Antropologia Civilização e Cultura

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INTRODUÇÃO

Homem, desses seus primórdios, vivendo em grande ou sociedade, cultiva distintas culturas,
que diferencia um segmento do outro. A Antropologia, ao abordar estás questões, envolvem
também outras áreas como as ciências sociais que procura estudar o ser humano como
membro de camada sociais estruturada, e as ciências humanas, que enfocam o indivíduo
integralmente sua constituição histórica, crenças, hábitos e práticas, Filosofia da vida, língua,
aspecto da psique, Princípio ético, entre outros pontos. Esta modalidade antropológica
também mergulha da investigação da evolução dos grupos humanos em todo o planeta. Ela
se detém sobre a compreensão do nascimento das religiões, bem como do mecanismo da
formalidade sociais do progresso das técnicas até mesmo das interações familiares.

Importa referir que a civilização e Cultura são dois termos interligados, dependentes do
Homem e da relação com o seu semelhante, resultantes da vida em sociedade e do meio
que influencia a existência humana: «(…) o termo civilização nunca vem só: é
indefectivelmente acompanhado pelo termo cultura que, no entanto, não se limita a ser
simplesmente o seu duplo. (…) há também a cultura e as culturas.» (Braudel, 1990:88). A
uma civilização planetária única, caracterizada por um espírito científico, por
desenvolvimento das técnicas, por estabelecimento de uma política e de uma economia
racionais, se opõe a cultura de cada país (culturas nacionais).

Quanto a elaboração do trabalho foi usada a pesquisa bibliográfica que consistiu no


levantamento do material bibliográfico (Livro, internet) que retram sobre os temas em
estudo.

1. CULTURA E SOCIEDADE
1.1. Conceito antropológico de cultura

De acordo com a Antropologia, o conceito de cultura diz respeito a um conjunto de


significados que dão sentido a uma sociedade. A partir daí, temos os valores, as crenças, os
costumes e os outros aspectos que contribuem para a construção da identidade cultural de
um grupo.

Cultura é um termo complexo e de grande importância para as ciências humanas em geral.


Sua etimologia vem do latim culturae, que significa “ato de plantar e cultivar”. Aos poucos,
acabou adquirindo também o sentido de cultivo de conhecimentos. A noção moderna de
cultura foi sintetizada pela primeira vez pelo inglês Edward Tylor, conceituando-a como um
complexo que inclui conhecimentos, crenças, arte, moral, leis, costumes ou qualquer outra
capacidade ou hábitos adquiridos por uma pessoa como membro de uma sociedade.

Nesse sentido, podemos dizer que a cultura engloba os modos comuns e aprendidos de
viver, transmitidos pelos indivíduos e grupos em sociedade. Para além de um conjunto de
práticas artísticas, tradições ou crenças religiosas, devemos compreender a cultura como
uma dimensão da vida cotidiana de determinada sociedade.

1.2. Conteúdos do conceitos antropológicos culturais

Cultura é a língua, os símbolos, as normas, os valores, as crenças, os rituais e os artefatos


que fazem parte de toda sociedade.

 A língua

É a forma de comunicação que permite que, por meio de palavras, informações sejam
transmitidas a um indivíduo ou a um grupo de pessoas. A língua é transmitida de geração em
geração.

 Símbolos

Toda cultura é repleta de símbolos. Estes evocam, representam ou substituem algo abstrato
ou ausente, e geralmente despertam reações e emoções entre as pessoas que os
consideram significativos. Alguns objetos são símbolos importantes. Por exemplo, uma
bandeira nacional simboliza um país e possui uma conotação patriótica. A maioria das
religiões também possui símbolos.
 Normas

As culturas também variam muito quanto às suas normas e formas de comportamento.


Normas são princípios e preceitos: são as expectativas da sociedade – a forma como se
espera que seus membros se comportem em dadas circunstâncias. Dependendo da cultura,
as normas podem variar muito. Por exemplo a forma de cumprimentar os mais velhos não é
aceitável um jovem dizer qual a cena, mas pessoa da mesma idade é algo normal.

 Valor

Os valores de uma sociedade são os princípios ou os padrões aceitos: certo ou errado, bom
ou ruim. Dependendo da sociedade, os valores podem variar muito. Por exemplo, no Brasil,
muitas mulheres consideram que ser magra é sinônimo de beleza: a maioria das modelos
profissionais é magra. Já em Gana, são consideras belas as mulheres robustas, não as
magras.

