Fiscalidade I

Fazer download em pptx, pdf ou txt
Fazer download em pptx, pdf ou txt
Você está na página 1de 152

* FACULDADE DE ECONOMIA

HUAMBO

Fiscalidade
Docentes:
Assistente: Joaquim Chitanda S. Moisés e,
Assist. Estagiário: Manuel Maria Dias
* programa da cadeira

 INTRODUÇÃO
TEORIA GERAL DOS IMPOSTOS
DIREITO FISCAL
O SISTEMA FISCAL ANGOLANO
FISCALIDADE, A ECONOMIA E A GESTÃO
* AVALIÇÃO DA CADEIRA
 PROVA PARCELAR 40%

 TRABALHO CIENTÍFICO PONDERADO COM A PROVA PARCELAR E O


EXAME

 EXAME 60%

 PRESENÇA E PARTICIPAÇÃO NAS AULAS, AVALIAÇÃO QUALITATIVA


* INTRODUÇÃO

PRINCIPAIS FUNÇÕES DO ESTADO

Conceito e elementos fundamentais

O Estado é um povo, fixado num território de que é senhor, e que dentro


das fronteiras desse território institui, por autoridade própria, orgãos que
elaboram as leis necessárias a vida colectiva e imponham a respectva
execução (Caetano, 2012).
INTRODUÇÃO

De acordo com a definição apresentada, os elementos essenciais do


Estado são três:

 O povo ou a comunidade humana;


 O território e,
 Poder politico
INTRODUÇÃO

A doutrina clássica distingue normalmente três grandes objectivos ou


fins a atingir pelo Estado:

 A equidade;
 A eficiência e,
 A liberdade
INTRODUÇÃO

FUNÇÕES E FORMAS DE INTERVENÇÃO DO ESTADO

As funções do sector público são três:

 Função afectação;
 Função distribuição e,
 Função estabilização.
INTRODUÇÃO

FUNÇÃO AFECTAÇÃO

Entende-se a actividade pública com o objectivo de contribuir para uma


afectação eficiente de recursos na economia, intervindo de três formas:

 Provisão;
 Controlo de externalidades e,
 Regulação.
INTRODUÇÃO

Provisão

A provisão de bens ou serviços públicos consiste em satisfazer os desejos dos


cidadãos que não encontram resposta através do funcionamento dos mercados.

Controlo de externalidades

Prende-se com os efeitos externos na produção ou no consumo de mercantis


que apesar de reflectirem os custos privados necessários à produção, não
reflecte os custos globais que a sociedade tem que suportar com a sua
produção.
INTRODUÇÃO

Regulação.

Consiste na intervenção pública para corrigir restrições a concorrência devido


que na realidade, muitos mercados funcionam de forma não competetiva.

FUNÇÃO DISTRIBUIÇÃO

Esta função tem um duplo objectivo de intervir, quer na distribuição de


rendimentos e riqueza com vista a adequá-la a uma norma distribuitiva
considerada mais desejável, quer na provisão em especié de certos bens/serviços
com vista a contribuir para uma maior igualidade de oportunidades.
INTRODUÇÃO

FUNÇÃO ESTABILIZAÇÃO

Esta função tem a ver com o crescimento económico, com o emprego, a


estabilidade de preços e o equilíbrio das contas externas.

As funções acima enunciadas encontram uma consagração constitucional


na República de Angola conforme descreve, meramente a título
exemplificativo, o artigo 21º, número único alínea a). Por outro lado, o
número 1 do artigo 89º, alínea a).
INTRODUÇÃO

TIPOS DE ESTADO

O Estado mínimo,

O Estado protector ou de bem-estar e,

O Estado imperfeito
INTRODUÇÃO

TIPOS DE ESTADO

O Estado mínimo,

O Estado protector ou de bem-estar e,

O Estado imperfeito
INTRODUÇÃO

TIPOS DE ESTADO

Face a tudo o que acima fica exposto, tendo em consideração a classificação dos
Estados em função do seu papel interventivo, conhecendo as características dos
estados mínimo ou liberal, Estado protector ou de bem-estar e Estado imperfeito,
podemos considerar que o papel do Estado angolano é enquadrável no Estado
protector ou de bem-estar, pois o Estado intervém deliberadamente nos mercados
para garantir um rendimento mínimo, permitir que haja alguma segurança através
da cobertura de alguns riscos (doença, invalidez) e fornecer um conjunto de bens
considerados meritórios (educação básica, cuidados primários de saúde e outros).
INTRODUÇÃO

ACTIVIDADE FINANCEIRA DO ESTADO

A actividade financeira do Estado é desenvolvida em dois sentidos, e se concretiza


em duas realidades financeiras de natureza distinta, mas completamentares, a
realização de despesas e a obtenção de receitas, ambas justificadas por uma
finalidade comum: a pressecução e concretização das funções e objectivos do
Estado.

O Estado proporciona aos cidadãos inúmeros serviços que satisfazem necessidades


colectivas. Naturalmente, a prestação desses serviços de utlidade pública requer a
realização de gastos com pessoal, instalações, material etc. Estes gastos
representam as despesas públicas.
INTRODUÇÃO

DESPESAS PÚBLICAS

Representam o conjunto de despêndios do Estado, ou de outra pessoa de


direito público, para funcionamento dos serviços públicos. Pode também
ser definida como a aplicação de certa quantia por parte de autoridade
competente, dentro da autorização legislativa, para a execução de fim a
cargo do governo.
INTRODUÇÃO

TIPOLOGIAS DE DESPESAS PÚBLICAS

Para franco (2010), as despesas públicas classificam-se em dois grande


grupos:

• Despesas de investmento e despesas de funcionamento

• Despesas em bens e serviços e despesas de transferências


INTRODUÇÃO

RECEITAS PÚBLICAS

A prossecução dos diversos objectivos e funções por parte do Estado, bem


como o próprio funcionamento das instituições públicas, exige a
transferência, em maior ou menor grau, de recursos do sector privado da
economia para a esfera de decisão pública.
INTRODUÇÃO

RECEITAS PÚBLICAS

para assegurar a cobertura dos encargos e despesas decorrentes da


actividade pública recorre-se a fontes de financiamento denominadas
receitas públicas. Estas podem ser definidas, fundamentalmente, como
abrangendo todas as somas em dinheiro ou recurso equivalente, cujo
beneficiário é o Estado ou uma outra entidade pública administrativa, e que tem
como finalidade principal satisfazer as necessidades financeiras e outros fins
públicos relevantes.
INTRODUÇÃO

CRITÉRIO DE DISTINÇÃO DAS RECEITAS PÚBLICAS

Receitas públicas

Natureza económica: Grau de efectividade:


Receitas correntes e Receitas efectivas e
receitas de capital receitas não efectivas

Quanto a coercividade:
Receitas de caracter obrigatórias ou receitas de
caracter facultativo.
INTRODUÇÃO

RECEITAS PÚBLICAS

De acordo com estes critérios, caracterizam-se seis modalidades de receitas


públicas:
• Receitas fiscais ou impostos;
• Receitas parafiscais ou contribuições sociais;
• Receitas patrimoniais;
• Taxas, licenças e preços;
• Multas, penalidades e coimas;
• Receitas creditícias ou empréstimos
INTRODUÇÃO

Na presente cadeira as receitas fiscais ou impostos constituem o objecto de


estudo sendo que abordagem permite caracterizar o papel da fiscalidade no
âmbito da constituição da República e do orçamento de Estado.

