferecer respostas às mudanças rápidas e substancias da própria

humanidade, ligadas principalmente à produção global de alimentos, ao

abastecimento de alimentos seguros e protegidos, às emergentes doenças

zoonóticas, à conservação da fauna e à gestão da saúde pública. O profissional

deve contemplar as respostas para os principais direcionadores que envolvem a

saúde dos animais e a produção de produtos de origem animal no mundo,

representados pelo crescimento populacional e urbanização; mudanças no estilo de

vida e o papel dos animais de companhia; desenvolvimento econômico e

globalização; mudanças na demanda de mercado e a revolução na tecnologia de

informações (ESTRATÉGIAS DE ENSINO-APRENDIZAGEM PARA

DESENVOLVIMENTO DAS COMPETÊNCIAS HUMANÍSTICAS, 2012).

Na contramão dessa ideia, o currículo dos cursos de Medicina Veterinária

privilegia, em alto grau, a clínica médica, em detrimento de outros campos de

atuação evidenciando que o médico veterinário é essencialmente formado para

atuar na doença e não na prevenção. As falhas na formação profissional estão

afastando este profissional de suas origens históricas vinculadas à Saúde Pública


9

(PFUETZENREITER, 2003). A preparação de profissionais nessa área é crucial para

a sociedade que deseja minimizar o risco de problemas sérios de zoonoses

(NIELSEN, 1997). Além disso, Hendrix et al. (2005), consideram que, é por meio da

atuação em saúde pública que a profissão veterinária será mais valorizada.

No país, não há uma tradição de ensino no campo da Medicina Veterinária

Preventiva e Saúde Publica. Pfuetzenreiter (2003) relata alguns motivos pelos quais

a Medicina Veterinária Preventiva e Saúde Pública ocupa um espaço restrito no

ensino da Medicina Veterinária, como a baixa valorização dos profissionais ligados à

área, que poderia exercer influência negativa no momento da escolha do campo de

atuação profissional; o médico veterinário, por não possuir consciência de seu

potencial nas atividades relacionadas à saúde da população, não conquistaria esses

espaços, não sendo, portanto, dada a devida atenção para o campo da atividade

dentro dos próprios cursos de formação; a associação da Medicina Veterinária com

as ciências agrárias facilita o distanciamento das atividades ligadas à saúde.

Em uma análise sobre os currículos dos principais cursos de Medicina

Veterinária do Brasil, foram observadas discrepâncias entre as percentagens

dedicadas às diferentes áreas de atuação profissional. A área de Clínica Veterinária

apresentou a maior média de carga horária com 38,62%, enquanto que a Medicina

Veterinária Preventiva e Saúde Pública totalizaram 11,64%, índice inferior à

Zootecnia e Produção Animal com 17,96%. As matérias básicas representaram

27,42% e outras áreas 4,36%. A pequena carga horária dedicada à Medicina

Veterinária Preventiva e Saúde Pública sugere que os cursos não enfatizam essa

área. Este fato, aliado ao contato tardio com essa área de atuação, desestimula o
10

interesse e a procura pela área por parte dos alunos (PFUETZENREITER;

ZYLBERSZTAJN, 2004).

Pfuetzenreiter e Wanzuita (2007), analisaram as matrizes curriculares dos

cursos de Medicina Veterinária da região Sul do país e observaram que estas

trabalham as distintas áreas do conhecimento de forma semelhante ao relatado

anteriormente. As matérias básicas são prioridades nos dois primeiros anos de curso

e uma concepção voltada para a clínica veterinária começa a ser cultivada a partir

do segundo ano, sobressaindo-se aos demais campos de atuação em termos de

carga horária. A zootecnia e produção animal têm a segunda maior

representatividade e a medicina veterinária preventiva e saúde pública aparecem em

último lugar, com carga horária bastante reduzida em relação às demais áreas do

conhecimento médico-veterinário. Os autores concluem que a predominância de um

campo de atuação sobre os demais se torna prejudicial na medida em que o

profissional perde o vínculo com o objetivo primordial da profissão que é a

manutenção do bem estar humano, por intermédio dos cuidados com a saúde

animal.

Outro problema é a falta de comunicação e associação efetivas entre

disciplinas, além da repetição de determinados conteúdos programáticos. (LIMA JR,

2001), fazendo com que a predominância de determinada área de atuação na

educação se torne prejudicial (PFUETZENREITER; ZYLBERSZTAJN, 2008).

Sabe-se que o profissional deve ter formação eclética, capaz de gerar e

aplicar conhecimentos técnico-científicos com formação generalista (GOLDFEDER,

2012). No entanto, é interessante perceber que, coincidentemente, a partir dos anos

1980 se intensificou o processo de urbanização da profissão, as ações nas áreas de


11

clínica e cirurgia de animais de companhia começaram a ser enfatizadas e os

currículos e projetos pedagógicos dos cursos criados a partir de 1990 passaram a

exibir forte apelo para a área de pequenos animais (MONDADORI et al., 2013a).

Ademais, o perfil dos estudantes no país sofreu extraordinária modificação ao

longo dos anos, sobretudo nas últimas décadas (MONDADORI et al., 2013a), uma

vez que o curso desde sua origem, era uma profissão basicamente masculina, e a

cada ano, vem se tornando uma profissão de maioria feminina (CARLO;

GONÇALEZ, 2013). Radostits (2003) relata essa mudança do perfil e comenta que

grande parte dos estudantes são mulheres provenientes do meio urbano, com

expectativas profissionais específicas.

Esses estudantes, mesmo quando ingressam no curso, manifestam uma

preferência maior pela área da clínica veterinária. Em estudo sobre o perfil e os

anseios dos ingressantes no curso de Medicina Veterinária da FMVZ/USP, no ano

de 1990, observou-se que mais de 70% dos alunos pretendiam exercer atividades

de clínica médica cirúrgica de distintas espécies animais (LARSSON; D’ANGELINO;

LARSSON JR, 1990). Essa visão curativa da profissão também foi observada por

Bürger et al. (2009), em que 85,7% dos alunos ingressantes relataram a clínica

médica e cirúrgica como área de atuação do médico veterinário, seguida de 55,1%

da inspeção de produtos de origem animal e 28,5% do centro de controle de

zoonoses.

As expectativas profissionais específicas dificilmente se alteram até a

finalização do curso. Em um estudo sobre os egressos da Faculdade de Ciências

Veterinárias da Universidade de Buenos Aires, no período de 1991 a 1998, foi

observado que a maior parte dos ex-alunos optou pela clínica médica, sendo 38,8%
12

pela medicina em pequenos animais e 19,6% pela medicina em grandes animais. A

medicina veterinária preventiva e saúde pública ocupou a última posição com 14%,

enquanto 27,6% dos egressos se dedicaram à produção animal (TELLECHEA et al.,

1999).

Assim, para enfrentar o cenário da profissão é necessário inovar. Nessa

perspectiva, emerge o conceito de uma nova formação e um novo profissional, com

formação básica forte associada a bases humanísticas e filosóficas mais

abrangentes (BARCELLOS et al., 2012). As Diretrizes Curriculares Nacionais dos

cursos de graduação em Medicina Veterinária preconizam as competências que

devem fazer parte do rol de objetivos de aprendizagem, como atenção à saúde,

tomada de decisão, comunicação, liderança, administração e gerenciamento e

educação permanente (BRASIL, 2003). Essas competências, denominadas

humanísticas, estão relacionadas umas às outras de forma interdependente. No

entanto pode ser notada uma lacuna no que se refere ao desenvolvimento dessas

competências, podendo acarretar uma possível perda no espaço profissional,

especialmente em posições de destaque, como cargos governamentais, executivos

e de liderança (REVISTA CFMV, 2013).

A ciência da comunicação, por exemplo, tornou-se um novo pilar de

sustentação do sucesso profissional, mas muitas vezes ela não está inserida na

matriz curricular das Instituições de Ensino Superior (IES) (MIRANDA et al., 2013).

Além disso, essas competências humanísticas não estão sendo adequadamente

trabalhadas nos cursos porque ainda existem muitas dúvidas de coordenadores e

professores quanto ao “como” o processo de ensino-aprendizagem dessas deve ser

conduzido (RONCATI; PEREIRA; RONCATI, 2013).


13

Para permanecer relevante, o ensino de Medicina Veterinária deve preparar

profissionais para o exercício das atividades do futuro e não apenas para o presente

(OLIVEIRA FILHO; SANTOS; MONDADORI, 2009). E a preocupação com a

formação de qualidade precisa ser o principal objetivo do projeto pedagógico de

cada curso, pois além do conhecimento técnico, as instituições de ensino devem

também contribuir para formar o cidadão para o mundo, dando ênfase na formação

ética e humanística, que deve estar presente durante todo o período de treinamento

do futuro profissional (OLIVEIRA FILHO; SANTOS; MONDADORI, 2010). Para o

campo da Medicina Veterinária Preventiva e Saúde Pública, recomenda-se a

elaboração de um plano de ensino que proporcione aos estudantes a aquisição de

conhecimentos e experiências de aprendizado que auxiliem na resolução dos

problemas de saúde das comunidades. Dentro da tríade ensino, pesquisa e

extensão, alguns temas atuais que necessitam de uma abordagem sanitarista

poderiam ser mais intensamente trabalhados nos cursos, abrangendo

conhecimentos de Saúde Pública, ética e legislação, controle de doenças

epizoóticas (PFUETZENREITER; ZYLBERSZTAJN, 2008).

Esses são fatores que devem ser considerados para aprimorar o currículo da

Medicina Veterinária (MEDITSCH, 2006). O profissional formado em Medicina

Veterinária que possuir sólidos fundamentos nos conteúdos pertinentes à Medicina

Veterinária Preventiva e Saúde Pública, além da habilidade para trabalhar de forma

interdisciplinar, estará preparado para auxiliar as populações humanas a

enfrentarem seus principais desafios (PFUETZENREITER; ZYLBERSZTAJN; AVILA-

PIRES, 2004), correspondendo os anseios do mundo moderno.


14

2.2 OBJETIVOS

2.2.1 Objetivo geral

Realizar diagnóstico de situação sobre o ensino de Saúde Pública Veterinária

nos cursos de graduação em Medicina Veterinária, tanto dos cursos públicos quanto

privados, da região sudeste do Brasil, em IESs públicas e privadas.

2.2.2. Objetivos específicos

 analisar a matriz curricular dos cursos de graduação em Medicina

Veterinária, enfatizando as disciplinas relacionadas à Saúde Pública

Veterinária;

 relacionar as disciplinas ministradas na área da Saúde Pública Veterinária

com os períodos que são ministradas;

 traçar o perfil dos estudantes do curso de graduação em Medicina Veterinária;

 identificar o conhecimento de estudantes do curso de graduação em Medicina

Veterinária, sobre a atuação do profissional na área de Saúde Pública

Veterinária.

3. MATERIAL E MÉTODOS

A presente pesquisa faz parte de um projeto maior, sendo a primeira etapa do

trabalho cumprida durante o desenvolvimento do projeto de doutorado intitulado “O

ensino de Saúde Pública Veterinária nos cursos de graduação em Medicina

Veterinária do Estado de São Paulo” ao longo de 2008, 2009 e 2010, no qual foram

pesquisados os cursos do Estado de São Paulo que manifestaram interesse e


15

confirmaram a participação. Foram analisados 27 currículos, e 2.250 estudantes de

graduação de 20 diferentes cursos do Estado de São Paulo.

No presente estudo foi proposta a finalização do diagnóstico de situação

sobre o ensino de Saúde Pública Veterinária nos cursos de graduação em Medicina

Veterinária, tanto das instituições públicas quanto privadas públicos quanto privados,

da região sudeste do Brasil. Este foi desenvolvido por meio de visitas aos cursos de

graduação em Medicina Veterinária, durante os anos de 2013 e 2014, as quais

foram agendadas com os coordenadores dos cursos, por contato telefônico ou meio

digital, para que autorizassem a realização da pesquisa nas Instituições de Ensino

Superior (IESs). Posteriormente, foi enviado um ofício (Apêndice I) aos

coordenadores de todos os cursos, que deveriam retorná-lo à pesquisadora

responsável, devidamente assinado, autorizando o desenvolvimento da pesquisa. A

partir da oficialização das visitas, essas foram agendadas com cada coordenador de

curso, de acordo com a disponibilidade de horários dos mesmos. A partir do

agendamento das visitas, as instituições de ensino foram visitadas pela pós-

graduanda.

A avaliação dos estudantes foi realizada com questionários individuais semi-

estruturados (Apêndice II). Para tanto, foram desenvolvidos dois tipos de

questionários; um para os estudantes do primeiro e terceiro anos, no início do curso

de graduação e quando têm início as disciplinas profissionalizantes,

respectivamente, e outro para o quinto ano, quando tem início o estágio curricular

obrigatório, próximo ao término do curso.

Este trabalho foi desenvolvido com o apoio do Núcleo de Estudo da

Educação médico-veterinária, EstudaVet, do Departamento de Medicina Veterinária


16

Preventiva e Reprodução Animal da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias,

Unesp, Câmpus de Jaboticabal/SP. A proposta inicial seria avaliar todos os cursos

de graduação em Medicina Veterinária da região sudeste do Brasil, entretanto, foram

avaliados somente os cursos que manifestaram interesse e confirmaram a

participação.

3.1. Caracterização dos cursos de graduação em Medicina Veterinária da

Região Sudeste do Brasil

Para a caracterização dos cursos, utilizou-se como referência o site do CFMV

em que são listadas, por Estado, tanto as IESs publicas quanto privadas que

possuem o curso de Medicina Veterinária no Brasil. Foram utilizados como fonte de

pesquisa 87 cursos de graduação em Medicina Veterinária, assim distribuídos: cinco

no Estado do Espírito Santo, 25 em Minas Gerais, 14 no Rio de Janeiro e 43 em São

Paulo, divididos em duas categorias administrativas, instituições públicas e privadas.

