Artigo 01
Artigo 01
RESUMO
O presente trabalho tem como objetivo analisar a importância das práticas laboratoriais como forma
facilitadora no processo de ensino e aprendizagem de química, e a partir desse ponto, verificar se houve
um aumento das práticas laboratoriais com a implantação do Projeto Residência Pedagógica
interdisciplinar de Biologia e Química (PRPBIOQUI). O estudo foi realizado na escola Doutor Brunilo
Jacó, no município de Redenção-Ce. Foi elaborado um questionário utilizando a escala Likert e aplicado
após as atividades realizadas na escola. Foi observado que as práticas de laboratório auxiliam no
entendimento dos conteúdos teóricos vistos em sala de aula. Contudo, os estudantes responderam que
ainda são poucas as atividades laboratoriais desenvolvidas na escola e que carecem de mais atividades
práticas.
INTRODUÇÃO
A formação deve estimular uma perspectiva crítico-reflexiva, que forneça aos futuros
professores os meios para um pensamento crítico e que facilite as dinâmicas de auto
Nesse sentido, o professor deve sempre buscar formas de melhorar seu ensino diante
das dificuldades e da realidade da escola, sempre refletindo sua prática perante os resultados de
sua turma. Essa reflexão é de grande importância para o ensino de Química, pois de forma geral
o seu ensino segue uma metodologia tradicional, tornando-a como algo muito decorativa e
pouco atrativa para os discentes, causando um distanciamento do que realmente ela representa.
De acordo com Barbosa (2018), a falta de aulas práticas faz com o que o aluno não se esforce
para aprender.
A Química é considerada uma ciência experimental, assim, muitos autores defendem
que para um melhor entendimento por parte dos alunos(as), ela deve ser ministrada de forma
teórica e prática, agregando mais significado aos conteúdos. A ausência deste vínculo, teoria e
prática, pode ser um dos responsáveis pela apatia e distanciamento do interesse dos discentes
pela Química (VALADARES, 2001).
Um dos recursos que podem ser utilizados para dinamizar as aulas é a experimentação,
um recurso pedagógico de suma importância, que auxilia no entendimento de conceitos. Neste
sentido, os experimentos devem ser conduzidos com o objetivo de demonstrar fenômenos,
ilustrar um princípio teórico, coletar dados, testar hipóteses, desenvolver habilidades de
observação ou medida, entre outros (Ferreira et al, 2010).
De acordo com Lewin e Lomascólo (1998, p.148):
Desse modo, refletindo sobre o ensino de química, este trabalho tem como objetivo
analisar a importância das práticas laboratoriais como uma forma facilitadora do processo de
ensino e aprendizagem da Química e análisar se os experimentos realizados estavam de acordo
com os conteúdos em sala, e se auxiliaram no entendimento. Em adicional, verificar se houve
um aumento das práticas laboratoriais na escola após a implantação do Projeto Residência
Pedagógica Interdisciplinar entre a Biologia e a Química (PRPBIOQUI).
METODOLOGIA
O presente estudo foi realizado na escola de ensino médio Doutor Brunilo Jacó,
localizado no município de Redenção-CE, próximo aos campus da Universidade da Integração
Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB). A coleta de dados ocorreu por meio da
aplicação de um questionário, após as atividades de laboratório em duas turmas de segundo
ano, tendo como assuntos “Processos Endotérmico e Exotérmicos”. Em algumas perguntas do
questionário foi utilizada a escala Likert, que é um tipo de escala de respostas em pesquisas de
opiniões bastante difundidas. A escala de Likert apresenta uma série, normalmente, de cinco
proposições, das quais, o respondente deve selecionar uma, podendo estas ser: concorda
totalmente, concorda, sem opinião, discorda, discorda totalmente. Foi efetuada uma cotação das
respostas atribuindo pontuações de 1 a 5, em seguida fez-se o cálculo do Ranking Médio para
análise das respostas (AGUIAR, CORREIA e CAMPOS, 2011).
Foi utilizado o seguinte calculo para obte-se o ranking médio:
fi = frequência absoluta.
p1 = peso das resposta.
N = quntidade de entrevistado.
RM = Ranking Médio.
(𝑓𝑖∗𝑝1)
RM = ∑51 𝑁
DESENVOLVIMENTO
• O ENSINO DE QUÍMICA E A EXPERIMENTAÇÃO.
