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SUPORTE FAMILIAR E QUALIDADE DE VIDA: UMA RELAÇÃO DE

SAÚDE NA ADOLESCÊNCIA

FAMILY SUPPORT AND LIFE QUALITY: A HEALTH RELATIONSHIP IN TEENAGE

APOYO FAMILIAR Y CALIDAD DE VIDA: UNA RELACIÓN DE SALUD EN LA


ADOLESCENCIA

Iaskara Silveira Corrêa Tavares1

Resumo

Considerando que o suporte familiar tem influência significativa na qualidade de vida do adolescente, a presente
pesquisa teve por objetivo investigar a relação entre percepção do suporte familiar e qualidade de vida em 204
adolescentes, de 14 a 19 anos, matriculados em uma escola estadual no sul do Rio Grande do Sul. Foi utilizado o
Inventário de Percepção de Suporte Familiar (IPSF) e o Questionário Abreviado para Avaliação da Qualidade de
Vida (WHOQOL-Bref). Evidenciou-se que, quanto maior a percepção de suporte familiar, maior o nível de
qualidade de vida do sujeito. O sexo masculino obteve média superior significativa nas dimensões do IPSF e em
todas as dimensões do WHOQOL-Bref. O avanço do conhecimento sobre essa relação pode ser útil para o
desenvolvimento de ações de promoção da saúde, com o fim de minimizar os efeitos deletérios do inadequado
suporte familiar, favorecendo melhora significativa na qualidade de vida do adolescente.

Palavras-chave: suporte familiar; qualidade de vida; adolescente; WHOQOL-Bref.

Abstract

Considering that family support significantly influences teenage life quality. The objective was to investigate the
relationship between the perception of family support and quality of life in 204 teenagers, between 14 and 19,
enrolled in a state school in the south of the Rio Grande. The Family Support Perception Inventory and the Short
Questionnaire for Quality-of-Life Assessment (WHOQOL-Bref) were used. It was evidenced that the higher
perception of family support, the higher is the subject’s life quality. The male gender had a significant upper mean
in the Family Support Perception Inventory dimensions and in all WHOQOL-Bref dimensions. The knowledge
advance of this relationship can be useful for health promotion actions to minimize the deleterious effects of
inadequate family support, favoring a significant improvement in the teenager’s quality of life.

Keywords: family support; quality of life; teenager; WHOQOL-Bref.

Resumen

Considerando que el apoyo familiar tiene influencia significativa en la calidad de vida del adolescente, se trató de
investigar la relación entre percepción del apoyo familiar y calidad de vida en 204 adolescentes, entre 14 y 19
años, matriculados en una escuela pública del sur del estado del Rio Grande do Sul, Brasil. Se utilizó el Inventario
de Percepción de Apoyo Familiar (IPSF) y el Cuestionario Abreviado para Evaluación de Calidad de Vida
(WHOQOL – Bref). Quedó evidente que, cuanto mayor la percepción del apoyo familiar, mayor es el nivel de
calidad de vida del sujeto. El sexo masculino obtuvo promedio superior en las dimensiones del IPSF y en todas las
dimensiones del WHOQOL – Bref. El avance del conocimiento de esa relación puede ser útil para el desarrollo de
acciones destinadas a la promoción de la salud, con el objetivo de minimizar los efectos deletéreos del inadecuado
apoyo familiar, lo que producirá una mejora significativa en la calidad de vida del adolescente.

Palabras-clave: apoyo familiar; calidad de vida; adolescente; WHOQOL-Bref.