3.2. Análise da matriz curricular dos cursos de Medicina Veterinária, dos

cursos públicos e privados, enfatizando as disciplinas relacionadas à Saúde

Pública Veterinária

Foi utilizada pesquisa documental tomando como fonte as matrizes

curriculares utilizadas nos cursos de graduação em Medicina Veterinária das IESs

da região Sudeste do Brasil. Os documentos foram obtidos diretamente com os

coordenadores de curso e/ou via meio digital pelo site da instituição de ensino. Os
17

dados foram coletados ao longo dos anos de 2013 e 2014. Os nomes dos cursos

não serão divulgados, sendo estes referenciados apenas com códigos.

Para análise das matrizes curriculares foram considerados alguns conteúdos

que são essenciais para o curso de graduação em Medicina Veterinária,

estabelecidos nas Diretrizes Curriculares Nacionais (BRASIL, 2003), que levam em

conta a formação generalista do profissional. Esses conteúdos refletem as áreas de

atuação profissional desempenhados pelos médicos veterinários e foram propostos

por alguns autores (PFUETZENREITER e ZYLBERSTAJN, 2004;

PFUETZENREITER e ZYLBERSTAJN, 2008), que se basearam nos conteúdos

curriculares que dão suporte para a aquisição de habilidades para o exercício da

profissão.

Os conteúdos devem contemplar as Ciências Biológicas e da Saúde, as

Ciências Humanas e Sociais e as Ciências da Medicina Veterinária, que abrangem

os componentes teóricos e práticos da clínica veterinária, da zootecnia e produção,

da medicina veterinária preventiva e saúde pública, e da inspeção e tecnologia dos

produtos de origem animal (BRASIL, 2003).

As Ciências Biológicas e da Saúde incluem os conteúdos das bases

moleculares e celulares dos processos normais e alterados, da estrutura e função

dos tecidos, órgãos, sistemas e aparelhos, bem como processos bioquímicos,

biofísicos, microbiológicos, imunológicos, de genética molecular e bioinformática em

todo desenvolvimento do processo saúde-doença, inerentes à Medicina Veterinária

(BRASIL, 2003). Esses conteúdos constituem uma forma de pensamento própria

compartilhada com os cursos da área das ciências da saúde, não constituindo um


18

campo de atuação profissional específico da Medicina Veterinária

(PFUETZENREITER e ZYLBERSTAJN, 2004).

Entretanto, pela importância que representam para o currículo na formação

dos profissionais, foram também analisadas. E esses conteúdos foram designados

como aqueles que aportem conhecimentos relativos às bases fundamentais das

ciências biológicas e às bases estruturais e funcionais dos animais que são objeto

de estudos nas Ciências Veterinárias. Assim, foram considerados como conteúdos:

introdução ao estudo da medicina veterinária; ecologia; morfologia (anatomia,

histologia, embriologia); bioquímica; biofísica; fisiologia; genética; microbiologia;

imunologia; bioestatística; farmacologia; patologia geral; e parasitologia.

As Ciências Humanas e Sociais incluem os conteúdos referentes às diversas

dimensões da relação indivíduo/sociedade, contribuindo para a compreensão dos

determinantes sociais, culturais, comportamentais, psicológicos, ecológicos, éticos e

legais, e conteúdos envolvendo a comunicação, a informática, a economia e a

gestão administrativa (individual e coletivo) (BRASIL, 2003). Foram designados

como aqueles que fornecem conhecimentos referentes às bases fundamentais das

ciências humanas e às bases estruturais e de funcionamento da empresa

agropecuária (PFUETZENREITER e ZYLBERSTAJN, 2004). Assim, foram

considerados como conteúdos: administração; economia; sociologia rural e urbana;

informática/processamento de dados; deontologia e ética profissional; e metodologia

científica.

As Ciências da Medicina Veterinária incluem os conteúdos teóricos e práticos

relacionados com saúde-doença, produção animal e ambiente, com ênfase nas

áreas de Saúde Animal, Clínica e Cirurgia Veterinárias, Medicina Veterinária


19

Preventiva, Saúde Pública, Zootecnia, Produção Animal e Inspeção e Tecnologia de

Produtos de Origem Animal (BRASIL, 2003). Foram designados aqueles que

proporcionam conhecimentos que são aplicados nas diferentes atividades para o

desempenho profissional, representadas pelos segmentos: Saúde Animal, Saúde

Pública Veterinária e Produção Animal (PFUETZENREITER e ZYLBERSTAJN,

2004). Essas áreas estabelecidas para o segmento profissionalizante correspondem

às áreas de atuação profissional desempenhadas pelo profissional médico-

veterinário. Assim, para cada área foram especificados os conteúdos constituintes

do bloco profissional (PFUETZENREITER e ZYLBERSTAJN, 2004;

PFUETZENREITER e ZYLBERSTAJN, 2008).

A clínica veterinária inclui conhecimentos de clínica, cirurgia e fisiopatologia

da reprodução com ênfase nos aspectos semiológicos e laboratoriais, visando à

determinação da etiopatogenia, do diagnóstico e do tratamento médico e cirúrgico

das enfermidades de diferentes naturezas (BRASIL, 2003). Essa área direciona-se

para uma atividade com características curativas, ocupando-se basicamente de

técnicas diagnósticas e do tratamento das enfermidades (PFUETZENREITER e

ZYLBERSTAJN, 2004; PFUETZENREITER e ZYLBERSTAJN, 2008). Compreende

os seguintes conteúdos: enfermagem veterinária; semiologia; patologia e clínica

médica (incluindo endocrinologia; enfermidades nutricionais e metabólicas);

patologia e clínica cirúrgica; patologia e clínica das enfermidades infecciosas e

parasitárias; clínica da reprodução (incluindo ginecologia, obstetrícia e andrologia);

medicina veterinária legal; anestesiologia; ornitopatologia; e clínica das intoxicações

(incluindo plantas tóxicas/toxocologia).


20

A área de zootecnia e a produção envolve sistemas de criação, manejo,

nutrição, biotécnicas da reprodução, exploração econômica e ecologicamente

sustentável, incluindo agronegócios (BRASIL, 2003). Essa área está voltada para a

criação e aperfeiçoamento dos animais domésticos, buscando a melhor relação

entre os valores dos produtos de origem e o valor dos insumos aplicados à produção

(PFUETZENREITER e ZYLBERSTAJN, 2004; PFUETZENREITER e

ZYLBERSTAJN, 2008). Compreende os seguintes conteúdos: biotecnologia da

reprodução (inseminação artificial e transferência de embriões); criação e

manejo/zootecnia geral; exteriores e exploração econômica e sustentável de animais

(incluindo animais domésticos e silvestres); nutrição; bromatologia; forragicultura e

pastagens; melhoramento animal; bioclimatologia; e etologia e bem-estar animal.

A medicina veterinária preventiva e saúde pública reúne conteúdos essenciais

às atividades destinadas ao planejamento em saúde, a epidemiologia, controle e

erradicação das enfermidades infecto-contagiosas, parasitárias e zoonoses,

saneamento ambiental, produção e controle de produtos biológicos (BRASIL, 2003).

Tal área busca medidas específicas para a proteção, manutenção e recuperação da

saúde animal em favor da saúde humana, por meio da profilaxia das doenças, com

ênfase principalmente nas zoonoses (PFUETZENREITER e ZYLBERSTAJN, 2004;

PFUETZENREITER e ZYLBERSTAJN, 2008). Compreendem os seguintes

conteúdos: epidemiologia aplicada; zoonoses; saneamento ambiental; e defesa

sanitária animal.

A inspeção e tecnologia dos produtos de origem animal incluem a

classificação, o processamento, a padronização, a conservação e inspeção higiênica

e sanitária dos produtos de origem animal e dos seus derivados (BRASIL, 2003).
21

Essa área compreende os conteúdos de higiene e inspeção de produtos de origem

animal; tecnologia aplicada; e controle da qualidade de produtos de origem animal.

Os conteúdos referentes às áreas de medicina veterinária preventiva e saúde

pública e de inspeção e tecnologia de produtos de origem animal foram

considerados como uma única área de atuação, de Saúde Pública Veterinária.

Os conteúdos das disciplinas obrigatórias de cada curso foram verificados e

classificados dentro de cada área de formação profissional, observando a carga

horária destinada a cada categoria dentro do currículo.

Com base nas informações obtidas foi estabelecida uma comparação entre as

matrizes estudadas. A partir disso, foram identificadas as diferenças existentes entre

os cursos.

3.3. Identificação das noções de estudantes do curso de Medicina Veterinária,

nas instituições públicas e privadas, sobre a atuação do profissional Médico

Veterinário na área de Saúde Pública Veterinária

A identificação das noções de estudantes do curso de graduação em

Medicina Veterinária foi realizada por meio de questionários individuais semi-

estruturados. Para tanto, foram desenvolvidos dois tipos de questionários e um

termo de consentimento livre e esclarecido (Apêndice III). O primeiro foi

desenvolvido para os estudantes do primeiro e terceiro ano, no início do curso de

graduação e quando têm início as disciplinas profissionalizantes e o outro para o

quinto ano, quando tem início o estágio curricular obrigatório e próximo ao término

do curso.
22

A aplicação dos questionários foi realizada nas instituições de ensino, em

salas de aula que comportavam as diferentes turmas, não havendo necessidade de

nenhuma estrutura física especial. O procedimento foi rápido, durando em média de

7 a 10 minutos, sem que a rotina da IES fosse alterada. Os questionários não

implicaram risco ou desconforto aos participantes.

A participação na pesquisa foi de grande importância para que os objetivos

propostos fossem alcançados; no entanto, os participantes tiveram total liberdade de

recusar ou de retirar o consentimento, sem qualquer penalização, e puderam fazê-lo

por contato telefônico ou digital com a pós-graduanda responsável pelo projeto. A

identidade dos participantes teve total garantia de sigilo e privacidade, sendo estes

dados utilizados apenas para controle da pesquisadora, portanto, confidenciais. Os

dados coletados foram unicamente utilizados para a realização deste trabalho.

3.4. Análise estatística

Para a análise das matrizes curriculares, análise de variância para verificar

influências do estado e do tipo de administração da carga horária, foi utilizado

software R, sendo Fator A o estado e o Fator B os tipos de administração. O

delineamento do experimento foi inteiramente casualizado e o delineamento de

tratamentos foi fatorial cruzado. E para o perfil dos estudantes e conhecimento sobre

Saúde Pública Veterinária os dados foram analisados de forma descritiva e por meio

de tabelas e gráficos no software Microsoft Excel® 2010.


23

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1. Caracterização dos cursos de graduação em Medicina Veterinária da

região sudeste do Brasil

A região sudeste do Brasil possui 87 cursos de graduação em Medicina

Veterinária, assim distribuídos: cinco no Estado do Espírito Santo, 25 em Minas

Gerais, 14 no Rio de Janeiro e 43 em São Paulo. No Estado do Espírito Santo, um

curso é público federal e quatro privados; em Minas Gerais, são cinco cursos

públicos federais e 20 privados; no Estado do Rio de Janeiro, são dois cursos

públicos federais, um público estadual e 12 privados; e em São Paulo, esses cursos

dividem-se em cinco públicos estaduais e 38 privados.

Nota-se que prevalecem as IES particulares, seguidas das públicas federais

e, por fim, das públicas estaduais, como ilustra a Figura 1. O grande número de IES

particulares, superficialmente, pode ser visto de maneira positiva, pois permite um

maior acesso da população à educação, no entanto é necessário aprofundar mais

essa visão e aferir se, de fato, o ensino nessas instituições pode ser considerado de

qualidade, formando profissionais capacitados e aptos a entrarem no mercado de

trabalho.
24

45
40
35
30
25
Pública
20
Particular
15 Total
10
5
0
Espírito Minas Rio De São Paulo
Santo Gerais Janeiro

Figura 1 - Estados, categoria administrativa das IES da Região Sudeste do Brasil

Oliveira Filho, Santos e Mondadori (2009) relatam que existiam, em 2009,

mais de 180 cursos de Medicina Veterinária em funcionamento no país, sendo em

torno de 70% localizados nas regiões Sul e Sudeste. Essas regiões são as que

apresentaram maior incremento no número de cursos, provocando um excesso na

oferta de profissionais nessas localidades (MONDADORI et al., 2011).

Essa expansão no número de cursos seguiu a tendência apresentada entre

os anos de 1990 e 2000, em que a educação superior brasileira apresentou um

crescimento expressivo, tanto no número de cursos, quanto na oferta de vagas.

Inicialmente, quase que exclusivamente em instituições privadas de ensino, porém,

nos últimos anos, atingiu também o ensino público, principalmente na esfera federal

(MONDADORI et al., 2011).

Em contraste, Santos et al. (2004), relataram que os EUA possuem 28

escolas ou faculdades de veterinária, evidenciando uma discrepância entre o país


25

citado e o Brasil. Esse é um fator que pode influenciar na remuneração do

profissional nos dois países, interferindo indiretamente na capacidade do profissional

se qualificar e se integrar em programas de educação continuada. Assim, o médico

veterinário brasileiro teria, segundo essa interpretação, uma menor capacidade de

investir em seu maior patrimônio, a qualificação profissional. Os autores

complementam, ainda, que o profissional no Brasil não goza do mesmo “status”

social e respeito profissional que o médico veterinário americano. Concluíram que,

com relação ao número de escolas nos dois países analisados, aparentemente o

Brasil está enfatizando quantidade e não qualidade de seus médicos veterinários.

O Brasil é o país com maior número de cursos de Medicina Veterinária no

mundo, sendo que dessas a maioria, 67,18% (129/192) é particular, em que a

facilidade de admissão e o número de vagas ofertadas são altos. Somando-se esses

fatores, o resultado é que forma-se por ano um número elevado de profissionais

que, em sua maioria, podem estar despreparados para atuar no mercado de

trabalho em qualquer área da Medicina Veterinária. Esse fato pode ser confirmado

pelo aumento do número de denúncias de desvios da conduta ética por parte dos

profissionais no Rio de Janeiro. Entre os anos de 2012 e 2013 foram registradas 69

denúncias registradas, dentre elas, negligência do ato cirúrgico e atendimento clínico

e internação, inadequações do local do ato, além da negação de documentos como

prontuários, laudo ou nota fiscal, prestação de informações falsas, dentre outros

(MORAES; SILVA; PITOMBO, 2014).