 Crenças

As crenças são as opiniões adotadas com fé e convicção e que são sustentadas pelos valores
de uma sociedade. Por exemplo, a sociedade norte-americana crê no direito da livre
expressão: no direito de uma pessoa falar o que quiser a respeito de seu país e do seu
governo sem ter medo de sofrer represálias.

 Rituais

Rituais ou cerimônias culturais variam de sociedade para sociedade. Os rituais marcam as


transições da vida: refletem e transmitem, de geração em geração, as normas de uma
cultura. As cerimônias de formatura são um exemplo de tais rituais.

Em algumas sociedades, comemoram-se os períodos de transição da vida. Por exemplo, em


algumas sociedades, comemora-se o primeiro ciclo menstrual da mulher.

Em muitas culturas, os homens têm suas próprias cerimônias de iniciação. Uma das mais
famosas é a circuncisão.

 Os artefatos
Os artefatos – objetos manufaturados –constituem outro importante elemento da cultura.
Em sociedades mais simples, os artefatos são as ferramentas utilizadas para o trabalho, as
cabanas construídas para habitação e as vestimentas típicas de seus habitantes.

1.3. Tipos de cultura

É possível dividir o conceito de cultura quando nós direcionamos os seus limites à parte
estética e artística. Assim, se originam tipos de cultura com identidade própria, sendo elas:

1.3.1. Cultura erudita

Criada pela elite, ela possui alto valor econômico, intelectual, social e estético, e pode ser
até etnocêntrica. Com grande desenvolvimento técnico, a cultura erudita eterniza produtos
de grande estima e valor, indo desde produções literárias a peças teatrais e artes plásticas.

1.3.2. Cultura popular

Como o próprio nome sugere, é a cultura criada pelo povo e de fácil acesso a ele, ao
contrário da erudita. O Brasil, por exemplo, é um grande exemplo de cultura popular com o
samba, o funk, o forró, o cordel, a música sertaneja, etc.

1.3.3. Cultura de massa

Ainda que seja diferente das culturas popular e erudita, a cultura de massa possui elementos
de ambas. Não se trata de uma ação autêntica feita pelo povo ou elite, mas, sim, de um
produto da indústria cultural para atender as demandas do mercado.

1.3.4. Cultura material

A cultura material trata do patrimônio histórico e cultural criado por elementos concretos
feitos pela humanidade ao longo dos anos. Por exemplo, em uma cidade nós temos os
museus, as bibliotecas, a arte, as vestimentas, as igrejas, etc

1.3.5. Cultura imaterial

Ao contrário da cultura material, a cultura imaterial se cria por tudo aquilo que não se toca
de modo concreto. Tanto as tradições, como os saberes, os comportamentos, os costumes,
as lendas, e tudo aquilo que é transmitido pelas gerações se encaixa aqui.
1.3.6. Cultura organizacional

Em suma, são os elementos ligados à missão e aos valores e comportamentos de uma


organização. A cultura organizacional cria padrões operacionais e de funcionamento dentro
de uma empresa, de acordo com o contexto da globalização e do mercado.

1.3.7. Cultura corporal

Esse tipo de cultura estuda a conduta humana com base nas ações ligadas ao movimento,
como a dança, o sexo, os esportes, os jogos, etc.

1.4. Características da cultura

Cultura apresenta várias características. Se por um lado há um mundo visível, palpável,


constituído por artefactos, fazendo parte da cultura e do carácter material, por outro existe
o invisível, expresso de forma simbólica. Assim, a outra natureza é o seu carácter simbólico.
De facto, a acção humana está geralmente carregada de símbolos que reflectem acções,
objectos, espaços, instituições, isto é, tudo o que está ligado ao homem. Um simples gesto
pode significar algo, mas um mesmo gesto pode variar de um complexo cultural para o
outro, daí a necessidade de nem sempre ser tangível este mundo, precisando, por isso, de
uma aprendizagem. O próprio símbolo, uma vez integrado num padrão cultural acaba
desempenhando a função comunicativa entre os membros de um determinado grupo.

Se olhar atentamente vai notar ainda que as práticas sociais e culturais são algo que duram
no tempo. Nada é passageiro, mesmo que varie a forma da sua manifestação. É por causa
disso que se diz que a Cultura é estável. Mas também ela é dinâmica. À primeira vista parece
haver uma contradição entre a estabilidade e o dinamismo. Mas eles estão intrinsecamente
ligados.