Actualmente, a doutrina jurídica considera que os Estados modernos são


Estados Fiscais, ou seja vivem essencialmente dos impostos para financiar
as suas despesas, porque para além de serem coercivos e definitivos,
constituem-se como receitas líquidas, não exigindo grandes investimentos
para a sua captação para além dos custos de funcionamento da
administração fiscal.
INTRODUÇÃO

As receitas fiscais ou impostos são para Pereira (2009) “uma prestação pecuniária,
coactiva, unilateral, a título definitivo, sem caracter de sanção, devida ao Estado
ou outros entes públicos com vista a realização de fins públicos”. Esta definição
tem pontos comuns com a que a OCDE usa para efeitos da sua classificação dos
impostos.
INTRODUÇÃO

No caso da República de Angola, “o Sistema Fiscal está definido para satisfazer as


necessidades financeiras do Estado e outras entidades públicas, assegurar a
realização da política económica e social do Estado e proceder a uma justa
repartição dos rendimentos e da riqueza nacional” (CRA, Art.º 101º).

Em Angola “Os impostos só podem ser criados por lei, que determina a sua
incidência, a taxa, os benefícios fiscais e as garantias dos contribuintes” (CRA,
Art.º 102º, nº 1).
2 Teoria Geral do Imposto

2.1 Noções fundamentais

2.2 Características dos impostos

2.3 O imposto e algumas denominadas figuras afins

2.4 Facto gerador do imposto

2.5 Incidência

2.6 Fases do imposto

2.7 Classificação dos impostos

2.8 Taxas de imposto

2.9 Sistemas Fiscais e Princípios de Tributação


2 Teoria Geral do Imposto

2.1. Noções fundamentais

Etimologicamente, “imposto” vem do verbo impor, do Latim “imponor”.


Comporta um aspecto obrigacional, quer dizer, é algo obrigatório, solicitado por
alguém externo e superior àquele que o efectue, estando este sob domínio
daquele, não se podendo este rebelar, sob pena de incorrer em sanções.
2 Teoria Geral do Imposto

2.1. Noções fundamentais

Pereira (2009) define o imposto como “uma prestação pecuniária, coactiva,


unilateral, a título definitivo, sem caracter de sanção, devida ao Estado ou outros
entes públicos com vista a realização de fins públicos”.
2 Teoria Geral do Imposto

2.2. Características dos impostos

Os elementos que integram a noção do imposto justificam-se pelo seguinte:

a) O imposto é uma prestação pecuniária: é uma prestação pecuniária pois o


seu pagamento faz-se sempre em dinheiro ou em equivalente a dinheiro;

b) O imposto é uma prestação coactiva: visa-se com ela significar que a


obrigação do imposto é estabelecida na lei ou por força da lei.

Neste âmbito, verificado o nascimento da obrigação (dívida) do imposto em


relação ao estado, o mesmo passa a ser exigido independentemente da vontade
do contribuinte;
2 Teoria Geral do Imposto

2.2. Características dos impostos

Os elementos que integram a noção do imposto justificam-se pelo seguinte:

c) O imposto é uma prestação unilateral: é unilateral porque ao pagamento do


imposto não corresponde qualquer contraprestação ou contrapartida, daí a sua
diferença com outras figuras como por exemplo a taxa e o empréstimo público
forçado.
2 Teoria Geral do Imposto

2.2. Características dos impostos

Os elementos que integram a noção do imposto justificam-se pelo seguinte:

d) O imposto é uma prestação a título definitivo: o pagamento do imposto não dá


lugar a restituição ou reembolso. Os reembolsos têm origem numa tributação indevida
ou no pagamento de uma importância superior à devida;

e) O imposto é uma prestação sem caracter de sanção: o imposto não tem caracter
sancionatório, o que permite distinguir a respectiva prestação das sanções patrimoniais,
como o confisco e a multa.

Estes têm origem num facto ilícito e visam um fim preventivo e repressivo, o que não
acontece com o imposto;
2 Teoria Geral do Imposto

2.2. Características dos impostos

f) O imposto é uma prestação devida ao Estado ou outros entes públicos: o


imposto, tal como os outros tributos, é sempre devido a um ente público ou a
entidades que exercem funções públicas;
2 Teoria Geral do Imposto

2.2. Características dos impostos

Os elementos que integram a noção do imposto justificam-se pelo seguinte:

g) O imposto é uma prestação com vista a realização de fins públicos: o objectivo tradicional do
imposto é o da arrecadação de receitas para que os entes públicos deles beneficiários possam
realizar as tarefas que lhes estão cometidas. Esta é a chamada finalidade fiscal do imposto.

O imposto tem outros objectivos conhecidos como extrafiscais. Estes servem como instrumento
de política económica-fiscal e são nomeadamente os seguintes:

redistribuição do rendimento e da riqueza;

regulação conjuntural e,

desenvolvimento económico.
2 Teoria Geral do Imposto

Sujeitos da obrigação fiscal

O grande dicionário de língua portuguesa define o sujeito como a pessoa que


pratica uma determinada acção.

Na relação jurídica suscitada por via do imposto (relação tributária), encontramos


dois sujeitos, o activo e o passivo.
2 Teoria Geral do Imposto

Sujeitos da obrigação fiscal

O sujeito activo da relação tributária é a entidade, dotada de personalidade


jurídica, que, por lei, tem o direito a exigir a prestação do imposto.

Dito de outra, o sujeito activo é a entidade de direito público titular do direito de


exigir o cumprimento das obrigações tributárias, quer directamente, quer através
de representante (Pereira, 2009).
2 Teoria Geral do Imposto

Sujeitos da obrigação fiscal

A criação de impostos é efectuada pelo estado no uso dos seus poderes


legislativos, enquanto entidade soberana.

Só os órgãos de soberania do estado têm poderes tributários originários.

Este poder esgota-se no momento da criação da norma tributária. Surge neste


momento o estado administrador.
2 Teoria Geral do Imposto

Sujeitos da obrigação fiscal

Esta posição é assumida pela Constituição da República ao prescrever na alínea


o), do n.º 1 do Art.º 165.º que “à Assembleia Nacional compete legislar com
reserva relativa, salvo autorização concedida ao Executivo, a criação de impostos
e sistema fiscal, bem como o regime geral de taxas e demais contribuições
financeiras a favor das entidades públicas”.
2 Teoria Geral do Imposto

Sujeitos da obrigação fiscal

O sujeito activo é percebido em dois grandes níveis:

• Poder tributário, capacidade tributária activa, competência tributária e


titularidade da receita fiscal;

• Administrador fiscal do estado.


