Psicologia Social
Psicologia Social
Psicologia Social
Os Fundamentos Sócioculturais
do Comportamento
Capítulo 1: Socialização,
Cultura e Atitudes
A Psicologia Social
é o ramo da
psicologia que
estuda o modo
como os indivíduos
pensam e agem em
situações sociais,
isto é, na presença
real ou imaginada
de outros
indivíduos.
Socialização e Cultura
A socialização é um processo
que, desenvolvendo-se no
interior de uma dada cultura,
consiste na aprendizagem dos
valores, normas e padrões de
comportamento característicos
de uma determinada sociedade
ou de um grupo social com o
objectivo de facilitar a
integração social do indivíduo
na comunidade a que pertence.
O nosso comportamento é socializado,
ou seja, adaptado ao meio a que
pertencemos e em que vivemos,
durante toda a nossa vida. Não
obstante, é muito mais intenso durante
os primeiros anos de vida (sobretudo
na infância).
Através deste processo, e
sob a influência de agentes
socializadores significativos
(família, escola, grupos de
pares, meios de
comunicação social) o
indivíduo interioriza os
padrões culturais do meio a
que pertence, adaptando-se
a este meio, de modo a
constituir a sua
personalidade.
Socialização primária e
secundária
A socialização primária
realiza-se
essencialmente, no seio
da família, das escolas e
dos grupos de pares,
durando desde os
primeiros meses de vida
até à adolescência e
consiste na adaptação
aos padrões culturais
fundamentais da
sociedade em que nos
inserimos.
A socialização primária
realiza-se a vários níveis:
A nível biológico e A nível ideológico,
psicomotor são-nos interiorizamos
transmitidas normas concepções, valores,
respeitantes aos gestos e ideias, preconceitos e
atitudes corporais, aos horários estereótipos próprios
das refeições, aos regimes da cultura em que
alimentares, à forma de
enfrentar o calor e o frio, etc. nascemos marcando
progressivamente, em
A nível afectivo, como todos
muitos casos, um
sabemos, aprendemos a
expressar sentimentos de distanciamento crítico
forma considerada apropriada e em relação ao que nos
a reprimir e recalcar aqueles é transmitido.
que não são socialmente
permitidos ou estimulados.
Aceitação de uma determinada ordem social,
de um sistema de relações hierarquizadas, do
reconhecimento da autoridade, tudo isso
aprendemos imitando os mais velhos,
assumindo papéis fictícios, praticando desporto
de equipa, frequentando a escola... A
socialização primária visa a adaptação básica
dos indivíduos à sociedade de modo a que na
sua forma de pensar, agir e sentir haja um
mínimo denominador comum que os torne
elementos de um mesmo meio sóciocultural.
A Socialização Secundária
A socialização secundária
começa com a idade adulta,
pode durar o resto da vida e
verifica-se sempre que há
mudanças significativas na
nossa condição social: o
casamento, o nascimento de
filhos, o primeiro emprego (e
também os seguintes), a
reforma, etc. são situações
novas que implicam uma
adaptação pautada em
grande parte por valores,
normas e concepções da
cultura a que se pertence.
O Conceito de Cultura
Cultura é o conjunto de
valores, crenças,
conhecimentos,
instituições, normas,
comportamentos,
produções artísticas e
técnicas partilhados
pelos membros de uma
sociedade,
transmissíveis às
gerações seguintes e
“Cultura em movimento” de resultantes da
Fermer Fenêtre interacção social
A cultura é um conceito com um conteúdo vasto e
diversificado, ou seja, é constituído por diversos
elementos. Essencialmente, o conceito de cultura
compreende dois tipos de elementos: os elementos
materiais e os espirituais:
- O conteúdo material é constituído pelas coisas e
objectos produzidos e pela tecnologia (conjunto de
técnicas) utilizada para produzir objectos e
instrumentos, e para adquirir produtos (agricultura,
pesca, caça, etc.), assim como para para transportá-
los.
