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Aula 5. B Mito

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O PENSAMENTO MÍTICO

Quando pensamos em mitos,


hoje, imediatamente lembramos de
alguns mitos gregos, como o de
Pandora.

Que abriu a caixa proibida


soltando todos os males, restando
somente a esperança, ou ainda do
saci-pererê, de Tupã e outras
lendas que povoaram a nossa
infância e que têm origem nas
culturas indígena ou africana.
O QUE É O MITO.
O mito, entre os povos
primitivos, é uma forma
de se situar no mundo,
isto é, de encontrar o
seu lugar entre os
demais seres da
natureza.
O QUE É O MITO.
É um modo ingênuo,
fantasioso, anterior a toda
reflexão e não-crítico de
estabelecer algumas verdades.
Que não só explicam parte dos
fenômenos naturais ou mesmo a
construção cultural, mas que
dão, também, as formas da ação
humana.
Devemos salientar,
entretanto, que, não
sendo teórica, a verdade
do mito não obedece a
lógica nem da verdade
empírica, nem da verdade
científica.
E verdade intuída, que
não necessita de provas
para ser aceita.
O mito nasce do desejo de dominação
do mundo, para afugentar o medo e a
insegurança.

O homem, à mercê das forças


naturais, que são assustadoras,
passa a emprestar-lhes
qualidades emocionais.

As coisas não são mais


matéria morta, nem são
independentes do sujeito que
as percebe.
Ao contrário, estão
sempre impregnadas de
qualidades e são boas
ou más, amigas ou
inimigas, familiares ou
sobrenaturais,
fascinantes e atraentes
ou ameaçadoras e
repelentes.
Assim, o homem se move
dentro de um mundo
animado por forças que ele
precisa agradar para que
haja caça abundante, para
que a terra seja fértil, para
que a tribo ou grupo seja
protegido, para que as
crianças nasçam e os mortos
possam ir em paz.
O PENSAMENTO MÍTICO ESTÁ, ENTÃO, MUITO
LIGADO À MAGIA, AO DESEJO, AO QUERER QUE AS
COISAS ACONTEÇAM DE UM DETERMINADO MODO.

E a partir disso que se


desenvolvem os rituais
como meios de propiciar os
acontecimentos deseja­dos.
O ritual é o mito tomado
ação.
Os exemplos são inúmeros:
já nas cavernas de Lascaux e
Altamira, o homem do
Paleolítico (10000 a 5000
a.C.) desenhava os animais,
dentro de um estilo muito
realista, e depois “atacava-
os” com flechas, para
garantir o êxito da caçada.
Os ritos de nascimento e de
morte é que vão dar ao
recém-nascido um
reconhecimento como ser
vivo, pertencente a uma
determinada sociedade; ou,
ao defunto, a mudança de
seu estatuto ontológico (de
ser vivo a ser morto) e a
aceitação pela comunidade
dos mortos.
Outro exemplo é o da
expulsão de uma comunidade:
uma vez realizados os ritos, a
pessoa expulsa não precisa sair
da comunidade, pois todos os
outros integrantes passarão a
não vela, não ouvi-la, enfim, a
agir como se não existisse ou
não estivesse presente.
Para a comunidade,
terminado o ritual, a pessoa
expulsa desapareceu
simbolicamente, mesmo que
continue de corpo presente.
E essa exclusão social
acaba, em geral, levando à
morte.
FUNÇÕES DO MITO.
Além de acomodar e
tranqüilizar o homem em face
de um mundo assustador,
dando-lhe a confiança de
que, através de suas ações
mágicas, o que acontece no
mundo natural depende, em
parte, dos atos humanos, o
mito também fixa modelos
exemplares de todas as
funções e atividades
humanas.
O ritual é a repetição dos
atos dos deuses que foram
executados no início dos
tempos e que devem ser
imitados e repetidos para
que as forças do bem e do
mal se mantenham sob
controle.
Desse modo, o ritual
“atualiza”, isto é, torna atual o
acontecimento sagrado que
teve lugar no passado mítico.
O mito, portanto, é uma
primeira fala sobre o mundo,
uma primeira atribuição de
sentido ao mundo, sobre a qual
a afetividade e a imaginação
exercem grande papel, e cuja
função principal não é explicar
a realidade, mas acomodar o
homem ao mundo.
CARACTERÍSTICAS DO MITO.

O mito primitivo é sempre


um mito coletivo. O grupo,
cuja sobrevivência deve ser
assegurada, existe antes do
indivíduo e é só através dele
que os sujeitos individuais se
reconhecem enquanto tal.
Explicando melhor, o sujeito
só tem consciência, só se
conhece como parte do grupo.
E através da existência dos
outros e do reconhecimento dos
outros que ele se afirma.
Por isso, pode ser expulso
simbolicamente: no momento em
que falta o reconhecimento dos
outros integrantes do grupo, ele
não se reconhece, não se
encontra mais.
Outra característica do
mito é o fato de ser
sempre dogmático, isto é,
de apresentar-se como
verdade que não precisa
ser provada e que não
admite contestação.
CARACTERÍSTICAS DO MITO.
A sua aceitação, então, tem de
ser através da fé e da crença.
Não é uma aceitação racional, e
não pode ser nem provado nem
questionado.
Dentro dessa perspectiva de
coletivismo, a transgressão da
norma, a não-obediência da
regra afeta o transgressor e
toda sua família ou comunidade.
Assim é criado o tabu, a
proibição, envolto em clima de
temor e sobre-naturalidade, cuja
desobediência é extremamente
grave.
Só os ritos de purificação ou de
“bode expiatório”, nos quais o
pecado é transferido para um
animal, podem restaurar o
equilíbrio da comunidade e evitar
que o castigo dos deuses recaia
sobre todos.
O MITO HOJE.