2 Teoria Geral do Imposto

Sujeitos da obrigação fiscal

O sujeito activo é percebido em dois grandes níveis:

O poder tributário reporta-se ao poder constitucionalmente conferido ao legislador


para criação de impostos e regulação da sua disciplina essencial (princípio da
legalidade).

A capacidade tributária activa refere-se à qualidade de sujeito activo, de titular do


direito de crédito em que a relação fiscal se consubstancia.
2 Teoria Geral do Imposto

Sujeitos da obrigação fiscal

O sujeito activo é percebido em dois grandes níveis:

A competência tributária reporta-se à administração ou gestão dos impostos, ou


seja, aos poderes instrumentais de lançamento, liquidação e cobrança de impostos,
tradicionalmente cometidos à administração tributária.

A titularidade da receita fiscal é pertença da caixa do tesouro nacional.


2 Teoria Geral do Imposto

Sujeitos da obrigação fiscal

O sujeito activo é percebido em dois grandes níveis:

Quanto à administração fiscal do estado, importa dizer que é ao governo que


compete dirigir a administração fiscal do estado, o que faz, essencialmente,
através da orgânica do Ministério das Finanças.
2 Teoria Geral do Imposto

Sujeitos da obrigação fiscal

O sujeito passivo

é a pessoa jurídica ou não que a lei fiscal sujeita ao dever de efectuar a prestação
do imposto.

Este pode ser uma ou mais pessoas, singulares ou colectivas.

Nesta conformidade, mesmo as empresas sem personalidade jurídica, são


tributadas, mediante a atribuição duma personalidade tributária (cf n.º 4, Art.º
28.º, CGT).
2 Teoria Geral do Imposto

Sujeitos da obrigação fiscal

O sujeito passivo

O sujeito passivo está relacionado com três figuras a seguir mencionadas:

o contribuinte;

o devedor do imposto e,

o sujeito passivo propriamente dito.


2 Teoria Geral do Imposto

Sujeitos da obrigação fiscal

O sujeito passivo

O contribuinte

é a pessoa ou entidade em relação à qual se verifica o facto tributário, aquele que


se encontra descrito “na previsão da norma tributária material para definir o
elemento subjectivo do facto gerador do imposto, abrangendo também, quando
não coincide com este, o titular da manifestação da capacidade contributiva que
se visa atingir com o imposto.
2 Teoria Geral do Imposto

Sujeitos da obrigação fiscal

O sujeito passivo

O contribuinte tanto pode ser de facto como de direito:

O contribuinte de direito é aquele em relação ao qual se verifica a incidência legal


do imposto, aquele que está definido na lei como sendo o sujeito passivo do
imposto.
2 Teoria Geral do Imposto

Sujeitos da obrigação fiscal

O sujeito passivo

O contribuinte tanto pode ser de facto como de direito:

O contribuinte de facto é aquele que efectivamente suporta o encargo do imposto,


o que não coincidindo com o primeiro, faz apelo ao conceito de repercussão. O
sujeito passivo propriamente dito confunde-se aqui com o devedor do imposto.
2 Teoria Geral do Imposto

Sujeitos da obrigação fiscal

O sujeito passivo

A abordagem do contribuinte introduz duas figuras que importam aludir que são:

a substituição fiscal e

a repercussão fiscal.
2 Teoria Geral do Imposto

Sujeitos da obrigação fiscal

O sujeito passivo

Braz Teixeira apud Pereira (2009) diz que a substituição fiscal ou tributária
verifica-se quando, por imposição da lei, a prestação tributária for exigida a
pessoa diferente do contribuinte.

Repercussão fiscal consiste na transmissão, no todo ou em parte, a respectiva


carga fiscal para outrem, isto é, do contribuinte de direito para o contribuinte de
facto.
2 Teoria Geral do Imposto

Sujeitos da obrigação fiscal

O sujeito passivo

A repercussão pode ser progressiva ou repercussão para diante (o vendedor


repercute o imposto ao comprador) e regressiva ou repercussão para trás (o
comprador repercute para o vendedor).
2 Teoria Geral do Imposto

2.3 O imposto e algumas denominadas figuras


afins
Conceito e espécies de tributos

Em termos latos, tributos são as receitas cobradas pelo estado ou por


outros entes públicos para a satisfação de necessidades, sem função
sancionatória. Os tributos agrupam-se principalmente em três figuras
distintas:
 Os impostos (incluindo os aduaneiros);
 As taxas e,
 As contribuições especiais.
2 Teoria Geral do Imposto

2.3 O imposto e algumas denominadas figuras afins

Conceito e espécies de tributos

Esta noção coincide com o previsto nos termos do n.º 2 do Art.º 8.º da
Lei 15/10, de 14 de Julho (Lei Quadro do Orçamento Geral do Estado),
onde “tributo é a receita instituída pelo Estado ou pela Autarquia,
compreendendo os impostos, as taxas e contribuições, nos termos
legais em matéria financeira, destinando o seu custeio de acções gerais
ou específicas exercidas pelo Estado ou pela Autarquia”.
2 Teoria Geral do Imposto

2.3 O imposto e algumas denominadas figuras afins

2.3.1 Contribuição especial

Assenta num benefício individualizado reflexamente derivado da actuação


de um sujeito público ou na necessidade de compensar um ente público
por maiores despesas ocasionadas pelos particulares.

A contribuição especial faz ponte entre o imposto e a taxa;


2 Teoria Geral do Imposto

2.3 O imposto e algumas denominadas figuras afins

2.3.1 Contribuição especial

contribuição especial assenta na obtenção pelo sujeito passivo de benefício


ou aumentos de valor dos seus bens em resultado de obras públicas, ou da
criação ou ampliação de serviços públicos ou no especial desgaste de bens
públicos ocasionado pelo exercício de uma actividade.
2 Teoria Geral do Imposto

2.3 O imposto e algumas denominadas figuras afins

2.3.2 Taxa

Uma taxa assenta na prestação concreta de um serviço público, na remoção


de obstáculos jurídicos ao comportamento dos particulares ou na utilização
de um bem de domínio público.

A taxa tem um carácter sinalagmático e bilateral.


2 Teoria Geral do Imposto

2.3 O imposto e algumas denominadas figuras afins

2.3.2 Taxa

O Regime Geral das Taxas, Lei n.º 7/11, de 16 de Fevereiro, define as


taxas como “prestações avaliáveis em dinheiro, exigidas por uma entidade
pública como contrapartida individualizada pela prestação concreta de
um serviço público, pela utilização de um bem de domínio público, ou pela
remoção de um obstáculo jurídico à actividade dos particulares”.
2 Teoria Geral do Imposto

2.3 O imposto e algumas denominadas figuras afins

2.3.3 Empréstimo público forçado

Empréstimo público é um acto pelo qual o Estado beneficia de uma


transferência de meios de liquidez, constituindo-se na ulterior obrigação de
os reembolsar e/ou pagar juros.