1 Especializanda em Terapia Cognitivo-Comportamental pela Uninter. Especializanda em Dependência Química pela UCAM
e graduada em Psicologia pela UCPel. E-mail: [email protected]
Suporte familiar e qualidade de vida: uma relação de saúde na adolescência

1 Introdução

A família é considerada um dos pilares fundamentais da vida psíquica do ser humano;


está intrinsecamente associada à saúde mental dos seus membros (BAPTISTA, 2009). Segundo
Campos (2004), o sistema familiar exerce funções determinantes no desenvolvimento de seus
filhos em termos de proteção, afeição e formação social. O suporte social, mais especificamente
o familiar, tem efeito protetivo não apenas em situações de crise, mas também em períodos de
transição, que acontecem ao longo da vida (COBB, 1976 apud AQUINO, 2007).
Aspectos do relacionamento social interferem diretamente na qualidade de vida de
adolescentes, principalmente quando se trata do relacionamento com os pais e da vida em casa,
do impacto da família e dos amigos, suporte social, possibilidade de brincar e se divertir com
colegas, interação social na escola e aceitação social (DETMAR et al., 2006; WEE; CHUA; LI,
2006; WU; REITER-PURTILL; ZELLER, 2014 apud GORDIA et al., 2015). Embora a
adolescência seja um fenômeno universal, ela possui características que variam de adolescente
para adolescente, sofrendo influência do ambiente social, cultural e econômico (SCHOEN;
AZNAR; SILVARES, 2010). Questões características da fase — como alterações corporais e
psicológicas, a crescente independência, busca de autonomia, influência de amigos etc. —,
fazem parte de mudanças psicossociais que podem afetar a percepção dos adolescentes sobre o
ambiente em que estão inseridos e suas relações interpessoais. Tais comportamentos os tornam
mais vulneráveis a fatores de riscos à saúde e a mudanças no modo de viver, o que, por sua vez,
acaba por influenciar diretamente a qualidade de vida desse grupo (WORLD HEALTH
ORGANIZATION, 2014).
Pesquisas recentes mostram maior interesse na qualidade de vida dos adolescentes, visto
que este é um período fundamental e propício para intervenções e modificações de hábitos e
comportamentos (GORDIA; QUADROS; CAMPOS, 2009; GORDIA et al., 2015). Embora
haja uma vasta literatura sobre esse tema, observa-se que a maioria dos estudos estão
relacionados aos aspectos mais diretamente associados a pessoas portadoras de enfermidades
específicas ou intervenções em saúde e não em pessoas aparentemente saudáveis da população.
Chen, Wu e Yao (2006 apud PIRES et al., 2012) indicam que são escassos os estudos que
associam adolescentes com qualidade de vida utilizando o questionário WHOQOL-Bref. Nesse
trabalho, o termo qualidade de vida está definido de acordo com a conceituação adotada pela
Organização Mundial da Saúde (OMS), como “a percepção do indivíduo sobre a sua posição
na vida, no contexto da cultura e dos sistemas de valores nos quais ele vive e em relação a seus
objetivos, expectativas, padrões e preocupações” (WHOQOL Group, 1994, n. p.).

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Apesar de a literatura apresentar alguns trabalhos que investigam a qualidade de vida na


adolescência, o mesmo não acontece em relação ao construto suporte familiar. Como ressalta
Baptista (1998, 2005; BAPTISTA; BAPTISTA; DIAS, 2001; BAPTISTA; OLIVEIRA, 2004),
discussões sobre o tema ainda são escassas na literatura. Por essa razão, o autor elaborou o
Inventário de Percepção de Suporte Familiar (BAPTISTA, 2009), para contribuir com estudos
sobre família e com formas de avaliar características importantes como Afetivo-Consistente,
Adaptação Familiar e Autonomia Familiar.
Baptista (2007) ressalta que a estrutura e o suporte familiar fornecidos aos membros
refletem o modo de agir intra e interfamiliar e que estas questões merecem ser analisadas e
discutidas por terapeutas, educadores e pesquisadores. Considerando a relevância de um
adequado suporte familiar para a qualidade de vida do sujeito em processo de adolescer, o
avanço do conhecimento desta relação pode ser útil para o desenvolvimento de ações de
promoção de saúde para este grupo. Nesta perspectiva, pretendeu-se investigar a relação entre
os temas suporte familiar e qualidade de vida em adolescentes, bem como a diferença entre
sexos.