Normalmente, cada grupo social procura preservar os valores que o torna autêntico e
diferente dos outros. Essa procura da demarcação do espaço cultural leva, de certa maneira,
a uma estabilidade das normas que regem um determinado grupo. Hoje tem-se em conta
que este pressuposto, não pode ser visto como um bloqueio aos comportamentos de outras
culturas, dado que isso só podia significar, de certa maneira, a exclusão cultural dos outros
grupos e falta de uma comunicação intercultural.
 A Cultura é dinâmica, na medida em que está em constante transformação, sempre
que existir uma causa para o efeito. Essa dinâmica pode ser encontrada no interior
de um grupo de pessoas ou no seu conjunto. Por exemplo, uma classe de idades ou
uma faixa etária, segundo as sociedades, tem um certo conjunto de normas, que vão
sendo complementados à medida em que esse grupo passa para estágios superiores.
Mas com a própria dinâmica temporal, fruto da evolução material de uma sociedade
ou da acção directa dos membros, de contactos com outros grupos, certos elementos
que antes eram considerados integrantes podem ser excluidos. Ela transforma-se
consciente ou inconscientemente.
 A cultura é também selectiva, na medida em que integra os valores, códigos,
sistemas que um determinado grupo acha pertinentes. Assim, há uma avaliação
inicial dos novos elementos, que culmina com a aceitação ou rejeição dos mesmos
numa cultura determinada. Essa selecção pode ocorrer ainda na sucessão das
gerações. Muitas vezes, as novas gerações têm considerado algumas normas das
gerações precedentes como “fora da moda”. Contudo, quando os factores exógenos
são fortes, persistentes ou põem em causa a sobrevivência de um grupo, pode
ocorrer que haja uma integração de certos elementos novos sem a respectiva
selecção. É isso que ocorre entre os países do “Terceiro Mundo” em relação aos de
técnicas muito avançadas.
 A Cultura é universal, regional e local. É universal na medida em que todo o ser
humano é um ser cultural. Não há um homem que não tenha cultura. Os Universais
Culturais, que você verá mais adiante, são o sinónimo dessa universalidade da
Cultura, mesmo que se saiba que a maneira de expressá-los é muitas vezes diferente.
Essa diferença surge na resposta que cada grupo dá localmente a um certo impulso.
Mas por outro, pode ser que haja certas práticas específicas de determinados locais,
circunscritas em função das condições existentes ou criadas localmente. Nesse
âmbito estar-se-ia na presença de manifestações particulares da Cultura. Estamos a
falar da manifestação regional ou local da Cultura.
 A Cultura é determinante e determinada: Se por um lado a Cultura é fruto da
actividade mental do Homem, este acaba sendo o produto da Cultura. O Homem
depois de nascer é circunscrito a um ambiente cultural, regendo-se por
comportamentos e normas pré-estabelecidas. Contudo, isso não significa que este
homem não tem algum papel na modificação desse mesmo ambiente, na medida em
que ele é um agente activo no interior do seu meio cultural, através de vários
processos: económicos, políticos, sociais, etc.

Uma característica da cultura é que ela é indissociável da realidade social. A cultura está
presente sempre que os seres humanos se organizam em sociedade. A cultura é uma
construção histórica e produto coletivo da vida humana. Isso quer dizer que falar em cultura
implica necessariamente se referir a um processo social concreto. Costumes, tradições,
manifestações culturais e folclóricas como festas, danças, cantigas, lendas, etc. só fazem
sentido enquanto parte de uma cultura específica; ou seja, as manifestações culturais não
podem ser compreendidas fora da realidade e história da sociedade a qual pertencem.

A cultura de determinada sociedade é passada de uma geração a outra através da educação,


manifestações artísticas e outras formas de transmissão de conhecimento. O
comportamento dos indivíduos vai depender desse aprendizado cultural. Portanto, um
menino e uma menina agem diferentemente não por causa de seus hormônios, mas devido
à educação diferenciada que recebem. É por isso também que maneiras de falar, se vestir, se
alimentar, se comportar, etc. de um povo específico pode ser tão estranho aos olhos de
outros povos. O que é repugnante para indivíduos de uma sociedade, pode ser desejável em
outra. Mais ainda: em uma mesma sociedade, o que era impensável no século passado pode
se tornar comum hoje em dia e vice-versa.