É bilateral porque dá origem ao pagamento de juros e não é definitivo


porque é reembolsável e amortizável.
2 Teoria Geral do Imposto

2.3 O imposto e algumas denominadas figuras afins

2.3.3 Empréstimo público forçado

O empréstimo público forçado serve para captar liquidez em situações de


crise com fim de custear encargos públicos;

É também chamada de figura de economia de guerra.


2 Teoria Geral do Imposto

2.3 O imposto e algumas denominadas figuras afins

2.3.3 Empréstimo público forçado

Caracteriza-se essencialmente por, no momento de contracção do


empréstimo, o devedor público praticar um acto unilateral de autoridade.

Impondo um sacrifício que consiste na privação de determinados meios


económicos imposta aos particulares com o fim de custear os encargos
públicos.
2 Teoria Geral do Imposto

2.3 O imposto e algumas denominadas figuras afins

2.3.4 Contribuições para a Segurança Social

Fazem parte do que se costuma designar por tributos parafiscais ou


parafiscalidade, para aludir a determinadas prestações coactivas que têm a
ver com a assunção por parte do Estado moderno de novas funções
económicas e sociais.
2 Teoria Geral do Imposto

2.3 O imposto e algumas denominadas figuras afins

2.3.4 Contribuições para a Segurança Social

As contribuições para a segurança social são consideradas como prémio de


seguro de direito público na parte correspondente as contribuições dos
trabalhadores e como imposto na parte respeitante as contribuições da
entidade patronal.
2 Teoria Geral do Imposto

2.3 O imposto e algumas denominadas figuras afins

2.3.4 Contribuições para a Segurança Social

As contribuições para a segurança social são consideradas como prémio de


seguro de direito público na parte correspondente as contribuições dos
trabalhadores e como imposto na parte respeitante as contribuições da
entidade patronal.
2 Teoria Geral do Imposto

2.4 Facto gerador do imposto


Um imposto pressupõe a existência de um facto tributário, definido como
tal numa lei e que uma vez verificado faz nascer a respectiva obrigação
(Pereira, 2009).

Para tornar esta questão mais compreensível, torna-se necessário referir-se


à estática e dinâmica do imposto.
2 Teoria Geral do Imposto

2.4 Facto gerador do imposto


Estática do imposto

A estática está relacionada com a estrutura de um imposto.

Todo e qualquer imposto, independentemente da finalidade que visa atingir é


tecnicamente construído a partir de certos elementos estruturais ou essenciais, que são
pressupostos da sua própria existência.

Estes elementos são:

 Outros de natureza qualitativa e,

 Uns de natureza quantitativa,


2 Teoria Geral do Imposto

2.4 Facto gerador do imposto


Estática do imposto

Os elementos de natureza qualitativa definem o domínio ou o campo de


aplicação do imposto e os principais são:

 A definição do objecto do imposto,

 A definição do contribuinte ou pessoa singular ou colectiva tributável e,

 O facto gerador do imposto.


2 Teoria Geral do Imposto

2.4 Facto gerador do imposto


Estática do imposto

Objecto do imposto: é a matéria tributável, Significa localizar as


manifestações da riqueza, existência de bens, situações ou actos sobre que
um imposto repousa ou recai.

Este objecto é sempre um facto económico e que varia consoante os


impostos.
2 Teoria Geral do Imposto

2.4 Facto gerador do imposto


Estática do imposto

Identificação do contribuinte: a pessoa singular ou colectiva tributável é


sempre alguém que está em contacto com o objecto e a fonte do imposto.

Facto gerador do imposto: é o elemento sem o qual não há obrigação do


imposto.

Representa o facto constitutivo da obrigação do imposto ou pressuposto de


facto da obrigação do imposto.
2 Teoria Geral do Imposto

2.4 Facto gerador do imposto


Estática do imposto

Os elementos de natureza quantitativa são os que contribuem para a


determinação do cálculo do imposto, permitindo torna-lo exigível. Estes
elementos são:

 A base do imposto e,

 O seu modo de cálculo.


2 Teoria Geral do Imposto

2.4 Facto gerador do imposto


Dinâmica do imposto

Dinâmica é aplicar o imposto.

Aplicar é levar a prática todas as operações necessárias para a entrada do


montante tributado nos cofres do estado.

Resumindo, a estática (estrutura) refere-se a política fiscal e financeira e a


dinâmica (aplicação) está relacionada com a actividade administrativa.
2 Teoria Geral do Imposto

2.4 Facto gerador do imposto


O facto gerador do imposto está constituído por dois elementos:

 O elemento objectivo e,

 O elemento subjectivo.
2 Teoria Geral do Imposto

2.4 Facto gerador do imposto


O elemento objectivo do facto gerador do imposto ou facto tributário é
integrado pelo próprio facto tributário considerado em si mesmo,
independentemente da sua ligação a um sujeito.
2 Teoria Geral do Imposto

2.4 Facto gerador do imposto


Neste elemento objectivo distinguem-se quatro aspectos que são:

o aspecto material (manifestação da capacidade contributiva),

o aspecto espacial (conexão do facto tributário a um determinado


território),

o aspecto temporal (factos instantâneos e factos duradouros) e,

o aspecto quantitativo (medição do aspecto material).


2 Teoria Geral do Imposto

2.4 Facto gerador do imposto


O elemento subjectivo do facto tributário relaciona determinado sujeito
passivo do imposto com o referido elemento objectivo.
2 Teoria Geral do Imposto

2.4 Facto gerador do imposto


Delimitação do elemento objectivo e subjectivo do facto gerador do imposto

Tanto o elemento objectivo quanto o subjectivo podem ser delimitados pela


negativa e pela positiva.

A delimitação pela negativa dá origem a situações de não sujeição. Esta não


sujeição não deve ser confundida com as isenções.

A delimitação pela positiva dá-se quando determinadas situações estão


sujeitas a imposto mas um facto autónomo impede que sejam tributadas.
2 Teoria Geral do Imposto

2.4 Facto gerador do imposto


Diferenças entre isenções e não incidência

Não incidência ou não sujeição: ocorrem nas hipóteses em que não se


verificam as condições de facto previstas na lei que originam a obrigação
tributária.
2 Teoria Geral do Imposto

2.4 Facto gerador do imposto


Diferenças entre isenções e não incidência

Isenções: pressupõem a incidência, só que o contribuinte goza de um favor


legal, ditado por considerações socioeconómicas ou políticas, que o
dispensa do pagamento do imposto.
2 Teoria Geral do Imposto

2.4 Matéria colectável, taxas e colecta


Definido o facto gerador do imposto assim como as isenções, estão
reunidos os elementos que, em termos de determinação do seu montante,
permitem a quantificação da base tributável.
2 Teoria Geral do Imposto

2.4 Matéria colectável, taxas e colecta

BASE TRIBUTÁVEL

- DEDUÇÕES E ABATIMENTOS À BASE TRIBUTÁVEL

= MATÉRIA COLECTÁVEL

TAXA

= COLECTA

-DEDUÇÕES À COLECTA

= IMPOSTO A PAGAR
2 Teoria Geral do Imposto

2.5 Incidência
A incidência é uma definição geral e abstrata, feita pela lei, das situações
ou actos sujeitas a imposto e das pessoas sobre as quais recai o dever de o
prestar.