Para o OIE, é necessário que haja a regulamentação da exigência do Exame

de Certificação Profissional para a aquisição do registro no Sistema CFMV/CRMVs,

uma vez que assim, a melhoria do ensino e do exercício profissional seria


26

estimulada (CFMV, 2014). Nenhum órgão ou conselho de classe possui a

prerrogativa de interferir na abertura de cursos ou credenciamento de instituições;

podem, quando solicitados, apenas subsidiar as decisões do Ministério da Educação

(MONDADORI et al., 2013b).

Além disso, essa profissão ainda é vista por grande parte da população e por

muitos profissionais como a carreira que forma pessoas para cuidar de animais,

tanto que em pesquisa realizada com cerca de 5.000 profissionais, 24% ainda

acredita que “o médico veterinário é o médico de animais”, não assinalando a opção

que esse profissional “é um dos agentes responsáveis pelo equilíbrio das relações

da tríade saúde animal, meio ambiente e saúde humana”, favorecendo a

desvalorização da carreira (CFMV, 2012). E isso se reflete na visão da população,

que não enxerga a Medicina Veterinária como uma profissão ampla, e que está

diretamente relacionada com a Saúde Pública e sim ao médico destinado a cuidar

somente de cães e gatos.

Mondadori et al. (2011) complementam, que o excesso de profissionais

colabora para a desvalorização da profissão, principalmente em termos de

remuneração, bem como da imagem social devido à dificuldade de inserção

profissional dos recém formados.

Para o presente estudo, das 87 IESs da Região Sudeste, 35 manifestaram

interesse e confirmaram a participação na pesquisa, como demonstra a Tabela 1.

Essas instituições foram visitadas e os estudantes participaram preenchendo os

questionários para formulação do perfil do graduando e avaliação do conhecimento

sobre a área de Saúde Pública Veterinária. Foram visitadas e analisadas 35


27

instituições, sendo três no Estado do Espírito Santo, seis em Minas Gerais, cinco no

Rio de Janeiro e 20 em São Paulo.

Tabela 1 - Estados, categoria administrativa e números de IESs da Região Sudeste


do Brasil que manifestaram interesse e confirmaram a participação na
pesquisa. Jaboticabal, 2015.
ESTADOS CATEGORIA IESs IESs
ADMINISTRATIVA VISITADAS TOTAIS
Pública 1 1
Espírito Santo Privada 2 4
Total 3 5
Pública 3 5
Minas Gerais Privada 4 20
Total 6 25
Pública 2 3
Rio de Janeiro Privada 3 11
Total 5 14
Pública 4 7
São Paulo Privada 16 36
Total 20 43
TOTAL 35 87

4.2 Análise da matriz curricular dos cursos de graduação em Medicina

Veterinária, públicos e privados, enfatizando as disciplinas relacionadas à

Saúde Pública Veterinária

No presente estudo, foram analisadas 63,22% (55/87) das matrizes

curriculares dos cursos de graduação em Medicina Veterinária da região Sudeste do

Brasil, sendo que 21,82% (12/55) representam instituições públicas e 78,18%

(43/55) privadas. No Espírito Santo foram analisadas 100% (5/5) das matrizes, em

Minas Gerais 52% (13/25), no Rio de Janeiro 71,43% (10/14) e em São Paulo

62,79% (27/43), como demonstrado na Tabela 2. Essas foram obtidas no momento

das entrevistas com os respectivos coordenadores de curso ou via meio digital pelo

do site da instituição de ensino.


28

Tabela 2 - Estados, categoria administrativa e número de matrizes curriculares


analisadas da região Sudeste do Brasil. Jaboticabal, 2015.
ESTADOS CATEGORIA MATRIZES TOTAL
ADMINISTRATIVA ANALISADAS MATRIZES
Pública 1 1
Espírito Santo Privada 4 4
Total 5 5
Pública 4 5
Minas Gerais Privada 9 20
Total 13 25
Pública 3 3
Rio de Janeiro Privada 7 11
Total 10 14
Pública 4 7
São Paulo Privada 23 36
Total 27 43
TOTAL 55 87

A média com o resumo geral dos currículos, disciplinas obrigatórias, estágio

curricular supervisionado, atividades complementares, e carga horária geral, das 55

matrizes dos cursos de graduação em Medicina Veterinária da região Sudeste do

Brasil analisadas, estão apresentados na Tabela 3. As disciplinas obrigatórias

devem contemplar os conteúdos das Ciências Biológicas e da Saúde, das Ciências

Humanas e Sociais e das Ciências da Medicina Veterinária, em que estão inseridos

os conteúdos teóricos e práticos da clínica veterinária, zootecnia e produção, da

medicina veterinária preventiva e saúde pública e da inspeção e tecnologia dos

produtos de origem animal. Com relação a carga horária mínima de estágio

curricular supervisionado, essa deve atingir 10% da carga horária total do curso de

graduação em Medicina Veterinária proposto (BRASIL, 2003). As atividades

complementares devem ser incrementadas durante todo o curso de graduação e

têm por objetivo articular a formação ministrada no curso de Medicina Veterinária

com a prática profissional (BÜRGER, 2010).


29

Os valores demonstram, que as matrizes apresentam uma média de carga

horária total de 4.709,74 horas, com tempo previsto de integralização variando de 4

anos e meio a cinco anos. Dessa carga horária média total, 4.071,74 horas são

referentes às disciplinas obrigatórias, 494,63 horas ao estágio curricular

supervisionado e trabalho de conclusão de curso e 143,38 horas às atividades

complementares.

Tabela 3 - Carga horária média, em horas, e porcentagens das disciplinas obrigatórias, estágio
curricular supervisionado e trabalho de conclusão de curso, atividades complementares, e
carga horária geral das 55 matrizes curriculares de cursos de graduação em Medicina
Veterinária da região Sudeste do Brasil. Jaboticabal, 2015.
MATRIZ CURRICULAR
ESTADOS OBRIGATÓRIAS ESTÁGIO AC* TOTAL
CH** % CH** % CH** %
Espírito Santo 4.036,20 88,30 388,00 8,49 146,67 3,21 4.570,87
Minas Gerais 3.916,85 85,06 527,33 11,45 160,30 3,49 4.604,48
Rio de Janeiro 3.886,50 84,24 528,40 11,46 198,57 4,30 4.613,47
São Paulo 4.375,15 84,34 567,96 10,95 244,06 4,71 5.187,17
MÉDIA 4.071,74 86,45 494,63 10,50 143,38 3,05 4.709,74
*AC: atividades complementares
**CH: carga horária

O Espírito Santo destaca-se por ser o Estado com menores cargas horárias

dedicadas ao estágio curricular (388,00 horas) e atividades complementares (146,67

horas). Demonstrando que a carga horária média dedicada ao estágio nesse Estado

está abaixo da indicada pelas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN), que

preconizam que 10% da carga horária seja dedicada a essa atividade. Já no Rio de

Janeiro, as horas dedicadas às disciplinas obrigatórias são as mais baixas, 3.886,50

horas. Enquanto isso, São Paulo evidencia-se por apresentar maiores cargas

horárias em todos os quesitos, tendo 4.375,15 horas dedicadas às disciplinas

obrigatórias, 567,96 horas dedicadas ao estágio complementar e 244,06 horas para

atividades complementares. Além disso, esse Estado destaca-se pelo fato da carga
30

horária total ser maior que a média geral, apresentando valor de 5.187,17 horas,

sendo que a média geral é de 4.709,74 horas.

É importante ressaltar que as atividades complementares contribuem para a

formação médico-veterinária com a prática profissional, contribuindo para a

formação de um profissional apto a trabalhar em grupo, com uma visão além

daquela abordada somente em sala de aula, incentivando a iniciativa e tomada de

decisões, preparando o estudante para atuar para a sociedade.

A Figura 2 ilustra a porcentagem de cargas horárias dedicadas às disciplinas

obrigatórias, estágio curricular e trabalho de conclusão de curso e atividades

complementares das matrizes curriculares analisadas dos cursos da Região Sudeste

do país.

3,21%

8,49%

86,45%

Obrigatórias

Estágio/TCC

Atividades Complementares

Figura 2 – Percentual médio das cargas horárias médias dedicadas às disciplinas


obrigatórias, estágio curricular e trabalho de conclusão de curso e atividades
complementares das matrizes curriculares analisadas da região Sudeste do
Brasil. Jaboticabal, 2015.
31

As disciplinas obrigatórias das matrizes curriculares dos 55 cursos de

graduação em Medicina Veterinária da região Sudeste do Brasil foram divididas em

Ciências Básicas, Ciências Biológicas e da Saúde, Ciências Humanas e Sociais,

formação geral, e Ciências da Medicina Veterinária, profissionalizantes, e estão

apresentadas na Tabela 4. Os valores demonstraram que dentro das disciplinas

obrigatórias, em média, 1.717,32 horas são destinadas às Ciências Biológicas,

236,97 às Ciências de Humanas e Sociais, e 2.103,88 horas às Ciências da

Medicina Veterinária.

Tabela 4 - Carga horária média, em horas, e porcentagens das disciplinas obrigatórias das 55
matrizes curriculares de cursos de graduação em Medicina Veterinária da região
sudeste do Brasil, divididas em Ciências Biológicas, Ciências Humanas e Sociais e
Ciências da Medicina Veterinária, 2015.
DISCIPLINAS OBRIGATÓRIAS
ESTADOS CB* CHS** CMV*** TOTAL
CH % CH % CH %
Espírito Santo 1.749,40 43,34 209,60 5,20 2.077,20 51,46 4.036,20
Minas Gerais 1.663,31 42,27 233,83 5,94 2.037,69 51,79 3.934,83
Rio de Janeiro 1.861,10 47,88 186,40 4,80 1.839,00 47,32 3.886,50
São Paulo 1.595,48 36,47 318,04 7,27 2.461,63 56,26 4.375,15
MÉDIA 1.717,32 42,32 236,97 5,84 2.103,88 51,84 4.058,17
*CB: Ciências Biológicas, **CHS: Ciências Humanas e Sociais, ***CMV: Ciências da
Medicina Veterinária

As instituições de São Paulo são as que apresentam em média, a menor

carga horária para as disciplinas de Ciências Biológicas e da Saúde com 1.595,48

horas, representando a menos porcentagem 36,47% dessas disciplinas, na média

da carga horária total. Já o Estado do Rio de Janeiro é o que apresenta a maior

média para essas disciplinas, com um valor de 1.861,10 horas, representando uma

porcentagem de 47,88% dentro da média das cargas horárias totais das IES desse

Estado. Essas disciplinas são aquelas que incluem os conteúdos das bases

moleculares e celulares dos processos normais e alterados, da estrutura e função


32

dos tecidos, órgãos, sistemas e aparelhos, bem como processos bioquímicos,

biofísicos, microbiológicos, imunológicos, de genética molecular e bioinformática em

todo desenvolvimento do processo saúde-doença, inerente à Medicina Veterinária.

A condição se inverte no caso das disciplinas com conteúdos relacionados às

Ciências Humanas e Sociais, em que as instituições paulistas são as que mais

dedicam horas das suas cargas horárias para a abordagem das matérias

relacionadas, com 318,04 horas, e as IES cariocas, as que dedicam menos, com

carga horária de 186, 40 horas. São Paulo também se sobressai no caso de

disciplinas relacionadas às das Ciências da Medicina Veterinária, com um total de

2,461,63 horas, o que representa 56,26% da média do total de horas das IESs de

São Paulo e novamente o Rio de Janeiro é o Estado com menor carga horária para

as disciplinas relacionadas às Ciências Veterinárias, com uma média total de

1839,00 horas, representando 47,32% da média de horas totais das IES desse

Estado.

Já a Figura 3 ilustra o percentual total dos quatro estados para a dedicação a

cada área nas disciplinas obrigatórias, podendo se observar que as Ciências

Humanas possui um percentual baixo em relação às outras disciplinas consideradas

obrigatórias.
33

42, 32%

51,84%

Ciências Básicas

Ciências Humanas
5,84%
Ciências da Medicina Veterinária

Fig
Figura 3 - Percentual médio das cargas horárias dedicadas às Ciências Básicas, Ciências Humanas e
Sociais e Ciências da Medicina Veterinária na Região Sudeste do Brasil. Jaboticabal, 2015.

A partir da figura acima, é interessante notar que o percentual médio dedicado

às disciplinas relacionadas às Ciências Humanas é muito baixo em relação às outras

disciplinas, no entanto o conceito “Um mundo, uma saúde” pede por profissionais

que possuam características humanísticas, e consigam entender a importância da

sua profissão para as comunidades. Complementando essa afirmação, Bürger

(2010) afirma que o discente com formação mais humanística possui uma visão mais

voltada para a sociedade, fortalecendo a compreensão da importância do coletivo,

aliado ao fato de facilitar a humanização dos estudantes e a internalização de

princípios éticos. No entanto nota-se que contribuição das disciplinas da área das

Ciências Humanas seria mais eficaz se seus conteúdos fossem abordados de forma

que o discente conseguisse relacionar sua aplicabilidade com o curso de Medicina

Veterinária, sugerindo-se a interdisciplinaridade como meio para alcançar esse

objetivo.
34

Os campos de atuação, que representam os pilares dos currículos dos cursos

de Medicina Veterinária são divididos em: clínica veterinária que é a área que mais

se aproxima da medicina humana e tem seu foco na medicina curativa; zootecnia e

produção animal que está relacionada à criação e aperfeiçoamento dos animais

domésticos; e medicina veterinária preventiva e saúde pública que contemplam

formas de conhecimento que orientam medidas específicas para a proteção,

manutenção e recuperação da saúde animal em favor da saúde humana,

monitorando, prevenindo , controlando e erradicando doenças, especialmente as

zoonoses (PFUETZENREITER; ZYLBERSZTAJN, 2008)

A Tabela 5 demonstra as médias das cargas horárias, seguidas das

porcentagens das disciplinas obrigatórias das matrizes curriculares dos 55 cursos de

graduação em Medicina Veterinária da região Sudeste do Brasil, divididas em conteúdos

que refletem os campos de atuação do profissional médico veterinário. Observa-se a

partir dessa tabela que na região Sudeste do Brasil a área de clínica veterinária (CV) é a

que tem a maior média de horas, com 1.182,76 horas, seguida das disciplinas referentes

à zootecnia e produção animal (ZOO) com uma média de 533, 12 horas, medicina

veterinária preventiva (MVP) com 239, 54 horas e inspeção e tecnologia de produtos de

origem animal (ITPOA).