As sociedades humanas historicamente desenvolveram formas diferentes de se organizar, de


relacionar internamente, com outros grupos sociais e com o meio ambiente. Sociedades
distintas vão necessariamente originar culturas diferentes, ou seja, diferentes formas de ver
o mundo e orientar a atividade social.

É por isso que existem tantas diferenças culturais, mesmo sendo todos pertencentes à
mesma espécie humana. As diferenças culturais não podem ser explicadas em termos de
diferenças geográficas ou biológicas. No passado, explicações baseadas no determinismo
geográfico ou genético contribuíram para reforçar o racismo e preconceitos, além de terem
servido como justificativa para a dominação de uns povos sobre outros.
No século XIX, alguns autores estabeleciam hierarquias entre todas as culturas humanas,
defendendo uma escala evolutiva de linha única entre elas. Nessa concepção, todas as
culturas teriam que passar pelas mesmas etapas, desde um estágio primitivo até as
civilizações mais evoluídas que seriam as nações da Europa ocidental. Essa visão
etnocêntrica servia aos interesses dos países europeus em legitimar seu expansionismo e
colonização a partir de uma suposta superioridade cultura

2. CULTURA E CIVILIZAÇÃO

2.1. Conceito de civilização e suas implicações teóricas

Para Elias, o conceito de civilização expressa uma cadeia de lentas transformações dos
padrões sociais de auto-regulação (2006: 53). Trata-se, essencialmente, de um processo de
longa duração – o processo civilizador – que caminha “rumo a uma direção muito específica”
(ELIAS, 1993: 193), não de forma linear e evolutiva, mais de modo contínuo, com impulsos e
contra-impulsos alternados. Ao lado do longo processo de constituição dos Estados-Nação
europeus – que Elias considera como processos de integração social – surgiram inúmeras
formas de controle do comportamento: normas voltadas para a consolidação de estruturas
de distinção social. A sociedade de corte francesa dos séculos XVII e XVIII e, principalmente,
a nobreza cortesã da época, ocupou, segundo Elias, uma posição específica nesse
movimento. Na medida em que acreditava deter o domínio “correto” das condutas e usava
esse saber como uma forma para adquirir prestígio social, acabava também por disseminar
esse padrão de conduta em círculos cada vez mais largos. O desdobramento dessa
realidade, ainda de acordo com Elias, levou a institucionalização de uma série de regras e
impedimentos ao comportamento, originadas no plano da sociedade e, aos poucos,
incorporadas pelos indivíduos como inculcações advindas da educação formal. O passar dos
séculos teria difundido conjuntos diferentes de normas, dentro e fora da Europa,
espalhando pelo mundo estas estruturas comportamentais como sinônimos de um “modo
civilizado de ser

2.2. O rústico e o civilizado: formas de distinção social.

O processo civilizador, de acordo com Elias, corresponde a um percurso de “aprendizagem


involuntária” (ELIAS, 2006: 36). Aprendemos, ainda pequenos, que não se deve comer com
a mão – para tal finalidade “existe o talher”. Esse aprendizado não necessariamente se dá
de forma racional. Ao contrário, na maioria dos casos, não paramos para questionar as
razões de tal prática. Nos parece óbvio que deve ser assim. Para Elias, essas normas de
comportamento são frutos de uma transformação histórica, não-planejada por nenhum
indivíduo (conforme foi dito), que acompanhou um processo de mudança do auto-controle
individual e dos patamares de repugnância. Elas surgiram como formas de distinção, num
contexto específico de relações, e não como resultados da “ratio” humana.

Nos manuais estudados por Elias, recomenda-se certo tipo de prática com uma forma de
afirmação de uma posição: “Se alguém está acostumado a afrouxar o cinto à mesa, acredita
quando digo que ele não é um verdadeiro cortesão”. Há, aqui, um “outro” em mente (o
não-cortesão), que representa tudo aquilo que não é valorizado pela sociedade e justifica,
deste modo, a importância desse tipo de aprendizado.