A incidência pode ser real e pessoal.


2 Teoria Geral do Imposto

2.5 Incidência
A incidência real está associada ao elemento objectivo do facto gerador do
imposto e define o que está sujeito ao imposto.

A incidência real pode também ser chamada de material ou objectiva e que


em termos simples corresponde à questão: o que está sujeito a imposto?
2 Teoria Geral do Imposto

2.5 Incidência
A incidência pessoal é respeitante ao elemento subjectivo do mesmo facto e que
em termos simples, da resposta à interrogação: quem está sujeito a imposto?

A incidência pessoal ou subjectiva se classifica em incidência legal e incidência


económica.

É legal porque resulta da lei.

A incidência económica tem a ver com a indagação de quem suporta


efectivamente o imposto.
2 Teoria Geral do Imposto

Fases do imposto
Apresentados que estão os elementos que estruturam o imposto interessa
agora verificar a sua dinâmica, ou seja, o modo como se desenvolve a sua
aplicação, desde o nascimento da respectiva obrigação até ao seu
cumprimento, o que geralmente ocorre através do pagamento.
2 Teoria Geral do Imposto

Fases do imposto
As fases da vida do imposto são constituidas essencialmente pelo
lançamento, liquidação e cobrança.

A cada uma destas fases corresponde a um conjunto de normas destinadas


a efectuar a sua regulação.
2 Teoria Geral do Imposto

Lançamento
Lançamento é um conjunto de operações administativas conducentes a
identificação do sujeito passivo do imposto e a determinação da matéria
colectável.
2 Teoria Geral do Imposto

Liquidação
É um conceito que abrange as operações administrativas do lançamento e
consiste na aplicação da taxa à matéria colectável, para determinação da
colecta.

O processo de lançamento e liqudação inicia-se normalmente com uma


declaração do contribuinte.
2 Teoria Geral do Imposto

Liquidação
No entanto, na falta dessa declaração, a iniciativa pode caber a
administação fiscal,

ou devido ao facto de o contribuinte estar inscrito num registo ou cadastro


e a situação sujeita a imposto ter carácter de continuidade e não ter sido
declarada a sua cessão

ou pelo facto da administração ter tido conhecimento de factos tributários


que não foram declarados.
2 Teoria Geral do Imposto

Liquidação
Neste sentido está a falar-se de um aspecto ligado a liquidação oficiosa, em
que nos termos do qual, a entidade competente tome conhecimento de
factos tributários não declarados pelo sujeito passivo e do suporte
probatório necessário, o processo de liquidação é instaurado oficiosamente
pelos competentes serviços.
2 Teoria Geral do Imposto

Liquidação
Também existe o caso em que, o contribuinte apenas declara os elementos
necessários e os serviços fiscais procedam à liquidação do imposto.

Mas, em frequência crescente, é o próprio contribuinte que faz a


liquidação, que toma então a denominação de auto-liquidação, que pode
ser facultativa ou obrigatória.
2 Teoria Geral do Imposto

Liquidação
Subjacente a estas técnicas está o problema de saber de que modo é
determinada a matéria colectável e a quem cabe essa determinação, assim
como a própria liquidação.
2 Teoria Geral do Imposto

Liquidação
A lei distingui dois tipos de avaliação: avaliação directa e avaliação
indirecta.

A avaliação directa visa a determinação do valor real da matéria e, por


isso, tem como base a declaração do contribuinte ou de um terceiro, e esta
avaliação é da competência da administração tributária ou, nos casos de
auto-liquidação, do sujeito passivo.
2 Teoria Geral do Imposto

Liquidação
A avaliação indirecta visa a determinação da matéria colectável a partir de
indícios, presunções ou outros elementos de que a administração tributária
disponha, sendo da competência desta, embora com a participação do
contribuinte nos termos fixados na lei.
2 Teoria Geral do Imposto

Cobrança
Lançado e liquidado o imposto segue-se a última fase que é a da cobrança,
pela qual o imposto entra nos cofres do Estado ou do outro ente público a
quem é devido.

Neste contexto, a tendência é de saber quem pode ser exigido o pagamento


do imposto.

O pagamento pode ser exigido ao contribuinte ou a outro responsável, nos


termos da lei.
2 Teoria Geral do Imposto

Cobrança
A este propósito, cumpri distinguir os casos em que o pagamento é exigido
ao contribuinte de direito, e os casos em que o pagamento é exigido a um
terceiro.

Neste último caso o terceiro pode reter o imposto e entrega-lo nos cofres
do Estado, mediante a chamada retenção na fonte.
2 Teoria Geral do Imposto

Cobrança
São várias as vantagens que se podem atribuir à retenção na fonte, mesmo
quando funciona apenas como um pagamento por conta, vantagens que
justificam o seu uso crescentemente alargado.
2 Teoria Geral do Imposto

Cobrança
Também pode se falar dos pagamentos por conta, que são as entregas
pecuniárias antecipadas que sejam efectuadas pelos sujeitos passivos no
período da formação do facto tributário, não se esgotando nas retenções na
fonte.
2 Teoria Geral do Imposto

Cobrança
A lei prevê neste caso os rendimentos de actividades empresariais e de
profissionais independentes, esses pagamentos como forma de
aproximação do momento da cobrança ao da percepção do rendimento de
modo a colmatar as situações em que essa aproximação não pode efectivar-
se através das retenções na fonte.
2 Teoria Geral do Imposto

Cobrança
De acordo com a lei, a cobrança das dívidas fiscais, pode ocorrer segundo
uma das seguintes modalidades:

pagamento voluntário e cobrança coerciva.

O pagamento voluntário é o estabelecido dentro dos prazos previstos nas


leis tributárias e,

a cobrança coerciva é efectuada nos termos do processo de execução


fiscal.
2 Teoria Geral do Imposto

2.7 Classificação dos impostos


As designações e as pluralidades dos impostos variam de um país para
outro, ou num mesmo país, de um tempo a um outro.

A classificação dos impostos tem como critérios facilitadores da sua


inteligibilidade o seu enquadramento nas diversas pastas ou fichas
financeiras das actuações da autoridade administrativa, e

têm como interventores na sua classificação o legislador, os estudiosos,


os termos intrínsecos do próprio imposto e o agente administrativo.
2 Teoria Geral do Imposto

2.7 Classificação dos impostos


As designações e as pluralidades dos impostos variam de um país para
outro, ou num mesmo país, de um tempo a um outro.

A classificação dos impostos tem como critérios facilitadores da sua


inteligibilidade o seu enquadramento nas diversas pastas ou fichas
financeiras das actuações da autoridade administrativa, e

têm como interventores na sua classificação o legislador, os estudiosos,


os termos intrínsecos do próprio imposto e o agente administrativo.
2 Teoria Geral do Imposto

2.7 Classificação dos impostos


Os impostos, indepentemente da classificação que forem atribuidas, terão
sempre alguns traços comuns, que dentre os vários podemos destacar os
seguintes:

serem coactivos;

obrigatórios e,

Terem como função o financiamento dos encargos públicos.