- o conteúdo espiritual é constituído pelas instituições (o
direito, a moral, os costumes, as tradições, os ritos
simbólicos, as cerimónias, as modas), pelos valores
(cada sociedade determina o que é o bem, o mal, o
belo, o feio, em suma, o que é desejável) pelas normas
(desde as normas de etiqueta às normas jurídicas e
morais), pelas crenças (expressas em «livros
sagrados», em mitos e lendas, etc.), pelos
conhecimentos e ideias (teorias científicas, concepções
filosóficas), pelas produções literárias e artísticas.
A Relatividade Cultural
A linguagem, a música, a
alimentação, os jogos, o
casamento, a criação e a
educação dos filhos, a
sexualidade, etc., são
actividades humanas
universais, isto é, presentes
em todas as culturas.
Contudo, não há nenhuma
forma universalmente
aceite de as realizar
Assim, no que respeita à
linguagem - elemento
chave de uma cultura
porque é através desse
meio, oral ou escrito, que
se dá a transmissão
cultural à geração seguinte
- é evidente que ela é
culturalmente variável: os
símbolos que a constituem
assumem a forma de
palavras orais ou escritas,
existindo uma vasta
diversidade de alfabetos.
Não só a gastronomia é
imensamente variada como
também existem, conforme o
meio cultural, diferentes
regras alimentares. Assim,
porque consideramos que os
cães são adoráveis animais
domésticos, ficamos chocados
por ver, nas regiões do Norte
da China, pessoas a assar
cães e a comerem deliciadas
essa carne; podemos,
contudo, ofender um hindu
quando, por ignorância,
pedimos bife de vaca num
restaurante indiano (a vaca é
para os hindus um animal
sagrado e não apropriado, por
isso, para consumo humano).
A expressão «relatividade cultural»
cultural significa que o
comportamento humano não pode ser
compreendido e avaliado fora do seu contexto
cultural, isto é, deve ser julgado consoante o meio
cultural que o condiciona e em que se formou. Cada
sociedade tem os seus próprios padrões de cultura
(normas, valores, concepções) e esses padrões ou
modelos permitem-nos compreender os
comportamentos e as atitudes dos elementos que a
compõem. Não há, portanto, aspectos culturais em si e
por si bons ou maus.
Assim, a relatividade
cultural implica julgar
uma cultura segundo os
seus próprios padrões.
Prática, sem dúvida, de
difícil sucesso porque
exige não só a
compreensão de valores
e mesmo de uma outra
sociedade como também
a «suspensão» dos
padrões culturais pelos
quais nos regemos há
muito tempo.
Dada a vastíssima variedade de sistemas culturais
será possível falar de universais culturais, isto é,
de normas, valores ou outros aspectos culturais
presentes em todo e qualquer grupo humano?
As investigações de antropólogos como George
Murdock mostraram que apesar de haver práticas e
actividades humanas presentes em todas as
culturas, elas diferiam especificamente de grupo
para grupo. Assim, não há nenhuma forma
universal de família, nenhum modo universalmente
partilhado de dispor dos mortos, de assegurar a
higiene do corpo, etc...
Capítulo 2: As
Atitudes
As atitudes são
avaliações (juízos
de valor)
aprendidas e
relativamente
estáveis, de sinal
positivo ou
negativo, a
respeito de algo
ou de alguém.
Todos nós temos atitudes
ou efectuamos
avaliações: de pessoas
(amigos, vizinhos,
familiares), de grupos
profissionais
(jornalistas, advogados,
políticos, médicos,
polícias, etc.), de grupos
étnicos, de ideias
(políticas, religiosas,
estéticas), de
instituições (a família,
as escolas, o Estado), de
objectos materiais
(computadores, televisão,
automóveis), etc.
Juízos como «A pena
de morte é uma
barbaridade»; «O
futebol é um jogo
aborrecido»; «Os
judeus são inteligentes
e dotados para o
negócio»; «A sida vai
exterminar-nos»;
«Gosto pouco de
livros», exprimem
atitudes porque
avaliam determinados
objectos.