35

Tabela 5 – Carga horária média, em horas, e porcentagem das disciplinas obrigatórias relacionadas às
Ciências da Medicina Veterinária das 55 matrizes curriculares de cursos de graduação
em Medicina Veterinária da região sudeste do Brasil, divididas em conteúdos que
refletem as áreas de atuação do profissional médico veterinário, 2015.
CIÊNCIAS MÉDICO-VETERINÁRIAS
1 2 3 4
ESTADOS CV ZOO MVP ITPOA TOTAL
CH % CH % CH % CH %

ES 1.078,80 51,94 642,80 30,94 217,80 10,48 137,80 6,64 2.077,20


MG 1.209,00 59,33 497,23 24,40 254,08 12,47 77,38 3,80 2.037,69
RJ 1.035,10 56,28 361,60 19,67 272,10 14,80 170,20 9,25 1.839,00
SP 1.408,15 57,20 630,85 25,62 214,19 8,71 208,44 8,47 2.461,63
MÉDIA 1.182,76 55,90533,12 25,20
239,54 11,32
160,55 7,59
2.115,97
1 2 3
CV : clínica veterinária; ZOO : zootecnia e produção animal; MVP : medicina veterinária preventiva;
4
ITPOA : inspeção e tecnologia de produtos de origem animal.

O Espírito Santo é o Estado em que a carga horária média das disciplinas de

zootecnia e produção é a maior, com 642,80 horas enquanto o Rio de Janeiro

representa a região com menor carga direcionada a essas disciplinas, com 361,60

horas. Minas Gerais representa o Estado com menor carga horária voltada para as

disciplinas de higiene e inspeção de produtos de origem animal, dedicando 77,38 horas,

em média, para essas disciplinas, enquanto São Paulo dedica, em média 208,44 horas,

quase o triplo que Minas. O Rio de Janeiro é o Estado com maior média de carga horária

direcionada para as disciplinas de Medicina Veterinária Preventiva, com um total de

272,10 horas, enquanto São Paulo apresenta o menor número, com 214, 19 horas. Já

em relação às horas dedicadas às matérias de Clínica Veterinária, São Paulo tem

destaque com 1.408, 15 horas, valor maior que a média total para essas disciplinas, que

é de 1.182 horas. Em contrapartida, o Rio de Janeiro, salienta-se por ser o Estado com

menor carga horária para essas disciplinas, com 1.035,10 horas.

A média geral de cargas horárias demonstra que a maior porcentagem é

dedicada à Clínica Veterinária, com 55,90%, seguida de 25,20% para Zootecnia e

Produção, 11,32% para Medicina Veterinária Preventiva e 7,59% para Inspeção e


36

Tecnologia de Produtos de Origem Animal. Isso demonstra que a área da Clínica ainda

é preconizada em detrimento da Saúde Pública, quando, na verdade esses conteúdos

deveriam ser abordados de maneira balanceada, proporcionando ao discente um

estímulo ao pensamento interdisciplinar e conscientizando-os sobre a importância de

todas as áreas na graduação em Medicina Veterinária. Os resultados descritos

assemelham-se aos encontrados por Pfuetzenreiter e Zylbersztajn (2004), que em uma

análise sobre os cursos de Medicina Veterinária no sul do Brasil observaram

discrepâncias entre as percentagens dedicadas às diferentes áreas da Medicina

Veterinária, sendo que a Clínica Veterinária apresentou maior média de carga horária,

com 38, 62% e a Medicina Veterinária Preventiva e Saúde Pública totalizou 11,64%,

índice inferior à Zootecnia e Produção Animal com 17,96%.

Carvalho et al. (2014) relatam como experiência bem sucedida a criação de um

Bloco composto por disciplinas complementares oferecidas em um mesmo semestre, de

forma integrada e com elaboração de projetos, permitindo que os alunos construam os

conhecimentos de forma descompartimentalizada, ou seja, que eles consigam

estabelecer as relações entre os conteúdos das diferentes disciplinas. Isso porque os

alunos da Medicina Veterinária necessitam de pleno conhecimento sobre conteúdos e

ferramentas para elaboração de propostas de atuação, tanto no meio rural como no

meio urbano, para resolução de problemas de saúde animal e de saúde pública

veterinária.

Em relação às disciplinas obrigatórias relacionadas às Ciências da Medicina

Veterinária, foi realizada uma análise estatística para verificar se há diferença de

carga horária entre os diferentes Estados da região Sudeste, e se há diferença

relacionada com a categoria administrativa das IES. Sendo assim, o que pode ser
37

observado é que para as disciplinas de Clínica Veterinária, os Estados de São Paulo

e Minas Gerais não diferem entre si; Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo

não diferem entre si e São Paulo difere do Rio de Janeiro e do Espírito Santo e que

não há diferença de cargas horárias entre IESs públicas e privadas. Demonstrando

que

Para as disciplinas de Zootecnia e Produção, observou-se que São Paulo,

Minas Gerais e Espírito Santo não diferem entre si; Minas gerais e Rio de Janeiro

não diferem entre si; São Paulo e Espírito Santo diferem do Rio de Janeiro e que

não há diferença entre públicas e privadas. No entanto as conclusões não são

válidas porque os dados não atendem às exigências da análise de variância. O teste

de Kruskal-Wallis também mostra que há efeito de tratamento, e mostra que há

diferença entre os Estados, assim como demonstra a Tabela 6, mas não há

diferença significativa quanto à forma de administração.

Tabela 6 – Comparação entre os estados pelo teste de Mann-Whitney aplicado para verificar
se há diferença de carga horária para as disciplinas de Zootecnia e Produção
entre os Estados da Região Sudeste. Jaboticabal, 2015.

Comparação P Diferença significativa (P<0,05)


SP x MG 0,01783 Sim
SP x RJ 7,738 x 10-5 Sim
SP x ES 0,2641 Não
MG x RJ 0,04055 Sim
MG x ES 0,9214 Não
RJ x ES 0,09795 Não

Onde: Espírito Santo tem uma média de carga horária de 642,8; Minas Gerais de 497,23, Rio
de Janeiro de 361,8 e São Paulo de 630,85

Para as disciplinas de Medicina Veterinária Preventiva e Saúde Pública,

notou-se que não há diferença entre os estados e não há diferença entre públicas e

privadas. No caso das disciplinas de ITPOA, notou-se pela análise de variância que
38

São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo não diferem entre si, Minas Gerais e

Espírito Santo não diferem entre si e São Paulo e Rio de Janeiro diferem de Minas

Gerais. Por análise pelo teste de Kruskal-Wallis, também há efeito do tratamento,

demonstrando que há diferença entre os Estados, mas não há diferença entre os

tipos de administração.

Em relação aos dados acima apresentados, nota-se que o ensino das

disciplinas enquadradas nas ciências médico-veterinárias, varia de acordo com os

Estados em que são ministradas, mas não em relação à categoria administrativa,

concluindo-se que tanto o ensino público quanto o privado dedicam-se, por Estado

da mesma maneira às disciplinas, comprovando que o ensino privado se espelha no

público para definir sua matriz curricular.

As cargas horárias médias, as porcentagens e os períodos das disciplinas

relacionadas às áreas de atuação da Medicina Veterinária Preventiva e Saúde

Pública e da Inspeção e Tecnologia dos Produtos de Origem Animal das matrizes

curriculares dos 55 cursos de graduação em Medicina Veterinária da região

Sudeste, estão apresentadas na Tabela 7. Nos primeiros anos são ofertadas, em

média, 13,75 horas dos conteúdos, nos segundos são ofertadas 57,05 horas, nos

terceiros anos 255,72 horas, 743,19 horas nos quartos anos e nos quintos anos

482,27horas.
39

Tabela 7 – Carga horária média, porcentagens e períodos das disciplinas relacionadas às áreas de atuação da Medicina
Veterinária Preventiva e Saúde Pública e da Inspeção e Tecnologia dos Produtos de Origem Animal das matrizes
curriculares dos 55 cursos de graduação em Medicina Veterinária da região sudeste do Brasil, 2015.
ANOS
ESTADO ÁREA 1º 2º 3º 4º 5º
CH % CH % CH % CH % CH % TOTAL
ES MVP 0 0 0 0 44,00 20,20 64,00 29,30 109,80 50,41 217,80
ITPOA 0 0 16,00 11,61 9,00 6,53 84,00 60.96 28,80 20,90 137,80
MG MVP 5,08 2,0 7,69 3,02 46,69 18,38 128,38 50,53 66,23 26,07 254,08
ITPOA 0 0 0 0 4,62 5,97 38,15 49,30 34,62 44,73 77,38
RJ MVP 4,00 1,47 7,00 2,57 10,00 3,67 157,80 58 93,30 34,29 272,10
ITPOA 0 0 0 0 64,30 37,77 87,90 51,65 18,00 10,58 170,20
SP MVP 4,67 2,19 20,25 9,45 56,22 26,24 67,30 31,42 65,74 30,70 214,18
ITPOA 0 1,10 6,11 6,24 20,89 18,24 115,66 43,30 65,78 31,56 208,44
TOTAL 13,75 0,89 57,05 3,67 255,72 16,47 743,19 47,89 482,27 31,08 1551,98

É interessante observar que 78,97% das disciplinas da área da Saúde

Pública Veterinária (MVP), referentes às áreas de atuação da Medicina

Veterinária Preventiva e Saúde Pública e da Inspeção e Tecnologia dos

Produtos de Origem Animal (ITPOA) estão concentradas nos últimos anos,

comprovando o contato tardio dos estudantes com a área, dentro das IES.

Analisando-se os dois últimos anos (4º e 5º) nota-se que no Espírito Santo

as matérias de ITPOA têm maior carga horária, com 84 horas, que as de MVP

nos quartos anos, situação que se inverte nos quintos, em que são dedicadas

28,80 horas dedicadas à ITPOA e 109,80 horas para MVP. Já em Minas Gerais são

dedicadas mais horas à MVP tanto nos quartos como nos quintos anos com 128,38

e 66,23 horas respectivamente, enquanto que para ITPOA são dedicadas 38,15

horas nos quartos e 34,62 horas nos quintos anos. As IESs do Rio de Janeiro

também dedicam mais horas à MVP tanto nos quarto como nos quinto anos, com

157,80 horas e 93,30 horas respectivamente e 87,90 horas no quarto e 18,00 horas

nos quintos anos para ITPOA. Já no Estado de São Paulo, as IES oferecem maior
40

carga horária para as disciplinas de ITPOA nos quartos anos, com 115,66 horas e

quintos anos, com 65,78 horas.

Ao analisar as matrizes curriculares, observou-se que as matérias básicas

relacionadas à área das Ciências Biológicas predominam nos primeiros anos do

curso e na maioria das IES a área da Clínica Veterinária já começa a ser abordada

no segundo ano, possibilitando que o discente já contato com essa área desde o

início do curso. Segundo Bürger (2010), esses conteúdos são ministrados para que

os alunos não sejam desestimulados perante a grande carga horária das disciplinas

básicas dos primeiros anos, direcionando, assim, para uma visão individual e

curativa da profissão, uma vez que a maioria das IES ainda não aborda o tema de

forma interdisciplinar. Já as disciplinas relacionadas à área de Saúde Pública

Veterinária começam a ter maior enfoque, mas com maior concentração no quarto e

quinto anos, correspondendo a mais da metade da carga horária dessas disciplinas.

No entanto nesses períodos a maioria dos estudantes já optou por uma área de

preferência e já se direcionou para ela, na hora de procurar estágios, participar de

grupos de estudo, fazer uma iniciação científica, dentre outros, prejudicando o

interesse pela Saúde Pública e suas ramificações.

Os resultados e afirmações acima concordam com Pfuetzenreiter e Wanzuita

(2007) que em trabalho sobre os campos de atuação da Medicina Veterinária nos

currículos dos cursos da região Sul do Brasil, concluem que o campo da Clínica

Veterinária, além de apresentar elevada carga horária em todos os cursos

analisados, começa a ser apresentado mais cedo e se mantém muito forte até o final

do curso. Em relação à dedicação às disciplinas de ITPOA, os resultados acima

divergem dos de De Rosa e Balogh (2005), que observaram que a maior carga
41

horária relacionada à Saúde Pública Veterinária é dedicada às disciplinas de

Inspeção.

Nesse sentido, Radostis (2003) afirma que uma reforma na educação

veterinária se faz necessária porque os novos graduados não estão ocupando todas

as áreas de atuação, ressaltando ainda, que o motivo é simples, a Medicina

Veterinária não está recrutando um número suficiente de acadêmicos para carreiras

em áreas vitais que atendam as necessidades da sociedade como um todo.

4.3. Identificação das noções de estudantes do curso de graduação em

Medicina Veterinária, públicos e privados, sobre a atuação do profissional

Médico Veterinário na área de Saúde Pública Veterinária.