2 Teoria Geral do Imposto

2.7 Classificação dos impostos


Para a classificação dos impostos existem vários critérios tais como:

os da contabilidade nacional;

contabilidade empresarial e outros.


2 Teoria Geral do Imposto

2.7 Classificação dos impostos


No entanto, dentro da pluralidade na classificação do ponto de vista da
doutrina jurídica, nesta disciplina vamos usar os critérios classificatórios
utilizados pelo Professor Sá Gomes.

Assim, de acordo com o citado autor temos:


2 Teoria Geral do Imposto

2.7 Classificação dos impostos

1. Quanto ao sujeito activo da relação jurídica fiscal: impostos Estaduais e


não Estaduais.

Se o sujeito activo é o Estado, temos os impostos estaduais; se o sujeito


activo é uma pessoa colectiva de direito público diferente do Estado temos
os impostos não estaduais.
2 Teoria Geral do Imposto

2.7 Classificação dos impostos


2. Quanto à jurisdição (aplicativa) do imposto: imposto nacional e imposto
local.

Impostos nacionais são aqueles que se aplicam em todo território enquanto


que os locais são os que se aplicam apenas numa parcela deste.
2 Teoria Geral do Imposto

2.7 Classificação dos impostos


3. Quanto a variações da capacidade contributiva e do volume da riqueza:
impostos pessoais e impostos reais.

Impostos pessoais são aqueles que tomam em consideração, em maior ou


menor grau, os condicionalismos económicos ou situação pessoal do
contribuinte.

Dito de outra forma, são aqueles que têm uma consideração fiscal da
família.
2 Teoria Geral do Imposto

2.7 Classificação dos impostos


Os impostos reais são os que se abstraem do condicionalismo económico
ou da situação pessoal em que se encontra o contribuinte.

Dentro dos impostos reais encontramos a tributação do rendimento, do


património, da despesa, etc.
2 Teoria Geral do Imposto

2.7 Classificação dos impostos


4. Quanto à versatilidade do seu processo jurídico-económico: impostos
directos e impostos indirectos.

São impostos directos aqueles que incidem sobre manifestações imediatas


da capacidade contributiva e são indirectos os que incidem sobre
manifestações mediatas dessa capacidade.
2 Teoria Geral do Imposto

2.7 Classificação dos impostos


5. Quanto à sua frequência (no tempo): impostos periódicos e impostos de
obrigação única ou pontual.

Nos impostos periódicos o pressuposto de tributação apresenta uma certa


característica de estabilidade ou continuidade:

a propriedade de um prédio,

o exercício de uma actividade comercial,

industrial ou agrícola.
2 Teoria Geral do Imposto

2.7 Classificação dos impostos


Pelo contrário, nos impostos de obrigação única esse pressuposto
apresenta-se isolado e mesmo quando se possa repetir é tomado
isoladamente:

aquisição de um prédio ou,

transmissão de bens por morte.


2 Teoria Geral do Imposto

2.7 Classificação dos impostos


6. Quanto à variabilidade de fixação do seu tecto colectável: impostos de
prestação fixa e impostos de prestação variável.

O imposto de prestação fixa é aquele em que o valor a pagar por cada


contribuinte é fixado na lei através da indicação de uma importância fixa.
2 Teoria Geral do Imposto

2.7 Classificação dos impostos


O de prestação variável é aquele que varia conforme a matéria colectavel,
para o que se indica, geralmente, uma taxa ou taxas que aplicadas àquela
determinam o imposto a pagar.
2 Teoria Geral do Imposto

2.7 Classificação dos impostos


8. Quanto ao nível relativo de estatuição legal: impostos especiais e
impostos duplamente especiais.
2 Teoria Geral do Imposto

2.7 Classificação dos impostos


9. Quanto à filiação relativa com os outros: impostos principais, impostos
acessórios e impostos dependentes.

Os impostos principais gozam de autonomia, existem por si, não dependendo da


existência de qualquer relação tributária anterior.

Por sua vez os impostos acessórios (filhos) acrescem aos impostos principais, de
cuja existência dependem. Estes impostos são calculados sobre a colecta principal
e são, habitualmente designados por adicionais.
2 Teoria Geral do Imposto

2.7 Classificação dos impostos


A situação acima é diferente dos impostos dependentes, que são devidos
ainda que o não sejam os impostos principais de cujo objecto dependem.

Assim, mesmo que por força de uma determinada isenção não seja devido
o imposto principal isso não significa que não haja lugar ao imposto
dependente. Estes dependem da existência de matéria dos impostos
principais.
2 Teoria Geral do Imposto

2.7 Classificação dos impostos


10. Quanto à sua regularidade aplicativa: impostos ordinários e impostos
extraordinários ou transitórios.

Os impostos ordinários são de aplicação regular enquanto os


extraordinários são de aplicação passageira.
2 Teoria Geral do Imposto

2.7 Classificação dos impostos


11. Quanto à sua susceptibilidade de monitorização da riqueza: impostos
monitorizadores de riqueza e impostos não monitorizadores de riqueza.

São exemplos dos primeiros os impostos sobre o rendimento e dos últimos


os impostos sobre a despesa e sobre o capital.
2 Teoria Geral do Imposto

2.8 Taxas de imposto


A taxa do imposto ou alíquota é a importância de prestação do imposto
expressa de forma abstrata na lei. A taxa pode ser específica ou ad valorem
(sobre o valor).

As taxas específicas são as fixadas em função do aspecto quantitativo dos


bens tributáveis tendo em atenção índices como o peso, o volume ou a
dimensão, ou seja, o aspecto físico do bem.

As taxas são ad valorem quando representam uma percentagem sobre o valor


monetário dos bens.
2 Teoria Geral do Imposto

2.8 Taxas de imposto

Modalidades da taxa do imposto

A taxa pode ser nominal, efectiva e marginal.

Taxa nominal: é a taxa definida na lei e que aplicada à matéria colectável,


permite determinar a colecta.

As taxas nominais podem ser fixas, proporcionais e variáveis.


2 Teoria Geral do Imposto

2.8 Taxas de imposto

Modalidades da taxa do imposto

As taxas fixas são aquelas em que a importância da colecta é igual para


todos os contribuintes da mesma classe.

Em rigor não existem taxas, mas indicação directa e expressa do


quantitativo individual do imposto.

Ex: se todos os automobilistas pagassem o mesmo valor


independentemente da cilindrada.
2 Teoria Geral do Imposto

2.8 Taxas de imposto

Modalidades da taxa do imposto

Nas taxas proporcionais (taxa única) a taxa é constante, representando uma


percentagem fixa sobre a matéria colectável.

A colecta varia proporcionalmente em função da matéria colectável,


aumentando na mesma razão do aumento desta.
2 Teoria Geral do Imposto

2.8 Taxas de imposto

Modalidades da taxa do imposto

As taxas variáveis dependem do montante da matéria colectável, e podem


ser: progressivas, degressivas e regressivas.