2 Método

A amostra, escolhida por conveniência, foi composta por 204 estudantes do ensino
médio de uma escola pública no sul do Rio Grande do Sul.
A percepção de suporte familiar foi estimada mediante aplicação do Inventário de
Percepção de Suporte Familiar, elaborado em 2009 por Baptista. O instrumento é composto por
42 afirmações relacionadas a situações familiares, em que o sujeito deve marcar, em uma escala
Likert, a frequência com que cada uma delas acontece em sua família. O IPSF avalia 3
dimensões: a) afetivo-consistente (expressão — verbal e não verbal — de afetividade entre os
membros, interesse, proximidade, acolhimento, comunicação, interação, respeito, empatia,
clareza nas regras intrafamiliares, consistência de comportamentos e verbalizações e habilidade
na resolução de problemas); b) adaptação familiar (ausência de sentimentos e comportamentos
negativos em relação à família, como raiva, isolamento, incompreensão, relação agressivas —
brigas e gritos — além de competitividade entre os familiares) e c) autonomia familiar (relações
de confiança, liberdade e privacidade entre os membros).
O nível de qualidade de vida foi avaliado por meio do questionário WHOQOL-Bref,
desenvolvido pelo grupo australiano de estudos sobre Qualidade de Vida (QV) da Organização
Mundial da Saúde (WHOQOL Group, 1994). Foi adaptado para uso no Brasil por Fleck et al.

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(2000). Ele é composto por 26 itens, respondido em uma escala Likert de 5 pontos e integra
quatro domínios de qualidade de vida: físico, psicológico, relações sociais e ambiente. Izutsu
et al. (2005 apud GORDIA et al., 2015) referem que o WHOQOL-Bref possui conteúdo válido
e propriedades psicométricas aceitáveis para mensurar a QV de adolescentes aparentemente
saudáveis de 14 a 19 anos de idade.
Após a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa (parecer nº 1.567.058) e mediante a
assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), os adolescentes
responderam a questionários auto-aplicados, administrados coletivamente em sala de aula, com
tempo médio de aplicação de quarenta minutos. Ao adolescente menor de 18 anos foi requerido
o TCLE assinado pelos responsáveis.
Os dados foram tabulados no programa Epi-Data 3.1 e as análises estatísticas foram
geradas pelo programa SPSS 21.0. As características da amostra foram descritas por frequência
absoluta (n) e relativa (%), enquanto os escores dos domínios do IPSF e do WHOQOL-BREF
foram descritos por médias e desvio-padrão. Para as análises bivariadas foram utilizados os
testes de correlação de Pearson, teste t de Student e ANOVA. Foram consideradas associações
estatisticamente significativas quando p≤0,05.

3 Resultados

Os participantes foram na sua maioria do sexo feminino, com idades variando entre 14
e 19 anos (m=16,53; desvio padrão = ± 1,09) e com maior concentração de alunos no 1º ano e
2º ano escolar. Os dados de caracterização podem ser observados na tabela abaixo.

Dados descritivos da amostra


VARIÁVEIS FREQUÊNCIA ABSOLUTA FREQUÊNCIA RELATIVA
SEXO
Masculino 99 48,5
Feminino 105 51,5
IDADE
14 2 1,0
15 37 18,1
16 61 29,9
17 64 31,4
18 34 16,7
19 6 2,9
ANO ESCOLAR
1º ano 89 43,6
2º ano 73 35,3
3º ano 42 21,1

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O escore total obtido no IPSF foi correlacionado com o escore total do WHOQOL- Bref
e se obteve correlação moderada e positiva (r = 0,64) e também significativa (p≤ 0,01). Esse
dado confirma a hipótese principal, indicando que quanto maior a percepção de suporte
familiar, maior a qualidade de vida do adolescente.
No que se refere à associação entre o escore total obtido no IPSF e o sexo dos
adolescentes, encontraram-se diferenças de médias significativas a favor dos meninos. De igual
forma, as análises mostraram que os meninos obtiveram maiores pontuações na dimensão
Autonomia Familiar e Adaptação Familiar. No WHOQOL-Bref, os participantes do sexo
masculino obtiveram médias superiores aos obtidos pelo grupo de adolescentes do sexo
feminino com diferença significativa entre sexo em todas as dimensões do questionário.