Mas, e quanto aos


nossos dias, os mitos são
diferentes? O pensamento
crítico e reflexivo que
teve início com os
primeiros filósofos, na
Grécia do século VII a.C.
E o desenvolvimento do
pensamento científico a partir
do século XIV, com o
Renascimento, ocuparam todo
o lugar do conhecimento e
condenaram à morte o modo
mítico de nos situarmos no
mundo humano?
Essa é a posição defendida
por Augusto Comte, filósofo
francês do século XIX,
fundador do positivismo.
Essa corrente filosófica
explica a evolução da espécie
humana em três estádios: o
mítico (teológico), o filosófico
(metafísico) e o científico.
Este último apresenta-se
como o coroamento do
desenvolvimento humano,
que não só é superior aos
outros, como é o único
considerado válido para se
chegar à verdade.
O MITO HOJE.
Assim, ao opor o poder da razão
à visão ingênua oferecida pelo
mito, o positivismo, de um lado,
empobrece a realidade humana.
O homem moderno, tanto
quanto o antigo, não é só razão,
mas também afetividade e
emoção. Se a ciência é importante
e necessária à nossa construção
de mundo, não oferece a única
interpretação válida do real.
Ao contrário, a própria
ciência pode virar um mito,
quando somos levados a
acreditar que ela é feita à
margem da sociedade e de
seus interesses, que mantém
total objetividade e que é
neutra.
Negar o mito é negar uma das
formas fundamentais da
existência humana. O mito é a
primeira forma de dar
significado ao mundo, fundada
no desejo de segurança, a
imaginação cria histórias que
nos tranqüilizam, que são
exemplares e nos guiam no dia-
a-dia.
Continuamos a fazer isso pela
vida afora, independente de nosso
desenvolvimento intelectual. Essa
função de criar fábulas subsiste na
arte popular.
Hoje em dia, os meios de
comunicação de massa trabalham
em cima dos desejos e anseios que
existem na nossa natureza
inconsciente e primitiva.
O MITO HOJE.
Os super-heróis dos desenhos animados e dos
quadrinhos, bem como os personagens de
filmes como Rambo, Os justiceiros e outros,
passam a encarnar o Bem e a Justiça e
assumem a nossa proteção imaginária.
Exatamente porque o mundo moderno, com
inflação, seqüestros, violência e instabilidade
no emprego, especialmente nos grandes
centros urbanos, revela-se cada vez mais um
lugar extremamente inseguro.
O MITO HOJE.
No campo político, certas figuras são
transformadas em heróis, pregando um
modelo de comportamento que promete
combater, além da inflação, a corrupção,
os privilégios e demais mordomias.

Prometem, ainda, levar o país ao


desenvolvimento, colocando-o no
Primeiro Mundo. Prometem riqueza para
todos. Têm de ganhar a eleição, não é?
Também artistas e esportistas
podem ser transformados em
modelos exemplares: são fortes,
saudáveis, bem-alimentados,
têm sucesso na profissão,
sucesso que é traduzido em
reconhecimento social e poder
econômico, são excelentes pais,
filhos e maridos, vivem cercados
de pessoas bonitas,
interessantes e ricas.
Como não mitificá-los’

Até a novela, ao trabalhar a luta


entre o Bem e o Mal, está lidando
com valores míticos, pré-reflexivos,
que se encontram dentro de todos
nós. Aliás, nas novelas, o casamento
também é transformado em mito.

É o grande anseio dos jovens


enamorados, é a solução de todos os
problemas, o apaziguamento de
todas as paixões e conflitos. Por isso
quase todas terminam com um
verdadeiro festival de casamentos.
Só que os astros
transformados em mito são
heróis sem poder real: têm
somente poder simbólico no
imaginário da população.

E as festas de formatura, de
Ano Novo, os trotes dos
calouros, o baile de quinze anos,
não são em tudo semelhantes
aos rituais de passagem? Da
morte de um estado e passagem
para outro?
Assim, vemos que mito e
razão se complementam nas
nossas vidas. Só que o mito
de hoje, se ainda tem força
para inflamar paixões, como
no caso dos astros, dos
políticos ou mesmo de causas
políticas ou religiosas, não se
apresenta mais com o caráter
existencial que tinha o mito
primitivo.
Ou seja, os mitos modernos
não abrangem mais a totalidade
do real.

Podemos escolher um mito da


sexualidade (Madonna, talvez?),
outro da maternidade, outro do
profissionalismo, sem que
tenham de ser coerentes entre
si.
O MITO HOJE.

Sem que causem uma revolução em


toda nossa vida. Assim como houve uma
especialização do trabalho, parece que
houve uma especialização dos mitos.

De qualquer forma, como mito e razão


habitam o mesmo mundo, o pensamento
reflexivo pode rejeitar alguns mitos,
principalmente os que veiculam valores
destrutivos ou que levam à
desumanização da sociedade.

Cabe a cada um de nós escolher quais


serão nossos modelos de vida.

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