Menino de Engenho

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Menino de Engenho

José Lins do Rego


“Quando imagino meus romances tomo sempre como
modo de orientação o dizer as coisas como elas surgem na
memória, com os jeitos e as maneiras simples dos cegos
poetas.” Zé Lins
Anos 20
Na foto: José Lins,
com os amigos
Olívio Montenegro
e Gilberto Freyre.

José Lins na
infância

Aos 17 anos
Recife, 1918
Obras de José Lins do Rego
Obra de ficção:
Menino de Engenho (1932)
Doidinho (1933)
Bangüê (1934)
O Moleque Ricardo (1935)
Usina (1936)
Pureza(1937)
Pedra Bonita (1938)
Riacho Doce (1939)
Água Mãe(1941)
Fogo Morto (1943)
Eurídice (1947)
Cangaceiros (1953)
Memórias: Meus Verdes Anos (1956)
Literatura infantil: Histórias da Velha Totônia (1936)
Além de livros de crônicas, ensaios, críticas, conferências e
viagens.
Romances que integram o “Ciclo da Cana-de-Açúcar”
1932

1933 1934

1935

1936 1943
“Valdemar Cavalcanti foi quem bateu à máquina os originais de “Menino de
Engenho”. Pois José Lins escrevia sempre à mão, naqueles seus garranchos
quase ilegíveis.” – Antônio Carlos Vilaça
Características de “Menino de Engenho”
 Neorrealismo
 Romance Regionalista de 30
 Primeira obra do “Ciclo da Cana-de-Açúcar”
Temática: A decadência dos Engenhos e a ascensão das Usinas
 Realidade Nordestina
Narrativa rica em elementos regionais
Descrição da vida no engenho e realidade da época (seca;
enchentes; pobreza; etc.)
Relato Socioeconômico (Senhor do Engenho x Trabalhadores; Casa-
Grande x Terreiro (onde moravam os trabalhadores e negros)
Folclore e Cultura Popular do Nordeste
 Nordeste Pós-libertação dos Escravos
 Memorialista/ Autobiográfico
 Linguagem: regionalista e popular (oralidade)
 Saudosista/ Nostálgico
Sobre o Neorrealismo dos Romances de 30

“Assim, ao realismo “científico” e “impessoal” do século XIX


preferiram os nossos romancistas de 30 uma visão crítica das
relações sociais.” - AlfredoBosi
Da decadência dos Engenhos de Cana-de-Açúcar

“Coitado do Santa Fé! Já o conheci de fogo morto. E nada é mais


triste do que um engenho de fogo morto. Uma desolação de fim
de vida, de ruína, que dá a paisagem rural uma melancolia de
cemitério abandonado. Na bagaceira, crescendo, o mata-pasto
de cobrir gente, o melão entrando pelas fornalhas, os
moradores fugindo para outros engenhos, tudo deixado para
um canto, e até os bois de carro vendidos para dar de comer
aos seus donos. Ao lado da prosperidade e da riqueza do meu
avô, eu vira ruir, até no prestígio da sua autoridade, aquele
simpático velhinho que era o coronel Lula de Holanda, com o
seu Santa Fé caindo aos pedaços.” – Meninode Engenho
Elementos Regionais: na vida dos moradores do
engenho

“Da calçada da casa-grande viam-se no meio do canavial


aquelas cabeças de chapéu de palha subindo e descendo, no
ritmo do manejo da enxada: uns oitenta homens comandados
pelo feitor José Felismino, de cacete na mão, reparando o
serviço deles. Pegava com o sol das seis, até a boca da noite. (...).
paravam às dez horas, para o almoço de farinha com bacalhau.
Comiam na marmita de flandres, lambendo os beiços como se
estivessem em banquetes. E deitavam-se por debaixo dos pés
de juá, esticando o corpo no repouso dos 15 minutos.” – Meninode
Engenho
Elementos Regionais: da realidade socioeconômica da
época