O ensino de química não é uma realidade longe de nossos olhos, já que todos nós já fomos algum
dia, alunos do ensino médio e sabemos um pouco da realidade do ensino desta disciplina. Que em maior
parte, consiste na decoração de fórmulas, conceitos e cálculos com fins meramente de avaliação externa
ou interna da vida estudantil do aluno. Como é retratado por Schnetzler e Aragão (1995, p.27), que o
ensino de química é:
Uma prática de ensino encaminhada quase exclusivamente para a retenção, por parte
do aluno, de enormes quantidades de informações passivas, com o propósito de que
essas sejam memorizadas, evocadas e devolvidas nos mesmos termos em que foram
apresentadas na hora dos exames, através de provas, testes, exercícios mecânicos
repetitivos.
É perceptível ver que o aluno entende a química como uma ciência “chata”, que não tem
muita utilidade para sua vida prática, visto que é comum ouvir a seguinte frase: “para que vai
servi isto na minha vida?”. Isto é resultado de um ensino tradicional normativo, que visa a teoria
em sala de aula, fazendo com que o aluno se distancie da química e crie um bloqueio para
realmente aprender o que é a química. Nas palavras de Justi e Ruas (1997, p.27), o aluno por
receber fragmentos de conteúdos que são utilizados em alguns momentos, não estaria
aprendendo química, e sim, apenas reproduzindo tais conteúdos. Nesta mesma realidade do
ensino de química, existem professores desmotivados, mal remunerados, sem apoio
pedagógico, e isso influencia diretamente na metodologia de ensino.
Para transformar essa realidade que ainda persiste no ensino de química, podem ser
ultilizados outros meios de ensino, como: jogos lúdicos; leitura de textos; simuladores de
reações ou estruturas químicas e a experimentação, que é o foco deste trabalho. E por que trazer
experimentos para sala de aula? Pelo simples fato que a química é uma ciência experimental
como aborda Carvalho (2012, p. 19) que diz:
Com o experimento, existe um auxílio maior para construção de conceitos que o/a estudante
pode ver na prática, intermediados por orientações recebidas do professor(ra) de química por
meio da teoria, sempre mostrando ao aluno os reagentes e onde esses reagentes estão no meio
natural e no dia a dia. Isso proporcionará ao educando(a), um significado maior para aquele
conteúdo, viabilizando o real aprendizado da química.
Logo, se faz necessário a utilização da experimentação no ensino de química, esse recurso
é de vital importância para o aprendizado do(a) estudante, e na construção de conceitos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Antes experimento foi indagado aos alunos o que seria processos endotérmicos e
exotérmicos, com o objetivo de correlacionar a parte experimental com o que eles haviam visto
em sala de aula.
No primeiro experimento foi observado que o balão contendo água demorou a estourar,
o fenômeno foi explicado com base na grande capacidade de armazenar calor da água, ou seja,
sua grande capacidade térmica (quantidade de calor que um corpo necessita receber ou ceder
para que sua temperatura varie em uma unidade.). Já no balão contendo apenas o ar, o balão
estourou rapidamente devido à baixa capacidade térmica do ar.
No segundo experiemento realizado, a do pergamanato de potássio, foi explicada a
reação química, logo após adicionar a glicerina houve uma grande liberação de energia, ou seja,
um processo exotérmico, o que levou a combustão dos reagentes, a qual foi visualizada pelo
chama. A partir desse momento, foi explicado que ocorreu uma reação de oxiduredução em que
a glicerina foi oxidada ao entrar em contato com o permaganato de potássio. Essa reação é
extramamente exotérmica, ocorrendo uma grande liberação de calor. Os produtos destas
reações são o carbonato de potássio, o trioxído de dimanganês, o dioxído de carbono e a água.
Para finalizar, foi explicado a evaporação do álcool ao passá-lo nas mãos e a sensação de frio,
correlacionando com os processos endotérmico e exotérmicos. Para ocorrer o processo de
evaporação do álcool, a sua passagem do estado líquido para o gasoso, deve haver absorção de
energia, característica dos processos endotérmicos.
Com a aplicação do questionário nas duas turmas foi coletado um total de 68 formulários
referente a prática de laboratório. Sendo que, para a realização do trabalho foram recortadas
três questões que estão descritas a seguir.
Com base na projeção dos resultados do Gráfico 01, foi observado que 61% dos alunos
respoderam que a frequêcia no laboratório continua a mesma após a implantação do Projeto
Residência Pedagogica na escola, 16% dos alunos respoderam que antes do projeto não havia
aulas no laboratório, e 20% afirmam que a frequência aumentou. Pode-se perceber uma
discordância nas respostas, assim, existe a necessidade de novos estudos para saber o real
impacto da implantação do projeto com relação ao aumento das aulas experimentais.
