Aula 5 - Sobre Semiologia
Aula 5 - Sobre Semiologia
Aula 5 - Sobre Semiologia
PSIQUIÁTRICA
Objetivo da aula
1 - esclarecer o que é semiologia;
2 – compreender seu emprego no
exame psíquico.
Um dia escrevi que tudo é autobiografia, que a
vida de cada um de nós a estamos contando em
tudo quanto fazemos e dizemos, nos gestos, na
maneira como sentamos, como andamos e
olhamos, como viramos a cabeça ou apanhamos
um objeto no chão. Queria eu dizer então que
vivendo rodeados de sinais, nós próprios somos
um sistema de sinais.
José Saramago (Cadernos de Lanzarote, 1997)
A semiologia, segundo Ferdinand
Saussure, é o estudo da vida dos
signos no seio da vida social; ela
engloba a lingüística e se integra na
psicologia, como ramo da
psicologia social.
Ferdinand Saussure
Notável lingüista suíço, nasceu em 1857, em Genebra (Suíça), e
faleceu em 1913.
O que é semiologia?
Semiologia é a parte da medicina relacionada ao estudo dos sinais e
sintomas das doenças humanas e animais. Vem do grego
σημειολογία (semeîon, sinal + lógos, tratado, estudo).
O que é prognóstico?
prog.nós.ti.co: s. m. 1. Conjetura sobre o que deve acontecer. 2. Med. Parecer do
médico acerca do seguimento e desfecho de uma doença. 3. Agouro, presságio.
sexo prazer
alimentação
conforto físico
Temores centrais para o ser humano Formas comuns de lidar com tais
temores
Morte Religião/mundo místico
Continuidade pelas novas gerações
1- Consciência
2- Orientação Funções primárias
3- Atenção
4- Memória
5- Sensopercepção
6- Pensamento
7- Afeto
8- Linguagem
9- Inteligência
10- Conduta
PRINCIPAIS ALTERAÇÕES
DAS FUNÇÕES PSÍQUICAS
CONFORME OS
TRANSTORNOS
FUNÇÕES PSÍQUICAS MAIS AFETADAS
NOS TRANSTORNOS PSICORGÂNICOS
- Consciência
- Atenção
- Orientação
- Memória
- Inteligência
- Linguagem
FUNÇÕES PSÍQUICAS MAIS AFETADAS
NOS TRANSTORNOS AFETIVOS,
NEURÓTICOS E DE PERSONALIDADE
- Sensopercepção
- Pensamento
- Vivência do tempo e do espaço
- Juízo de realidade
- Vivência do eu
- Linguagem
SITUAR O CURSO
A avaliação psicológica é uma avaliação que visa ao
estabelecimento de um diagnóstico psiquiátrico/psicológico,
à criação e ao desenvolvimento de uma aliança de trabalho,
um planejamento terapêutico e um prognóstico do paciente.
EXAME PSÍQUICO
Através do exame psíquico se obtém a expressão da doença em determinado
momento.
Examina-se:
1- Apresentação e Comportamento
- Cuidados pessoais, atitudes em relação ao entrevistador
2 - Funções Psíquicas
A- Consciência - atividade integradora das funções mentais
B - Orientação - capacidade de situar-se
C – Atenção:- capacidade de focalizar os estímulos
D – Memória:- capacidade de guardar informações
E – Inteligência:- capacidade de abstração, resolver novos
problemas (levar em conta a educação)
F – Pensamento: sucessão de idéias
Curso do Pensamento: - aceleração, - lentificação, - bloqueio ou
interceptação
Forma do Pensamento: -fuga de idéias, - desagregação
Conteúdo do Pensamento
- depressivo (culpa, ruína, doença, morte)
- grandeza (capacidade, riqueza)
- místico-religioso
- persecutório
G – Linguagem: - exteriorização do pensamento
-Observar alterações neurológicas: afasia, agrafia
-Observar alterações psiquiátricas: logorréia ou taquifasia, bradifasia,
mutismo, ecolalia, neologismo, verborragia
H – Juízo: - capacidade de atribuir valores a fatos e objetos
I– Crítica: - Juízo sobre o estado mórbido
3. Afetividade:-possibilidade de vivenciar experiências e emoções
A) Humor: - estado emocional basal ( Euforia, depressão)
B) Afeto - qualidade emocional que acompanha uma representação mental
4. Sensopercepção: - percepção resultante de um estímulo físico (Alucinação,
iilusão)
5. Psicomotricidade:- projeção do modelo psíquico para a ação (aumento,
diminuição)
Discussão de casos
CASO 1
Paciente do sexo masculino, 19 anos, solteiro, estudante, natural de SP, trazido ao
Instituto de Psiquiatria encaminhado da Unidade Básica de Saúde de seu bairro.