Hoje dizemos que é “anti-higiênico” comer com as mãos. Mas, para Elias, “a eliminação do
ato de comer com a mão do próprio prato pouco tem a ver com o perigo de contrair doença,
a chamada explicação racional” (idem, 1994b: 133). Associamos o garfo a uma forma
“civilizada”, “não-bárbara”, de comportamento. Segundo o autor, o ritual do uso do talher à
mesa nada mais é do que a corporificação de um padrão específico de emoções e um nível
particular de asco – e um modo de distinçã

2.3. As ideias de civilização e cultura

Na linguagem corrente, a palavra civilização significa, quando aplicada a um povo, a posse


dum património de bens materiais e de actividades espirituais que determinam uma
condição elevada de vida colectiva, em oposição à dos povos chamados «bárbaros» ou
«selvagens»; é o conjunto das manifestações da vida material e espiritual de um povo ou de
uma época, qualquer que seja o seu grau de evolução e a sua riqueza. Entende-se por «povo
civilizado» aquele em que se verifica um desenvolvimento contínuo: o progresso, ideia
fundamental no conceito de civilização, como movimento gradual das instituições político-
sociais do género humano, visando a perfeição e a felicidade, podendo resultar de uma
evolução espontânea ou ser um fenómeno de imitação ou imposição. Para Lucien Febvre
(apud Hazard, id .:211),
civilização designava «(…) o triunfo e o desabrochar da razão, não apenas no domínio
constitucional, político e administrativo, mas ainda no domínio moral, religioso e
intelectual.». O termo civilização está directamente relacionado com tornar civilizado,
instruir, difundir a civilização de um povo a outro, considerado mais atrasado e inferior, o
que denota um juízo de valor que eleva a «nossa» civilização em detrimento da de «outros».
Deste modo, os grupos ditos evoluídos empreenderam uma acção para trazer os grupos
ditos menos evoluídos para um estado mais próximo do ideal de progresso intelectual,
técnico, moral e social.

No entanto, há quem considere que uma sociedade superior e avançada em termos


técnicos e intelectuais não é detentora única de «civilização»: para o sociólogo e o etnólogo,
todos os povos têm uma «civilização», dado um povo, por mais «primitivo» que se possa
supor, ter os seus usos e costumes, a sua religião, a sua concepção do mundo e da
existência, a sua técnica. Mesmo qualificado de «primitivo», qualquer grupo humano não
está isento de organização social ou de conhecimentos técnicos, aquisições que garantem o
seu porvir. Assim, as sociedades primitivas, aparentemente «atrasadas», apresentam-se
bem adaptadas ao seu meio ambiente, o que revela a coerência entre o seu género de vida e
o local onde vivem, como expressão de uma cultura, formas de agir e esquemas de vida
partilhados pelos membros de uma comunidade.

A cultura está indissoluvelmente ligada a um grupo humano, ao qual confere a sua


identidade, com um conjunto de valores que lhe é próprio, e é esta diversidade de
concepções que permite definir uma cultura em relação a outra. Daí que uma civilização seja
uma área cultural, um conjunto de traços, de fenómenos culturais. Os povos legaram à
posteridade documentos da sua actividade mental, que é possível encontrar nos inventos,
na arte, nos monumentos, a que habitualmente se dá o nome de civilização ; para
exemplificar, veja-se a cultura azteca, subjugada pela conquista dos espanhóis no continente
americano. Parece, então, que as civilizações envelhecem e morrem: ataques, guerras,
concentração urbana, crime, doença, corrupção, pobreza, não serão factores que «matam»
uma civilização?

identidade quando lhes são impostos elementos exteriores; perdem, então, a sua cultura ,
por influência – e pressão – de outra civilização , por vezes imposta pela violência ou através
da força. Contudo, mesmo neste processo ocorre uma aculturação mútua, dado que a
cultura dominante poderá assimilar elementos da cultura do povo dominado. Há, pois, uma
relação conflitual, uma relação de forças entre culturas diferentes perante uma ameaça aos
seus valores e à sua visão do mundo, à sua autonomia e equilíbrio, pois, desde o momento
em que contacta com outras culturas, toda a sociedade humana sofre influências. As
culturas existem em plena mudança: interpenetram-se, adquirem importância ou, pelo
contrário, declinam até desaparecerem. Uma civilização não é um mundo fechado, como se
fosse uma ilha no meio do oceano: as civilizações partilham, entre si, um fundo comum que
permite a troca, entre elas, de valores e bens culturais; esta circulação nunca se interrompe,
dado as civilizações se encontrarem abertas a este intercâmbio de conhecimentos. Defende
Edward McNall Burns (1977:28):

Dizemos (…) que uma cultura merece o nome de civilização quando atingiu um nível de
progresso em que a escrita tem largo uso, em que as artes e as ciências alcançaram certo
grau de adiantamento e as instituições políticas, sociais e económicas se desenvolveram
suficientemente para resolver ao menos alguns dos problemas de ordem, segurança e
eficiência com que se defronta uma sociedade complexa.