Inicialmente, contava-se com a participação de todos os cursos de graduação

em Medicina Veterinária dos Estados do Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de

Janeiro e São Paulo, no entanto foram avaliados somente os que manifestaram

interesse e confirmaram a participação na pesquisa. Assim, foram contabilizados

3.353 questionários dos estudantes dos cursos de graduação em Medicina

Veterinária, nos quatro Estados, sendo desses, 137 no Espírito Santo, 527 em Minas

Gerais, 439 no Rio de Janeiro e 2.250 em São Paulo. Participaram da pesquisa

1.381 estudantes do primeiro ano, 1.074 do terceiro e 898 do último ano, como

demonstrado na Tabela 8.
42

Tabela 8 - Estados, categoria administrativa e número de estudantes dos três períodos


analisados, dos 34 cursos, públicos e privados, de graduação em Medicina
Veterinária da Região Sudeste do Brasil que manifestaram interesse e
confirmaram a participação na pesquisa. Jaboticabal, 2015.
ESTADOS CATEGORIA 1º ANO 3º ANO 5º ANO TOTAL
ADMINISTRATIVA
Pública 31 27 16 74
Espírito Santo Privada 28 26 9 63
Total 59 53 25 137
Pública 85 56 46 187
Minas Gerais Privada 157 110 73 340
Total 242 166 119 527
Pública 71 67 62 119
Rio de Janeiro Privada 155 55 29 320
Total 226 122 91 439
Pública 167 159 169 495
São Paulo Privada 687 574 494 1755
Total 854 733 663 2250
TOTAL 1.381 1.074 898 3.353

Pode-se perceber que dos primeiros para os últimos anos, há uma acentuada

evasão de alunos das instituições privadas. Isso pode ser em decorrência de

diversos fatores como condições econômicas e sociais do indivíduo até, muitas

vezes, da idade do estudante, que por muitas vezes ingressa no curso muito jovem e

sem a certeza do que realmente quer cursar, além de desconhecer o seu curso, e

futuramente como sua profissão se insere no mercado de trabalho, causando

descontentamento, frustração e, seguidamente a evasão.

Silva, Del Carlo e Sepúlveda (2013), relataram que apenas a metade dos

ingressantes conclui o curso, com pequenas variações quando se avalia a

distribuição por região geográfica. E ao se considerar a categoria administrativa da

instituição, apenas nas regiões Nordeste e Sul o número de concluintes da rede

privada é maior em relação à pública. E Birgel (2013) complementa que essa evasão

é significativa por inadimplência ou desilusão com a qualidade de ensino oferecido.

É interessante notar que, apesar dessa evasão, Silva; Del Carlo;

Sepúlveda (2003), afirmam que as instituições privadas ainda contribuem em maior


43

percentagem (65,8%) para a formação de médicos veterinários no país, à exceção

do observado na região Norte do Brasil, onde há predomínio de estudantes

vinculados às instituições públicas.

A primeira parte dos questionários visava traçar o perfil do estudante de

Medicina Veterinária de uma maneira geral, por isso as perguntas estavam

relacionadas à idade, sexo e motivo da escolha pelo curso de graduação em

Medicina Veterinária, e se o estudante prestou vestibular para outra carreira além da

Medicina Veterinária.

Os dados confirmam que o sexo feminino é o predominante nas instituições

da Região Sudeste do Brasil, com 58,03% (1.888/3.253). No primeiro ano, as

mulheres representam 60,10% (815/1.356), 58,43% (610/1.044) no terceiro e

54,28% (463/853) no quinto ano. Observou-se que o Estado do Rio de Janeiro se

destaca pelo fato do número de estudantes do sexo feminino estar acima das

médias encontradas, contabilizando 76,55% (333/435). No Estado do Espírito Santo

as mulheres representam 62,96% (85/135), Minas Gerais 54,80% (251/458) e São

Paulo 54,76% (1218/2224). Os números demonstram que as mulheres, no curso de

graduação em Medicina Veterinária, estão seguindo uma tendência geral de

ocuparem cada vez mais profissões anteriormente ditas masculinas e

consequentemente, ganham mais espaço no mercado de trabalho, como ilustrado

pela Figura 4.

A Medicina Veterinária, desde a primeira escola fundada em 1972, em Lyon

na França, por intermédio de Claude Bourgelat junto à realeza francesa, é uma

profissão exercida principalmente por homens, no entanto a realidade no Brasil, a

partir dos anos 2000, é a de que essa profissão vem se tornando uma carreira com
44

elevada participação feminina, como observado no presente estudo. Da mesma

forma, Radostits (2003) relata que o perfil dos estudantes sofreu alterações, e que

grande parte dos estudantes são mulheres provenientes do meio urbano, com

expectativas profissionais específicas e que mais da metade dos estudantes

pesquisados no mesmo estudo é do sexo feminino.

100
90
80
70
60 Masculino
50
Feminino
40
30
20
10
0
Espírito Santo Minas Gerais Rio de Janeiro São Paulo

Figura 4 - Gênero dos estudantes dos curso de graduação em Medicina Veterinária, divididos por
Estados da Região Sudeste do Brasil. Jaboticabal, 2015.

Neste sentido, Carlo e Gonçales (2013) ao analisarem o número de inscrições

primárias no Sistema de Conselhos Federal e Regional de Medicina Veterinária

(Sistema CFMV/CRMVs), observaram que a participação da mulher até os anos 80

era inferior a 20%, com ascensão desde os anos 2000 e supremacia com mais de

50% das inscrições no sistema na última década, tendência esta também observada

no presente estudo com 58,03% de mulheres matriculadas nos cursos de graduação

em Medicina Veterinária.

As mulheres tornaram-se maioria na profissão e a sua participação continua

em ascensão, com 55% das inscrições primárias no sistema em 2012 (CARLO;


45

GONÇALEZ, 2013). E a tendência é que elas continuem como maioria, haja vista

que o número de egressos do sexo feminino em relação ao masculino está cada vez

maior, como demonstram os dados da região Sudeste.

Segundo Mondadori et al. (2013) o Estado do Rio de Janeiro destaca-se com

a preponderância de alunas matriculadas desde o ano de 1991. Em 2001 o universo

de alunos do sexo feminino despontava como extremo, com 62,1%. E em 2011

foram registrados os maiores índices de matrículas femininas, 69,2%, confirmando

os dados encontrados no presente estudo.

Desta forma, essa profissão antigamente reconhecida como masculina

tornou-se feminina, podendo ser um dos fatores a contribuir para o direcionamento

dos estudantes de graduação para a clínica veterinária, já que, elas teriam maiores

inclinações para se dedicarem à clínica de pequenos animais, como comentado por

Pfuetzenreiter (2003). E nesse sentido, em termos profissionais, acarreta uma forte

tendência da crescente vinculação entre a profissão com a clínica e cirurgia de

animais de companhia, como discutido por Mondadori et al. (2013).

O estudo do perfil etário dos estudantes de graduação em Medicina

Veterinária mostrou que esta classe é composta basicamente por jovens, entre 17 e

21 anos. Constatou-se que o percentual de estudantes com faixa etária entre 17 e

21 anos é de 73,92% (913/1.235), entre 22 e 24 anos 11,18% (138/1.235) e maior

ou igual a 25 anos é de 14,75% (182/1.235).

Os dados acima demonstram que uma das metas e objetivos da Lei nº

10.172, de 9 de janeiro de 2001, que visa a oferta da educação superior para pelo

menos 30% dos integrantes da faixa etária entre 18 a 24 anos está sendo cumprida

(BRASIL, 2001). No entanto, se os ingressantes brasileiros entrassem no ensino


46

superior com idade mais avançada, já teriam mais maturidade e firmeza sobre o

motivo da escolha da carreira. Isso porque, teoricamente, as visões dos estudantes

sobre o conhecimento mudam na medida em que os mesmos amadurecem, como

comentado por Roncati, Pereira e Roncati (2013), assim ele já conheceria melhor a

profissão escolhida, tendo uma melhor consciência do amplo espectro de atuação

profissional.

Esse perfil jovem dos ingressantes também foi observado por Pfuetzenreiter

(2003), que relatou faixa etária dos entrevistados da Universidade do Estado de

Santa Catarina variando entre 17 e 21 anos, comprovando a tendência de perfil

jovem apresentada na Região Sudeste. Entretanto, nos EUA, Santos et al. (2004)

observaram que os estudantes do primeiro ano do curso de graduação em Medicina

Veterinária têm, em média, 24 anos de idade, favorecendo a maturidade e vivência

ao ingressar no curso de graduação. A imaturidade e o desconhecimento da carreira

devem ser levados em consideração, pois prejudicam a visão do amplo espectro de

atuação profissional. Nesse sentido, Santos et al. (2004) relatam que a idade mais

adiantada é um fator favorável ao estudante.

Na Argentina, por exemplo, a única universidade pública do país,

Universidade de Buenos Aires (UBA), não realiza seleção do tipo vestibular, no

entanto, exige que os discentes façam um curso de duração de um ano, chamado

de pregrado antes de ingressar na instituição. Nesse curso, os estudantes já

começam a se aproximar das disciplinas que abordam os conceitos básicos em

relação à área escolhida, possibilitando um maior conhecimento por parte do

estudante a respeito do que seu curso abordará. No caso de discentes que já

fizeram o Colégio Agrícola da própria instituição, essa etapa pode ser pulada se
47

optarem por cursar Medicina Veterinária ou Agronomia, uma vez que desde os 11

anos os alunos já têm contato com disciplinas relacionadas a essas carreiras,

trabalhando com plantas e animais dentro da instituição. Sendo assim, é

interessante perceber que na Argentina, mesmo o graduando entrando jovem na

Universidade, ele já está mais familiarizado e consequentemente mais maduro em

relação à carreira escolhida, do que o estudante brasileiro, que além de entrar nas

IESs jovem não tem contato prévio nenhum com disciplinas relacionadas à carreira

pretendida.

Em relação aos alunos terem participado ou não de processos seletivos para

outras carreiras, o que foi observado, no geral, é que 46,6% (1.028/2.206) já haviam

prestado, complementando os dados supracitados. De acordo com os dados

observa-se que com porcentagens tão próximas à 50%, o estudante do segundo

grau não tem maturidade para ter certeza se a Medicina Veterinária é o que ele

realmente deseja cursar podendo se transformar em um futuro graduando com

diversas dificuldades ou um profissional frustrado.

Essa incerteza pela opção de carreira foi observada no Estado do Espírito

Santo, onde 60,30% dos estudantes não participaram de processos seletivos para

outros cursos, seguido do Estado de São Paulo com 56,18%, Minas Gerais com

52,86% e Rio de Janeiro com 44,75%. Os resultados encontrados no Espírito Santo

são os mais discrepantes em relação ao outros estados, pelo fato de 66,67% (2/3)

das IES participantes, terem pouco alunos por sala de aula, estarem localizadas em

cidades pequenas, não ultrapassando o número de 100.000 habitantes, possuírem

poucas opções de cursos e estarem relativamente longe da capital, e não ao fato


48

desses alunos serem mais maduros e terem mais certeza a respeito do curso que

vão prestar.

A participação em processos seletivos para outras carreiras por 46,6% dos

estudantes analisados diferencia-se dos valores encontrados por Pfuetzenreiter

(2003), que observou que 65% dos entrevistados prestaram vestibular para outros

cursos, além da Medicina Veterinária.

Constatou-se que o motivo para os alunos terem escolhido a Medicina

Veterinária como profissão são aqueles ligados aos afetivos, sendo o gosto pelas

diversas espécies animais e admiração pela carreira, as primeiras opções em todos

os períodos dos cursos pesquisados, equivalendo a 71,12% (2.911/4.093) dos

resultados obtidos. Isso demonstra que os ingressantes ainda não possuem

conhecimento em relação ao curso escolhido e a opção ainda está muito voltada ao

amor pelos animais, podendo gerar durante o curso, frustração por parte do

estudante. Da mesma forma, Birgel (2013) relata que a maioria dos ingressantes

revelam que optaram pelo curso por gostarem de animais, ao passo que em

passado não tão remoto dava-se preferência à atividade pastoril.

Essa motivação para o ingresso no curso de graduação em Medicina

Veterinária também foi discutida por Pfuetzenreiter (2003), que relatou que a

atividade exercida pelo pai poderia ter influenciado na escolha profissional, visto que

40,00% dos entrevistados relacionavam atividades ligadas à agropecuária como

motivação para escolha do curso. E os principais motivos que os alunos alegaram

para a escolha da profissão foram a convivência ou o contato com o meio rural ou

com atividades correlatas com 50,00% e o gosto pelos animais com 20,00%,

resultados diferentes do presente estudo.


49

As atividades desenvolvidas pelo médico veterinário que despertaram maior

interesse dos estudantes dos primeiros e terceiros anos foram as relacionadas aos

animais de companhia, 17,08% (548/3.207), aos animais de produção,17,02%

(546/3.207), e à reprodução 15,68% (503/3.207). Esses dados estão em

concordância com Miranda et al. (2013) que afirmam que muitos profissionais

querem apenas exercer a ciência da clínica e da cirurgia, e Goldfeder, (2012)

acrescenta que os mesmos negligenciam, muitas vezes a formação eclética

preconizada nos projetos pedagógicos. No entanto, no quinto ano, essa

característica torna-se diferente, voltando-se para a área da Saúde Pública

Veterinária. As atividades relacionadas aos animais de companhia continuam em

primeiro lugar com 15,87% (140/882), seguida das atividades relacionadas à

Inspeção e Tecnologia de Alimentos com 14,51% (128/882), à Saúde Pública com

12,58% (111/882). Concordando com esses dados, tem-se que ainda a maior parte

dos médicos veterinários, 41% atuam na clínica de pequenos animais, 29% são

responsáveis técnicos e outros 29% estão na área de saúde pública (REVISTA...,

2012).

Essa característica pode ser explicada pelo fato da mentalidade curativa

ainda ser observada, de maneira geral, nos alunos que estão na área da saúde,

como a medicina, por exemplo, em que a cura ainda é priorizada em detrimento da

prevenção, que acaba sendo vista em segundo plano. Porém a realidade do

mercado para clínicos veterinários, na região Sudeste se apresenta saturada, e os

concursos públicos são vistos como uma boa alternativa, pois oferecem salários

razoáveis e emprego fixo e estável, fazendo com que o egresso veja essa alternativa

para ganhar dinheiro, mesmo não tendo optado por isso por conhecimento ou gosto
50

pela área. Nesse sentido, Birgel (2013) complementa que observa-se um desvio de

vocação dos ingressantes nos cursos, pois a maioria dos candidatos desconhece a

amplitude das atividades dos profissionais contida na Lei nº 5.517 e nas Diretrizes

Curriculares Nacionais dos cursos de graduação em Medicina Veterinária.

