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NOTA TÉCNICA - Psicologia

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GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO

SECRETARIA DA ADMINISTRAÇÃO PENITENCIÁRIA


Coordenadoria de Reintegração Social e Cidadania

NOTA TÉCNICA CPE/GARS/CRSC Nº 02/2013

DATA: 05 de janeiro de 2013

ASSUNTO: Define orientações para atuação das equipes


técnicas de reintegração social no campo da psicologia no
contexto das políticas específicas e o sistema
penitenciário paulista.

O Coordenador de Reintegração Social e Cidadania, no uso das atribuições que lhe são
conferidas, e

Considerando o Código de Ética Profissional do Psicólogo (2005), apoiado nos valores que
embasam a Declaração Universal dos Direitos Humanos, traz em seu I Princípio Fundamental
que: “o psicólogo baseará o seu trabalho no respeito e na promoção da liberdade, da
dignidade, da igualdade e da integridade do ser humano”.

Considerando o Regimento Interno Padrão das Unidades Prisionais do Estado de São Paulo
(2010), “o preso tem direito a “ser tratado com humanidade, com respeito à dignidade
inerente ao ser humano e com igualdade, exceto quanto às exigências de individualização da
pena”.

Considerando as resoluções da Reunião Técnica Regional Psicologia e Políticas Específicas:


campo de conhecimento e prática profissional realizada no dia 24 de abril de 2012,

Resolve publicar orientações para atuação das equipes técnicas de reintegração social no
campo da psicologia no contexto das políticas específicas e o sistema penitenciário paulista

PSICOLOGIA E AS POLÍTICAS ESPECÍFICAS NO SISTEMA PENITENCIÁRIO

1. O trabalho técnico no campo das políticas específicas caracteriza-se pelo respeito à


promoção da liberdade, dignidade, igualdade e integridade da pessoa encarcerada. E, ainda,
para a eliminação de quaisquer formas de negligência, discriminação, exploração, violência,
crueldade e opressão em razão de gênero, etnia, origem, orientação sexual, orientação
religiosa, deficiência física.
2. As ações na área psicológica deve reconhecer as particularidades que cada grupo na
perspectiva da preservação de direitos e incidir para a extinção da exacerbada discriminação
presente no sistema prisional e na sociedade de forma geral. Assim, a formulação de uma
política direcionada aos grupos populacionais específicos, dentro do sistema penitenciário,
está pautada no conceito de discriminação positiva. Ou seja, destacar determinados
segmentos sociais do restante da população carcerária para compreendê-los como grupo.

3. Para que este trabalho possa ser realizado de forma ética, as equipes devem ter como
parâmetro um referencial teórico que possa lhe servir de apoio para sua atuação específica e
para que disponha da possibilidade de pensar além do senso comum as questões
apresentadas. Ou seja, o curso de sua ação deve ter uma base sólida e não pode partir de uma
intuição particular, apenas.

4. Cabe aos psicólogos atentar-se ao risco de transformar minorias em conjuntos herméticos e


homogêneos. Em outras palavras, não se pode posicionar um grupo, qualquer que seja, no
lugar de categoria. A partir desta posição, cada um pode, então, contribuir para a garantia de
direitos do coletivo a que se sentem pertencentes e implantação de políticas e serviços
adequados.

5. A centralidade das ações devem proporcionar a autonomia dos indivíduos e de seus grupos,
seu desenvolvimento pessoal e emocional, favorecendo sua compreensão sua própria vida, as
relações sociais e com o meio em que vive.

6. É recomendável ao profissional psicólogo empreender esforços nos sentido de articular as


ações e construir uma prática profissional reconhecida e autônoma, capaz de dialogar com as
demais áreas, acrescentando sua contribuição e propiciando mudanças significativas e
intervenções eficazes.

PROCEDIMENTOS TÉCNICO-PROFISSIONAIS

7. No processo de inclusão no estabelecimento prisional deve-se identificar dos grupos


específicos buscando reconhecer suas demandas e necessidades individualização da penal;

8. O atendimento individual procurará propiciar atividades voltadas aos autorreconhecimento


e aceitação, promoção da identidade e autonomia. Serve, ainda, para trabalhar a escuta das
demandas suscitadas pelos(as) usuários(as);

9. Deve ser assegurado o chamamento pelo pré-nome social de transexuais e travestis,


respeitando a forma como o indivíduo opta por ser chamado, considerando que o nome é
entendido como forma constituinte e representativa do eu.

10. O atendimento familiar visa contribuir para o restabelecimento de vínculos. Entre as ações
esperadas, pode-se desenvolver:

a) Plantão Psicológico, com as famílias nos dias de visita;


b) Orientação para os membros das famílias a respeito do processo de reintegração
social, suas estratégias e impactos esperados.

11. O atendimento em grupo supervisionado pelo profissional psicólogo é espaço privilegiado


para, entre outras coisas,

c) Acolher a população a ser atendida de forma adequada;

d) Romper o ciclo do preconceito;

e) Aproximar-se da realidade dos usuários.