“O costume de ver todo dia esta gente na sua degradação me


habituava com sua desgraça. Nunca, menino, tive pena deles.
Achava muito natural que vivessem dormindo em chiqueiros,
comendo um nada, trabalhando como burros de carga. A
minha compreensão da vida fazia-me ver nisto uma obra de
Deus. Eles nasceram assim porque Deus quisera, e porque
Deus quisera nós erámos brancos e mandávamos neles.
Mandávamos também nos bois, nos burros, nos matos. – Menino
de Engenho
Elementos Regionais: o clima nordestino

“Nas grandes secas o povo pobre vivia da água salobra e das


vazantes do Paraíba. O gado vinha entreter a sua fome no
capim ralo que crescia por ali. Com a notícia dos relâmpagos
nas cabeceiras, entraram a arrancar as batatas e os jerimuns
das vazantes. O povo gostava de ver o rio cheio, correndo água
de barreira a barreira. Porque era uma alegria por toda a parte
quando se falava da cheia que descia. E anunciavam a chegada
como se tratasse de gente viva: a cheia já passou na Guarita,
vem em Itabaiana...”– Meninode Engenho
Folclore e Cultura Nordestina

“José Cutia era um comprador de ovos da Paraíba, um pobre


homem que não tinha uma gota de sangue na cara e andava
sempre de noite, para melhor fazer as suas caminhadas, sem
sol. E por isto tinha-se na certa que ele era o lobisomem.
(...) Os zumbis também existiam no engenho. (...) O zumbi, que
era a alma dos animais, fiava por ali rondando. Não tinha o
poder maligno dos lobisomens. Não bebia sangue nem dava
surras como caiporas. Encarnavam-se em porcos e bois que
corriam pela frente da gente. E quando se procurava pegá-los,
desapareciam por encanto.” – Menino de Engenho
Realidade do Brasil Pós-libertação dos escravos

“A senzala do Santa Rosa não desaparecera com a abolição. Ela


continuava pegada à casa grande, com as suas negras parindo,
as boas amas-de-leite e os bons cabras do eito.
(...) Quando veio o Treze de Maio, fizeram um coco no terreiro
até alta noite. Ninguém dormiu no engenho, com zabumba
batendo. Levantei-me de madrugada, pra ver o gado sair para o
pastoreador, e me encontrei com a negrada, de enxada no
ombro: iam para o eito. E aqui ficaram comigo. Não me saiu do
engenho um negro só. Pra essa gente pobre a abolição não
serviu de nada. Vivem hoje comendo farinha seca e
trabalhando a dia. O que ganham nem dá para o bacalhau.” –
Menino de Engenho
Sobre a linguagem da narrativa de José Lins

“Era um romancista fabuloso, no sentido de que o humilde


material nordestino de que ele se servia ganhava contornos de
fábula, uma fábula apaixonante como a dos contos populares
que a tradição familiar brasileira costumava transmitir às
crianças. Sua narrativa tem quase o estilo oral dessas ‘estórias’,
sem invenções literárias que interessem por si, e a sensação de
alegria de ‘ouvir’ domina o leitor – mas uma angústia nova,
diferente dos sustos ingênuos que os casos folclóricos
ministravam, fica pregada a quem leu.”

CarlosDrummond de Andrade
Referências Bibliográficas
BOSI, Alfredo. História Concisa da Literatura Brasileira. 46ª ed. São Paulo: Cultrix, 2010.

MOISÉS, Massaud. A Literatura Brasileira Através dos Textos. 26ª ed. São Paulo: Cultrix, 2007.

REGO, José Lins do. Menino de Engenho. Nota de Carlos Drummond de Andrade; estudo de
Antônio Carlos Villaça. – 74ª ed. – Rio de Janeiro: José Olympio, 1999.

http://educacao.uol.com.br/literatura/ult1706u98.jhtm.. Acesso em: novembro de 2015

http://escritosdemarcelita.blogspot.com.br/2011/07/jose-lins-do-rego-numa-analise-de.html .
Acesso em: novembro de 2015

http://vestibular.brasilescola.com/resumos-de-livros/jose-lins-rego.htm Acesso em: novembro


de 2015

http://www.revistadehistoria.com.br/secao/leituras/os-engenhos-de-um-menino . Acesso em:


novembro de 2015

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