Escores médios em suporte familiar e qualidade de vida segundo sexo


MASCULINO FEMININO
ESCALAS SIGNIFICÃNCIA
MÉDIA ± DP MÉDIA ± DP
SUPORTE
FAMILIAR
Total 58,88 12,08 54,13 14,78 0,021
Afetivo-consistente 26,12 7,47 24,87 8,57 0,285
Adaptação familiar 20,42 4,03 19,14 5,16 0,059
Autonomia familiar 11,97 3,30 10,84 3,24 0,017
QUALIDADE DE
VIDA
Total 69,67 13,39 64,35 12,89 0,004
Física 74,85 14,12 69,29 13,61 0,005
Psicológica 69,19 17,36 64,46 17,16 0,052
Relações sociais 70,87 20,70 63,21 22,11 0,011
Meio ambiente 64,80 15,17 60,44 15,05 0,042
DP = desvio padrão

Referente à associação entre o domínio Relações Sociais de QV e o ano escolar do


adolescente, verificou-se diferença significativa (p=0,006) entre os escores médios obtidos
entre o 1º (m=71,25; desvio padrão= ±21,4) e o 2º (m= 60,7; desvio padrão = ±23,5) ano escolar.

4 Considerações finais

O presente estudo propôs-se a buscar evidências de que adolescentes com alto nível de
percepção de seu suporte familiar tendem a ter melhor percepção da sua qualidade de vida. A
pesquisa se deu pela comparação dos instrumentos IPSF e WHOQOL-Bref, encontrando-se
evidências de associação entre os dois construtos. Devido à exiguidade de estudos que
relacionem suporte familiar e qualidade de vida em adolescentes, as comparações com outras
pesquisas tornam-se prejudicadas.
O que subsidiou a justificativa para este estudo foi a crença de que a família tem
expressiva influência na qualidade de vida do adolescente, uma vez que o suporte familiar

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contribui de maneira significativa para a manutenção e a integridade física e psicológica do