Parágrafo Único: Para o desenvolvimento das atividades em grupo pode-se adotar


técnicas relativas à arte, cultura, música, teatro, psicodrama.

12. Sensibilização dos funcionários e presos quanto às diferentes características das pessoas
no estabelecimento prisional com vistas à garantia de direitos e enfretamento ao preconceito.

a) Orientar quanto às diferenças com vistas à promoção do respeito e dignidade


humana;
b) Facilitar compreensão referente aos direitos das populações e grupos específicos;
c) Organizar grupos multiplicadores nas Unidades Prisionais (com servidores e presos)
d) Desenvolver palestras temáticas (exposição/ informação do tema) em relação às
diferentes formas preconceitos e dispositivos legais existentes para garantia de
direitos e promoção da dignidade humana;
e) Colaborar para minimizar os conflitos entre o corpo de funcionários, usuários e seus
familiares, visando assegurar os direitos destes grupos populacionais.

13. Promover a articulação de parcerias e diálogos para integrar o estabelecimento prisional e


unidade de atendimento de reintegração social à rede psicossocial (Centro de Atenção
Psicossocial - CAPS, Centro de Referência da Assistência Social - CRAS, entre outros). Para isso
deve-se:

a) Assumir perspectiva de atuação multidisciplinar;


b) Encaminhar casos que não são especificamente do sistema penitenciário;
c) Orientar egressos e familiares sobre procedimentos de assistência e acolhimento;
d) Divulgar os serviços e redes para garantir que todos sejam atendidos plenamente,
inclusive em equipamentos e serviços ofertados pela sociedade civil, como
organizações não governamentais.

14. Fomentar o direito às visitas sociais e íntimas para todos os presos e presas, inclusive para
os casais homoafetivos. Para isso se faz necessário:

a) Criar as condições favoráveis para que as visitas sejam realizadas;


b) Realizar atividades de orientação em planejamento familiar e prevenção às DST/AIDS;
c) Promover campanhas educativas para que seja assegurado o respeito e bom convívio
entre as pessoas presas e visitantes;
d) Zelar pelo respeito aos direitos das crianças e adolescentes visitantes, assegurando
melhor interesse do menor.

15. Para adequado cumprimento do exposto, a unidade prisional pode reservar um dia para
visita íntima e o outro destinado para visita familiar, sempre considerando a dinâmica local e
requisitos de segurança e disciplina.

16. É recomendável também que o profissional psicólogo possa desenvolver atividades nestes
dias para atingir os objetivos de sua intervenção.

17. O acompanhamento técnica no campo das políticas específicas será realizada por meio das
Células de Referência Técnicas, vinculadas ao Centro de Referências Técnicas (CRT) do Grupo
de Ações de Reintegração Social da Coordenadoria de Reintegração Social e Cidadania.

18. Para cumprimento do disposto os estabelecimentos prisionais e unidades de atendimento


de reintegração social contam, ainda, com assistência técnica fornecida pelo Centro de
Políticas Específicas, do Grupo de Ações de Reintegração Social da Coordenadoria de
Reintegração Social e Cidadania.

DOS RECURSOS TÉCNICOS

19. Para atuação no campo das políticas específicas os profissionais psicólogos podem lançar
mão dos seguintes recursos técnicos, a saber:

a) Padronização da entrevista de inclusão;


b) Palestras técnicas temáticas;
c) Planejamento, monitoramento e avaliação das atividades a serem desenvolvidas;
d) Reuniões semanais entre equipes técnicas para diagnóstico e análise de casos,
elaboração e coordenação das ações que impactam na reintegração social e promoção
da cidadania;
e) Encontros locais e regionais para intercâmbio de experiências, desafios comuns e
estratégias de intervenção;
f) Acesso à internet para comunicação instantânea e interlocução com órgãos de
assistência e supervisão técnica;

DA AVALIAÇÃO E ACOMPANHAMENTOS DAS AÇÕES

20. Para avaliação dos impactos de sua intervenção, o profissional psicólogo pode-se valer dos
seguintes elementos, a saber:

a) Documentação dos projetos desenvolvidos: Relatórios; dados estatísticos; conversas


diárias; entrevistas psicossociais;
b) Levantamento estatístico por meio do Relatório de Atividades Mensal – RAM;
c) Avaliação dos projetos realizados pelo público-alvo;
d) Registros sobre o retorno de saída temporária;
e) Devolutiva oferecida por funcionários, população encarcerada, egressos e familiares
sobre atividades desenvolvidas pelos técnicos.

21. Deve-se garantir ao público atendido os resultados identificados nos instrumentos citados
no artigo anterior, explicitando os objetivos alcançados a partir da observação da mudança de
comportamento e desenvolvimento psicossocial do indivíduo ou grupos;

22. As informações registradas devem ainda ser utilizadas como importante subsídio para
elaboração, planejamento e implantação de ações para os diferentes grupos populacionais.