Desta forma, o perfil do estudante de Medicina Veterinária da região sudeste

do Brasil evidencia um público feminino, principalmente nas instituições do Estado

do Rio de Janeiro, com idade variando entre 17 e 21 anos e que não tinha a

profissão como única alternativa, com exceção do Estado do Espírito Santo. Esses

estudantes escolheram o curso por admiração e amor aos animais e elencaram as

atividades relacionadas aos animais de companhia como as mais interessantes, não

tendo perfil para atuação na área de Saúde Pública Veterinária.

Após a elaboração do perfil do estudante, as questões do questionário foram

enfocadas para o conhecimento dos mesmos na área da Saúde Pública Veterinária.

E é interessante perceber que em todos os cursos pesquisados e em todos os anos

a grande maioria dos alunos reconhece que a formação do médico veterinário o

habilita a executar atividades em saúde pública.

No geral, 93,77% (3.325/3.649) dos estudantes pesquisados responderam

que o médico veterinário está habilitado para trabalhar em Saúde Pública,

observando-se um crescimento gradativo no percentual de alunos com esse

conhecimento ao longo dos anos, com 88,46% (1.335/1.509) nos primeiros anos,

91,83% (1.091/1.188) nos terceiros anos e 94,43% (899/952) nos quintos anos, o

que pode ser justificado por um maior contato com as disciplinas relacionadas à

saúde pública, fazendo com que o graduando entenda melhor seu papel na

sociedade, como um agente promotor de saúde. Esses resultados concordam com


51

os resultados apresentados pelo CFMV (2012) que analisou a definição atual do

médico veterinário, e a maioria 67%, respondeu que “O médico veterinário é um dos

agentes responsáveis pelo equilíbrio das relações da tríade saúde animal, meio

ambiente e saúde humana”, reconhecendo a importância desse profissional como

agente de saúde pública.

Da mesma maneira em que a questão anterior, observa-se resultados

crescentes com relação à importância da atuação profissional na Saúde Pública dos

primeiros aos quintos anos. No geral, 94,33% (3.066/3.250) dos estudantes

pesquisados responderam que a importância do médico veterinário na Saúde

Pública é relevante observando crescimento gradativo na porcentagem de alunos

com esse conhecimento ao longo dos anos, com 91,61% (1.234/1.347) nos

primeiros anos, 96,27% (1009/1048) nos terceiros anos e 96,25% (823/855) nos

quintos anos. Da mesma forma que Meditsch (2006), nota-se, a partir dos resultados

apontados acima, que os estudantes se veem como futuros profissionais capazes de

interferir na sociedade, com seus conhecimentos específicos e de ciências básicas

biomédicas, para a prevenção de doenças, proteção da vida e promoção da saúde e

bem-estar humanos.

Estes são dados interessantes, pois apesar dos graduandos reconhecerem a

importância desse profissional nessa área, ao serem indagados, em conversa

informal após a realização dos questionários, sobre esse fato, poucos sabiam

exemplificar como o egresso poderia trabalhar com saúde pública, demonstrando um

despreparo dos estudantes. Assim como resultados apresentados pelo CFMV (2012)

em que 93% dos pesquisados se consideram importantes agentes da saúde pública.


52

Demonstrando que tanto alunos quanto profissionais enxergam o médico veterinário

como peça relevante nesse tema.

No entanto, os resultados demonstram que, o conhecimento do aluno em

saúde pública é limitado, uma vez que quando perguntados sobre o SUS, a maioria

dos primeiros e terceiros anos não sabem se a legislação brasileira permite que o

médico veterinário trabalhe nesse sistema, como demonstram, respectivamente os

resultados 46,74% (631/1.350) e 47,23% (495/1.048). Já a diferença entre alunos

que afirmam saber 47,94% (409/853) e que não sabem 38,34% (327/853) nos

quintos anos não é tão evidente, demonstrando que mesmo esses alunos, que

teoricamente já tiveram contato com disciplinas que abordam o tema, ainda não

possuem conhecimento sobre as possíveis áreas de atuação do médico veterinário,

resultando num profissional que desconhece sobre o assunto como apontado pelo

CFMV (2012), em que 33% dos profissionais questionados afirmaram não conhecer

o programa do SUS. Em contrapartida, esse sistema, em vários níveis de governo,

foi uma dos maiores empregadores de profissionais nos últimos 10 anos,

principalmente nas secretarias municipais de saúde (SOUZA, 2010a).

Os resultados acima concordam com os apresentados por Bürger (2009),

sobre as noções de estudantes de Medicina Veterinária, do curso de graduação em

Medicina Veterinária da FCAV – UNESP, Campus de Jaboticabal-SP, sobre a

atuação do médico veterinário na área de Saúde Pública. O autor observou

situações parecidas ao presente estudo, na qual os alunos do terceiro e quinto anos

foram unânimes quando questionados sobre a importância do profissional na saúde

pública, relacionando tal fato ao controle de zoonoses, mas também desconhecem a

lei que inclui o médico veterinário na área da saúde.


53

Neste sentido, Souza (2010a) relata que grande parte da sociedade e,

também de gestores públicos nos três níveis de governo, desconhecem o real papel

do profissional na área da saúde. E que as entidades de classe, sistema

CFMV/CRMV, sociedades, federações, associações e o próprio médico veterinário,

no seu trabalho diário, inclusive com a participação do controle social da saúde, nos

conselhos estaduais e municipais, devem divulgar essa faceta da carreira.

O SUS criado a partir de 1990, vem sendo construído ao longo dos anos e a

criação dos NASF/ESF, em 2008, não incluía o médico veterinário. Este fato fez com

que a Comissão Nacional de Saúde Pública Veterinária do Conselho Federal de

Medicina Veterinária (CNSPV/CFMV) trabalhasse politicamente desde a criação do

núcleo até a profissão ser contemplada pela nova portaria em 2011. A inclusão da

carreira concretiza o reconhecimento como da área da saúde pelo Ministério da

Saúde, mostrando o importante papel desse profissional na construção da atenção

básica (SOUZA et al., 2012).

Estes fatos refletem a conquista política da inclusão da carreira no

NASF/ESF, que deve ser consolidada com base na competência dos profissionais

atuantes. Infelizmente, o que se observa é que a maioria dos estudantes, até o meio

do curso, não sabem que a atuação nos NASFs pelos profissionais da área é mais

um campo de trabalho definido por lei. Isso pode ser comprovado pelos resultados,

pois se observa que nos primeiros anos, a porcentagem de estudantes que não

sabem sobre o assunto é de 60,98% (300/492), nos terceiros anos de 57,14%

(216/378). No entanto, quando se trata do último período, 28,72% (56/195) ainda

afirmam não saber e a maioria, 62,05% (121/195) assinalaram que “o médico

veterinário, segundo a legislação brasileira, pode trabalhar no NASF”.


54

E quando questionados se a possível presença do médico veterinário poderia

fortalecer o NASF nota-se que a maioria dos alunos, nos três períodos, afirmam que

sim, com 59,92% (293/489) nos primeiros, 73,97% (250/338) nos terceiros e 85,37%

(181/212) nos últimos anos. É curioso observar que mesmo desconhecendo que o

profissional, por lei, pode atuar nesses núcleos, os estudantes reconhecem que a

presença desse profissional nessa vertente de atuação seria de grande valia,

fortalecendo os NASFs, evidenciando o desconhecimento sobre políticas públicas de

saúde.

É válido ressaltar que, a inclusão não garantirá aos profissionais elencados na

portaria a participação, pois a composição de cada núcleo será feita a partir de

dados epidemiológicos, de necessidades locais e de equipes de saúde que serão

apoiada nos territórios, como destacado por Souza et al. (2012). Desta maneira, é

importante que esse profissional esteja preparado para atuar na atenção básica,

com conhecimento sólido em saúde pública, em geral, e políticas públicas de saúde,

mais especificamente. E de acordo com os dados da presente pesquisa essa não é

a realidade dos estudantes da área, pois os mesmos não se interessam pela área e

muito menos possuem embasamento para atuar nos núcleos, se necessário.

É interessante observar que na pesquisa realizada pelo CFMV (2012), apenas

13,00% dos profissionais entrevistados afirmaram ter conhecimento profundo a

respeito dos NASFs e 62,00% gostariam de aprofundar seus conhecimentos nessa

área, demonstrando que os profissionais ainda desconhecem essa área de atuação,

mesmo já atuantes no mercado de trabalho. A mesma pesquisa demonstrou que os

Estados em que os profissionais demonstraram interesse acima da média nacional

em aprofundar seus conhecimentos a respeito do NASF são Alagoas, Amazonas,


55

Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Sergipe, Pará e Bahia, nenhum da região

Sudeste. Essas informações complementam os dados supracitados e reafirmam a

preferência desses alunos da região sudeste ainda ser por áreas voltadas à clínica.

Souza et al. (2012) complementa que é fundamental um intenso trabalho de

divulgação do profissional na saúde pública, mais especificamente nos NASF/ESF,

para os gestores públicos da área, bem como para as comunidades envolvidas. De

acordo com os dados encontrados no presente estudo, deve-se também divulgar

esse trabalho, e a importância do mesmo, para a própria classe médico-veterinária,

assim como para os estudantes, futuros profissionais, para a consolidação desse

novo espaço. De uma maneira, observou-se que o graduando pouco sabe sobre os

conceitos que regem o SUS e tem pouco conhecimento sobre a importância do

mesmo no sistema. Dados alarmantes, visto que, mediante a municipalização da

saúde, o SUS é um dos principais setores de atuação profissional.

Os questionários entregues aos concluintes possuíam perguntas mais

aprofundadas, uma vez que esses estudantes teoricamente já tiveram contato com

todas as matérias do curso e sairão em breve para o mercado de trabalho. Assim,

foram questionados se as disciplinas que julgavam estar relacionadas com saúde

pública veterinária foram enfatizadas de maneira satisfatória. E os resultados

apontam que a maioria, 61,38% (523/852) acreditam que sim, 33,81% (288/852) que

essas disciplinas poderiam ser melhor enfatizadas e 4,81% (41/852) que não.

Todavia, é relevante perceber que quando questionados sobre as disciplinas

relacionadas à saúde pública, muitos não responderam e a maioria relacionava

somente a epidemiologia e zoonoses.


56

Esses dados confirmam que os discentes desconhecem as disciplinas que

têm o papel de disseminar o tema e a importância da interdisciplinaridade, uma vez

que a clínica médica também pode estar relacionada ao tema quando se trata de

zoonoses e dos conhecimentos de educação em saúde passados para os

proprietários durante uma consulta, por exemplo. A atuação profissional na proteção

específica dos animais, na detecção e tratamento das enfermidades zoonóticas, na

orientação sobre a prevenção das mesmas aos proprietários de animais e na

notificação de doenças e agravos às vigilâncias em saúde também foi discutida por

Meditsch (2006).

Diante dessas respostas, os estudantes foram questionados sobre a

satisfação perante a ênfase dada às disciplinas relacionadas à saúde pública. Em

relação a como o professor ministra esses temas, 46,43% (358/771) confirmam que

as disciplinas ministradas são boas, 34,50% (266/771) que as aulas são muito boas

com relato de experiências profissionais, sendo a satisfação maior nas instituições

privadas. Isso pode estar relacionado ao fato dos professores de IES particulares

serem mais dinâmicos, pois normalmente eles possuem outros empregos, e

conseguem passar melhor a experiência prática para os estudantes, sem contar o

fato desses docentes serem mais próximos aos discentes No entanto, 8,43%

(65/771) avaliaram como boas as aulas, porém sem relato de experiência

profissional e 10,64% (82/771) consideraram que as aulas foram abordadas de

maneira insatisfatória pelos professores. Resultados semelhantes foram encontrados

por Silva; Del Carlo; Sepúlveda (2013) no que se refere ao domínio dos conteúdos

pelos professores, relatando que 43,7% e 39,6% dos estudantes consideram os

professores qualificados nas instituições públicas e privadas, respectivamente.


57

Nesse sentido, em pesquisa realizada por Silva; Del Carlo; Sepúlveda (2003),

no que se refere ao domínio dos conteúdos pelos professores, nas IES públicas

predomina a opinião que a maior parte dos professores é qualificada (43,7%) e nas

privadas a de que todos os professores são qualificados (39,6%).

A didática do professor universitário do ensino médico-veterinário é uma

questão polêmica e também foi discutida por Bürger (2010). O profissional tem sua

formação direcionada à atuação nas diferentes áreas da profissão, não possuindo

formação para educador/professor/docente. As habilidades e competências para

essa função são desenvolvidas em curto espaço de tempo durante o mestrado e

doutorado. Aliado a isso, existe a situação em que cada vez mais o profissional

recém-formado logo após o término da graduação ingressa na pós-graduação, tendo

uma formação estritamente acadêmica, sem experiências desenvolvidas pelo

trabalho prático da profissão.

A maneira como esses temas são abordados durante a graduação também

deve ser levada em consideração. A repetição de conteúdos em diferentes

disciplinas e a desarticulação dos mesmos desestimula o estudante, levando ao

desinteresse. Assim, a ênfase dada ao tema, a visão interdisciplinar, a didática do

docente, como comentadas anteriormente, e até o planejamento das aulas podem

influenciar o processo ensino-aprendizagem na área em questão.

O interesse de um aluno pela área da Saúde Pública Veterinária também

pode estar relacionado com a forma de como são apresentados aos conteúdos. As

aulas teóricas são essenciais para que o aluno adquira conteúdo e informações

concretas nas quais irão se basear enquanto profissionais. Porém, essas só poderão

ser bem fixadas quando entendida a aplicabilidade, ou seja, quando colocado em


58

prática tudo que se aprendeu. Assim, a escassa realização de atividades fora das

salas de aula pode prejudicar no aproveitamento da disciplina e no entendimento da

sua importância. É importante que o aluno vivencie diferentes experiências, para

que, assim, aprenda de uma forma mais ativa.