Aos 16 anos de idade, o paciente começou a apresentar alteração do
comportamento; começou a vestir-se de forma esdrúxula, com cera de abelha no
cabelo, camisa social de manga longa abotoada até o colarinho e por vezes
calçando chinelos. Nesta época, começou a faltar muito nas aulas com
justificativa que precisava ler e pesquisar mais sobre Freud e Heidegger; passou
também a colecionar recortes sobre Raul Seixas e Paulo Coelho, cogitando como
poderia montar uma sociedade alternativa no interior do estado. Esta fase foi
interpretada por seus pais como sendo uma expressão da adolescência. No
entanto, com o passar do tempo, as mudanças se intensificaram; ele passou a
apresentar fala por vezes confusa , misturando diversos assuntos num só, além
de comportar-se de forma pueril, com risos imotivados e inquietação
psicomotora.
Desde então, passou a ficar a maior parte do tempo em casa, sem estudar,
colecionando diversos recortes de jornais a respeito de rock e religiões. Desconfia
que seu vizinho “tem pacto com o diabo” e evita sair na rua para não encontrar
tal pessoa. Relata ainda que recentemente converteu-se para o espiritismo, após
ter tido “uma visão” há 2 meses atrás; atualmente, diz ter desenvolvido a
capacidade de “psicografar espíritos”.
AP: Fuma maconha esporadicamente há 2 anos; nega uso de outras drogas.
AF: Avô paterno fez tratamento psiquiátrico, tendo sido internado por
diversas vezes.
Ao exame psíquico, apresenta-se consciente, orientado, higiene descuidada,
com o cabelo "empastado de gel". Veste-se de forma bizarra, com camisa e
gravata e bermuda, e uma saboneteria no bolso que diz ser “seu telefone
celular”. Fica inquieto na sala, levantando e sentado da cadeira de forma
muito peculiar e repetidas vezes Atenção voluntária prejudicada, distraindo-
se o tempo todo durante o exame. Memória para fatos recentes prejudicada.
Afeto pouco ressoante com mímica facial empobrecida, por vezes com risos
inadequados. Humor discretamente exaltado ao relatar os acontecimentos
recentes. Pensamento desorganizado, apresentando diversos assuntos ao
mesmo tempo, por vezes tomando a forma de "salada de palavras". Expressa
idéias de auto-referência, desconfiando dos seus familiares. Aparentemente
sem alteração da senso percepção. Sem crítica em relação ao seu estado
prejudicada.
CASO 2
Paciente M., sexo feminino, 29 anos, separada, 1 casal de filhos. Formada
em Direito, trabalha atualmente com telemarketing.
Familiares a trazem ao médico em vista de quadro de agressividade e
agitação psicomotora iniciado há 3 dias. Neste mesmo período, a paciente
também vinha apresentando dificuldades para dormir, passando a maior
parte das noites fumando e ouvindo músicas para “relaxar”. Queixa-se de
muito “estresse”, o qual justifica pelo excesso de trabalho e separação do
marido, efetivada há 4 meses.
A família relata que M. também vem apresentando há algumas semanas
muita desconfiança em relação às pessoas. Afirma que há, no ambiente de
trabalho, um complô organizado contra ela. Passou a proibir que usassem
o telefone em casa, justificando que o mesmo estaria “granpeado". Por
diversas vezes é vista falando sozinha, inclusive gritando e xingando sem,
aparentemente, haver ninguém por perto.
Durante a consulta, a paciente fica desconfiada do médico, dizendo que a
forma com que ele pisca é um sinal de que vai atestar a “loucura” dela.
Teme que, com isto, possa perder a guarda dos filhos.
A mãe da paciente diz que a primeira crise de agitação se iniciou aos 26
anos de idade, também de forma abrupta. Desde então, a paciente
apresentou dois outros períodos de crise. Depois do primeiro quadro,
começou a apresentar dificuldades na Faculdade, e por pouco não
conseguiu concluir o curso de direito. Desde então, passou a ficar mais
calada e isolada das pessoas. Seus familiares também relatam que depois
destas crises, Mônica ficou mais "preguiçosa".
Tabagista (2 maços/dia), etilista social. Nega uso de outras drogas.
Ao exame psíquico, mostra-se consciente, orientada, com higiene
descuidada; as vestes apresentam diversos adereços, como chapéu e
pulseiras. Hiper-vigilante, havendo momentos nos quais desvia a atenção,
olhando para o canto da sala. Memória preservada. Humor irritável,
mostrando-se impaciente com as explicações lógicas dos familiares.
Discurso monotônico, expressando idéias de que outras pessoas irão
prejudicá-la, como punição por ter participado no desencadeamento da
"guerra no Iraque". Diz ainda que as pessoas não acompanham seu
raciocínio, e que consegue ler os pensamentos dos outros. Insiste que o
seu problema é apenas cansaço e que alguns dias de férias resolveriam a
questão, não havendo necessidade de tratamento médico.
CASO 3