REGISTRO DAS AÇÕES E INTERVENÇÕES TÉCNICAS NO CAMPO DA


PSICOLOGIA

23. O conteúdo das abordagens realizadas é restrito ao profissional, podendo ficar registrado
no prontuário os instrumentos utilizados e tema trabalhado.

24. Recomenda-se que não sejam anexados relatórios técnicos ao prontuário criminológico.
Havendo necessidade inserir envelopado com o aviso: “CONFIDENCIAL”.

25. Em unidades que não tem prontuário criminológico não arquivar o documento no
prontuário penitenciário

26. O profissional pode adotar ainda como instrumentos de registro:

a) livro ata

b) e relatórios periódicos para documentar a evolução de terapêutica grupal

DOS ASPECTOS ÉTICOS

27. É preciso observar aspectos éticos na abordagem relacionada à diversidade humana e


políticas específicas. Reiterando-se:

a) Respeito autonomia profissional;


b) Oferta de serviços psicológicos de qualidade, utilizando princípios, conhecimentos e
técnicas reconhecidamente fundamentados na ciência psicológica, na ética e na
legislação profissional;
c) Promoção do sujeito atendido como construtor da sua própria história;
d) Respeito ao individuo como ser em transformação;
e) Respeito às diversas áreas de atuação de forma a responder às múltiplas demandas
dos indivíduos atendidos;
f) Zelar para que interesses institucionais não se sobreponham os direitos individuais;
g) Sigilo profissional;
h) Guarda e responsabilidade sobre os materiais e documentos produzidos;
i) Espaço físico que preserve a peculiaridade e adequação à natureza do trabalho;
j) Atendimento individualizado e sem interferência.

MAURO ROGÉRIO BITENCOURT


COORDENADOR
Anexo 1 - Organização de Reuniões

Para que se tenha uma boa reunião, é preciso método, preparação e


organização. Quanto mais bem preparada uma reunião, maiores são as chances de
sucesso. Muitas vezes há o argumento de não se tem tempo e deixado para resolver
na hora como a reunião será. Essa é uma postura arriscada, uma vez que dá mais
trabalho corrigir os erros gerados pela falta de preparação do que preparar a reunião.

1. Planejar reuniões periódicas com a equipe. As reuniões podem ser de


planejamento, organização, verificação e/ou avaliação;
2. Enviar o convite a todos com antecedência e com pauta;
3. Reservar um espaço adequado para que todos os presentes tenham lugares;
4. Definir um horário de início e de fim para as reuniões e cumprir.

Há algumas tarefas que podem ser realizadas para ajudar a reunião a ter
sucesso. Ao preparar uma reunião, é necessário indicar uma pessoa ou equipe para
cada uma dessas tarefas. É preciso, também, considerar o porte da reunião pra definir
quais destas tarefas são fundamentais:

1. Recepção: recebe os participantes entrega crachás, a pauta impressa e outros


materiais, fornece informações;
2. Secretaria: apoia a coordenação fazendo anotações, providenciando
documentos, acompanhando o cumprimento da pauta e do horário e se
responsabiliza pelo material de apoio, etc.
3. Manuseio de equipamentos: operar equipamentos de som, luz, microfones,
computadores, abrir as salas e fechar, devolver esses equipamentos aos
setores, etc.
4. Relatoria: elabora o relatório ou ata da reunião, registrando as discussões
ocorridas e as suas conclusões. Reuniões maiores exigem um trabalho de
sistematização
5. Facilitação ou Moderação: Conduz a discussão com base em um método pré-
definido, ajuda a organizar o debate e controlar o tempo;
6. Integração e animação: Faz dinâmicas de grupo;
7. Preparação do ambiente: Garante que a sala esteja limpa e preparada antes do
início da reunião e providência recursos para a reunião.

Adaptado de Chega de reuniões improdutivas! Repente – Participação popular na


construção do poder local. Instituto de estudos, Formação e Assessoria em Políticas
Sociais, n. 28, maio de 2008.
Coordenadoria de Reintegração Social e Cidadania
Grupo de Ações de Reintegração Social
Centro de Políticas Específicas

PLANEJAMENTO EM POLÍTICAS ESPECÍFICAS – 20___.


Situação Meios de
Meta Estratégia / tarefa Responsável Prazo Resultados
identificada Verificação

Rua Líbero Badaró, 600 – 10º andar – Centro – São Paulo


Fone: (11) 3105 77 63 – ramal 119
www.reintegracaosocial.sp.gov.br
Coordenadoria de Reintegração Social e Cidadania
Grupo de Ações de Reintegração Social
Centro de Políticas Específicas

Rua Líbero Badaró, 600 – 10º andar – Centro – São Paulo


Fone: (11) 3105 77 63 – ramal 119
www.reintegracaosocial.sp.gov.br

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