Neste sentido, observou-se que 83,02% dos estudantes estão insatisfeitos

com o planejamento das aulas, analisando a proporção entre aulas teóricas e

práticas. E desses insatisfeitos, 29,98% (256/854) relataram apenas aulas teóricas e

53,04% (453/854) aulas teóricas e poucas práticas. Resultados e comentários

semelhantes foram feitos por Pfuetzenreiter (2003), que descreveu as deficiências

relacionadas às aulas práticas no curso de graduação em Medicina Veterinária da

Universidade do Estado de Santa Catarina. O distanciamento entre a teoria

ensinada na sala de aula e a rotina da profissão dificultam a percepção do estudante

com relação à área enfatizada e a aplicabilidade da mesma dentro da Medicina

Veterinária.

No mesmo sentido, Souza et al. (2010) afirmaram que a maioria dos cursos

de graduação em Medicina Veterinária do país não possui uma estrutura favorável

ao desenvolvimento de atividades práticas relativas à saúde pública. Essa afirmação

aliada aos dados encontrados no presente estudo reafirma a dificuldade dos

discentes em fazer a conexão entre a teoria da sala de aula e a realidade da rotina

de trabalho profissional, o que faz com que parte dos estudantes acredite estar

despreparado para a prática da profissão, como verificado por Heath, Lanyon e

Lynch-Blosse (1996).

Em contrapartida, em pesquisa realizada por Silva; Del Carlo; Sepúlveda

(2003), que realizaram o Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes - ENADE


59

2010, ao serem questionados sobre os ambientes e a disponibilidade de

equipamentos e materiais para as aulas práticas, nas IES públicas predominam as

opiniões sobre o atendimento à maior parte das necessidades (28,9%). Já para as

escolas privadas predominam as opiniões de que todas as necessidades são

atendidas (38,5%).

Os dados encontrados na presente pesquisa são evidenciados quando os

estudantes foram indagados sobre a existência de parcerias entre suas instituições

de ensino e serviços de saúde para o desenvolvimento de atividades conjuntas, pois

46,97% (396/843) dos discentes não sabem responder. Essas parcerias com

serviços públicos e privados de saúde para o desenvolvimento de aulas práticas,

projetos de pesquisa e extensão, além do estágio curricular são essenciais para o

desenvolvimento do projeto pedagógico de curso, principalmente na área analisada.

Essa oportunidade possibilita o estudante colocar em prática os ensinamentos de

sala de aula na prática rotineira da profissão, como citado anteriormente. Neste

sentido, Lima Jr (2001) relatou a experiência positiva no ensino da saúde pública da

UFRPE a partir do desenvolvimento de ações em parceria com o Centro de

Vigilância Ambiental da Prefeitura de Recife/PE.

Em contraste, Souza et al. (2010) analisando a temática de como o ensino em

saúde pública tem sido trabalho na formação do médico veterinário brasileiro

observaram que 47% das instituições da região sudeste possuem convênios de

interface com a área de saúde pública e destes 77% são convênios com órgãos

públicos. Desta forma, quase metade das instituições da região possuem convênios

com serviço de saúde pública, mas quase metade dos estudantes dessas

instituições desconhece a existência dos mesmos.


60

Esses graduandos não mostram interesse pela área desde o ingresso na

instituição, não são estimulados a descobrirem a mesma e assim, no geral, 57,82%

(440/761) dos estudantes não realizarão estágio curricular na área da saúde pública

veterinária, 33,90% (258/761) talvez o realize e apenas 8,28% (63/761) o realizarão.

Esses dados contrastam com os encontrados por Souza et al. (2010), que

verificaram que 76% dos cursos de graduação do Brasil estudados disponibilizam

estágio na área de saúde públicas, destes 50% concentram-se na região sudeste e

69% são instituições privadas.

Os cursos da região sudeste disponibilizam estágio na área, mas os

estudantes tem predileção por outras áreas de atuação. Essa preferência por outras

áreas de atuação profissional, durante o estágio curricular, está em concordância

com os resultados de Pfuetzenreiter (2003), em estudo sobre os formandos da

Universidade do Estado de Santa Catarina. A área de atuação da Clínica Veterinária

se sobressai em relação às demais áreas no momento da escolha do estágio

obrigatório.

No mesmo sentido, Pfuetzenreiter e Wanzuita (2007) comentam que o setor

que tem sido mais procurado para realização de estágio obrigatório pelos alunos do

curso de graduação em Medicina Veterinária da Universidade do Estado de Santa

Catarina é o de Clínica Veterinária com 60,26%, seguido do setor de Zootecnia e

Produção Animal (24,39%), e o de Medicina Veterinária Preventiva e Saúde Pública

em último (8,24%). Nos cursos públicos a recusa é ainda maior, 63,82% contra

53,03% dos cursos privados e assim como encontrado por Pfuetzenreiter e Wanzuita

(2007), os discentes ainda elegem para estágio as áreas de clínicas médicas e

cirúrgicas, assim como, de reprodução para o desenvolvimento de atividades.


61

Os concluintes mesmo evidenciando falta de interesse para a realização de

estágios na área de saúde pública mostram interesse em trabalhar depois de

formado na área. A maioria 52,24% (465/890) dos futuros profissionais trabalharia

nessa vertente e 35,28% (314/890) afirmou que talvez. Analisando os resultados

anteriores, o que pode ser inferido é que a saúde pública desperta maior interesse

vista a possibilidade e segurança no que se diz respeito a empregos, e não como

uma opção decidida de maneira firme. Pfuetzenreiter (2003) observou a mesma

tendência nos estudantes da Universidade do Estado de Santa Catarina, pois a

opção pela área da Clínica Veterinária despertou maior interesse durante a escolha

para atuação profissional, demonstrando que o perfil de médico veterinário clínico

ainda é bastante característico nos estudantes de Medicina Veterinária.

5. CONCLUSÕES

 as matrizes curriculares das instituições de ensino da Região Sudeste do

Brasil não contemplam de forma adequada a área de atuação da Saúde

Pública Veterinária, direcionando maior carga horária para as disciplinas de

clínica veterinária em detrimento das disciplinas votadas a área de saúde

pública, preconizando a formação individual e curativa;

 as disciplinas relacionadas à Saúde Pública Veterinária, tanto nas instituições

públicas quanto privadas da região Sudeste do Brasil, são concentradas nos

últimos períodos do curso, prejudicando o contato do estudante com a área

 o perfil dos estudantes é composto em sua maioria por mulheres, jovens, que

não optaram pelo curso de forma marcante e que ainda levam em

consideração o lado afetivo na hora de escolher a profissão;


62

 os estudantes possuem um conhecimento superficial a respeito da atuação

em Saúde Pública, reconhecendo a importância do profissional atuar na área,

mas desconhecem as políticas públicas de saúde.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O mundo pede por novos profissionais envolvidos no conceito “Um mundo,

uma saúde”. A OIE reconhece a contribuição que o médico veterinário tem para a

saúde da população, a partir da sanidade e bem-estar dos animais, pessoas e

ambiente, e por isso a formação do profissional deve ser de alta qualidade

possibilitando que esse tenha uma percepção holística da realidade em que vive e

saiba como utilizar as ferramentas adquiridas durante a graduação para contribuir

para um direto de todos: a saúde. Sendo assim, é importante que haja uma

mudança de paradigma e que a visão curativa da profissão seja mudada para a

preventiva, e isso só poderá ser alterado se o estudante entender o seu papel como

ator social.

É importante ressaltar que além da visão curativa que grande parte dos

médicos veterinários têm sobre a profissão, a sociedade também os enxerga desse

modo, como o médico que cura animais, desconhecendo sua importância na saúde

pública, por exemplo, dificultando sua inserção em atividades relacionadas a essa

área. Isso desestimula o profissional e gera a desvalorização do mesmo, que é

reconhecido apenas pela prática da clínica veterinária, por isso, torna-se

fundamental que a situação seja revertida. O primeiro passo para isso é a

valorização da profissão, dada durante o desenvolvimento do curso de graduação,


63

pelo próprio médico veterinário, em que ele se reconheça como um profissional da

saúde.

Em relação às disciplinas ministradas durante o curso, é necessário que se

valorize mais aquelas voltadas às Ciências Humanas, e que seja dedicada maior

carga horária às matérias correspondentes. Isso porque, para se trabalhar com

Saúde Pública é necessário entender o ser humano, estimulando mudanças de

atitude. Assim, matérias como Antropologia que estuda o homem, Sociologia que

estuda as relações entre as pessoas e Filosofia que estimula a reflexão e a crítica na

busca do conhecimento do mundo e do homem, seriam de grande valia para formar

um profissional apto a interagir, se comunicar, e a trocar informações sabendo de

fato, orientar. É preciso também que haja interação entre as diferentes áreas da

Medicina Veterinária dentro das IESs, como por exemplo, entre a Clínica de

Grandes e Pequenos Animais com as Doenças Infecciosas e Zoonoses, Anatomia

com Cirurgia, dentre outras, porque assim o estudante deixa de ver o curso de

maneira segmentada e enxerga a Medicina Veterinária de forma ampla, tal qual ela

é, notando que uma disciplina depende da outra e que para ser um bom clínico, por

exemplo, é necessário saber orientar o proprietário sobre as zoonoses.

Já em relação às atividades desenvolvidas dentro das IESs, é preciso que o

estudante seja estimulado a abrir seu leque de possibilidades de interesse dentro da

Medicina Veterinária, já que essa é uma carreira com diversas áreas de atuação

profissional, que muitas vezes não são conhecidas pelos discentes. No caso da

Saúde Pública, o estudante precisa ser estimulado a pensar e entender como ele

poderá se inserir nessa área. Sendo assim, torna-se interessante a formação de

grupos de estudos com discentes de diferentes semestres para tratar do tema,


64

estimulando o estudante a participar de discussões e sugerir mudanças, a criação

de um Programa de Educação Tutorial (PET) específico para a área, como por

exemplo um PET/SUS, além da formação de convênios entre as IESs, e as

secretarias de Saúde para o trabalho conjunto. Fatores que encorajariam o

estudante a buscar o novo, exercitando as capacidades de raciocínio, imaginação e

criatividade, abrindo portas para o conhecimento desde o início da faculdade e

possibilitando que os estudantes tenham contato, desde o início do curso, com

conteúdos ministrados, em sua maioria somente ao final.

É importante ressaltar que para que isso ocorra, a formação do docente é de

crucial importância, uma vez que faz parte da experiência universitária a relação

aluno - professor. No entanto o que se observa é que os docentes possuem alto

domínio sobre os conteúdos específicos da medicina veterinária, mas ainda não o

têm sobre as competências pedagógicas centrando o ensino no professor e não no

estudante, prejudicando o desenvolvimento de uma aprendizagem significativa.

Assim, é necessário que haja uma mudança em relação às metodologias

tradicionais, fazendo com que se desperte o interesse do aluno, que na maioria das

vezes entra nas IES muito novos e com a visão da clínica pré-estabelecida, para

outras áreas da Medicina Veterinária, como por exemplo a Saúde Pública. Nesse

processo o docente entra como influenciador e exemplo para a formação de novos

conceitos acadêmicos, contribuindo na formação de um profissional crítico e

consciente sobre o seu papel na sociedade.

Para se ter sucesso na profissão é necessário gostar e acreditar no que se

faz. Salienta-se que o trabalho não teve a pretensão de colocar a Saúde Pública

Veterinária como a área mais importante da Medicina Veterinária, mas sim ressaltar
65

que todas as áreas de atuação da profissão são igualmente relevantes, sendo

importante o equilíbrio entre elas, e que por ser uma profissão muito ampla, a

Medicina Veterinária deve ter suas áreas melhor exploradas, uma vez que o mundo

pede por novos profissionais.

Se o médico veterinário conseguir gerenciar a tríade homem, animal e meio

ambiente e ter a habilidade para resolver os problemas relacionados ao processo

saúde-doença com certeza, esse profissional estará qualificado para enfrentar as

mudanças advindas de um novo mundo.


66

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8. APÊNDICES

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região sudeste do Brasil, aos cuidados dos coordenadores de curso, assinado pelo
responsável pelo projeto e seu orientador

Departamento de Medicina Veterinária Preventiva e Reprodução Animal

Ofício nº ____ MVPRA/MVP

Jaboticabal, março de 2013

Prezado Senhor,
Vimos, por meio deste, solicitar a viabilização de parceria entre esta instituição de
ensino superior e o Departamento de Medicina Veterinária Preventiva e Reprodução Animal
da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, UNESP, Câmpus de Jaboticabal/SP, para
o desenvolvimento de um projeto de pesquisa que resultará em uma tese intitulada “O
ensino de Saúde Pública Veterinária nos cursos de graduação de Medicina Veterinária
da região sudeste do Brasil”, sob a autoria da pós-graduanda do curso de mestrado,
Carolina de Alvarenga Cruz, dessa IES e sua orientadora Profª. Drª. Karina Paes Bürger.
Tal levantamento de dados referente ao ensino da Saúde Pública Veterinária junto às
instituições de ensino superior nos Cursos de Medicina Veterinária será forte ferramenta
para o aprimoramento de ações de investimentos na área e contará com a participação de
todas as IES (públicas e particulares) do País, é claro que com o consentimento e a parceria
dos respectivos coordenadores de curso.
Reforçamos que nos resultados da tese supracitada não serão divulgados os nomes
das instituições de ensino superior, sendo referenciadas apenas com códigos. Os resultados
gerais e finais posteriormente poderão ser obtidos na publicação dos mesmos e espera-se
com isso obter-se diagnóstico geral da situação do ensino nessa área tão importante e
crescente dentro das comunidades acadêmicas e junto à sociedade brasileira.
Agradecemos de antemão a colaboração com este estudo de grande importância
para a Medicina Veterinária e despedindo-nos aguardamos seu parecer sobre a solicitação.
Atenciosamente;
_______________________________
Carolina de Alvarenga Cruz
Médica Veterinária – CRMV/SP 29869
Pós-graduanda FCAV/UNESP, Jaboticabal, SP.
____________________________
Profa. Dra. Karina Paes Bürger
Orientadora

Ilmo Sr
Coordenador de curso da Medicina Veterinária
74

APÊNDICE II – Modelo de questionário aplicado aos coordenadores dos cursos de


graduação em Medicina Veterinária de todos os cursos participantes do projeto, preenchido
pelos mesmos