Grafico 01. Após a implantação do Projeto Residência Pedagógica em sua escola a frequência de aulas laboratoriais
aumentaram?
(c)
7%
(b)
61%
(a) (b) (c) (d) (e)
Legenda:
(a) antes do projeto não havia aulas de laboratório.
(b) a frequência continua a mesma.
(c) A frequência aumentou, e considera a quantidade de atividades desenvolvidas suficiente.
(d) A frequência aumentou, e considera a quantidade de atividades desenvolvidas no laboratório devem aumentar.
(e) Branco.
Pode ser observado na Tabela 01 que 47% dos alunos respoderam que concordam que o
experimento realizado ajudou na compreenção do conteúdo. Levando em consideração esse
dado, é visto que a “experimentação no ensino de Química constitui um recurso pedagógico
importante que pode auxiliar na construção de conceitos” (FERREIRA, HARTWIG e
OLIVEIRA, 2010, p.101).
Tabela 01. O experimento realizado ajudou a compreender melhor o conteúdo?
Itens Peso Freq. Absoluta % RM
Concorda Forte 5 7 10%
Concorda 4 32 47%
Nem Concorda e Nem Discorda 3 20 30% 3,39
Discorda 2 4 6%
Discordo Fortemente 1 0 0%
Foi perguntado se existia uma relação entre o conteúdo visto em sala de aula e o
experimento, os resultados pode ser visto na Tabela 02. 52 % dos estudantes conseguiram
perceber a relação entre a teoria e a prática. Analisado Ranking Médio da questão com base na
escala, obteve-se um RM de 3,29, que é considerado satisfatório.
Tabela 02 – 3ª questão: Existe relação entre o experimento realizado e o conteúdo visto em sala de aula?
Itens Peso Freq. Absoluta % RM
Concorda Forte 5 5 7%
Concorda 4 32 47%
Nem Concorda e Nem Discorda 3 20 30% 3,29
Discorda 2 5 7%
Discordo Fortemente 1 1 2%
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Houve uma discordância nas respostas dos estudantes com relação ao aumento de aulas
práticas após a implantação do Projeto Residência Pedagógica na escola, assim, existe a
necessidade de novos estudos para saber o real impacto do projeto. Uma consideração
importante foi que 47 % dos estudantes concordam que as aulas práticas auxiliaram no
entendimento dos processos endotérmicos e exotérmicos. Mais da metade da turma conseguiu
perceber a relação entre o conteúdo ministrados pelo professor em sala de aula e as práticas
realizadas. Assim, o experimento é uma ferramenta necessária que pode auxiliar o ensino e a
aprendizagem do(a) estudante de Química, do mesmo modo que os professores (as) devem
fazer o uso dessa ferramenta com maior frequência.
REFERÊNCIAS
AGUIAR, B.; CORREIA, W.; CAMPOS, F. Uso da Escala Likert na Análise de jogos.
SIMPÓSIO BRASILEIRO DE GAMES (SBGAMES), n. 10, p. 1-15, 2011.
BARBOSA, W. R.; SETE, D. G.; SOUZA, T. C. de. A FALTA DE LABORATÓRIOS DE
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PÚBLICAS DE POXORÉU-MT.. In: Anais da Jornada de Ensino, Pesquisa e Extensão.
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<https//www.even3.com.br/anais/jenpexifmtpdl/68670-A-FALTA-DE-LABORATORIOS-
DE-QUIMICA-E-PROFESSORES-LICENCIADOS-NO--ENSINO-MEDIO-DAS-
ESCOLAS-PUBLICAS-DE-POXOREU-MT>. Acesso em: 12 de Agosto.
CARVALHO, P. S. et al. Ensino Experimental das Ciências: um guia para professores do
ensino secundário: física e Química. U. Porto editorial, 2012.
FERREIRA, L. H.; HARTWIG, D. R.; OLIVEIRA, RC de. Ensino experimental de química:
uma abordagem investigativa contextualizada. Química Nova na Escola, v. 32, n. 2, p. 101-
106, 2010.
FRANCISCO JR., W.E.; FERREIRA, L.H.; HARTWIG, D.R. Experimentação
problematizadora: fundamentos teóricos e práticos para a aplicação em salas de aula de
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Pesquisa para o Ensino de Química. Revista Química Nova na Escola, pesquisa n.1,
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