As Componentes de
uma atitude
A grande maioria dos psicólogos sociais concorda
que uma atitude, em geral, tem três componentes:
cognitiva, afectiva e comportamental.
comportamental
1- Componente
cognitiva (refere-se às
crenças e ideias do
indivíduo sobre esquiar -
o objecto avaliado).
Neste caso, existe a
convicção de que
esquiar é um exercício
que faz bem à saúde e
melhora a aparência.
2 - Componente
afectiva ou emocional
(refere-se aos
sentimentos ou
reacções emocionais
suscitados por
determinado estímulo).
Neste caso, a reacção
afectiva é positiva,
muito positiva: esquiar é
uma actividade
considerada
imensamente
agradável.
3 - Componente
comportamental
(refere-se à
predisposição para agir
de forma favorável ou
desfavorável ao
estímulo ou objecto da
atitude). Neste caso, o
indivíduo que adora
esquiar tenta, sempre
que possível, praticar
essa actividade.
ATITUDE ACERCA
DA SIDA
COMPONENTE
COMPONENTE COMPONENTE
COMPORTAMENTAL
COGNITIVA AFECTIVA
crenças e
«A SIDA É UMA objecto da atitude)
sentimentos)
2 - A mensagem;
3 - O meio;
4 - A audiência ou as características
de quem recebe a mensagem.
1.O comunicador ou a fonte da mensagem
A probabilidade de modificação de uma atitude
é mais acentuada se o comunicador possuir
uma forte credibilidade (se nos der boas razões
para acreditar nele), se for atraente (a atracção
tem um forte peso na mudança de atitudes) e
se for dotado de poder e de prestígio (quanto
maiores mais influência o comunicador
exerce). A disponibilidade para ajudar pessoas
com o vírus do HIV aumentou
significativamente uma semana depois de o
famoso basquetebolista da N.B.A., Magic
Johnson, ter declarado que ele próprio estava
infectado e que era necessário criar programas
de ajuda aos doentes.
2 - A mensagem
A natureza da mensagem também desempenha
um papel importante. Que tipo de mensagens
há?
- A mensagem pode ser lógica/racional (<<os
factos e nada mais!»), emotiva ou uma
combinação dos dois elementos.
Que tipo de mensagem tem mais probabilidades
de sucesso?
- A mensagem que desperta medo e receio
(campanhas antitabagistas, contra os perigos do
excessivo consumo de álcool e as que advertem
para os efeitos trágicos da não-utilização de
cinto de segurança) parece ser um meio eficaz
de persuasão.
Segundo Sharif e
Se esta acredita que
Horland as atitudes o aborto só deve ser
praticado estando a
que a mensagem vida da mãe em
veicula serão mais perigo então estará
facilmente aceites receptiva a uma
se não forem muito mensagem
diferentes daquelas afirmando que a sua
que a audiência, em prática deve
geral, já possui. depender do parecer
de um conselho de
médicos
A repetição da mensagem é outro factor a
ter em conta como bem sabem os
publicitários.
3. O Meio
O meio de comunicação da mensagem
pode ter um impacto significativo. A
persuasão pessoal, face a face, parece
ser mais eficaz do que através dos «mass
media».
4. A audiência ou o receptor da
mensagem
Fumar é uma
situação que pode
ilustrar bem o
que é a
dissonância
cognitiva e o modo
como, em muitos
casos, tendemos a
reduzi-la.
Muitos fumadores acreditam que fumar tem
consequências graves para a saúde: Uns
deixam de fumar, outros continuam a fumar.
Outros passam a fumar menos.
Quando se pretende
avaliar o grau ou a
intensidade duma
atitude em Psicologia
Social, utilizam-se
duas escalas-tipo: as
escalas de Thurstone
e de Lickert.
3- Estereótipo, preconceito
e discriminação
O conceito de estereótipo
Podemos definir
estereótipo como o
conjunto de crenças e
de opiniões segundo
as quais certos
indivíduos possuem
determinadas
características
simplesmente por
pertencerem a um
determinado grupo
Para compreendermos o que são os
estereótipos devemos analisar o modo
como se formam.