CENSO DE SAÚDE PÚBLICA VETERINÁRIA

FORMULÁRIO DE PREENCHIMENTO*
* Favor anexar a matriz curricular do curso

1. Instituição: ____________________________________________________

2. Endereço completo da instituição:__________________________________

3. Nome completo do coordenador:___________________________________


3.1. Graduação:__________________________________________________
3.2. Titulação:____________________________________________________
3.3. Áreas de formação (pós-graduação):______________________________

4. Curso de Medicina Veterinária: Universidade/Faculdade:


( ) Federal ( ) Estadual ( ) Municipal ( ) Privada/Particular

5. Carga horária do curso de Medicina Veterinária: ________ horas

6. Número de fases/períodos do curso: ___________

7. Os conteúdos das disciplinas elencadas contemplam as seguintes áreas:


( ) Epidemiologia
( ) Vigilância Epidemiológica/Zoonoses
( ) Vigilância Ambiental
( ) Educação em Saúde
( ) Saúde do Trabalhador
( ) Saneamento do meio
8. Carga horária do estágio de graduação do curso:_____________

9. - Tem sido oferecido ou oportunizado pela Universidade estágio obrigatório na área de


Saúde Pública nos últimos 5 (cinco) anos?
( ) Sim ( ) Não

10. Dos alunos que têm saído para o estágio obrigatório, qual percentual tem ido para a
área de Saúde Pública nos últimos 5 (cinco) anos? ______ %

11. Atividades de extensão desenvolvidas na área de Saúde Pública nos últimos 5 (cinco)
anos.

12. Convênios de interface com a área de Saúde Pública nos últimos 5 (cinco) anos. Quais?

13. Preencher os dados de acordo com o número de disciplinas relacionadas à área de


Saúde Pública Veterinária

Dados da disciplina 1
Nome da disciplina:________________________________________________
Carga horária: ___________________________________________________
75

Aulas teóricas/práticas (local):_______________________________________


Obrigatória ou eletiva/optativa: ______________________________________
Ministrada em que fase/período: _____________________________________
Número de professores responsáveis: ________________________________
Graduação do professor: ___________________________________________
Titulação do professor: ____________________________________________
Áreas de formação (pós-graduação): _________________________________
Estritamente acadêmica:___________________________________________
Contato/experiência junto aos serviços de saúde coletiva:_________________

Dados da disciplina 2
Nome da disciplina:________________________________________________
Carga horária: ___________________________________________________
Aulas teóricas/práticas (local):_______________________________________
Obrigatória ou eletiva/optativa: ______________________________________
Ministrada em que fase/período: _____________________________________
Número de professores responsáveis: ________________________________
Graduação do professor: ___________________________________________
Titulação do professor: ____________________________________________
Áreas de formação (pós-graduação): _________________________________
Estritamente acadêmica:___________________________________________
Contato/experiência junto aos serviços de saúde coletiva:_________________
76

APÊNDICE III - Modelo de questionário aplicado aos graduandos do curso de Medicina


Veterinária, do primeiro, terceiro e quinto anos, de todos os cursos participantes do projeto,
preenchido pelos mesmos

QUESTIONÁRIO – 1º E 3º ANOS

Sexo: F ( ) M ( ) Idade: ______

Você já prestou vestibular para outro curso, além da Medicina Veterinária?


( ) sim ( ) não
Se sim, cite-os: __________________________________________________

Motivo pelo qual optou pela Medicina Veterinária


( ) Gosto pelas diferentes espécies de animais
( ) Admiração pela carreira
( ) Influência familiar
( ) Mercado favorável
( ) convivência com o meio rural ou atividades correlatas
( ) Outros: __________________________________

Cite quatro áreas de atuação do médico(a) veterinário(a) que você considera mais interessante
( )animais de companhia ( ) inspeção e tecnologia de alimentos
( ) animais de produção ( ) defesa sanitária
( ) animais selvagens ( ) extensão rural
( ) saúde pública ( ) carreira acadêmica/pesquisa
( ) reprodução

A formação do médico veterinário o habilita a executar atividades em saúde pública?


( ) sim ( ) não ( ) talvez ( ) não sei

Cite notícias relacionadas à Medicina Veterinária que mais chamaram sua atenção nos últimos
meses.

A profissão de médico veterinário está relacionada à(s) área(s)


( ) ciências agrárias
( ) da saúde
( ) ciências biológicas
( ) ciências agrárias e da saúde

Escolha a melhor alternativa. A soma de todas as contribuições para o bem-estar físico, mental e
social dos seres humanos mediante a compreensão e aplicação da ciência veterinária está
relacionado a:
( ) epidemiologia geral
( ) medicina veterinária preventiva
( ) saúde pública veterinária
( ) saúde coletiva

Escolha a melhor alternativa. O médico veterinário contribuindo para a realização das decisões,
procurando orientar o uso dos recursos humanos, financeiros e tecnológicos, até alcançar, em um
77

determinado período de tempo, os objetivos e metas estabelecidos previamente, assim como as


transformações do sistema necessárias para fazê-lo viável, está desenvolvendo atividades de:
( ) vigilância sanitária
( ) gestão e planejamento em saúde
( ) vigilância epidemiológica
( ) controle de zoonoses

Escolha a melhor alternativa. O médico veterinário desempenha a seguintes funções na área de


vigilância epidemiológica:
( ) realização de diagnóstico laboratorial e notificação de casos de doenças
( ) coleta de dados de saúde, sua análise, interpretação e recomendações de medidas
( ) realização de ações de intervenção durante surtos de doenças
( ) monitoramento das condições ambientais através de testes e análises laboratoriais

Escolha a melhor alternativa. O médico veterinário desempenhando ações que proporcionam o


conhecimento, a detecção ou a prevenção de qualquer mudança nos fatores determinantes e
condicionantes de saúde individual ou coletiva, com a finalidade de recomendar e adotar medidas de
prevenção e controle de doenças e agravos está trabalhando na área de:
( ) vigilância ambiental
( ) vigilância sanitária
( ) vigilância epidemiológica
( ) vigilância ocupacional

Escolha a melhor alternativa. O médico veterinário desempenhando ação capaz de eliminar, diminuir
ou prevenir riscos à saúde e de intervir nos problemas sanitários decorrentes do meio ambiente, da
produção e circulação de bens e da prestação de serviços de interesse da saúde está trabalhando na
área de:
( ) vigilância ambiental
( ) vigilância sanitária
( ) vigilância epidemiológica
( ) vigilância ocupacional

Avalie a importância do médico veterinário atuar na saúde pública.


( ) relevante ( ) pouco relevante ( ) irrelevante ( ) não sei

O médico veterinário, segundo a legislação brasileira, pode trabalhar no Sistema Único de Saúde
(SUS).
( ) sim ( ) não ( ) não sei

O médico veterinário, segundo a legislação brasileira, pode trabalhar na Estratégia Saúde da Família
(ESF)
( ) sim ( ) não ( ) não sei

O médico veterinário, segundo a legislação brasileira, pode trabalhar no Núcleo de Apoio a Saúde da
Família (NASF).
( ) sim ( ) não ( ) não sei

A possível presença do Médico Veterinário poderia fortalecer o NASF?


( ) sim ( ) não ( ) não sei
78

Na matriz curricular do seu curso de Medicina Veterinária está inserido o tema Saúde Pública
Veterinária.
( ) sim ( ) não ( ) não sei

Área na qual você pretende se especializar depois de formado.


( )animais de companhia ( ) inspeção e tecnologia de alimentos
( ) animais de produção ( ) defesa sanitária
( ) animais selvagens ( ) extensão rural
( ) saúde pública ( ) carreira acadêmica/pesquisa
( ) reprodução ( ) não sei

Cite atividades desenvolvidas pelo médico veterinário que você considera mais promissoras dentro
do mercado de trabalho.
( )animais de companhia ( ) inspeção e tecnologia de alimentos
( ) animais de produção ( ) defesa sanitária
( ) animais selvagens ( ) extensão rural
( ) saúde pública ( ) carreira acadêmica/pesquisa
( ) reprodução
( ) outro: ____________________________________________________________________
79

QUESTIONÁRIO – 5º ANO

Sexo: F ( ) M ( ) Idade: ______

Você já prestou vestibular para outro curso, além da Medicina Veterinária?


( ) sim ( ) não Se sim, cite-os: ______________

Motivo pelo qual optou pela Medicina Veterinária


( ) Gosto pelas diferentes espécies de animais
( ) Admiração pela carreira
( ) Influência familiar
( ) Mercado favorável
( ) convivência com o meio rural ou atividades correlatas
( ) Outros: __________________________________

Cite quatro áreas de atuação do médico(a) veterinário(a) que você considera mais interessante
( )animais de companhia ( ) inspeção e tecnologia de alimentos
( ) animais de produção ( ) defesa sanitária
( ) animais selvagens ( ) extensão rural
( ) saúde pública ( ) carreira acadêmica/pesquisa
( ) reprodução

A formação do médico veterinário o habilita a executar atividades em saúde pública?


( ) sim ( ) não ( ) talvez ( ) não sei

Cite notícias relacionadas à Medicina Veterinária que mais chamaram sua atenção nos últimos
meses. (Escrever no verso)

A profissão de médico veterinário está relacionada à(s) área(s)


( ) ciências agrárias
( ) da saúde
( ) ciências biológicas
( ) ciências agrárias e da saúde

Escolha a melhor alternativa. A soma de todas as contribuições para o bem-estar físico, mental e
social dos seres humanos mediante a compreensão e aplicação da ciência veterinária está
relacionado a:
( ) epidemiologia geral
( ) medicina veterinária preventiva
( ) saúde pública veterinária
( ) saúde coletiva

Escolha a melhor alternativa. O médico veterinário contribuindo para a realização das decisões,
procurando orientar o uso dos recursos humanos, financeiros e tecnológicos, até alcançar, em um
determinado período de tempo, os objetivos e metas estabelecidos previamente, assim como as
transformações do sistema necessárias para fazê-lo viável, está desenvolvendo atividades de:
( ) vigilância sanitária
( ) gestão e planejamento em saúde
( ) vigilância epidemiológica
( ) controle de zoonoses
80

Escolha a melhor alternativa. O médico veterinário desempenha a seguintes funções na área de


vigilância epidemiológica:
( ) realização de diagnóstico laboratorial e notificação de casos de doenças
( ) coleta de dados de saúde, sua análise, interpretação e recomendações de medidas
( ) realização de ações de intervenção durante surtos de doenças
( ) monitoramento das condições ambientais através de testes e análises laboratoriais

Escolha a melhor alternativa. O médico veterinário desempenhando ações que proporcionam o


conhecimento, a detecção ou a prevenção de qualquer mudança nos fatores determinantes e
condicionantes de saúde individual ou coletiva, com a finalidade de recomendar e adotar medidas de
prevenção e controle de doenças e agravos está trabalhando na área de:
( ) vigilância ambiental
( ) vigilância sanitária
( ) vigilância epidemiológica
( ) vigilância ocupacional

Escolha a melhor alternativa. O médico veterinário desempenhando ação capaz de eliminar, diminuir
ou prevenir riscos à saúde e de intervir nos problemas sanitários decorrentes do meio ambiente, da
produção e circulação de bens e da prestação de serviços de interesse da saúde está trabalhando na
área de:
( ) vigilância ambiental
( ) vigilância sanitária
( ) vigilância epidemiológica
( ) vigilância ocupacional

Avalie a importância do médico veterinário atuar na saúde pública.


( ) relevante ( ) pouco relevante ( ) irrelevante ( ) não sei

O médico veterinário, segundo a legislação brasileira, pode trabalhar no Sistema Único de Saúde
(SUS).
( ) sim ( ) não ( ) não sei

O médico veterinário, segundo a legislação brasileira, pode trabalhar na Estratégia Saúde da Família
(ESF)
( ) sim ( ) não ( ) não sei

O médico veterinário, segundo a legislação brasileira, pode trabalhar no Núcleo de Apoio a Saúde da
Família (NASF).
( ) sim ( ) não ( ) não sei

A possível presença do Médico Veterinário poderia fortalecer o NASF?


( ) sim ( ) não ( ) não sei

Na matriz curricular do seu curso de Medicina Veterinária está inserido o tema Saúde Pública
Veterinária.
( ) sim ( ) não ( ) não sei

Analisando a matriz curricular do seu curso de Medicina Veterinária quais as disciplinas que
poderiam estar relacionadas à saúde pública veterinária?
81

De acordo com a sua análise da matriz curricular do seu curso de Medicina Veterinária, essas
disciplinas foram enfatizadas de maneira satisfatória?
( ) sim ( ) não ( ) poderia ser melhor

Com relação aos professores que ministraram essas disciplinas, indique:


( ) aulas muito boas com experiências profissionais ( ) aulas boas
( ) aulas boas sem experiências profissionais ( ) aulas insatisfatórias

Com relação ao planejamento das aulas das disciplinas citadas:


( ) somente teóricas
( ) teóricas e poucas práticas
( ) teóricas e aulas práticas proporcionais

Citar os locais das aulas práticas da questão anterior

Existe alguma parceria entre a sua instituição de ensino e os serviços de saúde pública para o
desenvolvimento de atividades conjuntas?
( ) sim ( ) não ( ) não sei

Você vai realizar seu estágio curricular na área de saúde pública?


( ) sim ( ) não ( ) talvez
Área escolhida para o desenvolvimento do estágio obrigatório:

Você, depois de formado, trabalharia em saúde pública?


( ) sim ( ) não ( ) talvez

Área na qual você pretende se especializar depois de formado.


( )animais de companhia ( ) inspeção e tecnologia de alimentos
( ) animais de produção ( ) defesa sanitária
( ) animais selvagens ( ) extensão rural
( ) saúde pública ( ) carreira acadêmica/pesquisa
( ) reprodução ( ) não sei

Cite atividades desenvolvidas pelo médico veterinário que você considera mais promissoras dentro
do mercado de trabalho.
( )animais de companhia ( ) inspeção e tecnologia de alimentos
( ) animais de produção ( ) defesa sanitária
( ) animais selvagens ( ) extensão rural
( ) saúde pública ( ) carreira acadêmica/pesquisa
( ) reprodução
( ) outro: ____________________________________________________________________

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