As taxas progressivas são aquelas que se elevam à medida que aumenta a


matéria colectável. Ex: O IRT.

Na prática a progressividade tem limites sob pena de atingir os 100%, o


que pode dar origem a um confisco.
2 Teoria Geral do Imposto

2.8 Taxas de imposto

Modalidades da taxa do imposto

A partir de certos montantes, o sistema de taxas progressivas dá lugar


inevitavelmente a uma taxa proporcional elevada.

Fala-se em taxas regressivas quando as taxas baixam à medida que a


matéria colectável aumenta.

Estas taxas entraram em desuso porque significaria a consolidação de


certos privilégios.
2 Teoria Geral do Imposto

2.8 Taxas de imposto

Modalidades da taxa do imposto

As taxas degressivas são compostas de uma taxa proporcional (baixa)


correspondente à matéria colectável de determinado valor (ou acima dele)
e de taxas mais baixas para matéria colectável de valor inferior.

Estas taxas já não têm grande aplicação.


2 Teoria Geral do Imposto

2.8 Taxas de imposto

Modalidades da taxa do imposto

Taxa efectiva: resulta da relação entre imposto a pagar e um indicador de


base tributável.

Consiste em dividir o imposto suportado pelo rendimento global bruto.

Taxa marginal: a taxa marginal de um imposto refere-se à taxa que a


última unidade monetária da matéria colectável é tributada.
2 Teoria Geral do Imposto

2.9 Sistemas fiscais e princípios de tributação

Noção de sistema fiscal

O conceito de sistema fiscal é tradicionalmente utilizado para designar o conjunto


de impostos existentes num certo espaço, reportando-se, sobretudo, ao domínio
normativo, ou seja à legislação fiscal existente.
2 Teoria Geral do Imposto

2.9 Sistemas fiscais e princípios de tributação

Noção de sistema fiscal

A Constituição da República (2010) estabelece no Art.º 101.º que “o sistema fical


visa satisfazer as necessidades financeiras do Estado e outras entidades públicas,
assegurar a realização da política económica e social do Estado e proceder a uma
justa repartição dos rendimentos e da riqueza nacional”.

O sistema fiscal deve ser encarado como uma realidade dinâmica, em interacção
com o meio envolvente, mas sem perca do seu quadro geral de referência.
2 Teoria Geral do Imposto

2.9 Sistemas fiscais e princípios de tributação

Noção de sistema fiscal

A noção de sistema fiscal põe em relevo as relações dinâmicas que se estabelecem


entre as suas várias componentes e entre o sistema fiscal e outros sistemas,
designadamente o económico e o sócio-político.

A análise dos sistemas fiscais pode ser também feita a partir de outros domínios
complementares que são:
 o normativo,
 o económico,
 o organizacional e
 o psicossociológico.
2 Teoria Geral do Imposto

2.9 Sistemas fiscais e princípios de tributação

Noção de sistema fiscal

O domínio normativo é constituído pela legislação que regula as matérias


relacionadas com o imposto, constituindo um subsistema do sistema legislativo
mais geral.

O domínio económico estuda as relações entre o sistema fiscal e o sistema


económico, as quais se estabelecem nos dois sentidos:

os impostos são influenciados pela realidade económica a que se aplicam, mas são
também instrumento de intervenção sobre essa mesma realidade.
2 Teoria Geral do Imposto

2.9 Sistemas fiscais e princípios de tributação

Noção de sistema fiscal

O domínio organizacional é constituído pelos serviços centrais ou periféricos


encarregados de administrar os impostos, que estão eles próprios inseridos num
sistema mais vasto - o da administração pública.

Em certo sentido, o aspecto organizacional comporta igualmente a análise da


estrutura e funcionamento dos tribunais fiscais que estão inseridos num outro
sistema – o sistema judicial.
2 Teoria Geral do Imposto

2.9 Sistemas fiscais e princípios de tributação

Noção de sistema fiscal

O domínio psicossociológico assume cada vez maior importância, dele


dependendo, em grande medida, a aceitação do sistema fiscal pelos sujeitos
passivos sobre que incide, requisito afinal de uma correcta aplicação.
2 Teoria Geral do Imposto

2.9 Sistemas fiscais e princípios de tributação

Classificação dos sistemas fiscais

A tipologia dos sistemas fiscais pode fazer-se de acordo com vários critérios, de
entre os quais avultam os critérios sócio-políticos e os critérios sócio-económicos.

Dentre os vários critérios existentes são os sócio-económicos os mais usados que


tomam em atenção factores como o nível de fiscalidade, a estrutura fiscal e a
complexidade técnica do sistema.
2 Teoria Geral do Imposto

2.9 Sistemas fiscais e princípios de tributação

Classificação dos sistemas fiscais

Para além dos factores apontados são também geralmente usados como
facilitadores da distinção dos sistemas fiscais os seguintes elementos:
1. A estrutura administrativa,
2. A tradição sócio-cultural,
3. O grau de desenvolvimento e,
4. O condicionamento ideológico.
Assim, os sistemas fiscais podem ser:
2 Teoria Geral do Imposto

2.9 Sistemas fiscais e princípios de tributação

Classificação dos sistemas fiscais

• Sistemas fiscais de países industrializados ou de economias desenvolvidas de


mercado;

• Sistemas fiscais de países em desenvolvimento; e

• Sistemas fiscais de economias socialistas colectivistas.

O critério diferenciador assenta unicamente no grau de desenvolvimento, o que põe


em relevo a relação que existe entre a fiscalidade e desenvolvimento económico.
2 Teoria Geral do Imposto

2.9 Sistemas fiscais e princípios de tributação

Classificação dos sistemas fiscais

Nos sistemas fiscais dos países industrializados, o nível de fiscalidade, medido


pela relação entre receitas fiscais e produto interno bruto, é alto, embora variável
de país para país, tendendo a ser função do grau de intervenção do estado na
economia.
2 Teoria Geral do Imposto

2.9 Sistemas fiscais e princípios de tributação

Classificação dos sistemas fiscais

Do ponto de vista técnico e de organização, trata-se de sistemas fiscais que


apresentam:

um grau de sofisticação, de modo a corresponder adequadamente as exigências


económicas e sociais dos países respectivos em termos de tributação.
2 Teoria Geral do Imposto

2.9 Sistemas fiscais e princípios de tributação

Classificação dos sistemas fiscais

Estes sistemas apresentam ainda as seguintes características:

pressão fiscal alta;

elevada eficiência do sistema fiscal;

elevado rendimento da administração financeira (modernos recursos e pouco


pessoal); complexidade do sitema fiscal e predominância de impostos directos.
2 Teoria Geral do Imposto

2.9 Sistemas fiscais e princípios de tributação

Classificação dos sistemas fiscais

Estes sistemas apresentam ainda as seguintes características:

pressão fiscal alta;

elevada eficiência do sistema fiscal;

elevado rendimento da administração financeira (modernos recursos e pouco


pessoal); complexidade do sitema fiscal e predominância de impostos directos.
2 Teoria Geral do Imposto