A cultura é o conjunto dos saberes, das normas, das regras, dos costumes, das obras,
elementos da vida humana, materiais ou espirituais, não geneticamente hereditários e,
portanto, transmitidos de geração em geração, que constituem a herança social de uma
comunidade ou de um grupo de comunidades, assegurando a sua perpetuação. É pelo
intercâmbio oral entre gerações que se perpetua a tradição e a cultura sobrevive, num
conhecimento partilhado por indivíduos que vivem em grupo (sem excluir os analfabetos,
por se valorizar uma cultura meramente livresca).

A cultura afirma-se, pois, como comunicação, tendo por base uma língua, necessariamente
diferente da de outro povo. A cultura será transmitida, ensinada, aprendida, isto é,
reproduzida por e em cada indivíduo que, interiorizando informações e regras, perpetua o
capital cultural e o modelo da sociedade onde se encontra inserido. A cultura do grupo é
adquirida por aprendizagem e prática social e não por qualquer mecanismo biogenético: a
cultura impõe-se do exterior ao novo indivíduo, que a recebe por herança, transmitida por
herança, como se se tratasse de qualquer bem patrimonial. Cada geração recebe a cultura
como um património que herda e, simultaneamente, trabalha-a, acrescenta-lhe o seu
contributo, ao encontrar novas normas e valores, ao inventar novas formas de
relacionamento ou de realização técnica, dado os esquemas e valores culturais não se
reproduzirem de uma maneira perfeita de geração para geração, adaptando-se
continuamente, evoluindo em função de necessidades económicas ou do contacto com
civilizações diferentes. Porque o indivíduo pode alterar a cultura, ele surge não só como
portador, mas também como produtor, indo, também ele, transmiti-la, por herança, às
gerações vindouras. Este processo inicia-se logo ao nascimento, através de um conjunto de
processos culturais que se mantêm até à morte do indivíduo. A cultura não só se
Conclusão

Feita a abordagem do trabalho, constatei que o conceito de antropologia cultural se


relaciona-se de ciências sociais, ao pretender conhecer o Homem enquanto elemento
integrantes de um grupo organizado, sendo assim, a cultura é inseparável da natureza
humana, na medida em que qualquer pessoa tem a capacidade de classificar experiência, de
as codificar, por outro lado, enquanto expressões de pessoas vivendo em diferentes lugares,
existem diferentes culturas em diferentes regiões geográficas.

Portanto a palavra "Cultura" é relacionada com um tipo específico de arte erudita. Além da
arte, a cultura inclui os conhecimentos, crenças, a lei, a moral, os costumes e hábitos de uma
sociedade. A cultura gera um sentimento de pertencimento e se relaciona com valores,
crenças e visões do mundo. Essa identidade cultural representa a memória do povo durante
muitos séculos, e varia conforme o tempo.

E por fim importa referir que a cultura tem uma série de características muito próprio, que
revela a sua grande importância no contexto humano. Em primeiro lugar, a cultura é
aprendida. É aprendida porque existe graças a um processo de transmissão de geração em
geração e não existe independentemente dos indivíduos. A aprendizagem da cultura começa
apartir do nascimento, e dá-se essencialmente por imitação dos outros.
BIBLIOGRAFIA

BRAUDEL, Fernand (1990). História e Ciências Sociais. Lisboa, Editorial Presença, 6.ª edição.

BURNS, Edward McNall (1977). História da Civilização Ocidental . Lisboa/Porto Alegre,


Centro do Livro Brasileiro/Editora Globo, volume 1, 3.ª edição. DIAS, José

HAZARD, Paul (1974). O Pensamento Europeu no Século XVIII (de Montesquieu a Lessing)
Lisboa, Presença, volume II, 1974.

ELIAS, Norbert. A sociedade dos indivíduos, Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1994.

ELIAS, Norbert. .Escritos & Ensaios, v. 1, Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2006.

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