indivíduo. Segundo Campos (2004), uma percepção de suporte familiar adequada é benéfica
para o membro que a recebe, na medida em que este percebe a disponibilidade e a dedicação
dos demais membros em suprir e satisfazer suas necessidades físicas e psicológicas. Um sistema
de suporte é caracterizado por componentes emocionais, valorativos e comunicacionais, ou
seja, quando percebido de forma positiva, o indivíduo sente-se acolhido, amado, valorizado e
participante de uma rede em que há trocas de informações, favorecendo assim seu bem-estar
psicológico e, consequentemente, a qualidade de vida (COBB, 1976 apud BAPTISTA, 2009).
O estudo também revelou que o sexo masculino obteve médias superiores ao feminino
nas dimensões Suporte Familiar Total, Autonomia Familiar e Adaptação Familiar. Os
resultados foram similares aos encontrados por Batista no processo de normatização da escala.
Baptista (2009) encontrou escores significativos maiores para meninos em Autonomia Familiar,
o que gerou tabelas para interpretação do teste diferenças por sexo. Os resultados sugerem que,
em geral, os homens sentem-se mais independentes da família e mais adaptados, ou seja, com
mais sentimentos de inclusão. Essa percepção pode ser atribuída a questões de cunho cultural,
devido à estimulação que as mulheres receberiam em cuidar dos outros membros da família e
das tarefas domésticas enquanto os homens seriam mais estimulados à independência
emocional. Os resultados estão em consonância com os achados de Romanelli (1999), Ystgaard,
Tambs e Dalgard (1999) e Rigotto (2006).
Em relação às diferenças entre sexo e os resultados do WHOQOL-Bref, os adolescentes
do sexo masculino apresentaram médias superiores ao feminino com diferença significativa
entre sexos em todas as dimensões do instrumento. O melhor nível de qualidade de vida
demonstrado pelos meninos pode estar associado à maior exigência das meninas em relação à
sua percepção, ou seja, embora a condição de vida entre os sexos possa ser semelhante, há
formas diferentes de analisar e ponderar diversos aspectos da sua vida. Em consenso com a
literatura, inferiu-se que o sexo feminino é um grupo de risco para apresentar percepção
negativa de QV (GORDIA; QUADROS; CAMPOS, 2009; GASPAR; MATOS; RIBEIRO;
LEAL, 2006; CUCCHIARO; DALGALARRONDO, 2007).
Identificou-se nível decrescente na percepção de qualidade de vida conforme o ano
escolar. Os dados contradizem os estudos de Gordia et al. (2015), que concluíram que alunos
iniciantes do ensino médio (1º ano) apresentaram maior chance para possuir percepção negativa
do domínio relações sociais do que alunos do último ano (3º ano). Referente a estes dados,
observou-se que a percepção negativa dos escolares do 1º ano possa ter sido fruto da mudança
do ciclo escolar (ensino fundamental para ensino médio) que estavam vivenciando, ou seja,

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estes alunos provavelmente estariam em processo de reformulação dos grupos sociais, enquanto
os alunos do terceiro ano já se apresentavam totalmente ambientados ao ensino médio e aos
colegas. Os próprios autores apontaram a falta de outros estudos para a comparabilidade dos
dados. Na presente pesquisa, os resultados podem estar associados ao número desigual de
participantes em cada ano escolar; no terceiro ano, principalmente, houve pouca variabilidade
de escores. Dessa forma os resultados encontrados não podem ser generalizados.
A Organização Mundial de Saúde (2000) define saúde como sendo um estado de
completo bem-estar físico, mental e social, não restringindo-se apenas à ausência de doença.
Desta forma, o cuidado com a saúde mental está intrinsecamente associado à saúde geral, tendo
como objetivo levar o indivíduo ao alcance pleno de suas capacidades cognitivas, relacionais e
afetivas. Alchaer-Alchaer, Bahsas-Bahsas, Hernández- Nieto e Salinas (1994 apud AQUINO;
BAPTISTA; SOUZA, 2011) destacaram que a família influencia no desenvolvimento de
enfermidades, morbidade, mortalidade e, também, no processo de recuperação de complicações
na saúde. Além disso, seu nível de funcionamento poderia, ainda, refletir-se positiva ou
negativamente na saúde dos indivíduos. Quando o adolescente percebe como benéfico o sistema
de suporte que recebe de sua família, ela passa a funcionar como facilitadora da saúde mental,
dificultando o surgimento de uma doença mental (FÉRES-CARNEIRO, 1992). Este estudo
torna-se relevante, pois o avanço do conhecimento da relação entre suporte familiar e qualidade
de vida pode ser útil para o desenvolvimento de ações de promoção de saúde, com o fim de
minimizar os efeitos deletérios do inadequado suporte familiar, favorecendo melhora
significativa na qualidade de vida do adolescente.
É necessário destacar que esta pesquisa tem suas limitações. Salienta-se que a seleção
da amostra em que os dados se embasaram foi por conveniência, fato que impossibilita a
generalização dos resultados. Em acréscimo, sugerem-se novos estudos com números amostrais
maiores — para melhor representatividade dos resultados —, e em outras regiões do Brasil,
uma vez que este se caracteriza por ser um país de grandes proporções geográficas e de grande
diversidade cultural.

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