2.9 Sistemas fiscais e princípios de tributação

Classificação dos sistemas fiscais

Nos sistemas fiscais de países em vias desenvolvimento, o nível de fiscalidade é


baixo e a estrutura fiscal assenta em grande medida nos impostos indirectos e,
sobretudo com os impostos relacionados com o comércio externo, em especial a
exportação.
2 Teoria Geral do Imposto

2.9 Sistemas fiscais e princípios de tributação

Classificação dos sistemas fiscais

Este desequilíbrio pode de algum modo ser explicado pelo diminuto rendimento
per capita, que impede qualquer significativa tributação do rendimento, que
encontra igualmente dificuldades derivadas da escassa ou insuficiente
monetarização da economia.
2 Teoria Geral do Imposto

2.9 Sistemas fiscais e princípios de tributação

Classificação dos sistemas fiscais

Por outra, a organização administrativa que suporta o sistema fiscal é, pelo seu
lado, incipiente e a legislação fiscal, muitas vezes herdada dos tempos coloniais,
mostra-se não raro inadequada.
2 Teoria Geral do Imposto

2.9 Sistemas fiscais e princípios de tributação

Classificação dos sistemas fiscais

Os Sistemas fiscais de economias socialistas colectivistas são sistemas ligeiros e a


tributação recai pouco aos particulares.

Nestes sistemas a fiscalidade actua praticamente ao serviço da planificação.


2 Teoria Geral do Imposto

2.9 Sistemas fiscais e princípios de tributação

Classificação dos sistemas fiscais

Dito de outra forma, significa dizer que a fiscalidade serve apenas para fazer
algumas correcções de determinados efeitos de distorções, que puderiam ser
provocados por uma maior descentralização administrativa ou liberdade
económica.

Nestes sistemas predominam os impostos indirectos e são sistemas ligeiramente


simples.
2 Teoria Geral do Imposto

2.9 Sistemas fiscais e princípios de tributação

Princípios de tributação e sistema fiscal

Desde sempre constituíram preocupação dos economistas as regras que devem moldar
um sistema fiscal.

Assim para Adam Smith um bom sistema fiscal, deveria basear-se em alguns
princípios fundamentais:
 A justiça;
 A certeza;
 A comodidade e,
 A economia
2 Teoria Geral do Imposto

2.9 Sistemas fiscais e princípios de tributação

Princípios de tributação e sistema fiscal

Equidade

O princípio da equidade exige que os impostos sejam estabelecidos de uma


forma justa. Este princípio pode assentar no critério do beneficio.

De acordo com esta corrente, os impostos deveriam afectar as pessoas em


proporção dos benefícios ou vantagens que estes retiram das despesas
públicas.
2 Teoria Geral do Imposto

2.9 Sistemas fiscais e princípios de tributação

Princípios de tributação e sistema fiscal

Actualmente, o critério que é usualmente tido para analisar a justiça de


tributação é o da capacidade contributiva, cuja tradução económica é o
rendimento, a riqueza, ou o consumo, mas tendo em conta as
circunstâncias especiais de cada contribuinte.

A equidade tem duas dimensões: horizontal e vertical.


2 Teoria Geral do Imposto

2.9 Sistemas fiscais e princípios de tributação

Princípios de tributação e sistema fiscal

A equidade horizontal impõe que se tributem de forma idêntica as


pessoas que têm igual capacidade contributiva.

E é nesta vertente que os principais problemas de equidade se colocam


hoje em dia e estão longe de serem resolvidos.
2 Teoria Geral do Imposto

2.9 Sistemas fiscais e princípios de tributação

Princípios de tributação e sistema fiscal

A equidade vertical exige que as pessoas que têm diferentes capacidades


contributivas sejam tributadas de forma desigual, sendo o grau razoável de
desigualdade de tributação uma das questões mais discutidas em
fiscalidade em todas as épocas.
2 Teoria Geral do Imposto

2.9 Sistemas fiscais e princípios de tributação

Princípios de tributação e sistema fiscal

Eficiência económica

Um imposto pode influenciar de vários modos a eficiência económica,


nomeadamente:
• Quanto à oferta e procura de trabalho,
• A poupança e sua utilização produtiva,
• À afectação de recursos em geral.
2 Teoria Geral do Imposto

2.9 Sistemas fiscais e princípios de tributação

Princípios de tributação e sistema fiscal

O imposto é algo que se impõe aos agentes económicos e pode, por isso,
modificar os preços relativos das variáveis económicas, directa ou indirectamente
relacionadas com a sua incidência.

Dessa modificação dos preços relativos pode resultar ineficiências económicas,


que os economistas costumam analisar através da chamada carga excedentária.

Importa a este propósito ter em conta que os efeitos do imposto são de dois tipos:
efeito rendimento e efeito substituição.
2 Teoria Geral do Imposto

2.9 Sistemas fiscais e princípios de tributação

Princípios de tributação e sistema fiscal

O efeito rendimento resulta do facto da criação de um imposto ou subida diminuir


o rendimento disponível, ou o poder de compra do contribuinte, da pessoa que o
suporte.

Em si mesmo um efeito rendimento não produz ineficiência económica.

O efeito substituição pode levar as pessoas a deixarem de consumir um certo bem


em troca de outro.

Esta situação pode levar as pessoas a preferirem o ócio.


2 Teoria Geral do Imposto

2.9 Sistemas fiscais e princípios de tributação

Princípios de tributação e sistema fiscal

Simplicidade

Condição essencial ao funcionamento de qualquer sistema fiscal é o ter, em cada


contexto em concreto, viabilidade administrativa, para o que, além de adequar-se
às possibilidades administrativas existentes, tem de ser simples.
2 Teoria Geral do Imposto

2.9 Sistemas fiscais e princípios de tributação

Princípios de tributação e sistema fiscal

Simplicidade

Importa, aliás, confrontar sempre as receitas obtidas com os custos


administrativos de gestão do sistema, maximizando esta diferença sem transferir
para os obrigados fiscais encargos indirectos que significativamente acresçam ao
próprio encargo do imposto.

É realçado aqui a divisão de cumprimento em três grupos principais: os custos


monetários, os custos de tempo e os custos físicos ou psicológicos.
2 Teoria Geral do Imposto

2.9 Sistemas fiscais e princípios de tributação

Princípios de tributação e sistema fiscal

Simplicidade

Por outro lado, a simplicidade do sistema fiscal é um dos meios mais eficazes de
luta contra a evasão fiscal, pois existe evidência demonstrativa de que esta
aumenta na razão directa do acréscimo da complexidade do sistema.
2 Teoria Geral do Imposto

2.9 Sistemas fiscais e princípios de tributação

Princípios de tributação e sistema fiscal

Simplicidade

Finalmente a simplicidade desempenha um papel fundamental em termos de


relação entre o fisco e os contribuintes, sendo uma das condições de aceitação do
sistema o de poder ser compreendido e não implicar custos desnecessários.

Você também pode gostar